Prévia do material em texto
LÍNGUA PORTUGUESA 1 Compreensão e interpretação de textos. 2 Tipologia textual. 3 Ortografia oficial 4 Acentuação gráfica. 5 Emprego das classes de palavras. 6 Emprego do sinal indicativo de crase.7 Sintaxe da oração e do período. 8 Pontuação. 9 Concordância nominal e verbal. 10 Regência nominal e verbal. 11 Significação das palavras. 12 Redação de correspondências oficiais: Manual de Redação da Presidência da República. 2 A palavra interpretar vem do latim interpretare e significa explicar, comentar ou aclarar o sentido dos signos ou símbolos. Tal vocábulo corresponde ao grego análysis, que tem o sentido de decompor um todo em suas partes, sem decompor o todo, para compreendê-lo melhor. Interpretar um texto é penetrá-lo em sua essência, observar qual é a idéia principal, quais os argumentos que comprovam a idéia, como o texto está escrito e outras nuanças. Em suma, procurar interpretar corretamente um texto é ampliar seus horizontes existenciais. Saber ler corretamente Ler adequadamente é mais do que ser capaz de decodificar as palavras ou combinações linearmente ordenadas em sentenças. O interessado deve aprender a “enxergar” todo o contexto denotativo e conotativo. É preciso compreender o assunto principal, suas causas e conseqüências, críticas, argumentações,polissemias, ambigüidades, ironias, etc. Ler adequadamente é sempre resultado da consideração de dois tipos de fatores: os propriamente lingüísticos e os contextuais ou situacionais, que podem ser de natureza bastante variada. Bom leitor, portanto, é aquele capaz de integrar estes dois tipos de fatores. Erros de Leitura Extrapolar Trata-se de um erro muito comum. Ocorre quando saímos do contexto, acrescentando-lhe idéias que não estão presentes no texto. A interpretação fica comprometida, pois passamos a criar sobre aquilo que foi lido. Freqüentemente, relacionamos fatos que conhecemos, mas que eram realidade em outros contextos e não naquele que está sendo analisado. Reduzir Trata-se de um erro oposto à extrapolação. Ocorre quando damos atenção apenas a uma parte ou aspecto do texto, esquecendo a totalidade do contexto. Privilegiamos, desse modo, apenas um fato ou uma relação que podem ser verdadeiros, porém insuficientes se levarmos em consideração o conjunto das idéias. Contradizer É o mais comum dos erros. Ocorre quando chegamos a uma conclusão que se opõe ao texto. Associamos idéias que, embora no texto, não se relacionam entre si. Defeitos do Texto Barbarismo Consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta. Eles acontecem: 1.na grafia: analizar por analisar; 4 2.na pronúncia: rúbrica por rubrica; 3.na morfologia: deteu por deteve; 4.na semântica: o iminente jurista por o eminente jurista 5.os estrangeirismos: quando usados desnecessariamente. Solecismo Qualquer erro de construção sintática. 1. de concordância: Fazem anos que não o vejo; 2. de regência: Esqueceram de mim; 3. de colocação pronominal: Não amo-te. Arcaísmo Emprego de palavras ou construções antigas, que já caíram em desuso. Antanho por no passado. Preciosismo Exagero na linguagem, em prejuízo da naturalidade e clareza da frase. Isso é colóquio flácido para acalentar bovino. Cacofonia Qualquer seqüência silábica que provoque som desagradável. Vou-me já! Polícia Federal confisca gado no Paraná. Ambigüidade ou Anfibologia Duplo sentido decorrente de construção defeituosa da frase. O cachorro do meu vizinho morreu. Redundância, Pleonasmo Vicioso ou Tautologia Repetição desnecessária de informação. Ele detém o monopólio exclusivo dos refrigerantes. Todos foram unânimes. Interpretando o conteúdo do texto Idéias explícitas e implícitas Alguns textos apresentam suas idéias de forma direta e objetiva, permitindo interpretação rápida por parte do leitor. Outros expõem suas idéias de forma indireta e subjetiva, exigindo maior atenção do receptor. Texto com idéia explícita Os textos apresentam suas idéias de forma direta e objetiva, permitindo interpretação rápida por parte do leitor. Exemplo 5 A questão exige do candidato a capacidade de reescrever o texto, observando a manutenção ou não do sentido original. “Os fatos desta vez deram razão a Monteiro Lobato.”; a(s) forma(s) INADEQUADA(S) de reescrever-se esse mesmo período, mantendo-se o sentido original, é(são): I -A Monteiro Lobato foi dada razão pelos fatos, desta vez; II- A Monteiro Lobato deram razão, desta vez, os fatos; I - A Monteiro Lobato, foi-lhe dada razão pelos fatos, desta vez. (A) nenhuma; (B) III (C) I-III (D) II (E) II-III Gabarito: A Texto com idéia implícita No texto implícito, as idéias são expostas de forma indireta e subjetiva, exigindo maior atenção do receptor. Exemplo “No íntimo, estamos inclinados à simplicidade da manjedoura. O mal-estar decorre do fato de nos sentirmos mais próximos dos salões de Herodes” Essas frases significam que: a)a manjedoura simboliza a simplicidade do Menino-Deus; b)somos atraídos pelas festas dos “salões de Herodes”; c) a simplicidade da manjedoura vale mais que o luxo dos “salões de Herodes”; d)no Natal acabamos por contrariar nossos sentimentos mais profundos; e)entre a simplicidade e o luxo, a nossa tendência é escolher o luxo. Gabarito:D Assuntos relacionados à interpretação de um texto Denotação/Conotação Sentido denotativo é o uso da palavra em seu aspecto real. Exemplo: O moça está usando uma jóia muito preciosa. Sentido conotativo é o uso da palavra em seu aspecto figurado. Exemplo: Aquela moça é jóia. Exemplo Informe se nas frases abaixo as palavras destacadas estão empregadas em sentido denotativo ou conotativo. a) Nas ruas, as pessoas andavam apressadas. b) As ruas eram cheias de pernas apressadas. ) 6 c)Temos amargas lembranças daquele período de autoritarismo político. d)Era uma pessoa de expressão dura e coração mole. e)Os galhos da imensa árvore sustentavam os frutos maduros. f)Os galhos namoravam os frutos maduros que sustentavam. Gabarito: a - denotativo b - conotativo c - conotativo d - conotativo e – denotativo Assuntos relacionados à interpretação de um texto Coerência O texto coerente é lógico e organizado em suas idéias. É importante não confundir coerência e relação semântica com o texto. Algumas vezes, surgem questões reescrevendo o texto alterando o sentido sem necessariamente quebrar a lógica da idéia. Coesão A coesão é assunto bem abrangente. Em concurso, observamos sua relação com termos, expressões ou idéias, que podem estar antes ou após o elemento coesivo. Paráfrase Paráfrase é reescrever o texto sem alterar a idéia do que foi escrito originalmente. É comum em provas do Cespe aparecer também com o nome de “relações semânticas”. Exemplo de paráfrase Profecias de uma Revolução na Medicina Há séculos, os professores de segundo grau da Sardenha vêm testemunhando um fenômenos curioso. Com a chegada da primavera, em fevereiro, alguns de seus alunos tornam-se apáticos. Nos três meses subseqüentes, sofrem uma baixa em seu rendimento escolar, sentem-se tontos e nauseados, e adormecem na sala de aula. Depois, repentinamente, suas energias retornam. E ficam ativos e saudáveis até o próximo mês de fevereiro. Os professores sardenhos sabem que os adultos também apresentam sintomas semelhantes e que, na realidade, alguns chegam a morrer após urinarem uma grande quantidade de sangue. Por vezes, aproximadamente 35% dos habitantes da ilha chegam a ser acometidos por este mal. O Dr. Marcelo Siniscalco, do Centro de Cancerologia Sloan-Kedttering, em Nova Iorque, e o Dr. Arno G. 7 Motulsky, da Universidade de Washington, depararam pela primeira vez com a doença em 1959, enquanto desenvolviam um estudo sobre padrões de hereditariedade e determinaramque os sardenhos eram vítimas de anemia hemolítica, uma doença hereditária que faz com que os glóbulos vermelhos do sangue se desintegrem no interior dos veios sangüíneos. Os pacientes urinavam sangue porque os rins filtram e expelem a hemoglobina não aproveitada. Se o volume de destruição for mínimo, o resultado será a letargia; se for aguda, a doença poderá acarretar a morte do paciente. A anemia hemolítica pode ter diversas origens. Mas na Sardenha, as experiências indicam que praticamente todas as pessoas acometidas por este mal têm deficiência de uma única enzima, chamada deidrogenase fosfo-glucosada-6 (ou G-6-PD), que forma um elo de suma importância na corrente de produção de energia para as células vermelhas do sangue. Mas os sardenhos ficam doentes apenas durante a primavera, o que indica que a falta de G-6-PD da vítima não aciona por si só a doença - que há algo no meio ambiente que tira proveito da deficiência. A deficiência genética pode ser a arma, mas um fator ambiental é quem a dispara. Entre as plantas que desabrocham durante a primavera na Sardenha encontra-se a fava ou feijão italiano - observou o Dr. Siniscalco. Esta planta não tem uma boa reputação desde ao ano 500 a.C. , quando o filósofo grego e reformador político Pitágoras proibiu que seus seguidores a comessem, ou mesmo andassem por entre os campos onde floresciam. Agora, o motivo de tal proibição tornou-se claro; apenas aquelas pessoas que carregam o gene defeituoso e comiam favas cruas ou parcialmente cozidas (ou inspiravam o pólen de uma planta em flor) apresentavam problemas. todos os demais eram imunes. Em dois anos, o Dr. Motusky desenvolveu um teste de sangue simples para medir a presença ou ausência de G-6-PD. Atualmente, os cientistas têm um modo de determinar com exatidão quem está predisposto à doença e quem não está; a enzima hemolítica, os geneticistas começaram a fazer a triagem da população da ilha. Localizaram aqueles em perigo e advertiram-lhes para evitar favas de feijão durante a estação de floração. Como resultado, a incidência de anemia hemolítica e de estudantes apáticos começou a declinar. O uso de marcadores genéticos como instrumento de previsão da reação dos sardenhos à fava de feijão há 20 anos foi uma das primeiras vezes em que os marcadores genéticos eram empregados deste modo; foi um avanço que poderá mudar o aspecto da medicina moderna. Os marcadores genéticos podem prever agora a possível eclosão de outras doenças e, tal como a anemia hemolítica, podem auxiliar os médicos a prevenirem totalmente os ataques em diversos casos. (Zsolt Harsanyi e Richard Hutton, publicado no jornal O Globo). Perífrase Observe: O povo lusitano foi bastante satirizado por Gil Vicente. Utilizou-se a expressão "povo lusitano" para substituir "os portugueses". Esse rodeio de palavras que substituiu um nome comum ou próprio chama-se perífrase. Perífrase é a substituição de um nome comum ou próprio por um expressão que a caracterize. Nada mais é do que um circunlóquio, isto é, um rodeio de palavras. Outros exemplos: astro rei (Sol) | última flor do Lácio (língua portuguesa) | Cidade-Luz (Paris) Rainha da Borborema (Campina Grande) | Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro) 8 Observação: existe também um tipo especial de perífrase que se refere somente a pessoas. Tal figura de estilo é chamada de antonomásia e baseia-se nas qualidades ou ações notórias do indivíduo ou da entidade a que a expressão se refere. Exemplos: A rainha do mar (Iemanjá) O poeta dos escravos (Castro Alves) O criador do teatro português (Gil Vicente) Síntese A síntese de texto é um tipo especial de composição que consiste em reproduzir, em poucas palavras, o que o autor expressou amplamente. Desse modo, só devem ser aproveitadas as idéias essenciais, dispensando-se tudo o que for secundário. Relações sintáticas Este assunto relaciona-se com a correção gramatical em todos os seus aspectos. Em algumas questões, observamos que a banca sugere alguma mudança de ordem na construção, inclusão ou retirada de algum termo, perguntando sobre um possível erro gramatical. É importante perceber se o comando da questão solicita apenas compreensão gramatical ou também alteração de sentido. Estilística A estilística preocupa-se com a correção gramatical, clareza, objetividade e elegância. Exemplo O período cuja redação está inteiramente clara e correta é: (A) Um humorista já lembrou que na democracia os cidadãos a vêem como um regime no qual não se nega a ninguém o direito de concordar com eles. (B) De acordo com um humorista, muitos democratas aplaudem esse regime porque julgam que, nele, todos têm o direito de concordar consigo. (C) A democracia (segundo um humorista) é o regime no qual cada cidadão