Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Introdução
Os pinguins são aves marinhas extremamente adaptadas para a sobrevivência nos ambientes aquático e terrestre. 
Essas aves pertencem a família Spheniscidae, que possui 17 espécies que se distribuem pelo hemisfério sul, estando mais concentrados na Antártica e ilhas adjacentes mas também presentes no nosso continente. No Brasil a espécie mais frequente é a Spheniscus magellanicus, conhecidos como pinguins-de-magalhães, que se reproduz na costa da Argentina, Chile e nas Ilhas Malvinas e migra em direção a costa brasileira seguindo cardumes de peixes dos quais se alimentam.
Anatomia
Suas asas são adaptadas e dão propulsão ao nado. Seu nado também é facilitado pela presença de membranas interdigitais desenvolvidas nas patas, que também são adaptadas para a vida terrestre. Se corpo é fusiforme, garantindo velocidade ao nado. Seus ossos, diferente das demais aves, são sólidos e densos.
Suas penas também são adaptadas e sofrem muda apenas uma vez por ano (caem todas as penas quase simultaneamente). Todas as espécies possuem o peito e o ventre brancos e o dorso escuro (preto, acinzentado ou azulado, dependendo da espécie). Possuem um excelente mecanismo de impermeabilização. Esse mecanismo é permitido pela secreção da glândula urupigiana, presente na porção dorsal da base da cauda (semelhante a um pequeno pincel), que é espalhada pelo animal sobre as penas. Essa impermeabilidade é fundamental para a sobrevivência desses animais em baixas temperaturas (até 2ºC) e permite que os mesmos sobrevivam por longos períodos dentro d’água. 
Dimorfismo sexual não é evidente. Fêmeas apresentam apenas um ovário funcional (esquerdo). É permitida a diferenciação do juvenil para o adulto pois as manchas são mais escuras e definidas nos últimos (pinguim de Magalhães).
Alimentação
Seu bico varia de acordo com a alimentação que predomina a cada espécie. Algumas se alimentam de pequenos peixes, crustáceos e cefalópodes e ou de krill.
Reprodução
Ocorre geralmente no mesmo local de nascimento ou de reprodução anterior. São em sua maioria monogâmicos durante cada ciclo reprodutivo. A corte ocorre muitas vezes através da vocalização e efetuação de posturas (pescoço estendido para o alto). A cópula ocorre no ambiente terrestre após a corte, quando a fêmea se deita de bruços e o macho sobre ela move-se posteriormente para tocar as cloacas. Em geral ocorre a postura de um ou dois ovos (com intervalo de 3 a 6 dias entre eles) e a incubação costuma ser compartilhada entre macho e fêmea, com exceção do pinguim imperador que só o macho choca.
Problemas ambientais
A contaminação dos mares vem causando cada vez mais problemas aos pinguins. Durante as migrações os animais muitas vezes acabam por passar por manchas de óleo e se sujar. O óleo prejudica a impermeabilização das penas do pinguim fazendo com que o mesmo sofra com baixas temperaturas, dentre outros fatos que o prejudicam. 
Outro grande problema é a presença de redes de pesca que muitas vezes prendem esses animais machucando-os ou até mesmo matando-os por afogamento. A contaminação com lixo também é um grande problema, pois os animais podem ingerir esse lixo acabando por ter uma obstrução ou se prender em objetos como plástico e outros.
As embarcações em algumas ocasiões acabam por atropelar os pinguins causando contusões ou cortes ocasionados muitas vezes pelas hélices do motor.
Reabilitação
Esses animais são encontrados muitas vezes nas praias do litoral brasileiro, onde param para descansar e recuperar as energias. Geralmente se encontram desidratados e subnutridos e necessitam de cuidados especiais, mas em outros casos estão em bom estado e são logo devolvidos ao meio ambiente.
O procedimento padrão de reabilitação consiste na recuperação do score corporal dessas aves, através de alimentação regrada com peixe, de maneira forçada ou disponibilizando para os mesmos na água se já estiverem em condições, ou papa de peixe, para os mais debilitados. Em geral é realizada uma suplementação a base de comprimidos ou soro polivitamínico devido a pouca variação no “cardápio” desses centros. O reestabelecimento da hidratação é o ponto de partida, e é realizada através de sondas esofágicas (água) ou subcutânea em casos mais graves. Muitos animais chegam também infestados por parasitos, por isso é necessária a administração de vermífugos.
Outro ponto fundamental é o aquecimento desses animais, que na maioria dos casos estão com a impermeabilidade das penas prejudicada sofrendo com baixas temperaturas. Esse aquecimento é feito, de maneira geral utilizando lâmpadas incandescentes sobre os animais (a distancia é importante para que não haja um superaquecimento).
A avaliação desses animais deve ser realizada semanalmente para que seja possível a comprovação de melhora ou piora nos quadros. Essa avaliação ocorre através de exame físico e análise de amostras sanguíneas. Em alguns casos se faz necessária a realização de exames complementares como raio x em quadros de suspeita/acompanhamento de fraturas, por exemplo.
