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Autores: Prof. Alexandre Torchio Dias
 Profa. Enny Fernandes Silva
 Prof. Flávio Buratti Gonçalves
Colaborador: Prof. Luiz Henrique Cruz de Mello
 
Métodos e Técnicas 
em Análises Clínicas
Professores conteudistas: Alexandre Torchio Dias / Enny Fernandes Silva / 
 Flávio Buratti Gonçalves
Alexandre Torchio Dias
Biomédico, doutor em Ciências (Citogenômica) pelo Programa de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de 
São Paulo – FMUSP (2015), especialista em Administração Hospitalar pelo Instituto de Pesquisa e Educação em Saúde de São Paulo – 
Ipessp/Unicid (2011) e em Genética Médica e Citogenética pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual 
de São Paulo – Iamspe (2004), além de graduado em Ciências Biológicas – Modalidade Médica (bacharel em Biomedicina) pela 
Universidade de Mogi das Cruzes (2002). Pesquisador e orientador permanente no Programa de Pós-graduação (mestrado e 
doutorado) do Iamspe com as seguintes linhas de pesquisa: Citogenômica e Epigenética; Genética Médica e Defeitos Congênitos; 
e Influência da Arquitetura do Genoma nas Doenças Humanas. Professor titular na Universidade Paulista – UNIP. Assessor técnico 
em Saúde Pública II no Hospital Regional Dr. Vivaldo Martins Simões, em Osasco. Voluntário como membro consultivo da Casa 
Hunter e como revisor dos periódicos Einstein Journal e Journal of Assisted Reproduction and Genetics.
Enny Fernandes Silva
Graduada em Ciências Biológicas, modalidade médica, pela Universidade Santo Amaro – Unisa (1981), possui especialização 
em Clonagem em Bacillus Subtilis pelo Public Health Department of the City of New York (1982), mestrado em Bioquímica, na 
área de Biologia Celular e Molecular (1989), doutorado em Bioquímica, na área de Biologia Celular e Molecular (2003), ambos 
pela Universidade de São Paulo – USP, e pós-doutorado na Faculdade de Medicina da USP com o Dr. Roger Chammas, na área de 
Adesão Celular. Foi chefe do Departamento da Engenharia Química da Fundação Armando Alvares Penteado – Faap (1994-2000) 
e professora do Instituto de Pesquisa e Ensino em Saúde de São Paulo (Ipessp) na área de Bioquímica Básica e Clínica. Atualmente é 
docente titular da Universidade Paulista – UNIP.
Flávio Buratti Gonçalves
Biomédico graduado pela Universidade de Mogi das Cruzes (1996), especialista em Diagnóstico Laboratorial de Doenças 
Tropicais pela FMUSP e em Acupuntura Tradicional Chinesa, mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP (2000), 
doutor em Patologia Ambiental e Experimental pela UNIP (2017), habilitado nas áreas de análises clínicas, microbiologia, imunologia, 
parasitologia, saúde pública e acupuntura. Atualmente, é coordenador do curso de Biomedicina na modalidade semipresencial 
(flex), coordenador auxiliar do curso presencial e docente da UNIP. Atua nas seguintes linhas de pesquisa: Patologia Ambiental e 
Experimental (Neuroimunopatologia), Microbiologia e Imunologia. É membro do Banco de Avaliadores (Basis) do Inep.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S586m Silva, Enny Fernandes.
Métodos e Técnicas em Análises Clínicas / Alexandre Torchio 
Dias, Enny Fernandes Silva, Flávio Buratti Gonçalves. – São Paulo: 
Editora Sol, 2022.
168 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Metodologia. 2. Exames. 3. Laboratório. I. Dias, Alexandre Torchio. 
II. Silva, Enny Fernandes. III. Gonçalves, Flávio Buratti. IV. Título.
CDU 615.12
U514.98 – 22
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Profa. Sandra Miessa
Reitora em Exercício
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades do Interior
Unip Interativa
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Angélica L. Carlini
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. Deise Alcantara Carreiro
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Kleber Souza
Sumário
Métodos e Técnicas em Análises Clínicas
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 ASPECTOS METODOLÓGICOS DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS ............................... 11
1.1 Conceitos básicos em análises clínicas ........................................................................................ 12
1.2 Qualidade no contexto do laboratório de análises clínicas ................................................ 15
2 MÉTODOS E TÉCNICAS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA.............................................................................. 18
2.1 Marcadores bioquímicos na avaliação hepática ...................................................................... 20
2.1.1 Aminotransferases ou transaminases: alanina aminotransferase (ALT) 
ou transaminase pirúvica (TGP) e aspartato aminotransferase (AST) ou 
transaminase oxalacética (TGO) ................................................................................................................... 21
2.1.2 Desidrogenase lática (LD): LD4 e LD5 ............................................................................................. 22
2.2 Marcadores bioquímicos para avaliação do fluxo biliar e lesão de vias biliares ......... 22
2.2.1 Fosfatase alcalina (FAL) ........................................................................................................................ 22
2.2.2 γ-glutamil transferase (GGT) .............................................................................................................. 23
2.2.3 Bilirrubinas ................................................................................................................................................ 23
2.3 Marcadores bioquímicos na avaliação de síntese de proteínas do fígado 
(proteínas relacionadas com a função hepática) ............................................................................ 23
2.3.1 Albumina .................................................................................................................................................... 23
2.3.2 Globulinas (alfa-1, alfa-2, beta e gama) ....................................................................................... 24
2.3.3 Alfa-1-antitripsina (AAT) ..................................................................................................................... 24
2.3.4 Ceruloplasmina ........................................................................................................................................ 25
2.3.5 Ferritina e transferrina .......................................................................................................................... 25
2.3.6 Alfafetoproteína (AFP) .......................................................................................................................... 25
2.3.7 Fibronectina e colágeno tipo III ........................................................................................................ 26
2.3.8 Fatores de coagulação ..........................................................................................................................26
2.3.9 Colinesterase ............................................................................................................................................. 26
2.3.10 Amônia ..................................................................................................................................................... 27
2.4 Marcadores especiais na doença hepática e hepatobiliar ................................................... 27
2.4.1 Anticorpos antimitocondriais (AMA) .............................................................................................. 27
2.5 Marcadores bioquímicos na avaliação pancreática ............................................................... 28
2.5.1 Análise do perfil pancreático-endócrino....................................................................................... 32
2.5.2 Marcadores bioquímicos no diagnóstico diabetes insipidus ................................................ 33
2.5.3 Análise do perfil pancreático-exócrino .......................................................................................... 40
2.6 Marcadores bioquímicos na avaliação do perfil lipídico ...................................................... 45
2.6.1 Avaliação lipídica completa ................................................................................................................ 52
2.7 Marcadores bioquímicos na avaliação do perfil renal e cardíaco .................................... 54
2.7.1 Exames que auxiliam o diagnóstico do infarto agudo do miocárdio ............................... 56
2.8 Marcadores bioquímicos na avaliação do perfil muscular .................................................. 59
2.8.1 Exames bioquímicos relacionados com problemas musculares .......................................... 60
3 MÉTODOS E TÉCNICAS EM HEMATOLOGIA CLÍNICA ......................................................................... 62
3.1 Metodologias aplicadas aos testes hematológicos ................................................................ 63
3.2 A automação no teste do hemograma ....................................................................................... 65
3.2.1 Plataforma Roche ................................................................................................................................... 65
3.2.2 Plataforma Horiba .................................................................................................................................. 66
3.2.3 Plataforma Abbott .................................................................................................................................. 67
3.3 Aplicação do hemograma no diagnóstico de doenças ......................................................... 68
3.4 Testes complementares na hematologia clínica: modelo anemia falciforme, 
talassemias e esferocitose hereditária ................................................................................................ 69
3.4.1 Hemoglobinopatias ................................................................................................................................ 69
3.4.2 Esferocitose hereditária ........................................................................................................................ 70
3.5 As provas de hemostasia: principais aspectos metodológicos .......................................... 71
3.5.1 Testes de avaliação da hemostasia .................................................................................................. 71
3.5.2 Aplicação dos testes de tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa) 
e tempo de protrombina (TP) na rotina diagnóstica ........................................................................... 73
3.6 A biologia molecular e a citogenética aplicadas à hematologia ...................................... 73
3.6.1 Aplicação do sequenciamento massivo em paralelo (NGS – next generation 
sequencing) nas coagulopatias .................................................................................................................... 78
4 MÉTODOS E TÉCNICAS EM UROANÁLISE ............................................................................................... 79
4.1 Urina tipo I .............................................................................................................................................. 81
4.1.1 Exame físico .............................................................................................................................................. 82
4.1.2 Exame químico (metodologia: reflectância em tiras reagentes) ......................................... 83
4.1.3 Exame microscópico (sedimento: aumento de 100x e 400x) ............................................... 86
Unidade II
5 MÉTODOS E TÉCNICAS EM MICROBIOLOGIA CLÍNICA ..................................................................... 93
5.1 Técnicas de coloração, cultura, semeadura e automação em bacteriologia clínica ................ 93
5.2 Automação no laboratório de microbiologia clínica ...........................................................106
5.3 Algoritmos dos principais protocolos de cultura em microbiologia clínica ...............109
5.4 Aspectos gerais do diagnóstico micológico ............................................................................113
5.5 Técnicas moleculares aplicadas em microbiologia clínica .................................................119
5.5.1 Reação de polimerização em cadeia (PCR) ................................................................................119
5.5.2 PCR em tempo real ............................................................................................................................. 120
6 MÉTODOS E TÉCNICAS EM IMUNOLOGIA CLÍNICA ..........................................................................122
6.1 Principais testes imunológicos aplicados no diagnóstico laboratorial ........................122
6.2 Automação em imunologia ...........................................................................................................126
6.3 Métodos imunológicos aplicados ao estudo dos hormônios ...........................................127
6.4 Métodos e técnicas imunológicas na avaliação da função das células T ...................128
6.4.1 Contagem absoluta de linfócitos e subpopulações de células T ...................................... 129
6.4.2 Análise funcional dos linfócitos ..................................................................................................... 129
6.4.3 Teste cutâneo de hipersensibilidade tardia (delayed-type hypersensitivity test – DTH) ....... 130
6.4.4 Produção de citocinas ........................................................................................................................ 130
6.5 Imunofenotipagem ............................................................................................................................130
7 MÉTODOS E TÉCNICAS EM PARASITOLOGIA CLÍNICA .....................................................................132
7.1 Testes manuais na parasitologia ..................................................................................................132
7.1.1 Exame direto das fezes ...................................................................................................................... 133
7.1.2 Métodos de concentração de ovos e de cistos ........................................................................ 133
7.2 A automação nas provas parasitológicas .................................................................................134
7.3 Testes moleculares aplicados à parasitologia .........................................................................137
7.4 Sangue oculto nas fezes: especificidades do teste...............................................................138
7.5 A prova gota espessa: metodologia e interpretação ...........................................................138
8 ESTUDO SISTEMATIZADO DE CASOS CLÍNICOS.................................................................................139
9
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Este livro-texto apresenta um conteúdo atualizado sobre as mais modernas e consagradas metodologias 
inerentes às atividades em análises clínicas diagnósticas, contemplando técnicas especializadas da rotina 
laboratorial.
Na unidade I, introduziremos os aspectos metodológicos e de controle de qualidade em laboratórios 
de análises clínicas contemplados na fase analítica do processo de realização de exames laboratoriais. 
Ainda na primeira unidade, focaremos nos testes laboratoriais de maior impacto no laboratório de 
análises clínicas, destacando-se os serviços de bioquímica, hematologia e uroanálise. Já na unidade II, 
serão apresentados os principais testes e metodologias que envolvem os mecanismos imunológicos e de 
defesa às infecções microbiológicas e parasitológicas, evidenciando as principais técnicas diagnósticas 
clássicas, manuais e moleculares. Por fim, apresentaremos casos clínicos aplicados às análises clínicas, 
promovendo a compreensão e a inter-relação dos diferentes testes laboratoriais no processo integrado 
do diagnóstico clínico-laboratorial.
Esperamos que vocês aproveitem bastante a leitura!
INTRODUÇÃO
A evolução metodológica vivenciada nos últimos 50 anos de medicina diagnóstica de precisão 
revolucionou o mercado de saúde mundial. Com equipamentos robustos, rápidos e confiáveis, o mercado 
diagnóstico laboratorial tornou-se referência para o atendimento clínico de urgência, emergência e rotina.
Em uma linha de temporalidade técnica, migramos de métodos 100% manuais (operador-dependentes) 
para processos totalmente automatizados, sem nenhum manuseio humano na amostra biológica. 
Atualmente dispomos de equipamentos laboratoriais com metodologias precisas, de elevada sensibilidade 
e especificidade. As análises clínicas laboratoriais (ACLs) apresentam altíssima qualidade técnica, com a 
utilização de regras e protocolos que garantam a exatidão e a reprodutibilidade dos exames das diversas 
especialidades das ACLs. Com isso, a fase analítica do laboratório clínico ganhou respeitabilidade e 
confiança nos resultados dos testes diagnósticos para a conduta clínica e terapêutica junto aos pacientes.
11
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Unidade I
1 ASPECTOS METODOLÓGICOS DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS
O laboratório de análises clínicas (LAC) é um serviço de saúde com finalidade de apoiar a conduta 
clínica perante as mais diversas enfermidades que nos atingem. Aproximadamente 65% dos diagnósticos 
e condutas terapêuticas são realizados de acordo com resultados de testes laboratoriais. Desta forma, 
a confiabilidade diagnóstica e metodológica do LAC é fundamental para a manutenção e melhora 
contínua da qualidade assistencial.
O laboratório de análises clínicas é composto de diferentes setores técnicos que, na sua composição, 
executam a fase analítica de um serviço diagnóstico. Entre as diversas áreas, destacam-se os 
laboratórios de bioquímica clínica, gasometria, hematologia clínica, hemostasia, microbiologia clínica, 
uroanálise e fluidos corporais, imunologia clínica, hormônios, sorologia e parasitologia clínica. Além 
desses setores clássicos, o LAC pode ter no seu escopo os serviços de biologia molecular, citogenética 
clínica, citopatologia, entre outros.
Com metodologias específicas e modernas, as diferentes áreas do LAC desempenham de maneira 
confiável os exames laboratoriais, contando com exímio controle de qualidade que garante maior 
precisão, exatidão e acurácia nos resultados dos testes diagnósticos.
O quadro a seguir mostra alguns dos principais exames laboratoriais realizados em análises clínicas:
Quadro 1 – Relação dos principais setores do LAC e exemplos de 
exames realizados nas áreas técnicas
Setor Exemplos de exames
Hematologia clínica e 
hemostasia
Hemograma (eritrograma, leucograma e plaquetograma), provas de coaulação, 
tipagem ABO e sistema RH, testes de Coombs direto e indireto, contagem de 
reticulócitos, prova de falcização, curva de resistência osmótica
Bioquímica clínica e 
gasometria
Gasometria, dosagens de glicemia, amilase, lipase, ácido úrico, proteínas totais e 
frações, perfil renal (ureia, creatinina, clearence de creatinina, proteinúrias), provas 
AST, ALT, FAL, GGT, bilirrubina total e frações, cálcio iônico, ionograma, colesterol 
total e frações, enzimas cardíacas
Microbiologia clínica
Culturas de bactérias e fungos, provas de antibióticoterapia (antibiograma), 
baciloscopia (pesquisa de BK), provas de identificação e classificação bacteriana, 
hemocultura
Imunologia clínica, 
hormônios e sorologia
Prova para sífilis (VDRL), hormônios sexuais masculinos e femininos, hormônios 
tireoidianos, provas de autoimunidade, sorologias para diferentes doenças e 
agentes, entre outros
Uroanálise e fluidos 
corporais
Dosagem de proteinúria em urina de 24 horas, urina tipo I, análise dos líquidos 
cavitários (líquor, líquido ascético, líquido pleural, líquido sinovial)
12
Unidade I
Setor Exemplos de exames
Parasitologia clínica Provas protoparasitológicas, sangue oculto nas fezes
Outros testes Pesquisa molecular, cariotipagem, Fish, arrays, MLPA
Um teste laboratorial é desenvolvido de maneira plena em três fases distintas inter-relacionadas: 
a fase pré-analítica (que envolve desde a solicitação do teste laboratorial até a triagem dos materiais 
coletados), a fase analítica (que realiza a análise do material biológico) e a fase pós-analítica (composta 
de análise e interpretação dos resultados, preparo do laudo, devolutiva ao médico e ao paciente e 
conduta terapêutica).
Atualmente, o LAC é composto de plataformas de automação de análise, o que permite maior rapidez 
e confiabilidade nos resultados de dosagens de analitos e contagens celulares, devido à padronização 
de processos e minimização dos erros de manipulação humana. Entretanto, a automação laboratorial 
deve ser avaliada com muito critério pelo biomédico responsável, garantindo a confiabilidade de todas 
as etapas de realização do teste.
1.1 Conceitos básicos em análises clínicas
Com o advento da automação no LAC, diversas metodologias foram implantadas e desenvolvidas para 
a realização de exames laboratoriais. Neste contexto, muitos conceitos importantes adentraram as áreas 
técnicas do serviço diagnóstico, corroborando para a excelência na realização de testes laboratoriais. 
Assim, descreveremos alguns conceitos importantes relacionados às metodologias diagnósticas 
ligadas ao LAC.
Um dos principais conceitos pertinentes à fase analítica é o valor de referência (VR). O VR está 
intimamente relacionado com a metodologia do teste e o tipo de teste a ser realizado. Entre os tipos de 
testes laboratoriais, temos duas classificações amplas: os testes qualitativos e os testes quantitativos.
Nos testes qualitativos, o valor de referência tende a ser apresentado como positivo ou negativo e 
reagente ou não reagente. É dito como algo alterado ou normal, sem expressar valores numéricos em 
intervalos de referência. Já para os testes quantitativos, o VR é geralmente representado por uma taxa 
ou faixa de normalidade, dentro de um intervalo de variação dito normal.
Com relação à metodologia dos testes, grande parte dos testes laboratoriais são realizados 
utilizando técnicas colorimétricas, de análise de turbidimetria, nefelometria, quimioluminescência, 
imunocromatografia, citometria de fluxo, citoquímica, impedanciometria, métodos moleculares, entre 
outros. Todas essas metodologias destacadas apresentam especificidades inerentes à técnica, as quais 
serão apresentadas em detalhes nos próximos capítulos deste livro-texto.
Outros conceitos muito relevantes à fase analítica são os de especificidade e sensibilidade. 
Especificidade e sensibilidade de um determinado teste são fatores fundamentais para a confiabilidade 
diagnóstica.
13
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
A especificidade do teste consiste na potencialidademetodológica de detectar de maneira correta 
indivíduos sadios quando submetidos a um teste laboratorial, ou seja, relaciona-se à capacidade de 
identificar de maneira inequívoca os indivíduos não doentes. Assim, os testes com elevada especificidade 
possuem baixa probabilidade de apresentar resultado falso-positivo, ou seja, de evidenciar indivíduos 
saudáveis como doentes.
Por outro lado, quando falamos em sensibilidade metodológica, relacionamos esse termo à 
potencialidade de o teste detectar uma ínfima porção do analito na amostra, ou seja, trata-se da capacidade 
de detectar de maneira correta os pacientes doentes. Assim, um teste com alta sensibilidade é muito 
utilizado para a triagem diagnóstica, com possibilidade ínfima de revelar resultados falso-negativos.
Dessa forma, um bom teste laboratorial, robusto para o diagnóstico clínico-laboratorial, apresenta 
elevadas especificidade e sensibilidade, as quais devem estar equilibradas.
A relação de sensibilidade e especificidade é avaliada utilizando-se ferramentas de validação como 
a curva ROC (receiver operating characteristic). A curva ROC é um instrumento que inibe os erros 
diagnósticos, contribuindo para a padronização dos testes laboratoriais, minimizando a ocorrência de 
resultados falso-negativos e falso-positivos.
Os testes laboratoriais apresentam valores preditivos positivos e valores preditivos negativos. O valor 
preditivo positivo (VPP) representa a probabilidade de uma pessoa doente apresentar resultado de teste 
laboratorial positivo. Já o valor preditivo negativo (VPN) representa a probabilidade de uma pessoa 
sem doença ter resultados compatíveis com a normalidade. A sensibilidade, a especificidade, os VPP 
e os VPN são determinados com base nos estudos populacionais, o que contribui para o equilíbrio e a 
confiabilidade do teste.
 Saiba mais
A indicação de um exame para fins diagnósticos deve ser regida pela 
relação custo-benefício, levando-se em consideração o valor preditivo 
pré-teste (igual à prevalência da doença), além da sua objetividade, ou seja, 
o que fazer com o resultado. Para todos os exames com fins diagnósticos, 
é necessário um protocolo de continuidade.
Para saber mais sobre eficiência de um teste, leia:
KAWAMURA, T. Interpretação de um teste sob a visão epidemiológica: 
eficiência de um teste. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 79, n. 4, p. 437-441, 
2002. Disponível em: https://cutt.ly/oAf5qar. Acesso em: 3 mar. 2022.
14
Unidade I
Quando tratamos de testes laboratoriais, os resultados dos exames devem ser condizentes com as 
manifestações clínicas dos nossos pacientes. Nesse cenário, é de suma importância abordarmos os temas 
de exatidão, precisão e acurácia metodológica.
A exatidão é um termo amplamente utilizado para relacionar o quanto um determinado teste 
diagnóstico apresenta resultados compatíveis com a realidade do paciente, ou seja, o quanto os resultados 
dos exames são verdadeiros. Já a precisão é importante para a confiabilidade do teste. Esse termo 
está relacionado à reprodutibilidade, ou seja, o quanto aquele determinado teste, quando repetido em 
uma mesma amostra, apresenta resultados idênticos ou condizentes. Por sua vez, a acurácia é o termo 
utilizado para avaliar a capacidade de um determinado teste mensurar ou avaliar o analito ao qual ele 
se propõe. Assim, um teste laboratorial adequado deve ser preciso, exato e ter alta acurácia.
A figura a seguir apresenta um modelo esquemático da definição de exatidão e precisão:
Exatidão: resultados de exames 
laboratoriais condizentes com o 
valor real
Precisão: resultados repetidamente 
iguais ou dentro de um intervalo de 
confiança: reprodutibilidade
Figura 1 – Exemplificação dos conceitos de exatidão e precisão
Outros aspectos relevantes quando pensamos em testes laboratoriais e metodologias diagnósticas 
no LAC são os denominados erros sistemáticos (ES) e erros aleatórios (EA). Os ES e EA são erros que 
podem ocorrer de maneira inerente à automação e, por esse motivo, os testes laboratoriais quantitativos 
seguem a apresentação da curva de Gauss.
A curva de Gauss nos apresenta uma distribuição de normalidade, considerando variações aceitáveis 
ou não para diferentes medidas realizadas em uma amostra. Essa variação do ponto central da curva de 
Gauss é denominada desvio-padrão (DP).
A curva de Gauss é representada no formato de um sino, com um ponto central denominado média e os 
seus pontos de variação (para mais ou para menos) considerando a margem de DP (± 1 DP, ± 2 DP e ± 3 DP).
Quanto maior for o número de DP aceitáveis para um resultado de um teste laboratorial, maior a sua 
margem de aceitabilidade e probabilidade de incutir em possíveis erros diagnósticos. Assim, conforme 
15
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
rege a Lei de Gauss, 68,26% dos resultados de um determinado teste laboratorial estão compreendidos 
na margem entre ± 1 DP, 95,45% dos resultados estão englobados entre ± 2 DP e, aproximadamente, 
99,73% dos resultados de exames laboratoriais quantitativos estão compreendidos entre ± 3 DP da 
média-alvo do teste.
Atualmente, cabe ao laboratório de análises clínicas determinar sua margem de DP aceitáveis na sua 
rotina, sempre de acordo com as recomendações dos fabricantes dos testes laboratoriais e seus padrões 
de controle de qualidade interno. Um dos critérios mais utilizados é a média do ensaio ± 2 DPs.
A figura a seguir apresenta um modelo da curva de Gauss, com a média de um determinado 
parâmetro e os desvios-padrão compreendendo a população considerada normal:
-3σ -2σ -σ 0
68,26%
95,45%
99,73%
σ 2σ 3σ
Figura 2 – Apresentação da curva de Gauss, evidenciando a média 
e os desvios-padrão (± 1 DP, ± 2 DP e ± 3 DP)
Dessa maneira, os ES e EA podem acontecer a qualquer momento. Os ES são evidenciados quando 
há tendência de resultados de um determinado analito para um dado lado do gráfico, deixando esse 
teste de oscilar de maneira equilibrada ao redor da média esperada, acontecendo de maneira repetitiva 
em uma rotina laboratorial. Já os EA estão relacionados com a falta de precisão de um determinado 
teste, alargando a distribuição dos pontos em uma dada curva. Esse fato é, por muitas vezes, de difícil 
detecção pelo biomédico responsável do laboratório; entretanto, o olhar cuidadoso, a avaliação do 
laudo evolutivo de pacientes internados e a relação clínico-laboratorial são fundamentais para a sua 
correta constatação.
1.2 Qualidade no contexto do laboratório de análises clínicas
Os procedimentos realizados no LAC devem seguir padronizações e sistematizações que permitam e 
confiram a qualidade dos exames laboratoriais.
