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Indaial – 2022
RuRal
Prof. Antônio Moreira Barroso Neto
Prof.ª Nathalia Thayna Farias Cavalcanti
1a Edição
ExtEnsão E ComuniCação
Impresso por:
Copyright © UNIASSELVI 2022
Elaboração:
Prof. Antônio Moreira Barroso Neto
Prof.ª Nathalia Thayna Farias Cavalcanti
Revisão, Diagramação e Produção:
 Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
N469e
Neto, Antônio Moreira Barroso
Extensão e comunicação rural. / Antônio Moreira Barroso Neto; 
Nathalia Thayna Farias Cavalcanti. – Indaial: UNIASSELVI, 2022.
137 p.; il.
ISBN 978-85-515-0499-4
1. Extensão rural. – Brasil I. Cavalcanti, Nathalia Thayna Farias. II. 
Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 630
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Extensão e comunicação 
rural. Sabemos a importância do agronegócio para o nosso país, no âmbito da agricultura 
patronal ou familiar. Vemos que esse setor é responsável pela geração de riquezas para 
o Brasil e, sem dúvida, para cada família que compõe a atividade agropecuária. Nesse 
contexto, levar informações para o campo de forma assertiva é papel fundamental do 
técnico, sendo ele o facilitador do processo de aprendizagem no campo. Dessa forma, 
a extensão rural é o elo entre a pesquisa científica e o agricultor. Nesse processo – 
por vivermos em uma sociedade da informação, em meio a constantes mudanças e 
avanços na ciência e tecnologia –, a comunicação ocupa um espaço de crescimento 
contínuo e ajuda a disseminar a informação, pelo uso de ferramentas que auxiliam no 
processo participativo de mudança no campo. 
Como veremos, os conceitos práticos da comunicação no Brasil estão 
vinculados ao processo evolutivo da extensão rural no país. O desenvolvimento rural 
e a comunicação estão, portanto, interligados, tendo em vista que a comunicação é 
utilizada pelos agricultores para tomada de decisão sobre como produzir; pelo Estado 
para definição das políticas agrárias; e pelas empresas para basear suas decisões e 
fluxos para compra de determinado insumo ou equipamento. Então, a comunicação é o 
processo norteador para uma extensão rural efetiva e participativa. 
Por meio de leitura, mediação, dialogicidade e dicas práticas em relação ao assunto, 
será possível aproximá-lo mais do que vem a ser a extensão e comunicação rural.
Para que isso se torne possível, os conteúdos estão distribuídos em três 
unidades, subdivididas em tópicos e subtópicos. Cada tópico abordará algumas questões 
fundamentais para a compreensão do nosso tema: extensão e comunicação rural. Ao 
final de cada tópico haverá um resumo, que o auxiliará na aquisição do conhecimento, e 
a autoatividade, elaborada a fim de que você possa verificar o seu aprendizado.
Na Unidade 1, apresentaremos o conceito e o valor da comunicação na extensão 
rural do Brasil. Traremos para discussão a contextualização da realidade rural brasileira, 
mostrando como a extensão rural tem papel fundamental no desenvolvimento do 
setor agropecuário. Serão apresentadas as principais fases históricas da extensão e 
comunicação rural no Brasil e sua organização durante os anos como política pública 
para o desenvolvimento da agropecuária brasileira. 
Na Unidade 2, continuaremos focando o tema nos princípios da comunicação 
e difusão de inovações no meio rural. Apresentaremos a comunicação no processo de 
transformação rural, com as diferentes fases do processo de comunicação que auxiliam 
na formação da comunicação para difusão de novas tecnologias. Aprenderemos os 
diferentes métodos de extensão para comunicação participativa e aprendizado dialógico. 
APRESENTAÇÃO
GIO
Você lembra dos UNIs?
Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas 
vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico 
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará 
você a entender melhor o que são essas informações 
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura 
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará 
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que 
complementam o assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os 
acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir 
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual 
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a 
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que 
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados 
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo 
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada 
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo 
o espaço da página – o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por 
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto 
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este 
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a 
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, 
tablet ou computador. 
Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo 
layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual 
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de 
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os 
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, 
possa continuar os seus estudos com um material atualizado 
e de qualidade.
E, para finalizar, na Unidade 3, abordaremos as principais metodologias 
participativas e os processos de mobilização da comunidade rural, com foco nas ações 
dinamizadoras e nas tecnologias que auxiliam no processo de comunicação. 
Bons estudos!
Prof. Antônio Moreira Barroso Neto.
Prof.ª Nathalia Thayna Farias Cavalcanti
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a 
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo 
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse 
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade 
para aprimorar os seus estudos.
QR CODE
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - COMUNICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E MOBILIZAÇÃO NO 
 DESENVOLVIMENTO RURAL ........................................................................... 1
TÓPICO 1 - IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E EXTENSÃO RURAL NA 
 FORMAÇÃO PROFISSIONAL ...............................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA REALIDADE RURAL BRASILEIRA ...........................................4
3 IMPORTÂNCIA DA EXTENSÃO RURAL ...............................................................................9
4 POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIATÉCNICA E EXTENSÃO RURAL (PNATER) ......11
RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 15
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 16
TÓPICO 2 - ORIGEM DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL .................................................... 19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 19
2 COMUNICAÇÃO RURAL NO BRASIL: HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO ....................... 20
3 FASES DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL...................................................................... 22
4 ORGANIZAÇÕES DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL ..............................27
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 30
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 31
TÓPICO 3 - O VALOR DA COMUNICAÇÃO NA EXTENSÃO RURAL .................................... 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 33
2 SURGIMENTO DOS ESTUDOS DA COMUNICAÇÃO RURAL NO BRASIL ........................ 33
3 COMUNICAÇÃO E O PROBLEMA DE DIFUSÃO DE TECNOLOGIA .................................. 34
4 COMUNICAÇÃO E OS DIFERENTES ENFOQUES DA EXTENSÃO RURAL ...................... 35
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................37
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 40
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 42
UNIDADE 2 — PRINCÍPIOS DA COMUNICAÇÃO E DIFUSÃO DE INOVAÇÕES ................... 45
TÓPICO 1 — ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ...........47
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................47
2 FUNÇÕES DA COMUNICAÇÃO ..........................................................................................47
3 FORMAS DA COMUNICAÇÃO ........................................................................................... 50
4 COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ............................................. 53
RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................57
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 58
TÓPICO 2 - A COMUNICAÇÃO E A REALIDADE RURAL ...................................................... 61
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 61
2 O PAPEL DO COMUNICADOR RURAL ............................................................................... 61
3 PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO RURAL........................................................................ 64
4 O FUTURO DA COMUNICAÇÃO RURAL ............................................................................67
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 69
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................70
TÓPICO 3 - COMUNICAÇÃO E DIFUSÃO DE INOVAÇÕES ...................................................73
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................73
2 A TEORIA DA DIFUSÃO E ADOÇÃO DE INOVAÇÕES E SUA APLICAÇÃO ........................73
3 MÉTODOS DE EXTENSÃO RURAL E COMUNICAÇÃO RURAL .........................................76
3.1 INDIVIDUAIS ......................................................................................................................................... 76
3.2 GRUPAIS .............................................................................................................................................. 77
3.3 MASSAIS ..............................................................................................................................................78
4 POTENCIALIDADES E LIMITES DA AÇÃO DIFUSIONISTA NA PROMOÇÃO 
 DO DESENVOLVIMENTO RURAL.......................................................................................79
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................81
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 84
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 85
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................87
UNIDADE 3 — METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS DE CAPACITAÇÃO E 
 MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE RURAL .................................................... 91
TÓPICO 1 — O PAPEL DOS MÉTODOS PARTICIPATIVOS NO PROCESSO 
 DE PARTICIPAÇÃO POPULAR ........................................................................ 93
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 93
2 MODELO DIFUSIONISTA E PARTICIPATIVO: POTENCIALIDADES E LIMITES ............... 93
3 PRINCÍPIO METODOLÓGICO DO ENFOQUE PARTICIPATIVO ..........................................96
4 OS NÍVEIS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR ....................................................................... 98
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 101
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................102
TÓPICO 2 - AÇÕES DINAMIZADORAS NO ENFOQUE PARTICIPATIVO ............................105
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................105
2 TÉCNICAS DE MODERAÇÃO PARA TRABALHO COM GRUPOS ....................................105
3 TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO..............................................................107
4 TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA .......... 115
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 118
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 119
TÓPICO 3 - NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO APLICADAS À EXTENSÃO RURAL ....... 121
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 121
2 EVOLUÇÃO RECENTE DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO ...................................... 121
3 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO PARA UMA COMUNICAÇÃO
 PARTICIPATIVA ..............................................................................................................123
4 NOVAS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO: EVOLUÇÃO X POTENCIALIDADES .........126
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................128
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................130
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................131
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................133
1
UNIDADE 1 - 
COMUNICAÇÃO, CAPACITAÇÃO 
E MOBILIZAÇÃO NO 
DESENVOLVIMENTO RURAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender os fundamentos teóricos da extensão rural;
• familiarizar-se com o propósito essencial do processo educativo para a extensão rural;
• entender como surgiu a extensão rural no Brasil;
• compreender a evolução da Ater desde o seu início;
• identificar a filosofia que orienta a Ater.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E EXTENSÃO RURAL NA FORMAÇÃO
PROFISSIONAL 
TÓPICO 2 – ORIGEM DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL 
TÓPICO 3 – O VALOR DA COMUNICAÇÃO NA EXTENSÃO RURAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E EXTENSÃO 
RURAL NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
1 INTRODUÇÃO
Para iniciar nosso estudo, alguns questionamentos são pertinentes. Qual é a 
realidade rural brasileira? O que é a extensão rural? Qual é a sua importância para o país? 
Como a comunicação está vinculada a esse processo “rural”?
Para que possamos compreender e refletir sobre essas questões e todos os 
aspectos inerentes à comunicação e extensão rural, é necessário conhecer a realidade 
brasileira com base nas questões sociais e econômicas que permeiam o meio rural. 
Sabemos que o Brasil é um país de muitos contrastes quando nos referimos ao 
meio rural, com concentração de renda nas mãos de poucos grandes produtores 
que compõem esse cenário. Além disso, verificamos que o emprego tecnológico nas 
propriedades rurais brasileiras é diferente em todos os aspectos quando comparamos 
pequenos e grandes produtores. Essa realidade se deve às diferentes formas de acesso 
à informação que garantem a aplicação de técnicas mais sofisticadas. 
Nesse processo de acesso à informação, a comunicação é um fator fundamental 
para alcançar o desenvolvimento na produção agropecuária, sendo a extensão rural 
um elo importante para a inovação no meio rural. Sua função é conectar os resultados 
das pesquisas com a aplicação dos novos conhecimentos e tecnologias por parte dos 
produtores rurais. Dessa forma, a extensão rural, disponibiliza conhecimentos para que 
os agricultores sejam capazes de aprimorar suas práticas de produção. 
Nesse processo de aprimoramento da produção, o desenvolvimento rural e 
a comunicação estão interligados, dentro dos diferentes modelos de comunicação. 
Assim, a comunicação pode ser utilizada como veículo de mudança social, superando 
as contradições presentes na estrutura social. Assim, como um processo social, a 
comunicação implica na transferência de tecnologia e de conhecimento técnico entre 
instituições e unidades produtivas.
Acadêmico, buscando responder a esses questionamentos, no Tópico 1, 
abordaremos a Contextualização da realidade rural brasileira; a Importância da extensão 
rural e a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER).
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
4
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA REALIDADE RURAL 
BRASILEIRA
A fim de compreendermos a importância da extensão rural e do processo de comu-
nicação para mudanças no campo, precisamos entender o cenário do meio rural brasileiro. 
Segundo dados do Censo agropecuário de 2017, o meio rural brasileiro é composto 
por 5.073.324 estabelecimentos, perfazendo uma área total de 351.289.816 hectares. 
Quanto à utilização das terras, 45% da área total dos estabelecimentos rurais são 
compostos por pastagem, 29% por floresta, 18% por lavoura e 8% por outras finalidades. 
Isso demonstra a diversidade de produtores e de culturas agropecuárias exploradas no 
extenso território brasileiro, um grande desafio para a extensão rural (IBGE, 2019).
De acordo com dados do Censo demográfico de 2010 (IBGE, 2010, [s. p.]), a maior 
parte da população brasileira, 84,36%, vive em áreas urbanas. Já 15,64% dos brasileiros vivem 
em áreas rurais; as regiões com maiores percentagens de pessoas habitando a zona rural são 
a Região Nordeste (26,87%) e a Região Norte (26,47%), como apresentado na Tabela 1. 
TABELA 1 – CENSO DEMOGRÁFICO 2010 – POPULAÇÃO URBANA E RURAL
FONTE: Adaptada de IBGE (2010, [s. p.]).
Censo Demográfico 2010 - População urbana e rural
Urbana % Rural % Total
BRASIL 160.925.792 84,36 29.830.007 15,64 190.755.799
Região Norte 11.664.509 73,53 4.199.945 26,47 15.864.454
Região Nordeste 38.821.246 73,13 14.260.704 26,87 53.081.950
Região Sudeste 74.696.178 92,95 5.668.232 7,05 80.364.410
Região Sul 23.260.896 84,93 4.125.995 15,07 27.386.891
Região Centro - Oeste 12.482.963 88,80 1.575.131 11,2 14.058.094
A redução da população rural no Brasil se deu historicamente a partir das 
décadas de 1970 e 1980 com o intenso processo de êxodo rural, como apresentado na 
figura 1. Entre os principais motivos dessa redução está a mecanização da produção 
agrícola (devido ao momento de investimento e crescimento na agricultura patronal 
na região Centro-Oeste), que ocasionou o deslocamento de trabalhadores do campo 
para as cidades em busca de oportunidades de trabalho. Isso gerou um intenso 
processo de metropolização (população urbana ultrapassando os limites das cidades) 
e, consequentemente, um intenso processo de urbanização e desenvolvimento de 
grandes centros urbanos. Essa situação resultou em grandes impactos no meio rural, 
devido à redução de mão de obra e à perda da identidade rural brasileira. 
5
Que tal conhecer de forma mais aprofundada todos os problemas que 
permeiam o êxodo rural no Brasil? Ao estudar a importância da extensão 
rural no cenário do agronegócio brasileiro é interessante sabermos quais 
motivos contribuem para o êxodo rural. Alguns questionamentos precisam 
ser respondidos. Qual é o efeito da concentração da produção no êxodo 
rural? Qual é a influência do êxodo no crescimento das cidades? Para isso, 
recomendamos o artigo da Revista de Política Agrícola intitulado “Êxodo e sua 
Contribuição à Urbanização de 1950 a 2010”: https://bit.ly/3D8Eilr.
DICA
FIGURA 1 – DESENVOLVIMENTO DA POPULAÇÃO RURAL E URBANA
FONTE: O autor, baseado em IBGE (2010).
Segundo Alves, Souza e Marra (2011), a contribuição do êxodo rural foi expressiva 
de 1960 a 1980. No entanto, nos anos de 2000 a 2010, foi responsável por apenas 3,5% 
de toda a urbanização. Uma das principais causas apontadas para o êxodo rural é a 
concentração de produção. Em torno de 9,7% do total dos estabelecimentos contribuiu 
com 86,4% do valor bruto da produção. E 70,7% de todos os estabelecimentos foram 
responsáveis por apenas 3,4% daquele valor. Estima-se que 11 milhões de pessoas 
vivem em situação de pobreza, de acordo com o IBGE (2010).
Quanto à administração dos estabelecimentos no espaço rural brasileiro, este 
é formado por 81% de homens na administração e 18,7% de mulheres, o que mostra a 
baixa participação feminina no cenário rural brasileiro, como apresentado na Figura 2. 
6
FIGURA 2 – SEXO NA ADMINISTRAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS RURAIS (2017)
FIGURA 3 – CLASSES DE IDADE DO PRODUTOR (2017)
FONTE: IBGE (2019, [s. p..]).
FONTE: IBGE (2019, [s. p.]).
Quando nos referimos à idade dos produtores, percebemos que a maior parte 
dos produtores estão entre 35 e 64 anos, tanto do sexo masculino como feminino, como 
apresentado na Figura 3. 
Quanto à renda bruta per capita do meio rural brasileiro, percebemos que 
o Brasil é um país de contrastes, apresentando uma renda bruta per capita muito 
variada, com concentração de renda nas mãos de poucos produtores que têm 
acesso à informação e à tecnologia. Isso pode ser constatado pelas informações de 
escolaridade da comunidaderural. 
7
FIGURA 4 – NÍVEL DE INSTRUÇÃO DO PRODUTOR (2017)
FONTE: IBGE (2019 [s. p.]).
Você conhece a sigla IBGE? Sabe seu significado? Precisamos conhecê-la 
para entender melhor o nosso conteúdo. IBGE é o Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística, uma instituição pública da administração federal 
brasileira criada em 1934 e instalada em 1936 com o nome de Instituto 
Nacional de Estatística. Seu fundador e grande incentivador foi o estatístico 
Mário Augusto Teixeira de Freitas. O nome atual data de 1938 e a sede do 
IBGE está localizada na cidade do Rio de Janeiro.
NOTA
Ao falarmos em desenvolvimento no campo, um dos principais entraves é a 
baixa escolaridade. Segundo dados do Censo agropecuário de 2017 (IBGE, 2019), cerca 
de 66% frequentaram até o ensino fundamental e apenas 2% têm ensino superior. 
No entanto, esse fator tem sofrido mudanças nos últimos anos: a baixa escolaridade 
vem caindo de 75% para 70% para produtores rurais com apenas ensino fundamental 
incompleto. Há também melhorias nos percentuais de produtores com fundamental 
completo, ensino médio completo e com curso superior, como mostra a Figura 4. Os 
resultados mostram que os produtores estão tendo mais acesso à informação, o que 
pode auxiliar no desenvolvimento do meio rural. 
Percebemos que diversos fatores contribuem para uma redução da população 
rural e queda nos índices de produção no campo, inviabilizando a atividade. Dentre 
esses fatores, a falta de informação para um desenvolvimento econômico e social é o 
principal. A pouca renda gerada, a vida nada fácil no campo e o pouco lazer são fatores 
que levam ao desestímulo do produtor rural pelo campo. Devido à falta de informações 
8
técnicas e de novas tecnologias, os resultados econômicos ficam escassos, o que acaba 
por competir com os atrativos das zonas urbanas. De acordo com o Censo agropecuário 
de 2017, 82,6% dos produtores rurais possuem remuneração menor do que 2,0 salários-
mínimos mensais; 12% entre 2,0 e 5,0 salários e somente 5% conseguem obter renda 
superior a 5,0 salários-mínimos mensais (IBGE, 2019).
Você sabe o que é o Censo Agropecuário? O censo agropecuário é uma 
das variedades de censos realizados no Brasil e que, de modo específico, 
investiga as informações sobre os estabelecimentos agropecuários brasileiros 
e as atividades agropecuárias neles desenvolvidas. O primeiro Censo 
Agropecuário foi realizado no ano de 1920, como parte do recenseamento 
geral. Na década de 1930, no entanto, o censo não ocorreu devido à 
instabilidade política do país. Nas décadas seguintes, até 1970, foi realizado 
em intervalos de dez anos, posteriormente sendo realizado em intervalos 
de cinco anos. Para saber mais e verificar os resultados do último censo, 
recomendamos o site oficial: https://bit.ly/3NflghY.
DICA
Para que possamos entender o ambiente rural brasileiro, é interessante 
compreendermos como as novas tecnologias da informação estão entrando nas casas 
dos produtores. Dentre as principais tecnologias que podemos citar, temos a internet. O 
crescimento mais acelerado da utilização da internet nos domicílios da área rural contribuiu 
para reduzir a grande diferença em relação à área urbana. De 2018 para 2019, o percentual 
de domicílios em que a internet era utilizada passou de 83,8% para 86,7%, em área urbana; 
e aumentou de 49,2% para 55,6%, em área rural (IBGE, 2019). Milanez et al. (2020) afirmam 
que a conectividade à internet é um fator fundamental para o desenvolvimento da atividade 
agropecuária, pois possibilita elevação da produtividade, redução de custos e consequente 
incremento de competitividade devido ao acesso a informações que ajudam nas atividades 
diárias no campo. Dessa forma, o negócio rural poderá ir além da porteira. 
9
FIGURA 5 – DOMICÍLIOS COM ACESSO À INTERNET (2019)
FONTE: IBGE (2019, p. 6).
Todas as situações apresentadas são alavancadas devido à falta de ações fortes 
para o desenvolvimento do produtor rural e promoção social da família, o que leva ao 
empobrecimento do produtor, mostrando que se faz necessária uma assistência técnica 
especializada que possa levar informações e mudança nos aspectos socioeconômicos. 
3 IMPORTÂNCIA DA EXTENSÃO RURAL
Como vimos no tópico anterior, a realidade rural brasileira apresenta uma série de 
entraves que podem comprometer o progresso do setor agropecuário. Dos principais pontos 
observados, temos a redução da população rural e a baixa escolaridade no campo. Ao associar 
tais pontos com a pouca tecnologia e o baixo acesso à informação, temos um cenário caótico 
no que tange à aplicação de práticas mais avançadas e sustentáveis de produção. Dessa 
forma, faz-se necessário um ambiente que proporcione o fornecimento de comunicação de 
forma assertiva para melhoria do ambiente rural. Para essa mudança no campo, a extensão 
rural é um fator fundamental como elo entre o produtor rural e as novas tecnologias que lhe 
proporcionem melhores rendimentos, maiores lucros e melhoria nas condições sociais. 
Antes de falarmos como a extensão rural se aplica nesse panorama, é preciso 
sabermos o que é a extensão rural. Primeiro, devemos compreender que o termo 
extensão rural não é autoexplicativo, apresentando diferentes definições a depender 
da óptica do leitor. Assim, o termo extensão rural pode ser conceituado de três formas 
diferentes: como processo, como instituição e como política.
10
Segundo Peixoto (2008), a extensão rural pode ser compreendida como 
processo, em sentido literal, o ato de estender, levando conhecimentos de uma fonte 
geradora para o receptor final, o produtor rural. Contudo, como processo, em um sentido 
amplo, atualmente, extensão rural pode ser entendida como um processo educativo de 
comunicação de qualquer natureza, técnica ou não.
Segundo Peixoto (2008), a extensão ainda pode ter uma definição como 
instituição, quando ela desempenha um papel nos estados para o processo de 
desenvolvimento de pequenos produtores. Dessa forma, há a referência às instituições 
estaduais que prestam o serviço de Ater, instituições, as quais veremos no próximo tópico. 
Por último, a extensão rural pode ter uma definição como política pública, 
nesse caso, referimo-nos às políticas de extensão rural, traçadas pelos governos (fede-
ral, estaduais ou municipais) ao longo do tempo, que podem ser executadas por institui-
ções públicas e privadas. Essa definição será apresentada no subtópico adiante sobre a 
Política Nacional de Assistência Técnica.
Você conhece a diferença entre extensão rural e assistência técnica? Nos 
últimos anos, a sigla Ater – Assistência Técnica e Extensão Rural – vem sendo 
usada de forma ampla pelas organizações públicas e privadas como um 
termo genérico, dando a falsa impressão de que tais noções são sinônimas 
e intercambiáveis entre si. De forma muito clara, poder-se-ia dizer que o 
trabalho da extensão rural suplanta os limites da assistência técnica. Assim, 
enquanto a assistência técnica se volta a questões de ordem prática, como 
oferecer soluções e orientações pontuais, restritas à esfera tecnológica 
do estabelecimento rural, a extensão rural contempla objetivos de caráter 
social, espacial, ambiental e de longo prazo (CALDAS; ANJOS, 2021).
NOTA
Tomando por base os diversos aspectos da definição do que é extensão rural, 
podemos compreender a importância desta para o desenvolvimento do meio rural brasileiro. 
A extensão rural é um elo importante da cadeia de inovação na agropecuária. Segundo 
Alves, Santana e Contini (2016), a extensão rural tem sua importância por disponibilizar 
conhecimentos para que os agricultores constituam sua tecnologia de produção. No 
entanto, alguns questionamentos sobre a extensão rural precisam ser feitos dentro da 
definição da palavra extensão. Se extensão deriva do verbo estender que significa abranger 
ou levar, o que devemos levar? Para quem iremos levar? Por que vamos fazer isso?
Caldas e Anjos (2021) afirmam que esses questionamentos refletem a própria 
natureza de uma prática diretamenterelacionada às ciências agrárias, ambientais, 
humanas e sociais. Na perspectiva social e humana, se a extensão é somente levar 
alguma informação, tecnologia ou conhecimento a algum produtor, seguida de uma 
metodologia, outros questionamentos podem ser feitos. Esse produtor pediu essa nova 
11
tecnologia? A quem serve essa nova tecnologia? Como ela será disponibilizada? Quais 
são os benefícios? Será que a nova tecnologia é melhor que a situação atual? Há uma 
comunicação entre o produtor e o portador da nova tecnologia? Esses questionamentos 
são norteadores no processo de comunicação e extensão rural, pois darão uma visão 
ao futuro extensionista sobre como se comunicar com o produtor para que haja um 
intercâmbio de mão dupla entre os agentes da comunicação. 
Veremos mais sobre esses questionamentos nos próximos tópicos, 
compreendendo o fator comunicação no âmbito de uma extensão rural participativa 
para o processo de desenvolvimento rural. 
4 POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E 
EXTENSÃO RURAL (PNATER)
Nesse subtópico, veremos a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão 
Rural (PNATER), assim, será possível avaliarmos de forma mais detalhada a importância 
dessa política no que tange a extensão rural no Brasil e compreendermos como a 
extensão rural vista como política pública se aplica em prol de um desenvolvimento 
sustentável do meio rural. 
Antes de explicarmos a PNATER propriamente dita, devemos entender como 
a extensão rural como política pública se estabelece no Brasil, até que percebamos a 
importância de cada agente nessa política pública que busca levar desenvolvimento ao 
meio rural brasileiro. Para isso, precisamos nos situar nos principais instrumentos legais 
que definem os responsáveis pela assistência técnica e extensão rural. 
O principal instrumento legal que descreve a base para uma política agrícola no 
país é a Constituição de 1988 (BRASIL, 1988). Por meio dela é estabelecido que a política 
agrícola do país será construída de forma participativa entre os diferentes atores do 
meio “rural” brasileiro. De acordo com o artigo 187, da Constituição Federal:
 
Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da 
lei, com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo 
produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de 
comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em 
conta, especialmente:
I – os instrumentos creditícios e fiscais;
II – os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia 
de comercialização;
III – o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
IV – a assistência técnica e extensão rural;
V – o seguro agrícola;
VI – o cooperativismo;
VII – a eletrificação rural e irrigação;
VIII – a habitação para o trabalhador rural (BRASIL, 1988, grifo nosso).
12
Dessa forma, a Constituição já estabelece como será construída a política 
agrícola do país, levando em consideração a assistência técnica e extensão rural como 
uma de suas premissas-base. Percebemos, então, que, na Constituição brasileira, a 
extensão rural é um fator-chave para o desenvolvimento rural brasileiro. 
Outro instrumento legal, anterior à PNATER, que estabelece a construção de uma 
política agrícola com bases na assistência técnica e extensão rural é a Lei n. 8.171/1991 (BRASIL, 
1991), que dispõe sobre a política agrícola. Essa lei estabelece, em seu artigo 4º, as ações e os 
instrumentos da política agrícola, em que estão contempladas as seguintes ações:
I – planejamento agrícola;
II – pesquisa agrícola tecnológica;
III – assistência técnica e extensão rural;
IV – proteção do meio ambiente, conservação e recuperação dos 
recursos naturais;
V – defesa da agropecuária;
VI – informação agrícola;
VII – produção, comercialização, abastecimento e armazenagem;
VIII – associativismo e cooperativismo;
IX – formação profissional e educação rural;
X – investimentos públicos e privados;
XI – crédito rural;
XII – garantia da atividade agropecuária;
XIII – seguro agrícola;
XIV – tributação e incentivos fiscais;
XV – irrigação e drenagem;
XVI – habitação rural;
XVII – eletrificação rural;
XVIII – mecanização agrícola;
XIX – crédito fundiário (BRASIL, 1991, grifo nosso).
Após, compreendermos os dois instrumentos legais anteriores à PNATER 
e como eles estabeleceram as bases para sua estruturação, é o momento de nos 
aprofundarmos no principal instrumento legal que estabelece as políticas públicas para 
a assistência técnica e extensão rural. 
A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) foi instituída 
em 2010 pela Lei n. 12.188/2010 (BRASIL, 2010), sob a orientação do Programa Nacional de 
Assistência Técnica e Extensão Rural (PRONATER), alicerçada nos princípios do desenvolvimento 
sustentável, com a inclusão da diversidade de categorias e atividades da agricultura familiar. 
A Lei n. 12.188, de 11 de janeiro de 2010, institui a Política Nacional de 
Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), estabelecendo os princípios 
e objetivos dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) além 
de criar o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na 
Agricultura Familiar e na Reforma Agrária (PRONATER).
IMPORTANTE
13
A PNATER é um marco na extensão rural brasileira, pois estabelece as 
finalidades e ações de Assistência Técnica (Ater). A PNATER embasa sua finalidade na 
construção de processos capazes de contribuir para criação e execução de estratégias 
para o desenvolvimento sustentável. Seu princípio está centrado na expansão e 
no fortalecimento da agricultura familiar, por meio de metodologias educativas e 
participativas voltadas para soluções locais, que viabilizam condições para o exercício 
da cidadania e melhoria da qualidade de vida. 
Para isso, a PNATER deve seguir os seguintes princípios de acordo com a Lei n. 
12.188, de 11 de janeiro de 2010, em seu artigo 3º: 
 
I – desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização ade-
quada dos recursos naturais e com a preservação do meio ambiente; 
II – gratuidade, qualidade e acessibilidade aos serviços de 
assistência técnica e extensão rural; 
III – adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisci-
plinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da 
cidadania e a democratização da gestão da política pública; 
IV – adoção dos princípios da agricultura de base ecológica como 
enfoque preferencial para o desenvolvimento de sistemas de 
produção sustentáveis; 
V – equidade nas relações de gênero, geração, raça e etnia; e 
VI – contribuição para a segurança e soberania alimentar e nutricional. 
(BRASIL, 2010)
Na Lei n. 12.188, de 11 de janeiro de 2010, que cria a PNATER, a Assistência 
Técnica e Extensão Rural – ATER é definida como um serviço de educação 
não formal, de caráter continuado, que promove processos de gestão da 
produção, beneficiamento e comercialização das atividades e serviços 
agropecuários e não agropecuários, incluindo as atividades agroextrativistas, 
florestais e artesanais.
NOTA
Pela PNATER, houve um processo que vem revigorando a Ater, por meio de 
um trabalho em rede, com participação de instituições estaduais de Ater, movimentos 
sociais, organizações não governamentais, prefeituras, sindicatos, universidades 
e escolas técnicas, com uma visão local dos processos educacionais com efetivo 
controle da sociedade beneficiária. Dessa forma, organismos governamentais e não 
governamentais devem trabalhar de forma conjunta para o estabelecimento de visão 
holística do processo, englobando a segurança alimentar, unidades familiares e a busca 
por uma visão mais sustentável do desenvolvimento rural. 
14
Você sabe o que é a DAP? A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional 
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) é um cadastro utilizado para 
identificar e qualificar as Unidades Familiares de Produção Agrária (UFPA) da 
agricultura familiar e suas formas associativas organizadas em pessoas jurídicas.
