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Tratamento da Gagueira na Criança - Exercícias práticos para Construir a Fluência
Copyright O 2012 by Livraria e Editora Revinter Ltda.
tsBN 978-85-372-0426-9
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deste livro, no seu todo ou em parte,
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por escrito da Editora.
Contato com as autoras:
REGINA JAKUBoVICS
reg ina.ja kubovicz@infolink.com. br
FERNANDA TAVAREs BASBAUM
fernandabasbaum@ymail.com
llustraçôes:
Páginas113e114
Fonte: Loto des familles - les vacances - um jeu Volumétrix
Páginas117a119
Fonte: "Who does it" riddles - Rainbow Works
CIP.BRASI L. CATALOGAÇÁO-NA-FONTE
SINDICAIO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
J 19r
Jakubovicz, Regina
Tratamento da gagueira na criança : exercícios práticos para construir a
fluência / Regina Jakubovicz, Fernanda Tavares Basbaum. - Rio de Janeiro :
Revinter,2012.
it.
Apêndice
lnclui bibliograÍía
lsBN 978-85-372-0426-9
1. Gagueira em crianças - Diagnóstico. 2. Gagueira em crianças - Tratamen-
to. 3. Distúrbios da fala em crianças. l. Basbaum, Fernanda Tavares. ll. Título.
11-6147 CDD: 618.928554075
CDU:616.89-008.434
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AGRADECIMENTOS
fi os pacientes, pais e terapeutas que têm filhos com problemas de gagueira,
Hq'e vejam a luz na essência deste livro' 
Regina Jakubovicz
uero agradecer, primeiramente, ao meu avô materno, Oscar (in memort-
am), que foi a primeira pessoa que me incentivou a ser fonoaudióloga,
il,( ortando reportagens e textos do Pedro Bloch (rn memoriam). Depois à mi-
nlr,l avó, Detinha, que sempre me apoiou em tudo e nos últimos três anos tem
',rrkr uma guerreira.
Aos meus pais, avós paternos (in memoriam), meus irmãos, meus
',olrrinhos e o que está chegando, aos cunhados, tios, amigos, fonos e terapeu-
t,r',, pelo apoio e compreensão.
Aos meus pacientes queridos, pequenos e grandes, que, sem dúvida, mui-
lo rrre inspiraram.
A Regina, que me convidou para este lindo trabalho e sempre me incenti-
v()u o ensinou muito do que sei.
A minha querida amiga e sócia do consultório, Anna Roitberg Pracownik
Irrr nrcmoriam), que partiu recentemente. Uma fonoaudióloga exemplar que
rrurito me ensinou e com quem tive o privilégio de conviver.
A todos que fazem parte do meu exércitol Obrigada,
Fernanda Tavares Basba u m
"Para ser grande, sê inteíro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínímo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.'
Fernando Pessoa
1
2
3
4
5
6
7
SUMÁHO
PREFACIo
lnrnoouçÃo
lruronvnçÕrs GrRRrs soBRE A GAGUETRA
APRENDIZAGEM.
ATITUDES NECESSÁRIAS PARA ENFRENTAR O PROBLEMA DA GAGUEIRA . . . . . 'I1
AIDENTTFTCAçÃooaGAGUEIRA. . "...15
AJUDARacntaSç4A rDENTrFrcARsua MRTT'RRDEFALAR. . . . . . 23
AJUDARACRTANçAAIDENTIF|CARATENSÂOAo FALAR . " . . . . . .Zg
ExrncÍctosPAR{lqElN4qADtADococtNESrA. ....,...33
ExercíciosArticulatoriosUtilizandoaLíngua .......35
ExercíciosArticulatóriosUtilizandoosLátios .......36
colocaçÃoDAvoz. ......37
Exercícios de Colocação da Voz . . . .31
ExercíciosdeRelaxamento... "....38ExercíciosdeRespiração.... .....39
ExercíciosparaControleFonorrespiratório ........40
Exercícios para a Pontuação e pausa Visando ao ControleFonorrespiratório. .......45
ExercíciosparaMelhoraraeualidadeVocal .......41
Exercícios para obter Vibração das pregas vocais . . . " 49
Exercícios parô a Emissão Súave da Sonorização lnicial . . . . . 49ExercíciosUsandoaslnflexôes .....51
MoDrFrcAÇAoDAFALA .....55
Exercícios de Modificação da Fala e da Sensibilidade . . . . . . . 55ExercíciosUsandooCancelamento.. .....57
IX
1
5
9
vii
ulil SUMARIO
Exercícios para Evitar o Esforço
Exercícios Usando o Bocejo
Exercícios de Pular de Voz Fraca para Voz Forte.
Exercícios para Trabalhar as Sílabas Presa e Solta. .
Exercícios para Aprender a Controlar a Repetição . . .
Exercicios para Suavizar. . . . .
Exercícios para Ensinar a Empurrar o Som
Exercícios de Soprar as Palavras
Exercício de Trocar o Bloqueio pelo Prolongamento ou o
Contato Suave .
Exercícios de Ligamento . . .
Exercícios de Fraseamento . . .
FLEXIBILIDADE DE FALA
Exercícios de Flexibilidade . . .
Exercícios de Flexibilidade com Trava-Línguas. . . . .
ExrncÍcros coM RtrMo
Exercícios de Linguagem . . . .
Linguagem Automática
Jogos de Diálogos.
TEXTOS PARA LEITURA
JoGoS DE CoRRIDA PARA A FTuÊNcIn
AcOITISELHRHaENTo AoS PAIS. .
Como os Pais Podem Ajudar
BIBLIoGRAFIA
ANEXoS
10
64
65
70
72
76
79
82
B5
BB
90
94
99
99
100
'101
107
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121
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Í'l
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13
14
15
PREFACIO
o editar Tratamento da Gagueira na Criança - Exercícios Práticos para Construir a
Fluência, as fonoaudiólogas Regina Jakubovicz e Fernanda Tavares Basbaum produ-
ziram um dos trabalhos de maior aplicabilidade prática sobre o tratamento fonoaudiológi-
( o com crianças que gaguejam. A literatura sobre o assunto exigia este relevante auxÍlio
l)dra os profissionais que abraçam a causa da gagueira, e o que agora temos em mãos
l,trá parte de um exclusivo grupo de documentos: o dos que transmitem conhecimentos
rr.ro só aos cientistas estudiosos da plural Fonoaudiologia, mas também aos profissionais
Íonoaudiólogos em sua prática, no seu dia a dia clínlco.
O que credencia o livro de práticas é a larga experiência da professora Regina
l,tkubovicz, que trouxe os conhecimentos adquiridos inicialmente em sua Graduação
lrn Fonoaudiologia no Canadá em 197 4, inaugurando sua vida docente em 1 980 no
Itio de .Janeiro com a disciplina de Fluência. Construiu uma vitoriosa carreira acadêmi-
r ,r, pioneira na bibliografia de gagueira no Brasil, a partir do seu primeiro livro em
l()79, que atualmente está na 6a edição. Tem sido homenageada por grupos repre-
,,r'rrtativos de estudo e clínica da gagueira no Brasil - em especial, pela Sociedade Brasi-
['ira de Fonoaudiologia, em 2008 e 2009, pelo lnstituto Brasileiro de Fluência, junta-
rnente com o Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, no Fórum
t icntífico lnternacional no Rio de Janeiro.
Em seu ativo trabalho, Regina transmite a certeza de que não se deve esperar a
rrr,;talação e o agravamento das rupturas de fala na criança que apresenta disfluência;
;ror isto, as orientações e o tratamento devem ser iniciados o mais precocemente possÉ
vr'1, na fase de desenvolvimento e aprendizagem na inÍância" Suas ideias baseiam-se
rr,r convicção de que as ações profiláticas de orientação e a terapia fonoaudiológtca
1r,rra crianças que iniciam a gagueira a partir de dois anos de idade são, comprovada-
rlonte, importantes no auxÍlio da remissão das rupturas e do restabelecimento da
lIrência. Ela nos ensina, no auge de sua vivência. a não esperarmos inertes pela desco-
lx,rta da(s) causa(s) exata(s) e a natureza da gagueira, mas a tomarmos nas mãos a
l)(,5soa que gagueja e a trabalharmos visando à sua fluência, a partir do conhecimento
rIr.; sintomas de gagueira e de tudo o que ela determina na vida de nosso paciente.
IX
Fernanda Basl,raum e Íorroaudrókrga nas<.irJa no RiL-r rJc Janejro. Alrrencleu corn
sua mestra Rcgina o gosLo pero Lrabalho com g,Jguerrd e, provavelmenrê por isto, rece
beu dela o convite especial para colaborar neste livro. Tambem e uma apaixonada pela
Fonoaudiologia e por tudo que se constrói com o trabalho Íonoaudiológico. Estudiosa,
ministra cursos e também tem em sua vida de trabalho um curriculo dà murta dedica-
ção e empenho em proporcionar o bem-estar das pessoas que buscam a Fonoaudiolo_
gia com esta finalidade.
As descobertas da ciência sobre os comportamentos humanos relacionados com
a linguagem coexistem com as práticas fonoaudrológicas.Para o restabelecimento da
fluência e o bem-estar da criança que gagueja, esta coexistência é bem-vinda e benéfi_
ca Os profissionais especialistas em fluência da fala, a partir dos conhecimentos cientr-
ficos relacionados com a Fonoaudiologia, trabalham suas técnicas, criam exercÍcios,
elaboram ativrdades, capacitam programas em prol da promoção da fluência e da boa
qualidade de vida das pessoas que gaguejam.
Trabalhar com crianças é acompanhar o desenvorvimento na condução do seu
crescimento físico, emocional, lingustico, social e neuropsicomotor. A infância, que
está a favor do tempo, é caminho aberto para conhecer, explorar, descobriç transfor-
mar e ser feliz. Ao nos entregar um livro que congrega estudos teórico-práticos com
exercícios utrlizados no trabalho com crianças que gaguejam, que poderão ser adapta-
dos para o uso terapêutico com os adurtos que gaguejam, Regina e Fernanda pensa
ram, por meio de seu livro, em trazer a felicidade na existência simultânea das dimen-
soes científica, lúdica e ética. parece que conseguiram!
Tendo em mente esta articulação e realizando um trabalho de grande contribui-
ção para nós, fonoaudiólogos, Regina e Fernanda exerceram u 
"r.ritu 
com base na
prática criativa de cada uma e da competência para produzir um instrumento em favor
da ciência: em seu livro encontra,se a associação entre a fluência e os componentes
das Grandes Areas da Fonoaudiorog ia. voz, audição, motricidade orofacial, linguagem
e psicomotricidade. Esta associação leva as autoras a nos mostrarem como podem ser
amplos e generosos os recursos clínicos para o tratamento da pessoa que gagueja e
que procura o aprimoramento de sua fala, tendo respeitada a sua singularidade como
ser uno e indivisivel.
Prefaciar um livro é uma grande honra. preÍaciar um livro de gagueira a convite de
Regina e Fernanda é honra redobrada, principalmente porque, assim como eras, acre-
dito que o trabalho com gagueira nos ensina, cada dia. a sermos pessoas merhores. E
isto é um privilégio!
Muito obrigada. Boa reitura e boa prática para todos. Aproveitemr
Leila Nagib
CRFa 2807lRJ
Ambulatórro de Fluência
proÍr,,,,or.r da Graduação em Fonoaudiologia da
Faculdade de Medicina da |.]rrivi,rsirlarle Federal do Rio de Janeiro - uFRJ
leila naq itr. u f rj(@q mail.com
'-:
'tl,,
:)i',
TNTRODUÇAO
ções preventivas na área dos distúrbios da comunicação 
têm por objetivo
evitar que as alterações da fala e da linguagem se prolonguem no tempo,
lornando-se mais severas e difíceis de serem manipuladas. Essas açÕes visam,
l,rrnbém, prevenir as consequências emocionais dos distúrbios da comunica-
,,,ro, melhorando a qualidade de vida do sujeito' Sobretudo na área do trata-
rrrr.nto precoce da gagueira as dificuldades são contundentes. A gagueira da
r rtança está apenas começando a se desenvolver' A sua autoestima está se
,rrt;anizando, sua personalidade está sendo moldada pelo meio de acordo com
o,, Sêus suceSSoS e fracassos. Todos sabem das alterações emocionais e de per-
,,orralidade que a gagueira forçosamente traz. Falar gaguejando altera a visão
,kr mundo e a maneira de interagir com este mundo. Na criança essas altera-
,,oos ainda são superficiais e não chegam nem aos pés das encontradas nas pes-
,,u,rs adultas que gaguejam. Para ilustrar o que falamos sobre as consequências
,l,r gagueira, será reproduzido a seguir o depoimento de um membro do Proje-
kr Nacional de Gagueira do Estado de São Francisco, nos Estados Unidos
(1991), falando de suas recordaçÕes com a gagueira em sua infância:
"0 que para as outras crianças constituía uma tarefa fácil (dizer como foi o dia), para mim era
rrrna experiência traumatizante. Eu era incapaz de me exprimir livremente, p0is eu lutava com
irs palavras. Na escola eu tinha medo de fazer perguntas a0 professor. 0 simples fato de res-
ponder "presente" na hora da chamada era um martírio para mim. As crianças me gozavam 0
lrrrnpo todo. Em casa eu era incapaz de pedir o que desejava. No final eu aceitava uma laranja
rltrando eu queria uma banana, isto porque 0s meus pais não tinham paciência de esperar eu
rxrrnpletar as frases. Nas lanchonetes eu pedia aos outros para fazer o pedido para mim. Estes
t;umportament0s só faziam ampliar as inquietudes sobre minha maneira de ser e de falar. Eu
nre perguntava se tinha coisas inteligentes a dizer, Se era capaz de falar por mim mesm6, se
r;cria possÍvel exprimir minha personalidade como todo mundo?"
lN Ill0l)ltCA(l
Que a gagueira começa na infância não temos mais nenhuma dúvida.
Então é nesta infâncra que a gagueira deve ser batalhada e banida. Fazendo o
tratamento precoce, rremos melhorar não so a qualidade de vida das crianças
que gaguejam, como também aliviar os pais de suas preocupações quanto ao
futuro de seus filhos.
Escrevemos este livro tendo em mente a prevenção da gagueira. Ele rrá se
ocupar, sobretudo, da intervenção terapêutica precoce necessária para evitar
que o problema cresça e evolua. Escrevemos este livro depois de observarmos
que os terapeutas e os fonoaudiólogos, que lidam com a gagueira, ficam, mui_
tas vezes, confusos e meio paralisados sem saber como enfocar o distúrbio. É
possível que muitos pensem: "Mas ele é muito pequeno, como vou tratar esse
problema. será que vai passar com o tempo? Não será melhor esperar? como
abordar o assunto se a criança não tem consciência da gagueira? como deve
ser este tratamento?" Não temos dúvida nenhuma sobre a necessidade e a
importância do tratamento precoce. Uma vez que a gagueira seja identificada,
ela deve ser logo tratada, sobretudo no seu aparecimento, isto é, com crianças
emtornode2e6anos.
Para alcançar nosso objetivo, haverá uma parte explicativa de como é a
gagueira, como identificá-la e as ajudas que são necessárias desde o início. Nos-
sa ideia com esse livro é que ele possa dar algum tipo de ajuda para os terapeu-
tas e pais, evitando que a gagueira tome proporçoes mais severas, prolongando
o tempo de tratamento. Existem estatísticas que indicam que 90% das gaguei-
ras tratadas precocemente evoluem para um bom prognóstico de recuperação.
Nossos exercícios são essencialmente lúdicos e foram desenvolvidos ou
selecionados com o objetivo de dar subsídios aos terapeutas no tratamento de
crianças com menos de 7 anos, assim como os maiores entre B e 
.l 
2 anos. Nes-
sa última faixa etária introduzimos variações mais apropriadas. os exercícios
podem ser adaptados tanto para adultos com gagueira, como para aqueles
com pouca fluência. usando as ideias sugeridas nos exercícios com as crianças,
o terapeuta poderá variar o tempo, a quantidade e o material empregado nos
mesmos de acordo com as necessidades individuais da faixa etária.
com as crianças de, até, 7 anos, além de confeccioná-los, o terapeuta po-
derá fazer uso de vários materiais didáticos e lúdicos, para que o tratamento
seja mais dinâmico e desperte o interesse da criança/paciente. Existe uma
gama muito grande de jogos infantis que podem ser utilizados, como, por
exemplo: dominós ou jogos da memória, jogos de sílabas, palavras e figuras,
letras ou sÍlabas emborrachadas ou de madeira; fichários evocativos, figuras de
livros, blocos lógicos, fichas de jogos cororidas, enfim, uma seríe de ideias que
podem ser adaptadas no dia a dia da sessão terapêutica. o irnportante, quan-
tN Illi)l)tJCAtl
«lo trabalhamos com crianças, é sermos cria[ivos. Todas as figuras foram retira-
das do clipart do Windows e algumas delas, utilizadas em determinados exercí-
c,ios, estão ou serão disponibilizadas no anexo do livro.
Nos capítulos finais deste livro serão colocados os conselhos e os cuidados
(lue os pais de crianças que gaguejam podem e devem ter. Pais não são os me-
lhores terapeutas" Haverá sempre um envolvimento emocional, uma preocu-
lração embutida que irá lhes impedir de agir com serenidade. Alguns exercí-
cios, no entanto, podem ser executados pelos pais, desde que orientados pelo
terapeuta. No último capítulo serão passadas algumas orientações aos pais de
como agir para ajudar o filhoa falar melhor.
Capítulo I
TNFORMAÇOES GERAIS
SOBRE A GAGUEIRA
7\ gagueira atinge cerca de 70 milhões de pessoas no mundo e representa
H.er.a de 1o/o da população infantil. Por centenas de anos as causas da
,1,rr;ueira têm permanecido um mistério. O fato de o ar ficar preso na garganta,
r,,) pessoa não conseguirfalar ou, então, ficar repetindo a sílaba ou a palavra
v,rrias vezes, sem conseguir levar adiante o discurso, pode ser considerado
, orno sendo uma disfunção anatômica neurológica. O que se observa naqueles
,1rc gaguejam é que as pregas vocais se fecham e bloqueiam a passagem do ar.
rrrrJredindo a fonação. Pode acontecer também de os lábios ficarem tensos e
, olados numa posição fixa, ou a língua encostar firmemente nos alvéolos, não
pcrrnitindo que haja a vocalização da palavra. A impressão que se tem, nessas
( rrrunstâncias, é que as estruturas cerebrais responsáveis pela tarefa de avisar
r pre êstá havendo o término de um som ou de uma sílaba e que o falante deve
r()ryreçar imediatamente a falar o próximo som não estão sendo executadas
, r rrn ef iciência. A consequência imediata é o falante ficar bloqueado, sem ação,
rrrrtrrdido de continuar com seu discurso. Nessas circunstâncias pode-se pensar
rlie exista uma estrutura cerebral que não esteja enviando aos articuladores a
{ rr(iem para passar ao próximo som. Também pode ser o caso de se pensar que
,r r omando cerebral esteja sendo enviado com atraso ou com alterações, o que
rros explica a eficiência em se conseguir fluência nas seguintes situações:
. Falando ao mesmo tempo em que outra pessoa fala.
. Falando, mas receben do o feedback do que falou com um tempo de atraso.
. Falando, mas recebendo o feedback em outra frequência.
. Cantando.
. Falar modificando seu tom de voz habitual, ou a maneira de articular as pala-
VTAS.
lNl í)tiMAtjt ll S til llr\l:j lj{)lilll ,\ (iA{itll llrA
Em todas as situaÇÕes anteriores a fala e impulsionada por um fator exter-
no: um som, um ritmo, a voz de outra pessoa, um modo de falar diferente.
Estudos muito recentes indicam a possibilidade de se identificarem muta-
ções genéticas específicas como causas potenciais do distúrbio motor da gaguei-
ra. se for confirmada esta hipótese haverá, então, uma imensa possibilidade de
tratamento utilizando células-tronco para alterar as estruturas de comando.
Embora a manifestação da gagueira envolva principalmente caracterÍsticas
motoras, como vimos no parágrafo anterior, a causa da gagueira pode não
estar relacionada, exclusivamente, com deficiências do sistema motor. sabe-
mos que a frequência da gagueira aumenta sob a influência de determinados
fatores linguísticos, como a complexidade sintática e o tamanho do enuncia-
do, e diminui sob a influência de mudanças na percepção, como o mascara-
mento auditivo e o feedback auditivo alterado.
Há estudos que apontam para o fato de existirem irregularidades mínimas
nas atividades elétricas e uma insuficiência sanguínea em certas regiÕes do
cérebro. Estudos do século passado afirmavam que a gagueira estaria associa-
da à interferência de um hemisfério cerebral sobre o outro. Estudos mais
recentes ainda falam de alterações na gagueira conseguidas pela ingestão de
remédios que produzem modificação no metabolismo.
A crença de que a gagueira seja desencadeada por alteraçÕes emocionais
são alguns dos mitos que trazem confusão e até mesmo atrapalham o seu tra-
tamento. Nos estudos psicologicos não existem conclusÕes científicas satisfa-
tórias. Fala-se em emoçÕes, mas não se explica que o medo de falaç a ansieda-
de ao falar e o estresse provocado pela cobrança do meio, principais emoçÕes
relacionadas com a gagueira sejam sua causa principal. A emoção parece mui-
to mais ser a consequência do impedimento para falar. A gagueira sempre
comeÇa na infância. então volta-se a colocar o famoso axioma: o que começou
primeiro? A emoção; o medo de falal a ansiedade ao falar ou a gagueira? pro-
pomos para reflexão: a criança fica com medo de falar e por causa disso fala
gaguejando, ou por ter uma gagueira ela fica com medo de falar? o que en-
trou primeiro no circuito: a gagueira ou a emoção?
Até este ponto dos estudos, como vimos, nenhuma explicação cientifica é
clara e contundente o suficiente para explicar as causas e a natureza da gaguei-
ra. Diante das controvérsias atuais e das já ultrapassadas, a tendência mais
pragmática no momento é lidar diretamente com o ato de gaguejar e as suas
consequências. É procurar introduzir alterações nas estruturas responsáveis
pelo ato motor; seja nos lábios, na língua ou nas pregas vocais. Há também a
necessidade de se reconstituir a fisiología dos mecanismos executores envolvi-
dos na fala. A gagueira não pode mais ser vista apenas como um distúrbio iso-
tNt 0HN/A{;t)t t; Ct n^ts st)tiHl A tiAt,lut iltA
Llio tlo sistema nervoso central, do funcionamento do aparato vocal em uso
, ,u ( lils influências comportamentais e emocionais do meio ambiente. O enfo-
,lrl rnais objetivo no tratamento fonoaudiologico seria caminhar no sentido
,lr,rrlealizar exercÍcios e métodos de tratamento em que se tenha em mente o
,rll rlc falar. O fato de a gagueira acontecer mais na presenÇa de outras pesso-
,r', rros indica ser possí'vel controlar a fala do indivíduo que gagueja por um pro-
, r,',',o dê autocontrole voluntário das tensões física e psrquica. A orientação, a
irrtr,r,rÇão e a discussão em conjunto com um profissionalfonoaudiólogo tor-
n,rr osse controle viável. É como se uma maneira de falar tivesse sido apren-
,lr, l, r crn alguma epoca da vida, tivesse se desenvolvido sern o indivíduo perce-
l,r,r, rr;r'nundo em um estágio incontrolável. Volta-se a falar que a gagueira
rorn()Çâ na infância. Uma observação detalhada mostra que a criança alterna
llrrr,rrt.ia com disfluência. Quem gagueja sabe, então, falar fluente, e se a pes-
,, r, r niio nasceu gaguejando e, com certeza, ela não nasceu assim, o que a pes-
,' ,, r { lue gagueja precisa é de orientação. Ela precisa de uma terapia de contro-
lr'lr,lrâ aprender a falar fluentemente.
r
Capírulo 2
APRENDIZAGEM
fi aprendizagem e o processo pelo qual o comportamento é modificado pela
llcxperiência, o que implica na aquisição de uma resposta inteiramente dife-
rr.rrlc da anterior. A maneira como aS peSSoaS adquirem certos comportamentOs
vt,rlr,ris há muito vem intrigando os teóricos da comunicação humana. De início,
r r', r',,tudos sobre a aprendizagem foram realizados apenas por psicologos, mas
I rt tlr,ls ciências passaram a incorporar esses conhecimentos, e uma dessas foi a
I r rrroaudiologia.
['odemos dizer que existem dois aspectos envolvidos no ato de falar: o
, rrrnportamental e o cognitivo. Assumindo esse ponto de vista, a gagueira po-
r[',,or vista como um distúrbio do comportamento, ou seja, uma maneira de
l,rl,rr adotada e pode também ser analisada pela cognição envolvida, o que
',r,rrlc e o que move o indivíduo para falar daquela maneira.
Pode-se levantar a hipótese de a gagueira ter sido aprendida por condicio-
rr,rryrento clássico de Pavlov. Neste caso, a gagueira pode ser analisada como
nrrr,r resposta que foi associada a um estímulo. Da mesma maneira que o cão
r [, l),rvlov saliva quando escuta o sino, falar é associado a: tensão - inseguran-
,.,r medo. A gagueira seria, então, aprendida por uma associação existente
r.rrtrc a exigência dos pais na hora que a criança começa a falar e o ato de falar.
l,. rr um mecanismo de assoclação a criança se condiciona e aprende a dar uma
rr",lrosta especifica: gaguejar sempre que for falar algo importante. Ela até
lrrrrkr não querer mais falar daquela maneira, mas não consegue, aprendeu
,r',,,irn, está condicionada. No tratamento ela terá de aprender a falar de outra
ru,rtreira. Ela terá que readquirir confiança na sua maneira de falar mediante
' 
ln(,ntaÇÕes aos pais e no trabalho de modificaÇões da fala feito no consultório
r urn o fonoaudiólogo.
l:xiste também a hipótese de a gagueira ter sldo aprendida por condlciona-
rrrt,trto operante de Skinner. Este esquemaserá a existência de um estímulo
r
10 APHENT]IIAIJIM
para falar, em que há um reforço posítivo ou negativo, dado pelo ambiente,
aumentando ou diminuindo o comportamento. o reforço negativo. como
chamar a atenção da criança na hora em que ela fala, ou pedindo para ela
repetiç ou dizendo para ela falar mais devagar, poderá ter dupla consequência.
