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Der����se� ca����as po� víru� 1. Introdução ● Vírus são organismos intracelulares obrigatórios e apresentam apenas um tipo de ácido nucleico (DNA ou RNA); ● São resistentes a antibióticos, mas inibidos por IFN - existem cada vez mais antivirais eficazes; ● Os vírus alteram o metabolismo das células parasitadas, as quais precisam apresentar receptores em sua superfície para se tornarem infectadas; ● Os vírus de RNA são dotados de uma taxa de mutação espontânea bastante elevada, o que dificulta a síntese de vacinas e de resposta imune; ● A localização nuclear dos vírus favorece o surgimento de cepas oncogênicas, por interferirem na expressão de proto-oncogenes (ex: HPV); ● As infecções virais podem ser localizadas (verrugas, moluscos, herpes zoster), inaparentes (herpes simples em foco latente) ou generalizadas (rubéola, dengue, covid); 2. Herpesvírus ● Os herpesvírus são capazes de permanecer em latência no hospedeiro natural por longos períodos de tempo e em diferentes células e tecidos. Apresentam a capacidade de reativação periódica, causando doença clínica ou subclínica; 2.1. Herpes Vírus Simples (HSV 1 e HSV 2) ● Há dois tipos de HSV: 1 e 2. Classicamente, chamamos o tipo 1 de herpes não genital e o tipo 2 de herpes genital, mas não é rara a inversão do local do acometimento, variando de acordo com as práticas sexuais do indivíduo; ● HSV 2 é o agente etiológico de 80-90% dos casos de herpes genital e 10-20% do labial; 2.1.1. Clínica ● A clínica clássica é a formação de vesículas brilhantes, dispostas em grupos de 5 a 10 (cacho de uva), com base eritematosa em torno de orifícios (boca, vulva, ânus), também podendo acometer outras partes do corpo; ● Pode haver manifestações prodrômicas: parestesia local, eritema, sensações parestésicas (queimação); ● As vesículas involuem espontaneamente em cerca de 5 dias e a cura total do processo ocorre em torno de 2 semanas; ● Primoinfecção ○ Ocorre em pacientes nunca expostos ao vírus, ou seja, sem imunidade celular, o que leva a uma clínica exuberante; ○ Pode ocorrer sem sintomatologia geral ou com febre e prostração; Isabela Valinho, 5ºP ○ Podem ocorrer quadros benignos diversos ou, ainda, quadros gerais graves; ○ A primoinfecção pode ser precedida por sensação de fisgada, parestesia ou ardor, que pode se intensificar, passando a ser dolorosa; ○ As lesões são em maior número e acompanhadas de grande edema; ○ Coito anal pode levar a proctite com tenesmo, dor e corrimento purulento; ○ A infecção na orofaringe pode levar a ulcerações necrosantes na faringe posterior; ○ A localização da primoinfecção depende do tipo de prática sexual: pode ser na genitália, na orofaringe ou anorretal; ● Recidiva herpética ○ Reativação de foco quiescente de HSV 1 e 2; ○ Lesão característica: vesículas agrupadas em base eritematosa que, após poucos dias, tornam-se exulceradas e crostosas; ○ Não deixam cicatriz ao involuir, deixando apenas hipocromia ou hipercromia residual, em especial após primoinfecção; ○ Levam à recidiva: exposição solar prolongada, estresse, febre, ansiedade, menstruação, trauma local, infecções intercorrentes e imunossupressão; ○ A latência viral ocorre nos gânglios paravertebrais (os principais são: sacrais para HSV 1 e trigeminais para HSV 2); ● Formas especiais ○ Panarício hepático ■ Causado pelo HSV 1; ■ Inoculação primária da pele ou disseminação de uma primoinfecção oral; ■ Ocorrência comum em dedos de dentistas; ■ Se crônico, indicativo de imunossupressão; Isabela Valinho, 5ºP ○ Erupção variceliforme de Kaposi ■ Complicação de caso de eczema (em geral atópico) ou outra dermatose de base, produzida pelo herpes-vírus; ■ Acomete crianças mais frequentemente - comum em atópicos; ○ Imunodeprimidos ■ Em geral, em pacientes imunodeprimidos ocorrem ulcerações ou lesões ulcerovegetantes extensas persistentes, muitas vezes dolorosas; ■ Também podem ocorrer lesões verrucosas; ● Diagnóstico (HSV 1 e HSV 2) ○ Clínico; ○ Citologia do conteúdo da vesícula (teste de Tzanck); ○ PCR; ● Tratamento ○ Higiene das lesões com água e sabão com o intuito de impedir impetiginização secundária; ○ Aciclovir VO, tópica (pouca eficácia) ou IV (para pacientes imunossuprimidos); ● Profilaxia ○ Vacina em andamento; 2.2. Varicela Zoster ou HHV-3 ● Em geral, o VZV ou HHV 3 infecta o indivíduo na infância, causando o quadro de varicela. Após a fase de disseminação hematogênica, ele atinge a pele, caminha pelos nervos periféricos até os gânglios