não nega a ninguém o direito de com ele concordar. (D) Disse um humorista que muitos definem a democracia como o regime que se preserva o direito de todos os cidadãos com eles concordarem. (E) A democracia definiu um humorista é aquele regime que as pessoas não negam o direito do próximo, que é o de concordarem com elas. Gabarito: C Vocabulário 9 Trabalha-se neste assunto a capacidade de compreensão de termos ou expressões no contexto apresentado na prova. Alguns itens sugerem troca de um termo; outros, o sentido contrário; outros ainda apenas o sentido da palavra. Exemplo Patrocinar um concurso para estudantes costuma ser bom negócio para uma empresa. É uma estratégia eficaz para reforçar a imagem diante do mercado – e dos profissionais que atuarão nele – a um custo baixo. Os gastos se limitam à divulgação e aos prêmios. (...) Para algumas companhias, provocar a criatividade dos estudantes traz ganhos ainda mais práticos. O trecho acima permaneceria correto e manteria o sentido original, caso os termos nele sublinhados fossem substituídos, respectivamente, por: a) Bancar, útil, de pouca envergadura, cerceiam e formandos. b) Propiciar, bom, insignificantes, reduzem e acadêmicos. c) Provocar, mercadológico, mínimo, têm pouca importância e profissionais. d) Produzir, favorável, econômica, conforma e formandos. e)Promover, eficiente, reduzido, resumem e universitários. Gabarito: E 2 Tipologia textual. Os textos podem ser classificados, segundo sua tipologia textual, em dissertação, narração ou descrição. Dissertação Dissertar é apresentar uma idéia a partir de um ponto de vista sobre determinado assunto. O texto dissertativo estrutura-se em conhecimento, informações, argumentação, opinião. A dissertação geralmente é organizada em teseargumentação-conclusão. Encontramos, em concursos, algumas variantes do modelo tradicional, porém, basicamente, a dissertação estrutura-se em exposição de idéias e argumentação. Exemplo de texto dissertativo: “Nos últimos 110 anos, poucas economias tiveram um desempenho tão formidável como a brasileira. O que chama a atenção, no país, é a sua capacidade de se desenvolver e, simultaneamente, sua incapacidade de promover um destino melhor aos seus desamparados. Mais do que isso: o Brasil, ao longo das últimas décadas, só tem conseguido crescer produzindo um número cada vez maior de miseráveis.” (Revista Veja, 19 dezembro de 2001.) Narração O texto narrativo relaciona-se a mudança de tempo e ocorrência de ações. Narrar é relatar acontecimentos vividos por personagens e ordenados em uma lógica. Não há necessariamente preocupação com a idéia como ocorre no texto dissertativo. A narrar, conta-se uma história para o leitor. 10 Exemplo: Geraldo, servidor público, 42 anos, conheceu Samanta em um beco em bairro de prostituição. A própria vivia de seus passeios alegrando homens solitários e com dinheiro para o prazer. Geraldo a tirou dessa vida e lhe deu tudo de melhor: alugou um quarto em bairro decente, pagou médico, dentista, manicura… Dava tudo quanto ela queria. Quando Samanta ficou bonita e com aparência de gente de sociedade,arranjou logo um namorado e abandonou Geraldo. Descrição O texto descritivo tem como características de detalhes, aspectos físicos e/ou psicológicos. O texto traz em si a capacidade de estimular imagens ou impressões a partir da organização das idéias apresentadas pelo autor. Alguns gramáticos definem o texto dissertativo como a fotografia formada por palavras. A descrição pode ser assim sintetizada: é a recriação de imagens sensoriais na mente do leitor. Exemplo de texto descritivo: “Fui também recomendado ao Sanches. Achei-o supinamente antipático: cara extensa, olhos rasos, mortos, de um pardo transparente, lábios úmidos, porejando baba, meiguice viscosa de crápula antigo. Primeiro que fosse do coro dos anjos, no meu conceito era a derradeira das criaturas.” Raul Pompéia. Interpretação e gramática (MUITO IMPORTANTE) Algumas questões surpreendem os candidatos pela habilidade com que algumas bancas exigem, em um mesmo item da prova, interpretação e gramática. Muita calma quando isso ocorrer. Exemplo Para que o enunciado apresentado na questão seguinte se reduza a uma só frase,algumas adaptações e correções devem ser feitas. Assinale a opção adequada conforme o enunciado anterior. I – A raposa lembra os despeitados. (idéia principal) II – Atributo dos despeitados: fingem-se superiores a tudo. III – A raposa desdenha das uvas. (oração com valor de adjetivo) IV – Causa do desdenho: não poder alcançar as uvas. a) Porque não pode alcançar as uvas de que ela desdenha, a raposa, fingindo-se superior a tudo, lembra os despeitados. b) A raposa, desdenhando das uvas que não se podem alcançar, lembra os despeitados que se fingem superiores a tudo. c) A raposa, que desdenha as uvas porque não pode alcançá-las, lembra os despeitados, que se fingem superiores a tudo. d) Como não pode alcançar as uvas, a raposa que se finge superior a tudo e as desdenha, lembra os despeitados. e) Fingindo-se superior a tudo, a raposa que desdenha das uvas porque não as pode alcançar, lembra dos 11 despeitados. 3 Ortografia oficial as alterações introduzidas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995. Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um passo em direção à pretendida unificação ortográfica desses países. Como o documento oficial do Acordo não é claro em vários aspectos, elaboramos um roteiro com o que foi possível estabelecer objetivamente sobre as novas regras. Esperamos que este guia sirva de orientação básica para aqueles que desejam resol- ver rapidamente suas dúvidas sobre as mudanças introduzidas na ortografia brasileira, sem preocupação com questões teóricas. Mudanças no alfabeto O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa a ser: A B C D E F G H IJ K L M N O P Q R S T U V W X Y Z As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo: a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (qui- lograma), W (watt); b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano. Trema Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui. Como era Como fica agüentar aguentar argüir arguir bilíngüe bilíngue cinqüenta cinquenta delinqüente delinquente eloqüente eloquente ensangüentado ensanguentado eqüestre equestre freqüente frequente lingüeta lingueta lingüiça linguiça qüinqüênio quinquênio sagüi sagui seqüência sequência seqüestro sequestro tranqüilo tranquilo Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano. Mudanças nas regras de acentuação 1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba). Como era Como fica alcalóide alcaloide alcatéia alcateia andróide androide apóia (verbo apoiar) apoia apóio (verbo apoiar) apoio asteróide asteroide bóia boia celulóide celuloide clarabóia claraboia colméia colmeia Coréia Coreia debilóide debiloide epopéia epopeia estóico estoico estréia estreia estréio (verbo estrear) estreio geléia geleia heróico heroico idéia ideia jibóia jiboia jóia joia odisséia odisseia paranóia paranoia paranóico paranoico platéia plateia tramóia tramoia 12 Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus. 2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo. Como era Como fica baiúca baiuca bocaiúva bocaiuva cauíla cauila feiúra feiura Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí. 3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s). Como era Como fica abençôo abençoo crêem (verbo crer) creem dêem (verbo dar) deem dôo (verbo doar) doo enjôo enjoo lêem (verbo ler) leem magôo (verbo magoar) magoo perdôo (verbo perdoar) perdoo povôo (verbo povoar) povoo vêem (verbo ver) veem vôos voos zôo zoo 4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. Como era Como fica Ele pára o carro. Ele para o carro. Ele foi ao pólo Ele foi ao polo Norte. Norte. Ele gosta de jogar Ele gosta de jogar pólo. polo. Esse gato tem Esse gato tem pêlos brancos. pelos brancos. Comi uma pêra. Comi uma pera. Atenção: • Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa do singular. Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode. • Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim. • Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros. Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra. Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes. Ele detém o poder. / Eles detêm o poder. Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas. • É facultativo o uso do acento circun- flexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o 13 uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo? 5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir. 6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. Veja: a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplos: • verbo enxaguar: enxáguo,enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem. • verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam. b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras): • verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem. • verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam. Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos. Uso do hífen Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos leitores, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo. As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini,multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc. 1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos: anti-higiênico anti-histórico co-herdeiro macro-história mini-hotel proto-história sobre-humano super- homem ultra-humano Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h). 2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento. Exemplos: aeroespacial agroindustrial anteontem antiaéreo antieducativo autoaprendizagem autoescola autoestrada autoinstrução coautor coedição extraescolar infraestrutura plurianualsemiaberto semianalfabeto semiesférico semiopaco Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc. 3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s. Exemplos: anteprojeto antipedagógico autopeça autoproteção coprodução geopolítica microcomputador pseudoprofessor semicírculo semideus seminovo ultramoderno Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc. 4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos: antirrábico antirracismo antirreligioso antirrugas antissocial biorritmo contrarregra contrassenso cosseno infrassom microssistema minissaia multissecular neorrealismo neossimbolista semirreta ultrarresistente. ultrassom 14 5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal. Exemplos: anti-ibérico anti-imperialista anti-inflacionário anti-inflamatório auto-observação contra-almirante contra- atacar contra-ataque micro-ondas micro-ônibus semi-internato semi-interno 6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante. Exemplos: hiper-requintado inter-racial inter-regional sub-bibliotecário super-racista super-reacionário super-resistente super-romântico Atenção: • Nos demais casos não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermuni- cipal, superinteressante, superproteção. • Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc. • Com os prefixos circum e pan, usa- se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum- navegação, pan-americano etc. 7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal. Exemplos: hiperacidez hiperativo interescolar interestadual interestelar interestudantil superamigo superaquecimento supereconômico superexigente superinteressante superotimismo 8. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen. Exemplos: além-mar além-túmulo aquém-mar ex-aluno ex-diretorex-hospedeiro ex-prefeito ex-presidente pós-graduação pré-história pré-vestibular pró-europeu recém-casado recém-nascido sem-terra 9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim. Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu. 10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo. 11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. Exemplos: girassol madressilva mandachuva paraquedas paraquedista pontapé 12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos: Na cidade, conta- -se que ele foi viajar. O diretor recebeu os ex- -alunos. Resumo Emprego do hífen com prefixos Regra básica Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-homem. Outros casos 1. Prefixo terminado em vogal: • Sem hífen diante de vogal diferente: 15 autoescola, antiaéreo. • Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo. • Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom. • Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas. 2. Prefixo terminado em consoante: • Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário. • Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico. • Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. Observações 1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região, sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. 