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Prévia do material em texto

NEUROFISIOLOGIA DA APRENDIZAGEM E MÚLTIPLAS 
INTELIGÊNCIAS 
 
APRESENTAÇÃO 
Professor Me. Frank Duarte 
 
● Doutorando em Educação - UNR - Universidad Nacional de Rosário-AR 
● Mestre em Educação -UDEL (Universidad Del Atlantico). 
● Bacharel em Psicologia (Centro Universitário Fametro). 
● Bacharel em Pedagogia (Centro universitário Integrado) 
● Especialista em Neurociências da Educação (UNISA). 
● Especialista em Neuropsicologia (Instituto Pedagógico Brasileiro). 
● Especialista em Neuropsicopedagogia (UNIBF) 
● Especialista em Neuromarketing (FACULMINAS) 
● Especialista em Educação 5.0: Metodologias Inovadoras - Unifatecie. 
● Professor (convidado) de Pós Graduação - UNICAMPO 
● Professor Conteudista (UNIFATECIE). 
● Coordenador Pedagógico e Neurocientista do CEPEN. 
● Palestrantes e consultor; 
 
Experiência nas áreas da educação, gestão, neurociências e saúde 
mental. Autor de livros que versam sobre a educação, práticas pedagógicas, 
neuroeducação e metodologias ativas. Um compartilhador de ideias e um eterno 
aprendiz. 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Seja muito bem-vindo(a)! 
Atenção senhores(as) passageiros(as), sejam bem vindos a bordo do voo 
para o sucesso profissional. Nossas reflexões e construções teóricas e práticas, 
foram desenvolvidas para levá-los a pensar e compreender a máquina mais 
potente já existente na história da humanidade: O cérebro humano. 
Os mitos, dúvidas e curiosidades, serão desvendadas nesta nossa 
viagem pelo mundo neural, e esperamos que estejam todos em segurança. Em 
caso de emergências, nossos tutores e toda a equipe estarão à sua disposição 
para melhor lhe auxiliar. 
Na unidade I iniciaremos nosso voo por meio das bases neurofisiológicas, 
para que possamos compreender todos os elementos que compõem o 
desenvolvimento neurológico humano, em especial a estrutura, função e 
importância dos neurônios e os neurotransmissores. 
Já na unidade II vamos ampliar nossos horizontes sobre os aspectos 
neurobiológicos da memória e a aprendizagem, identificando seus tipos e como 
ocorrem os mecanismos e dinâmicas cerebrais. 
Depois, nas unidades III e IV vamos pensar sobre a inteligência, seus 
conceitos e construtos teóricos, explorando as possibilidades de organizar a 
inteligência no campo organizacional, emocional e nas suas múltiplas facetas. E 
será na Unidade IV, que especificamente trataremos sobre as Múltiplas 
Inteligências de Gardner e quais os impactos delas no campo educacional. 
Aproveito para convidar você, para juntos, desvendarmos os mistérios 
que percorrem o cérebro humano e suas influências no desenvolvimento 
humano, e na compreensão global dos nossos alunos. 
 
Muito obrigado e tenham todos uma ótima viagem! 
 
 
UNIDADE I 
NEUROFISIOLOGIA 
Professor Mestre Frank Duarte 
 
 
Plano de Estudo: 
• Introdução à neurofisiologia; 
• Bases neurobiológicas gerais da neurofisiologia. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar o funcionamento neurofisiológicos e suas bases 
neurológicas; 
• Compreender como ocorrem os processos psicológicos da memória e aprendizagem; 
• Alavancar as contribuições da Teoria das Inteligências Múltiplas no processo 
educacional. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Você já parou para pensar quantos pensamentos passam pela sua cabeça por 
dia? Quantas decisões tomamos e os inúmeros comportamentos, sensações e 
emoções? Seu telefone toca, você atende. Do outro lado da linha alguém diz que você 
recebeu um prêmio e que precisa comparecer na loja para retirar. Neste momento você 
dá um grito de felicidade, chama todos da casa e conta o que aconteceu. A felicidade 
toda conta e vocês vão buscar o prêmio. Uma situação simples desta, é uma espécie de 
pintura da ação do sistema nervoso central, ou seja, nosso comportamento é uma 
ilustração do que ocorre dentro do nosso cérebro. 
Quando vemos alguém feliz, (a pintura), não conseguimos dar conta de perceber 
o que ocorre no nosso corpo para que o resultado seja este. Reações químicas 
transmissões sinápticas, conexões neurais, descargas de neurotransmissores, 
ativamento de áreas do cérebro, liberação de hormônios e respostas fisiológicas, são 
apenas alguns dos fenômenos que acontecem no corpo humano, e todos eles advindo 
do cérebro. 
Agora imagine. Como pensar no desenvolvimento humano e no cenário 
educacional, sem compreender este funcionamento interno, suas consequências e 
desdobramentos? O processo educacional se fundamenta nessa capacidade de 
evolução e especialização contínua do sistema nervoso, sistema este que apreende o 
todo dá significado ao mundo e o transforma através de suas ações, de seu 
comportamento. Como o cérebro funciona? É exatamente isso que vamos conhecer 
nesta unidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO À NEUROFISIOLOGIA 
 
 
Fonte: ID: 1878733813. 
 
Fundamentos da neurofisiologia 
 
 O sistema nervoso é o que nos permite perceber e interagir com o nosso 
ambiente, promovendo a relação de afetar e ser afetado, por tudo que está à nossa volta, 
utilizando-se dos nossos órgãos de sentido: visão, audição, gustação, tato olfato. Todas 
as informações que são capturadas por estes sensores, são enviadas ao cérebro, 
decodificados, compreendidos o que configura numa liberação de neurotransmissores e 
causam reações fisiológicas, resultando em comportamentos e emoções. 
(RADANOVIC,KATO-NARITA, 2016) 
 Por isso que uma simples cena de um filme, tem a capacidade de nos fazer rir ou 
chorar. Todas as emoções, sensações e sentimentos são de responsabilidade no nosso 
sistema nervoso. E desmembrar cada etapa e compreender cada mecanismo cerebral, 
conhecendo como ele interfere nos outros elementos, é a função da neurofisiologia, que 
“é o ramo da neurologia que estuda este sistema do qual estamos conversando desde o 
cérebro, medula, passando pelas suas raízes, nervos e músculos, por isso sua atuação 
é de especialidade de um profissional formado em Medicina, sendo já discutido no campo 
da interdisciplinaridade. 
 A Neurofisiologia estuda os movimentos de íons através de uma membrana, 
podendo iniciar a transdução de sinal e a geração de potenciais de ação, incluindo o 
estudo dos neurotransmissores. Contudo, vamos aprender qual o impacto e as 
contribuições da neurofisiologia na estrutura do sistema e no nosso comportamento. 
(BEAR; BW, 2017) 
 
A) Sistema Nervoso 
 
O Sistema Nervoso Central é o tecido nervoso que envolve a caixa craniana e a 
coluna vertebral, reconhecidos como cérebro e medula espinal, este tecido está na área 
externa dos ossos, que são nervos cranianos, os nervos espinhais e nervos dos órgãos 
sensoriais. (HALL, 2017). 
Possui dois outros sistemas distintos, sendo o Sistema Nervoso Somático (SNS) 
ao qual recebe informações sensoriais músculos e da pele que envia mensagem aos 
músculos esqueléticos e o outro o Sistema Nervoso Autônomo (SNA), que envolve os 
órgãos e glândulas do corpo. O SNA tem duas ramificações: I) sistema Nervoso 
Simpático, responsável pela excitação do corpo por meio do aumento da frequência 
cardíaca, onde libera a adrenalina e suprime o sistema digestivo (consome energia); II) 
Sistema Nervoso Parassimpático, no qual tem a função de diminuir a frequência cardíaca 
e facilita a atividade do sistema digestivo (reserva energia). (CARDINALI, 1992). 
Conforme Cosenza (2011), o sistema nervoso forma-se entre a terceira e a quarta 
semana de fecundação, dando origem ao primeiro sistema do corpo humano. Embora 
seja o amadurecimento dos neurônios que promovam a formação de sinapses (conexões 
entre os neurônios), o recém-nascido é pobre em sinapses, no entanto, o cérebro infantil 
possui uma quantidade exagerada de sinapses que continua aumentando até o início da 
adolescência. É aqui que se iniciam os processos diminutivos das conexões com a 
finalidade de reorganizar a estrutura cerebral, já que a capacidade de aprender está 
relacionada à quantidadede sinapses. 
Neste momento ocorre um processo denominado de sinaptogênese, o que hoje 
sabemos sobre este fenômeno, está relacionado às pesquisas com macacos, sugerindo 
sua grande importância nos três primeiros anos de vida, quando ocorre a poda neural. 
As mudanças estruturais, chamadas de períodos críticos, incluindo a sinaptogênese e a 
poda neuronal, são eventos relevantes na educação, considerando que uma vez perdida 
a chance de atuar nos períodos críticos, não haveria como ocorrer o aprendizado. 
O encéfalo humano, ou cérebro propriamente dito, está localizado envolto de uma 
estrutura de ossos (interior do crânio), o qual é protegido por um conjunto de três 
membranas, que são as meninges. Ele é constituído por células neurais conhecidas 
como neurônios, que possuem um corpo celular, composto de núcleo (onde está o DNA) 
e da maior parte do citoplasma.(BEAR; BW, 2017) 
Esta célula possui grandes prolongamentos, chamados de dendritos, que são 
áreas receptoras de estímulos, e o axônio, por onde o impulso nervoso é propagado para 
longe do corpo celular. Os corpos celulares estão localizados em áreas restritas do 
sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal) e dos gânglios, enquanto os seus 
prolongamentos se distribuem por todo o corpo em feixes chamados nervos, o que 
constituem o sistema nervoso periférico. 
Figura 01 - Sistema Nervoso Humano 
 
Fonte: ID: 1160691667. 
 
Tradução Figura 01 
SISTEMA NERVOSO HUMANO 
 
SISTEMA PARASSIMPÁTICO SISTEMA SIMPÁTICO 
Contração e pupila Cérebro Dilatação da pupila 
Estimulação a saliva Inibição saliva 
Contração pulmão Relaxamento o Pulmão 
Baixa frequência cardíaca Alta frequencia cardíaca 
Estimula atividade do estômago Inibir a atividade do estômago 
Inibe reação de glucose e estimula Estimula reação de glucose e 
vesícula biliar nibe vesícula biliar 
Estimula atividade do intestino Inibe atividade do intestino 
Contrai Bexiga Relaxamento da Bexiga 
Promove a ereção genital Medula Espinal Promove a ejaculação e 
contração vaginal 
 
O sistema nervoso central é constituído pela medula espinhal e pelo encéfalo, o 
qual se situa dentro da caixa craniana, enquanto a medula espinhal percorre o canal 
medular da coluna vertebral. Olhando no percurso do final de medula para o crânio, o 
encéfalo se inicia por um conjunto de estruturas antigas que já existiam nos vertebrados 
mais primitivos, o chamado tronco cerebral (composto de bulbo, ponte e mesencéfalo) e 
o cerebelo que se aloja “a cavaleiro” sobre o tronco cerebral. O tronco cerebral se liga 
diretamente à medula espinhal e, por meio dessa, exerce efeitos fundamentais no 
controle de muitas de nossas funções internas básicas como a regulação da respiração, 
da pressão arterial, do funcionamento cardíaco e da digestão. (HALL, 2017). O cerebelo, 
por outro lado, é fundamental na regulação de nossos movimentos externos, garantindo 
a sua coordenação e o nosso equilíbrio postural. 
 
B) Neurônios 
 
Como todo o corpo humano que é constituído de células, o cérebro também possui 
seu repertório, sendo as células nervosas chamadas de neurônios e as de suporte 
denominadas células da glia. Acredita-se que cada cérebro possui aproximadamente 86 
bilhões de neurônios e mais de 20 milhões de neurônios na célula espinal. Já o número 
das células glias chegam a 84 bilhões.(LENT, et al. 2012.). 
Estas células têm uma função extremamente importante na função do cérebro, 
pois se comunicam e fazem uma transmissão de dados entre elas, o que resulta na 
propagação e manutenção de informações que servirão de base para o funcionamento 
da aprendizagem e da memória. 
 Considera-se que todo neurônio possui em miniatura a capacidade integradora de 
todo o sistema nervoso, podendo transformar a informação e transmiti-la a outros 
neurônios. O centro do neurônio é chamado de corpo celular (ou soma ou pericário). 
Dentro do corpo celular tem um núcleo, e dentro do núcleo tem um nucléolo. O núcleo é 
grande e torna o neurônio claramente distinto de outras células do SN. (BEAR; BW, 
2017). 
Estas conexões são chamadas de sinapses estima-se que ocorram no mínimo 
100 trilhões de conexões neurais em um adulto, ocorrendo por meio de sinais elétricos, 
na qual estes impulsos nervosos direcionam ao longo de grandes distâncias em 
milésimos de segundos, percorrendo entre o SNC, SNP e SN. São tantas conexões que 
Gerald Edelman, um neurobiólogo vencedor do Prêmio Nobel, estimou que levaria 32 
milhões de anos para contar o número de sinapses no Sistema Nervoso Central. 
Para que possam manter-se unidos os neurônios, o próprio cérebro conta com a 
células de suporte (células da glia), que atendem às necessidades dos neurônios para 
que se mantenham promovendo a sinapses, o que requer que se tenha as mesmas 
quantidades de neurônios e células gliais. (COSENZA, 2011). 
Durante muito tempo acreditou-se que nós humanos ao nascermos já possuíamos 
uma quantidade determinada de neurônios e que ao longo da vida perdiam-se, chegando 
à velhice com uma perda considerável, o que justificava as demências, ou como eram 
chamados a “caduquice”. 
Atualmente sabe-se que as células neurais são produzidas ao longo de todo o 
desenvolvimento humano, tendo picos em faixas etárias e declínios em momentos 
específicos, o que justificam e nos permite compreender as demências que vem com a 
idade, como o caso da senescência e as degenerativas como o Alzheimer. 
Ao contrário de outras células do corpo, eles não podem ser “regenerados” após 
seu tempo de vida útil, hoje com os achados da neurobiologia é possível pensar a 
reprogramação cerebral por meio da neuroplasticidade. Não obstante, como todo 
sistema funcional, para que novas conexões sejam possíveis com novos neurônios, é 
necessário que se tenha a finitude de conexões e neurônios desgastados.(CARDINALLI, 
1992). 
Na imagem a seguir é possível compreender como é a estrutura anatômica de um 
neurônio e ilustrar como funcionam suas partes. Para atender a essas tarefas, o neurônio 
é assim organizado: (I) um segmento receptivo (dendritos e corpo celular); (II) um 
segmento condutor (axônio); e (III) um segmento efetor (sinapse). (KANDEL et al., 
2014). 
(I) Segmento receptivo: Normalmente, existem vários dendritos que se 
estendem a partir do corpo celular, mas apenas um axônio. Os dendritos podem se 
ramificar para formar uma massa de processos dendríticos. Isso é vantajoso, porque o 
papel dos dendritos é receber sinais de outros neurônios. Os dendritos também podem 
ter neles pequenos espigões ou espinhas, que aumentam sua área de superfície e, 
portanto, permitem que mais informações sejam recebidas. 
 (II) Segmento condutor: O axônio é responsável por levar o impulso nervoso a 
outros neurônios. Os axônios podem ser curtos ou muito longos (o mais longo é pouco 
mais de 1 m). A vantagem de ter axônios de diferentes comprimentos é que permite que 
eles se comuniquem com neurônios que estão muito distantes ou muito próximos do 
axônio (KANDEL, 2014). O axônio deixa o corpo celular em um ponto chamado de Cone 
de implantação ou o segmento inicial ou zona de disparo. No final do axônio há um ligeiro 
alargamento semelhante a um botão chamado terminal axonal. 
 (III) Segmento efetor: Isso também tem vários nomes, incluindo botão terminal 
ou botão sináptico. O terminal axonal normalmente é encontrado perto do neurônio que 
recebe a mensagem do axônio. 
 
Figura 02 - Estrutura e comunicação dos neurônios 
 
Fonte: ID: 1401058229. 
 
Tradução Figura 02 
COMUNICAÇÃO NEURAL 
 Dendritos 
 
Núcleo Axônios Bainha de Mielina 
 Corpo da célula Sinapse 
 
A comunicação sináptica ocorre por meio da liberação de substâncias químicas 
conhecidas como neurotransmissores que são liberados através de impulsos nervosos, 
no espaço conhecido como fenda sináptica. 
 O neurônio é cercado por fluido extracelular,assim chamado porque existe fora 
da célula (este também é conhecido como fluido intersticial). O fluido dentro da célula é 
chamado de fluido intracelular. Vários processos se estendem a partir do corpo celular 
que recebe ou envia sinais elétricos. Estes são chamados de dendritos e axônios (HALL, 
2017). 
 O ponto de contato entre o botão do terminal e o outro neurônio é chamado de 
sinapse. É aqui que a informação é enviada de um neurônio para outro. No SNP, os 
botões terminais podem formar sinapses com células musculares (OLIVEIRA; LENT, 
2018). A comunicação na sinapse é possível graças à liberação de substâncias químicas 
conhecidas como neurotransmissores. Estes são armazenados nas vesículas sinápticas 
do botão do terminal. 
 
C) A Mielinização 
 
Constantes processos estão presentes no funcionamento cerebral, no entanto o 
axônio é um dos processos mais importantes da célula, estando envolvo de uma 
membrana axonal. Normalmente estão cercados de uma bainha de mielina, que é 
composto por várias camadas de gordura (lipídios), cerca de 80% e 20% de proteínas 
que formam a mielina, no qual tem a função de “isolar” os axônios do que está a sua 
volta. O distanciamento permite reduzir a perda do fluxo de corrente do axônio para o 
fluido circundante, além de ajudar a condução rápida de impulsos nervosos.(KANDEL, 
2014) 
Quanto maior a espessura da bainha, mais ligeiro é a velocidade da condução do 
sinal, desta forma pode-se ter axônios mielinizados (cobertos) e não mielinizados (não 
cobertos). No caso de patologias que envolvem o sistema nervoso, como esclerose 
múltipla ou esclerose lateral amiotrófica os axônios sobre a desmielinização da bainha, 
promovendo o retardamento considerável da condução do sinal ou interrompê-lo por 
completo. (HALL, 2017) 
A bainha de mielina tem formato cilíndrico o que produz uma aparência 
esbranquiçada, por conta do teor de gordura, produzida por um tipo específico de célula 
da glia chamada de oligodendrócito. A mielinização inicia desde o nascimento e continua 
até a idade de dois anos, potencialmente terminando durante a adolescência ou a idade 
adulta.(OLIVEIRA; LENT, 2018) 
 
D) Como os neurônios se comunicam 
 
Os neurônios se comunicam entre si, enviando impulsos elétricos chamados 
potenciais de ação, que refere-se à fonte de atividades elétrica- o método de 
comunicação dos neurônios é, portanto, elétrico. Esta comunicação depende da 
excitabilidade do neurônio – sua capacidade de reagir a um estímulo de uma descarga 
elétrica (ou corrente ou impulso – todas essas palavras se referem à mesma 
coisa).(COSENZA, 2011). 
O potencial de ação é produzido por partículas carregadas chamadas íons, que 
passam através da membrana celular. O líquido extracelular e intracelular contém íons 
que são carregados positivamente (cátions) ou carregados negativamente (ânions). A 
frase familiar “os opostos se atraem”, tem sua origem na química eletrolítica, por que 
enquanto os íons carregados de forma semelhante se repelem, os íons carregados de 
forma diferente se atraem. 
A força produzida por essa repulsão e atração é chamada de pressão 
eletrostática. Existem muitos íons diferentes distribuídos de forma desigual dentro e fora 
da membrana celular (intracelular e extracelularmente). É essa distribuição que dá à 
membrana. A membrana possui uma carga elétrica, pois existem íons positivos e 
negativos dentro e fora da membrana celular (FUJITA, 1988, apud OLIVEIRA; LENT, 
2018). 
 Partindo do preconceito social em relação à quem é de humanas ou de exatas, 
geralmente os que buscam o campo da educação, com exceção das áreas de 
matemática, física e química, os demais fogem forte de cálculos. Pois bem! Já pensou 
que na pós graduação, reencontraria o terror do ensino médio, os benditos elementos 
químicos da tabela periódica. 
A membrana é seletivamente permeável aos íons, ou seja, permite apenas certos 
íons. Talvez os íons mais significativos sejam Na (sódio), K+ (potássio), Ca²+ (cálcio) e 
Cl- (cloreto).Os íons de potássio, sódio e cloreto são encontrados em fluidos 
extracelulares e intracelulares, embora haja mais potássio no fluido intracelular e mais 
sódio e cloreto no fluido extracelular. O cloreto é o ânion extracelular mais proeminente. 
Os tipos de abertura dos canais iônicos que são controlados por neurotransmissores são 
chamados de transmissores ou ligantes (OLIVEIRA; LENT, 2018). 
 
