Prévia do material em texto
WBA0918_v1.0 APRENDIZAGEM EM FOCO ATENÇÃO, MEMÓRIA E APRENDIZAGEM: ASPECTOS TEÓRICOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: Angela Oliveira Menezes Leitura crítica: Adriana Turchetti Pinto de Moura A disciplina de Atenção, memória e aprendizagem: aspectos teóricos e instrumentos de avaliação apresenta conceitos teóricos, histórico do processo de reabilitação e das funções neuropsicológicas com ênfase nas funções de memória e aprendizagem considerando os aspectos biológicos, comportamentais e emocionais. Essa explanação permite percorrer a evolução das funções neuropsicológicas, os instrumentos e os métodos de avaliação, assim como a necessidade de acompanhar e aplicar as mudanças necessárias e as novas teorias. Esta disciplina aborda importantes teóricos e algumas descobertas apontadas pela neurociência, proporcionando uma reflexão acerca dos meios de intervenções e do funcionamento cerebral. Além disso, ela levanta questões que permitem pensar no funcionamento normal e patológico e o processo que envolve as habilidades e dificuldades cognitivas. É esperado que a disciplina ajude o aluno a avaliar funções de atenção, memória e aprendizagem, compreendendo a interação entre elas e o quanto uma está associada a outra, podendo uma função ser prejudicada de forma secundária, ou uma interferir no desempenho da outra, pois as áreas do cérebro não estão isoladas. Dentro desse contexto é esperado o conhecimento de testes psicométricos para realizar a avaliação de forma quantitativa e conhecimento de fatores qualitativos e ecológicos importantes. 3 É esperado que a disciplina ajude o aluno a entender os conceitos das funções, a inter-relação entre elas, assim como avaliar e reabilitar as funções prejudicadas por lesão, doença e outros aspectos que possam comprometer o funcionamento esperado das funções. A disciplina também proporciona reflexões acerca da complexidade do cérebro, das causas das alterações e da necessidade de estar sempre se atualizando sobre o assunto. Bons estudos! INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! Processos atencionais e tipos de atenção ______________________________________________________________ Autoria: Angela Oliveira Menezes Leitura crítica: Adriana Turchetti Pinto de Moura TEMA 1 5 DIRETO AO PONTO A atenção é uma função cognitiva essencial, base para o desempenho de outras funções. A atenção e a percepção operam em íntima unidade. Um processo depende do outro para que sejam efetivos. A qualidade da percepção do sujeito está associada à atenção no objeto no qual está focando. A percepção por si só pode perceber um estímulo, mas é a atenção que faz com que o sujeito consiga manter o foco no estímulo e percebê-lo de forma adequada. De acordo com a psicologia cognitiva, a atenção é uma atitude psicológica que envolve esforço, concentração, interesse e focalização, sendo necessário um esforço para que ela se sustente. A percepção mobiliza a atenção e a atenção auxilia na acuidade perceptiva. Luria (1981) afirma que a atenção é responsável pela seletividade da informação necessária ao sujeito. Em nossa vida recebemos muitas informações, mas o sujeito irá manter o foco na informação que é necessária para ele, ou seja, a atenção consegue direcionar o foco de acordo com o interesse do sujeito. Dentro da visão desse autor, pode-se considerar que a atenção assegura a seleção entre os estímulos na mente consciente, envolvendo outra função cognitiva. Nesse processo se observa a atuação da atenção na interação com outras funções psíquicas. O processamento de informações pelo cérebro é limitado e entre os muitos estímulos que recebemos, só respondemos aqueles que correspondem aos nossos interesses, intenções ou tarefas imediatas. Uma das características da atenção voluntária é a dependência do interesse e da necessidade em relação a 6 tarefa em questão. As tarefas que ativam centros encefálicos relacionados ao prazer são mais fáceis de manter o foco. A atenção é influenciada e orientada por diversos aspectos. Vygotsky (1926) trouxe grande contribuição a partir de sua ótica que inclui o fator social cultural. Vygotsky e Luria, fundadores da teoria sócio-histórica na qual dividem as funções como funções elementares e superiores, compartilhavam a ideia de que a função da atenção resulta da interação entre fatores biológicos e culturais. Por sua vez, a atenção também possibilita a direção dos processos motores e processos racionais, implicando o processo dos pensamentos (LURIA, 1981). Nos animais, a atenção reflexa é involuntária. O objeto chama a atenção do animal e ele não direciona sua atenção para o objeto. No caso de bebês ocorre o mesmo processo, pois, eles não direcionam sua atenção diretamente ao objeto, o objeto que capta sua atenção. Segundo James (1890), a essência da atenção é constituída por três aspectos: concentração, focalização e consciência. Dentro desse conceito mais atual, pode-se conceber o conceito da atenção sendo o mecanismo pelo qual nos preparamos para processar estímulos e focar o que vamos processar, determinando o quanto será processado e a necessidade de uma ação. 7 Figura 1 - Tipos e níveis de Atenção Fonte: elaborada pela autora. O sistema involuntário está ligado ao estado de alerta, o nível de consciência e de orientação também estão ligados a esses sistemas. Esses sistemas envolvem muito mais a participação das áreas parietais e do tronco encefálico. O sistema de atenção voluntária está mais relacionado à área do córtex pré-frontal, trata-se de áreas que demoram mais para se desenvolver do ponto de vista do desenvolvimento, sendo assim, é muito mais difícil crianças pequenas intencionalmente direcionar a atenção para um determinado estímulo, diferente da atenção involuntária que se desenvolve nos primeiros meses de vida. Outra área envolvida no estado de alerta é a área cerebral Locus Coerelus (faz parte do tronco encefálico) e o neurotransmissor noradrenalina que modula as áreas frontais e parietais. É importante destacar que a atenção voluntária é seletiva. Dentro dos aspectos estruturais o tronco encefálico está relacionado ao estado de vigília, o córtex parietal se associa a separação de 8 estímulos irrelevantes e o pré-frontal se associa a modulação executiva da atenção. A amigdala e o giro do cíngulo se associam à distribuição emocional das informações. O conceito de localização vem sendo revisado ao longo do tempo. Segundo Luria (1981), a atividade mental é um sistema complexo efetuado por meio de uma combinação de estruturas cerebrais funcionando em concerto. Atualmente, considera-se o fator da plasticidade que é a capacidade do cérebro após um dano se reorganizar e desempenhar as funções prejudicadas com o auxílio das áreas cerebrais remanescentes, o fisiologista Marie- Jean-Pierre antecipou esse conceito. Dentro de um contexto mais recente a respeito da atenção, James (1890) afirma que a essência da atenção é constituída por três aspectos: concentração, focalização e consciência. Alterações de ordem atencional podem ocorrer por vários fatores, podendo ser decorrente de lesões em determinadas áreas do cérebro ou em decorrência de questões neurobiológicas, como acontece no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Na Avaliação Neuropsicológica é importante avaliar a função da atenção independente da queixa, já que a atenção está relacionada ao desempenho de outras funções superiores. É importante considerar vários fatores que podem comprometer os resultados como a fadiga, estresse, uso de substâncias psicoativas, álcool etc. Alguns testes utilizados na avaliação da atenção são: • Teste d2 de atençãoconcentrada, esse teste fornece diversos tipos de resultados, tornando possível avaliar separadamente a agilidade, os acertos e a quantidade de atenção e a flutuação. 