As frases ditas pelos pais ou pelo ambiente podem entrar na compreensão da
criança como um alerta ou uma crítica. Podem servir de alerta quando a crian-
ça interpreta que há a necessidade de mudar sua maneira de falar. Nesse caso
a própria criança busca fazer alterações na sua fala. por outro lado, as frases
podem ser interpretadas como uma crítica do tipo: "você não está falando
bem, não aceito essa sua maneira de falar". Nesse caso, a criança fica insegura
e faz esforço para falar de modo diferente. Esforço significa tensão, que pro-
duz hesitaçoes, repetiçÕes e prolongamentos. Existe ainda a possibilidade de
as frases ditas pelos pais ou pelo ambiente serem interpretadas pela criança
como válidas ou positivas. Assim, elas irão indicar que os pais ou as pessoas
estão prestando atenção na sua fala. A criança pode ser carente e que esteja
necessitando de atenção. o comportamento aqui será mantido. A criança
aprende a manter o comportamento de gaguejar para conseguir atenção do
ambiente ou de ser superprotegida pelos pais.
No tratamento será utilizado o inverso do reforço dado pero ambiente. o
fonoaudiologo irá dar recompensas verbais por toda frase ou discurso fluente,
mas poderá também punir todo o momento de gagueira, pedindo à criança
para cancelar afala e recomeçar a falar de outra maneira. poderá ser ensinado
a ela um ritmo de fala diferente, que, se reforçado pelo terapeuta e pelos pais,
tem todas as chances de ser aprendido de maneira diferente. o método de
lidar com a gagueira como um comportamento aprendido tem a vantagem de
não se ater à causa ou causas da gagueira. Não há polêmicas em torno deste
assunto. Já que não se sabe a causa, o terapeuta irá tratar diretamente do pro-
blema de um modo objetivo: eliminar o sintoma.
As técnicas de modificação da fala podem ser resumidas em etapas que
serão elaboradas por meio de determinados exercícios utilizados no tratamen-
to da gagueira ao longo deste livro. Apesar de os exercícios descritos aqui
terem sido utilizados mais com crianças do que com adultos, não impede que
eles possam ser empregados nos adultos. com bom-senso e modificações
apropriadas a um adulto, e sempre tendo em mente a filosofia comportamen-
tal ou de modificação da maneira de falar, os exercícios podem ser aplicados
em adolescentes e adultos.
Capítulo 3
ATITUDES NECESSARIAS PARA
ENFRENTAR O PROBLEMA DA
GAGUEIRA
. /\rluele que gagueja não deve se considerar uma pessoa gaga e mais nada^
A «;agueira é algo que a pessoaÍaze não o que ela é. A gagueira é uma par-
k' r1a pessoa e não a personalidade toda.
, l(t,.;olver os problemas da gagueira exige tempo e esforço. Não há milagres
n(.rn processos rápidos que realmente funcionem quando se está reapren-
,lt,rrdo uma nova maneira de falar.
. "lalar fluentemente" signífica falar sem colocar força nem tensão nos
r'rrqãos responsáveis pela fala (respiração, fonação, articulação). O objetivo
i' rctirar a tensão das estruturas responsáveis pelo ato de falar.
' Nirrg uém deve ter vergonha de ser gago. Pode acontecer com qualquer um.
A pessoa, nem ninguém têm culpa de isso acontecer.
. N.io se deve ter sentimentos de que a gagueira pode impedir a pessoa de ser
o rlue gostaria de ser. Temos o direito de ser percebido com as qualidades que
lcmos e com os defeitos também. A gagueira não é um defeito nem uma
tlualidade, é um aspecto da comunicação.
Fxiste certa crença de que a gagueira não tem cura. Se gaguejar é a inter-
n rlx,;ro do fluir do discurso e se a pessoa que gagueja passa a não ter mais inter-
r ulx,oes no seu discurso, podemos dizer que ela não gagueja mais. Ela passou a
l,rl,rr rle outra maneira. Nesse caso, ela não pode mais ser considerada uma pes-
iu,r (lLre gagueja. É preciso ter em mente que todos somos disfluentes, a gaguei-
r,r, cntão, é uma questão da quantidade e da qualidade no modo de falar.
t oi falado anteriormente que as causas da gagueira são complexas e ain-
,l,r «luestionáveis. Também já se falou que talvez a emoÇão seja muito mais
1l
12 ATITUDES NECESSABIAS PARA ENFBENTAR O PROBTEN/A DA GAGUEIBA
consequência do que causa. O que se sabe, até o momento, é que as emo-
ções são provocadas por críticas, humilhações, medos ou traumas, e elas pio-
ram o quadro da gagueira. A criança, quando é censurada pelo adulto, perce-
be que ele se sente insatisfeito com seu modo falar. Na maioria das vezes, o
problema inicia gradualmente, sem que haja algum episódio traumático. A
criança terá de saber lidar com a tensão e a ansiedade que surgem destas crí-
ticas. A insegurança e o medo de serem engraçados ou motivo de piadas, de
sofrer Bullying* na escola, trazem tanta tensão que as consequências são
desastrosas: a disfluência se agrava, a criança se isola e seu rendimento esco-
lar ou social, muitas vezes, é prejudicado. Quase todas as crianças que ga-
guejam apresentam sentimentos negativos relacionados com a sua fala dis-
fluente, contudo a capacidade para administrar esses sentimentos depende
da personalidade da criança e, também, do tipo de apoio que lhe é dado. A
criança pode sentir vergonha por ser diferente das outras, frustração por ser
incapaz de comunicar-se de formas clara e eficiente. Pode até se sentir culpa-
da por sua condição mais limitada na fala, tanto pessoal, como socialmente.
A sua ansiedade poderá ser alta com relação a sua comunicação, o que po-
derá deixá-la mais deprimida. Assim passará a se comunicar cada vez menos
com os outros. Estas crianças poderão vir a desenvolver uma baixa autoesti-
ma, sentindo-se muito inferior e diferente dos seus colegas e amigos, o que
poderá provocar seu isolamento nos grupos e ou nas brincadeiras. Seu rendi-
mento escolar também poderá ser comprometido.
É essencial o apoio dos pais, professores e fonoaudiólogos para que a cri-
ança resgate a sua autoestima. Todos devem ter paciência e evitar interromper
a criança ou chamar sua atenção. Os pais não devem demonstrar que se sen-
tem muito preocupados com as dificuldades de comunicação do seu filho. Se
os erros de fala forem muito frisados, a criança começa a dar muita importân-
cia à sua maneira de falar e acaba ficando com medo até de abrir a boca. A cri-
ança muito pequena se importa com o que quer falar e não de como fazer
isso. E como não percebe se está expressando-se de maneira correta, não se
sente rotulada e, então, não para de conversar. A criança é espontânea, e a
fala é automática. Mas se tentarem adivinhar o que ela tem a dizer, interrom-
per para ajudar a terminar as palavras, ou mesmo completar suas frases, isto a
deixará ainda mais frustrada. Os pais não devem ser superprotetores, mas tam-
bém, não devem expor a criança a situações que lhes provoquem ansiedade. É
x 
Butlyirtg é um compoÍamento consciente, intencional, rlclihclado, hostil e rcpcti<lo rlc urna ou urais pessoas,
cuja intorção é lerir os outros. O l}ullyrng po<lc assunril v:ilias Íi» nras c incluir rliÍi'r crrt t's con)pottâmetrtos que,
ttttt'lsrtrltrsqettos stli;t.virrlôrrr'ie tvrrzrr'r\r'qrz'rlr;ris:rrrr'lirlrrsr'irrçullrrcr.r,vr'lrrc:rrrrlrrorrrrrrrrlorrrlo<rrc
ATlll.lDt"S N[C[SSAtilAS PARA INl l][ N lAl]l 0 Pl'l0BLI:MA l]A GAGUtrltlA 13
.rlr'1rorsívelque o problema não se agrave e acabe com o tempo, porem a bai-
.a ,rrrloestima, a insegurança e a dificuldade nos relacionamentos social e afe-
lvl porlem permanecer. É muito lmportante saber agir para não cristalizar o
lrrr rlrlorna. Fingir que o problema não existe também não resolve. É importante
r;rrr, ;r,ris e professores enfatizem, também, as melhoras, pois isso fará diferen-
r.;r rr,r(luêstão da autoestima e capacidade de realização da criança.
I rrr geral, por falta de conhecimento, os pais ou os familiares apresentam
l'r 
lr ", lendências a ter opiniões não muito favoráveis com relação à criança ou
+rI rlr,,,centê que gagueja. Os adultos os veem como nervosos, irritados, infan-
1t,,, tr,inrosos, com complexo de inferioridade e dificuldade de ser sociável. E
a,,rlr,rrn acreditando que a gagueira ocorre em razão desses traços de perso-
rr,rlrrl,rrle. É importante dizer que essas opiniÕes não causam a gagueira do fi-
lllr, rn,ls contribuem para piorar sua gagueira e podem trazer consequências
+-riror tr)nais. Neste caso, o ambiente familiar também poderá ser propício à
rl;i,lu(,ir.r. Podemos citar como exemplo o relato de uma paciente de 11 anos
i;lr,r ornentou quando começou a terapia que desde pequenininha seus tios
nr,rlr,rrros a chamam de gaguinha. "Oi gaguinha", "fala gaguinha"... e isto
.,r.n1l)rc a incomodou. Só veio começar terapia quando a gagueira já estava
lir,r11 1ir,6u com tudo o que tem direito, prejudicando-a enomermente.
I )t,ve-se agir naturalmente com a criança gaga, respeitar e incentivar quem
, r rrrvrVo a f azer o mesmo. A criança precisa ser aceita para sentir-se mais à von-
l,rr [, r'rr] se comunicar. Manter contato visual, isto é olhar sempre nos olhos da
r r r, rn(rt) e manter o contato físico, como segurar a mão da criança, servem para
rrlr',lr,lr o apoio. Também é importante demonstrar que está interessada em
,,uvr l,l. A criança, ou mesmo o adolescente, precisa sentir que não estão sozi-
rrlr,', rrcssâ dificuldade. Nos momentos em que a frequência da gagueira
.irlrronla, deve-se proporcionar à criança situações em que a sua fluência pos-
.,r ,rl),lrecer, como cantar músicas, dizer falas automatizadas (como os núme-
1rr',, o! dias da semana etc.), brincar de falar rimas e versinhos. Evitar leituras
r.rn vo,/ alta ou muita conversa nesse momento. Quando as crianças melhoranr
'.rr,r llrrôncia, elas se sentem mais seguras e melhoram a socialização.
l'or tudo que foi relatado anteriormente é necessário que o terapeuta ori-
i'rrlr, t)\ pais, (ver Capítulo 'l 5), os familiares e tambem os professores a apren-
,lr,tlrrl a lidar com este problema que tantcl arrqrrstia as crianças que gague-
l,un Muito importante que este trabalho.,t'jr' 1lrr.r«lct,, F)ara que não haja
',r,(lu('las futuras. Percebemos que a rlaneira rlt. it rriittrq,.l scr dependerá das
r,,l,rt,rlcs entre o meio sociocultural, corll \(,u', v,rkrrr,', t",it1niÍicados, seu psi-
Irrr,,lr)() r. sott oroanismo
t"
Capítulo 4
A IDENTIFICAÇAO DA
GAGUEIRA
| | rna boa definição da fluência seria: "Fluir de sons, sílabas, palavras e frases
L,l rlitas sem interrupções e que o ouvinte leigo classifica como normal". Se a
,['lrrriçáo de fluência for positiva (a fluência é...), em contrapartida a definíção da
r;,r, Iroira envolve parâmetros negativos, ou seja, "gagueira é a ausência da fluên-
' r,r, 
(lue o ouvinte leigo classifica como anormal." Esta definição implica que o
, ,,n( (iito de fluência envolve um julgamento subjetivo, isto é, de acordo com os
l,,rr, rrltetros do ouvinte, o que vem explicar a distinção feita na definição entre lei-
,1r r', r' r)utro tipo de ouvintes. Em geral, os profissionais têm o ouvido habituado a
r,',, ul(tr e a classificar o que é gagueira e o que não é, e os leigos não possuem
t",l,rcxperiência. Deveria existir uma máquina que pudesse indicar com precisão
,,r,,r', sílabas, palavras e sentenças faladas por alguém devem ser consideradas
rrrno gagueira ou como fluência. Mas infelizmente tal máquina não existe ou
,rinr l,r não foi inventada e teremos de depender do julgamento do ouvinte, seja
'lt',r[rto ou não. com esta ideia em mente iremos descrever para podermos clas-
'.tltr,11 s que é considerado uma disfluência no fluir do discurso.
t lk'petiÇão: a repetição pode acontecer uma, duas ou cinco vezes (quantida-
r k') e pode ser de sílabas, de palavras ou de frases (qualidade). Ao conside-
r,rrrlros, no entanto, a repetição de uma palavra que tenha apenas uma síla-
l»r, íica-se em dúvida se está havendo uma repetição de sílaba ou de palavra,
1ror isso decidimos considerar o termo repetição no seu sentido mais amplo;
olr seja, toda vez que uma palavra ou sílaba for repetida, isso é contado
( orno uma quebra de fluência. A repetição de frase (duas ou mais palavras
lrrrrtas) é analisada de forma diferente, ou seja, cada frase repetida é conta-
rl,r como uma disfluência.
. /',ru-sa: e o intervalo colocado de forma inapropriada no decorrer do discur-
',o. Consideramos como pausa normal toda a interrupção feita no final de
t5
uma frase proposicional, e pausa anormal toda a interrupção feita no meio
da frase ou da palavra.
Prolongamento: é o alongamento vocálico ou silábico que tenha duração
inapropriada; isto é, todo o som que é prolongado além do permitido pelas
leis da fonética.
lnterjeiçao:é a inserção de sons, de palavras ou de frases curtas. A interjei-
ção pode ser de sons como /ah/, /hum/, /eh/ etc., de palavras como:
/bem/, /ne/, /ta/, /aí/ etc. ou de frases como: /deixa ver/, /como é/,
/entendeu/, /tipo assim/ etc. As interjeiçÕes são sons que enchem a pausa,
pois constituem um intervalo temporal no fluxo do discurso. A interjeição
pode ser colocada de forma apropriada ou não e pode ter uma frequência
aceitável ou não. A inserção exagerada de interjeições passa ao ouvinte a
impressão de que pode estar havendo uma certa dificuldade em seguir adi-
ante com o discurso o que é logo associada ao termo gagueira.
Bloqueio:é a interrupção brusca de uma paravra que vem acompanhada de
algum esforço vocal ou mesmo corporal. o broqueio so é considerado como
tal quando ocorre no meio ou no início da palavra e não quando ele acontece
entre uma palavra e outra, já que, nesse caso, ele pode acontecer por ter havi-
do um "engasgo ocasional".
os pais. em geral. costumam ser tolerantes com alguns aspectos do desen-
volvimento da criança. se o filho não anda com 1 ano ou não come sozinho
com 2 anos ou não aprende o controle dos esfíncteres com 3 anos, os pais não
classificam logo seus filhos como paralíticos, retardados ou psicoticos. Em com-
pensação se a criança começa a faiar com "disfluências" ocasionais. eles se pre-
cipitam a colocar um rotulo "É cnco" e correm ao pediatra ou ao psicologo
queixando-se da "doença da fala". o que se está querendo dizer e que os pais
precisam ser esclarecidos devidamente para o fato de que até aprender a falar a
criança passará pelas mesmas dificuldades peras quais passou para aprender a
comer, a andar e a usar o vaso. É um aprendizado e como tudo que se aprende
irá requerer práticas de ensaio e erro até o domínio total da técnica.
Se existe uma dificuldade para diferencrar gagueira da disfluência típica da ida-
de não quer dizer que não podemos fazer distinções entre o que é proprio do
desenvolvimento da linguagem e o que já é algo instarado. os estudos feitos até o
momento mostram que é normal a criança repetir sílabas, palavras e frases, é nor_
mal o prolongamento de sons, e são normais as pausas no discurso, mas estudos
indicam também que existem diferenciaçÕes de quantidade e qualidade.
Vários estudos já foram feitos no sentido de cjcterrninar qual é a quantida-
de de disfluência normalmente encontracla rras cri;rnr,.r,, rr,r Íir,c cle aquisição
A Il )l \l I ll (:A('Ar ) I)4. r iA(;llt ilrA 17
,1,r lnr;uagem, ou o que pode ser aceito como normal na faixa etária de 2 a 6
rrr),, lremos a segulr citar duas pesquisas.
lrl 1959, Wendel Johnson e associados, na Universidade de Minessota,
l r.Í urou achar a media de disfluências em 100 palavras de 68 meninos e 23
r,r, ,r riil;rs. As idades variavam entre 2 anos e meio a B anos. As crianças com
, 
1, r,lrroira foram pareadas com crianças sem gagueira, da mesma idade, sexo e
/ r/ils socioeconômico.
I uram analisadas 500 palavras com oito tipos de disfluências:
- lrrterjeições.
- l(r'petição de sílabas, de palavras e de frases.
- lr,rses incompletas.
- ',( )ns prolongados.
- lii,visôes da frase ou frases incompletas.
- l', rlavras partidas.
t )s resultados encontrados estão relacionados a seguir:
Ir;,o de disfluência% degl"r _ _ry:1Tj1r_":___i
lr I Lr,r jeiçÕes 3,62
1i,,;rclição de sÍlabas 5,44
. li,,l)(-ltção de palavras
I l(r'1 rolição de frases
, lir,visiies
r , I r, r,,os incompletas
l', rl, rvras partidas
. ',, ,rrr prolongados
rrl,rd*{::=_ 11,s% * u:_-_-*-j
A r.onclusão de Johnson foi de que as crianças com gagueira excedem na
ir,',luiincia as crianças fluentes, na maior parte das disfluências pesquisadas.
ll,r,, Ioi encontrada diferença significativa em alguns itens, como interjeições,
r \/r"r ){ rs das f rases e palavras partidas, o que, provavelmente, são parâmetros
I r Ílrriirrcia encontrados em crianças tanto fluentes como nas que já gaguejam
lr,1 ,1 1).
lrrr 2003, Regina Jakubovicz fez um.r ltesrlrris;r (om o objetivo de determi-
r . rr r lu,rl a variação da porcentagem clc rli,'Ílrríirrt i,r,, r,rrr orrtradas, em duas faixas
,l,rl,r', rliÍerentes em crianças considrtr;rrl;t., "llrrt'rrlr,,," l,,rr,r tanto, os pais res-
1,, ,1 1, 11,1,111 a um questionário indicarrclo Írllro,, yrorli,rrrt rr:r classiÍicados
,r1 11, {J,)(l()s. Diante da neqativa tl«r:, p,ri.,,1 ( r,ur(.,1(,t,t,,('llririrr,rrlir [).]ra.t pes
4,28
1,14
1,30
0,34
0,12
1,67
3,13
0,6'1
1,07
0,61
1,43
0,23
0,04
0,16
20
15
't0
5
0
5 6 7 I total
Ífi A ll )l Nl { ll lÍl/\(:^il I r/\ r;i'i il il illi\
tig.4-1. Gráfico com os percentuais encontrados por Wendel .Johnson (1959).
quisa. Esse critério foi aceito por se acreditar que dificilmente os pais colocam
rotulos negativos em seus filhos sem ter um motivo muito forte para isso.
A pesquisa foi feita com 30 crianças de 3/4 anos e 30 crianças de 7/B anos,
num total de 60 crianças. Todas deviam contar a historia do Chapeuzinho Ver-
melho. O discurso das crianças foi gravado e transcrito para análise. Participaram
da pesquisa, tanto em um como em outro grupo, crianças de uma escola parti-
cular da cidade do Rio de Janeiro. Todas tinham o mesmo nrvel social e econômi-
co, e a escolha foi aleatoria quanto ao sexo masculino ou feminino. Foram reco-
lhidas para análise apenas 100 palavras ditas de cada criança nas 2 faixas etárias.
Os resultados encontrados estão relacionados a seguir:
Média de idade: 3,7 * 30 casos Média de idade: 7,3 - 30 casos
Repetição de sÍlabas: 0,5%
Repetição de palavr as. 2,7 o/o
Repetição de frases: 1,3%
Frases incompl eÍas: 2,6ok
lnterjeição (aí):8,2%
Bloqueios: 0,0%
Repetição de sílabas: 0,6%
Repetição de palavras: 2,3%
Repetição de Írases: 0,9%
Frases incompletas: 1,8%
I nterjeição (aí) : 6,5ok
Bloqueios: 0,0%
Total '15,3% Íotal 12,1%
A análise do quadro indica que as disfluências são comuns tanto aos 3/4
anos como aosT /B anos. A interjeição colocada no discurso (aí) é a disfluência
mais evidente no discurso: B,2o/o com314 anos e 6,5% com 7/B anos. A inter-
jeição e as frases incompletas são as quebras de fluência que mais apresentam
uma real diminuição de 7 para 4 anos. Não forarn crrr orr lr,rrlos bloqueios nas 2
idadoç nocorrisadas A npçorrisa srrooro rrrro r rii,,ilrri\rrr i,r n;r rri;rnca diminrri do
1$
IrI
r11,,rlo gradual ao longo do tempo" Posstvelmente isto acontece pelo fato de
lr,rvr,r um amadurecimento da linguagem à medida que a criança interage
,,,rn rl rneio, passando, então, a aprimorar seu uso. lsso explica, também, a di-
r,rnui(,áo das repetiçÕes de sílabas, palavras e frases. O fato de haver menos
lr, r',i ", abortadas ou interrompidas e a diminuição do emprego das interjeiçÕes
,l,,lrpo "aí" indica não haver mais necessidade de interromper uma frase por
r r, r ) l(,r ideias ou vocabulário, nem de preencher as pausas com as interjeições.
, I ,lr',cr.rrso passou a fluir com mais facilidade (Fig. a-2).
lí,
r4
l)
l{l
lt
t,
4
0
2" t ráfico com os resultados da pesquisa de Jakubovicz R. (2003)"
| ',',es dois estudos e mais outros, não mencionados, mostram que, quan-
,1,,',r'Íala em disfluência patologica ou gagueira já instalada, a referência é a
, l, r{,1 )e tiçÕes de sílabas, palavras e Írases, prolongamento de sons e bloqueios
,l, ,rr, (lue são feitos em quase todas as situações de fala, permanecem assim
t, r rn()is tempo e acontece em mais de 10 a 15o/o das palavras ditas. Pode
r' , )nl(\cer no entanto, de a criança demonstrar que quer falar, mas não conse-
,1rr,,, r'xibrindo sinais de luta e esforço para conseguir se expressar. Da mesma
,r.rrr{'ir.r quando a criança faz careta ou envolve outras partes do corpo para
, , ,r r',r,rJr.rir falar, podemos dizer que estamos diante de características que não
,r, l (,r)(-ontradas normalmente nas crianças em idade de amadurecer a lingua-
, l,,rrr I rn idade nenhuma as repetiçÕes, hesitações e frases incompletas que se
I rr,rr ,rcompanhar de um esforço evidente e com movimentos no corpo e na
l.r(,, no momento de falar, é caracterÍstica do inÍcio de aprendizagem da lin-
, l r, r( l(,rT) O esforço fÍsico na comunicação irrdica que está havendo um bloque-
r,, rlo,lr ou uma pressão exageracla n()s irrti<Lrl;rdores, o que não é normal,
, , rnro iri Íoi dito anteriormente, mesrrro {1rrr,r'.,lcj,r lr,rvcnrJo poucas disfluênci-
r,, r',lo ri, tenha ocorrido em menos «1r' 'l 0,t l','X, rlt'rli'.Íltrôncias.
A',r'guir será transcrito o discur:,o rk' lttli,rtr,l (lr{' llrrr 4 ,rrros. Ela foi enca-
rrrrrrlr,rrl,) [)ara urr]a avaliaç.ão corn tl r,r,t]ttinll I)('t(lutrl,rrlo', 1r,ri',. Julianat tern
l
uma gagueira ou não? Durante a avaliação, foi feita uma gravação da fala de
Juliana contando a historia de Chapeuzinho Vermelho. O materialfoitranscrito
e foi sublinhado tudo aquilo que pode ser considerado como uma quebra de
fluência. Apenas 100 palavras foram recolhidas para análise.
I A ,au dela disse para ela, ful nã não sair de casa, é i i aío lobo vi viu a chapeuzinho ver-
melho saindo da casa, aíele queria comer chapeuzinho vermelho e aíele en entrou na
casa da vovó. 0 lobo que queria comer a chapeuzinho vermelho e comer o gato. Aí e e ela
eeelatoücouacampainha.Aíeeela,eletatavaetava....ééédisseprachapeuzinho
vermelho ÍaÍafalar. Perguntou, pra que esses olhos tão grandes! Pra te ver melhor. Pra
que essa boca tão grande I Pra te comer... nhoc I Aí o caçador chegou lá e deu um tiro. Aí a
vovó fi ficou Íeliz pra sempre.
Análise das disÍluências do texto:
Totaldepalavrasditas:.. .... .100
Quantidade de repetições: de sílabas:
depalavras: .......3
Quantidadedeprolonqamentos: . . . .. .. .... 2
QuantidadedeinterjeiçÕes(aíl): .. .... B
Quantidadedebloqueios: .........1
Total dedisfluências nodiscurso: ... ..... 22
i
Obs: Totalde disfluências=22o/o (já que sáo22 em 100 palavras ditas).
Caso se deseje analisar um discurso mais longo ou mais curto é necessário
Íazer a porcentagem usando a regra de 3; como no exemplo a seguir:
100%: são as 160 palavras ditas pela criança, por exemplo
15 : é o numero total de disfluência no discurso desse exemplo
rt'
t.
I
lx
tt___.
: é o total de porcentagem que se deseja saber
A equação. então, ficará assim:
100.. ...160
100 x'1 5
^:- 160 x:9,37%
X=
.15
1 .500
o?7
O total de drsfluência no exemplo anterior (r1rrc rr;:to e o de Juliana) é de
9,37% e pode ser consiclerado de ntro rla norrl,rlir l,rr lr,, i,,trl ri ,:baixo de 1 5%
Voltando à dúvida dos pais de Juliana: Ela tem uma gagueira? lsso vai pas
, r ( om o tempo? O percentual de disfluência de Juliana ficou em 22ok, o que
lr(,r dizer que ela está muito acima da media aceitável de disfluências em cri-
, r r rr., rs dê sua faixa etá ria, que se situa entre 10 e 15o/o. Essa é a porcentagem
,.r(()ntrada em quase todas as pesquisas sobre a disfluência em crianças.
Para que o fonoaudiologo possa avaliar com mais precisão existem meios
, rrrcdidas de se distinguir uma disfluência passageira de uma gagueira já ins-
t.r,rrla ou se instalando. Já temos dados que podem nos fornecer índices qua-
, ' r lue 100% confiáveis do que seja uma gagueira instalada e o que seria uma
,lr',llrrência passageira. Existem duas medidas que podem nos guiar: o tempo
,1rrr,c1ura a disfluência e a média de disfluência aceitável nas crianças em uma
, l, '11.161nu6u faixa etária. Os estudos indicamque essa media situa-se em torno
'1,' l0 a 15 em 100 palavras ditas como vimos nos estudos anteriores. Sendo
'1rrr'3lgun5 autores consideram a porcentagem de 10% uma medida muito
r lr(la, e outros acham 15% muito benevolente. O ideal será acrescentar para
, 1rrlr.;amento outros fatores, como:
O tempo que já dura a disfluência, (2 meses, 6 meses, 1 ano?).