A DAP é um cadastro que permite o acesso doagricultor familiar às políticas 
públicas de incentivo à produção e à geração de renda. O documento consta 
de dados pessoais do proprietário ou posseiro da terra, além de produtivos 
do imóvel rural e da renda da família. A DAP é um instrumento que permite 
ao agriculto acessar uma linha de crédito do Pronaf, auxiliando no custeio ou 
investimento de um empreendimento de cunho familiar (DECLARAÇÃO, 2019).
INTERESSANTE
Assim, a PNATER se estabelece como uma “ponte” entre uma matriz tecnológica 
e um novo processo para o desenvolvimento de estilos de agricultura mais sustentáveis, 
buscando uma transição progressiva para processos ecologicamente mais equilibrados 
com as relações naturais. Nesse sistema mais sustentável, busca-se um investimento 
sério e comprometido com a pesquisa, uma vez que o conhecimento deve ser mais 
dinamizado nos processos mais sustentáveis de produção. Esse processo relaciona-se 
com o resgate dos conhecimentos populares para uma inserção e aplicação de técnicas 
que pensem o local (WAGNER; SANTOS; VELA, 2011). 
15
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A redução da população rural no Brasil se deu historicamente a partir das décadas de 1970 
e 1980 com o intenso processo de êxodo rural. Entre os principais motivos que levaram 
à redução da população rural está a mecanização da produção agrícola que expulsou 
trabalhadores do campo para as cidades em busca de oportunidades de trabalho.
• O êxodo rural gerou um intenso processo de metropolização (população urbana 
ultrapassando os limites das cidades), intenso processo de urbanização e 
desenvolvimento de grandes centros urbanos e grandes impactos no meio rural, 
devido à redução de mão de obra e à perda da identidade rural brasileira.
• A extensão rural pode ser compreendida como processo – ato de estender, levar ou 
transmitir conhecimentos de uma fonte geradora ao receptor final, o público rural; 
como instituição – quando desempenha um papel nos estados para o processo de 
desenvolvimento de pequenos produtores –; e, como política pública – isto é, as 
políticas de extensão rural traçadas pelos governos (federal, estaduais ou municipais).
• Os princípios da PNATER são: I – desenvolvimento rural sustentável, compatível 
com a utilização adequada dos recursos naturais e com a preservação do meio 
ambiente; II – gratuidade, qualidade e acessibilidade aos serviços de assistência 
técnica e extensão rural; III – adoção de metodologia participativa, com enfoque 
multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da cidadania 
e a democratização da gestão da política pública; IV – adoção dos princípios da 
agricultura de base ecológica como enfoque preferencial para o desenvolvimento de 
sistemas de produção sustentáveis; V – equidade nas relações de gênero, geração, 
raça e etnia; e VI – contribuição para a segurança e soberania alimentar e nutricional.
RESUMO DO TÓPICO 1
16
1 Segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 
2010), a partir de 1970 observou-se um grande movimento migratório das populações 
da zona rural em direção aos centros urbanos. Sobre as razões desse êxodo rural tão 
elevado, assinale a alternativa CORRETA:
FONTE: IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (Brasil). Sinopse do Censo Demo-
gráfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3qy1VPw. Acesso em: 18 dez. 2021.
a) ( ) Condições como incentivo à migração por parte dos governantes dos grandes 
centros urbanos.
b) ( ) Condições de infraestrutura, como estradas, comunicação, saúde e educação.
c) ( ) Características relativas ao solo, relevo, clima, intensidade de chuvas e 
temperatura da região.
d) ( ) Condições de produção, como alta produtividade, mão de obra barata e acessível 
e boa gestão técnica.
2 As ações extensionistas estão registradas na história da Antiguidade, o termo teve origem 
na extensão praticada em universidades inglesas e se consolidou como uma forma ins-
titucionalizada com a participação de universidades americanas. Contemporaneamente, 
o termo extensão rural pode ser entendido de três formas diferentes: como processo, 
como instituição e como política. Com base no exposto, analise as sentenças a seguir:
I- A extensão rural pode ser definida como organização, uma vez que há diversas 
atividades realizadas por instituições federais como a Ater. 
II- A extensão rural significa instituição e pode ser definida como o ato de intervenção 
público como meio de redistribuição de renda.
III- A extensão rural, como processo, significa, em sentido literal, o ato de estender, levar 
ou transmitir conhecimentos da fonte geradora ao receptor final, o público rural.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3 A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar 
e Reforma Agrária (PNATER) é uma política pública voltada para a melhoria das 
condições de vida da população rural. Com base nos objetivos da PNATER, classifique 
V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
AUTOATIVIDADE
17
( ) Adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar 
e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão 
da política pública. 
( ) Assessorar as diversas fases das atividades econômicas, a gestão de negócios, 
sua organização, produção, inserção no mercado e abastecimento, observando as 
peculiaridades das diferentes cadeias produtivas.
( ) Desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização adequada dos 
recursos naturais e com a preservação do meio ambiente.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 As práticas extensionistas no meio rural foram institucionalizadas no país há mais 
de 50 anos. Atualmente, o tema da extensão rural está em constante discussão, no 
meio acadêmico, entre os formuladores de políticas públicas, e entre extensionistas. 
Há diversos estudos, no Brasil e no exterior, relacionados aos aspectos históricos, 
modelos e sistemas, metodologia de ação, formas de organização e casos diversos. 
Entretanto, aparentemente há carência de estudos sobre a regulação dessa atividade. 
Disserte sobre a importância da extensão rural no Brasil.
 
5 A Lei n. 12.188, de 11 de janeiro de 2010, instituiu a Política Nacional de Assistência 
Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária – PNATER e 
o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar 
e na Reforma Agrária – PRONATER. Nessa proposta, ficou estabelecida a prioridade 
na destinação dos recursos financeiros da PNATER para o apoio às entidades e aos 
órgãos públicos e oficiais de Assistência Técnica e Extensão Rural – Ater. Nesse 
contexto, disserte sobre os princípios que fundamentam essa lei.
18
19
ORIGEM DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Como vimos no tópico anterior, a extensão rural é a base para o desenvolvimento 
do meio rural. A Constituição de 1988 definiu que a extensão rural deve ser levada em 
consideração na construção da política agrícola do Brasil. 
Percebemos que o agronegócio brasileiro tem se estabelecido cada vez 
mais como líder no contexto internacional graças ao arsenal tecnológico e à gestão 
competente de seus agricultores. Isso tem levado ao surgimento de grandes empresas 
agrícolas, altamente tecnificadas. Por outro lado, esse crescimento não foi estabelecido 
no agronegócio brasileiro de forma igualitária pela grande maioria dos produtores rurais, 
os quais ficaram à mercê desse processo tecnológico para sua inserção no mercado. 
Nos últimos anos, o meio rural brasileiro foi marcado por grandes mudanças e trans-
formações, pois o produtor teve que se adequarem curto espaço de tempo a uma nova rea-
lidade, na qual a agricultura de subsistência deu lugar a uma agricultura tecnificada e conec-
tada com as metodologias de gestão. Dessa forma, o conhecimento se tornou uma “arma” 
fundamental para a continuidade da atividade agropecuária em seu pleno desenvolvimento. 
Esse avanço tornou-se mais relevante a partir da criação da Empresa Brasileira 
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 26 de abril de 1973. Mas, antes deste marco, 
a extensão rural já criava raízes em suas diferentes modalidades pelo Brasil, na busca 
da transformação da condição brasileira de importador para exportador de alimentos. 
Nesses diferentes processos, a extensão rural estruturou-se em diferentes aspectos 
socioeconômicos que foram sendo moldados até chegarmos ao modelo atual. 
Tendo em vista esses aspectos, as empresas rurais brasileiras estão buscando 
a profissionalização por meio da implementação dos processos de gestão. Em virtude 
dessa realidade, a comunicação tem ocupado um espaço cada vez mais decisório para 
o pleno desenvolvimento do ambiente rural brasileiro, tendo em vista as mudanças 
enfrentadas em um mundo cada vez mais tecnológico e pautado na informação. 
Assim, alguns questionamentos norteadores serão feitos neste tópico para uma 
melhor compreensão do estado atual da comunicação rural. Quais foram os precursores 
dessa comunicação no meio rural? Como ela foi estabelecida? Qual era e é sua finalidade? 
Como as relações entre difusor e receptor se estabelecem? 
Essas e outras questões nos permitirão compreender o desenvolvimento e as 
transformações da comunicação e extensão rural no Brasil. 
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
20
2 COMUNICAÇÃO RURAL NO BRASIL: HISTÓRIA E 
DESENVOLVIMENTO
Em uma perspectiva ampla, a comunicação pode ser vista como intercâmbio de 
mensagens para superar barreiras, por meio de uma influência mútua que supere contradições 
presentes na estrutura social. Dessa forma, a comunicação é o elo e, quando bem utilizada, 
poderá proporcionar mudanças no contexto social, levando ao desenvolvimento. 
Assim, a comunicação pode ser considerada um processo social e tem larga 
importância como uma ferramenta fundamental para o processo de extensão rural. Isso 
se deve ao fato de que a comunicação rural está interligada ao desenvolvimento rural, 
sendo utilizada pelos agricultores para tomada de decisões sobre a forma de produção. 
Tendo em vista sua importância, como a comunicação rural chegou ao Brasil? Como 
se fez como processo para o desenvolvimento rural? Quais são as fases da comunicação rural?
A comunicação rural no Brasil está vinculada à extensão rural, a qual se divide em 
três ciclos de desenvolvimento: humanismo assistencialista, difusionismo produtivista 
e humanismo crítico. 
A primeira fase da comunicação rural está situada entre 1948 e 1962 e se caracteriza 
como a fase do humanismo assistencialista. No Brasil, esse modelo ganha proporções 
a partir da década de 1950, ocorrendo simultaneamente com a origem da prática da 
extensão rural. O principal objetivo era difundir pacotes tecnológicos que pudessem 
levar à modernização das áreas rurais. O tripé norteador foi pesquisa, ensino e extensão. 
O modelo foi adaptado pelo Sistema Brasileiro de Extensão Rural para incrementar a 
produtividade agrícola e, como consequência, proporcionar melhor qualidade de vida às 
comunidades e às famílias pobres, por meio de estratégias puramente assistencialistas. 
Esse processo é marcado pelo pós-Segunda Guerra Mundial, com o fortalecimento 
dos Estados Unidos como potência mundial, assim influenciando os países para um processo 
de modernização agrícola, como um dos braços da reconstrução das estruturas globais pós-
guerra. Gonçalez (2007) afirma que nesse período surge a revolução verde, no âmbito da 
produção vegetal e animal, tendo como objetivo oferecer, aos países em desenvolvimento, 
avanços tecnológicos, como modernas técnicas de cultivo, utilização de fertilizantes químicos, 
defensivos agrícolas e pesquisas para seleção de sementes. Em todos esses aspectos, o 
objetivo era o aumento da produtividade para se fazer frente ao cenário de fome. 
De 1960 a 1980, surge a fase do difusionismo produtivista. Nessa fase, a comuni-
cação rural brasileira estava baseada, integralmente, no extensionismo, no funcionalismo e no 
difusionismo de inovações, aos moldes dos Estados Unidos. Esse modelo, apesar de alguns 
sucessos, não gerou bons resultados no Brasil como ocorreu em seu país de origem (Estados 
Unidos). Algumas particularidades da agropecuária brasileira não foram levadas em conside-
ração, pois careciam de uma comunicação mais participativa e dialógica. 
21
Nesse período, surge a metodologia pedagógica para extensão rural proposta 
pelo professor Seaman Knapp, o pai da metodologia de extensão na América do Norte. 
Nesta metodologia, o agente de extensão rural tinha a missão de ajudar os agricultores e 
ajudar a si próprio. Segundo ele, isso se concretizava no princípio de que o homem pode 
duvidar do que ouve, pode duvidar do que vê, só não pode duvidar do que faz. Assim, 
origina-se o princípio pedagógico do “aprender a fazer, fazendo”. Dessa forma, sempre 
é recomendável usar técnicas de demonstração de métodos ou resultados quando se 
pretende introduzir uma tecnologia. Não basta ao técnico conhecer as tecnologias se 
não souber como “repassá-las” para os produtores.
Você sabe o que é comunicação dialógica e difusionista? A comunicação dialógica é uma 
interação em que cada pessoa envolvida desempenha o papel de locutor e ouvinte. Em outras 
palavras, é uma comunicação onde todos têm a chance de se expressar. A compreensão 
mútua e a empatia são marcas da comunicação dialógica. Existe uma profunda preocupação e 
respeito pelo outro e pela relação entre eles nesse tipo de comunicação. 
A comunicação difusionista vem do termo difusionismo. Esse termo é empregado 
para designar várias linhas teórico-metodológicas, de orientação funcionalista, 
surgidas nos Estados Unidos. Essa forma de comunicação atende aos diversos 
segmentos sociais e às diversas modalidades de comunicação (administrativa, 
científica, governamental, mercadológica, social e para transferência de 
tecnologia). A comunicação difusionista pode ser agrupada em dois focos de 
atuação: a comunicação institucional e a comunicação mercadológica, ambas 
exercidas pelos profissionais de comunicação. Essa modalidade de comunicação 
tem como objetivo o apoio ao processo de transferência de tecnologias a toda a 
cadeia produtiva, coordenado pelos pesquisadores e técnicos (PEREIRA, 2013).
INTERESSANTE
A partir dos anos 1970, outro ponto chegou ao debate em torno da comunicação 
rural: começou-se a questionar o caráter unidirecional e persuasivo do modelo 
difusionista, colocando-se como alternativa uma comunicação com base no diálogo. 
Esse debate se estendeu até a década de 1980, com embates entre os apoiadores da 
comunicação difusionista e os da comunicação dialógica. É nesse momento que surge 
a fase do humanismo crítico.
Segundo Rogers (1995), o modelo difusionista é o processo pelo qual uma 
inovação tecnológica é comunicada para vários membros de um sistema social de 
forma profissional. Esse método de comunicação visa apenas transmitir a informação 
de cima para baixo para a população rural, tornando-a uma mera receptora das 
políticas governamentais para o desenvolvimento rural. Esse processo trata-se de 
uma comunicação persuasiva, na qual o agricultor e sua família não fazem parte da 
transformação da sua realidade. 
22
Para conhecer mais sobre a história do desenvolvimento da agropecuária 
brasileira e como houve a participação da extensão rural nesse 
processo, veja a plataforma da Embrapa: https://bit.ly/3qzLnXs. Explore 
o desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro, sua história e 
perspectivas futuras. Além disso, aproveite para conhecer os novos 
desafios que o extensionista terá que enfrentar no campo.
DICA
A partir dos anos 1990, o modelo de comunicaçãodialógica começou a se 
estabelecer com metodologias comunicativas de abordagem que tornavam o agricultor 
um agente do processo de comunicação. Esse novo modelo de comunicação tornou-
se mais forte na extensão rural prestada pelas ONGs em detrimento das organizações 
oficiais de assistência técnica e extensão rural, pois estas ainda estavam passando pelo 
processo de mudança dos meios de comunicação. 
Atualmente, o modelo empregado pelo governo federal para a comunicação e 
extensão rural no Brasil é embasado em ações educativas, com ênfase na pedagogia 
da prática, com apropriação coletiva do conhecimento. Essa comunicação participativa 
está destacada como princípio da PNATER, a qual estabelece que deve haver a adoção de 
metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural, 
buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão da política pública. 
3 FASES DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL
No subtópico anterior, apresentamos o histórico da comunicação rural no Brasil, 
vimos que a comunicação rural se confunde com a extensão rural, logo alguns pontos serão 
comuns para compreender este subtópico. Aqui, apresentaremos as fases da extensão rural 
de forma a complementar a compreensão do histórico da comunicação rural no Brasil, com 
foco nas instituições que auxiliaram o processo de estruturação da extensão rural no Brasil. 
Antes dos principais marcos da extensão rural no Brasil no pós-Segunda Guerra, 
o Brasil já se colocava como pioneiro para o fomento ao desenvolvimento da agricultura 
e exploração das terras, principalmente com a grande chegada de imigrantes europeus. 
Em meados do século XIX, o governo imperial do Brasil, na figura do imperador D. Pedro 
II já propunha alguns decretos para o fomento da extensão rural e políticas agrícolas, 
mesmo que de forma rudimentar (se comparado com o período atual). Em 1859 e 1860 
foram criados quatro institutos imperiais de agricultura que possuíam, principalmente, 
atribuições de pesquisa e ensino agropecuário, mas também de difusão de informações:
• Decreto nº. 2.500 de 1/11/1859 – criou o Imperial Instituto Baiano de Agricultura.
• Decreto nº. 2.516 de 22/12/1859 – criou o Imperial Instituto Pernambucano de Agricultura.
23
• Decreto nº. 2.521 de 20/1/1860 – criou o Imperial Instituto de Agricultura Sergipano.
• Decreto nº. 2.607 de 30/6/1860 – criou o Imperial Instituto Fluminense de Agricultura.
Os decretos que estabeleciam a criação dos institutos imperiais tinham como 
foco a realização de exposições, concursos e a publicação de periódicos com 
os resultados das pesquisas, estratégias essas que são métodos de extensão 
e meio de comunicação. Naquela época se estabelecia um serviço de extensão 
rural rudimentar, o qual tinha agricultores profissionais como modelo. Como 
exemplo, podemos citar o Decreto nº 2.681, de 3 de novembro de 1860: 
https://bit.ly/3D9Je9P, que criou Imperial Instituto Fluminense de Agricultura.
INTERESSANTE
Após o golpe militar republicano, as incipientes estruturas de políticas públicas e 
instituições de extensão rural que estavam se formando durante o Império do Brasil foram 
esvaziadas, sendo resgatadas apenas em 1906 pelo presidente Affonso Penna, com a re-
criação do Ministério dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio. A partir de 1910, o 
então presidente Nilo Peçanha regulamenta a criação do ensino agronômico que dá origem 
à Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, instalada no Distrito Federal (então no 
Rio de Janeiro). A partir desse momento são criadas as fazendas-modelo que eram apresen-
tação de áreas demonstrativas para auxiliar os agricultores no processo de extensão rural.
QUADRO 1 – DECRETOS PRESIDENCIAIS PARA CRIAÇÃO DE CAMPOS DE DEMONSTRAÇÃO E FAZENDAS MODELO
Decreto presidencial Objeto do decreto
Decreto n. 9.333 - de 17 de janeiro de 1912
Fazenda Modelo de Criação na fazenda de 
Santa Monica, município de Valença, estado 
do Rio de Janeiro
Decreto n. 9.613 - de 13 de junho de 1912
Campos de Demonstração na fazenda Alta-Mi-
ra, município da Villa do Conde, estado da Bahia
Decreto n. 9.868 - de 13 de novembro de 1912
Fazenda Modelo de Criação no município de 
Uberaba, estado de Minas Gerais
Decreto n. 10.075 - de 19 de fevereiro de 1913
Fazenda Modelo de Criação no município de 
Caxias, no estado do Maranhão
Decreto n. 11.875 - de 12 de janeiro de 1916
Fazenda Modelo de Criação na ilha de 
Marajó, estado do Pará
Decreto n. 11.876 - de 12 de janeiro de 1916
Fazenda Modelo de Criação no município de 
Ponta Grossa, estado do Paraná
Decreto n. 11.882 - de 12 de janeiro de 1916
Fazenda Modelo de Criação, no estado de 
Pernambuco
FONTE: Peixoto (2008, p. 15).
24
Após a Segunda Guerra Mundial, um novo modelo de extensão se estabelece 
aos moldes e influências estadunidenses. O principal marco para extensão rural no Brasil 
se inicia em 1948 com a parceria entre o governo do estado de São Paulo (na gestão de 
Ademar de Barros) e o então vice-presidente dos Estados Unidos, Nelson Rockefeller, 
membro de uma das famílias mais ricas do mundo com influências no campo político, 
empresarial, filantrópico e financeiro. O então vice-presidente acabara de fundar a 
Associação Internacional Americana (American International Association) destinada a 
ajudar o desenvolvimento econômico e social da América Latina. A proposta chegou ao 
Brasil pelo estado de São Paulo, com o apoio financeiro para fundar o primeiro Serviço 
de Extensão Rural institucional no Brasil, com o objetivo de contribuir para “elevar o nível 
de vida das famílias rurais”, mediante o aumento da produtividade agropecuária.
No entanto, a proposta não foi aceita pelo governador Ademar de Barros, tendo 
em vista que este não teria o poder de indicar o dirigente do programa de extensão rural 
que seria estruturado, cabendo à associação de Nelson Rockefeller indicar o dirigente 
que ficaria sob orientação de um nome americano. Por isso, o estado de São Paulo 
recusou ser o estado pioneiro de um serviço de extensão rural brasileiro. 
Com a recusa do estado de São Paulo, Nelson Rockefeller dirigiu-se ao estado de 
Minas Gerais na pessoa do então governador Milton Campos, o qual aceitou prontamente 
a proposta nas exigências americanas, e foi fundada a primeira instituição de extensão 
rural do Brasil. Nascia então a Associação de Crédito e Assistência Rural, a Acar, uma 
associação civil, sem fins lucrativos, de direito privado, incumbida de fundar e executar um 
Serviço de Extensão Rural destinado a “elevar o nível de vida das famílias rurais mineiras”.
Esse período é marcado pelo processo de comunicação humanista 
assistencialista, pois as iniciativas lideradas pelos extensionistas rurais voltavam-se 
tanto a questões de ordem técnica (agronômica) quanto à esfera doméstica. Enquanto 
agrônomos orientavam produtores sobre o uso dos insumos modernos, as extensionistas 
mulheres, formadas especialmente em pedagogia, economia doméstica, enfermagem 
etc., voltavam-se a aspectos ligados à puericultura (cuidado das crianças), melhoria das 
condições dos lares (água, construção de fossa séptica etc.), proteção de nascentes e 
acesso à água potável, combate a verminoses e doenças. 
Após as influências de Nelson Rockefeller e dos interesses americanos, 
foram criadas várias Acars pelo país, como apresentado no quadro abaixo. Devido à 
aproximação do então presidente Juscelino Kubitschek de Nelson Rockefeller, em 1956 
surge a Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (ABCAR).
QUADRO 2 – EVOLUÇÃO DO SISTEMA BRASILEIRO DE EXTENSÃO RURAL (1948-1974)
1948 ACAR-MG
1954 ANCAR (CE, PE, BA)
1955 ASCAR-RS, ANCAR (RN, PB) 
25
FONTE: Peixoto (2008, p.19).
1956 ABCAR, ACARESC
1957 ACAR-ES
1958 ACAR-RJ
1959 ACAR-GO, ACARPA
1962
transformação dos programas estaduais da ANCAR em associações 
autônomas, a primeira em SE
1963 ANCARS: autonomia de RN, AL, MA E BA
1964 ANCARS: autonomia de PE, PB e CE
1965 ACAR-Pará, ACAR-MT
1966 ANCAR-PI, ACAR-AM
1967ACAR-DF
1968 ACAR-AC
1971 ACAR-RO
1972 ACAR-RR
1974 ACAR-AP
Segundo Caldas e Anjos (2021), nesse período, as associações de extensão rural 
trabalhavam em prol do que veio a se chamar “crédito rural supervisionado”, por meio do 
qual o extensionista orientava o crédito de custeio e investimento em uma determinada 
atividade. Esse modelo encontrou algumas dificuldades na década de 1960, devido ao 
receio dos agentes financeiros em financiar pequenos e médios produtores, além da 
fraca capilaridade da rede bancária pelo país. 
Em meados da década de 1960, surge a fase difusionista produtivista, de 
1964 a 1989, considerada o auge da extensão rural brasileira. Essa fase é marcada pela 
institucionalização do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), que acontece em 1965, 
em pleno regime militar. Nessa época, as práticas extensionistas são direcionadas ao 
aumento de produção, aos moldes da Revolução Verde. Alguns pontos marcaram essa 
fase, como a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1973, 
e a criação da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater), em 
1975. Esse foi o período da implementação dos chamados “pacotes tecnológicos”, os quais 
eram desenvolvidos pelas pesquisas da Embrapa e difundidos pela Embrater por meio das 
Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) espalhadas pelo Brasil. Essa 
fase durou até final da década de 1980, quando houve a desestruturação das Emater 
pelo país, após o fechamento da Embrater na década de 1990. Muitos estados ficaram 
responsáveis pela assistência técnica, não havendo mais a figura central do governo 
federal que era feita pela Embrater. Dessa forma, muitas instituições foram esvaziadas ou 
fechadas, havendo o sucateamento da estrutura de Ater pelo país. 
26
FIGURA 6 – O SISTEMA DE PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL
FONTE: Caldas e Anjos (2021, p. 83).
Após a década de 1990, a extensão rural entra na fase de colapso, não havendo 
uma estruturação do sistema nacional de assistência técnica por parte do governo federal, 
apesar de a Constituição de 1988 colocar a assistência técnica como base para formação 
da política agrícola do país. Mesmo com o sucateamento do sistema de Ater público, 
em 1994 é criado o Provap (Programa de Valorização da Pequena Propriedade Rural) e 
dois anos depois é criado o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura 
Familiar), com objetivo de financiar o custeio e investimento de agricultores familiares.
Você sabe o que foi a Revolução Verde? A Revolução Verde, coordenada 
pelo engenheiro-agrônomo Norman Borlaug, passou a ser muito 
difundida depois da II Grande Guerra Mundial (1939-1945). Tratava-
se de um novo pacote tecnológico baseado em mecanização agrícola, 
agroquímicos (fertilizantes e defensivos) e sementes melhoradas. Essa 
inovação ficou conhecida por melhorar a produção agrícola e aumentar a 
produção de alimentos a partir das décadas de 1960 e 1970. Para saber 
mais, acesse: https://bit.ly/3usd1GO.
DICA
27
Somente nos anos 2000 há um resgate da Ater como política pública, pela 
aprovação, em 2004, da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural 
(PNATER), a qual estabelece que a extensão rural esteja voltada prioritariamente 
para agricultores familiares, assentados, quilombolas, pescadores artesanais e povos 
indígenas (como vimos no tópico anterior).
Em 2014, por intermédio do Decreto n. 8.252 é instituída a Agência Nacional de 
Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER), com intuito de auxiliar na coordenação 
de ações a nível nacional. 
4 ORGANIZAÇÕES DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E 
EXTENSÃO RURAL
Como estudamos no subtópico anterior (Fases da extensão rural no Brasil), a 
primeira instituição a se estabelecer foi a Associação de Crédito e Assistência Rural (Acar), 
que deu bases para criação da Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão 
Rural (Abcar). Em seguida (década de 1970), surgiam a Embrater e Ematers. Mas como estão 
as organizações que cuidam da assistência técnica hoje? Quais são os atores da Ater?
Após a descentralização do serviço de extensão rural, com o fim da Embrater, 
muitos estados extinguiram suas organizações de assistência técnica ou as 
reformularam. No reestabelecimento das Ater no Brasil, temos a Agência Nacional de 
Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER).
A Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER), pessoa 
jurídica de direito privado sem fins lucrativos, de interesse coletivo e de utilidade pública, 
foi instituída pelo Decreto n. 8.252, de 26 de maio de 2014 e estas são suas finalidades:
• Promover, estimular, coordenar e implementar programas de assistência técnica e exten-
são rural, com vistas à inovação tecnológica, com enfoque econômico, ambiental e social.
• Promover a integração do sistema de pesquisa agropecuária e do sistema de 
assistência técnica e extensão rural, levando as novas tecnologias para o campo.
• Apoiar a utilização de tecnologias sociais e os saberes tradicionais pelo público 
previsto no artigo 3° do Decreto n. 8.252, de 26 de maio de 2014.
• Credenciar e acreditar prestadoras (pessoas físicas e jurídicas) de serviços de 
assistência técnica e extensão rural.
• Promover capacitação continuada para a qualificação de profissionais de assistência 
técnica e extensão rural com foco no desenvolvimento rural sustentável.
• Contratar serviços de assistência técnica e extensão.
• Articular-se com os órgãos públicos e pessoas jurídicas de direito público e privado, 
para cumprimentos dos objetivos da extensão rural para o país.
• Colaborar e contribuir com os estados e municípios em prol da implantação e 
operação de mecanismo com objetivos afins aos da ANATER.
28
• Monitorar e avaliar os resultados da aplicação dos projetos de assistência técnica e 
extensão rural dos seus prestadores de serviços e conveniados.
• Contribuir para o fortalecimento e ampliação dos serviços de assistência técnica e extensão 
rural para o público previsto no artigo 3° do Decreto n. 8.252, de 26 de maio de 2014.
• Articular com os órgãos públicos estaduais de extensão rural a compatibilização, 
a atuação em cada unidade da federação, ampliando a cobertura da prestação de 
serviços aos agricultores.
Você conhece a história da ANATER e suas ações? Recomendamos este vídeo: 
https://bit.ly/3uomeA2. Além disso, recomendamos o site: https://www.anater.
org/. No site e no vídeo, você conhecerá um pouco sobre as ações da ANATER 
e sua história, além de conhecer as principais notícias sobre Ater no Brasil.
DICA
Além da ANATER, temos a Asbraer, uma associação de entidades de Ater 
formada por um conjunto de organizações de Ater estaduais que buscam ações 
conjuntas para fortalecimento de políticas públicas em prol da Ater estadual e nacional. 
As organizações estaduais associadas à Associação Brasileira das Entidades Estaduais 
de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer) estão representadas na Figura 7. 
FIGURA 7 – ENTIDADES PARTICIPANTES DO SISTEMA NACIONAL DE ATER
FONTE: ASBRAER ([2017]).
29
Na figura, percebemos a relevância da capilaridade dos sistemas de extensão 
rural estaduais que ainda estão presentes no país. Como apresentado na imagem, 
a maior parte das Emater foram fechadas ou mudaram de foco nos estados após a 
extinção da Embrater. Essa situação reflete a descentralização e a desestabilização do 
serviço de Ater no país na década de 1990. 
Você conhece a história da Asbraer e os principais dados estatísticos sobre 
Ater no Brasil e nos estados? Acesse a plataforma da Asbraer: https://bit.
ly/3Ld3yKo, e se aprofunde sobre a Ater no Brasil e sua atuação.
DICA
Segundo dados da Asbraer (2017), há mais de 12 mil extensionistas atendendo 
2.062.256 beneficiários espalhados nas cinco regiões brasileiras. Os estados com maior 
número de extensionistas são Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Ceará. Assim, 
vemos que o desenvolvimento do agronegócio nacional está atrelado às diferentespolíticas 
públicas federais, estaduais ou municipais que levam a assistência técnica e extensão rural 
aos diferentes cantos do Brasil através dos profissionais da assistência técnica. 
O termo agronegócio – também chamado de agribusiness ou agrobusi-
ness, foi idealizado por John Davis e Ray Goldberg em 1957. Para eles, 
setores que lidam com as atividades relacionadas à agricultura não podem 
ser considerados isoladamente, mas devem ser considerados correlacionados 
em um sistema econômico, o qual se denominou agronegócio. 
Dessa forma, agronegócio seria o conjunto de negócios relacionados à 
agricultura, estendendo-se à pecuária, dentro do ponto de vista das relações 
econômicas. Assim toda a cadeia produtiva e de suprimentos faz parte desse 
sistema que gera valor independentemente do tamanho do produtor. 
Portanto, o agronegócio pode ser compreendido como a soma total das 
operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações 
de produção na unidade de produção, do armazenamento, do processamento 
e da distribuição dos produtos agrícolas e dos itens produzidos por meio deles 
(DAVIS; GOLDBERG, 1957).
INTERESSANTE
30
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A comunicação rural no Brasil está vinculada à extensão rural, a qual se divide 
em três ciclos de desenvolvimento: humanismo assistencialista, difusionismo 
produtivista e humanismo crítico.
