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Práticas Tradicionais de Cura Popular Remédios Caseiros: Tradições Populares Caro estudante, você já ouviu falar que camomila ajuda a dormir, boldo melhora problemas digestivos, alho ajuda o organismo a combater gripes e resfriados, sene melhora a constipação intestinal, babosa auxilia na cicatrização de feridas e hortelã alivia a tosse? Quantas famílias cultivam algumas dessas plantinhas no quintal de casa para um momento como esses. Mas será que tudo isso é verdade? E quando você fica gripado... nada melhor que um chazinho daqueles da vovó adoçado com mel, não é mesmo? Será que é seguro fazer uso dos produtos derivados das abelhas (mel, própolis, cera, dentre outros)? Agora vamos para outro cenário: imagine pausadamente você deitado em um quarto e mentalize o ambiente iluminado primeiro com a cor azul, depois verde, lilás, rosa, amarelo, laranja e por último vermelho. Alguma cor lhe transmitiu calma, paz ou serenidade? Alguma cor lhe transmitiu agitação, alegria ou afeto? Percebeu que as sensações podem mudar a depender da cor e da vibração energética que cada uma transmite? Por que será que em dias ensolarados temos mais disposição e somos mais expansivos e em dias mais frios somos mais introvertidos? Será que isso tem alguma relação com as cores? Pense nisso! Já ouviu o ditado popular: Quem dança seus males espanta? De onde será que essa frase saiu? Será que a dança, a expressão corporal e o movimento são capazes de espantar os males mesmo? Agora imagine um recém-nascido! O bebê nessa fase chora bastante e nem sempre conseguimos identificar o motivo. Muitas das vezes atribuímos a causa do choro a cólicas abdominais e é muito comum a indicação de massagem para aliviar a dor e favorecer a movimentação dos gases e do alimento em processo de digestão no fluxo intestinal. Mas será que esse “toque terapêutico” auxilia mesmo na melhora do quadro do recém-nascido? Essas práticas culturais e tantas outras fazem parte de um vasto conhecimento popular e alguns deles possuem registros milenares que vêm sendo passado de geração em geração e se mantêm vivos ainda nos dias de hoje. Apesar de se tratar de práticas tradicionais de cura popular, elas transcendem a área da saúde e existem evidências científicas que comprovam sua eficácia na prevenção, no tratamento e na cura de diversas enfermidades. Essas práticas fazem parte de sistemas médicos complexos e instrumentos terapêuticos denominados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de Medicina Tradicional (MT) ou Medicina Complementar e Alternativa (MCA). A medicina complementar e seus recursos terapêuticos abrangem técnicas eficazes e seguras com enfoque no estímulo de meios naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde. A OMS vem reafirmando essas técnicas no decurso dos anos e incentivando seu uso, em especial na atenção primária, dado que ela é considerada a principal forma de acesso aos serviços de saúde e onde há maior contato com a população e maior capilaridade entre os outros níveis de assistência. No Brasil, essas práticas são denominadas Práticas Integrativas e Complementares (PICS), que são reconhecidas e regulamentadas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), que estudaremos ao longo desta unidade. Institucionalização das Práticas Integrativas no SUS Historicidade das Práticas Integrativas As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), como o próprio termo faz menção, são técnicas que integram e complementam a medicina convencional ou ortodoxa. Elas não substituem a medicina convencional, mas agregam e associam saberes e práticas para promover o cuidado fundado no princípio da integralidade em saúde. As PICS começaram a ganhar visibilidade no contexto mundial a partir do ano de 1972, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou o Departamento de Medicina Tradicional com a intenção de estimular as nações-membro a fazerem uso de técnicas mais naturais, seguras e custo-efetivas, aspirando assegurar o mais alto grau de saúde para todos os seres humanos. De 6 a 12 de setembro de 1978, na cidade de Alma-Ata (Cazaquistão), foi realizada a 1ª Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde. Como resultado dessa conferência, produziu-se a Declaração de Alma-Ata, composta por dez itens que enfatizam os cuidados primários em saúde. Desde então, a OMS passou a reconhecer as plantas medicinais e a fitoterapia como práticas preventivas, curativas e paliativas. No cenário brasileiro, a temática foi levantada na 8ª Conferência de Saúde, em 1986, sendo considerada um marco importante que contribuiu para a criação do atual Sistema Único de Saúde e levantou a primordialidade de introdução de práticas tradicionais na atenção primária à saúde, o que posteriormente acabou levando à regulamentação das PICS no país. Antes do ano de 2006, as PICS, apesar de já serem empregadas nos serviços de saúde, não eram institucionalizadas no Brasil no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). Foram necessárias algumas mobilizações e articulações no decorrer dos anos até a implementação de uma política sólida e permanente. Em 2004, frente à emergência de consolidar as experiências isoladas que já vinham sendo aplicadas na rede pública de muitos municípios e estados brasileiros, o Departamento de Atenção Básica, da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, assumiu como estratégia a realização de um Diagnóstico Nacional através de questionários enviados aos gestores estaduais e municipais de saúde. O levantamento foi considerado satisfatório e conseguiu evidenciar as racionalidades que já eram aplicadas com êxito nos serviços. O Diagnóstico Nacional subsidiou a elaboração da proposta de política para regulamentar as práticas integrativas, que passou por alguns trâmites, como avaliações, adequações e revisões, até que em fevereiro de 2006 a versão final elaborada da política foi aprovada de forma unânime pelo Conselho Nacional de Saúde, sendo consolidada como Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), publicada através das Portarias do Ministério da Saúde nº 971, em 3 de maio de 2006, e nº 1.600, de 17 de julho de 2006. A PCNIC trouxe como proposta fortalecer os princípios básicos do SUS, atuando nas esferas da prevenção, promoção, manutenção e recuperação da saúde, fundada em modelo de atenção humanizada e centralizada na integralidade do indivíduo. Práticas Integrativas e Complementares Incorporadas no SUS Práticas Integrativas e Complementares e nos Cuidados com a Saúde Caro estudante, vimos nos blocos anteriores que as práticas tradicionais de cura popular já eram utilizadas mesmo antes da criação do SUS. No entanto, essas práticas somente foram institucionalizadas através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), criada atendendo as diretrizes e recomendações de várias conferências nacionais de saúde e das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A PNPIC busca estimular os meios naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde através de técnicas comprovadamente seguras e eficientes, com ênfase no acolhimento com escuta qualificada, no desenvolvimento do vínculo entre o profissional e o paciente e na incorporação do indivíduo ao meio ambiente e à sociedade, além de abranger uma visão mais ampla do processo saúde-doença e a promoção integral do cuidado, sobretudo do autocuidado. A política é norteada por objetivos que incorporam e implementam a PNPIC no SUS, no âmbito da prevenção, promoção e recuperação da saúde, em especial na atenção básica, com foco no cuidado contínuo, humanizado e integral. Também são objetivos da política a elevação da resolubilidade e a ampliação do acesso, garantia de qualidade, eficácia, eficiência e segurança no emprego das práticas, além de estimular técnicas inovadoras e incentivo ao controle/ participação social, envolvendo os usuários, os trabalhadores e os gestoresdos serviços das três esferas de governo. Além dos objetivos, a política é pautada por diretrizes que traçam e direcionam o caminho a ser percorrido para sua implementação. Nesse contexto, enfatiza-se o fortalecimento das PICS no SUS, a qualificação dos profissionais através da educação permanente, o incentivo das parcerias entre os diversos setores para assegurar o desenvolvimento integral das ações, o fortalecimento da participação social, a garantia de aquisição dos insumos necessários, o incentivo à pesquisa, o acompanhamento e a avaliação das PICS implementadas nos serviços, dentre outros. Vimos anteriormente que a PNPIC foi aprovada por meio de portarias do Ministério da Saúde e desde então ela vem ganhando inclusões. Em 2006, a Portaria nº 971, de 3 de maio de 2006, aprovou a PNPIC e incluiu as terapias: Medicina Tradicional Chinesa – Acupuntura; Homeopatia; Plantas Medicinais e Fitoterapia; e Termalismo Social/Crenoterapia. No mesmo ano, a Portaria nº 1.600, de 17 de julho de 2006, incluiu a Medicina Antroposófica, totalizando cinco práticas integrativas no âmbito do SUS. Onze anos após a aprovação da Portaria nº 849, de 27 de março de 2017, incluiu a Arteterapia; Ayurveda; Biodança; Dança Circular; Meditação; Musicoterapia; Naturopatia; Osteopatia; Quiropraxia; Reflexoterapia; Reiki; Shantala; Terapia Comunitária Integrativa; e Yoga à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, totalizando assim 19 práticas. A Portaria nº 702, de 21 de março de 2018, complementou a Medicina Antroposófica/ Antroposofia Aplicada à Saúde e o Termalismo Social/Crenoterapia e incluiu novas práticas à PNPIC, sendo elas: Apiterapia; Aromaterapia; Bioenergética; Constelação Familiar; Cromoterapia; Geoterapia; Hipnoterapia; Imposição de Mãos; Ozonioterapia; e Terapia de Florais, sendo a última inclusão feita até o momento, totalizando 29 práticas. Modelo Mecanicista de Saúde Focando na Saúde Integral Caro estudante, imagine você dirigindo um automóvel em uma avenida qualquer quando inesperadamente seu carro parar de funcionar. Que situação, não é verdade?! Nesse contexto, vemos o automóvel como uma máquina, que por algum defeito precisa ser levado a uma oficina mecânica para ser analisado e consertado. Sabemos que esse serviço de reparos irá trocar algumas peças e esperamos que em breve o defeito seja sanado e seu carro volte a funcionar novamente. Se utilizarmos essa visão mecanicista, podemos imaginar no lugar do carro, o corpo humano e no lugar das peças defeituosas, as diversas enfermidades que podem atingi-lo. Logo, temos mais uma máquina defeituosa que precisa ser reparada. Por muitos anos a saúde foi vista dessa forma, em que os profissionais da saúde aspiravam corrigir esse “mal funcionamento” do corpo, intervindo fisicamente ou quimicamente para restabelecer seu “correto funcionamento”. Visualizando por essa ótica, temos o ser humano pautado como um objeto, que os serviços de saúde buscam no doente a doença, não importando as demais necessidades de cada indivíduo, revelando o que chamamos de modelo curativista, no qual a saúde é vista apenas como ausência de doenças, resultando assim em uma assistência fragmentada. Esse tipo de assistência acaba se tornando segmentada, aumentando o número de intervenções, elevando os custos para manter o que era entendido como saúde, além de equivocadamente não levar em conta os aspectos psicossociais do processo de adoecimento. As limitações e os impactos desse modelo de atendimento passaram a sofrer resistência e foram tema de várias discussões e mobilizações sociais que culminaram no atual Sistema Único de Saúde (SUS) aqui no Brasil. O SUS é uma conquista do povo brasileiro, garantido pela Constituição Federal de 1988, organizado e regido pela Lei nº 8.080/1990. Ele é norteado pelos princípios doutrinários da Universalidade, Equidade e Integralidade, sendo este último o núcleo de discussão desta aula.A partir da implementação do SUS, a saúde passa a ser vista e vivenciada com muito mais clareza, estando atrelada às múltiplas dimensões humanas, relacionando-se inteiramente ao completo bem-estar físico, mental e social. Atualmente, estão inclusas nos municípios brasileiros 29 Práticas Integrativas em Saúde, que vão ao encontro dos mesmos princípios que regem o SUS, sendo pautadas por uma visão mais ampla da saúde. Através das práticas integrativas não cuidamos apenas de um corpo, mas também das manifestações físicas, emocionais, mentais e sociais de cada indivíduo. A Terapia de Florais é uma dessas práticas que são empregadas de maneira complementar à terapia convencional, tendo como premissa a visão holística, levando em consideração o ser humano do ponto de vista global, sem desconsiderar a sua singularidade. Os florais são reconhecidos como terapias complementares pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e fazem parte das terapias integrativas ofertadas pelo SUS desde 2018, regulamentada pela Portaria nº 702/2018. O uso das flores vem sendo relatado há milhões de anos, no entanto, a Terapia de Florais como é conhecida hoje surgiu apenas na década de 1930 a partir das experiências do renomado médico inglês Edward Bach, que defende que o processo de adoecimento físico decorre do desequilíbrio entre alma e mente (personalidade), sendo as doenças meramente uma maneira encontrada pela natureza de alertar o indivíduo de que algo está errado e que deve ser harmonizado. Relacionamento Corpo-Mente Corpo e Mente Caminham Juntos Na vida cotidiana podemos nos deparar com questionamentos sobre o lugar da mente e o lugar do corpo na constituição do ser humano. Somos apenas matéria ou existe algo imaterial e intocado na nossa composição? Há milhares de anos, antes mesmo do nascimento de Cristo, filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles já se faziam esses mesmos questionamentos e procuraram explicá-los. Essa polêmica se manteve em discussão ao longo dos séculos até que o filósofo René Descartes defendeu a conhecida Teoria do Dualismo, que sustenta que o corpo humano consiste em dois elementos isolados e individuais: o corpo e a mente, em que o corpo seria entendido como um elemento material, porém desprovido de pensamentos, e a mente seria um elemento não material, provido de pensamentos e não sujeito às leis da mecânica. De acordo com a história, a desconexão do corpo e da mente permitiu o avanço da ciência médica sem tantas interferências de frentes religiosas, sendo legítimo no meio científico apenas o que pudesse ser observado, medido e replicado. Esse ponto de vista foi a principal base que deu origem ao modelo biomédico que ainda vigora dentro dos serviços de saúde, onde o indivíduo é visto como um organismo biológico que deve ser entendido por meio dos estudos de suas partes. Nessa perspectiva, podemos entender a doença como sendo uma alteração em alguma dessas partes, que resultaria em uma disfunção física ou química e que poderia ser revertida por meio de tratamentos específicos. O modelo biomédico muito contribuiu para os avanços da medicina, no entanto, com o decorrer do tempo, esse modelo de atenção à saúde começou a se mostrar incompleto, impossibilitando responder questionamentos mais amplos acerca do processo saúde-doença. Pensamentos contrários à teoria do dualismo também vêm sendo defendidos há milhares de anos e vêm ganhando força a cada dia. A teoria do filósofo Baruch Espinoza defende que os elementos corpo e mente coexistem e interagem em um só organismo, ou seja, esses elementos não podem existir de forma independente. Essa relação entre corpo e mente pode ser facilmente evidenciada no nosso dia a dia, por exemplo, quando você sente aquela sensação de frio na barriga e tremedeira ao realizar uma entrevista de emprego, ou quando você sente dor de cabeça após um dia fatigante de trabalho, ou ainda quando você percebe que uma pessoa está irritada antes mesmo de falar com ela, apenas visualizando suas atitudes e expressõescorporais. A relação entre corpo e mente também pode ser demonstrada através das doenças psicossomáticas, que são caracterizadas por desarranjos mentais ou psiquiátricos que trazem danos às diversas estruturas do corpo, desencadeando alterações físicas como dores, azia, diarreia, constipação, tremores, dispneia, dentre outros, corroborando assim o conhecido provérbio “mente sã, corpo são!”. Como Agem os Florais Você já ouviu falar que certos tipos de flores possuem a capacidade de melhorar a saúde e de curar enfermidades? É isso mesmo! Além de trazer alegria aos ambientes, determinados tipos de flores possuem outras capacidades e propriedades, como o de serenar os ânimos e trazer equilíbrio para o estado emocional. A terapia floral é uma prática integrativa de promoção de saúde que faz uso de essências de determinadas flores para trazer harmonia, equilíbrio energético e vibratório para os corpos físicos e energéticos através de um fenômeno reconhecido como repercussão vibratória. É um método simples e natural de cura que age sobre o estado emocional dos indivíduos e não diretamente na alteração física. O uso dos florais tem como objetivo colocar em primeiro plano toda a potencialidade do indivíduo, toda a saúde que já existe nele. Ao contrário do que muitos pensam, o floral não acrescentará o que falta na pessoa, e sim destacar os atributos benéficos que já estão presentes nela. O alicerce da Terapia de Florais está fundado na energia do reino vegetal, uma vez que as plantas trilham seu processo evolutivo espelhando de forma similar o decurso de evolução humana, todavia em irrestrita entrega e harmonia. Na área da botânica, as flores são a estrutura do vegetal de onde sai a frutificação, a garantia de perpetuação da espécie. Por esse motivo, a flor é considerada o componente onde se concentra a maior parte da energia vibracional e vital, sendo esta capaz de se relacionar com a essência humana. A gênese da Terapia de Florais é a conversão de sentimentos negativos em positivos, cujo tratamento visa a recuperação do equilíbrio através de métodos naturais que viabilizam o decurso de restauração natural do próprio corpo. Os florais são capazes de harmonizar e equilibrar a personalidade, refilando sentimentos que estão em conflito, condições de ânimo negativo, como raiva, medo, insegurança e ansiedade, que podem ser a justificativa das doenças. Atenção! O terapeuta floral busca nas essências aparatos que vão auxiliar no processo de conversão de emoções negativas em neutras e, por fim, de neutras em positivas. A percepção da verdadeira cura deve englobar o indivíduo como um todo, em sua integralidade, sendo a terapia floral um método capaz de abranger esses aspectos, harmonizando corpo, mente e espírito. As essências florais são indicadas para adultos e crianças de qualquer idade, pois não são classificadas como medicamentos. Além disso, podem ser utilizadas de forma concomitante com outras terapias (alopáticos, homeopáticos ou holísticos) sem provocar efeitos adversos, o que propicia uma complementaridade entre as diversas terapias conhecidas pela comunidade científica. Ao escolher as essências, é importante esquecer da doença física e centrar-se na condição mental e emocional, considerando as essências florais conforme cada indicação que você irá conhecer de forma mais aprofundada mais adiante. Quem foi Edward Bach? Edward Bach: Biografia Você já parou para imaginar como surgiu a ideia de utilizar a essência das flores para promoção da saúde? De quem será que foi essa ideia? Como será que se deu o processo de descoberta e ampliação do conhecimento para a humanidade? É exatamente isso que vamos discutir neste bloco! O idealizador da terapia de florais foi Edward Bach, ele foi um médico inglês que possuía ideias muito avançadas para o seu tempo. Apesar da sua curta carreira, contribuiu muito para a medicina integrativa em todo o globo terrestre. Edward Bach nasceu em 24 de setembro de 1886 em Moseley, Inglaterra. Com apenas 20 anos de idade, ingressou na Faculdade de Medicina em Birmingham, formando-se em 1912. Optou pelo campo da cirurgia, no entanto logo ficou insatisfeito, pois considerava seus resultados como paliativos e acabou se especializando em bacteriologia, imunologia e saúde pública. Em pouco tempo se tornou pesquisador, quando começou a perceber que a alopatia não funcionava da mesma forma em todas as