Figura 03 - Potencial de Ação 
 
Fonte: ID: 1934732636. 
 
Tradução Figura 03 
 
Espaço extracelular 
 
 Sódio Potássio 
 Concentração 
Espaço intracelular 
 
 Alguns canais são regulados pela magnitude do potencial de membrana. Esses 
canais são chamados de canais iônicos sensíveis à voltagem ou voltagem-dependentes, 
e são estes que são responsáveis por produzir o potencial de ação. A permeabilidade da 
membrana, isto é, a capacidade de permitir que o potássio entra ou sai, depende não só 
de quantos canais existem, de como eles não são distribuídos e de quanto eles abrem, 
mas também do gradiente de concentração do íon. Quanto mais concentrado for, maior 
o fluxo de íons (RADANOVIC; KATO-NARITA, 2016 ). 
 
E) Células gliais – célula da glia 
 
Embora elas não colem estritamente partes do sistema nervoso em conjunto, as 
células gliais ou de suporte ajudam a ligar neurônios e seus processos juntos. Embora 
cerca de 50 por cento das células do cérebro sejam células gliais, até recentemente 
foram pensadas para desempenhar funções bastante secundárias, como atender às 
necessidades dos neurônios. No entanto, agora parece que as células gliais podem 
determinar o número de sinapses geradas no cérebro (HERCULANO-HOUZEL, 2014). 
 A descoberta seguiu outro achado extraordinário: as sinapses de neurônios 
crescidos com astrócitos – um tipo de célula glial – eram dez vezes mais ativas que as 
cultivadas sem astrócitos. A mera proximidade das células gliais aos neurônios torna os 
neurônios mais sensíveis. Os neurônios expostos a células gliais podem formar sete 
vezes mais sinapses que aqueles que não estão expostos. 
 Abaixo compreenderemos os três tipos de células gliais, suas funções distintas e 
a estrutura: 
Tabela 01 - Tipos de célula Glia e suas funções 
CÉLULAS GLIAS FUNÇÕES ESTRUTURAS 
Astrócitos 
(astróglia) 
São responsáveis pela fagocitose, 
o processo pelo qual as células 
mortas são engolidas e digeridas. 
Eles também produzem tecido 
cicatricial quando o SNC está 
danificado ou ferido. 
Possuem capilar, pé, 
astrócito fibroso e 
nodos de Ranvier. 
Oligodendrócitos 
(oligodendróglia) 
Suporta o SNC, e tem como 
principal função produzir a mielina. 
Encontra-se muito 
perto do corpo 
celular, o que se 
denomina de células 
satélite. 
Microglias Possui propriedades fagocíticas e é 
pensado que é ativado em resposta 
a algum dano ao cérebro, como 
inflamação, tumor ou infecção. 
Destroem materiais invasores, 
removem material perigoso e 
promovem o reparo de tecidos ao 
secretar o fator de crescimento. 
Seu tamanho 
pequeno as torna 
difíceis de identificar; 
parecem não ter 
características 
estruturais muito 
claras. 
Célula de Schwann Dá suporte ao SNP ao isolar os 
processos do sistema. Orientam de 
forma física aos axônios que estão 
brotando ou que foram danificados. 
Alguns estão 
mielinizados e outros 
não, estas últimas 
são chamadas de 
Schwann terminais. 
 
Fonte: KRUSZIELSKI, 2019 (adaptado). 
 
2 BASES NEUROBIOLÓGICAS GERAIS DA NEUROFISIOLOGIA 
 
Fonte: Imagem do Tópico. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/active-
nerve-cells-3d-illustration-617032409. Acesso em: 16 ago. 2021. 
 
 Aqui discutiremos sobre as bases neurobiológicas de como o cérebro interpreta, 
compreende e apreende as informações dos contextos vivenciados. Todo aprendizado 
depende de uma série de mecanismos que o cérebro se desdobra para fazer, com o 
objetivo de darsentido e clareza aos estímulos, resultando na assimilação e no 
comportamento, como forma de interação com o meio. 
Como já dissemos, nosso corpo de organiza partir do Sistema Nervoso Central 
(SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP), sendo o primeiro responsável por receber 
e enviar impulsos elétricos, formado pelo encéfalo e medula espinhal, e o segundo, por 
sua vez, composto por nervos e gânglios (JUNQUEIRA, CARNEIRO, 2014). O SNC pode 
ser compreendido por meio de quatro lóbulos: Frontal (funções executivas), Temporal 
(linguagem e comunicação), Parietal (memória) e Occipital (visão). Esse conglomerado 
de estruturas e perspectivas sobre o mesmo objeto corrobora a complexidade da 
dinâmica cerebral, considerando o fluxo desde a percepção do estímulo até a resposta 
por meio de comportamento. 
Cosenza (2011), nos apresenta como funcionam estes fluxos e suas etapas: 
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/active-nerve-cells-3d-illustration-617032409
https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/active-nerve-cells-3d-illustration-617032409
a) O primeiro passo, ocorre nos nossos órgãos de sentido, que percebem a 
informação e impulsos elétricos são enviados para o cérebro, sendo recebido pelo SNC; 
b) No momento seguinte as regiões da comunicação, farão o processamento 
e identificação do estímulo/objeto, e ao mesmo tempo, buscará na memória os 
sentimentos e emoções; 
c) Na sequência os impulsos recebidos no cérebro, em conjunto com a 
memória, produzem hormônios e ativam os neurotransmissores, de acordo com o 
armazenamento. Se for algo positivo, reações positivas, memórias negativas, 
pensamentos negativos; 
d) Na quarta etapa deste fluxo, os pensamentos são gerados e direcionados 
para uma resposta em relação ao estímulo recebido, desta forma impulsos elétricos são 
disparados e comandam as áreas do cérebro responsável pelas emoções; 
e) E por último, ao ativar as emoções, os hormônios provocam no corpo as 
respostas, podendo ser: comportamentais, fisiológicas ou emocionais. 
Todo este processo que ocorre dentro do cérebro depende de ações fisiológicas 
do organismo, a fim de conseguir atingir o ápice do funcionamento neurobiológico, que 
é promover as reações e a comunicação de várias estruturas do cérebro. Todo processo 
de aprendizagem para o cérebro é pautado em volta das emoções, o que auxilia em 
especial no processo de aprendizagem. Mas que áreas estão envolvidas neste fluxo? 
Vamos descobrir agora. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 04 - Estruturas Cerebrais do Processo de Aprender 
 
Fonte: Imagem do Tópico. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/limbic-system-
cross-section-human-brain-1314655199. Acesso em: 17 ago. 2021. 
 
O sistema límbico, está constituído por um conjunto de estruturas responsáveis 
pelas funções emotivas, pois nele existem áreas que estão diretamente ligadas às 
relações da felicidade, por exemplo, bem como: Hipocampo (memórias), Amígdala 
(emoções), Hipotálamo (Equilíbrio químico do corpo) e etc. Ele é composto por 
Hipotálamo, Base da Glia, Tálamo, Amígdala e Hipocampo; destes nosso foco de 
aprofundamento será a amígdala, que é considerada a sede das emoções (FUENTES 
et al, 2008). 
Sabe-se que a amígdala está relacionada com o registro na memória de situações 
aversivas. Nesta esteira, podemos argumentar, com Albuquerque e Silva (2009, p. 1, 
apud KENDALL 2012, p. 48) que a amígdala: 
 
a[...] seria o local dos processos plásticos envolvidos na aquisição e 
consolidação de informações de conteúdo aversivo e que essa estrutura 
modularia os processos de aquisição e consolidação que ocorreriam em outras 
estruturas. 
Em síntese, mesmo que vários estudos apontem que ela é a peça fundamental 
para a formação de memórias, deve-se enaltecer o importante papel na emoção 
propriamente dita, tanto no reconhecimento, quanto nas expressões fisiológicas das 
respostas emocionais. 
 
Neurotransmissores 
 
Já conhecemos as estruturas, os processos fisiológicos, recordamos até de 
elementos da tabela periódica. No entanto, ainda temos alguns conhecimentos de 
reações químicas, que precisamos discorrer, embora não consigamos ver suas ações, 
temos a grata felicidade de senti-las ao ponto de nos promover o bem estar ou 
potencializar o mal humor. Estamos falando dos neurotransmissores. (HALL, 2017) 
A maioria dos neurotransmissores mais proeminentes é baseada em proteínas. 
Os neurotransmissores podem ser constituídos por moléculas de proteínas pequenas ou 
grandes. Todos os neurotransmissores de pequenas moléculas, exceto a acetilcolina, 
são aminoácidos ou um tipo de aminoácido chamado amina. As moléculas maiores são 
constituídas por peptídeos (proteínas que são constituídas por um pequeno número de 
aminoácidos). 
Os neurotransmissores são sintetizados no botão terminal por enzimas que viajam 
a partir do corpo celular, e são conhecidos como mensageiros químicos, são produtos 
químicos endógenos que permitem a neurotransmissão, sendo liberados nas vesículas 
sinápticas em sinapses na fenda sináptica, onde são recebidos por receptores de 
neurotransmissores nas células-alvo. Eles desempenham um papel importante na 
formação da vida cotidiana e das funções. Seus números exatos são desconhecidos, 
mas mais de 100 mensageiros químicos foram identificados de maneira exclusiva. 
(CARDINALLI, 1992). 
Existem muitas maneiras diferentes de classificar os neurotransmissores. Dividi-
los em aminoácidos, péptidos e monoaminas é suficiente para alguns propósitos de 
classificação. Vamos compreender um pouco mais sobre eles: 
 I - ACETILCOLINA: A acetilcolina é um neurotransmissor de molécula pequena 
que é sintetizado pela ligação de colina à acetil coenzima Estes são encontrados 
principalmente no sistema motor, especialmente nos neurônios motores do tronco 
encefálico e da medula espinal que inervam os músculos do esqueleto. A química se liga 
aos receptores de acetilcolina. Isso eventualmente produz um potencial de ação que 
resulta em contração muscular. Os receptores podem ser bloqueados, o que às vezes 
resulta em comprometimento motor. (STERNBERG, R.; STERNBERG, K., 2016 apud 
BEAR; BW, 2017). 
II - MONOAMINAS (AMINAS BIOGÊNICAS) Para a dopamina, existem os 
chamados receptores D1 e D2, que são diferentes em função e distribuição. A 
noradrenalina e a adrenalina possuem receptores alfa e beta, que às vezes produzem 
efeitos completamente diferentes. A serotonina possui vários tipos de receptores. Toda 
essa divergência de receptores significa que uma monoamina pode inibir e excitar, 
dependendo do tipo de receptor que contata (MACKAY, 2006, apud HALL, 2017). 
III - GLUTAMATO: O glutamato é um aminoácido excitatório e é servido por 
receptores ionotrópicos e metabotrópicos. Dentre os ionotrópicos, o ácido α-amino 
hidroxi metil isoxazol propiônico (AMPA) e o cainato são responsáveis pela 
despolarização rápida. Os neurônios pré-sinápticos contendo glutamato podem controlar 
a liberação do neurotransmissor de locais de liberação específicos (RANG et al., 2016). 
Eles podem fazer isso através de auto receptores pré-sinápticos, que dão feedback sobre 
a ação do neurotransmissor previamente liberado. 
IV - ÁCIDO Y-AMINOBUTÍRICO: O ácido γ-aminobutírico (ou GABA) é o mais 
comum dos neurotransmissores do SNC de aminoácidos inibitórios. Este transmissor 
produz hiperpolarização abrindo canais de cloreto ou canais de potássio. O GABA tem 
dois tipos de receptor: GABAA e GABAB. O receptor A é responsável pela inibição 
présináptica e medeia a permeabilidade da membrana ao cloreto; O receptor B medeia 
a permeabilidade ao potássio. Drogas como benzodiazepinas e barbitúricos (os 
chamados medicamentos antiansiedade) se ligam a esses locais receptores e aumentam 
os efeitos do GABA, seja aumentando a frequência de abertura dos canais de cloreto ou 
prolongando essa abertura quando ocorre (HALL, 2017). 
V - GLICINA: A glicinaé outro neurotransmissor inibitório encontrado no tronco 
encefálico e nos interneurônios da medula espinal. Sua principal função parece ser a 
inibição dos neurônios motores: por exemplo, o bloqueador dos receptores de glicina, a 
estricnina, causa espasmos musculares (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2010 apud 
BEAR; BW, 2017). 
 Os neurotransmissores desempenham funções diversas e contundentes para o 
desenvolvimento de áreas do corpo, além de fomentar a produção de outra substâncias 
como os hormônios que tem características específicas, como é o caso do cortisol, 
serotonina, noradopamina, adrenalina entre outros que veremos na próxima unidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Embora os neurotransmissores desempenham um papel muito importante, em 
algumas pessoas eles podem apresentar algum déficit na produção, desta forma, é 
necessário a busca por um profissional especializado da medicina, a fim de prescrever 
medicamentos que possam auxiliar na produção. Podem ser os medicamentos 
conhecidos como psicotrópicos ou os benzodiazepínicos. 
 
Fonte: RANG, H. P. [et. al.]. Farmacologia. [Tradução Gea Consultoría Editorial]. - 8. ed. - Rio de Janeiro 
: Elsevier, 2016 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFLITA 
 
“A neuro é uma arte; e para realizá-la como arte, requer um cuidado tão primoroso 
como a obra de um pintor ou escultor. Mas o que é lidar com a tela morta ou o frio 
mármore comparado ao tratar do corpo vivo? A neuro é arte, e eu quase diria, a mais 
belas de todas” 
 
Fonte: Parafraseando, Florence Nightingale. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
E agora? Está mais claro como funciona esta máquina de produzir pensamentos? 
Fascinante entender as especificidades do sistema nervoso não é mesmo. A 
compreensão do sistema nervoso central e as estruturas que fazem parte nos permite 
descortinar horizontes a respeito do funcionamento cerebral. 
Conhecer os neurônios as trocar e reações químicas que ocorrem, nos permite 
pensar o humanos como um ser dotado de complexidades acima de tudo, no entanto, 
com particularidades e subjetividades que podem ser explicadas pelo olhar na 
neurofisiologia do corpo humano. 
Nesta unidade pode-se ter contato com informações valiosas e enriquecedoras 
sob o ponto de vista fisiológico do cérebro, o que é ponto de partida para todos os nossos 
comportamentos, sentimentos, emoções e formas de interagir com o meio que nos cerca. 
Foi possível construir um alicerce para aqueles que desejam enveredar pelo campo da 
educação ou aos que já estão neste contexto, a fim de promover as reflexões acerca das 
possibilidades e dos limites de cada sujeito, identificando que toda pintura ou ilustração, 
existe uma mágica que acontece por detrás da tela. 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
Quantas vezes você já pensou nas emergências existentes no campo 
educacional? Das mudanças e transformações que se tornam cada dia mais frequentes 
na aprendizagem? O professor Milton Antonio Zaro, neurocientista, faz algumas 
reflexões no seu artigo, com o título: Emergência da Neuroeducação onde trata de novos 
paradigmas na pesquisa educacional e traça um paralelo à neurociências o qual prevê a 
integração dos achados de pesquisas das Neurociências às necessidades de 
identificação das melhores formas de ensinar, para potencializar os resultados do 
aprendizado. 
O fundamento desta nova área interdisciplinar de estudo é prover caráter científico 
à pesquisa educacional, estabelecendo um framework teórico e metodológico para que 
possam ser testadas as melhores práticas pedagógicas. Além disso, contextualiza ideias 
e produções, com este enfoque, realizadas nos últimos anos, por um grupo de 
pesquisadores ligados à Universidade Federal do Rio Grande do Sul e outras instituições 
da região e sugere que esta nova área possa também balizar o desenvolvimento e a 
pesquisa sobre o uso de produtos educacionais, em especial aqueles que se utilizam 
das tecnologias computadorizadas, como a multimídia, os vídeos e os projetos 
integrados de múltiplos recursos e funções. 
Vale a pena conferir o artigo na íntegra. Segue referências e link para acesso. 
 
Fonte: ZARO, Milton Antonio et al . Emergência da Neuroeducação: a hora e a vez da neurociência para 
agregar valor à pesquisa educacional. Ciênc. cogn., Rio de Janeiro , v. 15, n. 1, p. 199-210, abr. 2010 . 
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
58212010000100016&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 05 maio 2021. 
 
. 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: Neurociências e Educação: como o cérebro aprende 
• Autor: CONSENZA, R. M.; GUERRA, L. B. 
• Editora: ARTMED. 
• Sinopse: O cérebro é responsável pela forma como processamos as informações, 
armazenamos o conhecimento e selecionamos nosso comportamento, dessa forma 
compreender seu funcionamento, seu potencial e as melhores estratégias de favorecer 
seu pleno desenvolvimento é foco principal de estudo e trabalho tanto dos profissionais 
da saúde mental como da educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
 
• Título: Fisiologia - Organização do SNC, Sinapses e Neurotransmissores (Capítulo 
46/45) PARTE 1 
• Ano: 2020. 
• Sinopse: Esta vídeo-aula é um resumo do capítulo 46 da 13ª edição do livro Guyton & 
Hall e Fisiologia Humana, que equivale ao capítulo 45 da 12ª edição. O capítulo fala sobre 
a organização do Sistema Nervoso Central, mecanismo geral das sinapses e 
neurotransmissores. Algumas imagens foram retiradas do livro Silverthorn de Fisiologia 
Humana. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=BEJQaVMctOo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BEAR, M F; Connors, BW; Paradiso, MA. Neurociências - Desvendando o Sistema 
Nervoso. 4ª Edição, Artmed, 2017. 
 
