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56
Unidade II
Unidade II
5 CONTROLE DE QUALIDADE DE MATÉRIAS-PRIMAS
O controle de qualidade físico-químico de matérias-primas, ou seja, de insumos farmacêuticos 
ativos (IFA), excipientes e adjuvantes, envolve os ensaios de identificação, pureza e doseamento. 
Os ensaios de identificação contemplam métodos visuais e analíticos qualitativos ou quantitativos, 
baseados nas características físicas ou físico-químicas das matérias-primas. Quando uma matéria-prima 
chega numa farmácia de manipulação ou numa indústria farmacêutica, sua identificação é o primeiro 
ensaio de caracterização empregado. Isso porque, muitas vezes, a simples verificação da cor e do aspecto 
da matéria-prima auxilia para saber se foi entregue aquilo que efetivamente foi comprado ou se não 
houve algum tipo de adulteração.
Os ensaios de pureza são de natureza qualitativa, semiquantitativa e quantitativa. Visam determinar 
a presença de determinado contaminante ou se seu percentual na matéria-prima se encontra dentro de 
limites especificados.
Os ensaios de doseamento compreendem os testes de titulação, principalmente do IFA, mas também 
são empregados no doseamento de excipientes e adjuvantes. Trata-se de um ensaio que visa determinar 
o percentual da substância na amostra analisada. As farmacopeias trazem os métodos e especificações 
de teor das matérias-primas.
5.1 Ensaios de identificação
Serão abordados os ensaios de identificação de matérias-primas envolvendo as análises das 
características organolépticas e os ensaios analíticos de identificação. 
5.1.1 Análise das características organolépticas
As características organolépticas de uma matéria-prima (fármaco, excipiente ou adjuvante 
farmacotécnico) correspondem a aquelas que auxiliam na sua identificação, particularmente numa 
análise visual, tais como sua cor, odor, consistência, forma, além de características como ser ou não um 
pó cristalino, no caso de matérias-primas sólidas. 
Na 6ª edição da Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2019a), tais características são encontradas como 
características físicas de cada monografia de matéria-prima no item Descrição. No quadro a seguir 
são apresentadas as descrições das características organolépticas de dois fármacos, o acetato de 
dexametasona e o aciclovir, e de um conservante, o ácido sórbico, disponíveis em suas monografias na 
Farmacopeia Brasileira. 
57
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Quadro 11 – Descrição das características organolépticas 
dos fármacos aciclovir e acetato de dexametasona 
e do conservante ácido sórbico 
Matéria-prima Características organolépticas
Acetato de dexametasona Pó cristalino branco ou quase branco
Aciclovir Pó cristalino branco ou quase branco
Ácido sórbico Pó cristalino branco ou quase branco
Adaptado de: Anvisa (2019a).
Os ensaios de análise de características organolépticas são utilizados como uma identificação 
inicial da matéria-prima, ou seja, não são conclusivos, uma vez que matérias-primas diferentes podem 
apresentar a mesma descrição organoléptica, conforme mostrado no quadro. 
5.1.2 Ensaios analíticos de identificação
5.1.2.1 Reações químicas de identificação
As reações químicas de identificação de matérias-primas envolvem ensaios caracterizados por 
alterações de coloração (mudança ou desaparecimento de cor), além das reações de precipitação e 
produção de gás (GIL; MATIAS; ORLANDO, 2010).
Esse tipo de identificação é possível devido à presença de certos cátions, ânions ou mesmo 
grupamentos químicos de determinada molécula, que irão reagir na presença de outras substâncias. 
Apesar disso, seu uso como um método confirmatório é desencorajado, uma vez que matérias-primas 
diferentes podem conter cátions, ânions ou grupamentos químicos em comum.
A 6ª edição da Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2019a) traz, por exemplo, um método de identificação 
de ácido ascórbico empregando reação de identificação. No método é recomendada a adição de tartarato 
cúprico alcalino solução reagente (SR) a uma alíquota da solução a 2% (p/v) de ácido ascórbico em água, 
devendo, em seguida, deixar em repouso a temperatura ambiente. É relatada no método a mudança de 
coloração, ocasionada pela redução do tartarato cúprico. 
A monografia do ácido cítrico, na mesma obra, traz dois métodos de identificação por meio de 
reações químicas de identificação. O primeiro recomenda dissolver 0,5 g de ácido cítrico em 5 mL 
de água e neutralizar com solução de hidróxido de sódio. Em seguida, deve-se adicionar 10 mL de 
cloreto de cálcio SR e submeter a aquecimento até ebulição, para a formação de um precipitado 
branco. O segundo está relacionado com reações do íon citrato, uma vez que ele está presente no 
ácido cítrico.
58
Unidade II
5.1.2.2 Solubilidade
Assim como os ensaios baseados em reações químicas, para a determinação da solubilidade no 
contexto da identificação de substâncias não se faz necessária a utilização de qualquer equipamento. Por 
outro lado, esse não é considerado um teste confirmatório, mas serve como um ensaio complementar, 
sendo facilmente realizado. 
A solubilidade está relacionada à capacidade de solubilização da substância num determinado 
solvente a uma dada temperatura, em função de uma reação química ou miscibilidade (GIL; MATIAS; 
ORLANDO, 2010). As monografias farmacopeicas trazem a informação da solubilidade para o teste de 
identificação, considerando a temperatura de 25 °C ± 5 °C (ANVISA, 2019a). Essa informação traz dados 
aproximados, nos quais se baseia a tabela a seguir.
Tabela 3 – Termos descritivos de solubilidade e seus significados 
Termo descritivo Volumes aproximados de solvente em mililitros por grama de substância
Muito solúvel Menos de 1 parte
Facilmente solúvel De 1 a 30 partes
Solúvel De 10 a 30 partes
Moderadamente solúvel De 30 a 100 partes
Pouco solúvel De 100 a 1.000 partes
Muito pouco solúvel De 1.000 a 10.000 partes
Praticamente insolúvel ou insolúvel Mais de 10.000 partes
Fonte: Anvisa (2019a, p. 58).
No quadro a seguir são apresentados alguns exemplos de testes de solubilidade disponibilizados na 
parte de identificação das monografias. Como pode ser observado, no caso da loratadina, são necessários 
mais de 10.000 mL para solubilização de 1 g da substância, enquanto no caso do álcool metílico essa 
mesma quantidade é solúvel em menos de 30 mL.
Quadro 12 – Exemplos de dados de solubilidade 
utilizados na identificação de substâncias 
Substância Descrição
Cloridrato de clindamicina Facilmente solúvel em água e álcool metílico, ligeiramente solúvel em álcool etílico
Loratadina Insolúvel em água, facilmente solúvel em álcool etílico
Furosemida Praticamente insolúvel em água, solúvel em álcool metílico, ligeiramente solúvel em álcool etílico. Facilmente solúvel em soluções aquosas de hidróxidos alcalinos
Adaptado de: Anvisa (2019a).
59
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
5.1.2.3 Determinação do ponto de fusão
O ponto de fusão de uma matéria-prima é uma constante física que corresponde à temperatura 
na qual essa substância passa do estado sólido para o estado líquido. A presença de impurezas numa 
matéria-prima, assim como o polimorfismo, poderá alterar o seu ponto de fusão. Dessa forma, a 
determinação do ponto de fusão pode auxiliar na identificação de uma substância, além de ser um 
indicativo do grau de pureza da matéria-prima.
É comum encontrar o ponto de fusão da matéria-prima na descrição das suas características 
físico-químicas na monografia farmacopeica. No caso do ácido cítrico, seu ponto de fusão é descrito 
na Farmacopeia Brasileira como de aproximadamente 153 °C, com decomposição. Já para o fármaco 
albendazol, é descrita sua faixa de fusão entre 208 °C e 210 °C (ANVISA, 2019a). 
O ponto de fusão pode ser determinado de forma rápida empregando equipamentos de baixo custo, 
o que torna bastante comum sua utilização em farmácias de manipulação como método de identificação 
(GIL; MATIAS; ORLANDO, 2010).
5.1.2.4 Densidade relativa
Considerando-se que a densidade deuma substância é calculada pela razão entre sua massa e 
volume a 20 °C, a densidade relativa é definida pela Farmacopeia Brasileira como a relação entre a 
massa de uma substância e a massa de igual volume de água, ambos a uma temperatura de 20 °C 
(ANVISA, 2019a). 
No quadro a seguir são elencados alguns exemplos de valores de densidade relativa de matérias-primas 
descritos na Farmacopeia Brasileira juntamente com as suas características físicas.
Quadro 13 – Valores de densidade relativa de matérias-primas 
e suas características físicas descritos em monografias 
da 6ª edição da Farmacopeia Brasileira 
Matéria-prima Característica física e densidade relativa
Ácido 
undecilênico
Líquido incolor ou amarelo pálido, ou massa cristalina branca ou amarela pálida, dependendo da temperatura
Densidade relativa: 0,910 g/mL a 0,913 g/mL
Álcool benzílico
Líquido oleoso, límpido e incolor
Densidade relativa: 1,043 g/mL a 1,049 g/mL
Álcool etílico
Líquido incolor, límpido, volátil, inflamável e higroscópico
Densidade relativa: 0,805 g/mL a 0,812 g/mL a 20 °C 
Benzoato de 
benzila
Líquido oleoso, límpido e incolor de odor fracamente aromático. Pelo resfriamento, forma cristais incolores
Densidade relativa: 1,116 g/mL a 1,120 g/mL
Adaptado de: Anvisa (2019a).
60
Unidade II
5.1.2.5 Determinação do índice de refração
O índice de refração (n) é uma constante físico-química empregada na identificação de matérias-primas 
na forma líquida. É característica de substâncias como as gorduras e óleos, entre outras, como as ceras 
e os açúcares. 
A Farmacopeia Brasileira o define como uma medida da velocidade da luz no vácuo e a sua relação 
com a velocidade no interior de uma substância (ANVISA, 2019a). 
Ele é calculado por meio da equação a seguir e medido com um equipamento denominado 
refratômetro (ANVISA, 2019a; GIL; MATIAS; ORLANDO, 2010; KOROLKOVAS, 1988).
n
sen i
sen r
=
Onde:
sen i = seno no ângulo de incidência da luz;
sen r = seno do ângulo de refração da luz.
Seu valor é encontrado nas monografias farmacopeicas na parte da Descrição, como uma constante 
físico-química. Na tabela a seguir são contemplados alguns exemplos de valores de índice de refração 
descritos em monografias de matérias-primas na Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2019a).
Tabela 4 – Valores de índice de refração de 
matérias-primas listados em monografias 
da Farmacopeia Brasileira
Matéria-prima Índice de refração
Álcool benzílico 1,538 a 1,541 determinado a 20 °C
Esqualeno 1,4510 a 1,4525
Óleo de amendoim 1,462 a 1,464 determinado a 40 °C 
Adaptada de: Anvisa (2019a).
5.1.2.6 Determinação do espectro de absorção no infravermelho
A determinação do espectro de absorção na região do infravermelho é uma técnica analítica 
instrumental. Cada matéria-prima apresentará um espectro na região do infravermelho 
característico dos grupamentos e ligações químicas presentes na molécula. Como pode ser 
observado na figura a seguir, esse gráfico pode ser dividido em duas zonas, sendo que aquela 
chamada de impressão digital é de bastante especificidade e pode ser considerada confirmatória 
para a identificação de uma matéria-prima.
61
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Número de onda cm-1
%
 T
ra
ns
m
itâ
nc
ia
Zona de diagnóstico Zona de impressão digital
4.000
0
20
40
60
80
100
3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500
Figura 19 – Espectro de FTIR e suas respectivas zonas 
Fonte: Dias, Vaghetti e Lima (2016, p. 272).
Na Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2019a) há a descrição do método de identificação nas monografias. 
Por exemplo, para o mebendazol, é descrito no método que no espectro de absorção no infravermelho 
da amostra deve haver máximos de absorção somente nos mesmos comprimentos de onda e na mesma 
intensidade que os observados no espectro da respectiva substância química de referência, desde que 
preparada da mesma maneira e empregando o mesmo método.
Há duas possibilidades para o preparo da amostra para a realização do ensaio: a obtenção de uma 
pastilha da substância misturada com brometo de potássio e a análise direta, quando o equipamento 
possui uma célula de ATR (reflectância atenuada) acoplada (DIAS et al., 2016). Atualmente, a obtenção 
do espectro se dá pela utilização de um equipamento FTIR (infravermelho por transformada de Fourier).
5.1.2.7 Determinação do espectro de absorção na região do ultravioleta-visível (UV-VIS)
Em algumas monografias farmacopeicas é possível encontrar, além da identificação por infravermelho, 
métodos via espectros na região do UV-VIS. Para que seja possível a utilização desta técnica é necessária 
a presença de grupamentos cromóforos na molécula. 
Na tabela a seguir são apresentados alguns exemplos de substâncias em que esse tipo de identificação 
consta da monografia. O resultado sempre se dá pela comparação do espectro obtido por uma substância 
química de referência (padrão), na mesma concentração da amostra.
62
Unidade II
Tabela 5 – Exemplos de substâncias em que a 
identificação do espectro de absorção na região 
do UV-VIS consta na monografia farmacopeica 
Substância Estrutura química Máximos de absorção
Metotrexato
H2N
NH2 OH
OH
H
N
CH3
N
H
O
O
O
N
N
N N
Entre 200 nm e 400 nm
Ofloxacino
COOH
CH3H3C
F
O
O
NN
N
Entre 200 nm e 400 nm
Vermelho de 
Pounceau
NaO3S
SO3Na
SO3Na
OH
N N
215 nm, 245 nm, 332 nm e 507 nm
Adaptada de: Anvisa (2019a).
5.2 Ensaios de pureza
Do ponto de vista farmacêutico, a pureza de uma matéria-prima é definida como o grau em que 
ela possui materiais estranhos a ela mesma. Dessa forma, as monografias farmacopeicas trazem os 
limites de impurezas, ou seja, as especificações de outras substâncias que podem estar presentes numa 
matéria-prima, além dos testes para determiná-las.
Os ensaios de pureza de matérias-primas englobam a avaliação de impurezas orgânicas e inorgânicas. 
As primeiras, em geral, são bastante específicas de cada matéria-prima, como alguma impureza 
decorrente da decomposição de um fármaco, sendo também chamadas de substâncias relacionadas. 
Já as impurezas inorgânicas são contaminantes provenientes do processo de síntese do material, como 
a água e alguns íons (GIL, 2010b; GIL, 2010c).
5.2.1 Determinação do pH
Independentemente da natureza da impureza presente na matéria-prima, algumas monografias 
constantes da Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2019a) trazem a determinação do pH como um método 
de ensaio de pureza. 
63
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
O pH de uma solução de uma determinada matéria-prima está relacionado com sua concentração 
e com seu pKa, ou seja, com a sua força ácida ou básica (GIL; MATIAS; ORLANDO, 2010). Assim, quando 
em solução, os fármacos que em geral são ácidos ou bases fracas desenvolverão um pH próprio em 
solução (FLORENCE; ATTWOOD, 2003), e uma eventual alteração desse pH pode estar relacionada com a 
presença de uma impureza na matéria-prima.
Para atestar a pureza, por exemplo, de uma amostra de ácido ascórbico, pode-se determinar o pH de 
uma solução aquosa de ácido ascórbico a 5% (p/v). A especificação presente na monografia do fármaco 
na Farmacopeia Brasileira é que a solução deve apresentar pH entre 2,2 e 2,5 (ANVISA, 2019a).
5.2.2 Impurezas orgânicas: substâncias relacionadas
Por serem impurezas bem específicas de cada matéria-prima, as técnicas cromatográficas como 
a cromatografia líquida de alta eficiência (Clae) e a cromatografia em camada delgada (CCD) são as 
mais empregadas para tal finalidade, uma vez que apresentam adequada capacidade de separação.
Dessa forma, são apresentados no quadro alguns exemplos de fármacos e as técnicas descritas em 
monografias farmacopeicas para ensaio de pureza para substâncias relacionadas.
Quadro 14 – Exemplos de fármacos e métodos farmacopeicos para 
determinação de substâncias relacionadas em matérias-primas 
Fármaco Método Exemplos de substâncias relacionadas
Aciclovir CCD Soma das impurezas observadas máx. 2%
Etinilestradiol CCD Estrona
CaptoprilClae Dissulfeto de captopril
Diazepam Clae
A: 7-cloro-5-fenil-1,3-dicloro-2H-1,4-benzodiazepin-2-ona (nordazepam)
B: (2-cloro-N-(4-cloro-2-benzoilfenil)-N-metilacetamida)
C: (6-cloro-1-metil-4-fenilquinazolin-2-(1H)-ona)
Sinvastatina Clae
Hidroxiácido de sinvastatina
Epilovastatina e lovastatina
Acetilsinvastatina 
Adaptado de: Anvisa (2019a).
Para ilustrar a capacidade de separação dessas técnicas analíticas na determinação de pureza de 
matérias-primas, a figura a seguir traz a imagem de uma placa de sílica, na qual é possível observar que 
na análise da amostra foram detectadas as presenças da substância ativa e da impureza. A comprovação 
foi possível pela comparação com as manchas decorrentes do padrão da substância relacionada e da 
substância química de referência (SQR).
64
Unidade II
SQR
Padrão da 
substância 
relacionada
Manchas presentes 
na amostra
Ponto de aplicação
Figura 20 – Representação da CCD na determinação de impureza de matéria-prima 
 Lembrete
Padrões de referência são materiais fornecidos por comissões 
especializadas que possuem um alto teor de pureza, servindo de base para 
a detecção e quantificação de substâncias.
Na figura a seguir é possível verificar a separação de uma matéria-prima de suas substâncias 
relacionadas em um ensaio de Clae.
0.14
0.12
0.10
0.08
0.06
0.04
0.02
5.00 10.00 15.00 20.00 25.00 30.00 35.00 40.00
0.00
Ativo = 95,1%
Substâncias relacionadas = 4,3%
Gradient artifact
A
B D
C
E
F
GA
U
Figura 21 – Cromatograma resultante de uma análise de determinação de impurezas
Adaptada de: Jansen, Smith e Baertschi (2011, p. 156).
65
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
5.2.3 Impurezas inorgânicas
Em geral, as impurezas inorgânicas são aquelas resultantes da rota de síntese das matérias-primas. 
Entre as substâncias encontradas são relatadas a água, em maior relevância, além de íons, entre outras. 
Para o estabelecimento das especificações de impurezas inorgânicas, adicionalmente à consulta às 
farmacopeias, se faz muito importante a análise da rota de síntese no dossiê fornecido pelo fabricante 
da matéria-prima, um documento chamado DMF (Drug Master File).
A quantificação dessas substâncias tem importância em relação à dosagem e estabilidade no caso 
da água e estabilidade e/ou toxicidade no caso de metais pesados, arsênio, amônia, entre outros íons 
(GIL, 2010b).