9 • Teste de Stroop que avalia atenção seletiva e controle inibitório e alguns testes computadorizados etc. Referências LURIA, A. R. Fundamentos de Neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1981. JAMES, W. Principles of Psychology (Volumes I and II). Nova Iorque: Holt, 1890. VYGOTSKY, L. S. (1926). A educação estética. In: VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 323-363. PARA SABER MAIS Você sabia que enxergamos com os olhos e com o cérebro?! Existem áreas do cérebro que estão envolvidas no processamento visual. Os olhos e o encéfalo trabalham sobrepondo as imagens de forma construtiva. Há uma alteração neurológica chamada Heminegligência, esse tipo de negligência hemiespacial é um quadro de desatenção a estímulos situados no lado oposto de uma lesão cerebral. Essa falha atencional costuma ocorrer com pessoas que sofreram um AVC ou em função de outras lesões no cérebro. Esse tipo de lesão na área parietal resulta na negligência unilateral. Quando a pessoa sofre uma lesão nessa área, ela perde a capacidade de perceber visualmente o lado esquerdo. Essa alteração se estende para percepção do próprio corpo. Nesses quadros, é comum a pessoa também apresentar um quadro de prosopagnosia (alteração na qual a pessoa perde a capacidade de reconhecer rostos), podendo apresentar um quadro de anosognosia que é a incapacidade dá pessoa perceber as alterações causadas pelo quadro. 10 No quadro de heminegligência, o neuropsicólogo pode recorrer ao teste do relógio para avaliar a disfunção. Caso o avaliado tenha esse comprometimento, ele irá negligenciar um lado do relógio. Na prosopagnosia, a pessoa consegue identificar o outro pela voz, mas não pelo rosto. Na alteração de anosognosia é comum a pessoa que não está andando falar que anda. Todas essas alterações estão relacionadas à função da atenção que, por sua vez, está intimamente ligada às percepções. É possível minimizar esses impactos por meio do processo de reabilitação com atividades que estimule a consciência do lado negligenciado e orientações pontuais para os cuidadores e familiares. Como se pode observar, o cérebro é um órgão interessante que abarca um universo de conteúdo infinito a ser explorados e descobertos. TEORIA EM PRÁTICA Considerando que a atenção é a base para que as outras funções aconteçam, após avaliação neuropsicológica de rastreio é observado qualitativamente e quantitativamente comprometimento importante da atenção. Reflita: será que um paciente com déficit importante de atenção tem condições de ser reabilitado do ponto de vista motor e funcional, considerando bom prognóstico das funções motoras? Qual o papel do neuropsicólogo no processo de reabilitação do paciente que sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), tendo como sequela déficit importante da atenção e heminegligência? 11 Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 O artigo indicado fala sobre a importância dos estudos acerca da neuropsicologia somados à avaliação clínica. Os autores fazem uma atualização acerca dos principais achados identificados em pessoas com o transtorno de TDAH, como a importância de algumas tarefas neuropsicológicas e as observações em relação às comorbidades e aspectos de personalidade. Indicações de leitura 12 WAGNER, F.; ROHDE, L. A. de ; TRENTINI, C. M. Neuropsicologia do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): modelos neuropsicológicos e resultados de estudos empíricos. Psico-USF, Bragança Paulista, v. 21, n. 3, p. 573-582, 2016. Indicação 2 O artigo indicado expõe aspectos acerca das alterações no cérebro e nos proporciona uma reflexão sobre a vida de uma pessoa com lesão adquirida, condição na qual a pessoa passa a habitar no mundo de forma prejudicada, sendo necessário buscar estratégias compensatórias para minimizar o impacto das alterações em sua vida. LOPES, E. M. C. et al. O desenvolvimento psicológico do adulto com deficiência adquirida: contribuições de A. R. Luria na obra O homem com um mundo estilhaçado. Fractal: Revista de Psicologia, [s. l.], v. 28, n. 1, p. 63-68, jan./abr. 2016. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 13 1. Sabemos que a função da atenção faz parte de uma função superior fundamental para que as outras funções cognitivas possam desempenhar seu papel de forma eficaz. Qual a estrutura do sistema cerebral responsável pelo estado de vigília e qual é o principal neurotransmissor envolvido com a atenção? a. Quiasma óptico e glutamato. b. Hipocampo e noradrenalina. c. Cerebelo e ocitocina. d. Tronco encefálico e dopamina. e. Corpo caloso e trifosfato de adenosina. 2. Não enxergamos somente com os olhos, pois o cérebro participa de alguns aspectos relacionados ao processo visual. Diante de algumas lesões ou doenças neurológicas podem ocorrer uma disfunção no cérebro, na qual a pessoa passa a negligenciar o lado contralateral da lesão ou ter dificuldade em reconhecer rostos e reconhecer seu quadro e suas alterações. Qual o nome dessas alterações neurológicas? a. Heminegligência, prosopagnosia e anosognosia. b. Afasia de Broca, afasia mista e afasia de Wernicke. c. Disartria, dislalia e dislexia. d. Apraxia ideatória, apraxia ideomotora e apraxia construtiva. e. Agrafias apráxica, agrafias calosas e hipergrafismo. GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: A alternativa “quiasma óptico e glutamato” está incorreta, pois, o quiasma óptico não faz parte da estrutura do sistema cerebral responsável pelo estado de vigília e o glutamato não seria neurotransmissor envolvido na atenção. 14 A alternativa “hipocampo e noradrenalina” está incorreta, pois o hipocampo não faz parte da estrutura do sistema cerebral responsável pelo estado de vigília e a noradrenalina não seria neurotransmissor envolvido na atenção. A alternativa “cerebelo e ocitocina” está incorreta, pois, o cerebelo não faz parte da estrutura do sistema cerebral responsável pelo estado de vigília e a ocitocina não seria neurotransmissor envolvido na atenção. A alternativa “tronco encefálico e dopamina” está correta, pois corresponde às bases biológicas do processo de atenção, sendo o tronco encefálico responsável pelo estado de vigília e o neurotransmissor envolvido na atenção é de dopamina. As alternativas “corpo caloso e trifosfato de adenosina” está incorreta, pois o corpo caloso não faz parte da estrutura do sistema cerebral responsável pelo estado de vigília e o trifosfato de adenosina não seria neurotransmissorenvolvido na atenção. Questão 2 - Resposta A Resolução: : A alternativa correta é “Heminegligência, prosopagnosia e anosognosia”. A alternativa “Afasia de Broca, afasia mista e afasia de Wernicke” está incorreta, pois são alterações da linguagem. A