• A primeira fase da comunicação rural, de 1948 a 1962, caracteriza-se como a fase 
do humanismo assistencialista. Esse modelo de comunicação rural se inicia, no 
Brasil, no começo da década de 1950, ocorrendo simultaneamente com a origem da 
prática da extensão rural. O principal objetivo era difundir pacotes que pudessem 
levar à modernização tecnológica das áreas rurais. O tripé norteador foi pesquisa, 
ensino e extensão. O modelo foi adaptado pelo Sistema Brasileiro de Extensão Rural 
para incrementar a produtividade agrícola e, como consequência, proporcionar 
melhor qualidade de vida para comunidades e famílias pobres, por meio de um 
trabalho puramente assistencialista;
• A primeira instituição de extensão rural do Brasil foi a Associação de Crédito e Assistência 
Rural, a Acar, nascida em Minas Gerais em 1948, devido à influência de Nelson Rockefeller. 
Tratava-se de uma associação civil, sem fins lucrativos, de direito privado, incumbida 
de fundar e executar um Serviço de Extensão Rural, destinado a “elevar o nível de 
vida das famílias rurais mineiras”. Em 1955, houve a aproximação do então presidente 
Juscelino Kubitschek de Nelson Rockefeller, que culminou, em 1956, com o surgimento 
da Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Abcar).
• Após a descentralização do serviço de extensão rural, com o fim da Embrater, muitos 
estados extinguiram suas organizações de assistência técnica ou as reformularam. 
No reestabelecimento das Ater no Brasil, temos a Agência Nacional de Assistência 
Técnica e Extensão Rural (ANATER).
31
1 Segundo Olinger (1996), o desenvolvimento rural e a comunicação estão conectados. 
Isso ocorre porque a comunicação é usada pelos agricultores na tomada de decisões 
no que diz respeito à produção e à convivência. É também utilizada pelo Estado para 
definir suas medidas de política agrária e pelas empresas para basear suas decisões nas 
informações sobre necessidade de insumos e equipamentos e de disponibilidade de 
produtos para alimentação e agroindústria. De acordo com o modelo de comunicação 
sugerido por Bordenave (1983), assinale a alternativa CORRETA:
FONTE: OLINGER, G. Ascenção e decadência da extensão rural no Brasil. Florianópolis: EPAGRI, 1996. 
a) ( ) Considera que a escolha de um modelo de comunicação em um país deve levar em 
consideração a evolução política, social e financeira do local do país a ser alcançado.
b) ( ) Sugere que, com a introdução de tecnologias de informação no meio rural, a 
escolha de um modelo de comunicação depende de instrumentos políticos e 
ferramentas metodológicas.
c) ( ) Considera que a escolha de um modelo de comunicação em detrimento de outro 
ocorre conforme as prioridades determinadas pelo modelo de desenvolvimento 
adotado pelo país.
d) ( ) Sugere que as condições de organização dos agricultores, a política agrária e financeira 
são fundamentais para a adoção do modelo ideal de comunicação em um país.
2 A extensão rural no Brasil surgiu com o objetivo de superar o atraso na agricultura, 
servindo para que o homem rural entrasse em uma dinâmica de produzir mais, 
com melhor qualidade e maior rendimento. Tratava-se de um modelo com raízes 
“difusionistas”, que visava divulgar, impor ou estender um conceito, sem levar em 
conta as experiências e os objetivos das pessoas atendidas. Dentro desse processo 
difusionista, a extensão rural no brasil, passou por três fases de evolução. Considerando 
as características desse processo evolutivo, analise as sentenças a seguir:
I- Humanismo assistencialista: pequenos agricultores; família rural; orientação 
pedagógica baseada em “ensinar a fazer, fazendo”; cria grupos de agricultores e 
jovens rurais; estimula a organização e o associativismo rural autônomos.
II- Difusionismo crítico: pequenos e médios produtores; família rural; orientação 
pedagógica dialógica, problematizadora.
III- Humanismo produtivista: pequenos, médios e grandes produtores; família rural; 
orientação dialógica baseada em diálogos produtivos; estimula a população a formar 
pequenos grupos de produtores.
AUTOATIVIDADE
32
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentenças II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3 Dentro do sistema cooperativista, entende-se por Organizações Rurais os sindicatos 
(patronais e de trabalhadores) e as associações de produtores ou criadores. Pode-se 
citar como exemplo de serviço de Ater o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural 
(Senar). Esse serviço faz parte das organizações rurais sindicais, voltado à capacitação 
de mão de obra. De acordo com o estabelecido pela PNATER para as organizações 
prestadoras de serviço, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) As organizações rurais contratam seu próprio staff de extensão e proveem serviços 
gratuitos aos membros. 
( ) ONGs contratam staff técnico de serviços pagos financiados pelos agricultores.
( ) No setor privado, companhias privadas proveem alguns serviços de extensão com 
taxas gratuitas.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 A trajetória do serviço de extensão rural no Brasil engloba três momentos distintos 
quanto à orientação filosófica e ao modelo operacional predominantes em cada 
um deles, que são coerentes com as formas de intervenção do Estado e as 
macrodefinições políticas dos seus planos de desenvolvimento. Disserte sobre estes 
períodos, destacando as peculiaridades de cada um deles.
5 Observa-se diversidade de modelos de provisão e financiamento dos serviços de 
Ater. Nessa proposta, a relação entre os produtores e os consumidores se torna mais 
próxima, pois há uma modificação na atitude e uma maior atenção no aspecto relativo 
à qualidade e na forma de produção. Nesse contexto, disserte a respeito das opções 
para a provisão e financiamento de serviços pluralísticos de extensão, ressaltando a 
fonte de financiamento do serviço e o provedor.
33
TÓPICO 3 - 
O VALOR DA COMUNICAÇÃO NA EXTENSÃO 
RURAL
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, estudamos o histórico da comunicação rural e como esta se 
desenvolveu no país, identificamos três fases da comunicação rural que se entrelaçam 
com a história da extensão rural no Brasil, as quais são humanismo assistencialista, 
difusionismo produtivista e humanismo crítico.
Compreender o histórico da comunicação e como ela se desenvolveu no país 
é fator fundamentalpara entendermos o valor da comunicação na extensão rural. 
Para o extensionista, a comunicação é ferramenta fundamental para realização do seu 
trabalho, que é cooperar com ações em prol do desenvolvimento rural. Nesse processo de 
desenvolvimento, a comunicação se faz presente como ferramenta colaboradora para a 
estruturação das relações sociais entre agricultor e extensionista. Outro ponto relevante 
no processo de comunicação está no seu uso pelo Estado para compreensão da realidade 
do agricultor e na elaboração de política agrária que venha se adequar à realidade dos 
agricultores. Para as empresas, a comunicação tem valor na tomada de decisões sobre os 
critérios da compra de insumos e equipamentos para melhoria da produção.
Dessa forma, a escolha do modelo de comunicação é fator fundamental, tendo 
em vista que a comunicação é a ferramenta que determina o modelo de desenvolvimento 
agrícola que será adotado no país. Nesse processo, a comunicação tem seu valor, pois 
oportuniza a proximidade entre técnico e produtores rurais, por meio de uma relação de 
troca, na qual o técnico busca compreender as necessidades dos produtores. 
Acadêmico, para melhor compreensão do valor da comunicação, no Tópico 3, 
abordaremos de forma sucinta o foco dos estudos de comunicação rural que surgiram 
no Brasil, a comunicação dentro do processo de difusão de tecnologia e a comunicação 
nos diferentes enfoques da extensão rural. 
UNIDADE 1
2 SURGIMENTO DOS ESTUDOS DA COMUNICAÇÃO 
RURAL NO BRASIL 
 
Como vimos anteriormente, a comunicação rural no Brasil passou por um 
processo de educação persuasiva à comunicativa, com uma mudança na visão 
difusionista para uma visão mais dialógica do processo de comunicação. 
34
A comunicação rural surge no Brasil no período pós-segunda guerra com uma 
concepção baseada na difusão de tecnologias das zonas urbanas até o campo, dentro 
da premissa de reconstrução da economia global. 
No processo de estruturação da comunicação rural no Brasil, ela passa de uma 
visão apenas de informação em revistas e ações de campo para uma comunicação 
mercadológica no pós-guerra. Nesse período, há o caráter comercial do processo de 
comunicação. Isso se deve ao fato da formação do chamado “pacote tecnológico”, que 
levava ao produtor rural uma visão meramente mercadológica para atender aos anseios 
por uma revolução na agricultura. Dessa forma, fatores locais e identidades comunitárias 
começaram a ser perdidos dentro desse processo de comunicação. 
Apesar do grande sucesso nas décadas de 1970 e 1980 na extensão rural brasileira, 
a comunicação passou a ser trabalhada sem se compreender a realidade do produtor 
rural, não havendo o processo de troca que estabelecesse uma visão compartilhada nas 
decisões em busca do desenvolvimento econômico e social. Esse modo de comunicar 
foi sendo alterado pelos estudos e críticas que surgiram após a década de 1980, com 
um pensamento mais humanista e social do processo de comunicação, auxiliada na 
implementação e no sucesso da extensão rural. 
Assim, a construção teórica da comunicação rural pode ser separada em dois 
momentos: o difusionismo e a concepção dialógica.
No entanto, apesar da evolução ocorrida nos meios e instrumentos utilizados pela 
comunicação, sua concepção é praticamente a mesma desde sua origem até os dias 
atuais. A mensagem transmitida continua sendo direcionada e restrita para pequenos 
grupos, mesmo com revolução tecnológica que permite alcançar, simultaneamente, 
maior público e até muitos milhões de pessoas de todo o mundo, de uma só vez. Isso 
comprova a necessidade de uma mudança na estratégia de comunicação para que ela 
seja mais participativa na construção do ambiente rural (ALVES; VALENTE JÚNIOR; 2006).
3 COMUNICAÇÃO E O PROBLEMA DE DIFUSÃO DE 
TECNOLOGIA 
O que sinaliza para avanços socioeconômicos na vida dos produtores rurais em 
geral é o uso mais intensivo de tecnologia, muitas vezes necessária para os pequenos 
produtores, devido ao seu baixo nível de capacitação, que possa garantir uma boa 
produção e qualidade de vida. Dados dos censos agropecuários do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE), apontam que os maiores problemas de produção e renda 
na agricultura são observados, principalmente, nos grupos dos médios e pequenos 
produtores, tendo em vista sua baixa instrução e emprego de tecnologias. A aplicação 
de tecnologias por esses dois segmentos produtivos é limitada por inúmeros fatores, 
como acesso ao capital e à tecnologia (ALVES; SANTANA; CONTINI, 2016). 
35
Mas como a comunicação rural pode auxiliar nesse processo? Quais os principais 
problemas?
Por muito tempo, a comunicação rural passou a ser apenas um modelo de 
difusão de tecnologias, o que pode ter dificultado as ações de extensão no campo. 
Rogers (1995) afirma que esse modelo de comunicação se caracteriza pela busca por 
difusão de informações sem conhecer os processos que foram estruturantes de determinada 
sociedade e compreende quatro aspectos do processo de integração da inovação:
• Os atributos da inovação (positivos e/ou negativos) percebidos pelos potenciais usuários.
• As características do usuário que podem influenciar esse processo. 
• Os estágios do processo de decisão adoção.
• O estudo da taxa de adoção de uma inovação ao longo do tempo.
Esse modelo de comunicação, muito empregado na segunda fase da extensão rural no 
Brasil, trouxe alguns avanços, mas também deixou suas marcas de insucesso na construção do 
desenvolvimento agrícola do país, deixando marcados os principais problemas sociais. 
No entanto, Freire (1991) afirma que, apesar das críticas ao sistema de 
comunicação difusionista, a sociedade industrial gerou riquezas por meio do processo 
de implementação de novas tecnologias para altas produtividades. Para Freire (1991), 
a alta produtividade é fruto do progresso técnico por meio de seus componentes de 
inovação, per si, ou a primeira aplicação de alguns aspectos do conhecimento científico 
com sucesso econômico e adoção do melhor das práticas tecnológicas disponíveis. 
Dessa forma, os problemas da comunicação difusionista foram os ruídos de 
comunicação entre os sujeitos do processo comunicacional, muito devido à visão dos 
gestores da extensão rural como a formação dos extensionistas. Para obter sucesso 
e atingir os objetivos de uma comunicação fluida e participativa para construção e 
desenvolvimento de novas tecnologias para o campo, é preciso agregar o produtor rural 
nas decisões de implementação de novas técnicas e tecnologias, por uma comunicação 
participativa. Isso coloca o produtor rural no centro de decisões, tornando-o um “caçador” 
de melhorias de práticas técnicas para manutenção das capacidades e avaliação de 
informações que auxiliem no desenvolvimento rural.
4 COMUNICAÇÃO E OS DIFERENTES ENFOQUES DA 
EXTENSÃO RURAL 
Segundo Alves e Valente Júnior (2006), a comunicação pode apresentar enfoques 
bem diferenciados, atraindo a atenção de políticos, espectadores e estudiosos. No entanto, 
independente do seu enfoque, a comunicação tem uma importância fundamental dentro 
do processo social, por representar uma necessidade básica da pessoa humana. 
36
Com as novas questões econômicas, sociais e ambientais, a extensão e 
a comunicação rural vêm sofrendo mudanças com enfoques fundamentados na 
sustentabilidade e na condição social como premissas para o trabalho dos extensionistas. 
Dessa forma, a extensão rural vem passando por transformações auxiliadas por 
uma visão mais holística do processo e de uma comunicação mais humanista, a qual 
permite compreender a necessidade vigente no âmbito da sustentabilidade. Isso leva 
a uma reformulação do pensamento e das ações do extensionista e da aplicação das 
políticas públicas. Percebamos que o enfoque puramente mercadológico foi deixado de 
lado e agora prevalecem os enfoques social e ambiental. 
Nessa mudança, a agroecologia ganha espaço como uma nova visão de se pensar 
a extensão rural. Assim, a mudança do extensionistapassa de um enfoque químico-
mecânico para uma visão de resolução de questões do enfoque socioambiental. Assim, 
nasce o enfoque sustentável como uma resposta aos resultados destrutivos do modelo 
desenvolvimentista e das tecnologias, implantado depois da Segunda Guerra Mundial. 
Prezados acadêmicos, podemos concluir que a extensão rural tem importância 
fundamental no processo de comunicação de novas tecnologias, geradas pela pesquisa, 
e de conhecimentos diversos, essenciais ao desenvolvimento rural no sentido amplo, 
com visão econômica, social e ambiental.
37
O VALOR DA COMUNICAÇÃO NA EXTENSÃO RURAL
Antonio José de Oliveira
A Comunicação Social, na verdade, desperta, nos extensionistas, nos agricultores 
e nas famílias rurais assistidas, a consciência de que o trabalho de Extensão Rural não é, 
simplesmente, para quebrar a resistência do homem do campo, como que o obrigando 
a adotar práticas agropecuárias e gerenciais.
Não há necessidade de estudos aprofundados, para chegar-se à conclusão de 
que a Comunicação Social, no Serviço de Extensão Rural, além de um instrumento de 
divulgação e promoção, é peça importante e fundamental, quando da transferência de 
tecnologias agropecuárias e gerenciais, mediante a troca de saberes extensionista/
agricultor e na valorização dos clientes interno e externo.
O Serviço Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural usa os diversos 
meios de Comunicação de Massa, sem falar da Comunicação Interpessoal (diálogo com 
os agricultores), quando da troca de saberes (repasse de tecnologias agropecuárias 
e gerenciais), com vistas ao aumento da produção, produtividade das lavouras e da 
pecuária, da renda líquida, da geração de empregos, no meio rural, e, consequentemente, 
à melhoria das condições de vida das famílias sertanejas.
O certo é que a Extensão Rural, por intermédio dos extensionistas, tem a 
Comunicação Social, em suas diversas modalidades, como componente obrigatório na 
busca do desenvolvimento rural sustentado. E não pode ser diferente, haja vista que, 
ao prestar serviços de assistência técnica e extensão rural, contribui para mudanças no 
comportamento de seu público-alvo. Segundo declaração de Nélson de Araújo Queiroz, 
no folheto “O Rádio na Extensão Rural”, decisões só se tomam com base em informações. 
É dele, ainda, o pensamento de que, por meio do rádio, do jornal, da televisão, do filme, 
da mídia eletrônica – e acrescento – da Comunicação Interpessoal, o homem sai do seu 
isolamento para uma vivência cosmopolita, que altera hábitos, costumes e a própria cultura.
Como a Extensão Rural exerce um papel fundamental, no meio campestre, pois 
trabalha com a educação não formal dos agricultores, precisa ter responsabilidade de 
formar um indivíduo/cidadão, sobretudo no mundo globalizado, com a visão de futuro, 
com novas habilidades e acompanhando o que se passa, também, fora da sua porteira. 
Em síntese: exercer, responsavelmente, o seu direito de cidadania. Isso, porém, somente 
é possível com o uso dos meios massais de Comunicação, o Interpessoal e o Grupal.
LEITURA
COMPLEMENTAR
38
Agora, afirmo, categoricamente, que a Extensão Rural não deve, nem pode, por 
meio da Comunicação Social, seja lá de que modalidade for, manipular o seu público-
alvo, como o fez nos tempos da Ditadura (regime discricionário), quando cumpria 
ordens, advindas dos escalões superiores, que empurravam os abomináveis “pacotes 
agrícolas”, elaborados em gabinetes refrigerados de Brasília-DF, num total desrespeito 
ao agricultor. Esqueciam-se de que, afinal, ele sempre será o sujeito (o correto) do seu 
desenvolvimento e não um mero objeto a ser manipulado por uma elite cultural e de 
elevado poder político e econômico, que, na época, se julgava com o direito de conduzir 
os destinos dos que não faziam (e ainda não fazem) parte da classe dominante no Brasil.
Ante o exposto, mister se faz que a Extensão Rural, além de conhecer e aplicar os 
princípios sociológicos, psicológicos, antropológicos e éticos, aplique, também, os princípios 
da Comunicação Social, pois o extensionista é, antes de tudo, um Educador informal e não 
um mero repassador (despejador) de inovações tecnológicas agropecuárias e gerenciais. 
E o extensionista deve estar consciente de que essa Comunicação é uma forte aliada, no 
trabalho diário, com as famílias rurais, na busca incessante por melhores condições de vida 
para a sofrida gente sertaneja, sobretudo os agricultores de base familiar, ou seja, que têm, 
na Agropecuária, a sua principal ocupação, fonte de renda e para a velha lei da sobrevivência.
Encerrando meus comentários sobre a Comunicação Social, aplicada na Extensão 
Rural, vale citar, dentre os estudiosos da Ciência da Comunicação Social, Juan Diaz 
Bordenave, que assim se manifestou em uma de suas obras: “Comunicação Rural deve ser 
entendida e praticada não para ocultar a realidade ou desviar os produtores de seus reais 
problemas, nem para controlar seu conhecimento sobre sua verdadeira situação e suas 
causas, mas para aproximar-se da verdade total, dos problemas concretos e condicionantes 
do desenvolvimento rural” E disse ainda: “Somente quando concebida dessa forma, a 
Comunicação contribuirá para dinamizar as potencialidades latentes e a criatividade, de 
análise crítica, de verdadeira participação e de expressão autêntica dos produtores”.
Por último, faço questão de citar, novamente, Bordenave, por afirmar: “A 
Comunicação conscientiza a população, para participar, ativamente, nos processos de 
mudança social e de construção de uma sociedade democrática e participativa”.
FONTE: OLIVEIRA, A. J. de. O valor da comunicação na extensão rural. Asbraer, [s. l.], [2017]. Disponível em: 
https://bit.ly/3IvTGK1. Acesso em: 4 jan. 2022.
39
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• No processo de estruturação da comunicação rural no Brasil, ela passa de uma 
visão apenas de informação em revistas e ações de campo para uma comunicação 
mercadológica no pós-guerra.
• Para obter sucesso e atingir os objetivos de uma comunicação fluida e participativa 
para construção e desenvolvimento de novas tecnologias para o campo, é preciso 
agregar o produtor rural nas decisões de implementação de novas técnicas e 
tecnologias, por meio de uma comunicação participativa. Isso coloca o produtor rural 
no centro de decisões, tornando-o um “caçador” de melhorias de práticas técnicas 
para manutenção das capacidades e avaliação de informações que auxiliem no 
desenvolvimento rural.
• A comunicação, no âmbito da extensão rural no Brasil, pode ser analisada a partir da 
separação em dois momentos: o difusionismo e a concepção dialógica. Dessa forma, 
o estudo da comunicação rural no Brasil passa obrigatoriamente pela compreensão 
da discussão que se desenvolveu em torno do assunto ao longo dos anos.
40
1 A comunicação Rural no Brasil iniciou por volta de 1950, simultaneamente, com a origem 
da prática da extensão rural. Teve como objetivo disseminar pacotes que pudessem 
levar à modernização, da base tecnológica nas zonas urbanas, até a zona rural, 
fundamentando-se no tripé: ensino, pesquisa e extensão. Considerando a difusão de 
tecnologias no campo por meio da comunicação rural, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Originou-se no início da Segunda Guerra Mundial (1939), a Alemanha começou 
disseminar a perspectiva de crescimento agrícola à população. O mundo se viu 
diante da necessidade de transformar o modo de produção.
b) ( ) Surgiu com a chamada Revolução Verde, que teve como objetivo oferecer aos 
países e à população modelos de produção agrícola, que ao mesmo tempo 
permitiam o combate à fome e a preservação do ambiente .
c) ( ) Surgiu diante da necessidade de reconstrução de novas estruturas, pois era 
necessário oferecer condições mínimas de sobrevivência à população. A 
agricultura volta a ocupar um lugar de destaque nos cenários econômico e social.
d) ( ) Originou-se da necessidade de integrar a produção vegetal à animal,disseminando 
informações no campo, e principalmente em áreas urbanas.
2 As particularidades da atividade agrícola trazem dificuldades na propagação da informação 
para produtores rurais e sua utilização nas unidades de produção, por isso existem serviços 
de extensão, geralmente sob a responsabilidade do governo. Em seu trabalho sobre 
transferência da informação para comunidades rurais, Lawani (1981) destaca a existência 
da polarização mundial entre abundância e pobreza da informação. Sobre a disparidade de 
disponibilidade e acesso à informação, analise as sentenças a seguir:
FONTE: LAWANI, S.M. Agricultural documentation and the transfer of scientific information to rural communities. Ed-
ucation and training for Library and Information Services in a predominantly non-literate society with particular ref-
erence to Agricultural and Rural development. FID/ET Technical Meeting, Ibadan, 1981. Anais [...]. Ibadan: FID, 1981.
I- Ocorre em nível mundial, nacional e regional, em países menos desenvolvidos, em 
que a informação, nas zonas rurais, é escassa e nas áreas urbanas é altamente 
difundida.
II- Ocorre tanto em nível mundial, como em nível nacional, em países menos 
desenvolvidos, por exemplo, nos quais a informação em áreas urbanas é escassa e 
nas áreas rurais é praticamente inexistente.
III- Ocorre principalmente em nível nacional, em países desenvolvidos, e em 
desenvolvimento, em que há uma grande disseminação das informações, tanto no 
meio urbano, quanto no meio rural.
AUTOATIVIDADE
41
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3 A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar 
e Reforma Agrária é uma política pública voltada para a melhoria das condições de 
vida da população rural. Com base nos objetivos da PNATER, classifique V para as 
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar 
e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão 
da política pública. 
( ) Assessorar as diversas fases das atividades econômicas, a gestão de negócios, 
sua organização, a produção, inserção no mercado e abastecimento, observando 
as peculiaridades das diferentes cadeias produtivas.
( ) Desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização adequada dos 
recursos naturais e com a preservação do meio ambiente.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.
4 As práticas extensionistas foram institucionalizadas no Brasil há cerca de 50 anos. O 
termo extensão rural não é autoexplicativo, o seu conceito foi evoluindo ao longo do 
tempo conjuntamente com as mudanças de estrutura econômico-social e cultural de 
cada país. Contemporaneamente o termo extensão rural pode ser entendido de três 
maneiras diferentes. Disserte sobre as formas de extensão.
5 As metodologias em extensão rural sofreram mudanças com o passar do tempo. 
Nesse contexto, é possível notar diferenças entre as formas de classificação das 
metodologias em Ater. Nesse contexto, disserte a respeito do modelo de extensão 
difusionista e caracterize-o. 
42
REFERÊNCIAS
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44
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WAGNER, S. A. et al. Métodos de comunicação e participação nas atividades de 
extensão rural. Porto Alegre: UFRGS, 2011. 
45
PRINCÍPIOS DA 
COMUNICAÇÃO E DIFUSÃO 
DE INOVAÇÕES
UNIDADE 2 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• desenvolver visão crítica do desempenho e do potencial da extensão rural;
• compreender o papel da comunicação no âmbito da extensão rural;
• entender os processos de comunicação rural;
• conhecer os métodos de extensão e comunicação rural.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 - ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
TÓPICO 2 - A COMUNICAÇÃO E A REALIDADE RURAL 
TÓPICO 3 - COMUNICAÇÃO E DIFUSÃO DE INOVAÇÕES
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
46
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 2!
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47
TÓPICO 1 — 
ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE O 
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Sabemos que o processo de comunicação é um elemento necessário para 
qualquer relação de transmissão de informação e de busca de conhecimento. 
Conceitualmente, a comunicação sempre passou por transformações significativas. 
Estabelecida como uma disciplina nos Estados Unidos, durante o período entre guerras 
e na Segunda Guerra Mundial, foi originalmente concebida como mais uma ferramenta 
de propaganda de guerra, favorecendo a natureza persuasiva, unilinear e arbitrária da 
ação de informar, deixando pouco espaço para respostas ou feedback do destinatário. 
A comunicação rural no Brasil surgiu na década de 1950, coincidindo com 
as origens da extensão rural. Na década de 1990, com o advento das tecnologias de 
informação e comunicação na zona rural, pautadas nas concepções teóricas do modelo 
de comunicação de Paulo Freire e Juan Bordenave, a comunicação rural adotou uma 
perspectiva educativa, dialógica e transformadora (SILVA; MÜLLER, 2015). O extensionista 
passou a ter como papel proporcionar mudanças a partir de ferramentas de construção 
participativas. Assim, a comunicação rural tornou-se mais participativa, com produtores 
rurais envolvidos na produção e divulgação de informações do setor agropecuário.
Neste Tópico 1, vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre a comunicação, 
entender suas funções e formas e como ela promove o desenvolvimento. Vamos lá?!
2 FUNÇÕES DA COMUNICAÇÃO
A comunicação desempenha muitas funções, como informar, conscientizar, 
educar, persuadir, motivar, entreter etc., tendo papel importante na disseminação de 
informações relacionadas a qualquer forma de atividade humana.
De modo geral, a comunicação é o processo de troca de mensagens, ideias, 
fatos, opiniões ou sentimentos. Ela fornece as informações que os indivíduos e os 
grupos precisam para tomar decisões, transmitindo os dados necessários para identificar 
e avaliar as escolhas. Assim, a comunicação ajuda a facilitar a tomada de decisões. 
A relação entre comunicação e tomada de decisão é inseparável, pois a tomada de 
decisão deve contar com a informação. Assim, a decisão é o mecanismo de disparo da 
comunicação (LENGEL; DAFT, 1988). 
48
A má comunicação é provavelmente a fonte de conflito interpessoal mais 
frequentemente citada. A comunicação perfeita ocorreria quando um pensamento 
ou ideia fosse transmitido de modo que o receptor percebesse exatamente a mesma 
imagem mental percebida pelo emissor. A comunicação perfeita nunca pode ser 
alcançada devido a várias razões que discutiremos mais adiante. Neste tópico, vamos 
entender as funções da comunicação.
Para colocar em funcionamento todas as funções da comunicação de forma 
eficaz, os indivíduos precisam ter consciência sobre os métodos e abordagens 
necessários para tornar essas funções significativas e vantajosas. As funções da 
comunicação estão explicitadas no Quadro 1. 
QUADRO 1 - FUNÇÕES DA COMUNICAÇÃO
FONTE: Adaptado de Fernandez e Suarez (2016).
FUNÇÃO OBJETIVO
Função informativa
Informar outras pessoas sobre o que sabemos – fatos, 
informações e conhecimento. As informações são 
compartilhadas para orientar as pessoas sobre os 
processos e procedimentos necessários para operar 
com eficiência e eficácia.
Função instrutiva
Instruir as pessoas sobre o que fazer, quando e onde 
fazer, e por que e como fazer.
Função persuasiva
Influenciar a opinião de outras pessoas para acreditarem 
e aceitarem sua posição ou reivindicação sobre uma 
questão ou problema; pensando em estratégias sobre 
como persuadi-las a mudar perspectivas ou opiniões.
Função de motivação
Atrair e direcionar as metas propostas no projeto. No 
processo, usamos uma linguagem positiva para fazê-
los perceber que suas ações os levam a algo benéfico 
para o seu ser.
Regulamentação/ Controle
Manter o controle sobre a atitude e o comportamento 
de outras pessoas, bem como para orientar ou 
repreender quando algo foge do que está previsto.
Interação social
Pautada no acolhimento, ajuda a iniciar, manter, regular 
ou encerrar diálogos na perspectiva positiva. A linguagem 
não verbal é mais fortemente utilizada nessa função.
No caso da comunicação rural, é consenso que são necessárias habilidades e 
atitudes específicas para estabelecer um diálogo coerente, em que o emissor e o receptor 
devem concordar em vocabulário, relações de relacionamento e valores, buscando a 
confiança mútua como a estrutura necessária para estabelecer a comunicação em 
49
ambas direções (BERNARDES; BONFIM, 2016). Como já abordado, entre os anos 1970 
e 1980, as críticas promulgadas por Freire possibilitaram o questionamento ao modelo 
difusionista que surgia pautando a inclusão da comunicação rural como disciplina 
nos currículos de faculdades de comunicação no Brasil. A compreensão freireana de 
educação é a fundamental fonte inspiradora de experiências de comunicação popular e 
alternativa que se ampliaram no meio urbano ligadas a movimentos sociais, sindicais e 
a comunidades eclesiais (HILLIG; FROEHLICH 2008).
A função persuasiva foi a mais utilizada na extensão rural no modelo 
difusionista. Os extensionistascostumam persuadir os agricultores a 
adotarem novas práticas, principalmente, pacotes tecnológicos. 
IMPORTANTE
Nesse sentido, a comunicação rural surge como transformação paradigmática da 
transferência em si para o compartilhamento e troca de saberes. Ela está voltada a focar 
na relação/ interação/ vínculo/ associação comunicacional (DUARTE; SOARES, 2011). A 
participação organizada da população rural - antes fundamentada em ferramenta de diálogo 
para as políticas agrícolas -, fica voltada para o desenvolvimento crítico, de alcance de poder, 
e cresce a sua autonomia e soberania. Desse modo, a comunicação rural contrai funções 
novas, com demonstração máxima do diálogo e participação da perspectiva transformadora, 
utilizando todos os meios da cultura popular para se expressar (BORDENAVE, 1988). 
Assim, o objetivo essencial da comunicação extensionista é conseguir alcançar 
e dialogar com a diversidade das populações rurais no campo. É preciso a valorização e 
os méritos de suas culturas e técnicas tradicionais, criar formas para que elas possam ser 
resguardadas, e também apresentar-lhes as inovações e os aperfeiçoamentos para que 
possam potencializar seus conhecimentos produtivos. Portanto, o desafio é complexo 
para os extensionistas, para conduzir as ações voltadas no investimento de instrumentos 
e em meios de educação e de conscientização das populações rurais, sobre os processos 
necessários para a condução de suas atividades do campo (MAGNONI; MIRANDA, 2017). 
