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LÍNGUA BRASILEIRA 
DE SINAIS
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Adriana Prado Santana Santos
 Elis Gorett da Silveira Lemos
Indaial - 2022
2ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2022
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
S237l
 Santos, Adriana Prado Santana
 Língua brasileira de sinais. / Adriana Prado Santana Santos; 
Elis Gorett da Silveira Lemos. – Indaial: UNIASSELVI, 2022.
 146 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-367-4
 ISBN Digital 978-65-5646-363-6
1. Linguagem por sinais. - Brasil. I. Lemos, Elis Gorett da Sil-
veira Lemos. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 370
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
O Processo Cognitivo E A Língua De Sinais ..............................7
CAPÍTULO 2
Os Parâmetros Formativos Em Libras – Estudos Aplicados
A Fonética E A Morfologia .........................................................61
CAPÍTULO 3
Interface Entre Sintaxe, Semântica E Pragmática ...............107
APRESENTAÇÃO
Diferentemente das línguas orais que utilizam um canal oral auditivo na 
comunicação, as línguas de sinais utilizam o espaço e a visualidade para se 
comunicar, ou seja, o espaço e suas dimensões oferecem a constituição de seus 
mecanismos fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos para veicular os 
sinais ou as palavras. Esta disciplina é referente à Língua de Sinais Brasileira que, 
em termos linguísticos, é definida como uma língua sinalizada, constituída pelas 
pessoas surdas, que tem identidade e cultura própria e que é compartilhada entre 
indivíduos ou coletivos das pessoas surdas.
Um dos mais importantes pressupostos assumidos neste material é o de que 
a língua é restringida por determinados princípios (regras) que fazem parte do 
conhecimento humano independentemente da modalidade das línguas (falada 
ou sinalizada), para a formação das palavras, da construção das sentenças e da 
construção dos textos. 
Portanto, ao realizar um passeio por este material, você compreenderá o 
Surdo brasileiro como um sujeito cultural, empoderado por meio de sua língua, 
no caso da Libras regulamentada pelo decreto nº 5.626/2005 que demarca a sua 
diferença e toma posse de seu espaço de conhecimento, seja na área educacional 
ou social. No entanto, conforme o decreto, isso não isenta os surdos brasileiros de 
aprenderem a língua portuguesa na modalidade escrita, não só para uma melhor 
inclusão na sociedade, mas como característica de segunda língua, o que implica 
o ensino bilíngue para a criança surda desde a educação infantil até o ensino 
superior.
Desse modo, no Capítulo 1, apresentaremos um contexto sobre as teorias de 
aquisição da linguagem e a importância dos estudos linguísticos e os profissionais 
relacionados às línguas de sinais como uma língua natural capaz de expressar 
qualquer conceito com suas propriedades criativas e expressivas. O aprendizado 
da criança surda em sua língua nativa como L1 (língua de sinais) e na modalidade 
escrita como L2 (língua portuguesa). Esse aprendizado em duas línguas implica 
uma filosofia bilíngue expressa em leis e documentos nacionais de inclusão para 
crianças surdas. Por fim viajaremos brevemente pela história, trazendo fatos e 
acontecimentos importantes sobre a chegada das línguas de sinais aqui no Brasil. 
A história nos revela que foram muitas décadas de proibição relacionadas 
ao não uso das línguas de sinais nas escolas de todo o mundo, inclusive aqui 
no Brasil com a nossa língua brasileira de sinais – Libras. Eram épocas de total 
domínio da filosofia oralista. “As narrativas sobre esse período, [...], ora são 
descritas somente como o triunfo do oralismo e a proibição da Língua de Sinais, 
ora são descritas como distanciadas dos sentidos da educação geral dos anos 
cinquenta no Brasil (ROCHA, 2010, p. 15). Mas conforme veremos nos nossos 
estudos, a Libras é uma língua natural composta de todos as características 
linguísticas.
Em consonância com esse argumento, no Capítulo 2 apresentaremos 
os parâmetros formativos da língua brasileira de sinais e os estudos que são 
aplicados à morfologia da Libras; discutiremos os seus aspectos gramaticais e 
a sua importância para a criação lexical; e versaremos sobre as características 
reais de um determinado fato que a Libras é capaz de apresentar por meio da 
iconicidade e arbitrariedade. Na conclusão desse capítulo, polemizaremos acerca 
do processo que envolve a transcrição de enunciados e textos da língua brasileira 
de sinais e a importância de utilizar ilustrações para efetivar a comunicação de 
maneira mais clara e precisa. 
No Capítulo 3 seguiremos apresentando conteúdos específicos da gramática 
da Libras e discorreremos a respeito da interface entre a sintaxe, semântica e 
a pragmática. Transitaremos pelo campo dos verbos: auxiliares e manuais, 
verbos “com” e “sem” concordância, traremos a noção e o entendimento do papel 
dos verbos na estrutura frasal e no sistema promocional da Libras. Próximo ao 
encerramento desse capítulo, julgamos fundamental compreender a relação entre 
a semântica e a pragmática da Libras e a relação entre Sinônimos, Homonímia e 
Polissemia, observando suas particularidades.
Após esta apresentação e sob a perspectiva linguística, convidamos-lhe para 
iniciar seus estudos sobre a disciplina de Língua Brasileira de Sinais – Libras. 
Viajaremos por uma estrada repleta de visualidade. Este material é um forte aliado 
na construção de seu conhecimento acerca da Língua de Sinais, aproveite-o, 
faça as leituras complementares com cuidado, seja determinado na execução 
das atividades de cada capítulo e aproprie-se do conteúdo para argumentar com 
segurança sobre a língua brasileira de sinais nos círculos nos quais seja a Libras 
o tema principal.
Vamos iniciar!
CAPÍTULO 1
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA
DE SINAIS
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Compreender as diferentes teorias de aquisição da linguagem.
• Refl etir sobre o que é língua e linguagem.
• Apontar a importância dos estudos linguísticos para Língua de Sinais. 
• Apresentar toda a fl exibilidade das línguas de sinais como uma língua natural.
• Conhecer e identifi car como se dá a aprendizagem da criança surda no contexto 
bilíngue.
• Comparar as teorias de linguagem e os benefícios para os estudos das línguas 
de sinais.
• Analisar como se dá o processo cognitivo da linguagem no contexto das línguas 
de sinais.
• Valorizar as línguas de sinais e seu status linguístico.
• Aplicar os estudos das línguas de sinais como parâmetro em pesquisas. 
• Examinar a importância do bilinguismo para o ensino dos surdos.
8
 Língua brasileira de sinais
9
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O desenvolvimento da linguagem deve ocorrer naturalmente em todas 
as crianças, isso se dá principalmente devido à interação com seus familiares, 
levando-as a adquirir uma língua de forma consciente e deliberada. Em geral, 
esse acaba sendo o primeiro passo para desenvolver a linguagem antes delas 
iniciarem a vida escolar. 
No caso da criança que nasce surda, o processo de aquisição da linguagem 
não dependerá só da família, mas, na maioria dos casos,precisará da intervenção 
de profi ssionais que direcionarão para uma forma melhor de aquisição de 
linguagem e o melhor meio para se comunicar. Nesse contexto, o quanto antes 
for diagnosticada a surdez, mais fácil será diminuir ou evitar as consequências no 
desenvolvimento emocional, social, cognitivo e de linguagem. 
FIGURA 1 – FALHA NA COMUNICAÇÃO
FONTE: https://image.freepik.com/vetores-gratis/falha-na-comunicacao-
balao-quebrado-ou-mensagem-desmoronar-conceito-de-mensagens-
sem-exito_70921-697.jpg. Acesso em: 20 dez. 2020.
Não existe um único método para auxiliar a criança com surdez ou com 
defi ciência auditiva a desenvolver a sua linguagem. Para aquelas que têm 
resíduos auditivos, pode ser oferecido um acesso por uma abordagem oral e 
com auxílio do Aparelho de Amplifi cação Sonora Individual (AASI), aquele que 
fi ca atrás ou dentro da orelha, inclusive hoje existem modelos bem modernos 
dele. Diferentemente, para aqueles que nasceram totalmente surdos, pode ser 
oferecido o aprendizado por meio das línguas de sinais como língua materna 
desde a infância. 
Essas abordagens têm implicado algumas controvérsias, pois de um lado, 
existe uma comunidade oralistas que acredita na normalização. Desse modo, eles 
10
 Língua brasileira de sinais
preconizam integração e o convívio das pessoas com surdez com os ouvintes 
por meio das línguas oral e escrita, alegando que o acesso ao conhecimento e à 
socialização é muito mais amplo quando se lê e escreve bem nas línguas orais. 
Com isso, acreditam que se estabelece uma relação direta entre o desempenho 
na fala e a cognição, pois o sujeito que se expressa e compreende a linguagem 
por meio da linguagem oral tem a possibilidade de conquistar sua autonomia, pois 
tem mais acesso à cultura e às informações na sociedade. 
Nesse contexto, existe um grupo específi co: CODAs, que se destaca, pois, 
a maioria dos integrantes é criança ouvinte ou que tem um grau de defi ciência 
auditiva baixo, mas, que nasceu de pais surdos. Então, toda sua vida está 
envolvida com duas línguas: a de sinais e a língua oral. Desse modo, entendemos 
o motivo de muitos CODAs tornarem-se Tradutores e Intérpretes de Libras/LP 
(TILSP), conforme mostra Quadros (2007, p. 261)
Como os CODAs usavam língua de sinais, eles tornavam-se 
intérpretes compulsoriamente, pelo menos para as próprias 
famílias. Para as famílias surdas, os CODAs são vistos como 
possíveis “pontes” entre os mundos surdo e ouvinte [...]
CODA é uma sigla para o termo em inglês Children of Deaf 
Adults, que pode ser traduzido como fi lhos de adultos surdos ou 
fi lhos de pais surdos.
Por outro lado, há os defensores do desenvolvimento da linguagem por 
meio das línguas de sinais, apontando que a pessoa com surdez, ao adquirir, 
espontaneamente, a LS por meio do convívio com seus pares, tem a possibilidade 
de se desenvolver nos campos cognitivo, emocional e social; além de ter a 
autoestima mais elevada, pois valoriza-se a língua materna dela, podendo, assim, 
lutar política e socialmente por seus direitos como minoria linguística. 
Nesse sentido, há os que defendem o “bilinguismo”, ou seja, o sujeito 
surdo ter acesso e dominar a sua língua natural (Língua de Sinais) como meio 
de comunicação e a Língua Portuguesa, na modalidade escrita. Conforme Skliar 
(1997, p. 144),
[...] o modelo bilíngue propõe, então, dar às crianças surdas 
as mesmas possibilidades psicolinguísticas que tem a ouvinte. 
Será só desta maneira que a criança surda poderá atualizar 
11
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
suas capacidades linguístico-comunicativas, desenvolver sua 
identidade cultural e aprender. 
Porém, entre esses grupos, alguns concordam que mesmo para os surdos 
bilíngues (usuários de Libras como L1 e Língua Portuguesa como L2 escrita), 
que têm resíduo auditivo, algumas vocalizações e gestos simultâneos à língua 
de sinais, os benefi ciam, dependendo do interlocutor a quem se direciona a fala. 
Mas, de forma geral, a pessoa escolhe a língua que será utilizada.
Entenda melhor: o termo bilinguismo pode signifi car a capacidade do 
indivíduo de se comunicar por duas línguas. De acordo com o dicionário Oxford 
(2000 apud MEGALE, 2005, p. 1) bilíngue é defi nido como: “capaz de falar duas 
línguas igualmente bem porque as utiliza desde muito jovem”. 
2 LÍNGUA E LINGUAGEM – BREVE 
CONCEITO
A língua é social, ela transforma um povo, uma cultura, uma comunidade, por 
isso sempre foi interesse de estudos entre os povos. “As línguas não existem sem 
as pessoas que as falam e a história de uma língua é a história de seus falantes” 
(CALVET, 2002, p. 12). Os estudos científi cos que envolvem a língua e linguagem 
é a linguística. Parafraseando nosso mestre em estudos linguísticos Ferdinand 
Saussure, a linguística tem por único e verdadeiro objeto a língua. No entanto, é 
comum confundirem os conceitos de língua, fala e linguagem. 
Terra (1997, p. 13) apresenta a defi nição de língua como: “[...] a linguagem 
que utiliza a palavra como sinal de comunicação”. Nesse prisma entendemos, 
então, que a língua é uma característica da linguagem, que pertence a um grupo 
ou comunidade que, por sua vez, concretiza a sua comunicação através da fala e 
essa fala está convencionada às regras que estabelecem o uso de uma língua por 
meio de uma gramática. 
Como defi nir a linguagem? Epistemologicamente a linguagem é toda forma 
que o ser humano usa para se comunicar, ou seja, todo sistema formado por 
um conjunto de signos que serve de meio de comunicação e que podem ser 
percebidos pelos diversos órgãos dos sentidos (visão, audição, paladar, tato e 
olfato). Aqui trazemos o conceito de signo trazido por Peirce (2005, p. 46), o signo 
que constitui a linguagem “é aquilo que, sob certo aspecto ou modo, representa 
algo para alguém”.
12
 Língua brasileira de sinais
De acordo com Terra (1997), damos o nome de linguagem a todo sistema 
de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação, podendo 
ser classifi cada como verbal e não verbal. Além disso, ela pode ser formal como 
aquelas que encontramos em: (discursos de uma autoridade, apresentação de 
um trabalho acadêmico etc.); ou informal, aquela mais despojada, espontânea 
(conversa entre familiares e amigos etc.). É o caso das línguas de sinais, com sua 
fl exibilidade, permite ser expressa em todos os contextos formais e informais.
A língua se mostra mais presente quando a colocamos em prática e 
a linguagem é um exercício que deve ser feito todos os dias, caso contrário a 
comunicação pode ter difi culdades de se estabelecer de maneira precisa com os 
falantes da mesma língua.
FIGURA 2 – COMO O CÉREBRO APRENDE
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/287034176236304741/>. Acesso em: 22 dez. 2020.
O aprendizado de uma nova língua é sempre complicado de início, mas, 
com o passar do tempo, fi ca mais fácil apreender outros idiomas. Um dos motivos 
é que toda língua é composta dos componentes linguísticos e existe a área da 
sintaxe que estuda as palavras quando estruturadas na frase, e esse componente 
é parecido em diversas línguas, facilitando o aprendizado de outras línguas. 
Para o ouvinte que fala a língua oral como nativa, claro que vai existir 
difi culdade em aprender uma língua sinalizada, principalmente para a transição 
no momento da tradução e compreensão das palavras, pois a tradução sempre 
faz relações linguísticas entre os elementos de uma língua e outra. 
13
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
O estudo de uma língua sinalizada como Libras é um exercício que exige 
muita dedicação. É comum encontrarmos pessoas que, logo que aprendem 
Libras, usam o chamado português sinalizado que é bem diferente da gramática 
da língua de sinais. Todavia, sem dúvida, a melhor maneira de aprender uma 
língua depois de se dedicar aos estudos é ter contato com a comunidade usuária 
dessa língua. Com Libras isso não é diferente, quanto mais contatovocê tiver 
com os surdos usuários de libras e ouvintes que a usam há mais tempo do que 
você, melhor para o seu aprendizado. Independentemente do nível em que nos 
encontramos no aprendizado em Libras (iniciante, intermediário ou avançado), 
quanto mais treinamos, ganhamos mais confi ança e conhecimento.
Nesse contexto, destacamos o tipo de linguagem mais utilizado pelo ser 
humano, conforme apresentado por Nicola (2009, p. 126), “[...] a linguagem verbal 
é aquela que utiliza a língua (falada ou escrita)”. O outro é a linguagem verbal que 
pode ser abordada sob duas modalidades: a língua escrita e a oral, sendo este o 
código mais usado pelos seres humanos a língua (escrita ou falada). 
Já a linguagem não verbal, segundo Terra (1997, p. 12), “[...] é aquela que 
utiliza para atos de comunicação outros sinais que não as palavras”. Na linguagem 
não verbal há vários códigos que são utilizados para comunicar as mensagens, 
entre eles símbolos, sons, gestos, mímicas e línguas de sinais. Porém, existe 
ainda a linguagem mista ou híbrida que envolve uma combinação das linguagens 
verbais e não verbais.
FIGURA 3 – LINGUAGENS
FONTE: <https://fi les.cursoenemgratuito.com.br/uploads/2019/08/Linguagem-
verbal-n%C3%A3o-verbal-e-mista.jpg>. Acesso em: 20 dez. 2020.
14
 Língua brasileira de sinais
Sabemos que as Línguas de Sinais (LS) não são consideradas híbridas ou 
mistas, mas, existe uma parcela de pessoas com defi ciência auditiva que podem 
utilizar-se de muitos recursos para se comunicar ou se fazer entender, isso porque 
misturam sinais que não necessariamente estejam de acordo com a gramática de 
LS, gestos caseiros, mímicas ou mesmo a língua escrita. 
Entenda melhor: LÍNGUA DE SINAIS NÃO É MÍMICA, isso porque tanto a 
mímica como as línguas de sinais utilizam o canal viso-espacial para se comunicar 
e tem uma representação visual para sua exteriorização. Talvez por esse motivo 
exista a tendência de relacionar as línguas de sinais com a mímica.
Desse modo a autora Perlin (2001), ao falar sobre estudos das identidades do 
povo surdo, reconhece que a comunidade surda também é constituída por aqueles 
que nasceram ouvintes e que, por alguma eventualidade, perderam a audição e 
são oralizados. Esses sujeitos vivem constantemente com a necessidade do uso 
da língua de sinais enquanto socializam com a comunidade surda e com o uso da 
língua oral quando se comunicam com seus pares ouvintes, mesmo que já não se 
utilize todos os vocábulos orais como antes de perder a audição.
FIGURA 4 – DIVERSIDADE SURDA
FONTE: <https://www.facebook.com/maosemacao.surdos/>. Acesso em: 22 dez. 2020.
Assim, a linguagem envolve o ato de se comunicar e isso signifi ca ir além de 
um conjunto de palavras faladas e/ou escritas. Para se chegar à comunicação, 
implica um processo mental ou o uso da capacidade ou faculdade mental que 
apenas os seres humanos possuem. Dessa forma a linguagem e a comunicação 
é um sistema convencionado pelos seres humanos. Estudaremos o trabalho dos 
profi ssionais em linguística e a língua de sinais a partir de agora, mas antes, 
acesse o vídeo indicado a seguir e faça uma viagem pelos tipos de linguagens.
15
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
Entenda os tipos de linguagens, aproveite e responda os 
exercícios no fi nal do vídeo intitulado Tipos de Linguagens: Verbal, 
Não-verbal e mista, disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=YNvdlp3-agQ>.
 3 AS LÍNGUAS DE SINAIS E SUAS 
PROPRIEDADES LINGUÍSTICAS
Como já foi apresentado, a língua é uma forma de estabelecer correlações 
entre um plano de expressão do emissor e um plano de conteúdo do receptor, 
por meio de um canal, associando sinais materiais a signifi cados mentais. Dessa 
forma, a língua contribui para a organização do pensamento, fornecendo uma 
direção por meio dos signos. Portanto, Mengarda (2012, p. 9) mostra que 
A língua é um aspecto da língua(gem) e trata-se de um sistema 
de natureza gramatical, pertencente a uma comunidade 
linguística, formado por um conjunto de signos linguísticos 
(união do sentido e da imagem acústica) e de regras para a sua 
combinação que formam palavras, frases e textos com sentido. 
Entendemos assim, que, segundo o autor, a ausência de um sistema de 
signos linguísticos e suas regras pode tornar a comunicação limitada. É por isso 
que os falantes de uma dada língua podem se entender entre si utilizando os 
mesmos signos. Em conformidade com Penteado (1977, p. 4):
Ninguém se comunica consigo mesmo. O clássico exemplo 
do faroleiro ilustra esse princípio: – Na solidão em que vive, 
o processo da comunicação humana somente se completa 
quando o facho de luz – transmissor – atinge o navio que passa 
– receptor. Enquanto o facho de luz não é percebido de bordo, 
não existe comunicação humana.
Bem, já que ninguém se comunica consigo mesmo, há de haver elementos 
constituintes para acontecer o processo de comunicação. As autoras Weiss et al.
(2018, p. 24) mostram o circuito de comunicação e seus elementos para todas as 
línguas naturais. Vejam quais são eles a seguir. 
• EMISSOR: é o remetente, ou seja, o que envia uma mensagem e pode 
ser uma pessoa ou um grupo, um órgão, uma empresa, um canal de 
televisão, um site na internet e assim por diante.
16
 Língua brasileira de sinais
• RECEPTOR: é o destinatário da mensagem, isto é, para quem a 
mensagem foi ou será enviada. Pode ser para uma pessoa ou para um 
público-alvo ou ainda um animal ou uma máquina, como o computador.
• MENSAGEM: “É o objeto de comunicação, ela é estabelecida pelo 
conteúdo das informações transmitidas. A mensagem é o elo dos dois 
pontos do circuito; é o objeto da comunicação humana e sua fi nalidade” 
(PENTEADO, 1977, p. 5). Chamamos ainda de mensagem o que o 
emissor transmite e o que o receptor recebe.
• CANAL DE COMUNICAÇÃO: meio pelo qual a mensagem pode circular: 
jornal, revista, televisão, rádio, folheto, folder, outdoor e o próprio ar.
• CÓDIGO/SIGNO: o código é o meio através do qual a mensagem é 
transmitida, isto é, através da fala, da escrita, dos gestos ou das imagens. 
De acordo com Penteado (1977, p. 5), “[...] um pedaço de papel coberto 
de garatujas não é uma mensagem, porque é ininteligível, não pode ser 
percebido pela inteligência”. Em suma, pode-se dizer que é o conjunto 
de elementos com signifi cado aceitos pelo emissor e receptor.
• REFERENTE: é o contexto ou a situação a que a mensagem remete ou 
ainda é a situação na qual emissor e receptor estão inseridos. Assim, a 
linguagem adquirirá diversas funções, como a de emocionar, informar, 
persuadir, fazer refl etir, entre outras. 
FIGURA 5 – PROCESSO DE COMUNICAÇÃO EM QUALQUER LÍNGUA NATURAL
FONTE: <https://pt-static.z-dn.net/fi les/dc8/492c33b47f12e870fdf8b4c5681ccbeb.
png>. Acesso em: 20 dez. 2020.
17
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
De acordo com Vygotsky (2000, p. 11), “a comunicação sem signos é tão 
impossível quanto sem signifi cado”. Assim, quando estamos adquirindo a 
linguagem, estamos buscando signifi cados para tudo que enxergamos, ouvimos e 
expressamos a nossa volta e esses signifi cados trazem os conceitos das coisas, 
ou seja, a ausência de signos (palavras), as quais carregam os signifi cados, 
implica na impossibilidade de formação de conceitos. 
O conceito é impossível sem palavras, o pensamento sem 
conceitos é impossível fora do pensamento verbal; em 
todo esse processo, o momento central, que tem todos os 
fundamentos para ser considerado causa decorrente do 
amadurecimento de conceitos, é o emprego específi co da 
palavra, o emprego funcional do signo como meio de formação 
de conceitos (VIGOTSKI, 2009, p. 170).
Assim, é através da utilização dos signos, sejam eles verbais ou não, 
que construímos conceitos e instrumentos culturais e que se defi ne o nosso 
comportamento diante da sociedade. Porém, é certo que quanto mais cedo 
a criança estiver em contato com a sua língua natural, de acordo com o seudesenvolvimento e suas capacidades, mais cedo ela se reconhece como indivíduo 
inserido na comunidade em que vive. 
Após essa breve contextualização sobre as línguas naturais e como se dá a 
comunicação, compreendemos que na língua de sinais, não é diferente, também 
é preciso a internalização dos signos pela criança surda. Campello (2008, p. 
7) afi rma que “[...] o ato de “ver” ou de “olhar” o mundo exige uma mediação 
semiótica, uma interação entre a propriedade suprida pelo signo e a natureza do 
sujeito que olha ou observa”. Ou seja, acontece o que os linguistas chamam de 
semiose, que “é a produção de signifi cados, ou seja, o processo de formação de 
signifi cação onde a semiose é a “ação de qualquer signo” e o signo é “qualquer 
coisa que age assim” (NÖTH, 1995, p. 66). 
Vamos entender esse processo para uma pessoa surda, por meio do exemplo 
a seguir. O surdo que mora com uma família ouvinte come um bolo de laranja, 
olha o bolo e armazena, em sua mente, apenas o signifi cado, a imagem de um 
bolo comestível. Entretanto, não sabe o signifi cante, ou seja, do que esse bolo 
foi feito que está relacionado com o nome deste bolo (laranja). No entanto, se 
participar da produção desse bolo com todos os ingredientes inclusive com o uso 
das laranjas, o signifi cante se torna real. Ao discorrer sobre estes dois termos, 
signifi cante e signifi cado, Martelotta e Wilson (2010, p. 74) explicam que
Esses dois elementos constitutivos do signo linguístico 
apresentam entre si uma relação arbitrária ou imotivada, ou 
seja, não há entre eles laço natural. Isso signifi ca que, no ato 
de nomeação, a língua não se reduz a um mero refl exo da 
18
 Língua brasileira de sinais
realidade. Essa relação se estabelece internamente ao sistema 
linguístico, na relação do signo com outros signos.
FIGURA 6 – CIRCUITO DE COMUNICAÇÃO LÍNGUA ORAL VERSUS LÍNGUA DE SINAIS
FONTE: <https://pt.slideshare.net/andreconeglian/libras-aspectos-
linguisticos-30661546>. Acesso em: 22. dez. 2020.
Deste modo, podemos compreender que o desenvolvimento da língua 
e linguagem, em muito, dependerá da exposição da criança ao ambiente em 
que vive, a socialização em si, que pode ser presencial ou não, mas, quando 
essa presença é presencial, a probabilidade para a produção de uma atividade 
semiótica é mais concreta isso porque ela se realiza por meio de “um conjunto de 
funções discursivas diversas” (VIGOTSKI, 2009, p. 452). Barros e Café (2012, p. 
2) citam que “A Semiótica é a ciência que se dedica ao estudo de todos os signos, 
nos processos de signifi cação na natureza e na cultura”.
Para os surdos usuários nativos de línguas de sinais, dizemos que a semiose, 
conforme Campello (2008) disserta, acontece por um processo imagético, como 
assim? Entenderemos melhor contextualizando brevemente um recorte dos 
estudos da tríade de Peirce (2005), para acontecer a comunicação, segundo 
o autor, um signo representa alguma coisa para alguém, isso porque a relação 
entre a tríade, ou seja, o seu representâmen (signo), o seu objeto (imagem) 
e o seu interpretante (ideia produzida no cérebro). Dessa forma, na visão de 
Pierce (2005), entende-se um signo como icônico se ele representar um objeto 
principalmente por meio da similaridade. 
