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Arcabouço geológico brasileiro Apresentação As formas de relevo no Brasil são embasadas por um conjunto de diferentes formações geológicas. Ao longo das eras, houve deposições de sedimentos, eventos vulcânicos e tectonismo de placas que alteraram e determinaram as formas da crosta que compõem o território do país. A geografia, aliada a outros ramos do conhecimento como a geologia, tem contribuído para o conhecimento e a apropriação das paisagens naturais. Ao serem ocupadas e destinadas de acordo com suas possibilidades, tornam-se recursos importantes à humanidade. Dessa maneira, faz-se importante o conhecimento das condicionantes naturais que formaram e transformam as formas da crosta terrestre, mais conhecida como relevo. A geografia contribui de forma direta com a definição e a regionalização do relevo brasileiro, de acordo com forma, origem geológica e altitude. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender um pouco mais sobre os processos de (trans)formação do relevo brasileiro, a principal regionalização utilizada para explicar as diferentes formações. E também aprofundará seu conhecimento sobre os crátons, cinturões orogênicos e bacias sedimentares que dão base para as formas de relevo no Brasil. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a estrutura e as formas do relevo brasileiro.• Reconhecer os crátons e as áreas de dobramentos antigos no território brasileiro.• Identificar as bacias sedimentares brasileiras.• Desafio São as formas de relevo que dão sustento às atividades humanas. Mas para um aluno do ensino médio ou fundamental, esses conceitos podem parecer um tanto abstratos, pois alguns fenômenos de formação do relevo o aluno não consegue enxergar por ele mesmo. Muitas vezes, até as formas de relevo em um ambiente urbanizado podem passar despercebidas pelos alunos. Você, como professor de geografia, ao abordar o tema em sala de aula, depara-se com um questionamento de um aluno, que lhe pergunta o motivo de estar aprendendo sobre as formas de relevo e como isso influencia na vida dele. Agora, imagine que você está trabalhando em sala de aula sobre esse assunto e está planejando como será feita a abordagem do conteúdo. Descreva possíveis alternativas didáticas para que os alunos se interessem mais pelo tema e entendam a importância dos conteúdos como as formações e as tranformações do relevo. Infográfico A formação do relevo brasileiro remete a sucessivos processos geológicos. O passado mais ativo das placas tectônicas, a formação dos grandes oceanos e a deposição sedimentar são alguns dos processos que contribuíram para a formação e a transformação do relevo brasileiro. No Infográfico, veja um resumo sobre as condicionantes que formaram o relevo brasileiro, suas compartimentações e os substratos geológicos que formam a crosta terreste no território do Brasil, assim como as épocas em que se deram essas mudanças. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/1d95592c-d045-46bd-8669-fc6c965a856c/93c1ed9c-5c95-4a33-a1f8-b926389c10af.jpg Conteúdo do livro As estruturas geológicas dão base às formações de relevo, que foram esculpidas pela ação dos processos erosivos ao longo de milhões de anos. Segundo Ross (1995), as formações geológicas brasileiras têm origem muito antiga, porém a ação erosiva continua as transformando. Para compreender essa dinâmica, você precisará compreender como esse arcabouço geológico se formou, suas principais características e transformações. No capítulo Arcabouço geológico brasileiro, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer um pouco mais a fundo o embasamento geológico do relevo brasileiro. Entenderá os processos que formaram as rochas e suas transformações ao longo das eras geológicas, que resultaram nas formas de relevos atuais, ainda em constante transformação. Boa leitura. GEOGRAFIA FÍSICA DO BRASIL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar a estrutura e as formas do relevo brasileiro. > Reconhecer os crátons e as áreas de dobramentos antigos no território brasileiro. > Identificar as bacias sedimentares brasileiras. Introdução A crosta terreste, parte mais externa do planeta Terra, é chamada de litosfera, que por sua vez é composta por litosfera continental e oceânica, as quais são, em um contexto de formação e transformação do planeta, dinâmicas. As variações em formas e origens da crosta terreste são denominadas relevo, sendo este o principal assunto abordado