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Responsável Técnico: Lorena de Fátima Vidal (CRB: 410/11-AM) 
Biblioteca CEUNI-FAMETRO
FAMETRO
Av. Djalma Batista, Nossa Sra. das Gracas. Manaus, AM
Ficha catalogada na Biblioteca CEUNI-Fametro
Todos os direitos reservados © FAMETRO
IME Instituto Metropolitano de Ensino Ltda
Wellington Lins de Albuquerque | Presidente - IME
Maria do Carmo Seffair Lins de Albuquerque | Reitora
Cinara da Silva Cardoso | Vice-Reitora
Iyad Amado Hajoj | Diretor de EaD e Expansão
Leonardo Florêncio da Silva | Diretor Editorial e Gestor de EaD
Luciana Braga | Projeto Gráfico e Direção de Arte
Amenayde Cristine Corrêa | Assistente Editorial
Ana Augusta de Oliveira Simas | Supervisora de Produção e Revisão
Leandro Carvalho | Revisor
Liene Costa | Revisora
Imagens | depositphotos.com
"Nos termos da Lei n.º 9.610/98, o autor desta obra é titular de todo o complexo de 
direitos autorais sobre a presente criação. Assim, é vedada a cópia, reprodução, 
edição ou distribuição desta obra sem autorização expressa do Autor ou da Editora e, 
ainda é vedado utilizar, citar, publicar esta obra integral ou parcialmente sem deixar 
de indicar ou anunciar o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor sob pena 
da aplicação das medidas previstas nos Art. 101 a 110 da Lei n.º 9.610/98."
 P117f Pacifico, Bruno Victor Brito. 
 Filosofia e ética / Bruno Victor Brito Pacifico. -- Manaus: CEUNI-
FAMETRO, 2021.
 p. 156
 ISBN: 978-85-64293-12-0
 1. Crítica da ideologia 2. Aristóteles 3. Epistemologia I. Título.
 CDU.:17 
Pa
la
vr
a 
da
 R
ei
to
ra
“É a educação que 
faz o futuro 
parecer um lugar 
de esperança e 
transformação”.
(Mariana Moreno)
“Sejam todos e todas bem-vindos ao EaD 
do Centro Universitário Fametro”
O Centro Universitário Fametro acredita que o 
papel de uma instituição de ensino é formar não apenas 
profissionais, mas também formar profissionais no 
Ensino Superior, com valores éticos, humanísticos e 
com respeito ao meio ambiente capazes de contribuir 
para o desenvolvimento da nossa Amazônia. 
A Fametro, portanto, tem premissas claras a 
cumprir como instituição de ensino de qualidade. 
Praticar o ensino, pesquisa e extensão é a sua principal 
bandeira. 
A Fametro, ao longo das últimas duas décadas, 
vem se consolidando como a melhor instituição de 
ensino do Norte, um espaço democrático e docentes 
com variadas visões de mundo. Somos uma instituição 
de ensino plural que avança a cada ano em busca 
sempre de desenvolver a economia da Amazônia. Nossa 
estrutura é moderna, estamos em diversos municípios 
levando uma educação inclusiva e de qualidade.
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experiência em estudar numa instituição com o corpo 
docente com mestres e doutores e de qualidade de 
ensino comprovada pelo MEC. 
Maria do Carmo Seffair
Reitora
UNIDADE I - A IMPORTÂNCIA DA 
FILOSOFIA 
 
Cultura: conceitos
Distinção entre natureza e cultura: 
questões sobre o conceito de natureza
Filosofia: conceito e origem
O conhecimento: capacidade humana de 
entender, apreender e compreender
Teoria do conhecimento, ciência e técnica
Su
m
ár
io
16
17
21
24
25
UNIDADE II - A IMPORTÂNCIA DA 
FILOSOFIA NO MUNDO DE HOJE
A formação histórica da Filosofia
Os principais períodos e escolas 
filosóficas: dos pré-socráticos aos 
contemporâneos
Período do helenismo: 
a busca pela felicidade
Filosofia Medieval: as filosofias de Santo 
Agostinho e São Tomás de Aquino
O nascimento da Filosofia Moderna: 
o Período Renascentista
UNIDADE III - O PAPEL DOS 
VALORES DE NOSSA SOCIEDADE
A Ética e a Filosofia
Diferenças entre ética e moral
Do estabelecimento de valores e sua 
importância: um estudo axiológico
 A dimensão moral da 
vida social
A conduta humana
35
36
49
58
62
94
98
99
101
103
UNIDADE IV - REFLEXÕES SOBRE A 
ÉTICA NO TRABALHO E NA CIDADANIA
A ética e as empresas: 
uma relação histórica
Ética e responsabilidade social na 
contemporaneidade
A importância da ética no trabalho
As questões da atividade profissional 
a partir da ética 
A filosofia e a ética no campo profissional hoje
Referências 
Caderno de Exercícios
112
115
117
122
122
128
141
U
ni
da
de
 1
Videoaula 1
Videoaula 2
Videoaula 3
Videoaula 4
Videoaula 5
13
Mostrar a importância da 
Filosofia como área de conheci-
mento humano em nossos dias é 
uma tarefa complicada mediante 
o mundo em que vivemos. Depara-
mo-nos com a seguinte indagação: 
fazer Filosofia tem alguma utili-
dade nos dias de hoje? Este tipo 
de pergunta é recorrente e não 
ocorre em relação às demais áreas 
de investigação científica, como 
se fosse uma espécie de precon-
ceito a respeito da Filosofia, seja 
ela de humanas (como a Socio-
logia), de exatas (como a Física), 
A IMPORTÂNCIA 
DA FILOSOFIA
14
Anotações: seja da biológica (como a Medicina Veterinária). 
Não cabem, pois, os argumentos do senso co-
mum responder esta questão a respeito de sua 
possível utilidade. No entanto, faz-se necessário 
estar inserido na dinâmica de pensamentos e de 
teorias fundamentais da Filosofia para alcançar a 
compreensão de sua importância em nossas vidas.
Para muitos, pessoas que tomam o conceito 
contemporâneo de utilidade, como forma de medir 
seu tempo apreendido, seja pelo trabalho, seja pelo 
estudo, a Filosofia não poderia estar inserida na 
hierarquia de importância vital do conhecimento 
porque ela não teria o potencial de interferir, de 
forma imediata, no mundo que nos cerca. Assim, 
podemos pensar que a Filosofia estaria na categoria 
de forma de conhecimento sem valor de troca, isto 
é, que não gera lucro, pois a sua finalidade não 
está inserida somente nas relações de produção. 
Segundo Chauí (2011), a Filosofia não está limitada 
ao conjunto de ciências práticas que servem 
apenas de pontes para a evolução das técnicas de 
produção. 
A Filosofia pode ser compreendida como 
uma das formas de conhecimento que pensa e 
repensa a produção teórica de grandes filósofos e 
filósofas, desde o período clássico, isto é, desde a 
Grécia Antiga, trazendo uma luz sobre os paradoxos 
da vida contemporânea ou respondendo mesmo 
que, indiretamente aos problemas que circundam 
a humanidade e a sociedade desde a antiguidade. 
Vemos, por exemplo, a investigação filosófica em 
torno da cultura, da política e da arte como alguns 
dos campos de seu interesse.
Nos estudos filosóficos, convencionou-
se a ideia de que a filosofia está inteiramente 
15
Anotações:relacionada à busca da verdade universal. Apesar 
desta ideia de busca da verdade não ser mais um 
consenso entre nós, filósofos, há de se reconhecer 
que tal ideia é uma base muito importante para 
tratar de temas fundamentais da humanidade. 
Um dos filósofos mais importantes e conhecidos 
da história do pensamento, o alemão Arthur 
Schopenhauer (2014, p. 1380), escreveu em sua 
obra O mundo como vontade e como representação, 
Tomo de número II, que “o tema da Filosofia se limita 
ao mundo, à natureza, à essência do mundo, e que 
é o único resultado honesto que a Filosofia pode 
nos dar.” Assim, pensar sobre a essência das coisas 
que nos cercam é uma manifestação da reflexão 
pré-científica, capaz de entender o mundo em seu 
interior.
Os pensadores contemporâneos franceses, 
Guattari e Deleuze (2007) sugerem, na obra O que é 
a Filosofia?, escrita por eles, que a Filosofia é uma 
disciplina que, de forma rigorosa, cria conceitos. 
Os conceitos são formas abstratas construídas 
pelo pensamento humano. É a partir deles que 
se constitui a investigação filosófica. A exemplo 
do que são conceitos, podemos citar os termos 
mencionados: política, arte e cultura. Estes três 
substantivos femininos são formas conceituais 
do entendimento humano e que possuem funções 
distintas dentro da dinâmica social. Podemos, 
inclusive, compreender a política e a arte como 
manifestações derivadas do conceito de cultura.
Para iniciarmos nossos estudos, começare-
mos resumindo a investigação a respeito de um dos 
conceitosfundamentais do campo filosófico. A sa-
ber, trata-se da cultura.
16
Anotações:
CULTURA: CONCEITOS
Segundo Hale e Wright (1995), a cultura é tudo 
aquilo que está relacionado ao que se estabelece 
como conhecimento (ciência), costumes (moral e 
ética), religião (crença), jurisdição (lei e justiça), e 
arte (artesanato e técnica) criados pelo ser huma-
no, e que não pode ser é repassado geneticamente 
como conhecimento natural, inato. É a cultura, 
como veremos a seguir, que nos diferencia das de-
mais espécies animais. Antes de tudo, é preciso 
compreender como o conceito de cultura foi uti-
lizado ao longo da história do pensamento humano. 
O pesquisador Cuche (2002), de acordo 
com Godoy e Santos (2014), afirma que o termo 
“cultura”, no sentido figurado passa a ser usado 
com mais frequência no século XVIII, inicialmente, 
seguido de um complemento, “cultura das 
artes”, “cultura das letras”, “cultura das ciências”, 
como se fosse necessário que a coisa cultivada 
estivesse explicitada. Em seguida, para designar a 
“formação”, e a “educação” do espírito, Cuche (2002) 
comenta que em um dado momento posterior, num 
movimento contrário, aqueles termos perdem o 
seu significado de “cultura” como expressão de uma 
ação (a ação de instruir), passando a “cultura” como 
um estado, ou seja, um estado de espírito cultivado 
pela instrução, um estado em que o indivíduo 
possui cultura. O termo Cultura apareceu pela 
primeira vez na língua francesa, no século XVIII, só 
depois difundido em outras línguas, como a alemã 
e a inglesa.
Ainda, para Cuche (2002), a cultura é própria 
do ser humano, além de toda a distinção de povos 
17
Anotações:ou de classes. A palavra “cultura”, no século XVIII, é 
empregada no singular, refletindo o universalismo 
e o humanismo dos filósofos (GODOY; SANTOS, 
2014). Desse modo, pode-se dizer que “Cultura” se 
inscreve na ideologia do Iluminismo, na medida em 
que a palavra é associada às ideias de progresso, 
de evolução, de educação, e da razão que estão no 
centro do pensamento da época, conforme afirmam 
os autores.
A seguir, veremos a distinção entre os 
conceitos de cultura e de natureza dentro dos 
estudos da Filosofia, bem como de outras áreas de 
conhecimento.
DISTINÇÃO ENTRE NATUREZA E 
CULTURA: QUESTÕES SOBRE O 
CONCEITO DE NATUREZA
A filósofa Chauí (2011) afirma que distinguir o 
que é o natural e o cultural não é uma tarefa fácil, 
uma vez que criamos e transformamos nosso 
meio convertendo o natural em cultural, porém o 
contrário é impossível. Expõe ainda as questões 
da natureza e da cultura. Segundo ela, ser capaz de 
distinguir entre os conceitos de natureza e cultura 
é requisito fundamental para qualquer estudante de 
filosofia. Natureza é tudo aquilo que nos rodeia, que 
existe por si mesmo e que, portanto, não depende 
do ser humano. Por outro lado, entende-se por 
cultura tudo aquilo que é pensado e construído pelo 
ser humano. Assim, a cultura é uma característica 
exclusiva do ser humano, portanto, só existe 
porque nós existimos. O ser humano, por ser um 
ente da natureza, primordialmente, é também um 
18
Anotações: animal como tantos outros. No entanto, nós nos 
diferenciamos graças à aquisição da consciência, 
uma consequência do processo evolutivo de nossa 
espécie.
Ainda, segundo Chauí (2011), percebemos 
que são nossas ações que transformam o nosso 
meio. Ações essas designadas como trabalho, 
outro conceito fundamental para esse estudo. 
Temos noções sobre nós, as ideias de passado, 
presente e futuro. A autora enfatiza que adquirimos 
conhecimento, ou ao menos, algum entendimento 
sobre a realidade que nos cerca, ao intervir sobre 
ela. Isso tudo é permitido devido à consciência 
que possuímos dos fenômenos no mundo. Para a 
filósofa, significa o “saber de si”. Neste sentido, 
a natureza de alguma coisa é o conjunto de 
qualidades, propriedades e atributos que a definem, 
é seu caráter ou sua índole inata, espontânea. Aqui, 
Natureza se opõe às ideias do que seria acidental 
(o que pode ser ou deixar de ser) e do que pode 
ser adquirido por costume ou pela relação com as 
circunstâncias; organização universal e necessária 
dos seres segundo uma ordem regida por leis 
naturais (CHAUÍ, 2000).
Podemos pensar que a Natureza é caracteriza-
da da seguinte forma: há um ordenamento entre os 
seres, há um parâmetro que regula os fenômenos, 
ou as ocorrências naturais. Neste sentido, po-
demos dizer que se trata de uma regularidade, 
uma frequência, uma constância e uma repetição 
de encadeamentos das ocorrências e fenômenos 
naturais. Em alguns casos, são fixos, outros em 
transformação. Tudo isto pode ser observado pela 
ótica da relação de causalidade que há nas ocorrên-
19
Anotações:cias da Natureza. Em outros termos, a Natureza é 
a ordem e a conexão universal é necessária entre 
as coisas que nos cercam, e que se expressam em 
leis naturais, tudo o que existe no universo sem a 
intervenção da vontade e da ação humana (CHAUÍ, 
2000). 
Podemos definir o que é próprio à natureza 
da seguinte maneira: é tudo aquilo que não é 
produzido artificialmente pelas mãos do ser 
humano, a exemplo de um artefato de barro, um 
artifício mecânico, uma técnica de produção de 
cadeiras ou algo mais avançado, como a tecnologia 
da informação. Natural é tudo quanto se produz e 
se desenvolve sem qualquer interferência humana; 
um conjunto de tudo quanto existe e é percebido 
pelos humanos como o meio e o ambiente no qual 
estamos inseridos.
Para Descola (2005), a divisão entre nature-
za e cultura e a demarcação de fronteiras entre 
humanos e não humanos, como vimos, têm sido 
colocadas de forma recorrente no pensamen-
to antropológico contemporâneo. Essas grandes 
divisões são tematizadas atualmente por antro-
pólogos que têm buscado a revalorização do que 
é político-metafísica. Isto porque, deriva de um 
pensamento que pode ser classificado como “ani-
mista” ou “panpsiquista”, tendo como ponto de par-
tida as cosmologias indígenas da Amazônia. Assim, 
o antropólogo recuperou o termo “animismo” para 
designar uma ontologia particular que contrasta o 
“naturalismo” ocidental com outras ontologias pos-
síveis. Há muito tempo, sabe-se que existem povos 
que não concebem a natureza como um domínio 
exterior e manejável, que está disponível para os 
20
Anotações: seres humanos. Assim, fica claro que eles ofere-
cem imagens de outras relações possíveis com os 
seres não humanos e com os quais compartilhamos 
a nossa existência.
Claro, não se trata de idealizar o outro, 
a alteridade, mas, sim, de reconhecer que, ao 
estudar outras culturas, a antropologia apresenta 
ao campo de investigação filosófica outros mundos 
possíveis a partir dos quais poderíamos repensar 
os nossos modelos e valores, assim como, talvez, 
as dimensões da crise ambiental e civilizatória em 
que nos encontramos (DESCOLA, 2005).
Mas afinal, o que é a Cultura?
Segundo Laraia (2001), a primeira constatação 
formal sobre o conceito de cultura foi desenvolvida 
por Edward Tylor que a entendia de forma etnográ-
fica, como um complexo sistema social que abarca 
crença, conhecimento, moral, arte, costumes e leis. 
Portanto, é tudo aquilo que pode ser realizado pelo 
ser humano. A cultura é assim, o aprimoramento da 
espécie humana através da educação.
Uma outra compreensão de cultura é aquela 
formulada a partir do século XVIII, em que tem 
início a separação e, posteriormente, a oposição 
entre Natureza e Cultura. Pesquisadores da área 
filosófica consideram, sobretudo, que isto se deu 
a partir de Kant. Essa compreensão filosófica 
postula, que há uma diferença entre o homem e 
a natureza em suas essências: a natureza opera, 
mecanicamente, de acordo com leis necessárias 
de causa e efeito. Já o homem, enquanto espécie, 
é dotado de liberdade e razão, agindo por escolha, 
21
Anotações:de acordo com valores e fins. Desta forma, a cultura 
tornou-se sinônimo de História. Se, por um lado, 
a natureza é o reino da repetição, a cultura, por 
outro, é lugar da transformaçãoracional. Portanto, 
é a relação dos humanos com o tempo e no tempo 
(CHAUÍ, 2000).
A partir do que foi exposto, podemos agora 
falar mais sobre o que é a Filosofia em seu amplo 
aspecto. A seguir abordaremos sobre o conceito 
de filosofia e o método adotado por ela para 
compreender o mundo.
FILOSOFIA: CONCEITO E ORIGEM 
Em conformidade com Costa (2004), no 
manual de Filosofia, a palavra ‘Filosofia’ é composta 
por duas palavras gregas: Philos que, em grego, 
significa amor, e Sophia, que significa sabedoria. 
Assim, a Filosofia significa amor pela sabedoria. 
Marcondes (1997) afirma que a Filosofia é uma 
forma de pensamento que se originou na Grécia 
Antiga, numa data não específica, mas que tem 
por sugestão histórica o século VI a.C. A palavra, 
como a conhecemos, foi utilizada pela primeira 
vez por Pitágoras no século VI a.C., um filósofo e 
matemático bem conhecido. Já a palavra filósofo 
significa “aquele que ama a sabedoria” e tem 
amizade pelo saber, que deseja o saber. “Assim, a 
filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa 
que ama, isto é, deseja o conhecimento, a estima, a 
procura e o respeito” (CHAUÍ, 2000, p. 19).
Uma das bases fundamentais para o surgimen-
to da Filosofia, como área de conhecimento, advém 
do pensamento racional sobre a natureza. Isto quer 
22
Anotações: dizer que seu surgimento deriva justamente de uma 
oposição às explicações sobrenaturais ou míticas, 
que eram consideradas formas de conhecimento 
pré-filosóficas. Para Marcondes (1997), se hoje po-
demos pensar de forma racional e científica sobre 
as ocorrências do mundo, foi porque a emergência 
para o nascimento de um novo tipo de conhecimento 
sobre o mundo, revelou a necessidade de pensá-lo 
de forma reflexiva. Então, foi a partir dos primeiros 
filósofos, cuja necessidade de entender como o 
mundo funcionava sem explicações antinaturais, 
que se deu o início da filosofia. Logo, pode-se afir-
mar que as formas de entendimento sobre o mundo, 
anteriores à filosofia, foram caracterizadas como 
insuficiente para compreendê-lo. 
Podemos dizer dessa forma que, desde a 
antiguidade, a surpresa e o espanto perante o 
mundo levaram o homem a formular questões sobre 
a origem e a razão do universo e, a buscar o sentido 
da própria existência. Segundo a Filosofia, todos os 
aspectos da cultura humana podem ser objetos de 
reflexão.
Para Costa (2004), o homem, naquele período 
em que se convencionou chamar de primitivo, 
não filosofava. Os mitos foram inscritos na mente 
humana pela necessidade de explicar a natureza, que 
para o homem era completamente desconhecida. 
O salto evolutivo da biologia humana possibilitou 
ao ser humano pensar sobre essas questões que 
o cercavam. Se o mito serviu como uma forma de 
explicação do mundo, a Filosofia, enquanto uma 
forma de conhecimento não biológico da espécie 
humana, surgiu a partir da vontade e do desejo de 
saber (COSTA, 2004).
23
Anotações:Foi na própria natureza (na physis) que os 
primeiros filósofos encontraram uma explicação 
para o mundo. Isto significa dizer que as explicações 
sobre o seu funcionamento se concentraram nas 
causas naturais. É no próprio mundo que os homens 
podiam encontrar a sua própria compreensão, não 
em causas externas a ele. Deste modo, a Filosofia 
é uma forma de conhecimento para explicar a 
realidade. O seu surgimento representou, portanto, 
uma ruptura profunda em relação ao conhecimento 
mítico (MARCONDES, 1997).