De acordo com Acunzo (2007), a comunicação cumpre três funções básicas: 
1. Compartilhar conhecimento, visão e novas perspectivas de desenvolvimento.
2. Fornecer ferramentas de negociação e foco de políticas entre as diferentes partes. 
3. Facilitar processos de comunicação, plataformas, meios e serviços sobre temas 
prioritários de desenvolvimento.
50
A comunicação, na relação técnico/agricultor, pode transformar-se em uma im-
portante ferramenta, uma vez que possibilita o contato direto com as partes envolvidas 
e um entendimento melhor das atividades a serem executadas no campo. Isso porque, 
a comunicação, por meio de seus métodos de trabalho, impacta no processo de mobi-
lização social dos atores locais do meio rural, possibilitando também o surgimento e o 
fortalecimento de conexões entre os participantes e os agentes dos projetos de mobili-
zação e de desenvolvimento rural (LIMA et al., 2014). 
As funções de comunicação no desenvolvimento rural incluem: 
• Facilitar a troca de opiniões e informações entre agricultores e organizações.
• Contribuir para a implementação e coordenação dos projetos de desenvolvimento.
• Garantir que as inovações sejam adotadas e disseminadas nas áreas rurais. 
• Sensibilizar as zonas rurais para promover a participação. 
• Apoiar as atividades de educação e conscientização. 
• Assegurar a cooperação e a coordenação entre os setores rural e agrícola das 
organizações. 
Essas funções desempenham papéis importantes no desenvolvimento rural: 
aproximam os produtores rurais de novas ferramentas tecnológicas para o cultivo, 
possibilitam o conhecimento de formas de obtenção de crédito para investimentos em 
insumos e matéria-prima e, ainda, ajudam na obtenção de informações sobre problemas 
que podem atingir o campo.
3 FORMAS DA COMUNICAÇÃO
Desde a época em que as pessoas ainda viviam em cavernas, a comunicação 
tem desempenhado um papel cada vez mais importante para a civilização humana na 
construção e desenvolvimento da sociedade. Afinal, permite a troca de ideias entre as 
pessoas, o registro de notícias e dados que nos permitem articular nossa trajetória e nos 
construir como sujeitos. No entanto, ferramentas e técnicas de comunicação têm sido 
reservadas a minorias poderosas e hegemônicas em várias formações sociais ao longo 
da história. A conquista desse direito, a compreensão e uso da arte da comunicação 
são fruto das lutas da sociedade civil organizada em busca de igualdade, democracia, 
liberdade e desenvolvimento econômico e social (SPENILLO, 2006).
Os avanços da tecnologia têm impulsionado mudanças nas formas de comunicação, 
principalmente com o advento das tecnologias de informação e comunicação capazes de 
atender às necessidades de informação do meio rural (SILVA; MÜLLER, 2015). 
O campo de fluxo de mensagens deve ser entendido como o canal de 
comunicação responsável pelo deslocamento espacial e/ou temporal da mensagem; o 
que veicula a mensagem e é feito pelo emissor; o sistema de signos, entendido como 
um código, que pode ser verbal ou não verbal, primeiro usando fala e/ou texto e segundo 
51
pode ser constituído pelos mais variados meios e técnicas. O sistema de comunicação 
é realizado pelo elemento ao qual a mensagem se refere, que pode corresponder 
aos objetos físicos ou aspectos abstratos que compõem a situação ou contexto de 
comunicação, que é chamado de elemento de referência. Receber a mensagem não 
significa necessariamente entendê-la. Podem ocorrer problemas de comunicação de 
qualquer um dos itens acima, por exemplo, as mensagens podem ser recebidas, mas 
não compreendidas quando o remetente e o destinatário não têm uma base comum; ou 
quando a comunicação é limitada porque há poucos sinais em comum (TELLES, 2010).
Mesquita (1997) destacou que os canais de comunicação não verbal: podem ser 
classificados em dois grupos: o primeiro grupo refere-se ao corpo e aos movimentos 
humanos e o segundo grupo refere-se ao produto das ações humanas. O primeiro 
apresenta diferentes unidades expressivas como rosto, olhar, olfato, linguagem, gestos, 
ações e posturas. O segundo também apresenta algumas unidades de expressão 
como moda, objetos do cotidiano e arte, até mesmo a organização do espaço: material 
(individual e coletivo) e ambiental (doméstico, urbano) e rural. 
Os pontos principais da comunicação não verbal são: 
• Fatores como a motivação, a atitude, a experiência e o conhecimento podem 
influenciar o desenvolvimento dessas habilidades de codificação e decodificação 
de sinais não verbais. 
• O conhecimento das teorias e pesquisas dessa área (comunicação não verbal) pode 
permitir ao indivíduo uma melhor compreensão das comunicações interpessoais, 
bem como melhor autoconhecimento. 
• A experiência e o treinamento das habilidades de emitir e receber sinais não verbais 
podem tornar o indivíduo ainda mais habilidoso, mais sensível para codificar e/ou 
decodificar sinais não verbais. 
Vários pesquisadores revelaram que a comunicação não verbal constitui 
cerca de 55% de nossas comunicações diárias. São sinais sutis captados 
como parte de nossa função biológica. O principal tipo de comunicação é feito 
com o tom de voz. Esse tipo de comunicação representa quase 38% de toda 
a comunicação que fazemos todos os dias. Juntamente com o tom de voz, 
o estilo de falar, a qualidade da voz, o estresse, as emoções ou a entonação 
servem ao propósito da comunicação. Esses aspectos não são verbais.
INTERESSANTE
52
Quanto à comunicação verbal, ela ocorre casos concretos, com os quais estabelece 
seus vínculos. Também estabelece associações com outras linguagens presentes nessas 
situações: gestos, entonação etc. (BACCEGA, 1996). Em termos gerais, comunicação 
verbal significa comunicação apenas na forma de palavras faladas. Mas, no contexto dos 
tipos de comunicação, a comunicação verbal pode ser na forma falada ou escrita. 
Assim, a forma verbal pode ser oral ou escrita conforme explicado a seguir.
• Comunicação escrita: esse tipo de comunicação envolve qualquer tipo de troca de 
informações na forma escrita. Por exemplo, e-mails, textos, cartas, relatórios, SMS, 
publicações em plataformas de redes sociais, documentos, manuais, cartazes etc. 
• Comunicação oral: utiliza a fala, direta ou indiretamente, como canal de 
comunicação. Essa comunicação verbal pode ocorrer em um canal que transmite 
informações em apenas uma forma, ou seja, o som. Pode ocorrer pessoalmente ou 
por telefone, por meio de notas de voz ou salas de bate-papo etc. 
Cabedestacar, também, que a comunicação pode ser realizada de duas formas 
e que há momentos em que uma deve ser usada em detrimento da outra: por exemplo, 
ao fazer um discurso, usamos o tipo formal; ao fazer planos de um experimento em 
campo, usamos o tipo informal. 
A comunicação formal é um fluxo de informações enviado e recebido de canais 
formalmente estabelecidos. Geralmente está ligada ao status formal e a ocupações 
hierárquicas de uma pessoa. São características da comunicação formal:
• Fluxo ordenado de informações.
• Ajuda na fixação de responsabilidades para uma melhor eficiência. 
• Pessoas com hierarquia maior têm controle total da natureza e direção da comunicação;
• fluxo de instrução específico, claro e definido. 
A comunicação formal pode ser ascendente, descendente, horizontal e 
diagonal. A comunicação descendente ocorre de superiores para subordinados, 
hierarquicamente falando. Esse  tipo de comunicação  pode ser na forma de ordens, 
instruções, políticas, programas etc. A comunicação ascendente ocorre quando 
as mensagens são transmitidas de baixo para cima na hierarquia. A comunicação 
horizontal, por sua vez, ocorre entre duas ou mais pessoas que trabalham nos mesmos 
níveis. Por fim, a comunicação diagonal se trata de uma troca de informações entre as 
pessoas em um nível diferente de instrução. 
A comunicação informal é baseada nas relações pessoais. É um tipo de 
comunicação não estruturada, não oficial e não planejada. Não segue os canais formais 
estabelecidos pela gestão. Muitas vezes, flui entre amigos e íntimos e está relacionada a 
assuntos pessoais e não "posicionais". A comunicação informal é resultado da interação 
social e satisfaz o desejo natural das pessoas de se comunicarem umas com as outras. 
São características da comunicação informal: 
53
• É um canal de comunicação flexível e confiável.
• Cria cooperação mútua.
• Pode funcionar como uma ajuda valiosa na comunicação de valores e moral.
• É útil na construção do trabalho em equipe na organização.
• Fornece feedback eficaz.
• Complementa a comunicação formal. 
4 COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
Inicialmente, precisamos entender o que seria o desenvolvimento. Ele é 
entendido como um processo de mudanças qualitativas e quantitativas vivenciadas 
por um grupo humano, levando ao seu bem-estar pessoal e social em diferentes 
ordens: política, econômica, cultural etc. O desenvolvimento está focado não apenas 
no humano, mas também no natural e precisa ser definido de forma autônoma pelos 
próprios sujeitos da mudança (endógeno), sem comprometer o bem-estar das gerações 
futuras (sustentável) (BARANQUERO, 2007). 
O primeiro momento de claro debate sobre o desenvolvimento, ocorreu após a 
Segunda Guerra Mundial. A experiência do planejamento econômico durante a Segunda 
Guerra Mundial preparou toda uma geração de economistas, administradores e políticos 
para aplicar os mecanismos de regulação econômica necessários para sustentar a 
economia (CARNIELLO; SANTOS, 2013).
A comunicação para o desenvolvimento baseia-se na premissa de que o 
desenvolvimento rural bem-sucedido exige a participação consciente e ativa dos agricultores, 
pois em última análise, o desenvolvimento rural não pode ocorrer sem mudanças de atitudes e 
comportamentos entre as pessoas envolvidas. Para tanto, comunicação para o desenvolvimento 
é o uso planejado e sistemático da comunicação, por meio de canais interpessoais, audiovisuais 
e meios de comunicação de massa: coleta e troca de informações entre todos os envolvidos 
no planejamento de uma iniciativa de desenvolvimento. A comunicação fortalece o 
desenvolvimento ao aprimorar as habilidades pedagógicas e de comunicação dos agentes de 
desenvolvimento (em todos os níveis) para que possam dialogar mais efetivamente com seu 
público e ao possibilitar aplicar a tecnologia da comunicação aos programas de treinamento e 
extensão, particularmente no nível de base, a fim de melhorar sua qualidade e impacto. 
Assim, a comunicação pode ajudar a garantir que um plano de ação de um 
projeto de desenvolvimento leve em conta as atitudes, necessidades percebidas e 
capacidades das pessoas.  Muitos projetos falharam no passado porque foram feitas 
suposições sobre a vontade e a capacidade da população rural de absorver novas 
tecnologias e infraestruturas de desenvolvimento em seu modo de vida e trabalho. 
Nesse sentido, devemos compreender que a comunicação tem um papel 
central para facilitar o compartilhamento de informações, a geração de conhecimento 
e o diálogo para tomada de decisão participativa. Uma das razões pelas quais a 
54
população rural tende a ter má representação política e ser menos organizada do que 
as comunidades urbanas, é que ela sofre de inúmeros “acessos,” barreiras, incluindo: 
analfabetismo, infraestrutura e serviços de telecomunicações inexistentes, baixa renda 
para comprar e usar os meios de comunicação, sobretudo as mulheres, com papéis 
socialmente construídos que inibem a participação na tomada de decisões. 
Desse modo, é preciso destacar que as comunidades rurais e os agricultores 
familiares precisam de um meio para exercer seus direitos de expressão e opinião, 
culturais e linguísticos, de buscar e divulgar informações através de qualquer meio. A 
comunicação para desenvolvimento pode possibilitar aos agricultores familiares uma 
maneira de expressão coletiva de sua identidade, ao mesmo tempo em que reivindicam 
e desfrutam de seus direitos.
Essa opção de desenvolvimento implica assumir a natureza política da extensão 
rural, que deve apoiar um projeto plenamente comprometido com a melhoria de vida e 
formação dos cidadãos. Devem também potencializar a convivência com a sociedade, 
atendendo às suas necessidades, na agricultura, principalmente na escala familiar. Do ponto 
de vista da agricultura familiar, deve-se considerar sua natureza multifuncional, econômica 
e lógica, bem como a cultura camponesa. Valorizar e reconhecer que existe uma cultura 
local, que é passada de geração em geração de agricultores tradicionais e deve ser tomada 
como referência no processo educativo considerando saberes locais, diálogo de saberes, 
reconhecendo o patrimônio imaterial formado localmente (SOUZA; GOMES, 2008).
O desenvolvimento rural é um processo de mudança complexo e harmonioso, 
que requer a intervenção próxima de muitos fatores. Um desses elementos é a 
comunicação, entendida como parte do processo educativo e como programa e fluxo 
sistemático de informações entre os diversos interlocutores ou segmentos da sociedade 
envolvidos no processo de desenvolvimento, de forma a tornar sua participação mais 
consciente, completa e efetiva (PEREIRA; OLIVEIRA, 2018). 
Bordenave (1988, p. 32), comenta que a comunicação rural é hoje considerada 
um importante fator de desenvolvimento, complementando que: 
É concebido como um fluxo bidirecional, programado e sistemático 
de mensagens informativas, motivacionais ou cognitivas, com o 
objetivo de facilitar sua reciprocidade e tornar sua participação no 
desenvolvimento rural mais consciente, organizada e efetiva.
Segundo Pereira e Oliveira (2018), a comunicação é de fundamental importância para 
promover o desenvolvimento das comunidades, desempenhando diversas funções, como: 
• Manter as pessoas informadas sobre seus direitos e obrigações. 
• Proteger e fortalecer os valores básicos da democracia social e do desenvolvimento 
sustentável, como cooperação e equilíbrio ecológico.
55
• Educar e capacitar a população aumentando seus conhecimentos, enriquecendo 
seu vocabulário, reforçando seus valores positivos, ensinando tecnologias e 
métodos de socialização. 
• Promover a identificação coletiva dos problemas comunitários e sua articulação. 
• Catalisar a reflexão comunitária sobre a realidade e suas questões, estado e mercado. 
• Fortalecer e enriquecer as culturas locais, regionais e nacionais, respeitando a 
diversidade cultural. 
A ausência de políticas públicas voltadas para a inclusão digitalpara o meio rural 
no Brasil é uma lacuna principal para o avanço da comunicação rural, devido ao não 
reconhecimento da importância do crescimento populacional rural inclusivo. A entrada 
digital é estratégica para o desenvolvimento econômico e para a permanência da nova 
geração neste espaço. É necessária uma especial atenção por parte dos produtores 
de informação, sejam eles jornalistas ou extensionistas, com objetivos direcionados a 
diversos nichos da cadeia agropecuária. Portanto, a comunicação rural deve estar atenta 
às necessidades e competências locais, pois deseja atuar como mediadora interna na 
construção de um espaço de discussão e externamente na interação da comunidade 
com outros órgãos da sociedade (SPENILLO, 2006).
Em contexto nacional e internacional cada vez mais complexos, é importante a 
formação de equipes multidisciplinares para desenhar e implementar políticas públicas, 
programas e ações permanentes e estratégicos no meio rural. Por se tratar de um 
setor social e produtivo importante para o país, é importante ter uma comunicação 
diferenciada e de qualidade para representar a diversidade de setores e interesses 
sociais por meio de diversos meios (MAGNONI; MIRANDA, 2017). Bieger e Bieger (2016) 
enfatizam que a comunicação deve atuar como promotora do desenvolvimento local, 
ajudando a promover a inclusão e aumentar a produtividade da propriedade, bem como 
evitar a migração dos jovens, de forma democrática e acessível. 
Nesse sentido, a relevância da comunicação ajuda a compreender novos modelos 
de desenvolvimento e, a partir do diálogo, empodera os atores para a participação 
em determinado grupo social. A consideração da cultura popular como estratégia de 
comunicação com as comunidades rurais está automaticamente associada à seleção 
de metodologias e práticas condizentes com os princípios e direcionamentos de uma 
nova proposta de apoio técnico e de extensão rural (SOUZA; GOMES, 2008). 
Nobrega et al. (2008) pontua que o uso de novas ferramentas de comunicação 
por si só não é sinônimo de transformação social, principalmente para os agricultores 
que vivem na linha da pobreza, com todos os constrangimentos que isso acarreta. 
É necessário adotar um conceito de comunicação que ultrapasse os limites dos 
métodos tradicionais de comunicação. Incluindo a comunicação interpessoal, os 
meios comunitários e as modernas tecnologias da informação, a comunicação para 
o desenvolvimento apresenta-se como um "processo" ou "ferramenta" que promove 
a participação e a mudança social, útil na gestão de projetos orientados para o 
56
desenvolvimento. Assim, por comunicação para o desenvolvimento, entendemos um 
processo baseado no diálogo, na troca de conhecimentos e habilidades e no debate 
para a mudança social (NOBREGA et al., 2008).
O papel da comunicação no desenvolvimento é ajudar as pessoas em todos 
os níveis a se comunicarem e capacitá-las a reconhecer questões importantes 
e encontrar bases comuns para ações transformadoras - sociais, econômicas, 
ambientais e culturais.
IMPORTANTE
57
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A comunicação rural nasce como mudança de paradigma, de transferência única 
de informações para o compartilhamento e troca de saberes. Foca na relação/ 
interação/ vínculo/ associação comunicacional, na geração de conhecimento e no 
diálogo multissetorial para tomada de decisão participativa.
• As funções comunicativas podem ocorrer de diversas formas, que incluem informar, 
instruir, persuadir, motivar, controlar e integrar. Assumindo determinadas funções, 
ela pode impactar, promover o fortalecimento das populações rurais, o processo de 
mobilização e o desenvolvimento rural.
• O canal de comunicação pode ser não verbal ou verbal. O não verbal é a soma 
total do fisicamente observável, como gestos com as mãos, linguagem corporal, 
expressões faciais, tom de voz, postura, toque, olhar e outros. Já o verbal só se dá 
em situações concretas, com as quais estabelece seus vínculos, portanto, inclui 
tanto a comunicação falada quanto a escrita. A forma de comunicação também 
pode ser formal, que segue canais preestabelecidos, e informal, resultado da 
interação social, não apresentando estruturas planejadas.
• A comunicação possui uma importância fundamental para a promoção do 
desenvolvimento das comunidades, podendo ser uma ferramenta para facilitar o 
compartilhamento de informações, a geração de conhecimento e o diálogo para 
tomada de decisão participativa. Ela promove um diálogo com as populações rurais 
na perspectiva da participação e da transformação do contexto local.
58
1 A comunicação é resultado do compartilhamento de informações. Trata-se de 
uma atividade central da associação humana em geral e do progresso, bem como 
do desenvolvimento em particular. Desempenha muitas funções, como informar e 
gerar conscientização, educar, persuadir, motivar, entreter etc. Sobre a comunicação, 
assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A função principal da comunicação é persuadir. Isso pode influenciar em direção 
a uma nova ideia, técnica e comportamento, ou seja, possui como objetivo 
comunicativo influenciar as atitudes e/ou comportamento do público-alvo. 
b) ( ) Através da comunicação unidirecional, as partes podem trocar suas opiniões, 
atitudes, sentimentos, novidades, mensagens, informações, dados etc. A 
comunicação pode ser definida de várias maneiras. 
c) ( ) As funções da comunicação variam conforme se deve determinar a função da 
comunicação. Em certas circunstâncias, a situação ou posição pode ter uma, duas 
ou três outras funções. Por exemplo, informar, controlar, persuadir e coordenar.
d) ( ) A comunicação, na medida em que coloca em foco diversas influências culturais 
no centro de comunicação, tende a trazer para o entendimento comum novas 
ideias que inevitavelmente surgem e dificultam o processo de comunicação.
2 Nossa existência está intimamente ligada à comunicação que usamos, e a 
comunicação verbal desempenha muitas funções em nossas vidas diárias. Usamos a 
comunicação verbal para definir a realidade, organizar, pensar e moldar atitudes. Com 
base nas compreensões sobre a comunicação verbal, analise as sentenças a seguir:
I- O sucesso da comunicação verbal depende não apenas da capacidade de fala de um 
indivíduo, mas também das habilidades de escuta. A eficácia com que um indivíduo 
ouve o assunto decide a eficácia da comunicação. A comunicação verbal é aplicável 
tanto em situações formais como informais.
II- A comunicação verbal usa um único canal de comunicação, a voz humana, que fala 
uma única palavra de cada vez.
III- No caso da comunicação verbal, o feedback é imediato, pois há transmissão e 
recepção simultâneas da mensagem pelo emissor e receptor, respectivamente.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
AUTOATIVIDADE
59
3 A comunicação formal é definida como a comunicação em que a informação é 
alcançada através de canais ou rotas adequadas enquanto a comunicação informal 
é definida como a comunicação que não adota métodos formais de comunicação. 
Sobre as diferenças entre essas duas formas de comunicação, classifique V para as 
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Como a conhecemos, a comunicação formal também é chamada de comunicação 
oficial. A comunicação formal geralmente segue uma estrutura ou canais 
específicos, como e-mails, enquanto a comunicação informal geralmente pode 
fluir livremente em qualquer direção. 
( ) A comunicação formal é rápida. Por outro lado, a comunicação informal geralmente 
é demorada e pelo nível de informações compartilhadas é mais fácil de compreender. 
( ) A comunicação formal é mais confiável, pois segue um padrão definido pela 
organização. Em contraste, a comunicação informal decola por conta própria e 
estabeleceseu próprio curso.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 A função última da comunicação é facilitar o processo de tomada de decisão. Por meio da 
comunicação, as informações são disponibilizadas para que indivíduos e grupos possam se 
reunir, trocar dados e conhecimentos para identificar e avaliar alternativas. Nesse sentido, 
disserte sobre a função persuasiva e a regulamentação/controle da comunicação.
5 As estratégias que incluem a comunicação para o desenvolvimento como um 
aspecto significativo do desenvolvimento rural são extremamente necessárias. Nesse 
sentido, devemos considerar a necessidade do estabelecimento de uma política de 
comunicação que apoie a extensão rural para o desenvolvimento rural, também que 
potencialize os agricultores nos processos de tomadas de decisão. Nesse contexto, 
disserte sobre as possibilidades da comunicação no desenvolvimento rural. 
60
61
A COMUNICAÇÃO E A REALIDADE RURAL
1 INTRODUÇÃO
O poder dos meios de comunicação na sociedade global é inegável. A 
comunicação reestruturou a forma como as pessoas interagem e criou a cultura da 
mídia. As identidades coletivas foram reformuladas através dos meios de comunicação 
de massa, ou seja, os meios de comunicação tiveram uma função importante na vida 
das pessoas (ESPEORINI; POZENATO, 2010). 
A comunicação rural, certamente, não será uma solução para todos os problemas 
ou dificuldades vivenciadas no meio rural, mas sua proximidade com a área poderá arbitrar 
saídas, apontar excessos e abordar a questão na proporção que representa importância 
para o país (BRAGA; CARVALHO, 1999). Nos dias atuais, embora avanços já tenham sido 
alcançados com as políticas agrícolas e os movimentos sociais, a comunicação nas áreas 
rurais raramente vem dos próprios agricultores. Isso se deve ao fato de que as iniciativas 
são raciocinadas e temidas no âmbito exclusivo do campo da extensão. 
Para mudar o cenário, é preciso que o papel do comunicador rural siga na lógica da 
participação dos agricultores nos processos de comunicação, na perspectiva educativa. 
Assumindo essa função, o extensionista irá garantir que o processo de comunicação 
seja eficaz. E, no futuro, a partir das Tecnologias de Informação e Comunicação - TICS, 
as populações rurais possam estar integradas nos projetos de desenvolvimentos. 
Neste tópico, vamos entender melhor qual é esse papel do comunicador, quais 
são os caminhos a seguir nos processos de comunicação rural e o que esperar do futuro 
da comunicação rural. 
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
2 O PAPEL DO COMUNICADOR RURAL
A história da comunicação aponta a forma que os comunicadores podem 
contribuir para a realização de ideias e aspirações no processo humano, essas funções 
do comunicador são detalhadas por Bordenave (1976, p. 18): 
1. como ferramenta de distribuição de informações; 
2. como instrumento de instrução ou ensino;
3. como instrumento de persuasão e mudança de valores e atitudes; 
4. como instrumento de expressão pessoal, de aproximação e inter-
relação entre as pessoas; 
5. como instrumento de participação na tomada de decisões; 
6. como instrumento de mudança política e social, por meio da 
dinamização dos processos sociais de ação coletiva. 
62
Bordenave (1976) aponta que a maneira de usar a comunicação (de forma 
vertical, forma dialógica, participativa, solidária, autoritária ou persuasiva) irá depender 
das opções ideológicas e dos padrões de desenvolvimento que se pretende seguir. 
O objetivo de muitas atividades na comunicação rural, lideradas pelos técnicos 
extensionistas, é preservar a agricultura e a pecuária de pequena escala, patrimônio social 
e cultural essencial do Brasil, sem desconsiderar a agricultura em larga escala, como o 
agronegócio (MAGNONI; MIRANDA, 2017). Para ter sucesso no papel que irá desenvolver, 
o profissional deve atuar de determinada forma, especificada por Berlo (2003): o indivíduo 
não deve se contradizer ou ser desconexo consigo; deve focar no comportamento humano, 
ou seja, falar em termos de comportamento recíproco; ser específico e coeso com os 
meios pelos quais as pessoas se comunicam. Além desses pontos, os comunicadores 
devem desenvolver um processo de comunicação participativo e estratégico. 
Nesse sentido, o papel do comunicador rural deve ser em torno dos objetivos a seguir: 
• Buscar ser um facilitador.
• Apoiar a análise da situação para identificação de problemas e causas.
• Nortear o uso de tecnologias. 
• Avaliar junto as probabilidades de risco e a incerteza.
• Ser gestor de processos de desenvolvimento local. 
A comunicação é de grande importância no contexto social porque fornece a 
base fundamental para a humanidade. Quando é necessário transmitir informação para 
o meio rural, a forma como o comunicador vai transmitir para um determinado público 
tem maior peso social devido à especificidade do público-alvo. Diante da realidade da 
população rural atual, de fundamental importância para o crescimento e desenvolvimento 
das indústrias, agricultura, educação e até sustentabilidade, a comunicação é a chave 
para a transformação, possibilitando o acesso das pessoas, principalmente dos pequenos 
agricultores, a informações que são importantes para a vida rural. O processo de diálogo 
com a população rural não precisa ser muito simples, muito direto, mas eficaz e adequado 
à realidade. Devemos lembrar que ele consegue entender as mensagens certas, basta 
colocá-las no contexto certo sem subestimar sua compreensão (PEREIRA; OLIVEIRA, 2018).
Segundo Freire (1983, p. 45), “[…] comunicar é comunicar-se em torno do significado 
significante”. Assim, na comunicação não há sujeito passivos. Os sujeitos concordam com 
seus objetos ideológicos para transmitir seu conteúdo. O que caracteriza a comunicação, na 
medida em que se comunica por meios de comunicação, é que ela é dialógica, assim como 
o diálogo é comunicativo. Portanto, para que o ato de comunicação seja eficaz, é necessário 
haver um acordo entre os sujeitos, uma comunicação recíproca. Ou seja, a expressão verbal 
de um dos sujeitos deve ser percebida dentro de um quadro de expressão comum ao outro.
Devemos compreender que comunicação rural consiste em um conjunto de 
métodos e meios que permitem o contato com o agricultor para que ele entenda a utilidade 
das tecnologias que lhe são propostas, participe das tomadas de decisão e perceba o técnico 
63
como um facilitador dos processos de desenvolvimento rural. O agente de extensão deve 
deter de um papel em que compartilhe dos seus interesses em conjunto com os interesses 
das populações rurais, ele não deve se esquecer de se envolver e se comunicar com o 
agricultor na perspectiva educativa, assim como proposto por Paulo Freire.
Franco et al. (2019) destacam que, em essência, cabe ao extensionista uma 
orientação pedagógica de diálogo e problematização, com foco nos agricultores deixados 
para trás pela modernização seletiva. Reconhece os extensionistas como catalisadores 
de processos sociais e promotores de desenvolvimento. Os autores apontam que a 
tecnologia é considerada essencial, mas complementar ao processo de promoção do 
desenvolvimento, e ao mesmo tempo deve ser relevante para a localidade e a sociedade.
Aramburo (2001) aponta que a comunicação rural está localizada na esfera 
camponesa, na qual os meios de expressão cultural são típicos dos agricultores, e que a 
participação não é apenas um chavão. Se todas as responsabilidades de uma atividade 
não forem totalmente assumidas e os riscos envolvidos em um processo de mudança 
não forem executados, a palavra “participação” torna-se apenas mais uma “muleta”. No 
âmbito da comunicação rural, o extensionista deve buscar um processo participativo 
que inclui os seguintes elementos.
• Participação na seleção e elaboração de meios e métodos. Essa atividade 
não é comum em áreas rurais. Implica também todo um processo de pesquisa 
participativa para estabeleceras categorias de mensagens, canais e todos os 
símbolos dos destinatários.
• Participação como a capacidade de discutir, comentar e modificar 
mensagens e técnicas de comunicação. Essa prática parece “inconsistente” aos 
olhos dos extensionistas, pois sua principal preocupação é se sua mensagem chega 
ou não a eles, se sua tecnologia será adotada ou não. 
• Participação como possibilidade de os agricultores se expressarem através 
da mídia e aparecerem nela. Essa prática permite internalizar as condições de 
expressão popular como meio de participação. 
Aramburo (2001) ainda comenta que processos participativos da comunicação rural 
criam novas formas de relacionamento entre as comunidades. Comportamentos e atitudes 
favoráveis são adquiridos em relação a intervenções e agentes externos que, sem eles, 
seriam praticamente impossíveis. Isso exige a necessidade de considerar um novo perfil do 
comunicador para o desenvolvimento e, especificamente, para o comunicador rural. 
Como visto, a identificação e a inserção no meio rural não é suficiente. A formação 
acadêmica e profissional também não é suficiente. Levando em conta o processo de mudança 
social e societária que se deseja construir para dar passos significativos na marcha para o 
desenvolvimento, é imprescindível que o comunicador rural tenha uma responsabilidade 
específica: Fazer as pessoas quererem resolver seus problemas (motivação); saber como 
resolvê-los (informações); e, finalmente, poder resolvê-los (treinamento). 
64
3 PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO RURAL
No processo de comunicação, deve-se notar que há uma combinação de 
eventos operando em muitas dimensões de tempo, espaço, dinâmicas e não estáticas. 
Segundo Berlo (2003), todas as atividades de comunicação humana têm uma origem, 
uma pessoa ou um grupo de pessoas tem um propósito e uma razão para participar 
da comunicação. Uma origem estabelecida, com ideias, necessidades, intenções, 
informações, intenções em um código, em um conjunto sistemático de símbolos e um 
objeto para comunicação.
O processo de comunicação é a diretriz para uma comunicação eficaz. Por meio 
do processo de comunicação, um significado comum é compartilhado entre o emissor 
e o receptor. Quem acompanha o processo de comunicação terá a oportunidade de se 
tornar mais eficaz em todos os aspectos de sua carreira. O processo de comunicação 
tem seis componentes principais, esses componentes incluem fonte, codificador/
comunicador, receptor, meios, mensagem e objetivo. A comunicação começa com a 
fonte e termina com o objetivo. 
Esses processos são detalhados por Curvo Filho (1979):
• Fonte: a fonte primária que gera a mensagem, ou seja, o conhecimento tecnológico. 
