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Embriologia do sistema urinário Desenvolve-se a partir do mesênquima intermediário derivado da parede dorsal do embrião Durante o dobramento do embrião no plano horizontal o mesênquima é deslocado ventralmente e perde sua conexão com os somitos A crista urogenital se forma e da origem ao cordão nefrogênico (urinário) e a crista gonadal (reprodutor) por vias de sinalização Desenvolvimento dos rins e ureteres Três conjuntos sucessivos de rins se desenvolvem nos embriões humanos. O 1º– pronefro – é rudimentar e não funcional. O 2º – mesonefro –desenvolvido e funciona brevemente durante o período fetal. O 3º– metanefro – forma os rins permanentes. Pronefro Os pronefros transitórios bilaterais aparecem no início da quarta semana. Localizados na região do pescoço Os ductos pronéfricos dirigem-se caudalmente e se abrem na cloaca e os pronefrons logo se degeneram; entretanto, a maioria das partes dos ductos pronéfricos persiste e é utilizada pelo segundo conjunto de rins. Mesonefro Final da quarta semana, caudalmente ao pronefro Os rins mesonéfricos consistem em 40 glomérulos com túbulos mesonéfricos Os túbulos se abrem nos ductos mesonéfricos, originalmente os ductos pronéfricos. Os ductos mesonéfricos se abrem na cloaca O mesonefro produz urina entre as semanas 6 e 10, até que os rins permanentes comecem a funcionar O mesonefro se degenera no final da 12ª semana; seus túbulos tornam-se os dúctulos eferentes dos testículos. Metanefro Início da quinta semana, se torna funcional aproximadamente 4 semanas depois. A produção da urina continua durante toda a vida fetal e é excretada na cavidade amniótica e forma uma parte do líquido amniótico. Os rins permanentes se desenvolvem a partir de duas fontes •O broto uretérico (divertículo metanéfrico) •O blastema metanefrogênico (massa metanéfrica do mesênquima). O broto uretérico é um divertículo a partir do ducto mesonéfrico, próximo à sua entrada na cloaca. O broto uretérico é o primórdio do ureter, da pelve renal, do cálice (subdivisões da pelve renal) e dos túbulos coletores. O broto alongado penetra no blastema metanefrogênico – derivado do cordão nefrogênico –, que forma os néfrons O pedúnculo do broto uretérico torna-se o ureter, e a parte cranial do divertículo sofre repetidas ramificações e se diferenciam nos túbulos coletores do metanefro Os túbulos coletores retos sofrem repetidas ramificações, formando sucessivas gerações de túbulos coletores. As quatro primeiras gerações de túbulos aumentam e se aglutinam para formar os cálices maiores as quatro gerações seguintes se unem para formar os cálices menores. A extremidade de cada túbulo coletor arqueado induz grupos de células mesenquimais no blastema metanefrogênico a formar pequenas vesículas metanéfricas que se alongam e se tornam os túbulos metanéfricos As extremidades proximais desses túbulos são invaginadas pelos glomérulos. O corpúsculo renal (glomérulo e sua cápsula) e seu túbulo contorcido proximal, a alça do néfron (alça de Henle), e o túbulo contorcido distal formam um néfron Cada túbulo contorcido distal entra em contato com um túbulo contorcido arqueado. Os túbulos coletores tornam-se confluentes, formando um túbulo urinífero (conjunto de néfron + túbulos coletores) Até a 36ª semana o número de néfrons aumenta Os rins fetais são subdivididos em lobos. A lobulação desaparece durante a infância à medida que os néfrons aumentam de tamanho. A maturação funcional dos rins ocorre após o nascimento, mas nenhum néfron adicional é formado Ocorre o alongamento dos túbulos contorcidos proximais e aumento do tecido intersticial Broto uretérico e blastema metanefrogênico estimulam um ao outro para o desenvolvimento final do rim e ureter Mudanças posicionais dos rins Os rins metanéfricos em desenvolvimento ficam próximos um do outro na pelve Conforme o abdome e a pelve crescem, os rins gradualmente se realocam no abdome e se afastam um do outro Atingem sua posição adulta em cada lado da coluna vertebral na nona semana. Essa “ascensão” resulta principalmente do crescimento relativo do corpo do embrião caudal aos rins. Conforme os rins mudam de posição, também giram medialmente, aproximadamente 90°. Por volta da nona semana, os rins entram em contato com as glândulas suprarrenais à medida que atingem sua posição adulta Mudanças no suprimento sanguíneo dos rins Inicialmente, as artérias renais são ramos das artérias ilíacas