16
Unidade I
Uma das principais ferramentas utilizadas na fase analítica, que permite a reprodutibilidade dos 
processos, é o manual operacional interno dos serviços do LAC. Os denominados procedimentos 
operacionais padrões (POPs) desenvolvidos para cada atividade e exame devem ser escritos e revisados 
periodicamente, contendo parâmetros mínimos que garantam as boas práticas laboratoriais.
Destacamos a seguir alguns dos itens que devem ser contemplados nos POPs de um LAC: descrição 
detalhada de cada procedimento; marca, fabricante, número de catálogo do representante e validade 
dos reagentes utilizados no procedimento; normas de biossegurança para a execução das atividades; 
descritivo rápido para utilização dos equipamentos automatizados; registro de manutenção preventiva 
e controles de qualidade (frequência de resultados alterados e possíveis erros de resultados); descrição 
da técnica utilizada; interpretação do resultado e valores de referência.
A responsabilidade pela elaboração, atualização e validação dessa documentação é da equipe técnica, 
com o gestor do LAC. Os POPs garantem a padronização das atividades laborativas, sejam gerenciais 
ou técnicas.
O assunto qualidade é extremamente discutido nos laboratórios de análises clínicas por toda a 
equipe de trabalho. A garantia da qualidade dos exames da fase analítica é mantida coma utilização de 
controles internos de qualidade (CIQ), controles intralaboratoriais que avaliam a precisão dos ensaios 
realizados diariamente no laboratório, liberando ou bloqueando a realização dos exames laboratoriais, e 
de controles externos de qualidade (CEQ), controles interlaboratoriais que comparam resultados de testes 
em comum entre um grupo de laboratórios, validando ou refutando os resultados obtidos. O conceito 
de qualidade é muito amplo e importante, sobretudo nas análises clinicas em razão do impacto de um 
resultado ou teste, o qual influencia diretamente na sobrevida de pacientes, por isso a importância de 
se manter rígidas medidas de controle da qualidade.
O controle intralaboratorial utiliza amostras conhecidas e amostras comercialmente distribuídas 
para validar os exames realizados nos setores de hematologia, bioquímica, sorologia, hormônios, entre 
outros, com diferentes níveis de dosagens (alto, normal e baixo).
Os resultados dos CIQ são avaliados pelo valor-alvo (média), considerando os DPs. Esses dados são 
então aplicados em um gráfico (curva de Levey-Jennings) e algumas regras de qualidade são avaliadas, 
de acordo com os critérios estabelecidos. Interessantemente, mesmo que um determinado ensaio não 
apresente valores “fora da margem estabelecida”, o seu comportamento em um espaço de tempo deve 
ser avaliado e medidas de correção podem ser tomadas pelo biomédico.
Um dos protocolos mais utilizados em LACs são as regras de Westgard, que avaliam erros na fase 
analítica, como as tendências dos testes e a perda de exatidão e de precisão.
A figura a seguir mostra um exemplo da aplicação da regra de Westgard (7x), em que um 
determinado ensaio laboratorial apresentou seus resultados por 7 dias consecutivos em um mesmo 
lado do gráfico, com sentido direcionado para os menores níveis de aceitabilidade dos resultados dos 
exames laboratoriais.
17
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
+3s
+2s
+1s
Xm
-1s
-2s
-3s
1 3 5 7 9 11 13 15 17 192 4 6 8 10
7x
12 14 16 18 20
Dias ou números de ensaios
Figura 3 – Modelo do gráfico de Levey-Jennings com aplicação das regras de Westgard
Com essa análise acurada, um LAC pode tomar decisões importantes, como realizar uma nova 
calibração do teste, verificar contaminação de reagentes e detectar erros mecânicos dos equipamentos 
automatizados. Dessa forma, com a resolução dessa não conformidade da fase analítica, o laboratório 
pode retomar suas atividades com excelência e qualidade.
Enquanto os CIQ avaliam os processos nas dependências do LAC, os CEQ utilizam-se de amostras 
conhecidas recebidas de outra unidade laboratorial ou de uma empresa certificadora, a serem utilizadas 
nos diferentes setores do LAC, as quais devem apresentar resultados compatíveis (considerando-se 
metodologia, valores de referência e aspectos internos do laboratório), tendo como principal finalidade 
a determinação da exatidão.
O processo de certificação laboratorial é uma escolha voluntária que os SLCs contratam para 
obterem, caso aprovados, a chancela daquele programa. Atualmente dispomos de diferentes programas 
de acreditação, destacando-se o PALC-SBPC/ML (Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos, da 
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial), o DICQ-SBAC (Sistema Nacional de 
Acreditação, da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas) e o CAP (College of American Pathologists).
Por fim, os laboratórios de análises clínicas visam, neste mundo globalizado, possuir as acreditações 
laboratoriais. Esses selos de qualidade são utilizados como grande diferencial em um mercado tão 
concorrido, sendo que o processo de certificação é uma evidência do seu comprometimento com a 
excelência e a padronização dos seus processos e procedimentos.
 Lembrete
O conceito de qualidade é muito amplo e importante, sobretudo nas 
análises clínicas em razão do impacto de um resultado ou teste, o qual 
influencia diretamente na sobrevida de pacientes, por isso a importância 
de se manter rígidas medidas de controle da qualidade.
18
Unidade I
 Observação
As regras de Westgard são utilizadas para avaliar a fase analítica dos 
exames laboratoriais. Atualmente temos uma série de regras a serem 
avaliadas quando aferimos a confiabilidade dos equipamentos e dos 
reagentes utilizados no processamento dos exames. Dessa forma, quando 
realizamos os CIQ, os resultados das amostras conhecidas são lançados no 
gráfico de Levey-Jennings e as regras de Westgard são aplicadas para a 
validação e liberação da rotina laboratorial. Esse procedimento é uma das 
principais vias de avaliação da qualidade de um teste diagnóstico.
2 MÉTODOS E TÉCNICAS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
Nos laboratórios de análises clínicas são usados reagentes para que sejam detectados determinados 
analitos e, dessa forma, precaver ou acompanhar patologias. Para cada analito foi criado um tipo ou 
método de determinação (sistema analítico) que está relacionado com o tipo de reagente a ser utilizado, 
facilidades instrumentais, precisão e exatidão da medida.
Segundo o produto formado, podemos dividir as reações em:
• aglutinação;
• precipitação ou turvação;
• colorimetria;
• ultravioleta.
Segundo o modelo ou procedimento, podemos dividir em:
• ponto final;
• cinética.
Vejamos com mais detalhes alguns conceitos:
• Reação de aglutinação: partículas ligadas a antígenos ou anticorpos reagem com um analito 
produzindo uma reação visível a olho nu ou ao microscópio (reações positivas = aglutinação). 
Pode existir inibição de aglutinação também (reações positivas = ausência de aglutinação).
• Reação de precipitação ou turvação: ocorre precipitação de um analito, geralmente por reação com 
um anticorpo, mantendo o produto em suspensão, e este será quantificado por espectrofotometria.
19
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
• Reação colorimétrica: o produto formado tem uma cor e a intensidade da cor é medida na faixa 
visível do espectro (380-680 nm), determinado pela Lei de Lambert-Beer.
• Reação ultravioleta (UV): os produtos formados absorvem energia na porção do ultravioleta 
próximo, mais especificamente em 340 ou 365 nm.
• Reação de ponto final: o produto formado atinge o seu ponto máximo de detecção e permanece 
inalterado por um determinado tempo e depois perde a estabilidade. As reações de aglutinação, 
turvação ou precipitação, colorimétrica ou ultravioleta podem ser de ponto final onde a 
concentração do produto formado é medida fotometricamente.
A reação de ponto final pode ter branco de amostra ou ser sem branco de amostra. Quando o 
reagente apresenta absorbância que é diferente da água, é necessário “zerar” com o reagente, pois 
ele tem uma absorbância significativa, e dessa forma eliminaremos a contribuição da absorbância do 
reagente nos resultados, o que acaba com o erro positivo, sendo analisada apenas a cor desenvolvida 
pela reação.
• Reação cinética: relaciona o produto da reação ao tempo. A velocidade da formação do produto 
é medida durante um tempo, o qual pode ser de horas, minutos ou segundos. Pode ser contínua, 
de tempo fixo e de dois tempos.
• Cinética contínua: utiliza medidas contínuas da formação de produtos.
• Cinética de tempo fixo (ou com medição em ponto final): mede-se a reação quando a amostra 
entra em contato com o substrato, e quando o tempo se completar mede-se novamente.
• Cinética de dois pontos: geralmente se mede a fase inicial da reação (aos 30 segundos), que 
servirá como branco, e outra medição aos 90 segundos. Para se obter o resultado, faz-se o delta da 
reação para calcular a concentração do analito. Quanto ao método de espectrofotometria, temos 
ainda a turbidimetria e a nefelometria.
• Turbidimetria: medida da diminuição da intensidade da luz transmitida em relação a incidente. 
Mede-se a turbidez da amostra; quanto maior o número de partículas na amostra, maior será o 
espalhamento da radiação, maior a absorbância e menor a transmitância.
• Nefelometria: medida do espalhamento, ou luz dispersa emum determinado ângulo. Baseia-se 
na diminuição da intensidade pela difusão da luz causada pelo espalhamento da radiação por 
partículas em suspensão.
20
Unidade I
 Observação
Outro tipo de separação entre os testes é a classificação dos testes 
sorológicos. Os testes sorológicos são procedimentos utilizados com o 
objetivo de detectar anticorpos e, eventualmente, componentes antigênicos, 
para várias finalidades, levando-se em consideração características 
e limitações dos testes sorológicos para os parâmetros sensibilidade, 
especificidade e prevalência.
• Radioimunoensaio (RIE): quantidade de reagente marcado (Ag ou Ac) que quantifica o Ag ou Ac 
não marcado na amostra. Pode ser competitivo ou por excesso de reagente.
• Enzimaimunoensaio, Elisa (enzyme-linked immunosorbent assay): reação Ag-Ac que é 
monitorada por medida da atividade enzimática. Um dos reagentes é imobilizado na fase sólida, 
enquanto outro pode ser ligado a uma enzima com leituras visuais a fotométricas, com substratos 
coloridos, fluorescentes ou luminescentes.
• Imunofluorescência: anticorpo que se liga covalentemente a fluorocromos sem perder sua 
reatividade específica com o antígeno, resultando em conjugado específico em que se deve determinar 
a concentração da γ-globulina, a relação fluoresceína/proteína e o título para determinação de 
atividade imunológica.
• Quimioluminescência: reação química que produz energia luminosa (luminol, acridina, indol).
2.1 Marcadores bioquímicos na avaliação hepática
O fígado é irrigado pela artéria hepática (responsável pela nutrição dos hepatócitos) e pela veia 
porta (leva ao fígado todos os nutrientes absorvidos no processo digestivo para serem metabolizados, 
com exceção dos lipídios, que são drenados pelo sistema linfático).
A avaliação da função hepática ou perfil hepático pede algumas provas mais determinantes: dosagens 
das concentrações plasmáticas de bilirrubinas, enzimas como transaminases (aminotransferases), 
fosfatase alcalina e γ-glutamil transferase (γ-GT ou GGT), e outras substâncias como proteínas totais, 
albumina, protrombina e amônia. Ela pode ser realizada por várias vertentes:
• avaliação de lesão hepatocelular;
• avaliação do fluxo biliar e lesão de vias biliares;
• avaliação da função de síntese do fígado (produção de proteínas relacionadas com a função hepática).
21
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
2.1.1 Aminotransferases ou transaminases: alanina aminotransferase (ALT) ou 
transaminase pirúvica (TGP) e aspartato aminotransferase (AST) ou transaminase 
oxalacética (TGO)
Essas enzimas promovem a transferência de grupamentos amina de α-aminoácidos para 
α-cetoácidos com a ajuda da vitamina B6.
A AST é normalmente encontrada em mitocôndrias de uma diversidade de tecidos, inclusive fígado, 
músculos esquelético e cardíaco, rins, pâncreas e cérebro. Assim, pode-se notar que a TGO não é exclusiva 
do fígado, sendo sinal de lesão em qualquer um dos órgãos onde é encontrada.
Já a ALT é encontrada no citoplasma e em grande parte no fígado. Doenças não hepatobiliares, 
como obesidade, diabetes, hemocromatose, deficiência de alfa-1-antitripsina, infecção pelo HIV e 
hipertireoidismo, podem elevar os resultados obtidos mostrando envolvimento hepático. O rápido 
aumento da atividade das aminotransferases é comum a todas as hepatites agudas induzidas por vírus.
L-alanina + cetoglutarato 
TGP
 glutamato + piruvato
L-aspartato + cetoglutarato 
TGO
 glutamato + oxalacetato
A AST (TGO) tem meia-vida de cerca de 17 horas e a ALT (TGP) tem meia-vida de 47 horas. Elas podem 
ser analisadas por método colorimétrico cinético de tempo fixo ou de ponto final em soro, plasma (EDTA 
ou heparina) ou líquor. Como em qualquer análise enzimática, deve-se tomar cuidado especial com a 
temperatura, bem como com o tempo da reação. O uso de esteroides anabólicos ou exercícios eleva as 
transaminases no sangue. Hemoglobina, triglicérides e bilirrubinas elevados no soro podem influenciar 
o exame, elevando os resultados. Essa reação precede a de desaminação, em que é retirada a NH3 do 
glutamato formado para que se inicie o ciclo da ureia.
A amônia produzida por bactérias intestinais e pelas células do corpo após o processo de desaminação 
dos aminoácidos é transportada para o fígado, onde se transforma em ureia e glutamina. A ureia 
é levada para os rins via sangue e excretada na urina. Caso a amônia não seja transformada em 
ureia, acumula-se no sangue e pode atravessar a barreira hematoencefálica. Essa situação pode levar 
a encefalopatia hepática (alterações mentais e neurológicas, como desorientação, sonolência, coma 
e até morte).
 Observação
A determinação de arginase e OCT (ornitina carbamiltransferase), 
enzimas do ciclo da ureia que podem ser dosadas no soro, está relacionada 
a doenças genéticas raras. Isso resulta em acúmulo de amônia no fígado e 
sangue, a qual é neurotóxica e pode causar problemas musculares e atraso 
de desenvolvimento, entre outras sequelas.
22
Unidade I
2.1.2 Desidrogenase lática (LD): LD4 e LD5
Essa enzima citoplasmática catalisa a oxidação reversível do lactato a piruvato e pode estar presente 
em vários órgãos. Ela é chamada de isoenzima e apresenta pequenas diferenças em sua constituição:
• a LDH-1 está presente no coração, nas hemácias e nos rins;
• a LDH-2 pode ser encontrada no coração, em menor quantidade, e nos leucócitos;
• a LDH-3 está presente nos pulmões;
• a LDH-4 é encontrada na placenta, no fígado e no pâncreas;
• a LDH-5 é encontrada no fígado e no músculo esquelético.
Não é específica para analisar função hepática, mas quando analisada com outros parâmetros (como 
TGO, TGP, γGT e FA) pode-se sugerir diagnóstico e gravidade de dano hepático – por exemplo, hepatite ou 
lesões invasivas do fígado, como o carcinoma metastático, que apresentam LD total elevada, combinada 
com fosfatase alcalina (FA) elevada, na ausência de qualquer outra alteração.
Amostras de soro são usadas para dosagem pelo método colorimétrico, fluorimétrico e 
espectrofotométrico cinético de tempo fixo para determinação de LD total em aplicação manual 
e semiautomática. Caso seja necessário analisar e identificar as frações, usa-se eletroforese em acetato 
de celulose ou agarose.
2.2 Marcadores bioquímicos para avaliação do fluxo biliar e lesão de vias biliares
2.2.1 Fosfatase alcalina (FAL)
É uma família de enzimas (isoenzimas) presente em praticamente todos os tecidos (ossos, rins, 
intestinos e placenta). No fígado é encontrada principalmente nos microvilos dos canalículos biliares 
e na superfície sinusoidal dos hepatócitos, por isso é um marcador para a disfunção biliar e para 
obstrução do trato biliar por litíase nos ductos ou canalículos, processos infecciosos e processos 
inflamatórios nas lesões invasivas. Seu aumento pode ser usado para diferenciar icterícia intra e 
extra-hepática. Essa enzima é predominantemente livre e numa menor proporção pode estar associada 
a lipoproteínas ou imunoglobulinas.
Alopurinol, colchicina, alguns antibióticos, metotrexato, entre outros são fatores interferentes nesse 
exame. Soro ou plasma com heparina são submetidos ao método mais usado nos laboratórios, que é o 
de cinética colorimétrica de tempo fixo.
23
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
2.2.2 γ-glutamil transferase (GGT)
É encontrada em vários tecidos, como rins, cérebro, pâncreas e fígado (mas quase a totalidade da 
gama GT corpórea está presente nos hepatócitos). Regula o transporte de aminoácidos através das 
membranas microssomais, catalisando o transporte de um grupo glutamil da glutationa para um 
aminoácido livre.
Essa enzima pode estar elevada em pacientes alcoólatras, obesos e que fazem uso de acetaminofeno 
(paracetamol). Pode acontecer de cerca de 15% das pessoas normais terem GGT acima dos valores 
considerados normais sem a presença de qualquer doença, mas, caso a FA esteja elevada, também é 
diagnóstico de obstrução no trato biliar.
2.2.3 Bilirrubinas
A degradação do heme (substância encontradana hemoglobina) de forma descontrolada pode 
levar ao aumento de bilirrubinas e gerar icterícias hemolítica (↑BI), obstrutiva (↑BD) e hepática (↑BT), 
lembrando que BT = BD + BI.
Como causas das hiperbilirrubinemia, podemos citar o aumento de bilirrubina:
• não conjugada (BI): produção excessiva de bilirrubina por hemólise, hematopoiese inefetiva, 
distúrbios hemolíticos, icterícia fisiológica do recém-nascido, síndrome de Gilbert e síndrome de 
Crigler-Najjar;
• conjugada (BD) e não conjugada (BI): distúrbio hepatocelular, como cirrose, hepatite, neoplasia, 
uso de algumas drogas, colestase e icterícia pós-operatória benigna;
• conjugada (BD): lesão hepática, doença alcoólica do fígado e obstrução mecânica dos ductos 
biliares (icterícia obstrutiva por litíase biliar ou extra-hepática por cálculos, neoplasia, estenose 
e atresia).
Amostras de soro e plasma heparinizado e com EDTA podem ser usados com a metodologia colorimétrica.
2.3 Marcadores bioquímicos na avaliação de síntese de proteínas do fígado 
(proteínas relacionadas com a função hepática)
2.3.1 Albumina
A principal proteína circulante no organismo humano é produzida pelo fígado, portanto, níveis séricos 
baixos são reflexo da destruição extensa do tecido hepático, como ocorre na cirrose. A hipoalbuminemia 
frequentemente causa edema.
Amostras de soro (e não de plasma) podem ser analisadas por colorimetria de método de ponto final.
24
Unidade I
2.3.2 Globulinas (alfa-1, alfa-2, beta e gama)
As globulinas presentes no sangue podem ser separadas em frações por um método simples 
chamado de eletroforese de proteínas séricas (EPS), cuja interpretação ajuda no diagnóstico de várias 
patologias. As proteínas percorrem distâncias diferentes, formando bandas denominadas albumina, 
alfa-1-globulina, alfa-2-globulina, betaglobulina e gamaglobulina, que serão quantificadas.
Entre as globulinas, podemos citar:
• alfa-1-antitripsina (ATT) e RBP (proteína de ligação do retinol), que transporta a vitamina A;
• alfa-2: ceruloplasmina e eritropoetina, hormônio glicoproteico ligado à produção de células 
vermelhas;
• beta: transferrina;
• gamaglobulinas, também chamadas de imunoglobulinas ou anticorpos (IgA, E, G, M).
Conhecendo-se os principais componentes de cada banda eletroforética e os padrões 
eletroforéticos, ocorrerá a caracterização de algumas doenças. Com relação às gamaglobulinas, 
podemos citar a situação de hipergamaglobulinemia em paciente com hepatopatias, que geralmente 
revela a severidade da doença. A hepatite B crônica ativa é acompanhada por elevações discretas de 
γ-globulinas, sobretudo de IgG; a hepatopatia alcoólica crônica leva ao aumento de IgG e IgA; na 
obstrução biliar a IgA aumenta; e a hipogamaglobulinemia ocorre em mieloma múltiplo.
A coleta de soro deve ser feita preferencialmente pela manhã, devido ao efeito circadiano, sendo que 
hemólise e lipemia altas podem interferir nos resultados. A determinação de proteína total é feita por 
método colorimétrico; a eletroforese, por capilaridade.
Há outros testes usados para avaliação da função hepática: testes de biologia molecular (reação 
em cadeia da polimerase – PCR) e determinação de outras proteínas séricas especiais, como ferritina, 
α-fetoproteína, fibronectina, colágeno tipo III, fatores de coagulação e colinesterase.
2.3.3 Alfa-1-antitripsina (AAT)
Produzida principalmente no fígado e liberada ao sangue, tem a função de proteger os tecidos da 
elastase, enzima encontrada nos glóbulos brancos. Quando o fígado produz um tipo anormal de AAT 
que não é liberada por ele, geralmente esse órgão é danificado. A deficiência no soro de AAT causa 
doenças pulmonares (enfisema centrolobular, resultado da não inibição da atividade da elastase sobre 
a elastina da parede alveolar) e doenças hepáticas (colestase na infância e cirrose na adolescência ou 
na vida adulta).
25
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
O método usado é imunonefelométrico. Também pode ocorrer fenotipagem de alfa-1-antitripsina 
por eletroforese na qual representa 90% da banda α1 na eletroforese de proteínas séricas ou por pesquisa 
em DNA (identifica mutações no gene Serpina1, que está associada à deficiência de alfa-1-antitripsina).
2.3.4 Ceruloplasmina
Glicoproteína transportadora de cobre, migra na região alfa-2-globulina na eletroforese de 
proteínas. É importante para diagnosticar doença de Wilson (anormalidades motoras similares às 
da doença de Parkinson, incluindo distonia, hipertonia, rigidez e tremores), na qual a concentração da 
ceruloplasmina no sangue é baixa. O paciente acumula cobre na córnea e no fígado, o que acarreta 
necrose celular, cirrose ou insuficiência hepática fulminante, e secreta excessivas quantidades de 
cobre no soro e na urina.
O cobre pode ser dosado no soro por colorimetria. A determinação quantitativa da ceruloplasmina 
(CER) em soro humano é feita por teste imunoturbidimétrico ou nefelometria por medição da reação 
antígeno-anticorpo pelo método de ponto final ou colorimétrico.
2.3.5 Ferritina e transferrina
A ferritina e a hemossiderina são proteínas que armazenam ferro no hepatócito e a transferrina é 
uma proteína transportadora de ferro. Todas são produzidas no fígado.
A diminuição da transferrina acompanha hepatopatias, hemocromatose (doença de retenção de ferro 
em alguns tecidos, inclusive o fígado) com aumento do ferro no sangue e porcentagem de saturação 
da ferritina. A deposição de ferro no fígado leva a mudança de sua coloração, se tornando marrom e 
levando à cirrose hepática.
Os métodos usados para a determinação de ferritina no soro são o eletroquimioluminométrico ou 
a imunoturbidimetria com partículas de látex com anticorpo antiferritina, cuja aglutinação é medida 
por absorbância; a imunoturbidimetria para a proteína transferrina, em que anticorpos específicos 
presentes no reagente reagem com a transferrina do soro, gerando turbidez que pode ser determinada 
na amostra; e, por último, o método colorimétrico, que pode ser usado para analisar o ferro.
2.3.6 Alfafetoproteína (AFP)
Sintetizada pelos hepatócitos embrionários e células do saco vitelino, atinge o pico no segundo 
trimestre de gestação e cai após o nascimento. Essa proteína está aumentada em 70-90% dos pacientes 
com carcinoma hepatocelular e hepatite crônica.
O método usado é o imunocromatográfico, tipo “sanduíche”, para determinar qualitativamente a 
concentração de AFP em amostras de soro, plasma ou sangue total humano.
26
Unidade I
2.3.7 Fibronectina e colágeno tipo III
A fibronectina plasmática é uma glicoproteína hepática importante para a remoção de resíduos 
particulados da circulação, como os restos de membranas. O colágeno é o principal componente do 
tecido conjuntivo.
A fibronectina está diminuída na doença hepatocelular, como a cirrose (sugerindo um mau 
prognóstico) e a insuficiência hepática fulminante. A determinação do colágeno está correlacionada 
com o grau de fibrose hepática.
As metodologias para determinar o colágeno são o enzimaimunoensaio e a fibronectina por nefelometria.
2.3.8 Fatores de coagulação
A maioria dos fatores de coagulação é sintetizada no fígado (fibrinogênio ou fator I, protrombina ou 
fator II e os fatores V, VII, IX, X, XI e XII), além de algumas proteínas do sistema fibrinolítico, portanto, 
doenças hepáticas severas costumam causar alterações na coagulação, resultando em sangramento.
Pacientes com hepatopatias também podem apresentar trombocitopenia (plaquetopenia) ou 
deficiência/disfunção plaquetária (como na hepatite viral aguda, na hepatoesplenomegalia, no alcoolismo 
e em portadores de doenças hepáticas crônicas).
A hipertensão portal, que resulta em varizes ao longo do trato gastrointestinal e abdômen, também 
pode ser causa de sangramento.
A falta de fatores de coagulação pode ocorrer por perda da função dos hepatócitos ou por falta de 
vitamina K, que não é produzida no nosso organismo e precisa ser absorvida da dieta. Como a absorção 
da vitamina K é dependente da presença de sais biliarese na cirrose sua produção diminui, essa vitamina 
acaba por não ser absorvida.
