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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 Tutorial 7 – mod XVI CA mama, MMG, doenças benignas da mama, USG Anatomia e fisiologia das mamas - Glândulas mamárias são sudoríparas modificadas e especializadas. - Espessamento ectodermal origina os brotos mamários, que se desenvolvem como sólidos crescimentos da epiderme até mesênquima subjacente, formado pela invaginação do ectoderma, onde 15-20 brotos se desenvolvem em ductos lactíferos e ramos. - Ducto desemboca na papila, que nasce invertida e se eleva durante infância. - Gland mamária subdesenvolvida até puberdade, onde por ação dos estrógenos e progesterona produzidos pelo ovário, há proliferação do epitélio e tecido conectivo. Desenvolve as gland e deposita tecido adiposo, levando ao aumento das mamas. ANATOMIA DA MAMA - Parede torácica anterior, base se estende da 2ª a 6ª costela. Limitado superior pela 2 ou 3ª costela, inferior pelo sulco inframamário; medial pela borda do externo e lateral pela linha axilar média. - 2/3 da mama repousa sobre peitoral maior, restante com serrátil anterior e oblíquo abdominal. Tecido mamário vai até axila (cauda de Spence). - Mama formada por pele, tecido subcutâneo, tec mamário. Com duas fáscias: superficial (abaixo da derme) e profunda (anterior a fáscia do peitoral maior). - Tec mamário ligado à pele pelos lig de Cooper, faixas de tec conectivo que correm pelo parênquima e se inserem na derme. - Tecido constituído por elementos epiteliais parenquimatosos (10-15%) e estroma (85-90%). Mama → 15-20 Lobos → 20-40 lóbulos(ramificações formadas por gland túbulo-alveolares) → Cada lobo drena para um ducto lactífero maior - Ducto lactífero se dilata sob a aréola e forma os seios lactíferos, e se abrem por um orifício para o mamilo. - Maior volume mamário está nos quadrantes laterais, onde maior parte dos tumores mamários se encontram. Complexo areolopapilar - Papila rodeada pela aréola pigmentada. Na puberdade, pigmentação cada vez mais escura, papila se eleva da superfície. - Na gravidez, papila se alarga e pigmentação fica mais acentuada. - Aréola com glândulas sebáceas e sudoríparas, porém nenhum folículo piloso. - Glândulas de Montgomery podem secretar leite e são estágio intermediária entre gland sudorípara e gland mamária. - Complexo areolopapilar e o restante da mama são suprimidos por inervação sensorial, que é estimulada pela sucção do RN, que inicia os eventos da ejeção láctea. Vascularização: três vias arteriais principais 1. Artéria mamária interna (art. Torácica interna), supre a porção medial e central da mama, 60% do suprimento sanguíneo mamário 2. Ramo da art. Torácica lateral vindo da art. axilar e o ramo peitoral da art. toracoacromial suprem QSL, 30% do suprimento sanguíneo. 3. Ramos das art., intercostais posteriores suprem o tecido mamário remanescente. - Drenagem venosa segue curso das artérias, com drenagem seguindo em direção à axila. As veias formam um círculo anastomótico ao redor da papila. - Ramos perfurantes da veia torácica interna (maior plexo), ramos perfurantes das veias intercostais posteriores, tributárias veias axilares. Drenagem linfática - Mais de 75% da drenagem linfática é feita pelos linfonodos axilares. 1. Grupo da veia axila 2. Grupo mamário externo 3. Grupo escapular 4. Grupo central 5. Grupo supraclavicular 6. Grupo interpeitoral - Mamam medialmente drenada por vasos linfáticos que acompanham os ramos perfurantes da mamária interna, desembocam no paraesternal dos linfonodos. - Linfáticos superficiais de uma mama podem se comunicar com os da mama oposta e parede abdominal anterior. Podem drenar diretamente para os linfonodos supraclaviculares e indicar doença avançada. - A drenagem linfática dos componentes epitelial e mesenquimal da mama é a via primária da difusão de metástases do CA de mama para outros sítios. Doenças benignas da mama Nódulo de mama - Uma das queixas mais comuns na mastologia, maioria benigna, princip. até a 3° década da vida. Após menopausa, importante diferenciar de CA. - Tumor sólido na glândula mamaria, palpável ou não ao exame clinico, podendo ter conteúdo solido ou cístico. - Maioria dos nódulos sólidos é decorrente de lesões fibroepiteliais, sendo o mais comum o fibroadenoma (15-20a), que tem fisiopatologia explicada por resposta exagerada na mama aos estímulos hormonais fisiológicos após a menarca, tendo normalmente crescimento limitado e <2cm, tendência a involução na pós- menopausa. 