Wilhelm Wundt e Tichener

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A institucionalização da Psicologia com 
Wilhelm Wundt e o Estruturalismo de Edward 
Titchener
Professor Mestre Flávio Faccini Martins
flavio.martins16@docente.unip.br
Ementa
O objeto de estudo da psicologia para Wundt e para Titchener
O método da psicologia para Wundt e para Titchener
Conceitos básicos de Wundt e de Titchener
Psicologia wundtiana versus Estruturalismo de Titchener
Wilhelm Wundt (1832 - 1920)
Médico (fisiologista), filósofo e primeiro psicólogo oficial da história.
Publicou o “Principles of Physiological Psychology” ou Princípios de Psicologia 
Fisiológica em 1873 onde demarcou um novo domínio da ciência, a psicologia.
Fundou o primeiro laboratório de psicologia no Instituto Experimental de 
Psicologia da Universidade de Leipzig na Alemanha em 1879.
Inaugura primeira revista especializada de psicologia, “Philosophische Studien” 
ou Estudos Filosóficos em 1881.
(Schultz & Schultz, 2020)
A má compreensão de Wundt
Apesar de ser o autor mais citado em manuais de história da psicologia, é 
também um dos mais mal interpretados.
Isso se dá por dois motivos: sua erudição e consequente escrita rebuscada, e 
por se apoiar na filosofia alemã, pouco estudada por historiadores da 
psicologia.
Um dos principais equívocos a respeito de sua teoria é de que ele utiliza 
exclusivamente o método da introspecção em seus estudos.
(Araújo, 2009 e 2013)
Objetos de estudo de Wundt
O objeto de estudo da psicologia de Wundt é a experiência em si, que acontece 
antes da reflexão, livre de qualquer interpretação.
Para isso, é necessário conhecer componentes mais elementares da 
consciência, como as sensações, percepções, sentimentos, atenção, tempo de 
reação, associação, entre outros.
Além dos estudos a respeito de psicologia, Wundt também escreveu a respeito 
da filosofia da mente, filosofia da ciência, lógica, ética, metafísica entre outros 
temas.
(Schultz & Schultz, 2020)
Objetos de estudo de Wundt
Wundt teve como fonte inicial a filosofia alemã que descrevia a ciência 
empírica em dois principais blocos: as ciências naturais (como a biologia, 
física, química, fisiologia) e as ciências do espírito (como a metafísica), que 
extrapolam o domínio da experiência física.
Para este autor, “a psicologia é uma ciência empírica cujo objeto de estudo é a 
experiência imediata”. Portanto, a psicologia está fora do domínio das ciências 
metafísicas, sendo complementar ao estudo das ciências naturais. Wundt 
também descrevia que não era possível separar tanto estas ciências, dado que 
possuíam elementos indissociáveis.
(Araújo, 2009 e 2013)
Equação pessoal
Em 1796 David Kinnebrook escreveu a respeito de “equação pessoal”, 
descrevendo o fenômeno de erro de medição na astronomia.
Segundo Kinnebrook, se o observador avistasse primeiro a estrela, o resultado 
seria um, já se ele olhasse para a grade quadriculada, teria outra visão. Neste 
sentido, era impossível voltar a atenção para dois objetos ao mesmo tempo.
Desenvolveu um instrumento chamado Gedankenmesser (medidor de 
pensamento), desenvolvido para compreender a percepção de 2 estímulos.
(Schultz & Schultz, 2020)
Gedankenmesser
Pêndulo calibrado com agulhas projetando-se de cada lado. O pêndulo balançava de 
um lado para o outro, batendo nos sinos com as agulhas. Assim, a tarefa do 
observador consistia em anotar a posição do pêndulo quando os sinos tocavam.
Se colocou como único participante do experimento.
“A consciência retém só um pensamento, uma única percepção. Quando parece que 
temos diversas percepções simultâneas, somos enganados pela sua rápida 
sucessão” (Schultz e Schultz, p. 68, apud Diamond, 1980).
Ou perceberemos o som, ou o movimento, mas nunca ambos ao mesmo tempo.
(Schultz & Schultz, 2020)
Voluntarismo e Consciência
A consciência foi o principal objeto de estudo da psicologia de Wundt, embora 
nenhum historiador discorde que Wundt também tenha se detido à noção de 
inconsciente.
