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Ana Paula P. Maia Medicina GASTROSTOMIA Gastro (estomago) + stomia (exteriorização), é a exteriorização do estomago. Cursa com a colocação de um pequeno tubo flexível que vai do exterior até o estomago. A sonda basicamente é posicionada no corpo gástrico. A gastrostomia é um procedimento cirúrgico que estabelece o acesso à luz do estômago através da parede abdominal. Habitualmente, esses procedimentos são indicados para descompressão do trato digestório e ou suporte alimentar por períodos que não excedem um mês. Uma alternativa mais vantajosa à sondagem nasogástrica por ser mais confortável, permitir maior mobilidade do paciente, não interferir com a respiração e os mecanismos fisiológicos de limpeza das vias aéreas. Nas circunstâncias em que há impossibilidade de realização ou contra-indicação para gastrostomia, a jejunostomia é uma alternativa a ser empregada. Na gastrostomia definitiva, indicada nos transtornos permanentes da deglutição (doenças degenerativas, perda do esôfago cervical). Diante do prolongamento da necessidade da descompressão digestiva ou do suporte alimentar preconiza-se a realização da gastrostomia. Indicações: alimentação (temporária ou definitiva) e descompressão gástrica, seja por obstrução intestinal ou gastroparesia grave, estenose orofaríngea e tumores, impossibilidade de dieta oral por mais de 3-4 semanas, distúrbios motores, paciente paliativo, colocação de próteses esofágicas. A indicação temporária para alimentação e manutenção do estado nutricional é utilizada quando o acesso ao trato digestório está temporariamente prejudicado para recuperação: estenose cáustica, câncer do esôfago e megaesôfago e, eventualmente, no coma prolongado. Definitiva: como terapêutica paliativa em pacientes portadores de neoplasia maligna irressecável da faringe e do esôfago, para os quais não há condições favoráveis de intubação transtumoral, por via endoscópica ou cirúrgica. Pacientes com doenças neurológicas também são cada vez mais indicados para gastrostomias definitivas. Tipos de incisões: subcostal ou paramediana. Mediana é mais comum, porém, tem maior índice de hérnia incisiva. Contra-indicações: as principais são carcinomatose, ascite, tumor, ulceras, coagulopatias, doenças da parede gástrica, cicatrização deficiente, RGE, varizes gástricas, intolerância ao dreno. Recusa do paciente, obstrução completa do TGI superior, expectativa curta de vida. Variações de técnicas: são realizadas através de laparotomia, via endoscópica ou laparoscópica. Tipo Stamn e Tipo Witzel são gastrostomias operatórias temporárias. É necessário atentar-se ao peso corporal do paciente, presença de estenose de esôfago, duração do procedimento sendo ele temporário ou permanente, contraindicações a anestesia geral (preferindo assim técnicas que cursam com anestesia local) Gastrostomia a stamm: é realizada uma incisão mediana supra umbilical, preensão da parede gástrica, sutura em bolsa entre as curvaturas gástricas maior e menor, introdução da sonda seguido de fechamento da bolsa. A Fixação é realizada por fio inabsorvível. A diferença entre a stamm e witzel, é o túnel seromuscular. É comum, sendo utilizada incisão paramediana/kocher a esquerda, e a primeira sutura em bolsa. A sonda dirigida para o antro favorece melhor descompressão gástrica; se o objetivo, porém, for a alimentação, é preferível que a extremidade interna da sonda seja dirigida para o fundo gástrico. Ana Paula P. Maia Medicina Gastrostomia de witzel: sutura em bolsa, criação de um túnel de 8 a 10 cm de extensão mediante a uma sutura seromuscular. O objetivo do túnel é evitar vazamento ao redor da sonda exteriorizada na parede abdominal. Complicações: as complicações locais cursam com vazamento da dieta pelo orifício da sonda, obstrução da sonda, seroma, infecção da ferida cirúrgica, perda da sonda. As complicações sistêmicas, cursam com pneumonia aspirativa, desabamento da gastronomia, eventração, evisceração, óbito precoce. Fistulas, peritonite, sangramentos gástricos também podem ocorrer. JEJUNOSTOMIA A jejunostomia é um procedimento cirúrgico que estabelece o acesso à luz do jejuno proximal através da parede abdominal. As vias de acesso habitualmente empregadas para realização da jejunostomia são: laparotomia, laparoscopia e endoscopia. Ana Paula P. Maia Medicina Indicações: descompressão digestiva: jejunostomia temporária é indicada, ocasionalmente, como complemento de operações abdominais de grande porte nas quais envolvem ressecção gástrica e em casos onde a gastrostomia é contra indicada. Como exemplo, a jejunostomia pode