alternativa “Disartria, dislalia e dislexia” está incorreta, pois são alterações da fala. A alternativa “Apraxia ideatória, apraxia ideomotora e apraxia construtiva” está incorreta, porque são alterações da atividade gestual. A alternativa “Agrafias apráxica, agrafias calosas e hipergrafismo” está incorreta, porque são alterações da escrita. Sistemas e tipos de memória ______________________________________________________________ Autoria: Angela Oliveira Menezes Leitura crítica: Adriana Turchetti Pinto de Moura TEMA 2 16 DIRETO AO PONTO Wilson (2011, p. 21) define a memória como uma “habilidade de adquirir informações, armazenar e evocar”. A memória é dividida em subgrupos de acordo com seu funcionamento e aspectos neurobiológicos. Os processos de memorização também se relacionam às emoções, nível de consciência e estado de ânimo. Além disso, a memória é um processo neural resultante de mudanças na força de interações sinápticas entre os neurônios nas redes neurais. Em relação as regiões da memória, deve-se considerar que não existe uma estrutura única, pois, o sistema envolve uma complexidade de interações. Sendo as três estruturas principais no processamento da memória: • Hipocampo. • Amigdala. • Córtex frontal. Por meio do caso H. M. foi possível descobrir o papel do hipocampo no processo de memória. Segundo Squire & Kandel (2003), o hipocampo tem papel importante na consolidação da memória explicita, pois, células presentes nessa região são suscetíveis à potencialização a memória de longa duração. • Doenças e lesões que causam danos a memória O hipocampo tem participação importante no armazenamento de informações. A demência é uma das causas que apontam para perda de memória com quadros de amnésia que impactam de forma significativa a vida do indivíduo acometido e da família que precisa 17 lidar com as alterações comportamentais e o fato do ente querido não ser capaz de reconhecê-la. Dentre os quadros de demência, o mais comum é o de Alzheimer. O diagnóstico de Alzheimer é feito por meio de dados da história clínica dos sintomas com auxílio de exames que permitem identificar alterações cerebrais e análise do líquor para verificar acúmulo da proteína beta-amiloide, porém a constatação definitiva só pode ser feita após autópsia. O processo de demência tem diversas causas, inclusive as decorrentes de perturbações senil. Apesar da demência estar quase sempre associada ao processo do envelhecimento, deve-se elucidar os casos ocasionados por lesões encefálicas e doenças que se manifestam precocemente como a demência fronto-temporal, doença de Parkinson e etc. Geralmente, os quadros de demência apresentam comprometimento da linguagem, memória, desorientação espacial, confusão mental, alteração comportamental, entre outras manifestações de ordem cognitiva. Nesse processo, o sujeito acometido fica vulnerável, dependente. A degeneração pode levar o sujeito ao esvaziamento de si. A perda de memória ocorre em outros quadros, como anóxia, acidente vascular cerebral, traumatismo craniano e em doenças como esclerose múltipla e etc. • Tipos de Memória 18 Figura 1 – Demonstração de uma imagem cuja resolução foi aumentada Fonte: elaborada pela autora. Para avaliação da Memória é importante uma anamnese apurada dos dados que levaram a tal quadro. Ter o máximo de informações a respeito da vida do avaliado pré-mórbidos e pós a perda de memória. Entender quais os impactos e seu cotidiano, assim como buscar, reconhecer as habilidades que estão preservadas. A avaliação pode ser feita com testes quantitativos, testes de laboratório (ressonância magnética e tomografia) e observações qualitativas. A aplicação ecológica auxilia tanto na avaliação quanto no processo de reabilitação. No processo de reabilitação é possível estruturar tarefas por meio de estratégias compensatórias, visando diminuir o impacto na vida do avaliado, buscando proporcionar meios que possibilite uma melhora 19 na qualidade de vida. Segundo Wilson (2011), a reabilitação tem como objetivo diminuir, compensar ou reduzir os déficits. Referências SQUIRE, L. R.; KANDEL, E. R. Da mente às moléculas. In: SQUIRE, L. R.; KANDEL, E. R. Da mente às moléculas: memória. Porto Alegre: Artmed, 2003. p. 13-33. WILSON, B. A. Compreendendo a Memória e as Dificuldades Mnemônicas Reabilitação de Memória integrando teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2011. PARA SABER MAIS Existe uma doença que causa amnésia anterógrada chamada Síndrome de Wernicke-Korsakoff (SWF), uma desordem neuropsiquiátrica associada ao alcoolismo e a deficiência nutricional da vitamina B1 (tiamina). Ela pode ocorrer em decorrência de trauma crânio encefálico, encefalite herpética, intoxicação pelo monóxido de carbono, traumas cranianos, os mais comuns são os casos decorrente de alcoolismo, pois, o excesso de álcool dificulta a absorção de tiamina. Em 1881, Carl Wernicke descreveu essa doença como uma patologia de início súbito, caracterizada por paralisia dos movimentos oculares, ataxia na marcha e confusão mental. Tais sintomas foram analisados em três pacientes, dois alcoolistas e um paciente com sintomas de vômito após ingestão de ácido sulfúrico. Wernicke descreve as alterações patológicas como hemorragias na substância cinzenta e ao redor do terceiro e quarto ventrículo e do aqueduto de Sylvius. As manifestações decorrentes de perda de memória só foram descritas em 1852 por Magnus Huss, ilustrado mais tarde pelo psiquiatra russo S. Korsakoff, que associou a polineuropatia e a 20 desordem de memória, como manifestação da mesma doença. Korsakoff relatou as alterações da memória em pacientes alcoólatras em diversos artigos. Em 1897, Murawieff sugeriu que essas síndromes apresentavam origem comum, determinando a denominação atual nos anais de medicina. Os sintomas apresentados são agravados na fase aguda, podendo prejudicar o quadro motor pela ataxia. Em quadros mais brandos, ela apresenta lentidão motora (deambulação e postura instável). Em relação aos problemas mentais, os mais comuns são a confabulação, desorientação (temporoespacial), apatia e desinteresse. A SWF é caracterizada pela amnésia anterógrada (é a deficiência em formar novas memórias) e retrógada (não consegue lembrar de eventos posteriores à doença-lesão) com comprometimento do aprendizado de memória de curto prazo, enquanto a memória imediata não é afetada. O diagnóstico é feito por meio de exame clínico e complementares como exame de sangue, urina, líquido cefalorraquidiano, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Quanto ao tratamento, ele é feito por meio da reposição de tiamina que possibilita resgate do estado de alerta, evitando o desenvolvimento da síndrome de Wernicke Korsakoff. O objetivo é reduzir a progressão dos danos cognitivos. Lembre- se que o tratamento não é capaz de reverter totalmente os comprometimentos prévios. Além disso, alguns pacientes não respondem ao tratamento padrão, sendo revisto o protocolo inicial e aumentando a dosagem de tiamina. 