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Indaial – 2020
Gerenciamento de 
ServiçoS JurídicoS
Prof.ª Patrícia Esteves de Mendonça
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Patrícia Esteves de Mendonça
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
M539g
 Mendonça, Patrícia Esteves de
 Gerenciamento de serviços jurídicos. / Patrícia Esteves de 
Mendonça. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 183 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-068-7
 1. Serviços jurídicos. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da 
Vinci.
CDD 340
apreSentação
Todos nós, ao longo da vida, precisaremos dos mais diversos 
serviços jurídicos, como, por exemplo, emissão de certidões de nascimento, 
casamento, contratos de trabalho, registro de imóveis etc. Assim, todos 
esses documentos e peculiaridades ligadas ao mundo jurídico, necessitam 
de profissionais que tenham conhecimentos técnicos sobre o conteúdo e 
procedimentos relativo às questões legais.
Para tanto, não é necessário que seja um advogado o prestador 
desses serviços. Dessa forma, surge o Tecnólogo de Serviços Jurídicos, o qual 
poderá auxiliar na prestação de serviços relacionados a questões legais, sem 
envolver processos contencioso. 
Este Livro Didático, tem como objetivo introduzir os conhecimentos 
fundamentais para desenvolver essa atividade profissionalmente. Garantindo 
formação necessária para auxiliar profissionais do direito e leigos no acesso 
à justiça. 
Prof.ª Patrícia Esteves de Mendonça 
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
Sumário
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS ................................................ 1
TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS ............................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 HISTÓRICO DA PROFISSÃO ......................................................................................................... 3
3 O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS NO BRASIL .................................................. 6
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 11
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 12
TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS ................. 13
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 13
2 O PAPEL MULTIDISCIPLINAR DO TÉCNICO EM SERVIÇOS JURÍDICOS: 
 ATRIBUIÇÕES ................................................................................................................................... 13
2.1 ANALISTA ..................................................................................................................................... 13
2.2 TÉCNICO ....................................................................................................................................... 16
2.3 ASSESSOR JURÍDICO .................................................................................................................. 16
2.4 OFICIAL DE JUSTIÇA ................................................................................................................. 18
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 22
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 23
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO ................................... 25
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 25
2 GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS PÚBLICOS ......................................................... 25
3 ÉTICA PROFISSIONAL ................................................................................................................... 33
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 44
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 46
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 47
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS ................... 49
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS ............................ 51
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 51
2 O PODER JUDICIÁRIO ................................................................................................................... 52
2.1 JURISDIÇÃO ................................................................................................................................ 52
2.2 A ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO ............................................................................... 55
2.3 OS CARTÓRIOS JUDICIAIS COMO BASE DO FUNCIONAMENTO DO 
 JUDICIÁRIO .................................................................................................................................. 59
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 78
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 79
TÓPICO2 — ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS 
 ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS. ...................................................................... 81
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 81
2 TABELIONATO DE NOTAS ........................................................................................................... 82
3 TABELIONATO DE PROTESTO .................................................................................................... 87
4 REGISTROS PÚBLICOS .................................................................................................................. 89
4.1 REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS ........................................................................ 89
4.2 REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS ........................................................................... 91
4.3 REGISTRO DE IMÓVEIS ............................................................................................................. 92
4.4 REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS ........................................................................... 98
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 102
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 103
TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS 
 ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA ...................................................................... 105
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 105
2 ARBITRAGEM ................................................................................................................................. 106
3 CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO ................................................................................................... 109
3.1 DA CONCILIAÇÃO ................................................................................................................... 110
3.2 DA MEDIAÇÃO ......................................................................................................................... 111
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 115
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 116
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 117
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS ... 119
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE................................................. 121
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 121
2 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DA ROTINA DE TRABALHO .............................. 122
3 O ATENDIMENTO AO CLIENTE ............................................................................................... 122
4 O CADASTRO DO CLIENTE ....................................................................................................... 125
5 AUTOMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO AO CLIENTE ..................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 134
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 135
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO ......................................... 137
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 137
2 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ....................................................................... 139
2.1 CONCEITO DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO ........................................... 139
2.2 OBJETO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO ................................................. 142
2.3 NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ................... 142
2.4 DURAÇÃO E POSSIBILIDADE DE RESILIÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO 
 DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS .............................................................................................. 143
2.5 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ......................................... 144
2.6 NOTAS SOBRE A INTERPRETAÇÃO DOS ARTIGOS 608 E 609 DO CÓDIGO CIVIL ........ 145
2.7 O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS JURÍDICOS ............................................ 146
3 O CONTRATO DE MANDATO ................................................................................................... 147
3.1 MANDATO E PROCURAÇÃO ................................................................................................ 147
3.2 PARTES DO CONTRATO DE MANDATO ............................................................................ 148
3.3 SEMELHANÇAS E DISTINÇÕES ENTRE O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE 
SERVIÇOS E O CONTRATO DE MANDATO ........................................................................ 148
3.4 CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE MANDATO ...................................................... 149
3.5 FORMA DO MANDATO........................................................................................................... 149
3.6 O SUBSTABELECIMENTO ....................................................................................................... 150
3.7 ESPÉCIES DE MANDATO ........................................................................................................ 150
3.8 ACEITAÇÃO DO MANDATO E A RATIFICAÇÃO DO MANDATO ............................... 152
3.9 OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO ........................................................................................ 152
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 155
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 156
TÓPICO 3 — A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS JURÍDICOS ........ 159
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 159
2 OS PROCESSOS ELETRÔNICOS .............................................................................................. 159
3 A ASSINATURA DIGITAL ............................................................................................................ 161
4 A CRIPTOGRAFIA .......................................................................................................................... 163
5 CERTIFICAÇÃO DIGITAL ........................................................................................................... 164
6 A LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS (LGPD)........................................... 165
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 169
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 171
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 173
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 175
1
UNIDADE 1 — 
O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS 
JURÍDICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo destaunidade, você deverá ser capaz de:
•	 entender	os	conceitos	iniciais	e	definições	referentes	à	profissão	de	tecnó-
logo	em	gestão	de	serviços	jurídicos,	notariais	e	de	registro;
•	 identificar	as	atribuições	do	gestor	de	serviços	jurídicos;	
•	 compreender	a	importância	da	qualidade	e	da	ética	na	prestação	de	ser-
viços	jurídicos.
Esta	 unidade	 está	 dividida	 em	 três	 tópicos.	No	 decorrer	 da	 unidade	 você	
encontrará	autoatividades	com	o	objetivo	de	reforçar	o	conteúdo	apresentado.
TÓPICO 1 – SERVIÇOS JURÍDICOS
TÓPICO	2	–	ATRIBUIÇÕES	DO	PROFISSIONAL	DE	SERVIÇOS	JURÍDICOS
TÓPICO	3	–	QUALIDADE	E	ÉTICA	NA	PRESTAÇÃO	DE	SERVIÇO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
SERVIÇOS JURÍDICOS
1 INTRODUÇÃO
O	gestor	 jurídico	 é	 um	profissional	 que	 tem	 como	 atribuição	 principal	
ter	o	domínio	técnico	jurídico	pleno,	além	de	conhecer	os	temas	fáticos	que	lhe	
são	afetos,	como	as	atividades	desenvolvidas	e	por	desenvolver	da	corporação,	
formas	e	prazos,	questões	de	ordem	financeira	e	contábil,	dentre	outras.	
Quem	é	o	profissional	de	serviços	 jurídicos?	São	as	pessoas	às	quais	os	
advogados	sempre	pedem	para	fazer	pesquisas,	tirar	cópias	ou	fazer	anotações	nas	
reuniões,	são	também	chamados	de	paralegais.	Tais	profissionais	são	preparados	
mediante	cursos,	treinamentos	e	experiência	trabalhista.	Auxiliando	advogados,	
promotores	e	juízes	ao	desenvolvimento	de	suas	atividades.	
 
	Vale	lembrar	que	o	foco	da	graduação	em	Tecnólogo	de	Serviços	Jurídicos	
não	é	na	atuação	jurídica	propriamente	dita.	Pois	o	graduado	não	poderá	atuar	
como	 advogado.	 O	 foco	 desse	 curso	 é	 preparar	 profissionais	 capacitados,	
reflexivos	e	éticos	para	auxiliar	nas	atividades	de	apoio	jurídico	administrativo.
2 HISTÓRICO DA PROFISSÃO
A	profissão	de	Tecnólogo	em	Serviços	Jurídicos	é	recente	no	nosso	país	e	
poucas	são	as	instituições	que	oferecem	esse	curso	de	graduação.	Foi	originalmente	
criado	pelo	Centro	Estadual	de	Educação	Tecnológica	Paula	Souza	(CEETEPS):	
[...]	 uma	 autarquia	 do	 Governo	 do	 Estado	 De	 São	 Paulo,	 vinculada	 à	
Secretaria	de	Desenvolvimento	Económico,	Ciência,	Tecnologia	e	Inovação	
do	Estado	de	São	Paulo,	que	administra	as	220	Escolas	Técnicas	(ETECs)	
e	 as	 66	Faculdades	de	Tecnologia	 (FATECs)	do	Estado.	Foi	 criado	pelo	
governador	Abreu	Sodré	em	1969.	O	CEETEPS	possui	mais	de	290	mil	
estudantes	matriculados	em	cursos	técnicos	e	superiores	(CPS,	2014,	s.p.).
O	CEETESP	 criou	 o	 curso	 para	 atender	 uma	demanda	do	 Tribunal	 de	
Justiça	de	São	Paulo,	percebeu	a	necessidade	de	qualificação	dos	serventuários	
que	atuam	no	Poder	Judiciário	em	sua	atividade.	Tornando-os	especialistas	no	
trabalho,	atuando	junto	àquele	órgão	da	Administração	Pública	Estadual.
A	capacitação	e	formação	de	outros	profissionais	que	atuam	em	diversos	
órgãos	públicos	e	privados,	aprimorando	a	prestação	de	serviço,	atinge,	de	forma	
direta,	a	qualidade	das	prestações	jurisdicionais.
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
4
Então,	 em	 setembro	 de	 2005,	 foi	 criado	 o	 Curso	 Técnico	 de	 Serviços	
Jurídicos,	 promovendo	 a	 capacitação	 de	 servidores	 e	 serventuários	 da	 justiça,	
para	que	pudessem	implementar	ações,	e	elaborar	conteúdos,	com	o	objetivo	de	
simplificar	e	efetivar	os	serviços	jurídicos.	A	colaboração	na	criação	de	manuais	
de	procedimentos	adotados	nas	áreas	de	competência	da	Justiça	e	as	atualizações,	
também,	são	considerados	objetivos	a	 serem	desenvolvidos	pelo	Tecnólogo	de	
Serviços	Jurídicos.			
No	segundo	momento,	a	habilitação	passou	a	ser	oferecida	para	outras	
pessoas	que	não	apenas	os	serventuários	da	justiça,	destinando-se	ao	público	em	
geral.	Assim,	qualquer	pessoa	que	trabalhe	em	escritórios	de	advocacia,	empresas	
que	atuem	com	serviços	 jurídicos,	 ou	que	 tivesse	 interesse	 em	 ingressar	nesse	
mercado,	teve	acesso	a	essa	formação.					
Atualmente,	o	curso	é	oferecido	em	diversas	 instituições	de	ensino,	nas	
modalidades	presencias	e	ensino	a	distância.	Garantindo	que	diversas	pessoas	
tenham	acesso	a	formação.
Nos	Estados	Unidos,	essa	profissão	foi	regulamentada	desde	2015,	e	os	
tecnólogos	jurídicos	atuam,	inicialmente,	na	esfera	cível,	mais	especificamente	na	
área	de	direito	de	família	e	violência	doméstica.
Existe	a	previsão	de	aumento	na	atuação	para	área	trabalhista	e	imobiliária,	
mas	é	vedada	atuação	na	esfera	criminal.	Entretanto,	poderão	auxiliar	aqueles	que	
não	tem	condições	de	pagar	um	advogado	criminalista	e	fazem	a	autodefesa.	Essa	
contribuição	consiste	em	fazer	pesquisas	jurídicas,	preparar	petições,	contratos	e	
todos	os	demais	documentos	e	aconselhar	os	clientes	como	um	advogado.
A	 demanda	 por	 esse	 profissional	 nos	 EUA	 surgiu	 em	 decorrência	 aos	
custos	 extremamente	 elevados	 de	 honorários	 de	 advogados	 naquele	 país.	Até	
mesmo	os	recém	formados	cobram	muito	caro,	pois	seus	custos	são	bastante	altos	
para	o	exercício	da	profissão.	Os	honorários	são	cobrados	por	horas	trabalhadas.	
Com	 a	 criação	 da	 profissão	 do	 Tecnólogo	 em	 Serviços	 Jurídicos,	 a	
população	 de	 baixa	 renda	 americana	 deixou	 de	 ir	 aos	 tribunais	 totalmente	
desamparada.	Atualmente,	conseguem	informações	e	auxílio	sobre	os	seus	casos,	
antes	de	chegarem	aos	tribunais.
A American Bar Association	 (ABA)	 foi	 contra	 a	 criação	 da	 profissão	 de	
tecnólogo	de	serviços	 jurídicos,	pois	entendem	que	o	 treinamento	rigoroso,	ao	
qual	são	submetidos	os	advogados,	seja	fundamental	para	que	possam	defender	
os	interesses	dos	clientes.	
Em	vez	de	acesso	à	Justiça,	tudo	o	que	os	técnicos	jurídicos	vão	oferecer	
é	 acesso	 à	 injustiça”,	 disse	 aos	 jornais	 a	 ex-presidente	 da	 Seção	 de	
Direito	de	Família	da	seccional	da	ABA	no	estado,	Ruth	Edlund.	“Só	
porque	você	é	pobre,	isso	não	significa	que	seus	problemas	jurídicos	
são	simples”,	afirmou	(MELO,	2015,	s.p).
TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS
5
Porém,	 existem	 opiniões	 divergentes	 dentro	 da	 própria	 associação,	
Paula	 Littlewood,	 diretora	 executiva	 da	ABA	 e	 Risa	 Kaufman,	 professora	 da	
Universidade	de	Columbia,	a	profissão	irá	aliviar	a	crise	judiciária	em	que	vive	
aquele	 país	 e	 trará	 alívio	 às	 demandas	 da	 população	 hipossuficiente,	 quando	
necessitar	recorrer	ao	judiciário	(MELO,	2015,	s.p.).
Na	teoria,	os	programas	de	assistência	judiciária	gratuita	deveriam	estar	
disponíveis	a	todas	as	pessoas	que	não	podem	contratar	um	advogado.	
No	entanto,	a	“Legal	Services	Corporation”,	a	organização	que	financia	
as	 provedoras	 de	 serviços	 de	 assistência	 judiciária	 gratuita,	 não	 tem	
verbas	 para	 sustentar	 o	 programa.	 De	 2010	 a	 2013,	 por	 exemplo,	 o	
Congresso	dos	EUA	cortou	US$	80	milhões	de	seu	orçamento.	Mais	de	
1.200	advogados	perderam	seus	empregos.	(MELO,	2015,	s.p).	
Dessa	forma,	surgiu	a	oportunidade	de	o	profissional	de	serviços	jurídicos	
ser	absorvido	pelo	mercado,	que	incluía	uma	enorme	demanda	de	assistidos	que	
não	 tinham	 condições	 de	 custear	 os	 honorários	 advocatícios,	 e	 não	 eram	bem	
atendidos	pelo	sistema	de	auxílio	jurídico	gratuito.	
Em	Portugal,	a	profissão	 foi	 regulamentada	em	2006	através	da	Portaria	
1310,	publicada	em	26	de	novembro	daquele	ano.	Nesse	país,	o	Técnico	de	Serviços	
Jurídicos	é	o	profissional	qualificado	apto	a	desempenhar	tarefas	administrativas	e	
processuais,	de	apoio	à	atividade	desenvolvida	nos	Tribunais/Julgados	de	Paz,	nos	
Cartórios	Notariais,	nas	Conservatórias	de	Registos,	nos	Escritórios	de	Advogados	
e	Solicitadores	e	nos	Gabinetes	Jurídicos	das	Empresas/Instituições.	A	profissão	em	
Portugal,	gerou	menos	polemica	em	relação	aos	Estados	Unidos,	o	profissional	tem	
funções	bem	delimitadas	e	são	considerados	auxiliares	da	justiça.	
As	 inúmeras	 reformas	 operadas	 na	 justiça	 criaram	 novas	 funções	
no	 domínio	 das	 profissões	 forenses.	 O	 agente	 de	 execução	 passou	
a	desempenhar	muitas	das	 tarefasque	se	encontravam	na	esfera	do	
tribunal,	 designadamente	 os	 atos	 de	 citação,	 notificação	 e	 penhora.	
O	 Balcão	 único,	 entendido	 como	 local	 único	 de	 atendimento	 e	
prestação	de	 serviços	 transversais,	 com	vista	 a	 celebração	de	 certos	
negócios	jurídicos,	existente	na	administração	pública,	e	ulteriormente	
adotado	por	solicitadores	e	advogados,	 reclamou,	entretanto,	destas	
profissionais	 estruturas	 informáticas,	 físicas	 e	 humanas,	 capazes	 de	
responder	às	novas	atribuições.	
Ainda	 no	 domínio	 da	 atividade	 notarial	 foram	 atribuídas	 novas	
competências	aos	advogados	e	solicitadores.	O	fenómeno	crescente	da	
litigância	de	massa	acarretou	também	uma	necessidade	suplementar	
de	 apoio	 no	 âmbito	 do	 contencioso	 empresarial	 e	 da	 advocacia	 e	
solicitaria.	O	acréscimo	de	tarefas	dos	referidos	profissionais	implicou,	
ainda,	 uma	 reorganização	 no	 desempenho	 da	 sua	 atividade	 e	 um	
maior	e	mais	qualificado	apoio.	(SOUSA,	2018,	s.p.)	
No	 Canadá,	 existe	 um	 profissional	 conhecido	 como	 “paralegal”,	 sua	
qualificação	 é	 	 através	 de	 sua	 educação,	 formação	 ou	 experiência	 adquirida	
pelo	trabalho,	por	um	advogado,	escritório	de	advogados,	corporação,	agência	
governamental	ou	outra	entidade,	e	que	atue	dando	apoio	técnico	aos	advogados	
e	assessores	jurídicos	de	empresas	e	outros	órgãos	públicos	e	provados.
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
6
Os	 paralegais	 são	 profissionais	 tecnólogos	 de	 serviços	 jurídicos	
independentes.	 Devem	 ser	 licenciados	 pela	 Law Society of Upper Canada,	 para	
poder	atuar	nos	serviços	jurídicos	dentro	do	seu	âmbito	de	prática	para	o	público	
em	 geral.	 Paralegais	 licenciados	 em	 Ontário	 podem	 adquirir	 a	 sua	 própria	
empresa	jurídica,	também,	atuar	como	um	juiz	de	paz	e	ainda	empregar-se	como	
procurador	municipal	ou	provincial.
As	 diferenças	 entre	 advogados	 e	 paralegais	 são	 que	 os	 advogados	
podem	 dar	 aconselhamento	 jurídico,	 definir	 taxas,	 e	 representarem	
clientes,	impetrarem	ações	nos	tribunais,	acompanharem	processos	(e	
outros	documentos	do	tribunal)	como	procuradores.	Já	os	Paralegais	
são	 responsáveis	 por	 tarefas	 de	 movimentação	 tais	 como	 a	 escrita	
jurídica,	 investigação	 e	 outras	 formas	 de	 documentação	 para	 os	
advogados	para	quem	eles	trabalham	(LEITE,	2016,	s.p.)	
Existe	 o	 paralegal	 na	 África	 do	 Sul,	 eles	 têm	 autorização	 para	manter	
contatos	 com	 clientes	 dos	 advogados	 para	 quem	 trabalham,	 auxiliando	 na	
resolução	de	conflitos;	fazem	pesquisas	jurídicas,	preparam	casos	em	tribunais.	
Normalmente	são	empregados	por	grandes	corporações,	grupos	de	advogados	
renomados,	 empresas	 jurídicas,	 agentes	 imobiliários	 e	 departamentos	
governamentais	para	prestar	apoio	jurídico	às	corporações.
O Shihō Shoshi,	 no	 Japão,	 é	 um	 escrivão	 judicial,	 que	 tem	 atuação	
semelhante	ao	paralegal.	O	trabalho	do	escrivão	jurídico	fica	entre	o	do	secretário	
e	 do	 advogado.	 Não	 precisa	 estar	 vinculado	 a	 nenhum	 escritório	 para	 atuar,	
podem	representar	clientes	em	algumas	matérias	de	menor	nível,	mas	não	em	
estágios	mais	avançados	de	litígios.	
Tal	como	acontece	com	os	advogados	no	Japão,	escrivães	são	regulados	
e	devem	passar	por	um	exame	para	poderem	exercer	a	profissão.	Equivalente	a	
esse	profissional,	existe	o	Beopmusa,	na	Coreia	do	Sul.
O	 Reino	 Unido	 e	 o	 País	 de	 Gales	 reconhecem	 o	 paralegal	 que	 atua	
preparando	 os	 documentos	 referentes	 ao	 transporte	 de	 carga	 ou	 de	 terra,	
empreender	direito	de	sucessões,	contencioso	empresarial.	 	Entretanto,	atua	de	
forma	restrita	na	realização	de	litígios	nas	audiências	em	tribunais.	
Na	 prática,	 muitos	 aparecem	 em	 tribunais	 em	 todos	 os	 níveis	 como	
assistentes.	Atuam,	ainda,	 como	 representantes	da	Polícia	Estadual,	na	qual	 são	
credenciados	dando	conselhos	gerais	para	os	clientes	mantidos	em	custódia	policial.
3 O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS NO BRASIL
A	Ordem	 dos	Advogados	 do	 Brasil	 (OAB)	 ofereceu	muita	 resistência	 à	
regulamentação	 e	 ao	 reconhecimento	 do	 profissional	 de	 serviços	 jurídicos,	 por	
entender	que	poderia	ser	uma	concorrência	ao	advogado.	
TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS
7
Entretanto,	 o	 Ministério	 da	 Educação	 e	 Cultura	 (MEC),	 reconheceu	 a	
profissão	 e	 inseriu	 no	 cadastro	 nacional	 de	 cursos	 pela	 Portaria	 1.039	 do	MEC	
(3/10/2017).	Ao	contrário	do	que	muitos	afirmam,	a	função	não	é	idêntica	à	de	um	
estagiário	ou	de	um	advogado	recém	formado.	O	tecnólogo	de	serviços	jurídicos	terá	
atividade	administrativa,	sendo	um	gestor	de	escritório	e	não	é	de	sua	competência	
exercer	atividades	administrativas	no	âmbito	de	serviços	jurídicos.
A	mais	 simples	 observação	mostra	 que	 [...]	 aquele	 que	 está	melhor	
situado	 sente	 a	 urgente	 necessidade	 de	 considerar	 como	 ‘legítima’	
sua	 posição	 privilegiada,	 de	 considerar	 sua	 própria	 situação	 como	
resultado	 de	 um	 ‘mérito’	 e	 a	 alheia	 como	 produto	 de	 uma	 culpa	
(WEBER,	2004,	p.	54)
 
O	Estatuto	da	OAB	é	claro	no	seu	art.	1º,	senão	vejamos.	“São	atividades	
privativas	de	advocacia:	a	postulação	a	órgão	do	Poder	Judiciário	e	aos	juizados	
especiais;	as	atividades	de	consultoria,	assessoria	e	direção	jurídicas”	(BRASIL,	1994,	
art.	1º).	Nenhuma	dessas	atividades	é	contemplada	no	curso	de	gestão	de	serviços	
jurídicos.	Na	graduação	de	serviços	jurídicos	existem	disciplinas	relacionadas	ao	
direito,	assim	como	nos	cursos	de	administração	e	contabilidade,	mas	não	habilita	
tais	profissionais	a	exercerem	a	advocacia.
O	 debate	 ganhou	 repercussão	 desde	 2017,	 como	 revelou	 o	 Consultor	
Jurídico	(ConJur)	em	abril	daquele	ano,	quando	o	MEC	autorizou	aulas	em	uma	
faculdade	do	Paraná.	O	tecnólogo	pode	se	formar	em	dois	anos	e	sai	com	diploma	
considerado	de	ensino	superior.
A	OAB	ajuizou	 a	 ação	 civil	 pública,	 sob	 o	 fundamento	de	 que	 à	Lei	 de	
Diretrizes	 e	 Bases	 da	 Educação	 (9.394/96)	 estaria	 sendo	 violada	 no	 trecho	 que	
segmenta	a	educação	em	níveis	tecnológico	e	superior,	sob	o	argumento	de	que	a	
Ciência	do	Direito	é	material	e	formalmente	incompatível	com	sua	redução	a	um	
programa	de	curso	tecnólogo.
Entretanto,	 o	 judiciário	 entendeu	 que	 o	 MEC,	 ao	 autorizar	 que	 o	
conhecimento	 jurídico	 seja	 ensinado	 de	 forma	 técnica,	 ou	 seja,	 sem	 o	 grau	 de	
reflexão	próprio	do	bacharelado,	consubstancia	ato	de	governo,	com	todos	os	prós	
e	contras	que	daí	decorrem	ao	mercado	de	trabalho	e	à	sociedade.	Tal	decisão	é	do	
Estado-Governo,	não	do	Estado-Administração.
O	 argumento	 em	 que	 autorizar	 o	 curso	 violaria	 atividades	 privativas	
fixadas	pelo	Estatuto	da	Advocacia	(Lei	8.906/94),	também,	foi	rejeitado.	Afinal,	se	
isso	ocorrer,	será	caso	de	exercício	ilegal	da	profissão,	o	que	caracterizaria	crime	e	
deveria	ser	punido	conforme	estabelecido	em	leis	penais.		
A	Associação	 Brasileira	 de	Mantenedoras	 de	 Ensino	 Superior	 (ABMES),	
o	 Sindicato	 das	 Mantenedoras	 de	 Ensino	 Superior	 (SEMESP)	 e	 a	 Associação	
Brasileira	das	Mantenedoras	das	Faculdades	Isoladas	e	Integradas	(ABRAFI),	entre	
outras	entidades,	argumentam	que	serão	formados	profissionais	capacitados	em	
gestão,	em	incorporações	que	exijam	conhecimentos	básicos	legislativos,	sem	que	
se	confundam	com	a	advocacia.	
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
8
Vejo	 a	 discussão	 sobre	 o	 caráter	 científico	 do	 direito	 alinhada	 em	
primeiro	plano	com	um	debate	maior,	o	do	caráter	científico	das	ciências	
sociais.	O	direito	como	ciência	tem	evidentemente	suas	peculiaridades.	
Mas	o	debate	sobre	os	mé-	todos	aplicáveis	às	ciências	sociais	é	análogo	
em	grande	parte	ao	que	se	discute	em	direito.	Nesta	primeira	parte	do	
estudo,	 vamos	 nos	 deter	 inicialmente	 nesse	 confronto	 entre	 ciências	
sociais	e	ciências	da	natureza	(AGUILLAR,	2014,	p.	7).
Na	petição	encaminhada	à	7ª	Vara	Federal	do	DF,	as	entidades	alegam	que	
o	MEC	pode	elaborar	cursos	experimentais,	conforme	a	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	
Educação,e	que	uma	comissão	de	professores	“experientes”	aprovou	o	que	é	oferecido.	
As	 teorias	 da	 ação,	 ou	 teorias	 metodologicamente	 individualistas,	
portanto,	 estão	 sobrevalorizadas	 neste	 momento	 histórico	 em	 que	
visões	 estruturais	 se	 encontram	 profundamente	 enfraquecidas.	
Calcados	na	premissa	da	necessidade	de	um	conhecimento	objetivo	
da	 realidade	 social,	 alienado	 dos	 compromissos	 políticos,	 os	
modelos	 individualistas	 se	 aproximam	 das	 ciências	 da	 natureza.	
Seus	defensores	 irão	pugnar	por	uma	 convergência	 entre	 ambos	 os	
modelos	de	ciência	para,	fundamentalmente,	negar	o	caráter	científico	
do	 conhecimento	 social	 tradicional.	A	 verdadeira	 ciência,	 para	 eles,	
é	aquela	que	se	vale	de	métodos	 tipicamente	utilizados	nas	ciências	
naturais	(AGUILLAR,2014,	p.	8).
Assim,	 percebe-se	 que	 o	 mundo	 mudou	 e	 o	 profissional	 de	 serviços	
jurídicos	 tem	 expansão	 no	mercado	 e	 pode-se	 dizer	 que	 é	 fundamental	 para	 o	
melhor	desempenho	das	atividades	relacionadas	ao	direito.	
O	profissional	atuará	em	nível	de	assistência	e	assessoria	em	escritórios	de	
advocacia	de	auditoria	jurídica,	recursos	humanos,	departamentos	administrativos,	
magistratura,	 serviços	 de	 registro	 e	 notariais,	 promotoria,	 consultoria	 jurídica,	
departamentos	 jurídicos	 empresariais.	 Atuando	 como	 um	 administrador	
especializado	 em	 questões	 jurídicas,	 afinal,	 seus	 conhecimentos	 específicos	
garantem	uma	prestação	mais	adequada	das	demandas	de	um	ambiente	relacionado	
a	advocacia.	Pois,	será	um	conhecedor	do	“Livro	de	Regras”.
A	concepção	“livro	de	regras”	concentra-se	nos	procedimentos	e	na	
autoridade.	 Ela	 salvaguarda	 a	 segurança	 jurídica	 e	 a	 separação	 de	
poderes	 (Dicey,	 1915,	 p.	 120-121;	 Fuller,	 1969,	 p.	 33-34;	 Raz,	 2002,	
p.	214-219).	Sua	ideia	central	é	a	de	que	o	poder	do	Estado	deve	ser	
exercido	de	 acordo	 com	 regras	 explicitamente	 estabelecidas	 em	um	
“livro	 de	 regras”	 público	 disponível	 a	 todos.	 Todo	 o	 ordenamento	
jurídico	 deve	 seguir	 essas	 regras	 até	 que	 elas	 sejam	 alteradas.	 A	
concepção	livro	de	regras	não	estipula	nada	acerca	do	conteúdo	das	
regras.	Contudo,	 isso	 não	 significa	 que	 questões	da	 justiça	material	
das	regras	não	possam	ser	discutidas.	Significa,	simplesmente,	que	tais	
questões	não	pertencem	ao	ideal	de	devido	processo	legal.	A	concepção	
direito,	 ao	 contrário,	 incorpora	 as	 exigências	 de	 justiça	material	 ao	
devido	 processo	 legal.	 O	 devido	 processo	 legal	 necessariamente	
salvaguarda,	 por	 exemplo,	 direitos	 fundamentais,	 que	 podem	 ser	
definidos	como	direitos	humanos	que	são	 transformados	em	direito	
constitucional	positivado	(Alexy,	1998a,	p.	259-260;	Dworkin,	2001,	p.	
11-13).	A	concepção	direito	do	devido	processo	legal	necessariamente	
implica	 a	máxima	 da	 proporcionalidade	 (Allan,	 2011,	 p.	 159;	 Klatt;	
Meister,	 2012b).	 Nessa	 concepção,	 questões	 de	 justiça	 material	 das	
TÓPICO 1 — SERVIÇOS JURÍDICOS
9
regras	 são	 internas	 ao	devido	processo	 legal.	 Essa	distinção	 entre	 a	
concepção	formal	e	a	material	é	bastante	direta.	Muito	mais	complexo	
é	o	problema	normativo	sobre	qual	concepção	devemos	seguir.	Essa	
dificuldade	 é	 devido	 a	 um	 dilema	 (cf.	 Allan,	 2001,	 p.	 23):	 quando	
adotamos	a	concepção	formal,	corremos	o	risco	de	o	devido	processo	
legal	 ser	 transformado	 em	 uma	 mera	 máscara	 mal	 utilizada	 para	
legitimar	 as	 estruturas	 de	 poder	 existentes,	 escondendo	 a	 injustiça	
material	(Unger,	1976,	p.	176-181,	192-223).	Quando,	alternativamente,	
seguimos	 a	 concepção	 material,	 estamos	 vulneráveis	 à	 objeção	 do	
desacordo	 racional	 e	 do	 valor	 pluralismo	 (Craig,	 1997,	 p.	 487).	 Na	
concepção	material,	 o	 devido	 processo	 legal,	 como	 Joseph	 Raz	 nos	
lembra,	 pode	 se	 referir	 a	praticamente	qualquer	 ideal	político	 (Raz,	
2002,	p.	211,	221).	O	devido	processo	legal	parece	cair	dentro	de	uma	
completa	filosofia	social	e	pode	perder	qualquer	função	independente.	
Portanto,	não	é	uma	ideia	convincente	interpretar	o	devido	processo	
legal	como	a	regra	do	bom	direito.	Gostaria	de	sugerir	que	podemos	
resolver	esse	dilema	esclarecendo	a	 relação	entre	o	devido	processo	
legal	e	o	conceito	de	direito	(ALEXY,	2017,	p.	51).
Dessa	forma,	o	profissional,	tecnólogo	de	serviços	 jurídicos,	pode	ter	seu	
curso	devidamente	reconhecido	e	iniciar	o	exercício	da	profissão	de	forma	regular,	
sem	conflitos	com	a	advocacia.
A gestão moderna de serviços jurídicos
Lara Selem
 O fenômeno da Globalização, de forma avassaladora, tem modificado a realidade 
de consumidores, governos e sobretudo das empresas, sejam elas pequenas ou grandes, de 
serviços ou de produtos. Enquanto fenômeno, trouxe consigo o crescimento dos fluxos de 
comércio de bens e serviços e do investimento internacional. Trouxe também a aceleração 
dos fluxos de capitais e tecnologias, cujos efeitos atingem a todos, ocasionando aumento 
de concorrência e instabilidade econômica. 
 Por vezes, os efeitos desse fenômeno abrem horizontes para algumas empresas, 
porém também fazem com que outras evaporem em meio à acirrada competição que se 
instaurou no mercado. 
 E é neste cenário que se percebe o quanto é difícil e pesada a responsabilidade dos 
administradores e executivos na tarefa de gerenciar suas empresas, superar as adversidades 
e equilibrar a competitividade. 
 No caso específico do mercado jurídico brasileiro, um crescimento significativo no 
setor foi sentido nos últimos dez anos, ocasionado pela expansão geográfica das grandes 
corporações, pelos processos de privatização, fusão e aquisição de empresas, dentre outros 
fatores. Os escritórios de advocacia, por sua vez, perceberam os efeitos do fenômeno citado 
através do aumento da demanda por serviços jurídicos mais especializados, das facilidades 
e rapidez na comunicação, e das alterações no perfil da atividade econômica dos clientes, 
o que, numa análise superficial, pode significar grandes oportunidades. 
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
10
 Ocorre que, de oportunidades, tais efeitos podem se transformar em ameaças, 
caso os recursos humanos e financeiros não sejam otimizados, caso não se atente ao 
controle rigoroso na qualidade dos serviços, caso não se atinja uma alta performance 
técnica, enfim, caso as ações administrativas não sejam planejadas. 
 Nesse ambiente crítico e inseguro, observa-se que muitos escritórios de advocacia, 
especialmente os de pequeno e médio porte (que são a grande maioria da indústria jurídica) 
e os de origem familiar, ainda não praticam o planejamento de suas atividades com vistas 
a aproveitar as demandas e neutralizar as ameaças, nem criam no ambiente interno uma 
mentalidade mais aberta a responder às mudanças, sejam elas de que natureza forem. 
Será, portanto, altamente recomendável que os escritórios profissionalizem suas estruturas 
e sua gestão, como verdadeiras empresas. Será preciso também que se adaptem às novas 
necessidades do mercado, com prudência na seleção de estratégias e implantação de 
novas formas de administração.
 