CARDINALI, Daniel P. Manual de neurofisiologia. Madrid: Ediciones Díaz de Santos, 
1992. 
 
COSENZA, R. M. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: 
Artmed, 2011. 
 
FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L.F.; CAMARGO, C.H.P. & COSENZA, R.M. 
Neuropsicologia: teoria e prática. São Paulo: ArtMed, 2008. 
 
HALL, John E. Tratado de Fisiologia Médica. [tradução Alcides Marinho Junior ... et 
al.]. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 
 
HERCULANO-HOUZEL, S. O cérebro humano em números: um cérebro de primata 
em escala linear. Frente. Zumbir. Neurosci. 3 , 31, 2014. 
 
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9.ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, pp. 3-4, 14-15, 2013. 
 
KANDEL, Eric. Princípios da Neurociências. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2014. 
 
KRUSZIELSKI, Leandro. Fundamentos de neurofisiologia: uma introdução para 
educadores. Curitiba: InterSaberes, 2019. Disponível em: 
https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 16 ago. 2021. 
 
LENT, R. et al. How many neurons do you have? Some dogmas of quantitative 
neuroscience under revision. European Journal of Neuroscience. v 35. n. 1. jan. 2012. 
 
OLIVEIRA, R. M.; LENT, R. O desenvolvimento da mente humana. In: Lent, Roberto; 
Buchweitz, Augusto; Mota, Mailce B. (Orgs). Ciência para educação: uma ponte entre 
dois mundos. São Paulo: Atheneu, 2018. 
 
RADANOVIC, Marcia, KATO-NARITA, Eliane Mayumi. Neurofisiologia básica para 
profissionais da área da saúde. 1ª edição: Editora Atheneu, 2016. 
 
RANG, H. P. [et. al.]. Farmacologia. [Tradução Gea Consultoría Editorial]. - 8. ed. - Rio 
de Janeiro : Elsevier, 2016 
https://plataforma.bvirtual.com.br/
 
ZARO, Milton Antonio et al . Emergência da Neuroeducação: a hora e a vez da 
neurociência para agregar valor à pesquisa educacional. Ciênc. cogn. Rio de Janeiro , 
v. 15, n. 1, p. 199-210, abr. 2010 . Disponível em: 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
58212010000100016&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 05 maio 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE II 
NEUROFISIOLOGIADA APRENDIZAGEM E MEMÓRIA 
Professor Mestre Frank Duarte 
 
 
Plano de Estudo: 
• Conceitos e definições das bases neurobiológicas da memória; 
• Tipos de memória e demências; 
• Campos de estudo do processo neurofisiológico da aprendizagem. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar os processos da memória e aprendizagem; 
• Compreender os tipos de aprendizagem, memória e o processo neurofisiológico; 
• Estabelecer a importância da relação entre aprendizagem, memória e como o cérebro 
aprende. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Por que lembramos de algumas coisas e outras não? Já parou para pensar 
quantas coisas temos contato ao longo de um dia inteiro, e que pouco conseguimos nos 
recordar no dia seguinte. Você que está estudando já deve ter passado por algum 
momento, em que leu, estudou, interpretou o texto, foi dormir e no dia seguinte não se 
recorda de muita coisa. 
 Isso é quase que rotina para muitas pessoas que têm lapsos de memória ou falta 
de atenção, o que compromete o processo de aprendizagem e aquisição de novas 
informações. Desta forma, acabam por vivenciarem um constante ir e vir de informações, 
para que possam gravar e não esquecer mais, ou se debruçam horas estudando para 
fazer uma prova. 
 No entanto, isso não é algo apenas relacionado ao estudo, também é possível 
perceber pessoas com dificuldades de guardar informações que acabaram de ter acesso. 
Por exemplo, qual o nome completo desta disciplina? E desta unidade? Normalmente 
isso é resultado de interferências no processo de aprendizagem, onde o cérebro não 
consegue fazer o processo correto e armazenar o conhecimento. 
 Já imaginou? Como se lembrar de algo que você ainda nem guardou? Vamos 
nesta unidade conhecer os processos neurofisiológicos da aprendizagem e da memória 
e compreender de fato, como o cérebro aprende. Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 BASES NEUROFISIOLÓGICAS DA MEMÓRIA 
 
Fonte. Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/side-view-attractive-young-
woman-abstract-794735215 
 
 Alguns processos do cérebro são ainda misteriosos, mas os avanços 
neurocientíficos já nos possibilita compreender alguns fenômenos que colaboram para o 
desenvolvimento não só do sujeito, como da humanidade. O primeiro passo, já descrito, 
foi identificar e conseguir entender como se dão as conexões neurais e suas respectivas 
respostas ao comportamento, assim sendo, tem-se a magnífica condição de explicar 
como funcionam os processos da memória e da aprendizagem. 
 Segundo Souza e Salgado (2015), a memória faz de nós aquilo que somos e o 
que ainda podemos vir a ser, ao passo que cada lembrança que é recordada ou 
esquecida faz com que nos tornemos únicos, pois mesmo que duas pessoas vivenciem 
uma mesma experiência ou situações, serão registradas recordações diferentes. 
Izquierdo (2011), reverbera afirmando que o conjunto de memórias nos faz únicos e 
influencia a personalidade, assim sendo, nenhuma pessoa é capaz de ser igual a outra, 
pois mesmos irmãos gemelares monozigóticos, se organizam em seres humanos 
distintos de acordo com as experiências de memórias que tiveram. 
 
 Se pensarmos embrionariamente, os primeiros folhetos embrionários darão 
origem ao cérebro e das estruturas cerebrais o primogênito dará formato e vida à área 
específica da memória, que convergem o cérebro: amígdala, córtex órbito-frontal, 
hipocampo, hipotálamo, dentre outras Damásio (2011). Embora as informações sejam 
armazenadas em lugares distintos, há convergências para regiões específicas do 
cérebro. Essas regiões são utilizadas na formação e na evocação da memória 
(IZQUIERDO, 2011). Esta estrutura está localizada na parte no córtex parietal e 
temporal, na qual tem a função de decodificar e armazenar as informações, que se 
transformarão em conhecimento (COSENZA, 2015). Aproveito para apresentar uma 
diferenciação que fiz num livro intitulado “Aluno significado e professor significante” 
publicado em 2017, onde “informação é um conjunto de dados que armazenamos de 
forma provisória, e conhecimento é um conjunto de informações que armazenamos de 
forma permanente” (DUARTE, 2017, p.23). 
 Esta especificação entre as diferenças é preponderante para estudarmos a 
memória e posteriormente o aprendizado. Pensemos… "Você sabe o que é um 
carapanã?” Se sim, ótimo. isso quer dizer que sua memória está perfeita. Se você não 
sabe, fique tranquilo, isso não é sinal de memória ruim, apenas sinal de que “carapanã”, 
não faz sentido para você, exatamente por ser desconhecido. Assim funciona nossa 
memória, pois só é possível lembrar daquilo que um dia foi aprendido, ou seja, só 
encontramos nas caixinhas de lembranças, aquilo que um dia foi guardado. 
 Mas o que isso tem a ver com os processos neurofisiológicos da memória? Pois 
bem, é o que vamos discutir agora! Antes vou contar uma experiência e tirar sua dúvida 
do que significa “carapanã”. Em 2008 tive o privilégio de morar no Amazonas, mais 
precisamente na capital Manaus, e como vários sulistas conheciam o básico ensinado 
na escola sobre o Amazonas, na minha grande ignorância, pensava que só existia água, 
índio, mato e onça. No segundo final de semana que eu estava por lá, fomos conhecer 
um Hotel de Selva, lugar distante da área urbanizada e que explorava uma parte 
comercial da mata Amazônica. 
 Ao chegar e adentrarmos nossos chalés, fomos advertidos sobre o seguinte 
aspecto: “Cuidado! Lá pelas 17 horas é necessário vir aqui e fechar as janelas, senão o 
carapanã entra. “Disse num tom aterrorizador a nossa guia. Como ainda era cedo, o dia 
 
já não me desce tão lindamente, por que a minha única preocupação era ter cuidado 
com o bendito carapanã. Nem almocei direito e lá pelas 15h00, disfarçadamente fui para 
o chalé e com muito cuidado pé, por pé, fui fechando as janelas. Fui interrompido pela 
minha amiga que me perguntou o porquê daquilo e eu logo respondi: “- menina, você 
ouviu a guia dizer, tem que ter cuidado com o Carapanã!”, E ela num tom de deboche 
me disse: “ - você sabe o que é Carapana?”. Naquela hora não hesitei. “ - Não sei o que 
é não, mas pelo tamanho do nome CA-RA-PA-NÃ, deve comer a gente uma bocada só!”. 
Ela caiu na gargalhada e me disse: “-Deixa de ser besta, carapanã é o pernilongo, 
muriçoca.. é um mosquito”. Envergonhado, me senti aliviado e pude aproveitar melhor o 
local. 
 Relato sempre este episódio, porque aqui além de medo, aventura e comédia, 
tem também muito dos aspectos neurofisiológicos da memória. Meu órgão de sentido ao 
capturar a informação auditiva da palavra CA-RA-PA-NÃ, enviou para minha área do 
cérebro chamada de Werneck, ao qual decodificou o fonema e enviou para minha base 
de dados hipocampo, que não identificou nenhuma informação exata ou similar. Assim, 
a busca fez algumas devolutivas, sendo uma delas a área de broca, com a seguinte 
mensagem “Não sabemos do que se trata”, e outra à amígdala “Perigo, perigo, fique 
atento” (o que me fez sentir medo), a mensagem enviada para área de broca, não me 
permitiu ter nenhuma reação à não ser o receio ou medo pelo desconhecido. A amígdala 
é, em geral, mencionada no contexto do aprendizado do medo ou de outras respostas 
emocionais negativas, mas ela também participa no processamento de memórias 
relativas a emoções positivas (LOMBROSO, 2004). É exatamente assim que nos 
sentimos quando estamos lidando com algo que ainda não temos informações. 
 A capacidade de gerar aprendizado ou não da informação dependerá das 
conexões da memória de trabalho com os demais sistemas mnemônicos, que são 
técnicas utilizadas no processo de memorização e podem ser mecanismos criados pelo 
próprio cérebro, que auxiliarão no resgate da informação (SOUZA, SALGADO, 2015). 
 No entanto, ao receber a informação capturada pelo menos órgão de sentido 
(ouvido), o que era o carapanã, ocorreu o mesmo processo, só que desta vez ela foi 
acompanhada de uma informaçãoque eu já conhecia o pernilongo, e isso fez com que 
ao chegar no hipocampo, ele identificasse e sentisse mais aliviado, “ahhh sim, agora eu 
 
sei do que se trata” e a amígdala teve a sensação “última forma galera, tá tudo tranquilo, 
com um tapa já resolvemos o problema”. 
 A Memória é compreendida como um sistema complexo e múltiplo combinado por 
arranjos de codificações ou subsistemas que permitem a armazenagem e a recuperação 
de informações no cérebro (SOUZA, SALGADO, 2015). E este processo de memória nos 
faz relembrar o conceito de Jean Piaget, quando pensamos na formação ou aquisição 
de linguagem ou novo conhecimento. 
 O aprendizado e aquisição de memória por vezes podem ser considerados 
sinônimos, haja visto que só pode-se gravar aquilo que foi aprendido, ou seja, nada pode 
ser reconhecido ou recordado, sem antes ser percebido (BARTLETT, 1995). 
 Tem-se a necessidade de ter uma base, ou seja, uma informação prévia, para 
que seja possível ancorar um novo conhecimento, e este conhecimento ficará 
armazenado a ponto de ser possível seu resgate sempre que necessário. Tudo aquilo 
que temos contato na vida não necessariamente se tornará memória, mas se um dia ela 
se tornar, jamais será perdido, a não ser que seja vítima de Alzheimer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 DEMÊNCIAS E TIPOS DE MEMÓRIAS 
 
Fonte: ID: 1111126898. 
 
 Esta se caracteriza por uma perda intensa de capacidade cognitiva, com 
diminuição de memória declarativa (isto é, aquela que os indivíduos podem “declarar” 
que existe e/ou reconhecem como memória) e dificuldades de comunicação, bem como 
sintomas psiquiátricos, como apatia, depressão e agitação/agressividade, estas últimas 
principalmente na fase inicial. (MARCO, ISQUIERDO, 2007). 
 De que forma estas doenças neurológicas ou as demências advindas da idade, 
podem causar essa perda de memória? Os dados estão presentes em cada neurônios, 
eles são uma espécie de “pen drive”, que carregam estes dados, como já vimos no 
cérebro ocorre um fenômeno chamado de sinapse, que é quando um neurônio conversa 
com o outro. Ao fazer este contato, há uma transferência de dados, da mesma forma 
como se conectar o pen drive no computador, e assim essa informação é compartilhada. 
No entanto, cada neurônio não possui uma vida útil muito longa (LEIBING, 1997), o que 
faz com que se as conexões demorarem ou a vida útil dos neurônios diminuirem, 
corremos o risco de perder a informação. 
 De forma geral quando há uma lentidão da transferência de informação (por conta 
da velhice, demências ou uso de medicamentos) ou quando sobrecarregamos os 
neurônios (uso de medicamentos que “aceleram” a memorização ou síndrome do 
pensamento acelerado) perde-se a capacidade de registro da informação. Este registro 
é o que me faz poder relembrar, ou vasculhar minhas caixinhas e encontrar aquilo que 
 
eu tinha guardado. Assim, o Alzheimer uma doença neurodegenerativa do Sistema 
Nervoso Central (MARINHO, LAKS, ENGELHARDT, 1997), faz com que haja a perda de 
memória recente, por ter dificuldades de promover as conexões entre os neurônios e 
assim, aumentar a dificuldade de registrar os conteúdos trazidos pelos órgãos de sentido. 
 É comum as pessoas acometidas desta demência apresentarem relatos de 
relembrar momentos, episódios e fases da infância e não se recordar de detalhes do que 
comeu no café da manhã, se desligou o fogão, se fechou a porta ou desligou o chuveiro. 
A perda de memória curta, aquela que se destina a atividades rotineiras , sofre com o 
início da DA (IZQUIERDO, 2011). 
 Sei que deve estar se perguntando: “Nossa, então eu tenho Alzheimer, vivo 
esquecendo as coisas?!”. Calma. Esta doença é comum em pessoas com idade acima 
de 60 anos, que apresentam comprometimento em outros cenários da vida, bem como 
outras características, mas acabam afetando as conexões de neurônios alocadas na 
área do hipocampo. Segundo Marco e Izquierdo (2007), a proporção de indivíduos com 
idade igual ou superior a 60 anos passou de 6% em 1975 para 7,9% em 2000, estimando-
se que chegue a 15,4% em 2025. 
 E se você tem menos de 60 anos e também apresenta estas dificuldades, ou já 
passou por situações de não se lembrar de onde estacionou o carro, não conseguir 
lembrar qual foi o caminho que fez, ou onde guardou o dinheiro? Tem uma situação que 
sempre acho hilário. Você está deitado na cama no seu quarto e sente sede, aí de 
repente se levanta vai até a cozinha, chega lá e se pergunta: “o que eu vim fazer aqui?” 
Parece que estou vendo você balançar a cabeça com sinal de sim, ou dizer a você 
mesmo, eu também já fiz isso. 
 Acalmem os corações. Isso não é sinal de Alzheimer. Na nossa sociedade que 
vive a mil por horas, tentando fazer trilhões de coisas ao mesmo tempo, isso é apenas 
um sinal de que precisamos parar e prestar atenção no que estamos fazendo. Isso é 
problema no Registro da Informação. Segundo a Abneuro- Associação Brasileira de 
Neurologia, as pessoas precisam ficar atentas para a falta de atenção, que ocorre 
quando a informação não é armazenada, assim dois fatores que interferem são o 
estresse e a depressão. (ABNEURO, 2021). 
 
 O dilema vivido por muitas pessoas que apresentam este problema para registrar 
a informação, pode ser causado por alguns fatores e o mais comum deles é a falta de 
atenção. Independentemente da idade, podemos ser vítimas do déficit de atenção 
momentânea, o que traz como resultado o não processamento da informação e como 
consequência a falha na comunicação das áreas cerebrais na hora de buscar a 
informação. 
 A turbulência de coisas a serem feitas e a quantidade de informações que 
recebemos desde que acordamos até a hora que vamos dormir, faz com que tenhamos 
dificuldades de decodificar, ancorar e armazenar tudo isso, ao ponto de evocar quando 
for necessário. (FUENTES; MALLOY-DINIZ; CAMARGO; COSENZA, 2008). Se no caso 
que citamos sobre não se recordar da água, antes de sair do quarto, tivéssemos 
planejado o que iríamos fazer na cozinha, teríamos mais chance de relembrar, ou seja, 
o que faltou neste caso, foi registro da informação. O que mesmo que ocorreu se você 
ao ler isso não se recorda do “caso da agua”. Quer ver outro desafio? Sem retornar a 
leitura, qual é o nome do bicho que ficou com medo no Amazonas? Se você se recordou, 
é porque ele deixou de ser informação e se tornou conhecimento, mas não foi isso que 
ocorreu, lamento, amanhã já terá esquecido dele. 
 Este aglomerado de conhecimento que existe no hipocampo, conhecido como 
memória, tem tipos diversos e durações diferentes também, de acordo com , as 
memórias podem ser divididas em dois gigantescos grupos: a) as declarativas (eventos, 
fatos, conhecimentos) localizado no lóbulo temporal e; b) as de procedimentos ou 
hábitos, que adquirimos e evocamos de maneira mais ou menos automática (andar de 
bicicleta, usar um teclado) que dependem basicamente de circuitos subcorticais que 
incluem o núcleo caudato e circuitos cerebelares (ISQUIERDO; FURINI, 2013). 
 Abaixo podemos ver um diagrama que demonstra como se ramifica estes dois 
grupos. 
 
 
 
Figura 01 - Tipos De Memórias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Strauss e 
colaboradores (2006) 
 
 
 Memória declarativa é caracterizada pela capacidade de arquivamento e 
recuperação consciente de informações relacionadas a experiências vividas ou 
informações adquiridas pelo indivíduo (ULLMAN, 2004 apud FUENTES, MALLOY-DINIZ, 
CONSENZA, 2008, p. 104). Ela envolve a memória dois subtipos, que são a episódica e 
semântica, a primeira está relacionada ao sistema de resgate de informações 
vivenciadas pelo sujeito (eventos pessoais, casamento, formaturas, término de 
relacionamento); e a segunda também envolve relações com percepção e ação, como 
por exemplo reconhecer um animal pelo nome, características e quantidade de patas. 
 Já a memória implícita ou conhecida como não declarativa,está em adquirir 
habilidades percepto motoras ou cognitivas por meio da exposição repetida a atividade 
que seguem regras constantes, mas que não requerem resgate é a habilidade consciente 
ou intencional da experiência. Alterações no seu funcionamento pode modificar a 
habilidades rotineiras extremamente úteis, como utilizar celular. (STRAUSS et al, 2006). 
 