O primeiro fator de coagulação a diminuir quando ocorre insuficiência hepática e/ou deficiência de 
vitamina K é o fator VII, seguido do II, do X e do IX.
Na prática clínica, usa-se a determinação da atividade da protrombina (TAP) ou fator II (ou tempo 
de protrombina) no plasma, pois é um método simples, barato e facilmente realizável para avaliar o 
conjunto dos fatores de coagulação e, portanto, da função de síntese do fígado. O método usado é 
o coagulométrico.
2.3.9 Colinesterase
Podemos classificar essa enzima em dois tipos: acetilcolinesterase (presente em eritrócitos e no 
sistema nervoso) e pseudocolinesterase (ou butirilcolinesterase, encontrada no plasma e no fígado).
27
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
A enzima dosada no laboratório é a atividade da pseudocolinesterase, principalmente ligada 
à intoxicação pelos inseticidas organofosforados e carbamatos, pois o fígado é o órgão ligado à 
detoxificação, e a inibição da enzima leva a sintomas como coma e convulsões. Caso a exposição seja 
crônica, é melhor usar a determinação da atividade da acetilcolinesterase eritrocitária. A dosagem da 
colinesterase pode também ajudar a avaliar a função hepática, especialmente no pós-transplante. O 
método usado é o colorimétrico.
2.3.10 Amônia
A amônia é produzida de forma endógena no corpo como um produto do metabolismo dos 
aminoácidos e ácidos nucleicos. É altamente tóxica para o SNC por várias razões. Um dos seus principais 
efeitos é converter o glutamato em glutamina, impedido que o glutamato se converta em Gaba 
(neurotransmissor). O fígado é o órgão cujo papel metabólico é detoxificar a amônia, convertendo-a em 
ureia, no ciclo da ureia.
A destruição de 80% ou mais do tecido hepático (como na cirrose e insuficiência hepática 
fulminante) leva à não detoxificação da amônia, e seu aumento na circulação e no SNC dá origem à 
encefalopatia hepática.
Determinações enzimáticas das concentrações de amônia no soro são frequentemente utilizadas. 
Os níveis séricos de glutamina algumas vezes são utilizados para o diagnóstico e controle da 
encefalopatia hepática.
São causas da hiperamonemia: doenças hepáticas, diminuição do fluxo de sangue para o fígado, 
insuficiência renal, defeitos hereditários raros do ciclo da ureia e síndrome de Reye (doença que pode 
ocorrer em crianças e adultos jovens após uma infecção viral aguda ou por uso de aspirina em crianças).
Para colher amonemia, não se deve usar garroteamento, a coleta deve ser realizada sem movimentos 
de abrir e fechar as mãos e o braço deve ser mantido em repouso. O sangue total heparinizado é 
centrifugado em até 20 minutos após a coleta (não deve ser usado soro ou plasma hemolisado) para 
obtenção do plasma (com heparina ou EDTA) e, se necessário, transportado em gelo. O método mais 
usado é o enzimático/automatizado.
2.4 Marcadores especiais na doença hepática e hepatobiliar
2.4.1 Anticorpos antimitocondriais (AMA)
Os autoanticorpos são dirigidos contra antígenos mitocondriais de membrana interna. São 
biomarcadores específicos da colangite biliar primária (CBP), antes conhecida como cirrose biliar primária. 
Em mais de 90% dos indivíduos com a doença, são detectados anticorpos antimitocôndrias (anti-M2). 
Esses anticorpos aparecem muito precocemente, bem antes que as enzimas hepáticas se alterem.
28
Unidade I
A pesquisa é realizada no soro por técnica de imunofluorescência indireta (IFI) e confirmada por 
técnica imunoenzimática (imunoenzimático para fração PDC - E2 -fração M2).
 Saiba mais
O Brasil, desde 2006, usa classificação de Meld/Peld (Model for End-Stage 
Liver Disease e Pediatric End-Stage Liver Disease) implantado pela Clínica 
Mayo (EUA), a qual usa um modelo matemático que estima o risco de 
mortalidade de uma pessoa com doença hepática terminal com base nos 
exames de dosagens séricas de creatinina, bilirrubina total e determinação 
do RNI (relação normatizada internacional da atividade da protrombina), 
necessários para o cálculo do Meld, para adultos e adolescentes maiores de 
12 anos, e valor de bilirrubina, valor de RNI e valor de albumina, necessários 
para o cálculo do Peld para crianças menores de 12 anos, desativando a 
classificação anterior Child-Pugh, menos criteriosa.
Sobre o assunto, leia:
BARSHES, N. R. et al. The pediatric end-stage liver disease (PELD) model 
as a predictor of survival benefit and posttransplant survival in pediatric 
liver transplant recipients. Liver Transplantation, v. 12, n. 3, p. 475-480, mar. 
2006. Disponível em: https://cutt.ly/fAkLtfg. Acesso em: 4 mar. 2022.
2.5 Marcadores bioquímicos na avaliação pancreática
O pâncreas é um órgão impossível de ser apalpado por se localizar atrás do estômago, entre o 
intestino e o baço (ou seja, na parte posterior do abdômen superior). É dividido em quatro partes: a 
cabeça (larga); o istmo ou colo (uma região estreita do órgão, com apenas 2 cm de comprimento); 
o corpo (afilado, que é a maior parte); e a cauda (estreita e pontiaguda, que termina próximo ao 
baço). No total, tem aproximadamente 15 cm de comprimento, de 3 a 5 cm de largura e de 2 a 3 cm 
de espessura. Próximos à intersecção com o duodeno podem ser observados os dois ductos pancreáticos de 
extrema importância denominados respectivamente de ducto pancreático acessório e ducto pancreático 
principal (veja a figura a seguir).
29
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Figura 4 – Desenho de pâncreas e duodeno seccionados: d = duodeno; dpa = duto pancreático 
acessório; dpp = duto pancreático principal; cp = cabeça do pâncreas; cop = corpo do pâncreas; 
cap = cauda do pâncreas
Disponível em: https://cutt.ly/gAkCunM. Acesso em: 4 mar. 2022.
O pâncreas é uma glândula que possui função mista (endócrina e exócrina). As células endócrinas 
são grupos de células ricamente circundadas por capilares sanguíneos. Como essas glândulas são 
endócrinas, ou seja, não têm ductos, os hormônios respectivos são liberados diretamente no sangue. 
As células endócrinas são divididas em quatro tipos: as ilhotas de Langerhans alfa, beta e gama e as 
células PP ricamente vascularizadas por capilares (no pâncreas temos cerca de 1 a 2 milhões de ilhotas 
de Langerhans, sendo 60% dessas ilhotas beta). Paul Langerhans (1896) verificou ao microscópio óptico 
grupamentos de células de pâncreas que eram diferentes do restante das outras células do pâncreas, ou 
seja, que ficaram mais claras enquanto o restante das células era mais escuro, pois se coravam menos 
com corantes hematoxilina-eosina se comparadas com as outras células do órgão. Como pareciam ilhas 
no mar, foi dado o nome de ilhotas de Langerhans.
As ilhotas alfa fabricam e liberam o hormônio glucagon (estimulam o aumento da glicemia, portanto, 
hormônio hiperglicêmico) na corrente circulatória, as beta fabricam e liberam o hormônio insulina 
(hormônio hipoglicêmico) no sangue, as delta fabricam e liberam somatostatina (regula a secreção dos 
dois hormônios anteriores) e as células PP fabricam e liberam peptídeos pancreáticos (tendo função 
contrária à da colecistoquinina, pois inibem a secreção pancreática e estimulam a secreção gástrica).
Um fato interessante é que, mesmo havendo no sangue taxas tão elevadas de glicose nos diabéticos, 
se os receptores de insulina do cérebro não estiverem funcionando corretamente ou se a quantidade 
de insulina não for suficiente (ou não houver), a glicose não consegue entrar no cérebro, de forma 
que haverá a percepção errônea da queda desse carboidrato no indivíduo, sinalizando como uma falta 
alimento no organismo, o que causa muita fome no paciente (polifagia).
30
Unidade I
O fato de não ter glicose em seu interior para síntese de energia (ATP) faz com que as células 
utilizem lipídios, e depois as proteínas, para cumprir tal função. O uso de lipídios leva ao aparecimento 
de corpos cetônicos (acetona, ácido ace e ácido β-hidroxibutirato), que baixam o pH sanguíneo, levando 
à acidose metabólica.Saiba mais
Receptores de insulina, bem como receptores de IGF-1 e seus parceiros 
de sinalização pós-receptor, são distribuídos por todo o cérebro. A insulina 
atua nesses receptores para modular metabolismo periférico, incluindo 
regulação do apetite, função reprodutiva, temperatura corporal, massa 
gorda branca, produção de glicose hepática e resposta à hipoglicemia.
Para saber mais, recomendamos a leitura do artigo:
KLEINRIDDERS, A. et al. Insulin action in brain regulates systemic 
metabolism and brain function. Diabetes, v. 63, n. 7, p. 2232-2243, 2014. 
Disponível em: https://cutt.ly/PAkVEGb. Acesso em: 4 mar. 2022.
Então, além de sintomas como urinar muitas vezes (durante o dia e a noite) e em grande quantidade, 
sede exagerada, obesidade, perda de peso e fome, há sintomas diretamente ligados à hiperglicemia, 
que são: dores, dormência e formigamento nas pernas, cansaço, piora da visão, furúnculos frequentes, 
cicatrização difícil e infecções de pele, podendo chegar à impotência sexual, glaucoma, amputações de 
membros, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência renal e abortamentos 
(em caso de gestação).
Os alimentos ingeridos, quando chegam ao intestino, recebem as enzimas envolvidas na digestão 
(“quebra”) de vários alimentos (carboidratos, proteínas, lipídios e ácidos nucleicos) e produzidas pela 
maioria das células do pâncreas, as células exócrinas, através do ducto pancreático, que se liga ao ducto 
colédoco (o qual transporta a bile da vesícula biliar para o intestino), tornando-se um só ao desembocar 
no intestino pelo esfíncter muscular (chamado de esfíncter de Oddi). A liberação do suco pancreático no 
intestino é estimulada pelo sistema nervoso, em conjunto com os hormônios secretina (que estimula a 
secreção de bicarbonato de sódio) e colecistocinina.
Essas enzimas facilitam a absorção desses alimentos, pois clivando-os e tornando-os menores 
facilitam sua passagem pelas células do intestino até chegar no sangue. Esse processo é chamado de 
absorção (veja a figura a seguir).
31
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Glândulas 
salivares
Esôfago
Estômago
Pâncreas
Cólon 
transverso
Jejuno
Cólon descendente
Íleo
Sigmoide
Reto
Ânus
Apêndice
Ceco
Cólon ascendente
Duodeno
Vesícula biliar
Fígado
Figura 5 – Esquema do aparelho digestório humano. Repare que o ducto que vem do pâncreas, se 
comunica com o que vem da vesícula e desemboca no intestino
Disponível em: https://cutt.ly/XAm4Lvh. Acesso em: 4 mar. 2022.
Entre as enzimas produzidas no pâncreas exócrino liberadas no intestino, podemos citar as 
seguintes: endopeptidases (elastase, colagenase, tripsina, quimotripsina, calicreína); exopeptidases 
(carboxipeptidase A e B, aminopeptidases); nucleases (ribonuclease, desoxirribonuclease); amilase; 
lipase; e fosfolipase A e B. Grande parte dessas enzimas são fabricadas na forma de zimogênios (ou seja, 
são inativas), sendo ativadas antes de alcançarem o intestino.
O suco pancreático, com pH entre 8 e 8,3, neutraliza o quimo (bolo alimentar que vem do estômago 
e tem pH ácido) com um de seus componentes, o íon bicarbonato, para que as enzimas tenham o pH 
ideal para sua catálise.
32
Unidade I
2.5.1 Análise do perfil pancreático-endócrino
Para analisarmos se a produção dos hormônios insulina e glucagon está correta, há necessidade de 
entender o funcionamento da parte endócrina no pâncreas.
Vamos dividir em dois momentos: quando a glicemia está alta e quando está baixa em pessoas sem 
problemas hormonais ligados ao pâncreas ou outra glândula.
Glicemia alta
Ao alimentarmos com carboidratos, a glicemia aumenta e o sangue passa pelo pâncreas e estimula 
as células das ilhotas beta de Langerhans que liberam no sangue o hormônio hipoglicemiante insulina. 
Ao mesmo tempo, também ocorre a inibição das ilhotas alfa, ou seja, o hormônio glucagon para de ser 
liberado no sangue.
A insulina que está no sangue liga-se aos receptores de membrana das células-alvo e, após essa 
ligação, várias vias de sinalização são ativadas, o que acarreta a translocação da proteína GLUT que está 
no citoplasma para a membrana plasmática. Essa proteína tem a função de se ligar à glicose e colocá-la no 
interior da célula por difusão facilitada.
Temos várias proteínas transportadoras de glicose GLUT (GLUT1 até GLUT7), cada uma presente 
em um tipo celular: células sanguíneas, rim, hepatócitos, intestino delgado, neurônios e músculos 
esquelético e cardíaco.
Glicemia baixa
Quando a glicemia está baixa, há liberação do hormônio hiperglicemiante glucagon pelas ilhotas alfa 
de Langerhans. Nesse momento, a insulina não será mais liberada e ocorrerá a via glicogenólise (“quebra” 
do glicogênio hepático), liberando glicose armazenada no fígado para o sangue e aumentando a glicemia.
Para analisar o funcionamento do pâncreas endócrino, devemos estudar a insulinemia, a determinação 
de glucagon no sangue e todos os exames relacionados com hipoglicemia e hiperglicemia:
• Hiperglicemia: trata-se de uma condição na qual o paciente apresenta um nível de glicose no 
sangue acima do valor de referência (99 mg/dl) após oito horas de jejum. Se for de 100 a 126 mg/dl, 
pode ser considerado pré-diabetes; igual ou acima de 126 mg/dl, diabetes.
• Hipoglicemia: a glicemia abaixo do patamar inferior do valor de referência (69 mg/dl) é chamada 
de hipoglicemia, mas para ser “patológica” deve ser inferior a 50 mg/dl em jejum, melhorando 
os sintomas após consumo de carboidratos. Ingestão de álcool em excesso, jejum ou pouca 
alimentação, esforço físico e outras causas levam a hipoglicemia de jejum e a pós-prandial (após 
a alimentação), ocasionado tremores, nervosismo, palidez, taquicardia, sudorese etc., chegando a 
convulsões, estupor e coma, por exemplo.
33
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
• Diabetes: há dois tipos de diabetes, a diabetes insipidus (DI) e a diabetes mellitus (DM). A DI é 
um tipo de diabetes em que a urina não apresenta glicose, mas possui sinais semelhantes ao DM: 
poliúria e sede. Devido à ausência do hormônio vasopressina (ADH – hormônio antidiurético), 
produzido no hipotálamo, os rins não conseguem controlar a produção de urina, levando à grande 
perda de líquido. São usados soro e plasma com EDTA pelo método de radioimunoensaio com 125I 
após extração, podendo ser estimulado por infusão EV de NaCl.
 Observação
Apesar de ser chamado de diabetes insipidus, não apresenta glicosúria 
(urina doce) ou hiperglicemia (glicose do sangue elevada), mas outros 
sintomas são similares aos da DM: poliúria e sede.
2.5.2 Marcadores bioquímicos no diagnóstico diabetes insipidus
São usados volume de urina em 24 horas e exames de sangue para avaliar os níveis de sódio e potássio, 
que podem estar alterados. Geralmente é solicitado que ocorra restrição de líquidos e verificados a 
quantidade de urina produzida e os níveis hormonais. Outro exame que o médico pode solicitar é uma 
ressonância magnética do cérebro para avaliar alterações que podem estar desencadeando a doença.
A DM decorre da falta de insulina e/ou da incapacidade de o hormônio insulina exercer adequadamente 
seus efeitos, o que causa uma síndrome metabólica e leva a sintomas como polidipsia (muita sede), 
poliúria (excesso de urina), polifagia (fome excessiva acompanhada de emagrecimento em DM2), 
cansaço e sonolência, pele seca, dor de cabeça, podendo evoluir para náuseas e vômitos, além de hálito 
cetônico (devido à formação de corpos cetônicos pelo organismo).
• Diabetes mellitus tipo 1 (DM1): é geralmente diagnosticada em crianças e jovens adultos. Cerca 
de 5% das pessoas com diabetes têm diabetes tipo 1. Neste tipo de diabetes, as células beta do 
pâncreas não produzem insulina provavelmente por um ataque autoimune.
• Diabetes mellitus tipo 2 (DM2): é a forma mais comum de diabetes. Como se manifesta de 
maneira silenciosa, os pacientes demoram muito para fazer o diagnóstico. Nesse tipo de diabetes, 
a produção de insulina é suficiente para manter a glicemia regulada. Ospacientes normalmente 
têm sobrepeso e há predisposição genética associada a fatores ambientais, como obesidade. Ela 
pode ser controlada com medicamentos, alimentação e exercícios.
• Diabetes gestacional: quando a mulher está grávida, a placenta reduz a ação da insulina e, com 
isso, estimula o pâncreas a aumentar a produção desse hormônio. Como o pâncreas não consegue 
produzir insulina suficiente para a mãe e o bebê, a glicemia aumenta e após o parto tende a voltar 
ao normal. Pode ocorrer, em alguns casos, que a mulher inicie DM tipo 2.
34
Unidade I
• Diabetes tipo Lada (diabetes latente autoimune do adulto): o surgimento tardio do diabetes 
tipo 1 pode ocorrer em pessoas acima de 35 anos de idade. Por ser um diabetes mellitus tipo 1 tardio, 
chamamos de diabetes 1 ½ (um e meio). A maioria dos pacientes tipo Lada têm IMC normal ou 
abaixo do normal.
• Diabetes tipo Mody (maturity onset diabetes of the young): jovens com aproximadamente 
25 anos de idade ou antes, que têm um dos pais com diabetes ou que têm diabetes na família 
há pelo menos duas gerações, podem apresentar a diabetes tipo Mody. A mutação de um ou 
uma série de genes podem prejudicar a produção ou a ação da insulina. O tipo mais comum é o 
diabetes Mody 3 (gene envolvido HNF1α).
 Saiba mais
Quando o pâncreas tenta compensar a diminuição da resposta das 
células, especialmente musculares e adiposas, à insulina, ele produz mais 
esse hormônio. Isso resulta em excesso de insulina no sangue, que, por sua 
vez, estimula as células, provocando desequilíbrio no pâncreas, o qual entra 
em estresse metabólico. Esse processo se chama resistência à insulina.
Para saber mais sobre o assunto, leia:
WAJCHENBERG, B. L. et al. Resistência à insulina: métodos diagnósticos 
e fatores que influenciam a ação da insulina. Arquivos Brasileiros de 
Endocrinologia & Metabologia, v. 43, n. 2, p. 1677-9487, 1999.
Entre os exames laboratoriais ligados à hiperglicemia/hipoglicemia na investigação clínica do perfil 
pancreático endócrino, podemos citar: glicemia de jejum; hemoglobina glicada (HbA1c); perfil lipídico; 
nível de insulina em jejum; insulinemia; e peptídeo C.
Glicemia de jejum no plasma
A amostra pode ser de plasma, soro, líquor ou líquido ascítico, pleural e sinovial, com jejum de 
8 horas, nunca com mais de 12 horas. O método usado é o enzimático (com as enzimas glicose-oxidase 
e peroxidase – GOD/POD) colorimétrico, que pode ser de ponto final e cinético. Esse exame avalia a 
glicemia imediata.
 Observação
A glicemia ou dextro basal (ou de jejum), quando medida no sangue 
capilar, poderá ser de 5% a 20% a mais do que no soro ou plasma, portanto, 
servirá apenas de alerta/controle grosso, podendo não refletir a realidade.
35
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Glicemia pós-prandial de 2 horas
Uma pessoa consome quantidades diferentes de alimento, com variados intervalos entre a última 
refeição. Por isso, as dosagens de glicemia sem jejum são falhas, ou seja, não há padronização.
A glicemia pós-prandial de 2 horas avalia corretamente a secreção de insulina após uma carga 
de glicose, pois o paciente colhe uma amostra de sangue em jejum e, após essa coleta, o laboratório 
fornece uma bebida com uma quantidade fixa de glicose (75 g). Ao final de 2 horas, uma nova amostra 
de sangue será coletada para aferição da sua glicemia.
A glicemia pós-prandial normal é aquela que, após 2 horas, se encontra abaixo dos 140 mg/dl. 
Valores entre 140 e 199 mg/dl indicam intolerância à glicose ou pré-diabetes, mesmo que a glicemia em 
jejum esteja abaixo de 100 mg/dl, e valores acima de 200 mg/dl indicam diabetes.
O método usado é o enzimático (com as enzimas glicose-oxidase e peroxidase – GOD/POD) 
colorimétrico, que pode ser de ponto final e cinético.
Teste de O’Sullivan
Usado para exames de glicemia com a finalidade de constatar diabetes gestacional (entre as 24 e 
as 37 semanas de gestação), em que a gestante, no laboratório, ingere 50 mg de glicose dissolvidos 
em 200 ml de água, analisando-se, após uma hora, uma amostra de sangue. Não é necessário jejum. 
Caso a dosagem seja igual ou maior que 140 mg/ml, é preciso fazer o teste de tolerância oral à glicose 
(teste TTG).
O método usado é o enzimático (com as enzimas glicose-oxidase e peroxidase – GOD/POD) 
colorimétrico, que pode ser de ponto final e cinético.
Hemoglobina glicada (HbA1c)
Quando o nível de glicose está muito alto no sangue, ela é adicionada, por meio de uma reação 
lenta, estável e enzimática, ao aminoácido valina N-terminal da cadeia beta da hemoglobina A (por isso 
se chama HbA1c). Como a hemácia tem um ciclo de vida de 90 a 120 dias, a glicose permanece estável 
no sangue todo esse tempo. Essa medida é indireta, pois pode sofrer interferência de outros problemas, 
como anemias, hemoglobinopatias, idade e etnia.
É usado o sangue total (EDTA ou heparina). A análise da subfração HbA1c reflete os níveis glicêmicos 
dos últimos 3 a 4 meses, enquanto a glicose sanguínea (glicemia de jejum) reflete apenas as 24 horas 
prévias. Sabe-se que pode ocorrer glicação em outros pontos da cadeia beta e/ou na cadeia alfa, processo 
que se chama HbA0 glicada.
Para termos o resultado desse exame, é necessário fazer o seguinte cálculo:
% A1c = A1c (g/dl) / Hb(g/dl) x 100
36
Unidade I
Em pré-diabéticos, encontra-se ≥ 5,7 e < 6,5; em diabéticos, ≥ 6,5, analisado com a positividade 
de outros exames como glicemia de jejum, glicemia pós-prandial 2 horas e glicemia ao acaso 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019). Geralmente, quando a HbA1c está em 5%, a glicemia 
média está entre 76-120 mg/dl; 6% = 100-152 mg/dl; 7% = 123-185 mg/dl; 8% = 183-196 mg/dl; 
9% = 170-249 mg/dl; 10% = 193-282 mg/dl; 11% = 217-314 mg/dl; e 12% = 240-347 mg/dl.
O método mais usado de determinação em laboratório é o sistema de colunas de resina de troca 
catiônica que separa a hemoglobina A (que posteriormente é determinada como HBA1c), através de 
espectrofotometria em 415 nm, por cromatografia em coluna de troca iônica em sistema de HPLC ou por 
ponto final usando anticorpo monoclonal em reação de aglutinação, cuja intensidade da aglutinação, 
medida em absorbância, é proporcional à quantidade de HbA1c presente na amostra. O valor de HbA1c 
é obtido através de curva de calibração. Pode também usar eletroforese de hemoglobinas.
Teste de tolerância oral à glicose (TTGO) ou curva glicêmica
Com jejum de 8 horas, é colhido o sangue, e após isso ocorre o estímulo com 75 gramas de glicose 
por via oral (ou 1,75 g/kg de peso em crianças). Dosagens incluem os tempos basais 30, 60, 90 e 
120 minutos e demais tempos conforme solicitação médica. Quando gestante, deverão ser abertos os 
tempos basais 60 e 120 minutos.
 Observação
Na curva glicêmica simplificada, também denominada de teste de 
tolerância oral à glicose (TTOG) de duas dosagens ou prova de Exton e Rose, 
após a coleta de sangue em jejum, são administrados 75 g de glicose em 
solução aquosa por via oral; após 120 minutos, faz-se nova coleta.
Tanto um valor de glicemia entre 100 e 125 mg/dl, encontrado em jejum, quanto níveis entre 
140 e 200 mg/dl, duas horas após a sobrecarga, evidenciam intolerância à glicose (pré-diabetes). Já uma 
glicemia superior ou igual a 200 mg/dl aos 120 minutos confirma o diagnóstico de diabetes mellitus.
O teste não é recomendado para pacientes com cirurgia bariátrica ou com diagnóstico confirmado 
de diabetes mellitus. Os interferentes são hemólise e lipemia acentuadas, ingestão de quantidade 
inadequada de glicose e vômito durante o teste.
O método usado será glicose-oxidase e peroxidase (GOD/POD), geralmente automatizado.