comuns Posteriormente, os rins recebem seu suprimento sanguíneo da extremidade distal da aorta Os rins recebem seus ramos mais craniais, que se tornam as artérias renais, a partir da aorta abdominal. Normalmente, os ramos caudais primordiais sofrem involução e desaparecem Desenvolvimento da bexiga urinária O seio urogenital é dividido em três partes •Uma parte vesical, que forma a maior parte da bexiga e é contínua com o alantoide •Uma parte pélvica, que se torna a uretra no colo da bexiga, a parte prostática da uretra nos homens e a uretra inteira nas mulheres •Uma parte fálica, que cresce em direção ao tubérculo genital– o primórdio do pênis ou do clítoris. A bexiga se desenvolve principalmente da parte vesical do seio urogenital, porém o trígono (área triangular na base da bexiga entre as aberturas dos ureteres) é derivado da extremidade caudal dos ductos mesonéfricos Inicialmente, a bexiga é contínua com o alantoide O alantoide sofre constrição e se torna um cordão fibroso e espesso, o úraco Em adultos, o úraco é representado pelo ligamento umbilical mediano. Conforme a bexiga aumenta, partes distais dos ductos mesonéfricos são incorporadas dentro de sua parede dorsal Esses ductos contribuem para a formação do tecido conjuntivo no trígono da bexiga. O epitélio de toda a bexiga é derivado da endoderme do seio urogenital. As outras camadas da parede da bexiga se desenvolvem a partir do mesênquima esplâncnico adjacente. Conforme os ductos mesonéfricos são absorvidos, os ureteres se abrem separadamente na bexiga urinária Nos homens, os orifícios dos ductos mesonéfricos se movem juntos e entram na parte prostática da uretra, conforme as extremidades caudais desses ductos se tornam os ductos ejaculatórios Nas mulheres, as extremidades distais dos ductos mesonéfricos degeneram. Desenvolvimento da uretra O epitélio da maior parte da uretra masculina e de toda a uretra feminina é derivado da endoderme do seio urogenital A parte distal da uretra na glande do pênis é derivada de um cordão de células ectodérmicas que cresce da glande e se une ao restante da uretra esponjosa Consequentemente, o epitélio da parte terminal da uretra é derivado da ectoderme superficial. O tecido conjuntivo e o músculo liso da uretra em ambos os sexos são derivados do mesênquima esplâncnico. Anatomia do sistema urinário 2 rins, 2 ureteres, 1 bexiga urinária e 1 uretra Os rins localizados acima da cintura, entre o peritônio e a parede posterior do abdome, retroperitoneais Localizados entre os níveis das últimas vértebras torácicas e a terceira vértebra lombar (L III), parcialmente protegidos pelas costelas XI e XII. O rim direito está discretamente mais baixo do que o esquerdo, porque o fígado ocupa espaço no lado direito superior ao rim. Anatomia externa dos rins A margem medial côncava de cada rim está voltada para a coluna vertebral. Perto do centro da margem côncava está um recorte chamado hilo renal, através do qual o ureter emerge do rim, juntamente com os vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Irrigação sanguínea e inervação dos rins Rins recebem 20 a 25% do débito cardíaco de repouso por meio dasartérias renais direita e esquerda No rim, a artéria renal se divide em várias artérias segmentares, que irrigam diferentes segmentos do rim. Cada artéria segmentar emite vários ramos que penetram no parênquima e passam ao longo das colunas renais entre os lobos renais como as artérias interlobares. Um lobo renal consiste em uma pirâmide renal, um pouco da coluna renal em ambos os lados da pirâmide renal, e o córtex renal na base da pirâmide renal Nas bases das pirâmides renais, as artérias interlobares se arqueiam entre o córtex e a medula renais; artérias arqueadas. As divisões das artérias arqueadas produzem várias artérias interlobulares. Estas artérias irradiam para fora e entram no córtex renal. Neste local, emitem ramos chamados arteríolas glomerulares aferentes. Cada néfron recebe uma arteríola glomerular aferente, que se divide em um enovelado capilar chamado glomérulo. Os glomérulos capilares então se reúnem para formar uma arteríola glomerular eferente, que leva o sangue para fora do glomérulo. Os glomérulos são considerados parte do sistema circulatório e urinário. As arteríolas eferentes se dividem para formar os capilares peritubulares, que circundam as partes tubulares do néfron no córtex renal. Estendendo-se de alguns capilares glomerulares eferentes estão capilares