• Codificador/comunicador: é alguém cuja principal preocupação é entregar a 
mensagem (conhecimento tecnológico), em uma linguagem (código) que possa ser 
decodificada pelo receptor, assim como entregá-la ao transmissor (fonte). Questões 
observáveis precisam ser estudadas. Essas são basicamente funções especializadas 
do extensionista com a ajuda de um especialista em comunicação.
• Receptor: aquele que aplica conhecimentos tecnológicos. Observa os resultados reais da 
aplicação, aceita ou rejeita a tecnologia. Esse é essencialmente o papel dos agricultores.
• Meios: são os canais, meios, métodos e recursos pelos quais a fonte, o codificador 
e o receptor enviam e recebem mensagens.
• Mensagem: conhecimento tecnológico e opiniões, atitudes e questões relacionadas.
• Objetivo: tanto no envio quanto no recebimento de uma mensagem, a fonte, o codificador 
e o receptor têm um objetivo em mente, ou seja, uma necessidade a ser atendida.
65
FIGURA 1 - PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
FONTE: Adaptada de Curvo Filho (1979).
Como já mencionado, a primeira parte deste modelo de comunicação é a 
fonte. Toda comunicação deve vir de alguma fonte. A fonte pode ser uma pessoa, um 
grupo de pessoas, uma organização, como associações e cooperativas, ou uma instituição. 
Vários fatores determinam como uma fonte irá operar no processo de comunicação. Eles 
incluem as habilidades de comunicação da fonte - habilidades para pensar, escrever, 
desenhar, falar.  Também incluem atitudes em relação ao público, ao assunto, a você 
mesmo ou a qualquer outro fator pertinente à situação. O conhecimento do assunto, do 
público, da situação e de outros antecedentes também influencia a maneira como a fonte 
opera. O mesmo acontecerá com a origem social, educação, amigos, salário, cultura - 
tudo às vezes chamado de contexto sociocultural em que a fonte vive.
A mensagem tem a ver com o pacote a ser enviado pela fonte. O código ou idioma 
deve ser escolhido. Em geral, pensamos em código em termos de idiomas naturais - no 
nosso caso, o português. Às vezes usamos outras linguagens - música, arte, gestos. Em 
todos os casos, observe o código em termos de facilidade ou dificuldade para a 
compreensão do público. Dentro da mensagem, selecione o conteúdo e organize-o para 
atender o tratamento aceitável para determinado público ou canal específico. Se a fonte 
fizer uma escolha ruim, a mensagem provavelmente falhará.
O meio é o canal, o método pelo qual a mensagem será transmitida: TV, 
WhatsApp, telefone, jornal, rádio, carta etc. O tipo e o número de canais a serem usados 
podem depender em grande parte da finalidade. Em geral, quanto mais você puder usar 
e quanto mais adaptar sua mensagem às pessoas que "recebem" cada canal, mais 
eficaz será sua mensagem.
O receptor torna-se o elo final no processo de comunicação.  O receptor é a 
pessoa, ou pessoas, que compõe o público de sua mensagem. Todos os fatores que 
determinam como uma fonte operará se aplicam ao receptor. Pense nas habilidades de 
66
comunicação em termos de quão bem um receptor pode ouvir, ler ou usar seus outros 
sentidos. As atitudes dizem respeito a como um receptor pensa na fonte, em si mesmo, 
na mensagem e assim por diante. O receptor pode ter mais ou menos conhecimento 
do que a fonte.  O contexto sociocultural poderia ser diferente em muitos aspectos 
daquele da fonte, mas a origem social, educação, amigos, salário, cultura ainda estariam 
envolvidos. Cada um afetará a compreensão do receptor da mensagem.
As mensagens às vezes não cumprem seu propósito por vários motivos. Frequentemente, 
a fonte não tem conhecimento dos receptores e de como eles veem as coisas. Certos canais 
podem não ser tão eficazes em determinadas circunstâncias. O tratamento de uma mensagem 
pode não caber em um determinado canal ou alguns receptores simplesmente podem não 
estar cientes, interessados ou capazes de usar certas mensagens disponíveis.
Aristóteles foi o primeiro a tomar a iniciativa e desenhar o modelo de 
comunicação. O Modelo de Comunicação de Aristóteles pode ser considerado 
um modelo de comunicação unidirecional, no qual o emissor envia a informação 
ou uma mensagem ao receptor para influenciá-lo e fazê-lo responder de 
acordo. Esse modelo é considerado a regra de ouro para se destacar em falar 
em público, seminários, palestras situações em que o remetente deixa claro 
seu ponto de vista, eles respondem de acordo. Não há feedback.
INTERESSANTE
O processo de comunicação tem múltiplas barreiras. O comunicado pretendido 
será frequentemente perturbado e distorcido, levando a uma condição de mal-entendido e 
falha de comunicação. As barreiras para uma comunicação eficaz podem ser de vários tipos, 
como semânticas, psicológicas e físicas. Veremos esses tipos em detalhes no Quadro 2. 
QUADRO 2 - BARREIRAS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
BARREIRAS SEMÂNTICAS BARREIRAS PSICOLÓGICAS BARREIRAS FÍSICAS
Ocorrem frequentemente na co-
municação verbal, no caso de se 
estabelecer uma situação de co-
municação entre indivíduos de 
diferentes origens culturais. Não 
apenas os vocabulários são dife-
rentes, mas os significados das 
palavras também variam muito 
entre os indivíduos no processo. 
Muitas vezes, como agravante, 
temos a falta de capacidade de 
"traduzir" o significado de uma
Assim como as barreiras se-
mânticas,as barreiras psicológi-
cas nem sempre são declaradas, 
de modo que é improvável que 
os indivíduos as vejam como a 
causa do "ruído" ou "vazamen-
to" em sua comunicação. Dife-
renças de status ou posição em 
uma escala social (real ou imagi-
nária) podem interferir e causar 
sérios problemas na comunica-
ção intercultural. Por exemplo,
São comuns, mas não menos 
prejudiciais à comunicação. As 
barreiras físicas talvez sejam 
as menos levadas em conta 
pelos comunicadores ignoran-
tes. As condições em que a co-
municação ocorre podem criar 
esse tipo de bloqueio - sala mal 
iluminada, muito quente ou 
muito fria, ruídos externos, ca-
deiras desconfortáveis, horá-
rios inadequados, tudo isso são
67
FONTE: Adaptado de Oliveira et al. (2009).
palavra para outra. Elas podem 
ser superadas com o reconhe-
cimento da necessidade de 
usar um código ou linguagem 
mais simples e claro, exemplos 
concretos. Além disso, símbo-
los não verbais, como figuras, 
ilustrações e modelos, podem 
auxiliar na comunicação, no 
esclarecimento e no nivela-
mento de conceitos.
se o agricultor achar que o 
técnico é muito superior a 
ele, pode bloquear o fluxo de 
comunicação. As diferenças 
nas preferências também po-
dem distorcer a comunicação, 
com todos se concentrando 
na mensagem de um ângu-
lo diferente. Por exemplo, um 
comerciante, em comunicação 
com um filantropo, discutindo 
os preços dos alimentos.
condições padrão, que nem 
sempre exigem observação e 
reparo. Uma barreira física mui-
to importante é a apresentação 
desorganizada e confusa da 
mensagem pelo comunicador.
A maioria das pessoas está familiarizada com as dificuldades semânticas, mas 
poucas dão atenção especial às barreiras psicológicas e físicas, embora essas três sejam 
encontradas com igual frequência em tarefas de comunicação de alto nível: orientação 
educacional (OLIVEIRA et al., 2009).
4 O FUTURO DA COMUNICAÇÃO RURAL
A comunicação rural era então vista como uma aliada indispensável para a 
entrada de tecnologias inovadoras. Nesse sentido, o agricultor familiar se desenvolveu 
em relação à recepção de informações, pois depende dela para realizar suas atividades 
produtivas, econômicas e sociais. As tecnologias da informação que lhes são fornecidas 
são a porta de entrada para tecnologias avançadas e, portanto, para um novo modelo de 
produção (BIEGER; BIEGER, 2016).
A comunicação rural no futuro, deve ser praticada por um extensionista que tenha 
consciência de sua missão no meio ambiente, seja solidário com a operação e tenha uma 
concepção clara da diferença básica entre rural e urbano, conhecendo e respeitando 
o meio rural. A comunicação rural será acompanhada de amplo suporte tecnológico e 
cibernético, distante da percepção da maioria da classe camponesa brasileira. Caberá ao 
comunicador rural filtrar o que é útil e descartar o que não é, o que obviamente exigirá 
que esse especialista tenha algum conhecimento técnico do meio ambiente. Os novos 
extensionistas rurais deverão discutir conceitos de meio ambiente, para alertar, argumentar, 
condenar e denunciar atos contra a natureza, o bem mais precioso de uma nação, e devem 
estar bem-informados sobre os temas que chegarão à mídia ao longo no próximo milênio, 
como propriedade intelectual, biodiversidade e transgênicos. Esse especialista precisará 
de uma compreensão clara da diferença entre aprimoramento genético e modificação 
genética. Os comunicadores profissionais, olhando para o campo de amanhã, deverão estar 
atentos e prontos para não cair nas armadilhas internacionais, com o único objetivo de lucro 
e mudança ambiental, sob a proteção de propagandas do capital (BRAGA; CARVALHO, 1999).
68
O setor de tecnologia da informação terá ainda mais vez no processo de 
comunicação da extensão rural. A base de transmissão para ter acesso à informação será 
aprimorada ainda mais. Estudos apontam que o acesso do agricultor à informação e sua 
capacidade de estabelecer comunicação garantirão o renascimento econômico, social 
e cultural do meio rural. Vale destacar que, para isso, é necessário haver investimentos 
na área, assim como já mencionado. A internet poderá ajudar os agricultores a divulgar 
suas questões e problemas e encaminhá-los às autoridades competentes, garantindo 
que eles os compartilhem uns com os outros. Os agricultores poderão ter acesso a várias 
bases de dados na internet e obter informações sobre os desenvolvimentos recentes 
que podem afetar as condições específicas de suas áreas. 
O extensionista rural, até lá, deverá ter passado por capacitações para adoção 
de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nas suas ações de intervenção 
e será um facilitador nesse processo. As TICs vêm provando ser importantes para os 
usuários da internet, as experiências mostram que vários meios de comunicação são 
valiosos para auxiliar os produtores agrícolas com informações e conselhos sobre 
inovações agrícolas, preços de mercado, infestações de pragas e alertas climáticos. 
Nesse sentido, a comunicação rural no futuro passará por transformações no 
uso das ferramentas adotadas para as ações de Ater. O acesso às TICs poderá ajudar 
os agricultores de várias maneiras. A mídia tradicional e as novas TICs desempenharam 
papel importante na difusão de informações para as comunidades rurais e agora têm 
muito mais potencial, com o uso de telefones celulares e tecnologia de mensagens, os 
agricultores podem obter acesso a informações de forma rápida. As disponibilidades de 
informações de mercado também permitem que os agricultores verifiquem os preços 
que recebem em relação aos preços vigentes no mercado, como também tenham 
acesso a mercados específicos por meio do e-commerce. 
Na Unidade 3, iremos aprofundar sobre as potencialidades das TICs no 
meio rural e entender qual é o papel do extensionista nesse processo.
ESTUDOS FUTUROS
69
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O comunicador rural deve ter o papel de facilitador dos processos de desenvolvimento, 
trabalhando na perspectiva participativa, instruindo sobre o uso das tecnologias, 
apoiando os agricultores na resolução dos problemas. Ele deve atuar na mobilização 
e organização dos agricultores para a participação e promover a articulação em 
busca do desenvolvimento rural.
• O termo processo de comunicação se refere à troca de informações (uma mensagem) 
entre duas ou mais pessoas. Para que a comunicação seja bem-sucedida, ambas 
as partes devem ser capazes de trocar informações e se entender. Se o fluxo de 
informações for bloqueado por algum motivo ou as partes não puderem se fazer 
entender, a comunicação falhará. O processo de comunicação tem múltiplas barreiras 
que impedem uma comunicação eficaz, como semânticas, psicológicas e físicas.
• O processo de comunicação envolve tanto o emissor da mensagem quanto o 
receptor. Ele começa com a formação de ideias pelo emissor, que então transmite 
a mensagem por meio de um canal ou meio para o receptor. O receptor é quem 
aplica os conhecimentos, no caso, o agricultor. Existem seis elementos importantes 
do processo de comunicação: fonte, codificador/comunicador, receptor, meios, 
mensagem e objetivo.
• O futuro da comunicação deverá estar pautado na perspectiva na inclusão das TICs 
nas atividades de Ater. O extensionista deverá deter informações para trabalhar 
em um viés da sustentabilidade da produção agrícola e os meios de comunicação 
digitais serão ferramentas importantes na propriedade rural, diminuindo os índices 
de pobreza e as desigualdades do meio rural.
70
1 O técnico extensionista é responsável por fornecer o conhecimento e as informações 
que permitirão ao agricultor entender e tomar uma decisão sobre uma determinada 
inovação e, em seguida, comunicar esse conhecimento ao agricultor. Sobre o papel 
do comunicador rural, assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) O comunicador rural possui conhecimentos técnicos que devem ser repassados 
aos agricultores. O trabalho do técnico está baseadoem políticas governamentais, 
não ocorrendo a participação dos agricultores nas tomadas de decisões. 
b) ( ) O comunicador rural deve trabalhar com a linguagem verbal, uma vez que a 
linguagem não verbal poderá dificultar a compreensão da mensagem pelo 
receptor. Essa habilidade é a base de toda atividade extensionista. 
c) ( ) Uma conversa deve ser um processo de comunicação de mão dupla em que o 
técnico extensionista deve ser sensível ao efeito que está produzindo e estar 
preparado para reagir positivamente.
d) ( ) O papel do comunicador é exclusivamente colaborar nos processos de organização 
dos agricultores para eles poderem enfrentar seus problemas, em uma direção 
considerada desejável pela agência de mudança.
2 A comunicação também deve ser entendida como um processo, porque, embora 
suas etapas possam ser separadas para fins de análise, a inter-relação entre elas é 
um dos aspectos mais importantes para a eficácia da comunicação. Com base nas 
etapas do processo de comunicação rural, analise as sentenças a seguir: 
I- Na extensão rural, a fonte é o extensionista, portanto este deve possuir habilidade 
para escrever, falar, ilustrar, demonstrar, argumentar, discutir, dramatizar e inquietar, 
além de ter conhecimento e atitude em relação ao assunto, ao público e ao meio 
ambiente, ou seja, experiências, formação cultural, formação acadêmica etc.
II- A mensagem é a forma como o propósito da fonte deve ser expresso, isto é, em que 
os objetivos e intenções da fonte são convertidos em um conjunto de símbolos, isso 
deve ocorrer por meio de código, conteúdo e tratamento.
III- O receptor é o condutor da mensagem, que pode ser, por exemplo, transmitida pelo 
ar, para ser ouvida; impressa, para ser lida etc.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
AUTOATIVIDADE
71
3 Existem barreiras na comunicação e estas podem ocorrer em qualquer fase do 
processo. As barreiras podem fazer com que sua mensagem fique distorcida e, 
portanto, você corre o risco de os técnicos serem mal-entendidos. A comunicação 
eficaz envolve superar essas barreiras e transmitir uma mensagem clara e concisa. 
Sobre as barreiras no processo de comunicação, classifique V para as sentenças 
verdadeiras e F para as falsas:
( ) Semântica: as mesmas palavras e símbolos carregam significados diferentes para 
pessoas diferentes. Dificuldades na comunicação surgem quando o emissor e o 
receptor da mensagem usam palavras ou símbolos em sentidos diferentes.
( ) Física: ocorre quando o significado da mensagem é perdido durante a codificação 
da mensagem. Distrações físicas também estão presentes, como iluminação ruim, 
sentar-se desconfortavelmente, sala anti-higiênica, e afetam a comunicação. 
( ) Psicológica: é a influência do estado psicológico dos comunicadores (emissor e 
receptor), simultaneamente, que cria um obstáculo para uma comunicação eficaz.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) V – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 O comunicador rural é um agente de mudança e intervém para trazer transformações 
e ajudar a melhorar a vida dos agricultores e de suas famílias. Ele assume um papel 
importante no desenvolvimento rural. Nesse contexto, pontue os papéis que o 
comunicador rural pode assumir nos serviços de Ater.
5 As necessidades de informação da população rural tornam-se mais diversas e 
iminentes. Os rápidos avanços tecnológicos oferecem novos métodos e oportunidades 
para a disseminação e compartilhamento da informação e do conhecimento. Disserte 
sobre o futuro da comunicação no Brasil. 
72
73
TÓPICO 3 - 
COMUNICAÇÃO E DIFUSÃO DE INOVAÇÕES
1 INTRODUÇÃO
A teoria da difusão de inovações é provavelmente a teoria da comunicação mais 
citada, resumida e aplicada. Percebeu-se que o modelo clássico de difusão poderia ser 
aplicado de forma útil ao processo de desenvolvimento socioeconômico.
O processo de decisão de adoção da difusão ocorre pelo conhecimento ou 
consciência da inovação, persuasão (reações e avaliações da inovação), decisão 
(obter, comprar, experimentar), implementação (adquirir, ajustar, aplicar, incluindo um 
período de "julgamento justo") e confirmação (incluindo exibição pública da adoção e 
recomendação da inovação a outros). 
Os canais de comunicação desempenham um papel importante na difusão. 
Como a inovação é um novo produto, processo ou ideia, ela deve ser comunicada 
aos potenciais adotantes para que eles avaliem seus atributos e decidam se devem 
experimentá-la e, eventualmente, adotá-la. Canais eletrônicos de mídia de massa, 
como televisão e rádio, são úteis para aumentar a conscientização sobre a inovação.
Um grande desenvolvimento na conceituação de uma inovação foi a percepção 
de que uma inovação não é uma entidade fixa, estática e objetiva. Em vez disso, é 
contextual, flexível e dinâmica. Pode ser adaptada e reinventada. 
Neste último tópico da Unidade 2, vamos entender sobre o conceito da teoria da 
difusão, os processos de sua adoção e aplicabilidade, aprofundando sobre os métodos na 
extensão rural, na perspectiva de difusão das inovações e, por fim, nas potencialidades 
e limites da ação difusionista na promoção do desenvolvimento rural. 
UNIDADE 2
2 A TEORIA DA DIFUSÃO E ADOÇÃO DE INOVAÇÕES E 
SUA APLICAÇÃO
 
A teoria da difusão da inovação, criada em 1962 por Rogers, surgiu na 
comunicação para esclarecer como, ao longo do tempo, uma ideia ou produto tem 
força e se espalha no grupo populacional. Como resultado desse transbordamento as 
pessoas, dentro da estrutura de um sistema social, adotam uma ideia nova, um novo 
comportamento ou um novo produto. Adoção significa que uma pessoa está fazendo 
algo diferente do que estava fazendo antes (ou seja, comprar ou usar um novo produto, 
absorver e adotar um novo comportamento etc.). 
74
Mas o que é a difusão? 
Difusão é o processo pelo qual uma inovação é comunicada através 
de certos canais ao longo do tempo entre os membros de um sistema. 
É um tipo especial de comunicação, em que as mensagens são 
preocupadas com novas ideias. A comunicação é um processo no 
qual os participantes criam e compartilham informações uns com os 
outros para chegar a um entendimento mútuo. Esta definição implica 
que a comunicação é um processo de convergência (ou divergência) 
à medida que dois ou mais indivíduos trocam informações para se 
aproximarem um do outro (ou à parte) nos significados que atribuem 
a certos eventos. (ROGERS, 1971, p. 5)
A “nova ideia” que o autor menciona é a novidade, o conteúdo da mensagem 
de comunicação, que gera a difusão. A novidade significa que algum grau de incerteza 
está envolvido. A incerteza implica uma falta de previsibilidade, sendo a informação 
um dos principais meios de reduzir a incerteza. O efeito de difusão é o grau cumulativo 
crescente de influência sobre um indivíduo para ele adotar ou rejeitar uma inovação, 
resultando a partir da ativação de redes de pares sobre uma inovação em um sistema. 
O ambiente de comunicação do sistema em relação à inovação muda à medida que 
aumenta o número de indivíduos no sistema adotado (ROGERS, 1971).
A chave para a adoção é que a pessoa deve perceber a ideia, comportamento 
ou produto como novo ou inovador. É por meio disso que a difusão é possível. A adoção 
de uma nova ideia, comportamento ou produto (isto é, "inovação") não acontece 
simultaneamente em um sistema social; ao contrário, é um processo pelo qual algumas 
pessoas são mais aptas a adotar a inovação do que outras. Ao promover uma inovação 
para uma população-alvo, é importante entender as características da população-alvo 
que ajudarão ou dificultarão a adoção da inovação.
Hillig e Froehlich (2008) comentam que a inovação é uma ideia, procedimento, 
produto ou serviço que um indivíduo considera “novo”, sendo diferente do que existiaanteriormente, é novo para ele e não necessariamente para os outros. A experiência tem 
demonstrado que a mera existência de uma inovação, mesmo considerada "boa", não 
garante que ela seja amplamente aceita pelos potenciais usuários; inovação pode não 
ser aceita ou mesmo superada por outra inovação considerada não tão boa. 
Rogers (1971) identifica cinco atributos de inovações que têm uma forte 
influência sobre se e quão rápido uma inovação é adotada. Ele observa que esses não 
precisam ser atributos reais de uma inovação - é importante apenas para sabermos 
como um potencial adotante percebe a inovação.
• Vantagem relativa: a vantagem relativa percebida de uma inovação é o grau em que 
ela é percebida como melhorando uma inovação anterior. Isso pode se manifestar 
como maior lucratividade ou aumento de status social, por exemplo. Inovações 
preventivas - aquelas cujos efeitos podem não ser imediatamente visíveis, ou 
podem nunca se materializar porque seu objetivo é prevenir um evento indesejável 
75
- são percebidas como tendo uma vantagem relativa muito baixa. Incentivos (por 
exemplo, dinheiro ou amostras grátis) podem ser usados para aumentar a vantagem 
relativa percebida de uma inovação. No entanto, adoções motivadas por incentivos 
podem ser menos sustentáveis, com os adotantes possivelmente rejeitando a 
inovação quando o incentivo deixa de existir. A vantagem relativa está positivamente 
relacionada à taxa de adoção de uma inovação.
• Compatibilidade: a compatibilidade percebida de uma inovação descreve o quão 
consistente ela é em relação aos valores, experiências e necessidades de um indivíduo. 
O grau de compatibilidade determina a mudança de comportamento necessária para 
adotar uma inovação. Assim, em vez de introduzir uma inovação incompatível em 
um sistema social, a adoção pode ser mais fácil quando a inovação é dividida em 
várias inovações mais compatíveis que podem ser adotadas em sequência - cada 
uma exigindo apenas uma pequena mudança de comportamento. A compatibilidade 
está positivamente relacionada com a taxa de adoção de uma inovação. 
• Complexidade: a complexidade percebida de uma inovação descreve o quão difícil 
parece compreender e usar a inovação. Um alto grau de complexidade pode ser 
uma forte barreira contra a adoção. A complexidade está negativamente relacionada 
com a taxa de adoção de uma inovação.
• Experimentação: a experimentação percebida de uma inovação é o grau em que 
ela pode ser experimentada em uma base probatória. Um teste pessoal de uma 
inovação é uma maneira eficaz de reduzir a incerteza. Como tal, a experimentação 
está positivamente relacionada à taxa de adoção de uma inovação. 
• Observabilidade: a observabilidade percebida de uma inovação é o grau em que 
outros podem observar os resultados de uma inovação. Observar um par pode ser 
um proxy para um teste de uma inovação. A observabilidade está positivamente 
relacionada à taxa de adoção de uma inovação.
De acordo com a teoria da difusão de inovações, o pressuposto é que os 
inovadores são mais bem informados do que os adotantes tardios e possuem mais 
capital social dentro, mas também fora de sua comunidade local. Os agricultores que 
são potenciais adotantes e os que já adotaram ficam sabendo desses benefícios por 
meio de um processo de retroalimentação de informações às quais eles têm acesso 
por fazerem parte de uma comunidade. Conhecer os benefícios das tecnologias tem 
influência no processo de adoção dessas tecnologias. 
A aplicação ocorre pelos canais de comunicação, que podem variar dependendo da 
natureza da inovação e do tamanho do público potencial. No mundo atual, as tecnologias 
da informação como a internet e os telefones celulares - que combinam aspectos da 
mídia de massa e canais interpessoais, representam formidáveis ferramentas de difusão. 
A internet é considerada como uma das tecnologias mais transformadoras 
que mudaram a forma como as pessoas aprendem, brincam, criam, se comunicam e 
trabalham. Através dos canais formais e informais das comunidades rurais são abordados 
fenômenos importantes para o desenvolvimento agrícola, como a difusão de inovações 
76
sociais e tecnológicas, o surgimento de lideranças, movimentos cooperativos e, mais 
recentemente, a defesa coletiva da agroecologia e o movimento com a participação da 
população rural do país (HILLIG; FROEHLICH 2008).
3 MÉTODOS DE EXTENSÃO RURAL E COMUNICAÇÃO 
RURAL 
Os métodos de extensão rural são as ferramentas e técnicas usadas para 
criar situações nas quais a comunicação pode ocorrer entre a população rural 
e os extensionistas. Eles são os métodos de estender novos conhecimentos 
e habilidades para a população rural, chamando sua atenção para eles, 
despertando seu interesse e ajudando-os a ter uma experiência bem-sucedida 
da nova prática. É necessária uma compreensão adequada desses métodos e 
sua seleção para um tipo específico de trabalho.
Uma maneira de classificar os métodos de extensão é de acordo com 
seu uso e natureza do contato. Em outras palavras, se são usados para contatar 
pessoas individualmente, em grupos ou em massa, com base na natureza do 
contato. Eles são divididos em métodos de contato individual, em grupo e em 
massa que veremos nos tópicos a seguir. 
3.1 INDIVIDUAIS 
Os métodos individuais, embora menos abrangentes, são importantes para o 
extensionista em termos do conhecimento que ele precisa obter da comunidade e da 
confiança que pode obter das lideranças e do público rural. Embora os extensionistas devam 
usar métodos de massa e de grupo para alcançar um grande número de pessoas e incentivar 
a ação conjunta no planejamento e implementação do projeto, o contato pessoal serve a 
muitos propósitos essenciais. A influência pessoal do extensionista é importante para garantir 
a cooperação, a participação nas atividades de extensão e a adoção de fazendas e benfeitorias. 
Os métodos individuais também podem conhecer as condições da população rural e da 
própria comunidade. No entanto, devemos ter em mente que os métodos individuais têm um 
custo muito alto, portanto, seu uso deve ser muito objetivo (PEREIRA et al., 2009). 
O método individual pode ocorrer por meio de visitas, contato e entrevistas, 
comentados por Pereira et al. (2009) e Balem (2015):
• Visita: um importante método de extensão, proporciona um meio de comunicação 
pessoal entre as famílias rurais e os extensionistas, em um ambiente onde eles podem 
discutir e trocar informações de forma eficaz, privada, sem distrações ou interrupções. 
A visita inclui uma ação planejada para implementar a agenda da Ater. Tem um alto 
custo devido ao escopo limitado e à individualidade. Os extensionistas agrícolas devem 
prestar atenção para não se concentrar sempre em visitar a mesma família.
77
• Contato: trata-se de um método não planejado que ocorre em situações 
imprevistas e em diversos locais, na sede, escritório ou campo, onde os técnicos 
se comunicam com o público com informações relacionados ao trabalho da Ater. O 
público é abordado por uma ampla variedade de contatos, podendo incluir aqueles 
direto ou indiretamente envolvidos no plano de trabalho. Embora o contato pessoal 
não seja possível, as ligações telefônicas têm a vantagem de que os agricultores ou 
extensionistas podem iniciar.
• Entrevista: é um método adotado no consultório, no local e no campo, por meio do 
qual o técnico visa conhecer situações e acontecimentos, identificar problemas e avaliar 
o trabalho. Deve ser cuidadosamente planejada e bem executada. Permite conhecer 
a realidade rural, após a recolha da informação. Ajuda na seleção do público e da 
comunidade para trabalhar com a realidade. Requer preparação adequada e credibilidade 
por parte do entrevistador, também requer sinceridade nas respostas dos entrevistados. 
Também requer uma boa aplicação e uma boa análise dos dados coletados.
3.2 GRUPAIS 
Os métodos de grupo são métodos de abordagem a um determinado grupo de 
agricultores, que foram previamente identificadospelo pessoal de extensão e, portanto, 
tornam-se mais eficazes do que os métodos individuais. A escolha depende do objetivo 
buscado com ação ampliada (BALEM, 2015).
Os métodos de grupo permitem a troca de opiniões entre os técnicos e o 
público. Ou seja, por meio de perguntas e respostas, formam-se opiniões sobre os 
temas discutidos ou apresentados. A vantagem da abordagem em grupo é que mais 
pessoas podem ser alcançadas ao mesmo tempo, sem qualquer impedimento entre o 
produtor e o técnico extensionista. O método de grupo também facilita a descoberta de 
líderes comunitários, organizações de produtores e desenvolvimento humano por meio 
de discussões, demonstrações e apresentações informativas. Eles permitem a troca 
de experiências, possibilitando mudanças no ensino e nos métodos a um custo menor 
(PANIAGO JÚNIOR, 2015). 
Existem diversas formas de realizar os métodos grupais, que são apresentadas 
por Pereira et al. (2009) e Paniago Júnior (2015): 
• Unidade de demonstração (DU): método para demonstrar a adoção de uma ou 
mais tecnologias e seus benefícios ao longo do tempo. Sua implementação envolve 
o uso de uma ou mais práticas comprovadamente eficazes e rentáveis, em uma 
determinada cultura ou criação, com o objetivo de ser acompanhada por um grupo 
de produtores, avaliada e aplicada. Exemplo de DU: testar uma nova variedade de 
uma determinada cultura, consórcio e adubação verde.
• Reunião: método amplamente utilizado na extensão rural. Tem muitas formas: 
conferência, seminário, congresso. Destina-se a informar e/ou formar em novas 
tecnologias e/ou discutir diversos temas. Estimula a formação de lideranças, 
78
associações e organizações de agricultores. Exemplos de temas para reuniões: 
formar uma cooperativa, formar um mutirão para consertar uma ponte e uma 
conferência de febre aftosa.
• Curso: em suma, visa capacitar os agricultores no uso de tecnologias complexas ou 
de um conjunto de técnicas, ou em sistemas de produção completos. Geralmente 
dura mais de um dia, é trabalhoso e o custo pode ser alto (viagem, alimentação, 
hospedagem). Exemplos de tópicos do curso: manejo integrado de pragas, plantio 
direto e inseminação artificial;
• Dia de campo: método planejado para demonstrar, dentro de uma unidade de produção, 
a eficácia de uma série de práticas agrícolas bem-sucedidas, com o objetivo de motivar 
os produtores a adotá-las. Normalmente, o evento acontece na propriedade de um 
produtor rural com acesso a tecnologias ou experimentos de campo, tanto em pesquisa 
quanto em extensão. Pode ser usado para abordar temas como uso de leguminosas, 
manejo integrado de pragas, manejo de pastagens e conservação do solo.
• Dia especial: voltado para a integração social e cultural, fortalecendo as relações 
pessoais e sociais, além de transmitir e coletar diversas informações. Pode ser 
utilizado para celebrar, inaugurar, iniciar ou estimular determinados programas ou 
ações de caráter social, cívico ou comunitário. 
• Propriedade demonstrativa (PD): trata de todas as técnicas de uma lavoura ou 
de uma construção que produzem, motivam e formam agricultores. Requer o uso de 
outros métodos e condições operacionais que sejam representativos da maioria dos 
agricultores. Por exemplo, uma PD de produção agrícola, arroz inundado.