ser realizada em complemento à gastrectomia total, sobretudo em pacientes idosos, com DPOC, psiquiatricos/agitados, onde se deseja evitar o desconforto e os riscos do emprego de sonda nasoenteral. Alimentação: temporaria ou definitiva, temporária está indicada quando o acesso ao trato digestivo está prejudicado, para recuperação e manutenção do estado nutricional, até que seja restabelecido o trânsito alimentar: estenose cáustica envolvendo esôfago e estômago, e, eventualmente, em pacientes com coma prolongado e passado de gastrectomia. Definitiva: como terapêutica paliativa em pacientes portadores de neoplasia maligna irressecável do estômago, pacientes com a deglutição e o apetite afetado, onde o estomago não pode ser utilizado. Contra indicações: doença inflamatória, pós tratamento radioterápico, imunodepressão grave, ascite volumosa peritonite. Técnicas: Jejunostomia à Witzel ou Stamm. Na jejunostomia a witzel é realizada incisão mediana supra-umbilical. Complicações: infecção da ferida operatória, fistulas, obstrução intestinal e deslocamento do cateter, pneumonia por aspiração e contaminação de alimentos, hipercalemia, hipoglicemia e distúrbios ácido-base. ESPLENECTOMIA É a retirada do baço da cavidade abdominal, as principais indicações são traumas abdominais na urgência, e nas cirurgias eletivas são doenças hematológicas, purpura trombocitopenica idiopática, anemia hemolítica. A esplenectomia pode ser realizada de maneira parcial ou total, através de laparotomia em cirurgias de emergência e videolaparoscopia em cirurgias eletivas. A melhor incisão para cirurgia na emergência utilizada na laparotomia é a mediana ou paramediana. Contra-indicações: em casos de esplenectomia aberta eletiva, as únicas contraindicações absolutas são coagulopatias incorrigível e doença cardiovascular grave que proíbe a administração de anestesia geral, essas são as mesmas CI em caso de videolaparoscopia. Procedimento: em caso de procedimento eletivo deve ser realizado de forma obrigatória com duas semanas de antecedência a imunoprofilaxia para germes encapsulados, streptococo pneumonie, haemophilus influenza tipo B, neisseria meningitidis, pneumococo, hb tipo C, menicoco tipo C, além do tratamento precoce com antibióticos para qualquer sinal de infecção. Profilaxia imunológica deve ser realizada 14 dias antes e depois da cirurgia em casos de cirurgias eletivas. Complicações: sangramento de órgãos próximos, infeções, sepse, abcessos, risco de perda excessiva de sangue em casos de esplenomegalias, por esse motivo durante o procedimento é necessário que o médico esteja preparado com bolsas de hemoconcentrados em caso de necessidade imediata. COLOSTOMIA Colostomia é a abertura na parede cólica e exteriorizadas através da parede abdominal, por onde passam a ser eliminados os gases e as fezes. Sua finalidade é desviar o trânsito fecal, indicada em várias situações, como: ferimentos anorretocólicos, obstrução mecânica de causas diversas como anus, imperfurado, neoplasias, processos inflamatórios, amputação abdominoperineal do reto, lesões inflamatórias do cólon distal, reto e anus. O segmento do cólon a ser exteriorizado depende do localcomprometido do intestino, do tipo de afecção, da cirurgia, das condições clínicas do doente e da preferência do cirurgião. Os segmentos mais frequentemente utilizados, em virtude da mobilidade de seu mesentério, é a porção proximal do cólon transverso e sigmóide. Quando a colostomia for realizada eletivamente, o cólon deve estar preparado segundo os conceitos vigentes de acordo com as condições do doente e com a afecção presente. As colostomias podem ser terminais, em alça ou em bocas separadas (também denominadas de cano de espingarda). A boca não funcionante de estomas duplos separados é também chamada de fístula mucosa. Ana Paula P. Maia Medicina Técnica cirurgica: Colostomia ascendente; Colostomia transversa; Colostomia descendente; Colostomia sigmóide. Os seguimentos mais utilizados são a porção proximal do cólon transverso e o sigmóide devido a mobilidade de seu mesentério. Anestesia é geral e o paciente e colocado em decúbito dorsal, supino, é realizado então uma laparotomia transversa no HD com 7 a 8 cm de extensão, mas quando há previsão de se fazer um estoma, a incisão deve ser na linha mediana, preservando as laterais do abdômen para possíveis estomas. Se a sonda utilizada for dura, ela própria deve ter suas extremidades fixadas uma a outra formando um anel em torno do segmento exteriozado que o apoia contra a parede abdominal . A cirurgia de escolha entretanto é a com a técnica de alça!! Já a cirurgia de Hartmann