 
 
 
 Memória 
Memória de 
longo prazo 
Memória 
operacional 
Explícita Implícita 
Episódica 
(eventos) 
Semântica 
(fatos) Procedimento Emocional 
Aprendizado 
condicionado 
Pré-ativação 
 
 Existem também seus subtipos como, pré-ativação, procedimento, emocional e 
aprendizado condicionado. A primeira é organizada na recepção e decodificação das 
informações. Já a segunda está relacionada a um sistema de memória responsável pelo 
arquivamento e pela manipulação temporários da informação, servindo para que 
operações mentais sejam realizadas no decorrer desse tempo. A emocional, está 
relacionada com os momentos que estejam vinculados aos afetos e sentimentos, e a 
última abrange a área que faz funções que já estão no automático como piscar e dirigir, 
ou seja, o cérebro não precisa mais pensar para fazer. (ISQUIERDO; FURINI, 2013). 
 Tudo certo, entendermos como os conhecimentos se organizam e armazenam, 
agora a questão é, como que eles vão parar aí? Quais processos são necessários para 
que haja a aprendizagem? Veremos a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 COMO CÉREBRO APRENDE? 
 
 
Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/learning-brain-colored-
sections-human-form-264392483 
 
 Durante algumas décadas o grande enigma que permeava o cérebro se tratava 
de como podem caber tantas coisas numa parte do corpo humano que pesa um pouco 
mais de 1500 gramas, e após os achados das estruturas e funções, a outra façanha que 
intrigou muito cientistas é como este cérebro aprende? Que mecanismos estão 
imbricados neste processo e a resposta de ouro, por que uns aprendem mais fácil do 
que outros? As respostas vêm por meio das neurociências. 
 Mas antes, é preciso discutir-se sobre a definição deste processo complexo. O 
conceito de aprendizagem é muito amplo o que não se permite constituir uma definição 
conclusiva, assim, o que se pode garantir é que trata-se de um processo contínuo e 
ininterrupto onde descobre-se novas coisas ou adapta-se a modificações. (GIUSTA, 
2013). Vale ressaltar que ela pode ser observada a partir de diversas teorias, sendo a 
mais que contribuiu as da psicologia como behaviorismo, associacionismo, Gestalt, 
chegando às concepções cognitivas. 
 Para iniciar a caminhada pelos trilhos da aprendizagem vamos antes retornar a 
definição de informação e conhecimento, pois trataremos como aprendizagem todos os 
dados que tornarem-se conhecimento, ou seja, dos dados que transformaram em 
conhecimento serão armazenados e se tornarão conhecimento, já os dados que forem 
apenas informações, serão descartadas após um ciclo de sono. 
 
 A aprendizagem é uma atividade cognitiva, ocorre a partir da consolidação da 
memória e o sono tem importância fundamental nesse processo, pois ele interfere no 
humor, na memória, na atenção, nos registros sensoriais, no raciocínio, enfim nos 
aspectos cognitivos que relacionam uma pessoa ao seu ambiente (VALLE; REIMÃO, 
2009). 
 Existem algumas áreas importantes do cérebro a saber que são responsáveis pelo 
processo de aprendizagem, denomina-se processo por ser um fenômeno que tem início 
(levantamento do conhecimento prévio), meio (reflexão sobre o conhecimento inicial e 
reflexões acerca do novo) e fim (elaboração de um novo conhecimento), sendo 
necessário que cada etapa tenha sido eficiente para que possamos chegar ao final com 
o resultado positivo: um novo conhecimento. 
 Durante o período que estamos acordados somos bombardeados por diversos 
dados. Estes dados como vimos, são decodificados e interpretados e enviados ao 
hipocampo. Se lá for identificado algum tipo de conhecimento (já organizado) e 
conseguirmos fazer alguma conexão, eles passam de nível, e se tornam informações. 
No entanto, ao chegarem no hipocampo encontrarem uma conexão com o conhecimento 
já lá instalado, então temos um novo conhecimento. A imagem abaixo ilustra bem isso. 
Figura 02 - Estruturas Cerebrais da Aprendizagem 
 
Fonte: Elaboração do pesquisador, 2021 – (no prelo). 
A ilustração refere-se a um corte sagital do cérebro humano e dividimos em três 
áreas importantes, sendo o Córtex Cerebral, Sistema Límbico e Cerebelo. Eles estão 
organizados em uma espécie de funil, sendo o córtex um lugar onde entram muitos 
 
dados, o sistema límbico um local onde residem as informações e o cerebelo o 
conhecimento (KANDEL, 2014). Todos os estímulos que nossos órgãos de sentido 
recebem são levados para o córtex cerebral, e por lá ficam até que iniciemos nosso tão 
merecido sono. Logo após acordar, se estes dados não tiverem encontrado nenhuma 
conexão significativa com as informações que já temos, ele se perderá. Se carapanã, 
tiver sentido ou algum significado, amanhã você se recordará, porém, se não tiver, 
provavelmente você não se recordará. 
 Porém, se você contar para alguém sobre o que aprendeu a respeito do carapanã, 
esse dado vai passar duas vezes pela “sua cabeça” e deixará de ser um dado, passando 
a nível de informação, assim sendo armazenado no sistema límbico, o que ficará mais 
fácil de ser recordado, após uma noite de sono. Segundo Valle e Reimão (2009) é 
importante cuidar do sono desde o início da vida, pois é na fase da complexa de 
modelagem e na adaptação que transforma cada indivíduo, com suas possibilidades 
ilimitadas e subjetivas, combinando experiências com características próprias. 
 Agora se você já souber o que é pernilongo, contar a alguém o que você aprendeu, 
e rever estes conteúdos duas vezes, certamente isso será um conhecimento e este item 
já fará parte do seu cerebelo, sendo relembrado sempre que desejar e precisar. Portanto, 
pode-se afirmar que aquilo que está no córtex (dados) dura frações de segundos; o que 
está no sistema límbico (informações) duram um pouco mais de tempo, até horas e o 
que está no cerebelo (conhecimento) permanece a vida toda. (PIAZZI, 2012). 
 Portanto, não ficar perdido naquela ação de saímos do quarto para a cozinha 
buscar um copo d'água, dependerá de como você interage com esta ação. Se quando 
pensar na ação, parar e planejar o que fará dando a atenção necessária, deixará de ser 
apenas um dado e será o resgate de um conhecimento que já está armazenado no seu 
cerebelo. 
 Muitos me perguntam, então o segredo está em apenas o dado, ou a informação 
encontrar alguma conexão com o conhecimento existente? SIM. No entanto, outros 
fatores são importantes também, como sono, tempo de exposição com o conteúdo e o 
principal, o significado que damos ao que estamos aprendendo. 
 Desta forma, existem duas formas de fazer com que um dado se transforme num 
conhecimento, seja pela quantidade de vezes que se tem contato com o conteúdo, ou 
 
pelo significado que damos ao conteúdo, desde que haja emoção no processo. Partindo 
deste ponto de vista, entra aqui a figura do professor/educador que tem o papel de propor 
uma apresentação do conteúdo de forma a dar sentido e significado para quem aprende. 
(DUARTE, 2017). 
 Vamos por partes... se você já assistiu o filme “Divertidamente”, você deve se 
lembrar de como é ilustrado o processo de aquisição de conhecimento (aprendizagem) 
e de como são organizados os objetos (memórias), e qual é o momento que isso ocorre? 
Durante o sono. O sono é o principal agente para promover o link, as conexões, as 
transmissões de informações e organizar os conhecimentos. É durante o descanso do 
nosso corpo que o nosso cérebro começa a armazenar aquilo que faz sentido e tem 
significado em alguma área do que conhecemos. Nossocorpo é um veículo, e como todo 
veículo, não se troca pneu furado com ele em movimento. O sono serve como parada 
obrigatória para organizar e selecionar aquilo que permanecerá para o dia seguinte e 
aquilo que será “dispensado”, o que literalmente vai para a lixeira, e não permanecerá 
registrado. 
 Portanto, se mantivermos contato por longo tempo com o objeto em estudo, mais 
fácil ele será relembrado e armazenado no cérebro, passando rapidamente pelos 
processos, levando um curto espaço de tempo. (COSENZA, 2011). Um bom exemplo é 
quando queremos aprender uma música, normalmente pegamos a música e junto com 
a letra começamos a cantarolar juntos, depois de um tempo não precisamos mais da 
letra, e após algumas horas, também não precisamos mais da música. E passamos o 
dia lembrando daquela música e sem melodia ou som, lembramos da letra e como num 
passe de mágica, já decoramos e aprendemos. De repente, um belo dia você acorda 
com a música e ela fica entranhada na sua cabeça. Isso acontece pelo princípio da 
constância, ou seja, durante um longo período um simples dado, passa a ser um 
conhecimento. 
 Outra forma de facilitar o processo de aprendizado é quando envolve emoção ou 
sentimento. (LOMBROSO, 2004). Vou lançar um desafio, quero que se recorde do nome 
da professora ou professor que mais marcou sua vida. Vamos lá, garanto que não 
precisará fazer muito esforço. Lembrou? Tenho certeza de que o motivo de recordar está 
atrelado à alguma emoção. Seja ela vivida por momentos bons ou ruins. Ahhh saudades 
 
daquela professora de matemática. Brincadeiras à parte, de qualquer forma este sujeito 
nos é trazido à memória pela emoção experienciada, ou seja, quando um conteúdo nos 
promove sensações de bem-estar tem maior facilidade de nos cativar e auxiliar no 
processo de aprendizagem. Como no exemplo acima da música, será ainda mais fácil 
de recordar a música se você a escutar após um término de relacionamento ou 
descoberta de uma traição. Já dizia o poeta... “por que o homem não chora, quando um 
amor vai embora” (risos). 
 Não obstante, seja pelo tempo de contato ou pela emoção, a aprendizagem tem 
sua potencialização se o conteúdo trouxer ao sujeito um significado, o teórico Alemão, 
Alzubel cunhou a teoria da aprendizagem significativa, onde defendeu a relação afetiva 
no processo de ensino e aprendizagem, assim como Henri Wallon. 
 Um expoente da educação Brasileira, inclusive que leva o título de patrono da 
educação, o educador Paulo Freire, internacionalmente reconhecido pelo método de 
aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos, já apresentou a melhor forma de 
relacionar os conteúdos e objetos da aprendizagem pela contextualização. 
 Sabe-se que algumas pessoas têm dificuldades ou transtornos de aprendizagem 
o que compromete o processo de aquisição de novas informações, ela pode ser causada 
por questões globais ou específicas. Cabe aqui diferenciar estas complicações, sendo 
as dificuldades de aprendizagens questões ao ambiente externo no aluno, sejam 
estruturas físicas, iluminação, imobiliário, ausência de alimentos ou despreparo dos 
docentes. (DOCKRELL; MCSHANE, 2007). 
 Por outro lado, temos as questões internas dos de cada pessoa, como transtornos 
que podem ser globais do desenvolvimento, como síndrome de Dawn, Transtorno 
Opositor Desafiador, Transtorno de Hiperatividade e Déficit de Atenção, Síndrome de 
Rett, ou questões específicas da aprendizagem como: Dislexia, Discalculia, Disgrafia, 
Disortografia, Disritmia entre outros (FUENTES; MALLOY-DINIZ, CAMARGO; 
FUENTES, 2008). Desta forma, deixo aqui uma reflexão, é possível um professor, sem 
nunca ter ouvido falar em neurociências ou processos neurofisiológicos, desempenhar 
uma ação pedagógica efetiva junto ao seu aluno, sem compreender como o cérebro 
aprende? 
 
 SAIBA MAIS 
 
Já ouviu falar em Neuroplasticidade? Sabia que o processo de aprendizagem 
pode ocorrer em níveis e situações bem adversas? Do ramo das neurociências atua no 
processo de estimulação cognitiva para melhorar o desempenho de alguma função ou 
com a reabilitação neurológica, para resgatar ou manter funções comprometidas. É 
promover no cérebro a neurogênese, ou seja, a produção de novas conexões sinápticas. 
 
Fonte: FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L.F.; CAMARGO, C.H.P. & COSENZA, R.M. 
Neuropsicologia: teoria e prática. São Paulo: ArtMed, 2008. 
 
 #SAIBA MAIS# 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFLITA 
 
Aprendizagem é a única coisa que a mente não se cansa, nunca tem medo e 
nunca se arrepende. 
 
Albert Schweitzer. 
 
 
#REFLITA # 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 A indagação é difícil de ser respondida não é mesmo. Ao longo desta unidade 
podemos ter acesso ao funcionamento do cérebro, além de compreender as estruturas 
e áreas corticais que fazem parte desta arte de aprender. O descortinar dos mistérios 
que estão envolto no cérebro, faz com que consigamos minimizar os impactos externos 
no processo de aprendizagem. 
 A educação, assim como o aprender está presente em todas as fases da nossa 
vida, o que nos faz aprimorar o nosso desenvolvimento e promover as transformações. 
Todo o aprendizado se faz presente nas memórias daquilo que sabemos e que 
vivenciamos, além do mais estas memórias é que nos move e nos permite recordar e 
preservar a nossa própria existência. 
 Memória e aprendizagem são quase sinônimas, haja visto que um está 
intrinsecamente ligado ao outro, ou seja, toda memória é um conhecimento oriundo de 
uma informação que decodificada pelo cérebro, no exato momento em que foi 
identificado pelos órgão de sentido. E desta forma, servirá de base para que haja a 
ancoragem de uma nova informação que promoverá o ciclo novamente. Isso mesmo, 
aprender é a eterna arte de memorizar. 
 Enquanto, há capacidade cognitiva e fisiológica do cérebro em armazenar as 
informações, temos que potencializá-las pois além de dificuldades externas e internas 
que podemos ter para aprender, ainda se tem que se preocupar com o “alemão” 
Alzheimer, que se chegar poderá levar um pouco das recordações. Mas não podemos 
esquecer de que um carinho, afeto e significado, contribui muito para cristalizar um bom 
conhecimento. 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
12. Super-memória – Revista Superinteressante 
Link: https://super.abril.com.br/comportamento/12-super-memoria/ 
 
A Teoria da Aprendizagem Significativa e o jogo 
Link: https://doi.org/10.21680/1981-1802.2020v58n57ID21088 
 
https://doi.org/10.21680/1981-1802.2020v58n57ID21088
 
LIVRO 
. 
• Título: Aprendendo Inteligência: Manual de instruções do cérebro para estudantes em 
geral: 1 
• Autor: Pierluigi Piazzi. 
• Editora: Aleph. 
• Sinopse: Durante muito tempo, acreditou-se que a inteligência fosse uma característica 
inata. O fator genético era considerado bem mais influente do que o fator ambiental. 
Porém, devido aos avanços da neurociência, ficou demonstrado que inteligência, talento 
e vocação são características que podem ser adquiridas com facilidade e um pouco de 
esforço. Neste livro, dedicado aos estudantes de todos os níveis, o Pierluigi Piazzi 
(conhecido carinhosamente pelos seus alunos como Prof. Pier) ensina a usar a 
inteligência para se tornar uma pessoa mais inteligente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
• Título: Divertida Mente (Inside Out) 
• Ano: 2015. 
• Sinopse: No filme, a menina Riley passa por diversas emoções ao se mudar do Meio-
Oeste dos EUA para San Francisco. As emoções - Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill 
Hader), Raiva (Lewis Black), Nojo (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith) - moram 
no Quartel-General, o centro de controle dentro da mente de Riley, onde eles a ajudam 
com conselhos diariamente. Enquanto Riley e suas emoções se esforçam para se ajustar 
à nova vida em San Francisco, a turbulência no Quartel-General aumenta. Embora 
Alegria,a principal e mais importante emoção de Riley, tente pensar positivo, as 
emoções entram em conflito sobre como navegar pela nova cidade, a nova casa, a nova 
escola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
ABNEURO. Ansiedade e estresse estão agravando os problemas de memórias. 
Disponível em: https://www.abneuro.org.br/post/ansiedade-e-estresse-est%C3%A3o-
agravando-problemas-de-mem%C3%B3ria. Acesso em: 03 fev. 2021. 
 
BARTLETT, F. Remembering: a study in experimental and social psychology. 
Cambridge: Cambridge University, 1995. 
 
COSENZA, R. M. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: 
Artmed, 2011 
 
DAMÁSIO, A. R. E o cérebro criou o homem. São Paulo: Companhia das Letras, 
2011. 
 
DOCKRELL, Julie. MCSHANE, John. Crianças com dificuldades de Aprendizagem: 
Uma abordagem cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
 
DUARTE, Frank. Aluno Significado e Professor Significante. Campo Mourão: 
Artesã, 2017. 
 
FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L.F.; CAMARGO, C.H.P. & COSENZA, R.M. 
Neuropsicologia: teoria e prática. São Paulo: ArtMed, 2008. 
 
GIUSTA, Agnela da Silva. Concepções da Aprendizagem e práticas pedagógicas. 
Educação em Revista. Belo Horizonte, v. 29, n. 01, p. 17-36, mar. 2013 
 
ISQUIERDO; FURINI. Memória: tipos e mecanismos – Achados recentes. Revista 
USP. São Paulo • n. 98 • P . 9-16 • junho/julho/agosto, 2013. 
 
IZQUIERDO, I. Memória. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. 
 
KANDEL, Eric. Princípios da Neurociências. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2014. 
 
LEIBING, A. - Antropologia de uma doença orgânica: doença de Alzheimer e fatores 
culturais. In: Cadernos IPUB, Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Ed.): Envelhecimento e 
Saúde Mental - Uma Aproximação Multidisciplinar, 1997;10:157-74. 
 
LOMBROSO, Paul. Aprendizado e memória. Atualização. Brazz. J. Psychiatry 26(3), 
set 2004. 
 
MARCO A. PRADO; IVÁN IZQUIERDO. Envelhecimento e memória: foco na doença de 
Alzheimer. Revista USP. São Paulo, n.75, p. 42-49, setembro/novembro 2007. 
 
MARINHO, V.; LAKS, J.; ENGELHARDT, E. - Aspectos neuropsiquiátricos das 
demências degenerativas não-Alzheimer. Revista Brasileira de 
Neuropsicologia 1997;33(1):31-7. 
https://www.abneuro.org.br/post/ansiedade-e-estresse-est%C3%A3o-agravando-problemas-de-mem%C3%B3ria
https://www.abneuro.org.br/post/ansiedade-e-estresse-est%C3%A3o-agravando-problemas-de-mem%C3%B3ria
 
 
PIAZZI, Pierluigi. Aprendendo Inteligência. 2ª edição. São Paulo: Soya, 2012. 
 
SOUZA ; SALGADO. Memória, aprendizagem, emoção e inteligência. Revista 
Liberato. Nova Hamburgo, v.16, n. 26, p.101-220. Jul/dez. 2015 
 
Strauss, E.; Sherman, E. M.S.; Spreen, O. A. Compendium of Neuropsychological 
Tests. Third Edition. New York: Oxford Universty Press, 2006. 
 
VALLE, Luiza; REIMÃO, Rubens. Sono e aprendizagem. Revista Psicopedagogia. 
vol.26 no.80 São Paulo 2009. 
 