pessoas, algumas respondiam bem ao tratamento convencional, conseguindo atingir a cura, enquanto outras davam poucos ou até nenhum sinal de melhora frente ao mesmo tratamento. A partir disso, ele começou a suspeitar que existia algo além do distúrbio orgânico, algo próprio de cada indivíduo, e que esse fator também deveria ser considerado no processo terapêutico. Até 1917, Bach trabalhou como alopata e pesquisador, quando sofreu uma hemorragia digestiva muito agressiva e precisou ser submetido a um procedimento cirúrgico. Logo após, recebeu um prognóstico não muito animador de que lhe restavam apenas três meses de vida por conta do mal que lhe havia atingido. Determinado em concluir seus estudos, Bach se debruçou sobre suas pesquisas, até que o tempo foi passando e ele foi percebendo que estava curado. Assim, ele percebeu que ter um propósito na vida poderia ser um fator crucial para se atingir um estado de saúde e que qualquer doença de longa duração poderia ser curada a partir do desejo do indivíduo de continuar a viver. No ano de 1919, Edward Bach conheceu a filosofia da homeopatia através dos estudos de Samuel Hahnemann, que 150 anos antes dele já reconhecia a influência da personalidade sobre o processo de adoecimento. Bach então associou os princípios da homeopatia aos seus conhecimentos em Alopatia e desenvolveu nosódios de bactérias, que funcionavam como vacinas orais, com ótimos resultados, porém sem conseguir abranger todas as classes de doenças. Em seguida, começou a tentar substituir os nosódios por medicamentos extraídos das plantas. Alguns anos mais tarde, ao observar as pessoas, percebeu que era possível classificá-las de acordo com o comportamento delas. Imaginou que poderia existir um medicamento capaz de aliviar o sofrimento comum de cada grupo. Ele percebeu que cada um desses grupos reagia de uma forma específica diante das doenças e, assim, começou a buscar um novo sistema de cura que pudesse ser usado de forma profilática, conforme o temperamento de cada indivíduo. Desse modo, passou a pesquisar esses métodos de cura nas plantas. Em 1930, Bach abandonou tudo, deixou Londres e foi viver no campo no País de Gales. Seus estudos permitiram encontrar um novo sistema para extrair as virtudes medicinais das plantas, que culminaram nos 38 florais de Bach, que percorreram o mundo e deram origem a outros sistemas de florais utilizados ainda nos dias de hoje. Indicação Terapêutica das Essências Florais Essência de Florais A flor é considerada a porção vital da planta, é por meio dela que ocorre o processo de reprodução e perpetuação do vegetal. Nela contêm os princípios vitais que se relacionam diretamente com a natureza humana e suas essências são capazes de promover modificações no organismo, capazes de equilibrá-lo, favorecendo o estabelecimento da saúde. Edward Bach defende que existem sete arranjos mentais que estão relacionados à origem das doenças, sendo eles: orgulho, crueldade, ódio, egoísmo, ignorância, instabilidade e ambição. Ele também reconhece sete arranjos da mente capazes de conquistar a saúde/cura, sendo eles: paz, esperança, alegria, fé, certeza, sabedoria e amor. A gênese da terapia de florais é a conversão de sentimentos negativos em positivos, em que o tratamento visa a recuperação do equilíbrio através de métodos naturais que viabilizam o decurso de restauração natural do próprio corpo. Os florais oferecem apoio ao indivíduo para que ele possa lutar contra as doenças, harmonizando os fatores emocionais que impedem o processo de evoluçãopara a cura. A Terapia de Florais pode ser indicada em qualquer idade e em associação com outros métodos terapêuticos, pois é considerada segura e não apresenta efeitos adversos. O foco da Terapia de Florais não é a doença em si, e sim as condições emocionais da pessoa afetada, pois, como vimos anteriormente, Bach observou que os indivíduos respondem de diversas formas a uma mesma doença ou tratamento, estando em destaque a singularidade do indivíduo para o sucesso da cura. Os florais de Bach geralmente são utilizados em formulações que incluem associações, no entanto é comum o limite máximo de seis a sete essências, de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Elas podem ser prescritas por terapeutas especializados ou adquiridas prontas em farmácias. Atenção! É importante ficar atento ao prazo de validade, que costuma ser curto, e à posologia, que varia em média 4 gotas, 4 vezes ao dia, por via oral, sendo essas gotas pingadas diretamente na boca, atentando-se para o cuidado de não tocar os lábios ou a língua. Para ser assertivo na escolha dos florais, o terapeuta precisa ter certeza do estado do paciente. Antes da prescrição em si, o paciente passa por uma consulta onde será feita uma anamnese (entrevista) completa, buscando identificar inicialmente quais são as queixas prioritárias (motivos que o levaram a procurar o serviço), podendo elas serem de origem física, emocional, ideativa, relacional ou ambiental. Essas queixas prioritárias serão o foco do tratamento. Uma vez identificadas as queixas, deve-se determinar as “forças psíquicas” que influenciam esse foco. Uma boa prescrição de florais deve envolver essências que vão trabalhar o foco e as forças que a estruturam, pois dessa forma trabalha-se o problema de maneira integral. Um diagnóstico floral preciso é completamente diferente do diagnóstico médico! O principal recurso para a escolha das essências florais é o diálogo, pois através do estabelecimento de uma escuta acolhedora é possível instituir o vínculo terapêutico entre o profissional e o paciente e, assim, teremos maior acesso às emoções e aos sentimentos do indivíduo. Outro ponto crucial para bons resultados no uso de florais é a orientação, tendo em vista que ela irá permitir que o próprio indivíduo se ajude a melhorar de forma consciente, sendo ele colocado em evidência e como protagonista do seu próprio processo de saúde-doença. Terapia de Florais na Saúde Física e Mental Benefícios para Saúde Integral pelo Uso de Florais Sabemos que existe um estreito relacionamento entre corpo e mente. Além disso, estudos já demonstraram que um exerce influência sobre o outro, estando diretamente relacionados no processo de saúde-doença. Partindo dessa perspectiva, a Terapia de Florais busca estabelecer o equilíbrio da mente e das emoções, harmonizando-as para permitir que o elemento físico se cure através de recursos naturais que o próprio organismo humano dispõe. Edward Bach, em seus incessantes estudos, identificou 38 tipos de florais específicos para serem utilizados no âmbito da saúde. Eles foram classificados em sete grandes grupos, que seriam baseados nas características emocionais gerais que ele identificou para cada um dos sete nosódios de Bach e suas respectivas indicações, sendo eles: Medo: - Rock Rose (Helianthemum nummularium) - medo que atingiu tal intensidade que se tornou pânico. - Mimulus (Mimulus guttatus) - medos cuja origem é conhecida. - Cherry Plum (Prunus cerasifera) - estresse extremo e colapso nervoso. - Aspen (Populus tremula) - medos vagos ou indefinidos (abstratos). - Red Chestnut (Aesculus carnea) - aqueles que temem pelo bem-estar dos outros. Incerteza e insegurança: - Cerato (Ceratostigma willmottiana) - falta de confiança em si mesmo para tomada de decisões. - Scleranthus (Scleranthus annuus) - dificuldades em se decidir entre duas coisas. - Gentian (Gentiana amarella) - aqueles que são facilmente desencorajados. - Gorse (Ulex europaeus) - desespero e falta de fé. - Hornbeam (Carpinus betulus) - fadiga, cansaço e esgotamento mental. - Wild Oat (Bromus ramosus) - indecisão vocacional, falta de clareza com seus objetivos, insatisfação. Interesse não suficiente em circunstâncias presentes: - Clematis (Clematis vitalba) - alienação e sonhos excessivos. - Honeysuckle (Lonicera caprifolium) - aqueles que vivem no passado. Wild Rose (Rosa canina) - falta de ambição e apatia. - Olive (Olea europaea) - exaustão após esforço mental ou físico. - White Chestnut (Aesculus hippocastanum) - obsessão e pensamentos repetitivos. - Mustard (Sinapis arvensis) - tristeza profunda, melancolia sem motivo aparente. - Chestnut Bud (Aesculus hippocastanum) - incapacidade de aprender com seus próprios erros. Solidão: - Water violet (Hottonia palustris) - personalidades reservadas e distantes, isolamento. - Impatiens (Impatiens glandulifera) - impaciência e nervosismo. - Heather (Calluna vulgaris) - pessoas carentes e egocêntricas. Sensibilidade excessiva a influências e ideias: - Agrimony (Agrimonia eupatoria) - ansiedade mascarada por alegria. - Centaury (Centaurium umbellatum) - para quem não sabe dizer não aos outros. - Walnut (Juglans regia) - estresses das fases de transição/mudanças da vida. - Holly (Ilex aquifolium) - inveja, ciúme e suspeição. Desânimo ou desespero: - Larch (Larix decidua) - falta de confiança em si e antecipação do fracasso. - Pine (Pinus sylvestris) - para aqueles que se culpam e sentem raiva de si mesmos. - Elm (Ulmus procera) - exaustão, inadequação momentânea. - Sweet Chestnut (Castanea sativa) - extrema angústia, limite do desespero. - Star of Bethlehem (Ornithogalum umbellatum) - traumas físicos e emocionais. - Willow (Salix vitelina) - vitimismo e ressentimentos. - Oak (Quercus robur) - para pessoa impassível e persistente. - Crab Apple (Malus pumila) - para aqueles que se preocupam muito com limpeza, higiene, ordem e perfeição e apresentam autoaversão. Preocupação excessiva pelo bem-estar dos outros: - Chicory (Chichorium intybus) - para pessoas excessivamente controladoras, egoísmo, manipulação. - Vervain (Verbena officinalis) - excesso de entusiasmo, fanatismo. - Vine (Vitis vinífera) - excesso de autoridade, despotismo. - Beech (Fagus sylvatica) - excesso de crítica, opiniões fixas. - Rock Water (No latin name) - excesso de exigência consigo mesmo. Edward Bach foi um médico alopata que enxergou na sua experiência profissional que em alguns casos a medicina convencional ou ortodoxa não era capaz de manter a saúde dos indivíduos sozinha. A partir dessa ótica ele se especializou e pesquisou novos métodos de cura através da natureza. Suas pesquisas e obras foram essenciais para fundamentar o que conhecemos hoje como Terapia de Florais. Infelizmente, Bach teve uma morte precoce, veio a falecer aos 50 anos em decorrência de uma parada cardiorrespiratória enquanto dormia. Ele já sabia o tamanho da importância dos seus achados, no entanto, por um capricho do destino, foi impedido de conceber a magnitude do alcance de seus estudos no âmbito mundial. A Terapia de Florais busca o processo de saúde e cura através da essência das flores, com o intuito de harmonizar corpo e mente. Ela não busca tratar a doença em si, e sim equilibrar as desordens emocionais e mentais para que assim o corpo possa estar preparado para curar-se. Edward Bach foi o idealizador da Terapia de Florais. Ele pesquisou e catalogou 38 tipos diferentes de florais para uso no âmbito da saúde. Os 38 florais são indicados em situações específicas e foram classificados por ele em sete categorias específicas, sendo elas: - Medo. - Incerteza e segurança. - Interesse não suficiente em circunstâncias presentes. - Solidão. - Sensibilidade excessiva a influências e ideias. - Desânimo e desespero. - Preocupação excessiva pelo bem-estar dos outros. Bach, ao observar e estudar as pessoas, concluiu que essas alterações de cunho emocional e mental contribuem de formaincisiva no modo como as pessoas adoecem. Ele acreditava também que a natureza, através da energia vibracional das flores, é capaz de harmonizar o organismo humano a fim de equilibrá-lo. Seus ensinamentos permanecem vivos ainda nos dias de hoje, e a Terapia de Florais faz parte das 29 práticas integrativas e complementares reconhecidas e ofertadas pelo SUS. Essa é uma área bastante promissora, pois apesar de incluir práticas antigas, é um campo que ainda carece de profissionais qualificados. Florais em Práticas Integrativas Práticas Integrativas Imagine duas pessoas aparentemente semelhantes (mesmo sexo, idade, profissão, estado civil, etc.) em uma determinada situação: essas duas pessoas hipotéticas sofrem de episódios frequentes de enxaqueca, no entanto uma delas melhora poucos minutos após fazer uso de analgésico, enquanto a outra fica tão debilitada que mesmo fazendo uso da mesma medicação não consegue nem ao menos se levantar da cama. Por que será que esses dois indivíduos relativamente semelhantes respondem de modos diferentes à mesma doença e ao mesmo tratamento convencional? Muitos filósofos da antiguidade defendem que isso se deve ao fato da conexão existente entre os elementos emocionais e mentais com o corpo físico. Edward Bach defendia que a doença nada mais é do que o resultado do desequilíbrio entre a mente e as emoções. Isto é, os diversos pensamentos atingem o campo vibracional, permitindo ou não a atuação de agentes nocivos no campo astral, que posteriormente refletem-se em apresentações físicas através de doenças. As essências florais atuam no campo energético vibracional. Dessa forma, não podemos nos esquecer que em se tratando de nível energético, os iguais se atraem, de maneira que pensamentos positivos atraem respostas positivas e pensamentos negativos atraem respostas negativas, sendo esse o principal ponto de ação dos florais, atuando na limpeza da memória energética e ativação e potencialização de vibrações benéficas. Os Florais de Bach são baseados em essências de flores de origem inglesa. Depois dele, muitos pesquisadores de diversas partes do mundo estudaram seu sistema de florais, contribuindo com a evolução da terapia com o passar do tempo, até que a partir da flora de cada região e dos saberes tradicionais passaram a surgir diversos outros sistemas com as mais variadas origens. Antes da institucionalização das PICs no Brasil, essas práticas eram consideradas terapias elitizadas, voltadas principalmente para um público com melhor poder aquisitivo. Após um tempo, elas foram sendo difundidas em todo o território nacional, tornando o país uma referência mundial no campo das práticas integrativas. Nosso SUS oferece 29 práticas, trazendo maior acessibilidade aos diversos grupos populacionais, sendo a Terapia de Florais uma delas, cuja inclusão ocorreu no ano de 2018, junto com outras nove práticas. As práticas integrativas, de uma maneira geral, possuem um mesmo objetivo, no entanto incluem um público-alvo bastante heterogêneo e diversos instrumentos para aplicação das terapias, sejam elas individuais ou coletivas, de manipulação corporal, energéticas, vibracionais, de expressão, entre outras. Atenção! A Terapia de Florais, diferente de muitas terapias integrativas, não possui restrição de idade ou contraindicação. Ela faz parte do grupo de terapias que utiliza como ferramenta a atuação no campo energético e vibracional, sendo empregada de forma individual, visando tratar a pessoa, e não a doença em si. Ela pode ser utilizada como método complementar para tratamento de enfermidades, mas principalmente como meio preventivo e de promoção à saúde. Os florais atuam de maneira simples e sutil, transformando as dificuldades do indivíduo em potencialidades. A terapia com florais é um processo, e não uma solução mágica! Por esse motivo é considerada um tratamento de persistência e regularidade, sendo possível alcançar resultados mais rápidos quando o indivíduo se encontra mais aberto às mudanças. Embora os Florais de Bach não tenham efeitos colaterais, é importante lembrar que fazer uso de doses excessivas não traz resultados mais eficazes ou mais rápidos. Por esse motivo, essa prática é desaconselhada. Teoria em Prática Essências na Prática O método de obtenção das essências florais é simples! O ideal é que o preparo seja feito próximo ao local onde as flores são colhidas. É importante ressaltar que nesse processo a água utilizada deve ser pura e potável e as flores devem ser colhidas no pico da floração, devendo elas estarem saudáveis e viçosas e que sua coleta seja feita evitando qualquer tipo de contato com as mãos. Edward Bach desenvolveu duas técnicas básicas para obtenção de florais, sendo elas o método solar e o método de fervura e posteriormente surgiram os métodos lunar e misto. 1. Método solar Nesse método deve-se dispor a água e as flores em um recipiente, sendo expostos, nos arredores da própria planta, à luz solar. Esse processo deve ser feito de manhã, logo na alvorada. O conteúdo fica exposto por algumas horas até que as flores comecem a murchar. Após isso, a água energizada é filtrada e misturada na proporção de 50% com conhaque e disposta em um frasco estéril. Essa mistura apresentada se chama tintura mãe. É a partir dela que se obtém a solução estoque, que consiste em colocar em um frasco estéril, com capacidade de 30 ml, em torno de 30% a 50% de conhaque, completados com água, adicionados de apenas 2 gotas da tintura mãe. 2. Método de fervura Nesse método deve-se dispor a água e as flores (com ramo de sustentação, folhas e brotos) em um recipiente e submetê-los à fervura por 10 a 30 minutos. Feito isso, aguarda-se o esfriamento espontâneo para depois proceder com a filtragem e o engarrafamento, assim como é feito no método solar. 3. Método lunar Esse método é utilizado para extrair a essência das flores que possuem características noturnas. A técnica é semelhante ao método solar, mudando apenas o horário de realização, que deverá ser durante a noite, sob “lua plena”. 4. Método misto É a associação de mais de uma das técnicas anteriormente descritas. A solução estoque, também conhecida como primeira diluição, é a versão que encontramos disponível para comercialização. Ela pode ser utilizada de diversas formas: para uso em curto prazo em situações como ansiedade pontual, picos de estresse e indisposição e para uso em longo prazo, para condições de saúde mais prolongadas que requerem acompanhamento. Nesse caso, é recomendável que seja feita a segunda diluição, preferencialmente por um terapeuta que possa fazer o acompanhamento da pessoa em cada caso em particular. A segunda diluição seria um preparo personalizado para cada paciente. Ele deve ser feito em frascos de vidro âmbar com conta-gotas esterilizado. O frasco deve ser preenchido com 80% de água mineral e 20% de conhaque, adicionadas de 2 ou 4 gotas da solução estoque de cada essência prescrita. Esse preparo tem validade de 2 a 3 meses, desde que bem acondicionado e utilizado de forma correta, sem contaminação. A recomendação de uso da segunda diluição, geralmente, é de 4 gotas sublinguais, 4 vezes ao dia, podendo ser modificada de acordo com a necessidade. Caso o paciente tenha algum tipo de restrição alcoólica, esse componente poderá ser substituído completamente por água mineral e, nesse caso, o frasco deverá ser conservado em refrigerador, haja vista que o álcool presente no conhaque funciona como um conservador da mistura e inibidor de proliferação de microrganismos prejudiciais à saúde. Aplicabilidade das Essências Florais Seguindo as Orientações Terapêuticas O sistema de florais de Edward Bach é muito utilizado por todo o mundo desde a Segunda Guerra Mundial. Seus estudos serviram como um marco inicial para o surgimento de novos sistemas, como os Florais de Saint-Germain e os Florais da Califórnia. O objetivo dos diversos sistemas florais é único: acessar a partir de essênciasextraídas das plantas o desequilíbrio no nível vibracional do ser humano. No Brasil temos os Florais de Minas, Florais da Amazônia, Florais do Planalto Central, Florais da Mata Atlântica e muitos outros.Dentre alguns florais disponíveis no território brasileiro, temos: 1. Flor do Maracujá (Passiflora edulis) Para pessoas afligidas por temor ou medo vago, cuja causa não é conhecida. Pessoas com pressentimentos, presságios de acontecimentos ruins, sensação de perseguição, de castigo e de morte. Medo de: escuro, assombrações, velórios e cemitérios. Associados em: pesadelos, sonambulismo, perda involuntária de urina durante o sono, inquietação noturna, bruxismo e insônia associada ao medo de morrer ou à percepção fantasiosa. 2. Flor do Cosmos (Cosmos bipinnatus) Para emergências em que a pessoa é incidida de terror, pânico ou medo agudo. Utilizada nos primeiros socorros, nas necessidades físicas e psíquicas. 