3.3 MASSAIS 
Objetivam atender o público em geral, visam atender as pessoas em massa, isto 
é, um número significativo e indeterminado de pessoas com alcance indefinido. Exemplos 
de métodos de massa: concursos, campanhas, exposições, rádio, TV, jornais, revistas, 
filmes, artigos, ferramentas de bate-papo, multimídia, hipermídia. É o agrupamento de 
mídias em um único dispositivo, por exemplo, site da Emater (LOPES, 2016). 
Sua relação custo-benefício é muito baixa, pois as mensagens atingem um 
grande número de pessoas de forma rápida e eficiente (MEDRONHA, 2016). Em geral, 
os meios de comunicação de massa são utilizados para formar a opinião pública 
e, em certa medida, para transmitir conhecimentos e técnicas de forma simples e 
sucinta (HILLIG; FROEHLICH, 2008).
79
A comunicação de massa desempenhou um papel importante 
na promoção da “modernização” para o povo. O rádio foi um dos 
principais instrumentos utilizados. Líderes nacionais, burocratas e 
especialistas difundiam adoção de ideias novas e o que elas atrairiam 
para a vida das pessoas. Eles conversaram longamente sobre métodos 
agrícolas, curas para doenças, a importância de mandar as crianças 
para a escola, as vantagens de ter menos filhos, a conveniência de ter 
um governo estável e assim por diante.
IMPORTANTE
4 POTENCIALIDADES E LIMITES DA AÇÃO DIFUSIONISTA 
NA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO RURAL
A difusão de tecnologia, ou o também conhecido o modelo difusionista, foi 
largamente abraçada no Brasil nas políticas de desenvolvimento e comunicação. Nesse 
período, ocorreram investimentos para área rural como créditos com maior facilidade e 
redução de taxa de juros, mecanização da agricultura, pesquisas sobre variedades de 
sementes mais resistentes, o advento da televisão nos serviços de Ater. Além disso, foi a 
partir da ação difusionista que houve abertura para uma comunicação rural participativa. 
Essa estratégia é vista como um conceito da Teoria da Modernização para desenvolver 
e aplicar as inovações necessárias. Essa tradição de difusionismo tem sido fortemente criticada 
por Paulo Freire, por não aceitar que os agricultores participem ou interfiram no processo 
decisório, vendo-os como objetos de ação (fontes passivas) ao invés de não sujeitos a isso, 
e fortalecer sistemas sociais opressores em que as decisões dos agricultores são fortemente 
condicionadas por mecanismos de poder e controle (BELTRÃO, 2010).
Na década de 1980, diversas críticas ao modelo difusionista surgiram, sobretudo 
na América Latina, sendo foi fortemente seguidas pelo processo de influência da 
comunicação rural para o desenvolvimento. Estudos posteriores desafiaram os 
teóricos da difusão. Primeiro, os críticos da Revolução Verde fizeram perguntas sobre a 
adequação da pesquisa realizada. Eles observaram que, embora baratas em si mesmas, 
as variedades da Revolução Verde muitas vezes faziam parte de pacotes de inovações 
que exigiam um investimento de capital considerável muito além dos meios do agricultor 
e que causavam severos danos, como degradação do solo, perda de biodiversidade, 
poluição do solo e da água, pragas, concentração de renda e desigualdade social. 
A ação difusionista utilizou vários canais de comunicação: reuniões comunitárias, 
apresentações em dias de campo, informações radiofônicas, periódicos, manuais agrícolas 
e convencimento de formadores de opinião pública com o objetivo de atingir as unidades 
familiares rurais. É um movimento em torno da adoção de tecnologia em áreas rurais, com 
cursos de capacitação, mutirões e conversas informais. O difusionismo também passa a 
80
se expressar no espírito moderno: as inovações estavam para resolver os problemas das 
práticas antigas; o "velho" está sendo desenraizado pelo "novo", tanto no campo quanto na 
cidade. O difusionismo inculcou ideias depreciativas nos citadinos das grandes cidades, 
espalhando os estereótipos dos camponeses como "mal-educados", "rebeldes", "refratários". 
Aos poucos, o Estado brasileiro integrou a ideia de que os agricultores brasileiros tinham 
conhecimentos desatualizados sobre agricultura (DUARTE; SOARES, 2011).
No período do modelo difusionista, o desenvolvimento rural era pautado no 
aumento da produção da área cultiva, voltado para o agronegócio, basicamente na 
exportação de produtos agrícolas. Na década de 1990, a partir das críticas a esse modelo, 
e com base nas compreensões de Freire e Bordenave o desenvolvimento rural passou 
da perspectiva unilateral de produção agrícola e voltou-se a olhar o rural como um todo, 
considerando a agricultura familiar, as tradições e culturas e, também, a desigualdade. 
No período difusionista a Ater integrou o conjunto de instrumentos de 
política demodernização da agricultura brasileira, ao lado do crédito 
rural subsidiado, da pesquisa e dos incentivos para implantação de 
indústrias de máquinas e insumos agrícolas. Nesse período, ampliou-se 
a abrangência dos serviços de Ater que passam a chegar a cerca de 80% 
dos municípios brasileiros.
IMPORTANTE
81
O NOVO RURAL E A COMUNICAÇÃO
Verônica Crestani Viero
Renato Santos de Souza
No século XVII a relação urbano/rural era vista como uma dicotomia, ou seja, 
duas realidades extremamente diferentes. O meio urbano era sinônimo de progresso e 
o meio rural era identificado como atrasado e velho. Esta ruptura é atribuída ao conflito 
de duas realidades sociais diferentes. 
Todavia, desde a década de 70, essas noções mitificadas têm passado por 
uma revisão fundamentada na transformação estrutural no meio considerado rural. 
As mudanças verificadas nas relações sociais e de trabalho no campo e na cidade 
resultaram na alteração das noções de rural e urbano, tornando cada vez mais difícil 
delimitar as suas fronteiras. 
Até a década de 80, além do agricultor de subsistência, ainda era comum a 
presença de aventureiros, curiosos e especuladores que, graças ao subsídio estatal e 
ao protecionismo, obtiveram lucro na atividade agrícola mesmo com pouca capacidade 
de gerenciar e produzir. Entretanto, os anos 90 marcam a derrubada dos conceitos de 
intervenção urbana, homogeneidade e subdesenvolvimento relacionados à agricultura. 
De acordo com Bordenave (2003), os últimos trinta anos foram marcados por 
mudanças profundas no meio rural, dentre as quais pode-se destacar: a proporção 
da população que permanece no campo está se reduzindo em todos os países; a 
agricultura empresarial, ou “agribusiness”, apoiada por grandes indústrias de insumos 
agropecuários, penetra agressivamente no campo e ameaça a sobrevivência da 
pequena e da média propriedade, em especial, de agricultura familiar; as fronteiras entre 
o rural e o urbano estão cada vez mais difusas, acentuando-se o domínio do urbano 
sobre o rural, principalmente devido ao desenvolvimento dos meios de transporte, a 
penetração do rádio e da televisão, o crescente desejo por educação e o crescimento 
das cidades interioranas; os habitantes do meio rural passaram a sentir a necessidade 
de estarem informados e atualizados, inclusive mediante o acesso a Internet, todavia, 
os sistemas de comunicação não se preocupam em satisfazer essa necessidade, pelo 
contrário, seus conteúdos estimulam a urbanização e não a permanência do homem 
no campo; os movimentos de integração regional, como o Mercosul, tem determinado 
a necessidade de que os produtores rurais se tornem competitivos, ou seja, que 
LEITURA
COMPLEMENTAR
82
coloquem no mercado produtos de qualidade com preços reduzidos. A consequência é o 
aumento na necessidade de educação e capacitação, tanto em processos de produção 
agropecuária, quanto em processos de comercialização. 
Cada vez mais, o mundo rural engaja-se na realidade de constante transformação 
própria do urbano, e, desta maneira, está se inserindo na Sociedade da Informação, 
utilizando se de novas técnicas e instrumentos que facilitem a troca de informações e 
a tomada de decisão. 
As transformações no ambiente agrícola e na própria sociedade resultaram em 
mudanças nos papéis, na atuação e nas formas de relacionamento dos atores sociais 
envolvidos com a utilização de tecnologias no campo. “As mudanças de paradigmas 
da comunicação, particularmente na última década, são causa e consequência das 
transformações estruturais na agricultura” (CASTRO E DUARTE, 2004, p. 51).
O conceito de informação rural - bastante utilizado nas décadas de 50 e 60 
quando predominava o modelo de difusão de inovações tecnológicas - vem sendo, cada 
vez mais, substituído pelo de comunicação rural, visto que a informação prima pela 
difusão unilateral e a comunicação é um processo que se dá entre os participantes que 
ora assumem papel de emissores e ora assumem o papel de receptores, dialogando 
entre si. Nesse sentido, a comunicação rural adquire um caráter mais participativo, sendo 
os produtores rurais atuantes na produção e veiculação de notícias do setor agrícola.
Consequentemente, segundo Bordenave (2003), a comunicação, mais que um 
processo de TRANSMISSÃO e DIFUSÃO, passa a ser um processo de RELACIONAMENTO 
entre as pessoas, que se realiza mediante a LINGUAGEM, ou seja, os códigos e os meios 
utilizados em um determinado CONTEXTO físico, social e cultural. Para o referido autor 
(1988), a comunicação humana, enquanto processo, não se divide em rural e urbana, 
visto que seus meios e mensagens alcançam todas as pessoas, independentemente 
do lugar onde moram. Todavia, o homem rural apresenta códigos e meios próprios 
para se comunicar, o que caracteriza o seu estilo de vida agrícola. Porém, essa noção 
vem perdendo sua importância, tendo em vista a grande aproximação entre o meio 
rural e o urbano. A medida que se desenvolve a consciência de que o processo de 
desenvolvimento não consiste somente na introdução de tecnologias modernas e no 
crescimento econômico, o antigo conceito de comunicação, que era equivalente a mera 
difusão de mensagens informativas, persuasivas ou instrutivas, foi substituído pelo 
conceito de “comunicação como relação entre as pessoas” (BORDENAVE, 2002).
Nesse contexto, a comunicação adquire uma importância fundamental para a 
promoção do desenvolvimento das comunidades, desempenhando inúmeras funções, 
tais como: manter a população informada sobre seus direitos e obrigações; defender e 
fortalecer os valores básicos da democracia social e do desenvolvimento sustentável, 
como equidade, cooperação e equilíbrio ecológico; educar e capacitar a população 
aumentando seus conhecimentos, enriquecendo seu vocabulário, fortalecendo 
83
seus valores positivos, ensinando tecnologias e socializando métodos; promover a 
identificação coletiva dos problemas comunitários e sua articulação; catalizar a reflexão 
comunitária sobre a realidade e seus problemas; apoiar a organização e facilitar o 
“empoderamento” da sociedade civil frente ao Estado e ao mercado; e fortalecer e 
enriquecer a cultura local, regional e nacional, respeitando as diversidade culturais.
FONTE: VIERO, V. C.; SOUZA, R. S. Comunicação rural on-line: promessa de um mundo sem fronteiras. In: 
CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 2008, 
Rio Branco. Anais […]. Rio Branco, Acre, 2008.
84
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A comunicação é um processo no qual os participantes criam e compartilham 
informações uns com os outros para alcançar o entendimento mútuo. A difusão 
é uma forma especial de comunicação relacionada a novas ideias. É uma forma 
específica de mudança social, definida como um processo pelo qual ocorre alteração 
na estrutura e função de um sistema social.
• No estudo da inovação, o termo difusão é mais frequentemente usado para descrever 
o processo pelo qual indivíduos ou grupos na sociedade/economia adotam uma 
nova tecnologia ou substituem tecnologia antiga por nova.
• A inovação como construção social é criada na interação da consciência e da 
necessidade de inovação (utilidade, aceitabilidade, compatibilidade da inovação, 
necessidade de superar o existente e conhecido), abertura e foco na criação de um 
sistema de inovação social e em personalidades criativas.
• Uma maneira de classificar os métodos de extensão é de acordo com seu uso e 
natureza do contato. O método individual oferece oportunidades para contato pessoal 
ou entre a população rural e os extensionistas. No método em grupo, os agricultores 
são contatados em um grupo que geralmente tem um interesse comum, os técnicos 
oferecem uma oportunidade para a troca de ideias, para discussões sobre problemas 
e recomendações técnicas. O método de contato em massa aborda um grande 
número de pessoas para divulgar uma nova informação e ajudá-los a usá-la.
85
1 A teoria da difusãode inovações busca explicar como e por que novas ideias e práticas 
são adotadas, potencialmente espalhadas por longos períodos. A teoria de Difusão de 
Inovações explica como a comunicação é usada para influenciar a adoção dessas 
novas ideias. Sobre essa teoria, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A difusão de novas ideias e produtos é um processo importante na sociedade mo-
derna, com a introdução cada vez mais frequente de novas descobertas científicas, 
tecnologias, mídia, bem como regulamentações governamentais e organizacionais.
b) ( ) O modelo aponta que as pessoas são mais resistentes a adotar novas ideias, 
produtos ou comportamentos com base em suas avaliações das ideias 
comunicadas a elas. 
c) ( ) O processo de difusão da inovação descreve a disseminação planejada e 
espontânea de novas ideias, embora atividades de difusão estrategicamente 
planejadas possam reduzir significativamente a adoção de inovações. 
d) ( ) Esse processo de difusão envolve a criação ativa e a fragmentação de infor-
mações sobre as inovações entre as pessoas para promover o entendimento a 
determinados grupos.
2 A teoria da difusão de inovações de Everett Rogers oferece uma estrutura testada 
pelo tempo para analisar alguns dos fatores que podem ter contribuído para o sucesso 
ou fracasso de uma inovação. Rogers foi fundamental para estabelecer este estudo 
sistemático sobre as formas como as inovações são introduzidas e adotadas por 
usuários em potencial. Sobre os atributos das inovações, analise as sentenças a seguir: 
I- Compatibilidade é o grau em que uma inovação parece ser melhor do que qualquer 
outra alternativa.
II- Observabilidade é o grau em que a inovação pode ser observada e experimentada 
em primeira mão. 
III- Complexidade é o grau em que a inovação é vista como difícil de entender ou usar. 
As pessoas são menos propensas a adotar produtos complexos ou difíceis de usar. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
AUTOATIVIDADE
86
3 Os métodos de extensão são as ferramentas e técnicas usadas para as situações nas 
quais a comunicação pode ocorrer entre a população rural e os profissionais de extensão. 
Uma maneira de classificar os métodos de extensão é de acordo com seu uso e natureza 
do contato, como individual, em grupo ou em massa. Sobre os métodos da extensão e 
comunicação rural, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Métodos de contato individual: os métodos de extensão nesta categoria oferecem 
oportunidades de contato pessoal entre a população rural e os profissionais de 
extensão. Esse método é ineficiente no ensino de novas habilidades.
( ) Métodos de contato em grupo: esses grupos geralmente são formados em torno de 
um interesse comum também envolvem um contato presencial com as pessoas e 
possibilitam a troca de ideias, discussões sobre problemas e recomendações técnicas. 
( ) Método de contato em massa: o extensionista tem que se aproximar de um grande 
número de pessoas para divulgar informações. Esses métodos são mais úteis para 
conscientizar as pessoas sobre as novas tecnologias de forma rápida. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – F – V.
4 Os métodos de extensão podem ser definidos como ferramentas utilizadas para criar 
situações em que novas informações possam circular entre o extensionista e as 
comunidades agrícolas. É função do extensionista utilizar os métodos de extensão 
que oportunizam a melhor compreensão da população rural. O método em grupo é 
utilizado em diversas ações de Ater, disserte sobre seu formato e possibilidades. 
5 A característica principal do modelo difusionista pode ser resumida como a reorientação 
pedagógica massiva da extensão rural para a difusão dos pacotes tecnológicos, 
via uma série de métodos que preconizavam a demonstração, o “aprender a fazer 
fazendo" e o experimental. A adoção desse método trouxe vários impactos negativos, 
disserte sobre esses impactos. 
87
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E SOCIOLOGIA RURAL, 2008, Rio Branco. Anais […]. Rio Branco, Acre, 2008.
91
METODOLOGIAS 
PARTICIPATIVAS DE 
CAPACITAÇÃO E MOBILIZAÇÃO 
DA COMUNIDADE RURAL
UNIDADE 3 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• capacitar para o planejamento de programas de extensão rural e para o uso 
adequado e eficiente dos métodos de extensão rural; 
• compreender a aplicação dos principais métodos participativos de extensão rural; 
• entender os desafios do processo de comunicação rural; 
• enfocar a transferência da tecnologia e a difusão de inovações entre produtores; 
• proporcionar aos acadêmicos a formação básica necessária à reflexão crítica acerca 
das relações sociais na agropecuária nacional.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – O PAPEL DOS MÉTODOS PARTICIPATIVOS NO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO
POPULAR
TÓPICO 2 – AÇÕES DINAMIZADORAS NO ENFOQUE PARTICIPATIVO
TÓPICO 3 – NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO APLICADAS À EXTENSÃO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
92
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 3!
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93
TÓPICO 1 — 
O PAPEL DOS MÉTODOS PARTICIPATIVOS NO 
PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO POPULAR
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A abordagem da extensão rural passou por mudanças nas últimas décadas, para 
refletir o desenvolvimento de um novo paradigma que enfatiza a sustentabilidade e a 
aprendizagem participativa, a fim de proporcionar a capacitação local das populações 
rurais e o fortalecimento do campo. Dessa forma, podemos considerar que a extensão 
rural, na sua forma contemporânea de atuação, afastou-se do modelo extensionista 
fundamentado nos pacotes da “Revolução Verde” (CARVALHO et al., 2008). Nesse formato, 
as ações dos extensionistas vêm utilizando métodos participativos, que podemos entender 
como ferramentas de trabalho que auxiliam na compreensão das necessidades básicas 
dos agricultores, levando em consideração seus desejos e os potenciais existentes, 
buscando valorizar os conhecimentos da população do campo, a sua cultura, e incorporá-
los ao processo de disseminação e aprendizagem tecnológica (OLIVEIRA; SILVA, 2015). 
Nesse sentido, os técnicos de Ater necessitam pensar as concepções que 
orientam as suas ações para que considerem os conhecimentos e experiências de vida 
das populações rurais. Assim, as ações devem ser pautadas em uma via de mão dupla, 
na perspectiva de fazer com eles e para eles. E devemos pensar: como fazer isso? Quais 
são as ferramentas existentes? Quais são os impactos?
Neste tópico, faremos referência à trajetória histórica do modelo de atuação 
dos serviços de Ater no Brasil e a forma de atuação atual, na perspectiva participativa. 
Abordaremos os princípios dos métodos participativos e os níveis de participação popular. 
2 MODELO DIFUSIONISTA E PARTICIPATIVO: 
POTENCIALIDADES E LIMITES
O modelo difusionista (1963-1984) esteve pautado no desenvolvimento rural 
com a introdução e difusão de práticas dos agricultores voltadas à maior eficiência 
produtiva (BORDENAVE, 1985). Esse modelo visou melhorar a produção dos médios 
e grandes agricultores e potencializar o aumento da área cultivada, com adoção de 
práticas para modernização técnica da agricultura, como máquinas e implementos 
agrícolas; sementes melhoradas; adubos químicos e agrotóxicos.
94
O marco para estabelecer as ações difusionistas da extensão rural no Brasil foi a 
institucionalização do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), que promulgou a Lei n. 4.829 
de 1965, cujo objetivo era financiar parte do capital de giro da produção, comercialização de 
produtos agrícolas; estímulo à formação de capital e aceleração da adoção e modernização 
da tecnologia (DORNELAS, 2020). Esse modelo também é marcado pela criação da Empresa 
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Empresa Brasileira de Assistência 
Técnica e Extensão Rural (Embrater), em 1975. Na concepção dessas entidades públicas, a 
extensão rural era responsável pela promoção das tecnologias no campo. 
Passemos a refletir o seguinte questionamento: como era a atuação do técnico 
extensionista nesse período? No modelo difusionista, a relação estabelecida entre 
extensionistas e agricultores era a interação sujeito-objeto. No topo dessa relação 
está o técnico, que possui cientificamente o "maior" conhecimento, e os agricultores 
aceitavam passivamente as ditas orientações, a partir de um curto diálogo. O papel do 
extensionista era ser um formador, com atribuição de fiscalizar a emissão de crédito e 
orientar sua utilização, de forma a "modernizar" o "atraso" do meio rural brasileiro, pois a 
obtenção de crédito incentivava a compra de insumos, como pesticidas, fertilizantes e 
máquinas, para aumentar a produção e, assim, utilizar práticas agrícolas sem levar em 
conta a estrutura social, econômica e ambiental (MARINHO; FREITAS, 2015).Essa situação evidencia o chamado autoritarismo cultural, em que o conhecimento 
dos produtores é completamente ignorado. Outra fonte de crítica a essa abordagem é o 
reconhecimento de que o objetivo final do processo é a difusão e utilização da tecnologia, 
ao invés de atender às necessidades das famílias rurais ou às demandas das comunidades 
(CALDAS; ANJOS, 2021). Podemos entender que a finalidade dos serviços de extensão 
rural na época era ampliar as políticas de crédito, recursos, investimentos, comercialização 
e produção, principalmente as commodities agrícolas. 
Nesse sentido, as principais características do modelo de difusão foram:
• Atuação dos agentes voltada para a construção e assessoramento de projetos de 
investimento de acesso a crédito de produtos específicos.
• Difusão de tecnologias para alcance generalizado pelos agricultores, com foco na 
produção e produtividade das propriedades rurais.
• Táticas de desenvolvimento e intervenção voltadas aos aspectos técnicos da produção, 
sem considerar questões culturais, sociais ou ambientais das comunidades rurais.
Esse formato da extensão rural fez com que pesquisadores, técnicos e 
extensionistas passassem a analisar as possibilidades de uma nova abordagem 
considerando as especificidades, o diálogo e o conhecimento do público atendido. Com 
esse novo olhar, as ações direcionadas para uma visão participativa para a extensão 
rural no Brasil passaram a ser evocadas anos 1980 e início da década de 1990 como um 
novo paradigma (OLIVEIRA; SILVA, 2015). Desse modo, o modelo tradicional (difusionista) 
de extensão rural passava então a ser deixado de lado para dar lugar a uma nova 
perspectiva, voltada para uma melhor comunicação entre técnicos e agricultores.
95
O modelo participativo surgiu nesse contexto. Um marco, iniciado no Brasil em 2003, foi 
a proposta de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), cujos parâmetros eram desenvolver 
outro mecanismo de construção compartilhada, relacionado à inclusão de questões socioam-
bientais e novos temas, como metodologias participativas, políticas públicas de fortalecimento 
da agricultura familiar, relações de gênero e agroecologia (CAPORAL; RAMOS, 2006). 
Essa proposta, defendida por muitos autores, foi fortalecida e deu início à Política 
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), promulgada pela Lei n. 
12.188, de 11 de janeiro de 2010 (BRASIL, 2010). A lei de Ater defende que os profissionais 
de extensão rural precisam de conhecimentos e habilidades para encontrar uma forma 
mais participativa de trabalho, um contexto de ações educacionais engajadas para o 
desenvolvimento rural das comunidades. Portanto, o uso de metodologias participativas 
tornou-se importante na construção desse diálogo entre os agricultores e os produtores.
Contudo, existem críticas à atuação considerando conhecimentos tradicionais, que 
para muitos são mais acessíveis e que no campo da participação se tornam cada vez mais 
importantes. Para a maioria dos especialistas, não se trata de conhecimento "científico" e, 
portanto, podem levar os técnicos a interpretações incorretas da realidade (ZITZKE, 2012).
A PNATER visa colaborar com a promoção do desenvolvimento rural 
sustentável e com o uso consciente dos recursos naturais. Essa política 
propõe uma educação dialógica entendida como a Nova Extensão Rural.
IMPORTANTE
Podemos entender que o modelo de extensão participativo surgiu como promotor 
do desenvolvimento rural, na crítica ao modelo difusionista voltado à difusão de pacotes 
tecnológicos. Nessa perspectiva, é proposta uma nova concepção de construção do 
conhecimento e de formulação de respostas às questões vivenciadas pelas populações 
mais excluídas no campo. Isso implica novas formas de tomada de decisão e novas 
formas de realização da intervenção de pesquisa também. No modelo participativo, os 
agricultores são colocados como protagonistas na busca de respostas que atendam aos 
seus próprios interesses, valorizando o conhecimento tradicional (CORRALES, 2017).
Assim, no modelo participativo, não é suficiente apenas passar a informação 
aos agricultores. Para que a participação exista, as pessoas devem estar inseridas de 
fato no processo, contribuindo para o planejamento, desenvolvimento, gestão e análise 
dos resultados (CAPORAL; COSTABEBER, 2004). Dal Soglio (2017) contribui para esse 
entendimento, ressaltando a importância de desenvolver habilidades de comunicação 
e entender a realidade local. 
96
As principais características do modelo participativo são:
• Foco no agricultor e nas necessidades das comunidades rurais dentro do contexto 
que vivem, para além de uma óptica da produtividade.
• Abordagens como sistemas de aprendizagem e interação. A atuação do técnico 
extensionista é de forma participativa em que todas as visões dos agricultores são 
consideradas nas atividades.
• O papel do "especialista" é o de facilitador, na busca por ações de visem melhorar 
a vida no campo, incluindo a construção e o fortalecimento das instituições locais, 
aumentando assim a capacidade das pessoas de iniciar ações por conta própria.
No Tópico 2, iremos aprofundar as formas de atuação do técnico 
extensionista na utilização das ferramentas metodológicas com enfoque 
participativo.
ESTUDOS FUTUROS
No caminho evolutivo que envolveu as diferentes abordagens participativas, 
muitos avanços foram obtidos em comparação com a transferência de tecnologia 
predominante. Essa nova perspectiva exige que o extensionista seja um mediador 
de saberes e conhecimentos e um ator no desenvolvimento das comunidades rurais 
(CAPORAL; RAMOS, 2006). 
Os princípios e objetivos que norteiam o modelo participativo baseiam-se em propostas 
de intervenção no campo voltadas à promoção do desenvolvimento rural sustentável. 
3 PRINCÍPIO METODOLÓGICO DO ENFOQUE 
PARTICIPATIVO
Nas últimas duas décadas, as ações de intervenção orientadas por metodologias 
participativas têm sido reconhecidas como um instrumento metodológico que pode servir 
em atividades de mediação, orientação e de intervenções com base nos seus princípios 
éticos, no reconhecimento de valores e elementos culturais. Nesse sentido, o enfoque 
participativo, constitui um olhar para o processo em que cada um, individualmente, e todos 
no coletivo, se posicionam frente aos problemas, em ver a realidade mais criticamente 
para construção e implementação de estratégias de desenvolvimento (ZITZKE, 2012). 
Devemos entender que maiores mudanças são necessárias no que diz respeito às 
visões dos extensionistas, que devem ser levadas em consideração no desenvolvimento 
de estratégias de atuação. Isso porque temos em vista que os quadros tradicionais de 
formação dos extensionistas estão centrados na figura do formador – normalmente 
97
considerado um 'especialista' – e que tendem a persistir sem o reconhecimento da 
existência de metodologias alternativas que proporcionem a facilitação de processos 
reflexivos ou na troca de conhecimentos e experiências (LANDINI; BRITES; REBOLÉ, 2017).
Para começar a entender o princípio metodológico do enfoque participativo, é 
necessário romper com a perspectiva de tratar o agricultor como um objeto, uma vez 
que o enfoque participativo reforça a necessidade de cooperação, tanto no contexto 
local como no global, de forma mais transparente e democrática. Compartilhando 
conhecimento e construindo saberes, as comunidades assumem o controle de seu 
próprio desenvolvimento, de seu papel na gestão do contexto local, promovendo o 
desenvolvimento sustentável (DAL SOGLIO, 2017).
Os princípios metodológicos apresentados por Borba (1988 apud Corrales, 2017) 
destacam as principais questões nos processos com enfoque participativo, as quais 
estão elencadas a seguir. 
1. Autenticidade e compromisso: a base de conhecimento deve ser respeitada, o 
técnico não deve se disfarçar de agricultor, na perspectiva de buscar a integração 
com as populações rurais. Há espaço dedicado a esses profissionais, para que 
possamdemonstrar seu compromisso com as causas e ao mesmo tempo trazer 
para o seu conhecimento disciplinar a perspectiva de reconhecer a necessidade de 
desenvolver uma visão sistemática do contexto local, interdisciplinar, compatível 
com o conhecimento comum.
2. Antidogmatismo: dentro de um campo de diferentes identidades, existe a 
possibilidade da autonomia do olhar frente ao contexto que se apresenta, sem deixar 
de haver um diálogo produtivo e a busca pelas convergências de propósitos. 
3. Restituição sistêmica: o conhecimento dos agricultores deve ser restaurado de forma 
sistemática e organizada, para permitir discussão crítica e enriquecimento dos saberes. 
4. Retorno (“feedback”) aos/às intelectuais orgânicos: refere-se às ações 
comprometidas desses profissionais em relação a causas populares. Ao mesmo 
tempo que contribuem para a reprodução sistemática do conhecimento nas 
comunidades rurais, permitem também um maior nível de discussão científica sobre 
o que se faz no campo, formando uma visão integrada do contexto rural.
5. Ritmo e equilíbrio de ação-reflexão: esse processo prevê uma sincronicidade 
contínua entre a reflexão e a ação no campo, representando um ato de equilíbrio 
intelectual permanente, sempre em contato com a base social.
6. Ciência modesta e técnicas dialogais: pressupõe a humildade no funcionamento 
do aparato científico e nos conceitos técnicos, como pré-condições para o 
desempenho das tarefas necessárias ao nível de desenvolvimento das comunidades 
rurais. Deve-se romper a assimetria das relações sociais além de incorporar as pessoas 
como indivíduos ativos e pensantes no esforço de construção do conhecimento.
No enfoque participativo, deve-se facilitar processos de mudança das pessoas 
e grupos assistidos nos seus conhecimentos, habilidades e atitudes. Na prática, essa 
metodologia apoia os agricultores para que reconheçam, analisem sua situação e definam 
98
tarefas e objetivos, habilitando-os a encontrar e desenvolver soluções sustentáveis, buscando 
uma mudança no comportamento das pessoas para que elas sejam cada vez mais capazes 
de se autogerenciar, alcançando assim melhores condições de vida no meio rural. 
Para aprofundar seus conhecimentos sob enfoque participativo sugerimos a 
leitura do livro: https://bit.ly/3JCUiyQ. Os conteúdos e abordagens objetivam 
o desenvolvimento das capacidades, habilidades e atitudes de moderação 
de processos participativos.
DICA
4 OS NÍVEIS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR
Nas últimas duas décadas, a participação tem sido a principal construção 
retórica e prática que mudou a maneira como as pessoas se engajam em seu próprio 
desenvolvimento e tem sido apontada como o padrão da prática de desenvolvimento, 
principalmente porque se baseia nas concepções de modernidade, democracia, 
tolerância para as diferenças e representação do todo. Os estudiosos têm reconhecido 
a participação popular como princípio fundamental para impulsionar a eficácia e a 
sustentabilidade nas ações de desenvolvimento. 
Para entender os níveis de participação, precisamos entender o conceito e a base 
da participação. Então, o que é participação popular? O termo participação popular se 
refere a uma concepção mais ampla do que somente um movimento sindical ou política 
partidária. O termo, na maioria das vezes, refere-se às classes mais baixas, seu início se 
deu no contexto da participação cidadã durante os anos de 1930 e 1940, relacionado ao 
surgimento de políticas públicas. A ideia da participação popular surgiu justamente para 
diferenciá-la de outra concepção de sociedade, ela significa uma força social essencial 
para fazer as conquistas saírem papel e promover as mudanças necessárias (VALLA, 1998). 
