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1
RESUMO COMPLETO DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO
SENTIDOS, CLASSIFICAÇÃO e ESTRUTURA:
NOÇÕES TEÓRICAS
SENTIDOS OU CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO
Nessa parte devemos conceituar Constituição. Lembrando que ao conceituar
qualquer instituto surgirão diversos critérios, não sendo um mais certo do que
o outro, talvez, no máximo, mais adequado. Procuramos trazer os que mais
aparecem nas provas. 
O conceito de constituição, todavia, não pode ficar desvinculado do exame
do sentido ou concepções que ela pode apresentar. Tanto é que grande parte
dos autores prefere conceituar Constituição a partir das várias acepções
existentes. Essas acepções podem ser entendidas como concepções ou
sentidos de Constituição. 
DICA: PARA CADA UM DOS SENTIDOS O MAIS IMPORTANTE É
IDENTIFICAR QUEM FOI O PRECURSOR, QUAL FOI A OBRA ATRAVÉS
DA QUAL ELE SE TORNOU CONHECIDO, E QUAL FOI A IDEIA CENTRAL
QUE ELE DISSEMINOU.
 SENTIDO SOCIOLÓGICO
Tem como principal autor FERDINAND LASSALLE, que escreveu a obra “O
QUE É UMA CONSTITUIÇÃO”, na versão original em Português, defendendo
que a Constutição é A SOMA DOS FATORES REAIS DE PODER QUE
REGEM UMA SOCIEDADE.
Essa obra foi publicada pela editora Lumem Juris com o título: “A ESSÊNCIA
DA CONSTITUIÇÃO”. Em alemão o livro foi denominado ÜBER DIE
VERFASSUNG (SOBRE A CONSTITUIÇÃO). 
 SENTIDO POLÍTICO 
Quem mais se destacou foi o alemão CARL SCHMITT na obra “TEORIA DA
CONSTITUIÇÃO” (VERFASSUNGSLEBRE). 
Ele veio a dar uma resposta à concepção de LASSALE, definindo constituição
não em resumo ao que está na realidade, mas sim como O CONJUNTO DE
NORMAS, ESCRITAS OU NÃO ESCRITAS, QUE SINTETIZAM
EXCLUSIVAMENTE AS DECISÕES POLÍTICAS FUNDAMENTAIS DE UM
POVO.
2
No seu pensar, Constituição corresponde apenas a um conjunto de normas
referentes aos aspectos fundamentais do Estado, que ele denomina de
decisões políticas fundamentais: organização do Estado, organização
dos Poderes e direitos e garantias fundamentais.
 SENTIDO JURÍDICO 
O expoente foi o austríaco HANS KELSEN, baluarte deste sentido jurídico.
Dentre suas inúmeras obras, a mais significativa foi a chamada “TEORIA
PURA DO DIREITO”. KELSEN DEFINE A CONSTITUIÇÃO, NUMA ÓTICA
ALTAMENTE NORMATIVISTA, COMO FUNDAMENTO DE VALIDADE DE
TODO O ORDENAMENTO JURÍDICO.
Para KELSEN, a Constituição é NORMA PURA, INSERIDA NO PLANO DO
DEVER SER, E DESPROVIDA DE QUALQUER CONTEÚDO SOCIAL OU
POLÍTICO.
Na lição do autor, Constituição se caracteriza como FRUTO DA VONTADE
RACIONAL DO HOMES, E NÃO DAS LEIS NATURAIS.
Para ele, a CF teria como norma fundacional a norma hipotética
fundamental.
Nesse sentido, a concepção de Kelsen toma a palavra Constituição em dois
sentidos: no lógico-jurídico e no jurídico-positivo. 
 LÓGICO-JURÍDICO = Constiutuição significa norma hipotética
fundamental, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental
de validade da Constituição jurídico-positiva. Plano suposto (norma
suposta). 
 JURÍDICO-POSITIVO = Constituição equivale à norma positiva
suprema, à norma posta, à norma positivada. 
 SENTIDO CULTURAL, CULTURALISTA, TOTAL OU IDEAL 
A concepção culturalista conduz a um conceito de Constituição Total.
Sentido ideal é a mescla, junção, convergência dos sentidos anteriores. 
Para explicar seu sentido se invoca duas obras e autores que se relacionam
com ele: 
1. KONRAD HESSE – A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITTUIÇÃO 
2. PETER HÄBERLE – A SOCIEDADE ABERTA DE INTÉRPRETES 
No Brasil, PAULO BONAVIDES atesta que não adianta termos uma
constituição estanque em um só dos sentidos. É precioso aliar a força
normativa da Constituição, com o respeito e a efetivação do seu conteúdo.
3
Por isso, pode-se encontrar o sentido ideal com o nome de SENTIDO
CULTURAL DE CONSTITUÇÃO.
SENTIDO SOCIOLÓGICO SENTIDO POLÍTICO SENTIDO JURÍDICO 
 F E R D I N A N D
LASSALLE, 
Obra “O QUE É UMA
CONSTITUIÇÃO”,
 Constituição é A SOMA
DOS FATORES REAIS
DE PODER QUE REGEM
UMA SOCIEDADE.
CARL SCHMITT
Obra “TEORIA DA
CONSTITUIÇÃO”
 O CONJUNTO DE
NORMAS, ESCRITAS OU
NÃO ESCRITAS, QUE
S I N T E T I Z A M
EXCLUSIVAMENTE AS
DECISÕES POLÍTICAS
FUNDAMENTAIS DE UM
POVO.
 Constituição
corresponde apenas a um
conjunto de normas
referentes aos aspectos
fundamentais do Estado,
que ele denomina de
decisões políticas
fundamentais:
organização do Estado,
organização dos
Poderes e direitos e
garantias fundamentais.
HANS KELSEN
 Obra “TEORIA PURA
DO DIREITO”.
DEFINE A
CONSTITUIÇÃO, NUMA
ÓTICA ALTAMENTE
NORMATIVISTA, COMO
FUNDAMENTO DE
VALIDADE DE TODO O
O R D E N A M E N T O
JURÍDICO.
 Constituição é NORMA
PURA, INSERIDA NO
PLANO DO DEVER SER,
E DESPROVIDA DE
QUALQUER CONTEÚDO
SOCIAL OU POLÍTICO.
 a CF teria como
norma fundacional a
norma hipotética
fundamental.
Nesse sentido, a
concepção de Kelsen
toma a palavra
Constituição em dois
sentidos: no
lógico-jurídico e no
jurídico-positivo.
 LÓGICO-JURÍDICO =
Constiutuição significa
norma hipotética
fundamental, cuja função
é servir de fundamento
lógico transcendental de
validade da Constituição
jurídico-positiva. Plano
suposto (norma suposta). 
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JURÍDICO-POSITIVO =
Constituição equivale à
norma positiva suprema,
à norma posta, à norma
positivada. 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
1- QUANTO AO CONTEÚDO:
 MATERIAL 
É o conjunto de normas escritas ou não escritas (costumeiras), fundadas
em textos ou em meros costumes, que se limitam a dispor sobre a estrutura do
Estado, organização do poder e dos direitos e garantias fundamentais. 
 FORMAL
É conjunto de normas necessariamente escritas, plasmadas em um
documento formalmente elaborado pelo poder constituinte, tenham ou não
valor constitucional material. 
2- QUANTO À FORMA:
 ESCRITA (INSTRUMENTAL)
É aquela cujas normas são dispostas, racional e solenemente, em um único
documento ou instrumento que as consolida e sistematiza. 
 NÃO ESCRITA (COSTUMEIRA) 
É aquela cujas normas podem se assentar em costumes, em textos esparsos
ou extravagantes e nas decisões dos tribunais. 
3- QUANTO À ORIGEM:
 DEMOCRÁTICA (VOTADA, POPULAR ou PROMULGADA)
É aquela cuja origem teve a decisiva participação do povo, que, por meio da
eleição de representantes legítimos, compõem um órgão constituinte. 
 NÃO DEMOCRÁTICA (IMPOSTA, CARTA POLÍTICA ou OUTORGADA) 
É aquela que na origem não teve qualquer participação do povo. São
impostas pelos governantes e, normalmente, são designadas pela doutrina de
CARTAS. 
 CESARISTA
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É ideia de José Afonso da Silva, para quem, tais constituições são aquelas
elaboradas por um ditador, junta militar, porém, dependente de uma aprovação
popular. 
 PACTUADA 
É aquela firmada por um compromisso, um pacto entre duas forças políticas
adversárias. 
4- QUANTO À ESTABILIDADE (CONSISTÊNCIA ou MUTABILIDADE):
 IMUTÁVEL
Não prevê nenhum processo de alteração de suas normas, sob o
fundamento de que a vontade do poder constituinte exaure-se com a
manifestação da atividade originária. 
 FIXA
É aquela cuja alteração está condicionada à convocação do próprio poder
constituinte originário, circunstância que implica, não em alteração, mas em
elaboração, propriamente, de uma nova ordem constitucional. 
 RÍGIDA
É aquela que admite alteração, todavia, somente através de um processo
legislativo mais solene, especial, e muito mais difícil que o processo legislativo
de elaboração das leis. 
 FLEXÍVEL
É aquela que admite alteração pelo mesmo processo legislativo de alteração
das leis. 
 SEMI-RÍGIDA /SEMI-FLEXÍVEL 
É aquela que separa, por categorias, as normas submetidas ao processo
gravoso e aquelas submetidas ao processo simplificado. É parcialmente rígida
e parcialmente flexível. 
OBS1: A MAIORIA DAS CONSTITUIÇÕES DO MUNDO É RÍGIDA. 
OBS2: TODAS AS CONSTITUIÇÕES REPUBLICANAS DO BRASIL FORAM
RÍGIDAS. 
OBS3: ACF DO IMPÉRIO DE 1824, TODAVIA, FOI SEMI-RÍGIDA, POR
FORÇA DO SEU ART. 178. 
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OBS4: AS CONSTITUIÇÕES FLEXÍVEIS, POR SEU TURNO, NÃO SE
SUBMETEM AO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, ISTO PORQUE
NÃO HÁ SUPREMACIA E PARADIGMA.
5- QUANTO À EXTENSÃO:
 SINTÉTICA (CONCISA) 
É aquela que só traz o núcleo básico do texto constitucional. 
 ANALÍTICA (PROLIXA) 
Aquela que trata de vários temas de forma minuciosa, definindo, largamente,
os fins atribuídos ao Estado. 
6- QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO:
DOGMÁTICA
É aquela que, sempre escrita, resulta de uma manifestação constituinte
ocorrida num determinado e exato momento da história política de um país que
acolhe. 
 HISTÓRICA
É aquela sempre não escrita e resulta de uma lenta e contínua evolução
das tradições e costumes de um povo. 
7- QUANTO À IDEOLOGIA (DOGMÁTICA ou CARGA IDEOLÓGICA):
 ORTODOXA
É aquela que resulta da consagração de uma só ideologia. 
 ECLÉTICA (PLURALISTA ou COMPROMISSÓRIA) 
É aquela que é plural, aberta a várias ideologias, logra conciliar várias idéias
ou ideologias, muitas das quais aparentemente contraditórias, mas esse é o
espírito das constituições plurais ou plúrimas. 
8- QUANTO À ESSÊNCIA (MODO DE SER ou CLASSIFICAÇÃO
ONTOLÓGICA):
 NORMATIVA (com valor jurídico) 
Seria aquela perfeitamente adaptada ao fato social. 
Além de juridicamente válida, ela estaria em total consonância com o processo
político. KARL LOEWENSTEIN (idealizador dessa classificação ontológica –
em sua obra Teoría de La Consttuición), comprava o texto constitucional
normativo, a uma roupa que assenta bem, que realmente veste bem. 
 SEMÂNTICA (utilizada apenas para justificar juridicamente o
exercício autoritário do poder) 
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Encontra-se submersa ao poder político prevalecente. Trata-se de um
documento formal, criado para beneficiar os detentores do poder de fato, que
dispõe dos meios para coagir os governados. 
Aqui KARL LOEWENSTEIN comparava o texto normativo com uma roupa que
não veste bem, mas que dissimula, esconde, disfarça os seus defeitos. 
 NOMINAIS (com valor jurídico) 
Nela a dinâmica do processo político não se adapta a suas normas, embora
ela conserve, em sua estrutura, um caráter educativo, com vistas ao futuro da
sociedade. 
Seria uma constituição prospectiva, vale dizer, voltada para um dia ser
realizada na prática. É como se fosse uma roupa guardada no armário, que
será vestida futuramente, quando o corpo nacional tiver crescido. 
OBS: Até hoje não tivemos um texto constitucional normativo. A CF/88,
sem dúvida, é nominal. Esperamos, um dia, por uma constituição
normativa, em consonância com a vida, com os fatores de transformação
da sociedade, para valer na prática, produzindo resultados concretos no
plano da vida.
A CF/88 PRETENDE SER NORMATIVA (GUILHERME PEÑA DE MORAES /
PEDRO LENZA)
9- QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO:
 UNITÁRIA
Também são denominadas de reduzidas, unitextuais ou codificadas. É
aquela em que a sistematização das matérias apresenta-se num instrumento
único e exaustivo de todo o seu conteúdo. 
Ex. Todas as constituições brasileiras. 
 VARIADA 
Também chamadas de não codificadas ou legais, encontram-se previstas
em textos esparsos. 
10 – QUANTO À FUNÇÃO OU FINALIDADE (MANOEL GONÇALVES
FERREIRA FILHO)
 CONSTITUIÇÃO GARANTIA 
Busca garantir a liberdade, limitando o poder. É aquela que possui um
mínimo de garantismo. 
 CONSTITUIÇÃO BALANÇO 
É aquela destinada a registrar um dado estágio nas relações de poder no
Estado. A Constituição é elaborada para espelhar certo período político, findo
o qual é elaborado outro texto constitucional. 
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 CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE 
De texto denso (analíticas) é aquela que estabelece um projeto de Estado.
É aquela que estabelece programas de ação governamental e de
implementação de direitos, de um ideal social, bem como princípios a serem
observados. É a CF/88. 
Essa Constituição dirigente é caracterizada pela presença no texto de
normas programáticas. São normas que têm como destinatários diretos não
os indivíduos, mas os órgãos estatais, requerendo destes a atuação numa
determinada direção, apontada pelo legislador constituinte. 
11 – QUANTO AO SISTEMA
 PRINCIPIOLÓGICA
Predominam os princípios, identificados como normas constitucionais
providas de alto grau de abstração, consagradores de valores. 
 PRECEITUAL 
Prevalecem as regras, individualizadas como normas constitucionais
revestidas de pouco grau de abstração. 
Constituição 
Brasileira de 1988
Conteúdo: Formal 
Forma: Escrita 
Origem: Democrática 
Estabilidade: Rígida 
Extensão: Analítica 
Elaboração: Dogmática 
Ideologia: Eclética 
Essência: Nominal 
Sistematização: Unitária 
Função: Dirigente 
Sistema: Principiológica
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ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
O objeto e o conteúdo podem ser inferidos títulos. 
A Constituição tem 9 títulos. 
A estrutura é composta pelo preâmbulo, parte transitória e parte dogmática. 
 PREÂMBULO 
Preâmbulo é a parte precedente de uma Constituição que pré anuncia a
carga ideológica da mesma, os valores que ela prestigia e os fins por ela
estabelecidos. 
Preâmbulo é um anúncio prévio do que virá. 
Segundo o STF, o preâmbulo não tem força coercitiva e, portanto, não
pode servir de parâmetro para o exercício do controle de
constitucionalidade. 
As Constituições Estaduais e as leis orgânicas municipais podem ou não
apresentar preâmbulo, pois não se trata de norma de repetição obrigatória.
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Para o Supremo, o preâmbulo é mero instrumento de interpretação, não
tem força obrigatória, não é de repetição obrigatória. 
Situa-se no domínio da política, e não do direito. 
Por oportuno, já se questionou se a menção a Deus no preâmbulo viola a
ideia de Estado laico. O STF disse que não. Vale lembrar que o Estado é laico,
leigo ou não confessional, mas a nação não. Esta não é laica. 
Assim, a finalidade da norma preambular é interpretativa. 
Preâmbulo serve para dirimir conflitos, antinomias entre normas
constitucionais. 
 PARTE DOGMÁTICA 
A carta é dogmática, pois apresenta condutas que representam concepções
políticas. A CF é dogmática em 250 artigos e 9 títulos.
A disposição dos títulos da CF demonstra como existe hierarquia material
entre as normas constitucionais (e isso é pacífico), muito embora no aspecto
formal não exista hierarquia. 
É fácil observar que as normas constitucionais mais importantes estão no
início da CF. 
 PARTE TRANSITÓRIA (ADCT) 
As normas que integram o ADCT são normas de validade pré-determinada,
transitórias. São normas que têm um início, meio e fim pré-definidos. A
validade é previamente definida. 
Quando seus objetos são alcançados, elas deixam de ser importante, afinal,
o motivo para o qual foram criadas já não mais existe. São normas que ficam
flutuando na Constituição. 
Tem força obrigatória. Tem força obrigatória, vinculante, coercitivo.
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
- Preâmbulo. 
 - Títulos: I, II, III e IV. 
 - Art. 60. 
 - Art. 242, § 2º. 
 - ADCT: Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS 
 - STF / Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 2076 / “Invocação da
proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na
Constituição estadual, não tendo força normativa”. 
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QUESTÕES CORRELATAS 
I. (PF/AGENTE E ESCRIVÃO/CESPE/1997) Diz-se outorgada a constituição
que surge sem a participação popular. 
II. (PF/AGENTE E ESCRIVÃO/CESPE/1997) Considerando-se a classificação
das normas constitucionais em formais e materiais, seriam dessa última
categoria, sobretudo as normas concernentes à estrutura e à organização do
Estado, à regulação do exercício do poder e aos direitos fundamentais. Desse
ângulo, outras normas, ainda que inseridas no corpo da Constituição escrita,seriam constitucionais tão somente do ponto de vista formal. 
III. (AGU/PROCURADOR FEDERAL/ CESPE/2007) A invocação a Deus,
presente no preâmbulo da CF, reflete um sentimento religioso, o que não
enfraquece o fato de o Estado brasileiro ser laico, ou seja, um Estado em que
há liberdade de consciência e de crença, onde ninguém é privado de direitos
por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica. 
IV. (AGU/PROCURADOR FEDERAL/ CESPE/2007) O preâmbulo
constitucional possui destacada relevância jurídica, situando-se no âmbito do
direito e não simplesmente no domínio da política. 
V. (PGE-PE/PROCURADOR DO ESTADO/CESPE/2009) O preâmbulo
constitucional, segundo entendimento do STF, tem eficácia jurídica plena,
consistindo em norma de repetição obrigatória nas constituições estaduais. 
GABARITO 
I. C 
II. C 
III. C 
IV. E 
V. E
“Esperar não é perder tempo, é perceber que há tempo pra tudo.”
 PODER CONSTITUINTE
NOÇÕES TEÓRICAS 
PODER CONSTITUINTE
1. CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE
Poder constituinte é o poder de elaborar (poder originário) ou atualizar
(poder derivado) uma Constituição, através da supressão, modificação ou
acréscimo de normas constitucionais.
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No Brasil, no verbo elaborar, é possível afirmar que nós já ultrapassamos oito
exercícios do poder constituinte originário: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946,
1967, 1969, 1988. 
OBS.: Vale lembrar que a CF/69 formalmente era uma emenda, mas
materialmente era uma Constituição.
2. ORIGENS DA TEORIA DO PODER CONSTITUINTE
O grande teórico do poder constituinte foi o abade Emmanuel Joseph
Sieyès, através do seu panfleto denominado “Que é o terceiro Estado?”. Foi
nessa obra que o abade, pela primeira vez, na antevéspera da Revolução
Francesa, diferenciou o poder constituinte dos poderes constituídos. 
3. TITULARIDADE
Em sua obrar, o abade Sieyès apontava como titular do poder constituinte a
nação. 
Para provas adotar o entendimento de que a titularidade do poder
constituinte pertence ao povo (posicionamento tranquilamente majoritário na
doutrina moderna). 
Assim, seguindo a tendência moderna, o parágrafo único do art. 1º da CF/88
estabelece que todo poder emana do povo. 
OBS.: Vale ressaltar, por oportuno, que no tocante ao poder constituinte,
a titularidade é aspecto distinto do exercício.
Assim, o titular desse poder nem sempre é quem o exerce. 
4. ESPÉCIES
Para a doutrina mais avançada, o poder constituinte é uno e indivisível. Só
existe um poder constituinte. Nesse sentido, tais autores entendem que não
existe grau de poder constituinte. É o caso de CELSO ANTÔNIO, PAULO
BONAVIDES, EDVALDO BRITO. CUIDADO: NÃO ADOTAR ESTE
POSICIONAMENTO EM PROVA!
Já para a doutrina voltada para os concursos públicos, o poder constituinte
pode ser dividido em: originário e derivado.
4.1 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
 CONCEITO
Também pode ser chamado inicial, inaugural ou de primeiro grau. 
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É aquele poder que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por
completo com a ordem jurídica precedente.
O objetivo fundamental do poder constituinte originário, portanto, é criar
um novo Estado, diverso do que vigorava em decorrência da manifestação do
poder constituinte precedente. 
Este poder constituinte está acima da própria CF, e corresponde à vontade
do titular do Poder Constituinte. Ele é anterior e posterior à própria
Constituição. 
 SUBDIVISÃO
 Histórico = seria o verdadeiro poder constituinte originário,
estruturando, pela primeira vez, o Estado. 
 Revolucionário = seriam todos os posteriores ao histórico,
rompendo por completo com a antiga ordem e instaurando uma
nova, um novo Estado. 
 CARACTERÍSTICAS 
INICIAL = porque inaugura uma nova ordem jurídica rompendo com a
anterior. Por isso se diz que o poder originário é constituinte e desconstituinte.
AUTÔNOMO = porque só ao seu exercente cabe fixar os termos em que a
nova Constituição será estabelecida e qual o Direito deverá ser implantado. 
ILIMITADO = porque é soberano e não sofre qualquer limitação prévia
imposta pelo direito anterior. 
OBS: A doutrina contemporânea entende que há sim limites ao poder
constituinte originário. Para CANOTILHO, o poder constituinte originário é
estruturado e obedece a padrões e modelos de condutas espirituais, culturais,
éticos e sociais radicados na consciência jurídica geral da comunidade e,
nesta medida, considerados como “vontade do povo”. 
Fala, ainda, o constitucionalista Português, na necessidade de observância de
princípios de justiça (suprapositivos ou supralegais), e princípios do
direito internacional, quais sejam o princípio da independência, da
autodeterminação e o princípio da observância de direitos humanos. 
OBS: COMO O BRASIL ADOTOU A CORRENTE POSITIVISTA, NEM
MESMO O DIREITO NATURAL LIMITARIA A ATUAÇÃO DO PODER
CONSTITUINTE ORIGINÁRIO.
INCONDICIONADO = porque não tem de se submeter a qualquer forma
prefixada de manifestação. 
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Em síntese: trata-se de um poder de fato, político energia ou força
social e tem natureza pré-jurídica. 
 FORMAS DE EXPRESSÃO OU MANIFESTAÇÃO 
 ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE OU CONVENÇÃO = nasce da
deliberação da representação popular. Brasil: 1891, 1934, 1946 e 1988. 
OUTORGA = caracterizada pela declaração unilateral do agente
revolucionário, quando há usurpação do poder constituinte do povo. Brasil:
1824, 1937, 1967-1969;
 4.2 PODER CONSTITUINTE DERIVADO
 CONCEITO
 Como o próprio nome sugere, o poder constituinte derivado é criado e
instituído pelo originário, sendo também denominado instituído, constituído,
secundário e de segundo grau. 
Enquanto o originário está acima da CF, este poder derivado encontra-se
inserto na própria Carta. 
Assim, ao contrário do seu criador, que é ilimitado, incondicionado e inicial, o
derivado deve obedecer as regras impostas pelo originário. 
 CARACTERÍSTICAS 
 DERIVADO = porque deriva do poder constituinte originário. 
 LIMITADO = porque a Constituição lhe impõe limitações. 
CONDICIONADO = porque só pode se manifestar de acordo com as
formalidades traçadas na Constituição. 
 ESPÉCIES 
Este poder divide-se em poder reformador e decorrente: 
 REFORMADOR – consiste no poder de alterar e atualizar a
constituição. 
A CF admite duas formas de alteração: mediante emendas
constitucionais e revisão constitucional. 
 EMENDAS = Emendas são alterações pontuais do texto constitucional,
cujo procedimento se encontra previsto na própria Constituição. 
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 REVISÕES = A revisão se destina à alteração global e geral do texto
constitucional, por meio de formalidades mais simples do que as concernentes
às emendas. 
No entanto, a previsão da revisão constitucional foi excepcional e autorizada
para ocorrer uma única vez, em data pré-estabelecida (a partir de cinco anos
após a promulgação da Constituição). 
Essa única revisão pela qual passou a Constituição resultou em 6 emendas
de revisão. 
 DECORRENTE – Traduz-se no poder que têm os Estados membros de
elaborarem suas próprias Constituições Estaduais, e o Distrito Federal de
elaborar a sua lei orgânica distrital.
Tal competência decorre da capacidade de auto-organização, prevista no
art. 25, caput, da CF/88: “os Estados organizam-se e regem-se pelas
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios dessa
Constituição”.
E o que deve ser entendido por princípios dessa Constituição? Quais são os
limites à manifestação do poder constituinte derivado decorrente? São eles: 
 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS (APONTADOS OU
ENUMERADOS)
São os limites fixados no art. 34, VII, “a” – “e”. 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESTABELECIDOS
(ORGANIZATÓRIOS)
São aqueles que vedam a ação indiscriminada do poder constituinte
decorrente, por isso funcionam como balizas reguladoras da capacidade de
auto-organização dos Estados. Ex. repartição de competência, sistema
tributário, organização dos poderes, direitos políticos, direitos de
nacionalidade, etc. 
 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXTENSÍVEIS
São aqueles que integram a estrutura da federação brasileira,
relacionando-se, por exemplo, com a forma de investidura dos cargos eletivos,
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processo legislativo, orçamento, preceitos ligados à administração pública, etc.
A CE tem que respeitar, necessariamente, a CF. Tanto é assim que ela está
submetida ao controle de constitucionalidade. 
Os municípios possuem leis orgânicas, que não se equiparam às
constituições. Por isso, não exercem poder decorrente, até porque não
existe poder constituinte decorrente, decorrente. As leis orgânicas têm de
respeitar tanto a CE, como a CF.
O DF possui lei orgânica. Como se sabe, o DF acumula tanto competências
estaduais como municipais. 
Nesse sentido, o DF exerce o poder constituinte derivado decorrente em
parte. Haja vista que, como visto, também acumula competência estadual.
Assim, naquilo que a lei orgânica trata de competência estadual, há exercício
do poder constituinte derivado decorrente. 
OBS: PARA LENZA (mudando de opinião) E DIRLEY, O PODER
CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE NÃO SÓ É EXERCIDO PELOS
ESTADOS MESMBROS, MAS TAMBÉM PELO DISTRITO FEDERAL. 
A norma constitucional ainda pode sofrer modificação sem alteração
expressa do seu texto, mudando-se apenas o sentido interpretativo. Esse
fenômeno se chama mutação constitucional, interpretação constitucional
evolutiva ou poder constituinte difuso.
Com a mutação constitucional não se muda o texto, mas sim o alcance
do sentido interpretativo da norma, por necessidade do contexto. 
 5. LIMITES AO PODER REFORMADOR 
Tais limites estão previstos no art. 60 da CF. Os limites são em número de 4,
e foi o poder constituinte originário quem os definiu. 
 5.1 LIMITES MATERIAIS 
Correspondem às cláusulas pétreas, previstas no art. 60, § 4º, da CF.
Art. 60. (...)
§ 4.º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
OBS: MUITO EMBORA A CONSTITUIÇÃO DIGA QUE AS CLÁUSULAS
PÉTREAS NÃO PODEM SER ABOLIDAS, ESTA LIMITAÇÃO NÃO SE
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ESTENDE AO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO. NESSE SENTIDO
PODE-SE AFIRMAR QUE NÃO HÁ CLÁUSULAS IMUTÁVEIS.
Vale lembrar que as emendas constitucionais (exercício do poder constituinte
derivado reformador), não podem abolir uma cláusula pétrea, mas podem
modificá-la. Pode modificar, por exemplo, para ampliar as cláusulas pétreas.
Ex. ampliação do rol dos direitos fundamentais, a exemplo do direito à moradia
que veio com a EC 26/2000. Lembrar que a alimentação foi inserida como
direito social com a EC 64/10. 
Uma EC pode restringir um direito fundamental, dês que amplie outro. Se
abolir ou apenas restringir, será inconstitucional. 
As limitações materiais são: 
a) FORMA FEDERATIVA DE ESTADO
Forma de governo e sistemas de governo não constituem cláusulas pétreas. 
b) VOTO DIREITO, SECRETO, UNIVERSAL e PERIÓDICO
O voto obrigatório não constitui cláusula pétrea. Ou seja, uma emenda
constitucional pode vir a determinar que o voto seja facultativo. 
c) SEPARAÇÃO DOS PODERES
Corresponde ao princípio da separação dos poderes, idealizado por
Aristóteles, passado para John Lock, passado para Montesquieu, que levou a
fama na obra “O espírito das leis”. 
Assim, também pode vir chamada de separação das funções estatais.
Hodiernamente, também com esta nomenclatura o doutrinador alemão KARL
LOEWENSTEIN. 
Essa expressão, inclusive, é mais adequada, pois não há separação
estanque entre os poderes, afinal cada poder possui suas funções típicas e
atípicas. 
d) DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS
Houve aí uma grande atecnia. Incorre em erro o legislador a se referir
apenas aos direitos e garantias individuais, quando melhor seria ter feito
referência a todos os direitos fundamentais, que é gênero do qual “direitos
individuais e coletivos” são espécies. 
Os direitos fundamentais se dividem em 5 modalidades, e todas devem
ser consideradas cláusulas pétreas. 
 Direitos individuais e coletivos – art. 5º; 
 Direitos sociais – art. 6º ao 11; 
 Direitos relativos à nacionalidade – arts. 12 ao 13; 
 Direitos políticos – arts. 14 ao 16; 
 Direitos dos partidos políticos – art. 17. 
19
Mas caso a pergunta seja de acordo com a literalidade da Constituição,
deve-se marcar apenas os direitos e garantias individuais. 
0BS.: Em síntese: é pacífico que todos os direitos fundamentais são
cláusulas pétreas, mas expressamente a CF só se refere aos direitos e
garantias individuais.
 5.2 LIMITES CIRCUNSTANCIAIS 
Estes estão presentes no art. 60, § 1º, e consistem nos períodos de
instabilidade política, econômica e social que legitimam o Presidente da
República a editar decreto que instaure a intervenção federal, estado de
defesa e estado de sítio.
Em períodos tão instáveis a CF não pode vir a ser alterada. Enquanto
perdurar alguma dessas situações, uma PEC poderá até ser discutida, muito
embora não possa ser aprovada.
Art. 60. (...)
§ 1.º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
 5.3 LIMITES FORMAIS OU PROCEDIMENTAIS 
a) QUANTO À LEGITIMIDADE PARA ENCAMINHAMENTO DE PEC’S
Os legitimados para o encaminhamento são os elencados nos incisos I, II e
III do art. 60 da CF. I) Presidente da República; II) 1/3, no mínimo, dos
membros da Câmara do Deputados (171 de 513) ou do Senado Federal (27 de
81); III) mais da metade das assembleias legislativas das unidades da
federação, manifestando-se cada uma delas pela maioria relativa de seus
membros. 
Não cabe iniciativa popular para alterar a Constituição Federal. 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros.
Já as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas admitem alteração por
iniciativa popular. 
OBS: SEGUNDO O STF, SÓ É ADMITIDO O PRINCÍPIO DA SIMETRIA OU
PARALELISMO CONSTITUCIONAL DE NORMA SUPERIOR PARA NORMA
INFERIOR. ASSIM, NÃO PODERÁ UMA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL
20
SERVIR DE PARÂMETRO PARA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. POR ISSO
QUE NÃO CABE EMENDA POR INICIATIVA POPULAR.
b) QUANTO AO PROCEDIMENTO DE ELABORAÇÃO DAS EMENDAS
CONSTITUCIONAIS
É encaminhada para a Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Depende
de quem seja a iniciativa. Devem ser discutidas duas vezes, com 3/5 de
aprovação (308 na CD e 49 no SF). 
Quem promulga são as mesas da Câmara ou do Senado. 
A única participação do Presidente da República é quando ele propõe a
PEC. 
Quando o texto de uma PEC é rejeitado ele só poderá ser objeto de nova
proposta na próxima sessão legislativa. 
Sessão legislativa não se confunde com legislatura.
 Uma legislatura é composta de quatro sessões legislativa e cada
uma delas é composta de dois períodos legislativos. 
 O primeiro período legislativo vai de 02/02 a 17/07 e de 01/08 a 22/12. 
As emendas constitucionaisdevem ser discutidas 2 vezes, em cada casa
legislativa, com o quórum de aprovação de 3/5 de seus membros. Caso a EC
seja emendada, a reemenda também precisa ser discutida 2 vezes e aprovada
com o quórum de 3/5. 
Lei complementar e lei ordinária quem promulga é o Presidente, mas quem
promulga as emendas são as mesas da Câmara e do Senado. 
 5.4 LIMITAÇÃO TEMPRORAL 
Traduz-se no interstício durante o qual a lei fundamental não poderá ser
objeto de alteração. 
A nossa atual Carta Magna não estabeleceu qualquer limitação temporal para
alteração. Nesse sentido, tendo sido promulgada em 5 de outubro de 88, no
dia 6 a CF já poderia receber uma emenda constitucional. 
Todavia, essa mesma Constituição estabeleceu no art. 3º do ADCT limitação
temporal quanto às revisões. 
Previu que tais revisões seriam realizadas após 5 anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sessão unicameral.
Acerca dos limites para essas revisões, a teoria prevalecente foi a que
estabeleceu como limite material o mesmo limite determinado ao poder
21
constituinte derivado reformador, qual seja, o limite material das cláusulas
pétreas. 
O ano em que ocorreram as revisões foi o imediatamente subsequente ao
quinto ano da promulgação, logo, 1994. Assim, todas as seis revisões
ocorreram em 1994. 
Mas, como visto, quanto às emendas constitucionais, não houve limitação
temporal. 
Do jeito que a CF se encontra, não é possível mais emendas de revisão. 
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS 
 CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
 - Art. 34, VII 
 - Art. 60 – com todos os incisos e parágrafos. 
 - ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: 
 Art. 3º. 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS 
 STF / Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 939 / Cláusulas
pétreas. 
 STF / Recurso Extraordinário – RE 587008 / “O poder constituinte
derivado não é ilimitado, visto que se submete ao processo consignado
no art. 60, §§ 2º e 3º, da CF, bem assim aos limites materiais,
circunstanciais e temporais dos §§ 1º, 4º e 5º do aludido artigo. A
anterioridade da norma tributária, quando essa é gravosa, representa
uma das garantias fundamentais do contribuinte, traduzindo uma
limitação ao poder impositivo do Estado”. 
QUESTÕES CORRELATAS
I. (TCE-ES/PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS/CESPE/2009) No tocante
ao poder constituinte originário, o Brasil adotou a corrente positivista, de modo
que o referido poder se revela ilimitado, apresentando natureza pré-jurídica. 
II. (MP/PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2008) A CF prevê expressamente o
poder de reforma, o qual materializa o poder constituinte derivado. 