Quanto à interpretação dos resultados:
• tolerância normal à glicose: para pessoas com glicemia normal, os resultados devem ser 
inferiores a 139 mg/dl;
37
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
• tolerância diminuída à glicose ou pré-diabetes: resultados entre 140 e 199 mg/dl;
• diabetes mellitus: resultados superiores a 199 mg/dl.
200
160
120
80
40
180
140
10060
0 2 41
N
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)
3 5 Horas
Hiperinsulinismo
Normal
Diabetes
Figura 6 – Curva de glicemia após a ingestão de glicose. No indivíduo normal, o nível de glicose no 
sangue sofre um aumento e volta ao normal; no diabético, no qual não ocorre aumento da secreção 
de insulina após ingestão de glicose, a glicemia abaixa muito vagarosamente após 3 ou 4 horas da 
ingestão de glicose
Disponível em: https://cutt.ly/6AWmWcy. Acesso em: 4 mar. 2022.
 Observação
A curva glicêmica prolongada também pode ser solicitada para a 
detecção de hipoglicemia após ingestão alimentar. É possível detectar 
a hipoglicemia a partir dos 180 minutos. Considera-se o resultado 
significativo quando a glicemia se mostra inferior a 45 mg/dl.
Glicosúria
A eliminação de glicose pela urina não é normal. Quando seus níveis ultrapassam os limites normais, 
excede-se a capacidade de reabsorção dos túbulos renais (chamado de limiar renal) de 160 a 180 mg/dl 
(alguns autores falam em 180 a 200 mg/dl), então, o organismo tenta se proteger criando uma forma 
de excretá-la, na qual os rins a eliminam por meio da urina.
Como a glicose é um soluto e o soluto “arrasta” seu solvente, a glicose leva consigo mais água, 
gerando tanto o excesso de urina quanto outro sintoma da hiperglicemia: o excesso de sede (polidipsia). 
Caso o paciente elimine muita urina, pode ficar desidratado a ponto de entrar em estado de confusão 
mental (síndrome hiperglicêmica hiperosmolar), coma ou mesmo óbito. A síndrome hiperglicêmica 
hiperosmolar geralmente ocorre em idosos com diabetes tipo 2, havendo uma séria desidratação do 
organismo, pois além de o paciente perder urina, não ingere água.
A ingestão de fluidos afeta a quantidade de urina; assim, o resultado não reflete a glicose sanguínea 
no exato momento do teste, mas durante o tempo em que a urina foi acumulada na bexiga.
38
Unidade I
 Observação
Quando ocorre a excreção de glicose na urina significa que os rins 
não estão conseguindo fazer corretamente o processo de reabsorção de 
componentes, e pode-se ocorrer microalbuminúria, que está relacionada 
com um dano renal leve.
O exame pode ser realizado por exame automatizado através de leitor de tiras reagentes ou pelo 
processo enzimático de ponto final.
Frutosaminas
Este exame mostra o controle a médio prazo da glicemia, ou seja, outras proteínas além da hemoglobina 
reagem com a glicose, sofrendo glicação ou glicosilação, sendo a albumina a principal proteína.
Pode ser útil para os pacientes com anemia, doenças da hemoglobina ou insuficiência renal crônica, 
pois neste caso a hemoglobina glicada pode estar diminuída.
A vida média da proteína albumina é de cerca de 1 a 3 semanas, portanto, o exame mede a glicemia 
nesse período antes do exame. O método usado em laboratório é o cinético colorimétrico.
Insulina plasmática em jejum ou basal
Exame que reflete a produção de insulina, mostrando se há alguma desordem endócrina no pâncreas, 
como resistência à insulina (RI), produção insuficiente ou excesso de insulina.
É necessário jejum mínimo de 8 e máximo de 12 horas para colher amostras de sangue (plasma 
fluoretado e soro). Atualmente os métodos usados são os radioimunológicos ou imunoenzimáticos, que 
estão sendo substituídos pelos grandes laboratórios por métodos de quimioluminescência/colorimetria 
e eletroquimioluminescência ou fluorimetria com 152Eu (europium).
 Observação
Alguns laboratórios fazem a pesquisa de pró-insulina no plasma, com 
anticorpos anti-insulina.
Outra forma de diagnosticar a resistência à insulina é calcular o índice Homa (homeostasis model 
assessment ou modelo de avaliação da homeostase), cálculo realizado para avaliar a relação entre a 
quantidade de açúcar e a quantidade de insulina no sangue, ou seja, predizer a sensibilidade à insulina, 
com base na medida da glicemia e da insulina de jejum, assumindo que a RI seria a mesma no fígado e 
nos tecidos periféricos.
39
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Esse índice foi descrito em 1985 por David Matheus. A fórmula para sua obtenção é a seguinte:
Insulina em jejum (uU/ml) X 20 / (Glicose em jejum (mg/dl) X 0,0555) - 3,5
Os valores analisados são divididos para avaliar a resistência à insulina (Homa-IR) e a atividade 
do pâncreas (Homa-beta). Caso estejam acima dos valores de referência, geralmente quer dizer que 
existe maior chance de desenvolver doenças cardiovasculares, síndrome metabólica ou diabetes tipo 2, 
por exemplo.
Já o índice Homa-beta abaixo do valor de referência é indicativo de que as células do pâncreas não 
estão funcionando corretamente. A fórmula para avaliar a resistência à insulina (Homa-IR) é:
Homa-IR = Glicemia (mmol) x Insulina (ui/ml) ÷ 22,5
A fórmula para avaliar a capacidade de funcionamento das células beta do pâncreas é:
Homa-beta = 20 x Insulina (ui/ml) ÷ (Glicemia - 3,5)
Os valores devem ser obtidos em jejum. Caso a glicemia seja medida em mg/dl, é necessário aplicar 
ao cálculo (antes de aplicar a seguinte fórmula para se obter o valor em mmol/L) o valor de glicemia 
(mg/dl) x 0,0555.
Os valores de referência podem variar com o laboratório, mas se a pessoa tiver o Índice de Massa 
Corporal (IMC) muito alto, a interpretação deverá ser feita pelo médico.
Curva de insulinemia simplificada de 2 horas
O exame compreende dosagens seriadas de insulina e glicose (basal, 30, 60, 90 e 120 minutos 
após estímulo com 75 gramas de glicose por via oral, ou tempo basal e demais tempos, conforme 
solicitação médica).
Os valores da insulinemia normalmente acompanham os níveis de glicemia. Os valores da insulina 
são baixos (menos de 10 uU/ml) quando a glicose for menor que 60 mg/dl.
O método é eletroquimioluminométrico para determinação da insulina ou métodos de 
quimioluminescência/colorimetria.
Dosagem de peptídeo C
A insulina é produzida associada ao peptídeo C, com o nome de pró-insulina, que é inativa, e é 
posteriormente clivada, separando-se o peptídeo C da insulina, que agora será ativa. No diabetes tipo 2, 
a reserva insulínica dura mais tempo e os níveis de peptídeo C estão mais elevados que no diabetes 
tipo 1. O peptídeo C e a insulina são produzidos na proporção 1:1, mas o tempo de eliminação dos dois 
é diferente: a insulina é processada e eliminada principalmente no fígado, e o peptídeo C é removido 
40
Unidade I
pelos rins. O peptídeo C apresenta meia-vida de cerca de 30 minutos; já a da insulina é de 5 minutos (há 
cerca de 5 vezes mais peptídeo C que insulina no sangue).
Se o peptídeo C está abaixo do valor de referência, pode-se concluir que a produção da insulina pelo 
pâncreas também é reduzida; se for alta, significa que o pâncreas produz insulina, mas se o paciente 
estiver com glicemia alta, significa não ser suficiente. A dosagem de insulina e peptídeo C altos ocorre 
em hipoglicemia reativa (acontece pós-refeição) e por tumores produtores de insulina (insulinomas).
Com jejum de 4 horas, o soro e a urina são examinados por determinação em quimioluminescência/
colorimetria radioimunológica (ou Elisa).
2.5.3 Análise do perfil pancreático-exócrino
Já para sabermos como está a função exócrina, é necessário dosar as enzimas pancreáticas no soro; 
quando, por exemplo, a concentração da lipase ou amilase é superior ao valor de referência, pode haver 
uma inflamação ou doença no pâncreas; quando a concentração é baixa, pode-se estar diante de uma 
insuficiência pancreática ou outra doença grave no fígado.
A função pancreática exócrina pode ser avaliada por testes diretos ou indiretos.
2.5.3.1 Testes diretos
Teste da secretina-colecistocinina
Entre os testes diretos, o teste da secretina-colecistocinina é o que apresenta maior sensibilidade 
e especificidade. Devido à sua confiabilidade, o teste da secretina-colecistocinina é o procedimento 
padrão para a avaliação da função pancreática exócrina. Entretanto, deve-se ponderar que se trata 
de um teste demorado, caro, desconfortável e que não está padronizado em crianças, o que o tornainadequado para uso rotineiro em pacientes pediátricos.
O teste direto avalia a secreção do bicarbonato e das enzimas pancreáticas na secreção duodenal, a qual 
é obtida através da estimulação da glândula por administração intravenosa de secretina/colecistoquinina 
ou por meio de uma refeição padrão por via oral.
O teste da secretina-colecistocinina pode ser realizado por dois métodos distintos, a saber:
• Intubação duodenal: neste caso, é necessário realizar a intubação nasoduodenal por meio de 
uma sonda flexível, para em seguida fazer a infusão intravenosa de secretina ou colecistocinina. 
Após esse procedimento inicial, passa-se a coletar a secreção do suco duodenal, por aspiração 
em seringa, para quantificação das enzimas pancreáticas e do bicarbonato. Esse teste permite a 
classificação da insuficiência pancreática exócrina em disfunção leve, moderada ou grave. O teste 
possui sensibilidade e especificidade superiores a 90%.
41
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
• Endoscopia: nesta situação, inicialmente é necessário realizar-se a sedação do paciente para 
efetuar a endoscopia digestiva alta (EDA). Após a administração intravenosa de secretina 
ou colecistoquinina, faz-se a aspiração da secreção duodenal guiada por EDA nos tempos 
0, 15, 30, 45 e 60 minutos para a análise da concentração do bicarbonato e/ou da atividade 
das enzimas pancreáticas.
2.5.3.2 Testes indiretos
Os testes indiretos avaliam a função pancreática exócrina através da quantificação da capacidade 
digestiva da glândula e dos níveis de enzimas pancreáticas nas fezes.
Quantificação de gordura fecal
A avaliação da função digestiva pode ser realizada pelo exame coprológico funcional. Ele vai medir 
o nível de gordura fecal nas fezes (chamado de esteatorreia), que é característico de pancreatite crônica, 
fibrose cística, neoplasias, doença celíaca etc.
Calcula-se o coeficiente de absorção de gordura após uma dieta com sobrecarga de gordura 
por 5 dias. Esse teste é considerado o padrão-ouro para insuficiência pancreática exócrina com má 
absorção de gordura.
A pesquisa da gordura fecal é realizada por meio de exame microscópico com corante Sudan III 
ou por método colorimétrico. É importante lembrar que o teste não pode ser realizado se o paciente 
não puder comer pelo menos 100 g de gordura/dia, sendo que as fezes devem ser armazenadas na 
geladeira por 3 dias.
Quimiotripsina fecal
Quantifica a atividade da quimotripsina isolada em pequena amostra de fezes. A quimotripsina é 
variavelmente inativada durante a passagem intestinal, e a atividade da quimiotripsina fecal não reflete 
com precisão a secreção pancreática. Além disso, a diluição em pacientes com diarreia de qualquer 
etiologia irá diminuir a atividade fecal da enzima.
O teste é consistentemente normal em casos de PC leve e em cerca de metade dos pacientes com 
doença moderada ou grave. O resultado sofre interferências das enzimas pancreáticas exógenas, sendo 
utilizado para avaliação da terapia de reposição enzimática. É utilizado o método radioimunoensaio.
Tripsina imunorreativa (IRT)
Usada na detecção precoce da fibrose cística ou mucoviscidose, doença autossômica recessiva, para 
mutações no gene CFTR ou alfa-1-antitripsina (A1AT), a tripsina produzida no pâncreas aumenta na 
obstrução pancreática, sendo que o diagnóstico deve ser confirmado por outros testes, como a análise 
molecular do DNA.
42
Unidade I
O método é imunofluorimétrico, e a coleta geralmente é feita em recém-nascidos de até 30 dias, 
com punções de calcanhar do RN, preenchendo completamente todos os círculos em papel de filtro com 
camada fina e homogênea sem excesso ou manchas.
Elastase pancreática fecal
A elastase é uma enzima proteolítica produzida exclusivamente pelo pâncreas, estável durante 
o trânsito intestinal e analisada nas fezes, que reflete a função pancreática exócrina, sendo que sua 
concentração fecal se correlaciona significativamente com a quantidade de enzima secretada pelo 
pâncreas exócrino.
O frasco de coleta deve ser retirado no laboratório, e a amostra deve ser sem diarreia líquida. À 
temperatura ambiente, pode ficar 24 horas; se for refrigerada (entre 2 e 8 ºC), 72 horas; e se for congelada 
a -20 ºC, 1 ano.
A metodologia utilizada para quantificar a enzima é baseada em anticorpos humanos monoclonais 
específicos e não sofre interferência da terapia de substituição enzimática oral. A quantificação da 
elastase fecal não é sensível o suficiente para detectar pacientes com PC leve, porém sua sensibilidade nas 
doenças moderadas a graves atinge valores próximos a 100%. Os resultados devem ser correlacionados 
com exames de imagem e com a dosagem de gordura fecal.
A especificidade também é alta, limitada apenas pela diluição em casos de diarreia aguda. 
A determinação da elastase fecal é um teste de fácil aplicabilidade clínica e pode ser usado como 
primeiro teste para o estudo de pacientes com suspeita clínica de doença pancreática crônica e para o 
acompanhamento de pacientes suficientes pancreáticos.
Teste respiratório
É considerado um teste alternativo ao da quantificação de gordura fecal. Nele, o substrato 
(triglicerídeos) marcado é administrado por via oral com uma refeição teste. Ocorre hidrólise 
intraduodenal do substrato por enzimas pancreáticas específicas, e metabólitos marcados com C¹³ são 
liberados, absorvidos pelo intestino e metabolizados no fígado. Como consequência do metabolismo 
hepático, 13CO2 é liberado e eliminado com o ar expirado. É usado para a avaliação da terapia de 
substituição enzimática.
Amilasemia
A hiperamilasemia ocorre pelo aumento da amilase pancreática acima do limite superior de 
referência (LSR), em casos de pancreatite aguda, carcinoma de pâncreas, trauma cirúrgico e obstrução 
dos ductos pancreáticos.
A determinação de amilase pode ser feita no sangue (jejum de 4 horas, soro ou plasma heparinizado), 
nos líquidos ascítico, pleural e duodenal e na urina.
43
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
A amilasúria geralmente é realizada com a depuração da creatinina (depurações de amilase/creatinina, 
clearance de amilase). Caso não seja realizado no mesmo dia da coleta, deve-se congelar as amostras.
O método pode ser o cinético automatizado de tempo fixo ou o cinético colorimétrico. A amilase 
aumenta no soro de 6 a 12 horas após o início do quadro, mas existem casos de pancreatite em que não 
se vê aumento da amilase sérica, em decorrência do fibrosamento de tecido. A especificidade do teste é 
baixa, mas possui alta sensibilidade. Vale lembrar que pode ocorrer amilasúria (amilase na urina) durante 
quatro dias após o episódio agudo.
Na pancreatite aguda, o sangue contém pelo menos três vezes a quantidade normal de amilase e 
lipase, enzimas digestivas produzidas no pâncreas. Outras alterações também podem ocorrer no estudo 
bioquímico (como glicose, cálcio, magnésio, sódio, potássio e bicarbonato). Nesses casos, podem ser 
necessários os exames de ultrassom abdominal e tomografia computadorizada.
Valores altos de bilirrubina e hemoglobina interferem nos resultados.
O método usado para determinação de amilase na urina e sérica é o cinético colorimétrico.
 Saiba mais
A amilase sérica pode ser proveniente de dois locais: pâncreas e glândula 
parótida. Portanto, a amilase no soro pode aumentar não somente por 
problemas pancreáticos, mas por problemas na glândula parótida, como 
ocorre em herpes, catapora, caxumba, candidíase, sífilis e mononucleose 
infecciosa (doença do beijo) causada pelo vírus Epstein-Barr, todas 
transmitidas pela saliva. Para diagnosticá-las, há exames específicos, além 
de hemograma (será observada linfocitose, presença de linfócitos atípicos e 
diminuição do número de neutrófilos e plaquetas) e pesquisa de anticorpos 
específicos presentes circulantes no sangue contra o vírus responsável pela 
mononucleose, por exemplo.
Leia mais a respeito em:
MERRITT, A. D. et al. Salivary and pancreatic amylase: electrophoretic 
characterizations and genetic studies. AmericanJournal of Human Genetics, 
v. 25, n. 5, p. 510-522, 1973.
A macroamilasemia pode ser verificada quando ocorrer a formação de macromoléculas entre a 
amilase e imunoglobulinas, principalmente IgG e IgA. Como não são filtradas pelos glomérulos, em 
razão de seu alto peso molecular, ficam na circulação por um período maior que o habitual, levando a 
44
Unidade I
valores de atividade da amilase continuamente elevados, o que pode ser analisado por cromatografia 
(método enzimático).
Lipasemia
O pâncreas não consegue secretar a quantidade suficiente de todas as enzimas digestivas para 
digerir os alimentos no intestino, como ocorre na insuficiência pancreática, fibrose cística, pancreatite 
aguda ou crônica, diabetes do tipo 1 e câncer de pâncreas.
O aumento da lipase ocorre após 24 ou 48 horas em relação ao episódio agudo, com um pico 
máximo em 4 dias, mas o aumento é lento, o que torna esse exame desvantajoso.
Pode ser usado soro ou plasma heparinizado (outros anticoagulantes influenciam os resultados). O 
método usado é o enzimático cinético colorimétrico. Triglicérides, hemoglobina e bilirrubina causam 
interferência nos resultados.
 Observação
A amilasemia e a lipemia aumentam na pancreatite aguda e na 
crônica os níveis séricos de lipase e/ou amilase reduzidos; portanto, 
isoladamente, a sensibilidade desses testes é baixa para se estabelecer o 
diagnóstico definitivo.
Teste do suor (ou cloro no suor)
O teste do suor é considerado o exame padrão-ouro para o diagnóstico da fibrose cística e pode ser 
feito em qualquer idade. É indicado para recém-nascidos com alteração no teste do pezinho e pessoas 
que apresentem os sintomas característicos da doença (tosse crônica, pneumonia de repetição, suor 
mais salgado que o normal, diarreia, dificuldade para ganhar peso e estatura) ou que tenham histórico 
familiar de fibrose cística. Esses pacientes têm uma concentração de cloreto de sódio no suor mais 
elevada do que as pessoas saudáveis.
O exame ocorre com estimulação de suor ou sudorese com pequenos choques ou estimulação com 
pilocarpina. Após isso, faz-se a dosagem de cloro (Cl−) e sódio (Na+) no suor por teste quantitativo 
colorimétrico ou iontoforese realizado em equipamentos automatizados.
 Observação
Outros achados: em pacientes com pancreatite é frequente a 
hipocalcemia, provavelmente pela ação do glucagon sobre as glândulas 
paratireoides, levando ao aumento da incorporação do cálcio e depósito de 
cálcio na lesão pancreática.
45
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
2.6 Marcadores bioquímicos na avaliação do perfil lipídico
Estes exames avaliam o risco de doença cardíaca coronariana, sendo, portanto, bons indicadores 
do risco de infarto do miocárdio ou de acidente vascular cerebral causados por bloqueio de vasos 
sanguíneos ou aterosclerose.
O perfil lipídico em geral inclui:
• colesterol total;
• HDL-colesterol (lipoproteína de alta densidade);
• LDL-colesterol (lipoproteína de baixa densidade);
• triglicerídeos.
Se for perfil estendido, pode incluir:
• colesterol VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade);
• colesterol não HDL.
Saíram da rotina os exames dosagem de lipídios totais e eletroforese de lipoproteínas. Para que seja 
reflexo do que está ocorrendo no paciente, devemos minimizar os efeitos dos fatores pré-analíticos, 
conforme visto a seguir:
• a ingestão de álcool deve ser evitada por pelo menos 72 horas antes dos exames, pois interfere 
diretamente nos valores dos lipídios, especialmente dos triglicerídeos;
• os exames não devem ser realizados antes de 8 semanas posteriores à recuperação de traumas, 
cirurgias, infecções bacterianas e virais agudas ou doenças crônicas debilitantes;
• os exames em grávidas apresentam valores habitualmente elevados e só devem ser realizados 
3 meses após o parto.
É muito importante avaliar sempre o uso concomitante de medicamentos que podem influenciar 
nos resultados, como anti-hipertensivos (tiazidas, clortalidona, espironolactona, betabloqueadores), 
imunossupressores (ciclosporina, prednisolona, prednisona), esteroides (estrógenos, progestágenos, 
contraceptivos orais), anticonvulsivos, AAS, ácido ascórbico, antiarrítmico (amiodarona) e alopurinol.
Algumas patologias também podem afetar o nível sanguíneo de lipídeos, como hipertireoidismo, 
insuficiência renal crônica, diabetes mellitus, síndrome nefrótica e lúpus eritematoso sistêmico.
46
Unidade I
A qualidade da amostra é fundamental. Períodos de jejum inferiores a 8 horas e superiores a 14 horas 
não são recomendados. Nos casos de jejum inferiores a 9 horas, ocorre uma diminuição de 2 a 4% do 
LDL-C e de 1 a 4% do HDL-C, e um aumento de 2 a 4% do TG.
O jejum será recomendado em situações específicas, por exemplo, quando o paciente possuir alta 
concentração de triglicerídeos no sangue (acima de 440 mg/dl, sendo que o normal é de até 150 mg/dl).
Para um diagnóstico definitivo, a dosagem deve ser repetida em um intervalo de 8 a 15 dias, quando 
encontrado um valor alterado. Recomenda-se também que as dosagens sejam realizadas em um mesmo 
laboratório, possibilitando assim a comparação com a diminuição da variabilidade analítica.
No final de 2016, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sociedade Brasileira de 
Diabetes, a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina 
Laboratorial e a Sociedade Brasileira de Cardiologia publicaram um consenso sobre a normatização da 
determinação laboratorial do perfil lipídico, para dispensar a necessidade de jejum de 12 horas para 
avaliação laboratorial do perfil lipídico, o que teve início em 2017 nos laboratórios clínicos.
Pelos resultados obtidos, pode ocorrer a flexibilização do jejum para avaliação do perfil lipídico, já 
que estar em jejum ou alimentado não interfere sobremaneira na avaliação do risco cardiovascular 
(medidas do LDL-C e triglicerídeos).
Alguns parâmetros devem ser analisados, como:
• Os valores do perfil lipídico no estado alimentado são melhores indicadores de risco cardiovascular 
do que os valores em jejum.
• Passamos a maior parte do tempo no estado alimentado (o que reflete melhor as condições), e 
não no estado de jejum.
• A dosagem dos lipídeos no estado alimentado:
— é mais prática (por exemplo, por permitir a coleta em qualquer horário do dia);
— é mais segura (por exemplo, por evitar hipoglicemias em diabéticos);
— é mais conveniente (por exemplo, por possibilitar a coleta do sangue logo após a consulta médica);
— é mais econômica (por exemplo, por não haver necessidade de agendar dosagem em jejum em 
dias subsequentes);
— reduz o congestionamento de pacientes atendidos nos laboratórios nas primeiras horas 
da manhã.
47
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
É interessante lembrar que o estado de jejum, em geral após 8 horas, ainda é importante para 
poucos exames (como de glicemia) e alguns hormônios (insulina, hormônio do crescimento, cortisol 
e paratormônio).
 Observação
Dr. Seth Shay Martin, cardiologista preventivo e lipidologista clínico no 
Hospital Johns Hopkins em Baltimore, Maryland, defendeu seu estudo e a 
liberação de jejum para perfil lipídico adotada no Brasil.
Colesterol total (CT)
Como o processo de aterosclerose é silencioso, torna-se imprescindível a análise de colesterol e 
frações, principalmente da fração LDL-col para detectar a possível DAC (doença arterial coronariana).
O método para determinação de colesterol total é enzimático em soro por reação de ponto final. O 
uso de anticoagulantes como citrato, oxalato e EDTA produzem falsos resultados diminuídos.
Triglicerídeos (TG)
É um dos fatores de risco para doença coronariana isquêmica (DCI). Obesidade, sobrepeso, tabagismo, 
falta de atividade física e consumo excessivo de álcool também elevam os TG no sangue.
A metodologia se baseia em liberar o glicerol dos TG (a partir de amostras de soro ou plasma) e 
posteriormente realizar a medição por método de ponto final (sistema enzimático colorimétrico).
HDL-colesterol(HDL-C)
O HDL-col é considerado o “protetor das artérias” porque essa lipoproteína de alta densidade, 
conhecida popularmente como “colesterol bom”, pode remover uma parte do LDL-col das artérias e 
transportar até o fígado, onde será metabolizado.
Usa-se soro ou plasma (com heparina ou EDTA), e a metodologia é por precipitação seletiva das 
lipoproteínas de baixa e muito baixa densidade (LDL e VLDL), sobrando apenas HDL-col no sobrenadante, 
que é usado para determinação de sua quantidade por reação de ponto final.