2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum- navegação, pan-americano etc. 3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc. 4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc. 5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista etc. 6. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-e . 4 Acentuação gráfica. Os acentos Em português, os acentos gráficos empregados são: acento agudo (´) – colocado sobre as letras a, i, u e sobre o e da seqüência –em, indica que essas letras representam as vogais das sílabas tônicas: Amapá, saída, fúnebre, porém; sobre as letras e e o, indica que representam as vogais tônicas com timbre aberto: médico, herói. Acento grave (`) – indica as diversas possibilidades de crase da preposição a com artigos e pronomes: à, às, àquele, àquela, àquilo, por exemplo. 16 Acento circunflexo (^) – indica que as letras e e o representam vogais tônicas com timbre fechado; surge sobre a letra a que representa a vogal tônica, normalmente diante de m, n, ou nh: mês, lêem, pêssego, compôs, câmara. Trema (¨) – indica que a letra u representa semivogal nas seqüências gue, gui; que, qui: agüentar, sagüi, cinqüenta, tranqüilo. Til (~) – indica que as letras a e o representam vogais nasais: órfã, mãozinha; corações, põe. Também indica que a vogal é tônica em casos em que, pelas regras a acentuação gráfica é obrigatória: rã, maçã. Regras fundamentais Proparoxítonas Todas as palavras proparoxítonassão graficamente acentuadas. árvore, álibi, lâmpada, pêssego, quiséssemos, África. Paroxítonas São acentuadas as palavras paroxítonas que apresentam as seguintes terminações: i (s), us vírus, bônus, júri, lápis, tênis um, uns fórum, álbum, álbuns, médium r caráter, mártir, revólver x tórax, ônix, látex n hífen, pólen, abdômen l fácil, amável, indelével ditongos Itália, Áustria, memória, cárie, róseo, Ásia, fáceis, férteis, orais imóveis, fósseis, jérsei (crescentese decrescentes) ão (s) órgão, órgãos, sótão, sótãos ã (s) órfã, órfãs, ímã, ímãs ps bíceps, fórceps Oxítonas São acentuadas as palavras oxítonas que apresentam as seguintes terminações: a (s) maracujá, ananás e (s) café, cafés, você o (s) dominó, paletós, vovô, vovó em, ens armazém, vintém, armazéns, vinténs Essa regar aplica-se também aos seguintes casos: 17 a) monossílabos tônicos terminados em a,e o (seguidos ou não de s) pá, pé, pó, pás, pés, pós, lê, vê, dê, hás, crês b) formas verbais terminadasu em a, e, o tônicos seguidas de lo, la, los, las amá-lo, dizê-lo, repô-la, fá-lo-á, pô-lo Regras especiais 1. Os ditongos de pronúncia aberta eu, éi, oi recebem acento agudo na vogal. Céu, chapéu, anéis, coronéis, herói, anzóis, caracóis, Andréia 2. Coloca-se acento circunflexo na primeira vogal dos hiatos ôo e êe. vôo, enjôo, vôos, enjôos, corôo, perdôo, abençôo, lêem, descrêem, dêem, relêem 3. Coloca-se acento nas vogais i e u que formam hiato com a vogal anterior. sa-í-da, sa-ís-te, sa-ú-de, ba-la-ús-tre, sa-í-mos, ba-ú, ra-í-zes, ju-í-zes, Lu-ís, sa-í, pa-ís, He-lo-í-sa a) Não se acentuam o i e o u que formam hiato quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: Ra-ul, ru-im, com-tri-bu-in-te, sa-ir-des, ju-iz b) Não se acentuam as letras i e u dos hiatos se estiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, vem-to-i-nha c) Não se acentuam as letras i e u dos hiatos se vierem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba No entanto, se se tratar de palavra proparoxítona haverá o acento, já que a regra de acentuação das proparoxítonas prevalece sobre a dos hiatos: fri-ís-si-mo, se-ri-ís-si-mo 4. Coloca-se trema na letra u dos encontros gue, gui, que, qui, quando pronunciada atonamente (nesses casos, o ü é semivogal). tranqüilo, freqüente, lingüiça, sagüi Se a letra u de tais encontros for pronunciada tonicamente, levará acento agudo (nesses casos, o ú é vogal). averigúe, apazigúe, argúi, argúis Se a letra u de tais encontros não for pronunciada, evidentemente não levará acento algum (nesses casos, temos dígrafos). quilo, quente, guerra, guerreiro, queijo 5. Os verbos ter e vir levam acento circunflexo na terceira pessoa do plural do presente do indicativo. singular plural 18 ele tem eles têm ele vem eles vêm 6. Os verbos derivados de ter e vir levam acento agudo na terceira pessoa do singular e acento circunflexo na terceira pessoa do plural do presente do indicativo. singular plural ele retém eles retêm ele intervém eles intervêm 5 Emprego das classes de palavras. As Classes Gramaticais SUBSTANTIVO Colômbia, bola, medo, trovão, paixão, etc. Essas palavras estão dando nome a lugar, objeto, sensação física, fenômenos da natureza, emoções, enfim as coisas em geral. Esses nomes são chamados SUBSTANTIVOS. Assim, podemos dizer que substantivo é a palavra que dá nome aos seres. Eles podem ser classificados da seguinte forma: Concreto; Abstrato; Comuns; Próprios. CLASSIFICAÇÃO DO SUBSTANTIVO Substantivo - É aquele que indica a existência de seres reais ou imaginários. Exemplos: Reais imaginários Brasil bruxa Recife curupira ABSTRATO É aquele que indica sentimentos, qualidades, ações, estados e sensações. 19 Exemplo: Sentimento: amor, ódio, paixão; Qualidade: honestidade, fidelidade, perfeccionismo; Ações: trabalho, doação; Estado: vida, solidão, morte; Sensação: calor, frio. COMUNS É aquele que indica elementos de uma mesma espécie. Exemplo: Criança, cidade, livro. PRÓPRIO É aquele que indica um ser em particular. Exemplo: Roberto, Pernambuco, Capibaribe, Brasil. Os nomes próprios são utilizados principalmente em: Rios: Capibaribe, Amazonas; Cidades: Recife, Porto Alegre; Estados: Pernambuco, Rio Grande do Sul; Países: Brasil, Austrália; Pessoas: Rubem, Antônio; Empresas: Intel, Oracle. Observação: o substantivo coletivo é um substantivo comum que, mesmo no singular indica um agrupamento, multiplicidade de seres de uma mesma espécie. Relação de alguns substantivos coletivos Assembléia – de pessoas reunidas, de parlamentares 20 Acervo – de obras de arte Alcatéia – de lobos Antologia – de textos Arquipélago – de ilhas Atlas – de mapas Arsenal – de armas, munições Banda – de músicos Bando – de aves Batalhão – de soldados Biblioteca – de livros Cacho – de frutas Chusma – de pessoas em geral Colméia – de abelhas Constelação – de estrelas Cordilheira – de montanhas Elenco – de atores Enxoval – de roupas Falange – de soldados Fauna – de animais Feixe – de lenha Flora – de plantas Frota – de navios Galeria – de quadros Horda – de bandidos Júri – de jurados Junta – de médicos, examinadores Legião – de soldados Lote – de coisas Manada – de animais Molho - de chaves Multidão – de pessoas Ninhada – de filhotes Pinacoteca – de quadros Piquete – de pessoas em greve Plantel – de animais de raça Pomar – de arvores frutíferas Ramalhete – de flores Réstia – de alho, de cebola Vara – de porcos Vocabulário – de palavras FORMAÇÃO DO SUBSTANTIVO Quanto à formação o substantivo pode ser: 21 Primitivo; Derivado; Simples; Composto. PRIMITIVO Dá origem a outras palavras. Exemplo: Pedra, ferro, vidro. DERIVADO É originado através de outra palavra. Exemplo: Pedreira, ferreiro, vidraçaria. SIMPLES Apresenta apenas um radical na sua formação. Exemplo: Vidro, pedra. COMPOSTO Apresenta dois ou mais radicais na sua formação. Exemplo: Pernilongo, couve-flor. FLEXÃO DO SUBSTANTIVO Por ser uma palavra variável o substantivo sofre flexões para indicar: Gênero: masculino ou feminino; Número: singular ou plural; Grau: aumentativo ou diminutivo. GÊNERO DO SUBSTANTIVO Na língua portuguesa há dois gêneros: masculino e feminino. Será masculino o substantivo que admitir o artigo o e feminino aquele que admitir o artigo a. Exemplo: 22 O avião o calçado o leão A menina a camisa a cadeira SUBSTANTIVO BIFORME Na indicação de nomes de seres vivos o gênero da palavra está ligado, geralmente, ao sexo do ser, havendo, portanto, uma forma para o masculino e outra para o feminino. Exemplo: Garoto – substantivo masculino indicando pessoa do sexo masculino; Garota – substantivo feminino indicando pessoa do sexo feminino. FORMAÇÃO DO FEMININO O feminino pode ser formado das seguintes formas: - trocando a terminação o por a: exemplo: moço moça menino menina - trocando a terminação e por a: exemplo: gigante giganta mestre mestra - acrescentando a letra a: exemplo: português portuguesa cantor cantora - mudando-se ao final para ã, ao, ona: exemplo: catalão catalã valentão valentona leão leoa - com esa, essa, isa, ina, triz: exemplo: conde condessa príncipe princesa poeta poetisa czar czarina ator atriz 23 - por palavras diferentes: exemplo: cavaleiro amazona padre madre homem mulher SUBSTANTIVOS UNIFORMES Há substantivos que possuem uma só forma para indicar tanto o masculino quanto o feminino. Podemos classificá-los em: EPICENOS SOBRECOMUNS COMUNS DE DOIS GÊNEROS EPICENOS São substantivos que designam alguns animais e têm um só gênero. Para indicar o sexo são utilizadas as palavras macho ou fêmea.Exemplo: Cobra macho cobra fêmea Peixe macho peixe fêmea Jacaré macho jacaré fêmea SOBRECOMUNS São substantivos que designam pessoas e tem um só gênero tanto para o masculino como para o feminino. Exemplo: A criança – masculino ou feminino O indivíduo – masculino ou feminino A vítima – masculino ou feminino COMUNS DE DOIS GÊNEROS São substantivos que apresentam uma só forma para o masculino e para o feminino. A distinção se dá através do artigo, adjetivo ou pronome. Exemplo: O motorista a motorista Meu colega minha colega Bom estudante boa estudante 6 Emprego do sinal indicativo de crase. 24 Crase é a fusão de duas vogais idênticas. Representa-se graficamente a crase pelo acento grave. Fomos à piscina à artigo e preposição Ocorrerá a crase sempre que houver um termo que exija a preposição a e outro termo que aceite o artigo a. Para termos certeza de que o "a" aparece repetido, basta utilizarmos alguns artifícios: I. Substituir a palavra feminina por uma masculina correspondente. Se aparecer ao ou aos diante de palavras masculinas, é porque ocorre a crase. Exemplos: Temos amor à arte. (Temos amor ao estudo) Respondi às perguntas. (Respondi aos questionário) II. Substituir o "a" por para ou para a. Se aparecer para a, ocorre a crase: Exemplos: Contarei uma estória a você. (Contarei uma estória para você.) Fui à Holanda (Fui para a Holanda) 3. Substituir o verbo "ir" pelo verbo pelo verbo "voltar". Se aparecer a expressão voltar da, é porque ocorre a crase. Exemplos: Iremos a Curitiba. (Voltaremos de Curitiba) Iremos à Bahia (Voltaremos da Bahia) Não ocorre a Crase a) antes de verbo Voltamos a contemplar a lua. b) antes de palavras masculinas Gosto muito de andar a pé. 25 Passeamos a cavalo. c) antes de pronomes de tratamento, exceção feita a senhora, senhorita e dona: Dirigiu-se a V.Sa. com aspereza Dirigiu-se à Sra. com aspereza. d) antes de pronomes em geral: Não vou a qualquer parte. Fiz alusão a esta aluna. e) em expressões formadas por palavras repetidas: Estamos frente a frente Estamos cara a cara. f) quando o "a" vem antes de uma palavra no plural: Não falo a pessoas estranhas. Restrição ao crédito causa o temor a empresários. Crase facultativa 1. Antes de nome próprio feminino: Refiro-me à (a) Julinana. 2. Antes de pronome possessivo feminino: Dirija-se à (a) sua fazenda. 3. Depois da preposição até: Dirija-se até à (a) porta. Casos particulares 1. Casa Quando a palavra casa é empregada no sentido de lar e não vem determinada por nenhum adjunto adnominal, não ocorre a crase. Exemplos: Regressaram a casa para almoçar - Regressaram à casa de seus pais 2. Terra Quando a palavra terra for utilizada para designar chão firme, não ocorre crase. Exemplos: Regressaram a terra depois de muitos dias. Regressaram à terra natal. 3. Pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aqueles, aquilo. Se o tempo que antecede um desse pronomes demonstrativos reger a preposição a, vai ocorrer a crase. Exemplos: Está é a nação que me refiro. (Este é o país a que me refiro.) 