O Método da Filosofia
A palavra método vem do grego "méthodos", 
sendo formada pelo prefixo metá, “além de”, “através 
de”, “para”, e pelo radical odós, “caminho”. Poder-se-
ia, então, traduzir o método por “caminho para” ou, 
então, “prosseguimento”, “pesquisa”. Método é um 
processo intelectual de abordagem de qualquer 
problema mediante a análise prévia e sistemática 
de todas as vias possíveis de acesso a uma solução. 
Opõe-se, portanto, a um modo de trabalho atrelado, 
exclusivamente, à improvisação ou à inspiração 
repentina.
Todo método, seja na Filosofia ou em qualquer 
outro campo de conhecimento, tem por finalidade 
formular ou buscar afirmações, previsões, expli-
cações, no caso específico da Filosofia, descobrir 
meios para chegar a uma reflexão mais precisa e 
eficaz sobre o eu, o outro e o mundo externo, isto 
é, entender a natureza. Entretanto, ainda segundo 
o autor, os métodos úteis para solucionar um certo 
conjunto de problemas podem ser totalmente inefi-
24
Anotações: cazes para resolver outros conjuntos de problemas. 
Pode-se, então, distinguir os métodos filosóficos 
do método puramente científico.
O CONHECIMENTO: CAPACIDADE 
HUMANA DE ENTENDER, APREENDER E 
COMPREENDER
Figura 1: O Pensador de Rodin
De acordo com Chauí (2013), conhecimento, 
oriundo do latim cognoscere, “ato de conhecer”, tal 
como a origem etimológica da palavra indica, é o 
ato ou efeito de conhecer. No conhecimento, temos 
dois elementos básicos: o sujeito (cognoscente) e 
o objeto (cognoscível). O cognoscente é o indivíduo 
capaz de adquirir conhecimento ou o indivíduo que 
possui a capacidade de conhecer. Já o cognoscível 
é o que se pode conhecer.
O tema “conhecimento” inclui descrições, hipó-
teses, conceitos, teorias, princípios e procedimen-
tos que são úteis ou verdadeiros. A ciência que es-
25
Anotações:tuda o conhecimento é a gnoseologia. Atualmente, 
existem vários conceitos para esta palavra, sendo de 
ampla compreensão que conhecimento é aquilo que 
se sabe sobre algo ou alguém. Dessa forma, o conhe-
cimento está associado com a pragmática, ou seja, 
relaciona-se com alguma coisa existente no “mundo 
real” do qual temos uma experiência direta.
Ainda em conformidade com Chauí (2013), o 
conhecimento pode ser também apreendido como 
um processo ou como um produto. Quando nos 
referimos a uma acumulação de teorias, ideias e 
conceitos, o conhecimento surge como um produto 
resultante dessas aprendizagens, mas como todo 
produto é indissociável de um processo, podemos, 
então, olhar o conhecimento como uma atividade 
intelectual por meio da qual é feita a apreensão de 
algo exterior à pessoa. 
TEORIA DO CONHECIMENTO, CIÊNCIA 
E TÉCNICA
Atualmente, discute-se sobre a relação entre 
ciência e conhecimento e seus aspectos históricos. 
A esse respeito, há várias teorias que descrevem a 
inter-relação entre o conhecimento científico no 
campo prático e teórico. Silva (2013) salienta que 
a ciência foi responsável por uma nova forma de 
pensar e agir do homem, trazendo um equilíbrio 
na resolução de problemas que antes eram 
inimagináveis e, isso, levou-o a olhar o problema 
com outros olhos e trilhar novos horizontes (CRUZ, 
2018).
Neste contexto, Silva (2013) afirma que a 
ciência possui sua origem no termo em latim 
26
Anotações: “scientia”, que significa conhecimento. É plausível 
destacar a estreita relação entre a ciência e o 
conhecimento, sendo este disponível a todo 
indivíduo em sociedade. No entanto, é importante 
ressaltar que a ciência, de modo geral, não se traduz 
em uma verdade total, em princípios imutáveis e ou 
intransigíveis (CRUZ, 2018).
Na ciência, convencionou-se fazer classifi-
cações a partir de duas áreas do conhecimento, 
sendo: 1) as ciências da natureza, que busca com-
preender os fenômenos da natureza; 2) aquela que 
se convencionou chamar de ciências humanas, que 
buscam entender os fenômenos sociais e culturais. 
Augusto Comte, filósofo francês e expoente da cor-
rente Positivista do século XIX, classificou as ciên-
cias do seguinte modo: as abstratas, que tratam das 
questões teóricas e universalistas; e as concretas, 
que tratam dos recortes particulares e específicos. 
Este ponto de vista de Comte contraria o ideal de 
Aristóteles, que dividia as ciências em teórica ou es-
peculativa (metafísica), o que, por sua vez, limitava o 
conhecimento à reprodução cognitiva da realidade 
(CRUZ, 2018). 
Para Tesser (1994), a Filosofia é uma exten-
sa área do saber humano que se divide em muitos 
campos de análise, e um deles é a teoria do conhec-imento. É claro que os gregos já pensavam e conhe-
ciam as coisas, mas foi apenas no período moderno 
que esse campo filosófico se consolidou. O princi-
pal fator que contribuiu para esse evento foi a bus-
ca pelas certezas de Descartes, que culminou em 
muitas críticas, de modo que as diferentes formas 
de conhecer o mundo ficaram mais evidentes.
Chama-se Teoria do Conhecimento tudo aquilo 
que se refere ao desenvolvimento do conhecimento 
27
Anotações:humano. Entre os assuntos mais tematizados, 
neste campo teórico, estão a distinção entre 
conhecimento e opinião, conhecimento científico 
e conhecimento comum, a observação dentro do 
conhecimento, conhecimento empírico, raciocínios 
indutivo e abdutivo, entre outras questões (UNESP, 
2013). Na verdade, o conhecimento passou por 
etapas evolutivas e a mais elevada, a última delas, 
é o conhecimento científico. Nele, verifica-se o real 
em sua abstração. Pensa-se sobre os conceitos e 
os princípios, sejam leis naturais ou da cosmologia 
(MARCONDES, 1997).
A teoria do conhecimento busca, portanto, 
compreender o modo pelo qual o homem conhece 
as coisas. Essa busca se dá, basicamente, através 
de duas perguntas: o que é o conhecimento? Como 
nos conhecemos? Muitos filósofos se dedicaram 
seriamente a essas questões, de modo que se 
tornaram grandes referências no assunto. Para 
Aranha (2012), o método adotado pela filosofia para 
resolver esse problema é a divisão do assunto em 
duas partes: fontes primárias e possibilidades de 
conhecimento.
Segundo Marcondes (1997), no período clássico 
havia uma distinção entre a teoria e a técnica. 
Sobre a teoria, Aristóteles indicava que, tal saber 
é definido pela observação das ocorrências no 
mundo e que não tem finalidade imediata ou prática 
na vida de quem reflete sobre o mundo. A teoria é 
um tipo de saber cuja finalidade está em si mesma 
porque traz satisfação ao descobrir a natureza do 
homem. Isto representa aquele mencionado desejo 
de conhecer, que falamos anteriormente. Este 
tipo de saber é gratuito, e a sua gratuidade quando 
28
Anotações: relacionada à abstração do pensamento é capaz de 
revelar o seu grau superior em relação à técnica. 
Contudo, a concepção grega clássica de que 
havia um distanciamento entre teoria e técnica, 
foi superada com os filósofos modernos Galileu 
Galilei e Francis Bacon. A partir de suas reflexões, 
a ciência e a técnica foram pensadas em conjunto. 
A técnica passou a ser uma forma de aplicação do 
conhecimento científico, que pode ser considerado 
como uma prática da teoria científica (MARCONDES, 
1997). De acordo com Soliveréz (1992), a ciência é 
comparada à mãe da técnica. Para ele, a técnica 
está intimamente ligada ao modo de “como se deve 
fazer”. Já a ciência, insere-se nos conhecimentos 
necessários para se pôr em prática a utilização da 
técnica (CRUZ, 2018).
Marcondes (1997) nos lembra que houve uma 
revolução científica a partir de 1543, com a obra 
de Nicolau Copérnico, intitulada Sobre a revolução 
dos orbes celestes. Os orbes celestes (planetas) 
passaram a ser compreendidos pelos cálculos 
matemáticos, trazendo um novo entendimento 
sobre o modelo cosmológico, logo: o Sol é o centro 
e a Terra apenas um astro que gira em torno do 
sistema heliocêntrico. Em outras palavras, a Terra 
gira em torno do Sol, e não o contrário, como 
se acreditava antes da teoria matemática de 
Copérnico ser publicada. Acreditava-se, desde a 
teoria formulada por Ptolomeu, no século II, que 
a Terra era o centro do universo, um astro imóvel. 
Este sistema ficou conhecido como geocêntrico.
Podemos, então, reconhecer que uma das 
principais mudanças que ocorreram ao longo da 
29
Anotações:história, no método científico, esteve ancorada 
numa inversão de ordem de prioridades. A ciência 
moderna traz como fundamento analisar os 
fenômenos e observá-los
 (MARCONDES, 1997). Como mostramos, 
paralelamente ao desenvolvimento da ciência, 
a técnica caminhou a passos largos para a 
situação de cientificação. Há um evidente 
desenvolvimento da técnica atrelado ao progresso 
das ciências modernas (SOLIVERÉZ, 1992). A seguir, 
mostraremos a História da Filosofia.
U
ni
da
de
 2
Videoaula 1
Videoaula 2
Videoaula 3
Videoaula 4
Videoaula 5
32
Anotações:
33
Pesquisadores renomados da 
área da Filosofia como Chauí (2000), 
Cotrim (2017), Cortella (2013) e ARA-
NHA (2003) afirmam que este cam-
po de conhecimento é uma forma 
de aprender a pensar e refletir, des-
pertando o nosso senso crítico, o que 
nos auxilia na construção de uma 
visão mais ampla do mundo. Por isso, 
a Filosofia ainda é de suma importân-
cia no mundo de hoje, mesmo que 
muitos não saibam o seu significado 
ou acreditem que ela possua serven-
tia utilitarista.
A IMPORTÂNCIA 
DA FILOSOFIA NO 
MUNDO DE HOJE
34
Anotações: Para Cortella (2013), é a filosofia que estimula 
a consciência e nos ajuda na formulação do nosso 
caráter moral. A verdadeira importância da filosofia 
está no efeito que ela causa sobre as pessoas, 
tornando-as mais livres para uma postura crítica 
e questionadora. Por esses e outros motivos, a 
Filosofia é tão importante no mundo atual, pois 
ajuda as pessoas a desenvolverem uma visão mais 
humanista.
Deste modo, a Filosofia possui um valor 
que transcende o seu significado conceitual, 
pois atravessa inteiramente o modo de vida do 
indivíduo. Podemos afirmar que alguns não são 
guiados por doutrinas ou crenças que os orientem 
e, nesse sentido, é que a Filosofia torna-se uma 
área de conhecimento que supera o seu significado 
científico, uma vez que é capaz de dar às pessoas 
uma forma de conhecimento racional, com o qual 
podem pensar. 
Vemos ao longo da sua história, pensadores 
passarem a seguir uma corrente filosófica. Isto 
significou que a espécie humana alcançou o 
interesse em buscar objetos e, ao mesmo tempo, 
dirigir o seu próprio comportamento. Observa-se 
isto na corrente conhecida como estoicismo, que 
busca dominar as emoções humanas. A epicurista 
que vai à procura da felicidade que é alcançada 
mediante o prazer. A cristã, que sai em busca da 
salvação através da graça e dos ensinamentos de 
Jesus Cristo. Cada uma dessas correntes levou 
o ser humano a uma forma de pensar a vida e o 
mundo, bem como a um tipo de comportamento 
(COSTA, 2004).
Assim, podemos dizer que a Filosofia traz a nos-
sa espécie o desejo do conhecimento de si próprio, 
35
Anotações:faz refletir sobre o nosso lugar no universo e na socie-
dade, sempre buscando a verdade. Dessa forma, ela 
está disponível à descoberta para todos nós. 
Veremos a seguir, a formação histórica da 
Filosofia e seus desdobramentos.
A FORMAÇÃO HISTÓRICA DA FILOSOFIA
Spinelli (2003) diz que a fase de origem da 
Filosofia, entendida como uma maneira de pensar 
totalmente nova, originou-se na Grécia no final do 
século VII e início do século VI a.C (–para outros 
pesquisadores filósofos, o período que abarca o 
surgimento da Filosofia é de VI e V, a.C.–), ocor-
reu, a rigor, na região da Jônia (Grécia), onde as 
cidades eram movimentadas pelos mercantis do 
mar Mediterrâneo e, por isso, tinham grande con-
centração de intelectuais. O pesquisador ainda 
afirma que foi, precisamente, na cidade de Mileto 
onde surgiram os três primeiros filósofos (Tales, 
Anaximandro e Anaxímenes), que tinham ideias que 
rejeitavam as explicações tradicionais baseadas na 
religião e na mitologia e buscavam, assim, apresen-
tar uma teoria cosmológica baseada em fenômenos 
observáveis. Apresentamos essa questão na uni-
dade anterior.
Podemos observar, contudo, que as carac-
terísticas da Filosofia não são encontradas so-
mente na escola de Mileto, mas também em di-
versos pensadores daquele período, chamados de 
pensadores pré-socráticos, pois surgiram antes 
de Sócrates. Assim, os primeiros filósofos con-
tribuíram com o desenvolvimento filosófico e 
através deles, surgiram as primeiras noções que 
36
Anotações: buscavam compreender a realidade e que funda-
mentaram alguns dos conceitos e das teoriassobre 
a natureza (MARCONDES 1997). A seguir veremos os 
períodos de cada escola e corrente filosófica.
OS PRINCIPAIS PERÍODOS E ESCOLAS 
FILOSÓFICAS: DOS PRÉ-SOCRÁTICOS 
AOS CONTEMPORÂNEOS
A partir deste tópico, veremos com mais 
aprofundamento que a Filosofia grega Pré-
Socrática foi a primeira corrente de pensamento, 
surgida por volta do século VI a.C., na Grécia Antiga. 
Belo (2015) afirma que os primeiros filósofos, 
aqueles antes de Sócrates, interessavam-se pelas 
questões do Universo e dos fenômenos naturais, 
buscando explicá-los por meio do conhecimento 
racional. Podemos afirmar que se trata de um 
conhecimento pré-científico. 
O período pré-socrático foi o ponto inicial das 
reflexões filosóficas. Suas discussões prendem-se 
a entender a Cosmologia, sendo a determinação da 
physis (princípio eterno e imutável que se encontra 
na origem da natureza e de suas transformações), 
ponto crucial de toda formulação filosófica. Pitágo-
ras, por exemplo, desenvolve seu pensamento de-
fendendo a ideia de que tudo preexiste a partir da 
alma, já que ela é imortal. Já Demócrito e Leucipo 
defendem a formação de todas as coisas a partir da 
existência dos átomos (BELO, 2015). Os primeiros 
traços da Filosofia grega pré-socrática surgem 
com Tales de Mileto, comerciante e estudioso, ha-
bitante da região da Jônia, conjunto de ilhas gre-
gas situadas no atual território turco. Segundo a 
37
Anotações:História, Tales era um exímio matemático, astrôno-
mo e estrategista que previu, no ano de 585 a.C., o 
acontecimento de um eclipse total do Sol, por meio 
de cálculos matemáticos e previsões astronômicas 
(BELO, 2015). 
As escolas jônica, eleática e pitagórica são 
consideradas as principais do período. Da Jônia, 
surgiram os físicos: Tales de Mileto (625-546 
a.C.), Anaximandro (611-547 a.C.), Anaxímenes 
(570-547 a.C.) e Heráclito (544-480 a.C.). Eles 
buscaram explicar o desenvolvimento da natureza 
em sua essência comum a todas as coisas, além 
de propagar a ideia do movimento contínuo 
(eterno). Foi Heráclito quem afirmou a contradição 
e a dinâmica no mundo. Segundo ele, quando 
entramos num rio, ele não é o mesmo, nem nós 
somos os mesmos ao sair dele. A sua frase mais 
conhecida é: “não nos banhamos duas vezes no 
mesmo rio” (COSTA, 2004). A escola jônica trouxe 
ao pensamento humano o caráter crítico, pois as 
teorias formuladas por seus pensadores não se 
fundamentavam pelo dogmatismo, isto é, as suas 
teorias não eram apresentadas como verdades 
absolutas. Através delas, poderia suscitar-se 
discussões que divergissem ou discordassem 
completamente delas, portanto, eram passíveis de 
crítica (MARCONDES, 1997).
Da escola de Eléa, surgiram filósofos como 
Empédocles (483-430 a.C.), Parmênides (530-
460) e Anaxágoras (499-428 a.C.). Para esses, 
não há mudanças nas coisas, já que a unidade e a 
imobilidade são elementos do ser (a essência do 
mundo). Zenon, outro pensador eleata, conceituou 
o paradoxo da lógica, que é quando uma conclusão, 
38
Anotações: cuja contradição interna de um enunciado é derivada 
de premissas válidas, no entanto, uma delas pode 
não ser verdadeira. Ele fundamentou a base para 
que os filósofos de épocas diferentes buscassem 
soluções para tal paradoxo. Podemos dizer que esta 
escola tinha, como um de seus interesses, questões 
em torno da coerência racional, possibilitando o 
surgimento da lógica como ciência (COSTA, 2004). 
Porém, o filósofo mais conhecido desta escola é 
Parmênides, que foi quem introduziu a distinção 
entre a realidade e a aparência. Segundo ele, a 
realidade é única, imóvel, eterna, imutável, por isso, 
o movimento seria, em sua superficialidade, algo 
aparente (MARCONDES, 1997).
A escola atomista, por sua vez, tem como 
característica afirmar que o Universo é constituí-
do de átomos que são indivisíveis, infinitos (logo 
eternos), que estão reunidos de modo aleatório. 
Seus representantes foram Leucipo e Demócrito 
(460-370 a.C.). Demócrito é o mais conhecido por ter 
sido o primeiro a traçar um esboço do materialismo 
determinista (COSTA, 2004).
O filósofo Pitágoras (582-500 a.C.) foi de Sa-
mos, na região da Jônia. Contudo, apesar de sua ori-
gem, ele foi para a Itália, onde fundou outra escola. 
Assim, foi o representante da escola italiana, onde 
deu início à transição do pensamento da Jônia para 
o pensamento mais mítico e semirreligioso dentro 
da filosofia (MARCONDES, 1997). Portanto, sua es-
cola tinha um caráter mais iniciático (para curiosos 
da vida esotérica). Segundo Costa (2004), Pitágo-
ras afirmava que a verdadeira substância é a alma, 
a qual existe antes mesmo do corpo, e encarna por 
consequência de um castigo de uma vida anterior. 
39
Anotações:Esse pensamento foi uma forma de compreender a 
essência das coisas e se mostrou uma teoria prévia 
ao mundo das ideias de Platão. O principal legado 
da escola pitagórica (ou pitagorismo) foi a teoria de 
que o número é o elemento que explica a harmonia 
e o equilíbrio do real, o que, consequentemente, 
ajudou a desenvolver a matemática e a geometria 
grega (MARCONDES, 1997).
Outro importante momento neste período 
considerado pré-socrático aconteceu no final do 
século V a.C., que foi o surgimento dos sofistas. 
Os nomes mais conhecidos são Protágoras (490-
410 a.C.) e Górgias (485-380). Os sofistas eram 
educadores pagos pelos alunos, eles pretendiam 
substituir a educação tradicional, que era destinada 
a preparar verdadeiros atletas e guerreiros das 
cidades-estado gregas, por uma forma pedagógica 
que se preocupava com a formação de cidadãos. Em 
sua pedagogia, os sofistas ensinavam a retórica, 
uma arte dedicada a ensinar a falar de maneira 
convincente a respeito de qualquer assunto (COSTA, 
2004). Assim, os sofistas, entre eles Górgias, 
Leontinos e Abdera, defendiam uma educação cujo 
objetivo máximo seria a formação de um cidadão 
pleno, preparado para atuar politicamente para 
o crescimento da cidade. Dentro dessa proposta 
pedagógica, os jovens deveriam estar preparados 
para falar bem, pensar e manifestar suas qualidades 
artísticas (BELO, 2015).
40
Anotações: O início do período Clássico Grego: 
a Filosofia socrática
Figura 2: Sócrates
Fonte: <https://arteeartistas.com.br/>.
Essa é considerada a melhor fase da civilização 
grega. Sócrates viveu no Período Clássico, no auge 
da civilização grega, e foi mestre de vários alunos, 
dentre os quais Platão foi o mais destacado. Além 
de ser conhecido por sua filosofia e seus diálogos 
filosóficos, seu método lhe rendeu muito destaque. 
Estima-se que ele tenha nascido em 470 a.C. na 
cidade de Alópece, em Atenas, Grécia. De acordo 
com Funari, (2002), Sócrates foi condenado à morte 
e sua sentença foi a de morte por envenenamento. 
Este fato aconteceu em 399 a.C. Seus pais eram 
Sophroniscus, um escultor, e Phaenarete, uma 
parteira. Durante sua juventude trabalhou no 
mesmo ofício que seu pai, o de artesão.
