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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA VITOR DA SILVA BELO LIMA Matrícula: 20222300433 INVESTIGAÇÃO DE CRIME INTRAFAMILIAR Duque de Caxias 2022 Análise de uma situação concreta No decorrer de nossa disciplina, pudemos analisar uma variedade de meios processuais e tipos penais, alcançando um conhecimento múltiplo acerca dos crimes intrafamiliares e suas possíveis ferramentas e métodos de investigação. Agora, chegou o momento de testar os conhecimentos teóricos adquiridos aplicando-os a uma situação prática. Tomando como base tais conhecimentos, lhe convido a analisar a situação problematizadora descrita a seguir: Após ter sido noticiado que Margarida foi sido violentada por seu ex-esposo, vindo a desmaiar após todos os socos que lhe foram desferidos, a polícia passou a procurar pessoas que houvessem presenciado o fato. Mesmo depois de buscas significativas, concluiu-se que a única testemunha das agressões era Joaquim, filho da vítima e do agressor, com exatos oito anos de idade, que aparentava sentir medo em relação ao seu genitor. No dia da oitiva do menor na delegacia, este foi ouvido em procedimento investigativo comum, inquirido pelo delegado de polícia, bem como pelo advogado de defesa do acusado, na presença deste, inclusive. Três meses depois, em sede de processo penal destinado à punição do pai de Joaquim pelas agressões contra sua mãe, o juiz de direito permitiu que a criança prestasse novo depoimento em frente ao acusado, tendo sido inquirida diversas vezes sobre a mesma situação, por diversas pessoas. Considerando a situação acima, indique os equívocos procedimentais produzidos na situação narrada, de forma justificada, apontando, inclusive, os fundamentos legais que amparam sua resposta. Analizando o caso acima de Margarida e de seu filho, Joaquim, podemos identificar alguns equívocos procedimentais na situação descrita, que violam direitos e garantias da vítima e do menor envolvido. Podemos começar com o depoimento de Joaquim foi realizado em um procedimento investigativo comum, sem a adição de técnicas para ouvir crianças vítimas de violência, como a escuta especializada prevista no art. 190 da Lei nº 13.431/2017. Fica estabelecido que, em casos de violência física, sexual, ou psicológica contra crianças e adolescentes, deve ser garantido o depoimento especial, que é uma técnica de investigação mais adequada ao fase de desenvolvimento da criança, propondo-se evitar sua revitimização. A não utilização da mesma infringe o direito da criança a uma proteção especial, prevista no art. 227 da Constituição Federal e no art. 100 do Estatuto da Criança e do Adolescente. O mesmo fato foi realizado na presença do advogado de defesa do acusado, o que pode ter causado desconforto à criança e dificultando sua capacidade de relatar os fatos com mais liberdade. Isso infringe o direito da vítima a um tratamento digno e respeitoso, previsto no art. 5º, inciso III, da Constituição Federal, podendo prejudicar a produção de provas. Ainda no depoimento da criança, ele foi realizado na presença do acusado, seu pai, o que pode ter causado medo nele, o prejudicando a relatar os fatos com sinceridade. Esse procedimento infrige o direito da vítima a um tratamento respeitoso e digno, previsto no art. 5º, inciso III, da Constituição Federal, e pode prejudicar a produção de provas. A criança foi abordada várias vezes sobre a mesma situação, por diversas pessoas, o que pode ter causado confusão e estresse no Joaquim, prejudicando sua capacidade de lembrar dos fatos com precisão. Esse caso infringe o direito da criança a um tratamento adequado e proporcional à sua condição de pessoa em desenvolvimento, previsto no art. 227 da Constituição Federal e no art. 100 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Em síntese, nesse caso concreto apresenta alguns equívocos procedimentais que infringe direitos fundamentais da vítima e do menor envolvido, afetando a produção de provas e a garantia da justiça. É de suma importancia que os procedimentos investigativos e processuais sejam conduzidos com respeito aos direitos e garantias fundamentais das partes envolvidas, em especial das crianças e adolescentes vítimas de violência.