26 Esta é a nação à qual me refiro. (Este é o país ao qual me refiro.) Estas são as finalidades às quais se destina o projeto. (Estes são os objetivos aos quais se destino o projeto.) Houve um sugestão anterior à que você deu. (Houve um palpite anterior ao que você me deu.) Ocorre também a crase a) Na indicação do número de horas: Chegamos às nove horas. b) Na expressão à moda de, mesmo que a palavra moda venha oculta: Usam sapatos à (moda de) Luís XV. c) Nas expressões adverbiais femininas, exceto às de instrumento: Chegou à tarde (tempo). Falou à vontade (modo). d) Nas locuções conjuntivas e prepositivas; à medida que, à força de... OBSERVAÇÕES: Lembre-se que: Há - indica tempo passado. Moramos aqui há seis anos A - indica tempo futuro e distância. Daqui a dois meses, irei à fazenda. Moro a três quarteirões da escola. Mal e mau Essas duas são palavras parônimas, as vezes homônimas – dependendo da pronúncia –, e por isso têm sido confundidas e tomadas uma pela outra. Entretanto, é muito fácil distingui-las se conhecemos suas funções, como veremos a seguir: · Mal (escrito com “l”) – Classifica-se como advérbio de modo e como conjunção subordinativa temporal. Como advérbio, opõe-se a bem e modifica adjetivos (Parece-me pessoa mal-intencionada) e verbos (Mais uma vez, Odilon trabalhou mal). Como conjunção, liga orações e equivale a “tão logo, nem bem”: “Mal tomou posse, começaram as cobranças”. Quando antecedido de artigo ou pronome, expresso ou subentendido, “mal” converte-se em substantivo. Nessa condição, também se opõe a bem e ainda pode flexionar-se: “Devemos combater o mal” (as coisas más) e “Nossos males (nossos problemas) advêm basicamente da falta da noção de cidadania”. · Mau (escrito com “u”) – É adjetivo masculino e assim pode flexionar-se em gênero (má) e número (maus, más). Acompanha substantivos: “Evite dar mau exemplo”, “Estevão e Fernando são sujeitos maus”, “Não é má idéia” e “Fuja das más companhias, porque o resultado a gente já conhece”. “Mau” também pode 27 substantivar-se e, nessa condição, flexionar-se normalmente: “O mau precisa ser mantido sob controle” (neste exemplo, tanto cabem mal como mau, depende do contexto), “Os bons serão recompensados e os maus, punidos”, “No final da história, a boa foi feliz para sempre e a má morreu” e “As frutas boas foram separadas das más”. “Mau” opõe-se a bom. Em resumo: · Mal – Classifica-se como advérbio e conjunção. Antecedido de artigo ou pronome, torna-se substantivo. Como advérbio e substantivo, opõe-se a bem. · Mau – Classifica-se como adjetivo e, antecedido de artigo ou pronome, substantiva-se. Opõe-se a bom. Na dúvida, substitua “mal” por “bem” e “mau” por “bom”. Se fizer sentido, é porque o emprego foi acertado. Por que, por quê, porque, porquê Esses quatro aí complicam muita gente, menos pela complexidade dos conceitos e mais por falta de “pegar- se o touro a unha” e aprender. A grafia desses vocábulos varia conforme o significado que apresentam e a posição na frase. Vamos a eles: · Por que Uso 1 – Grafa-se separadamente e sem acento quando a expressão puder ser substituída por pelo qual, pela qual e seus plurais. Assim, em “Aquele é o portão por que devo entrar”, posso substituir o “por que” por pelo qual. Em “Essas são as razões por que não permaneci no cargo”, posso substituir o “por que” por pelas quais. - Classe de palavra – Preposição por + pronome relativo que. - Uso 2 – Grafa-se da mesma maneira quando “por que” puder ser substituída por por qual motivo, por qual razão. Exemplos: “Por que você faltou?” e “Não sei por que a semente não germinou”. - Classe de palavra – Preposição por + pronome interrogativo que. · Por quê - É o mesmo caso do “uso 2”, acima, mas aqui o pronome interrogativo termina a frase e depois dele, portanto, vem algum sinal de pontuação: “Afinal, a Marina não veio, por quê?” e “Não me pergunte por quê, já lhe disse.” Como vimos, grafa-se separadamente e com acento circunflexo no “e”. · Porque - Uma só palavra, sem acento gráfico. Introduz noção de causa ou alguma explicação. - Classe de palavra - Conjunção subordinativa causal: “O Brasil é país injusto porque sua elite é egoísta”. A causa de o Brasil ser país injusto é sua elite ser egoísta. (Equivale a uma vez que.) - Conjunção coordenativa explicativa: “Precisei afastar-me porque alguém se aproximou”. A aproximação de alguém explica meu afastamento. (Equivale a pois.) · Porquê - Uma só palavra, acentuada. 28 - Classe de palavra – Substantivo. É empregada antecedida de artigo, adjetivo, pronome, numeral, enfim, de vocábulos que normalmente acompanham um substantivo.Exemplos: “Gostaria de saber o porquê disso tudo”. “Quer saber por quê? Tenho pelo menos dois porquês.” Significa razão, motivo. Ao invés de ou em vez de? As duas formas estão corretas, cada uma com seu sentido. "Ao invés de" significa "ao contrário de" e usa-se quando se colocam em oposição idéias contrárias. Exemplos: "Ao invés de economizar, Gilda gastou todo o dinheiro" e "Teria sido melhor se Mário, ao invés de falar, ficasse quieto". "Em vez de" quer dizer "no lugar de" e usa-se tanto no primeiro caso como quando as idéias não são contrárias, por exemplo: "Manifeste-se, em vez de se omitir", "Em vez de crase, estude regência nominal agora" e "Por que você não usa a blusa amarela, em vez dessa (de + essa) feiosa aí?". Assim, é incorreto dizer-se "Ao invés de ir à padaria, foi ao supermercado", pois padaria não encerra idéia contrária à de supermercado. Onde e aonde "Onde" significa em que lugar. "Aonde" equivale a para qual lugar e emprega-se sempre com verbos que dão idéia de movimento, como ir e levar. Exemplos: "Aonde Viviane vai?". Com os verbos que não encerram idéia de movimento, usa-se "onde": "Onde você mora?" e "A casa onde nasci não existe mais". Onde e aonde são advérbios e, quanto à função, podem ser classificados como interrogativos e relativos. Serão interrogativos se integrarem oração interrogativa, tanto direta como indireta: "Onde está meu casaco?" e "Diga-me aonde Neusa foi". Serão relativos se se referirem a antecedente expresso ou implícito: "Esta é a piscina onde fui campeão" (onde = em que, na qual ® relativo) e "Vou aonde você vai". (Aonde = ao lugar para o qual ® o qual é relativo.) Esta oração equivale a "Vou ao lugar para o qual você vai". Norma culta - Padrão formal vs. coloquial Norma culta nada mais é do que a modalidade lingüística escolhida pela elite de uma sociedade como modelo de comunicação verbal. É a língua das pessoas escolarizadas. Ela comporta dois padrões: o formal e o coloquial: · Padrão formal - É o modelo culto utilizado na escrita, que segue rigidamente as regras gramaticais. Essa linguagem é mais elaborada, tanto porque o falante tem mais tempo para se pronunciar de forma refletida como porque a escrita é supervalorizada na nossa cultura. É a história do "vale o que está escrito". · Padrão coloquial - É a versão oral da língua culta e, por ser mais livre e espontânea, tem um pouco mais de liberdade e está menos presa à rigidez das regras gramaticais. Entretanto, a margem de afastamento dessas regras é estreita e, embora exista, a permissividade com relação às "transgressões" é pequena. Assim, na linguagem coloquial, admitem-se, sem grandes traumas, construções como "Ainda não vi ele", 29 "Me passe o arroz" e "Não te falei que você iria conseguir?", inadmissíveis na língua escrita. O falante culto, de modo geral, tem consciência dessa distinção e ao mesmo tempo em que usa naturalmente as construções acima na comunicação oral, evita-as na escrita. Contudo, como se disse, não são muitos os desvios admitidos, e muitas formas peculiares da norma popular são condenadas mesmo na linguagem oral. Construções como "Nóis foi na fazenda" (o "na" ainda seria tolerado) e "Ele pagou dois milhão pelos boi" são impensáveis na boca de um falante culto em ambiente culto, pois passam a quem ouve a impressão de total falta de escolaridade de parte de seu autor. Já em ambiente inculto seriam apropriadas: é a história de "Em Roma, como (fazem) os romanos". Por outro lado, usos próprios do padrão formal empregados na língua oral costumam parecer forçados ou artificiais no falar despreocupado do dia-a-dia e configuram o que se chama de preciosismo. É o caso de, num bate-papo, ouvirem-se certos empregos do pronome oblíquo - "Ainda não o vimos por aqui" -, flexões do mais-que-perfeito do indicativo - "Eu ainda não entrara no Banco quando aquilo aconteceu - e, o que é pior, o uso da mesóclise, como em "Você ver-se-ia em maus lençóis se continuasse a insistir naquilo". Moral da história: assim como se usa traje apropriado para cada situação social, também se use o padrão lingüístico adequado para as diferentes situações de comunicação social. Haviam ou havia muitas crianças na creche? A segunda. Empregado no sentido de “existir”, o verbo haver é impessoal, isto é, não tem sujeito e permanece invariável na terceira pessoa do singular, como em “Não houve um único aluno ausente”, “Havia policiais disfarçados no salão” e “Haverá muitas pessoas que reclamarão”. Ao integrar conjugação composta – a formada por verbo principal e auxiliar –, o verbo haver, no caso de que se trata, torna impessoal também o auxiliar: “Devia haver irregularidades ali” e “Apesar dos prejuízos que possa ter havido, a loja continuou aberta”. Se “haver” for substituído por existir, a concordância processar-se-á normalmente: “Existem vários casos de falha mecânica” E/ou Às vezes, deparamos com essa combinação de conjunções ligadas por barra, que indica a simultaneidade dos elementos que a antecedem e sucedem ou sua alternância. O caso mais comum é o dos nomes de correntistas bancários em contas correntes conjuntas de titulares solidários, ou seja, as contas em que um dos titulares aceita e valida a movimentação que o outro faz, como em “José dos Anzóis Pereira e/ou Maria Farinha Pereira”. Neste exemplo, o “e” indica que os titulares da conta são, conjuntamente, José e Maria e o “ou” expressa a possibilidade de operação da conta por um ou outro isoladamente. Outros exemplos: 1. “Há situações em que o chefe de culto, através do jogo de búzios e/ou tarô conclui que o mal que aflige a pessoa é puramente orgânico” – Considera-se que pode ser praticado o jogo de búzios juntamente com o de tarô ou um deles somente. 2. “Sobremesa: fruta ácida e/ou suco de fruta ácida” – Entende-se que podem ser servidos, como sobremesa, a fruta e o suco ou um deles apenas. 30 3. “Os jornais pertencem a correligionários e/ou estimados amigos da família” – Há três situações possíveis: existem jornais pertencentes a correligionários que também são amigos ou então a correligionários apenas ou a amigos não-correligionários. 4. “A superstição pode consistir em apego exagerado e/ou infundado a qualquer coisa” – Entende-se que o apego pode ser simultaneamente exagerado e infundado ou somente exagerado ou apenas infundado. 5. “Poderá ser indicado produto complementar e/ou desenvolvimento das características do sistema” – Há três soluções possíveis: aquisição de produto e desenvolvimento de características ou então, isoladamente, aquisição de produto ou desenvolvimento de características. O que não cabe é usar-se a fórmula e/ou em contextos em que bastaria a alternância ou nos quais a referência é feita a ambos os elementos conjuntamente. Assim, são inadequadas frases como (6) “São sócios honorários os que se tenham distinguido pela doação de bens patrimoniais e/ou financeiros de relevância” e (7) “A multa decorre de atraso nos tempos previstos de vôos nacionais e/ou internacionais”. Em (6), basta a pessoa haver doado isoladamente bens patrimoniais ou financeiros para ser considerada sócia honorária. Desse modo, ela não necessita doar os dois tipos de bem para conseguir a honraria. O emprego de “ou”, portanto, é suficiente. Em (7), se a multa se aplica a ambas as situações, utilize-se apenas “e”. Se a penalidade se aplicasse somente a um dos casos, o outro não deveria sequer ser mencionado: “A multa decorre de atraso nos tempos previstos de vôos nacionais” ou “A multa decorre de atraso nos tempos previstos de vôos internacionais”. O emprego da fórmula e/ou requer alguma cautela para garantir-se coerência. Tem a ver em alguma medida com o raciocínio lógico. Esta e está Atualmente, esse par vem suscitando muitas dúvidas entre as pessoas, estudantes, inclusive. Vamos esclarecer o sentido de um e de outro: Esta é pronome demonstrativo feminino (pronome substantivoou adjetivo, conforme o contexto) e serve para designar algo no espaço ou no texto. Assim, temos: “Esta cadeira está quebrada”, “Esta última não existe no Brasil” (num texto, depois de enumeração de vários nomes de frutas, por exemplo) e “Sua mesa é esta”. Repare que não há qualquer acento gráfico em “esta”. Ela é paroxítona, isto é, o acento tônico recai na penúltima sílaba e o “e” é aberto; (és-ta). Está é flexão do verbo “estar” na terceira pessoa do singular do presente do indicativo e na segunda pessoa do imperativo afirmativo. Como esta possibilidade é de ocorrência rara, vamo-nos ater à flexão do indicativo, como em “Paulo está melhor de saúde agora”, “Quem está aí?” e “Carlos está viajando pela Europa”. Portanto, está é forma verbal, que indica estado. Note que nessa palavra há o acento gráfico no “á”, o que mostra ser ela oxítona, ou seja, a maior força da emissão de voz recai na última sílaba (es-tá). Então, não nos esqueçamos: esta se refere a alguma coisa: pessoa, objeto, idéia, trecho de texto: “esta menina”, “esta panela”, “esta proposta”. Está é forma verbal e pode ter sujeito (Norma está bordando) ou não (Está frio lá fora). 