Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
PC-SP POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO Perito Criminal (2ª Edição 2021) A APOSTILA PREPARATÓRIA É ELABORADA ANTES DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL OFICIAL COM BASE NO EDITAL ANTERIOR, PARA QUE O ALUNO ANTECIPE SEUS ESTUDOS. CÓD: SL-056JL-21 7908433208457 DICA Como passar em um concurso público? Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação. Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação. Então mãos à obra! • Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho. • Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área. • Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito, determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total. • Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo. • Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação. • Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame. • Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse. Se prepare para o concurso público O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do certame. O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo. Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora. Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras disciplinas. Vida Social Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você, através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho. Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória. DICA Motivação A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos. Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência. Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação: • Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos; • Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos; • Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados; • Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir focado, tornando o processo mais prazeroso; • Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer. • Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes com seu sucesso. Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial. A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br Vamos juntos! ÍNDICE Língua Portuguesa 1. Leitura E Interpretação De Diversos Tipos De Textos (Literários E Não Literários) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Sinônimos E Antônimos; Sentido Próprio E Figurado Das Palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4. Classes De Palavras: Substantivo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição E Conjunção: Emprego E Sentido Que Imprimem Às Relações Que Estabelecem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 5. Concordância Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 6. Regência Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 7. Colocação Pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 8. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Biologia 1. Citologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Diversidade Dos Seres Vivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02 3. Fisiologia Humana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 4. Genética. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 5. Citogenética E Evolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Física 1. Sistema Internacional de Unidades, grandezas físicas escalares e vetoriais, medições das grandezas físicas e algarismos significati- vos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 3. Termologia e Termodinâmica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 4. Ondulatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 5. Óptica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 6. Eletricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Química 1. materiais e suas propriedades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Estrutura atômica e Classificação Periódica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 3. Ligação Química . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 4. Relações entre massa e quantidade de matéria - Estequiometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 5. Soluções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 6. Energia nas transformações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 7. Cinética química e Equilíbrio químico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 8. Funções da Química Inorgânica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 9. Eletroquímica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 10. Princípios básicos da análise química. Fundamentos de química orgânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Matemática 1. Teoria dos conjuntos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Geometrias Plana e Espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05 3. Polinômios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 4. Análise combinatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 5. Probabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 ÍNDICE 6. Noções básicas de estatística. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 7. Sequências e progressões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 8. Matrizes, determinantes e sistemas lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 9. Geometria analítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 10. Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 11. Trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 Constituição Federal 1. Artigos 1.º a 5.º e 144. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 Código Penal 1. Código Penal 6.2.1. Dos Crimes Contra a Vida – artigos 121 a 128 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Dos Contra o Patrimonio – artigos 155 a 183. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07 3. Dos Crimes Praticados por Funcionário Público Contra a Administração em Geral – artigos 312 a 327. Dos Crimes contra a Adminis- tração da Justiça – artigos 338 a 359. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 4. Da Falsidade de Títulos e Outros Papéis – artigos 293 a 295 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Código Processual Penal 1. Do Inquérito Policial: Artigos 4.º A 23. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Do Exame Do Corpo De Delito, E Das Perícias Em Geral: Artigos 155 A 184 Geral: Artigos 155 A 184 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 3. Dos Indícios: Artigo 239 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 4. Dos Peritos E Intérpretes: Artigos 275 A 281 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 5. Lei Orgânica Da Polícia Do Estado De São Paulo (Lei Complementar N.º 207/79 E Lei Complementar N.º 922/02) . . . . . . . . . . . . . . 12 Noções de Criminologia 1. Conceito, método, objeto e finalidade da Criminologia; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Teorias sociológicas da criminalidade; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02 3. Vitimologia; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08 4. O Estado Democrático de Direito e a prevenção da infração penal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Noções de Criminalística 1. Definições E Objetivos Áreas De Atuação Da Criminalística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Corpo De Delito – Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02 3. Locais De Crime – Definição E Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03 4. Preservação De Locais De Crime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04 5. Vestígios E Indícios Encontrados Nos Locais De Crime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04 6. Modalidades De Perícias Criminais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04 ÍNDICE Noções de Medicina Legal 1. Medicina Legal: Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Traumatologia Forense. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03 3. Toxicologia Forense. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07 4. Sexologia Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 5. Antropologia Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 6. Tanatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Conhecimentos em Lógica 1. Conceitos Iniciais Do Raciocínio Lógico: Proposições, Valores Lógicos, Conectivos, Tabelas-Verdade, Tautologia, Contradição, Equivalência Entre Proposições, Negação De Uma Proposição, Validade De Argumentos; Estruturas Lógicas E Lógica De Argumentação; Questões De Associação; Verdades E Mentiras; Diagramas Lógicos (Silogismos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .01 Conhecimentos em Informática 1. Sistemas Operacionais Ms Windows Xp, Vista E 7; Operação E Configuração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Softwares Aplicativos: Processadores De Texto, Planilhas Eletrônicas, Bancos De Dados, Multimídia, Armazenamento De Dados, Cópia De Segurança, Geração E Digitalização De Material Escrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3. Softwares Utilitários Básicos Dos Sistemas Operacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 4. Internet E Intranet: Navegadores, Correio Eletrônico, Transferência De Arquivos, Sistemas De Busca E Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 5. Comunicação: Noções De Protocolos De Comunicação Em Redes; Acesso Remoto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 6. Computadores Pessoais (Desktops, Notebooks, Tablets E Netbooks) E Periféricos: Classificação, Noções Gerais E Operação . . . . . 33 7. Segurança Da Informação: Hash, Criptografia, Códigos Maliciosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Contabilidade 1. Contabilidade Geral: Conceito, Objeto E Finalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Patrimônio: Conceito, Aspectos Do Ativo, Do Passivo E Da Situação Líquida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 3. Escrituração: Métodos E Processos De Escrituração, Formalidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02 4. Demonstrações Financeiras Obrigatórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03 5. Contabilidade Industrial E Comercial: Conceitos E Campo De Aplicação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04 6. Impostos, Taxas E Tributos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07 7. Matemática Financeira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08 LÍNGUA PORTUGUESA 1. Leitura E Interpretação De Diversos Tipos De Textos (Literários E Não Literários) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Sinônimos E Antônimos; Sentido Próprio E Figurado Das Palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4. Classes De Palavras: Substantivo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição E Conjunção: Emprego E Sentido Que Imprimem Às Relações Que Estabelecem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 5. Concordância Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 6. Regência Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 7. Colocação Pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 8. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 LÍNGUA PORTUGUESA 1 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS (LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS) Compreensão e interpretação de textos Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa prova de qualquer área do conhecimento. Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação? A compreensão é quando você entende o que o texto diz de forma explícita, aquilo que está na superfície do texto. Quando Jorge fumava, ele era infeliz. Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo que Jorge era infeliz, devido ao cigarro. A interpretação é quando você entende o que está implícito, nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto ou que faça com que você realize inferências. Quando Jorge fumava, ele era infeliz. Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. Percebeu a diferença? Tipos de Linguagem Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que facilite a interpretação de textos. • Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela pode ser escrita ou oral. • Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. • Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal com a não-verbal. Além de saber desses conceitos, é importante sabermos identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a este processo é intertextualidade. Interpretação de Texto Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir de um texto. A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça uma relação com a informação já possuída, o que leva ao crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetando de alguma forma o leitor. Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analítica e, por fim, uma leitura interpretativa. É muito importante que você: - Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, estado, país e mundo; - Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias (e também da estrutura das palavras para dar opiniões); - Leia livros sobre diversos temas para sugar informações ortográficas, gramaticais e interpretativas; - Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais polêmicos; - Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas. Dicas para interpretar um texto: – Leia lentamente o texto todo. No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo. – Releia o texto quantas vezes forem necessárias. Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto. LÍNGUA PORTUGUESA 2 – Sublinhe as ideias mais importantes. Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia principal e das ideias secundárias do texto. – Separe fatos de opiniões. O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mutável). – Retorne ao texto sempre que necessário. Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os enunciados das questões. – Reescreva o conteúdo lido. Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tópicos ou esquemas. Além dessas dicas importantes, você também pode grifar palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma distração, mas também um aprendizado. Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto. O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca extrapole a visão dele. IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as dife- rentes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo significativo, que é o texto. Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informa- ções sobre o assunto que será tratado no texto. Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura porque achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito comum as pessoas se interessarem por temáticas diferen- tes, dependendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, pre- ferências pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores. Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, sexualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuida- dos com o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são pra- ticamente infinitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essencial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos estudos? Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um tex- to: reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir? CACHORROS Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa amizade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perce- beram que, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o outro e a parceria deu certo. Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o possível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o texto vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele falaria sobre cães. Repare que temos várias informa- ções ao longo do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a associação entre eles e os seres humanos, a dissemi- nação dos cães pelo mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens. As informações que se relacionam com o tema chamamos de subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se inte- gram, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unidade de sentido. Portanto, pense: sobre o que exata- mente esse texto fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certa- mente você chegou à conclusão de que o texto fala sobre a rela- ção entre homens e cães. Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi capaz de identificar o tema do texto! Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-i- deias-secundarias/ IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM TEXTOS VARIADOS Ironia Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem). A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou expressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um novo sentido, gerando um efeito de humor. Exemplo: LÍNGUA PORTUGUESA 3 Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica). Ironia verbal Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a intenção são diferentes. Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! Ironia de situação A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. Exemplo: Quando num texto literário uma personagem pla- neja uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem sucesso. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a morte. Ironia dramática (ou satírica) A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre nos textos literários quando a personagem tem a consciência de que suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando por um caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência. Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil aparecer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exemplo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história irão morrer em decorrência do seu amor. As persona- gens agem ao longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a plateia já sabe que eles não serão bem-suce- didos. Humor Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pareçam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. Situações cômicas ou potencialmente humorísticas compar- tilham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocorrer algo fora do esperado numa situação. Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as tirinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, fre- quentemente acessadas como forma de gerar o riso. Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. Exemplo: ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊNERO EM QUE SE INSCREVE Compreender um texto trata da análise e decodificação do que de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode che- gar ao conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto. Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual- quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia principal. Compreender relações semânticas é uma competência imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos. Quando não se sabe interpretar corretamente um texto po- de-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimen- to profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. Busca de sentidos Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram expli- citadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conce- der espaço para divagações ou hipóteses, supostamente conti- das nas entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. Importância da interpretação A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos específicos, aprimora a escrita. Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certa- mente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se LÍNGUA PORTUGUESA 4 de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação hie- rárquica do pensamento defendido, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos. Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entre- linhas. Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- damental que não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. Diferença entre compreensão e interpretação A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpre- tação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O leitor tira conclusões subjetivas do texto. Gêneros Discursivos Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No romance nós temos uma história central e várias histórias secundárias. Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmen- te imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações encaminham-se diretamente para um desfecho. Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferen- ciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a história principal, mas também tem várias histórias secun- dárias. O tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são definidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais curto. Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a iro- nia para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não é relevante e quando é citado, geralmente são pe- quenos intervalos como horas ou mesmo minutos. Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o mo- mento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de imagens. Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assun- to que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é convencer o leitor a concordar com ele. Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informa- ções. Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materia- liza em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, aju- dando os professores a identificar o nível de alfabetização delas. Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como obje- tivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa liberdade para quem recebe a informação. DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO Fato O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A exis- tência do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de al- guma maneira, através de algum documento, números, vídeo ou registro. Exemplo de fato: A mãe foi viajar. Interpretação É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas causas, previmos suas consequências. Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apontamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferenças sejam detectáveis. Exemplos de interpretação: A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em outro país. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis- são do que com a filha. Opinião A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um juízo de valor. É um julgamento que tem como base a inter- pretação que fazemos do fato. Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coe- rência que mantêm com a interpretação do fato. É uma inter- pretação do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais. Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpreta- ções anteriores: A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em outro país. Ela tomou uma decisão acertada. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis- são do que com a filha. Ela foi egoísta. Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião. Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên- cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previ- sões positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já estamos expressando nosso julgamento. É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quan- do analisamos um texto dissertativo. LÍNGUA PORTUGUESA 5 Exemplo: A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se impor- tando com o sofrimento da filha. ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pen- samento e o do leitor. Parágrafo O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geral- mente apresentada na introdução. Embora existam diferentes formas de organização de pará- grafos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutu- ra consiste em três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundá- rias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafir- ma a ideia-básica). Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão. Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria prova. Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possível usar argumentos de várias formas, desde dados estatís- ticos até citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abor- dado e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias conclusões a partir das ideias e argumentos do de- senvolvimento. Outro aspecto que merece especial atenção são os conec- tores. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico en- tre as ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do período, e o tópico que o antecede. Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quan- to ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência tam- bém para a clareza do texto. Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, ad- vérbios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, sem coerência. Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumen- tativos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa estrutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensa- mento mais direto. NÍVEIS DE LINGUAGEM Definição de linguagem Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, grá- ficos, gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de articular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal). As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua e caem em desuso. Língua escrita e língua falada A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar gran- de parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entona- ção, e ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão do falante. Nessas situações informais, muitas re- gras determinadas pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da liberdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante. Linguagem popular e linguagem culta Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lin- guagem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala, nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja presente em poesias (o Movimento Modernista Bra- sileiro procurou valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que o diálogo é usado para representar a língua falada. Linguagem Popular ou Coloquial Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de ví- cios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da lín- gua. A linguagem popular está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc. A Linguagem Culta ou Padrão É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pes- soas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais etc. LÍNGUA PORTUGUESA 6 Gíria A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como arma de defesa contra as classes dominantes. Esses gru- pos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensagens sejam decodificadas apenas por eles mesmos. Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vo- cabulário de pequenos grupos ou cair em desuso. Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “gale- ra”, “mina”, “tipo assim”. Linguagem vulgar Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na comida”. Linguagem regional Regionalismos são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto às construções gramaticais e empregos de cer- tas palavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. Tipos e genêros textuais Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abrangentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descri- ção e explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clássicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns exemplos e as principais características de cada um deles. Tipo textual descritivo A descrição é uma modalidade de composição textual cujo objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, um movimento etc. Características principais: • Os recursos formais mais encontrados são os de valor ad- jetivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua fun- ção caracterizadora. • Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enumeração. • A noção temporal é normalmente estática. • Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a de- finição. • Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. • Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anúncio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. Exemplo: Era uma casa muito engraçada Não tinha teto, não tinha nada Ninguém podia entrar nela, não Porque na casa não tinha chão Ninguém podia dormir na rede Porque na casa não tinha parede Ninguém podia fazer pipi Porque penico não tinha ali Mas era feita com muito esmero Na rua dos bobos, número zero (Vinícius de Moraes) TIPO TEXTUAL INJUNTIVO A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos, nas leis jurídicas. Características principais: • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com verbos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas). • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc. Exemplo: Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Elei- toral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam expri- mir-se na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou definitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistá- veis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas mili- tares de ensino superior para formação de oficiais. Tipo textual expositivo A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver ra- ciocínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de expo- sição, discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação pode ser expositiva ou argumentativa. A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um assunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de maneira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar de- bate. Características principais: • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão. • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, in- formar. • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no pre- sente. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa de ponto de vista. • Apresenta linguagem clara e imparcial. Exemplo: O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex- pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um determinado tema. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disser- tação expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opina- tiva). Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as- sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente. LÍNGUA PORTUGUESA 7 Tipo textual dissertativo-argumentativo Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concursos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias apresenta- das de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, clareza, res- peito pelo registro formal da língua e coerência, seu intuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor (leitor ou ouvinte). Características principais: • Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimen- to e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (es- tratégias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, tes- temunho de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, enumeração...); conclusão (síntese dos pontos princi- pais com sugestão/solução). • Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumen- tações informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (nor- malmente nas argumentações formais) para imprimir uma atem- poralidade e um caráter de verdade ao que está sendo dito. • Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. • Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Exemplo: A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente administração política (tese), porque a força governamental cer- tamente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negli- gência de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metrópoles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo dos políticos uma mudança radical visando o bem-es- tar da população, isso é plenamente possível (estratégia argu- mentativa: fato-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma cobrança efetiva (conclusão). Tipo textual narrativo O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um en- redo, personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Características principais: • O tempo verbal predominante é o passado. • Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da história – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história – onisciente). • Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em prosa, não em verso. Exemplo: Solidão João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e feliz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se unirem, um tirou do outro a essência da felicidade. Nelson S. Oliveira Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- reais/4835684 GÊNEROS TEXTUAIS Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu produtor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem funções sociais es- pecíficas, próprias do dia a dia. Ademais, são passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservando características prepon- derantes. Vejamos, agora, uma tabela que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textuais que neles predominam. Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais Descritivo Diário Relatos (viagens, históricos, etc.) Biografia e autobiografia Notícia Currículo Lista de compras Cardápio Anúncios de classificados Injuntivo Receita culinária Bula de remédio Manual de instruções Regulamento Textos prescritivos Expositivo Seminários Palestras Conferências Entrevistas Trabalhos acadêmicos Enciclopédia Verbetes de dicionários Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico Carta de opinião Resenha Artigo Ensaio Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado Narrativo Romance Novela Crônica Contos de Fada Fábula Lendas Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da forma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são flui- dos, infinitos e mudam de acordo com a demanda social. INTERTEXTUALIDADE A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de pro- dução de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de ambos: forma e conteúdo. Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de forma que essa relação pode ser estabelecida entre as pro- duções textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escrita), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros. LÍNGUA PORTUGUESA 8 Tipos de Intertextualidade • Paródia: perversão do texto anterior que aparece geral- mente, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego (parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poe- sia) semelhante a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorísticos. • Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utiliza- ção de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (para- phrasis), significa a “repetição de uma sentença”. • Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos científicos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé” (escrita). • Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa pro- dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apre- sentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar. • Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). • Outras formas de intertextualidade menos discutidas são o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. ARGUMENTAÇÃO O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma infor- mação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele propõe. Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo texto contém um componente argumentativo. A argumen- tação é o conjunto de recursos de natureza linguística destina- dos a persuadir a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo tipo de texto e visa a promover adesão às te- ses e aos pontos de vista defendidos. As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o in- terlocutor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como ver- dadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos de linguagem. Para compreender claramente o que é um argumento, é bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas”. Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argu- mentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa mais desejável que outra. Isso sig- nifica que ele atua no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais pro- vável que a outra, mais possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o enunciador está propondo. Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumenta- ção. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pre- tende demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadeamento de premissas e conclusões. Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamen- to: A é igual a B. A é igual a C. Então: C é igual a A. Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoria- mente, que C é igual a A. Outro exemplo: Todo ruminante é um mamífero. A vaca é um ruminante. Logo, a vaca é um mamífero. Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão também será verdadeira. No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve- -se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo- -se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo- -nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um ban- co. Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos. Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante entender bem como eles funcionam. Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o au- ditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fá- cil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacio- nal. Nos Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura. Tipos de Argumento Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argumento. Exemplo: LÍNGUA PORTUGUESA 9 Argumento de Autoridade É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconheci- das pelo auditório como autoridades em certo domínio do sa- ber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimen- to do produtor do texto a respeito do assunto de que está tratan- do; dá ao texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e verdadeira. Exemplo: “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há co- nhecimento. Nunca o inverso. Alex José Periscinoto. In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais im- portante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mun- do. Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem acreditar que é verdade. Argumento de Quantidade É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fun- damento desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publi- cidade faz largo uso do argumento de quantidade. Argumento do Consenso É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta- -se em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a me- nos que o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de que o consenso, mesmo que equivocado, correspon- de ao indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases carentes de qualquer base científica. Argumento de Existência É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documen- tais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exército americano era muito mais poderoso do que o iraquia- no. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vista como propagandística. No entanto, quando do- cumentada pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de navios, etc., ganhava credibilidade. Argumento quase lógico É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses ra- ciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógicos, eles não pretendem estabelecer relações ne- cessárias entre os elementos, mas sim instituir relações prová- veis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Ami- go de amigo meu é meu amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmen- te aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afir- mações gerais com fatos inadequados, narrar um fato e dele ex- trair generalizações indevidas. Argumento do Atributo É aquele que considera melhor o que tem propriedades tí- picas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o que é mais grosseiro, etc. Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o con- sumidor tende a associar o produto anunciado com atributos da celebridade. Uma variante do argumento de atributo é o argumento da competência linguística. A utilização da variante culta e formal da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saú- de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de com- petência do médico: - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve por bem determinar o internamento do governador pelo período de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospital por três dias. Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen- tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunica- ção deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa. A orientação argumentativa é uma certa direção que o falan- te traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicu- larizá-lo ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos epi- sódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não outras, etc. Veja: LÍNGUA PORTUGUESA 10 “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras trocavam abraços afetuosos.” O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que no- ras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhi- do esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmen- te, pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, injustiça, corrupção). - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir o argumento. - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando- -as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir outros à sua dependência política e econômi- ca”. A boa argumentação é aquela que está de acordo com a si- tuação concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o assunto, etc). Convém ainda alertar que não se convence ninguém com manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não cos- tumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas qualidades não se prometem, manifes- tam-se na ação. A argumentação é a exploração de recursos para fazer pare- cer verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui a argumentação, questionamento, com o objetivo de per- suadir. Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem rela- ções para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu comportamento. A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão vá- lida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo do ra- ciocínio empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, chan- tagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a in- flexão de voz, a mímica e até o choro. Alguns autores classificam a dissertação em duas modalida- des, expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, ra- zões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informa- tiva, apresenta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser defi- nida como discussão, debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a possibilidade de discordar ou con- cordar parcialmente. A liberdade de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar um texto dissertativo. É ne- cessária também a exposição dos fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista. Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude ar- gumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posi- ções, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, mui- tas vezes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para aprender a argumentar e contra-argumentar con- siste em desenvolver as seguintes habilidades: - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição to- talmente contrária; - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apre- sentaria contra a argumentação proposta; - refutação: argumentos e razões contra a argumentação oposta. A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclu- sões válidas, como se procede no método dialético. O método dialético não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em questão e da mudança dialética que ocorre na na- tureza e na sociedade. Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que par- te do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enu- merar todos os seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução. A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs qua- tro regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca da verdade: - evidência; - divisão ou análise; - ordem ou dedução; - enumeração. LÍNGUA PORTUGUESA 11 A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omis- são e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o encadeamento das ideias, indispensável para o pro- cesso dedutivo. A forma de argumentação mais empregada na redação aca- dêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não caracteriza a universalidade. Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (si- logística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do particular para o geral. A expressão formal do método de- dutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em uma conexão descendente (do geral para o parti- cular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de verdades universais, pode-se chegar à pre- visão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo: Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) Fulano é homem (premissa menor = particular) Logo, Fulano é mortal (conclusão) A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, ba- seiase em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: O calor dilata o ferro (particular) O calor dilata o bronze (particular) O calor dilata o cobre (particular) O ferro, o bronze, o cobre são metais Logo, o calor dilata metais (geral, universal) Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fa- tos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se cha- mar esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra- -se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? - Lógico, concordo. - Você perdeu um brilhante de 40 quilates? - Claro que não! - Então você possui um brilhante de 40 quilates... Exemplos de sofismas: Dedução Todo professor tem um diploma (geral, universal) Fulano tem um diploma (particular) Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) Indução O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (par- ticular) Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particu- lar) Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (ge- ral – conclusão falsa) Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Re- dentor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subje- tivos, baseados nos sentimentos não ditados pela razão. Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não funda- mentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas mé- todos sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a pesquisa. Análise e síntese são dois processos opostos, mas interliga- dos; a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amon- toado de partes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria recons- truído. Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim relacionadas: Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha dos elementos que farão parte do texto. Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou informal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e ex- perimentais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno. A análise decompõe o todo em partes, a classificação es- tabelece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a LÍNGUA PORTUGUESA 12 ponto de se confundir uma com a outra, contudo são procedi- mentos diversos: análise é decomposição e classificação é hie- rarquisação. Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fe- nômenos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a classificação pode-se efetuar por meio de um pro- cesso mais ou menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são empregados de modo mais ou menos con- vencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e espécies, é um exemplo de classi- ficação natural, pelas características comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial. Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami- nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, sabiá, torradeira. Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. Os elementos desta lista foram classificados por ordem al- fabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer cri- térios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impac- to do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para ex- pressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos de vista sobre ele. A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lin- guagem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica tradicional aristotélica, a definição consta de três ele- mentos: - o termo a ser definido; - o gênero ou espécie; - a diferença específica. O que distingue o termo definido de outros elementos da mesma espécie. Exemplo: Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: Elemento especie diferença a ser definido específica É muito comum formular definições de maneira defeituo- sa, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espé- cie, a gente é forma coloquial não adequada à redação acadê- mica. Tão importante é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresen- tar os seguintes requisitos: - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramen- ta ou instalação”; - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente res- trito para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não cons- titui definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); - deve ser breve (contida num só período). Quando a de- finição, ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expandida;d - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjun- tos (as diferenças). As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguís- tica que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a palavra e seus significados. A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verda- deira e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser de- monstrada com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma fundamentação coerente e adequada. Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julga- mento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em segui- da, avaliar se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus elementos, ou se há contra- dição. Para isso é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é relacio- nar, conclui-se que o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e a conclusão. LÍNGUA PORTUGUESA 13 Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen- tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afir- mação: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apre- sentação de causas e consequências, usando-se comumente as expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de. Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é ex- plicar ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. Na explicitação por definição, empregamse ex- pressões como: quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no entender de, no pensamento de. A ex- plicitação se faz também pela interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, assim, desse ponto de vista. Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de elementos que comprovam uma opinião, tais como a enu- meração de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de espaço, empregam-se as seguintes expres- sões: cá, lá, acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos que, melhor que, pior que. Entre outros tipos de argumentos empregados para aumen- tar o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: Argumento de autoridade: O saber notório de uma autorida- de reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações li- terais no corpo de um texto constituem argumentos de autorida- de. Ao fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais caráter confirmatório que comprobatório. Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por consenso, pelo menos em determinado espaço socio- cultural. Nesse caso, incluem-se - A declaração que expressa uma verdade universal (o ho- mem, mortal, aspira à imortalidade); - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos pos- tulados e axiomas); - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de na- tureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a pró- pria razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que parece absurdo). Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados concretos, estatísticos ou documentais. Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declara- ções, julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade com- provada, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que expresse uma opinião pessoal só terá validade se fun- damentada na evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-argumentação: Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons- trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a con- traargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga verdadeira; Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a uni- versalidade da afirmação; Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con- siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de autoridade que contrariam a afirmação apresentada; Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador ba- seou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou in- consequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é incon- sequente, pois baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é que gera o controle demográfico”. Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adapta- das ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser ado- tados para a elaboração de um Plano de Redação. Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evo- lução tecnológica - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, res- ponder a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da resposta, justificar, criando um argumento básico; - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refuta- ção que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqua- lificá-la (rever tipos de argumentação); - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequência); - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o argumento básico; - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transfor- mam-se em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argumento básico; LÍNGUA PORTUGUESA 14 - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou menos a seguinte: Introdução - função social da ciência e da tecnologia; - definições de ciência e tecnologia; - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. Desenvolvimento - apresentação de aspectos positivos e negativos do desen- volvimento tecnológico; - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as condições de vida no mundo atual; - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologi- camente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países subdesenvolvidos; - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do passado; apontar semelhanças e diferenças; - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros urbanos; - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para huma- nizar mais a sociedade. Conclusão - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse- quências maléficas; - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumen- tos apresentados. Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de redação: é um dos possíveis. Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são organizadas a fim de que o objetivo final seja alcan- çado: a compreensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, além de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada. Coerência É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação semântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com outra”). Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a com- preender a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos elementos formativos de um texto. A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respei- to aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos elementos textuais. A coerência de um texto é facilmente deduzida por um fa- lante de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as proposições de um enunciado oral ou escrito. É a competên- cia linguística, tomada em sentido lato, que permite a esse falan- te reconhecer de imediato a coerência de um discurso. A coerência: - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto; - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão con- ceitual; - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com o aspecto global do texto; - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. Coesão É um conjunto de elementos posicionados ao longo do tex- to, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática, fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, tem-se a coesão lexical. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pa- lavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele- mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os componentes do texto. Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a le- xical, que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos e formas elididas, e a gramatical, que é conse- guida a partir do emprego adequado de artigo, pronome, adjeti- vo, determinados advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais. A coesão: - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequen- cial; - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes componentes do texto; - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das fra- ses. SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS; SENTIDO PRÓPRIO E FI- GURADO DAS PALAVRAS Significação de palavras As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunica- ção. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos que compõem este estudo. Antônimo e Sinônimo Começaremos por esses dois, que já são famosos. O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a ou- tras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o significado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher. Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é muito importante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão. LÍNGUA PORTUGUESA 15 Hipônimos e Hiperônimos Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperôni- mo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E ani- mais domésticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?! Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes: Conotação e Denotação Observe as frases: Amo pepino na salada. Tenho um pepino para resolver. As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não! Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, diciona- rizado. Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do contexto para ser entendida. Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto. Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas: Ambiguidade Observe a propaganda abaixo: https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/ Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta. Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra, frase ou textos inteiros. PONTUAÇÃO Pontuação Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BECHARA, 2009, p. 514) A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reticências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). LÍNGUA PORTUGUESA 16 Ponto ( . ) O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as reticências. Estaremos presentes na festa. Ponto de interrogação ( ? ) Põe-se no fim da oração enunciada com entonação inter- rogativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada re- tórica. Você vai à festa? Ponto de exclamação ( ! ) Põe-se no fim da oração enunciada com entonação excla- mativa. Ex: Que bela festa! Reticências ( ... ) Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso inter- locutor nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. Ex: Essa festa... não sei não, viu. Dois-pontos ( : ) Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluí- da. Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação (discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enu- merativo, distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva. Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. Ponto e vírgula ( ; ) Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vír- gulas, para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enumeração (frequente em leis), etc. Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi também uma linda decoração e bebidas caras. Travessão ( — ) Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so- -lu-ta-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma ex- pressão intercalada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de um diálogo, com ou sem aspas. Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. Parênteses e colchetes ( ) – [ ] Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semân- tico mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior intimidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a in- serção do parêntese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utilizados quando já se acham empregados os parênteses, para introduzirem uma nova inserção. Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo governador) Aspas ( “ ” ) As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido particular (na linguagem falada é em geral proferida com ento- ação especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ainda, para marcar o discurso direto e a citação breve. Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo. Vírgula São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Evi- denciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em re- lação à vírgula: 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “sen- timos” o momento certo de fazer uso dela. 2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgu- la, o leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal, cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?! 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de textos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é menos importante e que pode ser colocada depois. Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma ordem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Ver- bo > Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj). Maria foi à padaria ontem. Sujeito Verbo Objeto Adjunto Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocorre por alguns motivos: 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado. 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos. 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do verbo e o adjunto. Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula é necessária: Ontem, Maria foi à padaria. Maria, ontem, foi à padaria. À padaria, Maria foi ontem. Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é ne- cessário: • Separa termos de mesma função sintática, numa enume- ração. Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a serem observadas na redação oficial. • Separa aposto. Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica. • Separa vocativo. Brasileiros, é chegada a hora de votar. • Separa termos repetidos. Aquele aluno era esforçado, esforçado. • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exem- plificativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizen- do, ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com efeito, digo. O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem cla- ra, ou seja, de fácil compreensão. LÍNGUA PORTUGUESA 17 • Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus comple- mentos). O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os parti- culares. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) • Separa orações coordenadas assindéticas. Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as ideias na cabeça... • Isola o nome do lugar nas datas. Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006. • Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões conectivas, como: em primeiro lugar, como supraci- tado, essas informações comprovam, etc. Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para amenizar o problema. CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, ADJETIVO, NU- MERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO: EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM CLASSES DE PALAVRAS Substantivo São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou ima- ginários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sentimentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. Classificação dos substantivos SUBSTANTIVO SIMPLES: apresentam um só radical em sua estrutura. Olhos/água/ muro/quintal/caderno/ macaco/João/sabão SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: são formados por mais de um radical em sua estrutura. Macacos-prego/ porta-voz/ pé-de-moleque SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: são os que dão origem a outras palavras, ou seja, ela é a primeira. Casa/ mundo/ população /formiga SUBSTANTIVOS DERIVADOS: são formados por outros radicais da língua. Caseiro/mundano/ populacional/formigueiro SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: designa determinado ser entre outros da mesma espécie. São sempre iniciados por letra maiúscula. Rodrigo /Brasil /Belo Horizonte/Estátua da Liberdade SUBSTANTIVOS COMUNS: referem-se qualquer ser de uma mesma espécie. biscoitos/ruídos/estrelas/ cachorro/prima SUBSTANTIVOS CONCRETOS: nomeiam seres com existência própria. Esses seres podem ser animadoso ou inanimados, reais ou imaginários. Leão/corrente /estrelas/fadas /lobisomem /saci-pererê SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: nomeiam ações, estados, qualidades e sentimentos que não tem existência própria, ou seja, só existem em função de um ser. Mistério/ bondade/ confiança/ lembrança/ amor/ alegria SUBSTANTIVOS COLETIVOS: referem-se a um conjunto de seres da mesma espécie, mesmo quando empregado no singular e constituem um substantivo comum. Elenco (de atores)/ acervo (de obras artísticas)/ buquê (de flores) NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI! Flexão dos Substantivos • Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: mascu- lino e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou uniformes – Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigre- sa, o presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina – Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes divi- dem-se em epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros. a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invari- áveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, pal- meira macho/palmeira fêmea. b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo con- texto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a testemunha (o testemunha), o individuo (a individua). c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente, o/a estudante, o/a colega. • Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1). – Singular: anzol, tórax, próton, casa. – Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas. • Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau diminutivo. – Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra. – Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme. – Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha – Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. Adjetivo É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substan- tivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expres- são composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro subs- tantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vespertino). Flexão do Adjetivos • Gênero: – Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femi- nino: homem feliz, mulher feliz. – Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. LÍNGUA PORTUGUESA 18 • Número: – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namora- dores, japonês/ japoneses. – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo. • Grau: – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu. – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu. – Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu. – Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo. – Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso. – Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos. – Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos. Artigo É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico. • Classificação e Flexão do Artigos – Artigos Definidos: o, a, os, as. O menino carregava o brinquedo em suas costas. As meninas brincavam com as bonecas. – Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas. Um menino carregava um brinquedo. Umas meninas brincavam com umas bonecas. Numeral É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série. • Classificação dos Numerais – Cardinais: indicam número ou quantidade: Trezentos e vinte moradores. – Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência: Quinto ano. Primeiro lugar. – Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada: O quíntuplo do preço. – Fracionários: indicam a parte de um todo: Dois terços dos alunos foram embora. Pronome É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso. • Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso. Pessoas do Discurso Pronomes RetosFunção Subjetiva Pronomes Oblíquos Função Objetiva 1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo 2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo 3º pessoa do singular Ele, ela, Se, si, consigo, lhe, o, a 1º pessoa do plural Nós Nos, conosco 2º pessoa do plural Vós Vos, convosco 3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as • Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação. Pronomes de Tratamento Emprego Você Utilizado em situações informais. Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas. Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades. Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos. LÍNGUA PORTUGUESA 19 Pronomes de Tratamento Emprego Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques. Vossa Santidade Utilizado para o Papa Vossa Eminência Usado para Cardeais. Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral. • Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa. Pessoa do Discurso Pronome Possessivo 1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas 2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas 3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas 1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas 2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas 3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas • Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo ou no espaço. Pronomes Demonstrativos Singular Plural Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles • Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os prono- mes indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número). Classificação Pronomes Indefinidos Variáveis algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco, pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá- ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais, um, uma, uns, umas. Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada. • Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas. Classificação Pronomes Interrogativos Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas. Invariáveis quem, que. • Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser variáveis e invariáveis. Classificação Pronomes Relativos Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas. Invariáveis quem, que, onde. Verbos São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo. LÍNGUA PORTUGUESA 20 • Flexão verbal Os verbos podem ser flexionados de algumas formas. – Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido). – Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: pre- sente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pretérito imperfeito e futuro. – Número: Este é fácil: singular e plural. – Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles ama- ram). • Formas nominais do verbo Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO). • Voz verbal É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva. – Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo sujeito. Veja: João pulou da cama atrasado – Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva analítica é formada por: Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/pelo/de + agente da passiva. A casa foi aspirada pelos rapazes A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por: Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente. Aluga-se apartamento. Advérbio É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circuns- tância. As circunstâncias dos advérbios podem ser: – Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando, em nenhum momento, etc. – Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc. – Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc. – Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc. – Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc. – Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pou- co, de todo, etc. – Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc. Preposição É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes: LÍNGUA PORTUGUESA 21 Conjunção É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é determinante e o outro é determinado). • Conjunções Coordenativas Tipos Conjunções Coordenativas Aditivas e, mas ainda, mas também, nem... Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia... Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer… Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto... Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que... • Conjunções Subordinativas Tipos Conjunções Subordinativas Causais Porque, pois, porquanto, como, etc. Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc. Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc. Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc. Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc. Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc. Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc. Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc. Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc. Integrantes Que, se. Interjeição É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das pessoas. • Principais Interjeições Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum! Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe. LÍNGUA PORTUGUESA 22 CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL Concordância Nominal Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os ar- tigos concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se referem. Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amis- tosa. Casos Especiais de Concordância Nominal • Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio: Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam alerta. • Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na for- mação de palavras compostas: Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-pode- roso. • Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de acordo com o substantivo a que se referem: Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas. • Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quan- do pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quando advérbios: Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou meia dúzia de ovos. • Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio: Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem. • É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o substantivo estiver determinado por artigo: É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados. Concordância Verbal O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa: O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enormes. Concordância ideológica ou silepse • Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gê- nero gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no contexto. Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Blumenau estava repleta de turistas. • Silepse de número trata-se da concordância feita com o número gramatical (singular ou plural) que está subentendido no contexto. O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplausos. • Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pessoa gramatical que está subentendida no contexto. O povo temos memória curta em relação às promessas dos políticos. REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL • Regência Nominal A regência nominal estuda os casos em que nomes (subs- tantivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para com- pletar-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu complemento é estabelecida por uma preposição. • Regência Verbal A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). Isto pertence a todos. Regência de algumas palavras Esta palavra combina com Esta preposição Acessível a Apto a, para Atencioso com, para com Coerente com Conforme a, com Dúvida acerca de, de, em, sobre Empenho de, em, por Fácil a, de, para, Junto a, de Pendente de Preferível a Próximo a, de Respeito a, com, de, para com, por Situado a, em, entre Ajudar (a fazer algo) a Aludir (referir-se) a Aspirar (desejar, pretender) a Assistir (dar assistência) Não usa preposição Deparar (encontrar) com Implicar (consequência) Não usa preposição Lembrar Não usa preposição Pagar (pagar a alguém) a Precisar (necessitar) de Proceder (realizar) a Responder a Visar ( ter como objetivo pretender) a NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI! LÍNGUA PORTUGUESA 23 COLOCAÇÃO PRONOMINAL A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do pronome antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma culta prescreve o emprego do pronome no meio – me- sóclise – ou após o verbo – ênclise. De acordo com a norma culta, no português escrito não se inicia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lin- guagem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele. Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que prejudique a eufonia da frase. Próclise Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pacientemente. Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a êncli- se: Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus. Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui. Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada. Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa? Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante- posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor! Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita! Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não sejam reduzidas: Percebia que o observavam. Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plan- tando, tudo dá. Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus intentos são para nos prejudicarem. Ênclise Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do indicativo: Trago-te flores. Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verda- de! Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela preposição em: Saí, deixando-a aflita. Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou prócli- se: Apressei-me a convidá-los. Mesóclise Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no futuro do pretérito que iniciam a oração. Dir-lhe-ei toda a verdade. Far-me-ias um favor? Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. Eu lhe direi toda a verdade. Tu me farias um favor? Colocação do pronome átono nas locuções verbais Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução ver- bal não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deverá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. Exemplos: Devo-lhe dizer a verdade. Devo dizer-lhe a verdade. Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar an- tes do auxiliar ou depois do principal. Exemplos: Não lhe devo dizer a verdade. Não devo dizer-lhe a verdade. Verbo principal no particípio: Se não houver fator de prócli- se, o pronome átono ficará depois do auxiliar. Exemplo: Havia-lhe dito a verdade. Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do auxiliar. Exemplo: Não lhe havia dito a verdade. Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois do infinitivo. Exemplos: Hei de dizer-lhe a verdade. Tenho de dizer-lhe a verdade. Observação Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções: Devo-lhe dizer tudo. Estava-lhe dizendo tudo. Havia-lhe dito tudo. CRASE A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome demonstrativo. a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s) • Devemos usar crase: – Antes palavras femininas: Iremos à festa amanhã Mediante à situação. O Governo visa à resolução do problema. – Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de” Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a: Os frangos eram feitos à moda da casa imperial. Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substan- tivos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase. Mas... há crase, sim! Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir- -me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante. – Expressões fixas Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de crase: LÍNGUA PORTUGUESA 24 à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à vontade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escondidas, à medida que, à proporção que. • NUNCA devemos usar crase: – Antes de substantivos masculinos: Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a pé. – Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou plural) usado em sentido generalizador: Depois do trauma, nunca mais foi a festas. Não foi FEITA MENÇÃO A MULHER, NEM A CRIANÇA, TAMPOUCO A HOMEM. – ANTES DE ARTIGO INDEFINIDO “UMA” IREMOS A UMA REUNIÃO MUITO IMPORTANTE NO DOMINGO. – ANTES DE PRONOMES OBS.: A CRASE ANTES DE PRONOMES POSSESSIVOS É FACULTATIVA. FIZEMOS REFERÊNCIA A VOSSA EXCELÊNCIA, NÃO A ELA. A QUEM VOCÊS SE REPORTARAM NO PLENÁRIO? ASSISTO A TODA PEÇA DE TEATRO NO RJ, AFINAL, SOU UM CRÍTICO. – ANTES DE VERBOS NO INFINITIVO A PARTIR DE HOJE SEREI UM PAI MELHOR, POIS VOLTEI A TRABALHAR. EXERCÍCIOS 1. (PREFEITURA DE PIRACICABA - SP - PROFESSOR - EDU- CAÇÃO INFANTIL - VUNESP - 2020) Escola inclusiva É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros concordam que há melhora nas escolas quando se incluem alunos com deficiência. Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e assumiu o dever de uma educação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas para tal perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou lei em 2015 e criou raízes no tecido social. A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qualificados até para o mais básico, como o ensino de ciências; o que dizer então de alunos com gama tão variada de dificuldades. Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o enfrentado por cadeirantes, a problemas de aprendizado criados por limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e intelectuais. Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para minorar preconceitos. A maioria dos entrevistados (59%), hoje, discorda de que crianças com deficiência devam aprender só na companhia de colegas na mesma condição. Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de con- tar com pessoal capacitado, em cada estabelecimento, para lidar com necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar in- dica 1,2 milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha triplicado o número de professores com alguma formação em educação especial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país. Não se concebe que possa haver um especia- lista em cada sala de aula. As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma estrutura para o atendimento inclusivo, as salas de recursos. Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno e sua família para definir atividades e de auxiliar os docen- tes do período regular nas técnicas pedagógicas. Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compe- te ao Estado disseminar essas iniciativas exitosas por seus estabele- cimentos. Assim se combate a tendência ainda existente a segregar em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se con- funde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo. (Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado) Assinale a alternativa em que, com a mudança da posição do pronome em relação ao verbo, conforme indicado nos parên- teses, a redação permanece em conformidade com a norma-pa- drão de colocação dos pronomes. (A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com deficiência. (incluem-se) (B) ... em educação especial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país. (se contam) (C) Não se concebe que possa haver um especialista em cada sala de aula. (concebe-se) (D) Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno... (encarrega-se) (E) ... que não se confunde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo. (confunde-se) 2. (PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG - AGENTE COMUNI- TÁRIO DE SAÚDE - FCM - 2019) Dieta salvadora A ciência descobre um micróbio adepto de um alimento abundante: o lixo plástico no mar. O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e produzir um “Dom Quixote”. Só não consegue dar um destino razoável ao lixo que produz. E não se contenta em brin- dar os mares, rios e lagoas com seus próprios dejetos. Intoxica- -os também com garrafas plásticas, pneus, computadores, sofás e até carcaças de automóveis. Tudo que perde o uso é atirado num curso d’água, subterrâneo ou a céu aberto, que se encami- nha inevitavelmente para o mar. O resultado está nas ilhas de lixo que se formam, da Guanabara ao Pacífico. De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itá- lia, China e dos Emirados Árabes descobriram em duas ilhas gre- gas um micróbio marinho que se alimenta do carbono contido no plástico jogado ao mar. Parece que, depois de algum tempo ao sol e atacado pelo sal, o plástico, seja mole, como o das saco- las, ou duro, como o das embalagens, fica quebradiço – no ponto para que os micróbios, de guardanapo ao pescoço, o decompo- nham e façam a festa. Os cientistas estão agora criando réplicas desses micróbios, para que eles ajudem os micróbios nativos a devorar o lixo. Haja estômago. Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tcheco Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um explorador descobre na costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis em co- lher pérolas e construir diques submarinos. Em troca das pérolas que as salamandras lhe entregam, ele lhes fornece facas para se defenderem dos tubarões. O resto, você adivinhou: as sala- mandras se reproduzem, tornam-se milhões, ocupam os litorais, aprendem a falar e inundam os continentes. São agora bilhões e tomam o mundo. LÍNGUA PORTUGUESA 25 Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem se tornar as salamandras de Čapek. É que, no livro, as salaman- dras aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os mi- cróbios no comando, nossos mares, pelo menos, estarão a salvo. Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S. Paulo. Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019. Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao ver- bo, possuem três posições: próclise (antes do verbo), mesóclise (no meio do verbo) e ênclise (depois do verbo). Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblí- quos nos trechos a seguir. I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa: “E não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas com seus próprios dejetos.” II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por ver- bo: “Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, compu- tadores, sofás e até carcaças de automóveis.” III – A próclise é sempre empregada quando há locução ver- bal: “Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo po- dem se tornar as salamandras de Čapek.” IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e produzir um ‘Dom Quixote’”. Está correto apenas o que se afirma em (A) I e II. (B) I e III. (C) II e IV. (D) III e IV. 3. (PREFEITURA DE BIRIGUI - SP - EDUCADOR DE CRECHE - VUNESP - 2019) Certo discurso ambientalista tradicional recorrentemente busca indícios de que o problema ambiental seja universal (e de fato é), atemporal (nem tanto) e generalizado (o que é desejável). Alguma ingenuidade conceitual poderia marcar o ambientalismo apologético; haveria dilemas ambientais em todos os lugares, tem- pos, culturas. É a bambificação(*) da natureza. Necessária, no en- tanto, como condição de sobrevivência. Há quem tenha encontra- do normas ambientais na Bíblia, no Direito grego, e até no Direito romano. São Francisco de Assis, nessa linha, prosaica, seria o santo padroeiro das causas ambientais; falava com plantas e animais. A proteção do meio ambiente seria, nesse contexto, instinti- va, predeterminando objeto e objetivo. Por outro lado, e este é o meu argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria freudiana, a pretensão de proteção ambiental seria pulsional, dado que resiste a uma pressão contínua, variável na intensida- de. Assim, numa dimensão qualitativa, e não quantitativa, é que se deveria enfrentar a questão, que também é cultural. E que culturalmente pode ser abordada. O problema, no entanto, é substancialmente econômico. O dilema ambiental só se revela como tal quando o meio ambiente passa a ser limite para o avanço da atividade econômica. É nesse sentido que a chamada internalização da externalidade negativa exige justificativa para uma atuação contra-fática. Uma nuvem de problematização supostamente filosófica também rondaria a discussão. Antropocêntricos acreditam que a proteção ambiental seria narcisística, centrada e referenciada no próprio homem. Os geocêntricos piamente entendem que a natureza deva ser protegida por próprios e intrínsecos funda- mentos e características. Posições se radicalizam. A linha de argumento do ambientalista ingênuo lembra-nos o “salto do tigre” enunciado pelo filósofo da cultura Walter Ben- jamin, em uma de suas teses sobre a filosofia da história. Qual um tigre mergulhamos no passado, e apenas apreendemos o que interessa para nossa argumentação. É o que se faz, a todo tempo. (Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy. Disponível em: https:// www.conjur.com.br/2011. Acesso em: 10.08.2019. Adaptado) (*) Referência ao personagem Bambi, filhote de cervo co- nhecido como “Príncipe da Floresta”, em sua saga pela sobrevi- vência na natureza. Assinale a alternativa que reescreve os trechos destacados empregando pronomes, de acordo com a norma-padrão de re- gência e colocação. Uma nuvem de problematização supostamente filosófica também rondaria a discussão. / Alguma ingenuidade conceitu- al poderia marcar o ambientalismo apologético. (A) ... lhe rondaria ... o poderia marcar (B) ... rondá-la-ia ... poderia marcar ele (C) ... rondaria-a ... podê-lo-ia marcar (D) ... rondaria-lhe ... poderia o marcar (E) ... a rondaria ... poderia marcá-lo 4. (PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - TÉCNICO EM SANEAMENTO - IBFC - 2019) Vou-me embora pra Pasárgada, lá sou amigo do Rei”. (M.Bandeira) Quanto à regra de colocação pronominal utilizada, assinale a alternativa correta. (A) Ênclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ao verbo. (B) Próclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ao verbo. (C) Mesóclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ao verbo. (E) Próclise: em orações iniciadas com verbos no imperativo afir- mativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ao verbo. 5. (PREFEITURA DE PERUÍBE - SP - INSPETOR DE ALUNOS - VUNESP - 2019) Pelo fim das fronteiras Imigração é um fenômeno estranho. Do ponto de vista pu- ramente racional, ela é a solução para vários problemas globais. Mas, como o mundo é um lugar menos racional do que deve- ria, pessoas que buscam refúgio em outros países costumam ser recebidas com desconfiança quando não com violência, o que diminui o valor da imigração como remédio multiuso. No plano econômico, a plena mobilidade da mão de obra seria muito bem-vinda. Segundo algumas estimativas, ela faria o PIB mundial aumentar em até 50%. Mesmo que esses cálculos estejam inflados, só uma fração de 10% já significaria um incre- mento da ordem de US$ 10 trilhões (uns cinco Brasis). LÍNGUA PORTUGUESA 26 Uma das principais razões para o mundo ser mais pobre do que poderia é que enormes contingentes de humanos vivem sob sistemas que os impedem de ser produtivos. Um estudo de 2016 de Clemens, Montenegro e Pritchett estimou que só tirar um tra- balhador macho sem qualificação de seu país pobre de origem e transportá-lo para os EUA elevaria sua renda anual em US$ 14 mil. A imigração se torna ainda mais tentadora quando se con- sidera que é a resposta perfeita para países desenvolvidos que enfrentam o problema do envelhecimento populacional. Não obstante tantas virtudes, imigrantes podem ser mal- tratados e até perseguidos quando cruzam a fronteira, especial- mente se vêm em grandes números. Isso está acontecendo até no Brasil, que não tinha histórico de xenofobia. Desconfio de que estão em operação aqui vieses da Idade da Pedra, tempo em que membros de outras tribos eram muito mais uma ameaça do que uma solução. De todo modo, caberia às autoridades incentivar a imigra- ção, tomando cuidado para evitar que a chegada dos estrangei- ros dê pretexto para cenas de barbárie. Isso exigiria recebê-los com inteligência, minimizando choques culturais e distribuindo as famílias por regiões e cidades em que podem ser mais úteis. É tudo o que não estamos fazendo. (Hélio Schwartsman. Disponível em: https://www1.folha.uol. com.br/colunas/.28.08.2018. Adaptado) Considere as frases: • países desenvolvidos que enfrentam o problema do enve- lhecimento populacional. (4º parágrafo) • ... minimizando choques culturais e distribuindo as famí- lias por regiões e cidades em que podem ser mais úteis. (6º parágrafo) A substituição das expressões em destaque por pronomes está de acordo com a norma-padrão de emprego e colocação em: (A) enfrentam-no; distribuindo-lhes. (B) o enfrentam; lhes distribuindo. (C) o enfrentam; distribuindo-as. (D) enfrentam-no; lhes distribuindo. (E) lhe enfrentam; distribuindo-as. 6. (PREFEITURA DE PERUÍBE - SP – SECRETÁRIO DE ESCO- LA - VUNESP - 2019) Considere a frase a seguir. Como as crianças são naturalmen- te agitadas, cabe aos adultos impor às crianças limites que ga- rantam às crianças um desenvolvimento saudável. Para eliminar as repetições da frase, as expressões destacadas devem ser substituídas, em conformidade com a norma-padrão da língua, respectivamente, por (A) impor-nas ... lhes garantam (B) impor-lhes ... as garantam (C) impô-las ... lhes garantam (D) impô-las ... as garantam (E) impor-lhes ... lhes garantam 7. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - GEO- GRAFIA – MATUTINO - FURB – 2019) O tradicional desfile do aniversário de Blumenau, que com- pleta 169 anos de fundação nesta segunda-feira, teve outra data especial para comemorar: os 200 anos de nascimento do Doutor Hermann Blumenau. __________ 15 mil pessoas que estiveram na Rua XV de Novembro nesta manhã acompanhando o desfi- le, de acordo com estimativa da Fundação Cultural, conheceram um pouco mais da vida do fundador do município. [...] O desfile também apresentou aspectos da colonização alemã no Vale do Itajaí. Dessa forma, as bandeiras e moradores das 42 cidades do território original de Blumenau, que foi fundado por Hermann, também estiveram representadas na Rua XV de Novembro. [...] Disponível em: <https://www.nsctotal.com.br/noticias/desfile- -em-blumenau-comemora-o-aniversario-da-cidade-e-os-200-a- nos-do-fundador>.Acesso em: 02 set. 2019.[adaptado] No mesmo excerto “Dessa forma, as bandeiras e morado- res das 42 cidades do território original de Blumenau, que foi fundado por Hermann, também estiveram representadas na Rua XV de Novembro.”, a palavra destacada pertence à classe grama- tical: (A) conjunção (B) pronome (C) preposição (D) advérbio (E) substantivo 8. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - POR- TUGUÊS – MATUTINO - FURB – 2019) Determinado, batalhador, estudioso, dedicado e inquieto. Muitos são os adjetivos que encontramos nos livros de histó- ria para definir Hermann Blumenau. Desde os primeiros anos da colônia, esteve determinado a construir uma casa melhor para viver com sua família, talvez em um terreno que lhe pertencia no morro do aipim. Infelizmente, nunca concretizou este sonho, porém, nunca deixou de zelar por tudo aquilo que lhe dizia res- peito.[...] Disponível em: <https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/ fundacao-cultural/fcblu/memaoria-digital-ao-comemoraacaao- -200-anos-dr-blumenau85>. Acesso em: 05 set. 2019. [adapta- do] Sobre a colocação dos pronomes átonos nos excertos: “...tal- vez em um terreno que lhe pertencia no morro do aipim.” e “... zelar por tudo aquilo que lhe dizia respeito.”, podemos afirmar que ambas as próclises estão corretas, pois o verbo está prece- dido de palavras que atraem o pronome para antes do verbo. Assinale a alternativa que identifica essas palavras atrativas dos excertos: (A) palavras de sentido negativo (B) advérbios (C) conjunções subordinativas (D) pronomes demonstrativos (E) pronomes relativos 9. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDE- RAL – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado cor- retamente por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase. (A) Vou à Brasília dos meus sonhos. (B) Nosso expediente é de segunda à sexta. (C) Pretendo viajar a Paraíba. (D) Ele gosta de bife à cavalo. 10. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na ora- ção “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ataque, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, ob- LÍNGUA PORTUGUESA 27 serva-se a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa- -alta. Nas locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser marcada com o acento, EXCETO em: (A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema. (B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do eleitorado pelo resultado final. (C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sis- tema. (D) Os técnicos estavam face à face com um problema inso- lúvel. (E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o sistema. 11. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está correta. (A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Pau- lo. (B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros. (C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que 35% deles fosse despejado em aterros. (D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo. (E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta de lixo. 12. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012) Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações de concordância no texto abaixo. O bom desempenho do lado real da economia proporcionou um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucratividade das empresas foi decisiva para os resultados fis- cais favoráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contri- buição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e a receita de tributa- ção sobre a folha da previdência social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital, responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF. (A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de plural em “deflacionados”. (B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural em “Elevaram-se”. (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as regras de concordância com “economia”. (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de singular em “fez aumentar”. (E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concor- dância com “relevantes”. 13. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liber- dades ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocu- pa a nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase acima, na ordem dada, as expressões: (A) a que – de que; (B) de que – com que; (C) a cujas – de cujos; (D) à que – em que; (E) em que – aos quais. 14. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008) Assinale o trecho que apresenta erro de regência. (A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fecha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamen- te a maior taxa registrada na última década. (B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CE- PAL). (C) Não há dúvida de que os números são bons, num mo- mento em que atingimos um bom superávit em conta-cor- rente, em que se revela queda no desemprego e até se anuncia a ampliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de novas fontes de petróleo. (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continen- te, percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuída a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina. (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rús- sia, com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro da América Latina, o organismo internacional está atribuindo um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do que o do Brasil. 15. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: (A) pronome; (B) adjetivo; (C) advérbio; (D) substantivo; (E) preposição. 16. Assinale a alternativa que apresenta a correta classifica- ção morfológica do pronome “alguém” (l. 44). (A) Pronome demonstrativo. (B) Pronome relativo. (C) Pronome possessivo. (D) Pronome pessoal. (E) Pronome indefinido. 17. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na oração “A abordagem social constitui-se em um processo de trabalho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos sublinhados classificam-se, respectivamente, em (A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo. (B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. (C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome. (D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. (E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio. 18. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma padrão na seguinte sentença: (A) Mário, vem falar comigo depois do expediente. (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho. (C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe. (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião. (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso. LÍNGUA PORTUGUESA 28 19. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMA- GEM DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de pontuação em: (A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos con- vidados e retirou-se da sala: era o final da reunião. (B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sor- rateiramente pela porta? (C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou- -se tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo. (D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem muito branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os irmãos e o mundo mágico dos brinquedos. (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre- penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia. 20. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está intei- ramente correta a pontuação do seguinte período: (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de pe- quenas providências que, tomadas por figurantes aparente- mente sem importância, ditam o rumo de toda a história. (B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de peque- nas providências que tomadas por figurantes, aparentemen- te sem importância, ditam o rumo de toda a história. (C) Os personagens principais de uma história, responsáveis pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de peque- nas providências, que, tomadas por figurantes aparente- mente, sem importância, ditam o rumo de toda a história. (D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de peque- nas providências, que tomadas por figurantes aparentemen- te sem importância, ditam o rumo de toda a história. (E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque- nas providências, que tomadas por figurantes, aparente- mente, sem importância, ditam o rumo de toda a história. 21. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS – 2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa or- dem, o seguinte par de palavras: (A) estrondo – ruído; (B) pescador – trabalhador; (C) pista – aeroporto; (D) piloto – comissário; (E) aeronave – jatinho. 22. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em desta- que tem como antônimo: (A) fortuna; (B) opulência; (C) riqueza; (D) escassez; (E) abundância. 23. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualida- de é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO se fundamenta em intertextualidade é: (A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter mor- rido há muito tempo.” (B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se mete onde não é chamada.” (C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente mesmo!” (D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, tudo bem.” (E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” Leia o texto abaixo para responder a questão. A lama que ainda suja o Brasil Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br) A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasileira: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recuperação efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tampouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. A única me- dida concreta foi a aplicação da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha profunda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro, coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica, sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos se tornou uma bomba reló- gio na região.” Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem ris- cos de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Se- gundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16 barragens de mineração em todo o País apresentam condições de insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo marco regulatório da mineração, por sua vez, também conce- de prioridade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com o avanço dessa legislação outros danos ir- reversíveis podem ocorrer. FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL 24. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido: I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um fato. II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao gênero textual editorial. III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositi- vas, já que se trata de uma reportagem. IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já se trata de um editorial. Analise as assertivas e responda: (A) Somente a I é correta. (B) Somente a II é incorreta. (C) Somente a III é correta (D) A III e IV são corretas. LÍNGUA PORTUGUESA 29 25. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que ainda suja o Brasil”: I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem proble- mas no desenvolvimento do assunto. II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta problemas no uso de conjunções e preposições. III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das clas- ses de palavras e da ordem sintática. IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão temática e bom uso dos recursos coesivos. Analise as assertivas e responda: (A) Somente a I é correta. (B) Somente a II é incorreta. (C) Somente a III é correta. (D) Somente a IV é correta. Leia o texto abaixo para responder as questões. UM APÓLOGO Machado de Assis. Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enro- lada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? — Deixe-me, senhora. — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. — Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê? — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ig- nora que quem os cose sou eu, e muito eu? — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados… — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando… — Também os batedores vão adiante do imperador. — Você é imperador? — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su- balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto… Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baro- nesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baro- nesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima… A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agu- lha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo si- lêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vesti- do da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe: — Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agu- lha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agu- lha a muita linha ordinária! 26. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as personagens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visu- al, indique a opção em que a fala não é compatível com a asso- ciação entre os elementos dos textos: (A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en- rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02) (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06) (C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...” (L.14-15) (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou- co? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.” (L.25-26) (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixi- nha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.” (L.40-41) LÍNGUA PORTUGUESA 30 27. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade, pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que os valores semânticos utilizados nas formas diminuti- vas “unidinha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de: (A) dimensão e pejoratividade; (B) afetividade e intensidade; (C) afetividade e dimensão; (D) intensidade e dimensão; (E) pejoratividade e afetividade. 28. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co- mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alter- nativa cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da ex- pressividade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado. (A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11) (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu- lha. Agulha não tem cabeça.” (L.06) (C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13) (D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha or- dinária!” (L.43) (E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou- co?” (L.25) 29. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia presente no texto: (A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação equânime em ambientes coletivos de trabalho; (B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação equânime em ambientes coletivos de trabalho; (C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de traba- lho, cada sujeito possui atribuições próprias. (D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente co- letivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do sujeito. (E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais. GABARITO 1 D 2 A 3 E 4 A 5 C 6 E 7 B 8 E 9 A 10 D 11 E 12 A 13 A 14 D 15 A 16 E 17 B 18 B 19 E 20 A 21 E 22 D 23 E 24 C 25 D 26 E 27 D 28 D 29 D BIOLOGIA 1. Citologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Diversidade Dos Seres Vivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02 3. Fisiologia Humana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 4. Genética. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 5. Citogenética E Evolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 BIOLOGIA 1 CITOLOGIA Em 1663, Robert Hooke colocou fragmentos de cortiça sob a lente de um microscópio e, a partir de suas observações, nas- cia a biologia celular. Esse ramo da ciência, também conhecido como citologia, tem como objeto de estudo as células, abran- gendo a sua estrutura (morfologia ou anatomia) e seu funcio- namento (mecanismos internos da célula). A citologia se torna importante por, em conjunto com outras ferramentas ou não, buscar entender o mecanismo de diversas doenças, auxiliar na classificação dos seres e, também, por ser precursora ou co- nhecimento necessário de diversas áreas da atualidade, como a biotecnologia. Por essa razão, diversos conteúdos da biologia celular estão intimamente relacionados com os da biologia mo- lecular, histologia, entre outras. Esquema de uma célula animal e suas organelas. Ilustração: master24 / Shutterstock.com [adaptado] As células são a unidade fundamental da vida. Isso quer dizer que, com a exceção dos vírus, todos os organismos vivos são compostos por elas. Nesse sentido, podemos classificar os seres vivos pela sua constituição celular ou complexidade estru- tural, existindo os unicelulares e os pluricelulares. Os organis- mos unicelulares são todos aqueles que são compostos por uma única célula, enquanto os pluricelulares, aqueles formados por mais de uma. Com relação a seu tamanho, existem células bem pequenas que são visíveis apenas ao microscópio, como bacté- rias e protozoários, e células gigantes visíveis a olho nu, como fibras musculares e algumas algas. Assim como acontece com o tamanho, as células se apre- sentam em diversas formas: retangulares, esféricas, estreladas, entre outras. Isso ocorre porque a forma é um reflexo da função celular exercida, por exemplo, as fibras musculares são afiladas e longas, o que é adequado ao caráter contrátil das mesmas. Entre os diversos tamanhos e formas celulares, basicamente, existem apenas duas classes de células: as procariontes, nas quais o material genético não é separado do citoplasma, e as eucariontes, cujo núcleo é bem delimitado por um envoltório nuclear denominado carioteca. Em resumo, pode-se dizer que a diferença entre as classes reside na complexidade das células. As células procariontes têm poucas membranas, em geral, apenas a que delimita o organismo, denominada de membrana plasmática. Os seres vivos que possuem esse tipo de célula são chamados de procariotas e o grupo representativo dessa classe é o das bactérias. Já as células eucariontes são mais complexas e ricas em membranas, existindo duas regiões bem individualiza- das, o núcleo e o citoplasma. Assim, os portadores dessa classe de células são denominados eucariotas, existindo diversos re- presentantes desse grupo, como animais e plantas, por exemplo. A constituição de cada célula varia bastante de acordo com qual sua classe, tipo e função. Isso ficará mais claro a seguir. Para fins didáticos, separemos a célula em três partes: mem- brana plasmática, estruturas externas à membrana e estruturas internas à membrana. A membrana plasmática ou celular é o envoltório que separa o meio interno e o meio externo das cé- lulas. Ela está presente em todos os tipos celulares e é formada por fosfolipídios e proteínas. Essa membrana possui uma carac- terística de extrema importância para a manutenção da vida, a permeabilidade seletiva. Isso quer dizer que tudo o que entra ou sai das células depende diretamente da membrana celular. A estrutura supracitada se trata de algo bastante delicado, por essa razão surgiram estruturas que conferem maior resis- tência às células: a parede celular, cápsula e o glicocálix. A pare- de celular é uma camada permeável e semi-rígida, o que confere maior estabilidade quanto a forma da célula. Sua composição é variada de acordo com o tipo da célula e sua função é relaciona- da à proteção mecânica. Nesse sentido, as paredes celulares es- tão presentes em diversos organismos, como bactérias, plantas, fungos e protozoários. A cápsula, por sua vez, é um envoltório que ocorre em al- gumas bactérias, em geral patogênicas, externamente à parede celular. Sua função também é a defesa, mas, diferentemente da parede celular, essa confere proteção contra a desidratação e, também, se trata de uma estrutura análoga a um sistema imune. Sob o aspecto morfológico, sua espessura e composição química são variáveis de acordo com a espécie, se tratando de um polí- mero orgânico. Já o glicocálix se trata de uma camada formada por glicídios associados, externamente, à membrana plasmática. Embora não confira rigidez à célula, o glicocálix também tem uma função de resistência. Fora isso, ele confere capacidade de reconhecimento celular, barrar agentes do meio externo e reter moléculas de importância para célula, como nutrientes. Com relação à parte interna da membrana celular, existe uma enorme diversidade de estruturas com as mais diferentes funções. Para facilitar a compreensão, pode-se dividir em cito- plasma e material genético, esse que, nos procariotas, está solto no citoplasma. O material genético é composto de ácidos nucléi- cos (DNA e RNA) e sua função é comandar a atividade celular. Por ele ser transmitido de célula progenitora para a progênie, é a estrutura responsável pela transmissão das informações he- reditárias. Já o citoplasma corresponde a todo o restante, com- posto pela matriz citoplasmática ou citosol, depósitos citoplas- máticos e organelas. O citosol é composto de água, íons, proteínas e diversas ou- tras moléculas importantes para a célula. Por ser aquoso, ele é responsável por ser o meio em que ocorrem algumas reações e a locomoção dentro da célula. Quanto aos depósitos, esses são as concentrações de diversas substâncias soltas no citosol. A importância dessas estruturas tem relação com a reserva de nutrientes ou pigmentos. Por fim, as organelas não possuem conceituação bem definida, mas, grosso modo, são todas as es- truturas internas com funções definidas, como ribossomos, mi- tocôndrias, complexo de Golgi, retículos endoplasmáticos, entre outros. Suas funções variam desde a síntese protéica até a res- piração celular. Enfim, a citologia é uma extensa área da biologia que se co- munica com outras disciplinas para concatenar os conhecimen- tos a fim de utilizá-los nas ciências aplicadas, como ocorre na terapia gênica ou engenharia genética, por exemplo. BIOLOGIA 2 DIVERSIDADE DOS SERES VIVOS REINO VEGETAL E REINO ANIMAL Reino Vegetal As plantas são seres eucariontes e pluricelulares, assim sen- do, são semelhantes aos animais. A diferença é que as plantas são capazes de realizar fotossíntese, pois são seres autótrofos. Isso significa dizer que os vegetais são capazes de converter a luz do sol em energia Vamos ver o slide e um vídeo logo abaixo. Logo depois e depois continue com o texto. As plantas: importância ecológica As plantas são organismos fotossintetizantes e multicelula- res. Em seu corpo, as células estão organizadas em conjuntos com funções específicas, chamados tecidos. As algas e os fungos multicelulares, que estudamos nas unidades anteriores, não são formados por tecidos. Por serem fotossintetizantes, as plantas são organismos au- tótrofos, assumindo o papel de produtores nos ecossistemas, como as cianobactérias e as algas. Os organismos fotossintetizantes possuem células que con- têm o pigmento verde clorofila. Em algumas plantas podem exis- tir outros pigmentos, de cores diferentes, que podem dar outra coloração a elas que não a verde. Assim, a cor predominante da planta pode não ser a verde, mas a clorofila está presente. Isso também ocorre com diversas espécies de algas. Nos eucariontes fotossintetizantes, a clorofila se localiza no interior de organelas chamadas cloroplastos. Nas cianobacté- rias, que são fotossintetizantes, mas procariontes, não há cloro- plastos. Dizemos que os cloroplastos estão presentes em células eucarióticas de algas e plantas. As células das plantas apresentam, além dos cloroplastos, uma parede celular externa à membrana plasmática, feita de celulose, que confere resistência à célula. Há também os vacúo- los de suco celular, que são organelas nas quais a água é arma- zenada. Dependendo da espécie de planta e do tecido vegetal, também podem existir pigmentos no vacúolo, como o pigmento avermelhado que dá cor às folhas da planta coração-de-maria. Além da importância ecológica, as plantas têm, para o ser humano, grande valor econômico. Muitas espécies são utiliza- das em nossa alimentação e, em função disso, cada vez mais são desenvolvidas técnicas agrícolas que visam melhorar a qua- lidade e aumentar a produção. O Brasil, por exemplo, tornou-se grande g exportador de café, soja, mi- ! lho, laranja, manga, me- lão e | várias outras plantas e seus 1 derivados, o que favorece a | economia de muitas cidades ° e estados brasileiros. Há espécies de plantas utilizadas como matéria-prima na produção de remédios e outras, ainda, que fornecem madeira, utilizada na fabricação de móveis, casas, pontes e dormentes de ferrovias, por exemplo. O Brasil é um país muito rico em relação a biodiversidade de plantas. Há especialmente 6 biomas brasileiros que merecem ser estudados. Um fato interessante sobre as plantas é que elas tem capa- cidade de movimento. Entre eles podemos destacar o tropismo, tactismo e nastismo. Esses movimentos são fundamentais para as plantas. A classificação das plantas Resumidamente podemos classificar assim as plantas. • Filo Hepatophyta – são as hepáticas • Filo Bryophyta – os musgos • Filo Anthocerophyta – antóceros • Filo Pterophyta – avencas e samambaias • Filo Sphenophyta – cavalinha • Filo Lycophyta – os licopódios e selaginelas • Filo Psilotophyta – psilotáceas • Filo Coniferophyta – coníferas, pinheiros e ciprestes • Filo Gnetophyta – gnetáceas • Filo Cycadophyta – cicas • Filo Ginkgophyta – gincobilobas • Filo Magnoliophyta ou Anthophyta – árvores, gramíneas, etc.). A classificação procura refletir a evolução das plantas. As- sim, o cladograma a seguir representa as relações evolutivas en- tre os filos que formam o reino das plantas: briófitas, hepatófi- tas, antocerófitas, pteridófitas, licófitas, shenófitas, psilotófitas, gimnospermas e angiospermas. Note que o grupo das plantas, tão diversificado, é descendente de um grupo ancestral relacio- nado com as algas verdes. Veja na figura abaixo um cladograma resumido do Reino Plantae. Observe que está sendo considerado os grupos mais abundantes e estudados que são as briófitas, pteridófitas, gim- nospermas e angiospermas. Criptógamas e Fanerógamas Podemos dividir as plantas em dois grandes grupos: as Crip- tógamas e Fanerógamas. Mas quais é a diferenças entre criptó- gamas e fanerógamas? Criptógamas São as plantas que não possuem flores. Nesse grupo temos as briófitas e pteridóftas. São os vegetais mais simples e tam- bém os mais dependentes de água. Fanerógamas São as plantas que realizam a sua reprodução sexuada atra- vés de flores. Flores nada mais são que os órgãos sexuais das plantas. No caso, das gimnospermas e angiospermas. Briófitas As briófitas são plantas sem vasos especializados para o transporte de seiva. Elas ocorrem geralmente em ambientes úmidos e abrigados da luz direta. São exemplos de briófitas os musgos e as hepáticas. Assim como todas as plantas, as briófitas possuem alternân- cia de gerações em seu ciclo de vida. Em uma geração, há produ- ção de gametas (geração ga- metofítica) e, em outra geração, há produção de esporos (geração esporofítica). BIOLOGIA 3 Os