III. (STF/ANALISTA/2008) Um deputado federal pretende cumprir um
compromisso de campanha de fazer uma emenda à CF visando alterar o
sistema Tributário Nacional, o qual considera muito complexo e oneroso para a
sociedade. Essa proposição legislativa deve ser apresentada na Câmara dos
Deputados subscrita por, pelo menos, um terço dos deputados federais. 
IV. (STF/ANALISTA/2008) A CF, conforme seu próprio texto, pode ser
emendada por meio de iniciativa popular, desde que o projeto seja subscrito
por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por, pelo menos, cinco
estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. 
V. (TRF5/JUIZ/2009) A CF admite emenda constitucional pode meio de
iniciativa popular. 
22
GABARITO 
I. C 
II. C 
III. C 
IV. E 
V. E 
“Nenhum obstáculo será tão grande, se a sua vontade de vencer for
maior.”
APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS E
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
NOÇÕES TEÓRICAS
APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
1. APLICABILIDADE
a) IMEDIATA
Normas de aplicabilidade imediata são aquelas autoexecutáveis. 
São as normas que não dependem de outras para produzir efeitos. É aquela
norma que em si só já basta. 
b) MEDIATA
São normas não autoexecutáveis. Exigem um regramento posterior para que
possam produzir efeitos sociais. Precisa desse arcabouço posterior. 
A sistematização de JOSÉ AFONSO DA SILVA no que tange à aplicabilidade
eficácia das normas é falível e contraditória, em que pese ser aceita no STF. 
A principal crítica que se dispara é a alocação das normas programáticas
como espécie das normas de eficácia limitada. 
2. EFICÁCIA
a) JURÍDICA
É a norma na sua literalidade. É o texto codificado. Todas as normas
constitucionais, só pelo aspecto formal, ou seja, por estarem inseridas na
Constituição, possuem a eficácia jurídica. 
A eficácia jurídica corresponde à irradiação de efeitos da norma
constitucional perante o ordenamento jurídico. Todas as normas que estão
inseridas na Constituição têm status de lei fundamental, no aspecto formal,
independentemente da correspondência perante a sociedade. 
b) SOCIAL
23
É a norma que tem ressonância na sociedade. Por isso se diz norma de
eficácia social. Há normas que estão na constituição, mas não possuem
eficácia social. 
A eficácia social consiste na efetividade da norma constitucional, ou seja, a
norma que é sentida e reconhecida pelo cidadão. 
Ex. art. 7º, IV – tem eficácia jurídica, mas não tem eficácia social (norma do
salário mínimo). 
OBS: NÃO EXISTE NORMA CONSTITUCIONAL COMPLETAMENTE
DESTITUÍDA DE EFICÁCIA. UMA NORMA PODE ATÉ NÃO POSSUIR
EFICÁCIA SOCIAL, MAS CERTAMENTE POSSUIRÁ A CHAMADA EFICÁCIA
JURÍDICA, QUE É A APTIDÃO PARA CONDICIONAR O ORDENAMENTO
JURÍDICO.
3. CLASSIFICAÇÃO DO PROFESSOR JOSÉ AFONSO DA SILVA –
ADOTADA NO STF
a) NORMAS DE EFICÁCIA PLENA
É aquela que desde a sua entrada em vigor, está apta a produzir todos os
seus efeitos. 
É norma de aplicabilidade direta, imediata e de efeitos integrais, que só
poderá sofrer limitações por outra norma constitucional, ou seja, outra norma
do mesmo patamar. 
Como exemplos a doutrina aponta normas que criam órgãos ou atribuem
competências (art. 2º, 19, 20, 21, 22, 24, etc.). 
b) NORMA DE EFCÁCIA CONTIDA
Chamada de norma de eficácia redutível, restringível ou prospectiva,
também é aquela norma que desde a sua vigência está apta a produzir todos
os seus efeitos, todavia PODERÁ TER SUA ABRANGÊNCIA REDUZIDA
POR OUTRAS NORMAS (constitucionais ou infraconstitucionais). 
Assim, também tem aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente não
integral (pois poderá sofrer mitigações).
O exemplo mais clássico é o art. 5º, XIII da CF, que afirma ser livre o exercício
de qualquer trabalho ofício ou profissão, nos termos e limites que a lei
estabelecer. 
c) NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA
São aquelas que desde a sua promulgação não estão aptas a produzir
todos os seus efeitos, precisando de uma lei integrativa infraconstitucional. 
É norma de aplicabilidade indireta, mediata, reduzida ou diferida.
Depende de regramento posterior para apresentar eficácia social. 
Vale lembrar que tais normas possuem o mínimo efeito de vincular o legislador
infraconstitucional aos seus vetores. 
As normas de eficácia limitada se dividem em dois grupos:
24
a) INSTITUTIVA OU ORGANIZATIVA – São aquelas que englobam a
organização dos poderes e do Estado. Ex. art. 33, 88, 91, § 2º da CF. 
São normas que contêm esquemas gerais de estruturação de instituições,
órgãos ou entidades. Ex. art. 18, §2º, 33, 102, §1º. 
b) PROGRAMÁTICA – São aquelas que se revestem sob a forma de
promessas ou programas a serem desempenhados pelo Estado para a
consecução dos seus fins sociais. 
São políticas públicas a serem adotadas pelo Estado, que dependem de um
orçamento estabelecido. Ex. art. 3º da CF. Ex. direito à saúde, educação,
cultura, ciência e tecnologia, etc. 
É a norma que informa uma aspiração. Não é porque é programática que
não é imperativa. Elas também são cogentes e devem ser efetivadas. 
OBS: NOVAS NOMENCLATURAS. 
MARIA HELENA ainda acrescenta à classificação as normas supereficazes
ou com eficácia absoluta.Assim são chamadas porque contêm uma força paralisante de toda e
qualquer legislação que, explicita ou implicitamente vier a contrariá-las. 
Essas normas se perfazem nas chamas cláusulas pétreas. 
Ainda com a professora MARIA HELENA DINIZ (opinião também de UADI
LAMMÊGO BULOS), normas constitucionais de eficácia exaurida (ou
esvaída) e aplicabilidade esgotada são aquelas, como o próprio nome sugere,
que já extinguiram a produção de seus efeitos, por isso estão esgotadas. São
próprias do ADCT, notadamente as normas que já cumpriram o papel, encargo
ou tarefa para a qual foram propostas. 
Você é do tamanho dos seus sonhos.
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Segundo o constitucionalista português J. J. Gomes Canotilho, seis são os
diferentes métodos através dos quais é possível realizar a intepretação
constitucional, quais sejam: o método jurídico ou hermenêutico clássico;
o tópico-problemático; o hermenêutico-concretizador; o
científico-espiritual; o normativo-estruturante e o método da comparação
constitucional.
25
Para ele, a interpretação das normas constitucionais nada mais é do que um
conjunto de métodos, desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência, com
base em critérios ou premissas (filosóficas, metodológicas, epistemológicas)
diferentes, mas, em geral, reciprocamente complementares. 
Abaixo são listadas as principais características de cada um desses métodos
apontados pelo jurista português. 
1.1 Método jurídico ou hermenêutico clássico
O método jurídico ou hermenêutico clássico parte da premissa de que a
Constituição é uma lei, de tal modo que a interpretação constitucional não
deixa de ser, em igual sentido, uma interpretação legal, o que confirma a
tese da identidade. 
Já que a atividade interpretativa da Constituição se traduz na própria noção
de interpretação da lei, para o desempenho dessa tarefa o intérprete deverá se
valer dos critérios clássicos de hermenêutica, tradicionalmente conhecidos
como: 
 Elemento gramatical (filológico, literal ou textual) 
 Elemento histórico 
 Elemento sistemático (ou lógico) 
 Elemento teleológico (ou racional) 
 Elemento genético 
Este método se caracteriza por atribuir grande importância ao texto
constitucional, isso porque será a partir dessa previsão textual que o intérprete
buscará descobrir o verdadeiro significado da norma, o seu real sentido. 
1.2 Método tópico-problemático
A principal ideia que pode ser extraída deste método é que ele parte do
problema concreto para a norma. 
Assim, o seu objetivo será tentar adequar (a partir de um processo
argumentativo aberto desempenhado por vários intérpretes) a norma da
Constituição ao problema existente, ou seja, tentar fazer com que a solução do
problema possa ser enquadrada e adaptada à norma constitucional. 
A principal crítica disparada contra este método reside na noção de que a
atividade interpretativa não deveria partir do problema concreto para a
norma, ao revés, a norma constitucional que deveria servir de ponto de partida
para a solução dos problemas. 
1.3 Método hermenêutico-concretizador
26
Em sentido diametralmente oposto ao modelo tópico-problemático, o método
hermenêutico-concretizador parte da norma da Constituição para o
problema concreto.
De modo objetivo, é possível concluir que este método vem consolidar os
seguintes pressupostos da atividade interpretativa, quais sejam: 
 § Pressupostos subjetivos – relacionam-se ao papel criador do
intérprete que deverá valer-se da sua pré-compreensão da matéria
com a finalidade de encontrar o real sentido da norma da constitucional.
 § Pressupostos objetivos – estes, por sua vez, podem ser
relacionados ao contexto, identificando a atuação do intérprete como
alguém apto a promover a mediação entre o texto e a situação em que
se aplica. 
 “Movimento de ir e vir” – aqui identificado como o círculo
hermenêutico que traduz a relação entre o texto e o contexto, indo
do subjetivo para o objetivo, até que seja possível ao intérprete alcançar
a melhor percepção da norma. 
Em síntese, por meio deste método a interpretação constitucional passa a
ser percebida como uma atividade por meio da qual é possível concretizar a
Constituição, situação esta que habilita o intérprete a proceder à delimitação
do próprio substrato material da norma. 
1.4 Método científico-espiritual
Por este método, a interpretação da Magna Carta não pode estar adstrita
apenas e tão-somente à previsão da literalidade textual de suas disposições.
Ao contrário, no desempenho de sua atividade o intérprete deve considerar os
valores subjacentes ao texto da Constituição, compreendendo-a como uma
ordem de valores e como elemento do processo de integração. 
Isso porque, para além da letra “fria e crua” do texto, existe ali uma tábua
axiológica (valorativa) que deve ser levada em consideração no processo
interpretativo para a captação do real espírito de valores da comunidade. 
Enfim, trata-se de um método através do qual as normas constitucionais são
percebidas não apenas e tão-somente pela sua previsão textual, mas,
principalmente, pelos valores que ali estão consagrados, tendo por objetivo
proporcionar uma integração da norma constitucional com os reais fatores
espirituais da comunidade. 
1.5 Método normativo-estruturante
27
O método normativo-estruturante parte da premissa segundo a qual inexiste
identidade entre a norma jurídica e o texto normativo. 
Isso porque a norma jurídica não compreende apenas o texto, afinal de contas
abrange também um “pedaço da realidade social”, ou seja, além da
atividade legislativa, para a compreensão da norma é indispensável analisar a
sua conformação no desempenho da atividade jurisdicional e no exercício da
atuação administrativa, ou seja, não só em um, mas em todos os níveis. 
1.6 Método da comparação constitucional
Por fim, com este método busca-se estabelecer uma comparação da
própria evolução dos institutos nos diversos ordenamentos jurídicos no
sentido de se alcançar a melhor percepção para a realidade concreta. 
Seria o mesmo que, a partir de critérios comparativos, promover um
intercâmbio constitucional no intuito de aperfeiçoar a compreensão dos
institutos jurídicos, visando aplicá-los na resolução dos problemas concretos. 
1.1 Método
jurídico ou
hermenêuti
co clássico
1.2
Método
tópico-pr
oblemáti
co
1.3 Método
hermenêuti
co-concreti
zador
1.4Método
científico-e
spiritual
1.5
Método
normativ
o-estrutu
rante
1.6
Método da
comparaç
ão
constituci
onal
Parte da
premissa de
que a
Constituiçã
o é uma lei,
de tal modo
que a
interpretaçã
o
constitucion
al não
deixa de
ser, em
i g u a l
s e n t i d o ,
u m a
interpretaç
ão legal, o
q u e
confirma a
tese da
identidade.
 A
pr inc ipa l
ideia que
pode ser
e x t r a í d a
d e s t e
método é
que ele
parte do
problema
concreto
para a
norma. 
 Em
s e n t i d o
diametralme
nte oposto
ao modelo
tópico-probl
emático, o
m é t o d o
hermenêutic
o-concretiza
dor parte da
norma da
Constituiçã
o para o
p r o b l e m a
concreto.
De modo
objetivo, é
p o s s í v e l
concluir que
este método
v e m
 A
interpretaçã
o da Magna
Carta não
pode estar
adstrita
apenas e
tão-somente
à previsão
da
literalidade
textual de
suas
disposições.
Ao
contrário, no
desempenh
o de sua
atividade o
intérprete
deve
considerar
 Parte
da
premissa
segundo
a qual
inexiste
identidad
e entre a
norma
jurídica e
o texto
normativ
o. 
 Isso
porque a
norma
jurídica
não
compree
nde
apenas o
texto,
 Este
m é t o d o
b u s c a - s e
estabelece
r uma
comparaç
ão da
p r ó p r i a
e v o l u ç ã o
d o s
i ns t i tu tos
n o s
d i ve rs o s
ordename
n t o s
juríd icos
no sentido
de se
alcançar a
m e l h o r
percepção
para area l i dade
28
 Já que a
a t i v i d a d e
interpretativ
a da
Constituiçã
o se traduz
na própria
noção de
interpretaçã
o da lei,
para o
desempenh
o dessa
tarefa o
i n té rp re te
deverá se
valer dos
c r i t é r i o s
clássicos
d e
hermenêuti
c a ,
tradicionalm
e n t e
conhecidos
como: 
Elementos:
gramatic
al 
Histórico
Sistemáti
co 
Teleológi
co 
Genético
conso l idar
os seguintes
pressuposto
s da
a t i v i d a d e
interpretativ
a, quais
sejam: 
Pressupo
s t o s
subjetivos
Pressupo
s t o s
objetivos
“Movime
nto de ir e
vir”
os valores
subjacente
s ao texto
da
Constituiçã
o,
compreende
ndo-a como
uma ordem
de valores
e como
elemento do
processo
de
integração.
afinal de
contas
abrange
também
um
“pedaço
da
realidad
e social”
concreta. 
2. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Além dos métodos apontados que sem prestam a concretizar a atividade
hermenêutica, e com o objetivo de auxiliar a tarefa do intérprete, o
constitucionalista lusitano Gomes Canotilho ainda apresenta os princípios
específicos de interpretação constitucional.
29
Para a doutrina majoritária, estes princípios, que possuem natureza
instrumental (pressupostos lógicos da aplicação das normas constitucionais),
são: princípio da unidade da Constituição; do efeito integrador; da
máxima efetividade; da justeza ou da conformidade funcional; da
concordância prática ou da harmonização; da força normativa da
Constituição; da interpretação conforme a Constituição e da
proporcionalidade ou razoabilidade.
2.1 Princípio da unidade da Constituição
Por este princípio, a Constituição deve ser interpretada de modo a evitar
antinomias (conflito entre normas), bem como contradição envolvendo os
seus princípios. Ou seja, primando por uma unidade do Texto Supremo,
tem-se que as normas constitucionais devem ser interpretadas de modo
global, objetivando-se harmonizar os possíveis espaços de tensão. 
Nesse passo, o operador do Direito deve perceber as normas da Constituição
não de maneira isolada ou estanque, ao revés, deve ele senti-las como
enunciados que compõem um sistema uno de regras e princípios, dotado de
harmonia e, por conseguinte, marcado pela ausência de conflitos. 
2.2 Princípio do efeito integrador
Trata-se de consectário natural do princípio da unidade da Constituição, com
o qual guarda estreita semelhança. 
Explicando o princípio do efeito integrador, Canotilho ressalta que na
resolução dos problemas jurídico-constitucionais deve-se dar primazia aos
critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o
reforço da unidade política.
2.3 Princípio da máxima efetividade
Também conhecido como princípio da eficiência ou princípio da
interpretação efetiva, traduz a ideia segundo a qual o hermeneuta deve
conferir à norma constitucional a interpretação que lhe conceda a maior
eficácia, é dizer, a mais larga efetividade social possível. 
Nesse sentido, em caso de eventual dúvida envolvendo a aplicação de um
direito fundamental constitucionalmente previsto, a melhor exegese
(interpretação), certamente, será aquela que esteja apta a conceder o mais
alto grau de eficácia a este direito. 
2.4 Princípio da justeza ou da conformidade funcional
Também chamado de princípio da exatidão ou correção funcional, traduz a
ideia de que o intérprete final da Constituição (na realidade brasileira, o
30
Supremo Tribunal Federal), ao desempenhar as suas atividades, não poderá
chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório
funcional que foi estabelecido pelo legislador constituinte. 
A título de exemplo, não é dado ao STF, no exercício das suas atividades
jurisdicionais, conferir uma interpretação à Constituição que venha subverter a
clássica separação dos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário),
consagrada, inclusive, como cláusula pétrea no art. 60, § 4º, III, da CF/88. 
Assim, a partir da aplicação deste princípio garante-se não só a observância
da separação das funções estatais, como também a própria repartição de
competências constitucionalmente estabelecidas para as pessoas políticas ou
entes federados. 
2.5 Princípio da concordância prática ou da harmonização
Pautado na noção de ausência de hierarquia entre os princípios e direitos
fundamentais, caso ocorra algum conflito entres bens jurídicos igual e
constitucionalmente protegidos, deve-se primar pela concordância prática ou
harmonização de tais preceitos, justamente com o objetivo de impedir o
sacrifício total de um princípio em relação ao outro com o qual esteja
colidindo. 
Nesse sentido, Canotilho chega mesmo a fazer referência ao
estabelecimento de limites e condicionamentos recíprocos entre tais direitos
envolvidos no conflito, de modo a conseguir uma harmonização ou
concordância prática entre eles, e impedindo, dessa forma, como solução, o
sacrifício de uns em relação aos outros. 
2.6 Princípio da força normativa da Constituição
Como norma jurídica que é a Constituição possui força normativa suficiente
para, de modo coercitivo, impor as suas determinações. 
Trata-se de princípio idealizado pelo jurista Konrad Hesse, para quem o
operador do Direito deve, no exercício das suas atribuições, realizar a
chamada vontade de Constituição, inclusive cuidando da atualização das
suas normas. 
Assim, na resolução dos diversos conflitos existentes, deve-se conferir máxima
aplicabilidade às normas constitucionais. Com Canotilho, na solução dos
problemas jurídico-constitucionais deve-se dar prevalência aos pontos de vista
que, tendo em conta os pressupostos da Constituição (normativa), possam,
efetivamente, contribuir para uma eficácia ótima da Lei Fundamental. 
2.7 Princípio da interpretação conforme a Constituição
À luz deste princípio, sempre que o intérprete estiver diante das chamadas
normas polissêmicas ou plurissignificativas (aquelas que admitem mais de
uma interpretação), deve ser dada preferência ao sentido interpretativo que
31
melhor seja compatibilizado com o texto constitucional e que mais se
aproxime dos seus preceitos. 
Assim, ao aplicar o Direito no caso concreto, dentre as várias possibilidades
de interpretação existentes, deve o operador escolher aquela que não
contrarie o texto constitucional. 
Na trilha do mesmo raciocínio, não deve uma lei ser declarada
inconstitucional quando, a partir da observância de suas finalidades, ela puder
ser interpretada em consonância com a Constituição. 
Com isso, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, percebe-se
que mais do que um princípio de hermenêutica, a interpretação conforme a
Constituição se apresenta com verdadeira espécie de decisão do controle
de constitucionalidade das normas, podendo ser equiparada a uma
declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto. 
2.8 Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade
Razoabilidade significa lógica, coerência, congruência. 
Para a doutrina brasileira, dentro do princípio da razoabilidade é possível
identificar o princípio da proporcionalidade, que, por sua vez, significa
equilíbrio entre os meios empregados e os fins visados. 
Conforme já foi cobrado em prova de concurso, um exemplo metafórico de
aplicação da proporcionalidade é a ideia segundo a qual “não se abatem
pardais com canhões”. Isso porque, conforme se percebe, a medida
empregada é excessivamente desproporcional em realização ao fim
pretendido. 
Vale lembrar que razoabilidade e proporcionalidade são princípios
implícitos na Constituição Federal, porém expressos na legislação
infraconstitucional, qual seja a Lei n. 9.784/99, conhecida como Lei de
Processo Administrativo no âmbito federal, mais especificamente em seu art.
2º. 
A importância desses princípios ganhou no relevo do Direito Público
brasileiro principalmente após a possibilidade conferida ao Poder Judiciário decontrolar a legalidade dos atos administrativos discricionários. 
É que antes desse reconhecimento, os atos discricionários, muitas vezes
arbitrários, não eram submetidos a controle jurisdicional sob a justificativa de
que o Estado-juiz não poderia imiscuir-se no mérito do ato administrativo,
ainda que flagrantes ilegalidades estivessem sendo cometidas. 
Hoje, porém, a despeito de continuar não podendo adentrar na análise dos
requisitos de conveniência e de oportunidade que ensejam a prática do ato
(elementos que compõem o próprio conceito de mérito), o Poder Judiciário não
só pode como deve exercer o chamado controle de legalidade. 
32
Essa legalidade aqui deve ser percebida em termos amplos, é dizer, não só a
partir do direito positivado, mas também pela contemplação de princípios
constitucionais implícitos, como a razoabilidade e a proporcionalidade. 
Controlando a legalidade dos atos discricionários, tendo por parâmetro os
princípios mencionados acima, com certeza há uma limitação da liberdade do
administrador. Não se trata (é preciso que se diga) de controle de mérito,
entretanto, não há como negar que tal controle acaba, sim, por limitar o
espectro de abrangência do mérito desse ato administrativo. 
“Tudo o que você quiser fazer ou sonhar você alcançará. Sendo assim,
mão à obra”.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS - COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS 1º AO 4º 
ART. 1º - FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
Além de listar os fundamentos da República, consagra o art. 1º da CF as
bases políticas do Estado brasileiro, a saber: princípio federativo
(consagrando a forma de Estado), princípio republicano (consagrando a
forma de governo), princípio do Estado Democrático de Direito (definindo o
regime político). 
 PRINCÍPIO FEDERATIVO 
 PRINCÍPIO REPUBLICANO 
 PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 
O Estado democrático se assenta no pilar da soberania popular, pois a base
do conceito de democracia está ligada à noção de governo do povo, pelo povo
e para o povo. 
O art. 1º da CF elenca quais seriam os fundamentos constitucionais da
República Federativa do Brasil. 
Todos os fundamentos formam o processo mnemônico de memorização 
SO CI DI VA PLU.
1. SOBERANIA
Para a doutrina majoritária, três são os elementos que compõem o Estado. 
São eles: 
 SOBERANIA, que pode ser dividida em externa e interna. 
33
 POVO, que não se confunde com nação e população. 
 TERRITÓRIO, que pode ser jurídico ou geográfico. 
Dos três elementos constitutivos do Estado, apenas a soberania é também
fundamento da República Federativa do Brasil.
Logo, a soberania pode ser entendida como um elemento constitutivo do
Estado. 
A soberania externa é aquela que resguarda o princípio da não
intervenção, nas suas diversas dimensões (não intervenção cultural,
lingüística, etc.). Significa independência na ordem internacional. 
A soberania interna significa que o poder do Estado não pode ser limitado
por nenhum outro poder. O poder do Estado é o mais alto existente dentro do
Estado, é a potestade. Significa supremacia no âmbito interno.
OBS: A UNIÃO NÃO É SOBERANA. SOBERANO É O ESTADO BRASILERO
(REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL).
A União (pessoa jurídica de direito público interno) é ente federativo
autônomo, todavia, não é superior aos demais entes que compõem a
federação brasileira. 
Assim, em síntese, pode-se dizer que quem exerce soberania é o Estado
brasileiro, representado pela União.
2. CIDADANIA
A cidadania pode ser compreendida em dois sentidos: 
 SENTIDO AMPLO
Consiste no conjunto de direitos e obrigações firmadas entre o Estado e o
nacional. 
Todo indivíduo que integra o povo brasileiro é cidadão. 
O real sentido de cidadania não se restringe ao campo dos direitos políticos. 
Já se disse que exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e
sociais. 
Logo, este é o conceito que melhor atende aos postulados de dignidade
humana. 
 SENTIDO ESTRITO
Cidadão em sentido mínimo ou restrito é o cidadão eleitor. 
Esse é o conteúdo jurídico tradicional da expressão cidadania, que reconduz
ao exercício do direito político ativo (capacidade eleitoral ativa = votar). 
OBS: A LEGITIMIDADE ATIVA PARA PROPOSITURA DA AÇÃO POPULAR
ESTÁ CIRCUNSCRITA AO CONCEITO DE CIDADÃO EM SENTIDO
34
ESTRITO. ESSA CIDADANIA SE COMPROVA POR MEIO DO TÍTULO DE
ELEITOR (art. 1º, § 3º da lei 4.717/65).
OBS: MEDIDA PROVISÓRIA NÃO PODE TRATAR SOBRE NORMAS
RELATIVAS À CIDADANIA (nem direitos político, dos partidos político,
direito eleitoral e direitos de nacionalidade – dentre outras matérias).
3. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Trata-se do fim supremo de todo o direito e é o fundamento maior do
Estado brasileiro.
OBS: SEGUNDO A DOUTRINA MAJORITÁRIA, O PRINCÍPIO DA
DIGNIDADE DA PESOA HUMANA PODE SER RELATIVIZADO SOB O
FUNDAMENTO DE QUE NÃO EXISTEM PRINCÍPIOS ABSOLUTOS.
O que difere o princípio da dignidade da pessoa humana dos demais princípios
é o fato de tratar-se de um princípio meta, um princípio fim.
Ou seja, todo e qualquer conflito de princípios deve ter como solução aquela
que mais se aproxima da dignidade da pessoa humana. 
Essa solução não pode ser prévia e abstrata, pois sempre deverá ser
analisado o caso concreto. 
4. VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA
A primeira Constituição brasileira a fazer referência à valorização do
trabalho foi a de 1946; referência essa mantida nas Constituições de 1967 e
1969. 
A livre iniciativa, por sua vez, deve ser compatibilizada à valorização do
trabalho, pois ambos constituem fundamento do Estado brasileiro e
consagram, por assim dizer, a opção constitucional pela ideologia
democrático-social. 
5. PLURALISMO POLÍTICO
Tal princípio não deve ser confundido com pluripartidarismo – sistema
que permite a criação de inúmeros partidos. 
Em verdade, sua abrangência é muito maior, significando um direito
fundamental à diferença em todos os âmbitos em expressões da
convivência humana. Tanto nas escolhas de natureza política, quanto nas de
caráter religioso, econômico, social e cultural. 
Liga-se à ideia de tolerância, significando que ninguém pode ser vítima de
preconceitos, de ódio ou de perseguições pelo simples fato de ser diferente,
afinal o normal é ser diferente.
35
ART. 1º, PRÁGRAFO ÚNICO
Diz que todo poder emana do povo, que o exerce por meio dos seus
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
Trata-se da chamada democracia participativa (semidireta),
combinando-se elementos do sistema representativo com os da
democracia direta. 
Exemplos de democracia direta são o plebiscito, referendo e a iniciativa
popular. 
ART. 2º - TRIPARTIÇÃO DAS FUNÇÕES ESTATAIS
São poderes da União independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário. 
Primeiro; o poder é uno e indivisível. Divididas são as funções do Estado.
Portanto, é técnico e correto se referir à tripartição das funções estatais. 
A partir dessa ideia nós conhecemos a possibilidade de exercício de
funções típicas e atípicas. 
ART. 3º - OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL - GPCE
Os objetivos fundamentais constituem normas programáticas.
Normas programáticas são as que estabelecem políticas públicas a serem
implementadas pelo Estado para a consecução dos seus fins sociais. 
Objetivos são metas a serem alcançadas, são ações. 
FUNDAMENTOS DA
REPÚBLICA
FEDERATIVA DO
SOBERANIA
CIDADANIA
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
OS VALORES SOCIAS DO TRABALHO
PLURALISMO POLÍTICO
SO CI DI VA PLU
36
OBS: SEMPRE QUE A ASSERTIVA ESTIVER COMPSTA DE VERBOS E
METAS, ESTAREMOS DIANTE DE OBJETIVOS FUNDAMENTAIS, QUE NÃO
SE CONFUNDE COM OS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA. Ex. construir,
garantir, erradicar e promover. 
O rol dos objetivos fundamentais é meramente exemplificativo, ou seja,não
se trata de rol taxativo, tendo em vista a existência de vários outros objetivos
fundamentais que não estão previstos expressamente no texto constitucional. 
CONGA ERRAPRO
ART. 4º - PRINCÍPIOS QUE REGEM A REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL NAS SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
São dez incisos que perfazem o processo mnemônico de memorização CC
II DNA PRS.
Destaque para PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS 
Esse é um dos princípios mais importantes, principalmente em decorrência da
EC 45/04 que tratou da reforma do Poder Judiciário e inseriu o § 3º ao art. 5º
da Constituição. 
Com a nova redação, tem-se que: 
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais”. 
OBJETIVOS
FUNDAMENTAIS DA
REPÚBLICA FEREDERATIVA
DO BRASIL
I - construir uma sociedade livre, justa e
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
I - independência nacional;
37
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
- Arts. 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, XIII, 7º, IV, 18, § 2º, 19, 20, 21, 22, 24, 33, 102, § 1º. 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS 
- Súmulas vinculantes nº: 11 e 14. 
QUESTÕES CORRELATAS 
I. (TRT/PR/Técnico/2007) Norma constitucional de eficácia contida é aquela
que, sendo autoaplicável, autoriza a posterior restrição por parte do legislador
infraconstitucional. 
II. (TJ/RJ/Analista/2008) A República Federativa do Brasil admite o direito de
secessão, desde que esta se faça por meio de emenda à CF, com três quintos,
no mínimo, de aprovação em cada casa do Congresso Nacional, em dois
turnos. 
PRINCÍPIOS QUE
REGEM A REPÚBLICA
FEDERATIVA DO
BRASIL NAS SUAS
RELAÇÕES
INTERNACIONAIS
III - autodeterminação dos povos;
II - prevalência dos direitos humanos;
IV - não intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao
IX - cooperação entre os povos para o
X - concessão de asilo político.
CC II DNA PRS.
38
III. (TJ/RJ/Analista/2008) A República é uma forma de Estado. A federação é
uma forma de governo. 
IV. (TJ/RJ/Analista/2008) São poderes da União, dos estados e do DF,
independentes e harmônicos, o Legislativo, o Judiciário e o Executivo. 
V. (STJ/Analista/2008) O Brasil é regido, nas suas relações internacionais, pelo
princípio da autodeterminação dos povos, mas repudia o terrorismo e o
racismo. 
GABARITO 
I. C 
II. E 
III. E 
IV. E 
V. C 
“Nunca deixe de ser forte. Nunca deixe de acreditar em você. Tenha
orgulho de quem você é.”
TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
NOÇÕES TEÓRICAS
TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
São fundamentais porque estes direitos manifestam-se como pressupostos
de um estado democrático de direito. 
Assim, a fundamentalidade reside na essencialidade desses direitos para a
pessoa humana – que não existe dignamente sem eles – e no fato de serem
pressupostos de um estado democrático de direito. 
1. DIREITOS HUMANOS, DIREITOS FUNDAMENTAIS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS – DISTINÇÃO NECESSÁRIA
CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS
São o conjunto de bens jurídicos, prerrogativas, franquias e instituições que
explicitam e concretizam a dignidade humana como o fim de assegurar a
existência solidária, igual e fraterna entre as pessoas. 
CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS
Direitos fundamentais são os direitos humanos incorporados na ordem
jurídica dos Estados. 
CONCEITO DE GARANTIAS FUNDAMENTAIS
39
Conjunto de medidas ou providências, destinadas à proteção, segurança e
efetivação dos direitos fundamentais. 
Assim, a garantia é a medida de proteção dos direitos fundamentais. Ex.
remédios constitucionais. Todo direito tem que ter a sua garantia, a sua forma
jurídica de proteção. Não há que se falar em direitos sem as suas próprias
garantias. 
1. CLÁUSULA DE ABERTURA MATERIAL OU DE INESGOTABILIDADE
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
O art. 5º, § 2º da Constituição Federal estabelece que “os direitos e
garantias expressos nesta Constituição, não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte”. 
A partir da leitura do dispositivo, contata-se que o Brasil adotou um
sistema materialmente aberto de direitos fundamentais, não se podendo
considerar taxativa a enumeração dos direitos fundamentais no Título II da
Constituição. 
2. TITULARIDADE ou DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Não resta dúvida de que todos os seres humanos são titulares de direitos
fundamentais. Pode-se indagar, porém, se apenas as pessoas físicas
protagonizam tais direitos. 
PESSOAS JURÍDICAS TITULARIZANDO DIREITOS FUNDAMENTAIS
Não há, em princípio, impedimento insuperável a que as pessoas jurídicas
venham, também, a serem consideradas titulares de direitos fundamentais,
não obstante estes, originalmente, terem por referência a pessoa física. 
Garantias, porém, que dizem respeito à prisão têm as pessoas físicas
como destinatárias exclusivas. Da mesma forma como ocorre com os
direitos políticos, direitos sociais, assistência social etc. 
OBS: Pessoas jurídicas de direito público possuem, por exemplo, direitos
fundamentais de caráter processual (ou do tipo procedimental – devido
processo legal, contraditório, ampla defesa).
DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ESTRANGEIROS
Ao contrário da literalidade do art. 5º, caput, os direitos fundamentais são
extensíveis aos estrangeiros residentes no país, bem com aos não
residentes, aqueles que aqui estejam de passagem, a exemplo dos turistas.
Esse entendimento está pautado no princípio vetor de nosso ordenamento,
qual seja a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF/88). 
40
3. EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
O tema da eficácia horizontal dos direitos fundamentais é também
denominado pela doutrina de eficácia privada ou externa dos direitos
fundamentais. 
Surge como importante contraponto à ideia de eficácia vertical dos direitos
fundamentais, que se desenha a partir da aplicação dos direitos fundamentais
nas relações entre o particular e o poder público. 
Nesse sentido, temos que o Brasil adota a: 
 TEORIA DA EFICÁCIA DIRETA OU IMEDIATA – para essa teoria, os
direitos fundamentais têm aplicação direta e imediata às relações
privadas, independente de prévia atividade legislativa. Essa teoria foi
acolhida na Espanha, Itália, Argentina e Portugal, onde há inclusive
norma expressa na sua Constituição da República Portuguesa. No
Brasil, a doutrina e a jurisprudência do STF adotam a teoria da eficácia
direta e imediata. Essa tendência não é mais senão a aplicação do que
preconiza, entre nós, o § 1º do art. 5º, que determina a aplicabilidade
imediata das normas de direitos fundamentais. 
4. EVOLUÇÃO E DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
A doutrina dispara uma crítica à expressão “geração”, tendo vista que a
evolução dos direitos fundamentais traduz uma relação de
complementaridade, e não hereditariedade. 
Gerações ou dimensões de direitos correspondem a uma sucessão temporal de
afirmação e acumulação de novos direitos fundamentais.
1ª DIMENSÃO 2ª DIMENSÃO 3ª DIMENSÃO 4ª DIMENSÃO 
Séc. XVIII e XIX 
Estado Liberal 
Séc. XIX e XX 
Estado Social 
Séc. XX e XXI --- 
Direitos civis e
políticos 
Direitos
econômicos,
sociais e culturais 
Direitos difusos e
coletivos -
transindi. 
Democracia direta
e biotecnologia 
41
Liberdade Igualdade Fraternidade /
Solidariedade 
--- 
Liberdade de
reunião,
associação,crença
e consciência,
inviolabilidade de
domicílio... 