A atitude dos pais e do meio ambiente face à disfluência.
A atitude da criança com relação às críticas sobre sua fala.
t)s dados gerais da anamnese com os pais.
A ansiedade dos pais com relação à disfluência da criança.
( ) envolvimento corporalfeito pela criança durante a gravação do discurso.
A média obtida nas gravações feitas (podem ser feitas duas, três ou até
r inco gravações em situações diferentes).
A situação das gravações (se foifeita na frente dos pais, de outras pessoas
ou só com o terapeuta).
llma disfluência, que se prolonga por mais de 5 a 6 meses em crianças de 3
r i, ,1nos ou em fase de aquisição de linguagem, deve ser investigada mais a fun-
, i, r O coffiportamento de falar com disfluências pode estar solidificando-se e
,, rr ,rcabar se tornando um hábito aprendido ou condicionado. Uma disfluência
, lr rr, rnte um tempo tão longo deixa marcas na criança. O meio ambiente assina-
l, r r qrrr. sua fala não está boa, nem é aceitável. A criança começa a se sentir rejei-
t. rr l,r quando fala, fica com medo de falar, tcnta evitar as disfluências e isso lhe
,l,r o material necessário para desenvolvcr rlrirtro rrrimigos da fluência.
I Medo.
.'/ Ansiedade.
I I ',Íorço para Ialar.
,1 ln:;r:qurança"
/
u A mt N t tiltA0A0 llA 0^titlt:fiA
O quarteto anterior e perigoso. São emoçôes normalmente encontradas
nas pessoas adultas que gaguejam. O esforço para falar, sobretudo, carrega
consigo uma enorme carga: em condições normais a fala acontece de modo
automático e suave. Essa é a normalidade. Fazer esforço para falar está total-
mente fora da normalidade.
O medo e a ansiedade no momento de falar são emoções geralmente
encontradas em falantes fluentes quando se encontram em situações de fala
excitantes ou quando se expressam em assuntos importantes que os mobili-
zam muito. Um estado constante de medo e de ansiedade no organismo leva
este a habituar-se ou condicionar-se a sentir sempre essas duas emoções liga-
das ao momento de falar. É até possivel que a criança, depois de certa idade,
queira abandonar o medo de falar e a ansiedade na hora de falar. Mas não
consegue mais. Os dois fatores estão fortemente associados, e, possivelmente,
irão acompanhá-lo por muito tempo ainda até conseguir se livrar deles. Este,
pelo menos, é o depoimento dos adultos que gaguejam.
A insegurança, o último pilar do quarteto, mina a personalidade, corrói a
autoestima, é nocivo nas situações de fala, já que leva a pessoa a desconfiar de
suas habilidades para falar ou mesmo de dizer as coisas.
Capítulo 5
AJUDAR A CRIANÇA A
IDENTIFICAR SUA MANEIRA DE
FALAR
f mbora existam autores e mesmo fonoaudiologos clínicos que discordem se
L ti benéfico ou não tazer acriança tomar consciência de sua gagueira, temos
,i , onvicção de que ela é necessária, chegando até a ponto de ser indispensável.
f,1,ro se pode mudar aquilo que não se conhece. Para modificar terá de haver
irrrra conscientização de que a pessoa está falando de uma maneira X e que é
l,'t r:ssário falar de uma maneira Y. Dizer que a criança é totalmente inconscien-
tr, rlc seu modo de falar é irreal. Ela se escuta o tempo todo. Os pais geralmente
r.r l,rmam ou sinalizam que sua maneira de falar não agrada. Dizem que o filho
, h,vc falar de modo diferente, eles costumam dizer: "Fale mais devagar. Pensa
,rrrlos de falar. Não entendi, repete o que você disse. Toma respiração antes de
í,rl,rr etc." Quando a criança chega, então, ao consultório do fonoaudiologo ela
t,r , lrega informada que tem algo de errado com a sua fala. A criança não sabe o
r1lr'cstá errado no seu modo de falar e o que fazer para falar de modo diferen-
1,, l' por esse e outros motivos que é extremamente necessário trazer a maneira
, lt, íirlar à consciência. Conscientizar não quer dizer colocar um rótulo do tipo:
'Vor ê é gago". Geralmente o meio ou os próprios pais já colocaram esse rótulo:
,lr,rrnou a fala da criança de gagueira. Mas a própria criança não sabe o que
r',',( ) quer dizer. Tampouco sabe a penalidade social que o termo acarreta. Sabe
,rlr('nas que a chamam de gaga. Muitas vezes, ela pode até pensar que isso,
,lr,rrnado de "gagueira", seja alguma doença, ou algo errado que ela esteja
l,rzt'ndo e que tem de ser punida, pois isso ninguém gosta.
Até o momento estamos nos referindo a crianças de 2 a 4 anos, talvez,
,i,,1rondendo da maturidade, crianças de 5 ou 6 anos, Depois de 7 anos a lin-
,tu,r(lem já está organizada,.já há um born voca[rLrliirio, a parte cognitiva já
23
24 AJUDAH A CNIAN(/\ A IDENTIFICAR SUA MANEIRA DE FALAR
evoluiu bastante, o suficiente, pelo menos, para a criança compreender que
está falando de modo diferente dos colegas da escola. Nessa faixa etária já se
pode trazer à consciência a maneira de falar de modo aberto e não mais vela-
damente como veremos a seguir.
A conscientizaçao será feita de modo lúdico, inserido em brincadeiras. O
primeiro passo será explicar o que é isso: falar gaguejando.
Terapeuta: "Existem maneiras diferentes de se falar. Vamos brincar de des-
cobrir como eu falo e como você fala",
1. "Tem gente que fala colocando uma palavrinha depois da outra, em vez
de falar todas juntas". Terapeuta demonstra falando espaçadamente:
lá-pis co-po sa-pa-to
ca-cho-rro e-le-fan-te bi -ci-cle*ta
'Agora é a sua vez. Vou colocar umas figuras na mesa e você vai falar o
nome delas colocando um pedacinho depois de outro, como eu fiz".
wW@&
Exemplo: pa-to bal-de bo-ne-ca ca-mi-nhão pa-ti-ne-te
Se houver a repetição de uma sílaba ou da palavra, dizer à criança que ela
não fez certo. Ela não colocou um depois do outro. Ela deve falar um pedaci-
nho da palavra atrás de outro. Ela deve refazer o nome da figura.
Terapeuta: "Tem gente que fala fazendo a palavra ficar comprida demais.
Assim:"
laaaaaaápis * cooooopo - caaaaaaachorro - eeeeeeelefante - biiiiiicicleta
AJI]DAN A CBIAN()A A iI)I N IIÍII]AN SUA N/ANIIÍ]A DE FALAR 25
'Agora é a sua vez. Vou colocar umas figuras aqui e você vai falar fazendo
,r', palavras ficarem muito compridas, como eu fiz".
w@@
tiiiiiiiiigre paaaassarinho baaaaanana
Se houver a repetição de uma sílaba ou da palavra em vez do prolonga-
rrrr'rrto, dizer à criança que ela não fez certo. Ela não fez a palavra ficar bem
r orrrprida. É o mesmo que esticar um elástico. Fazer de novo.
lerapeuta: "Tem gente que fala prendendo a palavra no lábio ou no céu
rl,r boca ou na garganta. A palavra fica bloqueada e não sai, o ar fica preso.
A,,,,irn":
'Agora é a sua vez. Vou colocar umas figuras aqui e você vai falar prenden-
rln ,r palavra como eu fiz". Exemplo:
//laipres"lsorvete /a,/
5c a criança não conseguir fazer o ar preso, explicar que ela deve juntar os
l,rlrr«rs e fazer pressão para falar o lM/ de maçã, ou falar o lA/ de abacaxife-
,lr,rrrrlo a garganta.
lcrapeuta - 'Agora quero perguntar a você. Tem cinco desenhos aqui. Eu
vr rrr lalar diferente e você vai apontar em qual desses desenhos eu estou falan-
rlrr rlilerente. Vamos lá":
m
/lãr+resolr
giiiiiiiiirafa
lpl ar preso palhaço - lc/ar preso camisa - /l/ ar preso telefone -
/r/ ar preso roda
A.rtJDAt.t A clllANÇlA A lllt'N llFlcAll stlA MANFIIlA Dt lAtAi'l
1. Repetindo um pedaço da Palavra:
lpaÍo/, /ba ba bal-de/, lbonecal, f ca ca ca - mi - nhãof ,
/pllplpa - ti - ne - te/.
ú ffi@fi-
A criança deve apontar na hora que ouvir qual palavra foi falada de forma
diferente.
2. qg Esticando a palavra demais, igual a uma corda:
$ $ .ooooo"lho giiiiiiiiirafa tiiiiiiiiigre paaaassarinho baaaaanana
3. f l Prendendo o ar antes de falar: fsf ar preso sorvete, fal ar preso
I {' abacaxi /m/ ar preso maçã , lp/ ar preso peixe.
hrr'íF
A.[]l)Alr A (;ltlAN(lAA ll)l Nlll l(;All fitlA MANI ll]A llt lAl All 2t
se houverfalha na identificação o terapeuta pede que ela escute de 
novo'
,r() r.l-têsl-Ito assim não houver a identificação correta do desenho e da 
maneira de
Í, rlar, o terapeuta deve explicar: "Repare bem como eu fiz a palavra bem 
esticada
,r,,sim:/paaaaaassarinho/. Vê se não é este desenho aqui. Você quer experimen-
1,rr ouvir outra vez para encontrar? Vou fazer outra vez' Giiiiiiiiiiirafa"'
se for o caso colocar figuras diferentes e recomeÇar a identificação.
Quando esta etapa "rú", 
bem fixada, deve-se passar à identificação da
rrr,rneira de falar da própria criança. Uma prancha com as figuras é colocada
rr,r frente da criança e o terapeuta diz:
Terapeuta_.Agoraéasuavez'Voucolocarasfigurasnamesa.Vocêvai
l, rlar o nome delas e eu vou apontar qual das maneiras de falar você está 
usan-
,kr. Vamos lá".
I ,---, I
i^r,d§-l-l Repetição Prolongamento
28 AJt]DAR A CBI,ANt]A A IDEN IIFIT]AR SUA IVIAN[II]A DE I'AIAI]
O terapeuta vai apontando a fileira à medida que a criança fala. Se houver
alguma dificuldade ele aponta para o cartão de ar preso ou repetição ou pro-
longamento.
Quando esse exercício já está f ixado é útil modificar as figuras e pedir à cri-
ança que veja as figuras e diga uma frase sobre ela.
É importante não interromper a fala da criança. Ela vai continuar falando
as frases sobre as figuras, e o terapeuta vai, silenciosamente, mostrando o car-
tão que identifica o modo de falar. Quando o terapeuta percebe que a criança
já identifica sua maneira de falar e já aprendeu que se existem maneiras dife-
rentes de falar quando se quer. Está na época de passar à proxima etapa.
Exemplos: ,-# ^ -c_
W 
o macaco come banana 
ffi' 
Gosto de sorvete.
f Eu tenho uma patinete.
%r
fl 
to"uram a maçã
Capítulo ó
AJUDAR A CRIANÇA A
IDENTIFICAR A TEI{SAO AO
FALAR
_f 
enciona r éfazer um músculo ficar rígido. O músculo fica estlrado como um
I elástico. Explicar à criança que ao tocar no músculo é possível identificar a
trrrsão. O objetivo desta identificação é fazer a criança tomar consciência do
,1rre Íaz com sua musculatura. Cada pessoa que gagueja tem seu próprio local
r lt'tensão. A tensão exagerada varia também de acordo com a maneira como o
.,om é articulado. De acordo com as leis da fonética o som pode ser um oclusivo
lrilabial, linguodental ou velar. A maneira de fazer o primeiro som da palavra é
rlre direciona a tensão que vai se dar em determinada estrutura. Por exemplo,
1r,rra falar PATO colocamos tensão nos lábios, para TESOURA a lÍngua se tencio-
rr,r no alvéolo e na palavra CABELO vai haver oclusão na garganta e assim por
rlii,rnte. Na fala normal essa tensão nas estruturas é imperceptível, chegando a
ponto de nem percebermos que está havendo pressão muscular para falar tal
I rnema. Mas na gagueira não é assim. A pessoa que gagueja fica com a estru-
lrrra da fala sendo usada, completamente, bloqueada sem conseguir passar ao
;rróximo som. Certa vez uma pessoa com gagueira ao se ver em vídeo excla-
rrrou: 'Agora vejo o que fiz, eu colei os lábios com força. Por que eu fiz isso? Vou
llntar não fazer de novo... se eu puderl".
Tudo indica, então, que não há percepção total da tensão feita e em que
r.,,trutura da articulação foi tencionada. Na criança não deve ser diferente. Ela
lrrecisa, mais do que ninguém, identificar a tensão exagerada para estar apta a
rrrudar sua fala. Dizemos isso mais do que ninguém, porque ao trabalhar com
, r r riança estamos fazendo prevenção, isto e, evitando que o hábito de se enri-
l{'(er a musculatura da fala se solicliíir1uc"
Exercícios para relaxar a tensão:
Dizer à criança para fingir que vai levantar alguma coisa bem pesada do
chão. Deixa cair em seguida. Perguntar se sente que quando fez força o cor-
po fica duro e quando deixou cair ele fica bem solto. Pedir para levantar de
novo. Diga se você sentiu a diferença entre ficar com o corpo duro ao levan-
tar e depois para jogar fora a "dureza" do corpo quando deixar cair. Pergun-
tar: "Não é bom soltar as coisas?"
Dizer: 'Agora vamos levantar as palavras e depois deixá-las caírem. Vou mos-
trar como é: ao ver a figura fale o seu nome com força, segure-a na mão
bem forte e depois solte-a. Agora vamos fazer isso com outras palavras".
Falar VACA prendendo bem os dentes nos lábios e segurando ao mes-
mo tempo a palavra na mão com força.
Falar VACA, apenas encostando, os dentes nos lábios e soltando ao
mesmo tempo a palavra para cima com a mão.
o
§
lcrapeuta - "Onde você colocou força para falar VACA? Foi na garganta?
t rr noS lábios?" Se a criança não souber responder pedir a ela para falar de
l, )vo e colocar a mão nos lábios e na garganta para sentir onde fez a força
, tr ll)Íe 9ada.
o exercício a seguir será ver as figuras e de acordo com os dois desenhos
l,r,,rrrler e soltar. Pergunta-se sempre que estrutura ficou presa. O terapeuta
l(,vi,dar o exemplo de falar preso e de falar solto:
hBempres.: oE ffi
*l
Wi__l
lc.rapeuta -
"Mostra para mim em que lugar a palavra BOLO ficou presa'
"Mostra para mim em que lugar a palavra COPO ficou presa'
"Mostra para mlm em que lugar a palavra TELEFONE ficou presa'
"N/lostra para mim em que lugar a palavra RODA ficou presa'
tCrapeuta -'Agora Íala tudo bem solto. Jogue as palavras para o alto
VOcê não acha falar assim bem melhor? Não é mais divertido?"
KO wMWl
__l
It,rapeuta - "Vamos brincar de jogar palavras? Eu jogo uma presa, e voce
,r,r, r ',olta. Depois eu jogo solta e você presa".
( ) terapeuta vai falando as palavras, e a criança repete'
l,tola - casa - rua - teto - gato - lâmpada - caixa - livro - parede -
t,rpete etc.
lprapeuta-"FechaOsolhcl',ctlrtt lorr.,t I,l/tllTl,lr,ltOlâempurrandOalÍn-
,tl,rl)o c.eu cla boca com baslarltt'Ítltt,,t Arl,rt,r,tlrtt'o'' tllltos' Deixa a língua
l{,,,( ,,1.,i)r. QUe tal? NãO fOi rnr,lltor , t',',llt t / Vt' ',r' , { )l l',('( lltt' Í,tl;tr .rSsim. COm OS
Lrl,r,r,, lrt'ttt ttpcrtarlos tlrl) tlrl tlLtttrt. lltrt,r l,rl,rr l'l\lil lll Vrlr i\ rorls0c;t'l{-'? Nã{)
Capítulo 7
EXERCiCIOS PARA TREINAR A
DIADOCOCINESIA
N I a normalidade a fala costuma ser um processo sensório-motor que envol-
I \ u. forças ativas entre o sistema muscular e o trato vocal. A habilidade para
r,x()rcer o comando muscular em sequência é primordial para se Íalar fluente-
rrrr,nte. O posicionamento dos articuladores durante a produção voluntária dos
lnrremas depende, em grande parte, do comando motor que vai de uma posi-
r.,ro articulatoria a outra com precisão e suavidade. A capacidade de movimen-
l,rqao alternada e sequencial visa determinar a regularidade dos movimentos
rr,r Í;trocos da mandíbula, dos lábios e da língua. Permite-nos, também, avaliar a
lrrlcisão articulatória e os suportes respiratório e fonatório.
Na gagueira, como já vimos, pode-se observar que o comando motor está
alltrado. A pessoa que gagueja não passa de uma posição articulatória a outra
, orn facilidade. Ela fica repetindo, prolongando ou bloqueando o som, não fa-
,.r,rrclo a passagem natural nas estruturas articulatórias. A palavra cinesia vem
r lt, r inema ou movimento constante. A diadococinesia expressa bem o que Se
r lt,,,eja observar: se há movimento de uma estrutura articulatória a outra. O pa
l,r k,l que se usa para testar a diadococinesia é a passagem de um bilabial/PA/
lr,1r{r um linguodental ITA/ a um velar/KA/ e recomeçar de novo de um velar a
rrrrr lrilabiale assim por diante. Quando se pede a pessoa para falar a sequên-
, r,r /l,A TA KA PA TA KA PA TA KA/ estamos medindo também a velocidade da
f,rl,t,
o que se observa na gagueira é que os articuladores não se movimentam
,,,rrr velocidade, isto porque havendo alterações da sequência haverá forçosa-
rrt,trfe redução da velocidade. Logo, conseguir realizar bem a diadococinesia
tnr lt( ,l (lue há habilidade em mover as estruturas rapidamente e em uma sequên-
' i,l [)rodeterminada 
de uma posição â outra, que, em última instância, é o que se
',r,,.1'j,l 
para falar fluentemente"
v
34 EXERCICIOS PAHA TREINAF A DIADOCOCINESIA
os exercícioscom a diadococinesia feitos com a criança visam alcançar
mais velocidade na fala. Procura-se, também, facilitar a alternância articulató-
ria. o que se procura é que os movimentos alternados tenham sequência e não
que a estrutura articulatória fique estacionada ou tencionada.
o terapeuta diz: 'Agora vamos aprender outra maneira de farar as pala-
vras. EIas vão ter que se alternar do lábio, para o céu da boca e para a gargan-
ta. Vou mostrar como é":
w
a-D
rd!ürr'ffim
W
- Nos lábios, vou falar bem rápido: PA PA pA pA pA
Na língua, vou falar bem rápido: TA TA TA TA TA
Na garganta, vou falar bem rápido: KA KA KA KA KA
Terapeuta diz: 'Agora é sua vez. Quando eu mostrar o cartão com o dese-
nho você fala o PA ou o TA ou o KA, mas tem que ser bem rápido. preste aten-
ção. Lá vai."
o terapeuta pode começar, então, a alternar de uma estrutura para outra,
variando a sequência. Por exemplo:
ffi
TA TA TA TAPA PA PA PA PA PA TA TA KA KA KA KA KA KA
@
TA
ffiw*.TA
Ou
m
KA
EXERCICIOS PABA TBEINAB A DIADOCOCINESIA 35
Pode-se brincar de fazer palavras engraçadas, movendo-se os cartões.
Também pode-se variar a vogal que se vai empregar; como: /PO PO PO/
tn fTETETE/ ou /Kl Kl Kl/ etc.
Assim que a criança associou o cartão ao som, pode-se começar a alternar
,r sequência.
\&-ffi
PATAKA
w-ffi
PATAKA
Os símbolos acabam ficando associados às estruturas articulatórias, e toda
v(\r que se deseja lembrar ou indicar um ponto de articulação, ele deve ser
rnostrado.
ouaqui ml'or exemplo: olha você prendeu aqur W-* aqui
Pode-se fazer corrida de velocidade entre o terapeuta e a criança utilizan-
rlo o PATAKA PATAKA PATAKA para ver quem faz mais depressa.
EXERCíCIOS ARTI CULATÓRIOS UTILIZANDO A LíNG UA
Estalar a língua igual ao cavalinho: iloc tloc tloc, quantas
vezes forem necessárias, tendo o cuidado de não estressar
a musculatura.
Vibrar a língua como o toque do telefone: Trimmm,
quantas vezes forem necessárias, tendo o cuidado de
não estressar a musculatura.
Rotação da língua como se fosse limpar os dentes, fazer
só 6 vezes para cada lado.frf,h
tW 
Cantar parabéns em "LALALA..
36 EXERCICIOS PARA TREINAI] A t]IAD(]COCINFSI/T
ExEgctctos ARTIcutATontos unuzANDo 0s úeros
Vibrar os lábios, Brrrrrr, quantas vezes forem
necessários, tendo o cuidado de não estressar
a musculatura labial.
Dar beijinhos para dentro (de velho) e para
fora (de moça), também tendo o cuidado de
não estressar a musculatura.
Capítulo B
colocAÇAo DA VOZ
fxERcíctos DE col0cAçÃo on voz
A y;artir da utilização de alguns requisitos do trabalho de colocação de voz, per-
*'lremos que as pessoas com gagueira, neste caso crianças e adolescentes, ga-
rrlr,rm mais confiança e melhoram o seu desempenho na comunicação oral. o
l rryrortante é trabalhar:
' O relaxamento global.
. A respiração.
. O controle fonorrespiratório.
. A flexibilidade dos órgãos fonoarticulatórios.
. A articulação.
. A inflexão.
. A pontuação e as pausas.
. A voz e seus parâmetros: ressonância, vibração, forma bucal e outros.
. O ritmo.
os indivíduos que gaguejam têm tendência a manteç de modo involuntá-
ilr), os músculos da laringe tensos, dando origem aos bloqueios de gagueira.
l)r,rnle disso nos pareceu importante interferir na vibração da laringe, já que
i.'',o pode evitar a ocorrência dos bloqueios tensos. Esses exercícios irão atuar
tro scntido de diminuiç ou mesmo eliminar, o esforço muscular da laringe,
lu x a, lábios e língua. É sabido portodos que, quando se altera o tom de voz nas
1il"\oas que gaguejam, é conseguida uma modificação da gagueira, isto é, a
lrri\oa consegüe falar fluentemente. Diante da evidência dos fatos sinalizados,
r. lnnéfico trabalhar a colocação da voz e seus componentes.
38 c0t0cAÇA0 DA v01
EXERCíCIOS DE RELAXAMENTO
O obejtivo é deixar a criança mais à vontade e relaxada, para poder propiciar o rela-
xamento dos músculos da laringe. Os indivíduos que sofrem de gagueira têm ten-
dência a manter, de modo involuntário, os músculos da laringe tensos, o que irá dar
origem aos bloqueios da gagueira. Relaxar os músculos da laringe não é fácil, já
que são difíceis de serem localizados, mas a criança aprenderá a relaxá-los de forma
correta por intermédio de certos exercícios lúdicos. Para isso, sugere-se incialmente
relaxar o corpo e relaxar a laringe, usando o bocejo como veremos adiante.
Exemplos de hrincadeiras com as crianças até 7 anos
Fingir que é um boneco de pano e fazer um corpo bem mole. Depois pedir que
alterne entre boneco de corda (bem duro) e o de pano, para sentir a diferença.
Brincar de Rei e Rainha" A criança senta-se em uma cadeira e fecha os olhos e
imagina que é um rei ou uma rainha sentada no trono. Pedir para fazer uma
postura majestosa, bem erguida, as mãos pousadas nas coxas. Os pés são colo-
cados em contato com o chão. Pode-se utilizar um banquinho de apoio para os
pés, caso as crianças sejam pequenas, e o mobiliárío for maior. De pé, relaxar o
corpo, braços e cabeça soltando-se e ir dizendo as vogais:/A E I O U/. Espregui-
çar igual aos gatinhos, terminando com um suspiro bem longo.
Com as cÍianças acima de 7 anos
Nesta idade é sugerido fazer um relaxamento mais específico de cabeça -
ombros e pescoÇo:
. Movimento de cabeça do Sim (para baixo), Não (para os lados), Talvez (meia
volta para frente).
o Girar a cabeça toda.
o C)relha no omhro direito orr psc,rrcr.lo sêffr quqr)írrlrior o.; oml-lros
e
a
Ct]LOCACAC] t]A VOZ 39
Girar a cabeça para a direita ou para a esquerda e fazer o movimento do sim.
Girar os ombros para frente e para trás. podem-se alternar os ombros também.
Dar um suspiro bem longo.
t,xERcict0s DE RESPtRAcÃo
5
lrrrJa a fala, assim como o canto, é produzida pelo fluxo de ar que sai, fazendo
.rn QUe as pregas vocars vibrem. A respiração para a fala é conseguida por uma
r'rlrida inspiração (tão rápida que nem tomamos consciência disso), seguida por
rln,r expiração prolongad a. Avozé ativada pela duração da expiração (Boone D.,
l')()6). No caso das crianças que gaguejam, a respiração torna-se mais rápida e
"rrlrorficial 
em decorrência da ansiedade e das tensÕes vocais e pulmonares. o ar
lr,,r lrloqueado, o que acaba diÍicultando a pronúncia das palavras. euando elas
li, , r1v1 11uir nervosas, tendem a encurtar ainda mais a respiráção. lsto provoca um ci-
, h i vicioso. Então, respirar melhor e de forma relaxada irá facilitar a saída de um dis-
,lr'í) maisfluente. Então, como diz Boone, 1996,"a respiração passa a ser um
,,lr',l,iculo à fala, em vez de ser aquilo que a torna possÍvel,,.
o trabalho consiste em sincronizar corretamente a respiração com a fala.
r\ rrlcia principal dos exercícios de respiração é conseguir uma respiração mais
l,r,rÍrrnda, silenciosa e realizar inspirações e expirações mais lentas. o objetivo
t' i k r:;Ar e disciplinar o fôlego para que as pausas possam ser mais naturais. Não
',,'lr,lta de ensinar a críança a respirar. A respiração é uma função vital, nin-
,trrirr) precisa aprender a respirar. o que se está treinando com a criança é
,lllí)(irr a fala corretamente na respiração, é sincronizar afala com a respira-
,-,ro. Para isso sugerimos alguns exercícios:
Lonr crianças acima de 7 anos
ln',1rirar o ar lentamente, enchendo os pulmões (dependendo da capacidade
l,rlrr)onar, os segundos de duração da inspiração podem variar de umas crian-
i.,r', [)r)t"â outras)durante 4 a B segundos. Na primeira tomada de ar será permiti-
,l,r.x[rirar pelo nariz, mas nas seguintes deverão alternar a entrada de ar por
,,rrl,r uma das narinas de cada vez, tapando a outra com o dedo.
o exercício tem como objetivo estimular a função nasal com a finalidade
lr, 1rrí\pará-la para os exercícios respiratóríos.
