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Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren MORFO UC2 – ROTEIRO 5 CÓRTEX CEREBRAL E SISTEMA LÍMBICO – CONSCIÊNCIA E EMOÇÕES 1. Descrever os tipos de substância cinzenta e sua distribuição no SNC; descrever a histogênese do encéfalo e a citoarquitetura (estrutura: tipos de neurônios e fibras, quantidade de camadas ou lâminas) do córtex cerebral e cerebelar SUBSTÂNCIAS CINZENTAS ENCÉFALO CÓRTEX CEREBRAL CÓRTEX CEREBELAR Uma análise macroscópica do cérebro, do cerebelo e da medula espinal revela que, quando esses órgãos são seccionados a fresco, mostram regiões esbranquiçadas, chamadas, em conjunto, de substância branca, e regiões acinzentadas, que constituem a substância cinzenta. Essa diferença de cor se deve principalmente à distribuição da mielina, presente nos axônios mielinizados – principais componentes da substância branca, junto com os oligodendrócitos e outras células da glia. A substância cinzenta é assim denominada porque mostra uma coloração escura quando observada macroscopicamente. É formada principalmente por corpos celulares dos neurônios, dendritos, porções iniciais não mielinizadas dos axônios e células da glia. A substância cinzenta é o local do SNC onde ocorrem as sinapses entre neurônios. A substância cinzenta predomina na camada superficial do cérebro, constituindo o córtex cerebral, enquanto a substância branca prevalece nas partes mais centrais Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren do órgão. No interior da substância branca, encontram-se vários aglomerados de neurônios, formando ilhas de substância cinzenta denominadas núcleos (p. ex., núcleo caudado, núcleo amigdalóide) No córtex cerebral a substância cinzenta está organizada em seis camadas diferenciadas pela forma e pelo tamanho dos neurônios. Os neurônios das diversas camadas interagem entre si por meio de complexas redes neuronais. Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren Córtex Cerebelar O tecido nervoso que constitui o cerebelo forma inúmeras pregas chamadas de folhas do cerebelo. No cerebelo, a substância branca se dispõe no centro do órgão e forma os eixos das folhas, enquanto a substância cinzenta se dispõe na periferia, isto é, na superfície das folhas, onde forma o córtex cerebelar. O córtex cerebelar tem três camadas: a molecular, mais externa; a central, formada por neurônios de grandes dimensões chamados de células de Purkinje; e a granulosa, que é a mais interna. A ramificação dos dendritos das células de Purkinje é muito exuberante, assumindo o aspecto de um leque, entretanto, em secções rotineiras coradas por HE, esse aspecto não é percebido. Esses dendritos ocupam a maior parte da camada molecular; por esse motivo, as células dessa região são muito esparsas. A camada granulosa é formada por neurônios muito pequenos (os menores do organismo) e organizados de modo muito compacto. Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren Medula Espinal Em cortes transversais da medula espinal, observa-se que as substâncias branca e cinzenta localizam-se de maneira inversa à do cérebro e cerebelo: externamente está a substância branca, e internamente, a substância cinzenta, que, em cortes transversais da medula, tem a forma de uma borboleta ou da letra H. O traço horizontal desse “H” tem um orifício, oc anal central da medula. Ele é revestido pelas células ependimárias Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren (pertencentes ao grupo de células da neuróglia) e é um remanescente do lúmen do tubo neural embrionário. 2. Descrever a organização do córtex cerebral em áreas primárias, secundárias e terciárias; relacionar com os lobos cerebrais; O córtex cerebral, ou córtex do cérebro, é a camada externa de substância cinzenta dos hemisférios cerebrais. Ele possui cerca de 2 a 4 mm de espessura, e contém numerosos corpos de neurônios. Essa camada apresenta numerosas e complexas dobras, cujas elevações são chamadas de giros e as depressões são chamadas sulcos. Além do córtex cerebral, o cérebro contém uma massa interna de substância branca formada de axônios mielinizados, além de outras estruturas mais profundas, que incluem o diencéfalo, a glândula hipófise, as estruturas do sistema límbico e os núcleos da base. O córtex cerebral é organizado em múltiplas áreas funcionais motoras, sensitivas e de associação. Ele está relacionado a uma ampla gama de funções, incluindo a percepção das informações sensitivas, o