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A INSEGURANÇA JURÍDICA NOS CONTRATOS DE LOCAÇÃO COM FIANÇA 
PRESTADA PELOS SÓCIOS 
 
 
RESUMO 
 
 
O artigo pretende analisar a insegurança jurídica nos contratos de locação em que 
os sócios da empresa locatária figuram como fiadores em uma imobiliária na 
região do Vale do Piranga, analisando de forma detalhada as cláusulas contratuais e a 
legislação aplicável, apresentando também medidas que possam extinguir práticas 
inseguras nos contratos de locação. Tratar sobre a insegurança jurídica nos contratos de 
locação é de extrema relevância não somente no âmbito acadêmico, mas no setor privado, 
uma vez que a prática tende a lesar imobiliárias e locatários, considerando que dificulta os 
meios de execução dos contratos, uma análise crítica do assunto se mostra oportuna e 
relevante, por isso serão discutidos aspectos do contrato de fiança, nos casos analisados, 
as atitudes comuns tomadas pelos locatários e fiadores, e, por fim, apresentaremos boas 
práticas para evitar a insegurança nos contratos, no sentido de assegurar segurança 
jurídica aos contratos desta modalidade. 
 
Palavras-chave: Direito Imobiliário. Contrato de Locação. Fiança. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O Código Civil de 2002 tratou por definir locação como sendo o contrato 
pelo qual uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou 
não, o uso e gozo da coisa não fungível, mediante certa retribuição. No contrato 
de locação, as partes são denominados locador e locatário ou inquilino. A Lei nº 
8.245, de 18 de outubro de 1991 ou Lei do Inquilinato, em seu artigo 1°, coloca 
sob sua égide os “imóveis urbanos”, excluindo, portanto, de seu amparo os 
arrendamentos rurais, que são regidos pelo Lei n° 4.504, de 30 de novembro de 
1964, mais conhecida como Estatuto da Terra. 
O foco do presente artigo é o contrato de locação para pessoa jurídica no 
qual os sócios da empresa locatária figuram como fiadores, nos casos que serão 
analisados, a empresa locava imóveis para uso de seus funcionários, o sócio 
proprietário era indicado como fiador, ocorre que ao término do contrato haviam 
aluguéis em aberto, reparos a serem realizados no imóvel. 
O contrato de locação é um documento que registra de modo formal a 
negociação entre locador e locatário, assegurando os direitos do proprietário do 
bem e garantindo a tranquilidade ao inquilino. Nessa espécie contratual, o 
proprietário do imóvel cede à outra pessoa o direito de usufruir da propriedade em 
troca de um determinado valor, geralmente, cobrado mensalmente. A Lei de 
Locação dispõe sobre os diferentes tipos de garantias que podem ser exigidas no 
contrato, são elas: a fiança, a caução, o seguro de fiança locatícia e a cessão 
fiduciária de quotas de fundo de investimento. Importante ressaltar que o 
proprietário poderá exigir apenas uma das modalidades sob pena de nulidade. 
(BRASIL, 1991) 
 
 
6 
 
 
Destaca-se que o contrato de fiança visa as relações que nascem de uma 
proposta aceita, onde um indivíduo se obriga a pagar a dívida de outrem, no caso 
do sócio que presta fiança no contrato de locação de sua própria empresa há o 
risco de inadimplemento, o que causa certa insegurança para os contratos desta 
modalidade de garantia. 
Posto isto, o presente trabalho tem como objetivo promover uma análise 
sobre o contrato de locações para pessoas jurídicas, com foco na fiança como 
modalidade de garantia locatícia, valendo-se da pesquisa qualitativa e quantitativa, 
realizada a partir da revisão bibliográfica das obras jurídicas referentes ao tema e 
da análise de casos concretos ocorridos na Região do Vale do Piranga. 
Por fim, serão analisados os casos ocorridos na Região do Vale do Piranga, 
trazendo à baila propostas para coibir a insegurança jurídica nos contratos de 
locação para pessoa jurídica em que os sócios-proprietários figuram como 
fiadores. 
 