A Farmacopeia Brasileira descreve os métodos específicos para a determinação de água: o método 
volumétrico (método de Karl Fischer), o método de destilação azeotrópica (destilação com tolueno) e o 
método de determinação de água pelo método semimicro (titulação potenciométrica). Entre os métodos 
citados, o de Karl Fischer é o mais comumente utilizado, sendo encontrado como método recomendado 
em diversas monografias da Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2019a). 
Para a realização desse método, há necessidade de equipamento e reagente específicos. Este consiste 
em uma solução anidra de iodo, dióxido de enxofre, piridina e metanol (reagente de Karl Fischer). 
A determinação da quantidade da água se dá pela titulação da amostra com esse reagente que vai sendo 
consumido através de uma reação de oxirredução. O ponto final da viragem ocorre quando não há mais água 
presente na amostra, havendo sobra do reagente, e a solução passa da coloração amarela para a marrom. 
A equação a seguir mostra de maneira resumida a equação da reação (SKOOG et al., 2015):
I2 + SO2 + 2H2O → 2HI + H2SO4
Vejamos alguns exemplos de matérias-primas com o respectivo método farmacopeico recomendado 
para determinação de água e especificação.
Quadro 15 – Matéria-prima, método recomendado para 
determinação de água e especificação farmacopeica 
Matéria-prima Método recomendado Especificação
Amoxicilina Método de Karl Fischer (determinar em 0,3 g da amostra) De 11,5% a 14,5%
Glicerol Método de Karl Fischer (determinar em 1 g da amostra) No máximo, 2,0%
Lidocaína Método de Karl Fischer (determinar em 1 g da amostra) No máximo, 1,0%
Folinato de cálcio Método semimicro (determinar em 0,1 g da amostra) No máximo, 17,0%
Adaptado de: Anvisa (2019a).
66
Unidade II
Existem ainda outros ensaios de perda de peso que visam determinar a quantidade de substâncias 
voláteis na matéria-prima, conforme especificado em monografias farmacopeicas. São exemplos desses 
tipos de ensaios a perda por dessecação por gravimetria, por termogravimetria (análise térmica) ou 
por uso de balança por infravermelho ou com lâmpada halógena. Um exemplo de monografia que traz 
especificação de perda por dessecação é a do lauril sulfato de sódio. A recomendação na monografia é 
fazer a determinação utilizando 1 g da amostra em estufa a 105 °C, por duas horas, sendo especificado 
um limite máximo de 3% de perda. 
A seguir, são elencados os passos para a realização do ensaio de perda por dessecação:
• transferir a quantidade de amostra especificada na monografia para um pesa-filtro previamente 
dessecado e tarado;
• deixar a amostra na estufa pelo tempo e temperatura especificados;
• resfriar a amostra no dessecador;
• determinar a massa do pesa-filtro tampado.
O cálculo é feito tendo como base a seguinte equação:
% vol teis
P P
P
xa s
a
á = − 100
Onde:
Pa = pesa-filtro com a amostra;
Ps = pesa-filtro com a amostra seca.
Em alguns casos, a temperatura do ensaio pode ser mais baixa. Um exemplo é o caso do maleato 
de enalapril, em que a temperatura especificada na monografia da matéria-prima é de 60 °C e o ensaio 
deve ser conduzido por duas horas, sob pressão reduzida inferior a 5 mmHg (ANVISA, 2019a).
Exemplo de aplicação
Suponha que, ao realizar um ensaio para a determinação de substâncias voláteis de uma determinada 
matéria-prima, os valores de Pa e Ps tenham sido de 1.000 mg e 958 mg, respectivamente. Sabendo que 
a especificação para esse ensaio é de no máximo 0,5%, faça o cálculo e responda se o material passa no 
teste de perda por dessecação.
Resolução
% vol teis
P P
P
x x xa s
a
á = − = − =100 1 000 958
1 000
100
42
1 000
100
.
. .
== 4 2, %
67
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
A amostra não passa na especificação, pois o resultado foi de 4,2%, ficando muito acima 
da especificação.
Ainda em relação à perda de peso, algumas monografias trazem especificações da perda de peso por 
ignição, que corresponde a uma determinação da quantidade de substância que se volatiliza durante 
o procedimento. Um exemplo desse tipo de ensaio de pureza por meio da avaliação da perda de peso 
por ignição se encontra na monografia do fosfato de cálcio tribásico. Segundo o método, deve-se 
determinar a perda por ignição em 1 g de amostra, a qual deve se incinerada em mufla a 800 ± 25 °C 
até peso constante. A especificação é de no máximo 8% de perda por ignição e o cálculo é realizado 
conforme a equação a seguir:
% vol teis
P P
P
xá = −2 1
3
100
Onde:
P1 = peso do cadinho depois da calcinação;
P2 = peso do cadinho com a amostra após a calcinação;
P3 = peso inicial da amostra.
Além desses métodos, também constam das monografias a determinação de substâncias solúveis 
e insolúveis, assim como o teor de cinzas e cinzas sulfatadas, que se relacionam com a quantidade 
de resíduos sólidos inorgânicos metálicos. Ensaios limites, específicos para determinadas substâncias, 
inclusive para metais pesados, também são recomendados nas monografias. Esse tipo de ensaio tem 
por objetivo avaliar se uma determinada amostra apresenta quantidades de um ou mais íons acima de 
um determinado limite. A Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2019a) descreve, por exemplo, os métodos 
de ensaios limite para cloretos, sulfatos, metais pesados, ferro, arsênio, amônia, cálcio, magnésio, 
entre outros.
A monografia do cloridrato de tramadol, por exemplo, traz o ensaio limite para metais pesados, 
tendo como especificação, no máximo, 0,002%, o que corresponde a 20 ppm.
 Saiba mais
Para saber mais detalhes sobre os métodos utilizados na determinação de 
impurezas, consulte:
ANVISA. FarmacopeiaBrasileira, 6ª edição. v. I-II. Brasília, 2019a.
68
Unidade II
5.3 Ensaios de doseamento
A quantificação de um IFA em uma amostra da mesma substância é denominada ensaio de 
doseamento, ensaio de potência ou determinação do teor. A Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2019a) 
descreve, em suas monografias, métodos específicos para cada IFA e as suas especificações.
Os métodos utilizados para tal finalidade são divididos em métodos não instrumentais, também 
denominados métodos clássicos de doseamento, e métodos instrumentais, conforme apresentado na 
figura a seguir.
Métodos de doseamento 
de IFA – matéria-prima
Métodos não instrumentais Métodos instrumentais
Titulação Gravimetria Espectroscópicos Eletroanalíticos
Cromatográficos
Figura 22 – Métodos não instrumentais e métodos instrumentais de doseamento de IFA
Entre os métodos não instrumentais serão abordadas as técnicas de titulação, também 
denominada titimetria, titulometria ou volumetria, e os métodos gravimétricos de doseamento. Entre 
os métodos instrumentais utilizados em doseamento, serão abordadas as técnicas de espectroscopia 
(espectrofotometria de absorção nas regiões do ultravioleta – UV e visível, espectrometria de absorção 
atômica com chama) e os métodos cromatográficos.
5.3.1 Métodos não instrumentais
5.3.1.1 Titulação
A técnica de titulação envolve as vidrarias e materiais apresentados na figura a seguir. Em geral 
são utilizadas buretas de 10, 25 ou 50 mL de capacidade, onde é inserido o mesmo volume de solução 
titulante. Ela é denominada solução padrão, ou seja, uma solução de concentração conhecida preparada 
utilizando-se um padrão primário, que é uma substância com alto grau de pureza.
69
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Suporte universal
Bureta
Solução titulante
Erlenmeyer
Figura 23 – Vidrarias e materiais utilizados em titulação 
Fonte: Fiorotto (2019, p. 39).
A solução, denominada solução titulada, da qual se deseja determinar o teor do IFA, é inserida no 
Erlenmeyer, juntamente com um indicador, que é uma substância que irá auxiliar o analista a detectar 
visualmente o ponto final da titulação, o qual pode ocorrer por meio da mudança de coloração da 
solução titulada.
Existem diversos tipos de titulação, como a de neutralização, a titulação em meio não aquoso, a 
titulação de complexação, a de precipitação e a de oxirredução (GIL; MATIAS, 2010). Devido ao fato de 
praticamente não ser mais utilizada, uma vez que o aparecimento de um precipitado durante a titulação 
é bastante impreciso, a titulação de precipitação não será detalhada.
Titulação de neutralização
Nesse tipo de titulação ocorre uma reação de neutralização entre um ácido e uma base. Se a solução 
titulada for uma base, a solução titulante utilizada deve ser um ácido e vice-versa. No primeiro caso, 
a titulação é denominada acidimetria, e no segundo, alcalimetria. 
O ensaio de doseamento do ibuprofeno, descrito na Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2019a), é 
um exemplo de titulação de neutralização. De acordo com o método, deve-se preparar a solução 
titulada, pesando-se cerca de 0,5 g da amostra do IFA, e dissolver em 100 mL de álcool etílico. 
A essa solução devem ser adicionados 3 mL de solução indicadora (SI) de fenolftatleína. A solução 
titulante deverá ser o hidróxido de sódio 0,1 M SV. Deve-se proceder com a titulação até a viragem 
para coloração rosa. 
70
Unidade II
Titulação em meio não aquoso
A titulação em meio não aquoso é utilizada nos casos em que o IFA a ser quantificado é um ácido ou 
uma base muito fraca. Isso ocorre, principalmente, no segundo caso. Se um IFA com característica básica 
muito fraca for colocado numa solução titulada aquosa, a água terá maior capacidade de reagir com o 
titulante ácido do que o IFA. Dessa forma, a titulação em meio não aquoso é uma forma de contornar 
esse problema (ANVISA, 2019a; GIL; MATIAS, 2010).
Um exemplo é o ensaio de doseamento do albendazol (C12H15N3O2S), descrito na Farmacopeia 
Brasileira (ANVISA, 2019a). Nesse ensaio, recomenda-se dissolver o IFA em ácido acético glacial e 
adicionar cloreto de metilrosanilínio SI. A titulação dessa solução deve ser feita com ácido perclórico 
0,1M SV, até obtenção de coloração verde esmeralda. Ainda segundo essa obra, deve-se realizar ensaio 
em branco, e cada mL da solução titulante equivale a 26,533 mg de C12H15N3O2S.
Titulação de complexação
Esse método envolve a titulação de íons metálicos com um agente complexante, como o ácido 
etilenodiaminotetracético (EDTA).
O método de doseamento do hidróxido de magnésio, descrito na Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 
2019a), é por titulação de complexação. De acordo com o método, deve-se dissolver 0,1 g da amostra 
de hidróxido de magnésio em 2 mL de ácido clorídrico 2 M e proceder conforme descrito no item de 
titulações complexométricas da obra.
Titulação de oxirredução
A titulação de oxirredução envolve a aplicação da iodometria. Essa técnica é utilizada no doseamento 
do ácido ascórbico, conforme descrito em sua monografia na Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2019a). 
De acordo com o método, deve-se pesar 200 mg da amostra de ácido ascórbico (C6H8O6), devendo 
dissolvê-la em uma mistura contendo 100 mL de água purificada e 25 mL de ácido sulfúrico 1 M. 
A essa solução titulada deve-se adicionar 3 mL de amido SI e titular rapidamente com solução de 
iodo 0,05 M SV. O teor de ácido ascórbico é calculado considerando que cada mL de solução de iodo 
0,05 M SV equivale a 8,806 mg de C6H8O6. 
Essa titulação se baseia na característica redutora do ácido ascórbico e na capacidade oxidante do 
iodo (I2). O ácido ascórbico é oxidado a ácido deidroascórbico de acordo com a reação apresentada na 
figura a seguir.
71
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
O O
O O
CH CHOH OH
OH OH
HO HO
H2C H2C
Oxidação
Ácido ascórbico Ácido deidroascórbico
HO O
C H O I C H O HI
S O I S O
aq aq aq
aq aq aq
6 8 6 2 6 6 6
2 3
2
2 4 6
2
2
+ ↔ +
+ ↔
( ) ( ) ( )
( )
−
( ) ( ))
−
( )
−+2 2I aq
Figura 24 – Reação de oxidação do ácido ascórbico a 
ácido deidroascórbico na titulação de oxirredução 
Adaptada de: Dias et al. (2016); Yoshioka e Stella (2002).
A presença de ácido sulfúrico na solução titulada contendo o ácido ascórbico gera um excesso de 
prótons (H+). Isso desloca o equilíbrio da reação no sentido da maior presença de ácido ascórbico do 
que de ácido deidroascórbico, o que, de certa forma, reduz a interferência da oxidação pelo oxigênio 
do ar (GIL; MATIAS, 2010).
Dessa forma, o iodo irá reagir com o ácido ascórbico, oxidando-o, e assim que todo o ácido ascórbico 
for consumido, o excesso de iodo que entrar em contato com a solução titulante irá reagir com o amido 
da solução indicadora, formando um complexo de coloração azul escura.
Exemplo de aplicação
Suponha que você seja analista responsável pela análise de matérias-primas do setor de controle de 
qualidade físico-químico de uma empresa e tenha que determinar o teor de um lote de cloroquina que 
acabou de ser recebido.
Procedimento (ANVISA, 2019a):
Pesar 0,25 g da amostra e solubilizar em 50 mL de diluente, utilizando como substância indicadora 
metilrosanilínio. Realizar a titulação com ácido perclórico 0,1 M SV.
Observação: cada mL de ácido perclórico 0,1 M SV equivale a 15,99 mg de cloroquina.
Sabendo que o volume de ácido perclórico gasto com o branco (VB) foi de 0,3 mL e que em cada uma 
das análises foram utilizados 15,4 – 15,8 – 15,1 mL, faça o que se pede a seguir: 
72
Unidade II
A) Indique o volume de ácido perclórico efetivamente gasto com a matéria-prima (VMP).
B) Calcule a quantidade de matéria-prima na amostra analisada (QMP).
C) Sabendo que a especificação da matéria-prima é de 98% a 102%, calcule o teor encontrado e 
indique se a amostra passa no teste de doseamento.
Resolução
A) Média do volume de titulante gasto com as análises (VT) = (15,4+15,8+15,1)/3 = 15,4
VMP = VT - VB 
VMP = 15,4 - 0,3 = 15,1 mL
B) 1 mL de solução titulante __________ 15,99 mg do fármaco15,1 mL __________ QMP
QMP = 241,45 mg
C) Teor = (Vobservado / Vteórico) x 100
Teor = (241,45 / 250,0) x 100
Teor = 96,6% (amostra reprovada)
5.3.1.2 Gravimetria
A gravimetria é uma técnica analítica que envolve a determinação de massa, que pode ser realizada 
por meio da gravimetria de precipitação ou da gravimetria de volatilização, sendo a primeira a 
mais utilizada.
Para que essa técnica seja utilizada, é necessário que a substância que se deseja quantificar 
tenha uma composição química definida e possua um certo grau de pureza, pois será quantificada 
estequiometricamente, por meio de reações químicas. 
Na figura a seguir são representadas as etapas da técnica de gravimetria de precipitação. 
73
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Amostra em solução
Formação de precipitado
Filtração com papel de 
filtro e funil de Bückner
Adição de agente 
precipitante
Lavagem
Aquecimento
Pesagem e cálculos 
estequiométricos
Figura 25 – Representação da técnica de gravimetria de precipitação 
Nessa técnica apresentada na figura, a quantidade de um dos constituintes de uma amostra é 
medida de forma indireta, por meio, por exemplo, de um íon presente nele. Adiciona-se à amostra 
uma substância (agente precipitante) que irá reagir com esse íon e formar um precipitado, que deverá 
ser recolhido por meio do uso de um filtro. O material recolhido no filtro, ainda úmido, é lavado para 
remoção de impurezas e depois submetido a aquecimento em estufa ou mufla, para eliminar o líquido 
residual, sendo depois pesado.
Essa técnica pode ser utilizada para a determinação de cálcio em uma amostra. Nesse caso, adiciona-se 
excesso de ácido oxálico (H2C2O4) à solução contendo a amostra. Em seguida, adiciona-se amônia (NH3) 
para neutralizar o ácido oxálico e provocar a precipitação do cálcio (CaC2O4). Após aquecimento do 
CaC2O4, ocorre evaporação de monóxido de carbono (CO) e de dióxido de carbono (CO2), formando 
óxido de cálcio (CaO). Após o resfriamento do material, o óxido de cálcio é pesado, sendo determinada 
a quantidade de cálcio presente na amostra estequiometricamente (SKOOG et al., 2015).
5.3.2 Métodos instrumentais
Os métodos instrumentais de análise são aqueles em que são utilizados equipamentos específicos 
para cada técnica analítica. Possuem como vantagens utilizarem quantidades muito pequenas de 
amostras, detectarem os analitos em quantidades na ordem de microgramas, além de apresentarem 
alta sensibilidade e serem empregados em rotina laboratorial para ensaios de doseamento (GIL; MATIAS; 
ORLANDO, 2010).
74
Unidade II
5.3.2.1 Métodos espectroscópicos
Compreendem os métodos de espectrofotometria de absorção nas regiões do UV e visível, 
espectrometria de chama e espectrometria de absorção atômica.
Espectrofotometria UV-visível
A técnica de espectrofotometria na região do UV-visível considera a capacidade de os átomos e 
grupamentos químicos das moléculas analisadas absorverem e emitirem energia na região do UV-visível do 
espectro eletromagnético. A região do UV compreende a faixa de cerca de 200 nm a 400 nm de comprimento 
de onda. Já a região do visível compreende a faixa que vai de 400 nm a 700 nm de comprimento de onda.
A aplicação da espectrofotometria na região do UV-visível como método analítico de doseamento é 
possível mediante o uso da Lei de Lambert-Beer (veja a equação a seguir).
A = a x b x c
Onde:
A = absorbância da solução;
a = absortividade molar da substância;
b = caminho óptico percorrido pela luz;
c = concentração da solução.
De acordo com a Lei de Lambert-Beer, a absorbância da solução é diretamente proporcional ao 
produto da absortividade molar da substância em solução, o caminho óptico percorrido pela luz 
incidente na amostra e a concentração da solução. 
Considerando o exposto, é possível aplicar a Lei de Lambert-Beer para quantificar um IFA em solução 
por meio da leitura da sua absorbância. Para isso, é necessário utilizar uma equação proveniente de uma 
curva analítica. 
Uma curva analítica é construída por meio da leitura de soluções-padrões de um IFA num 
determinado solvente, em diferentes concentrações. As soluções-padrões devem ser preparadas com 
um padrão primário ou secundário do IFA, para que tenham concentração exata.
 Observação
O caminho óptico está relacionado com o tamanho da cubeta utilizada 
na medida das absorbâncias. As leituras do padrão e da amostra devem ser 
efetuadas em cubeta de mesmo tamanho.