50% tem adenose e hiperplasia ductal, os fibroadenoma complexos. - Cistos mamários são redondos ou ovoides preenchidas por liquido, vem da unidade ducto lobular terminal, mais na 4° década e início da menopausa, maioria microcistos. O diagnóstico é por US que detecta área sólida no interior, sendo importante histopatologia para diferenciar benignas de malignas. DIAGNÓSTICO - Anamnese: idade, status hormonal, fatores associados (dor, alteração cutânea, linfadenomegalia axilar ou supraclavicular), uso de medicamentos (anticoncepcionais, TH) - Melhor momento para EF das mamas é após menstruação, fazendo inspeção estática e dinâmica, palpação e avaliação de linfonodos axilares e supra claviculares. - Características do nódulo: consistência, limites, regularidade, tamanho e localização - USG para diferenciação de lesões solidas e císticas. É o mais indicado caso haja nódulo a palpação. - MMG importante no rastreamento de outras lesões, podendo diagnosticar lipoma e fibroadenoma calcificado - Punção ou biopsia do nódulo: pode fazer com PAAF (material citológico, diferencia cística de sólida) ou grossa (material histológico) - Core bipsy tira fragmento do nódulo, sendo mais específico e pega material para imunohistoquímica. - 80% das mulheres diagnosticadas com CA de mama apresentam poucos ou nenhum fator de risco!!! DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS FIBROADENOMA: tumores firmes, elásticos, bordas regulares e lisas, geralmente aumenta na gestação e amamentação e involuem na menopausa. TUMOR PHYLLODES: características clinicas de fibroadenoma, mas dimensões maiores e crescimento rápido, mais entre 30-50 anos, são lesões proliferativas fibroepiteliais e maior celularidade do estroma, pode ser benigno, borderline e maligno dependendo do n° de mitoses e celularidade do estroma. Principal complicação: recorrência local, principalmente se margens <1cm, raramente faz metástase (pulmão) FIBROADENOMA JUVENIL: igual tumor phyllodes, mas em mulheres mais jovens (<20 anos), costuma surgir 2-3 anos após menarca. Sendo massa única, palpável, móvel, indolor, com crescimento rápido podendo causar assimetria mamaria HAMARTOMA: fibroadenolipoma, lesão benigna infrequente, por diagnosticada por exames de imagem, quando palpáveis é bem delimitadas de limites precisos. Histologia breast in a breast: área de tecido mamário normal encapsulado CISTOS: nódulos essencialmente benignos, bordas lisas e bem definidas, pouca mobilidade, únicos ou múltiplos, tamanho e consistência variáveis. Dor se crescem repentinamente. Pode ser simples (conteúdo liquido límpido) ou complexos (vegetações ou debris no interior) ALTERAÇÃO FUNCIONAL BENIGNA DAS MAMAS: dor localizada, geralmente quadrante superolateral das mamas, espessamento fibroelástico móvel que involui após menstruação. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 NEOPLASIAS MALIGNAS: nódulos endurecidos, limites indefinidos, aderidos a estruturas adjacentes, pode ter alteração cutânea (retração, hiperemia, edema), fluxo papilar suspeito, linfadenomegalia axilar e supraclavicular, geralmente indolores ESTEATONECROSE: parece neoplasia maligna, mas são por trauma ou cirurgia previa, sendo uma massa irregular, firme e nodular associada a retração cutânea ECTASIA DUCTAL: nódulo retroareolar endurecido, associado a sensibilidade dolorosa a palpação, inversão do mamilo e fluxopapilar. Acomete mais 4° vida e perimenopausa. Pode mimetizar neoplasia maligna PAPILOMA: entre 30-50 anos, fluxo papilar sanguinolento associado a nódulos próximos a aréola TRATAMENTO • CISTOS - Simples não palpáveis em USG não aborda ou acompanha, só tranquiliza pcte. - Cistos palpáveis podem fazer PAAF sendo diagnostico e terapêutica. - Citologia do liquido não recomendada, só pede nos casos suspeitos, como