1. O CONTRATO DE LOCAÇÃO 
 
A Lei do Inquilinato, como dito anteriormente é a legislação aplicável a 
locação de imóveis urbanos em nosso país, objetivando disciplinar a locação de 
imóveis urbanos em geral, incluindo-se estabelecimentos comerciais e shopping 
centers, porém excluindo de sua normativa os imóveis urbanos que se enquadrem 
no parágrafo único do seu art. 1º. Nesse sentido, vale mencionar que as locações 
de bens móveis, de espaços destinados à publicidade e de imóveis localizados em 
apart hotéis, hotéis-residência ou equiparados, que prestam serviços regulares a 
seus usuários, e de vaga de garagem ou espaço para estacionamento de veículos 
encontram previsão legal no Código Civil, nos arts. 565 a 578. 
Como a maior parte das relações jurídicas entre indivíduos, a locação de 
imóveis é, na maioria das vezes, regida por meio de contratos, sendo a Lei 8.245 
responsável por nortear a elaboração dos contratos de locação, uma vez que ele 
contém características particularidades. 
O contrato de locação tem como característica a não necessidade de uma 
formalização específica do mesmo, tornando-o não solene. Isso significa que a Lei 
do Inquilinato não exige que um contrato formal seja firmado para caracterizar a 
contratação de locação de imóvel. Desde que as partes envolvidas concordem 
com os termos apresentados para a locação, a formação do contrato já se faz 
prevista. Embora a situação de locação mais comum seja através de um contrato 
formal, a não necessidade do mesmo pela lei é benéfica para os locatários, que se 
vêm amparados pela legislação mesmo se terem um contrato tácito. A única 
exceção sobre o tema é caso o contrato de locação aponte um fiador do locatário. 
Nos casos em que exista a figura do fiador no contrato de locação, o registro 
deverá ser realizado de forma solene. 
É imprescindível que o contrato de locação se dê de forma consensual. 
Afinal, ninguém pode ser obrigado a realizar qualquer tipo de acordo. Quando 
dizemos que o contrato é bilateral, isso significa que ambas as partes possuem 
direitos e deveres dentro do contrato e que o não cumprimento dessas obrigações 
resulta em infração contratual. No caso de um contrato de locação, a bilateralidade 
mais aparente é a obrigação do locador de entregar um imóvel e do locatário de 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731260/artigo-1-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028078/código-civil-lei-10406-02
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10697300/artigo-565-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10696427/artigo-578-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
 
 
7 
 
 
realizar o pagamento previsto pelo contrato nas datas marcadas. 
O contrato de locação é necessariamente oneroso. Isso significa que ele 
sempre precisa envolver um custo para o lado do locatário, que deve pagar o uso 
do imóvel do locador com dinheiro. Dessa forma, a doação ou o empréstimo de 
um imóvel para que outra pessoa viva nele não configura a locação do imóvel, 
uma vez que essa relação não é onerosa. Dentro do contrato de locação, o valor 
pago mensalmente pelo locatário já é conhecido e determinado desde o início do 
contrato, sendo sempre igual. Assim, não é possível configurar um contrato de 
locação onde o aluguel é definido depois. 
O contrato de locação é de execução continuada, isso significa que as 
obrigações nele previstas são renovadas toda a vez que o prazo estipulado para 
as obrigações ocorre. Por exemplo: se alguém realiza a locação de um 
apartamento e o pagamento se dá de forma mensal, é obrigação do locatário 
pagar mensalmente o valor, enquanto o locador deve mensalmente fornecer o 
imóvel para o inquilino. 
O contrato de locação não possui um prazo específico para ser validado, 
mas ele pode estabelecer um prazo para a validade de si mesmo. Dessa forma, é 
possível realizar um contrato de locação por tempo determinado ou por tempo 
indeterminado. Cada uma dessas modalidades contratuais de locação possui suas 
particularidades e regramentos próprios dentro da Lei do Inquilinato. E são essas 
características que veremos aseguir. 
O contrato de locação pode ocorrer por tempo determinado, isto é, o 
locador e o locatário podem combinar que o imóvel será alugado por um período 
definido de tempo. Após esse período, o contrato expira e as relações jurídicas 
entre as partes se encerram. Não há limite de tempo para que um contrato de 
locação por tempo determinado exista, embora o artigo 3º da Lei do Inquilinato 
defina que o contrato depende de vênia conjugal caso seja de mais de dez anos. 
A vênia conjugal é o acordo entre os cônjuges para que o contrato possa 
ser estabelecido como tal. Dentro do contrato de locação por tempo determinado, 
o proprietário não poderá reaver o imóvel enquanto o contrato valer, mas o 
locatário poderá devolvê-lo, desde que pague uma multa fixada pelo contrato. 
Caso não haja previsão de multa no contrato, ela será fixada judicialmente, não 
podendo ser superior ao valor que o locatário deveria pagar até o final do contrato. 
A única situação onde o pagamento da multa é dispensável se apresenta 
no parágrafo único do artigo 4º da lei nº 8.245. 
Por último, dentro de um contrato de locação por tempo indeterminado, 
ambas as partes se comprometem a manter o vínculo até que uma delas desista 
da locação. Caso o locatário deseje parar que alugar o imóvel, ele deverá avisar o 
locador com um prazo mínimo de 30 dias para realizar a desocupação. Se o fizer, 
não precisará pagar multa. Caso não realize o aviso, o locador tem direito de exigir 
o pagamento de um aluguel do locatário como multa. Dentro de um contrato de 
locação por prazo indeterminado, o locatário terá o prazo de 90 dias para 
desocupar o imóvel caso o mesmo seja vendido para terceiro. 
Ao tratamos de um contrato temos a certeza de uma obrigação mútua, no 
caso do contrato de aluguel temos uma parte que se obriga a ceder à outra um 
imóvel mediante retribuição certa e líquida. Os artigos 22 e 23 da Lei nº8.245 
dispõem, respectivamente, sobre as obrigações contratuais do locador e do 
 