neste capítulo, com foco nas formas brasileiras, resultantes das forças internas e externas do passado e do presente, exercidas na crosta continental sul-americana. Ross (1995) determina que o subsolo do Brasil desempenha papel importante no relevo, dividindo-o de forma simplificada em três grandes estuturas geológicas, chamadas por ele de macrocompartimentos do relevo, sendo: as plataformas ou crátons, os cinturões orogênicos e as grandes bacias sedimentares. Essas estru- turas dão o embasamento para as formações de relevo no país, sendo possível regionalizar em três principais formações, sendo estas: planaltos, planícies e bacias sedimentares. Você vai identificar as condicionantes geológicas que contribuíram para a formação do relevo brasileiro, a fim de descrever algumas divisões e formas do Arcabouço geológico brasileiro Diego Vila Guimarães relevo brasileiro. Vai, ainda, reconhecer a importância dos crátons e dobramentos antigos, além de identificar as bacias sedimentares brasileiras. Estruturas e formas do relevo brasileiro O relevo brasileiro, sua composição, as alterações no passado e no presente e suas condicionantes para a vida humana têm sido foco de estudo da geografia e de seus principais estudiosos. Os principais geógrafos, com importantes con- tribuições nessa área nas últimas décadas, foram Aziz Ab’saber e Jurandyr Ross. Em uma complementação de teorias integradas, primeiro proposta por Ab’saber e posteriormente complementada por Jurandyr Ross, é que se baseia a principal classificação de relevo utilizada e ensinada em sala da aula no ensino básico. Segundo Ross (1995), para compreender o relevo brasileiro é necessário primeiro abordar as origens geológicas do continente sul-americano. De forma mais simplificada, o autor menciona que o continente tem em toda sua borda oeste a formação dos Andes, que atinge uma faixa estreita e chega até 4 mil metros de altitude, sendo esta a formação mais recente do continente — se deu a partir do período geológico Mesozoico, estendendo-se ao Cenozoico. As partes central e do leste do continente são marcadas por estruturas mais antigas, formadas no Pré-cambriano. Ross (1995, p. 45), ao utilizar o contexto sul-americano para descrever o relevo brasileiro, menciona que: Ao contrário da cordilheira dos Andes, que é relativamente estreita, alongada na direção norte-sul e muito alta, ultrapassando em várias áreas os 4000 m de altitude, os terrenos do centro e do Leste são mais baixos, prevalecendo altitudes inferiores a 1000 m. Nessa parte, os terrenos são mais desgastados por várias fases erosivas, que geraram simultaneamente as grandes bacias sedimentares. Entre os terrenos antigos do centro e do leste, representados pelos planaltos do Brasil e das Guianas, ao norte, encontra-se um corredor de terrenos baixos constituído por sedimentação recente que se estende da Venezuela e da Colômbia, ao norte, até a Argentina, ao sul, passando por Bolívia, Paraguai e extremidade oeste do Brasil. A origem litológica do território brasileiro é antiga, mas as formas de relevo são recentes, devido ao constante processo erosivo de desgaste, que sempre ocorreu e continua transformando. Ross (1995), em uma síntese às datações geológicas das formações, menciona que a maior parte das es- truturas tem origem entre o Paleozoico e o Mesozoico, no casodas grandes bacias sedimentares. Os terrenos cristalinos têm origem no Pré-cambriano; já o Pantanal Mato-grossensse, a parte ocidental da bacia amazônica e do litoral nordestino têm origem no Cenozoico (Terciário e Quaternário). Arcabouço geológico brasileiro2 As formas do relevo brasileiro têm como mecanismo genético as formações litológicas e os arranjos estruturais antigos, de um lado; do outro estão os processos mais recentes, associados à movimentação das placas tectônicas e ao desgaste por situações climáticas anteriores às atuais. Dessa forma, boa parte das rochas e estruturas que dão base às formas de relevo no Brasil são anteriores à configuração atual do continente sul-americano e remetem ao período dos grandes continentes, antes da abertura do oceano Atlântico, que se deu a partir do Mesozoico. Para ajudá-lo com essas datações comuns na área da geologia e que remetem às eras e períodos geológicos, a Figura 1 demonstra a escala geo- lógica do tempo com os principais acontecimentos em cada era. Note que à esquerda existe uma datação em milhões de anos, depois a era, o período e o acontecimento em cada um. Figura 1. Escala