cistos com conteúdo hemorrágico, cistos que recidivam em curto espaço de tempo - Exérese cirúrgica só nos casos de cistos complexos (conteúdo solido) ou casos que não é possível biopsia percutânea assistida a vácuo, ou atipia e malignidade dessa biopsia - Papiloma sintomáticos ou com atipia ainda não completamente retirados por biopsia vácuo assistida, remove cirurgicamente - Cistos com conteúdo espesso, septos finos ou microcistos agrupados têm pouco risco de malignidade e podem ser acompanhados clinicamente. • NÓDULOS SÓLIDOS - Imagem suspeita = biopsia percutânea independentemente da idade, cirurgia depende da biopsia - < 30 anos com exame clinico e radiológico que sugere benignidade, sem incomodo clinico, não recomenda biopsia, só controle clinico e radiológico. Exérese cirúrgica só nos casos sintomáticos e nódulos >2cm. - Suspeita de tumor filoide ou fibroadenoma juvenil faz exérese do tumor com obtenção de margens livres, para reduzir risco de recorrência. Dor mamária/mastalgia - Comum principalmente em idade reprodutiva. 60-70%. - CÍCLICA: relacionada com o ciclo menstrual, não tem fisiopatologia totalmente conhecida, pode estar relacionada com desequilíbrio na relação estrogênio/progesterona no final da 2° fase do ciclo menstrual, que atua em nível central, podendo aumentar secreção de prolactina, o que aumenta sensibilidade do tecido mamário. - ACÍCLICA: sem interferência com o ciclo, pode estar relacionada a hipertrofia mamária, macrocistos, nódulos de grande dimensão, cirurgia mamária prévia, ectasia ductal, mastites, trauma, medicamentos... - Medicamentos hormonais (estrog/progest); antidepressivos, ansiolíticos, anti- hipertensivos, antimicrobianos, ... - Causas de dor extra-mamária: dor referida por afecções em outras estruturas que se relacionam anatomicamente com as mamas: dor muscular, costocondrite, neurite intercostal, bursite escapular, radiculopatia cervical, trauma na parede torácica/fratura de costela, herpes-zoster, pericardite, RGE, ulcera péptica, doenças coronarianas. QUADRO CLÍNICO - Cíclica: dor frequentemente associada a ingurgitamento mamário, começa nos dias antes da menstruação e some após fluxo menstrual. Mais comum nos quadrantes superiores laterais (QSL), tende a ser bilateral e difusa, geralmente em pontada e de manifestação aguda. - Acíclica: mais intensa, geralmente unilateral, desconforto em um ponto da mama, podendo irradiar para axila, braço, ombro e mão. DIAGNÓSTICO - É clinico, avaliando início, duração, localização, intensidade, fatores desencadeantes, atenuantes, agravantes, relação com ciclo menstrual. Ingestão de medicamentos ou estimulantes também deve ser questionada. - EF: existência de sinais flogísticos na pele, nódulos ou espessamentos, descarga papilar, retração do mamilo, presença de dor focal e presença de linfonodomegalias - Imagem: pouca validade, restrito as pctes que precisam rastreamento ou com suspeita de lesões focais TRATAMENTO - Não medicamentoso: orientação verbal principal tratamento, depois que exclui presença de neoplasia. Explica pouca relação com ca de mama. Medidas comportamentais: sutiã esportivo, dieta livre de gorduras, exercícios físicos e redução da ansiedade - Medicamentoso: boa resposta a orientação verbal, até mesmo placebo tem taxa de sucesso, mas tem riscos desnecessários, como diuréticos, dieta livre de xantinas, progestágenos, derivados do óleo de prímula e polivitamínicos. Não tem recomendações de vitamina E, B1 e B6. AINEs melhoram dor, mas tem alto risco de efeitos colaterais com uso prolongado, melhor usar em forma de gel. Medicações ansiolíticas ou antidepressivos apresentam efeito global na melhora da dor. - Tratamento farmacológico preferencial na mastalgia cíclica consiste no bloqueio hormonal, inibidores de estrogênio e de prolactina atuam na melhora do quadro, o de escolha é tamoxifeno 10mg/dia VO 3-6 meses que é o que tem menos efeitos colaterais. - Óleo de prímula (fitoterápico com alta dose de ácido gamalinoleico) não tem eficácia no tratamento da mastalgia. Fluxo papilar: descarga ou derrame papilar - Exteriorização espontânea de material fluido pela papila