 
 
UNIDADE III 
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS I 
Professor Mestre Frank Duarte 
 
 
Plano de Estudo: 
• Conceitos de inteligência; 
• Tipos de inteligências; 
• As teorias das múltiplas inteligências; 
• Teoria das múltiplas inteligências: implicações e aplicabilidades na escola. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar inteligência e seus diversos contextos; 
• Compreender os tipos de Inteligência e suas singularidades; 
• Evidenciar a importância da Teoria das Múltiplas inteligências para o contexto 
educacional. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 E aí, você se sente inteligente? Será que ela pode ser medida ou quantificada? 
Nascemos com inteligência ou vamos desenvolvendo essa capacidade? Se a 
inteligência é hereditária como explicamos aquelas pessoas que se destacam em 
algumas áreas e outras não. Pois é, todos estes inculcamentos estão presentes quando 
pensamos, discutimos e aprendemos sobre inteligência. 
 Desde da década de 30, quando se pensou em quantificar a inteligência por meio 
de escalas de quociente, muitas figuras ilustre receberam a classificação como forma de 
enaltecer sua trajetória ou feitos, dentre eles estão Einstein, Da Vinci, Michelangelo, 
Steven Spielberg e Santos Dumont. 
 A menção ao QI, sempre esteve atrelado a um potencial que dá ao sujeito 
“superpoderes”, e o é colocado num pedestal como alguém completamente bem 
resolvido e contemplado, o que se sabe que não tem disso, toda a verdade. Pelo 
contrário, pessoas que apresentam um QI (Quociente de Inteligência) alto, tendem a 
desenvolver uma QE (Quociente Emocional) abaixo do esperado, o que compromete 
outras áreas do desenvolvimento. Isso implica em minimizar a potencialidade das 
habilidades das IM (Inteligências Múltiplas). 
 No entanto, como entender melhor o QI ou QE, e a relação com a forma de pensar 
e compreender o sujeito? As especificações e detalhamento de cada um deles e como 
podemos aplicar no dia a dia, em especial no ambiente educacional, será tratado nesta 
Unidade. Está preparado(a) para viajar nas teorias das inteligências e desvendar os 
desdobramentos das múltiplas inteligências no âmbito educativo? Sim. Então vem 
comigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 CONCEITO DE INTELIGÊNCIA 
 
 
Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/emotional-intelligence-
thoughtful--woman-thinking-1100247800 
 
 Conta a história que certa vez, num vilarejo havia um rapaz que todos faziam 
piada. Um belo dia um homem se aproximou dele e lhe apresentou duas moedas, uma 
de 50 centavos e outra de 5 centavos e pediu para que ele escolhesse. O rapaz pegou 
a de 5 centavos, e o homem riu da sua atitude. No dia seguinte o homem reuniu diversas 
pessoas e teve a mesma atitude e o rapaz repetiu a ação. 
 A passaram dias, semanas e meses, sempre o homem fazia-lhe a proposta, e o 
rapaz pegava a moeda de 5 centavos. Um certo dia, o homem já injuriado, perguntou ao 
rapaz. “-Mas você é muito burro! Você não sabe que a moeda de 50 centavos tem mais 
valor que a de 5?” E o rapaz disse: “– Sim eu sei que é.”. E então por que você não a 
pega logo?” replicou o homem. Então o rapaz abriu um sorriso e disse tranquilamente. “- 
Por que o dia que eu pegar a de 50 centavos, o senhor para de me dar moedas!” 
 Essa ligeira história, é nosso ponto de partida para dialogarmos sobre inteligência 
e o quanto ela é representada nas pessoas, e o que elas fazem com a capacidade que 
tem. 
 Partindo da epistemologia da palavra “inteligência” sua origem está na junção 
de duas palavras latinas: inter = entre e eligere = escolher, que no seu sentido mais 
amplo, significa a capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão 
das coisas escolhendo o melhor caminho. A formação de ideias, o juízo e o raciocínio 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/emotional-intelligence-thoughtful-
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/emotional-intelligence-thoughtful-
 
são frequentemente apontados como atos 
essenciais à inteligência. A inteligência é resumida pelo pequeno dicionário ilustrado 
brasileiro da língua portuguesa como “a faculdade de compreender”. (ANTUNES, 2015). 
 Galton (1865) iniciou os estudos estatísticos de inteligência e a definiu como 
“faculdade que os gênios têm e os idiotas não tem”. Desde os tempos de Galton, os 
psicometristas tentam explicar as diferenças de performance intelectual entre crianças 
como sendo resultante da diferença na quantidade de “inteligência”. 
 Nunca houve um consenso sobre o significado da “inteligência”, porém em 1921, 
no Jornal da Psicologia Educacional, diferentes psicólogos de várias teorias reuniram-se 
e apesar de grande relação entre suas definições, ainda hoje o que se vê são definições 
e concepções sobre a inteligências, bastante diferentes (STERNBERG; DETTERMAN, 
1986 apud DOCKRELL; MCSHANE, 2007, p. 21). 
 Seguindo uma visão tradicionalista, Travassos (2001) afirma que a inteligência já 
foi conceituada como uma capacidade inata do indivíduo, um atributo do qual o ser 
humano dispõe para responder a testes de inteligência,(NOVIKOBAS; LAMARI MAIA, 
2020). Alguns autores sugeriram que a inteligência fosse um termo descritivo e não 
explicativo (OLSON,1986). Muitas definições afirmam explicitamente que ao se introduzir 
o termo, de alguma forma se está explicando a performance e não descrevendo-a. 
 No entanto, William Stern, psicólogo Alemão do século XVIII/XIV, afirmava que se 
tratava da capacidade pessoal para resolver os problemas novos, utilizando de forma 
adequada o pensamento. Todavia, outros a consideravam como o arranjo de todos os 
equipamentos mentais que atendessem a adequação das tarefas vitais. Mesmo com 
essas definições vagas, havia e há o entendimento de que a inteligência é uma 
capacidade mental que pode ser medida e quantificada por meio dos famosos testes de 
QI. (AMARAL, 2007). 
 A “inteligência enquanto adaptação” tornou-se desde então um conceito chave 
que de forma mais ou menos explícita atravessou a história da psicologia da inteligência 
humana, na base da investigação fundamental como aplicada, no cerne do 
desenvolvimento teórico como das técnicas de avaliação da inteligência e em resposta 
a necessidades e pressões sociais (MIRANDA, 2002). 
 
 Foram os pesquisadores Alfred Binet e Théodore Simon, que deram início a 
testagem psicológica com o intuito de atender as necessidades da seleção escolar da 
época, tendo como objetivo identificar as crianças que não se beneficiaram dos 
programas públicos, onde esperava-se desenvolver uma avaliação imparcial de 
checagem das atitudes escolares. 
 Os trabalhos de Binet e Simon logo foram bastante questionados, especialmente 
porque os testes não apresentavam a condição de fidedignidade daquilo que propunham 
de avaliar a capacidade do indivíduo adulto, e pelo fato de partirem do estudo de crianças 
com deficiências. Na verdade, eles buscavam construir uma “escala métrica da 
inteligência” para identificar nas escolas as crianças denominadas de retardados 
“perfeitos”, ou seja, aqueles que seriam suscetíveis de frequentar as classes chamadas 
de “aperfeiçoamento”, e que conseguiriam se adaptar. (AMARAL, 2007). 
 Em busca de conseguir quantificar e mensurar o QI – Quociente de Inteligência, 
os testes foram utilizados como ferramentas com normas de referências desenvolvidas 
para avaliar o funcionamento cognitivo de um indivíduo. Assim como todas as medidas 
com normas de referências, eles sempre vão conter algumas margens de erro (HARRIS, 
1983 apud AMARAL, 2007, p. 88). O uso dos testes de Ql caminhou junto com a crença 
de que a inteligência era herdada, passada de uma geração para outra e de acordo com 
essa perspectiva, cada indivíduo portanto, nascia com uma determinada 'quantidade' de 
inteligência; assim, seria possível elaborar testes para qualificar e classificar as pessoas 
em relação a sua inteligência (SMOLE,1999). 
 Antunes (2015) ressalta que é possível afirmar com segurança que a inteligência 
de um indivíduo é produto de uma carga genética que vai muito além da de seus avós, 
mas que alguns detalhes da estrutura da inteligência podem ser alterados com estímulos 
significativos aplicados em momentos cruciais do desenvolvimento humano. 
 A delimitação da “inteligência humana” enquanto objeto de investigação assume 
desde logo dois pressupostos: o da existência de um conceito de “inteligência não 
humana”, daquelas que estão ligadas a condição de adaptação e funcionalidade. Por 
exemplo, ao conectar seu celular a rede wifi, é uma forma de executar a “inteligência não 
humana”. Também há outro pressuposto que é a do reconhecimento do “carácter único” 
da inteligência humana, no quadro da enorme diversidade biológica, que integram as 
 
predisposições específicas do humano, que se aplica muito para lá da descrição do 
potencial cognitivo humano. 
 Muitas utilizações da palavra “inteligência”, ou do adjetivo “inteligente”, na 
linguagem comum, e em particular na qualificação de objetos inanimados, remetem para 
esta noção de funcionalidade decorrente da adequação às exigências externas: a 
“inteligência” definindo-se pela flexibilidade na resposta adaptativa às circunstâncias, ou 
seja, pela eficácia da relação funcional do objeto num contexto. (MIRANDA, 2002). 
 Isso é percebido pelo resultado das ações comportamentais que demonstramos, 
após um longo processo neurológico que ocorre utilizando-se de processos superiores 
complexos, como atenção, percepção, aprendizagem e memória. 
 Segundo Antunes (2015) a inteligência é, um fluxo cerebral que nos leva a 
escolher a melhor opção para solucionar uma dificuldade e que se completa como uma 
faculdade para compreender, entre opções, qual a melhor; ela também nos ajuda a 
resolver problemas ou até mesmo a criar produtos válidos para a cultura que nos 
envolve. 
 Desde ponto de vista, esta faculdade é uma condição dos humanos, ao considerar 
que é comum as pessoas acreditarem que seu pet de estimação é dotado de inteligência. 
Isso mesmo, seu cachorro e seu gato, não possuem inteligência, apenas uma 
capacidade de responder a estímulos e com isso, obter um repertório de informações 
armazenadas na memória e sempre que se repete, já induz ao resultado, a isso 
chamamos de comportamento condicionado. 
 Damásio (1994/1995, apud MIRANDA, 2002, p. 19) identifica relações 
significativas entre o córtex pré-frontal e outros níveis de funcionamento neuronal 
pertencentes apenas ao cérebro humano, como os núcleos neurotransmissores do 
tronco cerebral, a amígdala, o cíngulo anterior e o hipotálamo, e todas as vias de resposta 
motora e química do cérebro. Resumidamente pode-se afirmar que embora os animais 
possuam encéfalos, não desenvolvem as conexões neurais que dão origem às 
capacidades de resolução de problemas. 
 Pensar a inteligência como um indicador quantitativo de escala, ao qual dará um 
resultado e enquadrar o sujeito numa classificação de “normal”, ou com indicativos de 
altas habilidades, superdotação ou retardo mental. O QI, atualmente é muito utilizado em 
 
especial para compreender como as pessoas se organizam e lidam com a forma de se 
relacionar, de ver o mundo e até mesmo de se auto entenderem. Contudo, jamais deve 
ser uma métrica apenas para quantificar uma pessoa. 
 Afinal, se a inteligência está para os humanos o que pode ser feito para contribuir, 
a fim de alcançar um maior aprimoramento e desenvolvimento? A potencialização deste 
processo psicológico básico tão vital, pode ser pensado a partir de algumas óticas e 
dinâmica de relacionamento com o contexto e o meio. Dependendo da forma como 
olhamos para a inteligência, contribuirá para obter um melhor desempenho. Sei que deve 
estar se perguntando: “Então existem outras formas de pensar a inteligência?” Claro que 
iremos estudar logo mais. 
 
 
 
2 TIPOS DE INTELIGÊNCIAS 
 
Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/emotional-quotient-intelligence-
eq-iq-concept-569228737 
 
 Nas últimas cinco décadas, o olhar para o ser humano e sua forma de se 
relacionar e interagir com o mundo que o cerca, assim como o termo inteligência vem se 
configurando em concepções distintas e variadas. Ao lado de termos como “testes de 
inteligência”, “inteligência brilhante”, “pouco inteligente”, temos ouvido e visto aparecer 
“inteligência artificial”, “sistemas inteligentes”, “inteligência emocional”. (AMARAL, 2007). 
 A realidade é que muitos profissionais da psicologia têm se direcionado a 
possibilidade de pensar a mensuração da inteligência por meio do QI, com 
questionamentos acerca da sua efetividade. O propósito de Simon e Binet deixa de ser 
relevante, não na sua importância no auxílio de quem precisa de suporte e ajuda, mas 
na categorização e comparação a uma possível padronização da inteligência. 
 A própria concepção de inteligência como uma competência individual, como a 
capacidade de raciocinar, de compreender, desprezando-se aspectos outros da 
subjetividade dos indivíduos,parece hoje questionável. Neste sentido, ao invés de 
apenas indicar o nível ou graus, inicia-se um movimento de perceber outras 
 
possibilidades e condições do humano na forma de potencializar suas capacidades e 
habilidades. 
 Cada vez mais ganha força uma concepção de que a inteligência tem aspectos 
múltiplos e variados na sua avaliação, e, sobretudo, questiona-se a relação entre 
inteligência e bom desempenho escolar (AMARAL, 2007). Contrapondo o pensamento 
existente, Salowey e Mayer (1990), trouxeram à discussão a distinção que os seres 
humanos poderiam fazer de um tipo de inteligência social, que estava vinculada às 
próprias emoções. 
 Assim, eles a descreveram como uma habilidade que tem-se de reconhecer o 
significado das emoções e das relações, também como condições de raciocinar e 
resolver os problemas baseado nas emoções (MAYER, CARUSO, SALOVEY, 2000, 
apud ROBERTS; NASCIMENTO, 2002, on-line). No entanto, quem a popularizou foi o 
psicólogo americano chamado Daniel Goleman, o precursor da teoria que amplia a visão 
sobre o humano, considerando suas especificidades mais singulares, e não mais o 
comparando com os padrões vigentes de classificação, a Teoria da Inteligência 
Emocional.(VIEIRA-SANTOS; MUNIZ, 2018). 
 Ele trouxe à discussão aspectos relevantes da percepção do próprio sujeito em 
relação aos seus sentimentos, sensações e emoções, criando o conceito de inteligência 
emocional. Para ele, a inteligência emocional caracteriza a maneira como as pessoas 
lidam com suas emoções e com as das pessoas ao seu redor. Isso implica 
autoconsciência, motivação, persistência, empatia, entendimento e características 
sociais como persuasão, cooperação, negociações e liderança. Essa é uma maneira 
alternativa de ser esperto, não em termos de QI, mas em termos de qualidades humanas 
do coração. (ABRAE, 2007). 
 Saber lidar com as nossas emoções é o desafio da humanidade neste milênio, em 
especial, aquelas que estão intrinsecamente ligadas nas relações que temos com as 
outras pessoas. Acredita-se que o QE – Quociente Emocional, tem maior valor 
competitivo, no que se refere ao diferencial competitivo nas organizações do que o fator 
de QI. Até porque, mais do que saber ou ter conhecimento, é necessário saber utilizá-lo 
com eficiência, sendo a QE reconhecida como sabedoria e QI apenas inteligência. 
 
 Dizem que inteligência é reconhecer que tomate é uma fruta e sabedoria é não a 
coloca numa salada de frutas. A inteligência emocional transcende a condição apenas 
de entender a relação das relações afetivas, e perpassa pela forma de como lidar com o 
impacto que nosso jeito de ser tem na organização do outro. 
 A ideia básica na proposição de Goleman é que não seria possível pensar a 
inteligência somente por meio de seu componente racional, mas que seria de 
fundamental importância considerar também as questões emocionais envolvidas na 
tomada de decisões. Assim, nas decisões, seria importante não somente “ser racional”, 
mas também “pensar com o coração” e levar em conta aspectos da intuição. Alcançar 
esse tipo de inteligência exigiria treinamento, persistência e esforço, uma vez que ela 
não é herdada, não é genética (AMARAL, 2007) 
 Aqui surge a divergência na forma de pensar a relação do fator genético sobre a 
inteligência. O que antes era preponderante para a condição de um ser superdotado, 
agora não encontra relevância, à considerar que para muitos que possuem um QI 
elevado, têm em contrapartida tem um QE minimizado, seja por considerar-se muito 
superior aos outros, ou pela deficiência de repertório de como lidar com as relações 
sociais. 
 No entanto, Goleman, afirma que é possível desenvolver tal habilidade, sendo 
para isso necessário um treinamento que envolve cinco habilidades, sendo elas: 1. 
autoconsciência: reconhecer os próprios estados de ânimo, os recursos e as intuições; 
2. auto-regulação: saber manejar os próprios estados de ânimo e impulsos; 3. motivação: 
reconhecer as tendências emocionais que guiam ou facilitam o cumprimento das metas 
estabelecidas; 4. empatia: ter consciência dos sentimentos, necessidades e 
preocupações dos outros; 5. destrezas sociais: saber induzir as respostas desejadas 
pelo outro. (GOLEMAN, 1996). 
 Embasados nestes eixos todo humano tem condições de aumentar seu potencial 
de relações emocionais partindo da autopercepção até a indução de respostas que os 
outros esperam, alcançando o ápice da teoria, de identificar, perceber, assimilar, analisar 
e gerenciar as emoções. 
 Se as emoções nos afetam em todos os contextos, não seria difícil deixar de 
percebê-la no âmbito empresarial e organizacional, espaço por onde também transita a 
 
aprendizagem, a memória e a inteligência. A competitividade dentre as empresas por 
alcançar um alto patamar ou reconhecimento no cenário e área em que atua, trás 
promissores avanços no olhar para a aprendizagem organizacional, ou seja, se a 
inteligência é uma capacidade exclusiva do humano, logo as empresas que necessitam 
se exponenciar, então este é um caminho inteligente e sábio a ser seguido. 
 Com a globalização muitas pessoas passaram a compartilhar e a ter acesso às 
mesmas informações, passou-se a ser a sociedade da informação, que está 
basicamente alicerçada na economia, comunicação e tecnologia da informação 
(VALENTIM, 2002). 
 Considerando esse cenário, surge o conceito de Inteligência Competitiva, como 
sendo a seleção, coleção, interpretação e distribuição da informação publicamente 
segura que possui importância estratégica (COMB; MOORTHEAD, 1993, apud 
MIRANDA, 2002). Já para Jacobiak (1996, apud LIMA, RIÇA, 2004, p. 80), a inteligência 
competitiva pode ser considerada uma parte significativa da gestão estratégica da 
organização, por meio da informação que permita aos tomadores de decisão se 
anteciparem sobre tendências dos mercados e posição dos concorrentes. 
 Assim, ela está transformando informações aleatórias do conhecimento 
estratégico nas organizações, em busca de manter o aprimoramento contínuo, contando 
com a confiança para agir nas ameaças e oportunidades. Pode agir como um radar, 
monitorando o ambiente da organização na busca de informações valiosas, alcançando 
as oportunidades sem correr riscos. 
 Valentim (2002), afirma que o conhecimento é cada vez mais um fator de 
competitividade sendo o desafio maior a ser enfrentado, é o de transformar informação 
em conhecimento antes que o ponto de decisão tenha passado. 
 Assim, a evolução da aprendizagem em conhecimento e a sua aplicabilidade de 
inteligência para sabedoria, traz consigo dilemas e entraves que demandam grandes 
investimentos na busca por soluções, tais como: contratação de recursos humanos 
adequados, desenho de perfil e habilidades profissionais, programas de 
desenvolvimento e treinamento de competências e espaços de disseminação e 
propagação de formação contínua. 
 
