Prévia do material em texto
GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E LOGÍSTICA W B A 04 31 _v 1. 0 2 Larissa Maria Palacio dos Santos Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E LOGÍSTICA 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Ana Carolina de Moraes Luccarelli Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) __________________________________________________________________________________________ Santos, Larissa Maria Palacio dos S237g Gestão da cadeia de suprimentos e logística/ Larissa Maria Palacio dos Santos, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020. 42 p. ISBN 978-65-86461-39-8 1. Logística. 2. Canais de distribuição I. Santos, Larissa Maria Palacio dos.Título. CDD 658.78 ____________________________________________________________________________________________ Jorge Eduardo de Almeida CRB: 8/8753 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Logística Integrada e estratégias inerentes ao processo logístico ___ 05 Escopo da logística e Tecnologia da Informação nos processos logísticos ___________________________________________________________ 18 Eficiência operacional cadeia de suprimentos e operadores logísticos ___________________________________________________________ 31 Planejamento de sistemas de distribuição e gerenciamento da logística empresarial ________________________________________________________ 44 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E LOGÍSTICA 5 Logística Integrada e estratégias inerentes ao processo logístico Autoria: Larissa Maria Palacio dos Santos Leitura crítica: Ana Carolina de Moraes Luccarelli Objetivos • Conceituar o termo logística. • Apresentar a evolução da atividade logística. • Compreender o que é uma cadeia de suprimentos. • Conhecer os principais modais de transporte. 6 1. Logística: conceitos e evolução Olá, aluno! Provavelmente você já ouviu o termo logística em seu cotidiano. Mas você sabe exatamente o que ele significa? Conhece sua história e suas aplicações práticas? Com o conteúdo do presente tema, você será capaz de responder à tais questionamentos, bem como saberá o que é, e quais são, os principais modais de transporte conhecidos, além de ser capaz de compreender a concepção do termo logística integrada e cadeia de suprimentos (supply chain). Equivocadamente, muitos acreditam que logística seja a atividade do transporte de matérias primas e produtos finais acabados, contudo, a atividade tem complexidade e importância muito mais relevantes e impactantes nos resultados obtidos pelas organizações. Ainda de maneira simplista, a logística pode ser definida como: a atividade gerenciar, de forma eficiente, a movimentação e o armazenamento de materiais com vistas a atender às expectativas dos consumidores finais, conforme Dias (2016). Embora esteja relacionada ao transporte dos materiais não podemos resumi-la como sendo representada por apenas esta atividade, pois, neste processo incluem-se uma série de atividades, dentre as quais, podemos considerar como básicas e relacionadas ao transporte, manutenção de estoques e processamento de pedido. No entanto, a logística envolve uma série de atividades secundárias – que figuram o papel de apoio –, como a armazenagem, o manuseio de materiais, a obtenção de matéria prima, a programação de produtos, assim como o gerenciamento de informações do início ao fim da cadeia. Toda esta complexa gama de atividades é gerida de maneira estratégica para que as expectativas do consumidor final sejam satisfeitas (BALLOU, 2014; DIAS, 2016). 7 Cada vez mais, à medida que o mundo se conecta e a globalização avança, a logística vai tomando importância e destaque no mundo dos negócios. Todavia, segundo Dias (2016), a atividade logística data da antiguidade, desde que os homens das cavernas começaram a realizar atividades de trocas, ainda antes mesmo da existência de uma moeda. A atividade avançou significativamente a partir dos períodos de guerras, sendo preocupação de generais da época traçar estratégias para o deslocamento de recursos materiais (por exemplo, armamentos, alimentos, equipamentos de guerra) para os locais de batalha. Por este motivo, sempre se associou o termo às atividades militares. De acordo com Dias (2016), Não por acaso, um militar chamado Henry Eccles é considerado o pai da logística moderna, dada ao seu pioneirismo no estudo da logística militar. Ballou (2014), didaticamente, divide a história recente da logística em três grandes momentos: anos adormecidos (1950), período de desenvolvimento (1950-1970), e anos de crescimento que se iniciam em 1970 e vão até os dias atuais. Na década de 1950, a logística não existia enquanto área, nem possuía uma filosofia regente, pelo contrário, suas funções eram distribuídas ficando cada uma sob responsabilidade de uma área da empresa. Podemos relacionar o não desenvolvimento ou estado de dormência da logística, relatado por Ballou (2014) à questão econômica, pois naquele momento histórico, a economia dos EUA estava em franca expansão, ou seja, o que era produzido era absorvido pelo mercado, desta forma, não havia a necessidade de se alterar as formas de administrar a organização e a logística. A preocupação residia apenas na otimização dos sistemas de transporte e era meramente operacional, ou seja, dedicava-se apenas a executar as entregas (BALLOU, 2014; NOGUEIRA, 2018). Entre 1950 e 1960, o chamado período de desenvolvimento, já contava com um relativo amadurecimento da área de marketing, quando foi 8 reconhecido e talvez criado, o conceito de “custo total”, que é a soma dos custos envolvidos no transporte e armazenagem de materiais. Ao conhecer o conceito de custo total ficou fácil deduzir que se poderia compensar os custos logísticos se minimizasse os custos com estoques – e não necessariamente os custos envolvidos no transporte. Também, neste período, ocorreram importantes mudanças demográficas como: o acentuado processo de urbanização, ocupação de áreas suburbanas, a população passou a ficar um pouco mais exigente e ter acesso à veículos próprios. Do ponto de vista econômico ocorria uma recessão, o que forçava os administradores a pensarem suas formas de trabalho e organização e a enxergarem a logística como um foco para a redução de custos. Destaca-se ainda que neste período ocorria um desenvolvimento tecnológico, com o surgimento dos primeiros computadores. Por fim, podemos mencionar as influências das experiências militares no desenvolvimento da logística (BALLOU, 2014). Na década de 1970 iniciou-se o período de crescimento da logística, pois, neste momento muitas empresas já colhiam os benefícios de terem dedicado esforços a gestão logística. Em suma, neste período ocorreu a elevação exorbitantedos preços dos barris de petróleo o que consequentemente impacta nos custos logísticos. Somando-se a isto a inflação, a produtividade assumia uma crescente muito mais lenta. Para tentar competir no mercado, o controle dos custos logísticos tornou- se foco da administração. Foi a partir deste alto grau de interesse que surgiu a “logística integrada”. Nesta fase a logística ainda não assumia um papel estratégico nas empresas, apenas fazia parte da visão sistêmica da organização e era facilitada por sistemas de informações gerenciais (BALLOU 2014, NOGUEIRA, 2018). Pires (2016) acrescenta um destaque ao período entre 1970 e 1980 no qual o modelo japonês de produção emergiu como um destaque na produção de produtos de qualidade a preços acessíveis, ultrapassando os EUA e assumindo a liderança em vendas de produtos tecnológicos, automobilísticos e outros. Assim, os demais produtores do mundo todo 9 tiveram conhecimento do Sistema Toyota de Produção, ou Produção Just in Time. Dentre as boas práticas do sistema destacam-se a redução nos tempos de set-up, mix reduzido de produtos, produção puxada via sistema Kanban, racionalização e gestão de processos logísticos, e o desenvolvimento da gestão do relacionamento colaborativo entre fornecedores. Podemos associar essa inspiração no modelo japonês à chegada à fase do Supply Chain Management, ou seja, a forma de entender a logística levando-se em conta os elos da cadeia de suprimentos – fornecedores e consumidores – e à gestão estratégica focada na competitividade empresarial, como descreve Nogueira (2018). Atualmente, a logística figura uma importante função dentro da área de administração, pois, ela representa parte significativa dos resultados de uma empresa dado aos custos nela envolvidos. No mercado globalizado é sabido que os consumidores estão espalhados pela dimensão terrestre, cada vez mais afastados das empresas das quais irão consumir. Outra consequência da globalização, que impacta significativamente a administração e dá relevância e status à atividade logística, é o grau de exigência do mercado. Em outras palavras isto significa dizer que, cada vez mais, os consumidores, munidos de maior quantidade de opções de consumo, fazem comparações, pensam, e exigem das empresas (BALLOU, 2014; DIAS, 2016). Para Nogueira (2018), ao grau de exigência do mercado podemos atribuir ainda outro conceito o de Efficient Consumer Response, ou seja, com o avanço da sociedade e com a ampla gama de possibilidades de consumo, a logística assume papel preponderante na competitividade empresarial, o consumidor passa a ser o foco central de toda a estratégia empresarial, especialmente sendo levado em consideração na gestão da cadeia de suprimentos. 