Saúde, educação,
trabalho,
assistência,
moradia,
sindicalização,
direitos de greve... 
Meio ambiente,
consumidor,
progresso,
desenvolvimento
tecnológico 
Direito de mudança
de sexo, contra
manipulação
genética 
Absenteísmo,
liberdades
negativas,
obrigações de não
fazer, defesa. 
Intervencionismo,
liberdades
positivas,
obrigações de
fazer, prestação. 
Pela primeira vez,
o homem passa a
ser visto como
membro de uma
coletividade. 
Resultado da
globalização dos
D.F. 
 Paulo Bonavides já fala na 5º dimensão cuja tônica seria o direito à paz
mundial, podendo ser exemplificado no combate ao terrorismo. 
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
- Arts. 5º, caput, § 1º, § 2º, § 3º e § 4º. 
CÓDIGO CIVIL: 
- Art. 52 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS 
- Súmulas vinculantes: 3 e 5. 
QUESTÕES CORRELATAS 
I. (MP/RO/Promotor/2008) O art. 5º da CF prevê que ninguém pode ser
submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Entretanto,
esse dispositivo não tem aplicabilidade imediata devido ao fato de não ter sido
regulamentado no plano infraconstitucional. 
II. (TER/MT/Analista/2010) Os direitos e garantias fundamentais estão
previstos de forma taxativa na CF. 
III. (MP/AM/Promotor/2007) A partir da Emenda Constitucional nº 45/04, que
introduziu os parágrafos 3º e 4º ao art. 5º da CF, os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos passaram a ter força de emenda
constitucional, desde que tais atos internacionais sejam aprovados em ambas
as casas congressuais, em turno simples de votação, e por maioria simples de
votos de seus respectivos membros. 
IV. (STJ/Analista/2008) Os direitos e garantias fundamentais são considerados
elementos limitativos das constituições. 
42
V. (MP/AM/Promotor/2007) Embora o art. 5º da CF disponha de forma
minuciosa sobre os direitos e as garantias fundamentais, ele não é exaustivo e
não exclui outros direitos. 
GABARITO 
I. E 
II. E 
III. E 
IV. C 
V. C 
“Você não é derrotado quando perde. Você é derrotado quando desiste.”
DIRIETO DE NACIONALIDADE
NOÇÕES TEÓRICAS
DIREITOS DE NACONALIDADE
1. CONCEITO
Nacionalidade é um vínculo de natureza jurídica e política que liga
determinada pessoa a um determinado estado soberano, quer em razão do
nascimento, quer em razão da naturalização. 
Nacional não se confunde com cidadão. A rigor, todo cidadão é nacional, mas
nem todo nacional é um cidadão. Cidadão é o nacional no pleno gozo dos
direito políticos. 
2. ESPÉCIES E AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE
ORIGINÁRIA (PRIMÁRIA ou de 1º GRAU)
Aquela que resulta de um fato involuntário ou natural, que consiste no
nascimento. 
Então, originariamente ela é adquirida pelo nascimento. 
Todavia, dentro dessa espécie é possível encontrar dois critérios, a serem
adotados pelos Estados, determinantes na aquisição da nacionalidade. 
 CRITÉRIO TERRITORAL (jus solis) – a nacionalidade é a do
local do nascimento, e não da descendência. Aqui interessa
saber o local, território onde a pessoa nasceu. 
 CRITÉRIO SANGUÍNEO (jus sanguinis) – a nacionalidade está
ligada ao parentesco, pois o que interessa para a nacionalidade
é o sangue, a filiação, a ascendência, pouco importando o local
onde o indivíduo nasceu. 
SECUNDÁRIA (SECUNDÁRIA ou DE 2º GRAU)
43
Aquela que resulta de um ato voluntário, consistente num concurso de
vontades entre o pretendente estrangeiro, que deseja obter a
nacionalidade de outro país, e a concordância do outro Estado em
conceder a nacionalidade e receber o estrangeiro como nacional. 
No Brasil há a lei 6.815/80, que no art. 112 define os pressupostos para a
naturalização do estrangeiro. 
3. NACIONALIDADE - OS BRASILEIROS NA CF/88
A Constituição relaciona quem são os brasileiros, tanto os originários (natos),
como os secundários (naturalizados). 
No art. 12, os natos estão no inciso I, os naturalizados, no inciso II. 
 NATOS (aquisição de nacionalidade originária)
A CF, sendo o Brasil um país de imigração, explicitamente consagra o critério
territorial, mas o fez como regra, comportando exceções. 
Assim, são natos (rol taxativo): 
 Art. 12, I, “a” (critério territorial) - os nascidos no Brasil, ainda que de
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. 
 Art. 12, I, “b” (critério sanguíneo + serviço do Brasil) - os nascidos
no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, quando qualquer deles estiver
a serviço da República Federativa do Brasil. 
 Art. 12, I, “c” (critério sanguíneo + 1) registro ou 2) opção
confirmativa = nacionalidade originária potestativa) - os nascidos no
estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, que forem registrados na
repartição brasileira competente, OU vierem a residir no Brasil, e
optarem, a qualquer tempo, desde que atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira. 
Repartição brasileira competente aí pode ser entendida como Consulados
ou também as seções consulares nas Embaixadas, bem com as repartições
diplomáticas. 
Veio com a EC 54 (que corrigiu imperfeição trazida pela EC 3/94) e inseriu o
art. 95 ao ADCT, além de modificar o art. 12 da CF. 
Antes, só se viesse residir aqui, agora, foi acrescentada esta nova hipótese. 
OBS: A CRIANÇA QUE VENHA A RESIDIR COM OS PAIS AQUI, SEGUNDO
O STF, É BRASILEIRA NATA, SÓ QUE ELA TEM ESSA SITUAÇÃO
PERMANECIDA ATÉ OS DEZOITO ANOS, QUANDO DEVERÁ FAZER A
OPÇÃO; SE NÃO FIZER, PERDE A NACIONALIDADE ORIGINÁRIA.
TRATA-SE DE CONDIÇÃO SUSPENSIVA.
44
NATURALIZADOS (aquisição de nacionalidade secundária)
 Art. 12, II, “a” - ORDINÁRIA – os que, na forma da lei, adquiram a
nacionalidade brasileira. 
Também são naturalizados, os estrangeiros provenientes de países de
língua portuguesa, que residam aqui por um ano ininterrupto e possuam
idoneidade moral. Aqui já não é na forma da lei, basta ser originário de país
de língua portuguesa, comprovar a residência ininterrupta por um ano aqui, e
ter idoneidade moral. 
A ordinária é qualquer estrangeiro, por isso que é na forma da lei. Nessa
segunda hipótese, são estrangeiros de países de língua portuguesa (p. ex.
Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Açores, Cabo Verde, Príncipe,
Timor Leste), por isso basta manifestar sua vontade e cumprir os requisitos
previstos na constituição, além da aquiescência brasileira. 
 Art. 12, II, “b” - EXTRAORDINÁRIA – quaisquer estrangeiros,
residentes ininterruptamente no Brasil, há mais de quinze anos,
requerendo a identidade nacional, desde que não tenha sofrido
condenação penal. 
OBS: AINDA NA FORMA DA LEI (APESAR DO SILÊNCIO
CONSTITUCIONAL), PODEMOS ENCONTRAR:
 RADICAÇÃO PRECOCE: admitidos no território durante os primeiros cinco
anos de vida e radicados definitivamente, confirmando a nacionalidade até
dois anos após atingir a maioridade. 
 CONCLUSÃO DE CURSO SUPERIOR: estrangeiros que vêm residir no
Brasil antes da maioridade que façam curso superior em estabelecimento
nacional e requeiram a nacionalidade até um ano depois da formatura. 
DISTINÇÃO ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS
A lei não poderá estabelecer distinções entre brasileiros natos e
naturalizados. Mas a CF faz distinções:
1. CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIRO NATO - 12, § 3º.
2. QUANTO À EXTRADIÇÃO - Art. 5º, LI.
3. COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DA REPÚBLICA - Art. 89, VII.
4. PROPRIEDADE DE EMPRESAS JORNALÍSTICAS E DE RÁDIO DIFUSÃO
DE SONS E IMAGENS – Art. 222. 
5. PERDA DA NACIONALIDADE PELA PRÁTICA DE ATIVIDADE NOCIVA
AO INTERESSE NACIONAL – art. 12, § 4º.
45
4. PERDA DA NACIONALIDADE
Duas são as hipóteses de perda de nacionalidade prevista na Constituição. 
 Quando for cancelada a naturalização por sentença judicial
(transitada em julgado, apesar do silêncio – ver art. 15, I) em
razão de prática nociva ao interesse nacional. 
Restringe-se à nacionalidade secundária, ou seja,só se aplica aos
brasileiros naturalizados. 
A sentença que decide pela perda da nacionalidade opera efeitos EX NUNC.
 Também se perde a nacionalidade brasileira (PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO – decreto do Presidente) com a aquisição de
outra nacionalidade, salvo nos casos de: 
i) Reconhecimento de nacionalidade originária. Quando a aquisição da
nacionalidade estrangeira se deu por força da legislação estrangeira e não por
simples e mera vontade do brasileiro. Ex. descendente de italianos, nascido no
Brasil, que adquire a nacionalidade italiana. É mero reconhecimento da
nacionalidade originária italiana em virtude do vínculo sanguíneo. 
ii) Imposição de naturalização pela norma estrangeira. Como condição de
permanecer, ou exercer direitos civis no país (p. ex. herança), impõe-se a
aquisição da nacionalidade estrangeira. Neste caso, assim como no narrado
acima, não haverá perda da nacionalidade brasileira. Ex. é o que
frequentemente ocorre com os jogadores de futebol, que para jogarem nos
clubes estrangeiros, têm de se naturalizar no país do clube (condição de
permanência). 
É possível, depois de declarada a perda da nacionalidade, que ela seja
readquirida? Sim! É possível a reaquisição da nacionalidade.
Se a perda se der por cancelamento judicial da naturalização, só por ação
rescisória. É hipótese, portanto, bastante remota. Nunca poderá haver novo
processo de naturalização. 
Na segunda hipótese, desde que o sujeito volte a estar domiciliado no Brasil e
requeira a nacionalidade (ao Ministro da Justiça para decreto do Presidente). 
Depende da aquiescência (decreto presidencial) e o sujeito volta a ter a
mesma nacionalidade que possuía (volta ao status quo ante). 
§ 3.º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
46
Nesse sentido, José Afonso com base no art. 36 da lei 818/49. A doutrina do
professor Dirley também caminha neste mesmo sentido. 
Para Moraes, só com novo processo de naturalização onde, até o nato, passa
a ser naturalizado. Não adotar este posicionamento nas provas.
5. QUASE NACIONAL
A SITUAÇÃO DOS PORTUGUESES NO BRASIL (art. 12, § 1º). 
Desde que haja reciprocidade, a CF assegura aos portugueses residentes no
Brasil os mesmos direitos que os brasileiros naturalizados. Isso se, à luz da
constituição portuguesa, lá em Portugal brasileiro puderem titularizar os
mesmos direitos inerentes aos portugueses. 
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS
FEDERAL: 
- Arts. 12 e 13. 
ESTATUTO DO ESTRANGEIRO: 
- Arts. 112 e 115. 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS 
STF: 
RE 418.096, Rel. Min. Carlos Velloso. 
RE 415.957, Rel. Min. Sepúlveda Pertence. 
QUESTÕES CORRELATAS 
I. (PGE/PB/Procurador/2008) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro,
de pai brasileiro ou de mão brasileira, desde que venham a residir na
República Federativa do Brasil e optem, a qualquer tempo, pela nacionalidade
brasileira. 
II. (MP/RN/Promotor/2009) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de
pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil,
antes da maioridade e, alcançada esta, optem, em qualquer tempo, pela
nacionalidade brasileira. 
III. (MP/SE/Promotor/2010) Os estrangeiros originários de países de língua
portuguesa adquirirão nacionalidade brasileira se mantiverem residência
contínua no território nacional pelo prazo mínimo de quatro anos,
imediatamente ao período de naturalização. 
IV. (TER/BA/Analista/2009) Como forma de aquisição da nacionalidade
secundária, de acordo com a Constituição Federal de 1988, é possível o
processo de naturalização tácito ou automático, para todos aqueles que se
47
encontram no país há mais de dez anos e não declaram a intenção de
conservar a nacionalidade de origem. 
V. (DPE/PI/Defensor Público/2009) Podem naturalizar-se brasileiros
estrangeiros que residam no país há mais de dez anos e que tenham
idoneidade moral reconhecida, exigindo-se, dos portugueses e dos originários
de países de língua portuguesa, apenas residência permanente. 
GABARITO
I. E 
II. E 
III. E 
IV. E 
V. E 
“A distância entre o sonho e a conquista chama-se ATITUDE!”
DIRIETOS POLÍTICOS
NOÇÕES TEÓRICAS
DIREITOS POLÍTICOS
No capítulo IV do título II, a CF dispôs de um conjunto de normas para
disciplinar o exercício da soberania popular (art. 14 a 16).
Tais normas receberam a designação de direitos políticos, justamente por
tratarem da participação do povo no processo de condução da vida política
nacional. 
MODALIDADES DE DIREITOS POLÍTICOS
As normas constitucionais, tais como ordenadas na Constituição, delineiam
duas modalidades de direitos políticos: DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS e
DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS.
As normas que tratam dos direitos políticos positivos têm como núcleo
fundamental o direito de votar e o direito de ser votado. 
Já as normas constitucionais que dispõe de direitos políticos negativos,
possuem como ponto central os institutos das inelegibilidades, e da
perda e suspensão dos direitos políticos.
- DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS (DIREITO DE SUFRÁGIO)
Assim são chamados porque compreendem o conjunto normas constitucionais
que se destinam a afirmar e fomentar o exercício da cidadania no Brasil,
investindo o cidadão no direito de votar e de ser votado. 
48
São todas as normas constitucionais que, fomentando o exercício da
cidadania, investem o brasileiro na condição de cidadão e
consequentemente das prerrogativas de votar e ser votado, capacitando o
brasileiro do poder de participar direta ou indiretamente das decisões políticas
nacionais e do próprio processo político nacional. 
Tais direitos têm como núcleo fundamental os direitos políticos ativos e os
direitos políticos passivos. 
DIRIETOS POLÍTICOS ATIVOS
São aqueles que investem o cidadão da capacidade eleitoral ativa.
Constituem a capacidade de ser eleitor, de votar. Todavia, depende do
preenchimento das condições de alistabilidade.
São condições de alistabilidade: nacionalidade brasileira, idade mínima de
16 anos, não ser conscrito durante o serviço militar obrigatório (conscrito é o
recrutado para o serviço militar obrigatório). 
De acordo com a CF, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para
os maiores de dezoito anos; e facultativos para os analfabetos, maiores de
setenta, e para os jovens de dezesseis e dezessete anos.
Esta condição de alistabilidade é conditio sine qua non para a aquisição da
cidadania política. Cidadania política é a condição do nacional em gozo dos
direitos políticos.
Nem todo nacional é juridicamente um cidadão, mas todo cidadão é
juridicamente um nacional, salvo a situação dos portugueses com residência
permanente no país, amparados pelo pacto da reciprocidade. 
É a partir desta condição que os direitos políticos positivos podem ser
usufruídos. 
DIREITOS POLÍTICOS PASSIVOS
São aqueles que investem o cidadão da capacidade eleitoral passiva.
Consistem na capacidade de ser eleito, de ser votado. Também possuem
condições, só que estas chamadas de condições de elegibilidade.
As condições de elegibilidade são (art. 14, §3º):
a) NACIONALIDADE BRASILEIRA 
b) PLENO EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS 
c) ALISTAMENTO ELEITORAL 
d) DOMICÍLIO ELEITORAL NA CIRCUNSCRIÇÃO 
e) FILIAÇÃO PARTIDÁRIA 
49
f) IDADE MÍNIMA – 35 – Presidente, Vice e Senador. 30 – Governador e Vice.
21 – Deputado Federal, Deputado Estadual, Prefeito e Vice e Juiz de Paz. 18 –
Vereador. Vale lembrar que o requisito da idade deve ser comprovado no
ato da posse, e não da candidatura (art. 11, § 2º da Lei 9.504/97e Res. N.
22.156/TSE).
Tem, portanto, que preencher as condições de elegibilidade, e não incidir em
nenhuma das inelegibilidades. 
É preciso ter cuidado para não confundir a capacidade eleitoral ativa, com a
capacidade eleitoral passiva. Isso porque, nem todo eleitor pode ser eleito,
mas todo aquele que pode ser eleito, deve ser necessariamente um eleitor. 
DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS
Compreendem um conjunto de normas constitucionais de restrição, de
privação, que limitam o exercício da cidadania, quer impedindo o gozo da
capacidade eleitoral passiva (inelegibilidades), quer neutralizando os próprios
direitos políticos, afetando tanto a capacidade eleitoral ativa como a
capacidade eleitoral passiva (perda e suspensão). 
Têm por núcleo fundamental as inelegibilidades e os casos de perda e
suspensão dos direitos políticos. 
INELEGIBILIDADES
São restrições constitucionais que privam o cidadão do direito político de ser
votado. 
Têm por fim proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício
do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e a
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta
(art. 14, §9º). 
A Constituição prevê algumas hipóteses de inelegibilidades (art. 14, §§ 4º ao
7º), remetendo à lei complementar a definição de outras que assegurem os
seus fins. 
As inelegibilidades podem ser absolutas ou relativas. 
As inelegibilidades ABSOLUTAS - privam o cidadão do direito de ser votado a
qualquer mandato eletivo. Art. 14, § 4º.
Em razão do caráter limitativo, não podem ser previstas em lei; só a
Constituição as prevê. 
Na CF são absolutamente inelegíveis: os inalistáveis e os analfabetos.
Inalistáveis são o estrangeiro e, durante o serviço militar obrigatório, os
conscritos.
50
Já as inelegibilidades RELATIVAS - são aquelas que privam o cidadão de se
eleger a alguns mandatos eletivos.
A CF prevê três hipóteses de inelegibilidade relativa (14,§§ 5º ao 7º), mas
remete ao legislador infra a possibilidade de estabelecer mais inelegibilidades
relativas para preservar a lisura das eleições, de modo que além dessas três
hipóteses há outras previstas na lei complementar 64, que já sofreu várias
modificações. 
A três inelegibilidades relativas na CF são:
i) VEDAÇÃO AO 3º MANDADO SUBSEQUENTE
ii) DESINCOMPATIBILIZAÇÃO
iii) INELEGIBILIDADE REFLEXA
VER SÚMULA VINCULANTE Nº 18.
- O CASO DO MILITAR – ART. 14, § 8º e A POSSIBILIDADE DE
CANDIDATURA SEM PARTIDO. 
Curiosidade: agregação é a situação na qual o militar da ativa deixa de
ocupar a vaga na escala hierárquica de seu Corpo, Quadro, Arma ou Serviço,
nela permanecendo sem número (art. 80 da Lei 6.880/80). 
OBS: a filiação partidária não é exigível para o militar da ativa que contar com
mais de dez anos de serviço, cumprindo-lhe, tão-só, promover o registro da
candidatura, a partir do qual será agregado.
PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS
As causas de perda e suspensão dos direitos políticos encerram o elenco das
restrições impostas aos direitos políticos. São limitações excepcionais que
anulam os próprios direitos políticos positivos, atingindo tanto a capacidade
eleitoral ativa como a passiva. 
Distinguem-se perda e suspensão dos diretos políticos.
PERDA – é privação definitiva e permanente (depende de uma providência
para a reaquisição).
SUSPENSÃO - é privação temporária (o mero decurso do tempo devolve).
Perda e suspensão são privações da cidadania autorizadas pela Constituição. 
CASSAÇÃO – é privação abusiva, ao desamparo da CF, muito utilizada
durante o regime de ditadura militar que assolou o país. Por isso mesmo é
expressamente vedada pela CF. 
Segundo a intelecção do art. 15 da CF, é vedada a cassação dos direitos
políticos, cuja perda e suspensão se dará nos casos de: 
51
I. Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado. 
II. Incapacidade civil absoluta. 
III. Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os
seus efeitos. 
IV. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII. 
V. Improbidade administrativa nos termos do art. 37, § 4º.
A CF, todavia, não indica quais são os casos de perda e quais são os casos
de suspensão. 
Nada obstante, convencionou a doutrina apontar como causas de perda, por
consistirem e privação permanente e definitiva desse direitos as hipóteses do I
e do IV (cancelamento de naturalização e recusa de cumprir obrigação a todos
imposta). 
As demais hipóteses são de simples suspensão, exatamente porque causam
privação meramente provisória desses diretos. 
PERDA DOS DIREITOS POLÍTICOS SUSPENSÃO DOS DIREITOS
POLÍTICOS
 Cancelamento da naturalização por
sentença transitada em julgado;
 Recusa de cumprir obrigação a
todos imposta ou prestação
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII.
 Incapacidade civil absoluta;
 Condenação criminal transitada em
julgado, enquanto durarem os seus
efeitos;
 Improbidade administrativa nos
termos do art. 37, § 4º.
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
- Arts. 14 a 16. 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS 
STF: 
- Súmula Vinculante nº 18. 
TSE: 
- Res. n. 22.156 
2. QUESTÕES CORRELATAS 
I. (TRF5/JUIZ/2009) É vedado aos estrangeiros, ainda que naturalizados
brasileiros, o alistamento como eleitores. 
II. (TRF5/JUIZ/2007) Os analfabetos, embora alistáveis, não possuem direitos
políticos passivos, pois não podem concorrer a cargos eletivos. 
52
III. (DPE/PI/DEFENSOR/2009) Os casos de inelegibilidade absoluta implicam
restrições específicas a certos tipos de cargos ou funções eletivas; assim,
diferentemente das inelegibilidades relativas, reportam-se ao cargo ou pleito
eleitoral, e não às características da pessoa. 
IV. (PGE/PB/PROCURADOR/2009) O Presidente da República, os
governadores de estado e do DF e os prefeitos que concorram a outros cargos
eletivos, tais como senador ou deputado, devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes do pleito. 
V. (DPE/ES/DEFENSOR/2009) Caso o prefeito de um município e seu filho,
deputado estadual, sejam candidatos à reeleição para os mesmos cargos, não
haverá inelegibilidade. 
GABARITO: 
I. E 
II. C 
III. E 
IV. C 
V. C 
“Tudo tem seu tempo, entretanto, nem por isso perca tempo.”
AÇÕES CONSTITUCIONAIS
NOÇÕES TEÓRICAS
HABEAS CORPUS
HISTÓRICO
A origem do instituto do habeas corpus remonta o direito inglês, notadamente
a partir da Magna Carta de 19 de junho de 1215, em seu capítulo XXIX,
outorgada pelo Rei João-sem-Terra, por pressão dos barões. 
No Brasil, foi instituído pela primeira vez no código de processo criminal de
1832 (art. 340), vindo a ter assento constitucional com a Constituição de 1891,
cujo § 22 do art. 72 o previra em termos amplos, circunstância que originou a
famosa e sempre lembrada doutrina brasileira do habeas corpus liderada por
Ruy Barbosa, que o entendia com ação destinada a proteger qualquer direito. 
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
 CF – art. 5º, LXVIII. LER DISPOSITIVO. 
 CPP – art. 647 a 667 
53
Art. 5°, LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Não existe regulamentação infraconstitucional específica para o habeas
corpus. 
CABIMENTO
Visa proteger o direito fundamental de locomoção (art. 5º, XV): direito de ir, vir
e permanecer (Gilmar Mendes...).
A liberdade de locomoção há de ser entendida de forma ampla, afetando toda
e qualquer medida de autoridade que possa, em tese, acarretar
constrangimento para a liberdade de ir e vir (ex. HC contra instauração de
inquérito criminal, para a tomada de depoimento, etc.) 
Lembrando que se cabe HC, não será cabível MS. Todavia,nada impede, em
situações de patente constrangimento ilegal ou de flagrante abuso de poder,
que o Judiciário converta o mandamus em ordem de HC. 
Vale lembrar, também, as hipóteses onde não cabe HC. 
Em conformidade com o § 2º do art. 142 da CF: 
“Não caberá ‘habeas corpus’ em relação a punições disciplinares
militares”.
Contudo, cumpre ressaltar que o não cabimento de habeas corpus em relação
a punições disciplinares militares é restrição que se circunscreve ao exame
de mérito do ato, conforme vem decidindo reiteradamente o STF. 
Assim, a “legalidade da imposição de punição constritiva da liberdade, em
procedimento administrativo castrense, pode ser discutida por meio de habeas
corpus”. Para a doutrina, o que deve ser vedado ao controle judicial é o exame
acerca da conveniência ou oportunidade da medida disciplinar adotada, mas
jamais a análise dos pressupostos de legalidade (a hierarquia, a pena, etc.). 
Também não caberá HC nas hipóteses elencadas nas súmulas 691 a 695 do
STF. LER AS SÚMULAS. 
691. Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus
impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal
superior, indefere a liminar.
692. Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se
fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi
ele provocado a respeito.
693. Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única
cominada.
54
694. Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou
de perda de patente ou de função pública.
695. Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.
LEGITIMIDADE
 ATIVA 
O Código de Processo Penal atribui legitimação universal para o seu
ajuizamento. Nesse sentido, o art. 654, do Código de Ritos, dispõe verbum ad
verbo: “o habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu
favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público”.
Prescinde, o impetrante, de qualquer outro atributo, além do só fato de ser
pessoa. Assim, pode postular a ordem de HC, p.ex., o estrangeiro, ainda que
não residente, o absolutamente incapaz, o analfabeto, etc.
OBS: O IMPETRANTE (quem impetra, postulando em juízo a concessão
da ordem) PODE SER O PACIENTE (quem se beneficia), MAS TAMBÉM
PODERÁ NÃO SER (ex. MP e pessoa jurídica na qualidade de
impetrantes).
Quando impetrante e paciente não são a mesma pessoa, trata-se de
impetração em favor de 3º (ou habeas corpus de terceiro), mesmo que contra a
sua vontade, pois se trata de direito indisponível. 
O manejo do writ dispensa a constituição de advogado, de procuração, e,
por força do art. 5º, LXXVII, da Carta de Outubro, trata-se de uma ação
gratuita.
Pessoa jurídica pode impetrar HC? 
Sim, desde que em favor de pessoa física com ela relacionada (também o
MP). 
Pessoa jurídica, ordinariamente, não pode ser paciente de HC. A polêmica
existe em decorrência dos crimes ambientais que podem ser cometidos por ela
(art. 225, § 3º).
 PASSIVA 
Figurando no pólo passivo dessa ralação jurídica processual estará a
autoridade coatora, que poderá ser tanto um agente do poder público
(delegado de polícia, juiz, tribunal, membro do Ministério Público, etc.), como
um particular (hospitais, clínicas psiquiátrica, etc.). 
Insta salientar que, não obstante tratar-se o habeas corpus de uma ação
constitucional de caráter penal, este não se limita a esta esfera de
competência, haja vista a possibilidade de sua impetração no âmbito cível,
quando a prisão decorre, e.g., da inadimplência de prestação alimentícia. 
55
Aqui se aplica a mesma distinção feita no MS entre autoridade impetrada e
autoridade coatora. 
CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA
É plenamente admissível a concessão de medida liminar em sede de habeas
corpus. 
Os requisitos para o deferimento da medida initio littis, assim como ocorre no
processamento do mandado de segurança, são aqueles comuns às medidas
cautelares, quais sejam: o fumus boni iuris (juízo de probabilidade ou
verossimilhança quanto à decisão favorável) e o periculum in mora (risco de
dano grave), que, por seu turno, apresenta-se sempre evidente. 
ESPÉCIES:
 PREVENTIVO  AMEAÇA DE VIOLÊNCIA OU COAÇÃO À
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO 
 REPRESSIVO  QUANDO A CONSTRIÇÃO À LIBERDADE JÁ TIVER
SIDO CONSUMADA 
 DE OFÍCIO
MANDADO DE SEGURANÇA
HISTÓRICO
Cuida-se de uma invenção brasileira, já afirmava Buzaid, instituída pela
Constituição de 1934, desprezada pela Carta autoritária de 1937, mas
restabelecida pela Constituição democrática de 1946 (art. 141, § 24) e mantida
pela de 1967 (art. 150, § 21), inclusive por sua Emenda nº 01/69 (art. 153, §
21), e pela atual. 
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
É a ação constitucional das mais importantes, e, por isso, tem uma incidência
muito alta em provas e concursos. 
 CF, art. 5º, LXIX e LXX (MSC, novidade) da CF/88. LER
DISPOSITIVOS. 
 Legislação infraconstitucional – Lei 12.016/09, que revogou todas as
legislações anteriores acerca do tema: Lei 1.553/01 - Lei 4.348/64 - Lei
5.021/66 (Lei 9.494/97 - Lei 8.437/92 - Lei 10.910/04). 
Art. 5° (...)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
56
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados;
CABIMENTO
O MS visa proteger direito líquido e certo que não seja amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica do exercício de
atribuições do poder público. 
1. Mas o que vem a ser direito líquido e certo? 
OBS: LÍQUIDO E CERTO É O DIREITO QUE PODE SER COMPROVADO DE
PLANO POR PROVA DOCUMENTAL INEQUÍVOCA E PRÉ-CONSTITUÍDA. 
2. E se a prova documental estiver de posse da autoridade coatora? 
OBS: ESTANDO A PROVA DOCUMENTAL DE POSSE DA AUTORIDADE
COATORA, O IMPETRANTE DEVERÁ INFORMAR ESTE FATO AO JUIZ QUE
PARA QUE ELE ORDENE A APRESENTAÇÃO DA MESMA NO PRAZO
MÁXIMO DE 10 DIAS (art. 6º, parágrafo único da Lei 1.533/51). 
INOVAÇÃO DA NOVA LEI: PREVISÃO DE QUE A EXIBIÇÃO LIMINAR DE
DOCUMENTOS, PARA FUNDAMENTAR A PETIÇÃO INICIAL DO
MANDADO DE SEGURANÇA, SEJA PROMOVIDA NÃO SÓ CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, MAS TAMBÉM CONTRA TERCEIROS
(PARTICULARES) (art. 6º, § 1º). 
3. Como se pode distinguir a ilegalidade do abuso de poder? 
Ato ilegal se liga à ideia de ato vinculado. 
Ato com abuso de poder se relacional com o ato discricionário. 
OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI:
Art. 5º. Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo
independentemente de caução; 
De decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 
De decisão judicial transitada em julgado. 
OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A NOVA LEI NÃO FALA MAIS DE
ATO DISCIPLINAR. ANDOU BEM, AFINAL, MANTÉM-SE O
ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL CONSOLIDADO AO TEMPO DA LEI
ANTIDA DE QUE O MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO SÓ PODE SER
57
ATINGIDO PELO JUDICIÁRIO REFLEXAMENTE, QUANDO DO CONTROLE
DE LEGALIDADE, E NÃO DE MANEIRA DIRETA. 
LEGITIMIDADE
ATIVA
De saída, vale lembrar que o impetrante não se confunde com aquele que
postula em juízo (advogado). Poderá haver confusão apenas na situação de
impetração de MS por advogado em seu próprio favor. 
Saber quem pode impetrar MS dependeráse este será individual ou coletivo.
INDIVIDUAL (legitimidade ordinária = age-se em nome próprio na defesa de
interesse próprio) 
 PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA 
 DE DIREITO PÚBLICO OU PRIVADO 
 NACIONAL OU ESTRANGEIRA 
 RESIDENTE OU NÃO NO BRASIL 
 E ENTES DESPERSONALIZADOS: a) órgãos públicos (Mesas das
Casas Legislativas, Presidência dos Tribunais, chefias do Ministério
Público e do Tribunal de Contas, Superintendências da Administração
Pública, etc.) e b) universalidades reconhecidas por lei (o espólio, o
condomínio, a massa falida, os consórcios). 
COLETIVO (legitimidade extraordinária/substituição processual = nome
próprio - direito alheio) 
 PARTIDO POLÍTICO COM REPRESENTAÇÃO NO CONGRESSO
NACIONAL 
 ORGANIZAÇÃO SINDICAL 
 ENTIDADE DE CLASSE 
 ASSOCIAÇÃO LEGALMENTE CONSTITUÍDA E EM FUNCIONAMENTO
A PELO MENOS 1 ANO. 
OBS: O REQUISITO DE CONSTITUIÇÃO ÂNUA SE APLICA SOMENTE ÀS
ASSOCIAÇÕES. 
O partido deve ter, pelo menos, um deputado ou um senador. Além disso,
segundo o STF e o STJ, o MSC poderá ser utilizado por partido político
apenas para a defesa de direitos de seus filiados, observada a correlação com
as finalidades institucionais e objetivos programáticos da agremiação. 
Em face do disposto no art. 2º da Lei 8.437/92, NÃO é cabível medida liminar
sem a ouvida da outra parte (inaudita altera pars) em MSC. 
MSC é caso de substituição processual (age-se em nome próprio, na defesa
de interesse alheio), logo, independe de autorização (STF, 629). 
58
PASSIVA
Autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
poder público que pratiquem ilegalidade ou abuso de poder. 
INOVAÇÃO DA NOVA LEI: EQUIPARAM-SE ÀS AUTORIDADES, PARA OS
EFEITOS DESSA LEI, OS REPRESENTANTES OU ÓRGÃOS DE PARTIDOS
POLÍTICOS E OS ADMINISTRADORES DE ENTIDADES AUTARQUICAS,
BEM COMO OS DIRIGENTES DE PESSOAS JURÍDICAS OU AS PESSOAS
NATURAIS NO EXERCÍCIO DE ATRIBUIÇÕES DO PODER PÚBLICO,
SOMENTE NO QUE DISSER RESPEITO A ESSAS ATRIBUIÇÕES. 
OBS: AUTORIDADE COATORA X AUTORIDADE IMPETRADA. 
Para o Professor Eduardo Sodré é a mesma coisa. 
A parte ré do mandado de segurança, todavia, não é a autoridade coatora (ou
impetrada), mas sim a pessoa jurídica a que esta está vinculada (de direito
público ou privado que exerce atribuição pública), afinal, será esta que deverá
oferecer contestação (ou interpor possíveis recursos), bem como irá suportar
os efeitos pecuniários decorrentes da concessão da ordem. 
Ex. Secretário de Administração do Estado da Bahia – autoridade coatora que
praticou o ato.
Estado da Bahia - pessoa jurídica de direito público interno, réu da ação que
suportará os efeitos da decisão. 
A atual lei do MS segue, explicitamente, esse entendimento, pois determina
que, concomitantemente, se proceda à notificação à autoridade e se dê ciência
do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada (Lei
n. 12.016, art. 7º, I e II). 
INOVAÇÃO DA NOVA LEI: OBRIGATORIEDADE DE INCLUSÃO, NA
PETIÇÃO INICIAL, DA PESSOA JURÍDICA À QUAL SE ACHA VINCULADA
A AUTORIDADE COATORA (art. 6º, caput). 
Não se trata de litisconsórcio, pois a autoridade responsável pelo ato
impugnado não é um ente distinto da pessoa jurídica, é um órgão dela, uma
parte integrante daquela. (jurisprudência uníssona do STJ). 
OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A LEI NOVA, AO CONTRÁRIO DA
ANTERIOR, ESTENDE TAMBÉM À AUTORIDADE COATORA O DIREITO DE
RECORRER DA SENTENÇA CONTRÁRIA À POSIÇÃO ADOTADA NO ATO
QUESTIONADO EM JUÍZO (art. 14, § 2º). 
OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: QUANDO AS EMPRESAS
PÚBLICAS, AS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E AS
CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇO PRATICAREM “ATOS DE GESTÃO
COMERCIAL”, A SEU RESPEITO NÃO TERÁ CABIMENTO O MS (art. 1º,
§2º). 
