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Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Diretora de Ensino a Distância: Profa. Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani/ Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Gabriela de Castro Pereira/ Letícia Toniete Izeppe Bisconcim/ Mariana Tait Romancini Produção Audiovisual: Eudes Wilter Pitta / Heber Acuña Berger/ Leonardo Mateus Gusmão Lopes/ Márcio Alexandre Júnior Lara Gestão da Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR UNIDADE 3WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................................... 5 CONCEITUAÇÕES E DEFINIÇÕES DA ARTE ............................................................................................................ 6 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA ARTE NA COMUNICAÇÃO ............................................................................. 10 ORIGEM E OS DESDOBRAMENTOS E AS TRANSFORMAÇÕES DA ARTE NO TEMPO ...................................... 13 LINHA DO TEMPO - HISTÓRIA DA ARTE (ATIVIDADES USBORNE) ................................................................... 16 INTRODUÇÃO A HISTÓRIA DA ARTE PROF.A DRA AUDREY DUARTE 01 4WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Aqui teremos proximidade com uma gama de assuntos relacionados ao ambiente das artes. Para percorrer a história da arte e do design nós faremos juntos uma “viagem” onde estará destacada a força expressiva e comunicativa das artes plásticas ao longo da história europeia e brasileira, como também o papel central da criatividade para o desenvolvimento do homem; vamos fornecer a você os subsídios para o reconhecimento de diferentes estilos de arte e as suas relações com a evolução social; ainda, vamos contribuir para a formação da percepção das diversas possibilidades de manifestações artísticas, visando a ampliação do seu repertório. Sugerimos a você que se organize previamente a fim de definir o quê e quando estudar, pois o planejamento do tempo é fundamental para o seu melhor desempenho e lhe trará oportunidades de aprofundamento nos conteúdos da disciplina. Aproveite por completo os vídeos, os links para assistir conteúdos disponíveis na internet e as sugestões de leituras. Para se tornar um bom profissional de mercado você terá que pesquisar sempre. As leituras de textos, os vídeos que assistir, as reflexões que fará... tudo isso será utilizado na construção da sua profissão. Vá ao encontro das informações, não fique parado. Sugiro que você escolha, num primeiro momento, um determinado movimento artístico para que conheça um pouco mais da trajetória dos ilustres mestres que se diferenciaram em seu tempo e que, hoje, tornam-se referências como parte da história da arte. Depois, vá passando para outros artistas, outras escolas e leia a respeito de contextos diferentes aonde a arte está aplicada. É um universo infinito e extremamente envolvente! Todos os assuntos que tratamos em nossa disciplina estão dispostos numa sequência que se baseia na linha do tempo da arte. Cada Unidade de estudos complementa a anterior. Como tratamos de “história” da arte, é interessante que você absorva o conteúdo na sequência natural, conforme a disciplina é apresentada: Unidade I, Unidade II... e assim por diante. 5WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES INICIAIS A história da arte e do design atravessa o tempo, trazendo contribuições para que toda área de formação tenha a liberdade de usufruir do passado artístico, já que a arte é patrimônio da humanidade. Uma história que se inicia com as inscrições rupestres registradas em pedras e no interior das cavernas. Chega até os dias de hoje sempre confirmando a necessidade do homem em utilizar representações visuais para expressar-se, pois possui a necessidade de comunicar suas ideias ou emoções. Iniciamos a nossa disciplina com conceituações e definições de “arte” para que seja destacada a força expressiva e comunicativa que as artes plásticas possuem ao longo da história e também o papel central da criatividade humana para o desenvolvimento da sociedade pós- industrial. A seguir vemos quais são os itens que serão tratados nesta unidade: Conceituações e definições da arte; A importância do estudo da arte na comunicação; Origem e os desdobramentos e as transformações da arte no tempo. Fazemos uma sugestão de vídeo para auxiliar no entendimento do conteúdo geral da Unidade e, abaixo, sugerimos a leitura de um texto para que você, aluno, possa expandir ainda mais seu conhecimento e aplicá-lo de acordo com seu interesse e necessidade: Filosofia no dia a dia com Mário Sérgio Cortella. https://www.youtube.com/watch?v=3oxP- wjI4lE Acesso em 02 set 2019. DEMILLY, Christian. Arte em movimentos: e outras correntes do século XX. São Paulo: Cosac Naify, 2016. 6WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA CONCEITUAÇÕES E DEFINIÇÕES DA ARTE Realmente somos TODOS artistas? Figura 1 - Quem é artista? Somos todos artistas. Fonte: Gompertz (2015, p.9). ARTE é EXPRESSÃO. ARTE é LIBERDADE. ARTE é MANIFESTO. ARTE é EXPRESSÃO DE UMA SOCIEDADE. Todos nós necessitamos nos expressar. Sem dúvida, a arte foi a primeira maneira que o homem utilizou para este fim e isso pode ser visto na Arte Rupestre, onde os homens primitivos desenhavam e pintavam figuras sobre as rochas e nas paredes das cavernas. Em vários lugares do mundo encontram-se animais, utensílios e cenas do cotidiano representados ali pela pintura. Acredita-se que alguns artistas enchiam uma boca com pigmentos e sopravam para fazer o contorno de suas mãos nas pinturas. Alguns materiais como sangue e gordura de animais, como também seus excrementos e, ainda, a seiva das plantas eram usados para as pinturas. 7WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Veja abaixo a imagem de uma representação rupestre e analise como foi realmente consistente a nossa evolução, como as artes ajudaram a própria história humana ser documentada para que, hoje, tenhamos a possibilidade de olhar para trás e ver o nosso desenvolvimento por meio do que nossos antepassados deixaram como legado. Figura 2 - Arte rupestre em rocha nos EUA. Fonte: Herreid (2017).Já em direção aos tempos atuais, constatamos que com a evolução, o homem opta por representar outras figuras que tinham importância naquela sociedade e ali estavam apresentadas de acordo com suas crenças. A deusa Vênus, na Era Paleolítica, por exemplo, foi representada por uma figura de mulher com formas avolumadas. Assim o homem imaginava que seria a representação humana de uma deusa que para ele muito significava e mais: aquela sociedade aceitava, então, aquela representação como ideal para a deusa e passava a tratá-la como referência. Obs.: muitos pesquisadores modernos não conferem a imagem abaixo à Vênus e, então, passaram a chamar a figura de Mulher de Willendorf, ao invés de Vênus de Willendorf. Figura 3 - Vênus de Willendorf. Fonte: Santana (2017). 8WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Ora, se nas linhas anteriores atestamos o fato da evolução social ser também a evolução artística, podemos perceber, no gráfico a seguir, que desde o início dos tempos comprova- se a necessidade da expressão pela raça humana – a qual demonstra fortemente próprio desenvolvimento da comunicação visual quando analisamos o fato de que saímos de um simples pigmento que registrava as pinturas nas pedras das cavernas para muitos outros artefatos que permitiram e ainda permitem que continuemos a nos expressar visualmente. Figura 4 - Evolução da Comunicação Visual. Fonte: Carbajal (2016). Por outro lado, além dos pigmentos, temos também uma história de suportes diferentes para expressar as mensagens, os conteúdos. Partimos das pedras para o papel, para as telas de pintura e, atualmente, temos ainda as telas dos equipamentos eletrônicos. As tecnologias já com a eletricidade e a mecânica evoluíram as capacidades da fotografia, o cinema e a TV, plenas expressões humanas em movimento, sem perder sua autenticidade, assim podendo obedecer ao intuito de quem pretendeu se expressar visualmente. Benjamin (2012, p.19) contribui a este respeito da seguinte forma: O aqui e o agora do original constitui o conceito de sua autenticidade e sobre o fundamento desta encontra-se a representação de uma tradição que conduziu esse objeto até os dias de hoje como sendo o mesmo e idêntico objeto. A esfera da autenticidade, como um todo, subtrai-se a reprodutibilidade técnica - e, naturalmente, não só a que é técnica. Enquanto, porém, o autêntico mantém sua completa autoridade em relação à produção manual, que em geral é selada por ele como falsificação, não é este o caso em relação a uma reprodução técnica. A razão disso é dupla. Em primeiro lugar, a reprodução técnica efetua-se, em relação ao original, de modo mais autônomo que a manual. Temos a oportunidade de visualizar que, da arte rupestre até a internet, foram 15 passos significativos que atestam a evolução da comunicação por meio de ferramentas e suportes, comprovando o constante movimento de desenvolvimento paralelo às tecnologias que usam a mecânica e a eletricidade chegando até aos devicers (dispositivos) prontos a receber e expandir as expressões humanas, estáticas ou em movimento. 9WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Há quem considere que estes 15 passos não abarcam outros tão importantes quanto eles, por exemplo, os murais e grafites – não seriam eles uma expressão artística tangente à arte rupestre já que usam as paredes, muros etc? –, mas estes inserem-se no item reservado aos cartazes. De toda e qualquer forma, a constância de evolução demonstra também uma não permissividade de certas manifestações acabarem, extinguirem-se. Elas podem ser adaptadas a novas formas de ver, de fazer. Sem a pretensão de que causemos um determinismo, queremos apenas demonstrar que estamos em movimento evolutivo da comunicação visual pela simples vocação do homem social em comunicar-se, abrindo caminhos, explorando utilidades de materiais, utilizando-os em variadas situações de acordo com suas emoções e necessidades, conforme comenta Canevacci (2001, p.63): É na quebra do caráter imunológico das finalizações e das emoções, das racionalizações e das comunicações que se produz uma mutação progressiva. Somente a certeza de um retorno das emoções e da possibilidade de fusão com a natureza não só me permite gozar o abandonar-se, mas pensá-lo. O modelo de uma antropologia alternativa deve ser multiplicador e não deve deixar-se envolver pelo fascínio do ato de zerar [...]. A insubordinação da criação humana, nas artes, apresenta momentos de continuidades e descontinuidades se quisermos que haja apenas uma linha do tempo, sem considerar os diferentes povos e suas necessidades de expressão artística. Porém, lembremo-nos de que o passado sempre está presente no futuro pois as escrituras visuais são disruptivas. Em todos os povos, a arte encontra o seu território. O ensino das artes vem trazendo progressos valiosos para a harmonia do cotidiano. Podemos considerar que a arte possibilita que as observações que fazemos ao nosso redor sejam expressas sem preconceitos. É importante entender que quando alguém está desenhando, dançando, representando uma peça de teatro, cantando, enfim, utilizando a arte como forma de expressão, pode caracterizar que ali as habilidades e os sentimentos humanos estão sendo aflorados e, conjuntamente, também estão sendo vistos por outros - o que provoca uma troca de informações e emoções entre todos, causando satisfação e harmonia. Elencamos aqui algumas definições para Arte, baseadas nas definições de Margareth Imbroisi e Simone Martins (2017), em História das Artes. Vejamos: • Criação humana de valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta etc.) que sintetizam suas emoções, sua história, seus sentimentos e sua cultura; • Capacidade do homem de criar e expressar-se, transmitindo ideias, sensações e sentimentos através da manipulação de materiais e meios diversos; • Atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse de consciência em um ou mais espectadores, e cada obra de arte possui um significado único e diferente; • Reflexo do ser humano que muitas vezes representam a sua condição social- histórica e sua essência de ser pensante; • Habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional; • Composto de meios e procedimentos realizados pelo homem, através dos quais é possível a obtenção de finalidades práticas ou a produção de objetos; técnica para criar algo; •Conjunto de obras de determinado período histórico, nação, povos, movimento artístico, por exemplo, Arte Medieval, Arte Africana, Arte Realista etc. 10WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Há muitos conceitos e definições de arte, mas qual é a ideal? Dentre tantas que atravessam todos os tempos temos muitas vezes certezas e incertezas no que pode ser um objeto artístico. Sendo assim, consideramos o contexto e o local aonde as obras são realizadas e a sua época, além da sua cultura. Arte é aquela expressão viva de um ser que procura manifestar os seus sentimentos. Arte também é aquela condição na qual encontra-se o artista quando parece ter apenas uma forma de existir: realizando a sua obra. Acreditamos que a melhor definição que sempre existirá sobre “o que é arte” vem a ser a qual define o que cada um sente em relação a um objeto artístico que lhe provoca. A reação do espectador pode ser boa, má, desconfortável, inquietante, entre tantas outras que venham a emergir do interior humano. Esta expressão artística quando está em uma pintura, em uma escultura, na música, na literatura, nas artes cênicas, no cinema, na fotografia, entre outras – e comunica-se com você de forma única, é Arte! A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA ARTE NA COMUNICAÇÃOPara que possamos fazer uma ligação entre arte e comunicação é importante que seja levado em consideração que não haverá o conhecimento da arte sem que a mesma seja comunicada - isso, independente do artista informá-la ao público, pois a própria obra de arte pode fazê-lo, trocando informações visuais com quem a vê. Assim, a partir do momento em que assumimos a arte como participante da comunicação, passamos a também necessitar entender o que é a comunicação e ela é o simples fato de compartilhar uma informação. Em entrevista para a revista Época, a arte-educadora Ana Mae Barbosa fala sobre a importância das artes já na educação básica: As artes são linguagens que complementam a linguagem verbal. Susanne Langer, especialista em filosofia da arte, diz que existem três diferentes linguagens: a verbal, a científica e a presentacional. A linguagem presentacional é aquela que você não consegue traduzir em outras linguagens. Ela está presente na arte, que articula a vida emocional do ser humano. Um indivíduo com essas três linguagens bem desenvolvidas está apto a conhecer plenamente as outras áreas do conhecimento, a aproveitar mais o mundo que o cerca. Tirar o aluno da cadeira significa expandir seus sentidos. As artes visuais desenvolvem a capacidade de percepção visual, importante REFLITA “A arte humaniza o ser humano, por meio do pensamento, do planejamento, do fazer, do olhar.” 11WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA desde a alfabetização até a solução de grandes conflitos da adolescência. Para dar um exemplo: as palavras “bola” e “bota” têm a mesma configuração, o que, durante a leitura, pode dificultar a diferenciação entre elas. O ensino da arte contribui para exercitar essa percepção. A dança amplia a percepção do corpo. Desenvolve, assim como a música, o ritmo e o movimento. Exercita o equilíbrio, não só físico, mas mental. O teatro desenvolve a comunicação. Coloca em pauta o verbal, o sonoro, o visual e o gestual. Talvez seja a mais completa das artes incluídas na escola. (BARBOSA, 2016) Figura 5 - As artes na educação da criança. Fonte: Amor de Mãe (2018). Ora, sendo a arte de fundamental importância no desenvolvimento da criança, podemos afirmar então que a arte faz parte do início do nosso em desenvolvimento intelectual, ou seja aprendemos também a considerar não só a produção como também o entendimento das imagens visuais como parte de nosso intelecto e, portanto, tornamo-nos capazes de exercer, como conteúdo, o uso da arte como comunicação entre os seres humanos. Na comunicação temos por um lado aquele que emite a mensagem e do outro lado aquele que recebe a mensagem - respectivamente denominados emissor e receptor. Desta forma, a mensagem trafega de um lado ao outro e é compartilhada com aqueles que participam do processo. A arte pode ser considerada pelo público como ele sendo o seu receptor. Ela, a arte, seria a mensagem e emissor seria o artista. Porém toda mensagem possui um código e é por meio dele que ela é disponibilizada, ou seja, só existe comunicação se o emissor e o receptor compreenderem qual é a linguagem (código) que a obra de arte possui. No processo da comunicação visual temos presentes os seguintes elementos: • Emissor: quem produz a imagem; • Mensagem: o que a imagem pretende transmitir; 12WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA • Canal (meio de comunicação): meio físico por onde se transmite e circula a mensagem (telas, cartazes, uma fotografia publicada em um jornal, um grafite em uma parede etc.; • Receptor: o observador da imagem; • Ruído: aquilo que pode interferir e alterar a imagem; • Resultado da comunicação: o que o receptor capta da mensagem. Vamos fazer uma breve análise sobre uma obra de arte. Veja a seguir e responda: qual a MENSAGEM que esta imagem traz a você? Figura 6 - A Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci, realizada de 1503 a 1506. Fonte: Farthing (2009, p.61). A mensagem que a Mona Lisa traz para você é única. É a “conversa” estabelecida entre a obra e aquele que a vê. Você pode sentir que o quadro transmite serenidade, paz, ingenuidade, romantismo, ou outras sensações. Verifique o quanto é individual a comunicação entre uma obra artística e seu espectador. Este caráter que a arte constrói junto à comunicação é extremamente importante e é provável que nele esteja a necessidade de uso de uma pela outra, e vice-versa. Sob o ponto de vista do conhecimento, vale lembrar que a área das Ciências Sociais Aplicadas congrega a Comunicação Social e também conjuga as Artes, tanto que há a identificação: Comunicação e Artes. Nos estudos da comunicação teóricos trataram e tratam das artes com grande respeito e a relevância do assunto é recorrente. A arte é expressão social e, com ela, uma gama de imagens, sons, experiências sensoriais avançam sobre os povos traduzindo sua cultura, seus costumes, sua identidade. 13WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Assim, imagens como a Mona Lisa de Leonardo Da Vinci, atravessam séculos e têm em si a identidade de um contexto onde a figura teve o retrato de sua época, mas que, soma a si, a expressividade do que comunica. Você já percebeu como, com a presença da internet, imagens como a do quadro ao lado, feito em 1893, aparecem em nosso dia-a-dia? Figura 7 - Skrik (O Grito), de Edvard Munch, 1893. Fonte: À esquerda, Munch (1893); à direita, G1 (2016). Na matéria publicada pelo G1 (portal de notícias online da Rede Globo), em 2016, com base na matéria da BBC Brasil e sob o título: O emoji inspirado em uma obra de arte – e outros significados desses símbolos tão populares, vemos um forte exemplo da influência das artes na comunicação e, melhor, nos dias atuais (pois uma obra de arte de outra época vem a ser refletida na comunicação dos dias de hoje): O pintor norueguês Edvard Munch não poderia imaginar que o personagem anônimo de sua famosa obra O Grito estaria nas mãos de pessoas espalhadas pelo mundo todo mais de cem anos depois. O emoji de uma pessoa gritando com expressão de horror e mãos nas bochechas foi inspirado no quadro de Munch. A página da Unicode Consortium inclui o nome do artista nas etiquetas para localizar o ícone. Algumas versões dos aparelhos da Samsung acrescentam um fantasma saindo da boca do emoji. A pintura O Grito data do fim do século 19 e existem quatro versões dela. O emoji existe desde 2010. (G1, 2016) Isto vem a confirmar que estamos interligados com toda a produção artística e cultural de nossa sociedade. Uma das formas da arte manter-se viva é por meio da COMUNICAÇÃO. ORIGEM E OS DESDOBRAMENTOS E AS TRANSFORMAÇÕES DA ARTE NO TEMPO Uma linha do tempo sempre serve para nos posicionar a respeito de quando os fatos ocorreram num determinado período; é um registro organizado de eventos numa sequência de tempo. Quando consideramos a linha do tempo das artes plásticas, vemos que ela se inicia na Arte Antiga e percorre os anos, atravessando séculos, até chegar aos movimentos artísticos mais recentes. 14WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Na verdade, é uma rede formada por movimentos artísticos e artistas que interagiram e que permite aos artistas atuais a interação entre si, onde há possibilidades de visitação a estilos e mestres que marcaram sua presença da história da arte com um estilo único e com uma presença realmente influente. Podemos aproveitar a imagem a seguir para refletir como quão é expressiva e comunicativa (interativa) a presença das artes ao longo da história. Figura 8 - A rede de movimentos artísticos e alguns artistas influentes. Fonte: Demilly (2016, p.6-7). Os primeiros artistas, há milhares de anos, como dissemos anteriormente, desenhavam e pintavam figuras nas cavernas. Hoje vemos que várias mensagens artísticas estão expressasem diferentes tipos de suportes para que nós possamos entrar em contato com as obras de arte. A seguir apresentamos a linha do tempo das artes plásticas e complementamos com comentários importantes a respeito de alguns pontos na sequência. 15WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 9 - Linha do Tempo - História da Arte. Fonte: Atividades Usborne (2013). 16WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Podemos constatar ao analisar a linha do tempo anterior que os períodos dos movimentos artísticos ocorrem de acordo realmente com o desenvolvimento da sociedade, principalmente a sociedade que passa a valorizar a arte e que também passa a possuir formas de expor, comunicar e até de produzir materiais artísticos para que os mestres pudessem ocupar-se da aplicação de tintas, espátulas, pincéis etc. a fim de proporcionar a realização do que tinham em mente. Até a chegada da eletricidade produz grande avanço na produção artística A seguir, apresentamos a linha do tempo das artes com variados comentários presentes no texto de Sarah Coutauld, para o livro sobre a História da Arte (Atividades Usborne). Analise cada momento apresentado, cada peculiaridade, cada variação e reflita a respeito de como o ser humano abre espaços e utiliza meios para a expressão artística. LINHA DO TEMPO - HISTÓRIA DA ARTE (ATIVIDADES USBORNE). • CERCA DE 1.700 ANOS ATRÁS ✓ Povos em diferentes partes do mundo pintam nas paredes das cavernas •2.500 ANOS ATRÁS ✓ Os artistas gregos faziam esculturas e pinturas sobre a vida real. •800 ✓ Monges cristãos confeccionam livros à mão. • 1.300 ✓ Em 1333, Simone Martini e Lippo Memmi pintam “A Anunciação”. • 1.400 ✓ Na Europa, os artistas usavam materiais nobres para fazer pinturas religiosas. Os artistas holandeses usam tinta à óleo. Em 1.434, Jan van Eyck pinta “O Retrato dos Arnolfini”. Na Itália, os artistas se inspiram na antiga arte greco-romana. Entre 1438-4, o artista italiano Paulo Uccello pinta “A Batalha de São Romano”. • 1.450 ✓ Artistas começam a estudar corpos e cadáveres para dar mais realismo às pinturas. Leonardo da Vinci pinta “A Virgem dos Rochedos” entre 1491-1508. • 1.500 ✓ Durante o século XVI, pinta-se retratos de pessoas muito ricas. Em 1533, Hans Holbein pinta “Os Embaixadores”. • 1.600 ✓ Artistas holandeses pintam objetos da vida cotidiana chamados de “naturezas-mortas”. Gainsborough pinta “Senhor e Senhora William Hallett (Caminhada matinal) em1.785. 17WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA • 1.800 ✓ Invenção da fotografia em 1830. ✓ Entre 1.835-40 J. M. W. Turner pinta “Margate (?) do Mar”. ✓ Em 1.841 os tubos de tinta são inventados e mais artistas pintam ao ar livre. • 1.800 ✓ Em 1.874, os impressionistas exibem obras em Paris. ✓ Em 1.888, Vincent van Gogh pinta “Girassóis”. • 1.910 ✓ O artista Marcel Duchamp adota objetos do dia-a-dia, como a roda de uma bibicleta, e os apresenta como arte. • 1.920 ✓ Kandinsky é um dos primeiros a pintar cenas que não retratam a vida real, movimento conhecido como “Arte Abstrata”. • 1.930 ✓ Os artistas surrealistas, como Salvador Dalí, criam bizarras obras de arte. • 1.960 ✓ Muitos artistas se inspiram em anúncios e na música para criar a Pop Art. • 1.970 ✓ David Hockney faz colagens com fotos de câmera Polaroid. Muitos artistas usam filmes e fotografias nas obras. • 1.980 a 1.990 ✓ Alguns artistas produzem peças para espaços específicos. • 2.000 ✓ Kapoor cria a peça que atira bombas de cera vermelha contra a parede, em 2008-9. Agora que discorremos sobre a história das artes, vamos tratar dos movimentos da arte e o impacto no design gráfico já que a comunicação visual está presente em nosso cotidiano e o fato de estarmos próximos das artes e do design é contexto natural para uma sociedade que absorve imagens e que as utiliza também para comunicar-se. Porém, é necessário que façamos alusão à relação entre designers e artistas plásticos. Há quem considere ambos artistas ou ambos designers, de certa forma. Saibamos que há uma grande diferença entre o design gráfico e as artes: ele inspira-se nas artes e é funcional, enquanto as artes são expressões livres. O design gráfico funciona para atender as necessidades industriais e, apesar de também expressar-se esteticamente, objetiva a comunicação planejada com seu público a fim de que ele receba as informações que estão contidas em peças gráficas. A práxis de um artista plástico é diferente da práxis de um designer gráfico, assim como os produtos que desenvolvem e produzem. Na história, podemos entender que artes e design são áreas de convivência conjuntas – mesmo que não tenha sido tão tranquilo o início do posicionamento de ambas enquanto localização no âmbito das artes visuais. A história demonstra a decorrência de uma pela outra e a necessidade social de existência de ambas. 18WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Vejamos o que comenta Oliveira (2009, 2009, p.166), no artigo científico sobre matriz da linguagem visual para jornais, onde aborda, entre outros aspectos, a geração deste posicionamento supracitado: Quando a Revolução Industrial começou a gerar produtos em série e em grande escala, artistas e artesãos do século XIX passaram a discutir formas de apresentação e diferenciação desses produtos. John Ruskin e William Morris são representantes do movimento estético artes e ofícios (arts and crafts), que expressou essa preocupação com os produtos que as indústrias colocavam no mercado. Ruskin não aceitava a separação entre arte e sociedade iniciada no Renascimento, o que para ele provocava o isolamento dos artistas, e as consequências disso são a falta de senso estético dos engenheiros responsáveis pela produção seriada e o declínio da criatividade [...]. A influência das artes no design gráfico é ampla e merece reflexões, as quais não temos a pretensão de aprofundar no sentido de discussão filosófica, mas é pertinente registrar esta importante influência e dizer que ambos coexistem, cada um exercendo seu papel na sociedade. Morris percebeu as novas necessidades da indústria em relação à produção de impressos e a busca de formas para seus produtos e fundou, com outros designers, em 1851, a Morris and Company com o objetivo atendê-las de maneira criativa, opondo-se ao que denominava ‘estética da máquina’ (KOPP, 2002, p.46). Todos os movimentos artísticos que vêm a compor a linha do tempo do design são movimentos, expressões em diálogo com a realidade, em correspondência com os acontecimentos sociais. Para o design gráfico, esses momentos refletem questões culturais, políticas, também podem ser escolhas estéticas de um determinado artista que inovou na criatividade ou técnica, outras vezes foram novas ferramentas que passaram a estar à mão e que revolucionam um modo de pensar ou agir. Para se falar dos movimentos que compõem o design, é evidente que nos lembremos de determinados artistas e obras de arte que revolucionaram o seu tempo. Sejam cubistas, surrealistas, modernistas, todos também traduzem os quereres de uma sociedade. No livro O Valor do Design, os diretores da ADG Brasil - Associação dos Designers Gráficos do Brasil comentam: Se estudarmos a revolução bauhausiana [referindo-se à Bauhaus (relativo ao estilo da escola de arquitetura e artes decorativas Bauhaus, fundada na Alemanha em 1919 e extinta em 1933. Caracterizou-se pela simplicidade do funcionalismo das coisas, em direta relação com a estética industrial e com os movimentos artísticos de vanguarda)], observaremos sua inestimável contribuição aquilo que o construtivismo russo e soviético já tinha alcançado, sem que houvesse a sistematização implementada depois pelos alemães ajudados por russos, suíços etc. nas artes, no desenho gráfico, arquitetura, nos projetosde móveis e objetos. Foi sem dúvida a indústria, já numa fase sofisticada, que abriu caminho para fabricação em larga escala dos bens que a humanidade iria usufruir (ADG BRASIL, 2003, p.7). O design gráfico é aquele que demonstra sua determinação apesar de limitações que venham a ocorrer: conflitos e mudanças fazem com que o design não só avance, mas que também constate o que foi feito e produzido até então como alavanca para os passos seguintes. O design é uma expressão ambulante que identifica um momento da sociedade. Seu universo é dotado de comunicação ativa, onde o designer que observa o mundo, o traduz, comunicando-o por meio de seu trabalho o que ora antes absorveu. Não é somente elaborar um cartaz, por exemplo. É, sim, traduzir naquela peça o ambiente, o tempo, a época, a linguagem etc. E o que está à frente? 19WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Qual será o próximo movimento artístico? Quem influenciará o design? Vale-nos o comentário de Heller e Vienne (2013, p.7): “Conforme o design gráfico continua expandindo-se no século XXI, e com os avanços tecnológicos e as integrações de diversas mídias (incluindo som e movimento para diversos dispositivos digitais), as grandes ideias ainda são essenciais”. Figura 10 - O design do século XX. Fonte: Hurlburt (1986, p.44-45). Após a exposição dos movimentos que influenciaram o design, apresentamos uma linha do tempo, da origem das artes até os dias atuais nas figuras abaixo. Pode-se verificar que desde a Arte Rupestre até o que se denominou Digitalismo, a expressão humana é traduzida em representações visuais que comunicam e constituem o discurso visual de um momento importante da civilização humana. O movimento Arts & Crafts foi um movimento também social inglês, onde o artesanato era valorizado em reação à produção em massa. Ora, isto é a revelação de que uma sociedade reage, busca a valorização de suas características específicas, de sua identidade. O design também serve para dar voz e, portanto, ele corresponde a estes movimentos artísticos de maneira que é utilizado para representar visualmente o discurso social e contemporâneo. A evolução do design é resultado da dinâmica entre criatividade, tecnologia e comunicação, como já foi dito. A colocação que Steven Heller e Veronique Vienne (2013, p.8) fazem a respeito do design gráfico, representam com simplicidade o que queremos dizer que Enquanto um grande texto evoca imagens mentais, um grande design dará ao leitor maiores níveis de percepção. Até mesmo os componentes mais rudimentares de design (a textura do papel, a qualidade da tipografia e o estilo do cabeçalho) são mais do que apenas minúcias estéticas. O papel do design sempre tem sido o de auxiliar o leitor, complementando a narrativa. A história do design é estudada por autores que preferem dar enfoques diversos. São angulações diferentes e que permitem enriquecer o nosso conhecimento. As linhas do tempo são consideradas importantes pela maioria daqueles que tratam de comunicação visual com a abordagem do design gráfico. Apresentamos duas linhas do tempo elaboradas por designers diferentes onde cada uma traduz o conceito das informações e a forma que os designers escolheram para transmitir o conteúdo. 20WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Uma complementa a outra. Na linha do tempo elaborada por Padraig Cahill (2016), logo a seguir, são apresentados exemplos de produções que apontam as épocas onde o design gráfico ganhou ocorrência pontuais, as quais na realidade não o “mudaram”, mas expandiram sua performance. Figura 11 - Linha do tempo do design gráfico (com exemplos). Fonte: Cahil (2016). A linha do tempo apresentada tem sua primeira ocorrência no 1837 e finaliza em 2015. Dentre todos estes acontecimentos pontuais, percebe-se que já em 1835, no Design Vitoriano, a tipografia era presente, influenciando letras, sinais e ornamentos para os materiais impressos. A partir daí - e até os dias de hoje - a presença tipográfica passa a ter liberdade de aplicação, sendo os estilos alterados conforme as necessidades dos designers e as ferramentas disponíveis para a produção visual cada vez mais facilitadoras. A maior contribuição que consideramos haver nesta linha do tempo, além da presença tipográfica, obviamente, é o espaço que o design gráfico conquistou. Representativo e de grande teor para a expressão visual, ele demonstra continuidade e estabelece contato com a tradução dos movimentos de época. Conforme esclarece Cahill (2016), “desde 1830 são 14 estilos diferentes”, representando os estilos seminais como por exemplo a Arte Pop dos anos 70, porém vale-nos ressaltar que houve muitas outras manifestações do design gráfico, porém, não com o impacto dos demais. Para efeito de esclarecimento e melhor entendimento, seguem os estilos e períodos que a Linha do Tempo apresenta: • Design Gráfico Vitoriano (1837 - 1901) - Bordas decorativas, tipografia elaborada, simetria, imagens altamente ornamentadas e ocupadas, muito poucas retas ou bordas. • Design Arts & Crafts (1880 - 1910) - Reutilizou os tradicionais recursos de estilo antigo, formas simples, tipografia ilustrada, muitas texturas. 21WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA • Art Nouveau (1890 - 1920) - Estilo intrincado desenhado à mão, design linear, uso de formas naturais, apresenta a forma feminina. • Futurismo (1900 - aos anos 30) - Estilo eclético, apresentava e usava novas tecnologias, texto deslocado, tinha algumas influências cubistas, sem características tradicionais. • Art Deco (1920 - 1940) - Formas geométricas arrojadas, uso de linhas de movimento, uso de sunburst – Um padrão ou design consistindo de um disco central com espiras radiais que se projetam à maneira de raios de sol –, alto contraste em cores, plano (em termos de profundidade). • Realismo Heróico (1900 - 1940) - Imagens realistas, geralmente com a presença de uma pessoa, promove um ideal, possui mensagem forte no texto, fontes limpas e uso de bold. • Modernismo (1910 - 1935) - Baseado na geometria, abordagem minimalista, maior uso de fotos, menor uso de ilustrações. • Late Modern Design (1945 - 1960) - Uso de formas geométricas distorcidas, layout estrutural informal, simples, tipos não decorativos. • Kitsch (Americano) (1950) - Uso de imagens e fontes contrastantes, cores fortes e vibrantes, formas aerodinâmicas, pessoas em poses dramáticas. • Swiss International (1940 - 1980) - Uso do negativo, muito limpo e simples, uso de fontes sem serifas, layouts assimétricos. • Estilo Psicodélico (1960) - Influenciado pelas drogas alucinógenas, uso de redemoinhos abstratos com cores intensas, caligrafia curvilínea, vibração de cor intensa. • Pós-moderno (1970 - 1980) - Uso de colagens como ilustração, elementos sobrepostos, impulsivo e brincalhão, uso de inclinações. • Grunge (1990 - 2010) - Texturas sujas e uso de imagens de fundo, linhas e quadros irregulares, uso de círculos como se estivessem delineados por manchas de café, simula o derramamento de líquidos e uso de imagens que simulam escadas, uso de papel rasgado e bordas sujas, elementos escritos à mão. • Flat Design (2010 até o presente) - Minimalista, sem profundidade, uso de linhas retas e uso inteligente do negativo. A linha do tempo a seguir, elaborada por Charlotte e Peter Fiell vem a complementar a anterior, conforme dissemos. Esta demonstra a complexa atuação de várias presenças do design gráfico no panorama da sociedade e interage com outros movimentos artísticos não apresentados na linha do tempo já apresentada. 22WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 12 - Linha do tempo do design gráfico (com datas específicas). Fonte: França (2015). As ocorrências nesta linha do tempo demonstram como odesign gráfico está em constante movimento, de acordo com o contexto social, cultural, econômico e tecnológico, como, por exemplo, a influência do pós-guerra (1945-1958) que vem a traduzir-se nas peças gráficas e também o reaparecimento do design orgânico, que em seu primeiro momento vai dos anos 30 a 60 e, depois, retorna a partir dos anos 90 até os dias de hoje. O simples fato de poder traçar uma linha do tempo sobre determinado assunto já implica em sabermos que houve uma ocorrência de fatos em momentos específicos, em dinâmicas com o contexto. Não se trata de observar estas manifestações como se a cada momento em que elas surgem houvesse um início e fim determinados. Em alguns momentos, podemos observar que elas ocorrem paralelamente. Este é o movimento das artes que se entrelaça com o design gráfico e que, como base, têm o movimento social. As artes, por si só, não têm como existir e permanecer se o homem não as praticar, utilizar, usufruir. Como participantes desta sociedade é nosso papel aproveitarmos estas oportunidades de ampliar nossos olhares e enchê-los de inspiração e tomar as nossas mentes de conhecimento para que também pratiquemos a evolução em cada um de nós. UNIDADE 23WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 24 SEIS LINHAS MESTRAS PARA APRECIAR UMA PINTURA ................................................................................. 26 O REALISMO E A ART NOUVEAU ........................................................................................................................... 27 O IMPRESSIONISMO E O PÓS-IMPRESSIONISMO ........................................................................................... 32 A ESCOLA DE BAUHAUS E O DESIGN MODERNO ................................................................................................ 36 O EXPRESSIONISMO E O CUBISMO ..................................................................................................................... 38 CONCEITUAÇÃO E FATOS DA HISTÓRIA DA ARTE - CONTEXTUALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DAS ARTES VISUAIS, SUAS INFLUÊNCIAS E DESDOBRAMENTOS 02 PROF.A DRA AUDREY DUARTE 24WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Todas as obras artísticas estão sempre, a toda hora, discursando sobre uma determinada escolha do artista para expressar em sua obra. A vontade artística, lotada de sensibilidade, tem o caráter de estar depositada na obra que ele realiza, para que haja a manifestação do conteúdo, da mensagem que pretende levar ao outro. Participante deste processo, aquele que tem contato cm a obra artística, reage de alguma forma - passiva ou dinâmica – pois a interpreta por meio dos elementos que o artista ali colocou e que, apesar de não haver controle do artista sobre seu espectador, os tais elementos falarão por si só por meio de seus significados. Nesta unidade, nós iniciaremos a apresentação de movimentos artísticos selecionados para que você possa conhecê-los e reconhece-los quando os mesmos estiverem ofertados a você numa exposição, numa página de um livro, num site de internet etc. É fundamental que você tenha noção do que se trata e que possa perceber qual a relação da obra artística com a História da Arte. A seguir vejamos quais são os itens que serão tratados nesta unidade: O Realismo e a Art Nouveau; O Impressionismo e o Pós-Impressionismo; A escola de Bauhaus e o design moderno; O Expressionismo e o Cubismo; O Dadaísmo e o Surrealismo; As realizações da arte pós- vanguardas: a Pop-Art e a Op-Art. Fazemos uma sugestão de vídeo para auxiliar no entendimento do conteúdo geral da Unidade e, abaixo, sugerimos a leitura de um texto para que você, aluno, possa expandir ainda mais seu conhecimento e aplicá-lo de acordo com seu interesse e necessidade: GOMPERTZ, Will. Pense como um artista: ... e tenha uma vida mais criativa e produtiva. Rio de Janeiro: Zahar, 2015. O Belo, o sublime e o maneiro http://bit.ly/2TZ17lo Acesso em 02 set 2019. 25WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Vamos começar o conteúdo desta unidade abrindo um espaço an- tes de entrar diretamente na escola artística pois é necessário que você tenha noção de como deve apreciar uma obra artística. Para tanto, devemos levar em consideração que isto se torna cada vez mais importante porque um grande número de pessoas vem tendo acesso a obras dos mais importantes artistas, seja por meio da in- ternet, seja em exposições que estão circulando o mundo e dando a todos nós uma certa facilidade de conhecer pessoalmente as obras. Muitas vezes nós também temos contato com obras que estão até mesmo em peças publicitárias, mas quando essas obras são vistas “ao vivo”, nós podemos entender que não é apenas uma questão intelectual de compreender o que ali está disposto mas vai além: é como se estivéssemos partindo para uma viagem - aquela que poderá nos levar para uma outra época, para uma outra atmosfera, para um emaranhado de sensações que, com certeza, será gratifi- cante! Assim vamos elencar seis linhas mestras, baseadas no livro Para Entender a Arte, de Robert Cummings (1995), para que haja um me- lhor entendimento sobre as obras artísticas e a partir delas você terá melhores condições de análise no momento em que estiver diante do que vamos trazer para compor o seu conhecimento sobre cada movimento artístico, adiante. 26WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA SEIS LINHAS MESTRAS PARA APRECIAR UMA PINTURA 1) Tema. Todas as pinturas têm um tema específico, cada um com sua mensagem significativa. Com frequência o tema é fácil de se reconhecer; mas em muitos casos, em especial nas obras mais antigas, os artistas escolheram histórias da Bíblia ou relativas aos deuses da Antiguidade, como aquelas narradas na mitologia grega e romana. Ao criar essas obras, os artistas deviam presumir que seu público estava familiarizado com essas histórias. Hoje isso não é mais verdade, porém redescobrir estes grandiosos mitos e lendas pode ser um dos maiores prazeres ao se olhar uma pintura. 2) Técnica. Cada pintura deve ser criada fisicamente, e a compreensão das técnicas utilizadas, como o emprego da tinta a óleo ou o uso do afresco (aplicação de tintas diluídas em água sobre revestimento de argamassa ainda fresco), aumenta muito nossa apreciação da obra de arte. A maioria das obras- primas são notáveis por suas inovações e seu virtuosismo. 3)Simbolismo. Muitas obras usam extensamente uma linguagem de simbolismo e alegoria que na época era compreendida tanto pelos artistas como pelo público. Os objetos reconhecíveis, mesmo pintados em detalhe, não representam apenas eles mesmos, mas conceitos de significado mais profundo ou mais abstrato. A familiaridade com essa linguagem diminui muito, mas ela pode ser redescoberta pelo estudo dos quadros e das crenças da sociedade que formou o artista. 4) Espaço e luz. Para os artistas que buscam recriar uma representação convincente do mundo na superfície plana de uma tela ou madeira precisam adquirir o domínio da inclusão do espaço da luz. É notável a variedade de meios pelos quais essa ilusão pode ser criada. 5) Estilo histórico. Cada período histórico desenvolve um estilo próprio, que se pode perceber nas obras de seus artistas principais. Os estilos não existem isoladamente, mas se refletem em todas as artes. 6) Interpretação pessoal. Qualquer pessoa que embarque na viagem de exploração de significados das pinturas logo ficará confusa com a quantidade de pontos de vista apresentados. Uma orientação simples é: se você ver alguma coisa sozinho, acredite - não importa o que digam. Se não consegue ver, não acredite. Cada pessoa tem o direitode levar para uma obra de arte o que quiser levar através da sua visão e da sua experiência, e guardar o que decidir guardar, no nível pessoal. O conhecimento da história, das habilidades técnicas deve ampliar essa experiência pessoal. Mas se a dimensão pessoal (ou “espiritual”) se perde, então olhar uma obra de arte não é mais significativo do que olhar um problema de palavras cruzadas e tentar resolvê-lo (CUMMINGS, 1996, pp.6-7). 27WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O REALISMO E A ART NOUVEAU Temos aqui dois movimentos artísticos que foram essenciais para que chegássemos aos eventos da arte após os mesmos. Comecemos pelo Realismo, que tem em si a grande virtuosidade de retratar a vida “real”, como o próprio nome do movimento diz. REALISMO • História O realismo surgiu no final do século XIX na França, entre 1850 e 1900, sendo fruto das artes que eram produzidas na Europa. Buscava retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado. Foi influenciado pela industrialização que dominava a época: o homem contemporâneo entendeu que precisava ser realista, tendo uma visão mais técnica e deixando um pouco de lado as emoções humanas. • Pintura A Pintura Realista buscava relatar a objetividade com que os cientistas retratavam os fenômenos, esquecendo, assim, os temas antigos, históricos e a imaginação, sendo parte da criação, apenas, aquilo que fosse real. Neste período surgem então a pintura social que retrata os problemas dos trabalhadores da sociedade contemporânea. • Principais artistas Os principais pintores do realismo foram Gustave Courbet e Édouard Manet. - Gustave Courbet (1819-1877): criador da pintura social, mostrando temas que retratavam o cotidiano, as classes sociais mais pobres e os trabalhadores do século XIX. - Édouard Manet (1832-1883): foi um polêmico pintor francês. Apesar de ser o maior representante do impressionismo, foi alvo de muitas críticas e teve muitas obras recusadas para participar no Salão Oficial de Paris, o qual recebia as obras de arte após serem selecionadas por um júri da Academia. • Arquitetura Em busca de atender os nossos desejos e necessidades das pessoas, provenientes da industrialização, os arquitetos do movimento Realista foram capazes de criar cidades que tivessem fábricas, armazéns, lojas e outros estabelecimentos, para adequar tanto aos trabalhadores quanto à classe da época. •Escultura Na escultura, o Realismo dominou os artistas, sendo que as obras eram mostradas como elas são. Eles retratavam a sociedade e o contexto político da época. Sendo o principal escultor, Auguste Rodin (1840-1917), cujas obras desse artista buscaram representar os pequenos gestos humanos, destacando as emoções, o romantismo e o lado mais natural do Realismo. Suas obras foram alvo de muitas críticas. 28WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 1 - Os Quebradores de Pedra (II), de Gustave Courbet. Fonte: Courbet (1849). Figura 2 - O Tocador de Pífaro, de Édouard Manet. Fonte: Manet (1866). 29WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 3 - O Pensador, de Auguste Rodin. Fonte: Rodin (1902). ART NOUVEAU • História A Art Nouveau “Arte Nova” surgiu na França, na década de 1890 e manteve-se em destaque até o final da década de 20. Dotada de um estilo ornamental que utilizado não somente nas artes plásticas, mas também na arquitetura, decoração, joalheria, ilustração etc. A Art Nouveau se caracteriza pelo uso de elementos que muitas vezes lembram as formas da natureza, como as linhas longas, ondulantes e assimétricas. Espalhou-se pela Europa, Estados Unidos e outros países do mundo, inclusive chegando ao Brasil. Este estilo artístico atingiu vários países, começando pelo continente europeu e influenciou diversos setores artísticos (design, arquitetura, artes decorativas, artes gráficas e arte mobiliária). Socialmente, a art nouveau está muito ligada ao crescimento da burguesia industrial, à contrariedade relacionada ao movimento romântico e a dar valor para a expressão sentimental nas artes. Seus temas eram ligados à natureza (plantas, flores, árvores e animais), retratados com linhas em movimento, dando valor às formas; a figura feminina também era retratada com frequência (imagens de mulheres) em pinturas e ilustrações; os arabescos também eram muito presentes (ornamento de origem árabe, que usava o entrelaçamento de linhas e ramagens, como também flores) e as cores tinham tons frios nas pinturas. • Pintura - Principais artistas - Alfons Maria Mucha. - Antoni Gaudí - arquiteto espanhol (1852-1926): arquiteto cujo estilo distinto se caracteriza pela liberdade de forma, cor e texturas voluptuosas e na unidade orgânica. Gaudí trabalhou quase sempre em Barcelona ou nos seus arredores. Grande parte da sua carreira foi ocupada com a construção do Templo Expiatório da Sagrada Família, que ainda não estava concluído quando morreu. - August Endell. - Emilie Flöge. 30WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA - Emile Gallé - designer e artesão francês (1904-1880): foi um dos expoentes da art nouveau. Trabalhou com vidros opacos e semitransparentes, ganhando fama internacional pelos motivos florais. Em termos de mobiliário reinaugurou a tradição da marchetaria. - Ferdinand Hodler. - Gustav Klimt - pintor e desenhista austríaco (1862-1918): é considerado um dos grandes representantes da arte moderna na Áustria. Em 1900, chegou ao auge de sua carreira ao ganhar o Grande Prêmio na Feira Mundial de Paris. Foi muito polêmico, recebendo duras críticas dos setores mais conservadores da sociedade vienense do começo do século XX. As críticas eram direcionadas, principalmente, ao uso de elementos sensuais e eróticos em suas pinturas. - Hector Guimard. - Henry van de Velde. - Jan Toorop. - Joseph Olbrich. - Les Vingt. - Victor Horta. • Características: - Utilização de materiais como vidro, madeira e cimento; - Tinha relação com a produção industrial em série; - Usava conhecimentos físicos e matemáticos, inclusive valorizando a lógica e o conhecimento racional. Figura 4 - Luminária de Emile Gallé. Fonte: Gallé (1900). 31WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 5 - O Beijo, de Gustav Klimt. Fonte: Klimt (1907). Figura 6 - Templo Expiatório da Sagrada Família, de Antoni Gaudí. Fonte: Gaudí (1882). 32WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O IMPRESSIONISMO E O PÓS-IMPRESSIONISMO Assim como no item anterior, trataremos aqui primeiro do Impressionismo e, na sequência, do Pós-Impressionismo. Assim, respeitando uma ordem cronológica natural da história da arte, seguimos adiante não somente com este ítem mas também com os demais, até findar esta Unidade. IMPRESSIONISMO • História Impressionismo foi um movimento que trouxe a despreocupação com os contornos e a fuga dos tons sombrios. Não há também enquadramentos e ângulos rígidos. Revolucionou profundamente a pintura e deu início às grandes tendências da arte do século XX. É originário da França. Nesta escola, a ênfase nos temas da natureza, principalmente de paisagens, passou a ser muito valorizada, como também o uso de técnicas de pintura para a valorização da ação da luz natural. Os artistas decompunham as cores, faziam pinceladas soltas buscando o movimento da cena retratada e usavam efeitos de sombras coloridas e luminosas. No Impressionismo tudo está dentro de um ambiente de alegria de viver, portanto, temos as luzes e os movimentos. •Principais Artistas Pintores Os principais artistas do Impressionismo são Claude Monet, Edgar Degas, Pierre-August Renoir e Édouard Manet, Camile Pissaro e Alfred Sisley. - ClaudeMonet (1840-1926): é o principal e mais dedicado representante do movimento Impressionista. Sempre preferiu a pintura ao ar livre, não importando as condições climáticas, com a finalidade de capturar todos os efeitos da natureza. No início de sua carreira foi incompreendido, especialmente por sua família, o que resultou em dificuldades financeiras por anos. Somente por volta dos 40 anos de idade começou a vender seus quadros. Morreu como um artista rico e consagrado. - Pierre-August Renoir (1841-1919): foi um importante artista plástico francês. Fez parte do impressionismo e destacou-se por suas lindas pinturas. Seu estilo artístico era marcado pela presença de cores fortes e brilhantes, texturas e linhas harmônicas. O sentimento lírico é outra característica importante nas obras de Renoir. Em suas pinturas prevaleceram as formas humanas individuais, grupos de pessoas e paisagens. O Templo Expiatório da Sagrada Família, projetado pelo arquiteto Antoni Gaudí, é considerado Patrimônio Mundial da Unesco. Loca- liza-se em Barcelona (Espanha) e, atualmente, ainda está em cons- trução. 33WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Músicos Como na música também tivemos o movimento Impressionista, os artistas que mais se destacaram foram Claude Debussy e Maurice Ravel. Figura 7 - Impressão, Nascer do Sol, de Claude Monet. Fonte: Monet (1882). Figura 8 - Luncheon of the Boating Party, de Renoir. Fonte: Renoir (1881). PÓS-IMPRESSIONISMO Foi um período posterior ao Impressionismo na pintura. Com ele, vieram as novas escolas como o Fauvismo, o Cubismo, entre outras. • História Longe de indicar um grupo coeso e articulado, o termo “pós-impressionismo” se dirige ao trabalho de pintores que de 1880 a 1890, exploram as oportunidades deixadas pelo Impressionismo. A noção é cunhada pelo crítico britânico Roger Eliot Fry (1866-1934) quando da exposição Manet e os Pós-Impressionistas, realizada nas Grafton Galleries, em Londres, 1910, que incluía pinturas de Paul Cézanne (1839-1906), Vincent van Gogh (1853-1890) e Paul Gauguin (1848-1903), considerados as figuras centrais da nova atitude crítica em relação ao programa Impressionista. 34WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Eram chamados de pós-impressionistas aqueles que não seguiam os conceitos do Impressionismo, o qual consideravam superficial, sem dar importância aos sentimentos e nem à política. Alguns achavam a técnica impressionista limitada. • Principais Artistas - Georges Seurat. - Henri Rousseau. - Paul Cézanne. - Paul Gauguin (1848- 1903): “Quando a tua mão direita estiver hábil, pinta com a esquerda; quando a esquerda ficar hábil, pinta com os pés.” Essa frase só poderia ser de Gauguin, um dos principais pintores do pós-impressionismo, que exerceu profunda influência em toda a arte moderna voltada para o exótico e o primitivo. Eugène-Henri-Paul Gauguin era filho de um jornalista francês e de uma escritora peruana. - Paul Signat. • Toulose-Lautrec (1864-1901): Henri-Marie-Raymonde de Toulouse-Lautrec-Monfa nasceu em uma família aristocrática, recebeu educação artística e foi um menino normal até os 14 anos, quando sofreu um acidente e quebrou o fêmur esquerdo. Menos de um ano depois, quebrou o direito. Os traumatismos, aliados a uma doença óssea congênita atrofiaram suas pernas e ele se tornou praticamente um anão, com dificuldades locomotivas. Passou, então, a dedicar cada vez mais tempo à pintura. Em 1872, em Paris, ingressou no Liceu Fontanes e, em 1881, depois de bacharelar-se, decidiu tornar-se pintor. Um de seus primeiros mestres, Léon-Joseph- Florentin Bonnat, defensor das normas acadêmicas e contrário aos impressionistas, não gostava dos desenhos do aluno. Em 1883, Toulouse-Lautrec passou ao estúdio de Fernand Cormon, onde conheceu Van Gogh e Émile Bernard. Apesar do apoio do novo mestre, sentia a estética acadêmica como algo cada vez mais restritivo. Montou seu próprio estúdio e passou a frequentar o bairro boêmio de Montmartre em Paris, que tornaria célebre em sua obra. Ao contrário dos impressionistas, Toulouse-Lautrec tinha pouco interesse pelas paisagens e preferia os interiores. Pintou “Moulin Rouge”, “Au salon de la rue des Moulins” e inúmeros retratos. • Vincent Van Gogh (1853-1890): durante sua vida foi pouquíssimo conhecido e até marginalizado. Depois, tornou-se um dos mais reconhecidos pintores do mundo, principalmente depois que 71 de suas obras foram expostas em Paris, no ano de 1901. O uso de cores fortes expressava seus sentimentos. Ele dizia: “Pinto o que sinto e não apenas o que vejo”. • Características - Ultrapassou as tendências artísticas do impressionismo. - Utilização de cores vivas. - Retratação de temas da vida real. - Visão subjetiva do mundo. - Uso da técnica do pontilhismo por alguns pintores pós-impressionistas, entre eles Paul Signac e Georges Seurat. - Tendência de experimentação da força da imagem, o contorno de segurança e a liberdade de cor. 35WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 9 - O Cristo Amarelo, de Gauguin. Fonte: Gauguin (1889). Figura 10 - Au Moulin Rouge, de Toulouse-Lautrec. Fonte: Toulouse-Lautrec (1895). 36WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 11 - A Noite Estrelada, de Vincent Van Gogh. Fonte: Gogh (1889). A ESCOLA DE BAUHAUS E O DESIGN MODERNO A ESCOLA DE BAUHAUS •História A arte é criada, mas também pode ser aprendida... A Bauhaus, uma escola de arte e arquitetura, foi fundada em 1919, na Alemanha. Bauhaus, encarna o ideal e o projeto de unir engenheiros, arquitetos, pintores, artesãos, designers e artistas industriais, pesquisando e construindo protótipos à serem produzidos em escala industrial, atendendo, por um lado as necessidades da sociedade alemã, por outro o ideal comunitário de levar a arte moderna a todos os níveis sociais criando assim o artista-artesão. Constituída na Alemanha, em 1919, após a fusão das Escolas de Artes e Ofício e Belas Artes de Weimar, teve como principal idealizador e articulador o arquiteto Walter Gropius, que no famoso programa da Escola de Bauhaus, lançava as bases da nova arquitetura, que marcaria o século XX, além do desenvolvimento de designers ligado à produção industrial. Em 1923, a proposta da Bauhaus foi divulgada em uma vasta exposição, cuja proposta podia ser resumida em “Arte e técnica, uma nova unidade”. Esta exposição foi chamada de Staatliches Bauhaus. A Bauhaus foi dividida em dois setores de ensino: a Academia de Arte Pictórica e a Academia de Artes e Ofícios. O principal objetivo era acumular um maior número de pessoas em pouco espaço, provendo moradias para os sobreviventes de guerra em 1932. Neste ano, nenhum outro país construiu mais moradias populares erguidas com dinheiro proveniente de impostos em sua maioria. Sttatliches Bauhaus (Casa de Construção), assim denominada pelo fundador, muda- se de Weimar, em 1925, para Dessau, sendo instalada em um edifício projetado por Gropius, de arquitetura industrial moderna e arrojada, lá permanecendo até o início da década de 30, intensificando ainda mais sua produção com o lançamento de publicações e organização de exposições. 37WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Mesmo durando apenas 14 anos, deixou um legado sem precedentes, fundou os conceitos do design moderno e um estilo único de se adaptar aos tempos. Seu fechamento fez com que seus alunos e professores se espalhassem por todo o mundo, as portas foram fechadas, mas felizmente suas ideias continuaram vivas na cabeça daqueles que a frequentaram e continuam vivas até hoje. • Princípios A Bauhaus tinha como princípio não somente propor uma nova estética, mas também de promover uma mudança social com modernidade einteligência de projetos e recursos. A escola era norteada por três princípios: Direcionamento da nova arquitetura para os trabalhadores; Rejeição a todos os objetos e adereços burgueses; Retorno aos princípios básicos da arquitetura ocidental, definindo uma forma clássica de moradia social racional. • Principais Artistas (instrutores da Bauhaus) - Gerhard Marcks. - Gerog Muche. - Johannes Itten. - Lyonel Feininger. - Oskar Schlemmer. - Paul Klee. - Wassily Kandinsky. Figura 12 - Fachada da Bauhaus, 1930. Fonte: Gropius (1930). Figura 13 - Imagens do design moderno. Fonte: Bahaus (1965). 38WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O EXPRESSIONISMO E O CUBISMO EXPRESSIONISMO • História No início do século XX, na Alemanha e no norte da Europa, muitos artistas decidem deformar e modificar a realidade para mostrar melhor a intensidade de seus sentimentos. Seus estados de alma são expressos de maneira franca e direta, e invadem a tela. Para os expressionistas, pintar vai além de representar: é conseguir exprimir as sensações, as ideias que a realidade inspira e as traduzir da maneira mais direta possível. É fazer do sentimento a matéria-prima de sua arte; materializar as alegrias, as dores e as angústias em uma obra. A pintura expressionista parece seguir diretamente os meandros da alma humana. • Principais Artistas - Amedeo Modigliani (1884-1920): foi um importante pintor e escultor italiano. Nasceu em 12 de julho de 1884 na cidade de Livorno (Itália) e faleceu em 24 de janeiro de 1920 na cidade de Paris. Sua família pertencia à burguesia judaica. A mãe Eugénie Garsin, descendia de uma família de judeus estabelecida em Marselha, na França. A figura materna representou com certeza, papel importante na formação do menino, o último e mais frágil dos irmãos. Esse artista italiano completo, de referências tão distintas como as pinturas renascentistas de Siena e esculturas africanas, na verdade, nunca seguiu um estilo determinado. Entre esculturas e pinturas, sua característica maior é a exposição da alma humana. Nas principais obras, retratou mulheres em imagens longilíneas, onde os pescoços eram compridos e os rostos ovais. Entretanto, sua principal marca para humanidade foram os “olhos de Modigliani”: na maioria das vezes, pintados como olhares vazios ou apenas borrões. - Cândido Portinari (1903-1962): inicia sua formação artística em 1919, onde estuda com Lucílio de Albuquerque, Rodolfo Amoedo, Baptista da Costa e Rodolfo Chambelland. Obtém o prêmio de viagem ao exterior em 1928 e segue para a Europa no ano seguinte. Tem contato com as obras dos mestres italianos Giotto e Piero della Francesca e da cena européia: Henri Matisse, Amedeo Modigliani, Giorgio de Chirico e Pablo Picasso. Retorna ao Brasil no início de 1931. Trabalha com intensidade, pintando principalmente retratos, sua maior fonte de renda. Revela forte preocupação social, procurando captar tipos populares e enfatizar o papel dos trabalhadores. - Chaim Soutine (1893-1943). - Constant Permeke (1886-1952). - David Siqueiros (1896-1974). - Diego Rivera (1886-1957). - Edvard Munch (1863-1944): foi um pintor norueguês, nascido em Oslo no ano de 1863. Suas obras inspiraram uma corrente artística moderna, sendo considerado o precursor do expressionismo alemão. Teve uma vida familiar muito conturbada, pois sua mãe e uma irmã morreram quando ele ainda era jovem. Outra irmã tinha problemas mentais (bipolaridade). Seu pai tinha uma vida marcada pelo fanatismo religioso. Para complicar, Munch ficou muito doente durante a infância. Já adulto, começou a apresentar um quadro psicológico conturbado e conflituoso, alguns estudiosos afirmam que o pintor, provavelmente, possuía transtorno bipolar. Abordava temas relacionados aos sentimentos e tragédias humanas (angústia, morte, depressão, saudade). 39WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Além disso, retratava pinturas de imagens desfiguradas, passando uma sensação de angústia e desespero, pela forte expressividade no rosto das personagens retratadas. - Georges Rouault (1871-1958). - José Orozco (1883-1949). - Marc Chagall (1887-1985). - Paul Klee (1879-1940). - Vincent Van Gogh (1853-1890). - Wassily Kandinsky (1866-1944). Características Entre as principais características da arte expressionista, destaca-se a distorção linear, isto é, os traçados espessos e angulosos das formas retratadas, seja de seres humanos, seja de objetos, o que produz uma simplificação radical das formas. Destaca-se também o emprego de cores intensas, com pinceladas bem marcadas, deixando evidente o efeito do traçado sobre a tela. Figura 14 - Jeanne Hébuterne Apoiada em uma Cadeira, de Modigliani. Fonte: Modigliani (1919). No Brasil, a técnica expressionista esteve presente na arte de nomes como Anita Malfatti, Lasar Segall, Portinari, Oswaldo Goeldi e Iberê Camargo. 40WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 15 - O Lavrador de Café, de Portinari. Fonte: Portinaria (1934). Figura 16 - Skrik (O Grito), de Edvard Munch. Fonte: Munch (1893). 41WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA CUBISMO Ao invés de apenas representar o que era visto, alguns artistas subvertem esta concepção, alguns deles decompondo as formas da natureza em formas geométricas. • História A partir de 1908, na França, alguns artistas vão subverter a concepção que se tinha da pintura. Em vez de simplesmente representar o que era visto, eles decidem representar aquilo que não podia ser visto: os rostos de perfil têm dois olhos, a natureza se decompõe em formas geométricas… A realidade se revela em todas as suas facetas, como um cubo achatado. Tudo começa em 1907, quando o jovem pintor espanhol Pablo Picasso cria Les Demoiselles d’Avignon. Os amigos do pintor que, como ele, também moravam em Paris, ficam estupefatos com esse estranho quadro: os corpos e as pregas dos tecidos são angulosos e extremamente simplificados, dois rostos de mulheres parecem máscaras africanas. Mais estranho ainda: o corpo da personagem em baixo à direita está ao mesmo tempo de frente e de costas, e seu rosto está, ao mesmo tempo, de frente e de perfil… O caminho está aberto para uma nova pintura, que questiona uma nova maneira de representar a realidade. • Principais Artistas - Fernand Léger (1882-1963): de origem modesta, de família de camponeses normandos, desde cedo se interessou pelo desenho, o que o leva a Caen, capital da Alta Normandia, França, aos dezesseis anos, onde trabalhou como aprendiz de arquiteto. Em 1900, mudou-se para Paris, onde em um escritório de arquitetura e retoques fotográficos trabalhou como desenhista. Reprovado no exame de ingresso da Escola de Belas-Artes de Paris, estudou na Escola de Artes Decorativas e na Academia Julien; frequentando ainda vários ateliês, entrando em contato com a arte de Cézanne. Aproxima-se dos cubistas em 1909, conhecendo os poetas Apollinaire, Max Jacob, Blaise Cendrars, os pintores Albert Gleizes, Robert Delaunay e, mais tarde, Georges Braque e Pablo Picasso. Em 1911, expôs no Salão dos Independentes e, no ano seguinte, participa da Section D’Or, e publica seu ensaio Les Origines de la Peinture Contemporaine, na revista Der Sturm. Em contato com o Cubismo, Léger não aceitou sua representação exclusivamente conceitual: suas abstrações curvilíneas e tubulares contrastavam-se com as formas retilíneas preferidas por Picasso e Braque, e preconizavam uma aproximação às imagens orgânicas surrealistas. - Georges Braque. - Juan Gris. - Pablo Picasso (1881-1973): foi pintor, escultor e desenhista espanhol, naturalizado francês, e um dos maiores mestres da arte do século XX. Além de renomado, Picasso também demonstrou uma versatilidade técnica e uma produtividade artística dificilmente igualada.Produziu milhares de trabalhos, entre pinturas, esculturas e cerâmica, nas quais empregava diversos materiais. Também foi um dos fundadores do Cubismo, onde buscou desconstruir geometricamente a imagem e, com isso, adicionar ao real novas possibilidades além da mera reprodução. Sofrera grande influência das artes grega, ibérica e africana, as quais são facilmente visíveis em suas obras. Nas obras de Picasso podemos notar as diferenças de um período e outro, sendo que as fases de produção mais conhecidas são as fases Azul e Rosa. Além disso, alguns estudiosos ainda dividem as obras em fase Africana, fase do Cubismo Analítico e fase do Cubismo Sintético. - Robert Delaunay. 42WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA • Características - Geometrização das formas e volumes. - Renúncia à perspectiva. - O claro-escuro perde sua função. - Representação do volume colorido sobre superfícies planas. - Sensação de pintura escultórica. - Cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave. Figura 17 - Woman Holding a Vase, de Léger. Fonte: Léger (1927). O cubismo ganhou espaço no Brasil somente depois da Semana de Arte Moderna de 1922, no entanto, não existem no País artistas que apresentaram obras com características exclusivas do Cubismo. Os artistas brasileiros receberam fortes influências, mas apenas mos- trando características mescladas do cubismo com outras expres- sões artísticas em suas obras. Nessas condições, podemos citar obras dos artistas Vicente do Rego Monteiro, Anita Malfatti, Antonio Gomide, Tarsila do Amaral, dentre outros. O aprendizado de Tarsila do Amaral com André Lhote, Gleizes e, principalmente, com Fernand Léger reverbera nas tendências construtivas na sua obra, em espe- cial na fase pau-brasil. A pintora vai encontrar em Fernand Léger, especialmente em suas paisagens animadas, motivos ligados ao espaço da vida moderna (máquinas, engrenagens, operários das fábricas etc.) e o aprendizado de formas curvilíneas. Não se pode mencionar o impacto do cubismo no Brasil sem lembrar ainda de parte das produções de Clóvis Graciano e de um segmento consi- derável da obra de Candido Portinari, evidente em termos de inspi- ração de Picasso. 43WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 18 - Les Demoiselles d’Avignon, de Picasso. Fonte: Picasso (1907). O DADAÍSMO E O SURREALISMO • Dadaísmo Resposta ao absurdo da Primeira Guerra Mundial, o Dadaísmo responde a este absurdo com uma arte absurda, no seio de um movimento absurdo e com um nome absurdo: “Dadá”. • História Em plena Primeira Guerra Mundial, a Europa é um grande campo de batalha. O único refúgio de paz é a Suíça ela que jovens artistas e intelectuais revoltados com a guerra vão se encontrar para escapar daquele absurdo. E não há nada melhor para responder ao absurdo do que criar uma arte absurda, no seio de um movimento absurdo com um nome absurdo: Dadá... “Dadá”, em francês, significa “cavalinho de brinquedo”; em alemão: “que se dane, até logo, até a próxima”; em romeno: “sim, sim, você tem razão, é isso, concordo, realmente, a gente cuida disso etc.”, diz o escritor e filósofo Hugo Ball (1826-1927), um dos fundadores do movimento. Dadá é uma palavra infantil, é uma palavra boba que não significa nada… Porém aqui, antes de tudo, é uma palavra de revolta. Em 1916, em Zurique, jovens artistas alemães, suíços, romenos, franceses, que se recusam a ir morrer no campo de batalha, criam um lugar onde possam se exprimir: o Cabaret Voltaire. Nele, organizam exposições, espetáculos em que, com trajes extravagantes, cantam, dançam, declamam poesias fonéticas (sons sem nenhum sentido não pronunciados). Eles se divertem como crianças, crianças brincalhonas, que zombam de tudo. Dadá é um movimento artístico, literário, musical, poético… 44WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA • Principais Artistas - Tristan Tzara; - Marcel Duchamp (1887-1968): foi um dos precursores da arte conceitual, do dadaísmo, do surrealismo, do expressionismo abstrato e o inventor dos “ready-made”. Seu modo de vida boêmio e paixão pelos jogos de xadrez, dos quais participou em torneios, podem ser vistos ao longo de sua carreira artística, na qual temos obras de inspiração romântica e expressionista, até aquelas de natureza cubista e futurista. Não obstante, Duchamp era contra a “arte retiniana”, ou seja, aquela arte que agrada à vista. Os ready-made foram talvez a maior criação de Duchamp. Eles são objetos prontos e banais que foram esvaziados de sua função prática, tendo como efeito sua remoção dos contextos habituais. Assim, os ready-mades, rompem com o cartesianismo, num gesto que dessacraliza a obra de arte, transportando fatores da vida cotidiana sem valor artístico para o âmbito das artes, combatendo assim aquela “arte retiniana”, uma vez que exige a participação ativa do público. - Hans Arp; - Francis Picabia; - Max Ernst; - Raoul Hausmann (1886-1971): foi um artista plástico, poeta e romancista austríaco. Com o pseudônimo Der Dadasophe exerceu um destacado papel como dadaísta, participando dos grupos de Zurique e posteriormente de Berlim. Foi crítico às instituições da Alemanha durante os anos transcorridos entre as duas guerras mundiais. Ele também editou a revista dadaísta Der Dada (1919–1920), que adotou uma posição política de esquerda. Apresentando um design e uma tipografia não convencionais, a Der Dada era repleta de artigos, poemas, fotomontagens, caricaturas satíricas, fotografias falsas e palavras sem sentido espalhadas ao acaso. Hausmann começou a criar fotomontagens satíricas em 1918, como forma de protesto contra as convenções e os valores de uma sociedade burguesa. Usava materiais do cotidiano, como fotografias, recortes de jornal e uma tipografia extrema para criar obras que abordavam eventos políticos contemporâneos e ao mesmo tempo desafiavam o estilo mais representativo dos expressionistas; - Hugo Ball; - Richard Huelsenbeck; - Sophie Täuber. • CARACTERÍSTICAS - Rompeu com a tradição e o clássico; - A vanguarda e o protesto estavam sempre presentes; - Arte espontânea, irreverente e de improvisação; - Usava de anarquismo e niilismo; - Buscava o caos e a desordem; - Era ilógico e irracional; - Tinha caráter de ironia, agressividade e pessimismo, além de ser radical; - Era avesso à guerra e aos valores da burguesia; - Rejeitava o nacionalismo e o materialismo; - Criticava o consumismo e o capitalismo. 45WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 19 - Bycicle Wheel, de Marcel Duchamp. Fonte: Duchamp (1913). No Brasil, o dadaísmo influenciou o movimento modernista brasilei- ro. Na obra dos escritores Mario de Andrade e Manuel Bandeira po- de-se perceber sua presença, assim como no teatro de experiência de Flávio de Carvalho e nas pinturas de Ismael Nery. 46WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 20 - ABCD, de Raoul Hausmann. Fonte: Demilly (2016, p.42). • Surrealismo História Em 1920, na França, grupo de artistas, revoltados contra uma sociedade asfixiante, decide devolver à arte sua espontaneidade, seu mistério, sua loucura. Com eles, a poesia entra na vida cotidiana para chegar a uma outra forma de realidade, nem real, nem irreal: surreal. No período da Primeira Guerra Mundial, em Paris, três jovens poetas decidem questionar o mundo em que vivem e que não querem mais. São eles André Breton, Louis Aragon e Philippe Soupault. Estão convencidos de que a arte pode transformar o mundo e as ideias que as pessoas têm dele. Criam uma revista e logo são seguidos por outros poetas e também por pintores, escultores, fotógrafos. Os “surrealistas” - termo inventado por Guillaume Apollinaire, poeta que o grupoadmirava - são, no início, um grupo de amigos como uma pequena comunidade: eles se reúnem com frequência para escrever ou conversar; publicam panfletos e revistas, organizam exposições. Participam também, ativamente, do movimento Dadá. Os surrealistas estão convencidos de que nossos sonhos revelam, mesmo sem a nossa intenção, os pensamentos mais íntimos, mais secretos. O que fascina surrealistas no sonho é o fato de ser um fantástico reservatório de imagens e visões. Nos sonhos tudo é possível, e as cenas mais estranhas, os encontros mais loucos podem acontecer. Assim, algumas obras surrealistas parecem ter saído diretamente de visões noturnas. Principais Artistas - Salvador Dali (1904-1986): o surrealista mais reconhecido. Teve amizade com Garcia Lorca (poeta e escritor), Luis Buñuel (cineasta), Pablo Picasso e André Breton. Suas primeiras obras são influenciadas pelo cubismo de Gris e pela pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Interessou-se pela psicanálise de Freud, de grande importância ao longo de toda a sua obra. 47WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Criou o conceito de “paranoia crítica” para conceituar aqueles que recusam a lógica que rege a vida comum das pessoas. Segundo ele, é preciso “contribuir para o total descrédito da realidade”. De 1970, até sua morte, dedicou-se ao desenho e à construção de seu museu. Além da pintura ele desenvolveu esculturas e desenhos de jóias e móveis. - Max Ernst (1891-1976) - René Magritte (1898-1967) - André Masson (1896-1987) - Joan Miró (1893-1983): iniciou sua formação como pintor na escola de La Lonja, em Barcelona. Fez amizade com Picabia e com Picasso e seus amigos cubistas. Mais adiante, conhece Masson, Leiris, Artaud e Lial. Breton se permitiu destacar o artista como um dos grandes gênios solitários do século XX e da história da arte. O gênio de Miró está nas telas de traços nítidos e formas sinceras na aparência, mas difíceis de serem elucidadas, embora se apresentem de forma amistosa ao observador. Miró também se dedicou à cerâmica e à escultura. - Frida Kahlo (1907-1954): alguns críticos e autores da arte associam o nome da artista ao movimento Surrealista, no entanto a própria artista não se considerava uma surrealista, pois estava interessada em retratar suas dores e tragédias pessoais. Características O surrealismo propõe a valorização da fantasia, da loucura e a utilização da reação automática. Nessa perspectiva, o artista deve deixar-se levar pelo impulso, registrando tudo o que lhe vier à mente, sem se preocupar com a lógica. Note que o maior objetivo dos artistas surrealistas foi usar o potencial do subconsciente como fonte de imagens fantásticas e de sonhos. Assim, a arte plástica e a literatura eram vistas como um meio de expressar a fusão dos sonhos e da realidade em um tipo de realidade absoluta, uma “surrealidade”. No Brasil, o Surrealismo exerceu considerável influência sobre o movimento Modernista. O escritor Oswald de Andrade foi um dos maiores expoentes. Em seu Manifesto Antropófago, no romance Se- rafim Pontes Grande e nas peças O Homem e o Cavalo e a Morta, podemos notar elementos que se relacionam com as técnicas de criação surrealista. Além da literatura, destacam-se nas artes plásti- cas: Tarsila do Amaral, Ismael Nery e Cícero Dias. 48WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 21 - A Persistência da Memória, de Salvador Dalí. Fonte: Dalí (1934). Figura 22 - Femmes et oiseau dans la nuit, de Joan Miró. Fonte: Miró (1974). AS REALIZAÇÕES DA ARTE PÓS-VANGUARDAS: A POP-ART E A OP-ART • Pop-Art Nos anos 60, nos Estados Unidos, a sociedade de consumo está em alta velocidade. Os bens materiais e a publicidade estão em expansão. Alguns artistas decidem, então, resgatar seus símbolos para representar a banalidade. História Nos anos 60, os Estados Unidos já eram uma superpotência, uma sociedade de consumo, de abundância, na qual a publicidade e os bens materiais reinavam. Essa sociedade é observada pelos artistas norte-americanos, meio fascinados, meio temerosos, os quais resgatam seus símbolos para representar a banalidade, a excepcionalidade. 49WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA É também o aparecimento de uma verdadeira cultura popular de massa para várias linguagens: o cinema, a história em quadrinhos, a televisão, a música. Valores, modo de vida e cultura que são exportados e invadem a Europa. Na Inglaterra, alguns artistas olham com fascínio e ironia para esses novos códigos que se instalam, e se inspiram em suas obras. Principais Artistas - Andy Warhol (1927-1987): foi o mais conhecido e mais controvertido representante da pop-art. Trouxe o conceito da reprodução mecânica da imagem, substituindo o trabalho manual na série de serigrafias retratando ídolos da música popular americana e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Ele entendia que estas figuras eram impessoais e vazias, apesar de serem celebridades. Além de celebridades, fez uso também de produtos de consumo como Coca- Cola e sopas Campbell’s, além de carros, dinheiro etc. Também produziu filmes, uma revista mensal e foi incentivador do trabalho de outros artistas. - Robert Rauschenberg. - Tom Wesselmann. - Jasper Johns. - Roy Lichtenstein (1923-1997): Usava as características de histórias em quadrinhos e anúncios publicitários para reproduzir, à mão, com tintas à óleo e acrílica - e com grande fidelidade, os procedimentos dos processos gráficos. A reprodução de reticulas (pontos pretos das histórias em quadrinhos) era feita com uma técnica de pontilhismo. Usava cores fortes, planas e dentro de contornos em preto. A intenção era provocar uma reflexão sobre a linguagem daquelas imagens e as formas artísticas. Em seus quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as características das histórias em quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu a mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos. Seus quadros são símbolos do mundo moderno, combinando arte comercial e abstração. Características Linguagem figurativa e; Temática extraída do meio ambiente urbano das grandes cidades, de seus aspectos sociais e culturais; Ausência de planejamento crítico; Representação de caráter inexpressivo; Combinação da pintura com objetos reais integrados na composição da obra; Formas e figuras em escala natural e ampliada (os quadros de Lichtenstein); Preferência por referências ao status social; Uso de matérias como tinta acrílica, poliéster e látex; Reprodução de objetos do cotidiano transformando o real em hiper-real. NO BRASIL: Os principais artistas brasileiros que representam a Pop-Art são: Wesley Duke Lee, Baravelli, Fajardo, Nasser, Resende, De Tozzi, Aguilar e Antonio Henrique Amaral. 50WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 23 - Campbell’s Soup Can I, de Andy Warhol. Fonte: Demilly (2016, p.64). Figura 24 - The Melody Haunts My Reverie, de Litchenstein. Fonte: Litchenstein (1991). •Op-Art Um movimento artístico que teve início na década de 30. Também conhecido como Arte Óptica, é um estilo artístico que provoca ilusões óticas, utilizando recursos visuais (cores, formas etc.). História As pesquisas feitas pelos artistas abstratos antes da guerra tentavam chegar a uma arte pura. Uma beleza universal fundada não na realidade, mas nas formas, nas cores, nas linhas: elementos compreensíveis e suscetíveis de comover a todos. No final dos anos 50, alguns irão mais longe ainda explorando um fenômeno comum: a percepção visual. 51WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA É um fenômeno físico que faz com que determinadas cores vibrem entre si, que acreditamos ver em três dimensões lá onde só há duas, que nos faz hesitar entre o côncavo e oconvexo. Sobre o princípio das ilusões de ótica, artistas como Victor Vasaarely, Bridget Riley ou Jesús Rafael Soto concebem obras que jogam com o fenômeno universal da percepção. Obras que não criam a ilusão de movimento, mas provocam no espectador a sensação real de movimento. Combinando formas geométricas e cores simples, a arte cinética (arte do movimento) e a op-art (arte ótica) perturbam nossa visão e nos fazem mergulhar em um universo de sensação pura. •Principais Artistas - Victor Vasarely (1908-1997): artista húngaro, considerado o precursor da Op Art. Influenciado pela arte cinética, construtivista e abstrata e ao movimento Bauhaus. As suas composições se constituem de diferentes figuras geométricas, coloridas ou em preto e branco. - Alexander Calder. - Bridget Riley (1931): artista londrina, estudou na Golsmith´s school of Art em Londres e foi uma das principais protagonistas da pintura britânica dos anos 70. Muito influenciada por Victor Vasarely, liderou, junto a ele, o começo da Op Art. O estilo de Riley é marcado por listras que se sobrepõem às curvas onduladas, discos concêntricos e quadrados ou triângulos que se repetem. - Jesús Rafael Soto (1923-2005): artista venezuelano famoso pelos seus “penetráveis”, obra destinadas a penetração do público como forma de interagir com o produto artístico. Teve trabalhos expostos em vários museus importantes. - Ad Reinhardt. - Kenneth Noland. Características Explorar o uso de ilusões de óticas; Defender “menos expressão e mais visualização”; O público interage com as obras pela visão + ilusão de ótica; As cores têm a finalidade de ampliar as ilusões ópticas. No Brasil, os principais artistas são Israel Pedrosa. Ivan Serpa, Lo- thar Charoux e Luiz Sacilotto. 52WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 25 - Gestalt 4, de Vasarely. Fonte: Vasarely (1970). Figura 26 - Movement in Squares, de Bridget Riley. Fonte: Riley (1961). 53WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 27 - Gestalt 4, de Jesús Rafael Soto. Fonte: Soto (2004). UNIDADE 54WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 55 A ARTE BARROCA BRASILEIRA ............................................................................................................................. 56 A SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 ............................................................................................................. 59 O ABSTRACIONISMO, O CONCRETISMO E A ARTE CONCEITUAL ..................................................................... 62 O MURALISMO MODERNO E A EXPRESSÃO DE RUA ......................................................................................... 70 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES DAS ARTES NO BRASIL E A INFLUÊNCIA NO COTIDIANO DESDOBRAMENTOS 03 PROF.A DRA AUDREY DUARTE 55WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A importância do Brasil no cenário das artes é reconhecida internacionalmente e também dentro do território nacional. Ao falarmos assim até parece que é óbvio, mas para que um país tenha a sua produção artística reconhecida, é porque ela realmente é relevante. O artista brasileiro, com todas as influências que recebe em sua formação, torna-se um expoente de um peculiar produto artístico pela percepção, sensibilidade e dose cultural que imprime em seus trabalhos. Desta forma, nesta Unidade III, vamos tratar de pontuais assuntos relacionados à arte no Brasil e aos movimentos artísticos, para que você, aluno, passe a ter propriedade da arte do seu país e também do que é fruto de um contexto onde você mesmo habita, além das influências que você poderá identificar num determinado contexto artístico ou profissional em que esteja e, assim, ter condições de fazer uma análise de todo o cenário aonde uma obra, um artista e o movimento artístico esteve ou está inserido. Assim como na Unidade anterior, queremos que você utilize as seis linhas mestras que foram descritas no início da Unidade II (Tema, Técnica, Simbolismo, Espaço e Luz, Estilo Histórico e Interpretação Pessoal) para observar uma obra artística Faça uso destas informações para ter o melhor aproveitamento possível do conteúdo desta Unidade. Acreditamos que você esteja cada vez mais tornando-se um conhecedor do vasto mundo da História da Arte e que a sua visão artística está sendo ampliada. Vejamos quais são os itens que serão tratados nesta unidade: A Arte Barroca Brasileira; A Semana de Arte Moderna de 1922; O Abstracionismo, o Concretismo e a Arte Conceitual; O Muralismo Moderno e a Expressão de Rua. Fazemos uma sugestão de vídeo para auxiliar no entendimento do conteúdo geral da Unidade e, abaixo, sugerimos a leitura de um texto para que você, aluno, possa expandir ainda mais seu conhecimento e aplicá-lo de acordo com seu interesse e necessidade: Como foi feito o maior mural de grafitti do mundo. Olimpic Channel. Disponível em: http://bit.ly/2Q7Hir5 Acesso em 29 jan 2018. CANTON, Katia. Temas da arte contemporânea. São Paulo: Martins Fontes, 2010. 56WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA A ARTE BARROCA BRASILEIRA BARROCO NO BRASIL Um estilo que foi dominante durante a maior parte do período colonial. Foram os missionários católicos que os trouxeram ao Brasil, no início do século XVII, principalmente os jesuítas. • História Os jesuítas tiveram grande importância, no período do Brasil Colonial, quando disseminavam o cristianismo católico na colônia. Eles trouxeram da Europa as influências da estética com cunho religioso para aperfeiçoar suas ações missionárias e isto acaba por marcar o estilo barroco. Geralmente este estilo, este tipo de criação estava manifestado nas construções das igrejas e das imagens religiosas, as quais ampliavam o campo nos centros urbanos do Brasil. Ao chegar no Brasil as construções de traço barroco chegavam aos olhos de uma população mista (alfaiates, ambulantes, indígenas, escravos, funcionários públicos e vadios). Na maioria das vezes esta população só conseguia compreender os valores religiosos impostos pela catequese com a presença das imagens ricas e complexas em ornamentação, as quais tinham a pretensão de reafirmar o caráter sagrado dos santos e dos templos religiosos. A pedra-sabão, o barro cozido e a madeira policromada ou dourada eram a base da fabricação das obras e construções barrocas. Também havia a preocupação na reprodução de conteúdos dramáticos com o uso de linhas curvas, construções de grande porte e o uso do impacto visual para chamar atenção de quem os apreciava. A religiosidade medieval somada à sofisticação da arte renascentista eram a expressão que o barroco buscava exprimir. Antônio Francisco Lisboa (escultor), conhecido como Aleijadinho e Manuel da Costa Ataíde (pintor) foram os principais representantes desta arte. Na passagem do século XVIII para o século XIX tivemos o auge do barroco no Brasil, onde os dois artistas estavam presentes, vivenciando o momento e promovendo um estilo próprio que procurava afastar alguns excessos que estavam presentes no barroco desenvolvido no Velho Mundo. É nas obras da arte barroca que percebemos a dinâmica dos elementos que estão trabalhados nas obras principais. A tensão entre o medieval e o renascentista é observada na combinação de ornamentos sofisticados com imagens austeras. Ao mesmo tempo, em paralelo, os itens acessórios tinham valor narrativo e o observador poderia identificar um santo e a sua história por meio da chave dos céus que é carregada por São Pedro ou o dragão de São Jorge. A partir do século XVIII as vilas e as cidades enriqueciam materialmente pordecorrência da exploração do ouro e, assim, os artistas eram presentes neste período colonial. Figuras como os mulatos e outros que eram marginalizados, em muitos casos, conseguiam alcançar prestígio ou formas interessantes de se sustentar em muitos casos. Assim, vemos interessantes situações históricas ocorrendo pelo próprio desenvolvimento da arte barroca no Brasil. Uma das que são mais intrigantes é a formação de um mercado consumidor deste tipo de arte – que é de caráter fortemente religioso (as irmandades, as igrejas e os particulares eram os principais consumidores das imagens barrocas e das construções arquitetônicas). Hoje, o barroco traz em si um grande valor estético e histórico; suas obras concentram-se principalmente no interior de Minas Gerais e no Nordeste. 57WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA PRINCIPAIS ARTISTAS - Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa), escultor (1738-1814): nasceu em Vila Rica, atualmente Ouro Preto, em Minas Gerais. Não se sabe muitas coisas sobre sua vida, porém, de acordo com a maioria das biografias ele nasceu em 1738. Em torno dos 40 anos o artista começa a desenvolver uma doença degenerativa, embora não se saiba com certeza qual a doença que o debilitou (muitos historiadores sugerem que tenha sido hanseníase). Aleijadinho pedia que amarrasse as ferramentas em seus punhos para conseguir trabalhar, demonstrando grande paixão pelo trabalho. Mesmo sofrendo preconceitos em função da sua condição de mestiço, sua arte e genialidade o consagraram como grande artista barroco brasileiro. Morreu pobre e doente na cidade de Ouro Preto, no dia 18 de novembro de 1814. - Bento Teixeira - poeta - Gregório de Matos - poeta - Manuel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde), pintor (17--, 17--): é considerado a principal figura da pintura barroca mineira. Foi contemporâneo de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e teve produção artística fecunda e significativa. Não se sabe ao certo quando Ataíde começou a pintar. Seu primeiro trabalho conhecido é a encarnação de duas imagens de Cristo para o santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (1781). Dos painéis e telas que deixou em 18 igrejas de Minas Gerais, sua obra mais famosa é a pintura do teto da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto - para a qual Aleijadinho fez estuques e esculturas -, representando a ascensão da Virgem. Como seus contemporâneos, Ataíde inspirou- se em estampas e gravuras de missais, mas com imaginação soube enriquecer seus modelos, usando recursos oferecidos pelo Barroco: colunas, frontões, volutas, conchas, vasos e flores. - Eusébio de Matos e Guerra (pintor) - José Joaquim da Rocha (pintor) - Jesuíno do Monte Carmelo (pintor, arquiteto e escultor) - Manuel de Jesus Pinto (pintor) - José Teófilo de Jesus (pintor) - Agostinho de Jesus (escultor) - Francisco das Chagas (escultor) • Características O Barroco usava a ideologia da contrarreforma para tentar convencer, converter e catequizar o povo através das obras de arte. As criações artísticas tinham objetivo de ensinar valores religiosos; Também tem como característica a contraposição entre teocentrismo e antropocentrismo. Ressalta a oposição entre céu e inferno; Apresenta conflito entre a ética cristã e os valores renascentistas; Demonstra a incerteza e a fragilidade humanas, se apresentando de forma tumultuosa; Há presença de riqueza de detalhes, especialmente na pintura, arquitetura e escultura. A linguagem usada na literatura é rebuscada; 58WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Observa-se presença de Cultismo, emprego de palavras rebuscadas, linguagem culta, extravagante, com emprego assíduo de figuras de linguagem; Percebe-se o conceptismo retratado em jogo de ideias, conceitos e retórica. Ocorre na prosa; Demonstra constante divergência e conflito entre corpo e alma; Apresenta questões conflitantes sobre a passagem do tempo: Questionamento entre aproveitar a vida efêmera ou aguardar a plenitude da eternidade. Figura 1 - Cena do carregamento da cruz, de Aleijadinho. Fonte: Aleijadinho (1799). Figura 2 - Assunção da Virgem, de Mestre Ataíde. Fonte: Ataíde (1823). 59WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA A presença do barroco é marcante nos Estados de Minas Gerais e Bahia. O Barroco Brasileiro está muito presente na arquitetura e principalmente no interior das igrejas, onde pinturas e esculturas mostram claramente a presença do estilo. A SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 Por que a Semana de Arte Moderna? Seu objetivo era mostrar as novas tendências artísticas que já vigoravam na Europa. O idealizador deste evento artístico e cultural foi o pintor Di Cavalcanti. A Semana ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922. HISTÓRIA Durante três dias – entre 13 e 17 de fevereiro – o Teatro Municipal de São Paulo foi tomado por sessões literárias e musicais no auditório, além da exposição de artes plásticas no saguão, com obras de diversos artistas (pintores, escultores, literatos, arquitetos e intelectuais). As manifestações causaram impacto e foram muito mal recebidas pela plateia formada pela elite paulista. A Semana de 22 marcou a emergência do Modernismo Brasileiro. PRINCÍPIOS A Semana de Arte Moderna teve como principal propósito renovar, transformar o contexto artístico e cultural urbano, tanto na literatura, quanto nas artes plásticas, na arquitetura e na música. Mudar, subverter uma produção artística, criar uma arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas tendências europeias, essa era basicamente a intenção dos modernistas. Durante uma semana, a cidade entrou em plena ebulição cultural, sob a inspiração de novas linguagens, de experiências artísticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o consequente rompimento com o passado. Novos conceitos foram difundidos e despontaram talentos artísticos. ARTISTAS PARTICIPANTES • Artes Plásticas - Anita Malfatti (pintora) - Tarsila do Amaral (1886-1973), pintora: foi uma artista plástica brasileira do movimento modernista. Junto à Anita Malfatti, ela ficou conhecida como uma das mais importantes pintoras da primeira fase do modernismo. E, ao lado dos escritores Oswald de Andrade e Raul Bopp, Tarsila inaugurou o movimento denominado “Antropofagia”. Em 1922, ano da Semana da Arte Moderna, Tarsila participou do “Salão Oficial dos Artistas da França”. Ao retornar, conheceu o escritor modernista Oswald de Andrade, romance que durou de 1926 a 1930. 60WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Ao lado de Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia, eles formaram o Grupo dos Cinco. Essa aliança de artistas visava mudar o cenário histórico- cultural e artístico do país, bem como trazer à cultura brasileira as influências das vanguardas europeias. De 1934 a 1951, Tarsila estabeleceu um romance com o escritor Luís Martins. Em 1965, foi submetida a uma cirurgia na coluna, entretanto, devido a um erro médico ficou paralítica. No ano seguinte, morre sua filha Dulce. Com 86 anos, Tarsila falece na cidade de São Paulo, no dia 17 de janeiro de 1973. - Di Cavalcanti (pintor) - Vicente do Rego Monteiro (pintor) - Inácio da Costa Ferreira (pintor) - John Graz (pintor) - Alberto Martins Ribeiro (pintor) - Oswaldo Goeldi (pintor) - Victor Brecheret (escultor) - Hidelgardo Leão Velloso (escultor) - Wilhelm Haarberg (escultor) • Literatura - Mario de Andrade (escritor) - Oswald de Andrade (escritor) - Sérgio Milliet (escritor) - Plínio Salgado (escritor) - Menotti Del Picchia (escritor) - Ronald de Carvalho (poeta e político) - Álvaro Moreira (escritor) - Renato de Almeida (escritor) - Guilherme de Almeida (escritor) - Ribeiro Couto (escritor) • Música - Heitor Villa-Lobos(músico) - Guiomar Novais (músico) - Frutuoso Viana (músico) - Ernâni Braga (músico) • Arquitetura - Antônio Garcia Moya (arquiteto) - Georg Przyrembel (arquiteto) • Outras áreas - Eugênia Álvaro Moreyra (atriz e diretora de teatro) 61WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA A Semana de Arte Moderna não teve grande repercussão, tampouco recebeu a devida atenção dos jornais da época, que se limitaram a dedicar poucas colunas em suas páginas sobre o evento. Entretan- to, aos poucos a Semana foi ganhando uma enorme importância histórica. Figura 3 - Abaporu, de Tarsila do Amaral. Fonte: Amaral (1930). Figura 4 - Os artistas organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922. Fonte: Varella (2017). 62WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 5 - Cartaz da Semana de Arte Moderna de 1922. Fonte: Di Cavalcanti (1922). O ABSTRACIONISMO, O CONCRETISMO E A ARTE CONCEITUAL ABSTRACIONISMO E se a pintura decidisse não mais mostrar a realidade? Ser somente a pintura em si? O Abstracionismo dá o passo para ignorar totalmente a figuração e livrar-se dos vestígios dos temas reais. • História Na Europa, os artistas continuam a explorar caminhos traçados pelos pintores abstratos antes da guerra. Mas a abstração deles não é geométrica: sua pintura não representa nenhuma realidade, tampouco procura reproduzir formas precisas, como o quadrado, o círculo ou o triângulo. Cada artista inventa sua própria linguagem. Cores, formas, luz e gestos são explorados, desenvolvidos e invadem as telas. Preto luminoso, universos radiantes e celestes, transparências vibrantes, traços vivos e dinâmicos. Para cada um, uma abstração. O abstracionismo refere-se às formas de arte não regidas pela figuração e pela imitação do mundo. Em acepção específica, o termo liga-se às vanguardas europeias das décadas de 1910 e 1920, que recusam a representação ilusionista da natureza. A decomposição da figura, a simplificação da forma, os novos usos da cor, o descarte da perspectiva e das técnicas de modelagem e a rejeição dos jogos convencionais de sombra e luz, aparecem como traços recorrentes das diferentes orientações abrigadas sob esse rótulo. Inúmeros movimentos e artistas aderem à abstração, que se torna a partir da década de 1930, um dos eixos centrais da produção artística no século XX. 63WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA • Principais Artistas Mundo - Piet Mondrian (1872-1944): pintor holandês nascido em 7 de março de 1872, em um ambiente calvinista. Seu verdadeiro nome era Pieter Cornelis Mondriaan. Resolveu suas grandes dificuldades econômicas realizando cópias nos museus e aceitando encomendas de desenho industrial. Realiza suas primeiras exposições e maravilha seu professores pelo rigor de sua disciplina no trabalho. Com rigidez calvinista dirige o grupo Abstraction-Création, que reúne numerosos artistas de vanguarda. Mondrian expõe raramente e vende só a colecionadores bem informados. Contudo, o seu nome começa a soar mundialmente nos meios artísticos. Morreu, em 1º de fevereiro de 1944, possivelmente feliz, na nova capital da arte presidida pela estátua da Liberdade. - Paul Klee: pintor alemão - Kandinsky: pintor russo - Robert Delaunay: pintor francês - Jorge Oteiza: escultor espanhol - Frank Stella: pintor norte-americano - Georges Mathieu: pintor francês - Kazimir Malevich: pintor russo - Henry Moore: escultor inglês - Pierre Soulages: escultor francês Brasileiros - Iberê Camargo: pintor e gravurista gaúcho. - Tomie Othake: pintora e escultora nascida no Japão (naturalizada brasileira). Sua carreira artística foi desenvolvida no Brasil. - Hélio Oiticica: pintor e escultor carioca. - Lygia Clarck: pintora e escultura mineira. - Manabu Mabe (1924-1997): pintor, tapeceiro e desenhista nascido no Japão e naturalizado brasileiro. De Kobe, Japão, emigra com a família para o Brasil em 1934, para dedicar- se ao trabalho na lavoura de café no interior do Estado de São Paulo. Interessado em pintura, começa a pesquisar, como autodidata, em revistas japonesas e livros sobre arte. Nos anos 1950 toma parte nas exposições organizadas pelo Grupo Guanabara. Em 1957 vende seu cafezal em Lins e muda-se para São Paulo para dedicar-se exclusivamente à pintura. No ano seguinte, recebe o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea. Em 1959, é homenageado com o artigo intitulado The Year of Manabu Mabe [O ano de Manabu Mabe], publicado na revista Time, em Nova York. Conquista prêmio de melhor pintor nacional na 5ª Bienal Internacional de São Paulo e prêmio de pintura na 1ª Bienal de Paris. - Waldemar Cordeiro: artista plástica, designer e paisagista nascido na Itália, com nacionalidade brasileira. - Ivan Serpa: pintor, desenhista e gravador carioca. - Luiz Sacilotto: pintor, desenhista e escultor paulista. • Características Embora tenham em comum o idealismo e a mística, há duas principais tendências neste movimento: a) a lírica, subjetiva e espiritual, onde o pintor russo Wassily Kandinsky (1886-1944) é um dos que melhor a representa; b) a intelectual, da regra, da geometria, onde Piet Mondrian, holandês (1872-1944), é que, melhor representa o abstracionismo geométrico. 64WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 7 - Ohne Titel, de Mondrian. Fonte: Mondrian (1921). Imagem 6 - Manabu Mabe, 1994, de Manabu Mabe. Fonte: Mabe (1994). No Brasil, as obras de Manabu Mabe (1924-1997) e Tomie Ohtake (1913-2015) aproximam-se do abstracionismo lírico, que tem adesão de Cicero Dias (1907-2003) e Antonio Bandeira (1922-1967). Nos anos 80, observa-se uma apropriação tardia da obra de Koon- ing na produção de Jorge Guinle (1947-1987). O pós-minimalismo, por sua vez, ressoa em obras de Carlos Fajardo (1941), José Res- ende (1945) e Ana Maria Tavares (1958). Em termos de abstração geométrica, são mencionados os artistas reunidos no movimento concreto de São Paulo (Grupo Ruptura) e do Rio de Janeiro (Grupo Frente) e no neoconcretismo. 65WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA • Concretismo Nele, a arte deve concretizar/materializar visualmente os conceitos intelectuais. Para que isto ocorra, utiliza as formas geométricas em movimento e cores artificiais, abandonando a representação do real e do emocional que ainda dominara a Arte Moderna. • História Nos idos de 1930, tornou-se impróprio dizer “arte abstrata”, já que a mesma não abraçava representações diversificadas. O movimento concretista encontra os holandeses Piet Mondrian e Theo Van Doesburg, que rejeitam a subjetividade e criam uma linguagem plástica universal. Max Bill, suíço, seguidor de Doesburg, a partir de 1936, dá continuidade ao Concretismo. Com sede na Suíça, o movimento atinge a Alemanha e também a América Latina, chegando na Argentina e, depois, no Brasil. O MASP (Museu de Arte de São Paulo), em 1950, organiza uma exposição do com obras de arquitetura, escultura e pintura de Max Bill, que foi fundamental para o conhecimento da arte concreta em nosso país. Principais Artistas - Os precursores do Concretismo Max Bill (artes plásticas) Pierre Schaeffer (música) Vladimir Mayakovsky (poesia) - Artistas relacionados ao Concretismo - Theo van Doesburg: pintor e arquiteto holandês. - Max Bill: pintor, escultor, desenhista, designer e arquiteto suíço. - Gottfried Honegger: pintor, escultor e designer gráfico suíço. - Wassily Kandinsky (1866-1944): foi um artista russo, professor da Bauhaus e introdutor da abstração no campo das artes visuais. Apesar da origem russa, adquiriu a nacionalidade francesa. Em constante contato com os artistas da vanguarda, passa a lecionar na Bauhaus até 1933 quando a escola é fechada pelo governo nazista. Muda-se para Paris e aí viveu até o fim desua vida. Faleceu em Neuilly-sur-Seine em 1944. Desenvolveu a arte abstrata até o fim de sua vida. Junto a Piet Mondrian e Kasimir Malevich, Wassily Kandinsky faz parte do “trio sagrado” da abstração, sendo o mais famoso. Kandinsky foi igualmente espiritualmente influenciado por Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), o mais importante exponente da Teosofia nos tempos modernos. A teoria teosófica solicitou que a criação é uma proporção geométrica, começando num único ponto. O aspecto criativo das formas é expressado por uma série descendente de círculos, triângulos e quadrados. Os livros de Kandinsky ecoam estes princípios básicos teosóficos. - Hélio Oiticica - Décio Pignatari (1927-2012): poeta, ensaísta, tradutor, contista, romancista, dramaturgo e professor. Filho de imigrantes italianos, pouco depois do seu nascimento, a família se transfere para Osasco, onde Pignatari mora até os 25 anos. Publica seus primeiros poemas na Revista Brasileira de Poesia, em 1949. No ano seguinte, estreia com o livro de poemas, Carrossel, e, em 1952, funda o grupo e edita a revista-livro Noigandres, com os amigos, os poetas irmãos Haroldo de Campos (1929-2003) e Augusto de Campos (1931). Forma-se em direito pela Universidade de São Paulo - USP, em 1953, e em seguida viaja para a Europa, onde permanece por dois anos. Com o grupo Noigandres, em 1956, lança oficialmente o movimento de poesia concreta, durante a Exposição Nacional de Arte Concreta no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP/SP), que é consecutivamente realizada no saguão do Ministério da Educação e Cultura - MEC, no Rio de Janeiro. O grupo publica, em 1956, o Plano-piloto para Poesia Concreta, traduzido em diversas línguas. 66WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Em 1965, ainda com Haroldo e Augusto de Campos, lança o livro Teoria da Poesia Concreta. Além da produção crítica e literária, faz pesquisas na área de semiótica - em 1969, ajuda a fundar L’Association Internationale de Sémiotique - AIS, na França, e participa, em 1975, do lançamento da Associação Brasileira de Semiótica - ABS. • Características Busca de uma linguagem de comunicação universal; Integração da arte na produção industrial; Crença na tecnologia; Função social (informação para todos, aplicando em todas as áreas da comunicação visual o conceito de socializar a boa forma, o design, a tipografia etc.); Uso de materiais industrializados, produzidos como ferro, alumínio, tinta esmalte etc. no suporte e na matéria prima; Uso de rigor geométrico e matemática; Desenhos feitos com régua e compasso. O gesto humano, os sinais feitos com a mão são eliminados; Seu período mais produtivo foi nos anos 50. Figura 8 - Fuga, de Kandinski. Fonte: Kandinski (1914). O marco histórico na Arte Concreta no Brasil é o Grupo Ruptura, paulista, que apresenta um manifesto em 1952, Manifesto Ruptura, lançado na exposição do MAM de São Paulo, e assinado por: Walde- mar Cordeiro, artista e porta voz do grupo, Luiz Sacilotto, Lothar Charoux, Anatol Wladyslaw, Kazmer Féjer, Leopold Haar e Geraldo de Barros. Este grupo queria criar formas novas de princípios novos, baseavam-se numa teoria rigorosa. 67WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 9 - O Concretismo no poema Beba Coca-Cola, de Décio Pignatari. Fonte: Pignatari (1917). ARTE CONCEITUAL É aquela que considera o conceito por trás de uma obra artística. A partir de 1960, essa forma de encarar a arte espalha-se pelo mundo inteiro, abarcando várias manifestações artísticas. • História Vanguarda surgida na Europa e nos Estados Unidos no fim da década de 1960 e meados dos anos 1970, a Arte Conceitual tem o conceito em si ou a atitude mental como prioridade em relação à aparência da obra. O termo “arte conceitual” foi usado por Henry Flynt, em 1961, pela primeira vez, em uma das atividades do Grupo Fluxus. Ali o artista defendia que os conceitos são a matéria da arte e por isso ela estava vinculada à linguagem. Para a Arte Conceitual o mais importante são as ideias; a execução da obra tem pouca relevância e fica para o segundo plano. Ainda, caso o projeto venha a ser realizado, ele pode ser construído por outras mãos (não há exigência de que a obra seja construída pelas mãos do artista, o trabalho físico pode ser delegado a uma pessoa com habilidade técnica específica). O que importa é o conceito elaborado antes de sua materialização, a invenção da obra. • Principais Artistas • No Mundo • Marcel Duchamp (1887-1968) • Joseph Beuys (1921-1986) • Joseph Kosuth (1945) • Daniel Buren (1938) • John Cage (1912-1992) • Nam June Paik (1932-2006) • Wolf Vostell (1932-1998) • Yoko Ono (1933) • Lawrence Weiner (1942) • Robert Barry (1936) • Keith Arnatt (1930-2008) • Robert Rauschenberg (1925-2008) • Charlotte Moorman (1933-1991) • Sol LeWitt (1928-2007) • Genco Gulan (1969) 68WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA No Brasil • Cildo Meirelles (1948): artista plástico, inicia seus estudos em arte em 1963, na Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília, orientado pelo ceramista e pintor peruano Barrenechea (1921). Começa a realizar desenhos inspirados em máscaras e esculturas africanas. Em 1967, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde estuda por dois meses na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Nesse período, cria a série Espaços Virtuais: Cantos, com 44 projetos, em que explora questões de espaço, desenvolvidas ainda nos trabalhos Volumes Virtuais e Ocupações (ambos de 1968-1969). É um dos fundadores da Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em 1969, na qual leciona até 1970. Em algumas obras, explora questões acerca de unidades de medida do espaço ou do tempo, como em Pão de Metros (1983) ou Fontes (1992). Em 2000, a editora Cosac & Naify lança o livro Cildo Meireles, originalmente publicado, em Londres em 1999, pela Phaidon Press Limited. Recebe, em 2008, o Prêmio Velázquez de Las Artes Plásticas, concedido pelo Ministério de Cultura da Espanha. Em 2009, é lançado o longa- metragem Cildo, sobre sua obra, com direção de Gustavo Moura. • Artur Barrio (1945): artista luso-brasileiro • Carlos Fajardo (1941): artista multimídia • José de Moura Resende Filho (1945): escultor e arquiteto • Mira Schendel (1919-1988): artista suíça radicada no Brasil • Antônio José de Barros de Carvalho e Mello Mourão “Tunga” (1952-2016): artista performático, escultor e desenhista. De 1969 a 1974 - Cursou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, aonde deu início à sua carreira artística, produzindo desenhos e esculturas. A primeira exposição individual que realizou foi no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), em 1974. Na segunda metade da década produziu objetos tridimensionais e realizou instalações, nas quais utilizava-se de uma grande variedade de materiais (lâmpadas, fios elétricos, materiais isolantes), justapondo-os com rigor formal. Sua obra ganhou repercussão internacional, levando-o a expor em importantes espaços destinados às artes plásticas na Europa e nas Américas. Em 1997 Roberto Moreira retratou sua trajetória no vídeo “Tunga: 100 Redes e Tralhas” e também no livro “Tunga: Barroco de Lírios”, lançado pela editora Cosac & Naify, que em 2007 publicou a caixa “Tunga”, que documenta a trajetória do artista. • Waltércio Caldas (1946): artista gráfico, escultor e desenhista • Características - Valorização do conceito e da ideia da obra de arte, que se tornam mais importantes do que o objeto e sua representação física. - Uso de diversos meios como, por exemplo, performances, instalações artísticas, vídeos, textos e fotografias. - Forte desenvolvimento da arte ambiental, arte postal e grafite (principalmente em áreas públicas). - Ideal de volta do figurativismo (arte figurativa), valorizandoa forma humana, elementos da natureza e objetos criados pelo homem. - Rompimento com o formalismo artístico. 69WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 10 - Projeto Coca-Cola, de Cildo Meireles. Fonte: Meireles (1970). Figura 11 - Tacape, de Tunga. Fonte: Tunga (1987). Arte conceitual no Brasil e artistas: Vários elementos da arte con- ceitual chegaram ao Brasil nas décadas de 1970 e 1980. Neste con- texto, podemos observar estes elementos, principalmente, nas in- stalações artísticas e obras de arte de Lygia Clarck, Cildo Meireles, Iole de Freias, Amilcar de Castro e Hélio Oiticica. 70WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA O MURALISMO MODERNO E A EXPRESSÃO DE RUA O MURALISMO MODERNO O Muralismo é uma corrente artística do século XX. É caracterizada pela execução de grandes pinturas murais sobre temas populares. • História Muralismo também conhecido como pintura mural ou arte mural. É um movimento que propicia a proximidade com o público. Isso vai ocorrer na medida em que as obras são vistas nas ruas e apresentam teorias abordando os problemas sociais e também temas históricos. O papel social da arte muralista é bastante forte, já que há a crítica social em suas obras, conforme dito acima. As primeiras manifestações artísticas que poderiam vir a ser o Muralismo são as pinturas rupestres, mas o surgimento oficial deste movimento ocorre no México, onde o maior representante é Diego Rivera (1886-1957), artista que promoveu a popularidade do Muralismo. Suas obras podem ser vistas nos Estados Unidos, na Polônia e na China. No Brasil Cândido Portinari (1903-1962) é o artista brasileiro que tem maior representatividade no movimento muralista. Porém, é preciso ressaltar que as características de nosso Muralismo são bem diferentes do Muralismo Mexicano. • Principais Artistas Os três principais mexicanos - Diego Rivera (1886-1957) - David Alfaro Siqueiros (1896-1974) - José Clemente Orozco (1883-1949) Os brasileiros - Cândido Portinari (1903-1962): nasceu em Brodoswki, no Estado de São Paulo. Filho de imigrantes italianos, de origem humilde, recebeu apenas a instrução primária. Desde criança, manifesta vocação artística. Aos 15 anos, foi para o Rio de Janeiro em busca de um aprendizado mais sistemático em pintura, matriculando-se na Escola Nacional de Belas Artes. Em 1928, conquistou o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro da Exposição Geral de Belas-Artes, de tradição acadêmica. Foi para Paris (França), onde permaneceu durante todo o ano de 1930. Foi o único artista brasileiro a participar da exposição “50 Anos de Arte Moderna”, no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas (Bélgica), em 1958. Como convidado de honra, expôs 39 obras em sala especial na I Bienal de Artes Plásticas da Cidade do México, em 1958. Candido Portinari morreu no dia 6 de fevereiro de 1962, quando preparava uma grande exposição de cerca de 200 obras a convite da Prefeitura de Milão (Itália), vítima de intoxicação pelas tintas que utilizava. - Clóvis Graciano - Eduardo Kobra (1976): nascido em São Paulo e começou em 1987, junto com a segunda geração do grafite sob a influência do hip hop. Suas criações são ricas em detalhes, frutos de pesquisas detalhadas. Kobra trabalha em parceria com Márcio Rodrigues Luiz, arquiteto, urbanista e especialista em projeto e execução de trabalhos bi e tridimensionais para espaços públicos, o qual lhe dá uma visão técnica. 71WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA No Brasil, alguns nomes podem ser inseridos nesta história, ainda no século XX, embora sua expressividade tenha se dado mais na arte em geral a arte muralista acabou também sendo abordada. Desta- cam-se João Câmara, Maria Bonomi, Athos Bulcão, Paulo Werneck, Roberto Magalhães, Emanoel Araújo, Yataka Toyota, Mário Gruber, Rubens Gerchman, Francisco Brennand, Haroldo Barroso, Lula Car- doso Ayres, João Rossi, Miguel dos Santos e Carybé, entre outros. • Características - Usa como suporte as paredes e os painéis permanentes (está sempre ligado à arquitetura); - Tem proximidade com o público; - Como as obras costumam ser manifestos com temas políticos, sociais e/ou históricos, o papel social que possui é significativo. • No México Segundo os pintores do período, a nova arte que surgia no México deveria ser das camadas populares, ou seja, o povo teria acesso a essa arte. A influência revolucionária seria expressa em grandes murais nos edifícios públicos, que foram a principal tela dessa nova arte. As principais representações da nova arte vieram do revivamento da criatividade da antiga cultura mexicana, portanto, a sua principal proposta era o “retorno” às origens indígenas. No Brasil Além de nossas características serem diferentes do Muralismo Mexicano, conforme comentamos anteriormente, é Cândido Portinari quem melhor nos representa, o qual fazia uso dos temas sociais em suas obras. No Brasil, influências do muralismo mexicano podem ser sen- tidas na obra de Di Cavalcanti (1897-1976), Candido Portinari (1903- 1962). Portinari associa a pesquisa de temas nacionais, com forte acento social e político em trabalhos como Mestiço, de 1934, Mulher com Criança (1938) e O Lavrador de Café, em 1939. Nas décadas de 1940 e 1950, o artista realiza diversos projetos para painéis: Cate- quese dos Índios (1941), para a Library of Congress [Biblioteca do Congresso] em Washington D.C., Jangada do Nordeste (1953) e Se- ringueiro (1954), encomendados pelos Diários Associados. 72WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 12 - Obra de Portinari, na Igreja da Pampulha, Belo Horizonte (MG). Fonte: Portinari (1946). Figura 13 - Mural para as olimpíadas Rio 2016, de Eduardo Kobra. Fonte: Kobra (216). A EXPRESSÃO DE RUA A Expressão de Rua - também conhecida como Arte de Rua, ou Street Art - refere-se a manifestações artísticas desenvolvidas no espaço público, distinguindo-se das manifestações de caráter institucional ou empresarial, bem como do vandalismo. • História A Arte de Rua ou Street Art é a expressão artística voltada a manifestações em espaço público, diferentes de eventos de caráter institucional ou empresarial, bem como de vandalismo. A street art foi, no começo, um movimento underground, mas com o tempo foi abrangendo várias modalidades e constituindo-se como forma do fazer artístico. 73WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Arte de rua só precisa da rua, não carece de tempo, espaço, movimento cultural nem tão pouco de reconhecimento para acontecer. Está nos lugares menos esperados, nos guetos, nos lixões, debaixo de pontes, em paredes estragadas e em lugares abandonados. Surgiu nos Estados Unidos, na década de 70, mas pesquisadores dizem que ela remonta a períodos muito antigos, já que gregos e romanos transmitiam suas mensagens pelas ruas das cidades e também tinham muitos artistas praticantes de música, teatro e dança. No Brasil, a arte de rua surge na década de 70, com o grafite nas paredes de São Paulo, mesmo período da Ditadura Militar. Apesar de ser considerada uma arte marginalizada, adquiriu posição de destaque no mercado de arte, com diversos artistas de nosso país sendo consagrados pelo mundo. • Principais artistas - Banski - Keith Haring - OSGEMEOS (1974): Gustavo e Otávio Pandolfo sempre trabalharam juntos. Quando crianças, nas ruas do tradicional bairro do Cambuci (SP), desenvolveram um modo distinto de brincar e se comunicar através da arte. Com o apoio da família e a chegada da cultura Hip Hop no Brasil nos anos 80, OSGEMEOS encontraram uma conexão direta com seu universo mágico e dinâmico e um modo de se comunicar com o público. Exploravam com dedicação e cuidado as diversas técnicas de pintura, desenho e escultura, e tinham asruas como seu lugar de estudo. Realizaram inúmeras mostras individuais e coletivas em museus e galerias de diversos países, como Cuba, Chile, Estados Unidos, Itália, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Lituânia e Japão. Para entender a obra de OSGEMEOS é necessário deixar que a razão de lugar ao imaginário – atravessar portas, se permitir perceber as sutilezas e embarcar numa experiência que excede a visual. Sentir, antes, para entender depois. - Natalia Rak - Shepard Fairey - Christina Angelina - Oakoak - Clet Abraham - Eduardo Srur - Daan Botlek - Etam Cru - Joe Lurato - Filthy Luker - Levalet - Dan Bergeron • Exemplos de Expressão Urbana Diversas técnicas são utilizadas pelos artistas de rua, embora a intervenção “grafite” seja a mais associada ao tema de arte de rua. Segue abaixo alguns exemplos de arte urbana. Grafite; Estêncil; Poemas; Autocolantes e Colagem; Cartazes; Estátuas vivas; Apresentações teatrais, circenses (individuais ou em grupos); Instalações. 74WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 15 - O grafitti de OSGEMEOS. Fonte: Guerra (2014). Figura 14 - Yarn Bomb, uma forma de arte urbana. Fonte: Bomb (2011). Existe a proibição de eventos artísticos em locais públicos, mas se- gundo a Constituição Brasileira, no artigo nº 5, todo cidadão é livre para se manifestar artisticamente. Algumas leis existem em algu- mas cidades. A aprovação do Decreto Nº 52.504 regulamentou as manifestações artísticas na cidade de São Paulo, assim como a Lei Nº 10.277/11, por meio do Decreto Nº 14.589, regulamenta mani- festações artísticas em Belo Horizonte (MG). UNIDADE 75WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 76 A PÓS-MODERNIDADE E A PERSPECTIVA DA ARTE ........................................................................................... 77 REFLEXÕES SOBRE A ATUALIDADE DAS ARTES ................................................................................................. 80 CONSIDERAÇÕES SOBRE FUTUROS MOVIMENTOS ARTÍSTICOS .................................................................... 85 O PAPEL DO ARTISTA NA CONTEMPORANEIDADE 04 PROF.A DRA AUDREY DUARTE 76WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Um dos critérios que podemos utilizar para analisar a importância que um artista possui na sociedade é simplesmente tentar imaginar esta mesma sociedade sem ele. Como se comportaria a dinâmica social sem ter consigo a presença daquele que é o responsável natural pela arte que é produzida nos dias de hoje? Certamente a permanência e a evolução da arte estariam prejudicadas. O artista contribui para a formação e a percepção das diversas possibilidades de manifestações criativas. Ele, no papel do agente que promove a arte, que traduz em si as questões emocionais e racionais, que em sua(s) obra(s) apresenta seus manifestos - seja por meio de uma pintura, uma gravura, uma escultura, uma música etc. - retém a história da arte em si para que a mesma possa avançar por meio de sua expressão. É fundamental a contemporaneidade para o artista porque é nela que ele encontra também importância no meio aonde vive. Ser contemporâneo é uma questão de naturalidade para a arte pois ela atravessa os dias e sabemos de sua presença por meio das notícias/informações que chegam pelos meios de comunicação. Lembremo-nos de que a arte é única e exclusivamente expressão e, assim, o contemporâneo necessita dessa pulsação, onde o artista expira suas obras e o público inspira a emoção, sendo esta uma dose de oxigênio. Vejamos quais são os itens que serão tratados nesta unidade: A pós- modernidade e a perspectiva da arte; Reflexões sobre a atualidade das artes; Considerações sobre futuros movimentos artísticos. Fazemos uma sugestão de vídeo para auxiliar no entendimento do conteúdo geral da Unidade e, abaixo, sugerimos a leitura de um texto para que você, aluno, possa expandir ainda mais seu conhecimento e aplicá-lo de acordo com seu interesse e necessidade: Arte e tecnologia - Expresso Futuro com Ronaldo Lemos. Disponível em: http://bit.ly/3aOecEW Acesso em 29 jan 2018. PRETTE, Maria. C. Para entender a arte: história, linguagem, época e estilo. São Paulo: Globo, 2009. 77WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA A PÓS-MODERNIDADE E A PERSPECTIVA DA ARTE A palavra pós-modernidade é o termo utilizado para referir a imensa gama de movimentos culturais, artísticos, filosóficos e literários que surgiram no século passado, mais precisamente entre as décadas de 70 e 80, com o claro objetivo de contrastar ao predominante movimento da Arte Moderna. Com a invasão da tecnologia eletrônica nas artes e na sociedade, trazendo as informações e serviços com várias simulações frente à realidade, os meios de comunicação passam a satisfazer ainda mais a sociedade de consumo que, distanciando-se daqueles desejos que até então a alimentavam, passa a querer cada vez mais viver uma realidade que a transforma em algo distante de suas raízes (ou de suas verdadeiras e originais necessidades). Quando o pós-modernismo avança reagindo sobre os conceitos modernistas no campo das artes, é a Pop-Art que o expressa ativamente. Ela nasce na Inglaterra, mas ganha força nos EUA, mais propriamente em Nova Iorque, brincando com os ícones de consumo que aquela sociedade estava, de certa forma, tratando com mais importância do que devia, na visão dos artistas. Junto com a dinâmica acelerada que a ampliação da tecnologia trazia aos meios de comunicação de massa, o público passava cada vez mais a assimilar a informação e as artes, aumentando a interação e sendo mais bem assimilada - até porque passava a tratar, em seu conteúdo, de símbolos do próprio cotidiano ao qual o público estava imerso e assim, portanto, reconhecíveis. Quando a Pop-Art se estabelece, verifica-se que ela reduz e quase põe fim aos códigos estéticos do modernismo que até então eram tratados como superiores na arte. A Pop- Art valoriza latas de sopa, celebridades, objetos etc. dentro do seu manifesto contra o consumo desenfreado. Assim também vemos as manifestações na Arte Conceitual, proeminente da década de 70, chamando atenção para o vazio que o pós-moderno semeou. Vai desmaterializando a arte praticamente, dando sumiço aos objetos. Tudo se torna quase supérfluo, pois neste caso quem tem mais valor é a ideia em comparação com a obra de arte em si. É o pensamento do artista que se traduz no discurso impetrado na obra de arte. É o valor do discurso que traz o artista mesmo que esteja registrado em um simples objeto, ou em um esboço. Todo o clima de incerteza, a sensação de decadência dos valores humanos, que acaba por ser apresentado na arte contemporânea, aquela que constrói suas obras para manifestar a(s) necessidade(s) do artista que se sente oprimido por um sistema que reúne uma soma resultante dos poderes políticos e econômicos que provocam e modificam a sociedade. Apesar de toda a desordem, saibamos que ela pode ser fértil para um artista. Permitirá o uso de várias técnicas utilizadas nas obras de arte: uso de materiais, suportes e artistas com diferentes pensamentos. Assim, constrói-se um sentido, um conceito para impactar o público e manter vivo o movimento da arte, que vai se retroalimentando diariamente. E isto fundamenta o que podemos considerar o contemporâneo nas artes. Ao buscar os livros de arte para tentar responder perguntas a respeito do que seria a arte contemporânea, encontramos várias colocações que nos levam a uma situação de enxergar a arte no universo, a arte como um todo. Constatamos assim que a arte ela é evolutiva, pois ela foi gerada no início da civilização humana e atravessou os tempos, nasmais variadas condições – boas ou ruins – para estar presente nos dias de hoje. 78WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Podemos visualizar numa sequência cronológica natural a arte que é produzida e encontra lugar para existir em nossa sociedade. Hoje vemos uma linha do tempo das artes organizada, mas lembremo-nos de que os movimentos da sociedade é que a fizeram traçar uma reta, organizando a sequência da existência humana, para uma arte que evolui, sem hierarquias. Assim para que possamos esclarecer sobre o conceito de contemporaneidade aplicada ao ambiente das artes, buscamos as palavras de Andrea Giunta (2014, p.8), em seu livro Cuando empieza el arte contemporáneo?: Contemporâneo, con-tempus, estar com o próprio tempo, mesclados com o vértice da mudança, mas buscando percebê-la. Veloz, simultâneo, confuso, anacrônico, o tempo vivido não é, definitivamente, homogêneo. O termo “contemporâneo”, em princípio, carece de poder ser definido: todo tempo é a respeito daqueles que o vivem. No entanto, além da contradição que envolve o significado da palavra, existe um relativo consenso em sua utilização para denominar a arte do presente (tradução nossa). Assim, concluímos que o homem é realmente dono do seu tempo. Apropria-se do tempo, do território, dos materiais, da história, dos relacionamentos, das informações trocadas etc. e converge tudo no sentido de sua existência. O que encontramos nas artes atualmente é um resultado do que é acolhido pelo artista, tradutor e manifestante da consciência e da ebulição emocional que os fatos trazem em si. Figura 1 - Exemplo de celebridade retratada na Pop-Art, no caso, Marylin Monroe, ícone do cinema. Serigrafia do artista Andy Warhol. Fonte: Warhol (1964). 79WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 2 - Exemplo de produto industrializado e, na época, consumido em larga escala pelos americanos: as sopas Campbell’s. Serigrafia de Andy Warhol. Fonte: Demilly (2016, p.64). Figura 3 - O produto que traduz a ideia/manifesto do artista. “Fonte”, obra de Marcel Duchamp. Fonte: Duchamp (1917). 80WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Dentro do que se estabelece como a união da pós-modernidade e a perspectiva da arte, encontramos em Will Gompertz (2015, p.120), um comentário no mínimo peculiar que pode nos fazer avançar nas reflexões que fazemos a respeito: A criatividade, como a sociedade, prospera quando elementos individuais se ajustam em um contexto mais amplo e contribuem para melhorá-lo. Ernest Hemingway às vezes passava horas construindo uma única frase. Não porque estivesse tentando escrever a solitária e perfeita linha de texto, mas porque buscava fazer aquela sentença singular ligar-se adequadamente à anterior e conduzir à próxima com fluidez - e ao mesmo tempo acrescentar algo à sua história. Ele tinha em mente o contexto amplo é o detalhe mínimo. REFLEXÕES SOBRE A ATUALIDADE DAS ARTES Em todo os tempos, para todas as sociedades, sempre houve dificuldade em definir o que é arte! Hoje, com a evolução tecnológica, há quem diga que estamos passando por um novo Renascimento, já que pincéis viraram mouses e telas de tecido viraram telas de retina, ou ambos viraram uma câmera para gravar imagens. Partindo do pressuposto de que vivemos um momento de grandes mudanças relacionadas à nossa sociedade, não só nos padrões estéticos, mas também nos padrões econômicos que implicam no acesso à cultura e ao seu próprio desenvolvimento. Sim, existem países que têm sérios dificuldades para evoluir culturalmente; são países aonde a informação ainda tem várias problemáticas para chegar até a população e que estão submetidos a um jogo de interesses políticos e econômicos. Devemos considerar que a arte, além de ser ampla e híbrida, possui diferentes intensidades e é imbuída de informações decorrentes do vasto universo de interações às quais estamos sujeitos todos os dias parcial ou integralmente. Existem várias formas de considerarmos a arte na atualidade, mas gostaríamos de partir de dois elementos principais aos quais ela está ligada: o emissor e o receptor. Sim, vamos recorrer ao processo da comunicação para que possamos estabelecer uma linha de raciocínio para este momento. Figura 4 - O processo da comunicação. Fonte: Science Blogs Brasil, 2014. 81WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Pelo processo da comunicação sabemos que a mensagem trafega entre dois polos: o emissor e o receptor. Se considerarmos que o emissor é o artista e que o receptor é o seu público, a mensagem em si é então a obra de arte. A partir do momento em que este emissor está sofrendo as mudanças sociais, e a arte é uma maneira de expressão, de manifestação, consideremos então que ele está genrando mensagens e alimentando o processo da comunicação social por meio de sua obra de arte - a qual é resultado de um contexto social atual. Straubhaar e LaRose demonstram em uma imagem – vide a seguir – a divisão da sociedade nas suas três grandes eras: a Era da Agricultura, a Era Industrial e a atual Era da Informação. Figura 5 - Estágios básicos do desenvolvimento econômico e da comunicação. Fonte: Straubhaar e Larose (2004, p.27). 82WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Bombardeado por uma avalanche de informações cotidianas, principalmente o artista que tem sua obra acessível nos meios de comunicação e pode acessar ao seu público pelos mesmos caminhos, é capaz de produzir e reproduzir obras artísticas imbuído de todas informações que cheguem a ele. Isso não significa, obviamente, que a sua obra esteja cheia de informações. Lembramo-nos de que o discurso do artista, principalmente na arte contemporânea, comumente apresenta o vazio, centrando apresentação de suas obras no conceito, numa ideia e não no objeto em si. Figura 6 - O artista Henrique Kalckmann, que usa as imagens das ruas para que sirvam de suporte para uma proposta plástica, reflexo de sensações. Fonte: Kalkmann (2018). Sendo assim é interessante analisar o contraditório da arte atual, pois enquanto o artista e a sociedade estão lotados de informação, é na obra de arte que parece estar o silêncio. Assim, numa leitura sociocultural consideramos que esse artista, o emissor das mensagens, está em franca ebulição, trabalhando com seu raciocínio e emoção, despertando a sua sensibilidade a cada interatividade da tecnologia, e usufruindo de espaços que respeitosamente a sociedade oferece para que ele para expor as suas obras. Figura 7 - Intervenção urbana, de Oakoak. Fonte: Oakoak (2015). 83WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 8 - Obra de Nino Cais. Fonte: Cais (2006). Diferente do que era a Mona Lisa de Leonardo da Vinci, hoje temos as suas reproduções em manifestos atuais, como de Vic Muniz no qual a Mona Lisa é reproduzida em pasta de amendoim e geleia, ou em várias transformações que a mesma está submetida. Figura 9 - Mona Lisa (geleia e pasta de amendoim), de Vic Muniz. Fonte: Muniz (1999). 84WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 10 - Exemplos de transformações da Mona Lisa. Fontes : 1) Blue Bus (2013); 2) Ucart100 (2018). Tudo nos oferece uma reflexão para a sociedade e a arte atual: muitas informações em trânsito + repertório baseado na história da arte + o avanço natural ao que nos permite à sociedade. Para o “emissor/artista” é o que temos? Ou é o sempre tivemos? Eis uma reflexão a fazer, pois sendo artista emissor de seus discursos artísticos, torna-se fundamental para que a arte se atualize na sociedade já que ele é como se uma “antena” que capta tudo o que ocorre na sociedadee reverbera manifestando suas ideias e conceitos a respeito do ambiente, do mundo em que vive. Falando a respeito do receptor, julguemos o público pelo seu principal equipamento de recepção: os olhos. Intermediários visuais (do objeto visto ao nosso cérebro), os olhos passeiam por telas iluminadas, recepcionando a maior parte das imagens que vê e assiste por meio dos computadores, da televisão, dos aparelhos celulares. Alguns podem pensar que o público é passivo, talvez preguiçoso, que possa acomodar-se por ter acesso a obras de arte através da internet. Engana-se quem pensa assim pois é um público que também se desloca para ir até museus ou para participar de manifestações artísticas que estão acontecendo. As pouco as capacidades de percepção estão todas à disposição, pois existe neste público a predisposição ao conhecimento, à visitação, a participação da manifestação cultural que o artista antes propôs. Sendo assim sabemos que o número de visitantes no museu hoje em comparação aos visitantes em museus em anos anteriores é superior, apesar de haver um número desproporcional de museus divididos por região do país. Hoje, principalmente em nosso país, muito acreditariam que as pessoas não sairiam de seus lares ficariam apenas expostas ao que a internet vem até a trazer, mas diferente disso o que vemos, comprovado por pesquisas é que o público se dirige aos ambientes aonde está o evento cultural (vídeos no YouTube, fotos no Instagram, posts no Facebook etc.). Assim podemos considerar que o público vai aonde a arte está disponível. De alguma forma, de acordo com o seu nível de conhecimento, atenção, percepção, esse público interage com as obras de arte. Está, portanto, feto o processo da comunicação, está feito o processo artístico aonde o artista atinge o seu objetivo – parcial ou integralmente - de comunicar suas ideias, mesmo que esteja exposto a reações que ele pode não ter controle, mas sabe que de alguma forma a provocação, a interação, o discurso de sua obra foi feito ao espectador. A atualidade da arte se faz em um ambiente, o qual possui o artista e o seu público: é a realização do que antes vinha acontecendo durante toda a história da arte com a ampliação dos meios pelos quais ela se comunica. Isto é a atualidade da arte que continua a afirmar: uma obra exposta, é uma obra vista. 85WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 11 - Visitantes do MASP (Museu de Arte de São Paulo). Fonte: Oficina Pequeno Pintor, 2014. CONSIDERAÇÕES SOBRE FUTUROS MOVIMENTOS ARTÍSTICOS Para iniciarmos este tópico, é fundamental que antes analisemos o que é considerado um movimento artístico. Não é possível que nós apenas caracterizaremos alguns itens para que ele possa ser identificado, pois para toda regra existe uma exceção. Um movimento artístico caminha além da questão da estética porque ele se trata de uma reação política, uma ideologia que é capaz de permanecer influenciando artistas e pessoas, as quais simpatizam com ele ou não, mesmo após o seu fim. Podemos ver que um movimento artístico é híbrido porque contextualiza um cenário aonde vivem os criadores daquele movimento e aqueles que ali participam; a história da arte está aí para comprovar. Nas artes, um movimento artístico é datado desde o seu princípio até quando um outro movimento se inicia e, como podemos ver ao pesquisar os movimentos que existiram e existem, identificamos que são resultados do seu tempo. Recheado por mudanças significativas na história que afetaram a política, a economia, enfim, a sociedade como um todo, o século XX foi aquele onde as diferenças entre os ricos e os pobres ficou acentuada e com a grande força da sociedade de consumo, vinda com o pós- guerra – lembremo-nos dos movimentos sindicais reagindo ao capitalismo - tivemos uma série de acontecimentos que foram cheios de teor, contradições, influências sobre os artistas. Ora, são estas as condições consideradas um terreno fértil para que no campo das artes sejam feitos manifestos. Todos os movimentos e as tendências artísticas que vemos abaixo, as quais estão elencadas como os principais movimentos artísticos do século XX, apresentam em seu fundamento a complexidade na qual a sociedade está instalada e confirma que todos eles são contemporâneos à sua época. 86WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Os 8 Principais Movimentos Artísticos do Século XX Expressionismo; Fauvismo; Cubismo; Futurismo; Abstracionismo; Dadaísmo; Surrealismo; Pop Art. Uma questão de cunho relevante a refletirmos é aonde estes movimentos encontram espaços? Como os movimentos eles são “desenhados” nós já vimos anteriormente, porém, analisar sobre uma certa “aceitação”, mesmo com resistência no início, mas, depois, com a existência de um novo movimento já constatada, é questão bastante interessante pois considera-se que a sociedade se alimenta do que produz e, portanto, a arte é fruto daquilo que a gerou. Vejamos as palavras de Demilly (2016) a respeito dos limites artísticos: Tudo é permitido! No início do século XX, os entraves e limites artísticos são rígidos: ir contra eles não é fácil. Para acusar o academismo, a harmonia clássica, a maneira tradicional de representar o mundo, é preciso, sem dúvida, que as pessoas se unam. Não se faz uma revolução sozinho. Mas foram tantos os caminhos abertos que, naquele momento, tudo parece ser possível! Cabe a cada um achar o seu próprio caminho. Desde os anos 60, artistas continuaram, entretanto, a formar grupos para reagir melhor à arte em vigor, à sociedade em que vivem. Cada época provoca suas vontades, suas reações… Ideias pairam no ar e, no mesmo momento, artistas apoderam-se delas para criar, sozinhos ou em grupo, visões singulares. A arte está em perpétuo movimento: as pessoas inspiram-se naquilo que veio antes delas: admiram, rejeitam ou menosprezam, criam novas formas, novos procedimentos que, por sua vez, irão inspirar, serão admirados, rejeitados ou menosprezados… A arte parece não ter mais nada a ver com a arte do passado. No entanto, permanece a vontade de criar formas que provoquem reações, suscitem emoções, façam refletir e nos levem a ver o mundo de uma maneira diferente (DEMILLY, 2016, p.81). A seguir, temos três formas diferentes de representação artística. Vejamos o quanto são diferentes entre si e o quanto o discurso é impactante. Desde o museu sob as águas do mar em Cancun, como os novos nomes de expoentes artistas como o inglês Damien Hirst e Banksy, alcançando o status de ídolos pop com obras atraentes e provocadoras, vemos que obras e ideias que estão mudando radicalmente a nossa maneira de entender o que é arte. 87WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 12 - Museu Subaquático de Arte (MUSA), em Cancun. Fonte: Caires (2012). Figura 13 - Intervenção urbana de Banski. Fonte: Banski (2012). Figura 14 - Obra de Damien Hirst. Fonte: Hirst (1991). 88WWW.UNINGA.BR HI ST ÓR IA D A AR TE E D O DE SI GN | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Talvez uma forma de olharmos para o futuro da arte deva ser através de uma pergunta apenas, uma pergunta simples, mas de grande profundidade: o que a arte do futuro deve ser? Muitos talvez tenham respostas voltadas para o lado da tecnologia, imaginando que tudo será exposto em painéis eletrônicos, com movimentos vertiginosos, onde as imagens irão tentar se comunicar com uma multidão de pessoas que, frenéticas, andam de um lado para outro. Galerias de arte a céu aberto, instalações das mais diferentes maneiras de impactar os cidadãos, a busca da atenção de qualquer pessoa a qualquer custo! Algumas áreas das artes têm dinâmicas diferentes, assim como ocorreu com a música erudita que de certa forma reduziu a velocidade de sua dinâmica, de seu avanço no tempo. Diferente dela, a música pop não para de acrescentarritmos diferentes onde, ainda, vemos a fusão de vários gêneros de forma inédita. Todas as vezes que nos debruçamos para orar para o futuro, vemos que as crises de identidade e a não permissão de seguir caminhos antes já traçados e percorridos pelos movimentos artísticos, não são suficientes para nos dizer o que pode vir a seguir. O que nós podemos considerar é que todos os gadgets tecnológicos talvez não sejam os mais usados pelos artistas da atualidade. Então, onde podemos ver que qual é realmente a melhor maneira do ser humano expressar os seus movimentos? Dotado de inteligência, sensibilidade, e talento, o ser humano vê que dentre todas as ocorrências que já foram vistas na História da Arte, o olhar para o futuro tem no homem o seu principal instrumento, a sua bússola, a lente que enxerga de forma peculiar. Com o uso de suas mãos e de sua mente o homem artista pode escolher entre um pincel e uma ferramenta digital. Temos um futuro a ser escrito e que naturalmente o homem, como já dissemos, tem a sua disposição tanto a naturalidade como a artificialidade. Temos nos artistas o encontro do discurso ideal para refletir qual é o caminho certo para acomodar os nossos sentimentos e alertar-nos sobre os rumos que estamos seguindo. Lembremo-nos: o homem ainda é a ferramenta mais sofisticada que temos à disposição, uma criação divina. 89WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. ADG BRASIL. O valor do design: guia ADG Brasil de prática profissional do designer gráfico. São Paulo: Editora Senac, 2003. AMOR DE MÃE. 11 Ideias para curtir as férias de um jeito gostoso e sem gastar muito!. 2015. Disponível em: <https://uaubaby.wordpress.com/2015/07/>. Acesso em: 23 fev. 2018. ARCH DAILY. La Sagrada Familia. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/787647/ classicos-da-arquitetura-la-sagrada-familia-antoni-gaudi. Acesso em 5 jan 2018. ARNOLD. D. Introdução à história da arte. São Paulo: Editora Ática, 2008. BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ática, 2002. BATTISTONI. F. D. Pequena história das artes no Brasil, São Paulo: Átomo, 2008. BENJAMIN, W. A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. 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