LDL-colesterol (LDL-C)
A LDL-col, partícula altamente arteriosclerótica (por esta razão chamada de “colesterol ruim”), se 
deposita nas paredes das artérias, se ligando aos receptores localizados nelas e iniciando o processo de 
invaginação. Quando os monócitos “percebem” essa deposição, penetram na artéria no mesmo local, se 
transformam em macrófagos e tentam digerir essas partículas com colesterol, mas não conseguem, pois 
não têm lipase, e se tornam células espumosas que ali ficam, formando os ateromas.
48
Unidade I
Usa-se soro ou plasma (heparina ou EDTA, pois citrato e oxalato interferem diminuindo os resultados).
A metodologia usada se chama surfactante seletivo, pois usa dois surfactantes até liberar apenas 
LDL, e depois ocorre a reação que gera cor, a qual deve ser “analisada” em espectrofotômetro. Terá dois 
tempos em ponto final.
Este exame laboratorial não é muito usado, e a ultracentrifugação após a precipitação é inviável 
para a maioria dos laboratórios clínicos. Dessa forma, utiliza-se uma equação que estima a quantidade 
de LDL-col no sangue.
Até pouco tempo atrás, o LDL-col era calculado pela fórmula de Friedewald:
LDL-C = CT – (HDL-C + TG/5)
Onde TG/5 representa o colesterol ligado à VLDL ou VLDL-C. Essa equação tem bom desempenho 
em amostras com níveis de triglicérides entre 151-300 mg/dl. No entanto, se os TG estiverem com 
concentração maior que 400 mg/dl mesmo com jejum, o LDL-col não pode ser estimado por essa fórmula 
(lembre-se que é estimativa e não determinação!), mas pode haver erros da determinação do LDL-col 
por essa estimativa, pois compreende a soma de vários erros analíticos, tanto a imprecisão quanto a 
inexatidão, dos três parâmetros utilizados no cálculo.
Não existe método disponível para a determinação direta do VLDL-col, que também é estimado pelo 
cálculo triglicérides/5, pois presume-se que a maioria dos triglicérides plasmáticos são transportados 
pela VLDL e que corresponde a 1/5 de seu valor, mas esse cálculo ainda é imperfeito quando quilomícrons 
ou triglicérides estão com valor maior que 400 mg/dl.
Por esse motivo, usa-se a fórmula de Martin (veja a tabela a seguir), com alguns pontos a 
serem destacados:
• ela deve ser usada quando os valores dos triglicerídeos forem > 400 mg/dl;
• o jejum não é exigido;
• o divisor é variável, baseado na concentração de triglicerídeos (localizado na coluna vertical, à 
esquerda), e a concentração dos triglicerídeos pode variar de 7 mg/dl a 13.975 mg/dl;
• a fórmula também usa o colesterol não HDL (soma do LDL-col, VLDL-col e IDL-col), localizado na 
primeira linha da tabela 2 e variando de < 100 a ≥ 220 mg/dl.
49
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Tabela 1 – Cálculo de LDL usando a fórmula de Martin e de valores de 
referência do colesterol total e frações
Não HDL-c (mg/dL)
Triglicerídeos (mg/dL) < 100 100-129 130-159 160-189 190-219 > 220
7-49 3,5 3,4 3,3 3,3 3,2 3,1
50-56 4,0 3,9 3,7 3,6 3,6 3,4
57-61 4,3 4,1 4,0 3,9 3,8 3,6
62-66 4,5 4,3 4,1 4,0 3,9 3,9
67-71 4,7 4,4 4,3 4,2 4,1 3,9
72-75 4,8 4,6 4,4 4,2 4,2 4,1
76-79 4,9 4,6 4,5 4,3 4,3 4,2
80-83 5,0 4,8 4,6 4,4 4,3 4,2
84-87 5,1 4,8 4,6 4,5 4,4 4,3
88-92 5,2 4,9 4,7 4,6 4,4 4,3
93-96 5,3 5,0 4,8 4,7 4,5 4,4
97-100 5,4 5,1 4,8 4,7 4,5 4,3
101-105 5,5 5,2 5,0 4,7 4,6 4,5
106-110 5,6 5,3 5,0 4,8 4,6 4,5
111-115 5,7 5,4 5,1 4,9 4,7 4,5
116-120 5,8 5,5 5,2 5,0 4,8 4,6
121-126 6,0 5,5 5,3 5,0 4,8 4,6
127-132 6,1 5,7 5,3 5,1 4,9 4,7
133-138 6,2 5,8 5,4 5,2 5,0 4,7
139-146 6,3 5,9 5,6 5,3 5,0 4,8
147-154 6,5 6,0 5,7 5,4 5,1 4,8
155-163 6,7 6,2 5,8 5,4 5,2 4,9
164-173 6,8 6,3 5,9 5,5 5,3 5,0
174-185 7,0 6,5 6,0 5,7 5,4 5,1
186-201 7,3 6,7 6,2 5,8 5,5 5,2
202-220 7,6 6,9 6,4 6,0 5,6 5,3
221-247 8,0 7,2 6,6 6,2 5,9 5,4
248-292 8,5 7,6 7,0 6,5 6,1 5,6
293-399 9,5 8,3 7,5 7,0 6,5 5,9
400-13.975 11,9 10,0 8,8 8,1 7,5 6,7
Valores de referência do colesterol total e suas frações e dos triglicerídeos
Colesterol total (mg/dL) LDL-colesterol (mg/dL) HDL-colesterol (mg/dL) Triglicerídeos (mg/dL)
Desejável: < 200
Limítrofe: 200-239
Elevado: > 240
Ótimo: < 100
Subótimo: 100-129
Limítrofe: 130-159
Elevado: 160-189
Muito elevado: > 190
Normal: > 40 Normal: < 150
Limítrofe: 150-199
Elevado: 200-499
Muito elevado: > 500
Fonte: Faludi et al. (2017, p. 25).
50
Unidade I
Exemplo de aplicação
Paciente com colesterol total (CT) 200 mg/dl; HDL-C 40 mg/dl; e triglicérides (TG) 400 mg/dl. Qual é 
o valor estimado do LDL-C?
Usando a fórmula de Friedewald:
LDL-C = (CT – [HDL-C + TG/5]), onde LDL = (200 – [40 + 400/5])
LDL-C = (200 – [40 +80]) = 80 mg/dl
Usando a fórmula de Martin:
TG: 400 mg/dl (última linha da primeira coluna da tabela a seguir).
Não HDL-C: (CT- HDL), ou (200-40) = 160 mg/d (quarta coluna da tabela a seguir).
Verifica-se então o divisor na tabela a seguir, na intercessão das linhas TG e não HDL, chegando 
ao valor 8,1. Aplica-se a fórmula de Friedewald, mudando o divisor de 5 para 8,1. O LDL-C estimado é 
de 110 mg/dl.
Tabela 2 
Não HDL-c (mg/dL)
Triglicerídeos (mg/dL) < 100 100-129 130-159 160-189 190-219 > 220
7-49 3,5 3,4 3,3 3,3 3,2 3,1
50-56 4,0 3,9 3,7 3,6 3,6 3,4
57-61 4,3 4,1 4,0 3,9 3,8 3,6
62-66 4,5 4,3 4,1 4,0 3,9 3,9
67-71 4,7 4,4 4,3 4,2 4,1 3,9
72-75 4,8 4,6 4,4 4,2 4,2 4,1
76-79 4,9 4,6 4,5 4,3 4,3 4,2
80-83 5,0 4,8 4,6 4,4 4,3 4,2
84-87 5,1 4,8 4,6 4,5 4,4 4,3
88-92 5,2 4,9 4,7 4,6 4,4 4,3
93-96 5,3 5,0 4,8 4,7 4,5 4,4
97-100 5,4 5,1 4,8 4,7 4,5 4,3
101-105 5,5 5,2 5,0 4,7 4,6 4,5
106-110 5,6 5,3 5,0 4,8 4,6 4,5
111-115 5,7 5,4 5,1 4,9 4,7 4,5
51
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Não HDL-c (mg/dL)
Triglicerídeos (mg/dL) < 100 100-129 130-159 160-189 190-219 > 220
116-120 5,8 5,5 5,2 5,0 4,8 4,6
121-126 6,0 5,5 5,3 5,0 4,8 4,6
127-132 6,1 5,7 5,3 5,1 4,9 4,7
133-138 6,2 5,8 5,4 5,2 5,0 4,7
139-146 6,3 5,9 5,6 5,3 5,0 4,8
147-154 6,5 6,0 5,7 5,4 5,1 4,8
155-163 6,7 6,2 5,8 5,4 5,2 4,9
164-173 6,8 6,3 5,9 5,5 5,3 5,0
174-185 7,0 6,5 6,0 5,7 5,4 5,1
186-201 7,3 6,7 6,2 5,8 5,5 5,2
202-220 7,6 6,9 6,4 6,0 5,6 5,3
221-247 8,0 7,2 6,6 6,2 5,9 5,4
248-292 8,5 7,6 7,0 6,5 6,1 5,6
293-399 9,5 8,3 7,5 7,0 6,5 5,9
400-13.975 11,9 10,0 8,8 8,1 7,5 6,7
 
A partir de 2017, os laboratórios de análises clínicas brasileiros passaram a ter outro parâmetro no 
que diz respeito ao exame de perfil lipídico:
• é necessário relatar “em jejum” e “sem jejum”, mas 12 horas de jejum não são mais obrigatórias, 
conforme instruções médicas;
• é necessário estimar o valor do LDL-C usando a fórmula de Martin (ou de Friedewald se triglicérides 
< 400 mg/dl), ou realizar a dosagem direta do LDL-C;
• é necessário relatar o cálculo do colesterol não HDL (no laudo);
• é necessário relatar ou não o cálculo do VLDL-C (caso esse valor não seja descrito, o médico pode 
estimar o VLDL-C, dividindo os triglicerídeos por 5);
• é necessário manter a orientação de solicitar jejum, de pelo menos 8 horas, para dosagem da 
glicemia e outros exames nos quais o jejum seja indicado.
A leitura do LDL-C e não HDL-C passa a ser conforme a categoria de risco: sem jejum para a maioria 
dos pacientes e para crianças e idosos em separado, com jejum para pacientes com hipertrigliceridemia 
conhecidamente alta (TG maior que 440 mg/dl), medicações para hipertrigliceridemia severa e quando 
acompanhado de outros exames.
52
Unidade I
2.6.1 Avaliação lipídica completa
Na avaliação lipídica completa são examinados:
Proteína C reativa (CRP)
Proteína plasmática produzidano fígado em resposta à inflamação por agente infeccioso (por 
exemplo, bactérias) ou até pela placa ateromatosa, relacionada com a maior probabilidade de ruptura e 
subsequente evento oclusivo agudo. Para a determinação de risco cardiovascular, a referência é de até 
0,1 mg/dl ou abaixo de 1 mg/l. Trata-se de um importante marcador de inflamação que pode aparecer 
em outras situações que não somente em desordens hepáticas.
O exame não necessita preparo e o soro é analisado pelo método de imunoturbidimetria.
 Lembrete
A proteína C reativa é um importante marcador de inflamação e pode 
aparecer em outras situações que não somente em desordens hepáticas.
Glicemia de jejum (fasting glucose – FG)
Não pode passar de 100 mg/dl.
O método mais usado é o da glicose-oxidase e peroxidase (GOD/POD) por colorimetria de ponto final 
ou cinético.
Fibrinogênio
Relacionado com o depósito de fibrina na placa ateromatosa, tamanho do trombo e viscosidade 
do plasma. Quando em excesso, promove coagulação. Acima de 350 mg/dl há grave risco de trombose. 
O plasma é colhido em citrato trissódico e analisado por método de coagulometria.
Homocisteína
É um aminoácido plasmático parecido com a cisteína que causa lesões nas paredes arteriais, 
provocando a migração de monócitos para esse local, além de propiciar a proliferação de células arteriais 
para reconstruir o local. Está relacionada com o aumento da possibilidade de vasoclusão arterial e 
venosa e com o surgimento de doenças cardiovasculares como AVC, doença coronariana ou infarto 
cardíaco. Quando abaixo de 8 mmol/L, está associada com longevidade.
O aumento da homocisteína no sangue também pode acontecer devido ao consumo excessivo de 
proteínas (carne vermelha), baixa ingestão de alimentos com vitamina B6, folato ou vitamina B12; 
53
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
hipotireoidismo, doença renal ou psoríase; alguns medicamentos e estilo de vida (tabagismo, consumo 
excessivo de café e falta de atividade física).
Amostras de soro e plasma podem ser analisadas pela metodologia de reação enzimática, em modo 
cinético ou HPLC.
Lipoproteína A (LP (A))
Sintetizada pelo fígado, é uma lipoproteína idêntica em tamanho e composição à LDL-col, que migra 
na eletroforese entre as bandas VLDL e HDL. Ela contém a apolipoproteína específica (a) fortemente 
ligada a uma molécula de Apo B100 por uma ponte dissulfeto. É altamente aterogênica e tem um 
componente estrutural similar ao plasminogênio, fato que resulta na redução da fibrinólise e, portanto, 
em maior risco trombogênico.
Altos níveis estão associados ao aumento do risco para infarto do miocárdio e infarto cerebral, 
pois têm grande penetração na parede arterial, com resposta inflamatória e associada a maior chance 
de evento vasoclusivo. Acima de 30 mg/dl indica risco cardíaco especialmente na presença de 
aumento de fibrinogênio. O método mais usado é a imunoturbidimetria.
Apolipoproteínas A-1 (Apo A-1) e B-100 (Apo B-100)
As apolipoproteínas A-1 (Apo A-1) e B-100 (Apo B-100) são, respectivamente, os componentes 
proteicos do HDL-colesterol e do LDL-colesterol. As razões Apo A-1/Apo B-100 se correlacionam 
melhor com o risco cardíaco do que os valores isolados. Atualmente, os níveis plasmáticos das 
apolipoproteínas A-1 e B têm sido descritos como melhores preditores de doenças ateroscleróticas. 
O método mais usado é o de imunoturbidimetria.
Os exames a seguir já foram mencionados anteriormente:
HDL sintetizado no fígado
Está associado à proteção da doença cardíaca. Seus valores de referência são diferentes para homens 
e mulheres: para mulheres; acima de 60 mg/ml; para homens, acima de 70.
Triglicérides (TG)
Deve estar abaixo de 100 mg/dl. Geralmente se eleva por excesso de carboidratos.
Razão TG:HDL
Prediz risco de doença cardíaca. No exemplo TG = 80 e HDL = 80, a razão será 1:1, o que indica baixo 
risco; em TG = 200 e HDL = 50, a razão será 4:1, representando alto risco cardíaco.
54
Unidade I
VLDL
Sintetizado pelo fígado (menos que 400 mg/dl). A amostra para determinação de quilomícrons é 
sangue total (sem heparina) ou saliva. Os quilomícrons serão analisados por métodos moleculares, ou 
seja, por sequenciamento completo (NGS – sequenciamento de nova geração) de todas as regiões codificantes 
e regiões flanqueadoras adjacentes aos éxons de 62 genes relacionados à hipertrigliceridemia.
2.7 Marcadores bioquímicos na avaliação do perfil renal e cardíaco
O perfil renal básico engloba hemograma, uremia, creatininemia, uricemia e urina tipo I, e o ampliado 
pode constar de proteinograma eletroforético e imunoelectroforético, hemossedimentação, clearance 
de creatinina, equilíbrio ácido-base, ionograma no sangue e urina, beta-2-microglobulina no sangue e 
na urina, microalbuminúria, proteinúria de 24 horas, hepatograma, urocultura e antibiograma, anticorpo 
antimembrana basal glomerular, busca de acantócitos, PTH, transferrina, ferremia, magnesemia, glicemia, 
calcemia e fosfatemia.
Os principais marcadores de lesão renal usados são: proteinúria, microalbuminúria, ureia, creatinina, 
cistatina C e, como marcador endógeno, inulina.
A avaliação da função renal é feita através da estimativa da filtração glomerular (FG) pela medida 
da depuração de creatinina que é filtrada pelo glomérulo e não sofre reabsorção. Nesse exame é 
necessária a coleta de urina de 24 horas, e a depuração da creatinina pode ser feita usando a fórmula 
de Cockcroft-Gault:
FG (ml/min) = (140 – idade) x peso (kg) x 0,85 (se for mulher)*
Creatinina soro x 72
Ou, pela equação desenvolvida pelo grupo MDRD (Modification of Diet in Renal Disease) em 2006, 
que demonstrou ser mais precisa que a equação de Cockcroft e Gault, pois se utiliza de mais parâmetros 
(a ureia e a albumina):
RFG = 170 x [creatinina]-0,999 x [idade]-0,176 x [0,762 se mulher] x [1,180 se paciente negro] x [ureia]-0,170 
x [albumina]-0,318
Podemos citar como fatores extrarrenais que aumentam a creatinina: rabdomiólise, exercício 
vigoroso e uso de esteroides ou Aines (anti-inflamatórios não esteriodais).
Ureia
Produzida pelo fígado no ciclo da ureia e liberada pelos rins, é um metabólito importante para a 
avaliação da função renal. É livremente filtrada pelos glomérulos renais e 40 a 70% são reabsorvidos por 
difusão passiva no túbulo contornado proximal.
55
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
As patologias mais comuns que levam a esse aumento são insuficiência renal crônica e aguda e 
cálculos renais, mas pode estar aumentada em ICC, hemorragias, hiperalimentação, uso de corticoides 
e alguns antibióticos como tetraciclina, e diminuída por cirrose, desnutrição proteica, hepatopatia grave, 
mas sofre influência de processos catabólicos e fluxo urinário. O estudo da relação ureia-creatinina no 
soro é o melhor indicador do catabolismo proteico ou doença renal. O método usado é o cinético-UV.
Cistatina C
A cistatina C, inibidora de proteases lisossômicas principalmente catepsinas, é uma enzima presente 
nos líquidos biológicos como soro, líquido cefalorraquiano e leite. É livremente filtrada pelos glomérulos, 
em virtude de seu baixo peso molecular em combinação com uma carga elétrica positiva, e sua 
concentração sérica independe de idade, sexo, dieta, massa muscular e peso corporal, como ocorre com 
a creatinina.
Essa protease de baixo peso molecular é reabsorvida e metabolizada pelo túbulo contorcido distal, 
não sendo detectada na urina. Por ser reabsorvida e metabolizada nos túbulos, a cistatina C não retorna 
à circulação sanguínea.
Diminuições da função renal causam diminuição da taxa de filtração glomerular e aumento da 
cistatina C e de resíduos no sangue. Além de disfunção renal, a cistatina C foi associada à elevação do 
risco de doença cardiovascular e de insuficiência cardíaca em idosos.
O método usado normalmente é a imunoturbidimetria em soro ou plasma com heparina ou EDTA, 
em que a cisplatina C se liga a um anticorpo anticistatina C, que está ligado a partículas de látex, 
causando aglutinação, e aturbidez provocada é analisada em absorbância 540 nm.
No que tange ao perfil cardíaco, o músculo cardíaco realiza contrações repetitivas altamente 
reprodutíveis induzidas a intervalos regulares (produzidas pelo marca-passo) para a manutenção da 
circulação sanguínea. Ele não está sujeito a fadiga. A regulação da pressão arterial (normal sistólica inferior 
a 130 mmHg e diastólica inferior a 85 mmHg) é realizada pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona.
Analisando a bioquímica, a energia usada para o funcionamento do coração provém do glicogênio 
muscular e da fosfocreatina.
Entre as doenças que afetam o funcionamento do coração, o infarto agudo do miocárdio (IAM) 
é uma das mais importantes. O IAM é uma das causas mais comuns de mortalidade em adultos e 
geralmente é proveniente de trombose coronariana com oclusão da coronária, quando a área afetada 
do músculo que tem fluxo pequeno ou zero não consegue dar suporte ao processo de respiração celular, 
usando a fermentação e a creatina-fosfato como fonte de ATP. Dor torácica do tipo isquêmica, de 
mais de 20 minutos de duração; evolução típica das variações eletrocardiográficas sugestivas de IAM; e 
elevação ou diminuição das enzimas cardíacas séricas são indicativos de necrose miocárdica.
56
Unidade I
2.7.1 Exames que auxiliam o diagnóstico do infarto agudo do miocárdio
Além do ECG, temos dosagens bioquímicas laboratoriais de enzimas: creatina quinase (CK), aspartato 
aminotransferase (ALT), lactato desidrogenase (LD) e proteínas troponina (Tn) e mioglobina.
Os marcadores bioquímicos da injúria celular miocárdica podem ser de três variedades principais:
• marcadores citoplasmáticos enzimáticos, como a creatina quinase (CK) e a 
glicogênio-fosforilase (G6P), embora esta última enzima possa ser um marcador promissor e 
estar elevada em pacientes com danos cerebrais (por este motivo, deve-se ter cuidado com a 
interpretação de resultados);
• marcadores citoplasmáticos não enzimáticos, como a mioglobina e a cardioproteína ligada 
aos ácidos graxos (hFABP);
• marcadores não citoplasmáticos e não enzimáticos, como as cadeias de miosina e, principalmente, 
as troponinas.
2.7.1.1 Enzimas
O aumento da atividade dessas enzimas no plasma é reflexo da lesão das células do miocárdio.
Entre elas, podemos citar as isoenzimas de CK e LD, formas múltiplas de uma enzima que catalisam 
a mesma reação, em locais diferentes, mas diferem na estrutura.
Creatina quinase (creatina fosfoquinase ou CPK)
A CK tem duas subunidades chamadas de B e M. A CKBB ou CK-1 está presente no cérebro, e seu 
aumento no soro indica AVC ou câncer no cérebro. Já a CKMB ou CK-2 está presente no coração e 
sua elevação no sangue indica IAM. Por sua vez, a CKMM ou CK-3 está predominante na musculatura 
estriada, indicando algum tipo de distrofia. Portanto, para diagnóstico de IAM usa-se dosar a CKMB.
Na determinação da dosagem de CKMB cinética-UV ocorre a análise da atividade da enzima. 
O teste de CKMB massa detecta sua quantidade, independentemente de sua atividade, mostrando, 
portanto, enzimas ativas e inativas. Podem-se encontrar valores de CKMB maiores que CK total por 
conta das formas macromoleculares da enzima (macro-CK), que levam a resultados falso-positivos em 
ensaios de CKMB.
A determinação de CKMB é realizada no soro ou plasma (heparina ou EDTA) por método cinético-UV 
ou método UV otimizado (IFCC).
Lactato desidrogenase (desidrogenase lática ou LDH, LD)
A lactato desidrogenase tem quatro subunidades de dois tipos: M (músculo) e H (coração). Ela pode 
se combinar das seguintes formas: M4, M3H, M2H2, MH3 e H4 isolada.
57
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Quadro 2 – Tipo de LDH e sua localização
Composição Tipo Localização
MMMM M4 LDH5 Fígado e músculo esquelético
MMMH M3H LDH4 Fígado e músculo esquelético
MMHH M2H2 LDH3 Cérebro e rim
MHHH MH3 LDH2 Miocárdio e hemácias
HHHH H4 LDH1 Miocárdio e hemácias
Valores elevados estão relacionados com a destruição celular, como anemia hemolítica, infarto 
agudo do miocárdio, infarto pulmonar, doenças musculares, lesões hepáticas, neoplasias primárias ou 
secundárias (metastásicas) e hepatites, sendo de baixa especificidade e baixo valor diagnóstico no IAM.
O método usado é o cinético-UV no soro. Hemólise e bilirrubina elevam os resultados. Os resultados 
apresentam-se elevados dentro de 24 horas após a dor do infarto, sendo que a LDH1 é a que tem maior 
especificidade para miocárdio.
Mioglobina
Essa metaloproteína de núcleo porfirínico com ferro é semelhante à hemoglobina, e sua função é 
realizar o transporte intracelular de oxigênio no músculo do citoplasma para as mitocôndrias, com a 
finalidade de contribuir para a respiração celular.
Pode ser detectável de 1 a 3 horas logo após lesão isquêmica do miocárdio, sendo o indicador mais 
precoce, muito útil na triagem de pacientes com dor no peito examinados na clínica de emergência.
A determinação no soro é realizada pelo método da quimiluminescência, turbidimetria e nefelometria. 
Amostras fortemente hemolisadas serão rejeitadas.
Troponina
Essa proteína apresenta três subunidades: Tn-T, Tn-I e Tn-C. As troponinas T (cTnT) e I (cTnI) são 
consideradas os marcadores bioquímicos mais específicos e sensíveis para o diagnóstico de lesão 
isquêmica do miocárdio.
São encontradas duas isoformas da Tn-T no tecido cardíaco humano adulto: Tn-T1 e Tn-T2. A Tn-T2 
pode levar 2 semanas até retornar aos níveis normais após lesão no miocárdio, enquanto aumentos 
da troponina Tn-T1 retornam ao normal dentro de 5 a 10 dias. O aparecimento de Tn-T2 no soro é 
100% sensível e 95% específico para detecção de IAM.
As troponinas T e I podem ser consideradas como padrão-ouro, pois sua alta sensibilidade, 
ou seja, discretas elevações, é compatível com pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de 
elevação da CK-MB.