Na sua juvenilidade, Sócrates visitou o 
Oráculo de Delfos situado no templo dedicado ao 
deus Apolo, em Atenas. O primeiro impacto do 
41
Anotações:filósofo deu-se com a percepção da frase escrita 
na entrada do templo: “Conhece-te a ti mesmo e 
conhecerá o mundo e os deuses”. Segundo Chauí 
(2004), essa frase foi tomada como lema de vida 
para Sócrates, que buscou sempre se empenhar 
no autoconhecimento. O maior choque do filósofo 
ocorreu, no entanto, no momento de uma conversa 
com a sacerdotisa do oráculo que teria afirmado ao 
jovem filósofo que ele seria o mais sábio de todos 
os homens da Grécia.
Foi a afirmação “conhece-te a ti mesmo” que 
chocou o filósofo e o colocou em dúvida. Para Cotrim 
(2017), em uma atitude de colocar à prova o que lhe 
foi dito, o pensador passou a caminhar pelas ruas 
de Atenas conversando com interlocutores que se 
julgavam conhecedores de certos assuntos, como 
política e artes. Sócrates, no entanto, percebeu que, 
realmente, aquelas pessoas que julgavam conhecer 
sobre certos assuntos, na verdade não conheciam 
a fundo o que elas diziam saber.
Ele fundouo método chamado de Maiêutica, 
palavra que pode ser traduzida como obstetrícia, ou 
seja, a arte de realizar partos. No entanto, isso não 
basta para definir a maiêutica socrática. Como já foi 
mencionado, sua mãe era parteira. E metaforizando 
esse método, pode-se entender que, tal qual sua 
mãe, Sócrates dizia realizar partos, mas não partos 
de bebês, e sim de ideais. De acordo com Funari 
(2002), o filósofo acreditava que ele mesmo não 
detinha o seu conhecimento filosófico, mas teria 
uma habilidade de retirar esse conhecimento das 
outras pessoas.
Já para Aranha (2013), a Maiêutica era um 
diálogo focado em aflorar o conhecimento nas 
42
Anotações: pessoas de maneira paulatina, isto é, aos poucos 
fazer o indivíduo aproximar-se da verdade por meio 
de um diálogo lento e gradual. A autora supracitada 
esclarece que esse método se dava a partir de 
questões que tinham por finalidade ironizar e 
refutar conhecimentos dogmáticos. Em outras 
palavras, Sócrates queria acabar com as certezas 
que as pessoas de sua localidade tinham a respeito 
de diversos assuntos. Com isso, ele convencia, por 
meio da ironia, seus interlocutores de que eles não 
sabiam tanto quanto pensavam.
Para Sócrates, o exercício fundamental 
do filósofo não é informar ou transmitir saberes 
definidos (acabados, prontos). É, no entanto, fazer 
com que o interlocutor tenha ideias próprias, 
como se desse luz a elas. É através do diálogo 
que Sócrates opera a sua forma de compreensão 
dialética. Primeiramente, questiona as crenças 
preconcebidas do indivíduo que participa desse 
diálogo, com provocações sobre essas crenças que 
ele acredita ser uma verdade universal. A partir disto, 
o filósofo grego utilizava a ironia e problematizava 
tais crenças, o que consequentemente ia gerando 
contradições nas respostas do interlocutor, 
fazendo-o perceber as suas próprias contradições. 
Ao se dar conta delas, o indivíduo reconhecia a sua 
ignorância (MARCONDES, 1997).
Aquela famosa máxima “Conhece-te a ti 
mesmo” é oriunda da Grécia e está relacionada com 
a dialética socrática. Assim, para Cotrim (2017), 
Sócrates anunciava que a verdade estava dentro 
de nós, e por meio do questionamento das coisas 
ele conseguia chegar a verdades universais. Outra 
frase mais famosa de Sócrates, “Só sei que nada 
43
sei”, é derivada daquela ideia de reconhecimento 
de sua própria ignorância porque é o elemento 
fundamental para o saber (MARCONDES, 1997).
Costa (2004) diz que Sócrates não criou um 
sistema ou uma doutrina, mas a forma de viver 
a vida como um método de refl exão. É através da 
autorrefl exão sobre nossas crenças que podemos 
ser racionais e fazer problematizações críticas 
em torno da ética, assunto que trataremos mais 
adiante.
Platão e sua epistemologia
Platão nasceu por volta de 427 a.C., em uma 
família aristocrática de Atenas. Quando tinha 
cerca de 20 anos, aproximou-se de Sócrates, 
por quem tinha grande admiração. Como a 
maioria dos jovens de sua classe, quis entrar na 
política. Com cerca de 40 anos, Platão fundou a 
Academia, um instituto de Educação e pesquisa 
fi losófi ca e científi ca que, rapidamente, 
ganhou prestígio. Platão morreu por 
volta de 347 a.C. e já era um homem 
admirado em toda Atenas (SARDI, 
2005).
De modo geral, a 
sua fi losofi a trouxe um 
esboço daquilo que viria 
a ser conhecido como 
sistematização do conhe-
cimento. A sua fi losofi a 
fundamenta-se pela te-
oria das ideias ou 
teoria das for-
adiante.
Platão e sua epistemologia
Platão nasceu por volta de 427 a.C., em uma 
família aristocrática de Atenas. Quando tinha 
cerca de 20 anos, aproximou-se de Sócrates, 
por quem tinha grande admiração. Como a 
maioria dos jovens de sua classe, quis entrar na 
política. Com cerca de 40 anos, Platão fundou a 
Academia, um instituto de Educação e pesquisa 
fi losófi ca e científi ca que, rapidamente, 
ganhou prestígio. Platão morreu por 
volta de 347 a.C. e já era um homem 
admirado em toda Atenas (SARDI, 
De modo geral, a 
sua fi losofi a trouxe um 
esboço daquilo que viria 
a ser conhecido como 
sistematização do conhe-
cimento. A sua fi losofi a 
fundamenta-se pela te-
oria das ideias ou 
teoria das for-
44
Anotações: mas. A sua contribuição para o conceito de bem 
absoluto foi fundamental para teorias filosóficas 
posteriores (COSTA, 2004). Assim como Sócrates, 
Platão rejeitava a Educação que se praticava na Gré-
cia em sua época, por essa ficar a cargo dos sofistas, 
que eram incumbidos de transmitir conhecimentos 
técnicos - sobretudo a retórica - aos jovens que 
podiam pagar a eles para torná-los aptos a ocupar 
as funções públicas, como aponta Sardi (2005). 
Para Platão, toda virtude é conhecimento e, ao 
homem virtuoso, segundo ele, é dado a conhecer 
o bem e o belo. Para Chauí (2004), a busca da vir-
tude deve prosseguir pela vida inteira, portanto, 
a Educação não pode se restringir aos anos de 
juventude. Educar é muito importante para uma 
ordem política baseada na justiça, como Platão 
preconizava, que deveria ser tarefa de toda a socie-
dade.
É por conta da complexidade da teoria 
filosófica de Platão que a Filosofia Clássica virou 
um marco na história do pensamento humano. É 
possível caracterizar o pensamento de Platão por 
meio da problematização do conhecimento. Há 
algumas questões que ajudam a corroborar esta 
caracterização, são elas: 
1. Existe a possibilidade do conhecimento 
do mundo e da realidade, de vê-los como 
são em si? 
2. Existe um método capaz de conhecer este 
mundo? 
3. As questões dos sentidos e da razão são 
como instrumentos do conhecimento?
4. A questão da materialidade do mundo 
ou da realidade superior, cuja natureza 
é inteligível, e a realidade mutável e não 
45
Anotações:duradoura versus a essência imutável é 
infinita? 
Podemos afirmar que a faceta epistemológica 
do pensamento de Platão é muito importante para 
entender a sua filosofia. O problema fundamental 
para o seu pensamento é poder avaliar as formas de 
conhecimento para alcançar o nível mais profundo, 
que está além das coisas do mundo que nos cercam 
(MARCONDES, 1997).
O processo dialético platônico pelo qual, ao 
longo do debate de ideias, depuram-se o pensa-
mento e os dilemas morais, também se relaciona 
com a procura de respostas durante o aprendiza-
do. Platão é do mais alto interesse para todos que 
compreendem a Educação como uma exigência de 
que cada um, professor ou estudante, pense sobre 
o próprio pensar, como explica Sardi (2003). Neste 
sentido, podemos dizer que a obra de Platão é uma 
síntese que abarca o conhecimento verdadeiro, a 
moralidade e a política. Traz ao campo da Filoso-
fia preocupações em torno dos fatores pedagógi-
cos-políticos do conhecimento. Isto o leva à con-
clusão de que é o conhecimento em alto nível que 
leva o homem a fazer o Bem (MARCONDES, 1997).
Uma das alegorias mais conhecidas da história 
é A Alegoria da Caverna (conhecida popularmente 
como “Mito da Caverna”). Esta alegoria está inscrita 
na obra A República, no capítulo VII (514a-517d) e é 
contada através de um diálogo entre os personagens 
Sócrates e Glauco. Trata-se de uma metáfora de 
Platão sobre o nosso mundo, representado pela 
caverna. Nelas estão pessoas acorrentadas (como 
prisioneiros), desde crianças, sem se moverem, 
podendo somente observar o que está a frente, 
46
Anotações: onde elas veem apenas sombras. Estas pessoas 
aprisionadas são representações nossas, como se 
Platão descrevesse o ser humano inserido em um 
mundo ilusório, onde enxergássemos unicamente 
uma parte ínfima do mundo real. 
Do lado de fora da caverna há uma fogueira, 
cuja luz projeta as sombras, que são os homens 
que passam (como sombra) pelo lado de fora da 
caverna. Eles são representações dos sofistas 
que manipulam as opiniões dos homens e são 
parte da ilusão. Quando um dos prisioneiros se 
liberta e conhece o que há no exterior da caverna, 
ele consegue enxergar a realidade plenamente, 
compreendendo-a a tal ponto de não querer voltar 
para a caverna (MARCONDES, 1997).Aristóteles e a ética a Nicômaco
Aristóteles (384-322 a.C.), ao lado de Sócrates 
e Platão, é considerado um dos grandes filósofos 
do período clássico. Ele definiu os conceitos e 
princípios basilares de muitas teorias científicas. 
Fundamentou as teorias da lógica, da biologia, 
da física e também da psicologia. Na lógica, 
desenvolveu a teoria da inferência dedutiva, que 
são o silogismo e um conjunto de regras, que depois 
ajudaram a formar o método científico (COSTA, 
2004). 
Nascido na cidade de Estagira, na Macedônia, 
Aristóteles foi discípulo de Platão por muitos anos, 
rompendo com a filosofia do mestre após a morte 
dele. Então, fundou o seu próprio sistema filosófico, 
partindo da crítica à teoria das ideias. Assim, 
toda a sua filosofia funda-se sobre a crítica aos 
47
Anotações:fundamentos pré-socráticos e às teorias de Platão. 
O filósofo estagirita redefine a Filosofia, tanto no 
seu projeto quanto no seu sentido, para alcançar o 
seu objetivo de construir um sistema de saber, com 
a intenção de superar as limitações e as falhas de 
seus antecessores. Este projeto aristotélico pode 
ser observado na sua monumental obra intitulada 
Metafísica (MARCONDES, 1997).
Devemos mencionar outra obra de Aristóteles, 
muito importante na História da Filosofia, que é 
a Ética a Nicômaco. Nela, Aristóteles apresenta 
uma nova concepção de virtude, de uma razão 
voltada para questões práticas e do justo meio. A 
investigação de Aristóteles estreita os laços entre 
a ética e a política, como se uma dependesse da 
outra. Apesar do modelo ético apresentado por 
ele ser muito semelhante à maneira como Platão, 
seu mentor, apresentava, (ou seja, em forma de 
diálogos) ela é bem distinta das questões éticas 
que permeiam o pensamento platônico. 
O filósofo de Estagira mostra um modelo 
teleológico que tem por finalidade apresentar a 
imagem de um arqueiro que precisa atingir seu 
alvo após visualizá-lo, tal como um agente moral 
precisa ter como objetivo o fim prático (o Bem) para 
alcançá-lo. A visão de mundo de Aristóteles não se 
divide em dois, o sensível e o inteligível, como em 
Platão e, por isso, rejeita a ética platônica. O Bem 
precisa orientar as ações boas (uma forma moral) 
do agente (UNESP, 2013).
Já no início da Ética a Nicômaco, o filósofo 
estagirita parte em investigar o Bem, com intenção 
de alcançá-lo. Em meio à investigação do Bem, 
apresenta a ideia de que precisa haver uma boa 
48
Anotações: vida. Há a vida de prazer, a vida de honras, a vida 
virtuosa e a vida contemplativa. Destas quatro 
formas de viver a vida, somente a vida virtuosa 
e a vida contemplativa são consideradas em sua 
investigação como formas possíveis de alcançar a 
felicidade (UNESP, 2013). Para Aristóteles (1973, p. 
428-430), a felicidade: 
É atividade conforme à virtude, será 
razoável que ela esteja também em 
concordância com a mais alta virtude; 
e essa será a do que existe de melhor 
em nós. Quer seja a razão, quer 
alguma outra coisa esse elemento que 
julgamos ser o nosso dirigente e guia 
natural, tomando a seu cargo as coi-
sas nobres e divinas, e quer seja ele 
mesmo divino, quer apenas o elemento 
mais divino que existe em nós, sua 
atividade conforme à virtude que lhe é 
própria será a perfeita felicidade. Que 
essa atividade é contemplativa, já o 
dissemos anteriormente.
Para Aristóteles, devemos agir de maneira 
virtuosa e, para termos essa ação, podemos nos 
basear nos aspectos culturais de nossa sociedade. 
Não há um conjunto de regras que nós devemos 
seguir, o que torna o modelo ético aristotélico 
diferente dos demais apresentados ao longo da 
História da Filosofia. Desta forma, abre margem 
para a possibilidade de compreender que uma 
ação virtuosa, em determinado lugar, pode ser 
considerada não virtuosa em outro. Contudo, 
Aristóteles apresenta uma noção que media a ação 
49
Anotações:virtuosa de uma pessoa, impondo uma medida 
aritmética, trata-se do justo meio. 
Assim, ele exemplifica dizendo que o número 
três é o meio entre os números dois e quatro. 
Essa aritmética é um meio que pode ter variações 
devido aos casos singulares, em outras palavras, 
deve-se medir caso a caso. Algumas ações são 
consideradas covardes quando falta impulso, já o 
excesso de impulso pode ser considerado como 
temeridade, no entanto, ambas são manifestações 
de vício. Uma ação considerada corajosa é quando 
o impulso aparece de forma moderada, o que faz 
com que o indivíduo aja sem excesso e sem vício, 
portanto, virtuosamente. Isto quer dizer que uma 
ação só pode ser considerada virtuosa se aquela 
ação atender às “regras” do justo meio (UNESP, 
2013).
PERÍODO DO HELENISMO: A BUSCA 
PELA FELICIDADE
Após a conquista da Grécia pelos macedônios 
(322 a.C.), teve início o chamado período 
helenístico. Devido à expansão militar do império 
da Macedônia, efetuada por Alexandre Magno, 
o período helenístico caracterizou-se por um 
processo de interação entre a cultura grega clássica 
e a cultura dos povos orientais conquistados. E 
o mesmo processo ocorreu no campo filosófico. 
Para Goldschmidt (1953), filósofo francês, as 
escolas platônicas (Academia) e aristotélica (liceu) 
— dirigidas, respectivamente, pelos discípulos de 
Platão e Aristóteles — continuaram abertas e em 
plena atividade, mas os valores gregos começaram 
50
Anotações: a mesclar com as mais diversas tradições culturais. 
Este processo se deu através da cidade de 
Alexandria, capital do reino grego no Egito e centro 
cultural do helenismo. Pelo fato de a Alexandria 
ser cosmopolita, a cultura daquele local tornou-se 
sincrética (MARCONDES, 1997).
Helenismo é um termo retirado da obra de um 
importante historiador francês, que apresentava a 
tese de que havia uma influência da cultura grega em 
toda a região conquistada por Alexandre. Podemos 
compreender que a primeira tentativa de criar uma 
hegemonia da língua e da cultura nasceu com o 
império estabelecido por Alexandre (MARCONDES, 
1997). A seguir, veremos alguns filósofos e as 
escolas mais conhecidas deste período.
Os Estoicos
Este período foi marcado pela busca de um 
caminho para a felicidade, e sendo criada pelos 
estoicos, dando origem à corrente conhecida como 
estoicismo. De acordo com Marcondes (1997), o 
termo estoicismo deriva das palavras gregas stoa 
poikilé, que pode ser traduzido como “pórtico 
pintado”. A escola estoicista foi fundada em Atenas, 
em 300 a.C., e feita pelos discípulos que sucederam 
os pensadores Zenão, Cleantes e Crisipo.
A Filosofia, para a escola estoicista, é um 
sistema composto por três partes fundamentais 
e estão divididas em uma forma hierárquica: a 
física, a lógica e a ética. O sistema estoico parte 
da metáfora da árvore para ser explicado, de 
modo que a raiz da árvore corresponde à física, o 
tronco corresponde à lógica e os frutos podem ser 
51
Anotações:entendidos como a ética. Logo, a ética pode ser 
considerada a parte fundamental para tal escola, 
mas não deve estar separada da física porque há 
uma relação estreita entre as áreas. O homem é 
considerado uma parte do universo, pois ele é o 
microcosmo no macrocosmo (MARCONDES, 1997). 
Veremos, mais adiante, porque estas áreas estão 
conectadas.
As nossas ações éticas devem ter uma relação 
com os princípios naturais, que se harmonizam com 
o cosmo e traz equilíbrio ao universo e ao próprio 
homem, o que resulta em sua felicidade. Uma 
ação considerada boa deve estar de acordo com a 
natureza, isto é, precisa estar em consonância com 
a ética. A virtude no sistema estoico é composta 
por três elementos básicos: a do conhecimento do 
que é o bem e o mal, correspondendo à inteligência; 
a do conhecimento do que deve ou não ser temido, 
que corresponde à coragem e a do conhecimento 
que nos permite dar algo que é devido a quem 
merece, o que corresponde à justiça. Assim, a 
concepção de natureza, na ética do estoicismo, tem 
um forte teor fatalista, pois o destino (heimarmené) 
tem uma presença grande em sua constituição. O 
destino não é arbitrário e refletea racionalidade do 
mundo real, portanto devemos aceitá-lo, mesmo 
não compreendendo o que fazemos para termos 
um triste destino. Assim, a resignação em aceitar 
os acontecimentos como algo predeterminado é 
um elemento fundamental nesta ética. Devemos 
agir tendo como princípio a ética, mas aceitar as 
consequências de nossas ações e o desenrolar dos 
acontecimentos inevitáveis (MARCONDES, 1997). 
Em outras palavras, tudo o que existe e acontece 
52
Anotações: tem um objetivo e uma razão de ser, pois faz parte 
da inteligência universal. Assim, tudo é necessário, 
ou seja, não pode ser diferente do que é, pois, no 
cosmos, todos os eventos estão organicamente 
predeterminados. Isso inclui a vida de cada um de 
nós, o que quer dizer que, na concepção estoica, 
cada pessoa nasce com um destino definido.
A eudaimonia, traduzida como felicidade, 
baseia-se na ataraxia, que se traduz por 
tranquilidade. O estado de tranquilidade consiste 
na ausência de perturbação. Aceitar o desenrolar 
dos acontecimentos, conviver com austeridade e 
manter o autocontrole é o que nos faz alcançar a 
ataraxia, ou melhor, a tranquilidade. O estoicismo, 
contudo, coloca-nos um desafio, pois para alcançar 
este estado, é preciso ser um completo sábio 
(MARCONDES, 1997).
Cotrim (2016) destaca que os estoicos 
procuraram orientar a conduta das pessoas 
estabelecendo a seguinte distinção entre as 
coisas: 1) boas, aquelas que dependem de nós e 
que devemos buscar durante a vida para sermos 
felizes, são virtudes (ser prudente, justo, corajoso); 
2) más, que são as coisas que dependem de nós, 
mas que, ao contrário, devemos evitar durante a 
vida se queremos ser felizes, são vícios advindos 
de algumas formas de paixões (ser imprudente, 
injusto, covarde, guloso, raivoso); 3) indiferentes, 
que são as que não dependem de nós e com as 
quais não devemos nos preocupar, sob pena de 
gerar infelicidade.
Antes de passarmos para a próxima escola 
helenista, é preciso ressaltar que, por conta das 
características de ser determinista, de buscar o 
53
Anotações:autocontrole, a submissão e a austeridade da vida 
financeira como valores centrais, a ética estoica foi 
uma grande influência para o desenvolvimento do 
cristianismo, assim explica Marcondes (1997).