3. Flor da Chicória (Cichorium intybus) Para pessoas egoístas, possessivas, que exigem zelo contínuo e se magoam facilmente. Para aqueles que cobram retribuição de afeto e intervêm nos sentimentos e nas atitudes das pessoas mais próximas. 4. Flor da Sensitiva (Mimosa pudica) Muito utilizada para tratamento de medos conhecidos e do dia a dia. Indicada também para tratar timidez, quadros de gagueira e nervosismo nas atividades diárias. 5. Flor da Carqueja (Baccharis trimera) Indicada para indivíduos ansiosos e aflitos pelo bem-estar de terceiros. Pessoas que se excedem nas instruções de cuidado e quando alguém se atrasa ficam perturbadas por pensamentos negativos. 6. Flor da Alfazema (Lavandula) Indicada para pessoa que apesar de seu talento, capacidade e força de vontade, nunca consegue concluir seus planos. Indicada também quando a pessoa é imatura, carece de iniciativa e tende à hesitação, perda de autoconfiança e sentimentos de inferioridade. 7. Flor do Alecrim de Jardim (Rosmarinus officinalis) Para aqueles que vivem quase o tempo todo longe da realidade (pessoas aéreas), cuja mente evade e se perde de forma caótica no futuro. 8. Flor do Funcho (Foeniculum vulgare) Para pessoas com incertezas sobre a própria capacidade. Também muito utilizada para períodos de grande readaptação ou após fases de grande exigência energética. Considerada um tônico geral, físico e psíquico. 9. Flor do Manjericão (Ocimum basilicum) Indicada para pessoas com personalidades fortes, afligidas por conflitos de inadequação e dúvidas sobre a própria capacidade. Estados depressivos decorrentes do trabalho excessivo ou de grande exigência mental. 10. Flor Moça-e-Velha (Zinnia elegans) Indicada para pessoas mal-humoradas, ingratas, ressentidas, amarguradas, negativas, vitimistas, que culpam tudo e todos pela própria desventura. A Terapia de Florais é uma das práticas integrativas oferecidas de forma gratuita pelo SUS. Assim como qualquer prática integrativa, a Terapia de Florais não substitui tratamentos convencionais, logo o paciente precisa ser orientado sobre a importância de dar continuidade aos acompanhamentos com os demais especialistas em saúde (enfermeiro, psicólogo, psiquiatra, geriatra, etc.). Os florais não são utilizados para tratar a doença em si, mas sim a pessoa, atuando no campo vibracional e energético do indivíduo para equilibrá-lo, harmonizá-lo, para que assim ele consiga se curar. Os florais tratam as emoções e a mente do indivíduo para que as vibrações positivas possam ser buscadas e potencializadas, refletindo na melhora dos quadros de enfermidade. Antes de qualquer indicação ou prescrição de florais, é imprescindível que a pessoa passe por uma consulta com um terapeuta floral. Na primeira consulta, o terapeuta, através do diálogo verbal e não verbal, conseguirá determinar quais são as fragilidades emocionais e de personalidade que o paciente apresenta e a partir daí será possível desenhar uma linha de tratamento. Os florais são escolhidos não pela doença em si, mas pelas emoções e personalidades expressas pelo indivíduo, tornando cada tratamento personalizado baseado na singularidade da pessoa humana. Lembrando que para a prescrição dos florais é indicado tratar primeiro a queixa prioritária e as emoções relacionadas, minimizando o composto floral a um limite de 6 a 7 essências. A História por trás da Arteterapia A arte está presente na vida do ser humano desde tempos remotos, no entanto, seu emprego enquanto terapia foi iniciado apenas no século XIX, a partir da observação de estados patológicos expressos em desenhos. No ano de 1876, o médico psiquiatra Max Simon começou a analisar as pinturas feitas por seus pacientes e posteriormente começou a classificá-las de acordo com as doenças mentais que eles apresentavam. No decorrer dos anos, alguns outros médicos também iniciaram seus estudos a partir dessa perspectiva. No ano de 1906, o psiquiatra Fritz Mohr desenvolveu um importante estudo comparativo entre os trabalhos desenvolvidos por doentes mentais, pessoas saudáveis e grandes artistas de sua época e identificou que expressões artísticas são capazes de demonstrar histórias de vida e conflitos pessoais. Suas teorias foram um marco importante para a criação de testes utilizados no campo da psicologia até os dias atuais. Posteriormente, já no início do século XX, temos essa temática sendo abordada no âmbito da psicanálise a partir de Sigmund Freud (1856-1939), sendo a arte considerada uma manifestação do inconsciente, repleta de simbolismos e significados. O psiquiatra e psicoterapeuta Carl Gustav Jung (1875-1961) foi o primeiro a utilizar a expressão artística em consultório. Ele empregava essas práticas tanto para meios diagnósticos como para tratamentos. No cenário brasileiro, tivemos dois grandes influenciadores, os médicos psiquiatras Nise da Silveira (1905-1999) e Osório César (1895-1979). Este era influenciado pela psicanálise freudiana, e ela, influenciada pela teoria junguiana. Desde então, muitos estudos se deram baseados nos pensamentos de Freud e Jung, ultrapassando os limites da psiquiatria, levando ao que conhecemos hoje como arteterapia. Conceito de Arteterapia A arteterapia é a prática que emprega a arte no processo terapêutico como meio de promoção da saúde. Ela faz uso de diversos tipos de ferramentas que possuem como principal objetivo o estímulo da expressividade, espontaneidade, comunicação e criatividade, sem se preocupar com a estética ou aparência. Na verdade, o foco está na ampliação dos horizontes, do conhecimento de si e na harmonização dos conflitos internos, promovendo bem-estar físico, mental e emocional. Atenção! A arteterapia é incentivada pela Organização Mundial da Saúde e é hoje reconhecida no Brasil como uma das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, sendo incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) através da Portaria nº 849, de 27 de março de 2017. É uma prática que tem crescido consideravelmente nos últimos anos, mas que ainda carece de profissionais habilitados, uma vez que o processo de formação é considerado crucial, tendo em vista que é uma área compartilhada entre a arte e a terapia. Benefícios da Arteterapia Você aprendeu que a arteterapia é uma prática integrativa utilizada no processo de prevenção e promoção da saúde, não é verdade? Mas quais são seus benefícios para os indivíduos que se utilizam dessa prática? A arteterapia é uma prática que inclui a associação da arte em sua forma ilimitada ao processo terapêutico, promovendo a autoexpressão, em que a autonomia do indivíduo é incentivada proporcionando uma harmonização nos aspectos inerentes ao ser humano. É uma terapia que faz uso de técnicas expressivas e vivenciais através de atividades que incluem, por exemplo, pintura, modelagem, música, tecelagem, entre outros. A arteterapia é vista como um meio de expressão e de comunicação. Através dela conseguimos expressar todos os nossos conflitos internos sem precisar fazer uso de palavras. Ela possibilita que nósnos conheçamos de maneira cada vez mais profunda e nos permite chegar ao que conhecemos como liberdade emocional. A relação do ser humano ocorre muitas vezes de forma natural com a arte. Por muitas vezes, involuntariamente, somos pegos fazendo rabiscos, corações, labirintos ou círculos num pedaço de papel ou no cantinho do caderno. Sem nos darmos conta, estamos nos expressando através da arte. Esse processo terapêutico é capaz de liberar nossas emoções, conflitos internos, imagens e momentos indesejados que habitam o nosso inconsciente. Não é necessário ser um artista para fazer uso dessa prática, uma vez que não são levados em consideração a técnica, a estética ou o concreto, o que importa de fato é a livre expressão que permite o conhecimento de si e a consciência, propiciando a transformação e a harmonização do nosso estado emocional. Atenção! O intuito da arteterapia não é transformar as pessoas em artistas profissionais, mas dar aos pacientes ferramentas para que eles consigam ter a compreensão de si de forma lúdica e intuitiva. As expressões artísticas exploram energias que emergem do inconsciente, permitindo ao indivíduo um estreito contato com seu verdadeiro eu e com o resto do mundo. Através da arteterapia é possível estimular a criatividade, melhorar a autoestima e a autoconfiança, desenvolver a concentração, entre outros. Soma-se a isso, ainda, o completo bem-estar, capaz de manter o indivíduo em total equilíbrio, favorecendo a prevenção de agravos, a promoção e o restabelecimento da saúde. Para usufruir de todo o potencial que a arteterapia pode oferecer, faz-se necessário o estabelecimento de um completo vínculo terapêutico, sendo fundamental a interação entre os três pilares básicos, que são: o paciente, a arte criada e o terapeuta. Para que isso aconteça, é importante que o paciente esteja aberto a novas experiências, se expresse de forma livre através da arte e que o terapeuta possua um vasto conhecimento sobre a arte e a terapia. Para conseguir conduzir as consultas de maneira adequada, o terapeuta deve guiar o paciente para que a cada encontro ele consiga se enxergar em suas produções e lidar com os sentimentos e pensamentos que vêm à tona em cada criação. Arteterapia no Desenvolvimento do Potencial Humano Hoje você está fazendo o seu curso, estudando, se desenvolvendo e daqui algum tempo, você estará pronto para o mercado de trabalho. Pensando nisso, reflita: aonde você quer chegar? Quem você quer ser e onde deseja estar? Para atingirmos os nossos objetivos, precisamos trabalhar o nosso potencial, o potencial humano. Nós, seres humanos, possuímos uma potência, ou seja, algo que já existe em nós, mas que ainda não foi completamente desenvolvido, uma capacidade de sermos aquilo que ainda não conseguimos atingir. Muitos defendem que o potencial humano é infinito, sendo o indivíduo capaz de chegar ao ponto em que seu potencial for desenvolvido. Podemos desenvolver o potencial humano através da criatividade, do conhecimento de nós mesmos e do mundo, da ampliação de habilidades, entre outros. A arteterapia, além de trazer o bem-estar, também pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento do potencial humano, sendo capaz de melhorar características como autoestima, confiança, concentração, atenção e memória. - Autoestima: é uma estima de si, a imagem ou opinião que a pessoa tem de si mesmo. Além de envolver a própria aceitação, ela acaba refletindo nas atitudes e no equilíbrio emocional. A arteterapia é capaz de melhorar o autoconhecimento, permitindo que a pessoa desenvolva suas habilidades para fazer aquilo que gosta, gerando sentimentos de satisfação e entusiasmo que são benéficos para o equilíbrio mental. - Autoconfiança: é um sentimento de segurança, certeza e convicção nas habilidades, nas qualidades e no julgamento. Níveis saudáveis de autoconfiança levam o indivíduo a ser bem-sucedido tanto no nível pessoal como profissional. A expressão artística permite que a pessoa perceba que pode realizar algo sozinha, promovendo uma maior confiança em si, levando a uma estabilidade emocional, que acaba abrindo a possibilidade de experimentar coisas novas. - Concentração: é uma característica primordial para o equilíbrio emocional. Uma pessoa concentrada sabe exatamente o que quer e percorre seu caminho sempre nessa direção. Para manter-se sempre centrado é preciso foco! A arteterapia é capaz de evidenciar essa característica, permitindo que o indivíduo tome decisões sábias e apropriadas, mesmo em momentos de crise. - Atenção: é considerada um dos aspectos essenciais da atividade consciente do ser humano. Uma ferramenta primordial que norteia a organização dos comportamentos e das capacidades psicológicas. Ela se aperfeiçoa a partir do desenvolvimento social, histórico e cultural, sendo a arteterapia uma aliada para o aprimoramento dessa característica. - Memória: é a guarda de informações e fatos adquiridos a partir de experiências da vida. Ela está intimamente relacionada com o processo de aprendizagem. A terapia artística consegue melhorar a capacidade de memória, estimulando o cérebro de maneira integrada e harmoniosa. A cada atividade cotidiana que realizamos, estamos experimentando emoções diferentes, interagindo com o mundo e inconscientemente fazendo uso de nossa criatividade. Isso acontece, pois a criação é intuitiva, tornando-se consciente ao passo que se concretiza. O ser humano cria não porque deseja, gosta ou precisa, ele cria à medida que existe, como circunstância para sobreviver e dar significado à sua existência. A arteterapia é uma prática democrática, que pode ser utilizada através de vários instrumentos e empregada em qualquer idade ou ciclo da vida, sendo o arteterapeuta um facilitador desse processo. A arteterapia é uma das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde que foi incluída no SUS por meio da Portaria nº 849, de 27 de março de 2017. O objetivo da arteterapia não é transformar as pessoas em artistas profissionais, mas auxiliá-las a desenvolver habilidades que contribuirão para o bem-estar, a promoção da saúde e o desenvolvimento do potencial humano. As expressões artísticas fazem uso de diversos tipos de instrumentos, visando à promoção do crescimento integral e saudável do ser humano. No campo da aprendizagem, essa terapia é capaz de reordenar e reestruturar a esfera mental dos estudantes, harmonizando suas emoções e dificuldades, resgatando e aprimorando o autoconhecimento e a transformação pessoal. Além disso, a terapia artística permite a avaliação de aspectos comportamentais, psicomotor e de compreensão. Ao participar das sessões de arteterapia, os alunos conseguirão desenvolver suas potencialidades criativas, as quais lhes permitirão descobrir e reconhecer suas próprias habilidades, incrementando seu universo interior e contribuindo efetivamente para o processo de aprendizagem. A arteterapia é uma estratégia de intervenção terapêutica que, aliada ao processo de educação, auxilia o estudante a enfrentar seus medos e suas frustrações, fixando vínculos mais seguros com seus professores e colegas de classe. Ela provoca a curiosidade e abre caminho para a criatividade, permitindo a experimentação de coisas novas de forma espontânea. Além disso, ela contribui para a estruturação do conhecimento humano e nas instituições educacionais pode auxiliar estudantes com dificuldades de aprendizagem, permitindo a evolução individual e a promoção do seu desenvolvimento. A Arteterapia e seus Mediadores Artísticos Os mediadores artísticos, também denominados como materiais expressivos ou recursos artísticos, nada mais são do que os meios ou materiais utilizados pelos pacientes nas oficinas artísticas. São formas específicas de representação artística que desfrutam de processos criativos de materialização de características pessoais. Os recursos artísticos podem ser classificados em seis grupos, sendo que cada mediador possui particularidadesespecíficas nos métodos de sua execução: - Expressão plástica: inclui recursos técnicos, como pinturas, modelagens, desenhos, colagens, fotografias e construções plásticas que podem ser aplicadas em superfícies como madeira, papel e tela. - Expressão corporal: inclui fantasia guiada, movimentos livres, movimentos coreografados, dança de roda, espelhamento, entre outros. - Expressão dramática: inclui atividades envolvendo marionetes, dramatização de histórias, estátuas vivas, entre outros. - Expressão musical: faz uso de métodos ativos, como a improvisação musical, e métodos passivos ou receptivos, como a escuta de músicas e sons específicos. - Expressão literária: inclui escrita livre, poesias, contos, lendas e histórias em geral. - Expressão lúdica: inclui atividades com tabuleiros de areia, brincadeiras, jogos, dinâmicas, brinquedos e outros meios lúdicos. A partir de cada recurso técnico disponível, surgem variações de acordo com a diversidade do material, por exemplo, na técnica de modelagem podemos ter variações como modelagem em massa caseira, modelagem em barro, etc. Os recursos artísticos podem ser utilizados de forma livre para criação e exploração de suas potencialidades, escolhidos pelo terapeuta conforme a temática a ser abordada ou, então, inicialmente selecionados pelo terapeuta, de acordo com o estado emocional de seu paciente, e posteriormente escolhido pelo próprio paciente. Não só a obra criada, mas também a escolha dos materiais, os métodos e as cores podem revelar ao terapeuta características específicas do indivíduo. A escolha de um lápis de ponta fina pode indicar preferência por conforto, luxo e tendência a estar sempre em companhia de pessoas em destaque, uma vez que o indivíduo sente dificuldades na sua própria afirmação. A escolha de lápis de ponta mediana, pode indicar que a pessoa tem facilidade de adaptação às novas situações, revela um indivíduo livre e flexível. Ao passo que a escolha de um lápis de ponta grossa pode revelar que a pessoa é pouco influenciável e dificilmente muda de ideia quando toma uma decisão. O espaço explorado no desenho ou na pintura também podem revelar algumas características do indivíduo. O uso do espaço superior revela intelecto e curiosidade, o uso do espaço inferior pode revelar necessidades físicas e materiais, o uso do lado esquerdo pode estar relacionado a pensamentos do passado, o uso do lado direito pode evidenciar tendências de pensamentos futuros e o uso do centro indica o presente, sem ansiedades ou tensões. O tamanho do desenho também pode fornecer informações importantes ao terapeuta. Desenhos grandes podem indicar segurança ou necessidade de chamar atenção. Já os desenhos pequenos podem indicar uma pessoa conformada e sonhadora ou falta de confiança e timidez. O uso das cores também admite diversas interpretações, por exemplo, o vermelho, que pode sinalizar algum tipo de agressividade, ou o amarelo, que pode indicar conhecimento e alegria de viver. É sabido que existe uma infinidade de recursos terapêuticos com finalidades e aplicabilidades diversas. Por esse motivo, é imperativo que o processo terapêutico artístico seja guiado por um profissional habilitado e capacitado para tal, garantindo a oferta do mais alto grau de benefícios que a arteterapia pode promover. Indicação Terapêutica da Arteterapia Dentro das oficinas são explorados diversos recursos que possuem propriedades terapêuticas específicas para cada caso clínico abordado. A linguagem verbal passa a ser apenas um recurso auxiliar do processo, dando espaço para a linguagem não verbal através da plástica e das expressões corporais, sendo as expressões plásticas o foco a ser estudado aqui. Atenção! Não existem contraindicações para a arteterapia, podendo se beneficiar de seus efeitos pessoas em todos os ciclos da vida, desde a infância até a velhice. No entanto, é importante que essa prática seja abordada por profissionais habilitados, que conheçam as diversas técnicas, métodos, recursos e aplicabilidades para que as pessoas assistidas percebam os reflexos dos efeitos do processo terapêutico em suas vidas. Desenho Dentre os diversos instrumentos da expressão plástica temos o desenho, uma modalidade que utiliza como recursos o lápis de cor, lápis grafite, giz de cera, carvão, entre outros. Pode ser indicada para todos os públicos, desde que não possuam grandes limitações motoras. Por estar associado às atividades escolares, podemos encontrar rejeições por parte de pacientes com baixa escolaridade. É uma técnica capaz de promover um sentimento de regressão, uma vez que praticamente todas as pessoas já fizeram desenhos durante a infância. Esse método estimula a coordenação motora fina, o controle intelectual, a atenção e concentração. O desenho também é capaz de contar histórias pessoais com clareza, capaz de expor conteúdos que se encontram guardados no inconsciente. Pintura Na pintura, podem ser utilizados vários tipos de tinta (guache, óleo, nanquim e outras) e aplicados em diversas superfícies (tela, papel, tecido, CD, garrafa). Cada tipo de tinta é capaz de despertar uma sensação diferente, levando à fluidez de sentimentos e emoções. Pode ser indicada para todas as faixas etárias, com exceção de crianças menores de quatro anos. É importante ter atenção na escolha do tipo de tinta quando se trata de crianças menores