75
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Na figura a seguir é apresentada uma curva analítica de um IFA, a indapamida, em solução tampão 
fosfato pH 6,8, e a equação gerada.
y = 0,0598x - 0,0039
R2 = 0,9987
Concentração (µg/mL)
Ab
so
rb
ân
ci
a
1,4
1,2
0 5 10 15 20 25
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
Figura 26 – Curva analítica da indapamida em solução tampão fosfato pH 6,8
No exemplo, a curva analítica foi construída por meio da análise, utilizando espectrofotometria UV, 
no comprimento de onda de 239 nm, de soluções de indapamida padrão secundário nas concentrações 
de 1,0 – 20,0 µg/mL, em solução tampão fosfato pH 6,8. Após regressão dos dados, foi obtida a 
equação coeficiente de determinação (R2) de 0,9987. Na equação, o eixo x representa a concentração 
das soluções e o eixo y, a absorbância. Dessa forma, como há uma linearidade entre as concentrações das 
soluções do IFA e os valores de absorbância, na faixa em que a curva analítica foi construída 
(1,0 – 20,0 µg/mL) é possível utilizar a equação para o doseamento desse IFA. Para isso, é necessário que 
a solução a ser analisada tenha concentração dentro dessa faixa.
Espectrometria de absorção atômica com chama
Método utilizado para determinar a concentração de íons metálicos em soluções, por meio da 
medida da absorção da radiação eletromagnética por átomos, empregando um atomizador de chama. 
É utilizado para quantificar íons metálicos em soluções, porém trata-se de um método de alto custo 
para uso em rotina de doseamento de IFA em controle de qualidade.
5.3.2.2 Métodos cromatográficos
Os métodos cromatográficos encontram grande aplicação no doseamento de IFAs, devido a sua 
grande sensibilidade e especificidade, sendo possível quantificar o IFA na matéria-prima, mesmo na 
presença de impurezas de composição química semelhante, uma vez que se trata de uma técnica de 
separação contendo um sistema de detecção (GIL; MATIAS; ORLANDO, 2010).
Para ensaios de doseamento, os ensaios cromatográficos com maior aplicação são a cromatografia 
líquida de alta eficiência (Clae) e a cromatografia gasosa (CG), sendo a primeira a mais utilizada. 
A CG é mais usada em ensaios de determinação de impurezas orgânicas voláteis do que em ensaios de 
doseamento, uma vez que requer que o analito possua alta volatilidade.
76
Unidade II
Tanto na Clae quanto na CG, são gerados no ensaio gráficos que apresentam picos das substâncias 
analisadas. É possível calcular as áreas dos picos em determinados tempos de retenção e estimar a 
concentração do analito na solução analisada. Assim como na espectrofotometria, para utilizar as 
técnicas cromatográficas nos ensaios de doseamento, são necessárias a leitura de soluções-padrões e a 
obtenção de uma curva analítica e da equação proveniente da regressão correspondente. No entanto, 
em cromatografia, as curvas analíticas relacionam a concentração da solução com as áreas dos picos 
(GIL; MATIAS; ORLANDO, 2010).
6 CONTROLE DE PRODUTOS ACABADOS
Os ensaios de qualidade de produtos acabados apresentam o objetivo de avaliar os atributos e 
as características dos produtos, que devem estar em conformidade com o que foi estabelecido como 
especificação pelo próprio fabricante ou de acordo com a monografia individual do produto publicada 
em compêndios oficiais. Essas análises englobam os ensaios físicos e físico-químicos, incluindo os ensaios 
de identidade, pureza e potência, que são importantes como parte da garantia de qualidade, segurança 
e, indiretamente, eficácia do produto.
6.1 Líquidos
As formas farmacêuticaslíquidas são as preparações contendo um ou mais ingredientes ativos 
dissolvidos ou dispersos em um ou mais solventes ou veículos. Podemos dividir essas preparações em 
dois grandes grupos, as soluções e os sistemas dispersos.
As soluções são preparações líquidas que contêm uma ou mais substâncias químicas dissolvidas em 
um solvente ou uma mistura de solventes adequados e que sejam mutuamente miscíveis. Dependendo 
da composição dessas preparações, podemos classificar esses produtos como xaropes, elixires, tinturas, 
extratos fluídos, espíritos, águas aromáticas ou soluções propriamente ditas.
Já os sistemas dispersos são preparações líquidas contendo fármacos não dissolvidos ou imiscíveis 
que se encontram uniformemente em um veículo e podem ser denominadas como suspensões ou 
emulsões, quando temos um sólido ou um outro líquido disperso, respectivamente, sendo que as emulsões 
podem ser classificadas como formas farmacêuticas líquidas ou semissólidas, dependendo da consistência 
do produto.
Ainda temos as formulações para uso extemporâneo, que são dispensadas como sólidos, porém 
são reconstituídas para formar uma solução ou uma suspensão. Portanto, são avaliadas primeiramente 
como sólidos e depois reconstituídas e avaliadas como líquidos.
As metodologias para o controle de qualidade para as várias formas farmacêuticas líquidas não 
irão diferenciar muito em termos físico-químicos; o que muda é a exigência para a metodologia 
microbiológica para alguns produtos conforme a via de administração – por exemplo, uma solução 
injetável precisa ser estéril, enquanto uma solução de uso oral não tem este requisito.
77
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
A seguir, discutiremos algumas das técnicas empregadas para a avaliação de formas farmacêuticas 
líquidas.
6.1.1 pH 
A medida de pH pode ser uma ferramenta auxiliar útil em ensaios de identificação de matérias-primas 
de caráter básico ou ácido. Em relação aos produtos acabados, o valor de pH pode ser atribuído a uma 
característica de qualidade e é aplicável a soluções, suspensões e emulsões O/A.
Em relação ao fármaco, a variação do pH pode modificar a estabilidade de uma forma farmacêutica 
no qual se encontra, alterando a solubilidade e consequentemente a biodisponibilidade. Isso porque a 
absorção do fármaco é alterada em decorrência do grau de ionização do fármaco que é dependente 
do pH do meio no qual se encontra e de seu pKa. Assim, é fundamental que haja compatibilidade com 
o pH fisiológico.
Para esse ensaio, emprega-se um aparelho denominado pHmetro (veja a figura a seguir). É um 
aparelho versátil e que pode ser adaptado a diferentes necessidades através do emprego de diferentes 
eletrodos. Esse aparelho deve ser calibrado diariamente antes do início das atividades, empregando-se 
soluções com pH conhecidos, sendo usualmente empregadas soluções com pH 4, 7 e 10. O procedimento 
de calibração consiste em selecionar pelo menos duas soluções-tampão para calibração que não 
excedam quatro unidades e que contemplem o valor esperado da solução a ser testada. Deve-se imergir 
o eletrodo na solução-tampão de calibração na mesma temperatura em que a solução a ser testada 
deve ser medida e ajustar o valor de pH para o valor tabelado; lavar o eletrodo com água e então 
imergir na segunda solução-tampão de calibração; imergir o eletrodo e verificar o valor de pH, que 
deve estar dentro do valor tabelado. Quando o sistema estiver então adequadamente calibrado, deve-se 
determinar o valor de pH da solução a ser testada.
Figura 27 – Foto do pHmetro
78
Unidade II
6.1.2 Aspectos reológicos
Os aspectos reológicos são avaliados pela viscosidade, plasticidade, elasticidade e escoamento da 
matéria, ou seja, um estudo das mudanças na forma e no fluxo de um material, englobando todas essas 
variantes. Esses aspectos estão relacionados, principalmente, com a estabilidade física e aceitabilidade 
pelo paciente no momento da administração. Os aspectos reológicos avaliados segundo a forma 
farmacêutica estão apresentados no quadro a seguir.
Quadro 16 – Aspectos reológicos que influenciam a aceitabilidade pelo 
paciente no momento da administração por forma farmacêutica 
Forma farmacêutica Aspectos reológicos
Soluções Viscosidade aparente empregando viscosímetro de Ostwald e dados de densidade
Suspensões e emulsões Viscosidade, consistência ou mesmo o comportamento reológico empregando viscosímetro de Brookfield ou copo de Ford
Fonte: Gil (2010a, p. 287-288).
6.1.2.1 Viscosidade (assegurar a homogeneidade, estabilidade e posologia do produto, 
sendo aplicável a xaropes e suspensões)
A viscosidade é a propriedade física que caracteriza a resistência de um fluido ao escoamento, ou 
seja, ao transporte microscópico de quantidade de movimento por difusão molecular. Isso quer dizer 
que quanto maior a viscosidade, menor será a velocidade com que o fluido se movimenta.
O viscosímetro de Ostwald é o aparelho mais simples e popular para determinação da viscosidade de 
óleos e outras matérias-primas líquidas. Ele está apresentado na figura a seguir. 
Figura 28 – Viscosímetro de Ostwald
Disponível em: https://cutt.ly/VS8jBeY. Acesso em: 25 mar. 2022.
79
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
O viscosímetro de Ostwald consiste em um sistema de tubulações no qual é cronometrado o tempo 
de escoamento de um fluido do menisco de referência superior até o menisco inferior, sendo esse 
resultado comparado com o da água, realizado nas mesmas condições. A unidade de viscosidade usual 
é o centipoise (cP).
Para suspensões e emulsões, as propriedades reológicas, como a viscosidade, podem influenciar a 
liberação do fármaco a partir do veículo empregado, isso porque a viscosidade pode influenciar a taxa 
de difusão. Assim, manter a reprodutibilidade do comportamento reológico é um fator importante para 
o controle de qualidade demonstrado entre os diferentes lotes do produto. Para avaliar a viscosidade 
desses produtos, podemos empregar o viscosímetro de Brookfield ou o viscosímetro de copo Ford, que 
está apresentado na figura a seguir.
Figura 29 – Viscosímetro de copo Ford
Disponível em: https://cutt.ly/KS8bA4W. Acesso em: 25 mar. 2022.
6.1.2.2 Densidade (assegurar a homogeneidade do produto)
A densidade (p) pode ser definida como a razão entre a massa (m) de um corpo e seu volume (V) a 
20 °C, conforme a fórmula a seguir:
p
m
V
=
Usualmente, a medida é feita empregando-se um picnômetro, o qual está apresentado na figura 
a seguir, mas também podemos empregar a balança de densidade e densímetro. O densímetro mais 
conhecido é o alcoômetro de Gay-Lussac, empregado para a determinação da concentração do etanol 
em uma solução aquosa.
80
Unidade II
Figura 30 – Picnômetro
Disponível em: https://cutt.ly/GS8WGSf. Acesso em: 25 mar. 2022.
Já a densidade relativa é a razão entre duas densidades, sendo uma referência, e normalmente 
emprega-se água. Portanto, trata-se de um número adimensional. 
6.1.3 Características organolépticas e sensoriais
As características organolépticas devem ser avaliadas, pois esses aspectos são inclusive indicativos 
de estabilidade do produto. Os aspectos organolépticos envolvem a avaliação de odor, sabor e cor. 
Adicionalmente, podem ser avaliados alguns aspectos sensoriais, como espalhabilidade e arenosidade. 
Alguns aspectos organolépticos e sensoriais específicos do tipo de forma farmacêutico estão 
apresentados no quadro a seguir.
81
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Quadro 17 – Aspectos organolépticos e sensoriais 
específicos para algumas formas farmacêuticas
Forma farmacêutica Ensaios específicos
Suspensões Sedimentação e estado de divisão
Emulsões Equilíbrio entre fases
Soluções Coacervação, transparência, sedimentação e coloração
Muitos fármacos ou adjuvantes farmacêuticos podem apresentar sabor desagradável. Assim, 
um dos grandes desafios no desenvolvimento de soluções de uso oral, especialmente para uso 
pediátrico, é a garantia de adequada palatabilidade,que pode ser contemplada em função das 
características sensoriais, como visuais, olfativas, gustativas e táteis. Elas são fundamentais a fim de 
garantir a aceitabilidade do medicamento e a adesão aos esquemas terapêuticos, principalmente 
em relação às crianças. 
Considera-se um medicamento palatável aquele em que as propriedades sensoriais aversivas 
foram minimizadas, mascaradas ou eliminadas. Assim, dentre os adjuvantes empregados com a 
finalidade de mascarar as características sensoriais desagradáveis, destacam-se os edulcorantes, 
flavorizantes e corantes. Cabe ao controle de qualidade avaliar e garantir que os aspectos sensoriais 
sejam garantidos e reprodutíveis entre os diferentes lotes produzidos.
6.1.4 Limpidez das soluções
O teste de limpidez de soluções, também denominado teste de claridade de soluções, é exigido 
para os estudos de estabilidade de formas farmacêuticas líquidas. Esse teste deve ser avaliado no 
desenvolvimento do produto, no controle de qualidade e, por fim, deve fazer parte do estudo de 
estabilidade do produto.
Para esse ensaio, devem-se empregar tubos de vidro neutro, incolor transparente, nos quais é disposta 
a solução a ser analisada. Esses tubos devem ser observados verticalmente sob luz visível e contra fundo 
preto. A amostra analisada deve ser comparada com um tubo referência com água ou outro solvente 
que faça parte da composição do produto acabado.
6.1.5 Determinação de volume
A determinação de volume é requerida para formulações líquidas dispostas em recipientes de dose 
única ou de doses múltiplas e é aplicável tanto para produtos comercializados na forma líquida quanto 
para produtos de uso extemporâneo que formam um produto líquido.
A determinação do volume é realizada através da massa (m), em g, do produto descontando a massa 
da embalagem e é correlacionada ao volume (V), em mL, através da densidade do líquido (p), em g/mL, 
por meio da equação da densidade, conforme apresentado a seguir:
V
m
p
=
82
Unidade II
Os limites permitidos de variação ficam entre 1% e 3%, dependendo do volume total do frasco. 
Os critérios de aceitação estão apresentados na tabela a seguir.
Tabela 6 – Relação entre volume total, 
número de amostra e desvios tolerados
Volume declarado (mL) Tamanho da amostra (n) Desvio máximo permitido
Até 10 mL 12 3%
Entre 10 mL e 30 mL 10 2,5%
Entre 30 mL e 100 mL 6 2%
Entre 100 mL e 250 mL 3 1,5%
Acima de 250 mL 2 1%
Adaptada de: Gil (2010a).
6.1.6 Teste de gotejamento
O objetivo do teste de gotejamento é determinar a relação do número de gotas por mililitro e 
a quantidade de fármaco por gota em formas farmacêuticas líquidas acondicionadas em recipientes 
com dosador integrado. Nesse teste é necessário conhecer o número declarado de gotas por mL ou a 
quantidade de fármaco em massa por gota. O gotejamento deve ser realizado com o frasco invertido 
na posição vertical ou conforme o ângulo de gotejamento declarado pelo fabricante, permitindo assim 
o fluxo por gravidade, a uma taxa constante, sem qualquer tipo de pressão adicional. Adicionalmente, 
deve-se manter a temperatura controlada em 20 °C ± 2 °C.
 Saiba mais
Para se aprofundar mais no assunto de controle de qualidade de formas 
farmacêuticas líquidas, consulte:
ANVISA. Farmacopeia Brasileira, 6ª edição. v. I-II. Brasília, 2019a.
 
6.2 Semissólidos
Produtos semissólidos são preparações farmacêuticas destinadas à administração tópica de 
medicamentos, os quais podem ser aplicados na pele e em mucosas (vaginal, retal, conjuntiva e nasal). 
São considerados medicamentos tópicos, ou seja, são aplicados externamente sobre uma região 
delimitada do corpo, onde não há absorção sistêmica dos fármacos ali contidos.
Os medicamentos semissólidos são representados pelas seguintes formas farmacêuticas: cremes, 
pomadas, géis e pastas. 
83
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
• Cremes: são formas semissólidas que contêm uma fase oleosa e uma fase aquosa, formando uma 
emulsão, onde há um componente na fase lipofílica que eleva consideravelmente sua viscosidade.
• Pomadas: são formas semissólidas que contêm agentes medicamentosos ou não e possuem 
efeitos físicos protetor e emoliente.
• Géis: são formas semissólidas que possuem um agente gelificante disperso em uma solução 
aquosa ou hidroalcóolica, o qual é responsável pela viscosidade alta.
• Pastas: são formas semissólidas que apresentam uma grande concentração de pós dispersos, em 
torno de 25% ou mais. 
Ainda é relevante ressaltar que, além das formas farmacêuticas, há diversas vias pelas quais as formas 
semissólidas podem ser administradas, mesmo de ação local e efeito tópico, aplicadas na pele ou em 
mucosas, tais como: via nasal, mucosa oral (ou oromucosa), gengival, cutâneo, auricular, ocular e vaginal. 
Os ensaios de controle de qualidade compreendem os ensaios químicos, físicos e microbiológicos. 
Aqui serão abordados os testes de controle de qualidade para produtos acabados semissólidos, e os 
ensaios microbiológicos serão tratados detalhadamente na unidade III do livro-texto. 
Do ponto de visto regulatório, a Instrução Normativa n. 41/2019 foi redigida com o objetivo de 
regulamentar a produção de medicamentos nas formas de creme e pomadas, devido à sua grande 
predisposição de contaminação microbiana de produtos nessas formas. 
Os ensaios químicos normalmente tratam a quantificação ou detecção de certas substâncias 
presentes no produto. Frequentemente, determinam a concentração do fármaco contido no produto 
e se esta encontra-se de acordo com a quantidade declarada no rótulo. Esse tipo de ensaio, também 
denominado como teor, é descrito na monografia farmacopeica de cada produto, a depender do próprio 
fármaco que será quantificado. Outros ensaios químicos podem ser comuns a vários tipos de produtos.
Os ensaios físicos em geral estão relacionados à estabilidade física, uniformidade ou biodisponibilidade. 
Como as formas farmacêuticas semissólidas são de administração tópica e efeito local, a biodisponibilidade 
de fármacos contidos nessas preparações não é considerada e o atendimento às especificações das 
características físicas de produtos semissólidos fornece a eles eficácia terapêutica e estabilidade. 
Os ensaios microbiológicos avaliam a ausência ou presença de microrganismos e, quando presentes, 
suas quantidades. Ainda, verificam espécies específicas de microrganismos, a depender do tipo do produto 
e da via de administração. 
Há, ainda, outra maneira de classificar os ensaios de controle de qualidade: como oficiais e não 
oficiais. Os primeiros encontram-se na Farmacopeia Brasileira, compêndio nacional aceito pela 
autoridade sanitária máxima no país, a Anvisa, e também são chamados de ensaios farmacopeicos. 
Entre esses ensaios, há aqueles que possuem um valor especificado, um limite de aceitação para 
que o produto seja considerado conforme, isto é, em tal teste é tido como aprovado, pois cumpre a 
84
Unidade II
especificação farmacopeica. Também há ensaios oficiais que não possuem uma especificação delimitada 
(um valor ou faixa em que o resultado deva ser encontrado) e isso determinaria sua aprovação ou 
reprovação. Todavia, esses ensaios farmacopeicos servem para caracterizar o produto fabricado. Quando 
o resultado desse tipo de ensaio é diferente dos resultados de lotes anteriores, isso pode indicar algum 
desvio de qualidade, que ocasionaria problemas na qualidade do produto. Já os ensaios não oficiais não 
são farmacopeicos, porém podem ser realizados para auxiliar na caracterização das propriedades dos 
produtos e fica a critério de cada fabricante. No quadro a seguir estão descritos os ensaios físicos oficiais 
e não oficiais para produtos semissólidos.