59
É que quando os entes públicos interferem na atividade econômica, o regime
jurídico a que se sujeitam é o do direito privado, e não o da administração
pública (CF, art. 173, § 1º, II). 
Em outras palavras: se o ato de gestão da empresa foi praticado sob regência
exclusiva de normas de direito privado, estará fora do alcance do mandado de
segurança. Se, porém, estiver, como nas licitações de EP ou SEM,
disciplinado por regras de direito públicos, poderá ser questionado por meio do
mandamus. 
CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA
Com base no art. 7º, III, da lei 12.016 (art. 7º, II, da Lei 1.533/51) é cabível a
medida liminar desde que preenchidos os requisitos do fumus boni iuris e do
periculum in mora. 
OBS: EM MSI CABE LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE (sem a oitiva da
outra parte). O MESMO NÃO OCORRE EM MSC. 
OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: AO JUIZ É FACULTADO (NÃO
OBRIGATÓRIO) EXIGIR, NO CASO DE DEFERIMENTO DA LIMINAR,
PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO, FIANÇA OU DEPÓSITO, “COM O OBJETIVO
DE ASSEGURAR O RESSARCIMENTO À PESSOA JURÍDICA”, CASO
OCORRA, AFINAL, A DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA (art. 7, III, in fine). 
OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A LEI NOVA VEDA A CONCESSÃO
DE LIMINAR NOS SEGUINTES CASOS (art. 7º, § 2º da nova lei): 
 Compensação de créditos tributários (já previsto súmula 212 STJ. Veda
a compensação tributária afeta apenas a medida liminar, o que não
impede a compensação vir a ser declarada ou autorizada pela sentença
do mandado de segurança (Súmula 212 STJ). 
As demais vedações já eram objeto de previsões legais, que apenas foram
consolidadas pela lei atual. 
 Entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior 
 Reclassificação ou equiparação de servidores públicos 
 Concessão de aumento ou extensão de vantagens 
 Pagamento de qualquer natureza. 
ESPÉCIES
 REPRESSIVO – ilegalidade ou abuso de poder já praticados. Prazo
decadencial de 120 contados da ciência do ato impugnado pelo
interessado (STF – súmula 632). 
60
SÚMULA 632 DO STF. É constitucional lei que fixa o prazo de decadência
para a impetração de mandado de segurança.
 PREVENTIVO – quando houver ameaça à violação do direito líquido e
certo do impetrante. Nesta modalidade não há que se falar em prazo
para impetração. 
OBS: SEGUNDO O STF, COMPETE AOS PRÓPRIOS TRIBUNAIS
PROCESSAR E JULGAR MS CONTRA SEUS ATOS E OMISSÕES. 
SÚMULAS DO STF: 101, 248, 266 a 272, 294, 299, 304, 310, 319, 330, 392,
405, 429, 430, 433, 474, 506, 510 a 513, 597, 622 a 632. 
SÚMULAS DO STJ: 41, 99, 105, 169, 177, 202, 213, 217, 333. 
AÇÃO POPULAR
HISTÓRICO
Teve vida jurídica igual à do MS: nasceu em 1934, morreu em 1937,
ressuscitou em 1946 e perdura até hoje. 
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
 CF – art. 5º, LXXIII. 
 Legislação infraconstitucional: Lei 4.717/65 (garantia que já existia nas
constituições anteriores, e foi recepcionada pela constituição atual). 
Art. 5. (...) 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
CABIMENTO
O objeto da ação popular é todo ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 
Esse ato lesivo deve ser compreendido a abranger, além das ações, também
as omissões do poder público lesivas àqueles bens e valores jurídicos.
Trata-se de ação de cunho desconstitutivo, pois visa anular ato lesivo os
bens listados na CF, mas, subsidiariamente, poderá ser condenatória (como
não se trata de litisconsórcio unitário, a sentença pode dispor de forma
diferenciada para cada litisconsorte, devendo-se demonstrar a
responsabilidade de cada um e sua condenação correspondente). 
Dois são os requisitos para o cabimento desta ação:
61
1. ILEGALIDADE (ou ILEGITIMIDADE)
No primeiro caso, se ato contrário ao direito positivado. No segundo, se
contrário aos princípios mais caros à Administração Pública. 
2. LESIVIDADE:
 Patrimôniopúblico ou de entidade de que o Estado participe (AD, AI,
paraestatais e qualquer pessoa jurídica subvencionada com
dinheiro público). 
 Moralidade administrativa 
 Meio ambiente 
 Patrimônio histórico e cultural. 
Importante lembrar que esta lesividade compreende não só os atos que
causem prejuízo patrimonial, mas também aqueles que ofendam outros valores
(artísticos, culturais, ambientais, morais, estéticos, turísticos, etc.) igualmente
agasalhados pela Constituição. 
Não se deve esquecer, ainda, que o direito de propositura da ação popular
prescreve em 5 anos (art. 21 da LAP), e, atualmente, a prescrição deve ser
decretada de ofício pelo juiz da causa. 
Vale lembrar que a ação popular, ao contrário do MS, admite dilação
probatória, que se dará no curso da fase de instrução do processo. 
LEGITIMIDADE
ATIVA
Para esse mister foi atribuída ao cidadão eleitor, no pleno gozo dos seus
direitos políticos ativos, a legitimidade ativa para a sua propositura. 
Nessa ótica, não podem propor ação popular: estrangeiros, apátridas, pessoas
jurídicas (súmula 365 do STF) e brasileiros com direitos políticos perdidos ou
suspensos. 
OBS: O PORTUGUÊS NÃO PODE, POIS EXISTE VEDAÇÃO NA CF
PORTUGUESA A BRASILEIRO, LOGO, NÃO HÁ RECIPROCIDADE. 
O MP e a Defensoria Pública, enquanto instituições, não têm legitimidade para
propor ação popular. 
Todavia, nesta ação o MP exerce o papel de fiscal da lei. Por outro lado, se
estiverem atuando como cidadãos, poderão ajuizar a referida ação.
Ainda nesta sede, se o autor popular desistir da ação, o MP ou outro cidadão,
facultativamente (GEISA), poderão dar seguimento à ação (art. 9º da LAP). 
62
Por fim, vale lembrar que é indispensável a capacidade postulatória do
advogado, que precisa estar legalmente constituído, salvo se o cidadão
ostentar essa condição, e não houver empecilho para litigar como o Poder
Público. 
PASSIVA
À luz da literalidade do art. 6º, caput, da Lei nº 4.717/65, tem-se que: “a ação
popular será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades
referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que
houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou
que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários
direito do mesmo”. 
Sintetizando: 
a) A pessoa cujo patrimônio se quer proteger = entidade lesada; 
b) Aqueles que causaram a lesão (ou ameaça) aos bens tutelados = agente da
pratica; 
c) Beneficiários diretos do ato ou omissão = quem se beneficiou. 
Sendo possível essa total identificação, todos devem figurar como réus na
ação popular, configurando-se um verdadeiro litisconsórcio passivo
necessário. 
CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA
Atualmente, com a inserção do § 4º ao art. 5º da lei da ação popular, através
Lei nº 6.513/77, a liminar está expressamente admitida. Entretanto, apesar
silêncio do dispositivo, tem como pressupostos a fumaça do bom direito e o
perigo da demora. 
OBS: NÃO EXISTE FORO PRIVILEGIADO, A COMPETÊNCIA SERÁ DA
JUSTIÇA ESTADUAL OU FEDERAL DE 1ª INSTÂNCIA. 
OBS: A AÇÃO POPULAR NÃO É GRATUITA. As únicas ações gratuitas são
HC e HD. 
OBS: COMO UM ESTÍMULO À PROPOSITURA DESTA AÇÃO, O
LEGISLADOR ISENTOU O SEU AUTOR, DE CUSTAS JUDICIAIS E
HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA, DESDE QUE TENHA AGIDO DE
BOA-FÉ. 
63
HABEAS DATA
HISTÓRICO
Trata-se de ação inédita no direito brasileiro, portanto, criação da CF/88. 
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
Teve sua primeira previsão na CF/88.
 CF – Art. 5º, LXXII. 
 Legislação infraconstitucional – Lei 9.507/97. 
A expressão HABEAS significa: aquele que busca o que lhe pertence. 
Trata-se, assim como o HC, de ação gratuita (essas são as únicas – CF, art.
5º, LXXVII). 
Art. 5° (...)
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
CABIMENTO
De saída, deve-se observar que: 
OBS: O INTERESSE DE AGIR NA IMPETRAÇÃO DO HABEAS DATA SÓ
NASCE QUANDO FRUSTRADAS EVENTUAIS TENTATIVAS DO
INTERESSADO DE OBTER, RETIFICAR OU ANOTAR INFORMAÇÕES A
SEU RESPEITO, NESTA FASE DENOMINADA DE PRÉ-JUDICIAL. 
1. VISA ASSEGURAR AO IMPETRANTE, INFORMAÇÕES RELATIVAS À
SUA PESSOA.
Consiste numa ação personalíssima. Não se pode ingressar com HD para
pleitear informações alheias, de terceiros. 
Poderia uma associação impetrar HD para pleitear informações de seus
associados? Não, somente para buscar informações dela própria. 
64
Vale relembrar que a Lei exige a prova pré-constituída de que foi provocada a
Administração e esta se recusou (expressa ou tacitamente – pelo decurso
do prazo) a prestar as informações. 
Assim, constitui condição da ação de HD a prévia provocação administrativa,
sob pena de ausência de condição da ação necessidade. Logo, o processo
será extinto sem exame de mérito. Nesse sentido, SÚMULA 2 do STJ. 
A autoridade administrativa possui 10 dias para prestar as informações. Se
antes de completar o prazo a administração nega a informação, o HD já pode
ser impetrado, pois basta juntar a prova da negativa da informação. 
OBS: NÃO É QUE PRECISA HAVER ESGOTAMENTO DAS VIAS
ADMINISTRATIVAS. A PARTIR DA PRIMEIRA NEGATIA OU DO
ESCOAMENTO DO PRAZO DE 10 DIAS O HD JÁ PODERÁ SER
IMPETRADO. 
2. VISA GARANTIR A RETIFICAÇÃO DE DADOS DA PESSOA DO
IMPETRANTE
Nesse caso também é necessário juntar a prova pré-constituída. 
A diferença é que aqui, o prazo para a resposta da autoridade administrativa é
de 15 dias. 
OBS: NÃO CABE HD PARA ALTERAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. 
LEGITIMIDADE
ATIVA
Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, de direito público
ou de direito privado. 
PASSIVA
Corresponde às entidades governamentais (administração direta e indireta) ou
pessoas jurídicas de direito privado, detentora de registros ou banco de dados
DE CARÁTER PÚBLICO. Assim, cabe HD contra banco, provedor de internet,
serviços de proteção ao crédito (SPC, SERASA), etc. 
À luz do art. 1º da lei, “considera-se de caráter público todo o registro ou
banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser
transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou
entidade produtora ou depositária das informações”. 
CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA
65
Embora a lei seja silente, a doutrina majoritária entende perfeitamente cabível
a tutela preventiva na ação de HD. 
OBS: DIREITO DE CERTIDÃO É DIREITO FUNDAMENTAL LÍQUIDO E
CERTO AMPARADO POR MANDADO DE SEGURANÇA, E NÃO POR
HABEAS DATA. NÃO SE CONFUNDE COM INFORMAÇÃO. 
OBS: ASSIM COMO NO MANDADO DE SEGURANÇA, NO HD NÃO HÁ
ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA (HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS) E, PARA
IMPETAÇÃO, FAZ-SE NECESSÁRIA A PRESENÇA DE ADVOGADO. 
MANDADO DE INJUNÇÃO
HISTÓRICO
Trata-se, juntamente com o MSC e com o HD de remédio constitucional
introduzido pelo constituinte originário de 1988. 
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
 CF – art. 5º, LXXI. 
 Legislação infraconstitucional – o MI não possui regramento próprio,
mas a Lei 8.038/90, em seu art. 24, determina que se aplique ao MI a
legislação relativa ao MS. 
OBS: NEM TUDO DO MS SERÁ APLICÁVEL AO MI, A EXEMPLO DA
MEDIDA LIMINAR. MAS DENTRE AS DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS É
POSSÍVEL CITAR A AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO NOS HONORÁRIOS
SUCUMBENCIAIS, BEM COMO A AUSÊNCIA DE DILAÇÃO PROBATÓRIA,
ETC. 
Art. 5° (...)
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania;
CABIMENTO
A CF estabelece que se concederá mandado de injunção sempre que a falta
de norma regulamentadora torneinviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania. 
Os dois requisitos constitucionais para o MI são:
66
1. Norma constitucional de EFICÁCIA LIMITADA, prescrevendo direitos,
liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania. 
2. Falta de norma regulamentadora, tornando inviável o exercício dos
direitos, liberdades e prerrogativas acima mencionados (OMISSÃO DO
PODER PÚBLICO). 
ASSIM COMO A ADIN POR OMISSÃO, O MANDADO DE INJUNÇÃO SERVE
PARA CURAR UMA DOENÇA DENOMINADA SÍNDROME DA
INEFETIVIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS (vale dizer, normas
constitucionais que, de imediato, no momento em que a Constituição é
promulgada, não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando
de uma lei integrativa infraconstitucional). 
A diferença do MI e da ADIN por omissão, na precisa síntese de DIRLEY DA
CUNHA JR., é que o primeiro (MI) é uma ação constitucional de garantia
individual, enquanto a segunda (ADIN) é uma ação constitucional de garantia
constitucional.
LEGITIMIDADE
ATIVA
 Pode ser impetrado por qualquer: 
 Pessoa física ou jurídica, de direito público (MI 725) ou de direito
privado. 
O STF, inclusive, admitiu o ajuizamento de mandado de injunção coletivo,
sendo legitimadas, por analogia, as mesmas entidades do mandado de
segurança coletivo. 
Conforme já sinalizado, quem postula o MI no judiciário é o advogado
regularmente constituído. 
PASSIVA
Somente a pessoa estatal poderá ser demandada, e nunca o particular (que
não tem o dever de regulamentar a CF). 
Não cabe MI contra omissão de particulares, mas somente contra omissões de
autoridades públicas. 
O sujeito passivo do MI é a autoridade pública detentora da competência
de iniciar o processo legislativo. 
67
CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA
Não cabe tutela preventiva no MI. 
Hely Lopes até pensa caber medida liminar, MAS A JURISPRUDÊNCIA
DOMINANTE DO STF É NO SENTIDO DO NÃO CABIMENTO DE MEDIDA
LIMINAR EM MANDADO DE INJUNÇÃO.
CUIDADO!!! A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR
OMISSÃO ADMITE CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR (ART. 12-F DA LEI
9.868/99). 
QUESTÃO INDISPENSÁVEL: QUAIS OS EFEITOS DA DECISÃO NO
JULGAMENTO DO MI?
OBS: NOS MIs 670, 708 e 712 O STF, POR UNANIMIDADE, DECLAROU A
OMISSÃO LEGISLATIVA DE REGULAMENTAÇÃO DO DIREITO DE GREVE
DOS SERVIDORES PÚBLICOS, E, POR MAIORIA, DETERMINOU A
APLICAÇÃO, NO QUE COUBER, DA LEI DE GREVE VIGENTE NO SETOR
PRIVADO (Lei 7.783/89).
DESTA FORMA, CONSAGRA O STF A TEORIA CONCRETISTA GERAL,
“LEGISLANDO” NO CASO CONCRETO E PRODUZINDO A DECISÃO
EFEITO ERGA OMNES ATÉ QUE SOBREVENHA NORMA INTEGRATIVA
DO PODER LEGISLATIVO. 
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
 Art. 5º, LXVIII a LXXIII. 
 LEIS: 12.016/09 – 4.717/65 – 9.507/97 
SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS 
STF: 
- Súmulas: 101, 105, 110, 169, 213, 266-271, 304, 365, 395, 405, 429, 430,
460, 474, 510, 622, 625, 626, 629, 630, 631, 632, 701, 691-695. 
STJ: 
- Súmulas: 2 e 212. 
QUESTÕES CORRELATAS
I. (TRT9/ANALISTA/2007) O ‘habeas corpus’ não é medida idônea para
impugnar decisão judicial que autoriza a quebra de sigilo bancário em
procedimento criminal, já que não há, na hipótese, risco direto e imediato de
constrangimento ao direito de liberdade. 
II. (PGE/PE/PROCURADOR/2009) Se, em uma ação de mandado de
segurança, a segurança for concedida, então a autoridade coatora terá direito
de recorrer. 
III. (PGM/NATAL/PROCURADOR/2008) Considerando a atual jurisprudência
do STF quanto à decisão e aos efeitos do mandado de injunção, notadamente
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nos casos em que se discuta o direito de greve dos servidores públicos, é
correto afirmar que, na decisão de um mandado de injunção, compete ao
Poder Judiciário garantir o imediato exercício do direito fundamental afetado
pela omissão do poder público. 
IV. (TRT1/JUIZ/2010) Como a garantia constitucional do ‘habeas data’ tem por
finalidade disciplinar o direito de acesso a informações constantes de registros
ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público relativo
a dados pessoais pertinentes à pessoa do impetrante, a pessoa jurídica não
tem legitimidade para o ajuizamento desse tipo de ação. 
V. (STF/ANALISTA/2008) A ação popular contra o Presidente da República
deve ser julgada pelo STF. 
GABARITO: 
I. E 
II. C 
III. C 
IV. E 
V. E 
Organização do Estado
Organização Político-administrativa
Sabemos que o Brasil adota como forma de Estado a federação, ou
seja, o modo de distribuição geográfica do poder político se dá com a
formação de entidades autônomas que segundo o art. 18 da
Constituição são 4: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Obs.: Não confunda Distrito Federal com território federal, não
tem nada a ver uma coisa com outra. O Distrito Federal é uma
entidade autônoma da federação, O território federal não é
autônomo, pois integra à União.
Art. 18, § 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão
reguladas em lei complementar.
Veja que estamos falando de autonomia, não de soberania. A
soberania, que a Constituição adota em seu art. 1º, I, como um
fundamento da República Federativa do Brasil (definida como o poder
supremo que o Estado Brasileiro possui nos limites do seu território, não
se sujeitando a nenhum outro poder de igual ou superior magnitude e
tornando-se um país independente de qualquer outro no âmbito
internacional) irá se manifestar apenas na pessoa da República
Federativa do Brasil, entendida como a união de todos os entes
internos, representando todo o povo brasileiro, povo este que é o
69
verdadeiro titular da soberania. O ente federativo "União" não possui
soberania, apenas autonomia tal como os Estados, Distrito Federal e
Municípios. A República Federativa do Brasil é a única soberana e que
se manifesta internacionalmente como pessoa jurídica de direito
internacional.
Assim, embora a União (e somente a União) possa representar o
Brasil externamente, lá fora ninguém sabe que está "tratando com a
União" e sim com a República Federativa do Brasil. Somente esta
(República Federativa do Brasil) é que é pessoa jurídica de direito
público externo. Assim, temos 2 visões de nosso país: a visão interna
e a externa. Veja:
1. Visão interna do Brasil: Federação formada por Estados, Municípios
e Distrito Federal. Todos sendo harmonizados pelo poder central
(União), sendo assim, 4 espécies de pessoas jurídicas de direito
público interno.
2. Visão externa do Brasil: República Federativa do Brasil, como única
pessoa jurídica de direito público externo.
Professor, por que dizemos então que eles são autônomos?
Dizemos isso porque eles possuem relativa independência entre si,
esta independência, que chamaremos de autonomia, se manifesta
através de três ou quatro facetas (dependendo do doutrinador):
1- Autogoverno: capacidade de os entes escolherem seus governantes
sem interferência de outros entes;
2- Auto-organização: capacidade de instituírem suas próprias
constituições (no caso dos estados) ou leis orgânicas (no caso dos
municípios e do DF);
3- Autolegislação: capacidade de elaborarem suas próprias leis
através de um processo legislativo próprio, embora devam seguir as
diretrizes do processo em âmbito federal.
4- Auto-administração: capacidade de se administrarem de forma
independente, tomando suas próprias decisões executivas e
legislativas.
(Para alguns doutrinadores a auto-organização englobaria a
autolegislação).
Princípios da organização do Estado.
70
Temos que relembrar aqui uma coisa que, em concursos, se costuma
cobrar com bastante frequência: os princípios constitucionais que se
referem aos direcionamentos aplicáveis aos diversos entes (Estados,
Municípios e DF) queformam a nossa federação. São eles:
Os princípios sensíveis - são aqueles presentes no art. 34, VII da
Constituição Federal, que se não respeitados poderão ensejar a intervenção
federal.
Os princípios federais extensíveis - são aqueles princípios federais que
são aplicáveis pela simetria federativa aos demais entes políticos, como por
exemplo, as diretrizes do processo legislativo, dos orçamentos e das
investiduras nos cargos eletivos.
Os princípios estabelecidos - são aqueles que estão expressamente ou
implicitamente no texto da Constituição Federal limitando o poder constituinte
do Estado-membro.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
 Brasília:
CF, Art. 18, § 1º - Brasília é a Capital Federal.
Até a Constituição de 1969, tínhamos a disposição "O Distrito Federal
é a Capital da União". Com a Constituição de 1988 mudou-se o texto
para "Brasília é a Capital Federal". Essa mudança feita há mais de 20
anos ainda gera muitas discussões nos concursos. Veremos que o
Distrito Federal não pode ser dividido em municípios, por este
motivo, a banca ESAF considera que Brasília e Distrito Federal são a
mesma coisa. Por outro lado, o CESPE considera que são coisas
distintas, justificando a mudança do texto.
Solução: vamos usar a literalidade da Constituição - Brasília é a
Capital Federal - com exceção da ESAF, onde consideraremos que a
capital federal pode ser Brasília ou o Distrito Federal (já que para ela
são a mesma coisa).
Obs.: Segundo o art. 18 da Constituição 4 entes têm
autonomia política: União, Estados, Distrito Federal e
Municípios. Portanto, a caso seja criados territórios, estes não
terão autonomia.
71
O poder constituinte derivado decorrente (poder que os Estados possuem
para elaborar as suas Constituições Estaduais) deve obediência a tais
princípios, elencados da seguinte forma:
• Os princípios sensíveis: são aqueles presentes no art. 34, VII, da
Constituição Federal, que se não respeitados poderão ensejar a intervenção
federal.
• Os princípios federais extensíveis: consistem naqueles princípios federais
que são aplicáveis pela simetria federativa aos demais entes políticos, como
as diretrizes do processo legislativo, dos orçamentos e das investiduras nos
cargos eletivos.
• Os princípios estabelecidos: são aqueles que estão expressamente ou
implicitamente no texto da Constituição Federal limitando o poder
constituinte do Estado-membro.
Reorganização do espaço territorial:
A doutrina costuma relacionar as hipóteses de reorganização do espaço territorial
da seguinte forma:
 Cisão ou Subdivisão - Um ente subdivide o seu território dando
origem a outros entes. O ente inicial deixa de existir.
 Desmembramento-formação - Uma parte de um ente se
desmembra formando um novo ente. O ente inicial continua
existindo e agora temos um ente completamente novo.
 Desmembramento-anexação - Uma parte de um ente se
desmembra, porém, ao invés de formar um novo ente, ela é
anexada por outro existente. O ente inicial continua existindo e
não temos a formação de um ente novo, mas um aumento
territorial de outro.
 Fusão - Dois ou mais entes se agregam e assim formam um
ente novo. Os entes iniciais deixam de existir.
Reorganização territorial de Estados e territórios federais:
CF, art. 18, § 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou
Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
complementar.
ATENÇÃO!
 Aprovação da população diretamente interessada, através de
plebiscito; e
72
 Elaboração de uma lei complementar pelo Congresso
Nacional.
Jurisprudência:
Recentemente, o STF decidiu que na reorganização territorial de
Estados, o termo “população diretamente interessada” deve ser
entendido como “toda a população do Estado”.
Procedimento:
O procedimento de plebiscitos e referendos está estabelecido pela Lei
9.709/98.
Para que ocorra a reorganização do território do Estado, o Congresso
Nacional irá convocar o plebiscito. Se a consulta for desfavorável,
não há prosseguimento dos procedimentos, não se passando para
fase seguinte. Porém, se a consulta for favorável à reorganização, o
processo será enviado às respectivas assembleias para que estas
opinem pela sua aprovação ou rejeição.
Essa manifestação da assembleia legislativa, no entanto, é
meramente opinativa, não se constituindo em uma manifestação
vinculativa (Lei 9.709/98, art. 4º, §3º), nem mesmo essencial,
podendo as mesmas inclusive, se abster da manifestação.
Após isso, a matéria segue para o CN, onde então deverá ser votada
como lei complementar para que se desfeche o processo.
Reorganização territorial de Municípios:
CF, art. 18 §4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de
Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei
Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito,
às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.
 Far-se-á por lei estadual no período de lei complementar
federal;
 Aprovação, por plebiscito, da população envolvida;
 Deve-se apresentar e publicar, na forma da lei, Estudos de
Viabilidade Municipal.
FIQUE ATENTO!
 Estudo de viabilidade é só no caso de Municípios!
73
 Quem convoca o plebiscito para redefinição de Estados é o
Congresso Nacional, pois o tema é de abrangência nacional.
Quem convoca o plebiscito para redefinição de Municípios é a
Assembleia Legislativa, pois é tema estadual.
Vedações aos entes federativos:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Bens Públicos
Existem bens exclusivos da União e outros que dependendo da
situação poderão pertencer tanto a União, quanto aos Estados, ou
aos Municípios e até mesmo a terceiros.
Para responder as questões deste tema, colocarei abaixo um resumo
sobre os Bens Públicos que foi retirado do livro "Constituição Federal
Anotada para Concursos":
União e Estados:
 Terras Devolutas:
Regra  Estados;
Exceção  União, se indispensáveis:
 À defesa das fronteiras, fortificações e construções
militares ou vias federais de comunicação; ou
 À preservação ambiental. 
Terras Devolutas são aquelas que nunca tiveram proprietários ou
foram devolvidas, ficando sem dono, passam então a integrar o
patrimônio público.
74
 Ilhas FLUVIAIS e LACUSTRES:
Regra Estados;
Exceção  União, se fizer limite com outros países.
 Águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em
depósito:
Regra Estados;
Exceção  União, se na forma da lei, decorrerem de obras da União.
 Lagos, rios e demais águas correntes:
Regra Estados;
Exceção  União:
 Se banhar mais de um Estado;
 Se fizerem limite com países ou se deles provierem ou se
estenderem;
 Também o são os terrenos marginais destes e as praias fluviais.
União,Estados e Municípios:
 Ilhas COSTEIRAS e OCEÂNICAS:
Municípios Quando for sede do Município, salvo se for afetada
por serviço público ou unidade ambiental federal.
(nestes casos será da União);
Estados Quando estiverem em seu domínio;
União As demais, inclusive o caso acima.
Elas podem ainda ser de terceiros.
Somente à União:
 Todos que atualmente lhe pertencem ou os que lhe vierem a
ser atribuídos;
 Praias marítimas, os terrenos de marinha e seus acrescidos;
 O mar territorial;
 Os recursos naturais da plataforma continental e da zona
econômica exclusiva;
 Os recursos minerais, inclusive do subsolo;
75
 Os potenciais de energia hidráulica;
 As cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e
pré-históricos;
 As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
Observe que todos os recursos minerais são propriedade da União e,
em se tratando da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva, também o serão todos os demais recursos naturais além
dos minerais.
 É assegurado aos entes federativos bem como a órgãos da
administração direta da União, participação no resultado da
exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos
para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos
minerais no respectivo território, plataforma continental, mar
territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação
financeira por essa exploração.
 Faixa de fronteira
Faixa até 150km de largura ao longo das fronteiras terrestres.
A faixa de fronteira é considerada fundamental para defesa do território
nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Bens públicos quanto à finalidade:
O código civil divide esses bens públicos em 3 espécies, que se
referem à destinação do bem:
1 - Bens de uso comum: São os destinados ao uso de toda a
população, indistintamente. Ex: rios, mares, estradas, ruas e praças.
2 - Bens de uso especial: Estão destinados a uma finalidade
específica, são os edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou
municipal, e suas autarquias. Ex. Repartições públicas, bibliotecas,
quartéis.
3- Bens dominicais: Não estão destinados nem a uma finalidade
especial, nem são de uso comum. São aqueles bens dos quais o
Estado pode se desfazer.
Competências Administrativas e Legislativas:
Teoria e noções gerais sobre o tema:
Trata-se de um tema muito explorado em concursos e, geralmente, os
candidatos têm aversão ao seu estudo pela aparente complexidade e
extensão. Estes problemas são facilmente dissipados, se, antes de
iniciarmos o estudo, atentarmos para algumas lógicas usadas pelos
Constituintes ao estabelecer as competências.
76
Existem 2 tipos de competência elencadas na Constituição:
competência material (administrativa) e competência legislativa.
A competência material (realizar as coisas) pode ser:
 Exclusiva da União (art. 21) - quando só a União poderá realizar
tais atos, sem poder delegar a nenhum outro ente, ou
 Comum - ou paralela - (art. 23) - quando todos os entes da
federação puderem, em pé de igualdade, agir para concretizar
aquilo que está exposto.
A competência legislativa (regulamentar como as coisas serão feitas)
pode ser:
 Privativa da União (art. 22) - quando couber somente a União
legislar sobre o tema - embora neste caso, através de uma lei
complementar, ela permita que os Estados façam a
regulamentação de questões específicas -; ou
 Concorrente (art. 24) - quando a União não irá fazer nada além
das normas gerais (normas genéricas que se aplicam a todos
os entes) e com base nessas normas gerais - sem precisar
receber a delegação da União – os Estados irão elaborar as
normas específicas. O nome é concorrente pois são 2
legislações que concorrem para um certo ponto (a
regulamentação do tema):
Normas Gerais
Norma Específica Suplementar
Regulamentação do tema
IMPORTANTE!
Embora tenhamos a classificação doutrinária de chamar
"competência exclusiva" a competência material executável somente
pela União, e de "competência privativa" a competência legislativa,
as bancas de concurso não são tão inflexíveis com isso. Diversas
vezes colocam no enunciado: "competência exclusiva para legislar"
ou "competência privativa para executar". Ou seja, fique atento, mas
não marque incorreta uma questão de prova somente por este fato.
Critério para repartição de competências:
As competências são instituídas de acordo com o critério da
"predominância do interesse", ou seja, a União faz as coisas de âmbito
77
nacional (e relações internacionais), os Estados fazem as coisas de
âmbito regional, e os Municípios fazem no âmbito local.
Outro importante princípio, que vigora notadamente para as
competências comuns seria o princípio da subsidiariedade que diz que
nada será exercido por um poder de nível superior, caso possa ser
cumprido pelo inferior. Isso porque os governos locais estão mais
próximos da população e sabem a sua real necessidade, sendo os
primeiros a executar as políticas sociais comuns (CF, art. 23)
Técnica utilizada para a repartição de competências:
A técnica utilizada pela Constituição para repartir as competências foi
a seguinte:
1- Enumerar as competências da União e dos Municípios - Assim, ela
estabeleceu de forma expressa e taxativamente quais seriam as
competências federais (CF, art. 21 ao 24) e municipais (CF, art. 30).
2- Estabelecer a competência residual (ou remanescente) para os
Estados - Assim, a competência estadual não foi taxativa, cabendo
aos Estados fazer "tudo aquilo que não lhe forem vedados".
FIQUE ATENTO!!!
 Existe uma exceção: A União possui competência residual
quando se trata de "matéria tributária", podendo instituir novos
impostos e contribuições que não foram previstos no texto
constitucional.
FIQUE ATENTO!!!
3- Atribuiu competência legislativa hibrida ao DF - Assim o DF possui as
competências legislativas taxativas dos Municípios e as
remanescentes dos Estados.
Em que pese a competência remanescente ou residual dos
Estados/DF, existem para estes entes duas competências expressas
no art. 25.
 Art. 25 §2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou
mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.
 Art. 25 §3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar,
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a
execução de funções públicas de interesse comum.
78
A vedação da medida provisória para regulamentar o art. 25 §2º foi
inserida pela EC 05/95 e é importante observar que o art. 246 dispõe
que “é vedado se regulamentar por MP qualquer artigo da CF modificado por
EC entre 1º de janeiro de 95 (o que inclui a EC 05/95) até a EC 32/01”, o que
tornaria desnecessário esse texto.
DICA FINAL SOBRE AS NOÇÕES GERAIS:
As únicas coisas que precisam estar completamente decoradas são:
1- Os parágrafos únicos do art. 22 e 23, e os parágrafos do art. 24, já
que eles são cobrados literalmente, constantemente, em concursos.
2- As duas competências expressas dos Estados (CF, art. 25 §§2º e
3º). Os Estados só tem essas duas competências expressas, então
caem muito em prova, e não pode errar de jeito algum!!!
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar
sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios:
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação
entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista
o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
§ 1.º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á
a estabelecer normas gerais.
§ 2.º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§ 3.º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4.º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia
da lei estadual, no que lhe for contrário.
Literalidade dos art. 21 ao 24 (União), 25 (Estados) e 30 (Municípios) -
Dicas para entender a literalidade e resolver as questões:
1- Como as competências são instituídas de acordo com o critério da
"predominância do interesse", sempre que se usar o termo nacional ou
internacional, já sabemos que é competência da União.
2- Como a União é o poder central da federação, responsável por
uniformizar as medidas e evitar os conflitos entre os entes, será ela
que irá estabelecer as "diretrizes", "critérios", "bases", "normas
79
gerais"... (tente imaginar o Rio de Janeiro estabelecendo uma norma
geral para ser cumprida por SP, MG, RS... isto é inimaginável)
3- Se a questão tocar em temas "sensíveis" como atividade nuclear,
guerra, índios, energia, telecomunicações mais uma vez estaremos
diante de competência da União.
4- Como vimos, as competências federativas encontram-se
basicamente em 4 artigos da Constituição: 21,22,23 e 24. Destes, o
Município só participa de 1 rol de competências: Competência
"administrativa" comum. Logo, sempre que se deparar com uma
questão que traga "compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios", essa competência nunca poderá ser legislativa,
apenas administrativa, pois, competência legislativa para Município
só ocorre na Constituição quando ele atua sozinho (CF, art. 30, I e
II).
(OBS. Isso não se aplica para questões da banca "CESPE", pois esta
entende que os Municípios legislam concorrentemente, agregando o
art. 30, II ao art. 24, a FCC de vez em quando também aparece com
uma dessa)
5- A competência comum refere-se a temas coletivos, difusos...
Assim, caberá a todos os entes políticos unir forças para preservar
florestas, fauna, combater a pobreza, zelar pela guarda da
Constituição e o patrimônio público.
6- Geralmente as coisas que são de competência comum entre os
entes, estarão atreladas a legislações concorrentes, veja o exemplo
abaixo:
Competência Comum: Legislação concorrente - legislar sobre:
Proteger os documentos, as
obras e outros bens de valor
histórico, artístico e cultural;
Proteção ao patrimônio histórico,
cultural, artístico, turístico e
paisagístico;
Proporcionar os meios de acesso à
cultura, à educação e à ciência;
Educação, cultura, ensino e desporto;
Proteger o meio ambiente e combater
a poluição em qualquer de suas
formas;
Responsabilidade por dano ao meio
ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico;
Preservar as florestas, a fauna e
a flora;
Florestas, caça, pesca, fauna,
conservação da natureza, defesa do
solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e
controle da poluição.