31 Até e Até a Quando liga dois termos oracionais, "até" classifica-se como preposição, como em (1) “Correu até o poste”. Nessa condição, pode ser usada sozinha, como nesse exemplo, ou acompanhada da preposição "a". Assim, (2) "Vou até o boteco/Vou até ao boteco" e (3) "Caminharei até a praça/Caminharei até à praça". Na hipótese de usar-se a locução “até a”, cuide-se para verificar se o nome que a segue é feminino e se está sendo usado com o artigo “a”. Neste caso, haverá crase, como acabamos de ver em (3). As coisas ocorrem assim: “Vou até a + a praça ® Vou até à praça”. Da mesma forma, (4) “Chegamos até à vila de São João” e (5) “Caminhamos até às ruínas de Tiahuanaco”. “Até” pode-se classificar também como advérbio e dessa maneira equivale a “ainda”, “mesmo”: (6) “Podemos até vender a chácara”. Note que esse emprego é expletivo: se retiramos a palavra assinalada, o sentido básico da oração não se altera, mas ela perde algo de sua força expressiva: (7): “Podemos vender a chácara”. Dia a dia/dia-a-dia A escolha dessas duas causa freqüentes dúvidas. Vamos esclarecer: A locução adverbial “dia a dia” (sem hífen) significa todos os dias, cada dia e exerce a função sintática de adjunto adverbial, como em "Ela trabalhou dia a dia (dia após dia) com muita dificuldade" e “Antigamente, o custo de vida subia dia a dia”. Observe que esse sintagma não vem determinado por artigo ou pronome. Já a forma com hífen é substantivo composto e quer dizer diário, cotidiano e pode exercer várias funções sintáticas. Em "Esta roupa é destinada ao uso no dia-a-dia", "dia-a-dia" é adjunto adnominal; em "O dia-a- dia do trabalhador das minas é muito árduo", o composto integra o sujeito "O dia-a-dia do trabalhador das minas"; em “Considero que o dia-a-dia daqueles estudantes é equilibrado”, a função é a de objeto direto; em “Não é raro isso ocorrer no dia-a-dia das pessoas”, adjunto adverbial; e assim por diante. Então, para fixar: * Dia a dia (sem hífen) – Locução adverbial. Funciona como adjunto adverbial e assim vincula-se geralmente a verbos. Não é precedida por artigo ou pronome e significa todos os dias, cada dia. * Dia-a-dia (com hífen) – Substantivo composto. Funciona como sujeito, complemento, adjunto adnominal ou adverbial. Geralmente, é antecedido por artigo ou pronome e quer dizer diário, cotidiano. Através de O emprego dessa locução prepositiva costuma suscitar dúvidas e controvérsias, além de muitas vezes ela ser 32 utilizada de forma incorreta. Vejamos como a norma culta prescreve seu uso. Em primeiro lugar, não nos esqueçamos de esse grupo vocabular ser escrito com “s” final. Em segundo lugar, deve ficar claro que, para atender-se ao que recomenda a Gramática, não é possível a utilização de “através” sem a necessária preposição “de”: “através de”. Por isso, são incorretas frases como “Ouvi a notícia através o rádio”. Depois, desfaçamos aqui equívoco em que incorre muita gente desavisada, que não se aprofunda no estudo e “chuta” opiniões sem base: dão vazão ao mito segundo o qual a locução “através de” só pode ser empregada com o sentido de de um lado para o outro, ou seja, com idéia física de movimento de lado a lado. Essas pessoas ignoram que a língua evolui e que o sentido das palavras e expressões altera-se conforme a vontade do grupo falante. Além do mais, “através de”, com a equivalência de “por meio de”, “mediante” é abonada por escritores consagrados. E ainda: entre os gramáticos eméritos brasileiros, um dos mais conservadores e intransigentes foi o mestre Napoleão Mendes de Almeida. Pois bem, em seu “Dicionário de questões vernáculas”, ele escreve sobre o assunto: “Se constitui erro empregar através de para indicar o agente da passiva (O gol foi feito através do jogador Tal), não se deve por outro lado cair no exagero oposto de julgar que a locução só é possível quando significa ‘de um lado para o outro’, ‘de lado a lado’ (Passou através da multidão – Passou a espada através do corpo). Não vemos erro em: ‘A palavra veio-nos do latim através do francês’”. Portanto, podemos escrever com acerto: “Conheci Denise através de apresentação do Cláudio”, “Os vocábulos oriundos do latim vulgar sofreram muitas alterações através das mudanças fonéticas” e “As instruções vieram-nos através dos canais hierárquicos”. Finalmente, os puristas condenam o emprego dessa locução no agente da passiva. Segundo eles, devemos evitar construções do tipo “Esses nomes foram popularizados através dos meios de comunicação” e “A orientação foi transmitida através do gabinete pessoal”, em que “meios de comunicação” e “gabinete pessoal” são agentes da passiva. Na estruturas sucedâneas, pode ser utilizada a preposição “por”: “Esses nomes foram popularizados pelos meios de comunicação” e “A orientação foi transmitida pelo gabinete pessoal”. 7 Sintaxe da oração e do período. Sujeito e predicado sujeito: termo sobre o qual recai a afirmação do predicado e com o qual o verbo concorda. predicado: termo que projeta uma afirmação sobre o sujeito. Tipos de sujeito Determinado: o predicado se refere a um termo explícito na frase. Mesmo que venha implícito, pode ser explicitado. A noite chegou fria. O sujeito determinado pode ser: Simples: tem só um núcleo: A caravana passa. 33 Composto: tem mais de um núcleo: A água e o fogo não coexistem. Indeterminado: o predicado não se refere a qualquer elemento explícito na frase, nem é possível identificá- lo pelo contexto. (?) Falaram de você. (?) Falou-se de você. Inexistente: o predicado não se refere a elemento algum. Choverá amanhã. Haverá reclamações. Faz quinze dias que vem chovendo. É tarde 2. Termos ligados ao verbo - Objeto direto: completa o sentido do verbo sem preposição obrigatória. Os pássaros fazem seus ninhos. - Objeto indireto: completa o sentido do verbo por meio de preposição obrigatória. A decisão cabe ao diretor. - Adjunto adverbial: liga-se ao verbo, não para completá-lo, mas para indicar circunstância em que ocorre a ação. O cortejo seguia pelas ruas. - Agente da voz passiva: liga-se a um verbo passivo por meio de preposição para indicar quem executou a ação. O fogo foi apagado pela água. 3. Termos ligados ao nome Adjunto adnominal: caracteriza o nome a que se refere sem a mediação de verbo. As fortes chuvas de verão estão caindo. Predicativo: caracteriza o nome a que se refere sempre por meio de um verbo. Pode ser do sujeito e do objeto. Aposto: termo de núcleo substantivo, que se liga a um nome para identificá-lo. O aposto é sempre um equivalente do nome a que se refere. O tempo, inimigo impiedoso, foge apressado. Complemento nominal: liga-se ao nome por meio de preposiçãoobrigatória e indica o alvo sobre o qual se projeta a ação. Procederam à remoção das pedras. 4. Vocativo: Termo isolado, que indica a pessoa a quem se faz um chamado. Vem sempre entre vírgulas e admite a anteposição da interjeição ó. 34 Amigos, eu os convido a sentar. SINTAXE DO PERÍODO 1. Orações subordinadas substantivas São aquelas que desempenham a mesma função sintática do substantivo. Os meninos observaram | que você chegou. (a sua chegada) - Subjetiva: exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. É necessário que você volte. - Objetiva direta: exerce a função de objeto direto da oração principal. Eu desejava que você voltasse. - Objetiva indireta: exerce a função de objeto indireto do verbo principal. Não gostaram de que você viesse. - Predicativa: exerce a função de predicativo. A verdade é que ninguém se omitiu. - Completiva nominal: desempenha a função de complemento nominal. Não tínhamos dúvida de que o resultado seria bom. - Apositiva: desempenha a função de aposto em relação a um nome. Só nos disseram uma coisa: que nos afastássemos. 2. Orações subordinadas adjetivas São aquelas que desempenham função sintática própria do adjetivo. Na cidade há indústrias que poluem. (poluidoras) - Restritiva: é aquela que restringe ou particulariza o nome a que se refere. Vem iniciada por pronome relativo e não vem entre vírgulas. Serão recebidos os alunos que passarem na prova. - Explicativa: é aquela que não restringe nem particulariza o nome a que se refere. Indica uma propriedade pressuposta como pertinente a todos os elementos do conjunto a que se refere. Inicia-se por pronome relativo e vem entre vírgulas. Os homens, que são racionais, não agem só por instinto. 3. Orações subordinadas adverbiais São aquelas que desempenham função sintática própria do advérbio. O aluno foi bem na prova porque estava calmo. (devido à sua calma) - Causal: indica a causa que provocou a ocorrência relatada na oração principal. 35 A moça atrai a atenção de todos porque é muito bonita. - Consecutiva: indica a conseqüência que proveio da ocorrência relatada na oração principal. A moça é tão bonita, que atrai a atenção de todos. - Condicional: indica um evento ou fato do qual depende a ocorrência indicada na oração principal. Se você correr demais, ficará cansado. - Comparativa: estabelece uma comparação com o fato expresso na oração principal. Lutou como luta um bravo. - Concessiva: concede um argumento contrário ao evento relatado na oração principal. O time venceu embora tenha jogado mal. - Conformativa: indica que o fato expresso na oração subordinada está de acordo com o da oração principal. Tudo ocorreu conforme os jornalistas previram. - Final: indica o fim, o objetivo com que ocorre a ação do verbo principal. Estudou para que fosse aprovado. - Temporal: indica o tempo em que se realiza o evento relatado na oração principal. Chegou ao local, quando davam dez horas. - Proporcional: estabelece uma relação de proporcionalidade com o verbo principal. Aprendemos à medida que o tempo passa. 4. Orações coordenadas São todas as orações que não se ligam sintaticamente a nenhum termo de outra oração. Chegou ao local // e vistoriou as obras. As coordenadas podem ou não vir iniciadas por conjunção coordenativa. Chamam-se coordenadas sindéticas as que se iniciam por conjunção e assindéticas as que não se iniciam. Presenciei o fato, mas ainda não acredito. or. c. assindética or. c. sindética As coordenadas assindéticas não se subclassificam. As coordenadas sindéticas subdividem-se em cinco tipos: - Aditiva: estabelece uma relação de soma. Entrou e saiu logo. - Adversativa: estabelece uma relação de contradição. Trouxe muitas sugestões, mas nenhuma foi aceita. - Alternativa: estabelece uma relação de alternância. Aceite a proposta ou procure outra solução. - Conclusiva: estabelece relação de conclusão. Penso, portanto existo. - Explicativa: estabelece uma relação de explicação ou justificação. Contém sempre um argumento favorável ao que foi dito na oração anterior. Ele deve ser estrangeiro, pois fala mal o português. Questão de análise sintática típica dos vestibulares tradicionais: 36 (U. F. PERNAMBUCO) — No período “nunca pensei que ela acabasse”, a oração sublinhada classifica-se como: a) subordinada adjetiva restritiva; b) subordinada adjetiva explicativa; c) subordinada adverbial final; d) subordinada substantiva objetiva direta; e) subordinada substantiva objetiva indireta. (R.: D) Questão de análise sintática típica dos vestibulares inovadores: Esta questão coloca em jogo a combinação sintática entre duas orações e o significado resultante dela, sem exigir análise formal nem o conhecimento de nomenclatura. (U. F. PELOTAS) — A questão da incoerência em um texto quase sempre se liga a aspectos que ferem o raciocínio lógico, a contradições entre uma passagem e outra do texto ou entre o texto e o conhecimento estabelecido das coisas. O fragmento da entrevista concedida pela atriz e empresária Íris Brüzzi, descartada a hipótese de utilização da ironia, apresenta esse problema. “R – Qual é o segredo para conservar sua beleza através dos tempos? Íris – Acredito muito na beleza interior, a de fora acaba. A natureza tem sido generosa comigo. Desculpe a modéstia, mas continuo bonita.