21 Os quadros da síndrome que apresentam estado de letargia, embora sejam estados raros, se não forem tratados podem evoluir para morte. Um estudo feito em um mostra de pacientes com a síndrome que aponta para questão da mortalidade em casos diagnosticados e tratados é de 15% e de 77% de morte nos casos sem tratamento. Referências FERNANDES, J. et al. Aspectos clínicos e neuropatológicos da síndrome de Wernicke-Korsakoff. Revista Saúde, [s. l.], 30 dez. 1996. TEORIA EM PRÁTICA O paciente busca acompanhamento neuropsicológico, visando trabalhar aspectos pertinentes a sua reabilitação cognitiva. Traz como queixa a dificuldade de memóriade curta duração, a qual gera impacto direto em seu cotidiano. Reflita sobre os limites do processo de reabilitação em pacientes que apresentam perda de memória imediata com possibilidade de aprendizado estruturado. Como você minimizaria o impacto da alteração de memória de curto prazo na vida do paciente, buscando melhora na qualidade de vida, autonomia e independência. Qual recurso poderia ser oferecido a esse paciente? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 22 LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 Leia o capítulo Viver com demência: relato de um acompanhamento terapêutico, no livro indicado. Este capítulo pode aguçar e ampliar o seu olhar a respeito do processo do envelhecimento e os processos de demência sobre a ótica da psicanálise, que atribui a perda de memória a um estado psíquico, podendo os sintomas serem entendidos como uma defesa do ego. CHERIX, K. Viver com demência: Relato de um acompanhamento terapêutico em instituição. In: BARBIERI, A. N.; BAPTISTA, D. G. C.; GODFATO C. D. Travessias do tempo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2013. p. 139-151. Indicações de leitura 23 Indicação 2 Leia o capítulo Quando a arte de esquecer não é possível: pacientes amnésicos da obra indicada. Este capítulo fala de algumas doenças que causam demência e a necessidade de compreendermos os sintomas manifestados, incluindo alteração comportamental, ressaltando a importância de não perdermos de vista a vulnerabilidade do sujeito que está impotente perante o mundo e a sua própria vida. IZQUIERDO, I. Cérebro e memória: a arte de esquecer. 2. ed. Rio de Janeiro: Vieira Lent, 2010. p. 86-89. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. O estudo de H. M. trouxe grande contribuição para neurociências, por meio desse caso se descobre uma das principais regiões envolvida no processo de memória. De acordo com a descoberta feitas por meio desse caso, indique a região responsável pelo processo de memória que foi retirada de H. M. comprometendo sua memória. a. A região referida ao caso de H. M. é o córtex parietal. 24 b. A região referida ao caso de H. M. é o Hipocampo. c. A região referida ao caso de H. M. é o giro do cíngulo. d. A região referida ao caso de H. M. é o cerebelo. e. A região referida ao caso de H. M. é a amígdala. 2. De acordo com Wilson (2011, p. 21), a definição de memória de forma simples e clara é a: Fonte: WILSON, B. A. Compreendendo a Memória e as Dificuldades Mnemônicas Reabilitação de Memória integrando teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2011. a. Habilidade de captar a informação, consolidar e aplicar. b. Habilidade de registrar o estímulo, armazenar e consolidar. c. Habilidade de adquirir informações, armazenar e evocar. d. Habilidade de diferenciar, decodificar e representar as informações. e. Habilidade de gerenciar as informações, consolidar e organizar. GABARITO Questão 1 - Resposta B Resolução: A alternativa correta é “A região referida ao caso de H. M. é o Hipocampo”. A alternativa “A região referida ao caso de H. M. é o córtex parietal” está incorreta, porque o córtex parietal não fez parte do processo de memória do caso de H. M. A alternativa “A região referida ao caso de H. M. é o giro do cíngulo” está incorreta, porque essa região não fez parte do processo de memória do caso de H. M. 25 A alternativa “A região referida ao caso de H. M. é o cerebelo” está incorreta, pois o cerebelo não faz parte do processo de memória no caso de H. M. A alternativa “A região referida ao caso de H. M. é a amígdala” está incorreta, porque a amígdala não faz parte da memória no caso de H. M. Questão 2 - Resposta C Resolução: A alternativa correta é a “Habilidade de adquirir informações, armazenar e evocar”, pois é a definição que a autora faz para evidenciar o processo de memória. A alternativa “Habilidade de captar a informação, consolidar e aplicar” está incorreta, porque não faz parte do conceito de memória da autora. A alternativa “Habilidade de registrar o estímulo, armazenar e consolida” está incorreta, pois não faz parte do conceito de memória da autora. A alternativa “Habilidade de diferenciar, decodificar e representar as informações” está incorreta, porque não faz parte do conceito de memória da autora. A alternativa “Habilidade de gerenciar as informações, consolidar e organizar” está incorreta, pois, não faz parte do conceito de memória da autora. Aprendizagem como processo final de memorização ______________________________________________________________ Autoria: Angela Oliveira Menezes Leitura crítica: Adriana Turchetti Pinto de Moura TEMA 3 27 DIRETO AO PONTO Há muitos conceitos acerca da aprendizagem por se tratar de um tema multifatorial, que, ao longo do tempo, vem sendo estudado e repensado por diversos pesquisadores no âmbito da filosofia, Psicologia e neurociência. O processo de aprendizagem acontece por meios neurológicos, ambientais e interação com o mundo. De acordo com Rosa Neto (2014) e Tabaquim (2014), o processo do desenvolvimento ocorre em quatro estágios: • 1. Desenvolvimento físico: mudança do corpo ao longo da vida. • 2. Desenvolvimento neurológico: integridade do sistema nervoso central. • 3. Desenvolvimento psicomotor: aquisição de habilidades motoras. • 4. Desenvolvimento psicossocial: interação com o meio no âmbito cognitivo e social. Fonseca (2014) e Tabaquim (2014) trazem o conceito de informação sensorial, esse conceito explica o processo de input e output. Nesse conceito, a informação é captada através dos sentidos, sendo compreendida e possibilitando a identificação da resposta certa a qual implica na complexidade da integração das informações no cérebro. Nesse processo existe o mecanismo (input), responsável por receber informações do ambiente externo ativando o córtex cerebral, promovendo a integração sensorial pela memória de curto prazo. No processo de evocação há uma seleção de dados 28 relevantes e irrelevantes, após esse processo ocorre o (output), execução da resposta e consolidação da aprendizagem. Segundo Relvas (2011), o cérebro interage no processo de aprendizagem por meio das vivências, modificando a estrutura do cérebro no aspecto anatômico, biológico e outros. Diante dessa constatação é imprescindível que educadores entendam a contribuição do cérebro e seu funcionamento para entender como ocorre a aprendizagem. A década de 1990 teve grande evolução em função da neuroimagem. Inicialmente, os estudos eram focados em lesões com o tempo esses recursos foram estendidos a outras áreas, como a educação, sendo uma transdisciplina conhecida como Neuroeducação. Buscando um olhar dos processos de aprendizagem dentro das diferentes abordagens, pode-se destacar:• Behaviorismo: modelo teórico que acredita na mudança de comportamento, sendo o aprendizado pelo reforço negativo e positivo. • Cognitiva: modelo que observa os processos de informação, estilo de pensamento e organização mental. • Construtivismo: modelo no qual o aprendizado tem o professor como mediador e a participação do aluno. • Sócio-histórica: modelo que considera aspectos sociopolítico e cultural. • Conectivíssimo: modelo que acredita que a aprendizagem ocorre em redes. 