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7- A Constituição dispôs expressamente sobre alguns serviços que
podem ser executados pelos entes de forma direta ou sob regime de
delegação (concessão, permissão ou autorização). Porém, pela
literalidade da Constituição, os serviços ali expressos foram previstos
da seguinte forma:
 União → diretamente ou por autorização, permissão e concessão;
 Municípios → diretamente ou por permissão e concessão;
 Estados → diretamente ou apenas por concessão.
Assim, se a questão cobrar "Municípios" e falar em "autorização" já
está errada, pois pela literalidade Municípios = permissão ou
concessão. Da mesma forma, se falar em "Estados", tem que falar
em "concessão", senão já está errado.
FIQUE ATENTO!
Essas coisas já são muiiiiito manjadas! Se você errar vai ficar pra trás,
pois todo mundo vai acertar:
1- Direitos: Existem 5 que são de legislação concorrente, e 10 que são
de legislação privativa da União - gravem somente os 5
concorrentes. Assim temos:
Concorrentes- Tributário, Financeiro, Penitenciário, Econômico e
Urbanístico - (Mnemônico: Tri - Fi - Penit - EC - Ur);
Privativos da União - O que sobrou!
2- Legislar sobre desapropriação = É privativo da União;
X
Decretar a desapropriação = Poder Público (executivo) em geral, em
especial o Municipal, que é o responsável pelo ordenamento urbano.
3- Direito Processual - Competência legislativa privativa da União (CF,
art. 22, I), já que não está no Tri-Fi-Penit-Ec-Ur;
X
Procedimentos em matéria processual - Competência legislativa
concorrente (CF, art. 24, XI) - ou seja, observada as normas gerais
da União, cada ente poderá estabelecer no seu âmbito, como serão
os procedimentos a serem usados no andamentos dos seus
processos.
4- Seguridade social = é o conjunto de Saúde + Previdência Social +
Assistência Social = Esse conjunto, como um todo, é de competência
legislativa privativa da União (CF, art. 22, XXIII).
X
81
Previdência Social, bem como a proteção e defesa da saúde = A
legislação é concorrente, pois cada ente possui o seu regime próprio
de previdência (CF, art. 24, XII) e proteger e defender a saúde é
algo que merece união de forças dos entes públicos.
5- Legislar sobre educação = Competência concorrente.
X
Legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional =
Privativa da União, até porque, tudo que tiver diretrizes, bases e
nacional, será competência da União.
Jurisprudência:
Súmula vinculante n° 2: "É inconstitucional a lei ou ato normativo
estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e
sorteios, inclusive bingos e loterias.”
Isso porque segundo o art. 22, XX compete à União legislar sobre os
sistemas de consórcios e sorteios.
BENS DA UNIÃO
Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações
e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação
ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio,
ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e
pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1.º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação
no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos
para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no
82
respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica
exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
§ 2.º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das
fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada
fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilizaçãoserão reguladas em lei.
BENS DOS ESTADOS
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio,
excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
A competência material (realizar as coisas) pode ser:
 Exclusiva da União (art. 21) - quando só a União poderá realizar
tais atos, sem poder delegar a nenhum outro ente, ou
 Comum - ou paralela - (art. 23) - quando todos os entes da
federação puderem, em pé de igualdade, agir para concretizar
aquilo que está exposto.
A competência legislativa (regulamentar como as coisas serão feitas)
pode ser:
 Privativa da União (art. 22) - quando couber somente a União
legislar sobre o tema - embora neste caso, através de uma lei
complementar, ela permita que os Estados façam a
regulamentação de questões específicas -; ou
 Concorrente (art. 24) - quando a União não irá fazer nada além
das normas gerais (normas genéricas que se aplicam a todos
os entes) e com base nessas normas gerais - sem precisar
receber a delegação da União – os Estados irão elaborar as
normas específicas. O nome é concorrente pois são 2
legislações que concorrem para um certo ponto (a
regulamentação do tema):
COMPETÊNCIA MATERIAL – ADMINISTRATIVA – EXCLUSIVA DA UNIÃO
Art. 21. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações
internacionais;
83
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de
natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem
como as de seguros e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território
e de desenvolvimento econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão,
os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a
organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos
institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético
dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os
potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e
fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito
Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros
militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito
Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia
e cartografia de âmbito nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de
programas de rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades
públicas, especialmente as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir
critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
84
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e
exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e
seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins
pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização
de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e
utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de
culpa;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de
garimpagem, em forma associativa.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – PRIVATIVA DA UNIÃO
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de
guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e
aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o
exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos
Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização
administrativa destes;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias,
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros
militares;
85
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária
federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades,
para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e
para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do
art. 173, § 1.º, III;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e
mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar
sobre questões específicasdas matérias relacionadas neste artigo.
COMPETÊNCIA MATERIAL – ADMINISTRATIVA – COMUM
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e
conservar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas
portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico
e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e
de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento
alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do
trânsito.
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Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação
entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista
o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – CONCORRENTE
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e
dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino e desporto;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII - assistência jurídica e defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
§ 1.º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á
a estabelecer normas gerais.
§ 2.º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§ 3.º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4.º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia
da lei estadual, no que lhe for contrário.
Técnica utilizada para a repartição de competências:
A técnica utilizada pela Constituição para repartir as competências foi
a seguinte:
1- Enumerar as competências da União e dos Municípios - Assim, ela
estabeleceu de forma expressa e taxativamente quais seriam as
competências federais (CF, art. 21 ao 24) e municipais (CF, art. 30).
87
2- Estabelecer a competência residual (ou remanescente) para os
Estados - Assim, a competência estadual não foi taxativa, cabendo
aos Estados fazer "tudo aquilo que não lhe forem vedados".
COMPENTÊNCIA RESIDUAL DOS ESTADOS
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que
adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1.º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam
vedadas por esta Constituição.
§ 2.º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os
serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida
provisória para a sua regulamentação.
§ 3.º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
COMPENTÊNCIA DOS MUNICÍPIOS
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas
rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar
balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte
coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado,
programas de educação infantil e de ensino fundamental;
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado,
serviços de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo
urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a
legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
Da Intervenção
O que preciso saber antes de estudar este tema?
A intervenção ocorre pela necessidade de um ente federativo negar
temporariamente a autonomia de outro para que possa, assim,
estabilizar situações constitucionalmente previstas. Por este motivo,
a intervenção, bem como o Estado de Defesa, o Estado de Sítio e o
88
Controle de Constitucionalidade, é classificada pela doutrina como
elemento de estabilização constitucional, ou seja, de retomada da
ordem constitucional.
A regra é a não intervenção, isto é, todos os entes são autônomos e
não podem ter esta autonomia negada por outro, a não ser que
ocorra alguma das hipóteses taxativamente previstas no texto da CF
(somente a CF pode estabelecer os casos de intervenção. Não poderá
a Constituição Estadual ampliar estes casos, prevendo hipóteses não
taxadas na CF).
Por motivos didáticos, colocaremos apenas a literalidade dos artigos
e organizaremos em seguida, explicando de modo mais simples os
procedimentos de intervenção.
CAPÍTULO VI
DA INTERVENÇÃO
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da
Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos
consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicosde saúde.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos,
a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de
saúde;
89
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder
Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal,
se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do
Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal
Superior Eleitoral;
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do
Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de
recusa à execução de lei federal.
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional n. 45, de 8-12-2004.)
§ 1.º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as
condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será
submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa
do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2.º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembleia
Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e
quatro horas.
§ 3.º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação
pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto
limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar
ao restabelecimento da normalidade.
§ 4.º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus
cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
Organizando as disposições Constitucionais sobre intervenção
(Federal e Estadual)
Nos casos constitucionalmente previstos, poderá ocorrer:
• Intervenção Federal → Quando a União intervém no Estado/DF
ou ainda no Município do Território Federal;
• Intervenção Estadual → Quando o Estado intervém no Município.
FIQUE ATENTO!!!
Observe que a única possibilidade de intervenção da União em
Municípios se dá quando estes pertencerem a Território Federal. Em
nenhuma hipótese, a União poderá intervir em Municípios. Trata-se de
assunto muito cobrado em concursos.
Formalidades da intervenção (tanto federal quanto estadual)
90
Quando a intervenção é decretada pelo chefe do Poder Executivo
(presidente ou governador), esse decreto de intervenção será
submetido à apreciação do Poder Legislativo (Congresso Nacional ou
da Assembleia Legislativa do Estado);
No prazo de 24 horas, e especificará:
• A amplitude;
• O prazo;
• As condições de execução; e
• Se couber, nomeará o interventor.
• Se não estiver funcionando o CN ou a Assembleia Legislativa,
farse-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de 24 horas.
• Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas
de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.
• Existem dois casos (que veremos à frente) em que se dispensa
este
“controle político” da intervenção feito pelo Poder Legislativo.
Intervenção federal nos Estados/DF
A intervenção federal pode ser “espontânea” (o presidente age de
ofício) ou “provocada” (alguém pede ou ordena que o presidente
intervenha). Assim, podemos dizer que as hipóteses constitucionais
estão divididas em quatro grupos:
• Espontânea – O presidente toma a iniciativa da intervenção;
• Provocada por solicitação – Quando alguém do próprio Poder
Executivo ou do Legislativo “solicita” (pede) que o presidente
intervenha (e este tem a discricionariedade para intervir ou não);
• Provocada por requisição – Quando o Poder Judiciário (STF, STJ ou
TSE) requisita (ordena) a intervenção federal;
• Provocada por provimento da representação – Trata-se de uma
representação que o PGR faz no STF, pedindo a intervenção. Se o
STF der provimento (acatar) a esta representação, ele ordenará que
o presidente intervenha.
Quando teremos uma intervenção espontânea?
Ela será espontânea nas hipóteses de:
• Manter a integridade nacional;
• Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em
outra;
• Pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
• Reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
91
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de 2 anos
consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas
nesta
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei.
Veja que são hipóteses, em sua maioria, urgentes. Assim verificadas,
o presidente deve de pronto decretar a intervenção.
Quando teremos uma intervenção provocada por solicitação?
Será solicitada a intervenção no caso de necessidade de:
• Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da
Federação.
Assim, se o governador de algum Estado ou Assembleia Legislativa
(ou Câmara Legislativa no caso do DF) estiver sofrendo ofensa ao
seu livre exercício, solicitará ao presidente da República que
intervenha.
Se quem estiver sendo coagido for o Poder Judiciário, a autoridade
deverá solicitar ao STF e não ao presidente, e cairá, assim, na
hipótese que veremos a seguir.
Quando teremos uma intervenção provocada por requisição?
Será requisitada uma intervenção para:
• Garantir o livre exercício do Poder Judiciário → Requisição do STF
(após receber a solicitação da autoridade judiciária local que está
sendo coagida).
• Prover a execução de ordem ou decisão judicial → Requisição do
STF, STJ ou TSE, de acordo com a matéria.
Veja que a CF não elencou tribunal algum par a fazer a requisição de
matérias trabalhistas e militares. Portanto, na jurisprudência do STF,
tais matérias, ainda quando fundadas em Direito Infraconstitucional,
serão absorvidas, para fins de intervenção, pelo STF.
1. Cabe exclusivamente ao STF a requisição de intervenção para
assegurar a execução de decisões da Justiça do Trabalho ou da
Justiça Militar, ainda quando fundadas em direito infraconstitucional:
fundamentação.
2. O pedido de requisição de intervenção dirigida pelo presidente do
Tribunal de execução ao STF há de ter motivação quanto à
procedência e também com a necessidade da intervenção.
Lembramos ainda que a intervenção federal é hipótese excepcional.
Assim, não é todo descumprimento de ordem ou decisão judicial que
ensejará a intervenção.
92
Deve-se verificar se esse descumprimento é voluntário, ou se pode
ser justificado. Não seria caso de intervenção, então, o não
pagamento de débitos por precatórios judiciais caso o Estado não
tenha recursos para fazer o pagamento.
Diferentemente ocorreria se fosse um ato voluntário de recusa do
cumprimento da decisão.
Quando teremos uma intervenção provocada, dependente de provimento
da representação?
O PGR, usando de sua atribuição prevista no art. 129, IV, fará uma
“representação para fins de intervenção” no STF, quando verificar
que algum Estado está descumprindo alguma lei federal ou algum
princípio constitucional sensível.
Ou seja, esta hipótese ocorre por necessidade de:
• Prover a execução de lei federal;
• Assegurar a observância dos princípios constitucionais sensíveis
(este é o caso da ADI interventiva):
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendidaa proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde.
FIQUE ATENTO!!!
Observação: neste tipo de intervenção (provocada dependente de
representação) e no caso de requisitada para fazer cumprir ordem ou
decisão judicial, a CF determina que será dispensada a apreciação do
decreto pelo Congresso Nacional, limitando-se a suspender a execução
do ato impugnado, caso essa medida baste ao restabelecimento da
normalidade.
Intervenção do Estado nos seus Municípios ou da União nos
Municípios do TF
O Estado intervirá em um Município do seu território, ou a União
intervirá em um Município do Território Federal, em caso de:
• Deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por 2 anos
consecutivos, a dívida fundada.
•Não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
93
• Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde;
•O Tribunal de Justiça der provimento à representação para
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial.
Neste último caso, igualmente ao observado na intervenção federal,
quando o TJ der provimento à representação do procurador-geral de
Justiça, será dispensada a apreciação pela Assembleia Legislativa, e
o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se
essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
“Há tantas pessoas lá fora que irão te dizer que você não consegue. O
que você deve fazer é virar para elas e dizer: me observe”.
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
DO PODER LEGISLATIVO
Da Organização dos Poderes
CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO
Seção I
Do Congresso Nacional
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se
compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.
ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO
A Constituição diz (art. 44) que o Poder Legislativo, em âmbito
federal, é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Por isso dizemos que no
Brasil possuímos o sistema bicameral. Possuímos duas Casas
Legislativas.
Ratificamos que isso é, obviamente, na esfera federal. No âmbito dos
Estados, Municípios e DF, o Legislativo funciona unicameralmente,
exercido respectivamente pela Assembleia Legislativa Estadual,
Câmara Municipal e Câmara Legislativa do Distrito Federal.
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No sistema bicameral do Legislativo Federal temos:
 Câmara dos Deputados → Representantes do povo, eleitos,
pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território
e no DF.
X
 Senado Federal → Representantes dos Estados/DF, eleitos
segundo o princípio majoritário.
Legislatura x sessão legislativa:
 Legislatura → Duração de 4 anos; legislatura é o conjunto que
representa os legisladores. O mandato de um deputado
coincide com uma legislatura enquanto o Senador passa por
duas (8 anos).
X
 Sessão Legislativa → Reunião anual do Congresso Nacional.
Ocorrem de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22
de dezembro.
Decisões do Congresso:
O art. 47 da Constituição dispõe que salvo disposição constitucional
em contrário, as decisões serão tomadas por maioria dos votos
(simples), presente a maioria absoluta de seus membros.
Maioria absoluta = mais da metade do efetivo da Casa.
Maioria simples = mais da metade dos presentes na sessão, e deve
estar presente ao menos a maioria absoluta.
Atribuições do Congresso Nacional
Muita atenção a esta parte! Este é um tema exaustivamente cobrado
em concurso, vai do art. 48 ao 52 da Constituição. 
A cobrança se dá principalmente nos art. 49, 51, e 52, esses são
cartas certas em concursos.
O art. 49, então, deve estar muito bem fixado, leia e releia este
artigo.
O tema é um pouco extenso, mas, vocês não precisam se preocupar!
Eu estou aqui justamente para poder jogar ao chão a dificuldade de
acertar questões desse tema. Vamos às noções iniciais e macetes. 
Noções iniciais:
1- O art. 48 traz matérias que serão discutidas através de leis. Quem
irá propor estas leis? Isso é indiferente, pode ser o Presidente,
Parlamentar, STF... o que importa e é exigido pela Constituição, é
que estas matérias sejam levadas através de lei ao Congresso para
deliberação. Após essa deliberação o Presidente da República irá
sancionar ou vetar a lei.
95
2- Os art. 49, 51 e 52 trazem matérias que são reservadas ao trato
exclusivo das Casas Legislativas- Câmara dos Deputados (art. 51),
Senado (art. 52), ou se reunidos em Casa Única, ao Congresso - (art.
49). Nestes 3 artigos não há a participação de nenhum outro Poder,
seja na iniciativa ou seja para sanção/veto.
PULO DO GATO:
1- Tudo que for assunto de extrema importância, ou relevância
nacional ou internacional, ou ainda assuntos delicados (atividade
nuclear, índios...) ficou à cargo do Congresso Nacional (em casa
única) - art. 49. Ex: resolver definitivamente sobre tratados
internacionais, autorizar guerra ou que forças estrangeiras transitem
em solo brasileiro fora dos casos da lei complementar, autorizar o
Presidente da Rep. a se ausentar do país, bem como julgar as suas
contas, autorizar atividades nucleares a explorações em terras
indígenas e etc.
2- Ao Senado, reservou-se as matérias referentes a:
a) Aprovação (e em alguns casos, exoneração) de autoridades.
Ex. Procurador Geral da República, Ministros do STF,
Governador de Território, Presidente do Banco Central, Chefe de
Missão Diplomática Permanente, entre outros. - O Senado é o
único órgão do Legislativo Federal que aprova a nomeação de
autoridades.
b) Julgamento de autoridades por crimes de responsabilidade: -
O Senado é o único órgão do Legislativo Federal que faz
julgamentos de autoridades.
c) Finanças Públicas.
Ex. Avaliar o Sistema Tributário Nacional, fixar limites de
dívidas e condições de créditos e etc.
3- Á Câmara dos Deputados não foram elencadas muitas
competências relevantes. Apenas competências internas (elaborar o
regimento interno e etc.) e devemos fazer destaque a apenas 2
competências:
a) autorizar que o Senado instaure o processo contra o
Presidente da Rep. , seu Vice e seus Ministros.
b) Tomar as contas do Presidente da Rep., caso este não
apresente as contas para o julgamento do Congresso em 60
dias.
96
Obs. Nestes casos onde a Câmara dos Deputados atua de forma a
autorizar o processo de julgamento pelo Senado enquanto este atua
como a efetiva Casa julgadora, a Lei 1079/50 – que define crimes de
responsabilidade e seu processo – denomina a Câmara como sendo
“Tribunal de Pronúncia” e o Senado como sendo “Tribunal de
Julgamento”. Lembrando que tal autorização somente se faz
necessária nos casos de Presidente da República, Vice-Presidente e
Ministros.
As atribuições do Congresso Nacional podem ser dividias, basicamente, entre
os artigos 48 e 49 da CF/88. 
No art. 48, para dispor sobre todas as matérias de competência da União,
encontram-se as atribuições legislativas do Congresso que, como tais,
dependem de sanção do Presidente da República para que sejam
aperfeiçoadas. 
Já no art. 49 a Constituição consagra competências políticas próprias
exclusivas do Congresso Nacional, não havendo que se falar aqui em
manifestação por parte do Presidente da República nem pelo instrumento da
sanção, menos ainda pelo veto. 
Tais atribuições, como ressaltado, não têm natureza legislativa, ao contrário,
são competências políticas próprias que, inclusive, se materializam por meio
de decreto legislativo. 
Para as provas, recomenda-se uma leitura atenta de cada um desses artigos. 
Todavia, com o objetivo de auxiliar o entendimento acerca da matéria, uma
dica é observar que as competências do Congresso Nacional previstas no art.
49 da CF, em sua grande parte,traduzem situações de controle, fiscalização
ou regulação das atividades e assuntos inerentes à Presidência da República,
o que justifica, por óbvio, a desnecessidade da sanção presidencial para o seu
aperfeiçoamento. 
Exemplos dessa constatação são os incisos II, III, V, VIII, IX, X e XIV. Em
síntese, tais dispositivos consagram, respectivamente: 
autorizar o Presidente da República a declarar a guerra, a celebrar a paz, a
permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
permaneça temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar; 
autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem
do País, quando a ausência exceder a quinze dias; 
 sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites da delegação legislativa; 
97
 fixar o subsídio do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos
Ministros de Estado, observando limites estabelecidos na Constituição; 
 julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e
apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; 
 fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas casas, os atos do
Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; e 
 aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares. 
Das Atribuições do Congresso Nacional
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da
República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor
sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de
crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio
da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou
Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da
Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária do
Ministério Público e do Distrito Federal;
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas,
observado o que estabelece o art. 84, VI, b;
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas
operações;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal;
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
observado o que dispõem os arts. 39, § 4.º; 150, II; 153, III; e 153, § 2.º, I.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a
permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar;
98
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem
do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de
sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores,
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º,
I;
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos
Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II,
153, III, e 153, § 2.º, I;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e
apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos
do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da
atribuição normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras
de rádio e televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de
recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com
área superior a dois mil e quinhentos hectares.
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas
Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de
órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem,
pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado,
importando em crime de responsabilidade a ausência sem justificação
adequada.
§ 1.º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à
Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e
mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de
relevância de seu Ministério.
§ 2.º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão
encaminhar pedidos escritos de informação a Ministros de Estado ou a
qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de
responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no prazo de trinta dias, bem
como a prestação de informações falsas.
Câmara dos deputados 
99
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo,
eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no
Distrito Federal.
§ 1.º O número total de deputados, bem como a representação por Estado e
pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar,
proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no
ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação
tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.
§ 2.º Cada Território elegerá quatro Deputados.
Principais características 
 § Composta por representantes do povo 
 § Deputados Federais eleitos pelo sistema ou princípio proporcional 
 § Número total de 513 Deputados Federais 
 § Mandato de 4 anos 
 § Idade mínima de 21 anos para a assunção do cargo 
Seção III
Da Câmara dos Deputados
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo
contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de
Estado;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não
apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura
da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços,
e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
Senado Federal 
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do
Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1.º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato
de oito anos.§ 2.º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de
quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.
§ 3.º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Principais características 
 § Composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal 
100
 § Senadores da República eleitos pelo sistema majoritário 
 § Número total de 81 Senadores da República 
 § Mandato de 8 anos 
 § Idade mínima de 35 anos para a assunção do cargo 
OBS - Território Federal não elege Senadores, pois estes são
representantes dos Estados/DF e TF não é Estado.
Seção IV
Do Senado Federal
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos
crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma
natureza conexos com aqueles;
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros
do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos
crimes de responsabilidade;
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha
de:
a) magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da
República;
c) Governador de Território;
d) presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta,
a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o
montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito
externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público
federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União
em operações de crédito externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida
mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício,
do Procurador- Geral da República antes do término de seu mandato;
101
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços,
e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional,
em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações
tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como
Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que
somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda
do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública,
sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Finalmente, concluindo a abordagem sobre a Câmara dos Deputados e sobre
o Senado Federal, abaixo segue tabela com a sistematização das principais
características de cada uma dessas casas legislativas:
CARACTERÍSTICAS CÂMARA SENADO 
COMPOSIÇÃO Representantes do povo Representantes dos
Estados e do DF 
SISTEMA DE ELEIÇÃO Princípio proporcional à
população de cada Estado
e do DF 
Princípio majoritário 
NÚMERO DE
PARLAMENTARES 
A LC nº 78/93 fixou em
513 Deputados Federais –
Nenhum Estado nem o DF
terão menos que 8, nem
mais que 70 Deputados – 
Os territórios, se criados,
elegerão 4 Deputados
3 Senadores por Estado e
pelo DF, cada qual com 2
suplentes. Atualmente, 81
Senadores (26 estados X
3 = 78 + 3 do DF = 81) 
MANDATO 4 anos = 1 legislatura 8 anos = duas legislaturas 
RENOVAÇÃO A cada 4 anos, sendo que
cada Deputado cumpre
mandato de 4 anos 
A cada 4 anos, por 1 e
2/3, sendo que cada
Senador cumpre o
mandato de 8 anos 
IDADE MÍNIMA
(CONDIÇÃO DE
ELEGIBILIDADE) 
21 anos 35 anos 
Imunidades parlamentares
102
Tais imunidades podem ser identificadas como prerrogativas daqueles que
exercem a função parlamentar e possuem como objetivo permitir um
desempenho livre e independente do mandato. 
A doutrina costuma classificar as imunidades em: a) material (real, substantiva,
também chamada de inviolabilidade parlamentar); b) processual (formal ou
adjetiva, que pode ser tanto em ralação à prisão, quanto em relação ao
processo). Ao lado dessas imunidades alguns doutrinadores ainda inserem o
estudo do foro privilegiado ou por prerrogativa de função.
Imunidade material ou inviolabilidade parlamentar 
A Constituição Federal, no caput do art. 53, consagra essa primeira espécie de
imunidade. Segundo esse dispositivo, os Deputados e Senadores são
invioláveis, civil e penalmente, por quiser de suas opiniões palavras e votos.
É a consagração da imunidade material ou inviolabilidade parlamentar. 
Complementando o texto constitucional, doutrina e jurisprudência entendem
que essas imunidades só valem quando o parlamentar estiver no exercício
das suas funções, ou desempenhando alguma atividade que guarde relação
com o mandato, não sendo necessário que ele esteja dentro do recinto do
Congresso Nacional. 
Trata-se, efetivamente, de uma cláusula de irresponsabilidade geral que
assegura ao parlamentar o direito de não ser condenado civil e penalmente
(também disciplinar e politicamente) por suas opiniões palavras e votos
proferidos em razão do exercício do mandato ou do desempenho da função
parlamentar.
Seção V
Dos Deputados e dos Senadores
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
Imunidade formal ou processual
Conforme já sinalizado, a imunidade processual relaciona-se tanto com a
prisão de parlamentares, quanto com o processamento deles. Aqui serão
analisadas as duas situações de modo separado. 
a) Prisão
A imunidade formal ou processual para a prisão está prevista na Carta Magna
no art. 53, § 3º. A partir deste enunciado, fica estabelecido que desde a
expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional (Deputados
Federais e Senadores da República) não poderão ser presos, salvo em
flagrante de crime inafiançável. 
103
Ainda assim, neste caso, o texto determina que os autos sejam remetidos
dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros (maioria absoluta, segundo o STF), resolva sobre a prisão. 
É importante perceber que a aquisição desta imunidade se dá com a
diplomação, e não com a posse (momento posterior) como costumam colocar
as bancas examinadoras com o objetivo de induzir o candidato ao erro. 
Nesse sentido, é possível concluir que para a manutenção da prisão em
flagrante delito de crime inafiançável, a aprovação pela casa, mediante voto
aberto, se apresenta como uma condição indispensável.
Art. 53, (...)
§ 2.º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os
autos serão remetidos dentro de vinte e quatrohoras à Casa respectiva, para
que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
b) Processo
Alterando panorama anterior, a Emenda Constitucional n. 35/2001 passou a
dispensar licença prévia da Casa respectiva para que os parlamentares
pudessem ser processados.
Dessa forma, com a nova previsão, no caso de oferecimento de denúncia
contra parlamentar, poderá o Supremo Tribunal Federal recebê-la, não mais
havendo que se falar em prévia licença da Casa a que pertence o Deputado
ou Senador.
Assim, conforme a previsão do art. 53, § 3º, da CF, recebida a denúncia contra
Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo
Tribunal Federal dará ciência à casa respectiva, que, por iniciativa de partido
político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros (maioria
absoluta, quórum qualificado), poderá, até a decisão final, sustar o andamento
da ação.
Novamente percebe-se que o momento a partir do qual o parlamentar passa a
gozar da imunidade é a diplomação, e não a posse. Além disso, a partir do
atual regramento, a prerrogativa apenas está relacionada com os crimes
praticados após a diplomação, não antes. 
Com o § 4º desse mesmo dispositivo, a Constituição enuncia que o pedido de
sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45
dias do seu recebimento pela mesa diretora. 
Já nos termos do § 5º, tem-se que a sustação do processo suspende a
prescrição enquanto durar o mandato.
104
Art. 53 (...) 
§ 3.º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido
após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento
da ação.
§ 4.º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa
Diretora.
§ 5.º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o
mandato.
Informações em razão do exercício do mandato
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar
sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do
mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
receberam informações.
Incorporação às FFAA
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores,
embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de
prévia licença da Casa respectiva.
Imunidades durante o estado de sítio
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante
o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois
terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados
fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com
a execução da medida.
Foro privilegiado
Voltando ao § 1º do mesmo art. 53 da Carta de Outubro, o constituinte
consagrou que os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,
serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. 
Assim, conclui a doutrina que independentemente do tipo de crime que tenha
sido praticado, a competência para o processamento desses parlamentares é
do Pretório Excelso, confirmando, assim, o foro por prerrogativa de função. 
Lembrando que, segundo a jurisprudência do STF confirmada em sede de
ação direta de inconstitucionalidade (ADIN), caso o mandato termine antes do
fim do processo, não ocorrerá o fenômeno da perpetuatio jurisdictionis
(perpetuação da jurisdição), não competindo mais à Suprema Corte dar
sequência ao processo e julgamento. 
105
Já na hipótese de crime praticado por alguém que não era parlamentar e, no
curso do processo, se elege Deputado Federal ou Senador da República, a
orientação é que o processo seja imediatamente remetido ao STF para que
este, estando presentes os requisitos, dê andamento à ação. 
Porém, neste caso, por se tratar de um crime praticado antes da diplomação,
muito embora o processo seja remetido para o Supremo, este não terá que dar
ciência à casa respectiva que, por sua vez, também não poderá interferir na
ação. Não há que se falar aqui, portanto, na existência de imunidade
processual.
Ainda, em se tratando de infração cometida após o encerramento do mandato
não incide o foro privilegiado. Este entendimento, inclusive, está cristalizado
na súmula 451 do STF, prevendo que a competência especial por
prerrogativa de função não se estende ao crime cometido após a cessação
definitiva do exercício funcional. 
Questão interessante diz respeito à possibilidade de renúncia das imunidades.
O entendimento que prevalece (e que, portanto, deve ser seguido em prova) é
que as tais prerrogativas parlamentares não podem ser objeto de renúncia,
já que dizem respeito ao cargo, e não à pessoa que o ocupa.
Além disso, como tais privilégios estão relacionados ao efetivo desempenho
das atividades inerentes à função parlamentar, tais prerrogativas não são
estendidas aos suplentes, que também não poderão se beneficiar do foro
por prerrogativa de função.
Art. 53 (...)
§ 1.º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão
submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
Imunidade parlamentar estadual e municipal
No âmbito dos Estados-membros, o art. 27, § 1º, da CF/88, consagra que se
aplicam aos Deputados Estaduais as mesmas regras previstas na Constituição
sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
A partir deste enunciado atenta-se apenas para a necessidade de adaptação
de tais regras à esfera estadual, em sintonia com o princípio da simetria ou
paralelismo das formas. Assim, onde se lê Câmara dos Deputados e Senado
Federal, leia-se Assembleia Legislativa. E onde há referência ao Supremo
Tribunal Federal, leia-se Tribunal de Justiça. 
Finalmente, no âmbito municipal, o Texto Maior no art. 29, VIII, prevê a
imunidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do
mandato e na circunscrição do Município. 
106
Assim, conclui-se que os Vereadores, no exercício de suas funções, apenas
gozam da imunidade material, e na circunscrição do respectivo Município.
Fechando, portanto, a abordagem referente às imunidades dos Deputados e
Senadores, vale salientar que estas prerrogativas subsistirão durante o estado
de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da
Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso
Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.
As Comissões Parlamentares de Inquérito
De acordo com o artigo 58, § 3º, da CF, as comissões parlamentares de
inquérito têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais,
além de outros previstos nos regimentos internos das respectivas Casas
Legislativas. 
Concluída a investigação, sendo o caso, as conclusões serão encaminhadas
ao Ministério Público para que se promova a responsabilidade civil ou criminal
dos infratores. 
De um modo geral, a composição de uma CPI deve traduzir a representação
proporcional dos partidos políticos que participam da respectiva Casa. 
A criação de uma comissão parlamentar de inquérito depende do atendimento
de três requisitos constitucionais, quais sejam: 
a) requerimento de um terço dos membros da Casa Legislativa; 
b) apuração de fato determinado; 
c) fixação de prazo certo para a conclusão dos trabalhos.
No que tange ao requerimento, a CPI poderá ser criada pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, de modo conjunto (comissão parlamentar
mista de inquérito – CPMI) ou separadamente (comissão exclusiva).
Exige-se, portanto, requerimento de um terço dos membros da Câmara
Federal, sendo a comissão criada pelos Deputados, ou de um terço dos
membros do Senado, na hipótese da comissão ser criada pelos Senadores da
República (comissões exclusivas).Já no caso de criação da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI),
exige-se o requerimento de um terço dos membros de ambas as Casas
Legislativas. 
Conforme mencionado, às CPIs são conferidos poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais. Tais poderes, naturalmente, não são
107
ilimitados, devendo sempre observar os direitos e garantias fundamentais,
tais como o privilégio da não autoincriminação (CF, art. 5º, LXIII), bem como o
segredo de ofício e o sigilo profissional (CF, art. 5º, XIV). 
A doutrina afirma que a CPI possui poderes instrutórios e investigatórios, mas
não possui poder geral de cautela. 
Como desdobramento do poder de investigação conferido pela CF às CPIs,
podem elas determinar:
 A quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados (destaque-se o sigilo de
dados telefônicos) 
 A busca e apreensão de documentos 
 A condução coercitiva para depoimento 
 A realização de exames periciais 
De outro modo, por não poderem praticar atos de jurisdição exclusivos do
Poder Judiciário, não podem as CPIs: 
 Realizar diligência de busca domiciliar 
 Quebrar o sigilo das comunicações telefônicas (interceptação
telefônica) 
 Dar ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito (crime de falso
testemunho, por exemplo) 
 Praticar atos de jurisdição cautelar (arresto, sequestro, hipoteca
judiciária, indisponibilidade dos bens, proibição de ausentar-se do país).
Reitere-se, por fim, que as comissões parlamentares de inquérito não são
órgãos de acusação ou julgamento, mas apenas de investigação. Justamente
por isso, podem, sim, sofrer controle pelo Poder Judiciário.
Seção VII
Das Comissões
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e
temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no
respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 1.º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto
quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos
parlamentares que participam da respectiva Casa.
§ 2.º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a
competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros
da Casa;
108
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos
inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer
pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de
desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
§ 3.º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados
e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante
requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade
civil ou criminal dos infratores.
§ 4.º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso
Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período
legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição
reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.
Impedimentos aos parlamentares (CF, art. 54 ao 56)
A Constituição, do art. 54 e 56 traz diversos impedimentos às
pessoas que forem eleitas para a Câmara dos Deputados e para o
Senado. Esses impedimentos constituem-se em algumas proibições
que desde a "expedição do diploma" já devem ser observadas, e
outras que passarão a ser de observância obrigatória após a sua
posse. Vejamos:
Expedição
do diploma: Posse
A partir daqui, não poderá:
Firmar ou manter contrato
com entidades da adm. pública
ou concessionárias de serviço
público (salvo contratos de
cláusulas uniformes).
Aceitar ou exercer cargo,
função ou emprego
remunerado, inclusive os
demissíveis "ad nutum" em
entidades da adm. pública ou
concessionárias de serviço
público.
A partir daqui, não poderá:
Ocupar cargo ou função "ad nutum"
em entidades da adm. pública ou
concessionárias de serviço público.
Patrocinar causa em que seja
interessada entidades da adm. pública
ou concessionárias de serviço público.
Ser proprietário, controlador ou
diretor de empresa que goze de favor
decorrente de contrato com PJ de
direito público, ou exercer função
remunerada em tal empresa. 
Ser titular de mais de um cargo ou
mandato público eletivo.