19
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
Essa interpretação da tríade, segundo Pierce (2005), mostra-nos uma 
conexão direta entre a língua de sinais e a pessoa que a usa ou o interpretante, 
dado a importância que, para conhecer e compreender qualquer coisa, a nossa 
consciência produz um signo, ou seja, um pensamento que é uma mediação 
irrecusável entre nós e os fenômenos (SANTAELLA, 1983).
Sendo assim, muito embora a LS não seja uma língua exclusivamente 
icônica, a tríade de Pierce (2005) concorda que iconicidade da Língua de Sinais 
(LS) está na sua capacidade de reproduzir a forma dos objetos, seus movimentos 
e relação espacial ao se produzir o sinal o que torna a comunicação transparente 
e permite a motivação entre o signo e o objeto (QUADROS; KARNOPP, 2004).
Assim como as línguas orais, já entendemos que as línguas de sinais 
não são universais, porém existe a possibilidade de se comunicar por meio de 
uma modalidade comunicacional em sinais chamada Gestuno (pronuncia-se 
Guestuno), ela é utilizada por diversos surdos e ouvintes de diferentes países. 
Rosenstock e Napier (2016, p. 4) defi nem o conceito Gestuno como sendo 
“referenciado aos gestos e ao senso de unidade”. Granado (2019, p. 3) apresenta 
que, “o Gestuno foi usado pela primeira vez no congresso da WFD na Bulgária e 
era incompreensível para os participantes surdos”. 
Aqui no Brasil, o Gestuno é pouco conhecido, mas ainda é utilizado nos 
encontros internacionais entre as comunidades surdas de todo o mundo, 
intitulando-se como Sinais Internacionais (SI). 
WFD signifi ca World Federation of the Deaf (Federação Mundial 
de Surdos). O Gestuno não pode ser considerado uma língua por 
várias razões, entre elas estão: “(1) não possui gramática própria; (2) 
não existem usuários nativos do Gestuno; (3) pouquíssimas pessoas 
são fl uentes nesta modalidade de comunicação, somente quando há 
oportunidade de usar ou praticar. (GRANADO, 2019, p. 3).
Visto que a necessidade de se comunicar é universal, é importante que 
mesmo que estejamos nos comunicando com pessoas que falam outra língua, 
entendamos o que o outro diz. No caso de Língua de Sinais, vimos que o Gestuno 
ou as línguas de sinais internacionais cumprem esse papel, mostrando toda 
20
 Língua brasileira de sinais
fl exibilidade, versatilidade, toda sua criatividade e produtividade entre outras 
características linguísticas. Na tabela a seguir é possível ver algumas das Línguas 
de sinais existentes pelo mundo.
TABELA 1 – LÍNGUA DE SINAIS PELO MUNDO
FONTE: <http://www.cidadaopg.sp.gov.br/cursonline/fi les/material_
apoio/2-libras-lingua-brasileira-de-sinais/Apostila_Libras_Curso_
Online_Seduc_PG.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2020.
Embora a nossa língua de sinais seja conhecida como Língua Brasileira de 
sinais (Libras), Sassaki (2003) mostra que, “no índice linguístico internacional, 
os idiomas naturais de todos os povos do planeta recebem uma sigla de três 
letras como ASL (American Sign Language). Tal preocupação ainda não parece 
ter chegado na esfera do Brasil” (SASSAKI, 2003, p. 4). Porém, os linguistas a 
reconhecem como Língua de Sinais Brasileira (LSB).
Diante dos contextos mencionados até aqui, entre a comparação das línguas 
orais e língua de sinais, trazemos as propriedades linguísticas das línguas de 
sinais por Quadros e Karnopp (2004 apud CAMPELLO, 2011). Observe a seguir 
e entenda por meio de exemplos que adaptamos para você segundo a explicação 
da autora:
a) Flexibilidade e versatilidade: a língua de sinais, como outras línguas 
faladas, tem suas características próprias e signifi cativas. Diferentemente 
de outros códigos ou sistemas de comunicação, como o sistema de 
comunicação de teatro ou de mímica, a língua de sinais pode ser utilizada 
como meio de persuasão, de sugestão, de pedido, de ordenamento, de 
elaboração do pensamento no futuro, para fazer planos, emitir diversas 
21
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
opiniões, cantar uma música rap ou hip-hop, infl uenciar a decisão dos 
outros e tudo o que existe na comunicação no dia a dia. Um exemplo de 
fl exibilidade e versatilidade são as poesias e músicas em libras.
FIGURA 7 – EXEMPLO DE POESIA – DIA INTERNACIONAL 
DA MULHER POR RIMAR SEGALA
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=ZjVnIV1wDmE>. Acesso em: 22 dez. 2020.
Veja alguns exemplos de poesias produzidas pelos próprios surdos e 
que tal após sua pesquisa fazer sua própria poesia em Libras?
• Poesia e cultura própria dos Surdos em Libras, disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=G4en44VX5QE>. 
• “Voo sobre Rio”, de Fernanda Machado, disponível em: <https://
cotidiano.sites.ufsc.br/cultura-surda-conheca-a-poesia-em-libras/>.• Poesia surda para sempre (libras), disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=M3-YzIzkPxU>. 
Hoje é muito comum por meio das redes sociais se ter acesso a músicas e 
histórias, fábulas interpretadas em libras por ouvintes e surdos. Confi ra algumas 
delas a seguir:
• Rebeca Nemer Trem Bala (Ana Vilela) “LIBRAS” (ouvinte), disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=YYE4a1h_1wI>.
• Chapeuzinho vermelho em Libras-INES, por Heloise Gripp Diniz (surda), 
disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=JuCVU9rGUa8>. 
22
 Língua brasileira de sinais
b) Arbitrariedade: 
Os sinais da língua de sinais (os signos linguísticos) são 
convencionados e reconhecidos pela comunidade Surda, 
portanto, todos os sinais convencionados são arbitrários. Isso 
possibilita o enriquecimento da fl exibilidade e versatilidade da 
língua com o uso das imotivações entre a forma e o signifi cado; 
e motivação entre a forma e o signifi cado (iconicidade). Também 
existem atualmente as variações linguísticas de sinais de cada 
estado do Brasil, assim como as palavras da língua falada” 
(QUADROS; KARNOPP, 2004 apud CAMPELLO, 2011, p. 24). 
As características de arbitrariedade e iconicidade estão relacionadas 
diretamente aos estudos das línguas naturais. Nesse contexto, refl etimos sobre o 
conceito apresentado por França e Lage (2013, p. 6) “A arbitrariedade se refere à 
relação de pareamento forma-conteúdo, essencial para a linguagem”. 
Entenda melhor: [...] a língua é arbitrária, isto é, convencional, pois entre o 
nome e as ideias ou as coisas designadas não há transparências ou similaridade. 
Sócrates, por sua vez, tem o papel de fazer a integração entre os dois pontos de 
vista (MARTELOTTA; WILSON, 2010, p. 71). 
Note o exemplo dessa propriedade icônica e arbitraria nas fi guras a seguir. 
FIGURA 8 – EXEMPLO DE ARBITRARIEDADE
FONTE: <http://www.cidadaopg.sp.gov.br/cursonline/fi les/material_
apoio/2-libras-lingua-brasileira-de-sinais/Apostila_Libras_Curso_
Online_Seduc_PG.pdf>. Acesso em: 22. dez. 2020.
23
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
FIGURA 9 – VARIAÇÃO LÍNGUISTICA DO SINAL VERDE EM LIBRAS
FONTE: <https://www.slideshare.net/Marinelia/5-parmetros-da-libras>.
Acesso em: 22 dez. 2020.
c) Descontinuidade: apresenta sinais distintos entre eles e seus 
signifi cados são descontinuados através de parâmetros e níveis 
linguísticos diferentes. Esses sinais não permitem a confusão entre os 
signifi cados apresentados dentro do contexto no qual será sinalizado. 
Sobre a descontinuidade, Quadros et al. (2009) mostra que
Na língua de sinais verifi camos o caráter descontínuo da 
diferença formal entre a forma e o signifi cado. Há vários 
exemplos que ilustram isso, por exemplo, o sinal de ‘MORENO’ 
e de ‘SURDO’ são realizados na mesma locação, com a mesma 
confi guração de mão, mas com uma pequena mudança no 
movimento, mesmo assim nunca são confundidos ao serem 
produzidos em um enunciado [...] (QUADROS et al., 2009, p. 
10). 
Veremos os exemplos dos sinais ESTE, ESSE E AQUELE que tem a mesma 
confi guração de mãos como se fosse a LETRA G e na tabela do parâmetro 
confi guração de mãos (CM) LSB (fi gura a seguir) se refere a CM número (14), 
mas, o movimento e o ponto de articulação muda, o que resulta em sinais 
diferentes. Dessa forma, a descontinuidade pode ser uma mudança de unidade 
bem mínima, sem provocar uma importante diferença no signifi cado do sinal, não 
havendo confusão na compreensão do sinal e da mensagem.
24
 Língua brasileira de sinais
Fique atento, nos próximos capítulos, você irá se aprofundar 
nos parâmetros de Línguas de Sinais (LS), inclusive conhecerá 
mais tabelas de CM, pois conforme os sinais são criados, novas CM 
também são criadas.
FIGURA 10 – CONFIGURAÇÃO DE MÃOS – LSB
FONTE: <http://tertuliasdelibras.blogspot.com/2015/11/
confi guracoes-de-maos.html>. Acesso em: 22 dez. 2020.
25
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
FIGURA 11 – EXEMPLO DE SINAIS QUE MANTÊM SUA 
DESCONTINUIDADE SEM CONFUNDIR OS SIGNIFICADOS
FONTE: <http://www.cidadaopg.sp.gov.br/cursonline/fi les/material_
apoio/2-libras-lingua-brasileira-de-sinais/Apostila_Libras_Curso_
Online_Seduc_PG.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2020.
d) Criatividade e produtividade:
Os sinais podem ser produzidos em infi nitas sentenças 
seguidos de um conjunto fi nito de regras gramaticais da língua 
de sinais. São produtivas e criativas, assim como quaisquer 
outras línguas de diversas modalidades (escrita, visual, 
falada, retórica etc.). Um exemplo é a literatura em escrita de 
sinais (SW) que é um exemplo clássico de toda criatividade 
e produtividade em Língua de sinais, conforme é possível 
observar na fi gura a seguir (QUADROS; KARNOPP, 2004 
apud CAMPELLO, 2011, p. 27). 
FIGURA 12 – SINAIS DE LITERATURAS SURDA
FONTE: <https://escritadesinais.wordpress.com/2010/08/30/
cinderela%C2%A0surda-e-rapunzel-surda/>. Acesso em: 22 dez. 2020.
CINDERELA SURDA RAPUNZEL SURDA
e) Dupla articulação: 
A língua de sinais só funciona quando as duas articulações 
formam uma combinação. Por exemplo, uma unidade mínima 
por si só não tem signifi cado, mas quando juntar outra unidade 
mínima, qualquer que seja a Confi guração de Mãos, Ponto 
de Locação ou Movimentos pode dar signifi cado e sentido. 
26
 Língua brasileira de sinais
Lyons (1981) refere-se a essa característica da língua como 
“a propriedade de (a língua) possuir dois níveis de estrutura, 
de tal forma que as unidades do primeiro são compostas de 
elementos do segundo e cada um dos dois níveis tem seus 
próprios princípios de organização” (LYONS, 1981, p. 32) Um 
exemplo é a palavra: “AVISAR” que para ser formada acontece 
a junção das três unidades mínimas, veja na fi gura a seguir 
(QUADROS; KARNOPP, 2004 apud CAMPELLO, 2011, p. 27). 
FIGURA 13 – EXEMPLO DE DUPLA RTICULAÇÃO SINAL DE AVISAR
FONTE: Capovilla e Raphael (2001, p. 348)
Percebemos assim que os elementos ou as unidades mínimas que compõem 
o sinal, sozinhos, não possuem signifi cado algum, porém, quando todos eles se 
juntam, podem dar um signifi cado ao sinal ou à palavra.
f) Padrão: a língua de sinais tem um conjunto de regras convencionadas 
pela comunidade Surda e não pode ser produzida de modo incorreto. 
Assim as regras devem ser observadas visualmente. Caso contrário, o 
sinal é produzido de maneira errada. Observe os exemplos a seguir do 
sinal AJUDAR, que deverá ser feito com uma mão em CM ‘S’ e a outra 
mão aberta, com os dedos juntos e encostando em cima da primeira 
mão, realizando um movimento de ambas as mãos para frente.
Esse é um padrão do sinal AJUDAR, não podendo ser alterados os seus 
componentes ou unidades mínimas, se não o sinal se torna incorreto. É o caso 
da fi gura a seguir em que o parâmetro Ponto de articulação (PA) está no local 
diferente mudando totalmente a grafi a correta do sinal AJUDAR. Além disso, caso 
não siga o padrão correto do sinal ao formar uma sentença o teor da mensagem 
fi cará prejudicado.
27
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
FIGURA 14 – EXEMPLOS DE SINAIS COM REGRAS NÃO 
CONVECIONADAS E CONVENCIONADAS
FONTE: <fi le:///D:/Downloads/2012_FabianeEliasPagy.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2020.
a) Dependência estrutural: a língua de sinais, assim como outras línguas, 
tem suas relações estruturais entre os elementos e não ocorrem ao acaso 
ou aletoriamente, correndo o risco de não serem compreendidos. Isso 
pois, segundo Pagy (2012, p. 58), “Na Libras, como nas outras línguas 
de sinais, é necessário que os sinais sejam combinados corretamente, 
respeitando as regras e os critérios gramaticais daquela língua, tornando 
compreensível a mensagem para os participantes”. 
Assim, inicialmente, veremos os exemplos da Glosas em Libras. Observe a 
dependência de estrutura gramatical mesmo sem ela estar sendo sinalizada. Na 
primeira frase, o indivíduo de nome JÚLIO ama ou AMAR (no infi nitivo), por isso 
o verboAMAR fi ca como aspecto durativo, ou seja, TEM intensidade. Já na 
segunda frase o verbo AMAR vem antes de JÚLIO, porém não perde o sentido do 
aspecto durativo.
• J-Ú-L-I-O AMAR ++++ (aspecto durativo)
• AMAR++++ (aspecto durativo) J-Ú-L-I-O
Wilcox e Wilcox (1997) defi nem glosa como sendo uma tradução 
simplifi cada de morfemas da língua sinalizada para morfemas de 
uma língua oral.
28
 Língua brasileira de sinais
Apresentamos também um exemplo de dependência estrutural gramatical, 
dessa vez sinalizada. Veja que é necessário que os sinais sejam combinados 
corretamente, respeitando as regras e critérios gramaticais em Libras, tornando 
compreensível a mensagem pelos interlocutores. Se formos fazer a tradução para 
a língua portuguesa escrita, fi caria assim: eu gosto de maçã e banana.
FIGURA 15 – EXEMPLO DE SENTENÇA COM ESTRUTURA GRAMATICAL EM LIBRAS
FONTE: <fi le:///D:/Downloads/2012_FabianeEliasPagy.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2020.
Percebemos que tanto em Libras como na LP, seja para ouvintes ou 
surdos, a mensagem é perfeitamente entendida. Isso quer dizer que houve uma 
dependência estrutural tanto no primeiro exemplo em GLOSA, como no segundo 
exemplo sinalizado.
Todo esse escopo linguístico a respeito das propriedades de Línguas de 
sinais nos fornece evidências claras de que as línguas de sinais são utilizadas 
para pensar, desempenhar diferentes funções, comunicar-se, enfi m, infi nitas 
possibilidades oferecidas por uma língua natural, assim como as línguas orais. 
29
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
Veja o que encontramos para você: um curta infantil 
intitulado Descobrindo Branca de Neve e os Sete Anões em 
sinais internacionais. Acesse-o em: <https://www.youtube.com/
watch?v=c8k-kPyDhxg&t=29s> e conheça mais sobre o Gestuno ou 
Sinais Internacionais – SI. 
1 Ao refl etir sobre a língua e a linguagem, Mengarda (2012, p. 12) diz 
que se trata de um sistema de natureza gramatical, [...] formado 
por um conjunto de signos linguísticos [...]. No que diz respeito a 
determinar o que é uma linguagem natural e uma língua natural, 
analise as proposições a seguir:
I- A linguagem como capacidade de expressão dos seres humanos 
é natural.
II- Os humanos desenvolveram na fase adulta a aparelhagem 
anatômica que lhes permite falar.
III- As línguas são convencionais (icônicas e arbitrárias).
IV- A linguagem surge somente de condições históricas, ou seja, são 
fatos culturais.
 Estão corretos somente os itens:
a) ( ) I e III. 
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e II.
d) ( ) I e IV.
e) ( ) II e IV. 
2 Considerando o que você constatou nos estudos de Campello 
(2011) e Quadros et al. (2009) sobre a propriedade de 
descontinuidade nas línguas de sinais, descreva em suas 
palavras essa característica.
3 A arbitrariedade dentro dos estudos linguísticos em LS está 
convencionada e reconhecida pela comunidade Surda. A respeito 
30
 Língua brasileira de sinais
do conceito de arbitrariedade, França e Lage (2013, p. 6) 
mostram que “A arbitrariedade se refere à relação de pareamento 
forma-conteúdo, essencial para a linguagem”. Considerando esse 
contexto, analise as sentenças a seguir:
I- A arbitrariedade possibilita o enriquecimento da fl exibilidade e 
versatilidade da língua com o uso das imotivações entre a forma 
e o signifi cado. 
II- A motivação entre a forma e o signifi cado (iconicidade) não faz 
parte da arbitrariedade em LS. 
III- A arbitrariedade está nos estudos das variações linguísticas de 
sinais de cada estado do Brasil, assim como as palavras da 
língua falada. 
IV- As características de arbitrariedade e iconicidades estão 
relacionadas diretamente aos estudos das línguas naturais. 
 Estão corretos somente os itens:
a) ( ) Alternativas I, III e IV. 
b) ( ) Alternativas II e III.
c) ( ) Alternativas I, II e III.
d) ( ) Alternativas III e IV. 
3.1 CENÁRIO DO PROFISSIONAL 
EM LINGUÍSTICA E AS LÍNGUAS DE 
SINAIS
As línguas de sinais (LS) sugiram de forma espontânea na interação entre 
pessoas das mesmas comunidades, por isso ela é considerada natural. Além 
disso, sua estrutura gramatical permite expressar qualquer conceito, desde o 
mais simples até o mais complexo. Seus usuários podem utilizar os mecanismos 
estruturais que toda língua natural oferece para atingir seus objetivos linguísticos.
Isso acontece pois, como todas as línguas de sinais, possui uma gramática 
própria, defi nida pelos seguintes sistemas: Quirológico (mãos); Morfológico 
(palavra/sinal ou item lexical); sintático (frase); Semântico (signifi cado) e 
Pragmático (uso do signifi cado/sentido).
31
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
Campello (2011) mostra que o Dr. William C. Stokoe Jr. foi o primeiro 
a trabalhar diferente, mudando a mentalidade da área linguística sobre as LS, 
apresentando uma análise descritiva da Língua de Sinais Americana, através da 
metodologia transcrição de língua de sinais. Isso possibilitou, pela primeira vez, 
um linguista apresentar os elementos linguísticos de uma língua de sinais. Assim, 
as línguas de sinais passaram a ser vistas como línguas de fato e de direito 
linguístico da comunidade Surda.
Em seus estudos, Stokoe (1960) deu ênfase aos três primeiros parâmetros 
e, depois de estudos posteriores, foram inseridos os elementos de Orientação 
direcionalidade (OD) e expressão facial e corporal/expressões não manuais 
(EF/C) foram inseridas como segundo parâmetro ou parâmetro complementar 
para formar e dar sentido aos sinais.
FIGURA 16 – FOTOGRAFIA DE DR. WILLIAM C. STOKOE JR.
FONTE: <http://repositorio.unicentro.br:8080/jspui/bitstream/123456789/1467/1/
STREIECHEN_Libras.pdf>. Acesso em: 25 dez. 2020.
32
 Língua brasileira de sinais
QUADRO 1 – PEQUENA BIOGRAFIA DO DR. WILLIAM C. STOKOE JR.
Stokoe (1920-2000) era um linguista escocês que vivia e trabalhava nos 
Estados Unidos. Em 1955, ele se tornou professor do Departamento de Inglês do 
Gallaudet College, hoje conhecida como Gallaudet University. Nessa época, ele 
nada sabia de Língua de Sinais Americana (ASL). Ele teve que aprender alguns 
sinais, que usava ao mesmo tempo em que dava suas aulas em inglês, como a 
maioria dos outros professores. Nessa época, nem na Gallaudet havia aulas de 
ASL, pelo simples fato de que ninguém, nem mesmo os surdos, consideravam 
a sinalização como parte de uma língua autônoma. Stokoe não demorou a 
perceber que existia uma diferença entre a sinalização que ocorria quando um 
surdo se comunicava com outro e a que ele usava como acompanhamento de 
palavras em inglês, durante suas aulas. Por isso, Willian Stokoe é considerado o 
pai da Linguística da Língua de Sinais Americana (ASL). 
FONTE: <http://repositorio.unicentro.br:8080/jspui/bitstream/123456789/1467/1/
STREIECHEN_Libras.pdf>. Acesso em: 25 dez. 2020.
De acordo com Campello (2011, p. 7)
Os linguistas têm utilizando os termos fonética e fonologia para 
tratar de fenômeno natural ou social observável cientifi camente 
nas línguas de sinais, desconsiderando o signifi cado de sua 
raiz, fon-, que é som, elemento ausente da estrutura da língua 
de sinais americana. Stokoe, em 1965, no evento internacional 
de linguistas, propôs o termo “quirema”, retornando a pesquisa 
do Bulwer (1644), em substituição à terminologia “fonema”, 
para designar elementos linguísticos de língua de sinais. 
No início das pesquisas em línguas de sinais, suas unidades mínimas – 
Confi guração de Mãos (CM), Movimento (M), Ponto de Articulação (PA) – foram 
chamadas de "quiremas" (do grego, mãos). No entanto, nos estudos atuais sobre 
as LS, os pesquisadores têm usado o termo fonema para se referir não somente 
aos sons de uma língua, mas também às unidades menores que compõem os 
sinais (SILVA, 2011). 
33
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
FIGURA 17 – ESTUDOS QUIROLÓGICOS EM (LO) VERSUS (LS)
FONTE: <https://docplayer.com.br/15212897-Anais-2010-issn-
1808-3579-fonologia-da-libras-parametros-formacionais-da-lingua-brasileira-de-sinais-resumo.html>. Acesso em: 22. dez. 2020.
O termo 
QuirEma (do grego xépi ou khéri: mão; nua ou ema; 
unidade mínima) foi cunhado por Stokoe (1960), para 
representar o correspondente, em língua de sinais, do 
FonEma em língua falada. Desse modo, o QuirEma 
estaria para a unidade da sinalização, assim como o 
fonema está para unidade da fala ou voz (CAPOVILLA; 
GARCIA, 2011, p. 85).
Como toda língua natural, o alfabeto com suas letras e numerais também 
fazem parte da LS, ele é utilizado para soletrar ou (digitar) manualmente 
as palavras. É um recurso muito utilizado por falantes da língua de sinais, 
principalmente, para soletrar nomes próprios de pessoas ou lugares, siglas e 
algum vocábulo ainda não existente na língua de sinais. 
34
 Língua brasileira de sinais
FIGURA 18 – ALFABETO EM LIBRAS E NUMERAIS
FONTE: <https://pbs.twimg.com/media/A4EModvCYAIIh3v.jpg>. Acesso em: 25. dez. 
2020.
No entanto, enfatizamos que o fato de as línguas de sinais serem 
reconhecidas pelos estudiosos na área como uma língua que satisfaz todos os 
critérios científi cos para ser uma língua, por si só se constitui uma língua natural, 
ela é natural por ser a língua das comunidades Surdas. Veja o exemplo da nossa 
Língua Brasileira de Sinais – Libras, ela se torna a língua natural e materna 
dos surdos brasileiros, visto que é o meio que expressa de forma espontânea, 
suprindo todas as necessidades linguísticas para efetivar a comunicação com o 
meio em sua volta. 
Além disso, a nossa língua de sinais, a Libras, não é subordinada à Língua 
Portuguesa inclusive seu alfabeto, mas, assim como a aquisição de qualquer 
língua, é necessário passar por um processo cognitivo para o seu aprendizado. 
A partir de agora, conheceremos alguns linguistas que contribuíram 
grandemente para divulgação das línguas de sinais pelo mundo. Os primeiros 
pesquisadores linguistas surdos norte-americanos que se tem notícia foram Ted 
Supalla e Carol Padden.
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O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
QUADRO 2 – LINGUISTA SURDA CAROL PADDEN
FONTE: <https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifi ca/
linguaBrasileiraDeSinaisI/assets/459/Texto_base.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2020.
Aqui no Brasil, podemos dizer que o primeiro pesquisador autodidata da 
Língua de Sinais Brasileira foi Flausino José da Gama, ex-aluno e repetidor 
do Instituto Nacional de Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação 
de Surdos – INES (Rio de Janeiro). Autodidata, pois ele não era formado em 
linguística, mas seu interesse nos estudos e divulgação das línguas de sinais 
ultrapassaram as barreiras acadêmicas.
Assim, junto com o diretor do Instituto Nacional de Surdos-Mudos, publicou, 
em 1875, o livro intitulado Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos, contendo 
fi guras dos sinais copiados da Língua de Sinais Francesa e legendas traduzidas 
para o português. O objetivo da produção do livro era difundir para a comunidade 
ouvinte a necessidade de aprender a Língua de Sinais Brasileira para poder 
comunicar-se com os Surdos brasileiros.
Campello (2011) também demonstra que a introdução do sistema linguístico 
no Brasil, de língua de sinais, foi realizada pela linguista Lucinda Ferreira de 
Brito por volta dos anos 1980, famosa pelo pioneirismo em pesquisas com o 
livro Por uma Gramática Línguas de Sinais e desde então vem sofrendo várias 
adaptações por meio de pesquisas por vários estudiosos surdos e ouvintes, tendo 
contemporâneos de pesquisadores europeus.
36
 Língua brasileira de sinais
FIGURA 19 – LIVRO LUCINDA FERREIRA DE BRITO
FONTE: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/
I/81kWbRXMqlL.jpg>. Acesso em: 22 dez. 2020.
Atualmente, temos uma gama de material disponível para pesquisas 
em Libras, graças a estudiosos como as professoras surdas Myrna Salerno, 
Ana Regina e Souza Campello, Heloise Gripp Diniz, famosa pelas histórias 
interpretadas em Libras no INES, Nayara de Almeida Adriano, Ronice Muller 
de Quadros, que é outra grande pesquisadora da linguista em LS, buscando 
subsídios na Língua de sinais americana e adaptando suas pesquisas para nossa 
língua de sinais brasileira (LSB).
FIGURA 20 – PESQUISADORA SURDA HELOISE GRIPP D.