29 Os teóricos que se destacaram foram Piaget e Vygotsky. Piaget (1969), em sua teoria a qual explica que o processo de aprendizagem ocorre pelo processo de adaptação, assimilação e acomodação. Já Vygotsky (1926) tem o conceito de Zona de desenvolvimento proximal (ZPD). A base de sua teoria está na mediação com o outro para que o processo de aprendizagem ocorra. • A importância da memória na aprendizagem Figura 1 – Tipos de ruídos: (a) branco, (b) marrom e (c) rosa Fonte: Dos Santos (2015, [n. p.]). A aprendizagem está associada a memória, por meio dela registramos e retemos o que aprendemos para evocar quando necessário. 30 Em doenças que acometem o encéfalo, como no caso de E.P, um senhor de 70 anos, que tem seu cérebro danificado pelo vírus da herpes, sua memória é comprometida e para ele resta viver no momento presente do imediato, pois ela só dura segundos, seu passado é confuso e seu futuro vazio pela incapacidade de projetar seus pensamentos para o amanhã. Esse caso ajuda a associar o impacto do processo de memória para que ocorra a aprendizagem. Cada vez mais, os pesquisadores se dedicam aos estudos neurobiológicos, pois está comprovado cientificamente a importância de algumas proteínas no processo sináptico para a plasticidade proporcionando a formação de novas memórias explícitas e em decorrência da memória o aprendizado. Verificou- se também que mutações dos genes nesse processo favorece a prevalência de síndromes que comprometa o desenvolvimento cognitivo, resultando em atraso mental. • Transtorno de aprendizagem O DSM-V especifica o transtorno de aprendizagem como transtorno do neurodesenvolvimento biológico, incluindo fatores genéticos sendo fator determinante para as anomalias cognitivas associados aos fatores comportamentais. Nesse contexto, o biológico inclui a interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais que interferem na estrutura do cérebro e comprometem a capacidade de perceber ou processar as informações verbais ou não verbais de maneira íntegra. O transtorno de aprendizagem não tem uma única origem, sendo possível hipóteses sobre suas manifestações. 31 Então, deve-se considerar o processo de maturação, pois ele é fundamental para integração de todas as áreas do cérebro que estão envolvidas no processo de aprendizagem. A disfunção de qualquer região pode culminar em atraso ou disfunção de forma qualitativa ou quantitativa no processo das informações pelo cérebro. Entre os distúrbios de aprendizagem, os mais comuns são: • Dislexia: dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade em decodificar e soletrar. Esses fatores, geralmente, estão associados ao déficit na área fonológica da linguagem. Esse distúrbio acomete 3 vezes mais meninos do que meninas. As manifestações podem ser observadas através da leitura de sílaba lenta com troca, processo de alfabetização difícil, escrita com troca de letras e omissões, dificuldade de escrever em linhas e margem, pula linha e confunde palavras. • Disgrafia: é um problema percepto-motor na formação da letra e números. • Disortografia: está associada a organização de palavras, frases e textos. • Discalculia: dificuldade nas operações de matemática, compreensão do enunciado do problema e na execução de estratégia para solução, dificuldade na automação para contagem, dificuldade de entender os símbolos e na percepção visual etc. Para realizar a avaliação desses transtornos de aprendizagem é importante a equipe interdisciplinar composta por fonoaudiólogo, pedagogo, psicólogo, neuropsicólogo, neuropediatra, professor e terapeuta ocupacional 32 O teste usado para verificar a curva de aprendizagem é o Teste de Aprendizagem Auditivo – Verbal de Rey (RAVLT). Ele é composto por uma lista de 15 palavras, a qual o aprendizado pode ser favorecido pela repetição Referências FONSECA, V. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. Revista de Psicopedagogia, São Paulo, v. 31, n. 96, 2014. MALLOY-DINNIZ, L. F.; PAULA. J. J. RAVLT - Teste de Aprendizagem Auditivo - Verbal de Rey. São Paulo: Vetor, 2018. PIAGET, J. Tratado de psicologia experimental: a inteligência. Tradução: Alvaro Cabral. Rio de Janeiro: Forense, 1969. v. 7. RELVAS, M. P. Neurociência e transtornos de aprendizagem: as múltiplas eficiências para uma educação inclusiva. 5. ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2011. ROSA NETO, F. Desenvolvimento infantil. In: RODRIGUES, S. D.; AZONI, C. A. S.; CIASCA, M. C. Transtornos de Desenvolvimento: da identidade precoce às estratégias de intervenção. Ribeirão Preto: Booktoy, 2014. TABAQUIM, M. L. M. Desenvolvimento Neurocognitivo. In: RODRIGUES, S. D.; AZONI, C. A. S.; CIASCA, M. C. Transtornos de Desenvolvimento: da identidade precoce às estratégias de intervenção. Ribeirão Preto: Booktoy, 2014. VYGOTSKY, L. S. (1926). A educação estética. In: VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 323-363. PARA SABER MAIS Existe um processo de aprendizagem motora que ocorre pela prática mental denominado como a Imagética do Movimento. “A prática mental é entendida como a forma de imaginar a realização de um ato motor na ausência de movimento” (ADEGBESAN, 2009; MAGILL, 1998; RICHARDSON, 1967). 33 Nessa técnica de aprendizagem, o indivíduo imagina a realização de uma ação motora. Ela é utilizada em reabilitação física, sua inserção na Reabilitação foi entre o final da década de 1980 e o início dos anos 1990 (CABRAL et al., 2010). A imagética motora visual acontece pela percepção visual do movimento imaginado, como a representação de uma cena mental. Segundo Siqueira e Barbosa (2013), estudos evidenciam o treino mental como uma influência positiva na evolução da parte motora. Uma lesão no cérebro tem a recuperação lenta e imprevisível, o processo de estimulação cognitiva pode favorecer uma evolução positiva. Segundo Gaspar, Hotta e Souza (2011), por meio da estimulação os neurônios espelhos são ativados podendo proporcionar o processo de neuroplasticidade. Essa técnica aplicada em pacientes com membro plégico permite manter mentalmente o programa motor ativo, “facilitando à execução futura dos movimentos” (LAMEIRA et al., 2008). Diante de alguns resultados positivos, pode-se concluir que essa técnica pode auxiliar de forma positiva no processo do aprendizado motor. A representação mental pode ser aplicada na área da neuropsicologia para estimular processos perceptuais. Em casos de comprometimento visuoespeacial e heminegligência, pode-se pedir para o sujeito visualizar um relógio mentalmente e depois buscar reproduzir na folha o desenho. Com esse treino é possível estimular funções relacionadas a percepção. Referências ADEGBESAN, O. A. Use of imagery by athletes in Nigeria. Perceptual and Motor Skills, Missoula, v. 108, p. 43-50, 2009. CABRAL, L. H. A. et al. Fatores associados ao retorno ao trabalho após um trauma de mão: uma abordagem qualiquantitativa. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 14, n. 2, p. 149-157, 2010. 