109
OBS.: Cargos ad nutum são aqueles de livre nomeação e
exoneração, como os cargos em comissão.
Contrato com "cláusulas uniformes" são aqueles contratos de adesão
que podem ser firmados por qualquer pessoa, como contratos de
telefonia e TV por assinatura.
PULO DO GATO
Veja que "a partir da expedição do diploma" só há 2 impedimentos a
serem decorados:
1- Firmar ou manter contrato...
2- Aceitar ou exercer cargo... (remunerado)
Todos os outros são apenas a partir da posse. Com isso já se resolve
várias questões!
O Deputado ou Senador não irá perder o seu mandato:
1- se for investido no cargo de:
 Ministro de Estado;
 Governador de TF;
 Secretário de Estado/DF ou de TF;
 Secretário de Prefeitura de CAPITAL; ou
 Chefe de missão diplomática TEMPORÁRIA;
Observe que se o parlamentar não perderá o mandato se for
chamado para cargos de livre nomeação e exoneração como
Ministros e seus simétricos federativamente, mas temos que ter
cuidado no caso de Secretário Municipal, pois será lícito assumir sem
a perda apenas em Capitais e no caso de missão diplomática, apenas
se for o chefe e a missão for temporária.
2- Se for licenciado pela respectiva Casa:
 Por motivo de doença; ou
 Para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde
que, neste caso, o afastamento não ultrapasse 120 dias por
sessão legislativa.
O suplente será convocado no caso de:
 Vaga;
 Investidura nas funções previstas acima; ou
 Licença superior a 120 dias.
Podendo
optar pela
Remuneração
do mandato.
110
 Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição
para preenchê-la se faltarem mais de 15 meses para o término
do mandato.
Vamos organizar as hipóteses em que o Deputado ou Senador irá
perder o seu mandato:
Observe que quando se fala em quebra de decoro, infração a
impedimentos e até mesmo condenação criminal transitada em
julgado, a Casa irá decidir pela perda ou não do mandato do
parlamentar, diferentemente do que ocorre por faltas ou por
requisição da justiça eleitoral, onde caberá a Mesa da Casa
simplesmente declarar a perda do mandato.
PULO DO GATO
Veja que temos 3 hipóteses onde a perda do mandato é decidida
(pode perder ou não, depende do voto da Casa), e outras 3
hipóteses onde a perda é declarada (não cabe à Casa decidir,
apenas cumprir).
A Casa declara a perda do cargo (não cabendo fazer juízo) sobre
coisas que foram determinadas externamente, independentes de
uma ação do parlamentar, são elas: perda/suspensão dos direitos
políticos e decisão da Justiça Eleitoral. Ocorrerá ainda no caso de
1- Incorrer em qualquer dos impedimentos acima;
2- Praticar ato incompatível com o decoro parlamentar
(sendo que, além dos casos definidos no regimento interno,
é incompatível com o decoro parlamentar: o abuso das
prerrogativas asseguradas ou a percepção de vantagens
indevidas);
3- Sofrer condenação criminal em sentença transitada em
julgado.
Nestes 3 casos, a perda do mandato será "decidida" pela Casa respectiva,
por "voto secreto" e "maioria absoluta", mediante provocaçãoda respectiva
Mesa ou de partido político representado no CN, assegurada ampla defesa.
4- Que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
5- Que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, a 1/3
das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou
missão autorizada pela Casa; (desinteresse equiparado à
renúncia).
6- Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos na
CF;
Nestes 3 casos, a perda será "declarada" pela Mesa da Casa
respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus
membros, ou de partido político representado no CN, assegurada
ampla defesa.
111
faltas excessivas (mais de 1/3 das sessões ordinárias), pois isso
demonstra desinteresse equiparado à renúncia do cargo e, se ele
decidiu “renunciar”, não cabe à Casa Legislativa decidir a respeito.
Agora, quando estamos diante de uma ação do parlamentar que
acaba incorrendo em impedimentos funcionais ou ferindo o decoro
inerente à categoria (caso do ex-senador Demóstenes Torres, que
perdeu o cargo por quebra do decoro), a Casa respectiva irá decidir
(por maioria absoluta) se a ofensa foi relevante o suficiente para
declarar a perda de seu cargo.
IMOPRTANTE:
A hipótese de “condenação criminal transitada em julgado” é a
polêmica, pois, em princípio, na letra da Constituição e na mais
sólida doutrina, seria causa de “decisão” e não “declaração” da
perda, pois se trata de uma faceta da independência e harmonia
entre os Poderes.
Assim, o Judiciário condenaria, mas não iria interferir diretamente
nos trabalhos legislativos, deixando o próprio Poder Legislativo
decidir se o trabalho do parlamentar merece continuar ou não até o
término do seu mandato, seria diferente da hipótese de
determinação da Justiça Eleitoral, pois neste caso pressupõe que ele
está investido irregularmente na função, pois cometeu alguma
infração eleitoral. No entanto, o STF, no caso específico do
julgamento do “mensalão (AP 470)” modificou a forma de interpretar
a Constituição, decidindo que o parlamentar que sofreu condenação
criminal transitada em julgado deverá perder automaticamente o
cargo. No entanto, mais recentemente, no julgamento da AP 565,
cujo réu é o Senador Ivo Cassol, oportunidade em que o plenário da
corte deixou para a Casa
Legislativa a decisão sobre a perda de mandato do parlamentar.
Ou seja, há a divergência interpretativa no próprio Supremo. Nossa
opinião é entender como "a decisão caberá à Casa Legislativa", mas
não se esqueça da polêmica que expomos anteriormente, já que
pode ser cobrada por alguma banca no concurso. Vamos
esquematizar:
A Casa "decide" se ele perde o mandato ou não, quando:
 Incorrer nos impedimentos;
 Atentar contra o decoro;
 Sofrer condenação criminal transitada em julgado (em
regra);
A Casa "declara" a perda do cargo quando:
 Seus direitos políticos forem perdidos ou suspensos;
 A Justiça Eleitoral determinar;
 Faltar injustificadamente a 1/3 das sessões ordinárias;
 Sofrer condenação criminal transitada em julgado por crimes
112
cuja natureza torne a sua permanência no cargo incompatível
(jurisprudência não pacífica no STF);
A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa
levar à perda do mandato, nos termos vistos acima, terá seus efeitos
suspensos até as deliberações finais sobre a decisão ou declaração,
ou não, da perda do mandato.
Algumas questões de concurso tentam confundir o candidato
associando tal disposição ao Presidente da República, porém,
somente em relação aos parlamentares se aplica a disposição de que
"de nada adianta pedir a renúncia se o processo de cassação do
mandato já estiver aberto".
Impedimentos aos parlamentares (CF, art. 54 ao 56)
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia,
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de
que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior;
II - desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor
decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer
função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades
referidas no inciso I, a;
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se
refere o inciso I, a;
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das
sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta
autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta
Constituição;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.
§ 1.º É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no
regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do
Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas.
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:
113
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território,
Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de
Capital ou chefe de missão diplomática temporária;
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem
remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento
não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
§ 1.º O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em
funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias.
§ 2.º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para
preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato.
§ 3.º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela
remuneração do mandato.
Seção VI
Das Reuniões
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de
2 de fevereiro a 17 de julho e de 1.º de agosto a 22 de dezembro.
§ 1.º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o
primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados, domingos ou
feriados.
§ 2.º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de
lei de diretrizes orçamentárias.
§ 3.º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos
Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:
I - inaugurar a sessão legislativa;
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às
duas Casas;
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
§ 4.º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de
1.º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros
e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a
recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.
§ 5.º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do
Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos
ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado
Federal.
§ 6.º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de
defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação
de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do
Vice-Presidente da República;II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros
de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em
114
todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada
uma das Casas do Congresso Nacional.
§ 7.º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente
deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do
§ 8.º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da
convocação.
§ 8.º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação
extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas
na pauta da convocação.
 Sessão conjunta → Os deputados e senadores deliberam
juntos, mas, votam em separado.
X
 Sessão unicameral do CN → É o CN se reunindo como se fosse
apenas uma Casa, deliberando e votando junto.
Esquematizando a convocação extraordinária do Congresso
Nacional:
Responsável pela Convocação: Motivo: Observações:
Presidente do Senado
Federal:
Em caso de
decretação de estado
de defesa ou de
intervenção federal;
- De pedido de
autorização para a
decretação de estado
de sítio; e
- Para o compromisso
e a posse do
Presidente e do
Vice-Presidente da
República;
---
Presidente da
República
Caso de urgência ou
interesse público
relevante.
Precisa da aprovação
da maioria absoluta
de cada Casa
Legislativa.
Presidentes da
Câmara dos
Deputados e do
Senado Federal 
(em conjunto)
115
Maioria absoluta dos
membros de ambas
as Casas
FIQUE ATENTO!!!
Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente
deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, vedado o
pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. E
havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação
extraordinária do CN, serão elas automaticamente incluídas na pauta
da convocação.
Pulo do Gato
Veja que a regra é a convocação extraordinária ser sempre realizada
pelo Presidente do Senado (que é o Presidente do Congresso), a
exceção é a convocação pelas demais autoridades. A exceção deve
ser decorada, pois é o único caso:
 Urgência ou interesse público relevante (precisa de aprovação
da MA das Casas Legislativas).
PROCESSO LEGISLATIVO
O que é o processo legislativo?
Todo processo pressupõe uma sequência ordenada de atos
(procedimentos) com a finalidade se alcançar uma finalidade. No
caso em questão, a finalidade é a produção legislativa.
Neste estudo sobre o processo legislativo (também chamado de
“processo legiferante”) veremos o rito de elaboração, limitações e
procedimentos em geral para se elaborarem os atos normativos
primários, ou seja, aqueles que retiram o seu fundamento de
validade diretamente do texto constitucional.
Assim, temos segundo o art. 59 da Constituição, que o processo
legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
116
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Todas as normas acima são atos primários, não vemos ali os
decretos, portarias e etc. que seriam os "atos secundários", já que
decorrem dos atos primários. Todos os atos ali presentes são
também infraconstitucionais, com exceção das emendas, que após
serem promulgadas se incorporam ao texto constitucional com
mesmo status deste. Assim, podemos esquematizar na "pirâmide de
Kelsen":
Observação 1 – Os atos primários não são somente estes 7 ali
previstos. Embora não elencados como parte do “processo
legislativo” pela Constituição, o Supremo Tribunal Federal e a
doutrina reconhecem com atos primários outras normas como o
Decreto Autônomo e o Regimento Interno dos Tribunais, pois são
atos normativos que retiram seu fundamento de validade
diretamente do texto da Constituição, sem que sejam simples atos
regulamentares de outras normas. Alexandre de Moraes ainda cita os
atos normativos expedidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CF,
art. 103-B, §4º, I) como pertencente a tal grupo.
Observação 2 – Embora as emendas à Constituição tenham status
idêntico às demais normas constitucionais, a doutrina costuma dizer,
que a emenda constitucional enquanto proposta (PEC) teria, ainda,
um status de ato infraconstitucional, pois a PEC deve respeitar os
limites impostos pelo texto da Constituição, sendo assim,
hierarquicamente subalterna. Após a promulgação, quando a emenda
efetivamente passar a integrar o texto da constituição, será elevada
ao status constitucional se impondo sobre todo o resto do
ordenamento e não possuindo distinções hierárquicas com as normas
originárias.
Hierarquia entre as normas:
Emendas
Lei Complementar
Lei Ordinária
Lei Delegada
Medida Provisória
Decreto Legislativo
Resolução
117
Não existe qualquer hierarquia entre normas de um mesmo patamar.
Ou seja, não há hierarquia entre normas constitucionais originárias e
normas constitucionais derivadas (oriundas de emendas); também
não há qualquer hierarquia das normas infraconstitucionais entre si,
a diferença delas se situa no âmbito da matéria tratada e não no
campo hierárquico.
Não há também o que se falar em hierarquia entre os ordenamentos
de entes distintos. Ou seja, não existe superioridade hierárquica de
uma norma federal sobre uma estadual, ou de uma norma estadual
sobre a Municipal. A exceção a isso é apenas a Constituição Federal,
que na verdade não é uma norma “federal” e sim “nacional”
(aplicável a toda a federação), sendo o diploma máximo, superior na
organização interna de todo o país.
É de se destacar ainda que, embora não haja hierarquia entre
normas de ordenamentos distintos da federação, existem
interferências constitucionalmente estabelecidas, como a
necessidade de lei estadual respeitar certas normas gerais federais, e
ainda a possibilidade presente no art. 24 da Constituição (matéria
legislativa concorrente) de que norma federal superveniente
suspenda a eficácia da norma estadual que legislou plenamente na
omissão legislativa da União.
Veja que, por não haver hierarquia, não se fala em “revogação” da
norma estadual, mas de uma “suspensão”.
Formalidades do processo legislativo
Art. 59, parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a
elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
Essa lei complementar existe, é a LC 95/98.
Noções sobre o trâmite do Processo Legislativo
O processo legislativo básico é aquele onde se faz as “leis
ordinárias”, o nome é “ordinária”, pois é a lei comum, que segue a
ordem natural.
Este será o processo legislativo mais completo e para o qual a
Constituição deu maior atenção. O processo da lei complementar é o
mesmo da lei ordinária, a única diferença é o quórum exigido para
votação – na lei complementar necessita-se da maioria absoluta dos
votos (mais da metade do efetivo da Casa), enquanto na lei ordinária
basta a maioria simples (mais da metade dos presentes).
118
Além das leis complementares e ordinárias, no entanto, sabemos que
existem outras 5 espécies de normas sujeitas a processo legislativo,
essas normas (emendas constitucionais, decretos legislativos, leis
delegadas, resoluções e medidas provisórias) possuem trâmites
particulares, muitas vezes com ausência de algumas das fases do
processo comum das leis ordinárias, conforme veremos.
1ª - Fase introdutória:
É a fase onde alguém toma a iniciativa de um projeto de lei, levando
o tem à discussão.
Existem casos na Constituição onde teremos iniciativa exclusiva para
certos temas (ex. só o Presidente pode iniciar as matérias do art. 61
§1º, só o STF pode iniciar a discussão sobre o estatuto da
Magistratura previsto na CF, art. 93) e outros casos onde a iniciativa
será concorrente, podendo ser tomada por diversas autoridades
distintas.
A iniciativa é, em regra, apresentadaà Câmara dos Deputados,
sendo exceção a isto quando ela for tomada pro Senadores ou
Comissão do Senado, quando irá se instaurar a discussão
diretamente no Senado Federal.
2ª - Fase Constitutiva:
Após ser tomada a iniciativa, deverá se deliberar a respeito do
projeto e proceder a votação para fins de aprovação/rejeição do
mesmo. A fase constitutiva se divide em duas etapas:
Deliberação parlamentar – Consiste na discussão do projeto e sua
aprovação/rejeição.
Deliberação executiva – Consiste da sanção ou veto do chefe do
Poder Executivo ao projeto que tenha sido aprovado na deliberação
parlamentar.
Sanção é o ato do chefe do Executivo através do qual ele “concorda”
com a deliberação parlamentar e assim faz nascer a lei. Caso não
concorde com o projeto ele deverá vetá-lo (total ou parcialmente).
A sanção é o procedimento que faz a lei se tornar um ato perfeito e
acabado, terminando a sua fase de “construção”. Assim, a sanção
transforma o “projeto” em “lei”.
3ª - Fase Complementar:
Caso o projeto tenha sido sancionado pelo chefe do Executivo, ele
chega na sua fase complementar, que consiste na promulgação da lei
119
e na sua publicação. Para José Afonso da Silva, a fase complementar
estaria fora do processo legislativo, pois a lei já foi criada com a
sanção, sendo esta fase complementar uma condição de validade
para lei.
Promulgar é “declarar a existência da lei”. Com a sanção na fase
constitutiva termina-se a “construção” da lei, desta forma, a
promulgação incide sobre um ato perfeito e acabado apenas
atestando que a lei existe e cumpriu o todo o seu rito constitutivo.
Publicar a lei é comunicar aos destinatários que a ordem jurídica foi
inovada.
Ainda que com a publicação da lei, em regra, ela não começa a viger
instantaneamente, ela deverá respeitar um período para que as
pessoas tomem conhecimento da inovação, na ausência de
disposição expressa, este período de “latência”, chamado de “vacatio
legis” é de 45 dias, no entanto, a LC 95/98 permite que para leis de
menores repercussões possa ser adotada a cláusula de “entrada em
vigor na data de sua publicação”.
Emendas Constitucionais
Vamos falar agora sobre o processo legislativo para a reforma da
Constituição.
Iniciativa (fase introdutória):
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados
ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades
da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros.
A iniciativa legislativa para a proposição de emenda constitucional é
concorrente, ou seja, a Constituição não fez reservas de matérias
que só poderiam ter iniciativa da emenda tomada por um ou outro
legitimado (diferente do que veremos no art. 61 §1º). Assim,
independente do tema tratado, qualquer dos legitimados acima
poderá iniciar a “proposta de emenda constitucional (PEC)”.
Limitação circunstancial
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
120
Veja que, nos termos da Constituição, não há impedimentos para
que haja a deliberação sobre a proposta na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio, o que não pode
ocorrer é a efetivação da emenda, ou seja, a sua promulgação.
É diferente do que está no §4º onde, “em tese”, sequer poderá haver
a deliberação sobre o assunto.
Limitação Procedimental (fase constitutiva e fase
complementar)
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se
obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo
número de ordem.
Primeiramente, perceba que emenda constitucional não passa por
sanção/veto do Presidente da República, vamos mais além: veja que
o Poder Executivo não tem qualquer participação nas fases
constitutiva e complementar das emendas.
Diferentemente do que ocorre no procedimento de elaboração das
leis, onde o Executivo é responsável por sancionar, promulgar e
publicar a norma, no procedimento de reforma constitucional, a única
participação do Executivo é na faculdade que tem o Presidente da
República para iniciar a proposta.
Limitação Material – Cláusulas Pétreas
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda
tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
Perceba que, em princípio, a Constituição protegeu as cláusulas
pétreas de tal forma que não se poderá sequer haver deliberação
sobre a matéria. Obviamente isso é “em tese”, já que muitas vezes a
ofensa está implícita e somente durante as discussões é que tais
ofensas são percebidas e impugnadas.
Segundo o STF, as limitações materiais ao poder constituinte de
reforma, que o art. 60, §4º da Lei Fundamental enumera, não
significam a intangibilidade literal da respectiva disciplina na
Quem promulga a emenda são as Mesas de
ambas as Casas Legislativas e não a Mesa do
121
Constituição originária, mas apenas a proteção do núcleo essencial
dos princípios e institutos cuja preservação nelas se protege.
Isso quer dizer que é possível haver modificação (literal) nas
matérias protegidas como cláusulas pétreas, elas não são imutáveis,
o que não pode é reduzir o alcance destas matérias, ferindo o núcleo
essencial. Poderá ainda haver alterações no caso de fortalecimento
do alcance delas. Embora este seja o entendimento majoritário,
algumas bancas já consideraram estas cláusulas como insuscetíveis
de alteração.
Considerações:
A forma republicana não é cláusula pétrea, é apenas um princípio
sensível (CF, art. 34, VII).
 Voto obrigatório não é cláusula pétrea, apenas o fato de ser
direto, secreto, universal e periódico.
 Lembre-se que são gravados de forma pétrea apenas os
direitos e garantias individuais, mas estes não se resumem ao
art. 5º da CF, estando espalhados ao longo dela.
 Os quatro incisos vistos acima são as cláusulas pétreas
expressas ou explícitas da CF, temos também outras que são
consideradas implícitas, a saber:
 O povo como titular do poder constituinte;
 O poder igualitário do voto.
 O próprio art. 60 (que estabelece os procedimentos de
reforma);
Essa vedação à alteração do art. 60 é o que chamamos de proibição
à "dupla revisão", ou seja, é vedado que o legislador primeiramente
modifique o art. 60, desprotegendo as matérias gravadas como
pétreas, e depois edite outra emenda extinguindo as cláusulas.
Alguns entendem que essa vedação de modificação do art. 60 seria
absoluta, não podendo o legislador alterar este rito, nem facilitando,
nem dificultando o processo, assim, não poderia, por exemplo, ser
aumentado o rol de cláusulas pétreas ou tornar mais rígido os
critérios de aprovação das emendas. Este tema não é pacífico.
Limitação Temporal
A limitação temporal ocorre quando somente depois de decorrido
certo lapso temporal a Constituição poderá ser reformada. A CF/88
não estabeleceu nenhuma limitação temporal, mas, tal limitação
pode ser encontrada em Constituições de outros países.
Princípio da irrepetibilidade (Limitação Formal)
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou
havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na
mesma sessão legislativa.
122
As bancas examinadoras frequentemente tentam confundir os
candidatos trocando "sessão legislativa" pelo termo "legislatura",
tornando a questão incorreta.
Embora seja uma "pegadinha clássica", ainda confunde muitos
candidatos no momento da prova.
Essa limitação formal conhecida como "princípio da irrepetibilidade",
ocorrepara projetos de leis (ordinárias e complementares),
propostas de emendas constitucionais, e medidas provisórias. A
diferença entre eles é que, em se tratando de emendas
constitucionais e medidas provisórias, este princípio é absoluto, veja:
 Emendas Constitucionais (CF, art. 60 § 5º) – A matéria
constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma
sessão legislativa.
 Medidas provisórias (CF, art. 62 § 10) - É vedada a reedição,
na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha
sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de
prazo.
 Leis ordinárias e complementares (CF, art. 67) - A matéria
constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir
objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante
proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das
Casas do Congresso Nacional.
Assim, somente para as "leis" (ordinárias e complementares) é que
temos a relatividade de poder apresentar novamente o projeto,
desde que mediante a proposta da maioria absoluta dos membros da
Casa Legislativa.
Emendas de Revisão:
CF, ADCT, art. 3º → A revisão constitucional será realizada após 5
anos, contados da data de promulgação da CF, pelo voto da maioria
absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral.
Essas emendas têm o mesmo poder das vistas acima, mas,
percebe-se que foi um procedimento mais simples (bastava maioria
absoluta em sessão unicameral, enquanto as outras será 3/5, em 2
turnos, nas duas Casas), porém, após o uso deste poder de revisão,
ele se extinguiu não podendo mais ser utilizado e nem se pode por
EC criar outro similar.
123
Quadro-resumo da reforma constitucional:
Iniciativa da Emenda
Constitucional de Reforma
(CF, art. 60)
1. De pelo menos 1/3 dos Deputados ou
Senadores;
2. Do Presidente da República;
3. De mais da metade das Assembleias
Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela
maioria relativa de seus membros.
Limitação circunstancial
(CF, art. 60 §1º)
A Constituição não poderá ser
emendada na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de
estado de sítio.
Limitação Procedimental
(CF, art. 60 §2º)
A proposta será discutida e votada em
cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada
se obtiver, em ambos, 3/5 do votos dos
respectivos membros.
Promulgação
(CF, art. 60 §3º)
A emenda à Constituição será
promulgada pelas Mesas da Câmara
dos Deputados e do Senado
Federal, com o respectivo número de
ordem.
Limitação Material Expressa
(Cláusulas Pétreas
Expressas)
(CF, art. 60 §4º)
1. A forma federativa de Estado;
2. O voto direto, secreto, universal e
periódico;
3. A separação dos Poderes;
4. Os direitos e garantias individuais.
Limitação Material Implícita
(Cláusulas Pétreas
Implícitas)
(Reconhecidas pela doutrina e
jurisprudência)
1. O povo como titular do poder
constituinte;
2. O poder igualitário do voto.
3. O próprio art. 60 (que estabelece os
procedimentos de reforma);
Princípio da irrepetibilidade
(Limitação Formal)
(CF, art. 60 §5º)
A matéria constante de proposta de
emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de
nova proposta na mesma sessão
legislativa.
Limitação Temporal
A limitação temporal ocorre quando
somente depois de decorrido certo
lapso temporal a Constituição poderá
ser reformada. A CF/88 não estabeleceu
nenhuma limitação temporal, mas, tal
limitação pode ser encontrada em
Constituições de outros países.
LEIS COMPLEMENTARES E ORDINÁRIAS
124
As leis complementares e as leis ordinárias possuem um processo
legislativo similar. Diferenciam-se apenas em 2 pontos:
1- Na “matéria tratada”: A Constituição expressamente já elencou
no seu texto todos os casos onde há exigência da lei complementar,
dizendo frases como “lei complementar disporá sobre...”. Geralmente
são temas de alta relevância como normas gerais e estatutos
organizacionais (Magistratura, Ministério Público, Vice-Presidente,
Organização e funcionamento da AGU...).
2- No “quórum de aprovação”: É necessária a maioria absoluta
para aprovar a lei complementar e basta maioria simples para a
ordinária.
Embora a lei ordinária não possa (e qualquer outra lei, obviamente,
também não possa) tratar daquele assunto para o qual a
Constituição ordenou expressamente a necessidade da lei
complementar, há a possibilidade do caminho inverso: lei
complementar tratar da matéria comum (ordinária, residual...). Isso
é possível devido àquela máxima do “quem pode mais, pode o
menos”. Assim, quando a lei complementar tratar da matéria
comum, ela será considerada como uma “lei ordinária votada por
maioria absoluta”, em melhores termos, será: uma lei formalmente
complementar, mas materialmente ordinária. Desta forma, tal lei
poderá livremente ser alterada futuramente por uma lei ordinária,
ainda que votada por maioria simples, pois a Constituição não fez
reserva daquela matéria à lei complementar, deixando livre o
caminho para ser tratado ordinariamente.
Iniciativa:
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a
qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do
Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da
República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores,
ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos
casos previstos nesta Constituição.
Organizando:
A propositura de leis complementares e ordinárias caberá:
 A qualquer parlamentar ou comissão de parlamentares;
 Ao Presidente da República;
 Ao STF;
 Aos Tribunais Superiores;
 Ao PGR;
125
 Aos Cidadãos (através da iniciativa popular apresentada à
Câmara, que será vista no §2º).
Lembrando que a iniciativa é, em regra, apresentada à Câmara dos
Deputados, sendo exceção a isto quando ela for tomada pro
Senadores ou Comissão do Senado, quando irá se instaurar a
discussão diretamente no Senado Federal.
Iniciativa privativa do Presidente da República:
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis
que:
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração
direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e
orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos
Territórios;
Esta alínea é motivo de confusão para muitos candidatos e por isso,
muito explorada pelas bancas. Veja que o Presidente da República
não detém iniciativa privativa para apresentar projetos referentes à
matéria tributária, pois esta não está arrolada em nenhuma parte da
relação do art. 61 §1º da Constituição. Nesta alínea, porém, temos
uma única exceção que é em se tratando de "territórios federais"
onde a iniciativa para matéria tributária será privativa do Presidente
da República. Assim, temos:
Regra - Matéria tributária não é de iniciativa privativa do Presidente;
Exceção - Matéria tributária será de iniciativa privativa do Presidente
quando se tratar de Territórios Federais.
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico,
provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da
União, bem como normas gerais para a organização do Ministério
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
pública, observado o disposto no art. 84, VI;
126
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de
cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
transferência para a reserva.
Perceba que, em regra, tudo que fala "de servidores públicos" atrai a
competência privativa do presidente da República(CF, art. 61 §1º).
Desta forma, só o Presidente é que poderá tomar a iniciativa de tais
leis, sejam elas complementares ou ordinárias.
A iniciativa do Presidente deve ser tomada de acordo com a sua
conveniência e oportunidade, não poderá ser compelido por outros
poderes a tomar a iniciativa da lei.
Aumento de despesa nos projetos de iniciativa exclusiva do
Presidente:
Segundo o art. 63, não será admitido aumento da despesa prevista
nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República,
ressalvado os projetos orçamentários. Bem como não pode haver
aumento de despesa nos projetos que tratam da organização dos
serviços administrativos dos demais Poderes e do Ministério Público
(pois são matérias de iniciativa exclusiva destes). Veja:
Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:
I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República,
ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;
II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e
do Ministério Público.
No entanto, segundo o STF, não havendo aumento de despesa, o
Poder Legislativo poderá emendar o projeto de iniciativa privativa do
Presidente, mas esse poder não é ilimitado, já que não se estende a
emendas que não guardem estreita pertinência com o objeto do
projeto encaminhado ao Legislativo pelo Executivo e que digam
respeito à matéria que também é da iniciativa privativa daquela
autoridade.
Iniciativa privativa e a simetria federativa:
É importante ressaltar uma limitação que ocorre para as
Constituições Estaduais. No entendimento do STF afronta o princípio
fundamental da separação a independência dos Poderes o trato em
constituições estaduais de matéria, sem caráter essencialmente
constitucional – assim, por exemplo, a relativa à fixação de
vencimentos ou a concessão de vantagens específicas a servidores
públicos –, que caracterize fraude à iniciativa reservada ao Poder
Executivo de leis ordinárias.
127
Explicando: Sabemos que uma das limitações às Constituições
Estaduais é a observância dos princípios federais extensíveis por
ocasião de sua elaboração. Ou seja, existem regras básicas dispostas
em âmbito federal que devem ser obrigatoriamente observadas no
âmbito estadual. As regras do processo legislativo são um desses
princípios federais extensíveis.
Desta forma, no art. 61 §1º da Constituição temos algumas matérias
cujas leis regulamentares devem ser obrigatoriamente propostas
pelo
Presidente da República, não pode outra pessoa que não o
Presidente, tomar a iniciativa de tais leis.
Quando levamos essas matérias para o âmbito estadual, a iniciativa
delas passa a ser privativa do Governador do Estado, já que temos
que aplicar a "simetria federativa". Se a Constituição Estadual
regulamentar essa matéria diretamente na Constituição, em vez de
deixá-la para ser regulamentada por lei de iniciativa do Governador,
teremos uma inconstitucionalidade, pois o Legislativo (elaborador da
Constituição Estadual) estaria usurpando a competência do
Governador e, assim, ferindo um princípio extensível.
Iniciativa popular no âmbito federal:
§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo,
um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por
cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos
eleitores de cada um deles.
Lembrando que a iniciativa popular só é possível para projetos de
leis ordinárias ou complementares, não sendo possível usá-la para
propor emendas constitucionais.

 FEDERAL Será proposta na Câmara dos Deputados e
subscrito por, no mínimo:
 1% do eleitorado nacional;
 De pelo menos 5 estados; e
 Ao menos 0,3% dos eleitores de cada um deles;
 ESTADUAL Deverá ser regulada por uma Lei Ordinária;
(art. 27 §4º)
128
 MUNICIPAL Será subscrita por no mínimo 5% do
eleitorado. (art. 29 XIII)
Trâmite do projeto de lei (fase constitutiva):
 (CESPE/ Técnico Legislativo- Sênior I AL-ES/ 2011) A CF estabelece
diversas formas de elaboração das leis ordinárias, podendo o Poder
Legislativo optar por qualquer delas.
Comentários:
Somente há uma forma para a elaboração de lei ordinária, e está
previsto a partir do art. 65 da Constituição.
Gabarito: Errado
1ª fase – Deliberação no Congresso Nacional:
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela
outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção
ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o
rejeitar.
Este artigo expõe que para um projeto de lei efetivamente ser
promulgado como lei, deverá este projeto ser aprovado pelas duas
Casas Legislativas, já que estamos em um sistema bicameral. Caso
uma das Casas delibere pela rejeição do projeto, já é suficiente para
que ele seja arquivado sem necessidade de apreciação por nenhum
outro órgão.
Porém, não necessariamente o projeto será rejeitado, pode ser que
ocorra apenas alguma modificação (emenda), e neste caso, segue-se
o parágrafo único abaixo:
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa
iniciadora.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o
projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o
sancionará.
Esquema:
O projeto emendado volta à iniciadora que deve deliberar sobre a emenda.
Após isso seguirá para a sanção/veto do Presidente.
129
2ª fase – Sanção/Veto:
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou
em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público,
vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis,
contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta
e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
Veto Jurídico → Se o Presidente da República considerar o projeto,
no todo ou em parte, inconstitucional;
Veto Político → Se o Presidente da República considerar o projeto,
no todo ou em parte, contrário ao interesse público.
§ 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de
parágrafo, de inciso ou de alínea.
Menos de uma alínea não pode ser vetado. Por exemplo, o Presidente
não poderá optar por vetar apenas uma palavra.
§ 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da
República importará sanção.
Lembrando que são quinze dias "úteis".
§ 4º - O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta
dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto
da maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
Este parágrafo alterado pela EC 76/2013 para abolir a votação
secreta nos casos de perda de mandato de Deputado ou Senador e
de apreciação de veto.
1 - Iniciativa na Casa iniciadora:
Câmara, ou Senado (se for projeto
de Senador ou comissão de
Senadores);
Opções:
Se rejeitadoÉ arquivado;
Se aprovado  Vai para Casa
revisora.
2 - Casa revisora:
Emendou o projeto Volta à
iniciadora;
Rejeitou o projeto Arquiva;
Aprovou s/ emendasSanção/Veto.
Revisão em 1 só turno
do projeto aprovado na
iniciadora
130
§ 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para
promulgação, ao Presidente da República.
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto
será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as
demais proposições, até sua votação final.
Novamente vemos o trancamento da pauta do Congresso. Assim
como vimos no caso do "Regime de Urgência" e das "Medidas
Provisórias" (vide CF, art. 64 §2º e art. 62 §6º).
§ 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas
pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente
do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo,
caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
Veja então que a promulgação não é ato exclusivo do Chefe do
Executivo, pois nos casos de sançãotácita e de rejeição do veto se a
lei não for promulgada dentro de 48 horas pelo Presidente da
República, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o
fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
Regime de Urgência (Processo Legislativo Sumário)
Recebimento do
projeto pelo
Presidente da
Prazo para comunicar ao
Presidente do
Senado os motivos do
Prazo para
vetar/sancionar, se
o Presidente não se
manifestar,
importará em
sanção tácita.
Neste prazo, o CN apreciará o veto
em sessão conjunta a contar de seu
recebimento, só podendo ser
rejeitado pelo voto da maioria
absoluta dos Deputados e
Senadores. Se nesse prazo não
acontecer a deliberação, o veto será
colocado na ordem do dia da sessão
imediata, sobrestadas as demais
proposições, até sua votação final.
15 Dias 30 Dias48 horas
ÚTEIS
131
Art. 64 § 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência
para apreciação de projetos de sua iniciativa.
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado
Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual
sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas
as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção
das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime
a votação.
Veja que o pedido de urgência não precisa ser para projetos de
iniciativa privativa, basta que o Presidente tenha tomado a iniciativa
do projeto, independentemente da matéria tratada.
Percebemos na Constituição 3 possibilidades para o trancamento da
pauta (sobrestamento das deliberações legislativas):
1- Medida provisória não deliberada em 45 dias (CF, art. 62
§6º);
2- Projetos com de iniciativa Presidente da República com
pedidos de urgência, não deliberadas em 45 dias.
3- Não deliberação do Congresso, em 30 dias, sobre a
manutenção ou derrubada do veto presidencial ao projeto de
lei (CF, art. 66 §6º).
§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos
Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais
o disposto no parágrafo anterior.
§ 4º - Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do
Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.
Importante dispositivo: não se pode pedir esta urgência para se
apreciar projetos de código, exemplo: Código Civil, Penal etc.
Princípio da irrepetibilidade para leis
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente
poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão
legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de
qualquer das Casas do Congresso Nacional.
Aqui, nos deparamos novamente com o princípio da irrepetibilidade,
mas, de forma relativa, diferente do que ocorre para as Emendas
Constitucionais e para as Medidas Provisórias.
Lembrando mais uma vez que: as bancas organizadoras costumam
trocar a expressão "sessão legislativa" por "legislatura", tornando
incorreta a questão.