mamaria fora do ciclo gravídico-puerperal. Se a saída do material for por expressão aí chama de secreção. Secreção láctea é galactorreia, não láctea é telorreia. - 90-95% têm origem benigna. É mais comum durante o menacme, mas se em pctes idosas, pode ser por causa de neoplasia. - Mecanismos causadores de fluxo papilar: → Intraductais: inerentes a parte interna do ducto, por proliferações epiteliais (papilomas, adenomas, hiperplasias) e infecções intraductais (galactoforites) → Extraductais: patologias que podem romper parcialmente a parede do ducto, ganhando a luz e exteriorizando-se, como neoplasias malignas, infecções... → Galactorreia: secreção de coloração clara, por fatores não mamários, em geral por alterações que causam hiperprolactinemia, como no uso de fármacos supressores como dopamina, outras patologias são lesões no SNC, lesões em parede torácica, doenças sistêmicas. DIAGNÓSTICO - Patologias benignas associadas ao derrame papilar são papiloma intraductal, papilomatose juvenil, ectasia ductal, mastite periductal. TRATAMENTO - Avalia pelo fluxo, maioria precisa apenas de orientação e tranquilização, purulentos trata com atb, nos suspeitos o tratamento cirúrgico está indicado. - Nos não suspeitos (multiductais, bilaterais) como na ectasia ductal, pode precisar de cirurgia pelo desconforto pelo derrame continuo. - Galactorreia avalia medicações que podem estar causando. - Adenoma de hipófise avalia necessidade de tratamento medicamentoso ou cirúrgico. - Mulher deseja amamentar: ressecção seletiva do ducto acometido, orientado pelo ponto de gatilho - Mulheres sem desejo de amamentação ou pós menopausa: ressecção dos ductos principais, retirada em forma de cone invertido da arvore ductal Processos inflamatórios da mama (mastites) EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 - Infecções que se instalam no tecido mamário. Incidência depende de fatores higiênicos, saneamento e dieta também, mais comum 18-50 anos. - Aguda: principal é mastite puerperal, evolução <30 dias e infecção do parênquima mamário no puerpério - Crônica: >30d ou recorrência após tratamento. Mais comum em jovens, dificilmente na pós-menopausa, divididas em infecciosas (abscesso subareolar crônico recidivante, mastite tuberculosa, mastite por micobacterias, mastite viral, mastite luética ou sífilis mamaria) e não infecciosas (mastite periductal, mastite granulomatosa idiopática, síndrome de mondor, sarcoidose mamaria). AGUDA (PUERPERAL OU LACTACIONAL) - Ocorre no período de amamentação, mais comum da 2-5° semana do puerpério, acomete mais primigestas e após cesarianas eletivas. Porta de entrada dos germes são fissuras nas papilas pela amamentação. Predisposição por má higiene e estase láctea. Geralmente em mamilos planos ou umbilicados, pele fina e pouca elasticidade. Germes mais relacionados: Staphylococcus aureus e o Staphylococcus epidermidis QC: edema, eritema e aumento da temperatura da mama, podendo ter sintomas sistêmicos como febre alta, anorexia, náuseas e vômitos. Forma mais comum é ocasionada por estafilococos, que levam a formação de abscessos multiloculados e com grande quantidade de pus. Estreptococicas tem celulites. Anaerobios fazem necrose tecidual, principalmente em imunodepressão ou diabetes.Diagnóstico: clínico, labs não usados usualmente, USG mamaria pode ajudar a avaliar abscessos mamários quantificando extensão da coleção purulenta Tratamento: manter a amamentação, ordenha manual delicada das mamas, uso de sutiã ou faixas para sustentar as mamas, uso de analgésicos, antitérmicos (paracetamol e dipirona) e atb (VO, se piora clinica usa EV), se abscesso mamário drenagem cirúrgica é obrigatória (secreção manda para cultura e antibiograma) ABSCESSO SUBAREOLAR CRONICO RECIDIVANTE - Infecção recorrente e crônica da região subareolar, associada ao tabagismo, diabete e obesidade, comum em jovens QC: geralmente unilaterais, começa com inflamação de área subareolar bem localizada, que evolui para formar pequeno abscesso, que tende a drenar espontaneamente com formação de uma fistula que cicatriza posteriormente, isso se repete várias vezes em meses-anos, sendo então