10 Neste contexto, a logística contribui com o desempenho empresarial à medida que é capaz de ofertar o produto na quantidade certa e no local esperado, ao menor custo possível. Isto é importante, segundo Dias (2016) tanto para o cenário de compras presenciais quanto também para as compras realizadas no ambiente virtual. A logística é relevante não apenas para às empresas, mas também aos padrões de vida adotados por diferentes países ou regiões geográficas, pois seu uso eficiente pode alavancar a economia. De forma simplificada, essa situação ocorre quando um determinado país é produtor de algum tipo de bem ou produto e administra bem a capacidade de escoar sua produção, fornecendo para outros países com baixos custos logísticos tornando o produto competitivo a nível mundial. Como aponta Ballou (2014), essa movimentação econômica gera riquezas para a nação fornecedora, modificando a economia local. É sempre preciso ressaltar que dentre as atividades logísticas há a existência de atividades de marketing e de produção, e é imprescindível atentar-se a elas e deixar definidas as responsabilidades e obrigações de cada uma delas para que não haja sobreposição de atividades. A esta junção de atividades da logística dentro das firmas, chamamos de logística empresarial. Para que seja possível minimizar custos é necessário que a empresa invista o mínimo possível em recursos nas atividades logísticas, isto é, em equipamentos e em pessoas. Também é imprescindível a escolha da melhor localização geográfica para alocação dos recursos, e/ou a escolha mais racional do modal de transporte. Modal de transporte é o meio de transporte pelo qual a carga será transportada, seja ele ferroviário, rodoviário, aeroviário ou duto viário, levando-se em conta o tempo de deslocamento versus custos (BALLOU, 2014; DIAS, 2016). O conceito de sustentabilidade é outro fator que começa a ser levado em conta na gestão da cadeia de suprimentos e nas atividades logísticas 11 na atual fase da logística, ou seja, o consumo consciente e preocupado com as futuras gerações. Neste contexto, além do papel de focar nas exigências do consumidor, que está cada vez mais informado e consciente, há também uma série de instrumentos regulatórios, protocolos de Kyoto e Cartagena, e legislações específicas de diferentes países e regiões que, conforme nos diz Nogueira (2018), fazem exigências acerca dos procedimentos logísticos. 1.1 Visão sistêmica Agora que você já conheceu o conceito de logística e sua evolução histórica, vamos aprofundar na compreensão das contribuições logísticas à gestão estratégica empresarial. Para tanto, vamos adotar como ponto de partida o conceito de sistema empresarial, isto é, a forma de compreender a produção enquanto processo sistêmico que é abastecido por entradas (ou inputs, em inglês), que são os recursos produtivos, que passam por um processo de transformação e que, geram saídas (ou outputs, em ingês), os quais podem ser produtos e/ou serviços, e resíduos/lixos, conforme exemplifica a Figura 1. Figura 1 – Visão sistêmica Fonte: adaptada de Pires (2016). Observando a figura, segundo Pires (2016), podemos compreender que os processos logísticos estão compreendidos dentre todas as 12 atividades do sistema produtivo, isto é, na obtenção dos recursos que serão as entradas a serem transformadas, dentro da arena da produção com a distribuição dos materiais, e por fim, dando conta de escoar as saídas e lidar com as externalidades, como resíduos ou produtos rejeitados pelo cliente final que retornarão ao início do ciclo. Neste processo, temos a cadeia de suprimento e a de distribuição. A cadeia de suprimentos são todos os elos e processos envolvidos na obtenção de recursos, enquanto a cadeia de distribuição são todos aqueles envolvidos após o processamento até a chegada ao consumidor final. No intermédio, de acordo com Dias (2016), há ainda uma série de atividades logísticas que ocorrem no interior da firma e que estão conectadas de ponta a ponta. Em suma, conclui-se que, no atual modelo de gestão logística, não se pode considerar nenhuma das partes isoladamente para que se consiga atingir o nível de satisfação do consumidor. Embora apenas a distribuição física (os processos que ocorrem após as saídas do processo produtivo) lidem diretamente com o consumidor final, o atendimento às suas expectativas demanda que, por exemplo, operando-se num sistema com baixos ou zero estoques, como nos diz Dias (2016), as matérias-primas cheguem num prazo X determinado para que o produto seja entregue no tempo acordado. Quando abordamos o tema de supply chain (cadeia de suprimentos), consideramos o sistema como algo ainda mais complexo, ao inserir nele os elementos que antecedem as entradas ao sistema e os elementos responsáveis por ligar as saídas ao consumidor final. A este complexo consideramos como cadeia logística e, diante da necessidade de atingir a satisfação do consumidor final, leva-se em conta o relacionamento entre cada um dos elos da cadeia produtiva, conforme ilustra a Figura 2. 13 Figura 2 – Supply chain Fonte: adaptada de Pires (2016). As empresas podem optar por produzir verticalmente todos os itens que necessitam paraa manufatura de seu produto final, no entanto, a estratégia mais adotada é a compra de produtos de fornecedores especializados e/ou a terceirização, que pode ser economicamente muito mais interessante para as empresas. Desta forma, conforme Pires (2016), temos uma cadeia muito mais complexa à medida que temos fornecedores de diferentes ordens e graus de ligação, assim como há estratégias para adotar os modelos mais interessante de distribuição dos produtos/serviços. Os relacionamentos entre os elos das cadeias podem ser estrategicamente favoráveis às organizações em que, a partir desta análise global da cadeia de suprimentos, é possível identificar se é interessante, por exemplo, remover um elo e buscar algum recurso material direto com a fonte. Há ainda outras possibilidades, como estabelecer alianças estratégicas e parcerias com os elos. O que não se pode negar é que a confiabilidade do fornecedor, tanto na qualidade do material, quanto no cumprimento de prazos e contratos, garantirá, segundo Pires (2016), a manutenção do nível de serviço – qualidade com que o fluxo de serviços é gerenciado – ofertado ao consumidor final. Para Dias (2016), as atividades à jusante e à montante do sistema produtivo requerem de uma escolha acertada do modal de transporte 14 e, embora possa parecer muito simples, tal escolha requer uma análise cuidadosa de uma série de variáveis relativas como a proporção entre tempo e distância, e entre distância e custo. 1.2 Modais de transporte Em sequência, o gestor pode avaliar qual o tipo de modal de transporte a ser escolhido dependendo da quantidade de recurso financeiro que ele deseja ter com o transporte. Para Dias (2016), por vezes, o transporte mais lento é o mais econômico, isso interfere, também, no preço do produto final, no entanto, há que se considerar que a demora na entrega é um fator que prejudica o nível de serviço, ou seja, a forma como o consumidor percebe a qualidade do serviço ofertado. Pela lógica, a outra forma de análise é a velocidade do modal, ou seja, a quantidade de tempo dispendida para percorrer determinada distância. Esse tipo de análise leva em conta a necessidade e urgência do consumidor (DIAS, 2016). Por fim, há outro tipo de necessidade a ser considerada na escolha do modal de transporte, que é o atendimento às necessidades específicas de determinados tipos de produtos. Esse atendimento garante, conforme Dias (2016), que o transporte seja realizado garantindo a segurança da carga. Um exemplo disso são caminhões refrigerados para o transporte de carnes. No Brasil, o modal de transporte rodoviário predomina com relação aos demais, ainda que a infraestrutura careça de manutenção mais adequada. Diante deste fato, pontua-se que esta prevalência provoca um desbalanceamento da matriz de transportes do país conforme ilustra o Gráfico 1 a seguir. 15 Gráfico 1 – Matriz de transportes do Brasil Fonte: adaptado de Brasil (2018). O gráfico mostra que 65% do transporte de cargas brasileiro é realizado nas rodovias, isto é, mais de metade dos transportes é realizado por este modal. Em seguida temos o modal ferroviário que representa 15% do total do volume transportado, a cabotagem representa apenas 11% e os demais representam parcelas ínfimas do total. Isto quer dizer que utiliza- se demasiadamente as rodovias em detrimentos dos demais modais que são subutilizados, conforme Brasil (2018). Há uma série de justificativas para o desequilíbrio apresentado, especialmente o longo período de políticas internas, influenciadas pela tendência do mercado externo, que favoreciam o uso de tal modal dado o crescimento da produção de automóveis e os fortes investimentos em rodovias. Com isso, enormes problemas logísticos são gerados, vez que aumenta os custos logísticos, gera impactos sociais, de acordo com Brasil (2018) tais como: congestionamentos, acidentes de trânsitos, atrasos em 16 entregas, além de apresentar baixa eficiência energética, impactos ambientais com a construção de rodovias e emissão de gases nocivos ao meio ambiente. Esta dependência do transporte rodoviário tornou-se ainda mais evidente quando ocorreu no país a paralização dos transportes pela greve dos caminhoneiros autônomos, que se iniciou em maio de 2018, motivados pelas altas no preço do diesel. A paralização impediu a atividade de diversas empresas, entregas de produtos, disponibilidade de itens em prateleiras de supermercados, combustível para abastecimento de veículos, entre outros. Segundo Dias (2016), cabe mencionar a necessidade de ações públicas com vistas à reestabelecer o equilíbrio dentre a utilização multimodal de transportes. Com isso teremos um escoamento e distribuição de materiais/produtos mais eficiente e menos custoso. No presente tema, você teve a oportunidade de compreender como a logística esteve presente desde os primórdios da humanidade até os dias atuais, ainda que se apresentando e sendo compreendida e gerida de diferentes formas. Na medida em que a sociedade evoluiu e avançou, as formas de gerenciar empresas e atividades logísticas apresenta novas necessidades; conclui-se, então, que as transformações nos processos logísticos continuarão tornando cada vez mais complexos, e que o profissional de logística será cada vez mais essencial na sociedade global. Em todo o mundo, o relacionamento entre fornecedores e consumidores de diferentes ordens assumiu um papel estratégico, capaz de gerar vantagens competitivas às organizações. Além disso, as exigências do consumidor forçam as empresas a agirem de forma ética e “socioambientalmente” responsável, além de haver políticas, normas e regulamentações que respaldam tais exigências. 17 Por fim, você acompanhou a análise da matriz de transporte brasileira que possui desnivelamento entre os modais de transporte, ocasionando uma série de problemas econômicos, sociais e ambientais. Agora, você já é capaz de opinar sobre o tema com propriedade em qualquer ambiente, e quem sabe seja capaz de futuramente auxiliar na formulação de soluções para o problema brasileiro. Referências Bibliográficas BALLOU, R. H. Logística Empresarial: Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 2014. BRASIL. Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Política Nacional dos Transportes: Caderno das Estratégias governamentais. Brasília: MTPA, 2018. Disponível em: http://portaldaestrategia.infraestrutura.gov.br/images/PNT/caderno_ das_estrategias_governamentais_versao_2018.pdf. Acesso em: 2 jan. 2020. DIAS, M. A. Introdução à Logística – fundamentos, práticas e integração. São Paulo: Atlas, 2016. NOGUEIRA, A. de S. Logística Empresarial – Um Guia prático de Operações Logísticas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018. PIRES, S. R. I. Gestão da Cadeia de Suprimentos: Conceitos, Estratégias, Práticas e Casos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 18 Escopo da logística e Tecnologia da Informação nos processos logísticos Autoria: Larissa Maria Palacio dos Santos Leitura crítica: Ana Carolina de Moraes Luccarelli Objetivos • Conhecer quais são as atividades que compõem o escopo logístico. • Compreender de que forma cada uma das operações é gerida e seus impactos na cadeia de suprimentos. • Entender as contribuições da tecnologia nestes processos. 19 1. Escopo da logística Neste tema, teremos contato com as atividades principais da logística, ou seja, com o seu escopo operacional. As operações descritas, à primeira vista, parecem ser meras tarefas a serem executadas no dia a dia das organizações e de suas atividades logísticas. Todavia, teremos aqui, a oportunidade de compreender seu grau de complexidade e o impacto de cada uma delas no resultado final da cadeia de suprimentos, ou seja, em como elas podem impactar na percepção do cliente acerca da empresa, seja pelos custos gerados, seja pelo grau de eficiência. Por isso, apresentaremos uma análise partindo de seu contexto inicial, seguidoda explicação pormenorizada de cada uma das operações e das contribuições da tecnologia para cada uma delas. As transformações na sociedade e na economia, impulsionadas após a Revolução Industrial, revolucionaram o comportamento do consumidor e, consequentemente, as formas de operacionalização das atividades empresariais (BOWERSOX et al., 2013). No passado, as empresas adotavam a estratégia de manter altos níveis de estoques para conseguir atender às demandas dos consumidores. Em meados da década de 1980, as empresas perceberam que é mais vantajoso operar com níveis de estoque zero, visto que os consumidores estão mais exigentes e almejam a possibilidade de customização do atendimento de suas necessidades. A partir da década de 1990, com o avanço das tecnologias, a transmissão de informações tornou-se mais rápida e precisa, contribuindo consideravelmente para alterações profundas na estrutura social e nos mercados. Neste contexto, de acordo com Bowersox et al. (2013),apoiados pela tecnologia da informação, a capacidade de atendimento do cliente, o marketing, a logística e as compras são operacionalizadas de forma mais precisa e fluída do que era em outros períodos. O serviço passa 20 a atingir altos níveis de exigência a custos menores. Para que tudo isto ocorra, é necessário que o processo seja gerido na forma de cadeia de suprimentos integradas, ou seja, em relacionamentos colaborativos e de dependência estabelecidos entre fornecedores e consumidores. Todo este conjunto de fornecedores e clientes de diferentes ordens compõe a cadeia de suprimentos, e o relacionamento entre elas pode impulsionar a estratégia das empresas e melhorar seu desempenho e eficiência operacional. Dentre o escopo de atividades que envolvem o gerenciamento da cadeia de suprimentos, temos a logística, que é a atividade responsável pelas seguintes atividades: estocagem transporte, depósito, manuseio, embalagem e redes de instalações. Embora possa parecer que a logística consiste em atividades meramente operacionais, cada uma destas atividades é planejada e gerida de forma estratégica para atender às expectativas do consumidor final (BOWERSOX et al., 2013). 1.1 Estoques Em tempos em que a filosofia just in time e de produção enxuta imperam, manter estoque – embora não seja a estratégia mais adequada para atingir o nível de serviço –, por vezes, é a única saída estratégica que as empresas podem adotar em casos de imprevisibilidade de demanda e redução dos custos de produção. Relembrando, nos atuais sistemas, inspirados pelo modelo japonês, estudiosos perceberam que o melhor estoque é ter, na verdade, nenhum estoque. Estoques representam custos financeiros, mobilização de capital, exigência de espaços físicos que precisam ser mantidos, custos de controle, de obsolescência e de movimentação (BALLOU, 2014; PIRES, 2009). Há uma relação indireta entre o nível de serviço, ou seja, o nível de satisfação do consumidor e a manutenção de estoques, uma vez 21 que, para algumas demandas, a necessidade é imediata ou o prazo para a necessidade é reduzido. Assim, dizemos que é interessante manter estoques de segurança para evitar problemas com o tempo de “ressuprimento” – tempo necessário ao reabastecimento de um material e de matérias-primas, garantindo a produção em caso de contingência – por exemplo – em casos de catástrofes naturais, greves e outros (BALLOU, 2014; PIRES, 2009). Os ganhos em economia de escala também devem ser considerados quando falamos em vantagens da estocagem, pois, maiores lotes de compra geram economias no custo unitário, além de gerarem economia no transporte quando comparados à compra de pequenos lotes. Além disso, conforme os mesmo autores, no que tange à oferta do produto no mercado, armazenar materiais pode propiciar a possibilidade de ofertar produtos a custos menores no mercado no caso de itens cujo valor tende a oscilar. O risco e a perspectiva de análise do estoque variam de acordo com o tipo de empresa, ou seja, com a posição da empresa dentro do canal de distribuição. Para os fabricantes, o risco é maior do que para os que atuam no varejo, podendo ser considerado um risco de longo prazo. Isto ocorre porque o fabricante lida com estoques no momento da aquisição do material de insumo à sua produção, com os estoques de produtos em processo e, por fim, com os produtos acabados (BALLOU, 2014; BOWERSOX et al., 2013). Um atacadista compra em grandes quantidades e vende em quantidades menores aos varejistas. Para Bowersox et al. (2013), isto faz com que ele seja obrigado a manter estoques para ter a capacidade de atender ao seu consumidor com uma grande variedade de produtos de diferentes fornecedores. Por fim, para os varejistas o risco é menor, pois está intimamente relacionado ao que chamamos de giro do estoque, que é a razão da 22 velocidade entre a compra e o estoque médio de um produto (BALLOU, 2014; BOWERSOX et al., 2013). Existem diferentes formas de compreender os estoques. Dentre elas, a mais importante é a classificação de estoques de acordo com a demanda. Todavia, por vezes, a demanda é imprevisível; desta forma, há uma série de variáveis de métodos e técnicas de gerenciamento de estoques para cada um dos tipos de demanda, de sistemas de produção, de estratégia, de posicionamento logístico, entre outros. Segundo Ballou (2014) e Bowersox et al. (2013), o objetivo de todos estes métodos é sempre prever a demanda e tentar responder a ela de forma lógica. Para tanto, os cálculos de previsibilidade de demanda, as entradas e saídas de itens do estoque, e todas as informações relevantes à tomada de decisões sobre estoques são geridas com o apoio de softwares e sistemas de informações integrados. 1.2 Transportes Com a globalização dos mercados e a descentralização dos centros de produção, o transporte ganha papel de relevância para a estratégia empresarial, bem como para o funcionamento das empresas de maneira geral. O custo do transporte é elevado e, por isso, seu gerenciamento eficaz é primordial para o desempenho da empresa (BALLOU, 2014; BOWERSOX et al., 2013). A funcionalidade do transporte reside na movimentação e no armazenamento de materiais. A movimentação nada mais é do que o deslocamento do material/produto de um ponto a outro da cadeia de suprimentos. O armazenamento, por sua vez, consiste no produto em transporte dentro do veículo ou quando, por motivos estratégicos, é mais interessante manter um produto armazenado dentro do veículo do que descarregá-lo. 23 Além do elemento custo, destaca-se que o transporte consome recursos como tempo e os recursos ambientais. O tempo, diz respeito ao estoque em trânsito, ou seja, momento em que ele está sendo movimentado. Já os recursos ambientais, como descrevem Bowersox et al. (2013), são tanto diretos, quando do consumo de combustíveis, quanto indiretos, como os ocasionados pelas transformações no trânsito, congestionamento e poluição pela emissão de gases e poluição sonora. De acordo com Ballou (2014), o transporte tem relevante importância para a economia à medida que garante maior competição no mercado, propiciam economia de escala na produção e reduzem os preços das mercadorias. As características dos produtos a serem transportados, bem como os prazos e necessidades do consumidor, ditam quais são os modais de transporte mais adequados para a movimentação de cada carga em questão (BALLOU, 2014; BOWERSOX et al., 2013). Neste contexto, surgem as empresas prestadoras de serviços de transporte, como exemplo, as empresas especializadas no transporte de encomendas. Um grande exemplo desta modalidade são as que têm ganhado relevância na medida em que o e-commerce vem crescendo. A maior parte das empresas de transporte utilizam de sistemas multimodais, isto é, sistemas que combinam mais de um modal para transportar a carga. Um exemplo básico apresentado por Ballou (2014) e Bowersox et al. (2013), seria a combinação entreo transporte ferroviário e rodoviário, no entanto, existem diversos tipos de combinações. Embora possa parecer demasiadamente complexa, à medida que se conhece o público-alvo, suas necessidades e as características dos produtos, a escolha pela combinação de modais de transporte vai se tornando mais adequada, bem como as preferências entre terceirizar ou internalizar os transportes da empresa (BOWERSOX et al., 2013). 