I
I
\( ) 1o v.zt's\-\ l-.,It
+r
40 cOr.0cAÇ40 DA vt)z
Gom as crianças até 7 anos
Pedir para soprar apitos, cuidando para que este não emita nenhum som. Dessa
maneira, conseguiremos que expirem lentamente. O tempo de expiração
dependerá igualmente da capacidade pulmonar. Pode ser: soprar línguas de
sogra, balões, canudos em copo com água para fazer bolhas,conseguiremos
obter uma brincadeira relaxante e divertida.
I
I
I
\\
()
\-' - './ lmportante: Lembrar que a respiração é nasal.
Obs.: Podemos usar o cronômetro para incentivar nos exercícios respirató-
rios e, dessa forma, acompanhar os progressos.
EXERCICIOS PARA CONTROTE FONORRESPIRATORIO
Por meio do treino respiratório, a criança aprende a respirar profundamente,
lenta e regularmente, inspirando e expirando corretamente, o que provoca
também o relaxamento respiratório. Aprender a controlar a respiração é res-
posta incompatilvel com a gagueira e pode ser considerado um agente terapêu-
tico importante.
COLOCACAO DA VOZ 41
(lom as crianças até 7 anos
( l',ando a figura de uma flor e de uma vela explicar o seguinte: "Toda vez que eu
rnostrar a figura da flor você deve inspirar pelo nariz como se fosse cheirar a flor
r,r'rn seguida soltar o ar pela boca para apagar a vela. Dizer que não deve tomar
rrrrra grande inspiração. Não deve levantar os ombros e nem pressionar para
lr,rixo. Apenas pedir que inspire lentamente e com tranquilidade."
lnispiraç entrada de ar (pelo nariz como se fosse para
sentir o cheiro da flor)
/ P (fazer uma pausa)/
Expirar, saída de ar (soprar a vela quantas vezes ela
aparecer)
*
ô
fl
,dbÕ
44
flt1
@ED 4D
------ @ @
* ---P---- & .'------ & '----_ &
ü_____,_ $ ______P__ &
**&---P----$-P-----[ '----&
42 c0t0LAÇAO DA vOz
Usar a figura de uma flor (de inspirar) e da cobra (para fazer seu
barulho) como sugestão para soltar um /S/ surdo e bem prolongado,
Usar a figura da flor (de inspirar) e da abelha (o zumbido) para sol-
tar um /z/ bem sonoro
&ffi,
#w'___ w _ w
&ffi ffi wffi ffi w
ffiffi:
ffiffiffiffiffi
pg
W,
pg
WT
pg
WT
&
&
&
c0L0cAÇ40 DA vOz
I xercicios de controle Íonorrespiratório com as Grianças acima de
/ iutos
I rrecessário explicar à criança que ela deve utilizar um controle na expiração.
I tt't'ticios tonc alueolíu,es e linguodentais surdas
. Fazer um ls/ prolongado como se fosse dizer SlM.
. f-azer um ltl linguodental sem vogal.
ts-ts-ts-ts-ts...
st - st - st - st - st ...
,, t r írios com labiodentais e bilnbiais swrclas
l,rzer um /f / prolongado como se fosse dizer FIM.
l,rzer um /p/ explosivo sem vogal.
f 
-i-f
f-f-f-f-f-f-f
p-p-p-
f_
f-PP
f_
PPf-
pppf- --
pf-pf-pf pf
fp - Íp - fp Í1r....
I
pf
7
44 c0r 0cAÇA0 DA v(]l
Exercícios coru ltaltttais e uelares surdas
. Fazer um /ch/ como se fosse dizer CHIM.
. Fazer um /k/velar sem vogal.
ch
ch_ch_ch_
ch
ch
_ch_ch_ch_ch_ch_
ch
ch
l.l.-l-
kkkch_
kch-kch-kch...
chk-chk-chk...
Brandi, Edmée - Educação da Voz Falada, Volumes 1 e 2, 1984.
Obs.: Escolhemos os fonemas surdos para diminuir o esforço da saída do ar,
mas podemos também fazer o mesmo exercício com Íonemas sonoros.
COLOCAÇAO DA VOZ 45
EXERCICIOS PARA A PONTUAÇÃO E PAUSA VISANDO AO
CONTROLE FONORBESPIRATÓRIO
A pausa é a palavra mágica para o controre fonorrespiratorio. Em geral, as pes-
"( 
),ls se esforçam muito para respirar enquanto falam, mas tudo o que elas têm
ri. fazer é dar uma pausa para renovarem o ar. podemos usar o desenho a
',r,r;uir para indicar a necessidade de parar.
Boone, D. (1996) diz que quando fazemos uma pausa, os múscuros para a
il',;riração contraem-se, nosso tórax expande-se, inspiramos o ar necessário e
lr,rrlcmos falar de forma mais confortável e sem tensão. Durante a fala, qual-
rrr('r pontuação, como ponto, vírgula ou ponto e vírgula, pode ser uma boa
lr,,r,1 p3r, se fazer uma pausa.
l)evemos orientar a criança que gagueja que também podemos utilizar a
1,,rrr"a quando estamos tentando Iembrar uma palavra ou ideia, ou quando
Êr',l,rrnos pensando no que dizer. Assim seria uma boa maneira de evitar a
,1'rrlueira e controlar a fala, o que será mencionado no capítulo de modificação
,lr, [,rla (Capítulo 9).
l xplicar o que fazer para introduzir a pausa como está no quadro a seguir:
lntrodução da pausa
( )correspondeà inspiraçãoe à expiração
I corresponde à entonação descendente igual ao ponto final
I corresponde à entonação ascendente igual a uma vírgula
Piccolotto - Temas de Fonoaudiologia, 1gtilr
Dandara Farias
Nota
usar com júlia
46 c0L0cAÇA0 DA v(]z
Exemplos:
1. (...) Roberto é bom aluno, exemplar. J Gosta muito de estudar t e é oti-
mo na matemática. J
(...) Resolve problemas com facilidade: J soma, t subtrai, f multiplica t e
divide sem errar. J
2. (...) Comemoramos a entrada da primavera com uma linda festa. J
(...) Plantamos duas árvores no terreno da escola. J
( ) Os alunos cantaram, f dançaram t e recitaram versinhos. J
Para as crianças pequenas, mas que são alfabetizadas podemos pedir que
leiam o texto adiante: as barras (/) indicam onde deverá haver uma pausa, e a
criança deve fechar a boca rapidamente sem inspirar. Ela só inspirará no final
de cada linha, passando para a linha seguinte.
A casa
Era uma casa /muito engraçada/
não tinha teto /não tinha nada/
ninguém podia /entrar nela não/
porque na casa /não tinha chão/
ninguém podia /dormir na rede/
porque na casa / não tinha parede/
ninguém podía lfazer pipi/
porque penico / não tinha ali/
Mas era feita /com muito esmero/
na Rua dos Bobos /número zero.f
Vinicius de Moraes Vol 6 -
Poesias - Para Gostar de Ler - 1980
flilil.
@#dG
c0L0CAÇAO DA voz
Ílom as crianças acima de 7 anos pedir para lerem da mesma Íorma
Tempo para cada coisa
Para tudo/há um tempo,/para cada coisa/há um momento/
debaixo dos céus:/
Tempo/para nasceç/e tempo/para morrer;f
Tempo/para plantar,/e tempo/para arrancarf o que foi plantado;/
Tempo/para malar,f e tempo/para sarar;f
Tem po/pa ra demol ir,/e tem po/pa ra construi r;/
Tempo/para chorar,f e Íempof para rir;f
Tempo/para gemer./e tempo/para dançar ; I
Tempo/para atirar pedras,/e tempo/para ajuntáJas;/
Tem po/para dar a braços,/e tem po/pa ra a pa rta r-se. */
Tempo/para procurar,/e tempo/para perder;/
Tem po/pa ra g ua rda r,/e tem po/pa ra )ogar f or a; /
Tem po/pa ra r asgar, f e tempo/pa ra costu ra r;/
Tempo/para calar,f e tempo/para falar;l
Tempo/para amar,f e tempo/para odiar;l
Tempo/para a guerra,/e tempo/para a paz.l 
Ecresiastes 2.3
I XERCICIOS PARA MELHORAR A OUALIDADE VOCAL
l',1r", exercícios são importantes, porque as pessoas que gaguejam, em geral,
li,rrr tendência a fazer muito esforço para falar em razão da desorganização de
ilrrkrs os músculos envolvidos no ato de falar. As pregas vocais tensas demais
,lr,r,)r'n um som tenso e forçado, prejudicando a qualidade vocal. Quando as pre-
' l,l', vocais vibram e produzem som, fazem outras partes do corpo vlbrarem tam-
lx,rrr. Essas áreas são chamadas de ressonadores e compreendem a garganta, a
lx r« ,1 s, às vezes, o nariz. Os ressonadores são responsáveis peío fortalecimento
r lr r ',nffi de base e o aperfeiçoamento da qualidade vocal. A garganta deve man-
l,,r ',Ê relaxada como a sensação do bocejo. Selecionamos alguns exercícios:
l.rxercícios para os movimentos da laringe:
I xercícios para ampliar a forma brucal com naturalidade:
(,I -O U_E U*A
I O E_U E-A
u-r o-t o-A o t. ()
E-O E-l A-U A O A
u-o-A 
^ 
I o
Miau Miau (igual ao "t''nffi 
Fazer oexercício 5 vezes sesuidas.
48 001 0(;A(JA0 DA vol
Mostrar à criança as formas bucais e pedir para
tArÉrÊutotôtu
Exercícios de ressonância:
Pedir para relaxar bem a mandíbula, inspirar e soltar o sorn suavemente.
Com as mãos em concha, sentindo a ressonância no/hum.../ir abrindo
para emitir as sílabas. Pedir para fazer o som de HUM de um modo leve. Expli-
car que irá sentir uma vibração no teto da boca.
Exercícios usando a mastigação:
Os exercícios de mastigação ajudam a relaxar a mandíbula e a prega vocal,
o que é muito importante para se alcançar uma fala bem relaxada.
iam - iam - iam... (mastigando de forma bem exagerada)
mastigar um/m/) e acrescentar sons, palavras ou frases:
Falar as vogais ao mesmo tempo mastigar dizendo:
mamama... - mememe... - mtmtmt... - momomo... - mumumu...
Fazer esse exercício até acabar o ar, mas sem precisar entrar na reserva
do ar, ou seja, sem a sensação de esforço.
00r 00AÇA0 uA VOt 49
I.XERCICIOS PARA OBTER VIBRAÇÃODAS PREGAS VOCAIS
( )', exercícios de vibração das pregas vocais servem para o ajuste motor e o con-
t r olc fonorrespiratório.
Vibração de língua
lrrrr..... (10 vezes curto)
tJsar a vibração de língua com as vogais 5 vezes:
I rrr...a Trrrr....e Trrrr......i Trrrr.....o Trrrrr.....u Trrrr.....ão
( antarolar em Trrrr a música "parabéns pra você" ou "Atirei o pau no gato,,
Vibração de lábios
Ilrrr..... (10 vezes curto)
tlsar a vibração dos lábios com as vogais:
llrrrr....a Brrrr...e Brrrr....i Brrrr...o Brrrrr......u Brrrr...ão (fazer 5 vezes)
o terapeuta deve sempre orientar o paciente para que faça os exercícios
r[' manêirâ suave e sem esforco
I XEBCíCIOS PABA A EMISSÃO SUAVE DA SONOHIZAÇÃO
INICIAL
/\',onorização é o efeito da transformação do ar expirado em som vocal. Esses
i'xlrcícios ajudam a diminuir o esforço que os que gaguejam costumam fazer. A
f,rr,a é feita, porque eles acreditam que dessa maneira conseguem expulsar o
,il [)ara continuar falando, mas acontece que com o esforço eles acabam produ_
.'rrrrlo o golpe de glote ou a parada tensa na laringe. Brandi E (1984) define o
'1,lpe de glote como: "consiste em pronunciar vogais de início de palavra com
rrrn brusco fechamento das pregas vocais, o que é percebido como uma espécie
, i. r lique ou estalo na altura da laringe." Já Boone D. (jgl1) diz: .,no golpe de
r 1L rter há o início abrupto da fonação que requer esforço desnecessário,,. Boone
' r)rttinua: "a pessoa fazuma abdução nas pregas vocais, mas não inicia a fona-
r., r, â té que o fluxo de ar que chega seja forte o suficiente para abrir a glote,,.
conforme é relatado por quase todas as pessoas que gaguejam, a dificul-
,l,rrln maior que elas experimentam e quando vão iniciar a fala. É possível que
rr ",le momento a pessoa sinta que vai passar do silêncio à fala ou que não vai
Ir,rvor ar suficiente para falar. pensa tambem que o ouvinte irá concentrar seu
l, r* de atenção na sua fala e que isso e sempre Lrma experiência frustrante.
l',.'r' conjunto de situações acaba gerando insogur.rrrç.:. ansiedade e descon_
Itokt. Os exercícios de emissão suave têm a finalirJarlc rlc trabalhar o momento
,lr, trriciar a fala.
@
,,et*
vd.(:
Som do celular vibrando: hum hum hum hum
hum hum... ma - hum... me - hum... mi - hum...mo -
hum...mu
Som da vaquinha mugindo: hum.... mu mu mu
(fazer 3 vezes).
Behlau M e Pontes P Avaliação e tratamento das disíonias, Siio P,rulo, toviso
r'"
50 c0LOCAÇA0 DA voz
É aconselhável usar a figura do esquiador para indicar a necessidade
suavizar a fala ou de fazer uma descida suave na maneira de iniciar a fala.
O terapeuta orienta a criança a dizer suavemente o som do/h/como
expiração"
Fazer o mesmo 3 vezes cada:
Em seguida dizer suavemente expirando o nome das figuras 3 vezes cada:
c0L0cAÇÃ0 DA voz 51
EXERCíHOS USANDO AS INTLEXÔES
"lnflexões são modulações da voz que se elevam e abaixam quando expressa-
rnos o nosso pensamento. As inflexões constituem a música das palavras."
(Nunes L., 1976). A naturalidade é a melhor forma de se conseguir uma infle-
x,ro mais verdadeira. O objetivo de trabalhar as inflexôes com os que gaguejam
r" para se conseguir uma forma de falar mais natural.
Com as crianças até 7 anos
( ) terapeuta pede que falem palavras com intenções diferentes. É possível mos-
Ir,rr-se as figuras das intenções e ir pedindo à criança para falar.
' '"*o'o'ro,n 0,.,, {0 farar triste ffiu, 
farar com o,"rr" $ farar feriz
Boa tarde!:i@ fatar rindo 
W 
fatar tranquito
Não quero dormir!:{O fatar chorand" 0 fatar com medo
Até losol: 
{g 
falar alesre m falar atrasad" g Íalar assustado
É holet: iffi ratar sritando 0 ratarretiz
X
,
ry
,e
w,
§
W
A
1Wt
w
ü
AAAAVIAO
naAANA
nnnABELHA
nanABACAXI
nnaAPlTO
nnnABACATE
nnnAQUARIO
nnAAMORA
Repetir o exercício abaixo 5 vezes:
hava heva hiva hova huva
ha_ha_ha
he_he_he
hi_hi_hi
ho_ho_ho
hu_hu_hu
5;l-
l{,lflulifl a.c§ q;Í"ilü}lt}üi}iÉ r;it-:it'riá;r dq} I +*Fir;ç
Pedir para dizer a mesma palavra variando as intenções, utilizando para isso o
auxílio de frases que tenham o mesmo sentido.
rNTENçÃO PALAVRA-CHAVE: CHOVER
Constatar Está chovendo.
Duvidando Parece que está chovendo.
Afirmando Está chovendo
lnterrogando Está chovendo?
Contradizendo Não está chovendo não.
lronizando Chove só porque eu vou à
Admirado Nossa ! Que chuva.
Aborrecimento Que chuva chata...
Aliviado Ainda bem que chove, não vou à aula.
Eu não disse que ia chover!
Tristeza Já não posso ir à praia
Acabou-se a chuva!
Estou com o dia perdido por causa dessa
chuva !
Não para de chover!
Estou com pressa, porque vai chover.
Eu não disse que ia chover.
Essa chuva vai alagar a rua.
Estou todo molhado.
Chove e mamãe não chega.
Que raiva me dá essa chuval
Não aguento mais essa chuva..
Adaptação do livro de Lilia Nunes
da tducação e Cultura (19/6).
Cartilhas de Teatro. Manual dc voz u rlicç;ro. ?. edição. Ed. Ministério
!11
Exercício de dar uma inflexão nos provérbios de acordo com as intenções:
Exemplo: "Um dia a casa cai", dar a inflexão de acordo com a intencão
.r rt lcrida.
rNTENçAO
, ,,nrá*naã
/\Íirmando
Talvez não caia.
A culpa é sua!
rrr luietude Estou achando que a casa vai cair
I rrsteza
Um dia a casa cai.
A casa vai cair.
Será que essa casa vai cair?
Que pena... e uma casa tão boa!
Será possível que vai cair!
Já imaginava que fosse cair
Cuidado que a casa vai cairl
lr rterrogando
I rrrvida
Ouvi dizer que vai cair. E verdade?
l(r,volta
, olora
lsso não fica assim !
i Você vai
!
I
pagar por isso!
; Ele vai me paqar caro!
l--
h/ r,,r'rrcórdia Coitado.". não tem culpa. 
I
I lrrirrr,rrlc'ir,r, r.la não cai. i
I
t rr t/, iÇâO
I r1rl,tr,,lo rlo livro de Lilra Nurres. Carlilh,r,; rk. lr,,rlro M,rrrrr,rl rlr.v(r.,r,(lt( (\,r() ,r r,rli<,;tct. Ecl. Ministério
r r l ,lrrr , ri ,tr) e Cultura (1976).
1
\,/ltt(J.tnça
7
Capítulo 9
MODIFICAÇAO DA FALA
EXEHCTCToS DE MoDTF|CAçA0 DA FALA E DA
SENSIBILIDADE
A marca fundamental da terapia de gagueira na criança e no adulto pode ser
olocada em um tripé: EXPLORAR - MODIFICAR - VARIAR. De alguma maneira
o terapeuta tem de ajudar a criança ou o adulto com gagueira a se livrar dos
padrões de fala estereotipados. Alimentados pelo medo, ansiedade, inseguran-
r,a e esforço para falar, a pessoa que gagueja fica limitada nas suas escolhas. O
rnovimento estereotipado de falar acaba se consolidando, acabando por impe-
rlir o surgimento de opções de fala diferentes. Não é por menos que van Ripper,
lle mesmo um ex-gago severo, recomendava o tratamento em três etapas:
Primeiro identificar a gagueira como foi feito nos Capítulos 4 e 5, em segui-
rla vem a etapa de modificar a gagueira e as emoções e, por fim, estabilizar a
nova maneira de falar aprendida e os novos sentimentos sobre si mesmo.
mbora possa não parecer tão abertamente como é no adulto, na criança já
lr.i algumas emoções presentes. Já começa a existir certo receio ou quase
tnedo de falar com pessoas, ou em determinados lugares. Logo surge uma es-
lrecie de ansiedade como ter urgência de acabar logo de falar as coisas antes
rlue alguém interrompa. Já há um início de insegurança ao falar, como se hou-
vcsse dúvida sobre sua habilidade ou capacidade de falar as coisas. São emo-
r,i;es primitivas e ainda muito fracas. É dificit trabalhar essas emoções de forma
rliretiva como se faz com o adulto. A criança não verbaliza. Ela não reconhece
,r emoção. Se perguntarmos a ela se tem medo de falar ela vai dizer que não,
rlue tem medo de monstros no escuro, de anelar na roda-gigante, mas de falar
ldentificação - Modificação - Estabilização
56 t/(]uil 1CAÇA0 DA FALA
não. Tampouco ela reconhece a ansiedade e a insegurança. Seu mundo é
pequeno e limitado.
Definir o que é uma psicoterapia é tarefa difícil, mas definir o que se visa
com ela é muito fácil. A psicoterapia nos casos da gagueira visa aliviar a ansie-
dade e os sintomas associados. Desenvolver uma autoestima e um comporta-
mento social adequado. Aperfeiçoar na pessoa a habilidade para tolerar o es-
tresse e as pressÕes sociais.É uma modificação bem grande do autoconceito
da pessoa, focalizando seus sentimentos como alguém que gagueja, ou seja,
as tentativas de lidar com as situaçÕes difíceis e a redução dos conflitos e ansie-
dades em situações de comunicação. Como recomenda Perkins (1973): "Se
alguma técnica de psicoterapia relacionada com a fala não for incluída no tra-
tamento da gagueira, o problema tem todas as chances de persistir e a resistir
a uma modificação permanente".
Algumas sugestões de psicoterapia com a criança:
. Ensinar a criança a ouvir. É o jogo do role playing (troca de papéis), cada um
tem sua vez de falar e de ouvir. Brincar de um falar, e o outro de ouvir. Quan-
do um fala, o outro escuta. Essa é a regra do jogo.
r Ensinar a criança a se defender das gozaçoes. Dizer que todos têm proble-
mas e que todos nós somos diferentes. Uns são altos, outros são baixos, uns
usam óculos, outros não, uns são magros, e outros. gordos.
Exemplo:
Terapeuta é: Criança é:
Alto Baixa
Gordo Magra
Usa óculos Não usa óculos
Tem voz grossa Tem voz mais fina
O cabelo é liso O cabelo é com cachos etc.
Ensinar a criança a falar mais devagar assim que perceber que estão aconte.
cendo muitas repetições. Nesse momento procurar falar mais devagar, sua.
ve e pausadamente. Quando achar que a fala está saindo de modo mais
fácil, pode falar um pouco mais rápido e com menos pausas.
Ensinar a continuar falando fluente, mesmo se r:stivcr serndo interrompido.
IVOD IFICACÃT] t,]A FALA
enquanto isso você comeÇa a falar também. Eu não vou parar de falar". De-
pois será a vez de a criança falar, e o terapeuta interromper. A criança deve
ser instruída a continuar falando durante a interrupção, mas manter a fluên-
cia.
. Dar conselhos sobre a comunicação na escola; procurar não falar muito rápi-
do ou demasiado no grupo da escola se a fala estiver com muitas repetições.
Explorar a fluência, ou seja, falar bastante na "rodinha" se for um dia de fala
solta e de poucas repetições.
Tudo isso nos leva na direção de começarmos diretamente a modificar a
rrraneira de falar, trabalhando o modo de articular, de usar avoz, o ritmo de
l,rla, o feedback auditivo (o se ouvir) e, por último, mas não sem menos impor-
l,incia, o uso da linguagem.
IXEffiüíGIOS USANDO O CANCELAMENTO
l',rra começarmos a modificar diretamente a maneira de falar temos de estar
,rl)tos, como terapeutas, a ajudar a pessoa com gagueira a modelar seu com-
lrortamento de gaguejar de modo que, mesmo que ele ocorra, a pessoa consi-
,1,rser fluente. A modificação evita que o distúrbio permaneça o mesmo e se
rrr,rntenha. Logo após cancelar a fala, é introduzida uma pausa. Ela visa mudar
,, ( omportamento de gaguejar antes de prosseguir falando. o cancelamento
l,rr iclealizado por van Riper primeiramente como um veículo para aprender no-
v,r', respostas ao estímulo que desencadeia o falar gaguejando. "É como se fos-
',r,rim laboratório de aprendizagem portátil", diz Van Riper (1955). A pausa
,r, ,rlma, introduz uma identificação do que está sendo feito, dá uma chance de
rrroriiÍicar o que está fazendo, preparando a pessoa para mudar. Num esquema
il'lraviorista, o cancelamento corta o hábito de falar repetindo ou bloqueando.
Cancelar é uma atividade fácil. A pessoa está fazendo algo e no meio da
,rtrvrdade resolve mudar de ação. Explicar à criança que é possível bater a bola
rr,r [)arede ou no chão e parar quando quiser. Pode-se inventar de brincar no
lr,r(lr.iinho e desistir porque está chovendo. A brincadeira de "estátua" explica
1,,,r11 6,^,6" queremos chegar com o cancelamento. A criança comeÇa a dese-
llr,rr o toda a vez que o terapeuta falar "estátua" ela para de desenhar, espera
i'( ontinua. Dizer "estátua" quando estíver andando pela sala, a criança deve
lr,rr,rr e continuar em seguida. É possÍvel Íalar coisas, parar no meio e continuar
,,rir,,eguida.
58 M0DrFrCAÇAO DA FALA
Usar o símbolo para indicar que deve parar o que está dizendo e em segui-
da modificar a fala. No cancelamento a pessoa para de falar assim que uma pala-
vra gaguejada é emitida. Recomenda-se falar a palavra novamente de uma manei-
ra mais suave e controlada. A pausa tem uma finalidade dupla: trazer uma
conscientização da repetição, do prolongamento ou do bloqueio, e impedir
que o círculo vicioso da gagueira continue. Seja lá de que modo a pessoa
aprendeu a falar daquela maneira, quando a fala é interrompida entra no cére-
bro uma modificação na trilha motora dos neurônios. Com um novo circuito
motor cerebral torna-se possível planejar um movimento de fala sem repeti-
ções e com menos tensão. Quando uma criança ou adolescente percebe ao
parar de falar o que fez naquele exato momento, ela consegue planejar uma
modificação. Se conseguir falar sem gaguejar a criança começa a perder o
medo de sua fala. Dessa maneira estamos interrompendo o círculo vicioso da
emoção como veem a seguir:
gagueira + ansiedade -+ medo -+ preocupação -+ insegurança -+
+ gaguetra
MODIFICAÇÃO DA FALA 59
Sem as emoções a tensão irá diminuir, e a fala começará a ficar mais fácil e
rnais fluente.
Exemplo de como trabalhar o cancelamento com as crianças até 7 anos
para que elas entendam o que é parar no meio de uma atividade:
/íffi/,1 17ç;;:24\., r\| -" Yrt IIIs{\' F"f
III
\./P.,III!\\/
'/-...tIIIt
l' '--;== "']
Quando toca o telefone eu paro o que estou fazendo e atendo o telefone.
Se eu estou parado, e é dada a largada na corrida, eu começo a correr.
ffi.sffiaffire
W
W
W
ru
Quando estou dormindo, e o despertador toca, eu paro de dormir e levan-
lo-me.
Quando tenho sede, eu paro o que estou fazendo e vou beber água.