geológica e os principais acontecimentos na evolução do Planeta Terra. Fonte: Carneiro, Mizusaki e Almeida (2005, p. 16). Arcabouço geológico brasileiro 3 É importante salientar que as transformações de relevo e no planeta ocorreram em 6,5 bilhões de anos e continuam ocorrendo, sendo que as primeiras civilizações surgiram por volta de 6 mil anos atrás. A história da Terra, datada a partir das eras geológicas, é muito mais antiga do que a história humana e passou por diversas alterações na litos- fera; portanto, quando se fala em intervalo de tempo na transformação do relevo, deve-se imaginar um intervalo de milhões de anos, em um processo de graus e intensidades diferentes, de acordo com as forças predominantes em cada período geológico. Houve diferentes forças que predominaram no planeta Terra, pois ele já foi mais quente, ou mais frio, com maiores ou menores intensidades de forças vulcânicas e movimentação das placas tectônicas, alterações na formação dos continentes, ou seja, o planeta Terra e sua litosfera são muito dinâmicos, não estáticos e muitas vezes instáveis, o que gerou diferentes formas de relevo e formações geológicas, por meio de processos internos e externos. Ross (1995) determina a regionalização do relevo brasileiro em três grandes formas, sendo elas planícies, planaltos e depressões, a partir das quais re- gionalizou o Brasil em 28 compartimentos. Essa regionalização é a mais atual e utilizada em materiais didáticos para o ensino de geografia do Brasil. Muito se deve pela facilidade de compreensão dos conceitos utilizados para essa regionalização, que remetem à forma (geomorfologia) e à altitude do relevo. Ross (1995) considera que os planaltos são as regiões com mais de 300 me- tros de altitude em relação ao nível do mar, podendo conter formas irregulares como serras, morros e chapadas. Sua formação remete a períodos anteriores ao Cambriano e por processos geológicos ligados a energias internas da Terra. Ainda são subdivididos por Ross (1995) quanto a macroestruturas geológicas, pois os planaltos podem estar associados em bacias sedimentares, intrusões ou coberturas residuais de plataformas em cinturões orogênicos ou em núcleos cristalinos arqueados. As planícies são regiões com predomínio de processos erosivos e rela- tivamente planas. Quanto às depressões, uma inovação na classificação trazida por Ross (1995), são as regiões de altitudes relativas mais baixas que seu entorno, situadas entre 100 e 500 metros de altitude, sendo áreas de conexão entre planície e planaltos onde predominam os processos erosivos. A Figura 2 mostra a regionalização com a compartimentação de relevos que propôs Ross (1995), com a generilização do relevo em planalto, planícies e depressões. Note que as planícies se situam principalmente no litoral brasileiro e ao norte na bacia do Rio Amazonas. Arcabouço geológico brasileiro4 Os planaltos se distribuem por todo território, sendo que os cinturões orogênicos e os núcleos cristalinos arqueados estão localizados em uma faixa que se estende da porção sul do Nordeste até o litoral de Santa Catarina e em algumas ocorrências no Centro-Oeste. Já as intrusões e coberturas residuais das plataformas ocorrem principalmente na região extremo norte do país, na porção sul da bacia do Rio Amazonas. Quanto às bacias sedimentares, existem três grandes porções concentradas na região centro-sul, em parte das regiões Norte e Nordeste e próximo à foz do Rio Amazonas. As depressões são bem distribuídas no país e estão associadas geralmente aos planaltos em regiões de transição entre escudos cristalinos, intruções de plataforma e cinturões orogênicos. Essa outra subdivisão usada para os 28 compartimentos regionais do relevo brasileiro faz menção às estruturas geológicas que dão base para as formações de relevo — cinturões orogêni- cos, plataformas ou crátons e as bacias sedimentares que embasaram as formações atuais do relevo. Figura 2. Formas de relevo do Brasil: regionalização por Jurandyr Ross. Fonte: Ross (1995, p. 53). Crátons e dobramentos antigos brasileiros Os crátons ou plataformas são os terrenos mais antigos e transformados pela ação dos processos erosivos. Formam uma complexidade litológica onde prevalecem as rochas metamórficas muito antigas, com 2 a 4,5 bilhões de anos, rochas intrusivas antigas do Pré-Cambriano (1 a 2 bilhões de anos) Arcabouço geológico brasileiro 5 e rochas sedimentares datadas do final do Pré-Crambiano, que encobriram parte das plataformas em alguma