Epicuro
Epicuro (341-271 a.C.) reunia-se, na cidade 
de Atenas, com os seus discípulos no jardim de 
sua escola, fundada em 306 a.C., ele retomou as 
teorias atomistas de Demócrito e Leucipo, e foi 
reconhecido pelo seu tratado sobre a natureza, 
intitulado Da Natureza. É importante observar que os 
epicuristas defendem a física materialista, atomista 
e mobilista. Assim, eles apresentam uma teoria do 
conhecimento que valoriza a experiência do que 
é imediato. Nesta teoria também é apresentado 
um conceito chamado de pré-noção, que consiste 
em conservar os elementos de uma experiência 
que servirá para alcançar objetivos e dar inícios 
teóricos (como ponto de partida) para a apreensão 
de conhecimentos posteriores (MARCONDES, 1997).
A sua ética, segundo Marcondes (1997), tem 
por princípio a felicidade (ou eudaimonia) que se 
obtém da ataraxia, que é traduzida como tranquili-
dade, como visto anteriormente. O que faz o homem 
alcançar a ataraxia é a sua forma de agir, que deve 
estar em acordo com a liberação de seus desejos 
e necessidades características de sua natureza. 
Essa liberação de impulsos naturais precisa ser 
equilibrada. Assim, na ética epicurista, o prazer (ou 
hedoné) é importante e considerado natural. É algo 
positivo quando realizamos nossos desejos de for-
ma espontânea, contudo, deve-se ter moderação, 
54
Anotações: mas nunca a sublimação do prazer (MARCONDES, 
1997). Podemos definir algumas distinções entre 
o que desejamos e que pode ser dividido em três 
grupos: 1) naturais e necessários, como os dese-
jos de comer, beber e dormir. 2) desejos naturais e 
desnecessários, como os desejos de comer alimen-
tos refinados, tomar bebidas especiais e caras,3) 
os não naturais e desnecessários, como os desejos 
de riqueza, fama e poder.
Contentar-se com pouco seria o segredo do 
prazer e da felicidade. Com a expectativa reduzida, 
não há decepção, e um grande prazer pode advir de 
um simples copo de água. Segundo Cotrim (2016, p. 
30), “gozar o prazer eventual de um banquete ou de 
um cargo elevado não é proibido, mas não deveria 
ser desejado sempre, pois, mais cedo ou mais tarde, 
viriam a insatisfação, o desprazer, a infelicidade”. 
Deve-se agir com prudência racional, por isso, 
de acordo com Marcondes (1997), os epicuristas 
valorizavam a phronesis, que pode ser entendida 
como inteligência prática, pois quando há este tipo 
de inteligência, nem a razão, nem a paixão entram 
em conflito.
Outro ensinamento importante na filosofia 
epicurista, conforme Cotrim (2016), é que Epicu-
ro dizia que se devia eliminar algumas crenças, 
consideradas pelo filósofo como uma das princi-
pais causas de angústia e infelicidade. Elas são 
preocupações religiosas e superstições sobre-
naturais, o que manifesta em nós um temor im-
posto por tais crenças ou religiões, por exemplo, os 
gregos temiam muito ofender seus deuses e serem 
terrivelmente punidos por eles. Também viviam sob 
o pavor de que forças divinas interferissem em suas 
55
Anotações:vidas, mudassem sua sorte ou tirassem-lhes os en-
tes queridos.
Mediante a compreensão materialista do 
universo e do ser humano, próprias à ética de 
Epicuro, ele sustentava que as pessoas também 
deveriam se livrar de outro grande fator de angústia 
e infelicidade: o medo da morte. A sua ideia é exposta 
em uma das cartas mais célebres da História da 
Filosofia, a saber, a Carta sobre a felicidade, desta 
forma ele escreve (1997, p. 27-28.) o seguinte:
Acostuma-te à ideia de que a morte 
para nós não é nada, visto que todo 
bem e todo mal residem nas sen-
sações, e a morte é justamente a 
privação das sensações. A consciên-
cia clara de que a morte não significa 
nada para nós proporciona a fruição 
da vida efêmera, sem querer acres-
centar-lhe tempo infinito e elimi-
nando o desejo de imortalidade. [...] 
quando estamos vivos, é a morte 
que não está presente; ao contrário, 
quando a morte está presente, nós é 
que não estamos. 
Em outras palavras, as sensações estão 
ligadas ao ato de temperança, ou seja, em virtude de 
quem é moderado e, assim, tendo esse pensamento, 
a morte não seria nada, mas a consciência de que 
se deve aproveitar a vida, mesmo porque ela é 
passageira e que se vive por um tempo determinado 
na terra. 
56
Anotações: O Ceticismo
A tradição cética, conforme Marcondes (1997) 
é formada por diversas concepções do ceticismo, 
pois não há um marco histórico que dê sinal de 
quando ela tenha começado, assim como não há 
um grande pensador inaugural. O que se conhece 
sobre o ceticismo antigo vem dos escritos de Sex-
to Empírico, mais especificamente no texto Hipo-
tiposes Pirrônicas. Uma das afirmações centrais 
presentes nesse texto é a diferença entre as aca-
demias (filosóficas), de pensadores como Clitôma-
co e de Carnéades, e o pensamento cético. 
As primeiras afirmavam ser impossível 
encontrar a verdade, enquanto os céticos, 
consideravam-se os verdadeiros mestres, pois 
continuavam as suas investigações sempre em 
busca da verdade. Em termos gerais, a afirmação de 
que seria impossível alcançar a verdade já era uma 
forma dogmática. Isto não caracteriza a posição 
cética pois o ceticismo tinha como proposta 
suspender o juízo quanto à possibilidade de algo 
ser verdadeiro ou falso. Sexto empírico afirma que 
a filosofia de Pirro de Élis pode ser considerada 
autenticamente cética. Assim, o pirronismo pode 
equivaler ao sentido de ceticismo.
Segundo Marcondes (1997), tudo aquilo que 
conhecemos de Pirro e do que ficou conhecido 
como ceticismo pirrônico, vem do seu discípulo, 
provavelmente o único, Tímon, e é dele que podemos 
encontrar alguns fragmentos. O próprio Pirro não 
escreveu uma obra expressando o seu pensamento. 
Ele está inserido no grupo de filósofos, comoSócrates, que não tinham um sistema ou doutrina, 
57
Anotações:mas acredita na Filosofia como uma atitude. Dele 
pode-se extrair algumas questões centrais, como: 
qual a natureza das coisas? Não podemos conhecer 
as coisas tais como elas são trazidas através dos 
sentidos e da razão, por meio delas fracassamos. 
Como agir em relação à realidade que nos cerca? 
Devemos evitar assumir alguma posição em 
relação ao conhecimento da natureza das coisas, 
justamente, porque não a conhecemos. Quais 
as consequências de tal atitude? O que nos traz 
tranquilidade é quando nos mantemos à distância 
de tais interesses. Assim como as escolas estoicas 
e epicuristas, Pirro buscava alcançar a felicidade, 
através da ataraxia que, como já vimos, trata-se da 
tranquilidade.
Marcondes (1997) afirma que o ceticismo pode 
ser definido por seu procedimento específico, em 
que o filósofo que busca a verdade, ao se frontar 
com diversas tendências dogmáticas, vê que não há 
um critério decisivo sobre aquelas que apresentam 
suas "verdades", como válidas porque dependem de 
sua própria teoria para sustentá-las, fazendo com 
que todas elas estejam no mesmo nível, o que leva o 
cético à constatação de que estão no mesmo grau 
de potência. Como essas tendências entram em 
conflito, excluindo-se, de maneira mútua, porque 
cada uma apresenta a sua verdade como única, 
impossibilita-se a decisão sobre aquela que seria a 
melhor tendência a ser seguida. O cético suspende 
o seu juízo e, quando o faz, sente-se em estado de 
tranquilidade.
58
Anotações: FILOSOFIA MEDIEVAL: AS FILOSOFIAS 
DE SANTO AGOSTINHO E SÃO TOMÁS 
DE AQUINO 
Segundo Costa (2004), no período em que a 
sociedade greco-romana passava por declínio, o 
pensamento filosófico do Ocidente passou a se 
preocupar com a salvação do ser humano, que se 
daria num mundo metafísico. Assim, acabaram 
por deixar de lado as investigações a respeito da 
natureza e sobre o caminho para a felicidade. O 
pensamento cristão se estendeu pelo império 
romano, entre a classe mais abastada, a partir do 
século III. 
Marcondes (1997) observa que, embora tenha 
havido um período de transição do pensamento 
helenista para o cristianismo, este surgiu no 
contexto do próprio helenismo. A cultura helenista, 
uma cultura propícia, foi fundamental para que 
houvesse uma aproximação entre a filosofia grega 
e a cultura do judaísmo. Isto quer dizer que, mesmo 
que o cristianismo tenha sido originado como 
vertente do judaísmo, desenvolveu-se mediante a 
cultura helenista, portanto, o pensamento cristão é 
uma síntese da religião judaica e da cultura grega 
(MARCONDES, 1997, p. 115-116). O autor ainda mostra 
que havia duas concepções que pensavam a relação 
entre a Filosofia grega e o cristianismo. 
Uma defendia a presença da Filosofia grega 
no pensamento cristão e aproximava algumas obras 
de Platão à narrativa bíblica, bem como o papel 
de ensinamento, que é próprio à Filosofia, com a 
intenção de preparar o espírito dos convertidos para 
as revelações do livro da Bíblia. Sócrates, Platão e os 
59
Anotações:filósofos estoicos eram vistos como os pensadores 
precursores do pensamento cristão, mesmo que 
não tenham conhecido os ensinamentos de Cristo 
porque nasceram muito tempo antes dele. A outra 
era dos teólogos que não viam a Filosofia como 
pensamento religioso e advertiam aos demais 
religiosos que a Filosofia grega estava distante da 
mensagem do cristianismo. Esses consideravam 
o método filosófico nocivo por se tratar de um 
método que traz a discussão como a forma, assim, 
a Filosofia grega era vista como prática pagã. 
Sendo assim, a posição dos defensores de uma 
teologia que se desenvolveu através da Filosofia só 
apareceu no período em que a Igreja passava por 
concílios, que eram reuniões onde os cargos mais 
altos da igreja, constituídos por bispos e líderes, 
deliberavam os dogmas a serem seguidos. Foi 
neste período que a Filosofia grega foi incorporada, 
definitivamente, ao pensamento cristão. 
A seguir, veremos alguns dos principais 
teólogos deste período, cuja linha religiosa 
apresenta uma enorme filiação com o método e o 
pensamento filosófico.
 
Santo Agostinho
Segundo Costa (2004), Agostinho de Hipona 
(354 – 430 d.C.) foi bispo e trouxe para a Igreja, junto 
a outros teólogos, a valorização da razão. Aliada à 
razão estava a emoção religiosa dos ensinamentos 
de Jesus Cristo e de seus apóstolos. Essa aliança 
formada entre a razão e a emoção, própria aos 
ensinamentos cristãos, fundou um sistema de 
pensamento, uma doutrina cristã. A Filosofia de 
60
Anotações: Platão se manteve presente na doutrina cristã até o 
século XIII por causa de sua influência na igreja e foi 
neste período que a Filosofia patrística originou-se.
A sua Filosofia se baseia no pensamento 
de Plotino, um neoplatonista (corrente derivada 
das teorias de Platão), Porfírio, nos ensinamentos 
de São Paulo e no Evangelho de São João. Assim, 
a partir de Agostinho, a Teologia passou a ser 
pensada como uma ciência e, a partir dela segundo 
seus dogmas, o homem precisa se dedicar para 
salvar a sua alma como uma forma de recompensa 
(MARCONDES, 1997).
Essa da aproximação feita por ele entre Platão 
e o cristianismo ficou conhecida como Platonismo 
Cristão, uma espécie de corrente interna da Igreja. 
Neste sentido, Agostinho formulou a primeira sín-
tese reconhecida historicamente entre a Filosofia 
grega e o cristianismo. As suas contribuições fun-
damentais para o desenvolvimento da Filosofia são 
três: a relação entre Teologia e Filosofia, portanto, 
entre a razão e fé; a questão da subjetividade e da 
interioridade como questões centrais da teoria do 
conhecimento e a obra Cidade de Deus, cuja a teoria 
da história foi fundamental naquele período. 
A originalidade de Agostinho está justamente 
em ter desenvolvido a noção de interioridade e 
o conceito de subjetividade. A posição interior é 
considerada o âmbito da verdade, fazendo uma 
oposição ao exterior. A sua famosa frase “No homem 
interior habita a verdade” deriva desta teoria que 
tem como princípio o olhar do homem para dentro 
de si, porque ao olhar para o interior é possível 
compreender a verdade divina. (MARCONDES, 1997)
Santo Agostinho não foi o primeiro a realizar 
uma teoria da história como, observa Marcondes 
61
Anotações:(1997), contudo, a sua noção é diferente das 
anteriores, porque havia a noção de tempo 
histórico, que se tornou uma grande influência no 
Ocidente. Ela foi inovadora por trazer a história 
como possuidora de um sentido, direcionada e 
marcada por um começo e um ponto final, que 
é o retorno ao lugar de origem. Isto significa que, 
para o filósofo de Hipona, a história não é cíclica no 
sentido de que não possua um começo e um fim, e 
os acontecimentos não são resultados fatalistas, 
de um destino implacável, como era na concepção 
dos gregos antigos, mas possuem sentido e podem 
ser interpretados como sinais da revelação divina.
Tomás de Aquino 
No período de Tomás de Aquino (1225-1274), 
a Europa passava por mudanças estruturais, 
e também de mentalidade. Em sua época 
havia universidades e ordens religiosas, como 
a dominicana e a franciscana que podem ser 
consideradas expressões dessas transformações. 
A ordem religiosa de Aquino era a dominicana, ele 
manteve vínculo com as universidades, sendo a 
universidade de Paris uma das que mais frequentou 
(MARCONDES, 1997). 
A sua originalidade está em ter desenvolvido 
um sistema filosófico que passava por todos 
os grandes temas, tanto da Filosofia quanto da 
Teologia. Supera, através da retomada da filosofia 
aristotélica, o platonismo de Santo Agostinho. 
Abriu, assim, uma nova perspectiva para a Filosofia 
Cristã (MARCONDES, 1997). A sua principal obra 
é a Summa Theologica (Suma Teológica) que foi 
62
Anotações: censurada por conter muitas questões tratadas por 
Aristóteles, que é a Filosofia do estagirita.
Uma das contribuições mais importantes 
de Aquino foi o argumento das “cinco vias da 
prova da existência deDeus”, presente em sua 
Suma Teológica, considerado uma das principais 
questões da Filosofia Medieval. Este argumento 
busca demonstrar através de cinco artigos, de 
forma filosófica e racional, a existência de Deus. 
Através destes argumentos, pretende-se entender 
como a fé e a razão se relacionam (MARCONDES, 
1997).
O NASCIMENTO DA FILOSOFIA 
MODERNA: O PERÍODO RENASCENTISTA
O termo Renascimento, conforme observado 
por Marcondes (1997) foi utilizado por Giorgio Vasa-
ri, em 1550, na obra Vida dos mais excelentes pin-
tores, escultores e arquitetos. O historiador Jacob 
Burkhardt pegou o termo e o tornou um conceito 
histórico para determinar o período intermediário 
entre o medieval e o moderno, que vai do século 
XV ao XVI. Embora a História da Filosofia não tenha 
utilizado, tradicionalmente, o Renascimento como 
um momento específico de algum dado filosófico 
específico, tratando-o somente como um período 
de transição entre a Idade Média e a Modernidade, 
temos visto cada vez mais pesquisas que mostram 
que este período desenvolveu um pensamento 
característico. Isto ocasionou uma ruptura com a 
escolástica sem, no entanto, ainda ser considerado 
o período moderno. 
O humanismo é uma das principais característi-
cas deste período, e através dele foi possível romper 
63
Anotações:com a concepção teológica medieval, com o Teocen-
trismo e o papel central das ciências naturais após 
Aristóteles ser redescoberto no século XII. No perío-
do renascentista, passou-se a valorizar o interesse 
pelo homem em si, e assim, ele foi considerado um 
ser com dignidade, dotado de liberdade e criação, 
passando a ser visto com capacidade de reproduzir 
a harmonia do cosmo. Portanto, é um microcosmo 
em si mesmo. Neste sentido, o humanismo repre-
sentou um novo pensamento, um novo estilo nas 
artes e uma nova temática nas áreas do conheci-
mento (MARCONDES, 1997).
Segundo Marcondes (1997), os humanistas 
refletiram a necessidade de retomar os clássicos 
para trazer novidades, fosse na política ou na arte. 
Petrarca (1304-74), poeta italiano do período de 
transição, foi o primeiro pensador a rejeitar a teo-
logia medieval e as especulações metafísicas. Ele é 
considerado o primeiro humanista. Dante Alighieri 
(1265-1321) escreveu seu famoso poema A Divina 
Comédia e inaugurou este novo estilo de pensar a 
arte. Erasmo de Rotterdam (1466-1533), que es-
creveu a obra O elogio da loucura, e Thomas Morus 
(1478-1535), que escreveu a famosa obra Utopia, re-
tomaram os princípios da virtude moral estoica e 
epicurista para aplicá-las na política. O mais famo-
so dos teóricos políticos é Nicolau Maquiavel (1469-
1527), autor de uma das obras mais importantes da 
teoria política, O príncipe.
 Na obra, Maquiavel elabora uma análise de 
diferentes momentos históricos onde governantes 
que tiveram o poder, o perderam. A sua intenção 
era a de pensar questões pragmáticas e empíri-
cas do exercício de poder, separando a política das 
64
Anotações: questões morais. Traz nele uma nova qualidade de 
virtude, a “virtú”, que não carrega em si a virtude 
cristã. A “virtú” tem em si os elementos da coragem, 
habilidade e persistência, assim, contrariando a 
virtude cristã que pressupõe a piedade e a humil-
dade. Já na filosofia, o filósofo mais famoso deste 
período é Michel de Montaigne (1533-95), que es-
creveu os famosos Ensaios. Francês, representou 
o humanismo individualista, que é caracterizado 
pelo homem equilibrado, culto e sensível, cujo olhar 
crítico é lançado ao seu redor para refletir de for-
ma pessoal, o mundo que o cerca. Os pensamentos 
deste tipo de humanista advêm de sua experiência 
no mundo, contudo não há um sistema ou teoria a 
ser elaborado por ele.
A Modernidade
A Filosofia Moderna surgiu a partir do século 
XV. O pensamento moderno da filosofia fundamen-
tou a interpretação materialista e mecanicista do 
universo, relacionado ao pensamento humano 
como uma só realidade. As transformações políti-
cas e as descobertas da ciência refletiram na in-
teração entre aquelas formas de interpretar o 
mundo. A sua fundamentação está inteiramente 
baseada na razão e é crítica à religiosidade medie-
val. O homem moderno, para compreender o mun-
do e a si mesmo busca no conhecimento a capaci-
dade de compreendê-los, e que se dá a partir da 
teoria do conhecimento. Com ela, a investigação 
leva o homem às condições de conhecer o que é 
verdadeiro (COSTA, 2004).
65
Anotações:Segundo Cotrim (1996), o conhecimento existe 
pela relação entre dois elementos: sujeito e objeto. 
Só há conhecimento quando o sujeito apreende o 
objeto. Quanto à nossa mente, ela torna possível a 
imagem, a ideia e o conceito de um objeto nela mes-
ma sendo capaz de efetivar uma representação das 
coisas mentalmente. O sujeito é a nossa consciên-
cia, isto é, nossa mente, e cabe-lhe o papel de ser 
conhecedor, já o objeto é a realidade (o mundo) e os 
fenômenos. Por fim, o conhecimento surge quando 
nossa mente alcança a capacidade de representar 
o mundo. 
Afirma Costa (2004) que a concepção 
mecanicista do mundo, que o vê como uma 
máquina, derrubou, em certa medida, a concepção 
cosmológica medieval. A visão moderna do 
mundo é a de que ele é constituído por leis 
físicas, sem uma vontade ou finalidade. O homem 
é o centro do universo, portanto, inaugura-se o 
Antropocentrismo, superando a visão medieval 
(teocêntrica) e seu dogmatismo que define uma 
única verdade. Os únicos métodos de investigação 
filosóficos da modernidade são pelas vias da razão 
e da experiência.
Há dois caminhos para alcançar o caminho 
do conhecimento verdadeiro. Um é através do ra-
cionalismo, o outro é através do empirismo. Afir-
ma Chauí (2000) que no racionalismo, a razão é o 
caminho para o conhecimento porque operaria 
por si mesma, sem a necessidade da experiência 
sensível e que teria a capacidade de controlá-la. 
Já no empirismo, ao contrário, o caminho para o 
conhecimento é a experiência sensível, que seria 
a fornecedora das ideias racionais, e que teria a 
66
capacidade de controlar a razão. Porém, cabe res-
saltar que nenhum destes caminhos metodológicos 
anulam o ideal de tornar o entendimento do ser hu-
mano em um objeto da Filosofia, o que é consenso 
entre os filósofos modernos.