 Esse parece ser, a nosso ver, o grande convite feito aos advogados para que 
iniciem um processo de reflexão sobre seu negócio, atualizem seu talento administrativo, 
e percebam como podem vir a se tornar mais eficientes no combate ao ambiente instável 
e turbulento predominante na economia atual, caso façam uso dos conceitos empresariais 
em suas atividades administrativas. 
 A gestão racional é, por certo, o meio mais eficaz para combater a crise instaurada, 
a alta competição, e os reflexos da globalização, bem como para fazer com que o 
escritório jurídico ajuste-se aos novos contornos da atividade econômica e à diversidade 
de problemas que invocam soluções com maior nível de especialização técnica. Através 
da gestão planejada estrategicamente tornar-se-á possível a busca pelo desenvolvimento 
futuro do negócio como um todo, a melhora da performance administrativa, a otimizaçãodos recursos e do relacionamento com os clientes. 
 Uma adequada implantação do Planejamento Estratégico em escritórios de 
advocacia deverá, dentre outros: identificar, por meio de pesquisa, a situação presente e 
as oportunidades abertas para que desenvolva suas habilidades e sua base de clientes, 
para poder responder com mais precisão às necessidades deles; determinar as áreas de 
mercado que oferecem maior oportunidade para desenvolvimento futuro; identificar áreas 
de especialização que deveria desenvolver em nível de excelência; e, identificar as forças 
atuais e fraquezas à luz das oportunidades de mercado detectadas e para desenvolver uma 
solução factível entre sócios e equipe, no intuito de transformar aspiração em ação efetiva. 
 Com isso, os objetivos e metas que envolvem a prestação de serviços dentro de 
um escritório de advocacia poderão ser alcançados, permitindo que um forte senso de 
direção e propósito comum atinja a todos os elementos humanos que compõem a equipe 
(sócios, associados, parceiros, estagiários, apoio administrativo, etc.), agregando valor 
aos serviços prestados, permitindo que o escritório se diferencie de seus concorrentes e, 
consequentemente, supere a crise.
FONTE: <https://administradores.com.br/artigos/a-gestao-moderna-de-servicos-juridicos>. 
Acesso em: 3 jul. 2020.
11
Neste tópico, você aprendeu que:
• O	profissional	de	serviços	jurídicos	surgiu	de	uma	demanda	do	próprio	poder	
judiciário,	e	foi	introduzido	no	Brasil	através	de	cursos	técnicos	promovidos	
em	São	Paulo	com	o	objetivo	de	capacitar	 servidores	público,	para	melhor	
desempenho	de	suas	atividades.
• Posteriormente,	 foi	 ganhando	 visibilidade	 e	 o	 público	 externo	 aderiu	 ao	
curso	com	o	objetivo	de	se	especializar,	de	forma	mais	adequada	na	pratica	
de	serviços	dentro	de	órgão	públicos	e	privados,	que	tenham	afinidade	com	
questões	jurídicas.
• Outros	países	já	reconhecem	tal	atividade.	Alguns,	como	os	Estados	Unidos,	
ofereceram	maior	resistência	na	aceitação	desse	novo	profissional.	Mas,	em	
outros,	 como	 no	 Japão,	 a	 atividade	 é	 reconhecida	 e	 respeitada	 como	 um	
auxiliar	na	promoção	da	justiça.
• Apesar	 de	 muita	 resistência	 oferecida	 pela	 OAB,	 o	 curso	 de	 tecnólogo	
de	 serviços	 jurídicos	 foi	 incluído	 no	 cadastro	 nacional	 de	 cursos	 e	 está,	
atualmente,	 sendo	oferecido	por	diversas	 instituições	 tanto	na	modalidade	
presencial	quanto	EAD.
RESUMO DO TÓPICO 1
12
1	Analise	as	asserções	a	seguir	e	sinalize	se	elas	estão	certas	ou	erradas.
a)	Com	relação	ao	curso	Técnico	de	Serviços	Jurídicos,	o	qual	veio	para	atender	
uma	alta	demanda	do	Tribunal	de	 Justiça	de	São	Paulo,	percebeu-se	uma	
necessidade	de	qualificação	dos	serventuários	que	atuam	no	Poder	Judiciário.
(			)	Certo.
(			)	Errado.
b)	 No	 Japão,	 a	 atividade	 de	 escrivão	 é	 reconhecida,	 e	 para	 o	 exercício	 da	
profissão	não	 é	 necessário	 se	 submeter	 a	 nenhuma	avaliação	pelo	 órgão	
responsável	pela	atividade.
(			)	Certo.
(			)	Errado.
c)	O	curso	de	Tecnólogo	de	Serviços	 Jurídicos	 foi	 introduzido	no	Cadastro	
Nacional	de	Cursos	pelo	MEC.	Embora	tenha	tido	bastante	resistência	por	
parte	da	OAB.
(			)	Certo.
(			)	Errado.
AUTOATIVIDADE
13
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
1 INTRODUÇÃO
O	 Tecnólogo	 em	 Serviços	 Jurídicos	 é	 formado	 para	 trabalhar	 na	 área	
parajurídica,	atuando	como	uma	figura	fundamental.	Auxiliando	nas	atividades	
associadas	 à	 gestão,	 cartórios,	 comunicação,	 planejamento	 estratégico	 e	
administrativas	 nos	 escritórios	 de	 advocacia	 e	 fóruns.	 Além	 de	 Tribunais	 de	
Justiça	e	Tribunais	Superiores	de	Justiça.		
Através	 da	 graduação	 o	 profissional	 dessa	 área	 aprende	 as	 técnicas	 e	
as	 ferramentas	necessárias	para	atuação	de	 forma	correta	na	área	parajurídica.	
Surgindo	diversas	oportunidades	de	concursos	públicos	tanto	na	Administração	
Pública	 em	geral,	 como	na	 área	 administrativa	 judiciária.	Além	disso,	 o	 curso	
tecnólogo	possibilita	uma	rápida	inserção	no	mercado	de	trabalho.
2 O PAPEL MULTIDISCIPLINAR DO TÉCNICO EM SERVIÇOS 
JURÍDICOS: ATRIBUIÇÕES
O	tecnólogo	de	serviços	jurídicos	possui	um	leque	de	atividades	a	serem	
desempenhadas.	Cada	uma	com	suas	especificações	e	peculiaridades	que	serão	
desenvolvidas	 ao	 longo	do	 curso,	 com	o	 objetivo	de	 entender	 com	qual	 delas	
existe	uma	identificação	maior	de	cada	profissional.		
2.1 ANALISTA
O	Analista	Judiciário	é	um	cargo	afeto	ao	Poder	Judiciário,	que	poderá	ser	
ocupado	pelo	tecnólogo	de	serviços	jurídicos.	Este	cargo	é	fundamental	e	existe	
em	 todos	os	 tribunais,	 em	 todas	as	esferas.	O	acesso	a	esse	cargo	é	através	de	
concurso	público,	conforme	determinação	do	artigo	37,	inciso	II,	da	Constituição.				
Art.	 37.	A	 administração	 pública	 direta	 e	 indireta	 de	 qualquer	 dos	
Poderes	da	União,	dos	Estados,	do	Distrito	Federal	e	dos	Municípios	
obedecerá	aos	princípios	de	legalidade,	impessoalidade,	moralidade,	
publicidade	e	eficiência	e,	também,	ao	seguinte:
I	-	os	cargos,	empregos	e	funções	públicas	são	acessíveis	aos	brasileiros	
que	 preencham	 os	 requisitos	 estabelecidos	 em	 lei,	 assim	 como	 aos	
estrangeiros,	na	forma	da	lei;
II	 -	a	 investidura	em	cargo	ou	emprego	público	depende	de	aprovação	
prévia	em	concurso	público	de	provas	ou	de	provas	e	títulos,	de	acordo	
14
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
com	a	natureza	e	a	complexidade	do	cargo	ou	emprego,	na	forma	prevista	
em	lei,	ressalvadas	as	nomeações	para	cargo	em	comissão	declarado	em	lei	
de	livre	nomeação	e	exoneração	II	(BRASIL,	2016,	p.	36-37).
Assim,	periodicamente	são	abertos	concursos	para	o	provimento	desses	
cargos,	essenciais	ao	funcionamento	do	Poder	Judiciário.
As	 atribuições	 do	 cargo	 de	Analista	 Judiciário	 podem	 ser	 também	 de	
natureza	 administrativa,	 recursos	 humanos,	 atendimento	 ao	 público,	 arquivos	
e	afins.	Pode	também,	ser	uma	atividade	 jurídica,	como	trabalhar	auxiliando	o	
juiz.	O	cargo	de	Analista	Judiciário	de	área	jurídica,	somente	poderá	ser	ocupado,	
por	um	bacharel	em	direito.	Será	responsável	por	atividades	de	planejamento,	
organização,	coordenação,	supervisão	técnica,	assessoramento,	estudo,	pesquisa,	
elaboração	de	certidões,	pareceres,	execução,	conferência	e	redação	de	documentos;	
conferência	de	expediente	diversos;	laudos	ou	informações	e	execução	de	tarefas	
de	natureza	e	grau	de	complexidade	correlatos.
O Analista Judiciário da área administrativa, cargo que pode ser ocupado pelo 
tecnólogo de serviços jurídicos, exerce atividades de execução qualificada sob orientação 
e supervisão, envolvimento funções de contabilidade, finanças e auditoria públicas; contar, 
em todos os feitos, antes da sentença ou de qualquer despacho definitivo, mediante 
ordem do Juiz, os emolumentos e as custas; proceder à contagem do principal e dos 
juros nas ações referentes a dívidas em quantias certas e nos cálculos aritméticos que se 
fizerem necessários relativamente a direitos e obrigações; fazer o cálculo para pagamento 
de impostos; elaborar cálculos em geral, bem como proceder à contagem de custas e 
preparo de recursos; elaborar e efetuar laudos de avaliação; expedir certidões de atos e 
documentos de sua exclusiva competência; executar outras tarefas de natureza e grau de 
complexidade correlatos.
FONTE: <https://www.migalhas.com.br/mercado-de-trabalho/noticia/268486/entenda-o-
-que-um-analista-judiciario-faz>. Acesso em: 6 jul. 2020.
NOTA
Assim,	 o	 analista	 deve	 cumprir	 os	 despachos	 dos	 juízes.	 Para	 tanto	 é	
fundamental	que	entenda	as	regras	de	processo,	para	entender	o	que	deverá	ser	
feito	na	finalidade	de	dar	andamento	ao	processo,	em	conformidade	com	aquilo	
que	foi	determinado	pelo	juiz.
Os	 processos	 judiciais	 percorrem	 um	 longo	 caminho,	 desde	 sua	
propositura	 até	 o	 trânsito	 em	 julgado	 de	 uma	 sentença,	 isto	 é	 aquela	 decisão	
que	 não	 cabe	mais	 recursos.	 O	 analista,	 portanto,	 será	 responsável	 pelo	 bom	
andamento	dos	processos,responsáveis	pela	produção	das	minutas	de	decisão	e	
deverão	também	cumprir	as	tarefas	que	envolvem	o	cartório.	Por	terem	acesso	à	
área	legal,	esses	habilitados	precisam	dominar	direito	material	e	especialmente,	
direito	processual.
TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
15
Os	tribunais,	em	regra,	são	acionados,	quando	existem	conflitos	a	serem	
solucionados	pelo	judiciário.	Tomando	por	exemplo	a	justiça	do	trabalho,	os	TRTs	
são	 acionados	 quando	 existem	 conflitos	 trabalhistas.	Os	 órgãos	 devem,	 então,	
analisar	a	queixa	e	optar	por	proceder	ou	não	com	ela.	Caso	seja	uma	denúncia	
verídica,	 os	 concursados	do	TRT	darão	 início	 ao	processo,	 garantindo	que	 ele	
prossiga	de	forma	justa.	
Então	começa	a	atuação	do	analista,	o	qual	será	responsável	por	cuidar	
das	minutas	e	dos	deveres	referentes	ao	cartório.	No	entanto,	sua	rotina	não	se	
resume	 a	 isso.	 Ele	 também	 será	 encarregado	de	 analisar	 petições	 e	 processos;	
confeccionar	 minutas	 de	 votos;	 emitir	 informações	 e	 pareceres;	 proceder	 a	
estudos	e	pesquisas	na	legislação,	na	jurisprudência	e	na	doutrina	pertinente	para	
fundamentar	a	análise	de	processo	e	emissão	de	parecer.
O	 analista,	 ainda,	deverá	 fornecer	 suporte	 técnico	 e	 administrativo	 aos	
magistrados,	 órgãos	 julgadores	 e	 unidades	 do	 Tribunal;	 inserir,	 atualizar	 e	
consultar	 informações	em	base	de	dados;	verificar	prazos	processuais;	atender	
ao	público	 interno	 e	 externo;	 redigir,	 digitar	 e	 conferir	 expedientes	diversos	 e	
executar	outras	atividades	de	mesma	natureza	e	mesmo	grau	de	complexidade.
Em	 geral,	 a	 jornada	 de	 trabalho	 dos	 analistas	 é	 composta	 de	 40	 horas	
semanais,	em	turnos	que	duram	de	11	às	18	horas	ou	de	12	às	19.	Eventualmente,	
cumprem	um	plantão	em	horário	noturno	e/ou	finais	de	semana.	
O	 analista	 deve	 ter	 nacionalidade	 brasileira.	 Se	 for	 português,	 deve	
estar	amparado	pelo	estatuto	de	igualdade	entre	brasileiros	e	portugueses,	com	
reconhecimento	do	gozo	dos	direitos	políticos,	nos	termos	do	§1º	do	art.	12	da	
Constituição	da	República	Federativa	do	Brasil,	e	na	forma	do	disposto	no	art.	13	
do	Decreto	Federal	nº	70.436,	de	18	de	abril	de	1972.
Precisa	 ser	 maior	 de	 18	 anos	 e	 estar	 em	 dia	 com	 suas	 obrigações	
eleitorais.	Os	candidatos	do	sexo	masculino,	estar	em	dia	com	o	serviço	militar.	
Não	 ter	 impedimentos	 no	 âmbito	 político.	 Ser	 capaz	 de	 comprovar	 seu	 grau	
de	escolaridade,	 isto	é,	graduação	em	qualquer	curso	de	nível	 superior	para	o	
analista	administrativo	e	ser	graduado	em	direito	para	o	analista	judiciário	e	estar	
apto	física	e	mentalmente	para	cumprir	suas	obrigações.
O	salário	desse	profissional	varia	conforme	o	órgão	empregador.	Se	for	um	
tribunal	de	instância	federal,	fica	sujeito	às	regras	de	pagamento	de	funcionários	da	
União.	Se	for	um	órgão	estadual	como	por	exemplo,	o	Tribunal	de	Justiça	do	Rio	de	
Janeiro,	o	TJRJ,	se	submete	às	regras	de	pagamento	do	poder	judiciário	daquele	estado.
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UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
2.2 TÉCNICO
O	 técnico	 judiciário	 é	 o	 servidor	 público,	 responsável	 por	 diversas	
atividades	 de	 suporte	 técnico	 e	 administrativo	 realizadas	 nos	 órgãos	 em	 que	
estão	 lotados.	 O	 técnico	 executa	 atividades	 de	 apoio	 em	 nível	 intermediário	
conforme	sua	área	de	atuação.	Entre	elas	estão	a	elaboração	relatórios	e	certidões,	
redação	e	digitação	de	documentos,	atividades	relativas	aos	recursos	humanos,	
atendimento	ao	público	e	materiais	financeiros	e	orçamentários.
Além	dessas	atribuições,	o	técnico	judiciário	é	responsável	pela	abertura	
e	 encerramento	 de	 audiências,	 tramitação	 de	 feitos,	 guarda	 e	 conservação	 de	
processos	e	comunicação	entre	as	partes	de	um	processo.
O	 técnico	 judiciário	 pode	 atuar	 em	 órgãos	 como	 Tribunal	 Regional	
Eleitoral,	 Tribunal	Regional	 do	Trabalho,	 Tribunal	 de	 Justiça,	 entre	 outros,	 na	
área	administrativa,	sem	especialidade,	deve	ter	concluído	o	ensino	médio.	
Entretanto,	caso	sua	função	exija	atividades	específicas,	como	Tecnologia	
da	 Informação,	 Transportes,	 Segurança	 do	 Trabalho	 e	 Enfermagem,	 deve	 ter	
ensino	técnico	na	área	e,	conforme	for	o	caso,	registro	de	classe.	Pois	o	trabalho	
desses	técnicos	será	relativo	à	profissão	de	cada	um.
2.3 ASSESSOR JURÍDICO
A	 função	 do	 assessor	 jurídico	 está	 relacionada	 ao	 que	 chamamos	 de	
advocacia	preventiva,	ou	seja,	a	que	evita	o	surgimento	de	uma	 líder	e	de	um	
processo	judicial.	A	advocacia	preventiva	é	composta	da	consultoria,	assessoria	
e	direção.
Na	assessoria,	assim	como	na	consultoria,	será	dada	uma	orientação	ao	
cliente	sobre	as	decisões	relativas	a	atos	e	negócios	jurídicos	que	serão	praticados.	
Porém,	existe	uma	pequena	diferença	entre	as	duas	prestações	de	serviço.	
Na	consultoria,	o	cliente	faz	um	questionamento	sobre	o	assunto	de	seu	
interesse,	a	partir	dos	dados	fornecidos	será	emitido	um	parecer,	com	os	devidos	
fundamentos	jurídicos.	Tal	parecer	poderá	ser	verbal	ou	escrito,	mas	em	ambos	
os	casos	deve	ser	conclusivo	e	fundamentado	à	luz	do	direito.
Já	na	assessoria,	o	cliente	recebe	auxílio	na	condução	da	prática	de	atos	da	
vida	civil.	Fornecendo	conhecimentos	jurídicos	essenciais	na	tomada	de	decisões	
que	geram	efeitos.	O	assessor	 jurídico	reúne	dados	e	 informações	que	possam	
evitar	que	o	cliente	tenha	prejuízos	futuros,	com	eventuais	processos	judiciais	e	
ou	anulação	do	ato	praticado	por	algum	defeito.	
TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
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Assessoria	permite	 várias	 ações	 em	benefício	do	 cliente.	 Pode	 ser	uma	
mediação	de	conflitos,	em	que	o	mediador	conduz	até	que	se	chegue	a	um	acordo	
justo	entre	as	partes	envolvidas.	O	assessor	jurídico	poderá,	ainda,	acompanhar	o	
cliente	em	uma	reunião	em	que	as	partes	tratarão	de	assuntos	que	envolvam,	em	
alguma	medida,	conhecimentos	legais	sobre	as	matérias	constantes	das	pautas,	
como,	por	exemplo,	em	uma	Assembleia	Geral	em	um	condomínio.
A	atividade	de	direção,	na	advocacia	preventiva	é	a	coordenação	ou	chefia	de	
um	setor	nas	organizações,	cuja	função	seja	a	atividade	de	consultoria	ou	assessoria.	É	
importante	ressaltar	que	o	exercício	da	atividade	de	direção	em	setores	ou	departamentos	
jurídicos	não	seria	restrita	a	questões	de	organização,	planejamento	financeiro	e	de	
logística,	o	que	poderia	ser	exercido	perfeitamente	por	um	Administrador.
	À	frente	de	um	departamento	jurídico,	o	tecnólogo	de	serviços	jurídicos	
não	 exercerá	 diretamente	 as	 atividades	de	 postulação,	 ou	 eventualmente	 a	 de	
assessoramento,	 mas	 será	 o	 responsável	 pela	 estratégia	 que	 será	 adotada	 na	
demanda	 judicial	 ou	 administrativa;	 conduzirá	 seus	 auxiliares	 nas	 pesquisas;	
revisará	petições	e	outras	peças	técnicas;	será	o	principal	norte	para	a	corrente	
doutrinária	a	ser	adotada	a	cada	caso.
A	atividade	de	assessoria	 jurídica	passou	a	existir	 representada	por	
uma	pessoa	ou	empresa	que	tinha	por	responsabilidade	não	apenas	
a	 identificação	 e	 investigação	 de	 problemas	 relacionados	 à	 política,	
organização,	 procedimentos	 e	métodos,	mas,	 também,	 à	 orientação	
adequada	 à	 resolução	 dos	 problemas.	 Existia	 um	 problema,	 mas	 o	
pessoal	 efetivo,	 ou	 seja,	 interno,	não	 tinha	 especialização	necessária	
para	resolvê-lo	(KUBR,	1986,	p.	145).
Desta	forma	é	fundamental	que	tenha	os	conhecimentos	que	lhe	permitirá	
exercer	seu	ofício	com	o	grau	de	qualidade	e	apuro	técnico	que	se	espera	de	um	
departamento	 jurídico.	O	 tecnólogo	de	 serviços	 jurídicos,	 ao	assumir	a	 função	
de	assessor	jurídico,	deve	se	empenhar	nos	conhecimentos	referentes	à	área	do	
direito	que	pretende	atuar.
O	assessor	jurídico	tem	três	princípios	básicos.	O	primeiro	é	o	conhecimento	
técnico	 de	 direito	 no	 seu	 ramo	 específico.	O	 segundo	 princípio	 é	 a	 formação,	
especialização	 e	 qualificação	 que	 servem	 para	 a	 personalidade	 e	 inteligência	
emocional,	fundamentais	ao	exercício	da	função.	
Se	ele	não	faz	esta	formaçãopsicológica	e	filosófica	contínua	–	para	si	
mesmo,	não	para	os	outros	–	corre	o	risco	de	acreditar-se	um	grande	
advogado,	porém	não	possui	mais	os	fundamentos,	não	possui	mais	
a	 fonte	 da	 inteligência.	 Isto	 é,	 a	 competência	 psicológico-filosófica	
serve	 para	manter	 o	 exercício	 da	 sua	 inteligência,	 do	 seu	 intelecto.	
Se	ele	não	faz	isso,	corre	o	risco	de	sentir-se	potente,	porque,	é	claro,	
as	 pessoas	 recorrem	 ao	 advogado	 somente	 quando	 têm	 problemas	
(MENEGHETTI,	2007,	p.	39).
O	último	princípio	está	relacionado	ao	conhecimento	real	e	integral	do	caso	
antes	mesmo	de	aceitar	a	causa.	Pois,	apenas	dessa	forma	poderá	prestar	a	melhor	
assessoria	ao	cliente,	solucionando	seus	questionamentos	de	forma	adequada.
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UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
2.4 OFICIAL DE JUSTIÇA
As	atividades	do	Oficial	de	Justiça	são	determinadas	pela	Constituição	e,	
em	especial,	pelo	Código	de	Processo	Civil,	Código	de	Processo	Penal	e	demais	leis	
relativas	à	procedimento.	São	consideradas,	também,	as	normas	administrativas	
editadas	 pelas	 Corregedorias	 de	 Justiça	 de	 cada	 Estado,	 que	 regulamentam	
situações	especificas,	com	relação	à	forma	pela	qual	as	normas	legais	devem	ser	
observadas.	Desde	a	antiguidade,	o	Oficial	de	Justiça	tem	importante	papel	para	
a	prestação	jurisdicional.
A	origem	da	função	do	Oficial	de	Justiça	é	muito	antiga
Segundo	 alguns	 historiadores,	 a	 carreira	 do	 oficial	 de	 justiça	 tem	 sua	
origem,	no	Direito	Hebraico,	quando	os	Juízes	de	Paz	tinham	alguns	oficiais	
encarregados	de	executar	as	ordens	que	lhes	eram	confiadas;	embora	as	
suas	 funções	não	 estivessem	claramente	 especificadas	no	processo	 civil,	
sabe-se	 que	 eles	 eram	 os	 executores	 da	 sentença	 proferida	 no	 processo	
penal.	Munidos	de	um	longo	bastão,	competia-lhes	prender	o	acusado,	tão	
logo	era	prolatada	a	sentença	condenatória	(PIRES	1994,	p.	19).
	No	período	Justinianeu,	“foram	atribuídas	sucessivamente	aos	Apparitores	
e	executores	as	funções	que,	na	atualidade,	são	desempenhadas	pelos	Oficiais	de	
Justiça.	O	 legislador	 romano	 criou	órgãos	para	ajudá-los	no	 cumprimento	das	
sentenças”	(NARY,	1974,	p.	22).
O	Código	Filipino	utiliza,	pela	primeira	vez	a	expressão	“meirinho”,	que	
até	os	dias	de	hoje	ainda	é	utilizada	como	referência	ao	Oficial	de	Justiça.	Aquele	
código	inovou	ao	adotar	diversas	atribuições	diferenciada	como	o	“meirinho-mor”,	
o	“meirinho	da	corte”,	o	“meirinho	das	cadeias”,	e	o	“meirinho”,	propriamente	
dito,	com	a	função	típica	do	Oficial	de	Justiça	de	hoje.
No	 Brasil,	 desde	 a	 época	 imperial,	 adotou-se	 os	 princípios	 do	 direito	
português.	Assim,	considera-se	o	Oficial	de	Justiça	um	executor	de	ordens,	aquele	
que	fica	responsável	em	efetuar	os	mandados	proferidos	por	juízes.	Cabe	a	esse	
profissional	notificar,	intimar,	citar,	realizar	diligências	e	vários	atos	processuais	ao	
seu	encargo.	Considerando	suas	principais	atribuições	o	intercâmbio	processual	
e	as	práticas	de	atos	de	execução.			
O	Código	de	Processo	Civil,	no	artigo	154,	traz	as	atribuições	do	Oficial	de	
Justiça	nos	seguintes	termos:
Art.	154.	Incumbe	ao	oficial	de	justiça:
I	 -	 fazer	pessoalmente	citações,	prisões,	penhoras,	arrestos	e	demais	
diligências	próprias	do	 seu	ofício,	 sempre	que	possível	na	presença	
de	 2	 (duas)	 testemunhas,	 certificando	no	mandado	o	 ocorrido,	 com	
menção	ao	lugar,	ao	dia	e	à	hora;
II	-	executar	as	ordens	do	juiz	a	que	estiver	subordinado;
III	-	entregar	o	mandado	em	cartório	após	seu	cumprimento;
IV	-	auxiliar	o	juiz	na	manutenção	da	ordem;
V	-	efetuar	avaliações,	quando	for	o	caso;
VI	-	certificar,	em	mandado,	proposta	de	autocomposição	apresentada	
TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
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por	qualquer	das	partes,	na	ocasião	de	realização	de	ato	de	comunicação	
que	lhe	couber.
Parágrafo	único.	Certificada	a	proposta	de	autocomposição	prevista	
no	 inciso	 VI,	 o	 juiz	 ordenará	 a	 intimação	 da	 parte	 contrária	 para	
manifestar-se,	no	prazo	de	5	(cinco)	dias,	sem	prejuízo	do	andamento	
regular	do	processo,	entendendo-se	o	silêncio	como	recusa	(BRASIL,	
2015,	art.	154).
Alguns	doutrinadores	entendem	que	o	Oficial	de	Justiça	é	uma	pequena	
engrenagem,	mas	fundamental	para	o	funcionamento	do	sistema.
A	grande	maioria	dos	atos	processuais	necessita	da	participação	de	
oficial	de	justiça	para	seu	cumprimento.	Um	dos	requisitos	importantes	
para	que	o	Oficial	de	Justiça	cumpra	seu	trabalho	e	efetivamente	sirva	
ao	Judiciário	de	forma	serena	e	correta,	é	a	realização	do	ato	com	bom	
senso	e	dedicação	e	com	fiel	observância	da	lei.	(PIRES,	1994,	p.	15)
O	Oficial	de	Justiça	representa	a	figura	do	juiz	fora	do	prédio	do	Fórum,	
sendo	fundamental	a	sua	existência	para	a	ocorrência	de	andamento	processual	de	
forma	satisfatória.	Dessa	forma,	o	Oficial	de	justiça	deve	ser	profundo	conhecedor	
das	regras	processuais	para	que	possa	promover	as	diligências	de	forma	correta.
É	 importante	ressaltar	que	mesmo	esse	profissional	sendo	fundamental	
para	promoção	de	justiça	de	forma	adequada,	ele	sofre	limitações	nos	exercícios	
de	 suas	 atividades.	 Principalmente	 nas	 suas	 funções	 de	 executores	 de	 ordens	
judiciais,	nas	quais	esses	servidores	muitas	vezes	correm	perigo	de	vida.	Fazendo	
jus	ao	adicional	de	periculosidade	pelo	exercício	da	função.
Princípios	 são	 regras	 norteadoras	 utilizadas	 pelo	 legislador	 para	
determinar	 o	 direcionamento	 adequado	 da	 regra	 a	 ser	 criada.	 Os	 princípios	
constitucionais	 são	 regras	 mestras,	 são	 eles	 que	 definem	 a	 estrutura	 de	 uma	
constituição.	 Podem	 ser	 considerados	 os	 alicerces	 do	 sistema	 jurídico	de	 cada	
Estado,	pois	direcionam	todo	ordenamento	jurídico.
Conforme	 o	 	 artigo	 37	 da	 Constituição	 Federal,	 são	 princípios	
Constitucionais	 a	 legalidade	 que	 determina	 que	 somente	 é	 permitido	 fazer	 o	
que	 a	 lei	 autoriza;	 a	 impessoalidade	 determinando	 a	 isonomia	 como	 regra;	 a	
moralidade,	 o	 dever	 de	 zelar	 pela	 probidade,	 respeitando	 os	 princípios	 éticos	
de	 razoabilidade	e	 justiça;	 a	publicidade	estabelecendo	que	os	 atos	devam	ser	
transparentes,	salvo	os	que	a	lei	exigir	segredo	de	Justiça;	a	eficiência,	buscando	
alcançar	o	resultado	desejado,	por	meio	do	exercício	de	sua	competência,	de	forma	
imparcial,	 neutra,	 transparente,	 participativa,	 eficaz,	 sem	 burocracia	 e	 sempre	
em	busca	da	qualidade	e	a	celeridade,	o	juiz	deve	ser	ágil	no	cumprimento	dos	
mandados	judiciais.
Desta	forma,	é	importante	ressaltar	que	a	função	do	Oficial	de	Justiça	deve	
ser	exercida	em	consonância	com	tais	princípios.	E	deverá	ser	diligente	no	exercício	
da	 função	 para	 não	 violar	 nenhum	 desses	 princípios.	Além	 de	 tais	 princípios,	
existem	os	processuais	–	relativos	às	leis	processuais	e	que	atingem	diretamente	a	
função	do	Oficial	de	Justiça.	De	acordo	com	Andrade	(2012),	são	eles:
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UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
• Imparcialidade:	tal	princípio	permite	que	o	Poder	Judiciário	decida	livremente	
sobre	os	conflitos	que	lhe	são	apresentados,	sem	se	abalar	com	pressões	externa.
• Lealdade:	o	dever	de	as	partes	agir	de	 forma	 leal	no	processo.	Àquele	que	
usar	do	processo	para	obter	vantagem	 indevida	por	meios	 ardis	há	de	 ser	
aplicada	as	penalidades	cabíveis.
• Boa-fé:	tal	princípio	determina	que	deve	ser	aproveitar	os	efeitos	possíveis	do	
ato	praticado,	de	boa-fé,	com	base	em	erro	justificado	pelas	circunstâncias.
• Celeridade:	estabelece	que	deve	ser	ágil	no	cumprimento	dos	mandados	judiciais.	
• Transparência:	traz	ao	conhecimento	público	e	geral	dos	administrados	a	forma	
como	o	serviço	foi	prestado,	os	gastos	e	a	disponibilidade	de	atendimento.	
• Probidade:	é	o	princípio	que	exige	que	o	agente	público	deva	agir	com	retidão	
no	trato	da	coisa	pública,	sob	pena	de	incorrer	na	perda	da	função	pública,	
suspensão	dos	direitos	políticos,	indisponibilidade	dos	bens	e	o	ressarcimento	
ao	erário,	sem	prejuízo	da	ação	penal	cabível.
• Eficiência:	este	princípio	impõeaos	agentes	públicos,	as	pessoas	físicas	que	exercem	
funções	públicas	em	nome	da	Administração,	uma	atuação	célere	e	tecnicamente	
adequada,	sempre	objetivando	um	melhor	desempenho	de	suas	atividades.				
Os	Oficiais	de	Justiça,	apesar	de	cumprir	diversas	diligências	fora	dos	prédios	
dos	tribunais,	não	têm	à	disposição	veículos	do	Estado.	São	obrigados	a	utilizar	seus	
veículos	 próprios	 para	 o	 cumprimento	 de	 funções.	 Eventualmente	 são	 obrigados	
a	 conduzir	 testemunhas	 que	 não	 comparecem	 às	 audiências	 e	 transportar	 algum	
bem	apreendido.	Para	tanto,	recebem	um	auxilio	referente,	apenas,	ao	combustível	
utilizado	em	tais	situações.	O	Oficial	de	Justiça	responde	pelos	atos	não	praticados	e	
têm	responsabilidade	civil	pelo	não	cumprimento	dos	atos	processuais.	
Art.	155	do	CPC	-	O	escrivão,	o	chefe	de	secretaria	e	o	oficial	de	justiça	
são	responsáveis,	civil	e	regressivamente,	quando:
I	-	sem	justo	motivo,	se	recusarem	a	cumprir	no	prazo	os	atos	impostos	
pela	lei	ou	pelo	juiz	a	que	estão	subordinados;
II	-	praticarem	ato	nulo	com	dolo	ou	culpa	(BRASIL,	2015,	art.	155)	
Assim,	 a	 parte	 “deve	 ser	 por	 eles	 indenizado,	 desde,	 porém,	 que	 não	
tenha	 havido	 um	motivo	 justo	 para	 a	 recusa.	 Se	 a	 recusa	 se	 deu	 por	motivo	
justificado,	ainda	que	tenha	causado	prejuízo,	não	haverá	responsabilidade	pelo	
ressarcimento”	(LEVENHAGEN,	1995,	p.	162).
Entretanto,	 se	 o	 não	 cumprimento	 ocorreu	 por	 motivo	 justificado	 não	
existe	a	obrigação	de	indenizar.	
O	 oficial	 de	 justiça,	 por	 exemplo,	 que	 se	 recuse	 de	 cumprir	 um	
mandado	 de	 intimação	 de	 testemunhas,	 porque	 estas	 residem	 em	
lugar	interditado	pela	Saúde	Pública,	por	estar	ali	se	alastrando	uma	
doença	 contagiosa,	 essa	 recusa	 –	 desde	 que	 comprovada	 à	 causa	 –	
não	 acarretará	 qualquer	 responsabilidade	 ao	 oficial,	 por	 possíveis	
prejuízos	que	as	partes	vierem	a	sofrer	(LEVENHAGEN,	1995,	p.	163).
É	 importante	 ressaltar	 que	 no	 Brasil	 atual	 o	 cenário	 é	 de	 violência,	
principalmente	 nas	 cidades	 grandes,	 o	 que	 dificulta	 e	 muito	 o	 trabalho	 do	
Oficial	 de	 Justiça.	 O	 processo	 é	 uma	 sequência	 de	 atos	 gerados	 pelas	 partes,	
TÓPICO 2 — ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
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com	 a	 finalidade	 única	 de	 solução	 da	 lide.	 É	 necessário	 que	 o	 ato	 processual	
esteja	previsto	na	lei	ou,	pelo	menos,	que	não	a	contrarie,	realizado	de	sorte	que	
preencha	o	fim	pretendido.	Deve	haver	um	nexo	necessário	entre	a	realização	do	
ato	e	sua	finalidade	(PIRES,1994).
O	Oficial	de	Justiça	também	é	responsável	por	movimentar	e	dar	vida	à	
ação	ao	 realizar	os	atos	de	Citação,	 Intimação,	Notificação,	Penhora	e	Arresto,	
Sequestro,	Avaliação,	Busca	e	Apreensão,	Desocupação,	 Imissão	e	Manutenção	
de	Posse.	Tem	o	dever	de	trazer	ao	processo	a	realidade	dos	fatos,	a	qual,	muitas	
vezes,	é	omitida	ou	destorcida	pelas	partes.	O	Oficial	de	Justiça	tem	o	contato	com	
o	mundo	real	e	informa	a	realidade	ao	juízo.		
Conforme	 o	 inciso	 VI	 do	 artigo	 154	 do	 CPC,	 o	 Oficial	 de	 Justiça	 tem	
atribuição	de	propor	a	autocomposição.	Essa	função	foi	introduzida	pelo	Código	
de	Processo	Civil	de	2015,	no	antigo	não	se	fazia	menção	a	isso.	O	que	é	considerado	
bastante	razoável,	pois	o	oficial	de	justiça	é	o	primeiro	a	ter	contato	com	a	parte.				
Certamente	o	Oficial	de	Justiça,	ao	promover	o	devido	ato	processual,	obterá	
êxito	em	conseguir	do	jurisdicionado	alguma	proposta	de	autocomposição,	o	que	
agiliza,	ainda	mais,	o	trâmite	processual,	quando	poderá	ocorrer	a	homologação	
da	autocomposição	antes	mesmo	do	comparecimento	pessoal	das	partes	junto	ao	
órgão	jurisdicional	competente.
Assim,	resta	provado	a	valorização	conferida	ao	Oficial	de	Justiça,	pelo	
legislador.	Tal	nova	atribuição	funcional	deste	serventuário	da	 justiça	só	 tende	
a	prestigiar	a	solução	consensual	dos	conflitos,	o	que	é	amplamente	incentivado	
pelo	novo	CPC.
O	 Oficial	 de	 Justiça	 exerce	 função	 de	 incontestável	 relevância	 no	
universo	judiciário.	É	através	dele	que	se	concretiza	grande	parte	dos	
comandos	judiciais	atuando	a	meirinho	como	verdadeira	longa manus 
do	magistrado.	[...]	É	um	auxiliar	da	Justiça	e,	no	complexo	de	sutilezas	
dos	atos	processuais,	é	elemento	importante	para	a	plena	realização	da	
justiça	(PIRES	1994,	p.	7	e	17).
Conclui-se,	então,	que	a	atividade	do	Oficial	de	Justiça	é	fundamental	para	
que	ocorra	 a	 efetividade	dos	 atos	 jurisdicionais,	 que	precisão	ocorrer	 além	do	
espaço	físico	dos	tribunais	e	será	considerado	a	longa manus do	juiz,	cumprindo	
suas	determinações	e	mandados.
22
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A	formação	em	tecnólogo	de	serviços	jurídicos	capacita	o	profissional	para	
os	exercícios	de	diversas	atividades	relativas	ao	mundo	jurídico,	nas	quais	
terá	a	oportunidade	de	utilizar	seus	conhecimentos	referentes	as	disciplinas	
de	direitos	em	suas	diversas	áreas.	Tem	o	dever	de	cumprir	os	despachos	
dos	juízes.
• Outra	 possibilidade	 de	 atuação	 do	 formado	 em	 serviços	 jurídicos	 é	 a	 de	
técnico	 judiciário,	 ou	 seja,	 o	 funcionário	 responsável	 em	 dar	 suporte	 ao	
judiciário	em	diversos	aspectos.	É	um	servidor	público	do	poder	judiciário	
que	 participa	 de	 comissões,	 quando	 lhe	 for	 solicitado,	 e	 de	 treinamentos	
diversos	de	interesse	da	administração.	Executa	os	serviços	de	expediente,	
servir	nas	audiências,	elaborar	e	digitar	pautas	de	publicação,	desenvolver	
atividades	 em	 geral	 dos	 órgãos	 em	 que	 trabalham,	 elaborar	 certidões	 e	
relatórios,	indexar	documentos,	atender	ao	público,	entre	outras	atividades	
a	ele	incumbidas	por	seu	superior.	
• O	 trabalho	 do	 assessor	 jurídico	 é	 mais	 complexo,	 ele	 atua	 na	 chamada	
advocacia	preventiva	e	de	suporte	ao	cliente	na	prática	de	atos	que	envolvam	
alguma	situação	que	possa	ter	consequências	jurídicas.	
• O	objetivo	da	assessoria	jurídica	é	evitar	que	o	cliente	venha	a	ser	obrigado	a	
se	submeter	a	um	processo	judicial	ou	gere	nulidade	do	ato	praticado.
• O	assessor	também	pode	ter	a	função	de	administrar	ambientes	relacionados	
à	 atividade	 jurídica,	 como	 escritórios	 de	 advocacia	 ou	 incorporações	 que	
possuam	algum	setor	jurídico	ou	que	necessitem	de	direcionamento	jurídico	
para	o	exercício	de	suas	atividades.
• O	 oficial	 de	 justiça	 é	 o	 servidor	 público	 responsável	 pela	 prática	 dos	 atos	
processuais	que	devem	ocorrer	fora	do	tribunal.	É	através	desse	profissional	
que	 o	 juiz	 toma	 conhecimento	 da	 realidade,	 que	 por	 vezes	 poderá	 ser	
distorcida	pelas	partes	em	suas	petições.
23
1	Analise	as	asserções	a	seguir	e	sinalize	se	elas	estão	certas	ou	erradas.
a)	A	atividade	do	analista	poderá,	também,	envolver	questões	administrativas	
como	rotina	de	RH,	por	exemplo.
(			)	Certo.
(			)	Errado.
b)	 O	 técnico	 judiciário	 não	 é,	 necessariamente,	 um	 servidor	 público.	 Tal	
atividade	poderá	ser	desempenhada	por	qualquer	particular,	sem	prestar	
concurso.
(			)	Certo.
(			)	Errado.
c)	O	assessor	jurídico	tem	atribuição	relacionada	ao	contencioso,	não	faz	parte	
das	 suas	 atribuições	 agir	 preventivamente	 evitando,	 assim,	 os	 conflitos	
judiciais.
(			)	Certo.
(			)	Errado.
AUTOATIVIDADE
24
25
TÓPICO 3 — 
UNIDADE 1
QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
1 INTRODUÇÃO
Existe	um	conjunto	de	normas	morais	que	devem	ser	exercidas	por	todos	
os	profissionais,	em	qualquer	atividade	que	desempenhe,	é	o	que	se	dá	o	nome	
de	ética	profissional.	Ética	é	um	conceito	filosófico	que	classifica	o	que	é	certo	
ou	errado	dentro	da	sociedade,	garantindo	uma	convivência	harmônica	entre	as	
pessoas.	
A	importância	da	ética	profissional	no	ambiente	corporativo	é	fundamental,	
pelo	 fato	de	permitir	que	o	ambiente	de	 trabalho	possa	ser	harmonioso,	o	que	
reflete	 diretamente	 no	 nível	 de	 comprometimento	 do	 grupo.	 Dessa	 forma,	 os	
funcionários	se	tornam	mais	comprometidos	e	satisfeitos	com	o	trabalho.	Logo,	
todo	o	clima	amigável	irá	fazer	com	que	o	rendimento	aumente.Já	sob	o	ponto	de	vista	das	 incorporações:	“a	ética	profissional	faz	com	
que	a	empresa	consiga	passar	uma	imagem	muito	positiva.	Isso	dá	credibilidade	
ao	órgão,	que,	naturalmente,	consegue	atingir	aqueles	objetivos	pré-estipulados”	
(EDITAL	CONCURSOS	BRASIL,	2020,	s.p.).
2 GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS PÚBLICOS
A	cada	dia	que	passa,	cresce	o	número	de	advogados	no	mercado,	o	que	faz	
com	que	a	concorrência	aumente	e	torne-se	extremamente	necessário	que	sejam	
estabelecidos	critérios	para	tomada	de	decisões	em	ações	planejadas,	necessidade	
de	 manutenção	 do	 espírito	 empreendedor,	 preparação	 para	 as	 modificações	
naturais	do	mercado.
Dessa	forma,	conclui-se	que	as	organizações	que	ponderam	os	interesses	
tanto	empregados,	gestores,	como	os	seus	clientes,	considerando	as	capacidades	
e	necessidades	de	cada	um	para	tomar	as	decisões	mais	adequadas,	com	melhoria	
com	 base	 na	 alocação	 de	 seus	 recursos	 disponíveis	 de	 forma	 a	 buscar	 uma	
qualidade	satisfatória	que	atenda	ou	supere	as	expectativas	dos	seus	clientes.
O	mundo	atual	necessita	de	tomada	de	decisões	mais	céleres,	com	isso,	
os	 serviços	 jurídicos	 tornaram-se	mais	 dinâmicos.	 Uma	 empresa	 que	 procura	
assessoria	jurídica	externa,	não	busca	apenas	um	parecer	jurídico	com	reprodução	
da	letra	fria	da	lei,	mas	sim	a	interpretação	para	que	a	melhor	decisão	seja	adotada.			
26
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
Assim,	o	assessor	jurídico	torna-se	peça	fundamental	para	o	sucesso	do	
negócio.	O	cliente	procura	confiança,	o	preço	pode	ser	a	parte	menos	importante,	
pois	a	credibilidade	no	profissional	é	fundamental.	
As	 informações	 são	 facilmente	 obtidas	 atualmente,	 pelos	 clientes	 e	 via	
internet.	 Todos	 os	 Tribunais	 possuem	 redes	 sociais,	 nas	 quais	 divulgam	 suas	
principais	decisões.		Além	das	informações	veiculadas	pela	imprensa,	os	próprios	
tribunais	superiores	transmitem,	ao	vivo,	sessões	de	julgamento	em	rede	nacional.			
Portanto,	os	clientes	têm	noções	sobre	assuntos	diversos	mesmo	sendo	leigos,	o	
que	torna	necessário	não	só	mais	a	atualização	diária	do	profissional	para	os	conhecimentos	
científicos,	como	também,	a	obrigatoriedade	de	se	ter	postura	e	conhecimento	da	área	da	
administração	para	atender	este	tipo	de	demanda,	pois,	torna	cada	vez	mais	exigente	a	
prestação	de	serviço	e,	por	consequência,	a	cobrança	por	resultados.
Os	 prestadores	 de	 serviços	 jurídicos	 precisam	 perceber	 a	 quantidade	 de	
serviços	que	poderão	ser	ofertados	aos	clientes.	Avaliar	os	serviços	que	estão	sendo	
oferecidos.	A	percepção	das	novas	demandas,	será	um	diferencial	para	que	o	cliente	
escolha	o	prestador	de	serviços	jurídicos	mais	adequado	ao	seu	perfil	e	necessidades.
São	 fundamentais	 o	 aperfeiçoamento	 contínuo	 e	 a	 preocupação	 para	
prestar	um	serviço	com	qualidade,	impõe	que	se	tenha	conhecimento	não	só	da	
área	do	direito,	como	também	da	área	da	administração.	Surge,	então,	a	figura	do	
tecnólogo	de	serviços	jurídicos	como	administrador,	pois	as	faculdades	de	direito	
não	qualificam	os	bacharéis	a	exercerem	essa	função.	
Os	escritórios	de	advocacia	precisam	considerar	o	quanto	é	importante	a	
qualidade	na	prestação	dos	serviços.	Modificando	os	aspectos	apontados	como	
vulneráveis	e	mantendo	os	apontados	como	de	boa	performance.	Nesse	contexto,	
o	profissional	de	serviços	jurídicos	poderá	fazer	todo	um	diferencial,	auxiliando	
na	gestão	do	negócio.
Via	 de	 regra,	 é	 feito	 um	 planejamento	 estratégico	 nas	 organizações	
incluindo	 todas	 as	 partes	 interessadas.	 Assim,	 a	 responsabilidade	 sobre	 os	
resultados	é	parcelada	entre	todos.	Fazendo-se	uma	prevenção	contra	possíveis	
ameaças	às	estratégias	adotadas.	
A	 administração	 bem	 feita	 é	 fundamental	 em	 qualquer	 atividade,	 não	
apenas	 na	 advocacia.	 Uma	 boa	 administração	 requer	 planejamento	 sendo	
“uma	 forma	 de	 atuar	 que	 se	 materializa	 em	 um	 conjunto	 de	 providências	
a	 serem	 tomadas”	 (SANTOS,	 2010,	 p.	 33).	 Cabendo,	 assim,	 ao	 tecnólogo	 de	
serviços	jurídicos	planejar,	mediante	aos	estudos,	todos	os	pontos	de	referência	
estabelecidos	 para	 a	 ação	 empresarial	 com	 habilidade,	 enfrentando	 os	 seus	
desafios	quanto	à	qualidade	e	resultados	imediatos.
Antes	 de	 mais	 nada,	 precisa-se	 identificar	 o	 que	 é	 serviço,	 ou	 seja,	 um	
conjunto	das	prestações	que	o	usuário	espera	além	do	produto	ou	do	serviço	de	base,	
em	função	do	preço,	da	imagem	e	da	reputação	presentes	(HOROVITZ,	1993,	p.	47).
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
27
Um	serviço	poderá	“alcançar	um	termo	mais	amplo,	tendo	nas	décadas	
de	1960,	1970	e	1980	sido	sugerida	uma	série	de	definições,	acrescendo	que	na	
maioria	das	vezes,	um	serviço	envolve	interações	de	algum	tipo	com	o	provedor	
de	serviço”	(GRÖNROOS,	2009,	p.	46).
O	conceito	de	serviço	é:		
qualquer	 ato	 ou	 desempenho	 que	 uma	 parte	 possa	 oferecer	 a	
outra,	 desde	 que	 seja	 essencialmente	 intangível	 e	 que	 não	 resulte	
em	 propriedade	 de	 alguma	 coisa.	 Nos	 escritórios	 de	 advocacia,	 os	
principais	serviços	são:	serviços	de	preposição,	serviços	de	cobrança,	
consultoria	 jurídica	 e	 serviços	 gerais	 (ações	 de	 todas	 as	 áreas	 do	
Direito)	(KOTLER,	1998,	p.78).
Após	 entender	 o	 conceito	 de	 serviço,	 é	 fundamental	 que	 o	 prestador	
de	 serviços	 jurídicos	 tenha	 consciência	 que	 é	 preciso	 gerir	 o	 seu	 negócio	 da	
melhor	forma.	Para	tanto,	é	fundamental	conhecer	os	mecanismos	de	gestão	de	
serviços.	“Um	grande	número	de	organizações	adota,	como	modelo	de	gestão,	
direcionamento	por	processos	buscando	atingir	maior	agilidade	e	flexibilidade,	
diminuição	 de	 gastos,	 melhoria	 no	 atendimento	 e	 qualidade	 entre	 outros	
benefícios	aos	clientes”	(VIEIRA,	2010,	p.	24).
A	gestão	de	 serviço	 é,	portanto,	uma	maneira	de	 se	procurar	 entender	
como	deverá	ser	administrada	uma	empresa	na	prestação	de	serviços.	Uma	boa	
prestação	de	serviços	proporciona	benefícios	aos	clientes,	de	forma	concreta,	que	
possa	ser	percebida	por	todos.
 