de oito anos, ficando restrito a esse público apenas o uso de tinta guache e digitintas, uma vez que não se exige tanta maturidade para manipulação desses materiais. Colagem A colagem é uma técnica relativamente simples e de baixo custo que se traduz em recortar e colar. Pode ser aplicada através de recortes de jornais, revistas, papéis coloridos, serragem, tecidos, etc. Pode ser indicada para todas as pessoas com capacidade motora para utilizar uma tesoura ou, em casos específicos, utilizar materiais já recortados ou até mesmo recortes feitos com as próprias mãos. Nessa técnica, o paciente expressa suas emoções e seus sentimentos através dos materiais de sua escolha, guiados por um tema central. A técnica é capaz de remeter aos sentimentos de reparação ou recriação de fatos ou fragmentos perdidos no passado. Modelagem A modelagem é uma técnica que parte do zero até a materialização. Podem ser utilizadas massa caseira, massa de modelar, argila, plasticina, etc. Essa técnica pode ser aplicada de forma livre ou guiada, permitindo sensações físicas e viscerais, acesso a sentimentos e alívio de tensões. Pode ser indicada a todos os tipos de público, em especial para crianças com distúrbios de aprendizagem e de comportamento. A modelagem exige coordenação motora fina, sendo a ausência desta o único empecilho para a sua aplicação. Tecelagem A tecelagem é uma técnica de entrelaçamento de fios. Nela podem ser utilizados cordas, lã, barbantes, linhas, entre outros. Essa técnica pode ser aplicada de modo guiado para explorar aspectos de criatividade e cognição, enriquecendo emocionalmente os participantes, oferecendo maior elaboração de conteúdos emocionais presentes durante o encontro. Construção A construção é uma técnica expressiva em arteterapia que pode utilizar plástico, metal, vidro, papelão, entre outros. Aplicada de forma livre ou guiada, permite a exploração da criatividade, bem como a expressão de emoções e sentimentos. Arteterapia na Promoção da Saúde O conceito de saúde não se restringe apenas à ausência de doenças. É um termo bastante amplo que em sua definição engloba o total e completo bem-estar físico, mental e social. A arteterapia é uma prática capaz de auxiliar na promoção da saúde, equilibrando os aspectos físicos, mentais e sociais do indivíduo. É um instrumento que promove o processo criativo, através de expressões artísticas e mediadores artísticos. A vida moderna tem sido considerada um importante gatilho que cada vez mais tem contribuído para o aumento da incidência de transtornos de ordem mental, sendo este consideradoo mal do século XXI pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Temos vivido por mais tempo, no entanto com menos qualidade de vida, desencadeando quadros de estresse, ansiedade, apatia, tristeza, isolamento social, depressão, medo, agressividade, entre outros. A arteterapia pode ser uma grande aliada na promoção da saúde, um instrumento para abordar as diversas mudanças que ocorrem no decurso da vida. Ela colabora para o autoconhecimento, a elevação da autoestima, a possibilidade de expansão e de reconhecimento de si e do outro e ainda envolve o trabalho dos aspectos afetivos, cognitivos e comportamentais. O desenvolvimento da capacidade de comunicação pode ser alcançado através de mediadores como a pintura, música e dança, que permitem que a pessoa exercite a forma como se comunica com seu eu interior, com o mundo e as pessoas ao redor. A arteterapia também pode ser uma grande colaboradora na redução do estresse e da ansiedade. Ela garante momentos desconectados da vida diária e permite a expressão de sentimentos de maneira interativa e dinâmica. Através da arte somos capazes de expressar sentimentos ocultos que talvez não possam ser expressos através da linguagem verbal. Colocar para fora esses anseios permite a exposição de sentimentos e incômodos, trazendo mais leveza para a vida. As atividades desenvolvidas no processo arteterapêutico permitem fluir, através da criatividade, os sentimentos, os pensamentos e as emoções em conformidade com o estado de espírito do momento. Compreende um conteúdo que revela as experiências mais íntimas e profundas do indivíduo. Ela auxilia o indivíduo na busca pelo equilíbrio emocional e proporciona a reflexão dos conflitos internos, complementando os tratamentos de ordem mental. Vale ressaltar que a arteterapia não é indicada apenas para as pessoas que possuem algum tipo de transtorno ou doença. Sua aplicabilidade também está atrelada à promoção do bem-estar em qualquer ciclo da vida e pode estar associada, por exemplo, ao envelhecimento saudável. É uma prática de múltiplos recursos que pode ser empregada em vários cenários, como em escolas, clínicas, unidades básicas de saúde, hospitais, centros de atenção psicossocial, instituições de longa permanência, entre outros. Ela permite o desfrute de seus benefícios à medida que os indivíduos participam ativamente, cada um em seu tempo, sendo considerada um dispositivo essencial para o cuidado humano. A arteterapia é uma prática integrativa e complementar que pode ser aplicada em qualquer faixa etária ou ciclo da vida. Dessa forma, podemos afirmar que esse processo terapêutico poderia beneficiar, por exemplo, idosos residentes da ILPI (Instituição de Longa Permanência de Idosos). Dentre os benefícios da arteterapia, é possível citar o autoconhecimento, a autoconfiança, a redução de estresse e ansiedade, a melhora na concentração e memória. Além disso, auxilia nas relações interpessoais, facilita a exposição de sentimentos, entre outros. Os mediadores que poderiam ser explorados fazem parte dos grupos de expressões plásticas, corporais, musicais, literárias e lúdicas. Podemos citar, por exemplo, recursos terapêuticos como a pintura, o desenho, a tecelagem, a colagem, etc. O processo arteterapêutico pode ser aplicado de maneira individual ou coletiva, mas vale ressaltar que nas ILPIs residem idosos que podem ou não possuir limitações, desse modo, a técnica a ser empregada precisa levar em consideração a capacidade física e cognitiva do idoso. Por exemplo, se formos fazer uso da pintura, alguns idosos poderão apresentar destreza para manipular a aquarela, em contrapartida, teremos idosos que possuem graus de comprometimento motor que permitirão apenas o uso de digitintas. Musicoterapia nas Práticas em Saúde Existem milhares de estilos e gêneros musicais difundidos em todo o mundo. A música é capaz de transmitir paz, trazer recordações, melancolia, alegria, entre outros sentimentos. Existem aquelas músicas “chiclete” que “grudam” na nossa cabeça, existem aquelas que só de ouvir dá vontade de dançar e existem também aquelas que gostamos tanto, que somos capazes de ouvir inúmeras vezes seguidas, não é verdade? A música, enquanto produção natural, está associada ao ser humano desde tempos imemoriais do início de sua existência. Está presente em todas as culturas do mundo e acompanha os indivíduos a partir do período gestacional até a sua morte. Desde a antiguidade, a música está presente em ritos religiosos e de cura. Papiros egípcios que datam de 1.500 a.C., fazem menção dos efeitos favoráveis da música sobre a saúde das pessoas, contribuindo para a melhora do humor e para a fertilidade das mulheres. Já na Grécia, os registros de Platão, Aristóteles e Pitágoras também revelavam a relação entre a música e o corpo, não apenas no tocante espiritual, mas também na boa condição física do ser humano. Foi apenas a partir do século XX que as investigações científicas começaram a explorar o potencial terapêutico da música e as transformações que ela pode trazer para a vida das pessoas. Contribuíram para a solidificação desse campo do saber, descobertas da neurociência, da neurologia, da psicologia, da fisiologia, da psicofísica, entre outros. Musicoterapia A musicoterapia enquanto formação profissional foi introduzida nos Estados Unidos no final da Segunda Guerra Mundial, após a observação de melhoras significativas nos quadros de saúde dos veteranos de guerra que ouviam músicas durante sua internação hospitalar. Já no território brasileiro, a musicoterapia enquanto formação acadêmica foi introduzida apenas em 1972 pelo Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro. A musicoterapia é uma prática incentivada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e é hoje reconhecida no Brasil como uma das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, sendo incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da Portaria nº 849, de 27 de março de 2017. Essa prática utiliza a arte musical para atingir o equilíbrio biopsicossocial do indivíduo, sendo utilizada como ferramenta principal a própria música e/ou os elementos que a compõem (som, ritmo, melodia e harmonia). É uma prática que deve ser aplicada por um terapeuta capacitado e habilitado, seja de graduação e/ou especialização. Pode ser empregada de maneira individualizada ou em grupo. Nas sessões de musicoterapia, o paciente pode beneficiar-se dessa prática de maneira passiva, apenas escutando os recursos musicais, ou de maneira ativa, auxiliando na execução da música. Desenvolvimento Humano Sonoro-Musical Estamos rodeados de um meio composto por vários sons de forma constante e ininterrupta. O ser humano está envolvido em um universo sonoro desde sua formação até o fim da vida. Após a fecundação, temos contato com o primeiro som, proveniente do processo de desenvolvimento celular. O produto da concepção migra e se entrelaça no útero materno, por meio de um fenômeno que chamamos de nidação. A gestação evolui e nela temos os períodos embrionário e fetal, onde o concepto está em constante contato com as vibrações sonoras produzidas pelo processo de desenvolvimento e os sons advindos do organismo materno (pulsação, respiração, batimentos cardíacos, movimentos intestinais, etc.). À medida que os sistemas vão se formando e se aproxima a data do parto, o feto passa a ouvir de fato os sons, podendo inclusive ouvir os ruídos provocados pelo meio externo. Ao nascer, o recém-nascido tem o primeiro contato direto com o meio externo, passa a ouvir mais de perto os sons provenientes da sala de parto e o seu primeiro choro estridente, provocado pela entrada brusca de ar em seus pulmões, mudança de temperatura e pela situação estressante do parto. Nas primeiras semanas, vai conhecendo e reconhecendo os ruídos do meio externo, voz dos familiares, barulho da TV, da canção de ninar, etc. Ele se comunica através de expressões faciais e corporais, além do choro que vai se “especializando”de acordo com cada necessidade (choro de fome, choro de dor, choro de frio, etc). Do 3º ao 6º mês, os bebês começam a balbuciar, reproduzir sons, brincar com os sons produzidos, primeiras vogais e depois primeiras consoantes. Do 4º ao 6º mês já conseguem experimentar sua própria voz, promovendo intencionalmente variações de sons. Já manipulam objetos e instrumentos sonoros, reconhecem e movimentam-se aos estímulos de melodias. Dos 2 aos 7 anos, as crianças perpassam por um extenso caminho musical, em especial as canções infantis e canções da moda, com variações cada vez mais complexas. Ao final dessa fase, já são capazes de compor melodias que representam suas histórias e fantasias. Entre 7 e 12 anos, já adquirem um pensamento mais concreto da realidade que os rodeia. Apresentam domínio de regras e aprendem o que lhe traz mais satisfação. Nesse período, estão mais habilitados nas respostas aos elementos musicais, por exemplo, movimento dentro de um ritmo específico (passos de dança). Dos 12 aos 18 anos, querem se ver libertos das regras e na música acabam encontrando essa liberdade, que permite a expressão não verbal dos seus conflitos interiores de identidade. São despertados interesses por novos gêneros musicais e vão pouco a pouco formando uma identidade musical mais definida. A partir dos 18 anos, os seres humanos começam a tomar suas próprias decisões e escolher de fato o lugar da música em suas vidas, seja vocacional ou não (recreação, apreciação estética, apoio psicológico), perpassando pelos estágios de autodefinição, intimidade, meia idade e transcendência. Mecanismos de Atuação do Som no Corpo Humano O Som no Corpo Humano A música é capaz de promover diferentes estímulos e respostas no corpo do ser humano. Ouvindo uma música nos sentimos mais felizes, relaxados, deprimidos ou até mesmo repudiamos certos tipos de sons. Mas o que de fato acontece conosco quando escutamos uma música? Isso é o que veremos a seguir. O som consegue ser propagado através de ondas sonoras que possuem diferentes frequências que atuam diretamente sobre o corpo humano. A frequência dos sons está relacionada à altura, ao timbre e ao ritmo. Nosso sistema auditivo tem a capacidade de ouvir sons que estão compreendidos entre 20 Hz e 20.000 Hz, podendo variar, por exemplo, em decorrência do envelhecimento. As ondas sonoras são propagadas no meio e promovem vibrações ao nível dos tímpanos, que por sua vez desencadeiam sinais eletroquímicos, que chegam ao córtex auditivo, que faz a leitura e interpretação dos componentes do som (tom, ritmo, volume, timbre, harmonia, ressonância e localização espacial). O estímulo sonoro também provoca estímulos em outras áreas cerebrais, responsáveis pela memória, emoções, atenção, entre outras. As pessoas respondem de diferentes formas aos sons. Um exemplo clássico desse fato é percebido quando pessoas mais velhas reclamam das músicas dos jovens por serem “muito barulhentas”. Perceba que nesse exemplo não estou me referindo à letra da música, mas sim aos sons produzidos por ela. Se levarmos em conta uma música de rock, ela terá muito mais chance de agradar os jovens do que aos idosos, isso porque quando envelhecemos tendemos a ter uma alteração na percepção das frequências, sendo diminuída a percepção de altas frequências e ampliada a percepção de baixas frequências. A bateria é um instrumento que produz sons de baixa frequência e uma música com predominância desse instrumento tenderá a ser muito mais alta e desconfortável na percepção do idoso. Também é habitual fazermos a relação de uma música com uma lembrança, um sentimento ou uma pessoa em específico. Isso acontece, pois ao ouvirmos os sons eles também estimulam nosso centro de memórias e emoções. Esse fato acontece ao longo de toda vida, pois o nosso cérebro já é previamente programado para fazer essas associações e o resultado delas pode definir, por exemplo, o conceito de música boa ou música ruim, que acaba sendo uma percepção individual. Esse estímulo da memória também é capaz de nos emocionar e até mesmo nos fazer chorar e, em se tratando de aspectos mais ancestrais, é capaz inclusive de levar algumas pessoas ao arrepio, sendo considerado o mais alto grau de prazer provocado pela música. À medida que ouvimos uma música, nosso cérebro faz a leitura e interpretação de seus componentes e vai prevendo o direcionamento dela. Quando isso acontece, nosso corpo libera cada vez mais um hormônio chamado dopamina, o que intensifica a sensação de prazer, sendo o responsável pelo arrepio musical. As respostas do ser humano em relação à música são muito variáveis e essas variações dependem de diversos fatores, como gosto musical, estado de espírito, experiências de vida, etc. Benefícios da Musicoterapia Caro estudante, você já parou para pensar que o simples fato de ouvir uma música pode trazer benefícios para o dia a dia? Seja estudando, arrumando a casa, cozinhando ou trabalhando, ouvimos música para dar ritmo às atividades que estamos executando. Observando por essa perspectiva, podemos entender que a música é capaz de auxiliar na composição dos cenários do nosso cotidiano. Quando estamos muito cansados e esgotados, é comum optarmos por músicas mais relaxantes, ou quando realizamos atividades físicas é comum escolhermos músicas mais agitadas, não é verdade? Isso acontece porque a música é capaz de estimular nosso corpo e promover diferentes sensações. A saúde mental pode ser definida como um estado de completo bem-estar, onde o indivíduo é capaz de usar suas competências, enfrentar o estresse do dia a dia, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade. Está relacionada à qualidade cognitiva e emocional de um indivíduo. Quando nossa saúde mental não vai bem, os outros aspectos da nossa vida acabam sendo prejudicados. Como já dizia a citação latina do poeta romano Juvenal: “Mens sana in corpore sano”, que quer dizer “Mente sã em um corpo são!”. A musicoterapia é uma das Práticas Integrativas em Saúde que utiliza a música e seus componentes como recurso terapêutico. A musicoterapia, dentre os seus efeitos, é capaz de promover equilíbrio e bem-estar, favorecendo a manutenção da saúde mental do ser humano. A música, além de ser uma manifestação artística de longo alcance, também é considerada como método terapêutico. Ela consegue melhorar o humor e reduzir quadros de ansiedade e de estresse. Além disso, através dela conseguimos melhorar a expressão corporal, a coordenação motora e os distúrbios de comportamento. Além disso, ela é capaz de auxiliar no tratamento de distúrbios mentais e melhorar a qualidade de vida. Evidências científicas têm demonstrado que a música é capaz de agir sobre os aspectos do corpo humano de diferentes maneiras. Podemos citar como exemplo a ação de canções com forte elemento rítmico no organismo humano, esse tipo de música consegue afetar diretamente nossa frequência cardíaca e respiração, promovendo a liberação de hormônios de prazer e bem-estar, como a endorfina, e também a redução de tensões musculares. Com relação ao âmbito psíquico, a música se torna bastante útil para que o indivíduo acesse e libere memórias e sentimentos reprimidos e escondidos no inconsciente, auxiliando na melhora de distúrbios comportamentais. A musicoterapia, quando empregada por meio de métodos ativos, permite que o indivíduo produza músicas, contribuindo assim para o aprimoramento de habilidade de comunicação e coordenação física. Essa técnica é recomendada para diversos públicos, em especial para crianças com autismo, auxiliando na melhora dos comportamentos e das relações e interações sociais. A área de abrangência dessa prática terapêutica é muito ampla, podendo incluir os mais diversos públicos, como pacientes em cuidados de terapia intensiva, idosos institucionalizados, pacientes com deficiências físicas, alunos da educação infantil, entre outros. Indicação Terapêutica e Aplicabilidade da Musicoterapia A musicoterapiapode ser indicada para todas as pessoas, sem restrição de idade. Abrange todos os ciclos da vida, desde a infância até a fase idosa. É capaz de favorecer o desenvolvimento criativo, emocional e afetivo. Em se tratando de atuação no corpo físico, ela é capaz de atuar sobre os sentidos, a circulação e os reflexos. Promove relaxamento, conforto e prazer no convívio social, facilitando o diálogo entre os indivíduos e os profissionais. A busca pelas resoluções de conflitos, equilíbrio e bem-estar está relacionada com a reorganização do mundo interno do indivíduo e não com as respostas prontas dadas pelo terapeuta. Isso quer dizer que as respostas aos problemas vão sendo encontradas de forma gradativa pelo próprio indivíduo a partir do momento em que ele começa a se organizar sonicamente e ritmicamente. O musicoterapeuta, através de técnicas utilizadas, em especial a improvisação, conduz o indivíduo a reorganizar seus conteúdos internos e, em muitos casos, a alterar seu comportamento, seu modo de ser e de agir, o que contribui para uma elevação significativa e concreta da qualidade de vida. Técnicas de Expressão Musical A musicoterapia utiliza o recurso da música e seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia). Pode ser implementada de forma individualizada ou coletiva, com o objetivo de desenvolver potenciais e restabelecer funções do indivíduo para que possa alcançar uma melhor qualidade de vida. A musicoterapia pode fazer uso de diferentes técnicas que trabalharão de forma específica: Improvisação: pode ser aplicada de forma livre ou dirigida, instrumental, vocal ou corporal, podendo ser integrada a outras práticas, como a arteterapia ou dança circular. Através da técnica trabalhamos a possibilidade de criação no momento presente, a partir de conteúdos que