O pensamento de René Descartes
Figura 3: René Descartes
FONTES PRIMEIRAS
Racionalismo Empirismo
Dedinição
A palavra racionalismo vem 
do latim ratio que significa 
razão.
A palavra empirismo vem do 
grego emperia que significa 
experiência.
Origem do 
conhecimento
A razão é a origem do 
conhecimento.
A experiência é a origem do 
conheicmento.
Principais 
autores Descartes e Leibniz Locke e Hume
Palavras-chave
Razão, principais inatos e 
principais lógicos.
Experiência, tábua rasa e 
sentidos.
67
Anotações:René Descartes (1596-1650) é reconhecido por 
fundar o método cartesiano e inaugurar o pensa-
mento moderno na Filosofia. Ele se insere na história 
do pensamento como um dos representantes da 
vertente Racionalista. Esta doutrina se apoia na 
razão como fundamento de todo o conhecimento. 
O seu método cartesiano tinha como instrumento 
a matemática, tornando-a base para a ciência de 
modo geral. Uma das características centrais do 
cartesianismo é a dúvida metódica como princípio 
de investigação e é através dela que podemos pôr 
em questão todas as nossas certezas (COSTA, 
2004).
 Cotrim aponta (2017) que os passos da dúvi-
da metódica, constituem a parte mais conhecida 
de seu método. Contudo, ela não se resume a estes 
passos, pois corresponde (de forma mais ampla) a 
uma postura criteriosa de investigação filosófica. 
Os passos são: 1) Jamais aceitar como verdadeira 
coisa alguma que não estivesse tão clara na minha 
mente que não restasse dúvidas de sua verdade, 2) 
Dividir cada dificuldade em tantas partes quanto 
possível e necessário para resolvê-la, 3) Organizar 
os pensamentos, iniciando pelos assuntos mais fá-
ceis e simples e progredindo gradativamente para 
os mais complexos, 4) Fazer, para cada caso, enu-
meraçõese revisões até que estivesse certo de não 
ter omitido nada.
Descartes propõe superar as dificuldades 
para conhecer algo em sua verdade fundamental 
a partir da ideia de que o conhecimento é funda-
do sobre ideias claras e distintas que estão em 
nossa mente, sendo esta última uma substância 
pensante (UNESP, 2013). Ao falar de nossa men-
68
Anotações: te, observa Costa (2004) que o filósofo racionalista 
francês descobre o elemento da subjetividade, e isto 
significa dizer que o mundo é conhecido através de 
um sujeito, de modo que a investigação filosófica e 
científica desloca o foco do objeto investigado para o 
sujeito, ou seja, sai da realidade objetiva para a razão 
do sujeito. Para ele, não havia a possibilidade de pen-
sar algo sem saber que existe, sendo isso verdade 
clara e distinta, portanto, uma verdade impossível de 
ser refutada. Daí nasce a célebre frase: “Penso, logo 
existo” (COSTA, 2004, p. 18).
David Hume: empirismo radical
O filósofo escocês David Hume (1711-1776) foi 
quem levou o método empirista às últimas conse-
quências. Chegou à negação da universalidade do 
princípio de causalidade porque, segundo ele, nós 
apenas podemos observar os eventos em sequên-
cia temporal, não as conexões causais internas. 
Hume acredita que por termos o hábito de ver ocor-
rências naturais sucederem-se, cotidianamente, 
um fato no presente terá o mesmo comportamento 
como outras vezes observadas no passado (COSTA, 
2004). 
As ideias são de natureza particular, quando 
associamos a elas palavras gerais é que produzimos 
um efeito generalizado. A partir disto, generalizamos 
a ponto de fazermos referência a uma infinidade de 
coisas particulares que possuem o mesmo aspecto. 
Assim, o universal é um processo de associação 
que faz parte do nosso hábito (MARCONDES, 1997, 
p. 204). Os seus exemplos são os de que um dia o sol 
pode não vir a nascer, e que onde há fumaça nem 
sempre há fogo.
69
Anotações:A Filosofia de Kant: o ápice do 
pensamento moderno
Marcondes (1997) explica que o pensamento 
de Immanuel Kant (1724-1804) e suas obras são 
considerados marcos na Filosofia moderna. Os 
questionamentos de David Hume tiveram impacto 
profundo em Kant. Ele estava buscando reabilitar o 
racionalismo contra o empirismo cético, contudo, 
considerou os questionamentos de Hume e viu a 
importância do empirismo para o conhecimento. 
Assim, elaborou uma Filosofia a qual atribuiu o título 
de Racionalismo Crítico. Com sua obra "Crítica da 
Razão Pura", que foi escrita e publicada no contexto 
do racionalismo alemão, Kant superou a separação 
entre o racionalismo e o empirismo.
Segundo o pesquisador Pacífico (2020), a 
Filosofia de Kant e a construção de seu sistema 
deram-se pelo interesse em conhecer como se dá 
o saber humano. Nosso conhecimento é composto 
por juízos que são fundamentados através de 
nossas percepções, isto é, os sentidos de nossa 
sensibilidade. Na obra mencionada, Kant apresenta 
a concepção de Filosofia transcendental, que se 
ocupa com o nosso modo de conhecer os objetos, 
e não somente com os objetos em si. 
Observa Marcondes (1997) que se trata de 
uma Filosofia do conhecimento, em que procura 
entender as possibilidades de conhecimento, 
mostrando o uso da razão de modo cognitivo — que 
produz conhecimento real —, distinguindo-o de seu 
uso especulativo, em que o pensamento não tem 
correspondência com os objetos. Pode-se afirmar 
que a Crítica da razão pura consiste em examinar 
70
Anotações: a constituição da razão em seu interior e o seu 
funcionamento. Outro aspecto apresentado pela 
obra é a delimitação de conhecimento, como uma 
fronteira entre a ciência e a pseudociência. 
Marcondes (1997) declara que a partir da 
tradicional forma de distinguir os juízos analíticos 
e juízos sintéticos, apresenta-se o caráter lógico 
dos juízos analíticos, em que os predicados (que é 
o que declara algo sobre o sujeito) estão no sujeito, 
mas não produzem conhecimento e são a parte 
independente da experiência, portanto, a priori. 
Os juízos sintéticos dependem da experiência (a 
posteriori do sujeito) e são aqueles que produzem e 
ampliam o conhecimento. 
Contudo, Kant considera estes juízos insu-
ficientes para a condição adequada da ciência, 
pois precisamos dar conta dos juízos universais 
e necessários para ampliação do nosso conheci-
mento. Com isto, ele apresenta os juízos sintéticos 
a priori, que são caracterizados como indepen-
dentes da experiência, mas que, por dar condições 
de possibilidade do conhecimento, relacionam-se 
com ela. Os fundamentos da física, da matemática e 
filosóficos pertencem a este novo juízo. Em relação 
ao conhecimento de um objeto, ele é o resultado da 
contribuição de duas faculdades: da sensibilidade 
e do entendimento. Há a Estética Transcendental, 
que constitui a primeira parte da Crítica, que trata 
das formas puras da sensibilidade (intuições do es-
paço e tempo). 
Podemos dizer que as coisas que percebemos 
não passam de um fenômeno, porque a coisa 
percebida por nós não é tal como é em si mesma. 
Pacífico (2020) destaca o ensinamento de Kant de 
que tudo aquilo que é exterior ao tempo e ao espaço 
71
Anotações:não é percebido por nós. Podemos compreender, 
desta forma, que sempre vemos as coisas através 
das formas da sensibilidade. Há, por outro lado, a 
parte da Analítica Transcendental, que analisa os 
conceitos puros do entendimento, e que constitui 
a segunda parte da mencionada obra.
O pensamento de Kant deu a base para o que 
viria depois em diversas áreas do conhecimento, 
desde estudos sobre a física, a matemática, bem 
como as questões da arte, da moral e da ética. 
A filosofia após Kant: do idealismo 
alemão à contemporaneidade
O Iluminismo, que contou com a influência 
de Kant e de pensadores franceses, como Jean 
Jacques Rousseau, Voltaire e Montesquieu, foi 
idealizado num momento de atividade social 
intensa, impulsionando mudanças na sociedade 
ocidental e que culminaram na Revolução Francesa 
(COSTA, 2004). Foi um movimento cultural amplo, 
que abarcou a política, as artes, a literatura, 
a doutrina jurídica, as ciências, bem como o 
pensamento filosófico. Uma de suas principais 
contribuições foi a noção de progresso racional da 
sociedade e da humanidade (MARCONDES, 1997).
Através da influência da Filosofia Kantiana, 
o idealismo tornou-se uma das tendências domi-
nantes na Alemanha. Os filósofos representantes 
do Idealismo Alemão foram Johann Gottlieb Fichte 
(1762-1814), Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling 
e Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831). O mais 
conhecido desta tríade idealista alemã é Hegel 
(COSTA, 2004), que tem em sua Filosofia um caráter 
72
Anotações: extremamente sistemático, que integra a ética, a 
metafísica, a lógica, as filosofias da natureza e do 
direito, e a estética. Trata, portanto, de todos os te-
mas da tradição filosófica (MARCONDES, 1997). 
A sua concepção de Estado como a forma 
mais elevada de materialização do espírito abso-
luto foi fonte de inúmeras teorias sociais e políti-
cas, bem como a sua metáfora da dialética, outro 
conceito bastante discutido em diversas áreas 
do conhecimento. Ela consiste em demonstrar a 
questão do ser que se transforma, e é apresentada 
da seguinte forma: a semente é a tese (o ser), a sua 
antítese — portanto o não-ser — seria o desenvolvi-
mento da semente que deixa de sê-la, e a síntese é a 
sua transformação, que passa a ser árvore, mas que 
mantém a relação de ser e não ser uma semente. 
Segundo Belo (2015), o século XIX foi 
considerado o século da descoberta da História 
e da historicidade do homem, da sociedade, das 
ciências e das artes. Isto se deu, particularmente, 
com Hegel, que afirma que a História é o modo de 
ser da razão e da verdade, ou seja, um modo de ser 
dos seres humanos e que nos torna, portanto, seres 
históricos.
Surgiram outros filósofos importantes neste 
período, como Arthur Schopenhauer (1788 – 1860). 
Apesar de sua Filosofia estar próxima ao contex-
to do pensamento romântico,foi crítico dos ide-
ais iluministas racionalistas. A linha filosófica de 
Schopenhauer é o idealismo transcendental. Se-
gundo esta linha, o mundo sensível existe para a 
nossa subjetividade apenas como representação. 
A partir da obra Crítica da razão pura, de Kant, es-
pecificamente, da primeira parte da obra (Estética 
73
Anotações:Transcendental), Schopenhauer fundamenta toda a 
sua teoria filosófica (PACÍFICO, 2020). Marcondes 
(1997) afirma que o filósofo, o sujeito condiciona 
o objeto, assim todo objeto é uma representação 
para o sujeito.
 A representação é um estado subjetivo e é 
uma contribuição das formas do tempo e espaço, 
do entendimento (causalidade) e da sensibilidade. 
Ela é como um véu ilusório que nos impede de 
alcançar a coisa em si, e a coisa em si é a essência 
do mundo, chamada vontade. Assim, a Filosofia 
schopenhaueriana mistura a herança filosófica 
kantiana com o pensamento oriental.
Soren Kierkegaard (1813-1855), um filósofo 
dinamarquês, foi o primeiro existencialista. A 
sua formação mistura elementos da Teologia e 
da Filosofia, próxima à linha filosófica de Blaise 
Pascal. Também estudou com Schelling em Berlim. 
Seu pensamento carrega um caráter subjetivista, 
trágico e pessoal. O estilo irônico apresenta 
críticas ao pensamento cartesiano e hegeliano. 
Produziu análises sobre os sentimentos mais 
profundos do ser humano, como a angústia, o 
medo, o amor e a existência sem sentido. Não há 
qualquer formulação sistemática ou doutrinária em 
sua Filosofia. Questiona a racionalidade no sentido 
de trazer ao campo da Filosofia Ocidental o papel 
da irracionalidade em nossas escolhas da vida 
(MARCONDES, 1997).
Karl Marx (1818-1883) formou-se em Filosofia 
em Berlim, onde entrou em contato com os “jovens 
hegelianos”, ou “hegelianos de esquerda”, além de 
conhecer franceses que eram socialistas utópicos, 
como Proudhon e Fourier. Fundou o Partido 
74
Anotações: Comunista, cujo programa foi o famoso texto 
Manifesto do Partido Comunista, em 1848. Para ele, 
a tradição filosófica se limitou a buscar interpretar 
o mundo ao invés de tentar transformá-lo. Assim, 
acredita que a Filosofia tradicional é uma forma 
de idealismo por não estar relacionada à realidade 
social, sendo sem serventia.
A filosofia marxiana insere-se na linha 
moderna de radicalidade crítica em que, para 
libertar o homem, busca um método para acabar 
com as ilusões inseridas na consciência. Esta 
é considerada livre quando está atrelada ao 
trabalho, tema já analisado por outros filósofos 
da antiguidade. O trabalho é a questão central da 
análise filosófica de Marx, pois se trata de uma 
forma de relação que permanece constante no ser 
humano e no seu hábitat como uma necessidade 
da vida humana. Ainda sobre o trabalho, enquanto 
procedimento altera a natureza e o homem, o que 
indica que não há uma essência do ser humano 
(MARCONDES, 1997).
Para Marx, o mundo é composto por materiali-
dade que precede o espírito, o que explica o entendi-
mento de que o ser humano é definido pelas relações 
de trabalho e de produção. Assim, o homem é um 
ser material, que é situado historicamente (COSTA, 
2004). Partindo desta compreensão, Marx diz que 
a vida da espécie humana é contada pela História. 
Ele analisa todas as etapas pelas quais o ser huma-
no já passou, das sociedades primitivas à época de 
ascensão da burguesia, todas caracterizadas pelas 
relações de produção. Formula, portanto, um dos 
métodos mais utilizados hoje para compreender a 
vida em sociedade: o materialismo histórico, que 
75
Anotações:também é uma teoria científica da História (MAR-
CONDES 1997).
Outro grande crítico de toda tradição do 
pensamento filosófico Ocidental é Friedrich 
Nietzsche (1844-1900). Filólogo de formação, ele 
apresentou uma perspectiva de Filosofia: a da 
afirmação da vida. A sua crítica parte da subversão 
à história do pensamento humano. Em nosso 
imaginário, constituiu-se a história da passagem do 
pensamento mítico para o pensamento científico. 
Ele questiona isto, além do papel predominante 
da razão, da lógica, do conhecimento científico e 
da argumentação racional. Todos estes elementos 
da evolução do pensamento filosófico ocidental, 
segundo Nietzsche, afastaram o homem da relação 
com a natureza. Sócrates foi um dos responsáveis 
por esse afastamento, ao apontar a primazia da 
racionalidade, ao mesmo tempo em que se permitiu, 
historicamente, a repressão do desejo e das forças 
vitais da natureza (MARCONDES, 1997).
Ele buscou em Schopenhauer a noção de 
existência da vida como expressão de uma vontade 
universal. Disto, deriva-se a ideia de vontade de 
potência, que é considerada por Nietzsche a fonte 
da valoração do ser humano (COSTA, 2004). Em sua 
Filosofia, o filólogo alemão buscou resgatar valores 
antigos, que eram expressos através dos rituais 
dionisíacos, envolvendo a embriaguez e a dança. 
Dionísio é o deus da música e da embriaguez e que 
habitava a natureza, representando o excesso, 
a alegria e a força vital. Nietzsche chama esta 
perspectiva histórica de espírito dionisíaco. A sua 
maneira de crítica à tradição buscou esquivar-se 
da forma tradicional de pensar filosoficamente, 
76
Anotações: e criou um novo estilo cuja característica é ser 
irônico, iconoclasta e fazer da filosofia um martelo 
(MARCONDES, 1997).
A Filosofia no século xx: a 
contemporânea e suas correntes
Podemos partir da ideia de que a Filosofia, no 
período contemporâneo, é a continuidade de uma 
resposta à crise do projeto de pensamento moderno, 
no século XIX, que tinha o objetivo de fundamentar 
as teorias do conhecimento e das ciências, cuja 
análise esteve calcada na subjetividade e no sujeito 
que tem uma consciência, uma mente que pensa, e 
que possui experiências empíricas sobre o real. 
A crise no pensamento moderno foi aberta, no 
século XIX, através dos questionamentos de Hegel 
em relação à subjetividade sem ser pensada pela 
formação histórica, e de Marx, que via problemas 
nos pressupostos idealistas não materialistas sobre 
essa questão. Bem como da ruptura promovida 
pelos românticos, que não viam, com entusiasmo, 
a relação de conhecimento entre o homem e a 
realidade através somente das ciências. O problema 
central estaria na atribuição à subjetividade como 
fator central para o conhecimento. Tanto Marx, 
quanto Hegel, mostraram, através de suas análises, 
que a via da subjetividade pura e simples para a 
condição de conhecimento foi um caminho ilusório 
para a fundamentação das bases da teoria do 
conhecimento moderno (MARCONDES, 1997).
Se as questões sobre o conhecimento condi-
cionadas pela subjetividade, quer dizer, condicio-
nadas pelo “eu” cartesiano, não corresponderam 
77
Anotações:positivamente à relação entre o sujeito e do obje-
to, logo surgiu uma alternativa para explicar esta 
relação. Segundo o pesquisador Danilo Marcondes 
(1997, p. 285), “a linguagem surgiu como uma al-
ternativa para dar dimensão àquela relação com 
ênfase na significação”. Ao analisar o significado 
e os processos que o sujeito produz como sim-
bolização, constitui um novo caminho para funda-
mentar o elemento básico daquela relação.
Portanto, ou o sistema simbólico é o 
fundamento para o pensamento subjetivo, e os 
processos da mente apoiam-se sobre a linguagem 
e o significado, ou a linguagem é constituída de 
estruturas formais, e a sua relação com a realidade 
é independente da consciência individual, ou seja, 
da nossa subjetividade. Vemos que é a natureza 
da linguagem e o que ela diz sobre a realidade, o 
sentido das questões linguísticas e dos signos, que 
surge como a questão a ser analisada na Filosofia, 
bem como em outras áreas do conhecimento.
A Filosofia Analítica foi uma expressão deste 
interesse filosófico pela linguagem. Tal linha de 
pensamento filosófico surgiu em um círculo de 
pesquisadores e cientistas que fundaram a teoria 
do positivismo lógico, em Viena. Ela construiu as 
bases dos conceitos sobre o que são fatos possíveis 
de serem observados e atribuiuao próprio campo 
filosófico a tarefa de esclarecer os conceitos 
e as regras lógicas próprias da ciência. Ludwig 
Wittgenstein (1889-1951), famoso filósofo desta 
corrente, desenvolveu a Filosofia da Linguagem no 
século XX (COSTA, 2004).
Marcondes (1997) mostra que, no século 
XX, também surgiu, na França e na Alemanha, 
78
Anotações: outro movimento importante, a Fenomenologia. 
Inaugurada por Edmund Husserl (1859-1938), é 
caracterizada como ciência da experiência da 
consciência, cujo termo tem origem em Hegel. 
Segundo Husserl, a Fenomenologia é um método 
que explica, através da análise da consciência 
que se condiciona pela relação com o real e as 
estruturas da experiência humana com a realidade. 
Por se tratar de um método que parte da 
consciência e da subjetividade, esta corrente 
filosófica está inserida no contexto de uma 
continuidade da modernidade, apesar de apresentar 
uma outra saída que consiste em descrever os 
elementos básicos de nossa experiência, e não 
legitimar a ciência. Segundo Cotrim (2017), a 
fenomenologia, como um método de descrição 
das coisas percebidas pela consciência humana, 
abre margem para pensar a existência humana, 
que ganha importância nas reflexões de outro 
grande filósofo do século XX, o francês Jean-Paul 
Sartre (1905 – 1980), um dos fundadores da corrente 
intitulada Existencialismo.
A Filosofia do Existencialismo tem como base 
o movimento do século XIX, da revolta contra a razão 
e a ciência como únicos meios de conhecimento. 
Para este movimento filosófico-artístico, a paixão 
pela vida era algo crucial para o pensamento humano 
(COSTA, 2004). Outra inspiração para a origem desta 
corrente vem das análises da fenomenologia, em 
que Sartre tomou como inspiração o pensamento do 
filósofo alemão Heidegger. Outros pensadores que 
influenciaram o francês foram os ensinamentos de 
Sócrates e Kierkegaard, que em seus ensinamentos 
valorizavam uma forma de refletir através da 
79
Anotações:experiência humana, em oposição à sistematização 
do pensamento. A Filosofia deve, portanto, ensinar a 
partir do que aprendemos com nossas experiências 
vitais (MARCONDES, 1997).
Filósofos e filósofas existencialistas preocu-
pavam-se com a finitude do ser humano no mundo. 