fase da história. São terrenos muito rebaixados por diversos e longos processos erosivos, com características de baixo planalto ou até mesmo depressões. Sofreram processos de deposição de sedimentos em suas margens, sendo os terrenos mais estáveis em relação às atividades tectônicas. Estão posicionadas às margens de bacias sedimentares e dos cinturões orogênicos. Segundo Ross (1995), regionalmente podem ser mencionadas três áreas de crátons no Brasil, sendo a das Guianas, a sul-amazônica e do São Francisco. A das Guianas cobre terrenos elevados do extremo norte brasileiro, na divisa com Venezuela e Guianas, formada por rochas intrusivas associadas a rochas metamórficas antigas. O limite sul do cráton das Guianas é formado por rochas metamórficas, encontrando-se encobertas parcialmente por rochas sedimentares da bacia amazônica. A plataforma sul-amazônica é formada por terrenos mais baixos ao norte, com aumento de altitude em direção ao sul, composta principalmente por rochas metamórficas antigas. Com frequência encontram-se rochas intrusivas como granitos e depósitos sedimentares residuais, que sustentam relevos mais altos. Parte da porção sul dessa plataforma está encoberta por extensa formação sedimentar, que corresponde ao planalto e à chapada dos Parecis (ROSS, 1995). A plataforma ou cráton do São Francisco se estende do norte de Minas Gerais até o centro da Bahia, sendo a de mais difícil delimitação, pois grande parte está encoberta por sedimentação antiga e as suas extremidades se confundem com as áreas dos cinturões orogênicos de seu entorno. A Figura 3 demonstra um croqui de um corte transversal da área de contato entre a plataforma das Guianas, a bacia sedimentar amazônica e a plata- forma sul-amazônica. Note que a imagem utiliza o termo “escudo” para as plataformas; esta é outra nomenclatura, que faz referência a “escudos cris- talinos”, outra forma de nomear as formações antigas Pré-Cambrianas, que são estruturas estáveis em constante transformação pelas ações erosivas. As bacias sedimentares, por sua vez, são áreas de deposição de sedimen- tos. Portanto, os crátons, ou plataformas, são áreas consolidadas em um passado geológico muito remoto, que sofreram e sofrem processos erosivos, resultando em formações sedimentares e relevos mais planos,como a bacia sedimentar amazônica ilustrada na Figura 3. Arcabouço geológico brasileiro6 Figura 3. Esquema de corte transversal das áreas de contato entre bacia sedimentar do Amazonas e terrenos cristalinos. Fonte: Ross (1995, p. 54). Rochas metamórficas são aquelas resultantes de uma rocha preexis- tente, cuja formação se dá por aumento de pressão e/ou temperatura sobre a rocha preexistente. O metamorfismo regional ocorre em extensões do globo terreste, devido a eventos geológicos sequenciais de grande porte, como a edificação de cadeias de montanhas; há, também, o metamorfismo local, que ocorre em terrenos com centímetros e metros de extensão, como quando as rochas regionais submetidas ao contato com câmara magmática podem sofrer algum tipo de metamorfismo (TEIXEIRA et al., 2009). A Figura 4 demonstra exemplos de rochas metamorfisadas: o argilito, depois de um processo de metamorfismo, se torna o xisto; o granito dá origem ao xisto; e o calcário alterado forma as rochas chamadas de mármore. Figura 4. Rochas metamorfisadas. Fonte: Blog do Professor Clebinho (2017, documento on-line). Arcabouço geológico brasileiro 7 A crosta da Terra sofreu ao longo das eras geológicas movimentos re- sultantes de um conjunto de forças internas chamado de orogenia. Esse processo resulta na formação de grandes cadeias de montanhas, geradas por dobramentos na crosta, acompanhados de vulcanismo, intrusões, abalos sísmicos e falhamentos. São os processos mais instáveis no contexto geoló- gico, com forte atividade das placas tectônicas, ocorrendo principalmente nas bordas dos continentes. Esse processo ocorreu tanto em eras geológicas antigas, como no Pré- -Cambriano (entre 610 e 650 milhões de anos), gerando os chamados dobra- mentos antigos, quanto em eras mais recentes, como a Terciária, formando os dobramentos modernos. No continente da América do Sul existem os dois tipos de dobramentos, sendo os Andes um exemplo de dobramento moderno e a Serra do Mar no Brasil uma formação orogênica mais antiga. Portanto, os cinturões orogênicos ou dobramentos antigos são formações do território brasileiro que remetem ao Pré-Cambriano, há 600 milhões de anos. Ross (1995) menciona três