24 De toda forma, ainda que se opte por terceirizar tal função, as empresas adotam sistemas de gerenciamento de transportes para suportar a atividade. Estes softwares são capazes de determinar qual a escolha de modal de transporte mais econômica e funcional dentre as disponíveis, garantindo confiabilidade ao processo. Seu uso permite a gerência operacional, a consolidação de cargas, facilita a negociação com fornecedores/clientes, o controle, a auditoria e a gestão das reclamações dos consumidores. 1.3 Armazenamento Ainda que, como visto no tópico Estoque, o melhor estoque seja o chamado estoque zero, por vezes é necessário manter estoque de alguns itens, pelas mesmas razões já descritas: melhorar atendimento, otimizar custos de produção e frete (BOWERSOX et al., 2013; PIRES, 2009). Assim, algumas empresas adotaram como estratégia a manutenção de centros de distribuição, ou seja, depósitos localizados estrategicamente e com variedade de itens para atender às demandas pontuais dos varejistas e consumidores finais. De acordo com Bowersox et al. (2013) e Gonçalves (2013), para o relacionamento com consumidor final, os centros de distribuição propiciam flexibilidade e, desta forma, representam um elemento que auxilia na ampliação da competitividade empresarial. Além do suporte às necessidades do cliente, há outras vantagens na criação de um centro de distribuição ou depósito, por exemplo: redução de custos com consolidação de cargas e a ampliação do nível de serviço ofertado. A consolidação de cargas mencionada, nada mais é que o processo no qual mercadorias oriundas de diferentes fornecedores são reorganizadas em um armazém, criando cargas consolidadas de produtos, que serão entregues aos consumidores finais. Esta é uma estratégia muito utilizada por varejistas do e-commerce, pois minimiza a tarifa de frete e garante a entrega no prazo (BOWERSOX et al., 2013; GONÇALVES, 2013). 25 O fracionamento de carga, tecnicamente chamado de transit point, consiste em receber o material de um único fornecedor e distribuir em cargas menores, de acordo com as necessidades dos consumidores. Tudo isso é realizado nos centros de distribuição, sem gerar estoques. A estocagem sazonal é outra forma de vantagem competitiva propiciada pela manutenção de armazéns. Conforme dizem Bowersox et al. (2013) e Gonçalves (2013), esse armazém é capaz de “proteger” a empresa contra oscilações na oferta de insumos ou oscilações de demanda. No entanto, para analisar a viabilidade de se adotar um depósito local, é preciso analisar os impactos do serviço ofertado, combinada a uma redução de custos logísticos totais. Por vezes, a produção de um determinado insumo é um processo lento, ou seja, possui um alto lead time – tempo despendido pela empresa para transformar matéria prima em produto final acabado –, por isso, é indicada a manutenção de estoque em armazém, que protegerá a empresa contra atrasos de produção. Outra função bastante relevante dos armazéns ou depósitos é a sua utilização para a realização das atividades relacionadas à logística reversa. Normalmente, nestes espaços, são realizadas atividades de gerenciamento de devoluções ou recalls, remanufatura e reparo, revenda, reciclagem e disposição. Esses canais logísticos reversos devem ser geridos com os devidos cuidados, seguindo as regulamentações e normas vigentes, principalmente quando se tratar de resíduos perigosos e/ou especiais. Para o meio ambiente e sociedade, a logística reversa opera uma função de extrema importância; para as empresas, representam reembolso quando em operações de reciclagem – embora representem um trabalho árduo no recebimento de lotes individuais e que, por vezes, apresentam embalagens danificadas. Os ganhos financeiros já ficaram comprovados e já existem no mercado empresas que operam somente realizando esta função (BOWERSOX et. al. 2013; GONÇALVES, 2013). Vale ressaltar a mudança na perspectiva dos estoques para a perspectiva de armazenagem em centros de distribuição. Outra razão para a adoção de estoques é quando eles caracterizam unidades de montagem de produtos com diversos componentes, os recebendo 26 e montando o produto final de acordo com as especificações e/ou requisitos do consumidor, o que, segundo Gonçalves (2013), também pode ser chamado dentro do ramo da logística de hub/spoke. Em suma, o armazém serve para o manuseio e estocagem de materiais, e seu gerenciamento envolve uma série de operações que variam de acordo com o benefício que se objetiva com sua manutenção. Diante da quantidade de operações, funções e da importância dos armazéns, surgiram os Sistemas de Gerenciamento de Armazéns, warehouse management systems (WMS) cujo objetivo é a otimização dos processos. Como afirma Gonçalves (2013), tais sistemas são capazes de gerenciar todas as atividades de operações de um armazém com alto nível de confiabilidade, fornecendo informações e gerando relatórios essenciais aos processos de tomada de decisões. Figura 1 – Modelo de funcionamento de um WMS Fonte: adaptada de Gonçalves (2013). 27 A figura ilustra o processo das tarefas desempenhadas pelo WMS. Observe que o software é capaz de gerir o processo do início ao fim, sendo que, por seu intermédio, é possível realizar uma agenda de recebimento de cargas, separando-a por dia, por horários e por docas de recebimento. Os processos e suas ordens de recebimento podem ser ordenados de acordo com uma ordem de priorização com base nas necessidades fixadas. Para Gonçalves (2013), a etapa de conferência de materiais e endereçamento de embalagens, com base em critérios pré-estabelecidos (ou com base no sistema de gestão de estoques adotados pela empresa) também são atividades realizadas pelo software. A parte contábil da gestão de estoques também é suprida pelo sistema, que é capaz de gerar relatórios e controlar as mercadorias, suprindo as necessidades legais. Já na expedição de materiais, o apoio do software reside na organização dos pedidos, separando-os em grupos de acordo com os critérios fornecidos pela empresa, sejam eles: seleção por clientes, data de previsão de expedição, entre outros. Além disso, conforme Gonçalves (2013), o software ainda é capaz de controlar a expedição por: unitização de carga utilizada, caixas, volume ou paletes. A separação do pedido é gerida de forma customizada pelo software, de acordo com as necessidades específicas de cada produto ou empresa, ou seja, consolidando ou separando romaneios de entregas e notas fiscais. No que tange ao transporte, permite ainda o rastreamento dos produtos, o controle e o registo das ordens de transporte. Por todas essas razões, é inegável a importância deste tipo de software para as empresas; vale ressaltar, ainda, que este software pode ser integrado a outros e à interfaces. Gonçalves (2013) diz que aliada a todas essas funcionalidades, temos o ganho de eficiência operacional, de feedbacks aos consumidores e, consequentemente, a redução de custos. 28 1.4 Embalagem O termo embalagem faz parte do cotidiano de qualquer indivíduo, normalmente associado à concepção de embalagem externa dos produtos que vemos nas prateleiras dos comércios. Contudo, a função de uma embalagem não é apenas ser atraente na prateleira, mas ser funcional e proteger o produto. Na logística, todavia, sua função adicional é a de ser eficiente para a distribuição do produto final. Ou seja, a embalagem deve ser pensada de forma a atender: o consumidor, o marketing e à logística (BALLOU, 2014; BOWERSOX et al., 2013).As embalagens que vemos nas prateleiras é elaborada para o consumidor. É nela que os profissionais de marketing atuam, aproveitando o espaço para divulgar a marca da empresa e passar uma série de informações para o consumidor como preço, instruções de uso, e outros. Além disso, para Ballou (2014), esta embalagem deve levar em consideração a disposição que terá nas prateleiras dos comércios, no que se refere à dimensão e destaque com relação à concorrência. Do ponto de vista de proteção, a embalagem visa garantir que o produto não passe por deterioração, danos, perdas ou até mesmo furtos. Para tanto, deve ser realizada uma análise de riscos e, em certos casos, segundo Ballou (2014), são realizados testes acerca da eficiência de proteção que a embalagem apresenta. Do ponto de vista da função logística da embalagem, deve-se levar em consideração alguns pontos principais, tais como: manuseio e armazenagem, resistência, tamanho e configuração, unitização e conteinirização. Sobre a resistência, tamanho e configuração da embalagem, é preciso levar em consideração a capacidade que ela tem de ofertar ao sistema de manuseio e transporte, considerando equipamentos envolvidos. Desse modo, a embalagem representa alto custo que deverá ser compensado pela eficiência gerada no manuseio e no transporte. Dito isto, deve-se compreender o conceito de unitização 29 e conteneirização, de acordo com Ballou (2014), que são estratégias utilizadas no manuseio de transporte dos materiais. Por unitização, entende-se como a junção de embalagens e pacotes menores em pacotes maiores formando unidades. Ou seja, juntam- se pacotes de, por exemplo, 50 caixas e forma-se uma unidade de manuseio. Assim, os custos são sensivelmente reduzidos, uma vez que serão realizadas menores quantidades de viagens para movimentar aquela carga, conforme Ballou (2014) – lembrando sempre o impacto que o custo do transporte representa no sistema como um todo. Um exemplo de unitização adotado por Ballou (2014) é o de latas de cerveja, que são embaladas em 24 unidades. Tais embalagens podem ser novamente reagrupadas com o auxílio de paletes. Já a conteinerização, representa dimensões maiores, comumente utilizada para itens que serão transportados pelo modal ferroviário, em navios ou em grandes aeronaves. Os contêineres seguem regulamentação de padrão de dimensionamento, protegem a mercadoria contra danos e avarias, e podem ser trancados. Segundo Ballou (2014), a última, e não menos importante função da embalagem é a identificação, ou seja, as embalagens devem apresentar cores, códigos, símbolos ou outros elementos que representem uma identificação do produto, facilitando seu manuseio. Em suma, partir desta leitura, percebemos que a logística e suas operações, por mais simples e técnicas que possam parecer, desempenham um importante papel na capacidade estratégica e competitiva das organizações. Desta forma, todas as operações logísticas contribuem, em maior ou menor grau, para atingir um nível de serviço elevado e para posicionar a empresa no mercado. Além disso, emergem as tecnologias de informação que amparam e otimizam os principais processos e operações logísticas, tornando as atividades mais práticas e precisas. 