Por fim, é válido ressaltar que a Anvisa publicou o Guia n. 20/2019, que aborda os requisitos de 
qualidade para produtos tópicos e transdérmicos, apesar de ser um compêndio oficial.
Quadro 18 – Tipos de ensaios para produtos semissólidos: 
físicos, químicos oficiais e não oficiais
Ensaios nãooficiais
Ensaios oficiais
Ensaios com 
especificações
Ensaios para 
caracterização*
Testes químicos Liberação do fármaco
Teor**
Determinação de pHUniformidade de 
conteúdo
Testes físicos
Caracterização sensorial
Determinação de peso
Viscosidade
Caracterização reológica Determinação da faixa ou 
temperatura de fusãoEspalhabilidade
Testes microbiológicos Não se aplica
Limites microbianos 
Não se aplicaPesquisa de patogênicos 
Teste de esterilidade 
* Ensaios informativos, sem limites ou resultados especificados.
** De acordo com a monografia farmacopeica específica.
6.2.1 Ensaios físicos 
6.2.1.1 Determinação de peso
A determinação de peso é tida como ensaio físico oficial e que apresenta limite de aceitação para ser 
considerado em conformidade com teste.
O ensaio de determinação de peso é executado para produtos de formas farmacêuticas semissólidas 
acondicionados em embalagens primárias para dose múltiplas. 
Para o ensaio de determinação de peso, primeiramente deve-se pesar individualmente 10 unidades 
do produto em questão, contemplando o medicamento e sua embalagem primária. Posteriormente, o 
medicamento deve ser removido por completo da embalagem, e a embalagem primária deve ser lavada 
com solvente apropriado, para que o produto seja totalmente retirado. 
85
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Em seguida a embalagem deve ser seca à temperatura ambiente e novamente pesada. Faz-se, então, 
a diferença entre o peso inicial (produto e embalagem primária) e a embalagem primária vazia, limpa 
e seca. O valor encontrado será o peso do conteúdo (semissólido). Esse procedimento é feito em 
10 unidades de produto e a média aritmética determinará o peso médio. 
O peso médio dos conteúdos não deve ser inferior ao peso declarado (que está contido no rótulo, 
também denominado peso líquido), e o peso individual de cada unidade não deve ser inferior a 
determinada porcentagem (descrita na tabela a seguir), de acordo com o peso declarado.
Se os resultados desse ensaio estiverem em desacordo com os limites farmacopeicos, é obrigatório 
determinar o peso individual do conteúdo de mais 20 unidades do produto. Neste caso, o procedimento 
adotado deve ser o mesmo que o anterior: pesar as 20 unidades dentro de suas embalagens primárias; 
remover integralmente o conteúdo das embalagens; lavar as embalagens e deixar secá-las à temperatura 
ambiente; pesar as embalagens secas; calcular a diferença entre o peso inicial e o peso final. Porém, o 
cálculo do peso médio deve ser feito com as 30 unidades (as 10 unidades primeiras e as 20 unidades 
adicionais). Esse peso médio não deve ser inferior ao peso médio declarado na embalagem do produto 
e apenas o peso individual de 1 unidade das 30 pode ser inferior à porcentagem indicada na tabela a 
seguir em relação ao peso declarado.
Tabela 7 – Especificação de peso médio para 
formas farmacêuticas semissólidas
Peso declarado no rótulo Porcentagem mínima aceita em relação ao peso declarado
Até 60 g 90%
Entre 60 g e 150 g 92,5%
Acima de 150 g 95%
6.2.1.2 Determinação da faixa ou temperatura de fusão
Por definição, a temperatura ou ponto de fusão de uma substância é aquela temperatura na qual 
determinada substância encontra-se integralmente fundida. É uma propriedade relevante, pois pode 
configurar um teste indicativo da identidade de uma substância. Já a faixa de fusão compreende o 
intervalo de temperatura no qual uma substância inicia sua fusão (inicializa sua fluidificação) e a 
temperatura de término da fusão (temperatura na qual encontra-se completamente fundida). A transição 
de estado pode ser imediata para um material de alta pureza, porém em misturas de substâncias é 
comum observar um intervalo para que esse processo ocorra, como acontece em medicamentos. 
Na Farmacopeia Brasileira (ANVISA, 2019a), a determinação da faixa ou temperatura pode ser realizada 
por três métodos, porém apenas o método III é para produtos semissólidos e matérias-primas semissólidas.
86
Unidade II
O método III consiste em fundir a amostra sob agitação até a faixa de temperatura de 90 °C a 92 °C 
e em seguida deixá-la esfriar até o intervalo entre 8 °C e 10 °C acima do ponto de fusão esperado. 
Deve-se também resfriar o bulbo do termômetro até 5 °C, secá-lo e, ainda frio, mergulhar na amostra 
fundida até sua metade. Posteriormente, deve ser retirado e colocado na posição vertical até que a 
superfície da amostra encontrada sobre o bulbo se solidifique, e colocado em banho-maria por 5 minutos 
à temperatura não maior que 16 °C. Na sequência, deve-se inserir o termômetro em um tubo de ensaio 
que tenha uma rolha perfurada (onde o termômetro irá ficar), de forma que o extremo inferior esteja 
em torno de 15 mm acima do fundo do tubo. Depois, é necessário posicionar o tubo em banho-maria 
a 16 °C e aumentar a temperatura até 30 °C, numa escala de 2 °C por minuto. Após essa temperatura, 
continuar a elevação da temperatura numa frequência de 1 °C por minuto até que a primeira gota 
da amostra se solte do termômetro. A temperatura em que esse evento ocorre é tida como o ponto de 
fusão. Deve-se realizar o ensaio em triplicata.
Se a diferença máxima entre cada determinação for menor que 1 °C, deve-se realizar a média aritmética 
dos três valores. Se não, devem-se realizar mais duas determinações e calcular a média aritmética com 
os cinco valores.
6.2.1.3 Viscosidade 
A avaliação da viscosidade consiste em um ensaio físico, oficial e que não apresenta um valor 
especificado a ser seguido. 
A viscosidade é uma propriedade que expressa a resistência de um fluido ao escoamento. Se for 
considerado que um fluido se apresenta em camadas e que para cada camada é preciso deslizar uma 
camada sobre outra, a resistência nessa ação mecânica configuraria a viscosidade. Dessa forma, pode ser 
exemplificado que agitar a água é mais fácil do que a glicerina, pois a primeira possui menor resistência 
à ação mecânica, ou seja, tem menor viscosidade. 
A unidade adotada para aferição da viscosidade pelo sistema CGS (acrônimo para centímetro-grama-
segundo, no qual se considera como unidade para comprimento o centímetro, para massa o grama 
e para tempo o segundo) é poise (P), porém pelo Sistema Internacional de Unidade (SI) emprega-se 
o pascal segundo (Pa.s). É comum utilizar a unidade centipoise (cP), onde 1 cp corresponde a 100 P, 
e o milipascal segundo (mPa.s), no qual 1 Pa.s equivale a 1.000 mPa.s. Notadamente, a unidade poise é 
considerada obsoleta, porém ainda é empregada. A relação entre essas unidades é descrita na equação 
a seguir:
1.000 mPa.s = 1 Pa.s = 10 P = 1.000 cP
Na tabela a seguir são descritos valores de viscosidade de fluidos do campo farmacêutico.
87
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Tabela 8 – Valores de viscosidade em mPa.s de 
alguns fluidos empregados na área farmacêutica
Fluido Viscosidade a 20 °C (mPa.s)
Água 1,002
Etanol 1,20
Glicerina 1.490
Como descrito na tabela, o valor de viscosidade deve ser verificado junto com a temperatura 
onde a aferição é feita, pois a viscosidade relaciona-se com a temperatura de forma inversamente 
proporcional.
A determinação da viscosidade pode ser efetuada com o emprego de alguns métodos e tipos 
de equipamentos – estes, conhecidos como viscosímetros. Todavia, para produtos semissólidos que 
notavelmente possuem alta consistência, alguns podem são ser indicados devido à metodologia 
usada. O viscosímetro de Brookfield (veja a figura a seguir) pode ser usado para esse tipo de 
amostra. Para tanto, utiliza-se a medição da resistência ao movimento de rotação de eixos 
metálicos (chamados spindles, na língua inglesa) no momento em que são submersos no fluido a 
ser analisado. 
Spindle
Figura 31 – Viscosímetro de Brookfield 
Adaptada de: Lopes, Oliveira e Rocha (2017). 
88
Unidade II
Determinação da viscosidade com viscosímetro de Brookfield
No viscosímetro de Brookfield, a viscosidade é determinada através da força necessária para que 
o spindle gire quandosubmerso no fluido (amostra). A resistência que essa ação mecânica encontra 
configura a viscosidade do produto analisado. 
O procedimento, então, consiste em transferir a amostra para um recipiente até um nível que permite 
que o spindle seja devidamente imerso dentro do produto. A escolha do spindle é fundamental para a 
correta aferição da viscosidade, pois para cada tipo de fluido, dependendo da consistência, um spindle 
mais adequado deve ser usado. Normalmente, o aparelho possui um conjunto de spindles para serem 
utilizados de acordo com cada tipo de fluido a ser analisado. 
Deve-se acoplar o spindle escolhido e programar o equipamento para uma rotação (previamente 
apropriada para tipo de fluido). Em seguida, o spindle é mergulhado na amostra; deve-se então operar 
o aparelho e verificar o valor que surge em seu visor. O valor encontrado é expresso em centipoise. 
6.2.1.4 Caracterização reológica
Apesar de estar intimamente relacionado com a viscosidade, o comportamento reológico consiste 
em uma avaliação mais detalhada das propriedades viscoelásticas do produto e é considerado um ensaio 
físico e não oficial. 
Os equipamentos empregados são denominados reômetros. Podem-se encontrar os seguintes tipos: 
reômetro rotacional cilíndrico coaxial, reômetro rotacional sensores especiais, reômetro rotacional 
placa-cone (veja a figura a seguir) e reômetro rotacional placa-placa. 
A) B)
Rp
Ro
Ri
h(r) r θ
H
Rp
C)
ω, M ω, M
ω, M
Figura 32 – Esquema de reômetros rotacionais: A) cilíndrico coaxial; B) placa-placa; 
C) cone-placa, onde M é torque requerido para movimentar o topo da placa ou 
o centro do cilindro a uma velocidade ω; R é raio; h e H são altura; e θ é ângulo 
Adaptada de: Wilson (2018).
89
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Reologia é a ciência que estuda a deformação de um fluido frente a uma força sobre ele aplicada. 
Em termos quantitativos, pode-se enunciar que a velocidade de fluxo (Ɣ, unidade segundo recíproco, s-1) 
do fluido é diretamente proporcional à tensão (δ, unidade Pa, pascal) dinâmica, também conhecida 
como viscosidade (ɳ, unidade Pascal segundo, Pa.s), como demonstrado na equação a seguir: 
δ = η . Ɣ
Essa equação foi proposta a primeira vez por Newton, e os fluidos que a seguem são denominados 
fluidos newtonianos. Na prática, a alteração da velocidade de cisalhamento não altera a viscosidade 
do fluido. Como exemplo de fluido newtoniano tem-se a água, o etanol e a solução de cloreto de sódio. 
Por outro lado, os fluidos que não a seguem são chamados de fluidos não newtonianos, ou seja, a 
viscosidade varia com a velocidade de cisalhamento.
Vale destacar que boa parte dos fluidos que são medicamentos não segue a Lei de Newton; logo, são 
fluidos não newtonianos. Assim, a avaliação do comportamento reológico de uma forma farmacêutica 
semissólida se faz relevante, pois pode resultar no tempo de retenção no local de administração, o que 
pode impactar na diminuição da quantidade do fármaco, até abaixo dos níveis terapêuticos. 
No que se refere ao comportamento de um fluido frente a diferentes velocidades de cisalhamento, a 
determinação se ele é newtoniano ou não só é possível com a avaliação do seu comportamento 
reológico. Nesse tipo de ensaio determinam-se as características reológicas de um fluido, com emprego 
de inúmeras velocidades, e ao final uma curva de fluxo é construída. Assim, é possível analisar se houve 
alteração da viscosidade com alteração da velocidade de cisalhamento. Já na avaliação da viscosidade, 
apenas uma velocidade de cisalhamento é aplicada sobre o fluido, o que não permite elucidar e analisar 
esse aspecto do fluido. 
Os fluidos de fluidos não newtonianos podem ser agrupados nos seguintes tipos: fluidos 
plásticos, fluidos pseudoplásticos e fluidos dilatantes (veja a figura a seguir). Os fluidos plásticos 
são aqueles em que a viscosidade diminui com o aumento da velocidade de cisalhamento, 
porém só a partir de determinada velocidade. Já os fluidos pseudoplásticos são aqueles em que 
a viscosidade diminui com o aumento da velocidade de cisalhamento, assim que a velocidade é 
aplicada sobre ele. E nos fluidos dilatantes, a viscosidade aumenta com o aumento da velocidade 
de cisalhamento. 
Para a avaliação do comportamento reológico de produtos semissólidos medicamentosos, o 
ensaio determina uma curva de fluxo em escala logarítmica, realizado em reômetro, onde deve-se 
determinar em qual temperatura será realizado (unidade grau Celsius, °C), o número de pontos 
usados, o intervalo de tempo para cada ponto a ser coletado (unidade segundos, s), o intervalo de 
tensão de cisalhamento (unidade Pascal, Pa) e o intervalo de taxa de cisalhamento (unidade segundo 
recíproco, s-1). Ainda, alguns parâmetros deverão ser verificados, a depender do tipo de reômetro e do 
seu software.
90
Unidade II
A) B)
C) D)
Te
ns
ão
 d
e 
ci
sa
lh
am
en
to
 (P
a)
Te
ns
ão
 d
e 
ci
sa
lh
am
en
to
 (P
a)
Te
ns
ão
 d
e 
ci
sa
lh
am
en
to
 (P
a)
Te
ns
ão
 d
e 
ci
sa
lh
am
en
to
 (P
a)
Velocidade de cisalhamento (S-1) Velocidade de cisalhamento (S-1)
Velocidade de cisalhamento (S-1) Velocidade de cisalhamento (S-1)
Figura 33 – Curvas de fluxo de tipos de fluidos: 
A) plástico; B) pseudoplástico; C) newtoniano; D) dilatante
6.2.1.5 Caracterização sensorial 
A caracterização sensorial é um tipo de avaliação física e não oficial. Também conhecida como 
organoléptica, refere-se às propriedades detectáveis de um produto usando os órgãos do sentido e 
compreende aspecto, cor, odor e tato (sensação ao toque). Como refere-se a uma análise particular de 
cada produto e por não ser oficial, não há metodologia padronizada para sua realização. No entanto, 
considerando que grande parte deles é encontrada nas formas semissólidas, a caracterização sensorial 
pode ser realizada usando o Guia de Controle de Qualidade de Produtos Cosméticos, publicado pela 
Anvisa, como roteiro para que cada fabricante crie seus procedimentos próprios. 
Esses ensaios podem não ser determinantes e confirmatórios, mas com seu uso é possível verificar 
alterações físicas, como turvação, separação de fases e precipitação, o que já configura desvios de 
qualidade. É aconselhável empregar uma amostra padrão, que deve ser mantida nas condições 
apropriadas e controladas para o produto.
A caracterização sensorial pode abranger as seguintes propriedades:
• presença de bolhas e sedimentos;
• homogeneidade de cor;
• tipo de toque do produto (seco, molhado ou rubefaciente);
• presença de brilho.
91
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Aspecto
Realizada a observação das características macroscópicas da amostra, é necessário compará-la 
com o produto padrão e verificar se houve alguma alteração de cor, aspecto, aparência, precipitação, 
turvação, separação de fases, entre outras.
Cor
A avaliação da cor pode ser realizada com a colocação da amostra em recipiente incolor e do produto 
padrão também em recipiente de igual especificação, os quais serão comparados a olho nu.
A análise da cor também pode ser feita com emprego das técnicas de colorimetria fotoelétrica ou 
colorimetria espectrofométrica. Na colorimetria fotoelétrica utiliza-se uma célula fotoelétrica como 
detector da cor, a qual consiste no uso de uma faixa estreita de comprimento de onda obtida pela passagem 
da luz branca. O equipamento usado é o fotômetro. Ademais, a colorimetria espectrofométrica emprega 
vários comprimentos de onda na região do visível, e o equipamento usado é o espectrofotômetro.
6.2.1.6 Avaliação da espalhabilidade
A avaliação da espalhabilidade de produtos semissólidos pode ser realizada para alguns métodos 
encontrados na literatura científica. Esse ensaio é físico e não oficial. Vale ressaltar que independentemente 
do método usado a temperatura pode interferir no resultado; logo, ela deve ser aferida durante o ensaio, 
assim como na avaliação da viscosidade.
Um dos métodos que podem ser feitos consiste no uso de placasde vidro, com as seguintes 
características:
• uma placa de vidro circular, chamada de placa molde, de 20 cm de diâmetro e 0,2 mm de espessura, 
com orifício central de 1,2 cm de diâmetro;
• uma placa de vidro quadrada, chamada de placa suporte, de 20 cm × 20 cm;
• uma placa de vidro, de peso predeterminado, quadrada, chamada de placa carga.
Para realizar o ensaio, a placa molde deve ser posicionada sobre a placa suporte, e sobre as placas 
deve ser colocada uma folha de papel milimetrado. A amostra do produto semissólido deve ser aplicada 
no orifício da placa molde, e sua superfície deve ser devidamente aplainada com auxílio de uma espátula. 
Em seguida, a placa molde deve ser delicadamente tirada sobre a placa suporte, e sobre a amostra uma 
nova placa deve ser disposta: a placa carga, que já tem seu peso determinado previamente. Nesse 
ponto, o produto semissólido é espalhado pela placa carga, devido ao seu peso, e as dimensões da 
espalhabilidade podem ser medidas com papel milimetrado (que está abaixo). Espera-se 1 minuto após 
a placa suporte ser colocada, medem-se as dimensões alcançadas pelo semissólido, pois ele se espalha 
sobre a superfície, e então medem-se os diâmetros das dimensões opostas (d1 e d2). Com esses valores é 
feita uma média, o diâmetro médio (d). 
92
Unidade II
Na sequência, nova placa carga é adicionada e novamente o diâmetro médio é calculado. Essa 
operação é continuadamente realizada até que o diâmetro médio seja constante. Nesse momento, o 
ensaio é finalizado. O último valor do diâmetro médio (unidade milímetros, mm) é empregado para 
calcular a espalhabilidade com a equação a seguir:
E�
d2�
4
Onde: 
E = espalhabilidade; 
d = diâmetro médio.
Outro método para avaliação da espalhabilidade pode ser realizado do seguinte modo: coloca-se 
excesso de amostra de um produto semissólido entre duas lâminas de vidro, que comprimem para 
a amostra. Posteriormente, coloca-se sobre as lâminas um peso de massa conhecida por um tempo 
definido, até que se forme uma camada uniforme entre elas. Em seguida, as lâminas devem ser separadas 
e o tempo para tal procedimento deve ser medido, considerando a espalhabilidade. O menor tempo 
gasto para separar as duas lâminas resulta na melhor espalhabilidade (unidade segundos, s). O cálculo é 
feito usando a equação a seguir: 
E
M L
T
.