planejamento e a iniciação das atividades motoras. Ele possui ainda Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren um papel central em funções cognitivas superiores, como a tomada de decisões, a motivação, a atenção, a aprendizagem, a memória, a solução de problemas e a capacidade de abstração. O córtex cerebral é uma camada densa de corpos de neurônios na superfície externa dos hemisférios cerebrais, imediatamente profundo à pia-máter. Essa camada possui uma aparência complexa, com várias elevações conhecidas como giros, alternadas com depressões chamadas sulcos. Essa estrutura é uma característica importante do córtex cerebral, já que aumenta a área de superfície do córtex, e com isso eleva também o número de neurônios contidos nessa camada, permitindo melhores habilidades de processamento e cognição nos hemisférios cerebrais. Lobos Cerebrais O cérebro é anatomicamente dividido em regiões chamadas de lobos, separados uns dos outros pelos principais sulcos cerebrais. Os giros de cada lobo contêm corpos de neurônios envolvidos em funções específicas. Quatro desses lobos recebem seus nomes dos ossos do crânio sobrejacentes: ● lobo frontal ● lobo parietal ● lobo temporal ● lobo occipital A ínsula, ou lobo insular, está localizada profundamente ao sulco lateral. Alguns autores consideram ainda a presença de um sexto lobo, o chamado lobo límbico, localizado no aspecto medial do hemisfério cerebral. Outros autores consideram as estruturas do lobo límbico como parte dos lobos frontal, temporal, parietal e occipital. Os limites entre os lobos cerebrais é definido por sulcos que separam as diferentes regiões do córtex. O principal sulco na superfície lateral de cada hemisfério cerebral é o sulco lateral, também conhecido como fissura de Sylvius. Esse sulco separa o lobo temporal dos lobos frontal e parietal. O sulco central forma a separação entre o lobo frontal e o lobo parietal. Na superfície medial do hemisfério cerebral há alguns sulcos importantes: o sulco parieto- occipital, que, como o nome sugere, separa os lobos parietal e occipital, e o sulco colateral, que separa o lobo límbico do lobo temporal. A ínsula, que é um lobo mais profundo, é separada dos lobos adjacentes (frontal, parietal e temporal) pelo sulco circular da ínsula. Lobo frontal O lobo frontal é o maior lobo do cérebro, e contém quatro giros principais na sua superfície lateral: giro pré-central: localizado entre os sulcos central e pré-central, contém o córtex motor primário (área 4 de Brodmann - veja abaixo na seção 'Classificações funcionais do córtex Alice Tonini Isabele GodoyTXV Larissa Keren cerebral') e está envolvido na integração de sinais de diferentes regiões do cérebro para modular os movimentos voluntários do tronco e membros do lado contralateral giro frontal superior: encontra-se anterior ao sulco pré-central giro frontal médio: situado entre os sulcos frontais superior e inferior giro frontal inferior: localizado na superfície inferolateral do lobo frontal, abaixo do sulco frontal inferior, que o separa do giro frontal médio. É subdividido em três partes: a parte opercular (pars opercularis), a parte triangular (pars triangularis) e a parte orbital (pars orbitalis). No hemisfério dominante essa região contém a área motora de Broca, importante no componente motor da produção da fala. Lobo parietal O lobo parietal contém o giro pós-central e os lóbulos parietais superior e inferior. O giro pós-central é conhecido como córtex somatossensorial (áreas 3, 1 e 2 de Brodmann). Ele se encontra entre os sulcos central e pós-central, e essa é a região do cérebro que recebe e integra informações sensitivas relacionadas ao toque e à percepção da posição do corpo e dos movimentos. O lóbulo parietal inferior (áreas 39 e 40 de Brodmann) é formado por dois giros, o giro supramarginal e o giro angular. O giro supramarginal está localizado superiormente ao aspecto posterior da fissura lateral. O giro angular se encontra posteriormente ao giro supramarginal. Ambos estão envolvidos na percepção auditiva e visual, e formam parte da área de Wernicke, que é uma unidade funcional no córtex cerebral que possui um papel importante na compreensão da linguagem falada. O lóbulo parietal superior (áreas 5 e 7 de Brodmann) é separado do lóbulo pareital inferior pelo sulco intraparietal. Essa região está envolvida na integração de funções sensitivas e motoras, e fornece informações para o córtex pré-motor. Lobo temporal Os principais giros do lobo