 
8 
 
 
locatário. 
 Embora o não pagamento do aluguel acordado seja a situação mais comum 
para pôr fim a um contrato de aluguel, o contrato de locação pode terminar por 
vontade das partes, quando locador e locatário em comum acordo decidem pela 
dissolução, devido ao término do prazo, por prática de infração legal ou contratual, 
ou para a realização de reparações determinadas pelo Poder Público, e embora o 
nome possa soar drástico, o despejo é o nome que se dá para toda a ação onde o 
proprietário do imóvel locado o toma de volta para si, fazendo com que o inquilino 
saia da propriedade. O artigo 9º da Lei do Inquilinato traz as situações em que a 
locação poderá ser desfeita, por meio da ação de despejo. 
 
 
2. AS MODALIDADES DE GARANTIA LOCATÍCIAS 
 
A Lei nº 8.245, em seu art. 37, dispõe as modalidades de garantia do 
contrato de locação, institutos que o locador pode, no contrato de locação, exigir 
do locatário para garantir a obrigação acordada no contrato, são elas a caução, a 
fiança, o seguro de fiança locatícia ou a cessão fiduciária de quotas de fundo de 
investimento. 
 A caução, primeira modalidade prevista em lei, está disposta no art. 38 da 
Lei do Inquilinato pode ser dada pelo locatário por bens próprios, móveis ou 
imóveis, sendo que quando se referir a bens móveis, deverá ser registrada no 
Cartório de Títulos e Documentos e, quando se referir a bens imóveis deverá ser 
averbada à margem da matrícula do respectivo imóvel, objeto da locação, no 
Cartório de Registro de Imóveis a que pertence. 
Nesta modalidade é comum o uso do caução em dinheiro, no valor 
correspondente a no máximo 3 meses o valor do aluguel pactuado. Neste caso, 
cumprida integralmente a obrigação do locatário, poderá este último levantar, ao 
final do contrato, referido valor, importante frisar, devidamente atualizado. Tal 
modalidade hoje é pouco utilizada, uma vez que o valor dado em garantia quase 
nunca suporta todas as obrigações devidas pelo locatário, em razão da demora na 
efetiva obtenção de desocupação do imóvel. 
A fiança, segunda modalidade prevista em lei, trata-se de garantia pessoal 
concedida por um terceiro em favor do locador, podendo ser concedida no próprio 
contrato ou em documento apartado, já que o afiançado/locatário não participa 
desta relação. Esta garantia é prestada pressupondo a confiança que tem o fiador 
em seu afiançado e pautada na solvabilidade do primeiro. 
Necessário ressaltar que o patrimônio do fiador será levantado, pesquisado, 
a fim de saber se este possui condições financeiras reais de arcar com eventual 
obrigação inadimplida pelo locatário/afiançado, mas nunca, em momento algum, 
ficam seus bens adstritos, vinculados ao cumprimento da obrigação como muitas 
vezes pensam e pretendem os locadores/administradores de imóveis, portanto, 
não há que se falar, portanto, que o fiador dará em garantia este ou aquele bem 
móvel ou imóvel de sua propriedade. 
Assim, é certo que seria muito mais trabalhoso, mas o mais correto, caso 
fosse adotada a garantia fidejussória num contrato de locação, que fosse neste 
incluída uma cláusula em que o fiador devesse, a cada ano do contrato, renovar a 
 