gametas são células destinadas à reprodução sexuada. Um gameta masculino une-se a um feminino no processo da fecun- dação, dando origem ao zigoto, a partir do qual se desenvolve um novo indivíduo. Os esporos são células reprodutivas especiais e cada um dá origem a um novo indivíduo. Na geração gametofítica, os indivíduos são chamados gametófitos; na geração esporofítica, os indivíduos são chamados espo- rófitos. A figura a seguir ilustra e descreve o ciclo de vida de um musgo, que é uma briófita Pteridófitas As pteridófitas sáo plantas que possuem vasos condutores de seiva, porém sua reprodução depende da água para o desloca- mento dos gametas masculinos, como acontece com as briófitas. São exemplos de pteridófitas as samambaias e as avenças, comuns nas matas tropicais e muito usadas como plantas ornamentais. As folhas jovens das pteridófitas formam os báculos – estruturas semelhantes a cajados, bastões de extremidade recurvada. Quando se desenvolvem, as folhas jovens crescem e se desenrolam. Na face inferior, as folhas maduras apresentam estruturas for- madoras de esporos, os quais ficam reunidos formando os soros. Os esporos são liberados e, ao germinar, dão origem ao gametófito, que nesse grupo é denominado prótalo. Em um mesmo prótalo desenvolvem-se as estruturas produtoras de gametas (gametângios) femininos e masculinos. O deslocamento dos gametas masculinos até os femininos, que são imóveis, é feito batimento de flagelo que depende da água, como já comentamos. Depois da fecundação do gameta feminino pelo gameta masculino, forma-se o embrião, que dará origem ao esporófito, reiniciando o ciclo de vida. Representação esquemática do ciclo de vida de uma pteridófita. Estruturas representadas em diferentes escalas. BIOLOGIA 4 Gimnospermas As gimnospermas sáo plantas vasculares e de grande porte. Ao contrário das briófitas e das pteridófitas, elas apresentam independência da água para se reproduzir. Por isso, as gimnospermas são amplamente distribuídas no ambiente terrestre. São abundantes principalmente em regiões temperadas, onde formam vegetações como as das florestas boreais (taiga) no Hemisfério Norte, nas quais predominam os pinheiros, e a Mata de Araucárias na Região Sul do Brasil. São também exemplos de gimnospermas as cicas e as sequoias, entre outras. Nas gimnospermas, as estruturas relacionadas com a reprodução sexuada encontram-se reunidas em estróbilos. Nos estróbilos masculinos são formados os grãos de pólen que vão originar gametas masculinos. Estes não são flagelados. Nos estróbilos femininos são formados os gametas femininos. O gameta feminino fica no interior do óvulo. Após a fecundação, há formação do embrião e o óvulo transforma-se em semente, cuja função é proteger o embrião e fornecer-lhe alimento. A denominação gimnospermas deriva do fato de as sementes serem nuas, isto é, não abrigadas no interior de frutos {gymnos = nu; spermae = semente). Na gimnosperma mais conhecida do Brasil, o pinheiro-do-paraná, as sementes são os pinhões e o estróbilo feminino que con- tém as sementes se chama pinha. Nas gimnospermas, o grão de pólen é transportado pelo vento. Após a polinização, o grão de pólen desenvolve uma estrutu- ra chamada tubo polímco, que transporta o gameta masculino até o feminino. O tubo polínico é fundamental para a reprodução das fanerógamas, ou seja, das angiospermas e das gimnospermas, pois ele leva o gameta masculino (que não é flagelado) até o feminino, sem necessidade de meio líquido. O surgimento dessa estrutura foi importante para a evolução das plantas, permitindo a conquista de ambientes terrestres mesmo sem umidade elevada. Ocorrendo a fecundação, forma-se o embrião, e o óvulo trans- forma-se em semente. Representação esquemática mostrando o ciclo de vida de uma gimnosperma. Estruturas em diferentes escalas. Angiospermas Nas angiospermas, as estruturas relacionadas com a reprodução sexuada encontram-se reunidas nas flores. As flores completas são formadas pelo pedúnculo e pelo receptáculo, onde se inserem os verticilos, que são: • cálice: conjunto de sépalas, geralmente verdes; • corola: conjunto de pétalas, que podem apresentar várias cores; • androceu: formado pelos estames; • gineceu: formado por um ou mais pistilos. BIOLOGIA 5 O estame é composto pelo filete e pela antera, no interior da qual se formam os grãos de pólen. O pistilo é composto pelo ovário e pelo estilete, cujo ápice é o estigma. No interior do ovário situa-se o óvulo. Há flores que apresentam apenas o androceu ou o gineceu, sendo, portanto, flores masculinas ou flores femininas, respectiva- mente. A maioria delas, entretanto, possui androceu e gineceu na mesma flor. Na maioria das angiospermas, a polinização é realizada por animais, principalmente insetos e aves. Após a fecundação, com o desenvolvimento do embrião, os tecidos do óvulo tornam- -se desidratados e impermeáveis, e a estrutura toda passa a ser denominada semente. À medida que a semente se forma, a parede do ovário também se desenvolve, dando origem ao fruto, que é formado, portanto, pelo desenvolvimento do ovário. As sementes ficam, assim, abrigadas no interior de frutos. Daí provém a denominação angiosper- mas angio = urna; spermae = semente). Ao germinar, a semente dá origem à planta jovem (plântula), que se desenvolve, tornando-se uma planta adulta.casos, as flores geralmente possuem características que atraem esses animais: podem ser vistosas, coloridas, exalar odor característico, produzir substâncias nutritivas. Essas substâncias nutritivas constituem o néctar, que é produzido nos nectários, na maioria das vezes loca- lizados no interior da flor. Reino Animal O Reino Animal é sem dúvida fascinante. Também é conhecido como Reino Animalia ou Reino Metazoa. Possui imensa diver- sidade e complexidade de organismos. Contar a história deste Reino é contar uma boa parte da história natural de nosso planeta. Vamos ver primeiro uma vídeo-aula e um slide e depois falamos um pouco mais no texto abaixo. BIOLOGIA 6 Os animais são seres eucariontes, ou seja, possuem em suas células um núcleo individualizado, que tem a finalidade de prote- ger o DNA. São heterotróficos, isto quer dizer que não são capazes de produzir o próprio alimento. No Reino Animal podemos encontrar desde seres microscópicos, como um ácaro, pequenos crustáceos e nematódeos e até um gigante pesando várias toneladas como é o caso da baleia azul ou um elefante. Em relação ao comportamento, seu nicho ecológico, habitats são tão diversos que parece em algumas vezes que determinados seres não podem estar no mesmo reino. Um exemplo disso são os poríferos, representados pelas esponjas do mar, que possuem uma estrutura orgânica extremamente simples, não possuem nem órgãos, nem tecidos bem definidos e sequer podem se locomover por conta própria. Quando comparamos com um leão, que possui um organismo altamente complexo com vários tipos celulares, estes dois animais parecem serem de reinos com- pletamente distintos. Por isso o Reino Animal é dividido em dois sub reinos, invertebrados e vertebrados e em diversos filos. Características gerais do reino animal. De forma resumida, podemos dizer que os representantes do Reino Animal são eucariontes, pluricelulares, heterótrofos ae- róbios. Isso é o mesmo que dizer que possuem várias células com seu DNA protegida pelo núcleo, precisam procurar alimentos e necessitam de oxigênio para realizar suas atividades. Um erro muito comum na caracterização do Reino Animas é fazer uma oposição ao Reino Plantae, em que , se os vegetais não se locomovem por conta própria os animais se locomovem. Esse é um erro, pois há animais que são sésseis, ou seja, não se loco- movem, como é o caso dos poríferos. Logo abaixo veja alguns tópicos das características gerais do animais. • Animais são Eucariontes –> no interior das células há um núcleo que tem como uma das funções a proteção do DNA. • São Pluricelulares –> ou seja, são organismo formados por várias células. • São Heterótrofos: isso significa dizer que os seres do reino animal necessitam ingerir outros seres vivos, justamente porque são incapazes de produzir seu próprio alimento. • Animais são Aeróbicos –> isso quer dizer que utilizam oxigênio retirado ou da água ou do ar. Fazem isso pra realizar a respi- ração celular. • Reprodução Sexuada –> é aquela em que existe o encontro do gameta feminino com o gameta masculino. Nos animais o gameta masculino se chama espermatozoide e o feminino se chama óvulo. em alguns animais hermafrodita pode acontecer a auto- fecundação. Alguns invertebrados também podem se reproduzir de maneira assexuada. • Ausência de Clorofila –> por serem exclusivamente heterótrofos você nunca irá encontrar um animal com clorofila. Sub reinos do Reino Animal O mundo da zoologia pode ser dividido em dois sub reinos, sendo eles os invertebrados e os vertebrados Invertebrados Os invertebrados,como o próprio nome diz, são aqueles que não possuem vértebras. a maioria dos animais são invertebrados. Os insetos, moluscos, águas vivas, minhocas, corais, aranhas, estrelas do mar, vermes. Todos eles fazem parte deste sub Reino. Para ser mais específico vejamos quais os filo que compões os invertebrados. • Poríferos • Cnidários ou celenterados • Platelmintos • Nematódeos • Anelídeos • Moluscos • Artrópodes • Equinodermos BIOLOGIA 7 Vertebrados São todos os seres do Reino Animal que possuem uma coluna vertebral, como nós, seres humanos. são exemplos de vertebra- dos os peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Há exemplares aquáticos e terrestres e se distribuem por quase todo o globo terrestres. Evolução do Reino Animal Os fósseis animais mais antigos já encontrados datam do período pré-cambriano, entre 640 a 550 milhões de anos atrás. Esses fósseis mostram animais muito simples que não possuem sequer um esqueleto duro para sua sustentação. Tão simples que nem mesmo possuem órgãos ou tecidos bem definidos. Fósseis de animais com esqueleto duro são datado do período Cambriano onde ocorre um grande aumento na diversidade de fósseis. Nesse período podemos encontrar fósseis de vários filos animais que encontramos hoje em dia. Veja abaixo uma imagem com uma árvore filogenética contando um pouco da história da evolução dos animais. Principais Filos do Reino Animal Vamos começar dos seres com estruturas mais simples para os mais complexos. Seguindo a lógica evolutiva os animais mais simples foram os primeiros a surgirem no planeta Terra. Poríferos BIOLOGIA 8 Os poríferos são os animais mais antigos que conhecemos. Sua estrutura é muito simples, pois não possem órgão e nem tecidos definidos. São sesseis e em seu organismos estão presentes poros que realizam a filtragem da água pra obtenção de alimentos. Devi- do a presença de poros por todo o seu corpo são chamado de porí- feros. Também podemos encontrar o nome Animais Espongiários. A saída de água recebe o nome de ósculo e também pode- mos citar as células coanócitos e pinacócitos nesses animais. Cnidários ou celenterados Os cnidários são também criaturas bem simples. São ani- mais importantíssimos para a ecologia marinha, pois os corais fazem parte deste filo. Os mais conhecidos são as águas vivas, as anêmonas do mar e a hidra, que é a única representante de água doce. Os cnidários também são conhecidos como celenterados. Os celenterados (cnidários também podem ser chamados de celenterados) possuem um sistema digestório incompleto, ou seja, o alimento entra cavidade oral e os detritos do processo digestivos e saem pelo mesmo lugar. Estes animais possuem um tipo celular chamado cnidócito que é utilizado para armazenar e injetar veneno em presas ou em predadores. Um dos animais mais venenosos do mundo, a vespa do mar ou jellyfish, é um exemplo de cnidário. Platelmintos Os platelmintos é o filo dos vermes achatados e alguns de seus representantes podem causar algumas doenças em seres humanos. Possuem um par de olhos muito simples, vivem em ambientes aquáticos ou muito úmidos. O principal representan- te desse filo são as planárias, as tênias e o esquistossomo. Suas verminoses estão geralmente associadas ao baixo sa- neamento básico e aparecem em regiões onde não há o devido tratamento de água. Doenças como esquitossomose, teníase e cisticercose estão entre algumas verminoses causados por ani- mais desse filo. São os primeiros animais a apresentarem sistema nervoso ganglionar, ou seja, há o aparecimento de gânglios nervosos na região da cabeça. Nematoides As lombrigas, o ancilostoma, são os representantes mais conhecidos. Podem causar doenças tanto em humanos e em outros animais. Outras doenças causadas por nematoides são a ancilostomose e a filariose mais conhecida popularmente como elefantíase. Verminoses como o bicho geográfico erroneamente chamado de micose também é causada por estes animais. Possuem aproximadamente 90 mil espécies já catalogadas e podem ser de vida livre ou parasitas São os primeiros animais a apresentarem sistema digestório completo, com boca e ânus bem definidos. Anelídeo As minhocas são os representantes mais conhecidos. San- guessugas e poliquetas são os outros representantes. Uma ca- racterística marcante nesses animais é a presença de anéis por todo o corpo daí vem o nome do filo. O Filo dos anelídeos é o primeiro do Reino animal em que a circulação aparece vários corações rudimentares bombeiam o sangue que possui hemoglobina pelo corpo do animal. Seu siste- ma digestório é completo pois possui boca e ânus. As minhocas desempenham um papel ecológico muito im- portante na saúde do solo. Como diz o ditado, “solo bom é solo com minhoca” vem do fato desses animais digerirem os resto de matéria orgânica e transformar em húmus, além de fazer túneis no solo que possibilita a circulação do ar. BIOLOGIA 9 Moluscos Os Moluscos são animais que podem ser encontrados tanto em ambientes aquáticos quanto terrestres. São animais de cor- po mole. Entre alguns de seus representantes marinhos estão o polvo, a lula, ostras e mexilhões . As lesmas caracóis são terres- tres porém precisam de um ambiente úmido, pois sua respira- ção se dá pela pele. Os moluscos possuem um sistema nervoso bastante desen- volvido, seu sistema digestório é completo e também possuem um sistema circular fechado. Possuem uma grande importância econômica, pois podem ser utilizados como alimentos e como ornamentos. há os que causam prejuízo e doenças também. Os moluscos podem ser divididos em três classes principais: os cefalópodes, gastrópodes e bivalves Artrópodes Os artrópodes são o maior grupo dentre todos os animais. São os mais abundantes e podem ser considerados como um verdadeiro sucesso evolutivo devido a sua distribuição em todos os cantos do globo terrestre. O nome artrópode vem do fatos que esses animais possuem pés articulados. Há 3 classes princi- pais, sendo elas a dos Insetos, aracnídeos e crustáceos. Esses possuem como características um forte exoesqueleto, a presença de apêndices motores articulados, que alias, por essa característica, dá nome ao filo. Outra característica marcante é fenômeno da muda ou ecdise, que consiste na troca do exoes- queleto de tempos em tempos para permitir que o animal con- tinue crescendo. Em relação a sua fisiologia e anatomia, possuem sistema di- gestório completo e a presença dos sistemas circulatório, respi- ratório excretor e nervoso. Equinodermos Equinodermo são os animais de pele dura e seus repre- sentantes mais conhecidos são as estrelas do mar, as bolachas do mar e o ouriços. Possuem sistema digestivo completo e sua respiração se dá por meio de branquias. São animais exclusiva- mente marinhos e bentônicos. Possuem um sistema único no Reino Animal, é o sistema ambulacral, que permite a locomoção e alimentação do animal. Possuem um endoesqueleto calcário revestido por uma membrana epidérmica muito fina. O filo dos equinodermos está dividido em cinco classes. Pepinos do mar, lírio do mar e ofiuro são exemplares de animais deste filo. Cordados Os cordados são os representantes vertebrados do Reino Animal. São os que possuem maior complexidade orgânica do reino. Alguns de seus representantes possuem sangue frio e ou- tros podem regular a própria temperatura. Nos seres humanos fazemos parte do filo dos cordados, cuja característica comum a todos e possuir notocorda em alguma fase do desenvolvimento da vida. São 5 as classes desse filo sendo ela os peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Na pré-história o homem vivia em pequenas tribos, nô- mades, coletoras e caçadoras. Para garantir sua sobrevivência, desde as mais antigas civilizações, o homem tem se preocupado em compreender o ambiente onde vive. Procurou entender as forças da natureza, as relações dos animais, o ciclo das plantas. Assim, por exemplo, ele relacionou as variações climáticas com as alterações na vegetação e nos hábitos dos animais, o que conduziu ao aparecimento da agricultura. A evolução das sociedades humanas na Terra está intima- mente ligada à busca de fontes energéticas pelo homem. A primeira fonte utilizada foi a energia solar (radiante). Com o domínio do fogo, uma nova fonte energética, o homem apri- morou a cerâmica. Passou também a trabalhar com metais e com eles fabricar ferramentas mais eficientes, ampliando o seu domínio sobre a natureza de um modo geral. BIOLOGIA 10 Com o crescimento populacional e o desenvolvimento da agricultura, o homem passou a viver em sociedades maiores. As cidades foram criadas, a divisão de trabalho aumentou, os trans- portes terrestres e marítimos se desenvolveram. A necessidade de organizar a produção se fez sentir de modo cada vez mais forte.... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/discipli- nas/ciencias/ecologia-1-o-que-e-ecologia-e-o-que-ela-estuda. htm?cmpid=copiaecola No século 18 foi inventada a máquina a vapor e iniciou-se a Revolução Industrial, o que acelerou muito o processo de pro- dução. Fontes de energia A necessidade do uso de lenha como fonte energética lev- ou a sua escassez em algumas regiões. Novas fontes de energia passaram a ser buscadas e utilizadas. A partir do século 16, com a urbanização acelerada, a extração de carvão mineral se expan- diu. No século 19, o homem conheceu e aprendeu a lidar com a eletricidade. Criou a lâmpada, a usina hidroelétrica, o motor elétrico e o trem elétrico. Apareceram também os motores à combustão e com isso os primeiros automóveis. Desde o início do século 20, a humanidade tem transforma- do o nosso planeta de forma drástica. O crescimento industrial, agrícola, as inovações tecnológicas, o consumo de bens e recur- sos têm interferido profundamente no meio ambiente. Surgiram então os grandes problemas ambientais. Problemas ambientais Em função de problemas como a poluição, o efeito estufa e as mudanças climáticas, faz-se necessário conhecer melhor o meio em que vivemos para podermos continuar sobrevivendo na Terra. O estudo da ecologia tornou-se, na atualidade, uma questão de sobrevivência. Alguns setores da sociedade tomaram consciência do prob- lema e passaram a promover discussões na busca de um desen- volvimento que proteja e preserve os recursos naturais e a qual- idade de vida da população. Porém, as melhorias nesse sentido ainda são insuficientes. Desde então, a palavra ecologia passou a ser amplamente utilizada nos meios de comunicação, em vários sentidos. Fala-se muito em atividades ou produtos ecológicos - turismo ecológico, detergente ecológico, etc. A palavra ecologia entrou na moda. Não confunda ecologia com meio ambiente É correto falar preserve o meio ambiente. No entanto, por vezes, nos deparamos com a expressão: «Preserve a ecologia». Como é possível preservar o estudo das relações dos seres viventes entre si e com os demais componentes do ambiente vivos e não vivos? Podemos valorizar esse estudo, divulgá-lo, de- senvolvê-lo, mas o que se quer preservar é o meio, o ambiente e não a ecologia propriamente dita. Fala-se também de produtos ecológicos: sabão ecológico, roupa ecológica, aquecedor ecológico, passeio ecológico. Ecologia é assunto de interesse público A ecologia é também foco de interesse público. Para se tomar certas decisões político-administrativas muitas vezes recorre-se à ecologia. Regiões de terras próximas a nascentes de rios ou a encostas marítimas são ou não liberadas para ocu- pação humana após uma avaliação do impacto ambiental que isso poderá gerar. Como ciência pura, a ecologia procura entender os desequilíbri- os, o equilíbrio e as modificações da matéria e da energia na na- tureza. Como ciência aplicada a ecologia procura descobrir como as condições essenciais para a vida podem ser mantidas atualmente. Níveis de organização Ao estudar ecologia é importante saber que ela se divide em níveis de organização, que se dividem em população, comunida- de, ecossistemas e biosfera. População A população representa o conjunto de organismos da mes- ma espécie que vivem juntos e apresentam maiores chances de reprodução entre si. Inicialmente, essa organização era utilizada apenas para grupos humanos, depois foi ampliado para qualquer grupo de organismos. As espécies, por sua vez, são os organismos com caracterís- ticas genéticas semelhantes. Com isso, o cruzamento de indiví- duos da mesma espécie gera descendentes férteis. Exemplos: caranguejos, ursos, pau-brasil, etc; Comunidade A comunidade representa o conjunto das populações que vivem numa mesma região, no qual vivem em determinado lo- cal, com condições ambientais específicas e interagindo entre si. Também chamado de comunidade biológica, biocenose ou biótopo. Como exemplo de comunidades pode ser citado as aves, in- setos e plantas de uma região. Ecossistemas O ecossistema é o conjunto de comunidades que interagem entre si e com o ambiente. Ele é formado pela interação de bio- cenoses e biótopos. A reunião de diferentes ecossistemas é conhecido como bio- ma e nele estão reunidas características próprias de diversidade biológica e condições ambientais. Alguns exemplos de biomas brasileiros são: a Mata Atlânti- ca, o Cerrado e a Amazônia. Biosfera A biosfera é o nível mais amplo, pois ele corresponde ao conjunto de todos os ecossistemas das diferentes regiões do planeta, ou seja, o local onde estão todos os seres vivos. É a reunião de toda a biodiversidade existente na Terra. A biodiversidade, por sua vez, significa a variedade de vida existente, englobando toda a riqueza das espécies. Conceitos básicos da ecologia Para melhor compreensão do mundo vivo, além dos níveis de organização, a ecologia moderna abrange diversos conceitos que são fundamentais. Conheça a seguir o seguir as definições dos principais con- ceitos que a ecologia estuda. Habitat O habitat é o ambiente físico em que vivem determinadas espécies. As condições do ambiente dependem de fatores abió- ticos que afetam diretamente os seres vivos presentes. Alguns exemplos são: o habitat do leão, as savanas e, o ha- bitat do tatu, as florestas. BIOLOGIA 11 Nicho ecológico O Nicho Ecológico representa os hábitos e o modo de vida dos animais que representam seu nicho. Por exemplo: no grupo dos leões são as leoas que caçam e cuidam dos filhotes, enquanto os machos defendem de invasores. Fatores bióticos e abióticos Os fatores bióticos e abióticos são os seres vivos e não vivos de um ecossistema e são interdependentes. Os seres vivos representam os componentes bióticos, como as plantas, animais e bactérias. Já o conjunto de componentes físi- cos e químicos do meio, tais como umidade, temperatura e luminosidade são os componentes abióticos. Relações ecológicas As relações ecológicas são as interações que ocorrem entre os seres vivos dentro dos ecossistemas. Elas podem ser entre indivíduos da mesma espécie (intraespecífica) ou entre espécies diferentes (interespecíficas). E também podem ser benéficas (positivas) ou prejudiciais (negativas) para as partes envolvidas. Cadeia alimentar A cadeia alimentar representa as relações alimentares entre os organismos da biota. É através dos níveis tróficos da cadeia alimentar que é realizado o fluxo contínuo de energia e matéria. Ciclos biogeoquímicos Os ciclos biogeoquímicos representam o processo realizado entre energia e a matéria, que por sua vez se movimentam pelo ambiente de forma cíclica, fazendo assim a ciclagem dos nutrientes essenciais à manutenção da vida. Alguns exemplos dos ciclos biogeoquímicos são: ciclo do carbono, do nitrogênio, do oxigênio e da água. Cadeias, teias e níveis tróficos Na cadeia alimentar, organismos estabelecem relação de alimentação em um ecossistema. A cadeia é composta por produtores, consumidores e decompositores. No meio ambiente, os seres vivos interagem entre si, transferindo matéria e energia por meio de nutrição. Essa sequência de seres vivos em que um serve de alimento para o outro pode ser chamada tanto de cadeia alimentar quanto de teia alimentar, sendo essa última denominação no caso de cadeias alimentares interligadas. Cada etapa da cadeia alimentar é chamada de nível trófico. Em um ecossistema, o primeiro nível trófico é representado pelos produtores, que nos ecossistemas terrestres são seres autotróficos fotossintetizantes ou quimiossintetizantes, as plantas e as bactérias do solo, respectivamente. Eles produzem sua própria matéria orgânica, que será utilizada pelo segundo nível trófico, os consumidores primários, cujos representantes principais são os herbívoros, como as capivaras, que dependem diretamente dos vegetais para sua nutrição. Os consumidores primários servem de alimento, ou melhor, são a presa para o terceiro nível trófico, os consumidores secundários, que são carnívoros e predadores como a onça, por exemplo. Os onívoros podem participar tanto como consumidores primários, quanto como secundários, uma vez que se alimentam de vegetais e animais (caso do homem, por exemplo). A seguir, todos os próximos consumidores serão carnívoros e se alimentarão do nível trófico anterior. Ao final da cadeia alimentar, ocupando o último nível trófico, encontram-se os decompositores, que são os seres sapróbios ou saprófagos, principalmente os fungos e bactérias que vivem no solo e na água e são responsáveis por reciclar a matéria orgânica, que inclui dejetos dos seres detritívoros (como a minhoca e urubus) e cadáveres. Com a molécula de glicose (C6H12O6) ocorre a respiração celular (C6H12O6+6O2→6CO2+6H2O), que libera substâncias mine- rais (gás carbônico e água) utilizadas pelos produtores (plantas) na fotossíntese. Exemplo de cadeia alimentar (Foto: Colégio Qi) Nos ecossistemas aquáticos, os principais produtores são as algas microscópicas, que formam o fitoplâncton e servem de ali- mento para o zooplâncton, que são os consumidores primários representados pelos protozoários, pequenos invertebrados, dentre outros. Os peixes são considerados os consumidores secundários. Como consumidores terciários, encontram-se peixes maiores e até mesmo o homem. Assim como no ecossistema terrestre, no ambiente aquático os decompositores são os fungos e as bactérias. Ao longo da cadeia alimentar, algumas substâncias tóxicas e não biodegradáveis se acumulam nos seres vivos, como metais pesados, por exemplo, mercúrio e chumbo. Conforme os níveis tróficos vão aumentando, há uma elevada concentração dessas substâncias no organismo dos seres vivos, tal processo é denominado bioacumulação ou magnificação trófica. Nos seres humanos, o efeito dessas substâncias tóxicas provocam diversas doenças como câncer, esterilidade e danos aos sistemas nervoso e muscular. BIOLOGIA 12 Um exemplo de teia alimentar pode ser visto na imagem abaixo, que apresenta cadeias alimentares conectadas. Exemplo de teia alimentar, ligando várias cadeias. (Foto: Colégio Qi) Relações ecológicas Colméia: relação ecológica intraespecífica harmônica. Seres vivos de uma mesma comunidade relacionam entre si e com o meio. Tal interação ocorre não só entre indivíduos da mes- ma espécie (relações intraespecíficas), mas também de outras populações (relações interespecíficas); podendo consistir em laços benéficos, ou não. Relações ecológicas podem ser harmônicas ou desarmônicas. O primeiro caso ocorre quando ambos os indivíduos são benefi- ciados; ou apenas um, mas sem causar dano ao outro. Já o segundo, quando isto não ocorre. Como relações intraespecíficas harmônicas, temos: - Sociedade: Representantes da mesma espécie cooperam entre si, por meio da divisão de trabalho. Ex: abelhas e cupins. - Colônia: Associação anatomicamente entre indivíduos, unidos entre si, e que podem desempenhar funções específicas. Ex: corais. BIOLOGIA 13 E as desarmônicas: - Canibalismo: Um indivíduo se alimenta de outro de sua espécie sendo este, geralmente, menos capaz. - Competição intraespecífica: Competição por território, parceiros reprodutivos, alimentos, dentre outros. Como relações interespecíficas harmônicas, temos: - Mutualismo: Ambas as espécies, associadas entre si, se beneficiam, sendo tal relação imprescindível à sobrevivência destas. Ex: liquens (fungos + algas). - Protocooperação: Ambas as espécies se beneficiam, mas sem estar dependentemente, e tampouco obrigatoriamente, unidas. Ex: Caranguejo-eremita e anêmonas-do-mar. - Inquilinismo: Uma espécie fornece proteção ou moradia à outra, sem se prejudicar. Ex: orquídeas epífitas. - Comensalismo: Um organismo se alimenta de restos da alimentação de outro. É uma relação que fornece benefícios apenas a uma espécie, enquanto a outra permanece indiferente. E as desarmônicas: - Amensalismo: O desenvolvimento ou próprio nascimento de indivíduos de uma espécie sendo prejudicado graças à secreção de substâncias tóxicas, produzidas por outra. Ex: secreção antibiótica dos Penicillium. - Herbivoria: Herbívoros se alimentam de partes ou mesmo de plantas inteiras. Ex: boi - capim. - Predatismo: Consiste na captura, morte e alimentação de suas presas. Ex: plantas carnívoras, aranhas e leões. - Parasitismo: Um parasita se alimenta de seu hospedeiro sem, necessariamente, levá-lo a óbito. Ex: carrapato (ectoparasita) e lombrigas (endoparasita). - Competição interespecífica: Disputa por recursos, entre espécies diferentes, geralmente de nichos ecológicos semelhantes. FISIOLOGIA HUMANA O corpo humano é formado por vários órgãos e sistemas, que trabalham de maneira conjunta para garantir o funcionamento perfeito do organismo. Se observamos a nível microscópico, podemos perceber a presença de milhares e milhares de células, que formam os tecidos, os órgãos e os sistemas, característica essa que nos permite afirmar que os seres humanos são organismos pluricelulares. Níveis de organização do corpo humano O corpo humano pode ser analisado em diferentes níveis de organização. Podemos estudar as células, os tecidos, os órgãos ou ainda os vários sistemas. Considerando as células como o primeiro nível hierárquico de organização, temos: As células são consideradas as unidades funcionais e estruturais dos seres vivos. No nosso corpo, encontramos milhares de células e, por isso, somos classificados como organismos pluricelulares. As células encontradas no nosso corpo são eucariontes, ou seja, apresentam um núcleo definido e organelas membranosas. Nos seres vivos pluricelulares, um grupo de células semelhantes e que desempenham a mesma função recebe o nome de teci- do. Temos quatro tipos básicos de tecidos em nosso corpo: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. Os tecidos podem estar organizados em órgãos, que são definidos como agrupamentos de tecidos que desempenham algumas funções específicas. Os órgãos, por sua vez, podem estar interligados formando sistemas, que desempenham funções ainda mais complexas. BIOLOGIA 14 O corpo humano apresenta vários órgãos, os quais apresentam funções específicas para garantir o funcionamento do corpo como um todo. Para entender melhor esses níveis, imaginemos, por exemplo, os osteoblastos, osteócitos e osteoclastos. Essas células são do tecido ósseo, o qual é responsável por formar os ossos, órgãos que compõem o sistema esquelético. O sistema esquelético, juntamente a outros sistemas, tais como o digestório, muscular, cardiovascular e nervoso, formam o corpo humano. → Células do corpo humano O corpo humano apresenta diversos tipos celulares, os quais desempenham as mais variadas funções. Veja a seguir alguns tipos celulares encontrados em nosso corpo e sua função. • Adipócitos: células que armazenam gorduras. • Célula de Schwann: produzem a bainha de mielina dos neurônios. • Células beta: células do pâncreas responsáveis por produzir insulina. • Condroblastos: células jovens do tecido cartilaginoso que formam a matriz da cartilagem. • Condrócitos: células do tecido cartilaginoso, derivadas dos condroblastos, que ocupam lacunas na matriz da cartilagem. • Espermatozoides: gametas masculinos. • Hemácias, eritrócitos ou glóbulos vermelhos: células sanguíneas que garantem o transporte de oxigênio pelo corpo. • Hepatócitos: células do fígado que sintetizam proteínas e a bile, além de garantir a detoxificação de várias substâncias. • Leucócitos ou glóbulos brancos: células sanguíneas que atuam na defesa do organismo. Os tipos de leucócitos existentes são neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos. BIOLOGIA 15 No corpo humano, é possível observar diferentes tipos ce- lulares. • Neurônios: células responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos. • Osteoblastos: células do tecido ósseo responsáveis por produzir a parte orgânica da matriz óssea. • Osteócitos: células maduras do tecido ósseo que derivam de osteoblastos e são encontradas em lacunas na matriz óssea. • Osteoclastos: células do tecido ósseo que atuam na reabsorção desse tecido. • Ovócito: gameta feminino. → Tecidos do corpo humano • Tecido epitelial: apresenta como característica mais importante a presença de células justapostas com pouca matriz extracelular. Pode ser classificado em dois tipos básicos: tecido epitelial de revestimento e tecido epitelial glandular. O tecido epitelial caracteriza-se pela presença de células próximas umas das outras. • Tecido conjuntivo: apresenta como característica principal a presença de grande quantidade de matriz extracelular, característica essa que o diferencia do tecido epitelial. Existem vários tipos de tecidos conjuntivos, a saber: tecido conjuntivo propriamente dito, tecido adiposo, tecido sanguíneo, tecido car- tilaginoso e tecido ósseo. • Tecido muscular: destaca-se pela presença de células com capacidade de contração. Podemos classificar o tecido muscular em três tipos: muscular não estriado ou liso, muscular estriado esquelético e muscular estriado cardíaco. O tecido muscular apresenta capacidade de contração e pode ser classificado em três tipos diferentes. • Tecido nervoso: apresenta células capazes de captar, interpretar e transmitir os chamados impulsos nervosos. Órgãos do corpo humano Um órgão humano pode apresentar vários tecidos, como é possível perceber no esquema a seguir: BIOLOGIA 16 Todos os órgãos do nosso corpo apresentam importância, mas alguns são vitais e outros não. Veja alguns exemplos a se- guir. • Bexiga: local de armazenamento da urina após a forma- ção desse produto pelos rins. • Coração: órgão responsável por impulsionar o sangue para o corpo. Graças a esse bombeamento, as células conseguem adquirir oxigênio e outros nutrientes necessários • Esôfago: tubo muscular que garante que o alimento seja levado da boca para o estômago. • Estômago: órgão do sistema digestório em que parte da digestão acontece. Ele é responsável por produzir o suco gástrico e transformar o bolo alimentar em quimo. • Intestino delgado: onde acontece o fim do processo de digestão e a absorção de grande parte dos nutrientes retirados dos alimentos. • Intestino grosso: onde acontece a absorção da água e a formação das fezes. • Laringe: esse órgão do sistema respiratório une a farin- ge à traqueia. É na laringe que se encontram as pregas vocais. • Ovários: órgãos exclusivos das mulheres onde são produzidos gametas femininos e hormônios sexuais femininos. • Pâncreas: glândula mista responsável por produzir suco pancreático e dois importantes hormônios (insulina e glucagon), que atuam na regulação da taxa de glicose no sangue. • Pulmões: órgãos esponjosos do sistema respiratório ricos em alvéolos, que são os locais onde ocorrem as trocas gasosas. CARO(A) CANDIDATO(A) SEGUEM BAIXO ALGUNS DOS PRINCIPAIS SISTEMAS DO CORPO HUMANO, PORÉM OS DEMAIS SISTEMAS E INFORMAÇÕES PERTINENTES AO ASSUNTO DE CORPO E SAÚDE SE ENCONTRAM NO ITEM SOBRE FISIOLOGIA ANIMAL PARA COMPLEMENTAR SEUS ESTUDOS Sistema Endócrino O Sistema Endócrino é o conjunto de glândulas responsá- veis pela produção dos hormônios que são lançados no sangue e percorrem o corpo até chegar aos órgãos-alvo sobre os quais atuam. Junto com o sistema nervoso, o sistema endócrino coor- dena todas as funções do nosso corpo. O hipotálamo grupo de células nervosas localizadas na base do encéfalo, faz a integra- ção entre esses dois sistemas. Controle hormonal Hormônios são substâncias produzidas por glândulas especiais, chamadas endócrinas. Eles são liberados dessas glândulas diretamente nos líquidos corporais-sangue e linfa- e atuam em células-alvo geralmente distantes do seu local de produção. Uma vez recebidos pelo alvo, os hormônios desencadeiam uma série de reações químicas, exercendo ação de controle do metabolismo das células; seu efeito pode ser imediato ou levar vários dias para aparecer, persistindo por meses ou até anos, dependendo do hormônio. Ao contrário das glândulas endócrinas, as glândulas exócri- nas não produzem hormônios e liberam suas secreções por du- tos ou canais, como é o caso das glândulas lacrimais, sudoríparas e salivares. Existe glândula mista, representada pelo pâncreas, que apresenta uma porção endócrinas que secreta hormônios e uma porção exócrina, que secreta suco pancreático no duodeno através do duto pancreático. Além das glândulas endócrinas, existem órgãos que também secretam hormônios, como é o caso do coração, do estômago, do intestino delgado e dos rins. Os hormônios secretados por esses órgãos geralmente apresentam efeitos locais. O controle hormonal é realizado pelo sistema endócrino, composto por glândulas e por outras estruturas com função en- dócrina do nosso organismo. A ação conjunta dos diversos hormônios e do sistema ner- voso garante a coordenação e a harmonia das funções do nosso organismo. Glândulas do Sistema Endócrino As glândulas endócrinas estão localizadas em diferentes partes do corpo: hipófise, tireoide e paratireoides, suprarrenais, pâncreas e as glândulas sexuais. Hipófise A hipófise também denominada glândula pituitária, é uma pequena glândula com cerca de 1 cm de diâmetro. Aloja-se na sela túrcica ou fossa hipofisária do osso esfenoide na base do cé- rebro. Está localizada abaixo do hipotálamo e posteriormente ao quiasma óptico, sendo ligada ao hipotálamo pela haste pedún- culo hipofisário ou infundíbulo, é envolvida pela dura – máter. A hipófise é considerada uma glândula mestra, pois secreta hor- mônios que controlam o funcionamento de outras glândulas, sendo grande parte de suas funções reguladas pelo hipotálamo. A hipófise é dividida anatomicamente e funcionalmente em duas partes (anterior e posterior). Cada parte será responsável por funções fisiológicas diferenciadas. Sendo assim, reconhece -se na hipófise: -Adeno-hipófise (hipófise anterior):Secreta os hormônios que controlam o funcionamento de outras glândulas endócrinas, quando estimuladas a fazer isso pelo hormônios do hipotálamo. -TSH (hormônio tireotrófico): hormônio que estimula e re- gula a atividade da tireoide na produção dos hormônios T3 e T4; -ACTH (hormônio adrenocorticotrófico): que controla a ativi- dade do córtex da glândula suprarrenal; -LH (hormônio luteinizante): hormônio que regula as ativi- dades das gônadas masculinas e femininas, como a produção de testosterona nos testículos, indução da ovulação e formação do corpo lúteo. -FSH (hormônio folículo-estimulante): hormônio que atua na produção dos folículos, nos ovários; e dos espermatozoides, nos testículos. Somatotrofina, hormônio do crescimento ou GH: hormô- nio que promove a captação de aminoácidos para a formação de proteínas. Com isso, esse hormônio atua no crescimento de todo o organismo, incluindo tecidos, ossos e cartilagens, pro- movendo o aumento na estatura principalmente dos jovens na puberdade. Após a puberdade, a produção desse hormônio cai consideravelmente. Há casos em que, em virtude de uma dis- função na hipófise, a pessoa continua a produzir esse hormônio mesmo após a puberdade. Quando isso ocorre, não há aumento da estatura, mas os ossos do crânio, da face, das mãos e dos pés aumentam, causando uma doença que chamamos de acrome- galia. O excesso do hormônio do crescimento provoca o aumento exagerado no tamanho do corpo, o que chamamos de gigantis- mo; já a sua deficiência (que geralmente é causada por fatores genéticos), provoca o nanismo. Algumas crianças que têm de- BIOLOGIA 17 ficiência na produção do hormônio do crescimento podem ser tratadas com injeções desse hormônio para promover o seu crescimento. Prolactina: esse hormônio atua promovendo a produção de progesterona nos ovários femininos e também na produção de leite nas glândulas mamárias, durante a gravidez e a amamen- tação. -Neuro- Hipófise (hipófise posterior): Só armazena hormônios produzido pelo hipotálamo. O lado posterior é conectado à parte do cérebro chamada de hipotálamo através do infundíbulo. Os hormônios são feitos nos corpos celulares dos nervos posicionados no hipotálamo, e estes hormônios são então transportados pelos axônios das cé- lulas nervosas em direção à hipófise posterior. Os hormônios secretados pela hipófise posterior são: -Ocitocina: hormônio que atua nas contrações do útero