FONTE: <https://i.ytimg.com/vi/_zZWTfg7bxQ/mqdefault.jpg>. Acesso em: 22 dez. 2020.
37
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
Além disso, Santos e Queriquelli (2018) destacam pesquisadores surdos 
como a professora Shirley Vilhalva, mestre em linguística, grande precursora dos 
estudos de língua de sinais indígenas brasileiras; e a professora Marianne Stumpf, 
doutora em Informática da Educação, com pós-doutorado na Universidade 
Católica Portuguesa, líder do grupo de pesquisa de estudos sobre o SignWriting
no Brasil.
FIGURA 21 – PESQUISADORAS EM LIBRAS – MARIANNE 
STUMPF (ESQUERDA); SHIRLEY VILHALVA (DIREITA)
FONTE: <http://karinfeneis.blogspot.com/2009/06/>. Acesso em: 21 dez. 2020.
Entre os professores ouvintes linguistas que se dedicam aos estudos das 
línguas de sinais, destacamos Fernando César Capovilla e Walkiria Duarte 
Raphael e outros pesquisadores da USP, frutos de um vasto programa de 
pesquisas em lexicografi a e lexicologia de Libras iniciado em 1994, no Laboratório 
de Neuropsicolinguística Cognitiva Experimental do Instituto de Psicologia da 
USP, tendo como coordenador o professor Fernando Cesar Capovilla, com 
desdobramentos de outras publicações na área. Eles são famosos por conta do 
dicionário trilíngue (Libras, inglês e Língua portuguesa) e seus verbetes, que hoje 
já está na terceira edição, pois novos sinais foram criados pela comunidade surda 
brasileira e inclusos.
Entenda como funcionam as pesquisas que iniciaram há mais de 
20 anos para a produção do dicionário trilíngue pela USP, acessando 
o site a seguir: <https://jornal.usp.br/cultura/dicionario-da-lingua-de-
sinais-exigiu-25-anos-de-pesquisas/>.
38
 Língua brasileira de sinais
Audrey Gesser é autora do famoso livro intitulado LIBRAS? Que língua 
é essa?. Nessa obra, a autora desmitifi ca vários mitos como o fato de muitas 
vezes as línguas de sinais apresentarem formas icônicas em sua característica, 
como se fossem desenhos do referente no ar, talvez fazer com que elas sejam 
consideradas por alguns como uma língua agrafa, sem escrita. A autora deixa 
claro nesse livro que isso é um mito e, mais tarde, outros pesquisadores provaram 
que é possível escrever em língua de sinais.
FIGURA 22 – LINGUISTA AUDREY GESSER
FONTE: <https://www.facebook.com/ofi cinalibras/>. Acesso em: 25 dez. 2020.
De forma que os autores sugeridos neste tópico apresentaram muitas 
informações sobre a língua de sinais daqui do Brasil, mostrando respeito à 
nomenclatura e a sua sigla de Língua de Sinais Brasileira (SBL). Concordando 
com o estudioso em inclusão, Sassaki (2003, p. 4) apresenta que 
Libras é um termo consagrado pela comunidade surda brasileira 
e com o qual ela se identifi ca. Ele é consagrado pela tradição 
e é extremamente querido por ela. A manutenção deste termo 
indica nosso profundo respeito para com as tradições deste 
povo que desejamos ajudar e promover, tanto por razões 
humanitárias quanto de consciência social e cidadania. 
Destacamos também que a iconicidade não é exclusividade das línguas 
de sinais, isso mesmo! As línguas orais também têm suas formas icônicas, por 
exemplo, quantas vezes, para falar o nome de um objeto, passamos a descrever 
oralmente as formas daquele objeto? Outro ponto é que a iconicidade das línguas 
de sinais também não é universal, mas, cada língua de sinais representa seus 
39
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
referentes, ainda que de forma icônica, porém convencionalmente, pois cada 
lugar ou pais vê os objetos e eventos representados em seus sinais ou palavras 
sob perspectivas diferentes. 
Entenda melhor com os estudos de Brito (1995), do sinal de ÁRVORE, que 
em Língua Brasileirade sinais – Libras representa o tronco da árvore através do 
antebraço e os galhos e as folhas através da mão aberta e do movimento interno 
dos seus dedos. Já o conceito de ÁRVORE em CSL (língua de sinais chinesa) é 
representado como o tronco com as duas mãos semiabertas e os dedos dobrados 
de forma circular. 
Assim, muito embora os sinais icônicos estão intrinsecamente na gramática 
das línguas de sinais – LS, cada língua de sinais de cada país convenciona seus 
sinais conforme sua cultura, seus costumes, seu povo. Esse é um dos motivos 
de as línguas de sinais não serem consideradas universais, cada país possui sua 
própria língua de sinais.
FIGURA 23 – ÁRVORE EM LIBRAS E LSC
FONTE: <https://www.slideshare.net/Marinelia/5-parmetros-
da-libras>. Acesso em: 22 dez. 2020.
Que tal aumentar seus conhecimentos com a leitura a seguir? 
No artigo intitulado Um olhar sobre os aspectos linguísticos da 
língua brasileira de sinais, a autora apresenta um recorte dos 
estudos de pesquisas apresentando características de uma língua 
natural. Disponível em: <http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/
index.php/littera/article/view/299>.
40
 Língua brasileira de sinais
Observamos que as línguas de sinais são capazes de criar palavras e 
estruturar novas sentenças a partir de palavras ou sinais já existentes. Dessa 
forma, durante o estudo deste material, veremos mecanismos gramaticais 
relacionados às línguas de sinais; enfatizando a nossa Língua sinais (LIBRAS); 
trazendo algumas semelhanças com a nossa língua portuguesa, tais como a 
variação linguística; e enfatizando suas diferenças, como a modalidade espacial/
visual e não falada. Todas essas colocações serão discutidas nos capítulos deste 
material, por meio de tópicos e subtópicos, teorizando e descrevendo os aspectos 
gramaticais da LIBRAS, raciocinando por meio de exemplos. 
Que tal pesquisar os alfabetos de outros países? Visite o 
SignumWeb, por meio do link a seguir: <https://blog.signumweb.com.
br/curiosidades/linguas-de-sinais-pelo-mundo/>
1 A pesquisa de Stokoe (1960), na qual foram descritas as unidades 
mínimas constituintes dos sinais da Língua de Sinais Americana 
(ASL), foi fundamental para que se construísse uma nova 
compreensão a respeito das línguas de sinais em todo o mundo. 
Em relação à Língua de Sinais e sua estrutura gramatical, analise 
as sentenças a seguir.
I- A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é 
produzida, muitas vezes, faz as pessoas pensarem que todos os 
sinais são o “desenho” no ar do referente que representam. 
II- Por decorrência da natureza linguística das línguas de sinais, 
a realização de um sinal pode ser motivada somente pelas 
características icônicas.
III- A grande maioria dos sinais da LIBRAS é arbitrária, não mantendo 
relação de semelhança alguma. 
IV- As línguas de sinais possuem uma gramática própria, defi nida 
pelos sistemas: Quirológico (mãos); Morfológico (palavra/sinal 
ou item lexical); Sintático (frase); Semântico (signifi cado); e 
Pragmático (uso do signifi cado/sentido).
Sobre as afi rmações acima, pode-se afi rmar que: 
41
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
a) ( ) I, III e IV estão corretas.
b) ( ) I e III estão corretas. 
c) ( ) Todas estão corretas.
d) ( ) II, III e IV estão corretas.
2 A imagem representa um exemplo de iconicidade por quê? 
FONTE: CAPOVILLA, F.C; RAPHAEL, W.D. Dicionário Enciclopédico Ilustrado 
Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Volume I: Sinais de A a L (Vol 1, pp. 1-834). 
São Paulo, SP: Edusp, Fapesp, Fundação Vitae, Feneis, Brasil Telecom, 2001.
a) ( ) Sendo o sinal de igreja, pode-se perceber a semelhança ao 
formato convencional de uma torre de igreja.
b) ( ) Sendo o sinal de rezar, indica como devem ser colocadas as 
mãos como se estivessem fazendo uma oração. 
c) ( ) O sinal é de pássaro, pois pode-se perceber a semelhança 
com o bico de uma ave nas mãos. 
d) ( ) Sendo o sinal de casa, pode-se perceber as mãos fechando 
semelhante com um telhado. 
3 Os parâmetros primários ou as unidades mínimas em LS,
Confi guração de Mão (CM), Locação da mão (L) e Movimento da 
mão (M) descobertos pelo linguista Stokoe (1960), contribuíram 
para o status das línguas naturais para comunidade Surda. 
Considerando esse contexto, assinale V para verdadeiro e F para 
falso.
( ) Esses parâmetros precisam estar sendo utilizados juntos para se 
formar o sinal.
( ) Esses parâmetros estão relacionados aos estudos fonológicos 
aplicados em LS. 
( ) Eles não disponibilizam signifi cados de forma isolada.
( ) Os parâmetros só existem quando as línguas de sinais são 
escritas.
Assinale a seguir a resposta CORRETA:
a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) F – V – V – F.
42
 Língua brasileira de sinais
c) ( ) V – F – F – V.
d) ( ) F – V – F – V.
4 BILINGUISMO: O FATOR 
LINGUÍSTICO NA APRENDIZAGEM E 
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 
SURDA
No Brasil há hoje muitas escolas consideradas bilíngues que se propõe a 
oferecer como componente curricular o ensino de duas línguas durante todo o 
processo de aprendizagem concomitantemente ao aprendizado da língua materna 
desde os primeiros anos de escolaridade.
Nesse contexto cabe considerar o conceito de bilinguismo: “um 
comportamento linguístico psicológico e sócio-cultural complexo e com aspectos 
multidimensionais” (BUTLER; HAKUTA, 2004, p. 114). Quando a criança é imersa 
desde muito cedo a uma proposta educacional bilíngue são
[…] indivíduos ou grupo de pessoas que obtêm habilidades 
comunicativas em diversos níveis de profi ciência, nas formas 
oral e escrita, com o propósito de interagir com falantes de 
uma ou mais línguas em uma determinada sociedade. [...] No 
qual dois ou mais códigos linguísticos (incluindo dialetos) são 
utilizados para a comunicação (BUTLER; HAKUTA, 2004, p. 
115).
Assim entendemos que o ensino bilíngue favorece as crianças em muitos 
aspectos, seja ele no âmbito familiar, social e acadêmico. No caso da comunidade 
surda, o bilinguismo propõe as Línguas de sinais como L1 ou primeira língua 
dessa comunidade e a segunda língua para o sujeito surdo ou L2, ou seja, no 
nosso país, a Língua Portuguesa na modalidade escrita. 
Essa proposta está em conformidade com a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 
2002, que reconhece a Libras como meio legal de comunicação e expressão da 
comunidade Surda, defi nindo-a como um sistema linguístico de natureza visual-
motora, com estrutura gramatical própria, que proporciona a transmissão de ideias 
e fatos pelas e para as pessoas surdas. 
43
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
O Decreto nº 5.626/2005 regulamenta a lei de Libras e que a educação de 
surdos no Brasil deve ser bilíngue, garantindo o acesso à educação por meio da 
Língua de Sinais como primeira língua (L1) e o ensino da língua do grupo ouvinte 
majoritário, no caso a Língua Portuguesa, como segunda língua (L2). Conforme 
Brasil (2005), capítulo IV do uso e da difusão das libras e da língua portuguesa 
para o acesso das pessoas surdas à educação, inciso II, é obrigatório “ofertar 
[...] desde a educação infantil, o ensino da Libras e da Língua Portuguesa, como 
segunda língua para alunos surdos”.
FIGURA 24 – ENSINO BILÍNGUE PARA CRIANÇA SURDA
FONTE: <http://autobiografi ajoselito.blogspot.com/2016/11/
blog-post_52.html>. Acesso em: 22 dez. 2020.
Embora, sempre houvesse os defensores do Bilinguismo como proposta de 
comunicação e educação dos surdos, ele só foi reconhecido a partir da década 
de 80. Partiu-se de pesquisas que mostraram que as Línguas de sinais é a língua 
materna/nativa para o sujeito surdo, devido as suas características gestuais e 
visuais compensando qualquer problema imposto pela defi ciência auditiva. 
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação 
Inclusiva – PNEEPI propõe uma nova concepção de escola, em que os princípios 
da inclusão são a base da educação (BRASIL, 2008). Dessa forma a construção 
de uma sociedade inclusivarequer que as escolas regulares desenvolvam meios 
efi cazes de combater atitudes discriminatórias, visando ao desenvolvimento pleno 
de todos os alunos o que inclui os surdos. 
 A fi losofi a bilíngue também propõe que a criança surda tenha contato com 
surdos adultos fl uentes em Língua de Sinais para que estes lhe sirvam de modelo, 
ajudando na construção de uma identidade surda e para que se reconheça como 
participante de uma comunidade linguística igualmente aos ouvintes, sem deixar 
de participar da comunidade ouvinte. 
44
 Língua brasileira de sinais
Além disso, alunos surdos incluídos em escolas regulares, nas turmas 
comuns, podem contar com o apoio do intérprete educacional em sala de aula 
e frequentar a Sala de Recursos Multifuncional – SRM, no contraturno, instituída 
pela lei Brasil (2009) que tem como objetivo apoiar e ofertar o Atendimento 
Educacional Especializado (AEE), que complementa o aprendizado do aluno 
surdo na modalidade escrita da L2 e a presença do instrutor ou professor surdo, 
que também podem atuar na sala regular (SR) como modelo de representação 
linguística e se necessário também “ensinar” a Libras contextualizando em 
diversas situações. Conforme Lacerda e Góes (2000, p. 53-4) 
A Educação Bilíngue reconhece que a criança surda terá 
um desenvolvimento cognitivo-linguístico equivalente ao da 
criança ouvinte, mantendo uma relação harmoniosa também 
com as crianças ouvintes, tendo acesso às duas línguas: 
Língua Portuguesa, preferencialmente na modalidade escrita, 
face à característica pela forma em apreender o mundo de 
forma visual-espacial. A Educação Bilíngue é entendida 
como um direito linguístico da pessoa surda a ter acesso aos 
conhecimentos sociais e culturais por meio de sua língua de 
domínio, a Língua de Sinais, e aprender a língua majoritária de 
seu país como segunda língua, tornando-se bilíngue.
Porém mesmo, sendo a educação bilíngue um direito da comunidade Surda, 
ainda há muitas instituições e professores que seguem tentando alfabetizar e 
ensinar a Língua Portuguesa para o surdo com os mesmos métodos empregados 
aos alunos ouvintes, sem reconhecer as diferenças culturais e políticas dessa 
comunidade, o que difi culta muito a aprendizagem, uma vez que há inúmeras 
diferenças na organização dessas línguas de ordem fonética, sintática, semântica. 
Nesse contexto Skliar (1997, p. 7) mostra que
A proposta de educação bilíngue para surdos pode ser defi nida 
como uma oposição aos discursos e às práticas clínicas 
hegemônicas características da educação e da escolarização 
dos surdos nas últimas décadas e como um reconhecimento 
político da surdez como diferença.
Por isso, torna-se necessário considerar vários fatores que envolvem o 
ensino da fi losofi a bilíngue e, principalmente, ter profi ssionais capacitados para 
tal, que conheçam bem a língua de sinais, as construções cognitivas dos alunos 
surdos e as propostas de uma pedagogia visual que atendam às necessidades 
das crianças surdas. Que tal treinar os sinais por meio da atividade a seguir?
45
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
Contextualizamos a fi losofi a bilíngue e sua importância para a 
vida acadêmica do Surdo. Agora é sua vez, observe as imagens com 
os sinais a seguir e responda: como fi caria esta frase que está em 
Libras se traduzíssemos para a língua portuguesa na modalidade 
escrita? Lembre-se de tomar o cuidado para não incorrer no 
bimodalismo, ou seja, o português sinalizado.
FIGURA – BILINGUISMO
FONTE: <https://absrp.webnode.com.br/>. Acesso em: 22 dez. 2020.
A partir da compreensão do termo bilíngue/bilinguismo como sendo um 
sujeito conhecedor e efi ciente em duas línguas, para o surdo, conforme já 
enunciado, propõe-se como forma de ensino para a aquisição da segunda língu, 
a Língua Portuguesa – LP, que é a forma escrita da língua oral ensinada a partir 
de sua língua materna, que tem uma estrutura diferente da Língua Brasileira de 
Sinais – Libras.
No caso da criança que biologicamente nasceu com surdez, mesmo sendo 
exposta ao ambiente oralizado, não desenvolverá a linguagem oral igualmente 
as pessoas a sua volta, obviamente em função de sua limitação auditiva, mas, 
será capaz de descobrir o signifi cado daquela palavra ao estar familiarizada com 
aquela pessoa, lugar e objetos e, se tiver um treinamento oral com um profi ssional 
da área desde muito cedo, aprenderá a fazer leitura labial ao prestar atenção à 
boca do interlocutor. 
No entanto, enquanto bebês, as crianças surdas e ouvintes produzem sons e 
gestos igualmente parecidos, porém até um determinado estágio, de acordo com 
Quadros (1997, p. 70-71)
46
 Língua brasileira de sinais
Nos bebês surdos, foram detectadas duas formas de balbucio 
manual: o balbucio silábico e a gesticulação. O balbucio 
silábico apresenta combinações que fazem parte do sistema 
fonético das línguas de sinais. Ao contrário, a gesticulação 
não apresenta organização interna. Os dados apresentam 
um desenvolvimento paralelo do balbucio oral e do balbucio 
manual. Os bebês surdos e os bebês ouvintes apresentam 
os dois tipos de balbucio até um determinado estágio e 
desenvolvem o balbucio da sua modalidade. As vocalizações 
são interrompidas nos bebês surdos assim como as produções 
manuais são interrompidas nos bebês ouvintes, pois o input 
favorece o desenvolvimento de um dos modos de balbuciar. 
A citação anterior refere-se ao chamado período pré-linguístico, assim, 
a autora disserta que independentemente de a modalidade da língua ser oral 
auditiva ou espaço visual, parece haver uma capacidade para a linguagem nata 
dos seres humanos e, ainda, ela destaca que “as crianças ouvintes, fi lhas de pais 
surdos, apresentam e desenvolvem os dois tipos de balbucio até chegarem à 
produção das línguas” (PIZZIO; REZENDE; QUADROS, 2010, p. 19).
Entendemos assim que a criança desenvolve sua linguagem conforme as 
suas necessidades, pois buscará alternativas para atingir seus objetivos e começar 
a desenvolver sua língua natural e ser alfabetizada. Isso implica no convívio social 
como um aspecto muito importante conforme apresenta Ferreiro (1999, p. 47) “a 
alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início 
é na maioria dos casos anterior à escola e que não termina ao fi nalizar a escola 
primária”. No caso das crianças surdas usuária nativas de língua de sinais, 
quando ela recebe um ensino bilíngue naturalmente usará a LS na escola e como 
alternativa, na modalidade escrita, a Língua Portuguesa – LP.
Leia o texto intitulado Língua brasileira de sinais VI e entenda 
o processo de aquisição de linguagem das crianças surdas. 
Disponível em: <https://libras.ufsc.br/old/public/colecaoletraslibras/
eixoformacaoespecifi ca>. 
47
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
 4.1 A LIBRAS NO PROCESSO DE 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA O 
SURDO
Realmente pode ser desafi ador tanto para o professor que não entende a 
cultura do surdo como para o aluno surdo aprender a ler e escrever na Língua 
Portuguesa – LP. Assim, considerando o ensino da língua portuguesa escrita para 
crianças surdas, as autoras Quadros e Schmiedt (2006, p. 24) apresentam que 
há dois recursos muito importantes a serem usados em sala de aula: “primeiro o 
relato de estórias como sendo um meio especialmente rico em alfabetizar e letrar 
uma criança e segundo a produção de literatura infantil em língua de sinais”. 
Isso acontece, pois a comunidade surda tem um grande potencial para contar 
e produzir histórias espontâneas e piadas. De acordo com Quadros e Schmiedt 
(2006) a ideia está em não se reproduzir iletrados em sinais. Assim, para o surdo, 
a língua de sinais é
“a” primeira língua e merece receber esse tratamento. Sendo 
assim, recuperar a produção literária da comunidade surda 
é um aspecto emergente para tornar efi caz o processo de 
alfabetização. Literatura em sinais é essencial para tal processo.Os bancos escolares devem se preocupar com tal produção, 
bem como incentivar seu desenvolvimento e registro. O que os 
alunos produzem hoje espontaneamente, pode se transformar 
em fonte de inspiração literária dos alunos de amanhã. O que 
os professores relatam hoje pode ser aperfeiçoado no dia de 
amanhã (QUADROS; SCHMIEDT, 2006, p. 25). 
Assim, segundo as autoras, os alunos surdos precisam tornar-se leitores 
primeiro na língua de sinais para se tornarem leitores na língua portuguesa. 
Por ser de modalidade gestual visual, as línguas de sinais podem trazer vários 
elementos exploratórios. A seguir, listamos algumas características que as línguas 
orais não oferecem de forma consistente para alfabetizar e letrar uma criança 
surda segundo Quadros e Schmiedt (2006, p. 26-27).
• Estabelecimento do olhar.
• Exploração das confi gurações de mãos. 
• Exploração dos movimentos dos sinais (movimentos internos e externos, 
ou seja, movimentos do próprio sinal e movimentos de relações 
gramaticais no espaço).
• Utilização de sinais com uma mão, duas mãos com movimentos 
simétricos, duas mãos com movimentos não simétricos, duas mãos com 
diferentes confi gurações de mãos.
48
 Língua brasileira de sinais
• Uso de expressões não manuais gramaticalizadas (interrogativas, 
topicalização, focus e negação).
• Exploração das diferentes funções do apontar.
• Utilização de classifi cadores com confi gurações de mãos apropriadas 
(incluem todas as relações descritivas e preposicionais estabelecidas através 
de classifi cadores, bem como, as formas de objetos, pessoas e ações e 
relações entre eles, tais como, ao lado de, em cima de, contra, embaixo 
de, em, dentro de, fora de, atrás de, em frente de etc.).
• Exploração das mudanças de perspectivas na produção de sinais.
• Exploração do alfabeto manual.
• Estabelecimento de relações temporais através de marcação de tempo 
e de advérbios temporais (futuro, passado, no presente, ontem, semana 
passada, mês passado, ano passado, antes, hoje, agora, depois, 
amanhã, na semana que vem, no próximo mês etc.).
• Exploração da orientação da mão z especifi cação do tipo de ação, 
duração, intensidade e repetição (adjetivação, aspecto e marcação de 
plural).
• Jogos de perguntas e respostas observando o uso dos itens lexicais e 
expressões não manuais correspondentes.
• Utilização de “feedback” (sinais manuais e não-manuais específi cos 
de confi rmação e negação, tais como, o sinal CERTO, o sinal NÃO, os 
movimentos de cabeça afi rmando ou negando).
• Exploração de relações gramaticais mais complexas (relações de 
comparação, tais como, isto e aquilo, isto ou aquilo, este melhor 
do que este, aquele melhor do que este, este igual àquele, este com 
aquele; relações de condição, tais como, se isto então aquilo; relações 
de simultaneidade, por exemplo, enquanto isto acontece, aquilo está 
acontecendo; relações de subordinação, como o fulano pensa que está 
fazendo tal coisa; aquele que tem isso, está fazendo aquilo).
• Estabelecimento de referentes presentes e não presentes no discurso 
e o uso de pronominais para retomada de tais referentes de forma 
consistente, exploração da produção artística em sinais, usando todos 
os recursos sintáticos, morfológicos, fonológicos e semânticos próprios da 
LSB (tais recursos incluem, por exemplo, os aspectos mencionados até 
então).
Todas essas orientações podem ser realizadas por professores surdos 
e ouvintes, pois o objetivo é a exploração de tais aspectos da língua de sinais. 
Nesse sentido qualquer criança que está sendo alfabetizada precisa dominar o 
funcionamento linguístico e aproveitar sua capacidade criativa e desenvolvimento 
cognitivo para aprender uma segunda língua que neste caso é a LP. 
49
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
Que tal ampliar seus conhecimentos? No seguinte site: <http://
www.librasgerais.com.br/materiais-inclusivos/livros.php>, você 
encontrará vários livros relacionados a contextos linguísticos, 
educacionais, entre outros, que poderão ser baixados gratuitamente. 
Além disso, os professores podem conhecer e confeccionar muitas atividades 
dependendo do contexto. Entre elas, atividades com alfabeto em Libras e LP e 
atividade com sinal, gravura e escrita. Aproveite essas atividades para ensinar os 
nomes e classifi car os objetos, sempre fazendo uso da imagem ou do referente, 
do sinal em Libras e da escrita na LP. São atividades que podem ser utilizadas em 
várias disciplinas e qualquer conteúdo.
FIGURA 25 – RELAÇÃO SINAL, PALAVRA E ESCRITA
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=TuQT2btklfc>. Acesso em: 25 dez. 2020.
Atividades como essas darão subsídios para o processo de aquisição da 
leitura e para o desenvolvimento da leitura e escrita do português como segunda 
língua. Sobre a importância desses recursos para alfabetização da criança surda 
usuária de LS e LP, Quadros e Schmiedt (2006, p. 29) mostram que ela 
fi ca imersa nas relações cognitivas estabelecidas por meio da 
língua de sinais para organização do pensamento, terá mais 
elementos para passar a registrar as relações de signifi cação 
que estabelece com o mundo. Diante da experiência com o sistema 
de escrita que se relaciona com a língua em uso, a criança 
passa a criar hipóteses e a se alfabetizar. 
50
 Língua brasileira de sinais
Todavia, se a criança surda tem pais ouvintes e nenhum contato com a 
comunidade surda, é provável que não seja usuária de LS e, quando entrar na 
época de escolarização, terá algumas difi culdades no processo de alfabetização 
utilizando as línguas de sinais como meio para aprendizagem da Língua 
Portuguesa. 
Porém, todas essas atividades deverão estar pautadas em objetivos 
pedagógicos bilíngues, pois, quando falamos sobre a língua por meio da própria 
língua, passa a ter uma representação social e cultural para a criança elementos 
importantes do processo educacional. 
Os profi ssionais que recebem uma criança surda em sua sala devem 
entender que a percepção da produção acadêmica de uma criança que ouve e 
fala uma língua falada é totalmente diferente do aluno surdo que produzirá o que 
vê produzido pelo seu interlocutor visualmente e não pelos sons. Assim, quando 
a criança surda tem a oportunidade de explorar a própria produção por meio da 
leitura que ela mesma faz, isso estimula o desenvolvimento cognitivo dela que 
sustentará o processo de aquisição da leitura e escrita na língua portuguesa.
Tenha dicas de como alfabetizar e letrar a criança surdo com 
o vídeo intitulado Compartilhando Práticas| - Refl exões sobre 
letramento e alfabetização de surdos 1, disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=N7HWJc2wEY8>.