Esta preocupação como primazia desta Filoso-
fia não se baseava nas questões fundamentais da 
metafísica, como a transcendência e a imortali-
dade. Estes pensadores também rejeitavam o cogi-
to “penso, logo existo” cartesiano. A consciência 
não poderia vir primeiro que a experiência porque 
a primazia da existência antecede o pensamento, 
ela faz parte da existência, construída ao longo da 
vida e que se dá pelo convívio em sociedade e pelo 
contato com os objetos. São as ações, os desejos e 
os sentimentos do homem que geram a sua própria 
existência. A importância da liberdade é elementar 
nesta Filosofia porque a formação do homem se dá 
pelas suas escolhas (COSTA, 2004).
Algumas características fundamentais da 
teoria existencialista podem ser compreendidas 
através do entendimento de que o homem é um 
ser em aberto, imperfeito e inacabado, e que veio 
ao mundo sob ameaça constante. A vida não tem 
um caminho a ser seguido de maneira linear, em 
outras palavras, que não segue em direção ao pro-
gresso ou prosperidade. É marcada pelo sofrimen-
to, por doenças, injustiças, luta constante pela so-
brevivência, derrota e morte de forma que é preciso 
encarar todos estes elementos da existência hu-
mana a cada dia. A própria liberdade está condicio-
nada pelos acontecimentos históricos, o que quer 
dizer que querer não é poder e as ações do homem 
80
Anotações: podem ou não superar os obstáculos que o caminho 
da existência lhe apresenta (COTRIM, 1996).
Alguns dos representantes desta Filosofia, 
(além de Sartre, que foi, além de filósofo, romancis-
ta e dramaturgo) foram Simone de Beauvoir, pensa-
dora da condição existencial feminina, e também 
o escritor e ensaísta Albert Camus, que escreveu 
alguns clássicos literários do século XX, como o Es-
trangeiro (1942) e A peste (1947). Esta obra bateu re-
corde de vendas na França e em outros lugares do 
mundo, no período de pandemia da COVID-19, como 
mostrou a matéria da BBC, de 12 de março de 2020. 
Um dos motivos da obra voltar a vender milhares de 
exemplares ao redor do mundo, depois de seten-
ta anos, é o fato do livro tratar do tema da morte, 
do absurdo da vida, do problema da liberdade e da 
existência sem sentido em meio a uma situação de 
crise sanitária.
Outra escola que surgiu com força ao longo 
do século XX foi a de Frankfurt. Esta escola alemã 
apresentou a teoria crítica. Marcondes (1997) afirma 
que a sua primeira geração contou com nomes 
importantes do pensamento contemporâneo, 
como Theodor Adorno e Max Horkheimer. Eles 
desenvolveram uma teoria cuja crítica da cultura 
e da sociedade tem como base a retomada do 
pensamento de Hegel e algumas teorias econômicas 
de Marx. A preocupação dos pensadores de 
Frankfurt foi o contexto cultural, social, questões 
de valores, a sociedade na era industrial, entre 
outros temas que envolvem a sociedade ocidental. 
Assim, eles criticaram a concepção de ciência 
promovida pelo positivismo lógico, buscando 
fundamentar a diferença entre as ciências naturais, 
81
Anotações:a física e a matemática com suas respectivas 
metodologias do método adotado pelas ciências 
humanas. A lógica das ciências naturais como 
o paradigma não foi vista como um bom critério 
que poderia colaborar com as teorias das ciências 
humanas, uma vez que teriam como característica 
a interpretação da sociedade e da cultura, com 
vistas à emancipação humana.
A condição pós-moderna da Filosofia
O pensamento francês está pautado pelo 
estruturalismo. Esta teoria foi inaugurada pelo 
linguista Ferdinand Saussure (1857-1913). Ela é 
caracterizada pelo conceito de estrutura, que é 
um conjunto cuja relação é definida por regras e 
que organiza o todo de uma cultura por meio de 
princípios. Assim, uma parte desta organização só 
pode ser compreendida quando se compreende o 
todo. Nesta teoria, não há possibilidade de pensar 
que o todo é a soma de todas as partes, formando, 
assim, uma unidade constituída por aquela estrutura.
A estrutura como um todo é considerada 
linguística, Saussure explica que a língua é uma 
forma de sistema constituída por diferenças. 
Um som e um fonema são caracterizados pela 
oposição aos outros fonemas da língua. O méto-
do do estruturalismo é analisar, pela investigação 
das regras e dos princípios que constituem uma 
estrutura, a significação e as relações que ela 
efetiva. Há, a partir deste método, uma ruptura do 
estruturalismo com o subjetivismo e a consciên-
cia, que fazem parte da constituição na teoria do 
conhecimento moderno. A investigação passa 
82
Anotações: pelas estruturas que são autônomas, indepen-
dentes da mente e que constituem a realidade 
em âmbitos diversos, seja cultural, seja biológico 
(MARCONDES, 1997). Podemos dizer que o estru-
turalismo tem como base observar as estruturas 
que aparecem em diversas culturas, podendo in-
vestigá-las sem precisar compreender os fatores 
históricos (COSTA, 2004).
Ao ter como princípio a ideia científica 
de descrever, identificar e expor as regras e os 
princípios que constituem uma estrutura, alguns 
filósofos franceses apresentaram teorias impor-
tantes sobre a nossa sociedade. O primeiro filó-
sofo impactado por esta forma de pensar a reali-
dade é Michel Foucault (1926-1984). Ele carrega em 
seu pensamento influências diversas, da política 
de Marx, da crítica de Nietzsche e da psicanálise 
de Freud. 
A obra de Focault tem um caráter que contesta 
os valores estabelecidos pela sociedade ocidental. 
Elaborou e apresentou dois métodos bastante 
influentes: a arqueologia e a genealogia. A primeira 
diz respeito à análise do discurso de algum tipo 
de ciência, que busca explicar as características 
e as práticas de determinada ciência. A segunda 
refere-se à análise da origem dos valores morais 
estabelecidospela nossa sociedade, cuja intenção 
é desmistificar certas doutrinas, crenças e mitos 
sociais. Como crítico da Filosofia moderna, 
apresenta análises que expõem o papel da medicina, 
da psiquiatria, das prisões, bem como os conceitos 
que permeiam a subjetividade e a natureza humana 
(MARCONDES, 1997). 
83
Anotações:Outro filósofo que apareceu neste período 
foi Gilles Deleuze (1925-1995). Apesar de ser 
reconhecido como comentarista de diversos 
filósofos como Spinoza, Leibniz, Hume, Kant e 
Nietzsche, desenvolveu a sua teoria filosófica 
cujas características é não ser sistemática e 
crítica à Filosofia tradicional. A sua Filosofia parte 
de dois conceitos fundamentais: a identidade e a 
diferença, e expõe, através destes conceitos, os 
seus pressupostos ontológicos e epistemológicos. 
Escreveu, em 1972, a obra AntiÉdipo, junto ao 
psicanalista francês Félix Guattari. Neste livro, 
ambos promovem uma crítica aos fundamentos 
psicanalíticos de Sigmmund Freud, bem como 
buscam reinserir a valorização do corpo e do desejo 
no debate filosófico (MARCONDES, 1997).
O termo pós-moderno apareceu somente 
com o filósofo Jean-François Lyotard (1924-1998), 
em sua obra de 1972, intitulada “A condição pós-
moderna”. Apesar de ter vivido no mesmo período 
cultural que Deleuze e Foucault, não foi um crítico 
ao sistema moderno de Filosofia, nem se propôs 
ao rompimento com aquele pensamento. Contudo, 
elaborou um método capaz de superar os postulados 
que envolvem a epistemologia e as categorias da 
modernidade. Segundo o seu método, para que 
haja uma valorização da estética, que envolve o 
sentimento, a criatividade e a inspiração, seria 
preciso abandonar os valores estabelecidos pelo 
pensamento moderno, isto é, a centralidade da 
ciência como único saber possível (MARCONDES, 
1997).
84
Anotações: As mulheres na Filosofia
Cabe ressaltarmos que ao longo da História 
da Filosofia, as mulheres tiveram presença mar-
cante. Duas importantes pensadoras, por exemplo, 
ensinaram o famoso filósofo Sócrates, a saber, Di-
otima de Mantineia (440 a.C.) e Aspásia (470-400 
a.C.). A importância de Diotima na Filosofia grega 
clássica se expressa em seu aparecimento como 
uma das personagens de Platão, no clássico diálo-
go O banquete, em que apresentados as questões 
sobre o Eros, ou o amor. Aspásia apareceu em re-
latos também de Platão e de outros pensadores 
daquele período. 
Outra pensadora importante do período 
clássico, no helenismo, é Hipátia de Alexandria. Ela 
foi considerada a primeira mulher a fazer teorias 
matemáticas, além de uma astrônoma renomada, 
foi mentora da Filosofia platônica em Alexandria. 
Por conta desta relação com o platonismo, e por 
ter sido da mesma escola do filósofo Plotino, ela é 
considerada uma filósofa neoplatonista. 
É importante ressaltar que o fato de o papel 
das pensadoras da antiguidade, na construção 
do pensamento filosófico ocidental, não ter sido 
reconhecido ao longo da história está relacionado 
às questões da construção social das mulheres, ao 
papel que lhes é atribuído, bem como aos valores 
que sociedade impõe à educação feminina. Nos 
últimos anos, essa condição vem mudando con-
forme o avanço das pautas sociais reivindicadas 
pelas mulheres, dentro do mercado de trabalho 
e, para além deste âmbito, os papéis sociais que 
buscam desenvolver. Isto se refletiu nas universi-
85
Anotações:dades, tanto na Filosofia quanto nas Ciências de 
modo geral, onde as mulheres têm protagoniza-
do pesquisas fundamentais para a sociedade. É o 
caso da cientista polonesa Marie Curie (1867-1934), 
que desenvolveu pesquisas pioneiras sobre a ra-
dioatividade, sendo a única mulher a ganhar duas 
vezes o prêmio Nobel de Química, além de ter sido 
a primeira pessoa a conquistá-lo.
Na Filosofia contemporânea, duas pensado-
ras protagonizaram alguns dos grandes debates 
do século XX. Hannah Arendt (1906-1975) desen-
volveu teorias a partir da política, sendo as mais 
célebres: o conceito de banalidade do mal e de 
totalitarismo. Esses conceitos são fundamentais 
para compreender o desenvolvimento de regimes 
autoritários e ditatoriais do século passado, e que 
dão arcabouço teórico para compreender a atual 
situação política no mundo. Já Simone de Beauvoir 
buscou desenvolver teorias sobre a condição femi-
nina a partir da Filosofia hegeliana, e trabalhou com 
o conceito histórico e cultural da mulher. O segundo 
sexo, de 1949, é o seu livro mais conhecido. Através 
dele, trouxe o debate sobre sexualidade e gênero 
para dentro do escopo da História.
Hoje, duas pensadoras de destaque no 
pensamento contemporâneo são Angela Davis 
(1944) e Nancy Fraser (1947). Angela Davis é 
professora de Filosofia e ativista dos EUA. Foi aluna 
e orientanda do filósofo alemão Herbert Marcuse 
(1897-1979), da Escola de Frankfurt. Davis alcançou 
notoriedade através das lutas pelos direitos civis, 
na década de 1970. Publicou livros de referência 
internacional sobre as questões em torno da 
instituição prisional, sobre gênero, raça e classe, 
86
Anotações: e a questão da liberdade na contemporaneidade. 
Integrou o Partido Comunista dos Estados Unidos 
e os Panteras Negras, além de ter sido duas vezes 
candidata à vice-presidência da República, em 1980 
e 1984.
Nancy Fraser é professora de Filosofia e 
Política na New School for Social Research, em 
Nova Iorque. Ela é uma teórica crítica das questões 
femininas e ativista dos direitos das mulheres. 
Publicou livros sobre a democracia e o capitalismo, 
tornando-se uma das principais referências dentro 
do debate sobre a crise capitalista e a ascensão das 
lutas por direitos. No Brasil, Marilena Chaui é um dos 
principais destaques nas pesquisas sobre política 
e ética. Em muitos artigos e livros publicados, ela 
trata do conceito de ideologia, da liberdade e da 
violência social.
Na próxima unidade, trataremos das questões 
relacionadas à Ética e como ela é considerada um 
campo de investigação muito importante para a 
Filosofia.
87
Anotações:
88
Anotações:
U
ni
da
de
 3
Videoaula 1
Videoaula 2
Videoaula 3
Videoaula 4
Videoaula 5
90
Anotações:
91
Pensar nos valores estabe-
lecidos pela sociedade nos faz dar 
conta da importante tarefa que a 
espécie humana tem em relação 
às próprias ações no mundo. A 
partir da análise do filósofo e 
professor especialista em Ética, 
Pedro Galvão, podemos indicar 
quais são os valores que orientam 
e influenciam a vida e as decisões 
das pessoas no mundo, incluindo 
a maneira como pensam sobre o 
que seria bom ou ruim para elas. 
O PAPEL DOS 
VALORES 
DE NOSSA 
SOCIEDADE
92
Anotações: Assim, elas pensam sobre seus próprios valores e in-
dicam o que consideram valores importantes, como 
por exemplo, o respeito e a honestidade. Estes são 
valores considerados por muitos como elevados 
porque é a partir destas noções que as pessoas po-
dem dirigir as suas vidas para a realização de boas 
ações, ou ter preferência por alguma coisa que os 
afetam (GALVÃO, 2016).
Os valores estabelecidos pela sociedade em 
que vivemos são considerados tão importantes, 
que há a intenção de muitas pessoas em impor tais 
valores às demais. Estes valores possuem diversas 
características e estão relacionados a três preceitos 
fundamentais: à Ética (regras de conduta), à 
Estética (noção do belo e da arte) e à religião (noção 
sobre a espiritualidade). Quando estes valores são 
confrontados com outros de culturas diferentes, 
cujos valores são distintos da sociedade em que 
vivemos, nesse momento é que as pessoas pensam 
neles como universais (GALVÃO, 2016). 
É preciso refletir sobre o que são os valores 
para que possamos compreender a sua importância 
em nossa sociedade. Os valores nem sempre 
são inteiramente subjetivos (individuais). Temos, 
então, que pensar nos critérios possíveis de medir 
os valores de maneira objetiva. Podemos partir da 
distinção entre valores e fatos. Há dois juízos: o juízo 
de valor e o juízo de fato. O juízo de fato descreve 
alguns aspectos da realidade, como:“aquele homem 
tem um metro e noventa” ou “a pena de morte existe 
em alguns países”. Estes enunciados têm o valor de 
verdade, e não dependem do que a pessoa pensa em 
relação a eles. Assim, se são verdadeiros é porque 
descrevem a realidade como ela é. 
93
Anotações:A função do juízo, de fato, é apresentar algo 
que corresponda a um fato no mundo. O juízo 
de valor não se limita à correspondência com 
a realidade e à veracidade de alguma coisa no 
mundo. Ao afirmar que “o homem é desonesto” 
e “a pena de morte é justa”, a pessoa pode estar 
pensando em algo que pode ou não ser verdadeiro, 
porque estas afirmações dependem das crenças 
ou do gosto pessoal de quem as profere. Este 
juízo tem o potencial normativo porque se destina 
a fazer com que sejamos influenciados por eles 
quando pretendemos avaliar alguma coisa que seja 
benéfica para nós mesmos (GALVÃO, 2016).
Em outra perspectiva, podemos pensar nos 
valores como formas estabelecidas por quem 
valora algo. Assim, a filósofa Maria Lúcia de Arruda 
Aranha (2005) afirma que no mundo há a divisão 
entre coisas e valores, como se existissem dois 
mundos: o mundo das coisas e o mundo dos valores. 
Contudo, não existe a possibilidade de afirmarmos 
que os valores são da mesma forma como são as 
coisas, em outras palavras, não existe o valor em si 
enquanto coisa. Logo, podemos inferir que o valor 
é sempre uma relação entre o sujeito que valora e 
o objeto valorado. Assim, atribuir um valor a alguma 
coisa é não ficar indiferente a ela. O que nos leva 
a pensar que a não indiferença é a característica 
fundamental do valor.
Ainda, segundo Aranha (2005), fazer 
uma valoração sobre alguma coisa é uma das 
experiências que caracterizam a humanidade, 
porque quando valoramos algo, abre-nos uma 
possibilidade para fazer escolhas na vida. Assim, 
a valoração é a origem de onde partem as nossas 
94
Anotações: escolhas. A valoração tem como finalidade ser a 
orientação de nossas ações. Quando planejamos 
uma ação, estamos priorizando valores centrais de 
nossas vidas, ou seja, estamos escolhendo o que 
é melhor para nós, a fim de atingir o objetivo que 
desejamos e, com isso, evitar algo que possa nos 
trazer alguma perda inestimável.
É preciso compreender o que é a ética e a 
moral na Filosofia para percebermos as questões 
que norteiam os valores da sociedade.
A ÉTICA E A FILOSOFIA
Existe, dentro do campo da Filosofia, uma 
preocupação genuína com os princípios que 
norteiam a nossa sociedade e a cultura ocidental. Os 
pensadores da Filosofia buscaram determinar a boa 
conduta do ser humano. Criou-se, então, princípios 
considerados como os fundamentos filosóficos 
para tal conduta, os quais estão relacionados ao 
valor final que é, em si mesmo, um desejo, o que 
por sua vez mostra que não se trata de um meio 
para alcançar um objetivo. Podemos afirmar que 
há algumas condutas que são consideradas boas 
em si em virtude de uma adaptação a um modelo 
universal, que é moral (COSTA, 2004).
Há três modelos de conduta na História 
da Ética: a felicidade e o prazer a virtude como 
dever e a obrigação e o desenvolvimento da 
potência humana, como a perfeição. Vemos que no 
hedonismo, a Filosofia cumpria o papel pedagógico 
que mostrava aos cidadãos que o bem maior seria 
o prazer. Em outra etapa do pensamento filosófico, 
no período moderno, a mais elevada de todas 
95
Anotações:as realizações do homem foi alcançar o poder 
absoluto, que não aceitava o conjunto de princípios 
éticos estabelecido pelos costumes, o que deu 
margem para a conduta de ações sem critérios 
adequados, com a simples intenção de obtenção do 
poder máximo. A sua finalidade era a de convencer 
as demais pessoas de que a moralidade de um 
déspota seria a mais adequada. Podemos afirmar 
que cada sociedade estabeleceu um tipo, cabendo 
à autoridade de determinada sociedade invocar 
uma boa conduta a partir: 1) da vontade divina; 2) 
de um modelo da natureza; 3) da subalternidade à 
razão (COSTA, 2004).
Vemos que a História da Filosofia se deu, 
simultaneamente, ao desenvolvimento da Ética. 
As primeiras reflexões, em torno da Ética, 
surgiram com o círculo do Orfismo e depois foram 
desenvolvidas por Pitágoras, no século VI a.C. 
Neste momento histórico, o fator intelectual era 
considerado de natureza superior à sensualidade 
do corpo, sendo assim, a base para a interpretação 
de que a vida boa é a que se dedica à disciplina da 
mente. Os primeiros céticos do sistema Ético foram 
os sofistas, porém foi com Sócrates que a virtude 
ganhou relevância, ao se tornar uma consequência 
benéfica da educação e do conhecimento. 
Para ele, as pessoas poderiam seguir agindo de 
acordo com a Ética universal que determina a virtude 
como fundamento da vida. Estes pensamentos, em 
torno da virtude, formaram a base para as escolas 
de pensamento posteriores, que se debruçaram 
sobre as questões Éticas gregas (COSTA, 2004). 
Em verdade, a palavra Ética deriva da palavra grega 
ethos, e moral deriva da palavra latina mos, mores, o 
96
Anotações: que indica que, no período clássico, o termo correto 
para a noção de virtude viria do preceito da Ética 
(UNESP, 2013). 
Em Platão, não existe um ato mal por si 
mesmo. Esta noção deriva da teoria das ideias, a 
qual diz que um ato mal é um reflexo imperfeito do 
real. Por outro lado, o bem é a essência da realidade. 
Na alma do homem, o que deve ser superior é o 
intelecto; a vontade deve estar abaixo do intelecto, 
e as emoções estão submetidas tanto ao intelecto 
quanto à vontade, portanto, estando abaixo de 
ambos. Em Aristóteles, o principal objetivo a ser 
alcançado, e que se dá mediante ao uso da razão, 
um atributo que somente seres humanos possuem, 
é a felicidade (COSTA, 2004). Vejamos o que diz 
Aristóteles (1973, p. 428-430) sobre a relação da 
razão e a felicidade:
Dir-se-ia, também, que esse elemento 
(a razão) é próprio do homem, já que 
é a sua parte dominante e a melhor 
dentre as que o compõem. Seria 
estranho, pois, que não escolhesse 
a vida do seu próprio ser, mas a de 
outra coisa. E o que dissemos atrás 
tem aplicação aqui; o que é próprio de 
cada coisa é, por natureza, o que há 
de melhor e de aprazível para ela; e, 
assim, para o homem a vida conforme 
à razão é a melhor e a mais aprazível, já 
que a razão, mais que qualquer outra 
coisa, é o homem. Donde se conclui 
que essa vida é também a mais feliz.