du- rante o parto, estimulando a expulsão do bebê. Em alguns casos, os médicos aplicam esse soro contendo ocitocina na mãe para estimular o parto. Esse hormônio também promove a liberação de leite durante a amamentação. -ADH (hormônio antidiurético): esse hormônio atua no con- trole da eliminação de água pelos rins, portanto tem efeito an- tidiurético, ou seja, é liberado quando a quantidade de água no sangue diminui, provocando uma maior absorção de água no túbulo renal e diminuindo a urina. Quando o nível desse hor- mônio está acima do normal, ocorre a contração das arteríolas, provocando um aumento da pressão arterial, por isso o nome vasopressina. Há casos em que a quantidade de ADH no organis- mo da pessoa é deficiente, provocando excesso de urina e muita sede. A esse quadro damos o nome de diabetes insípida Tireoide A tireoide ou tiroide é uma glândula em forma de borboleta (com dois lobos- esquerdo e direito), que fica localizada na parte anterior pescoço, logo abaixo da região conhecida como Pomo de Adão (ou popularmente, gogó). É uma das maiores glândulas do corpo humano e tem um peso aproximado de 15 a 25 gramas (no adulto). Ela age na função de órgãos importantes como o coração, cérebro, fígado e rins. Interfere, também, no crescimento e de- senvolvimento das crianças e adolescentes; na regulação dos ci- clos menstruais; na fertilidade; no peso; na memória; na concen- tração; no humor; e no controle emocional. É fundamental estar em perfeito estado de funcionamento para garantir o equilíbrio e a harmonia do organismo. A tireoide utiliza o iodo para produzir os hormônios vitais, sendo que os principais são a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). Esses hormônios são responsáveis pelo nosso metabolismo basal, ou seja, é ele que estimula as células a trabalharem e ga- rante que tudo funcione corretamente no corpo. A função dessa glândula é regulada por um mecanismo de auto controle que envolve o cérebro. Quando os níveis de hor- mônios da tiroide estão baixos, o hipotálamo no cérebro produz um hormônio conhecido como liberador de tirotrofina (TRH), que faz com que a glândula pituitária (adenoipóifise) libere o hormônio estimulador da tireoide (TSH) (figura 01). Figura 01. Liberação dos hormônios tiroxina (T4) e triofoti- ronina (T4) regulada pela hipófise. Problemas relacionados a tireoide Os distúrbios da tireoide ocorrem quando essa glândula para de funcionar corretamente, podendo produzir mais ou me- nos hormônios do que o normal. Uma vez que a glândula tireoi- de é controlada pela glândula pituitária no e pelo hipotálamo, distúrbios de estes nestes tecidos também podem afetar a fun- ção da tireoide. -Hipertireoidismo O hipertiroidismo, também conhecido como hiperfunciona- mento da tiroide, é uma doença metabólica caracterizada pela produção excessiva de hormônios tireoidianos (chamados T3 e T4). Esses hormônios desempenham um papel fundamental da regulação do metabolismo, incluindo funções vitais como as fre- quências cardíaca e respiratória. Se os hormônios T3 e T4 são produzidos em excesso, geram uma variedade de sintomas. Os sintomas do hipertireoidismo, que se manifestam em vá- rias semanas, podem ser os seguintes: – nervosismo, tremores nas mãos – Perda de peso; – Transpiração excessiva: pele úmida, quente; – Problemas psíquicos: ansiedade, distúrbios do sono; – Palpitações e/ou um ritmo cardíaco mais acelerado; – Distúrbios menstruais nas mulheres; – Diarréia; – Bócio (aumento do volume da glândula tireóide); – olhos saltados (exoftalmia), nas pessoas atingidas pela doença de Basedow; BIOLOGIA 18 – fadiga (falta de energia) e fraqueza– osteoporose– cabelos quebradiços e oleosos– dor muscular– unhas quebradiças. -Hipotireoidismo Assim como o hipertireoidismo, o hipotireoidismo também causa um aumento de volume da tireóide. Contudo, esse au- mento não é acompanhado de mais produção dos hormônios tireoidianos, mas sim pela queda na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). Como outros males da tireóide, o hipotireoidismo é mais comum em mulheres, mas pode ocorrer em qualquer indivíduo independente de gênero ou idade. Os endocrinologistas orien- tam mulheres, especialmente acima de 40 anos, a fazerem o au- to-exame da tireóide regularmente. Entre os sintomas do hipotireoidismo estão: Depressão Desaceleração dos batimentos cardíacos Intestino preso Menstruação irregular Diminuição da memória Cansaço excessivo Dores musculares Sonolência excessiva Pele seca Queda de cabelo Ganho de peso Aumento do colesterol no sangue Paratireoide As paratireóides são quatro pequenas glândulas que se lo- calizam atrás da glândula da tireoide, na região do pescoço. Es- sas glândulas secretam um hormônio chamado de paratormônio (PTH) e são responsáveis pelo equilíbrio do cálcio e manutenção da massa óssea. O paratormônio é uma proteína com massa molecular de 8.500 Da. Ele se liga a receptores em osteoblastos, sendo este um sinal para estas células produzirem um fator estimulante de osteoclastos que aumenta o número e atividade dessas células, promovendo assim a reabsorção da matriz óssea calcificada e a liberação de Ca2+ no sangue. Por outro lado, o aumento da concentração de Ca2+ suprime a produção de hormônio da pa- ratireóide. A calcitonina produzida na glândula tireóide também influencia os osteoclastos, inibindo tanto sua ação de reabsor- ção de osso como a liberação de Ca2+, diminuindo a concentra- ção deste íon no plasma e estimulando a osteogênese, tendo, portanto, ação oposta a do paratormônio. Além de aumentar a concentração de Ca2+ plasmático, o hormônio da paratireóide reduz a concentração de fosfato san- guíneo. Este efeito resulta da atividade do paratormônio em cé- lulas dos túbulos renais, diminuindo a reabsorção de fosfato e aumentando sua excreção na urina. O paratormônio aumenta indiretamente a absorção de Ca2+ no trato digestivo, estimulan- do a síntese de vitamina D, que é necessária para esta absorção. A secreção das células paratireóides é regulada pelos níveis san- guíneos de Ca2+. Hipoparatireoidismo É a doença resultante da falta de produção de paratormônio pelas glândulas paratireóides. A falta desse hormônio causa a redução do cálcio no sangue. Os sintomas são decorrentes da falta de cálcio: fraqueza, cãibras, sensação de formigamento no corpo e dormência nas mãos, espasmos involuntários dos músculos da face, e, mais ra- ramente, malformações dos dentes e das unhas. A causa mais frequente da doença é consequência da reti- rada das paratireóides durante cirurgias, sejam elas para a re- tirada de tumores de paratireóide ou em cirurgias de tireoide. A segunda causa mais frequente são doenças auto-imunes das paratireóides. As outras causas incluem doenças genéticas, ex- posição à radiação, doenças infiltrativas e falta de magnésio. Hiperparatireoidismo É a doença resultante do excesso de produção de paratormonio pelas glândulas paratireóides. O excesso deste hormônio causa o aumento do cálcio no sangue e na urina. A maioria dos pacientes não apresenta sintomas. No en- tanto, uma pequena parcela pode apresentar fraqueza, falta de apetite, náuseas, vômitos, intestino preso, confusão mental, de- pressão, muita sede e muita vontade de urinar (poliúria). Além disso, os portadores de hiperparatireoidismo podem ter cálculos renais e osteoporose. A causa mais frequente é o adenoma (tumor benigno) de uma das quatro glândulas paratireóides. A segunda causa mais frequente é um aumento das quatro glândulas da paratireóide, conhecido como “hiperplasia primária das paratireóides”. Rara- mente o aumento de PTH é decorrente de um câncer maligno (carcinoma) de paratireóide. Pâncreas O pâncreas é uma glândula anfícrena que pertence aos sis- temas digestivo e endócrino, com cerca de 12,5 cm de compri- mento, em forma de folha, situada atrás do estômago, entre a porção superior do intestino e o baço. O pâncreas é composto por três regiões principais: cabeça, que é a parte que se encaixa no duodeno, o corpo e a cauda, que é a parte final. BIOLOGIA 19 O pâncreas pode ser classificado de acordo com seu funcionamento: -Pâncreas Exócrino: Tem a função de produzir sucos digestivos e enzimas que ajudam a partir em pedaços menores as proteí- nas, os açúcares e as gorduras, para que possam passar para o intestino, auxiliando na digestão dos alimentos e metabolismo dos nutrientes; -Pâncreas Endócrino: Tem uma função importante na produção de hormônios, como a insulina e glucagon, os quais regulam a forma como o organismo utiliza os açúcares. Por terem funções diferentes, o pâncreas exócrino e endócrino são formados por células diferentes, por exemplo, o pâncreas endócrino é formado por conglomerados de células chamadas ácinos que irão produzir o suco pancreático. Misturados com os ácinos, encontram-se os Ilhotas de Langerhans, que são grupos isolados de células que produzem os hormônios que fazem o con- trole dos níveis de açúcar no sangue. Insulina A insulina é um hormônio sintetizado no pâncreas, que promove a entrada de glicose nas células e também desempenha papel importante no metabolismo de lipídeos e proteínas. Existem algumas patologias relacionadas à função da insulina no corpo, como: diabetes, resistência à insulina e hiperinsulinemia. Conheça agora um pouco mais sobre a importância deste hormônio para nossa saúde. Atuação no organismo: Os carboidratos que ingerimos através dos alimentos (pão, massas, açúcares, cereais) são mais rapida- mente convertidos em glicose quando precisamos de energia. Para a glicose penetrar em cada célula do corpo é necessário que haja insulina circulante, que faz com que o hormônio chegue aos receptores de insulina nas células (Figura 01). BIOLOGIA 20 Figura 01. Mecanismo de penetração de glicose na célula Quando a glicemia (taxa de glicose no sangue) aumenta após uma refeição, a quantidade de insulina também aumenta para que o excesso de glicose possa ser rapidamente absorvido pelas células. Diabetes O diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no sangue. O diabetes acontece porque o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo, ou porque este hormônio não é capaz de agir de maneira adequada (resistência à insulina). A insulina promove a redução da glicemia ao permitir que o açúcar que está presente no sangue possa penetrar dentro das células, para ser utilizado como fonte de energia. Portanto, se houver falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir corretamente, haverá aumento de glicose no sangue e, consequentemente, o diabetes. Diabetes tipo I As células do pâncreas são incapazes de produzir insulina e se não há insulina circulante a absorção de glicose fica prejudicada e ocorre o aumento de glicose no sangue. Neste caso é necessário injetar insulina subcutânea para que possa ser absorvida pelo sangue. Diabetes tipo II As células musculares e adiposas são incapazes de utilizar toda a insulina secretada pelo pâncreas. Assim, a glicose no sangue é pouco aproveitada por essas células. Hiperinsulinemia Algumas das causas da hiperinsulinemia são: obesidade, sedentarismo e consumo elevado de carboidratos refinados, que pro- voca aumento de glicose no sangue e conseqüentemente aumento na produção de insulina. Resistência à insulina Ocorre dificuldade de penetração da glicose nas células e dessa forma é produzido mais insulina, já que este é o seu papel, levar glicose à célula, só que devido a essa dificuldade este hormônio não atua de forma ideal, não desempenha sua função por completo. Esse excesso de insulina pode gerar um estado de pré-diabetes ou diabetes mesmo. BIOLOGIA 21 Suprarrenais As glândulas supra-renais têm este nome devido ao fato de se situarem sobre os rins, apesar de terem pouca relação com estes em termos de função. As supra-renais são glândulas vitais para o ser humano, já que possuem funções muito importantes, como regular o metabolismo do sódio, do potássio e da água, regular o metabolismo dos carboidratos e regular as reações do corpo humano ao stress. Hormônios produzidos pelas suprarrenais: - Aldosterona: A principal ação da aldosterona é a retenção de sódio. Onde há sódio, estão associados íons e água. Portan- to, a aldosterona age profundamente no equilíbrio dos líquidos, afetando o volume intracelular e extracelular dos mesmos. Glân- dulas salivares e sudoríparas também são influenciadas pela al- dosterona para reter sódio. O intestino aumenta a absorção de sódio como reação à aldosterona. - Adrenalina e a Noradrenalina: Tais hormônios são secre- tados em resposta à estimulação simpática e são considerados como hormônios gerais. Liberados em grandes quantidades de- pois de fortes reações emocionais como, por exemplo, susto ou medo, estes hormônios são transportados pelo sangue para to- das as partes do corpo, onde provocam reações diversas, prin- cipalmente constrição dos vasos, elevação da pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos, etc. Tais reações resultam no aumento do suprimento de oxi- gênio às células. Além disso, a adrenalina, que aumenta a gli- cogenólise hepática e muscular e a liberação de glicose para o sangue, eleva o metabolismo celular. A combinação dessas rea- ções possibilita, por exemplo, reações rápidas de fuga ou de luta frente a diferentes situações ameaçadoras. - Cortisol: O cortisol serve para ajudar o organismo a contro- lar o estresse, reduzir inflamações, contribuir para o funciona- mento do sistema imune e manter os níveis de açúcar no sangue constantes, assim como a pressão arterial. Glândulas sexuais O hipotálamo produz GnRH, que estimula a adeno-hipófise a liberar LH e FSH que, por sua vez, agirão sobre as gônadas, esti- mulando a produção de testosterona, estrógeno e progesterona. -Mulher Na mulher o aumento de LH e FSH é o estímulo para a ma- turação folicular. O folículo, em processo de amadurecimento, passa a secretar estrógeno, o qual prepara o útero para receber o embrião, provocando espessamento da parede do endomé- trio, aumento da irrigação sanguínea e da produção de muco. Quando o folículo rompe, o nível de estrógeno cai e, como ele tem efeito inibitório sobre a secreção de LH e FSH, esses hor- mônios têm um pico, provocando a liberação do óvulo de 16 a 24 horas depois. Forma-se, então, o corpo lúteo, que começa a secretar progesterona. Caso haja a fecundação, os níveis de estrógeno e de proges- terona seguem aumentando, inibindo o eixo hipotálamo-hipófi- se ao longo da gestação. Assim, nesse período, o LH e o FSH se mantêm baixos, e a mulher se torna anovulatória. Se não houver a fecundação, o óvulo entra em involução em até 72 horas. A progesterona e o estrógeno começam a cair e o estímulo para manutenção da parede do endométrio cessa, provocando sua descamação, caracterizando a menstruação. Então, o LH e o FSH, que estavam baixos, começam a subir novamente, iniciando um novo ciclo, conforme o gráfico abaixo. -Homem Os hormônios do sistema genital masculino são pro- duzidos nas gônadas masculinas, muito conhecidas como testículos. São os hormônios que determinam as ca- racterísticas sexuais secundárias, induzem a formação dos gametas masculinos e promovem o impulso sexual. É na puberdade, aproximadamente entre os 11 e os 14 anos, que começam a ocorrer as mudanças psicológicas e também fisiológicas no corpo dos meninos. Nessa fase da vida, dois hormônios produzidos pela adeno-hipófise agem sobre os testículos, estimulando a produção de testosterona. Esses hormônios são o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), também chamados de gonadotrofinas por atuarem sobre as gônadas. No homem, o hormônio luteinizante também pode ser cha- mado de hormônio estimulador das células intersticiais (ICSH), porque age estimulando as células intersticiais, ou de Leydig, a produzirem testosterona. A testosterona e os hormônios gona- dotróficos FSH e LH atuam juntos na ativação da espermatogê- nese (produção de espermatozoides). A testosterona é o principal hormônio masculino. Ela de- termina o desenvolvimento dos órgãos genitais, a descida dos testículos para a bolsa escrotal e o aparecimento das caracte- rísticas sexuais secundárias masculinas, como a distribuição de pelos pelo corpo, engrossamento da voz, desenvolvimento dos músculos e dos ossos, entre outras. Também é a testosterona que induz o amadurecimento dos órgãos genitais, além de pro- mover o impulso sexual. BIOLOGIA 22 A testosterona começa a ser produzida ainda na fase em- brionária e é a presença dela que determina o desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos. Se houver ausência desse hor- mônio, ou a falta de receptores compatíveis a ele nas células do embrião, o sexo que se desenvolverá será o feminino. O sistema imunológico O sistema imunológico ou sistema imune é de grande efi- ciência no combate a microorganismos invasores. Mas não é só isso; ele também é responsável pela “limpeza” do organismo, ou seja, a retirada de células mortas, a renovação de determi- nadas estruturas, rejeição de enxertos, e memória imunológica. Também é ativo contra células alteradas, que diariamente sur- gem no nosso corpo, como resultado de mitoses anormais. Essas células, se não forem destruídas, podem dar origem a tumores. Sistema Imunitário humano O sistema imunológico é a defesa do organismo contra orga- nismos infecciosos e outros invasores. Através de uma série de passos, o sistema imunitário ataca organismos e substâncias que invadem o corpo e causam a doença. O sistema imunológico é composto de uma rede de células, tecidos e órgãos que trabalham juntos para proteger o corpo. As células envolvidas são os glóbulos brancos ou leucócitos, que vêm em dois tipos básicos que se combinam para procurar e destruir organismos causadores de doenças ou substâncias. Os leucócitos são produzidos ou armazenados em vários lo- cais do corpo, incluindo o timo, baço e medula óssea. Por esta razão, eles são chamados de órgãos linfóides. Há também gru- pos de tecido linfóide pelo corpo, principalmente em gânglios linfáticos, que abrigam os leucócitos. Os leucócitos circulam através do corpo entre os órgãos e gân- glios via vasos linfáticos e vasos sanguíneos. Desta forma, o siste- ma imunitário funciona de forma coordenada para acompanhar o corpo para germes ou substâncias que possam causar problemas. Células do sistema imune Linfócitos Os linfócitos são responsáveis pelo reconhecimento do in- vasor e produção da resposta imune. São produzidos na medu- la óssea e timo, que são órgãos linfóides primários ou centrais e migram para o baço, linfonodo e amídalas, que são tecidos linfóides secundários. Os linfócitos B são produzidos na medula óssea e os linfócitos T são produzidos no timo. -Linfócitos B: os linfócitos B reconhecem o receptor de su- perfície do antígeno e transformam-se em plasmócitos, que pro- duzem e secretam anticorpos que se ligam especificamente com o antígeno. Os linfócitos B ficam concentrados os gânglios linfá- ticos, prontos para uma reação. -Linfócitos T: os linfócitos T são bastante variados e possuem um número grande de funções. Eles interagem com os linfócitos B. As células T auxiliares (TH) auxiliam os linfócitos B na produ- ção de anticorpos, divisão e diferenciação celular. Os linfócitos T citotóxicos destroem células infectadas do hospedeiro, utilizan- do um receptor especifico para antígenos das células T (TCR). Os efeitos dos linfócitos T estão relacionados com a liberação de citocinas, que são emissores químicos de sinais para as células. Fagócitos Os fagócitos têm a função de neutralizar, englobar e des- truir as partículas estranhas e microorganismos invasores. São produzidos na medula óssea e sua diferenciação é provocada por citocinas. Quando estas células estão no sangue circulante são chamadas de monócitos, quando estão nos tecidos são cha- madas de macrófagos. O monócito é uma célula grande, maior que o linfócito e possui um núcleo com muitos grânulos em forma de ferradura. Neutrófilos: Os neutrófilos são células fagocíticas e são mui- to numerosos, compreendendo cerca de 90% dos granulócitos que circulam na corrente sanguínea. É a primeira célula a chegar ao local de defesa e tem vida curta. Eosinófilos: São células com função de apreender e danificar os invasores, principalmente os parasitas extracelulares grandes. Quando estimulados, eles liberam seus grânulos, liberando toxinas, histaminas e arilsulfatase. Os eosinófilos combatem principalmente os vermes, pois não podem ser fagocitados. As substâncias produzidas também ajudam a diminuir a resposta inflamatória. Basófilos e mastócitos: Estas células estão em quantidades muito pequenas no sangue. Possuem grânulos no citoplasma que produzem inflamação no tecido circundante. Estão associa- dos com as reações alérgicas. Como funciona o sistema imunológico humano Quando os antígenos são detectados, vários tipos de células trabalham em conjunto para reconhecê-los e responder. Estas células acionam os linfócitos B a produzir anticorpos, proteínas especializadas que travam os antígenos. Uma vez produzidos, estes anticorpos continuam a existir no corpo de uma pessoa, de modo que se o mesmo é apresentado para o sistema imuno- lógico mais uma vez, os anticorpos já estão lá para fazer o seu trabalho. Assim, se alguém fica doente com uma determinada doença, a pessoa geralmente não fica doente de novo. Esta é também a forma como as imunizações previnem cer- tas doenças. Uma imunização introduz no corpo um antígeno numa maneira que não faz mal a ninguém, mas não permite que o organismo produza anticorpos que irá proteger a pessoa de fu- turos ataques com a bactéria ou substância que produz a doença em questão. Embora os anticorpos possam reconhecer um antígeno e bloqueá-lo, eles não são capazes de destruí-lo sem ajuda. Essa é a função das células T, que são parte do sistema que destrói os antígenos que foram marcados por anticorpos ou células que fo- ram infectadas ou de alguma forma alteradas. (Algumas células T são realmente chamadas células “assassinas”). Os anticorpos também podem neutralizar as toxinas (subs- tâncias tóxicas ou nocivas), produzida por diferentes orga- nismos. Por último, os anticorpos podem ativar um grupo de proteínas chamado complemento que também fazem parte do sistema imunológico. O complemento ajuda a matar as bacté- rias, vírus ou as células infectadas. Todas essas células especializadas fazem parte do sistema imunológico do corpo de proteção contra a doença. Esta prote- ção é chamado de imunidade. BIOLOGIA 23 O sistema imunológico e a diapedese O processo de diapedese consiste na passagem dos leucócitos através da parede dos capilares sanguíneos, vénulas e até arte- ríolas, penetrando através das junções entre as células endoteliais. Este processo é possível graças à capacidade que os leucócitos apresentam de alterar a sua forma, deslocando-se por movimentos ameboides. A lesão por microrganismos, dá início a uma reação inflamatória. Este processo caracteriza-se por alterações da microcircula- ção, gerando um maior aporte sanguíneo ao local, vasodilatação, edema e aumento da permeabilidade vascular, permitindo a saída de e plasma para os tecidos afetados. No local afetado ocorre a emissão de moléculas com propriedades quimiotáxicas, que vão atuar sobre os leucócitos, estimulan- do-os a sair dos vasos em direção ao local lesionado, através do processo de diapedese. O processo de diapedese implica três fases consecutivas: marginação, pavimentação e migração. -Marginação: Em resultado da inflamação, ocorrem alterações na corrente sanguínea, diminuindo a velocidade de circulação. Esta alteração faz com que os leucócitos, que normalmente circulam na zona central do fluido, se aproximem da parede do vaso, num processo denominado de marginação. -Pavimentação: Na fase de pavimentação, os leucócitos achatam-se contra a parede do vaso, aderindo ao endotélio. -Migração: Nessa fase ocorre com a passagem do leucócito, por movimentos ameboides, através dos espaços entre as células que formam a estrutura do vaso sanguíneo, movimentando-se através do tecido conjuntivo até atingiram o foco da infeção. A pas- sagem não afeta as células endoteliais nem as ligações entre elas. Órgãos linfóides Órgãos linfóides primários: São os locais onde os linfócitos são produzidos. Compreendem o timo e a medula óssea. Órgãos linfóides secundários: Após serem produzidos nos órgãos linfóides primários, migram para os secundários, onde se en- contram e interagem. Compreendem o baço, linfonodos e tecidos linfóides associados a mucosas. Sistema linfático O sistema linfático está presente nos vertebrados tem a mesma função em todos eles. No homem, o sistema linfático está re- presentado por um sistema de vasos revestidos por endotélio, que recolhe o liquido intercelular e o devolve ao sangue. O líquido, assim colhido e transportado, recebe o nome de linfa e, ao contrário do sangue, circula em apenas um sentido, isto é, da periferia em direção ao coração. A linfa equivale ao plasma filtrado através da parede capilar e desempenha papel importante na distribuição de material entre as células. De acordo com o calibre, os canais do sistema são chamados capilares (menor calibre), vasos e ductos linfáticos (maior calibre). O duto ou canal torácico desemboca na veia subclávia esquerda, e a grande veia linfática ou duto linfático direto desemboca na veia subclávica direita. A parede dos dutos linfáticos tem estrutura semelhante à das veias. No trajeto dos vasos linfáticos, encontram-se dilatações denominadas gânglios linfáticos ou linfonodos. Tais gânglios são cons- tituídos de tecido conjuntivo hematopoiético linfoide. Por sua riqueza em macrófagos os linfonodos representam filtros para a linfa, fagocitando elementos estranhos. Neles, formam-se glóbulos brancos do tipo monócitos e, principalmente, linfócitos. Além disso, por sua riqueza em plasmócitos, representam locais de formação de anticorpos. O líquidos intersticial ou líquidos intercelular é semelhante ao plasma sanguíneo, embora contenha bem menos proteínas. A pressão sanguínea faz com que o plasma sanguíneo atravesse a parede dos capilares, com exceção das proteínas de grande peso molecular, e passe para os espaços intercelulares. Esse plasma filtrado pelos capilares recebe o nome de liquido intercelulares ou intersticial e será utilizado como suprimento de substâncias as células. O liquido intercelular (intersticial) é mantido normalmente em equilíbrio entre o sangue e o fluido dos tecidos, uma vez que ele é continuamente reconduzido à corrente sanguínea pelo sistema de vasos linfáticos. O fluido, agora dentro dos vasos passa a ser chamado de linfa. BIOLOGIA 24 Hipótese de Starling As proteínas plasmáticas desempenham um papel importante na transferência de liquido através da parede do capilar. O líqui- do pode sair da corrente sanguínea para o liquido intercelular e também pode passar dos espaços intercelulares para a corrente sanguínea. O sentido da passagens desses líquidos é determinado pela pressão sanguínea dos capilares e pela pressão osmótica das proteínas do plasma. Pressão sanguínea: em razão da sístole ventricular, o sangue é bombeado pelo sistema arterial sob alta pressão. Essa pressão decresce à medida que o sangue se distancia do coração, de tal modo que, ao passar das arteríolas para os capilares, atinge valores de 35 mmHg. Na saída dos capilares, o valor da pressão sanguínea é de apenas 15mmHg, em média. Desse modo, a pressão sanguí- nea média nos capilares é da ordem de 25 mmHg. Esta pressão é suficiente para fazer o líquido extravasar o plasma sanguíneo (sem a maior parte das proteínas) e chegar aos espaços intercelulares (interstício). Em virtude da maior concentração do plasma sanguíneo (apresenta proteínas) em relação ao liquido intercelular, há uma maior pressão osmótica no interior do vaso. Em consequência dessa diferença, tem-se movimento do liquido dos espaços intercelulares para o interior da parede capilar (semipermeável). A pressão osmótica das proteínas plasmática é da ordem de 25mmHg. Desse modo, observa-se um equilíbrio dinâmico do movimento do liquido entre o sangue dos capilares e do liquido intercelular dos tecido. A pressão sanguínea força o fluido para fora do capilar, de maneira decrescente, da terminação arterial para a terminação ve- nosa. A pressão osmótica das proteínas força o fluido dos espaços intercelulares para o interior do capilar. Na terminação arterial sai mais fluido do que entra e, na terminação venosa, verifica-se o contrário. BIOLOGIA 25 GENÉTICA A Genética é uma área da biologia que estuda os mecanismos da hereditariedade ou herança biológica. Para estudar as formas de transmissão das informações genéticas nos indivíduos e populações, existem várias áreas de conheci- mento que se relacionam com a genética clássica como a biologia molecular, a ecologia, a evolução e mais recentemente se destaca a genômica, em que se utiliza a bioinformática para o tratamento de dados. Conceitos Básicos Conheça os principais conceitos genéticos e entenda sobre cada um deles: Células Haploides e Diploides Célula diploide e haploide As células haploides (n) possuem apenas um conjunto de cromossomos. Assim, nos animais, as células sexuais ou gametas são haploides. Essas células possuem metade do número de cromossomos da espécie. As células diploides (2n) são aquelas que possuem dois conjuntos de cromossomos, como é o caso do zigoto, que possui um conjunto de cro- mossomos originários da mãe e um conjunto originário do pai. São células diploides, os neurônios, células da epiderme, dos ossos, entre outras. Cromossomos Os cromossomos são encontrados no núcleo da célula Os cromossomos são sequencias da molécula de DNA, em forma de espiral, que apresentam genes e nucleotídeos. O número de cromossomos varia de uma espécie para outra, é representado por n. Por exemplo, a mosca Drosophila possui 8 cromossomos nas células do corpo e 4 nos gametas. A espécie humana possui um número total de 46 cromossomos nas células diploides e 23 nos gametas. BIOLOGIA 26 Cromossomos Homólogos Cada cromossomo presente no espermatozoide encontrará correspondência nos cromossomos do óvulo. Em outras palavras, os cromossomos de cada gameta são homólogos, uma vez que possuem genes que determinam cer- ta característica, organizados na mesma sequência em cada um deles. Representação de cromossomos homólogos e a localiza- ção (ou locus gênico) de alguns genes alelos, que determinam características específicas. Genes Genes são fragmentos de DNA encontrados no núcleo da célula Os genes são esses fragmentos sequenciais do DNA, respon- sáveis por codificar informações que irão determinar a produção de proteínas que atuarão no desenvolvimento das característi- cas de cada ser vivo. Eles são considerados a unidade funcional da hereditarie- dade. Os genes alelos são aqueles que ocupam o mesmo lócus em cromossomos homólogos e estão envolvidos na determinação de um mesmo caráter. Eles são responsáveis pela determinação de certa caracte- rística, por exemplo, cor do pelo nos coelhos, possuem varia- ções, determinando características diferentes, por exemplo pelo marrom ou branco. Além disso, ocorrem aos pares, sendo um de origem materna e outro de origem paterna. Alelos e Alelos Múltiplos Exemplos de genes alelos Um alelo é cada uma das várias formas alternativas do mesmo gene que ocupa um locus no cromossomos e atuam na determinação do mesmo caráter. Os alelos múltiplos ocorrem quando os genes apresentam mais de duas formas alélicas. Nesse caso, mais de dois alelos estão presentes na determi- nação de um caráter. Homozigotos e Heterozigotos Exemplos de homozigotos e heterozigotos Os seres homozigotos são aqueles que apresentam pares de genes alelos idênticos (AA/aa), ou seja, possuem genes alelos idênticos. Enquanto isso, os heterozigotos caracterizam os indivíduos que possuem dois genes alelos distintos (Aa). Genes Dominantes e Recessivos Quando um indivíduo heterozigótico possui um gene alelo dominante ele se expressa determinando uma certa característi- ca. Os genes dominantes são representados por letras maiúscu- las (AA, BB, VV) e expressos fenotipicamente em heterozigose. Quando o gene alelo não se expressa nesse indivíduo, ele é um gene recessivo. Os genes recessivos são representados por letras minúsculas (aa, bb, vv) donde os fenótipos são expressos somente em homozigose. BIOLOGIA 27 Fenótipo e Genótipo Fenótipo e Genótipo O genótipo é o conjunto das informações contidas nos ge- nes, desse modo, irmãos gêmeos têm o mesmo genótipo pois possuem os mesmo genes. Ele representa a constituição gené- tica do indivíduo. Já o fenótipo é a expressão dos genes, ou seja, é o conjunto das características que vemos nos seres vivos, por exemplo, a cor dos olhos, o tipo sanguíneo, a cor das flores de uma planta, a cor do pelo de um gato, entre outras. Herança Ligada ao Sexo Os cromossomos sexuais são aqueles que determinam o sexo dos indivíduos. As mulheres possuem 2 cromossomos X, enquanto os ho- mens possuem um cromossomo X e um Y. Desse modo, é o ga- meta masculino que determina o sexo dos filhos. Como os cromossomos X tem muito mais genes o que o Y, alguns dos genes do X não têm alelo correspondente no Y, desse modo de- terminam a herança ligada ao cromossomo sexual ou ligada ao sexo. Representação da transmissão hereditária da hemofilia, cujos genes se localizam no cromossomo X O daltonismo e a hemofilia são exemplos de doenças determinadas por genes presentes no cromossomo X. O daltonismo, que é um tipo de cegueira para cores, é uma condi- ção produzida por um alelo mutante responsável pela produção de um dos pigmentos visuais. CITOGENÉTICA E EVOLUÇÃO 1A origem “das coisas” sempre foi uma preocupação central da humanidade; a origem das pedras, dos animais, das plantas, dos planetas, das estrelas e de nós mesmos. Mas a origem mais fundamental de todas parece ser a origem do universo como um todo – tudo o que existe. Sem esse, nenhum dos seres e objetos citados nem nós mesmos poderíamos existir. Talvez por essa razão, a existência do universo como um todo, sua natureza e origem foram assuntos de explicação em quase todas as civilizações e culturas. De fato, cada civilização conhecida da antropologia teve uma cosmogonia – uma histó- ria de como o mundo começou e continua, de como os homens surgiram e do que os deuses esperam de nós. O entendimento do universo foi, para essas civilizações, algo muito distinto do que nos é ensinado hoje pela ciência. Mas a ausência de uma cosmologia para essas sociedades, uma explicação do mundo em que vivemos, seria tão inconcebível quanto a ausência da própria linguagem. Essas explicações, por falta de outras formas de entendimento da questão, sempre tiveram fundamentos re- ligiosos, mitológicos ou filosóficos. Só recentemente a ciência pôde oferecer sua versão para os fatos. A razão principal para isso é que a própria ciência é recente. Como método científico experimental, podemos nos referir a Galileu Galilei (1564-1642, astrônomo, físico e matemático italiano) como um marco impor- tante. Não obstante, já os gregos haviam desenvolvido métodos geométricos sofisticados e precisos para determinar órbitas e tamanhos de corpos celestes, bem como para previsão de even- tos astronômicos. Não podemos nos esquecer de que egípcios e chineses, assim como incas, maias e astecas também sabiam interpretar os movimentos dos astros. É surpreendente que possamos entender o universo físico de forma racional e que ele possa ser pesquisado pelos métodos da física e da astronomia desenvolvidos nos nossos laboratórios e observatórios. A percepção dessa dimensão e da capacidade científica nos foi revelada de forma mais plena nas décadas de 10, 20 e 30 do século XX. Mas a história da cosmologia (a estrutura do universo) e da cosmogonia (a origem do universo) não começou, nem parou aí. 2Cosmologias da Terra plana Como era a cosmovisão, a forma do universo imaginada pelos antigos egípcios, gregos, chineses, árabes, incas, maias e tupi-guaranis, que não tinham acesso às informações da moder- na astronomia? Para quase todas as civilizações, sempre foi ne- cessário acomodar não só a face visível da Terra e do céu, mas também incluir, possivelmente no espaço, o mundo dos mortos, tanto os abençoados como os condenados, além dos reinos dos deuses e dos demônios. A experiência do cotidiano sugere que o mundo em que vivemos é plano; além disso, muitas cosmologias eram interpretações associadas ao ambiente físico ou cultural da civilização em questão. Por exemplo, para os egípcios, o uni- verso era uma ilha plana cortada por um rio, sobre a qual estava suspensa uma abóbada sustentada por quatro colunas. Na Índia antiga, as várias cosmologias dos hindus, brâmanes, budistas etc. tinham em comum o pressuposto da doutrina da reencar- nação e as configurações físicas deveriam acomodá-la, incluindo 1 Steiner., J. E. 2006. A origem do universo e do homem. Estudos avançados, v.20, n. 58. 