crônico recidivante. No lugar do abscesso forma cavidade que reabre a cada ativação do processo infeccioso. Diagnóstico: anamnese + EF, MMG exclui malignidade, USG é o método mais utilizado até para guiar a drenagem. RM pouco utilizada. Tratamento: inicialmente atb VO, se fistula tratamento cirúrgico com ressecção do sistema ductal envolvido pode ser realizado. Recomendado abandonar o tabagismo para o sucesso do tratamento. MASTITE TUBERCULOSA História pessoal ou familiar de tratamento para tuberculose, com reativação do bacilo com infecção na mama. QC: abscessos de evolução lenta ou múltiplas fístulas periféricas, pode ter linfonodos axilares palpáveis. Diagnóstico: faz prova tuberculínica e Rx de tórax para avaliar foco primário pulmonar. Diagnóstico definitivo de tuberculose é por biopsia de lesão identificando granulomas caseosos. Cultura pode achar bacilo álcool ácido resistente (BAAR). Tratamento: tuberculostáticos e acompanhamento do infectologista. MASTITE POR MICOBACTERIAS Processos infecciosos nas mamas de evolução extremamente lenta, mais em HIV+ com CD4<50. Diagnóstico por hemocultura e/ou cultura de material retirado da mama, que encontra micobacterias atípicas. Tratamento: associação de claritromicina, etambutol e rifabutina por seis meses MASTITE VIRAL Herpes simples ou herpes-zóster, geralmente associada com herpes genital e/ou oral. Mais em Imunodeficientes. QC: lesões na pele da mama com vesículas dolorosas e recorrentes. Duração autolimitada de 7-10 dias. Sintomas sistêmicos como febre, mal-estar e exantema, 24-48h antes do surgimento de lesões cutâneas. Herpes-zoster faz erupções cutâneas com vesículas, muito dolorosas, seguindo a linha de um dermátomo sobre a mama. Diagnóstico clinico com a visualização das lesões na pele da mama com vesículas. Tratamento: herpes simples aciclovir 400mg VO 8/8h 5-7 dias para abreviar sintomas. Herpes zoster usa aciclovir VO nos leves e EV nos graves. Para dor pode utilizar codeína na fase aguda. Faz curativos com antissépticos para prevenir infecções bacterianas. MASTITE LUETICA OU SIFILIS MAMARIA Complicação inflamatória em pctes com LES ou lúpus discoide. QC: começa com lesões cutâneas no complexo areolomamilar, pela inoculação do treponema, na forma secundária, ocorrem lesões cutâneas maculosas que evoluem para pápulas, e na forma terciária há nódulo endurecido que amolece, sofrendo ulceração ou fistulização. Diagnóstico laboratorial baseado em antígenos treponemicos como VDRL e FTA- ABS e/ou treponema em microscopia de campo escuro. Diagnostico diferencial com doença de Paget Tratamento: penicilina G benzatina 2,4 milhões IM (metade em cada nádega), repetido em 7 dias MASTITE PERIDUCTAL: mastite plasmocitária Mulheres não lactantes na vida reprodutiva, relacionada a infecção bacteriana e tabagismo, mais em multíparas que amamentam. QC: mastalgia acíclica unilateral, secreção mamilar verde-escura ou serosa, retração do mamilo, massa subareolar com ou sem inflamação da mama sobrejacente, até fistula mamar. Pode mimetizar carcinoma de mama Diagnóstico diferencial por MMG e USG mamaria, citologia de derrame papilar pode fazer, mas se sem cels neoplásicas malignas não exclui definitivamente carcinoma mamário. Biopsia é importante no diagnostico diferencial Tratamento: atb eficazes contra os organismos isolados na cultura usa no quadro infeccioso, indicação de cirurgia para correção das fistulas mamilares ou nos casos de derrame papilar espontâneo que clinicamente incomodam a pcte MASTITE GRANULOMATOSA IDIOPÁTICA Condição crônica rara, processo inflamatório com alterações granulomatosas que ocorrem em torno dos lóbulos e ductos mamários, na ausência de infecção especifica, trauma, corpo estranho ou evidencia de sarcoidose. Não há relação consistente com amamentação, paridade e contraceptivo oral ou uso de hormônio QC: heterogênea, acometimento lobular, permitindo diferenciar de sarcoidose. Pode mimetizar lesões malignas quando associado a massa firme irregular ou retração mamilar. Processo mais difuso, quantidade de pus mínima, sempre em múltiplos pequenos lóculos. Achados em exames de imagem da mama geralmente