 
9 
 
 
sua ficha cadastral, comprovando sua solvabilidade 
O seguro de fiança locatícia está previsto no art. 41 da Lei 8.245, e é uma 
modalidade de garantia convencional que deverá ser contratado junto a uma 
companhia seguradora, nesta modalidade abrangem-se todos os encargos 
contratuais podendo ser limitado a um valor pré-determinado, considerada uma 
das modalidades mais segura e moderna, contudo, considerando seu custo, ainda 
é pouco utilizada, por exigir do locatário uma ficha cadastral sem máculas, acaba 
por inviabilizar sua efetiva utilização. 
Por último, temos a cessão de quotas de fundo de investimento, regida pela 
Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, também é uma modalidade 
relativamente recente, e muitos locadores têm aderido a ela, por se mostrar uma 
facilidade em favor de ambas as partes. De forma resumida, o inquilino deverá 
ceder as quotas de um fundo de investimento para o locador como forma de 
garantia. Geralmente exige-se um valor mínimo igual a três meses de aluguel. 
Muitos locadores e imobiliárias, inclusive, sugerem ao inquilino que seja 
aberta uma conta em uma determinada instituição bancária de sua confiança com 
essa finalidade, para que o locador tenha acesso à garantia, ele deve comunicar à 
instituição financeira sobre eventual dívida do inquilino, e comprovar que realizou 
uma tentativa de cobrança, porém, cada instituição tem os seus procedimentos. 
Ao final do contrato de locação, se a garantia não tiver sido utilizada, o 
inquilino poderá continuar com suas aplicações rendendo, ou requisitar o seu 
levantamento, juntamente com os juros e atualizações financeiras. 
Ainda com relação as garantias, é vedada a exigência de mais de uma 
garantia. 
Ocorre que apesar de expressamente vedada por lei, a exigência e 
inserção num mesmo contrato de locação de mais de uma modalidade de garantia 
é corrente, falha comum cometida por locadores desatentos as previsões legais. 
As consequências da prestação de duas garantias, é que a duplicidade 
torna inválida a garantia prestada em excesso, não sendo, portanto, vantajosa a 
prática. 
Sendo certa a abusividade da existência de duas modalidades de garantia, 
temos como primeira consequência prática a nulidade de uma delas e 
posteriormente a aplicação de uma sanção penal de prisão simples de cinco dias 
a seis meses, a qual pode ser convertida em sanção econômica ao Locador. Insta 
salientar que a infração legal cometida pela dupla garantia não acarreta em 
nulidade do contrato de locação, mas apenas da garantia locatícia em excesso. O 
Superior Tribunal de Justiça, ao analisar o parágrafo único do artigo 37 da Lei do 
Inquilinato, assim se posicionou: 
“A exigência de dupla garantia em contrato de locação não implica a 
nulidade de ambas, mas tão somente daquela que houver excedido a disposiçãolegal. [...] STJ. Resp. 868.220/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5ª turma, j. 
27/09/2007, DJ 22/10/2007”. 
 
3. FIANÇA NO CONTRATO DE LOCAÇÃO DE IMÓVEIS 
 
 A fiança é uma modalidade de garantia locatícia prevista no artigo 37, inciso 
II da Lei 8.245/1991. O fiador é uma terceira pessoa, física ou jurídica, 
 
