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Doenças autoimunes Yasmin Nascimento Bernardes Coelho PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA E PARASITOLOGIA APLICADAS Tolerância pode ser induzida por: Mecanismos que eliminam ou inativam linfócitos que apresentam receptores de alta afinidade para autoantígenos. CTLA-4 Autoimunidade Introdução DOENÇAS AUTOIMUNES Conjunto de doenças desencadeadas por uma resposta autoimune patológica contra auto-antígenos (lesão tecidual) Introdução FATORES Suscetibilidade genética Ambientais Genes de suscetibilidade Falha na tolerância Linfócitos autorreativos Infecções bacterianas e virais, lesão teciduais, trauma 5 Classificação: hipersensibilidade Doença de Graves Miastenia Grave Tireoidite de Hashimoto Lúpus Eritematoso Sistêmico Artrite reumatoide Esclerose múltipla Diabetes mellitus tipo 1 HIPERSENSIBILIDADE TIPO II Doença Antígeno-alvo Mecanismos da Doença Manifestações Clinicopatológicas Doença de Graves (hipertireodismo) Receptor de TSH Estimulação de receptores do TSH mediada por anticorpos Hipertireoidismo Miastenia grave Estimulação de receptores do TSH mediada por anticorpos Anticorpo inibe ligação da acetilcolina, modulação negativa dos receptores Fraqueza muscular, paralisia Tireoidite de Hashimoto Tireoglobulina (TG) Peroxidase da tireóide (TPO) Autoanticorpos, células TCD8+ Hipotiroidismo HIPERSENSIBILIDADE TIPO III Doença Antígeno Envolvido Mecanismos da Doença Manifestações Clinicopatológicas Lúpus Eritematoso Sistêmico DNA, nucleoproteínas, outros Auto anticorpos nucleares Nefrite, artrite, vasculite HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV Doença Especificidade da Célula T Patogênica Mecanismos da Doença Manifestações Clinicopatológicas Artrite Reumatoide Colágeno, Proteínas próprias citrulinadas Células Th17 e Th1 Auto-anticorpos (fatores reumatóides) Inflamação crônica das articulações Esclerose múltipla Antígenos proteicos da mielina (p. ex.: proteína básica da mielina) Inflamação mediada por citocinas Th1 e Th17, CD8+ e macrofágos Disfunções neurológicas Diabetes mellitus tipo 1 Antígenos das células β das ilhotas Pancreáticas Células Th1 e CD8 Auto-anticorpos pancreáticos Hiperglicemia e poliúria 7 Lúpus Eritematoso Sistêmico – introdução Doença autoimune crônica multissistêmica. Afeta predominante mulheres de 20 a 60 anos. Principais manifestações clínicas: Erupções cutâneas Artrite Glomerulonefrite Anemia hemolítica Trombocitopenia Envolvimento do SNC Anticorpos encontrados: anticorpos antinucleares (anti-DNA), anticorpos contra ribonucleoproteínas, histonas e antígenos dos nucléolos. Lúpus Eritematoso Sistêmico - fisiopatologia LES Genéticos Ambientais Determinados alelos do HLA: HLA-DR2 HLA- DR3 Exposição à luz ultravioleta (UV) Morte apoptótica das células e liberação de antígenos nucleares Células B e T específicas para autoantígenos nucleares Células B produz anticorpos contra os autoantígenos nucleares IMUNOCOMPLEXOS ATIVAÇÃO S. COMPLEMENTO Lúpus Eritematoso Sistêmico - fisiopatologia Apoptose formação de corpos apoptóticos fragmentos da célula (fragmentos de DNA ou DNA complexado com histonas). IgM ancorada na célula B reconhece e se ligam aos corpos apoptóticos que caíram na corrente sanguínea internalizado pela célula B Célula B processa o antígeno, e através de MCH classe II externaliza para a célula T auxiliar citocinas que ativam o linfócito B em plasmócito secreta IgG IgG reconhece e se ligam os corpos apoptóticos IgG se associam formação complexo imune ativa sistema complemento Alta concentração de complexo imune no tecido ativação de C3b macrófagos secretam citocinas pró inflamatórias lesão do tecido FAN (fator ou anticorpo antinuclear) Anticorpos anti-Sm e anti-DNA Lúpus Eritematoso Sistêmico - diagnóstico Presença de um ou mais dos sintomas Exames de sangue e urina Lúpus Eritematoso Sistêmico - tratamento Corticoides Antimaláricos Imunossupressores Analgésicos e anti-inflamatórios Fotoprotetores Depleção de células B com anticorpo anti-CD20. Inibe a