Wundt defende a consciência como elemento ativo e integrado, embora ele 
tenha separado os elementos da consciência para compreendê-la.
Voluntarismo: processo de pensamento superior que possui força de vontade 
própria para organizar conteúdos da mente. Referência à palavra volição.
(Araújo, 2013, Schultz e Schultz, 2020)
Experiência mediata e imediata
Estados da consciência: experiências básicas humanas, como sensação ou 
percepção, organizados de maneira ativa pela mente.
Experiência mediata: oferece informação sobre qualquer coisa, exceto os elementos 
da experiência em si, carregada de interpretações e julgamentos.
Experiência imediata: não sofre influência de interpretações pessoais, é a experiência 
do sujeito em si.
O principal objetivo dos psicólogos deveria ser o estudo da experiência imediata, e 
não da experiência mediata.
(Schultz & Schultz, 2020)
O método da introspecção
Somente o indivíduo que passa pela experiência imediata seria capaz de 
observá-la, portanto, um de seus métodos de estudo foi o da introspecção.
Introspecção: auto exame ou autoanálise do estado mental, um método de 
percepção interna. A partir dessa observação, o participante de seus 
experimentos relatavam seus pensamentos e sentimentos pessoais.
A introspecção é um conceito advindo de Sócrates, a diferença entre a 
introspecção de Sócrates e de Wundt é que o segundo utilizava-se de variáveis 
controladas em laboratório.
(Schultz & Schultz, 2020)
Condições experimentais da introspecção
1. Os observadores devem ser capazes de determinar quando o processo 
será introduzido;
2. Os observadores devem estar em estado de alerta e prontidão;
3. Devem haver condições adequadas para a repetição do experimento por 
diversas vezes;
4. Devem haver também condições para a variação de situações 
experimentais e manipulação controlada do tipo de estímulo estudado.
(Schultz & Schultz, 2020)
Elementos da experiência imediata
Sensações: forma elementar da experiência imediata. Surge quando um órgão 
do sentido é estimulado, e os impulsos resultantes atingem o cérebro. É 
possível descrever a duração, intensidade e modalidade sensorial.
Sentimentos: outra forma elementar da experiência imediata. Complemento 
subjetivo da sensação, não se originando por órgãos do sentido. São as 
qualidades que acompanham as sensações.
(Schultz & Schultz, 2020)
Teoria tridimensional do sentimento
Foi elaborada com base em suas próprias introspecções.
São estados de sentimento divididos em três dimensões.
São elas: prazer/desprazer, tensão/relaxamento e excitação/depressão.
(Schultz & Schultz, 2020)
Organização dos elementos da mente
Apercepção: processo pelo qual elementos mentais são organizados.
Dessa maneira, diferentes elementos que compõem uma experiência 
consciente possuem uma lei de resultantes psíquicas ou uma síntese criativa.
“Todo composto psíquico é dotado de características que de de algum modo, 
consistem na mera soma das características dos elementos” (Wundt, 1896, p. 
375, apud Schultz e Schultz, 2020, p. 77).
(Schultz & Schultz, 2020)
Psicologia dos Povos
Além do estudo dos processos elementares da consciência, estudados de 
maneira individual, Wundt apresentou cerca de 464 páginas em 10 volumes de 
sua obra “Völkerpsychologie” ou Psicologia dos Povos.
Como principal método desta obra, Wundt propõe a observação, relatos e 
estudos etnológicos dos processos mentais superiores, como a memória e a 
aprendizagem. Alguns dos temas por ele estudados incluem como o 
desenvolvimento mental humano foi manifestado por meio da linguagem, 
artes, mitos, costumes sociais, lei e moral.
(Araújo, 2009 e 2013)
Críticas à psicologia wundtiana
Em 1912 uma organização de psicólogos experimentais realizou um encontro em 
Berlim, pressionando o governo para obter mais verba de pesquisa.
O governo respondeu: “se a psicologia deseja obter mais verba, seus representantes 
devem provar sua aplicabilidade para a sociedade” (Ash, 1995, p. 45, apud Schultz e 
Schultz, 2020, p. 79).
Essa é uma das críticas levantadas peloFuncionalismo, que estudaremos nas 
próximas aulas, de que Wundt não apresentava soluções para problemas do mundo 
real, sendo estudado na Alemanha como uma especialização dentro da faculdade de 
Filosofia.