34 GASPAR, B. E.; HOTTA, T. T. H.; SOUZA, L. A. P. S. de. Prática mental na reabilitação de membro superior após acidente vascular encefálico – casos clínicos. ConScientiae Saúde, [s. l.], v. 10, n. 2, p. 319-325, 2011. LAMEIRA, A. P. et al. Postura da mão e imagética motora: um estudo sobre reconhecimento de partes do corpo. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 12, n. 5, p. 379-85,set./out. 2008. MAGILL, R. A. Motor learning: concepts and applications. Boston: WCB McGraw-Hill, 1998. HASSE, V. G. Imagética motora: desenvolvimento, neuropsicologia e uso na reabilitação de crianças com paralisia cerebral hemiplégica. 2016. 100 f. Dissertação (Mestrado em Neurociências) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016. RICHARDSON, A. Mental practice: a review and discussion (Part 1). The Research Quarterly, Washington, v. 38, p. 95-107, 1967. SIQUEIRA, A. O.; BARBOSA, R. de F. de M. Terapia por Contensão Induzida e Treino Mental na Função de Membro Superior Pós-AVC. Revista de Neurociência, [s. l.], v. 21, n. 2, p. 193-201, 2013. TEORIA EM PRÁTICA Quando uma criança é encaminhada para acompanhamento neuropsicológico para trabalhar questões relacionadas à dislexia, qual seria um plano eficaz de estratégia, tendo como a escola o principal agente de mediação da criança nesse processo? Reflita sobre os limites do trabalho desse profissional e as possíveis intervenções para favorecer o processo de aprendizagem pertinentes ao processo de escolarização. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 35 LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 Esse estudo evidencia a importância da avaliação neuropsicológica no processo de identificar conteúdos que sejam condizentes ao transtorno de aprendizagem, a fim de complementar conhecimento e intervenção, contribuindo para formulação de estratégias eficazes fornecendo maiores subsídios para o diagnóstico. LOPES, D. S.; ALMEIDA, R. O. Percepções sobre limites e possibilidades para adoção da interdisciplinaridade na formação de professores de ciências. Investigação em Ensino de Ciências, [s. l.], v. 24, n. 2, p. 137-162, 2019. Indicações de leitura 36 Indicação 2 Esse estudo mostra a importância do lobo temporal no processo de armazenar e recuperação as informações. Valorizando o trabalho em equipe interdisciplinar para compreender o déficit de aprendizagem e o auxílio de exames de imagem de caráter funcional para entendimento dos mecanismos fisiopatológicos do distúrbio do desenvolvimento PESTUN, M. S. V.; CIASCA, S.; GIMENES, V. M. A importância da equipe interdisciplinar no diagnóstico de dislexia do desenvolvimento. Relato de caso. Arquivos de Neuropsiquiatria, [s. l.], v. 60, n. 2-A, p. 328-332, 2020. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. São muitos os conceitos acerca da aprendizagem por se tratar de um tema que envolve muitos aspectos do desenvolvimento e de fatores relacionados à interação com o meio. Considerando essas informações, pode-se afirmar que o processo de aprendizagem é: 37 a. O processo de aprendizagem é apenas neurobiológico. b. O processo de aprendizagem diz respeito apenas aos aspectos ambientais. c. O processo de aprendizagem é multifatorial. d. O processo de aprendizagem é apenas genético. e. O processo de aprendizagem esta relacionados ao mediador, ou seja, aquele que ensina. 2. Vygotsky teve importante destaque no campo da psicologia com sua teoria do desenvolvimento na esfera do processo de aprendizagem. Identifique qual foi a teoria desenvolvida por ele. a. Zona de desenvolvimento proximal. b. Adaptação, acomodação e assimilação. c. Reforço positivo e negativo. d. Cognitivo e responsivo. e. Equilíbrio e assimilação. GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: A alternativa “O processo de aprendizagem é multifatorial” está correta, pois, o processo de aprendizagem envolve vários aspectos, sendo considerado como um processo multifatorial. A alternativa “O processo de aprendizagem é apenas neurobiológico” está incorreta, pois o processo de aprendizagem é multifatorial. 38 A alternativas “O processo de aprendizagem diz respeito apenas aos aspectos ambientais” está incorreta, pois, ela afirma que o processo de aprendizagem é multifatorial. A alternativa “O processo de aprendizagem é apenas genético” está incorreta, pois o processo de aprendizagem é multifatorial. A alternativa “O processo de aprendizagem esta relacionados ao mediador, ou seja, aquele que ensina” está incorreta, pois o processo de aprendizagem é multifatorial. Questão 2 - Resposta A Resolução: A alternativa correta corresponde a pergunta, pois foi o conceito de Zona do desenvolvimento proximal foi criada por Vygotsky, as demais teorias não foram criadas pelo autor. Inter-relação entre atenção, memória e aprendizagem ______________________________________________________________ Autoria: Angela Oliveira Menezes Leitura crítica: Adriana Turchetti Pinto de Moura TEMA 4 40 DIRETO AO PONTO A compreensão do desenvolvimento humano e cognitivo possibilita observar a inter-relação das funções nos aspectos cerebrais e na interação com o meio. Os exames de neuroimagem e os estudos da biologia molecular estão possibilitando o conhecimento funcional das regiões e circuitos envolvidos nas funções cognitivas e a inter-relação das funções. A cognição é um conceito associado as funções, como por exemplo a atenção, memória, aprendizagem, entre outros. Na teoria de Luria (1981), ele denomina o complexo de habilidades como funções nervosas superiores e dentro desse conceito ele engloba os aspectos das funções cognitiva, emocional e comportamental. No processo do desenvolvimento, a relação com o meio modifica as estruturas do cérebro. A habilitação das funções possui uma ontogênese (processo do desenvolvimento biológico) associada a faixa etária, algumas funções são estabelecidas no nascimento e outras se estruturam ao longo da vida. Na Antiguidade se fazia a correlação entre sistema nervoso e comportamento, mas, com o passar do tempo, esse fato foi reconhecido e aplicado na prática clínica. Atualmente, a neuropsicologia busca entender como as bases neurobiológicas modulam nossas funções nervosas superiores. Os estudos acerca das funções cognitivas são contínuos, apesar das várias pesquisas sobre o assunto, ainda falta muito para se chegar à compreensão de como ocorre o processo natural e os processos que resultam em anomalias. 41 Para a neurociência, o conhecimento acerca do processo como um todo possibilitará recursos mais eficazes para realizar a avaliação e a reabilitação. Diante da complexidade dos processos cognitivos, essa correlação não está direcionada para uma única região e sim para as diversas áreas que atuam de forma integrada. Luria (1981) contribui com seu conceito de sistema funcional sistematizando em unidades. A atividade consciente acontece com a participação das três unidades funcionais dentro de uma estrutura hierarquizada que atuam em pelo menos três zonas corticais. Em síntese, o funcionamento ocorre da seguinte forma: Figura 1 - UnidadeFuncional Fonte: elaborada pela autora. 