emergem e vão se sequenciando e organizando de forma espontânea. Recriação: nessa técnica o indivíduo canta e/ou toca de memória ou através de partitura uma música ou peça musical previamente composta. Composição: com o auxílio do terapeuta, o indivíduo compõe e escreve uma canção, peça instrumental ou parte de uma peça. Voz e canto: a utilização da voz e o do canto permite um acesso mais ressonante dos conteúdos do inconsciente. O canto está presente no universo simbólico de todas as culturas e em todas as manifestações humanas que remontam tempos imemoriais. A musicoterapia, independentemente da técnica, é capaz de proporcionar alívio de dores e sofrimentos, mas é importante levar em consideração que essa prática deve ser implementada por um musicoterapeuta habilitado, para que o paciente seja acompanhado a partir da análise e decodificação dos conteúdos que forem emergindo. A música é companheira de todas as horas de todo e qualquer ser humano e as experiências musicais nos acompanham em todos os momentos de nossa vida. A musicoterapia é uma ciência de extrema complexidade, um método altamente sofisticado, que exige do musicoterapeuta uma escuta especial que lhe permite diagnosticar o indivíduo pela sua linguagem musical. Musicoterapia na Promoção da Saúde Caro estudante, desde o seu surgimento, a musicoterapia vem sendo cada vez mais difundida e estudada no âmbito da saúde. Atualmente, ela é utilizada como ferramenta de grande relevância para a promoção da saúde e do cuidado humano. A musicoterapia implementada na prática é capaz de despertar diversos efeitos benéficos no organismo humano. A música em si é capaz de atingir regiões específicas do cérebro, por exemplo, o hipotálamo, regulando a temperatura, a vontade de se alimentar e o estado de ânimo dos indivíduos. Outra área de atuação cerebral fica situada no tálamo, estrutura responsável por interpretar informações provenientes dos órgãos sensitivos e ativa também o hipocampo, que nos dá a capacidade de guardar e acessar memórias, além de acessar regiões que estão associadas à função cognitiva. Dessa forma, podemos concluir que a música é capaz de auxiliar no tratamento de doenças, além de estimular a memória e o aprendizado. A musicoterapia também é grande aliada na promoção do bem-estar, uma vez que seu estímulo é capaz de liberar endorfina, que provoca a sensação de prazer e bem-estar. É capaz de promover relaxamento, diminuindo quadros de estresse e ansiedade, intensifica a força de vontade para seguir em frente, promove o equilíbrio a partir de sua ação no ritmo de contração do coração, circulação e respiração. Você aprendeu anteriormente que existem diversas técnicas expressivas exploradas pela musicoterapia. Como ferramenta para a promoção de saúde, ela pode ser implementada em diferentes grupos, cenários e realidades, os quais podemos destacar: Gestantes: desde o período gestacional, o concepto em formação já possui contato com sons intrauterinos, que após o nascimento são acrescidos e enriquecidos com todos os sons e ruídos produzidos pelo mundo extrauterino. As sessões de musicoterapia trabalhadas em grupos de gestantes proporcionam ao embrião/feto e à gestante um período de relaxamento e intimidade sonora entre ambos. Crianças: a musicoterapia aplicada ao público infantil traz ao terapeuta sentimentos gratificantes pela rapidez das respostas observadas nessa fase da vida. É importante lembrar que a infância costuma ser o berço das doenças psíquicas que se demonstram no futuro, sendo então a musicoterapia uma grande aliada como medida preventiva. Além disso, o trabalho musicoterápico nos períodos pré-escolar e escolar é reconhecido por estimular a aprendizagem, a memória, a organização do pensamento, o desenvolvimento da fala, entre outros. Adolescentes: é através da música que esse público passa a ter conhecimento de si mesmo e sobre o mundo. A musicoterapia pode auxiliar o adolescente a se livrar de seus medos e a inibir restrições patológicas que o controlam. Permite a experiência da liberdade e do inter-relacionamento, da construção do vínculo terapêutico e da vivência com outras pessoas. Idosos: ao passo que envelhecemos, nos deparamos com transformações que emergem de aspectos biológicos, psicológicos e sociais. As pessoas querem viver mais, mas não querem ficar velhas e, por esse motivo, não se preparam para isso. Quando a velhice chega, podemos observar inúmeras modificações na vida do idoso, que vão desde alterações físicas a perdas de papéis e relacionamentos e morte social. Além disso, a velhice é reconhecida pela multiplicidade de doenças, que acabam trazendo maior peso para essa fase tão importante da vida. A musicoterapia nesse segmento social tem demonstrado melhora da qualidade de vida da pessoa idosa e melhora nas respostas fisiológicas nos casos de velhice associada a comorbidades. A musicoterapia associa os conhecimentos da terapia e da expressão musical para a promoção da saúde e do bem-estar. A música e seus componentes musicais são as ferramentas de trabalho do musicoterapeuta, que organiza as sessões de atendimento de forma individual ou coletiva, a depender do intuito do tratamento e do perfil do público que receberá essa assistência. A música é capaz de acessar facilmente conteúdos que estão escondidos no nosso subconsciente, além de conseguir estimular áreas específicas do nosso cérebro, promovendo respostas nos níveis físicos e psíquicos. Expansão da Terapia Comunitária nos Serviços de Saúde - Conceitos Terapia Comunitária - Conceito Terapias comunitárias são terapias realizadas em grupos com o intuito de prevenir a instalação de doenças ou vícios. Essas terapias também podem ser utilizadas como um método complementar para o tratamento de doenças ou vícios já instalados, porém, nesse caso, quando já há a presença de um problema, então as terapias comunitárias servirão como um método para auxiliar outros tratamentos, e não como um método de cura. Diversas terapias podem ser realizadas em grupos pelas comunidades, como a arteterapia, a musicoterapia, a aprendizagem sobre a utilização dos florais de Bach, a biodança, a terapia psicológicaem grupo e outras. As terapias comunitárias geralmente ocorrem no SUS (Sistema Único de Saúde), mas nada impede que os serviços privados organizem grupos para a aplicação dessas técnicas. A organização de terapias comunitárias no SUS pode acontecer por meio de iniciativas dos gestores dos postos de saúde ou por meio de solicitações da própria comunidade. Os grupos podem ser pequenos ou grandes, dependendo do tipo de terapia que será realizada. Importância da Terapia Comunitária As terapias comunitárias têm grande importância devido ao fato de possibilitarem que diferentes pessoas possuam acesso às Práticas Integrativas e Complementares (PICS) ao mesmo tempo, realizando uma troca de experiências, podendo melhorar juntas sua saúde mental e/ou física. Imagine disponibilizar um programa de arteterapia no posto de saúde do seu bairro e ter que contratar um profissional para atender de maneira individualizada cada cidadão que solicitar esse serviço. Os custos são altos, o que impossibilita que todos os usuários do SUS tenham a oportunidade de conseguir prontamente a terapia necessária. Além disso, a realização dessa terapia citada (arteterapia), quando realizada individualmente e não em grupo, impossibilita a troca de experiência e de diálogo entre a comunidade. Um dos principais benefícios da terapia comunitária é justamente a troca de experiência, que pode formar um grupo unido que luta pelo mesmo objetivo, que é a melhoria do bem-estar e preservação da saúde. Expansão das Terapias Comunitárias nos Serviços de Saúde A cada dia cresce o número de indivíduos que têm a necessidade de cuidar da saúde mental. Na verdade, todos nós deveríamos nos atentar mais aos cuidados mentais, porém, infelizmente, a maioria de nós não procura por terapias preventivas e buscamos os serviços de saúde apenas quando nossa saúde mental está esgotada. Acontece que com a globalização mundial associada a outros fatores socioculturais, nos vemos pressionados a produzir cada vez mais, a trabalhar em excesso, a comer mal e a não disponibilizar um tempo para cuidar de nós, o que acaba nos adoecendo. Diante desse fato, fica evidente que os brasileiros e a população em geral entende a cada dia a importância das terapias integrativas e complementares, o que gerou a necessidade de implementação dessas práticas nos serviços de saúde. Com as PICS disponibilizadas no SUS, as terapias comunitárias se popularizaram, fazendo com que a cada dia o número de cidades que adotam essas práticas nos serviços de saúde seja maior. As terapias comunitárias fazem parte das PICS, que são disponibilizadas no SUS. As PICS podem ser realizadas individualmente ou em grupos, como ocorre durante a realização das terapias comunitárias. É interessante que as PICS sejam realizadas em grupos para a troca de experiências e fortalecimento da comunidade local. Com isso, forma-se uma rede de apoio que pode fortalecer em diversos sentidos toda a comunidade próxima ao centro de saúde. Origem e Diretrizes das Terapias Comunitárias Origem das Terapias Comunitárias Mencionar com precisão quando se originou a execução das terapias comunitárias no Brasil não é uma tarefa fácil, pois muitas vezes os gestores do SUS não notificam com precisão as atividades realizadas nos centros de saúde. Sabe-se que desde 1987 essas terapias já eram realizadas no Estado do Ceará, pelo Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (PADILHA; OLIVEIRA, 2012). Isso pode explicar porque o número de cidades que disponibilizam essas práticas atualmente no Brasil é significativo na região Nordeste. A região Nordeste mostra-se como pioneira e fortalecedora das PICS no Brasil, mas, infelizmente, não cresce com a potencialidade que poderia devido à falta de recursos. Com a aprovação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) em 2006, os gestores da saúde tiveram maiores subsídios para solicitar a implantação das PICS em seus postos de saúde, favorecendo a expansão da terapia comunitária (HABIMORAD, 2020). É necessário mencionar que, caso essas práticas não sejam disponibilizadas em sua cidade ou bairro, é possível realizar a solicitação aos gestores de saúde responsáveis. A integralidade (acesso a todos os níveis de saúde, inclusive à prevenção) é um direito de todo cidadão brasileiro. A integralidade é um dos princípios do SUS! Diretrizes das Terapias Comunitárias Para que as terapias comunitárias sejam ofertadas e executadas nos centros de saúde, é necessário traçar um plano, uma estratégia, que pode partir tanto dos gestores municipais como da população em geral. Esse plano é necessário para que os gestores tenham bons argumentos para solicitar ao governo estadual e federal subsídios para a contratação de funcionários, compra de materiais, adequação de espaço, enfim, para pedir a verba necessária para que as terapias aconteçam. Após a definição da proposta, do que é esperado para aquele centro de saúde, é preciso que o gestor responsável, que geralmente será o secretário de saúde, com o apoio de profissionais da saúde ou apoio do prefeito, estabeleçam quais são os atores responsáveis, ou seja, quais os profissionais que poderão atender com as PICS no local desejado (BRASIL, 2018a). Os atores poderão ser profissionais da saúde já contratados que não possuem especializações na área, mas que possuem interesse em se capacitar, ou poderão haver contratações externas destinadas especificamente para esse projeto. Após a definição dos atores, é hora de realizar o diagnóstico situacional, que é o mapeamento das necessidades da comunidade para estabelecimento das melhores práticas a serem ofertadas. Às vezes, a comunidade solicita a prática de alguma técnica pensando que será a melhor, quando na verdade existem outras técnicas que podem se encaixar com maior precisão nas necessidades daquela comunidade. Por exemplo, em uma comunidade onde a maioria dos indivíduos apresenta visível timidez e baixa socialização, técnicas demasiadamente expressivas como a biodança podem não ser bem aceitas. Nesse caso, podem ser ofertadas técnicas mais individualizadas, como a arteterapia, que mesmo realizada em grupo consiste na elaboração de uma arte por cada indivíduo. Após a definição dos atores, é preciso que o gestor responsável faça a análise organizacional, que é a etapa de verificação das Leis Municipais e Lei de Diretrizes Orçamentárias do município, para que fique claro o quanto poderá ser gasto para a implantação e manutenção de cada terapia (BRASIL, 2018a). Essa etapa também poderá ocorrer logo no início do projeto, antes da definição dos atores e do diagnóstico situacional. Expansão das Terapias Comunitárias – Levantamento de Dados A expansão das terapias comunitárias está crescendo, porém não tanto quanto poderia. Isso acontece, em parte, porque muitos gestores municipais e da saúde não se comprometem a buscar subsídios para a implantação e manutenção das PICS nos sistemas públicos de saúde municipais. Realizar o cadastramento das PICS e solicitar os subsídios é algo que depende dos gestores. A comunidade pode e deve solicitar esses serviços, mas sem o apoio dos gestores responsáveis o projeto não é enviado. Outra triste realidade é a inserção dessas práticas nos municípios sem a devida regulação, ocasionando a falta de atendimento à população. Pode ocorrer que os gestores municipais realizem a inserção das práticas para se enquadrar nas Leis Municipais e para cumprir um dos princípios do SUS, o princípio de integralidade, mas sem se comprometer a, de fato, manter a execução das PICS e terapias comunitárias nos centros de saúde. Para que possamos ter uma dimensão da distribuição das PICS no Brasil, vamos ver os números de municípios nos estados brasileiros que contaram com a inserção dessas práticas em 2018: Espírito Santo – 40 municípios. Amazonas – 32 municípios. Rio de Janeiro – 58 municípios. Alagoas – 73 municípios.Tocantins – 68 municípios. Pará – 88 municípios. Mato Grosso – 71 municípios. Ceará – 125 municípios. Rio Grande do Norte – 92 municípios. Paraíba – 113 municípios. Maranhão – 96 municípios. Roraima – 8 municípios. Amapá – 10 municípios. Pernambuco – 112 municípios. Goiás – 136 municípios. Sergipe – 33 municípios. Rio Grande do Sul – 267 municípios. Acre – 11 municípios. Rondônia – 25 municípios. Paraná – 165 municípios. Santa Catarina – 191 municípios. Bahia – 228 municípios. Piauí – 105 municípios. São Paulo – 367 municípios. Minas Gerais – 564 municípios (BRASIL, 2018). Como podemos perceber, existem estados que possuem um grande número de municípios que disponibilizam as PICS e, se isso realmente ocorre, a chance de disponibilização dessas terapias de maneira comunitária é grande. Também é possível perceber que a diferença entre a disponibilização das PICS entre um estado e outro é grande. É claro que existem estados que possuem um número bem maior de municípios, o que não nos permite avaliar o percentual de distribuição das PICS em cada estado em relação ao número de municípios, porém, ainda assim, fica clara a importância que alguns estados dão ou não para a inserção dessas práticas. Estados mais desenvolvidos tendem a conseguir uma implantação maior, até mesmo pela facilidade de contratação de profissionais habilitados. Isso também pode ocorrer devido à maior cobrança por parte da população, que devido ao maior acesso à informação exige seus direitos com maior frequência. Vale mencionar que alguns dos municípios cadastrados disponibilizam as PICS, mas não com a possibilidade de terapia comunitária, apenas individual. Quando isso acontece, mais uma vez, a comunidade deve se unir para pedir que a prática de terapias comunitárias aconteça. Metodologia de Trabalho A metodologia de trabalho é a forma como é conduzida a terapia comunitária. O terapeuta é o responsável por conduzir o grupo durante a terapia. Sua função não é de ordenar qualquer coisa, mas sim de orientar, de explicar como ocorre a terapia e dar sugestões de como os integrantes podem se comportar durante a terapia em grupo. É claro que algumas regras são necessárias, como a cordialidade, porém o terapeuta deverá saber conduzir as regras com empatia e paciência. Acolhimento O acolhimento é a primeira etapa da metodologia de trabalho. Nesse momento, é quando o terapeuta apresenta os membros do grupo uns aos outros e fala sobre como funcionará a terapia e quais são as regras do grupo. Sugere-se que dentre as regras estejam: esperar o outro falar, ouvir sem julgar e falar na primeira pessoa (sempre eu, e não nós) (CARÍCIO, 2010). Escolha do tema A escolha do tema que será abordado depende do tipo de grupo. Se o grupo for formado por indivíduos com o mesmo problema, como usuários de drogas, então o tema será a respeito do uso de drogas, com especificações a cada encontro. Agora, se o grupo tiver temas diferentes que querem discutir, sugere-se que todos contem brevemente seu problema e, ao final, o problema que exigir urgência de intervenção será discutido em grupo. Contextualização Nesse momento, o tema já foi escolhido e a pessoa portadora do problema irá falar detalhadamente sobre o que está se passando. Muitos temas podem fazer surgir questões polêmicas, como aborto, infidelidade, desonestidade, enfim. O terapeuta deverá conduzir o grupo de modo que julgamentos preconceituosos não sejam tolerados. A intenção nesse momento é dar força para a pessoa, para que ela perceba suas potencialidades e entenda como pode resolver esse problema sem afetar terceiros. Problematização Nesse momento é apresentado o mote, que é o problema-chave. Aqui o terapeuta deve instigar os participantes com uma pergunta que os façam refletir sobre o tema apresentado. Por exemplo: “Vocês se identificam com essa situação? O que fizeram para melhorar sua vida quando isso aconteceu?”