Marinho e Freitas (2015, p. 17) apontam que “[…] a participação não é simplesmente um 
instrumento para a resolução de problemas, ela representa uma necessidade humana”. 
Existem diferentes níveis de participação, Pesce Júnior e Cordioli (2021) 
destacam que participar significa “participar / tornar-se parte do processo”, ou seja, está 
além da presença em um ambiente. O processo participativo, portanto, ultrapassa o 
trabalho participativo, caracterizando-se como uma filosofia de trabalho que permeia 
todas as dinâmicas e culturas organizacionais. A participação exige que os indivíduos 
sejam sujeitos do processo, bem como é preciso a sua participação efetiva na análise 
da situação. Essa forma de participação ocorre em diferentes níveis, conforme Quadro 1.
99
QUADRO 1 – NÍVEIS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR
FONTE: Adaptado de (TONESS, 2001).
Nível de participação Características
Participação passiva
Os participantes ouvem o que vai acontecer ou o que já 
aconteceu. É um anúncio unilateral, não ocorre a escuta 
das respostas das pessoas. As informações compartilhadas 
pertencem apenas a profissionais externos.
Participação no 
fornecimento de 
informações
Os participantes respondem a perguntas pré-formuladas 
em questionários ou entrevistas e não influenciam a 
formulação ou interpretação das questões.
Participação por consulta
Os participantes são consultados por agentes externos que 
podem definir ambos problemas e soluções de acordo com 
respostas. Tal processo consultivo não concede nenhuma 
participação na tomada de decisões e os profissionais não 
têm a obrigação de levar em consideração as opiniões.
Participação para 
incentivos materiais
São oferecidos recursos, como trabalho ou terra, em 
troca de outros incentivos materiais, mas não estão 
envolvidos na experimentação ou no processo de 
aprendizagem. É comum não prolongar as atividades 
quando os incentivos acabam.
Participação funcional
A participação ocorre com a formação de grupos para 
atender a objetivos predeterminados por agentes 
externos. Esses grupos são geralmente formados após 
decisões importantes terem sido tomadas, mas podem 
se tornar autodependente.
Participação interativa
As pessoas participam de análises conjuntas na condução 
dos planos de ação e na formação de novas ações. Tende 
a envolver metodologias interdisciplinares que buscam 
múltiplas perspectivas e fazem uso de processos de 
aprendizagem sistêmicos e estruturados. Os participantes 
assumem controle das decisões locais e, portanto, as 
pessoas têm interesse na permanência do grupo.
Automobilização
A participação ocorre com iniciativas independentes de 
fatores externos. Essa mobilização autoiniciada e a ação 
coletiva podem ou não desafiar a distribuição desigual 
de riqueza e poder existente.
A participação só se materializa a partir de estruturas organizacionais coletivas 
e, para isso, as populações interessadas devem buscar os mecanismos necessários para 
tal. Isso significa que essas populações devem ser responsabilizadas, desde o início, pelas 
ações como um todo e buscar os resultados. A participação se refere ao conhecimento e, 
como tal, não é algo que atores externos possam transferir para a comunidade. 
100
Assim, o papel do agente externo é o de facilitador na interação entre os 
sujeitos da ação educativa, que busca fortalecer a autoestima e a confiança dos 
indivíduos. Dessa forma, a participação torna-se efetiva no aumento da capacidade de 
negociação e no exercício conjunto da força interna da comunidade. Para atingir esse 
nível, entretanto, é essencial que atores externos subsidiem as populações na prática 
do refletir-agir-refletir, a fim de que construam seu conhecimento da realidade de forma 
crítica (CAMPOLIN; FEIDEN, 2011).
A participação popular foi preconizada na Constituição de 1988, em que 
uma série de medidas foram incorporadas ao desenvolvimento de políticas 
públicas, a partir do estímulo à participação representativa dos produtores 
rurais, organização coletiva e ações territoriais.
IMPORTANTE
101
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• No modelo difusionista, a extensão rural estava voltada à difusão de tecnologias 
para o campo e à ausência da participação dos beneficiários, tanto na elaboração 
como na execuçãodos projetos.
• No modelo participativo, o extensionista não é mais um distribuidor da tecnologia, 
mas uma pessoa que questiona práticas, recomenda alternativas, monitora e analisa 
problemas, de forma participativa, para buscar soluções possíveis, para trazer 
mudanças nas atitudes e comportamentos na perspectiva do desenvolvimento 
rural sustentável.
• O enfoque participativo tem como foco o agricultor como protagonista do processo, 
trabalhando na troca de conhecimento e saberes. Os princípios metodológicos são 
baseados na autenticidade e compromisso; antidogmatismo; restituição sistêmica; 
retorno (“feedback”) aos/às intelectuais orgânicos; ritmo e equilíbrio de ação-
reflexão; ciência modesta e técnicas dialogais.
• Ao usar e interpretar o termo participação, este deve ser qualificado por referência 
ao tipo de participação. Os processos com enfoque participativo assumem um 
aprendizado cumulativo de todos os participantes, buscam a diversidade de muitas 
perspectivas e apreciam o que diferentes indivíduos e grupos enfrentam em 
diferentes avaliações das situações.
102
1 Os serviços de Ater no modelo difusionista promoveram a disseminação de práticas 
conservacionistas na agricultura brasileira, associados à Revolução Verde. Esse 
modelo esteve estruturado com o objetivo principal de difundir, por meio de subsídios, 
pacotes tecnológicos. Nesse contexto, sobre a atuação do técnico extensionista no 
período difusionista, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Atuação voltada à orientação de práticas buscando a produtividade agrícola, 
promovendo acesso e fortalecimento da cadeia agroindustrial (sementes, defensivos, 
máquinas e implementos), na óptica da sustentabilidade e do abastecimento alimentar. 
b) ( ) Orientação técnica com ação interventiva, voltada ao atendimento dos 
agricultores em uma perspectiva de difusão de pacotes tecnológicos a partir de 
diagnósticos e planejamentos de ações pautadas no diálogo democrático. 
c) ( ) Serviços objetivando integrar as inovações aos agricultores, criando uma reação 
em cadeia, prologando o tempo da criação de uma inovação dos centros de 
pesquisa e sua disseminação para os agricultores. 
d) ( ) Tratamento do agricultor como um empresário que devia seguir certas tecnologias 
para aumentar seus lucros, no modelo difusionista. 
2 As metodologias participativas contribuem com as oportunidades de expressão, 
pois visam facilitar a capacidade de tomada de decisão, elas assumem um processo 
de aprendizagem e flexibilidade, enquadrando-se em diversos contextos sociais, 
econômicos e ambientais. Com base nas concepções das metodologias participativas, 
analise as sentenças a seguir:
I- Na utilização das metodologias participativas, a interação entre especialistas e 
diferentes grupos de pessoas locais cria um processo de aprendizagem, dificultando 
o consenso sobre os rumos da mudança por divergentes opiniões. 
II- O uso de métodos participativos requer treinamento, prática, sensibilidade, criatividade 
e síntese na organização das ideias e sugestões desenvolvidas nas discussões. 
III- O papel do especialista em participar da metodologia é o de um facilitador colaborando 
com a identificação das análises dos seus próprios contextos, identificando os 
problemas e as potencialidades existentes. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
AUTOATIVIDADE
103
3 A participação popular faz parte da linguagem de muitos projetos de desenvolvimento, 
objetiva motivar a escuta e inserção em diálogos nos processos de tomadas de 
decisão e ocorre em diferentes níveis. Com esse entendimento, classifique V para as 
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Na participação funcional, os participantes se dividem em grupos que perseguem 
objetivos fixados anteriormente pelo projeto. Na fase de execução, participam da 
tomada de decisões e se tornam independentes no transcurso do projeto. 
( ) Na participação interativa, os participantes são incluídos na fase de análise e 
definição do projeto. Participam plenamente do planejamento e da execução. 
( ) Na participação passiva, leva-se em consideração a opinião do participante; integram-
se as opiniões no enfoque da pesquisa, mas o grupo não tem poder de decisão. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) V – V – F.
4 Há algumas décadas, foram desenvolvidos os métodos participativos que incluem 
os agricultores familiares desde a concepção do projeto até as ações de intervenção, 
transformando-os em agentes no processo, valorizando seus conhecimentos e 
respeitando seus anseios. Disserte sobre o modelo participativo, comentando como 
surgiu e suas principais características na extensão rural. 
5 O enfoque participativo possui ferramentas e técnicas que permitem a qualificação 
da comunicação de dois ou mais atores de realidades diferentes. O desafio é criar 
estratégias para colocá-las em prática efetiva nas ações de Ater, respeitando seus 
princípios metodológicos. Nesse contexto, disserte sobre quais são os princípios da 
abordagem participativa. 
104
105
AÇÕES DINAMIZADORAS NO ENFOQUE 
PARTICIPATIVO
1 INTRODUÇÃO
Como já mencionamos, na abordagem participativa a ação visa avaliar o 
conhecimento e a experiência dos agricultores. Nesse sentido, para os extensionistas 
rurais, isso significa que eles não são apenas agentes de tecnologias impostas 
externamente, mas precisam ser catalisadores para ajudar as comunidades rurais a 
alcançarem os objetivos traçados.
Portanto, os extensionistas precisam entender que isso significa aprender a 
interagir de perto com grupos e comunidades, tornando-se ouvintes e facilitadores, e 
estabelecendo um processo de comunicação bidirecional entre a comunidade e as agências 
de serviço rural. Na última década, ferramentas com enfoque participativo tornaram-
se frequentes. No entanto, na prática, essas ferramentas ainda são constantemente 
utilizadas de forma isolada do contexto geral e é necessário integrá-las. 
A abordagem participativa se baseia no respeito às opiniões de todos e as 
contribuições devem ser apreciadas. Neste tópico, exploraremos as ferramentas 
disponíveis no processo participativo, que devem ser adotadas pelos extensionistas 
e adaptadas a cada situação encontrada, levando em consideração características 
sociais, políticas, culturais, técnicas e outras (PESCE JÚNIOR; CORDIOLI, 2021). 
Assim, é necessária uma postura diferenciada entre os extensionistas e os 
agricultores. Em sua função, os extensionistas devem compreender as ferramentas 
metodológicas para realizar suas ações. Neste tópico, vamos conhecer as ferramentas 
existentes e as possibilidades de aplicação no campo. 
UNIDADE 3 TÓPICO 2 - 
2 TÉCNICAS DE MODERAÇÃO PARA TRABALHO COM 
GRUPOS
Em geral, a dinâmica de grupo é uma ferramenta que visa “aprender a 
aprender”, rompendo estereótipos e mudando conceitos arraigados, permitindo novas 
perspectivas sobre a realidade. As técnicas de moderação em grupo são formas de reunir 
informações e recursos para resolver problemas e estreitar relações para promover o 
crescimento coletivo. As principais técnicas comumente utilizadas no trabalho de Ater 
são: dramatização; grupo de cochicho; mesa redonda; discussão circular; philips 66 ou 
fracionamento; tempestade de ideias e visualização móvel (PEREIRA et al., 2009). 
106
• Dramatização: método pelo qual um grupo estuda um determinado tema, situação 
social por meio de um processo de grupo criativo orientado por um instrutor, no 
caso o extensionista. Atuar na cena da vida permite que o indivíduo se coloque 
no lugar dos outros, experimente sensações, percepções e compreensões. Permite 
que o resto do grupo aprenda, compreenda observando e também analise o que 
aconteceu. É importante observar o desenvolvimentode personagens, ações, 
expressões verbais e emocionais (ALBERICH et al., 2009).
• Grupo de cochicho: esta dinâmica envolve dividir os participantes em um grande 
grupo ao meio para discutir um problema. É chamado de cochicho, uma vez que 
as pessoas falam baixo. É fácil de aplicar, podendo ser utilizado para grupos de até 
50 pessoas. A dinâmica pode ser aplicada quando se quer criar oportunidades para 
a participação de todos os indivíduos, ou para obter considerações com olhares 
amplos para diferentes assuntos (PEREIRA et al., 2009). 
• Mesa redonda: discutir um tema-chave com um debate mais aprofundado, por meio 
de palestrantes apresentando suas ideias. Ocorre em eventos maiores e é usado 
quando o tópico não foi solidificado e gerou discussão. Pode ter um caráter decisório, 
onde os membros decidem o destino de algo democraticamente (LOPES, 2016).
• Discussão circular: a discussão começa com o estabelecimento de um limite 
de tempo para cada pessoa e a apresentação de uma questão que precisa ser 
respondida ou discutida por todo o grupo. Quando todos entenderem o problema, 
alguém se apresentará para iniciar a discussão. Quando acaba o tempo, a pessoa ao 
lado inicia, e assim por diante, até que todos falem (SOUSA et al., 2009).
• “Phillips 66” ou split: é outra forma de discussão em pequenos grupos criada por 
J. Donald Phillips na qual seis pessoas discutem um problema por seis minutos. Foi 
desenvolvido em quatro etapas. Primeiramente, o moderador, responsável pelo encontro 
dos membros da sala, apresenta ao grande grupo uma questão. Em seguida, o moderador 
divide o grande grupo em seis subgrupos e pede a todos que escolham seu moderador 
e relator e, em seguida, inicia as discussões. Na terceira etapa, o relator de cada grupo 
apresenta a conclusão. Na quarta etapa, o moderador conduzirá as discussões com todos 
os grupos para chegar a uma conclusão final (OLIVEIRA; SILVA, 2015).
• Ideia de tempestade: os participantes fazem um brainstorming de uma pergunta 
individual, com um tempo determinado e só então o indivíduo se comunica com os 
outros e visualiza suas opiniões. A ferramenta se apresenta em 4 passos: 
1- Passo 1 Brainstorming: as ideias são registadas no cartão; em cada forma, há 
apenas uma ideia; as fichas são recolhidas pelo moderador do grupo sem ele 
saber a sua origem 
2- Passo 2 Classificar: os cartões são agrupados de acordo com os critérios 
estabelecidos pelo próprio grupo – ideias repetitivas são descartadas. 
3- Passo 3 Avaliação: os arquivos são lidos, esclarecidos, discutidos, avaliados e 
finalizados; as semelhanças, contradições e diferenças são discutidas. 
4- Passo 4 Conclusão: o grupo discute e escolhe um nome para cada grupo; as 
conclusões são fixadas na mesa; o moderador prepara a apresentação. Durante a 
plenária, os resultados alcançados pelos diferentes grupos são apresentados pelos 
representantes de cada grupo, visualizando diretamente suas conclusões. Após 
discussão, sistematização e síntese, conclusões gerais são traçadas (KUMMER, 2007).
107
• Visualização móvel: a visualização móvel é uma parte importante de um processo 
participativo, uma vez que a capacidade de aprender é aprimorada e facilitada à 
medida que podemos ver e interpretar certas informações em vez de apenas ouvi-las. 
Portanto, a visualização móvel inclui a apresentação de um debate, a apresentação 
de um tema etc. e é portátil, pois permite organizar as ideias, com grande flexibilidade 
e permite diferentes opções de layout. O sistema de comunicação é baseado no uso 
de tags, onde as informações são registradas com um marcador (CORDIOLLI, 1998).
O uso dessas técnicas participativas, e como elas podem garantir que sejam 
tomadas decisões que reflitam os reais interesses do público envolvido na intervenção, 
vai depender da percepção que o agente externo terá e sua forma de intervenção 
(MILAGRES, 2016). Isso aponta a importância da experiência e abordagem prática do 
técnico extensionista. 
É importante destacar que a adoção de uma abordagem participativa se 
baseia na implementação de etapas, que são utilizadas junto com as técnicas acima 
apresentadas, como:
• Mobilização: moldada por atividades identificadas, mobilização e seleção do público. 
• Diagnóstico e planejamento: atividades de levantamento de informações, 
identificando as reais necessidades de quem tem poucos recursos e de outros. 
• Ação: composta por ações de intervenção técnica promotoras de mudanças 
multidisciplinares, coletivas e individuais podendo ser pontuais ou sequenciais. 
• Avaliação e monitoramento: composta pelo feedback das ações desenvolvidas e a 
fim de observar e controlar continuamente as atividades e a evolução dos resultados. 
3 TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO
Os métodos participativos são um mecanismo para realizar intervenções que 
busquem motivar a participação das pessoas no contexto em que vivem. Para isso, 
utiliza técnicas que visam promover a participação da população de forma crítica e 
consciente, uma dessas técnicas é o diagnóstico participativo. 
Segundo Marinho e Freitas (2015), as discussões relacionadas ao uso de 
métodos participativos na Ater costumam apontar para diferentes nomenclaturas e 
siglas, entre as quais podemos destacar: Diagnóstico Participativo (DP), Diagnóstico de 
Desenho, Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), Diagnóstico Rural Participativo (DRP), 
Diagnóstico Rápido Participativo Emancipador (DRPE), Diagnóstico Rápido Participativo 
Ambiental (DRPA) e Diagnósticos Rápidos de Sistemas Rurais (DRSR).
Em geral, usaremos o nome Diagnóstico Rural Participativo (DRP) para tentar nos 
referir à variedade de novas metodologias. As técnicas de DRP, assim como outros métodos 
utilizados nas metodologias participativas, procuram resolver o problema das realidades 
108
locais, traduzindo os problemas identificados para a realidade humana com uma visão mais 
ampla, respeitando os valores da cultura local (FREITAS; DIAS; FREITAS, 2016).
A palavra "rural" na sigla DRP é muito mais do que uma referência às suas 
origens, muitas ferramentas da metodologia foram desenvolvidas no Centro 
das Ciências Agrícolas na Universidade de Chiang Mai, norte da Tailândia, na 
segunda metade da década de 1970 (FARIA; FERREIRA NETO, 2006).
NOTA
Antes de nos aprofundarmos nas ferramentas que fazem parte do DRP, precisamos 
entender quais são os benefícios e os desafios do DRP, explicitados no Quadro 2. 
QUADRO 2 – PONTOS FORTES E DESAFIOS DO DRP
FONTE: Adaptado de (CHAMBRERS E GUIJT, 1995).
BENEFÍCIOS DESAFIOS
Empodera classes mais pobres e excluídas.
Precisa considerar e trabalhar com respon-
sabilidades pessoais e ética profissional.
Possibilita que grupos avaliem suas 
realidades, colaborando para que consigam 
expressar suas propriedades e apoiando no 
planejamento e desenvolvimento de ações.
Interagir com membros da comunidade, 
requer resolução de questões éticas e 
equitativas.
Mudanças na forma de organização passam 
a ocorrer a partir de uma reorientação dos 
agentes externos na perspectiva da aprendi-
zagem aberta entre si e com a comunidade.
Precisa de organizações participantes para 
garantir a participação por muito tempo no 
processo.
Promove processos comunitários por meio 
da teoria, identificação, diagnóstico, pla-
nejamento, implantação, monitoramento 
e desenvolvimento, todos de forma parti-
cipativa com participação cidadã.
Qualidade da formação, que prejudica 
a análise das diferenças sociais e da 
importância do comportamento.
Identifica as prioridades de pesquisa e a ca-
pacidade dos agricultores de projetar, con-
duzir e avaliar seus próprios experimentos.
Pedidos conflituosos de financiadores, que 
levam a uma participação prejudicada.
Incentiva e permite a expressão local e a 
exploração da diversidade.
Necessita de mais troca de boas e más 
experiências em rede.
Considera as políticas dentro das organi-
zações e em diferentes níveis de governo: 
local, regional e nacional.
Foco em processos ao invés de resultados.109
O DRP é voltado para a participação interativa, ou seja, a participação dos 
beneficiários em todas as fases de um projeto. Sua implementação requer vontade 
política e institucional, especialmente na execução de um projeto (VERDEJO, 2010). 
No Guia Prático do DRP, Verdejo (2010) fornece as ferramentas que compõem o DRP, 
que são: observação participante, entrevistas semiestruturadas, mapas e maquetes, 
travessia, calendários, diagramas, matrizes e análise de gênero.
• Observação participante: ferramenta para os estágios iniciais da pesquisa, serve 
para conhecer a realidade da comunidade e construir confiança para compartilhar 
o tempo com a comunidade. É fundamental entender por que e como agem de 
determinada maneira, antes de opinar e sugerir uma solução (VERDEJO, 2010). 
• Entrevista semiestruturada: a entrevista é essencial quando é necessário 
identificar práticas, crenças, valores e classificar grupos sociais. Pretende-se “incitar” 
mais ou menos a liberdade de expressão, mas cumprir os objetivos da investigação 
e dar sentido no contexto a ser investigado (DUARTE, 2004). No DRP, a entrevista 
deve ser realizada por duas pessoas: uma conduzindo a entrevista e a outra sendo 
o único responsável pelas anotações e ideias. A opinião do entrevistado deve ser 
respeitada sem, necessariamente, que se compartilhe dela (VERDEJO, 2010). 
• Mapa e maquetes: os mapas são usados para planejamento, discussão e análise 
das informações exibidas. Eles podem ser feitos em papel ou com qualquer material 
de base e permitem que todos os membros da comunidade participem. São uma das 
ferramentas mais populares do DRP; como todas as informações são geradas em 
grupos, os resultados são apresentados a toda a comunidade (PEREIRA et al., 2009). 
Existem várias possibilidades com os mapas. Os mapas de recursos naturais 
mostram os diferentes elementos de uso do espaço, com foco principal nos recursos 
naturais. Representa-se áreas habitadas, recursos de flora e fauna, áreas de cultivo, 
construção de infraestrutura social, áreas de problema e conflito, limites etc. 
FIGURA 1 – MAPA DE RECURSOS NATURAIS NO DRP
FONTE: Verdejo (2010, p. 31).
110
No mapa social, sua elaboração tem como objetivo analisar a situação social 
e discutir necessidades e potencialidades existentes. Ele coleta informações sobre as 
condições de vida, como acesso a água potável, energia elétrica, qualidade da moradia. 
FIGURA 2 – MAPA SOCIAL NO DRP
FONTE: Verdejo (2010, p. 32).
Os mapas da comunidade enfocam informações sobre as condições de vida, 
como acesso à água potável, eletricidade e qualidade da habitação. Além disso, visu-
alizam a estrutura social da comunidade, seus habitantes etc. O mapa da comunidade 
se assemelha à técnica do Mapa Social, contudo este mapeamento visa criar uma con-
cepção do estado atual da comunidade em relação às suas potencialidades e limitações 
nas áreas de produção, sociais, sanitárias etc. 
111
FIGURA 3 – MAPA DA COMUNIDADE NO DRP
FONTE: Verdejo (2010, p. 32).
FIGURA 4 – MAPA DA PROPRIEDADE NO DRP
FONTE: Verdejo (2010, p. 33).
O mapa da propriedade apresenta detalhes da infraestrutura produtiva e 
social do imóvel. Em geral, vários mapas de propriedade ou diferentes zonas são criados 
para dar uma melhor visão geral da organização produtiva no nível do local. 
O mapa dos fluxos econômicos mostra a relação entre os diferentes 
elementos do sistema produtivo dentro e fora da comunidade. Pretende-se representar 
as interações entre esses elementos (agricultura, pecuária, silvicultura, irrigação, 
serviços, comercialização etc.).
112
FIGURA 5 – MAPA DE FLUXOS ECONÔMICOS NO DRP
FONTE: Verdejo (2010, p. 34).
FIGURA 6 – FERRAMENTA DA TRAVESSIA NO DRP
FONTE: Verdejo (2010, p. 37).
Travessia é a técnica que fornece uma visão geral do funcionamento e da 
estrutura da unidade familiar / sistema agrícola. É essencial perceber que o tempo é 
gasto fazendo perguntas sem definir direções possíveis. 
Trata-se de um momento de “exercícios de escuta” para encontrar maneiras de 
identificar as inovações que as famílias fazem, não há necessidade de perguntas. As informações 
captadas serão usadas para determinar estratégias de ações futuras (PEREIRA et al., 2016).
113
FIGURA 7 – ÁRVORE DE PROBLEMA NO DRP
FONTE: Verdejo (2010, p. 42).
Verdejo (2010) afirma que o calendário permite a análise de todos os aspectos 
do tempo. Podem ser assinaladas as atividades que mais ocupam tempo, o tempo de 
diferentes safras e seus respectivos trabalhos no período agrícola. 
Existem diversos tipos de calendários que o autor apresenta, sendo eles: 
• Calendário agrícola: exibe informações sobre as épocas agrícolas e atividades 
produtivas na comunidade.
• Calendário de atividades: mostra o cronograma por áreas de intervenção, tais 
como: agrícola, social, outras fontes de renda e trabalho etc. 
• Calendário sazonal (ciclo agrícola): apresenta em conjunto as relações entre os 
ciclos naturais das estações, tais como: períodos de chuva, seca, temperatura etc. 
e em outros ciclos, como renda, emprego, crédito etc. 
• Calendário histórico: representa as sucessões históricas, com as mudanças que 
causaram no sistema de produção e no ambiente em um tempo predeterminado. 
Os diagramas permitem analisar todos os aspectos complexos e inter-
relacionados de forma acessível. As técnicas mais conhecidas e utilizadas nessa 
ferramenta são as seguintes.
• Árvores de problemas: as árvores de problemas têm um potencial especial para 
promover o protagonismo dos agricultores familiares na análise e compreensão das 
causas e efeitos de um determinado problema identificado pela comunidade em 
projetos participativos (DIAS et al., 2018).
114
FIGURA 8 – ÁRVORE DE PROBLEMA NO DRP
FONTE: Verdejo (2010, p. 43).
Quanto às matrizes, têm como finalidade comparar diferentes categorias para 
poder classificá-las, analisá-las, hierarquizá-las ou avaliá-las. A técnica mais utilizada é 
a Matriz SWOT, mais conhecida como FOFA, sigla que significa Forças, Oportunidades, 
Fraquezas e Ameaças. A metodologia SWOT é um sistema completo, mas simplificado. 
Este exercício tem a vantagem de incluir elementos externos que podem influenciar a 
realidade local (GEILFUS, 2002). 
• Diagrama de Venn: este é um diagrama de círculos de diferentes tamanhos, 
organizados para mostrar as relações existentes nas tomadas de decisão e no 
desenvolvimento da comunidade. Cada círculo representará, com palavras e / ou 
desenhos, um grupo (formal ou informal) da sociedade em questão. O tamanho 
do círculo representa a força desse grupo, ou seja, sua capacidade de atingir seus 
objetivos de forma eficaz. A distância entre os círculos representa a relação entre 
esses grupos (FARIA; FERREIRA NETO, 2006). 
115
FIGURA 9 – MATRIZ FOFA NO DRP
FONTE: Verdejo (2010, p. 48).
A análise de gênero revela como as diferenças de gênero definem os direitos, res-
ponsabilidades e oportunidades de todos na sociedade. Essas ferramentas fornecem meios 
de coleta e análise de dados de gênero como uma variável na organização do desenvolvi-
mento familiar e comunitário. Os métodos, portanto, fornecem novas perspectivas sobre o 
contexto regional e permitem uma compreensão mais ampla da situação da comunidade, 
facilitando a construção de uma agenda de desenvolvimento mais ampla e eficaz. Os indi-
cadores de gênero podem ser baseados nas seguintes questões: divisão do trabalho, fonte 
de renda, tipos de gastos e disponibilidade de tempo (GARRAFIEL; NOBRE; DAIN, 1999).
4 TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO, MONITORAMENTO E 
AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA
Conforme discutido, para aplicar metodologias participativas, é essencial realizar 
o planejamento, o monitoramento e a avaliação das atividades pensadas junto com 
as comunidades rurais. Como primeiro passo, devemos entender que o planejamento 
determina o caminho a seguir para alcançar uma situação melhor no futuro. Para isso, 
o plano de ação é desenvolvido em algum momento. Segundo Kummer (2007), cada 
planejamento é caracterizadopor seus elementos básicos, tais como: 
116
• Racionalidade: simplificar tarefas e tempo para maior rendimento e menores gastos.
• Tomada de decisões: visão do que se espera alcançar com o estabelecimento de 
compromissos.
• Futurismo: construindo a realidade futura com melhor significado. 
O planejamento pode ser estratégico: consiste em identificar metas e mudanças 
desejadas; identificar soluções e atividades comuns a serem seguidas; apresenta-se de 
médio e longo prazo. E pode ser operacional, que se refere ao planejamento detalhado; 
identifica as atividades mais específicas, os envolvidos, os recursos financeiros e 
humanos e o tempo necessário; é de curto prazo (geralmente um ano). O planejamento 
participativo deve ser alavancado, pois é um pré-requisito para que ações produzam os 
impactos positivos desejados. 
O planejamento é realizado após identificação dos problemas e necessidades 
da comunidade ou grupo, desse modo é necessário conduzir para: 
1. Informar sobre o que foi identificado no diagnóstico/pesquisa. 
2. Analisar em conjunto com a comunidade as causas subjacentes aos problemas 
identificados e sugerir possíveis soluções.
3. Identificar possíveis organizações locais para ajudar a promover uma série de soluções; 
4. Desenvolver um cronograma do trabalho a ser feito para atender às necessidades 
identificadas.
5. Chegar a acordo sobre critérios e indicadores que permitam à comunidade ver se o seu 
trabalho para atender às necessidades identificadas está realmente levando à melhoria.
Após essa análise, os resultados e as informações são repassadas para o todo, 
que negocia por consenso. Isto é, há um acordo geral de cada grupo para traçar as ações 
de intervenção voltadas a mudanças de forma multidisciplinar e a visão da comunidade 
para que todos tenham acesso a sua experiência. 
Um dos problemas que existem é este: muitos projetos planejados não possuem 
uma cultura de monitoramento e avaliação. O monitoramento é uma ferramenta de 
controle contínuo de uma determinada realidade. Assim, de acordo com Kummer (2007), 
deve ser realizado de acordo com determinados critérios:
• Ética: informações sobre como se dará o processo avaliativo para todos os 
envolvidos, antes de iniciar o processo.
• Credibilidade: relação de confiança entre avaliadores e avaliados.
• Utilidade: disseminação dos resultados da avaliação que atenda às expectativas 
dos envolvidos.
• Viabilidade: todo o processo de avaliação deve ser viável economicamente (recursos 
financeiros) e tecnicamente (compatível com a realidade que se apresenta).
117
Desse modo, a avaliação é necessária para realizar a verificação de desempenho 
e grau de satisfação, saber quais partes interessadas colaboram de forma coordenada, 
permitindo retroalimentação e ajustes ao longo da sua execução. Para que seja eficaz, 
o desempenho dos agentes de extensão deve ser avaliado pelos próprios agricultores e 
não apenas pelas camadas superiores de uma organização centralizada. Nesse sentido, 
para que o agricultor passe a orientar o processo, é necessário atribuir responsabilidades 
a ele. Nos melhores sistemas de extensão, as avaliações de desempenho são baseadas, 
pelo menos em parte, no feedback dos agricultores.
A avaliação refere-se à revisão sistemática das informações a fim de 
avaliar a efetividade de resultados esperados e apoiar decisões futuras. O 
monitoramento deve ser realizado com frequência para verificar se as metas 
e objetivos estão sendo alcançados e para reprogramar as ações de acordo 
com as lições aprendidas até o momento. Monitorar é importante para avaliar.
ATENÇÃO
118
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Trabalhando em grupos é possível abordar uma situação de diferentes ângulos, 
as equipes podem contribuir com uma visão mais ampliada dos problemas e as 
possíveis soluções de uma comunidade da sua realidade. O desempenho e os 
resultados podem ser maiores do que a soma dos membros individuais.
• O DRP é um método de promoção do desenvolvimento autônomo da comunidade 
através de um conjunto de técnicas de animação, independentemente de 
intervenções externas, devendo, contudo, considerar aspectos sociais e econômicos 
da localidade. 