MEDIDAS PROVISÓRIAS
132
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República
poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
As MPs são uma inovação da Constituição de 1988, são atos com
força de lei que vão viger apenas por um tempo determinado. Elas
entram em vigor assim que são editadas devido à sua urgência,
porém de imediato são remetidas ao Congresso Nacional para que se
faça o chamado “Projeto de Conversão” o qual, se deliberado e
aprovado pelo Congresso Nacional transformar-se-á em uma lei
ordinária, aí sim com caráter permanente. 
Destaca-se o posicionamento do Supremo, no qual o Presidente
sequer pode decidir sobre a “retirada” da medida que já esta em
vigor, pois, com força de lei, só poderia deixar de vigorar através de
uma revogação por um ato de mesma ou superior hierarquia.
Em princípio, não caberia ao Poder Judiciário verificar se os
requisitos de relevância e urgência foram respeitados, conforme
verificamos nas palavras do Supremo: “... os conceitos jurídicos
indeterminados de 'relevância' e 'urgência' (...) apenas em caráter
excepcional se submetem ao crivo do Poder Judiciário, por força da
regra da separação de poderes (art. 2º da CF). Porém, o STF lembra
que “a crescente apropriação institucional do poder de legislar, por
parte dos sucessivos Presidentes da República, tem despertado
graves preocupações de ordem jurídica, em razão do fato de a
utilização excessiva das medidas provisórias causarem profundas
distorções (...) entre os Poderes Executivo e Legislativo”.
Um ponto que se faz importante salientar é o fato de que embora a
lei de conversão seja uma lei ordinária, aparentemente distinta da
MP que a precedeu, o STF tem se manifestado no sentido de que a
lei de conversão não convalida os vícios porventura existentes na
medida provisória. Assim, se a medida provisória era
inconstitucional, nula também será a lei de conversão.
Outro conhecimento cobrado em concursos é o fato de, por ser a
medida de vigência apenas provisória, ela não revoga outras leis,
mas apenas suspende temporariamente uma lei anterior a ela que
disponha sobre a mesma matéria. Quem poderá vir a promover
revogações será apenas a posterior lei de conversão que citamos
anteriormente, pois esta, sim, é permanente.
Limitações
133
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e
direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira
e a garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos
adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
O citado art. 167, § 3º, trata dos chamados créditos extraordinários,
que são abertos em caso de despesas imprevisíveis e urgentes, a
ressalva é feita, pois estes créditos são abertos justamente por
medidas provisórias, não se admitindo o uso destas para nenhuma
outra matéria orçamentária.
II - que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular
ou qualquer outro ativo financeiro;
III - reservada a lei complementar;
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso
Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.
Observe que matéria que está em discussão no Legislativo, pode ser
objeto de MP. Só não poderão aquelas matérias já aprovadas no
Legislativo, mas pendentes de sanção ou veto.
Observação: Constantemente os concursos cobram se a medida
provisória pode ou não tratar de sobre matéria tributária. Veja que
isso é perfeitamente possível, já que "matéria tributária" não se
encontra entre as vedações do art. 62 §1º. Porém, é importante
ressaltar um detalhe: o art. 146 da Constituição diz que cabe à "lei
complementar" dispor sobre as "normas gerais de matéria
tributária".
Sabemos que MP não pode tratar de assunto reservado à lei
complementar, logo temos o seguinte:
 Matéria Tributária, inclusive instituição de tributos – Pode ser
tratada por MP;
 Normas gerais sobre matéria tributária - Não pode ser tratada
por MP, pois é reservada à lei complementar.
Assim, é necessário, que os candidatos se atentem a
questionamentos indiretos, sobre o tema. Por exemplo, outra
pergunta que poderia ser feita em concurso é a seguinte: Pode ser
instituída medida provisória para regulamentar a proteção de
emprego disposta no art. 7, I da Constituição? Não, pois se trata de
134
matéria de lei complementar (aliás é o único direito dos
trabalhadores que deve ser regulamentado por lei complementar).
Jurisprudência:
Embora a Constituição vede que medida provisória venha a versar
sobre Direito Penal, a posição do STF é de que esse impedimento não
ocorre quando se tratar de favorecimento do réu (ou seja, as
medidas provisórias que abolem crimes ou lhes restringem o alcance,extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de
pena ou de extinção de punibilidade).
Mas Atenção, esta posição já foi ignorada pela ESAF em dois
concursos, um em 2002 e outro em 2006, cuidado quando se tratar
de provas para esta banca.
Outra vedação:
(Art. 246) → É vedado adotar Medida Provisória para regulamentar
artigo da CF cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda
promulgada entre 1º de janeiro de 1995 (EC 05/95) até a
promulgação da Emenda Constitucional 32/01, inclusive.
Instituição de tributos por Medida Provisória
É plenamente válido, pois, a MP é instrumento que, como já foi dito,
cumpre o princípio da Legalidade, porém temos uma restrição.
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de
impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só
produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido
convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
Esses artigos citados tratam dos impostos regulatórios - II, IE,
IPI e IOF - do imposto imprevisível - IEG.
Muitos concursos cobram esta passagem, porém, troca-se a palavra
“impostos” por “tributos”, deixando-a incorreta, já que “impostos” é
apenas uma das espécies de tributos.
Vigência, votação e efeitos
É necessário ler com atenção estes parágrafos, mas façam o
seguinte, deem uma passada de olhos rápida para ver de que se
trata, depois veja a linha do tempo que coloquei logo abaixo e após
analisar calmamente a linha do tempo, faça novamente uma leitura,
agora mais atenta, dos dispositivos:
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12
perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei
no prazo de 60 dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por
igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
135
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da
medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso
do Congresso Nacional.
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional
sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio
sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais
(relevância e urgência).
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e
cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de
urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso
Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as
demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.
("trancamento da pauta")
O prazo das MPs é contado uma única vez. Se chegar no 46º dia,
após a sua publicação, vai trancar a pauta da Casa onde ela estiver
tramitando. (É diferente do que ocorre com o regime de urgência no
procedimento legislativo sumário, onde conta os 45 dias em cada
uma das Casas Legislativas).
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de
medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua
publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do
Congresso Nacional.
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara
dos Deputados.
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar
as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem
apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das
Casas do Congresso Nacional.
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida
provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia
por decurso de prazo.
Aqui está novamente o princípio da irrepetibilidade, de forma
absoluta, da mesma forma que ocorre para as Emendas
Constitucionais. Lembrando que no caso de "leis" este princípio 
relativizado se houver iniciativa da maioria absoluta dos membros da
Casa, porém, no caso das medidas provisórias ou emendas
constitucionais, não há esta possibilidade.
136
Lembrando ainda que: as bancas organizadoras costumam trocar a
expressão "sessão legislativa" por "legislatura", tornando incorreta a
questão.
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até
sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida
provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos
praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original
da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até
que seja sancionado ou vetado o projeto.
Como vimos, a medida provisória, embora tenha força de lei, possui
vigência temporária. Assim, após a apreciação de seu mérito pelas
Casas do Congresso Nacional, elabora-se um projeto de "lei de
conversão" para converter a medida provisória em lei (ordinária) e
assim, a norma, antes provisória, se tornará definitiva. Caso este
projeto de conversão mantenha o teor da medida inalterado, ou faça
apenas alterações formais, sem alterar a substância da medida, não
há necessidade de voltar ao Presidente para sanção ou veto, já que
foi o próprio Presidente que a editou e a sua intenção não foi
modificada pelo Congresso. Mas, caso seja alterado a substância da
medida, a lei de conversão só começará a surtir efeitos quando o
Presidente fizer o seu juízo de sanção ou veto, para ratificar ou não
as alterações que o Congresso promoveu.
Linha do tempo das medidas provisórias:
60 Dias
60 Dias
45 Dias
60 Dias
Publicação
P r o r r o g a ç ã o
automática caso a
votação não tenha
sido encerrada.
Se a MP não for
votada até aqui, via
de regra, perde a
eficácia dede a sua
edição.
137
OBS – Lembrando que esses prazos serão suspensos no período de
recesso parlamentar (CF, art. 62 §4º).
Decretos–Lei
Não existem mais, após a Constituição Federal/88. Está disciplinado
no ADCT sobre eles:
ADCT, art. 25 → Ficam revogados, a partir de 180 dias da
promulgação da CF, sujeito este prazo à prorrogação por lei, todos os
dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Poder
Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso
Nacional, especialmente no que tange a:
I – ação normativa;
II – alocação ou transferência de recursos de qualquer espécie.
Assim, neste dispositivo acima, a Constituição Federal proíbe (em
180 dias) que haja “leis” sem deliberação pelo Poder Legislativo.
§ 1º → Os decretos-lei em tramitação no Congresso Nacional e por
este não apreciados até a promulgação da Constituição Federal terão
seus efeitos regulados da seguinte forma:
I – se editados até 2 de setembro de 1988, serão apreciados pelo
Congresso Nacional no prazo de até 180 dias a contar da
promulgação da Constituição Federal, não computado o recesso
parlamentar;
II – decorrido o prazo definido no inciso anterior, e não havendo
apreciação, os decretos-lei ali mencionados serão considerados
rejeitados;
III – nas hipóteses definidas nos incisos I e II, terão plena validade
os atos praticados na vigência dos respectivos decretos-lei, podendo
o Congresso Nacional, se necessário, legislar sobre os efeitos deles
remanescentes.
§ 2º → Os decretos-lei editados entre 3 de setembro de 1988 e a
promulgação da Constituição serão convertidos, nesta data, em
medidas provisórias, aplicando-se-lhes as regras estabelecidas no
art. 62, parágrafo único.
Se até aqui a MP não for votada,
ela entra em regime de urgência,
subsequentemente, em cada Casa
do CN, trancando a pauta, assim
ficarão sobrestadas, até que se
ultime a votação, todas as demais
deliberações legislativas da Casa
em que estiver tramitando.
Neste prazo, deve-se editar um
Decreto Legislativo para regular
as relações da MP que foi
rejeitada ou perdeu a eficácia
por decurso de prazo. Não
editado, as relações jurídicas
constituídas e decorrentes de
atos praticados durante sua
vigência conservarse- ão por
ela regidas.
138
LEIS DELEGADAS
Estalei foi introduzida como forma de dar celeridade a elaboração de
leis em momentos em que o parlamento esteja “sobrecarregado”.
Assim, o Presidente da República através de uma iniciativa
solicitadora, pede que o Congresso Nacional edite uma resolução que
lhe delegue os poderes para tal feitura, e nesta resolução estarão os
limites para que se exerça a regulamentação da matéria, matéria
esta que nunca poderá ser de exclusividade do Congresso, privativa
de quaisquer das Casas, ou reservada à lei complementar, como será
visto abaixo.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da
República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência
exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à
lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira
e a garantia de seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de
resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os
termos de seu exercício.
§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo
Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer
emenda.
Essa é o que chamamos de “Delegação Atípica”. Em regra, o projeto
de lei delegada não precisa voltar ao Congresso Nacional para
apreciação (delegação típica), mas poderá ocorrer o caso acima.
QUADRO COMPARATIVO
Vedações materiais às medidas
provisórias
Vedações materiais às leis
delegadas
Nacionalidade, cidadania, direitos
políticos, partidos políticos e direito
eleitoral;
Nacionalidade, cidadania, direitos
individuais, políticos e eleitorais;
PPA, LDO, orçamento, ressalvado o
previsto no art. 167, § 3º;
PPA, LDO e orçamentos;
Matéria de lei complementar; Matéria de lei complementar;
Organização do Poder Judiciário e
do Ministério Público, a carreira e a
garantia de seus membros;
Organização do Poder Judiciário e do
Ministério Público, a carreira e a
garantia de seus membros;
139
Direito penal, processual penal e
processual civil;
Vise à detenção ou sequestro de
bens, de poupança popular ou
qualquer outro ativo financeiro;
Já disciplinada em projeto de lei
aprovado pelo Congresso Nacional
e pendente de sanção ou veto do
Presidente da República.
Regulamentar artigo da CF cuja
redação tenha sido alterada por
meio de emenda promulgada entre
a EC 05/95 e a EC 32/01.
Os atos de competência exclusiva do
Congresso Nacional;
Os atos de competência privativa da
Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal
DECRETO-LEGISLATIVO E RESOLUÇÕES
O Decreto-Legislativo é a lei privativa do Congresso Nacional reunido
em Casa única. Ele não pode ser usado em separado pela Câmara ou
pelo Senado, somente quando estiverem reunidos para tratar
daquelas matérias do art. 49 da Constituição. As casas em separado
irão tratar de suas competências através das "resoluções".
O Congresso também poderá, conjuntamente, editar resoluções. A
doutrina costuma diferenciar dizendo que:
 Decreto-Legislativo - será usado pelo CN quando tratar de
assuntos que tiverem consequências externas à Casa
Legislativa (CF, art. 49).
 Resolução - será usada para os assuntos internos.
O processo legislativo de tais atos normativos não foram esmiuçados
pela Constituição, cabendo ao regimento interno das Casas fazê-lo.
No entanto, uma coisa é clara: não há qualquer participação do
Executivo em tais atos, eles se iniciam e terminam dentro do
Legislativo não se submetendo a qualquer procedimento de
sanção/veto/promulgação por parte do Executivo.
PODER EXECUTIVO
Sistemas de governo
140
Segundo a doutrina de Pedro Lenza, sistemas de governo são fórmulas
concebidas para se aferir o grau de dependência nas relações travadas entre
o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Tais sistemas podem ser:
parlamentarismo ou presidencialismo. 
Num regime de total independência encontra-se o presidencialismo, enquanto
que num regime de relativa dependência, situa-se o parlamentarismo. Essa
conclusão pode ser encontrada a partir da análise da forma como as
atividades de chefia de Estado e chefia de Governo são distribuídas em cada
um dos sistemas. 
No sistema presidencialista, tanto as funções de chefe de Estado, quanto as
atribuições de chefe de Governo são atribuídas à mesma pessoa, qual seja: o
Presidente da República. Neste caso, ao parlamento, tipicamente, só cabe
legislar, não participando da direção da vida política nacional nem da
implementação das políticas públicas constitucionalmente previstas. 
Já no sistema parlamentarista, por sua vez, as funções de chefe de Governo
são atribuídas ao Primeiro-Ministro, que chefia o Gabinete, enquanto que as
funções de chefe de Estado podem se concentrar tanto nas mãos do
Presidente da República (caso se esteja diante de uma República
parlamentarista), quanto nas mãos do Monarca (em sendo o caso de uma
Monarquia parlamentarista).
Como principais características de cada um dos sistemas, é possível
encontrar: 
 Presidencialismo: idealizado nos Estados Unidos da América,
trazendo a eleição do Presidente da República pelo povo, para exercer
mandato com prazo determinado, e com alto grau de liberdade para
escolher e exonerar os seus auxiliares imediatos, quais sejam, os
Ministros. 
 Parlamentarismo: de influência inglesa, traz um Primeiro-Ministro como
chefe de Governo, indicado pelo chefe de Estado, dependendo de
aprovação do parlamento, exercendo um mandato com prazo não
determinado. Como não existe um prazo previamente estabelecido, a
queda do Primeiro-Ministro poderá se dá de duas formas: a) por perda
da maioria no parlamento pelo seu partido; b) mediante o voto de
desconfiança (quando a sociedade e o chefe de Estado perdem a
confiança no parlamento, este pode declarar extinto os mandatos e
convocar novas eleições). 
Por histórica influência norte-americana, o sistema de governo adotado no
Brasil (e vivenciado durante quase toda a República) é o presidencialista.
Não foi durante todo o período republicano porque durante a vigência da
Constituição Federal de 1946 a Emenda Constitucional n. 4/61 instituiu o
141
parlamentarismo na realidade política brasileira, porém, pouco tempo
depois, a Emenda Constitucional n. 6/63 restabeleceu o sistema
presidencialista. 
Vale registrar que este sistema, inclusive, foi confirmado na vigência da
Constituição de 1988 a partir de uma consulta plebiscitária autorizada pelo art.
2º do ADCT. 
Esse dispositivo previu que no dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado iria
definir, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional)
e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem
vigorar no país. Como resultado, venceu a forma republicana e o sistema
presidencialista de governo. 
Nesse sentido, o art. 76 da Constituição brasileira de 1988 consagra que o
Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos
Ministros de Estado. Ou seja, aí está a consagração da forma de Executivo
monocrático, é dizer, aquele que concentra nas mãos do Presidente tanto as
funções de chefe de Estado, quanto as de chefe de Governo. 
CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO
Seção I
Do Presidente e do Vice-Presidente da República
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado
pelos Ministros de Estado.
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República
realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro
turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano
anterior ao do término do mandato presidencial vigente.
§ 1.º A eleição do Presidenteda República importará a do Vice-Presidente
com ele registrado.
§ 2.º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por
partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em
branco e os nulos.
§ 3.º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação,
far-se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado,
concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele
que obtiver a maioria dos votos válidos.
§ 4.º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou
impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o
de maior votação.
§ 5.º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo
lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais
idoso.
142
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em
sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender
e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo
brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o
Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver
assumido o cargo, este será declarado vago.
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no
de vaga, o Vice-Presidente.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições
que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre
que por ele convocado para missões especiais.
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou
vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao
exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do
Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República,
far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1.º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a
eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga,
pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
§ 2.º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus
antecessores.
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de 4 (quatro) anos e terá
início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem
licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a
quinze dias, sob pena de perda do cargo.
Atribuições do Presidente da República
As atribuições do Presidente da República foram previstas na Constituição de
1988 no art. 84. Neste dispositivo, portanto, é possível encontrar não só as
competências caracterizadoras da chefia de Estado (marcadas pela
representação internacional do Brasil), como também da chefia de Governo
(relacionadas à condição da vida política nacional no âmbito interno). 
De logo, insta salientar que tais atribuições não encerram um rol taxativo, vale
dizer, numerus clausus. Ao contrário, a previsão específica dessas
competências não exclui outras que decorrem do próprio texto constitucional.
O rol, portanto, é meramente exemplificativo, é dizer, numerus apertus. 
Outro não é o entendimento que pode ser extraído do inciso XXVII desse
mesmo artigo. Segundo esse dispositivo, também compete ao Presidente do
Brasil exercer outras atribuições previstas na Constituição. 
143
De fato, não seria razoável imaginar que todas as atribuições possíveis e
imagináveis de um Presidente da República viessem taxativamente previstas
em um texto contendo vinte e sete incisos. 
Outro ponto digno de nota diz respeito à possibilidade de tais competências
serem delegadas. Quem responde é o próprio art. 84 da CF, em seu parágrafo
único. 
Com essa previsão, tem-se que o Presidente da República poderá delegar as
atribuições previstas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros
de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
União, que deverão observar os limites traçados nas respectivas delegações. 
Dada a especificidade, é indispensável que o candidato chegue à prova
dominando, especialmente, essas três atribuições passíveis de delegação.
São elas: 
VI – dispor mediante decreto sobre: 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; 
XII – conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos
órgãos instituídos em lei. 
XXV – prover os cargos públicos federais na forma de lei. 
Observe que no inciso XXV não é passível de delegação a competência para a
extinção dos cargos públicos federais, mas só para provimento. Tudo isso
porque o parágrafo único do artigo só se refere à primeira parte do dispositivo,
e não à sua integralidade.
Ressalte-se, ainda, que essa extinção de cargos públicos federais, que não é
passível de delegação, não se confunde com a extinção de funções ou cargos
públicos do inciso VI, alínea “b”, esta, por sua vez, possível de ser delegada. 
Não se trata de paradoxo (contradição), é que a partir da leitura deste último
dispositivo, o que se percebe é que só é possível a delegação da extinção de
cargos públicos quando eles estiverem vagos, ressalva esta, como se
percebe, que não foi feita no inciso XXV. 
Seção II
Das Atribuições do Presidente da República
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da
administração federal;
144
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus
representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo
do Congresso Nacional;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por
ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e
solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos
órgãos instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus
oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o
Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e
outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de
Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o
Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa
Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo
Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das
sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
parcialmente,a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de
diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta
Constituição;
145
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias
após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício
anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições
mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de
Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União,
que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
Responsabilidade do Presidente da República
A partir de agora será analisada a responsabilização do Presidente da
República quando da prática de crimes de responsabilidade e de crimes
comuns.
Crimes de responsabilidade
Crimes de responsabilidade são infrações de natureza política e administrativa
que dão ensejo ao processo de impeachment. 
Essas infrações podem ou não constituir tipos penais. Quando constituem, são
chamadas de crimes de responsabilidade próprios (contando, inclusive,
com previsão no Código Penal e na legislação especial). 
Do contrário, ficando apenas na esfera extrapenal, são chamados de crimes
de responsabilidade impróprios. Esses últimos, sim, objeto de presente
estudo. 
Na Constituição Federal de 1988 tais infrações políticas estão disciplinadas no
Seção III
Da Responsabilidade do Presidente da República
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República
que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: 
I – a existência da União; 
II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério
Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; 
III – o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV – a segurança interna do País; 
V – a probidade na administração; 
VI – a lei orçamentária; 
VII – o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que
estabelecerá as normas de processo e julgamento.
146
Com o parágrafo único tem-se que esses crimes serão definidos em lei
especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. Trata-se da
Lei n. 1.079/50, que foi alterada pela Lei n. 10.028/2000, ampliando o rol das
infrações político-administrativas, com ênfase em relação aos crimes contra a
lei orçamentária. 
Adentrando, agora, na seara do procedimento, de saída vale advertir que o
mesmo é bifásico, ou seja, composto por duas fases: uma inicial e outra final.
a) Fase inicial
A fase inicial se dá mediante o oferecimento de uma acusação, por qualquer
cidadão no pleno gozo dos seus direitos políticos, no âmbito da Câmara dos
Deputados, contra o Presidente da República, pela prática de uma das
infrações político-administrativas arroladas como ensejadoras de crime de
responsabilidade. 
É a Câmara dos Deputados, portanto, que exercerá esse juízo de
admissibilidade, funcionando como se fosse um tribunal de pronúncia,
declarando ser a acuação procedente ou não. 
Caso a Câmara entenda que a acusação preenche os requisitos de
procedibilidade, o que dependerá da maioria qualificada de 2/3 dos seus
membros, admitida estará a instauração do processo no âmbito do Senado
Federal, dando início à segunda fase. 
b) Fase final
Como visto, a fase final ocorre no âmbito do Senado Federal, que deverá
instaurar o processo caso seja admitida a acusação por 2/3 dos membros da
Câmara dos Deputados, exercendo um juízo de processamento, atuando
como tribunal de julgamento. 
Essa sessão no âmbito do Senado será presidida pelo Presidente do
Supremo Tribunal Federal, consoante disposição do art. 52, parágrafo único,
da CF/88. Exercendo o julgamento, os Senadores da República poderão
absolver o acusado ou condená-lo pela prática de crime de responsabilidade. 
Lembrando que, assim como na aceitação da acusação pela Câmara dos
Deputados, o quórum para a condenação, que terá a forma de resolução do
Congresso Nacional, também é de 2/3 dos membros. 
Ainda à luz do art. 52, parágrafo único, da CF, a condenação limitar-se-á à
perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função
pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. 
147
Sintetizando:
 Condenação – resolução do Senado Federal 
 Quórum – 2/3 
 Sanção – perda do cargo e inabilitação para a função pública por 8
anos, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. 
Também não se deve perder de vista a regra segundo a qual após a
instauração do processo pelo Senado nos crimes de responsabilidade, o
Presidente ficará suspenso de suas funções pelo prazo de 180 dias (CF, art.
86, § 1º, II). 
Se o julgamento não estiver concluído no referido prazo, cessará o
afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular seguimento do processo
(CF, 86, § 2º). 
Crimes comuns
O procedimento de responsabilização do Presidente da República por crime
comum também é bifásico. 
a) Fase inicial
A fase inicial também acontece no âmbito da Câmara dos Deputados, que
exercendo um juízo de admissibilidade, atuando tal qual um tribunal de
pronúncia, pode aceitar ou não a acusação contra o Presidente da República,
também pelo quórum de 2/3 dos seus membros. 
Essa acusação terá a forma de denúncia, em se tratando de crime de ação
penal pública, ofertada pelo Procurador-Geral da República, ou poderá
assumir a forma de queixa-crime, em se tratando de crime de ação penal
privada, a se oferecida pelo próprio ofendido. 
b) Fase final
Recebida a denúncia ou queixa-crime pelo pela Câmara dos Deputados,
passa-se à próxima fase marcada pela instauração do processo no âmbito
do Supremo Tribunal Federal (órgão competente para o julgamento do
Presidente da República em decorrência da prática de crime comum). 
Essa competência originária do STF para julgamento do Presidente da
República abrange todas as modalidades de ilícitos penais, alcançando
também os crimes eleitorais, os crimes dolosos contra a vida e, inclusive, as
contravenções penais. 
Vale ressaltar que, em nome do princípio da separação dos Poderes, o
Pretório Excelso não está obrigado a receber a denúncia ou queixa-crime,
148
ainda que tenha havido autorização por parte da Câmara dos Deputados, ao
contrário do que ocorre nos crimes de responsabilidade. 
O STF, portanto, exercerá o juízo de processamento, funcionando,
normalmente, como um tribunal de julgamento, e poderá absolver ou condenar
o Presidente prática do crime comum. 
Caso a Corte Suprema entenda que ele seja culpado e julgue procedente o
pedido, a condenação aqui será aquela prevista no próprio tipo penal,
ocorrendo a perda do cargo apenas de modo indireto como uma
consequência da suspensão dos direitos políticos operada por força do art.
15, III, da CF/88.
Vale lembrar que do mesmo modo como ocorre nos crimes de
responsabilidade, recebida a denúncia ou queixa-crime, o Presidente da
República ficará suspenso das suas funções pelo prazo de 180 dias (CF, art.
86, § 1º, I).
Novamente aqui, findo esse prazo sem que tenha havido julgamento, cessará
o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do
processo (CF, art. 86, § 2º). 
Ainda nos termos do art. 86, § 3º, enquanto não sobrevier sentença
condenatória, nas infrações comuns, o Presidenteda República não estará
sujeito à prisão. 
Imunidade presidencial (irresponsabilidade penal relativa)
A Constituição Federal consagra, em seu art. 86, § 4º, a chamada imunidade
presidencial ou cláusula de irresponsabilidade penal relativa. Segundo esse
dispositivo, durante a vigência do seu mandato, o Presidente da República não
poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
A partir da consagração desta imunidade, fica estabelecido que o Presidente,
enquanto durar o seu mandato, apenas poderá ser responsabilizado pela
prática de atos que guardem relação com o exercício das suas funções (in
officio ou propter officium). 
Noutras palavras, caso ele tenha praticado uma infração criminal (ilícito penal),
antes de assumir o cargo de Presidente, ou depois dessa assunção, porém
sem nenhuma relação funcional, gozará da cláusula de irresponsabilidade
penal relativa. 
Ou seja, enquanto estiver no cargo, não poderá ser responsabilizado,
entretanto, por óbvio, durante este período, suspenso estará o prazo de
prescrição do delito enquanto durar o mandato. Neste caso, só haverá que se
falar em persecutio criminis depois do término do mandato, perante o órgão da
justiça comum competente. 
149
Vale lembrar que essa imunidade se restringe apenas aos tipos penais (não
abrangendo as infrações de natureza civil, política, administrativa e fiscal) que
tenham sido praticados antes do exercício do mandato, ou durante, porém sem
qualquer relação funcional. 
Se praticados no exercício do mandato e guardando relação com as
funções de Presidente da República, naturalmente será possível a
instauração da persecução criminal. 
Seção III
Da Responsabilidade do Presidente da República
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços
da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado
Federal, nos crimes de responsabilidade.
§ 1.º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo
Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo
Senado Federal.
§ 2.º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver
concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular
prosseguimento do processo.
§ 3.º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o
Presidente da República não estará sujeito a prisão.
§ 4.º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
Seção IV
Dos Ministros de Estado
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de
vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições
estabelecidas nesta Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da
administração federal na área de sua competência e referendar os atos e
decretos assinados pelo Presidente da República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no
Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou
delegadas pelo Presidente da República.
150
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da
administração pública.
Seção V
Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional
Subseção I
Do Conselho da República
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente
da República, e dele participam:
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
VI - o Ministro da Justiça;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade,
sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado
Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três
anos, vedada a recondução.
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
§ 1.º O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para
participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta questão
relacionada com o respectivo Ministério.
§ 2.º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da
República.
Subseção II
Do Conselho de Defesa Nacional
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da
República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do
Estado democrático, e dele participam como membros natos:
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa;
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
§ 1.º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos
termos desta Constituição;
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da
intervenção federal;
151
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à
segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente
na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos
recursos naturais de qualquer tipo;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas
necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado
democrático.
§ 2.º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa
Nacional.
Prestem atenção aos VERBOS:
CONSELHO DA REPÚBLICA ---- > Pronunciar-se
CONSELHO DE DEFESA NACIONAL ---- > Opinar, estudar, propor e acompanhar
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta
Constituição;
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal;
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do
território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas
relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a
independência nacional e a defesa do Estado democrático.
O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República,
sendo que as suas manifestações não terão, em hipótese alguma, caráter vinculatório aos
atos a serem tomados pelo Presidente da República (art. 89, caput, da CF).
O Conselho da República se reúne quando convocado pelo Presidente da República,
sendo por este último presidido (art. 84, XVIII, da CF). Dele participam: I- o
Vice-Presidente da República; II- o Presidente da Câmara dos Deputados; III- o
Presidente do Senado Federal; IV- os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
Deputados; V- os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; VI- o Ministro da
Justiça; VII- seis cidadãos brasileiros natos, com mais de 35 anos de idade, sendo dois
nomeados pelo Presidenteda República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos
pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
A Lei n. 8.041/90 regula a organização e funcionamento do Conselho da República,
cujas competências constitucionais foram definidas no sentido de se pronunciar sobre a
intervenção federal, o estado de defesa e o estado de sítio, bem como questões
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
PODER JUDICIÁRIO
Organograma do Poder Judiciário
152
Já se disse que o Poder, assim como o Direito, é uno é indivisível, ou seja,
indecomponível. Admite-se, porém, um abrandamento dessa ideia com a
divisão do Direito em ramos (ou províncias jurídicas). Lembrando que essa
distribuição possui fins eminentemente didáticos, é dizer, por questão de mera
conveniência acadêmica. 
Do mesmo modo, estudando o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, o que se
percebe, em verdade, é uma separação das funções estatais. Funções essas
que, conforme aqui já sinalizado, podem ser divididas em funções típicas e
funções atípicas.
Com o estudo do organograma ou estrutura do Poder Judiciário não é
diferente. Apresentado sempre a mesma finalidade, o Poder Judiciário também
é uno e indivisível. Mais ainda, é correto afirmar que não é ele, propriamente,
nem federal e nem estadual, mas sim um Poder nacional. 
É um só Poder que possui uma atuação distribuída por diversos órgãos, mais
especificamente em duas esferas (aqui sim, federal e estadual), a partir de
uma distribuição de competências. 
Na trilha desse raciocínio, a Constituição da República elencou, no art. 92, os
órgãos do Poder Judiciário. São eles: 
I – o Supremo Tribunal Federal; 
I-A – o Conselho Nacional de Justiça; 
II – o Superior Tribunal de Justiça; 
III – os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais; 
IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
V – os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
VI – os Tribunais e Juízes Militares; 
VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 
Vale ressaltar que o Conselho Nacional de Justiça, embora seja órgão do
Poder Judiciário, por ter natureza administrativa não compõe a estrutura dos
órgãos jurisdicionais. 
Assim, é possível sintetizar esses órgãos da seguinte forma:
ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIÁRIO
153
Estatuto da Magistratura
Conforme previsão do art. 93, caput, da Constituição Federal, lei
complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura. Trata-se da consagração do princípio de reserva de
lei complementar federal.
Vale registrar que até o presente momento essa lei não foi editada. Em face
desse silêncio legislativo, segundo a jurisprudência do próprio Supremo
Tribunal Federal, fica valendo como Estatuto da Magistratura a LC n. 35/79,
que foi recepcionada pelo Constituição de 1988. 
Garantias do Poder Judiciário
Com a finalidade de assegurar a independência e a imparcialidade do Poder
Judiciário, a Constituição Federal de 1988 conferiu-lhe uma série de garantias
preservadoras da sua autonomia. 
Tais garantias podem ser divididas em: garantias institucionais e garantias
funcionais.
Garantias institucionais
Tais garantias têm por finalidade preservar o Poder Judiciário globalmente,
como instituição. Podem ser dividias em: 
a) Garantias de autonomia orgânico-administrativa
Estão consagradas nas normas que tratam da estrutura e funcionamento,
bem como naquelas que estabelecem competências para os tribunais, tais
como: eleger seus órgãos diretivos, elaborar o regimento interno, organizar
internamente a estrutura administrativa etc. (CF, art. 96). 
b) Garantias de autonomia financeira
Estas, por sua vez, estão relacionadas à possibilidade de elaboração e
execução de suas propostas orçamentárias, nos termos da Constituição e
154
dentro dos limites estipulados junto com os demais Poderes na lei de diretrizes
orçamentárias (CF, art. 99). 
Garantias funcionais
Já as garantias funcionais (também chamadas garantias de órgãos) têm por
objetivo assegurar aos membros do Poder Judiciário o livre desempenho de
suas funções. Também podem ser divididas em: 
a) Garantias de independência
 Vitaliciedade (art. 95, I) 
No primeiro grau de jurisdição, só será adquirida após dois anos de exercício,
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a
que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial
transitada em julgado. 
Vale lembrar que os demais servidores públicos não gozam de vitaliciedade,
mas sim de estabilidade, afinal, a perda do cargo poderá se dá por decisão
judicial, processo administrativo assegurado o contraditório e a ampla defesa,
e procedimento de avaliação periódica de desempenho. 
Advirta-se, ainda, que, no âmbito dos tribunais, a garantia da vitaliciedade é
adquirida no exato momento da posse, independentemente da forma de
acesso. 
 Inamovibilidade (art. 95, II) 
É a garantia que assegura ao magistrado a impossibilidade de remoção, no
âmbito da estrutura judiciária, sem o seu consentimento.
Ocorre que o próprio dispositivo que consagra a inamovibilidade também traz
uma ressalva, prevista nos termos do art. 93, VIII. Com ele, tem-se que o ato
de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse
público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo
tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa. 
 Irredutibilidade de subsídios (art. 95, III) 
Com o objetivo de assegurar maior liberdade no desempenho das funções, a
Carta Magna garante que o subsídio dos magistrados não poderá ser
reduzido. 
Vale ressaltar que essa garantia não é exclusiva dos magistrados, sendo hoje
estendida também para todos os servidores públicos civis e militares. 
b) Garantias de imparcialidade
155
Já no parágrafo único do art. 95, o legislador constituinte consagrou algumas
vedações com o intuito de preservar a imparcialidade dos membros do Poder
Judiciário. 
Ei-las: 
 Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo
uma de magistério; 
 Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participações em
processo; 
 Dedicar-se à atividade político-partidária; 
 Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as
exceções previstas em lei (EC n. 45/2004); 
 Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorrido três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
remuneração (é a chamada quarentena de saída – EC n. 45/2004). 
Quinto Constitucional
Segundo o art. 94 do Texto Maior, 1/5 (um quinto) dos lugares dos Tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
Territórios serão compostos de membros do Ministério Público, com mais de
10 anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação
ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, indicados em
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.
O parágrafo único, por sua vez, conclui o raciocínio afirmando que recebidas
as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo,
que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para a
nomeação. 