Numa outra abordagem ética, o estoicismo 
diz que a vida humana é constituída mediante a 
97
Anotações:harmonia com a natureza, que seria racional e 
possuiria uma ordem interna que a rege. Para esta 
Filosofia, como vimos, anteriormente, na unidade 
que apresentou as diversas teorias e pensamentos 
filosóficos, a vida seria influenciada por forças 
exteriores, porém cada pessoa precisa estar livre 
das emoções e acontecimentos que os afligem 
para ter virtude, definindo a justiça, o valor, o 
comedimento e a ponderação como elementos 
fundamentais para a felicidade. No epicurismo, 
o prazer intelectual é essencialmente o bem, e a 
contemplação da vida uma expressão da felicidade 
(COSTA, 2004).
No período moderno, uma das principais 
contribuições à Ética vem da teoria de Kant. Um 
ato, em sua dimensão moral, não deve ter as suas 
consequências julgadas, somente o que levou o 
indivíduo à determinada atitude, ou seja, deve-se 
julgar a motivação. Kant apresenta uma Filosofia 
moral, e que relaciona o preceito ético à parte da 
racionalidade que não é a do conhecimento, mas 
a da razão prática. Para ele, o homem é um sujeito 
livre e racional, não limitado, puramente, pela 
capacidade cognitiva. Ele apresenta estas ideias 
em três obras fundamentais de sua arquitetura 
filosófica, a saber: na Fundamentação da metafísica 
dos costumes, de 1785; na Crítica da razão prática, 
de 1788; e na Metafísica dos costumes, de 1797. 
Nas duas primeiras obras, ele expõe as questões 
da Ética em seu sentido conceitual e abstrato. 
Na última obra, ele trata da aplicação dela na vida 
prática (MARCONDES, 1997).
A sua Filosofiamoral se distancia daquelas 
que a precederam. A exemplo, podemos mencionar 
a crítica kantiana ao ideal helenista de busca pela 
98
Anotações: felicidade que aparece nos pensamentos estoico 
e epicurista. Os seus fundamentos morais são 
insuficientes, segundo Kant, devido ao conceito 
de felicidade, que depende da subjetividade e da 
psicologia. Portanto, é considerado variável, não 
universal. Já a lei da moral estabelecida por Kant 
é invariável e universal. Trata-se, portanto, de uma 
moralidade que tem base no dever (MARCONDES, 
1997). 
A partir do exposto, apresentaremos a seguir 
a distinção entre as noções de ética e moral, para 
que se possa alcançar a melhor compreensão 
destes preceitos filosóficos.
DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
A Ética é uma ciência normativa, quer dizer, 
ela é constituída por princípios que têm a intenção 
de reger as ações humanas. Ela também pode ser 
considerada uma Filosofia da moral, portanto, 
trata-se de uma disciplina filosófica. Todos os atos 
que cometemos na vida possui um valor moral, 
esses valores são mediadores de escolhas nossas 
para a ação na vida cotidiana. Então, podemos 
entender a Ética como uma reflexão sobre a moral, 
em outras palavras, sobre o nosso comportamento 
(COSTA, 2004).
Tudo o que é relativo às regras do compor-
tamento de cada pessoa, em sociedade, é o que 
chamamos de moral. É através dela que é possível 
garantir a estabilidade e o funcionamento so-
cial, bem como as transformações da sociedade. 
Apesar de ter algumas normas de valoração que 
variam de acordo com o tipo de cultura e socie-
99
Anotações:dade, além do momento histórico, existem valores 
fundamentais considerados universais (COSTA, 
2004). Para exemplificar essa questão, podemos 
partir da ideia do famoso escritor e filósofo Mário 
Sérgio Cortella (2013), que traz a noção de que se 
a amizade é um valor universal, a sua expressão 
varia conforme os costumes sociais.
De modo geral, a moral diz respeito a pensar 
o bem e o mal. Fazer o bem é fazer coisas que 
beneficiem alguém, como por exemplo, proteger 
uma criança. Isso acontece, porque, em certa 
medida, temos o dever a ser cumprido para agir 
de tal modo. Fazer mal é fazermos algo ruim para 
alguém, o que descumpre o nosso dever em 
sociedade. A partir disso, podemos dizer que há 
uma relação profunda entre o Direito e a moral. Por 
isso, vemos que o Direito Penal se utiliza das leis 
jurídicas para julgar o que é considerado correto 
moralmente (UNESP, 2013). Isso acontece porque 
uma lei jurídica representa, portanto, uma regra de 
conduta (moral) baseada no Estado (COSTA, 2004).
DO ESTABELECIMENTO DE VALORES 
E SUA IMPORTÂNCIA: UM ESTUDO 
AXIOLÓGICO
Devemos pensar que a vida em sociedade 
necessita de alguns componentes morais, para que 
haja correspondência cordial entre nós. Pensemos, 
por exemplo, nos componentes fundamentais da 
vida em sociedade: liberdade, responsabilidade 
e consciência. Existe, no campo filosófico, um 
estudo sobre os valores, chamado de axiologia. Há 
três características da experiência axiológica: 
100
Anotações: 1. a materialidade da experiência; 
2. há sempre um sujeito responsável na 
experiência;
3. há sempre novas formas de ação do 
agente, apesar da descoberta de valores 
essenciais. 
O primeiro significa que os valores são 
experienciados pelo agente numa situação material. 
O segundo significa que os valores são repassados 
a nós por intermédio de alguma coisa, direta ou 
indiretamente. O terceiro significa que os valores, 
apesar de parecerem eternos, são transitórios 
(COSTA, 2004).
A valoração está inserida num contexto 
de determinada criação de valores, quer dizer, 
quando determinada ação possui algum significado 
para a sociedade. Ao tomarmos consciência de 
determinado valor, obrigamo-nos a ter alguma 
relação com as demais pessoas em sociedade, 
cumprindo os deveres necessários, nesse sentido, 
os valores constituem as nossas ações. Quando 
os valores são estabelecidos, não podem ser 
subjetivamente relativizados, então, podemos dizer 
que são os valores que limitam a nossa ação, dando 
condições de possibilidade para elas acontecerem 
e ao mesmo tempo, dão limites aos quais podemos 
nos submeter (COSTA, 2004).
Daremos um exemplo sobre o papel que os 
valores têm na sociedade, os quais dão condições 
de possibilidade para a educação das pessoas. Na 
instituição educacional, o estudante tem condição 
de participar ativamente das aulas, bem como o 
professor pode colaborar com a sua formação. Isto, 
101
Anotações:sem precisar da imposição firme de um juízo que 
limite o estudante, bem como a sua autoridade que 
não será perdida, porque os dois estarão em comum 
acordo sobre o valor universal a ser seguido. Dessa 
forma, permite um diálogo entre eles e, assim, 
encaminhar um trabalho em conjunto, onde o 
projeto será de interesse geral. Tanto o estudante, 
quanto o professor estarão submetidos ao mesmo 
signo de valor, isto é, a busca pela verdade (COSTA, 
2004).
A seguir, mostraremos como, a partir da 
valoração, as relações sociais são originadas.
A DIMENSÃO MORAL DA VIDA SOCIAL
Existem ideais fundamentais para as questões 
da Ética e da moral. São elas: o direito, o dever, a 
condenação, a punição e a proibição. Veremos 
algumas explicações em torno dessas ideias que 
permeiam a vida social. 
Mantemos relações com as pessoas e com 
as instituições através das relações morais, como 
seu fundamento. A dimensão moral da vida social 
é constituída pelo conjunto daquelas relações 
morais. Estas se diferem de outros tipos de 
relações, consideradas não morais. As não morais 
são exemplificadas pelas relações de amizade, 
maternidade e de descendência. Este tipo é 
biológico, não social; a de amizade é somente social; 
a de maternidade é biológica e social. Todas essas 
podem ter alguma aproximação com a moral, mas, 
essencialmente, não são relações morais porque 
estão isentas de obrigações a serem cumpridas 
(UNESP, 2013).
102
Anotações: A conduta moral é formada pelo conjunto das 
relações morais. As relações morais caracterizam-
se pelas exigências morais, feitas por cada um de 
nós em sociedade, exemplificadas pelo respeito, 
pela consideração e pelo tratamento digno que o 
ser humano merece. Disso, derivam as expectativas 
morais: que é o que cada um de nós espera do 
outro, ou melhor, na expectativa que temos no 
cumprimento das exigências mencionadas. Daí se 
originam os sentimentos morais, como a gratidão, 
o ressentimento, a culpa e a indignação, esses 
sentimentos nascem das expectativas cumpridas 
ou não pelo outro. Ao final, podemos ter em vista 
que as atitudes morais derivam dos sentimentos 
morais. As atitudes morais manifestam-se através 
da condenação, louvação, agressividade ou culpa 
(UNESP, 2013).
O ato de condenar e punir são formas 
elementares à vida em sociedade. Contudo, é 
preciso refletir sobre a forma como conduzimos a 
condenação de outra pessoa. Como obtemos esse 
direito de condenar alguém? Podemos responder, 
filosoficamente, da seguinte forma: teríamos esse 
direito pelo fato de alguém ter feito mal a nós, e por 
reconhecer que se tivéssemos feito algum tipo de 
mal, também aquela pessoa poderia nos condenar 
ou punir. Assim, podemos compreender que se 
trata de um acordo prévio entre as pessoas, para 
que se estabeleçam condutas que determinem 
a proibição de algumas atitudes que rompam as 
nossas relações sociais (UNESP, 2013).
A proibição é uma parte essencial à Ética 
porque através dela podemos agir de forma correta 
e qualquer conduta considerada errada, no sentido 
103
Anotações:moral, aparece como uma conduta proibida. A 
proibição sempre traz consigo a ameaça de punição. 
Alguém que inflige um crime contra outra pessoa, ou 
seja, que pratica moralmente uma ação errada pode 
ser condenado através da punição moral. A proibição 
serve também para nos impedir de cometer atos 
considerados de conduta errada, em outros termos, 
criminosa. Assim, podemos afirmar que o que nos 
impede de cometeratos errados, moralmente, é a 
manifestação da consciência pesada, quer dizer, o 
sentimento de culpa (UNESP, 2013).
A CONDUTA HUMANA
Quando se fala de conduta humana, certa-
mente, qualquer pessoa já se colocou muitas vezes, 
também têm sido preocupação dos filósofos através 
dos tempos. No mundo dos valores, geralmente, quan-
do falamos em moral, nos referimos às regras de con-
duta aceitas por um grupo ou pessoa, como já men-
cionamos. Ora, uma das preocupações do homem ao 
se comportar, moralmente, é saber distinguir o bem 
do mal, já que agir moralmente significa agir de acor-
do com o bem. Portanto, o sujeito moral, ao se per-
guntar como deve agir, em determinada situação, 
certamente, aproxima-se de outras questões mais 
teóricas e abstratas tais como: em que consiste o 
bem? Qual é o fundamento da ação moral? Qual é a 
natureza do dever? Colocando tais questões - às 
quais já exemplificamos e respondemos algumas 
delas-entramos, no campo da ética que, como já 
vimos, é uma reflexão teórica que realiza a crítica 
sobre a experiência moral e que tem por finalidade 
discutir as noções e princípios que fundamentam 
nossa conduta moral (MAXIMIANO, 2004).
104
Anotações: Ao exigir de uma pessoa que cumpra alguns 
deveres, estamos revelando que há, implicita-
mente, um acordo prévio. Este acordo pode ser 
denominado de contrato. Assim, compreendemos 
que o acordo/contrato implícito é o fundamento 
das exigências morais. Isto se dá, porque essas ex-
igências somente possuem algum sentido para nós, 
caso estejamos inseridos no contrato moral. Se 
houver uma violação de uma das “leis” do contrato 
pode ocasionar sentimentos cuja intenção é come-
ter o ato de punição a quem o violou (UNESP, 2013).
No período da Filosofia Moderna, surgiu um 
termo que se vincula às questões da Ética. Trata-se 
do contrato social, ou o contratualismo. Thomas 
Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau e 
Kant são alguns dos nomes que apresentam leitu-
ras e análises sobre essa noção filosófica (UNESP, 
2013). Hobbes escreveu em sua obra O leviatã (1651), 
que os homens são seres de índole má e, por isso, 
necessitam de um Estado que reprima o desejo de 
fazer o mal uns aos outros. Rousseau, por outro lado, 
escreveu em seu Contrato Social (1762), que o mal 
se dava por meio dos desvios causados pela socie-
dade, e que o homem é, essencialmente, bom quan-
do não é corrompido pela sociedade. Para Kant, a 
moralidade de uma ação deve ser julgada somente 
a partir da motivação que levou o homem a cometer 
um ato de violação de tal contrato (COSTA, 2004).
Em sua obra, A Condição Humana (1987), a 
filósofa alemã Hannah Arendt salienta que não se 
pode dizer que o homem tem instintos como os 
que os animais possuem, pois a consciência que o 
homem tem de si próprio o orienta. Por exemplo, o ser 
humano tem o controle da sua sexualidade e de sua 
105
Anotações:agressividade, que estão submetidas às normas e 
sanções da coletividade social e, posteriormente são 
assumidas pelo próprio indivíduo. A condenação do 
homem está em sua expulsão do paraíso, a partir do 
momento em que deixou de permanecer na natureza 
da mesma forma que os animais ou as coisas. O 
comportamento humano passa a ser avaliado pelos 
preceitos ético-estéticos, pela religião ou pelo 
aspecto mítico. Isso significa que os atos referentes 
à vida humana passaram a ser avaliados como bons 
ou maus, belos ou não, pecaminosos ou abençoados 
por Deus (ARENDT, 1987).
A condição humana é de ambiguidade 
porque o ser humano não pode ser reduzido a uma 
compreensão simples, como é nosso entendimento 
sobre os animais, sempre acomodados ao mundo 
natural e, portanto, semelhantes a si mesmos. O 
ser humano é o que a tradição cultural quer que 
ele seja, contudo, constantemente, tenta romper 
com a tradição. Assim, a sociedade surge porque o 
homem é um ser capaz de criar interdições, ou seja, 
de fazer proibições, normas que definem o que 
pode e o que não pode ser feito (ARENDT, 1987).
Por outro lado, o homem também é 
capaz de cometer transgressões. Transgredir 
é, portanto, desobedecer. Não nos referimos 
apenas à desobediência comum, mas aquela que 
rejeita as regras arcaicas e ultrapassadas para 
instaurar novas regras que são mais adequadas 
às necessidades humanas, diante dos problemas 
colocados pela nossa existência em sociedade. A 
nossa capacidade inventiva nos leva a desalojarmo-
nos do que já foi estabelecido e caminhar em busca 
do que ainda não existe. Portanto, o homem é um 
106
Anotações: ser que é ambíguo, e está em constante busca 
de seu próprio caminho e de si próprio. Segundo 
Arendt (1987), o ser humano se constrói o tempo 
todo, como um ser histórico. Dessa forma, a autora 
menciona outro importante pensador e analista 
social, o italiano Antônio Gramsci, que explica:
O que é o homem? É esta a primeira 
e principal pergunta da filosofia. (...) 
Se pensamos nisso, a própria per-
gunta não é uma pergunta abstrata 
ou “objetiva”. Nasceu daquilo que 
refletimos sobre nós mesmos e so-
bre os outros e queremos saber, em 
relação ao que refletimos e vimos, o 
que somos e em que coisa podemos 
nos tomar, se realmente e dentro de 
que limites somos “artífices de nós 
próprios”, da nossa vida, do nosso 
destino. E isto queremos sabê-lo 
“hoje”, nas condições dadas hoje, 
pela vida “hodierna” e não por uma 
vida qualquer e de qualquer homem. 
(GRAMSCI apud ARENDT, 1987, p.48)
Portanto, podemos observar que é por este 
motivo que somos capazes de considerar o homem 
como um ser histórico, cuja capacidade atinge 
a compreensão do passado e realiza a projeção 
do futuro. Consegue, assim, aliar a tradição à 
mudança, dar continuidade ou promover rupturas, 
fazer interdição ou transgredir, que são desafios 
constantes na construção de uma boa sociedade. 
Outras noções, na contemporaneidade, 
também contribuíram para novas perspectivas em 
107
torno da Ética. Como a do filósofo inglês Bertrand 
Russell (1872-1970), cuja compreensão passa pela 
ideia de que os juízos de moralidade são expressões 
individuais ou costumes aceitos em sociedade. 
O homem está completo, quando participa da 
vida social e pode expressar tudo que deseja e 
que faz parte de sua natureza. O filósofo alemão 
Martin Heidegger (1889-1976), que foi professor 
de Hannah Arendt, apresentou a noção de que os 
seres humanos estão sozinhos no universo, assim 
devem assumir o compromisso ético com as suas 
próprias decisões, tendo em mente a sua finitude, 
em outros termos, tendo a consciência da morte 
(COSTA, 2004).
Na próxima unidade, apresentaremos a 
relação entre a Ética e o mundo do trabalho.
U
ni
da
de
 4
Videoaula 1
Videoaula 2
Videoaula 3
Videoaula 4
Videoaula 5
110
111
Hoje, o mundo do trabalho está 
relacionado às organizações que 
acompanham a realidade do mercado, 
a qual tem exigido serviços e produtos 
de alta qualidade. Esta relação tem 
a intenção de preparar as empresas 
para as exigências da clientela, bem 
como para as mudanças repentinas 
do mercado. Para isso, tem-se 
redesenhado um cenário para as 
diferentes mudanças. Novos perfis de 
organização e de colaboradores vêm 
sendo desenvolvidos no mercado, 
devido à globalização (LUNA; MENDES, 
2019). 
REFLEXÕES 
SOBRE A ÉTICA NO 
TRABALHO E NA 
CIDADANIA 
112
Anotações: Foi preciso repensar o comportamento no 
âmbito da empresa, visando atingir o interesse 
de determinada comunidade para atendê-lo 
com qualidade. Assim, as empresas precisavam 
adequar-se ao perfil coletivo, com a intenção de agir 
de acordo com a Ética, o que garante, em parte, um 
retorno positivo para determinada empresa. Esse 
tipo de ação, que visa o interesse da comunidade, 
é visto como uma forma de contribuição (LUNA, 
MENDES, 2019). 
A partir dessa mudança global no mundo do 
trabalho, o indivíduo passou a fazer parte do coletivo, 
o que trouxe novos requisitos para ações morais 
em sociedade. Neste sentido, as organizações do 
mundo do trabalho têm buscado novas formas de 
aperfeiçoamento ético,usando como ferramenta 
o código de ética para a universalização da cultura 
organizacional de uma empresa (LUNA, MENDES, 
2019).
Veremos a seguir como a globalização e a 
Ética estão relacionadas, e como elas abriram 
novos caminhos para pensar as questões do mundo 
do trabalho.
A ÉTICA E AS EMPRESAS: UMA 
RELAÇÃO HISTÓRICA
Através das relações produzidas pela 
globalização, a Ética precisou ser trazida ao 
campo do trabalho porque o papel social, a 
responsabilidade, o respeito e as informações 
transparentes das empresas têm sido cada vez 
mais exigidos pela sociedade. Isso acontece, nesse 
período histórico, devido às consequências da 
113
Anotações:tendência individualista adotadas pelas pessoas 
como modelo de vida, que é uma das características 
do sistema econômico vigente, o capitalismo. Nossa 
sociedade tem uma enorme diversidade cultural, 
bem como desigualdade econômica, e podemos 
observar que elas se expressam em desigualdades 
sociais. Por sua vez, todos os elementos de nossa 
sociedade criam um ambiente de instabilidade mais 
agravado pela indignação, que é uma característica 
do comportamento humano (COSTA, 2004).
Assim, um dos compromissos sociais da 
educação é formar trabalhadores éticos. Ser um 
trabalhador ético significa ter responsabilidade 
com a cidadania e, além disso, estar inserido no 
compromisso de conviver, em harmonia, com seus 
colegas de trabalho, bem como o de respeitar o 
meio ambiente (COSTA, 2004). Como podemos 
observar, não é qualquer tipo de formação que é 
capaz de educar, eticamente, as pessoas para as 
novas condições sociais, ambientais e trabalhistas 
da sociedade capitalista.
Uma das questões centrais deste momento 
histórico é pensar a relação entre a ética e o 
modus operandi de uma empresa. Traremos 
uma breve perspectiva histórica desta relação. 
Há muitos anos, o ramo empresarial já existe, 
promove registros e trocas comerciais. Contudo, 
o comércio não era uma atividade fundamental no 
início de seu desenvolvimento. A análise ética no 
comércio foi, até o período moderno, considerada 
algo negativo. Podemos observar que o advento 
da Ética empresarial produziu ataques às práticas 
comerciais. Por exemplo, Aristóteles, que foi 
considerado o primeiro economista da História, 
114
Anotações: definiu, em dois sentidos, o termo economia como: 
1) a economia doméstica considerada essencial 
para os afazeres de uma sociedade simples e; 2) 
a troca que tem por finalidade, exclusivamente, o 
lucro. Para o filósofo grego, esta forma de atividade 
econômica não tinha qualquer traço de virtude. 
Dessa forma, esta noção aristotélica permaneceu 
no imaginário das pessoas até o século XVII (COSTA, 
2004).