(Diário Popular, 1996)”. a) Transcreva a frase que apresenta a incoerência. R.: “Desculpe a modéstia, mas continuo bonita.” b) Reescreva essa frase, eliminando a incoerência. R.: Desculpe a falta de modéstia, mas continuo bonita. ou Desculpe a imodéstia, mas continuo bonita. 8 Pontuação. Os sinais de pontuação servem para marcar pausas (a vírgula, o ponto-e-vírgula, o ponto) ou a melodia da frase (o ponto de exclamação, o ponto de interrogação, etc.). Geralmente, estão ligados à organização sintática dos termos na frase, eles são regidos por regras. Vírgula Ela marca uma pausa de curta duração e serve para separar os termos de uma oração ou orações de um período. A ordem normal dos termos na frase é: sujeito, verbo, complemento. Quando temos uma frase nessa ordem, não separamos seus termos imediatos. Assim, não pode haver vírgula entre o sujeito e o verbo 37 e seu complemento. Quando, na ordem direta, houver um termo com vários núcleos a vírgula será utilizada para separá-los. Na fala de Madonna, a vírgula está separando vários núcleos do predicado na segunda oração. Ex.: " A obscenidade existe e está bem diante de nossas caras. É o racismo, a discriminação sexual, o ódio, a ignorância, a miséria. Tem coisa mais obscena do que a guerra?" Utilizamos a vírgula quando a ordem direta é rompida. Isso ocorre basicamente em dois casos: - quando intercalamos alguma palavra ou expressão entre os termos imediatos, quebrando a seqüência natural da frase. Ex: Os filhos, muitas vezes, mostraram suas razões para seus pais com muita sabedoria. "O que o galhofista queria é que eu, coronel de ânimo desenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente". - quando algum termo (sobretudo o complemento) vier deslocado de seu lugar natural na frase. Ex.: Para os pais, os filhos mostraram suas razões com muita sabedoria. Com muita sabedoria, os filhos mostraram suas razões para os pais. Ponto-E-Vírgula O ponto-e-vírgula marca uma pausa maior que a vírgula, porém menor que a do ponto. Por ser intermediário entre a vírgula e o ponto, fica difícil sistematizar seu emprego. Entretanto, há algumas normas para sua utilização. - usamos ponto-e-vírgula para separar orações coordenadas que já apresentem vírgula em seu interior; - nunca use ponto-e-vírgula dentro de uma oração. Lembre-se ele só pode separar uma oração de outra. Com razão, aquelas pessoas reivindicavam seus direitos; os insensíveisburocratas, porém, em tempo algum, deram atenção a elas. "Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte, para ver a alma." Bernard Shaw - o ponto-e-vírgula também é utilizado para separar vários incisos de um artigo de lei ou itens de uma lista. Ex: [...] Considerando: A) a alta taxa de juros; B) a carência de mão-de-obra; C) o alto valor de matéria-prima; [...] Dois Pontos Os dois-pontos marcam uma sensível suspensão da melodia da frase. São utilizados quando se vai iniciar uma seqüência que explica, identifica, discrimina ou desenvolve uma idéia anterior, ou quando se quer dar 38 início à fala ou citação de outrem. Observe: (Percebeu? Vamos iniciar uma seqüência de exemplos, daí os dois pontos) Descobri a grande razão da minha vida: você Já dizia o poeta: "Deus dá o frio conforme o cobertor". "Por descargo de consciência, do que não carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro: - "São Jorge, Santo Onofre, São José!" Aspas As aspas devem ser utilizadas para isolar citação textual colhida a outrem, falas ou pensamentos de personagens em textos narrativos, ou palavras ou expressões que não pertençam à língua culta (gírias, estrangeirismos, neologismos, etc) O rapaz ficou "grilado" com o resultado da prova. Morava em um "flat" onde havia "playground". Travessão O travessão serve para indicar que alguém fala de viva voz (discurso direto). Seu emprego é constante em textos narrativos em que personagens dialogam. Leia o texto abaixo: -Salve! - Como é que vai? - Amigo, há quanto tempo... - Um ano, ou mais. Podem se usar dois travessões para substituir duas vírgulas que separam termos intercalados, sobretudo quando se quer dar-lhes ênfase. Pelé - o maior jogador de futebol de todos os tempos - hoje é um bem-sucedido empresário. Reticências As reticências marcam uma interrupção da seqüência lógica do enunciado, com a conseqüente suspensão da melodia da frase. São utilizadas para permitir que o leitor complemente o pensamento que ficou suspenso. Nas dissertações objetivas, evite reticências. Ex: Eu não vou dizer mais nada. Você já deve ter percebido que... "Num repente, relembrei estar em noite de lobisomem - era sexta-feira..." Parênteses Os parênteses servem para isolar explicações, indicações ou comentários acessórios. No caso de citações é referências bibliográficas, o nome do autor e as informações referentes à fonte também aparecem isolados por parênteses. 39 "Aborrecido, aporrinhado, recorri a um bacharel (trezentos mil-réis, fora despesas miúdas com automóveis, gorjetas, etc.) e embarquei vinte e quatro horas depois..." Graciliano Ramos "Ela (a rainha) é a representação viva da mágoa..." Lima Barreto. O ponto É usado para marcar o término das orações declarativas. O ponto usado para marcar o final do texto é conhecido como ponto final. Exemplo: Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, Pero Vaz de Caminha escreveu uma carta ao rei D. Manuel na qual informava sobre o descobrimento. Exclamação É usado no final dos enunciados exclamativos, que denotam espanto, surpresa, admiração. Exemplo: Atenção!, Alô!, Bom dia!. Interrogação É usado ao final dos enunciados interrogativos. Exemplo: - Tudo bem com você? - Tudo. E você? - Tudo bem! 9 Concordância nominal e verbal. A concordância verbal é marcada pela relação, em geral, entre o verbo e o sujeito. É o verbo que se desloca, mantendo relação com o sujeito. Temos três tipos de concordância verbal: a concordância lógica ( contato físico, corpóreo, material, empírico, morfológico com todos os núcleos do sujeito), a concordância atrativa ( concordância com o termo mais próximo) e a concordância lógica ( concordância com a idéia que o termo expressa). Das três concordância, a concordância lógica é a concordância precedente. Mas o verbo também mantém contato com termos que não exercem a função de sujeito. Iniciemos os estudos de concordância. 1.REGRA GERAL: Verbo concorda com o sujeito 1.1Sujeito composto anteposto ao verbo = Verbo no plural, relacionando-se com todos os núcleos. * Se os núcleos forem sinônimos, podemos usar a concordância com o núcleo mais próximo ( concordância atrativa ). 40 1.2 Sujeito composto posposto ao verbo = verbo concorda com todos os núcleos ou concorda com o mais próximo. Neste último caso, não precisam ser sinônimos os núcleos. Obs.: Se os núcleos forem antônimos, o verbo será usado sempre no plural. Ex.; a)Honestidade e sabedoria fortalecem todos nós. b)Escárnio e sarcasmo estão/está em seu semblante. c) Amor e ódio estão em suas ações. d)Existe(m) bondade e sabedoria em seus gestos. e)Existem alegria e tristeza em seus gestos. 2.Sujeito + adjunto adverbial de companhia = verbo concorda apenas com o sujeito ou verbo concorda com os dois termos sintáticos. Se o adjunto adverbial estiver virgulado, verbo concorda apenas com o sujeito. Exs.: a)Sandra com seu pai foi/foram à praia. b)Sandra, com seu pai, foi à praia. c)Os rapazes, com o pai de Laura, viajaram. 3.Sujeito formado por coletivo + determinante = verbo concorda com o coletivo, indo para o singular ou verbo concorda com o determinante. Porém, se o primeiro elemento não for coletivo, verbo não concorda com o determinante. Exs.: a)A maioria dos presentes não gostou/ gostaram do evento. b)Boa parte dos brasileiros ignora(m) os fatos. c)Uma chuva de torcedores acredita na seleção d) * O povo foi às ruas. Pediu/Pediram mudanças. e)Têm-se/Tem-se resolvido uma porção de questões. 4.Sujeito formado por número decimal ou fracionário seguidos de determinante = Verbo concorda com o número inteiro ou com o numerador. A concordância com o determinante também é correta. Exs.: a)1,2% do público pagou os impostos. b)2,1% do público pagou/pagaram os impostos. c)1/3 dos brasileiros compareceu(compareceram) às urnas. d)1,2 milhão foi entregue aos cofres públicos. e)1/3 do brasileiro exige mudanças. 5.Os verbos EXISTIR / CONSTAR / RESTAR/ BASTAR/ FALTAR/ OCORRER/ SURGIR pedem sujeito, concordando com o sujeito. Exs. a)Ocorreu / Ocorreram, depois que os fiscais entregaram as provas, surpresa e satisfação por parte dos candidatos. 41 b) Faltam dois meses, apenas. c)Falta, amigos, as provas entregar. 6.Verbos que expressam fenômenos naturais, verbo haver no sentido de existir e verbo fazer indicando tempo = São empregados na 3a pessoa do singular. Exs.: a)Faz dois meses, apenas. b)Choveu muito, ontem. c)* Choveram discórdias durante a sessão. d)Haveria dificuldades, se... 7.V.T.I + SE / V.I + SE / V. de Lig. + SE = O “SE” é índice de indeterminação do sujeito, sendo usado na 3a pessoa do singular, apenas. V.T.D + SE / V.T.D.I + SE = O “SE” é partícula apassivadora. A concordância verbal será com o sujeito. Exs.: a)Têm-se anunciado conclusões inéditas. b)Aspira-se a títulos acadêmicos. c)Reconheceu-se/ Reconheceram-se, de fato, o erro e a ignorância do réu. d)É-se calmo. e)Dorme-se pouco, naquela casa. f)Os erros, aos quais há de se chamar de incipientes atitudes, foram compreendidos por todos da sala. 8.QUE X QUEM = Quando pronomes relativos. Exs.: a)Foram eles quem determinou/determinaram as regras do jogo. b)Foram eles que determinaram as regras do jogo. * No primeiro exemplo acima, sendo “quem” pronome relativo, temos a oração grifada subordinada adjetiva em relação à oração principal “Foram eles”. Ora, qual a função do pronome relativo “quem”? Substituir o pronome pessoal do caso reto “eles”, que exerce a função de sujeito do verbo “Foram” ( verbo SER ). Mas quem é o sujeito da oração subordinada adjetiva? O pronome relativo “quem”. Portanto, ou você, caro leitor, utiliza a concordância lógica, fazendo com que o verbo da oração subordinada adjetiva concorde com o próprio pronome relativo, ficando na 3a pessoa do singular,ou você emprega a concordância ideológica, ou seja, apresenta a concordância do verbo DETERMINAR com a idéia que o pronome relativo traz, utilizando o verbo na 3a pessoa do plural. Ambas estruturas ou flexões verbais corretas, enfim. Já com o emprego do pronome relativo “que”, só podemos usar a concordância ideológica. 9.Sujeito constituído por elementos gradativos = verbo no singular ou no plural. Todavia, se houver quebra da gradação, verbo no plural. Exs.: a)Um mês, um ano, uma década marca/marcam nossa história. b)Um dia, uma semana, um ano, um mês documentam nossos interesses. 10.Sujeito formado por pronomes pessoais distintos: a concordância será respeitando a precedência dos 42 pronomes pessoais. Temos apenas três pronomes pessoais do caso reto: EU/ TU/ ELE. O plural do pronome “eu” é “nós”, o plural do pronome “tu” é “vós” e o plural do pronome “ele” é “eles”. No exemplo “Tu, eu e ela iremos ao clube”, o sujeito está constituído por três pronomes pessoais. Sendo “eu” o pronome de primeira pessoa do singular, terá precedência, proporcionando a flexão do verbo na 1a pessoa do plural . Todavia, no último exemplo abaixo, a flexão do verbo na 2a pessoa do plural também é correta, gramaticalmente, embora seja norma popular ou coloquial culta. Geralmente em concursos públicos, o enunciado da questão exige apenas o uso da norma culta. Exs.; a)Tu, eu e ela iremos ao clube. b)Irá/Iremos ela e eu ao clube. c)Ele e tu ireis/irão ao clube. 11.