Portanto,	 a	 gestão	 de	 serviços	 é	 essencial	 para	 as	 organizações,	 sendo	
o	 planejamento	 estratégico	 indispensável,	 devendo	 existir	 uma	 preocupação	
permanente	 com	 tal	 gestão,	 de	 forma	 a	 refletir	 direta	 e	 constantemente	 na	
qualidade	dos	serviços,	conquanto	primordial	para	o	êxito	e	competitividade	das	
empresas	(VIEIRA,	2010).
A	 concorrência	 é	 muito	 grande,	 portanto	 a	 qualidade	 na	 prestação	 é	
fundamental	 para	 que	 o	 prestador	 de	 serviço	 se	 destaque	 no	 mercado,	 “as	
organizações,	 a	 cada	 dia	 buscam	 melhorar	 suas	 ações	 de	 gestão,	 através	 de	
adequações	às	necessidades	dos	clientes	e	às	constantes	inovações	tecnológicas	e	
manutenção	da	competitividade”	(VIEIRA,	2010,	p.	26).
A	 doutrina	 dos	Grönroos	 (2009)	 apresenta	 o	 que	 se	 chama	de	 “pacote	
de	 serviços”,	 o	 qual	 representa	 diversos	 serviços,	 tangíveis	 e	 intangíveis	 que,	
conjuntamente,	representam	o	serviço.	Diante	disso,	o	serviço	será	dividido	entre	
o	serviço	central	e	os	serviços	secundários	ou	periféricos.	
Dividindo-se,	 então,	os	 serviços	 em	 três	grupos	 como	 forma	de	gerir	o	
serviço	a	ser	prestado.	Os	três	grupos	são:	1)	serviço	central;	2)	serviços	(e	bens)	
capacitadores;	e	3)	serviços	(e	bens)	de	melhoria.	Os	serviços	são	classificados,	
conforme	dispõe	Nóbrega	 (2013),	 no	Quadro	 a	 seguir,	 em	 central	 e	 acessórios	
(suplementar	e	complementar).				
28
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
QUADRO 1 – OS TIPOS DE SERVIÇOS
Tipo	de	Serviço Conceituação
Serviço	Central Serviço	essencial,	motivo	da	procura
Serviços	
Acessórios
Serviços	
complementares
Serviços	que	viabilizam	o	uso	do	serviço	
central.	Sem	eles,	geralmente	não	se	
consegue	fazer	uso	do	serviço	central.
Serviços	
suplementares
Serviços	usados	para	agregar	valor,	ou	
para	fins	de	diferenciação.
FONTE: Adaptado de Nóbrega (2013)
A	 prestação	 de	 serviço	 deve,	 ao	 mesmo	 tempo,	 oferecer	 alto	 nível	 de	
perícia	e	qualidadedo	serviço,	o	que	não	é	mensurável	de	forma	fácil	por	qualquer	
pessoa,	o	serviço	é	considerado	de	importância	crítica,	a	recomendação	de	outros	
é	fundamental	na	seleção	do	prestador	do	serviço.
A	interação	do	prestador	de	serviços	com	seu	cliente	será	percebida	de	
diversas	 formas,	 que	 variam	 conforme	 a	 situação,	 mas	 sempre	 considerando	
três	elementos	básicos	que	são	a	acessibilidade,	a	 interação	com	a	organização	
prestadora	de	serviços	e	a	participação	do	cliente.	
Veja	 no	 quadro	 a	 seguir	 uma	 pesquisa	 realizada	 pela	 Revista	Análise	
Advocacia	500	(2013),	sobre	os	serviços	jurídicos	oferecidos	pelos	escritórios	de	
advocacia,	pesquisa	esta	na	qual	houve	análise	dos	sites	de	grandes	escritórios,	
além	de	entrevistas	a	alguns	profissionais	da	área.	
QUADRO 2 – OFERTA DE SERVIÇOS DE UM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA
Tipo	de	Serviço Conceituação
Serviço	Central Prestação	de	serviços	jurídicos	na	esfera	administrativa	e/ou	judicial
Serviços	
Acessórios
Serviços	
complementares
Ajuizamento	de	ações	em	geral.	
Apresentação	de	defesas	em	geral.	
Apresentação	de	recursos	Assessoria	
na	compra	e	venda	de	imóveis,	
incorporação,	loteamento	e	assistência	
em	transações	imobiliárias	
Atuação	como	mediador	de	conflitos	
Atuação	como	correspondente	de	
escritórios	nacionais	e	internacionais	
Auditoria	completa	em	operações	
societárias	
Avaliação	de	passivo	trabalhista	
Comparecimento	à	audiência	
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
29
Confecção	de	memoriais	
Consultoria	preventiva	
Constituição	de	empresas	
Elaboração	de	Plano	de	Cargos	e	
Salários	
Elaboração	de	Plano	de	Participação	
nos	Lucros	Elaboração,	revisão	e	
análise	de	contratos	
Estruturação	de	negócios	de	atividade	
empresarial	
Negociação	coletiva	com	sindicato	
em	dissídio	coletivo	e	na	esfera	
administrativa	
Obtenção	de	regime	especial	de	
tributação	e	parcelamento	
Participações	de	reuniões	
Planejamento	tributário
	Planejamento	familiar	e	sucessório	
Respostas	às	consultas	
Realização	de	sustentação	oral	
Representação	do	cliente	perante	
magistrados	Realização	de	palestras
	Realização	de	congressos	
Realização	de	treinamento	para	os	
advogados	contratados	e	clientes	
Revisão	da	política	interna	da	empresa	
Reorganização	societária:	Fusões,	
incorporações,	cisão	e	dissolução	de	
sociedade
Serviços	
suplementares
Aviamento	de	documentos
	Adiantamento	de	pagamento	de	
custas	processuais	
Acesso	ao	andamento	do	processo	
pelo	site	do	escritório
	Assessoria	para	obtenção	de	visto	
permanente	
Confecção	de	cálculos	em	geral	
Disponibilização	de	internet	wifi 
Fornecimento	de	informações	jurídicas	
através	de	twitter,	site	e	e-mail	
Realização	de	protocolos
FONTE: Adaptado de Revista Análise Advocacia 500 (2013)
É	importante	ressaltar	que	a	pesquisa	retrata	os	serviços	descritos	a	partir	
da	classificação	do	serviço	central,	complementar	e	suplementar,	trazendo	uma	
contribuição	significativa	do	que	poderia	ser	ofertado.
30
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
Considerando	 também,	 que	 a	 prestação	 de	 serviços	 ofertadas	 deve	 ser	
prestada	 com	 qualidade.	 A	 qualidade	 é	 um	 conceito	 amplamente	 utilizado	
(MARTINS,	2012),	mas	existem	diversas	definições	de	difícil	consenso	sobre	seu	
conceito,	 é	uma	 ferramenta	 estratégica	que	aumenta	 a	 eficiência	operacional	 e	
melhora	o	desempenho	global	das	organizações.
Qualidade	 percebida	 de	 serviço	 e	 o	modelo	 de	 qualidade	 total	 percebida	
de	 serviço,	 acrescendo	 uma	 abordagem	 baseada	 em	 pesquisas	 sobre	 o	
comportamento	 do	 consumidor	 e	 os	 efeitos	 das	 expectativas	 relativas	 ao	
desempenho	dos	bens	em	avaliações	pós-consumo	(GRÖNROOS,	2009,	p.	64).
A	 qualidade	 já	 era	 festejada	 desde	 a	 Grécia	 antiga,	 onde	 os	 filósofos,	
em	 seus	 pensamentos,	 vislumbravam	 a	 excelência.	 Assim,	 qualidade	 pode	
ser	 considerada	 uma	 característica	 que	 pretende	 superioridade	 dentro	 de	 um	
contexto	objetivo,	fundada	em	pessoas	ou	assuntos	semelhantes.	Entretanto,	na	
esfera	da	administração,	originou-se	no	sentido	de	padronização	(MAXIMIANO,	
2006).	Não	se	pode	gerir	o	que	não	se	pode	medir	(CARVALHO,	2008).
Portanto,	 umas	 das	 principais	 estratégias	 de	 competição	 no	 mundo	
corporativo	é	a	qualidade	na	prestação	dos	serviços.	A	qualidade	é	um	aspecto	
extremamente	relevante	no	sistema	produtivo,	seria	uma	maneira	de	demonstrar	
que	 a	 organização	 preza	 pelo	 serviço	 que	 presta,	 pelo	 que	 vende,	 pelo	 meio	
ambiente,	saúde	e	segurança	de	seus	funcionários,	mediante	a	observância	das	
normas	aplicadas	à	espécie	(MEDEIROS,	2011).
Qualidade	 “é	 um	 processo	 presente	 nas	 empresas,	 tornando-se	 um	
conceito	de	competitividade,	que	de	forma	interligada,	envolve	todo	o	processo	
desde	a	compra	até	a	distribuição	ao	consumidor”	(MEDEIROS,	2011,	p.	15).
O	modelo	de	qualidade	 foi	originalmente	 criado	para	auxiliar	gerentes	
e	pesquisadores	 a	 compreenderem	o	que	os	 clientes	 esperam	daquele	 serviço.	
Perceber	o	que	seria	fundamental	para	o	cliente,	desde	a	fase	da	oferta	ao	resultado	
do	serviço	contratado,	“é	aquela	que	cobre	a	necessidade	de	desenvolvimento	de	
competências	adaptativas	de	seus	destinatários,	com	o	fim	de	que	melhorem	a	
eficiência	profissional	e	empresarial	em	meios	mutantes	e	altamente	competitivos”	
(JÚNIOR,	2012,	p.	33).
A	boa	qualidade	percebida	é	obtida	quando	a	qualidade	experimentada	
atende	 às	 expectativas	do	 cliente,	 isto	 é,	 à	 qualidade	 esperada.	 Se	 as	
expectativas	não	forem	realistas,	a	qualidade	total	percebida	será	baixa,	
mesmo	que	a	qualidade	experimentada	medida	de	modo	subjetivo	seja	
boa	(...)	A	qualidade	esperada	é	uma	função	de	diversos	valores,	a	saber,	
comunicação	 de	 marketing,	 boca	 a	 boca,	 imagem	 da	 empresa/local,	
preço,	necessidades,	valores	do	cliente	(GRÖNROOS,	2009,	p.	68-69).	
A	Revista	Análise	da	Advocacia	 500,	 em	2013,	 fez	uma	pesquisa	 sobre	
os	 escritórios	de	advocacia	mais	 admirados,	 e	para	 identificação	dos	atributos	
foram	selecionados	12	(doze)	serviços	pelo	critério	de	importância.	O	resultado	
encontra-se	no	quadro	a	seguir:
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
31
QUADRO 3 – SERVIÇOS ESSENCIAIS DOS ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA PESQUISADOS
Desdobramento
Aspectos	
Físicos
Confiabilidade Presteza Segurança Empatia
C
EN
TRA
L
Prestação	
de	serviços	
jurídicos	
na	esfera	
administrativa	
e/ou	judicial
infraestrutura	
moderna;	
excelente	
localização;	
ambiente	
aconchegante.
cumprimento	
do	prazo;	
celeridade;	
qualificação	
profissional
atenção;	
feedback;	
prontidão.
interposição	do	
remédio	jurídico	
adequado;	
responsabilidade	
profissional;	
credibilidade.
simpatia;	
educação;	
respeito;
aparência.
A
C
ESSÓ
RIO
Ajuizamento
	de	ação
infraestrutura	
moderna;	
excelente	
localização;	
ambiente	
aconchegante
cumprimento	
do	prazo;	
celeridade;	
qualificação	
profissional
atenção,	
feedback	
prontidão
interposição	do	
remédio	jurídico	
adequado;	
responsabilidade	
profissional;	
credibilidade
simpatia	
educação	
respeito	
aparência
Apresentação	
de	defesa
infraestrutura	
moderna;	
excelente	
localização;	
ambiente	
aconchegante
cumprimento	
do	prazo;	
celeridade;	
qualificação	
profissional
atenção,	
feedback	
prontidão
interposição	do	
remédio	jurídico	
adequado;	
responsabilidade	
profissional;	
credibilidade
simpatia	
educação	
respeito	
aparência
Apresentar	
recurso
infraestrutura	
moderna;	
excelente	
localização;	
ambiente	
aconchegante
cumprimento	
do	prazo;	
celeridade;	
qualificação	
profissional
atenção,	
feedback	
prontidão
interposição	do	
remédio	jurídico	
adequado;	
responsabilidade	
profissional;	
credibilidade
simpatia	
educação	
respeito	
aparência
Resposta	às	
consultas
infraestrutura	
moderna;	
excelente	
localização;	
ambiente	
aconchegante
cumprimento	
do	prazo;	
celeridade;	
qualificação	
profissional
atenção,	
feedback	
prontidão
interposição	do	
remédio	jurídico	
adequado;	
responsabilidade	
profissional;	
credibilidade
simpatiaeducação	
respeito	
aparência
Comparecer	
à	audiência
cumprimento	
do	prazo;	
celeridade;	
qualificação	
profissional
atenção,	
feedback	
prontidão
responsabilidade	
profissional;	
credibilidade,	
equilíbrio	
emocional
simpatia	
cordialidade 
respeito
Sustentação	
oral
cumprimento	
do	prazo;	
celeridade;	
qualificação	
profissional
atenção,	
feedback	
prontidão
responsabilidade	
profissional;	
credibilidade,	
equilíbrio	
emocional
simpatia	
cordialidade 
respeito
32
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
Confecção	de	
memoriais
infraestrutura	
moderna;	
excelente	
localização;	
ambiente	
aconchegante
cumprimento	
do	prazo;	
celeridade;	
qualificação	
profissional
atenção,	
feedback	
prontidão
poder	de	síntese,	
responsabilidade	
profissional,	
credibilidade
simpatia	
educação	
respeito	
aparência
Participação	
de	reuniões
infraestrutura	
moderna;	
excelente	
localização;	
ambiente	
aconchegante
pontualidade,	
celeridade,	
qualificação	
profissional
atenção,	
feedback	
prontidão
poder	de	síntese,	
responsabilidade	
profissional,	
credibilidade
simpatia	
educação	
respeito	
aparência
Elaboração,	
revisão	e	
análise	de	
contratos
infraestrutura	
moderna;	
excelente	
localização;	
ambiente	
aconchegante
pontualidade,	
celeridade,	
qualificação	
profissional
atenção,	
feedback	
prontidão
poder	de	síntese,	
responsabilidade	
profissional,	
credibilidade
simpatia	
educação	
respeito	
aparência
Negociação	
coletiva
infraestrutura	
moderna;	
excelente	
localização;	
ambiente	
aconchegante
pontualidade,	
celeridade,	
qualificação	
profissional
atenção,	
feedback	
prontidão
poder	de	síntese,	
responsabilidade	
profissional,	
credibilidade
simpatia	
educação	
respeito	
aparência
Aviamento	
de 
documentos
infraestrutura	
moderna;	
excelente	
localização;	
ambiente	
aconchegante
pontualidade,	
celeridade,	
qualificação	
profissional
atenção,	
feedback	
prontidão
poder	de	síntese,	
responsabilidade	
profissional,	
credibilidade
simpatia	
educação	
respeito	
aparência
FONTE: Adaptado de Revista Análise Advocacia 500 (2013)
Os	 serviços	 prestados	 por	 um	 escritório	 de	 advocacia	 são	 intangíveis,	
inseparáveis,	simultâneos	e	heterogêneos.	Um	elevado	nível	de	intangibilidade	cria	
também	em	um	alto	grau	de	expectativa	do	cliente	com	relação	ao	serviço	prestado,	
em	decorrência	de	um	considerável	nível	de	incerteza	e	risco	(BEBKO,	2000).
O	serviço	jurídico	requer	inseparabilidade,	dificultando	a	avaliação	antes	
do	 início	 da	 prestação.	 O	 serviço	 jurídico	 demanda	 bastante	 do	 componente	
humano.	 Portanto,	 existe	 uma	 variedade	 na	 qualidade	 de	 sua	 execução,	
considerando	os	diferentes	momentos	da	prestação	de	serviço	a	um	cliente	e	a	
prestação	entre	diferentes	clientes.
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
33
A	globalização	trouxe	uma	nova	realidade	aos	escritórios	de	advocacia,	
não	apenas	pelo	 aumento	das	demandas,	mas,	 também,	 tem	que	 se	 adaptar	 e	
pensar	em	novas	estratégias	que	os	tornem	competitivos	no	mercado.		
O	 ISO	 9001	 certifica	 o	 prestador	 de	 serviços	 jurídicos,	 não	 apenas	
considerando	 o	 aperfeiçoamento	 das	 práticas	 administrativas	 e	 operacionais	
da	 organização,	 mas,	 também,	 a	 gestão	 de	 pessoas	 objetivando	 proporcionar	
melhores	serviços	e	atendimento	de	qualidade	aos	clientes.		
“O	mundo	 jurídico	está	 à	procura	de	um	novo	caminho,	uma	maneira	
eficaz,	 porém	 ética	 de	 se	 adequar	 à	 terrível	 competição	 e	 escassez	 futura	 de	
demandas	 judiciais	 suficientes	 para	 atender	 a	 todos	 os	 advogados”,	 segundo	
Bertozzi	(2005,	p.	13).	
É	neste	diapasão	em	que	o	tecnólogo	de	serviços	jurídicos	se	torna	figura	
fundamental,	para	garantir	que	rotinas	sejam	estabelecidas	de	forma	adequada	
proporcionando	a	satisfação	plena	do	cliente	com	o	serviço	prestado.
A	prestação	de	serviço	de	qualidade	poderá	ser	considerada	para	o	que	
chamamos	de	marketing	jurídico.	
A	função	que	o	marketing	deve	assumir	na	área	jurídica	é	a	ordenação	
mais	eficaz	dos	recursos	do	escritório	e	de	seus	profissionais,	ampliar	
o	 prestígio	profissional,	 planejar	 o	 futuro,	 racionalizando	os	 custos,	
focando	 o	 cliente,	 criando	 estratégias	 para	 clientes	 potenciais,	
investindo	 em	 relacionamentos	 e	 imagem	 pessoal.	 Não	 se	 trata	 de	
vender	serviços,	e,	sim	de	se	posicionar	em	um	mercado	cada	vez	mais	
escasso	e	complexo.	Um	escritório	jurídico	que	incorpora	o	marketing	
torna-se	mais	 competitivo,	 sem	 necessariamente	 quebrar	 a	 ética	 da	
profissão	(BERTOZZI,	2005,	p.	55).
Assim,	percebe-se	que	a	gestão	do	escritório	precisa	ter	além	de	recursos	
jurídicos	 e	 administrativos	 de	 qualidade,	 que	 consolidem	 sua	 imagem	 no	
mercado,	ao	par	que	tenha	um	diferencial	que	destaque	perante	os	clientes.		Seja	
pelo	conhecimento,	capacitação	ou	pela	transparência,	porém	tudo	calçado	nas	
normas	e	disciplinas	de	ética	profissional,	a	qual	será	o	próximo	ponto	abordado.	
3 ÉTICA PROFISSIONAL
A	atividade	jurídica	no	Brasil	tem	influência	direta	do	Direito	Português.	
Mas,	 a	 prestação	 jurisdicional	 é	 bem	 mais	 antiga,	 como	 defesa	 de	 interesses	
individuais	e	coletivos	remonta	à	época	anterior	ao	calendário	cristão,	perpassando	
pelo	Código	de	Manu	e	pelo	Antigo	Testamento,	há	quem	sustenta	ser	a	Grécia	
Antiga	a	sua	origem.		
34
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
No	 século	XIX,	 dois	marcos	 históricos	 contribuíram	de	 forma	 concreta	
para	a	construção	da	profissão	de	advogado,	a	primeira	foi	a	criação	e	abertura	
das	Faculdades	de	Direito	de	São	Paulo	e	de	Olinda,	em	1827,	e	a	fundação	do	
Instituto	dos	Advogados	Brasileiros	(IAB)	em	1843.
A	criação	dos	cursos	jurídicos	foi	uma	consequência	da	cultura	brasileira,	decorrente	
da	independência	do	Brasil,	que	influenciou	a	vida	política	e	social.		Primeiro,	através	da	
Assembleia	Constituinte	de	1823,	e	retomada	em	1826,	que	culminou	com	a	lei	editada	em	
11	agosto,	a	qual	criou	os	cursos	jurídicos	no	nosso	país.	
A	 	 Ordem	 dos	 Advogados	 do	 Brasil	 (OAB),	 que	 por	 intermédio	
do	 Decreto	 19.408,	 de	 18/11/1938,	 expressamente	 em	 seu	 artigo	
17,	 dispunha	 	 “criada	 a	 Ordem	 dos	 Advogados	 Brasileiros,	 órgão	
de	 disciplina	 e	 seleção	 da	 classe	 dos	 advogados”,	 se	 regeria	 pelos	
estatutos	que	fossem	votados	pelo	Instituto	da	Ordem	dos	Advogados	
Brasileiros,	com	a	colaboração	dos	Institutos	dos	Estados,	e	aprovados	
pelo	Governo	(MACEDO,	2009,	p.	1).
Desde	 então,	 a	OAB	 tem	 representado	 papel	 importante	 na	 garantia	 e	
busca	pela	liberdade	democrática,	como	a	luta	contra	o	autoritarismo	do	Estado	
Novo,	atuou	contra	o	Regime	Militar	de	1964	e	movimento	popular	em	defesa	
do	Estado	de	Direito	no	 início	dos	anos	80	 teve,	na	OAB,	um	de	seus	maiores	
alicerces	na	busca	das	eleições	diretas.	
A	Constituição	Federal	de	1988	reconhece	a	OAB	como	de	vital	importância	
no	cenário	político-social	do	país.	Reconhecidamente	autorizada	como	voz	dos	
cidadãos	brasileiros,	o	Conselho	Federal	da	OAB	possui	legitimidade	universal	
para	o	ajuizamento	de	Ações	Diretas	que	visam	o	controle	de	constitucionalidade	
de	 nossa	 carta	 magna.	 Associado	 à	 Magistratura	 e	 ao	 Ministério	 Público,	 o	
advogado	é	a	única	profissão	com	expressa	referência	constitucional		
Cumpre	 ressaltar	 que	 lei	 é	 voltada	 à	 Instituição	OAB	 como	um	 todo,	 não	
apenas	ao	advogado	no	exercício	da	profissão,	mas	também	aos	bacharéis,	que	são	
formados,	mas	não	inscritos	nos	quadros	da	OAB	e	ao	tecnólogo	de	serviços	jurídicos	
que	deve	agir	com	ética	exigida	aos	profissionais	prestadores	de	serviços	jurídicos.		
Existem	diversas	normas	que	abordam	a	disciplina.	Uma	é	revestida	de	caráter	
formal	 e	 de	 âmbito	 federal.	 Outras,	 embora	 de	 cumprimento	 obrigatório,	 não	 são	
revestidas	desse	caráter	formal,	mas	têm	o	sentido	material	do	termo	e	são	as	seguintes:	
Para aprofundar o estudo acerca de ética, recomendamos a leitura da obra A 
Ética em Aristóteles, de Alexsandro M. Medeiros, disponívelno endereço a seguir: https://
www.sabedoriapolitica.com.br/products/a-etica-em-aristoteles/.
DICAS
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
35
• Lei	 8906/94:	 denominada	 “Estatuto	 da	 Advocacia	 e	 da	 OAB”,	 de	 caráter	
formal	e	âmbito	federal.	
• Código	de	Ética	e	Disciplina	de	2015:	editado	pelo	Conselho	Federal,	“consiste	
numa	norma	apenas	no	sentido	material,	que	preserva,	do	mesmo	jeito,	a	sua	
força	cogente”	(MACEDO,	2009,	p.	5),	devendo	ser	respeitada	e	cumprida	por	
todos	que	exercem	a	atividade	de	advocacia.
• Regulamento	Geral	do	Estatuto	da	Advocacia	e	da	OAB:	também	“apenas	de	
sentido	material	e	de	competência	do	Conselho	Federal	da	OAB”,	Paulo	Lobo	
(2009,	p.	356)	foi	preciso	em	seus	comentários.
• Provimentos:	 são	 prescrições	 emanadas	 do	 Conselho	 Federal	 com	 força	
normativa	que	regula	assuntos	ou	matérias	específicas	previstas	no	Estatuto	
da	OAB	não	contemplados	no	Regulamento	Geral.
As	Conferências	Nacionais	dos	Advogados	são	órgãos	consultivos	cujas	
conclusões,	consideradas	recomendações	aos	Conselhos,	decidirão	por	adotá-las	
ou	rejeitá-las,	mas,	obrigatoriamente,	deverão	se	posicionar	a	respeito.		
A	 indispensabilidade	 é	 uma	 característica	 de	 origem	 constitucional,	
diretamente	ligada	ao	direito	de	postular,	chamado	de	jus postulandi –	essência	da	
atividade	advocatícia	–	deve	ser	analisado	em	dois	aspectos.	Primeiro	a	atividade	
jurisdicional,	 o	procuratório	 judicial	 e	 a	 atividade	extrajudicial,	 o	procuratório	
administrativo,	no	qual	se	enquadra	o	tecnólogo	de	serviços	jurídicos.
A	 atividade	 jurisdicional	 deve	 ser	 observada	 sob	 três	 parâmetros.	 Um	
conceitual	e	dois	dispositivos	legais:
1.	 Jus Postulandi (conceito):	 postulação	 é	 ato	 de	 pedir	 ou	 exigir	 a	 prestação	
jurisdicional.	Exige-se	qualificação	técnica.
2.	 C.F.	art.	133:	“o	advogado	é	indispensável	à	administração	da	justiça,	sendo	
inviolável	por	seus	atos	e	manifestações	no	exercício	da	profissão,	nos	limites	
da	lei”	(BRASIL,	2016,	art.	133).	
3.	 Estatuto	da	OAB,	art.	1º:	São	atividades	privativas	de	advocacia:	I:	a	postulação	
a	qualquer	órgão	do	Poder	Judiciário	e	aos	Juizados	Especiais	(BRASIL,	1994,	
art.	1º).
Entretanto,	existem	seis	exceções	a	serem	consideradas:
1.	 Juizados	Especiais	Cíveis:		que	dispensa	a	presença	de	advogado	em	causas	
de	até	20	salários	mínimos,	Lei	9.099/95	e	de	até	60	salários	mínimos	se	for	na	
esfera	federal,	Lei	10259/01.	
2.	 Justiça	do	Trabalho:	CLT,	art.	791	(sem	alteração	pela	reforma	trabalhista	de	
2017):	o	dispositivo	faz	menção	à	expressão	“até	o	final”,	o	que	significa	dizer,	
em	matéria	da	justiça	do	trabalho,	até	o	TST.	No	entanto,	o	próprio	TST	tem	um	
entendimento	(súmula	425)	de	que	se	interpreta	o	art.	791	da	CLT	limitando	
a	postulação	 sem	advogado	até	os	 tribunais	 regionais	do	 trabalho,	ficando,	
assim,	indispensável	a	intervenção	de	um	advogado	para	jurisdição	do	TST.	
36
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
3.	 Habeas	 Corpus:	 não	 se	 discute	 tratar-se	 de	 provimento	 jurisdicional	 em	
que	 a	 garantia	 da	 liberdade	pessoal	 já	 seria	 suficiente	 para	 sinalizar	 sobre	
a	dispensabilidade	do	advogado,	no	entanto,	o	Estatuto	da	OAB	não	deixa	
motivos	para	discussão	 sobre	a	 referida	dispensabilidade	porque	 confirma	
em	seu	art.	1º,	§1º,	que	não	é	atividade	privativa	da	advocacia	(BRASIL,	1994).
4.	 Revisão	Criminal	 (CPP,	 art.	 623):	 pacífico	 na	 jurisprudência	 do	 STF	 que	 a	
Constituição	 Federal	 recepcionou	 o	 referido	 diploma	 legal,	 não	 existindo,	
assim,	qualquer	 obstáculo	de	ordem	 jurídico-formal	que	 impeça	o	próprio	
condenado	 de	 promover,	 ele	 próprio,	 independente	 de	 assistência	 técnica	
prestada	por	advogado,	a	pertinente	revisão	criminal	(HC	72.981-SP,	Rel.Min.	
MOREIRA	ALVES	-	RHC	80.763-SP,	Rel.	Min.	SYDNEY	SANCHES).	
5.	 Constituição	Federal,	art.	103:	norma	constitucional	que	traz	os	legitimados	
ativos	a	promover	o	controle	concentrado	das	leis	e	atos	normativos	federais,	
estaduais.	O	STF	entendeu	que	somente	os	partidos	políticos	e	as	confederações	
sindicais	ou	entidades	de	classe	de	âmbito	nacional	deverão	ajuizar	a	ação	por	
advogado	(art.	103,	VIII	e	IX).	Quanto	aos	demais	legitimados	(art.	103,	I-VII),	
a	capacidade	postulatória	decorre	da	Constituição.	(ADI	n.	127-MC-QO,	Rel.	
Min.	Celso	de	Mello,	j.	20.11.1989,	DJ	04.12.1992).	
6.	 Lei	 de	 alimentos	 (5478/68):	 também	 está	 prevista	 a	 dispensabilidade	 do	
advogado,	 no	 entanto	 suprida	 pela	 competência	 da	 Defensoria	 Pública,	
conforme	decisão	do	STF.
Portanto,	essas	seis	atividades	poderão	ser	auxiliadas	pelo	tecnólogo	de	
serviços	jurídico,	sem	que	isso	esteja	infringindo	qualquer	lei,	ou	seja,	considerada	
uma	 atividade	 antiética.	 Poderá	 auxiliar	 na	 pesquisa	 de	 leis,	 doutrinas	 e	
jurisprudência	relativas	ao	caso,	bem	como	auxiliar	na	minuta	de	petições.
A	 prestação	 de	 serviços	 jurídicos	 exerce	 uma	 função	 social,	 a	 qual	
demonstra	 que	 a	 administração	 da	 justiça	 é	 uma	 espécie	 do	 gênero	 atividade	
pública	 regida	 pelo	 direito	 público,	 ainda	 que	 o	 advogado	 não	 seja	 titular	 de	
uma	função	pública	sua	atividade	consiste	num	exercício	de	múnus	público.	Bem	
como	o	tecnólogo	de	serviços	jurídicos.
Assim,	as	prerrogativas	dos	advogados,	as	quais	se	estendem	ao	tecnólogo	
de	serviços	jurídicos,	estão	previstas	no	artigo	7	e	7-A,	do	Estatuto	da	OAB,	Lei	8.906:
Art.	7º	São	direitos	do	advogado:
I	-	exercer,	com	liberdade,	a	profissão	em	todo	o	território	nacional;
II	–	a	inviolabilidade	de	seu	escritório	ou	local	de	trabalho,	bem	como	de	seus	
instrumentos	de	trabalho,	de	sua	correspondência	escrita,	eletrônica,	telefônica	
e	telemática,	desde	que	relativas	ao	exercício	da	advocacia;	(Redação	dada	pela	
Lei	nº	11.767,	de	2008)
III	 -	 comunicar-se	 com	 seus	 clientes,	 pessoal	 e	 reservadamente,	mesmo	 sem	
procuração,	 quando	 estes	 se	 acharem	 presos,	 detidos	 ou	 recolhidos	 em	
estabelecimentos	civis	ou	militares,	ainda	que	considerados	incomunicáveis;
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
37
IV	 -	 ter	 a	 presença	 de	 representante	 da	OAB,	 quando	 preso	 em	flagrante,	 por	
motivo	 ligado	ao	exercício	da	advocacia,	para	 lavratura	do	auto	respectivo,	sob	
pena	de	nulidade	e,	nos	demais	casos,	a	comunicação	expressa	à	seccional	da	OAB;
V	-	não	ser	recolhido	preso,	antes	de	sentença	transitada	em	julgado,	senão	em	sala	
de	Estado	Maior,	com	instalações	e	comodidades	condignas,	assim	reconhecidas	
pela	OAB,	e,	na	sua	falta,	em	prisão	domiciliar;	(Vide	ADIN	1.127-8)
VI	-	ingressar	livremente:
a)	nas	salas	de	sessões	dos	tribunais,	mesmo	além	dos	cancelos	que	separam	a	
parte	reservada	aos	magistrados;
b)	 nas	 salas	 e	 dependências	 de	 audiências,	 secretarias,	 cartórios,	 ofícios	 de	
justiça,	serviços	notariais	e	de	registro,	e,	no	caso	de	delegacias	e	prisões,	mesmo	
fora	da	hora	de	expediente	e	independentemente	da	presença	de	seus	titulares;
c)	 em	 qualquer	 edifício	 ou	 recinto	 em	 que	 funcione	 repartição	 judicial	 ou	
outro	serviço	público	onde	o	advogado	deva	praticar	ato	ou	colher	prova	ou	
informação	 útil	 ao	 exercício	 da	 atividade	 profissional,	 dentro	 do	 expediente	
ou	fora	dele,	e	ser	atendido,	desde	que	se	ache	presente	qualquer	servidor	ou	
empregado;
d)	em	qualquer	assembleia	ou	reunião	de	que	participe	ou	possa	participar	o	seu	
cliente,	 ou	perante	 a	qual	 este	deva	 comparecer,	desde	que	munido	de	poderes	
especiais;
VII	-	permanecer	sentado	ou	em	pé	e	retirar-se	de	quaisquer	locais	indicados	no	
inciso	anterior,	independentemente	de	licença;
VIII	-	dirigir-se	diretamente	aos	magistrados	nas	salas	e	gabinetes	de	trabalho,	
independentemente	 de	 horário	 previamente	 marcado	 ou	 outra	 condição,	
observando-se	a	ordem	de	chegada;
X	 -	 usar	 da	 palavra,	 pela	 ordem,	 em	 qualquer	 juízo	 ou	 tribunal,	 mediante	
intervenção	sumária,	para	esclarecer	equívoco	ou	dúvida	surgida	em	relação	a	
fatos,	documentos	ou	afirmações	que	influam	no	julgamento,bem	como	para	
replicar	acusação	ou	censura	que	lhe	forem	feitas;
XI	-	reclamar,	verbalmente	ou	por	escrito,	perante	qualquer	juízo,	tribunal	ou	
autoridade,	contra	a	inobservância	de	preceito	de	lei,	regulamento	ou	regimento;
XII	-	falar,	sentado	ou	em	pé,	em	juízo,	tribunal	ou	órgão	de	deliberação	coletiva	
da	Administração	Pública	ou	do	Poder	Legislativo;
XIII	-	examinar,	em	qualquer	órgão	dos	Poderes	Judiciário	e	Legislativo,	ou	da	
Administração	Pública	em	geral,	autos	de	processos	findos	ou	em	andamento,	
mesmo	 sem	 procuração,	 quando	 não	 estiverem	 sujeitos	 a	 sigilo	 ou	 segredo	
de	 justiça,	 assegurada	 a	 obtenção	 de	 cópias,	 com	 possibilidade	 de	 tomar	
apontamentos;	(Redação	dada	pela	Lei	nº	13.793,	de	2019)
XIV	-	examinar,	em	qualquer	instituição	responsável	por	conduzir	investigação,	
mesmo	 sem	 procuração,	 autos	 de	 flagrante	 e	 de	 investigações	 de	 qualquer	
natureza,	findos	ou	em	andamento,	ainda	que	conclusos	à	autoridade,	podendo	
copiar	peças	e	tomar	apontamentos,	em	meio	físico	ou	digital;	(Redação	dada	
pela	Lei	nº	13.245,	de	2016)
38
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
XV	-	ter	vista	dos	processos	judiciais	ou	administrativos	de	qualquer	natureza,	
em	cartório	ou	na	repartição	competente,	ou	retirá-los	pelos	prazos	legais;
XVI	-	retirar	autos	de	processos	findos,	mesmo	sem	procuração,	pelo	prazo	de	dez	
dias;
XVII	 -	 ser	 publicamente	 desagravado,	 quando	 ofendido	 no	 exercício	 da	
profissão	ou	em	razão	dela;
XVIII	-	usar	os	símbolos	privativos	da	profissão	de	advogado;
XIX	 -	 recusar-se	 a	 depor	 como	 testemunha	 em	processo	 no	 qual	 funcionou	
ou	deva	funcionar,	ou	sobre	fato	relacionado	com	pessoa	de	quem	seja	ou	foi	
advogado,	 mesmo	 quando	 autorizado	 ou	 solicitado	 pelo	 constituinte,	 bem	
como	sobre	fato	que	constitua	sigilo	profissional;
XX	-	retirar-se	do	recinto	onde	se	encontre	aguardando	pregão	para	ato	judicial,	
após	trinta	minutos	do	horário	designado	e	ao	qual	ainda	não	tenha	comparecido	a	
autoridade	que	deva	presidir	a	ele,	mediante	comunicação	protocolizada	em	juízo.
XXI	 -	 assistir	 a	 seus	 clientes	 investigados	 durante	 a	 apuração	 de	 infrações,	
sob	pena	de	nulidade	absoluta	do	respectivo	interrogatório	ou	depoimento	e,	
subsequentemente,	de	 todos	os	 elementos	 investigatórios	 e	probatórios	dele	
decorrentes	 ou	 derivados,	 direta	 ou	 indiretamente,	 podendo,	 inclusive,	 no	
curso	da	respectiva	apuração:	(Incluído	pela	Lei	nº	13.245,	de	2016)
a)	apresentar	razões	e	quesitos;	(Incluído	pela	Lei	nº	13.245,	de	2016)
b)	(VETADO).	(Incluído	pela	Lei	nº	13.245,	de	2016)
§	1º	Não	se	aplica	o	disposto	nos	incisos	XV	e	XVI:
1)	aos	processos	sob	regime	de	segredo	de	justiça;
2)	 quando	 existirem	 nos	 autos	 documentos	 originais	 de	 difícil	 restauração	
ou	ocorrer	circunstância	relevante	que	justifique	a	permanência	dos	autos	no	
cartório,	 secretaria	 ou	 repartição,	 reconhecida	pela	 autoridade	 em	despacho	
motivado,	proferido	de	ofício,	mediante	representação	ou	a	requerimento	da	
parte	interessada;
3)	 até	 o	 encerramento	 do	 processo,	 ao	 advogado	 que	 houver	 deixado	 de	
devolver	os	respectivos	autos	no	prazo	legal,	e	só	o	fizer	depois	de	intimado.
§	 2º	 O	 advogado	 tem	 imunidade	 profissional,	 não	 constituindo	 injúria,	
difamação	 ou	 desacato	 puníveis	 qualquer	 manifestação	 de	 sua	 parte,	 no	
exercício	de	 sua	 atividade,	 em	 juízo	 ou	 fora	dele,	 sem	prejuízo	das	 sanções	
disciplinares	perante	a	OAB,	pelos	excessos	que	cometer.	(Vide	ADIN	1.127-8)
§	3º	O	advogado	somente	poderá	ser	preso	em	flagrante,	por	motivo	de	exercício	
da	profissão,	em	caso	de	crime	inafiançável,	observado	o	disposto	no	inciso	IV	
deste	artigo.
§	 4º	 O	 Poder	 Judiciário	 e	 o	 Poder	 Executivo	 devem	 instalar,	 em	 todos	 os	
juizados,	 fóruns,	 tribunais,	 delegacias	 de	 polícia	 e	 presídios,	 salas	 especiais	
permanentes	para	os	advogados,	com	uso	e	controle	assegurados	à	OAB.	(Vide	
ADIN	1.127-8)
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
39
§	 5º	No	 caso	 de	 ofensa	 a	 inscrito	 na	OAB,	 no	 exercício	 da	 profissão	 ou	 de	
cargo	ou	função	de	órgão	da	OAB,	o	conselho	competente	deve	promover	o	
desagravo	público	do	ofendido,	sem	prejuízo	da	responsabilidade	criminal	em	
que	incorrer	o	infrator.
§	6º		Presentes	indícios	de	autoria	e	materialidade	da	prática	de	crime	por	parte	
de	 advogado,	 a	 autoridade	 judiciária	 competente	poderá	decretar	 a	 quebra	da	
inviolabilidade	de	que	trata	o	inciso	II	do	caput	deste	artigo,	em	decisão	motivada,	
expedindo	mandado	 de	 busca	 e	 apreensão,	 específico	 e	 pormenorizado,	 a	 ser	
cumprido	na	presença	de	representante	da	OAB,	sendo,	em	qualquer	hipótese,	
vedada	 a	 utilização	 dos	 documentos,	 das	mídias	 e	 dos	 objetos	 pertencentes	 a	
clientes	do	advogado	averiguado,	bem	como	dos	demais	instrumentos	de	trabalho	
que	contenham	informações	sobre	clientes.	(Incluído	pela	Lei	nº	11.767,	de	2008)
§	 7º	A	 ressalva	 constante	 do	 §	 6o	 deste	 artigo	 não	 se	 estende	 a	 clientes	 do	
advogado	averiguado	que	estejam	sendo	formalmente	investigados	como	seus	
partícipes	ou	co-autores	pela	prática	do	mesmo	crime	que	deu	causa	à	quebra	
da	inviolabilidade.	(Incluído	pela	Lei	nº	11.767,	de	2008)
§	8º		(VETADO)	(Incluído	pela	Lei	nº	11.767,	de	2008)
§	9º		(VETADO)	(Incluído	pela	Lei	nº	11.767,	de	2008)
§	10.		Nos	autos	sujeitos	a	sigilo,	deve	o	advogado	apresentar	procuração	para	o	
exercício	dos	direitos	de	que	trata	o	inciso	XIV.	(Incluído	pela	Lei	nº	13.245,	de	2016)
§	11.		No	caso	previsto	no	inciso	XIV,	a	autoridade	competente	poderá	delimitar	
o	acesso	do	advogado	aos	elementos	de	prova	relacionados	a	diligências	em	
andamento	 e	 ainda	 não	 documentados	 nos	 autos,	 quando	 houver	 risco	 de	
comprometimento	da	eficiência,	da	eficácia	ou	da	finalidade	das	diligências.	
(Incluído	pela	Lei	nº	13.245,	de	2016)
§	12.		A	inobservância	aos	direitos	estabelecidos	no	inciso	XIV,	o	fornecimento	
incompleto	 de	 autos	 ou	 o	 fornecimento	 de	 autos	 em	 que	 houve	 a	 retirada	
de	 peças	 já	 incluídas	 no	 caderno	 investigativo	 implicará	 responsabilização	
criminal	e	 funcional	por	abuso	de	autoridade	do	responsável	que	 impedir	o	
acesso	do	 advogado	 com	o	 intuito	de	prejudicar	 o	 exercício	da	defesa,	 sem	
prejuízo	do	direito	subjetivo	do	advogado	de	requerer	acesso	aos	autos	ao	juiz	
competente.	(Incluído	pela	Lei	nº	13.245,	de	2016)
§	 13.	 	 O	 disposto	 nos	 incisos	 XIII	 e	 XIV	 do	 caput	 deste	 artigo	 aplica-se	
integralmente	a	processos	e	a	procedimentos	eletrônicos,	ressalvado	o	disposto	
nos	§§	10	e	11	deste	artigo.	(Incluído	pela	Lei	nº	13.793,	de	2019)
Art.	7º-A.	São	direitos	da	advogada:	(Incluído	pela	Lei	nº	13.363,	de	2016)
I	-	gestante:	(Incluído	pela	Lei	nº	13.363,	de	2016)
a)	entrada	em	tribunais	sem	ser	submetida	a	detectores	de	metais	e	aparelhos	
de	raios	X;	(Incluído	pela	Lei	nº	13.363,	de	2016)
b)	reserva	de	vaga	em	garagens	dos	fóruns	dos	tribunais;	(Incluído	pela	Lei	nº	
13.363,	de	2016)
II	 -	 lactante,	 adotante	 ou	que	der	 à	 luz,	 acesso	 a	 creche,	 onde	houver,	 ou	 a	
local	adequado	ao	atendimento	das	necessidades	do	bebê;	(Incluído	pela	Lei	
nº	13.363,	de	2016)
40
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
III	 -	gestante,	 lactante,	adotante	ou	que	der	à	 luz,	preferência	na	ordem	das	
sustentações	orais	e	das	audiências	a	 serem	realizadas	a	cada	dia,	mediante	
comprovação	de	sua	condição;	(Incluído	pela	Lei	nº	13.363,	de	2016)
IV	-	adotante	ou	que	der	à	luz,	suspensão	de	prazos	processuais	quando	for	
a	 única	 patrona	 da	 causa,	 desde	 que	 haja	 notificação	 por	 escrito	 ao	 cliente.		
(Incluído	pela	Lei	nº	13.363,	de	2016)
§	1º	Os	direitos	previstos	à	advogada	gestante	ou	lactante	aplicam-se	enquanto	
perdurar,	respectivamente,	o	estado	gravídico	ou	o	período	de	amamentação.	
(Incluído	pela	Lei	nº	13.363,	de	2016)
§	2º	Os	direitos	assegurados	nos	incisos	II	e	III	deste	artigo	à	advogada	adotante	
ou	que	der	à	luz	serão	concedidos	pelo	prazo	previsto	no	art.	392	doDecreto-
Lei	 no 5.452,	 de	 1o de	maio	 de	 1943	 (Consolidação	 das	 Leis	 do	 Trabalho).	
(Incluído	pela	Lei	nº	13.363,	de	2016)
§	3º	O	direito	assegurado	no	inciso	IV	deste	artigo	à	advogada	adotante	ou	que	
der	à	luz.
FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%20
8.906%2C%20DE%204%20DE%20JULHO%20DE%201994.&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20
o%20Estatuto%20da,Advogados%20do%20Brasil%20(OAB).&text=II%20%2D%20as%20ativida-
des%20de%20consultoria%2C%20assessoria%20e%20dire%C3%A7%C3%A3o%20jur%C3%ADdi-
cas.&text=%C2%A7%203%C2%BA%20No%20exerc%C3%ADcio%20da,Art.>. Acesso em: 3 jul. 2020.
Os	 direitos	 do	 prestador	 de	 serviço	 jurídicos	 não	 estão	 limitados	 aos	
dispositivos	supracitados.	Existem	alguns	outros	que	precisam	ser	mencionados:
• comunicação com cliente:	mesmo	sem	procuração	o	advogado	 tem	o	direito	de	
comunicar-se	com	seu	cliente	em	qualquer	circunstância,	de	forma	reservada.	Não	
pode	ser	restringida	tal	comunicação	sob	pretexto	de	incomunicabilidade	do	preso;	
• prisão flagrante no exercício profissão:	só	poderá	o	advogado	ser	preso	em	
flagrante	 no	 exercício	 profissional	 quando	 se	 tratar	 de	 crime	 inafiançável	
e	 observada	 a	 exigência	 de	 prisão	 especial,	 isto	 é,	 acompanhada	 por	
representante	da	OAB.	O	Plenário	do	STF	 julgou	constitucional	o	 inciso	IV	
do	artigo	7º	-	EOAB,	mantendo	a	necessidade	de	representante	da	OAB	para	
a	prisão	em	flagrante	de	advogado	por	motivo	relacionado	ao	exercício	da	
advocacia,	cuja	prisão,	antes	do	trânsito	em	julgado,	há	de	ser	cumprida	em	
sala	de	Estado-Maior	(sala	especial),	e	na	sua	falta,	em	prisão	domiciliar;	
• exame de autos:	o	advogado	pode	examinar,	mesmo	sem	procuração,	autos	
de	processos	findos	ou	em	andamento,	quer	em	órgãos	do	Poder	Judiciário,	
Legislativo,	Executivo	 e	 em	 repartições	policiais	 (súmula	vinculante	nº	 14)	
com	 relação	 a	 autos	 de	 inquérito	 com	 exceção	 àqueles	 que	 estiverem	 em	
segredo	de	 justiça,	de	difícil	 reparação	e	os	que	o	advogado	não	devolveu	
injustificadamente	no	prazo	legal;
• desagravo público:	 deverá	 ser	 desagravado,	 em	 ato	 personalíssimo	 que	
ocorrerá	em	sessão	pública	e	solene	perante	o	Conselho	Seccional,	quando	for	
ofendido	no	exercício	da	profissão	ou	em	atuação	em	cargo	ou	função	da	OAB.
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
41
Outro	 ponto	 imprescindível	 de	 ser	 abordado,	 em	 especial	 no	 mundo	
globalizado	 em	 que	 vive	 a	 sociedade	 atual,	 é	 a	 publicidade	 na	 prestação	 de	
serviços	 jurídicos.	 Existem	 duas	 regulamentações	 próprias,	 a	 publicidade	 na	
advocacia,	algo	plenamente	previsível,	obedece	imperiosamente	a	uma	finalidade	
informativa	totalmente	divorciada	de	conotação	mercantil,	portanto,	perceba	que	
há	limites	para	esse	tipo	de	veiculação.
Assim,	deve-se	 interpretar	conjuntamente	o	Provimento	94/200	e	o	art.	39	do	
novo	código	de	ética	veja	que	se	confirma	o	que	sustentado	no	parágrafo	anterior,	o	que	
se	veda	é	a	propaganda	e	não	a	publicidade,	que	são	institutos	completamente	diferentes.
Dessa	 forma,	 fica	 completamente	 proibida	 a	 publicidade	 por	 meio	
de	 veiculações	 por	 rádio,	 televisão,	 cinema,	 anúncios	 de	 rua	 tais	 como	 cartas	
circulares,	panfletos	e	oferta	de	serviços	mediante	intermediários.
A	participação	do	advogado	em	consultas	jurídicas	de	rádios,	televisão	ou	
qualquer	outro	tipo	de	veiculação	em	massa	é	uma	verdadeira	“tentação”	(LOBO,	
2009,	p.	194).	Entretanto,	não	é	proibido,	desde	que	o	prestador	de	serviço	jurídico	
seja	bastante	diligente	observado	o	 sigilo	profissional,	 em	 segundo,	 ainda	que	
seja	participação	totalmente	zelosa	com	os	preceitos	éticos,	não	pode	ser	rotineira,	
por	ser	passível	de	ser	considerada	promocional.
A	 legislação	 é	 contraditória	 no	 diz	 respeito	 aos	 correios	 eletrônicos	 e	
à	 internet.	O	art.	 5º	do	provimento	94/2000	permite	 esses	veículos	de	maneira	
expressa	e	cristalina.	Entretanto,	o	código	de	ética	atual	proíbe:
o	 fornecimento	 de	 dados	 de	 contatos,	 como	 endereço	 e	 telefone	 em	
colunas	 ou	 artigos	 literários,	 culturais,	 acadêmicos	 ou	 jurídicos,	
publicados	na	 imprensa,	bem	assim	quando	de	eventual	participação	
em	programas	de	rádio	ou	televisão,	ou	em	veiculação	de	matérias	pela	
internet,	sendo	permitida	a	referência	a	e-mail	(BRASIL,	2015,	art.	39,	V).	
Não	pode	se	ofertar	endereço	e	nem	telefone,	mas	é	permitido	endereço	
eletrônico	e	a	norma	é	silente	sobre	sites.
A	ética	do	advogado	está	prevista	nos	artigos	31	a	33	do	Estatuto	da	OAB:
Art.	31.	O	advogado	deve	proceder	de	forma	que	o	torne	merecedor	
de	respeito	e	que	contribua	para	o	prestígio	da	classe	e	da	advocacia.
§	1º	O	advogado,	no	exercício	da	profissão,	deve	manter	independência	
em	qualquer	circunstância.
§	 2º	 Nenhum	 receio	 de	 desagradar	 a	 magistrado	 ou	 a	 qualquer	
autoridade,	 nem	 de	 incorrer	 em	 impopularidade,	 deve	 deter	 o	
advogado	no	exercício	da	profissão.
Art.	 32.	 O	 advogado	 é	 responsável	 pelos	 atos	 que,	 no	 exercício	
profissional,	praticar	com	dolo	ou	culpa.
Parágrafo	 único.	 Em	 caso	 de	 lide	 temerária,	 o	 advogado	 será	
solidariamente	responsável	com	seu	cliente,	desde	que	coligado	com	
este	para	lesar	a	parte	contrária,	o	que	será	apurado	em	ação	própria.
Art.	 33.	O	 advogado	 obriga-se	 a	 cumprir	 rigorosamente	 os	 deveres	
consignados	no	Código	de	Ética	e	Disciplina.
42
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
Parágrafo	único.	O	Código	de	Ética	e	Disciplina	regula	os	deveres	do	
advogado	para	com	a	comunidade,	o	cliente,	o	outro	profissional	e,	
ainda,	 a	 publicidade,	 a	 recusa	do	patrocínio,	 o	 dever	de	 assistência	
jurídica,	o	dever	geral	de	urbanidade	e	os	respectivos	procedimentos	
disciplinares	(BRASIL,	1994,	art.	31-33).
A	 ética,	 além	 de	 normatizar	 as	 condutas	 profissionais,	 também	 está	
presente	na	vida	em	sociedade.	Conforme	as	especificidades	de	cada	profissão	
é	necessária	uma	determinada	postura	de	quem	a	exerce.	Assim,	as	profissões	
jurídicas	têm	suas	normas	éticas	e	morais	que	lhes	são	próprias.
A	 etimologia	 da	 palavra	 ética	 tem	 origem	 grega	 de	 ethos	 ou	 ethikos que	
significa	costume.	Refere-se	à	ciência	da	moral,	do	comportamento	dos	homens	em	
sociedade.	Estuda	a	valoração	da	conduta	e	da	ação,	como	também	se	trata	da	prática	
de	conjunto	de	normas	de	comportamento	e	formas	de	vida	que	objetivem	o	bem.	
Assim	como	foi	colocado,	a	ética	muda	conforme	a	sociedade	a	que	está	inserida,	
como	também	pela	profissão,	e	até	de	pessoa	para	a	pessoa	(SPERANDIO,	2002).
A	 ética	 pode	 ser	 vista	 como	 um	 sistema	 de	 princípios	 morais	 que	
normatizam	o	comportamento	humano,	passando	a	conduta	a	ser	regida	pelos	
valores	que	a	ética	sistematiza	(MEDINA	2016).	“A	conduta	é	o	comportamento	em	
harmonia	ou	desarmonia	com	a	lei,	a	moral	e	os	bons	costumes.	O	comportamento	
é	 o	modo	pelo	 qual	uma	pessoa	 age	no	meio	 social	 e	 exerce	 suas	 atividades”	
(SPERANDIO,	2002,	p.	8-9).
As	 normas	 de	 postura	 ética	 do	 profissional	 do	 direito	 possibilitam	 a	
existência	de	confiança	e	respeito	entre	o	advogado	e	seus	clientes,	assim	como	
seus	colegas	de	profissão.	Não	apenas	do	advogado,	mas	de	qualquer	prestador	
de	serviços	jurídicos,	inclusive	o	tecnólogo.
A	deontologia	jurídica	é	a	ciência	do	dever	ser.	Ela	sistematiza,	a	partir	
da	ética	profissional,	a	conduta	e	deveres	dos	operadores	do	direito	na	prática	da	
atividade	profissional.	Com	essa	ciência	vêm	também	os	princípios	que	norteiam	
toda	a	atuação	ética	do	advogado,	se	acordo	com	Sperandio	(2002),	são	eles:
1.	 O	primeiro	é	o	princípio	da	Conduta	Ilibada,	seria	aquele	do	comportamento	
correto,	 sem	 nada	 que	 se	 possa	 moralmente	 levantar	 contra,	 seja	 na	 vida	
pública	ou	na	vida	privada.	
2.	 O	 segundo	 é	 o	 princípio	 da	 dignidade	 e	 do	 decoro	 trata-se	 de	 um	 valor	
inerente	à	pessoa	humana.	
3.	 O	princípio	da	Correção	profissional	é	aquele	que	trata	de	o	advogado	agir	
com	transparência,	não	se	beneficiar	do	cargo	eexigirá	justiça.
4.	 O	 princípio	 do	 desinteresse	 é	 caracterizado	 pelo	 desprezo	 a	 ambição	 pessoal	
quando	se	busca	a	justiça,	buscando	sempre	a	melhor	solução	dos	conflitos,	como	
a	conciliação,	sem	se	preocupar	com	a	diminuição	dos	honorários	por	conta	disso.
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
43
5.	 O	princípio	da	confiança,	trata-se	desse	relação	cliente-profissional,	que	lhe	
quer	poder	ter	no	advogado	uma	pessoa	a	quem	possa	confiar	informações	
íntimas.	Derivado	 desse	 princípio,	 há	 o	 da	 Fidelidade,	 queque	 trata	 sobre	
o	 vínculo	 e	 compromisso	 que	 o	 profissional	 deve	 ter	 com	 a	 verdade,	 a	
transparência,	a	causa,	a	legislação,	aos	operadores	do	direito.
6.	 O	 princípio	 da	 reserva,	 sobre	 o	 profissional	 ser	 discreto,	 fazendo	 jus	 a	
confiança	do	cliente,	como	também	tratar	de	assuntos	profissionais	no	lugar	
que	 lhes	cabe,	não	externar	opinião	sobre	processos	que	foram	confiados	a	
ele,	entre	outros.
7.	 O	princípio	da	discricionariedade	aquele	em	que	o	advogado	está	responsável	
para	selecionar	estratégias	e	formas	de	atuação,	na	tentativa	de	melhor	solução	
para	o	conflito.
8.	 O	princípio	da	lealdade	é	regra	de	costume,	que	não	tem	sanção	jurídica,	mas	
que	é	eticamente	sancionada	pela	reprovação	comunitária.	Deflui	do	sistema	
jurídico	o	dever	de	atuar	com	lealdade,	premiando	a	boa-fé	e	a	correão.
Os	 códigos	 de	 ética	 são	 de	 extrema	 importância,	 são	 a	 garantia	 de	
publicidade,	oficialidade	e	igualdade	para	que	segue	determinada	carreira,	como	
a	dos	operadores	de	direito.	Desta	forma,	todas	as	capacidades	necessárias	para	
que	 se	desempenhe	a	profissão	de	maneira	 eficaz,	depende	dos	deveres	 ético-
profissionais.	Os	operadores	do	direito	encontram	no	Código	de	Ética,	comandos	
de	 conduta	 que	 têm	 o	 intuito	 de	 fazê-lo	 agir	 com	 probidade,	 moralidade,	
dignidade	e	independência.
44
UNIDADE 1 — O PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
A IMPORTÂNCIA E A NECESSIDADE DA GESTÃO DE SERVIÇOS 
JURÍDICOS
Kinsel,	Advogados	Associados
O	mundo	jurídico	sempre	foi	algo	interessante	para	quem	estuda	direito,	
apaixonante	e	sobretudo,	dono	de	um	apelo	importante:	quem	estuda	direito	se	
tornará	doutor	e	certamente	será	bem	sucedido.
A	verdade	é	outra:	o	bacharel	em	direito	é	historicamente	formado	para	
ser	intelectual	e	detentor	de	uma	cultura	ampla,	em	assuntos	especializados	em	
direito,	mas,	como	muitas	outras	profissões,	não	é	educado	em	gerir	seus	negócios	
e	por	que	não	dizer,	ganhar	dinheiro.
Atualmente,	 segundo	 a	 OAB	 Federal,	 o	 Brasil	 tem	 cerca	 de	 950.000	
advogados,	 sendo	 que	 somente	 em	 São	 Paulo	 e	 Rio	 de	 Janeiro,	 são	 cerca	 de	
406.00,	ou	seja,	praticamente	43%	de	todos	aqueles	que	passaram	na	OAB	e	foram	
aprovados	pelo	Exame	da	Ordem.
Se	 considerarmos	 uma	 população	 brasileira	 em	 200	 milhões,	 teremos	
cerca	de	1	advogado	para	cada	475	habitantes.
Por	que	esse	assunto	é	tão	importante	ao	técnico	do	direito:	advogado	ou	
gestor	de	um	departamento	jurídico?
Certamente	porque	um	escritório	deve	ter	sua	gestão	profissionalizada,	
com	 foco	 em	 resultados	 que	 sejam	 alinhados	 com	 a	 ética,	 mas	 também	 que	
obtenham	controles	capazes	de	fazer	a	banca	crescer	com	perenidade	e	sucessão.	
Os	principais	motivos	de	mortalidade	dos	escritórios	parecem	ser	os	mesmos	de	
pequenas	e	médias	empresas:	problemas	entre	os	sócios,	falta	de	gestão	financeira,	
falta	de	planejamento	estratégico	e	sobretudo,	falta	de	formação	e	informação	em	
como	formar	preço	e	captar,	respeitando	o	estatuto	da	OAB.
Mas	por	que	então	tantos	advogados	tem	dificuldade	de	profissionalizar	seus	
escritórios	ou	gerir	melhor	os	negócios	dentro	de	departamentos	jurídicos,	uma	vez	
que	a	quantidade	de	habitantes,	sobretudo	em	uma	fase	de	acesso	a	bens	de	consumo	
e	 mudanças	 de	 comportamento	 empresarial	 oferecem	 ótimas	 oportunidades	 de	
consultoria	jurídica,	quer	seja	para	empresas	como	para	consumidores?
Anualmente,	também	segundo	a	OAB,	cerca	de	60.000	bacharéis	de	direito	
são	formados.	Nem	todos,	obviamente,	passam	no	exame	de	Ordem.	Muitos,	novos	
em	 idade	e	 com	o	 sonho	de	ganhos	financeiros	altos,	buscam	abrir	 seu	próprio	
negócio	ou	ainda,	conquistar	um	emprego	público,	por	vezes	sem	vocação	alguma	
para	a	advocacia	do	dia	a	dia	ou	para	tolerar	a	assessoria	para	a	Rés	Publica.
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 3 — QUALIDADE E ÉTICA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
45
A	OAB	apesar	de	seu	esforço	silencioso	não	é	capaz	sozinha	de	auxiliar	
na	profissionalização	de	tantos	advogados,	na	mesma	razão	que	a	modernidade	
se	mostrou,	em	verdade	trata-se	da	falta	de	consciência	e	capacidade	de	realizar	a	
gestão	dos	serviços	jurídicos	tanto	dos	escritórios	como	dos	departamentos.
Algumas	constatações	são	importantes	e	talvez	possam	oferecer	ao	leitor	
reflexões	que	auxiliem	na	mudança	cultural	necessária:
1.	 a	Sociedade	da	Informação:	tida	como	uma	forma	de	entender	a	modificação	
do	 comportamento	na	 sociedade	 atual,	 com	o	mundo	digital	 e	 os	 avanços	
tecnológicos,	uma	quebra	importante	de	paradigmas	ocorreu,	sem	precedentes	
na	 história:	 as	 novas	 gerações	 nascem	 digitais	mas	 carecem	 da	 tradição	 e	
experiência	dos	advogados	e	técnicos	que	a	mais	tempo	operam	o	direito;
2.	 a	falta	de	Gestão	dos	Serviços	Jurídicos:	compreender	um	escritório	ou	um	
departamento	 como	 um	 negócio	 é	 vital	 para	 que	 os	 ativos	 da	 “empresa”	
dos	advogados	possam	existir	ou	sobreviver.	Apesar	de	ser	uma	sociedade	
simples,	não	se	pode	esquecer	que	existe	um	Código	de	Ética	necessário	e	
importante	para	garantir	que	a	representação	do	advogado	e	do	seu	cliente	
sejam	perenes	e	salutares;
3.	 a	falta	de	Cultura	de	Controle	e	Gestão	Financeira:	assim	como	as	empresas	
de	 pequeno	 e	 médio	 porte	 (as	ME	 ou	 EPP)	 ligadas	 ao	 Simples	 Nacional,	
entendemos	 que	 os	 escritórios	 precisam	 fazer	 gestão	 financeira	 e	 discutir	
rotinas	 administrativas	para	fins	de	melhoria	de	 seus	 serviços.	Não	 é	 raro	
escritórios	encerrarem	suas	atividades	por	não	conhecer	suas	despesas,	não	
terem	claro	suas	rotinas	administrativas	ou	ainda,	pior,	não	formularem	preço	
levando	em	conta	sua	estrutura	de	custos.
Não	 se	 torna	 um	 advogado	 apenas	 litigando,	 mas	 sim	 com	 vocação,	
conhecimento	mínimo	da	área	de	sua	atuação	e,	sobretudo,	gerindo	seu	negócio	
com	a	responsabilidade	de	dono,	garantindo	identidade	a	banca	(Intuitu Personae)	
e	legitimando	com	a	boa	ciência	e	ética,	a	máxima	de	que	um	grande	advogado	é	
bem	sucedido	por	sua	reputação	e	gestão	de	seus	ativos.
FONTE: <https://www.kinsel.com.br/2016/02/a-importancia-e-a-necessidade-da-gestao-de-ser-
vicos-juridicos/>. Acesso em: 3 jul. 2020.
46
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Alguns	 profissionais	 conseguem	 se	 destacar	 na	 profissão	 de	 advogado,	
conseguindo	 galgar	 espaços,	 mesmo	 sem	 realizar	 um	 planejamento	
profissional	 adequado,	 no	 entanto,	 é	 preciso	 ter	 em	 mente	 que	 estes	
profissionais	são	exceções.	
• Conclusivamente,	é	preciso	que	o	advogado,	agora,	mais	do	que	nunca,	em	
face	do	mercado	cada	vez	mais	competitivo,	procure	se	diferenciar	de	seus	
concorrentes,	seja	profissionalizando	o	seu	escritório,	seja	se	atualizando	de	
forma	 contínua,	 seja	 construindo	 uma	 base	 e	 uma	 história	 que	 consiga	 se	
perpetuar	por	muitos	e	muitos	anos,	para	que	outras	gerações	consigam	dar	
continuidade	ao	legado	deixado	pelos	atores	principais.	
• Não	 há	 dúvidas	 de	 que	 todo	 e	 qualquer	 profissional	 do	 direito,	 necessita	
planejar	a	sua	carreira	para	que	consiga	chegar	ao	sucesso.	E,	o	que	seria	o	
sucesso?	Vai	depender	de	o	que	cada	um	elege	como	objetivo	de	vida	para	
que	a	sua	ascensão	profissional	seja	atingida.
• O	profissional	prestador	de	serviços	jurídicos	deve	agir	de	forma	a	transmitir	
e	 garantir	 total	 confiabilidade	 ao	 seu	 cliente.	 Considerando	 como	 base	 as	
regras	estabelecidas	no	Estatuto	da	OAB.
• É	o	Estatuto	quem	dita	a	norma	a	todos	os	prestadores	de	serviços	jurídicos,não	apenas	aos	advogados	e,	com	isso,	o	tecnólogo	de	serviços	jurídicos	deve	
ficar	atento	às	normas	de	condutas	ditadas	por	aquele	diploma	legal.
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem 
pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao 
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
47
1	Analise	as	asserções	a	seguir	e	sinalize	se	elas	estão	certas	ou	erradas.
a)	Infraestrutura	moderna;	excelente	localização;	ambiente	aconchegante,	são	
critérios	a	serem	considerados	em	uma	prestação	de	serviços	jurídicos	de	
qualidade.
(			)	Certo.
(			)	Errado.
b)	A	qualidade	não	é	um	fator	determinante	na	forma	de	gestão	dos	serviços	
jurídicos.		
(			)	Certo.
(			)	Errado.
c)	 O	 Estatuto	 da	 OAB	 é	 uma	 norma	 que	 atinge	 apenas	 os	 advogados	
devidamente	inscritos	naquele	órgão:
(			)	Certo.
(			)	Errado.
AUTOATIVIDADE
48
49
UNIDADE 2 — 
A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE 
SERVIÇOS JURÍDICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• entender os procedimentos de atendimento nos cartórios judiciais;
• identificar as técnicas de atendimento nos cartórios extrajudiciais; 
• compreender a importância dos meios alternativos de solução de confli-
tos na prestação de serviços jurídicos;
• entender o papel do profissional de serviços jurídicos junto aos órgãos 
jurisdicionais. 
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
 
