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1/12 Suporte Avançado de Vida Suporte Avançado de Vida 2/12 Suporte Avançado de Vida INTRODUÇÃO O suporte avançado de vida cardiovascular, assim como o suporte básico de vida e os cuidados pós-retorno da circulação espontânea são um conjunto de habilidades aplicadas sequencialmente durante o cuidado dos pacientes que apresentam uma parada cardio-respiratória (PCR). Os cuidados avançados (ACLS: Advanced Cardiac Life Support) incluem compressões torácicas e a desfibrilação associado a técnicas mais complexas, como uso de dispositivos invasivos de vias aéreas, estabelecimento de um acesso venoso, etc. Pode ser iniciado no ambiente extra ou intra-hopitalar, podendo ser realizado apenas por médicos no Brasil. Nos Estados Unidos, profissionais não médicos treinados estão habilitados para esse tipo de assistência. Organização da equipe O médico (líder) deve solicitar o carrinho de parada e a comunicação da equipe deve ser feita em cadeia fechada, ou seja, toda vez que o líder pedir algo, o realizador deve informar que fez. A equipe é formada por: • Líder; • Quem comprime; • Quem ventila; • Quem monitoriza e encarregado pelo desfibrilador; • Quem pega o acesso venoso, prepara e administra as drogas; • Quem anota tempos e condutas. Princípios do suporte avançado de vida: • Compressões torácicas de alta eficácia intercaladas com a ventilação na taxa de 30:2. • Medidas adjuvantes: exemplos são o oxigênio, acesso venoso periférico ou intraósseo, manuseio de vias aéreas e ventilação e uso de vasopressor (epinefrina). • Desfibrilação com ou sem uso de antiarrítimicos. • Tratamento da causa da PCR. 3/12 Suporte Avançado de Vida MEDIDAS DE SUPORTE AVANÇADO DE VIDA Assim que é detectado que o paciente está em PCR, devido à ausência de pulso carotídeo, deve-se iniciar as compressões torácicas intercaladas com 2 ventilações (30 compressões : 2 ventilações). A ventilação é feita através de um dispositivo bolsa-máscara (AMBU). Compressões torácicas de alta qualidade 100-120 compressões por minuto. A cada ciclo deve-se trocar o profissional que realiza as compressões. Devem provocar uma depressão no tórax entre 5-6 cm Permitir o retorno do tórax a sua posição após cada compressão Minimizar interrupções nas compressões Figura 01. Depressão no tórax do paciente na RCP de alta qualidade. Fonte: Medicina de Emergência: Abordagem prática. 11ª edição, 4/12 Suporte Avançado de Vida O acesso venoso periférico calibroso, a oximetria de pulso e a monitorização devem ser realizadas concomitantemente com as medidas anteriores. O monitor∕desfibrilador deve ser ligado e o ritmo ser analisado (lembrar que se deve colocar gel nas pás). Os ritimos chocáveis são a fibrilação venticular (FV) e a taquicardia ventricular (TV), devendo ser realizado o choque de imediato. A assistolia e a atividade elétrica sem pulso (AESP) são ritmos não chocáveis, devendo- se realizar os ciclos de RCP com medidas adjuvantes. Taquicardia ventricular REGULARIDADE Intervalos RR são geralmente, mas nem sempre, regulares. FREQUÊNCIA CARDÍACA 150-250 bpm ONDA P Complexo QRS não são precedidos por ondas P INTERVALO PR Não é medido, uma vez que esse ritmo é ventricular COMPLEXO QRS Amplo e bizarro (> 0,12s) 5/12 Suporte Avançado de Vida Fibrilação ventricular REGULARIDADE Ritmo desorganizado FREQUÊNCIA CARDÍACA Elevada, mas a atividade elétrica desorganizada impede o coração de bombear ONDA P Não há INTERVALO PR Não há COMPLEXO QRS Varia Assistolia REGULARIDADE Ritmo em linha reta FREQUÊNCIA CARDÍACA Não há ONDA P Não há INTERVALO PR Não há COMPLEXO QRS Não há 6/12 Suporte Avançado de Vida AESP REGULARIDADE Regular FREQUÊNCIA CARDÍACA Varia ONDA P Precede todo QRS INTERVALO PR Sem alterações COMPLEXO QRS Sem alterações Figura 02. Posição correta das pás do DEA. 7/12 Suporte Avançado de Vida DESFIBRILAÇÃO O Desfibrilador automático externo (DEA) determina uma assistolia elétrica, permitindo a recuperação de forma organizada a despolarização e o ritmo cardíaco. Tipos de aparelho: • Monofásico: tem corrente unidirecional. Para o adulto, deve-se utilizar 360 J. • Bifásico: corrente vai e volta. Deve-se utilizar 150-200 J para o adulto. Lembrar de que sempre que aplicar o choque, garantir que todos estão afastados do paciente (Sempre pensar: eu estou afastado? Minha equipe está afastada? Todos estão afastados?). A compressão deve ser reiniciada imediatamente após o choque. A análise do ritimo deve ser feita a cada 2 minutos. Após a análise do ritmo, se permanecer FV ou TV, realizar o choque e iniciar epinefrina 1 mg, IV, com um