 
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responsável pelo pagamento das dívidas decorrentes do contrato de locação, 
assinando o contrato de locação juntamente com o locatário e se comprometendo 
a pagar no caso de inadimplência por parte deste. 
O locatário escolhe o fiador e o locador tem a faculdade de aceita-lo ou não 
como fiador. Na maioria das vezes, o fiador precisará comprovar a própria renda, 
que deve ser três vezes superior ao valor do aluguel juntamente com os encargos 
e comprovar a propriedade de algum imóvel. 
Quanto a cobrança deste fiador, só será feita depois do esgotamento de 
todas as tentativas de cobrança do locatário. Em regra, a responsabilidade do 
fiador no contrato é subsidiária, isto quer dizer que a cobrança deve ser feita 
primeiramente ao locatário e, caso este não realize o pagamento, então será 
cobrado do fiador. Porém, se neste contrato de locação houver uma cláusula de 
"renúncia de benefício de ordem", haverá a possibilidade de ser cobrado 
diretamente do fiador sem antes de cobrar do locatário, pois a responsabilidade do 
fiador passará a ser solidária, ou seja, o locador escolhe quem irá cobrar primeiro. 
A garantia do contrato de fiança é o próprio fiador, por isso não dará seus 
bens como garantia no contrato, portanto, é de suma importância que o locador 
faça uma ampla pesquisa sobre a situação financeira do fiador no caso de uma 
futura ação judicial por conta do inadimplemento do locatário. No caso de o fiador 
ser casado, o cônjuge também pode ser fiador ou apenas consentir, sendo 
necessário que esteja de acordo. 
Os contratos de locação de imóveis com fiador devem ser obrigatoriamente 
feitos por escrito, conforme art. 819 do Código Civil. Qualquer alteração no 
contrato, o fiador deve assiná-lo juntamente com as partes, caso contrário, não irá 
responder por essas alterações. 
Quando o prazo descrito no contrato se encerra, é automaticamente 
prorrogado por tempo indeterminado, neste caso, o fiador não é mais obrigado a 
continuar afiançando o contrato e, se não houver nenhuma dívida por parte do 
locatário ou ação judicial, pode pedir a exoneração da fiança, porém continua a 
garantir o contrato por mais 120 dias. Pedindo o fiador a exoneração da fiança, 
deverá o locatário apresentar uma nova modalidade de garantia ao mesmo 
contrato, caso contrário, pode sofrer ação de despejo. 
Em caso de falecimento do locatário, o fiador deve pedir a exoneração da 
fiança no prazo de 30 dias caso não tenha interesse em continuar a ser o fiador se 
a família ou outras pessoas ainda residirem no imóvel. 
Há um caso peculiar de locação tida como não residencial, inovação trazida 
pela Lei nº 8.245/91, que, na maioria das vezes, passa despercebido 
principalmente àqueles que vão alugar os seus imóveis para pessoa jurídica que 
tem como objetivo destiná-lo ao uso de um dos seus sócios ou empregados, é o 
art. 55 que considera locação não residencial aquela em que o locatário é pessoa 
jurídica e quando o imóvel se destina ao uso dos titulares, diretores, sócios, 
gerentes, executivos ou empregados e a diferença é bastante relevante na medida 
em que provoca impacto no término do contrato por prazo determinado, 
considerando que a locação residencial tem por finalidade atender às 
necessidades habitacionais das pessoas, e que evidentemente, nesse caso, o 
tratamento dado pela legislação protetiva e pelo Poder Judiciário tende a ser 
compatível com a proteção da moradia. 
 
 
11 
 
 
Com isso, sendo a locação firmada pela pessoa jurídica para uso do seu 
funcionário, submete-se ao artigo 56 da lei de locação que permite o seu término, 
de pleno direito, independentemente de motivação, ao se completar o prazo 
contratualmente ajustado, sem a necessidade de observância da regra dos trinta 
meses das locações residenciais. 
Ainda nessa modalidade, há diferença se a locação for firmada por escrito e 
por prazo igual ou superior a trinta meses e se for verbal ou por escrito e com 
prazo inferior a 30 meses, considerando que para todas as locações residenciais, 
por escrito, com prazo igual ou superior a trinta meses, é garantido o término no 
prazo contratado independentemente de qualquer motivação (é a chamada 
denúncia vazia). Já em se tratando de locação residencial – verbal ou por escrito – 
com prazo menor do que trinta meses, as hipóteses de retomada são limitadas 
àquelas taxativamente previstas pela lei (denúncia cheia). 
Por conta disso, a maioria dos locadores prefere alugar os seus imóveis 
com fim residencial mediante contratação por escrito e com prazo igual ou 
superior a trinta meses. 
A locação residencial para pessoa jurídica objetiva a moradia de seus 
sócios ou funcionários e a empresa responde por este contrato como locatária. Em 
caso de dívida, é comum locadores acionarem a justiça e pedirem a penhora dos 
bens dos sócios da empresa o que não é possível no primeiro momento. A 
empresa aluga, a empresa deve e responde com seu capital e bens como 
locatária devedora. Se a empresa é locatária, devemos ter garantia instituída e aí 
sim, esta pode ser um sócio como fiador, uma caução em imóvel, seguro fiança 
pessoa jurídica ou outra garantia legal. O contrato deve ser redigido de forma a 
não causar dúvida. O art. 50 do Código Civil Brasileiro dispõe sobre o abuso de 
personalidade jurídica. 
 