2 Damineli, A. Hubble: a expansão do universo. São Paulo: Odysseus, 2003. BIOLOGIA 28 os diversos níveis de céus e infernos por ela demandada. Para os hindus – por exemplo – o universo era um ovo redondo coberto por sete cascas concêntricas feitas com distintos elementos. Já os babilônios imaginavam um universo em duas camadas conec- tadas por uma escada cósmica. A civilização maia era fortemen- te dependente do milho e das chuvas, muitas vezes escassas, que vinham do céu. Para eles, no começo havia apenas o céu, o mar e o criador; esse, após várias tentativas fracassadas, conse- guiu construir pessoas a partir de milho e água. No antigo testamento judaico-cristão, a Terra era relatada em conexão ao misterioso firmamento, às águas acima do fir- mamento, às fontes do abismo, ao limbo e à casa dos ventos. O livro do Gênesis narra, também, que o universo teve um come- ço: “No princípio Deus criou os céus e a Terra. A Terra, porém, estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Deus disse: ‘Faça-se a luz’. E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das tre- vas. Deus chamou à luz DIA, e às trevas NOITE. Houve uma tarde e uma manhã: foi o primeiro dia”. Modelos geocêntricos Há cerca de 2.400 anos, os gregos já haviam desenvolvido sofisticados métodos geométricos e o pensamento filosófico. Não foi, pois, por acaso que eles propuseram uma cosmologia mais sofisticada do que a idéia do universo plano. Um univer- so esférico, a Terra, circundado por objetos celestes que des- creviam órbitas geométricas e previsíveis e também pelas es- trelas fixas. Uma versão do modelo geocêntrico parece ter sido proposta inicialmente por Eudoxus de Cnidus (c.400-c.350 a.C., matemático e astrônomo grego, nascido na atual Turquia) e so- freu diversos aperfeiçoamentos. Um deles foi proposto por Aris- tóteles (384-322 a.C.), que demonstrou que a Terra é esférica; ele chegou a essa conclusão a partir da observação da sombra projetada durante um eclipse lunar. Ele calculou, também, o seu tamanho – cerca de 50% maior do que o valor correto. O modelo geocêntrico de Aristóteles era composto por 49 esferas concêntricas que procuravam explicar os movimentos de todos os corpos celestes. A esfera mais externa era a das estrelas fixas e que controlava todas as esferas internas. Essa, por sua vez, era controlada por uma agência (entidade) sobrenatural. Esse modelo geocêntrico grego teve outros aperfeiçoamen- tos. Erastóstenes (c.276-c.194 a.C., escritor grego, nascido na atual Líbia) mediu a circunferência da Terra por método expe- rimental, obtendo um valor cerca de 15% maior do que o valor real. Já Ptolomeu (Claudius Ptolomeus, segundo século a.C., as- trônomo e geógrafo egípcio) modificou o modelo de Aristóteles, introduzindo os epiciclos, isto é, um modelo no qual os planetas descrevem movimentos de pequenos círculos que se movem so- bre círculos maiores, esses centrados na Terra. A teoria heliocêntrica A ideia de que o Sol está no centro do universo e de que a Terra gira em torno dele, conhecida como a teoria heliocêntrica, já havia sido proposta por Aristarco de Samos (c.320 – c.250 a.C., matemático e astrônomo grego); ele propôs essa teoria com base nas estimativas dos tamanhos e distâncias do Sol e da Lua. Con- cluiu que a Terra gira em torno do Sol e que as estrelas formariam uma esfera fixa, muito distante. Essa teoria atraiu pouca atenção, principalmente porque contradizia a teoria geocêntrica de Aris- tóteles, então com muito prestígio e, também, porque a idéia de que a Terra está em movimento não era muito atraente. Cerca de dois mil anos mais tarde, Copérnico (Nicolaus Copernicus, 1473-1543, astrônomo polonês) descreveu o seu modelo heliocêntrico, em 1510, na obra Commentariolus, que circulou anonimamente; Copérnico parece ter previsto o im- pacto que sua teoria provocaria, tanto assim que só permitiu que a obra fosse publicada após a sua morte. A teoria foi publi- cada abertamente em 1543 no livro De Revolutionibus Orbium Coelesti e dedicada ao papa Paulo III. O modelo heliocêntrico provocou uma revolução não so- mente na astronomia, mas também um impacto cultural com reflexos filosóficos e religiosos. O modelo aristotélico havia sido incorporado de tal forma no pensamento, que tirar o homem do centro do universo acabou se revelando uma experiência trau- mática. Por fim, o modelo heliocêntrico de Copérnico afirmou-se como o correto. Mas por que o modelo de Aristarco de Samos não sobreviveu, cerca de 2.000 anos antes, se afinal também estava certo? Basicamente porque, para fins práticos, não fazia muita diferença quando comparado com o modelo geocêntrico. As medidas não eram muito precisas e tanto uma teoria quan- to a outra davam respostas satisfatórias. Nesse caso, o modelo geocêntrico parecia mais de acordo com a prática do dia-a-dia; além disso, era um modelo homocêntrico, o que estava em acor- do com o demandado por escolas filosóficas e teológicas. Após a publicação da teoria de Copérnico, no entanto, al- guns avanços técnicos e científicos fizeram que ela se tornas- se claramente superior ao sistema de Ptolomeu. Tycho Brahe (1546-1601, astrônomo dinamarquês) teve um papel importan- te ao avançar as técnicas de fazer medidas precisas com instru- mentos a olho nu, pois lunetas e telescópios ainda não haviam sido inventados. Essas medidas eram cerca de dez vezes mais precisas do que as medidas anteriores. Em 1597 ele se mudou para Praga, onde contratou, em 1600, Johannes Kepler (1571- 1630, matemático e astrônomo alemão) como seu assistente. Mais tarde, Kepler usou as medidas de Tycho para estabelecer suas leis de movimento dos planetas. Essas leis mostravam que as órbitas que os planetas descrevem são elipses, tendo o Sol em um dos focos. Com isso, cálculos teóricos e medidas passaram a ter uma concordância muito maior do que no sistema antigo. Se não por outro motivo, essa precisão e a economia que ela pro- piciava seriam tão importantes para as grandes navegações que ela se imporia por razões práticas. Galileu, ao desenvolver a luneta, criou um instrumento vital para a pesquisa astronômica, pois amplia, de forma extraordiná- ria, a capacidade do olho humano. Apontando para o Sol, des- cobriu as manchas solares; apontando para Júpiter, descobriu as quatro primeiras luas; e ao olhar para a Via-Láctea, mostrou que ela é composta por miríades de estrelas. A descoberta da galáxia Foi exatamente com o desenvolvimento de técnicas ópticas, mecânicas e fotográficas que se passou a determinar a distância das estrelas mais próximas, e com isso a idéia de esfera das es- trelas fixas foi superada. Com a medida das distâncias das estre- las – extraordinariamente grandes –, estabeleceu-se a interpre- tação de que o Sol e as estrelas são objetos da mesma natureza. Portanto, cada estrela poderia ter, em princípio, o “direito” de hospedar um sistema planetário. Uma das primeiras concepções consistentes sobre a natu- reza da galáxia – e surpreendentemente correta – foi feita por Kant (Immanuel Kant, 1724-1804, filósofo alemão) que, aos 26 BIOLOGIA 29 anos e muito antes de se tornar a grande referência em filosofia, tomou contato com os pensamentos de Newton e desenvolveu a idéia de que o sistema solar teria se originado a partir da con- densação de um disco de gás. Concebeu, também, a idéia de que o sistema solar faz parte de uma estrutura achatada, maior, à qual hoje chamamos de galáxia, e de que muitas das nebulo- sas então observadas como manchas difusas são sistemas seme- lhantes, às quais ele denominou universos-ilhas. Os avanços observacionais mais importantes que levaram à compreensão detalhada da distribuição das estrelas no céu fo- ram feitos por Wilheilm Herschel (1738-1822, astrônomo e mú- sico inglês, nascido na Alemanha), primeiro construtor de gran- des telescópios com os quais podia detalhar os objetos fracos com maior precisão. Estrelas se distribuem no espaço tanto de forma dispersa quanto, também, em grupos, chamados de aglomerados de es- trelas. No estudo de tais aglomerados, percebeu-se que eles não se distribuem ao acaso no espaço, mas definem uma configura- ção à qual chamamos de galáxia, visível a olho nu, como a Via- -Láctea. O Sol, a estrela mais próxima de nós, está a 159 milhões de quilômetros. É mais fácil dizer que ele está a oito minutos- -luz. Afinal, a luz leva oito minutos para chegar do Astro-rei até a Terra. O mapa feito com os aglomerados globulares de estrelas mostrou que a galáxia tem um diâmetro de aproximadamente 90 mil anos-luz e é composta de 100 bilhões de estrelas, todas girando em torno de um núcleo comum, que dista cerca de 25 mil anos-luz do Sol. Logo se percebeu que existe um grande nú- mero de formações semelhantes no universo. São as Nebulae, que hoje chamamos, genericamente, de galáxias. Quando observamos a estrela mais próxima do sistema so- lar, Alfa de Centauro, estamos enxergando o passado. Ela se en- contra a 4,3 anos-luz de distância. Quer dizer que a luz que agora observamos foi emitida 4,3 anos atrás e viajou todo esse tempo para chegar até aqui. Estamos, de fato, observando o passado. Quando olhamos para a nossa vizinha galáxia de Andrômeda, vemos como ela era 2,4 milhões de anos atrás. Muitas estrelas que estamos vendo hoje já deixaram de existir há muito tempo. A teoria do Big Bang Na década de 1920, o astrônomo americano Edwin Hubble procurou es-tabelecer uma relação entre a distância de uma ga- láxia e a velocidade com que ela se aproxima e se afasta de nós. A velocidade da galáxia se mede com relativa facilidade, mas a distância requer uma série de trabalhos encadeados e, por isso, é trabalhoso e relativamente impreciso. Após muito trabalho, ele descobriu uma correlação entre a distância e a velocidade das galáxias que ele estava estudando. Quanto maior a distân- cia, com mais velocidade ela se afasta de nós. É a chamada Lei de Hubble. Portanto, as galáxias próximas se afastam lentamente e as galáxias distantes se afastam rapidamente? Como explicar essa lei? Num primeiro momento, poderíamos pensar que, afinal, es- tamos no centro do universo, um lugar privilegiado. Todas as galáxias sabem que estamos aqui e por alguma razão fogem de nós. Essa explicação parece pouco copernicana. A essa altura dos acontecimentos, ninguém mais acreditava na centralidade cósmica do homem. Precisamos achar, então, outra explicação. A outra explicação pode ser facilmente entendida se fizermos uma analogia bidimensional do universo. Costumamos dizer que vi- vemos num universo de três dimensões espaciais: podemos andar para a frente, para os lados e pular para cima. Além disso, existe a dimensão do tempo. Essas quatro dimensões compõem o espaço- -tempo do universo em que vivemos. Poderíamos imaginar outros universos. Do ponto de vista matemático, podemos imaginar, por exemplo, universos bidimensionais. A superfície de uma bola é uma entidade de duas dimensões, assim como o é a superfície de uma mesa. Poderíamos, agora, imaginar a superfície de uma bexiga de aniversário como um universo bidimensional. Sobre a sua super- fície poderíamos desenhar galáxias bidimensionais, povoadas por formigas também de duas dimensões. Algumas dessas formigas po- deriam ser astrônomas cuja tarefa seria observar outras galáxias, medir suas distâncias e velocidades. Imaginemos, agora, que alguém sopre na bexiga de tal forma que ela se expanda. O que a formiga-astrônoma vai observar? Que as galáxias próximas se afastam lentamente ao passo que as ga- láxias distantes se afastam rapidamente do observador. Isto é, a formiga descobriu a Lei de Hubble. Se, por hipótese, em vez de uma bexiga em expansão, ela estivesse se esvaziando, em contração, a formiga verificaria que todas as galáxias se aproximam uma das outras; um efeito contrário ao da Lei de Hubble. Portanto, essa lei mostra que nosso universo está em expansão! Isto é, no futuro ele será maior e no passado foi menor do que ele é hoje. Quanto mais no passado, menor. Até que poderíamos imaginar a bexiga tão pe- quena que se reduziria a um ponto. A esse ponto inicial, a idéia de que o universo surgiu de uma explosão no passado, chamamos de Big Bang. Desde então, ele está se expandindo, até hoje, e a lei de Hubble é a confirmação disso. Há quanto tempo teria acontecido isso? As indicações mais recentes são de que o Big Bang ocorreu há 13,7 (± 0,2) bilhões de anos. De fato, trabalhos teóricos do abade belga Georges Lemai- tre, de 1927, mostraram que a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein é compatível com a recessão das Nebulae (como eram então chamadas as galáxias) e ele foi o primeiro a propor que o universo teria surgido de uma explosão, de um “átomo primordial”. Uma pergunta imediata que poderia nos ocorrer é: para que direção do espaço devemos olhar para enxergarmos onde essa explosão ocorreu? Se o universo está se expandindo, dentro de onde? Ora, no modelo de bexiga – universo de duas dimensões – o Big Bang ocorreu no centro da bexiga, não na sua superfície. O espaço é a superfície. O interior é o passado, e o exterior, o futuro. O centro, a origem do tempo. Portanto, a explosão não ocorreu no espaço, mas no início do tempo, e o próprio espa- ço surgiu nessa singularidade temporal. Esse exemplo simples nos mostra como o modelo bidimensional pode nos ilustrar, de forma intuitiva, porém confiável, questões fundamentais de cos- mologia; agregar uma terceira dimensão é apenas uma questão de habilidade matemática! Podemos, agora, voltar à reflexão de que olhar para longe é ver o passado. Seria possível observar o universo evoluir? Essa ideia parece interessante; quanto mais longe olhamos, mais ve- mos um universo mais jovem. Poderíamos, então, observar a época em que as galáxias nasceram? Sim, basta que tenhamos tecnologia para isso. Basta que tenhamos instrumentos que nos permitam observar o universo a 12 bilhões de anos-luz de dis- tância. Essa tecnologia já é disponível com os novos e grandes telescópios. Com isso é possível observar quando, como e por que as galáxias nasceram – essa é uma das áreas mais palpitan- tes da ciência contemporânea. BIOLOGIA 30 Outra pergunta que naturalmente se faz é: o que foi o ins- tante zero e o que havia antes? A teoria da relatividade prevê que no instante zero a densidade teria sido infinita. Para tratar essa situação, é necessária uma teoria de gravitação quântica, que ainda não existe, e, portanto, essa questão não é passível de tratamento científico até este momento. Entender essa fase da história do universo é um dos maiores problemas não-resolvidos da física contemporânea. Teoria de evolução 3Uma ideia bastante antiga, do tempo de Aristóteles, é a de que os seres vivos podem surgir por geração espontânea (abiogênese). Apesar de conhecer a importância da reprodução, admitia-se que certos organismos vivos pudesse surgir esponta- neamente da matéria bruta. Observações do cotidiano mostra- vam, por exemplo, que larvas de moscas apareciam no meio do lixo e poças de lama podiam exibir pequenos animais. A conclu- são a que se chegava era a de que o lixo e a lama haviam gerado diretamente os organismos. Entretanto, reconhecia-se que nem toda matéria bruta po- dia gerar vida. Assim, de um pedaço de ferro ou pedra não surgia vida; mais de um pedaço de carne, uma porção de lama ou uma poça d´agua eram capazes de gerar vida. Explicava-se esta capa- cidade de gerar ou não vida entre os distintos materiais brutos alegando-se a necessidade de um “princípio ativo” que não es- teja presente em qualquer matéria bruta. O princípio ativo não era considerado algo concreto, mas uma capacidade ou poten- cialidade de gerar vida. Aos ideias a respeito da geração espontânea perduraram por muito tempo, apesar da sua forma original ter evoluído aos poucos; ainda nos meados do século passado, havia numerosos partidários dessa teoria, definitivamente destruída pelos traba- lhos de Pasteur. Vamos descrever a partir de agora, alguns marcos na evolu- ção das ideias sobre geração espontânea. Redi, Needhan e Spallanzani Em meados do século XVII, Francesco Redi realizou uma experiência que representou a primeira tentativa experimental com finalidade de derrubar geração espontânea. Redi coloca pe- daços de carne em dois grupos de frascos; um dos grupos per- manece aberto, enquanto o outro é recoberto por um pedaço de gaze. Sobre a carne dos frascos abertos, após alguns dias, sur- gem larvas de moscas; nos frascos cobertos não aparecem lar- vas. Redi concluiu que a carne não gera as larvas; moscas adultas devem ter sido atraídas pelo cheiro de material em decomposi- ção e desovaram sobre a carne. As larvas nasceram, portanto, dos ovos postos pelas moscas. Essa ideia é ainda reforçada pela observação dos frascos cobertos: sobre a gaze, do lado externo do frasco, algumas larvas apareceram. À ideia de que os seres vivos se originam sempre de seres vivos chamamos biogênese. 3 Uzunian, A.; Pinseta, D.; Sasson, S. 1991. Biologia p.118 Apesar da repercussão das experiências de Redi, a ideia de geração espontânea ainda não havia sido derrubada. Ironica- mente, foram o uso crescente do microscópio e a descoberta dos micro-organismos os fatores que reforçaram a teoria da abiogênese: tais seres pequeninos, argumentava-se, eram tão simples, que não era concebível terem a capacidade de reprodu- ção; como conclusão óbvia, só podiam ser formados por geração espontânea. Em 1745, um estudioso chamado John Needham realizou experimento cujos resultados pareciam comprovar as ideias da abiogênese. Nestes, vários caldos nutritivos, como sucos de fru- tas e extrato de galinha, foram colocados em tubos de ensaio, aquecidos durante um certo tempo e em seguida lacrados. A intenção de Needham, ao aquecer o caldo foi a de provocar a morte de organismos possivelmente existentes nestes; o fecha- mento dos frascos destinava-se a impedir a contaminação por micróbios externos. Apesar disso, os tubos de ensaio, passados alguns dias, estavam turvos e cheios de micro-organismos, o que parecia demonstrar a verdade da geração espontânea. Cerca de 25 anos depois, o italiano Lazaro Spallanzani re- petiu as experiências de Needham. A diferença no seu proce- dimento foi a de ferver os líquidos durante uma hora, não se limitando a aquecê-los; em seguida os tubos foram fechados hermeticamente. Líquidos assim tratados mantiveram-se esté- reis, isto é, sem vida, indefinidamente. Desta forma, Spallanzani demonstrava que os resultados de Needham não comprovavam a geração espontânea: pelo fato de aquecer por pouco tempo, Needham não havia destruído todos os micróbios existentes, dando-lhes a oportunidade de proliferar novamente. BIOLOGIA 31 Needham, porém, responde às críticas de Spallanzani com argumentos aparentemente muito fortes: “…Spallanzani… selou hermeticamente dezenove frascos que continham diversas substâncias vegetais e ferveu-os, fecha- dos, por uma hora. Mas, pelo método de tratamento pelo qual ele torturou suas dezenove infusões vegetais, fica claro que en- fraqueceu muito ou até destruiu a força vegetativa das substân- cias em infusão…” O aquecimento excessivo, segundo Needham, havia des- truído o princípio ativo; sem princípio ativo, nada de geração espontânea! É interessante notar que o próprio Spallanzani não soube refutar esses argumentos, ficando as ideias da abiogêne- se consolidadas. Os experimentos de Pasteur Por volta de 1860, O cientista francês Louis Pasteur con- seguiu derrubar definitivamente as ideias sobre geração espon- tânea da vida. Seus experimentos foram bem semelhantes aos de Spallanzani, porém com alguns aperfeiçoamentos. Vejamos como Pasteur descreve suas experiências. “Coloquei em frascos de vidro os seguintes líquidos, todos facilmente alteráveis, em contato com o ar comum: suspensão de lêvedo de cerveja em água, suspensão de lêvedo de cerveja em água e açúcar, urina, suco de beterraba, água de pimenta. Aqueci e puxei o gargalo do frasco de maneira a dar-lhe cur- vatura; deixei o líquido ferver durante vários minutos até que os vapores saíssem livremente pela estreita abertura superior do gargalo, sem tomar nenhuma outra precaução. Em seguida, deixei o frasco esfriar. É uma coisa notável, capaz de assombrar qualquer pessoa acostumada com a delicadeza das experiências relacionadas à assim chamada geração espontânea, o fato de o líquido em tal frasco permanecer imutável indefinidamente… Parecia que o ar comum, entrando com força durante os pri- meiros momentos (do resfriamento), deveria penetrar no frasco num estado de completa impureza. Isto é verdade, mas ele en- contra um líquido numa temperatura ainda próxima do ponto de ebulição. A entrada do ar ocorre, então, mais vagarosamente e, quan- do o líquido se resfriou suficientemente, a ponto de não mais ser capaz de tirar a vitalidade dos germes, a entrada do ar será suficientemente lenta, de maneira a deixar nas curvas úmidas do pescoço toda a poeira (e germes) capaz de agir nas infusões… Depois de um ou vários meses no incubador, o pescoço do frasco foi removido por golpe dado de tal modo que nada, a não ser as ferramentas, o tocasse, e depois de 24, 36 ou 48 horas, bolores se tornavam visíveis, exatamente como no frasco aberto ou como se o frasco tivesse sido inoculado com poeira do ar.” Com esta experiência engenhosa, Pasteur também demons- trava que o líquido não havia perdido pela fervura suas proprie- dades de abrigar vida, como argumentaram alguns de seus oposi- tores. Além disso, não se podia alegar a ausência do ar, uma vez que este entrava e saía livremente (apenas estava sendo filtrado). A Evolução das Substâncias Químicas Três teorias sobre a origem da vida Há três posições “filosóficas” em relação à origem da vida. A primeira relaciona-se aos mitos da “criação”, ideia criacionista, que afirmam que a vida foi criada por uma força suprema ou ser superior; essa hipótese, evidentemente, foge ao campo de ação do raciocínio científico, não podendo ser testada e nem refutada pelos métodos usados pela ciência. A criação de Adão. Cena representa episódio do Livro do Gênesis, onde Deus origina o homem. (Foto: Michelangelo/Re- produção) Uma segunda posição, a panspermia, se refere à possibili- dade de a vida ter se originado fora do planeta Terra e ter sido “semeada” por pedaços de rochas, como meteoritos, que teriam trazido “esporos” ou outras formas de vida alienígena. Esses te- riam evoluído nas condições favoráveis da Terra, até originar a diversidade de seres vivos que conhecemos. Um dado interessante: chegam todos os anos, à superfície da Terra, ao redor de mil toneladas de meteoritos. Em algumas dessas rochas, foram encontradas substâncias orgânicas, como aminoácidos e bases nitrogenadas. Ficou bastante claro, a partir da década de 70, que a matéria orgânica é muito mais frequente no universo do que se acreditava antigamente. Um eminente astrônomo inglês, sir Fred Hoyle, defende a ideia de que mate- rial biológico, como vírus, poderia ter chegado do espaço; Hoyle chega a aceitar que isso aconteceria ainda hoje e que de alguma forma esse material “genético” novo poderia ser incorporado aos organismos existentes, modificando assim sua evolução! BIOLOGIA 32 De qualquer forma, essas ideias não são seriamente consi- deradas pela maioria dos cientistas; para começo de conversa, o aquecimento de qualquer corpo que entrasse na atmosfera terrestre seria de tal ordem, que destruiria qualquer forma de vida semelhante às que conhecemos hoje. Por outro lado, acei- tar que a vida apareceu “fora” da Terra somente “empurraria” o problema para diante, já que não esclareceria como a vida teria surgido fora daqui. A terceira posição, a mais em voga hoje, aceita que a vida pode ter surgido espontaneamente sobre o planeta Terra, atra- vés da evolução química de substâncias não vivas. Não é fácil ou seguro verificar eventos que ocorreram há bilhões de anos, quando nosso planeta era muito diferente do que é hoje; no en- tanto, os cientistas conseguiram reproduzir algumas das condi- ções originais em laboratório e descobriram muitas evidências geológicas, químicas e biológicas que reforçam essa hipótese. Essa terceira posição foi defendida pela primeira vez pelo cien- tista russo Oparin, em 1936, como veremos nos itens a seguir. Algumas pistas sobre o problema Nos últimos 120 anos, várias ideias sobre a origem da Terra, sua idade, as condições primitivas da atmosfera foram surgin- do. Em particular, verificou-se que os mesmos elementos que predominam nos organismos vivos (carbono, hidrogênio, oxigê- nio e nitrogênio) também existem fora deles; nos organismos vivos estes elementos estão combinados de maneira a formar moléculas complexas, como proteínas, polissacarídeos, lipídios e ácidos nucleicos. A diferença básica, então, entre matéria viva e matéria bruta estaria sobretudo ao nível da organização des- ses elementos. O químico Wöhler, em 1828, já havia fornecido a seguinte pista: substâncias “orgânicas” ou complexas, como a ureia, podem ser formadas em condições de laboratório a partir de substâncias simples, “inorgânicas”. Se as condições adequa- das surgiram da Terra, no passado, então a vida poderia ter apa- recido do inorgânico. Uma simples análise das características que os seres vivos exibem hoje mostra, independentemente de sua forma ou ta- manho, a presença dos mesmos “tijolos” básicos em todos eles: açúcares simples, os 20 tipos de aminoácidos, os 4 nucleotídeos de DNA e os 4 de RNA, e os lipídios. Ora, depois da pista dada por Wöhler, a que nos referimos, os químicos descobriram que esses compostos podem ser feitos em laboratório, se houver uma fonte de carbono, de nitrogênio, e uma certa quantidade de energia disponível. Assim sendo, se as condições adequadas tivessem estado presentes, no passado da Terra, essas substân- cias poderiam ter se formado sem grandes dificuldades. Várias dessas ideias foram organizadas e apresentadas de forma clara e coerente pelo bioquímico russo Aleksandr I. Opa- rin, em 1936, no seu livro “A origem da vida. As ideias de Oparin 4Aleksandr Oparin (1894-1980) foi um bioquímico russo que retomou e aprofundou os estudos sobre a origem da vida, por volta de 1920, segundo a Teoria da evolução química, juntamen- te com o biólogo inglês John Burdon S. Haldane (1892-1964). Essa teoria foi proposta inicialmente por Thomas Huxley (1825- 1895). 4 Amabis, José Mariano. Biologia. Volume 1. Editora Moderna Nessa teoria, a vida teve origem a partir da evolução de compostos químicos inorgânicos, que se combinaram formando diversos tipos de moléculas orgânicas simples, como aminoáci- dos, carboidratos, bases nitrogenadas, etc., que por sua vez se combinaram formando moléculas mais complexas como lipídios, ácidos nucléicos, proteínas, que se agruparam formando estru- turas complexas, dando origem aos seres vivos. Segundo Oparin, a Terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos e no início sua temperatura era muito elevada. O resfriamento e a solidificação da crosta ocorreram mais tarde, por volta de 2,5 bilhões de anos. As temperaturas do planeta iam diminuindo gradativamente, e com isso, a água que evaporava se condensa- va na atmosfera e caía novamente, sob a forma de chuva, que evaporavam novamente, pois as temperaturas ainda eram mui- to elevadas. Nessa época aconteceram tempestades torrenciais todos os dias, durante milhões de anos. Alguns cientistas acreditam que cerca de 1018 toneladas de matéria foram agregadas ao planeta Terra através de colisões com asteróides. Essas colisões provocavam um aumento na tem- peratura. A atmosfera primitiva era composta por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, que se ligaram formando os compostos amônia (NH3), metano (CH4), hidrogênio (H2) e vapor de água (H2O). Nessa época ainda não havia gás oxigênio (O2), nem nitrogênio (N2). Com o ciclo de chuvas e tempestades havia muitas descar- gas elétricas. Essas descargas atuavam sobre as moléculas, pro- movendo ligações químicas e formando moléculas mais comple- xas, como os aminoácidos. Com o resfriamento da Terra, começou a formação de áreas alagadas e exposição das rochas. Essas imensas áreas alagadas deram origem aos oceanos. A água da chuva arrastava os com- postos para as rochas. O calor das rochas promoveu ligações químicas entre as moléculas presentes, originando proteinóides, cadeias de aminoácidos, etc. Essa moléculas, conforme a temperatura da terra ia dimi- nuindo, iam se tornando mais complexas e fazendo cada vez mais ligações, transformando a água dos oceanos em grandes sopas orgânicas. As proteínas formadas foram se aglomerando, até formar os coacervados. Em algum momento dessa evolução, os coacervados evo- luíram e adquiriram a capacidade de se alimentar e reproduzir, dando origem a um ser vivo primitivo muito simples. A comprovação experimental O bioquímico Miller tentou reproduzir em laboratório algu- mas das condições previstas por Oparin. Construiu um aparelho, que era um sistema fechado, no qual fez circular durante 7 dias uma mistura de gases: metano, hidrogênio, amônia e vapor de água estavam presentes. Um reservatório de água aquecido à temperatura de ebulição permitia a formação de mais vapor de água, que circulava arrastando os outros gases. BIOLOGIA 33 Num certo lugar do aparelho, a mistura era submetida a des- cargas elétricas constantes, simulando os “raios” das tempesta- des que se acredita terem existido na época. Um pouco adiante, a mistura era esfriada e, ocorrendo condensação, tornava-se novamente líquida. Ao fim da semana, a água do reservatório, analisada pelo método da cromatografia, mostrou a presença de muitas moléculas orgânicas, entre as quais alguns aminoácidos. Miller, com esta experiência, não provava que aminoácidos realmente se formaram na atmosfera primitiva; apenas demons- trava que, caso as condições de Oparin tivessem se verificado, a síntese de aminoácidos teria sido perfeitamente possível. Fox, em 1957, realiza a seguinte experiência: aquece uma mistura seca de aminoácidos e verifica que entre muitos deles acontecem ligações peptídicas, formando-se moléculas seme- lhantes a proteínas (lembre-se de que na ligação peptídica ocor- re perda de água ou desidratação). Os resultados de Fox refor- çam a seguinte ideia: se, de fato, aminoácidos caíram sobre as rochas quentes, trazidos pela água da chuva, eles poderiam ter sofrido combinações formando moléculas maiores, os proteinoi- des, que acabariam sendo carregadas aos mares em formação. Percebe-se que Fox tenta testar parte das ideias de Oparin, e seu ponto de partida foi, sem dúvida, a experiência de Miller. A química dos coloides explica e prevê a reunião de gran- des moléculas em certas condições, formando os agregados que chamamos coacervados. É evidente, porém, que a última etapa da hipótese de Oparin nunca poderá ser testada em laboratório; em outros termos, para conseguirmos que um entre trilhões de coacervados se transformasse, por acaso, em um ser vivo muito simples, teríamos de dispor de um laboratório tão grande quanto os mares primitivos, que contivesse, portanto, um número infinitamente grande de coacervados; além disso, teríamos de dispor de um tempo infinitamente grande, que possibilitasse inúmeras colisões e reações químicas que foram necessárias para se obter pelo menos um sucesso. Será que, devido à impossibilidade de teste experimental, devemos repelir “a priori” esta fase? Podemos pelo menos pen- sar nela em termos estatísticos. Vamos dar a palavra a um cé- lebre biólogo, George Wald, que examinou minuciosamente o assunto. 5Ideias recentes sobre a origem da vida Acredita-se hoje que, provavelmente, a composição da at- mosfera primitiva foi diferente do que acreditava Oparin; ela teria contido CO, CO2, H2, N2 e vapor de água (não haveria, por- tanto, metano nem amônia; as fontes de carbono seriam o CO e o CO2, enquanto a de nitrogênio seria o N2). Vapor de água e de gás carbônico teriam sido produzidos pela intensa atividade vulcânica. Mesmo assim, isso não invalida experimentos do tipo “Miller”. Na realidade, foram feitas desde então muitas varian- tes dessa experiência, modificando-se os gases utilizados e colo- cando-se algumas substâncias minerais; os cientistas chegaram a obter mais de 100 tipos de “tijolos” orgânicos simples, incluin- do nucleotídeos e ATP. O poder da argila Algumas teorias recentes dão conta de que os longos polí- meros, como proteinoides e fitas de ácidos nucleicos, podem ter se formado, como alternativa às rochas quentes da crosta, em “moldes” de argila. De fato, para ocorrer polimerização, deve haver uma alta concentração das unidades constituintes; na ar- gila, essa concentração pode ter sido alta. Além disso, a argila pode ter agido como “catalisadora” e promovido o aparecimen- to de ligações simples, como as peptídicas, com perda de água. Alguns biólogos acreditam ainda que a argila foi o meio em que se formaram moléculas RNA, a partir de nucleotídeos simples. A energia para essa polimerização poderia ter sido proveniente do calor da crosta; ou do calor do sol, ou ainda da radiação ul- travioleta. Coacervados ou microesferas? Há mais de um modelo, além da ideia de coacervados, para explicar como moléculas grandes, tipo proteinoides, teriam se agregado na água, formando estruturas maiores. O pesquisador Fox, colocando proteinoides em água, obteve a formação de pe- queninas esferas. Bilhões de microesferas podem ser obtidas a partir da mis- tura de um grama de aminoácidos aquecidos, algumas delas for- mando cadeias, de forma muito semelhante a algumas bactérias atuais. Cada microesfera tem uma camada externa de moléculas de água e proteínas e um meio interno aquoso, que mostra al- gum movimento, semelhante à ciclose. Essas microesferas po- dem absorver e concentrar outras moléculas existentes na solu- ção ao seu redor. Podem também se fundir entre si, formando estruturas maiores; em algumas condições, aparecem na super- fície “brotos” minúsculos que podem se destacar e crescer. Como apareceu o gene? Uma coisa que é importante entender: na hipótese original de Oparin, não há referência aos ácidos nucleicos; não se sabia na época que eles constituem os genes. Muita gente então acre- ditava que os genes fossem de natureza proteica; afinal, havia sido demonstrada a enorme importância das proteínas como en- zimas, material construtor e anticorpos. Dá para entender, por isso, a ênfase que Oparin dá ao aparecimento da proteína. No entanto a hipótese original foi readaptada quando ficou patente a identidade entre genes e ácidos nucleicos. 5 Armênio Uzunian, Dan Edésio Pinseta, Sezar Sasson fonte: Biologia; introdução à Biologia pp. 97-105. (Livro 1). São Paulo: Gráfica e 1991. BIOLOGIA 34 Acredita-se hoje que a primeira molécula informacional tenha sido o RNA, e não o DNA. Foi feita a interessantíssima desco- berta de que certos “pedaços” de RNA têm uma atividade catalítica: eles permitem a produção, a partir de um molde de RNA e de nucleotídeos, de outras fitas de RNA idênticas ao molde! A esses pedaços de RNA com atividade “enzimática”, os biólogos chamam de ribozimas. Isso permite explicar o eventual surgimento e duplicação dos ácidos nucleicos, mesmo na ausência das sofisticadas polimerases que atuam hoje. O DNA deve ter sido um estágio mais avançado na confecção de um material genético estável; evidentemente, os primeiros DNA teriam sido feitos a partir de um molde de RNA original. Isso lembra bastante, você vai concordar, o modo de atuação do re- trovírus, como o da AIDS! De qualquer forma, esses “genes nus”, isto é, envolvidos por nada, mas livres na argila ou na água, podem ter num período posterior “fixado residência” numa estrutura maior, como um coacervado ou uma microesfera… Um dos problemas ainda mais perturbadores nessa história toda, relaciona-se ao surgimento do CÓDIGO GENÉTICO. Em outras palavras, o aparecimento de proteínas ou de moléculas de ácidos nucleicos com a capacidade de duplicação, nas condições pos- tuladas, pode ser imaginado sem muita dificuldade, mas permanece extremamente misterioso o método pelo qual as moléculas de ácidos nucleicos teriam tomado conta do controle da produção de proteínas específicas, que tivessem um valor biológico e de sobrevivência. Quem sabe o tempo se encarregará de nos fornecer novas evidências… A evolução do metabolismo Analisamos até agora o surgimento das primeiras formas vivas, e você deve ter notado que já mencionamos, para essas formas, algumas características importantes para conceituar um ser vivo. Esses primeiros organismos possuem compostos orgânicos na constituição de seus corpos, são celulares (unicelulares, no caso) e têm capacidade de reprodução. Não discutimos ainda uma outra característica dos seres vivos: o metabolismo. Vamos, então, analisar como deve ter sido a provável evolução das vias metabólicas nos seres vivos. Todo o ser vivo precisa de alimentos, que são degradados nos processos metabólicos para a liberação de energia e realização das funções. Esses alimentos degradados também podem ser utilizados como matéria-prima na síntese de outras substâncias orgâ- nicas, possibilitando o crescimento e a reposição de perdas. Vamos analisar, então, como esses primeiros seres conseguiam obter e degradar o alimento para a sua sobrevivência. Duas hipóteses têm sido discutidas pelos cientistas: a hipótese heterotrófica e a autotrófica. Para entender claramente esta discussão, é útil recordar as equações de três processos biológicos básicos, fermentação, respi- ração e fotossíntese, que reproduzimos a seguir. Existem duas hipóteses sobre a origem da vida: a hipótese autotrófica, que propõe que o primeiro ser vivo foi capaz de sin- tetizar seu próprio alimento orgânico, possivelmente por fotossíntese, e a hipótese heterotrófica, que prevê que os primeiros organismos se nutriam de material orgânico já pronto, que retiravam de seu meio. A maioria dos biólogos atuais acha a hipótese autotrófica pouco aceitável devido a um fato simples: para a realização da fotossíntese, uma célula deve dispor de um equipamento bioquímico mais sofisticado do que o equipamento de um heterótrofo. Como admitir que o primeiro ser vivo, produzido através de reações químicas casuais, já possuísse esse grau de sofisticação? É claro que o primeiro ser vivo poderia ter surgido complexo; porém é muito menos provável que isso tenha acontecido. Por outro lado, se o primeiro organismo era heterótrofo, o que ele comeria? Hoje os heterótrofos dependem, para sua nutri- ção, direta ou indiretamente, dos autótrofos autossintetizantes. No entanto não se esqueça de que, de acordo com a hipótese de Oparin, o primeiro organismo surgiu num mar repleto de coacervados orgânicos, que não haviam chegado ao nível de complexidade adequada. Esses coacervados representam então uma fonte abundante de alimento para nosso primeiro organismo, que passaria a comer seus “irmãos” menos bem sucedidos. Admitamos um primeiro organismo heterótrofo, para o qual alimento não era problema. Pode-se obter energia do alimento através de dois processos: a respiração que depende de O2 molecular, inexistente na época, e a fermentação, processo mais sim- ples, cuja realização dispensa a presença de oxigênio. Estabeleçamos, a título de hipótese mais provável, que o primeiro organismo deva ter sido um heterótrofo fermentador. A abundância inicial de alimento permite que os primeiros organismos se reproduzam com rapidez; não se esqueça também de que todos os mecanismos da evolução biológica, como a mutação e seleção natural, estão atuando, adaptando os organismos e permi- tindo o aparecimento de características divergentes. Surge a fotossíntese A velocidade de consumo do alimento, no entanto, cresce continuamente, já que o número de organismos aumenta; a repo- sição desse alimento orgânico através das reações químicas que descrevemos é obviamente muito mais lenta que o seu consumo. Perceba que, se não surgissem por evolução os autótrofos, a vida poderia ter chegado num beco sem saída por falta de alimento. Em algum momento anterior ao esgotamento total do alimento nos mares, devem ter aparecido os primeiros organismos capazes de realizar fotossíntese; possivelmente usaram como matéria prima o CO2 residual dos processos de fermentação. Sua capacidade de produzir alimento fechava o ciclo produtor/consumidor e permitia o prosseguimento da vida. BIOLOGIA 35 Surge a respiração Um resíduo do processo fotossintético é o oxigênio molecular; por evolução devem ter surgido mais tarde os organismos capa- zes de respirar aerobicamente, que utilizaram o O2 acumulado durante milhões de anos pelos primeiros autótrofos. A respiração, não se esqueça, permite extrair do alimento maior quantidade de energia do que a fermentação. Seguramente o modo de vida “respirador” representa, na maioria dos casos, uma grande vantagem sobre o método “fermentador”; não devemos estranhar que a maioria dos organismos atuais respire, apesar de ter conservado a capacidade de fermentar. Lembre-se, ainda, de que a presença de oxigênio molecular na atmosfera acaba permitindo o aparecimento na atmosfera da camada de ozônio, que permite a filtração de grande parte da radiação ultravioleta emitida pelo sol. Essa radiação é fortemente mutagênica; porém os organismos aquáticos estariam parcialmente protegidos, já que a água funciona como um filtro para ela. De qualquer maneira, o aparecimento do ozônio prepara o terreno para uma futura conquista do ambiente seco, caso alguns organis- mo um dia se aventurem a fazer experiência. Vida multicelular Como surgiram os seres multicelulares? Evidências obtidas de estudos geológicos sugerem que os primeiros multicelulares simples surgiram na Terra há cerca de 750 milhões de anos! Antes disso houve o predomínio de vida unicelular, como formas euca- rióticas simples. A partir dessa data, surgem os primeiros multicelulares, originados dos unicelulares eucariotos existentes. Aparece a membrana celular É muito provável que os primeiros organismos tenham sido mais complexos do que os vírus atuais, porém mais simples do que as células mais simples que se conhecem. Um citologista chamado Robertson acredita que, por evolução, os organismos iniciais devam ter “experimentado” vários tipos de membranas. A vantagem de uma membrana envolvente é clara: ela fornece proteção contra choques mecânicos e, portanto, maior estabilidade à estrutura; porém ela representa uma barreira entre o organismo e o alimento a seu redor, o que é uma des- vantagem. Assim, a membrana ideal deveria ser resistente, com um certo grau de elasticidade, sem deixar de ser suficientemente per- meável. Num certo estágio da evolução dos seres vivos, apareceu a membrana lipoproteica, que reúne todos esses atributos e certamente foi um sucesso total, já que todos os seres vivos atuais de estrutura celular a possuem. Nesse estágio, pode-se falar em organismos procariontes, muito semelhantes às mais simples bactérias atuais. Procariontes originam eucariontes Uma membrana traz, entretanto, alguns problemas adicionais: ela se constitui, de certa forma, num obstáculo para o cresci- mento da estrutura viva. Vamos explicar: à medida que a célula cresce, seu volume aumenta, assim como a superfície de sua mem- brana; porém a superfície cresce MENOS proporcionalmente, do que o volume. Desse modo, a célula MAIOR se alimenta PIOR. A única forma de restabelecer a relação favorável entre superfície e volume é a divisão da célula, que, assim, nunca pode passar de um certo tamanho. Portanto o volume dos primeiros organismos é limitado, já que a partir de um certo tamanho tem de acontecer divisão celular. Robertson propõe que, por evolução biológica, alguns organismos devem ter adquirido a capacidade genética de dobrar sua mem- brana para fora (evaginação). Dessa forma, sem mudanças apreciáveis de volume, aumentaria a superfície em contado como meio. Perceba que na proposta de Robertson fica implícita a ideia de que todos os orgânulos celulares membranosos tiveram a mesma ori- gem; membranas nucleares, do retículo, do Golgi e plasmática nada mais seriam do que dobramentos de uma primitiva membrana. Na célula atual, de fato, verificam-se dois fatos que apoiam fortemente as ideias de Robertson: Há comunicação entre todas as membranas celulares, que se apresentam formando um sistema membranoso único. Todas as membranas celulares têm a mesma composição e são lipoproteicas. Assim teriam aparecido, muito provavelmente, as primeiras células eucarióticas, que, em alguns casos, levaram vantagem quando competiam com os procariontes. Apesar disso, os procariontes continuaram existindo: são, como sabemos, as inúmeras espécies de bactérias e as cianofíceas atuais. BIOLOGIA 36 A origem de algumas organelas celulares Uma teoria muito em voga atualmente a respeito da origem das organelas celulares é a endossimbiose. Trata-se da seguinte ideia: alguns organismos procariontes teriam sido “engolidos” por células maiores de eucariontes, ficando no interior da célula, mas com capacidade de reprodução independente e realizando determinadas funções. Acredita-se que mitocôndrias e cloroplastos possam ter se originado dessa forma. As mitocôndrias podem ter sido um dia bactérias independentes; os cloroplastos, talvez cia- nofíceas ou baterias fotossintetizantes. Os argumentos a favor dessa ideia são muito fortes: cloroplastos e mitocôndrias possuem material genético próprio, semelhan- te ao DNA de bactéria. Esse DNA tem capacidade de duplicação, de transcrição; ribossomos existentes no interior desses orgânulos produzem também proteínas próprias. Por fim, ambos os orgânulos têm a capacidade de se reproduzir no interior da célula “hos- pedeira”. Uma “troca de favores” poderia ter se estabelecido entre a célula maior e a menor. No caso da mitocôndria, que teria obtido proteção e alimento, sua presença teria permitido que a célula maior aprendesse a RESPIRAR oxigênio, com todas as vantagens inerentes. A simbiose com um procarionte fotossintetizante faria que os eucariontes hospedeiros tivessem síntese de alimento “em domicílio”, obviamente um processo muito vantajoso. A evolução biológica Atualmente os seres vivos estão adaptados ao meio em que vivem, isto é, entre os seres vivos e o ambiente há um ajuste com papel fundamental para a sua sobrevivência. O flamingo rosa se alimenta de cabeça para baixo, adaptando-se à procura de alimen- to no lodo em que vive; os cactos suportam o meio desértico seco graças às adaptações nele existentes; os beija-flores, com seus longos bicos, estão adaptados à coleta do néctar contido nas flores tubulosas que visitam. Esses e