Vale ressaltar que embora a previsão do texto constitucional no art. 94 só
tenha se referido expressamente aos Tribunais Regionais Federais, aos
Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios, a Emenda
Constitucional n. 45/2004 passou a estender a obrigatoriedade de observância
da regra do quinto constitucional também para o Tribunal Superior do
Trabalho e para os Tribunais Regionais do Trabalho (arts. 111-A, I e 115, I,
da CF, respectivamente). 
Lembrando, ainda, que nos termos do art. 104, parágrafo único, da CF, um
terço dacomposição do Superior Tribunal de Justiça deve ser distribuído, em
partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público.
Súmulas Vinculantes
156
À luz do art. 103-A da CF/88, inserido através da Emenda Constitucional n.
45/2004, o Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,
mediante decisão de 2/3 de seus membros, após reiteradas decisões sobre
a matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na
imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou
cancelamento, na forma estabelecida em lei. 
A Lei n. 11.417/2006 disciplinou o procedimento para a edição, a revisão e o
cancelamento de enunciado de súmulas vinculantes, trazendo os seguintes
requisitos: 
 Existência de reiteradas decisões sobre matéria constitucional. 
 Que estas decisões tenham por objeto a validade, a interpretação e a
eficácia de normas determinadas. 
 Que haja, entre órgãos judiciários ou entre estes e a administração
pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e
relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. 
 Que a decisão sobre a edição, a revisão e o cancelamento seja
tomada por 2/3 dos membros do STF, em sessão plenária. 
 Oitiva (ouvida) prévia do PGR, quando a proposta não tiver sido
formulada por ele. 
Segundo a Constituição Federal, a súmula terá por objetivo a validade, a
interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja
controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração
pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de
processos sobre questão idêntica.
Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, fica estabelecido que a
aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por
aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade (CF, art.
103).
Vale ressaltar que o art. 3º a Lei n. 11.417/06 ampliou este rol, incluindo como
legitimados o Defensor Público-Geral da União, os Tribunais Superiores, os
TJs de Estado ou do Distrito Federal e Territórios, os TRFs, os TRTs, os TREs
e os Tribunais Militares. É dizer, todos os tribunais jurisdicionais. 
Município só poderá fazer proposta de edição, revisão ou cancelamento de
súmulas de modo incidental, ou seja, no processo em curso do qual ele faça
parte (art. 3º, § 1º, da Lei n. 11.417/06). 
157
Por último, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal do ato
administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que
indevidamente a aplicar. Julgando procedente a reclamação, o STF anulará o
ato administrativo ou a cassará a decisão judicial reclamada, e determinará
que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. 
DO PODER JUDICIÁRIO
Seção I
Disposições Gerais
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A - o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§ 1.º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os
Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
§ 2.º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em
todo o território nacional.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá
sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante
concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no
mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à
ordem de classificação;
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e
merecimento, atendidas as seguintes normas:
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou
cinco alternadas em lista de merecimento;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na
respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de
antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar
vago;
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos
de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e
aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais
antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até
fixar-se a indicação;
158
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu
poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido
despacho ou decisão;
III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e
merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância;
IV - previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção
de magistrados, constituindo etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a
participação em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de formação
e aperfeiçoamento de magistrados;
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a 95%
(noventa e cinco por cento) do subsídio mensal fixado para os Ministros do
Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão
fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as
respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a
diferença entre uma e outra ser superior a 10% (dez por cento) ou inferior a
5% (cinco por cento), nem exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do
subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em
qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4.º;
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes
observarão o disposto no art. 40;
VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal;
VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por
interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla
defesa;
VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual
entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas a, b, c e e do
inciso II;
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
membros;
XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser
constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco
membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais
delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas
por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;
XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas
nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não
houver expediente forense normal, juízes em plantãopermanente;
XIII - o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva
demanda judicial e à respectiva população;
XIV - os servidores receberão delegação para a prática de atos de
administração e atos de mero expediente sem caráter decisório;
159
XV - a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de
jurisdição.
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos
Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de
membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos
de representação das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice,
enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá
um de seus integrantes para nomeação.
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de
exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença
judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art.
93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,
39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I.
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em
lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração.
Art. 96. Compete privativamente:
I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com
observância das normas de processo e das garantias processuais das partes,
dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos
jurisdicionais e administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes
forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira
da respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
160
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o
disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração
da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes
e servidores que lhes forem imediatamente vinculados;
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de
Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art.
169:
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços
auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do
subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde
houver;
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e
Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e
de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos,
competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis
de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo,
mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes
de primeiro grau;
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto,
universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na
forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de
impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições
conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
§ 1.º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da
Justiça Federal.
§ 2.º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente ao custeio
dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça.
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e
financeira.
§ 1.º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites
estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes
orçamentárias.
§ 2.º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais
interessados, compete:
161
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais;
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos
Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos
tribunais.
§ 3.º Se os órgãos referidos no § 2.º não encaminharem as respectivas
propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes
orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da
proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária
vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 1.º
deste artigo.
§ 4.º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem
encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do § 1.º, o
Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação
da proposta orçamentária anual.
§ 5.º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a
realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente
autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
Do Conselho Nacional de Justiça
O Conselho Nacional de Justiça, criado pela EC n. 45/2004, é um órgão
integrante do Poder Judiciário que tem sede em Brasília e atuação em todo o
território nacional. 
Trata-se, conforme já mencionado, de um órgão cujas atribuições são
exclusivamente administrativas (não jurisdicionais), e justamente por isso
ele não aparece no quadro sinótico que estampa o organograma da estrutura
do Poder Judiciário. 
Além disso, não se deve perder de vista que o Conselho Nacional de Justiça
se localiza em posição inferior ao Supremo Tribunal Federal, estando
submetido ao seu controle. Nesse sentido, sua atividade de fiscalização é
dirigida apenas e tão-somente aos juízes e tribunais situados abaixo do
Pretório Excelso na estrutura hierárquica.
Assim, consolida-se o CNJ como um órgão colegiado, que integra o Poder
Judiciário brasileiro, composto por membros da magistratura, da sociedade e
por representantes do Ministério Público, cuja função primordial é o
exercício do controle sobre a atuação administrativa, financeira, e sobre
os deveres funcionais dos magistrados.
Já com o caput desse dispositivo, o Conselho Nacional de Justiça compõe-se
15 membros com mandato de 2 anos, admitida uma recondução.
Desses 15 membros,9 são do Poder Judiciário, 2 são do Ministério
Público, 2 são da advocacia e 2 são da sociedade.
162
Os 9 membros do Poder Judiciário são: 
1) o Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
2) 1 Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo próprio STJ. 
3) 1 Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo próprio TST. 
4) 1 desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal
Federal. 
5) 1 juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal. 
6) 1 juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de
Justiça. 
7) 1 juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça. 
8) 1 juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior
do Trabalho. 
9) 1 juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho. 
Os 2 membros do Ministério Público são: 
1) 1 membro do Ministério Público da União, indicado pelo
Procurador-Geral da República. 
2) 1 membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo
Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão
competente de cada instituição estadual. 
Os 2 advogados são indicados pelo Conselho Federal da Ordem os
Advogados do Brasil. 
Por último, os 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada
são indicados um pela Câmara dos Deputado e outro pelo Senado
Federal.
Lembrando que não efetuadas as referidas indicações no prazo legal, a
escolha caberá ao Supremo Tribunal Federal. 
O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e,
nas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente da Suprema Corte (CF,
art. 103-B, § 1º, com redação dada pela EC n. 61/2009). 
Todos os demais membros (o Presidente do Supremo Tribunal Federal, por já
integrar o Conselho automaticamente, não se submete a essa regra) devem
ser nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovadas as
indicações dos seus nomes pela maioria absoluta do Senado.
O Ministro do STJ, por sua vez, exercerá a função de Ministro-Corregedor e
ficará excluído da distribuição de processo no Tribunal, competindo-lhe, além
das atribuições que lhe foram conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as
seguintes: 
I – receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas
aos magistrados e aos serviços judiciários; 
163
II – exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral;
e
III – requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar
servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e
Territórios.
Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente
do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. 
Fica estabelecido ainda que a União, inclusive no Distrito Federal e nos
Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações
e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder
Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao
Conselho Nacional de Justiça. 
A competência atribuída pela Constituição Federal ao CNJ está relacionada,
basicamente, com o controle da atuação administrativa e financeira do
Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes,
cabendo-lhe, além de outras atribuições que forem conferidas pelo Estatuto da
Magistratura, o seguinte: 
I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto
da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
competência, ou recomendar providências; 
II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante
provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou
órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo
para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; 
III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder
Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do
poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e
correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em
curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar
outras sanções administrativas, assegurada a ampla defesa; 
IV – representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a
administração pública ou de abuso de autoridade; 
V – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares
de juízes e membros de tribunais julgados a menos de um ano;
VI – elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processo e sentenças
prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder
Judiciário; 
VII – elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar
necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do
Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal
164
Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da
sessão legislativa. 
Finalmente, cabe registrar que muito embora o Conselho Nacional de Justiça
não possa determinar a perda de cargo de juízes, por outro lado poderá
determinar a remoção, aposentadoria compulsória (com subsídios ou
proventos proporcionais ao tempo de serviço) ou a punição administrativa de
magistrados. 
Caso entenda oportuno, poderá, ainda, recomendar a perda de cargo de juiz
ao tribunal competente, o que somente poderá ocorrer por meio de sentença
judicial transitada em julgado. 
Concluído, portanto, o estudo acerca do Conselho Nacional de Justiça,
passa-se agora para a análise das características gerais dos órgãos do Poder
Judiciário, seguindo a estrutura didática apresentada por Pedro Lenza.
Vale registrar que em face da extensão das listas de competências, aqui serão
apontados apenas os artigos da Constituição correspondentes, devendo o
candidato, para as provas, realizar uma leitura cuidadosa dos dispositivos
mencionados.
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze)
membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo
tribunal;
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo
tribunal;
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo
Tribunal Federal;
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de
Justiça;
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior
do Trabalho;
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral
da República;
XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo
Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão
competente de cada instituição estadual;
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil;
165
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um
pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
§ 1.º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal
e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo
Tribunal Federal.
§ 2.º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal.
§ 3.º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo,
caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal.
§ 4.ºCompete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira
do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes,
cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo
Estatuto da Magistratura:
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da
Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
competência, ou recomendar providências;
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante
provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou
órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo
para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União;
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder
Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do
poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e
correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e
determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou
proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
administrativas, assegurada ampla defesa;
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração
pública ou de abuso de autoridade;
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de
juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;
VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças
prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder
Judiciário;
VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias,
sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o
qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a
ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão
legislativa.
§ 5.º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a função de
Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de processos no Tribunal,
166
competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto
da Magistratura, as seguintes:
I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos
magistrados e aos serviços judiciários;
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral;
III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar
servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e
Territórios.
§ 6.º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o
Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 7.º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias
de justiça, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer
interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus
serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de
Justiça.
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
 Composição: 11 Ministros. 
 Investidura: os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal. É com a nomeação que se
considera o Ministro vitaliciado. 
 Requisitos para ocupação do cargo de Ministro do STF: a) ser brasileiro
nato (CF, art. 12, § 3º, IV); b) ser cidadão, portanto, no pleno gozo dos
seus direitos políticos; c) ter mais de 35 e menos de 65 anos de idade;
d) ter notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101). 
Como visto, a Constituição elenca como um os requisitos o notável saber
jurídico. Ocorre que, a despeito da ausência de previsão expressa, a doutrina
sinaliza que o ocupante do cargo de Ministro do STF tem de ser,
necessariamente, um jurista. Ou seja, entende-se plausível a exigência da
conclusão de curso superior em direito. 
 Competências: a) originária (art. 102, I, “a” a “r”); b) recursal ordinária
(art. 102, II); e c) recursal extraordinária (art. 102, III). 
Seção II
Do Supremo Tribunal Federal
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros,
escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e
cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal.
167
COMPETÊNCIAS  ORIGINÁRIA
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal;
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o
Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros
e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais
Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente;
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas
alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do
Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e
do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o
Estado, o Distrito Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito
Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da
administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
h) (Revogada pela Emenda Constitucional n. 45, de 8-12-2004.)
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator
ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos
diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime
sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da
autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária,
facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou
indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do
tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente
interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e
quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer
outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora
for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas
168
Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores,
ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho
Nacional do Ministério Público;
COMPETÊNCIA  RECURSAL ORDINÁRIA
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de
injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
denegatória a decisão;
b) o crimepolítico;
COMPETÊNCIA  RECURSAL EXTRAORDINÁRIA
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou
última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta
Constituição;
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta
Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
§ 2.º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal
Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias
de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante,
relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
§ 3.º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão
geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim
de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo
pela manifestação de dois terços de seus membros.
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação
declaratória de constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito
Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
169
§ 1.º O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas
ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do
Supremo Tribunal Federal.
§ 2.º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar
efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a
adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão
administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
§ 3.º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em
tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral
da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
§ 4.º (Revogado pela Emenda Constitucional n. 45, de 8-12-2004.)
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,
mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões
sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua
publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à
sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
§ 1.º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de
normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos
judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre
questão idêntica.
§ 2.º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão
ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem
propor a ação direta de inconstitucionalidade.
§ 3.º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável
ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal
Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a
decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem
a aplicação da súmula, conforme o caso.
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
 Composição: no mínimo, 33 Ministros (art. 104). 
 Investidura: os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal (EC n. 45/2004). 
170
 Requisitos para ocupação do cargo de Ministro do STJ: a) ser brasileiro
nato ou naturalizado; b) ter mais de 35 e menos de 65 anos de idade; c)
ter notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 104). 
Composição dos Ministros: 1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais;
1/3 de desembargadores dos Tribunais de Justiça; 1/6 de advogados e 1/6 de
membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e
Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94. 
 Procedimento: no caso dos juízes dos Tribunais Regionais Federais e
dos desembargadores dos Tribunais de Justiça, o STJ elaborará lista
tríplice, enviando-a ao Presidente da República, que indicará um nome
e o nomeará após aprovação do Senado Federal. Já no caso dos
advogados e membros do Ministério Público, a indicação seguirá o
procedimento do quinto constitucional previsto no art. 94 da CF. 
 Competências: a) originária (art. 105, I, “a” a “i”); b) recursal ordinária
(art. 105, II); e c) recursal especial (art. 105, III). 
Seção III
Do Superior Tribunal de Justiça
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três
Ministros.
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão
nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta
e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e
reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal, sendo:
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre
desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice
elaborada pelo próprio Tribunal;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério
Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente,
indicados na forma do art. 94.
COMPETÊNCIAS  ORIGINÁRIA
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e,
nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de
171
Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de
Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público
da União que oficiem perante tribunais;
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de
Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do
próprio Tribunal;
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas
mencionadas na alínea a, ou quando o coator for tribunal sujeito à sua
jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da
Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto
no art. 102, I, o, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre
juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da
autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da
União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de
outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora
for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração
direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal
Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral,da Justiça do
Trabalho e da Justiça Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às
cartas rogatórias;
COMPETÊNCIAS  RECURSAL ORDINÁRIA
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo
internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou
domiciliada no País;
COMPETÊNCIAS  RECURSAL ESPECIAL
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
172
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro
tribunal.
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça:
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados,
cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o
ingresso e promoção na carreira;
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a
supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e
segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais,
cujas decisões terão caráter vinculante.
DA JUSTIÇA FEDERAL
No primeiro grau de jurisdição, a Justiça Federal é composta pelos Juízes
Federais. No segundo grau, pelos Tribunais Regionais Federais. 
 Composição dos Tribunais Regionais Federais: no mínimo, 7 Juízes,
recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo
Presidente da República, observando-se a regra do quinto constitucional
(CF, art. 94). 
 Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter
mais de 30 e menos de 65 anos de idade. 
 Competência: Art. 108 (competência dos Tribunais Regionais Federais)
e art. 109 (competência dos juízes federais) da CF. 
Por se tratar de inovação trazida pela Emenda Constitucional n. 45/2004, vale
mencionar, de modo enfático, o § 5º do art. 109 da CF. Com esse dispositivo,
na hipótese de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil
seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal.
Seção IV
Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:
I - os Tribunais Regionais Federais;
II - os Juízes Federais.
173
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete
juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo
Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de
sessenta e cinco anos, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de
carreira;
II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos
de exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente.
§ 1.º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais
Regionais Federais e determinará sua jurisdição e sede.
§ 2.º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a
realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos
limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
públicos e comunitários.
§ 3.º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o
pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar
e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os
membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes
federais da região;
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal
ou de juiz federal;
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
COMPETÊNCIA RECURSAL
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e
pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua
jurisdição.
COMPETÊNCIA DOS JUÍZES FEDERAIS
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes,
exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça
Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
174
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município
ou pessoa domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado
estrangeiro ou organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando,
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no
estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5.º deste
artigo;
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por
lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente
sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade
federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a
competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução
de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a
homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva
opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
§ 1.º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária
onde tiver domicílio a outra parte.
§ 2.º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção
judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato
ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou ainda,
no Distrito Federal.
§ 3.º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio
dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de
previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara
do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que
outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.
§ 4.º Na hipótesedo parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o
Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
§ 5.º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral
da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil
seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em
175
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal.
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção
judiciária que terá por sede a respectiva Capital, e varas localizadas segundo
o estabelecido em lei.
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições
cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da
lei.
DA JUSTIÇA DO TRABALHO
A Justiça do Trabalho é composta pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST),
pelos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e pelos Juízes do Trabalho.
Primeiro serão analisadas as principais características do Tribunal
Superior do Trabalho (TST).
 Composição: 27 Ministros togados e vitalícios, sendo que 1/5 serão
escolhidos dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de
10 anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; os demais
(4/5 do total de 27 Ministros) serão escolhidos dentre juízes dos
Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da Magistratura de carreira,
indicados pelo próprio Tribunal Superior. 
 Investidura: os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho serão
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal (EC n. 45/2004). 
 Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter
mais de 35 e menos de 65 anos de idade. 
 Competência: nos termos do art. 111-A, § 1º, da CF, a lei disporá sobre
a competência do Tribunal Superior do Trabalho. 
Seção V
Dos Tribunais e Juízes do Trabalho
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:
I - o Tribunal Superior do Trabalho;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
III - Juízes do Trabalho.
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete
Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de
176
sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após
aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez
anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da
magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
§ 1.º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.
§ 2.º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do
Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais
para o ingresso e promoção na carreira;
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma
da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da
Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do
sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas
não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso
para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição,
competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da Justiça do
Trabalho.
Passa-se agora à análise das principais características relacionadas aos
Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs).
 Composição: no mínimo, 7 juízes, recrutados, quando possível, na
respectiva região. 
 Investidura: os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho serão
nomeados pelo Presidente da República. 
 Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter
mais de 30 e menos de 65 anos de idade, sendo 1/5 dentre advogados
com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo
exercício, observado o disposto no art. 94; os demais (4/5 restantes)
serão escolhidos mediante promoção de juízes do trabalho por
antiguidade e merecimento, alternadamente. 
 Competência da Justiça do Trabalho: art. 114 da CF/88, introduzido
pela Emenda Constitucional n. 45/2004. 
Seção V
177
Dos Tribunais e Juízes do Trabalho
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e
trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato
questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da
relação de trabalho;
VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a,
e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.
§ 1.º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2.º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo
de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito,
respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como
as convencionadas anteriormente.
3.º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do
interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio
coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
TRIBUNAIS REGIONIAS DO TRABALHO
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo,
sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados
pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de
sessenta e cinco anos, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez
anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e
merecimento, alternadamente.
§ 1.º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a
realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos
limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
públicos e comunitários.
178
§ 2.º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o
pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz
singular.
Parágrafo único. (Revogado pela Emenda Constitucional n. 24, de
9-12-1999.)
Art. 117. (Revogado pela Emenda Constitucional n. 24, de 9-12-1999.)
DA JUSTIÇA ELEITORAL
A Justiça do Eleitoral écomposta pelo Tribunal Superior do Eleitoral (TSE),
pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), pelos Juízes Eleitorais e pelas
Juntas Eleitorais. 
Primeiro serão analisadas as principais características do Tribunal
Superior do Eleitoral (TSE).
 Composição: no mínimo, 7 membros (juízes), sendo que a) 3 juízes
serão eleitos dentre os Ministros do STF, mediante voto secreto, pelos
próprios membros da Suprema Corte; b) 2 juízes serão eleitos dentre 
os Ministros do STJ, também mediante voto secreto, pelos próprios
Ministros da Corte Superior de Justiça; c) e os outros 2 juízes serão
nomeados pelo Presidente da República (sem sabatina no Senado),
dentre seis advogados (lista sêxtupla) de notável saber jurídico e
idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. 
O Presidente e o Vice-Presidente do TSE serão eleitos pelo próprio Tribunal
Superior Eleitoral, dentre os Ministros do STF. 
Já o Corregedor Eleitoral do TSE também será eleito pelo Tribunal Superior
Eleitoral, dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. 
 Competência: nos termos do art. 121 da CF, lei complementar disporá
sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e
das juntas eleitorais. 
Passa-se agora à análise das principais características relacionadas aos
Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).
Nos termos do art. 120 do Texto Maior, haverá um Tribunal Regional Eleitoral
na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
 Composição: 7 membros (juízes), sendo: a) eleição, pelo voto secreto,
de 2 juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; b)
eleição, pelo voto secreto, de 2 juízes, dentre juízes de direito,
escolhidos pelo Tribunal de Justiça; c) 1 juiz do TRF com sede na
179
Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz
federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF respectivo; d) 2 juízes,
por nomeação, pelo Presidente da República, dentre 6 advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de
Justiça. 
O Presidente e o Vice-Presidente do TRE serão eleitos pelo próprio Tribunal
Regional Eleitoral, dentre os desembargadores. 
Por fim, nos termos do art. 32 do Código Eleitoral, os Juízes Eleitorais são os
próprios juízes de direito em efetivo exercício e, na falta destes, os seus
substitutos legais, da própria organização judiciária do Estado ou do DF. 
Seção VI
Dos Tribunais e Juízes Eleitorais
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
I - o Tribunal Superior Eleitoral;
II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
III - os Juízes Eleitorais;
IV - as Juntas Eleitorais.
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete
membros, escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis
advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o
Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o
Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e
no Distrito Federal.
§ 1.º Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou
no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer
caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis
advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Tribunal de Justiça.
§ 2.º O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente
dentre os desembargadores.
180
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos
tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
§ 1.º Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas
eleitorais, no exercício de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão
de plenas garantias e serão inamovíveis.
§ 2.º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por
dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo
os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em
número igual para cada categoria.
§ 3.º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que
contrariarem esta Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou
mandado de segurança.
§ 4.º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso
quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais
eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições
federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais
ou estaduais;
V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou
mandado de injunção.
DA JUSTIÇA MILITAR
A Justiça Militar é composta pelo Superior Tribunal Militar e pelos Tribunais e
Juízes Militares instituídos por lei. 
As principais características do STM (órgão de cúpula dessa Justiça) são: 
 Composição: 15 Ministros vitalícios, sendo: a) 3 dentre oficiais-generais
da Marinha, da ativa e do posto mais elevado da carreira; b) 4 dentre
oficiais-generais do Exército, da ativa e do posto mais elevado da 
carreira; c) 3 dentre oficiais-generais da Aeronáutica, da ativa e do
posto mais elevado da carreira; d) 5 dentre civis, dos quais 3 serão
escolhidos dentre advogados de notório saber jurídico e conduta
ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, 1 dentre
juízes auditores e 1 membro do Ministério Público da Justiça Militar. 
 Investidura: observando a proporção estabelecida acima, o Presidente
da República deverá indicar os 15 Ministros. Essa indicação tem de ser
aprovada pela maioria simples do Senado Federal, onde serão
sabatinados. Caso a indicação seja aprovada, o Presidente da
República os nomeará. 
 Requisitos para o cargo: tais requisitos só foram estabelecidos
expressamente na Constituição Federal para os Ministros Civis, quais
181
sejam: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter mais de 35 e menos
de 65 anos de idade; c) para os Ministros civis escolhidos dentre os
advogados, ter notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de 10
anos de efetiva atividade profissional; e d) para os oficiais-generais a
Constituição consagra o requisito de serem brasileiros natos (CF, art.
12, § 3º, VI). 
Dos Tribunais e Juízes Militares
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:
I - o Superior Tribunal Militar;
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros
vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da
Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre
oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado
da carreira, e cinco dentre civis.
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da
República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com
mais de dez anos de efetiva atividade profissional;
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do
Ministério Público da Justiça Militar.Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares
definidos em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a
competência, da Justiça Militar.
DA JUSTIÇA ESTADUAL
Segundo previsão do texto constitucional, no caput do art. 125, aos
Estados-membros cumpre organizar a sua própria Justiça, observados os
princípios estabelecidos na própria Constituição Federal. 
A competência dos Tribunais de Justiça deverá ser definida na Constituição do
respectivo Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do
Tribunal de Justiça. 
De mais a mais, é sabido que a competência da Justiça dos Estados é
residual, compreendendo tudo o que não for da competência das Justiças
especiais ou especializadas, nem da Justiça Federal.
182
Ainda nos termos da Carta de Outubro, os Estados deverão instituir o seu
sistema de controle de constitucionalidade das leis e atos normativos
estaduais ou municipais, contestados em face da Constituição Estadual,
sendo veda a legitimação para agir a um único órgão. 
Além disso, lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de
Justiça, a Justiça Militar Estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes
de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio
Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o
efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.
Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados,
nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos
disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for
civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da
patente dos oficiais e da graduação das praças.
Porém, competem aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar,
singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais
contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a
presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.
Como uma das grandes inovações na Justiça Estadual introduzidas também
pela EC n. 45/04, o § 6º do art. 125 autoriza o Tribunal de Justiça funcionar
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o
pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. 
Por fim, para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a
criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões
agrárias.
Seção VIII
Dos Tribunais e Juízes dos Estados
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios
estabelecidos nesta Constituição.
§ 1.º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado,
sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
§ 2.º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade
de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição
Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
§ 3.º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a
Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e
pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de
Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar
seja superior a vinte mil integrantes.
§ 4.º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos
Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos
183
disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for
civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da
patente dos oficiais e da graduação das praças.
§ 5.º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar,
singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais
contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a
presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.
§ 6.º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente,
constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do
jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
§ 7.º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de
audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais
da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a
criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões
agrárias.
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o
juiz far-se-á presente no local do litígio.
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
As funções essenciais à justiça são atividades profissionais institucionalizadas
pela Constituição Federal de 1988, e tem como finalidade tornar a prestação
jurisdicional mais célere e efetiva. 
Tais atividades são exercidas pelos órgãos do Ministério Público, da
Advocacia Pública, da Defensoria Pública e também pela Advocacia.
Do Ministério Público
Com previsão entre os arts. 127 e 130-A, o Ministério Público é instituição
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais
e individuais indisponíveis. 
A despeito da polêmica existente, o Ministério Público não integra nenhum dos
poderes estatais. Trata-se de uma instituição independente e autônoma. Já se
disse que o mais importante não é ser Poder, mas ter poder, e isso o órgão
ministerial tem. 
Assim, o que merece destaque, em verdade, é o relevo que a instituição
possui perante a sociedade, principalmente a partir da Constituição Federal de
1988, que aumentou sobremaneira a sua relevância social, notadamente em
relação à tutela dos direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos. 
Além disso, ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e
administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder
Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares,
184
provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política
remuneratória e os planos de carreira. 
Cumpre ao próprio Ministério Público elaborar a sua proposta orçamentária
dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. 
Consoante previsão constitucional no art. 128, o Ministério Público abrange os
seguintes ramos: 
I – o Ministério Público da União, que compreende: 
a) o Ministério Público Federal; 
b) o Ministério Público do Trabalho; 
c) o Ministério Público Militar; 
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. 
II – os Ministérios Públicos dos Estados.
O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da
República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da
carreira, maiores de 35 anos, após a aprovação de seu nome pela maioria
absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos,
permitida a recondução. 
A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente
da República, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do
Senado Federal.
No que se refere aos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios, estes deverão formar lista tríplice dentre integrantes da carreira,
na forma da lei respectiva, para a escolha de seu Procurador-Geral, que será
nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos,
permitida uma recondução. 
Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios
poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder
Legislativo, na forma da lei complementar respectiva. 
Princípios institucionais
À luz do art. 127, § 1º, daCF/88, são princípios institucionais do Ministério
Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. 
185
Vale ressaltar que a previsão do art. 128, que consagra a abrangência do
Parquet em diferentes ramos, não desnatura a noção de órgão uno e
indivisível. 
a) Unidade
Significa que os membros do Ministério Público devem ser considerados como
integrantes de uma só instituição. Vale ressaltar que essa unidade está
relacionada apenas ao aspecto funcional, já que do ponto de vista orgânico
há, como visto, uma divisão com repartição de competências. 
Nesse sentido, conclui-se que esta unidade está inserida em cada um dos
órgãos ministeriais, não sendo possível um membro de determinado ramo do
Parquet, por exemplo, exercer atribuições inerentes a outro ramo. 
b) Indivisibilidade
De saída, é possível afirmar que o princípio da indivisibilidade é uma
decorrência lógica e natural da própria unidade. À luz deste preceito, fica
assegurado que os membros do Ministério Público, nos processos, podem ser
substituídos uns pelos outros. Dessa forma, considera-se permitida a
substituição recíproca entre membros de um mesmo ramo do Parquet, desde
que observado o disposto em lei. 
c) Independência funcional
Com este princípio garante-se aos membros do Ministério Público ampla
independência no desempenho de suas funções, não tendo que estar
subordinados a nenhuma pressão externa ou oriunda de algum Poder. 
Assim, embora administrativamente se constate a existência de uma chefia, do
ponto de vista funcional pode-se afirmar que não existe subordinação
hierárquica entre os membros do Ministério Público. Garante-se, portanto, a
autonomia de convicção, ficando estes membros submetidos apenas à
Constituição, às leis e à sua própria consciência. 
Garantias e impedimentos dos membros do Ministério Público
Com a previsão do art. 128, § 5º, I, da CF/88, é possível afirmar que os
membros do Ministério Público gozam das seguintes garantias: 
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo
senão por sentença judicial transitada em julgado; 
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público mediante decisão
do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria
absoluta de seus membros, assegurada a ampla defesa (EC n. 45/2004); 
186
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado
o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, III, 153, § 2º, I. 
Já com o inciso II do mesmo dispositivo, os membros do Ministério Público
ainda se submetem às seguintes vedações:
a) receber, a qualquer título ou sob qualquer pretexto, honorários,
percentagens ou custas processuais; 
b) exercer a advocacia; 
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; 
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo
uma de magistério; 
e) exercer atividade político-partidária; 
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em
lei (EC n. 45/2004). 
Não se deve perder de vista, ainda, que por força do art. 128, § 6º, da CF (EC
n. 45/2005), aplica-se aos membros do Ministério Público a vedação ao
exercício da advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração (CF, art. 95, parágrafo único, V).
Funções institucionais 
As funções institucionais do Ministério Público estão previstas no art. 129.
São elas: 
 Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 Zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia; 
 Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses
difusos e coletivos; 
 Promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins
de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos neste
Constituição; 
 Defender judicialmente os direitos e interesses das populações
indígenas; 
187
 Expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los,
na forma da lei complementar respectiva; 
 Exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior; 
 Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas
manifestações processuais; 
 Exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhes vedada a representação
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. 
A legitimação do Ministério Público para as ações civis não impede a de
terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto na Constituição Federal
e na lei. 
Vale ressaltar que as funções do Ministério Público só podem ser exercidas
por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva
lotação, salvo autorização do chefe da instituição. 
Ainda, registre-se que o ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á
mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da
Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel
em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas
nomeações, a ordem de classificação. 
CAPÍTULO IV
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
Seção I
Do Ministério Público
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
§ 1.º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a
indivisibilidade e a independência funcional.
188
§ 2.º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e
administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder
Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares,
provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a
política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua
organização e funcionamento.
§ 3.º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4.º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta
orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias,
o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta
orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente,
ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3.º.
§ 5.º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em
desacordo com os limites estipulados na forma do § 3.º, o Poder Executivo
procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta
orçamentária anual.
§ 6.º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a
realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente
autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
Art. 128. O Ministério Público abrange:
I - o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II - os Ministérios Públicos dos Estados.
§ 1.º O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da
República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da
carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovaçãode seu nome pela
maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois
anos, permitida a recondução.
§ 2.º A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do
Presidente da República, deverá ser precedida de autorização da maioria
absoluta do Senado Federal.
§ 3.º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios
formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva,
para escolha de seu Procurador- Geral, que será nomeado pelo Chefe do
Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.
§ 4.º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios
poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder
Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.
189
§ 5.º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada
aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as
atribuições e o estatuto de cada Ministério
Público, observadas, relativamente a seus membros:
I - as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo
senão por sentença judicial transitada em julgado;
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão
do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria
absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa;
II - as seguintes vedações:
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens
ou custas processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo
uma de magistério;
e) exercer atividade político-partidária;
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em
lei.
§ 6.º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95,
parágrafo único, V.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo
as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de
intervenção da
União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na
forma da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais;
190
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis
com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a
consultoria jurídica de entidades públicas.
§ 1.º A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste
artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto
nesta Constituição e na lei.
§ 2.º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes
da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo
autorização do chefe da instituição.
§ 3.º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso
público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no
mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a
ordem de classificação.
§ 4.º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93.
§ 5.º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata.
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas
aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a direitos, vedações e
forma de investidura.
Conselho Nacional do Ministério Público
Outra grande inovação da Emenda Constitucional n. 45/2004 foi a previsão de
um órgão colegiado formado por membros do Ministério Público, magistrados e
representantes da sociedade, cuja finalidade primordial é o exercício do
controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do
cumprimento dos deveres funcionais de seus membros.
Este órgão é o Conselho Nacional do Ministério Público, com previsão no art.
130-A da CF, composto de 14 membros nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: 
 O Procurador-Geral da República, que o preside; 
 4 membros do Ministério Público da União, assegurada a representação
de cada uma de suas carreiras; 
 3 membros do Ministério Público dos Estados; 
 2 juízes, indicados um pelo STF e o outro pelo STJ; 
 2 advogados, indicados pelo Conselho Federal da OAB; 
 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um
pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. 
191
Cabe ressaltar que conforme previsão do § 1º do art. 103-A, os membros do
Conselho oriundos do Ministério Público serão indicados pelos respectivos
Ministérios Públicos, na forma da lei. 
Ademais, como já se disse, compete ao CNMP o controle da atuação
administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres
funcionais de seus membros, cabendo-lhe: 
I – zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público,
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou
recomendar providências; 
II – zela pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante
provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou
órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos
Tribunais de Contas; 
III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do
Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços
auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da
instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos
proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,
assegurada a ampla defesa; 
IV – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares
de membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há
menos de um ano; 
V – elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias
sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o
qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. 
O Conselho Nacional do Ministério Público
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze
membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois
anos, admitida uma recondução, sendo:
I - o Procurador-Geral da República, que o preside;
II - quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a
representação de cada uma de suas carreiras;
III - três membros do Ministério Público dos Estados;
IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo
Superior Tribunal de Justiça;
V

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