30 Referências Bibliográficas BALLOU, R. H. Logística Empresarial: Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 2014. BOWERSOX, D. J. et al. Gestão Logística da Cadeia de Suprimentos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. GONÇALVES, Paulo Sérgio. Logística e cadeia de suprimentos: o essencial. Barueri: Manole, 2013. PIRES, S. R. I. Gestão da Cadeia de Suprimentos: Conceitos, Estratégias, Práticas e Casos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 31 Eficiência operacional cadeia de suprimentos e operadores logísticos Autoria: Larissa Maria Palacio dos Santos Leitura crítica: Ana Carolina de Moraes Luccarelli Objetivos • Conhecer os principais modelos produtivos relacionando-os com a cadeia de suprimentos. • Compreender o processo do ciclo do pedido. • Aprender sobre a função e a importância dos operadores logísticos. • Entender o modelo SCOR, seus principais indicadores e mensuração da eficiência da cadeia de suprimentos. 32 1. Eficiência nas operações da cadeia de suprimentos Nesta leitura, trabalharemos aspectos que interferem na eficiência da cadeia de suprimentos a iniciar pelo modelo de produção adotado (puxado/empurrado), dada sua influência nas demais operações que ocorrem na cadeia de suprimentos. Também abordaremos a questão da visão cíclica da cadeia de suprimentos e do ciclo do pedido, já que este é o ciclo que pode ser mais facilmente controlado e que interfere diretamente na percepção do consumidor. Neste contexto, abordaremos o trabalho dos operadores logísticos, suas funções e a vantagem da terceirização deste tipo de serviço para geração de valor na cadeia de suprimentos. Por fim, será apresentado o modelo SCOR que propõe uma série de indicadores para mensurar a eficiência dos processos e da cadeia de suprimentos como um todo. Para a compreensão do tema desta Leitura Digital é imprescindível retomar e explicar os conceitos de produção “puxada” (pull, em inglês) e “empurrada” (push, em inglês) na cadeia de suprimentos. A produção puxada inicia-se a partir do momento em que o cliente realiza o seu pedido, ou seja, é uma resposta ao pedido do cliente. A produção empurrada, pelo contrário, inicia-se antecipadamente à demanda, isto é, antes mesmo que o pedido do cliente seja realizado. Para adotar o segundo modelo é preciso que a premissa de conhecer a demanda tenha sido atendida, caso contrário, a produção não terá escoamento e gerará estoques e possíveis prejuízos. É claro que conhecer a demanda é trabalhar com um viés especulativo, uma vez que se opera com base na exploração das previsões de demanda (CHOPRA; MEINDL, 2012). A partir do domínio destes conceitos, podemos compreender quais são os seus impactos na organização e gestão cadeia de suprimentos. Segundo Chopra e Meindl (2012), é preciso conhecer qual o sistema adotado pela empresa para que se possa projetar e arquitetar a rede de 33 suprimentos, tomando decisões acerca de transferência de processos entre os elos ou fases da cadeia. Você se lembra que a filosofia vigente nas organizações na atualidade é o Just in time? Dentre os dois modelos de produção, podemos concluir que o mais condizente com a moderna administração é a produção puxada. No entanto, embora muito similar, o modelo de produção atual – pautado no pedido – é consideravelmente mais veloz do que o modelo de produção puxada. As principais diferenças entre ambos são: “o tempo de execução e o grau de customização potencial” (BOWERSOX et al., 2013, p. 22). O modelo de produção impacta diretamente na gestão da cadeia de suprimentos. Lembrando que o objetivo da gestão integrada da cadeia de suprimentos é ofertar um nível de serviço elevado ao cliente, e considerando as particularidades do modelo de produção puxada, a gestão do tempo torna-se primordial. Para tanto, como nos diz Bowersox et al. (2013), adota-se como estratégia a fluidez das informações entre os elementos que compõem aquela determinada cadeia de suprimentos. O papel do consumidor mudou consideravelmente com o advento da internet pois o consumidor tem o poder de influenciar e customizar produtos e pedidos. Antes, o cliente apenas decidia adquirir ou não determinado produto e, agora, o ele pode até mesmo customizar a configuração de seu próprio produto. 1.1 Ciclo do pedido A questão acerca da produção influencia diretamente no ciclo do pedido do cliente, o qual: “ocorre na interface entre o cliente e o varejista e inclui todos os processos diretamente envolvidos no recebimento e no atendimento do pedido do cliente” (CHOPRA; MEINDL, 2012, p. 8). 34 O ciclo do pedido é composto por quatro processos: chegada do cliente, emissão do pedido, atendimento do pedido, e recebimento. O primeiroprocesso constitui-se do momento da chegada do cliente, ou seja, quando este encontra seu canal de contato com a empresa e estabelece seu pedido. A emissão do pedido é, então, o momento em que o cliente decide o que ele deseja adquirir e informa isso à empresa. O próximo passo é o atendimento do pedido, ou seja, quando a empresa se prepara para suprir aquela demanda criada. Por fim, conforme Chopra e Meindl (2012), o ciclo é encerrado no momento em que o cliente se apossa daquele pedido realizado. Figura 1 – Ciclo de pedido do cliente Fonte: adaptada de Chopra e Meindl (2012). 35 Há uma grande relação entre o ciclo do pedido e a satisfação do consumidor, assim, é preciso levar em conta o tempo decorrido entre a chegada do cliente e a entrega do produto. Outro ponto importante, é que todos os prazos fixados sejam cumpridos, além de que, o produto tenha especificações e requisitos previamente estabelecidos. De acordo Gonçalves (2013), a comunicação entre consumidor e empresa também impacta diretamente na percepção do cliente e, por fim, a flexibilidade no atendimento das necessidades do cliente, independente do momento do ciclo, impactará sua experiência de consumo. O ciclo do pedido, ou de serviço, possui os elementos controláveis dos processos logísticos. Ballou (2007) ressalta que os tempos de transmissão, processamento e mensagem são os únicos que atuam de maneira independente dentro do ciclo do pedido, contudo, o que dita sua fluidez é a escolha do método de transmissão do pedido, as políticas de estocagem, as escolhas dos modais de transportes, e outros métodos de programação. Mais uma vez, reitera-se o impacto do estoque nos tempos dos ciclos da cadeia de suprimento. É possível ainda, que as empresas adotem padrões diferentes para atuar com diferentes tipos de clientes, de acordo com o seu grau de importância. É interessante que a empresa priorize entregas de clientes que são mais relevantes dentro de sua carteira. Como afirma Ballou (2007), outra situação na qual as empresas podem modificar, propositalmente, o ciclo do pedido é quando as mercadorias encomendadas chegam ao cliente com defeitos. É pensando na absorção do ônus deste tipo de situação, que não deve prejudicar nem cliente, nem empresa, e que estrategicamente são repensados os fluxos, inserindo procedimentos de devolução e reposição de mercadorias, além de ampliar o monitoramento de qualidade. Tudo isto, acarretará um aumento no tempo do ciclo. 36 Por fim, o ciclo do pedido também será impactado quando adotado como estratégia a imposição de tamanho mínimo de pedido. Pedidos com lote mínimo, que apresentam redução dos custos, tem também maior rapidez de entrega. No entanto, segundo (BALLOU, 2007), há casos em que a imposição de lotes mínimos aumenta o ciclo do pedido. Para completar é importante saber que o ciclo do pedido é apenas um dentre os ciclos envolvidos nos processos das cadeias de suprimento. Os quatro ciclos da cadeia de suprimentos são: ciclo do pedido do cliente, ciclo de reabastecimento, ciclo de fabricação e ciclo de suprimentos (CHOPRA; MEINDL, 2012). 1.2 Operador logístico Os temas em cadeia de suprimentos, sempre retornam à questão da satisfação do consumidor e do fluxo de informação entre os elos da cadeia de suprimentos, neste sentido, emerge um novo elemento o “operador logístico”, que de acordo com Pozo (2015, p. 176) é “um fornecedor de serviços logísticos integrados, capaz de atender a todas ou quase todas as necessidades logísticas de seus clientes, de forma personalizada”. Bowersox et al. (2013) afirmam que, diante de tantas mudanças no mercado, as empresas têm optado por especializar-se em suas atividades fim, em que a terceirização de serviços e processos emergiu como estratégia. É neste contexto que o operador logístico se enquadra com perfeição, pois desempenham funções muito específicas, dentre as quais destacamos os serviços de transporte e depósito. Quanto aos transportes, os autores continuam, em primeira instância, para internalizar esta função, pois a empresa precisa adquirir veículos de transporte ou ter conhecimento para eleger os modais mais adequados. Isto torna-se pouco atraente à medida que há inúmeras transportadoras 37 especializadas em movimentar produtos entre diferentes posições geográficas e elementos da cadeia de suprimentos. A vantagem de se contratar um operador logístico de transporte é que eles possuem a expertise, a tecnologia e os modais de transporte mais adequados e preparados para atender aos desafios impostos. A adoção de operadores, por exemplo, favorece a estratégia de adoção de canais de transporte multimodais, gerando valor. Neste modelo de operador de serviços de transporte, como dizem Bowersox et al. (2013), o operador está localizado em diferentes elos do ciclo do pedido, mas sempre atuando de forma segmentada. Há também os operadores que oferecem serviços de depósito, os quais são, tradicionalmente, chamados de depósitos independentes. Como já abordamos, a adoção da estratégia de terceirização do depósito traz como vantagem a redução de investimentos na construção desses, e também a capacidade de consolidar volumes de cargas menores. Tal estratégia, portanto, contribui com a eficiência do transporte e há sempre a possibilidade de se operar com depósitos próprios e terceirizados concomitantemente (BOWERSOX et al., 2013). De acordo com Bowersox et al. (2013), nos anos de 1980, nos Estados Unidos, a partir da promulgação da Lei da Reforma e Modernização Regulatória das Empresas de Transporte Rodoviário, Ferrovirário, e da Lei Ferroviária Staggers, os serviços de transportes foram desregulamentados, em que “essa tendência se estendeu por todo mundo e desregulamentou o transporte na maioria das nações industrializadas de livre mercado” (BOWERSOX et al., 2013, p. 19). Neste contexto, os serviços logísticos se modificaram passando a atender de forma integrada e multifuncional, passando a assumir a denominação de prestadores de serviços integrados – Integrated Servise Providers (ISPs) – e a atender todos os processos envolvidos no ciclo do pedido a partir do momento de seu recebimento” (BOWERSOX et al., 2013, p. 19). 