60 N/0DIflCAÇ40 DA FALA
É interessante utilizar as figuras a seguir para indicar que deve parar de
falar, quando a terapeuta levantar o sinal vermelho e levantar a figura do sinal
verde toda vez que a tarefa foi bem executada, ou seja, sem gagueira.
Sinal vermelho para indicar o cancelamento Sinal verde para reÍorçar o bom desempenho
Quando a criança começa a aprender a maneira de usar seus articulado-
res, podemos comeÇar a modificar a tensão exÇessiva ou a treinar o gesto ar-
ticulatorio, colocando menos pressão. Esta fase da terapia pode ser chamada
de treino proprioceptivo. O exercício ajuda a criança a se monitorar muito
mais pela propriocepção do que pela audição. Podemos partir da premissa
que o sistema auditivo nas pessoas que gaguejam apresentam alterações.
Naqueles que não gaguejam quando é cometido algum erro na maneira de
articular um determinado som, a própria pessoa logo se corrige. O sistema
de feedback auditivo avisa: falei errado. A pessoa para imediatamente de
falar ou mesmo para no meio da palavra e faz uma correção. Nos que gague-
jam essa correção não é feita de imediato. A sílaba ou a palavra é repetida, às
vezes, até 5 vezes sem que haja uma interrupção ou um cancelamento do
gesto articulatorio errado. Pode acontecer também de o ar ficar preso em
alguma estrutura da fala, e a pessoa com gagueira não Íaznada para modifi-
cá-la. Esses fatos nos levam a concluir que há necessidade de trabalhar na cri-
ança a propriocepção, para que ela sinta no tato o que está fazendo, já que
ela não percebe o que está ouvindo.
É interessante começar a dar recompensas para a criança, quando ela rea-
lizar bem as tarefas. Ela vai acabar percebendo que para agradar o terapeuta
ela precisa acertar. Podem-se distribuir fichas para serem trocadas no final da
terapia por uma bala, um decalque ou uma figurinha etc. Não se deve dar a
recompensa aleatoriamente. Ela deve vir imediatamente apos a boa resposta.
O prêmio também pode ser uma estrela que é distribuída ao longo dos exercí'
cios, sempre que houver um acerto. Dessa forma, vaiso rnrt«lelando o compor-
VI(]DIFICAÇA(] DA f ALA
não foi bom, ou mostrar a figura da cara triste. o terapeuta pode também
0lhar para baixo com uma expressão triste. Pode também distribuir cartÕes pa-
ra o certo e para o errado, como a seguir:
o terapeuta explica: "Fazet contato suave é quando duas coisas se tocam
rlurante um momento.lgual a uma borboleta que pousa na flor bem de leve,
ou tal qual uma folha que cai da árvore". É possível se pedir à criança para
locar as coisas de modo suave para sentir a leveza do seu gesto e tocar com
Íorça para ver a diferença.
o terapeuta, então, diz: "Vou falar muitas palavras de modo bem suave.
\em prender o lábio, colar a língua ou ficar com o som preso na garganta.
()uero que você me diga se reparou como elas foram feitas bem de leve, sem
Íorça, igual à borboleta, ou se foram presas, amarradas'"
O terapeuta em seguida lê uma lista de palavras em que ele fala de modo
ktnto e bem suave. A criança é instruída para olhar bem para sua fisionomia
p.-rra identificar a fala Íeita sem contato preso.
Após isso, o terapeuta diz que agora vai falar umas palavras presas e ou-
tras soltas, e que ela deve sinalizar isso apontando para um cartão que indica
rlue está havendo um contato preso ou um que indica que está havendo um
r ontato suave.
o terapeuta começa a falar: casa ;irvçro rltla<lro PAREDE (de repente
rr torapeuta usa um contato de lábio llcrtl fortc tlrt klttt'tltit lpl)"Se a criança
6t
Cartão para ser dado quando a criança fizer o exerciclo corretamente
Cartão para ser dado se a criança fizer o exercício malfeito ou errado
cartão para contato suave
:ok- cartão para contato Preso
62 M0DtFrcAÇA0 DA FALA
apontar corretamente, deve ser dito a ela: "otimo, você percebeu que eu usei
muita força, muito bem. Você ganhou uma estrela ou um cartão de alegria.
Vamos continuar".
livro - onça - janela - cAMlsA - estrela - céu - TELEVISÃO - escada - lâmpada -
sapato - amigo - papagaio - chiclete - pApEL _ TOMATE _ zebra _
CAMINHÃO etc.
o terapeuta diz: "Você se saiu muito bem. Agora vamos fazer diÍerente,
você fala o nome da figura e eu vou apontar para o cartão da borboleta ou para do
homem, fazendo força quando eu achar que você usou muita força para falar,,.
As figuras são colocadas na frente da criança, e era vai falando o seu
nome. se o terapeuta perceber um lábio tenso ou a repetição de uma palavra,
ele aponta para a figura do homem fazendo força. Esses símbolos devem ser
utilizados sempre ao longo do tratamento. se a criança compreender a redu-
ção da tensão nos lábios, na língua ou nas pregas vocais, em oposição ao
aumento de tensão já teremos meio caminho andado.
Para fortalecer a propriocepção podemos alternar contato preso e contato
suave em uma Iista de figuras. o exercício visa ensinar a criança a aprender a
modificar a postura dos articuladores, se isso for necessário. o primeiro passo
é dado pelo exemplo do terapeuta. Aliás, sempre que se pede à criança para
fazer um exercício, o primeiro a f azer é o terapeuta (é ele que vai dar o mode-
lo) e em seguida pedir a criança para fazer igual.
os dois cartões (a borboleta e a força) são colocados na frente da criança
e é pedido que ela fale o nome das figuras. É expricado que ela deve falar as
palavras de acordo com a ordem dos dois cartÕes, isto é, uns com força, e uns
suave.
w'fo- w'fu-* w
i\i ODIFICACAO DA TALA 63
E em seguida
ordem de contato
a fileira de figuras é dada para a criança falaç seguindo a
preso e contato solto:
ou, então, alternando a ordem para treinar maneiras de falar diferentes:
Wrcffi.fo-*
O importante é a variação do modo de falar. Para que a criança perceba
lrre é possível ter uma grande variedade de falas.
ú ffi @&
64 M0urFrcAÇA0 DA FArA
EXEBGTCToS PARA EVITAR 0 ESFoBÇo
O objetivo é evitar a tensão e usar os músculos da fala sem qualquer esforço.
Pedir que a criança encoste suavemente os lábios um no outro, falando um
fonema bilabial como o /M/. Esta seria uma maneira de tirar a tensão da pala-
vra que deve vir a seguir. Recomendar primeiro que encoste os lábios bem rela-
xados um no outro e, depois, falar a palavra. O terapeuta pode utilizar este mes-
mo exercício com outras sílabas ou palavras de dificuldade da criança.
A técnica de falar uma sílaba relaxada antes de uma palavra difícil produz
excelentes resultados, sobretudo quando se trata de eliminar os tremores de
lábio na tentativa de produzir o fonema inicial, ou quando se percebe um
medo de iniciar a fala ou dizer determinada palavra mais difícil.
Com as crianças até 7 anos
Mostrar a sílaba e o desenho da figura a ser trabalhado. O terapeuta deve sem-
pre dar o modelo. Explicar à criança que serão palavras sem sentido, mas que
isso não tem importância, o importante é não haver tensão nos músculos da
fala.
Mostra a figura da borboleta para indicar a suavidade.
Exemplo: falar a sílaba ma + figura de pato : falar /mapalo/
Fica: mapato
effi,R
Fica: mipente
sq"@
Fica: mopeixe
w,3w
Fica: mupassarinho
§ffi.,
M0DrFrcAÇA0 DA FALA 55
Com as crianças acima de 7 anos
['edir para encostar o lábio e ler primeiro com as sílabas e depois com a palavra:
MA
ME
MI
MO
MU
ME .-.------+ PASTA
ME ------------+ PESO
ME ---------+ PILHA
ME ----------f PORCO
ME -----------) PULO
MO -----------| PÃO
MO ---------+ PEDRA
MO 
-------| 
PTPOCA
MO ----------+ POXA
MO -----------> PUNHO
MA --------+ PATO
ME -----------) PELO
Mt -----------+ PINO
MO ---------+ POTE
MU -----------| PULA
Mt ----------+ PRATA
Mt -----------+ PERNA
Mt ----------+ PIsTA
Mt ---------> PORTA
Mt -----------| PULSO
MU ---------+ PAIXAO
MU 
-) 
pELÉ
MU 
-> 
PISCINA
MU -----------+ POLíClA
MU -----------+ PUXA
ípn
lpr
1pt") po
l.',
EXERCICIOS USANDO O BOCEJO
O bocejo é recomendado como um exercício de relaxamento vocal que serve
1r,:ra soltar os músculos da laringe envolvidos no ato de falar. Schwartz (1973)
rccomenda usar exercícios com o bocejo com a finalidade de abrir as pregas
vocais que geralmente ficam tensas em quem gagueja. O bocejo é sabidamen-
ln um exercício que propicia a fluência.
F
66 MODÍFICAÇAO DA FALA
Gem as erianças até f anos
Mostrar um desenho de bocejo. Pedir para bocejaç soltando o ar e falar em
seguida a 1a sílaba da figura mostrada. Exemplo:
Bocejar + casa
ü
."+;;+ffipffiiflí ffi'
"i, 
I I &:-dLJ t#r'
A]Ml:ES-\=, 'Bocejar 
+ toalha
*
*
*
Q
*
* TlpF Bocejar + jacaré
Usar brinquedos concretos com a palavra a ser trabalhada com o bocejo.
Mostrar o cartão do bocejo para lembrar o que fazer,
* d Bocejar + sato * ffi".rar + pipoca
iffiBocejar+boro
ffi
Bocejar + copo
Bocejar + leite
Bocejar + queijo
nltoorncaçÃo DA FALA 67
Gom as crianças acima de 7 anos
Não é tão necessário usar as figuras. Pedir para bocejar, soltando o ar e dizendo
em seguida a 1ê sílaba da palavra a ser lida.
Exemplo: Bocejar + PA, bocejar + CA etc.
BA - CA - TA - DA - FA - cA - JA- KA - LA - MA- NA - pA- QUA _
RA-AS_TA_VAXA_ZA
BA- CE - DE- Ft - cO -JO - LU - MA- NE- pE - QUr _ RO _ SO _
TU - VA _XÊ _ZE
Mostrar a palavra escrita e pedir para bocejar dizendo em seguida a palavra.
Bocejar + PATO Bocejar + CADEIRA Bocejar + BORBOLETA
Bocejar + BLUSA Bocejar + CREME Bocejar + BROCOLIS
Bocejar + FRANGO Bocejar + PROBLEMA Bocejar + GRAVATA
Bocejar + CRUZEIRO Bocejar + MICROFONE Bocejar + PRESENTE
Bocejar + EMBRULHO Bocejar + CICLISTA Bocejar + FLANELA
68 M0DrFrcAÇ40 DA FA[-A
Com crianças pequena§
Mostrar o desenho de uma cena e pedir para fazer uma frase. Caso a criança
não tenha uma ideia podem-se fazer sugestões:
@ffi
@ffi @t
o parhaço anda na perna de pau. 
B Nu"[ÊT"-oe 
a escada, mas está com
M*aB=
W &§I1 Esse menino caiu do skate, porque não sabe andar direito.
át t#
W @ruEu seiandar de bicicteta com uma das mãos só'
Gom as crianças acirna de 7 anos
Trabalhar com frases feitas e automáticas. Pedir para bocejar dizendo em segui-
da a frase que o teraPeuta vai falar:
"Cada macaco no seu galho."
O homem e a mulher dançam. Eles estão na Praia tirando fotos.
"Nada como um dia aPós o outro,"
"Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura."
"É melhor não cutucar a onÇa com vara curta."
"Em boca fechada não entra mosca."
"Filho de peixe, peixinho é."
a
a
e
a
a
MoDtflcAÇÃO DA I-ALA 69
Com as crianças até 7 anos
Mostrando uma sequência de
ruma historinha. Sugestão Para
@
@
figuras ou cenas, pedir para bocejare contar
usar nas hrstórias:
bffid/rffi@
@@ffi
Emseguidaseráinteressantepedirparanarrarfatosoucontarhistórias
.,obreuma-figura'obocejodepoisdeumtempodetreinopodesertrocado
lrela instruçãã de soltar uma pequena expiração 
antes de iniciar a fala'
Por exemPlo: exPiray'contar
Com as crianças acima de 7 anos
l,edrr para contar ou narrar uma histÓria a partir das figuras. 
Fazer sempre o can-
, olamento quando houver bloqueio, repetiçÕes, prolongamentos 
ou hesitaçoes'
l' interessante anotar asfrases em que houve mais dificuldade 
ou muita gagueira'
l scr.êVêr. estas frases em uma folha de papel e perlir à criança 
para leváJas para
( dsa a fim de treinar a fluência nelas. cobrilr o trr:ino na proxima sessão'
7
10 MODtFtcAÇA0 DA FALA
EXEBCICIOS DE PULAR DE VOZ FRACA PARA VOZ FORTE
Neste exercício sugere-se repetir a primeira sílaba do som inicial da palavra de
modo fraco, alternando-se com um som forte, a ideia é que a criança aprenda a
controlar o seu modo de falar. A criança deve falar a palavra com a voz bem bai-
xa, depois com voz forte ou alta e depois de modo baixo e, por último, a palavra
toda de modo natural. Explicar para a criança que palavra forte significa falar
com uma voz bem alta, e a palavra fraca é para falar com voz bem baixa.
Começa-se só com palavras e depois com frases a partir de figuras ou
cenas diversas.
Com as crianças até 7 anos
Usar cartões coloridos e figuras. Exemplos:
f,In
fraco forte fraco falar a palavra toda de modo natural
"ffiffiffiw
E [1_] r
fraco forte fraco ffifalar a palavra toda de modo natural
td Lyl E
fraco forte fraco falar a palavra toda de modo natural
E LI_] E
fraco forte fraco falar a palavra toda de modo natural
Etr-] E
fraco forte fraco falar a palavra toda de modo natural
MODtFrCAÇAO DA FALA 7l
Com as crianças acima de 7 anos
l'edir para ler o nome das palavras com um tom de voz alto ou forte e alternar
com um tom de vozfraco ou baixo. Exemplos:
rd@trtrtrtrtrl;"l[;.lml[;lm. lml
l_"""__] I "'" il r;" ll Í;i; ll ffi" ll ;;;iã" I
Exercícios de alternar frases, usando o som forte na palavra de valor. A
palavra de valor marca a emoção ou a intenção da pessoa que fala.
Com os maiores que iá sahem ler
Explicar que, na palavra sublinhada, deve-se falar de modo forte.
1 . Eu não gosto de comer espinafre.
Eu não gosto de comer espinafre.
Eu não gosto de comer espinafre.
Eu não gosto de comer espinafre"
2 Hojc vou à praia com a mamãe.
Hoje vou à praia com a mamãe.
Hoje vou à praia com a mamãe.
3. Papai vai me levar ao Jardim Zoológico para ver os macacos.
Papai vai me levar ao Jardim Zoológico para ver os macacos.
Papai vai me levar ao Jardim Zoológico para ver os macacos.
72 MODrFrcAÇ40 DA FALA
ExERcíHos pARA TRABATHAR As síLnens pREsA E soLTA
Pedir para a criança repetir as sílabas de forma presa (com bloqueio de ar) e de-
pois falar a palavra toda de forma solta (soltando um suspiro longo). Pode-se
sugerir também que a criança aperte as sílabas na mão e fale em seguida a pala-
vra toda de forma solta. Com as crianças até 7 anos devemos usar figuras, ou
materiais concretos; exemplo: bichínhos de plásticos, brinquedos, ou mesmo
adaptar os materiais educativos. Uma outra forma de trabalhar as palavras pre-
sa e solta seria usar fichas coloridas para marcar a quantidade de sílabas a
serem faladas de forma presa. O fonoaudiólogo poderá escolher os fonemas a
serem trabalhados conforme a necessidade da criança.
M0DrÍ-rcAÇA0 DA FALA 73
s@
/Ca/ (aperlando a mão e apertando ao mesmo tempo a palavra na boca)
pois falar /va lo/ (soltando a mão e, ao mesmo tempo, expirando a palavra).
Falar a palavra /cavalo/de uma vez só.
Com as crianças até 7 anos
Falar primeiro o pedaço da palavra ou da sílaba e depois dizer a palavra inteira,
usando as fichas coloridas:
ooooo
oo @o.o
i§
i.1tr1rfl
ü
BA.TOM
oo
batom
BO-LO BOM-BA
é- o e.o
Í\i 0DtFrcAÇÂ0 DA FALA
TE-SOU-RA
ooo
tesoura
GAI-O-LA
ooo
gaiola
BOR-BO-LE-TA & E-LE-FAN-TE
Gf,.:,":.. -ffi-?,,: =
Hr-po-po-TA-Mo *##ffi MA-MA-DE|-RA
b.;"?,:. ffi.:.:?,.)ryffi
voorrrcaçÃo DA FALA 75
Com as crianças acima de 7 anos
lreinar a sílaba presa (aperta a mão) e a sílaba (solta a mão) com vogais.
Mostrar à criança a figura das mãos fechada e aberta: Exemplo:
IXEMPLO: +
BA .A
BI -A
BU -A
MA-A
MI .A
MU.A
PA -A
PI -A
PU .A
BA -E
BI -E
BU .E
MA. E
MI -E
MU. E
PA -E
PI -E
PU -E
BA -O
Bt -o
BU -O
MA-O
Mt -o
MU.O
PA -O
Pt -o
PU .O
BA -U
BI -U
BU .U
MA. U
MI .U
MU-U
PA -U
PI -U
PU .U
a primeira sílaba solta e
I XI MPLO:
BAN-DE-JA
BAR.BAN.TE
BOM-BEI-RO
MO-RAN-GO
MU.LHER
MI.LHA.GEM
POS.TAI""
P,A.REN TF
PO-MA DA
BRIN-QUE-DO
BRO-TO-E-.JA
BRI-LHO
MO.RE-NO
MU-DAN-ÇA
MEN.SA.GEM
PA.DA-RI-A
Pt- LO-TO
Pi-I XA RI.A
Usar a técnica preso/solto com as palavras, exemplo:
É necessário também Íazer de outra maneira, falar
,r seguinte presa. Exemplo:
ra
BAN.DEI-RA
BRA-SIL
BRI-GA-DEI-RO
MA.RA-TO-NA
MA-RA-VI.LHA
ME-SA.DA
PAR-CEI.RO
PIN.TU.RA
PA-RE-CI-DO
N/OD ICA(]AO I]A IALA
EXERCíCI0S PARA APBENDER A CoNTR0LAR A REpEilçÃo
A repetição de sílabas ou palavras é o tipo de disfluência mais comurnente asso.
ciado à gagueira, sobretudo nas primeiras fases do desenvolvimento da lingua.
gem. É possvel classificar as repetições da criança como sendo relativamente
relaxadas ou com algum grau de tensão. Além do mais, a unidade da fala que
está envolvida na repetição pode ser facilmente observada. É possível observar
a repetição de um grupo de palavras como: "ela é a boneca... (pausa)... ela é a
boneca que eu gosto mais". Esse tipo de repetição pode ser considerado, se.
gundo alguns autores, como sendo um adiamento, que é utilizado para disfar.
çar ou dar um tempo para as palavras surgirem. Na disfluência normal, ou a
empregada na maioria das pessoas não classificadas como que gaguejam, g
repetição pode ocorrer por uma inabilidade de se lembrar da palavra apropri
da; como: "Eu estou pensando em..... em...... em....". em ir falar com ela". Essa
seria a forma adulta de disfluência. Na criança seria mais assim: "Mamãe te
um passarinho lá fora na..... na...... na...... perto do portão". Às vezes, a repeti
ção é utilizada para pensar nas proximas palavras que se devem dizer ou em
conceito a emitir. A repetição também pode ser acompanhada da elevação da
tonalidade da voz. No entanto, esse tipo de artifício, se empregado com
frequência, nos dá indícios de estar havendo dificuldade em lidar com a manei-
ra de falar. A repetição pode ocorrer por uma inabilidade em pronunciar a pala
vra, como: "Eu vi no jardim zoológico um rino, um rinoronte, um rinoceonte,
um bicho grande com chifre aqui". Pode acontecer também de a repetiçã
ocorrer por medo das consequências de um ato, como: "Sim, eu.... eu.... é eu....
me.... me sujei no jardim." Tâmbém pode haver medo de ser repreendido por
e surgir a repetiçáo, como: "Eu co.....co......co..,..cortei o dedo no..... no...... no
Iador." Finalmente, pode haver medo de ser inrerrompido, gerando muiras repeti.
ções até se sentir ouvido, como: "mamãe........mamãe.........mamãe........ olha......o-
lha mamãe olha aqui, olha pra mim".
É muito importante levar a criança a ter controle sobre as repetições que
acontecem. Apesar de elas acontecerem involuntariamente, elas quebram o
fluir do discurso e, dependendo de sua frequência, incomodam tanto quem
fala como quem escuta. Quando uma criança começa a gaguejar, uma consi.
deração importante a se fazer é não levar em conta o quanto ela está realmen.
te repetindo, mas como ela se escuta, sendo a própria criança um membro
importante da sua própria audiência. O que queremos dizer é que, para modi.
ficar o número das repetiçÕes, é preciso antes determinar o quanto a pessoa
está realmente preocupada com elas e suas consequências.
I\/(lDrFlcAÇAil DA FArA
Com a finalidade de evitar que a gagueira desenvolva-se para uma etapa
rrrais severa em que o falante comece a se incomodar com sua própria fala, é
rrocessário que a pessoa abandone a ideta de que falar é uma tarefa desagra-
r l,ivel. Não é fácil conseguir a mudança deconceito. Criar um ambiente ou um
,lirna de conversação seria um primeiro passo. O terapeuta pode indicar à cri-
,rnÇa que gosta da maneira como ela conta as histórias. É bom que fique claro
rlre não estamos recomendando para se mentir à criança, dizendo que gostou
rnuito como contou a história, mas que se gostou muito da história que foi
, ontada. Não é o "como" mas "o quê".
Visando a atividade de contar histórias, o terapeuta pode colocar algumas
lir;uras para iniciar o jogo de inventar histórias. O terapeuta começa: "Vamos
rrrventar histórras. Eu vou f azer a primeira, depois você. A história pode ser boa
otr não, mas o jogo é inventar."
*rr fr (:-\ffiw
Exemplo de historia do terapeuta: Era uma vez uma moça que estava dese-
rrlrando e falando ao telefone, quando um sapo pulou na frente dela. Aíela
( orreu para casa, mas a chave estava debaixo da escada. Começou a chover, e
r,la abriu o guarda-chuva e correu para debaixo da árvore. Aícaiu uma maçã na
r,rbeça dela, mas ela não se machucou.
O terapeuta diz: Agora é você a contar a historia. Vou colocar as figuras e
você conta.
ffi
ffi
fr{t& f
Na próxima historia que o terapeuta for contar ele deve começar a introdu.
zir repetições de sílabas. Logo depois que a repetição ocorrer, o terapeuta
pode parar de falar e, em seguida, dizer a palavra sem a repetição.
Exemplo: o terapeuta diz: o menino viu um ga ga ga, um gato, e aícome*
çou a chover.
78 M0DlFtcAÇÃO DA FALA
se houver necessidade o terapeuta ajuda a criança dando dicas. No final
das historias é importante passar a informação de que ela contou muito bem,
que ela sabe contar histórias, e que foi muito engraçado etc.
MODIFICACAO DA TALA
se a tarefa for bem executada, o terapeuta deve mostrar o cartão de re-
,,rrp.nruf, ou mostrar a figura de pessoa tristeOse a criança não acertar.
Pode-se fazer em seguida o exercício dentro da história. o terapeuta diz à
r riança que agora ele vai contar uma história, e se houver um pedacinho da
1r;rlavra repetida, ele vai levantar o cartão vermelho de pARE, A criança deve,
r,ntão, parar de falar e dizer a palavra de novo sem repetir. Exemplo:
O menino ta... ta..... @. O menino tava jogando bola.
Terapeuta diz: Otimo, você ganhou um cartão alegre I
EXERCICIOS PARA SUAVIZAR
')uavizar é falar as palavras com leveza. A ideia é treinar o início suave das pala-
vras em contraste com o início tenso ou repetido. As vezes, o medo da palavra,
ou o hábito de tremer os lábios, ou fazer uma careta acompanha a maneira de
,rrticular. É necessário modificar o ciclo da careta e do medo, dando um tempo
p,rra treinar a articulação.
os exercícios vão consistir em falar a sílaba sem sonorização, so articulan-
rlo com os lábios e ir aos poucos colocando a voz. lsto porque se notou que
rriio havendo voz, não surgem tremores no lábio ou o medo de falar. A criança,
lntão, fala uma sílaba como o /pal ou /to/articulando sem voz ou encostan-
rlo os lábios suavemente para /pa/ ou a língua para o /to/. euando não há
rrrais tremores no lábio começa-se a sonorizar dizendo, finalmente, a palavra
Irda. Exemplo lpa pa pa/ (sem voz) depois aos poucos colocar a voz e falar
lrcm alto /to to to/, e finalmente, falar a palavra toda /pato/.
Pode ser combinado que, sempre que houver uma paravra repetida,
aparecer um cartão indicando que se deve parar de falar e falar de novo sem
repetição. Como sempre o primeiro a fazer o exercício é o terapeuta, é ele qr
vai falando e vez ou outra fazendo uma repetição de sílaba. A criança com
cartão de PARE na mão deve levantáJo. Exemplo: o menino estava anda
de bicicleta quando ele ca....... ca......... .u . @ (criança levanta cartão
terapeuta). (terapeuta refaz a frase) quando elúaiu.
se a criança não levantar o cartão corretamente, o terapeuta deve introd
zir exercícios de repetir voluntariamente, assim:
Terapeuta diz: "vamos brincar de pular as palavras. Nessa fila de fig
umas vão pular, e outras não. Eu vou fazer primeiro,,:
pera - laranja - pa...... pa....... pa....... (criança levanta o cartão)@ 1t"rup"
refaz) pato - balde - bo...... bo.......úEboneca
Em seguida o terapeuta diz: 'Agora você que vai pular. Vai falando
nomes e de vez em conta você pula a palavra,,.