 Embora, a subjetividade do humano como já vimos, traz muita vantagem 
competitiva e singularidade para as relações, em alguns contextos seu tempo de 
maturação e preparo para implantação é grandioso e pode provocar morosidade. 
Pensando nisso, neurocientistas têm investido profundamente em pesquisas que 
garantam maior rapidez e tentam replicar o que as conexões cerebrais processam num 
menor tempo possível. Daí surge na década de 50 com os cientistas Hebert Simon e 
Allen Newell, as primeiras investidas no desenvolvimento da Inteligência Artificial. 
 A “inteligência artificial”, é definida pelo dicionário Houaiss da língua portuguesa 
(Inst. António Houaiss, 2004) como “ramo da informática que visa dotar os computadores 
da capacidade de simular certos aspectos da inteligência humana”. Apresenta como o 
mais expressivo da inteligência enquanto metáfora do humano aplicada ao mundo 
inanimado, e dela decorre o segundo pressuposto enunciado, o de que a inteligência 
humana se distingue das demais formas de inteligência(MIRANDA, 2002). 
 Desafio você uma atividade para demonstrar a inteligência artificial, no que tange 
a essa tentativa de réplica das conexões neurais. Abra seu navegador de internet e 
pesquise qualquer produto que tenha interesse de comprar, navegue conhecendo as 
características do produto, mas não compre. Depois fique cinco minutos fora da internet 
e na sequência abra suas redes sociais, e verá a magia acontecer. Em poucos segundos, 
aparecerá uma promoção sobre o produto que você estava olhando alguns minutos 
antes. Isso acontece não ao acaso, é fruto dos algoritmos e da inteligência artificial. 
 O mesmo ocorre quando você entra em contato com alguma empresa prestadora 
de serviços, sejam telefonia, internet, tv a cabo ou serviços bancários. Em geral, 
transferiu-se o esforço da mão de obra humana, pela automação e tecnologia das 
inteligências artificiais, ou seja, ao buscar suporte é direcionado para um atendente 
virtual, seja na internet ou pelo telefone, que lhe trará informações por meio de comando 
de voz. Na realidade o que ocorre, é que está dialogando com um computador que está 
abastecido com uma gama gigantesca de informações, que por meio de palavras chaves, 
promove a busca nas suas memórias respondendo suas necessidades. Quem nunca 
ouvi... “diga de forma resumida o que pretende, para que eu possa lhe atender”. 
 Russell e Norving (2004), afirma que a Inteligência Artificial pode ser visto como 
sistemas que pensam como seres humanos, onde se busca criar um sistema que passe 
 
pelas mesmas etapas que um ser humano passaria, para resolver problemas e essa 
visão giram em torno da ciência cognitiva, que tem a capacidade de se comunicar, 
armazenar conhecimento e interpretar dados, utilizando a lógica para a solução dos 
problemas. 
 Outro exemplo está em alguns smartphones. Se seu celular tem um sensor que 
faz a adaptação da iluminação do visor, conforme a claridade do ambiente, pronto! Esta 
funcionalidade é uma réplica do nosso cérebro, pois a região do lóbulo occipital, 
responsável pela visão, faz o mesmo. Basta apagar todas as luzes fechar os olhos, num 
primeiro momento não conseguirá ver nada, mas com o tempo se adapta a luminosidade. 
 Gordilho (2017) nos dá alguns exemplos de como ele já está presente no nosso 
dia a dia, um desses é o assistente virtual, que temos no google assistente nos Android, 
a Siri do Iphone e a Cortana do Windows, todos eles interagem com o usuário quando 
que pede ou diz alguma coisa, interpretando o que foi dito e dando uma resposta quase 
instantânea. 
 O que é comum em ambas as formas de inteligências apresentadas (emocional e 
artificial), está relacionada a pensar o sujeito de forma fragmentada apenas por um viés 
da condição humana. No entanto, existe uma possibilidade de pensar no humano, pela 
sua singularidade não o fragmentando, e sim potencializando esta peculiaridade e 
explorando formas de desenvolver suas capacidades, a esta inteligência Harvard 
Gardner (2010), denominou como Inteligência Múltiplas ou a Teoria das Múltiplas 
Inteligências. 
 
 
 
 
3 A TEORIA DAS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS 
 
Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/kid-head-thetheory-multiple-
intelligences-graphic-1497165995 
 
 Tradicionalmente, a inteligência sempre foi definida, com base no Quociente de 
Inteligência (QI), como uma capacidade inata, geral e única, que possibilita aos 
indivíduos alcançarem um desempenho, maior ou menor, em qualquer área de atuação 
(GALLEGO, 2002 apud AMARAL, 2007, p. 30), e a habilidade de responder a itens em 
testes de inteligência. 
 A forma que encontrou-se para mensurar e quantificar foi a partir de testes e 
técnicas onde se compararam indivíduos de distintas idades e contextos, sendo utilizado 
até hoje a Escala Wechsler (GARDNER, 2010). No entanto, as possibilidades da 
condição humana é mais do que um número, ou um escore, tão pouco integrado em 
áreas ou habilidades que se somam e o classifica. 
 Em alguma circunstância já deve ter tido sua inteligência questionada, ou se 
sentiu não suficiente naquele momento, em virtude do que a situação necessitava. 
Historicamente ambientes educativos proporcionavam situações de validação do 
 
conhecimento, como por exemplos provas orais, onde o aluno que não atendia o 
esperado, era colocado em condições vexatórias, sendo chamado de burro, ou de 
castigo atrás da porta. 
 Se uma pessoa não tem habilidades com as matemáticas ou não sabia a tabuada, 
o consideravam alguém desprovido de inteligência, no entanto, se ele dispunha de 
competências nas áreas de escrita ou leitura, isso não era mensurado como uma 
potencialidade. Foi a partir da insatisfação de Howard Gardner com essa ideia de QI e 
com visões unitárias de inteligência as quais focalizam, principalmente, as habilidades 
importantes para o sucesso escolar, que ele propôs a Teoria das Inteligências Múltiplas, 
pluralizando o conceito de inteligência (GALLEGO, 2002; apud AMARAL, 2007, p. 60). 
 Ele apresentou como sendo multivariada e conceituada com a capacidade de 
resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais 
ambientes culturais ou comunitários; partindo do pressuposto de que os indivíduos 
possuem forças cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes (GARDNER, 
2010). (ALMEIDA; PEIXOTO, 2017). Nesta ótica, todo sujeito é dotado de alguma 
inteligência, neste caso, sem necessidade de ser comparado com outro, a não ser 
consigo mesmo, identificando as suas forças cognitivas que lhe diferenciam e ao mesmo 
tempo o torna tão único. 
 Nos anos 80, surge o primeiro trabalho de Gardner apontando que alguns talentos 
somente são desenvolvidos porque são valorizados culturalmente numa condição 
histórica, assim, as pessoas manifestam as mais distintas habilidades seja para compor 
uma música, construir um computador ou uma ponte, organizar uma campanha política, 
ou produzir um quadro, ou seja, além de muitas outras e que todas essas atividades 
requerem algum tipo de inteligência, mas não necessariamente o mesmo tipo de 
inteligência. Para Gardner, as pessoas possuem capacidades diferentes, das quais se 
valem para criar algo, resolver problemas e produzir bens sociais e culturais, dentro de 
seu contexto. (SMOLE, 1999). Neste contexto elabora sete tipos de inteligências: 
linguística, lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica, musical, interpessoal e 
intrapessoal. 
É notória a contribuição da Inteligências Múltiplas para a forma de ver e pensar a 
humanidade, além de permitir cindir com paradigmas realistas do modo de perceber as 
 
pessoas. No entanto, grande parte das pesquisas estão direcionadas para a observação 
de adultos e a aplicação da teoria nas suas relações, deixando a margem o cerne 
epistêmico da efetividade das múltiplas inteligências, a fim de garantir de fato o 
desenvolvimento do sujeito e suas potencialidades, que é de convertê-las para o campo 
educacional e é sobre essas implicações e aplicabilidades que versaremos a diante.
 
4 TEORIA DA MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS: IMPLICAÇÕES E APLICABILIDADES 
NA ESCOLA. 
 
Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/kid-head-theory-multiple-
intelligences-concept-1061494991 
 
 O espaço educacional sempre foi alvo de investidas sobre o desenvolvimento 
humano e compreensão das formas de pensar do sujeito, seja por meio de metodologias, 
propostas ou práticas pedagógicas. No âmbito das avaliações educacionais também 
enveredam para a classificação e segregação da capacidade do sujeito focalizando em 
áreas do conhecimento o que traz o dilema que falamos anteriormente. 
 Gardner com sua conjectura de pensar as inteligências apresenta um acalanto 
para aqueles que não se "enquadram" ou se “encaixavam” nos protocolos sobre QI, em 
especial para os que dispunham de um resultado de notas abaixo da média, o que 
promovia uma sensaçãode insatisfação ou reprovação de si por apresentar algum 
“problema”, o que na verdade não era. 
 Já se deparou com alguma cena onde o aluno não se sai bem nas operações 
matemáticas, ou na interpretação de textos, e no entanto, tem habilidades de ser o 
próximo Da Vince ou Salvador Dali? É quieto, apresenta dificuldades nas relações 
sociais, porém, sabe se expressar pela matemática ou na música. Pois é, Gardner 
libertou a escola do pensamento reducionista ou cartesiano de fragmentar o sujeito, 
permitindo uma forma de olhar diferente para as habilidades. 
 
 Ele desenha uma sequência de estágios que estão presentes no desenvolvimento 
do sujeito, considerando a aprendizagem e o espaço educacional. O primeiro momento 
é quando os bebês começam perceber o mundo a sua volta, e processa as informações 
já com um pensamento simbólico em evidência, assim, das simbolizações básicas que 
ocorrem por volta dos dois anos, a criança demonstra algumas habilidades da 
compreensão e dos símbolos, o que caracteriza o segundo estágio. Com as habilidades 
já adquiridas ela inicia o processo de aprimoramento dos sistemas simbólicos, 
predominantes no seu grupo cultural, vindo na vida adulta a focalizar no campo mais 
específico (ALMEIDA; PEIXOTO, 2017). 
 As contribuições da teoria de Gardner na Educação resultam de uma forte reflexão 
e questionamento, partindo do princípio que necessita considerar para esse novo arranjo 
da inteligência, m coerente planejamento escolar, conforme o próprio autor apresenta ao 
fazer diversas reflexões sobre a teoria em diversos continentes e países (GARDNER, 
2010). 
 Armstrong (1994, apud ALMEIDA, PEIXOTO, 2017, p. 89) reconhece a dificuldade 
de se incluir cada tipo de inteligência em um plano de currículo escolar e propõe, que o 
professor, ao planejar suas atividades, faça a si próprio alguns questionamentos que o 
ajudarão a atentar para as várias formas de inteligências envolvidas na atividade. 
 Assim, para cada tipo de inteligência, seria oportuno pensar uma reflexão e prática 
que potencializasse e validasse esta visão das inteligência. Por exemplo: a) linguística: 
“Qual a melhor forma de fazer uso da escrita ou da fala?" b) lógico-matemática: “Formas 
de interagir e pensar o contexto, explorando cálculos, números, estatísticas, lógica?”; c) 
espacial: “Construção de um mapa da escola, a partir das organizações visuais e 
especiais?”; d) musical: “Utilização de paródias para a melodia, ritmo e sonoridade, 
auxiliar na fixação dos conteúdos?”; e) corporal-cinética: “Expansão do corpo e as 
possibilidades de interação por meio das experiências do tato?”; f) interpessoal: 
“Promover atividades de aprendizagem colaborativa, com dinâmicas de grupos e 
intervenções coletivas?”; g) intrapessoal: “Dinâmicas que possam promover a percepção 
de si, sobre suas emoções e potencialidades?”. Desta forma, apresentamos algumas 
possibilidades da prática da teoria no espaço pedagógico, de forma que um bom 
planejamento facilite a condução da ação, incluindo a avaliação que deve ser pensadas 
 
segundo as diversas habilidades humanas, com menção de um currículo centrado no 
educando, claro com ambiente educacional que o permita explorar. 
 Se o objetivo do trabalho pedagógico é o aprendizado do aluno, logo, deve dispor 
de uma estrutura que possibilite o sujeito a viver diversas experiências, sejam com 
objetos, móveis, equipamentos multifacetados, bem como um espaço para potencial 
criativo e imaginativo. Segundo Gardner (1995, apud MIRANDA, 2002) o maior desafio 
é conhecer cada criança como ela realmente é, saber o que ela é capaz de fazer e centrar 
a educação nas capacidades, forças e interesses dessa criança. O professor é um 
antropólogo, que observa a criança cuidadosamente, e um orientador, que ajuda a 
criança a atingir os objetivos que a escola, o distrito ou a nação estabeleceu. 
 Aqui entramos numa discussão já iminente sobre a formação do professor, seja 
ela interpretada em diversas situações. De forma geral, nos cursos de licenciaturas não 
temos um estudo direcionado para as múltiplas inteligências, a fim de preparar o futuro 
profissional para desempenhar o papel de orientador, tutor, mentor ou de mediador da 
ação do aluno. Embora tenha-se algumas iniciativas, é necessário fortalecer a função do 
professor neste cenário, com base na Teoria das Múltiplas inteligências. 
 É necessário que os alunos sejam orientados em sua ação, cabendo ao professor 
o papel de mediador ao estabelecer ou elaborar regras em conjunto com os mesmos, 
adequar e atualizar seus métodos de trabalho de acordo com a necessidade deles e a 
realidade em questão, delineando o caminho do conhecimento, contribuindo e ampliando 
conceitos de avaliação (SILVIA, 2016). 
 Celso Antunes (2015) apresenta qual seria o papel da escola neste cenário, onde 
ela renova-se com estudos e descobertas sobre o comportamento cerebral e, nesse 
contexto, a nova escola é a que assume o papel de “central estimuladora da inteligência”. 
Se a criança já não precisa ir à escola para simplesmente aprender, ela necessita da 
escolaridade para “aprender a aprender”, desenvolver suas habilidades e estimular suas 
inteligências. 
 Tal qual como nas transformações e adequações das teorias educacionais, saindo 
da tradicional para as construtivistas, o professor não perde espaço nesse novo conceito 
de escola, pelo contrário, ele acrescenta sua laboriosa função de ser o agente que orienta 
a felicidade do fascínio de aprender, estimulando a inteligência. 
 
 Mas, na análise do conceito de inteligência e na redefinição do papel da escola 
surge uma dúvida extremamente válida: será a inteligência uma faculdade ampliada? 
Podemos nos tornar mais inteligentes? Não seríamos, por acaso, vítimas de uma carga 
genética imutável e a inteligência, tal qual a cor dos olhos por exemplo, um estigma que 
temos de aceitar para toda vida? (ANTUNES, 2015). 
 Segundo Moraes (2013, apud SILVA, 2016, p. 106) para que o educador possa 
fazer uso da Teoria das Inteligências Múltiplas é preciso que ele inicialmente tenha um 
bom domínio dela e que conheça bem o seu aluno; caso contrário, correrá o risco de 
distorcer os postulados da teoria e incorrer em um trabalho ineficiente. Conhecer o perfil 
cognitivo dos seus alunos para que possa visualizar de que forma o seu aluno aprende 
é fundamental, inclusive para subsidiar a sua prática pedagógica. 
 Nesta forma de pensar e fazer a educação, é possível romper com os paradigmas 
educacionais, que parametrizam o sujeito como um conjunto básico de competências, 
na qual, alguns indivíduos eram mais capazes que outros, sendo previsível que 
dominassem mais rapidamente os conhecimentos transmitidos pela escola. (SMOLE, 
1999). A escola passa a ser espaço de liberdade, fraternidade e equidade, o ponto 
equilíbrio, o elo da compreensão das neurociências e como cérebro aprende, para 
alcançar o potencial de desenvolvimento de cada um, naquilo que cada sujeito necessita, 
de fato pondo em prática o que já preconizava a LDB, de formar um cidadão crítico e 
construtor do seu próprio conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Não é só o QI que pode ser mensurado por meio dos Testes de Avaliação 
Wechsler (Avaliação WISC ou WAIS), a Inteligência Emocional também pode ser 
 
identificada por meio do MSCEIT(Mayer Salovey Caruso Emotional Intelligence Test) e 
as Múltiplas Inteligências pelo MIDAS (Multiple Intelligences Developmental Assessment 
Scales). 
 
Fonte: DANTAS, Marilda; NORONHA, Ana. Inteligência: parâmetros psicométricos de um instrumento 
de medida. Estudos e pesquisas. v. 5, n 1, Rio de Janeiro, 2005. 
 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFLITA 
 
 
A capacidade de se colocar no lugar do outro é uma das funções mais importantes 
da inteligência. Demonstra um grau de maturidade do ser humano. 
 
Augusto Cury 
 
#REFLITA#CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 E aí, ficou mais fácil entender por que sofremos tanto na escola quando tiramos 
uma nota abaixo da média, ou o quando nossos professores precisavam buscar 
conhecimento para nos possibilitar um ensino de forma diferente, e que nos atendesse 
à nossa singularidade. 
 Se eles foram educados no modelo tradicional valorizando a nota que resultava 
numa percepção de sucesso e potência, onde o número de QI era mais importante, como 
vão perceber o sujeito da atualidade pensando numa prática pedagógica que alcance as 
Teoria Múltiplas da Inteligências contemplando as suas especificações mais particulares, 
num ambiente que ainda necessita problematizar as relações emocionais dos atores que 
fazem parte deste cenário. 
 Se a sociedade perpassa por transformações, junto com ela vem percepções e 
olhares diferentes para o mesmo objeto, haja visto que se direciona o olhar conforme o 
período histórico e cultural. Foi assim com a inteligência, com o processo de aprendizado 
e também com o próprio humano. 
 A Escola tem o papel de fortalecer e legitimar a prática transformacional, primeiro 
em possibilitar espaços adequados para sua aplicação, segundo por formar o professor 
de forma inicial ou continuada sobre as práticas pedagógicas, terceiro em elaborar um 
planejamento que mencione as múltiplas habilidade e conhecimento desde o conteúdo, 
método e processo avaliativo, assumindo assim o local de agente de transformação 
pessoal e social. 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
A fundação Aprender, uma ONG – Organização Não-governamental , que atua no 
desenvolvimento humano por meio do conhecimento, disseminado através da Revista 
Aprender que traz temas ligados à Educação e Psicopedagogia. Na sua 5ª edição, em 
2011, trouxe o artigo de Beatriz Prado Martins intitulado “Inteligência Múltipla – A teoria 
na prática da Educação Infantil''. 
Desejo ótima leitura 
 
Fonte: MARTINS, Beatriz Prado. Inteligências Múltiplas – A teoria na prática da educação infantil. Revista 
Científica APRENDER. Disponível em: http://revista.fundacaoaprender.org.br/. Acesso em: 18 ago. 2021. 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: Jogos para estimulação das múltiplas inteligências 
• Autor: Celso Antunes. 
• Editora: Editora Vozes. 
• Sinopse: Neste manual, Celso Antunes propõe mais de trezentos e trinta jogos ou 
propostas de estímulos para trabalharmos as inteligências linguística, lógico-matemática, 
espacial, musical, cinestésico-corporal, naturalista, pictórica e as inteligências pessoais. 
É uma obra destinada a professores, estudantes de magistério e pedagogia, psicólogos, 
psicopedagogos, diretores, orientadores educacionais, pais e profissionais de RH. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
• Título: O Discurso do Rei 
• Ano: 2010. 
• Sinopse: Desde os 4 anos, George (Colin Firth) é gago. Este é um sério problema para 
um integrante da realiza britânica, que frequentemente precisa fazer discursos. George 
procurou diversos médicos, mas nenhum deles trouxe resultados eficazes. Quando sua 
esposa, Elizabeth (Helena Bonham Carter), o leva até Lionel Logue (Geoffrey Rush), um 
terapeuta de fala de método pouco convencional, George está desesperançoso. Lionel 
se coloca de igual para igual com George e atua também como seu psicólogo, de forma 
a tornar-se seu amigo. Seus exercícios e métodos fazem com que George adquira 
autoconfiança para cumprir o maior de seus desafios: assumir a coroa, após a abdicação 
de seu irmão David (Guy Pearce). 
 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=E2mepjS1-vQ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=E2mepjS1-vQ
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Howard Gardner E Suas Contribuições Para A Educação Inclusiva: Construindo 
Uma Educação Para Todos. Ciências Humanas e Sociais, Alagoas, v. 4, n.2, p. 89-106 
– Novembro, 2017. 
 