dobramentos antigos existentes no Brasil — o Atlântico, o de Brasília e o Paraguai-Araguaia. Essas cadeias de montanhas antigas foram muito desgastadas pelas fases erosivas ocorridas durante as eras posteriores à sua formação, mas ainda guardam o aspecto de serras em grandes extensões. No passado, esses dobramentos foram grandes bacias sedimentares, dobradas por pressões da plataforma em razão da movimentação da crosta, o que resultou em metamorfismos, intrusões e efusões vulcânicas sobre os sedimentos que as formavam. O dobramento do Atlântico passou por até três fases de dobra- mentos, com metamorfismo e intrusões alternando com longos períodos de fases erosivas (ROSS, 1995). Os cinturões orogênicos estão associados à formação dos planaltos bra- sileiros, podendo ser mencionados os planaltos e serras do Atlântico Leste- -Sudeste, planaltos e serras de Goiás-Minas e serras residuais do Alto Paraguai. Bacias sedimentares brasileiras O outro tipo de estrutura geológica que embasa o relevo brasileiro é o das bacias sedimentares. Ross (1995) menciona três grandes bacias sedimentares no Brasil — Amazônica, do Parnaíba ou Maranhão e do Paraná. Essas bacias se formaram nos últimos 600 milhões de anos, originárias de deposição sedimentar de diferentes fases climáticas e geológicas do planeta. Elas se organizaram em um período em que o continente sul-americano tinha posições altimétricas distintas das atuais, bem mais baixas. Arcabouço geológico brasileiro8 Segundo Ross (1995), as bacias sedimentares são extensas camadas de pacotes de rochas sedimentares, acumuladas em períodos posteriores ao Pré-Cambriano, e ocupam cerca de 75% da superfície continental do planeta Terra, recobrindo parcialmente as áreas cratônicas. Também são chamadas de bacias fanerozoicas, pois se formaram ao longo do Paleozoico, do Mesozoico e do Cenozoico em diferentes fases de deposição marinha, continental ou glacial. As formações desse tipo no Brasil se devem especificamente a depósitos marinhos e continentais, onde são encontradas rochas como arenitos, de diferentes granulações e idades, às vezes intercalados com siltitos, argilitos, conglomerados e calcários. Ross (1995) faz um resumo dos depósitos sedimentares brasileiros por eras geológicas; em cada uma das eras geológicas a deposição sedimentar se deu de acordo com as características climáticas e transformações geológicas pelas quais o planeta passava. Os sedimentos mais antigos são do Paleozoico, os intermediários do Mesozoico e os mais recentes do Cenozoico. Segundo Ross (1995), os depósitos ocorridos no Cenozoico do Terciário são encontrados de forma mais extensiva na parte ocidental da bacia amazônica e no litoral do Nordeste. Os depósitos cenozoicos do período quaternário são predominantes no pantanal mato-grossense, no litoral gaúcho, na ilha do Bananal no rio Araguaia e nas planícies próximas ao rio Amazonas. No Mesozoico, ocorre a última fase de grandes depósitos sedimenta- res no Brasil, exceto a da Amazônia, que recebeu grandes sedimentos no período Terciário. Na era Cenozoica, o continente sul-americano passou por um conjunto de soerguimentos de contato de placas na borda ocidental, que resultaram na formação da cadeia de montanhas dos Andes, sendo que o restante do continente passou por intenso vulcanismo. Esse processo envolvendo tectônicas de placas e vulcanismo acabou em soerguimentos em todo o continente. O Brasil foi atingido por esse fenômeno de modo desigual, soerguendo tanto áreas de plataformas como depósitos sedimentares. Foi nesse contexto geológico que as bacias sedimentares ficaram em níveis altimétricos mais altos, surgindo as escarpas das serras do Mar e Mantiqueira. Veja agora um pouco mais das características das três grandes bacias sedimentares do Brasil. Arcabouço geológico brasileiro 9 O termo bacia também é utilizado para bacias hidrográficas, por- tanto você não deve confundir o termo bacia hidrográfica com bacia sedimentar, pois a hidrográfica remete a unidade de relevo drenada por um rio a partir de vertentes e espigões; enquanto as sedimentares são as formações geológicas que receberam sedimentos oriundos dos processos erosivos ao longo das eras geológicas. Segundo a Morelatto (2017), a bacia sedimentar do Paraná localiza-se na região centro-oeste do continente sul-americano e abrange uma área apro- ximada de 1.500.000 km², dos quais cerca de 73% são situados em território brasileiro. Essa bacia “Foi preenchida por rochas sedimentares associadas