inespecíficos Tratamento: corticoterapia em altas doses ou metotrexato, altas taxas de recidivas SÍNDROME DE MONDOR Tromboflebite das veias superficiais da mama (veia toracoepigástrica e/ou suas tributárias), autolimitada, acomete mais mamas volumosas e pendulares e após trauma QC: se apresenta como cordão fibroso e doloroso no subcutâneo que corresponde ao trajeto venoso comprometido. Pode fazer mastalgia acíclica unilateral. Diagnóstico clinico Tratamento: conservador, prescreve antiinflamatório e analgésicos para alivio da dor, Atb e anticoagulantes não indicados SARCOIDE MAMÁRIA Granulomas epitelioides não caseosos, sendo a sua etiologia desconhecida. QC: massa não dolorosa e móvel, com bordas lisas ou irregulares. Pode se apresentar como linfonodo inframamário ou granuloma Na MMG lesão pode ser bem definida ou espiculada, pode ser massa única ou múltiplas. USG mostra massa hipoecoica pode ter margens indistintas que podem ser diferenciadas de lesões malignas. Histologia confirma granuloma não caseoso, com PPD – e teste de Kveim + Tratamento: clínico, pelos sintomas sistêmicos da doença, não precisa de ressecção mamaria ATB PARA DIVERSOS QUADROS DE MASTITE • Cefalexina 500mg 6/6h por 7-14d • Cefadroxila 500 12/12 7-14d • Amoxi/clav 875 12/12h 7-14d • Ciprofloxacino 500 12/12 7-14d • Trimeto/sulfa 160-800mg 12/12h por 7-14d • Metro e cefalelexina 500 8/8 ou 6/6h 7-10d • Oxacilina • Cefoxitina e clinda 1g EV Rastreamento CA e Imagem em mastologia - CA de mama, pelo INCA 2018, 56,20 casos a cada 100 mil mulheres. Sem considerar CA de pele, esse é o mais frequente nas mulheres do Sul (74,3/100mil). AUTOEXAME: Não é recomendado como forma de rastreio. Não há efeito da prática na redução da mortalidade por CA de mama. - O exame torna a mulher consciente do aspecto normal de suas mamas, de forma que se pode identificar mais precocemente o aparecimento de sinais e sintomas suspeitos de CA de mama. - MMG é o método de escolha para rastreamento. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 EXAME CLÍNICO DAS MAMAS Anamnese: queixas, idade da menarca, menopausa (qto mais cedo, ↓ risco pq ↓ exposição a estrog), exposição a hormônio/radiação. Antecedente pessoal de CA mamário. Dor mamária principal queixa. Inspeção estática: simetria, abaulamentos, retrações, inversão mamilo, hiperemia, alterações vasculares. Insp dinâmica: contração dos músculos peitorais, retração/assimetria Palpação mamária, axilar e expressão mamilar RASTREAMENTO - Aumentar os benefícios, em relação a sobrevida e qualidade de vida das mulheres portadoras de CA. - 5-10% das tem confirmação de CA na MMG. BIRADS (Breast Imaging Reporting and Data) - Universal, classifica lesões pelo risco de ser CA: BIRADS 0: exame incompleto, precisando complementarcom ampliação ou compressão seletiva ou USG, é categoria provisória. BIRADS 1: sem achados, continua rastreio anual. BIRADS 2: achados benignos, continua rastreio anual. - Achados benignos: calcificações vasculares, fibroadenoma calcificado, outras calcificações, linfonodo intramamário. BIRADS 3: achados provavelmente benignos (nódulo de baixa densidade, contorno regular, limites definidos, calcificações puntiformes). Acompanhamento por imagem em menor prazo, repete em 6m. - Indicações de biopsia nessa categoria: impossibilidade de acompanhamento por viagem/cirurgia plástica, pctes de altíssimo risco, cancerofobia persistente após explicação detalhadas, nódulos grandes já no primeiro diagnostico (>1,5-2cm) - Crescimento >20% no seu maior eixo no acompanhamento converte lesão de BIRADS3 em BIRADS 4 BIRADS 4: achados suspeitos de malignidade. É subdividido em 4A (suspeita leve), B (moderada) e C (suspeita alta). Nódulo de contorno irregular e limite pouco definido, microcalcificação pleiomórfica, densidade assimétrica. Sempre indica biópsia. BIRADS 5: achados altamente sugestivos de malignidade. Nódulo denso e espiculado, microcalcificações agrupadas, ramificadas, ...Sempre indica biópsia. >95% chance de ser CA. BIRADS 6: CA já diagnosticado por biopsia. Febrasgo, CBR, SBM publicou em 2017 Mulher < 40 anos - MMG apenas quando risco: BRCA (a partir