(Schultz & Schultz, 2020)
Referências Bibliográficas
SCHULTZ, D. P. & SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 9ª ed. São Paulo: 
Thomson Learning, 2011 (Capítulo 4).
ARAUJO, S. F. Wilhelm Wundt e o estudo da experiência imediata. In: JACÓ-VILELA, A. 
M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (orgs.) História da Psicologia: Rumos e 
Percursos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013 (Capítulo 5).
ARAUJO, S. F. Uma visão panorâmica da psicologia científica de Wilhelm Wundt. 
Scientiæ Zudia, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 209-220, 2009. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/ss/v7n2/v7n2a03.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ss/v7n2/v7n2a03.pdf
Para a próxima aula…
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 9ª ed. São 
Paulo: Thomson Learning, 2011 (Capítulo 5).
Edward Titchener
Edward Titchener (1867 - 1927)
Nasceu em Chichester, na Inglaterra.
Se formou em filosofia na Oxford University.
Trabalhou como assistente de pesquisa em fisiologia.
Considerado como um aluno brilhante: poliglota (latim, grego, alemão, francês e 
italiano), pedido extraordinário de seu professor.
Faz seu doutorado na alemanha com Wundt como seu orientador.
Após concluir o doutorado, elabora seu próprio sistema psicológico.
(Schultz & Schultz, 2020)
Edward Titchener (1867 - 1927)
Quando notou que os colegas da Oxford University eram céticos em relação à ciência 
psicológica, deixou a Inglaterra e partiu para a Cornell University, nos Estados Unidos, 
onde lecionou psicologia e dirigiu um laboratório de psicologia experimental.
Publicou mais de 60 trabalhos, sendo seus principais livros An outline of psychology 
(Esboço da psicologia) de 1896, Primer of psychology (Introdução à psicologia) de 
1898 e quatro volumes de Expermental psychology: a manual of laboratory pratice 
(Psicologia experimental: um manual da prática de laboratório) de 1901 a 1905.
Orientou mais de 50 trabalhos de doutorado, sendo a maioria a respeito de sua teoria. 
Considerava que a única psicologia possível era a estruturalista.
(Schultz & Schultz, 2020)
As mulheres na psicologia de Titchener
Uma curiosa questão levanda por Schultz e Schultz (2020), é que Titchener além de 
conduzir as reuniões de seus grupos de estudos e selecionar os temas de discussão, 
não permitia a presença de mulheres.
A razão descrita pelos seus seguidores é de que a maior parte dos homens que 
conduziam os experimentos fumavam, e as mulheres eram “delicadas demais para 
fumar”.
A primeira mulher a obter doutorado em psicologia foi Margaret Floy Washburn, 
primeira orientanda de Titchener e primeira mulher eleita pela Academia Nacional de 
Ciências, além de futura presidenta da American Psychological Association (APA)
(Schultz & Schultz, 2020)
Estruturalismo
O objeto de estudo da psicologia estrutural é um pouco diferente da psicologia 
de Wundt: a experiência consciente como dependente do indivíduo que a 
vivencia.
A física e a psicologia podem estudar a luz e o som, mas os psicólogos 
examinarão a observação e sensação humana a respeito destes fenômenos.
Exemplo: 30 graus numa sala de aula (física x psicologia).
(Schultz & Schultz, 2020)
Erro de estímulo
Definição: confusão entre o processo mental que está sendo estudado e o 
estímulo ou objeto que está sendo observado.
Exemplo: no lugar de descrever cor, brilho ou a forma, o observador descreve 
“maçã”.
Quando o observador não se concentra no conteúdo consciente, não faz 
distinção do conhecimento passado em relação ao objeto e a própria 
experiência imediata e direta, interpretando o objeto.
(Schultz & Schultz, 2020)
A ciência estrutural
A psicologia estrutural, para Titchener, era uma ciência pura.
Ele não se preocupava com aplicabilidade do conhecimento psicológico, 
apenas a descrição dos fenômenos que estruturam a consciência.
Titchener era contra o desenvolvimento de uma psicologia infantil, animal, 
educacional, entre outros.
(Schultz & Schultz, 2020)
Introspecção
Assim como Wundt, treinava observadores de maneira rigorosa para descrever 
elementos de seu estado consciente. Evitação do nome e ênfase nas qualidades dos 
objetos.