Uma vez recuperada a hidratação, o score corporal, a capacidade de organizar as penas e de se alimentar sozinho na água, mergulhar e nadar com facilidade esses animais estão prontos para voltar a natureza (soltura é realizada em praia). Em caso de aves realizando a muda das penas, espera-se até término da mesma devolve-los visando aumentar suas chances de sobrevivência.
Pinguins afetados por derramamento de petróleo necessitam de mais uma etapa de reabilitação: o banho. O banho é extremamente estressante, por esse motivo, só deve ser realizado quando o animal estiver plenamente recuperado de outras afecções. Esse processo é realizado com água a uma temperatura de 39 a 43ºC e detergente neutro em abundancia (sua quantidade varia de acordo com a marca utilizada) em bacias e com a contenção firme de dois auxiliares. O banho deve eliminar TODO o óleo da superfície das penas até a pele da ave, utilizando quantas bacias de água com detergente quanto necessário e, se necessário, utilizando instrumentos auxiliares como escovas. Em seguida é realizado o enxágue com água morna sobre pressão para retirar todo o detergente do animal e permitir um rearranjo das penas reestabelecendo a impermeabilização. Uma boa maneira de se perceber se o enxágue está completo é jogar a água com pressão no sentido contrario das penas até que estejam com a aparência de secas. Após esse processo, colocar animal em local calmo e seco, abrigado de correntes de ar, e sob lâmpadas de aquecimento (200W) e/ou utilizar secador semelhante ao usado em cães.
Os pinguins sujos não devem entrar em contato com os limpos, tendo sempre o cuidado de utilizar equipamentos (luvas, avental...) diferentes para manipulá-los.
Pododermatite
Conhecida como bumblefoot, é uma doença causada por bactérias oportunistas. Ocorre predominantemente em aves criadas em cativeiro ou em reabilitação sendo a enfermidade mais frequente nesses animais. Sua principal causa é o erro de manejo (ambientes inadequados).
Fatores predisponentes
O principal é a manutenção das aves em locais com chão áspero e plano (ficam muito tempo em pé e sedentários por causa do cativeiro, apoiando seu peso elevado em pontos específicos dos pés), com higiene precária e piso continuamente úmido. Mas também incluem traumas locais e deficiências nutricionais (hipovitaminose A e E).
Patogenia
A permanência por longo tempo em área seca apoiado sobre os pés causa pressão sobre a superfície plantar, comprometendo a perfusão sanguínea resultando em necrose isquêmica semelhante a “ferida de decúbito” em humanos. Essas lesões, inicialmente inchaço e fissuras, resultam em ulcerações de pele que permitem a penetração de patógenos para o tecido subcutâneo, formando cáseos (bolhas contendo substancia esbranquiçada ou amarelada). Quando não detectada e tratada a infecção causa inchaço da pata, pode causar abscessos crônicos com afecção do tecido adjacente, quadros de laminite, osteomielite, podendo chegar a quadros extremos de septicemia. A pododermatite em um dos membrospélvicos favorece o aparecimento no outro pois animal tende a aumentar apoio no membro saudável, por esse motivo costuma ser bilateral.
Tratamento
Em geral é longo e frustrante, podendo ocorrer também casos de recidivas. Envolve desinfecção com Clorexidina, uso de antibióticos tópicos e bandagens, e/ou antibióticos e anti-inflamatórios sistêmicos. O tempo de tratamento varia de um mês até anos.
Uma novidade no tratamento é a Terapia Fotodinâmica (TFD) requer o uso de um fotossensibilizador capaz de ser absorvido pela célula alvo e de uma fonte de luz de comprimento de onda ressonante, formando radicais livres, que resultam em lesão e morte celular. Além de causarem a destruição seletiva de microrganismos promovem aceleração da reparação tecidual, migração de fibroblastos e angiogênese através do efeito residual do laser.
Prevenção
Devido à dificuldade de tratamento e a importância do bem-estar animal, as medidas preventivas são a maior indicação. O recinto dos animais durante a reabilitação deve ser projetado de maneira a reduzir o sedentarismo, permitindo o acesso a um tanque com água de qualidade e de extensão proporcional ao número de animais. O tanque deve conter rampa que permita acesso a uma área seca, contendo algo que o torne menos áspero e plano (uma boa ideia é a utilização de pedras), pois isso não é o que eles encontram no ambiente natural. A limpeza do recinto deve ser feita diariamente com água sobre pressão, visado retirar os excrementos e outras sujidades. Os animais mais debilitados que não estejam em condições de permanecer nos tanques (recém-chegados, por exemplo), devem permanecer em local muito bem higienizado, sendo liberados assim que possível para o tanque.
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – FACULDADE DE VETERINÁRIA
MCV- DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E CLÍNICA VETERINÁRIA
DISCIPLINA: MEDICINA VETERINÁRIA DE ANIMAIS SELVAGENS
PODODERMATITE
EM
PINGUINS
GRUPO: FÁBIO JUNIOR, LÍVIA MACHADO, LUCAS BRAGA E THAIS PEDROSA.
NITERÓI
- 2014 -

Mais conteúdos dessa disciplina