a vulcanismo e intrusões básicas, que podem alcançar até 7.000 m de espessura” (MORELATTO, 2017, p. 5). Foi formada por seis principais fases, chamadas por Milani (1997) de su- persequências de registro sedimentar e magmático: 1. Rio Ivaí (Ordoviciano–Siluriano); 2. Paraná (Devoniano); 3. Gondwana I (Carbonífero); 4. Gondwana II (Meso a Neotriássico); 5. Gondwana III (Neojurássico–Eocretáceo); 6. Bauru (Neocretáceo). A Bacia do Parnaíba localiza-se na região nordeste ocidental do território brasileiro, ocupando uma área de 665.888 km2. Distribui-se pelos estados de Piauí, Maranhão, Pará, Tocantins, Bahia e Ceará. Segundo a Morelatto (2017), essa bacia sedimentar foi formada por cinco depósitos em sequência, sendo eles: 1. o do perído silúrico, formado pelo Grupo Serra Grande; 2. o mesodevoniano e o carbonífero, representados pelo Grupo Canidé; 3. a sequência neocarbonífera triássica, referente ao Grupo Balsas; 4. a sequência jurássica, constituída pela Formação Pastos Bons; 5. a sequência cretácea, equivalente às formações Codó, Corda, Grajaú e Itapecuru. Arcabouço geológico brasileiro10 Além dessas sequências deposicionais, a sequência ainda inclui derrames vulcânicos e as intrusões magmáticas das formações Mosquito (Jurássico)e Sardinha (Cretáceo). Segundo a Morelatto (2017), a Bacia do Amazonas é classificada como uma bacia paleozoica do tipo intracratônica. Localiza-se no Norte do Brasil e ocupa uma área de aproximadamente 620.000 km2, abrangendo parte dos estados do Amazonas e do Pará. Todas essas bacias sedimentares foram recentemente mapeadas e passam por processos de prospecção de exploração de gás natural e petróleo em plataformas continentais por organizações estatais. Essas formações são importantes no contexto comercial, pois com a deposição e a sedimentação sobre fósseis de plantas e animais formam-se os chamados combustíveis fósseis, utilizados em automóveis, aviões e barcos, sendo fundamentais para a sociedade atual. A estratigrafia é um ramo da geologia que estuda os estratos das rochas sedimentares e estratificadas. Considera a descrição vertical e horizontal da sequência, suas correlações e seu mapeamento (FÁVERA, 2001). Ela é um ramo muito importante para a investigação geológica, pois é nos depósitos sedimentares que estão fontes energéticas importantes para o pla- neta, como o petróleo e o gás natural. As estruturas em estratos permitem a datação dos eventos geológicos, sendo os estratos mais acima da linha os depósitos em períodos geológicos mais recentes, e os abaixo mais antigos. A Figura 5 mostra perfis estratígrafos das três grandes bacias sedimentares; nota-se que estes são compostos por grupos de sedimentos que formam as rochas. Na bacia do Paraná, por exemplo, o grupo mais recente de rochas é o Serra Geral, que compreende o derramamento vulcânico que ocorreu na região, e o mais antigo é o Grupo Ivaí. Arcabouço geológico brasileiro 11 Figura 5. Perfis estratígrafos das três grandes bacias sedimentares do Brasil. Fonte: Petrobras (2001, documento on-line). Arcabouço geológico brasileiro12 Exemplo O trabalho de campo é fundamental para o conhecimento das diversas paisa- gens e formações e faz parte do escopo do trabalho do professor de geografia. Em trabalhos de campo ao longo da bacia sedimentar do Paraná, por exemplo, um aluno em formação em geografia pode encontrar diversas formações rochosas — as sedimentares representadas pelos depósitos da Formação Botucatu ou Pirambóia, as formações sedimentares esculpidas pela ação erosiva do passado geológico no Parque Estadual de Vila Velha, os paredões das rochas basálticas da formação Serra Geral ou os fósseis encon- trados em folhelhos de depósitos marinhos em Ponta Grossa são exemplos de formações que remetem a um passado geológico bem movimentado, de outras eras geológicas, em que essas áreas já foram desertos, geleiras e assoalhos oceânicos. As Figuras 6 a 10 representam trabalhos de campo realizados ao longo da Bacia Sedimentar do Paraná; nelas, você pode identificar diversas formações rochosas e paisagens dessa região. Figura 6. Basalto em decomposição da Formação Serra Geral da cidade de Ibiporã – PR. Arcabouço geológico brasileiro 13 Figura 7. Fragmento de arenito da Formação Botucatu na cidade de São Jerônimo da Serra – PR. Figura 8. Paredão de basaltos da Formação Serra Geral em Vera Cruz do Oeste – PR. Figura 9. Arenitos formados por sedimentações variadas do Grupo Itararé e Arenito Vilha Velha em Ponta Grossa – PR. Arcabouço geológico brasileiro14 Figura 10. Fóssil de Trilobita encontrado na Formação Ponta Grossa na cidade de Ponta Grossa – PR. Neste capítulo, você pode aprender um pouco mais sobre o contexto geo- lógico de formação do país. Percebe-se que é um contexto bem diversificado, com ocorrências de rochas sedimentares, magmáticas e metamórficas, que embasam as planícies, depressões e planaltos brasileiros. Os estudos sobre o relevo são importantes para a sociedade atual em diversas ocasiões, tanto economicamente como para planejamento territorial e melhores aproveita- mento e preservação dos recursos naturais. Referências BLOG DO PROFESSOR CLEBINHO. Tipos de rochas. 