38 Há duas classificações aceitas para os prestadores de serviços integrados: com base em ativos e sem ativos. O primeiro tipo, é a classe das empresas que possui os equipamentos de transporte e instalações de depósitos; já o segundo, é aquele grupo que presta serviços de informação para as cadeias de suprimentos. Pozo (2015) elenca as características dos operadores logísticos tradicionais como sendo: • Presta serviços genéricos (commodities). • Concentra em uma única atividade logística. • Minimiza custos específicos da atividade prestada. • Contratos de serviço que vão do curto ao médio prazo. • Expertise especializada em um único tipo serviço. • Negociações para contratos são rápidas e se limitam ao nível operacional. De acordo com o mesmo autor, os operadores logísticos modernos, apresentam as seguintes características: • Ofertam serviços personalizados. • Ofertam múltiplas atividades de maneira integrada. • Reduz custos logísticos totais, aumenta a flexibilidade e melhora os serviços. • Contratos estabelecidos à longo prazo. • Expertise na análise e planejamento logístico. • Negociações para contratos são longos e em nível gerencial. 39 A contratação de operadores logísticos, de acordo com Bowersox et al.( 2013) modifica o ciclo do pedido e o arranjo da cadeia de suprimentos tornando-a mais eficiente. Além disso, auxilia na configuração de redes de suprimentos integradas e sinérgicas, as quais priorizam a fluidez de informações. 1.3 Modelo de operações na cadeia de suprimentos (SCOR) O modelo de operações na cadeia de suprimentos SCOR é o primeiro modelo de referência para a gestão das operações na cadeia de suprimentos. Ele foi desenvolvido pela Supply Chain Council (Conselho para a Cadeia de Suprimentos), noano de 1997, e objetiva estabelecer um método para o alinhamento entre as operações da cadeia de suprimentos e os objetivos organizacionais. Esse modelo ainda fornece subsídio para a análise de desempenho da cadeia de suprimentos (BALLOU, 2007; SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010). O modelo oferta a capacidade de servir como referência à padronização das atividades na cadeia de suprimentos. Por intermédio dele é capaz de se fazer uma análise da integração interoganizacional no que tange ao produto e, por oferecer um indicador claro e único, permite a comparação de desempenho entre as empresas membros do conselho. De acordo com Ballou (2007), o método é eficiente, pois seu escopo é capaz de abranger todos os aspectos da demanda, consegue descrever os processos envolvidos na produção de cada produto e/ ou a infraestrutura da empresa, incluindo os processos que atendem aos componentes de planejamento, suprimento, produção, entrega e retorno. Quando se aplica o método SCOR, a modelagem da cadeia de suprimentos ocorre de maneira rápida e eficiente, uma vez que o método permite uma visão global da cadeia de suprimentos. O método é capaz ainda de analisar comparativamente a situação vigente da cadeia 40 de suprimentos com relação ao cenário idealizado. Para Pires (2016), a partir desta análise é possível identificar quais são os entraves, gargalos, falhas ou oportunidades de melhoria dentro da cadeia de suprimentos executando o que chamamos de benchmarking, ou seja, comparação ente cenários almejados pela organização e cenário atual. Na prática, o modelo descreve as atividades que ocorrem em cada um dos participantes da cadeia de suprimentos, independentemente de sua atividade fim. Os processos são mapeados e é possível compor um elemento gráfico que se chama diagrama ou linha do processo. Os indicadores chave neste contexto são a confiabilidade, flexibilidade e capacidade de resposta, despesas, ativos e utilização (BALLOU, 2007; SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010). A confiabilidade na cadeia de suprimentos é mensurada com base nos índices de atendimento dos seguintes requisitos: atendimento no prazo, Lead time de atendimento do pedido (tempo decorrido entre pedido feito pelo cliente e seu recebimento), índice de atendimento, atendimento do pedido perfeito. Para mensurar a flexibilidade temos como base o tempo de resposta da cadeia de suprimentos e a flexibilidade do produto na sua chegada. Quanto ao critério despesas, descrito por Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010), são considerados: os custos com a gestão da cadeia de suprimentos, custos com garantias expressos como porcentagem da receita e o valor agregado por funcionário. Quanto aos ativos/utilização os indicadores são: dias de estoque, tempo de ciclo de caixa, giro nos ativos líquidos. É claro que as cadeias de suprimentos não necessariamente precisam trabalhar com todos os indicadores. A escolha acerca de quais utilizar dependerá do tipo de cadeia de suprimento em questão, do tipo de produto e do que faz sentido naquele contexto. Embora, mais indicadores gerem uma análise mais precisa, é preciso lembrar que há um grande esforço em mensurá-los e que, diante de tantas responsabilidades na gestão da cadeia de suprimentos, devemos evitar 41 gastos de tempo e trabalho desnecessários (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010). Segundo Pires (2016), os processos de negócios envolvem as etapas de planejamento, de abastecimento, de produção, de entrega e de retorno, cada um deles em sintonia com o modelo de produção (puxado/ empurrado). A primeira etapa: planejamento, inicia-se respondendo questões relativas à demanda e, em um segundo momento, traz questões referentes ao suprimento, tomando decisões acerca do que será produzido internamente, o que será adquirido e/ou terceirizado. A segunda etapa é a de abastecimento (source) e é responsável por fornecer respostas acerca do suprimento e das infraestruturas necessárias à sua produção. A etapa produção, conforme lemos em Pires (2016), é a terceira e diz respeito às atividades de transformação do produto pela empresa. As duas últimas etapas são: entrega e retorno, sendo que a primeira abarca questões de gestão da demanda e de pedido, almoxarifado, transportes etc. Como descreve Pires (2016), a etapa retorno, trata dos processos de devolução de produtos, ou seja, de logística reversa, que pode ocorrer tanto por devoluções de materiais e produtos com defeitos quanto por processos de questões ambientais. Os indicadores do SCOR podem ser comparados entre pares, cadeias de suprimento do mesmo segmento, mas ainda há um valor de referência comparativo com relação àquelas que apresentam os melhores resultados na categoria (best-in-class) (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI- LEVI, 2010). Com todas as vantagens da adoção do modelo SCOR mencionadas, vale dizer que seu uso é adequado a cadeias de suprimentos complexas, 42 normalmente oriundas de operações de grandes empresas. Para as pequenas empresas, a adoção de algumas orientações e indicadores do modelo é útil para a definição das atividades da empresa, do escopo do processo e atividades de complexidade simples (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010). A partir do modelo SCOR, emergiu o modelo DCOR (Referência para as Operações da Cadeia de Projeto), que conecta os processos de negócio, os indicadores, as melhores práticas e as características tecnológicas em uma única estrutura de apoio à comunicação entre os parceiros de projeto da cadeia” (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010, p 447- 448). O método DECOR foi desenvolvido pela Hewlett Packard (HP) e é capaz de melhorar a eficiência da cadeia de suprimentos, incluindo a cadeia de desenvolvimento. A principal diferença é que esse modelo trata de outros processos relativos ao desenvolvimento e pesquisa do produto, tendo como foco a renovação dos produtos, tecnologias e principais processos em execução. Ele avança com relação ao SCOR à medida que, ainda no projeto, envolve as decisões relativas à cadeia de suprimentos (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010). O modelo de produção adotado pela empresa ditará uma série de consequências e fatores que deverão ser geridos pela cadeia de suprimentos. Preferencialmente, na atualidade, trabalha-se com o modelo de produção puxado que permite a flexibilidade no atendimento ao cliente e nos processos internos da cadeia de suprimentos. Como visto, dentre todos os ciclos da cadeia de suprimentos, o do pedido é o que mais interfere na satisfação do consumidor e é por isso que uma série de medidas e condutas devem ser tomadas no intuito de minimizar seu tempo. Assim, sugere-se a contratação de operadores logísticos integrados, os quais são capazes de realizar de forma eficiente as operações logísticas, as empresas ficam livres para investir tempo e recursos em suas atividades fim. Para finalizar, a eficiência da cadeia 43 de suprimentos pode ser mensurada pelos indicadores propostos pelo método SCOR, ou utilizando-o como referência. Tudo isso deve ser levado em conta durante a projeção da rede de suprimentos e em seu planejamento. Referências Bibliográficas BALLOU, Ronaldo H. Empresarial. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/ Logística Empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. BOWERSOX, D. J. et al. Gestão Logística da Cadeia de Suprimentos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo: Prentice Hall, 2003. GONÇALVES, Paulo S. Logística e cadeia de suprimentos: o essencial. Barueri: Manole, 2013. PIRES, S. R. I. Gestão da Cadeia de Suprimentos: conceitos, estratégias, práticas e casos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016. POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2015. SIMCHI-LEVI, David; KAMINSKY, Philip; LEVI, Simchi-Edith. Cadeia de suprimentos: projeto e gestão. 