AMARAL, Vera. A inteligência. Psicologia da Educação. Natal: Unids, 2007. 
 
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2015. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 17 ago. 2021. 
 
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EMOCIONAL – ABRAE. Inteligência emocional: entrevista com Daniel Goleman. 
Disponível em: https://abrae.org.br/entrevista-daniel-goleman.asx. Acesso em: 03 jul. 
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GARDNER, Howard et al. Inteligências múltiplas ao redor do mundo [recurso 
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/. Acesso em: 17 jul. 2021. 
 
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VIEIRA-SANTOS, Joene; MUNIZ, Monalisa. Inteligência Emocional: uma revisão 
internacional da literatura. Estudos Interdisciplinares em Psicologia. v. 9, n. 21, 
Londrina, Maio-agosto, 2018. 
https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/6940991.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002751.pdf
 
 
 
 
UNIDADE IV 
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS II 
Professor Mestre Frank Duarte 
 
 
Plano de Estudo: 
• Inteligência linguística e lógico matemática; 
• Inteligência espacial e corpo cinestésico; 
• inteligência musical; 
• Inteligênciainterpessoal e intrapessoal. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar os tipos de Inteligências; 
• Compreender as características intrínsecas de cada uma; 
• Estabelecer a importância da escola no processo de estimulação. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Quando criança eu não entendi por que alguns amigos se davam tão bem jogando 
bola, enquanto outros adoravam ler e falar em público. Era difícil descobrir o que levava 
algumas pessoas a se relacionarem tão bem com os demais, e outros apresentarem 
tantas dificuldades em se socializar. Uns se realizavam dançando e fazendo as 
coreografias e outros andavam batucando as mesas, cadeiras, portas e etc. 
 Pois é. Isso é intrigante para muitos professores ainda hoje. Mesmo com Gardner 
nos apresentando sua Teoria e mostrando como é possível pensar o sujeito de forma tão 
diferente e singular, os ambientes pedagógicos estão aquém de potencializar e 
desenvolver as múltiplas inteligências. A causa mais essencial disto se dá na ausência 
de formação de professores que estejam relacionados aos aspectos de habilidades 
múltiplas e desempenho diferentes. Ainda e espero que por pouco tempo, estamos 
padronizando as pessoas e suas habilidades e competências. 
 Neste momento, você que se tornará um futuro profissional da Psicopedagogia, 
terá o privilégio de desvendar com minúcias os tipos de Inteligências, suas 
características, personalidades que se enquadram em cada umas, além de relacioná-las 
com as estruturas cerebrais, e compreender como proporcionar situações de 
desenvolvimento para cada sujeito. 
 Vamos juntos nessa viagem? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTELIGÊNCIAS LINGUÍSTICA E LÓGICO MATEMÁTICA 
 
 
Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/concept-human-brain-right-
creative-hemisphere-1171260877 
 
Inteligência Linguística 
 
 A inteligência linguístico-verbal abrange a escrita, a leitura e a fala, através da 
mestria da linguagem e da correta utilização dela e das palavras (AKBARI & HOSSEINI, 
2008; SULAIMAN; ABDURAHMAN & RAHIM, 2010). Ela engloba ainda a estrutura 
gramatical e as funções da linguagem (COBAN & DUBAZ, 2011, apud MENDES, 2015), 
bem como a sensibilidade ao som, conceito, pronunciação, ênfase e significado das 
palavras, e a sensibilidade à linguagem escrita e falada, a habilidade para aprender 
Línguas, a capacidade de utilizar a linguagem para atingir alguns objetivos 
(KARAMIKABIR, 2012 apud ALMEIDA, PEIXOTO, 2017, p. 89), expressar-se retórica ou 
poeticamente e utilizar a linguagem para recordar informação (OZDILEK, 2010 apud 
MENDES, 2015). 
 A Inteligência Verbal ou Linguística aparece aos dois anos de idade, porém vai se 
definindo ao longo da vida, de tal forma que as pessoas que possuem essa inteligência 
desenvolvida, mesmo sem ter passado pela escola, conseguem organizar suas frases 
de forma clara e objetiva, e normalmente são adeptos da leitura, escrita, tem boa 
memória, ótima verbalização e sabem debater. No entanto, se essa inteligência não é 
bem desenvolvida na infância, o indivíduo apresenta dificuldades na fala ou não se 
interessa por aulas de outros idiomas (ALMEIDA, PEIXOTO, 2017). 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/concept-human-brain-right-creative-hemisphere-1171260877
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/concept-human-brain-right-creative-hemisphere-1171260877
 
 Neste sentido, é mais comum em escritores, poetas e profissionais da área de 
publicidade e jornalismo, e caracteriza-se por um domínio e gosto especial pelos idiomas 
e pelas palavras e por um desejo em os explorar. É predominante em poetas, escritores 
e linguistas, como T. S. Eliot, Noam Chomsky, J. R. R. Tolkien, W. H. Auden, Fernando 
Pessoa, Machado de Assis, Haruki Murakami e Júlio Verne. 
 Inteligência linguística é o tipo de capacidade exibida em sua forma mais 
completa, talvez pelos poetas e a área do cérebro responsável pelo exercício ou estímulo 
dela é o Centro de Broca (SMOLE, 1999), que é responsável pela produção de sentenças 
gramaticais. Uma pessoa com dano nesta área pode compreender palavras e frases 
muito bem, mas tem dificuldade em juntar palavras em algo além das frases mais 
simples, e ao mesmo tempo, outros processos de pensamento podem estar 
completamente inalterados. 
 A considerar o desenvolvimento cerebral e suas rotas neuroanatômicas, a 
primeira a ser organizada, chamada de fonológica, está estreitamente relacionada com 
este tipo de inteligência, pois a consciência fonética é a base para a estimulação e 
potencialização dela, seja por meio da linguagem fala, escrita ou em gestos. 
 O dom da linguagem é universal e o seu desenvolvimento nas crianças é 
surpreendentemente constante em todas as culturas, até mesmo nas populações surdas, 
em que a linguagem manual de sinais não é ensinada, às crianças inventam sua própria 
linguagem manual. 
 Pessoas com capacidade auditiva diminuída ou com comprometimento severo, 
tem a capacidade de construir uma linguagem com “mímicas” ou composição de gestos 
que se organiza em linguagem e como meio de comunicação. 
 Existem meios de instrumentos para que seja estimulado na família e ambientes 
pedagógicos, como contação de história, exploração da fantasia e ludicidade, contato 
mais direto com as letras e códigos silábicos, ou jogos como exemplo o dominó de 
palavras. 
 
 
 
 
 
Inteligência lógico-matemática 
 
 Ela refere-se à correta utilização dos números, à habilidade para deduzir 
conclusões e identificar relações de causa e efeito (AKBARI & HOSSEINI, 2008), 
permitindo analisar problemas de forma lógica, realizar operações matemáticas e 
investigar questões cientificamente (KARAMIKABIR, 2012 apud ALMEIDA, PEIXOTO, 
2017, p. 92). 
 Lógico-matemática está presente em pessoas que podem enxergar as projeções 
geométricas, têm facilidade para solucionar problemas matemáticos, da área da 
informática, química ou física, mestres-de-obras, economistas e engenheiros. 
 A capacidade de confrontar e avaliar objetos e abstrações, discernindo as suas 
relações e princípios subjacentes, é uma das principais habilidades, além da capacidade 
ao raciocínio dedutivo e para solucionar problemas matemáticos, existentes no campo 
dos cientistas que possuem esta característica (ALMEIDA, PEIXOTO, 2017). 
 Caracterizados pelo gosto e pela competência na interpretação e na 
categorização dos fatos e da informação, no cálculo, no raciocínio lógico e na busca de 
explicação para tudo (GARDNER, 1999), sentindo-se sempre desafiados perante 
problemas envolvendo raciocínio, que procuram resolver de forma metódica e 
persistente. Era predominante em indivíduos como Albert Einstein, Isaac Newton, Galileu 
Galilei, Antoine Lavoisier, Louis Pasteur, Niels Bohr e Nikola Tesla. 
 Assim como a linguística, a lógico-matemática também está localizada no centro 
de Broca (SMOLE, 1999). Esta inteligência é apoiada por critérios empíricos. Certas 
áreas do cérebro são mais importantes do que outras no cálculo matemático, e a 
desorganização pode acarretar num transtorno específico da aprendizagem, 
denominado de Discalculia. 
 
 
 
2 INTELIGÊNCIAS ESPACIAL E CORPO CINESTÉSICA 
 
Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portraits-different-photos-
young-man-on-1964873299 
 
 
Inteligência Espacial 
 
 A inteligência visuo-espacial ou espacial, engloba a sensibilidade à cor, ao 
desenho e à forma (AKBARI & HOSSEINI, 2008), correspondendo à capacidade para 
manipular e criar imagens mentais, de forma a resolver problemas (OZDILEK, 2010; 
SULAIMAN, ABDURAHMAN, & RAHIM, 2010, apud MENDES, 2015). 
 Ela aparece em pessoas com bom sentido de localização, facilidade com mapas, 
gráficos e diagramas, está explícita em arquitetos, navegadores, jogadores de xadrez e 
estrategistas. A Pictórica está ligada a pessoas com facilidade em se expressar através 
dos desenhos, pinturase esculturas e que criam imagens mentais. Os pintores, 
escultores e artistas plásticos possuem essa inteligência mais desenvolvida. 
 De forma geral as pessoas dotadas dessa inteligência, conseguem compreender 
o mundo no formato visual com precisão, permitindo transformar, modificar percepções 
e recriar experiências visuais até mesmo sem estímulos físicos. É predominante em 
arquitetos, artistas, escultores, cartógrafos, geógrafos, navegadores e jogadores de 
xadrez, como por exemplo Alexander von Humboldt, Michelangelo, Frank Lloyd Wright, 
Garry Kasparov, Louise Nevelson, Helen Frankenthaler, Oscar Niemeyer, Marco Polo. 
 Inteligência espacial é definida como a capacidade de formar um modelo mental 
de um mundo espacial e ser capaz de manobrar e operar utilizando esse modelo 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portraits-different-photos-young-man-on-1964873299
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portraits-different-photos-young-man-on-1964873299
 
(GARDNER, 1999). Para se resolver problemas espaciais é necessário na navegação e 
no uso do sistema notacional de mapas, e outra forma de uso dessa inteligência é 
quando visualizamos um objeto de um ângulo diferente, como por exemplo a que é 
apresentada no jogo de xadrez. As artes visuais também utilizam esta inteligência no uso 
do espaço. 
 O hemisfério direito é comprovadamente o local mais crucial do processamento 
espacial, porém, um dano nas regiões posteriores direitas provoca prejuízo na 
capacidade de encontrar o próprio caminho em torno de um lugar, de reconhecer rostos 
ou cenas, ou de observar detalhes pequenos (SMOLE, 1999). 
 As populações cegas ilustram a distinção entre a inteligência espacial e a 
percepção visual. A pessoa cega pode recorrer ao método indireto para reconhecer 
formas, passando a mão no objeto que traduzirá na duração do movimento, que por sua 
vez é traduzida no formato do objeto. Para o cego, o sistema perceptivo da modalidade 
tátil equivale à modalidade visual na pessoa que enxerga. 
 Sujeito com vanguarda nesta inteligência apresentam facilidades em se localizar 
sem necessitar de mapas por exemplo, ou exploram bem o campo das abstrações, no 
entanto, um adulto cheio de hematomas por causa de bater nos móveis ou com 
dificuldade de reconhecer o lado esquerdo ou direito, são representações de problemas 
nesta inteligência. 
 
Inteligência corporal ou cinestésica 
 
 A inteligência corporal-cinestésica é a capacidade de coordenação física (AKBARI 
& HOSSEINI, 2008) e a utilização do corpo para expressar pensamentos e sentimentos 
(COBAN & DUBAZ, 2011 apud SULAIMAN; ABDURAHMAN, & RAHIM, 2010, p. 512), 
assim como resolver problemas (KARAMIKABIR, 2012 apud ALMEIDA, PEIXOTO, 2017, 
p. 106) e utilizar imagens mentais para coordenar movimentos corporais (OZDILEK, 
2010, apud MENDES, 2015). 
 Pode ser compreendida como a capacidade de resolver problemas ou elaborar 
produtos utilizando o corpo inteiro ou parte dele, o que é presente e muito aguçado em 
bailarinos, jogadores de futebol e outros atletas, cirurgiões, artistas de circo e mecânicos. 
 
Precisa ser trabalhada quando a criança não consegue fazer atividades que exigem 
controle motor refinado, como amarrar cadarços, fazer o número quatro com seu corpo 
etc. 
 A Corporal-cinestésica se traduz na maior capacidade de controlar e orquestrar 
movimentos do corpo, predominante entre atores e aqueles que praticam a dança ou os 
esportes, como por exemplo Ronaldo, Kaká, Marcel Marceau, Martha Graham, Michael 
Jordan, Eusébio, Cristiano Ronaldo, Messi, Sébastien Loeb e Roberto Dinamite. 
 Para Gardner (1999) a Inteligência corporal cinestésica, portanto, é a capacidade 
de resolver problemas ou de elaborar produtos utilizando o corpo inteiro, ou partes do 
corpo. Exemplo: dançarinos, atletas, cirurgiões e artistas. 
 O controle do movimento corporal está, evidentemente, localizado no córtex motor 
(SMOLE, 1999), com cada hemisfério dominante ou controlador dos movimentos 
corporais no lado contralateral. Nos destros, a dominância desse movimento 
normalmente é encontrada no hemisfério esquerdo. 
 A capacidade de realizar movimentos quando dirigido para fazê-los pode estar 
prejudicada mesmo nos indivíduos que podem realizar os mesmos movimentos 
reflexivamente ou numa base involuntária. A existência de uma apraxia (dificuldade de 
realizar movimentos motores) específica constitui uma linha de evidência de uma 
inteligência cinestésica. A evolução dos movimentos especializados do corpo é uma 
vantagem óbvia para as espécies, e nos seres humanos esta adaptação é ampliada 
através do uso de ferramentas. 
 O movimento corporal passa por um programa desenvolvimental claramente 
definido nas criança necessários desde a marcha até a escrita, vale lembrar que a rota 
neuroanatômica grafológica prima pelo desenvolvimento psicomotor fino, no entanto, é 
necessário ter bem organizado o movimento da marcha, para que se possa obter uma 
escrita bem desenhada. O processo de escrever é maturado de dentro para fora. 
 Executar uma sequência mímica ou bater numa bola não é mera resolução físico 
mecânica, como resolver uma equação matemática. E, no entanto, a capacidade de usar 
o próprio corpo para expressar uma emoção (como a dança), jogar um jogo (como 
esporte) ou criar um novo produto (como no planejamento de uma invenção) é uma 
evidência dos aspectos cognitivos do uso do corpo. 
 
 
 
3 INTELIGÊNCIA MUSICAL 
 
Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/music-brain-vintage-style-jazz-
musical-1945807528 
 
Inteligência Musical 
 
 A inteligência musical envolve a sensibilidade e o reconhecimento de elementos 
musicais como o ritmo e a melodia (AKBARI & HOSSEINI, 2008) e a habilidade para 
interpretar, compor e apreciar padrões musicais (KARAMIKABIR, 2012; OZDILEK, 2010, 
apud MENDES, 2015, p. 08). 
 Ela está presente em crianças que se movimentam ao som de uma música como 
que obedecendo a ordens, pessoas que tem boa entonação de voz, ritmo, timbre e 
sensibilidade emocional à música, aparecendo também em compositores, músicos, 
maestros e cantores (ALMEIDA, PEIXOTO, 2017). 
 Identificável pela habilidade para compor e executar padrões musicais em termos 
de ritmo e timbre, por vezes apresentando associação a outras inteligências, como a 
linguística, espacial ou corporal cinestésica (GARDNER, 1999). É predominante em 
compositores, maestros, músicos e críticos de música, como por exemplo Ludwig van 
Beethoven, Leonard Bernstein, Midori, John Coltrane, Mozart, Maria Callas, Luís Miguel 
,Michael Jackson e James Paul McCartney. 
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/music-brain-vintage-style-jazz-musical-1945807528
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/music-brain-vintage-style-jazz-musical-1945807528
 
 Inteligência musical é a capacidade voltada para a música, sendo no hemisfério 
direito sua predominância (SMOLE, 1999), exceto em indivíduos que apresentam alguma 
deficiência. As inteligências sempre funcionam combinadas e, qualquer papel adulto 
sofisticado envolverá uma fusão de várias delas. Um bom exemplo foi o Yehudi Menuhin, 
colocado por seus pais na Orquestra de São Francisco. O som do violino o fascinou tanto 
que quis ganhar um em seu aniversário e quis também fazer aulas com o prof. Louis. 
Conseguiu ambos e com apenas dez anos tornou- se um músico internacional. 
 A inteligência musical do violonista manifestou-se mesmo antes dele ter tocado 
ou recebido qualquer treinamento musical. Sua poderosa reação àquele som particular 
e seu rápido progresso no instrumento sugerem que ele estava biologicamente 
preparado de alguma maneira para esse empreendimento. Dessa forma, a evidência das 
crianças prodígio apoia a afirmação de que existe um vínculo biológico a uma 
determinada inteligência. 
 Esta talvez seja a inteligência mais fácil de propor o desenvolvimento das suas 
potencialidades,até por que o processo de musicalização está presente em diversos 
momentos e contextos das nossas vidas, sendo recomendado para as gestantes como 
forma de acalmar o feto, até a senescência com sujeitos acometidos de Alzheimer como 
forma de gatinho para reativar as memórias afetivas. 
 