51
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
4.2 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – 
UM RESGATE DA HISTÓRIA
FIGURA 26 – A HISTÓRIA DE LS NO BRASIL
FONTE: <https://ensino.digital/blog/historia-da-lingua-brasileira-
de-sinais-como-surgiu>. Acesso em: 25 dez. 2020.
Os registros sobre a LS aqui no Brasil tiveram início a partir do segundo 
império, por meio de um convite do imperador Dom Pedro II ao professor que 
também fi cou surdo devido ao sarampo, o francês Ernest Huet. Segundo 
pesquisas, Huet estudou no Instituto Nacional de Surdos em Paris, formando-se 
professor.
O imperador Dom Pedro II teve muito interesse que a LS chegasse no 
Brasil, muitos contam que o imperador tinha um neto surdo e queria que ele se 
desenvolvesse nos estudos acadêmicos. No entanto, outros relatos apontam 
que não era seu neto, mas sim um parente próximo que era surdo. Naquele 
tempo era bem comum que professores formados em institutos especializados 
na Europa serem convidados para irem a países como o Brasil com objetivo de 
ajudar a fundar instituições educacionais. De qualquer forma, o imperador que 
tinha muitas informações vindas da Europa encontrou no professor surdo Huet a 
solução para isso. 
Finalmente em 1855, Huet, após uma pesquisa de quantidade de surdos 
aqui no Brasil,apresentou um projeto de criação de uma escola para surdos na 
cidade do RJ por meio da Lei nº 839, de 26 de setembro de 1857, promulgada por 
Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, chamada de Imperial Instituto dos Surdos Mudos 
(IISM), hoje conhecido como Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). 
Observe que agora, na nomenclatura do instituto, não existe mais a palavra 
“mudo”. 
52
 Língua brasileira de sinais
Assim, o professor francês Ernest Huet trouxe a Língua de Sinais francesa 
e implantou a Língua Nacional de Sinais, como fi cou conhecida na época. No 
entanto, eram poucos os surdos e ouvintes que conheciam as línguas de sinais 
como comunicação, assim, o método Comunicação Total foi muito utilizado, 
inclusive a escrita dactológica por meio do alfabeto manual em línguas de sinais 
francesa, pois o objetivo inicial era que os surdos conseguissem recuperar a 
comunicação expressiva dos seus sentimentos e convivessem com as pessoas 
ouvintes da melhor maneira possível.
 Em 1880 um congresso em Milão sobre surdez proibiu o uso das línguas 
de sinais no mundo, inclusive aqui no Brasil, acreditando que a leitura labial 
(oralização) era a melhor forma de comunicação para os surdos. Mesmo assim, 
os gestos e as línguas de sinais sobreviveram nos pátios do INES e aos poucos a 
língua de sinais francesa foi se mesclando com alguns sinais mesmo que caseiros 
já utilizados aqui no Brasil.
Após apresentar uma contextualização de como surgiu a Língua Brasileira 
de Sinais – Libras no País, é interessante citar alguns marcos históricos no Brasil, 
tais como:
• A criação da FENEIDA nos anos 70, que em 1987 passou a se chamar 
FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos).
• O INES foi responsável por criar o primeiro curso de Especialização para 
professores na área de surdez, difundindo assim o Bilinguismo.
• O reconhecimento da Libras como instrumento legal (ofi cial) no Brasil 
pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002.
• O decreto n° 5626, de 22 de dezembro de 2005, que reconhece a Libras 
como língua da comunidade Surda brasileira e a regulamentou.
Aguarde que nos próximos capítulos vamos nos aprofundar de fato 
nos elementos linguísticos das línguas de sinais, especifi cando como cada 
parâmetro ou unidade mínima é necessário para formação do sinal e o contexto 
comunicativo em LS. Além disso, vivemos em uma época em que a tecnologia 
traz muitos conhecimentos e auxilia no aprendizado de qualquer língua. Dessa 
forma, aproveite todo esse aprendizado entre a teoria e o visual e amplie seu 
conhecimento em Libras.
53
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
Assista ao vídeo disponível em: <https://ensino.digital/blog/
historia-da-lingua-brasileira-de-sinais-como-surgiu> e entenda tudo 
sobre o surgimento de Língua Brasileira de sinais – Libras.
1 Em uma escola que utiliza a fi losofi a bilíngue para crianças 
surdas, os professores necessitam ensinar aos alunos surdos a 
Língua Brasileira de Sinais como (L1) e a Língua Portuguesa na 
modalidade escrita como (L2). No que diz respeito ao ensino da 
Língua Portuguesa escrita para o aluno surdo, é correto afi rmar 
que:
a) ( ) deve ser ensinada por meio do uso da escrita do sistema sign 
writing, com o objetivo de fortalecer a escrita das pessoas surdas.
b) ( ) deve ser ensinada com o objetivo de ser uma língua 
signifi cativa para as pessoas surdas, possibilitando a aquisição 
da habilidade de ler e produzir a escrita da Língua Portuguesa.
c) ( ) deve ser ensinada com o objetivo de promover somente 
a aquisição da fala e da escrita exclusivamente na Língua 
Portuguesa como L1. 
d) ( ) deve ser ensinada com o objetivo de ser uma língua para as 
crianças surdas, inicialmente a obrigatoriedade à aquisição da 
oralidade, para depois acessar à escrita da Língua Portuguesa.
2 Observe a fi gura a seguir que retrata os tipos de contribuições para 
um ensino acadêmico e signifi cativo à criança surda. Quando 
esse tipo de atividade é usado pelo docente, as metodologias 
apresentadas refl etem qual abordagem? 
54
 Língua brasileira de sinais
FIGURA – ENSINO PARA CRIANÇA SURDA
FONTE: <https://wp.ufpel.edu.br/thaisgrutzmann/fi les/2020/08/616-
1815-1-PB-INES-Ts.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2020.
I- Pedagogia Visual.
II- Comunicação total. 
III- Pedagogia oralista.
IV- Sociolinguismo e Pragmatismo.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Apenas a alternativa I está correta.
b) ( ) Apenas a alternativa III está correta.
c) ( ) As alternativas III e IV estão corretas.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas. 
3 O ano de 1880 marcou profundamente a história dos surdos 
em todo mundo, principalmente em questões educacionais e 
aqui no Brasil não foi diferente. Assinale a seguir a alternativa 
que apresenta corretamente o evento ocorrido no período 
mencionado.
a) ( ) Em 1880, na Itália, foi criada a primeira língua de sinais do 
mundo que passou a ser utilizada em todos os países, inclusive 
aqui no Brasil.
b) ( ) Em 1880 foi realizado na Europa um congresso de surdos no 
qual foi criada a primeira língua de sinais que seria posteriormente 
utilizada no Brasil.
c) ( ) No ano de 1880, em um congresso ocorrido em Frankfurt, o 
método Oralista foi abolido, surgindo a fi losofi a do Bilinguismo na 
educação de surdos do mundo todo, vindo para o Brasil.
55
O PROCESSO COGNITIVO E A LÍNGUA DE SINAIS Capítulo 1 
d) ( ) No ano de 1880, em um congresso ocorrido em Milão, optou-
se pela imposição do método Oralista, que passou a ser o padrão 
adotado na educação e formação dos surdos de diferentes países 
no mundo, inclusive, foi adotado no Brasil.
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo inicial, apresentamos o conceito de língua e linguagem; e o 
processo cognitivo por trás desses conceitos na aprendizagem de uma língua. 
Além disso, a língua de sinais foi apresentada como ponto de partida na construção 
da identidade cultural, social e educacional dos sujeitos Surdos. Destacamos a 
função extremamente importante dos linguistas pesquisadores em LS de registrar 
toda a gama de pesquisas direcionadas à língua de sinais como uma língua 
natural e cientifi camente aceita como expressão linguística da comunidade Surda. 
Contextualizamos a nossa língua Brasileira de Sinais – Libras, como instrumento 
legal (ofi cial) no Brasil pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada 
como língua ofi cial da comunidade Surda Brasileira pelo decreto nº 5.626/2005.
Compreendemos que as línguas de sinais não são universais, tampouco são 
considerados mímicas ou somente gestos, pois é mantenedora de sua própria 
gramática. Ela desenvolve-se em cada comunidade surda, em diferentes países 
do mundo com todas as propriedades linguísticas. Por isso, diferentemente da 
criança ouvinte, o bebê que nasce surdo nada assimila pelo ouvido, uma vez 
que há um impedimento, causado pela surdez. Dessa forma, o sistema nervoso 
central não decodifi ca o que representa o som, por isso, diz-se que as línguas de 
sinais são espaços visuais. 
Portanto, a Língua de Sinais não é somente uma língua sinalizada, mas 
um legítimo sistema linguístico que atende às necessidades de comunicação 
entre os indivíduos surdos e ouvintes usuários dela, capazes de se expressarem 
em qualquer contexto, desde o mais simples ao mais complexo. Diante desse 
contexto, é importante destacar que o Surdo não está inserido apenas na 
comunidade Surda, mas é considerado um sujeito bicultural, pois vivencia 
situações linguísticas e práticas no seu dia a dia em duas línguas, Línguas orais 
e Língua de sinais, no nosso caso, aqui no Brasil, Libras e LP na modalidade de 
leitura e escrita. 
Assim, é preciso que ele tenha acesso a todos os meios de interação durante 
sua convivência social, acadêmica e familiar, o que implica que interaja com o 
mundo que o cerca. Nesse sentido, entende-se que ele precisa ter competência 
56
 Língua brasileira de sinais
em ambas as línguas,Libras e LP, tanto no âmbito acadêmico quanto social, ainda 
que com a LP seja apenas na modalidade escrita.
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CAPÍTULO 2
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM
LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A
FONÉTICA E A MORFOLOGIA
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Conhecer as principais interfaces gramaticais da língua brasileira de sinais.
• Apresentar aspectos fonológicos em língua brasileira de sinais.
• Identifi car os estudos morfológicos em língua brasileira de sinais.
• Classifi car a morfologia e os fenômenos que classifi cam a Libras como uma 
língua natural.
• Pesquisar a respeito da importância dos parâmetros para formação de palavras 
em Libras.
• Analisar e aplicar a estrutura fonológica nos estudos das línguas de sinais.
• Aplicar à prática o estudo da formação dos sinais em Libras e suas 
características.
62
 Língua brasileira de sinais
63
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
No Capítulo 1, tivemos uma visão breve e geral a respeito da gramática das 
línguas de sinais e sua historicidade, principalmente no que diz respeito à Língua 
Brasileira de Sinais – Libras. Agora continuamos nossa viagem nos aprofundando 
nos parâmetros necessários para a criação dos sinais. Entende-se por parâmetro 
aquilo que é possível estabelecer uma comparação, um padrão que segue 
determinado modelo de regras antes fi xadas para aceitar/reconhecer algo ou 
alguma coisa como verdade. Acompanhamos no capítulo anterior os conceitos 
de língua/linguagem, objeto de estudos da Linguística, que busca argumentar que 
uma comunidade com indivíduos falantes de uma língua oral ou sinalizada possui 
sistemas linguísticos distintos, com sua própria estrutura. 
A Gramática Gerativa, teoria idealizada por Chomsky e outros linguistas, 
apresenta o modelo de princípios de parâmetros e afi rma uma estrutura 
pressuposta nas línguas. Tais particularidades convêm a todas as línguas orais 
ou sinalizadas e se posicionam a partir do ponto de vista da Gramática Universal 
(GU).
FIGURA 1 – RAIZ DAS LÍNGUAS
FONTE: <https://www.facebook.com/linguisticapraque/
photos/110626670293691>. Acesso em: 11 fev. 2021.
Os parâmetros linguísticos de uma língua são a estrutura que representa o 
status formativo assim como as partes principais de uma árvore, cada elemento 
com sua fundamental importância. 
Para seguirmos a nossa refl exão acerca dos parâmetros em Libras, é 
importante destacarmos que o modelo de princípios e parâmetros idealizados 
64
 Língua brasileira de sinais
por Chomsky e seus colaboradores apresenta uma excelente contribuição para 
o campo da linguística, favorecendo de maneira signifi cativa as línguas de sinais. 
Os dois tipos de princípios são: os rígidos e invariáveis, que são capazes de serem 
incorporados por todas as línguas; e os abertos/parâmetros, que são fi xados ao 
longo do processo de aquisição e oferecem até duas possibilidades de valores, 
dependendo dos estímulos que o ambiente linguístico oferece ao sujeito.
As ponderações que faremos a partir desse pequeno exercício em relação 
aos parâmetros da Libras nos apresenta duas notórias autoras que se valeram 
da Teoria Gerativa para assim conceber suas análises linguísticas das línguas 
de sinais, mais especifi camente da Libras. Quadros e Karnopp (2004) nos 
presenteiam com uma excelente obra intitulada Língua Brasileira de Sinais: 
estudos linguísticos, na qual realizam importantes análises dos aspectos 
linguísticos da Libras. Esse material é considerado um referencial para os 
pesquisadores e estudantes de Libras.
Considerando o grau de importância das autoras citadas para a área 
da linguística da Libras, assim como da obra por elas produzidas, julgamos 
pertinente fundamentar o tema aqui proposto embasados na bibliografi a dessas 
autoras/pesquisadoras, visto que os parâmetros que fundamentam a Libras estão 
ricamente representados no decorrer da obra. 
Já estudamos que a Libras é uma língua com sua estrutura gramatical 
organizada obedecendo alguns parâmetros diferentes linguisticamente, mas que 
oferecem a Libras o status de língua natural. 
A Libras possui uma estrutura gramatical, assim como as outras línguas de 
sinais, sua produção acontece pelo movimento das mãos, corpo e da face, todas 
as funções são fundamentais para a compreensão do sentido da comunicação. 
Ferreira-Brito (1995) aponta que a estrutura sublexical da Libras é constituída 
a partir de parâmetros que se combinam. Do ponto de vista de Quadros e 
Karnopp (2004), os principais parâmetros fonológicos são locação, movimento 
e confi guração de mão. Porém, as expressões faciais e corporais também 
constituem a estrutura da Libras.
“Sublexial” considera-se as partes divisíveis de uma palavra, as 
unidades mínimas de um sinal.
65
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
2 PARÂMETROS DA LIBRAS
A Gramática Universal é uma teoria linguística idealizada pela escola 
transformacional e gerativa, que se defi ne como um modelo de princípios e 
parâmetros criados por Chomsky, sendo um avanço na área da linguística. De 
acordo com esse modelo, a gramática gerativa deve ser composta de dois tipos 
de princípios: “alguns que são rígidos e invariáveis” (VIOTTI, 2008, p. 41), isto é, 
são imutáveis, esses princípios incorporam todas as línguas orais ou sinalizadas; 
já o segundo modelo proposto são os tipos abertos. Esses princípios abertos 
são chamados de parâmetros, os mesmo que utilizamos em Libras. A estrutura 
gramatical está organizada a partir desses parâmetros que estruturam a sua 
formação nos mais diversos níveis linguísticos. Apresentamos a seguir três dos 
seus maiores e ou principais parâmetros: Confi guração da(s) mão(s) (CM), o 
Movimento (M) e o Ponto de Articulação (PA); e outros três que constituem seus 
parâmetros menores: Região de Contato, Orientação da(s) mão(s) e Disposição 
da(s) mão(s). 
FIGURA 2 – SINAL DE VELHO
FONTE: <https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/incluir/libras/
curso_de_libras_-_graciele.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2021.
2.1 CONFIGURAÇÃO DE MÃO (CM)
A confi guração de mão é a disposição das mãos no momento da execução 
do sinal, sendo possível a representação por meio de letras, números ou 
classifi cadores. De acordo com pesquisas realizadas por Ferreira-Brito (apud 
QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 53) “A língua de sinais brasileira apresenta 46 
CMs, um sistema bastante similar àquele da ASL, embora nem todas as línguas 
de sinais compartilhem o mesmo inventário de CMs”. Cabe destacar que não 
66
 Língua brasileira de sinais
são todas as línguas de sinais que se valem do mesmo rol de CMs. A seguir 
apresentamos um quadro com 46 CMs apresentadas por Ferreira-Brito (1995) 
que foi uma das pioneiras nas análises da confi guração de mãos na língua de 
sinais. Atualmente, dispomos de outros autores que também apresentam outras 
confi gurações de mãos, que agregam os estudos que Brito já havia apresentado. 
Destacamos que neste capítulo versaremos sobre o rol de CMs da autora citada, 
mas, no Capítulo 3, apresentaremos outras discussões acerca do assunto. 
FIGURA 3 – SINAL DE TELEFONE CM [Y] FIGURA 4 – SINAL DE BRANCO CM [B]
FONTE: <https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/incluir/libras/
curso_de_libras_-_graciele.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2021.
FIGURA5 – SINAL DE VEADO CM [5] FIGURA 6 – SINAL DE ONTEM CM [L]
FONTE: <https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/incluir/libras/
curso_de_libras_-_graciele.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2021.
67
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
Entenda melhor: já que as línguas de sinais não são universais, 
existem confi gurações de mão diferentes. Isso acontece também 
com o alfabeto manual, apesar de haver alguma semelhança na 
sinalização, como a Língua de Sinais Brasileira (LSB), Língua de 
Sinais Americana (ASL) e a Língua de Sinais Francesa (LSF), ainda 
assim, percebemos diferença na CMs de cada uma delas.
FIGURA 7 – ALFABETO MANUAL EM LSB
FONTE: <https://cursolibras.wordpress.com/2012/11/27/libras>. Acesso em: 23 fev. 2021.
68
 Língua brasileira de sinais
FIGURA 8 – ALFABETO MANUAL EM LSF E AS
FONTE: <https://cursolibras.wordpress.com/2012/11/27/libras>. Acesso em: 23 fev. 2021.
69
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
FIGURA 9 – AS 46 CONFIGURAÇÕES DE MÃO DA 
LIBRAS POR FERREIRA BRITO (1995)
FONTE: <https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoBasica/
foneticaEFonologia/scos/cap15009/7.html>. Acesso em: 11 fev. 2021.
Conforme Ferreira Brito (1995), a Língua de Sinais Brasileira (LSB) e a ASL 
possuem sistemas similares de confi guração de mãos, visto que na língua de 
sinais brasileira a autora apresenta 46 CMs, um sistema bastante similar àquele 
70
 Língua brasileira de sinais
da ASL, porém, esse fato é curioso, pois essa similaridade não acontece com 
todas as línguas de sinais, considerando que nem todas partilham do mesmo 
inventário de CMs. A descrição apresentada surge de informações coletadas a 
partir da sinalização observada nas principais capitais brasileiras. O agrupamento 
vertical segundo a semelhança entre elas foi o critério adotado e não ocorreu 
identifi cação enquanto CMs básicas ou CMs variantes. Dessa forma, na língua 
brasileira de sinais, o conjunto de CMs refere-se apenas às manifestações de 
superfície, isto é, de nível fonético. 
2.2 MOVIMENTO (M)
Na Libras os sinais estáticos ou com movimentos se confi guram como uma 
das partes da estrutura gramatical. O movimento é como acontece o deslocamento 
espacial dos sinais no momento de sua execução, para tanto, é necessário 
haver objeto e espaço. As mãos do enunciador representam o objeto e a área de 
limitação corporal do enunciador é o espaço da execução do movimento.
FIGURA 10 – MOVIMENTO (M)
FONTE: <https://www.libras.com.br/images/artigos/os-5-parametros-da-libras/exemplos-
de-sinais-com-movimento-e-sem-movimento.png>. Acesso em: 11 fev. 2021.
Durante a articulação de um sinal, pode ocorrer a mudança ou não da 
CM, quando acontece essa alteração do movimento interno da mão, também 
observamos a mudança na confi guração dos dedos selecionados.
Alguns sinais são estáticos enquanto outros seguem um movimento contínuo. 
Seguindo esse raciocínio, compreendemos que o parâmetro de movimento se 
71
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
refere ao modo como as mãos se movimentam, sendo possíveis movimentos 
lineares, circulares, retilíneos, simultâneos ou alternados com ambas as mãos 
etc.; e para onde estão movimentando (para a frente, em direção à direita, 
esquerda etc.).
HOMEM
FONTE: <https://cursolibras.wordpress.com/2012/11/27/libras>. Acesso em: 23 fev. 2021.
FIGURA 11 – GALINHA 
2.3 DIRECIONALIDADE DO 
MOVIMENTO
a) Unidirecional: quando o movimento é realizado em uma direção no 
espaço. 
Ex.: PROIBIR, SENTAR, MANDAR.
b) Bidirecional: quando o movimento do sinal é realizado por uma ou ambas 
as mãos, em direções diferentes. 
Ex.: JULGAMENTO, GRANDE, DISCUTIR, TRABALHAR, BRINCAR.
c) Multidirecional: no momento da realização de alguns sinais os 
movimentos podem explorar várias direções no espaço.
Ex.: INCOMODAR, PESQUISAR.
 
72
 Língua brasileira de sinais
2.4 TIPOS DE MOVIMENTOS
FIGURA 12 – HELICOIDAL
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
Sinais como: alto (a), azeite e macarrão possuem esse tipo de movimento. 
FIGURA 13 – SINAIS REFERENTES
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
FIGURA 14 – RETILÍNEO
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
Sinais como: porque, encontrar e estudar utilizam esse movimento. 
73
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
FIGURA 15 – SINAIS REFERENTES
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
FIGURA 16 – SEMICIRCULAR
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
Sinais como: surdo (a), sapo e coragem utilizam esse tipo de movimento. 
FIGURA 17 – SINAIS REFERENTES
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
FIGURA 18 – CIRCULAR
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
74
 Língua brasileira de sinais
Sinais como: brincar, idiota e bicicleta utilizam esse tipo de movimento.
FIGURA 19 – SINAIS REFERENTES
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
FIGURA 20 – SINUOSO
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
Sinais como: Brasil, rio e navio utilizam esse tipo de movimento. 
FIGURA 21 – SINAIS REFERENTES
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
75
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
FIGURA 22 – ANGULAR
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
Sinais como: raio, elétrico e difícil utilizam esse tipo de movimento. 
FIGURA 23 – SINAIS REFERENTES
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 19 mar. 2021.
2.5 PONTO DE ARTICULAÇÃO
O ponto de articulação é a área do corpo em que o sinal é executado. Na 
Libras, o espaço no qual acontece a enunciação é considerado o local em que 
todos os pontos estão dentro de um raio de alcance da sinalização, sendo que 
o número de locações pode ser limitado, visto que em alguns casos o ponto de 
articulação ocorre exatamente em determinado eixo, tais como o queixo, ponta do 
nariz, entre outros. Para Quadros e Karnopp (2004), espaço de enunciação é o 
espaço ideal, no sentido de que se considera que os interlocutores estejam face 
a face. 
Esse parâmetro é delimitado pela extensão dos braços do emissor e ocorre 
quando ele toca em alguma parte do corpo ou no espaço neutro, que é a região 
do meio do corpo até a cabeça ou para frente do emissor.
É importante observar que em meio a uma sinalização normal, o espaço é 
limitado como se estivéssemos comparando a intensidade da voz humana. Para 
autores como Felipe e Monteiro (2007, p. 22), o local de articulação é considerado 
76
 Língua brasileira de sinais
um parâmetro fundamental na estrutura da língua de sinais brasileira. Eles 
citam como exemplos de ponto ou local de articulação os sinais TRABALHAR, 
BRINCAR e PAQUERAR, realizados no espaço neutro e os sinais ESQUECER, 
APRENDER e DECORAR que são realizados na testa.
FIGURA 24 – LOCAÇÃO
FONTE: <https://www.libras.com.br/images/artigos/os-5-parametros-da-libras/
exemplos-de-ponto-de-articulacao.png>. Acesso em: 13 fev. 2021.
É importante considerar que em algumas situações o espaço de enunciação 
pode sofrer alteração no campo no qual ocorre a sinalização, podendo ser 
reduzido ou até mesmo realocado. “Se um enunciador A faz sinal para B, que 
está fi sicamente distante,o espaço de enunciação será alterado” (QUADROS; 
KARNOPP, 2004, p. 57). Cabe ressaltar que os pontos de articulação devem ter 
as posições relativas às do enunciado ideal.
Entenda melhor: apesar da possibilidade de o espaço de 
enunciação sofrer alterações no campo de sinalização, o espaço 
em que o sinal é realizado deve seguir um padrão estabelecido 
linguisticamente. Não é possível sinalizar em qualquer espaço e sem 
observar os limites de sinalização, mesmo que em espaço imaginário. 
77
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
Dentro da complexidade que existe na Libras, deve-se ainda observar onde 
estão os pontos de articulação e quais são as principais regiões das locações. 
Quadros e Karnopp (2004) buscam em Ferreira-Brito e Langevin (1995) a resposta 
para essa inquietação: as autoras brasileiras apresentam na obra delas intitulada 
Língua Brasileira de Sinais – Estudos Linguísticos as quatro regiões principais das 
locações do enunciador que são: cabeça, mão, tronco e espaço neutro. 
QUADRO 1 – LOCAÇÕES
Cabeça Tronco
Topo da cabeça Pescoço
Testa Ombro
Rosto Busto
Parte superior do rosto Estômago
Parte inferior do rosto Cintura
Orelha Xx
Olhos Braços
Nariz Braço
Boca Antebraço
Bochechas Cotovelo
Queixo Pulso
Mão Espaço Neutro
Palma
Costas da mãos
Lado do indicador
Lado do dedo mínimo
Dedos
Ponta dos dedos
Dedo mínimo
Anular
Dedo médio
Indicador
Polegar
FONTE: Ferreira-Brito e Langevin (1995 apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 58)
Os parâmetros apresentados representam a estrutura e a organização dos 
constituintes fonológicos, determinam as unidades mínimas formadoras dos sinais 
e estabelecem os padrões de combinação que combinam satisfatoriamente entre 
essas unidades. Sabemos que as línguas de sinais possuem uma modalidade 
gestual-visual que também denominamos por espaço-visual, visto que as 
informações recebidas se estabelecem pela visão enquanto que a produção 
de informações se dá pelas mãos. Essas particularidades das línguas de sinais 
provocaram a necessidade de um esquema linguístico que comprovasse o status 
de língua natural. 
78
 Língua brasileira de sinais
O esquema linguístico proposto por Stoke em meados da década de 60 
apresenta uma estrutura capaz de analisar a formação e a decomposição dos 
sinais na ASL (Língua de Sinais Americana) em três parâmetros. Os aspectos 
apresentados anteriormente (CM, L e M) são as unidades mínimas (fonemas) que 
constituem os morfemas nas línguas de sinais. 
Cientistas se debruçaram sobre as pesquisas de Stoke e descobriram que 
algumas análises das unidades que formam os sinais sugeriram incorporação de 
outros aspectos que também constituem a morfofonologia das línguas de sinais. 
A seguir discutiremos acerca desses parâmetros que foram adicionados aos 
estudos da fonologia de sinais e considerados secundários. 