. Assim, todos os participantes podem contribuir com experiências que levem à reflexão de possíveis soluções para o enfrentamento do problema (CARÍCIO, 2010). Encerramento O encerramento é o momento em que o terapeuta fala. É a hora em que ele deverá saber discorrer escolhendo bem cada palavra ou cada técnica que será utilizada para que os participantes levem consigo uma aprendizagem. É a hora de valorizar a participação de todos e incentivar aqueles que não se sentiram confortáveis em participar para que contribuam assim que quiserem. Também é possível comemorar as conquistas do encontro com músicas, abraços, com uma dança ou com a leitura de uma poesia, por exemplo. Avaliação A avaliação é o momento em que o(s) terapeuta(s) deve(m) registrar os avanços durante o encontro, para que o tratamento possa continuar na mesma sequência caso outros profissionais assumam. Contribuições das Terapias Integrativas no Processo Saúde-Doença Processo Saúde-Doença Para que possamos compreender como as terapias integrativas interferem no processo de saúde-doença, antes temos que entender o que é exatamente esse processo. Podemos dizer que o processo saúde-doença é a divisão ou o caminho entre um estado de bem-estar corporal e emocional e o estado de mal-estar corporal e emocional. Quando o indivíduo se encontra em um processo de saúde, ele não está necessariamente livre de todas as enfermidades ou comorbidades, mas está em um estado confortável, em que não há presença de doença ou que há alguma doença que não interfira significativamente no funcionamento biológico de seu corpo e em seu estado de bem-estar, como uma rinite controlada com supervisão médica. Já o indivíduo que se encontra em processo de doença, possui alguma enfermidade, comorbidade ou sequelas que lhe tira a qualidade de vida e a sensação de bem-estar ou que não é percebida diariamente, mas que altera suas funções biológicas, como os níveis de colesterol altos, por exemplo. Promoção da Saúde Agora que você já sabe o que é o processo saúde-doença, é importante entender o que é a promoção da saúde para a manutenção do processo-saúde. A promoção da saúde é a educação em saúde, ela antecede a prevenção da saúde. Ou seja, por meio da promoção da saúde é que os indivíduos conseguem ter informações necessárias para tomar decisões sábias, que mantenham seu estado de saúde, qualidade de vida e bem-estar. As terapias integrativas contribuem para a promoção em saúde, pois muitas delas, como as rodas de conversa, consistem na informação sobre práticas saudáveis. Terapias Integrativas para Promoção da Saúde As terapias integrativas são as práticas complementares e que integram, como o próprio nome diz, os tratamentos. Por exemplo, um indivíduo que apresenta enxaqueca frequentemente e toma medicamentos controlados, não apresenta qualidade de vida porque pelo menos uma vez ao mês tem uma crise. É evidente que o medicamento prescrito pelo médico deve ser tomado até que o médico ou um outro médico lhe passe outro direcionamento. Porém, enquanto o tratamento medicamentoso não surte efeito, podem ser realizadas terapias integrativas para amenizar as consequências da crise de enxaqueca e/ou para entender melhor qual a raiz do problema. Se esse indivíduo tiver a orientação, a informação de que determinados alimentos pioram o seu quadro, então terá um número menor de crises ou crises menos intensas. Se esse indivíduo souber que a massoterapia pode amenizar seu quadro de estresse crônico e aumentar os hormônios ligados à sensação de bem-estar, então ele poderá ter uma vida mais saudável e mais feliz. As terapias integrativas funcionam como métodos auxiliares, que beneficiam a promoção da saúde por evitar a instalação de doenças ou de situações de estresse, angústia, ansiedade ou outras sensações que impactam nosso bem-estar (LIMA; SILVA; TESSER, 2014). Participação Popular e Empoderamento Participação Popular nas Terapias Integrativas Comunitárias A participação popular nas terapias integrativas não é apenas uma parte dessesprojetos, mas sim os projetos em si. Sem a adesão da comunidade, não é possível que as práticas integrativas e comunitárias sejam realizadas. Se um projeto de determinada terapia for aceito e inserido em um centro de saúde, ele só permanecerá se houver procura por esse procedimento. Se algum cidadão lutou muito pela inserção da massoterapia para amenização das dores de fibromialgia, mas os outros cidadãos com essa doença não procuraram com certa frequência esse serviço, então os gestores entenderam que não vale a pena dispor de mão de obra para tal. Tratando-se de terapias comunitárias especialmente, é impossível realizá-las sem uma quantia de pessoas interessadas em participar e em ajudar a todos os envolvidos no grupo. As PICS e as terapias comunitárias só terão maior expansão no Brasil quando elas forem devidamente valorizadas e cobradas pela população (ROLIM; CRUZ, 2013). Sensação de Pertencimento A sensação de pertencimento é a sensação de que estamos conectados a algo, de que estamos ligados a algum propósito, de que pertencemos a algum grupo, comunidade, sociedade, de que temos uma ligação com alguém ou com algum projeto. Quando um indivíduo doente encontra um grupo de apoio que divide as mesmas frustrações que ele, ele poderá se sentir parte desse grupo, que o entende e o acolhe. Existem muitas situações em que nossos familiares, nossos parceiros amorosos ou nossos amigos não nos entendem, pois não estão passando pela mesma situação. Nesse momento, fazer parte de um grupo de terapia comunitária pode ser fundamental para que possamos expressar aquilo que sentimos e buscar novas perspectivas para a resolução dos nossos problemas. Quando nossos pacientes se sentirem assim, perdidos, isolados, a indicação de alguma terapia comunitária poderá resgatar sua qualidade de vida e evitar até mesmo situações extremas, como o suicídio. Empoderamento por meio das Terapias Integrativas O empoderamento é a sensação de poder, de se sentir capaz, de se ver como um agente atuante na própria vida. O empoderamento dá ao indivíduo a sensação de que ele pode correr atrás de seus objetivos e está diretamente ligado à autoestima, que é a valorização de si mesmo. O empoderamento pode ser trabalhado por meio das terapias integrativas, pois essas técnicas buscam valorizar aquilo que o indivíduo tem de melhor, busca potencializar as suas qualidades. Na terapia comunitária, quando o indivíduo fala sobre seu problema, o problema parece menor, pois com o apoio do grupo é possível perceber que existem formas de favorecer diversas qualidades daquela pessoa para que ela se torne mais forte e consiga transitar por meio do seu problema de maneira mais tranquila. As práticas individuais também são importantes para o empoderamento, pois podem contribuir para a diminuição de inseguranças e medos (ALVES; OLIVEIRA; VASCONCELOS, 2013). Pensamento Sistêmico O pensamento sistêmico é uma das áreas de estudo da psicologia e fala sobre a relação entre o comportamento do indivíduo com outros fatores, como o meio em que ele vive e as pessoas com quem convive (VASCONCELLOS, 2003). Realizar nossa atividade profissional com uma visão sistêmica do ser humano é de extrema importância. Enquanto terapeutas comunitários ou terapeutas que atendem individualmente, precisamos ver nosso participante ou paciente de maneira holística, ou seja, como um todo. A visão holística que vê o ser como um todo e a visão sistêmica nos auxilia para nos livrarmos de preconceitos durante a condução da terapia, pois por meio dessas reflexões conseguimos entender que alguns padrões de comportamento não são unicamente escolhas, mas consequências daquilo que o indivíduo passou ou está passando. É claro que não devemos encorajar um comportamento de recusa às responsabilidades. Todos nós somos responsáveis por nossas escolhas e podemos decidir em buscar a evolução ou continuarmos na ignorância. O que queremos dizer é que o pensamento sistêmico nos permite compreender que enquanto nossos pacientes evoluem e demonstram comportamentos desagradáveis, devemos entender que esses tipos de comportamento podem ser resultado de uma série de repetições de comportamentos frustrantes de seus familiares ou outras pessoas com que esse paciente convive. Empatia e sua Relação com o Pensamento Sistêmico Atualmente, é comum discutirmos mais sobre doenças ou transtornos mentais do que há algum tempo, não é mesmo? Isso se deve a diversos fatores, como a promoção da saúde mental por meio de campanhas educativas e devido à discussão desses temas na internet. Isso representa um grande avanço para a nossa saúde e para a saúde dos nossos pacientes. Porém, ainda assim, podemos ter alguns preconceitos enraizados que nos atrapalham a olhar com empatia para nossos pacientes. Talvez, podemos achar que é “frescura” que alguém com determinado tipo de vida tenha depressão. Ou que é um grande exagero alguém ter uma crise de ansiedade se tem uma vida aparentemente perfeita. Na verdade, os transtornos mentais e até mesmo espirituais não fazem parte apenas das novas gerações, a diferença é que as novas gerações não têm medo de falar sobre isso. O que queremos dizer é que independente do paciente que está sendo assistido, o nosso dever é dar apoio e encorajá-lo a mudar, e não julgar. Precisamos lembrar que o meio influencia nosso comportamento e nossas escolhas, e se alguém tem uma crise de ansiedade, isso pode ser resultado do medo excessivo de depender de alguém, devido ao fato de ser desprezado pelos pais, por exemplo. Se alguém sente medo excessivamente, talvez tenha sido trancado várias vezes no escuro enquanto criança. Enfim, para cada comportamento nocivo, há uma história que deve ser compreendida, para então poder ser superada (KRZNARIC, 2015). Resiliência O que é Resiliência? Resiliência é um termo que tem sido utilizado com frequência atualmente, pois é uma das principais competências esperadas pelos profissionais e indivíduos em geral. É comum ouvirmos falar que precisamos ser resilientes, que apenas os indivíduos resilientes sobrevivem ao mercado de trabalho e a demais adversidades. Mas o que é exatamente resiliência? Resiliência é a capacidade de nos adaptarmos, de mudarmos conforme as necessidades do momento (TABOADA; MACHADO, 2006). Com a pandemia do coronavírus tivemos que fazer diversas adaptações em nossa rotina, não é mesmo? Acredito que você deve conhecer algumas pessoas que se adaptaram bem a essas mudanças, e outras que se sentiram extremamente frustradas, que não queriam entender o que estava acontecendo e que até mesmo negavam que havia uma pandemia, talvez para se sentirem melhores, para tentar fugir das mudanças. A verdade é que não podemos fugir das mudanças, do avanço da tecnologia, da influência da internet em nossa cultura, de pandemias, nem mesmo de mudanças menores. O que precisamos fazer é nos adaptar e tirar o melhor de cada situação. Quando nos excluímos do mundo, ao invés de tentarmos compreender as mudanças, nos privamos de novas oportunidades. É esse pensamento que precisamos transmitir aos nossos pacientes durante as terapias. Precisamos dar a mão e mostrar que essa pessoa pode mudar aos poucos, que o novo traz ansiedade, mas também pode trazer entusiasmo e novas perspectivas. Por que algumas pessoas são mais resilientes que outras? Parece que algumas pessoas nasceram para mudar! Uma hora estão investindo em um negócio e logo depois já estão investindo em um outro negócio e desenvolvendo bem os dois, sem estresse, sem ansiedade. O que essas pessoas têm em especial? Será que elas são mais inteligentes? Não, necessariamente! A inteligência emocional é um tipo de inteligência que pode ser desenvolvido pelo indivíduo e incentivado durante seu crescimento. Imagine que você escuta desde sempre que investir em um negócio dá muito trabalho, enquanto seu colega é desde cedo incentivado a buscar o novo. É comum que você sinta medo de investir após ouvir quenão seria capaz, e isso não significa que você não tem inteligência emocional, e sim que você deve buscar a evolução, deve compreender que você pode estudar e mudar! Como Incentivar a Resiliência por meio das Terapias Integrativas Existem diversas formas de incentivar a resiliência por meio das terapias integrativas. Nas terapias comunitárias o próprio apoio da comunidade e os relatos de experiências já leva os pacientes a refletirem sobre seu comportamento e sobre como podem mudar conforme as necessidades. Nas terapias individuais, o terapeuta precisa entender a raiz do problema. Uma pessoa pode ter medo de mudar por diversos fatores. Os florais de Bach são uma ótima opção para trabalhar o medo, como o Mimulus. Também existem óleos essenciais que contribuem para o aumento da autoestima, como o Ylang Ylang. Com a constelação familiar o paciente pode entender seus medos e com as técnicas de relaxamento pode aliviar sua ansiedade para conseguir lutar pelos seus novos objetivos. Teoria da Comunicação, Antropologia Cultural e Pedagogia de Paulo Freire Teoria da Comunicação A teoria da comunicação faz parte de um campo de estudo da psicologia, história ou antropologia que estuda a relação entre aquilo que é dito ou mostrado e aquilo que é compreendido (RÜDIGER, 2010). Nem sempre conseguimos demonstrar aquilo que realmente queremos. Algumas vezes utilizamos palavras ou gestos inadequados, ou então uma entonação de voz que nos faz parecer rígidos ou tímidos, sem posicionamento. A percepção do modo como falamos e nos expressamos é importante porque durante as terapias precisamos representar um papel de apoio, de confiança, e se dissermos alguma palavra ou fizermos gestos indevidos, nossos pacientes podem perder o interesse em se abrir conosco. A teoria da comunicação mostra que mesmo utilizando palavras e gestos adequados, a mensagem recebida pode não ser como o esperado. O ouvinte pode entender algo errado ou pode se sentir ofendido por algo que pareça comum para a maioria das pessoas. Por isso vale a pena estudarmos mais a fundo a teoria da comunicação e pensarmos bem antes de nos expressarmos. Antropologia Cultural A antropologia cultural estuda as diferentes culturas ao longo do tempo e como isso impacta os costumes da sociedade. Estudar a antropologia cultural é de grande relevância para os terapeutas integrativos devido ao fato de que a compreensão de cultura dos diferentes grupos nos leva a entender as peculiaridades de cada comunidade. Quando vivemos cercados pelas mesmas pessoas e pelos mesmos costumes, podemos adotar uma postura rígida em relação a outras culturas, o que nos torna preconceituosos e nos impede de trabalhar com ética e excelência. É nosso dever entender que o ser humano é um ser complexo, que deve ser visto de maneira holística, como um todo, como um ser que não é apenas o físico ou os seus costumes, mas também aquilo que pensa e que sente. Pedagogia de Paulo Freire Paulo Freire foi um educador brasileiro que contribuiu para diversas reflexões importantes na educação, em especial na educação de jovens e adultos. Segundo Paulo Freire, para que possamos educar jovens e adultos, não basta dizermos aquilo que é correto, aquilo que esperamos que eles aprendam (FREIRE, 2014), é necessário mostrar onde o indivíduo irá utilizar aquele conhecimento, o porquê de estudar aquele conteúdo e o que esse conhecimento irá impactar em sua vida. Falando em terapias integrativas, fica fácil perceber que com nossos pacientes jovens e adultos não basta dizermos que é necessário ser resiliente, que é necessário buscar mudanças comportamentais que melhorem seu bem-estar. Precisamos exemplificar como cada terapia pode mudar a vida de nossos pacientes para que possamos conquistá-los. Quando somos objetivos e claros sobre os benefícios de cuidar da saúde, de ter comportamentos saudáveis, nossos pacientes terão maior estímulo para continuar a terapia. Aplicação das Teorias Abordadas na Unidade às Práticas em Saúde Quando falamos em terapias comunitárias, é comum pensarmos nas rodas de conversa e, na verdade, quando vemos esse termo na literatura geralmente é a essa terapia que se refere, mas não necessariamente uma terapia comunitária se restringe a isso. A terapia comunitária pode agregar as outras práticas integrativas. Por exemplo, em uma roda de conversa onde os participantes são usuários de drogas, é possível realizar a promoção da saúde por meio de pequenos cursos que ensinam os participantes a utilizarem os óleos essenciais e os florais de Bach para controle da ansiedade, depressão, raiva e insônia. As terapias comunitárias também podem estar associadas aos tratamentos integrativos individuais. A auriculoterapia, que é a acupuntura da região auricular, pode beneficiar os usuários de drogas, pois existem pontos específicos para controle de vícios. A massoterapia promove aumento do relaxamento e bem-estar e libera endorfina, o hormônio da felicidade. Quando o indivíduo tem esse hormônio circulante frequentemente, as chances de recaída são menores, pois ele já possui uma droga natural para relaxar e se sentir bem. Além da roda de conversa, existem outras práticas que podem ser realizadas em grupo, por exemplo, o yoga. O yoga é uma prática corporal que busca o relaxamento físico, mental e espiritual por meio de posicionamentos anatômicos estratégicos advindos da cultura oriental. O yoga é uma boa prática para ser realizada em grupo, pois permite que as posições que não são fáceis, sejam facilitadas com o apoio do grupo. A dança circular, a biodança e a arteterapia permitem que os participantes gesticulem em conjunto. Muitas pessoas não conseguem se expressar bem com as palavras, muitas vezes em decorrência de traumas vivenciados, por isso a dança e a expressão corporal e artística são tão importantes para alguns pacientes (BARRETO, 2005). Mas quando o paciente não aceita a orientação do terapeuta e quer realizar outra terapia, o que fazer? Bom, se o paciente não aceita a indicação do terapeuta, então é porque ele não se identificou com aquela terapia. Se ele não se identificou então não irá participar com entusiasmo. O maior objetivo das terapias integrativas é promover o bem-estar, além de auxiliar os pacientes a se livrarem de dores físicas e emocionais. Por isso, insistir em um tratamento que não parece agradável para o paciente não faz sentido. É necessário ouvir o que o paciente deseja e se a terapia desejada não interferir em outros tratamentos e não houver nenhum tipo de contraindicação, a vontade do paciente deverá ser levada em conta. As terapias integrativas não devem ser vistas como um tratamento árduo e cansativo como alguns tratamentos medicamentosos e cirúrgicos. Muito pelo contrário, essas terapias devem servir como uma válvula de escape para aqueles que sofrem com a necessidade de realizarem procedimentos médicos que podem ser dolorosos e cansativos. Vale lembrar que as terapias integrativas são terapias especialmente preventivas, mas também podem ser utilizadas de maneira complementar a outros tratamentos convencionais. Indicação Terapêutica Comunitária Integrativa Melhora da Autonomia A terapia comunitária integrativa pode ser indicada como um meio de promoção da saúde para qualquer indivíduo que se sinta à vontade para participar. Isso porque a promoção da saúde é justamente a educação em saúde, seguida da prevenção, para que não haja necessidade de intervenções. Ou seja, para prevenir a instalação de qualquer tipo de doenças e manter a integridade física e mental, a terapia comunitária pode ser indicada (FILHA, 2009). Um dos grandes benefícios dessa terapia é a melhora da autonomia dos participantes. Vemos que muitas pessoas em diferentes comunidades possuem alguns problemas pessoais e de saúde porque não conseguem se posicionar diante da vida. São pessoas que não sabem dizer não, que não têm forças para lutar pelos seus objetivos e que possuem muitos medos. A terapiacomunitária auxilia os usuários no sentido de fortalecer sua autoestima e lhes mostrar que são capazes de lutar por aquilo que querem. Imagine que uma participante de uma roda de conversa fala sobre sua fobia em dirigir e o quanto isso a torna dependente. Com o apoio do grupo ela começa a confiar mais em si, supera seu medo de tentar e consegue aprender a dirigir. Nesse momento, a participante consegue um trabalho devido ao fato de que agora consegue se locomover com maior facilidade, ela não depende mais do marido para ir à academia, para visitar sua família e realizar suas compras. Talvez esse exemplo pareça irrelevante para aqueles que possuem independência, mas para a participante em questão, o apoio do grupo fez toda a diferença em sua vida. Doenças Crônicas Doenças crônicas são as doenças que não possuem cura, apenas tratamento. Hoje são classificadas como doenças crônicas a hipertensão e a diabetes, por exemplo. Essas doenças geralmente causam sequelas e problemas que podem interferir na qualidade de vida do paciente. Pacientes com doenças crônicas são importantes candidatos a participarem das terapias comunitárias, pois podem ser feitos grupos de apoio especificamente para os portadores de determinada doença (LUCIETTO, 2018). Por exemplo, os portadores de câncer (que dependendo do tipo é considerado como doença crônica) podem participar de um grupo onde haverá pessoas que passam pelas mesmas dificuldades. Isso permite uma identificação e um acolhimento, pois os outros participantes entendem o que cada um está passando. A promoção de saúde nesses grupos poderá ocorrer por meio de informações que muitas vezes não são dadas durante a consulta médica devido à falta de tempo ou de oportunidade. Nas rodas de conversa é possível que os terapeutas com especializações na área deem dicas de como evitar alguns tipos de dores ou outras sequelas, como a queda capilar. Pode ser feita uma discussão sobre o embelezamento e empoderamento feminino durante a perda capilar, podem ser realizadas discussões sobre como aproveitar bem a vida em casos de pacientes terminais, enfim, são diversas as possibilidades. Aplicabilidade da Terapia Comunitária nos Serviços de Saúde Carências Emocionais e Dificuldades de Desenvolvimento As terapias comunitárias se aplicam nos serviços de saúde com o intuito de promoção da saúde atendendo diferentes pessoas, com diferentes problemas e personalidades. Muitos usuários não têm necessariamente um problema definido, eles apenas se sentem tristes e procuram ajuda ou, então, um outro profissional da saúde identifica que essas pessoas podem se beneficiar dessas práticas e indica a procura por um terapeuta responsável (BARRETO, 2005). Isso se encaixa muito bem para aqueles que têm carências emocionais e dificuldades de desenvolvimento. As