proliferação de linfócitos, inibindo a mitose. Artrite Reumatoide - introdução Doença inflamatória pequenas e grandes articulações das extremidades mãos, pés, punhos, ombro, joelhos e tornozelo. Mais prevalentes indivíduos do sexo feminino (três mulheres para cada homem) Idade média de 50 anos Prevalência da AR varia entre 0,2% e 1% na população brasileira. Artrite Reumatoide - fisiopatologia DOENÇA INFLAMATÓRIA Inflamação da sinóvia associada a destruição da cartilagem articular e óssea Aparência morfológica indicativa de uma resposta imune local Resposta imune humoral e mediada por células Sinovite Células CD4+ Th1 e Th17, linfócitos B ativados, plasmócitos e macrófagos e outras células Inflamatórias. IL-1, IL-8, TNF, IL-6, IL-17 e IFN-γ Recrutam leucócitos Dano tecidual Estimula a produção enzimas proteolíticas por células sinoviais colagenase Atividade aumentada dos osteoclastos destruição óssea Artrite Reumatoide - fisiopatologia Fator Reumatoide PAPEL DOS LINFÓCITOS B Anticorpos contribuem para a destruição da articulação Anticorpos circulantes IgM ou IgG REAGEM Porções Fc de suas próprias moléculas de IgG. Formação de imunocomplexos prejudiciais (ex. vasculite) Teste diagnóstico Artrite Reumatoide PAPEL DOS LINFÓCITOS B Anticorpos contribuem para a destruição da articulação Específico para peptídeos cíclicos citrulinados (CCP) Proteínas modificadas pelo ambiente inflamatório Conversão enzimática de resíduos de arginina em citrulina Lesão tecidual MARCADOR DIAGNÓSTICO Artrite Reumatoide - fisiopatologia Destruição progressiva da cartilagem e do osso. Fatores genéticos e ambientais Suscetibilidade à artrite reumatoide haplótipo HLA-DR4 e outros poucos alelos de HLA-DR. Agressões ambientais, como tabagismo e infecções Citrulinação de proteínas próprias novos epítopos antigênicos respostas de células T e de anticorpos contra as proteínas Células Th17, e talvez Th1 secretam citocinas que recrutam leucócitos para a articulação e ativam células sinoviais para produzir colagenases e outras enzimas Artrite Reumatoide - diagnóstico Avaliação laboratorial FATOR REUMATOÍDE – 75% dos casos no inicio da doença ANTICORPOS CONTRA PEPTÍDIO CITRULINADO CÍCLICO (PCC) - fases mais precoce da doença Anticorpos contra filagrina/profilagrina custo Proteína C reativa – atividade inflamatória Exames de imagem: radiografias, ultrassonografias, tomografias, ressonância etc. Artrite Reumatoide - tratamento Citocinas Antagonistas de TNF Anticorpo que bloqueia o receptor de IL-6 Antagonista de IL-1 Células T e B Bloqueio da coestimulação de B7:CD28 pela CTLA-4-Ig Depleção de células B com anticorpo anti-CD20 Esclerose Múltipla - Introdução Doença crônica degenerativa que atinge o sistema nervoso central; Mais comum de adultos jovens – 20 a 50 anos; Prevalência da doença no Brasil é de 5,01 a 20 pessoas a cada 100 mil habitantes Mulheres são mais acometidas; Exame patológico: inflamação na substância branca do SNC e desmielinização; Fraqueza, paralisia e sintomas oculares com exacerbações e remissões Pacientes com doença ativa formação frequente de novas lesões. Polimorfismo genético associado ao locus HLA: HLADRB1*1501 Esclerose Múltipla – introdução Doença autoimune do SNC T CD4 + das subpopulações Th1 e Th17 REAGEM CONTRA OS AUTOANTÍGENOS DA MIELINA INFLAMAÇÃO ATIVAÇÃO DE MACROFÁGOS AO REDOR DOS NERVOS NO CÉREBRO E MEDULA ESPINHAL DESTRUIÇÃO DA MIELNA Anormalidades na condução nervosa e déficit neurológicos!!! Esclerose Múltipla - fisiopatologia 1 Antígeno liberado pelo SNC ou por antígenos estranhos de reação cruzada. APC captura os ag apresentam para células T expansão clonal Células T e B infiltram-se no SNC Clones de células B expandidos reencontram os seus ag. específicos plasmócitos libera grande quantidade de IgG IgG se ligaa antígenos solúveis ou ligados à membrana nas células que expressam. Clones expandidos TCD8+ se ligam a peptídeos específico apresentado pela células gliais ou neuronais em moléculas MHC I de classe DANO DIRETO A CÉLULAS QUE EXPRESSAM Ag. são apresentados