7
80 MODtFtcAÇÃ0 DA FALA
alvéolos e repetindo sem som /te te te/ 3 vezes. euando o tera.peuta
que não há mais tremor ou tensão nos lábios pedir para falar a palavra
colocando sonoridade: /telefone/.
pa pa pa à sem voz
@ à com voz /pato/
SA SA SA
ffi
) sem voz
à com voz /sapatof
ma ma ma à sem voz
ffi ) com voz f mamadeia/
pi pi pi
'm
@áir.á@
à sem voz
à com voz /pipa/
Com as crianças até 7 anos
Exemplo: @ Mostrar a figura do telefone e demonstrar o ponto articulatorio
do /te/. Pedir à criança que fale a primeira sílaba só encostando a língua nos
M0DrFrcAÇÃO DA FALA 81
Com as crianças acima de 7 anos
Falar a sílaba sugerida, articulando sem voz. Mostrar o ponto dos fonemas, con-
íorme for trabalhando:
- / Pa Pa Pa.../ ) sem voz, só articulando
+ rnarrracor 
fr
- /ToToTo ... l» sem voz, só articulando
@,í
f/tomada/ -W
- / Ca Ca Ca...l + sem voz, só articulando à dizer a palavra toda, usando a voz
l/cadeira, #
&
.;» falar a palavra toda, usando a voz
I falar a palavra toda, usando a voz
- | Fu Fu Fu .../ -) sem voz, só articulando à dizer a palavra toda, usando a voz
)lÍuracão/
- /sisisi.../
t/Silêncio/
- lxi xixi .../
) / xí<ara/
/xi xi xi .
à sem voz, só articulando .} dizer a palavra toda, usando a voz
smm
dffi.
,sem voz, só articulando -;r dizer a palavra toda, usando a voz
v /.,2w
../ 9, sem voz, só articulando gr dlzor a palavra toda. usando a voz
Sugestão: Variar a quantidade das repetiçfin, n J,.,, ,,, uràffide cada
/t//d//n//l//r/ - ponta da língua na papila, parte rugosa, atrás dos
incisivos superiores
lp//b//m/- os lábios encontram-se suavemente
/f //v/- dentes no lábio inferior, liberar um sopro entre eles
/s//z/ - ponta da língua no assoalho da boca atrás dos dentes incisivos inferiores
lk//g/- língua recua - como para a " tosse"
A//ch/- lábios em protrusão, entreabertos, permitindo entrever os dentes
bo bo bo à sem voz
*.]wt::=" ) com voz /botão/
VA VA VA
Hffi
à sem voz
) com voz fvacaf
fo fo fo à sem voz
da da da à sem voz
|@ à com voz /dado/
Exemplo:
l,.rrnmr ,,-.i-^,J^ ^- ,,^^-i-
7
92. MoDrFrcAÇÃo DA FArÁ
EXERCICIOS PARA ENSINAR A EMPURRAR O SOM
Quando a criança já mostra eficiência em controlar as repetições,
começar a ensinar como sair do bloqueio no momento que ele acontece.
trolar a fala na sala do terapeuta é uma tarefa fácil de ser conseguida. o
peuta é a pessoa que aceita a criança como ela é respeitando-a como
que fala diferente. o mais importante é que, na sessão de terapia, a criança
recebendo atenção o tempo todo de alguém que quer ajudáJa. Mesmo q
do o terapeuta corrige a maneira de falar, isso é encarado como um auxílio
não como uma crítica. Falar nesse ambiente sem estresse e de aceitação,
rá ser executado facilmente pela criança e, de uma maneira geral, é o que
observa. A criança fica logo fluente em poucas sessões. Falar fluente, enti
não é algo difícil de a criança conseguir quando guiado pelo terapeuta,
conseguir manter a fluência em um ambiente hostil é bem mais difícil. os
queios da fala chamam muito a atenção do ouvinte e incomodam demais
quem fala. Por esse motivo, a criança precisa aprender a se desfazer do
ro no momento em que ele acontece. lsso irá evitar a sensação de não
chegar ao fim do que está querendo falar, não poder continuar a passar a
sagem, não ter capacidade de falar as coisas, de não ser igual aos outros r
falam quando querem, de ser interrompido pero ouvinte por frases como:
sei, você quer pedir ......" ou "fala logo que estou com pressa,, ou ,,já
não precisa dizer mais nada".
A insegurança costuma deixar as pessoas paralisadas ou sem ação.
do se ensina a criança a modificar os bloqueios, é o mesmo que dizer que
uma "tábua de salvação". Há uma ação que pode ser realizada. seria o mesr
se a pessoa começasse a dizer a si própria: "se me acontecer de ficar com
falapresa, não tem problema, eu sei o que fazer para ninguém perceber isso,,
Explicar à criança que é possÍvel puxar a gagueira para fora quando esti
no meio dela. lsto significa que quando perceber que o ar não saiu e que
no meio de uma palavra ou frase, é possÍvel fazer uma pausa e puxar o ar
fora em uma expiração. A pausa vai servir para indicar que há necessidade
fazer algo e que não dá para continuar a farar com o ar preso, Iíngua ou lábi
tensos.
A expiração visa esvaziar o pulmão. A técnica tem a finalidade de abrir
pregas vocais e relaxar a pessoa, quase como fazendo um suspiro. A man
de parar no meio do bloqueio, expirar o ar do purmão e voltar a falar, dá à
soa a chance de buscar uma posição articulatória e fonatória mais rel
para prosseguir no processo de comunicação.
M0DrFrcAÇA0 DA FALA 83
O terapeuta deve dizer à criança que ela vai aprender uma maneira de sol-
tar a fala quando esta ficar presa. Devem-se colocar na mesa algumas figuras
que já tenham sido trabalhadas. Explicar que as palavras podem ficar presas
nesses três lugares: nos lábios, na língua ou na garganta. Mostrar um pulmão
e dizer que ele é igual a um reservatório de ar.
&,o->@
Explicar o processo de encher e esvaziar o ar do pulmão, utilizando o pro-
cesso de encher e esvaziar. O terapeuta explica: "O ar sai do pulmão ou do
reservatório e pode ficar preso na boca, na língua ou na garganta. É possÍvel
abrir a "bica" da boca ou fechá-la, fazer o mesmo com a garganta ou com os
lábios. Assim como se pode fechar, pode-se abrir a bica e deixar o ar do reser-
vatório passar".
Brincar de jogar ar para dentro e para fora do reservatório. Brincar de abrir
e fechar a bica. Soltar o ar, mas prender nos lábios. Soltar o ar, mas prender a
lÍngua nos alvéolos. Soltar o ar, mas prender na garganta.
@ü*n
84 r\i ODrFrcAÇA0 DA FALA
Depois que a criança entender a brincadeira de soltar e prender o ar, falar
as palavras:
Por exemplo: A palavra é banana:
prender nos lábios
banana - maçã - menina - merenda - bola - meia - melancia - etc. e ir
do para prender o ar ou fechar a bica. Trabalhar também com fonemas
dentais e velares.
Em vez de dar o exemplo do reservatório, é possível usar o de cheirar a
para inspirar e soltar o ar na expiração para soprar as bolas de sabão.
Exemplo com as figuras usando os dois métodos: inspirar -+ fechar a
ou prender o ar -+ soltar o ar falando as palavras uma de cada vez: maçã,
fone e coelho.
M0DrFrcAÇÃO DA FALA 85
Depois que a criança entendeu o processo de prender o ar quando quer e
onde quer, pode-se começar a explicar o processo de abrir a bica e soltar o ar
ou esvaziar o pulmão. O terapeuta diz à criança que agora ela já sabe puxar a
l,rla para fora.
Podem-se fazer muitos exercícios de puxar o ar e falar. Não é aconselhável
rlue a criança faça uma inspiração profunda. Explicar que o ar para falar é o
r 1ue sai no sopro e não o que entra. Há a tendência nas pessoas que gaguejam
,r tomar uma grande inspiração para falar. Talvez isso venha por conta de ter
otrvido muitas pessoas falarem: "respira antes de Íalar", ou "calma, respira e
l,rla" etc. É necessário respirar e falar, mas não há necessidade de uma grande
rltrantidade de ar para a inspiração, e sim na expiração. O importante é ter
rrrna a quantidade de ar suficiente para soltar a fala.
EXERCÍCIOS DE SOPRAR AS PALAVRAS
Iomar uma pequena inspiração pelo nariz, empurrar o ar para fora e ao mesmo
l(,mpo repetir as palavras que o terapeuta vai falando:
It,trco - bruxa - boletim * branco - balança - brinquedo - etc.
(,ln'lâ - cobra - colorido - criança - cabelo - cadeira - caixa - etc.
ll,rdo - dança - dever - doutor - difícil - dourado - dentista - etc.
l,rca - febre - feliz - ferro - furo - filho - figura - fotografia - etc.
(,aita - galo - gasolina - gavião - gol - gato - gargalhada etc.
logo - joia - jantar - janela - jujuba - Joaninha - jogador - etc.
lrrz - longe - ladeira - líquido - Iaranja - lama - lindo - lágrima - etc.
Mesa - movel - macaco - maio - motor- mistura - madeira - morango - etc.
Nirriz - nacional - negócio - noite - notícia - novela - navegação - etc.
l',rto - pena - pente - poste - porta - patrão - pandeiro - paraquedas - etc.
{)lrero - quente - quase - quintal - quartel - quadrado - quantidade - etc.
ll,rto - rainha - redondo - relógio - régua - rodeio - ruído - rinoceronte - etc.
',,rla - salada - samba - sombra - sossego - sensacional - simpático - etc.
l,rrrque - tombo - tampa - teste - tubarão - telhado - tangerina - etc.
Vrnto - você - vamos - vaca - vizinho - vitória - valente - vulto - etc
Xírara - xampu - xará - xuxu - xodó - xarCIpê - xerife - etc.
/trro - zangão - zanqado - zarolho - zebra /oro zooloqico - etc.
&
&
&
ffiffi
ffi
ffi
W"
ffiffib
Soltar o ar
Exemplo:
ü "d*
86 MODIFICACAO DA FALA
Observar se a inspiração é profunda ou não. Se for o caso, cancelar e man.
dar refazer a palavra, inspirando pouca quantidade de ar e soltando bastantê
ar. Reparar em que fonema há bloqueios ou dificuldade em manter a expira
constante. Se for o caso, trabalhar bastante esses fonemas. Se a criança se
trair muito durante a atividade de repetição, usar as figuras.
Exemplo de como aumentar a quantidade de ar na expiração:
Depois de um tempo de treino é possível pedir à criança que vá
algo, enquanto repete o que o terapeuta diz. Dessa maneira a atenção
focada em uma atividade relaxante, e a fala em outra atividade. É como se
vesse havendo um pareamento da fala com algo agradável.
O próximo passo será trabalhar as frases. Primeiramente elas terão de
curtas para dar a dimensão da dosagem do ar. Aos poucos vai-se aumenta
o comprimento das frases.
O terapeuta explica: "Toma uma pequena quantidade de ar e depois
o ar ao mesmo tempo que repete o que estou falando":
Uma vez que essa atividade está bem
Íalar frases maiores e ensinar a introduzir
lrase for longa demais.
M0DrFrcAÇÃO DA FALA 87
Abre essa caixa.
Vou cortar o cabelo agora
eáJe jogar o dado paía jogar.
Eles estão dançando na festa do play.
O dever está difícil, preciso de ajuda'
Vi um peixe dourado no aquário da escola.
controlada, o próximo Passo será
pausas para tomar insPiração se a
O terapeuta deve explicar que o ar deve fluir ao longo da frase. Se isto não
,rr r)ntecer, o terapeuta deve parar a frase e mostrar que a bica Oo ar ffi ficou
lr,r lrada ou, então, não houve ar suficiente ffi Se houver uma repetição, man-
rl,rÍ pârât', mostrando o cartão Ou @ ür§"untar se sabe o que aconteceu'
( )rrrJe o pedaço da palavra ficou preso. Perguntar se foi pelo ar preso que repe-
Itrr o pedacinho da palavra.
s %t 
porsue ele podiafusir'
* %t fl#5J'::'::T;T,i:: mesa f& ffiíi' Roroue 
estava na
eu gosto rnri, $ ffitt " também não está na hora do almoço'
A cama é alta.
O barco aÍundou.
A bruxa está solta.
Meu boletim ficou pronto.
Esse livro é muito engraçado.
O menino se balança no jardim.
Ganhei muitos brinquedos no Natal.
Tenho medo de cobra escondida.
Vou colorir meu caderno de muitas cores
7
88 MODrFtcAÇÃo DA FALA
EXEHGICIO DE TROCAR O BLOOUEIO PELO
PROTONGAMENTO OU O GONTATO SUAVE
Por meio da técnica de puxar a fala a criança pode aprender a soltar ou evitar
comportamento de luta por um relaxamento gradual dos seus articuladores. E
vez de se contorcer em movimentos com o corpo ou com a face, ela pode
o fluxo da fala, prolongando o som um pouco mais que o normal. o pr
mento da sílaba seguinte será útil para evitar a luta e as contorções feitas, visar
chegar ao fim da palavra. Nos casos de gagueira, em que a característica princi
é o prolongamento exagerado de sons, não indicamos fazer esses exercícios. E
é mais apropriado para gagueira de repetição e de bloqueios
"" fit#:t 
de bloqueio'Õ
Terapeuta deve dar um exemplo de como se pode trocar o bloqueio
prolongamento:
Vi um /p/eeeeeixeffil nadando no aquário.
r * -l
cartão para prolongamento.
Yi um /P/ bloqueio + careta
o bloqueio é interrompido e trocado pelo prolongamento da vogal.
não é o ideal, mas troca-se um movimento tenso por um relaxado. Ac
com a luta interna, a ansiedade ea urgência de falar. Muda-se o esque
motor cerebral e inscreve-se uma nova trilha neuronal. o hábito antigo de
quear e contorcer-se vai perdendo sua força, e entra um novo hábito. M
sendo ainda uma maneira incomum de falal estamos ensinando a falar pari
frente. Não totalmente fluente ainda, mas sem o hábito repetitivo da gagueira
Pode ser dito à criança que as pessoas, quando erram ao falar uma
vra, repetem essa palavra de outra maneira. sem problema, culpa ou
pação de estar repetindo algo que não saiu bem. A criança também pode fa.
zer a mesma coisa.
Terapeuta explica: "se a palavra ficar presa ou repetida, você pode parar
rla frlet a ca -n,,ini. *^,Jiíi-^^.J^ ^ -^^.--:.-- ^t- r-r
MODIFICACAO DA FALA 89
para cima, sorrir nervoso, fechar o olho, passar a mão na boca etc. A gente po
de modificar aquilo que não fi'cou bom sem problema. Todo mundo faz isso."
O exercício será o seguinte:
Tomar ,r. * esvaziar -+ falando a frase: "Pode jogar o dado agora."
Tomar .r * esvaziar -+ fingir que ficou preso, no "f Pf P/ -+ parar e
continuar falando a fra
D
para dar
ft^.d p r loooo/ de
peixe nada
jogar o dado agora".
A frase então fica assim: P oooode jogar o dado agora.
Repetir as frases ou criar frases sobre a figura. Se houver um bloqueio ou
uma repetição tensa, com caretas ou não, parar de falar e procurar prolongar
o resto da palavra. Explicar que é fundamental continuar falando o resto da fra-
çe. É muito importante dar recompensa por cada troca de um bloqueio por um
prolongamento ou uma revisão com contato solto. No final da sessão con-
tam-se quantas carinhas felizes e quantas tristes a criança ganhou. Mostrar, se
for o caso, que ganhou mais do que perdeu. Se realmente ganhar mais carinha
íeliz do que triste, a criança deve receber um prêmio, (barra de chocolate,
balas, figurinhas, pilot de cor etc.).
Gom as crianças acima de 7 anos
Com crianças que já sabem ler, pode-se escolher um verso ou um parágrafo
para a leitura. Escolha algumas palavras e as sublinhe. Explique que nas palavras
rublinhadas a criança deve controlar a fala, usando o contato solto, o prolonga-
rnento, ou a expiração solta. Mostrar as figuras do cartão abaixo e pedir que
rlponte qual sistema usou.
Prêmios
7
90 MoDtncAÇÂ0 DA FALA
Utilizar o jogo dos fantoches entre a criança e o terapeuta. Cada mão
fantoche usa a maneira de falar escolhida no cartão. os dois devem conve
se houver bloqueio ou repetição que não tenha sido trocada, o terapeuta
responde ou mostra uma carinha triste.
Gravar uma história lendo um parágrafo usando uma das trocas anteriores
vez em quando. ouça a gravação junto com a criança e pergunte sê ela notou «
o terapeuta fez as trocas de preso para solto corretamente. peça a ela que lhe
uma carinha feliz se ela gostou da fala do terapeuta. Depois é a vez da criança.
vai ler o parágrafo e fazer trocas preso/solto. vai-se ouvir e pedir que ela diga
gostou da gravação, se saiu solto e fluente e se merece carinha feriz.
Fazer o jogo das 10 perguntas. Cada vez que fizer uma pergunta ao
peuta usando trocas preso/sorto, a criança ganha um ponto. Éra deve Í
oito pontos para ganhar o prêmio no final aó 1ogo.
Perguntas:
1. Como é o seu nome todo?
2. Qual é o nome da sua Escola?
3. Quantos dedos você tem nas duas mãos?
4. Em que andar do prédio você mora?
5. Diga o nome de seu melhor amigo?
6. O que você gosta de comer no café da manhã?
7. Qual é a sua cor predileta?
B. A que novela você assiste?
9. De que você tem medo?
'10. Quantos números têm no relógio?
A seguir o terapeuta pergunta, e a criança responde. Cada vez que perg
tar bem, usando trocas preso/sorto, ganha um ponto. Era deve fazer l
oito pontos para ganhar o prêmio no final do jogo.
EXEHCÍG|OS DE TIGAMENTO
Explicar à criança que ligar é o que acontece, quando a vovó faz um boro
uma festa de aniversário, ela mistura todos os ingredientes até ficar uma n
única. Quando ligamos as paravras, elas são drtas de maneira suave e liç
umas às outras. Não há pausa entre uma e outra. A criança que gagueja
ter cuidado para não embararhar as paravras. A respiraçãá deve lair de
contínuo ao se ligar com outras palavras.
Dizer à criança para farar o nome de cada figura ou rer em voz arta, tendo
o cuidado de ligar uma palavra à outra até terminar a frase. Em seguida ela
deve ler a última linha como se fossem três grupos de paravras. Exempros de
exercícios:
o computador velho na mesa marrom tem uma rnclça sentada na cadeira de rodinhas.
M0DtFtcAÇAO DA FALA 91
o menino alegre aprende
lalar a frase inteira:
O menino alegre aprende a andar na bicicleta nova para o papai ver
a bola de futebol
l:alar a frase inteira:
O menino chuta a bola de futebol para bem longe.
o computador velho
lalar a frase inteira:
a moça sentada na cadeira de rodinhas
ffi
r papai
w
papai
ffi
a bicicleta
ffi
ar na bicicleta nova
W
o menino
W"
@
o menino
@
menino chu
a and
I
- x
a cadeira
Íl_Mil%
longe
ffi
brinca
&
brinca com as crianças
O palhaço engraçado brinca com as crianças de encher balões coloridos.
w
#
os balões
pt
t;
#
de balões coloridos
B
o palhaço
_b-
x
o palhaço engraçado
Falarafraseinteira:
hu
cão come
&
lápis colorido
o gato mia
s2 N/0DtflcAÇA0 DA FALA
Com o objetivo de praticar o ligamento, pedimos para as crianças
menos de 7 anos olharem as figuras e repetirem as palavras. É importante
ses exercícios falar suave, ligando uma palavra à outra sem fazer intervalos
o fim da frase. O objetivo é ensinar a fluência.
Com as figuras anteriores podemos também sugerir que se construam
ses completas. Recomendar à criança de não se esquecer de ligar bem as
vras ao longo da frase. Para cada frase bem encadeada, deve-se dar um
mio. Também é possível tirar prêmios. As crianças, em geral, não gostam
perder e geralmente reclamam quando se retira um ponto ou uma cari
feliz. O terapeuta não deve deixar-se envolver. Deve ser enfático. "Fara gan
tem de falar ligando as palavras. Esse é o jogo. Posso dar outra chance. Te
de novo que você ganha".
M0DrFrcAÇÃO DA FALA g3
o mesmo exercício é feito com as crianças acima de 7 anos, só que lendo
as palavras:
Exemplo: "Faça uma frase sobre cada palavra da lista". "Não se esqueça de
fazer o ligamento".
Exemplos: Está um dia lindo - como vai você - Vou lavar a roupa suja.
A noite está quente - Muito obrigada pelo presente - Na lanchonete serve
prato feito etc.
dia lindo
noite quente
bom dia
boa noite
boa tarde
lindo dia
tenho sede
tenho fome
tudo bem
tudo certo
tudo mal
já cheguei
tem coisa aí
gostei muito
quase nada
está frio
está quente
vento quente
céu cinzento
dia ensolarado
céu azul
neblina forte
vento frio
montanha verde
chuva forte
praia quente
piscina gelada
mar bravo
Como vai?
leite quente
a água sobe
a minha professora
dor de dente
olho de tigre
chá gelado
gato escaldado
cão bravo
dente de leite
pé de moleque
sorriso simpático
unhas pintadas
cara lavada
cara de pau
cara pintada
suco gelado
agora é tarde
praia cheia
praia vazia
piscina térmica
cheiro bom
amiga leal
bife com batatas fritas
sorvete de chocolate
guaraná com laranja
bolo de chocolate
muito obrigada
Já almoçou?
Estou com fome
quero jantar
estou com pressa
garota esperta
menina bonita
gordinha feliz
guarda-chuva
guarda-sol
sorriso amarelo
Que coisa hein?
gramado florido
mau humor
bom humor
ataque de risos
boa gargalhada
batom vermelho
camisa suada
sorvete derretido
dentes brancos
peitos fartos
olhos verdes
filhos fortes
nesse verão
olho gordo
pé grande
roupa suja
prato feito
94 MoDrFrcAÇÃo DA FALA
EXEBCICIOS DE FRASEAMENTO
Frasear é dividir a frase em vários grupos de palavras significativas. A criança iái
aprendeu que as palavras de uma frase devem ser ligadas suavemente umas
outras. Ela já sabe que deve fazer pausas entre uma expressão e outra, e não no
meio das palavras. Agora vai ser explicado que as pausas servem para as
as respirarem, e também organizar o significado do que fala. O ouvinte ente
derá melhor o que se está sendo falado, e a propria pessoa sentirá maisfacilidal
de em expressar suas ideias. A medida que aprende afazer o ligamento e o f
seamento, a criança estará apta a ter uma fala suave e fluente.
O terapeuta explica: "Pratique primeiro contando os números. Vai
um número a outro. Não tenha presa".
Com as crianças até 7 anos pode-se pedir que contem fichas, lápis, a
material concreto ou fazer desenhos das quantidades dos números.
as sessões, quando ela for premiada com fichas, carinhas ou pontos,
contar junto com ela quantos prêmios ganhou. É uma forma de ir
a criança para os exercícios de fraseamento.
O terapeuta pede para ir falando os números e introduzir uma pausa
final. O exercício leva ao aparecimento de um ritmo de Íala colocado de
involuntário. Esse ritmo involuntário será importantíssimo, pois com ele
a sensação de fluência ao se aumentar a quantidade de palavras faladas.
recomendável apresentar os números como no modelo a seguir:
Adiante vai-se aumentando a fala com os números, mas fazendo uma
sa entre cada coluna.
M0DrFrcAÇÃO DA FALA 95
Exercícios de Íalar Írases controladas
uma vez que a criança mostre ter controle sobre as repetições é útil fazer
joguinhos de inventar histórias sem repetir ou pular as palavras.
colocam-se quadrados de cartolina colorida ou fichas na mesa na frente
do terapeuta e da criança. Pede-se à criança que aponte os quadrados ou fi-
chas ao mesmo tempo em que vai contando uma história.
O terapeuta explica: "Atenção vamos colocar as palavras da história nos
quadradinhos. Uma palavra em cada quadrado. Eu vou fazer primeiro, depois
você".
I]tr[tr tr tr T tr tr trtr
Era uma vez um menino que ganhou uma patinete mas ele
I] tr tr trtr I tr tr tr T
rrão sabia patinar. Aí ele pediu ao irmão para ensinar
O ritmo de fala do terapeuta ao dar o modelo deve ser bastante lento,
reguindo a ordem dos quadrados ou de fichas. Deve-se ir apontando os qua-
rlrados à medida que se fala as palavras. Em seguida pede-se à criança que
conte a historia falando e ao mesmo tempo apontando nos quadros. se hou-
ver alguma repetição o terapeuta deve interromper e mostrar o cartão de
I)ARE. Explicar que ela não fez correto. cada palavra deve ficar em um quadra-
rlo, é assim que se fala. se a criança pular quadrados ao falaç deve-se interrom-
;lê-la e pedir para respeitar a ordem dos quadrados.
Em uma etapa mais adiantada da terapia, quando a criança estiver bastan-
to fluente, deve-se começar a pedir para contar as histórias sem o apoio dos
rluadrados. Certa vez uma criança de 4 anos, ao sair da sala de terapia e
t'ncontrar a mãe, disse: Já sei como falar as coisas, é só colocar cada palavra
(tm um quadradinho . "É Íácil". E realmente ela conseguiu falar fluentemente
t om muita rapidez.
Outra forma de trabalhar com as crianças seria mostrando figuras ou
( cnas e sugerir a construção de frases. A ideía é sempre a mesma, mostrar o
,lril'n€flto das palavras nas frases e a manutenção da fluência. Certa vez, ao tra-
lralhar com uma criança de 3 anos e meio, foi mostrado um chapéu de pirata e
pcdido para fazer uma frase pegando uma ficha para cada palavra. A criança
rtnediatamente disse: "o pirata está no navio olhando o telescópio para enxer-
ryor o tesouro". Nesse caso ele usou 12 fichas coloridas. Depois foi pedido que
rlt-' falasse a mesma frase sem as fichas, e ele conseguiu falar fluentemente.
Em um outro exemplo, com uma menina de 4 anos ao mostrar a figura de
rrrn abacaxi, foisugerido a elaboração de uma írase apontando as fichas. Ela
123
123 4
12345
123456
1234567
12345678
1 234s67 B9
12345678910
123456
12345678
12345678910
96 M0DlFlcAÇÃ0 DA rArÁ
construiu a frase assim: "Minha mãe gosta de suco de A BA cA xl." (e a crian_
ça usou 10 fichas). Foi mostrado, então, que deveria ser diferente: usar uma Íi-
cha para cada palavra. o terapeuta explicou: "Minha mãe gosta de suco de
abacaxi." (e usou 7 fichas). A criança repetiu a frase usando as 7 fichas e de.
pois falou sem usar as fichas. Ela conseguiu uma excelente fluência.
o mesmo trabalho de planejar a faÍa pode ser feito utilizando cenas. A his
tória vai crescendo de tamanho e vai havendo mais utilização de fichas.
Exemplos:
O/fazen dei r o f acorda / mu ito/cedo./ ( 5 f ichas)
O /Íazendeiof acordaf ceda / para/ cuidar / dos/bichos./ (B f ichas)
o / f azenden o /a co rd a/todo s / os/ dias / mu ito/cedo/na / Í azenda. / ( 1 0 f ich as)
Na/fazenda/tem/muitos/bichos;/porc osf ,vacasf ,galinhas/e/pintinhos^/ (1
fichas).