58
Unidade I
Uma diferença significativa entre as troponinas e a isoenzima CK-MB é que a CKMB só se eleva 
após lesão isquêmica irreversível, enquanto as troponinas, por terem menor peso molecular e por 
apresentarem uma fração livre no citoplasma celular, são liberadas mesmo em situação de isquemia 
reversível, caracterizada clinicamente por angina instável (veja a tabela a seguir):
Tabela 3 – Marcadores plasmáticos da necrose miocárdica
Marcador Elevação após Pico às Retorno ao normal
Mioglobina 1-4 horas 8-10 horas 24 horas (normal às 18-24 horas) 
TGO 6-8 horas 16-24 horas 3-5 dias
LDH 8-12 horas 24-48 horas 7 dias
CK 4-8 horas 12-24 horas 3-4 dias
CK-MB 4-8 horas 12-20 horas 2-3 dias (normal em 3-4 dias) 
Troponina I 3-12 horas 12 horas 3-10 dias (normal em 10-15 dias)
Troponina T 3-12 horas 12-48 horas 7-10 dias
As troponinas podem ser dosadas no soro por imunoensaios com anticorpos monoclonais dirigidos 
contra sítios antigênicos específicos, pois existem diferenças antigênicas entre as troponinas dos músculos 
esqueléticos e cardíacos, e o uso de antissoros específicos permite a identificação e quantificação de 
cada uma delas.
Considerando o fato de que os pacientes são atendidos em tempos variados após o início do evento 
isquêmico, independentemente do marcador em questão, deveriam ser coletadas amostras seriadas, em 
geral, na admissão do paciente e após 3, 6 e 9 horas depois da admissão.
2.7.1.2 Outros indicadores de injúria miocárdica
Em busca de identificação de fases mais precoces da injúria miocárdica, quando ela ainda é reversível, 
uma variedade de marcadores “inflamatórios” é avaliada, como os subprodutos da injúria endotelial e da 
ativação leucocitária, por exemplo, a elastase, a proteína C reativa e o amiloide sérico A, os quais estão 
sendo estudados, porém com eficácia ainda a ser esclarecida.
h-FABP (heart-type fatty acid binding protein)
São proteínas conhecidas como cardioproteínas ligadas aos ácidos graxos que também representam 
marcadores precoces da injúria miocárdica. A isoforma existente no miocárdio é a h-FABP, cuja estrutura 
é peculiar, e apenas pequenas quantidades são detectadas nosmúsculos esqueléticos e nos rins. Mais 
estudos são necessários para o completo esclarecimento do papel da h-FABP na detecção da injúria 
miocárdica. No presente estágio, parece que a rapidez da eliminação corporal desses marcadores, até 
certo ponto, pode limitar a aplicação do teste.
Os níveis séricos e urinários da h-FABP elevam-se após infarto agudo do miocárdio e permitem 
detectar a existência de injúria mais precocemente que a CK-MB e a troponina T.
59
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
2.8 Marcadores bioquímicos na avaliação do perfil muscular
Transtorno muscular ou doenças do músculo é uma terminologia geral e se aplica a inúmeros tipos 
de distúrbios nos músculos que podem ser adquiridos e hereditários.
As principais causas de lesão muscular podem ser:
• físicas e/ou traumáticas: trauma e compressão ocorridas em acidentes de carro, desastres, 
imobilização, trombose, embolia, choque, exercício físico extenuante, convulsões, tétano, lesão 
por corrente elétrica e hipertermia;
• não traumáticas: miopatias metabólicas, doença de McArdle, deficiências das enzimas da cadeia 
respiratória mitocondrial, deficiência de carnitina;
• medicações e toxinas: álcool, anfetaminas (incluindo o ecstasy), antimaláricos, acidentes ofídicos, 
picadas de insetos;
• distúrbios endócrino-metabólicos: hipotireoidismo e doenças imunológicas como dermatomiosite 
e polimiosite.
O diagnóstico é feito por exames musculares, bioquímicos e imunocitoquímicos, além da eletromiografia.
 Saiba mais
A eletroneuromiografia, que é o estudo da função dos nervos e músculos 
através de estímulos e registros da atividade elétrica dessas estruturas, e as 
biópsias de nervo e músculo são usadas para, em conjunto com os exames 
laboratoriais, fechar o diagnóstico. Crianças são afetadas geralmente 
por causas genéticas, e causas tóxicas ou inflamatórias afetam qualquer 
idade, apesar de idosos serem mais afetados por doenças degenerativas. O 
eletrocardiograma estará alterado, denotando cardiomiopatia, geralmente 
por fibrose miocárdica e infiltração por tecido adiposo, apresentando 
anormalidades de condução elétrica que podem causar morte súbita por 
arritmia cardíaca.
Para saber mais sobre o tema, recomendamos a leitura do artigo:
NÓBREGA, J. A. M.; MANZANO, G. M. Eletroneuromiografia: bases e 
aplicações. Revista Neurociências, v. 4, n. 2, p. 63-67, 1996. Disponível em: 
https://cutt.ly/SSRuKLq. Acesso em: 21 mar. 2022.
60
Unidade I
Entre os sintomas, podemos citar dor, a qual limita o movimento normal, além de fraqueza muscular 
e alteração de sensibilidade, que engloba dormência, formigamento, queimação e dor.
Em alguns casos, a distrofia apresenta sinal de Gottron (manchas e descamação na pele no local 
da dor). Na doença de Raynaud, quando arteríolas, geralmente dos dedos das mãos e dos pés, sofrem 
um espasmo, a pele torna-se pálida ou com manchas vermelhas e, posteriormente, azuis. Na distrofia 
muscular de Duchenne, herança ligada ao cromossomo X, a fraqueza muscular é progressiva.
Para o diagnóstico de distrofia muscular (DM), deve-se fazer um estudo molecular do DNA 
(buscando alterações genéticas por PCR – polymerase chain reaction), estudo do RNA (procurando 
mutação genética e PTT – proteína truncada), biópsia muscular (procurando proteínas que faltam ou que 
sofreram mutações) e analisar morfologicamente células que serão diferentes das normais, concluindo 
com colorações imuno-histoquímicas para proteínas específicas, com a distrofina.
A rabdomiólise (RM) é uma síndrome caracterizada pela destruição das fibras musculares esqueléticas 
que resulta na liberação dos constituintes intracelulares das fibras para a circulação sanguínea. Apresenta 
um quadro clínico relacionado com dor muscular ou urina escurecida relacionada com a degradação 
muscular por várias causas, como uso de medicamentos da família das estatinas, trauma ou injúria 
direta, excesso de atividade muscular e defeitos enzimáticos hereditários.
2.8.1 Exames bioquímicos relacionados com problemas musculares
Os exames a seguir são utilizados para auxiliar no diagnóstico de transtornos musculares, entre os 
quais podemos relatar a elevação das enzimas musculares, proteínas e sais minerais.
• Enzimas musculares:
— CK (creatina quinase): CKMM é uma isoenzima específica para dano muscular. A enzima 
encontrada no músculo esquelético tem duas subunidades M, sendo que a CKMB está presente 
na sua maioria no músculo cardíaco e a CKBB está presente no cérebro. Após dano muscular, 
seus níveis se elevam rapidamente no soro. O método usado nos laboratórios para dosar essa 
isoenzima é o eletroforese-enzimático. A AST ou TGO (transaminase glutâmico-oxalacética) 
não é exclusiva dos hepatócitos. É usada no auxílio do diagnóstico de miopatias e aumenta 
conjuntamente com CK e DHL (ou desidrogenase láctica – LD) quando ocorrem danos 
musculares. O método usado para determinação no soro é o cinético-UV.
 Observação
Encontrada com maior frequência em mulheres de idade mais avançada, 
a macro-CK tipo 1 é um complexo de CK-BB ou CK-MM ligado à IgG ou à 
IgA sem associação patológica. Ela pode ser relacionada com o aumento 
persistente e crônico da atividade da CK total no sangue.
61
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
— LD (ou LDH, ou DHL – desidrogenase láctica): é inespecífica, pois pode estar elevada no 
sangue por várias causas, como mononucleose infecciosa, miopatias, infarto do miocárdio, 
infarto pulmonar ou renal, hepatite, alcoolismo, pancreatite aguda, fraturas e obstrução 
intestinal. Permanece elevada vários dias após a lesão. O método usado para sua determinação 
no sangue é o cinético-UV.
— Aldolase: enzima da glicólise encontrada nos hepatócitos e miócitos, portanto está 
relacionada com lesão muscular e hepática. Níveis muito elevados de aldolase estão relacionados 
com distrofia muscular progressiva e outras miopatias ou lesões musculares, até mesmo 
em neoplasias e no infarto do miocárdio. O método para a determinação no soro é o 
enzimático-UV.
— Piruvato quinase: faz parte da via metabólica chamada de glicólise e pode estar moderadamente 
aumentada em dano muscular, principalmente em animais. Em seres humanos não é de grande 
importância para distúrbios musculares e sim para anemias hemolíticas. A metodologia é a 
espectrofotometria cinética.
• Proteínas:
— Mioglobina: proteína encontrada nos músculos cardíaco e esquelético. Assim, sua elevação 
sérica pode estar relacionada com infarto do miocárdio, traumas musculares, miopatias, 
rabdomiólise e até insuficiência renal. Os danos musculares elevam a mioglobinemia (sobem 
antes da creatina quinase), e quando ela excede 20 mg/dl ocorre mioglobinúria. O método 
usado para sua determinação é o imunoensaio.
— Creatinina: a creatina (ácido metil-guanadinoacético) é uma substância composta de três 
aminoácidos: arginina, glicina e metionina. Liga-se ao fosfato, e quando é necessária energia, é 
degradada, gerando ATP e creatinina. Este exame é normalmente usado na avaliação da função 
renal. A metodologia é a cinético-colorimétrica.
• Sais minerais:
— Cálcio: normalmente relacionado com distúrbios do metabolismo de cálcio e fósforo, 
incluindo doenças ósseas, nefrológicas e neoplásica. A lesão no músculo leva à liberação de 
componentes musculares, como eletrólitos e proteínas. A hipercalcemia é classificada como 
marcador de gravidade da lesão muscular. O método usado para medir cálcio no sangue 
é o colorimétrico.
— Fósforo: como já explicado, a hiperfosfatemia também pode ser colocada como marcador de 
gravidade de lesão muscular. O método usado é fotométrico, com leitura em faixa ultravioleta.
— Potássio: a hipercalemia ocorre por necrose muscular – por exemplo, pela síndrome do 
esmagamento, que leva a rabdomiólise grave. O metodo mais usado é o potenciométrico.
62
Unidade I
 Observação
O cloreto de potássio (KCl) é usado na clínica veterinária para eutanásia 
de animais. O animal é previamente anestesiado e é realizada a aplicação 
exclusivapor via IV. Esse sal produz fibrilação ventricular cardíaca e morte 
entre 1 e 2 minutos.
3 MÉTODOS E TÉCNICAS EM HEMATOLOGIA CLÍNICA
O laboratório clínico de hematologia é o segundo setor de maior concentração na realização de 
exames laboratoriais. Com importância clínica, diagnóstica e terapêutica, os exames realizados nesse 
serviço contam com automação técnica, não dispensando a atuação do profissional biomédico na fase 
analítica, principalmente na avaliação celular hematológica do teste de hemograma.
O hemograma é o principal exame realizado no serviço de hematologia. Sua finalidade é avaliar os 
aspectos físicos e morfológicos das células sanguíneas e possíveis agentes interferentes, com ênfase na 
avaliação qualitativa e quantitativa das células do sangue e seus subprodutos.
O teste é dividido em três principais análises de linhagens celulares: a linhagem eritrocítica 
(eritrograma), a linhagem leucocítica (leucograma) e a linhagem plaquetária (plaquetograma). Nessas 
análises são avaliados o tamanho e a forma celular, a coloração e as inclusões citoplasmáticas e 
nucleares nas células, a presença de vacúolos, as atipias celulares, entre outros caracteres. Vale ressaltar 
que o plaquetograma é avaliado no contexto celular do hemograma, com inter-relação com as provas 
coagulativas nos testes de hemostasia, que serão abordadas posteriormente.
Assim, com a evolução tecnológica, o hemograma que antigamente era realizado rotineiramente 
por métodos manuais (contagem de células em câmaras microscópicas, com corantes específicos) e, 
de maneira automatizada rudimentar, hoje são efetivados em equipamentos robustos que permitiram 
maior velocidade e confiabilidade nos processos analíticos. A figura a seguir mostra uma lâmina de 
hemograma, evidenciando a imagem de hemácias microcíticas e a presença de poiquilocitose (alteração 
na forma das hemácias) sob coloração de Giemsa:
63
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Figura 7 – Esfregaço sanguíneo avaliado manualmente revelando alterações na 
linhagem eritrocítica do hemograma (microcitose e poiquilocitose)
Fonte: Matos et al. (2015, p. 128).
Assim, com o advento tecnológico automatizado, os testes hematológicos sofreram uma 
verdadeira revolução, utilizando-se de quantidades ínfimas de amostra biológica e minimizando a 
ação humana no processo analítico. A seguir, abordaremos as tecnologias atualmente utilizadas na 
rotina laboratorial.
3.1 Metodologias aplicadas aos testes hematológicos
Para se realizar um teste hematológico, dispomos de duas grandes situações laboratoriais: os 
processos manuais e os processos automatizados. Para finalidade didática e por se tratar do principal 
teste hematológico realizado em laboratórios de análises clínicas, utilizaremos o modelo do teste de 
hemograma para evidenciar essas duas situações.
Quando lançamos mão da metodologia manual para se realizar um hemograma, necessitamos 
de equipamentos básicos de laboratório, como centrífugas e microcentrífugas de hematócrito, 
espectrofotômetro e microscópio. As contagens celulares globais (hemácias, leucócitos e plaquetas) 
e a diferencial leucocitária são realizadas sob microscopia com a utilização de corantes específicos, 
o hematócrito é rodado na microcentrífuga específica, com o uso de capilares, e a quantificação da 
hemoglobina é executada por reação lida em espectrofotômetro.
Todo o processamento manual do teste de hemograma é demorado, dispendioso e trabalhoso para a 
área técnica. Ainda, ressaltamos que todos esses procedimentos são operador-dependentes, o que não 
exclui a possibilidade de erros diagnósticos e falhas de padronização nas etapas do exame.
64
Unidade I
Com os processos automatizados, a realização do teste de hemograma ganhou outra roupagem, 
trazendo maior fluidez nos testes e menor impacto humano nos erros analíticos. Fundamentado 
na automação laboratorial, o hemograma é realizado por diferentes principais métodos, que se 
complementam para a avaliação das três linhagens celulares: impedanciometria, citometria de fluxo 
e citoquímica.
A impedanciometria é uma metodologia descrita por Wallace Coulter na década de 1950 e 
fundamentada na condução da eletricidade. As células sanguíneas são avaliadas conforme sua capacidade 
de conduzir eletricidade e deslocar fluidos e líquidos no interior dos canais do equipamento. Com a 
passagem das células por esse caminho, é gerado um pulso elétrico com deslocamento de diluentes 
condutores de eletricidade; conforme esse deslocamento, as células são avaliadas e classificadas. 
Sabidamente, os eritrócitos, os leucócitos e as plaquetas possuem diâmetros distintos. Dessa forma, 
por essa metodologia, a contagem global das células sanguíneas é realizada e quantificada conforme a 
população celular.
Atualmente, contamos com canais específicos com impedâncias diferentes que permitem a 
contagem de todas as populações celulares em um mesmo evento. Também por impedanciometria 
são calculados o volume corpuscular médio (VCM) e o hematócrito na série eritrocítica.
Os equipamentos baseados na impedanciometria utilizam ferramentas da espectrofotometria para a 
quantificação da hemoglobina nos eritrócitos, viabilizando o cálculo da hemoglobina corpuscular média 
(HCM) e da concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM). Já as análises por citometria de 
fluxo e por citoquímica permitem o diagnóstico e identificação de populações celulares distintas entre 
as grandes populações celulares (eritrocítica, leucocítica e plaquetária).
Atualmente, dispomos de equipamentos com citometria de fluxo fluorescente que analisam 
as características celulares no processo de migração em células de fluxo estreitas. A amostra – e, 
consequentemente, as células – é marcada com corante fluorescente com afinidade ao DNA/RNA célula; 
quando ela é estimulada por feixe de laser semicondutor, as células são separadas utilizando-se três 
sinais: dispersão frontal de luz, dispersão lateral de luz e fluorescência lateral.
A dispersão frontal sinaliza o volume/tamanho celular. A dispersão lateral traz dados sobre o interior 
da célula (presença de núcleo, grânulos etc.), e a fluorescência lateral evidencia a quantidade de ácidos 
nucleicos celulares.
Esses dados agrupados geram o histograma de dispersão celular, conforme as populações semelhantes 
identificadas no hemograma.
Ressaltamos que essas três metodologias são utilizadas rotineiramente pelos principais 
equipamentos automatizados de hematologia, que serão apresentados nos próximos tópicos deste 
livro-texto. Por fim, com o processo de automação na hematologia, os laboratórios de análises clínicas 
ganharam mais rapidez, maior especificidade e sensibilidade, reprodutibilidade e, consequentemente, 
maior produtividade no processo de realização de exames.
65
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
3.2 A automação no teste do hemograma
Entre os testes hematológicos, em especial o hemograma, atualmente é utilizado em grandes rotinas 
laboratoriais um sistema de automação que compreende técnicas modernas de análise das células 
sanguíneas e seus componentes. A seguir, abordaremos três das principais plataformas disponíveis no 
mercado diagnóstico no Brasil e no mundo.
3.2.1 Plataforma Roche
A plataforma Roche, atualmente com a linha de equipamentos Sysmex, está presente nos principais 
laboratórios de hematologia do Brasil e do mundo. Com tecnologia robusta, a Roche realiza exames de 
hemograma por citometria de fluxo fluorescente, a qual quantifica e qualifica as diferentes populações 
celulares do sistema sanguíneo e dos demais fluidos corporais.
Na sua linha Sysmex, a Roche realiza a análise convencional hematológica, apresentando como 
diferenciais a identificação do desvio à esquerda na linhagem leucocítica, de eritroblastos e reticulócitos 
na série eritrocítica e das plaquetas imaturas no plaquetograma. A figura 8 apresenta o equipamento 
XN-9100-301 da Roche Diagnóstica e a figura 9 evidencia o histograma de pontos do equipamento XN, 
com assubpopulações celulares leucocíticas hematológicas quantificadas, diferenciadas e classificadas.
Figura 8 – Equipamento XN-9100-301, da Roche Diagnóstica
Fonte: Sysmex (s.d.b, p. 4).
O equipamento XN-9100-301 é composto de três analisadores hematológicos XN-10 e um preparador 
e corador de lâminas SP-50. Com velocidade de processamento de até 300 hemogramas por hora, 
esse sistema aspira cerca de 88 µL de sangue para realizar um hemograma e 70 µL de sangue para 
confeccionar um esfregaço.
66
Unidade I
Linfo
Mono
Neut + Baso
EOSSC SFL = Luz fluorescente lateral
SSC = Luz dispersa lateral
SF
L
XN - DIFF
IG
Debris
IG
Figura 9 – Histograma de dispersão diferencial de populações de células sanguíneas: 
 linhagem eritrocítica e leucocítica
Fonte: Sysmex (s.d.c, p. 3).
3.2.2 Plataforma Horiba
A Horiba, na sua linha de equipamentos Horiba Evolutive Laboratory Organisation (Helo), trouxe 
ao mercado diagnóstico aparelhos que realizam, além de hemogramas – com o reconhecimento de 
eritroblastos, reticulócitos e plaquetas –, o estudo citológico de outros líquidos cavitários, baseado em 
citometria de fluxo. A figura 10 traz o exemplo do modelo de equipamento Yumizen H2500.
Com capacidade para realizar 120 hemogramas por hora, o equipamento Yumizen H2500 avalia 
55 parâmetros hematológicos de maneira automática, aspirando menos de 110 µL de sangue para 
realizar um hemograma. Ele possui, ainda, viabilidade para arquivar 100 mil registros de resultados, 
entre gráficos e corridas de amostras.
67
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Figura 10 – Equipamento Yumizen H2500, da Horiba Medical Diagnostics
Disponível em: https://cutt.ly/sStzgiu. Acesso em: 4 mar. 2022.
3.2.3 Plataforma Abbott
A Abbott, grande fabricante de equipamentos para análises clínicas, inovou o design para a realização 
de exames hematológicos com a linha Alinity. Esses equipamentos realizam os testes de hemograma 
com o preparo de lâminas e de esfregaços automaticamente.
De maneira rápida e eficaz, essa plataforma tem modelos de aparelhos que realizam a análise 
diferencial leucocitária por tecnologia avançada MAPSS (MultiAngle Polarized Scatter Separation – em 
português, Separação e Dispersão Polarizada com Vários Ângulos).
Essa metodologia permite a diferenciação mais acurada das diferentes linhagens celulares do sangue. 
Assim, essa linha de equipamentos realiza a contagem global e diferencial de leucócitos, eritrócitos e 
reticulócitos por dispersão óptica e fluorescência combinadas e de plaquetas por dispersão óptica.
O módulo Alinity HS permite a feitura e coloração de 65 lâminas de esfregaço por hora, utilizando 
menos de 25 µL de sangue, de maneira automática. A figura a seguir apresenta os equipamentos da 
linha Alinity.
68
Unidade I
Com capacidade para realizar 119 hemogramas por hora, o equipamento Alinity HQ tem capacidade 
máxima de 120 tubos de amostra no seu processamento, aspirando menos de 100 µL de sangue para 
realizar um hemograma. Ele possui, ainda, viabilidade para arquivar 100 mil registros de resultados, 
100 arquivos de calibração e 1.000 arquivos de controle de qualidade.
Figura 11 – Equipamento Alinity h-series, da Abbott Diagnóstica
Fonte: Core Laboratory (s.d.).
3.3 Aplicação do hemograma no diagnóstico de doenças
O teste de hemograma é rotineiramente utilizado para o diagnóstico de doenças hematológicas. 
Entretanto, vale ressaltar que esse teste é um exame de triagem para diferentes situações clínicas, como 
nas doenças infecciosas, nos quadros inflamatórios agudos e em outras condições de doenças. Aliado 
aos dados clínicos, o teste de hemograma permite ao médico concluir diagnósticos e prognósticos dos 
nossos pacientes.
A análise da série, ou linhagem, eritrocítica é compreendida pela contagem e análise dos eritrócitos, 
pela dosagem da hemoglobina (Hb), pelos valores de hematócrito e pelos índices hematimétricos 
(volume corpuscular médio – VCM; hemoglobina corpuscular média – HCM; concentração da 
hemoglobina corpuscular média – CHCM e o RDW, que avalia o grau de anisocitose, ou seja, diferenças 
de tamanho dos eritrócitos).
A análise da linhagem eritrocítica é primordialmente considerada para o diagnóstico das principais 
anemias, destacando-se as anemias carenciais (ferropriva/B12/folato) e as anemias genético-hereditárias 
(anemia falciforme e talassemias).
As anemias são classificadas, pelo hemograma, conforme as populações das hemácias (anisocitose 
e poiquilocitose). Assim, temos algumas anemias denominadas microcíticas/hipocrômicas e as 
anemias macrocíticas.
Entre as anemias microcíticas/hipocrômicas, com diminuição de VCM, HCM e, em casos mais graves, 
CHCM, destacamos as anemias ferroprivas e as talassemias. Ressaltamos que, utilizando-se o cálculo 
de Green e King, podemos inferir e diferenciar as anemias ferroprivas das talassemias, devendo ser 
confirmadas por testes complementares, como a eletroforese de hemoglobina.
69
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
No grupo das anemias macrocíticas, temos as anemias carenciais por deficiência de vitamina B12 ou 
ácido fólico. Para a anemia falciforme, há a presença de drepanócitos na lâmina avaliada no hemograma.
Por fim, no hemograma com elevação do índice de CHCM, destacamos a esferocitose hereditária, 
doença que deve ser estudada pelo teste de resistência osmótica eritrocitário.
A série leucocítica é composta da contagem global dos leucócitos e da sua análise diferencial absoluta 
e relativa. As células são classificadas conforme a presença de grânulos e de acordo com seu tamanho e 
composição, considerando-se neutrófilos, basófilos, eosinófilos, linfócitos e monócitos.
O estudo da linhagem leucocítica permite evidenciar quadros importantes, como as leucocitoses e as 
leucopenias. Entre as leucocitoses, destacamos as leucocitoses fisiológicas, reativas e patológicas.
A leucocitose fisiológica, de grau leve, é muito comum em gestantes, recém-nascidos, lactantes e 
em condições de estresse temporário, como após exercícios físicos e em pessoas febris. Já a leucocitose 
reativa está relacionada com a elevação do número de neutrófilos nos processos de infecções bacterianas, 
inflamações, necrose tecidual e doenças metabólicas. Por fim, no grupo das leucocitoses temos a 
leucocitose patológica, a qual se relaciona com as doenças mieloproliferativas e linfoproliferativas, como 
as leucemias, policitemia vera, mieloesclerose e alguns linfomas. A leucopenia (diminuição no número de 
leucócitos) acontece em menor frequência, destacando-se por reações autoimunes e imunodeficiências, 
pelo uso de drogas, poluentes e algumas infecções bacterianas específicas.
A série plaquetária é constituída pelos fragmentos do citoplasma dos megacariócitos e compõe 
o processo inicial da hemostasia (processo primário), atuando como tampões e desencadeantes da 
coagulação sanguínea.