2.6 PARÂMETROS SECUNDÁRIOS
• Disposição das mãos
Na Libras os sinais podem ser realizados com a mão dominante ou com 
ambas as mãos, sendo a disposição em que as mãos se apresentam um dos 
parâmetros secundários da Libras. 
Ex.: BURRO (A), CALMA, DIFERENTE, SENTAR, SEMPRE E OBRIGADO 
(A). 
• Região de contato
A região de contato é quando a mão toca uma parte do corpo, essa parte que 
foi tocada chamamos de região de contato. 
Ex.: Toque: MEDO, ÔNIBUS E CONHECER.
 Toque Duplo: FAMÍLIA, SURDO (A) E SAÚDE.
 Risco: OPERAR, JOSÉ (nome bíblico) E PESSOA.
 Deslizamento: CURSO, EDUCADO (A), LIMPO (A) E GALINHA.
• Orientação de mão (Or)
Defi nimos este parâmetro como a direcionalidade para a qual a palma da 
mão aponta no momento em que o sinal é executado. Alguns sinais quando 
79
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
executados podem ter a mesma CMs, assim como o mesmo ponto de articulação 
e ainda com o movimento idêntico articulado, esses sinais se diferem apenas na 
orientação da mão. 
É o plano em direção ao qual a palma da mão é orientada. Alguns sinais têm 
a mesma confi guração, o mesmo ponto de articulação e o mesmo movimento e 
diferem apenas na orientação da mão. É importante perceber como a modifi cação 
de um único parâmetro pode alterar completamente o signifi cado do sinal. 
Segundo Felipe e Monteiro (2007) os verbos IR e VIR se opõem em relação 
à direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER e APAGAR, 
ABRIR-PORTA e FECHAR-PORTA.
FIGURA 25 – ORIENTAÇÃO DA MÃO (OR)
FONTE: Felipe e Monteiro (2007, p. 23)
2.7 EXPRESSÕES NÃO-MANUAIS 
(ENM)
Os movimentos da face, dos olhos, da cabeça ou do tronco são considerados 
como Expressões não-manuais. Alguns autores argumentam que essas 
expressões são complementos para a compreensão de alguns sinais, por vezes 
duas expressões podem ocorrer de maneira simultânea indicando, por exemplo, 
a marcação de interrogação e negação prestando-se a uma função sintática na 
sentença. Porém também cumpre o papel de diferenciação de itens lexicais, 
marcando referencias específi cos pronominais, partícula negativa, advérbio ou 
grau de aspecto.
80
 Língua brasileira de sinais
Veja no quadro a seguir as expressões não-manuais da língua de sinais 
brasileira, a luz do trabalho de Ferreira-Brito e Langevin (1995) e referenciado na 
obra de Quadros e Karnopp (2004 p. 60). 
QUADRO 2 – EXPRESSÕES NÃO-MANUAIS
Rosto
Parte superior
Sobrancelhas franzidas
Olhos arregalados
Lance de olhos
Sobrancelhas levantadas
Parte inferior
Bochechas infl adas
Bochechas contraídas
Lábios contraídos e projetados e sobrancelhas franzidas
Correr da língua contra a parte inferior interna da bochecha
Apenas bochecha direita infl ada
Contração do lábio superior
Franzir do nariz
Cabeça
Balanceamento para frente e para trás (sim)
Balanceamento para os lados (não)
Inclinação para frente
Inclinação para o lado
Inclinação para trás
Rosto e cabeça
Cabeça projetada para frente, olhos levemente cerrados, sobrancelhas franzidas
Cabeça projetada para trás e olhos arregalados
Tronco
Para frente
Para trás
Balanceamento alterado dos ombros
Balanceamento simultâneo dos ombros
Balanceamento de um único ombro
FONTE: Ferreira–Brito e Langevin (1995 apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 58)
81
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
Entenda os parâmetros em Libras e aproveite para exercitar a 
interpretação para compreender a sinalização assistindo ao vídeo 
disponível em: <http://tvines.org.br/?p=707>. Mas veja lá, hein?! Não 
vá olhar a legenda. Topa esse desafi o?
3 LIBRAS COMO LÍNGUA NATURAL
No Capítulo 1, mostramos que a linguagem humana é essencialmente 
dialógica, diferentemente da linguagem animal em que o comportamento 
natural da espécie responde à estímulo comunicativo. Os seres humanos, ao 
se comunicarem, podem receber como resposta outra informação que vem a 
ser veiculada por meio da língua, que possibilita conversar dos mais diversos 
assuntos.
Tais características são também encontradas nas línguas de sinais que 
possuem status de língua natural humana da comunidade surda, que possibilita 
comunicar todos os assuntos. A comunicação é a maneira mais efi caz para 
expressar pensamentos, sentimentos e a língua, como característica humana é a 
forma natura de interagir com o meio. Uzan, Oliveira e Leon (2008, p. 1) afi rmam 
que
a comunicação é uma necessidade humana e as linguagens 
oral e escrita são as formas mais comuns de comunicação. Por 
isso, pode-se dizer que a linguagem é natural do ser humano e, 
através da linguagem, o ser humano estrutura seu pensamento, 
traduz o que sente, registra o que conhece, comunica-se com 
os outros, produz signifi cação e sentido. 
Já que a comunicação das pessoas com surdez acontece pelo canal visual-
espacial, sendo essa a maneira natural de aquisição sem a necessidade de 
treinamento excessivo para adquiri-la, Rubio e Queuroz (2014, p. 14) atestamque 
“a língua de sinais é a única que pode ser adquirida naturalmente pelo surdo; 
basta que ele seja posto em contato com os seus pares. Já a língua oral pode 
ser aprendida, mas não adquirida espontaneamente”. Tal observação revela a 
problemática provocada pelo primeiro contato tardio com sua língua natural. 
As regras, as constantes mudanças, assim como a criação de novos sinais 
também é uma demonstração do status de língua natural e humana, que se 
82
 Língua brasileira de sinais
confi rma quando se observa a complexidade e expressividade, na capacidade 
em transmitir conceitos concretos, abstratos, emocional ou racional, complexo ou 
simples.
A fonologia, morfologia, sintaxe e a semântica estão fortemente marcadas no 
léxico e na estrutura da Libras que constituem o seu sistema linguístico.
1 A estrutura gramatical da Libras se desenha de forma natural como 
em todas as línguas humanas. Os movimentos combinados 
entre mãos, expressão facial e corporal são fundamentais para a 
compreensão comunicativa entre os falantes nativos e não nativos 
da língua. Ferreira-Brito (2010) aponta que a estrutura sublexical 
da Libras é constituída a partir de parâmetros que se combinam. 
Quadros e Karnopp (2004) defendem que alguns parâmetros são 
fonologicamente principais na Libras e buscam apresentar cada 
um deles de maneira específi ca. Com base na leitura do capítulo, 
é correto afi rmar que os parâmetros fonológicos da Libras, à luz 
das pesquisadoras Quadros e Karnopp (2004), são:
a) ( ) Expressão facial e corporal aliadas à visão ampla. 
b) ( ) Locação, expressão corporal, expressão facial, ponto de 
movimento e espaço neutro.
c) ( ) Locação; movimento e confi guração de mão; e expressões 
faciais e corporais que também constituem a estrutura da Libras. 
d) ( ) São cinco parâmetros principais: expressão corporal, 
expressão corporal, locação, verbos e espaço de sinalização.
2 A Gramática Universal (GU) propõe um modelo de princípios e 
parâmetros criado por Chomsky que vem a ser um avanço na 
área da linguística, inclusive na linguística das línguas de sinais, 
contribuindo fortemente para o reconhecimento e status de língua 
natural humana da comunidade surda. De acordo com o que 
você acompanhou até aqui, assinale V para verdadeiro e F para 
as sentenças falsas. 
( ) A gramática gerativa é composta por apenas um tipo de princípio 
que é o tipo imutáveis. 
( ) O princípio imutável incorpora apenas as línguas orais. 
( ) O tipo de modelo aberto oferece em geral duas possibilidades de 
valores, que vão ser fi xados ao longo do processo de aquisição, 
83
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
com base na informação obtida por meio do ambiente linguístico 
em que a criança de desenvolve.
( ) Esses princípios abertos são chamados de parâmetros, os 
mesmo que utilizamos em Libras. 
 
 Assinale a seguir a alternativa que contém a sequência correta.
a) ( ) V – V – V – V. 
b) ( ) V – F – V – V. 
c) ( ) F – F – F – F.
d) ( ) F – F – V – V. 
e) ( ) F – V – V – F. 
3 No decorrer deste capítulo, buscamos embasamentos em 
pesquisas consolidadas de Ferreira-Britto (1995), Quadros e 
Karnopp (2004). Apresentamos parâmetros linguísticos que 
estruturam a língua de sinais com o status de língua natural, 
estudos atuais que comprovam a descoberta de novas CMs 
em Libras. De acordo com o estudo deste capítulo, analise as 
sentenças a seguir.
I- Confi guração da(s) mão(s), Movimento; Ponto de Articulação.
II- Região de Contato; Orientação da(s) mão(s), Confi guração de 
mão(s).
III- Movimento, Ponto de Articulação, Movimento da face e olhar.
IV- Ferreira-Brito (1995 apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 53), 
defende que “A língua de sinais brasileira apresenta 46 CMs”. 
Assinale a seguir a alternativa correta.
a) ( ) I, II e IV estão corretas.
b) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
c) ( ) Apenas a alternativa IV está correta.
d) ( ) Apenas a alternativa IV está incorreta. 
84
 Língua brasileira de sinais
3.1 O LÉXICO DA LIBRAS
Léxico é o composto de palavras utilizadas em um determinado idioma para 
expressar de todas as maneiras suas intenções. O sistema léxico é um acervo 
geolinguístico transmitido entre seus pares, seja oralmente, por escrito ou por 
sinais. O léxico é diretamente responsável pela transmissão de conhecimento, 
experiência e vivência de uma sociedade inteira. 
Uma das principais características do acervo do léxico de uma determinada 
língua é a mutualidade, que transforma e encanta as relações sociais. Na 
mutualidade algumas palavras caem em desuso e alteram seu sentido de 
maneira tão imperceptível que uma sociedade inteira não consegue perceber tais 
transformações lexicais, que é um processo natural que garante a continuidade 
da língua.
É possível afi rmar que o léxico é o conjunto de palavras que estão presentes 
em determinado idioma. Na Libras esse processor é exatamente igual, porém, os 
itens lexicais são os sinais que não são constituídos a partir do alfabeto manual 
que é muito utilizado na Libras, porém é considerado um recurso de transposição 
para o espaço aberto de grafemas de algumas palavras do Português.
O léxico ou conjunto de palavras na Libras é o mesmo que o vocabulário, 
a quantidade de sinais e pode ser considerado um dos responsáveis para a 
base da língua de sinais brasileira. A Lexicologia estuda as unidades lexicais, 
ou seja, unidades gramaticais que constituem uma língua. Considerando que 
novas palavras e sinais surgem no decorrer do tempo, não é possível concluir 
que usuários de uma determinada língua conhecem por completo todas as formas 
de comunicação por meio das palavras e sinais. Esse fato corrobora para que 
entendamos que o léxico engloba diversos signifi cados e que comprova que a 
língua é viva, tudo isso depende muito de como a palavra/sinal é compreendida no 
contexto da linguística. O sistema de criação de sinais em Libras possui unidades 
mínimas com signifi cado, tais unidades também são conhecidas por morfemas 
passíveis de combinação. 
Quando falamos da estrutura linguística da Libras é importante assinalar que 
as palavras/vocábulos são consideradas os sinais. A complexidade das línguas de 
sinais é considerada como uma barreira para sua compreensão e aprendizagem, 
esse fato é confi rmado com as incorporações de palavras estrangeiras, o 
estrangeirismo linguístico e cultural e as soletrações que costumeiramente 
utilizamos como estratégias de esclarecimento dos sinais. 
85
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
Para melhor compreender a Libras em seu léxico nativo e na construção 
lexical, dispomos dos classifi cadores, que podem constituir e signifi car de maneira 
mais assertiva a comunicação. 
Nas línguas de sinais, o empréstimo linguístico acontece por meio da 
soletração manual, com o uso do alfabeto manual, em inúmeras vezes, esse fato 
acaba por transformar em um sinal ofi cial. Usaremos como exemplo para melhor 
exemplifi cação o sinal de S-O-L, que pode tranquilamente ser sinalizado com 
apenas a soletração das letras S-L. As autoras brasileiras Quadros e Karnopp 
(2004) discorrem acerca de algumas situações que acontecem quando não temos 
um sinal específi co. Elas afi rmam que, quando não existe sinal a ser utilizado, 
a soletração é uma estratégia para contextualizar a palavra em um discurso 
realizado em Língua de Sinais. Vamos relembrar alguns desses pesquisadores a 
seguir:
• Faria (2009), um pesquisador ativo das línguas de sinais, também nos 
presenteou com suas refl exões sobre o Léxico das línguas de sinais, 
apresentando um panorama histórico de como os sinais foram descritos 
e catalogados.
• Stokoe (1978) é considerado por muitos pesquisadores da área de 
Libras o pioneiro nas questões estruturais das línguas de sinais. Ele 
estuda uma maneira de sistematizar e organizar os sinais pelo menos 
em três parâmetros:confi guração de mão, movimento e locação. Outros 
registros de sistemas lexicais também se uniram ao modelo de Stoke 
em diversas pesquisas, como o de Elis e Sign writing que lançaram mão 
de diversas estratégias para conseguir agrupar e catalogar novos itens 
lexicais na língua de sinais brasileira.
Dentre as estratégias de registros dos léxicos das línguas de sinais, 
contextualizamos no capítulo anterior que no Brasil tivemos a elaboração 
e divulgação de diferentes dicionários. Em meados de 1875, teve início um 
compêndio do INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos), que abriu as 
portas para a criação de novos dicionários usados até os dias atuais, assim como 
a divulgação de outros volumes e a produção de ferramentas digitais e virtuais, 
como o do DEIT-Libras Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de 
Sinais Brasileira, que engloba Libras, Português e Inglês e dispõe de inúmeros 
itens lexicais da Libras, tais como as estruturas morfológicas: parâmetros, 
classifi cadores, morfemas-base, unidades lexicais. 
O DEIT-Libras é o primeiro Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da 
Língua de Sinais Brasileira, que engloba Libras, Português e Inglês, e teve sua 
primeira publicação em 2009. Temos agora a terceira edição ampliada do 'Novo 
Deit-Libras', extensão e desdobramento do único e pioneiro Dicionário da Língua 
de Sinais Brasileira (Libras). 
86
 Língua brasileira de sinais
FIGURA 26 – DICIONÁRIO ILUSTRADO TRILÍNGUE
FONTE: <https://imagens.usp.br/?attachment_id=17993>. Acesso em: 24 mar. 2021.
É comum as pessoas pensarem que os sinais e as palavras são os mesmos 
que o alfabeto manual em Libras, para você compreender melhor a diferença 
existente entre os sinais e as palavras, a seguir apresentamos um exemplo de 
palavras que constituem sinais completamente diferentes da soletração manual. 
I- T-R-A-B-A-L-H-A-R
II- P-A-U-L-A 
III- C-E-R-TO
Ao observarmos com mais cuidado, é possível perceber que existe um 
grande equívoco nessa afi rmação. Assim cabe uma explicação mais detalhada do 
que acontece de fato com a soletração e os sinais.
a) Quando utilizamos a soletração manual das letras de determinada 
palavra em Português, conforme está no primeiro exemplo com a palavra 
TRABALHAR, é apenas a transposição para o espaço, através das mãos, 
dos grafemas dessa palavra da língua oral. Isto é, podemos dizer que 
nesse caso é um tipo de empréstimo em Libras. Isso também acontece 
com o Português oral que costumeiramente faz uso de empréstimo 
linguístico de palavras da língua inglesa. Na primeira opção temos 
87
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
representado as inúmeras possibilidades de empréstimos linguístico da 
Libras.
b) No segundo exemplo apresentamos a soletração do nome próprio 
de PAULA, um nome aleatório escolhido para exemplifi car que em 
Português o nome de uma pessoa soletramos letra a letra, enquanto que 
em Libras o nome de alguém é apresentado diferentemente, por meio do 
sinal que essa pessoa possui, caso já tenha contato com a comunidade 
surda. Assim, quando uma pessoa quer apresentar alguém, primeiro 
soletrará seu nome em português (P-A-U-L-A) e, em seguida, seu sinal 
em Libras. 
c) Nesse caso temos a soletração de uma palavra em português para cujo 
conceito, naturalmente, há um sinal em Libras, porém esse sinal não é 
conhecido por um dos usuários, que na maioria das vezes é ouvinte. 
A: RESPOSTA CERTO (= A resposta está certa). 
B: O-QUE ISTO, CERTO (= O que quer dizer este sinal?).
A: C-E-R-T-O (= certo).
B: O-K (Ah! Ok). 
Outro exemplo é quando a palavra C-E-R-T-O é soletrada com o objetivo 
de esclarecer qual a grafi a correta da palavra em Português, caso haja dúvida 
na sua forma escrita. Nesse caso a soletração tem um papel de verifi cação, 
questionamento ou até mesmo de veiculação da ortografi a. Apresentamos a 
seguir o sinal para o conceito “certo” em Libras, seguido da soletração manual da 
mesma palavra.
FIGURA 27 – SOLETRAÇÃO MANUAL X SINAL
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 20 fev. 2021. 
88
 Língua brasileira de sinais
Ferreira Brito (2010) cita que os parâmetros linguísticos permitem segmentar 
os sinais em seus elementos constitutivos, apesar de alguns estudiosos 
questionarem atualmente essa verdade preferindo olhar os sinais como um 
conjunto de elementos sequenciais. Diferentemente de pesquisadores como 
Stokoe et al. (1976), Klima e Bellugi (1979), entre outros nomes que salientaram 
a disposição simultânea dos segmentos dos itens lexicais das línguas espaço-
visuais ou visual-espacial. 
As palavras dos pares linguísticos Português e Libras se estruturam por 
unidades mínimas sonoras e espaciais distintas, visto que quando são substituídas 
criam uma nova forma linguística que apresenta um signifi cado diferente do inicial. 
Veja na fi gura a seguir um exemplo em Libras para compreender isso melhor.
FIGURA 28 – SINAIS APRENDER E LARANJA
FONTE: <https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-
da-libras>. Acesso em: 23 fev. 2021.
à
Os dois sinais que apresentamos têm pontos de articulação e signifi cados 
diferentes, na única questão que são iguais é no movimento. O primeiro sinal 
(APRENDER) tem seu ponto de articulação na testa, enquanto que o segundo 
(LARANJA) é articulado na boca do emissor. Percebemos que existe uma 
característica que distingue os sinais que é o ponto de articulação, assim as 
especifi cidades que conferem a cada sinal, como /na testa/ e /na boca/, chamamos 
de unidades mínimas distintivas que equivalem aos fonemas das palavras mala e 
bala do português, /m/ e /b/, que também diferenciam as formas linguísticas e 
seus signifi cados. 
89
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
As palavras APRENDER e LARANJA, em LIBRAS, e mala e bala, em 
português, são pares mínimos, pois, suas formas fonológicas são idênticas em 
tudo, exceto em uma característica espacial que é o ponto de articulação. 
Ainda nos referindo a pares linguísticos, concordamos que os exemplos 
apresentados, as palavras em Libras, também são constituídos a partir de 
unidades mínimas distintivas, conhecidas por fonemas nas línguas orais. Estudos 
apontam que o número dessas unidades é fi nitamente pequeno, pois, seguem o 
princípio de economia, eles se combinam para gerar um número infi nito de formas 
ou palavras. 
Corroborando essa ideia, entendemos que o léxico da língua brasileira de 
sinais se comporta como o léxico de qualquer língua, é infi nito no sentido de que 
sempre comporta a geração de novas palavras.
 Em tempos passados, era natural pensar que a Libras era uma língua inferior 
e até mesmo pobre, pois apresentava um número reduzido de sinais/palavras. 
Pode acontecer o fato de que uma língua que não é usada 
em todos os setores da sociedade ou que é usada em uma 
cultura bem distinta da que conhecemos não apresente 
vocábulos ou palavras para um determinado campo semântico, 
entretanto, isso não signifi ca que esta língua seja pobre porque 
potencialmente ela tem todos os mecanismos para criar ou 
gerar palavras para qualquer conceito que vier a ser utilizado 
pela comunidade que a usa (STROBEL; FERNANDES, 1998, 
p. 27). 
A criação dos sinais segue o fl uxo natural do desenvolvimento da língua. 
É importante registrar que não é aleatória a combinação de unidades mínimas 
distintivas para a formação de sinais. As restrições impostas pela própria língua 
limitam determinadas formas que não são aceitas em um sistema linguístico 
enquanto que em outro acontecem de maneira natural e progressiva. Um exemplo 
muito prático disso é que o padrão fonológico do Português é formado por CV 
(consoante + vogal) e qualquer outra forma de expressão não é identifi cada como 
parte da estrutura linguística do Português, diferentemente de outras línguas orais 
que aceitam esse tipo de formaçãonaturalmente. Uma palavra com três ou mais 
consoantes sequencialmente foge dos padrões fonológico do Português e causa 
estranheza aos falantes. 
Em Libras acontece a mesma situação, se um sinal for constituído a partir 
das unidades mínimas, o mesmo será aceito como válido se obedecer aos 
padrões linguísticos da língua. Por exemplo, em alguns sinais, aceita-se que 
ambas as mãos sejam principais na formação do sinal, como no caso do sinal de 
90
 Língua brasileira de sinais
CACHORRO, VER e SURDO. Porém, o mesmo não é possível para o sinal de 
LEI, em que o articulador principal é a mão esquerda ou em que a mão direita é a 
mão de apoio. Essa sinalização não será considerada uma sequência sinalizada 
bem formada da Libras. 
No paragrafo anterior apresentamos nas palavras CACHORRO, VER e 
SURDO outros exemplos de unidades mínimas distintivas, pois, distinguem as 
palavras, como nos sinais, APRENDER e SÁBADO, que diferem apenas pelo 
ponto de articulação: testa e boca, respectivamente. O mesmo acontece com as 
palavras pata e bata, em Português, que se diferenciam pela fonética. Assim, /p/ 
e /b/ são duas unidades mínimas distintivas no Português, o que as diferem é a 
natureza das unidades que são modalidade oral-auditiva e a modalidade visual-
espacial, obedecendo os parâmetros linguísticos estruturais da língua de sinais 
brasileira. 
4 FONOLOGIA X MORFOLOGIA DA 
LIBRAS 
FIGURA 29 – ESTRUTURA LINGUÍSTICA
FONTE: <https://cnte.org.br/index.php/menu/comunicacao/giro-pelos-
estados/63465-mt-prefeito-fere-principios-da-educacao-e-direitos-
humanos-em-uma-canetada>. Acesso em: 16 mar. 2021.
91
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
Nesse tópico versaremos sobre a diferença que existe primeiramente entre 
fonética, fonologia e, na sequencia, o que as distinguem da morfologia das línguas 
de sinais. Todas são áreas da linguística, porém as duas primeiras se dedicam 
a estudar as unidades mínimas dos sinais que não apresentam signifi cados 
isolados. A fonética investiga o aspecto físico das unidades mínimas, descreve 
as propriedades articulatórias da confi guração de mãos, movimento, locação e as 
expressões faciais e corporais das línguas de sinais. Logo, podemos afi rmar que a 
fonética é a área responsável pelo estudo das bases visuais e fi losófi cas que são 
relacionadas com a produção, independentemente da função que as unidades 
mínimas podem desempenhar. A representação das unidades básicas da fonética 
é transcrita entre colchetes e seu principal objetivo é perceber as diferenças 
produzidas que estão relacionadas aos diferentes signifi cados dos sinais que se 
opõem quanto à confi guração de mão, ao movimento e à locação, operando com 
seu próprio método. 
Em se tratando da fonologia, seu campo de pesquisa são os sistemas 
fonológicos das línguas, o conjunto de elementos abstratos relacionados entre si. 
4.1 MORFOLOGIA APLICADA À 
LÍNGUA DE SINAIS
O vocábulo morfologia signifi ca a junção de duas palavras de origem Grega, 
que são: Morfo= Forma e Logia= Estudo. Morfologia é a área que pesquisa como 
se constituem as unidades menores de signifi cado ou sentido que estão no interior 
das palavras/sinais. Anteriormente apresentamos que a fonética e a fonologia se 
preocupam com a percepção corporal para receber e produzir o input linguístico, 
tendo como foco principal os parâmetros. A morfologia investiga como a palavra/
sinal é constituído em pequenas unidades de signifi cados que são denominados 
morfemas que podem corresponder tanto a uma palavra quanto a um sinal 
com signifi cado real, visto que a característica fundamental no morfema é sua 
signifi cância, sem ela não há morfema.
O sinal, assim como a palavra ou léxico, possui um radial que é o principal 
elemento que traz o signifi cado real desse sinal. No Português identifi camos 
sufi xos, prefi xos e radicais que são unidades constituintes das palavras, que se 
unem a um radical para dar novo sentido para a palavra original. Os processos 
de morfologia do Português são bastante similares com o que acontece com 
outras línguas, como a composição da língua japonesa e da Libras, em que esse 
processo acontece também de maneira natural. É possível observar que na língua 
japonesa um sinal ou kanji pode se transformar em uma nova palavra apenas 
pela incorporação de mais um sinal. Esse fenômeno também acontece na Libras, 
92
 Língua brasileira de sinais
quando agregamos a um sinal completo mais um sinal para formar um novo 
conceito. Veja no quadro a seguir o que acontece com algumas palavras na língua 
japonesa.
QUADRO 3 – SINAL X PALAVRA EM JAPONÊS
FONTE: As autoras
木 Árvore 林 Bosque 森 Floresta
Sendo os morfemas as unidades mínimas de signifi cado das palavras, 
é importante perceber que a composição de dois ou mais sinais faz surgir um 
novo signifi cado, uma nova palavra. Assim como em algumas línguas orais, 
outra característica importante que também está presente na língua de sinais é a 
existência de palavra/sinal com apenas um morfema enquanto que outros sinais 
podem apresentar dois ou mais morfemas. Algumas palavras/sinais possuem 
apenas um morfema, mas se agregar-se outros sinais a elas/eles, acaba por 
criar-se novos signifi cados. Esse fato é comum na língua de sinais. A seguir 
exploraremos como acontece a morfologia em língua de sinais, discutindo a 
questão da composição e incorporação entre outros conceitos morfológicos que 
constituem a língua de sinais e asseguram o status de língua natural humana.