numerosos outros exemplos são reveladores da perfeita sintonia que existe entre os seres e os seus ambientes de vida. BIOLOGIA 37 Antigamente, a ideia de que as espécies seriam fixas e imu- táveis foi defendida pelos filósofos gregos chamados de fixistas. Estes propunham que as espécies vivas já existiam desde a ori- gem do planeta e a extinção de muitas delas deveu-se a eventos especiais como, por exemplo, catástrofes, que teriam extermi- nado grupos inteiros de seres vivos. O filósofo grego Aristóte- les, grande estudioso da natureza, não admitia a ocorrência de transformação das espécies, pois acreditava que os organismos eram distribuídos segundo uma escala de complexidade, em que cada ser vivo tinha seu lugar definido. Visão aristotélica de que as espécies eram fixas e imutáveis Entretanto, partir do século XIX, uma série de pensadores passou a admitir a ideia da substituição gradual de espécies por outras através de adaptações a ambientes em contínuo proces- so de mudança. Essa corrente de pensamento, transformista, explicava a adaptação como um processo dinâmico, ao contrário do que propunham os fixistas. Para o transformismo, a adapta- ção das espécies é alcançada a medida que muda o meio. Nessa concepção, os serres mais adaptados ao ambiente em mudança sobrevivem, já os menos adaptados são eliminados. Essa ideia deu origem ao evolucionismo. Evolução biológica é a adaptação das espécies a meios con- tinuamente em mudança. Entretanto, essa mudança das espé- cies nem sempre implica aperfeiçoamento ou melhora, poden- do acarretar, em alguns casos a uma simplificação. É o caso das tênias, vermes achatados parasitas: embora nelas não exista tubo digestivo, estão perfeitamente adaptadas ao parasitismo no tubo digestivo do homem e de muitos outros vertebrados. Adaptação: a espécie em mudança Dentre os exemplos que ilustram a adaptação das espécies às mudanças do meio, três se destacam por seu caráter clássico: a) a resistência de bactérias aos antibióticos; b) a coloração protetora das mariposas da espécie Biston betularia. a) A resistência de bactérias aos antibióticos O problema da resistência bacteriana a antibióticos carac- teriza um caso de adaptação de um grupo de organismos frente a mudanças ambientais. À medida que antibióticos são inade- quadamente utilizados no combate a infecções causadas por bactérias, o que na realidade se está fazendo é uma seleção de indivíduos resistentes a determinado antibiótico. Sendo favo- recidos, os indivíduos resistentes, pouco abundantes de início, proliferam, aumentando novamente a população de micro-or- ganismos. b) A coloração protetora das mariposas Em meados do século passado, a população de certo tipo de mariposa nos arredores de Londres era constituída predomi- nantemente por indivíduos de asas claras, embora entre elas se encontrassem algumas de asas escuras. A explicação para esse BIOLOGIA 38 fato fica lógica se lembrarmos que nessa época os troncos das árvores eram recobertos por certo tipo de vegetais, os líque- nes, que conferiam-lhes uma cor acinzentada. Na medida em que a industrialização provocou aumento de resíduos poluentes gasosos, os troncos das árvores passaram a ficar escurecidos, como consequência da morte dos líquenes e do excesso de fuli- gem. Nessa região, passou a haver predominância de mariposas de asas escuras, o que denota outro caso de adaptação de um grupo de indivíduos frente a uma mudança ambiental. Procure entender a semelhança existente entre esses dois exemplos de adaptação e o exemplo da resistência de insetos a inseticidas. As evidências da evolução Durante a fase polêmica da discussão evolucionista, muitos argumentos foram utilizados. Uma das evidências mais impor- tantes da ocorrência de Evolução biológica é dada pelos fósseis, que podem ser conceituados como “restos ou vestígios de seres vivos de épocas remotas”. Por meio deles, verifica-se que havia organismos completamente diferentes dos atuais, argumento poderoso para os defensores do transformismo. Outras evidên- cias evolutivas podem ser citadas: a semelhança embriológica e anatômica existente entre os componentes de alguns grupos animais, notadamente os vertebrados; a existência de estrutu- ras vestigiais, como, por exemplo, o apêndice vermiforme hu- mano, desprovido de função quando comparado aos apêndices funcionais de outros vertebrados. A evidência molecular, nos mostra a semelhança na estru- tura molecular de diversos organismos sendo que, quanto maior as semelhanças entre as sequências das bases nitrogenadas dos ácidos nucleicos ou quanto maior a semelhança entre as proteí- nas destas espécies, maior o parentesco e, portanto, a proximi- dade evolutiva entre as espécies. Lamarck x Darwin A partir do século XIX, surgiram algumas tentativas de ex- plicação para a Evolução biológica. Jean Baptiste Lamarck, fran- cês, e Charles Darwin, inglês, foram os que mais coerentemente elaboraram teorias sobre o mecanismo evolutivo. Foi Darwin, no entanto, o autor do monumental trabalho científico que re- volucionou a Biologia e que até hoje persiste como a Teoria da Seleção Natural das espécies. Darwin A história do Darwinismo Em meados de 1930, Charles Darwin visitou diferentes lo- cais da América do Sul (inclusive o Brasil) e da Austrália, além de vários arquipélagos tropicais abordo do navio inglês H. S. S. Beagle. Durante essa viagem, Darwin percebeu que na Argen- tina havia fósseis de espécies gigantes que eram semelhantes às espécies existentes naquele período e que também notava algumas diferenças destacadas de acordo com a região em que eram encontrados, originando a dúvida entre as semelhanças das espécies antigas fossilizadas e de espécies atuais. No Equador, mais precisamente no arquipélago de Galápa- gos, havia inúmeras espécies de uma mesma ave localizadas em diferentes regiões, o que levou Darwin a pensar que tais dife- renças partiram de um mesmo ancestral que após migrar para diferentes regiões com diferenciações climáticas e ecológicas precisou se adaptar a estas, originando novas espécies. Após recolher muitas informações e materiais no decorrer de sua viagem, Darwin começou a organizar suas hipóteses so- bre a origem das espécies. Assim, escreveu alguns ensaios ini- ciais, mas manteve as questões mais revolucionárias em segredo e só as comentou com alguns amigos. Até que, em 1858, rece- beu uma carta que o fez mudar de ideia. O remetente da carta era Wallace, que também usou as ob- servações de viagem para formular sua teoria da evolução por meio da seleção natural. Quando leu a correspondência, Darwin tomou um susto: as ideias eram praticamente iguais às dele! Diante disso, Darwin contou o acontecido a amigos cientis- tas, que sugeriram organizar uma sessão na qual os dois natura- listas pudessem apresentar sua teoria. Ela aconteceu no dia 1 de julho de 1858, na Sociedade Lineana da Londres, na Inglaterra. Foram lidos manuscritos de Darwin e a carta de Wallace, sem a presença dos autores. No ano seguinte, Darwin publicou seu livro A Origem das Espécies, que gerou burburinho e lhe rendeu muito mais fama do que Wallace jamais teve. Os dois, no entanto, tornaram-se amigos por toda a vida – unidos pela teoria que formularam ao mesmo tempo e que até hoje esclarece a sociedade sobre o sur- gimento dos seres vivos no planeta. A teoria de Darwin A partir da ideia de adaptação de populações a seus ambien- tes, fica fácil entender as propostas de Charles Darwin (1809- 1882), inglês, autor da teoria da Seleção Natural. Imaginando- -se dois ratos, um cinzento e outro albino, é provável que em BIOLOGIA 39 muitos tipos de ambientes o cinzento leve vantagem sobre o albino. Se isto realmente acontecer, é sinal de que o ambiente em questão favorece a sobrevivência de indivíduos cinzentos ao permitir que, por exemplo, eles fiquem camuflados entre as fo- lhagens de uma mata. Os albinos, sendo mais visíveis, são mais atacados por predadores. Com o tempo, a população de ratos cinzentos, menos visada pelos atacantes, começa a aumentar, o que denota seu sucesso. É como se o ambiente tivesse esco- lhido, dentre os ratos, aqueles que dispunham de mais recursos para enfrentar os problemas oferecidos pelo meio. A esse pro- cesso de escolha, Darwin chamou Seleção Natural. Note que a escolha pressupõe a existência de uma variabilidade entre orga- nismos da mesma espécie. Darwin reconhecia a existência dessa variabilidade. Sabia também que na natureza, a quantidade de indivíduos de certa espécie que nascem é maior que aquela que o ambiente pode suportar. Além disso, era conhecido o fato de que o número de indivíduos da população fica sempre em torno de uma certa quantidade ótima, estável, devido, principalmen- te, a altas taxas de mortalidade. É óbvio que a mortalidade seria maior entre indivíduos menos adaptados a seu meio, pelo processo de escolha ou “seleção natural”. Perceba, então, que a ideia de Darwin parte do princípio importante de que existe variabilidade entre os indivíduos de uma mesma espécie e que essa variabilidade pode permitir que indivíduos se adaptem ao ambiente. Assim, para Darwin, a adaptação é resultado de um proces- so de escolha dos que já possuem a adaptação. Essa escolha, efetuada pelo meio, é a Seleção Natural e pressupõe a existên- cia prévia de uma diversidade específica. Então, muda o meio. Havendo o que escolher (variabilidade), a seleção natural entra em ação e promove a adaptação da espécie ao meio. Quem não se adapta, desaparece. O Darwinismo, a conhecida teoria da “Evolução Biológica por adaptação das espécies aos meios em mudança através da Seleção Natural”, pode ser assim esquematizado: É claro que, em ambientes diferentes, variações distintas serão valorizadas. Isso explica por que duas populações da mesma espécie podem se adaptar de maneiras bastante diversificadas em ambientes diferentes. A teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo O trabalho de Darwin despertou muita atenção mas também suscitou críticas. A principal era relativa à origem da variabilida- de existente entre os organismos de uma espécie. Darwin não teve recursos para entender por que os seres vivos apresentam diferenças individuais. Não chegou sequer a ter conhecimento dos trabalhos que um monge chamado Mendel realizava, cru- zando plantas de ervilha. O problema só foi resolvido a partir do início do século XX, com o advento da ideia de gene. E só então ficou fácil entender que mutações e recombinação gênica são as duas importantes fontes de variabilidade entre as espécies. Assim, o darwinismo foi complementado, surgindo o que os evolucionistas modernos conhecem como Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução e que se apoia nas ideias básicas de Darwin. Fica fácil entender, agora, o mecanismo da resistência bac- teriana aos antibióticos usados para o seu combate. Partindo do princípio da existência prévia de variabilidade, uma popula- ção bacteriana deve ser formada por dois tipos de indivíduos: os sensíveis e os resistentes. O uso inadequado de um antibiótico deve eliminar as bactérias sensíveis, favorecendo as resisten- tes, que são selecionadas. As bactérias resistentes proliferam e promovem a adaptação da espécie ao ambiente modificado. Qualquer outro problema de adaptação das espécies a ambien- tes em modificação pode ser explicado utilizando-se o raciocínio neodarwinista. A ideia de Lamarck Um dos primeiros adeptos do transformismo foi o biólogo fran- cês Lamarck, que, como você verá, elaborou uma teoria da Evolução, embora totalmente desprovida de fundamento científico. No mesmo ano em que nascia Darwin, Jean Baptiste Lamarck (1744-1829) propunha uma ideia elaborada e lógica. Segundo ele, uma grande mudança no ambiente provocaria numa espécie a ne- cessidade de se modificar, o que a levaria a mudanças de hábitos. Se o vento e as águas podem esculpir uma rocha, modifican- do consideravelmente sua forma, será que os seres vivos não po- deriam ser também moldados pelo ambiente? Teria o ambiente o poder de provocar modificações adaptativas nos seres vivos? Lamarck acreditava que sim. Considerava, por exemplo, que mudanças das circunstâncias do ambiente de um animal provo- cariam modificações suas necessidades, fazendo que ele passas- BIOLOGIA 40 se a adotar novos hábitos de vida para satisfazê-las. Com isso o animal passaria a utilizar mais frequentemente certas partes do corpo, que cresceriam e se desenvolveriam, enquanto outras partes não seriam solicitadas, ficando mais reduzidas, até se atrofia- rem. Assim, o ambiente seria o responsável direto pelas modificações nos seres vivos, que transmitiriam essas mudanças aos seus descendentes, produzindo um aperfeiçoamento da espécie ao longo das gerações. Com base nessa premissa, postulou duas leis. A primeira, chamada Lei do Uso e Desuso, afirmava que, se para viver em deter- minado ambiente fosse necessário certo órgão, os seres vivos dessa espécie tenderiam a valorizá-lo cada vez mais, utilizando-o com maior frequência, o que o levaria a hipertrofiar. Ao contrário, o não uso de determinado órgão levaria à sua atrofia e desapareci- mento completo ao longo de algum tempo. A segunda lei, Lamarck chamou de Lei da Herança dos Caracteres Adquiridos. Através dela postulou que qualquer aquisição benéfica durante a vida dos seres vivos seria transmitida aos descendentes, que passariam a tê-la, transmitindo-a, por sua vez, às gerações seguintes, até que ocorresse sua estabilização. A partir dessas suas leis, Lamarck formulou sua teoria da evolução, apoiado apenas em alguns exemplos que observara na na- tureza. Por exemplo, as membranas existentes entre os dedos dos pés das aves nadadoras, ele as explicava como decorrentes da necessidade que elas tinham de nadar. Cornos e chifres teriam surgindo como consequência das cabeçadas que os animais davam em suas brigas. A forma do corpo de uma planta de deserto seria explicada pela necessidade de economizar água. Por que não podemos aceitar as teses de Lamarck? Na verdade não podemos simplesmente achar erradas as ideias de Lamarck sem dizer exatamente o porquê do erro. É preciso saber criticá-las com argumentos que evidenciam o erro nelas contido. Assim, pode-se dizer que a lei do uso e desuso só será válida se a alteração que ela propõe estiver relacionada a alterações em órgãos de natureza muscular e, ainda, alterações que não envol- vam mudanças no material genético do indivíduo. A cauda de um macaco sul-americano não cresceu porque o animal manifestou o desejo de se prender os galhos de uma árvore. Tal mudança deveria envolver antes uma alteração nos genes encarregados da confecção da cauda. Com relação à lei da transmissão das características adquiridas, é preciso deixar bem claro que eventos que ocorrem durante a vida de um organismo, alterando alguma sua característica, não podem ser transmissíveis à geração seguinte. O que uma geração transmite à outra são genes. E os genes transmissíveis já existem em um indivíduo desde o momento em que ele foi um zigoto. E, fatos que ocorram durante sua vida não influenciarão exatamente aqueles genes que ele deseja que sejam alterados. Lamarck e Darwin frente a frente: o tamanho do pescoço das girafas: BIOLOGIA 41 A Especiação Especiação é o nome dado ao processo de surgimento de novas espécies a partir de uma espécie ancestral. De modo geral, para que isso ocorra é imprescindível que grupos da espécie original se separem e deixem de se cruzar. Essa separação constitui o isolamento geográfico e pode ocorrer por migração de grupos de organismos para locais diferentes e distantes, ou pelo surgimen- to súbito de barreiras naturais intransponíveis, como rios, vales, montanhas, etc., que impeçam o encontro dos componentes da espécie original. O isolamento geográfico, então, é a separação física de organismos da mesma espécie por barreiras geográficas intransponíveis e que impedem o seu encontro e cruzamento. A mudança de ambiente favorece a ação da seleção natural, o que pode levar a uma mudança inicial de composição dos grupos. A ocorrência de mutações casuais do material genético ao longo do tempo leva a um aumento da variabilidade e permite a continui- dade da atuação da seleção natural. Se após certo tempo de isolamento geográfico os descendentes dos grupos originais voltarem a se encontrar, pode não haver mais a possibilidade de reprodução entre eles. Nesse caso, eles constituem novas espécies. Isso pode ser evidenciado através da observação de diferenças no comportamento reprodutor, da incompatibilidade na estrutura e tamanho dos órgãos reprodutores, da inexistência de descendentes ou, ainda, da esterilidade dos descendentes, no caso de eles existirem. Acontecendo alguma dessas possibilidades, as novas espécies assim formadas estarão em isolamento reprodutivo, confirmando, desse modo, o sucesso do processo de especiação. Podemos dividir a especiação em três tipos, que serão explicados a seguir: 1. Especiação alopátrica; 2. Especiação simpátrica; 3. Especiação parapátrica. 1. Especiação alopátrica A especiação alopátrica ocorre quando duas espécies são separadas por um isolamento geográfico. O isolamento pode ocorrer devido à grande distância ou uma barreira física, como um deserto, rio ou montanha. A especiação bem-sucedida é vista na figura abaixo. Os tentilhões observados por Darwin é um exemplo dessa especiação na qual ele observou que, nas ilhas Galápagos, eles se diferenciavam pelo tipo de bico. Além disso, seria uma forma de adaptação à dieta alimentar de cada uma das 14 espécies. Exemplo de especiação alopátrica (Foto: USP) 2. Especiação simpátrica A especiação simpátrica diferencia-se da alopátrica pela ausência da separação geográfica. Nessa especiação, duas populações de uma mesma espécie vivem na mesma área, mas não há cruzamento entre as mesmas, resultando em diferenças que levarão à especiação, ou seja, a uma nova espécie. Isso pode ocorrer pelo fato dos indivíduos explorarem outros nichos, como insetos herbí- voros que experimentam uma nova planta hospedeira. Moscas que vivem no mesmo local, mas se alimentam de frutos diferentes. (Foto: USP) BIOLOGIA 42 3. Especiação parapátrica A especiação parapátrica ocorre em duas populações da mesma espécie que também não possuem nenhuma barreira fí- sica, mas sim uma barreira ao fluxo gênico (migração de genes) entre as espécies. É uma população contínua, mas que não se cruza aleatoriamente, caso tenha o intercruzamento, o resulta- do são descendentes híbridos. Um exemplo dessa especiação é o caso das gramíneas Anthoxanthum, que se diferenciou por certas espécies estarem fixadas em um substrato contaminado com metais pesados. Dessa forma, houve a seleção natural para esses indivíduos, que foram se adaptando para genótipos tolerantes a esses me- tais pesados. Ao longo prazo, essas espécies foram adquirindo características diferentes, como a mudança de floração impos- sibilitando o cruzamento, acabando com o fluxo gênico entre esses grupos. Espécie de gramínea à esquerda em um solo não contami- nado e à direita, contaminada por metais pesados (Foto: USP) Irradiação adaptativa Há muitos indícios de que a evolução dos grandes grupos de seres vivos foi possível a partir de um grupo ancestral cujos componentes, através do processo de especiação, possibilita- ram o surgimento de espécies relacionadas. Assim, a partir de uma espécie inicial, pequenos grupos iniciaram a conquista de novos ambientes, sofrendo uma adaptação que lhes possibilitou a sobrevivência nesses meios. Desse modo teriam surgido no- vas espécies que em muitas características apresentavam seme- lhanças com espécies relacionadas e com a ancestral. Esse fenô- meno evolutivo é conhecido como Irradiação Adaptativa, e um dos melhores exemplos corresponde aos pássaros fringilídeos de Galápagos estudados por Darwin. Originários do continente sul-americano, irradiaram-se para diversas ilhas do arquipélago, cada grupo adaptando-se às condições peculiares de cada ilha e, consequentemente, originando as diferentes espécies hoje lá existentes. Para que a irradiação possa ocorrer, é necessário em primei- ro lugar que os organismos já possuam em seu equipamento ge- nético as condições necessárias para a ocupação do novo meio. Este, por sua vez, constitui-se num segundo fator importante, já que a seleção natural adaptará a composição do grupo ao meio de vida. Convergência adaptativa Processo que é resultante da adaptação de grupos de orga- nismos de espécies diferentes a um mesmo hábitat. Por estarem adaptados ao mesmo hábitat, possuem semelhanças em relação à organização de corpo sem necessariamente possuírem grau de parentesco. Estes organismos, por viverem num mesmo tipo de ambien- te e estarem adaptados ao mesmo, possuem estruturas que apresentam a mesma função que são chamadas órgãos análo- gos, como, por exemplo as asas de um morcego e as patas de um leão. São semelhantes pela função e não por terem uma mesma origem embrionária ou pelos organismos possuírem ancestral comum. Homologia e analogia Agora que sabemos o que é irradiação adaptativa e conver- gência adaptativa, fica fácil entender o significado dos termos homologia e analogia. Ambos utilizados para comparar órgãos ou estruturas existentes nos seres vivos. Por homologia enten- de-se semelhança entre estruturas de diferentes organismos, unicamente a uma mesma origem embriológica. As estruturas homológicas podem exercer ou não a mesma função. BIOLOGIA 43 O braço do homem, a pata do cavalo, a asa do morcego e a nadadeira da baleia são estruturas homológicas entre si, pois todas têm a mesma origem embriológica. Nesses casos, não há similaridade funcional. Ao analisar, entretanto, a asa do morcego e a asa da ave, verifica-se que ambas têm a mesma origem embriológica e estão ainda associadas a mesma função. A analogia refere-se à semelhança morfológica entre estru- turas, em função de adaptação à execução da mesma função. As asas dos insetos e das aves são estruturas diferentes quanto à origem embriológica, mas ambas estão adaptadas à execução de uma mesma função: o voo. São estruturas análoga 6Evolução humana De acordo com diversas pesquisas cientificas, o aparecimen- to dos primeiros ancestrais do homem surgiu a cerca de 3,5 – 4 milhões de anos atrás. Os primeiros hominídeos pertenciam ao gênero Australopithecus e se diferenciavam dos demais prima- tas por conta de sua postura ereta, locomoção bípede e uma arcada mais próxima da atual espécie humana. Apesar de ser considerado o primeiro ancestral humano, não existe um estudo conclusivo sobre a escala evolutiva. Segundo alguns estudos, os sucessores do Australopithecus foram os Homo habilis (2,4 milhões de anos) e o Homo erectus, o qual haveria surgido há aproximadamente 1,8 milhões de anos atrás. O seu maxilar apresentaria uma consistência maior e seus dentes seriam mais largos. Além disso, tinha uma caixa craniana de maior porte e uma postura mais ereta. Segundo consta, este teria habitado regiões diversas da África e da Ásia como o Java, China, Etiópia e Tanzânia. A partir do processo evolutivo sofrido por esse último espé- cime, haveria surgido o chamado Homo sapiens, uma espécie da qual descenderia o Homo neanderthalensis. Este integrante do processo evolutivo humano teria vivido entre 230 e 30 mil anos atrás. De acordo com os estudos a seu respeito, o neandertha- lensis produzia armas e utensílios com maior sofisticação e rea- lizavam rituais funerários simples. Durante algum tempo, teria vivido juntamente como o Homo sapiens moderno. Este último corresponde a nossa espécie e teria surgido no planeta há cerca de 150 mil anos atrás. De acordo com os estu- dos sobre esse último estágio da escala evolutiva, o Homo sa- piens moderno teve a incrível capacidade de se espalhar em ou- tras regiões do mundo em um relativo curto espaço de tempo. Aproveitando das conquistas consolidadas por seus ancestrais, teve a capacidade de desenvolver a linguagem, dominar o fogo e construir instrumentos diversos. 6 http://www.mundoeducacao.com/ Com a interrupção desse processo, dava-se início a outros processos que empreenderiam a formação de manifestações e organizações sociais mais completas. Depois disso, ocorreriam as transformações que encerrariam o extenso Período Paleo- lítico, que termina em 8000 a.C. Logo em seguida, ocorreria o desenvolvimento do Período Neolítico (8000 a.C. – 5000 a.C.) e a Idade dos Metais, que vai de 5000 a.C. até o surgimento da escrita, que encerra a Pré-história. 7Genética de Populações A ocorrência das mutações gênicas soma novos alelos ao conjunto gênico de todas as populações. Graças à ocorrência das permutações, esses novos alelos se misturam aos pré-exis- tentes, determinando a enorme variabilidade verificada dentro dos grupos de seres vivos. Sobre essa mistura de características, atua a seleção natural. Os organismos dotados das característi- cas mais adaptativas tendem a sobreviver e gerar descendentes em maior número do que aqueles desprovidos dessas caracte- rísticas. Como dissemos no capítulo anterior, a seleção natural estabelece uma “taxa diferencial de reprodução”. Pela atuação desses fatores (mutações e seleção natural, principalmente), o equipamento genético das populações tende a se alterar, com o passar do tempo. Portanto, as populações não são imutáveis. Em 1950, o biólogo Theodosius Dobzhansky postulou um conceito genético para as populações. Segundo ele, uma população é um conjunto de indivíduos que se reproduzem sexuadamente, compartilhando um conjunto de informações genéticas e mantendo um patrimônio gênico comum. Em cima do conceito genético de população, muitos postulados foram lançados, todos partindo de uma “população ideal”. Essa popu- lação ideal foi chamada de população mendeliana, e apresenta as seguintes características: - deve ser uma população muito grande. - todos os cruzamentos podem ocorrer com igual probabi- lidade, casualmente, permitindo uma perfeita distribuição dos seus genes entre todos os seus indivíduos. Uma população assim é conhecida como população panmítica (do grego pan, total, e miscere, mistura). - não deve estar sofrendo a ação da seleção natural, poden- do manter com igual chance qualquer gene do seu conjunto, sem que nenhum tenha a tendência de ser eliminado. - não há a ocorrência de mutações, que acrescenta novos genes ao patrimônio gênico da espécie. - não há fluxo migratório entrando ou saindo dessa popula- ção, pois eles acrescentam ou removem genes do grupo original. 7 http://www.biomania.com.br/ BIOLOGIA 44 Uma população humana pode até ser grande, mas as outras condições não são obedecidas. Os cruzamentos não são casuais, e estão na dependência de fatores afetivos, sociais, étnicos, re- ligiosos, etc. Todas as populações humanas sofrem a ação da se- leção natural e, nelas, ocorrem mutações. Os fluxos migratórios são intensos. Entretanto, vamos considerar que os postulados da genética populacional sejam válidos e aplicáveis desde que as populações sejam grandes. O conceito de população mendeliana e as frequência gê- nicas A base do estudo da genética de populações é o conceito de “pool gênico”, conjunto total de genes presentes em todos os indivíduos de uma população. Tomemos como exemplo um certo locus gênico que pode ser ocupado alternativamente pelos alelos A e a. Em uma população de 100 000 pessoas, encontra- mos 49 000 homozigotos AA,42000 heterozigotos Aa e 9000 ho- mozigotos aa. Vamos chamar de pool gênico ao total de genes da população. 49 000 homozigotos AA______________ 98000 genes A 42000heterozigotos Aa_______________42000 genes A e 42 000 genes a 9 000 homozigotos aa ________________ 18000 genes a TOTAL______________________________140000 genes A e 60000 genes a Nessa população, há um total de 200 000 genes para esse lo- cus. Desses, 140 000 são o alelo dominante A e 60 000 são o ale- lo recessivo a. Portanto, as frequências gênicas correspondem a: Frequência do alelo dominante A = f(A) = 140 000/200 000 = 0,70 (ou 70%) Frequência do alelo recessivo a = f(a) = 60 000/200 000 = 0,30 (ou 30%) Como não há outra forma alternativa de ocupação desse lo- cus, a soma das frequências gênicas é igual a 1,0 (ou 100%) f(A) + f(a) = 1,0 (ou 100%) Habitualmente, a frequência do alelo dominante, no caso a frequência do gene A, é expressa por p, e a frequência do alelo recessivo, por q. Portanto: f(A) + f(a) = p + q = 1,0 (ou 100%) O princípio de Hardy-Weiberg No início do século XX, o alemão Weimberg e o britânico Hardy lançaram um postulado segundo o qual, caso uma po- pulação mendeliana não esteja sofrendo influência de nenhum fator evolutivo (mutações, seleção natural, migrações, etc.), as frequências gênicas de todos os seus alelos deveria permanecer constante, ao longo das gerações. Esse postulado é conhecido como princípio de Hardy-Weimberg, ou princípio do equilíbrio gênico. Fatores que alteram o equilíbrio gênico Os principais fatores que afetam o equilíbrio gênico são a mutação, a migração, a seleção e a deriva gênica. Mutação e frequências gênicas A mutação, processo pelo qual um alelo se transforma em outro, pode alterar a frequência gênica de uma população. Se a taxa de mutação de um gene A para seu alelo a for maior do que a taxa de mutação inversa (aa A), ocorrerá aumento na frequên- cia do alelo a e a diminuição na frequência de A. Migração e frequências gênicas As diferentes populações de uma mesma espécie nem sem- pre são isoladas. Indivíduos podem migrar, incorporando-se a uma população (imigração) ou saindo dela (emigração). As mi- grações podem alterar a constituição gênica de uma população. Por exemplo, se uma população constituída apenas por pessoas de olhos azuis migrar para uma região onde a maioria das pes- soas tenham olhos castanhos, haverá aumento da frequência do alelo que condiciona olhos azuis e diminuição correspondente na frequência do alelo que condiciona olhos castanhos Seleção e frequências gênicas Dependendo de sua constituição gênica, um indivíduo pode apresentar maior ou menor chance de sobreviver e se repro- duzir. Um exemplo disso é o melanismo industrial. Mariposas portadoras de genótipo para a cor escura são mais intensamen- te caçadas pelos pássaros do que as mariposas claras, em áreas não-poluídas. Por isso, a frequência do gene que condiciona cor escura permanece baixa. Nas áreas poluídas ocorre o contrário: as mariposas mais intensamente caçadas pelos pássaros são as de cor clara. Com isso, aumenta a frequência de mariposas es- curas e a frequência do alelo que condiciona esta característica. Deriva gênica A deriva genética corresponde a uma drástica alteração ca- sual de ordem natural, que atinge as frequências genéticas numa população pequena, de geração em geração. Pode surgir quando um pequeno número de indivíduos pioneiros, com algumas ca- racterísticas genéticas específicas, coloniza novos ambientes, for- mando uma nova população diferente da original. Também, por deriva genética, um gene pode ser eliminado de uma população. Representação esquemática da deriva genética BIOLOGIA 45 Princípio do fundador Um caso extremo de deriva gênica é o chamado princípio do fundador. O princípio do fundador ocorre quando uma nova população é iniciada por alguns poucos membros da população original. Essa população de tamanho pequeno significa que essa colônia pode ter: -Variação genética reduzida da população original. -Uma amostra não aleatória dos genes na população origi- nal. Exemplo do princípio fundador no homem Um exemplo do princípio do fundador na espécie humana foi verificado em comunidades religiosas, originárias da Alema- nha, que se estabeleceram nos Estados Unidos. Devido a seus costumes e religião, os membros dessas comunidades, chama- das Dunker, mantiveram-se isolados da população norte-ameri- cana. A análise da frequência de alguns genes nos membros da comunidade Dunker mostrou diferenças significativas tanto em relação à população norte-americana quanto em relação à po- pulação alemã. As diferenças de frequência gênica na população Dunker não posem ser atribuídas a fatores seletivos ambientais, pois esses também teriam agido sobre a população norte-ame- ricana. A explicação mais plausível é que os Dunker norte-america- nos, oriundos da Alemanha, não eram amostra representativa da população alemã, no tocante às frequências dos genes anali- sados. Nos Estados Unidos, como eles se mantiveram isolados, suas frequências gênicas se mantiveram diferenciadas da popu- lação norte americana. ECOLOGIA Ecologia é a parte da Biologia responsável pelo estudo das relações entre indivíduos de uma mesma espécie, de espécies distintas e entre eles e o meio abiótico. É por esse motivo que as atividades humanas responsáveis por causar impactos negativos no meio ambiente são estudadas nessa matéria. A Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente. A palavra Ecologia tem origem no grego “oikos”, que signi- fica casa, e “logos”, estudo. Logo, por extensão seria o estudo da casa, ou de forma mais genérica, do lugar onde se vive. Foi o cientista alemão Ernst Haeckel, em 1869, quem primeiro usou este termo para designar o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, além da distribuição e abun- dância dos seres vivos no planeta. A Ecologia divide-se em várias partes, tais como a Autoeco- logia, a Demoecologia e a Sinecologia. Para os ecólogos, o meio ambiente inclui não só os fatores abióticos como o clima e a geologia, mas também os seres vivos, as comunidades que habitam um determinado biótopo e os res- petivos fatores bióticos. Para que possamos delimitar o campo de estudo em ecolo- gia devemos, em primeiro lugar, compreender os níveis de or- ganização entre os seres vivos. Portanto, podemos dizer, que o nível mais simples é o do protoplasma, que é definido como substância viva. O protoplasma é o constituinte da célula, por- tanto, a célula é a unidade básica e fundamental dos seres vivos. Quando um conjunto de células, com as mesmas funções estão reunidas, temos um tecido. Vários tecidos formam um órgão e um conjunto de órgãos formam um sistema. Todos os sistemas reunidos dão origem a um organismo. Quando vários organis- mos da mesma espécie estão reunidos numa mesma região, temos uma população. Várias populações num mesmo local formam uma comunidade. Tudo isto reunido e trabalhando em harmonia forma um ecossistema. Todos os ecossistemas reuni- dos num mesmo sistema como aqui no Planeta Terra temos a biosfera. O meio ambiente afeta os seres vivos não só pelo espaço ne- cessário à sua sobrevivência e reprodução -- levando, por vezes, ao territorialismo -- mas também às suas funções vitais, incluin- do o seu comportamento (estudado pela etologia, que também analisa a evolução dos comportamentos), através do metabolis- mo. Por essa razão, o meio ambiente -- a sua qualidade -- deter- mina o número de indivíduos e de espécies que podem viver no mesmo habitat. Por outro lado, os seres vivos também alteram permanente- mente o meio ambiente em que vivem. O exemplo mais dramá- tico é a construção dos recifes de coral por minúsculos inverte- brados, os pólipos coralinos. As relações entre os diversos seres vivos existentes num ecossistema incluem a competição pelo espaço, pelo alimento ou por parceiros para a reprodução, a predação de organismos por outros, a simbiose entre diferentes espécies que cooperam para a sua mútua sobrevivência, o comensalismo, o parasitismo e outras (ver a página Relações Ecológicas). Da evolução destes conceitos e da verificação das altera- ções de vários ecossistemas -- principalmente a sua degradação -- pelo homem, levou ao conceito da Ecologia Humana que es- tuda as relações entre o Homem e a Biosfera, principalmente do ponto de vista da manutenção da sua saúde, não só física, mas também social. Por outro lado, apareceram também os conceitos de Con- servação e do Conservacionismo que se impuseram na actuação dos governos, quer através das acções de regulamentação do uso do ambiente natural e das suas espécies, quer através de várias organizações ambientalistas que promovem a dissemina- ção do conhecimento sobre estas interações entre o Homem e a Biosfera. A ecologia está ligada a muitas áreas do conhecimento, den- tre elas a economia. Nosso modelo de desenvolvimento econô- mico baseia-se no capitalismo, que promove a produção de bens de consumo cada vez mais caros e sofisticados e isso esbarra na ecologia, pois não pode haver uma produção ilimitada desses bens de consumo na biosfera finita e limitada. Para estudar Ecologia, conhecer alguns conceitos é funda- mental: - Biosfera: região do ambiente terrestre onde são encontra- dos os seres vivos. - Hábitat: local onde determinada espécie é encontrada. - Nicho ecológico: relações que determinada espécie de- sempenha com outras e com o ambiente físico; modo de vida da espécie. - Cadeia alimentar: relação alimentar entre indivíduos de um ecossistema. - Produtores: organismos autotróficos de uma cadeia ali- mentar. - Consumidores primários: animais herbívoros de uma ca- deia alimentar. BIOLOGIA 46 - Consumidores secundários: animais que se alimentam de animais herbívoros. - Consumidores terciários, quaternários, e assim por dian- te: animais que se alimentam de animais carnívoros. - Decompositores: organismos que se alimentam de excre- tas e restos mortais dos seres vivos. - Nível trófico: cada etapa da cadeia alimentar - produtores, consumidores (...) decompositores. - Ciclos biogeoquímicos: processo contínuo de retirada e devolução de elementos químicos à natureza. - População: conjunto de indivíduos de uma mesma espécie. - Relações intraespecíficas: relações entre indivíduos da mesma espécie. - Relações interespecíficas: relações entre indivíduos de es- pécies diferentes. - Relações harmônicas: relações entre indivíduos em que pelo menos um é beneficiado, sem causar prejuízo ao outro. - Relações desarmônicas: relações entre indivíduos em que pelo menos um é prejudicado. - Bioma: conjunto de ecossistemas com vegetação caracte- rística e fisionomia típica, onde predomina certo tipo de clima. - Poluição: modificação indesejável do ambiente, causada pela espécie humana. Fonte : www.biologiatotal.com.br/www.noticias.universia.com.br/ www.10emtudo.com.br/www.comoaprenderestudar.com.br/ www.extra.globo.com/www.educacao.uol.com.br/www.vesti- bular.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.exercicios.brasiles- cola.uol.com.br/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www. blogdoenem.com.br/www.sobiologia.com.br/www.todamate- ria.com.br/www.portaleducacao.com.br/Por Juliana Santos/ Maria Vanessa dos Santos/Vanessa Sardinha dos Santos/Por Mariana Araguaia EXERCÍCIOS 1. As células são estruturas conhecidas como unidades es- truturais e funcionais dos organismos vivos. Elas são formadas basicamente por substâncias orgânicas e inorgânicas. São consi- deradas substâncias inorgânicas: (A) lipídios e proteínas. (B) proteínas e água. (C) sais minerais e vitaminas. (D) água e sais minerais (E) lipídios e carboidratos. 2. Muitas pessoas pensam que os lipídios trazem apenas malefícios à saúde e que podem ser facilmente excluídos da nos- sa alimentação. Entretanto, essa substância orgânica é essencial para o organismo. Nas células, os lipídios: (A) fazem parte da composição das membranas celulares. (B) são a única fonte de energia. (C) estão relacionados principalmente com a função estrutural. (D) atuam na formação da parede celular. (E) são as moléculas formadoras de grande parte das enzimas. 3. Os carboidratos são substâncias orgânicas que atuam, prin- cipalmente, fornecendo energia para a célula. O amido, por exem- plo, é um carboidrato de origem vegetal amplamente disponível na natureza e também bastante consumido. Estima-se que cerca de 80% das calorias que consumimos sejam oriundas desse car- boidrato. A respeito do amido, marque a alternativa que indica corretamente sua classificação dentro do grupo dos carboidratos. (A) Monossacarídeos. (B) Dissacarídeos. (C) Oligossacarídeos. (D) Polissacarídeos. (E) Trissacarídeos. 4. (UEMS) O corpo humano é constituído basicamente de água, sais minerais e macromoléculas como carboidratos, pro- teínas e lipídios. Entre as afirmativas abaixo, assinale a que não está relacionada com as propriedades das proteínas: (A) Colágeno, queratina e actina são exemplos de proteínas com função de constituição e estruturação da matéria viva. (B) São constituídas por vários aminoácidos unidos por ligações peptídicas. (C) Quando submetidas a elevadas temperaturas, sofrem o pro- cesso de desnaturação. (D) Fornecem energia para as células e constituem os hormô- nios esteroides. (E) São catalisadores de reações químicas e participam do pro- cesso de defesa como anticorpos contra antígenos específicos. 5. (UECE) A farinha de mandioca, muito usada no cardápio do sertanejo nordestino, é um alimento rico em energia. Entre- tanto, é pobre em componentes plásticos da alimentação. Quan- do nos referimos ao componente energético, estamos falando daquela substância que é a reserva energética nos vegetais. Quanto aos componentes plásticos, lembramo-nos das substân- cias químicas que participam da construção do corpo. Tais com- ponentes, energéticos e plásticos, são, respectivamente: (A) glicogênio e proteína (B) vitamina e amido (C) amido e proteína (D) vitamina e glicogênio 6. Muitas pessoas não sabem diferenciar corretamente o que é um ser vivo de um ser não vivo, entretanto, os organismos vivos apresentam características marcantes que permitem essa diferenciação. Uma dessas características é a capacidade de res- ponder a estímulos, uma capacidade denominada de: (A) irritabilidade. (B) flexibilidade. (C) complexidade. (D) reação. (E) metabolismo. 