temporal são os giros temporais superior, médio e inferior, separados pelos sulcos temporais superior e inferior. O giro temporal superior contém uma subregião especializada, conhecida como giro temporal transverso de Heschl, que é conhecida como a área auditiva primária (áreas 41 e 42 de Brodmann). Essa região do córtex cerebral é responsável principalmente pela recepção da informação auditiva. Posteriormente à área auditiva primária encontra-se a área auditiva de associação (área 22 de Brodmann), que é responsável pela interpretação de sons e pela associação entre os impulsos auditivos e outras informações sensitivas. A parte posterior dessa região no hemisfério dominante (usualmente o hemisfério esquerdo) contribui com a área de Wernicke, importante na compreensão da linguagem. Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren O giro temporal medial está associado à perceção de movimento no campo visual, enquanto o giro temporal inferior possui um papel no reconhecimento facial. Lobo occipital O lobo occipital forma o aspecto caudal do hemisfério cerebral. Os sulcos na sua superfície lateral exibem grande variabilidade anatômica, resultando em dois ou três giros occipitais (superior e inferior ou superior, médio e inferior). Na superfície medial do lobo occipital, o sulco calcarino separa o cúneo, que fica acima do sulco, do giro lingual, abaixo. As regiões de ambos os giros que encontram-se adjacentes ao sulco calcarino formam o córtex visual primário (área 17 de Brodmann), responsável pela integração e percepção da informação visual. Ínsula A ínsula encontra-se profundamente à fissura lateral. Ela contém um grupo de giros curtos na região rostral, e um grupo de giros longos na região caudal. Esses dois grupos são separados um do outro pelo sulco central da ínsula. O córtex insular está envolvido em receber, processar e integrar vários tipos de informações, incluindo sensações do paladar, sensações viscerais, dor e a funções vestibulares. https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/cortex-cerebral 3. Descrever a localização, organização geral, conexões e funções da FORMAÇÃO RETICULAR; (TORTORA, 2016, cap. 14.3; SPLITTGERBER, 2021, cap. 9) Grande parte do tronco encefálico é composta por pequenos aglomerados de corpos celulares neuronais (substância cinzenta) dispersos entre pequenos feixes de axônios mielinizados (substância branca). A ampla região na qual a substância branca e a substância cinzenta se arranjam em forma de rede é conhecida como formação reticular. Ela se projeta a partir da parte superior da medula espinal, atravessa todo o tronco encefálico e chega à parte inferior https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/cortex-cerebral Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren do diencéfalo. Neurônios da formação reticular têm funções ascendentes (sensitivas) e descendentes (motoras). A parte ascendente da formação reticular é chamada de sistema reticular ativador ascendente (SRAA), formado por axônios sensitivos que se projetam em direção ao córtex cerebral, diretamente ou via tálamo. Muitos estímulos sensitivos podem ativar o SRAA, dentre eles os estímulos visuais e auditivos; atividades mentais; estímulos de receptores de dor, tato e pressão; e estímulos de receptores em nossos membros e na cabeça que nos mantêm informados sobre a posição de nosso corpo. Talvez a função mais importante do SRAA seja a manutenção da consciência, estado de vigília no qual o indivíduo está totalmente alerta, consciente e orientado. Estímulos visuais e auditivos, bem como atividades mentais, podem estimular o SRAA a manter a consciência. O SRAA também está ativo durante o despertar, ou acordar do sono. Outra função do SRAA é manter a atenção (concentração em um objeto ou pensamento) e a vigilância. Ele também evita sobrecargas sensitivas (excesso de estimulação visual e/ou auditiva) por meio da filtração de informações insignificantes, de modo que elas não se tornem conscientes. Por exemplo, enquanto você está esperando o começo da sua aula de anatomia, você pode não perceber o barulho a sua volta quando você está revisando suas anotações. A inativação do SRAA causa o sono, estado parcial de consciência a partir do qual o indivíduo pode ser despertado. Por outro lado, lesões do SRAA podem levar ao coma, estado de inconsciência do qual a pessoa não pode ser despertada. Nos estágios mais superficiais do coma, os reflexos do tronco encefálico e da medula espinal estão