42 • Avaliação e Testes A avaliação é composta de uma anamnese com o paciente e cuidador/familiar. De acordo com os dados colhidos e observações de relatos clínicos, os testes são direcionados para a compreensão do funcionamento cerebral atual. Para a avaliação infantil é importante uma anamnese com os pais para entender a queixa. Caso a criança esteja frequentando a escola é fundamental dialogar com o professor. Muitas vezes, a equipe interdisciplinar pode ajudar a compor e estruturar o processo de “habilitação” ou reabilitação. • Teste Wisc- IV • Aplicado individualmente . • Faixa etária: 6 anos até os 16 anos e 11 meses. • Subtestes: 10 principais e 5 complementares. • Índices Fatoriais: índice de compreensão verbal (ICV); índice de organização perceptual (ICP); índice de memória operacional (IMO); índice de velocidade de processamento (IVP) e QI Total. Diante de casos que necessite avaliar hipótese de dislexia, o teste Prolec é um dos testes indicados. • Teste - Prolec • Aplicação Individual composta por diferentes tarefas com a intenção de explorar todos os processos que impactam na leitura observando dados complexos e simples. Além de possibilitar identificar as estratégias que cada criança utiliza na leitura e os mecanismos preservados para o desempenho da atividade. 43 As provas são divididas em blocos: • Reconhecimento de letras. • Processos léxicos. • Processos sintáticos. • Processos semânticos. Para avaliação de adultos, no Brasil utilizamos a bateria Escala de inteligência Wechesler (WAIS-III). • Escala de inteligência Wechesler (WAIS-III) • Aplicada individualmente a partir dos 17 anos. Teste Wais-III: • Aplicado individualmente. • Faixa etária: a partir dos 17 anos. • Subtestes: 14. • Índices Fatoriais: índice de compreensão verbal; índice de organização perceptual, índice de memória operacional e índice de velocidade de processamento. • QI: Verbal, QI de Execução e QI Total. Ao realizar a avaliação, pode-se identificar se uma função prejudica a outra de forma secundária, às vezes, a queixa pode ser de memória e na avaliação ser constatado prejuízo atencional que impacta na memória. 44 A atenção é base para as outras funções cognitivas, por meio dela se capta a informação para que ocorra a etapa de armazenamento, quando o processo de atenção não consegue realizar sua função de forma eficaz acaba comprometendo o desempenho de outras funções. No processo de aprendizagem, a primeiro momento, se forma a memória de curto prazo e com a memória de longo prazo se consolida a aprendizagem (a informação é armazenada e pode ser evocada). O caso de H. M. ilustra a importancia da memória declarativa para a aprendizagem. Nesse caso, ele tinha preservado a memória implicita e era capaz de adquirir habilidades, nas quais os processos são pela a ação. Squire e Kandel (2003) referem que sem o armazenamento não adquirimos conhecimento, pois nosso conhecimento é construído na relação com o mundo e esse aprendizado só é possível se tivermos a capacidade de armazenar e evocar. De acordo com essa afirmação, perder a memória é perder a capacidade de aprender. Por exemplo, nos casos de demência, como no Alzheimer, Kandel e Squire (2003) evidenciaram que a primeira parte a ser acometida é o córtex entorrinal, essa região fornece sinais de entrada para o hipocampo e acaba sofrendo perda significativa das células no início da doença, essa degeneração compromete a função da memória. Outro local atingido pela doença é o núcleo basal, região que contém importante número de neurônios colinérgios, esses neurônios são moduladores e têm participação importante na função da atenção. Em consequência dessas perdas, o processo de atenção, memória e aprendizagem, de forma gradativa, perde a capacidade de manter o desempenho das funções. No relato de uma filha que acompanhou o quadro de demência de sua mãe, ela afirma que perder a memória é perder a vida, pois ela 45 sabia que uma hora sua mãe esqueceria dela, de sua história e, até mesmo, de como contrair os músculos, então, seu coração pararia. Segundo Mesulam (2000), as doenças que acometem o sistema nervoso cerebral ou em casos de lesão encefálica é comum ter a função da atenção comprometida, independentemente da localização, pois essa função está associada às diversas redes de conexões do córtex. A dificuldade atencional pode ser percebida no cotidiano, já que a pessoa não consegue captar as informações, esse comprometimento pode repercurtir com danos na autoestima, afetando a segurança e, até mesmo, sua qualidade de vida. Quanto ao processo de Reabilitação, deve-se considerar diversos fatores, como idade, dados pré-mórbidos, aspectos da personalidade, comportamento, extensão da área acometida pela doença ou lesão, entre outros. De acordo com Gomez (2012), os programas de reabilitação holísticos visam a melhora da consciência tendo como objetivo minimizar as dificuldades cognitivas se beneficiando de estratégias compensatórias. Tendo em vista que as evidências da reabilitação da atenção são empobrecidas, deve-se buscar intervenções que possibilite a funcionalidade do paciente em sua vida diária. O terapeuta ocupacional é um profissional que pode auxiliar na estrutura da rotiana e funcionalidade do paciente. Alguns fatores relacionados a atenção são fatores impeditivos para evolução, como percepção, pois o paciente não consegue compreender e perceber suas dificuldades, não conseguindo ser ativo no processo. Diante desses casos, a família deve ser orientada de forma que possa auxiliar o paciente com supervisão durante a execução de uma atividade, sendo importante sistematizar estratégias e se utilizar de comandos verbais como processo mediador. 46 O neuropsicólogo que atua em equipe interdisciplinar terá a tarefa de buscar recursos facilitadores para equipe conseguir intervir de forma efetiva na reabiltiação motora, pois, essa é primordial para evolução motora. Em muitos casos, o paciente tem bom prognóstico motor, porém o déficit de atenção inviabiliza o processo, já que o paciente não será capaz de armazenar as informações para manter o aprendizado. Existe também a reabilitação em grupo que pode ser um recurso para facilitar o processo de identidade, reconhecimento e partilhamento. As trocas de experiências podem facilitar os registros por meio da memória emocional, embora não se tenha evidência ciêntífica de tal armazenamento, podemos nos valer da experiência clínica. A estimulação voltada à prática diária tem alcançado exito com os pacientes, já que a atenção está relacionada à motivação de acordo com o interesse de cada um. Nos casos de pacientes que gostam de cozinhar, por sua vez, se estabelecem atividades para permitir que o paciente consiga concluir a atividade de cozinhar, esse processo é benéfico, porque o paciente pode se beneficiar das habilidades da memória implicita e recorrer as estratégias para memória explícita com o objetivo final de realizar e aprender. Na Antiguidade já se olhava para a inter-relação das funções. Com o passar do tempo, surgiu a teoria localizacionista, depois, a neuroplasticidade e a inter-relação da funções vem sendo compreendida por meio de estudos que demonstram que as funções não estão isoladas, mas conectadas entre si em sua funcionalidade, estrutura e bases biológicas. A cognição envolve diversas funções corticais superiores, como a atenção, memória, aprendizagem, percepção, entre outras. Diante de um acometimento encefálico é comum observarmos alterações 47 comportamentais, cognitivas e emocional. Como foi discorrido no texto, não temos como entender uma alteração isolada de todas as outras funções. A inter-relação entre as áreas está presente nos diferentes processos cerebrais. Por isso, os profissionais esperam que os métodos de avaliação e exames se renovem constantemente, fator que irá colaborar para novas descobertase compreensão da funcionalidade cerebral. Com as evidências atuais, pode-se concluir que questões relacionadas ao desenvolvimento e funcionamento cerebral não são determinantes e estão sempre sujeitas a ajustes, mudanças e novos entendimentos. Referências LURIA, A. R. Fundamentos de Neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1981. GOMEZ, J. A. (org.). Reabilitação neuropsicológica: abordagem interdisciplinar e modelos conceituais na prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2012. MESULAM, M.