“Mais de um(a)” integrando o sujeito = faça a concordância com o núcleo do sujeito. a)Mais de uma menina morreu. b)Mais de um menino, mais de uma garota morreram. c)Fugiu/Fugiram mais de um preso, mais de um suspeito. d)Mais de um grupo de crianças correu/correram. e)Mais de um jogador abraçaram-se / abraçou-se com a taça. 12.“Um dos que/Uma das que” = verbo no singular ou no plural. a)Ela foi uma das que gritou/gritaram. b)Virgínia é uma das que acredita/acreditam no projeto. 13.Verbo “SER” : 13.1Ao indicar tempo/hora, a flexão do verbo SER será com o núcleo do adjunto adverbial de tempo. Mas se usarem os termos “cerca de”, “perto de”, “próximo de”, a flexão no singular – relacionando o verbo com essas expressões – também é prudente gramaticalmente. 13.2Ao empregar o verbo SER indicando data, a concordância será com o núcleo do adjunto adverbial de tempo que comunica a data da semana, ou seja, com a palavra “dia” que geralmente fica implícita. Ou você a considera implícita antes do n umeral, ou você a considera implícita após o numeral. Todavia, para o primeiro dia do mês não use numeral cardinal; use apenas ordinal. 13.3Quando o verbo SER estiver relacionado a substantivo e a pronome pessoal do caso reto, a precedência será com o pronome relativo, impedindo a concordância com o substantivo. a)É uma hora. b)São seis horas. c)Devem ser três horas. d)É /São cerca de quatro horas. e)Hoje é 29 de julho de 2002. / Hoje são 29 de julho de 2002. f)Alegria somos nós. 43 g)Eu não sou ele. h)Ele não sou eu. i)Ele é ele. j)Os brasileiros somos nós. k)Tudo é / são flores. [ ambas flexões verbais corretas ] 14.Sujeito constituído por termos pluralícios : Os termos grifados nos exemplos abaixo são pluralícios, ou seja, usados apenas no plural. É comum encontrar registros dizendo que o verbo concorda com o artigo. Tal argumento está incorreto. Artigo se relaciona com substantivo, estabelecendo concordância nominal. No primeiro exemplo abaixo, o sujeito do verbo “participaram” é “Os Estados Unidos”, sendo “Estados Unidos” o núcleo. Ora, nada mais coerente que o verbo ir para o plural, concordando com o núcleo do sujeito. Já no segundo exemplo, há um termo implícito: “país”. Portanto, o verbo “participou”está concordando com o núcleo do sujeito que é a palavra implícita “país”. Quanto ao artigo explícito, trata-se do adjunto adnominal do sujeito, cujo núcleo já verificamos que está implícito. E quanto ao termo pluralício “Estados Unidos”? Este é o aposto. Temos em uso do aposto especificativo ( substantivo comum seguido de substantivo próprio ). É o único aposto que não recebe pontuação. Na terceira exemplificação abaixo, o sujeito está completamente implícito, ficando apenas explícito o aposto especificativo “Estados Unidos” . E quando o sujeito for constituído por um termo pluralício que constitui o nome de uma obra artístico-literária? No quanto exemplo, empregue o verbo na terceira pessoa do plural, tendo “Os Sertões” como sendo sujeito, ou use o verbo PARTICIPAR na terceira pessoa do singular, tendo o termo “Os Sertões” como sendo aposto. Neste último caso, o sujeito está completamente implícito ( a obra, o texto, o livro ). a)Os Estados Unidos participaram. b)O Estados Unidos participou. c)Estados Unidos participou. d)Os Sertões refletem/reflete valores do nordeste. e)Os Alpes proporcionam riquezas. f)Minas Gerais é rica. 15.“Cada um(uma)” = Verbo no singular, quando não repetido; verbo no plural, quando repetido. É que o termo “Cada um(a)” expressa a individualização de ações. Quando o termo estiver repetido, leva-se em consideração a soma de individualizações de ações. a)Cada um dos curiosos permaneceu na rua. b)Cada um dos diretores, cada um dos professores pediram ajuda aos discentes. 16.Sujeito formado por pronome indefinido + determinante = Se o pronome indefinido estiver no singular, verbo no singular, concordando com o pronome indefinido. Porém, se o pronome indefinido estiver no plural, o verbo concorda com o pronome indefinido, ou o verbo concorda com o determinante. a)Alguns de nós escolherão/escolheremos os anúncios que... b)Algum de nós escolherá os anúncios que... 44 17.HAJA VISTA a)Haja vista os crimes cometidos, é necessário... [ V ] b)Hajam vista os crimes cometidos, é necessário... [ V ] c)Haja vista aos crimes cometidos, é necessário... [ V ] d)Hajam vista aos crimes cometidos, é necessário... [ F ] e)Haja visto os crimes cometidos, é necessário... [ F ] Após “haja vista” a preposição “a” é optativa. Usando a preposição, “haja vista” não varia. Não empregando a preposição, ou se flexiona o primeiro elemento, ou permanece invariável todo o termo em estudo ( haja vista ) “vista” nunca varia. APLICAÇÀO Leia o texto a seguir para responder à questão 1. Texto 1 Por último, afirmam-se que os episódios envolvendo os policiais militares de Minas, que desencadearam um “efeito dominó” em vários Estados, e as exibições de delitos graves, que chocaram a opinião pública nacional e internacional, como os casos da favela Naval e de Cidade de Deus, motivaram o governo federal e o Congresso a estabelecer um amplo debate sobre modificações das polícias no Brasil, que até agora se mostrou infrutífero. A proposta de emenda constitucional elaborada pelo governador Mário Covas, que unificava as funções de polícia, nem sequer foi discutida naquele momento, e algumas questões pontuais também deixaram de constar da agenda política federal. A resistência a mudanças estruturais nas polícias e a falta de uma política nacional de segurança pública também alimenta a violência. A questão é: quem quer um novo modelo de polícia? - Benedito Domingos Mariano, sociólogo 1. Julgue os itens a seguir. ( ) O verbo “motivaram” [ linha 4 ] concorda com o sujeito composto. ( ) Em vez de “... motivaram o governo federal e o Congresso a estabelecer...” [ linha 4 ], também estaria correto: “... motivaram o governo federal e o Congresso a estabelecerem...” ( ) Em “... quem quer um novo modelo de polícia?” [ linhas 10,11], o verbo concorda com a terceira pessoa do singular em virtude de o sujeito estar indeterminado. ( ) Em “... e algumas questões pontuais também deixaram de constar da agenda política federal” [ linhas 7,8], o verbo também poderiaconcordar com o termo “agenda política federal”[ linha 8 ] ( ) No trecho “A resistência a mudanças estruturais nas polícias e a falta de uma política nacional de 45 segurança publica também alimenta a violência”[ linhas 9,10], a concordância verbal está correta. ( ) Em “,,, afirmam-se que os episódios envolvendo os policiais militares de Minas(...) motivaram...” [ linhas 1 a 4 ], a concordância do verbo destacado está incorreta. CONCORDÂNCIA NOMINAL Consiste no estudo de relações entre adjetivo e substantivo, pronome e substantivo, artigo e substantivo, numeral e substantivo. É ,enfim, a relação entre nomes. Condição Geral: 01. O nome impõe seu gênero e seu número a seus determinantes e aos pronomes que o substituem. a)Meu irmão, minhas irmãs, dois reis, duas rainhas, este tronco, estas árvores. b)Comprei alguns livros e já os li. 02. Um determinante se referindo a mais de um substantivo 2.1Quando o determinante vem depois dos substantivos: A concordância do adjetivo é com o substantivo mais próximo, sendo adjunto adnominal; a concordância será com o substantivo mais próximo ou com todos os substantivos, sendo o adjetivo predicativo. a)Ele se perdeu em bosques e vales escuros. b)Ele se perdeu em florestas e cavernas escuras c)Ele se perdeu em florestas e vales escuros d)Ele se perdeu em vales e florestas escuras e)Comprei um livro e uma revista importados f)Comprei um livro e uma revista importada 2.2Quando o determinante vem antes dos nomes: a concordância será com o substantivo mais próximo. Todavia, se os substantivos forem nomes de pessoa, o adjetivo concorda com todos os núcleos, apenas. a)Sua mulher e filhos tinham viajado. b)Você escolheu má hora e lugar para o nosso encontro c)Você escolheu mau lugar e hora para o nosso encontro. d)Os destemidos César e Napoleão... 1.Um determinante [ predicativo do sujeito ] : observe a concordância verbal e acompanhe com a concordância nominal. a)O clima e a água eram ótimos. 46 b)Eram ótimos o clima e a água. c)Era ótimo o clima e a água. d)Era ótima a água e o clima. 2.Um determinante [ predicativo do objeto ]: a concordância será com o substantivo mais próximo ou com todos os substantivos. Porém, se o contexto não permite a concordância com todos os núcleos, claro que a concordância será apenas com o mais próximo ( exemplo “c” ). a)Considero o chapéu e o colete supérfluo(s) b)Considero a gravata e a blusa supérflua(s) c)Comi uva e carne frita d)Considero supérflua(os) a gravata e o terno. 05. Um substantivo para mais de um adjetivo: se o substantivo estiver no plural, não use artigo ou qualquer adjunto adnominal antes do segundo adjetivo; se o substantivo estiver no singular, é necessário o emprego de artigo ou de qualquer adjunto adnominal antes do segundo adjetivo, pois será o ícone a deixar implícito o substantivo antes empregado no singular. a)Ele conhece bem as línguas grega e latina b)Ele conhece bem a língua grega e a latina 06. Embora o predicativo deva concordar com o sujeito, há casos em que isso não ocorre, assumindo o gênero masculino. Aparentemente, porque, na realidade, trata-se de uma reminiscência do gênero neutro em latim. Isso ocorre quando a palavra feminina aparece sem nenhuma determinação, tomando um sentido vago, abstrato. Assim: a)Pinga não é bom para a saúde. b)É proibido entrada. c)Cerveja é permitido. d)É necessário coragem. Tão logo esses substantivos recebam uma determinação, a concordância passa a ser com o gênero do substantivo. a)A cerveja é boa b)Esta pinga não é boa para a saúde. c)É ardida a pimenta. 07. O particípio concorda com seu substantivo a)Estabelecidas essas premissas, vamos à conclusão. b)Postos estes fundamentos, pode-se afirmar que... Todavia, se o particípio integrar uma locução vergal, apenas se flexiona o particípio na voz passiva analítica. a)Ele tem participado 47 b)Eles têm participado c)Têm-se entregue os materiais d)Estão sendo elaborados os dados 08. ANEXO / INCLUSO / APENSO / JUNTO Concordam com quem se relacionam. Porém, ANEXO precedido da preposição EM não varia. a)As estatísticas vão anexas ao relatório. b)Os gráficos inclusos esclarecem a tese. c)O formulário e a carta estão apensos. d)À ficha está anexo o ofício. e)As fichas seguem em anexo 09. MEIO Pode ser substantivo, adjetivo, numeral e advérbio. Só não se flexiona quando advérbio. a)O que ela disse é apenas meia verdade. b)Ela ficou meio tonta. c)Ao meio-dia e meia, saímos. d)Ao meio-dia e meio defronte à farmácia, ficamos. e)Meias palavras bastam f)Bebi meia chávena de café. 10. MENOS / PSEUDO / A OLHOS VISTOS são sempre invariáveis a)Há menos pessoas aqui. b)Ela é uma pseudo-advogada c)A crianças continuam a olhos vistos 11. TAL ... QUAL: “tal” concorda com o substantivo posposto imediatamente a ele; “qual” concorda com o substantivo posposto imediatamente a ele. a)Tal pai, qual filho b)Tal pai, quais filhos 12. OBRIGADO / GRATO / AGRADECIDO concordam com o emissor. a)“Obrigada!” – disse Eliane aos coordenadores. b) - Nós estamos gratos. c)“Obrigados!” – falaram os convidados. d)Agradecidos estão Lourdes e Marcos. 48 13. SÓ / SÓS / A SÓS a)Só estamos nós. ( invariável, pois o termo grifado é advérbio ) b)Sós, estamos nós. ( o termo grifado é predicativo do sujeito, concordando com o sujeito ) c)Elas estão sós. ( trata-se de um adjetivo, concordando com seu sujeito ) d)Elas estão a sós.( a locução “a sós” não se flexiona ) e)Só estudamos Contabilidade. ( trata-se de um advérbio de limitação, não se declinando ) f)Sós, estudamos Contabilidade. ( flexiona-se, pois é adjetivo/predicativo do sujeito ) 14. MAL / MAU : MAL: Advérbio ( invariável ) * O advérbio mantém relação com um verbo, com um adjetivo ou com outro advérbio ) Conjunção subordinada adverbial temporal ( invariável ) Substantivo ( variável ) * O mal / os males MAU : Adjetivo ( variável: mau/má/maus/más ) a)Mal chegamos, pediram satisfações. [ conjunção subordinada adverbial temporal ] b)Conduzimos mal os trabalhos. [ advérbio ] c)Ele é mau. [ adjetivo ] d)Ela é má. [ adjetivo ] e)Más pessoas assaltaram aquele homem idoso. [ adjetivo ] f)O mal destrói o homem; o bem edifica-o [ substantivo ] 15. QUITE / ALERTA * QUITE varia em número , apenas. * ALERTA só varia quando for substantivo a)Ela está quite, mas nós não estamos quites. b)Ela está alerta. c)Elas estão alerta. d)Alerta e preocupadas continuam as garotas. e)Os americanos estão alerta aos alertas. 