preservados, mas, nos estágios mais profundos, até estes reflexos são perdidos, e caso os centros respiratório e cardiovascular parem de funcionar, o paciente morre. Fármacos como a melatonina auxiliam o SRAA a induzir o sono, e os anestésicos gerais rebaixam a consciência por meio do SRAA. A parte descendente do sistema reticular ativador apresenta conexões com o cerebelo e a medula espinal e ajuda a regular o tônus muscular, o grau mínimo de contração involuntária dos músculos esqueléticos em repouso. Esta parte do sistema reticular ativador também controla a frequência cardíaca, a pressão sanguínea e a frequência respiratória. Embora o sistema reticular ativador receba aferências dos olhos, orelhas e outros receptores sensitivos, não há aferências dos receptores responsáveis pelo sentido do olfato; mesmo odores muito fortes podem não despertar um indivíduo. Pessoas que morrem em incêndios domésticos geralmente sucumbem à inalação de fumaça sem acordar. Por este motivo, todos os quartos deveriam ter detectores de fumaça que emitissem um alarme sonoro. Um travesseiro vibratório ou uma luz piscante podem ter a mesma função para pessoas com dificuldade de audição. 4. Conceituar e identificar os componentes corticais e subcorticaisdo sistema límbico; relacionar com áreas terciárias, cortex pre frontal e Área tegmentar ventral (JOTZ, 2017, cap. 17; SPLITTGERBER, 2021, cap. 9) Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren Ele é dividido em dois grupos: um componente cortical e um subcortical. O primeiro é constituído pelo neocórtex, pelo córtex orbitofrontal, hipocampo, córtex insular, e os giros (circunvoluções) do cíngulo, subcaloso e para-hipocampal. O segundo, por outro lado, inclui a amígdala, o bulbo olfatório, o núcleo septal, o hipotálamo e os núcleos anterior e dorsomedial do tálamo. A região cortical é chamada de lobo límbico. A região subcortical funciona em conjunto com o lobo límbico. Córtex orbitofrontal - percepção de cheiro, envolvido na formação de memórias Hipocampo - associado com a memória a longo prazo Córtex insular - associado com desejos e adicções Giro do cíngulo - percepção da dor neuropática e nocicepção Giro para-hipocampal - constitui uma via para a comunicação entre as áreas de associação corticais e o hipocampo Amígdala - medo e ansiedade Bulbo olfatório - recebe informações olfatórias sobre os odores detectados na cavidade nasal Hipotálamo - saída das informações do sistema límbico Núcleos anterior e dorsomedial do tálamo Núcleos septais Estrutura do hipocampo e giro denteado A estrutura cortical do giro para-hipocampal é constituída de seis estratos (ver Figura 9.5). À medida que o córtex é analisado até o hipocampo, existe uma transição gradual na organização de seis para três estratos. Esses três estratos são o estrato molecular superficial, que consiste em fibras nervosas e pequenos neurônios esparsos; o estrato piramidal, que consiste em numerosos neurônios grandes em forma de pirâmide, e o estrato multiforme, cuja estrutura é semelhante à lâmina multiforme do córtex observada em outras áreas. O giro denteado também possui três estratos, porém o estrato piramidal é substituído pelo estrato granular. O estrato granular é composto de neurônios redondos ou ovais densamente dispostos, que dão origem a axônios que terminam nos dendritos das células piramidais no hipocampo. Alguns axônios juntam-se à fímbria e entram no fórnice. 5. Explicar a patologia das doenças neurodegenerativas (inclusões-agregados protéicos) quanto à morfologia patológica; (BRASILEIRO FILHO, 2021, cap. 29; KUMAR, 2016, cap.28) Doenças Neurodegenerativas As doenças neurodegenerativas são distúrbios caracterizados pela perda progressiva de neurônios, afetando normalmente grupos de neurônios com relações funcionais, mesmo que não sejam imediatamente adjacentes. Assim, doenças diferentes tendem a envolver sistemas https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/estruturas-subcorticais https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/hipocampo-anatomia-e-funcoes https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/anatomia-da-amigdala Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren neurais específicos e, portanto, têm sinais de apresentação e sintomas relativamente estereotipados. Estudos genéticos e moleculares recentes moldaram a classificação atual das doenças neurodegenerativas, em parte a partir do reconhecimento de que há muitas características compartilhadas. O