é um procedimento cirúrgico de grande importância, consiste na ressecção do segmento colônico doente associado a uma colostomia proximal com fechamento do coto distal, visa reduzir a mortalidade relacionada à deiscência de anastomoses colorretais primárias. A cirurgia de Hartmann com colostomia ou ileostomia na extremidade proximal é a operação mais comum realizada por cirurgiões gerais para o tratamento da obstrução maligna do cólon distal. Durante esse procedimento, a lesão é removida, o intestino distal fechado por via intraperitoneal e o intestino proximal desviado com um estoma. A) Resseção do sigmóide estendida em cinza B) Colo retal fechado C) Colostomia Indicações: são para descompressão e proteção, em casos de obstrução intestinal, perfuração de cólon, trauma, fístulas, proteção de anastomose de alto risco. Complicações: menor que um mês de P.O, dermatite periostomal, vazamento, alto débito, isquemia, necrose (P.O imediato, privação da perfusão sanguínea, estomias de emergências e obesos) e retração (escorregamento da alça, tensão, obesos). As tardias >mês de P.O são, hérnia paraestomal, prolapso (eversão dos segmentos intestinais por falta de fixação ou fixação deficiente), obstrução e estenose. Reversão: de 3 a 6 meses já pode reverter, somente quando o objetivo já foi alcançado, porém, indica-se o fechamento da colostomia temporária quando cessam as condições que determinam sua abertura. TRAQUEOSTOMIA Traqueostomia é o procedimento cirúrgico que consiste na abertura da parede anterior da traqueia, comunicando-a com o meio externo, tornando a via aérea pérvia. Utilizada em situações onde existe obstrução da via aérea alta, acúmulo de secreção traqueal, debilidade da musculatura respiratória ou para fornecer uma via aérea estável em pacientes com intubação traqueal prolongada. A traqueostomia é classificada quanto a sua finalidade: Preventiva: complementar a outros procedimentos cirúrgicos ou endoscópicos que podem gerar obstrução da via aérea ou dificuldade respiratória. Curativa: para manutenção da via aérea, por mecanismos que geram processo infeccioso causando edema de glote, estenoses ou neoplasias. Paliativa: utilizada em pacientes terminais, sem possibilidade de tratamento, afim de promover conforto respiratório. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ileostomia https://pt.wikipedia.org/wiki/Ostomia Ana Paula P. Maia Medicina Quanto ao tempo adequado para realização da traqueostomia: De urgência: intervenção cirúrgica rápida, devido ao quadro de insuficiência respiratória, como na asfixia por corpo estranho glótico. Nesses momentos a indicação exata é a cricotireostomia, porém existem situações onde se deve dar preferência à traqueostomia devido ao risco de promover lesão iatrogênica na laringe, como é o caso das crianças, ou piorar uma lesão já existente, como no caso de trauma de laringe. Eletiva: paciente com VA controlada, já entubados, pacientes com ventilação mecânica prolongada. Recomenda-se que a intubação seja convertida em traqueostomia o mais precoce, pois, a partir do décimo dia de intubação o índice de complicações aumenta significantemente, ao favorecer o aparecimento de processos inflamatórios laríngeos, granulomas, infecções locais. Após o sexto dia de intubação translaríngea já são detectadas lesões agudas de laringe. Indicações: traqueostomia tem como objetivo primário servir como alternativa artificial e segura para a passagem do ar. Permitir ventilação mecânica em intubações orotraqueais prolongadas; manobra para liberar uma obstrução de via aérea; permitir higiene pulmonar (pacientes com aspiração laringotraqueal); permitir ventilar pacientes com debilidade da musculatura respiratória por diminuir espaço morto; A indicação mais eminente é a obstrução da VA, causada por tumores, traumatismos, anomalias congênitas, estenoses, paralisa das pregas vocais, corpos estranhos, ingestão de agentes químicos. Contraindicações: fica a cargo do cirurgião decidir, pois não há um consenso. As mais comuns são: coagulopatias, bócio tireoidiano, obesidade, cifose, fratura cervical e PCR, parada cardiorrespiratória NÃO É INDICAÇÃO para traqueostomia, em PCR ou entuba ou realiza-se punção. Técnica cirúrgica: atentar-se aos parâmetros de coagulação sanguínea normais, presença de pescoço obeso, curto, bócio, massas pulsáteis, neoplasias. Pode ser realizada por meio de cirurgia aberta ou percutânea. A incisão na pele de pode ser longitudinal ou transversal, a forma longitudinal ou vertical é a fisiológica, permite que a cânula da traqueostomia se mova melhor, com menor dissecção de tecidos, portanto é a