=
Onde: 
E = espalhabilidade; 
M = massa do peso colocado sobre as lâminas; 
L = comprimento de cada lâmina; 
T = tempo gasto para separá-las (em segundos, s).
6.2.2 Ensaios químicos
6.2.2.1 Determinação de pH
O pH, por definição, é o logaritmo negativo da concentração molar de íons de hidrogênio (H3O
+), 
como demonstrado na equação a seguir:
pH = —log [H3O
3]
93
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
A determinação de pH é um ensaio químico oficial, porém sem limite especificado, isto é, irá variar 
de acordo com cada produto. É estabelecida através da atividade de íons hidrogênio presentes de uma 
amostra. A concentração do íon hidrogênio é considerada conforme uma escala (pH), compreendida 
entre 1 e 14. A escala de pH é invertida, ou seja, quanto maior o valor, menor é a concentração de 
íons hidrogênio. A determinação de pH é realizada através da diferença de medida entre dois eletrodos 
imersos na amostra. O equipamento empregado para esse teste é chamado de peagômetro ou pHmetro, 
contendo eletrodo de vidro. 
Para aferição do pH de produtos semissólidos, é recomendado que seja preparada previamente uma 
solução ou dispersão em água destilada desprovida de CO2, a partir da amostra em dada concentração 
preestabelecida. No entanto, também é possível fazer a medição diretamente na amostra, a depender 
do tipo de equipamento empregado.
O eletrodo do peagômetro deve ser retirado da solução de KCl (cloreto de potássio) em que fica 
armazenado, lavado em água destilada e seco delicadamente com papel fino. Em seguida, o eletrodo 
deve ser calibrado com as soluções padrão que normalmente acompanham o equipamento. Deve-se 
lavar o eletrodo novamente, como feito anteriormente, colocá-lo na amostra já preparada e conferir o 
valor que surge no visor do equipamento. É necessário realizar três medições consecutivas, não devendo 
haver variação maior que 0,05. 
6.2.2.2 Avaliação da liberação do fármaco 
O ensaio de liberação de fármacos a partir de produtos acabados semissólidos não é um ensaio 
oficial, porém é um ensaio químico. Apesar de esse tipo de ensaio não ser farmacopeico, há grande 
discussão da importância de se avaliar a forma como o fármaco é liberado ao longo de um determinado 
período de tempo em produtos semissólidos. Mesmo esses produtos sendo de administração tópica, 
na pele ou mucosas, e de efeito no local de aplicação, é necessário conhecer a extensão da liberação 
(inclusive deve-se notar se ela ocorre) e se os excipientes não influenciam na liberação do fármaco. Caso 
haja alguma situação que comprometa a liberação do fármaco, provavelmente isso impactará no seu 
efeito terapêutico.
Além disso, desde que a lei de criação dos medicamentos genéricos (Lei n. 9.787, de 10/02/1999) 
foi implementada, há um crescimento de registro e comercialização de produtos genéricos nas formas 
semissólidas, e o mesmo ocorre para medicamentos similares. Logo, esse ensaio é importante durante o 
desenvolvimento de produtos, no ato da solicitação de registro e para alterações pós-registro. Todavia, 
esse tipo de teste não é realizado rotineiramente para a liberação de medicamentos semissólidos após 
sua produção.
A avaliação da liberação de fármaco pode ser realizada por algumas técnicas, conhecidas como: 
• o método de difusão in vitro, em que há o uso da célula de difusão, mais conhecida como célula 
de Franz (veja a figura a seguir);
• o método de liberação com uso da célula de fluxo, também chamada de aparato IV.
94
Unidade II
Figura 34 – Representação esquemática da célula de difusão vertical 
Adaptada de: Hanson Research Corporation (2004).
No ensaio de difusão com uso de célula de Franz, uma membrana é empregada para simular a 
pele ou a mucosa e adiciona uma quantidade determinada do produto na parte do equipamento 
chamada compartimento doador. A liberação do fármaco vai sendo realizada através da sua saída do 
produto, passagem pela membrana e sua chegada a uma solução (meio receptor). O ensaio deve ter 
agitação e temperatura controladas, compatíveis com as condições corporais, pois esses parâmetros 
podem interferir na liberação do fármaco. Em intervalos de tempo estabelecidos, alíquotas do meio 
são retiradas, e posteriormente a quantificação do fármaco é realizada. No momento em que o meio é 
retirado, um novo volume de meio deve ser adicionado ao sistema. 
6.2.3 Ensaios microbiológicos
Embora seja na unidade III que os ensaios de controle de qualidade microbiológico serão abordados, 
aqui serão destacados brevemente os ensaios microbiológicos realizados em produtos semissólidos.
Quando se refere à avaliação microbiológica de medicamentos, devem-se considerar dois tipos de 
produtos: os estéreis e os não estéreis. Os primeiros são aqueles nos quais não são encontradas partículas 
viáveis, que entendem-se por microrganismos, e os segundos são aqueles em que são encontradas 
partículas viáveis, porém há limites (farmacopeicos) quanto à quantidade e aos tipos que devem estar 
ausentes. Logo, tomando essa definição, os produtos semissólidos podem ser estéreis, como as pomadas 
oftálmicas, e não estéreis, como os cremes contendo um fármaco anti-inflamatório para uso na pele. 
Os métodos para análise microbiológica de produtos estéreis e não estéreis são ensaios oficiais e 
apresentam limites especificados. No que se refere à qualidade microbiológica de produtos, devem ser 
avaliados os limites microbianos, o tipo de contaminação mais provável e a via de administração do 
produto. Nessa situação, sendo os produtos semissólidos de administração tópica, é essa via que deverá 
ser considerada. Mesmo por via tópica, os produtos semissólidos podemser administrados por via nasal, 
oromucosa, gengival, cutânea, auricular e vaginal. 
No quadro a seguir estão reunidos os ensaios microbiológicos que são realizados para produtos 
semissólidos.
95
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Quadro 19 – Ensaios microbiológicos oficiais 
realizados em produtos semissólidos
Ensaios microbiológicos para produtos semissólidos
Produtos 
não estéreis
Limite microbiano
Filtração em membrana
Contagem em placas
Método dos tubos múltiplos (NMP)
Pesquisa de patogênicos 
Produtos estéreis Teste de esterilidade
Filtração em membrana
Método da inoculação direta em meio de cultura 
No caso de produtos semissólidos não estéreis, há dois tipos de ensaios a serem verificados: o 
ensaio de limites microbianos aceitáveis e o ensaio de pesquisa de patógenos.
O ensaio de limites microbianos pode ser realizado por três métodos a escolher: a filtração por 
membrana, a contagem por placa ou o método de tubos múltiplos ou número mais provável (NMP). 
Este deve ser realizado quando não for possível determinar o número de microrganismos pelos outros 
métodos, mesmo quando se acredita que a quantidade de bactérias é baixa. Independentemente 
do método usado, sua eleição deve ser feita de acordo com a natureza do produto e o número 
esperado de microrganismos.
Para a pesquisa de microrganismos patogênicos, a presença vai depender da via de administração 
e do tipo de produto.
• Base galênica na forma de semissólidos: ausência de Escherichia coli, Staphylococcus aureus 
e Pseudomonas aeruginosa.
• Produtos semissólidos acabados de origem sintética ou biológica, de administração 
tópica nasal, oromucosa, gengival, cutânea e auricular: ausência de Staphylococcus aureus e 
Pseudomonas aeruginosa.
• Produtos semissólidos acabados de origem sintética ou biológica, de administração tópica 
vaginal: ausência de Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Candida albicans.
• Produtos semissólidos acabados de origem vegetal, de administração tópica nasal, 
oromucosa, gengival, cutânea e auricular: ausência de Staphylococcus aureus, Pseudomonas 
aeruginosa e Clodtridium sp.
• Produtos semissólidos acabados de origem vegetal, de administração tópica vaginal: 
ausência de Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Candida albicans.
96
Unidade II
 Observação
Base galênica não é um produto acabado. Apesar desse item se 
referir a produtos semissólidos acabados, as bases galênicas são muitas 
vezes empregadas para o preparo de produtos terminados nas formas 
semissólidas. Como definição, base galênica é uma preparação composta de 
um ou mais insumos farmacêuticos de formulação determinada, destinada 
para ser empregada como veículo ou excipiente de produto farmacêutico 
(BRASIL, 2007b).
Para a avaliação da qualidade de produtos estéreis, é feito o teste de esterilidade, que pode ser feito 
através dos seguintes métodos: filtração por membrana e método da inoculação direta em meio de 
cultura. Em quaisquer dos métodos empregados, a quantidade de amostra deve seguir a recomendação 
farmacopeica, segundo o tipo de produto e o tamanho do lote. 
Monografias farmacopeicas de três medicamentos semissólidos 
Nistatina creme vaginal
Contém, no mínimo, 90,0% e, no máximo, 130,0% da quantidade declarada de 
C47H75NO17.
Características
Determinação de peso (5.1.1). Cumpre o teste.
Testes de segurança biológica
Contagem do número total de micro-organismos mesofílicos (5.5.3.1.2). Cumpre o teste.
Pesquisa de micro-organismos patogênicos (5.5.3.1.3). Cumpre o teste.
Doseamento
Proceder conforme descrito em Doseamento na monografia de Nistatina. Preparar 
Solução amostra como descrito a seguir.
Solução amostra: misturar, com exatidão, em liquidificador de alta velocidade, quantidade 
de creme vaginal com dimetilformamida, de modo a obter concentração de cerca de 
400 UI/mL de nistatina. Diluir, sucessivamente, essa solução em Tampão fosfato de potássio 
a 10%, estéril, pH 6,0 (solução 4) de modo a obter soluções na faixa de concentração 
adequada para a curva padrão.
97
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Embalagem e armazenamento
Em recipientes bem fechados, protegidos da luz e em temperatura inferior a 25 °C.
Rotulagem
Observar a legislação vigente.
Tiabendazol pomada
Contém, no mínimo, 90,0% e, no máximo, 110,0% da quantidade declarada de C10H7N3S.
Identificação
A. No espectro de absorção no ultravioleta (5.2.14) na faixa de 200 nm a 400 nm, da 
solução amostra obtida em Doseamento, há máximo de absorção em 302 nm, idêntico ao 
observado no espectro da solução padrão.
B. Dispensar quantidade da pomada equivalente a 10 mg de tiabendazol em 5 mL de ácido 
clorídrico M, adicionar 5 mg de cloridrato de dimetil-p-fenilenodiamina e homogeneizar. 
Adicionar 0,1 g de zinco em pó, agitar e deixar em repouso por dois minutos. Adicionar 
5 mL de sulfato férrico amoniacal SR. Desenvolve-se coloração azul intensa ou azul-violeta.
Características
Determinação de peso (5.1.1). Cumpre o teste.
Testes de segurança biológica
Contagem do número total de micro-organismos mesofílicos (5.5.3.1.2). Cumpre o teste.
Pesquisa de micro-organismos patogênicos (5.5.3.1.3). Cumpre o teste.
Doseamento
Proceder conforme descrito em Espectrofotometria de absorção no ultravioleta 
(5.2.14). Pesar quantidade da pomada equivalente a 50 mg de tiabendazol e transferir, 
quantitativamente, para funil de separação de 250 mL de capacidade, com auxílio de 50 mL 
de éter etílico. Agitar para dissolver a pomada e extrair com quatro porções de 40 mL de 
ácido clorídrico 0,1 M. 
Reunir o extrato aquoso em balão volumétrico de 250 mL e aquecer levemente para 
eliminar resíduos de éter etílico. Resfriar e completar o volume com ácido clorídrico 0,1 M. 
Transferir 5 mL desta solução para balão volumétrico de 200 mL e completar o volume com 
98
Unidade II
ácido clorídrico 0,1 M, de modo a obter solução a 0,0005% (p/v). Preparar solução padrão 
na mesma concentração, utilizando o mesmo solvente.
Medir as absorvâncias das soluções resultantes em 302 nm, utilizando ácido clorídrico 
0,1 M para ajuste do zero. Calcular a quantidade de C10H7N3S na pomada a partir das 
leituras obtidas.
Embalagem e armazenamento
Em recipientes perfeitamente fechados e ao abrigo do calor excessivo.
Rotulagem
Observar a legislação vigente.
Piroxicam gel
Contém, no mínimo, 95,0% e, no máximo, 105,0% da quantidade declarada de 
C15H13N3O4S.
Identificação
A. Proceder conforme descrito em Cromatografia em camada delgada (5.2.17.1), 
utilizando sílicagel GF254, como suporte, e mistura de acetato de etila, álcool metílico e 
ácido acético glacial (80:10:1), como fase móvel. Aplicar, separadamente, à placa, 5 μL de 
cada uma das soluções recentemente preparadas, descritas a seguir.
B. Solução (1): misturar quantidade de gel contendo 10 mg de piroxicam com 0,1 mL 
da solução saturada de ácido clorídrico até que a solução fique turva. Diluir para 5 mL com 
ácido clorídrico metanólico 0,01 M. Agitar bem, centrifugar e utilizar a solução sobrenadante 
límpida. Filtrar, se necessário. Solução (2): preparar solução a 0,2% (p/v) de piroxicam SQR 
em ácido clorídrico metanólico 0,01 M.
Desenvolver o cromatograma. Remover a placa, deixar secar ao ar. Examinar sob luz 
ultravioleta (254 nm). A mancha principal obtida com a solução (1) corresponde em posição 
e intensidade àquela obtida no cromatograma da solução (2).
O tempo de retenção do pico principal do cromatograma da solução amostra, obtida em 
Doseamento, corresponde àquele do pico principal da solução padrão.
Características
pH (5.2.19). 7,2 a 8,2. Determinar em solução do gel a 10% (p/v).
99
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Determinação de peso (5.1.1). Cumpre o teste.
Testes de segurança biológica
Contagem do número total de micro-organismos mesofílicos (5.5.3.1.2). Cumpre o teste.
Pesquisa de micro-organismos patogênicos (5.5.3.1.3). Cumpre o teste.
Doseamento
Proceder conforme descrito em Cromatografiaa líquido de alta eficiência (5.2.17.4). 
Utilizar cromatógrafo provido de detector ultravioleta a 248 nm; coluna de 250 mm de 
comprimento e 4,6 mm de diâmetro interno, empacotada com sílica quimicamente ligada 
a grupo octilsilano (3 μm a 10 μm), e pré-coluna de 100 mm de comprimento e 4,6 mm de 
diâmetro interno quimicamente ligada a octilsilano (5 μm), mantidas à temperatura de 40 °C, 
fluxo da Fase móvel de 1,0 mL/minuto.
Fase móvel: mistura de fosfato de sódio dibásico di-hidratado 0,05 M, com o pH ajustado 
para 3,5 com ácido fosfórico, acetonitrila e álcool metílico (55:30:15).
Solução amostra: transferir quantidade de gel equivalente a 5 mg de piroxicam para 
balão volumétrico de 100 mL, adicionar 5 mL de ácido clorídrico metanólico 0,01 M e agitar 
por 30 minutos. Adicionar 50 mL de Fase móvel e agitar vigorosamente por 30 minutos. 
Completar o volume com a Fase móvel e agitar. Filtrar a solução com filtro de microfibra de 
vidro de 1,0 μm de diâmetro de poro.
Solução padrão: preparar uma solução a 1 mg/mL de piroxicam SQR em ácido clorídrico 
metanólico 0,01 M. Submeter a solução, se necessário, a banho de ultrassom à temperatura 
ambiente. Retirar alíquota de 5 mL dessa solução, transferir para balão volumétrico de 100 mL 
e completar o volume com Fase móvel.
Procedimento: injetar, separadamente, 10 μL da solução padrão e da solução amostra, 
registrar os cromatogramas e medir as áreas sob os picos. Calcular a quantidade de 
C15H13N3O4S no gel a partir das respostas obtidas com a solução padrão e a solução amostra.
Embalagem e armazenamento
Em recipientes bem fechados, protegidos da luz e em temperatura ambiente.
Rotulagem
Observar legislação vigente.
Adaptado de: Anvisa (2019a).
100
Unidade II
6.3 Sólidos
Se considerarmos os produtos administrados por via oral, observaremos que as formas farmacêuticas 
preferidas pelos pacientes são as sólidas, e dentre elas os comprimidos e as cápsulas são os mais 
utilizados. Além dos comprimidos e cápsulas, temos os pós e grânulos disponíveis no mercado como 
produto acabado, mas também constituem etapas de processo de obtenção de produtos acabados 
como cápsulas e comprimidos.
As formas farmacêuticas sólidas, como comprimidos, drágeas, cápsulas, pós e granulados, requerem 
variados ensaios de qualidade físicos oficiais e ensaios complementares não oficiais (testes ou 
especificações que não estão descritos nas farmacopeias, sendo estabelecidos pelos próprios fabricantes), 
conforme descrito no quadro a seguir.
Quadro 20 – Ensaios físicos aplicados a comprimidos e cápsulas
Formas farmacêuticas Oficiais Não oficiais
Comprimidos
- Peso
- Desintegração
- Dureza
- Friabilidade
- Dissolução
- Dimensões
- Aspectos
- Cor
Cápsulas
- Peso
- Desintegração
- Dissolução
- Aderência
- Cor
- Resistência ao choque
Adaptado de: Anvisa (2019a).
 Lembrete
O termo não oficial refere-se a testes ou especificações que não estão 
descritos nas farmacopeias, sendo estabelecidos pelos próprios fabricantes.
Em relação aos pós e granulados, podem ser avaliadas a umidade e a granulometria, pois esses fatores 
influenciam no fluxo do pó ou do grânulo no preenchimento da embalagem do produto final, assim 
como nas diferentes máquinas empregadas nos processos de produção. Entretanto, esses parâmetros 
podem influenciar no processo de compressão, na dureza e na friabilidade dos comprimidos, podendo 
também impactar na biodisponibilidade dos fármacos presentes em comprimidos.
6.3.1 Peso
O peso médio em embalagens e formas farmacêuticas deve ser executado em balanças de sensibilidade 
adequadas, tanto para produtos de dose única quanto para os produtos de doses múltiplas.
Quando a embalagem que contém o produto é rotulada por peso, é necessário: selecionar uma 
amostra de 10 e remover o rótulo que possa resultar em alteração de peso durante a remoção do conteúdo 
101
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
das embalagens; limpar e secar cuidadosamente a parte externa da embalagem e pesar a embalagem 
cheia, cada uma individualmente; remover quantitativamente o conteúdo de cada embalagem e lavar 
com um solvente adequado, tomando o cuidado de manter todas as partes da embalagem que foi 
pesada anteriormente; secar bem e pesar a embalagem vazia. O peso líquido do produto é representado 
pela diferença entre a embalagem cheia e a embalagem vazia, e a média de pesos obtida não pode ser 
inferior ao descrito no rótulo do produto.