longos, em forma de alça, chamados arteríolas retas, que irrigam porções tubulares do néfron na medula renal Os capilares peritubulares por fim se unem para formar as veias interlobulares, que também recebem sangue das arteríolas retas. Em seguida, o sangue flui pelas veias arqueadas para as veias interlobares, que correm entre as pirâmides renais. O sangue sai do rim por uma veia renal única que emerge pelo hilo renal e transporta o sangue venoso para a veia cava inferior. Muitos nervos renais se originam no gânglio renal e passam pelo plexo renal para os rins, juntamente com as artérias renais. Os nervos renais integram a parte simpática da divisão autônoma do sistema nervoso. A maior parte consiste em nervos vasomotores que regulam o fluxo sanguíneo renal, causando dilatação ou constrição das arteríolas renais. Partes do néfron Unidades funcionais dos rins. Cada néfron consiste em 2 partes: um corpúsculo renal, onde o plasma sanguíneo é filtrado, e um túbulo renal, pelo qual passa o líquido filtrado Os dois componentes de um corpúsculo renal são o glomérulo e a cápsula glomerular (de Bowman) O plasma sanguíneo é filtrado na cápsula glomerular, e então o líquido filtrado passa para o túbulo renal, que tem três partes principais. Em ordem de recebimento do líquido que passa por eles, o túbulo renal consiste em um túbulo contorcido proximal, alça de Henle e túbulo contorcido distal O corpúsculo renal e os túbulos contorcidos proximais e distais se localizam no córtex renal; a alça de Henle se estende até a medula renal, faz uma curva fechada, e então retorna ao córtex renal. Os túbulos contorcidos distais de vários néfrons drenam para um único ducto coletor. Os ductos coletores então se unem e convergem em várias centenas de grandes ductos papilares, que drenam para os cálices renais menores. Os ductos coletores e papilares se estendem desde o córtex renal ao longo da medula renal até a pelve renal. Então, um rim tem aproximadamente 1 milhão de néfrons, mas um número muito menor de ductos coletores e ainda menor de ductos papilares. Em um néfron, a alça de Henle comunica os túbulos contorcidos proximais e distais. A primeira parte da alça de Henle começa no ponto em que o túbulo contorcido proximal faz a sua última curva descendente. Inicia-se no córtex renal e estende-se para baixo e para dentro da medula renal, onde é chamada ramo descendente da alça de Henle Em seguida, faz uma curva fechada e retorna para o córtex renal, onde termina no túbulo contorcido distal e é conhecido como ramo ascendente da alça de Henle. Aproximadamente 80 a 85% dos néfrons são corticais. Seus corpúsculos renais se encontram na parte externa do córtex renal, e têm alças de Henle curtas, que se encontram principalmente no córtex e penetram somente na região externa da medula renal As alças de Henle curtas são irrigadas por capilares peritubulares que emergem das arteríolas glomerulares eferentes. Os outros 15 a 20% dos néfrons são néfrons justamedulares. Seus corpúsculos renais encontram-se profundamente no córtex, próximo da medula renal, e têm alças de Henle longas que se estendem até a região mais profunda da medula renal As alças de Henle longas são irrigadas por capilares peritubulares e arteríolas retas que emergem das arteríolas glomerulares eferentes. ramo ascendente da alça de Henle dos néfrons justamedulares consiste em duas partes: uma parte ascendente delgada seguida por uma parte ascendente espessa O lúmen da parte ascendente fina é o mesmo que em outras áreas do túbulo renal; apenas o epitélio é mais fino. Os néfrons com alça de Henle longa possibilitam que os rins excretem urina muito diluída ou muito concentrada Rins Espaço retroperitonial com +ou - 150g Envolvido por tecido adiposo para proteger contra choques e por uma capsula de tecido conjunto denso (parênquima renal) Uma borda convexa e outra côncava, na qual se situa o hilo onde entram e saem vasos sanguíneos, entram nervos e saem os ureteres Componentes dos rins O parênquima é composto de 2 camadas: •O córtex contínuo e situado abaixo da cápsula •A medula mais interna, apoiada sobre o seio renal e a pélvis. A medula é descontínua porque porções da cortical, chamadas colunas renais, interpõem-se entre segmentos da medula. Pirâmides renais A medula é composta das pirâmides renais (de Malpighi) – 4 a 18 pirâmides renais As bases das pirâmides estão voltadas para a cortical, e junto à base de cada pirâmide há os raios