dos 30a); histórico de lesões precursoras (hiperplasia ductal/lobular, CA invasivo de mama ou ovário) - USG: não faz, exceto se alto risco para CA, onde inclusive RM pode ser mais adequada. - RM: somente em mulheres com alto risco, como mutação BRCA, devendo começar aos 25. Mulher 40-69 anos • MMG anual • USG só se complementar à MMG nas mulheres com mama densa • RM só individual quando alto risco para CA Mulher > 70 anos - MMG em mulheres com expectativa de vida maior que 7 anos, que possam ser submetidas a TTO do CA, considerando as comobidades. Agência Nacional de Saúde (ANS) 2015: não recomenda iniciar antes dos 50 anos; rastreio bianual; rastrear até 70 anos. MAMOGRAFIA - Método para rastreamento do CA de mama! Sensibilidade maior em mamas mais gordurosas, ou seja, menos densas. Tipos de lesões: nos canceres diagnosticas por MMG, 56% tinham forma de nódulos, 29% microcalcificações, 12% assimetrias de densidade e 4% distorção de arquitetura. Outras formas de apresentação mais raras do ca de mama são: espessamento e retração cutâneos, a linfonodopatia e a retração papilar. - Deve ser realizada SEMPRE em duas projeções: • Projeção craniocaudal: vê de cima para baixo, maior parte do tecido mamário, músculo peitoral entre mamas, mamilo, parte interna e externa • Projeção oblíquo externa: vê superior e inferior, também chamada de mediolateral. Pega a mama, prolongamento axilar e região axilar. ULTRASSONOGRAFIA Indicações: - Avaliação de nódulos palpáveis: USG é a primeira abordagem em nódulos palpáveis, diferenciando nódulos císticos de sólidos, se não encontra nódulos pode esclarecer achado palpatório como lóbulo de gordura, ligamento de Cooper saliente ou acúmulo localizado de tecido fibroglandular normal. - Avaliação de achados mamográficos: complementação de BIRADS 0, por ex um nódulo circunscrito não calcificado na MMG pode ser no USG um cisto (BIRADS2), nódulo sólido circunscrito (BIRADS3) ou complexo solido cístico (BIRADS4). - Avaliação de nódulos sólidos: avalia forma, margens e orientação, os nódulos analisados como provavelmente benignos (BIRADS3) tem valor preditivo – altíssimo. - Rastreamento complementar à MMG: USG + MMG aumenta taxa de detecção do ca de mama em mulheres de alto risco e de risco habitual, pela densidade mamaria alta reduzir sensibilidade da MMG. - Orientação de procedimentos percutaneos: guia de procedimentos, pois é precisa, utilizando pcte deitada com a mama não comprimida, se pré op faz na posição que a pcte vai ser operada, facilitando cirurgia com menor trajeto do fio guia da entrada da pele até lesão - Outras indicações: avaliar queixas mamarias no ciclo gravido puerperal, extensão de doença maligna já diagnosticada, avaliação de axilas, acompanhamento de já tratadas de CA, avaliação de mastites e abscessos, avaliação de desgarga papilar, avaliação de microcalcificações vistas a MMG, procura de componente invasor oculto a MMG, second look de achados suspeitos da RM, avaliação de portadora de implante mamário Tipos de lesão: - Nódulo sólido: lesão com potencial de malignidade mais comum na USG - Cisto simples: comuns, sempre benigno - Nódulos hipoecoicos: quando não consegue diferenciar nódulo solido de cisto com conteúdo espesso. Analisa como se fosse nódulo sólido, mas se precisar de biopsia inicia com punção aspirativa. - Cisto complicado: finos ecos em seu interior, normalmente acompanha 6-6m: BIRADS3 - Aglomerado de pequenos cistos: BIRADS3 geralmente, com <2% de chance de malignidade - Complexo solido cístico: normalmente BIRADS4 - Linfonodos: classificados entre típicos ou atípicos pela analise morfológicas, mas não consegue discriminar linfonodos com acometimento tumoral dos reacionais. - Desvantagens inerentes à ultrassonografia: sua documentação fotográfica não reflete o exame dinâmico e sua dependência do operador. Benignidade • Diâmetro laterolateral maior do que o crânio caudal • Ecogenicidade homogênea • Bordas bem delimitadas • Sombras laterais à lesão • Reforço acústico posterior Malignidade • Margens irregulares • Hipoecogenicidade e textura homogênea • Diâmetro craniocaudal maior que laterolateral • Sombra