TÓPICO 1 – ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS 
TÓPICO 2 – ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS
 ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS.
TÓPICO 3 – DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS
 ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA. 
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
50
51
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A competência de cada uma das diversas serventias notariais é 
determinada pela lei, conferindo, com exclusividade a cada um dos cartórios a 
legitimidade para lavratura e registro de atos jurídicos. O que pode ocasionar 
alguma dificuldade para o leigo identificar qual o cartório competente para cada 
ato a ser praticado.
“Cartórios” é como chamamos popularmente os órgãos prestadores de 
serviços públicos. Os agentes públicos, delegados, realizam os serviços e, dessa 
forma, trazem mais segurança às relações jurídicas pessoais ou patrimoniais. 
Os custos dos serviços são frequentemente objeto de críticas pelos usuários. 
Entretanto, são fundamentais para desafogar o poder judiciário e proporcionar 
agilidade aos procedimentos que independem de intervenção judicial. 
O legislativo tem unido esforços no sentido de possibilitar a prática de 
atos de auto tutela. Diversos procedimentos que, até pouco tempo, somente 
poderiam ser feitos mediante o Estado-juiz. Dessa forma, pode-se dar segurança 
jurídica a negócios jurídicos celebrados fora da esfera judicial. São exemplos: a 
possibilidade de realização de inventário e partilha extrajudiciais, separações e 
divórcios, usucapião, retificação administrativas de imóveis, arbitragem, entre 
tantos outros.
Por outro lado, é imperioso conhecer a organização e o funcionamento de 
cartórios judiciais e seus impactos na velocidade dos procedimentos judiciais. O 
tempo de tramitação de processos judiciais é comumente apontado como um dos 
maiores obstáculos dos sistemas judiciais em geral.
Entendendo o funcionamento dos cartórios judiciais talvez seja possível 
identificar suas fragilidades, as quais determinam a eficiência, ou não, de 
determinada serventia. Pois, os cartórios estão submetidos a burocracia judicial. 
Estudaremos questões de como estão organizados e como funcionam os 
cartórios judiciais, quais as práticas do cartório que geram efeitos de aumento e 
diminuição do tempo de tramitação dos processos; quais são os integrantes e quem 
gere o cartório judicial; se uma gestão da burocracia cartorial tem possibilidades 
de melhorar o tempo de tramitação dos processos. 
TÓPICO 1 — 
ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
52
2 O PODER JUDICIÁRIO
Antes de se falar especificamente nos cartórios judiciais, precisamos 
examinar conceitos de Teoria Geral do Processo, para que fique claro a estrutura 
do Poder Judiciário Brasileiro. Começamos com o conceito de Jurisdição, que é 
uma das atividades do Estado no exercício das suas funções.
2.1 JURISDIÇÃO 
Entendendo-se, portanto, que a Jurisdição é uma função típica do Estado, 
através da qual é aplicada a vontade concreta da Lei, de maneira imparcial, 
em substituição à vontade das partes, com a finalidade de obter uma justa 
composição da lide e buscando alcançar a paz social. “É uma das funções do 
Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito 
para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com 
justiça” (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2006, p. 145) 
 Os princípios constitucionais da dignidade humana e do acesso à justiça, 
norteiam a atividade jurisdicional nos dias de hoje. Assim, independente do 
resultado final do processo, será considerado justo se todas as garantias tiverem 
sido respeitadas.
É importante lembrar que a jurisdição é monopólio estatal. Assim, a 
atividade jurisdicional é exercida exclusivamente pelo Estado, através do Poder 
Judiciário, em regra. Entretanto, a justiça não é exercida apenas pelo Estado, 
tanto é assim que existem métodos alternativos para a solução dos conflitos, que, 
também, proporcionam que sejam a alcanças justiça e a paz social. A arbitragem 
pode ser considerada um exemplo clássico de um método privado de promoção 
de justiça. 
A Jurisdição possui características próprias que a diferem das outras 
atividades estatais, como a legislativa e administrativa próprias, respectivamente, 
dos poderes legislativo e executivo. 
As características da jurisdição presentes, praticamente em todas as suas 
manifestações, são:
Para entender melhor o “Princípio da Dignidade Humana”, sugiro que assistam 
ao vídeo da TV Justiça. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qauJE6M6w0U.
DICAS
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
53
1. Inércia: é vinculada ao princípio da demanda, que determina que 
é proibido ao Estado-Juiz exercer atividade jurisdicional de ofício 
(ne procedat iudex ex officio), ou seja, sem a provocação da parte 
interessada. O exercício da jurisdição necessita da provocação do 
Estado-juiz através do exercício do direito de ação e consequente 
ajuizamento de uma demanda. Arts. 2º e 141, do CPC/2015. 
 [...]
2. Substitutividade: o Estado proíbe a autotutela, isto é, a justiça com 
as próprias mãos, e assume o dever de exercer a jurisdição, aplicar 
a lei à demanda que lhe é submetida (grifo da autora). Assim, o 
Estado substitui a atividade inicialmente das partes, pois o conflito 
do caso concreto será solucionado através do exercício da Jurisdição. 
3. Definitividade; Indiscutibilidade ou Imutabilidade: conforme essa 
característica, a decisão jurisdicional coloca fim à controvérsia 
e, impedindo que o mesmo assunto seja alegado, discutido ou 
examinado novamente no futuro (SILVA, 2019, p. 23, grifo da autora). 
Os princípios que norteiam a jurisdição são:
1. Investidura: referente ao meio de ingresso daqueles que estão autorizados 
a exercer o poder jurisdicional. O juiz tem que estar investido na função 
jurisdicional para exercer a jurisdição, isto é, ele precisa ter sido aprovado 
em um concurso de provas e títulos, de acordo com o art. 37, inciso II, da CF.
2. Territorialidade: também é conhecido como princípio da aderência ao 
território e significa que o juiz só pode exercer jurisdição dentro de um 
limite territorial determinado por lei. 
3. Indeclinabilidade:em razão de tal princípio o juiz não se pode se eximir de 
julgar a causa que lhe é apresentada pelas partes. A previsão legal desse 
princípio se encontra no art. 140 do CPC/2015. 
4. Indelegabilidade: esse princípio estabelece que o exercício da atividade 
jurisdicional não pode ser delegado aos particulares, tampouco a outro 
órgão jurisdicional. Essa proibição é aplicável de forma integral ao poder 
decisório, posto que violaria a garantia do juiz natural. 
5. Inafastabilidade da jurisdição: princípio previsto no art. 5ª, XXXV da CF e 
significa que todos possuem acesso ao Judiciário em hipótese de lesão ou 
ameaça de lesão a um direito. Assim, nenhuma matéria pode ser excluída 
da apreciação pelo Poder Judiciário, exceto as exceções estabelecidas na 
própria Constituição: arts. 52, I e II. f; 142, §2 e 217.
6. Juiz natural: previsto no art.5º, XXXVII e LIII da CF. Significa que as partes 
não podem escolher livremente o juízo e/ou juiz que irá julgar a sua causa. 
De acordo com esse princípio, o juízo (órgão) para uma causa é estabelecido 
a partir de critérios estabelecidos em lei e o juiz (pessoa) deve ser imparcial 
Inevitável, para entender a jurisdição é que se analise a sua classificação 
em diversos aspectos. Não se fala em espécies de jurisdição, pois a jurisdição 
é um poder exercido em razão da manifestação da soberania estatal, portanto 
a jurisdição é una e indivisível (grifo da autora). Entretanto, para melhor 
entendimento, utiliza-se uma classificação. Dessa forma, temos: 
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
54
• Quanto ao tipo de pretensão - que leva em consideração a natureza do 
direito material objeto do processo:
1. Jurisdição penal.
2. Jurisdição civil: incluídas todas as matérias fora do Direito Penal, ou 
seja, é a jurisdição exercida me matéria cível, trabalhista, tributária, 
empresarial etc.
• Quanto ao grau em que é exercida:
1. Superior: exercida pelo órgão que tem competência recursal e exerce 
o segundo grau de jurisdição. 
2. Inferior: exercida pelo órgão que conhece da causa em primeiro 
lugar.
• Quanto à submissão ao direito positivo:
1. Jurisdição de direito: significa que o Estado-juiz no exercício da 
função jurisdicional está vinculado a leis, conforme o art. 140, 
parágrafo único, do CPC/2015. 
2. Jurisdição de equidade: é uma exceção, pois na jurisdição de 
equidade o Estado-juiz não é obrigado a aplicar a lei. Assim, só pode 
ocorrer quando houver expressa autorização legal. Tais exceções 
estão previstas, por exemplo, no art. 723, § único do CPC/2015, que 
trata dos procedimentos de jurisdição voluntária e no Estatuto da 
Criança e do Adolescente, art. 6º da Lei n. 8.069/90.
• Quanto ao órgão que exerce:
1. Jurisdição comum: exercida por órgãos que possuem competência 
para julgar causas de qualquer natureza. É a jurisdição exercida 
pela Justiça Federal comum e pela Justiça estadual.
2. Jurisdição Especial: é a exercida por órgão que possuem competência 
apenas para matérias específicas, como a Justiça do Trabalho, Justiça 
Eleitora e Justiça Militar. 
• Quanto à existência ou não de lide: tal forma de classificar a jurisdição, 
apesar de ainda ser utilizada pela doutrina tradicional, perdeu um pouco 
do sentido após a vigência do CPC/15, pois adotamos procedimentos 
praticamente idênticos nas duas modalidades de jurisdição:
1. Jurisdição contenciosa: é a jurisdição exercida em procedimentos 
que há lide a ser resolvida;
2. Jurisdição voluntária: não há a solução de um litígio, mas apenas a 
chancela estatal para a realização de um negócio jurídico de direito 
privado, previstos a partir do art.719 do CPC/2015.
FONTE: SILVA, T. C. Teoria geral do processso. Indaial: UNIASSELVI, 2019. p. 24-26. Disponível 
em: https://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/request/trilha/materiais/livro/livro.php?codi-
go=37638. Acesso em: 20 jul. 2020.
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
55
2.2 A ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO
A estrutura do judiciário brasileiro é determinada pela Constituição em 
seus artigos 92 a 126, que estabelecem os órgãos que compõe o sistema judiciário 
do nosso país. De acordo com o art. 125, caput, da CF, cabe aos Estados membros, 
por meio das respectivas Constituições e leis de organização judiciária, dispor 
sobre a organização judiciária estadual, mas obedecendo os princípios e regras 
da Carta Magna. 
Tais normas ditadas pelos Estados deverão, também, estar em 
conformidade com as regras estabelecidas pelo Estatuto da Magistratura, o 
qual, ainda não foi aprovado. Dessa forma, as diretrizes serão fornecidas pela lei 
orgânica da magistratura (LC 35/79) que permanece em vigor. 
O Conselho Nacional de Justiça, instituído pela Emenda Constitucional n. 
45/2004, com o objetivo de proteger a missão constitucional do Poder Judiciário e 
ainda com a finalidade de prevenir desvios de conduta e reprimir atos ilícitos, foi 
idealizado um órgão para realizar o controle externo do Poder Judiciário. 
O órgão existe com objetivo de controlar e aperfeiçoar o Poder Judiciário, 
ao qual compete, dentre outras funções não jurisdicionais, realizar o controle 
administrativo e financeiro do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres 
funcionais de todos os juízes.
Trata-se de um órgão colegiado, presidido pelo Presidente do STF, 
composto por quinze membros, incluindo representantes do Ministério Público, 
advogados e cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada. Os membros 
são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela 
maioria absoluta do Senado Federal.
De acordo a Constituição Federal, os órgãos que compõem o Poder 
Judiciário atuam principalmente no exercício da função jurisdicional, exceto o 
CNJ, que tem função administrativa e regulamentar. O art. 92 da CF dispõe que 
são órgãos do judiciário brasileiro:
I- o Supremo Tribunal Federal; 
Ia- o Conselho Nacional de Justiça; 
II- o Superior Tribunal de Justiça;
III- os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
IV- os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
V- os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI- os Tribunais e Juízes Militares; 
VII- os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios 
(BRASIL, 2016, p. 63).
O Supremo Tribunal Federal, ou suprema corte do judiciário brasileiro, 
não integra nenhuma das espécies de justiça, sendo o tribunal que está acima de 
todas. Já o Superior Tribunal de Justiça, é o tribunal superior da justiça comum. As 
justiças especiais possuem cada uma, o seu próprio tribunal superior, o da justiça 
do trabalho é o Tribunal Superior do Trabalho; da justiça eleitoral o Tribunal 
Superior Eleitoral e o da justiça militar o Superior Tribunal Militar.
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
56
FIGURA 1- IMAGEM DO STF
FONTE: <https://cutt.ly/ydnL2kK>.Acesso em: 20 jul. 2020. 
FIGURA 2- ESTRUTURA DO JUDICIÁRIO BRASILEIRO
FONTE: A autora
O Supremo Tribunal Federal (STF), é considerado “O Guardião da Justiça”, 
tem previsão expressa nos arts. 101 a 103 da CF. Esse órgão é considerado a cúpula 
do Poder Judiciário, responsável pelo controle de constitucionalidade das leis. 
Cabe ao supremo, a decisão final nas causas que são levadas a sua apreciação. 
Sua competência abrange todo o território nacional, bem como competência 
originária e recursal, a ordinária prevista no art. 102, II e extraordinária, art. 102, 
III, ambos da CF (SILVA, 2019).
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), que tem previsão nos arts. 104 
e 105 da Constituição Federal (CF), é responsável pela defesa das leis federais 
infraconstitucionais e por unificar a interpretação legislativa, na hipótese de 
divergência de entendimentos pelos Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais 
Federais. É considerado o “guardião da lei federal”. 
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
57
Assim como o STF é sediado na Capital Federal e sua competência também 
se estende sobre todo o território nacional. Possui competência origináriae 
recursal conforme o art. 105. Ao lado STF, funciona como órgão de superposição, 
já que julga recursos interpostos em processos advindos das esferas estadual e 
federal (SILVA, 2019).
FIGURA 3- IMAGEM DO STJ
FONTE: <https://cutt.ly/jdmpZH8>. Acesso em: 20 jul. 2020. 
Os Juízes de Direito, sejam eles Federais, Estaduais, do Trabalho, 
eleitorais ou da auditoria militar, são órgãos de primeira instância, responsáveis 
monocraticamente (a decisão é individual) por apreciar pela primeira vez as causas. 
Os Tribunais de Justiça (TJs), os Tribunais Regionais Federais (TRFs), 
Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), 
são órgãos de segunda instância, também denominados tribunais locais, uma 
vez que estão situados em determinada localidade. São compostos por órgãos 
colegiados, que proferem decisão conjunta. 
Cada um dos Estados da Federação tem o seu próprio TJ, que terá sua 
composição e organização estabelecida através de seus Códigos de Organização 
Judiciária. Portanto, conclui-se que cada TJ terá seu próprio meio de composição 
e organização cartorária.
Os outros Tribunais são divididos por regiões. A Justiça Federal, por 
exemplo, possui cinco regiões do Brasil e, portanto, temos, cinco tribunais 
regionais federais: TRF 1ª Região com sede em Brasília; TRF 2ª Região com sede 
no Rio de Janeiro; TRF 3ª Região com sede em São Paulo; TRF 4ª Região com sede 
em Porto Alegre e TRF 5ª Região com sede em Recife (SILVA, 2019). 
Os Tribunais Superiores, o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal 
Superior do Trabalho, o Tribunal Superior Eleitoral e o Superior Tribunal Militar, 
bem como o Supremo Tribunal Federal, não se enquadram no conceito de 
instância e estão localizados em Brasília (SILVA, 2019). 
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
58
FIGURA 4 - TSE
FONTE: <https://cutt.ly/edmaEcP>. Acesso em: 20 jul. 2020. 
Os processos, em regra, se iniciam perante a um órgão de primeira 
instância conforme sua competência. Em sequência, se houver recurso, será 
encaminhado para as instâncias superiores. Pode-se usar como exemplo, uma 
ação de alimentos que começa perante um Juiz de Direito, responsável por uma 
Vara de Família. Em havendo recurso contra a sentença, esse recurso será julgado 
pelo TJ do respectivo Estado. E excepcionalmente, ainda, pode haver recurso, 
conforme o caso, para o STJ e/ou para o STF (SILVA, 2019). 
O processo, em regra, deve seguir a linha de vinculação. Assim, um 
processo que começou perante um juízo federal não terá um recurso julgado por 
um Tribunal de Justiça. Dessa forma, também, um processo que tramitou perante 
alguma justiça especial não terá recurso julgado pelo STJ. 
Entretanto, a Constituição prevê exceção a essa regra. De acordo com o 
artigo 109, § 1º uma ação previdenciária, que, via de regra é da competência de 
juízo federal, pode ser proposta perante a justiça estadual, se na comarca não 
houver vara federal. Porém, se houver recurso contra eventual decisão do juiz de 
direito será da competência do Tribunal Regional Federal e não do tribunal de 
Justiça, nos termos do art. 109, § 2º (SILVA, 2019).
“A Justiça Estadual comum é estruturada pelas regras estabelecidas na 
Constituição Federal, em seus arts. 93 a 100 e 125, pelas Constituições Estaduais, 
que definirão a competência dos Tribunais, bem como pelas respectivas Leis de 
Organização Judiciária, de acordo com o art. 125, § 1º, da CF” (SILVA, 2019, p. 32). 
A Justiça Federal de primeira instância é regulada pela Lei de Organização 
Judiciária Federal, a Lei nº 5.010, de 1966. Cada Estado membro da Federação 
possui sua própria Lei de Organização Judiciária. A competência dos juízos 
federais de 1ª instância está prevista no art. 109 da Constituição e a competência 
dos Tribunais Regionais Federais no artigo 108.
A competência da Justiça do Trabalho está definida no art. 114 da CF, 
enquanto a da Justiça Eleitoral se encontra no 121 e da Justiça Militar no 124 
também da Constituição. A justiça militar especial possui competência apenas 
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
59
para processar e julgar os “crimes militares” praticados por membros das 
forças armadas. Já os membros das polícias militares dos Estados e do corpo de 
bombeiros, ao praticarem crimes militares, serão julgados por órgão da justiça 
estadual comum, nos termos do art. 125, § 4º da Constituição (SILVA, 2019). 
2.3 OS CARTÓRIOS JUDICIAIS COMO BASE DO 
FUNCIONAMENTO DO JUDICIÁRIO
Os cartórios judiciais formam um universo desconhecido da maioria das 
pessoas, sendo fundamental analisá-los de maneira mais profunda para entendê-
los melhor. Porque, por exemplo, uma análise quantitativa, com o objetivo 
de definir quantos são e onde estão situados, traria pouca informação sobre 
a realidade que existe por detrás dos balcões dos fóruns. É primordial que, a 
princípio, se conheça as articulações internas, a organização interna e como o 
andamento dos processos podem ser afetados.
As atribuições das secretarias dos Tribunais, estão diretamente ligadas à 
Administração Judiciária, que representa o ramo da Administração Pública cujo 
objeto é a atividade administrativa do Poder Judiciário, abrangendo, também, a 
ligação com os demais entes estatais e com as entidades sociais. 
A Emenda Constitucional nº 45 inseriu na esfera constitucional o tema da 
Administração Judiciária, dispondo no novo art. 103-B, ao atribuir ao Conselho 
Nacional de Justiça o controle da atuação administrativa e financeira do Poder 
Judiciário.
A organização judiciária é um dos instrumentos de realização da Justiça. 
Segundo os ensinamentos de Laerte Romualdo de Souza (1990, p. 11): 
É a ciência que estuda as regras que preveem a existência física dos 
tribunais e o seu funcionamento, este imposto pelo movimento 
provocado pelo processo e que não visam à composição da lide. É, 
dessa forma, a área do Direito que trabalha com o maior número de 
regras. A doutrina da constituição dos órgãos jurisdicionais e suas 
serventias, do ponto de vista normativo, é representada pelo conjunto 
de leis que lhes garantem a continuidade, as condições de trabalho e 
a fixação de atribuições. A organização judiciária estuda o aparelho 
judiciário do ponto de vista estático e dinâmico, sem preocupar-se 
com a intimidade da lide, matéria que interessa à processualística.
Visto que cada um dos tribunais tem sua administração e organização 
próprias, passamos a analisar os seus funcionamentos de modo geral, em 
conformidade com o estabelecido na Constituição e Leis Federais que tem 
competência geral sobre todos os órgãos de administração judiciária.
Os juízes serão atribuídos as funções primárias de processar e julgar 
os feitos de sua competência e cumprir cartas precatórias. Entretanto, também 
devem, promover a gestão da serventia judicial e a fiscalização permanente de 
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
60
seus serviços, observando as rotinas administrativas estabelecidas pelo Tribunal 
de Justiça, zelando por sua eficiência e pelo cumprimento das determinações das 
autoridades judiciárias superiores; apurar as faltas e aplicar as penas disciplinares 
da sua competência aos servidores que lhes sejam subordinados, solicitando, 
quando for o caso, a intervenção da Corregedoria Geral da Justiça; solicitar a 
transferência ou a remoção de servidor lotado no Juízo de sua titularidade.
Além de realizar as correições de sua competência, nos termos das instruções 
e determinações expedidas pela Corregedoria Geral da Justiça, decidir as reclamações 
contra atos praticados por serventuários, servidores e auxiliares subordinados; indicar 
o chefe e seu substituto de serventia do Juízo de que for titular ou daquele vago no 
qual esteja em exercício e exercer, por designação do Presidente do Tribunal de Justiça, 
funções de auxílio à Administração Superior do Tribunal de Justiça. 
Assim, podemos verificar, que toda a parte de administração de cada uma 
dasvaras é de competência de seu juiz. Que não apenas exerce a função jurisdicional, 
mas também a de administrador, atuando como uma espécie de “gerente” de suas 
serventias ou cartórios judiciais. E para o exercício dessas funções, conta com os 
auxiliares da justiça, conforme estabelece o Código de Processo Civil 
 
Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições 
sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, 
o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o 
administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador 
judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de 
avarias (BRASIL, 2015, art. 149).
O escrivão ou chefe de secretaria, tem como funções de redigir, na 
forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que 
pertençam ao seu ofício; efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, 
bem como praticar todos os demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas 
de organização judiciária, comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, 
designar servidor para substituí-lo, conforme o Código de Processo Civil.
Deverá, ainda, manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não 
permitindo que saiam do cartório; fornecer certidão de qualquer ato ou termo do 
processo, independentemente de despacho, observadas as disposições referentes 
ao segredo de justiça e praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.
Os cartórios, também, contam os Oficiais de Justiça que tem suas 
atribuições, também estabelecidas no CPC:
Art. 154 - Incumbe ao oficial de justiça:
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais 
diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na presença 
de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o ocorrido, com 
menção ao lugar, ao dia e à hora;
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento;
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
61
V - efetuar avaliações, quando for o caso;
VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada 
por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação 
que lhe couber.
Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição prevista 
no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte contrária para 
manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do andamento 
regular do processo, entendendo-se o silêncio como recusa (BRASIL, 
2015, art. 154).
Assim, fica o oficial de justiça responsável pela maioria das ações do 
juízo que precisem ser exercidas fora do ambiente cartorário. É a chamada “longa 
manus” do juiz, é um executor das ordens judiciais. 
Os cartórios, ainda, contam com os técnicos judiciários, que é exercida por 
servidor público do quadro pessoal do Tribunal. Os técnicos são responsáveis por 
praticar os atos necessários ao impulsionamento oficial dos processos judiciais e 
administrativos. Para isso, devem observar os comandos e rotinas automatizadas, 
disponibilizados pelos sistemas e a normatização interno do Poder Judiciário.
Exercem atividades de apoio como elaborar relatórios e certidões; redigir 
e digitar documentos; atendimento ao público; abertura e encerramento de 
audiências; tramitação de feitos e comunicação entre as partes de um processo. 
Podendo, também, verificar editais abertos em órgãos como Tribunal Regional 
Eleitoral, Tribunal Regional do Trabalho, Tribunal de Justiça, entre outros.
Dessa forma, percebe-se que a Secretaria da Vara é responsável pela 
guarda dos processos em trâmite, desde o cadastramento até a extinção dele, 
assim, também é responsável pelo cumprimento e efetivação dos atos judiciais, 
viabilizando as respectivas diligências.
O profissional de gerenciamento de serviços jurídicos, poderá atuar em 
duas formas perante os cartórios judiciais, como servidor público ou como usuário 
do serviço. A atuação como serventuário da justiça requer, via de regra, aprovação 
em concurso público e investidura no cargo através da posse. Então, irá atuar como 
um dos personagens determinados na legislação como auxiliares da justiça. 
Por outro lado, se o profissional de serviços jurídicos estiver representando 
um cliente que seja parte em algum processo judicial sua atuação será condicionada 
a movimentação processual. O profissional poderá comparecer aos cartórios para 
requerer alguma cópia de documento ou até mesmo dos próprios processos, em 
serventias em que o processo eletrônico ainda não tenha sido implementado.
A sua atuação poderá representar o acompanhamento do cliente em 
algum ato processual, que seja dispensada a participação do advogado, como por 
exemplo, acompanhá-lo em alguma perícia a ser realizada no tribunal.
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
62
Portanto, é fundamental, antes de comparecer ao cartório judicial estar 
muito bem informado do andamento processual, com possibilidade de questionar 
ao serventuário sobre eventual dissonância entre o interesse de seu cliente e o 
ocorrido. É preciso conhecer a causa, estar a par dos andamentos e principalmente 
da diligência que deverá ser cumprida naquele momento. 
Como visto anteriormente, o processo judicial tem um caminho a seguir 
e em cada uma dessas etapas, terá como referência um cartório que ficará 
responsável pelo seu processamento e guarda. Garantindo, dessa forma, a uma 
decisão justa e em conformidade com os princípios constitucionais, em especial 
o de acesso à justiça.
Cartórios: competência dos serviços notariais e registrais
Eliane Blaskesi
INTRODUÇÃO
Identificar a competência de cada serventia notarial e registral nem 
sempre é simples, para a maioria das pessoas. A lei determina que cada um 
desses ofícios tem competência exclusiva para lavratura e registro de atos 
jurídicos, com exclusão de uns pelos outros.
Os popularmente chamados “cartórios” prestam serviço público, 
através de seu agente delegado, trazendo segurança às relações jurídicas, 
sejam pessoais, sejam patrimoniais. Nem sempre bem vistos pela população, 
em razão do custo dos serviços, entretanto, colaboram para desafogar, e muito, 
o poder judiciário e dar agilidade a procedimentos que não dependem do aval 
público, visto que o legislador tem dado especial atenção a possibilitar que 
sejam feitos nesta esfera de voluntariedade, muitos procedimentos que até há 
pouco somente eram possíveis através do Estado-Juiz, além de trazer segurança 
jurídica aos negócios entabulados.
Exemplificando, nos últimos dez anos, foi cometida, à esfera 
administrativa, a possibilidade de realização de inventário e partilha 
extrajudiciais, separações e divórcios, usucapião, retificação administrativas 
de imóveis, arbitragem, entre tantos outros.
O presente artigo trata das competências de cada ofício notarial e 
registral, trazendo a explicação do que é realizado em cada um deles, dada a 
pouca divulgação e às dúvidas que surgem quando o usuário pretende utilizar 
algum dos serviços. Não são poucas as pessoas que confundem uns e outros e, 
por isto, a informação adequada se faz necessária.
Inicia-se com a conceituação genérica de cada um dos serviços, para, 
após, cada um deles ser discriminado, referindo-se às leis que os embasam, 
bem como escora-se em doutrina existente sobre o assunto.
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
63
1 SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS
O ordenamento jurídico brasileiro tem como baliza a Constituição 
Federal de 1988, que, no tocante aos chamados “cartórios” dispõe no artigo 236 
que “Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por 
delegação do Poder Público”.
Note-se que ditos serviços são prestados por profissionais do Direito, 
sendo competência do bacharel, que presta concurso de provas e títulos para 
ser investido na delegação de uma serventia e exercem um mister público, 
porém em caráter privado.A Carta Magna remeteu à lei infraconstitucional a regulamentação da 
atividade, conforme se infere do § 2º do citado artigo, que diz: “ Lei federal 
estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos 
praticados pelos serviços notariais e de registro”.[1] .O legislador pátrio, em 18 
de novembro de 1994 aprovou a lei 8.935[2], que veio a reger as atividades, de 
forma específica e especial.
Até então, o ordenamento jurídico tinha somente como regramento a área 
registral, na Lei Federal 6.015 de 1973, que, contudo, não disciplinava a atividade 
com relação aos seus agentes, mas tão somente quanto às variadas formas de 
registros públicos. A atividade era regulada pelas normas das Corregedorias 
estaduais, as quais tinham e tem diversas formas de interpretação da atividade.
De qualquer modo, a edição da chamada Lei dos Notários e 
Registradores, ou Lei dos Cartórios (Lei 8.935/94), veio trazer segurança, tanto 
ao agente delegado, quanto ao mundo jurídico como um todo, pois disciplina, 
de forma exaustiva, os direitos, deveres e competências de cada serventia.
Analisar-se-á um a um, iniciando com o Tabelionato de Notas e, após, 
Tabelionato de Protestos, Registro Civil das Pessoas Naturais, Registro Civil 
das Pessoas Jurídicas e Especiais, Registro de Títulos e Documentos e Registro 
de Imóveis, para dirimirem dúvidas do que se realiza em cada um deles.
1.1 FINALIDADE DAS ATIVIDADES NOTARIAIS E REGISTRAIS
A Lei dos Notários e Registradores traz, já em seu primeiro artigo, o 
conceito do que são estes ofícios públicos, ao dizer que “serviços notariais e de 
registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a 
publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos”.
Por certo que estes profissionais técnicos trazem, ao mundo real, a 
garantia de que os negócios jurídicos encetados e realizados em sua presença e 
sob sua supervisão, tem a presunção de veracidade e autenticidade, em virtude 
da fé pública que reveste sua função.
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
64
A finalidade precípua destas atividades é dar efetividade à vontade 
das partes e trazer publicidade aos atos praticados, tornando mais célere os 
negócios jurídicos, seja na esfera pessoal ou patrimonial.
O sistema jurídico brasileiro prevê a existência de ofícios notariais 
e registrais, com leis específicas, cuja regulamentação é feita pelo Conselho 
Nacional de Justiça e pelas Corregedorias de Justiça, a nível estadual.
As pesquisas apontam que países que adotam este sistema tem 
considerável diminuição dos custos com o Poder Judiciário e o legislador 
brasileiro, ao longo dos anos, vem privilegiando esta possibilidade de escolha 
das partes, quando preenchem os requisitos previstos em lei, optando por 
efetivar seus direitos através da via administrativa.
2 TABELIONATO
2.1 TABELIONATO DE NOTAS
Por ser o ofício mais antigo, inicia-se o estudo pelo Tabelionato de 
Notas. Na espécie tabelionato encontra-se ainda, o Tabelionato de Protestos. 
O primeiro, embora seja a função mais antiga, não tem legislação própria 
específica, sendo regulado pela atual Lei dos Notários e Registradores (Lei 
8.935/94), pelo Código Civil e pelas normas das Corregedorias Estaduais de 
Justiça, cujas trazem regras específicas dos procedimentos de cada serventia.
Já o Tabelionato de Protestos foi contemplado com a Lei 9.492 de 10 de 
setembro de 1997, que, por ser lei especial, regula a matéria.
Além destas normas, os serviços extrajudiciais são regulados pelos 
provimentos emitidos pelas Corregedorias Gerais de Justiça dos Estados, aos 
quais devem ser observados, sob pena de, nas correições regularmente feitas, 
os oficiais sofrerem penalizações.
A Constituição Federal de 1988 prevê ainda, que o Conselho Nacional 
de Justiça tem a função de fiscalização, conforme o artigo 103-b, § 4º, III, in 
verbis: receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do 
Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos 
prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do 
poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e 
correcional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e 
determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios 
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções 
administrativas, assegurada ampla defesa 
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
65
 Diante de tantas normas, muitas delas contraditórias, não se caracteriza 
como uma função simples de ser exercida, especialmente pela responsabilidade 
patrimonial que implica, visto que, qualquer ato praticado de forma equivocada 
pode vir a repercutir negativamente sobre os bens dos usuários destes serviços, 
razão pela qual a responsabilidade civil com relação a estes é objetiva.
A Constituição Federal, no artigo 236 traz que “Os serviços notariais e 
de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público” 
e que seriam definidos por lei infraconstitucional os demais critérios relativos à 
responsabilidade civil e criminal, forma de fiscalização, ingresso etc.
A Lei Federal 8.935/94, chamada Lei dos Notários e Registradores, veio 
regulamentar este artigo da Constituição, e traz, em seu bojo, os parâmetros 
do exercício das atividades notariais e registrais e no artigo 1º diz o conceito: 
“Serviços notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa 
destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos 
jurídicos”.
Como lei especial que é, trata, no artigo 3º, de definir a atuação destes 
oficiais, ao dizer que “notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, 
são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o 
exercício da atividade notarial e de registro” e, no artigo 5º, deixa claro que os 
titulares dos serviços notariais são os tabeliães de notas.
O artigo 6º da Lei dos Notários e Registradores traz a competência geral 
dos tabeliães de notas. Art. 6º Aos notários compete:
I - formalizar juridicamente a vontade das partes;
II - ntervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram 
dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os 
instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias 
fidedignas de seu conteúdo;
III - autenticar fatos.
O artigo 7º, por sua vez, traz a competência exclusiva, isto é, atos que só 
podem ser praticados por estes profissionais:
Art. 7º Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:
I - lavrar escrituras e procurações, públicas;
II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
III - lavrar atas notariais;
IV - reconhecer firmas;
V - autenticar cópias.
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
66
Complementando a regulamentação da lei sobre a atividade notarial, 
o artigo 8º estabelece que é livre a escolha do tabelião de notas, qualquer que 
seja o domicílio das partes ou o lugar de situação dos bens objeto do ato ou 
negócio e, no artigo 9º, veda a prática de atos de seu ofício fora do Município 
para o qual recebeu delegação.
As corregedorias estaduais têm, em suas normas, a regulação destas 
atividades.
2.1.1 Competência do tabelião de notas
O termo competência aqui está grafado no sentido de função, de atribuição, 
visando chegar ao resultado pretendido por este estudo, de servir como um guia 
prático a quem usa ou a quem pesquisa o que é possível fazer nesta espécie de 
serventia.
Cada serventia notarial ou registral, tem atribuições específicas, que só 
podem ser realizadas nestas, isto é, um tabelião de notas não pode registrar 
um imóvel ou um documento e o oficial registrador não tem competência para 
reconhecer firmas, por exemplo, exceto quando os ofícios são aglutinados, 
ou seja, quando o oficial responde por um tabelionato e um registro, 
simultaneamente.
Dentre as váriasatribuições do tabelião de notas, estão as de reconhecer 
firmas, autenticar documentos, lavrar escrituras públicas de procuração, compra 
e venda, permuta, doação, escrituras declaratórias, testamentos e atas notariais.
Ressalte-se que existem documentos que são analisados pelo tabelião, 
tendo sua assinatura reconhecida ou autenticada a fotocópia, por exemplo, e 
que não ficam arquivados ou com cópias no tabelionato, sendo imediatamente 
entregues às partes. Por outro lado, existem documentos, chamados instrumentos 
ou escrituras públicas, que são lavrados nos livros do tabelionato e cujo original 
fica na serventia, sendo entregue às partes o traslado ou uma certidão.
2.1.2 Atos praticados pelo tabelião de notas
O ato mais comum e corriqueiro é reconhecimento de firma, onde o 
tabelião de notas atesta que determinada assinatura é da pessoa signatária. 
Existem dois tipos de reconhecimento de firma ou assinatura: por autenticidade 
(ou verdadeira) ou por semelhança.
 O tabelião pode atestar ou certificar a autoria de dizeres manuscritos 
em documento particular, lançados em sua presença, ou que o autor, sendo 
conhecido do tabelião ou por ele identificado, lhe declare tê-lo escrito. Esse é o 
reconhecimento de letra. (Rodrigues, 2008).
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
67
 Rodrigues (2008), traz o conceito de reconhecimento de firma por 
chancela mecânica: “Ato pelo qual, o tabelião atesta ou certifica a firma 
chancelada em documento particular confere com o padrão depositado no 
tabelionato”.
Na prática cartorária, a autenticação de documentos figura-se como um 
dos atos mais praticados diariamente. Autenticar um documento é comparar o 
original com a fotocópia apresentada e dizer (o tabelião) que a cópia confere com 
o original.
 Para tanto, é imprescindível que, junto com a fotocópia, também seja 
apresentado o original do documento, pois somente assim é possível fazer a 
comparação entre os dois.
 Dentre as figuras jurídicas em desuso, a pública forma é a cópia de um 
documento, total ou parcial, apresentada para conferência, onde é reproduzido 
um documento, transformando o tabelião, aquela em instrumento público.
Dos instrumentos públicos (escrituras), lavrados pelo tabelião de notas, 
a procuração (instrumento do mandato) afigura-se como um dos mais usuais. 
Quando a lei estabelecer a obrigatoriedade do atendimento da forma prescrita, 
somente terá validade o documento que atendê-la. Em razão disso, em muitos 
negócios jurídicos, deve ser apresentada a procuração lavrada em tabelionato 
de notas. É o caso, por exemplo, da procuração com poderes para compra e 
venda de imóveis, procuração para assinar escritura pública de divórcio, 
procuração do analfabeto etc.
Brandelli (2009, p. 392), explica que “a procuração pública, que é a 
procuração feita por notário, é espécie de escritura pública, à qual se aplicam 
os requisitos gerais das escrituras públicas, no que couberem”.
 A revogação de procuração e renúncia de mandato são instrumentos 
que visam a extinção do contrato de mandato, e, conforme prevê no artigo 472 
do Código Civil, o distrato se faz pela mesma forma do contrato.
 Seguindo a diretriz do Código Civil, por força do artigo 425, de que 
é lícito às partes convencionarem contratos atípicos, também o é realizar 
declaratórias sobre quaisquer circunstâncias em que não haja vedação legal.
O fato da declaratória ser feita por escritura pública trazer mais segurança 
às partes, visto que, em razão da fé pública do tabelião, embora não tenha ele 
o dever de averiguar a veracidade da declaração, a identidade do declarante 
e a data da declaração são certificadas pelo profissional, além do original do 
documento ficar arquivado no tabelionato, o que possibilita que sejam extraídas 
cópias fiéis do mesmo, em forma de certidão, em caso de extravio.
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
68
Como exemplos mais comuns, apresenta-se a escritura declaratória 
de convivência ou de união estável, escritura declaratória de vida, escritura 
declaratória de residência, escritura pública declaratória de dependência 
econômica, escritura pública de compromisso de manutenção (de estrangeiros 
que vêm a passeio, estudo ou tratamento médico no Brasil), escritura pública 
declaratória de estado civil.
Existem, ainda, as escrituras públicas de reconhecimento de paternidade, 
de pacto antenupcial, de divisão e extinção de condomínio e de divisão.
Dentre as escrituras públicas que visam a modificar, constituir ou 
transferir direitos, cita-se a de compra e venda, permuta, doação, confissão de 
dívida, com ou sem garantia, promessa de compra e venda, entre outras. Mais 
recentemente, foi acometida aos tabeliães de notas a competência de lavrar 
inventários e divórcios por escritura pública.
Testamento público ou cerrado e ata notarial são outros instrumentos 
que também são lavrados pelos notários. Pelo exposto, é possível verificar que 
há inúmeras espécies de instrumentos públicos que são lavrados pelo tabelião 
de notas, não se esgotando, entretanto, nos exemplos dados a sua competência.
2.2 TABELIONATO DE PROTESTO
O Tabelionato de Protesto, dentro de sua especialidade, visa, 
principalmente, dar publicidade do inadimplemento de uma obrigação, no 
dizer de Camargo (2011).
A Lei Federal 9.492 de 1997[6] define competência, regulamenta os 
serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e 
dá outras providências, trazendo para o cenário jurídico a forma de publicar a 
falta de cumprimento da obrigação pelo devedor.
Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e 
o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de 
dívida. (Artigo 1º).
Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto: as certidões de dívida ativa 
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas 
autarquias e fundações públicas. (Parágrafo Único).
É competência exclusiva do Tabelião de Protestos, que deve fazer 
a protocolização, a intimação, o acolhimento da devolução ou do aceite, o 
recebimento do pagamento, do título e de outros documentos de dívida, bem 
como lavrar e registrar o protesto ou acatar a desistência do credor em relação 
ao mesmo, proceder às averbações, prestar informações e fornecer certidões 
relativas a todos os atos praticados.
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
69
A Lei 8.935 de 1994 já disciplinava esta competência, que foi reafirmada 
na lei especial, que trata exaustivamente da matéria.
Uma vez apresentado o título ou documento de dívida, o tabelião de 
protesto faz o protocolo (apontamento), enviando a intimação ao devedor, 
através de seu preposto, pelo Correio, com aviso de recebimento ou por edital. 
Este terá o prazo de três dias úteis para efetuar o pagamento, findos os quais, caso 
não ocorra o pagamento pelo devedor ou desistência ou sustação, será lavrado 
o protesto e “os cartórios fornecerão às entidades representativas da indústria 
e do comércio ou àquelas vinculadas à proteção do crédito, quando solicitada, 
certidão diária, em forma de relação, dos protestos tirados e dos cancelamentos 
efetuados, com a nota de se cuidar de informação reservada, da qual não se 
poderá dar publicidade pela imprensa, nem mesmo parcialmente (artigo 29)”.
Como se trata de ofício público, poderão ser fornecidas certidões de 
protestos, não cancelados, a quaisquer interessados, desde que requeridas por 
escrito (artigo 31).
Ocorrendo o pagamento antes de escoar o prazo, não será lavrado o 
protesto e o devedor receberá a quitação.
Se o devedor não efetuar o pagamento dentro do prazo legal, ocorrendo 
o protesto e, pagando posteriormente a dívida, “o cancelamento do registro do 
protesto será solicitado diretamente no Tabelionato de Protesto de Títulos, por 
qualquer interessado, mediante apresentação do documento protestado, cuja 
cópia ficará arquivada (artigo 26)”.
Na impossibilidade de apresentação do original dotítulo ou documento 
de dívida protestado, será exigida a declaração de anuência, com identificação 
e firma reconhecida, daquele que figurou no registro de protesto como credor, 
originário ou por endosso translativo (§ 1º).
O protesto extrajudicial, realizado no tabelionato especializado 
representa segurança às relações jurídicas, trazendo ao credor a possibilidade 
de publicar a inadimplência de obrigações, de forma a garantir o cumprimento 
destas, pelo devedor que não deseja ter seu crédito abalado.
3 REGISTROS PÚBLICOS
Os registros contemplados na Lei Federal 6.015 de 1973[7] trata do 
Registro Civil das Pessoas Naturais, Registro Civil das Pessoas Jurídicas e 
Especiais, Registro de Títulos e Documentos e Registro de Imóveis, definindo a 
competência exclusiva e a especialidade de cada serventia registral.
Cada um dos ofícios registrais traz atribuições próprias e elas serão 
devidamente sintetizadas, para o entendimento do que e onde se buscar 
realizar o registro específico.
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
70
3.1 REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS
O Registro Civil das Pessoas Naturais, espécie do gênero registros 
públicos, é o ofício onde se registra o que diz respeito à pessoa, desde seu 
nascimento, casamento até o óbito. Nascer, crescer, reproduzir e morrer. A 
pessoa tem seu histórico de vida registrado neste “cartório”.
Conforme anota Camargo:
Cartório é o espaço físico (prédio) onde se presta um serviço 
(público de forma privada) técnico e racionalmente organizado, 
no qual, sob a responsabilidade de uma pessoa determinada, 
encontram-se arquivados todos os registros, assentos e livros 
públicos extrajudiciais, e onde são reproduzidas as alterações a 
eles atinentes, objetivando garantir a publicidade, autenticidade, 
segurança e eficácia dos atos jurídicos, o Cartório de Registro Civil 
trata das mutações do estado pessoal das pessoas (CAMARGO, 
2017, n.p). 
Santos (2004) esclarece que “o Registro Civil das Pessoas Naturais é 
atividade exercida por profissionais do Direito, denominados Oficiais de 
Registro, que prestam serviço público por delegação do Poder Público, após 
aprovação em concurso público de provas e títulos, nos termos do artigo 236 
da Constituição Federal, regulamentado pela Lei 8.935/1994”.
Esta especialidade registral está contemplada na Lei dos Registros 
Públicos (Lei 6.015/73), a partir do artigo 29, onde diz que são registrados 
os nascimentos e as sentenças de adoção; os casamentos, civis e religiosos 
com efeitos civis; os óbitos; as emancipações; as interdições; as sentenças 
declaratórias de ausência e as opções de nacionalidade.
Continuando a explanação, Santos (2004) diz que:
No livro de registro de nascimento pode ser averbado: o reconhecimento 
de paternidade ou de maternidade voluntário, a sentença em ação 
versando sobre a paternidade ou a maternidade, a alteração do 
nome do registrado, a retificação do registro, a adoção (excetuada a 
hipótese de adoção de criança ou adolescente, caso em que se averba 
o cancelamento do registro e se lavra um novo assento), a perda da 
nacionalidade brasileira e a revogação da perda da nacionalidade 
brasileira comunicada pelo Ministério da Justiça, a suspensão e a perda 
do poder familiar, a alteração do patronímico materno em virtude do 
casamento.
A averbação no livro de registro de casamento pode ser, além da 
retificação, da separação, da reconciliação, do divórcio, da anulação ou 
nulidade do casamento e da alteração do regime de bens e, como o rol 
das averbações possíveis não é taxativo, são possíveis outras alterações 
posteriores do assento.
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
71
A Lei dos Registros Públicos, aprovada em 1973 vem sendo 
constantemente alterada, dada a evolução do direito, dos conceitos de família e 
da mudança de gênero. Entretanto, não é atualizada, pelo legislador, na mesma 
velocidade dos avanços sociais e, por isto, deve ser interpretada, estudada 
e analisada em consonância com as regras dispostas pelo Poder Judiciário, 
notadamente Supremo Tribunal Federal e Conselho Nacional de Justiça.
Exemplo disso é a conversão da união estável em casamento. Lins (2011, p. 
33) explica que esta conversão está prevista no artigo 1726 do Código Civil, porém, 
“não há regulamentação federal que trate como se opera essa conversão”. Neste 
caso, os conviventes que pretendem se utilizar deste instrumento para o casamento 
devem requerê-lo perante o Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais de seu 
domicílio, dando início ao processo de habilitação que, não havendo impugnação, 
será realizada a conversão nos mesmos moldes do matrimônio.
A edição da Resolução 175 do CNJ, em 14 de maio de 2013, reconheceu 
o casamento de pessoas do mesmo gênero e determinou sua realização pelos 
registradores civis, de forma compulsória. A Lei dos Registros Públicos e o 
Código Civil não foram atualizados pelo legislador, para contemplar esta e outras 
situações, que vêm transformando de forma significativa o ordenamento jurídico.
A modificação do gênero, perante o registro civil das pessoas naturais, 
mediante autodeclaração foi aprovada pelo STF, em 1º de março de 2018. Significa 
que a pessoa, tendo ou não modificado fisicamente o sexo, poderá, através de 
pedido junto ao registro civil onde foi feito seu assento, que averbe a mudança de 
gênero, expedindo a certidão de nascimento com a retificação. O tribunal ainda 
não fixou data para iniciar a mudança, porém, em tempo não muito longo, após 
a definição do procedimento jurídico, será possível a alteração, independente de 
laudos ou outros requisitos que não os definidos em resolução ou provimento, 
mesmo sem estar expressamente contemplado na Lei dos Registros Públicos.
Estas e outras situações recebem interpretação conforme, pelos 
tribunais, não havendo alteração no texto da lei, razão pela qual, deve ser 
analisada juntamente com as permissões do direito atual.
3.2 REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS
Pessoa jurídica é um sujeito de direito inanimado personalizado, define 
Lins (2011, p. 29).
A existência da pessoa jurídica de direito privado começa com o registro 
dos atos constitutivos. Em se tratando se sociedade empresária, o registro se 
dá perante as juntas comerciais dos estados e são reguladas pela Lei Federal 
8.934 de 1994.
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
72
Estão sujeitos ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas os contratos, os atos 
constitutivos, o estatuto ou compromissos das sociedades civis, religiosas, pias, 
morais, científicas ou literárias, bem como o das fundações e das associações de 
utilidade pública; as sociedades civis que revestirem as formas estabelecidas nas 
leis comerciais, salvo as anônimas, os atos constitutivos e os estatutos dos partidos 
políticos. No mesmo cartório será feito o registro dos jornais, periódicos, oficinas 
impressoras, empresas de radiodifusão e agências de notícias (artigo 114 LRP).
O registro público dos meios de comunicação visa evitar a obscuridade 
e realizar uma forma de cadastramento e controle, pois será considerado 
clandestino o jornal ou outra publicação periódica, não matriculada ou de cuja 
matrícula não constem os nomes e as qualificações do diretor ou redator e do 
proprietário. (Lins, 2011, p. 43)
3.3 REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS
O Registro de Títulos e Documentos tem o objetivo de perpetuar e 
proporcionar publicidade, segurança e eficácia aos negócios realizados entre 
particulares ou entre particulares e o Estado. (Lins, 2011, p. 7)
É o registro residual, isto é, quando não houver previsão taxativa de 
onde deve ser feito, pode-se registrar em títulos e documentos, visando a 
conservação do documento ou a oponibilidade contra terceiros.
Com efeito, o artigo 127 da Lei 6.015/73, determina que, neste ofício 
registral será feita a transcrição: dos instrumentos particulares, para a prova 
das obrigações convencionais de qualquer valor; do penhor comum sobre 
coisas móveis;da caução de títulos de crédito pessoal e da dívida pública 
federal, estadual ou municipal, ou de Bolsa ao portador; do contrato de penhor 
de animais, não compreendido nas disposições do art. 10 da Lei nº 492, de 30-
8-1934; do contrato de parceria agrícola ou pecuária; do mandado judicial de 
renovação do contrato de arrendamento para sua vigência, quer entre as partes 
contratantes, quer em face de terceiros (art. 19, § 2º do Decreto nº 24.150, de 20-
4-1934); facultativo, de quaisquer documentos, para sua conservação.
Para oponibilidade contra terceiros, a artigo 129 dispõe que estão sujeitos 
a registro: os contratos de locação de prédios, sem prejuízo do disposto do artigo 
167, I, nº 3; os documentos decorrentes de depósitos, ou de cauções feitos em 
garantia de cumprimento de obrigações contratuais, ainda que em separado dos 
respectivos instrumentos; as cartas de fiança em geral, feitas por instrumento 
particular, seja qual for a natureza do compromisso por elas abonado; os 
contratos de locação de serviços não atribuídos a outras repartições; os contratos 
de compra e venda em prestações, com reserva de domínio ou não, qualquer 
que seja a forma de que se revistam, os de alienação ou de promessas de venda 
referentes a bens móveis e os de alienação fiduciária; todos os documentos 
de procedência estrangeira, acompanhados das respectivas traduções, para 
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
73
produzirem efeitos em repartições da União, dos Estados, do Distrito Federal, 
dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal; as 
quitações, recibos e contratos de compra e venda de automóveis, bem como o 
penhor destes, qualquer que seja a forma que revistam; os atos administrativos 
expedidos para cumprimento de decisões judiciais, sem trânsito em julgado, 
pelas quais for determinada a entrega, pelas alfândegas e mesas de renda, de 
bens e mercadorias procedentes do exterior e os instrumentos de cessão de 
direitos e de créditos, de sub-rogação e de dação em pagamento.
Ao Registro de Títulos e Documentos também foi atribuída a função de 
realizar as notificações extrajudiciais. Estas, têm o objetivo de que o notificado 
tome ciência inequívoca e formal dos direitos sobre os quais o notificante 
alega ser titular, servindo para responsabilizar, provocar provas, prevenir 
simulações, constituir responsabilidades, chamar à autoria, alegar para depois 
provar, constituir mora e solicitar cumprimento das obrigações. Uma vez 
notificado pelo oficial de títulos e documentos ou seu preposto, o notificado 
não pode alegar ignorância do fato. Este é o meio juridicamente perfeito de dar 
conhecimento ao notificado. (LINS, 2011, p. 22-23)
3.4 REGISTRO DE IMÓVEIS
A Lei 8.935/94, também chamada de Lei dos Cartórios, no artigo 12, 
estabelece que “aos oficiais de registro de imóveis, de títulos e documentos e 
civis das pessoas jurídicas, civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas 
compete a prática dos atos relacionados na legislação pertinente aos registros 
públicos, de que são incumbidos, independentemente de prévia distribuição, 
mas sujeitos os oficiais de registro de imóveis e civis das pessoas naturais às 
normas que definirem as circunscrições geográficas”.
O oficial registrador de imóveis é o agente delegado que tem a 
incumbência de realizar os atos pertinentes a esta serventia extrajudicial, 
definidos na Lei dos Registros Públicos.
O artigo 167 desta lei diz que, além da matrícula serão feitos os seguintes 
registros: da instituição de bem de família; das hipotecas legais, judiciais e 
convencionais; dos contratos de locação de prédios, nos quais tenha sido 
consignada cláusula de vigência no caso de alienação da coisa locada; do penhor de 
máquinas e de aparelhos utilizados na indústria, instalados e em funcionamento, 
com os respectivos pertences ou sem eles; das penhoras, arrestos e sequestros 
de imóveis; das servidões em geral; do usufruto e do uso sobre imóveis e da 
habitação, quando não resultarem do direito de família; das rendas constituídas 
sobre imóveis ou a eles vinculadas por disposição de última vontade; dos 
contratos de compromisso de compra e venda de cessão deste e de promessa de 
cessão, com ou sem cláusula de arrependimento, que tenham por objeto imóveis 
não loteados e cujo preço tenha sido pago no ato de sua celebração, ou deva 
sê-lo a prazo, de uma só vez ou em prestações; da enfiteuse; da anticrese; das 
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
74
convenções antenupciais; das cédulas de crédito rural; das cédulas de crédito, 
industrial; dos contratos de penhor rural; dos empréstimos por obrigações ao 
portador ou debêntures, inclusive as conversíveis em ações; das incorporações, 
instituições e convenções de condomínio; dos contratos de promessa de venda, 
cessão ou promessa de cessão de unidades autônomas condominiais a que alude 
a Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, quando a incorporação ou a instituição 
de condomínio se formalizar na vigência desta Lei; dos loteamentos urbanos e 
rurais; dos contratos de promessa de compra e venda de terrenos loteados em 
conformidade com o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, e respectiva 
cessão e promessa de cessão, quando o loteamento se formalizar na vigência 
desta Lei; das citações de ações reais ou pessoais reipersecutórias, relativas a 
imóveis; dos julgados e atos jurídicos entre vivos que dividirem imóveis ou os 
demarcarem inclusive nos casos de incorporação que resultarem em constituição 
de condomínio e atribuírem uma ou mais unidades aos incorporadores; das 
sentenças que nos inventários, arrolamentos e partilhas, adjudicarem bens de 
raiz em pagamento das dívidas da herança; dos atos de entrega de legados de 
imóveis, dos formais de partilha e das sentenças de adjudicação em inventário 
ou arrolamento quando não houver partilha; da arrematação e da adjudicação 
em hasta pública; do dote; das sentenças declaratórias de usucapião; da 
compra e venda pura e da condicional; da permuta; da dação em pagamento; 
da transferência, de imóvel a sociedade, quando integrar quota social; da doação 
entre vivos; da desapropriação amigável e das sentenças que, em processo de 
desapropriação, fixarem o valor da indenização; da alienação fiduciária em 
garantia de coisa imóvel; da imissão provisória na posse, quando concedida à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades 
delegadas, e respectiva cessão e promessa de cessão; dos termos administrativos 
ou das sentenças declaratórias da concessão de uso especial para fins de 
moradia; da constituição do direito de superfície de imóvel urbano; do contrato 
de concessão de direito real de uso de imóvel público; da legitimação de posse; 
da conversão da legitimação de posse em propriedade, prevista no art. 60 da Lei 
no 11.977, de 7 de julho de 2009; da Certidão de Regularização Fundiária (CRF) 
e da legitimação fundiária. 
O Inciso II diz que será feita a averbação das convenções antenupciais 
e do regime de bens diversos do legal, nos registros referentes a imóveis ou 
a direitos reais pertencentes a qualquer dos cônjuges, inclusive os adquiridos 
posteriormente ao casamento; por cancelamento, da extinção dos ônus e direitos 
reais; dos contratos de promessa de compra e venda, das cessões e das promessas 
de cessão a que alude o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, quando o 
loteamento se tiver formalizado anteriormente à vigência desta Lei; da mudança 
de denominação e de numeração dos prédios, da edificação, da reconstrução, 
da demolição, do desmembramento e do loteamento de imóveis; da alteração 
do nome por casamento ou por desquite, ou, ainda, de outras circunstâncias 
que, de qualquer modo, tenham influência no registro ou nas pessoas nele 
interessadas; dos atos pertinentes a unidades autônomas condominiais a que 
alude a Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, quando a incorporação tiver 
sido formalizadaanteriormente à vigência desta Lei; das cédulas hipotecárias; 
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
75
da caução e da cessão fiduciária de direitos relativos a imóveis; das sentenças de 
separação de dote; do restabelecimento da sociedade conjugal; das cláusulas de 
inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade impostas a imóveis, 
bem como da constituição de fideicomisso; das decisões, recursos e seus efeitos, 
que tenham por objeto atos ou títulos registrados ou averbados; "ex offício", 
dos nomes dos logradouros, decretados pelo poder público; das sentenças 
de separação judicial, de divórcio e de nulidade ou anulação de casamento, 
quando nas respectivas partilhas existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a 
registro; da rerratificação do contrato de mútuo com pacto adjeto de hipoteca 
em favor de entidade integrante do Sistema Financeiro da Habitação, ainda que 
importando elevação da dívida, desde que mantidas as mesmas partes e que 
inexista outra hipoteca registrada em favor de terceiro; do contrato de locação, 
para os fins de exercício de direito de preferência; do Termo de Securitização 
de créditos imobiliários, quando submetidos a regime fiduciário; da notificação 
para parcelamento, edificação ou utilização compulsórios de imóvel urbano; da 
extinção da concessão de uso especial para fins de moradia; da extinção do direito 
de superfície do imóvel urbano; da cessão de crédito imobiliário; da reserva legal; 
da servidão ambiental; do destaque de imóvel de gleba pública originária; do 
auto de demarcação urbanística; da extinção da legitimação de posse; da extinção 
da concessão de uso especial para fins de moradia; da extinção da concessão de 
direito real de uso, da sub-rogação de dívida, da respectiva garantia fiduciária 
ou hipotecária e da alteração das condições contratuais, em nome do credor que 
venha a assumir tal condição na forma do disposto pelo art. 31 da Lei no 9.514, de 
20 de novembro de 1997, ou do art. 347 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 
- Código Civil, realizada em ato único, a requerimento do interessado instruído 
com documento comprobatório firmado pelo credor original e pelo mutuário. da 
certidão de liberação de condições resolutivas dos títulos de domínio resolúvel 
emitidos pelos órgãos fundiários federais na Amazônia Legal; do termo de 
quitação de contrato de compromisso de compra e venda registrado e do termo 
de quitação dos instrumentos públicos ou privados oriundos da implantação 
de empreendimentos ou de processo de regularização fundiária, firmado pelo 
empreendedor proprietário de imóvel ou pelo promotor do empreendimento ou 
da regularização fundiária objeto de loteamento, desmembramento, condomínio 
de qualquer modalidade ou de regularização fundiária, exclusivamente para 
fins de exoneração da sua responsabilidade sobre tributos municipais incidentes 
sobre o imóvel perante o Município, não implicando transferência de domínio ao 
compromissário comprador ou ao beneficiário da regularização.
A Lei dos Registros Públicos determina os livros que integrarão o ofício, 
bem como detalha todas as situações a eles pertinentes.
O Registro de Imóveis destina-se ao registro e averbação dos títulos 
ou atos ou fatos inter vivos ou mortis causa, constitutivos, translativos ou 
extintivos de direitos reais, a fim de assegurar-lhes validade, eficácia erga omnes 
e disponibilidade. (Lei dos Registros Públicos, Art. 172 e CNNR/RS, Art. 314, § 
único). (PAIVA, p.6)
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
76
Informa o registrador imobiliário que são basicamente quatro espécies 
de atos registrais demandados ao Registro de Imóveis: abertura de matrículas; 
registros; averbações; notícias.
Dentro da gama de atribuições afetadas ao ofício registral imobiliário, 
destaca-se o registro da transmissão e aquisição propriedade de bens imóveis, 
bem como de direitos reais a ela relativos, de bem de família, incorporação 
imobiliária, registro de penhora, e cédulas de crédito, direitos reais de garantia, 
como hipoteca, penhor, anticrese e averbações, tais como mudança de estado 
civil do proprietário, averbações de nomes de rua, quarteirão etc., constando o rol 
dos registros e averbações permitidos na Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73).
A eficácia e segurança obtidos com o registro de imóveis tem por 
base a observância dos princípios registrais, dentre eles, o da continuidade, 
da prioridade, da instância, da inscrição, da publicidade, da unitariedade, da 
especialidade, da legalidade, da presunção e da fé pública e do consentimento 
formal. (LINS, 2011, p. 12-13)
CONCLUSÃO
Diante do que foi visto, os serviços notariais e registrais mostram-se 
instrumento importante e imprescindível para a segurança jurídica, trazendo aos 
seus usuários a certeza de que os atos ali praticados alcançarão o objetivo intentado.
Ao realizar atos em serviços notarias, além da publicidade alcançada, 
a atenção à forma prescrita em lei estará atendida, os documentos públicos 
gozarão de fé pública e estarão disponíveis para requerimento de certidões 
pelo interessado e os documentos particulares terão a veracidade da assinatura 
declarada, no caso de reconhecimento de firma e a certeza da autenticidade da 
fotocópia, conferida com o original.
No Tabelionato de Protesto, o credor alcançará a publicidade do 
inadimplemento do dever, conseguindo, desta forma, pressioná-lo ao 
pagamento, para que não conste no rol dos maus pagadores.
A comprovação do estado da pessoa, realizada através do registro 
perante o Ofício Registral Civil, importa em conferir personalidade jurídica, 
mediante atestado pelo registrador competente, do nascimento, casamento, 
óbito, emancipação, interdição, separação, divórcio e todas as mudanças 
ocorridas ao longo da vida da pessoa natural.
Com as constantes alterações, o registro civil tem sua importância 
cada vez mais acentuada, porque, tratando-se de um registro público, é 
possibilitado a qualquer pessoa requerer certidões para obter informações de 
seu interesse, especialmente em época de mudanças cada vez mais aceleradas, 
em cumprimento ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, 
direito ao nome e a proteção à personalidade, de forma que uma pessoa que 
usava um nome possa vir a mudá-lo e quem nasceu e foi registrado como 
integrante de um sexo, pode vir a se registrar com outro.
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
77
A lei distingue pessoas naturais de pessoas jurídicas, esta última, ficção 
jurídica criada pelo ordenamento jurídico e que poderá ser empresária ou não. 
Tratando-se de pessoa jurídica empresária, é tratada por legislação própria, 
dentro do Direito Empresarial e pela Lei Federal 8.934 de 1994. Quando é 
pessoa jurídica não empresária, é remetida à Lei dos Registros Públicos sua 
regulamentação e seu registro é feito no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, 
onde também são objetos de publicidade jornais, periódicos, oficinas 
impressoras, empresas de radiodifusão e agências de notícias.
A determinação da atribuição de cada ofício notarial e registral está 
prevista em lei e, quando esta não especifica onde deverá ser efetuado o registro, 
de forma residual, o Registro de Títulos e Documentos afigura-se como solução, 
pois neste poderá ser feito o registro, além dos atos previstos expressamente na 
Lei dos Registros Públicos, também de qualquer outro que não seja contemplado 
como especialidade própria cometida a um ofício registral na legislação.
O registrador de Títulos e Documentos possui, ainda, a competência de 
notificar, de forma extrajudicial, para ciência de alguém que deverá cumprir 
obrigação não atendida, bem como de qualquer ato de que, de maneira 
inequívoca, sua fé pública irá tornar incontestável o conhecimento.
Os bens imóveis, chamados bens de raiz, são amplamente protegidos 
pelo ordenamento jurídico pátrio, tanto no direito material quanto no 
processual, pois a transmissão da propriedadeimóvel se dá com o registro 
do título translativo. A Lei dos Registros Públicos regra de forma ampla esta 
proteção, trazendo os atos que serão registrados e averbados no referido ofício.
A falta do registro implica em não transmissão da propriedade, além 
das consequências que o adquirente negligente possa vir a sofrer, em caso de 
não o realizar.
Além dos imóveis, outros direitos e atos poderão ser objeto de registro 
imobiliário, conforme determinação do legislador e estão previstos na lei especial.
A segurança jurídica que os ofícios notariais e registrais trazem ao 
ordenamento jurídico, às partes, à proteção dos direitos e a certeza de sua 
veracidade, em razão da fé pública de seus agentes são incontestáveis, fazendo 
que estes serviços estejam dentre os mais confiáveis perante os usuários.
Embora muitos atos não tenham sua realização obrigatória, torna-se 
importante que sejam efetuados perante profissionais especializados, evitando-
se litígios futuros, agindo de forma preventiva, trazendo segurança jurídica e 
contribuindo para a paz social.
FONTE: BLASKESI, Eliane. Cartórios: competência dos serviços notariais e registrais. Revista 
Jus Navigandi, Teresina, ano 24, n. 5694, 2 fev. 2019. Disponível em: https://jus.com.br/arti-
gos/68267/cartorios-competencia-dos-servicos-notariais-e-registrais.. Acesso em: 18 jun. 2020.
78
Neste tópico, você aprendeu que:
• Todos temos o direito de exigir a prestação jurisdicional, garantido na 
Constituição.
• A jurisdição é monopólio do Estado, e que esta função significa, basicamente, 
que o Estado juiz ao ser provocado aplicará o direito ao caso concreto, 
solucionando o conflito de forma justa e alcançar a paz social.
• A jurisdição tem características que a diferenciam das demais funções estatais. 
Como, por exemplo, ser classificada quanto à natureza da pretensão (Civil 
e Penal); quanto ao grau em que é exercida (Inferior e superior); quanto à 
submissão ao direito (de direito e de equidade); quanto ao órgão que exerce 
(comum e especial); e quanto à presença de lide (contenciosa e voluntária).
• Existem princípios que regem a atividade jurisdicional e a estrutura judiciária 
brasileira. 
• A Jurisdição é una e indivisível e que todos os órgãos jurisdicionais exercem 
jurisdição. Mas, cada órgão exerce dentro dos limites de sua competência, 
sendo que as regras de competência estabelecem critérios de divisão de 
trabalho que devem ser obedecidos para que um órgão possa exercer a 
atividade jurisdicional de forma válida.
• Devemos analisar se o Brasil possui competência.
• Após a descoberta da competência do Brasil, teremos que verificar a 
competência interna, ou seja, qual órgão do judiciário brasileiro possui 
competência e que para tal verificação são utilizados diversos critérios.
• Temos os critérios absolutos, que obrigatoriamente precisam ser respeitados 
(matéria, pessoa e função), sob pena de incompetência absoluta; e os critérios 
relativos, que podem ser deixados de lado por vontade das partes (território e 
valor da causa), porém o desrespeito pode acarretar na incompetência relativa.
RESUMO DO TÓPICO 1
79
1 (CESPE/CEBRASPE, 2018, STJ). A respeito da jurisdição, julgue o item que 
a seguir:
O princípio do juiz natural, ao impedir que alguém seja processado ou 
sentenciado por outra que não a autoridade competente, visa coibir a criação 
de tribunais de exceção. 
FONTE: <lhttps://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/9887e703-42>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) Errado
b) ( ) Certo 
2 (FGV, 2015, TJ-BA) A jurisdição representa uma atividade estatal voltada à 
composição dos conflitos de interesses. No Brasil, uma das características 
fundamentais da jurisdição é a: 
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/4ded5868-aa>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) Inércia
b) ( ) Diametricidade
c) ( ) Eleição direta
d) ( ) Dualidade
3 (CEPUERJ, 2010, DPE-RJ) SÁVIO é titular de uma linha telefônica junto a 
concessionária de serviço público de telefonia. Em agosto de 2010, percebeu 
que desde janeiro do referido ano vinha recebendo suas faturas mensais em 
duplicidade, tendo efetuado o pagamento de todos os boletos que recebera. 
Indignado, procurou a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que 
prontamente ajuizou ação judicial com vistas à compensação dos danos 
sofridos por SÁVIO. 
Sabendo-se que a demanda foi proposta apenas contra a concessionária de serviço 
público, é CORRETO afirmar que a competência para julgar o feito é do(a): 
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/d7c9b143-2a>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) Justiça Federal
b) ( ) Justiça Estadual
c) ( ) Juizado Especial Federal
d) ( ) Juizado Especial Criminal 
AUTOATIVIDADE
80
4 (CESPE, 2018, STJ) De acordo com norma presente no art. 286, inciso II do 
Código de Processo Civil (CPC), que trata da prevenção do juízo, devem 
ser distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza “quando, 
tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado 
o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam 
parcialmente alterados os réus da demanda". Essa regra objetiva dar 
efetividade ao princípio: 
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/78990168-3f>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) Do contraditório
b) ( ) Da inércia
c) ( ) Da unidade
d) ( ) Do Juiz natural 
e) ( ) Da duração razoável do processo
81
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Os cartórios extrajudiciais, ou serventias extrajudiciais, existem com a 
finalidade de que sejam praticados inúmeros atos extrajudiciais, como escrituras, 
registro de imóveis, registro de nascimento, casamento, dentre outros. 
São regidos por leis, sempre obedecendo a hierarquia das normas. Assim, 
em primeiro plano está a Constituição Federal e a emenda constitucional, seguida 
da Lei complementar, ordinária, delegada, medida provisória, decreto legislativo 
e resolução. Em sequência surgem os atos infralegais, como decretos; portarias; 
códigos de normas, os quais têm a função de regulamentar a lei que lhes é superior.
A Lei nº 6015 de 1973, conhecida como Lei de Registros Públicos, 
regulamenta as atividades notariais. Essa lei separa a atribuição dos cartórios 
extrajudiciais, conferindo-lhes a importância de tal atividade. 
O art. 236 da Constituição dispões que “Os serviços notariais e de registro 
são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público” (BRASIL, 2016, p. 
136). Assim os serviços são prestados por profissionais do Direito, sendo competência 
do bacharel, que presta concurso de provas e títulos para ser investido na delegação 
de uma serventia e exercem um mister público, porém em caráter privado.
O parágrafo segundo daquele mesmo artigo da constituição estabelece que 
“Lei Federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos 
aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro” (BRASIL, 2016, p. 136). 
Assim, foi editada em 18 de novembro de 1994 a Lei nº 8.935, que veio a reger as 
atividades, de forma específica e especial. 
Até então, somente a Lei de Registros Públicos regulamentava a atividade 
notarial, mas não disciplinava a atividade com relação aos seus agentes. Apenas 
regulamentava às variadas formas de registros públicos. Sendo que atividade 
ficava regida por normas das Corregedorias estaduais, as quais tinham e tem 
diversas formas de interpretação da atividade. 
A edição da Lei dos Notários e Registradores, ou Lei dos Cartórios (Lei 
8.935/94), trouxe maior segurança, para os agentes delegados, quanto ao mundo 
jurídico como um todo, pois disciplina, exaustivamente, os direitos, deveres e 
competências de cada serventia.
TÓPICO 2 — 
ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS 
ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS.
82
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
O artigo primeiro da Lei nº 8.935/94, a Lei dos Notários dispõe que “serviços 
notariais e de registrosão os de organização técnica e administrativa destinados 
a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos” 
(BRASIL, 1994b, art. 1°). Conceituando, assim o que são tais ofícios públicos. 
Assim, os profissionais técnicos de cartório, tem a função de operabilizar 
a garantia de que os negócios jurídicos encetados e realizados em sua presença e 
sob sua supervisão, tem a presunção de veracidade e autenticidade, em virtude 
da fé pública que reveste sua função.
O Conselho Nacional de Justiça e as Corregedorias de Justiças Estaduais 
são responsáveis pela regulamentação das atividades dos oficiais notariais, bem 
como dos registrais. O legislador brasileiro optou por esse tipo de sistema por 
representar custo menor ao Poder Judiciário. 
2 TABELIONATO DE NOTAS
O Tabelionato de Notas é o ofício mais antigo, porém, não possui legislação 
específica. regulado pela atual Lei dos Notários e Registradores (Lei 8.935/94), 
pelo Código Civil e pelas normas das Corregedorias Estaduais de Justiça, cujas 
trazem regras específicas dos procedimentos de cada serventia.
As Corregedorias Gerais de Justiça dos Estados mediante seus provimentos, 
estabelecem normas a serem seguidas pelos serviços extrajudiciais, podendo os 
oficiais serem penalizados, caso as correições feitas com regularidade, percebam 
alguma irregularidade na prestação do serviço.
Assim, o profissional de serviço jurídico que preste serviço aos cartórios 
extrajudiciais deverá estar afinado coma legislação e com a regulamentação de 
suas atividades, para evitar ser submetido à alguma penalidade imposta pela 
Corregedoria. 
Como visto anteriormente, a Constituição atribui ao Conselho Nacional 
de justiça, função de fiscalização:
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) 
membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, 
sendo:
[...]
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa 
e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres 
funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe 
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
[...]
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos 
do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, 
serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro 
que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem 
prejuízo da competência disciplinar e correcional dos tribunais, 
TÓPICO 2 — ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS.
83
podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a 
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou 
proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções 
administrativas, assegurada ampla defesa (BRASIL, 2016, p. 71-72).
Não estamos diante de uma função muito fácil de ser exercida. Afinal é 
regida por diversas normas, sendo que algumas são contraditórias. Esse serviço, 
ainda, envolve a responsabilidade patrimonial relacionada, visto que, qualquer 
ato praticado de forma equivocada pode vir a repercutir negativamente sobre os 
bens dos usuários destes serviços.
O legislador, então, determinou que a responsabilidade do oficial de 
registro, na prática de seus atos, seja a responsabilidade civil objetiva. Para melhor 
entendimento analisa-se as palavras do Professor Sérgio Cavalieri:
Responsabilidade subjetiva e objetiva
A ideia de culpa está visceralmente ligada à responsabilidade, por isso que, de 
regra, ninguém pode merecer censura ou juízo de reprovação sem que tenha 
faltado com o dever de cautela em seu agir. Daí ser a culpa, de acordo com 
a teoria clássica, o principal pressuposto da responsabilidade civil subjetiva. 
O Código Civil de 2002, em seu art. 186 (art. 159 do Código Civil de 1916), 
manteve a culpa como fundamento da responsabilidade subjetiva. A 
palavra culpa está sendo aqui empregada em sentido amplo, lato sensu, 
para indicar não só a culpa stricto sensu, como também o dolo. 
Por essa concepção clássica, a vítima só obterá a reparação do dano se 
provar a culpa do agente, o que nem sempre é possível na sociedade 
moderna. O desenvolvimento industrial, proporcionado pelo advento 
do maquinismo e outros inventos tecnológicos, bem como o crescimento 
populacional geraram novas situações que não podiam ser amparadas 
pelo conceito tradicional de culpa. 
Importantes trabalhos vieram, então, à luz na Itália, na Bélgica e, 
principalmente, na França sustentando uma responsabilidade objetiva, 
sem culpa, baseada na chamada teoria do risco, que acabou sendo 
também adotada pela lei brasileira em certos casos, e agora amplamente 
pelo Código Civil no parágrafo único do seu art. 927, art. 931 e outros, 
como haveremos de ver (CAVALIERI FILHO, 2020, p. 25).
Isso significa, dizer que se o ato praticado pelo oficial de registro causar dano 
a um usuário do serviço, o prestador de serviço responderá pelo dano, mesmo que 
não tenha agido com culpa. Basta que fique comprovado que o dano sofrido tenha 
nexo de causalidade com o condutado agente, surgindo o dever de indenizar.
“Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, 
por delegação do Poder Público”, dispõe o art. 236 da Constituição. Os critérios 
seriam definidos por lei infraconstitucional os demais critérios relativos à 
responsabilidade civil e criminal, forma de fiscalização, ingresso etc.
Assim, a Lei nº 8.935/94, conhecida como Lei dos Notários e Registradores, 
regulamentou esse artigo da Constituição, trazendo, logo, no art. 1º os critérios de 
exercício das atividades registrais e notariais. “Serviços notariais e de registro são 
os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, 
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos” (BRASIL, 1994b, art. 1°).
84
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
O artigo 3º da mesma Lei, trata da atuação desses oficiais, “notário, ou 
tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados 
de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro” 
BRASIL, 1994b) e, no artigo 5º, deixa claro que os titulares dos serviços notariais 
são os tabeliães de notas.
Já a competência geral dos tabeliões de notas está disciplinada no art. 6º 
da Lei nº 8.935/94.
Art. 6º Aos notários compete:
I - formalizar juridicamente a vontade das partes;
II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou 
queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou 
redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e 
expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo;
III - autenticar fatos (BRASIL, 1994b, art. 6°).
Os atos que podem ser praticados apenas por esses profissionais, dizem-
se de competência exclusiva e estão disciplinados no art. 7º da mesma lei:
Art. 7º Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:
I - lavrar escrituras e procurações, públicas;
II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
III - lavrar atas notariais;
IV - reconhecer firmas;
V - autenticar cópias (BRASIL, 1994b, art. 7°).
O artigo 8º da Lei nº 8.935/94, estabelece que é “livre a escolha do tabelião 
de notas, qualquer que seja o domicílio das partes ou o lugar de situação dos bens 
objeto do ato ou negócio”. O artigo 9º, do mesmo diploma legal, veda a prática de 
atos de seu ofício fora do Município para o qual recebeu delegação.
A Competência do Tabelião de Notas, sendo que o termo competência 
está sendo utilizado para determinar as atribuições do oficial. Assim, a serventia 
notarial ou registral tem atribuições específicas, que só podem ser realizadas 
nestas, ou seja, o tabelião de notas não pode registrar um imóvel, por exemplo. 
Exceto quando os ofícios são aglutinados, o oficial responde por um tabelionato e 
um registro simultaneamente.
O tabelião de notas tem como principais atribuições reconhecer firmas, 
autenticar documentos, lavrar escrituras públicasde procuração, compra e venda, 
permuta, doação, escrituras declaratórias, testamentos e atas notariais.
Vale lembrar que, muitos documentos que são analisados pelo tabelião, 
tendo sua assinatura reconhecida ou autenticada a fotocópia, por exemplo, e 
que não ficam arquivados ou com cópias no tabelionato, sendo imediatamente 
entregues às partes. Entretanto, existem documentos, chamados instrumentos ou 
escrituras públicas, que são lavrados nos livros do tabelionato e cujo original fica 
na serventia, sendo entregue às partes o traslado ou uma certidão.
TÓPICO 2 — ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS.
85
Como dito anteriormente, um dos atos mais comuns praticados pelo tabelião 
de notas é o reconhecimento de firma, que é o reconhecimento de uma assinatura. 
O reconhecimento de firma pode-se dar por autenticidade ou semelhança. 
 