-M. (ed.). Principles of behavioral and cognitive neurology. 2. ed. Oxford: University Press, 2000. SQUIRE, L. R.; KANDEL, E. R. Da mente às moléculas. In: SQUIRE, L. R.; KANDEL, E. R. Da mente às moléculas: memória. Porto Alegre: Artmed, 2003. p. 13-33. PARA SABER MAIS Em 1948, um jovem americano sofreu um acidente tendo seu cérebro lesionado por uma barra de ferro que atravessou seu crânio. O jovem, Phineas Gage, não morreu, mas passou a manifestar alteração de comportamento, sua personalidade muda completamente. Após 3 meses hospitalizado, ele volta para casa de seus pais e, aos poucos, retorna para suas atividades. A mãe dele percebe parte de sua memória comprometida. Tal observação não era condizente com o relato médico, o qual 48 dizia que as funções motoras e cognitivas estavam preservadas. Com o passar do tempo, o comportamento de Gage mudou, era possível notar nitidamente alteração em seu comportamento; ele parecia ter perdido a habilidade social, ficou agressivo, explosivo e profano, rude e impulsivo. Gage tinha uma personalidade doce, se preocupava em fazer planos para o futuro, mas após a lesão, ele perde o emprego e passa a ser estudado pela medicina. Gage não se casou, voltou a trabalhar como cocheiro no Chile e, segundo relatos, por meio do trabalho retoma suas habilidades sociais. No ano de 1860, ele voltou para casa da sua mãe em decorrência de quadros convulsivos, no mesmo ano, ele morre. Sua família envia para o médico que o acompanhou seu crânio, que está no Warren Anatomical Museum da Universidade de Harvard. O caso é pesquisado no âmbito da personalidade como fruto do cérebro, pois, se após a lesão no cérebro Gage muda sua personalidade, logo, se levanta tal questão. A partir de seu caso os cientistas se atentam para o funcionamento do lobo frontal como parte do cérebro relacionada aos aspectos da personalidade. O caso de Gage foi estudado em 2004 por meio de simulação feita em computador. Nesse estudo, a reconstrução sinaliza o dano em dois lados do lado. Em análise mais recente em 3D, verificou-se que somente o lado esquerdo foi danificado. O estudo mais recente foi realizado em 2012, o qual prevê que, com o trauma, ele perdeu 15% de massa encefálica, tendo parte do córtex e parte dos núcleos internos do cérebro arrancados. Esses dados justificam as alterações de comportamento e de comprometimento de memória. Referências SABBATINI, R. M. E. O espantoso caso de Phineas Gage. Revista Cérebro & Mente, [s. l.], jun. 1997. Disponível em: https://cerebromente.org.br/n02/ historia/phineas_p.htm. Acesso em: 24 set. 2021. 49 TEORIA EM PRÁTICA Quando um professor observa a dificuldade da criança na leitura e escrita, levante-se a hipótese de dislexia. O professor solicita ajuda do psicólogo na escola para compreender a dificuldade de aprendizagem. Reflita sobre as possibilidades de atuação do psicólogo junto ao professor para identificar a dificuldade da criança e criar recursos para auxiliar o professor no manejo do processo de aprendizagem dessa criança. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Indicações de leitura 50 Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 O artigo indicado apresenta uma revisão que expõe a interação das funções, relaciona a memória, a cognição e o papel dessa interação no processo de aprendizagem traçando um paralelo com as emoções no funcionamento da memória. A revisão promove a discussão acerca da importância de estimular precocemente as habilidades cognitivas do nascimento até o fim da vida. SOUSA, A. B.; SALGADO, T. D. M. Memória, aprendizagem, emoção e inteligência. Revista liberado, Novo Hamburgo, v. 16, p. 101-20, jul./ dez. 2015. Indicação 2 O capítulo indicado traz a compreensão a respeito da importância da avalição de funcionalidade, propondo meios de elaborar e aplicar essa modalidade, tendo como base à avaliação da classificação internacional de funcionalidade (CIF), considerando fatores que permite olhar para o sujeito como um todo. GOMES, A. et al. Avaliação da funcionalidade nos programas de reabilitação cognitiva. In: GOMES, A. et al. Reabilitação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2012. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber 51 Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. A compreensão do desenvolvimento humano e cognitivo nos permite observar a interação das funções com dois aspectos. Assinale a alternativa que apresentam tais aspectos. a. Os aspectos estão relacionados aos aspectos sociais e escolar. b. Os aspectos estão relacionados às funções cognitivas e as células da glia. c. Os aspectos estão relacionados à inter-relação dos aspectos cerebrais com o meio. d. Os aspectos estão relacionados à Inter-relação da atenção e memória. e. Os aspectos estão relacionados à Inter- relação com as funções cognitivas e biológicas. 2. O conceito de Luria (1981) sobre funções nervosas superiores engloba os seguintes aspectos: Fonte: LURIA, A. R. Fundamentos de Neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1981. a. O conceito de Luria de funções nervosas superiores engloba aspectos biológicos e interação com o meio. b. O conceito de Luria de funções nervosas superiores engloba cognitivos, biológico e sociais. c. O conceito de Luria de funções nervosas superiores engloba aspectos sensoriais, físicos e neurobiológicos. 52 d. O conceito de Luria de funções nervosas superiores engloba aspectos da atenção, memória e aprendizagem. e. O conceito de Luria de funções nervosas superiores engloba aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais. GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: A alternativa correta corresponde a inter-relação dos aspectos cerebrais com o meio. Questão 2 - Resposta E Resolução: A alternativa correta afirma que o conceito de Luria (1981) sobre funções nervosas superiores engloba aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais. BONS ESTUDOS! Apresentação da disciplina Introdução TEMA 1 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 2 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 3 Direto ao ponto Para saber maisTeoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 4 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Quiz Gabarito Inicio 2: Botão TEMA 4: Botão TEMA 1: Botão TEMA 2: Botão TEMA 3: Botão TEMA 9: Inicio :