Caso a especificação não seja atendida, deve-se determinar o conteúdo de mais de 20 embalagens. 
A média será então executada com as 30 unidades e irá atender à especificação do produto. Já para 
medicamentos de doses individuais, como cápsulas, comprimidos ou drágeas, devem ser empregadas 
20 unidades para cada formulação. 
A determinação de peso médio é dada pelo quociente da somatória dos pesos individuais de cada 
unidade pelo número de unidades amostradas. Quanto maior for o desvio padrão maior, menor 
será a uniformidade do envase.
6.3.2 Aspecto
A análise visual é um ensaio de qualidade, quando se aplica a produtos acabados ou materiais de 
acondicionamento e embalagem. Para comprimidos e cápsulas, devemos considerar as características 
visuais como sendo essenciais tanto para a aceitação por parte do paciente como para a uniformidade 
entre os comprimidos ou entre os lotes avaliados no controle de qualidade. 
O controle de aspecto geral de comprimidos e cápsulas inclui a quantificação de algumas propriedades, 
tais como tamanho, forma, cor, presença ou ausência de cheiro e/ou sabor, rugosidade na superfície, 
brilho ou opacidade, defeitos físicos e facilidade de leitura e identificação de marcas.
6.3.2.1 Tamanho e forma
A forma e o tamanho de um comprimido podem ser descritos dimensionalmente, observados e 
controlados. As dimensões e a forma de um comprimido são determinadas pelas punções e matrizes 
selecionadas para o processo de compressão, sendo que a altura de um comprimido é a única dimensão 
que pode variar, de acordo com a força aplicada no processo de compressão propriamente dito. Além da 
força, outros fatores podem influenciar a altura do comprimido durante a produção de diferentes lotes, 
tais como as mudanças no enchimento da matriz resultantes da mudança na distribuição de tamanho 
de partículas, o empacotamento das partículas a serem comprimidas e o peso do comprimido. 
A espessura só é consistente em um mesmo lote ou entre lotes se a granulação da mistura de 
pós a comprimir produzir grânulos com distribuição e tamanhos constantes, se as punções e matrizes 
estiverem em bom estado e se a máquina de compressão estiver limpa e funcionar perfeitamente. 
Em termos de controle de qualidade, a espessura do comprimido deve ser monitorada e deve estar entre 
± 5% do valor padrão esperado.
102
Unidade II
No caso de comprimidos, também são avaliados a uniformidade da coloração e revestimento, 
quando o produto é revestido; a presença de trincas; e a legibilidade, quando houver impressões sobre a 
forma farmacêutica. Na verificação visual de cápsulas são avaliados fatores como limpeza, deformações 
e rachaduras das cápsulas, enchimento e se a trava está funcionando de acordo.
6.3.3 Dureza
A determinação da dureza está associada à resistência mecânica do comprimido ao esmagamento. 
Essa resistência está relacionada à estabilidade física e à biodisponibilidade do fármaco presente em 
formas farmacêuticas sólidas obtidas por compressão e é um parâmetro fundamental e imprescindível 
no caso de comprimidos que serão submetidos a processos de revestimento.
A resistência de um comprimido define-se como a força necessária para esmagar o comprimido ao 
longo de seu diâmetro em um teste de compressão. Para a realização do teste de dureza, posicionamos o 
comprimido entre dois apoios (conforme apresentado no destaque da figura a seguir), aplicando-se, em 
seguida, uma força entre os apoios, a qual é transmitida para o comprimido até que ele seja esmagado, 
de forma que possamos registrar a força necessáriapara o rompimento da forma farmacêutica em 
questão. Para a medida de dureza, utiliza-se o durômetro apresentado na figura a seguir e avalia-se a 
média de 10 unidades de comprimidos ou drágeas.
Figura 35 – Foto do durômetro
103
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
No entanto, a dureza de um comprimido não constitui um indicador absoluto da qualidade do 
comprimido, uma vez que os comprimidos com dureza adequada ainda podem apresentar outros 
problemas, tais como laminação, liberação de pó ou fragmentação quando manuseados ou por conta 
do próprio atrito, perdendo assim as características desejáveis. Dessa forma, outra medida que deve ser 
avaliada em conjunto é a friabilidade, a qual é discutida a seguir.
6.3.4 Friabilidade (aparelho: friabilômetro)
A friabilidade traduz a resistência do comprimido ao desgaste. Na prática, o teste de friabilidade se 
aplica apenas a comprimidos não revestidos, sendo esse parâmetro fundamental também no controle 
de processo intermediário de núcleos que serão submetidos ao revestimento. 
Para esse teste são usualmente empregadas 20 unidades de comprimidos ou núcleos, a depender do 
peso médio, e utiliza-se um aparelho denominado friabilômetro, o qual é apresentado na figura a seguir. 
Esse aparelho submete os comprimidos aos efeitos combinados de abrasão e choque por simulação de 
100 quedas. Uma amostra de comprimido em análise, pesada previamente e colocada em uma câmara 
de plástico que roda a 25 rpm, durante 4 minutos, simula quedas de uma altura de 15 centímetros. 
A)
156,0 mm ± 2,0 mm
altura da queda 287,0 mm ± 4,0 mm
diâmetro interno
10,0 mm ± 0,1 mm
diâmetro
80,5 mm ± 0,5 mm
raio interno
25,0 mm ± 0,5 mm
diâmetro
38,0 mm ± 2,0 mm B)
Figura 36 – A) Especificação do aparelho para teste de friabilidade 
segundo a Farmacopeia Brasileira (2019); B) Foto do friabilômetro
A) Adaptada de: Anvisa (2019a, p. 36).
Para os comprimidos convencionais, são considerados aceitáveis quando perdem no máximo 1,5% 
do seu peso inicial. Para comprimidos mastigáveis, esperam-se resultados de friabilidade maiores, o que 
justifica o emprego de embalagens especiais. 
6.3.5 Desintegração (aparelho: desintegrador)
Para que aconteça o processo de absorção de um fármaco, um comprimido ou uma cápsula precisa 
se desintegrar em pequenas partículas ou grânulos de forma que esses pedaços possam se dissolver e se 
tornar biodisponíveis. Esse conceito também pode ser aplicado a formas plásticas, como supositórios e 
óvulos. O tempo em que esse processo ocorre é chamado de tempo de desintegração e normalmente 
104
Unidade II
é avaliado em 6 unidades da forma farmacêutica em teste. Ressalta-se aqui que o teste não se aplica a 
comprimidos ou cápsulas de liberação controlada ou prolongada.
O aparelho empregado para tal avaliação é o desintegrador. Ele é compendiado e constituído por 
6 tubos de vidro com 7,75 cm ± 2,50 cm de comprimento e diâmetro interno entre 2,07 cm e 2,30 cm, 
abertos na parte superior, aos quais estão fixados suportes na forma de rede de 10 mesh em seu fundo 
(veja a figura a seguir).
2
2 2
21,5
21,5
20,7
6
6
6
77,5
2,55
1,6
2,55
1,6
9,5
9,5
90
Tela de arame 
de aço 
inoxidável
A) B)
Figura 37 – A) Aparelho para teste de desintegração de comprimidos e cápsulas (dimensões em mm) 
segundo a especificação da Farmacopeia; B) Foto do desintegrador
A) Adaptada de: Anvisa (2019a, p. 68).
Para determinar o tempo de desintegração, posicionamos um comprimido ou uma cápsula em cada 
tubo e o suporte dos cestos é mergulhado em um recipiente contendo um litro de água ou outros meios 
simuladores de fluido gástrico ou intestinal, em quantidade suficiente para a imersão completa dos 
produtos durante todo o ensaio, mesmo quando ocorre a movimentação vertical, conforme descrito 
na monografia do produto. A temperatura do meio é ajustada em 37 °C ± 1 °C. Essa movimentação 
acontece a uma distância que varia de 5,3 cm a 5,6 cm e com frequência de 28 a 32 ciclos por minuto. 
Podem ser usados no ensaio discos de plástico perfurados colocados por cima dos comprimidos ou das 
cápsulas, impedindo assim sua flutuação.
Para estarem de acordo com compêndios oficiais como a farmacopeia americana (USP), as formas 
farmacêuticas avaliadas devem se desintegrar e todas as partículas têm que passar através da rede com 
10 mesh durante o tempo especificado na monografia do produto em questão, exceto revestimentos 
e materiais que compõem as cápsulas e sejam insolúveis. Para os comprimidos gastrorresistentes, não 
deve haver desintegração em suco gástrico por 1 hora, porém eles devem se desintegrar em fluido 
intestinal dentro do tempo especificado na monografia do produto.
105
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Os critérios de rejeição segundo a Farmacopeia Brasileira (2019) são:
• Comprimidos de liberação imediata: não desintegrar em, no máximo, 30 minutos.
• Comprimidos sublinguais: máximo 5 minutos.
• Comprimidos entéricos: resistir sem desintegrar pelo menos 60 minutos em água ou em meio 
gástrico e não desintegrar em, no máximo, 45 minutos em meio tampão fosfato pH 8 ou em 
meio entérico.
• Drágeas: máximo 60 minutos.
• Cápsulas: máximo 45 minutos.
• Óvulos e supositórios: quando ultrapassar o tempo especificado na monografia individual do 
produto para que haja a desintegração completa. Será considerada desintegração incompleta 
quando não houver dissolução completa da unidade, quando houver aglomeração de componentes 
ou se for observada presença de resíduos consistentes.
6.3.6 Dissolução (aparelho: dissolutor)
O teste de dissolução baseia-se na dissolução do fármaco no meio a partir dos pequenos fragmentos 
originados no processo de desintegração. Esses pequenos fragmentos aumentam a área superficial, 
o que facilita o processo de dissolução. Esse processo está correlacionado com a disponibilidade do 
fármaco em ser absorvido e consequentemente com a sua biodisponibilidade.
Os protocolos do ensaio de dissolução são desenvolvidos pensando nos limites do processo 
de dissolução para cada especialidade farmacêutica e especificados na monografia individual de 
cada produto.
Esses ensaios podem ser empregados no controle de qualidade, em ensaios oficiais de equivalência 
farmacêutica e em perfil de dissolução, e para a avaliação da cinética de dissolução.
Os métodos de dissolução adotados pelos compêndios oficiais, incluindo a Farmacopeia Brasileira 
(2019), são o aparato I (cesta) e o aparato II (pá), que ficam submersos em cubas nas quais é disposto 
o meio de dissolução adequado ao fármaco a ser analisado. Tanto a cesta quanto a pá são hastes de 
aço inoxidável que devem ser centralizadas de forma que não se afastem mais de 2 mm em relação ao 
eixo vertical. 
Esses aparatos possuem motor que rotaciona em torno do próprio eixo, e normalmente empregam-se 
velocidades de 50 rpm, 100 rpm ou 150 rpm. As cubas ficam sob banho maria a 37 °C ± 0,5 °C, e os 
aparelhos devem ser isentos de qualquer fonte de vibração, inclusive externa, que possa influenciar na 
dinâmica hídrica do sistema. Os dissolutores estão apresentados na figura a seguir.
106
Unidade II
A) B)
Ap. I
cesta
Ap. II
pá
Figura 38 – A) Dissolutor; B) aparatos I (cesta) e II (pá)
Após finalizado o tempo indicado na monografia do produto, é retirada uma alíquota, que deve ser 
então quantificada por um método analítico validado e robusto. O resultado dissolvido é expresso em 
porcentagem em relação à dosagem descrita no rótulo, e a quantidade dissolvida do fármaco analisado 
deve atender à especificação indicada na monografia do produto. 
Em relação aos critérios de aceitação, o produto de liberação imediata cumpre o teste se os resultados 
atenderam às exigências descritas no quadro a seguir.
Quadro 21 – Critérios de aceitação para o teste de 
dissolução de formas farmacêuticas de liberação imediata
Estágios Nº de amostras testadas Critérios de aceitação
E1 6 Cada unidade apresenta resultado maior ou igual a Q + 5%
E2 6
Média de 12 unidades(E1 + E2) é igual ou maior que Q, e nenhuma unidade 
apresenta resultado inferior a Q – 15%
E3 12
Média de 24 unidades (E1 + E2 + E3) é igual ou maior que Q. No máximo 
2 unidades apresentam resultados inferiores a Q – 15% e nenhuma unidade 
apresenta resultado inferior a Q – 25%
Fonte: Anvisa (2019a).
O termo Q corresponde à quantidade dissolvida de fármaco, especificada na monografia individual, 
expressa como porcentagem da quantidade declarada. Os valores 5%, 15% e 25% também representam 
porcentagens de quantidade declarada (ANVISA, 2019a).
107
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Os produtos de liberação prolongada estão descritos no quadro a seguir.
Quadro 22 – Critérios de aceitação para o teste de dissolução de 
formas farmacêuticas de liberação prolongada
Estágios Nº de unidades testadas Critérios de aceitação
L1 6
Cada resultado individual se insere no intervalo estabelecido (Q1 e Q2) para cada tempo e 
nenhum resultado individual é inferior ao Q do último tempo
L2 6
As médias de 12 unidades (L1 + L2) se inserem no intervalo estabelecido (Q1 e Q2) para cada 
tempo e não são inferiores ao Q do último tempo. Nenhuma unidade individual apresenta 
resultado que supere os limites de Q1 e Q2 em 10% da quantidade declarada, para cada tempo 
determinado, e no máximo 2 unidades testadas apresentam resultados com valor inferior ao Q 
do último tempo que superem em 10% a quantidade declarada
L3 12
A média de 24 unidades (L1 + L2 + L3) se insere no intervalo estabelecido (Q1 e Q2) para 
cada tempo e não é inferior ao Q do último tempo. No máximo 2 unidades das 24 testadas 
apresentam resultados que superam os limites de Q1 e Q2 em 10% da quantidade declarada, 
para cada tempo determinado, e no máximo 2 unidades das 24 testadas apresentam resultados 
com valor inferior ao Q do último tempo que superem em 10% a quantidade declarada. 
Nenhuma unidade individual apresenta resultado que supere os limites de Q1 e Q2 em 20% da 
quantidade declarada, para cada tempo determinado, e nenhum resultado individual fornece 
valor inferior ao Q do último tempo que supere em 20% a quantidade declarada
Fonte: Anvisa (2019a, p. 78).
Os valores de Q variam de acordo com a monografia individual do produto e correspondem aos 
índices percentuais de dissolução – ou seja, a liberação do fármaco a partir da forma farmacêutica 
avaliada – desejados para cada medicamento em função de um determinado tempo. 
Em relação aos meios de dissolução, eles devem ao menos em parte mimetizar as condições 
fisiológicas. Logo, invariavelmente, consistem em soluções aquosas. 
No quadro a seguir, apresentamos alguns exemplos de valores de Q e os respectivos meios 
de dissolução.
Quadro 23 – Valores de Q para diferentes produtos, de acordo com a 
Farmacopeia dos Estados Unidos (USP, 24)
Medicamento 
(fármaco) Forma farmacêutica Valor de Q (%)
Tempo 
(minutos)
Rotação 
(rpm)
Meio de 
dissolução 
(volume)
AAS Cápsula 80 30 100 Tampão acetato pH 4,5 (500 mL)
AAS Comprimido 80 30 50 Tampão acetato pH 4,5 (500 mL)
AAS (tamponado) Comprimido 80 30 75 Tampão acetato pH 4,5 (500 mL)
AAS Comprimido de liberação prolongada
Máximo 10 (ácido) 120 100 HCl 0,1N (500 mL)
Máximo 75 (básico) 90 100 Tampão acetato pH 6,8 (500 mL)
108
Unidade II
Medicamento 
(fármaco) Forma farmacêutica Valor de Q (%)
Tempo 
(minutos)
Rotação 
(rpm)
Meio de 
dissolução 
(volume)
AAS + Paracetamol Comprimido 75 (AAS)75 (paracetamol) 45 50 Água (900 mL)
Paracetamol Comprimido 80 30 50 Tampão fostato pH 5,8 (900 mL)
Mebendazol Comprimido 75 120 75
HCl 0,1N + lauril 
sulfato de sódio 
1% (900 mL)
Propranolol Comprimido 75 30 100 HCl 1% (1000 mL)
Fonte: Gil (2010a, p. 281-282).
6.3.7 Teor do princípio ativo
O teor do princípio ativo, ensaio de doseamento ou ensaio de potência para formas farmacêuticas 
contendo insumos farmacêuticos ativos é necessário para estabelecer e garantir a quantidade do 
princípio ativo presente no produto em relação ao teor declarado no rótulo. Diversos métodos 
de doseamento podem ser empregados para essa finalidade.
No que se refere às análises quantitativas, elas são utilizadas com o objetivo de estabelecer a 
concentração dos componentes essenciais presentes em uma determinada amostra. 
Existem inúmeras formas de se realizar o doseamento, no entanto a escolha do método analítico 
deve ser criteriosa, já que ele não pode comportar falhas, pois a segurança e eficácia do medicamento 
dependem da fidedignidade do resultado fornecido. Entre os aspectos a serem considerados na seleção de 
um dentre os vários métodos disponíveis, destacam-se o tempo de análise, exatidão, precisão, robustez 
e custo.
Adicionalmente, devemos considerar outros fatores, como:
• a natureza de informações que são buscadas;
• a quantidade de amostra disponível e a porcentagem do constituinte a ser determinado;
• a utilização dos resultados da análise.
Esses métodos podem ser classificados em métodos clássicos que envolvem reações químicas 
específicas, como volumetria, ou outros métodos, que são classificados em métodos instrumentais e, 
portanto, estão relacionados com as propriedades físico-químicas das substâncias a serem testadas, 
como a espectrometria no UV-visível e cromatografia. Esses métodos estão descritos a seguir.
109
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
6.3.7.1 Métodos clássicos
Os métodos clássicos baseiam-se em reações químicas, cujo equilíbrio deve ser bem definido 
e constante nas condições do ensaio. A detecção do ponto de viragem é visualizada pela mudança 
de cor, turbidez, formação de precipitado ou outro fenômeno que possa ser visualizado a olho nu. 
O emprego de indicadores auxilia no processo de melhor visualização. A seguir discutiremos a gravimetria 
e a volumetria.
6.3.7.1.1 Gravimetria
A gravimetria ou análise gravimétrica é baseada na medida indireta de massa de um ou mais 
constituintes de uma amostra. Por medida indireta entende-se o uso da estequiometria de uma 
determinada reação para determinar a quantidade de um dado composto.
A análise gravimétrica pode se dar por precipitação e segue a seguinte ordem:
Precipitação → Filtração → Lavagem → Aquecimento → Pesagem
Para ser realizada a separação, é adicionado um agente precipitante, então o íon de interesse é 
convertido em uma forma insolúvel no meio, de modo que ocorre surgimento de fases e não há perda 
apreciável por redissolução, permitindo o recolhimento do precipitado por filtração.
A filtração pode ser executada por aparatos simples, como um funil ou um funil de Büchner, 
empregando papéis de filtro apropriados. A lavagem é realizada para a retirada de compostos solúveis.