medulares, extensões da medular formadas por conjuntos de túbulos renais paralelos que penetram na cortical Os vértices das pirâmides fazem saliência nos espaços representados pelos cálices menores e constituem as papilas renais. A superfície da extremidade de cada papila renal (ponta) é perfurada por 10 a 25 orifícios formando a estrutura denominada área crivosa. Por meio dos orifícios, a urina deixa o sistema de túbulos renais e passa para os cálices e para a pélvis renal. Lobulação do rim Cada lobo renal é formado por: uma pirâmide renal; a porção da cortical situada sobre a base da pirâmide; e as duas metades das colunas renais adjacentes à pirâmide. Os lobos não têm bordas definidas, não são delimitados por tecido conjuntivo. Os lóbulos renais são conceituados por serem formados por um raio medular e pelo tecido cortical situado ao seu redor, sendo delimitado pelas artérias interlobulares; não têm limites observáveis em cortes histológicos. Estrutura do parênquima renal É constituído dos túbulos uriníferos, formados por: os néfrons e os ductos coletores. Cada néfron é formado por uma porção inicial dilatada, o corpúsculo renal ou corpúsculo de Malpighi, e por uma sequência de túbulos: o túbulo contorcido proximal; as duas porções espessas da alça de Henle, entre as quais se situa a porção delgada da alça de Henle; e o túbulo contorcido distal Os corpúsculos, os túbulos proximais e distais situam- se no córtex; as alças de Henle e os ductos coletores, no córtex e na medula Interstício renal O epitélio dos túbulos uriníferos está apoiado sobre uma lâmina basal, a qual é envolvida pelo escasso tecido conjuntivo do interior do rim denominado interstício renal, no qual há vasos sanguíneos e linfáticos. O interstício renal é muito reduzido na cortical, mas existe em quantidade maior na medular. Seu tecido conjuntivo tem fibroblastos, fibras reticulares e, principalmentena medula, uma substância fundamental muito hidratada e rica em proteoglicanos. No interstício da medula, há células secretoras chamadas células intersticiais, que contêm gotículas lipídicas no citoplasma e participam da produção de prostaglandinas e prostaciclinas. As células do interstício do córtex renal produzem 85% da eritropoetina do organismo, um hormônio glicoproteico que estimula a produção de eritrócitos pelas células da medula óssea hematopoética. O fígado sintetiza os 15% restantes da eritropoetina necessária para o bom funcionamento do erítron. Corpúsculos renais e filtração do plasma Os corpúsculos renais, são pequenas esferas localizadas no córtex Conforme as suas localizações, originam: néfrons justamedulares, intermediários ou superficiais. Os primeiros são cerca de 25% do total e seus corpúsculos estão localizados próximos da medula; os superficiais situam-se próximos à cápsula; e os intermediários entre os dois. A localização dos glomérulos tem importantes consequências para a transformação do filtrado glomerular em urina Os corpúsculos renais são formados por uma rede de capilares sanguíneos, o glomérulo renal, e pela cápsula de Bowman, a parede do corpúsculo. Os corpúsculos têm dois polos: o polo vascular, pelo qual penetra uma arteríola aferente e sai uma arteríola eferente, e o polo urinário, pelo qual sai o túbulo contorcido proximal Os capilares glomerulares são do tipo fenestrado, sem diafragmas fechando os poros das células endoteliais. A pressão hidrostática no interior dos capilares glomerulares é elevada em comparação com outros capilares do corpo. Essa pressão hidrostática promove a filtração do plasma através da parede dos capilares, resultando na formação do filtrado glomerular. Cápsula de Bowman Envolve o glomérulo. É formada por dois folhetos de células: o folheto parietal e o folheto visceral. O primeiro reveste a superfície interna da parede da cápsula e o segundo está disposto em torno dos capilares glomerulares O espaço no interior do corpúsculo, situado em torno da rede de capilares, é denominado espaço de Bowman (capsular) que recebe o filtrado glomerular do plasma e se continua com o lúmen do túbulo contorcido proximal, para onde o filtrado se dirige O folheto parietal da cápsula de Bowman é constituído de um epitélio simples pavimentoso, que se apoia sobre uma lâmina basal envolvida externamente por uma fina camada de fibras reticulares, e ambos constituem uma membrana basal bem visível ao microscópio de luz. O epitélio, a lâmina basal e as fibras formam a parede