Os quadros de plaquetopenia acontecem por três principais motivos: consumo exagerado de 
plaquetas, diminuição da produção plaquetária ou destruição exacerbada de plaquetas. Já a plaquetose 
(aumento do número de plaquetas) acontece em quadros de anemia ferropriva, hemorragias agudas, 
processos inflamatórios e infecciosos crônicos, anemias hemolíticas, leucemias, policitemia vera, 
trombocitemia essencial e doenças mieloproliferativas.
3.4 Testes complementares na hematologia clínica: modelo anemia falciforme, 
talassemias e esferocitose hereditária
Algumas doenças hematológicas são, por diversas vezes, suspeitadas em um primeiro teste, como no 
hemograma. Nesse contexto, destacamos as hemoglobinopatias (variantes que acometem a molécula 
de hemoglobina) e a esferocitose hereditária (alteração na membrana das hemácias que compromete 
sua estrutura morfofuncional).
3.4.1 Hemoglobinopatias
As hemoglobinopatias são um grupo heterogêneo de doenças genéticas, de caráter recessivo, que 
causam anormalidades qualitativas ou quantitativas na síntese da hemoglobina, ocasionando em muitos 
casos o quadro anêmico.
70
Unidade I
A anemiaé primordialmente caracterizada pela diminuição da quantidade de hemoglobina 
nas hemácias, fato este constatado no hemograma durante a análise da linhagem eritrocítica. As 
anemias podem ocasionar alterações no tamanho dos eritrócitos (anisocitose, com macrocitose e/ou 
microcitose) e variações no formato das hemácias (poiquilocitose, com a presença de drepanócitos, 
como na anemia falciforme).
Entre as principais hemoglobinopatias, destacaremos a seguir a anemia falciforme e as talassemias.
3.4.1.1 Anemia falciforme
A anemia falciforme é uma doença genética e hereditária que se desenvolve devido à presença 
de uma variante no gene que codifica a cadeia β da hemoglobina, ocasionando a formação de uma 
hemoglobina anômala denominada hemoglobina S.
Do ponto de vista genético, temos no produto proteico da tradução do RNAm transcrito desse gene a 
substituição de um ácido glutâmico por uma valina, acarretando alterações das cargas da hemoglobina 
na solubilidade e na sua estabilidade. A hemoglobina S forma polímeros na desoxigenação e, com isso, 
decorre o enrijecimento da sua membrana. Dessa forma, a hemácia falciforme tende a obstruir os 
capilares, levando a episódios de vasoclusão.
3.4.1.2 Talassemias
As talassemias são doenças genéticas que ocorrem devido à presença de variantes (mutações) nos 
genes responsáveis pela produção adequada da hemoglobina. Ocasionada pela deficiência parcial ou 
total de cadeias alfa ou beta globínicas, as talassemias são diferenciadas clinicamente e por testes 
laboratoriais realizados após o hemograma, como a eletroforese de hemoglobina.
3.4.1.3 Eletroforese de hemoglobinas
A eletroforese de hemoglobina é um teste laboratorial que permite a identificação de frações normais 
e anômalas da molécula de hemoglobina.
Os diferentes subtipos de hemoglobina são avaliados em um processo de corrida eletroforética em 
pH alcalino que, quando submetido a uma corrente elétrica, as partículas migram de acordo com seu 
tamanho e carga elétrica e são posteriormente comparados com o padrão normal para a idade de 
cada paciente.
3.4.2 Esferocitose hereditária
A esferocitose hereditária é uma doença de caráter genético, autossômico dominante, causada por 
alterações na membrana das hemácias e consequente alteração no formato dos eritrócitos (esferas).
71
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
3.4.2.1 Curva de resistência osmótica
A curva de resistência osmótica é um teste laboratorial utilizado para verificar a fragilidade osmótica 
das hemácias. O exame consiste em mensurar a resistência da membrana das hemácias no processo de 
incorporação de água no seu interior. Este procedimento é utilizado principalmente para o diagnóstico 
da esferocitose hereditária, com diminuição da resistência e aumento da curva no teste.
3.5 As provas de hemostasia: principais aspectos metodológicos
As provas de hemostasia são testes laboratoriais que avaliam os processos coagulativos sanguíneos. 
De caráter primário (vaso-plaquetário) ou secundário (via cascata de coagulação), a hemostasia tem a 
finalidade de retomar o equilíbrio após processos traumáticos.
Atualmente temos testes laboratoriais realizados de maneira rotineira no atendimento de pacientes 
com distúrbios coagulativos, pré-operatórios e até mesmo pós-cirúrgicos. Abordaremos neste capítulo 
os principais testes, suas metodologias e aplicabilidade.
3.5.1 Testes de avaliação da hemostasia
3.5.1.1 Contagem de plaquetas
A contagem de plaquetas é realizada no escopo do exame de hemograma, de maneira automatizada. 
Ainda, ela pode ser avaliada manualmente e conferida em lâmina.
Nos equipamentos de hematologia, as plaquetas são avaliadas geralmente por dispersão óptica 
(Alinity h-series) ou por citometria de fluxo fluorescente com corante específico para plaquetas (linha XN, 
da Roche).
3.5.1.2 Tempo de sangramento (TS)
O TS é um teste operador-dependente, realizado na unidade de coleta do laboratório clínico, com a 
finalidade de avaliar o processo de agregação plaquetária mediante a uma pequena incisão no lobo da 
orelha do paciente. Após a incisão, monitora-se o sangramento com um cronômetro, absorvendo com 
um papel filtro, a cada 30 segundos, até que cesse espontaneamente.
3.5.1.3 Prova do laço
A prova do laço tornou-se uma rotina nas unidades laboratoriais, principalmente realizado em 
pacientes com suspeita de dengue. Este teste tem a finalidade de avaliar a fragilidade capilar, muito 
presente em pacientes com arboviroses.
72
Unidade I
3.5.1.4 Automação nos testes de coagulação: tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa) 
e tempo de protrombina (TP)
Os equipamentos que avaliam as provas de TTPa e TP mimetizam os processos de hemostasia que 
ocorrem in vivo. Divididos em duas categorias (semiautomatizados e automatizados), esses aparelhos 
permitem a incubação de reações com parametrização de diluições e controle de qualidade laboratorial, 
contabilizando os devidos tempos das reações.
Os aparelhos semiautomáticos são utilizados nas rotinas diagnósticas, melhorando os processos de 
padronização de testes de coagulação, não descartando a interferência humana na fase analítica do 
teste. Já quando tratamos de automação completa, o fator humano é descartado e a sistematização é 
implantada de forma acurada.
Citamos como exemplo o equipamento Sysmex CA-1500, da Roche, que apresenta performance 
robusta, com capacidade de processar cerca de 80 provas de TP/TTPa por hora simultaneamente e realiza 
testes de dímero-D quantitativo e antígeno Von Willebrand. Esse aparelho conjuga métodos de dispersão 
de luz, turbidimetria e colorimetria para a realização dos testes de coagulação.
A figura a seguir apresenta o aparelho Sysmex CA-1500:
Figura 12 – Equipamento Sysmex CA – 1500, da Roche Diagnóstica
Disponível em: https://cutt.ly/6StnZt6. Acesso em: 4 mar. 2022.
73
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
3.5.2 Aplicação dos testes de tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa) e tempo 
de protrombina (TP) na rotina diagnóstica
3.5.2.1 Tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa)
O tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa) é um teste que avalia a atividade secundária do 
processo de hemostasia. Com finalidade de identificar distúrbios na via intrínseca da coagulação, o 
TTPa encontra-se elevado em casos de deficiência dos fatores XII, XI, IX e VII (via intrínseca) e X, V, II e I 
(via comum). Dessa forma, o TTPa está alterado em pacientes com hemofilias, deficiência de vitamina K 
e hepatopatias.
3.5.2.2 Tempo de protrombina (TP)
O tempo de protrombina (TP) também é um teste de segunda intenção, avaliando a via extrínseca 
e a via comum da cascata de coagulação (VII, X, V, II e fibrinogênio). Ele se encontra modificado em 
pacientes com alterações nesses fatores ou em mediadores de sua atividade (vitamina K).
3.6 A biologia molecular e a citogenética aplicadas à hematologia
As técnicas de biologia molecular e citogenética no diagnóstico de doenças hematológicas são 
rotineiramente utilizadas em laboratórios especializados em doenças oncológicas (onco-hematologia), 
nos processos anêmicos hereditários (principalmente na investigação das talassemias) e nos quadros 
hemorrágicos (destacando-se a hemofilia A).
Com especificidade diagnóstica e valor prognóstico importante, a detecção de anormalidades 
no DNA e na sua expressão gênica são cruciais para o tratamento e aconselhamento genético dos 
nossos pacientes.
Quando pensamos em pacientes com quadros onco-hematológicos, em especial pacientes com 
leucemia, os testes citogenéticos (cariótipo e Fish) são ferramentas importantes para o tratamento 
personalizado.
O cariótipo é o estudo do conjunto cromossômico de uma espécie. O exame pode ser realizado em 
diferentes materiais, por exemplo, na amostra coletada da medula óssea para pacientes com suspeita de 
leucemia mieloide crônica e para a investigação do cromossomo Philadelphia (Ph), conforme ilustrado 
na figura a seguir:
74
Unidade I
9
22
Figura 13 – Cromossomo Ph (destacadocom retângulo vermelho), ao lado do cromossomo 22 normal
A finalidade desse teste é avaliar e triar, de maneira clássica, anormalidades cromossômicas 
(aneuploidias e grandes alterações estruturais) com resolução de aproximadamente 450-550 bandas 
cromossômicas. Para a execução dessa técnica, é necessária a coleta de material biológico vivo do 
paciente e posterior processamento celular, uma vez que é preciso analisar células em metáfase (fase 
do ciclo celular na qual é possível visualizar os cromossomos sob microscopia óptica) para obter 
o cariótipo.
Em se tratando de cariotipagem de medula óssea (KT-MO), o protocolo desse teste é relativamente 
diferente do que é visto em genética e citogenética humana, onde se estuda o cariótipo de sangue 
periférico para doenças constitucionais. Para realizarmos o KT-MO, devemos realizar a coleta de aspirado 
de medula óssea, a ser realizado pelo médico (preferencialmente hematologista).
Após a coleta, o material medular é submetido a diferentes processamentos: faz-se cultivo de 
amostra por 24 horas e outros tubos com cultivo de 72 horas. Após a cultura, processa-se a amostra com 
a adição da colchicina e conduz-se a preparação cromossômica e feitura das lâminas para coloração 
específica. Assim, os cromossomos medulares são avaliados em diferentes cultivos, para garantir a 
origem da possível variante e o resultado fidedigno ao paciente.
A seguir, abordaremos as principais variantes encontradas em pacientes com leucemias e síndromes 
mielodisplásicas.
Entre os quadros leucêmicos, destacamos a leucemia mieloide aguda, na qual os pacientes podem 
apresentar anormalidades citogenéticas, como a inversão do cromossomo 16 (figura 14) e a translocação 
entre os cromossomos 8 e 21 (figura 15). Já a translocação entre os cromossomos 15 e 17 (figura 16) é 
mais frequentemente encontrada em pacientes com leucemia promielocítica aguda.
A LMA inv(16) – CBFB/MYH11 tem característica monocítica e granulocítica, seguida de eosinofilia. 
Presente em aproximadamente 10-12% dos casos de LMA, a inv(16) geralmente acomete pacientes jovens.
75
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
1
6
13
19
2
7
14
20
3
8
15
21 22
46,XX,inv(16)
4
9 10 11
1716
X
5
12
18
Y
Figura 14 – Exemplo de cariótipo de medula óssea com inversão do cromossomo 16, evento comum 
em pacientes com LMA
A t(8;21) é uma variante frequente nas LMA. Ela envolve os genes AML1/Etoa, sendo um indicador de 
bom prognóstico para tratamento quimioterápico e remissão da doença para pacientes adultos.
1
6
13
19
2
7
14
20
3
8
15
21 22
46,XX,t(8;21)
4
9 10 11
1716
X
5
12
18
Y
Figura 15 – Exemplo de cariótipo de medula óssea com translocação 8;21 envolvendo os genes, 
evento comum em pacientes com LMA
76
Unidade I
A variante t(15;17), envolvendo os genes PML e Rara é geralmente (em 90% dos casos) encontrada 
em pacientes com leucemia promielocítica aguda. Com a fusão entre os genes PML e Rara é estabelecida 
a produção de uma oncoproteína PML-Rara, a qual interrompe a diferenciação de células mieloides em 
estágio de promielócitos e desencadeia a ação proteica oncogênica.
1
6
13
19
2
7
14
20
3
8
15
21 22
46,XY,t(15;17)
4
9 10 11
1716
X
5
12
18
Y
Figura 16 – Exemplo de cariótipo de medula óssea com translocação 15;17 envolvendo os genes PML 
e Rara, evento comum em pacientes com LMA
Já a alteração envolvendo os cromossomos 9 e 22 (translocação 9;22) é comumente descrita nas 
leucemias mieloides crônicas. Essa translocação gera um produto proteico quimérico entre os genes BCR 
e ABL, o qual tem atividade tirosina quinase que promove a proliferação celular. A figura a seguir mostra 
essa anormalidade citogenética clássica:
77
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
1
6
13
19
2
7
14
20
3
8
15
21 22
46,XX,t(9;22)(q34;q11.2)
4
9 10 11
1716
X
5
12
18
Y
Figura 17 – Exemplo de cariótipo de medula óssea com translocação 9;22 envolvendo 
os genes BCR e ABL, evento comum em pacientes com LMC
Quando utilizamos métodos de citogenética molecular (fluorescence in situ hybridization – Fish) para 
avaliar alterações cromossômicas, utilizamos sondas fluorescentes (oligonucleotídeos) alvo-específicas 
que hibridam em targets dos cromossomos das células do paciente, e essas células são avaliadas sob 
microscopia de fluorescência. Nesse teste não necessitamos de células em metáfase, como na análise 
cariotípica clássica.
A figura a seguir mostra casos de pacientes com translocação BRC/ABL negativo e positivo para um 
cromossomo 9 e um cromossomo 22:
78
Unidade I
A) 
BCR/ABL positivo
Célula com translocação (9;22) B) 
Células normais
Célula normal sem t(9;22)
Figura 18 – Exemplo de Fish para genes BCR/ABL mostrando: A) Célula com um cromossomo 9 e 
um cromossomo 22 translocados; B) Célula sem anormalidade para os genes BCR e ABL
Ainda, podemos realizar o diagnóstico de pacientes com LMC – positivo para BCR/ABL com o teste 
de qPCR. Este teste quantifica o transcrito da fusão do oncogene ABL com o gene BCR – t(9;22) - 
cromossomo Philadelphia - Ph). No qPCR são quantificados os transcritos p190 e p210, frequentemente 
detectados em pacientes com LMC.
3.6.1 Aplicação do sequenciamento massivo em paralelo (NGS – next generation 
sequencing) nas coagulopatias
O estudo de distúrbios coagulativos que envolvem mais de um gene (poligênico) e/ou que clinicamente 
tenham sobreposição de fenótipos (com necessidade de caracterização genômica inequívoca para o 
correto diagnóstico) atualmente pode ser realizado com a tecnologia de sequenciamento massivo em 
paralelo. Essa técnica viabiliza o estudo de múltiplas regiões genômicas em um único teste, otimizando 
recursos financeiros e biológicos para a identificação de variantes genômicas.
No mercado diagnóstico, atualmente temos painéis multigênicos que compreendem grande parte 
das coagulopatias, como apresentado pela empresa Mendelics, laboratório especializado nessa linha de 
testes moleculares. Assim, temos hoje em dia um painel de coagulopatias hereditárias que sequenciam 
as regiões intrônicas e exônicas de diferentes genes, incluindo a análise de variações do número de 
cópias de regiões genômicas (CNVs), destacando-se as hemofilias A e B, as alterações plaquetárias, as 
deficiências de fatores V, VII, X, XI, XII, XIII e XIIIb, entre outros. Este teste avalia os genes ACTN1, ANO6, 
AP3B1, ARPC1B, BLOC1S3, COL4A1, COL4A2, DTNBP1, F10, F11, F12, F13A1, F13B, F2, F5, F7, F8, F9, FGA, 
FGB, FGG, FLI1, GFI1B, GGCX, GP1BA, GP1BB, GP6, GP9, HPS1, HPS3, HPS4, HPS5, HPS6, ITGA2, ITGA2B, 
ITGB3, LMAN1, MCFD2, NBEAL2, P2RY12, PLA2G4A, PLAT, PLAU, PRKACG, RASGRP2, SERPIND1, SLFN14, 
TBXA2R, TBXAS1, VKORC1 e VWF.
Temos, ainda, um teste dedicado disponível para avaliar as principais variantes envolvendo a 
hemofilia A grave (Inv22 e Inv1) no gene do fator VIII.
79
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
4 MÉTODOS E TÉCNICAS EM UROANÁLISE
O sistema excretor (aparelho urinário) é um conjunto de órgãos que filtram o sangue, produzem e 
excretam a urina (principal líquido de excreção do organismo). É constituído de dois rins, dois ureteres, 
uma bexiga e uma uretra. Os rins estão protegidos pelas últimas costelas e por uma camada de gordura 
e possuem uma cápsula fibrosa que protege o córtex (parte mais externa) e a medula (mais interna). É o 
responsável pela homeostase (equilíbrio do meio interno), filtrando o plasma e removendo as substâncias 
indesejáveis ingeridas pela pessoa ou produzidas pelo metabolismo corporal. Cada rim é formado de 
tecido conjuntivo, que sustenta e dá forma ao órgão, e por milhares ou milhões de unidades filtradoras 
(unidade morfofisiológica dos rins), os néfrons.
Os néfrons são constituídos de cápsula de Bowman, que se conecta com o túbulo contorcido 
proximal, o qual continua pela alça de Henle, pelo túbulo contorcido distal e desemboca em um 
tubo coletor.
Além da função de filtração do plasma, possui funções que se relacionam com o sistema endócrino:
•produção do hormônio eritropoetina induz a produção de hemácias na medula óssea;
• ação do paratormônio nos rins, que são estimulados a produzir 1,25-di-OH-colecalciferol, além de 
promover a reabsorção tubular de fosfato e excreção de cálcio;
• ação da angiotensina II a partir da diminuição da filtração renal, importante fator de regulação 
do equilíbrio hidroeletrolítico.
 Observação
Por conta das várias funções renais, é comum em pacientes com 
insuficiência renal crônica a presença de anemia, hipercalcemia e hipertensão.
A regulação da função renal se baseia na ação de dois hormônios: o hormônio antidiurético (ADH), 
principal agente fisiológico regulador do equilíbrio hídrico, produzido no hipotálamo e armazenado na 
hipófise; e a aldosterona, produzida nas glândulas suprarrenais, que aumenta a absorção ativa de sódio 
e a secreção ativa de potássio nos túbulos distal e coletor.
Em 24 horas, são filtrados cerca de 180 litros de fluido do plasma; porém, são formados apenas 
1 a 2 litros de urina por dia, o que significa que aproximadamente 99% do filtrado glomerular são 
reabsorvidos. Havendo necessidade de reter água no interior do corpo, a urina fica mais concentrada, 
em função da maior reabsorção de água; e havendo excesso de água no corpo, a urina fica menos 
concentrada, em função da menor reabsorção de água.
80
Unidade I
Entre as patologias mais importantes relacionadas com os rins, podemos citar a insuficiência renal 
aguda (IRA) e a insuficiência renal crônica (IRC).
A insuficiência renal aguda (IRA) é uma emergência médica, caracterizada por oligúria ou por anúria, 
e se baseia na perda rápida de função renal por danos nos rins, levando ao aumento de ureia e creatinina, 
além de distúrbios metabólicos, como acidose metabólica, hipercalemia (níveis elevados de potássio), 
mudanças no balanço hídrico corpóreo e efeitos em outros órgãos e sistemas.
São possíveis causas da IRA:
• pré-renal (causas relacionadas ao suprimento ou fluxo sanguíneo): hipotensão (fluxo 
sanguíneo diminuído), habitualmente por choque ou desidratação e perda de líquido; ataque 
cardíaco; problemas vasculares, tais como trombose da veia renal;
• renal (dano ao rim propriamente dito): infecção; toxinas ou uso contínuo de medicamentos 
(por exemplo, alguns anti-inflamatórios não esteroidais – Aines, antibióticos aminoglicosídeos, 
anfotericina B, contrastes iodados e lítio); rabdomiólise (destruição de tecido muscular) e hemólise 
(pois a hemoglobina danifica os túbulos, o que é causado por várias condições, tais como doença 
falciforme e lúpus eritematoso);
• pós-renal (causas no trato urinário): retenção urinária (devido a medicamentos, hipertrofia 
prostática benigna ou cálculos renais); pielonefrite; obstrução devido a neoplasias abdominais 
(câncer ovariano, câncer colorretal).
Por sua vez, a insuficiência renal crônica (IRC) é caracterizada pela perda progressiva, irreversível e 
geralmente lenta da função dos rins (glomerular, tubular e endócrina).
As possíveis causas de IRC vão desde glomerulonefrite crônica, hipertensão arterial e diabetes 
mellitus até lúpus e rins policísticos. Em casos graves, o estadiamento pode chegar à dialise ou 
transplante renal, pois o ritmo de filtração glomerular é muito baixo, gerando hipervolemia e levando 
a repercussões cardiopulmonares, edema causado pela retenção de sal e água, insuficiência cardíaca 
e hipoalbuminemia, hiperpotassemia, hiperfosfatemia, acidose, intolerância à glicose, anemia como 
consequência da produção deficiente de eritropoetina, osteodistrofia renal com dores ósseas, fraturas 
patológicas, colapso de vértebras e síndrome urêmica com retenção de produtos tóxicos do metabolismo.
O diagnóstico de IRA e IRC pode ser feito com a determinação de creatinina e de nitrogênio ureico 
sanguíneo, que estarão elevados, eletrólitos como cálcio, magnésio, sódio e potássio, desidrogenase 
láctica (LD), creatina quinase (CK ou CPK), estudos de coagulação e um perfil imunológico básico. 
Radiografia de tórax (RX de tórax), bem como estudo ultrassonográfico do trato urinário, é essencial.
Embora o exame de uroanálise seja simples, a coleta das amostras de urina pode ser obtida de 
várias formas:
81
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
• Primeira amostra da manhã: para urina tipo I ou de rotina, teste de gravidez e proteinúria 
ortostática. Essas amostras fornecem o reflexo mais preciso da presença de bactérias e de 
elementos formados, tais como cilindros e cristais.
• Em jejum: para monitoramento de diabetes.
• Pós-prandial: monitorização de diabetes e glicosúria.
• Teste de tolerância à glicose (GTT): acompanha as amostras de sangue no teste de tolerância 
à glicose.
• 24 horas: testes bioquímicos quantitativos.
• Cateterização: com cateter, para obtenção de bactérias para cultura.
• Jato médio: para urina tipo I ou rotina e cultura de bactérias.
• Aspiração suprapúbica: coleta de urina direto da bexiga para a cultura de bactérias e citologia.
• Prova de Valentine: indicada para pacientes com infecção da próstata.
 Observação
O biomédico deve se ater aos fatores que afetam os resultados desse 
exame. Retardo no exame após a coleta pode causar valores falsamente 
reduzidos de glicose, cetona, bilirrubina e urobilinogênio. Além disso, 
amostras coletadas e mantidas à temperatura ambiente ou tardiamente 
entregues ao laboratório podem causar valores falsamente elevados de 
bactérias, e, em virtude de retardo da dissolução de uratos e fosfatos, pode 
perturbar a nitidez microscópica.
O método mais usado de conservação é a refrigeração, capaz de evitar a decomposição bacteriana 
da urina pelo período de uma noite, mas às vezes há conservantes (formalina, ácido bórico, timol, ácido 
clorídrico, fluoreto de sódio e bicarbonato de sódio) usados, pois, caso contrário, a urina de 24 horas 
poderia sofrer alteração na cor, aumento de pH, nitrito e número de bactérias, turvação ou diminuição 
de glicose, cetonas, bilirrubina e desintegração das hemácias e cilindros.
4.1 Urina tipo I
A urina contém aproximadamente 96% de água e 4% de substâncias diversas provenientes da 
alimentação e do metabolismo normal. Essencialmente ela é uma solução de sais (cloreto de sódio e 
potássio) e ureia. A composição da urina varia em torno das seguintes proporções: água, 95%; resíduos 
orgânicos, 3,7%; e resíduos inorgânicos, 1,3%.
82
Unidade I
A análise da urina tipo 1, ou exame EAS (elementos anormais do sedimento), ou EQU (exame qualitativo 
de urina) é um exame não invasivo e extremamente informativo que pode indicar alterações no sistema 
urinário e renal e ter correlação clínica com determinadas doenças. Portanto, todos os achados devem 
ser sempre interpretados diante do quadro clínico do paciente e outros achados laboratoriais.
Deve-se higienizar muito bem os genitais externos com água e sabão, desprezando o início e o fim 
da micção e coletando somente o jato médio, sendo que em mulheres recomenda-se abstinência sexual 
de pelo menos 24 horas e que não estejam menstruadas.
No exame de urina de 24 horas, deve-se esvaziar completamente a bexiga pela manhã, ao acordar, 
desprezando a urina e marcando a hora exata, e começar a coletar as amostras de urinas durante o 
dia e a noite, juntando-as em frascos dados pelo laboratório, durante as 24 horas, e mantendo-as no 
refrigerador e ao abrigo da luz.
As três análises de urina mais comuns em laboratório são: EAS (elementos anormais do sedimento) 
ou urina tipo I, urina de 24 horas e urocultura (para infecção urinária, seja da bexiga ou dos rins).