4. ANÁLISE DE CASO EM QUE HOUVE INSEGURANÇA JURÍDICA NO 
CONTRATO DE LOCAÇÃO 
 
Em um contrato de locação realizado por intermédio de uma Imobiliária 
local, onde se celebrava uma locação, onde o locador pessoa física e o locatário 
pessoa jurídica. O contrato celebrado tinha como garantia escolhida, a modalidade 
fiança locatícia firmada por fiadores de renda e fiadores de imóveis. Onde os 
fiadores se configuravam também como sócios proprietários da empresa locatária. 
Durante o contrato de locação firmado por um período de 30 meses, foi 
descumprindo cláusulas contratuais que levou a dissolução do contrato, durante a 
saída dos locatários do imóvel, foi averiguado que tínhamos conta de água e luz 
em aberto, reparos e pinturas a serem realizados no imóvel e aluguéis em atraso. 
Assim o locador por intermédio da imobiliária solicitou a devolução do 
imóvel por parte dos locatários. Uma vez que a saída aconteceu de forma 
turbulenta e gerando grande transtorno para ambas as partes. 
Ao realizar o fechamento da vistoria de entrega e fechamento do contrato 
foi averiguado todos os valores a receber e reformas. Após inúmeras tentativas de 
negociação para a quitação do débito e realização dos reparos, optamos por fazer 
contato com os fiadores para tal quitação. 
Quando fizemos as verificações os fiadores eram os próprios donos da 
 
 
12 
 
 
empresa locatária, sendo assim foi negado qualquer possibilidade de negociação 
e resolução do conflito ali gerado. 
Então tivemos que partir para vias judicias para que então tentar receber 
tais valores em relação ao aluguel e despesas gastas com reparos e pintura. 
 
CONSEIDERAÇÕES FINAIS 
 
A fiança pelo sócio da empresa é legal e este responde como garantidor do 
contrato ou até mesmo como fiador solidário ao locatário o que permite ao locador 
cobrar, em caso de dívida, diretamente de qualquer das partes, inclusive primeiro 
do fiador caso no contrato tenha cláusula específica que o coloque como principal 
pagador, mas da permissão, fica clara a insegurança gerada em um contrato que 
o locatário também responde como fiador, considerando que se o contrato não for 
adimplido pelo locatário, dificilmente será pelo fiador, que podem ser as mesmas 
pessoas. 
Nosso ordenamento jurídico não prevê a prática com ressalvas e tão pouco 
faz referência a insegurança jurídica de contratos locatíciosem que os sócios 
proprietários de pessoas jurídicas configuram como fiadores, gerando assim uma 
lacuna, para a segurança do contrato e de suas partes. 
Se considerarmos a hipótese de que a pessoa jurídica seja atingida por 
algum problema financeiro, e a partir disso não possa mais arcar com suas 
obrigações, seus sócios por consequência também estarão em uma posição 
vulnerável, ocasionando um ciclo de descumprimento de obrigações contratuais, 
se considerarmos que a condição financeira e patrimonial de ambos esteja ligada, 
dificultando assim o adimplemento do contrato entabulado, ou da execução, o que 
abririam outras discussões como abuso de personalidade jurídica, blindagem 
patrimonial, entre outras condições que inviabilizam a elaboração de contratos 
nestes termos. 
Diante do exposto para diminuição dos possíveis casos é no mínimo 
relevante considerar que a prática coloca em risco locadores e imobiliárias, 
portanto, nos casos de contrato de locação para pessoa jurídica com sócio 
figurando como fiador cabe a participação de um profissional do direito que 
conheça a jurisprudência e legislação aplicável para garantir um contrato seguro, 
além de uma pesquisa sobre os bens do fiador antes e durante a execução do 
contrato, conclui-se que apesar da prática trazer insegurança aos contratos de 
locação, através da análise, aconselhamento e cumprimento da legislação 
pertinente, e considerando todo o estudo através do aperfeiçoamento nos 
procedimentos é possível locar na modalidade foco do presente artigo de forma 
eficiente e eficaz, evitando surpresas no término da locação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
BRASIL. Lei nº 8.245/91, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobre as locações 
dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8245.htm>. Acesso em: 10 de ago., 2022. 
 
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 
1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 10 de ago., 2022. 
 
BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível 
em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 10 
de ago., de 2022. 
 
DE SOUZA, Carlos Aurélio Mota. Segurança jurídica e jurisprudência: um 
enfoque filosófico jurídico. São Paulo: LTR, 1996. 
 
IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa 
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2019. 
 
SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio; PERES, Tatiana Bonatti (Org.). Lei do 
inquilinato comentada artigo por artigo: visão atual na doutrina e 
jurisprudência: Lei 8.245/1991. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. 
 
TARTUCE, Flavio. Direito civil: teoria geral dos contratos e contratos em espécie. 
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