acústica posterior • Contornos microlobulares RESSONÂNCIA MAGNÉTICA - RM é diagnóstico por imagem da mama que tem maior sensibilidade, mas tem limitações como custo, baixa disponibilidade, especificidade baixa Indicações: - Avaliação da extensão da doença: estadiamento de um CA já conhecido, mostra focos adicionais da doença na mesma mama e na oposta por vezes. Benefício nas pctes com mamas densas, que um CA adicional pode passar despercebido na MMG, pctes jovens e em subtipos com detecção difícil ou com tendência a multicentricidade - Rastreamento em mulheres de alto risco: quando risco estimado para CA estiver na faixa de 20-25 % pelas formulas, em portadoras de BRCA ou parentes 1° grau não testadas, pctes com RT torácica na juventude ou síndrome de alto risco para ca de mama - Indicações pontuais: controle da resposta à QT neoadjuvante, avaliação da descarga papilar na pcte que tem MMG e USG-, pesquisa de tumor residual em pcte com margens comprometidas após cirurgia oncológica. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 - Avaliação da MMG problemática: RM não deve ser substituta p/ MMG ou USG bem executadas. É bem indicada na avaliação de assimetrias de densidade ou distorções de arquitetura, mas não deve ser usada para ajudar a analisar calcificações ou nódulos Tipos de lesão: - Lesões suspeitas de CA são divididas em massa (carcinoma invasor principalmente) e não massa (pequenos realces +- agrupados com distribuição regional que não se condensam o suficiente para formar nódulo, associação ao carcinoma in situ) - Diagnóstico de CA de mama pela RM sempre requer injeção de contraste, já na avaliação da integridade de próteses mamárias não precisa de contraste. BIÓPSIA GUIADA POR IMAGEM - Tipos de biópsia: podem ser cirúrgicas (praticamente não usa mais) ou percutâneas (aspirativas, de fragmentos ou vácuo-assistidas) - Biópsias aspirativas: biopsia de agulha fina, PAAF: tipo menos invasivo de biopsia, permite apenas analise citológica, simples e baratas, muito inconclusivo e falso- que podem ser inaceitáveis em alguns cenários. - Biopsia de fragmento: core-biopsy, biopsia de agulha grossa: dispositivo coaxial acionado por molas que colhe pequena parte do tecido, custo relativamente pequeno. - Biópsia por aspiraçãoa vácuo: mamotomia: usa aparelho que cria vácuo na janela de colheita da sonda para capturar fragmento de tamanho maior, importante em lesões menos homogêneas que precisa de mais tecido. Custo superior. Ela pode acabar retirando lesão toda, sendo desvantagem, pois é desnecessário em casos benignos, insuficiente em malignos e requer colocação de clipe metálico em todos os casos, pois enquanto faz biopsia ainda não sabe resultado do anatomopatológico. - Biópsias cirúrgicas: faz marcação imaginológica antes, geralmente faz por fio metálico ancorado na lesão, chamado de agulhamento. Também pode marcar com radioisótopos ou corantes. Orientação MMG pode ser biplanar para agulhamento, mas precisa estereotaxia para percutânea. Indicações: Nódulos: biopsia de fragmentos orientada por ultrassonografia, sempre, independentemente do seu tamanho. Microcalcificações: biópsia percutânea orientada por estereotaxia, considerando que a mamotomia oferece mais precisão e menor taxa de subestimativas que a biópsia de fragmentos, mas é mais cara. Distorções de arquitetura: biopsias cirúrgicas por serem lesões maiores e heterogêneas. Faz guiada por MMG. Lesões mistas solido císticas: no geral exérese, mas se componente solido pequeno principalmente intraductal pode comportar mamotomia. Linfonodos e pequenos nódulos não diferenciáveis de cisto com conteúdo espesso pode fazer biopsia de agulha fina. TOMOSSÍNTESE - Também conhecida como MMG 3D, nesse exame o tubo de Raio X se desloca em arco, fazer de 9-25 aquisições, para reduzir sobreposição de tecido mamário dado pela compressão, diminuindo necessidade de incidências adicionais, com potencial de detectar canceres ocultos na MMG digital convencional. - Tecnologia relativamente nova, por isso ainda não há dados suficientes para utilização como técnicas de rastreamento. Lesões precursoras do CA de mama CA de mama