2017. Disponível em: http://www. clebinho.pro.br/wp/?p=8686. Acesso em: 15 fev. 2021. CARNEIRO, C. D. R.; MIZUSAKI, A. M. P.; ALMEIDA, F. F. M. A determinação da idade das rochas. Terrae Didatica, Campinas, v. 1, n. 1, p. 6–35, 2015. Disponível em: https://perio- dicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/td/article/view/8637442. Acesso em: 22 fev. 2021. FÁVERA, J. C. D. Fundamentos de estratigrafia moderna. Rio de Janeiro: UERJ, 2001. MILANI, E. J. 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FERREIRA, A.; RIGUETI, A.; BASTOS, G. Bacia do Amazonas: sumário geológico e setores em oferta. Brasília: ANP, 2015. Disponível em: http://rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round_13/ areas_oferecidas_r13/Sumarios_Geologicos/Sumario_Geologico_Bacia_Amazonas_R13. pdf. Acesso em: 20 fev. 2021. ROSS, J. L. S. Ecogeografia do Brasil: subsídios para planejamento ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2006. VITTE, A. C.; GUERRA, A. J. T. (org.). Reflexões sobre a geografia física no Brasil. 6. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Arcabouço geológico brasileiro16 Dica do professor As forças endógenas são aquelas que emanam do interior do planeta, como a ação das placas tectônicas, o vulcanismo e os terremotos. Essas são as formas mais instáveis que atuam na formação do relevo, e podem transformar toda uma região em questões de segundos. Já as forças exógenas são aquelas que atuam entre a crosta e a atmosfera, como o vento, a água e o sol. Essas transformam as feições rochosas por desgastes físicos e químicos, são mais brandas que as endógenas, porém estão em ação permanente e direta sobre a crosta. Na Dica do Professor, você irá aprender um pouco mais sobre as forças que alteram o relevo. Elas podem ser divididas em forças endógenas e exógenas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/28097999a1d6e084662fb8ac4a876101 Exercícios 1) A maioria das estruturas geológicas que compõem o relevo brasileiro têm idades que vão do paleozoico ao mesozoico. Dessa forma, a formação das rochas brasileiras remetem a períodos geológicos muito antigos, sendo que as formas atuais de relevo foram transformadas recentemente. "As formações litológicas brasileiras são antigas, mas as formações de relevo são recentes." Assinale a alternativa que explique a frase em destaque: A) As origens geológicas do relevo brasileiro são oriundas da formação do continente sul- americano. B) A origem das rochas são antigas, mas o relevo brasileiro está em constante mudança por processos erosivos. C) A formação do relevo brasileiro ocorreu em grande parte no período dos grandescontinentes, a partir do mezozoico. D) Em comparação com a história da Terra, o relevo brasileiro é mais recente e formado pelos processos orogênicos. E) Os relevos brasileiros são recentes, pois ocorreram a partir de um grande evento geológico, antes da abertura do oceano Atlântico. 2) Segundo Ross, o conhecimento do relevo é muito importante, pois a partir dele podemos determinar potencialidades e fragilidades em cada paisagem. Em relação ao relevo brasileiro, Ross (1995) determina a regionalização deste, a partir de três grandes formas de relevo: planaltos, planícies e depressões, que são subdividas em 28 compartimentos. Quanto à regionalização realizada por Jurandyr Ross, assinale a alternativa que indique os principais conceitos utilizados nessa divisão. A) Ele levou em conta a localização das formas de relevo, nomeando-as a partir da localização. B) Ele compartimentou primeiramente 28 unidades de relevo, de acordo com a origem geológica. C) A regionalização do relevo se deu a partir da origem geológica de cada unidade de relevo. D) A regionalização do relevo se deu a partir da divisão entre bacias sedimentares, crátons e cinturões orogênicos. E) Ele levou em conta a geomorfologia e a altimetria para subdividir o relevo brasileiro em planaltos, planícies e depressões. 