• COMPOSIÇÃO DO SINAL
Sinais Monomorfêmicos, como caneta, fl or, casa e sol, possuem apenas um 
morfema, não existe a possibilidade de dividir essas palavras/sinal, porém, em 
alguns casos ao agregar outro sinal, um signifi cado diferente surge e transforma 
o conceito do radical. Isso acontece nas seguintes palavras: chaminé (casa 
+ fogo no telhado da casa), espinho (fl or + CL de espinho no caule), pincel de 
quadro (caneta + CL de quadro com movimentos de escrita). Nota-se que nesses 
exemplos o uso de classifi cadores (CL) foi necessário para melhor compreensão 
do novo sinal. A composição do sinal para a formação de um novo conceito 
acontece de maneira natural na Libras e auxilia no léxico da língua.
• INCORPORAÇÃO DO SINAL
A incorporação do sinal surge com a mesma naturalidade que a composição, 
porém não é tão evidente. No entanto, incorporar sinais é fundamental para a 
formação linguística da Libras. Em alguns casos, a incorporação faz com que 
aconteça uma forma de resumo de dois ou mais sinais. Por exemplo, nos sinais 
de 2 horas, 3 horas, 4 horas, entre outros, não há necessidade de sinalizar o 
numeral e depois o sinal de horas (nesse caso hora percorrida), ao invés de toda 
essa manobra, costumamos confi gurar o sinal do numeral no ponto de articulação 
93
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
do sinal de horas e com o mesmo movimento. Isso também é muito comum no 
sinal de 1 real e 2 reais. Na incorporação, as informações de ambos sinais já 
fi cam perceptíveis em apenas um único sinal, fazendo com que a incorporação 
aconteça naturalmente entre os usuários da língua. 
Na língua de sinais é muito comum também termos dois morfes com o 
mesmo signifi cado que compõe o mesmo morfema, esse fenômeno linguístico 
defi nimos como alomorfes. 
• ALOMORFES
Os alomorfes são considerados variantes de um mesmo morfema, nesses 
casos, um sinal pode ser realizado com a confi guração de mãos diferente, ainda 
assim continua sendo o mesmo sinal. Isso acontece no caso do sinal de casa, 
quando a confi guração de mão pode estar aberta com o polegar afastado, ou 
em B, ambos com o mesmo movimento e mesmo ponto de articulação. Outro 
exemplo é o sinal de problema, em que uma mão está em L, enquanto a outra 
mão, responsável pelo movimento, pode estar em confi guração de mão em D ou 
também em confi guração de mão em L.Uma situação muito comum que acontece nas línguas de sinais é mais de um 
sinal para apenas um signifi cado, ou seja, uma palavra com mais de um sinal para 
representar o seu sentido. No morfema chão, por exemplo, é uma situação muito 
comum que podemos perceber essa particularidade. Avião pousar chão (o chão 
é representado pelo antebraço), pessoa fi car de pé chão (o chão é representado 
pela palma da mão virada para cima). Em ambos exemplos percebemos que o 
sinal de chão está representado de maneira diferente, porém, o sentido continua 
o mesmo, depende do contexto no qual está inserido. Esse fator acontece com 
vários morfemas nas línguas de sinais.
1 O parâmetro Movimento ocorre durante a articulação do sinal, 
podendo ocorrer mudanças na confi guração de mão, alterando o 
movimento interno da mão e também a confi guração dos dedos. 
Durante a leitura deste material, você estudou alguns dos tipos 
de movimentos na Libras. Assinale a seguir alternativa que 
corresponde à veracidade do conteúdo apresentado, marcando V 
para verdadeiro e F para falso. 
( ) Movimentos linear e retilíneo. 
( ) Movimentos circulares. 
( ) Apenas movimentos simultâneos, alternando com ambas as 
94
 Língua brasileira de sinais
mãos para a frente e em direção à direita e esquerda.
( ) Movimento linear, retilíneo, circular. 
( ) Nenhuma das alternativas se aproxima da veracidade. 
2 Em se tratando da direcionalidade dos sinais da Libras, a 
unidirecional ocorre quando o movimento é realizado em 
uma direção no espaço, já a bidirecional acontece quando o 
movimento do sinal é realizado por uma ou ambas as mãos, em 
direções diferentes, enquanto que a multidirecional se faz, quando 
no momento da realização de alguns sinais, os movimentos 
podem explorar várias direções no espaço. A direcionalidade é 
uma característica que vem a somar na formação da estrutura 
da Libras e, juntamente com as palavras/vocábulos, são 
considerados os sinais da Libras. De acordo com o material 
estudado, correlacione a coluna da direita com a coluna da 
esquerda, analisando a veracidade dos fatos.
Direcionalidade Sinal/palavra
(1) Multidirecional ( ) Julgamento, trabalhar
(2) Unidirecional ( ) Incomodar 
(3) Bidirecional ( ) Proibido (a), aceitar
• EXPRESSÕES NÃO-MANUAIS
Na Libras a expressão não-manual compõe de maneira fundamental o sentido 
do sinal, favorece a compreensão e a organização da estrutura e composição da 
frase. Veja a seguir um quadro com a distribuição das expressões não-manuais à 
luz de Ferreira-Brito (1995). 
QUADRO 4 – EXPRESSÕES NÃO-MANUAIS
ROSTO
Parte superior
ROSTO
Parte Inferior
CABEÇA ROSTO/CABEÇA
Sobrancelhas franzi-
das
Bochechas infl adas
Balanceamento para 
frente e para trás (sim)
Cabeça projetada para 
a frente
Ex.: O quê?
Olhos arregalados Bochechas contraídas
Balanceamento para 
os lados (não)
Cabeça projetada 
para a frente, olhos 
levemente cerrados
Ex.: Quando? Como?
95
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
Lance de olhos
Lábios contraídos e 
projetados e sobrance-
lhas franzidas
Inclinação para a 
frente
Cabeça projetada para 
a frente, sobrancelhas 
franzidas
Ex.: Quando? Por 
quê? 
Sobrancelhas levan-
tadas
Correr da língua contra 
a parte inferior interna 
da bochecha
Inclinação para o lado
Inclinação para trás
Cabeça projetada para 
trás e olhos arrega-
lados
Ex.: Quem?
XXXXXXXXXX
XXXXXXXXXX
Apenas a bochecha 
direita infl ada
XXXXXXXXXX XXXXXXXXXX
XXXXXXXXXX
Contração do lábio 
superior
XXXXXXXXXX XXXXXXXXXX
XXXXXXXXXX Franzir do nariz XXXXXXXXXX XXXXXXXXXX
FONTE: Ferreira-Brito e Langevin (1995 apud QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 61)
Prezado acadêmico, até o momento você aprendeu acerca da estrutura 
gramatical de Libras; conheceu os parâmetros; estudou sobre morfologia e 
fonologia da língua brasileira de sinais; e identifi cou como se estruturam as 
palavras das línguas Portuguesa e Libras a partir de suas unidades mínimas 
distintivas ou “fonemas”. Agora precisamos discutir sobre como se formam as 
palavras da Libras a partir de seus morfemas/unidade mínimas de signifi cação.
• Morfemas lexicais e morfemas gramaticais
Os morfemas em Libras se apresentam de maneira diferente e nem sempre 
aqueles que formam as palavras são equivalentes aos que formam as palavras no 
Português. Essas unidades podem apresentar em sua estrutura funções lexicais 
ou gramaticais, conforme ilustramos no quadro a seguir. 
Língua portuguesa
96
 Língua brasileira de sinais
QUADRO 5 – MORFEMAS LEXICAL E GRAMATICAL
Morfema Lexical Morfema Gramatical
Possível im (negação)
Casa s (plural) 
Constru ção (nome) 
FONTE: <http://segredos-abominantes.blogspot.com/2012/11/
libras.html>. Acesso em: 29 fev. 2021. 
No entanto, quando falamos em língua de sinais brasileira, os morfemas 
se apresentam de maneira diferenciada, até porque a estrutura da língua é 
diferente da língua oral. Na sequência ilustramos alguns morfemas para melhor 
compreensão, à luz das pesquisas de Ferreira-Brito (1995), buscando apresentar 
alguns sinais/palavras que possibilitam que você faça relações e busque novos 
exemplos para favorecer sua aprendizagem. 
QUADRO 6 – MORFEMAS LEXICAL E GRAMATICAL DA LIBRAS
Morfema lexical Morfema Gramatical
SENTAR Movimento repetido Marca de nome
BONITO Expressão facial Marca de grau aumentativo
FALAR Mãos em movimentos longos Marca aspecto continuativo 
PEGAR CL de objetos redondos e 
grandes
Marca tamanho
PEGAR CL de objetos pequenos Marca tamanho
SABER Movimento da mão para fora Marca aspecto continuativo
NÃO SABER Movimento da mão para fora Marca aspecto continuativo de 
negação
FONTE: <http://segredos-abominantes.blogspot.com/2012/11/
libras.html>. Acesso em: 29 fev. 2021.
Veja na fi gura a seguir algumas ilustrações dos sinais gramaticais que 
pontuamos no quadro anterior. 
97
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
FIGURA 30 – SINAIS REFERENTES AO QUADRO
FONTE: <http://segredos-abominantes.blogspot.com/2012/11/
libras.html>. Acesso em: 29 fev. 2021.
FIGURA 31 – SINAIS REFERENTES AO QUADRO
FONTE: <http://segredos-abominantes.blogspot.com/2012/11/
libras.html>. Acesso em: 29 fev. 2021.
5 FORMAÇÃO DE SINAIS EM LIBRAS
Não é possível desvincular a morfologia de Libras dos aspectos formativos 
de sinais e palavras, mas é importante saber acerca da estrutura interna dos 
sinais e as regras que norteiam a formação dos sinais que são reconhecidos pela 
comunidade surda. 
O número considerável de processos formativos dos sinais em Libras é 
revelado por meio de pesquisas acerca da estrutura morfológica e lexical da língua. 
Tais processos acontecem por meio da derivação, composição, incorporação de 
numeral e incorporação da negação. Ferreira-Brito (1995), Quadros e Karnopp 
(2004) e Felipe (2006) são pesquisadores que abordam os processos formadores 
dos sinais em Libras e pretendemos à luz desses autores discorrer de uma 
maneira geral o tema proposto no título.
98
 Língua brasileira de sinais
As línguas de sinais são fl exíveis por serem capazes de referenciar qualquer 
tempo ou coisa que se apresente, elas são arbitrárias visto que muitos sinais 
não estão ligados à forma ou modelagem daquele que intenciona a fala, na 
arbitrariedade, muitas vezes, o sinal não tem uma explicação lógica para a relação 
entre as formas, na confi guração de mãos e em seus respectivos signifi cados. 
A produtividade é uma marca também das línguas de sinais, pois vários são 
os enunciados que podem ser criados por meio das regras naturais da língua, 
a dupla articulação é outra marca evidente considerando que se organizam em 
duplo estratos que são: as unidades formacionais (correspondem às unidades de 
som nas línguas orais) e as suas combinações simultâneas. 
As regras e os parâmetros do léxico que é organizado de acordo com as 
normas internalizadaspelos falantes da língua contribuem igualmente para o 
status de língua natural humana. A complexidade gramatical na estrutura frasal de 
Libras revela importantes processos que são responsáveis pela criação de novos 
sinais. Exibe uma variedade lexical e inúmeras combinações entre os morfemas 
que possibilitam a formação de novos sinais. Essas combinações acontecem 
por meio da composição, aglutinação, justaposição e derivação, e os morfemas 
lexicais são (raízes/radicais) que se fi xam a morfemas gramaticais formantes que 
são (desinências e vogais temáticas) e/ou a derivacionais (afi xos e clíticos). 
À luz de Felipe (2006), concordamos com a autora quando ela afi rma 
que os cinco parâmetros das línguas de sinais expressam morfemas por meio 
de confi gurações de mão, movimentos, movimentos diferenciados, pontos 
de articulação na estrutura morfológica e na expressão facial com ou sem 
o movimento de cabeça que acompanha o sinal. As transformações desses 
morfemas são capazes de transformar o léxico da língua. A autora ainda afi rma 
que as alterações desses morfemas podem ser
Lexicais, podendo ser uma raiz ou um radical (M3); morfemas 
derivacionais, que podem ser um afi xo (alterações em M e CM4); 
ou morfemas gramaticais, caracterizando uma desinência, ou 
seja, uma marca de concordância número pessoal (DIR5) ou 
de gênero (CM) (FELIPE, 2006, p. 201). 
Outra característica desses processos formadores da Libras é que os 
processos derivacionais são capazes de formar novas palavras tendo como base 
as palavras já existentes na própria língua e que acontecem por meio também 
da derivação, da composição e da incorporação. Versaremos individualmente, a 
seguir, sobre esses processos formativos, de maneira mais detalhada e pontual. 
99
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
5.1 FORMAÇÃO DE SINAIS POR 
DERIVAÇÃO, COMPOSIÇÃO E 
INCORPORAÇÃO 
A derivação e a composição são elementos fundamentais na formação de 
sinais em Libras, sendo o mesmo processo que ocorre no Português, porém, 
as características da língua de sinais são naturalmente as de uma língua visual. 
Podemos fazer uso dos exemplos que apresentamos no subtópico anterior para 
exemplifi car a formação dos sinais tanto por derivação como por composição. 
A morfologia da Libras ocorre de maneira diferenciada daquela 
que estrutura as línguas orais, principalmente o Português, porém, 
estudos apontam que é comum os usuários da língua oral, no 
momento em que se deparam com os aspectos morfológicos 
da Libras durante seu uso, assumirem como referência os seus 
conhecimentos referentes à produção e percepção (fala e audição) 
de sua língua oral auditiva. No entanto, é importante ressaltar que os 
estudos linguísticos das línguas de sinais exigem uma compreensão 
diferenciada, visto que se trata de uma língua visual-espacial. 
Muitos estudiosos brasileiros apontam para um número reduzido de 
pesquisas acerca da morfologia da Libras. Esse fato contribui para 
novas análises em uma área específi ca dos fatos linguísticos da 
morfologia. 
• DERIVAÇÃO
Do sinal SENTAR deriva o sinal de CADEIRA, porém o primeiro faz o 
movimento repetitivo. 
BONITÃO é derivado de BONITO. É a adjunção da expressão facial que 
marca o grau aumentativo. O sinal de BONITINHO também é derivado de BONITO 
e, por meio da adjunção do afi xo expressão facial Ô, marca o grau diminutivo. 
O sinal FALAR-SEM-PARAR é derivado do sinal de FALAR quando temos 
a adjunção da mão esquerda juntamente com alongamento. A repetição e a 
100
 Língua brasileira de sinais
intensidade dos movimentos deixam marcado o aspecto continuativo. 
PEGAR-BOLA é um sinal que é derivado do sinal de PEGAR, em que temos 
a adjunção do afi xo que classifi ca objetos redondos grandes; enquanto que 
o sinal de PEGAR-AGULHA também é derivado do sinal de PEGAR, por meio 
da afi xação do morfema gramatical que classifi ca objetos menores e pequenos, 
como uma agulha. 
NÃO-SABER é derivado do sinal SABER e, através da afi xação de um 
movimento da mão para fora, marca fortemente o morfema negativo. 
Os sinais que buscamos apresentar é uma breve exemplifi cação do processo 
de derivação, que se formam por meio de seus radicais que se unem aos afi xos ou 
se juntam a morfemas gramaticais para formar novos sinais/palavras derivadas. 
O processo derivacional é aquele que deriva de nomes de verbos ou também 
de verbos nomes para a sua formação. Cabe ressaltar que em Libras temos o 
processo chamado de nominização que são os nomes que derivam de verbos. 
Quadros e Karnopp (2004), embasadas em pesquisas de Supalla e Newport 
(1978) sobre a Língua de Sinais Americana (ASL), revelam que na Língua 
Brasileira de Sinais nomes podem derivar de verbos por meio da mudança no 
tipo de movimento. O movimento dos nomes repete e o movimento dos verbos 
encurta, como em SENTAR (verbo) e CADEIRA (substantivo), exemplo que já 
citamos anteriormente. 
Os itens lexicais são diferenciados quanto a sua função nos contextos 
linguísticos em que estão inseridos. Entendemos então que o contexto linguístico 
é responsável por identifi car se o sinal corresponde a um verbo ou a um nome. 
Nos exemplos dos sinais DIRIGIR e CARRO, essa constatação se anuncia de 
maneira muito assertiva.
O sinal DIRIGIR é utilizado em frases como: EU DIRIGIR (verbo) ÔNIBUS 
EMPRESA TRABALHAR. Enquanto que no sinal CARRO é utilizado em frases 
como: EU VENDER CARRO (substantivo) NOVO PRECISAR DINHEIRO. O que 
defi ne se o item lexical é substantivo ou verbo é o contexto da frase em que está 
inserido, visto que o substantivo e o verbo possuem a mesma confi guração de 
mão, locação e movimento. 
• COMPOSIÇÃO
É importante sabermos que os sinais também podem se formar pela 
composição. Esse processo acontece pela adjunção de dois ou mais sinais 
simples. CASA + ONDE = MORAR, HOMEM + PEQUENO = MENINO, MULHER 
101
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
+ CASAR = ESPOSA. 
Para Felipe (2006), a composição no processo de formação de sinais em 
Libras pode se realizar de três maneiras:
• Justaposição de dois itens lexicais como no sinal de ALMOÇAR, que é 
formado pela junção de MEIO-DIA + COMER.
• Justaposição de um classifi cador com um item lexical como no sinal de 
FORMIGA, formado pela junção de INSETO + COISA PEQUENA.
• Justaposição da datilologia da palavra em português com o sinal que 
representa a ação realizada pelo substantivo: AGULHA, formado pela 
junção de COSTURAR-COM-AGULHA com a datilologia de A-G-U-L-
H-A.
Cada sinal tem um signifi cado próprio quando realizado isoladamente. Ao se 
unirem para formar um novo sinal, passam a ter um novo signifi cado. Na maioria 
das vezes, tais sinais compostos têm o signifi cado bem distante do signifi cado 
dos sinais de base. Por isso, é correto afi rmar que, no resultado do processo de 
composição, não há como prever o signifi cado do novo sinal somente observando 
o signifi cado dos sinais de base.
Quadros e Karnopp (2004) apontam que para além dessas três maneiras 
no processo de composição em Libras, temos ainda igual número de regras 
morfológicas utilizadas também na criação de sinais compostos. 
o Regra do contato: momento em que dois sinais ocorrem juntos para 
formar um sinal composto, mantendo o contato de ambos. Exemplo: o 
sinal composto IGREJA, formado pelos sinais CASA e CRUZ, em que o 
contato do primeiro e do segundo sinal é mantido no composto.
o Sequência única: quando em sinais compostos o movimento interno ou 
a repetição do mesmo movimento é eliminada, diferentemente dos sinais 
separados que mantêm a repetição dos movimentos. Por exemplo: os 
sinais PAI e MÃE, quando se unem, formam o sinal PAIS e o movimento 
inicial é eliminado. 
o Antecipação da mão não dominante: a mão passiva do sinalizador 
antecipa o segundo sinal no processo de composição. Por exemplo: no 
sinal composto ACREDITAR, ESTUDAR, LEI,a mão não dominante fi ca 
no espaço neutro em frente ao sinalizador com uma confi guração de 
mão que faz parte do composto.
• INCORPORAÇÃO
A incorporação também é um processo muito comum que ocorre na formação 
102
 Língua brasileira de sinais
dos sinais/palavras em Libras. Seguindo novamente pesquisas de Quadros 
e Karnopp (2004), encontramos dois tipos de incorporação na língua de sinais 
brasileira, que são: a incorporação de numeral e a incorporação da negação.
As autoras revelam que os chamados morfemas presos, que são unidades 
mínimas com signifi cado que não ocorrem sozinhos, podem se combinar com um 
morfema livre para a composição de um novo signifi cado em Libras. 
• Incorporação de numeral: a alteração apenas da confi guração de mão 
(de 1 para 2, para 3 ou para 4) de um sinal pode transformar o número 
de meses, anos, dias e outros advérbios, sem a mudança dos outros 
componentes dos sinais. Esse fato acontece nos exemplos de UM-MÊS, 
DOIS-MESES, TRÊS-MESES e QUATRO-MESES. 
 Esses sinais são formados por dois morfemas presos: um morfema 
signifi ca MÊS e abrange a orientação da mão, a locação e as expressões 
não-manuais; e o outro morfema é a confi guração de mão, que leva o 
signifi cado de um numeral. 
 Nesse exemplo os morfemas são executados concomitantemente, 
formando o sinal UM-MÊS, DOIS-MESES, TRÊS-MESES ou QUATRO-
MESES, dependendo do numeral que é incorporado. Quadros e Karnopp 
não estão isoladas em sua concepção acerca dessa constatação, pois 
Felipe (2006, p. 204) também confi rma a existência do processo de 
incorporação de numeral, afi rmando que: “a incorporação do numeral 
representando os numerais de um até quatro através de confi gurações 
de mão, acrescenta à raiz um quantifi cador”. Cabe observar que a autora 
orienta que a partir do numeral cinco ocorre a separação dos sinais.
• Incorporação da negação: neste processo, o item lexical negado sofre 
alteração em um dos parâmetros (geralmente no movimento), resultando 
sem sua contraparte negativa (FERREIRA-BRITO, 1995). Embasadas 
em Felipe (2006), compreendemos sua constatação de que essa 
alteração ocorre da seguinte forma: o sufi xo de negação se incorpora 
à raiz de alguns verbos (que possuem uma raiz com um primeiro 
movimento), fi nalizando-os com um movimento contrário, como o verbo 
GOSTAR e a sua contraparte NÃO-GOSTAR.
A negação por meio da expressão facial também é apresentada por Felipe 
(2006) e Ferreira-Brito (1995). As pesquisas desses autores apontam 
que a negação por meio da expressão facial pode ser incorporada ao 
sinal sem alterar os parâmetros. De acordo com Felipe (2006), o infi xo 
de negação se incorpora à raiz de alguns verbos por meio do movimento 
negativo da cabeça. Essa expressão facial é realizada simultaneamente 
ao sinal, como no verbo PODER e na sua contraparte NÃO-PODER, 
SABER, NÃO-SABER, GOSTAR E NÃO- GOSTAR.
103
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
1 Existem processos formativos dos sinais que compõe a estrutura 
gramatical da Libras em seu aspecto morfológico e lexical. No 
decorrer deste capítulo você estudou alguns desses processos 
e agora é necessário que revele sua compreensão do conteúdo 
apresentado. Ferreira-Brito (1995), Quadros e Karnopp (2004) 
e Felipe (2006) são pesquisadores que abordam os processos 
formadores dos sinais em Libras e foram a base principal para a 
escrita deste capítulo. Discorra de maneira geral como acontece 
os principais processos formativos da Libras à luz dos autores 
citados.
6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, apresentamos questões acerca da estrutura gramatical das 
línguas de sinais, especifi camente da Libras. Buscamos embasamento teórico em 
estudiosos renomados para abrir a discussão sobre morfologia, fonologia, léxico 
e formação de sinais. Para além da conversa com esses importantes conceitos, 
compreendemos como acontece a formação das palavras/sinais e o processo 
cognitivo que acontece por trás de cada um na valorização da aprendizagem de 
uma língua gestual-visual. 
Com as particularidades apresentadas no decorrer deste capítulo buscamos 
apresentar especifi cidades de uma das partes da gramática de Libras, no entanto, 
muitos outros itens devem ser abordados para complementar seu aprendizado. 
A Libras e todas as línguas orais-auditivas ou viso-espaciais existentes no 
mundo possuem sua independência linguística e, com isso, apresentam 
processos responsáveis pela formação de novas palavras/sinais dessas línguas. 
Tal independência linguística torna a Libras uma língua viva e com movimento 
contínuo. 
REFERÊNCIAS
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105
OS PARÂMETROS FORMATIVOS EM LIBRAS – ESTUDOS APLICADOS A FONÉTICA
E A MORFOLOGIA Capítulo 2 
FIGUEIREDO SILVA, M. C. Morfologia. Florianópolis: UFSC, 2009. Disponível 
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– Universidade Federal de Santa Catarina, 2008.
CAPÍTULO 3
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA 
E PRAGMÁTICA
 A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• explorar a ordem das relações sintáticas em língua brasileira de sinais;
• identifi car os tipos de sintagmas em Libras;
• compreender ambiguidade lexical em Libras;
• entender os estudos dos signifi cados e os signifi cantes aplicados à língua de 
sinais;
• empregar os componentes sintáticos em Libras;
• organizar os elementos de uma oração por meio dos sintagmas;
• comparar e classifi car as expressões dêiticas em Libras;
• examinar os sinais diferentes com os mesmos signifi cados.
108
 Língua brasileira de sinais
109
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
No Capítulo 2, estudamos acerca da morfologia da Libras, viajamos pelos 
conceitos e estrutura da língua de sinais brasileira e buscamos compreender 
a importância dos parâmetros linguísticos que asseguram a criação dos 
sinais. Entendemos que o parâmetro da Libras é necessário para estabelecer 
a comparação e obedece a um modelo de regra pré-fi xada necessária para 
compreender o que é verdadeiro e aceitável em uma língua natural. 
Tais regras fazem parte de um sistema linguístico que possui outras 
tantas regras estruturais. Cabe-nos ainda versar sobre a sintaxe, pragmática e 
semântica, sem deixar de mencionar a formação das sentenças, os sentidos das 
palavras, a importância dos classifi cadores e dos verbos para formar o corpo 
estrutural da Libras. Sabemos que a limitação de linhas não nos permite abraçar 
profundamente todas essas e outras questões linguísticas, porém, traremos a 
base mais sólida possível para que o conhecimento desse assunto atinja o seu 
objetivo maior, que é a sua aprendizagem.
2 OS ASPECTOS RELACIONADOS À 
SINTAXE EM LIBRAS: A FORMAÇÃO 
DAS SENTENÇAS
Uma das principais características das línguas humanas é proporcionar 
a comunicação entre os usuários. A comunicação é fundamental para que a 
vida em sociedade aconteça de maneira plena e tal interação se estabelece a 
partir do momento em que o sujeito entra em contato com o ambiente da sua 
linguagem natural por meio da interação entre os pares. Porém, em alguns 
casos, as barreiras de comunicação impedem o processo de aquisição da língua, 
prejudicando as relações sociais. A língua brasileira de sinais, nos últimos anos 
está com maior difusão e seu ensino acontece de maneira mais frequente com 
cada vez mais pessoas interessadas em seu aprendizado. A estrutura da Libras é 
rica em todas as suas partes e a sintaxe, semântica e a pragmática desenham de 
maneira formal a linguística da língua. 
• Sintaxe
Entendemos a Sintaxe como a área que estuda as regras que orientam a 
construção e formação de frases nas línguas naturais. A linguística compreende 
que essa é a parte da gramática que se ocupa da disposição das palavras na 
frase e em seus discursos, realizando as combinações para que a compreensão 
dos signifi cados e a comunicação aconteçam de maneira satisfatória.
110
 Língua brasileira de sinais
Esse estudo da estrutura da frase comprova que existem infi nitas 
combinações de palavras que os falantes de uma língua são capazes de 
compreender e produzir. 