O exame de urina tipo I ocorre em três etapas do exame:
1 – Exame físico (cor, aspecto, odor, densidade e volume).
2 – Exame químico (pH, bilirrubina, cetonas, hemácias, hemoglobina, glicose, leucócitos, proteínas, 
urobilinogênio. Metodologia: reflectância das tiras reagentes).
3 – Exame microscópico – sedimento (células epiteliais, cilindros, cristais, hemácias, leucócitos, 
células tumorais, bactérias e fungos. Aumento de 100x e 400x).
Há equipamentosque analisam as fitas reagentes do exame químico da urina, mas em muitos 
laboratórios isso é realizado manualmente pelos funcionários.
4.1.1 Exame físico
Cor
A concentração da urina em relação à água (mais ou menos água ingerida) pode gerar urina amarela 
mais clara ou mais escura, podendo ser relacionada à desidratação, por exemplo. Urina avermelhada, 
amarronzada ou enegrecida está relacionada à hematúria ou mioglobinúria ou alcaptonúria (doença 
autossômica recessiva causada pela deficiência da enzima oxidase do ácido homogentísico) ou ainda 
a porfiria aguda intermitente. A cor avermelhada também pode estar relacionada simplesmente à 
ingestão de alimentos com corantes ou alimentos como beterraba e ao uso de drogas como fenitoína, 
rifampicina e fenazopiridina (Pyridium®). Urina esbranquiçada pode ser decorrente de piúria intensa, 
cristais de fosfato ou uso de propofol.
83
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Urina em tom verde/azulado pode ser causada pela administração de azul de metileno, propofol, 
amitriptilina ou o analgésico urinário Sepurin® (metenamina e metiltionínio).
Urina laranja pode estar relacionada com a ingestão de alimentos ricos em betacaroteno (como 
cenoura), mas pode indicar doenças no fígado e uso de certos medicamentos.
Aspecto
Refere-se à transparência da amostra. Pode ser transparente/límpida, semiturva, turva/opaca e leitosa. 
Tem relação com precipitação de cristais na urina ou com presença de grande quantidade de células.
Odor
A urina possui um cheiro característico e normal denominado suis generis (SG). Pode ficar com 
cheiro forte de amônia ou amoníaco devido à hidrólise bacteriana da ureia. O odor adocicado (cheiro de 
frutas) é devido à presença de corpos cetônicos característicos em urina de pacientes diabéticos. O odor 
pútrido relaciona-se com as infecções urinárias.
Densidade
Varia em função do estado de hidratação do paciente. Reflete a capacidade renal de reabsorção e 
concentração, ou seja, a capacidade de concentração de substâncias sólidas diluídas na urina: se baixa, 
pode representar uso excessivo de líquido ou diabetes e hipertensão; se alta, pode ser indicativo de 
desidratação ou insuficiência cardíaca, por exemplo. Em volume de 24 horas e urina tipo 1, a densidade 
deverá oscilar entre 1015 e 1025. Caso haja ingestão abundante de líquidos, pode chegar a 1001; em 
caso de restrição hídrica, pode chegar a 1040.
Volume
O volume para urina tipo 1 (jato médio) deve estar compreendido entre 6 e 10 ml. A urina de 24 horas 
deve ter o volume medido, pois está relacionada com filtração renal, proteinúria e outras taxas urinárias.
4.1.2 Exame químico (metodologia: reflectância em tiras reagentes)
Este exame de rotina consta de suporte plástico com pequenas áreas impregnadas com reagentes 
químicos (química seca) que desenvolvem cor ao serem expostas ao analito em questão.
Deve-se ter alguns cuidados ao usar as fitas reagentes, tais como: não utilizar após a data de 
expiração, guardar em frasco original, não expor à luz nem à umidade e manter os frascos bem fechados 
e em temperatura adequada. Deve-se homogeneizar bem a urina não centrifugada para este exame, 
submergir completamente todas as áreas da fita, retirar a fita imediatamente de dentro do recipiente, 
eliminar o excesso e aguardar o tempo recomendado para a reação (conforme o fabricante).
84
Unidade I
Alguns resultados serão liberados em forma de cruzes:
• Ausência de proteínas: valor normal.
• Traços de proteínas: 1+, 2+, 3+, 4+
Caso estejam na forma em mg/dl:
• Menos que 10 mg/dl: valor normal.
• Entre 10 e 30 mg/dl, 30 mg/dl, 40 a 100 mg/dl, 150 a 350 mg/dl, maior que 500 mg/dl.
pH
Pode variar entre 4,5 e 8,0, sendo que os valores de referência são de 5,5 a 6,5. Pode ocorrer urina 
ácida quando há possíveis distúrbios eletrolíticos de origem metabólica ou respiratória que se traduzem 
como uma resposta renal, ou seja, liberação de íons H+ . Valores altos ou baixos podem também indicar 
cálculos renais e presença de microrganismos.
Bilirrubina
O valor de referência é negativo. Aumentado é característico de doenças hepáticas e biliares. Quando 
positivo, deve ser liberado em cruzes de + a +++ ou em pequena, moderada ou grande quantidade. Caso 
a fita seja negativa na presença de icterícia, pode denunciar demora na realização do exame, aumento 
da BI e presença de vitamina C; se for positiva sem icterícia, pode estar relacionada com a excreção 
rápida da bilirrubina.
Corpos cetônicos (cetona, principalmente)
Produtos da metabolização dos lipídeos são comuns durante jejum prolongado e em pacientes 
diabéticos. Estão relacionados à presença de diabetes mellitus (em cetoacidose) ou jejum prolongado. 
O valor de referência é negativo. Quando positivo, é expresso por cruzes de + a ++++ ou em mg/dl, em 
traços ou em pequena, moderada e grande quantidade. Caso ocorra fita positiva sem diabetes, pode 
significar que o paciente teve dieta rica em proteínas e pobre em carboidratos, dieta cetogênica e até 
mesmo uso de algumas medicações. A fita negativa em pacientes com aparente cetoacidose pode estar 
relacionada com a volatilidade dos corpos cetônicos (por exemplo, acetona), e por essa razão, deve ser 
analisada o mais rápido possível.
Nitrito
Infecção bacteriana nos rins ou do trato urinário. O nitrato urinário pode ser convertido a nitrito pela 
ação da enzima nitrato redutase presente em muitas bactérias que causam infecção urinária, portanto, 
presença de nitrito se correlaciona com bacteriúria. É importante ressaltar que um nitrito negativo não 
descarta infecção urinária.
85
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Glicose
A glicosúria aparece quando a concentração plasmática de glicose ultrapassa 160-180 mg/dl, 
dependendo da altura e peso, ou seja, do biotipo. Casos em que ocorrem conjuntamente fosfatúria, 
uricosúria e aminoacidúria são indicativos de síndrome de Fanconi (resultante de mieloma múltiplo, 
de exposição a metais pesados e do tratamento com alguns medicamentos como acetazolamida, 
topiramato e tenofovir). O valor de referência é negativo, e quando for positivo pode ser liberado 
em cruzes de + a ++++ ou em mg/dl. Podem ocorrer diferenças entre resultados de sangue e urina, 
ocorrendo falso-negativos por causa de erros na refrigeração ou presença de cetonas e falsos-positivos 
quando há agentes oxidantes como vitamina C.
Leucócitos (glóbulos brancos)
A fita mede esterases de leucócitos. Está relacionada com a avaliação de processos infecciosos e 
inflamatórios do trato urinário (ITU). Pode ocorrer com ou sem bacteriúria. O valor de referência é 
negativo e quando for positivo é liberado em cruzes de + a +++, em traços ou em pequena, moderada 
ou grande quantidade. Caso a fita seja positiva e o sedimento negativo, pode ser urina alcalina e diluída, 
o que provoca lise dos leucócitos, além de uso de algumas medicações. Caso a fita seja negativa e o 
sedimento positivo, pode estar relacionada com doença do trato urinário e inflamação renal.
Proteínas
Basicamente detecta albumina em níveis > 300 mg/dia (ou seja, níveis de macroalbuminúria).
Em casos de suspeita de mieloma múltiplo, são pesquisadas as proteínas de Bence-Jones (cadeias 
leves livres, ou seja, fragmentos de imunoglobulinas monoclonais) na urina. Essa proteína é nefrotóxica 
e está associada às complicações renais do mieloma múltiplo, sintomas iniciais de mieloma múltiplo. 
Pela análise da fita reagente não é possível detectá-la, sendo necessário solicitar amostra de urina de 
24 horas para fazer eletroforese de proteínas na urina (Upep) e imunofixação.
A proteinúria geralmente está associada à doença renal, podendo estar ligada à nefropatia diabética, 
mas pode estar relacionada com lesões renais ou amiloidose. Pode ser solicitada a análise complementar 
por urina de 24 horas ou calculada a razão albumina/creatinina em amostra isolada.
O valor de referência é negativo, e quando positivo é expresso em cruzes de + a ++++ ou em mg/dl. 
Pode ocorrer falso-positivo em urinasalcalinas e quando ocorre o uso de desinfetantes e falso-negativo 
em caso de uso de preservativos ácidos (ácido bórico).
Urobilinogênio
Indica distúrbios hepáticos e hemolíticos. O valor de referência é < 1 mg/dl.
86
Unidade I
Sangue
Indica hemorragia que atinge o sistema urinário (infecção, cálculo renal etc.). O valor de referência 
é negativo. A hematúria é liberada em traços, em pequena, moderada ou grande quantidade ou em 
cruzes de + a +++.
Hemoglobina
A hemoglobinúria nem sempre apresenta sintomas. Ela pode causar alteração de cor na urina 
(vermelha). Problemas nos rins, como nefrite aguda ou pielonefrite, queimaduras graves e câncer de rim 
levam a esse estado. O resultado é dado em cruzes.
 Observação
Apesar de não estar na análise na fita reagente, a lipidúria (presença de 
lipídios livres ou lipídios dentro das células tubulares) normalmente pode 
ser encontrada em pacientes com síndrome nefrótica, sendo quase sempre 
um achado diagnóstico de alguma doença glomerular. Pode ser detectada 
pela microscopia simples, podendo ser usada a coloração com Sudan para 
demonstrar a presença de triglicerídeos.
4.1.3 Exame microscópico (sedimento: aumento de 100x e 400x)
O método usado consiste em colocar 5 a 10 ml da amostra de urina em tubo cônico e centrifugar 
por 5 a 10 min (1.000 a 1.500 rpm). Deve-se desprezar o sobrenadante, deixando apenas 0,5 a 1 ml 
no tubo, e ressuspender o sedimento com o próprio sobrenadante. Também é necessário colocar uma 
gota do sedimento em uma lâmina e depositar em seguida uma lamínula sobre a gota para observação 
do sedimento a fresco não corado. Em outra lâmina, deve-se colocar uma gota do sedimento e outra 
gota de corante urinário Sternheimer-Malbin, homogeneizar e cobrir com lamínula para observação do 
sedimento urinário corado. Esse corante é utilizado para diferenciar leucócitos e/ou células epiteliais: 
esses elementos se coram de roxo, enquanto o Trichomonas não se cora.
A observação do sedimento é realizada ao microscópio, com baixa intensidade de luz, utilizando 
primeiramente um menor aumento (100x) e depois um maior aumento (400x).
Cilindros
Quando proteínas se acumulam nos túbulos renais, se precipitam e são levadas pela urina, indicando 
doença renal. Os cilindros são classificados conforme o material incluso neles:
1 – Cilindros hemáticos: quando há hematúria glomerular sugerindo glomerulonefrite.
2 – Cilindros leucocitários: indicam inflamação renal por infecção (pielonefrite) ou mesmo 
glomerulonefrite.
87
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
3 – Cilindros epiteliais: aparecem em descamações do epitélio tubular, incluindo necrose tubular 
renal, nefrite e glomerulonefrite.
4 – Cilindros granulares: representam células degeneradas agregadas a proteínas, características 
de necrose tubular aguda.
5 – Cilindros hialinos: são inespecíficos, sem característica patológica, ocorrendo em urina 
concentrada (após exercício ou em casos de desidratação) ou em uso de diurético.
6 – Cilindros cerúleos: são considerados o estágio final da degeneração dos cilindros granulosos e 
estão relacionados com doenças renais agudas e crônicas.
7 – Cilindros largos: são tipicamente associados com doença renal crônica avançada.
Células epiteliais
As células epiteliais são constantemente descamadas do revestimento interno do trato urinário. As 
células do epitélio vaginal e uretral aparecem grandes, planas, com núcleo distinto e grande citoplasma. 
Células menos comuns no sedimento urinário são as da bexiga e do túbulo renal. As do túbulo renal 
podem ser indicadoras de doença renal.
Hemácias
A presença de raras hemácias é considerada normal. A hematúria pode ser transitória e sem 
significado em pacientes jovens quando em associação a exercícios ou atividade sexual, podendo 
também ser uma contaminação da urina na vigência de menstruação em pacientes do sexo feminino. 
Em pacientes mais idosos, uma hematúria mesmo que transitória pode estar relacionada à doença 
neoplásica. A hematúria ocorre em infecções do trato urinário, traumatismos e hemorragias de 
diversas origens e também pode ocorrer em cistites e prostatites associadas à piúria e bacteriúria.
Quando a hematúria é persistente, está associada a cálculos, doença neoplásica ou doença 
glomerular. A melhor forma de diferenciar é pela presença de dismorfismo eritrocitário, que é indicativo 
de glomerulonefrite, ainda mais quando associado à presença de proteinúria.
Leucócitos
A presença de grande quantidade de leucócitos na urina é chamada de piúria. Até oito piócitos por 
campo é considerado normal. A presença de grande quantidade de leucócitos na urina pode acontecer 
em infecções do trato urinário, inflamações de diversas origens, doenças renais, alguns tipos de câncer, 
alguns tipos de DST e outras.
Neutrófilos são associados a infecções, colonização de trato urinário, cálculos, nefrite intersticial e 
glomerulonefrite proliferativa. A presença de eosinofilúria é um marcador de nefrite intersticial alérgica.
88
Unidade I
Assumindo que não há contaminação por secreções vaginais, piúria isolada é altamente sugestiva 
de infecção de trato urinário (incluindo tuberculose, quando culturas tendem a ser repetidamente 
negativas na vigência de piúria). Piúria com culturas negativas também pode ocorrer com cálculos ou 
doença túbulo intersticial, como nefropatia por AINH (anti-inflamatórios não hormonais).
Microrganismos
No sedimento urinário podemos encontrar bactérias, leveduras e protozoários. Bactérias só 
têm significado clínico quando associadas a sintomas. As leveduras são semelhantes às hemácias, 
só que menores, ovoides, podendo aparecer brotamento ou hifas. A mais comumente encontrada 
no sedimento urinário é a Candida albicans. Os protozoários do tipo Trichomonas sp (Trichomonas 
vaginalis e Trichomonas hominis) podem ser encontrados no sedimento. São flagelados e transmitidos 
sexualmente, levando a infecções vaginais, de uretra, de bexiga e de próstata. Ovos ou larvas de 
parasitas também podem ser encontrados no sedimento urinário devido à contaminação fecal e por 
falta de assepsia adequada.
Cristalúria
Sua formação depende de uma grande variedade de fatores, como pH, densidade e temperatura 
da urina. São comuns cristais uratos amorfos, ácido úrico e oxalato de cálcio em urina ácida e cristais 
fosfatos amorfos, fosfato triplo e carbonato de cálcio em urina alcalina.
Cristais amorfos podem ser encontrados na urina normal. Uratos amorfos podem ocorrer devido 
ao pH ácido da urina, assim como fosfatos amorfos, pela urina alcalina ou, simplesmente, pelo 
resfriamento da amostra.
Cristais de oxalato de cálcio possuem forma de envelope e podem ser encontrados na urina normal, 
mas podem ser provenientes em intoxicação por etilenoglicol, diabetes, hepatopatias, doença renal 
crônica e ingestão de grande quantidade de vitamina C.
Cristais de fosfato de cálcio e fosfato amorfo são pleomórficos, possuem aparência de estrelas ou 
alfinetes e podem aparecem na urina normal ou na alcalina (pH > 7.0).
Cristais de uratos (ácido úrico) apresentam formas variadas, desde “agulha” até formas romboide ou 
discoide. Eles são comumente observados na urina mantida em tempo de exposição prolongada com 
ação de bactérias produtoras de amônia e podem ser vistos também na gota úrica, em situações de 
metabolismo elevado das purinas, em enfermidades febris e nas nefropatias crônicas.
Cristais de estruvita (fosfato amônio magnesiano) são cristais de triplo fosfato, transparentes e 
retangulares, observados na infecção urinária devido a agentes produtores de urease (exemplos: Proteus, 
Pseudomonas, Klebsiella, Staphylococcus e Mycoplasma, entre outros).
Cristais de cistina não são vistos na urina normal. São cristais hexagonais e característicos da 
cistinúria e das hepatopatias tóxicas.
89
MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Espermatozoides
Podem estar presentes tanto em amostras de urina de homens quanto de mulheres. Por questões 
éticas, a presença de espermatozoidesem amostras de urina de mulheres não deve ser relatada. Em 
homens pode indicar espermatorreia (a causa mais comum é a ejaculação retrógrada, onde o sêmen, 
que sai da uretra, flui em direção à bexiga urinária), uma das causas de infertilidade masculina.
 Observação
A palavra perfil em laboratório clínico tem a função de avaliar as 
funções metabólicas desempenhadas pelos órgãos e tecidos, auxiliando 
no diagnóstico, acompanhamento terapêutico, prognóstico e evidência de 
patologias ocultas.
 Resumo
Nesta unidade, pudemos estudar os principais métodos e técnicas 
aplicados ao diagnóstico bioquímico e hematológico em uroanálise, bem 
como os conceitos de qualidade no contexto do laboratório de análises 
clínicas. Vimos os conceitos de qualidade, as regras de Westgard e as 
definições de precisão, exatidão e acurácia.
Apresentamos os principais métodos aplicados na investigação de 
doenças crônico-metabólicas através do estudo dos perfis hepático, 
pancreático, muscular, cardíaco, renal, entre outros.
Na sequência, aprofundamos a discussão sobre os principais métodos 
hematológicos aplicados ao diagnóstico de anemias carenciais e hemolíticas, 
bem como aquelas associadas a alterações genético-hereditárias. Apresentamos 
as principais automações na área e a importância para o controle de 
qualidade e refinamento dos resultados.
Por fim, foram descritos os procedimentos de análise da urina, partindo 
do exame de urina tipo 1 e revendo conceitos básicos do exame de urina e 
de sua importância.
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Unidade I
 Exercícios
Questão 1. Leia o texto a seguir:
O derrame pleural ocorre quando há acúmulo anormal de líquido entre a pleura parietal e visceral. 
Várias doenças ou síndromes com diferentes mecanismos fisiopatológicos podem ter como complicação 
o derrame pleural. O diagnóstico etiológico da síndrome do derrame pleural (SDP) pode ser difícil de 
ser obtido. A biópsia pleural fechada percutânea por agulha de Cope (CNPB) realizada cegamente foi 
durante muito tempo considerada padrão-ouro para o diagnóstico de tuberculose pleural, câncer e 
pleurisia por artrite reumatoide.
Muitos biomarcadores são importantes para simplificar a análise, reduzir custos e aumentar a 
acurácia do diagnóstico em SDP. Vários estudos ao longo dos anos utilizaram a desidrogenase 
lática (DLH) como um teste diagnóstico para o estudo dos derrames pleurais. Inclusive, na clínica 
diária, a DLH é um teste de diagnóstico para diferentes abordagens em doenças pleurais.
Adaptado de: VAHIA, P. F. M. Dosagem da enzima desidrogenase lática total em pacientes com derrame pleural: influência do sexo e 
idade sobre o valor de referência. 2017. Dissertação (Mestrado em Saúde Materno-Infantil) – Universidade Federal Fluminense, Rio de 
Janeiro, 2017. Disponível em: https://cutt.ly/LSqQw6y. Acesso em: 11 jan. 2022.
Com base nas informações e em seus conhecimentos, avalie as afirmativas.
I – A desidrogenase lática é uma isoenzima responsável pela facilitação da oxidação reversível do 
lactato a piruvato.
II – No contexto apresentado no texto, a variedade presente nos pulmões é a DLH-3.
III – A dosagem da DLH pode ser feita por meio do soro, empregando-se método espectrofotométrico 
cinético de tempo fixo para determinação de DLH total.
Assinale a alternativa correta:
A) Apenas a afirmativa I é correta.
B) Apenas a afirmativa II é correta.
C) Apenas as afirmativas II e III são corretas.
D) Todas as afirmativas são corretas.
E) Nenhuma afirmativa é correta.
Resposta correta: alternativa D.
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MÉTODOS E TÉCNICAS EM ANÁLISES CLÍNICAS
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: de fato, a desidrogenase lática (LD ou DLH) é uma enzima-chave na fermentação lática, 
visto que catalisa a conversão de piruvato em lactato e da nicotinamida-adenina dinucleotídeo na 
forma reduzida ou oxidada (NADH e NAD+). Além disso, a DLH converte o piruvato em lactato quando 
o oxigênio está presente em pequenas quantidades ou em tecidos sem mitocôndrias e realiza a reação 
reversa durante o ciclo de Cori, com participação do fígado.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: essa enzima está presente em vários órgãos, e em cada um deles pode se apresentar com 
pequenas diferenças na constituição, por exemplo, LDH-1 (coração, hemácias e rins), LDH-2 (coração, 
em menor quantidade, e leucócitos), LDH-3 (pulmões), LDH-4 (placenta, fígado e no pâncreas) e LDH-5 
(fígado e músculos esqueléticos).
III – Afirmativa correta.
Justificativa: além do método indicado na afirmativa, a dosagem pode ser realizada pelo método 
colorimétrico, fluorimétrico e, dependendo da necessidade, pela eletroforese em acetato de celulose 
ou agarose.
Questão 2. Leia o texto a seguir:
O hemograma foi introduzido na medicina a partir de 1925, quando o farmacêutico e médico alemão 
V. Schilling passou a definir critérios para a utilização do método. Pode-se definir hemograma como 
sendo “o nome dado ao conjunto de avaliações das células do sangue que, reunido aos dados clínicos, 
permite conclusões diagnósticas e prognósticas de grande número de patologias”. Neste contexto, é 
um instrumento utilizado para a avaliação tanto quantitativa como morfológica das células existentes 
nas amostras de sangue. O hemograma pode ser obtido de forma manual ou através dos aparelhos 
automatizados, sendo considerado um exame preciso para a análise do material sanguíneo coletado.
A utilização do hemograma na área da saúde, a partir de 1925, surge da necessidade de alcançar a evolução 
das técnicas e métodos já utilizados, no intuito de melhorar a exatidão e precisão dos resultados, bem 
como atender as necessidades da sociedade através da ciência, com o objetivo de obter resultados 
cada vez mais acurados e ágeis, uma necessidade inerente às diversas áreas de conhecimento, uma 
vez que é uma tendência social, buscar inovações e aperfeiçoamento das técnicas já conhecidas.
Nos artigos selecionados durante o delineamento do estudo sobre os aparelhos automatizados em 
hematologia, foi possível extrair que as amostras sanguíneas submetidas a análise pelo método manual, 
mais primitivo, e pelo método utilizando a automação, demonstraram que os resultados obtidos 
apresentam diferenças estatisticamente significantes.
Adaptado de: OLIVEIRA, S. S.; SILVA, C. C. M.; SANTOS, F. S. Inovação e novas tecnologias 
no hemograma automatizado. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON TECHNOLOGICAL INNOVATION, 9., 2018. 
Disponível em: https://cutt.ly/1SqQmY7. Acesso em: 11 jan. 2022.
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Unidade I
Sobre os hemogramas, foram propostas as três afirmativas a seguir:
I – A automação na realização dos hemogramas proporcionou maior celeridade ao método no que 
diz respeito à obtenção de resultados, muito embora os custos do exame tiveram considerável aumento 
devido à tecnologia empregada.
II – Com o avanço da tecnologia e da inovação, foi possível atender ao binômio necessidade e 
exatidão das demandas sociais quanto à agilidade e à rapidez, com confiabilidade dos resultados obtidos.
III – Nos processos automatizados, os métodos utilizados são a impedância, a citometria de fluxo, a 
citoquímica e a espectrofotometria (colorimetria).
Assinale a alternativa correta.
A) Apenas a afirmativa I é correta.
B) Apenas a afirmativa II é correta.
C) Apenas as afirmativas II e III são corretas.
D) Todas as afirmativas são corretas.
E) Nenhuma afirmativa é correta.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: de fato, a realização de hemogramas por meio de equipamentos autônomos permitiu 
maior velocidade nas análises e na emissão dos resultados, quando comparada aos métodos manuais 
operador-dependentes. Ao contrário do que foi apresentado na afirmativa, os custos não aumentaram; 
sofreram redução, pois houve maior rapidez, com economia de insumos, no trabalho que seria executado 
por vários profissionais atuando nos processos manuais.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: de fato, os procedimentos automatizados empregadosem exames como os hemogramas 
conseguem atender melhor às demandas sociais por rapidez e precisão dos resultados. A tecnologia 
empregada e os acompanhamentos estatísticos embarcados nesses equipamentos garantem alto grau 
de confiabilidade.
III – Afirmativa correta.
Justificativa: as metodologias citadas são as mais frequentes nos processos automatizados de 
realização de hemogramas.

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