flushing de 20 mL de soro fisiológico (ou seja, infusão rápida), elevação do membro após a infusão, e repeti-la a cada 3-5 minutos. Se AESP ou assistolia, não realizar o choque, mas iniciar a epinefrina. A via aérea avançada com capnografia deve ser considerada. Após 2 minutos de RCP, o ritmo deve ser analisado novamente. Se ritmo chocável, realizar 3º choque e iniciar amiodarona 300 mg, IV. Se não chocável, não realizar o choque e iniciar amiodarona. Fazer mais um ciclo de compressões. O ritmo deve ser analisado após esse ciclo e, se mantiver chocável, realizar 4º choque e repetir epinefrina. Realizar mais 2 minutos de compressão e, se ritmo chocável, realizar choque e fazer 150 mg de amiodarona. Agora em diante só serão feitos os ciclos de compressão de 2 minutos, a análise de ritimo a cada ciclo e a manutenção da epinefrina de 3-5 minutos. Se indentificadas causas reversíveis durante o manejo da RCP, tentar fornecer o tratamento sempre que possível (tabela abaixo). 8/12 Suporte Avançado de Vida Possíveis causas de parada – 5 Hs e 5 Ts Causas Tratamento Hipovolemia Reposição volêmica Hipóxia Via aérea avançada H+ (acidose) Bicarbonato de sódio Hipotermia Reaquecimento Hipo∕hipercalemia Reposição de potássio e bicarbonato de sódio Tamponamento cardíaco Pericardiocentese TEP Tratar PCR e considerar fibrinólise Trombose de coronária (IAM) Tratar PCR e considerar fibrinólise Tensão no tórax (pneumotórax) Punção de alívio∕drenagem de tórax Tóxicos Tratar intoxicação∕antídotos específicos MANUTENÇÃO DA VIA AÉREA Manobras para reverter a queda da base de língua: • Chin lift (elevação do mento): não deve ser utilizada em pacientes com suspeita de lesão cervical. • Jaw thrust (elevação da mandíbula). 9/12 Suporte Avançado de Vida Figura 03. Da esquerda para direita: chin lift e jaw thrust. Fonte: ACLS, 2020. Cânula orofaríngea (Guedel): • Reverte a queda da base da língua. • O tamanho da cânula pode ser estimado pela distância vertical entre os incisivos do paciente e o ângulo da mandíbula. • Introduzida com a concavidade em direção cranial até o palato. Em seguida, a cânula é girada em 180°, posicionando-a sobre a língua. • Provoca reflexo do vômito. Cânula nasofaríngea: • Reverte a queda da base da língua. • Indicada em situações em que a inserção da cânula orotraqueal não é possível (ex: trauma maxilofacial e trismo). • O tamanho para o paciente deve ser estimado pela distância em linha reta entre o nariz e o lobo da orelha. • Inserir semelhante à sonda nasogástrica; deve-se lubrificá-la e inserir cuidadosamente. • Não induz vômito. 10/12 Suporte Avançado de Vida Figura 04. Da esquerda para direita: A. Cânula orofaríngea (Guedel); B. Cânula nasofaríngea; C.: Inserção da cânula orofaríngea. Fonte: ACLS, 2020. Cateter nasal de oxigênio: • Utilizar oxigênio em baixo fluxo, até 6 litros∕minuto. Máscaras: • Máscara de Venturi: oferta oxigênio, sendo indicado fluxo de 8-15 L∕min com FiO2 de até 50%. • Máscara não reinalante:oferta oxigênio, com fluxo de 15L∕min e FiO2 a 100%. • AMBU: oferta oxigênio com pressão positiva, com fluxo de 15L∕min e FiO2 100%. Via aérea avançada: Indicações: PCR Parada respiratória∕hipoventilação Insuficiência respiratória Obstrução das vias aéreas Hipoxemia grave e refratária Redução da pressão intra-craniana Instabilidade hemodinâmica Proteção das vias aéreas 11/12 Suporte Avançado de Vida Pode ser obtida através da intubação orotraqueal ou dispositivo supraglóticos, como a máscara laríngea, tubo duplo esôfago-traqueal (Combitubo). • Máscara laríngea: oferta oxigênio com pressão positiva 15L∕min com FiO2 a 100%. • Combitubo: oferta oxigênio com pressão positiva 15L∕min com FiO2 a 100%. Após a colocação da via aérea avançada, a ventilação deve ser feita 1 vez a cada 6-8 segundos (10∕minuto), sem precisar sincronizar com as compressões torácicas. Lembrar que a hiperventilação deve ser evitada, pois piora o retorno venoso e reduz o débito cardíaco. CUIDADOS PÓS PARADA • Providenciar transferência do paciente para UTI; • Manter cabeceira elevada a 30⁰; • Manter PAS > 90 mmHg ou PAM > 65 mmHg; • Verificar saturação do paciente, que deve ser ≥ 94%; • Manter temperatura entre 34 e 36 ⁰C; • Controle glicêmico < 180 mg∕dL; • Solicitar exames complementares: ECG, radiografia, etc. • Considerar uso de lidocaína e beta-bloqueador REFERÊNCIAS 1. Herlon Saraiva Martins, Rodrigo Antonio Brandão Neto, lrineu Tadeu Velasco. Medicina de Emergência: Abordagem prática. 11ª edição, rev. e atual. Barucrl, SP: Manole, 2016. 2. Disque, K. ACLS: Advanced Cardiac Life Support. 2020. 12/12 Suporte Avançado de Vida