O aquecimento é feito porque muitos desses compostos apresentam alta capacidade higroscópica 
e absorvem água do ambiente, além do residual do meio que fica do processo de filtração. Esta etapa 
pode ser realizada em bancada por meio de um simples aparato, como estufas ou muflas, onde atinge 
temperaturas de 1.400 °C. Ainda assim, temos algumas limitações – por exemplo, quando há formação 
de precipitados gelatinosos que incorporam líquido na própria estrutura.
Por fim, é realizada a pesagem, que deve considerar que se conhece a estrutura química do composto. 
A temperatura de pesagem deve ser realizada próxima à temperatura ambiente, não ser uma substância 
higroscópica e possuir partículas com dimensão que permaneçam retidas no filtro.
Trata-se de um método interessante, pois é de fácil execução e envolve operações unitárias 
relativamente simples, de boa reprodutibilidade e de baixo custo. Entretanto, os pontos negativos do 
método são o tempo necessário para a execução, um grande número de operações unitárias necessárias 
para a execução, acúmulo de erros entre as operações unitárias e dificuldade em se trabalhar com 
amostras cuja concentração do analito de interesse seja muito baixa.
110
Unidade II
6.3.7.1.2 Volumetria (titulações)
Já a volumetria, também conhecida como análise titrimétrica ou titulometria,é uma técnica muito 
útil no doseamento de diversos fármacos, pois é uma análise de baixo custo, simples e com boa precisão.
Na titulação, a substância a ser determinada é tratada com um reagente apropriado, o qual é 
adicionado na forma de solução previamente padronizada, e determina-se o volume de solução 
necessário para completar a reação.
Para uma análise volumétrica são necessários a escolha de vidrarias adequada para a titulação 
(bureta), preparo e padronização das soluções padronizadas (pipetas volumétricas e graduadas, provetas 
graduadas, balões volumétricos), uso de padrões primários, balanças analíticas e, frequentemente, 
soluções indicadoras.
Neutralização 
Este método compreende todos os doseamentos volumétricos base em uma reação de 
neutralização. Por meio dele pode-se utilizar uma solução titulada de um ácido qualquer, fazer a 
determinação quantitativa das bases (acidimetria) ou, usando uma solução titulada de uma base, dosar 
quantitativamente os ácidos (alcalimetria).
É também por este método que se fazem outros doseamentos volumétricos baseados em uma 
reação de neutralização, por exemplo, certos sais (tetraborato de sódio ou carbonato de sódio) que 
tenham uma reação fortemente básica, por causa da hidrólise por meio dos ácidos. Também é feito o 
doseamento dos sais de amônio.
Na volumetria de neutralização, quando o titulante é um ácido ou uma base forte, temos a seguinte 
reação química:
H3O
+ + OH- ↔ H2O
As reações ácido-base são as mais comuns entre as empregadas em titulometria, dado que um 
número considerável de fármacos tem caráter ácido ou básico.
O ponto de viragem se dá na condição de equilíbrio ou neutralidade, e os indicadores mais utilizados 
são a fenolftaleína (faixa de pH de viragem 8 a 9,6) e vermelho de metila (faixa de pH de viragem 4,8 a 6,0).
Neutralização em meio aquoso
No caso de ácidos orgânicos hidrossolúveis, como salicílico, cítrico, láctico, nicotínico, tartárico e 
tricloroacético, são doseados por titulação direta com hidróxido de sódio na presença de fenolftaleína 
como indicador. Já os ácidos de baixa solubilidade em água devem ser dissolvidos em solventes miscíveis 
em água, tais como o etanol.
111
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Na análise titrimétrica, a quantidade de um constituinte de interesse presente em uma amostra é 
determinada a partir de uma reação química com um volume determinado de solução padrão chamada 
de titulante.
A titulação pode ser direta ou indireta, sendo direta quando o analito é titulado diretamente com 
uma solução padrão específica. Já a titulação indireta é adotada quando o caráter ácido ou básico do 
fármaco não é suficientemente forte para que a cinética de reação seja adequada ao método analítico. 
Nesse caso, adiciona-se um excesso volumetricamente, medido de base a fármacos ácidos ou de ácido 
a fármacos básicos, titulando-se o excesso, respectivamente, com solução volumétrica básica ou ácida.
Neutralização em meio não aquoso
Quando um fármaco de caráter básico demasiadamente fraco é titulado em meio aquoso (neutro), a 
característica aceptora de próton da água é suficientemente grande para competir com o fármaco pelo 
titulante ácido. Assim, nesses casos recomenda-se proceder a titulação em meio acético, titulando-se a 
base com ácido perclórico ou outro ácido igualmente forte. No caso de fármacos de caráter ácido fraco, 
utilizam-se solventes apróticos como a dimetilformamida.
Oxirredução
A titulometria de oxirredução envolve reações em que ocorre transferência de elétrons. Existem 
várias titulações com reações de oxirredução com aplicação farmacêutica; entretanto, a que mais se 
destaca em termos de importância é a iodometria.
Na iodometria, procede-se a adição de um excesso conhecido de solução volumétrica de iodo, com 
posterior titulação padronizada de tiossulfato de sódio, empregando solução indicadora de amido. 
A viragem acontece do incolor até azul escuro.
Um exemplo de iodometria é a análise de ácido ascórbico realizada por meio de reação com um 
agente oxidante. Essa reação deve ser realizada o mais rápido possível, pois o ácido ascórbico é facilmente 
oxidado pelo oxigênio presente no ar, formando o ácido deidroascórbico.
Entretanto, a iodometria apresenta algumas dificuldades como perda de iodo como titulante por 
volatilização, necessidade de padronização da solução e realização da análise o mais rápido possível.
Para contornar esses problemas, uma alternativa é adicionar excesso de íons iodeto à solução de 
iodo, formando o triiodeto, que também é um agente oxidante semelhante ao iodo. 
Outra alternativa é gerar o iodo durante a titulação, empregando-se como titulante uma solução 
padrão de iodato de potássio em presença de excesso de iodeto, liberando assim o iodo na presença 
de ácido forte. O iodo formado reage com a espécie redutora da amostra, formando iodeto. Como a 
titulação ocorre em meio ácido, o equilíbrio da reação de oxidação do ácido ascórbico, que formaria o 
ácido deidroascórbico, é deslocado então no sentido de formação do ácido ascórbico, diminuindo assim 
a oxidação do analito.
112
Unidade II
Precipitação
É a menos precisa entre as técnicas titulamétricas. Um exemplo clássico é a titulação de cloreto com 
solução volumétrica de nitrato de prata e dicromato de potássio como indicador. Normalmente, mesmo 
em análises farmacêuticas, quando a reação produz precipitado recorre-se à gravimetria.
Esse método analítico fundamenta-se em reações químicas em que, no ponto de equivalência, se 
formam quantitativamente produtos insolúveis no meio aquoso. A argemetria ou argentimetria é o 
principal método titulométrico de precipitação que tem por objetivo dosear substâncias precipitáveis 
pelo emprego da solução padrão de nitrato de prata.
A argentimetria é classificada em dois métodos, descritos a seguir.
• Indireto (método Volhard): é aplicável a cloretos e brometos. Consiste em precipitar o haleto 
com excesso de nitrato e titular esse excesso em meio ácido com solução auxiliar de tiocianato de 
amônio, empregando como indicador o ferro (III).
• Direto: a substância doseável é titulada com solução padrão de nitrato de prata até o ponto de 
equivalência que se identifica pelo uso de indicadores ou pela adição de nitrato de prata até não 
observar mais a formação de precipitado.
Complexação
A complexometria ou a titulação com formação de complexos baseia-se em reações que envolvem 
um agente ligante com formação de complexo estável e um íon metálico.
Mesmo existindo muitos compostos usados na complexometria, os complexos formados com o 
ácido etilenodiamenotetracético (o EDTA) são os mais comuns. Isso porque vários íons metálicos reagem 
estequiometricamente com o EDTA.
O EDTA é um ácido fraco para o qual o pK1 = 2,0; o pK2 = 2,7; o pK3 = 6,2; e o pK4 = 10,3. Esses 
valores demonstram claramente que os dois primeiros prótons são mais facilmente ionizáveis do que os 
outros dois. 
Adicionalmente, o EDTA na forma de ácido ou sal dissódico pode ser obtido em alto grau de pureza, 
podendo ser usado com padrão primário, porém, se necessário, deve-se padronizar contra solução 
padrão de zinco.
Portanto, esse reagente possui uma grande versatilidade que provém da sua potência como agente 
complexante e da disponibilidade de numerosos indicadores íon-metal, cada um efetivo em um intervalo 
limitado de pH.
113
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
6.3.7.2 Métodos instrumentais
Os métodos instrumentais são baseados no uso de um instrumento apropriado, seja para a 
detecção do ponto de equilíbrio de uma reação, seja para a detecção de um determinado analito. 
As vantagens dos métodos instrumentais que podem ser ressaltadas em detrimento dos métodos 
clássicos estão relacionadas com a rapidez da análise e a aplicação em amostras com baixas 
concentrações do analito a ser determinado.
6.3.7.2.1 Fotometria de chama
Para cada metal há um valor mínimo de frequência n, abaixo do qual não é possível obter emissão 
de elétronspor mais intenso que seja o feixe de radiações, isto é, a energia capaz de arrancar um elétron 
está associada à frequência e não à intensidade de luz.
Existem dois métodos principais de espectroscopia de emissão de chama. O método original é 
conhecido como fotometria de chama e é empregado principalmente para análise de metais alcalinos.
A espectroscopia de emissão atômica (AES) utiliza a medicação quantitativa da emissão óptica de 
átomos excitados para determinar a concentração da substância a ser analisada.
O emprego da espectroscopia de emissão por chama (FES) é de ampla aplicação em análise elementar. 
Pode ser empregado para análises qualitativas e quantitativas e é um método de elemento simples. Seu 
uso mais importante é para determinação de sódio, potássio, lítio e cálcio em fluidos biológicos e tecidos.
6.3.7.2.2 Polarimetria
Muitas substâncias farmacêuticas são opticamente ativas; logo, desviam a luz plano-polarizada 
de modo que a luz transmitida é desviada em um determinado ângulo em relação à incidente. 
A medição do poder rotatório de uma substância com polarímetro denomina-se polarimetria e é útil na 
identificação, caracterização e determinação de pureza enantiométrica dos fármacos.
6.3.7.2.3 Espectroscopia
A espectroscopia avalia a interação entre a natureza da radiação eletromagnética e sua interação com 
a matéria por meio da quantidade de radiação produzida ou absorvida pelas moléculas, íons ou átomos.
Em termos de ondas eletromagnéticas, a distância entre uma crista e outra crista adjacente é 
denominada comprimento de onda (λ). A frequência (ν) corresponde ao número de ondas que passam 
por um determinado espaço de tempo (ondas por segundo ou hertz). A frequência é determinada pela 
fonte que emite e independe do meio que atravessa. Já a velocidade de propagação (vi) depende do 
meio que a radiação atravessa e da frequência. No vácuo, a luz se move com sua velocidade máxima 
(2,988 x 108 m/s), e em outros meios essa velocidade é menor.
114
Unidade II
A energia eletromagnética luminosa, quando descrita como partícula, é caracterizada pela energia 
dos fótons. Essas partículas transportam quantidades de energia distintas que estão relacionadas com as 
características de cada radiação. A energia de um fóton é proporcional à sua frequência. O aumento da 
frequência é correlacionado ao maior número de ondas que passam por segundo; assim, maior energia 
é transportada.
Essa energia, ao atravessar uma solução contendo átomos e moléculas, pode interagir com os 
elétrons e ser absorvida. O átomo ou molécula passa do estado fundamental para o estado excitado ou 
de maior energia. No estado excitado, o analito é altamente instável. Após absorver a radiação, o elétron 
sofre relaxação e a energia em excesso é liberada, e o analito retorna ao estado fundamental. 
Dessa forma, considerando I0 a potência da radiação incidente e I a potência de radiação transmitida, 
a potência da radiação transmitida decai exponencialmente com o aumento percorrido na solução e 
com o aumento da concentração (veja a figura a seguir). 
I0
I
Figura 39 – Absorção da energia radiante que atravessa uma solução
A transmitância (T) dessa amostra corresponde à reação da luz que atravessa a amostra, conforme 
a equação a seguir:
T
I
I
=
0
Foi observado pelos físicos Johann Lambert e August Beer que a intensidade da radiação 
eletromagnética diminui exponencialmente com o aumento da espessura do meio absorvente. Beer 
observou a relação existente entre a transmissão e a concentração do meio onde passa o feixe de luz, 
determinando que a intensidade da luz de um feixe monocromático diminui exponencialmente com o 
aumento da concentração da substância absorvente. Assim, a Lei de Lambert-Beer, também conhecida 
como Lei de Beer, estabelece a razão quantitativa da relação entre a atenuação da radiação com a 
concentração da amostra (C) e a extensão do caminho óptico (b) expresso em centímetros.
A absorbância (A) corresponde ao logaritmo do inverso da transmitância (T) e é diretamente 
proporcional à concentração (veja a equação a seguir). A absortividade molar (a) corresponde a um valor 
115
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
característico de uma substância; este indica a quantidade de radiação eletromagnética que é absorvida 
em um determinado comprimento de onda.
A
I
I
T a b c= = − = ⋅ ⋅log log0
Espectrofotometria no UV-vis
A espectrofotometria no ultravioleta-vísivel (UV-vis) é um dos métodos analíticos mais usados nas 
determinações analíticas na área farmacêutica, sendo empregado principalmente em análises quantitativas.
Quando a energia eletromagnética atravessa uma solução contendo moléculas presentes em uma 
cubeta, recipiente contendo a solução e apresentado na figura a seguir, parte da radiação pode ser 
absorvida. A quantidade absorvida está relacionada com a concentração da solução.
Figura 40 – Foto de cubetas com diferentes tamanhos de caminhos ópticos (b)
A região do espectro correspondente à radiação ultravioleta é considerada aproximadamente 
200 nm a 400 nm, e a região do visível entre aproximadamente 400 nm a 800 nm. A luz branca contém todas 
as cores presentes no espectro visível. A cor aparente de uma substância corresponde ao complemento 
da cor absorvida. 
A absorção da radiação envolve a transição dos elétrons da camada de valência. Os elétrons 
compartilhados em ligações simples estão fortemente ligados. Dessa forma, a energia requerida para essa 
transição é muito alta. Já os elétrons de ligações duplas e triplas são facilmente excitáveis pela radiação, 
e a presença deles está relacionada com o comprimento de onda no qual a molécula absorve. Assim, 
determinam-se cromóforos os grupos que absorvem na região do ultravioleta e visível. As principais 
características de uma banda de absorção correspondem à sua posição e intensidade.
116
Unidade II
Na análise, deve-se considerar que o solvente utilizado deve ser capaz de dissolver o analito de 
interesse e não pode absorver na mesma região. Assim, o solvente deve ser transparente na região do 
espectro que o analito absorve.
O equipamento para espectrofotometria de UV-vis (veja a figura a seguir) consiste em uma fonte 
de radiação eletromagnética, um seletor de comprimento de onda, compartilhamento para as cubetas 
e detector. A fonte de energia emite uma radiação que passa pelo monocromador, o qual separa a 
radiação em pequenos comprimentos de onda que passam pela amostra contida na cubeta. A radiação 
não absorvida segue para o detector.
Figura 41 – Foto do espectrofotômetro UV-vis
Espectrofluorimetria: absorção atômica
O método de absorção atômica é o mais exato para determinar a concentração de íons metálicos 
em solução, mas os instrumentos são dispendiosos e baseados em modelos de feixes simples e duplo. 
Este método é espectroanalítico e se baseia na atomização, ou seja, na volatilização do íon ou metal a 
ser analisado.
A técnica consiste em medir a atenuação da radiação em função do comprimento de onda, sendo 
que cada elemento químico tem estrutura eletrônica e níveis de energia diferenciados, além de possuir 
uma energia de ionização característica.
O método se aplica a qualquer tipo de metal, podendo ser utilizado na análise de sulfato ferroso, 
nitrato de prata, cisplatina, aurotioglicolato e outros fármacos ou compostos bioinorgânicos.
6.3.7.2.4 Cromatografia
Os métodos cromatográficos são os mais aplicados pelas indústrias farmacêuticas no doseamento de 
fármacos. As técnicas de cromatografia líquida de alta eficiência (Clae) e a cromatografia gasosa (CG) são 
as mais empregadas com essa finalidade de doseamento e serão discutidas a seguir. Já a cromatografia 
em camada delgada (CCD) acaba sendo mais empregada com a finalidade de identificação de compostos 
e não será aqui discutida.
117
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Cromatografia líquida de alta eficiência (Clae)
A cromatografia líquida de alta eficiência (Clae) – do inglês high performanceliquid chromatography 
(HPLC) – está presente como método de escolha em mais de 90% das monografias de produtos 
publicados na farmacopeia americana (GIL, 2010a).
A razão pelo sucesso da Clae no controle de qualidade de medicamentos em ensaios de doseamento 
deve-se à boa sensibilidade e baixa vulnerabilidade da técnica a interferentes, já que se trata de uma 
técnica de separação acoplada a uma técnica de detecção. Para isso é necessário apenas que o analito 
de interesse seja solúvel em um dos diferentes solventes cromatográficos e que possa ser detectado por 
um dos diferentes detectores existentes.
A separação cromatográfica é um método físico no qual os componentes a serem separados 
interagem entre duas fases imiscíveis: a fase móvel (FM) e a fase estacionária (FE), que está disposta na 
coluna cromatográfica. O interior da coluna cromatográfica é normalmente preenchido com uma sílica, 
e a FM é impulsionada através da coluna pelo sistema de bombas.
O sistema de Clae (veja a figura a seguir) é composto por: um reservatório de FM; uma bomba de alta 
pressão, responsável por infundir a FM através da coluna; um injetor, no qual será infundida a amostra a 
ser avaliada; uma coluna, que pode estar disposta ou não em um forno, para o controle de temperatura; 
um sistema detector; um integrador, que faz a conexão de todos os módulos ao computador, permitindo 
o controle e a aquisição e tratamento dos dados; e, por fim, um sistema de descarte de solventes.
Figura 42 – Foto do sistema de cromatografia líquida de alta eficiência
118
Unidade II
Vários métodos de detecção estão disponíveis comercialmente para HPLC, mas os mais utilizados são 
sensíveis às concentrações dos analitos, em especial os baseados na absorção da radiação ultravioleta e 
visível. Nesses detectores, o sinal gerado pelo detector se dá em função das concentrações dos analitos 
que passam pela célula de detecção e é registrado na forma de gráfico, denominado cromatograma e 
representado na figura a seguir.
4,
47
, 
 7
36
55
6,
00
, 
 8
81
81
0
0
10
20
30
40
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo de retenção (min)
In
te
ns
id
ad
e 
(m
V)
Figura 43 – Cromatograma obtido de um método analítico 
de um sistema de Clae com detector de UV-visível
A escolha do sistema de detecção é baseada nas propriedades físicas e/ou químicas das amostras, pois 
em cromatografia líquida tanto a FM quanto o soluto interferem na detecção. A relação custo-benefício 
de cada técnica também é um fator importante, pois o detector é, muitas vezes, o componente mais 
caro e sofisticado do sistema cromatográfico.