7. É comum dizer que todos os organismos são formados por células, estruturas conhecidas como a unidade funcional e estrutural dos seres vivos. Alguns organismos, no entanto, são acelulares e, por isso, alguns autores não os consideram vivos. Entre os seres listados abaixo, qual é o único que não possui células em sua constituição? (A) bactérias. (B) fungos. (C) protozoários. (D) vírus. (E) animais. BIOLOGIA 47 8. Para um organismo ser considerado vivo, algumas carac- terísticas devem estar presentes. Analise as alternativas a seguir e marque o único atributo que não é encontrado em todos os seres vivos. (A) Hereditariedade. (B) Capacidade de responder a estímulos. (C)Corpo formado por várias células. (D) Capacidade de evoluir. (E) Metabolismo. 9. Todos os organismos vivos estão sujeitos a processos evolutivos. Algumas características, por exemplo, surgem e são passadas para os descendentes e outras são eliminadas da po- pulação por meio de um processo denominado de: (A) recombinação gênica. (B) seleção natural. (C) mimetismo. (D) mutação. (E) migração. 10. (FaZU) Na divisão dos seres vivos em cinco reinos, qual deles é o mais inferior por conter organismos dotados de orga- nização mais simples? (A) Monera (B) Protista (C) Fungi (D) Metaphyta (E) Metazoa GABARITO 1 D 2 A 3 D 4 D 5 C 6 A 7 D 8 C 9 B 10 A ANOTAÇÕES ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ BIOLOGIA 48 ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ FÍSICA 1. Sistema Internacional de Unidades, grandezas físicas escalares e vetoriais, medições das grandezas físicas e algarismos significati- vos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 2. Mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 3. Termologia e Termodinâmica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 4. Ondulatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 5. Óptica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 6. Eletricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 FÍSICA 1 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES, GRANDE- ZAS FÍSICAS ESCALARES E VETORIAIS, MEDIÇÕES DAS GRANDEZAS FÍSICAS E ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS Na física, para descrever os fenômenos, muitas vezes uma ex- plicação basta. Há alguns casos envolvendo quantidades que de- vem ser medidas, comparadas. As grandezas físicas são responsáveis por esta descrição quan- titativa dos fenômenos, pois quando alguém pergunta: qual a dis- tância de São Paulo ao Rio de Janeiro? Não basta dizer se é longe, perto, ou logo ali, é necessário um número que represente esta distância (quantidade), em uma unidade de medida que seja mais próxima da realidade do fenômeno (quilômetros, por exemplo). Imagina medir a distância de São Paulo ao Rio de Janeiro em mi- límetros? Além de estar fora de um contexto mais intuitivo, ficaria muito difícil de medir. Este número com a unidade de medida (5 km, por exemplo) é a chamada Grandeza Física. Grandeza física também é definida como tudo que pode ser medido. O amor de um pai para com um filho pode ser medido? Não! Logo não é uma grandeza física. A quantidade de refrigerante que será necessária para uma festa pode ser medida? Sim, em li- tros! Logo é uma grandeza física! As grandezas físicas podem ser classificadas em diretas (funda- mentais) ou indiretas (derivadas), e ainda como escalares ou veto- riais. Veja a seguir as definições de cada uma delas: • Diretas (ou fundamentais): são aquelas que apenas com uma medida já se obtém o resultado, não precisando envolver ou- tra grandeza física na medição. Um exemplo seria ao medir a altura de uma mesa, basta usar uma trena e já se obtém a medida. Ou me- dir o tempo para ir ao mercado, bastando apenas usar um relógio e já se tem a medida desejada. • Indiretas (ou derivas): são aquelas que envolvem mais de uma grandeza a ser medida e, por possuir duas grandezas físicas ou mais, são chamadas também de derivadas, pois serão compostas de grandezas diretas (ou fundamentais). A velocidade é um exem- plo. Definida como a distância dividida pelo tempo, precisa-se cal- cular duas grandezas físicas, espaço e tempo, para depois dividi-las, obtendo um novo resultado, uma nova grandeza física, derivada de duas grandezas fundamentais. • Escalares: são aquelas em que basta o número e a unida- de de medida para defini-la. Exemplos podem ser a medida de uma febre de 40ºC, o tempo de caminhada de 30 minutos, 3 litros de água, 5 kg de arroz, entre outros. • Vetoriais: são aquelas em que só o número e a unidade de medida não são suficientes, é necessário saber também a direção (horizontal, vertical, diagonal, etc.) e o sentido (direita, esquerda, para cima, para baixo, a noroeste, horário, anti-horário, etc.). Nas grandezas físicas vetoriais a direção e o sentido faz toda a diferença, e, por isso, sempre haverá uma pergunta para fazer além da medida a ser feita, por exemplo: Junior caminhou 6 m, mas para onde? Será necessário responder a pergunta. No caso, suponha-se que Junior caminhou 6m da porta da casa até a beira do mar. Contudo se é dito que João tem 60 kg, já está claro, não há perguntas a se fazer, por isso que massa é uma grandeza escalar e não vetorial. Como já dito anteriormente, uma grandeza física terá uma quantidade (número) e uma unidade de medida (metros, segundos, horas, por exemplo). Para as unidades de medidas foi criado um padrão, não só para facilitar a comparação em diferentes regiões de um país ou entre países, mas também para facilitar as relações comerciais, pois 5 kg (quilogramas) de batatas em Brasília tem que ter a mesma quanti- dade de massa que 5 kg de batatas em São Paulo, ou seja, 1 kg é a mesma quantidade de massa nos dois lugares, não importando por qual número é multiplicado. Para um certo comprimento de uma barra, foi denominado 1 metro. Desta forma não importa por qual valor é multiplicado, o valor unitário do metro é o mesmo em qualquer lugar. Por ser padronizado um valor unitário (apenas 1 unidade) de medida para cada grandeza, este padrão estabelecido chama-se unidade de medida. Unidades de medida Devido às características de cada povo, as grandezas eram me- didas em diversas unidades. No caso do comprimento, podemos citar algumas unidades de medida como jardas, polegadas, pés bra- ças, metro, centímetro etc. Com o desenvolvimento e maior integração das sociedades, surgiu a necessidade de padronizar as medidas das grandezas. No início do século XIV, podia-se notar que a padronização tornara-se específica para cada tipo de atividade econômica, motivados, so- bretudo, por razões fiscais da autoridade política de cada região, cuja uniformização dificilmente ultrapassava os limites das cidades ou do país em que estava sendo utilizada. Estabeleceu-se um sem- -número de sistema de medidas. Ao se observar a larga utilização do chamado Sistema Interna- cional de Unidades (SI) no cotidiano das pessoas, como reflexo das relações econômicas, dos processos industriais de fabricação de produtos etc., pode não parecer mas a ideia de um sistema univer- sal e coerente de unidades, baseado em grandezas físicas constan- tes, é relativamente recente. Em 1791, na França, foi criado um sistema padrão para ser usa- do no mundo todo, que é o chamado sistema métrico. Para medida de comprimento, inicialmente, definiu-se 1 metro como sendo a distância entre o Polo Norte e o Equador terrestre, dividido por 107. Hoje, existe uma barra de platina guardada no Museu de Pe- sos e Medidas, em Paris, cujo comprimento é de um metro e serve como referência para o metro padrão. Cada país utiliza-se de uma cópia dessa barra para se fazerem, por exemplo, as réguas e as tre- nas. FÍSICA 2 Sistema Internacional de Unidades O sistema de unidades de medida mais utilizado nos dias atuais é o SI (Sistema Internacional de Unidades), que antigamente era chamado de MKS (metro, quilograma e segundo). Utilizamos, também, múltiplos e submúltiplos das grandezas físicas. Observe a tabela abaixo. Principais grandezas COMPRIMENTO Metro (m): É o comprimento da trajetória percorrida pela luz no vácuo, durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de se- gundo (Unidade de Base ratificada pela 17ª CGPM – 1983). A velo- cidade da luz no vácuo é c = 299.792,458 km/s. Unidades de comprimento tradicionais: • Quilômetro (km): 1.000 m, • palmo: 22 cm; • braça: 2,2m; • légua: 6 km; • légua brasileira: 6,6 km. Unidades de comprimento inglesas: • Polegada (in): 2,54 cm ou 0,0254 m; • pé (ft): 30,48 cm ou 0,3048 m; • jarda (yd): 91,44 cm ou 0,9144 m; • milha (mi): 1.609 m; • milha náutica: 1.852 m. Distâncias astronômicas: • Ano-luz: distância percorrida pela luz no vácuo em 1 ano, igual a 9,46 trilhões de quilômetros ou 946 × 1010 km; • parsec: 3,258 anos-luz ou 30,82 trilhões de quilômetros ou 3. 082 × 10¹o km; • unidade astronômica (uA): distância média entre a Terra e o Sol igual a 150 milhões de quilômetros ou 150 × 106 km. ÁREA Metro quadrado (m²): área de um quadrado com lado igual a um metro. Unidades de área tradicionais: • quilômetro quadrado (km²): 1.000.000 m²; • hectare (ha): 10.000 m²; • alqueire mineiro: 48.400 m²; • alqueire paulista: 24.200 m². Unidades de área inglesas: • polegada quadrada: 6,4516 cm² ou 0,00064516 m²; • pé quadrado: 929,03 cm² ou 0,092903 m². VOLUME Metro cúbico (m³): cubo com arestas iguais a um metro. Unidade de volume tradicional: • Litro (l): 0,001 m³. Unidades de volume inglesas: • Galão inglês: 4,546 l ou 0,004546 m³; • Galão norte-americano: 3,785 l ou 0,003785 m³. ÂNGULO PLANO Radiano (rad ou rd): ângulo plano entre dois raios de um círculo que forma um arco de circunferência com o comprimento igual ao do raio. Unidades de ângulo plano tradicionais – • grau (º): /180 rad; • minuto (‘): /10. 800; • segundo (“): /648. 000 rad; • número : 3,1416. ÂNGULO SÓLIDO Esterradiano (sr): ângulo sólido que, tendo o vértice no centro de uma esfera, leva a um corte em sua superfície com área igual a de um quadrado com lados iguais ao raio da esfera. MASSA Quilograma (kg): massa do protótipo internacional do quilogra- ma, um padrão construído com uma liga de platina e irídio. Unidades de massa tradicionais: • quilate: 0,2 g ou 0,002 kg; • tonelada métrica (t): 1.000 kg. Unidades de massa inglesas: • libra ou pound (lb): 453,59 g ou 0,453 kg; • tonelada inglesa: 1.016 kg; tonelada norte-americana: 907 kg; • onça (oz): 28,35 g ou 0,028 kg; • onça troy: 31,10 g ou 0,031 kg. FÍSICA 3 TEMPO Segundo (s): tempo correspondente a 9.192. 631.770 ciclos de radiações emitidas entre dois níveis de energia do átomo de césio 133. Unidades de tempo tradicionais: • minuto (min): 60s; • hora (h): 60min ou 3.600s; • dia (d): 24h ou 1.440min ou 86. 400s; • ano sideral: 365d 6h 9min 9,5s; • ano trópico: 365d 5h 48min 45,8s. VELOCIDADE Metro por segundo (m/s): distância percorrida em um segun- do. Unidades de velocidade tradicionais: • quilômetro por hora (km/h): 1/3,6 m/s ou 0,27777 m/s. Unidades de velocidade inglesas: • milha por hora (mi/h): 1,609 km/h ou 0,4469 m/s; • nó (milha náutica por hora): 1,852 km/h ou 0,5144 m/s. Velocidade da luz: 299. 792. 458 m/s. VELOCIDADE ANGULAR Radiano por segundo (rad/s): velocidade de rotação de um cor- po. Unidade de velocidade angular tradicional: • Rotação por minuto (rpm): p/30 rad/s ACELERAÇÃO • Metro por segundo ao quadrado (m/s²): constante de va- riação de velocidade. • Radiano por segundo ao quadrado (rad/s²): constante de variação de velocidade angular. FREQUÊNCIA • Hertz (Hz): número de ciclos completos por segundo (Hz s-¹) FORÇA Newton (N): força que imprime uma aceleração de 1 m/s² a uma massa de 1 kg (kgm/s²), na direção da força. Unidade de força tradicional: • Quilograma-força (kgf): 9,8N. ENERGIA Joule (J): energia necessária para uma força de 1N produzir um deslocamento de 1m (J N/m). Unidades de energia tradicionais: • Watt-hora (Wh): 3. 600 J; • quilowatt-hora (kWh): 3.600.000 J ou 3.600 kJ, • eletrovolt (eV): 1,6021 × 10 J; • caloria (cal): 4,1 J; • quilocaloria (kcal): 4. 184 J. POTÊNCIA Watt (W): potência necessária para exercer uma energia de 1 J durante um segundo (W J/s). O fluxo de energia (elétrica, sonora, térmica ou luminosa) também é medido em watt. Unidade de potência tradicional: • Horse-power (HP) ou cavalo-vapor (cv): 735,5 W. INTENSIDADE ENERGÉTICA Watt por esterradiano (W/sr): intensidade do fluxo de energia no interior de um ângulo sólido igual a 1sr. PRESSÃO Pascal (Pa): força constante de 1N sobre uma superfície plana de 1m² (Pa N/m²). Unidades de pressão tradicionais: • Milímetro de mercúrio (mmHg): 133,32 Pa; • atmosfera (atm): 101. 325 Pa. CORRENTE ELÉTRICA Ampère (A): corrente elétrica constante capaz de produzir uma força igual a 2 × 10 N entre dois condutores de comprimento infini- to e seção transversal desprezível, situados no vácuo e com 1 m de distância entre si. CARGA ELÉTRICA Coulomb (C): quantidade de eletricidade com intensidade constante de 1A que atravessa a seção de um condutor durante 1s (C sA). Unidade de carga elétrica tradicional: • Ampère-hora (Ah): 3.600 C. DIFERENÇA DE POTENCIAL Volt (V): tensão elétrica existente entre duas seções transver- sais de um condutor percorrido por uma corrente constante de 1A, quando a frequência dissipada entre as duas seções é igual a 1W (V W/A). RESISTÊNCIA ELÉTRICA Ohm (Ω): resistência de um elemento de um circuito que, sub- metido a uma diferença de potencial de 1V entre seus terminais, faz circular uma corrente constante de 1A ( V/A). CAPACITÂNCIA ELÉTRICA Farad (F): capacitância de um elemento de um circuito que, ao ser carregado com uma quantidade de eletricidade constante igual a 1C, apresenta uma tensão constante igual a 1V (F C/V). INDUTÂNCIA ELÉTRICA Henry (H): indutância de um elemento passivo de um circuito em cujos terminais se induz uma tensão constante de 1V quando percorrido por uma corrente que varia na razão de 1A por segundo (H Vs/A ou Ws). TEMPERATURA Kelvin (K): fração de 1/273,16 da temperatura termodinâmica do ponto tríplice da água, que corresponde às condições de tempe- ratura e pressão em que a água em estado líquido, o vapor de água e o gelo estão em perfeito equilíbrio. O ponto zero da escala (0°K) é igual ao zero absoluto (-273,15°C). Unidades de temperatura tradicionais – • Escala Celsius (°C): 0°C = 273°K e 1°C = 274°K; • Escala Fahrenheit (F): 0°F = 255,33°K ou -17,77°C, 1°F = 255,78°K ou -17,22°C. QUANTIDADE DE MATÉRIA Mol (símbolo mol): quantidade de matéria de um sistema que reúne tantas entidades elementares (partículas que devem ser es- pecificadas) quanto o número de átomos contidos em 0,012 kg de carbono. FÍSICA 4 INTENSIDADE LUMINOSA Candela (cd): intensidade luminosa emitida em uma determinada direção por uma fonte de radiação monocromática com frequência igual a 540 × 10¹² Hz e com uma intensidade energética de 1/683 watt por esterradiano. FLUXO LUMINOSO Lúmem (lm): fluxo luminoso com intensidade de 1cd emitido no interior de um ângulo sólido igual a 1sr (lm cd/sr). ILUMINAMENTO Lux (lx): iluminamento de uma superfície plana de 1 m² que recebe um fluxo luminoso perpendicular de 1lm (lx lm/m²). INFORMÁTICA • Bit: menor unidade de armazenamento de informações em computadores e sistemas informatizados. • Byte: é a unidade básica de memória de computadores, igual a 8 bits contíguos. • Kilobit (kbit): 1.024 bits de informação. Kilobyte (kbyte): 1.024 bytes. Megabytes: 1.048.576 bytes. Múltiplos e submúltiplos Na página do Inmetro podemos ver a tabela apresentada a seguir. Os múltiplos quilo, k, (mil, igual a 103 ), mega, M, (milhão, igual a 106 ) e giga, G, (bilhão, igual a 109 ) são bem comuns. Há outros comuns em física, mas menos empregados no nosso dia a dia. O cresci- mento vertiginoso da capacidade de memória dos computadores, por exemplo, está tornando popular o próximo múltiplo dessa sequên- cia, o tera, T, (1012), com a palavra “terabytes”. Múltiplos: Submúltiplos: Para formar o múltiplo ou submúltiplo de uma unidade, basta colocar o nome do prefixo desejado na frente do nome desta unidade. O mesmo se dá com o símbolo. Relações e múltiplos importantes FÍSICA 5 A unidade da esquerda é sempre 10 vezes maior que sua vizi- nha da direita. Os múltiplos do metro mais importantes são o centímetro e o quilômetro. 1 km = 1000 m = 103 m 1 cm = 0,01 m = 10-2 m Em relação, principalmente, ao volume, existem unidades fora do SI que são importantes como o litro (L). 1L = 1 dm3 = 10-3 m3 Massa O múltiplo mais importante do grama é o quilograma (kg). 1 kg = 1000 g = 103 g A unidade da esquerda é sempre 10 vezes maior que sua vizi- nha da direita. Transformando-se uma medida de uma unidade maior para outra menor, deve-se dividir por 10 elevado ao número de níveis percorridos, do contrário, deve-se multiplicar por 10 elevado ao nú- mero de níveis percorridos. n → número de casas percorridas Tempo Em nossa sociedade dividimos o tempo de várias formas: se- gundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos, mi- lênios e etc. Sendo assim, no estudo da mecânica é essencial que saibamos converter essas diversas formas. No SI, a unidade de tempo é o segundo (s). 1 min = 60 s 1 h = 60 min = 3600 s Ordem de grandeza Dizer a ordem de grandeza de um número significa indicar a potência de 10 (dez) mais adequada para representá-lo. Assim, a or- dem de grandeza do número 90 será 102, pois a potência de 10 mais perto de 90 é o número 100 (102). Porém, a ideia de “mais próximo” não deve ser levada ao pé da letra, porque a ordem de grandeza do número 40, por exemplo, é 102 apesar de 40 ser mais próximo de 10. A seguir, veremos como calcular corretamente a ordem de grandeza de um número. Notação Científica Escrever uma medida na notação científica é escrevê-la com apenas um algarismo, diferente de ZERO, antes da vírgula e fazer o ajuste com potências de 10. Exemplo: Colocar em notação científica os seguintes números: 120 = 1,20 . 102 1523 = 1,523 . 103 103,45 = 1,0345 . 102 Algarismos Significativos Os Algarismos Significativos de uma medida são os algarismos corretos mais o algarismo duvidoso, que será sempre o último. Vejamos um exemplo com uma fita métrica: Você pode dizer que a medida do segmento acima é 3,7m. O algarismo 3 é um algarismo correto, fornecido pelo aparelho com o qual você está fazendo a medida. O algarismo 7 decorreu de uma avaliação, por isso ele é o alga- rismo duvidoso. Esta medida possui dois algarismos significativos. Transformações de unidades: Para transformar uma unidade em outra, basta muitas vezes consultar uma tabela, ou usar um “fator”, como o 3,6 no caso de conversão de m/s em km/h. No entanto agora queremos que você aprenda como essas tabelas são construídas, ou como esses fato- res são calculados. É isso que vamos cobrar em provinhas e pro- vas! Acostume-se a não usar a “regra de três”. Essa regra só pode ser usada quando as grandezas são diretamente proporcionais – o que nem sempre ocorre com transformações de unidades, princi- palmente se não temos um “fator de conversão”, mas informação sobre a relação entre as unidades uma a uma. Transformar unidades é muito fácil: basta colocar, no lugar da unidade, o seu valor na nova unidade desejada. Depois basta fazer as contas. O resultado dessas contas é o tal “fator” de conversão, presente nas inúmeras tabelas disponíveis. Sistema Internacional de unidades, SI O SI é definido a partir de 7 grandezas - e unidades - funda- mentais: 1. distância, medida em metros, com símbolo m; 2. massa, medida em quilogramas, com símbolo kg; 3. tempo, medido em segundos, com símbolo s; 4. corrente elétrica, mediada em Ampères, símbolo A; 5. temperatura termodinâmica, medida em kelvins, com sím- bolo K; 6. Quantidade de matéria, medida em mols, símbolo mol 1 ; 7. Intensidade luminosa, medida em candelas, símbolo cd. FÍSICA 6 Em mecânica vamos lidar mais com as unidades de distância, massa e tempo. Há várias unidades derivadas destas sete funda- mentais, como a unidade de velocidade (m/s), força (N) ou área (m2 ). Algumas dessas unidades derivadas têm nomes especiais, como a unidade de força, chamada de newton, mas que no fundo corres- ponde a kg.m/s2 , a unidade de energia, o joule (J), que correspon- de a kg.m2 /s2 ou ainda a unidade de carga elétrica, o Coulomb, que equivale a A.s (a carga que passa por um fio condutor , em um segundo, quando a corrente nesse fio é um ampère). Há várias unidades muito usadas no dia a dia (e como conse- quência em problemas de física e engenharia), mas que não fazem parte do SI, como calorias (unidade de energia), litro (unidade de volume), tonelada (unidade de massa), quilômetros por hora (uni- dade de velocidade) ou o byte (unidade de memória de computa- dor). Também, há outros sistemas de unidades, como o CGS, que adota para unidades fundamentais de distância, massa e tempo o centímetro, a grama e o segundo, e tem como unidade de força o dina. Relações entre as Grandezas Físicas Normalmente a variação de uma grandeza acarreta a variação de outras grandezas com ela relacionadas. Esta interdependência pode ser descrita e analisada por meio de equações e gráficos. Grandezas diretamente proporcionais São aquelas grandezas onde a variação de uma provoca a va- riação da outra numa mesma razão. Se uma dobra a outra dobra, se uma triplica a outra triplica, se uma é divida em duas partes iguais a outra também é divida à metade. Grandezas inversamente proporcionais Uma grandeza é inversamente proporcional quando operações inversas são utilizadas nas grandezas. Por exemplo, se dobramos uma das grandezas temos que dividir a outra por dois, se triplica- mos uma delas devemos dividir a outra por três e assim sucessi- vamente. A velocidade e o tempo são considerados grandezas in- versas, pois aumentarmos a velocidade, o tempo é reduzido, e se diminuímos a velocidade, o tempo aumenta. Análise dimensional A Análise dimensional é útil na previsão, verificação e resolução de equações que relacionam as diversas grandezas físicas. Este pro- cedimento auxilia também a minimizar a necessidade de memori- zação das equações e fórmulas. Quando fazemos análise dimensio- nal, estamos preocupados com as dimensões das grandezas físicas, e nos baseamos no fato de que os dois lados de uma expressão algébrica que representa uma lei física devem sempre ter a mesma dimensão (ou seja, devem ser medidos nas mesmas unidades). MECÂNICA A Mecânica é o ramo da Física responsável pelo estudo dos movimentos dos corpos, bem como suas evoluções temporais e as equações matemáticas que os determinam. É um estudo de ex- trema importância, com inúmeras aplicações cotidianas, como na Geologia, com o estudo dos movimentos das placas tectônicas; na Medicina, com o estudo do mapeamento do fluxo de sangue; na Astronomi,a com as análises dos movimentos dos planetas etc. As bases para o que chamamos de Mecânica Clássica foram lançadas por Galileu Galilei, Johannes Kepler e Isaac Newton. Já no século XX Albert Einstein desenvolveu os estudos da chamada Mecânica Relativística, teoria que engloba a Mecânica Clássica e analisa movimentos em velocidades próximas ou iguais à da luz. A chamada Mecânica Quântica é o estudo do mundo subatômico, moléculas, átomos, elétrons etc. → Mecânica Clássica A Mecânica Clássica é dividida em Cinemática e Dinâmica. A Cinemática é o estudo matemático dos movimentos. As cau- sas que os originam não são analisadas, somente suas classificações e comparações são feitas. O movimento uniforme, movimento uni- formemente variado e movimento circular são temas de Cinemá- tica. A Dinâmica é o estudo das forças, agente responsável pelo mo- vimento. As leis de Newton são a base de estudo da Dinâmica. → Mecânica Relativística A Mecânica Relativística mostra que o espaço e o tempo em ve- locidades próximas ou iguais à da luz não são conceitos absolutos, mas, sim, relativos. Segundo essa teoria, observadores diferentes, um parado e outro em alta velocidade, apresentam percepções di- ferentes das medidas de espaço e tempo. A Teoria da Relatividade é obra do físico alemão Albert Einstein e foi publicada em 1905, o chamado ano milagroso da Física, pois foi o ano da publicação de preciosos artigos científicos de Einstein. → Mecânica Quântica A Mecânica Clássica é um caso-limite da Mecânica Quântica, mas a linguagem estabelecida pela Mecânica Quântica possui de- pendência da Mecânica Clássica. Em Quântica, o conceito básico de trajetória (caminho feito por um móvel) não existe, e as medidas são feitas com base nas interações de elétrons com objetos deno- minados de aparelhos. Os conceitos estudados em Mecânica Quântica mexem profun- damente com nosso senso comum e propõem fenômenos que po- dem nos parecer estranhos. Como exemplo, podemos citar o caso da posição e da velocidade de um elétron. Na Mecânica Clássica, as posições e as velocidades de um móvel são extremamente bem definidas, mas, em Quântica, se as coordenadas de um elétron são conhecidas, a determinação de sua velocidade é impossível. Caso a velocidade seja conhecida, torna-se impossível a determinação da posição do elétron. CINEMÁTICA A cinemática estuda os movimentos dos corpos, sendo princi- palmente os movimentos lineares e circulares os objetos do nos- so estudo que costumar estar divididos em Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U) e Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (M.R.U.V) Para qualquer um dos problemas de cinemática, devemos estar a par das seguintes variáveis: -Deslocamento (ΔS) -Velocidade ( V ) -Tempo (Δt) -Aceleração ( a ) FÍSICA 7 Movimento Uniformemente Variado (MUV) Os exercícios que cobram MUV são geralmente associados a enunciados de queda livre ou lançamentos verticais, horizontais ou oblíquos. É importante conhecer os gráficos do MUV e as fórmulas, como a Equação de Torricelli (v²=v0²+2aΔS). O professor reforça ainda que os problemas elencados pelo Enem são contextualizados. “São questões de movimento uniformemente variado, mas associadas a situações cotidianas. Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U) No M.R.U. o movimento não sofre variações, nem de direção, nem de velocidade. Portanto, podemos relacionar as nossas gran- dezas da seguinte forma: ΔS= V.Δt Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (M.R.U.V) No M.R.U.V é introduzida a aceleração e quanto mais acele- rarmos (ou seja, aumentarmos ou diminuirmos a velocidade an- daremos mais, ou menos. Portanto, relacionamos as grandezas da seguinte forma: ΔS= V₀.t + ½.a.t² No M.R.U.V. o deslocamento aumenta ou diminui conforme al- teramos as variáveis. Pode existir uma outra relação entre essas variáveis, que é dada pela formula: V²= V₀² + 2.a.ΔS Nessa equação, conhecida como Equação de Torricelli, não te- mos a variável do tempo, o que pode nos ajudar em algumas ques- tões, quando o tempo não é uma informação dada, por exemplo. Impulso e quantidade de movimento O impulso e a quantidade de movimento aparecem em ques- tões que tratam de colisões e pelo Teorema do impulso (I = ΔQ). Uma dos modos em que a temática foi cobrada pelo exame foi em um problema que enunciava uma colisão entre carrinhos num trilho de ar, em um experimento feito em laboratório, conta o professor. Choques ou colisões mecânicas No estudo das colisões entre dois corpos, a preocupação está relacionada com o que acontece com a energia cinética e a quanti- dade de movimento (momento linear) imediatamente antes e após a colisão. As possíveis variações dessas grandezas classificam os ti- pos de colisões. Definição de sistema Um sistema é o conjunto de corpos que são objetos de estudo, de modo que qualquer outro corpo que não esteja sendo estudado é considerado como agente externo ao sistema. As forças exercidas entre os corpos que compõem o sistema são denominadas de for- ças internas, e aquelas exercidas sobre os corpos do sistema por um agente externo são denominadas de forças externas. Quantidade de movimento e as colisões As forças externas são capazes de gerar variação da quantida- de de movimento do sistema por completo. Já as forças internas podem apenas gerar mudanças na quantidade de movimento in- dividual dos corpos que compõem o sistema. Uma colisão leva em consideração apenas as forças internas existentes entre os objetos que constituem o sistema, portanto, a quantidade de movimento sempre será a mesma para qualquer tipo de colisão. Energia cinética e as colisões Durante uma colisão, a energia cinética de cada corpo partici- pante pode ser totalmente conservada, parcialmente conservada ou totalmente dissipada. As colisões são classificadas a partir do que ocorre com a energia cinética de cada corpo. As características dos materiais e as condições de ocorrência determinam o tipo de colisão que ocorrerá. Coeficiente de restituição O coeficiente de restituição (e) é definido como a razão entre as velocidades imediatamente antes e depois da colisão. Elas são denominadas de velocidades relativas de aproximação e de afasta- mento dos corpos. Tipos de colisão • Colisão perfeitamente elástica Nesse tipo de colisão, a energia cinética dos corpos participan- tes é totalmente conservada. Sendo assim, a velocidade relativa de aproximação e de afastamento dos corpos será a mesma, o que fará com que o coeficiente de restituição seja igual a 1, indicando que toda a energia foi conservada. A colisão perfeitamente elástica é uma situação idealizada, sendo impossível a sua ocorrência no co- tidiano, pois sempre haverá perca de energia. • Colisão parcialmente elástica Quando ocorre perda parcial de energia cinética do sistema, a colisão é classificada como parcialmente elástica. Desse modo, a velocidade relativa de afastamento será ligeiramente menor que a velocidade relativa de aproximação, fazendo com que o coeficiente de restituição assuma valores compreendidos entre 0 e 1. • Colisão inelástica Quando há perda máxima da energia cinética do sistema, a colisão é classificada como inelástica. Após a ocorrência desse tipo de colisão, os objetos participantes permanecem grudados e exe- cutam o movimento como um único corpo. Como após a colisão não haverá afastamento entre os objetos, a velocidade relativa de afastamento será nula, fazendo com que o coeficiente de restitui- ção seja zero. FÍSICA 8 A tabela a seguir pode ajudar na memorização das relações en- tre os diferentes tipos de colisões: Gráficos na cinemática Na cinemática, a variável independente é o tempo, por isso es- colhemos sempre o eixo das abscissas para representar o tempo. O espaço percorrido, a velocidade e a aceleração são variáveis depen- dentes do tempo e são representadas no eixo das ordenadas. Para construir um gráfico devemos estar de posse de uma ta- bela. A cada par de valores correspondentes dessa tabela existe um ponto no plano definido pelas variáveis independente e dependen- te. Vamos mostrar exemplos de tabelas e gráficos típicos de vários tipos de movimento: movimento retilíneo e uniforme, movimento retilíneo uniformemente variado. Exemplo 1 MOVIMENTO RETILÍNEO E UNIFORME Seja o caso de um automóvel em movimento retilíneo e uni- forme, que tenha partido do ponto cujo espaço é 5km e trafega a partir desse ponto em movimento progressivo e uniforme com velocidade de 10km/h. Considerando a equação horária do MRU s = so + vot, a equação dos espaços é, para esse exemplo, s = 5 + 10t A velocidade podemos identificar como sendo: v = 10km/h E o espaço inicial: so = 5km Para construirmos a tabela, tomamos intervalos de tempo, por exemplo, de 1 hora, usamos a equação s(t) acima e anotamos os valores dos espaços correspondentes: t(h) s(km) 0 5 1 15 2 25 3 35 4 45 5 55 6 65 Tabela 3 - MRU Agora fazemos o gráfico s x t. O gráfico da velocidade é muito simples, pois a velocidade é constante, uma vez que para qualquer t, a velocidade se mantém a mesma. Note que: • As abscissas e as ordenadas estão indicadas com espaça- mentos iguais. • As grandezas representadas nos eixos estão indicadas com as respectivas unidades. • Os pontos são claramente mostrados. • A reta representa o comportamento médio. • As escalas são escolhidas para facilitar o uso; não é neces- sário usar “todo o papel” • com uma escala de difícil subdivisão. Exemplo 2 MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO Considerando-se o movimento uniformemente variado, pode- mos analisar os gráficos desse movimento dividindo-os em duas ca- tegorias, as quais se distinguem pelo sinal da aceleração. FÍSICA 9 MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO POSITIVA Neste caso, como a aceleração é positiva, os gráficos típicos do movimento acelerado são MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO NEGATIVA Sendo a aceleração negativa (a < 0), os gráficos típicos são A curva que resulta do gráfico s x t tem o nome de parábola. A título de exemplo, consideremos o movimento uniforme- mente variado associado à equação horária s = so + vot +at 2/2, onde o espaço é dado em metros e o tempo, em segundos, e obteremos: s(t) = 2 + 3t - 2t2. A velocidade inicial é, portanto: vo = 3m/s A aceleração: ao = -4m/s 2 (a < 0) e o espaço inicial: so = 2km Para desenharmos o gráfico s x t da equação acima, construí- mos a tabela de s x t (atribuindo valores a t). s(m) t(s) 2,0 0 3,0 0,5 3,125 0,75 3,0 1 2,0 1,5 0 2,0 -3,0 2,5 -7,0 3 A partir da tabela obtemos o gráfico s x t: Para o caso da velocidade, temos a equação v = vo + at. Assim, para o movimento observado temos: v = 3 - 4t obtendo assim a tabela abaixo: v(m/s) t(s) 3 0 -1 0,5 5 0,75 Obtendo o gráfico v x t: FÍSICA 10 Exemplo 3 Como exemplo de gráfico representando dados experimentais vamos usar os dados da tabela: Tabela Dados de um indivíduo andando Gráfico referente à tabela t(min) s(m) 0 0 1 62 2 158 3 220 4 283 5 335 Note: • Até o instante t = 4min pode-se dizer que os pontos podem ser representados por • uma reta. • Entre t = 4 e t = 5 houve uma alteração de comportamento. • Não ligue os pontos em ziguezague utilizando segmentos de reta. Trace curvas • médias lisas ou retas que representam comportamentos médios. Observação: A reta traçada deixa dois pontos para baixo e dois para cima. A origem é um ponto experimental. DINÂMICA A terceira área da mecânica que mais aparece no exame é a dinâmica, com as Leis de Newton. Ela vem em exercícios que pedem ele- mentos como atrito e componentes da resultante, com a força centrípeta e a aceleração centrípeta. A prova pode pedir, por exemplo, para o candidato associar a aceleração confortável para os passageiros de um trem com dimensões curvas, que faz um caminho curvo. Isso está completamente ligado à aceleração centrípeta. As leis de Newton A cinemática é o ramo da ciência que propõe um estudo sobre movimento, sem, necessariamente se preocupar com as suas causas. Quando partimos para o estudo das causas de um movimento, aí sim, falamos sobre a dinâmica. Da dinâmica, temos três leis em que todo o estudo do movimento pode ser resumido. São as chamadas leis de Newton: Primeira lei de Newton – a lei da inércia, que descreve o que ocorre com corpos que estão em equilíbrio. Segunda lei de Newton – o princípio fundamental da dinâmica, que descreve o que ocorrer com corpos que não estão em equilíbrio. Terceira lei de Newton – a lei da ação e reação, que explica o comportamento de dois corpos interagindo entre si. Força Resultante A determinação de uma força resultante é definida pela intensidade, direção e sentido que atuam sobre o objeto. Veja diferentes cálculos da força resultante: Caso 1 – Forças com mesma direção e sentido. FÍSICA 11 Caso 2 – Forças perpendiculares. Caso 3 – Forças com mesma direção e sentidos opostos Caso 4 – Caso Geral – Com base na lei dos Cossenos A Segunda lei de Newton Quando há uma força resultante, caímos na segunda lei de Newton que diz que, nestas situações, o corpo irá sofrer uma ace- leração. Força resultante e aceleração são duas grandezas físicas intimamente ligadas e diretamente proporcionais, ou seja, se au- mentarmos a força, aumentamos a aceleração na mesma propor- ção. Essa constante é a massa do corpo em que é aplicada a força resultante. Por isso, a segunda lei de Newton é representada mate- maticamente pela fórmula: A segunda lei de Newton também nos ensina que força resul- tante e aceleração serão vetores sempre com a mesma direção e sentido. Unidades de força e massa no Sistema Internacional: Força – newton (N). Massa – quilograma (kg). A terceira Lei de Newton A terceira lei, também conhecida como lei da ação e reação diz que, se um corpo faz uma força em outro, imediatamente ele receberá desse outro corpo uma força de igual intensidade, igual direção e sentido oposto à força aplicada, como é mostrado na fi- gura a seguir. ESTÁTICA A Estática é o capítulo da Mecânica que estuda corpos que não se movem, estáticos. A ausência de movimento é um caso especial de aceleração nula, ou seja, pelas Leis de Newton, uma situação em que todas as forças que atuam sobre um corpo se equilibram. Por- tanto, a soma vetorial de todas as forças que agem sobre o corpo deve ser nula. Por exemplo, um edifício de apartamentos ou de escritórios está sujeito à força peso de sua massa e dos móveis e utensílios em seu interior, além da força peso da massa de todos os seus ocu- pantes. Existem também outras forças: a carga do vento, da chuva e eventualmente, em países frios, a carga da neve acumulada em seu teto. Todas essas forças devem ser absorvidas pelo solo e pelas fundações do prédio, que exercem reações sobre ele de modo a sustentá-lo, mantê-lo de pé e parado. A soma vetorial de todas es- sas forças deverá ser nula. 1. Equilíbrio do Ponto Material Define-se como ponto material todo corpo cujas dimensões, para o estudo em questão, não são importantes, não interferem no resultado final. Por exemplo, o estudo da trajetória de um atleta de saltos ornamentais na piscina a partir de uma plataforma de 10 m. Se o estudo está focalizado na trajetória do atleta da plataforma até a piscina, e não nos seus movimentos em torno de si mesmo, pode-se adotar o centro de massa do atleta, ignorar seu tamanho e desenvolver o estudo. (Caso outros estudos, dos movimentos do atleta em torno do seu centro de massa, sejam necessários, eles poderão ser realizados posteriormente.) Na Estática consideramos o ponto material como um corpo su- ficientemente pequeno para podermos admitir que todas as forças que agem sobre o corpo se cruzem num mesmo. Para que este pon- to material esteja em equilíbrio a somatória vetorial das forças que nele atuam tem necessariamente de ser nula. Ou: FÍSICA 12 No caso do estudo se restringir ao plano, podemos adotar dois eixos (x e y) como referência e estudar as componentes das forças: 2. Equilíbrio dos Corpos Rígidos Quando as dimensões dos corpos não podem ser ignoradas (não podemos considerar as forças todas se cruzando num mesmo ponto), o estudo passa a considerar movimentos de rotação. Por exemplo, na figura: Sendo as forças de mesmo módulo, a resultante seria nula, mas isto seria insuficiente para o equilíbrio, pois existe uma tendência de giro que pode ser representado por: A essa tendência de giro dá-se o nome de momento da força, e é igual à força multiplicada pela distancia ao centro de giro. No caso acima, supondo que o comprimento da barra seja x, o momento de cada força seria: O momento total seria o dobro O sinal será definido pelo sistema de referência adotado: no nosso caso, adotando um sistema em que os momentos sejam po- sitivos no sentido horário, o momento total seria negativo, pois o corpo tende a girar no sentido anti-horário: A unidade do momento de uma força é o newton∙metro ou N∙m. Então, para o corpo permanecer estático, além das duas equa- ções do ponto: Uma terceira condição deve ser imposta: a somatória dos mo- mentos deve ser nula: Nota: considera-se que todas as forças e momentos pertençam ao mesmo plano. 3. Alavancas Ao se utilizar o princípio da estática e da somatória dos mo- mentos nulos pode-se analisar uma das primeiras máquinas sim- ples inventada pelo homem: a alavanca. Veja o esquema abaixo onde a barra está equilibrada: Nesse exemplo, ao se imaginar uma gangorra apoiada na dis- tância de 8 m nota-se que uma força de 50N provoca uma ação na outra ponta de 200 N ampliando em 4 vezes a ação inicial. Para isto, basta comparar os momentos das duas forças nas extremidades em relação ao apoio, e constatar que eles se equilibram, pois têm o mesmo valor e sinais opostos (a força à esquerda tende a fazer a barra girar no sentido anti-horário e a da extremidade direita no sentido horário). Assim: 50 N x 8 m= 200 N x 2 m Com isso pode-se amplificar ações de forças com a utilização dessa máquina simples, provavelmente pré-histórica. Hidrostática A Hidrostática é a parte da Física que estuda os fluídos (tanto líquidos como os gasosos) em repouso, ou seja, que não estejam em escoamento (movimento). Além do estudo dos fluídos propriamente ditos, serão estuda- das as forças que esses fluídos exercem sobre corpos neles imersos, seja em imersão parcial, como no caso de objetos flutuantes, como os totalmente submersos. FÍSICA 13 1. Massa Específica; Densidade Ao se afirmar que a massa específica da água é de 1000 kg/m³ estamos informando que 1 m³ de água possui uma massa de 1000 kg. Isto nos permite deduzir a definição de massa específica, que é a relação entre a massa e o volume ocupado por essa massa: A massa específica é definida para corpos homogêneos. Já para os corpos não homogêneos essa relação é denominada densidade: 2. Pressão A pressão é definida como a aplicação de uma força distribuída sobre uma área: A unidade de medida da pressão é newton por metro quadrado (N/m²). A pressão pode também ser exercida entre dois sólidos. No caso dos fluídos o newton por metro quadrado é também denomi- nado pascal (Pa). 3. Princípio de Stevin O princípio de Stevin nos permite calcular a pressão em um líquido em repouso, estando