O reconhecimento de letra se dá quando o tabelião atesta ou certifica a 
autoria de assinaturas, em documentos particulares, feitos na sua presença. Ou, 
ainda, que o autor seja conhecido do tabelião, ou identificado por ele e declare ter 
lançado tal escrito.
O reconhecimento de firma, por chancela eletrônica é conceituado por 
Rodrigues como “Ato pelo qual o tabelião atesta ou certifica a firma chancelada 
em documento particular confere com o padrão depositado no tabelionato” 
(RODRIGUES, 2008, s.p.). 
Outro ato muito comum a ser praticado nos cartórios de Ofício de Notas 
é a autenticação de documentos, que consiste em comparar o documento original 
com a fotocópia apresentada e dizer, o tabelião, que a cópia confere com o original. 
Sendo fundamental a apresentação do documento original, juntamente com a 
cópia, para que a comparação possa ser feita de maneira correta. 
A chamada pública formal é a cópia, absoluta ou parcial, de um 
documento, apresentada para conferência. Tal documento será reproduzido pelo 
tabelião transformando-o em um instrumento público. Essa figura, atualmente, 
não é muito praticada, caindo em desuso.
 A procuração é o instrumento pelo qual, se efetiva o contrato de mandato, 
sendo um dos documentos mais comuns a serem lavrados pelo tabelião de notas. 
É muito comum que comum que para celebração de negócios jurídicos, seja 
exigido procuração feita mediante escritura pública, como, por exemplo, para 
compra e venda de imóveis. 
FIGURA 5 – PROCURAÇÃO PÚBLICA
FONTE: <https://cutt.ly/Vdmc44k> Acesso em: 20 jul. 2020. 
86
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
“A procuração pública, que é a procuração feita por notário, é espécie de 
escritura pública, à qual se aplicam os requisitos gerais das escrituras públicas, no 
que couberem” (BRANDELLI, 2009, p. 392). Assim, o tabelião, antes de legitimar 
a procuração, deverá diligenciar, no sentido de avaliar, se todos os requisitos 
formam preenchidos. 
Vale lembrar que a revogação da procuração, bem como a renuncia ao 
mandato, são atos praticados para extinção do contrato de mandado e desta 
forma devem ser celebrados mediante escritura pública, conforme determinação 
do artigo 472 do Código Civil, que dispõe que “O distrato faz-se pela mesma 
forma exigida para o contrato” (BRASIL, 2002).
Cumpre esclarecer que o artigo 425 do Código Civil estabelece que “É lícito às 
partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”. 
Desta forma, podem ser celebrados contratos e podem ser feitas declaratório que não 
estejam previstas em lei, desde que não contrariem a legislação vigente. 
Assim, muitos optam por celebrar contratos atípicos, bem como atos 
declaratórios, mediante escritura pública, como forma de trazer maior segurança 
aos contratantes. Pois, em razão da fé pública do tabelião, embora não tenha ele o 
dever de averiguar a veracidade da declaração, a identidade do declarante e a data 
da declaração são certificadas pelo profissional. Vale lembrar que o original do 
documento ficar arquivado no tabelionato, o que possibilita que sejam extraídas 
cópias fiéis dele, em forma de certidão, em caso de extravio. 
Comumente são celebradas mediante o tabelião de notas a escritura 
declaratória de convivência ou de união estável, escritura declaratória de vida, escritura 
declaratória de residência, escritura pública declaratória de dependência econômica, 
escritura pública de compromisso de manutenção, de estrangeiros que vêm a passeio, 
estudo ou tratamento médico no Brasil e escritura pública declaratória de estado civil.
São comuns, também, as escrituras públicas de reconhecimento de 
paternidade, de pacto antenupcial, os contratos de namoro, as declaratórias de 
divisão e extinção de condomínio e de divisão.
Existem as escrituras públicas que visam a modificar, constituir ou transferir 
direitos. Cita-se a de compra e venda, permuta, doação, confissão de dívida, com ou 
sem garantia, promessa de compra e venda, entre outras. Passaram a ser atribuições 
do tabelião de notas lavrar inventários e divórcios por escritura pública.
Os testamentos público ou cerrado e ata notarial, são outros instrumentos 
que também são lavrados pelos notários. Podemos, portanto, perceber que 
existem diversas espécies de instrumentos públicos que são lavrados pelo tabelião 
de notas, não se esgotando, entretanto, nos exemplos dados a sua competência.
TÓPICO 2 — ATENDIMENTO NOS CARTÓRIOS E EXTRAJUDICIAIS E SUAS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS.
87
3 TABELIONATO DE PROTESTO
O Tabelionato de Protestos tem como atribuição principal dar publicidade 
a estância do inadimplemento de uma obrigação.
Inadimplemento da obrigação é a falta da prestação devida. Conforme 
a sua natureza (de dar, de fazer, de não fazer), o devedor está adstrito 
à entrega de uma coisa, certo ou incerta, à prestação de um fato, a 
uma abstenção. Qualquer que seja esta prestação, o credor tem direito 
ao seu cumprimento, tal como constitui seu objeto, o que envolve o 
poder do credor, a que o devedor se submete, pela própria força do 
iuris vinculum. Quando se impossibilita a prestação, duas hipóteses 
podem ocorrer: ou a impossibilidade é inimputável ao sujeito passivo, 
e resulta pura e simplesmente a extinção da obrigação sem outras 
consequências; ou o devedor é responsável pelo não cumprimento, e 
então cabe ao credor exercer sobre o patrimônio do devedor o poder 
de suprir a ausência da prestação, direta ou indiretamente. Dentro 
de um plano de exposição sistemática, diz-se que a impossibilidade 
pode ser subjetiva, se se refere às circunstâncias pessoais ligadas 
ao devedor ou ao credor; ou objetiva, se atinge a prestação em si 
mesma, e se subdivide, à sua vez, em impossibilidade objetiva 
natural, quando afeta a prestação um acontecimento de ordem física, 
e impossibilidade objetiva jurídica, quando se antepõe à prestação 
um obstáculo originário do próprio ordenamento.1 É claro que, neste 
passo, excogitamos da impossibilidade superveniente ou subsequente 
É esta, e somente ela, que se conta no ângulo de visada, quando se 
doutrina do não cumprimento do obrigado. A outra, a impossibilidade 
originária, diz respeito à própria formação do vínculo, conduz à 
ineficácia do negócio jurídico por falta de objeto, e já mereceu a nossa 
atenção no nº 109, supra, vol. I Embora as duas ideias se aproximem, 
devem distinguir-se, dentro de puro rigor técnico, o inadimplemento e 
a impossibilidade da prestação, ligando-se o primeiro à noção de uma 
falta cometida pelo devedor, e a segunda à ausência de participação 
sua na inexecução do obrigado (PEREIRA, 2018, p. 298).
A Lei nº 9.492/97 define a competência, regulamenta os serviços 
concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e dá outras 
providências, permitindo a publicidade da ocorrência do descumprimento de 
uma obrigação. Definindo o Protesto como “Protesto é o ato formal e solene pelo 
qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em 
títulos e outros documentos de dívida” (BRASIL, 1997, art. 1°).
O Tabelião de Protestos tem competênciaexclusiva de promover 
a protocolização, a intimação, o acolhimento da devolução ou do aceite, o 
recebimento do pagamento, do título e de outros documentos de dívida. Além 
de lavrar e registrar o protesto ou acatar a desistência do credor em relação ao 
mesmo. O oficial procederá às averbações, prestará informações e fornecerá 
certidões relativas a todos os atos praticados.
A competência do Tabelião de Protestos é estabelecida, de maneira 
taxativa pela Lei nº 8.935/94 e essa competência foi reafirmada na lei espacial Lei 
nº 9.492/97, que trata exaustivamente do tema. 
88
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
O título ou documento da dívida deve ser apresentado ao tabelião de 
protestos, que faz um protocolo e envia ao devedor uma intimação via postal com 
aviso de recebimento, ou, por edital, caso não seja conhecido o domicilio do devedor. 
Após o recebimento da intimação o devedor inadimplente terá o prazo 
de três dias úteis para efetuar o pagamento. Passado o prazo, caso não ocorra o 
pagamento pelo devedor ou desistência ou sustação, será lavrado o protesto.
Art. 29. Os cartórios fornecerão às entidades representativas da 
indústria e do comércio ou àquelas vinculadas à proteção do crédito, 
quando solicitada, certidão diária, em forma de relação, dos protestos 
tirados e dos cancelamentos efetuados, com a nota de se cuidar de 
informação reservada, da qual não se poderá dar publicidade pela 
imprensa, nem mesmo parcialmente. 
§ 1o O fornecimento da certidão será suspenso caso se desatenda ao 
disposto no caput ou se forneçam informações de protestos cancelados. 
§ 2º Dos cadastros ou bancos de dados das entidades referidas no caput 
somente serão prestadas informações restritivas de crédito oriundas 
de títulos ou documentos de dívidas regularmente protestados cujos 
registros não foram cancelados (BRASIL, 1997, art. 29).
Sendo o Tabelionato de Protestos um ofício público poderá fornecer 
certidões, a quem interessar, conforme artigo 31 da Lei nº 9.492/97 “Poderão ser 
fornecidas certidões de protestos, não cancelados, a quaisquer interessados, desde 
que requeridas por escrito” (BRASIL, 1997). Tais certidões poderão fundamentar 
ações de execução judiciais, ou mesmo justificar negativas de créditos.
Cumpre esclarecer que, se ocorrer o pagamento dentro do prazo de três 
dias, o protesto não será lavrado e o devedor receberá a quitação da dívida. 
Entretanto, se o pagamento ocorrer após o prazo legal, ou seja, após a ocorrência 
do protesto, seguirá a regra do artigo 26 da Lei nº 9.492/97.
Art. 26. O cancelamento do registro do protesto será solicitado 
diretamente no Tabelionato de Protesto de Títulos, por qualquer 
interessado, mediante apresentação do documento protestado, cuja 
cópia ficará arquivada.
§ 1º Na impossibilidade de apresentação do original do título ou 
documento de dívida protestado, será exigida a declaração de anuência, 
com identificação e firma reconhecida, daquele que figurou no registro 
de protesto como credor, originário ou por endosso translativo.
§ 2º Na hipótese de protesto em que tenha figurado apresentante por 
endosso-mandato, será suficiente a declaração de anuência passada 
pelo credor endossante.
§ 3º O cancelamento do registro do protesto, se fundado em outro 
motivo que não no pagamento do título ou documento de dívida, será 
efetivado por determinação judicial, pagos os emolumentos devidos 
ao Tabelião.
§ 4º Quando a extinção da obrigação decorrer de processo judicial, 
o cancelamento do registro do protesto poderá ser solicitado com a 
apresentação da certidão expedida pelo Juízo processante, com menção 
do trânsito em julgado, que substituirá o título ou o documento de 
dívida protestado.
§ 5º O cancelamento do registro do protesto será feito pelo Tabelião 
titular, por seus Substitutos ou por Escrevente autorizado.
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
89
§ 6º Quando o protesto lavrado for registrado sob forma de microfilme 
ou gravação eletrônica, o termo do cancelamento será lançado 
em documento apartado, que será arquivado juntamente com os 
documentos que instruíram o pedido, e anotado no índice respectivo 
(BRASIL, 1997, art. 26). 
 Assim, o protesto extrajudicial significa, principalmente, segurança para 
as relações jurídicas. Pois, permite ao credor de uma obrigação dar publicidade de 
seu crédito inadimplido pelo devedor. Garantindo, o cumprimento da obrigação 
por parte do devedor, que não pretende que ser crédito seja maculado. 
4 REGISTROS PÚBLICOS
Os Cartório de Registros Públicos dividem-se em: Registro Civil das 
Pessoas Naturais, Registro Civil das Pessoas Jurídicas e Especiais, Registro de 
Títulos e Documentos e Registro de Imóveis, cuja competência exclusiva está 
definida na Lei nº 6.015, de 1973. Cada uma das serventias registrais tem atribuição 
própria que será estudado em seguida. 
4.1 REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS
O Registro Civil da Pessoas Naturais, também chamado de RCPN, é uma 
das espécies de registros públicos existentes no Brasil. Nesse cartório devem 
ser registrados todos os atos referentes ao estado da pessoa, como nascimento, 
casamento e morte. Ficando, assim, o histórico de ida da pessoa natural registrada 
nesse cartório, dando publicidade de sua existência. 
Cartório é o espaço físico (prédio) onde se presta um serviço (público 
de forma privada) técnico e racionalmente organizado, no qual, 
sob a responsabilidade de uma pessoa determinada, encontram-se 
arquivados todos os registros, assentos e livros públicos extrajudiciais, 
e onde são reproduzidas as alterações a eles atinentes, objetivando 
garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos 
jurídicos, o Cartório de Registro Civil trata das mutações do estado 
pessoal das pessoas (CAMARGO, 2017, s.p.).
O Registro Civil das Pessoas Naturais é atividade exercida, exclusivamente 
por Oficiais de Registro, prestadores de serviço público por delegação do Poder 
Público. Devem ser submetidos a concurso público de provas e títulos, nos 
termos do artigo 236 da Constituição Federal, regulamentado pela Lei 8.935/1994. 
Tornando-se, assim, um servido público. 
As atribuições do RCPN estão elencadas no artigo 29 da Lei de Registros 
Públicos:
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
90
Art. 29. Serão registrados no registro civil de pessoas naturais:
I - os nascimentos; 
II - os casamentos; 
III - os óbitos; 
IV - as emancipações;
V - as interdições;
VI - as sentenças declaratórias de ausência;
VII - as opções de nacionalidade;
VIII - as sentenças que deferirem a legitimação adotiva.
§ 1º Serão averbados:
a) as sentenças que decidirem a nulidade ou anulação do casamento, o 
desquite e o restabelecimento da sociedade conjugal;
b) as sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebidos na 
constância do casamento e as que declararem a filiação legítima;
c) os casamentos de que resultar a legitimação de filhos havidos ou 
concebidos anteriormente;
d) os atos judiciais ou extrajudiciais de reconhecimento de filhos 
ilegítimos;
e) as escrituras de adoção e os atos que a dissolverem;
f) as alterações ou abreviaturas de nomes.
§ 2º É competente para a inscrição da opção de nacionalidade o 
cartório da residência do optante, ou de seus pais. Se forem residentes 
no estrangeiro, far-se-á o registro no Distrito Federal.
§ 3o Os ofícios do registro civil das pessoas naturais são considerados 
ofícios da cidadania e estão autorizados a prestar outros serviços 
remunerados, na forma prevista em convênio, em credenciamento ou 
em matrícula com órgãos públicos e entidades interessadas. 
§ 4o O convênio referido no § 3o deste artigo independe de 
homologação e será firmado pela entidade de classe dos registradores 
civis de pessoas naturais de mesma abrangência territorial do órgão 
ou da entidade interessada. (Lei nº 6.015/73)
Santos (2004 apud BLASKESI, 2019, p. 2) afirma que: 
No livro de registro de nascimento pode ser averbado: o reconhecimentode paternidade ou de maternidade voluntário, a sentença em ação 
versando sobre a paternidade ou a maternidade, a alteração do nome do 
registrado, a retificação do registro, a adoção (excetuada a hipótese de 
adoção de criança ou adolescente, caso em que se averba o cancelamento 
do registro e se lavra um novo assento), a perda da nacionalidade brasileira 
e a revogação da perda da nacionalidade brasileira comunicada pelo 
Ministério da Justiça, a suspensão e a perda do poder familiar, a alteração 
do patronímico materno em virtude do casamento.
O livro de registro de casamento pode ser retificação, ou pode ser averbado 
com a separação, a reconciliação, o divórcio, a anulação ou nulidade do casamento 
e da alteração do regime de bens. O rol das averbações possíveis é meramente 
exemplificativo, assim são possíveis outras alterações posteriores do assento.
O direito é dinâmico e evolui, conforme as mudanças sociais, portanto a 
de Registros Públicos, que data de 1973, necessita de constantes alterações para 
adaptá-la a nova realidade social, como por exemplo os conceitos de família e a 
possibilidade mudança de gênero. 
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
91
Porém, o legislativo não é tão célere quantos os avanços da sociedade. 
Assim, a Lei nº 6.015/73, deve ser interpretada em conformidade com as regras 
estabelecidas no Poder Judiciário, STF e O Conselho Nacional de Justiça. 
Um exemplo clássico é a conversão da União Estável em casamento, 
prevista no artigo 1.726 do Código Civil “A união estável poderá converter-se 
em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro 
Civil” (BRASIL, 2002), mas que não tem regulamentação que determine o 
procedimento para essa conversão. 
Assim, os companheiros hetero e homoafetivos que pretendam a 
conversão da União em Casamento, precisam dirigir requerimento ao Oficial de 
Registro Civil das Pessoas Naturais de seu domicílio, iniciando um processo de 
habilitação e em não ocorrendo nenhuma impugnação, será realizada a conversão, 
nos mesmos moldes do casamento. 
O Conselho Nacional de Justiça em 14 de maio de 2013, através da 
Resolução 175, reconheceu a possibilidade de casamento de pessoas do mesmo 
gênero. Através dessa resolução o CNJ determinou, compulsoriamente, que esses 
casamentos fossem realizados pelos Registros Civis de Pessoas Naturais, mesmo 
sem atualização legislativa. 
Da mesma maneira, a modificação do gênero, mediante autodeclaração, 
foi aprovada pelo STF, em março de 2018. Assim, mesmo sem ser submetido à 
cirurgia de redesignação sexual, é possível se fazer, através de pedido junto ao 
registro civil onde foi feito seu assento, que a averbação da mudança de gênero 
seja feita, expedindo a certidão de nascimento com a retificação.
Ainda podemos mencionar o reconhecimento da paternidade socioafetiva 
extrajudicial, regulamentada pelo CNJ, a ser feita em cartórios de RPN, mesmo 
sem lei específica sobre o assunto. Estas e outras situações representam que o 
legislador não consegue acompanhar as necessidades sociais e é muito importante 
permitir que os tribunais, eventualmente, tenham liberdade para supri-las.
4.2 REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS
As pessoas jurídicas nas palavras de Tartuce (2018, p. 245):
As pessoas jurídicas, também denominadas pessoas coletivas, morais, 
fictícias ou abstratas, podem ser conceituadas como sendo conjuntos 
de pessoas ou de bens arrecadados, que adquirem personalidade 
jurídica própria por uma ficção legal. Apesar de o Código Civil não 
repetir a regra do art. 20 do CC/1916, a pessoa jurídica não se confunde 
com seus membros, sendo essa regra inerente à própria concepção da 
pessoa jurídica.
Interessante citar, nesse sentido, o conceito de pessoa jurídica apontado 
por Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, como “o grupo 
humano, criado na forma da lei, e dotado de personalidade jurídica 
própria, para a realização de fins comuns” (Novo..., 2003, v. I, p. 191). 
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
92
Os doutrinadores, da nova geração de civilistas, buscam a teoria 
que procura justificar a existência das pessoas jurídicas, lecionando 
que tanto a codificação anterior quanto a atual adotaram a teoria da 
realidade técnica. 
Essa teoria constitui uma somatória entre as outras duas teorias 
justificatórias da existência da pessoa jurídica: a teoria da ficção – de 
Savigny – e a teoria da realidade orgânica ou objetiva – de Gierke e 
Zitelman.
A pessoa jurídica de direito, tem seu nascimento a partir do seu registro, 
conforme artigo 45 do Código Civil:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito 
privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, 
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder 
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar 
o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição 
das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, 
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro (BRASIL, 
2002, art. 45).
Assim, se o registro a ser feito for de uma sociedade empresária, o registro deverá 
ser feito perante as juntas comerciais dos estados e são reguladas pela Lei Federal 8.934 
de 1994.Já no Registro Civil das Pessoas Jurídicas serão registrados os contratos, os atos 
constitutivos, o estatuto ou compromissos das sociedades civis, religiosas, pias, morais, 
científicas ou literárias, bem como o das fundações e das associações de utilidade 
pública; as sociedades civis que revestirem as formas estabelecidas nas leis comerciais, 
salvo as anônimas, os atos constitutivos e os estatutos dos partidos políticos.
Nos Cartórios de Registro Civil de Pessoas Jurídica também serão 
registrados jornais, periódicos, oficinas impressoras, empresas de radiodifusão e 
agências de notícias, conforme a disciplina do parágrafo único do artigo 114 da 
Lei de Registros Públicos, Lei nº 6.015/73.
4.3 REGISTRO DE IMÓVEIS
O Cartório de Registrador Imobiliário é independente no exercício de suas 
funções, conforme o disposto no artigo 236, da Constituição, regulamentado pela 
Lei nº 8.935/94, que modificou e fortaleceu o regime jurídico dessas relevantes 
atividades. Dessa forma, consolidou sua independência funcional. 
Assim, os Registradores e Notários passaram a atuar com maior liberdade, 
sem precisar submeter corriqueiramente seus atos ao controle do Poder Judiciário, 
como, por exemplo, nas hipóteses de homologação da contratação de funcionários 
e abertura de livros, que foram abolidas. Em contra partida, surgiram novas 
responsabilidades, exigindo maior preparo científico e técnico.
O artigo 12 da Lei nº 8.935/94, a Lei dos Cartórios estabelece que:
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
93
Art. 167 - No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos. 
I - o registro: 
1) da instituição de bem de família;
2) das hipotecas legais, judiciais e convencionais;
3) dos contratos de locação de prédios, nos quais tenha sido consignada cláusula 
de vigência no caso de alienação da coisa locada;
4) do penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na indústria, instalados e 
em funcionamento, com os respectivos pertences ou sem eles;
5) das penhoras, arrestos e sequestros de imóveis;
6) das servidões em geral;
7) do usufruto e do uso sobre imóveis e da habitação, quando não resultarem 
do direito de família;
8) das rendas constituídas sobre imóveis ou a eles vinculadas por disposição 
de última vontade;
9) dos contratos de compromisso de compra e venda de cessão deste e de 
promessa de cessão, com ou sem cláusula de arrependimento, que tenham 
por objeto imóveis não loteados e cujo preço tenha sido pago no ato de sua 
celebração, ou deva sê-lo a prazo, de uma só vez ou em prestações;
10) da enfiteuse;
11) da anticrese;
12) das convenções antenupciais;
13) (Revogado pela Lei n.13.986, de 2020)
14) das cédulasde crédito, industrial;
15) dos contratos de penhor rural;
16) dos empréstimos por obrigações ao portador ou debêntures, inclusive as 
conversíveis em ações;
17) das incorporações, instituições e convenções de condomínio;
18) dos contratos de promessa de venda, cessão ou promessa de cessão 
de unidades autônomas condominiais a que alude a Lei nº 4.591, de 16 de 
dezembro de 1964, quando a incorporação ou a instituição de condomínio se 
formalizar na vigência desta Lei;
Art. 12. Aos oficiais de registro de imóveis, de títulos e documentos e 
civis das pessoas jurídicas, civis das pessoas naturais e de interdições e 
tutelas compete a prática dos atos relacionados na legislação pertinente 
aos registros públicos, de que são incumbidos, independentemente de 
prévia distribuição, mas sujeitos os oficiais de registro de imóveis e 
civis das pessoas naturais às normas que definirem as circunscrições 
geográficas (BRASIL, 1994b, art. 12).
Assim, conclui-se que o oficial de registro de imóveis é o agente público 
competente para realizar os atos pertinentes a esta serventia extrajudicial, 
definidos na Lei dos Registros Públicos. Conforme dispõe o artigo 167 da Lei de 
Registros Públicos, Lei nº 6.015/73:
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
94
19) dos loteamentos urbanos e rurais;
20) dos contratos de promessa de compra e venda de terrenos loteados em confor-
midade com o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, e respectiva cessão e 
promessa de cessão, quando o loteamento se formalizar na vigência desta Lei;
21) das citações de ações reais ou pessoais reipersecutórios, relativas a imóveis;
22) (Revogado pela Lei nº 6.850, de 1980)
23) dos julgados e atos jurídicos entre vivos que dividirem imóveis ou os 
demarcarem inclusive nos casos de incorporação que resultarem em constituição 
de condomínio e atribuírem uma ou mais unidades aos incorporadores;
24) das sentenças que nos inventários, arrolamentos e partilhas, adjudicarem 
bens de raiz em pagamento das dívidas da herança;
25) dos atos de entrega de legados de imóveis, dos formais de partilha e das sentenças 
de adjudicação em inventário ou arrolamento quando não houver partilha;
26) da arrematação e da adjudicação em hasta pública;
27) do dote;
28) das sentenças declaratórias de usucapião; 
29) da compra e venda pura e da condicional;
30) da permuta;
31) da dação em pagamento;
32) da transferência, de imóvel a sociedade, quando integrar quota social;
33) da doação entre vivos;
34) da desapropriação amigável e das sentenças que, em processo de 
desapropriação, fixarem o valor da indenização;
35) da alienação fiduciária em garantia de coisa imóvel. 
36). da imissão provisória na posse, quando concedida à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades delegadas, e respectiva 
cessão e promessa de cessão; 
37) dos termos administrativos ou das sentenças declaratórias da concessão de 
uso especial para fins de moradia; 
38) (VETADO) 
39) da constituição do direito de superfície de imóvel urbano; 
40) do contrato de concessão de direito real de uso de imóvel público. 
41. da legitimação de posse; 
42. da conversão da legitimação de posse em propriedade, prevista no art. 60 
da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009; 
43. da Certidão de Regularização Fundiária (CRF); 
44. da legitimação fundiária. 
II - a averbação: 
1) das convenções antenupciais e do regime de bens diversos do legal, nos 
registros referentes a imóveis ou a direitos reais pertencentes a qualquer dos 
cônjuges, inclusive os adquiridos posteriormente ao casamento;
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
95
2) por cancelamento, da extinção dos ônus e direitos reais;
3) dos contratos de promessa de compra e venda, das cessões e das promessas 
de cessão a que alude o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, quando 
o loteamento se tiver formalizado anteriormente à vigência desta Lei;
4) da mudança de denominação e de numeração dos prédios, da edificação, da 
reconstrução, da demolição, do desmembramento e do loteamento de imóveis;
5) da alteração do nome por casamento ou por desquite, ou, ainda, de outras 
circunstâncias que, de qualquer modo, tenham influência no registro ou nas 
pessoas nele interessadas;
6) dos atos pertinentes a unidades autônomas condominiais a que alude 
a Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, quando a incorporação tiver sido 
formalizada anteriormente à vigência desta Lei;
7) das cédulas hipotecárias;
8) da caução e da cessão fiduciária de direitos relativos a imóveis;
9) das sentenças de separação de dote;
10) do restabelecimento da sociedade conjugal;
11) das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade 
impostas a imóveis, bem como da constituição de fideicomisso;
12) das decisões, recursos e seus efeitos, que tenham por objeto atos ou títulos 
registrados ou averbados;
13) " ex offício ", dos nomes dos logradouros, decretados pelo poder público.
14) das sentenças de separação judicial, de divórcio e de nulidade ou anulação 
de casamento, quando nas respectivas partilhas existirem imóveis ou direitos 
reais sujeitos a registro. 
15) da rerratificação do contrato de mútuo com pacto adjeto de hipoteca em 
favor de entidade integrante do Sistema Financeiro da Habitação, ainda que 
importando elevação da dívida, desde que mantidas as mesmas partes e que 
inexista outra hipoteca registrada em favor de terceiros. 
16) do contrato de locação, para os fins de exercício de direito de preferência. 
17) do Termo de Securitização de créditos imobiliários, quando submetidos a 
regime fiduciário. 
18) da notificação para parcelamento, edificação ou utilização compulsórios de 
imóvel urbano; 
19) da extinção da concessão de uso especial para fins de moradia; 
20) da extinção do direito de superfície do imóvel urbano. 
21) da cessão de crédito imobiliário. 
22) da reserva legal; 
23) da servidão ambiental. 
24) do destaque de imóvel de gleba pública originária. 
25) (Vide Medida Provisória nº 458, de 2009)
26) do auto de demarcação urbanística. 
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
96
27) da extinção da legitimação de posse; 
28) da extinção da concessão de uso especial para fins de moradia; 
29) da extinção da concessão de direito real de uso. 
30) da sub-rogação de dívida, da respectiva garantia fiduciária ou hipotecária 
e da alteração das condições contratuais, em nome do credor que venha a 
assumir tal condição na forma do disposto pelo art. 31 da Lei no 9.514, de 20 
de novembro de 1997, ou do art. 347 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - 
Código Civil, realizada em ato único, a requerimento do interessado instruído 
com documento comprobatório firmado pelo credor original e pelo mutuário. 
31) da certidão de liberação de condições resolutivas dos títulos de domínio 
resolúvel emitidos pelos órgãos fundiários federais na Amazônia Legal. 
32) do termo de quitação de contrato de compromisso de compra e venda 
registrado e do termo de quitação dos instrumentos públicos ou privados 
oriundos da implantação de empreendimentos ou de processo de regularização 
fundiária, firmado pelo empreendedor proprietário de imóvel ou pelo promotor 
do empreendimento ou da regularização fundiária objeto de loteamento, 
desmembramento, condomínio de qualquer modalidade ou de regularização 
fundiária, exclusivamente para fins de exoneração da sua responsabilidade 
sobre tributos municipais incidentes sobre o imóvel perante o Município, não 
implicando transferência de domínio ao compromissário comprador ou ao 
beneficiário da regularização(Lei nº 6.015/73).
BRASIL. Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos, e dá ou-
tras providências. Brasília: Diário Oficial [da] União, 1973. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L6015compilada.htm. Acesso em: 20 jul. 2020.
O Registro de Imóveis destina-se ao registro e averbação dos títulos ou 
atos ou fatos inter vivos ou mortis causa, constitutivos, translativos ou 
extintivos de direitos reais, a fim de assegurar-lhes validade, eficácia 
erga omnes e disponibilidade (Lei dos Registros Públicos, Art. 172 e 
CNNR/RS, Art. 314, § único) (PAIVA, 2013, p. 6).
A Lei nº 6.015/73, a Lei de Registros Públicos, disciplina os livros que 
integram o Ofício de Registro de Imóveis, bem como as situações relativas a cada 
um deles de forma detalhada. Desta forma, conforme disciplina o artigo 173 
daquela lei, o Registro de Imóveis possuirá cinco livros distintos e cada um deles 
com sua função específica, Protocolo; Registro Geral; Registro Auxiliar; Indicador 
Real e Indicador Pessoal.
Concluímos, que são basicamente três espécies de atos registrais 
demandados ao Registro de Imóveis: abertura de matrículas; registros e 
averbações. O profissional de serviços jurídico ao se dirigir ao Cartório de Registro 
de Imóveis, na maioria das vezes, estará requerendo a prática de um desses atos, 
ou a emissão de certidões relacionadas a eles. 
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
97
São os atos mais praticados no Registro de Imóveis: 
a) Matrícula: disciplinada pela LRP em seus arts. 227 a 235, a matrícula é o registro 
inaugural do imóvel, consistindo na especificação do estado de um imóvel, 
tanto em seus aspectos físicos (localização, dimensões etc.) quando jurídicos 
(proprietário, forma de aquisição etc.). 
Art. 228 da Lei nº 6.015/73. A matrícula será efetuada por ocasião do 
primeiro registro a ser lançado na vigência desta lei, mediante os elementos 
constantes do título apresentado e do registro anterior nele mencionado.
A matrícula só pode ser cancelada por determinação judicial, pelo 
desdobro ou pela fusão.
• Desdobro: subdivisão de lotes.
• Fusão: unificação de imóveis contíguos. No caso de fusão, o 
cancelamento da matrícula anterior e abertura de nova matrícula é 
uma faculdade do proprietário dos imóveis contíguos.
b) Registro: em conformidade com o art. 167, I da LRP, devem ser registrados 
todos os atos que influenciem no uso, gozo e disposição de um imóvel. Em 
outros termos, o registro será feito sempre que houver alteração na titularidade 
de um imóvel ou quando houver limitação da propriedade pela formação de 
direitos reais limitados.
Desse modo, devem ser registrados atos como: instituição de bem de 
família, hipotecas, servidões, usufruto, uso, habitação, contratos de compromisso 
de compra e venda, anticrese, superfície, incorporações, instituições e convenções 
de condomínio, compra e venda de imóvel, permuta, dação em pagamento, 
doação etc.
c) Averbação: através da averbação é feita alteração em registro já existente. 
Assim, o art. 167, II da LRP determina que serão averbados atos como: 
mudança de denominação e de numeração dos prédios, da edificação, 
da reconstrução, da demolição, do desmembramento e do loteamento de 
imóveis; restabelecimento da sociedade conjugal; sentenças de separação 
judicial, de divórcio e de nulidade ou anulação de casamento, quando nas 
respectivas partilhas existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a registro; 
contrato de locação, para fins de exercício do direito de preferência; extinção 
do direito de superfície; cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e 
incomunicabilidade impostas a imóveis.
O registro de transmissão e aquisição de propriedade de bens imóveis são 
os atos mais comum praticado pelo registrador, dentro das serventias de Registro 
de Imóveis. Assim como os direitos reais a relativos à propriedade, de bem de 
família, incorporação imobiliária, registro de penhora, e cédulas de crédito, 
direitos reais de garantia, como hipoteca, penhor, anticrese e averbações. 
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
98
As averbações podem conter desde mudança de estado civil do 
proprietário, averbações de nomes de rua, quarteirão, lotes. Todas constando o 
rol dos registros e averbações permitidos na Lei de Registros Públicos, conforme 
artigo 246 da Lei nº 6.015/73.
A atividade registral é regida por atributos que conferem maior segurança 
jurídica aos usuários de seus serviços. São eles:
• Publicidade - os atos constantes nos Registros de Imóveis são públicos, sendo 
facultado a qualquer interessado requerer a expedição de certidão;
• Veracidade - presumidamente o que consta no Registro de Imóveis é verdade. 
Essa presunção é relativa, pois admite prova em contrário.
• Legalidade - determina o exame prévio da legalidade dos títulos na medida 
em que se visa a estabelecer a total confiança em seus serviços.
• Obrigatoriedade - o registro dos títulos no Registro de Imóveis é obrigatório, 
como meio de garantir a transferência correta da propriedade imobiliária. 
• Continuidade - os registros devem obedecer a uma sequência de vínculos, um 
novo registro só será feito se o titular anterior tiver cedido a propriedade ao 
atual adquirente.
• Força Probante - os registros são considerados provas a serem levadas ao 
juízo.
• Prioridade - será considerado proprietário aquele que levar o título aquisitivo 
a registro em primeiro lugar.
• Especialidade - serão submetidos a registro no Registro de Imóveis os atos 
previstos no artigo 167 da Lei nº 6.015/73. 
Cumpre ainda ressaltar que no sistema imobiliário brasileiro, o registro 
tem natureza aquisitiva do domínio, forma derivada de aquisição da propriedade 
imóvel. Sem registro, o direito do adquirente não é direito real, e sim direito 
pessoal de eficácia relativa entre os negociantes (adquirente e alienante), não 
produzindo efeitos, pois, contra terceiros. Conforme estabelece o Código Civil 
de 2002, “Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante registro do 
título translativo no Registro de Imóveis” (BRASIL, 2002). 
4.4 REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS
O Registro de Títulos e Documentos tem como função perpetuar e dar 
publicidade, de forma segura e eficaz aos negócios jurídicos celebrados entre 
particulares ou entre os particulares e o Estado. 
É considerado o registro residual. Assim, quando não houver previsão 
expressa de onde deve ser registrado o título ou o documento e a parte pretende 
a conservação e oponibilidade perante terceiros. 
Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição: 
I - dos instrumentos particulares, para a prova das obrigações 
convencionais de qualquer valor;
II - do penhor comum sobre coisas móveis;
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
99
III - da caução de títulos de crédito pessoal e da dívida pública federal, 
estadual ou municipal, ou de Bolsa ao portador;
IV - do contrato de penhor de animais, não compreendido nas 
disposições do art. 10 da Lei nº 492, de 30-8-1934;
V - do contrato de parceria agrícola ou pecuária;
VI - do mandado judicial de renovação do contrato de arrendamento 
para sua vigência, quer entre as partes contratantes, quer em face de 
terceiros (art. 19, § 2º do Decreto nº 24.150, de 20-4-1934);
VII - facultativo, de quaisquer documentos, para sua conservação.
Parágrafo único. Caberá ao Registro de Títulos e Documentos a 
realização de quaisquer registros não atribuídos expressamente a 
outro ofício (BRASIL, 1973, art. 127).
A oponibilidade perante terceiros é disciplinada no artigo 129 da Lei de 
Registros Públicos:
Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, 
para surtir efeitos em relação a terceiros:
1º) os contratos de locação de prédios, sem prejuízo do disposto do 
artigo 167, I, nº 3;
2º) os documentos decorrentes de depósitos, ou de cauções feitos em 
garantia de cumprimento de obrigações contratuais,ainda que em 
separado dos respectivos instrumentos;
3º) as cartas de fiança, em geral, feitas por instrumento particular, seja 
qual for a natureza do compromisso por elas abonado;
4º) os contratos de locação de serviços não atribuídos a outras 
repartições;
5º) os contratos de compra e venda em prestações, com reserva de 
domínio ou não, qualquer que seja a forma de que se revistam, os de 
alienação ou de promessas de venda referentes a bens móveis e os de 
alienação fiduciária;
6º) todos os documentos de procedência estrangeira, acompanhados 
das respectivas traduções, para produzirem efeitos em repartições 
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal;
7º) as quitações, recibos e contratos de compra e venda de automóveis, 
bem como o penhor destes, qualquer que seja a forma que revistam;
8º) os atos administrativos expedidos para cumprimento de decisões 
judiciais, sem trânsito em julgado, pelas quais for determinada a 
entrega, pelas alfândegas e mesas de renda, de bens e mercadorias 
procedentes do exterior.
9º) os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de sub-rogação 
e de dação em pagamento (BRASIL, 1973, art. 129).
As notificações extrajudiciais são, também, funções atribuídas ao Registro 
de Títulos e Documentos. Tais notificações exercem a função de cientificar 
o notificado, de maneira inequívoca e formal dos direitos sobre os quais o 
notificante alega ser titular. Como meio de responsabilizar, produzir provas, 
prevenir simulações, constituir responsabilidades, chamar à autoria, alegar para 
depois provar, constituir mora e solicitar cumprimento das obrigações. 
Ao ser notificado pelo oficial de títulos e documentos ou seu preposto, 
o notificado não pode alegar ignorância do fato. Esse é o meio juridicamente 
perfeito de dar conhecimento ao notificado.
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
100
Atribuições em Cartórios: conheça as atividades das Serventias 
Extrajudiciais
Manoela Moreira
Você conhece as atribuições em cartórios? Então que tal atualizar os seus 
conhecimentos? Isso é importante uma vez que as entidades representativas de 
cartórios estimam que uma pessoa física utiliza os serviços de um cartório, 
pelo menos, dez vezes ao longo da vida. Por isso, os tabeliões e registradores 
têm como tarefa dar publicidade, por exemplo, atestar autenticidade e dar 
segurança aos atos jurídicos.
Mas você sabe quais os tipos de cartório e quais documentos que cada 
um processa? Confira abaixo:
Registro Civil de Pessoas Naturais
É regulamentado pelos artigos 29 a 113 da Lei 6.015/1973 (Lei de 
Registros Públicos) e art. 5º, VI, da Lei 8.935/1994 (Estatuto dos Notários 
e Registradores). No Ofício Civil das Pessoas Naturais são registrados 
os nascimentos; casamentos; conversões de união estável em casamento; 
casamento religioso de efeito civil; óbitos; natimortos; emancipações; sentenças 
declaratórias de interdição, ausência e de morte presumida; transcrições de 
assentos de nascimento, casamento e óbito lavrados no exterior; opções 
de nacionalidade; além disso, também sentenças de adoção (arts. 29 da Lei 
6.015/1973 e 9º do Código Civil).
Registro Civil de Pessoas Jurídicas
Regido pelos artigos 114 a 126 da Lei 6.015/1973 e art. 5º, V, da Lei 
8.935/1994. Nessa Serventia, serão inscritos os atos constitutivos das sociedades 
simples, associações, fundações e dos partidos políticos. Anote-se que este 
Ofício recepciona desde o ato constitutivo até o da extinção das entidades 
supracitadas. Também serão feitas as matrículas de jornais, periódicos, oficinas 
impressoras, agências de notícias e empresas de radiodifusão. No entanto, 
apenas as entidades que possuem objeto lícito, que poderão ser registradas 
nesse Ofício, e consequentemente, adquirir personalidade jurídica.
Registro de Títulos e Documentos
Regulado pelos artigos 127 a 166 da Lei 6.015/1973 e art. 5º, V, da Lei 
8.935/1994. O Registro de Títulos e Documentos, no âmbito de suas atribuições 
é o serviço de organização técnica e administrativa que tem por finalidade 
assegurar a autenticidade, segurança, publicidade e eficácia dos atos e negócios 
jurídicos, constituindo ou declarando direitos e obrigações, para prova de 
sua existência e data, além disso, da conservação perpétua de seu conteúdo e 
efeitos erga omnes.
TÓPICO 1 — ESTRUTURA JUDICIÁRIA E OS CARTÓRIOS JUDICIAIS
101
Registro de Imóveis
Previsto nos artigos 167 a 288 da Lei 6.015/1973 e art. 5º, IV, da Lei 
8.935/1994. Ademais, ao Ofício de Imóveis cumpre, na forma da lei, garantir 
autenticidade, publicidade, segurança, disponibilidade e eficácia dos atos 
jurídicos constitutivos, declaratórios, translativos ou extintivos de direitos 
reais sobre imóveis.
Tabelionato de notas
Regido pela Lei 8.935/1994 e legislação esparsa. Aos notários compete 
formalizar juridicamente a vontade das partes; intervir nos atos e negócios 
jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, 
autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando 
os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo; autenticar 
fatos. Aos tabeliães de notas compete com exclusividade: lavrar escrituras e 
procurações, públicas; lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados; 
lavrar atas notariais; reconhecer firmas; autenticar cópias.
Tabelionato e Ofício de registro de contratos marítimos
Regulado pelo art. 10 da Lei 8.935/1994. Aos tabeliães e oficiais de 
registro de contratos marítimos compete: I – lavrar os atos, contratos e 
instrumentos relativos a transações de embarcações a que as partes devam ou 
queiram dar forma legal de escritura pública; II – registrar os documentos da 
mesma natureza; III – reconhecer firmas em documentos destinados a fins de 
direito marítimo e IV – expedir traslados e certidões.
Tabelionato de Protestos
É regulado primordialmente pela Lei 9.492/1997 e art. 11 da Lei 
8.935/1994. Compete privativamente ao Tabelião de Protesto de Títulos, na 
tutela dos interesses públicos e privados, a protocolização, a intimação, o 
acolhimento da devolução ou do aceite, o recebimento do pagamento, do título 
e de outros documentos de dívida, bem como lavrar e registrar o protesto ou 
acatar a desistência do credor em relação ao mesmo, proceder às averbações, 
prestar informações e fornecer certidões relativas a todos os atos praticados, na 
forma da Lei 9.492/1994.
FONTE: <https://noticias.cers.com.br/noticia/cartorios-especialidades-e-atribuicoes-das-ser-
ventias-extrajudiciais/>. Acesso em: 20 jul. 2020.
102
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os serviços notariais e registrais mostram-se instrumentos importantes e 
imprescindíveis para a segurança jurídica, trazendo aos seus usuários a 
certeza de que os atos ali praticados alcançarão o objetivo intentado.
• Ao se realizar atos em serviços notarias, além da publicidade alcançada, a atenção 
à forma prescrita em lei estará atendida, os documentos públicos gozarão de fé 
pública e estarão disponíveis para requerimento de certidões pelo interessado e os 
documentos particulares terão a veracidade da assinatura declarada.
• O tabelionato de protesto, permite que o credor alcance a publicidade do 
inadimplemento do dever, conseguindo, assim, forçá-lo ao pagamento, para 
que não conste no rol dos maus pagadores.
• A comprovação do estado da pessoa, realizada através do registro perante 
o ofício registral civil, atribuindo-lhe personalidade jurídica, atestado pelo 
registrador competente o nascimento, casamento, óbito, emancipação, 
interdição, separação, divórcio e demais mudanças ocorridas ao longo da 
vida da pessoa natural.
• A lei diferencia pessoas naturais de pessoas jurídicas, esta última, ficção jurídica 
criada pelo ordenamento jurídico e que poderá ser empresária ou não.
• A pessoa jurídica empresária é tratada por legislação própria, dentro do 
direito empresarial e pela lei federal 8.934 de 1994.
• Quandoé pessoa jurídica não empresária é remetida à lei dos registros públicos 
sua regulamentação e seu registro é feito no registro civil das pessoas jurídicas;
• A atribuição de cada ofício notarial e registral está prevista em lei e quando 
esta não especifica onde deverá ser efetuado o registro, de forma residual o 
registro de títulos e documentos afigura-se como solução, pois neste poderá 
ser feito o registro.
• Os bens imóveis são amplamente protegidos pelo ordenamento jurídico 
pátrio, tanto no direito material quanto no processual, pois a transmissão da 
propriedade imóvel se dá com o registro do título translativo.
• A falta do registro do título aquisitivo do imóvel, implica em não transmissão 
da propriedade, além das consequências que o adquirente negligente possa 
vir a sofrer, em caso de não o realizar.
• Outros direitos e atos poderão ser objeto de registro imobiliário, conforme 
determinação do legislador e estão previstos na lei especial.
• O registro de títulos e documentos possui a competência de notificar, de 
forma extrajudicial, para ciência de alguém que deverá cumprir obrigação 
não atendida, bem como de qualquer ato de que, de maneira inequívoca, sua 
fé pública irá tornar incontestável o conhecimento.
103
1 (CONSULPLAN, 2019, TJ-MG) Um fazendeiro da cidade de Curvelo/MG 
recebeu uma nota promissória com vencimento para o dia 25/09/2019 para o 
pagamento de uma vaca. No dia do pagamento, ao tentar receber aquele valor, 
foi informado pelo devedor que não iria pagar, uma vez que o referido animal 
havia falecido e que o fazendeiro vendera o animal já doente. Ao comparecer 
ao tabelionato de protestos, o fazendeiro deverá declarar expressamente, sob 
sua exclusiva responsabilidade, os seguintes dados, EXCETO:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/9924f5a5-f1>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) Se deseja, ou não, realizar a intimação por hora certa do devedor.
b) ( ) O nome do devedor, endereço e número do CNPJ ou CPF, ou, na sua 
falta, o número do documento de identidade.
c) ( ) Seu nome e endereço, podendo indicar conta corrente, agência e banco 
em que deva ser creditado o valor do título liquidado, caso em que 
suportará as despesas bancárias.
d) ( ) O valor a ser protestado, que, caso não corresponda ao valor nominal 
do título ou documento de dívida, deverá ser acompanhado de um 
demonstrativo do montante indicado a protesto.
2 (CONSULPLAN, 2019, TJ-MG) Acerca do Reconhecimento de firma, é 
correto afirmar que:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/disciplinas/direito-direito-
-notarial-e-registral/reconhecimento-de-firmas-e-autenticacao-de-documentos/questoes>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) Pode ser realizado na modalidade semelhança em títulos de crédito.
b) ( ) Não pode ser realizado em documentos redigidos em língua estrangeira.
c) ( ) Antes de reconhecer a firma, deverá o tabelião ou seu preposto averiguar 
a legalidade do documento no qual consta a assinatura.
d) ( ) Mesmo após a expiração do prazo de validade, a Carteira Nacional de 
Habilitação constitui documento apto à comprovação da identidade 
civil exigida para a abertura do cartão de autógrafos, caso seja possível 
o efetivo reconhecimento do seu portador.
3 (VUNESP, 2019) Acerca do protocolo de títulos no Registro de Imóveis, 
pode-se corretamente afirmar:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/478f4afa-ec>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
AUTOATIVIDADE
104
a) ( ) Escrituras públicas, da mesma data e apresentadas no mesmo dia, que 
determinem, taxativamente, a hora da sua lavratura, deve prevalecer, 
para efeito de prioridade, a que foi lavrada em primeiro lugar.
b) ( ) Protocolizado o título, proceder-se-á ao registro, dentro do prazo 
máximo de 5 (cinco) dias, salvo nos casos previstos nos artigos seguintes.
c) ( ) Apresentado título de segunda hipoteca, com referência expressa à 
existência de outra anterior, o oficial, depois de prenotá-lo, aguardará 
durante 30 (trinta) dias que os interessados na primeira promovam a 
inscrição e, após esse prazo, se não for apresentado o título anterior, 
a segunda hipoteca será inscrita, mas não terá preferência sobre a 
primeira, ainda que se registre posteriormente.
d) ( )Podem ser registrados, no mesmo dia, títulos pelos quais se constituam 
direitos reais contraditórios sobre o mesmo imóvel, prevalecendo a 
ordem de prioridade na apresentação.
e) ( ) Prevalecerão, para efeito de prioridade de registro, quando apresentados 
no mesmo dia, os títulos prenotados no protocolo sob número de 
ordem mais baixo, devendo-se realizar o registro imediato do primeiro 
apresentado.
4 (IESES, 2019, TJ-SC) Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a 
inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros 
documentos de dívida. Sobre o assunto, assinale a alternativa CORRETA:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/57e3bba9-8c>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) Não se incluem entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida 
ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das 
respectivas autarquias e fundações públicas.
b) ( ) Os serviços concernentes ao protesto, garantidores da autenticidade, 
publicidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao 
regime estabelecido na Lei nº 6.015/73.
c) ( ) Compete privativamente ao Tabelião de Protesto de Títulos, na tutela 
dos interesses públicos e privados, a protocolização, a intimação, o 
acolhimento da devolução ou do aceite, o recebimento do pagamento, 
do título e de outros documentos de dívida, bem como lavrar e registrar 
o protesto ou acatar a desistência do credor em relação ao mesmo, 
proceder às averbações, prestar informações e fornecer certidões 
relativas a todos os atos praticados, na forma da Lei 6015/73.
d) ( ) Os serviços concernentes ao protesto, garantidores da autenticidade, 
publicidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao 
regime estabelecido na Lei nº 9.492/97.
105
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O artigo 5º, inciso XXXV da Constituição de 1988, traz como princípio, a 
garantia do acesso à justiça. Assim, nasceu a resolução de conflitos mediante os 
mecanismos extrajudiciais de composição. Uma solução mais célere, mas sem 
deixar de observar os princípios constitucionais que garantem uma solução justa 
para os conflitos de interesses. 
Assim, podemos entender que a Arbitragem, a Conciliação e a Mediação devem 
ser sempre buscadas pelos operadores do direito. Como meio de obter a satisfação da 
parte, completo acesso à justiça de maneira eficaz, com a celeridade necessária.
É importante ressaltar que o Código de Processo Civil, Lei 13.105/2015, 
nos seus artigos 165 a 175 estabelece normas para as conciliações judiciais. 
Demonstrando, desta forma, que o legislador pátrio pretende que as medidas de 
autocomposição sejam mais utilizadas no nosso país. 
É inegável a ampliação da visão, nos últimos anos, no sentido de que 
o processo judicial não constitui a via adequada para a composição de 
todos os conflitos, devendo o Estado oferecer outros mecanismos para 
garantir o acesso à justiça (TARTUCE, 2018, p. 4) 
Dessa forma, as partes são efetivamente juízes das suas próprias relações. 
Os interessados passam a examinar seus direitos e deveres contando com o 
auxílio de um profissional capacitado chegam a um consenso, efetivando de fato 
o pleiteado com celeridade e chegando a um acordo satisfatório.
Existem, em nosso país, três espécies de autocomposição: 
• negociação: quando o acordo é firmado entre as partes, sem que haja a 
intervenção de terceiros;
• mediação: quando o acordo é firmado na presença de um terceiro imparcial, 
que ajudará na manutenção da ordem e do diálogo;
• conciliação: quando existe a presença de um terceiro imparcial, interferindo 
com fatos e informações relevantes sobre o litigio, buscando a melhor forma 
de solucionaro impasse.
As formas de heterocomposição ocorrem quando a solução de um conflito 
é decidida por um terceiro, arbitro ou juiz, determinando uma resposta imperativa 
em relação às partes. Existem duas formas de heterocomposição:
TÓPICO 3 — 
DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS 
ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA
106
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
• arbitral: quando as partes escolhem um terceiro de confiança para decidir a 
demanda;
• jurisdicional: que ocorre quando uma das partes acessa o Poder Judiciário para 
resolver a questão litigiosa, através de decisão proferida pelo Estado Juiz.
No Brasil, a heterocomposição e a autocomposição são meios validos no 
atual sistema brasileiro vigente, e devem ser empregadas de maneira a abrandar 
os conflitos de interesses. Sendo que, existem as judiciais, que seguem as regras 
de formação do Poder Judiciário, que estudamos anteriormente e as formas 
extrajudiciais, que passaremos a analisar em seguida.
2 ARBITRAGEM
A arbitragem que já estava presente no nosso ordenamento jurídico no 
Código Civil de 1916, sem muita utilização. Foi regulamentada pela Lei nº 9.307, de 
23 de setembro de 1996, tornando mais efetiva, ao indicar que seria desnecessário 
a homologação judicial para as sentenças arbitrais, dispõe o artigo 18 da Lei 
9.307/1996 “O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica 
sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário” (BRASIL, 1996, art. 18).
A arbitragem pode ser definida, assim, como o meio privado, 
jurisdicional e alternativo de solução de conflitos decorrentes de 
direitos patrimoniais e disponíveis por sentença arbitral, definida 
como título executivo judicial e prolatada pelo árbitro, juiz de fato 
e de direito, normalmente especialista na matéria controvertida. 
(SCAVONE JÚNIOR, 2020, p. 2)
O conceito de arbitragem, como podemos observar se modificou ao 
longo do século XX, e atualmente tem força equivalente a uma sentença judicial 
transitada em julgado. Sendo considerado um título executivo judicial, conforme 
artigo 515, inciso VII do Código de Processo Civil de 2015.
Assim, a arbitragem tem sido uma opção de garantia mais rápida de 
efetivação de direitos, mediante uma sentença que tem força de título executivo. 
Aqueles que preferem a arbitragem, quando aplicável, costumam 
apontar diversas vantagens. Nessa medida:
a) Especialização: na arbitragem, é possível nomear um árbitro 
especialista na matéria controvertida ou no objeto do contrato entre 
as partes. A solução judicial de questões técnicas impõe a necessária 
perícia que, além do tempo que demanda, muitas vezes não conta com 
especialista de confiança das partes do ponto de vista técnico. 
b) Rapidez: na arbitragem, o procedimento adotado pelas partes é 
abissalmente mais célere que o procedimento judicial. 
c) Irrecorribilidade: a sentença arbitral vale o mesmo que uma sentença 
judicial transitada em julgado e não é passível de recurso. 
d) Informalidade: o procedimento arbitral não é formal como o 
procedimento judicial e pode ser, nos limites da Lei 9.307/1996, 
estabelecido pelas partes no que se refere à escolha dos árbitros e 
TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA
107
do direito material e processual que serão utilizados na solução do 
conflito. e) Confidencialidade: a arbitragem pode ser sigilosa e nesse 
particular diverge da publicidade que emana, em regra, dos processos 
judiciais a teor do art. 189 do CPC (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 8).
 