M0DrFrcAÇÃO DA FALA
O / mágico / f az/ mágicas. / (4 f ichas)
O / mágico / ti a / o / coelho / da / car tol a . / ( 7 f i ch a s)
O / magico / f az/ m ágicas / p ar a f as f cri anças / no / Ci co./ ( 9 f ic h a s)
o/mágico/tira/o/coelho/daf cartolaf ,faz/desaparecer/e/depois/f az/ele/
a pa recey'de/novo./( 1 6 f ichas)
O/bombeiro/ apaga/ o/Íogo./ (5 fichas)
o/bombeiro/seguraf af mangueira/pa ra/ apagar / o/incêndio./(9 fichas).
Deve-se pedir sempre depois para a criança contar a mesma história sem
utilizar as fichas. Se ela não conseguir falar fluentemente volta-se a utilizar a
fala com as fichas. A distribuição de prêmios, então, deve ser rígida. A criança
so vai ganhar prêmio, se a fala for fluente.
Capírulo lO
FLEXIBILIDADE DE FALA
EXERCICIOS DE FTEXIBILIDADE
lr a articulação que dá nitidez à fala. Uma boa articulaç ão fazressaltar todas as
rlualidades da voz. Articular bem é indispensável a todos, especialmente às cri-
,rnças que gaguejam. são as diversas combinações entre vogais e consoantes
r 1ue formam as sílabas, e as sílabas, unidas por diversos modos, formam as pala-
vras, as quais, agrupando-se em um determinado sentido, constituem as frases.
lodo o valor das palavras está nas consoantes. Daísurge a necessidade de me-
lhorar a articulação, já que sabemos que uma boa articulação descansa a voz e
í;rcilita a saÍda do ar.
É sabido que os encontros consonantais constituem o "pavor" de quem
rlagueja. É possilvel que as pessoas com gagueira achem que a articulação do
t'ncontro consonantalexija maior habilidade para falar. ou mesmo eles podem
',or vistos como um desafio a se vencer. Em última instância, pode ser que o
oncontro consonantal tenha uma longa historia de fracassos, o que torna a
l)essoa condicionada, isto é, sempre que falar PROPRIEDADE surge a certeza
rlue vai haver gagueira. A pessoa não sabe extinguir o comportamento. Ela
,rcaba repetindo a sílaba inicial toda vez que falar a palavra pRopRlEDADE.
( abe ao terapeuta desfazer o circuito do medo da palavra para trazer confian-
q,r e segurança para aquela palavra.
o terapeuta pede para repetir os exercícios a seguir cada um 5 vezes ou de
,rcordo com a necessidade:
ra - bre dre gre - bri dri gri - bro dro gro - bru dru
ta da na la ra -te de ne le re-ti di ní li ri -todo no ro ro-tu du nu lu ru
pra pré pri pro pru - bradra - bredre - bridri - brodro - brudru
fla sla xla - fle xle sle - fli sli xli - flo slo xlo - flu slu xlu
/
ba da ga - be de gue - bi di gui - bo do go - bu du gu
la lha ra - le lhe re - li lhi ri - lo lho ro - lu lhu ru
assachala - essechele - issichili - ossocholo - ussuchulu
ta la ra tra - te le re tre - ti li ri tri - to lo ro tro - tu lu ru tru
atalatla - eteletle - itilitli - otolotlo - utulutlu
lÍlo FLEXIBILIDADE DE FALA
Obs.: O terapeuta pode pedir paraler/e/e/o/aberto (') e fechado (")
EXEHCÍCIOS DE FTEXIBITIDADE GOM TRAVA.IINGUAS
Esses exercícios são sugeridos para treinar a fala bem articulada. A ideia é
nhar flexibilidade ao longo da frase. O terapeuta deve orientar a criança que
ou repita a frase com trava-línguas bem devagar. Em seguida deve falar
rápido sem perder a clareza da articulação.
1, O rato roeu a roupa do rei de Roma.
2. Rainha da Rússia raivosa rasgou a roupa roxa.
3. Três pratos de trigo para três tigres tristes.
4. Quem disser que o peito do pé de Pedro é preto, tem o peito do pé
preto do que o peito do pé de Pedro.
5. O sabiá não sabia. Que o sábio sabia. Que o sabiá não sabia assobiar.
6. Bote a bota no bote e tire o pote do bote.
7. Casa suja, chão sujo.
8. Garfo prata, faca prata.
9. Atrás da portatorta tem uma porca morta.
10.A babá boba bebeu o leite do bebê.
1 'l . Farofa feita com muita farinha fofa faz uma fofoca feia.
12.Luiza lustrava o lustre listrado; o lustre lustrado luzia.
13. Dois dedos doidos deletam* documentos dando dor de dente. (*apaga
'14. Tentando tanto tentar tudo o tempo todo.
15. Papai partiu para Portugal para participar de partida de polo.
Capítulo ll
EXERCiCIOS COM RITMO
T odos iá sabemos que o ritmo facilita a fluência' Dificilmente a pessoa conse-
I gu. áantar e gaguejar. O motivo da obtenção da Íluência por meio do rit-
pno áindu se constitui um mistério. Várias suposições podem ser levantadas'
Vamos enumerar aPenas algumas:
1. O ritmo facilita a sincronização dos movimentos motores da fala' As bati-
das do ritmo poderiam intervir nos mecanismos existentes no Sistema
Nervoso Central, responsável pela coordenação de sons em sílabas, para
programar melhor as sequências articulatórias'
2. Como ritmo a fala é articulada isoladamente, diminuindo a complexidade
do ato motor. A fala fica reduzida; o que se articula é a sílaba, e não a pa-
lavra, o que facilita a fluência.
3. O ritmo ajuda a regularizar a respiração. O ar preso no bloqueio fica facili'
tado.
o fato de o ritmo produzir fluência, indiscutivelmente, em todas as pessoas
pode-nos levar a concluir que o que está mais alterado na gagueira é a prosódia,
ou a modulação dos sons da fala. É introduzida uma nova maneira de falar,
fator reconhecidamente eficaz em produzir fluência. Como diz Piccolotto,
1977:"Amudança de ritmO ajUda O falante a manter o interesse do ou dos
ouvintes bem como a projetar sua maneira de ser e pensar de forma clara'"
Uma boa maneira de se trabalhar o ritmo é pedir que a criança faça os
exercícios com a "voz salmodiada". Esta técnica baseia-se na produção de uma
emissão semelhante a dos salmos ditos ou cantados nas igrejas.
segundo Behlau, M. (1990) "o ajuste do trato vocal nesta emissão é
,uno, t nro que o habitual, pois é incompatÍvel a contração muscular. A coap-
tação das pregas vocais faz-se de modo mais suave"' Utilizamos a voz salmodi-
7
102 EXEI-ICICIOS COÍVi RITMO
ada para conseguir diminuir a tensão na Íaringe. o exercício é pedir para a cri-ança falar com voz salmodiada e depois falar com voz normal.
Exemplo de exercícios com voz salmodiada, usando frases:
O sol está forte,
O dia está lindo.
A menina brinca na
A menina brinca na
A lua está brillhando.
A noite está bem fria
praia de caçar caranguejos.
O moço está pescando.
O moço está pescando um
Com as crianças até 7 anos
Pede-se que a criança diga com a voz salmodiada uma sequência automática
como os números. dias da semana, meses do ano, nomes de amigos ou repetir
palavras com a voz sarmodiada. o terapeuta deve sempre dar oíodero.
Usamos os versinhos e brincadeiras com rimas para estimurar uma fara rit_
rnada e suave.
"Eu sou pequenininha,
Da perna grossa,
Vestidinho curto,
Papai não gosta."
"Dedo Mindinho, Seu vizinho,
Maior de todos,
Fu ra-bolos; Cata-piolhos.,,
"Batatinha quando nasce,
Se esparrama pelo chão,
Mamãezinha quando dorme,
Põe a mão no coraÇão.,,
"Amanhã é domingo, pé de cachimbo.
O cachimbo é de ouro, bate no touro.
O touro é valente, bate na gente.
A gente é fraco, cai no buraco.
O buraco é fundo, acabou-se o mundo.,,
rlr-â!üü
ffi§ffi
@
peixe grande.
104 EXERCICIOS COM RITMO
"O Sapo não lava o pé
Não lava porque não quer
Ele mora na lagoa
não lava o pé
Porque não quer.
Mas que Chulé!"
Uma variação seria substltuir todas as vogais pelo a, é, i, ó, u.
Exemplos: A sapa na lava a pá./É sepe ne leve pé./l sipi ni livi pi.
O sopo no lovo o po/ U supu nu luvu u pu.
Gom as cÍianças acima de 7 anos
É possível utilizar frases diversas ou com as vogais selecionadas:
Vogal /a/
Ana canta e dança na festança.
Macaca sarada vai pra Balada.
Pata malhada faz palhaçada.
A gata da chácara sai para mata e faz nada.
Yogal /e/
Ele mente que é demente.
O gerente ausente geme de dor de dente.
O Tenente mente e se sente quente.
Yosal /i/
Mimi quis siri de lriri.
lsis ouviu o zinir dos mosquitos ali.
Yogal /o/
Loló tem xodó do totó.
Os doces de ovos da Vovó são saborosos.
O bolo de coco é gostoso.
Yogal /u/
Urubu come chuchu cru.
Úrsula viu um vulto de urubu no muro.
EXERCÍCIOS COM BITMO 105
pedir uma leitura de verso utilizando uma voz Suave e articulada.
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
De pé descalço
Tão pobrezinho
Dormindo à noite
Junto ao moinho
Bebendo água
Do ribeirinho
Lá vai São Francisco
De pé no chão
Levando nada
No seu surrão
lrl Vínicius de Morais. Poesia de São Francisco.
Dizendo ao vento
Bom dia, amigo
Dizendo ao fogo
Saúde, irmão
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
Levando ao colo
Jesuscristinho
Fazendo festa
No menininho
Contando histórias
Pros passarinhos".
Capítulo 12
a
EXERCICIOS DE LINGUAGEM
h eoois que foram trabalhadas as técnicas de modif icação de fala e os exercí-
[J.iot de qualidade vocal, sugerimos praticar a fluência por meio de brinca-
rleiras e jogos de linguagem. Nesses exercÍcios tanto as crianças pequenas
como as maiores poderão aprender a ter controle da fala, para que possam
internalizar as técnicas já familiarizadas e, assim, utilizá-las em seu dia a dia.
Em condiçoes normais a criança de 3 a 4 anos, que está ainda aprendendo
,rfalar, hesita na fala e repete as palavras por muitas razões. Vamos enumerar
,rlgumas:
1. Quando quer dar ênfase às palavras, por exemplo: "Cachorro grande,
grande, grande". Nesse exemplo, talvez por falta de maiores informações
sobre outros atributos, ela repete o mesmo várias vezes.
2.Para integrar uma palavra nova, por exemplo: "De propósito, de propósi-
to, de propósito". Nesse caso, ela faz eco da frase, como que buscando
entender ou aprender o significado dela.
3. Para treinar uma palavra nova, por exemplo: "Po-Pro-propósito". Ela está
ainda incerta sobre a maneira correta de executar os atos motores neces-
sários à produção do som e, então, ensaia o ajuste dos articuladores.
4. Quando ela não sabe usar as regras gramaticais. Por exemplo: "Eu não
estou, eU nãO estava, nãO estava querendo fazer isSO". Nesse Caso, a crian-
ça está em dúvida sobre o tempo de verbo correto a empregar. Ela própria
corrige sua gramática, tentando recordar-se da palavra que deve falar.
5. Para tentar construir Írases mais longas. Por exemplo: "Livro, livro? Onde
livro? Onde está livro? Eu quero livro, quero ver o livro". Aqui a criança
separa partes da frase e tenta combiná-las.
Diante das incertezas sobre a linguagem, surge a necessidade de praticar o
rrro da linguagem. Dentre as dificuldades encontradas entre as crianças que
1Ít7
r'
í08 EXERCÍCIOS DE LINGUAGEM
gaguejam está a elaboração de perguntas ou em dar respostas. euando se t
na o perguntar e o respondeç as crianças ganham mais confiança e,sentem
mais seguras para usar a linguagem.
Gom as crianças até 7 anos
Jogo de perguntas e respostas:
Terapeuta - O que usamos quando não estamos enxergando
as coisas?
Criança - óóócuculos.
Nesse caso, o terapeuta não dará uma ficha de recompensa. Ele deve f
imediatamente o cancelamento. pede-se para a criança falar novamente de
neira suave e controlada. A criança deverá ganhar sempre uma ficha, qu
falar de forma correta. lmportante para a autoestima das crianças o estí
positivo
Depois de muito treinado, de forma que a criança aprenda também a
rar as perguntas, sugere-se que neste novo momento ela pergunte ao teral
A brincadeira, então, se inverte para a criança trabalhar as peiguntas. se a
ça for muito pequena, o terapeuta poderá dar ideias de perguntas.
Estamos também estimulando a linguagem. o terapeuta pode mostrar
forma espontânea que ele também quer ganhar fichas ou cartões de carir
feliz previamente confeccionado. podemos utilizar também as figuras do si
vermelho (significando pare) ou verde (significando que acertou).
Criança: Ooo queque a gente usa pp..pra escovar os
tes?
Terapeuta pede para a criança repetir a frase e não dá
recompensa.
Criança: O que a gente usapra escovar os dentes?
Terapeuta: Escova de dentes. Dar recompensa.
Durante os exercÍcios a criança vai acumulando fichas ou pontos das ca
las, que ela poderá contar durante ou após os exercícios. Essa é uma forma
praticar a linguagem automática.
Fazer o jogo do "Quem sou eu". o terapeuta ou a criança alfabeti
fazem a pergunta e dão a resposta:
1. No fim do ano as crianças gostam de escrever me pedindo. euem sou eu?
2. Sou um doce muito gelado e todos gostam de mim no verão? euem sou
ett?
EXEBCICIOS DE LINGUAGEM 109
3. Sou usado para o adulto ou a criança jogar. Quem sou eu?
4. Sou um animal que adora beber leite? Quem sou eu?
5. Sou lagarta ao nascer e depois crio asas e fico muito bonita. Quem sou eu?
6. Adoro ficar sujo de lama. Quem sou eu?
7. Sou usado para limpar os dentes. Quem sou eu?
B. Pareço um cavalo e sou listrado de branco e preto. Quem sou eu?
9. Sou uma fruta gostosa para macaco. Quem sou eu?
10. Sou considerado o Rei das Selvas. Quem sou eu?
1 1. Sou um animal grande, muito pesado, mas tenho medo de rato. Quem
sou eu?
12. Sou um bichinho pequeno e rápido, mas não gosto de gatos. Adoro quei-
jo. Quem sou eu?
1 3. Sou usada para colocar roupas e sapatos quando viajo. Quem sou eu ?
'14. Sou um par e tenho rodas e preciso que saibam se equilibrar para não
cair. Quem sou eu?
Exercícios com perguntas sobre cenas. Mostrar a cena para a criança:
Terapeuta: O que o menino Íaz na praia?
Criança: O menino fazum "cassstetelo" de areia.
O terapeuta não dá a recompensa, e diz: "Você não quer falar
novamente para ganhar uma ficha?" Na vez do terapeuta res-
ponder, ele também poderá simular uma gagueira para a cri-
ança perceber que neste caso não merece ganhar a ficha. De-
pois que a criança perceber o erro, o terapeuta deve falar cor-
retamente.
A mesma cena pode ser explorada com diversas pergun-
tas. Exemplo: Onde o menino está? O que ele segura na mão? Quem o levou à
praia? É possível, também, utilizar figuras da página 114 para esse tipo de
cxercício.
Jogo do "O Que é que é?": O terapeuta explica que dará até no máximo 3
pistas por figura. Pode ser uma de cada vez ou as 3 de uma vez só, a critério do
terapeuta. Depois a criança perguntará também da mesma maneira.
1 . O Que é que é? Deitamos para dormir. Fica no quarto. Tem vários tamanhos.
2. O Que é que é? Usamos para cortar o cabelo. Podemos cortar papel.
3. O Que é que é? Usamos para sentar. Cabem 2 pessoas.
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110 EXEBCICIOS DE LI NGUAGEM
Existem outras maneiras de se treinar a linguagem que é brincar de histó-
ria maluca. o terapeuta dá o modero: Vamos criar historinhas com estas figu.
ras. Eu vou começar:
"Era uma vez uma menina que ganhou um presente. Ela abriu e vru que
era um dominó, Aí um passarinho passou voando e ela queria ver o passarinho
e acendeu a luz, depois ela foi dormir.,,
Agora é você: (dica do terapeuta) Eu estava tomando banho.
lmportante: fazer o cancelamento sempre que houver gagueira.
É possívelencontrar muito materialde linguagem para tiabalhar. É impor.
tante usar a criatividade. Podemos, também, confeccionar um fichário
vo com figuras de revistas, ou mesmo selecionar vários desenhos no compu
dor.
A seguir sugerimos algumas figuras nas páginas 1.1 1 e j
LXLRCICIOS DE LINGUAGEIÚ 111
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t,r,dir que a criança conte uma historia sobre as 12 Íiguras das páginas 113 e
l14.Dizer que são 12 figuras e que ela vai explicar sobre cada uma:
Quem está na figura.
Onde a pessoa está.
O que aconteceu com ela ou o que ela está fazendo'
O terapeuta diz: "Vamos apostar. Eu acho que você vai gaguejar duas vezes
l,rlando sobre as 12 figuras das páginas 113 e 114. Quantas vezes você acha
lLre Vâi haver gagueira quando você contar esta historia?"
o terapeuta aposta sempre que vai haver mutto pouca gagueira. Anota-se
,r aposta da criança. A medida que a criança vaifalando, o terapeuta vai escre-
v0ndo em um papel a quantidade de palavras gaguejadas. se a criança disser
,1ue vai haver muito mais gagueira do que o número que ela apostou indrca
1Ue ela não tem confiança nem segurança na sua maneira de 
falar. Se, por
r, irso, ela apostar num número muito menor do que ela ainda previu, indica
lr re ela não tem ainda um feedback acurado sobre sua f luência 
ou disf luência '
l,,rra as crianças pouco confiantes é necessário dar explicações sobre a impor-
t,rncia de se ter segurança e confiança ao falar. Se por outro lado, não há um
, ILerio apurado sobre sua própria maneira de falar, isso terá de ser trabalhado'
í ) autocontrole é fundamental na manutenção da fluência e para isso aconte-
, r'r há necessidade de haver um bom retorno auditivo'
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114 EXERCICIOS DE LINGI]AGFI\i
No Jogo de formar frases, diferente do exercício de fraseamento, não utilli
zamos as fichas. Mostramos cenas ou figuras e pedimos para que as cri
elaborem frases.
Por exemplo: Ela canta e seus amigos tocam muitas músicas.
Para as crianças já alfabetizados, podemos pedir que leiam frases diversas,
EXERCÍCIOS DE LINGUAGEM 1t5
LINGUAGEM AUTOMATICA
Segundo as pesquisas esse tipo de linguagem ocupa uma área cerebral não
cspecÍfica, o que quer dizer que ocupa o cérebro todo. A linguagem automáti-
r:a, assim como os números e as orações, costuma produzir alto índice de fluên-
r-ia. Quando se deseja demonstrar a possibilidade de fluência ou mesmo traba-
lhar o ritmo, essas séries são muito eficientes.
Com as cÍianças até 7 anos
Pedir para recitar versos dando ênfases:
"Um, dois, Feijão com arroz;
Três, quatro, Feijão no Prato;
Cinco, seis, Feijão inglês;
Sete, oito, Comer biscoito;
Nove, dez, Comer Pastéis."
Com as crianças acima de 7 anos
Usar os provérbios, muitos são de conhecimento das crianças maiores que já
cscutaram seus pais ou avós dizerem. Existem provérbios de origens diversas' É
,,empre bom o terapeuta pesquisar o ní'vel de familiaridade das crianças.
Alguns exemplos:
1. Cão que ladra não morde.
2. )ogar verde pra colher maduro.
3. Santo de casa náo faz milagre'
4. Em casa de ferreiro, espeto de pau'
5. Cada macaco no seu galho.
6. Agua mole em pedra dura, tanto bate até que fura'
7. Não adianta chorar sobre o leite derramado.
B. Em terra de cego, quem tem um olho é rei.
9. Quem tem Pressa come cru.
10. Nada como um dia aPós o outro'
1 1 . Antes tarde do que nunca.
12. Um homem prevenido vale por dois.
13. Quem não tem cão, caça com gato.
14. Quem ri por último, ri melhor.
1 5. Devagar se vai longe.
1 6. Quem tudo quer tudo Perde.
'1 f I lmr rnrlnrinh: <Á nãn faz vPrãrt
t16 EXERCÍCIOS DE LINGUAGEM
18. Mas vale um pássaro na mão do que dois voando.
19. Antes tarde do que nunca.
20. Diga com quem andas que eu te direi quem és.
21. Filho de peixe, peixinho é.
22.Para bom entendedor, meia palavra basta.
24. Quem tem boca vai a Roma.
25. De grão em grão, a galinha enche o papo.
EXEBCICIOS DE LII'IGUAGEM 177
JOGOS DE DIALOGOS
O terapeuta pode ser um dos personagens das figuras e ele simula com a crian-
ça um diálago. O terapeuta formula a ideia, a criança 
simula a resposta esponta-
Áeamente iugerida pelas cenas. Aqui trabalhamos também a capacidade de a
criança elaborar a sua linguagem. Nos quadros em branco é onde a criança
pode inserir a sua fala.
Dá licença, infelizmente
só temos uma sobremesa.
Vocês poderiam escolher
uma outra?
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sugestões de figuras para usar na prática da elaboração da Linguagem:
Exemplo: "Bom dia, eu trouxe o seu caÍé da manhã'"
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120 EXEBCÍCIOS DE LINGUAGEM
Com as crianças acima de 7 anos
O terapeuta pode sugerir situaçÕes e improvisardiálogos:
Exemplos: Apresentar-se pessoarmente: "Eu me ihuro Júria, tenho
anos e faço 11 anos na semana que vem.,,
1 . Apresentar-sê pessoalmente.
2.Fazer pedidos em restaurantes.
3. Usar o telefone para perguntar o preço de algum produto.
4. Recitar frases curtas (até 10 palavras).
5. Chamar um táxi pelo telefone.
6. Comprar algo de um vendedor.
7. Apresentar uma pessoa à outra.
B. Conversar com o pai.
9. Falar com o professor após a aula ou em sua sala.
10. Dar o seu nome pelo telefone.
I 1. Conversar com a mãe.
12. Fazer perguntas ao professor em classe.
13. Contar uma história engraçada.
14.Marcar um encontro com um amigo pelo telefone.
15. Responder à chamada na classe.
16. Despedir-se do dono da festa.
17. Despedir-se de alguém após um encontro.
18. Conversar com um amigo, enquanto passeiam pela rua.
19. Cumprimentar o porteiro.
Capítulo 13
TEXTOS PARA LEITURA
\ | este capítulo estamos disponibilizando várias poesias e textos para servi-
I \ rem de leitura. Podem ser utilizados de diversas maneiras, como na leitura
ritmada, no controle fonorrespiratório, no treinamento das pausas, para me-
lhorar a clareza articulatória e na expressão da linguagem.
ffi o Reróoio
W l3ssa, tãmpo, tic-tac7-nu Tic-tac, passa, hora
chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Tic- tac...
(Vinicius de Moraes, Vol 6 - Poesias Para Gostarde Ler, 1980)
t22 TEXTOS PABA LEITUHA
A Foca
Quer ver a foca
ficar feliz?
É pôr uma bola
no seu nariz.
Quer ver a foca
bater palminha?
É dar a ela
uma sardinha.
Quer ver a foca
Comprar uma briga?
É espetar ela
bem na barriga.
Lá vai a foca
toda arrumada.
Dançar no circo
para garotada.
Lá vai a foca
subindo a escada.
Depois descendo
desengonçada.
Quanto trabalha
a coitadinha.
Pra garantir
a sua sardinha.
(Vinicius de Moraes - Arca de Noé)
TEXTOS PABA LEITURA 123
A Bailarina
Esta menina
Tão pequenina
Quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem tá
mas inclina o corpo pra cá e prá lá.
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do ceu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
(CecÍlia Meireles - Vol 6 - Poesias - Para Gostar de Ler, 1980)
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Marmelada de banana, bananada de goiaba
Goiabada de marmelo
Sítio do Pica-Pau amarelo(bis)
Boneca de pano é gente,
Sabugo de milho é gente
O sol nascente é tão belo
Sítio do Pica-Pau amarelo (bis)
Rios de prata, piratas
Voo sideral na mata,
Universo paralelo
Sítio do Pica-Pau amarelo(bis)
No país da fantasia,
Num estado de euforia
Cidade polichinelo
Sítio do Pica-Pau amarelo (bis)
124 TEXTOS PARA LEITURA
Ou lsto ou Aquilo
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuval
Ou se calça a luva e não se poe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luval
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo; ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou frco tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
(Cecilia Meireles, ou isto ou aquilo, Editora Nova Fronteira, 1990 - Rio de Janeiro, Brasil)
A Margarida Friorenta
A Margarida estava tremendo.
Que é isso?
Frio!
Ainda? Então já seil Vou arranjar um casaquinho pra você.
Ana Maria tirou o casaquinho da boneca porque a boneca não estava
com frio nenhum. E vestiu o casaquinho na Margarida.
Agora você está bem. Durma e sonhe com os anjos.
Mas quem sonhou com os anjos foiAna Maria.
A Margarida continuou a tremer.
Ana Maria acordou com um barulhinho.
Outra vez? Então já sei. Vou arranjar uma casa para você!
E a Ana Maria arranjou uma casa para a Margarida.
Mas quando iam adormecendo ouviu outro barurhinho. Era a Margari.
da tremendo.
TEXTOS PABA LEITURA 125
Foi lá e deu um beijo na Margarida'
A Margarida parou de tremer. E dormiram muito bem a noite toda.
(Fernandã Lopes de Almeida, A Margarida Íriorenta' Ática')
Uxa, ora Fada cra Brtlxa
Uxa embarca na abóbora e diz, sorridente:
seu motorista, por favor, leve-me ao palácio do príncipe, imediatamente...
que eu tenho que ir ao baile e perder meu sapato de cristal, ande logo com
esta abóbora, não me leve a mal!
o motorista, aflito, quer fazer a abóbora andar, mas a abóbora está engui-
çada.
Vai ver, abóbora não anda com gasolina, dona Fada-menina!- o motorista
declara.
Aí, Uxa pega a vara, aquela de condão, pisca uma lente dos seus óculos 
de
coração e grita:
Abóbora, o abóbora, tenha a agilidade de uma cabrita!