recomendada. Transversal ou horizontal, segue as linhas de tensão da pele. A traqueostomia é realizada próximo ao terceiro anel laríngeo, caso seja necessário, pode ser realizado o deslocamento o istimo. Complicações: fístula traqueocutânea, cicatriz hipertrófica, distúrbios de deglutição (a traqueo, impede a elevação fisiológica, dificultando a deglutição e provocando aspiração laringotraqueal e pneumonias aspirativas), queimadura da arvore traqueobrônquica, falso trajeto, hemorragias, dificuldade de ventilação. Descanulação: deve ser realizada assim que o paciente obtiver melhora e indicação de VA pérvia, podendo respirar normalmente. Para verificar, no adulto deve-se arrolhar (ocluir) durante 24H a cânula e observar a evolução, depois poderá retirar e realizar um curativo compressivo. Em crianças, é necessário diminuir o calibre da cânula e arrolha-la por 24H. A dificuldade de retirada da cânula ocorre nas seguintes situações: Persistência da causa que levou à realização da traqueostomia; Deslocamento da parede anterior da traqueia, obstruindo a luz traqueal; Edema de mucosa; Intolerância ao aumento da resistência do ar (frequente nas crianças e em idosos), consequente à necessidade do ar passar pelas narinas; Estenoses; Traqueomalácea. DRENO DE TÓRAX É um procedimento cirúrgico que consiste em introduzir um dreno através da parede torácica, na cavidade pleural, com o objetivo de esvaziar o conteúdo liquido/gasosos retido. Não há idade mínima ou máxima para realiza-lo, a drenagem permite que o restabelecimento das pressões negativas no espaço da pleura. Esse gradiente, transmitido através do espaço pleural que mantém sempre uma pressão negativa, faz com que mesmo em repouso os pulmões permaneçamexpandidos. E a pressão pleural que é de -4 cm de H2O na expiração vai a -8 cm de H2O na inspiração, em condições normais. Ana Paula P. Maia Medicina A toracocente, é um procedimento que consiste em puncionar um cateter no espaço pleural para remoção de fluidos. O sistema de drenagem de tórax mais comum por selo d’agua é constituido por: 1) dreno de tórax 2) conexões intermediárias e extensões 3) frasco selo de água. Indicações: quando há acumulo de liquido no espaço pleural, intrinsicamente depende do tipo de liquido e quantidade. Trauma torácico e derrame pleural. A indicação depende do tipo de patologia e o mecanismo de lesão/trauma, exame clínico e imagem radiológica. Tipos de sistema: drenagem passiva, ativa e válvulas de heimlich (previne o retorno de gases e fluidos para dentro do espaço pleural). Tubular fechada simples, por aspiração contínua, convencional (selo d’agua). Posicionamento: No sistema mais tradicional o paciente semi-sentado, com o braço do lado da lesão por trás da cabeça para expor a região axilar, a inserção deve ser no TRIANGULO DE SEGURANÇA, 4° ou 5° espaço intercostal na borda superior da costela inferior. A anestesia geralmente é local. Nas mulheres, um dos macetes é achar manúbrio e depois colocar o dedo ao lado e achar o segundo espaço e ir contando até o sexto espaço, linha axilar media 5 ou 6 espaço intercostal e por fim, encontrar o local de incisão. Retirada: colabora fazendo valsava, pedir para o paciente no 1,2,3 prende o ar, já faz o mesmo mecanismo que pedir para ele realizar a valsava. Curativo deve ser oclusivo. Quando introduzir o dreno não se deve bater na borda inferior da costela superior para não ficar com dor após inserção. Fixação: Refaça o "meso" se necessário e confira o ponto de fixação. Lembre-se, um "meso" bem feito evita saídas acidentais do dreno. Verifique se não há coágulos, fixe os conectores com fita aplicada em espiral de tal forma que você consiga ver os pontos de conexão, que são os mais propensos a reter coágulos. Contraindicações: pulmão densamente aderido à parede torácica em todo hemitórax, sítio cirúrgico com sinais de infecção, falta de cooperação do paciente, discrasia sanguínea não corrigida. Complicações: hemotórax, laceração do pulmão, enfisema subcutâneo, edema de pulmão e outros. As complicações tardias podem ser bloqueio do lúmen, hemotórax retido, quando não drenado adequadamente pode coagular e dificultar a drenagem torácica. Critérios de retirada: reversão do quadro inicial que foi indicativo de inserção do dreno, melhora clínica da ausculta e estado geral do paciente, fluxo de drenagem menor que 150 a 200 Ml/DIA (2mL/Kg/dia), tempo máximo de 10 dias de drenagem, mesmo quando não resolvida o motivo da intercorrência, pulmão completamente expandido, aspecto claro seroso do volume do dreno, ausência de debito purulento, sanguinolento ou quiloso. Ana Paula P. Maia Medicina