 
4 INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL E INTRAPESSOAL 
 
Fonte: Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/we-did-joyful-amazed-stylish-
colleagues-785603362 
 
Inteligência Intrapessoal 
 
 A inteligência intrapessoal, por outro lado, equivale ao autoconhecimento 
(AKBARI & HOSSEINI, 2008), ou seja, à capacidade de compreender os sentimentos, 
emoções, medos, motivações (KARAMIKABIR, 2012, apud ALMEIDA, PEIXOTO, 2017), 
interesses, necessidades, ideais, pontos fortes e fracos de si próprio e de tomar decisões 
corretas na vida (COBAN & DUBAZ, 2011; OZDILEK, 2010, apud MENDES, 2015). 
 Intrapessoal é a inteligência da autoestima, do autorrespeito e da auto aceitação, 
ou seja, é a maneira como a pessoa se vê, como conviver com suas limitações e 
potencialidades, aparecendo em pessoas otimistas, que respeita seus valores morais e 
princípios. É comum em psicólogos, filósofos, romancistas, gurus e místicos. 
 Expressa na capacidade de se conhecer, é a mais rara inteligência sob domínio 
do ser humano pois está ligada a capacidade de neutralização dos vícios, entendimento 
de crenças, limites, preocupações, estilo de vida profissional, autocontrole e domínio dos 
causadores de estresse, entre outros diversos comandos de vida que permite a pessoa 
identificar hábitos inconscientes e transformá-los em atitudes conscientes. Foi 
predominante em indivíduos como Ernest Hemingway e Friedrich Nietzsche. 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/we-did-joyful-amazed-stylish-colleagues-785603362
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/we-did-joyful-amazed-stylish-colleagues-785603362
 
 A Inteligência intrapessoal é uma capacidade correlativa voltada para dentro 
(GARDNER, 1999). É a capacidade de formar um modelo acurado e verídico de si 
mesmo e de utilizar esse modelo para operar efetivamente na vida. São os lobos frontais 
que respondem por esta habilidade da inteligência (SMOLE, 1999). 
 O conhecimento dos aspectos internos de uma pessoa, seu acesso ao sentimento 
da própria vida, a gama das próprias emoções, a capacidade de discriminar essas 
emoções e eventualmente rotulá-las e utilizá-las como uma maneira de entender e 
orientar o próprio comportamento. A pessoa com boa inteligência intrapessoal possui um 
modelo viável e efetivo de si mesmo. Uma vez que esta inteligência é a mais privada, ela 
requer a evidência a partir da linguagem, da música, ou de alguma outra forma mais 
expressiva de inteligência para que o observador a perceba funcionando. 
 Algumas pessoas apresentam dificuldades em despertar as habilidades sociais, 
considerando que não têm domínio do conhecimento das suas emoções, sentimentos e 
frustrações, neste sentido, o espaço pedagógico precisa ainda de muito planejamento e 
sagacidade para superar este desafio, de proporcionar aos alunos circunstâncias que 
possam auxiliar no seu desenvolvimento. 
 
Inteligência Interpessoal 
 
 A inteligência interpessoal refere-se à capacidade para compreender e distinguir 
nos outros as suas intenções (AKBARI & HOSSEINI, 2008), interesses, necessidades, 
motivações e desejos (COBAN & DUBAZ, 2011, apud MENDES, 2015; KARAMIKABIR, 
2012, apud ALMEIDA, PEIXOTO, 2017), permitindo trabalhar eficazmente com outras 
pessoas (OZDILEK, 2010, in MENDES, 2015 ). 
 Ela está baseada na capacidade nuclear de perceber distinções entre os outros; 
em especial, contrastes em seus estados de ânimo, temperamentos, motivações e 
intenções. Em formas mais avançadas, esta inteligência permite que um adulto 
experiente perceba as intenções e desejos de outras pessoas, mesmo que elas os 
escondam (ALMEIDA, PEIXOTO, 2017). 
 Um bom exemplo sobre esta habilidade está no caso de Anne Sullivan, que com 
pouco treinamento em educação especial e quase cega, Anne Sullivan iniciou a tarefa 
 
de instruir uma criança cega e surda de sete anos. Helen Keller apresentou um sinal de 
compreensão da linguagem e a partir daquele momento ela progrediu com incrível 
rapidez. A chave para o milagre da linguagem foi o entendimento de Anne Sullivan da 
pessoa Helen Keller. O exemplo citado sugere que esta inteligência não depende da 
linguagem. 
 Os indícios na pesquisa do cérebro sugerem que os lobos frontais desempenham 
um papel importante no conhecimento interpessoal (SMOLE, 1999). Um dano nessa área 
pode provocar profundas mudanças de personalidade, ao mesmo tempo que não altera 
outras formas de resolução de problemas. A evidência biológica da inteligência 
interpessoal inclui dois fatores, geralmente citados como exclusivos dos seres humanos. 
 Um dos fatores é a prolongada infância dos primatas, incluindo o estreito apego à 
mãe. Quando a mãe se afasta, o desenvolvimento interpessoal fica prejudicado. O 
segundo fator é a relativa importância da interação social para os seres humanos. As 
habilidades tais como caçar, perseguir e matar, nas sociedades pré-históricas exigia a 
participação e cooperação de grande número de pessoas. A necessidade de coesão, 
liderança, organização e solidariedade no grupo decorre naturalmente disso. 
 Expressada pela habilidade de entender as intenções, motivações e desejos dos 
outros, encontra-se mais desenvolvida em políticos, religiosos e professores, como por 
exemplo Mahatma Gandhi, John F. Kennedy e Silvio Santos. 
 Para Gardner (1999), a Inteligência interpessoal é a capacidade de compreender 
outras pessoas: o que as motiva, como elas trabalham, como trabalhar cooperativamente 
com elas, como por exemplo em vendedores, políticos, professores, clínicos (terapeutas) 
e líderes religiosos bem-sucedidos. 
 Espera-se que na escola esta seja a mais explorada, aliás o espaço escola já tem 
esta finalidade no desenvolvimento da personalidade de cada sujeito, à considerar que 
segundo o psicólogo Levi Moreno, a escola é o segundo grupo sociável de todo sujeito, 
assim como as igrejas e clubes, sendo precedido pela família, e antecessor ao grupo do 
trabalho. Desta forma aos integrantes deste contexto pedagógico acredita que possam 
construir cenários que favorecem o desempenho das práticas sociais, além de instigar 
as habilidades sociais. 
 
SAIBA MAIS 
 
Hoje já se discutem outras duas inteligências que são continuidade das propostas 
por Gardner, sendo eles a transcendência do humano. I) Inteligência Naturalista: Essa é 
definida como a capacidade de distinguir, classificar e utilizar elementos do meio 
ambiente, objetos, animais ou plantas; e II) Existência: Ela aborda assuntos como a 
formação do mundo, o sentido da vida e questiona a existência humana. Ela está ligada 
aos hábitos familiares e suas crenças. 
 
Fonte: Psicologia Online. Disponível em: https://br.psicologia-online.com/tipos-de-inteligencias-
multiplas-e-a-teoria-de-howard-gardner-233.html. Acesso em: 17 ago. 2021. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFLITA 
https://br.psicologia-online.com/tipos-de-inteligencias-multiplas-e-a-teoria-de-howard-gardner-233.html
https://br.psicologia-online.com/tipos-de-inteligencias-multiplas-e-a-teoria-de-howard-gardner-233.html
 
 
“Cada ser humano tem uma combinação única de inteligência. Esse é o desafio 
educativo fundamental” 
 
Howard Gardner. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O quanto ainda temos que aprender e aprimorar heim?! 
 Já pensou, aquele seu amigo que se relaciona com o mundo por meio de sons, 
instrumentos, não consegue se ver longe de uma cantoria, ele não é apenas um “vadio” 
ou alguém que fica “sem fazer nada”, ele dispõe de uma inteligência musical, tal qual o 
outro que ama expressar-se como corpo, gesticula e sempre está pronto paraperformar. 
Pois é, ele não “gosta de se aparecer”, ele é um detentor da inteligência corporal. 
 Sempre quando a professora pedia para alguém ler ou fazer uma apresentação 
para outras pessoas, já se aprontava o “Joãozinho”, pois é ele adorava ler, escrever, 
recitar versos, interagindo com o ambiente pelas palavras, exibindo sua habilidade 
linguística, enquanto no outro lado da sala, tinha “crânio”, compreendia tudo de 
matemática, física, química e cálculos. Quase o novo Einstein, por apresentar sua 
inteligência lógica matemática. 
 O que sempre ficava divagando pelos cantos e pensando nas nuvens, e que num 
piscar de olhos já conseguia imaginar e se localizar com simples referencias dos locais, 
pois é lhes apresentado o “perdido”, que é dotado da Inteligência Espacial. Às vezes até 
fazia dupla com o introspectivo, quieto e “estranho” da classe, já que era de poucos 
amigos, mas como ninguém conhecia a si mesmo, suas emoções e sentimentos, o 
intrapessoal. 
 E não podemos esquecer dos articulados, descolados e sempre com amigos por 
perto. Tinha uma habilidade invejável de conduzir os trabalhos e organizar as 
apresentações, à ele a marca é sua inteligência Interpessoal. De forma geral, todos os 
exemplos acima, se dão conta dos “desajeitados” que todas as escolas têm e que muitas 
vezes não apresentam resultados satisfatórios em todas as áreas. Mas é claro, talvez os 
que sofram menos, pois apenas potencializam suas habilidades mais intrínsecas e 
singulares. 
 Os professores, bem como a escola de forma geral, precisam passar por períodos 
de reflexão a fim de buscar novas formas de trabalho, que se baseiam no respeito à 
integridade do indivíduo, bem como as formas de avaliar os alunos, através da sensatez 
e da sensibilidade 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
ARTIGO 01 
 
 
O maior desafio no campo escolar é conseguir atender as demandas emergentes 
no ambiente pedagógico. Foi pensando nisso que os professores Elaine Conceição da 
Silva, Jailly Felix Salazar, Aziel Alves de Arruda estruturaram o artigo intitulado “A 
importância das inteligências múltiplas no processo ensino e aprendizagem no contexto 
escolar”, que visa averiguar a importância das múltiplas inteligências no processo de 
ensino e aprendizagem, pois, há uma diversidade de conhecimentos na sociedade, no 
entanto é notória a fragilidade do sistema avaliativo que busca mensurar a inteligência 
dos educandos. 
Desse modo, a investigação demostra resultados através de uma pesquisa 
qualitativa utilizando como instrumento a entrevista semiestruturada, realizada com 
professores que lecionam no município de Timbiras/MA. A análise foi feita através de 
algumas revisões bibliográficas sobre o presente tema, coletando informações a partir 
de livros, artigos e demais materiais científicos embasados nos seguintes autores: 
Antunes (2006), Bernnand; Vasconcelos (2005), Cury (2019), Gardner (2010) e Smole 
(1999). Desse modo verificou-se que os docentes conhecem a teoria das inteligências 
múltiplas e sua importância, buscando sempre alternativas para não frustrar a 
aprendizagem dos alunos e se prender a apenas alguns tipos de inteligências. 
Leia mais em: 
Fonte: SILVA, Elaine; SALAZAR, Jailly; ARRUDA, Aziel. A importância das inteligências múltiplas no 
processo ensino e aprendizagem no contexto escolar. Anais do VI Congresso Nacional de Educação 
- CONEDU, 2019. Disponível: 
https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD1_SA17_ID5381_06082
019171317.pdf. 
 
ARTIGO 02 
 
O universo infantil tem sido foco de diversas áreas das investidas científicas. 
Neste aspecto a professora Tânia Gomes Ferreira da Costa produziu “Um novo olhar 
sobre as Inteligências Múltiplas na Educação Infantil”, investiga a possibilidade de 
https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD1_SA17_ID5381_06082019171317.pdf
https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD1_SA17_ID5381_06082019171317.pdf
 
implementação da proposta pedagógica das Inteligências Múltiplas. A fim de apresentá-
la, a pesquisa propõe uma revisão da literatura acerca desse conceito. Parte-se da 
hipótese de que a Teoria das Inteligências Múltiplas reconhece a possibilidade de se 
trabalhar com recursos diversos, de forma interdependente, na prática pedagógica. Cada 
uma das formas de inteligência podem ser canalizadas para fins diversos e os símbolos 
criados por elas acarretam situações de aprendizagem diversas. 
Discutir sobre essas formas de inteligência é o objetivo desta proposta. Amparada 
por essa teoria, a pesquisa analisará a capacidade intelectual do educando na fase 
infantil, visando à estimulação da aprendizagem para o aperfeiçoamento individual e a 
integração social de cada um. Propõe-se a compreender a educação no contexto das 
inteligências múltiplas que ocorre no ambiente escolar. Contextualiza as Inteligências 
Múltiplas como objeto de estudo e de pesquisa e privilegia a sua inserção como proposta 
pedagógica. Observa-se a implementação das Inteligências Múltiplas como um processo 
em construção, evidenciando a necessidade de mudanças na ação pedagógica do 
professor e no projeto político pedagógico da escola. 
Leia mais em: 
 
Fonte: COSTA, Tânia Gomes Ferreira da. Um novo olhar sobre as Inteligências Múltiplas 
na Educação Infantil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. 
Ano 05, Ed. 05, Vol. 06, pp. 166-176. Maio de 2020. ISSN: 2448-0959. Disponível em: 
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/novo-olhar, DOI: 
10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/novo-olhar. Acesso em: 13 set. 2021. 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: Manual das múltiplas inteligências 
• Autores: Inês Cozzo Olivares e Mauricio Sita. 
• Editora: Ser Mais. 
• Sinopse: O ser humano é multifacetado. São inúmeras as capacidades físicas e 
cognitivas que o acompanham e podem ser desenvolvidas. Howard Gardner, o pai das 
múltiplas inteligências, foi o primeiro a falar no conceito e trazer à discussão essa 
variedade de aptidões. Sua teoria apresentou cerca de seis delas, além da lógica 
matemática e da linguística: musical, espacial, corporal cinestésica, interpessoal, 
intrapessoal e naturalista. Desde a publicação de seu estudo, no entanto, já foram 
descobertos outros tipos de inteligências e igualmente importantes. Neste livro você 
encontrará novidades acerca do tema, lerá artigos de pesquisadores e estudiosos que 
foram a fundo para desvendar alguns dos mistérios da mente humana. Os escritores 
desta obra apresentam inclusive a própria experiência com a prática clínica, trazendo 
alguns casos e fatos reais observados de perto e que confirmam as “hipóteses” de 
Gardner e muitas outras. Entre os diferentes temas abordados neste livro estão: a 
inteligência voltada para a criatividade e a inovação, o coaching aplicado para 
potencializar as múltiplas inteligências, a inteligência espiritual, a inteligência comercial, 
a inteligência suscetível, a inteligência multifocal, a inteligência estratégica, a inteligência 
cultural, a inteligência política, a inteligência intuitiva, a inteligência social, além dos 
conceitos de inteligência tradicionais. 
 
 
 
 
 
https://www.estantevirtual.com.br/livros/ines-cozzo-olivares-e-mauricio-sita
https://www.estantevirtual.com.br/livros/ines-cozzo-olivares-e-mauricio-sita
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: Neurociências e Inteligências Múltiplas 
• Ano: 2021. 
• Sinopse: As inteligências múltiplas, teoria do professor Howard Gardner, da 
Universidade de Harvard partem da premissa de que cada estudante tem uma forma 
ideal de aprender. Entender como a aprendizagem funciona e quais contribuições a 
neurociência trouxe para este debate auxilia no planejamento de aulas mais inclusivas 
para não deixar nenhum estudante para trás. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=Nd_-OPTxedE.https://www.youtube.com/watch?v=Nd_-OPTxedE
 
REFERÊNCIAS 
 
AKBARI, R., & HOSSEINI, K. Multiple intelligences and language learning 
strategies: Investigating possible relations. System, 36, 141-155. 2008 
 
ALMEIDA, Rodrigo; PEIXOTO, Sandra. A Teoria Das Inteligências Múltiplas De Howard 
Gardner E Suas Contribuições Para A Educação Inclusiva: Construindo Uma Educação 
Para Todos. Ciências Humanas e Sociais. Alagoas, v. 04, n. 2, p. 89-106 – 
Novembro, 2017. 
 
ANTUNES, Celso. As inteligências múltiplas e seus estímulos. Campinas: Papirus, 
2015. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 17 ago. 2021. 
 
GARDNER, H. As inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artemd, 
1999. 
 
MENDES, Nivalda. Validação Duma Escala de Avaliação das Inteligências 
Múltiplas Estudo preliminar. Dissertação (mestrado). Universidade da Madeira, Set, 
2015. 
 
SMOLE, Kátia Cristina Stocco. Múltiplas Inteligências na Prática Escolar. Brasília: 
Ministério da Educação, Secretaria de Educação a Distância, 1999. Disponível em: 
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002751.pdf. Acesso em: 17 ago. 
2021. 
 
SULAIMAN, T.; ABDURAHMAN, A. R.; RAHIM, S. S. A. Teaching strategies based 
on Multiple Intelligences theory among Science and Mathematics secondary 
school teachers. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 8, 512-518, 2010. 
 
https://plataforma.bvirtual.com.br/
CONCLUSÃO GERAL 
Prezado(a) aluno(a), 
Aqui procurei apresentar para você os princípios e conceitos da 
neurofisiologia e suas bases. Neste sentido, acredito que as construções 
teóricas tenham lhe permitido clarear as concepções acerca dos estudos sobre 
as organizações neurofisiológicas do humano, assim como os impactos e 
reflexões nas suas bases, além de identificar os elementos integrantes do 
sistema nervoso central. 
Coube nosso destaque para as bases neurofisiológicas da aprendizagem 
e da memória, compreendendo seus tipos e formas de construção de cada uma, 
elencando o funcionamento neurobiológico e fisiológico que envolve a 
construção das bases estudadas. Os princípios teóricos podem conhecer como 
se constrói e recupera cada conhecimento e como se configura o processo de 
recuperação, trazendo e formando as memórias. 
A inteligência, seus marcos históricos e teóricos, foi um ponto crucial que 
discutimos aqui neste material, considerando o formato da relação entre o 
humano e sua inteligência, perpassando pelos seus tipos e contextos onde se 
configura. As propostas atuais de Gardner com a Teoria das Múltiplas 
Inteligências, também foi objeto do nosso estudo e reflexões, além da 
reconfiguração na forma de comportar-se diante da capacidade de inteligência 
de cada sujeito, considerando sua subjetividade. 
Ao pensarmos num ser humano múltiplo, também pensamos nas 
capacidades intelectuais na sua diversidade, sendo mais consigo mesmo, com 
o outro, com interferência da música ou do corpo, desenvolvendo situações 
lógicas ou de comunicação. Desta forma apresentamos o papel da escola no 
processo de fomento às possibilidades de desenvolvimento das múltiplas 
inteligências, no contexto educacional. 
Não obstante, tenho certeza que conseguirá pensar no sujeito, com suas 
peculiaridades no tocante a inteligência, bem como promover o desenvolvimento 
de cada pessoa ao seu modo. 
 
 Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

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