16. CARO / BARATO Quando advérbios, invariáveis; quando adjetivos, flexionam-se. b)As laranjas custaram caro. [ V / F ] * Verdadeiro c)As cebolas foram caras. [ V / F ] * Verdadeiro d)Aquelas caras mangas custaram barato, naquela outra loja. [ V / F ] * Verdadeiro e)Champanhe é caro, amigo.[ V / F ] * Verdadeiro 17. O PRONOME RELATIVO “CUJO” : Flexiona-se em gênero e número. 49 f)O livro cuja as páginas me referi está sobre a mesa. [ V / F ] * Falso. Correção: O livro a cujas páginas me referi está sobre a mesa. g)A revista cujo textos li ontem sumiu. [ V / F ] * Falso. Correção: A revista cujos textos li ontem sumiu. h)A menina de cuja beleza aludiram com entusiasmo viajou. [ V / F ] * Falso. Correção: A menina a cuja beleza aludiram com entusiasmo viajou. Não use artigo após o pronome relativo “cujo”. O pronome relativo “cujo” concorda nominalmente com o substantivo que o segue. Caso a oração que apresente o pronome “cujo” peça preposição, use-a antes do pronome relativo. 10 Regência nominal e verbal. É a parte da Gramática Normativa que estuda a relação entre dois termos, verificando se um termoserve de complemento a outro. A palavra ou oração que governa ou rege as outras chama-se regente ou subordinante; os termos ou oração que dela dependem são os regidos ou subordinados. Ex.: Aspiro o perfume da flor. (cheirar)/ Aspiro a uma vida melhor. (desejar) Regência verbal 1- Chegar/ ir – deve ser introduzido pela preposição a e não pela preposição em. Ex.: Vou ao dentista./ Cheguei a Belo Horizonte. 2- Morar/ residir – normalmente vêm introduzidos pela preposição em. Ex.: Ele mora em São Paulo./ Maria reside em Santa Catarina. 3- Namorar – não se usa com preposição. Ex.: Joana namora Antônio. 4- Obedecer/desobedecer – exigem a preposição a. Ex.: As crianças obedecem aos pais./ O aluno desobedeceu ao professor. 5-Simpatizar/ antipatizar – exigem a preposição com. Ex.: Simpatizo com Lúcio./ Antipatizo com meu professor de História. Verbos que apresentam mais de uma regência 1 - Aspirar a- no sentido de cheirar, sorver: usa-se sem preposição. Ex.: Aspirou o ar puro da manhã. b- no sentido de almejar, pretender: exige a preposição a. Ex.: Esta era a vida a que aspirava. 2 - Assistir a) no sentido de prestar assistência, ajudar, socorrer: usa-se sem preposição. Ex.: O técnico assistia os jogadores novatos. b) no sentido de ver, presenciar: exige a preposição a. Ex.: Não assistimos ao show. c) no sentido de caber, pertencer: exige a preposição a. Ex.: Assiste ao homem tal direito. 50 d) no sentido de morar, residir: é intransitivo e exige a preposição em. Ex.: Assistiu em Maceió por muito tempo. 3 - Esquecer/lembrar a- Quando não forem pronominais: são usados sem preposição. Ex.: Esqueci o nome dela. b- Quando forem pronominais: são regidos pela preposição de. Ex.: Lembrei-me do nome de todos. 4 - Visar a) no sentido de mirar: usa-se sem preposição. Ex.: Disparou o tiro visando o alvo. b) no sentido de dar visto: usa-se sem preposição. Ex.: Visaram os documentos. c) no sentido de ter em vista, objetivar: é regido pela preposição a. Ex.: Viso a uma situação melhor. 5 - Querer a) no sentido de desejar: usa-se sem preposição. Ex.: Quero viajar hoje. b) no sentido de estimar, ter afeto: usa-se com a preposição a. Ex.: Quero muito aos meus amigos. 6 - Proceder a) no sentido de ter fundamento: usa-se sem preposição. Ex.: Suas queixas não procedem. b) no sentido de originar-se, vir de algum lugar: exige a preposição de. Ex.: Muitos males da humanidade procedem da falta de respeito ao próximo. c) no sentido de dar início, executar: usa-se a preposição a. Ex.: Os detetives procederam a uma investigação criteriosa. 7 - Pagar/ perdoar a) se tem por complemento palavra que denote coisa: não exigem preposição. Ex.: Ela pagou a conta do restaurante. b) se tem por complemento palavra que denote pessoa: são regidos pela preposição a. Ex.: Perdoou a todos, 8 - Informar a) no sentido de comunicar, avisar, dar informação: admite duas construções: 1) objeto direto de pessoa e indireto de coisa (regido pelas preposições de ou sobre). Ex.: Informou todos do ocorrido. 2) objeto indireto de pessoa ( regido pela preposição a) e direto de coisa. Ex.: Informou a todos o ocorrido. 9 - Implicar a) no sentido de causar, acarretar: usa-se sem preposição. Ex.: Esta decisão implicará sérias conseqüências. b) no sentido de envolver, comprometer: usa-se com dois complementos, um direto e um indireto com a preposição em. Ex.: Implicou o negociante no crime. c) no sentido de antipatizar: é regido pela preposição com. 51 Ex.: Implica com ela todo o tempo. 10- Custar a) no sentido de ser custoso, ser difícil: é regido pela preposição a. Ex.: Custou ao aluno entender o problema. b) no sentido de acarretar, exigir, obter por meio de: usa-se sem preposição. Ex.: O carro custou-me todas as economias. c) no sentido de ter valor de, ter o preço: usa-se sem preposição. Ex.: Imóveis custam caro. Regência Nominal Alguns nomes também exigem complementos preposicionados. Conheça alguns: acessível a acostumado a, com adaptado a, para afável com, para com aflito com, em, para, por agradável a alheio a, de alienado a, de alusão a amante de análogo a ansioso de, para, por apto a, para atento a, em aversão a, para, por ávido de, por benéfico a capaz de, para certo de compatível com compreensível a comum a, de constante em contemporâneo a, de contrário a curioso de, para, por desatento a descontente com desejoso de desfavorável a 52 devoto a, de diferente de difícil de digno de entendido em equivalente a erudito em escasso de essencial para estranho a fácil de favorável a fiel a firme em generoso com grato a hábil em habituado a horror a hostil a idêntico a impossível de impróprio para imune a incompatível com inconseqüente com indeciso em independente de, em indiferente a indigno de inerente a insaciável de leal a lento em liberal com medo a, de natural de necessário a negligente em nocivo a ojeriza a, por paralelo a parco em, de passível de perito em 53 permissivo a perpendicular a pertinaz em possível de possuído de posterior a preferível a prejudicial a prestes a propenso a, para propício a próximo a, de relacionado com residente em responsável por rico de, em seguro de, em semelhante a sensível a sito em suspeito de 11 Significação das palavras. Sinônimos São palavras que possuem significados iguais ou semelhantes. Exemplo: O faturista retificou o erro da nota fiscal. O faturista corrigiu o erro da nota fiscal. A criança ficou contente com o presente. Eles ficaram alegres com a notícia. Antônimos São palavras que apresentam significados opostos, contrários. Exemplo: Precisamos colocar ordem nessa baderna, pois já está virando anarquia. 54 Cinco jurados condenaram e apenas dois absolveram o réu. Homônimos São palavras que apresentam a mesma pronúncia ou grafia, mas significados diferentes. Exemplo: Eles foram caçar, mas ainda não retornaram. (caçar – prender, matar) Vão cassar o mandato daquele deputado. (cassar – ato ou efeito de anular) Os homônimos podem ser: Homônimos homógrafos; Homônimos homófonos; Homônimos perfeitos. Homônimos homógrafos São palavras iguais na grafia e diferentes na pronúncia. Exemplos: Almoço (ô) – substantivo Almoço (ó) – verbo Jogo (ô) – substantivo Jogo (ó) – verbo Para – preposição Pára – verbo Homônimos homófonos São palavras que possuem o mesmo som e grafia diferente. Exemplos: Cela – quarto de prisão Sela – arreio Coser – costurar Cozer – cozinhar Concerto – espetáculo musical Conserto – ato ou efeito de consertar 55 Homônimos perfeitos São palavras que possuem a mesma pronúncia e mesma grafia. Exemplos: Cedo – verbo Cedo – advérbio de tempo Sela – verbo selar Sela – arreio Leve – verbo levar Leve – pouco peso Parônimos São palavras que possuem significados diferentes e apresentam pronúncia e escrita parecidas. Exemplos: Emergir – vir à tona Imergir – afundar Infringir – desobedecer Infligir – aplicar Relação de alguns homônimos Acender – pôr fogo Ascender – subir Acento – sinal gráfico Assento – tampo de cadeira, banco Aço – metal Asso – verbo (1ª pessoa do singular, presente do indicativo) Banco – assento com encosto Banco – estabelecimento que realiza transações financeiras. Cerrar – fechar Serrar – cortar Cessão – ato de ceder Sessão – reunião Secção/seção - divisão Cesto - cesta pequena Sexto – numeral ordinal Cheque – ordem de pagamento Xeque – lance no jogo de xadrez Xeque – entre os árabes, chefe de tribo ou soberanoConcerto – sessão musical 56 Conserto – reparo, ato ou efeito de consertar Coser – costurar Cozer – cozinhar Expiar – sofrer, padecer Espiar – espionar, observar Estático – imóvel Extático – posto em êxtase, enlevado Estrato – tipo de nuvem Extrato – trecho, fragmento, resumo Incerto – indeterminado, impreciso Inserto – introduzido, inserido Chácara – pequena propriedade campestre Xácara – narrativa popular Relação de parônimos Absolver – perdoar Absorver – sorver Acostumar – habituar-se Costumar – ter por costume Acurado – feito com cuidado Apurado – refinado Afear – tornar feio Afiar – amolar Amoral – indiferente à moral Imoral – contra a moral, devasso Cavaleiro – que anda a cavalo Cavalheiro – homem educado Comprimento – extensão Cumprimento – saudação Deferir – atender Diferir – adiar, retardar Delatar – denunciar Dilatar – estender, ampliar Eminente – alto, elevado, excelente Iminente – que ameaça acontecer Emergir – sair de onde estava mergulhado Imergir – mergulhar Emigrar – deixar um país Imigrar – entrar num país Estádio – praça de esporte Estágio – aprendizado Flagrante – evidente Fragrante – perfumado Incidente – circunstância acidental 57 Acidente – desastre Inflação – aumento geral de preços, perda do poder aquisitivo Infração – violação Ótico – relativo ao ouvido Óptico – relativo à visão Peão – homem que anda a pé Pião – brinquedo Plaga – região, país Praga – maldição Pleito – disputa eleitoral Preito – homenagem POLISSEMIA É o fato de uma palavra ter mais de uma significação. Exemplo: Estou com uma dor terrível na minha cabeça. (parte do corpo) Ele é o cabeça do projeto. (chefe) Graves razões fizeram-me contratar esse advogado. (importante) O piloto sofreu um grave acidente (trágico) Ele comprou uma nova linha telefônica. (contato ou conexão telefônica) Nós conseguimos traçar a linha corretamente. (traço contínuo duma só dimensão) DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO As palavras podem ser usadas no sentido próprio ou figurado. Exemplo: Janine tem um coração de gelo. (sentido figurado) Sempre tomo uísque com gelo. (sentido próprio) DENOTAÇÃO É uso da palavra com seu sentido original, usual. Exemplo: 58 A torneira estava pingando muito. O sol brilhava intensamente hoje. CONOTAÇÃO É o uso da palavra diferente do seu sentido original. Exemplo: Ele tem um coração de manteiga. É um verdadeiro mar de emoções essa música. SÍNTESE DO TUTORIAL Vimos nesse tutorial os seguintes itens: Sinônimos - são palavras que possuem significados iguais ou semelhantes. Antônimos – são palavras que possuem significados opostos, contrários. Homônimos – são palavras que apresentam a mesma pronúncia ou grafia, mas possuem significados diferentes. Eles podem ser: homônimos homógrafos – são palavras iguais na grafia e diferentes na pronúncia -; homônimos homófonos – são palavras que possuem o mesmo som e grafia diferente -; homônimos perfeitos – são palavras que possuem a mesma pronúncia e grafia, mas significados diferentes. Parônimos – são palavras que possuem significados diferentes, mas apresentam pronúncia e grafia parecidas. Polissemia – é o fato de uma palavra ter mais de uma significação. Denotação – é o uso das palavras com seu sentido original, usual. Conotação – é o uso das palavras diferente do sentido original. 59 12 Redação de correspondências oficiais: Manual de Redação da Presidência da República.12 Redação de correspondências oficiais: Manual de Redação da Presidência da República.12 Redação de correspondências oficiais: Manual de Redação da Presidência da República.12 Redação de correspondências oficiais: Manual de Redação da Presidência da República. Segue em anexo na apostilaSegue em anexo na apostilaSegue em anexo na apostilaSegue em anexo na apostila 60