• Semântica
É o estudo que aborda o signifi cado da palavra e da sentença. Trata da 
natureza do signifi cado individual e coletivo das palavras nas orações, observando 
as variações regionais e sociais nos mais diversos dialetos.
Podemos dizer que a semântica aborda o signifi cado na linguagem em uso 
com suas imagens acústicas, ou visuais, porém também trata das mudanças de 
sentido e das escolhas de novas expressões. 
• Pragmática
Quando falamos de linguagem no seu contexto comunicacional, estamos nos 
referindo ao ramo da pragmática que está para além da construção frasal e da 
signifi cação que as sentenças apresentam. O objetivo principal da pragmática é o 
estudo da comunicação em seu contexto.
Assim a pragmática é o ramo da linguística que observa o uso concreto da 
linguagem pelos falantes de uma língua em seus contextos e situações mais 
diversas.
FIGURA 1 – SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA EM LIBRAS
FONTE: <http://www.letras.ihl.unilab.edu.br/wp-content/uploads/2017/09/97ce91db-
d743-4685-80c0-be8148780686.jpg>. Acesso em: 29 mar. 2021.
111
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
No capítulo anterior vimos que a base dos primeiros estudos linguísticos da 
Libras surgiu das pesquisas realizados por Stokoe (1978), ao se referir à língua 
de sinais americana (ASL) como língua estruturada com aspectos fonológicos 
e morfológicos, com parâmetros primários e secundários devidamente 
estabelecidos. 
 Estudos igualmente relevantes na área da sintaxe da Libras, que foram 
idealizados por Ferreira-Brito (1995); Quadros (1999); e Quadros e Karnopp 
(2004), revelaram que existem diversas possibilidades acerca da temática 
observando a ordem postural dos constituintes e as diferentes sentenças 
externalizadas por eles. 
Compreendemos que a sintaxe é responsável por identifi car as relações dos 
elementos estruturais da frase e das regras que regem as orações. Cabe agora a 
necessidade de refl etirmos sobre os níveis sintáticos da língua brasileira de sinais. 
É fundamental perceber que a análise da sintaxe da Libras depende muito do 
espaço de execução do sinal, visto que as relações sintáticas fazem uso do seu 
sistema pronominal e nominal. Na sequência optamos por apresentar fi guras que 
revelam a diferença que existe na execução do movimento dos verbos direcionais 
que acompanham o pronome que identifi ca quem é o executor da ação.
FIGURA 2 – VERBO DIRECIONAL
FONTE: Monteiro (2015, p. 12)
Sobre esse ponto de vista é possível perceber que o discurso na língua 
brasileira de sinais apresenta a referência estabelecida em um local no espaço 
da área de sinalização, esse espaço é o local referente no momento da execução 
do discurso em si. Os pontos de localização dos referentes são considerados 
de acordo com a posição em que se encontram, visto que eles podem estar ou 
não em interação, porém, cabe destacar que, se os referentes estiverem nulos 
na cena da interação, os pontos de localização passam a ser representados de 
maneira abstrata.
112
 Língua brasileira de sinais
FIGURA 3 – REFERENTES PRESENTES
FONTE: Adaptado de Lillo-Martin e Klima (1990)
Na fi gura anterior observamos a presença de referentes à esquerda e 
à direita do receptor e do sinalizante, ao realizar a sinalização de qualquer um 
desses referentes no discurso,deve-se fazer uso da localização exata de onde 
estão posicionados os envolvidos e assim garantir a correta adequação sintática 
do enunciado. 
Outros aspectos importantes na sintaxe da Libras e que foram apontados por 
Quadros e Karnopp (2004) são os não-manuais. Visto que em alguns discursos 
os enunciados são possuidores de verbos com concordância, devemos observar 
com atenção a marcação da localização de cada referente. As autoras mencionam 
na pesquisa delas a existência de trabalhos que tratam da fl exibilidade da 
ordem das frases como uma importante marca da sintaxe, porém, orientam que 
há uma ordem primária que é considerada básica na construção frasal, que é 
Sujeito-Verbo-Objeto (SVO). Afi rmam ainda que a fl exibilidade dessa ordem está 
diretamente relacionada com o mecanismo gramatical não-manual que consiste 
na elevação das sobrancelhas, usado para enfatizar uma passagem especial no 
enunciado. Essa importante marcação não-manual da língua brasileira de sinais 
chamamos de topicalização. 
113
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
Assista à LIVE sobre a sintaxe de Libras e faça os apontamentos 
de acordo com suas interrogações. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=eohpzRcn81M>.
FIGURA – LIVE SOBRE A SINTAXE DE LIBRAS
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=eohpzRcn81M>. Acesso em: 10 mar. 2021. 
3 SEMÂNTICOS E PRAGMÁTICOS: 
PARTICULARIDADES LEXICAIS 
Anteriormente discutimos o conceito de semântica e de pragmática 
separadamente, porém, para que você compreenda melhor o conceito de cada 
uma e a relação existente entre elas, optamos por trabalhar aqui a semântica e a 
pragmática conjuntamente. Cabe salientar que inúmeras vezes o sentido sofre a 
infl uência do contexto pragmático e que as circunstâncias em que a transmissão 
da mensagem acontece devem ser observadas. 
O signifi cado possui diversas possibilidades de investigação e uma das 
que mais possui destaque é o estudo da relação existente entre o mundo e as 
expressões linguísticas. Do ponto de vista de Fiorin (2010, p. 138-139)
Não se pode negar que uma das características 
importantes das expressões linguísticas é que elas são sobre 
alguma coisa. [...] Esse mundo sobre o qual falamos quando 
usamos a linguagem pode ser tomado como o mundo real, 
parte dele ou mesmo outros mundos fi ccionais ou hipotéticos. 
114
 Língua brasileira de sinais
Sob essa ótica, corroboramos a afi rmativa de Fiorin (2010) e compreendemos 
que o mundo dos signifi cados é a relação que se estabelece entre a fala e a 
linguagem real. Alinhamos nosso pensamento com o do autor quando ele 
expressa que, quando conhecemos a verdade sobre a sentença, entendemos 
também em que circunstância de mundo essa sentença é verdadeira ou falsa. 
Ao pensarmos na língua brasileira de sinais e nas questões linguísticas que 
a envolve, entendemos que o signifi cado dos enunciados em Libras é infl uenciado 
pelos aspectos linguísticos sintáticos da classe morfológica. Silva (2006) soma 
com essa constatação quando revela que essa classe morfológica infl uencia 
substancialmente as relações semânticas e pragmáticas da língua. Percebemos 
aqui a importância de compreender o sentido verdadeiro que o verbo possui nas 
sentenças em Libras; e entender como acontece o seu comportamento na sintaxe, 
semântica e pragmática, visto que tais propriedades verbais determinam o seu 
comportamento, diferenciando seu comportamento pelos elementos linguísticos 
que revelam os participantes do enunciado, tempo ou lugar, conhecidos por 
elementos dêiticos. 
Felipe (2001) evidencia que, quando classifi camos os verbos em Libras, 
considerando suas características semânticas e morfológicas, eles são emoldados 
de acordo com os exemplos a seguir: 
• Verbos com fl exão número-pessoal: o parâmetro de direcionalidade é um 
marcador de fl exão de pessoa do discurso. 
FIGURA 4 – VERBO COM FLEXÃO PESSOAL (EX.1: PERGUNTAR)
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 79)
115
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
FIGURA 5 – VERBO COM FLEXÃO PESSOAL (EX.2: RESPONDER)
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 55)
• Verbos com fl exão para locativo: além da direcionalidade considera o 
ponto de articulação como parâmetro de fl exão. 
FIGURA 6 – FLEXÃO DE LOCATIVO
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 19)
Complete a sinalização utilizando o sinal de COPO, o sinal de 
MESA e realizando o locativo adequado para a estrutura frasal de 
Libras. Lembre-se de sinalizar a mesa de acordo com aquela que 
você tem registrada em sua memória (redonda, quadrada, oval); 
de observar como o copo está posicionado (deitado, virado etc.); 
e de realizar o movimento do copo em direção à mesa. Use a sua 
imaginação. 
116
 Língua brasileira de sinais
• Verbo com fl exão para gênero: quando os classifi cadores são 
responsáveis por identifi car o gênero em Libras.
FIGURA 7 – FLEXÃO DE GÊNERO (EX.1: PESSOA)
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 34)
FIGURA 8 – FLEXÃO DE GÊNERO (EX.1: PESSOA)
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 46)
FIGURA 9 – FLEXÃO DE GÊNERO (EX.1: PESSOA)
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 34)
117
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
FIGURA 10 – FLEXÃO DE GÊNERO 2 (EX.2: VEÍCULO + PESSOA)
Veículo-engarrafamento
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 40)
FIGURA 11 – FLEXÃO DE GÊNERO 2
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 45)
Pessoa-Sentar (repetir o movimento de acordo com o número de 
pessoas)
FIGURA 12 – FLEXÃO DE GÊNERO 2
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 54)
Fila: Fila paralelas
118
 Língua brasileira de sinais
FIGURA 13 – FLEXÃO DE GÊNERO 2
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 61)
Reunião: reunião de pessoas
FIGURA 14 – FLEXÃO DE GÊNERO 3 (EX.3: CACHORRO CAMINHANDO)
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 73)
FIGURA 15 – CACHORRO CAMINHANDO
FONTE: <https://fofuxo.com.br/saude/passeios-recomendados-
dia-cao.html>. Acesso em: 20 maio 2021.
119
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
3.1 O CONTEXTO EM LIBRAS 
É importante perceber que o contexto em que está acontecendo o enunciado 
transforma toda a cena, considerando que um dos principais objetivos da língua 
é comunicar, enquanto que o objetivo da comunicação é fazer-se entender para 
que a interação e a troca aconteçam de maneira satisfatória. Em Libras, para 
que os interlocutores estabeleçam uma comunicação compreensível, as regras 
convencionas devem ser respeitadas pelos usuários. Sobre a importância dessas 
convenções linguísticas, Bernardino (1999) nos revela que, quando um indivíduo 
deseja socializar informações, deve fazer uso de uma linguagem e, para se fazer 
compreender, é preciso que que ele use as regras convencionadas pelo uso 
social, ou seja, deve usar uma língua. 
O contexto em que está inserido o discurso é fundamental para que a troca 
interativa juntamente com a refl exão do conhecimento adquirido surja. Do ponto 
de vista de Fiorin (2010), o enunciado do discurso se faz em concordância com a 
situação combinada pelos atores da comunicação, pelo momento da enunciação 
e pelo lugar onde esse enunciado é produzido.
Assim como nas línguas orais, o usurário da Libras necessita ter conhecimento 
do que está estabelecendo o objeto discutido em determinada cena, para que 
suas experiências visuais participem do contexto desse processo. Para essa 
refl exão, buscamos embasamento em Bernardino (1999), que assegura que, para 
estabelecer o contexto intrínseco ao processo, é importante que o receptor da 
mensagem saiba o que permeia os arredores do objeto discutido em uma cena. 
Nomeamos esse processo de contexto intrínseco e, quando as experiências do 
receptor se afi nam com todo processo, nomeamos de incidental.
Na língua brasileira de sinais, a total compreensão da mensagem depende 
muito das experiências e conhecimento de mundo daquele que recebe a 
informação. A difi culdade na assimilaçãodos sinais e até mesmo a falta de 
vocabulário em Libras podem provocar uma total distorção dos fatos apresentados. 
Logo, três evidências são necessárias durante o processo de interação e 
comunicação em Libras e o emissor deverá identifi cá-las durante o processo. São 
elas: copresença física, copresença linguística e pertencer à mesma comunidade 
(BERNARDINO, 1999).
Compreendemos que a copresença física é necessária para garantir que 
os interlocutores tenham conhecimento do evento no momento da interação, 
já a copresença linguística, trata da garantia de que estão discutindo sobre o 
mesmo assunto, usando o mesmo sistema linguístico e pertencentes da mesma 
comunidade, para garantir que o discurso tenha o mesmo signifi cado para todos 
os envolvidos (BERNARDINO, 1999).
120
 Língua brasileira de sinais
O conhecimento linguístico, diferentemente da aquisição da linguagem, 
não é uma característica inata do indivíduo, ele é adquirido no decorrer de sua 
existência, sendo responsável pela relação positiva da comunicação entre as 
pessoas e a construção do signifi cado que obtém das situações e relações. 
Muitos são os conhecimentos envolvidos na linguagem humana que se integram 
para desenvolver a cognição como um todo. 
A quantidade de informações envolvidas no processo favorece a confi ança na 
construção do signifi cado dessa linguagem. O conhecimento lexical e gramatical 
possui um papel importante nesse processo. No entanto, a relação de processos 
cognitivos capazes de promover a compreensão do signo linguístico, assim como 
o da criação do signifi cado também linguístico, tem um papel imprescindível que 
fundamenta e embasa o processo do conhecimento da linguagem, favorecendo, 
igualmente, a compreensão dos sentidos das palavras e a relação delas com toda 
a cadeia da linguagem, língua e linguística. 
4 OS SENTIDOS DAS PALAVRAS: 
RELAÇÕES DE SINONÍMIAS, 
HOMONÍMIAS E POLISSEMIA
A criação das palavras é algo inato do ser humano, porém existem regras 
que são necessárias para que a comunicação aconteça de maneira satisfatória 
e efetiva. Podemos afi rmar então que a criação nos remete a buscar a (re) 
signifi cação de conceitos já existentes. Esse processo se dá dentro de um 
determinado contexto semântico que se ocupa das signifi cações das palavras.
 Apresentamos a seguir uma breve explicação dos conceitos de Sinonímias, 
Homonímias e Polissemia na língua portuguesa, objetivando proporcionar uma 
base para melhor compreensão dessas relações em Libras pelo acadêmico. 
• Sinonímia: duas ou mais palavras com signifi cados semelhantes ou 
iguais.
São sinônimas as palavras: cômico – engraçado; distante – afastado.
• Antonímia: duas ou mais palavras com signifi cados contrários.
São antônimas as palavras: economizar – gastar; bom – ruim.
121
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
• Homonímia: duas ou mais palavras com signifi cados diferentes, mas 
com a mesma estrutura fonológica. A classe das homônimas se divide 
em: 
o Homógrafas: iguais na escrita e diferentes na pronúncia, conforme 
os exemplos a seguir: gosto (verbo) e gosto (substantivo).
o Homófonas: iguais na pronúncia e diferentes na escrita, conforme os 
exemplos a seguir: sela (verbo) e cela (substantivo).
o Perfeitas: iguais na pronúncia e na escrita, conforme os exemplos a 
seguir: cura (verbo) e cura (substantivo).
o Paronímia: duas ou mais palavras que possuem signifi cados 
diferentes, mas se parecem na pronúncia e na escrita. Conforme os 
exemplos a seguir: cavaleiro – cavalheiro; absolver – absorver.
• Polissemia: quando a mesma palavra é capaz de apresentar diferentes 
signifi cados. Conforme os exemplos a seguir: ela ocupa o posto
de diretora da escola de meu fi lho. Eu vi que ele estava com a moto 
estacionada no posto da rua principal.
Os exemplos apresentados no Português representam a afi rmativa de 
Marcuschi (1999, p. 16) que aponta que “a semântica de línguas naturais tem 
a ver com algo mais do que o simples signifi cado de palavras [...]”. Em Libras 
tal fato acontece de maneira igualitária visto que temos uma língua natural com 
todas as estruturas linguísticas necessárias para o reconhecimento desse status. 
Corroborando a análise de Marcuschi (1999), buscamos, a seguir, apresentar 
as particularidades da Libras em se tratando das expressões de polissemia, 
homonímia e sinonímia, discutindo na prática as relações e interferências que 
essas expressões provocam não apenas na sinalização, mas em tudo que envolve 
esse universo de língua visual e espacial. 
4.1 POLISSEMIA, HOMONÍMIA, 
SINONÍMIA E AS RELAÇÕES QUE 
ESTRUTURAM A LIBRAS
Anteriormente discutimos acerca do conceito dessas expressões no 
Português. Essa base foi fundamental para compreender como acontecem as 
relações com a Libras. 
• POLISSEMIA: SIGNIFICANTES IGUAIS X SIGNIFICADOS 
DIFERENTES
122
 Língua brasileira de sinais
As expressões polissêmicas resultam dos signifi cados que só podem ser 
compreendidos dentro de um determinado conceito. A polissemia na Libras 
acontece quando temos o mesmo sinal em signifi cados diferentes, momento em 
que a compreensão do diálogo que originou essa expressão é fundamental.
São exemplos de sinais polissêmicos:
FIGURA 16 – SÁBADO
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 1)
FIGURA 17 – LARANJA
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 14)
FIGURA 18 – COR LARANJA/ALARANJADO
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 52)
123
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
FIGURA 19 – FRUTA: LARANJA
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 14)
Nos pares polissêmicos de Sábado, Laranja cor e Laranja fruta, podemos 
observar que três são os aspectos idênticos, o SIGNIFICANTE é igual, porém, 
O SIGNIFICADO está diretamente ligado ao contexto do diálogo. A polissemia 
assume diferentes signifi cados dependendo sempre do contexto. 
Observe os sinais a seguir:
FIGURA 20 – PEIXE
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 63)
FIGURA 21 – SEXTA-FEIRA
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 1)
Nos exemplos anteriores, é importante destacar o regionalismo que está 
presente, visto que, em alguns lugares do país, o sinal de peixe não segue essas 
características. No entanto, em determinada região, os pares Peixe e Sexta-feira 
são polissêmicos. 
124
 Língua brasileira de sinais
• HOMONÍMIA: SIGNIFICANTES IDÊNTICOS X SIGNIFICADOS 
DISTINTOS
Existe uma complexidade em diferenciar homonímia e polissemia, saber com 
precisão quando ocorre uma ou outra é algo bastante complicado. Na tentativa de 
estabelecer a distinção entre ambas, entendemos que uma determinada palavra 
possui vários signifi cados, ela pode ser tanto polissemia (uma palavra com vários 
signifi cados) ou homonímia (várias palavras com o mesmo signifi cado). 
Ao buscarmos na memória o léxico da Libras, é possível perceber que por 
vezes um sinal é responsável por representar duas palavras, sendo o mesmo 
sinal para signifi cados diferentes, porém, com movimento e expressão facial 
diversos. Percebemos que em muitos casos é difícil separar quando ocorre de 
fato polissemia ou homonímia, apesar de na primeira (POLISSEMIA) termos 
signifi cados diferentes, enquanto que na segunda (HOMONÍMIA) temos formas 
diferentes para representar o mesmo sinal, possibilitando signifi cados diferentes. 
Alguns estudiosos buscam na etimologia uma maneira de diferenciar polissemia 
e homonímia, reconhecendo tal difi culdade, sugerem ignorar tal distinção. Outros 
estudos preferem estabelecer uma maneira mais efi caz para compreender melhor 
tal diferença. Outras análises apontam que homonímia e polissemia estabelecem 
uma relação entre si e consideram que uma pode ser a outra e a outra por sua 
vez pode ocupar o lugar da primeira. Assim, podemos dizer que ambas ocupam 
e pertencem ao mesmo caso de signifi cação múltipla: um signifi cante com vários 
signifi cados, difi cultando assim, traçar uma linha divisória entre as palavras/sinais 
homônimos e polissêmicos. 
• SINONÍMIA:SIGNIFICANTES DIFERENTES X SIGNIFICADOS 
APROXIMADOS
FIGURA 22 – VELHO (OBJETO)
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 19)
125
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
FIGURA 23 – VELHO (IDOSO)
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 19)
As palavras/sinais denominados de sinonímias ou sinônimas são aqueles 
que se diferenciam, mas possuem a mesma categoria gramatical e os sentidos se 
equivalem.
São dois signifi cantes diferentes que representam signifi cados parecidos 
em que o signifi cado é utilizado em momentos que se parecem, considerando o 
seguinte contexto: VELHO (1) – (para objetos) para representar que são coisas 
usadas. VELHO (2) – (para pessoas/animais) como forma de representar o 
envelhecimento natural do corpo físico. Outro exemplo apresenta uma interessante 
refl exão e que devemos trazer para a discussão é o seguinte:
FIGURA 24 – OBJETO NOVO
FONTE: Capovilla (2012, p. 36)
FIGURA 25 – PESSOA/ANIMAL NOVO
FONTE: Capovilla (2012, p. 22)
126
 Língua brasileira de sinais
É importante ressaltar que o sinal apresentado anteriormente refere-se à 
palavra NOVO/ JOVEM e, naturalmente, como a língua não é estática e segue em 
movimento constante, esse sinal pode sofrer alterações regionais. 
Novamente é possível perceber que encontramos dois sinais diferentes 
(SIGNIFCANTE) que representam a mesma “palavra”, mesmo que o sentido 
(SIGNIFCADO) seja parecido, são dois sinais com o mesmo sentido, mas 
utilizados em situações diferentes. 
As discussões apresentadas nesta seção acerca dos aspectos da polissemia, 
homonímia e sinonímia e as relações que estruturam a Libras são mínimas diante 
da valorosa especifi cidade que a língua de sinais apresenta, assim, procuramos 
analisar a signifi cação dos sinais da Libras. É importante destacar que na Libras, 
comprovadamente uma língua natural, é possível relacionar o signifi cado e o 
signifi cante dos sinais e assim compreender os aspectos linguísticos, entender 
seus aspectos semânticos, assim como a infl uência que provocam no sentido 
dos sinais, formação de frases e contexto linguístico, favorecendo ao usuário da 
língua um desenvolvimento pessoal, social e linguístico muito mais efetivo. 
Os aspectos linguísticos da Libras são riquíssimos e a relação da polissemia, 
homonímia e sinonímia faz parte dessa riqueza juntamente com as novas 
confi gurações de mãos, os classifi cadores, as expressões faciais/gramaticais e 
os verbos. Considerando essa afi rmativa, queremos convidá-lo a mergulhar na 
última seção deste material e buscar adquirir ainda mais conhecimento acerca da 
estrutura gramatical da língua brasileira de sinais. 
5 EXPRESSÕES FACIAIS/
GRAMATICAIS, CLASSIFICADORES E 
OS VERBOS NA LÍNGUA DE SINAIS
Existem diferentes maneiras de expressarmos os pensamentos, vontades 
e emoções, muitas vezes, recorremos às expressões faciais para formalizar a 
comunicação seja em língua falada ou sinalizada. Se pensarmos em pessoas 
que não falam o mesmo idioma, fi ca fácil compreendermos essa afi rmativa, visto 
que alguma forma de comunicação terá de encontrar para que a comunicação se 
estabeleça. Todas as alternativas e estratégias serão lançadas, o apontamento 
de objetos, os desenhos, gestos e mímicas. Essas estratégias são comuns entre 
os seres humanos e as expressões faciais fazem parte desse arcabouço visto 
que fazem parte da natureza humana e são assim utilizadas em todas as línguas 
humanas. 
127
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
Na Libras as expressões faciais ocupam um lugar de extrema importância, 
tendo papel fundamental e necessitando de atenção e detalhamento no momento 
em que são estudadas. Na língua brasileira de sinais, separamos dois grandes 
grupos para você compreender melhor as expressões faciais.
FONTE: <https://rielcapastre.wordpress.com/2017/09/20/a-
estrutura-gramatical-da-libras>. Acesso em: 19 abr. 2021.
FIGURA 26 – EXPRESSÕES AFETIVAS
Na fi gura anterior apresentamos algumas das inúmeras expressões faciais 
afetivas que o ser humano é capaz de demonstrar. São utilizadas para expressar 
os mais diversos sentimentos como: alegria, tristeza, raiva, angústia, entre muitos 
outros. A ocorrência delas pode se dar juntamente ou separadamente de outros 
itens lexicais, mas, é importante ressaltar que as expressões faciais não são uma 
exclusividade das línguas de sinais, as línguas orais também fazem uso constante 
das expressões faciais para melhor estabelecer as emoções na comunicação 
entre os interlocutores, e, não possuem, necessariamente, relação com a estrutura 
gramatical da língua. 
128
 Língua brasileira de sinais
 Em outra linha de raciocínio estão as expressões gramaticais, que estão 
relacionadas diretamente com algumas estruturas específi cas, tanto no nível 
da morfologia quando no nível sintático. Elas são consideradas obrigatórias em 
alguns contextos que aparecem na Libras e são uma especifi cidade das línguas 
de sinais. Portanto é necessário que façamos um detalhamento maior no estudo 
delas. 
5.1 EXPRESSÕES FACIAIS 
GRAMATICAIS
Na fi gura anterior apresentamos algumas das inúmeras expressões faciais 
afetivas que o ser humano é capaz de demonstrar. Elas são utilizadas para 
expressar os mais diversos sentimentos como alegria, tristeza, raiva, angústia, 
entre muitos outros. A ocorrência delas pode se dar juntamente ou separadamente 
de outros itens lexicais, mas, é importante ressaltar que as expressões faciais 
não são uma exclusividade das línguas de sinais, as línguas orais também fazem 
uso constante das expressões faciais para melhor estabelecer as emoções na 
comunicação entre os interlocutores e não possuem, necessariamente, relação 
com a estrutura gramatical da língua. 
 Em outra linha de raciocínio estão as expressões gramaticais, que estão 
relacionadas diretamente com algumas estruturas específi cas, tanto no nível 
da morfologia quando no nível sintático. Elas são consideradas obrigatórias em 
alguns contextos que aparecem na Libras e são uma especifi cidade das línguas 
de sinais, portanto, é necessário que as detalhemos em nosso estudo. 
• Nível morfológico
 As expressões faciais de nível morfológico são conhecidas como aquelas 
que fazem as marcações não-manuais, acompanham determinadas estruturas e 
possuem fi nalidade específi ca. No nível morfológico, as marcações não-manuais 
estão relacionadas a diferentes graus e apresentam o objetivo sobre o sinal que 
está sendo realizado.
 Os adjetivos estão associados ao grau de intensidade. A seguir apresentamos 
exemplos desses adjetivos. 
BONITINHO-BONITO-MAIS BONITO-BONITÃO
COITADINHO-COITADO-MAIS COITADO-COITADO
129
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
POBREZINHO-POBRE-MAIS POBRE-PROBREZÃO
As expressões faciais podem ser incorporadas ao substantivo, sem a 
necessidade de estarem ligadas à produção de um adjetivo, ainda assim, 
possuem a função adjetiva. Nessas situações, os substantivos incorporam o grau 
de tamanho, conforme podemos observar no exemplo a seguir.
CASINHA-CASA-MANSÃO
BEBEZINHO-BEBÊ-BEBEZÃO
CARRINHO-CARRO-CARRÃO 
• Nível da sintaxe
Diferentemente do nível morfológico, as expressões faciais em nível da sintaxe 
da Libras possuem o papel de indicação de determinados tipos de construções, 
como as sentenças: negativas, interrogativas, afi rmativas, condicionais, relativas, 
construções com tópico e com foco. Assunto que discutiremos no decorrer deste 
sutópico. 