dificuldades de desenvolvimento estão ligadas à dependência, seja dependência financeira, emocional, de locomoção, etc. Todo tipo de dependência que impede que o indivíduo consiga lutar pelos seus objetivos. Já as carências emocionais são um grande problema que muitas vezes não é visto com real importância. Pessoas carentes emocionalmente, que não recebem afeto de seus familiares ou amigos, ou que recebem atenção, mas acham que não é o suficiente, podem se sentir deprimidas. Quando há a presença de carinho e mesmo assim o indivíduo não se sente bem, então é necessária uma investigação maior para entender a raiz do problema. Agora, se a pessoa for realmente solitária, então a terapia comunitária pode ser a chave para uma vida mais alegre. Por isso, não pense que a terapia comunitária é apenas para aqueles que têm um problema ou uma doença definida, a terapia comunitária também é um centro de comunicação e de troca de carinho. Terapias Comunitárias não são para pessoas ociosas! Algumas pessoas podem pensar que as terapias comunitárias são apenas para pessoas ociosas, mas isso não é verdade. Muitos usuários do sistema público de saúde procuram essas terapias por estarem extremamente exaustos de suas rotinas de trabalho. Na prática clínica, vemos que especialmente as mulheres se sentem exaustas frequentemente, pois acumulam uma rotina de trabalho em casa, trabalho externo, cuidado com os filhos, etc. Por isso, pensar que as terapias comunitárias são para pessoas que não têm o que fazer é um grande equívoco, elas são para pessoas que querem evoluir e manter sua saúde. Tempo e Espaço para Aplicação das Terapias Comunitárias O tempo das terapias comunitárias depende do tipo de terapia que está sendo realizada. Em rodas de conversa geralmente a duração é de uma hora ou uma hora e meia. Fazer encontros muito longos pode ser exaustivo para aqueles que estão sentados ou que sentem algum tipo de dor. O espaço para a terapia deve favorecer a sensação de segurança. Por isso não é interessante realizar as terapias em locais onde outras pessoas possam ver ou ouvir o que está sendo realizado ou dito. O espaço também deve ser confortável, com boa ventilação e iluminação. Se houver a prática de atividades que exijam expressão corporal, elas podem ser realizadas em ambiente externo, desde que todos se sintam à vontade para isso. Vida Ativa e Saudável O que é Saúde? O conceito de saúde presente na atualidade está de acordo com um modelo biopsicossocial, o qual considera a saúde bem mais do que a mera ausência de doença. A forma de interpretar o termo “saúde” atualmente mudou muito diante de diversos debates ao longo da história da humanidade. Nesse contexto, é importante aprofundarmos o conhecimento naquilo que torna os indivíduos saudáveis. Para tanto, a manutenção de um estilo de vida saudável ao longo do processo de desenvolvimento humano é crucial para a promoção da saúde. Sendo assim, são necessárias ações individuais para modificar fatores de risco relacionados às doenças, além de estratégias de saúde coletiva para promover a saúde da sociedade de maneira geral (BES; DUARTE; SANTOS, 2021). Os conceitos válidos atualmente sobre a saúde consideram-na como sendo mais do que a simples ausência de doença, um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Tal conceito é amparado pela Organização Mundial de Saúde desde 1946 (CONFERÊNCIA, 2002). Saúde Positiva Muitos estudiosos levam em conta os conceitos de saúde positiva para amparar seu trabalho em saúde e bem-estar. Saúde positiva é um termo utilizado para conceituar uma prática de estudos e reflexões sobre as tomadas de decisões e sobre fatores internos (biológicos) que interferem na presença ou ausência de saúde. Segundo KOBAU et al (2011), Seligman, amparado também pelo paradigma biopsicossocial e considerado o pai da psicologia positiva, acredita que caracterizar a saúde sob o enfoque da “saúde positiva” nos ajuda a entender o conceito. Assim, para o autor, a definição de saúde positiva “[...] é o grupo de recursos subjetivos, biológicos e funcionais que efetivamente aumentam os alvos de saúde e doença” (KOBAU et al., 2011, p. 93). Segundo KOBAU et al (2011), tais recursos podem ser compreendidos como: - Recursos biológicos: faixa superior da variabilidade da frequência cardíaca, hormônio oxitocina, baixos níveis de fibrinogênio e interleucina-6, fileiras repetitivas de DNA mais longas (telômeros), etc. - Recursos subjetivos: otimismo, esperança, sensação de boa saúde, entusiasmo, vitalidade e satisfação com a vida. - Recursos funcionais: casamento excelente, subir rapidamente três lances de escadas aos 70 anos sem perder o fôlego, amizades ricas, passatempos envolventes e uma vida profissional próspera. Medicina do Estilo de Vida Diante do texto anterior, conclui-se que a noção de saúde positiva visa aprofundar o conhecimento daquilo que torna os indivíduos saudáveis, conceito muito próximo da medicina do estilo de vida (lifestyle medicine). A medicina do estilo de vida é uma abordagem baseada em evidências científicas, que visa, por meio de uma equipe multidisciplinar em saúde, orientara população para a adoção de um estilo de vida saudável, alimentação balanceada, prática regular de atividades físicas, saúde do sono, cessação do tabagismo, gerenciamento do estresse, manutenção de relacionamentos saudáveis e comportamentos preventivos (exames regulares de colesterol e outros monitoramentos) (BES; DUARTE; SANTOS, 2021). Esses domínios são essenciais para prevenir e tratar doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Essas e outras doenças podem ser prevenidas e tratadas de maneira complementar por meio da biodança e da dança circular. Atividade Física e Saúde Mental Há uma associação estreita entre a prática de atividade física e saúde. A atividade física é a realização de qualquer tipo de prática que movimente o corpo, seja a caminhada, a corrida, os exercícios assistidos ou a dança. A prática de atividades físicas proporciona melhora na mobilidade humana, o que evita a presença de diversas incapacidades físicas e previne as doenças mentais. A ligação entre atividade motora e saúde, e mais recentemente entre atividade motora e qualidade de vida, é um tema popular. Qualquer tipo de atividade que traga a sensação de melhora na saúde mental é bem-vinda em qualquer idade, desde que o indivíduo respeite seus limites e, preferencialmente, procure profissionais da área para entenderem quais são as melhores modalidades a serem realizadas. De acordo com a bibliografia, as melhores atividades para cada fase da vida são aquelas que estimulam as seguintes habilidades motoras: Infância – ganho de estabilidade e aumento da diversificação das ações motoras nas classes de estabilidade, locomoção e manipulação. Adolescência – aumento da complexidade das ações motoras nas diferentes classes, levando à aquisição e inovação de ações especializadas de cunho ocupacional, funcional, recreativo, artístico e esportivo. Adulto – manutenção das ações motoras diversificadas e complexas e sua utilização em atividades ocupacionais, funcionais, recreativas, artísticas e esportivas. Idoso – adaptação das ações motoras diversificadas e complexas e sua utilização em atividades ocupacionais, funcionais, recreativas, artísticas e esportivas (BARBANTI, 2002). A prática da biodança e da dança circular promovem o desempenho de todas as habilidades motoras descritas acima, por isso podem ser praticadas em todas as fases da vida, pois quando as habilidades motoras se mantêm, a saúde física se mantém e, consequentemente, a manutenção da saúde mental é facilitada. Sendo assim, os profissionais da saúde devem compreender os aspectos socioemocionais envolvidos na saúde e na doença, a fim de estruturar suas práticas para além dos aspectos biológicos geralmente apresentados. É preciso considerar que cada etapa do processo de desenvolvimento humano apresenta particularidades que afetam decisivamente a saúde e a felicidade. Por fim, considerando as evidências científicas, podemos perceber que a felicidade é nitidamente um componente fundamental para uma vida saudável. Diversas variáveis associadas ao bem-estar subjetivo, como o otimismo e os relacionamentos pessoais, cumprem um papel tão importante quanto as variáveis associadas a um estilo de vida saudável, segundo os estudos. Isso significa que a saúde física e a saúde mental são cruciais para o equilíbrio humano (OLIVEIRA, 2011). Felizmente, os paradigmas atuais de saúde, pautados no modelo biopsicossocial, têm levado em consideração também os fatores socioemocionais, e não podia ser diferente. Na perspectiva da medicina do estilo de vida, por exemplo, dois dos seis pilares da saúde integral contemplam a saúde mental: controle do estresse e relacionamentos. O estresse pode levar a estados de ansiedade e depressão, enquanto a conexão social é essencial para a nossa resiliência emocional e saúde em geral. Impacto da Atividade Física nas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) (diabetes, hipertensão, obesidade) DCNTs: O que são? As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) são consideradas doenças multifatoriais, ou seja, envolvem vários fatores que se desenvolvem no decorrer da vida e geralmente duram anos, mesmo com tratamentos e estratégias de recuperação. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as DCNTs são responsáveis por 63% das mortes no mundo e já é um problema de saúde pública (MALTA et al., 2014). No Brasil, em 2012, as DCNTs foram a causa da morte de aproximadamente 74% dos casos em todo país. Esse dado provocou uma mudança de estratégia e um desafio para os gestores de saúde das três esferas de governo. Outra informação importante é que as DCNTs causam impacto na qualidade de vida dos doentes quando são diagnosticadas, alterando sua forma de viver e comprometendo outros fatores, como econômico, familiar, comunitário e social em geral. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento dessas doenças são o tabagismo, a alimentação não saudável, o sedentarismo ou inatividade física e o uso nocivo do álcool. Os fatores de risco podem apresentar-se sob três formas: fatores de riscos não modificáveis, fatores de riscos modificáveis e fatores de riscos intermediários. Fatores de riscos não modificáveis: independem da vontade do ser humano – sexo, genética e idade. Fatores de risco modificáveis: dependem diretamente da vontade humana – tabagismo, alimentação não saudável, uso nocivo de álcool e inatividade física. Fatores de riscos intermediários: estão ligados à vontade humana, mas podem ter uma patologia de base, o que impede de ser totalmente modificáveis – hipertensão, dislipidemia, sobrepeso e obesidade e intolerância à glicose (FREIRE; ARAÚJO, 2015). Esses fatores de riscos têm como desfecho doenças coronarianas, cerebrovasculares, vascular periférica, renal crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), enfisema pulmonar, diabetes, câncer, hipertensão e obesidade. Vale ressaltar que as DCNTs representam cerca de 75% das causas de morte no mundo (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2013). Nesse sentido, o foco central da promoção da saúde está no controle desses fatores de risco modificáveis, uma vez que a adoção de um estilo de vida saudável poderia prevenir 80% das mortes prematuras ocasionadas por essas doenças. Prevenção das DCNTs por meio de Atividades Físicas A inatividade física ou o sedentarismo interferem diretamente nos padrões de saúde e de presença de DCNTs na população brasileira. Esse fator é um dos mais estudados recentemente. Enquanto profissionais da área da saúde, podemos incentivar nossos pacientes a praticar atividades físicas em quatro momentos ao longo do seu dia: - No tempo livre ou nas atividades de lazer. - No deslocamento para o trabalho ou para a escola. - Nas atividades de trabalho. - Nas atividades domésticas (FREIRE; ARAÚJO, 2015). No tempo livre, as práticas integrativas de expressão corporal podem ser utilizadas para a prevenção das DCNTs e para o tratamento complementar daqueles que já possuem essas doenças. Biodança - Conceitos, Benefícios e Aplicabilidade Biodança – Conceito A biodança é uma das práticas integrativas e complementares e foi fundada por Rolando Toro ao perceber que alguns pacientes com transtornos mentais conseguiam se expressar e se tranquilizar por meio desse método. A biodança busca o resgate do indivíduo consigo mesmo, às suas origens (D'ALENCAR, 2006). É comum que ao longo da vida nos esqueçamos de quem somos. Esquecemos dos nossos desejos, dos nossos anseios, das nossas necessidades. Como vivemos em sociedade, precisamos sempre levar em conta o outro, as regras e as normas da sociedade. Isso é muito bom até certo ponto, porque nos dá um direcionamento ético. Em contrapartida pode nos tornar seres castrados e reprimidos. É claro que nesse sistema não é apenas o eu que importa, mas também os desejos alheios e a relação do eu com a totalidade para uma harmonização do organismo. A biodança também visa à integração humana e a renovação donosso organismo, além do equilíbrio emocional, do reaprender a sentir. Essa prática pode ser realizada individualmente, mas, quando realizada em grupo, forma uma verdadeira obra de arte, onde cada participante se comunica por meio de expressões. A carícia e a afetividade podem acontecer nesse momento, como se um participante apoiasse o outro. Essa prática também conta com a interação com a música, pois cada movimento pode ser feito conforme o ritmo da música. Os movimentos podem ser realizados para estimular a fluidez, a expressividade, a sexualidade e o respeito, por si e pelo outro. O canto não é o principal objetivo, mas também pode acontecer. Biodança – Benefícios e Aplicabilidade A biodança pode ser recomendada para crianças e adolescentes devido à sua capacidade de mostrar a importância da vida e a expressão de emoções. Isso faz com que esses grupos entendam como suas vidas são valiosas, prevenindo problemas emocionais e mentais e até mesmo o suicídio. Para os adultos, a biodança pode ser recomendada como forma de extravasamento do estresse e das frustrações. É comum que nessa fase as pessoas se sintam pressionados devido às responsabilidades intensas que vivem. Para grávidas, essa é uma das poucas práticas que são totalmente liberadas, porém, para resguardo do profissional, é sempre interessante pedir uma autorização médica. Nesse grupo, as gestantes conseguem compreender melhor seu novo corpo e amá-lo, amando o seu eu do momento. Muitos casais possuem dificuldade de se comunicar, nesse caso a biodança é muito indicada. Também é ideal para os casais que sofrem com algum problema de ordem sexual. Os grupos familiares também podem realizar a biodança como forma de integração e de expressão de afetividade. Há também a indicação dessa técnica no ambiente de trabalho, para que os colaboradores consigam se entender melhor e aliviar os níveis de estresse (D'ALENCAR, 2006). É interessante que esse trabalho ocorra primeiro com os colaboradores do mesmo setor e depois com outros colaboradores, até que todos, em algum momento, possam ter dançado juntos. Vitalidade e Sexualidade A biodança é fundamentada em experiências, ou seja, em atos já vivenciados. A pessoa se expressa conforme aquilo que já viveu e que necessita resgatar. As linhas de experiências que se buscam resgatar durante a biodança são: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. Veremos agora a relação entre biodança e vitalidade. Biodança e Vitalidade A vitalidade da biodança é a busca pela valorização da vida e por tudo aquilo que cada ser sente ao viver. É como se fosse um resgate das raízes de cada um. Aquilo que já vivemos e que gostamos de ter vivido e aquilo que vivemos, nos machucou e precisamos curar (D'ALENCAR, 2006). Algumas pessoas têm um estilo de vida muito agitado ou, então, mais tranquilo e se sentem bem com isso. Já outras pessoas vivem correndo e gostariam de ser mais calmas. Em contrapartida, há quem tem grande tranquilidade e gostaria de ter mais disposição e vitalidade para correr atrás de seus objetivos. Quando estamos alinhados com nossos propósitos de vida e com nosso modo de ser, podemos trabalhar até mesmo 12 horas por dia que iremos nos sentir bem e felizes, realizados, porque é isso que queremos. Podemos passar grande parte do dia sendo ociosos e tudo bem, desde que isso esteja de acordo com o estilo de vida que nos faz bem e que não prejudica terceiros. É isso que a biodança busca, uma forma de viver que não nos agrida, mas que valorize aquilo que realmente somos. Biodança e Sexualidade A sexualidade, que é a relação entre os prazeres e a vida, os prazeres e as emoções, é um tema que até mesmo nos dias atuais pode representar um tabu. Raramente os pais introduzem o tema no seio familiar e, então, as crianças e os pré-adolescentes e adolescentes vão até a escola com o anseio de saberem sobre o assunto por lá, mas muitas vezes não há ninguém para sanar suas dúvidas (DALLA VECCHIA, 2004). Assim, várias sensações vão sendo reprimidas, podendo levar a diversos tipos de doenças. A sexualidade é algo biológico, comum do organismo humano, e quando não vivemos esses prazeres podemos nos tornar pessoas inexpressivas e infelizes. A biodança busca retornar o contato e a afetividade, para impulsionar a sexualidade, especialmente quando a terapia é realizada com casais. O principal objetivo dessa prática, no contexto da sexualidade, é auxiliar o indivíduo a encontrar o caminho para o prazer, para a descoberta daquilo que lhe é agradável, não apenas aquilo que leva ao contato sexual em si, mas a sua relação com seu próprio corpo, a relação dos prazeres da vida e a utilização do seu corpo de uma maneira sadia e consciente, livre de preconceitos, para ser quem é, e junto com a sexualidade entender também a sua vitalidade, aquilo que lhe dá vontade de viver. Criatividade A criatividade é a capacidade de pensar em algo com um ponto de vista diferenciado, de pensar em soluções de maneira diferente. É fugir do óbvio e conseguir visualizar aquilo que outras pessoas não veem. A cada dia, a criatividade é mais necessária no mercado de trabalho, pois estamos tendo que nos adaptar a situações diversas. Há cerca de um século, bastava nos formarmos em uma área do conhecimento para termos um bom trabalho. Hoje, sabemos que não é mais assim. Precisamos nos adaptar constantemente para a resolução de problemas dentro das organizações. Esse é apenas um dos exemplos da importância da criatividade, a criatividade no meio corporativo. Mas e em nossa vida pessoal, qual a importância da criatividade? Durante nossa formação acadêmica e de vida, muitas vezes somos estimulados a pensar como robôs, na realidade, somos estimulados a não pensar, mas sim obedecer. Isso leva à repreensão da criatividade. A ausência de criatividade pode impedir que tenhamos conversas agradáveis e novos pontos de vista, tornando nosso corpo e nossos pensamentos inflexíveis (D'ALENCAR, 2006). A biodança busca trazer por meio de seus movimentos a libertação da criatividade e a inovação. Por isso os participantes são estimulados a realizar os gestos que tiverem vontade. Afetividade A biodança é uma forma de operacionalização da educação que integra o desenvolvimento dos potenciais humanos de saúde, expressando as emoções mais profundas, nos colocando em contato com o mais originário e natural da vida em nós, de forma articulada com a educação formal. O objetivo é o desenvolvimento integrado de um saber racional com o saber vivencial (DA SILVA, 2014). A referência é a vida. Um saber racional integrado ao saber vivencial resgata a potência de ação política e social do homem no mundo. O modo operacional para o desenvolvimento e a expressão dos potenciais humanos utilizam a música, o movimento, a palavra poética do facilitador em situações de grupo, para que de forma ritual se desencadeie a emoção num processo orgânico que vai possibilitar a recuperação das condições originárias da vida, devolvendo a afetividade e a perda do medo de relacionar-se por meio de carícias e movimentos que a pessoa tenha vontade de fazer naquele momento. Transcendência Transcendência é o passar para o próximo nível de inteligência, é saber que não sabemos nada. Durante