3. ed. Porto Alegre:Bookman, 2010. 44 Planejamento de sistemas de distribuição e gerenciamento da logística empresarial Autoria: Larissa Maria Palacio dos Santos Leitura crítica: Ana Carolina de Moraes Luccarelli Objetivos • Apresentar a importância da organização para a cadeia de suprimentos. • Apresentar os três formatos de organização para cadeia de suprimentos. • Explicar o processo de planejamento da cadeia de suprimentos. • Mostrar os desdobramentos do processo de planejamento da cadeia de suprimentos. 45 1. Cadeia de suprimentos – Gerenciamento A cadeia de suprimentos é bastante complexa, na medida em que é composta por uma série de empresas que possuem suas próprias estruturas de processos, e que há uma série de fluxos e operações ocorrendo de maneira concomitante. Contudo, essa sincronia entre os elos da cadeia de suprimentos demanda de uma gestão competente. É preciso compreender que não só a sinergia entre fornecedores e consumidores fará com que tudo funcione, por isso, é preciso que haja uma estrutura de gestão, independentemente do formato. Além disso, o gestor deve ter sob sua responsabilidade, o planejamento de todas as operações da cadeia de suprimentos. Nesta Leitura Digital, destacamos os principais aspectos acerca da organização e do planejamento da cadeia de suprimentos. 1.1 Organização O gerenciamento da cadeia de suprimentos é a integração de todas as atividades logísticas e seu gerenciamento estratégico, cujo foco, segundo Ballou (2006), é atender ao nível de satisfação dos clientes. Para que tudo funcione de forma adequada a palavra-chave é “organização”. Para a administração a organização é a parte responsável por criar planos estratégicos, por implementá-los e, por fim, por avaliá-los. O grande desafio organizacional é gerir os recursos humanos que compõem as diferentes funções e estruturas organizacionais com excelência. As variáveis humanas são inúmeras e, portanto, é difícil prever as múltiplas estruturas organizacionais que podem emergir das possibilidades de combinações, por isso, para organizar uma empresa é necessário seguir algumas diretrizes básicas. Ballou (2006) propõe que a organização da gestão logística seja dividida em quatro partes: 46 1. Organização do projeto logístico. 2. Opções de formatos à disposição da gerência. 3. Gerencia logística em diferentes organizações. 4. Alternativas de estrutura organizacional. Sobre a organização do projeto logístico é preciso salientar que a gestão do fator humano é imprescindível, desta forma, é preciso orientar as pessoas que representam cada uma das atividades logísticas em sinergia para que trabalhem de forma cooperativa. Dada à especificidade e à complexidade das atividades logísticas, Ballou (2006), há que se considerar que sempre haverá alguma estrutura ou arranjo organizacional envolvido na gestão logística, seja ele informal ou formal. São muito comuns os casos em que a organização das atividades logísticas é centralizada de acordo com as três funções primárias da gestão: finanças, operações e marketing. Esta é uma forma tradicional da organização que, todavia, fragmenta as atividades logísticas. Assim, o que se observa é a atribuição da atividade de transporte à área de operações, o estoque sendo atribuído às três funções da gestão e, por fim, o processamento de pedidos com responsabilidades divididas. Como consequência, verifica-se um nível de atendimento baixo, devido ao conflito de interesses entre as diferentes áreas. De acordo com Ballou (2006), é preciso haver uma estrutura gerencial capaz de fazer com que estas três áreas atuem de forma a atender um objetivo único, sempre centrado na satisfação do consumidor. Por tudo isto, a organização da estrutura organizacional que leva em conta a definição de responsabilidades e estrutura hierárquica, garante a qualidade dos serviços prestados, e que a operação se dê da forma planejada. Quando bem estruturada, além disso, a atividade logística pode ser replanejada com base nos insumos ofertados pela avaliação de desempenho. 47 De acordo com Ballou (2006), cada uma das linhas operacionais das atividades logísticas como processamento de pedidos, tráfego e armazenagem de materiais deve ocorrer de forma supervisionada. Porém, é indispensável que haja uma estrutura maior, um gestor com uma visão global da cadeia de suprimentos e que consiga gerenciar de forma equilibrada todas essas atividades e operações. Cada tipo de atividade empresarial exige uma organização específica das atividades logísticas, por isso, não há um formato ou estrutura padrão. Os custos logísticos são muito distintos entre uma e outra atividade, embora quase sempre a logística represente um alto custo para as organizações. Isto quer dizer que indústrias extrativas apresentam produtos finais com baixo valor agregado, que são distribuídos em grandes volumes, e que não são muito diversos. Já as indústrias manufatureiras compram matérias-primas diversificadas para transformá-las em produtos de alto valor agregado. Neste contexto, conforme Ballou (2006), a atividade logística é de suma importância quanto nas entradas do sistema, quanto na saída e distribuição. As indústrias de serviços exigem uma gestão de materiais muito eficaz, podendo ter custos logísticos significativos. As empresas de comercialização, por sua vez, que são os distribuidores ou varejistas, não atuam na transformação de matérias-primas e, normalmente, compram suprimentos de fornecedores que não estão localizados nas proximidades. Ballou (2006) descreve que estes operadores revendem os itens em pequenas quantidades ou com combinações diversificadas distribuindo quase que localmente (ou entorno). Para esta finalidade, a maior preocupação logística é com a distribuição física dos materiais. Diante de todo o exposto é inegável a necessidade de, independentemente do tipo de empresa, nutrir alguma forma ou estrutura organizacional, sendo que há diversas opções, sendo cada uma 48 delas mais adequada a um tipo de empresa. É preciso lembrar também que as estruturas podem ser informais, semiformais ou formais. Como diz Ballou (2006), a compreensão pela organização do tipo informal ocorre quando as áreas organizacionais e seus representantes atuam de forma sinérgica e cooperativa sem que seja necessário realizar alguma mudança estrutural na empresa. Assim, o atingimento dos objetivos se dá por intermédio do diálogo, da compreensão e da persuasão entre os gestores/coordenadores de diferentes áreas. Quando as empresas optam por gerir as operações de maneira isolada é possível que se faça necessário um esforço maior para chegar aos objetivos logísticos. Desta forma, uma possível estratégia é criar um sistema de incentivos que favoreça a coordenação entre essas diferentes atividades para que seja possível dispensar a criação de uma estrutura de gestão. Tal sistema deve ser elaborado com base na transferência de custos entre as atividades logísticas, para que não haja conflito de interesse entre as áreas. Isto porque pode ocorrer, por exemplo, de que determinada escolha de transporte incorre em nível de estoque alto, o que contrapõe os objetivos da efetiva gestão de estoques, mas que, ao final, contribuirá para que os objetivos da cadeia de suprimentos sejam alcançados. Uma segunda alternativa seria o compartilhamento de custos, unindo as economias de custos das diferentes áreas operacionais. Desta forma, as despesas seriam igualmente divididas e a economia de custos poderia ser repassada aos salários, por exemplo. Esta alternativa, para Ballou (2006), é conhecia como plano de participação de resultado. A terceira opção seria criar comitês de coordenação, ou seja, reunir um representante de cada uma das áreas. Trata-se de uma estratégia bastante eficiente, mas que possui algumas fragilidades, como a falta de poder para implantação de algumas soluções. É por isso que a figura de um diretor ou coordenador executivo torna-seindispensável quando 49 não se faz alterações na estrutura organizacional para integrar as áreas, pois são eles que diante das opiniões elencadas dentro dos comitês irão garantir sua implementação, e realizarão o acompanhamento das operações e seu impacto com relação ao alcance dos objetivos logísticos. Quanto à organização semiformal podemos compreendê-la como sendo a estrutura de organização matricial. Nesta estrutura, existe a figura de um gerente logístico, ou de um gestor da cadeia de suprimentos, que é responsável pelo sistema logístico, embora não atue de forma direta em nenhuma das atividades logísticas. Assim, toda a estrutura organizacional sem interferências; contudo, Ballou (2006) afirma que a gestão das atividades componentes é sempre compartilhada entre o gestor da cadeia de suprimentos e o gestor daquela área em questão. Neste tipo de organização da cadeia de suprimentos, todas as atividades devem ter os custos justificados por seu gestor, para que, juntos, consigam atingir seu programa logístico. Esse compartilhamento de gestão pode ocorrer tanto para atividades que são realizadas dentro quanto fora da organização, no caso de a empresa optar por terceirizar alguma etapa ou função da cadeia de suprimentos. Este modelo é um intermediário entre a organização formal e a informal e, embora apresente resultados muito satisfatórios, pode ser permeado por conflitos organizacionais a medida que as hierarquias e os poderes ficam difusos e horizontais. Por fim, segundo Ballou (2006), a estrutura de organização formal tem como característica predominante a apresentação de linhas de autoridade muito bem estabelecidas e claras. Normalmente, há a figura de um gestor logístico que assume posição de comando. Tornar a gestão da cadeia de suprimentos uma estrutura formal na empresa é algo que ocorre quando as demais alternativas não apresentam o sucesso necessário, ou seja, não atingem aos objetivos propostos. Outro fator que pode levar à adoção de tal tipo de estrutura é a importância que a logística tem para aquela determinada empresa. 