A abóbora sai pulando, o motorista berrando e pulam por cima de um
padre que ia dizer a missa, saltam por baixo de um pé de alpinista, dobram 
pra
direita, buzinam: mé! mé!
(Sylvia OrthoÍ, Uxa, ora fada ora bruxa, Nova Fronteira)
AGiraf'aeoCachecol
Um dla, uma girafa ganhou um lindo pacote de presente. Era um cachecol
de lã xadrez. Foi uma festa no meio da bicharada. A macaca ficou com ciúme 
e
disse:
Eu não gosto! Muito esPantada.
A zebra falou
Pra mim fica horrível, já sou listradal
O papagaio, muito gozador, gritou:
fxpeiimãnta logo, Dona Girafal Queremos ver se vai ficar elegante!
A girafa tentou, então, colocá-lo no pescoço. se amarrava lá embaixo, não
esquentava o resto do pescoço. Se ficava lá no alto, não segurava e escorrega-
va. Se apertava forte no meio, ficava sem ar'
O coelho, vendo a confusão, pensou numa brincadeira:
Dá pra Dona Tartaruga! Vamos ver como é que fical
Gostei da ideia. Vamós lá I - disse a girafa. Vai ficar engraçado e continuar
a confusão!...
(MariadoCarmoMaiadeoliveira,Leiturinhas,Etlitrlr.rAOLlvnt:tÉc,ttttcol
126 TEXTOS PABA LEITURA
Ainda que Mal
Ainda que mal me pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal entenda
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda assim te pergunto,
e me queimando em teu seio,
me salvo e me dano: amor.
(Carlos Drumond de Andrade)
A Fábula Moderna - O Acordo
Vestido como caçador, o homem caçava. Estava metido no mais negro da
floresta e caçava. Mas não procurava qualquer caça não. procurava uma caça
determinada , capaz de lhe dar uma boa pele que aquecesse suas noites hiber-
nais. E procurava. Procura que procura, eis senão quando, numa volta da flo-
resta, depara nada mais nada menos que com um urso. os dois se defronta-
ram. o caçador apavorado pela selvageria do animal. o animal apavorado pela
civilização - em forma de riÍle - do caçador. Mas foi o urso quem falou prímei-
ro:
Que é que você está procurando?
Eu - disse o caçador - procuro uma boa pele com a qual possa abrigar-me
no inverno. E você?
Eu * disse o urso - procuro algo que jantar, porque há três dias que não
como. E os dois puseram a pensar. E foi de novo o urso qucm Íalou primeiro:
ôlh: rr-.À ^^+râ' ^^ +^-^ ..- l.( .J--".r-^ ^. .^ : .^^ -r- -.-
TEXTOS PARA LEITURA tn
Entraram. E dentro de meia hora, o urso tinha o seu almoço e, consequen-
temente, o caçador tinha o seu capote.
Moral: Falando a gente se entende.
(Millôr Fernandes, Fábulas fabulosas. Rio de Janeiro, Nórdica, 1987)
Trecho do Pequeno Príncipe - Diálogo coÍn a Baposa
"Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão' O trigo para mim é
inútil. os campos de trigo não me lembram coisaalguma. E isso é tristel Mas
tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cati-
vado. o trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do
vento do trigo...
Araposa,então,calou-seeconsideroumuitotempoopríncipe:
Por favor, cativa-me! disse ela.
Bem quisera, disse o Príncipe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a
descobrir e mundos a conhecer.
A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa Os homens
não têm tempo de conhecer coisa alguma. compram tudo prontinho nas
lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais ami-
gos. Se tu queres uma amiga, cativa-mel
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa'
Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por
aquilo que cativas.
(Antoine de Saint-Exupéry - Pequeno Príncipe)
OCavaloeoBurro
O cavalo e o burro seguiam juntos para a cidade. O cavalo contente da
vida, folgando com uma carga de quatro arrobas apenas, e o burro - coitado!
Gemendo sob o peso de oito. Em certo ponto, o burro parou e disse:
Não posso mais! Esta carga excede às minhas forças, e o remédio é repar-
tlrmos o peso irmamente, seis arrobas para cada um'
O cavalo deu um pinote e relinchou uma gargalhada'
lngênuol Quer então que eu arque com seis arrobas quando posso tão
bem continuar com as quatro? Tenho cara de tolo?
O burro gemeu:
Egoísta, lembre-se que se eu morrer você terá que seguir com a carga de
quatro arrobas e mais a minha'
o cavalo pilheriou de novo, e a coisa ficou por isso. Logo adiante, porém o
^ -hã^ a rahanta
IN TEXIOS PARA LEITUBA
chegam os tropeiros, mardizem a sorte e sem demora arrumam com as
oito arrobas do burro sobre as quatro do cavalo egoísta. E como o cavalo refu.
ga, dãoJhe de chicote em cima, sem dó nem piedade.
Bem feitol exclamou o papagaio. euem mandou ser mais burro que o
pobre burro e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo da car.
ga em excesso? Tome! Gema dobrado agora...; ,vrrrL: uErrro urJutctUU dguÍd...
(Monteiro Lobato - Criança Brasileira, Theobaldo Mirandã Sântos, euarto Livro de Leitura: de acordo comos novos programas do ensino primário. Rio de Janeiro, Agn: :9ag.j
Textocom1fllPalavrasparaldentificaraQuarrtidadedeGagueira
certo dia a mãe de chapeuzinho vermerho pediuJhe para levãr um bolo
para a vovó que morava em outro quarteirão. Sua mãe disse:
at.
Não fale com ninguóm pero caminho, parece que tem um robo sorto por
Chapeuzinho foi andando sem pressa.
sua frente. Perguntou:
Para quem é esse bolo?
Para minha avó.
De repente apareceu um lobo nal
Vamos ver quem chega primeiro lá. Se eu ganhar o bolo é meu.
chapeuzinho correu, mas o robo chegou primeiro. Era ficou triste porquê
teve de dar o bolo da vovó para o lobo, mas aposta é aposta...
Capítulo 14
JOGOS DE CORRIDA PARA A
FLUENCIA
s jogos de corrida são em forma de ludo e tem como objetivo internalizar
as técnicas de modificação de fala ensinadas ao longo da terapia. Utilizan-
do um jogo de competição, o terapeuta e a criança podem jogar durante as ses-
sões. Havendo a devida orientação do terapeuta, é possível, também, que o
jogo seja feito em casa entre os pais e a criança. Para realizar o jogo á necessário
um dado e dois peões e os jogos de corrida das páginas 130 e 132.
lnstruções:
Jogar o dado e andar com o peão nos quadrados de acordo com o núme-
ro de pontos indicados no dado. Sempre que o peão cair em um determinado
quadrado, seja o terapeuta ou a criança, a tarefa indicada deve ser executada:
129
I3O JOGOS DE COIII]IDA PAHA A FLUÊNCIA
Corrida para a Fluência 1
Boceio + silabas
(escolher)
3x
com cada vooâl2-
Vibrar os lábios
'l0x curto
Repita : as sílabm
pr"r"t S
14\
palavra solta &
Bom- ba,/ Bomha
Bo]a Tbola
Bam-bj /bambi
{ Bo-ca/boca
Estalar tlÍngua
20x curto
$ :G§-
Pa pe pi'
zzzzz.......
da Abelha
W
l0x
CH CH CH...sem sm'l0x.dgpois d,zer Chu
"i.'r»*,.
,, ?/r//l//// ...COm s,m
Lnuva vat chuva vêm
Chuva miúda não
t 0maia 
ninguém.,
Berlo de velhoã
Beijo de moco/a
10x cadá '
SSSS......
da Cobrinha
Pule 2 casas
Telefone TRlM...
m
7 2Ox
Dêscanse
,G#
Conte até 10
Ou diga os dias
da semana
12 34 5 6
7 8910
13
lf Repita suave
@m&#
,o*w'3';ffi
[?lH::§:i:3:,"&
rereronar o mais rápido
lnvênte o que vai dizer!
I pare se orecisar
15 fl cancelai
hum
17 mu mu mu 3x
Cantar "parabéns,,
em la la la e sopre a vela.
21
l\,4antenha a boca fechad:
e respire sempre pelo nari;
para sentir o cheiro da
20&
Bocejo + 6 palavras
AmffiGl}W
reffi'-w
19 (a escolher)
VU... O aviâo está com
pressa! pule 4 casas
18"o sapo não luuu ã oã-
Nào lava porque nêo quer
Lle mora na laqoa
Não lava o pé porque
g*ii?'",*, ,qffi
Conte uma historinha Trava-línguas:
Ex: O rato roeu a roupa
do Rei de Roma
24 @@
r J(]GOS DE COBRIDA PARA A FLUENCIA 131
Explicações das casas do tabuleiro:
1. Falar as vogais suavemente para evitar o golpe de glote.
2. Bocejar enquanto diz suavemente sílabas. O terapeuta deverá escolher as
sílabas entre os fonemas que apresentaram mais dificuldades.
3. Vibrar os lábios, repetindo 10 vezes de modo curto e 3 vezes de modo longo.
4. Trabalhar as sílabas presa e solta com os fonemas que a criança mostra
necessitar. Variar o tempo dos exercícios.
5. Estalar a ponta da língua a fim de prepará-la para os fonemas de elevação
de ponta de língua e de deglutição. A deglutição é importante na hora da
pausa.
6. Falar a sílaba com força, prendendo bem os lábios e segurando a sílaba
na mão com força. Em seguida, só encostando o lábio, ir soltando a mão
e jogando a sílaba falada para cima. O mesmo jogo de prender e soltar
sílabas pode ser feito com palavras.
7. Vibrar a língua, repetindo 10 vezes de modo curto e 10 vezes de modo longo.
B. Soltar o ar fazendo 10 vezes um /S/ curto e depois de modo prolongado.
9. Trabalhar a musculatura labial. Beijos para fora e para dentro (de mo-
çolvelho).
10. Escolhe-se um fonema e começa a falar sem som, depois coloca-se som.
Por último repetir a palavra toda.
1 1 . Soltar o ar fazendo 1 0 vezes um /Z/de modo curto e depois de modo lon-
go e bem prolongado.
12. Descansar. Nessa casa não se faz nada.
13. Falar alguma numeração ou fala automática.
14. Repetir as palavras escutadas de maneira suave.
15. lnventar uma conversa ao telefone. Cancelar, se for necessário.
16. Soprar língua de sogra para direcionar o sopro.
17. Repetir palavras com a mandíbula bem relaxada soltando o ar em hummu
mumu para trabalhar a ressonância.
'lB. lnspirar e soltar o ar em /vuuuuuuuu/.
19. Bocejar e falar soltando o ar nas palavras que já foram trabalhadas.
20. Praticar posturas e hábitos corretos.
21. Cantarolar com elevação da língua /lalalalalal. Podem-se utilizar outros
fonemas para trabalhar posturas fonoarticulatórlas diferentes.
22. CanLar músicas variadas.
23. Contar uma história pequena a partir de quatro figuras sugeridas. Voltar
cinco casas se for necessário cancelar.
24. Reoetir trava-línquas para fortalecer a niti(lc/ articulatoria.
"t32
T
Corrida para a Fluência 2
"ot,ffi
li l(,1 )1, l)l r,( lll itll,\ l',\ll/'r A I i ill I\ll: 
^
133
ExplicaçÕes:
1 . Falar a palavra com força, prendendo bem os lábios e segurando na 
mão
com força a sílaba a ser trabalhada'
2. lnspirar e expirar suavemente 1O vezes alternando as narinas'
3o prolongar as palavras que o terapeuta fala para tomar consciência do 
que
e prolongar uma Palavra.
4-Pedir para dizer palavras de forma suave'
5. Falar bilabiais so encostando o lábio e depois falar bem preso. Dizer 
onde
ficou mais fácil de falar.
6.Repetir as sílabas presas e a palavra solta, como o terapeuta faz'
7. Espreguiçar como os gatinhos e depois dizer miau/miau/miau 
para traba-
lhar a ressonância vocal.
B. lnspirar na flor e expirar "apagando" as velas. Aumentar a quantidade 
de
" inspirações e expirações aos poucos'
g. Articular vogais exagerando o movimento dos lábios- Articular duas ou
três juntas, por exemplo: a - ao auo - eou etc' "'
10. Repetir versinhos ou rimas. Cancelar se for o caso'
11. Bombal Voltar paraa casa 6 e fazer o que se pede'
12.talar 3 vezes hava, heva, hivo, hova, huva'
t:. Ligar as palavras controlando as pausas, utilizando duas figuras'
14.Falar três frases bem soltas e sem repetiçÔes. Se conseguir avançar 
para
frente três casas se não conseguir voltar três casas'
15. Repetir: PATAKA, PETEKE. PlTlKl, PoToKo, PUTUKU, 3 a 5 vezes cada.
16. Repetir os provérbios. Cancele se for o caso'
17 .Yariar a inflexão. Repetir o que o terapeuta diz com intenções variadas'
18. Colocar cada palavra em seu lugar para fazer o fraseamento'
19-tazer uma leitura ritmada, usando a voz salmodiada'
20. Falar uma lista de travalínguas para treinar a articulação'
21. Criar um diálogo para treinar fluência'
22. lnventar história maluca a partir de oito figuras ou cenas para treinar 
fluência'
23. Bocejar dizendo frases para diminuir as tensÕes ao falar'
24.Fazerperguntaserespostasparaoterapeutaparaexercitarafluêncra,se
houver gagueira, voltar cinco casas'
observaÇão: A critério do terapeuta, a quantid;rtlC o o tcmpo dos 
exercÍcios
qarão.lo acorrlr) corn a necessidade e a idade clo r;ttl,tr riilrl(;1.
PARABLNS !
Vocô von( (,u I
V.l()rr, lÍxJ,lr
ttov,tÍJr,[lr,,r
o lábio e segurando
a palavra na mão
com forÇa ;G
h
WÍqfry ry disa
palavras de Íorma
suave (a escolher)
4 U 
paiavra para cima
Diga as vogais
bem articuladas
a eiou
üüc
{#r
Espreguice iguai
aos gatÍnhos para
relaxar e diga
mtau mtau...
urqa suave: af-§x"i(k-
hava heva hivo '
hova huva
"3x
4 
Ligamento .
&,V
Ã
B.rb W
Repita palavras dadas:
§â'.""'l:i 
*'*"
,oGl"'o'volte 
3 casas
Crie um diálago
I
Rffn
W H[U
21 4À .J/l]
Trava-línguas:
"Três pratos de trigo para
três tigrês tristes."
:! :,,
)1/a}1
o,ããíã,,".
O sol está forte e quero
ir à praia.
19 (salmodiada)
Fraseamento ,d*
/o/palhaço/flalesreÂdq
/ O / palhaço / mor a / no/ cico/
/ Ele/Íaz/ muitas/ palhaçadas/
paraf as/ criançasf
18
lnvente uma historinha
ri*.:.
'fur
22 "FHts
Capítulo 15
ACONSELHAMENTO AOS PAIS
f importante a participação dos pais e responsáveis no processo de reverter a
Lgagueira. Os pais de crianças sem fluência já devem ter ouvido frases do
tipo:
o "Não se preocupe, a gagueira passa com o têmpo, finja naturalidade".
. 'Faça de conta que não está acontecendo nada".
. "Mande seu filho respirar fundo e falar".
o "Ele pensa mais rápido do que fala, por isso gagueja".
. "O avô dele também gaguejava, não tem jeito, é de família".
Essas frases provavelmente foram ditas por pediatras, professores, paren-
tes, amigos e até vizinhos. O grande problema com esse tipo de conselhos é
que eles só são válidos para aqueles que tiveram gagueira por uma fase, e que
esta passou realmente com o tempo ou com a maturidade. Porém, para aque-
les que ainda estão gaguejando, depois de ter recebido tais conselhos na infân-
cia, as frases afastaram a possibilidade de esclarecimento, informação e trata-
mento. Enfim, a prevenção da severidade e cronicidade de um distúrbio que
sabidamente cresce e aumenta com o tempo e que a acarreta consigo sérios e
dolorosos problemas sociais e pessoais.
O programa de orientação que será resumido a seguir é o do Doutor
Starkweathe r et al.'. (Stuttering Prevention, A Manual for parents), da Temple
University, Stuttering Prevention Clinic. Ele é muito útil para pais preocupados
e aflitos com a gagueira de seus filhos. Ele pode ser entregue aos pais para
leitura com comentários do terapeuta.
t35
I
136 ACONtit.t ilAN/l N t0 At).! I'A[i
OOTUO OS PAIS PT}DEM AJUDAR
Ouvindo de maneira diferente
A criança de 2 a 6 anos está no estágio de desenvorvimento da ringuagem, jus
tamente, em uma fase em que acontece um crescimento rápido e vasto na
habilidade em escolher as palavras e armar as frases. As vezes, a criança fala
demasiado e tem tantas ideias que fica difícil aos pais arrumar um tempo para
ouvi-lo. Nesta fase é necessário que se aprenda a ouvir seletivamente.
Treinando unra nova nnaneira de agir Íazendo o papel de detetive
Para ajustar sua maneira de ouvir, primeiro é necessário saber com precisão que
tipo de ouvinte se é, Durante uma semana observe-se, escreva algumas anota-
ções sobre seus pensamentos para que você possa fechar um quadro sobre a sua
posição como ouvinte de seu firho. euando isso estiver definido você poderá de-
cidir quais são as mudanças necessárias. se notar que, às vezes, não tem paciên_
cia de escutar tudo que ere deseja dizer ou demonstra cansaço durante um
bate-papo informal entre os dois, ou mostra que está irritado com o modo dele
falar, tente modificar suas atitudes. seu filho pode interpretar sua maneira de agir
como uma reprimenda à sua fara ou um desinteresse de sua parte.
Procure ajustar seus horários para que haja durante o dia momentos
em que uocê possa conuersar c'm seu filho tranqullamente
o que é importante é que as modificações podem ser mínimas. talvez até afe-
tem muito pouco a rotina do seu dia, mas para seu filho elas serão muito impor_
tantes e abrirão portas fundamentais no relacionamento tanto entre o falante
(pais) como entre o ouvinte (filho).
Ouando você já estiver ouvindo seu Íilho nnais intensamente, procure
aumentar a quantidade de contato visual entre uocês
olhar para alguém enquanto a pessoa fala demonstra interesse, assim como
manter os braços e as pernas descruzadas mostra vontade em participar na
conversação.
Enquanto seu filho estiver falando pratique focatizar a atenção nas
suas ideias e não na sua rnaneira de Íalar
lsto exigirá disciplina. se fizer argum comentário do tipo. ,.você está falando
muito depressa" ou "[xperimente tomar mais ar", ir;i p,rssirr a mensagem nãcl
so que você não está prestando atenção ao ils.,ur)ro, rorrro tambem que ele
não está conseguindo comunicar o quc rlt,scj,r.
A(t()t\ril I I lA \4i l\ I (I /\()ll I'All; 137
Fale com seu Íilho hem devagar
Os pais devem modificar sua maneira de falar com o filho que está gaguejando.
Modificar uma maneira de falar não é fácil, por isso os pais devem treinar no
gravador o novo ritmo de fala mais lento. Uma palavra deve vir atrás da outra,
como se a pessoa estivesse falando em "câmera lenta". É importante não soltar
as palavras amontoadas e atropeladas e concentrar-se no ritmo arrastado.
Aumente o núnrero de pausas no seu discurso
Pare de vez em quando e tome ar. lsto dará um modelo e irá reduzir a pressão
do tempo que comumente a fala rápida produz.
Aumente o silêncio
Dessa maneira o seu filho irá aprender que todos os momentos não devem ser
preenchidos com a fala. Aprenderá também que é possí'vel manter uma conver-
sação sem exigir muita pressão ou ansiedade.
Elirnine as interrupções
Permita que cada membro da família complete as suas ideias. A criança "de ris
co" ou a que está começando a gaguejar se for interrompida a todo momento,
fatalmente terá sérios transtornos para manter a fluência.
Procure não fazer muitas perguntas
Geralmente para responder existem várias etapas a cumprir:
1 . Compreender o sentido da pergunta.
2. Organizar seus pensamentos para responder apropriadamente.
3. Encontrar imediatamente as palavras certas e o emprego correto das re-
gras da gramática.
4. Finalmente passar a mensagem oralmente.
Para a criança que ainda está desenvolvendo a sua linguagem e não tem,
ainda, total competência no seu manejo, ter de responder a todo instante vai
exigir muito esforço. A tendência será quebrar a fluência seguidamente aumen-
tando a ansiedade tanto da propria criança, que não consegue passar a mensa-
gem, como para os pais que ficam preocupados com a maneira de o filho falar.
Reduza a estirnulação linEuística
Quando a criança toma conhecimento QUe sur) c,rlntSrrccnsão está muito mais
adiantada que sua capacidade para prodttzir Írit',r'r, lotlrlits tr complexas, os pais
podem ser aconselhados a reduzir a quantirl.rrk,tlr' Í,tl,r ottt vt)ll;t da crianÇa. É
138 AC(]NSl I I tANlt N I i) At)S iAlt.j
verdade que não se pode eliminar totalmente a fala e ficar calado. lsso não seria
aconselhável, mas em arguns casos podem-se reduzir as atividades.os país
podem aprender a interagir com os filhos sem envolver-se em atividades exces-
sivas de comunicação.
Forneça um born rnodelo de fluência
os pais devem dar um modero de fruência normar, isto é, um modero em que a
fala não é totalmente fluente, já que essa é a rearidade. Agindo assim os pais
passam aos filhos que aceitam níveis diferentes de disfluência. Nesse caso, seu
filho poderá repetir eventualmente a primeira palavra da frase 1 ou 2 vezes nor_
malmente sem se sentir diferente. Ele poderá fazer pausas ou dizer .,hum,,ou
"eh" enquanto procura as palavras. será importante, então, que ocasionalmen_
te os pais aceitem essa maneira de farar de maneira normal.
Fale corn seu Íilho por mais tempo
como o papel dos pArs envolve muitas responsabilidades, a maior parte das
vezes em que conversam com os filhos o tom dos pais é disciplínar ou ter cuida-
dos. Este tipo de conversação tipicamente é de instruções e regras. Ajudaria
muito se os pais aumentassem o tempo de conversa .o, u criança em
ToPlcos QUE possAM sER coMpARTtLHADos poR AMBos. Dessa maneira
a conversação será uma experiência agradáver, argo que a criança curte, espera
por e tem prazer.
üurante a cCInversação eertifique-se que o seu tom e:,eüis
cornentários não sejarn do tipo "!ulgador., ou ..crítico,, por natureza
Medo de avaliações ou de críticas inibe muitas pessoas adultas e para uma cri-
ança que está em fase de "risco" pela sua gagueira, o medo de dizer alguma
coisa errada pode aumentar ou desencadear mais gagueira.
Cuidadu coÍlr a pressão para falar
Quando o processo de comunicação torna-se algo que exige cuidado e atenção,
o fato de sofrer a pressão do tempo pode precipitar quebrai na fluência. pressÕes
na fala podem tomar muitas formas: 1) pedir à criança para recitar em púbrico,
2) pedir para contar uma história de novo, 3) pedir para contar uma historia qual-
quer da televisão, 4) pedir para dizer poR FAVOR ou OBRIGADO ou coMo VAI
etc. sempre que os pais desejem que os filhos sigam algumas das pressÕes descri-
tas anteriormente, eles podem modelar a frase social necessária pedindo à crian_
ça para repetir o "PoR FAVOR, OBRIGADO oll crjMo VAI',, podem perguntar
antes à críança se ela deseja recitar em públir o ( )u { ( )r rt, rr r rrrr.r historia etc"
A(i0Nrit I I t^l\fl N I 0 A0:i In[] 139
Froçure ter uma roÍüna
Muitos pais pensam que o filho tem mais dificuldades para falar quando estão
excitados e mais facilidades quando estão calmos e contentes. Não é bem
assim. Festas de aniversário, férias são exemplos de eventos que fogem da roti-
na e que estão cheias de ansiedade e surpresas. É esta falta de estrutura junto
com a incerteza que elas produzem que contribui para aumentar a gagueira. É
aconselhado que uma rotina diária seja mantida mesmo nos fins de semana. Se
a criança sabe que depois do café da manhã, ela deve vestir-se e depois ver tele-
visão e depois brincar, a incerteza será reduzida.
Frouure infornnar a seu fiiho corm allüeeedâneia do que vai acomtecer
fora da rot!na
Se em determinado dia vai haver uma festa, uma viagem, uma mudança qual-
quer na rotina, ser informado antes ajuda reduzir a incerteza e a ansiedade. A
criança deve, inclusive, conhecer a sequência exata dos eventos, e os pais
devem fazer o possível para que os fatos ocorram da maneira planejada. Por
exemplo: se a família vai sair de férias, permita que a criança participe dos pla-
nos, itinerários, atividades, roupas e brinquedos que serão levados etc.
Perrnita que todos Éenhanr a mesm& opontumiclade de {alar
Será aconselhável que toda a famÍlia desenvolva atividades de conversação
mais efetivas. As regras poderão ser simples como as descritas adiante:
1 . So uma pessoa fala de cada vez.
2. Todo mundo deverá ter oportunidade de falar.
3. Ninguém deverá avaliar a contribuição do falante à conversação.
As regras deverão ser postas em funcionamento quando a família estiver
reunida. Poderá haver um certo jogo, para Íazer que a atividade se torne bem
relaxante. Pode-se colocar um pote na mesa, e cada membro da família que
quebrar a regra interrompendo ou criticando o falante deverá colocar uma fi-
cha no pote. As fichas serão contadas, e será penalizado aquele que interrom-
peu mais.
tledique aigunm mornen'to do dia para conversar Gom seu filhCI
É importante que na hora escolhida para convers.)r com a criança que está ten-
do problemas para manter a fluência, os pais rlcclirluem total atenção a eles.
Devem-se largar os pratos para serem lavaclos orrlr;r lrora, pedir aos irmãos para
fazerem outra atividade, pedir para algrrónr rrr,ri',,rlorrtk'r .ro telefone etc. A
conversaçao n;ro Jrrr-.cisa ser muito loncl;r, un,, 'l 'r rrrirrrtlo,,',r'ri,rrn sLrficiente para
140 AC0NSI:l I IAMIN Ít) Aíls^ tAlS
a criança perceber que está recebendo especial atenção. Atividades de montar
quebra-cabeças. jogar videogame, Ier ou contar história podem ser utilizadas
também, o importante é que aconteçam todo dia e que sejam sempre o, qrur.
sempre na mesma hora. A finalidade deste momento especial entre pais e filho
é dar à criança a oportunidade de viver um momento ,.não exigente,,além de
estar em contato com os pais sem as distraçÕes e exigêncras do mundo lá fora.
É como se nesse momento você se sentisse mais relaxado e experimentasse um
enorme prazer em falar com seu filho. lsto. consequentemente, facilitará o pro_
cesso de comunicação para ele, já que ele irá associar a fala a um momento de
relaxamento e de prazer.
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