nervosos e pode permanecer em latência nos gânglios por toda a vida; ● Diversos gatilhos (noxas) podem causar reativação do vírus, que caminha em direção centrífuga pelo nervo periférico e atinge a pele, causando a herpes zóster; 2.2.1. Varicela ● A varicela é comum na infância e causa soroprevalência de 95% na população adulta; ● Transmitida por aerossol ou por contato com as lesões cutâneas da doença; ● Manifestações clínicas: hiperemia de orofaringe, febre alta, astenia e tosse seca; ● As lesões cutâneas iniciam-se com máculas eritematosas, de distribuição craniocaudal, que, em 8-12h evoluem para vesículas, pústulas e crostas, em um processo contínuo, o que explica o polimorfismo regional; Isabela Valinho, 5ºP ● Tendem a se localizar mais no eixo central do corpo e poupam parcialmente as extremidades. Algumas lesões evoluem com umbilicação central característica; ● Normalmente a evolução é benigna, mas também é comum haver infecção secundária; ● É característico o acometimento de mucosas; ● Em geral, não há recorrência - a imunidade dura para o resto da vida; ● Não é recomendado o tratamento com antivirais para crianças de até 12 anos de idade, utilizando-se apenas sintomáticos, higienização da lesão e antibióticos sistêmicos em caso de infecção secundária. Porém, em caso de doença moderada a grave, é indicado aciclovir em dose de 20mg/kg VO 4x ao dia; ● Adolescentes acima de 12 anos e adultos são tratados com aciclovir ou fanciclovir; ● A profilaxia é feita com vacinas específicas; 2.2.2. Herpes Zóster ● A herpes zóster tem incidência preponderante em adultos após a 5ª década, mas não é rara em jovens; ● É uma doença benigna, autolimitada e dura cerca de 2 semanas, exceto em pacientes imunodeprimidos, os quais apresentam quadro mais extenso e arrastado; ● Frequentemente acomete o N. trigêmeo (consequentemente o N. oftálmico); ● A erupção é assimétrica e respeita o dimídio, acometendo apenas um dermátomo; ● Eritema com vesículas agrupadas e/ou bolhas confinadas ao trajeto nervoso acometido. Associadas, neuralgia e hiperestesia - dor lancinante; ● O tratamento é feito com aciclovir VO em altas doses por 7-10 dias; ● O tratamento da neuralgia pós-herpética inclui carbamazepina, amitriptilina, benzodiazepínicos, opiáceos e bloqueio ganglionar; 2.3. Outros HHV ● HHV 4: Epstein-Barr - mononucleose infecciosa; ● HHV 5: citomegalovírus - síndrome de TORCH, blueberry muffin baby; Isabela Valinho, 5ºP ● HHV 6 e HHV 7 - exantema súbito (roséola infantum); ● HHV 8 - sarcoma de Kaposi (muito associado ao HIV); 3. Papovavírus 3.1. Infecção por HPV ● HPV 16 e 18 têm potencial oncogênico; ● A transmissão de HPV ocorre por contato íntimo com alguém infectado; ● Soluções de continuidade na pele são necessárias para a inoculação do vírus, o que explica as verrugas em área de trauma e o fenômeno de Koebner; ● A auto inoculação é possível; ● Quanto mais antiga a lesão genital, menos contagiosa; ● Clínica ○ Cutâneas e extra cutâneas; ○ Verrugas comuns ou vulgares, filiformes, planas, plantares, anogenitais e papulose bowenoide; ● Verruga vulgar: pápulas ceratóticas de superfície grosseira, isoladas ou agrupadas na superfície cutânea, medindo alguns milímetros de diâmetro, em número variável, situadas em qualquer região do corpo. Pode ocorrer fenômeno de Koebner; ● Condiloma acuminado: ○ Aspecto de couve-flor; ○ Tratamento: remoção com laser, podofilina,imiquimode, criocirurgiae eletrocirurgia (com cuidado porque a disseminação pode ser via aerossol); 4. Poxviridae 4.1. Infecção por poxvírus ● Diferente da varicela, o quadro é monomórfico; Isabela Valinho, 5ºP ● Molusco contagioso ○ É uma afecção frequente, causada por parapoxvirus, que atinge exclusivamente a pele e, excepcionalmente as mucosas; ○ É de distribuição universal e mais comum em crianças; ○ Transmitido pelo contato individual, na área genital; ○ Em adultos, geralmente é transmitido sexualmente; ○ É mais frequente em atópicos; ○ As lesões são mais abundantes e maiores em imunodeprimidos; ○ Pápulas semiesféricas, sésseis, geralmente umbilicadas ou com discreta depressão central, assintomáticas se não infectadas e dolorosas se infectadas; ○ Se localizam em qualquer região da pele, mas são mais comuns em tronco, membros e genitália; ○ As pápulas apresentam dimensões diversas, desde as puntiformes até as umbilicadas (típicas); ○ Em atópicos, pode ocorrer uma área de eczematização envolvendo pápulas de molusco; 5. Enterovírus ● Síndrome pé-mão-boca; Isabela Valinho, 5ºP