Algumas das opções de detectores disponíveis são: por fluorescência, eletroquímico, por índice de 
refração, polarímetro e dicroísmo circular, ultravioleta-visível (UV-vis) e espectrômetro de massas – os 
dois últimos são os mais extensivamente empregados na indústria farmacêutica.
Cromatografia a gás (CG)
A cromatografia gasosa (CG) ocupa a segunda posição entre os métodos analíticos empregados para 
doseamento publicados na farmacopeia americana (GIL, 2010a).
A CG trata também de uma técnica de separação que é aplicável a compostos que são voláteis ou 
que são passíveis de volatização. Apresenta ótimo poder de resolução que viabiliza a determinação de 
dezenas de substâncias em uma mesma corrida analítica. A técnica também se destaca pela excelente 
sensibilidade, e seletividades podem atingir detecções em baixas concentrações.
Ela segue os mesmos princípios da Clae, sendo que a principal diferença entre as técnicas é a fase 
móvel (FM). Na CG, a FM é um gás inerte e ultrapuro, e seu papel é apenas carrear os analitos ao longo 
da coluna, sem interferir na seletividade da separação, enquanto na Clae, a FM é líquida e tem um papel 
preponderante na separação dos componentes da amostra.
119
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Já em relação à FE, são suportes sólidos, podendo ou não serem recobertos por um líquido não volátil 
disperso na coluna cromatográfica, que é responsável por fazer a separação a partir da interação com 
os componentes da amostra.
Em relação aos detectores disponíveis, temos uma variedade maior comparados aos presentes na 
Clae. Entre eles, temos os detectores de condutividade térmica, de captura de elétrons, de ionização em 
chama, de nitrogênio e fósforo ou termiônico e de espectrometria de massas. A escolha do detector é 
feita baseada no tipo de analito, no limite de quantificação desejado e no custo.
6.3.8 Uniformidade de doses unitárias
Para assegurar a administração de doses corretas, cada unidade do lote de um medicamento deve 
conter a quantidade do princípio ativo próxima à dose declarada e ser avaliada no teste de uniformidade 
de doses unitárias.
As especificações deste teste se aplicam às formas farmacêuticas com um único fármaco ou com 
mais de um componente ativo. O teste pode ser avaliado por dois métodos: variação de peso e 
uniformidade de conteúdo. A aplicação de cada método, considerando a forma farmacêutica, dose 
e proporção do fármaco, é apresentada no quadro a seguir. 
Quadro 24 – Aplicação do método de uniformidade de conteúdo (UC) 
ou de variação de peso (VP) de acordo com a forma farmacêutica, 
dose e proporção do fármaco
Forma farmacêutica Tipo Subtipo
Dose e proporção do fármaco
≥ 25 mg 
e ≥ 25% 
< 25 mg 
ou < 25% 
Comprimidos
Não revestidos - VP UC
Revestidos
Filmes VP UC
Outros UC UC
Cápsulas
Duras - VP UC
Moles
Suspensões, emulsões ou géis UC UC
Soluções VP VP
Sólidos acondicionados em 
recipientes para dose única
Componente 
único - VP VP
Múltiplos 
componentes
Soluções liofilizadas no 
recipiente final VP VP
Outros UC UC
Soluções acondicionadas em 
recipientes para dose única - - VP VP
Outros - - UC UC
Adaptado de: Anvisa (2019a).
120
Unidade II
6.3.8.1 Variação de peso
O método de variação de peso pode ser aplicado às seguintes formas farmacêuticas:
• Soluções acondicionadas em recipientes para dose única e cápsulas.
• Sólidos, incluindo pós, grânulos e sólidos estéreis, acondicionados em recipientes de dose única 
que não contêm outras substâncias adicionadas, sejam elas ativas ou inativas.
• Sólidos, incluindo sólidos estéreis, acondicionados em recipientes para dose única, contendo ou não 
substâncias ativas ou inativas adicionadas, que tenham sido preparados a partir de soluções 
homogêneas liofilizadas nos recipientes finais, e sejam rotulados de modo a indicar este modo 
de preparação.
• Cápsulas duras, comprimidos não revestidos ou revestidos com filme, contando 25 mg ou mais de 
substância ativa, compreendendo 25% ou mais, em peso, da dose unitária ou, no caso de cápsulas 
duras, o conteúdo da cápsula. A uniformidade de outras substâncias ativas presentes em menores 
proporções, assim como outras formulações não previstas anteriormente, deve ser demonstrada 
pelo método de uniformidade de conteúdo (ANVISA, 2019a).
6.3.8.2 Uniformidade de conteúdo
A uniformidade de conteúdo para preparações em doses unitárias baseia-se no doseamento do 
conteúdo individual do fármaco de um número de doses unitárias para determinar se o conteúdo 
individual está dentro dos limites especificados. Esse método é exigido para todas as formas farmacêuticas 
que não atendem às condições especificadas para aplicação do método de variação de peso.
Para determinar a uniformidade de doses unitárias pelo método de uniformidade de conteúdo são 
necessárias, no mínimo, 30 unidades. Quando a quantidade de princípio ativo de uma dose unitária é diferente 
do especificado no doseamento, é necessário realizar os ajustes de diluição das soluções e/ou o volume das 
alíquotas, de modo a obter a concentração do componente ativo na solução final semelhante à do doseamento. 
No caso de doseamento por titulação, pode ser utilizado titulante com concentração diferente para que seja 
empregado um volume adequado de titulante. Ao final, devem-se considerar quaisquer modificações das 
diluições e titulantes para efetuar os cálculos de uniformidade de conteúdopor unidade de produto avaliado.
6.3.9 Granulometria
A granulometria de partículas sólidas é fundamental à produção farmacêutica e tem por objetivo 
estimar a distribuição total de tamanho de partículas. 
O tamanho, a forma e a uniformidade da partícula determinam as propriedades de fluxo e, 
consequentemente, a eficiência de uma mistura, de enchimento e de compactação. Assim, a granulometria 
pode influenciar na solubilidade do fármaco e, consequentemente, no tempo de dissolução.
121
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
O método mais usual é a utilização de peneiras analíticas feitas de fios entrelaçados de aço inoxidável, 
que formam malhas com aberturas de dimensão específicas, presas às bases de cilindros abertos. Essas 
peneiras são nomeadas de tamises e são empilhadas umas sobre as outras em ordem crescente de 
abertura das malhas, e o pó é então colocado sobre a peneira que está no topo e que apresenta a malha 
de maior abertura. O conjunto de tamises, selecionados para abranger todo o intervalo de tamanho de 
partículas que podem estar presentes, é submetido à agitação mecânica por um período padronizado, e 
então o peso do material retido em cada tamis é determinado exatamente. 
A tabela a seguir demonstra as dimensões dos orifícios dos tamises e seus respectivos números, e a 
figura mostrada na sequência apresenta diferentes tamises.
Tabela 9 – Orifícios dos tamises
Orifício do tamis (µm) Nº do tamis
4000 5
3350 6
2800 7
2360 8
2000 10
1700 12
1400 14
1180 16
1000 18
850 20
710 25
600 30
500 35
425 40
355 45
300 50
250 60
212 70
180 80
150 100
125 120
106 140
90 170
75 200
63 230
53 270
45 325
Fonte: Fonseca, Ajimura e Marquele-Oliveira (2019, p. 259).
122
Unidade II
A) B)
Figura 44 – A) Foto de tamises; B) agitador automático para execução de granulometria
 
6.3.10 Ângulo de repouso
O teste de ângulo de repouso (α) é uma avaliação de uma medida relacionada às propriedades de 
fluxo de um material. 
Existem várias maneiras de se determinar o ângulo de repouso de um material sólido. Um dos 
métodos mais comuns é o método do funil, no qual um funil é fixado com a extremidade a uma dada 
altura (H) acima de uma superfície horizontal na qual está um papel milimetrado. Uma porção de pó ou 
granulado é derramada cuidadosamente no funil até que forme uma pilha na qual possa ser medido o 
ângulo de repouso formado, conforme demonstrado na figura a seguir.
α
H
2r
Figura 45 – Representação esquemática do método para determinação do 
ângulo de repouso empregando um funil fixado a uma altura (H)
123
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Para fins práticos, sistemas com ângulo de repouso menor do que 30º apresentam bom fluxo, 
enquanto pós ou misturas de pós que apresentam ângulo de repouso igual ou maior do que 45º 
apresentam baixo fluxo.
A medida do ângulo de repouso é pouco praticada no controle de qualidade, porém é muito relevante 
para avaliar as propriedades de fluxo de pós e suas misturas durante o desenvolvimento de produtos e 
na transposição de escala para a produção industrial.
6.3.11 Umidade: Karl Fischer ou perda por dessecação (avaliação da quantidade de 
água no produto evitando alterações no produto) 
Umidade é o método de quantificação de água nos produtos. A água aumenta o risco de contaminação 
microbiológica, mas também é importante em relação à fluidez do pó. Os métodos mais empregados são a 
titulação por Karl Fischer ou a perda por dessecação.
Destes, o método de Karl Fischer é o mais utilizado e se baseia na titulação empregando uma solução 
anidra de dióxido de enxofre e iodeto na presença de solução-tampão que reage com os íons hidrogênio, 
originalmente preparado com excesso de metanol. Esse reagente é pouco estável e normalmente é 
necessária a padronização. Ele é comercializado com a substituição do metanol por 2-metóxi-etanol, 
2-clor-etanol ou trifluorometanol, o que resulta em aumento da estabilidade do reagente.
O cuidado é selecionar um aparato que possibilite a eliminação da unidade atmosférica e a 
determinação do ponto final da titulação. A titulação pode ser direta para soluções incolores e o ponto final 
é observado pela mudança de cor da solução, que passa de amarelo-canário para âmbar. Entretanto, 
o mais comum é empregar instrumentos comercialmente disponíveis que consistem em um sistema 
firmemente fechado contendo buretas automáticas, um agitador magnético e um eletrodo para detectar 
o ponto final da titulação.
Já o ensaio de perda por dessecação é empregado para determinar a quantidade de qualquer material 
volátil que é eliminada da preparação farmacêutica, incluindo a água. O procedimento é realizado 
pesando a massa de um pesa-filtro previamente dessecado por 30 minutos. O material em pó fino é 
transferido para o pesa-filtro. Esse material é mantido na estufa pelo tempo e temperatura descritos 
na monografia individual do produto. Para cápsulas e comprimidos devem ser empregadas pelo menos 
quatro unidades para serem misturados e triturados.
6.3.12 pH
A determinação de pH para uma preparação farmacêutica deve ser feita de acordo com a monografia 
do produto empregando o pHmetro. Ressalta-se aqui que o equipamento deve ser previamente 
calibrado conforme já descrito no controle de qualidade de formas farmacêuticas líquidas. Para formas 
farmacêuticas sólidas, no entanto, é necessário um preparo de acordo com o descrito na monografia do 
produto. Por exemplo, o pH da azitromicina pó para suspensão oral deve estar entre 8,5 e 11,0 e deve ser 
preparado conforme recomendado na bula do produto.
124
Unidade II
 Saiba mais
Para se aprofundar mais no assunto de controle de qualidade de formas 
farmacêuticas sólidas, consulte:
ANVISA. Farmacopeia Brasileira, 6ª edição. v. I-II. Brasília, 2019a.
 Resumo
As análises de qualidade são atribuídas a todas as fases da 
fabricação de um produto farmacêutico. Assim, na presente unidade 
foram discutidos os ensaios físico-químicos comumente empregados 
no controle de qualidade. Para a avaliação de matérias-primas são 
realizadas análises de identidade, pureza e doseamento. No primeiro caso 
são empregados métodos clássicos, baseados em reações químicas, ou 
instrumentais, além de determinação de propriedades físico-químicas. 
Entre os ensaios para a determinação de pureza de matéria, são utilizados 
métodos gravimétricos para a determinação de substâncias voláteis e Karl 
Fischer para a determinação de água, entre outros. O doseamento é 
realizado pela aplicação de métodos de quantificação instrumentais como 
o HPLC, ou não, como os ensaios volumétricos. 
Os líquidos, de forma geral, requerem um número menor de análises 
comparados aos sólidos, pois no caso das soluções o fármaco já está dissolvido 
e não requer testes que simulem o processo de liberação e dissolução a partir 
da forma farmacêutica. As análises exigidas para os líquidos devem cumprir 
os requisitos gerais dos compêndios oficiais e análises específicas, sendo 
que as principais avaliações são determinação de volume, características 
organolépticas, limpidez, pH, identificação, teor, teste de gotejamento (para 
dispositivos com dosador integrado), uniformidade de doses unitárias 
e dissolução (para suspensões).
Na parte de testes de qualidade destinados à avaliação de formas 
farmacêuticas semissólidas, foram mencionados alguns ensaios não oficiais, 
como os de liberação da substância ativa, caracterização sensorial, reologia 
e espalhabilidade. Por outro lado, entre os farmacopeicos, foram discutidos 
os ensaios referentes ao doseamento, uniformidade de distribuição do 
ativo, determinação de peso, pH e viscosidade.
As formas farmacêuticas sólidas representam uma alternativa preferencial 
para a indústria farmacêutica e para o paciente, uma vez que representam 
maior comodidade, mais fácil administração e maior estabilidade comparadas 
às formas farmacêuticas líquidas. 
125
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Os objetivos do controlede qualidade das formas farmacêuticas 
sólidas devem atender às especificações previamente estabelecidas, a 
fim de garantir a qualidade, a segurança e a eficácia do produto, o que 
consequentemente influenciará na biodisponibilidade do fármaco. Entre os 
ensaios físicos aplicados a amostras sólidas, destacam-se a granulometria e 
determinação do ângulo de repouso, ambos aplicados a matérias-primas e 
a produtos acabados dependendo da forma farmacêutica. 
Considerados propriedades tecnológicas fundamentais à produção 
farmacêutica, são comumente realizados nas fases de desenvolvimento de 
produtos e controle de processos. Em relação aos produtos acabados, os ensaios 
físicos são variados e estão relacionados com a estabilidade e uniformidade 
do produto, além de influenciar na biodisponibilidade do produto. 
126
Unidade II
 Exercícios
Questão 1. Examine o gráfico da figura a seguir.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000
Número de onda (cm-1)
Tr
an
sm
itâ
nc
ia
Impressão digital
1
2
3
4
5 6
7
8 9
10
Figura 46 – Espectro de FTIR da clorofila e suas respectivas zonas
Fonte: Lins et al. (2016, p. 4).
Com base nas informações dadas e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas:
I – O gráfico é o resultado de um ensaio analítico de identificação.
II – O gráfico é um resultado que determina o índice de refração de uma substância tida como 
matéria-prima.
III – A zona indicada como impressão digital possui muitas bandas de absorção (3 a 10) e não 
confirma a identidade da substância, no caso, a clorofila. A identificação é dada pelas bandas 1 e 2, que 
são exclusivas dessa substância.
127
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Assinale a alternativa correta:
A) Apenas a afirmativa I é correta.
B) Apenas a afirmativa III é correta.
C) Apenas as afirmativas I e III são corretas.
D) Todas as afirmativas são corretas.
E) Nenhuma afirmativa é correta.
Resposta correta: alternativa A.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: analisando o gráfico, é possível ver algumas informações fundamentais. Por exemplo, a 
palavra transmitância no eixo Y, o número de onda no eixo X e a definição de uma zona do gráfico como 
sendo a zona de impressão digital permitem identificar o gráfico como resultado de determinação do 
espectro de absorção no infravermelho que, por sua vez, é um tipo de ensaio analítico de identificação.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: pelos elementos mencionados anteriormente, o gráfico é resultado da determinação 
do espectro de absorção no infravermelho e não de uma determinação do índice de refração. Nesse 
caso, o índice de refração é uma constante físico-química usada para identificar substâncias líquidas, 
como as gorduras e os açúcares.
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: em gráficos como o dado no enunciado, podem ser identificadas duas zonas (zona 
de impressão digital e zona de diagnósticos), que são complementares. A interpretação que se deve 
dar ao gráfico é oposta àquela apresentada na afirmativa. A zona de impressão digital é de bastante 
especificidade e pode ser considerada confirmatória para a identificação de uma matéria-prima.
128
Unidade II
Questão 2. Observe atentamente as figuras a seguir:
Grande
∅20,5 cm Média∅13 cm Pequena∅7,5 cmA) B)
Figura 47 
A) Disponível em: https://cutt.ly/zDQCjOA. Acesso em: 27 jan. 2022.
B) Disponível em: https://cutt.ly/qDQCHwu. Acesso em: 27 jan. 2022.
Os equipamentos apresentados são utilizados em conjunto para a realização de um procedimento 
para definir o teor do princípio ativo em determinadas formas farmacêuticas com IFA (insumos 
farmacêuticos ativos). Essa definição é fundamental para estabelecer e garantir a quantidade do 
princípio ativo presente no produto em relação ao teor declarado no rótulo. Sendo assim, assinale a 
alternativa que apresenta o nome do procedimento diretamente ligado a esses equipamentos:
A) Método do funil para teste do ângulo de repouso.
B) Cromatografia a gás.
C) Cromatografia líquida de alta eficiência.
D) Espectrofotometria no ultravioleta visível.
E) Granulometria.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: o método do funil não usa os equipamentos apresentados nas figuras. Esse método 
usa um funil preso a um suporte que permite estabilizar a sua menor abertura a determinada altura, 
sobre uma superfície horizontal plana com marcação milimetrada. Uma porção de pó ou de granulado 
129
CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS
é despejada no funil, formando uma pilha na qual possa ser medido o ângulo de repouso formado 
pelo material.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: esse método aplica-se a compostos que são voláteis ou que podem ser volatilizados. 
Necessita de um complexo sistema de cromatografia composto por reservatórios, bombas de alta 
pressão, injetor, coluna cromatográfica, sistema detector e um integrador que faz a interface de todas 
essas partes com um computador.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: esse método utiliza um sistema de cromatografia similar ao descrito anteriormente, 
com algumas diferenças (por exemplo, detector), haja vista que o que se pretende medir difere entre 
os dois métodos.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: esse método usa um espectrofotômetro e cubetas para colocar as soluções que se 
pretende analisar. Trabalha com a interação entre a energia eletromagnética e a solução de interesse, 
baseado no fato de que a quantidade dessa energia absorvida está relacionada com a concentração 
da solução.
E) Alternativa correta.
Justificativa: a granulometria é usada com partículas sólidas e tem a função de estimar a distribuição 
total de tamanho dessas partículas. As tamises são peneiras com malhas definidas por onde as partículas 
sólidas passarão ou ficarão retidas, dependendo do tamanho e da relação à malha da peneira. Essas 
tamises são empilhadas e acopladas a um agitador que fornece as vibrações necessárias para que as 
partículas se movimentem entre as tamises.

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