No período moderno, novas vertentes do 
cristianismo começaram a aprovar as atividades 
comerciais, como uma forma de virtude humana. Na 
obra A riqueza das nações, de Adam Smith, as novas 
formas de pensar do cristianismo sobre o comércio 
foram canonizadas. Esta atitude diferenciava-se 
das posturas do cristianismo tradicional porque, 
como podemos observar nas escrituras da Bíblia, 
Jesus havia expulsado comerciantes dos templos 
sagrados. São Paulo, Tomás de Aquino e o reformista 
da religião, Martinho Lutero, seguiram os exemplos 
de Jesus, a ponto de condenar, profundamente, os 
negócios produzidos pela atividade comercial. Foi 
através de A riqueza das nações, de 1776, que a troca 
por lucro passou a ser uma atividade fundamental 
da sociedade (COSTA, 2004).
Esta perspectiva moderna, em relação ao 
comércio, tem a ver com o estabelecimento de 
códigos de ética antes do período moderno, que 
havia acontecido, já no período medieval. Porém, 
o aceite social da atividade comercial como 
essencial à sociedade, e a economia como pilar 
para o seu funcionamento, teve, como base, um 
novo pensamento que permitiu mudanças na 
mentalidade e no comportamento humano. Isto 
115
Anotações:se deu através das transformações sociais, que 
incluem mudanças urbanas em grandes centros, 
sociedades cada vez mais complexas, o advento 
da vida privada que mudou a forma de consumir, o 
desenvolvimento de tecnologias e o crescimento 
comercial (COSTA, 2004). 
Veremos a seguir como a responsabilidade 
social tornou-se uma das metas das empresas.
ÉTICA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL 
NA CONTEMPORANEIDADE
A Ética empresarial, como disciplina, 
incorporou, de forma central, o conceito de 
responsabilidade social na gestão de uma empresa. 
Este conceito é algo impopular entre aqueles que 
ainda estão presos na mentalidade tradicional 
do livre mercado. O renomado economista liberal 
Milton Friedman, que recebeu o prêmio Nobel de 
Economia, levantou o infame argumento de que 
a responsabilidade social seria o de obter lucro. 
Para o economista estadunidense, os defensores 
da responsabilidade social são meros fantoches 
que não defendem a liberdade do mercado. Para 
Friedman, doar dinheiro para ONGs ou instituições 
de caridade, que não aumentam os lucros da 
empresa, é como tirar dinheiro de seus donos, os 
acionistas. 
Ainda, segundo ele, os gestores de uma 
empresa são empregados de quem investe (os 
acionistas), assim, eles precisam ter o que Fried-
man chama de responsabilidade fiduciária, que 
cumpre o papel de obter mais lucros. Não haveria, 
segundo esse raciocínio, motivo para uma empresa 
116
Anotações: privada entrar numa política pública, porque seus 
empregados não teriam a competência necessária 
para tanto, e estariam como se estivessem violan-
do os acordos internos de uma empresa, enquanto 
meros empregados de acionistas devem, apenas, 
cumprir suas funções e obrigações (COSTA, 2004).
A Ética empresarial, ao incorporar o conceito 
mencionado, trouxe um novo modelo que refuta 
aquele raciocínio conservador. Esse modelo surgiu 
a partir de uma mudança simples na estrutura das 
empresas. Em outras palavras, em vez de inserir o 
acionista na responsabilidade social, são aqueles 
beneficiados por ela, que são as partes interessadas, 
chamados de stakeholders, que colocam os 
acionistas em um lugar mais subalterno. Assim, os 
stakeholders de determinada empresa são aqueles 
que recebem expectativas em torno das atividades 
da empresa, possuindo direitos e podendo se 
envolver no processo conjunto, que é constituído 
pelos empregados, consumidores e fornecedores. 
Tudo isto visa a comunidade e sociedade como um 
todo (COSTA, 2004).
Assim, o conceito de responsabilidade social 
permitiu expandir o foco das empresas. Não é um 
conceito adicional em que a empresa saiu perdendo, 
mas uma parte a qual a empresa precisou atender. 
O aumento das preocupações, em torno das 
demandas, não fez com que as empresas deixassem 
de lado a ação de alcançar a virtude e capacidade 
benéfica. Em outros termos, quer dizer que uma 
empresa responsável e respeitável não deve se 
preocupar somente consigo mesma, mas, além de 
seus donos, deve estar atenta aos empregados, aos 
que vendem e aos que compram os seus produtos. 
117
Anotações:E mesmo aqueles que não pertencem à empresa, 
no caso, a sociedade e as comunidades ao redor, 
devem ser recompensados caso sejam afetados 
pela empresa (COSTA, 2004).
Podemos afirmar, ainda, que a responsabi-
lidade social se tornou o elemento essencial, para 
que as empresas tenham alto nível de competi-
tividade. Isto se dá pelo fato das organizações, 
que geram os seus negócios e que estão funda-
mentadas na ética e na conduta moral, terem a ca-
pacidade de conquistar, cada vez mais, a reputação 
de serem comprometidas e íntegras no mercado, 
visando conquistar, em última instância, a confiança 
de seu público alvo. Por isso, o mercado tem bus-
cado profissionais que se adequem ou que já este-
jam afinados com esta nova forma de organizar 
as empresas. Hoje, a responsabilidade e a trans-
parência no local de trabalho são fundamentais 
(LUNA, MENDES; 2019).
 
A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NO 
TRABALHO
Como já exposto sobre a Ética e Responsabili-
dade Social na Contemporanidade, é possível afirmar 
que, apesar de uma empresa terobrigação com os 
seus proprietários, atualmente, ela também precisa 
estar atenta às demandas das partes interessadas, 
bem como da sociedade e dos seus consumidores 
(COSTA, 2004).
A necessidade de uma mudança no 
comportamento de quem trabalha numa empresa 
foi urgente neste século. Para essa adequação 
e transformação dentro das empresas, o perfil 
118
Anotações: dos trabalhadores internos, principalmente, dos 
gestores, precisa alinhar-se à postura sugerida pelo 
novo modelo de negócios do século atual. Gestores 
e trabalhadores, de modo geral, precisam buscar 
novas ferramentas e conhecimento, como se seus 
objetivos fossem alcançar o status de trabalhador 
ético, honesto e ter pleno conhecimento sobre a sua 
área e função para melhor servir à nova sociedade 
(LUNA, MENDES, 2019).
Se uma empresa tem a intenção de fornecer 
os melhores produtos e garantir o melhor serviço, 
também deve garantir que não prejudicará a 
sociedade. Se uma empresa é listada como uma 
das melhores, em termos de serviço e produto, 
ela não pode estar na lista das que poluem os rios 
ou o ar, que remove moradores locais (como os 
povos originários) de suas terras legais, operar 
serviços em torno de atividades não legalizadas, 
como o garimpo e extração de madeira em terras 
preservadas, promover trabalho escravo ou 
racismo, entre outras formas de violação ética 
(COSTA, 2004).
A Ética na perspectiva do trabalhador
Todo trabalhador possui direitos e necessita 
de elementos importantes dentro da empresa 
como: salários dignos, reconhecimento pelo 
desempenho, crescimento pessoal e profissional, 
além dos direitos garantidos. Cada um dos 
trabalhadores desempenha funções diferentes, 
seja na produção, seja no próprio funcionamento 
do mercado. A prática de redução de despesas, de 
espaço, rebaixamento de salários, aumento das 
119
Anotações:horas de trabalho, ou de produção para aumentar os 
lucros, sem que o trabalhador tenha condições de 
denunciar estas atitudes consideradas não éticas, 
são práticas que não reconhecem os direitos dos 
trabalhadores (COSTA, 2004).
Poder trabalhar numa empresa que preza pela 
ética, como um valor indispensável, faz com que 
os trabalhadores se sintam parte de uma empresa 
importante. Sentirão que estão contribuindo com 
a sociedade e as comunidades que se beneficiam 
com os serviços da empresa. Vemos que, por 
um lado, se os trabalhadores sentirem que seus 
valores éticos estão sendo atacados, a motivação 
profissional deles, bem como a sua produtividade, 
ficarão abaixo da expectativa da empresa. Por outro, 
a boa organização de empresa faz a equipe se sentir 
mais segura ao tomar as decisões, o que acaba por 
conquistar ainda mais a confiança em relação a sua 
liderança, pois sabem que os princípios passados 
por ela são corretos e trazem um retorno positivo 
para a empresa inteira (CORTELLA, 2013).
Assim, podemos observar que a ética 
empresarial tem dado maior atenção aos direitos 
dos trabalhadores. Se a empresa trata seus 
empregados como elementos descartáveis, o 
empregador não poderá se surpreender com o fato 
de seus funcionários estarem ali somente para os 
benefícios (plano de saúde e vale alimentação) e 
pelos salários ofertados pela empresa, tratando 
a empresa como um período transitório para 
em seguida ser abandonada por eles. Assim, as 
empresas viram-se obrigadas a recuperar a noção 
ultrapassada de “lealdade à empresa” (COSTA, 
2004). 
120
Numa empresa ética, vemos que os seus 
funcionários são pagos na data prevista, além 
de a empresa oferecer salários e benefícios que 
o mercado disponibiliza e, em alguns casos, 
superiores ao que o mercado oferece. Neste nível de 
organização da empresa, todos os profissionais são 
reconhecidos, respeitados e bem-vindos. Tudo 
isso, precisa ocorrer independente da religião, 
do gênero, da classe, da cor e da orientação 
sexual do profissional (CORTELLA, 2013).
Ao reconhecer os direitos básicos, a rec-
ompensa para a empresa é a satisfação dos tra-
balhadores que também cultivam a ética profis-
sional no trabalho. O que, consequentemente, 
acaba sendo reconhecido positivamente 
pela sociedade, pelo bom desempenho 
e serviço. É imprescindível ao tra-
balhador ter alguma satisfação com 
o emprego para o seu bom desem-
penho profissional. 
A Ética no trabalho deve 
estar diretamente relacionada à 
honestidade. Esta relação se dá 
por uma lógica simples, que é a 
de uma atitude moralmente valo-
rizada: não há como ser uma pes-
soa ética sem ter honestidade. 
Contudo, no trabalho 
cotidiano, aparecem 
diversas situações, e 
um profissional pode 
ter a sua integridade 
e sua virtude testa-
das, quase que dia-
riamente. Para não 
sucumbir a nenhuma 
121
Anotações:delas, é essencial conhecer e cultivar bons hábitos, 
para não caminhar na direção oposta aos compor-
tamentos morais que, em alguns casos, algumas 
pessoas fazem sem pensar nas consequências (AR-
RUDA, 2003).
A ética, no trabalho, também é representada 
pela boa liderança do gestor, que não faz distinção 
entre seus funcionários, tratando-lhes sempre com 
respeito, igualdade, e conferindo a eles oportuni-
dades reais de aprimoramento, desenvolvimento 
e crescimento. O gestor é considerado um profis-
sional ético, responsável e comprometido em en-
tregar o seu melhor tanto à empresa como na so-
ciedade. Estamos falando, portanto, de um mundo 
possível e real, onde as empresas e os profissionais 
éticos caminham e constroem resultados positivos 
juntos, sem jamais ter que, para isso, romper as re-
gras, trapacear ou prejudicar alguém para alcançar 
a prosperidade.
Esta mesma lógica, baseada em bons 
princípios, também são aplicadas em nossas 
relações sociais. Que podem ser afetivas (amizade e 
familiar) e financeiras (econômica), pois somos nós 
que, de forma coletiva, elaboramos a sociedade em 
que vivemos. Não há outro caminho senão por meio 
da ética e dos valores positivos, coerentes, que 
devem ser praticados por nós, para que possamos 
construir uma sociedade melhor (CORTELLA, 2013).
Hoje, a Ética tem exercido o importante papel 
por uma necessidade de sobrevivência, pois através 
dela podemos considerar que a humanidade passa 
por um momento de anseio e uma vida melhor. 
Podemos dizer que a dignidade humana é o tema 
central, ter uma vida com qualidade e, em certa 
122
Anotações: medida, alcançar alguma felicidade. A Ética tem 
nos servido para superar o “jogo dos interesses” 
(MERCIER, 2004). 
O comportamento ético não consiste, 
exclusivamente, em fazer o bem ao outro, mas a nós 
mesmos, bem como o de exemplificar para o outro 
a importância daquilo que faz bem à comunidade.
AS QUESTÕES DA ATIVIDADE 
PROFISSIONAL A PARTIR DA ÉTICA 
Vimos que a Ética profissional é um conjunto 
de regras que deve ser seguido por todos que 
exercem qualquer função. Mediante isto, questiona-
se: Por que precisamos ter uma profissão e qual o 
objetivo de tal atividade? As respostas são muitas 
a exemplo de: sustentar a família, ter conforto e 
qualidade de vida, realizar-se profissionalmente, 
ocupar o tempo, isto, considerando os fatores 
positivos. Já na perspectiva menos otimista, há 
o fato da obrigatoriedade, ou seja, todos têm que 
fazer algo e, moralmente, alguém que não se ocupa, 
em geral, não é bem visto socialmente (PASSOS, 
2004).
Mas podemos observar que desde os 
primeiros registros históricos, os indivíduos 
tiveram que se relacionar com a natureza para a 
sua sobrevivência, seja na busca por alimentação 
ou moradia e hoje, por produtos que vão desde 
eletrodomésticos até os meios de transporte. 
Assim, consideramos que as funções exercidas 
profissionalmente objetivam construir uma relação 
de harmonia entre seres humanos e a natureza, de 
modo que as necessidades dos indivíduos sejam 
123
Anotações:supridas e, ao mesmo tempo, desenvolvam suas 
capacidades, assim como colaborarem com a 
existência dos outros. Na atualidade, contribuir 
para o crescimento dos saberes práticos e no 
cuidado com o mundo (PASSOS, 2004). 
Destaforma, os códigos ético-profissionais 
orientam como um profissional deve se compor-
tar em uma organização, por exemplo: as pos-
turas e as ideias a serem preservadas que, moral-
mente, são aprovadas na sociedade. Alguém faz uma 
determinada atividade precisa adequar-se às nor-
mas éticas profissionais que uma instituição deseja 
enquanto conduta na empresa, imagem pessoal 
e institucional, posição política ou econômica 
(PASSOS, 2004).
Como vimos, os códigos de ética, à medida que 
fazem a atividade profissional ter credibilidade, tam-
bém a fazem humanizar-se e promover-se profis-
sionalmente. Deste modo, surgem novos campos 
de trabalho. Essas normas éticas são escritas, 
analisadas e recebem a aprovação dos órgãos pú-
blicos competentes, seja da associação de classe 
ou do próprio governo. 
A reflexão sobre a ética profissional só faz 
sentido quando o sujeito entende a sua realização 
pessoal e a sua existência, e na prática, quando 
aplica capacidades e talentos. Tudo isso advém de 
ações e comportamentos que obtêm resultados in-
dividuais e coletivos. Logo, têm relação fundamen-
tal com a virtude pensada e promovida pela Filoso-
fia durante anos na História do pensamento. Nesse 
sentido, destacamos a ética como a ciência que 
avalia o comportamento das pessoas e a maneira 
pela qual podem e devem realizar o bem. 
124
Anotações: A Ética é muito mais do que um estudo de nor-
mas cuja função é regar as nossas vidas. É através 
dela que é possível as pessoas compreenderem 
quais são os princípios fundamentais, a partir dos 
quais devemos agir. A Ética tem uma função obje-
tiva e subjetiva. Dessa forma, podemos afirmar que 
existe a Ética absoluta e a Ética relativa. 
Ética absoluta é parte da razão ou da consciên-
cia daquilo que o ser humano percebe como sen-
do bom e mau para si mesmo. Pode ser ensinada 
a qualquer pessoa. Ela é atemporal e universal e 
não tem uma relação de necessidade exclusiva 
de uma experiência pessoal. Já a Ética relativa é 
identificada com base nos fatos ou na experiên-
cia. Seu ponto de partida vem da realidade, isto 
é, em como ela se dá na ação das pessoas, seja 
em relação a como pensam, seja como agem. Por 
ser relativa, tem a característica de mudar, sen-
do possível a reelaboração de acordo com a situ-
ação. Ela também tem a possibilidade de ser apli-
cada de diversas formas. É neste âmbito ético de 
relatividade que os valores são criados (PASSOS, 
2004).
Podemos observar, que a ética é analisada 
em seu conjunto, isto é, de forma geral, pelo es-
tudo da Deontologia, que é uma disciplina em que 
se investigam os deveres dentro de um código 
ético,bem como existe a Diceologia, em que se 
investigam os direitos de forma geral (PASSOS, 
2004).  Em relação à Deontologia, existe o Códi-
go Deontológico que reúne as regras, posturas 
e obrigações, a partir das quais um profissional 
deve agir diariamente. De forma geral, é definido 
como um código de obrigações éticas.
125
A FILOSOFIA E A ÉTICA NO CAMPO 
PROFISSIONAL HOJE
A ética contemporânea passou por um pro-
cesso de colonização e de independência dos po-
vos africanos e asiáticos. Estes fatores afetaram a 
humanidade de forma direta obrigando o ocidente a 
refletir sobre o comportamento moderno, que teve 
início após a Revolução Francesa 1789. Junto a essa 
transformação social, a Ética contemporânea é vis-
ta como uma manifestação reativa ao racionalismo 
kantiano, bem como aos ideais filosóficos decor-
rentes do pensamento de Kant, como é o caso de 
Hegel. Para este filósofo alemão, o que vale no su-
jeito é a razão. Apenas a razão traz a existência do 
ser humano no mundo, portanto, podemos obser-
var que este é um dos conceitos fundamentais da 
Ética moderna (VÁZQUEZ, 1992).
A Ética contemporânea também focalizará a 
análise da linguagem moral das palavras que 
usamos para falar do comportamento hu-
mano. Ela surgiu no período de saltos 
científicos e novas formas técni-
cas, além do desenvolvimento das 
forças produtivas a nível global. 
Este fato deu condições para que 
se questionasse a existência do 
homem mediante os instru-
mentos de destruição in-
ventados em meio a esse 
imenso desenvolvimento 
(VÁZQUEZ, 1992). Assim, 
podemos afirmar que são 
seus valores e leis que 
126
Anotações: orientam o próprio comportamento. Não é a fina-
lidade que determina um valor, mas o quanto de 
liberdade uma pessoa teve ao realizá-lo. Porém, a 
liberdade individual deve levar em conta a existên-
cia do outro, pois escolher é compromisso com a 
humanidade.
O homem é, antes de tudo, práxis, ou seja, o 
definimos como um ser que produz, transforma, 
cria tudo através de seu trabalho e transforma a 
natureza. Este nível de objetivação do ser humano 
no mundo externo, pela qual produz um mundo de 
objetos úteis, corresponde a sua própria natureza, 
que é o de ser produtor, criador, e que também 
se manifesta na elaboração da arte e em outras 
atividades (VÁZQUEZ,1992).
O pensador Karl Marx referiu-se, em seus 
escritos, sobre uma nova moral que tem objetivo 
de transformar a sociedade, e que tanto o homem 
quanto a mulher sejam atuantes, do contrário a 
normatização do comportamento humano apenas 
serviria para tirar a força das ações humanas. Nisto 
podemos perceber que a moral, a ética e o próprio 
pensamento filosófico estão sempre em processo 
de inovação, conforme as experiências de homens 
e mulheres através da história. Os conceitos éticos 
não descrevem nem representam nada, pela 
simples razão de que não existem propriedades, tais 
como bom, dever, etc., eles são meras expressões 
de emoções do sujeito, o que indica que os termos 
éticos têm somente um significado emotivo, 
pois não enunciam fatos. Isso, por consequência, 
denuncia que as proposições morais carecem de 
um valor científico (VÁSQUEZ, 1992).
127
Anotações:Podemos observar que a reflexão filosófi-
ca sobre a Ética, ou melhor, sobre o comporta-
mento humano, foi se aproximando dos ideais le-
vantados pelo século XXI. Há, gradativamente, a 
supervalorização de uma pessoa que pensa nas 
suas emoções e vontades. Cada vez mais existe a 
necessidade do ser humano buscar a autocrítica, 
revisar-se enquanto pessoa e dar mais importân-
cia às outras dimensões da humanidade. A razão, 
a emoção e a espiritualidade estão cada vez mais 
equilibradas, e aparecendo como necessidades da 
vida (ARANHA, 2005).
No mundo contemporâneo, os desafios são 
diversos para que possamos construir a vida a 
partir da moral. Alguns desses desafios derivam 
da sociedade individualista, em que as pessoas 
acham-se voltadas para si próprias e incapazes 
de se solidarizar e ter mais tolerância com as 
diferenças. Pensar a generosidade moral para 
com o planeta, supõe a garantia da pluralidade dos 
estilos de vida. A aceitação das diferenças, sem 
sucumbir à tentação de dominação do outro, ocorre 
sempre quando a diferença é vista como sinal de 
inferioridade ou de desigualdade (ARANHA, 2005). 
128
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