50 Embora não exista um modelo padronizado que possa ser utilizado por diferentes tipos de empresas, Ballou (2016) destaca um modelo de estrutura organizacional que pode servir como orientação às empresas, conforme ilustra a Figura 1. Figura 1 – Modelo de organização formal para a logística Fonte: adaptada de Ballou (2016, p. 548). Observe que no organograma, a logística ocupa a mesma posição hierárquica que as demais funções administrativas. A vantagem advinda desta posição é a participação do gestor logístico em decisões econômicas da organização e na resolução de conflitos. As categorias internas da logística atuam de forma independente, tendo um gestor para cada e, usualmente cada pequena gestão se dá de forma separada, contudo, há uma estrutura formal ou semiformal de união entre elas, que se dá por intermédio da figura do gestor logístico, como descreve Ballou (2016) 51 1.2 Planejamento O planejamento da cadeia de suprimentos é a responsável por coordenar todos os processos envolvidos na cadeia como um todo, objetivando atender ao nível de satisfação dos consumidores. A capacidade de flexibilização da produção e a colaboração entre os elos, especialmente nas relações de fornecimento tem de ser geridos de maneira eficaz para que o último elo da cadeia de suprimentos (o cliente) seja atendido no tempo, na qualidade e nas especificações requeridas (BOWERSOX et al. 2013) De acordo com Bowersox et al. (2013, p. 126) “os três fatores que orientam o planejamento eficaz são: 1. visibilidade na cadeia de suprimentos; 2. consideração simultânea de recursos; 3. utilização de recursos.” A visibilidade na cadeia de suprimentos, primeiro fator, diz respeito à visibilidade dos recursos materiais na cadeia (BOWERSOX et al. 2013). Por exemplo, saber situar quanto se tem de cada item em estoque, ou em qual etapa do processo localiza-se uma determinada encomenda, são aspectos da visibilidade. Para obtê-la, faz-se necessário o uso de tecnologias da informação. No entanto, destaca-se que não basta conseguir visualizar os materiais no estoque, é imprescindível que seu gerenciamento seja realizado. Em outras palavras, ao identificar nível crítico de estoque, ou alguma necessidade adicional, é necessário atuar sobre ela. Ou seja, a visibilidade serve de auxílio aos processos gerenciais. A consideração simultânea de recursos é o segundo fator, que consiste em considerar a combinação entre “demanda, capacidade, requisitos 52 de materiais e restrições da cadeia de suprimento da cadeia de suprimentos” (BOWERSOX et al. 2013, p.126). Em outras palavras essa consideração simultânea de recursos é a representação dos requisitos da qualidade exigidos pelo cliente – pontualidade na entrega, quantidade de produtos, localização. Lembrando que a qualidade é o atendimento a tudo que foi acordado com o consumidor no momento da compra, ou seja, todas as suas expectativas e padrões previamente estabelecidos. No que tange às restrições, podemos entendê-las como restrições físicas, de produção e das instalações. Isto é, o gerenciamento eficaz, que almeja alto desempenho na cadeia de suprimentos, tem de levar em conta todos os recursos e restrições simultaneamente. Além disso, conforme Bowersox et al. (2013), diante das restrições cabe uma análise acerca de aumentos de custos funcionais que ocasionarão uma redução nos custos totais. O terceiro, e último fator, é a utilização de recursos, pois, como se sabe a gerência da logística empresarial envolve o uso de muitos recursos organizacionais e que cada um desses recursos deve ser utilizado de maneira racional, para a minimização dos custos de produção. A abordagem coordenada dos recursos irá avaliar as necessidades do serviço, minimizando os recursos ao longo de toda cadeia, pensando, certamente, nos excessos de estoques que poderiam ser gerados na medida em que cada área se concentrasse na sua redução de custos (BOWERSOX et al. 2013). Dentro do escopo do planejamento da cadeia de suprimentos, existem algumas aplicabilidades que podem ser consideradas genéricas, por serem replicadas em grande parte dos processos de planejamento, por exemplo, o planejamento da demanda, da produção e logístico. 53 Para os autores (BOWERSOX et al. 2013), o planejamento da demanda consiste em realizar previsões que irão orientar os processos da cadeia de suprimentos. Esta previsão aplica-se, especialmente, aos sistemas de produção do tipo empurrados. Cada vez mais, esse processo aumenta em grau de complexidade, já que diante da redução do ciclo de vida dos produtos, torna-se necessário ter maior flexibilidade na gestão e maior consistência na determinação de necessidades de materiais. A previsão da demanda não é baseada no instinto do gestor, mas sim em históricos da demanda, informações acerca de eventos, mudanças no ambiente político e econômico, planos de marketing, ações promocionais, entre outros. Existem técnicas, métodos procedimentos que amparam a realização de tal previsão (BOWERSOX et al., 2013). Há que se considerar que sempre há a possiblidade de ocorrer um erro na previsão, pois esta funciona melhor para curto prazo, e tende a ser menos eficiente a medida que o horizonte do planejamento se amplia. Por fim, há que se ressaltar que as previsões agregadas são mais precisas (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2009). Acerca dos métodos de previsão da demanda, Simchi-Levi, Kamisnky e Simchi-Levi (2009) destacam a existência de quatro categorias principais: • Métodos baseados em julgamento envolvem a avaliação da opinião de especialistas. • Métodos baseados em pesquisas de mercado envolvem estudos qualitativos do comportamento do consumidor. • Métodos baseados em séries históricas são métodos matemáticos em que o desempenho futuro é extrapolado a partir de dados do desempenho passado. • Métodos causais são métodos matemáticos emque as previsões são geradas com base em uma variedade de variáveis do sistema. (SIMCHI- LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2009, p. 94) 54 É preciso que a previsão da demanda seja consistente, independentemente do ponto da cadeia de suprimentos que observarmos, além disso, todos os canais e pontos devem estar de acordo e cientes das informações quando for elaborar suas estratégias internas. Não se pode, por exemplo, anunciar a promoção de um produto, ampliando seu volume de vendas, se não se certificar da disponibilidade do item em estoque, ou, até mesmo, da disponibilidade da matéria-prima para sua fabricação (BOWERSOX et al., 2013). A partir da gestão da demanda é criado um plano de produção, ou seja, são definidas as estratégias viáveis à produção. Com isso, é possível saber quantos itens deverão ser produzidos e qual o prazo de entrega de cada um deles. Para tanto, as restrições devem ser levadas em conta, sem perder de vista a redução de custos, ou seja, a operacionalização a custos mínimos. Ainda nesta etapa é identificado qual item deverá ser priorizado na produção, ou que deve ser produzido de maneira antecipada, e de quais deles devem ser mantidos estoques – ainda que em baixos níveis. Como resultado do planejamento de produção obtêm- se “um plano sequencial para fabricar os itens corretos de modo pontual, ao mesmo tempo em que se opera dentro das restrições de instalações, equipamentos e mão de obra” (BOWERSOX et al., 2013, p. 128). A etapa de planejamento logístico, por sua vez, é a etapa responsável por coordenar o transporte, o armazenamento e o estoque na cadeia de suprimentos. É preciso considerar que, na atualidade, o gerenciamento dos transportes se dá de forma integrada, tanto no que tange aos pedidos de matérias-primas – cujos fretes não são inclusos –, quanto nas saídas, quando trabalhava com clientes e suas transportadoras. Esse novo padrão, conforme Bowersox et al. (2013), substitui o antigo, que trabalhava os transportes de maneira isolada e que, por consequência, era limitado no que à redução de custos operacionais. 55 Neste gerenciamento integrado dos transportes, é preciso analisar as formas de se obter economias de escala, por exemplo, consolidando cargas, como vimos em temas anteriores. É por intermédio destes sistemas de planejamento que ocorre o compartilhamento de informações entre transportadores, prestadores de serviços e outros, o que é vital para a eficiência da gestão da cadeia de suprimentos. De acordo com Bowersox et al. (2013), para que seja possível esse gerenciamento eficaz e planejamento efetivo, é imprescindível que os sistemas de informações sejam combinados ao S&OP (Sales and Operations Planning, ou Planejamento de Vendas e Operações). Como observado ao longo desta leitura, há mais de uma forma de se organizar uma cadeia de suprimentos, e nenhuma delas é mais eficiente que a outra. Podemos, então, considerar estruturas informais, semiformais e formais, contudo, a escolha de qual a melhor forma de organização dependerá de uma análise apurada dos elementos da cadeia. É possível que essa estrutura parta de algo mais leve e menos hierarquizado para uma estrutura formal, quando o primeiro modelo não atende às necessidades do consumidor final, ou quando se identifica a necessidade de maximização de lucros ao longo da cadeia. Toda esta análise é possível de ser amparada por intermédio do planejamento da cadeia de suprimentos, o qual se dá nos níveis da previsão de demanda, da produção, e da logística. De toda forma, a mensagem final é a de que a cadeia de suprimentos é mais eficaz quando o fluxo de informações e a visibilidade das mesmas é bastante clara. A partir disto, é possível que os gestores tomem decisões mais assertivas tanto no que tange à organização, quanto ao planejamento. Bowersox et al. (2013) destacam que a o sistema de planejamento pode trazer três benefícios principais à cadeia de suprimentos. “São eles: capacidade de resposta a mudanças, perspectiva abrangente e utilização de recursos” (BOWERSOX et al. 2013, p. 139). 56 Referências Bibliográficas BALLOU, Ronaldo H.; EMPRESARIAL. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/ Logística Empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. BOWERSOX, D. J. et al. Gestão Logística da Cadeia de Suprimentos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. SIMCHI-LEVI, David; KAMINSKY, Philip; SIMCHI-LEVI, Edith. Cadeia de suprimentos projeto e gestão: conceitos, estratégias e estudos de caso. Porto Alegre: Bookman Editora, 2009. 57 BONS ESTUDOS!