processo patológico que é comum na maioria das doenças neurodegenerativas é o acúmulo de agregados de proteínas, que podem ser usados como uma característica morfológica da doença (daí o uso ocasional do termo “proteinopatia”). Agregados de proteína podem surgir devido a mutações que alteram a conformação da proteína ou perturbam as vias envolvidas no processamento ou metabolização das proteínas. Em outras situações, pode haver um desequilíbrio entre a síntese e a liberação de proteínas (a partir de fatores genéticos, ambientais ou estocásticos), o que permite o acúmulo gradual de proteínas. Independentemente de como eles surgem, os agregados de proteínas normalmente são resistentes à degradação, mostram localização aberrante dentro dos neurônios, e provocam uma resposta de estresse a partir da célula; além disso, são muitas vezes diretamente tóxicos para os neurônios. Conforme as proteínas anormais se agregam, existe, muitas vezes, um ganho de função “tóxico” e uma perda de função associados, à medida que mais e mais proteína é desviada para os agregados em vez de executar as funções fisiológicas normais. Recentemente, também ficou claro que esses agregados são capazes de se comportar como príons; isto é, os agregados provenientes de uma célula são absorvidos por outros, dando assim origem a mais agregados. Os dados que sustentam esse conceito são em grande parte derivados de estudos experimentais em animais, mas alguns estudos de caso de pacientes que morreram com mal de Alzheimer sugerem que a doença se espalha de um local no cérebro para outro. No entanto, em contraste com as doenças por príons, não há nenhuma evidência de que essas doenças sejam transmissíveis. Os agregados de proteínas são reconhecidos histologicamente como inclusões, que algumas vezes são marcadores dessas diferentes doenças. A base para a agregação varia de uma doença para outra. Ela pode ser diretamente relacionada a uma proteína mutada (p. ex., a expansão de repetições de poliglutaminas na doença de Huntington), a presença de um peptídio derivada de um precursor proteico maior (p. ex., o peptídio Aβ nadoença de Alzheimer) ou uma alteração não compreendida de uma proteína celular normal (p. ex., a α-sinucleína em casos esporádicos de doença de Parkinson). As doenças neurodegenerativas diferem tanto no que diz respeito à localização anatômica das áreas envolvidas quanto às suas anomalias celulares específicas (p. ex., emaranhados, placas, corpúsculos de Lewy). Por conseguinte, elas podem ser consideradas para a discussão utilizando-se duas abordagens: • Sintomática/anatômica: baseada nas regiões anatômicas do SNC que são primariamente afetadas, o que em geral se reflete nos sintomas clínicos (p. ex., envolvimento neocortical resultando em prejuízo cognitivo e demência). • Patológica: baseada nos tipos de inclusão ou de estruturas anormais observadas (p. ex., doenças com inclusões contendo tau ou contendo sinucleína 6. Descrever a patogenia e a morfologia das doenças neurodegenerativas e que levam à demência: Doença de Alzheimer (DA) e da Degeneração lobar frontotemporal (DLFT). Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren Doença de Alzheimer Macroscopicamente, o cérebro mostra graus variáveis de atrofia cortical e acentuado aumento do tamanho dos sulcos cerebrais, que é mais pronunciado nos lobos frontais, temporais e parietais.Em decorrência da significativa atrofia, observa-se aumento compensatório dos ventrículos (hidrocefalia ex vacuo), secundária à perda do parênquima e redução do volume cerebral. As estruturas do lobo temporal medial, incluindo o hipocampo, córtex entorrinal e amígdala, estão envolvidas precocemente no curso da doença e se tornam gravemente atrofiadas em suas fases avançadas. As principais alterações microscópicas da DA são placas neuríticas (senis) e emaranhados neurofibrilares. Existem perda neuronal e gliose reativa de caráter progressivo e que no final são graves nas mesmas regiões onde há a maior carga de placas e de emaranhados. Degenerações Lobares Frontotemporais (DLFTs) DLFTs são um conjunto heterogêneo de doenças associadas com a degeneração focal dos lobos frontais e/ou temporais. Ocorre atrofia dos lobos frontais e laterais em extensão e gravidade variáveis. O padrão de atrofiapode ser antecipado, em parte, pela sintomatologia clínica. As regiões atróficas do córtex são marcadas pela perda neuronal, gliose e a presença de emaranhados neurofibrilares contendo tau. Esses