3) As bacias sedimentares ocupam cerca de 75% do planeta Terra e recobrem parcialmente as áreas das plataformas. No Brasil, podemos citar três grandes bacias sedimentares. São elas: Amazônica, Parnaíba ou Maranhão e do Paraná. Referente ao conceito de bacia sedimentar, escolha a alternativa que melhor o define: A) São unidades de análise que respeitam o contexto geomorfológico, por divisores de água e um curso hídrico. B) São compostas por uma área que drena água da chuva, com uma saída de água por meio de um rio. C) Foram formadas pela deposição de sedimentos marinhos e continentais, que se deram principalmente na era fanerozoica. D) São unidades de escoamento de água muito utilizadas para análise integrada em geografia. E) São delimitadas a partir de espigões e determinam uma região hidrográfica, tendo o formato de uma bacia, por isso o nome. 4) Os crátons ou plataformas são os terrenos mais antigos, rebaixados por diversos e longos processos erosivos, e têm características de baixos planaltos ou até mesmo depressões. Regionalmente, podem ser mencionadas três áreas de crátons no Brasil, sendo a das Guianas, a Sul-amazônica e da São Francisco. Segundo a definição de Ross (1995), os crátons são: A) Formações que foram soerguidas por atividade orogênica, sendo ligados às formações de relevo de planaltos como a Serra do Mar. B) Terrenos muito rebaixados por diversos processos erosivos, e que estão ligados à formação de baixos planaltos ou até mesmo depressões. C) Áreas de deposições de sedimentos que passaram por processos longos de deposição. D) Também chamados de dobramentos antigos e que remetem à atividade das placas tectônicas. E) Formados a partir do encontro de placas nas bordas continentais, o que resultou em seguidos dobramentos da crosta. 5) Os movimentos internos da Terra resultaram em grandes alterações no relevo da crosta, chamadas de dobramentos, sendo esses processos, originados do encontro das placas tectônicas, também chamados de orogênicos. De acordo com o que você estudou sobre os dobramentos encontrados no Brasil, você pode mencionar que: A) Foram formados em eras geológicas mais recentes, após o choque de placas tectônicas nas bordas da placa sul-americana. B) São chamados de dobramentos antigos, pois foram formados há cerca de 600 milhões de anos e desgastados ao longo das eras. C) São chamados de dobramentos, pois são originados de processos de deposição de sedimentos oriundos dos dobramentos modernos. D) São antigos e foram formados a partir da deposição de longos processos de sedimentação ocorridos durante 400 milhões de anos. E) São dobramentos antigos, formados a partir do desgaste das bordas dos cinturões orogênicos. Na prática As rochas magmáticas têm origens ligadas ao fenômeno denominado vulcanismo. Ocorrem em determinadas regiões do planeta com grande atividade tectônica, e têm origem na solidificação do magma expelido no processo. Veja, Na Prática, um exemplo de aula expositiva sobre a dinâmica das rochas magmáticas, utilizando amostras desse tipo de rocha para exemplificar o processo de formação e transformação delas e como esse processo é dinâmico. Inovações para passar um conteúdo podem ser o diferencial para sua aula. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/f6490666-5d6f-4464-bdc1-3630f47af9a1/ed46bbbd-9997-4403-ad63-a3902a562a19.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Introdução às bacias sedimentares Aprofunde o seu conhecimento sobre bacias sedimentares. Nesse vídeo são apresentadas noções mais específicas da área da geologia, que permitem a você conhecer um pouco mais sobre bacias sedimentares no olhar dessa ciência. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Crátons e faixas móveis Aprenda de forma um pouco mais aprofundada os conceitos de crátons. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Sumário das bacias sedimentares Um aprofundamento sobre as bacias sedimentares e suas possibilidades de exploração comercial no Brasil, trazendo uma noção muito ampla sobre a questão da utilização delas como recursos naturais em várias regiões do país. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/2JPpiXJQkpo https://www.revistas.usp.br/bigsd/article/view/45352/48964 http://rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round_13/areas_oferecidas_r13/Roteiro_Sumarios_das_Bacias_R13_v06052015_revisado.pdf