do corpúsculo. As células do folheto visceral, podócitos, colocam-se sobre os capilares Os podócitos são formados por um corpo celular de onde partem diversos prolongamentos primários que dão origem a prolongamentos secundários Os prolongamentos abraçam os capilares, colocando-se sobre a lâmina basal dos capilares e aderindo a ela por meio de várias proteínas, entre as quais se destacam as integrinas Entre os prolongamentos secundários dos podócitos há delgados espaços denominados fendas de filtração As fendas são obstruídas por uma membrana muito delgada que faz parte da barreira de filtração. A membrana é constituída de um conjunto de proteínas As proteínas da membrana atravessam a membrana plasmática dos podócitos e se ligam a filamentos de actina do citoplasma. Lâmina basal dos capilares glomerulares As células endoteliais dos capilares estão apoiadas sobre uma espessa lâmina basal, resultado da fusão da lâmina basal do endotélio com a dos podócitos. Ela contém fibronectina, que estabelece ligações com as membranas plasmáticas das células endoteliais. A lâmina basal é um componente importante da barreira de filtração glomerular. Sua estrutura se assemelha a um feltro formado por colágeno tipo IV e laminina em uma matriz que contém proteoglicanos eletricamente negativos (aniônicos), que retêm moléculas carregadas positivamente. Esses componentes constituem um filtro de macromoléculas, que atua como uma barreira física. A barreira de filtração glomerular é, portanto, formada pelos seguintes componentes: células endoteliais (fenestradas) dos capilares glomerulares, lâmina basal, prolongamentos dos podócitos e membranas das fendas de filtração Células mesangiais Nos glomérulos, há as células mesangiais internas, localizadas principalmente nos espaços do glomérulo em que a lâmina basal envolve duas ou mais alças capilares adjacentes São células contráteis e têm receptores para angiotensina II, um vasoconstritor de arteríolas, e a ativação desses receptores reduz o fluxo sanguíneo glomerular. Contêm ainda receptores para o fator natriurético atrial, produzido pelas células musculares dos átrios cardíacos, um hormônio vasodilatador que relaxa as células mesangiais e aumenta o volume de sangue que passa pelos capilares. As células mesangiais têm funções: oferecer suporte estrutural ao glomérulo, sintetizar matriz extracelular, fagocitar e digerir substâncias normais e patológicas retidas pela barreira de filtração e produzir moléculas biologicamente ativas, como prostaglandinas e endotelinas, fatores de crescimento e citocinas. As endotelinas causam contração da musculatura lisa das arteríolas aferentes e eferentes do glomérulo. Túbulo contorcido proximal No polo urinário do corpúsculo renal, as células do folheto parietal da cápsula de Bowman se continuam com o epitélio cuboide ou colunar baixo do túbulo contorcido proximal; dessa maneira, o espaço de Bowman se continua com o lúmen dos túbulos proximais A maior parte do trajeto desse túbulo é tortuosa. Como ele é mais longo que o túbulo contorcido distal, as secções dele são vistas mais frequentemente em cortes histológicos que secções de túbulos distais. Os núcleos esféricos dos túbulos proximais se situam na porção basal das células. Essas células são relativamente largas e, por esse motivo, nos cortes transversais do túbulo costumam ser vistos poucos núcleos. Seu citoplasma é acidófilo, corando-se bem, por exemplo, pela eosina e pela pararrosanilina A superfície apical das células dos túbulos proximais tem grande quantidade de microvilos, que formam uma orla em escova bastante evidente Os microvilos oferecem um grande aumento da superfície apical, na qual há uma intensa atividade de reabsorção de substâncias do filtrado glomerular. grande quantidade de projeções laterais que se interdigitam com projeções das células adjacentes Há muitas mitocôndrias no interior dessas projeções para fornecer ATP para a atividade de bombas de sódio presentes na membrana basolateral das células e importantes para o transporte de íons do citoplasma para o interstício renal. Alça de Henle A alça de Henle está intercalada entre o túbulo proximal e o túbulo distal. Ela é composta de um ramo delgado, em forma de letra U, formado por um ramo descendente e um ramo ascendente. O ramo delgado está interposto entre dois ramos espessos (descendente e ascendente), com trechos curvos e trechos retilíneos Os ramos espessos são formados por um