Vale apenas ressaltar que a execução da decisão arbitral, mesmo tendo 
força de título executivo judicial, deverá ser submetida ao judiciário. Assim, se 
a decisão arbitral não for cumprida pela parte, o interessado deve procurar o 
judiciário para o ajuizamento de uma Ação de Execução.
A Lei de Arbitragem, Lei nº 9.307/96, estabelece que se os direitos em 
conflito são patrimoniais e disponíveis, as partes podem optar por uma solução 
arbitral e quais normas de direito material serão aplicadas pelo árbitro, nacionais 
ou estrangeiras, conforme o melhor interesse das partes.
Logo, podem escolher: 
a) leis internacionais de comércio; 
b) lex mercatoria, ou seja, de acordo com Irineu Strenger, “o 
conjunto de regras emanadas de entidades particulares, organismos 
internacionais, ou de origem convencional, de natureza ‘quase legal’, 
que atua desvinculada das jurisdições específicas ou de sistemas legais 
de qualquer país”;17 
c) leis internacionais; 
d) leis corporativas; 
e) equidade, ou seja, o que parecer coerente e justo ao árbitro; e, 
f) princípios gerais de direito. Se não escolherem uma dessas 
possibilidades, por evidente – e até se recomenda para evitar 
discussões acerca da afronta à ordem pública – será utilizado o direito 
nacional, tal qual determina o art. 9º da Lei de Introdução às normas 
do Direito Brasileiro (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 11).
A arbitragem, portanto, poderá ser de direito, sem desrespeitar a ordem 
pública, poderão as partes escolher as normas a serem aplicadas. Entretanto, se 
as partes não escolherem o árbitro chegará à solução baseada nas leis nacionais, 
de acordo com os artigos 2º e 11 da Lei 9.307/96. 
Vale lembrar que as partes também podem optar por equidade, mesmo 
que exista lei disciplinando a matéria. A única ressalva é que a decisão arbitral não 
contrarie as normas vigentes. A solução arbitral pode, ainda, ser fundamentada 
nos princípios gerais do direito e nos usos e costumes, à critério dos interessados. 
O artigo 1º da Lei nº 9.307/96, limita a utilização do juízo arbitral, dispondo 
“As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir 
litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis” (BRASIL, 1996). Dessa forma, 
podemos perceber que apenas questões relativas ao patrimônio disponível é que 
poderão ser submetidas ao juízo arbitral.
A arbitragem pode ser institucional ou avulsa, isto é, pode ser prestada 
por uma instituição ou por um profissional avulso. 
108
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
Surge, assim, a arbitragem institucional ou administrada, na qual existe 
uma instituição especializada que administrará a arbitragem, com regras 
procedimentais de acordo com a Lei de Arbitragem (Lei 9.307/1996) 
acerca dos prazos, forma da prática dos atos, maneira de escolha dos 
árbitros, custos para a realização da arbitragem, forma de produção de 
provas, entre outras regras indispensáveis ao procedimento. 
Nesse sentido, o art. 5º da Lei 9.307/1996: “Reportando-se as partes, 
na cláusula compromissória, às regras de algum órgão arbitral 
institucional ou entidade especializada, a arbitragem será instituída e 
processada de acordo com tais regras, podendo, igualmente, as partes 
estabelecer na própria cláusula, ou em outro documento, a forma 
convencionada para a instituição da arbitragem”. 
A título de exemplo, seguem, ao final, em material suplementar, as 
normas institucionais da Câmara de Comércio Brasil-Canadá. 
Por outro lado, existe a arbitragem avulsa, também conhecida como 
arbitragem ad hoc, que se realiza sem a participação de uma entidade 
especializada. 
De fato, ninguém pode ser compelido a vincular a decisão arbitral a 
uma instituição que se destine à arbitragem. 
Poderão, assim, as partes, contratar um árbitro e, com isso, 
normalmente reduzir os custos da arbitragem. 
Todavia, nesse caso, embora os custos da arbitragem sejam em regra 
menores, como não há a administração do procedimento pela entidade 
especializada, as partes deverão dispor sobre o procedimento e, no 
caso de lacuna, os árbitros deverão decidir. 
Demais disso, o risco de nulidade, por evidente, é substancialmente 
maior, além de ensejar discussões acerca do procedimento detalhado na 
cláusula ou no compromisso arbitral. (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 20)
Da mesma maneira que ocorre com o processo jurisdicional, o 
procedimento arbitral tem regras a serem seguidas, que estão determinadas nos 
artigos 19a 22 da Lei nº 9.307/96. Iniciada com a nomeação do árbitro e findo com 
a decisão proferida pelo mesmo. Os atos praticados ao longo do procedimento 
têm nomenclatura própria a defini-los.
Assim, classificam-se os atos (gênero) dos árbitros tomando-
se por critério o seu conteúdo (decisório ou não), a saber: a) 
pronunciamentos arbitrais: a1) de conteúdo decisório (sentença e 
decisão [“interlocutória”]); a2) sem conteúdo decisório (despachos – 
de impulso processual ou de mero expediente, correicional processual 
ou correicional administrativo); b) atos arbitrais diversos (tais como 
atividades instrutórias e de condução do processo; atividades 
fiscalizadoras em geral). (FIGUEIRA JR., 2019. p. 318)
O único requisito objetivo para uma pessoa exercer a atividade de árbitro é 
estar em pleno gozo da capacidade civil, conforme artigo 13 da Lei nº 9.307/96 “Pode 
ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes” (BRASIL, 
1996). Sendo perfeitamente possível, que um profissional de serviços jurídicos 
venha a exercer essa atividade, se os interessados o escolherem para a função.
Poderá, ainda, representar o interesse dos clientes junto a esse juízo. 
Portanto, é fundamental que esteja bem inteirado do funcionamento das câmaras 
arbitrais e principalmente, estar familiarizado com as regras da Lei de Arbitragem.
TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA
109
3 CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
Os métodos alternativos de solução de conflitos são utilizados desde 
os primórdios do direito. Foram utilizados na Grécia antiga e em Roma. Assim 
como o direito, tais meios evoluíram e com a solidificação da função pacificadora 
do Estado a cada dia mais, se consolidam para a promoção de paz social.
A mediação é um instituto bastante antigo: sua existência remonta 
aos idos de 3000 a.C. na Grécia, bem como no Egito, Kheta, Assíria e 
Babilônia, nos casos entre as Cidades-Estados. Os romanos formaram 
uma cultura jurídica que influi, ainda hoje, em nossa legislação. Na 
antiga Roma, o arcaico Diritto Fecciali, isto é, direito proveniente da fé, 
em seu aspecto religioso, era a manifestação de uma justiça incipiente, 
onde a mediação aparece na resolução dos conflitos existentes. O 
direito romano já previa o procedimento in iure e o inijudicio, que 
significavam, na presença do juiz, o primeiro, e do mediador ou 
árbitro, o segundo. No antigo ordenamento ático e, posteriormente, 
no ordenamento romano republicano, a mediação não era reconhecida 
como instituto de direito, mas sim, como regra de mera cortesia 
(CACHAPUZ, 2003, p. 24). 
Atualmente, esses meios de autocomposição são bastante difundidos, com 
o objetivo, principal de garantir o acesso à justiça de forma mais célere e eficaz. 
Tanto a conciliação e a mediação judiciais e extrajudiciais têm sido utilizadas com 
mais frequência.
São princípios comuns à mediação e à conciliação (CPC, art. 166, e Lei 
13.140/2015, art. 2º): 
a) Independência, ou seja, o mediador e o conciliador devem se manter 
distantes das partes, sem se envolver com qualquer dos contendores; 
b) Imparcialidade, que impede qualquer interesse ou vínculo dos 
mediadores ou conciliadores com as partes. Nos termos do parágrafo 
único do art. 5º da Lei 13.140/2015, que trata da mediação e, por 
extensão, da conciliação, no início dos trabalhos o mediador – e também 
o conciliador – “tem o dever de revelar às partes, antes da aceitação 
da função, qualquer fato ou circunstância que possa suscitar dúvida 
justificada em relação à sua imparcialidade para mediar o conflito, 
oportunidade em que poderá ser recusado por qualquer delas”; 
c) Oralidade, não havendo, inclusive, registro ou gravação dos atos 
praticados durante o procedimento de mediação, notadamente em 
razão da confidencialidade, que, em regra, o cerca, nos termos dos 
arts. 30 e 31 da Lei 13.140/2015 e do art. 166 do CPC; 
d) Autonomia da vontade das partes. No procedimento de mediação, 
as partes chegarão, se quiserem, a um acordo quanto à situação 
conflituosa e, demais disso, o princípio da autonomia da vontade 
implica afirmar que “ninguém será obrigado a permanecer em 
procedimento de mediação” (§ 2º do art. 2º da Lei 13.140/2015);
e) Decisão informada. “... o princípio da decisão informada estabelece 
como condição de legitimidade para a autocomposição a plena 
consciência das partes quanto aos seus direitos e a realidade fática na 
qual se encontram. Nesse sentido, somente será legítima a resolução 
de uma disputa por meio de autocomposição se as partes, ao 
eventualmente renunciarem a um direito, tiverem plena consciência 
quanto à existência desse seu direito subjetivo”;
110
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
f) Confidencialidade. Os procedimentos de mediação e conciliação 
são confidenciais e toda informação coletada durante os trabalhos não 
poderá ser revelada pelo profissional, pelos seus prepostos, advogados, 
assessores técnicos ou outras pessoas que tenham participado do 
procedimento, direta ou indiretamente, e, evidentemente, nessa 
medida, não podem testemunhar (§ 2º do art. 166 do CPC e arts. 30 e 
31 da Lei 13.140/2015). A confidencialidade atinge, inclusive, as partes 
(SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 290).
3.1 DA CONCILIAÇÃO
A Conciliação é o método de autocomposição da lide, no qual o conciliador 
sugere meios pelos quais as partes cheguem à solução do conflito. Mas, o conciliador 
não poderá impor a adoção de determinada postura, pela parte, para solução da 
demanda, como faz o juiz de direito, nos meios de heterocomposição. Será utilizada 
quando não houver vínculo social prolongado anterior entre as partes.
A conciliação pode ser extraprocessual ou endoprocessual. Em ambos 
os casos, visa a induzir as próprias pessoas em conflito a ditar a solução 
para a sua pendência. O conciliador procura obter uma transação entre 
as partes, ou a submissão de um à pretensão do outro, ou a desistência 
da pretensão (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2006, p. 34).
As partes fazem concessões mútuas, utilizando caminhos sugeridos pelo 
conciliador para chegarem conjuntamente à solução do problema. O conciliador 
tem atuação direta propondo ajustes nas propostas até que se chegue a um acordo. 
O conciliador que abordaremos nesse tópico não é o conciliador judicial, 
que atua como auxiliar da justiça nas audiências de conciliação (CPC, art. 334), nos 
termos dos arts. 165 a 175 do CPC, pois este é estudado como um dos auxiliares 
da justiça e suas atribuições estão diretamente vinculadas ao Poder Judiciário no 
exercício de função jurisdicional. 
O conciliador extrajudicial atuará como auxiliar na solução das demandas 
que pretendem ser solucionadas através de meios de autocomposição, sem ser 
levada a apreciação do judiciário. Esse conciliador não está definido em lei 
especifica, portanto, aplica-se a sua atuação por analogia, as regras estabelecidas 
no Código de Processo Civil. Assim, o conciliador deve se submeter a um curso 
que o capacite para o exercício da função.
Além do curso de capacitação, o CPC, diferentemente do mediador 
judicial, nos termos da Lei 13.140/2015, não exigiu formação superior 
ou formação superior jurídica específica, ao menos expressamente. 
Nada obstante, requer, especialmente dos conciliadores judiciais, 
o respeito ao “princípio da decisão informada” (CPC, art. 166) em 
atividade que implica “sugerir” a solução da controvérsia, de tal 
sorte que entendemos que a formação jurídica superior será requisito 
inafastável, seja a teor do que dispõe o art. 166 do CPC (decisão 
informada), seja em razão de interpretação sistemática com o art. 11 
da Lei 13.140/2015 (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 293).
TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA
111
Vale lembrar que a conciliação segue o “princípio da decisão informada”, 
o qual determina como condição a autocomposição através de conciliação, que 
as partes tenham total conhecimentos de seus direitos, relacionadosno conflito 
a ser solucionado. Assim, para que isso seja alcançado de forma adequada, é 
fundamental que o conciliador tenha conhecimentos jurídicos, como um bacharel 
em direito ou um tecnólogo de serviços jurídicos. 
Nas conciliações judiciais as partes devem estar acompanhadas de 
advogado, exceto nos casos que a lei permite a representação pessoal, como nos 
Juizados Especiais Cíveis, por exemplo. Porém, nas conciliações extrajudiciais, 
as partes não necessitam de representação, sendo, ainda, mais flagrante a 
necessidade da formação jurídica do conciliador.
Pois, nessa hipótese, deverá fornecer todas as informações relacionadas ao 
direito questionado, permitindo que a parte esteja bem informada para que tome 
a decisão mais adequada aos seus interesses e promova de forma correta a justiça.
3.2 DA MEDIAÇÃO
A mediação é o método de autocomposição da lide utilizado quando 
houver vínculo social anterior prolongado entre as partes. O mediador atua com 
a função precípua de reestabelecer o diálogo entre as partes. 
A mediação assemelha-se à conciliação: os interessados utilizam a 
intermediação de um terceiro, particular, para chegarem à pacificação 
de seu conflito. Distingue-se dela somente porque a conciliação busca 
sobretudo o acordo entre as partes, enquanto a mediação objetiva 
trabalhar o conflito, surgindo o acordo como mera consequência 
(CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2006, p. 34).
Assim como na conciliação, a mediação pretende a resolução do conflito 
através de acordo entre as partes. Entretanto a mediação não oferece uma solução, 
mas, sim dá a oportunidade para que as partes mediante diálogo, alcancem 
conjuntamente a solução para a questão enfrentada, de forma consensual.
O mediador tem atuação diversa do conciliador, pois deve ser neutro e 
imparcial. Deve agir apenas como um moderador, sem sugerir nenhuma solução 
para o problema enfrentado. As partes são as únicas responsáveis pela solução 
do conflito de interesses. O mediador deverá, somente, assegurar as mínimas 
condições de cordialidade e diálogo entre as partes. 
A solução, portanto, não é trazida pelo mediador. Desta forma, não será 
exigido tanto conhecimento técnico jurídico, como é exigido do conciliador. 
Entretanto, os assuntos abordados em uma mediação são muito mais delicados 
e, principalmente, em mediações que envolvam direito de família, exigem uma 
sensibilidade muito maior para que o diálogo entre os envolvidos ocorra de 
maneira proveitosa. 
112
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
O mediador, assim como o árbitro, é qualquer pessoa capaz que goze 
da confiança das partes (art. 9º da Lei 13.140/2015). 
O mediador pode ser judicial, designado no curso de processo judicial 
ou extrajudicial, na exata medida em que atuar antes da existência de 
qualquer conflito. 
Sendo extrajudicial, a Lei 13.140/2015 não exigiu qualquer formação 
específica ou superior, limitando-se a ser capaz e gozar da confiança 
das partes. 
Todavia, se o mediador for judicial, nos termos do art. 11 da Lei 
13.140/2015, escolhido pelas partes ou por livre distribuição, além 
do curso de capacitação (art. 167 do CPC), deverá ser graduado há 
pelo menos 2 (dois) anos em curso de ensino superior e que tenha 
obtido capacitação em escola ou entidade de formação de mediadores, 
reconhecida pelo Conselho Nacional de Justiça ou pela Escola Nacional 
de Mediação e Conciliação do Ministério da Justiça.
 Pelas peculiaridades da mediação e em razão da Lei 13.140/2015, 
especial, não haverá necessidade de formação superior específica em 
Direito, como se exige do conciliador em interpretação plausível, que 
tem a função de sugerir a solução do conflito e respeitar o princípio da 
decisão informada. 
Os mediadores são designados pelo tribunal ou escolhidos pelas 
partes (art. 4º da Lei 13.140/2015). 
Lembre-se que a mediação, diferentemente da conciliação judicial (CPC, 
art. 334), é sempre voluntária (art. 2º, V e § 2º, da Lei 13.140/2015), não 
havendo como impor o procedimento se ambos com ele não concordarem 
e, bem assim, devem aceitar o mediador que, assim como o árbitro, deve 
ser da confiança das partes (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 294).
Verifica-se que o profissional de serviços jurídico terá ampla adequação 
para atuar como mediador. Pois, está familiarizado com as regras utilizadas para 
mediação, terá conhecimento técnico que possa auxiliar na função. Basta, apenas, 
que curse a especialização exigida pelo Conselho Nacional de Justiça, em um de 
seus cursos de formação de mediador. 
Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz 
que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, 
independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de 
classe ou associação, ou nele inscrever-se (BRASIL, 2015, art. 9°).
Vale ressaltar que o artigo 167 do Código de Processo Civil dispõe sobre 
o cadastro dos mediadores, conciliadores e câmaras privadas de mediação e 
conciliação.
Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de 
conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em 
cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que 
manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua 
área profissional.
§ 1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso 
realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular 
definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o 
Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo 
certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no 
cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal.
§ 2º Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso 
público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou 
TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA
113
subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados 
necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser 
observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio 
da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional.
§ 3º Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e 
mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, 
tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou 
insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, 
bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes.
§ 4º Os dados colhidos na forma do § 3º serão classificados 
sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos 
anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos 
e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de 
conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores.
§ 5º Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do 
caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos 
juízos em que desempenhem suas funções.
§ 6º O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de 
conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de 
provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo (BRASIL, 
2015, art. 167).
Portanto, as câmaras de conciliação e de mediação podem ser privadas e 
atuarão em paralelo ao Poder Judiciário, como meio de descongestionar aquele 
poder e conseguir para as partes uma solução para seus problemas de forma mais 
célere e permitindo o acesso à justiça através de técnicas de autocomposição. 
A remuneração dos mediadores seguirá de acordo com uma tabela 
fornecida pelo Tribunal. Essa remuneração valerá tanto para as conciliações e 
mediações judiciais, quanto as extrajudiciais. Sendo fixado, um percentual de 
atendimento gratuito, até mesmo nas câmaras privadas cadastradas. 
Por outro lado, se a câmara privada não estiver cadastrada no tribunal, não 
terá esse percentual de atendimento gratuito fixado. O que, a princípio, parece que 
afasta o interesse no cadastramento,mas há de se lembrar que o registro da câmara 
privada no Tribunal, pode representar maior confiabilidade na prestação do serviço. 
A mediação tem seu procedimento disciplinado na Lei nº 13.140 de 2015. 
Tal lei, também, será aplicada aos procedimentos de conciliação, no que couber. 
Estabelece, em seu artigo 17, que a mediação será considerada instaurada na data 
em que for realizada a primeira reunião de mediação e que a prescrição ficará 
suspensa durante o procedimento de mediação.
Posta assim a questão pela Lei de Mediação, embora não haja 
previsão expressa desse documento, recomenda-se, para fixar a 
suspensão da prescrição, a assinatura do termo inicial de mediação 
que conterá: a) a qualificação das partes e dos seus procuradores, 
quando houver; b) o nome, a profissão e o domicílio do mediador ou 
dos mediadores e, ainda, se for o caso, a identificação da entidade à 
qual as partes delegaram a indicação de mediadores; c) a descrição 
do conflito submetido à mediação/conciliação; d) a discriminação 
da responsabilidade pelo pagamento das despesas com a mediação 
e dos honorários do mediador, independentemente de se chegar a 
114
UNIDADE 2 — A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS
um consenso, o que não se aplica à conciliação ou mediação judicial, 
cujas custas já contemplam essa fase do procedimento; e) o local, a 
data e as assinaturas do mediador/conciliador, das partes e dos seus 
procuradores, quando houver (SCAVONE JUNIOR, 2020, p. 301).
A assinatura de termos de confidencialidade ao longo do procedimento 
de mediação garante mais estabilidade às partes para declararem suas vontades, 
no objetivo de alcançar uma solução conjunta para a questão controversa que está 
sendo discutida.
As reuniões serão agendadas sempre com a anuência de ambas as partes. 
Embora, possam ser realizadas entre o mediador e apenas uma delas. Assim, 
concluímos que o mediador pode reunir-se conjunta ou separadamente com os 
interessados, mas sempre a outra parte deverá ter conhecimento da reunião e 
concordar com a sua realização. 
As mediações extrajudiciais estão previstas nos artigos 21 a 23 da Lei nº 
13.140/15. Considerando que o convite para que o processo de mediação seja 
iniciado poderá ser feito através de qualquer meio de comunicação. Permitindo, 
dessa forma, a utilização de meios eletrônicos para que sejam efetuados.
A mediação extrajudicial pode ser baseada em previsão contratual e, se 
assim o forem, as partes ficarão vinculadas a sua realização. Sendo suspensos 
procedimentos de heterocomposição da lide, como arbitragem ou processos 
judiciais, até o término da mediação.
Destaca-se, portanto, a atuação do profissional de serviços jurídicos que 
poderá desempenhar papel de mediador nas câmaras privadas de conciliação e 
de mediação. Tornando o acesso à justiça mais garantido a todos os interessados. 
Afinal, os meios alternativos de composição das lides a cada dia que passa são 
mais incentivados pelo legislador e procurados pelas partes. 
TÓPICO 3 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE DEMAIS ÓRGÃOS DE ACESSO À JUSTIÇA
115
ESPECIALISTA EXPLICA DIFERENÇAS ENTRE MEDIAÇÃO JUDICIAL E 
EXTRAJUDICIAL
Migalhas.com.br
O procedimento extrajudicial pode ser utilizado antes, durante e até 
mesmo depois da prolação de uma sentença.
A legislação tem provocado mudanças a fim de promover os métodos 
alternativos de solução de conflitos, como a conciliação e a mediação. A mediação 
é uma forma rápida e menos onerosa para resolver conflitos, e pode ser judicial 
ou extrajudicial.
Apesar de serem semelhantes, os métodos possuem algumas diferenças: 
na mediação extrajudicial, realizada por um mediador ou câmara privada, as 
partes podem escolher o mediador e como desejam realizar o procedimento. 
Além disso, a mediação extrajudicial é ainda mais célere.
Na mediação judicial, as audiências são realizadas por um mediador 
indicado, com escolha limitada ao rol dos mediadores cadastrados no respectivo 
tribunal. A lei de mediação (13.140/15) reforçou a necessidade de Tribunais 
criarem centros judiciários de solução consensual de conflitos – os Cejuscs. Esses 
centros já estão em funcionamento e podem ser procurados pela sociedade.
Para o coordenador da câmara privada Vamos Conciliar, Pedro Samairone, 
recorrer aos CEJUSCS é valido, mas a mediação extrajudicial pode ser mais viável. Ele 
destaca que as câmaras privadas contam com profissionais qualificados e já realizam 
mediações até de forma online, sem a necessidade de deslocamento ou mesmo um 
procedimento pré-processual nos Cejuscs. Para o especialista, é uma solução para as 
partes e para o Judiciário, pois contribui para dirimir a sobrecarga de processos.
Sobre a validade do procedimento, Samairone explica que não há prejuízo para 
as partes que optarem pela mediação extrajudicial. Se obtido o consenso, é emitido um 
termo de acordo extrajudicial, que é assinado pelas partes e pelo mediador. As partes 
podem optar em requerer homologação do termo no Judiciário, contudo, este termo 
possui validade e força de título executivo extrajudicial.
Os procedimentos podem ser utilizados em casos trabalhistas, conflitos entre 
familiares, cobrança de dívidas, relações de consumo e até mesmo pensão alimentícia. 
É importante destacar que os métodos autocompositivos não podem ser empregados 
em casos onde houve violência doméstica ou de crimes contra a vida.
A mediação pode ser utilizada a qualquer momento: antes de ser 
judicializado, durante o curso do processo judicial e até mesmo depois de ser 
proferida uma sentença. Além disso, as partes têm total liberdade para conduzir 
o procedimento e encontrar soluções com ganhos mútuos.
FONTE: <https://www.migalhas.com.br/quentes/271511/especialista-explica-diferencas-entre-
-mediacao-judicial-e-extrajudicial>. Acesso em: 20 jul. 2020.
LEITURA COMPLEMENTAR
116
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os métodos adequados de solução de conflitos proporcionam as partes 
litigantes uma melhor visão de seus problemas, para assim chegar a um 
consenso.
• Os métodos alternativos estão presentes no contexto social desde a antiguidade 
até os dias atuais, e ao longo dos anos vem sendo moldado pela sociedade 
com o intuito de solucionar os conflitos sociais.
• A sociedade vem percebendo que a arbitragem, a mediação e a conciliação 
não só contribuíram para desafogar o judiciário, mas também como um meio 
de pacificação social.
• A arbitragem é método de heterecomposição da lide, através do qual se obtém 
um título executivo judicial por uma decisão proferida por um arbitro.
• A conciliação é meio de autocomposição de litígios, no qual o conciliador 
aponta os caminhos que devem ser seguidos pelas partes com o objetivo de 
alcançarem um acordo satisfatório.
• A mediação também soluciona os conflitos de interesse através da 
autocomposição. Entretanto, diferente do que ocorre na conciliação, o 
mediador tem a função de reestabelecer o diálogo entre as partes, as quais, 
juntas, chegarão a um acordo espontâneo.
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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao 
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
117
1 (VUNESP, 2018, TJ-RS) Quanto à arbitragem em geral, assinale a alternativa 
correta.
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/da315de9-4f>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) Terá efeito suspensivo a apelação contra sentença que julga procedente 
o pedido de instituição de arbitragem.
b) ( ) O juiz poderá conhecer de ofício sua existência para extinguir a ação.
c) ( ) Cabe agravo de instrumento contra decisão interlocutória que rejeita a 
alegação de convenção de arbitragem.
d) ( ) Tramitam em segredo de justiça todos os processos que versem sobre 
arbitragem.
e) ( ) Haverá julgamento de mérito quando o juiz colher a alegação de 
existência de convenção de arbitragem.
2 (IESES, 2016, TJ-MA) A Cláusula de Mediação em umcontrato:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/f729e671-23>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) Obriga as partes a comparecer em uma primeira reunião de mediação e 
não a permanecer no processo de mediação.
b) ( ) Determina a obrigatoriedade da mediação judicial.
c) ( ) Determina a obrigatoriedade da mediação extrajudicial.
d) ( ) Não vincula as partes.
3 (FCC, 2019, DPE-SP) Considerados os dispositivos da Lei nº 13.140/15, a 
respeito da mediação é CORRETO afirmar:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/56d91d27-6b>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) Se as partes se comprometeram por cláusula de mediação a não iniciar 
processo judicial durante certo prazo, o juiz suspenderá o curso da ação 
pelo prazo previamente acordado, ressalvadas as medidas de urgência 
para evitar o perecimento de direito.
b) ( ) Na mediação judicial, os mediadores se sujeitam à prévia aceitação 
das partes, além de serem aplicadas as mesmas hipóteses legais de 
impedimento e suspeição do juiz.
c) ( ) A realização de procedimento de mediação interrompe o prazo 
prescricional.
d) ( ) O mediador deverá reunir-se sempre em conjunto com as partes, vedada 
a sua reunião separada com uma das partes sem a participação da outra, 
a fim de resguardar a sua imparcialidade.
e) ( ) Caso não haja previsão completa a respeito da mediação extrajudicial, o 
não comparecimento da parte convidada à primeira reunião de mediação 
acarretará a assunção integral das custas e honorários sucumbenciais 
em procedimento arbitral ou judicial posterior.
AUTOATIVIDADE
118
4 (VUNESP, 2018, PGE-SP) Em relação aos diversos meios de solução de 
conflitos com a Administração Pública, é CORRETO afirmar que:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/4a7d90de-70>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios suas 
autarquias e fundações públicas, bem como às empresas públicas e 
sociedade de economia mista federais, submeter seus litígios com órgãos 
ou entidades da Administração Pública federal à Advocacia-Geral da 
União, para fins de composição extrajudicial do conflito.
b) ( ) Mesmo as controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos 
ou concessão de direitos sujeitos a autorização do Poder Legislativo 
estão incluídas na competência das câmaras de prevenção e resolução 
administrativa de conflitos.
c) ( ) Os conflitos que envolvem equilíbrio econômico-financeiro de contratos 
celebrados pela Administração Pública com particulares não podem 
ser submetidos às câmaras de prevenção e resolução administrativa de 
litígios, exceto quando versarem sobre valores inferiores a quinhentos 
salários-mínimos.
d) ( ) A instauração de procedimento administrativo para resolução 
consensual de conflito no âmbito da Administração Pública interrompe 
a prescrição, exceto se se tratar de matéria tributária.
e) ( ) O procedimento de mediação coletiva, para solução negociada de 
conflitos, no âmbito da Administração Pública estadual, não pode versar 
sobre conflitos que envolvem prestação de serviços públicos, salvo se 
esses serviços públicos forem relacionados a transporte urbano.
5 (FCC, 2016, Prefeitura de Campinas - SP) Em relação à audiência de 
conciliação ou de mediação, é CORRETO afirmar:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/565f61ae-24>. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
a) ( ) A audiência não será realizada se qualquer das partes, ainda que 
isoladamente, de maneira expressa ou tácita, manifestar seu desinteresse 
na composição consensual.
b) ( ) As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores 
públicos, podendo constituir representantes, por meio de procuração 
específica, com poderes para negociar e transigir.
c) ( ) A intimação do autor para essa audiência será realizada pessoalmente, 
por via postal, ou, se incabível, por mandado a ser cumprido pelo Oficial 
de Justiça.
d) ( ) Se houver desinteresse na autocomposição, o autor deverá apontá-la na 
petição inicial, cabendo ao réu fazê-lo por ocasião de sua contestação, 
necessariamente.
e) ( ) O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de 
conciliação é considerado ato de litigância de má-fé, sendo apenado 
com multa de até cinco por cento da vantagem econômica pretendida 
ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.
119
UNIDADE 3 — 
ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL 
DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• entender como o profissional de serviços jurídicos deve promover o me-
lhor atendimento ao cliente;
• identificar as formas mais seguras de serviços jurídicos em processos; 
• compreender a informatização judicial dos processos;
• aprender a importância da Lei de Proteção de Dados na prestação de 
Serviços Jurídicos.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado. 
TÓPICO 1 – TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE.
TÓPICO 2 – DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
TÓPICO 3 – A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS 
 JURÍDICOS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
120
121
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O cliente de serviços jurídico, em regra, procura um profissional do direito 
com o objetivo de solucionar algum problema ligado a violação de um direito. 
Dessa forma, entendemos que para o cliente ficar satisfeito com a prestação de 
serviço, ele deve perceber o quanto de atenção foi dispensada para a solução do 
seu problema.
O atendimento ao cliente, neste caso, requer uma preparação especial e 
cuidadosa desde o primeiro momento em que será recebido pelo prestador de 
serviços jurídicos. Pois não estamos diante de uma prestação de serviços comum.
O serviço é uma atividade ou uma série de atividades de natureza mais 
ou menos intangível – que normalmente, mas não necessariamente, 
acontece durante as interações entre cliente e empregados de serviço 
e/ou recursos físicos ou bens e/ou sistemas do fornecedor de serviços 
– que é fornecida como solução ao(s) problema(s) does) cliente(s) 
(GRONROOS, 1993, p. 36).
A decoração do escritório, a educação da secretária e todo o conhecimento 
que expressado pelo profissional são também considerados pelo cliente. Mas 
na maioria das vezes, não são questões relevantes que determinem ou não a 
contratação de determinado profissional. 
Certamente, aquele que procura uma solução jurídica para uma lide, 
deseja a contratação de um profissional que inspire confiança de que o resultado 
pretendido seja alcançado. Desta forma, o profissional de serviços jurídicos 
deverá demonstrar organização, objetividade e profissionalismo. 
 
Assim, passaremos a estudar neste tópico, tudo o que é essencial para um 
atendimento de qualidade e garantia da melhor prestação de serviços jurídicos. 
TÓPICO 1 — 
TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
122
2 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DA ROTINA DE 
TRABALHO
Todas as empresas precisam estabelecer uma rotina de trabalho para 
oferecer aos clientes uma prestação de serviço eficaz. Assim, devemos considerar 
as peculiaridades do atendimento à um cliente que se socorre de um escritório de 
advocacia com o objetivo de ter seus direitos salvaguardados, em conformidade 
com as garantias constitucionais de dignidade humana. 
Os autores Thakor e Kumar (2000, p. 81) entendem que os serviços 
profissionais têm as seguintes características: 
a) o serviço requer alto nível de perícia; 
b) a qualidade do serviço não é facilmente mensurável pelo cidadão 
comum; 
c) o serviço é considerado de importância crítica; 
d) a recomendação de outros é fundamental na seleção do prestadordo serviço; 
e) a falta de nitidez acerca da natureza do serviço.
Portanto, os serviços são intangíveis, inseparáveis, simultâneos e 
heterogêneos. Ressaltamos que nos serviços jurídicos a intangibilidade atinge 
um nível bastante alto e tem como consequência a criação de grande expectativa 
do cliente com relação ao serviço esperado, por decorrência de um considerável 
nível de incerteza e risco.
Além disso, é impossível a avaliação da prestação do serviço jurídico 
antes do seu início. Portanto, fica bem nítida a inseparabilidade, bem como a 
simultaneidade nos serviços advocatícios, caracterizando a situação de produção 
e consumos simultâneos.
A prestação de serviço jurídico pode ser considerada heterogênea, pois é 
baseada em grande parte no componente humano. Desta forma, permite que a 
qualidade da sua prestação seja qualitativa em conformidade com cada prestador, 
ao longo do tempo. A heterogeneidade, também, é vista mediante a percepção de 
um cliente em distintos momentos ou através das diferentes de percepções entre 
diversos clientes.
Diante disso, fica claro ser de suma importância o atendimento no serviço 
jurídico, que, por sua vez, reforça a visão a respeito da influência de fatores não 
técnicos no julgamento da sua qualidade. 
 
3 O ATENDIMENTO AO CLIENTE
O primeiro passo ao atender um cliente, envolve a apresentação. Muitos 
escritórios de advocacia, suprimem essa parte, pois acreditam que o cliente que 
os procura já tem ideia dos profissionais que ali atuam e conhecem previamente 
seu trabalho, mediante alguma indicação.
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE
123
Mas, ao contrário do que a maioria pensa, a apresentação é fundamental 
para transmitir confiança ao cliente, mostrando a ele as habilidades e competências 
que são desenvolvidas por aquela instituição e comprovando que merece o crédito 
seja depositado naquela equipe de profissionais.
Vale lembrar que a apresentação não é uma apresentação individualizada 
do currículo profissional e sim uma apresentação do escritório. Dessa forma a 
imagem da organização pode parecer mais sólida no mercado. O cliente deve ser 
apresentado a toda a equipe, advogados, secretária, estagiários e aos prestadores de 
serviços jurídicos. Até mesmo a forma de vestir poderá ser considerada relevante. 
A apresentação visual é uma característica importante na construção 
de uma imagem pública. O exercício da nossa profissão exige algum 
formalismo no modo de trajar que não pode ser desconsiderado pelo 
advogado iniciante ou confundido com “tendências da moda”. A 
seriedade do tema (o que justifica sua inclusão neste Manual) pode 
ser atestada a partir da previsão do art. 58, XI, do EOAB e também 
da posição consolidada no Conselho Nacional de Justiça atribuindo a 
cada Tribunal a competência para ditar as regras de vestimenta. Não 
raro nos deparamos com notícias de advogados que foram impedidos 
de ingressar em fóruns por trajarem roupas consideradas inadequadas 
ao munus. A medida, se aplicada com ponderação, quer assegurar 
que a imagem externada pelo profissional não falte com os deveres de 
decoro e discrição impostos pelo Código de Ética da OAB. Ademais, 
é necessário observar que há atos processuais que exigem o uso das 
‘vestes talares’ (alusão ao talus, calcanhar em latim): Beca. A Beca é 
um símbolo do Direito do qual devemos nos orgulhar, tal como fez o 
renomado jurista Piero Calamandrei ao declarar que, quando viesse 
a falecer, queria ser enterrado com a sua Beca porque “se ela me 
ensinou a abrir os portões de masmorras, me ensinará a abrir a porta 
dos céus”! Na hora de exercer qualquer cargo jurídico, o estilo adotado 
pelo profissional da Advocacia deve sempre considerar o bom-senso e 
função por ele exercida (BREDA, 2015, p. 35). 
A ideia de que o mais importante é a promoção de serviços jurídicos é 
considerado um mito para a maioria dos especialistas contemporâneos. O que 
deve ser considerada é a confiança que o cliente passa a ter no escritório que 
pretende contratar. 
O bom atendimento deve ser visto como parte da rotina normal de uma 
organização prestadora de serviços jurídicos. Seria um meio de manutenção e 
captação de clientes que se sentem mais seguros quando percebem o tratamento 
individualizado que estão recebendo através de um bom atendimento. 
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
124
FIGURA 1 – MODELO DE QUALIDADE DE SERVIÇOS DE GRÕNROOS
FONTE: <https://cutt.ly/IdmVLhq>. Acesso em: 8 jul. 2020.
Alguns profissionais entendem que demonstrar conhecimento jurídicos 
seria o suficiente para captação do cliente. Entretanto é preciso mais. O escritório de 
advocacia precisa demonstrar ao cliente mais do que o conhecimento técnico em sua 
área de atuação, é fundamental que seja dado um suporte no atendimento ao cliente. 
Os advogados têm uma rotina extremamente atribulada e precisam estar 
presentes em audiências, elaborar contratos, redigir petições, fazem sustentação 
oral perante os tribunais, entre diversas outras atividades. Assim, muitas vezes, o 
atendimento fica negligenciado e não ocorre de maneira adequada, enfraquecendo 
a imagem da organização.
O escritório de advocacia que conta com um profissional de serviços 
jurídicos pode ser um diferencial no atendimento ao cliente, pois poderá se dedicar 
mais ao atendimento personalizado proporcionando um acolhimento maior e 
transmitindo a ideia de um serviço mais individualizado, como necessitam as 
pessoas que pretendem acesso à justiça.
O último passo no atendimento ao cliente está ligado ao delicado tema de 
cobrança de honorários. Toda prestação de serviço deve ser remunerada, e com a 
prestação de serviços jurídicos não deve ser feita de forma diferente. Entretanto, 
o atendimento ao cliente deve ser pautado em demonstrar a preocupação na 
solução do caso concreto apresentado por ele.
O profissional de serviços jurídicos deve ter consciência que com o acesso 
à internet o cliente, atualmente, já chega para a consulta com muitas informações 
sobre o seu conflito obtidas através de ferramentas de pesquisa na web. Portanto, 
é muito importante que fique claro para o cliente que os profissionais técnicos 
que ele está consultando tem um conhecimento mais preciso e confiável. 
Caso contrário, a consulta se tornaria, apenas uma tomada de orçamento, 
sem considerar a qualidade do serviço a ser prestado. É preciso, antes de tudo, 
ganhar a confiança do cliente e fazer com que entenda quais os benefícios de 
contratar os seus serviços jurídicos, para posteriormente abordar o assunto 
relativo ao custo da prestação dos serviços.
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE
125
A proposta de honorários deve ser enviada por e-mail, com uma certa 
formalidade. No dia seguinte ao da consulta. Demonstrando ao cliente uma 
maior formalidade na proposta contratual além de demonstrar cuidado, também 
transmitir com mais realidade a complexidade em se resolver um problema jurídico.
Ressalta-se que, como toda proposta contratual a de prestações de 
serviços jurídicos deverá seguir as regras estabelecidas em lei. Vinculando o 
proponente ao que foi estipulado, conforme dispõe o artigo 427 do Código Civil, 
que estabelece “A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não 
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do 
caso” (BRASIL, 2002). 
O policitante, portanto, deve ser diligente ao enviar a proposta ao cliente 
estabelecendo um prazo de validade. Tornando, assim, uma proposta entre 
ausentes com prazo e permitindo que fique desobrigado se a resposta não for 
enviada dentro do tempo estabelecido, em conformidade com o Código Civil:
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
[...]
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro 
do prazo dado (BRASIL, 2002).
4 O CADASTRO DO CLIENTE
O segundo passo que deve ser considerado é o cadastro do cliente, na 
maioria das vezes por meio de software específico, ou, ainda hoje, manualmente,por organizações que não aderiram as novas tecnologias. Arquivando as 
informações dos clientes, fazendo com que o cliente se sinta ligado aquela 
determinada organização. 
O cadastro do cliente é interessante, não apenas para localização de dados, 
mas também, que passe a receber informativos e algum momento posterior venha 
a procurar novamente os serviços jurídicos oferecidos pelo escritório. 
O profissional de serviços jurídicos que fica responsável pelo cadastro do 
cliente, precisa deixar claro quais são os benefícios que o mesmo obterá com isso. 
Um a boa prática seria um relatório, impresso do primeiro atendimento prestado. 
Não se confundindo com um parecer técnico por escrito, mas uma descrição dos 
pontos abordados no atendimento.
Para mais informações sobre cadastro de clientes, assista ao vídeo Dica de 
atendimento de clientes na Advocacia, disponível no endereço: https://www.youtube.
com/watch?v=-ycvxNOe4mY.
DICAS
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
126
A partir dessas informações introduzidas no cadastro, se torna mais fácil e 
pratico o atendimento personalizado que o cliente de serviços jurídicos necessita 
para se sentir satisfeito e seguro na escolha de seu representante. 
Assim, evita-se que o cliente procure o escritório para ter informações 
sobre seu processo e tenha informações incompletas e contraditórias. Pois, 
qualquer um dos profissionais que represente a organização poderá ter acesso 
imediato ao cadastro que sempre deverá ser atualizado. 
A prática da advocacia deve se basear na educação do cliente, como 
explica João Ozório de Melo:
O consultor de marketing Trey Ryder tornou-se um profissional muito 
requisitado depois que encontrou seu próprio nicho: a advocacia. Ele 
desenvolveu a teoria de que o marketing para advogados deve se 
basear na "educação" do cliente — e não em esforços de vendas, como 
é comum em outras atividades.
Por "educação", ele entende: o advogado deve oferecer a seus clientes 
e possíveis clientes uma visão jurídica de seus empreendimentos e de 
sua vida; ensinar como se manter longe dos problemas; quando há 
problemas, explicar sua extensão, suas consequências e as soluções 
possíveis; instruí-los sobre os conhecimentos, as qualificações, a 
experiência e a competência dele e de sua firma.
Em outras palavras, o advogado deve, de certa forma, exercer o 
papel de um consultor, com capacidade para identificar problemas e 
apresentar soluções. Isso feito, qualquer esforço de venda de serviços 
jurídicos se torna desnecessário. O cliente "se vende" aos serviços 
(MELO, 2013, s.p). 
Dessa forma, fica claro que é fundamental para o profissional de serviços 
jurídicos conhecer em detalhes quem é o seu cliente e os direitos que precisam 
ser tutelados. Assim, o máximo de informações que uma organização colher no 
cadastro do seu cliente facilitará identificação do assunto de interesse do mesmo. 
Criam uma mensagem educativa única. Sabem que a educação é 
a maior e mais pura forma de marketing. Sua mensagem educativa 
contém uma explicação do problema do possível cliente, sua extensão 
e suas consequências, bem como uma descrição da capacidade ou 
qualificação do advogado (ou da firma), um relato de casos de sucesso 
com outros clientes e recomendações de medidas que podem ajudar 
o possível cliente a resolver seu problema e atingir seu objetivo. 
Quanto mais bem explicadas forem as qualificações e a experiência 
na mensagem, mais probabilidade haverá de resultar em contrato de 
serviços jurídicos (MELO, 2013, s.p.). 
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE
127
5 AUTOMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO AO CLIENTE
Os clientes consideram a proatividade como característica essencial 
para a contratação de um escritório de advocacia para representá-lo. Pois, a 
atuação trará consequências diretas aos seus direitos que pretende que sejam 
resguardados. Então, os colaboradores que buscam crescimento profissional têm 
maior probabilidade de serem bem sucedidos. Mas os que buscam crescimento 
pessoal e, porque não, acadêmico também, tem mais sucesso ainda. 
Dessa forma, seriam considerados pelos clientes, melhores prestadores de 
serviços aqueles que: 
Criam seu próprio método operacional e promovem sua singularidade 
no meio jurídico. Não há duas pessoas no mundo com a mesma 
coleção de conhecimentos, qualificações e experiência. Assim, duas 
pessoas não resolvem um problema jurídico da mesma maneira. Isso 
posto, desenvolve um método único de ajudar as pessoas a resolver 
seus problemas ou cumprir objetivos. Um método único de solucionar 
problemas jurídicos pode ter repercussão na comunidade jurídica e na 
imprensa (MELO, 2013, s.p.).
Podemos considerar que o sistema automatizado, seria uma forma 
de garantir maior proatividade das organizações e garantir, com isso a maior 
retenção de clientes. O suporte poderá se garantir pelo profissional de serviços 
jurídicos ao uso de ferramentas tecnológicas adequadas. Otimizando as reuniões, 
com uma constância nas notificações contendo informações básicas.
 
Os softwares jurídicos são as ferramentas mais completas, utilizadas 
nas organizações para possibilitar a automatização do atendimento nos 
serviços legais. Organizar as informações dos clientes e permitindo que todos 
os profissionais da equipe estejam a par de todos os detalhes do caso e possam 
atender adequadamente. 
Alguns escritórios adotam, ainda, o sistema se informações de andamento 
processuais, feitos de forma automatizada aos clientes. A cada mudança do status 
do processo é emitido um relatório ao cliente. Essa prática faz com que o cliente 
se sinta mais seguro e amparado. 
Além disso, a utilização de inteligência artificial, através dos chatbots, que nada 
mais são do que robôs programados para conversar com os clientes, podem solucionar 
as dúvidas mais básicas dos clientes. Levando a transparência das organizações como 
forma de conquistar a confiança e credibilidade dos usuários de serviços jurídicos. 
Para saber mais sobre chatbots, leia a matéria Chatbot: o que é, como 
funcionam e 5 dicas práticas, disponível em: https://www.globalbot.com.br/chatbot. 
DICAS
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
128
Mitos do marketing jurídico
Gustavo Rocha
Marketing jurídico é um tabu não apenas no Brasil, mas em vários 
locais do mundo.
Nos EUA, mesmo com as permissões que lá existem – bem maiores que o 
Brasil – temos muitos estudos e material interessante que pode ser aplicado aqui.
Divido um artigo que comenta 18 mitos americanos de marketing 
jurídico escrito pelo consultor Trey Ryder e são aplicáveis em sua maioria no 
Brasil, com comentários meus em azul.
Mito 1: “O propósito mais importante de meu marketing é promover meus 
serviços”.
Errado. O propósito mais importante de seu marketing é estabelecer 
credibilidade – e a percepção de que você é confiável. As pessoas evitam fazer 
negócios com quem não confiam. Sempre que um cliente considera se deve 
contratá-lo, ele também avalia se deve confiar em você.
Aqui não é diferente, temos que estabelecer confiança, credibilidade 
para que a nossa marca prospere no mercado.
Mito 2: “Se eu investir bastante dinheiro em marketing, vou obter os resultados 
que espero”.
Não necessariamente. Os resultados dependem mais dos métodos de 
marketing que você usa. Se seu marketing não está produzindo resultados com 
um orçamento razoável, também não vai funcionar com um grande orçamento. 
O elemento fundamental é a estratégia que você usa, não o volume de dinheiro 
que investe.
Investir sem medir/monitorar resultados não serve para nada. Invista, 
mas controle.
Mito 3: “Minhas fontes de recomendação irão me enviar todos os novos clientes 
que preciso”.
Isso funciona, em parte, se você trabalhar bem sua rede de recomendações. 
Mas não será suficiente para você conquistar todos os clientes que precisa. Você 
deve desenvolver um programa de marketing que atraia clientes diretamente 
para você, para não ficar na dependênciade uma única fonte.
Somente a indicação pode ser uma boa forma de captação, mas se for a 
única a marca não prospera e cresce adequadamente. Tem que investir em redes 
sociais, em relacionamento em grupos e pessoas que não conhece também.
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE
129
Mito 4: “Quando os clientes ou possíveis clientes tiverem perguntas, eles irão 
telefonar para mim”.
Muitas vezes isso não acontece. Muitas pessoas hesitam em telefonar, 
se não souberem que seus telefonemas são bem-vindos. Ligar para um 
advogado é ainda mais difícil para pessoas que ainda não estabeleceram um 
relacionamento com ele. Em todas as suas comunicações, estimule as pessoas a 
telefonar para você, se tiverem alguma pergunta ou algum problema. Boa parte 
das chamadas resultarão em contratos.
Talvez um dos maiores problemas que temos aqui no brasil, a falta de 
informação a clientes. Não espere o cliente, crie oportunidades para que o cliente 
tenha contato com o escritório e mantenha a marca do mesmo viva na sua vida.
Mito 5: “Não é necessário colocar minha foto em meu material de marketing”.
Não é verdade. Fotografias são essenciais no quebra-cabeça do marketing. 
Uma foto que expressa uma dose de simpatia, cordialidade e disposição ajuda, junto 
com seus textos, a estabelecer, na mente do cliente, o senso de que já o conhece. Os 
clientes não se importam com a aparência física do advogado. Importam-se com a 
própria sensação de que o conhecem e de que ele merece confiança.
Até pode colocar como eles sugerem, mas tome cuidado para não 
parecer um pavão no material. O importante é o conteúdo.
Mito 6: “Interagir com pessoas que não são clientes é uma perda de tempo”.
Errado. Sempre procure novas formas de interagir com possíveis clientes 
ou fontes de recomendação. Quanto mais você fala com as pessoas, mais você 
cria possibilidades de conquistar clientes, porque, a qualquer momento, elas 
ou familiares e amigos irão precisar de um advogado. As pessoas gostam de 
recomendar profissionais que lhes deram atenção. Não despreze ninguém 
nesse esforço.
Pelo contrário, é justamente a oportunidade de garimpar novos 
clientes!
Mito 7: “Tenho de ter cuidado para não me repetir quando falo com possíveis 
clientes”.
Não é bem assim. Quando as pessoas recebem novas informações, que 
não soem espetaculares, elas tendem a esquecer a maior parte. Se o possível 
cliente não ouvir o que precisa ouvir, não vai contratá-lo. Na verdade, é bom se 
repetir, quando se quer firmar uma ideia. De qualquer forma, você pode tentar 
apresentar seus argumentos de uma forma diferente, de uma vez para outra.
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
130
Repetir é necessário ao aprendizado. Repita e solidifique o 
conhecimento ao cliente.
Mito 8: “As pessoas entendem o que eu falo, porque elas já estão familiarizadas 
com a terminologia jurídica”.
Evidentemente, a maioria não está. Nem mesmo com os termos mais 
simples. E seus argumentos não terão qualquer valor, se seu interlocutor não 
entender o que está falando. Aliás, você nunca pode assumir que uma pessoa 
conheça até mesmo assuntos que estão nos jornais e na televisão todos os dias.
Esqueça o jurisdiquês e fale claramente o que interessa e os direitos 
do cliente!
Mito 9: “Os métodos de marketing não funcionam tão bem como antigamente”.
Não é verdade, obviamente. Se seu marketing não está funcionando, alguma 
coisa está errada com ele. É preciso rever suas estratégias. E estratégias de marketing 
devem ser tão bem planejadas e executadas quanto a atuação em um julgamento.
Ledo engano. Agora, mais do que antes, é essencial que se invista no 
marketing para se obter melhores resultados! Estamos com mais de um milhão 
de advogados. Como se destacar um dos outros? O marketing é a resposta!
Mito 10: “Quanto mais complexa for minha mensagem, mais interessados os 
clientes ficarão em meus serviços”.
Não funciona assim. Ao contrário, as pessoas recebem uma carga 
enorme de informações todos os dias e eliminam, automaticamente, as mais 
complicadas. A mensagem expressa com simplicidade é a única com chance de 
ganhar a atenção de possíveis clientes.
Justamente pelo contrário, quão mais simples ela for, mais o cliente 
se interessa e acredita. Vivemos uma era em que ler é para poucos, a maioria 
quer contratar pelo pouco que vê e sabe. Se o pouco for complexo, não irá 
contratar mesmo!
Mito 11: “As imagens em uma comunicação de marketing não são tão 
importantes quanto o texto”.
Errado. Combinar o texto com ilustrações é essencial para captar 
a atenção das pessoas. É verdade que um bom conteúdo escrito é uma parte 
essencial de seu marketing, incluindo para os mecanismos de busca da Internet. 
Mas fotos, gráficos ou qualquer outro tipo de ilustração podem captar a atenção. 
Não adianta um texto sensacional, se as pessoas não se sentirem atraídas a lê-lo. 
Se não houver ilustração, o título deve cumprir essa missão de atrair as atenções.
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE
131
Combinar ambos os elementos são essenciais. Contudo, apenas 
imagens não são uma boa forma de resultado prático.
Mito 12: “As pessoas não se importam se eu demoro para retornar suas ligações, 
porque sabem que estou ocupado”.
Não pode ser uma conclusão mais errada. O atraso em retornar chamadas 
é a queixa número um dos clientes em relação a advogados. Isso pode fazer com 
que todo o esforço de marketing escorra pelo ralo. Cria a impressão de que o 
advogado não está interessado em novos clientes. Por isso, o mais provável é que 
o cliente pegue o telefone e chame o próximo nome em sua lista. Ao contrário, o 
pronto retorno cria uma impressão positiva, altamente favorável do advogado. 
Novos clientes não têm a menor noção de sua capacidade profissional. Só lhes 
resta medir suas atitudes.
Justamente, precisamos cada vez mais nos escritórios compreender 
que a comunicação é essencial para o desenvolvimento do mesmo. Ter canais 
de atendimento e retorno ao cliente fazem toda diferença!
Mito 13: “Os artigos que publicamos deveriam ser suficientes para 
conquistarmos novos clientes”.
Em parte. A publicação de artigos, notícias etc. ajuda, mas o esforço de 
marketing não deve depender apenas desse recurso. Um programa de marketing 
deve ser entendido como um conjunto de estratégias que, combinadas, produzem 
o efeito desejado. Isto é, resultam em conquistas de mais clientes, em menor tempo.
Artigos, vídeos, criam o elo da informação e credibilidade do cliente. 
Contudo, ações concretas, estar presente aonde está o cliente – virtual ou 
presencialmente – faz toda diferença.
Mito 14: “O melhor momento para expressar minha mensagem de marketing 
é quando um possível cliente está em meu escritório”.
Na verdade, esse é o pior momento. Quando o cliente está em seu 
escritório, ele quer discutir seus próprios problemas jurídicos e suas angústias 
e obter respostas animadoras, mas sinceras, sobre possíveis soluções. Depois 
da reunião com o cliente, você pode enviar a ele informações úteis, boletins e 
outros materiais de marketing, principalmente os que tratam de seu problema. 
Se o cliente apenas telefonar, tome nota de seu endereço e endereço de e-mail, 
para encaminhar a ele materiais relevantes.
Quando o cliente está no escritório é a hora da verdade. Ali, o 
marketing tem pouco efeito prático, ele deve ser antes, depois e durante, mas 
no durante, precisa ter mais do marketing, precisa ter conteúdo, visibilidade 
e postura.
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
132
Mito 15: “Meu newsletter trimestral é uma ferramenta eficaz de marketing e é 
tudo que preciso fazer”.
De fato, a newsletter é uma ótima ferramenta de marketing, porque 
você pode abordar os problemas dos clientes conforme eles se evidenciam. No 
entanto, a periodicidade tem de ser pelo menos mensal, porque o marketing 
tem de ser persistente e você deve fazer uma impressão na mente do cliente. Se 
a newsletter trouxer textos que tratam dos problemasdos clientes e apresentam 
soluções, elas serão sempre bem-vindas. Há newsletter semanais que funcionam 
muito bem.
A informação deve ser colocada de uma forma a ser periódica e 
frequente sem espaços tão longos de tempo. News deve ser quinzenal ou 
mensal. Nas redes sociais pode ser diário. Quer ter seguidores nas redes 
sociais? Use e abuse do conteúdo. Divulgar o direito não é infração é ética é 
dever do advogado!
Mito 16: “Basta baixar meus honorários se eu quiser conquistar muitos clientes”.
Não é uma boa ideia. Honorários mais altos podem ser, na mente do 
cliente, uma indicação do “valor” do advogado, de sua competência, de seu 
sucesso etc. Baixar seus honorários podem minar sua credibilidade e a imagem 
que os clientes fazem de seu trabalho. Você vai atrair clientes que valorizam 
o dinheiro, mas não valorizam seu trabalho. Você terá dificuldades para 
sobreviver, porque o número de clientes que conseguir com essa estratégia 
pode não compensar seus custos. Em termos de marketing e de finanças, 
melhor que baixar os honorários é aumentá-los.
Isto é um erro estratégico. O preço deve ser considerado diante do que 
se oferta. Se tens experiencia, conhecimento, visão, sabe como fazer como 
cobrar barato todo estudo e conhecimento?
Quer que os clientes te procurem por preço ou pelo que você vale?
Mito 17: “Os clientes sabem que serviços eu ofereço”.
Não é verdade. Se você pensa que possíveis clientes sabem que serviços 
oferece, será difícil concorrer com os colegas que deixam isso bem claro. Isso 
acontece. Por isso, alguns advogados entregam aos clientes e possíveis clientes 
uma lista detalhada dos serviços que presta.
Um outro erro comum. Diga sempre e divulgue o que você faz. Se o 
cliente te procurou por uma determinada ação ou tese, ele não é adivinho 
pra saber de outros produtos que tu tens a ofertar. Deixe-o saber, afinal, para 
clientes, toda informação é válida e lícita no código de ética.
TÓPICO 1 — TÉCNICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE
133
Mito 18: “Para atrair novos clientes, eu devo promover meus serviços”.
Informar os clientes sobre os serviços que você presta é uma coisa 
(necessária), promovê-los é outra: é praticamente uma venda – e você assume a 
atitude de um vendedor, o que mina sua credibilidade. Deixe as ideias de venda 
de lado em seu marketing e prefira uma estratégia baseada em informações 
relevantes para o cliente. Identifique os problemas de seus clientes, mostre como 
podem se tornar graves se não tratados e apresente possíveis soluções. Ele se 
sentirá mais seguro em escolher você, quando tiver de escolher um advogado.
Até nos EUA praticar venda é condenado. Aqui é vedado. Mas, há 
várias formas de se publicitar a sua marca de forma ética, principalmente 
usando o conhecimento como fonte de divulgação.
 
E você, como prática estes mitos no seu dia a dia? Você faz marketing, 
tem estratégias desenhadas, escritas e monitoradas?
Procure um especialista (me incluo neles) para desenvolver o mercado 
da sua banca. Qualquer tamanho e realidade de escritório necessita se 
desenvolver de forma adequada e ética.
Inicie o hoje a mudança da sua carreira jurídica! Foco no marketing 
jurídico é um dos caminhos do sucesso!
FONTE: ROCHA, G. Mitos do marketing jurídico, 13 fev. 2017. Disponível em: https://gustavo-
rochacom.com.br/2017/02/13/mitos-do-marketing-juridico/ .Acesso em: 8 jul. 2020.
134
Neste tópico, você aprendeu que:
• As rotinas de prestação de serviços jurídicos são extremamente complexas.
• É fundamental preparar o ambiente para receber o cliente, sendo atento aos 
detalhes, desde o ambiente limpo até o conhecimento sobre o tema objeto da 
consulta, sem esquecer de cordialidade e vestimenta compatível.
• Precisamos cadastrar o cliente em algum software jurídico permitindo que 
todos os seus dados sejam de acesso a qualquer um dos profissionais que 
compõe a organização.
• O cadastro do cliente pode gerar uma futura contratação, pois, a partir dele, 
podemos enviar informativos que possam interessá-lo, conforme o seu perfil. 
• Se deve demonstrar que o objetivo principal da organização é promover um 
acesso à justiça ao cliente, com garantias constitucionais preservadas.
• A proposta de contratação não deve ser feita de imediato, evitando-se a 
informalidade e a inadequação de cobrança de honorários.
• A proposta deverá seguir as regras estabelecidas no Código Civil de vinculação 
do proponente por determinado prazo, que deve ser estabelecido e enviado 
por e-mail, junto com a proposta em data posterior a consultoria.
RESUMO DO TÓPICO 1
135
1 (UFMA, 2019) Qual das alternativas abaixo é o nível mais especializado 
de investimento em atendimento, ao se promover um marketing de 
relacionamento com o cliente externo?
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/bd98504a-8d>. 
Acesso em: 8 jul. 2020.
a) ( ) Intuitivo.
b) ( ) Reativo.
c) ( ) Responsável.
d) ( ) Básico.
e) ( ) Proativo.
2 (FGV, 2014) O mínimo que o cliente espera que a empresa ofereça é o bom 
atendimento. A relação entre o que o cliente recebeu de fato (percepção) e 
que ele esperava receber (expectativa) é denominada: 
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/350034>. 
Acesso em: 8 jul. 2020.
a) ( ) Técnica de atendimento.
b) ( ) Percepção do cliente.
c) ( ) Expectativa do cliente.
d) ( ) Satisfação do cliente.
e) ( ) Importância do cliente.
AUTOATIVIDADE
136
137
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A prestação de serviços jurídicos, como já vimos anteriormente, é baseada 
não apenas em conhecimentos técnicos, mas muito na confiança depositada no 
representante pelo cliente. A maioria das pessoas ao procurar a prestação de um 
serviço jurídico está fragilizada e pretende que seu direito seja resguardado por 
alguém que desperte sua confiança.
Antes de entendermos especificamente o contrato de prestação de serviços 
jurídicos, precisamos compreender e conceituar contratos de uma maneira geral e 
em seguida os contratos de prestação de serviço, para finalmente, individualizar 
o contrato específico de interesse de nosso estudo. 
Assim, considerando os contratos como negócios jurídicos bilaterais, 
entendemos que dependem da manifestação de vontade de duas ou mais pessoas 
para serem celebrados. Como todo negócio jurídico, dependem da vontade 
humana para ter reflexos no mundo jurídico. 
 