a vida, podemos nos tornar arrogantes, podemos pensar que sabemos tudo e que o outro não sabe nada (PINHO, 2009). Nos tornamos, algumas vezes, até mesmo ignorantes, por ignorar os saberes alheios. A transcendência por meio dos movimentos da biodança busca resgatar a humildade e valorizar o pensamento de transcendência, de entender que não somos seres unicamente importantes. É ver o universo em sua totalidade e compreender que nossos atos influenciam a vida de várias pessoas. É ignorar o pensamento de que apenas o físico importa e entender que nossa alma faz parte do todo. Dança Circular - Conceitos, Benefícios e Aplicabilidade Dança Circular – Conceitos A dança circular é uma prática realizadaem grupo. A literatura não cita danças circulares individuais, mas caso algum paciente seja o único a comparecer a um encontro, nada impede que ele e o terapeuta dancem juntos. A origem exata de quando as danças circulares se iniciaram é incerta, o que se sabe é que muitos povos desde a antiguidade praticam danças circulares com diferentes intenções. Os povos indígenas utilizam essa dança como forma de pedido de chuva ou como preparo para a guerra. Muitas comunidades utilizam a dança circular como uma dança folclórica para comemorações de datas específicas, como a marca de um ciclo que está se iniciando ou tendo fim. As principais características em comum das danças circulares entre os diferentes povos é que os movimentos realizados são sincronizados, o que exige cooperação. Todo o grupo precisa dançar junto, em conjunto, para que a roda permaneça girando sem que alguém tropece. É como se fosse um grande abraço, uma grande comunidade onde todos têm que andar de mãos dadas e tomar decisões em grupo (KIMURA; DE SOUSA, 2019). A dança circular passou a ser vista como um método terapêutico quando o bailarino e pedagogo Bernhard Wosien, por volta de 1970, começou a estudar essas danças e percebeu a capacidade de utilizá-la como um método terapêutico e de aprendizagem sobre cooperação. Benefícios da Dança Circular Os benefícios da dança circular podem ser divididos em benefícios físicos e mentais para facilitar a didática de ensino, porém, é preciso lembrar que os benefícios físicos e mentais não se separam, eles dependem um do outro (SILVA et al., 2021). Os benefícios físicos estão ligados à melhora do condicionamento físico, pois é uma dança realizada com movimentos que demandam aumento da circulação sanguínea, melhora do metabolismo, melhora da coordenação motora, fortalecimento dos membros inferiores e outras alterações fisiológicas próprias de atividades físicas. Os benefícios mentais são a sensação de pertencimento, diminuição do estresse e da ansiedade, expressividade e sensação de cooperação, além da valorização cultural. Aplicabilidade da Dança Circular A principal aplicabilidade da dança circular é para o fortalecimento da comunidade, para a busca de harmonia e de paz entre as pessoas. Muitas pessoas vivem em conflito por não saberem se comunicar, se expressar ou então ouvir o outro. A dança circular busca unir as pessoas e incentivar a expressão dos sentimentos por meio de movimentos. A dança circular não se restringe ao espaço de realização das terapias integrativas nos sistemas de saúde. Ela pode ser realizada no seio familiar, em empresas, em locais abertos próximo às comunidades, enfim, onde houver pessoas dispostas a se comunicar e a buscar o bem-estar. Uma ótima forma de realizar a dança circular é em ambientes abertos, próximos à natureza, preferencialmente em um gramado onde todos possam dançar descalços e sentir a energia da terra e do verde. Consciência Corporal e Coordenação Motora Consciência Corporal A consciência corporal (CC) pode ser entendida pela percepção consciente dos sinais enviados pelo corpo e é um conceito que vem evoluindo e se tornando cada vez mais complexo. A CC é um produto da percepção sensorial dos estados fisiológicos do corpo (incluindo emoção e dor), um conjunto interativo influenciado por múltiplos fatores, tais como: crenças, experiências passadas e memórias, expectativas, ações (incluindo movimento), atenção, interpretação, avaliação, condicionamentos e atitudes e afetos moldados pelo contexto social e cultural de cada indivíduo. A percepção das sensações corporais é fundamental para a percepção das emoções, e ter ciência do que se sente é o ponto de partida para regulação afetiva, que pode ser entendida pela implementação de estratégias para aumentar ou diminuir a intensidade da experiência emocional (ANDRADA; SOUZA, 2015). Estudos de neuroimagem apontam que a CC e a regulação emocional compartilham circuitos e regiões cerebrais comuns. O termo emoção designa um conjunto de respostas acionadas em regiões cerebrais para o corpo e de regiões cerebrais para outras partes do cérebro, usando rotas tanto neurais quanto humorais, alterando a fisiologia do corpo. O resultado final de tais respostas forma um estado emocional, definido por mudanças no corpo, no meio interno, nas vísceras e dentro de certas áreas cerebrais, por exemplo, no córtex somatossensorial e nos núcleos no tronco cerebral, enquanto o termo “sentimento” é usado para descrever o complexo estado mental que resulta do estado emocional (GARDNER, 2007). Esse estado mental inclui a representação de alterações que ocorreram no corpo, sendo sinalizadas para estruturas representativas do corpo no sistema nervoso central (SNC); e também inclui uma série de alterações no processamento cognitivo causadas por sinais secundários às respostas cerebrais. Os sintomas cognitivos e comportamentais estão estritamente relacionados. Os sinais do corpo são interpretados e integrados à experiência e podem servir de mapeamento, oferecendo uma espécie de panorama em níveis conscientes e inconscientes para a manutenção da homeostase, regulação corporal e até mesmo da sobrevivência. A literatura abrange as dimensões psicopatológicas do corpo mostrando os sintomas como um acontecimento do corpo, por isso, um ser humano cheio de angústia provavelmente terá doenças relacionadas à angústia. A angústia causa estragos no corpo e pode ser desenvolvida e alimentada pela história pessoal. Coordenação Motora A aprendizagem da coordenação motora ocorre por meio de diversas manifestações da cultura e expressão de movimentos, e na prática da dança circular esse propósito é grandioso. Os estudos do desenvolvimento da coordenação motora mostram que todos os movimentos novos são aprendidos e executados conforme as experiências anteriores, ou seja, quanto mais uma pessoa é estimulada, mais facilmente irá desenvolver sua coordenação motora. Por isso, inserir nossos pacientes em atividades físicas que promovam diversos movimentos corporais como a dança é muito importante. Cada prática física leva ao desenvolvimento de domínios motores diferentes que estimulam a continuação desses padrões de movimentos (BRITO; MARIANI; TAVARES, 2021). É claro que as questões individuais também importam. Crianças e adolescentes geralmente aprendem novos passos com mais facilidade, porém, adultos que sempre dançaram podem aprender mais facilmente do que essas crianças e adolescentes. A somatória das questões individuais, o estímulo externo e a tarefa em si levarão ao desenvolvimento motor de um ser humano. O tempo não é o único fator a ser considerado. Dito isso, podemos ver agora como incentivar o desenvolvimento motor durante as sessões de dança circular. A literatura mostra que a aprendizagem motora pode ser classificada da seguinte forma: - Locomoção: andar, correr, saltar → gera exploração do ambiente. - Manipulação: arremessar, driblar, chutar → interação com o objeto. - Estabilização: giros, flexões, rotações → manutenção da postura em relação ao espaço e à força gravitacional (BRITO; MARIANI; TAVARES, 2021). Por isso, é interessante que na dança circular diferentes movimentos sejam realizados, para que as diferentes habilidades motoras se desenvolvam, contribuindo para a saúde física e mental. Atitudes Cooperativas e Sentimento de Pertencimento Atitudes Cooperativas Nosso desenvolvimento cooperativo conta muito com a relação de como nossos pais nos educaram. É claro que o desenvolvimento de um ser humano depende de inúmeros fatores, mas a relação com o meio externo e com as pessoas que convivemos é de suma importância para a construção da nossa forma de pensar e de nossas atitudes. A criança que assimila apenas hábitos e comportamentos egocêntricos, não é capaz de compreender pontos de vista diferentes dos seus e, por isso, é intelectualmente inapta para a cooperação e o trabalho em conjunto. Quando se inicia a formação dochamado pensamento operatório, a discussão em grupo, ao obrigar cada um a adaptar-se aos demais, tende a agilizar e a tornar lógico o pensamento egocêntrico, passando do pensamento intuitivo ao operatório, favorecendo que o ser humano que antes não era capaz de compreender o outro, passe a compreendê-lo (GARDNER, 2007). Para as crianças, as atividades de cooperação são aprendidas com maior facilidade, mas isso não significa que os adultos não possam reaprender, inclusive, por meio da dança circular. A educação para o pensamento de cooperação pode ser aprendida por qualquer pessoa, desde que esteja pronta para aprender e sentir. Na dança circular, a cooperação é aprendida sem ao menos percebermos. O participante começa a cooperar ao dançar, e quando se dá conta, está socializando com alguém que mal conhecia. A dança circular no âmbito da cooperação tem como meta indireta mais importante ajudar os indivíduos a adotar papel ativo e inteligente na formulação da vida da sociedade, desde as relações pessoais interfamiliares até as atitudes com relação a pessoas de diferentes regimes sociais. Sentimento de Pertencimento Os seres humanos apresentam uma tendência arraigada a criar grupos. Já no primeiro ano de vida, somos capazes de discernir uma base para o respeito pelos outros. Os bebês em um berçário veem ou escutam o desconforto de outro e sinalizam sua consciência disto ao se queixar ou chorar como uma resposta empática. Os bebês um pouco mais velhos tornam-se proativos quando se deparam com o desconforto de outro, consolam outro que parece estar triste dando-lhe um brinquedo e convidando-o para participar de uma brincadeira. Infelizmente, também se podem detectar respostas menos dóceis. Os bebês tiram brinquedos uns dos outros, brigam, excluem indivíduos (Você é bebê) ou grupos (Esse canto é só para meninos) de atividades valorizadas (AGOSTINHO, 2012). A formação de grupos é uma das principais formas de pertencimento e desde que não exclua ou discrimine, é uma das melhores formas de socialização. A dança proporciona essa sensação de pertencimento justamente por promover as relações entre diferentes pessoas. Por isso, é tão importante convidar nossos pacientes para conhecerem a dança circular, para que possam aprender a cooperar, a socializar, a ter a sensação de pertencimento e melhorarem assim sua sensação de bem-estar e qualidade de vida. Os Benefícios do Movimento no Processo de Envelhecimento O corpo humano é como uma máquina, uma máquina que se não é utilizada nem lubrificada, com o passar do tempo vai se danificando, enferrujando, ficando cada vez mais difícil fazer com que ela se mova e funcione, já que acaba se deteriorando. Como as máquinas, o organismo necessita ser lubrificado e estar em movimento. Tanto os ossos, os tendões e os músculos como a mente e os órgãos internos devem ser cuidados e atendidos da melhor forma possível, sem caírem no esquecimento. Cada uma dessas partes necessita de movimento. Se o movimento for limitado às atividades diárias, como caminhar, sentar e levantar, subir e descer escadas, brincar com os netos, etc., ele ficará cada vez mais reduzido, o que fará com que, progressivamente, o corpo se atrofie. Com uma atividade física adequada, as articulações ganham a capacidade de movimento que merecem, os músculos e os ligamentos são reforçados, a capacidade de oxigenação dos pulmões é aumentada, o sangue circula mais facilmente pelo organismo, além de aumentar a resistência física, fazendo com que a fadiga demore mais tempo para ocorrer (GEIS, 2015). Além disso, os relacionamentos e as comunicações serão feitos com um grupo de pessoas com problemas afins, com assuntos comuns para discutir e falar, a sensação de solidão será menor e a de companhia maior, a capacidade de prestar atenção e a memória serão exercitadas. Mediante o movimento e com a prática de uma atividade física adaptada e contínua, a pessoa prolongará a sua forma natural de viver (PAIVA et al., 2010). Deve-se considerar a importância do exercício físico em uma idade em que as faculdades tendem a declinar e necessitam da manutenção da função para conservar ativos todos os sistemas que regem o organismo: sistema nervoso, sistema muscular, sistema osteoarticular, etc. Se alguém pensa que, na terceira idade, não se pode começar a praticar algum esporte e/ou atividade física, está muito equivocado, já que a idade não deve estabelecer fronteiras no modo de viver. Pode-se viver a motricidade, e acredita-se que se deva vivê-la, desde a infância até a idade senil, pois não há idade para a prática de atividade física, havendo idade, sim, para o tipo de prática que se realiza (BRITO; MARIANI; TAVARES, 2021). É necessário realizar atividades físicas e esportivas adaptadas a cada idade, de acordo com as necessidades e as possibilidades de cada pessoa. A pessoa idosa deve ter em mente não só a quantidade de atividade que deverá realizar, mas também o porquê e o como dessa realização. Todos os grupos etários: crianças, jovens, adultos e idosos deveriam praticar alguma atividade física e/ou esporte, adaptado às suas necessidades (PAIVA et al., 2010). As pessoas que praticaram esporte ao longo de suas vidas poderão praticá-lo em um novo ritmo. Quem nunca praticou poderá, igualmente, começar pela realização de uma atividade física relaxante e gratificante, mas nunca competitiva ou muito técnica. A biodança e a dança circular são boas opções para ambos os casos. Indicação Terapêutica da Dança Circular e Biodança Dançar é o ato de movimentar-se de forma harmônica, ritmada, acompanhada ou não de sons musicais. A dança como arte utiliza o corpo como instrumento de criação e expressão de sentimentos, ideias e histórias. Socialmente, a dança é presente na sociedade de diversas formas, desde eventos formais, como casamentos e bailes, até momentos de simples descontração entre amigos e familiares. Como terapia, existem formas específicas de dança terapêutica, mas, a depender do resultado esperado, o simples ato de dançar socialmente ou em uma escola de dança pode ser suficiente (ANDRADA; SOUZA, 2015). A movimentação ritmada imposta pela dança faz com que ela seja um interessante exercício aeróbico, por isso a biodança e a dança circular são indicadas para aqueles que buscam a perda de peso e melhora geral do condicionamento físico. Ainda que se façam pausas entre uma e outra canção, o ato de dançar pode ser comparado a atividades aeróbias de intensidade moderada a leve, a depender do ritmo e do tempo em que a pessoa permanecer dançando, trazendo assim todos os benefícios da atividade física aeróbia. Dançar, porém, traz uma série de outros elementos que podem contribuir para a melhora da saúde mental, além da simples atividade física, enfatizando mais uma vez, a indicação dessas técnicas para a prevenção e o tratamento complementar de problemas mentais e emocionais. A música, intrínseca à dança, é produto da atividade artística humana em uma de suas melhores formas de expressão. Combinação de sons e silêncios de forma organizada e harmoniosa, a música desperta as mais variadas emoções e sentimentos. Uma combinação adequada de canções e formas de expressão musical pode, por si só, ter efeito terapêutico modulando humor, reduzindo ansiedade, estresse ou, ainda, melhorando a atenção do indivíduo. A biodança e a dança circular promovem contato e interação social de forma agradável e tranquila. De forma geral, ambientes de dança trazem segurança e conforto aos presentes, suprimindo sensações de ansiedade e medo. Em diversas modalidades, o contato físico com outras pessoas é intenso e, ainda que não ocorra, a proximidade entre pessoas é uma constante. O contato físico entre pessoas, de forma segura e agradável, gera sensação de conforto e sentimentos positivos, fato comprovado pela liberação de ocitocina e neurotransmissores (SILVA, 2021). As formas terapêuticas de dança têm origens diversas e têm como vantagemuma melhor organização do movimento para que se possa obter os resultados desejados sem correr o risco de causar lesões ao paciente. O fato de ser realizada sob supervisão de profissional treinado para promoção de saúde também é positivo e protege o paciente contra possíveis eventualidades. Tanto as modalidades terapêuticas quanto as não terapêuticas de dança são capazes de trazer melhora da saúde física e mental ao paciente. A regulação dos níveis de cortisol já foi demonstrada com a prática regular dessa arte, assim como efeitos positivos sobre a ansiedade, transtornos de humor e estresse. Recomendar a dança aos pacientes é uma forma não só de mantê-los ativos, como também de inseri-los em uma vida social mais intensa e divertida (BRITO; MARIANI; TAVARES, 2021). Aplicação das Teorias Abordadas às Práticas em Saúde A ciência moderna vem demonstrando a íntima relação do corpo com a mente, renovando a ideia de integralidade da existência humana. O sujeito como ser biológico não pode ser claramente separado em mente e corpo; essa separação, embora didática, leva a esquecer da importância do corpo quando se depara com o indivíduo que sofre de sintomas psíquicos. Para o paciente psiquiátrico, tratar o corpo pode ser tão eficaz para o seu tratamento quanto técnicas de psicoterapia ou psicofármacos. Com uma variada gama de terapêuticas e atividades distintas, a abordagem de práticas corporais deve ser discutida com o paciente e adequada à sua situação econômica, social e patológica (PINHO, 2009). Pessoas com problemas de socialização, por exemplo, podem se beneficiar de atividades em grupo, como a dança. Já indivíduos com queixa concomitante de dores físicas, acupuntura e massagem podem ser opções interessantes, a dança também por realizar a melhora motora. A atividade aeróbica, além de seus benefícios para tratamento de sintomas psíquicos, é essencial à manutenção da saúde cardíaca e metabólica. A prescrição de práticas corporais ao doente com transtornos psiquiátricos acelera e facilita o sucesso terapêutico e pode ser abordada por qualquer profissional de saúde (SILVA, 2021). A dança circular e a biodança são práticas que podem ser realizadas tanto no ambiente privado como no público. Os terapeutas particulares podem exercer essas atividades em seus consultórios ou em ambientes abertos, e os profissionais da rede pública podem convidar seus pacientes para exercer as técnicas em salas espaçadas e livres de objetos, ou em espaços abertos que sejam ponto de referência para a comunidade local. Quando essas técnicas são realizadas em espaços abertos, é interessante que se priorizem espaços próximos ao centro de saúde da comunidade, pois, caso algum paciente sofra algum tipo de mal-estar, poderá receber o atendimento médico necessário. A biodança exige a presença sempre de um terapeuta experiente, pois ela é composta por movimentos que geram maior expressividade e libertação de sentimentos. Já a dança circular pode ser ensinada à comunidade, para que mesmo fora dos centros de saúde a prática aconteça (PINHO, 2009). Isso porque a dança circular é composta por movimentos simples, criados a partir da cultura local e das possibilidades físicas dos integrantes do grupo. Não é uma dança que deve conter passos muito complexos, o foco não é a técnica, mas sim a interação entre as pessoas. Antes de iniciar a dança, é importante que os passos sejam treinados em roda, para que depois, com o início da música a prática aconteça. Depois de alguns instantes, quando os integrantes já estão conseguindo realizar a dança sem pensar demais, eles podem então começar a sentir a dança e a música, a expressar seus sentimentos, a rodar com mais vigor e libertar suas emoções para que a terapia em si aconteça.