epitélio simples cúbico e têm aspecto semelhante ao dos túbulos contorcidos distais O ramo espesso descendente, após penetrar na medula, estreita-se transformando-se no ramo delgado descendente. Este, após a curvatura, retorna em direção do córtex sob forma do ramo delgado ascendente que se continua com o ramo espesso ascendente, que penetra no córtex. O lúmen da alça delgada é relativamente amplo e sua parede é muito delgada, pois passa abruptamente a ser formada por um epitélio simples pavimentoso Os ramos delgados se situam na medula, enquanto a localização dos ramos espessos depende da posição ocupada pelo glomérulo de onde se originaram (justamedulares, intermediáriosou superficiais). Túbulo contorcido distal continuação do ramo espesso ascendente da alça de Henle, situa-se no córtex e tem um trajeto tortuoso. Sua parede é um epitélio simples cúbico. Em cortes histológicos, a distinção entre esse túbulo e o proximal baseia-se nas seguintes características: as células dos túbulos distais são mais estreitas e mais baixas que as dos túbulos proximais; consequentemente, o lúmen dos túbulos distais é mais amplo que o dos proximais. Além disso, suas células não têm orla em escova e são menos coradas e menos acidófilas, em parte por conterem menos mitocôndrias. Mácula densa A região final do ramo espesso ascendente da alça de Henle ou a região inicial do túbulo contorcido distal têm uma característica: esses túbulos voltam a se aproximar do corpúsculo renal do qual se originaram. Os núcleos das células epiteliais da parede do túbulo na região de grande proximidade se situam muito próximos entre si As células da mácula densa são sensíveis ao conteúdo iônico e ao volume de água do fluido presente no lúmen do túbulo. Produzem moléculas sinalizadoras que promovem a liberação da enzima renina na circulação. Faz parte do aparelho justaglomerular Ductos coletores No córtex, grupos de seis a oito túbulos contorcidos distais de diferentes néfrons se unem para formar os ductos coletores corticais por meio de curtos túbulos de conexão (muitos têm forma de arcos). Os ductos coletores são revestidos por epitélio simples cúbico. Eles se unem em ductos mais calibrosos que se dirigem para a medula, na qual são denominados ductos coletores medulares, que se distinguem por terem um halo claro em torno dos núcleos esféricos. Os ductos coletores medulares se reúnem em cerca de 20 ductos mais calibrosos chamados ductos papilares (de Bellini). Eles se dirigem para os vértices das papilas renais e terminam nos orifícios da área crivosa das papilas, pelos quais a urina é transferida para os cálices renais O epitélio dos ductos coletores tem dois tipos de células: claras ou principais e menor quantidade de células escuras ou intercaladas. As células claras têm um cílio isolado em sua superfície apical, que poderia estar relacionado com a detecção do fluxo de líquido no interior do ducto e na indução de excreção de potássio. Em suas membranas plasmáticas, estão inseridas grandes quantidades de moléculas de aquaporinas-2, moléculas que têm poros e que são canais de água. A atividade dessas moléculas é regulada pelo hormônio antidiurético secretado pela neuro-hipófise. Têm também receptores para o hormônio aldosterona, secretado pelas adrenais. Aparelho justaglomerular Próximo ao corpúsculo renal, as células musculares da parede da arteríola aferente são células modificadas. São chamadas células justaglomerulares Têm núcleos esféricos e seu citoplasma contém grânulos de secreção que participam da regulação da pressão sanguínea. A mácula densa do túbulo distal (ou da porção ascendente espessa da alça de Henle) se localiza próximo às células justaglomerulares, formando com elas um conjunto chamado aparelho justaglomerular. Também estão associadas ao aparelho justaglomerular células mesangiais extraglomerulares. As células da mácula densa são sensíveis à concentração de sódio no interior do túbulo e estimulam as células justaglomerulares a secretarem renina. De maneira indireta, a renina age sobre a secreção de aldosterona, um hormônio da camada cortical da glândula adrenal que aumenta a pressão arterial, da seguinte maneira: a renina atua sobre o angiotensinogênio (uma globulina do plasma), o qual libera um decapeptídio – a angiotensina I. Uma enzima do plasma remove dois aminoácidos da angiotensina I, formando a angiotensina II. Os principais efeitos fisiológicos da angiotensina II são: aumentar a