pelas células microgliais em moléculas de MHC classe II para CD4+ PRODUÇÃO DE CITOCINAS INFLAMATÓRIAS Citocinas atraem outras células inflamatórias, como macrófagos que contribuem para o processo de inflamação e o ataque fagocitário direto a barreira de mielina. Esclerose Múltipla - diagnóstico Critérios básicos para diagnóstico Evidência de múltiplas lesões no Sistema Nervoso Central (SNC) Pelo menos dois episódios de distúrbio neurológico em um indivíduo entre 10 e 59 anos de idade. Avaliação laboratorial Ressonância Magnética de crânio e coluna em níveis cervical, torácico e lombar Líquor onde o fluído que banha o SNC é retirado para exame. Potencial evocado que mede a condução nervosa no seu trajeto visual, auditivo, motor e sensorial estímulos externos. Esclerose Múltipla - tratamento Diminuir a atividade inflamatória e os surtos ao longo dos anos REDUÇÃO DO ACÚMULO DE INCAPACIDADE Imunomodeladores Altera as respostas de citocinas e inibe a proliferação de linfócitos T Imunosupressores Inibe a proliferação de linfócitos, inibindo a mitose. Corticoides Ação anti-inflamatória. Diabetes Mellitus tipo I - introdução Deficiência na produção de Insulina – autoimune e poligênica No Brasil, estima-se que mais 88 mil pessoas tenham DM1 Diagnóstico mais frequente em crianças, adolescentes e jovens adultos Acomete igualmente homens e mulheres Múltiplos genes estão associados ao diabetes tipo 1: HLA-DR3 ou DR4 Tipo 1A: deficiência de insulina por destruição autoimune das células β comprovada por exames laboratoriais; Tipo 1B: deficiência de insulina de natureza idiopática. Diabetes Mellitus tipo I - introdução SINTOMAS PRINCIPAIS Hiperglicemia grave (poliúria, polidipsia, polifagia, noctúria e perda de peso inexplicada) Evolução para cetose, desidratação e acidose metabólica Cetoacidose Diabética (CAD) Náusea, vômitos, sonolência e coma pode levar a óbito Perda de células β do pâncreas nas ilhotas de Langerhans DOENÇA CRÔNICA diabetes autoimune Diabetes Mellitus tipo I - fisiopatologia DEFICIÊNCIA DE INSULINA HIPERGLICEMIA Vários mecanismos imunes Inflamação mediada por TCD4+ Th1 antígenos das ilhotas; Lise de células das ilhotas por CTL Produção de citocinas (TNF e IL-1) Autoanticorpos contra as células das ilhotas Insulite Diabetes Mellitus tipo I - fisiopatologia Células B ativadas interagem com CD4+ e CD8+ células T, bem como as DCs. DCs e células B apresentam ag. ativação de células T específicas de células β Exposição de células B aos antígenos produção de autoanticorpos direcionados ás ilhotas NECROSE CELULAR, INFILTRAÇÃO LEUCOCITÁRIA LESÕES DENOMINADAS INSULITE 28 Diabetes Mellitus tipo I - diagnóstico Confirmação laboratorial de Hiperglicemia, sem necessidade de jejum > 200 miligramas por decilitro (mg/dL) Sintomas clássicos Outros testes (pacientes sem sintomas por exemplo)... Glicemia de jejum Teste oral de tolerância a glicose (75 gramas em 2 horas) Teste de hemoglobina glicada (HbA1c) Maior ou igual a 6,5% Exames de autoanticorpos específicos (principalmente em adultos) Diabetes Mellitus tipo I - diagnóstico Diabetes Mellitus tipo I - tratamento 5 componentes principais Educação sobre diabetes Insulinoterapia Automonitorização glicêmica Orientação nutricional Prática monitorada de exercício físico Tireoidite De Hashimoto - introdução Tiroidite crônica - presença de autoanticorpos que destroem o tecido tireoidiano Mais comum no sexo feminino – 30 a 50 anos Qualquer indivíduo com predisposição genética e fatores ambientais favoráveis Sintomas principais Ganho de peso Fadiga Letargia Depressão Constipação Genéticos Autoanticorpos Anti TPO (peroxidase tireoidiana) e anti-TG (tireoglobulina) Ambientais baixa suplementação de iodo, deficiência de vit. D, selênio e infecções virais de Epstein Barr e Hepatite C Tireoidite De Hashimoto - fisiopatologia Linfócitos T CD4+ autorreativos recrutam células B e células T CD8+ para a tireoide AÇÃO DE AUTOANTICORPOS E LINFÓCITOS T ESPECÍFICOS DA TIREOÍDE MORTE DAS CÉLULAS DA TIREOIDE HIPOTIREODISMO Linfócitos T CD4+ autorreativos recrutam células B e células T CD8+ para a tireoide Tireoidite De Hashimoto Imunocomplexos ativação s. complemento CTL Morte celular direta após a liberação de grânulos com perforina e granzima B Interações autócrinas ou parácrinas entre os receptores de morte e seus ligantes apoptose Tireoidite De Hashimoto - diagnóstico Anamnese e exame físico Dosagem laboratorial de TSH, T4 livre e Anti-TPO. TSH T4 livre Início da evolução da doença– destruição de células Fases mais avançadas da doença TSH T4 livre Tireoidite De Hashimoto - tratamento Uso da monoterapia com Levotiroxina Reposição diária da forma sintética do hormônio T4 REGULAÇÃO DO METABOLISMO Doença de Graves - introdução Forma mais prevalente de hipertireoidismo 40 casos para cada 100.000 habitantes por ano Mais comum no sexo feminino – 30 a 50 anos Fatores genéticos diversos genes envolvidos na resposta imune: HLA, PTPN22, CTLA4 e IL2RA e de função tireodiana: TSHR e FOXE1 Fatores fatores ambientais tabagismo, excesso de iodo, deficiência de selênio e vitamina D, estresse e infecções bacterianas e virais Sintomas: bócio, exoftalmia, taquicardia, ansiedade, tremores, palpitações, hiperatividade, fome e hiperdefecação Proptose ocular Doença de Graves - fisiopatologia Linfócitos T CD4+ ativadas induzem os plasmócitos a secretarem... Imunoglobulinas estimulantes da tireoide (TSI) Receptor do hormônio estimulante da tireoide (TSHR) Produção desenfreada de hormônio tireoidiano (T3 e T4) HIPERTIREODISMO Doença de Graves - diagnóstico Investigação laboratorial Suspeita clínica TSH suprimido devido o feedback negativo com T3 e T4 triagem inicial pode estar zerado Elevação de T3 (inicialmente) e T4 livre (posteriormente) Relação T3:T4 > que um TRAb - anticorpo anti-receptor de TSH Técnicas de imagem ultrassonografia e a cintilografia Investigação laboratorial Doença de Graves - tratamento DROGAS ANTITIREOIDIANAS Inibe a síntese de HTs a partir do bloqueio do metabolismo do iodo TERAPIA COM IODO RADIOATIVO Involução do tecido tireoidiano destruição da glândula TIREOIDECTOMIA Remoção cirúrgica da Glândula Tireoide: parcial ou total Miastenia gravis (Miastenia grave) – introdução Acomete a junção neuro-muscular Anticorpos dirigidos contra o receptor nicotínico de acetilcolina (AChR) na membrana pós – sináptica Raros casos congênitos Prevalência em mulheres de 20 a 35 anos Após 60 anos a prevalência é em homens Associada com os haplótipos HLA-B8, HLA-DRw3 e HLA-DQw2 Ptose Palpebral: um dos primeiros sinais da Miastenia gravis Miastenia gravis (Miastenia grave) - fisiopatologia JUNÇÃO NEUROMUSCULAR NORMAL Elemento pré sináptico: Motoneurônio Alfa vesículas sinápticas com Acetilcolina liberadas da fenda sináptica após a propagação de um potencial de ação Elemento pós sináptico: Musculatura esquelética estriada contém receptores de Acetilcolina nas pregas juncionais contração muscular JUNÇÃO NEUROMUSCULAR NA MIASTENIA GRAVIS Alteração morfológica das pregas juncionais destruição dos receptores de Acetilcolina Os anticorpos anti – acetilcolina (AChR) agregam aos receptores: Bloqueadores Ativa Sistema Complemento Reciclagem dos receptores 42 Miastenia gravis (Miastenia grave) - fisiopatologia Miastenia gravis (Miastenia grave) - diagnóstico Manifestações clínicas neuromusculares Exames complementares Progressiva fraqueza e fadiga da musculatura musculoesquelética Manifestações oculares como ptose ou diplopia Eletroneuromiografia Dosagemsérica de anticorpos: anti-AChR 3 subtipos de anticorpos: ligador, modulador e bloqueador 85%-90% dos pacientes Miastenia gravis (Miastenia grave) - tratamento Inibidores da acetilcolinesterase Inibe o catabolismo da acetilcolina (ACh) maior quantidade e maior duração de ACh Corticoides Remissão de sintomas Imumossupressores Inibe a proliferação de linfócitos, inibindo a mitose. Miastenia gravis (Miastenia grave) - tratamento Referências ABBAS, Abul K.; PILLAI, Shiv; LICHTMAN, Andrew H.. Imunologia celular e molecular. 9 Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019, 565 p.