Diferentemente de Wundt, e similarmente a Külpe, Titchener se interessava em 
analisar experiências conscientes complexas, a partir de componentes, e não da 
síntese de elementos mediante a apercepção.
Titchener dava mais ênfase às partes, enquanto Wundt dava maior ênfase no todo.
Estava interessado em descobrir os átomos da mente.
(Schultz & Schultz, 2020)
Elementos da consciência
Devemos ter como principais objetivos:
1. Reduzir processos conscientes a seus componentes mais simples;
2. Determinar leis de associação desses elementos da consciência;
3. Conectar elementos às suas condições fisiológicas.
A psicologia está no mesmo patamar que outras ciências biológicas, já que 
após formularmos leis gerais para fenômenos simples e complexos, 
poderemos ter uma real sabedoria acerca da consciência.
(Schultz & Schultz, 2020)
Elementos da consciência
Sensação: elementos básicos da percepção, presente em sons, imagens, cheiros, ou 
outras experiências provocadas pelos objetos físicos do ambiente.
Imagens: elementos das ideias, presentes no processo que reflete experiências não 
presentes no momento, como lembranças.
Estados efetivos ou afeições: elementos da emoção, encontradas no amor, ódio ou 
tristeza.
Assim como na tabela periódica, Titchener catalogou 44.500 qualidades sensoriais 
individuais, sendo 32.820 visuais e 11.600 auditivas.
(Schultz & Schultz, 2020)
Principais diferenças entre Wundt e Titchener
Titchener fundou o estruturalismo, não Wundt.
Titchener considera que o que não puder ser relacionado com elementos estruturais 
da consciência não deve ser considerado assunto da psicologia.
Titchener tem um sistema psicológico mais restrito do que o de Wundt (exemplo: 
psicologia dos povos não entraria como assunto para Titchener).
Titchener foi influenciado pelo elementarismo e associacionismo britânico, 
diferentemente de Wundt que elaborou o conceito de voluntarismo pois quis englobar 
sentimentos e vontade da vida mental dentro da psicologia.
(Araújo, 2009)
Críticas ao estruturalismo
Críticas ao método da introspecção:
● A mente não pode ser observadora e observada simultaneamente
● Não há como observar de maneira imparcial a percepção
● A mente psicopatológica não consegue discernir conteúdos verdadeiros de ilusórios
● Necessidade de um linguajar introspectivo para substituir palavras comuns
● A memória não é capaz de gravar a experiência imediata, no momento em que o relato 
é sobre o passado, nunca sobre o presente imediato (devido à linguagem)
● Ausência explicativa de elementos inconscientes
Ausência de aplicação dos conceitos aos problemas humanos.
(Schultz & Schultz, 2020)
Contribuições do estruturalismo para a 
psicologia
Clara definição de objeto e método.
A introspecção ainda é amplamente empregada, mas atualmente, focada no relato oral.
Processos cognitivos frequentemente utilizados na psicologia atual, como na ergonomia da 
psicologia organizacional em que se pergunta a experiência dos usuários na utilização de um monitor.
Esses processos cognitivos também são atualmente estudados pela psicologia cognitiva e pela 
neurociência.
Também serviu como gatilho para novos pesquisadores psicólogos elaborarem novos objetos de 
estudo e métodos.
(Schultz & Schultz, 2020)
Referências Bibliográficas
SCHULTZ, D. P. & SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 9ª ed. São 
Paulo: Thomson Learning, 2011 (Capítulo 5).
ARAUJO, S. F. Wilhelm Wundt e o estudo da experiência imediata. In: 
JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (orgs.) História da 
Psicologia: Rumos e Percursos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013 
(Capítulo 5).
Para a próximaaula…
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 9ª ed. São 
Paulo: Thomson Learning, 2011 (Capítulo 6).
Exercício em grupo de 5 a 10 
pessoas
Em grupos de até 5 alunos, discutir:
1. Qual o objeto de estudo da psicologia de Wilhelm Wundt?
2. Defina o método de estudo da psicologia wundtiana, descrevendo as 
condições mínimas para este estudo.
3. Diferencie experiência mediata e experiência imediata.
4. Cite três características da consciência.
5. O que é voluntarismo?
6. Qual a diferença entre as ideias de Wundt e Edward Titchener?
7. Defina o Estruturalismo enquanto uma escola psicológica.
8. Quais são as principais críticas e contribuições do estruturalismo de 
Titchener para a psicologia?