pressão sanguínea e induzir a secreção pela glândula adrenal de aldosterona, hormônio que inibe a excreção do sódio pelos rins. A diminuição da concentração de sódio no sangue é um estímulo para a liberação da renina, que acelera a secreção de aldosterona. Inversamente, o excesso de sódio no sangue deprime a secreção de renina, que inibe a produção de aldosterona, aumentando, então, a excreção de sódio pela urina. O aparelho justaglomerular exerce, portanto, um importante papel no controle do balanço hídrico (já que água é retida ou eliminada junto ao sódio) e do equilíbrio iônico do meio interno. Cálices, pélvis renal, ureteres, bexiga e uretra Os cálices, a pélvis renal, os ureteres e a bexiga têm a mesma estrutura básica, embora suas paredes se tornem gradualmente mais espessas na direção da bexiga. A mucosa dessas estruturas é revestida internamente por um urotélio ou epitélio de transição, que forma uma barreira entre a urina e o fluido presente no tecido conjuntivo subjacente, dificultando a passagem de água e de íons. Além disso, esse epitélio se adapta ao estado de distensão dos órgãos que reveste. A mucosa da bexiga e dos ureteres é pregueada quando o órgão está vazio, o que facilita a sua distensão quando a bexiga está cheia e durante a passagem de urina pelos ureteres. A espessura do epitélio aumenta desde os cálices até a bexiga. O urotélio da bexiga repousa sobre uma lâmina própria de tecido conjuntivo, que varia do frouxo ao denso, e em torno da mucosa há feixes de tecido muscular liso em várias direções, enquanto em torno do urotélio do ureter a lâmina própria é delgada A túnica muscular do ureter é formada por uma camada longitudinal interna e uma circular externa, de tecido muscular liso. A partir da porção inferior do ureter aparece uma camada longitudinal externa. Nos ureteres, a musculatura lisa exibe peristaltismo, que ajuda a impelir a urina em direção da bexiga. Os ureteres atravessam a parede da bexiga obliquamente, formando uma estrutura semelhante a uma válvula que impede o refluxo de urina. A parte do ureter colocada na parede da bexiga mostra apenas músculo longitudinal, cuja contração abre a válvula e facilita a passagem de urina do ureter para a bexiga. Na parte proximal da uretra, a musculatura da bexiga forma um esfíncter interno. Para a micção, são necessários a contração da musculatura da bexiga e o concomitante relaxamento do esfíncter. As vias urinárias são envolvidas externamente por uma camada adventícia de tecido conjuntivo, exceto a parte superior da bexiga, que é recoberta por folheto parietal do peritônio. Uretra É um tubo que transporta a urina da bexiga para o exterior para a micção. No sexo feminino, é um órgão exclusivamente do sistema urinário, revestido internamente por epitélio pseudoestratificado colunar e por epitélio estratificado pavimentoso. Próximo à sua abertura exterior, a uretra feminina contém um esfíncter de músculo estriado, o esfíncter externo da uretra. No sexo masculino, além de conduzir urina, a uretra dá passagem ao esperma durante a ejaculação. A uretra masculina é formada pelas porções prostática, membranosa e cavernosa ou peniana. A porção prostática atravessa o interior da próstata e os ductos que transportam a secreção da próstata abrem-se na uretra prostática. Na parte dorsal da uretra prostática, há uma elevação que provoca saliência para o interior da uretra, o verumontanum, em cujo ápice abre-se um tubo em fundo cego de cerca de 1 cm de comprimento sem função conhecida, o utrículo prostático. Nos lados do verumontanum abrem-se os dois ductos ejaculadores, pelos quais chega o líquido espermático. A uretra prostática é revestida por urotélio. A uretra membranosa tem apenas cerca de 1 cm de extensão e é revestida por epitélio pseudoestratificado colunar. Nessa parte da uretra, há um esfíncter de músculo estriado: o esfíncter externo da uretra.A uretra cavernosa localiza-se no pênis, no interior do corpo cavernoso da uretra Próximo à sua extremidade externa, o lúmen da uretra cavernosa dilata-se, formando a fossa navicular. O epitélio da uretra cavernosa é pseudoestratificado colunar, com áreas de epitélio estratificado pavimentoso. As glândulas de Littré, de tipo mucoso, encontram-se em toda a extensão da uretra, embora predominem na uretra peniana. Algumas dessas glândulas têm suas porções secretoras fazendo parte do epitélio de revestimento da uretra, enquanto outras contêm ductos excretores.