• O DRP pode contribuir para a organização dessas comunidades, principalmente por 
meio da valorização do trabalho em grupo, da organização e do planejamento de 
atividades coletivas e comunitárias.
• O planejamento participativo é o processo pelo qual as ações são estruturadas e 
organizadas com base no pensamento e na decisão da maioria, para o benefício da 
coletividade. O monitoramento e a avaliação devem ser vistos como uma atividade 
que permite uma melhor gestão de qualquer projeto ou intervenção existente. 
O monitoramento garante que informações importantes não sejam perdidas e a 
avaliação possibilita um feedback dos agricultores sobre as ações realizadas.
119
1 Nas técnicas de grupo, o sucesso da avaliação das necessidades depende de 
liderança/ mediador competente e de participantes dispostos a participar ativamente 
no processo de grupo interativo, objetivando resolver problemas e estreitar as 
relações. Em relação à técnica de grupo, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) É fundamental o grupo de pessoas com interesses diferentes e traz como 
vantagem a possibilidade de ser aplicado a grupos com distintos níveis de 
conhecimento, tendo, portanto, um grande alcance de público.
b) ( ) A função do extensionista limita-se à organização e à condução do encontro, 
considerando o horário e local mais adequados para o agricultor. 
c) ( ) Deve tratar de um tema específico, visto que é de natureza técnica, além de 
planejar, avaliar o andamento das atividades e planejar as atividades futuras, para 
atender aos interesses do grupo.
d) ( ) Nas técnicas de grupo não há integração entre os participantes durante as 
atividades de diagnóstico e avaliação para não interferir nos resultados levantados. 
2 O DRP se constitui como um instrumento metodológico de identificação de problemas, 
suas causas e possíveis soluções, a partir da interação dialógica entre os atores 
sociais de forma participativa. Sobre suas concepções, analise as sentenças a seguir:
I- Os DRPs expressam um conjunto racional de etapas sistematicamente ordenadas 
para alcançar determinadas finalidade, são simples dinâmicas para tornar as 
intervenções mais “animadas”. 
II- Os DRPs podem ser utilizados no diagnóstico e tomadas de consciência de situações-
problema, de oportunidades e outros que devem ser enfrentados e como instrumento 
para planejamento, monitoramento e avaliação nos processos de desenvolvimento 
socioambiental. 
III- Os DRPs apresentam inflexibilidade nas ferramentas metodológicas, necessitando 
reavaliar e replanejar determinas situações e contextos.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3 No DRP é importante que os técnicos extensionistas, que realizam o trabalho de 
campo na perspectiva de serem facilitadores de um processo, busquem a participação 
equitativa de homens e mulheres, sendo eles os protagonistas. Sem essa atitude, o 
AUTOATIVIDADE
120
DRP está fadado ao fracasso. Nesse contexto, para utilização dos DRPs, é importante 
estar atento a determinadas questões, assim, classifique V para as sentenças 
verdadeiras e F para as falsas:
( ) A representação de cada membro da comunidade é importante, mas nem sempre 
é garantida, o que significa que os resultados não terão boa aproximação da 
realidade que vivem.
( ) Todas as informações necessárias para a formulação de um projeto podem ser 
coletadas por meio do DRP. 
( ) No DRP, há necessidade de técnicos capazes de analisar as informações e validá-
las junto à comunidade e adotá-las como um fim e não como um meio de facilitar 
a participação da população rural. 
Assinalea alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 O técnico extensionista deve ter conhecimento e habilidades das ferramentas do 
DRP na perspectiva de trabalhar com ações comprometidas com o desenvolvimento 
rural sustentável no campo, visando o enfrentamento e a busca de solução para os 
problemas do campo. Nesse contexto, disserte sobre a ferramenta Mapas e suas 
potencialidades. 
5 Em uma abordagem participativa, o monitoramento e avaliação participativa deixam 
de ser feitos exclusivamente por atores externos e passam a utilizar e valorizar atores 
locais, aumentando sua eficácia pelo uso de diferentes perspectivas. Disserte sobre 
como essas etapas funcionam e as suas possibilidades. 
121
TÓPICO 3 - 
NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO 
APLICADAS À EXTENSÃO RURAL
1 INTRODUÇÃO
A sociedade rural no Brasil passou por profundas transformações econômicas 
e sociais, especialmente na década de 1970, quando se intensificou o processo de 
modernização da agricultura. Mas foi a partir dos anos de 1990 que esse processo 
se acentuou. A expansão da eletrificação rural para uma população cada vez mais 
ampliada, a forte industrialização, que criou empregos nos setores secundário e 
terciário da economia, e a expansão das Tecnologias de Informação e Comunicação 
(TIC) fortaleceram as mudanças no meio rural (FRAGA; FIÚZA, 2019). 
As TICs fornecem novas fontes de informação abrindo outros canais de 
comunicação: para comunidades rurais e organizações agrícolas. Essa rede é uma forma 
de diminuir as falhas, se houver, no desenvolvimento dos extensionistas, na capacitação 
da população rural e dos produtores agrícolas, por meio do diálogo e da interação (ARAÚJO, 
2013). Ao estudar essa metodologia utilizada em diversas áreas do mundo, espera-se 
contribuir com a formação do pensamento quanto a sua importância na extensão rural. 
As TICs têm sido utilizadas na extensão rural colaborando com o alcance e 
efetividade das ações dos agentes de Ater, apresentando-se como instrumentos 
facilitadores e operacionais das atividades. O desenvolvimento das ferramentas da TIC 
será abordado neste tópico, a fim de permitir compreender o seu potencial nas novas 
práticas comunicacionais no campo.
UNIDADE 3
2 EVOLUÇÃO RECENTE DAS TECNOLOGIAS DE 
INFORMAÇÃO
As TICs são um dos fatores responsáveis por mudanças profundas no 
mundo. Portanto, junto com a dinâmica da inovação, as TICs são essenciais para o 
desenvolvimento. A partir da década de 1960, durante a revolução tecnológica iniciada 
no final da Segunda Guerra Mundial, deu-se forma à sociedade da informação, que em 
pouco tempo modificou muitos aspectos do cotidiano. O sistema tecnológico atual 
tem suas raízes na década de 1970, época em que surgiram uma série de invenções e 
descobertas, como o microprocessador, principal difusor da microeletrônica. Desde a 
década de 1980, a produtividade, a inovação contínua e o progresso tecnológico têm 
sido os motores do desenvolvimento econômico no país (PEREIRA; SILVA, 2021). 
122
Nesse período, ocorreu uma série de mudanças tecnológicas nos computadores 
e nos escritórios. À medida que a tecnologia da informação passou a ser utilizada com fre-
quência, os controles de banco de dados tornaram-se facilmente acessíveis, os softwares 
desenvolvidos a baixo custo passaram a dominar o mercado. A tecnologia passou por uma 
grande aceleração que levou a uma série de mudanças, como a globalização das ferramen-
tas de TI e o advento de tecnologias cada vez mais avançadas que tornaram os compu-
tadores uma ferramenta indispensável na organização (STIVAL; CARLOS; ALMEIDA, 2013).
Em 1990, a revolução da informação adotada pela tecnologia da informação, mí-
dia, microeletrônica e telecomunicações produziu um aumento dramático na velocidade 
de processo de desenvolvimento e difusão das TICs (ARAÚJO, 2013). Parte dessa revolu-
ção das TICs está ligada à lógica das redes: a morfologia da rede parece se adaptar bem à 
complexidade crescente da interação e aos padrões de desenvolvimento imprevisíveis que 
decorrem do poder criativo dessa interação. Essa configuração topológica, a rede, agora 
pode ser implementada fisicamente em todos os tipos de processos e organizações, graças 
à tecnologia da informação. Mesmo assim, grandes áreas do mundo e uma parcela signifi-
cativa da população estão longe desse sistema tecnológico. Além disso, a taxa de difusão 
de tecnologia é seletiva, tanto social quanto funcionalmente (MONTEIRO; PINHO, 2007). 
Embora as classes sociais mais pobres, situadas nas zonas periféricas, e a 
zona rural do Brasil apresentem limitações de acesso à internet, existe uma evolução 
significativa no alcance da tecnologia. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística (IBGE, 2017), através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
Contínua (PNAD), em 2016, 69,3% das pessoas tinham acesso à internet, no ano de 
2017 esse número passou para 74,9% e o acesso seu deu, segundo a maioria dos 
entrevistados, pelo telefone celular móvel. Em 2017, 81,9% da população urbana possuía 
telefone celular, contudo apenas 55,8% possuíam celular na zona rural. A pesquisa 
apontou também que os principais motivos de os entrevistados não acessarem à 
internet foram: não ter domínio para usar a internet, falta de interesse em acessar e 
falta de serviços e acesso à internet em determinados locais. 
A difusão da informação está aumentando exponencialmente, deve-se a uma 
combinação de três fatores principais: a convergência da base tecnológica, através da 
adoção da forma digital na criação e manipulação de conteúdo; o desenvolvimento 
informático, permitindo um processamento mais rápido e com custos cada vez mais 
baixos; e o desenvolvimento de meios de comunicação, possibilitando a expansão da 
internet (MASSRUHÁ; LEITE, 2017).
Devemos entender que, para evolução, é necessário um mercado em crescimento 
para habilidades avançadas que estimulará a capacidade local de dimensionar, modificar 
e manter projetos bem-sucedidos. A gestão da tecnologia da informação (TI) utiliza a 
internet como ferramenta essencial para cooperar com o desenvolvimento de novas 
tecnologias da informação, e possibilitar a transmissão de informações em velocidades 
recordes. O agente de mídia típico desta nova era é a internet. Hoje, a web pode ser 
123
redefinida como uma camada (base, fundação) para construir serviços, como os de 
bancos, empresas de comércio eletrônico, fornecimento de publicações digitais, assim 
é uma ferramenta fundamental para a construção de redes (JAMIL; NEVES, 2000).
O crescimento dos meios de comunicação cria novas formas de ação e interação 
e novos tipos de relações sociais – formas muito diferentes daquelas que prevaleceram 
em grande parte da história humana. Isso dá origem a complexas reorganizações 
de padrões de interação humana no espaço e no tempo. Com o desenvolvimento 
dos meios de comunicação, a interação é separada do ambiente físico, para que os 
indivíduos possam interagir entre si, mesmo que não estejam no mesmo ambiente 
espaço-temporal. Assim, o uso de meios de comunicação oferece novas formas de 
interação que se estendem no espaço (e possivelmente no tempo), e fornecem uma 
gama de características que as distinguem das interações face a face (THOMPSON, 
2008). A tecnologia da informação e comunicação está gradativamente sendo aceita 
pela população rural, permitindo a ampliação dos canais de informação.
Por muito tempo as TICs foram utilizadas apenas como instrumentos 
de difusão de informações; com sua evolução elas vêm sendo adotadas 
como ferramentas de inclusão nas seguintes áreas: política, educação, 
social, econômica e cultural e são aliadas na democratização do acesso à 
informação no processo participativo.
IMPORTANTE
3 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
PARA UMA COMUNICAÇÃO PARTICIPATIVA 
As TICs fazem a mediação com as relações comunicacionais entre as pessoas 
(AREND; DEPONTI; KIST,2016). Os meios de comunicação são classificados em áudio 
(telefone e rádio), escrita (jornais e revistas), audiovisual (televisão e cinema). Em muitos 
usos, eles formam multimídia e hipermídia. Multimídia é referente ao uso simultâneo 
de múltiplas mídias (por exemplo, rádio, televisão e jornais) e hipermídia é a coleção 
de múltiplas mídias em um dispositivo (por exemplo: Novo site). Esses meios visam 
atingir as pessoas, isto é, um número grande e desconhecido de pessoas, garantindo a 
velocidade com que a mensagem chega ao público (PEREIRA et al., 2009).
Nesse sentido, muitos serviços de extensão em todo o mundo empregam TIC, incluindo 
rádio e televisão, que são as formas mais tradicionais para disseminar informações rapidamente 
para um público amplo. A realização de determinadas ações via TIC é mais barata do que por 
meio de visitas de extensionistas, um número maior de agricultores pode ser alcançado por uma 
intervenção de informação com determinados recursos de tecnologia (STEINKE et al., 2021). 
124
E podemos nos perguntar, como utilizar as TICs nos serviços de Ater na busca 
por uma comunicação participativa? Existem diversas formas de implantar as TIC, a 
utilização dos recursos pode ser na disseminação em massa de informações agrícolas, 
uma adaptação contextual pode ser apropriada em alguns casos, por exemplo, para 
previsões climáticas sazonais. Os aplicativos móveis podem aliviar alguns preconceitos 
espaciais na seleção de alvos de extensão. 
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a 
Agricultura – FAO (2020) no Brasil, exemplos de iniciativas desenvolvidas por empresas 
públicas de extensão rural têm usado as TICs por meio de serviços de comunicação remota; 
videoconferência; ensino a distância (EaD) e uso de redes sociais, entre outros. Contudo, 
existe a necessidade de investimentos para aprimorar as ações da Ater diante da agricultura 
4.0; uma maior articulação entre pesquisa, extensão e ensino para maximizar as ações 
de Ater; e a necessidade de consolidar o Programa Ater Digital como motor de políticas 
públicas nesta temática. O Programa Ater Digital visa fortalecer o sistema de Ater brasileiro 
por meio da promoção da difusão do uso das TICs nas atividades dos extensionistas, 
ampliando o acesso dos agricultores a empresas modernas e eficientes serviços. Esse 
programa é composto por quatro projetos estratégicos: organização e troca de informações 
e conhecimentos; modernização da infraestrutura de tecnologia; compartilhamento de 
sistema e aplicativo; e centros-piloto para gestão da informação e tecnologia (FAO, 2020).
O Agro 4.0 usa métodos de computação de alto desempenho, redes de 
sensores, comunicação máquina a máquina (M2M), conectividade de dispositivo móvel, 
computação em nuvem, métodos analíticos e soluções para processar grandes volumes 
de dados e criar sistemas de suporte à decisão de gerenciamento. Além disso, visa 
aumentar as taxas de produtividade, fazer uso eficiente de insumos, reduzir custos de 
mão de obra, melhorar a qualidade do trabalho e a segurança do trabalhador e reduzir 
o impacto no meio ambiente. Inclui agricultura de precisão e pecuária e automação 
agrícola e robótica (MASSRUHÁ; LEITE, 2017). 
Na sociedade contemporânea, os recursos e métodos didáticos usados na 
extensão rural estão sendo (re)desenvolvidos para fornecer respostas mais rápidas. A TIC 
no serviço de Ater deve assentar-se em três pilares: no processo de formação contínua, 
inovação e participação das pessoas; com o agricultor como protagonista e sujeito de 
seu desenvolvimento; e com a comunidade como mediadora do ato educativo. Essa 
orientação reforça que a construção do conhecimento continua sendo um fio condutor 
na relação entre extensionistas e agricultores familiares e suas formas de associação. 
A mudança está na forma como essas relações se estabelecem, ou seja, os ambientes 
virtuais e as ferramentas digitais, já presentes no cotidiano dos agricultores familiares, 
produtores e demais segmentos da sociedade, passam a ser vistos como espaços de 
produção de conhecimento, propícios ao desenvolvimento de novas aprendizagens. O 
espaço de diálogo, que ocorre diretamente na privacidade de residências e propriedades 
rurais, dá lugar a espaços virtuais (GOVERNO DE MINAS GERAIS, 2020).
125
Por meio do uso de comunicação e metodologias apropriadas para manter a 
qualidade das intervenções, um grande número de agricultores e organizações podem 
obter melhorias nos processos de produção e capacidade, acesso a serviços, crédito, 
suporte técnico, ensino a distância, aumento dos canais de comercialização e outros 
serviços. A comunicação digital também pode melhorar o desempenho dos serviços 
de extensão por meio de novas formas de cooperação com a sociedade civil e o setor 
privado, incluindo a terceirização de atividades de consultoria. E, a partir disso, a 
equipe de extensão pode se concentrar principalmente na criação de conteúdo e criar 
oportunidades de emprego para jovens em áreas rurais com experiência em tecnologia.
O acesso e o uso das TICs representam o empoderamento dos agricultores 
familiares e atores a participarem da dinâmica rural, e uma necessidade diante da 
competitividade do mercado atual. É importante destacar que as condições da 
infraestrutura de telecomunicações nas áreas rurais impedem o acesso efetivo a 
todo o potencial dessas tecnologias. Em alguns casos, mesmo com alto investimento, 
o agricultor não consegue acessar um serviço melhor ou mesmo utilizá-lo de forma 
correta (GODOY; SANSSANOVIEZ; PEZARICO, 2020). 
Torres et al. (2013) destacam que é por meio da troca, compartilhamento de 
ideias e pensamentos que as pessoas criam e mudam a forma de suas ações no mundo. 
Quando as pessoas usam a internet para compartilhar informações, experiências e 
conhecimento, elas constroem uma linguagem comum de significados e expressões 
que lhes permite se engajar em comunicação e diálogo multidirecional. 
É importante destacar que as ações de investimentos na Ater a partir das TICs 
podem apresentar alguns entraves para o desenvolvimento, como:
• Falta de cultura digital nas organizações e entre os extensionistas, provocando uma 
resistência ao uso.
• Conhecimentos limitados na área da tecnologia por parte dos extensionista e 
agricultores.
• Ferramentas, espaços e serviços voltados apenas a “dar informação”, sem o apoio efetivo. 
• Pouco investimento em treinamento na área digital para a população rural e ausência 
de softwares específicos para a extensão rural.
Uma outra dificuldade com a utilização dessas ferramentas é que os agricultores, 
muitas vezes, podem perder as transmissões de rádio ou TV porque estão ocupados com 
trabalho agrícola ou tarefas domésticas, ou porque os conteúdos podem ser percebidos 
como irrelevantes. Também é preciso avaliar que o acesso à TIC pela população rural 
costuma ser distribuído de maneira desigual, podendo agravar as assimetrias de 
informações entre agricultores, mais ricos e mais pobres, ou homens e mulheres. É 
imprescindível o técnico extensionista ficar atento a não estar reproduzindo os métodos 
do modelo difusionista apenas no repasse de informação. 
126
Para tanto, é necessário promover a universalização dos serviços, projetar 
soluções e promover ações relacionadas à expansão e melhoria da infraestrutura 
de acessibilidade; treinar o servidor, para que a pessoa, informada e consciente, 
possa utilizar os recursos disponibilizados pelas tecnologias; e o desenvolvimento de 
ferramentas para publicação de conteúdo na internet. Portanto, em um momento 
em que a extensão rural defende a importante conscientização dos extensionistas e 
trabalha com recomendações para construir conhecimento compartilhado, sugere-se o 
uso efetivo das TICs como uma ferramenta que possibilita o ambiente de aprendizagem 
e aproximação de pessoas, mercados e países (MONTEIRO; PINHO, 2007).
Nesse sentido, para implementar as TICs, é necessário avaliar seu poder de tomada 
de decisão,como são criadas, formatadas, processadas, armazenadas e disponibilizadas ao 
público, além de avaliar como isso afeta cada pessoa. A tecnologia da informação moderna 
oferece muitas oportunidades para coletar, organizar e compartilhar horizontalmente as 
contribuições de conhecimento dos agricultores (JAMIL; NEVES, 2000).
Para conhecer mais sobre as possibilidades das TICs nos serviços de Ater, 
indicamos o Debate: https://bit.ly/37Q9gmU, promovido pelo Fórum Nacional 
de Professores de Extensão Rural. O debate contribui para o entendimento 
sobre as possibilidades e as impossibilidades vinculadas a Ater digital, focando 
em diálogos para uma Ater participativa.
DICA
4 NOVAS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO: EVOLUÇÃO 
X POTENCIALIDADES
As inovações tecnológicas no campo da comunicação somam-se no campo da 
Tecnologia da Informação (TI) e integram um grande número de capacidades técnicas, 
estabelecendo as Novas Tecnologias da Comunicação, conhecidas, também, por 
Comunicação Telemática – tele (comunicação) + (infor) mática. As NTC se apresentam 
na adaptação das formas tradicionais de comunicação para a eletrônica, que (re)
aparecem sob muitas facetas e nomes diferentes. 
O uso da NTC oferece a possibilidade de maior produtividade, pode melhorar a 
qualidade do produto, leva em conta menores taxas de intervenção externa. Apresenta 
potencial na economia de tempo, custos de transporte e poluição ambiental. Contudo, 
preocupa o crescente isolacionismo do indivíduo em seu território, longe da abundância de 
trocas coletivas e mútuas, decorrentes dos contatos face a face. Além disso, com a reutilização 
do espaço interior como um local de trabalho eficaz, o espaço privado é combinado com o 
127
espaço público, seguindo a tendência da cultura pós-moderna de apagar a fronteira entre 
privacidade e vida profissional, o que representa um impacto relevante, tanto na organização 
social como nas relações mais subjetivas e de nível humano (TARGINO, 1995).
O uso adequado das NTC e a capacidade de encontrar e pesquisar novas 
informações permitem que os indivíduos saibam como lidar com esses elementos para 
tomar decisões e resolver problemas. A cultura emergente cria a sensação de que, em 
primeiro lugar, não podemos passar por toda essa transição e, em segundo lugar, em 
qualquer caso, não podemos parar de pensar nessa transição porque ela acontece de 
forma rápida e envolve simultaneamente (ADAMS; SOUZA, 2016).
Atualmente, estamos passando por uma nova transição social que mudou 
a sociedade ao longo do tempo. Cada vez mais, em diferentes ambientes, como 
residências, trabalho e escolas, a modernização das novas tecnologias de comunicação 
e seus avanços podem influenciar o comportamento e a intervenção humana e interferir 
em suas relações com os outros. A tecnologia está mudando a maneira como as pessoas 
se comunicam umas com as outras. 
As TICs são uma tecnologia que não só permite a comunicação entre as pessoas, 
mas também abre novas possibilidades através da comunicação entre máquinas ou 
entre objetos, o que se denomina "Internet das Coisas", uma das visões da internet do 
futuro. A interação homem-máquina, máquina e humano desempenhando um papel 
fundamental. Recentemente, a incorporação das TICs nos mais diversos produtos e 
novas capacidades de comunicação abriram grandes oportunidades de inovação em 
áreas de atividade econômica mais tradicionais, sendo uma potencialidade (VIOLATO; 
LOURAL, 2012). Isso garante melhoria em diversos serviços comumente usados pela 
população brasileira, possibilitando melhor abrangência e acesso. 
Tem ocorrido um crescimento proporcional no uso de tecnologia para apoiar o 
aprendizado, alimentado pelo uso crescente de softwares integrados, como ambientes 
virtuais de aprendizado, como também um crescimento na quantidade e variedade 
de recursos para apoiar a pesquisa. Os tipos de ferramentas de software, sistemas 
de hardware e ambientes online também aumentaram em variedade e complexidade, 
com ferramentas agora disponíveis para dar suporte a tudo, desde gerenciamento de 
publicação de pesquisa até avaliação e monitoramento on-line.
As TICs oferecem acesso a uma vasta gama de experiências diversas e 
diferentes que podem aprofundar os conhecimentos; o contato com a experiência 
é um ingrediente-chave para uma aprendizagem eficaz. As TICs, mesmo as básicas 
tecnologias de comunicação, têm o potencial não apenas para fornecer um aumento 
único na renda das pobres regiões, mas para acelerar todo o processo de crescimento, 
geralmente tornando mais fácil para produtores isolados melhorarem suas práticas.
128
FUTURO DAS TICS NA AGRO 4.0
Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá
Maria Angélica de Andrade Leite
Diante dos desafios apresentados na agricultura, principalmente o de aumentar 
a produção agrícola sem ampliar a área plantada significativamente, surgem novas 
oportunidades para a utilização de inovações na área de TIC. As tendências apontam 
que o setor agropecuário demandará novas TICs para gestão de dados, informações e 
conhecimentos em todas as etapas da cadeia produtiva em uma nova infraestrutura 
onde os mundos físico e digital estão totalmente interconectados (MASSHRUÁ, 2015). 
Os avanços da ciência e tecnologia contribuíram significativamente na produção 
de alimentos no mundo. A capacidade produtiva na agricultura cresceu entre 2,5 e 
3 vezes nos últimos 50 anos. Isto permitiu, em um âmbito global, que o aumento na 
produção de alimentos acompanhasse o aumento populacional. Além do aumento da 
demanda, a produção de alimentos enfrenta outros desafios que tornam o contexto ainda 
mais complexo, como: as mudanças climáticas, que interferem na capacidade produtiva; 
e restrição de recursos naturais, como a água e o solo. O papel da inovação passa a 
ser essencial para garantir que as próximas gerações possam ser alimentadas com 
qualidade. Para isso, é preciso que ocorra uma transformação na forma como produzimos 
os alimentos. Não basta aumentar a produtividade, é preciso utilizar uma abordagem 
mais abrangente, que envolva produção e consumo sustentável, de forma a garantir 
a segurança alimentar para as futuras gerações (AGROSMART, 2016). A garantia desse 
futuro envolve o uso de tecnologias digitais avançadas, no processo de produção agrícola, 
para que essas inovações tecnológicas promovam uma agricultura conectada, intensiva 
em conhecimento, com altos níveis de produtividade e de sustentabilidade, com redução 
de custos e melhoria nas condições de trabalho no campo (REDAÇÃO AGRISHOW, 2016). 
A busca pela otimização no uso dos recursos naturais e insumos fará com que a 
fazenda do futuro seja massivamente monitorada e automatizada. Sensores dispersos 
por toda a propriedade e interligados à Internet (Internet das Coisas) gerarão dados em 
grande volume (Big Data) que necessitarão ser filtrados, armazenados (computação em 
nuvem) e analisados. A força de trabalho humana não será capaz de gerenciar essa 
quantidade de dados, necessitará de algoritmos cada vez mais aprimorados por meio 
de técnicas de inteligência computacional e computação cognitiva para auxiliá-los no 
processo de análise. Após a análise, o ciclo é fechado por meio de comandos remotos 
aos tratores e implementos agrícolas que, munidos de GPS, farão intervenções pontuais 
LEITURA
COMPLEMENTAR
129
apenas onde necessário para otimizar custo, produção e impacto no meio ambiente 
(MASSRUHÁ, 2015). Tem-se a agricultura conectada permitindo que de casa, ou da 
sede da fazenda, produtores possam acompanhar remotamente, pelo computador, 
tablet ou smartphone, o desempenho de suas máquinas nas lavouras por telemetria, a 
transmissão automática de dados via sinal de telefonia celular (CIGANA, 2016). 
Nesse ambiente interligado, onde a geração de conhecimento, a mobilidade e 
o aumento da oferta de aplicativos para dispositivos móveis é um mercado crescente, 
espera-se que na era da Agro 4.0, o agronegócio, incluindo também os agricultores 
familiares, possam usufruir dosbenefícios desta oferta de tecnologia e conhecimento 
em suas propriedades, propiciando competitividade e melhoria de renda, além do 
aumento da oferta de alimentos para o Brasil.
FONTE: MASSRUHÁ, S. M. F. S.; LEITE, M. D. A. Agro 4.0-rumo à agricultura digital. In: JC na Escola Ciência, 
Tecnologia e Sociedade: mobilizar o conhecimento para alimentar o Brasil. Anais [...]. São Paulo: 2017.
130
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As TICs se espalharam pelo mundo a uma alta velocidade. Isso aconteceu em menos 
de duas décadas, entre as décadas de 1970 e 1990, por uma característica lógica 
dessa revolução tecnológica: a aplicação imediata no desenvolvimento de tecnologia 
que cria, conecta o mundo através de uma série de tecnologias da informação.
• Por meio do uso de comunicação digital e metodologias apropriadas um grande 
número de agricultores e organizações podem ter melhorias nos processos 
produtivos. Para serviços de extensão, a manutenção de serviços digitais requer 
investimentos nas ferramentas e treinamento de pessoal.
• As mídias digitais também podem melhorar o desempenho dos serviços de extensão 
por meio de novos tipos de colaboração e, também, com o setor privado.
• As novas tecnologias da informação introduziram um outro tipo de racionalidade 
à tecnologia da informação. Elas possibilitam troca de informações, amplitude 
nos processos comunicativos e o desenvolvimento econômico, mas, também, o 
individualismo da sociedade pela diminuição do contato presencial.
131
1 A evolução das TICs no Brasil e no mundo oferece o acesso relativamente fácil a 
grandes quantidades de informações por meio de uma variedade de mecanismos 
diferentes, impactando diretamente na economia e na sociedade. Sobre a evolução 
das TIC, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Durante a Primeira Guerra Mundial, ocorreram as principais descobertas 
tecnológicas em eletrônica, o primeiro computador programável e o transistor 
foram advindos desse período.
b) ( ) O crescimento das redes se deve aos avanços das telecomunicações e da 
tecnologia, que possibilitaram a integração dos computadores em rede por volta 
de 1940. Essas mudanças não se concretizaram. 
c) ( ) A década de 1980, conhecida como uma interrupção no progresso tecnológico, afetou 
o desenvolvimento de novas tecnologias e o desenvolvimento econômico no país.
d) ( ) No final da década de 1990, ocorreu uma mudança tecnológica, o poder da 
comunicação da internet com o computador, que permitiria a interconexão em 
dispositivos móveis.
2 As TICs também podem criar efeitos negativos e indesejáveis. As discussões sobre 
seu uso e suas possibilidades de adoção pelos técnicos extensionistas devem ser 
pensadas e discutidas de forma a evitar os privilégios no campo. O seu uso está 
relacionado ao acesso a televisão, computador, celular, internet, aos quais uma 
grande parte das pessoas que vivem em zona rural não têm acesso. Em relação às 
limitações das TICs nas ações da Ater, analise sentenças a seguir: 
I- O uso da internet pode ser um motivo para conflitos, interrupção dos interesses das 
partes envolvidas e exclusão de determinadas comunidades.
II- Os técnicos extensionistas com limitações no uso da realidade da agricultura, no 
repasse de informações, poderão replicar modelos do difusionismo.
III- Existem diversas ferramentas apropriadas para as especificidades da população no campo 
e técnicos capacitados para seu uso, mas há uma falta de interesse nas suas adoções. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
AUTOATIVIDADE
132
3 As sociedades rurais estão atualmente passando por mudanças importantes. O uso das 
TICs destaca um aspecto dessa transição. O estilo de vida da população rural está cada 
vez mais entrelaçado com as conexões feitas pela "sociedade em rede". Em relação ao 
impacto das TICs, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
 
( ) As TICs auxiliam na tomada de decisão e visam diminuir as etapas de monitoramento 
e avaliação.
( ) Existe uma correlação positiva entre TICs aprimoradas e o crescimento econômico 
que revela que as TICs estimulam o desenvolvimento das sociedades. 
( ) As TICs possibilitam o aprendizado das pessoas, o compartilhamento dos conhecimentos 
e provocam uma comunicação mais fácil entre pessoas e organizações.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – F – V.
4 As TICs têm o potencial não apenas para fornecer informações à sociedade, mas 
proporcionar acesso a educação, mercados e investimentos; com efeito, as TICs 
podem promover mudanças positivas no meio rural. Disserte de que formas as TICs 
podem ser utilizadas na extensão rural. 
5 As novas tecnologias da comunicação apontam para novas relações sociais e 
econômicas. No meio rural, podem proporcionar realidades divergentes, o que carece 
de adequação para acompanhar o dinamismo. Com investimentos na perspectiva de 
uma implantação igualitária e ações dentro do contexto de cada comunidade, as NTC 
podem ser uma ferramenta importante na promoção do desenvolvimento rural. Nesse 
contexto, disserte sobre de que forma a NTC pode promover o desenvolvimento rural.
133
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