Muitas são as expressões faciais gramaticais utilizadas em Libras que 
assumem movimentos de cabeça, sobrancelhas, olhos e lábios. Movimentos com 
a cabeça assumem o papel tanto afi rmativo quanto negativo, confi rmados com 
a direção do olhar, a elevação das sobrancelhas, a elevação ou o abaixamento 
da cabeça, o franzir da testa, além de movimentos com os lábios que também 
indicam a negação e servem para diferenciar os tipos de interrogativas. 
A seguir apresentaremos um quadro queapresenta as expressões não-
manuais da Língua de sinais brasileira que foram exploradas na pesquisa de 
Quadros e Karnopp (2004).
130
 Língua brasileira de sinais
QUADRO 1 – EXPRESSÕES NÃO-MANUAIS
Expressões não-manuais da Língua de sinais brasileira
(FERREIRA-BRITTO; LANGEVIN, 1995).
Rosto
Parte superior
Sobrancelhas franzidas
Olhos arregalados
Lance de olhos
Sobrancelhas levantadas
Parte inferior
Bochechas infl adas
Bochechas contraídas
Lábios contraídos e projetados e sobrancelhas franzidas
Correr da língua contra a parte inferior interna da bochecha
Apenas bochecha direita infl ada 
Contração do lábio superior
Franzir do nariz
Cabeça
Balanceamento para frente e para trás (sim)
Balanceamento para os lados (não)
Inclinação para frente
Inclinação para o lado
Inclinação para trás
Rosto e cabeça
Cabeça projetada para frente, olhos levemente cerrados, sobrancelhas franzidas.
Cabeça projetada para trás e olhos arregalados
Tronco
Para frente
Para trás
Balanceamento alternado dos ombros
Balanceamento simultâneo dos ombros
Balanceamento de um único ombro
FONTE: Quadros e Karnopp (2004, p. 61)
Todas essas expressões estão diretamente ligadas a uma estrutura sintática 
específi ca, sendo possível perceber mais do que uma marcação não-manual na 
mesma sentença, é importante observar que a ausência das expressões faciais 
pode tornar a sentença agramatical, visto que elas são fundamentais para a 
compreensão correta da sentença.
131
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
A seguir discutimos alguns exemplos de expressões faciais gramaticais de 
negação. Primeiramente, é possível realizar o movimento com a cabeça de um 
lado para o outro e em repetição, dessa maneira indicamos a negação, porém 
esse movimento não é considerado obrigatório em Libras, pois está diretamente 
ligado a questões discursivas da sentença. 
A segunda opção é quando utilizamos expressões faciais de negação, 
alterando algumas características da face. A boca é uma das áreas em que a 
alteração acontece fortemente, por exemplo, quando há modifi cação no contorno 
da boca (abaixamento dos cantos da boca ou arredondamento dos lábios), 
associada ao abaixamento das sobrancelhas e ao leve abaixamento da cabeça. 
Nessas situações as expressões faciais são um elemento obrigatório para 
marcar a negação em Libras, visto que estão diretamente relacionadas a questões 
da sintaxe da língua. O movimento de cabeça para a negação é possível com o 
marcador ‘não’, ao sintagma verbal e a toda sentença, podendo ainda se estender 
para além do último sinal realizado, sem prejuízo de compreensão. 
Porém, as expressões faciais negativas têm uma distribuição mais restrita. 
Elas não podem acompanhar a sentença toda, nem podem se limitar ao marcador 
de negação. Elas necessariamente devem coocorrer junto a todo o sintagma 
verbal, caso contrário, o prejuízo na compreensão da sentença é inevitável. 
Assim como a marcação não-manual de negação é importante para as sentenças 
em Libras, a marcação não-manual de afi rmação também possui um papel de 
extrema importância para a compreensão na ordem sintática. Os movimentos são 
realizados para cima e para baixo com a cabeça indicando afi rmação. 
Outra marcação não-manual que faz parte da Libras é a que representa as 
questões interrogativas nas sentenças. Existem quatro diferentes marcações 
interrogativas que estão diretamente ligadas às sentenças, essas dependem 
do tipo de questionamento que está sendo feito nos momentos do discurso, 
sendo uma delas a que há uma pequena elevação da cabeça, acompanhada do 
franzir da testa, a outra acontece quando há um leve abaixamento da cabeça, 
acompanhado da elevação das sobrancelhas. Quadros, Pizzio e Rezende (2009) 
nos revelam uma outra interrogativa: a que expressa dúvida e desconfi ança (pode 
ser feita com uma ou duas mãos), lábios comprimidos ou em protrusão, olhos mais 
fechados e testa franzida, leve inclinação dos ombros para um lado ou para trás e 
a última marcação é a que aparece em sentenças subordinadas sem a marcação 
não-manual interrogativa: que são os sinais para O-QUE e QUEM. Dentro da 
sentença são realizados com a marcação não-manual da própria sentença, ou 
seja, será afi rmativa ou negativa, faz uso da direção do olhar do direcionamento 
da cabeça e dos olhos para uma localização específi ca e simultaneamente com 
132
 Língua brasileira de sinais
um e/ou mais sinais, para estabelecer a concordância correta para a efetiva 
compreensão da sentença. 
Outra característica das marcações não-manuais é que podem ser utilizadas 
como marcas do discurso em si e podem indicar a alteração no momento da 
fala entre os interlocutores envolvidos no discurso, alterando também o fl uxo da 
conversação. 
Pesquisas acerca desse tema são cada vez mais apresentadas por 
investigadores da área. Dentre elas citamos os estudos de Quadros, Pizzio e 
Rezende (2009) que aprofundam de maneira fundamental essa temática com o 
intuito de contribuir com a formação do aluno. Sugerimos a leitura do material a 
seguir a fi m de adquirir conhecimento sobre essa temática que é a gramática da 
Libras.
QUADROS, R. M; PIZZIO, A. L; REZENDE, P. L. F. Língua 
Brasileira de Sinais IV. Licenciatura em letras-Libras na modalidade 
a distância. Santa Catarina: Universidade Federal de Santa Catarina, 
2009.
6 OS CLASSIFICADORES 
As especifi cidades das marcas não-manuais contribuem para formar uma 
estrutura adequada para estabelecer as sentenças da Libras e trabalham junto 
com os classifi cadores que também são responsáveis pela compreensão da 
sinalização do discurso.
6.1 LÍNGUAS ORAIS-AUDITIVAS
Tradicionalmente as línguas concretizam a signifi cação e apreensão do 
mundo ao observar características que são fundamentais para o processo de 
desenvolvimento e os sistemas semióticos são fortemente utilizados para que a 
refl exão cognitiva dessa categorização de fato se efetive. Podemos afi rmar que 
as palavras classifi cadas se combinam com as entidades de classe para então 
surgir todas as coisas que conhecemos e assim o universo seja representado. 
Por vezes em algumas línguas o sistema linguístico se apresenta de maneira 
133
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
mais complexa e, para que aconteça a representação fonológica, morfológica, de 
semântica, de pragmática e de sintaxe, é necessário fazer subdivisões dessas 
classifi cações em grupos de coisas animadas (pessoas e animais) e outro grupo 
de coisas inanimadas (coisas e objetos). Entendemos assim como que essa sub 
classifi cação pode ser novamente reclassifi cada do ponto de vista de gênero, 
número, visibilidade ou proximidade, quanto ao formato. Felipe (2002), faz 
referência a essas classifi cações em seu artigo intitulado Sistema de fl exão verbal 
na Libras: Os classifi cadores enquanto marcadores de fl exão de gênero em que 
discute ricamente os aspectos que norteiam esse tema. A autora aponta que as 
línguas orais também são
reclassifi cadas quanto ao gênero (masculino, feminino, neutro), 
quanto ao número (singular, dual, trial, plural, unidade, grupo); 
quanto à visibilidade ou proximidade em relação ao emissor 
(perto, mais ou menos distante, distante/visível, não-visível/
aqui, aí, lá), quanto ao formato, à consistência, ao tamanho, 
quanto ao caso (nominativo, acusativo, genitivo etc.), quanto 
ao papel temático (agente, paciente etc.); os eventos são 
reclassifi cados em ações, processos e estados, podendo ser 
mostrados também em relação ao modo, tempo, aspecto 
e seu sistema de fl exão para a concordância com seu(s) 
argumento(s). 
Do ponto de vista da pesquisadora, as línguas que fazem essas classifi cações 
e subclassifi cações, por meio das categorias gramaticais, são consideradas como 
línguas de classes nominais ou não-classifi cadoras. Ela menciona ainda que 
na língua, cujas características são as classes gramaticais de nomes, verbos, 
adjetivos, entre outros, tambémé natural fazerem uso de morfemas obrigatórios. 
Percebemos que o uso conceitual da palavra “classifi cador” geralmente é 
associado a seu aspecto morfológico, sem considerar as questões de sintaxe e de 
semântica, fazendo com que a signifi cação de sua função dentro de determinado 
contexto e sua representatividade no uso de uma língua seja prejudicado. Muitos 
estudos se debruçam sobre esse tema e um número considerável está na 
pesquisa da pesquisadora Felipe (2002), leitura que sugerimos para agregar os 
conhecimentos adquiridos até aqui. 
Os classifi cadores são diversos e as línguas fazem uso desse recurso de 
maneira regular na maioria das vezes associados ao papel morfológico e sintático 
da língua visto que ao classifi car alguma coisa, pessoa ou animal, acrescentamos 
um radical nominal ou verbal, tanto na derivação interna de raiz, ou no uso de todos 
os elementos frasais, naturalmente considerados como morfemas classifi cadores 
de concordância de gênero, número ou lugar. 
134
 Língua brasileira de sinais
6.2 CLASSIFICADORES NAS LÍNGUAS 
DE SINAIS
As línguas de sinais também fazem uso de classifi cadores que assumem 
um papel de extrema importância nas marcas de concordância de número ou de 
caso, de lugar ou de gênero e podem naturalmente ser vistos como morfemas 
classifi cadores das línguas de sinais. Sob essa perspectiva morfo-sintática e 
observando as tipologias para as línguas orais, alguns estudiosos se debruçam 
sobre classifi cadores nas línguas de sinais e demonstram que elas possuem 
muitos tipos de classifi cadores e enriquecem com seus apontamentos e refl exões 
o nosso universo de conhecimento acerca do assunto. Diferentes pontos de vista 
estão sendo apresentados pelos mais diversos pesquisadores quando se trata das 
tipologias ou até mesmo quando especifi cam as funções que cada classifi cador 
exerce. Porém, as opiniões convergem em um único ponto em comum, que é na 
defi nição do classifi cador como confi guração de mãos que substitui os morfemas 
que por ventura marcam as especifi cidades de um objeto específi co. 
 As pesquisas e estudos apresentados até aqui são de extrema importância 
para a área dos estudos da tradução e interpretação das línguas de sinais. 
Compreendemos que é necessário aprofundar o estudo de temas como esse 
que Felipe (2001) nos apresenta, visto que possuem aspectos morfológicos, 
fonológicos e sintáticos fortemente marcados. 
Uma das pesquisas que alicerçam de maneira signifi cativa a área da língua 
de sinais, em território nacional e internacional quando tratamos de classifi cadores, 
é a de Supalla (1986) que apresenta uma relação da tipologia e morfologia dos 
classifi cadores da ASL fazendo uma cuidadosa divisão por especifi cidades. 
Essa pesquisadora dispõe seus estudos precedentes e serve de referência para 
estudiosos e pesquisadores que se alinham a essa área de investigação. 
Na sequência apresentaremos como os classifi cadores foram divididos no 
estudo de Supalla (1986), que embasou a pesquisa de Felipe (2002), quando se 
refere especifi camente aos classifi cadores nas línguas de sinais.
a) Especifi cadores de tamanho e forma: são confi gurações de mãos 
que representam vários aspectos do referente. Esses classifi cadores 
foram subdivididos em especifi cadores de tamanho e forma estáticos 
(SASSes): objetos longos, redondos etc.; e especifi cadores de tamanho 
e forma em traço: a mão, movendo-se no espaço, traça as linhas do 
referente em duas ou três dimensões.
b) Classifi cador semântico: são confi gurações de mãos que representam 
os referentes enquanto categorias semânticas: classifi cadores de objetos 
135
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
com pernas (pessoa, cachorro, aranha etc.); classifi cadores de objetos 
horizontais, verticais etc.
c) Classifi cador corpo: todo o corpo do emissor pode ser usado para 
representar seres animados, sendo essa classe uma marca de 
concordância nominal.
d) Classifi cador parte do corpo: a mão ou alguma outra parte do corpo 
do emissor é usada para representar uma parte do corpo de referente. A 
parte do corpo é uma localização. Esse tipo de classifi cador foi dividido 
em: especifi cadores de tamanho e forma de parte do corpo (dentes 
na boca, listras de um tigre) e classifi cadores dos membros (mãos e 
antebraço; pernas e pé).
e) Classifi cador instrumento: uma representação mimética ou visual-
geométrica do instrumento mostra o objeto sendo manipulado, 
mas este não é diretamente referido. Esse tipo foi subdividido em: 
classifi cador mão como instrumento (usados para contrastar os vários 
meios que a mão interage com objetos sólidos de tamanho e formato 
diferentes); classifi cadores ferramenta (usados para operar ferramentas 
manualmente).
f) Morfemas para outras propriedades de classes de nomes: usados 
para mostrar consistência e textura (líquido, gasoso, macio etc.); 
integridade física (quebrado, espedaçado etc.); quantidade (coleção, 
muitas pessoas etc.); posição relativa (uma pessoa acima de outra, 
status etc.). 
Seguindo a linha de raciocínio de Felipe (2002) ao referenciar Supalla 
que apresenta a formação da raiz destes verbos como sendo formada por: um 
pequeno número de movimento possíveis (existência, localização ou movimento); 
um pequeno número de paths (linear, arco e círculo); um morfema classifi cador 
(mão ou outra parte do corpo, confi gurando uma forma particular e localizada 
em um lugar particular e orientada ao longo de um path) e relações locativas 
entre o nome central (objeto que move – tema) e o secundário (o objeto fundo), 
entendemos igualmente que o relacionamento desses classifi cadores com verbos 
de movimento e de localização dispõe também a forma da mão desses verbos e 
refere-se à classe do objeto que está envolvido no evento. 
Os classifi cadores nas línguas de sinais são aspectos que fundamentam de 
maneira signifi cativa a gramática da língua e a discussão que propomos deve ser 
um início para a busca de novas pesquisas e refl exões dos alunos, com objetivo 
de aprofundar-se no tema e adquirir maior conhecimento acerca do assunto.
136
 Língua brasileira de sinais
Os classifi cadores são também marcadores, porém esses 
trabalham enquanto marcadores de diferentes fl exões. Para 
aprofundar seu conhecimento acerca desse assunto, sugerimos a 
leitura de Felipe (2002) como base dos estudos concluintes deste 
material. Para tanto, acesse o endereço a seguir e boa leitura: <https://
www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/
linguaBrasileiraDeSinaisIII/scos/cap15011/1.html>.
FELIPE, T. Sistema de fl exão verbal na Libras: os
classifi cadores enquanto marcadores de fl exão de gênero. Anais do 
Congresso Nacional do INES de 2002. 
7 TIPOS DE VERBOS EM LIBRAS
Diferentes estudiosos abordam a importância de analisar os verbos em 
língua de sinais. Um dos mais relevantes trabalhos para o estudo da morfologia 
das línguas de sinais foi realizado por Padden (1988).
Em sua tese de doutorado, fez abordagens acerca da interação entre 
a morfologia e a sintaxe da língua americana de sinais (ASL), propondo a 
classifi cação dos verbos em três tipos – sendo essa classifi cação utilizada até 
hoje pela maioria dos pesquisadores. 
Após minuciosa análise, a autora identifi cou a existência de três diferentes 
tipos de verbos em ASL: os verbos simples, os verbos com concordância e os 
verbos espaciais. No entanto, existem outros verbos que são discutidos por 
outros pesquisadores. Para abordar essa temática, buscamos embasamento nos 
estudos de Quadros e Karnopp (2004), que apresentam análises e pesquisas 
sobre os verbos na Libras e afi rmam que os verbos na língua de sinais brasileira 
estão divididos nas seguintes classes: Verbos Simples, Verbos de Concordância 
e Verbos Espaciais.
Do ponto de vista das autoras, os verbos simples não permitem apontamento, 
não é possível fazer a alteração em número, nem em pessoa, são conhecidos por 
não usaremafi xos de locação. Porém, os verbos de concordância se comportam 
diferentemente dos verbos simples, visto que a característica principal deles é 
fl exionarem-se em número, pessoa e aspecto. As autoras entendem fl exão 
como a utilização da direcionalidade e apontamento para melhor estabelecer a 
137
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
referência. Em se tratando dos verbos espaciais, elas compreendem que estão 
diretamente ligados ao local. Dessa forma, entendemos que esses verbos não se 
fl exionam em pessoa, número ou aspecto.
7.1 VERBOS SIMPLES
Os verbos simples são aqueles que se fl exionam em pessoa e número, porém 
não incorporam afi xos locativos. Alguns deles não possuem fl exão de aspecto 
e todos são ancorados no corpo, o que faz essa categoria receber o nome de 
verbos simples. É importante saber que alguns desses verbos são realizados no 
espaço neutro, conforme apresentamos a seguir.
 Exemplos de verbos simples são: compreender, apender, amar.
FIGURA 27 – COMPREENDER
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 179)
FIGURA 28 – APRENDER
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 153)
138
 Língua brasileira de sinais
FIGURA 29 – AMAR
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 54)
7.2 VERBOS COM CONCORDÂNCIA
Os verbos de concordância são os que se fl exionam em pessoa, número e 
aspecto, porém, não incorporam afi xo locativo. 
Foram apresentados alguns esses verbos para sua melhor compreensão 
e a partir de então você conseguir relacioná-los com outras categorias verbais 
dentro de uma sentença frasal. Eles podem ser observados sob diferente ótica. 
Quadros (2004) afi rma que as línguas de sinais são marcadas pela concordância 
e a presença do elemento em determinada sentença necessita de outro elemento 
que está ligado a ele diretamente de maneira gramatical. 
Exemplos de verbos com concordância: DAR, ENVIAR, DIZER e 
PROVOCAR. 
Os verbos com concordância são subdivididos em concordância pura 
e reversa (backwards). Eles apresentam a direcionalidade e a orientação. A 
direcionalidade está associada às relações semânticas (source/goal), enquanto 
que a orientação da mão voltada para o objeto da sentença está associada à 
sintaxe, conforme apresentaremos nos exemplos a seguir.
“Eu pergunto para você”. “Você pergunta para mim”. 
"Eu aviso você”. “Você me avisa”.
139
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
7.3 VERBOS ESPACIAIS + LOCATIVOS
Como o próprio nome já aponta, esses são verbos que têm afi xos locativos e 
os exemplos dessa classe são: COLOCAR, IR e CHEGAR. 
Porém, também temos dentro dessa categoria os verbos manuais que são 
aqueles considerados como sendo os verbos classifi cadores, visto que eles usam 
os classifi cadores e incorporam a ação. A seguir apresentamos alguns exemplos 
dessa classe de verbos.
FIGURA 30 – CHEGAR 1
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 119)
FIGURA 31 – CHEGAR 2
FONTE: Capovilla et al. (2012, p. 119)
Os verbos são de extrema importância para a organização e compreensão 
das sentenças em Libras, por isso nosso objetivo foi assinalar e analisar a 
produção de verbos manuais na sinalização de diferentes discursos.
140
 Língua brasileira de sinais
Com o objetivo de aprofundar seus conhecimentos sobre o 
assunto, sugerimos que assista à live Gramática da Libras, proposta 
pela ABRALIN, com a palestrante Ronice Muller de Quadros.
FIGURA – LIVE GRAMÁTICA
FONTE: <https://aovivo.abralin.org/lives/ronice-quadros/>. Acesso em: 19 abr. 2021. 
Link de acesso: <https://aovivo.abralin.org/lives/ronice-
quadros/>. 
Desejamos a você uma excelente palestra.
8 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
Neste capítulo, apresentamos questões acerca da interface entre sintaxe 
a semântica e a pragmática na Libras. Buscamos embasamento teórico em 
pesquisadores para compreendermos como explorar as relações sintáticas e 
suas ordens em Língua brasileira de sinais; qual a melhor maneira para identifi car 
os tipos de sintagmas em Libras, compreendendo a ambiguidade lexical dentro 
da estrutura da língua por meio do amparo nos estudos dos signifi cados e os 
signifi cantes aplicados à língua de sinais.
141
INTERFACE ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
Com as particularidades apresentadas no decorrer deste capítulo, buscou-
se apresentar e empregar os componentes sintáticos em Libras, organizando os 
elementos de uma oração por meio dos sintagmas e comparando e classifi cando 
as expressões dêiticas por meio do exame dos sinais diferentes, mas com o 
mesmo signifi cado em Libras. 
 O objetivo das discussões apresentadas neste material foi apresentar as 
questões específi cas da Libras e assim incentivar você a buscar novas fontes 
para se aprofundar nas particularidades da Libras. A língua brasileira de sinais é 
rica em estrutura e em aspectos, assim como as línguas orais e merece a atenção 
e interesse de todos aqueles que simpatizam com uma língua visuoespacial 
puramente brasileira.
1 Anteriormente estudamos acerca dos parâmetros linguísticos da 
Libras, discorremos acerca de conceitos e estrutura da língua de 
sinais brasileira e buscamos compreender a estrutura necessária 
que obedece a um modelo de regra pré-fi xada indispensável 
para compreender o que é verdadeiro e aceitável em uma língua 
natural. 
Dentro dessa cadeia sistêmica, percebemos a importância da 
sintaxe, pragmática e semântica da Libras para a formação de 
sentenças e organização dos sentidos no discurso de uma língua 
natural.
Felipe (2001) evidencia que, quando classifi camos os verbos 
em Libras considerando suas características semânticas e 
morfológicas, são:
( ) Verbos com fl exão número-pessoal: o parâmetro de 
direcionalidade é um marcador de fl exão de pessoa do discurso.
( ) Verbos com fl exão para locativo: além da direcionalidade, 
considera o ponto de articulação como parâmetro de fl exão. 
( ) Verbo com fl exão para gênero: quando os classifi cadores são 
responsáveis por identifi car o gênero em Libras. 
( ) Esse autor não faz referência à questão de verbos em Libras. 
De acordo com a leitura realizada, organize as sentenças 
relacionando com V para verdadeiro e F para falso.
a) ( ) V – F – V – V. 
b) ( ) V – V – V – V. 
142
 Língua brasileira de sinais
c) ( ) F – F – F – F. 
d) ( ) V – V – V – F. 
2 Sabemos que o discurso na língua brasileira de sinais apresenta 
a referência estabelecida em um local no espaço da área de 
sinalização. Esse espaço é o local referente no momento da 
execução do discurso em si. Sabemos também que os pontos 
de localização dos referentes são considerados de acordo com 
a posição em que se encontram, visto que eles podem estar ou 
não em interação, porém, cabe destacar que, se os referentes 
estiverem nulos na cena da interação, os pontos de localização 
passam a ser representados de maneira abstrata. 
Observe a fi gura a seguir
FONTE: Adaptado de Lillo-Martin e Klima (1990)
De acordo com os conhecimentos adquiridos no decorrer das leituras 
do material apresentado, assinale a sentença que corresponde à 
fi gura. 
a) ( ) Há a presença de referentes na frente do receptor e nas 
costas do sinalizante, com objetivo de espelhar a imagem.
b) ( ) Há a presença do sinalizante à direita e à esquerda do 
referente que ao realizar a sinalização de qualquer um desses 
referentes no discurso deve fazer uso da localização exata de 
onde estão posicionados os envolvidos e assim garantir a correta 
adequação sintática do enunciado. 
c) ( ) Há a presença de referentes à esquerda e à direita do 
receptor e do sinalizante, ao realizar a sinalização de qualquer 
um desses referentes no discurso deve fazer uso da localização 
exata de onde estão posicionados os envolvidos e assim garantir 
a correta adequação sintática do enunciado.
d) ( ) Há a presença de todos os envolvido no processo em círculo 
e qualquer um desses referentes no discurso deve fazer uso da 
143
INTERFACE ENTRE SINTAXE,SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA Capítulo 3 
localização exata de onde estão posicionados os envolvidos e 
assim garantir a correta adequação sintática do enunciado. 
e) ( ) Há a presença de todos os envolvidos no discurso, porém 
apenas o sinalizante é capaz de estabelecer a localização 
exata de onde estão posicionados os envolvidos e assim 
garantir a correta adequação sintática do enunciado, visto que é 
responsável pelo discurso. 
3 Estudamos, no decorrer do material, questões sobre sintaxe, 
semântica e pragmática da língua. Compreender esses conceitos 
é fundamental para estabelecer uma total relação com a 
aprendizagem das questões linguísticas. Para fi xar ainda mais 
seu aprendizado, marque as alternativas a seguir com V para 
verdadeiro e F para falso. 
( ) A semântica assim como a sintaxe da língua são responsáveis 
pelas regras que orientam a construção e formação de frases nas 
línguas naturais. A linguística compreende que essa é a parte da 
gramática que se ocupa da disposição das palavras na frase e 
em seus discursos, realizando as combinações linguísticas.
( ) A Sintaxe é a área que estuda as regras que orientam a 
construção e formação de frases nas línguas naturais. A linguística 
compreende que essa é a parte da gramática que se ocupa da 
disposição das palavras na frase e em seus discursos, realizando 
as combinações para que a compreensão dos signifi cados e a 
comunicação aconteça de maneira satisfatória. Esse estudo da 
estrutura da frase comprova que existem infi nitas combinações 
de palavras que os falantes de uma língua são capazes de 
compreender e produzir. 
( ) O léxico é o estudo que aborda o signifi cado da palavra e da 
sentença, trata da natureza do signifi cado individual e coletivo 
das palavras nas orações, observando as variações regionais e 
sociais nos mais diversos dialetos. Podemos dizer que a se iguala 
à sintaxe da língua, pois aborda o signifi cado na linguagem em 
uso com suas imagens acústicas ou visuais, porém também trata 
das mudanças de sentido e das escolhas de novas expressões. 
( ) A pragmática é quando falamos de linguagem no seu contexto 
comunicacional, estamos nos referindo ao ramo da pragmática 
que está para além da construção frasal e da signifi cação que 
as sentenças apresentam. O objetivo principal da pragmática 
é o estudo da comunicação em seu contexto. Esse é ramo da 
linguística que observa o uso concreto da linguagem pelos 
falantes de uma língua em seus contextos e situações mais 
diversas. 
144
 Língua brasileira de sinais
( ) Todas as alternativas são verdadeiras de acordo com os estudos. 
a) ( ) F – F – F – V – V.
b) ( ) V – V – V – V – F. 
c) ( ) F – V – F – V – V. 
d) ( ) F – V – F – V – F. 
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