De forma bastante objetiva, Luis Diez-Picazo e Antonio Gullon47 dizem 
que o contrato é o acordo de vontades pelo qual os interessados se obrigam, 
sublinhando que o Direito é o reino do contrato e onde acaba o contrato 
também acaba o Direito e começa então o reino da força. Na mesma linha 
de clareza, baseado no artigo 1.137 do Código Civil argentino, podemos 
dizer que há contrato quando várias pessoas se colocam de acordo sobre 
uma declaração de vontade comum, destinada a regular seus direitos. 
Além de o contrato ser em essência o estatuto jurídico de uma operação 
econômica desenhada pelos interessados, a roupagem técnico-jurídica 
do acerto de troca econômica encetado pelas partes, é ele igualmente um 
negócio jurídico presidido por essa economicidade e pelo qual as partes 
estabelecem os direitos e deveres que devem reger a conduta dos parceiros 
contratuais, ainda que muitas vezes a manifestação da vontade esteja 
muito limitada, como acontece nos contratos de adesão. No estágio atual 
de reconhecimento da importância dos valores éticos, morais e sociais para 
o direito, o contrato deve conter em seu bojo a socialidade e eticidade de 
que nos fala o arquiteto do novo Código Civil Miguel Reale. 
Assim, como a função social integra a propriedade por força de 
comando constitucional (art. 5o, XXIII, e 170, III), o mesmo ocorre com 
o conceito de contrato, na medida em que a titularidade é adquirida 
por meio do trânsito dos interesses, reforçando a ideia “da ampla 
funcionalização social dos institutos que compõem o Direito Privado”, 
como faz ver Paulo Nalin.48 Em outro giro, decorrem dos artigos 112,113, 187 e 422 do Código Civil e dos artigos 4o e 51, IV, da Lei no 
8.078/90 que a boa-fé objetiva também merece compor o conceito do 
contrato na atualidade (Capítulo II, item 6). 
TÓPICO 2 — 
DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
138
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
Conceito contemporâneo denominado pelo autor de pós-moderno 
é o adotado pelo eminente professor Paulo Nalin49 quando diz que 
contrato é a “relação jurídica subjetiva, nucleada na solidariedade 
constitucional, destinada à produção de efeitos jurídicos existenciais 
e patrimoniais, não só entre os titulares subjetivos da relação, como 
também perante terceiros”. 
A nosso sentir, contrato é o negócio jurídico bilateral ou plurilateral de 
conteúdo patrimonial pelo qual as pessoas se obrigam com o objetivo 
de obterem segurança jurídica na aquisição de algum bem da vida ou a 
defenderem determinado interesse, observando a função social e econômica 
e preservando em todas as fases do pacto a probidade e a boa-fé. 
Sob a ótica de negócio jurídico de conteúdo patrimonial, segundo 
Messineo50 o contrato pode constituir, modificar ou extinguir uma relação 
jurídica. No primeiro caso, temos a maioria dos pactos, como a compra e 
venda, locação, doação, empréstimo, dentre outros. No segundo, temos 
a novação, cessão do crédito e do débito e, no último, a compensação 
convencional e a remissão ou perdão da dívida. (MELO, 2019, p. 15).
Portanto, os princípios gerais que norteiam os contratos, devem ser 
ressaltados nos contratos de prestação de serviços jurídicos. Pois, todos os 
contratantes baseiam a celebração do acordo entre as partes nos gênese de todas 
as relações contratuais. 
São princípios contratuais:
• Princípio da autonomia de vontade - que representa a liberdade das partes 
que abrange desde a escolha com quem contratar até as cláusulas que serão 
apostas no contrato.
• Princípio da força obrigatória do contrato - o contrato faz lei entre as partes, é a 
chamada pacta sunt servanda (pactuou tem que cumprir). São os mecanismos 
jurídicos de regulação do equilíbrio contratual, tornando exigível entre os 
contratantes.
• Princípio da relatividade - estabelece a subjetividade dos efeitos dos contratos, 
determinando que os contratos produzem efeitos, apenas, entre as partes.
• Princípio da função social do contrato - subordinação do contrato ao interesse 
social da coletividade. Expressamente previsto no artigo 421 do Código Civil:
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função 
social do contrato. 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão 
o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão 
contratual (BRASIL, 2002).
• Princípio da boa-fé objetiva - estabelece uma regra de comportamento de 
fundo ético e exigibilidade jurídica, funcionando como uma cláusula geral. 
Espera-se que a outra parte aja conforme o contrato, com lealdade contratual. 
Disciplinado no artigo 422 do Código Civil: “Art. 422. Os contratantes são 
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, 
os princípios de probidade e boa-fé” (BRASIL, 2002).
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
139
Portanto, o contrato de um profissional para prestação de serviços 
jurídicos não é um simples contrato celebrado entre duas pessoas, mas, sim, 
envolve e muito as características de pessoalidade que devem ser consideradas, 
como veremos a seguir.
2 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 
O contrato de Prestação de Serviços está disciplinado no Código Civil nos 
artigos 593 a 609. Esse contrato era denominado no Código Civil de 1916, como 
Locação de Serviços. É “o negócio jurídico por meio do qual uma das partes, 
chamada prestador, se obriga a realizar uma atividade em benefício de outra, 
denominada tomador, mediante remuneração” (GAGLIANO; PAMPLONA 
FILHO, 2010, p. 273).
2.1 CONCEITO DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
A definição desse contrato encontra-se no artigo 594 do Código Civil, 
como sendo “Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, 
pode ser contratada mediante retribuição” (BRASIL, 2002).
Conforme o art. 593 do Código Civil, as regras possuem caráter residual, 
aplicando-se somente às relações não regidas pela Consolidação das Leis 
Trabalhistas e pelo Código de Defesa do Consumidor. Assim, segundo as regras 
do Código Civil possuem maior interesse para prestadores de serviço de menor 
porte, vale dizer, pessoas físicas ou jurídicas, tais como profissionais liberais e 
trabalhadores autônomos. 
Na forma residual como trazida pelo Código Civil, a prestação de serviço 
é um contrato típico em virtude do qual uma das partes, denominada 
prestador de serviço, assume a obrigação de realizar alguma atividade 
de sua especialidade não revestida de perenidade e subordinação 
hierárquica, em favor do tomador do serviço que, em razão disso, se 
obriga a remunerá-lo mediante o pagamento de honorários. 
Para o professor Jorge Lages Salomo1 modernamente, “a prestação de 
serviços compreende toda atividade lícita de serviço especializado, realizado 
com liberdade técnica, sem subordinação e mediante certa retribuição”. 
A atual codificação civil apresenta uma expressão mais condizente 
com o cânone constitucional da dignidade da pessoa humana (art. 1°, 
III, CF) ao substituir a expressão locação de serviços (locatio coductio 
operarum) por prestação de serviço.
Para entender melhor os princípios contratuais, acesse o link a seguir: https://
cutt.ly/YaXtJih. 
DICAS
140
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
A nomenclatura do direito anterior sempre foi alvo de críticas, pois em 
primeiro lugar passava a odiosa impressão de que o homem podia ser 
objeto do direito e, em segundo lugar, causava perplexidade saber que 
por uma reminiscência não muito clara do direito antigo, o locador 
correspondia ao prestador e o locatário ao dono do serviço. Sobre essa 
questão, em tintas fortes, Teresa Ancona Lopez considera que “locação 
no mundo contemporâneo é somente de coisas e, dentro do respeito à 
dignidade do ser humano, não cabe mais, como na época do período 
antigo da humanidade, na qual a escravidão era um fato e as pessoas 
eram coisas, a denominação locação de serviços”.
 Arremata a ilustre professora paulista com a defesa do exercício da 
liberdade por qualquer pessoa que somente prestará os seus serviços se, 
quando e como quiser. A primeira providência que o Código Civil (art. 
593) toma ao apresentar a prestação de serviços por ele regulada é a de 
delimitar a matéria que é de sua competência, apontando, por exclusão 
que a prestação de serviço que não configure contrato de trabalho ou seja 
disciplinado por lei especial, encontrará a sua disciplina no direito civil, 
denotando a subsidiariedade de que se reveste esse regramento. 
O contrato de trabalho representa uma evolução da antiga locação 
de serviços, hoje humanizada com a nomenclatura mais apropriada 
de prestação de serviço. Desta forma, esse notável e relevantíssimo 
contrato configura igualmente uma prestação de serviço, fazendo-
se presente, contudo, alguns atributos que podem ser resumidos 
nos elementos da não eventualidade, subordinação e remuneração 
mediante salário como encontramos no artigo 3º da Consolidação 
das Leis do Trabalho quando reza que “considera-se empregado 
toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a 
empregador, sob a dependência deste e mediante salário”. 
Dessa forma, se a prestação de serviços vier acompanhada desses requisitos 
previstos no estatuto laboral, independentemente da nomenclatura usada 
pelos contratantes, estaremos diante de um contrato de trabalho submetido 
às leis protetivas especiais e ligados a um ramo específico do direito social 
com normas e princípios próprios e sedimentados como verdadeiras 
cláusulas pétreas na Constituição Federal (art. 7º). Para facilitar a análise, 
imaginemos o trabalho de uma faxineira que realize serviços esporádicosde faxina na casa de alguém a cada 15 dias. 
Nesse caso, a sua atividade se submeterá ao Código Civil, mas se esta 
mesma prestadora passar a desempenhar o seu trabalho de forma não 
eventual e sob a permanente subordinação do patrão a sua atividade 
profissional submeter-se-á às regras e princípios do direito do trabalho 
(MELO, 2019, p. 569).
Para Flávio Tartuce (2018b, p. 514), entende o contrato de prestação de 
serviços, como: 
O contrato de prestação de serviços (locatio operarum) pode ser 
conceituado como sendo o negócio jurídico pelo qual alguém – o 
prestador – compromete-se a realizar uma determinada atividade com 
conteúdo lícito, no interesse de outrem – o tomador –, mediante certa e 
determinada remuneração. 
Trata-se de um contrato bilateral, pela presença do sinalagma 
obrigacional, eis que as partes são credoras e devedoras entre si. 
O tomador é ao mesmo tempo credor do serviço e devedor da 
remuneração. 
O prestador é credor da remuneração e devedor do serviço. O contrato 
é oneroso, pois envolve sacrifício patrimonial de ambas as partes, 
estando presente uma remuneração denominada preço ou salário civil. 
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
141
Trata-se de contrato consensual, que tem aperfeiçoamento com a 
mera manifestação de vontade das partes. Constitui um contrato 
comutativo, pois o tomador e o prestador já sabem de antemão quais 
são as suas prestações, qual o objeto do negócio. 
Por fim, o contrato é informal ou não solene, não sendo exigida sequer 
forma escrita para sua formalização, muito menos escritura pública. O 
art. 593 do Código Civil de 2002 consagra a incidência da codificação 
somente em relação à prestação de serviço que não esteja sujeita às leis 
trabalhistas ou à lei especial. 
Desse modo, pelos exatos termos do que prevê a codificação privada, 
havendo elementos da relação de emprego regida pela lei especial, 
tais como a continuidade, a dependência e a subordinação, merecerão 
aplicação as normas trabalhistas, particularmente aquelas previstas na 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT – Decreto-lei 5.452/1943). 
Ademais, em havendo uma prestação de serviço caracterizada 
como relação de consumo, deverá ser aplicado o Código de Defesa 
do Consumidor, caso estejam presentes os requisitos constantes dos 
arts. 2.º e 3.º da Lei 8.078/1990. Aplica-se o CDC nos casos em que um 
prestador, profissional na atividade que desempenha, oferece um 
serviço a um destinatário final, denominado consumidor, mediante 
uma remuneração direta ou vantagens indiretas. 
Como é notório, o CDC abrange os serviços de natureza bancária, 
financeira, de crédito e securitária, desde que não tenham natureza 
trabalhista (art. 3.º, § 2.º, da Lei 8.078/1990). Na opinião deste autor, 
o art. 593 do CC não é totalmente excludente, no sentido de não se 
aplicar as normas previstas nesses estatutos jurídicos, de forma 
complementar. 
Em outras palavras, as regras do Código Civil podem ser perfeitamente 
aplicáveis à relação de emprego ou de consumo, desde que não entrem 
em conflito com as normas especiais e os princípios básicos dessas 
áreas específicas e, ainda, desde que não coloque o empregado ou o 
consumidor em situação desprivilegiada. A conclusão é a retirada da 
aplicação da festejada tese do diálogo das fontes aqui exaustivamente 
citada (Claudia Lima Marques e Erik Jayme). 
Nesse contexto, é possível aplicar, com sentido de complementaridade, 
o Código Civil e a Consolidação das Leis do Trabalho, ou o Código 
Civil e o Código de Defesa do Consumidor a uma determinada 
prestação de serviço. 
Ainda quanto à prestação de serviço, é forçoso reforçar que ela não é 
mais tratada pelo Código Civil como espécie de locação, pois a atual 
codificação distancia a prestação de serviços da locação de coisas, 
tratando-a após o contrato de empréstimo (comodato e mútuo). 
Essa alteração estrutural demonstra uma mudança de paradigma em 
relação ao anterior enquadramento da matéria, uma vez que a locação 
de serviços era apontada como espécie do gênero locatício. 
Então, deve ficar claro que apenas para fins didáticos é que se está 
tratando a prestação de serviço antes do contrato de empréstimo. 
Superada essa análise preliminar, parte-se ao estudo das regras 
específicas constantes no atual Código Civil.
Não podemos confundir o contrato de prestação de serviços, com outros 
que se assemelham. Portanto, o contrato de prestação de serviços não se confunde 
com o contrato empregatício. A diferença existente entre os dois é a subordinação 
jurídica existente no contrato de emprego, que não há no contrato de prestação 
de serviços.
142
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 90) destaca que “o aludido diploma cogita 
do contrato de prestação de serviço apenas enquanto civil no seu objeto e na disciplina, 
executado sem habitualidade, com autonomia técnica e sem subordinação”.
Cumpre, ainda, destacar que o contrato de prestação de serviços não se 
confunde contrato de empreitada. O que distingue a empreitada da prestação de 
serviços é o fato de que na empreitada, a finalidade é específica, vale dizer, a realização 
de uma obra ou a criação de um objeto novo como uma construção civil, uma 
criação artística, técnica ou artesanal. Em outras palavras, a empreitada vincula-se ao 
resultado, enquanto a prestação de serviços tem como finalidade a atividade em si.
2.2 OBJETO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
Para saber o objeto desse contrato, recomenda-se a leitura do artigo 594 do 
Código Civil, que dispõe: “toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material 
ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição” (BRASIL, 2002).
Qualquer atividade corpórea (material) ou incorpórea (imaterial) que 
seja lícita pode ser contratada de forma eventual, remunerada e sem 
subordinação, o que não afasta o reconhecimento de que o tomador 
do serviço não raro indique ao prestador a forma como quer que seja 
realizada a atividade. 
A confecção da pintura de um prédio, o reparo do sistema elétrico de 
uma casa, a limpeza de um terreno, a lavagem de um carro, dentre 
outras atividades manuais podem ser consideradas como exemplos 
de serviços materiais. 
Como exemplo de atividades imateriais podem ser citados a consultoria 
jurídica, contábil, financeira e, até mesmo, o serviço de informações 
pessoais de alguém para o caso da concessão de um empréstimo ou da 
celebração de um contrato de locação residencial. 
Se a atividade contratada for ilícita, impossível, indeterminável ou até 
mesmo se o motivo que anima os contratantes for ilícito estaremos 
diante de um contrato nulo, ex vi do art. 166, II e III do Código Civil 
(MELO, 2019, p. 571).
É, em regra, uma atividade certa e determinada, mas é possível estabelecer 
um contrato de prestação de serviços sem uma determinação específica. Neste 
sentido, o artigo 601 estabelece “Não sendo o prestador de serviço contratado 
para certo e determinado trabalho, entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer 
serviço compatível com suas forças e condições” (BRASIL, 2002).
2.3 NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO 
DE SERVIÇOS
A natureza jurídica verifica a origem de determinado instituo para o 
mundo jurídico. Assim, quando estudamos a natureza jurídica do contrato de 
prestação de serviços, estamos examinando como ele surgiu e passou a estabelecer 
regras entre as partes. 
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
143
A prestação de serviços é contrato: 
• bilateral ou sinalagmático - é uma espécie de contrato que cria obrigação 
para ambas as partes. Tanto o contratante, quanto o contratado assumem 
deveres com a sua celebração;
• oneroso - ambos os contratantes têm perdas na celebração do contrato. 
O contratante deve pagar pela prestação de serviço e o contratado deverá 
prestar o serviço de forma adequada;
• consensual - pois a simples manifestação de vontade entre as partes considera 
o contrato celebrado; 
• não solene - pois a lei não estabeleceforma para sua celebração, ficando a 
critério das partes;
• típico ou nominado - porque existe previsão expressa na lei sobre sua 
existência, estabelecendo regras para sua interpretação;
• paritário ou de adesão - paritário quando os contratantes, conjuntamente, 
elaboram suas cláusulas. Mas, também, pode ser de adesão, quando apenas 
um deles estabelece as cláusulas e a outra parte apenas concorda; 
• personalíssimo, em regra - tem caráter de pessoalidade, em regra a celebração 
do contrato do prestador de serviço considera a pessoa e não apenas o serviço 
que será prestado. 
2.4 DURAÇÃO E POSSIBILIDADE DE RESILIÇÃO UNILATERAL 
DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
De acordo com o artigo 598 do Código Civil, a duração do contrato de 
prestação de serviços é limitada a, no máximo, quatro anos. A doutrina explica 
que esse limite existe para se evitarem prestações de serviço por tempo muito 
longo, vinculando-se o prestador de forma vitalícia. Assim, aplica-se o brocardo 
latino: nemo potest locare opus in perpetuum.
A doutrina diverge quanto à possibilidade de renovação do contrato de 
prestação de serviços, findo o prazo de 4 anos previsto no artigo 598 do Código 
Civil. Carlos Roberto Gonçalves (2014. p. 90) sustenta que: “Nada obsta a que, 
findo o quatriênio, novo contrato seja ajustado entre as partes pelo mesmo prazo. 
Não será nula a avença celebrada por prazo superior a quatro anos, podendo o 
juiz, neste caso, reduzir o excesso ao tempo máximo permitido na lei”. 
Cristiano Chaves de Farias e outros autores (2014, p. 439), defendem 
que “não há possibilidade de renovação e, se existirem outras renovações, todas 
somadas não podem ultrapassar o limite de quatro anos”.
Em relação à possibilidade de o contrato de prestação de serviço fixar 
um prazo superior a quatro anos, a doutrina e a jurisprudência entendem que 
se aplica o princípio da conservação dos contratos, devendo-se desconsiderar o 
144
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
excesso. Flávio Tartuce (2018b, p. 701) não concorda com esse entendimento e 
defende que “o artigo 598 é norma de ordem pública e não pode ser contrariado 
por convenção entre as partes”.
O artigo 599 do Código Civil cuida da possibilidade de resilição 
unilateral do contrato, embora disponha sobre “resolução”. Trata-se de um lapso 
técnico, porque a resolução é forma de extinção do contrato em razão do seu 
descumprimento, enquanto o dispositivo legal cuida de um direito potestativo 
que a parte possui em relação à extinção, conforme o artigo 473 do Código Civil. 
Assim, o parágrafo único do artigo 599 do Código Civil dispõe sobre prazos a 
resilição unilateral ou denúncia vazia, o que ele denomina aviso prévio. 
Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da 
natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a 
seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso:
I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por 
tempo de um mês, ou mais;
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por 
semana, ou quinzena;
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias 
(BRASIL, 2002).
A razão de ter esses prazos de prévio aviso é o dever de informar a outra 
parte, consectário do princípio da boa-fé objetiva nas relações contratuais. Esses 
prazos são aplicados tanto para o prestador de serviços, quanto para o tomador 
tendo em vista o equilíbrio do contrato. Caso uma das partes desrespeite esse 
aviso prévio, a outra poderá pleitear perdas e danos.
O artigo 602 do Código Civil, veda a denúncia imotivada no contrato 
por tempo certo ou por obra determinada. Caso o prestador realize a denúncia 
imotivada, terá direito a retribuição vencida, porém responderá por perdas e 
danos. Nesse sentido, leia-se:
Art. 602. O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por 
obra determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, 
antes de preenchido o tempo, ou concluída a obra.
Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à 
retribuição vencida, mas responderá por perdas e danos. O mesmo 
dar-se-á, se despedido por justa causa (BRASIL, 2002).
2.5 EXTINÇÃO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE 
SERVIÇOS
O art. 607 do Código Civil dispõe ocorrer o término do contrato de 
prestação de serviço nos seguintes casos:
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
145
a) com a morte de qualquer das partes;
b) pelo escoamento do prazo;
c) pela conclusão da obra;
d) pela rescisão do contrato mediante aviso prévio;
e) por inadimplemento de qualquer das partes;
f) pela impossibilidade de sua continuação, motivada por força maior.
Em relação à primeira causa de extinção, observa-se o caráter personalíssimo 
ou “intuitu personae” do contrato, não sendo suscetível de transmissão com a morte. 
2.6 NOTAS SOBRE A INTERPRETAÇÃO DOS ARTIGOS 608 
E 609 DO CÓDIGO CIVIL
Dois artigos pouco explorados pela doutrina de redação não muito clara, 
merecem nossa atenção. 
Comecemos pelo artigo 608 do Código Civil que dispõe: “Aquele que 
aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a 
este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de 
caber durante dois anos” (BRASIL, 2002). 
Esse artigo cuida da hipótese em que determinada pessoa atrai ou recruta 
outras pessoas, já comprometidas por um contrato escrito, para a realização de serviços 
a ela, afastando os prestadores de serviço da função contratada originalmente.
Percebe-se que esse artigo tem como finalidade evitar e punir, prefixando 
o valor das perdas e danos, a concorrência desleal. Essa prática também é punida 
no artigo 207 do Código Penal e caracteriza no artigo 195, IV da Lei 9.279/98 (Lei 
da Propriedade Industrial) crime de concorrência desleal.
O artigo 608 atinge terceiro que não é parte no contrato, mostrando 
claramente a atenuação da relatividade dos contratos e a aplicação do princípio 
da função social dos contratos.
Dificuldade há na doutrina de exemplificar essa relação, haja vista que a maior 
parte das hipóteses legais não configurará contrato de prestação de serviços, mas sim 
contrato de emprego. Um exemplo que demonstra essa dificuldade é encontrado na 
obra de Tepedino, Barbosa e Moraes (2006, p. 340), que oferecem como exemplo o “do 
chef de cozinha que é levado pelo concorrente para trabalhar em seu estabelecimento”. 
Ora, o contrato do chefe de cozinha, pela subordinação jurídica que exige, não pode 
ser tido como contrato de prestação de serviços, mas sim, como de emprego. 
É interessante observar que essa norma tinha correspondente no Código 
Civil de 1916, no artigo 1.235, com mais utilidade prática à época em que as 
relações de trabalho ainda eram regidas pela antiga locação de serviços, que hoje 
se denomina prestação de serviços.
146
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 339) sustenta que esse dispositivo se 
restringe aos casos em que a prestação de serviços anterior é contratada com caráter de 
exclusividade, como ocorre com técnicos de alta especialização, não se aplicando àqueles 
em que a atividade do trabalhador consiste precipuamente em atender vários clientes.
Sílvio Venosa (2003, p. 192) defende a mesma ideia e oferece um exemplo 
interessante: “imagine-se a situação do técnico de alta especialização, que se 
vincula com exclusividade para a manutenção de um equipamento perante o 
dono do serviço. O aliciamento por terceiro, concorrente no mesmo mercado, 
nesse caso, gerará o dever de indenizar”.
Analisemos, agora, o artigo 609 do Código Civil que dispõe: “A alienação 
do prédio agrícola, em que se opera a prestação dos serviços, não importa a 
rescisão do contrato, salvo ao prestador opção entre continuá-lo com o adquirente 
da propriedade ou com o primitivo contratante” (BRASIL, 2002).
Conforme Tepedino e outros, “o prestador de serviço agrícola tema 
possibilidade de permanência no prédio a fim de terminar o contrato, não obstante 
haver o mesmo passado a outro dono. É a este que o CC impõe a obrigação de aceitar 
o prestador de serviços se não preferir ele continuar o contrato com o locatário 
antigo, do serviço anterior” (TEPEDINO; BARBOSA; MORAES 2006, p. 340).
Assim, verifica-se o caráter protetivo dessa norma, criando um direito 
potestativo para o prestador de serviços, que pode prestando serviços para o 
adquirente da propriedade até o fim do seu contrato. Caso o adquirente não queira 
cumprir o contrato, deverá indenizar o prestador de serviços por inadimplemento 
do contrato. 
2.7 O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS JURÍDICOS
Percebemos, que o cliente e o profissional de serviços jurídicos celebram 
um contrato de prestação de serviços. Dessa forma devem seguir as regras 
estabelecidas na lei civil, como vimos anteriormente. Mas, o principal aspecto a 
ser analisado é a peculiaridade do serviço a ser prestado.
 
Em primeira análise devemos perceber que esse contrato envolve sempre 
um caráter personalíssimo, como vimos anteriormente, é celebrado quando 
o profissional de serviços jurídicos consegue transmitir ao cliente a segurança 
necessária, para que confie em sua representação na defesa de seus interesses.
Outro ponto interessante a ser observado diz respeito à resilição contratual. 
Pois como é um contrato cuja base principal é a confiança, se algum momento for 
quebrado é facultado a qualquer das partes requerer a sua extinção. Permitindo que 
o cliente e o profissional de serviços jurídicos renunciem a continuidade daquele 
contrato quando não se sentirem seguros quanto a prestação adequada do serviço. 
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
147
Cumpre ainda ressaltar que o contrato de prestação de serviços jurídicos 
fixa os honorários que serão devidos ao profissional e este serve como título 
executivo extrajudicial, nos termos do artigo 784 do Código de Processo Civil:
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
[...]
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei 
atribuir força executiva (BRASIL, 2015).
Combinado esse dispositivo com artigo 24 da Lei nº 8.906/94, o Estatuto 
da Advocacia e da Ordem dos advogados do Brasil que tem a seguinte redação:
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato 
escrito que os estipular são títulos executivos e constituem crédito 
privilegiado na falência, concordata, concurso de credores, insolvência 
civil e liquidação extrajudicial.
§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos 
da ação em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.
§ 2º Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os 
honorários de sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são 
recebidos por seus sucessores ou representantes legais.
§ 3º (vetado)
§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo 
aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os 
convencionados, quer os concedidos por sentença (BRASIL, 1994a).
 
Assim, se no contrato de prestação de serviço estiver delimitada a prestação 
de serviço a ser feita, o valor a ser pago por tal prestação e o prazo de pagamento, 
este torna-se um título executivo extrajudicial e permite que os honorários sejam 
cobrados diretamente nos autos do processo em que atuou. 
3 O CONTRATO DE MANDATO
Conforme o artigo 653 do Código Civil, “opera-se o mandato quando 
alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar 
interesses” (BRASIL, 2002).
3.1 MANDATO E PROCURAÇÃO
Conforme o artigo 653, última parte: “a procuração é o instrumento do 
mandato” (BRASIL, 2002).
A procuração, no sentido do artigo 653 do Código Civil, é o documento ou 
título, público ou particular, por meio do qual o mandante estabelece os poderes 
outorgados ao mandatário, de forma que este possa praticar atos e administrar 
negócios em seu interesse.
148
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
3.2 PARTES DO CONTRATO DE MANDATO
O contrato de mandato se constitui entre o mandante (que confere os 
poderes e é representado) e o mandatário (que representa o outro).
Os atos do mandatário vinculam o mandante, se forem praticados dentro 
dos poderes conferidos. Os atos praticados além do mandato só produzem efeito 
contra o mandante, se ele os ratificar (art. 665).
Em relação à capacidade das partes, existem regras especiais que devem 
ser observadas. Com efeito, estabelece o artigo 654 do Código Civil que todas “as 
pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, 
que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante” (BRASIL, 2002).
Como se pode notar, é imprescindível que o mandante seja plenamente 
capaz para outorgar mandato. Isso não se exige do mandatário, pois conforme 
se extrai do artigo 666 do Código Civil, o relativamente incapaz também pode 
assumir a posição de mandatário, mas, neste caso, o mandante assume o risco da 
contratação do mandatário. Um exemplo corriqueiro: pai confere ao filho de 16 
anos poderes para representá-lo na reunião de condomínio.
 
Caso o mandatário menor não realizar a representação a contento, o risco 
será unicamente do mandante. 
3.3 SEMELHANÇAS E DISTINÇÕES ENTRE O CONTRATO DE 
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E O CONTRATO DE MANDATO
Os profissionais liberais são, em geral, prestadores de serviços, mas o 
advogado é, ao mesmo tempo, mandatário e prestador de serviços. 
Todavia, esses contratos se distinguem porque a ideia de representação só 
existe no contrato de prestação de serviços. O objeto desses dois contratos também 
não se confunde. Enquanto a prestação de serviços tem como objeto realizar fato 
ou determinado trabalho, material ou imaterial; o mandato tem como objeto a 
autorização para realizar qualquer ato ou negócio jurídico. 
Espécies de representantes:
• Legais: a lei confere ao mandatário poder para administrar bens. É o que 
acontece com o mandato conferido aos pais, tutores e curadores.
• Judiciais: o juiz nomeia o mandatário como é o caso do inventariante e do 
síndico na falência.
• Convencionais: recebem procuração para agir em nome do mandante.
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
149
Alguns atos jurídicos personalíssimos não podem ser praticados por meio 
de representante. É o caso do testamento, a realização de concurso público, o 
serviço militar, o mandato eletivo, o exercício do poder familiar etc.
3.4 CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE MANDATO
O contrato de mandato é:
 
• É contrato personalíssimo ou “intuito personae” - o mandato tem como base a 
confiança das partes. É pode este motivo que o contrato pode ser renunciado ou 
revogado caso a confiança seja abalada (resilição unilateral), e se extingue com a 
morte de qualquer das partes. É um contrato que, em regra, pode ser revogado. 
As exceções estão no artigo 683 a 686, parágrafo único do Código Civil.
• É contrato consensual - necessita apenas no consenso das partes para se 
aperfeiçoar.
• É um contrato não solene - admite a forma tácita ou verbal, conforme o artigo 
656 do Código Civil. Excepcionalmente, pode ser solene, como é o caso do 
casamento por procuração, que exige instrumento público, com poderes 
especiais (art. 1.542, CC).
• É contrato gratuito, em regra - conforme o artigo 658 do Código Civil, “o 
mandato presume-se gratuito, quando não houver sido estipulada retribuição, 
exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por 
ofício ou profissão lucrativa” (BRASIL, 2002). O mandato confiado a advogado, 
corretor e despachante presume-se oneroso. Caso não haja previsão sobre a 
remuneração a ser paga nos casos em que o contrato é oneroso, esta será paga 
conforme os usos do lugar; ou por arbitramento judicial (artigo 658, parágrafo 
único, Código Civil). 
• É unilateral - em regra, pois somente gera obrigações para o mandatário. 
Porém, se houver previsão de remuneraçãoserá bilateral e oneroso.
3.5 FORMA DO MANDATO
Conforme o artigo 656 do Código Civil, o mandato pode ser expresso ou 
tácito, verbal ou por escrito.
Em relação ao mandato expresso verbal pode existir a dificuldade de 
prová-lo. É possível demonstrá-lo por todos os meios admitidos em direito, tal 
como a prova testemunhal.
A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução. 
A jurisprudência trabalhista aceita o mandato tácito, considerando mandatário o 
advogado que comparece a juízo, acompanhando a parte em audiência, mesmo 
sem procuração, nos moldes da Súmula 164 do TST.
150
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
Outra observação que deve ser feita em relação à forma é a de que a 
liberdade de forma no contrato de mandato é regra, mas a excepcionalmente a 
forma será a exigida pela lei, quando o ato que tiver que ser praticado tiver de ser 
celebrado por escrito, conforme o art. 657 do Código Civil. Um exemplo é o caso 
de mandato para venda de um apartamento, que exige escritura pública.
3.6 O SUBSTABELECIMENTO
O substabelecimento é a cessão da posição contratual de mandatário. Por 
meio do substabelecimento, o mandatário (substabelecente) transfere a outra 
pessoa (substabelecido ou submandatário) os seus poderes de representante 
convencional do mandante. O substabelecimento substitui o mandatário, 
temporária ou definitivamente.
Em outras palavras, o substabelecimento é uma transferência de poderes. É 
uma verdadeira relação negocial derivada. O substabelecimento pode ser com ou sem 
reservas de poderes para o mandatário original, vale dizer, o mandatário original poderá 
ou não resguardar-se os poderes inicialmente estabelecidos. No substabelecimento 
sem reserva, a cessão dos poderes é integral e o mandatário desvincula-se do contrato, 
que passa à responsabilidade exclusiva do substabelecido.
Segundo sustenta Pablo Stoze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2010), 
o substabelecimento é direito subjetivo do mandatário, que apenas pode ser 
subtraído por previsão legal específica ou cláusula contratual impeditiva expressa.
A responsabilidade pelos danos eventualmente causados pelo 
substabelecido é tratada no artigo 667 do Código Civil. 
Em relação à forma do mandato, aplica-se o artigo 655 do Código Civil, 
que dispõe: “Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode 
substabelecer-se por instrumento particular” (BRASIL, 2002). Necessário observar o 
Enunciado 182 da III Jornada de Direito Civil do CJF sobre a interpretação deste artigo: 
“Art. 655: O mandato outorgado por instrumento público previsto no artigo 655 do 
Código Civil somente admite substabelecimento por instrumento particular quando a 
forma pública for facultativa e não integrar a substância do ato” (CJF, 2020, s.p.).
Se A constitui B por instrumento público, como seu procurador para 
vender determinado bem móvel, é possível que A substabeleça o mandato a C, 
por instrumento particular. Este substabelecimento é válido.
3.7 ESPÉCIES DE MANDATO
Conforme o artigo 656 do Código Civil, o mandato pode ser “expresso ou 
tácito, verbal ou escrito” (BRASIL, 2002).
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
151
• O mandato tácito apenas se admite nos casos em que a lei não exige mandato 
expresso. A aceitação do encargo, neste caso, ocorre por atos que a presumem. 
É o que acontece quando ocorre começo de execução. São exemplos de 
mandato tácito: 
 a) artigo 1.643, I e II do Código Civil: autorização dos cônjuges, 
independentemente da autorização do outro, a “comprar, ainda a crédito, 
as coisas necessárias à economia doméstica” e a “obter, por empréstimo, as 
quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir” (BRASIL, 2002);
 b) artigo 1.324 do Código Civil: presume representante comum o condômino 
que administrar sem oposição dos outros; 
 c) art. 1652, II do Código Civil: responsabiliza o cônjuge que estiver na posse 
dos bens particulares do outro “como procurador, se tiver mandato expresso 
ou tácito para os administrar” (BRASIL, 2002).
• O mandato verbal só pode ocorrer nos casos em que a lei não exige o mandato 
escrito e pode ser comprovado por testemunhas ou outros meios de prova 
admitidos em direito.
• O mandato escrito é o mais comum e pode ser outorgado por meio particular 
ou instrumento público.
 
Quanto à finalidade, o mandato pode ser judicial ou extrajudicial. O artigo 692 
do Código Civil cuida do mandato judicial. Esse é o mandato que habilita o advogado 
a agir em juízo. Já o mandato extrajudicial é aquele que não se destina à atividade 
postulatória, mas sim, à prática e administração de negócios em geral. A procuração 
do mandato judicial denomina-se “ad judicia”; enquanto a procuração do mandato 
extrajudicial denomina-se “ad negotia”.
Os artigos 686 e 689 são exemplos de mandato aparente. “Caracteriza-se o 
mandato aparente quando terceiro de boa-fé contrata com alguém que tem toda a 
aparência de ser representante de outrem, mas na verdade não é” (GONÇALVES, 
2018, p. 471). Nesse caso, protege-se a boa-fé desse terceiro e o suposto mandante fica 
vinculado ao contrato. Exemplos de Caio Mário (2016, p. 411 apud GONÇALVES, 2017, 
p. 471): “ter assinado em branco o instrumento, ou havê-lo redigido obscuramente, ou 
ainda ter revogado o mandato sem comunicá-lo a terceiro etc.”.
Quando outorgados a mais de uma pessoa, os mandatos podem ser conjuntos 
(todos os mandatários atuam conjuntamente, e se atuarem em separado, o ato será 
inválido, a não ser que seja ratificado pelos que não participaram posteriormente), 
fragmentários ou fracionários (os mandatários são designados e atuam em atos 
diferentes), sucessivos (os mandatários atuam em atos distintos, que se sucedem 
no tempo), ou solidários (qualquer um dos mandatários pode praticar todos os 
atos designados, independentemente da participação dos demais comandatários). 
Recomenda-se a leitura do artigo 672 do Código Civil.
Presume-se que o mandato outorgado a mais de uma pessoa é solidário, 
podendo qualquer delas atuar e substabelecer separadamente. Para que os mandatários 
sejam considerados conjuntos, ou especificamente designados para atos diferentes, 
deverá necessariamente que constar da procuração.
152
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
Quanto à extensão dos poderes conferidos, o mandato pode ser:
• especial a um ou mais negócios determinadamente. Exemplo: compra de um 
determinado imóvel;
• geral a todos os negócios do mandante (art. 660, CC).
O mandato em termos gerais não se confunde com os anteriores. O 
mandato em termos gerais confere ao mandatário o poder de praticar todos os 
atos necessários à defesa dos interesses do mandante. Mas, segundo o art. 661 do 
Código Civil, só confere poderes de administração. Assim, para atribuir poderes 
que ultrapassam a administração ordinária (alienar, hipotecar, transigir), depende 
a procuração de poderes especiais e expressos (art. 661, § 1º CC). 
O mandato com poderes especiais só autoriza a prática de um ou mais 
negócios especificados na procuração. 
A administração ordinária compreende atos de simples gerência, como o 
pagamento de impostos, a contratação e a demissão de empregados, a realização 
de pequenos consertos etc.
3.8 ACEITAÇÃO DO MANDATO E A RATIFICAÇÃO DO 
MANDATO
A aceitação do mandatário não figura da procuração. Em regra, é um 
acordo verbal. Verifica-se quando o mandatário dá início à execução. O silêncio 
do mandatário e a não devolução imediata da procuração são sinais de aceitação. 
Já se o mandatário exceder os limites e o tempo do mandato, será 
necessária a ratificação. Se isso ocorrer, os atos que excederem o mandato serão 
considerados ineficazes em relação ao mandante, a não ser que ele os ratifique. É 
o que dispõe o artigo 662 do Código Civil.
A ratificação pode ser expressa ou tácita. Esta última é a que resulta de ato 
inequívoco que demonstre a vontade do mandante cumprir o negócio realizado em 
seu nome pelo mandatário. Exemplo:o locador recebe aluguéis de imóvel alugado 
por mandatário com excesso de poderes, o que ratifica o contrato de locação.
3.9 OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO
O mandatário possui obrigações de fazer, executando o mandato com 
zelo e diligência, prestando contas ao final do mandato.
Em outras palavras, o mandatário possui o dever de:
TÓPICO 2 — DA SEGURANÇA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
153
• Agir em nome o mandante, dentro dos poderes conferidos na procuração. 
Caso exceda esses poderes, ele será tratado como mero gestor de negócios 
(art. 665 e 662, CC).
• Aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato e indenizar o 
prejuízo decorrente de sua culpa ou do substabelecido (art. 667, CC).
O mandatário que não age com diligência habitual atua com culpa. A 
culpa se presume quando não há um bom desempenho do mandato, cabendo 
ao mandante comprovar esse fato em juízo. Em relação à responsabilidade do 
mandatário no que diz respeito aos atos praticados pelo substabelecido, o Código 
Civil elenca quatro situações, a saber:
• art.667, § 2º: “havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao 
mandatário os danos causados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa 
na escolha deste ou nas instruções dadas a ele” (BRASIL, 2002). Cuida-se da 
chamada culpa “in eligendo”, que se caracteriza pela má escolha do substituto, 
como a que recai sobre pessoa notoriamente desonesta ou incapaz.
• art. 667, caput: substabelecimento realizado sem autorização, caso em que o 
substabelecente responderá pelos prejuízos que o mandante sofrer, por culpa 
sua ou daquele a quem substabelecer. Trata-se de um grau de responsabilidade 
maior do mandatário original, porque sua obrigação era intuitu personae. 
• art. 667, § 1º: caso exista proibição do substabelecimento pelo mandante, o 
mandatário que não a cumprir, responde perante o mandante pelos prejuízos 
ocorridos sob a gerência do substituto, derivados de culpa deste, e inclusive 
pelos decorrentes do fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo, 
ainda que não tivesse havido substabelecimento.
• art. 667, § 4º: no caso de omissão da procuração em relação ao substabelecimento, 
o procurador será responsável se o substabelecido proceder culposamente. 
Caso não haja previsão expressa em relação a possibilidade de 
substabelecer, é possível fazer o substabelecimento. Porém, o mandatário assume 
a responsabilidade pela sua escolha.
• Prestar contas de sua administração ao mandante, transferindo-lhe as 
vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja (art. 668, 
CC). A obrigação de prestar contas se transmite aos herdeiros do mandatário, 
embora o exercício do mandato não se transmita.
• Apresentar o instrumento do mandato à todas as pessoas, com quem tratar 
em nome do mandante (art. 673 e 663, CC). O mandatário tem obrigação de 
agir em nome do mandante. Se o mandatário age em seu próprio nome, não 
fica o mandante vinculado à obrigação.
• Concluir o negócio já começado, “embora ciente da morte, interdição ou 
mudança de estado do mandante, se houver perigo da demora” (art. 674, CC).
154
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
Elementos do Contrato
Marcelo Santos Baia
O contrato é um tipo de negócio jurídico que pode ser do tipo bilateral ou plurilateral, em 
que as partes envolvidas registram as suas vontades de forma harmônica e estabelecem 
os meios para que estas sejam por fim alcançadas, as cláusulas ou artigos que devem ser 
redigidos tendo como fundamentação a legislação local.
Por meio do contrato o interesse das partes, que pode ser bilateral ou mesmo plurilateral, 
é regulamentada através dos artigos e cláusulas acordadas entre as partes e, após de 
devidamente assinado, o contrato deve então ser cumprido em sua totalidade, caso 
contrário, a parte que por ventura vier de alguma forma causar dano pode sofrer alguns 
tipos de sanções.
Para que um contrato seja realizado é preciso que seja percebido que o documento 
foi redigido tendo alguns princípios, como a boa-fé de todos os sujeitos envolvidos no 
negócio jurídico, caso contrário pode se identificar no teor do contrato vícios ou mesmo 
erros que o invalide.
Além disso, é preciso que o contrato tenha em seu teor, expresso de forma clara, as vontades 
de ambas as partes, sendo deste modo a vontade um componente imprescindível para que 
um contrato seja considerado como válido. A vontade, mencionada, deve ser expressa de 
forma livre, ou seja, sem qualquer tipo de coação.
Este artigo tem por objetivo apresentar o conceito de partes integrantes dos contratos, 
como a vontade, a ausência de vontade, os vícios da vontade, assim como a manifestação 
de vontade e a divergência entre vontade e a declaração. Por fim abordará como ocorre a 
formação do contrato.
Para isso optou-se como metodologia de pesquisa a revisão de literatura obtiva em livros, 
dissertações e artigos científicos publicados gratuitamente on-line e disponibilizados em 
língua portuguesa. 
[...]
 
Acadêmico, para a leitura completa deste artigo, acesse o link a seguir: https://cutt.ly/
haXcX5S.
FONTE: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/elementos-do-contrato/>. 
Acesso em: 8 jul. 2020.
INTERESSA
NTE
155
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• As relações de prestação de serviços jurídicos exigem que os clientes se sintam 
seguros para celebração de um contrato.
• O contrato de prestação de serviços vincula o profissional de serviços jurídicos 
e o cliente e cria para o primeiro a obrigação de representar o outro na defesa 
dos seus e direitos e para o segundo a obrigação de pagar os honorários, 
conforme estabelecido no contrato.
• O contrato de prestação de serviços jurídicos tem um caráter de pessoalidade 
e é baseado em confiança.
• O contrato de prestação de serviços poderá ser resilido unilateralmente, 
sempre, não haja mais confiança entre os contratantes.
• É possível utilizar o contrato de prestação de serviços, no qual exista a 
delimitação do serviço, o valor da remuneração e o prazo de pagamento, 
como título executivo extrajudicial para cobrança de honorários.
• A representação do cliente se opera através do contrato de mandato.
• A procuração é documento ou título, público ou particular, por meio do qual 
o mandante estabelece os poderes outorgados ao mandatário.
• Profissionais liberais são, em geral, prestadores de serviços, mas o advogado 
é, ao mesmo tempo, mandatário e prestador de serviços.
• Certos atos jurídicos personalíssimos não podem ser praticados por meio de 
representante.
• O substabelecimento é a cessão da posição contratual de mandatário.
• O mandato judicial é o que habilita o advogado a agir em juízo.
• O mandato extrajudicial é aquele que não se destina à atividade postulatória, 
mas sim à prática e administração de negócios em geral.
156
1 (CESPE/CEBRASPE, 2006, TCE-CE) No que concerne ao contrato de 
mandato, de acordo com o Código Civil, é CORRETO afirmar:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/376ed45c-5a>. 
Acesso em: 8 jul. 2020
a) ( ) O mandatário que exceder os poderes do mandato será considerado mero 
gestor de negócios, enquanto o mandante não ratificar os atos.
b) ( ) Se o mandato for outorgado por instrumento público não poderá 
substabelecer-se por instrumento particular.
c) ( ) Para recebimento do que for devido em decorrência do mandato o 
mandatário não poderá reter o objeto da operação que lhe for cometida.
d) ( ) O maior de 16 anos e menor de 18 anos, desde que emancipado, poderá 
ser mandatário, mas o mandante, em regra, não terá ação contra ele.
e) ( ) Se o mandatário tiver ciência da morte ou interdição do mandante não 
deverá concluir o negócio já iniciado, inclusive em caso de perigo na 
demora.
2 (FGV, 2020, TJ-RS) Vitor foi contratado para representar o senhor Gervásio 
na realização de determinados atos jurídicos que lhe reverteriam benefício 
patrimonial. No curso da atuação, entretanto, Vitor toma ciência deque 
Gervásio veio a falecer. Diante disso, o mandato:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/916a397b-56>. 
Acesso em: 8 jul. 2020.
a) ( ) se extingue, e Vitor não deve mais atuar;
b) ( ) se extingue, mas Vitor deve concluir os atos já começados, se houver 
perigo na demora;
c) ( ) se mantém até a abertura de inventário, e Vitor deve continuar atuando;
d) ( ) se mantém, mas os atos de Vitor deverão ser ratificados pelo inventariante;
e) ( ) se mantém até que Vitor termine todos os atos de que foi incumbido, 
não podendo o inventariante revogar seus poderes.
3 (CESPE/CEBRASPE, 2019, TJ-PA) Diogo contratou Pedroza para a prestação 
de serviços de advocacia. No decurso da execução do contrato, com diversas 
atividades já realizadas por Pedroza, Diogo tomou conhecimento de que ele 
não era advogado e não possuía, portanto, licença para exercer a referida 
profissão. Diante dessa situação hipotética, assinale a opção CORRETA, 
nos termos do Código Civil:
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/c171ae64-34>. 
Acesso em: 8 jul. 2020.
AUTOATIVIDADE
157
a) ( ) Pedroza terá direito a receber a contraprestação financeira pela prestação 
de serviço já realizada, de forma equiparada a um advogado, desde 
que seja comprovado que as atividades foram cumpridas de maneira 
escorreita e que ele desconhecia a necessidade de especial habilitação 
para exercer serviços de advocacia.
b) ( ) Pedroza terá direito a receber a contraprestação financeira pela 
prestação de serviço já realizada, de forma equiparada a um advogado, 
desde que seja comprovado que as atividades foram cumpridas de 
maneira escorreita, sendo irrelevante, no que se refere ao direito à 
contraprestação, o fato de ele desconhecer a necessidade de especial 
habilitação para exercer serviços de advocacia.
c) ( ) Pedroza terá direito a receber uma compensação financeira pela 
prestação de serviço já realizada, mas não de forma equiparada a um 
advogado, se comprovar que as atividades foram cumpridas de maneira 
escorreita e que desconhecia a necessidade de especial habilitação para 
exercer serviços de advocacia.
d) ( ) Pedroza terá direito a receber uma compensação financeira pela 
prestação de serviço já realizada, mas não de forma equiparada a um 
advogado, se comprovar que as atividades foram cumpridas de maneira 
escorreita, sendo irrelevante, para fins de direito à compensação, o fato 
de ele desconhecer a necessidade de especial habilitação para exercer 
serviços de advocacia.
e) ( ) Pedroza não terá direito a receber contraprestação ou compensação 
financeira pela prestação do serviço de advocacia, independentemente 
de as atividades terem sido cumpridas de maneira escorreita e de ele ter 
conhecimento da necessidade de especial habilitação para o exercício de 
serviços de advocacia.
158
159
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A tecnologia é uma realidade mundial em todos os ramos e a prestação 
de serviços jurídicos, não poderia ficar a par dessa “revolução”, que, apesar de 
proporcionar muitas facilidades para o prestador de serviços, pode trazer muita 
insegurança quanto às informações.
Os processos eletrônicos são uma realidade no nosso pais e a cada dia 
estão mais presentes no judiciário brasileiro. Esses processos são efetivação do 
princípio da celeridade processual. Entretanto, é fundamental, que exista uma 
garantia de segurança nos processos, que é baseada em certificações com regras, 
extremamente rígidas.
Os dados dos clientes devem ser arquivados de forma segura, em 
conformidade com LPD (Lei de Proteção de Dados), garantindo a prestação de 
serviço de forma confiável. Assim, precisamos analisar o impacto da informatização 
na prestação de serviços jurídicos, para que seja feita de forma segura e satisfatória. 
Sempre garantindo ao cliente o valioso e festejado acesso à justiça.
2 OS PROCESSOS ELETRÔNICOS 
O processo judicial eletrônico é uma realidade no Brasil desde 2011. A 
cada dia que passa é mais ampliada a sua utilização e quase todo o território 
nacional e nos diversos tribunais. O Poder Judiciário, foi diretamente atingido, na 
esperança de que o meio eletrônico possa fornecer instrumentos que agilizem a 
tramitação dos inúmeros processos que existem em todo o País.
Entretanto, é fundamental que a confiabilidade seja garantida, para que 
exista segurança no exercício da jurisdição estatal, no exercício da atividade 
Estado/Juiz. Esse sistema tecnológico de automação permite que alguns atos 
que representam, apenas, burocracia, sejam suprimidas e promovendo a maior 
celeridade processual. 
Assim, ficaria garantido o direito preceituado através do artigo 5º, inciso 
LXXVIII, da Constituição Federal de 1988, que dispõe ser “a todos, no âmbito 
judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os 
meios que garanta a celeridade de sua tramitação” (BRASIL, 2016, p. 17).
TÓPICO 3 — 
A INFORMATIZAÇÃO E O PRESTADOR DE SERVIÇOS 
JURÍDICOS
160
UNIDADE 3 — ATENDIMENTO PELO PROFISSIONAL DE SERVIÇOS JURÍDICOS 
A partir do advento da Lei nº 11.419 de 19 de dezembro de 2006, foi 
autorizada a implantação de processos judiciais telemáticos. Inaugurando uma 
nova era nos procedimentos judiciais. Entretanto existe muita fragilidade na rede 
mundial de computadores que abala a confiabilidade dos processos eletrônicos 
para alguns usuários. 
A segurança de dados no ciberespaço fomenta discussões calorosas ao 
derredor da liberdade da rede mundial de computadores e a proteção ao 
usuário. Não é só a intimidade da vida privada dos cidadãos da aldeia 
digital o mote primordial nas referidas discussões, mas, principalmente, 
a proteção do internauta ante sua vulnerabilidade e hipossuficiência 
técnica na manipulação do meio comunicacional planetário. 
Em analogia ao estado de natureza hobbesiano, a liberdade exacerbada 
no ciberespaço nos conduz a mesma solução contra os vilipêndios às 
liberdades fundamentais, qual seja: a intervenção do Leviatã para 
instituição de regramento mínimo de conduta para ilidir os abusos e 
amenizar os riscos no ambiente virtual. Tendo em vista que o ciberespaço 
é instrumento comunicacional de ordem planetária, deve ser entendido 
desta maneira, ou seja, como um meio e não um fim e si mesmo. Logo, 
as mesmas regras de condutas utilizados na comunicação por meio de 
átomos, devem ser de observância no por meio de bits. 
Os dados disponibilizados pelos próprios usuários do hiperespaço, 
as informações de consumo e os dados pessoais das transações serão 
retidos no ciberespaço, podendo ser manipulada, cedida e até subtraída.
Uma vez que o marco civil regulatório do uso da internet no Brasil ainda 
não foi sancionado e que a política de proteção e segurança da informação 
não abarca a proteção dos dados pessoais que constarão nos processos 
eletrônicos, imperativo que diretrizes sejam editadas para a implantação 
segura do processo judicial eletrônico (ALMEIDA, 2013, p. 3-4).
A autora Patrícia Martinez Almeida, conclui dessa forma:
A problemática da desterritorialização do ciberespaço, não justifica 
o abandono estatal da proteção aos usuários da rede mundial de 
computadores, tampouco, autoriza a invasão aos direitos e garantias à 
segurança digital e aos direitos humanos já consagrados. 
Neste sentido, da dicotomia entre direito à informação e proteção 
de dados pessoais na implantação do processo judicial eletrônico 
e a segurança digital concluiu-se que a instrumentalização digital 
do processo judicial a priori contribui para o acesso à justiça, 
diante da acessibilidade e transparência dos atos processuais pelos 
jurisdicionados, entretanto dada a ausência de regramento protetivo 
dos dados pessoais dos jurisdicionados, o processo judicial eletrônico, 
nos moldes que fora esculpido, acaba por vulnerar a segurança digital 
e, logo os Direitos Humanos. 
Entendendo a segurança digital como Direito Humano conclui-se pela 
necessidade de regulamentação quanto ao uso da internet no Brasil,

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