emaranhados podem conter uma variedade de isoformas de tau. Pode também ocorrer degeneração nigral. Em algumas apresentações dessa doença podem ser encontradas inclusões em células da glia. Na doença de Pick, o encéfalo apresenta invariavelmente uma clara atrofia difusa e com frequência assimétrica dos lobos temporais e frontais, poupando os dois terços posteriores do giro temporal superior e raramente Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren envolvendo os lobos parietais ou occipitais. A atrofia pode ser grave, reduzindo o giro até a aparência de uma fina lâmina (“gume de faca”). Microscopicamente, a perda neuronal é mais grave nas três camadas externas do córtex cerebral. Alguns neurônios sobreviventes apresentam tumefação característica (células de Pick), enquanto outros contêm corpúsculos de Pick, que são inclusões filamentosas citoplasmáticas, arredondadas ou ovais, levemente basofílicas, mas que se coram intensamente com colorações pela prata. DLFT-TDP Alguns indivíduos com diagnóstico clínico de DLFT e alterações macroscópicas de atrofia cortical relativamente localizada (a “degeneração lobar” do termo) têm inclusões que contêm TDP-43, uma proteína de ligação de RNA, e não contêm tau. Os indivíduos com esse tipo de neurodegeneração podem apresentar tanto problemas de comportamento quanto queixas de linguagem, assim como com DLFT-tau. A aparência macroscópica é semelhante às outras formas de DLFT, com atrofia dos lóbulos frontais e temporais de extensão e gravidade variáveis. Isso é acompanhado por diversos graus de perda neuronal e de gliose. Normalmente, a TDP-43 encontra- se difusamente no núcleo; com a doença, há perda dessa coloração e formação de inclusões. Essas podem ser encontradas no corpo da célula (inclusões citoplasmáticas neuronais ou ICN), no núcleo (inclusões intranucleares neuronais ou IIN), ou em neuritos. Nas inclusões, a TDP43 é fosforilada e ubiquitinada. As inclusões são mais abundantes no córtex frontal e temporal, no estriado e no giro dentado do hipocampo. Doença de Parkinson (DP) A DP é uma doença neurodegenerativa marcada por um distúrbio de movimento hipocinético proeminente, que é causada pela perda de neurônios dopaminérgicos da substância negra. Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren 7. Descrever a aparência nos exames de TC e RM (janelas e sequências), indicando o melhor exame, das estruturas do sistema límbico/córtex temporal/hipocampo; 8. Descrever os achados sugestivos de atrofia do sistema nervoso, doença de Alzheimer (CERRI, 2017, cap. 9; SZEJNFELD, 2016, cap. 16). DOENÇA DE ALZHEIMER O método de imagem de escolha é a RM, que além de descartar causas tratáveis de demência, como hematoma subdural, hidrocefalia ou neoplasia cerebral, pode também oferecer critérios para orientar no diagnóstico da doença degenerativa. A atrofia das porções mediais dos lobos temporais sugere doença de Alzheimer; atrofia focal fron- totemporal pode indicar demência frontotemporal; lesões isquêmicas focais corticais e subcorticais apontam para doença vascular cerebral; e a atrofia na presença de hipersinal, na sequência ponderada em T2, nos putâmens, nos núcleos caudados e no pulvinar dos tálamos, favorece a doença priônica de Creutzfeldt-Jakob. Na doença de Alzheimer, que ocorre habitualmente após os 65 anos com maior prevalência entre as mulheres, a ressonância magnética (RM) e a tomografia computadorizada (TC) mostram atrofia cerebral difusa mais proeminente nos lobos frontais, temporais e occipitais, com especial comprometimento atrófico hipocampal-paraipo- campal. A espectroscopia de prótons mostra redução do N-acetil-aspartato e aumento do mioinositol nessas áreas. Na doença de Pick, o comprometimento atrófico predomina nas regiões temporais e focalmente nas regiões anteriores frontais. Na coreia de Hunting- ton, RM ou TC mostram acentuada atrofia dos núcleos caudados e putâmens, causando aspecto quadrangular dos cornos frontais e coexistindo com atrofia cortical difusa. Na doença de Hallervorden-Spatz, a RM na sequência ponderada em T2 mostra marcado hipossinal nos globos pálidos e na substância negra em razão do acúmulo de ferro. Contudo, eventualmente, a presença de gliose ou desmielinização faz que se observe marca- do hipersinal nos globos pálidos e na substância branca, causando imagem conhecida como “olho do tigre”, na sequência ponderada em T2. Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren Alice Tonini Isabele Godoy TXV Larissa Keren