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Funções Básicas da Linguagem: Fluência MOGI DAS CRUZES 2022 1 Curso: Fonoaudiologia Trabalho ministrado pela Professora: Vanessa Falbo Simões Mariano Grupo Vermelho: Iasmin Monsão Michelli Negrelli Natália Gomes Renata Bernardes da Silva 2 Gagueira é uma condição crônica caracterizada principalmente pelas interrupções involuntárias na fala fluente, além de um amplo espectro de consequências. (Artigo científico de Cristiane Moço Canheti de Oliveira e Larissa Jacomini Pereira.) 3 Sumário 1 Introdução............................................................................................... 5 2 O que é Fluência? .................................................................................. 6 3 Causas das disfluências ....................................................................... 7 4 Disfluências Comuns ou outras Disfluências (OD)............................. 8 5 Disfluências Incomuns ou Típicas da Gagueira ( DTG)...................... 9 6 Distúrbios da Fluência ........................................................................ 10 7 Métodos de avaliação ........................................................................... 11 8 Processo diagnóstico ....................................................................12 e 13 9. Curiosidades sobre gagueira .............................................................. 14 10 Referências bibliográficas ...................................................................15 4 Introdução Neste trabalho abordaremos assuntos relacionados à Fluência e Disfluências da fala, com o objetivo de compreender as causas da gagueira, bem como, todo o processo de avaliação, diagnóstico e tratamento. Tais processos justificam a necessidade de considerar na dinâmica avaliativa fonoaudiológica as suas interações com as Funções básicas da linguagem. Para tal diagnóstico, existem fonoaudiólogos especializados em fluência que além de fazer a orientação com relação à saúde, também direciona diagnósticos, tratamentos e reabilitação de transtornos relacionados à fluência. Diante deste processo de alteração no processamento motor da fala, discorremos este trabalho. 5 O que é fluência? Fluência é a habilidade que envolve a participação de múltiplos sistemas neuronais, principalmente, dos processamentos da linguagem, fala, voz e audição. Em outras palavras, a fluência diz respeito à suavidade e a continuidade dos elementos linguísticos, cognitivos e motores necessários para produzir a fala. Para que haja fluência no ato da comunicação é necessário a fala, a audição, o discurso e o tempo estejam sincronizados durante a comunicação. Por outras vias a disfluência, popularmente conhecida como gagueira, é definida pela dificuldade em executar fonemas ou palavras mais complexas em relação a sua formação, pois a gagueira é um déficit psicomotor, portanto há total consciência de discurso, porém há dificuldade na fala concreta em certos fonemas. Por se tratar de um distúrbio, a gagueira pode ser tratada e evoluir significativamente em diversos casos proporcionando melhor qualidade de vida em relação à comunicação. 6 Causas das disfluências A gagueira é uma perturbação da fluência no aspecto do neurodesenvolvimento. Porém, não existe um fator exclusivo que leva a gagueira. Já existem diversos estudos acerca deste distúrbio, porém nenhum deles houve uma conclusão exata. A maioria das pesquisas relatam que ela resulta da interação entre diversos fatores, tais como genéticos, neurofisiológicos e ambientais e é caraterizada por interrupções ou bloqueios na fluência da fala, acompanhada, frequentemente, de esforço e/ou comportamentos de rupturas durante a fala. Em estudos realizados pelo professor Dr J. Scott Yarus, autor de diversos livros, referência internacional sobre a gagueira, compara a causa da gagueira à uma linha de produção, em que vários “setores da produção” são representados por caixinhas em que ao longo do tempo estão em desenvolvimento no nosso cérebro. Segundo ele, em cada “caixinha” existe uma importância e que se não funciona bem, o restante fica comprometido, podendo assim ocorrer a gagueira. Yarus definiu que as caixinhas são representadas na seguinte ordem: · Pensamento (Momento em que se pensa no que vai dizer), · Léxico (Vocabulário adquirido ao longo da vida), · Morfologia (Estrutura das palavras), · Sintaxe (Organização das palavras), · Fonologia (O som da fala) · Produção oral (Articulação da boca). No entanto, constatou-se que para a produção da fala é preciso ser considerado o aspecto neuronal nos diferentes fatores e que ambos estejam em sincronia. As emoções também podem ser um fator que produz a disfluência, por exemplo, a raiva, o medo, a vergonha e também a ansiedade. 7 Disfluências Comuns ou Outras Disfluências (OD) Podemos considerar que ninguém é totalmente fluente, pois em algum momento da fala, pode haver algum fator em que aconteça “falhas” ao comunicar-se e então essas rupturas na fala são caracterizadas como disfluência. No entanto, existem as disfluências que podem ser caracterizadas como Comuns, ou seja, podem acontecer com qualquer pessoa em qualquer momento e não causará dificuldades na comunicação. São elas: · Hesitação (Falar como se estivesse elaborando o que vai dizer. Ex.: Aaaann) · Interjeição ( Inclui palavras desnecessárias ao contexto. Ex.: Tipo assim) · Revisão (Quando eu digo algo, percebo que eu falei errado e me corrijo automaticamente. Ex.: Eu queria... eu quero comer bolo.) · Palavra incompleta (Quando eu nem completo a palavra que eu ia dizer e já faço a revisão. Ex.: Eu fa..... disse que adorei!) · Repetição de frase (Quando eu repito a frase completa para enfatizar o que está dizendo. Ex.: Vamos logo! Vamos logo!) · Repetição de segmento (Quando eu repito uma parte da frase (duas palavras pelo menos) Ex.: Nossa, você é muito legal! Muito legal!) 8 Disfluências Incomuns ou Típicas da Gagueira (DTG) Disfluências Incomuns são aquelas interrupções na fala, que acontecem com muita frequência, prejudicam na comunicação e também requer esforço do falante. São elas: · Repetição de sílabas (Quanto o falante repete a primeira sílaba da palavra. Ex.: Papapato) · Repetição de som (Quando o falante repete uma unidade menor que a sílaba, um fonema. Ex.: PPPPPato) · Repetição de palavra (Quando repete a palavra toda. Ex.: Mas mas mas ) · Prolongamento (Duração inapropriada do som. Ex.: Chhhhuuuva) · Bloqueio (A palavra trava e explode quando sai da boca. Geralmente vem associado à algum tique, pode piscar, levanta os ombros. Ex.: /Pato) · Pausa (Quando quebra um raciocínio e dura 3 seg. ou mais. Ex.: Eu sou..... inteligente) · Intrusão (Palavra intrusa no discurso, ela não faz parte do contexto. Ex.: Eu kikikikik fui passear) 9 Distúrbios da Fluência Dentre os distúrbios da fluência, estão a Taquilalia, a gagueira e a Taquifemia, que representam as duas últimas as principais patologias. Elas podem ser confundidas, pois apresentam manifestações bastante semelhantes. Vejam: · Gagueira É um distúrbio no desenvolvimento da fala na qual os sintomas motores são primários e é considerado um distúrbio crônico envolvendo rupturas involuntárias na fala fluente. É caracterizado pelo excesso de disfluências gagas. · Taquefemia É um distúrbio da fluência nos quais os segmentos da conversação do falante na sua línguanativa são percebidos como muito rápido, irregular ou ambos. É caracterizado por três manifestações principais: Velocidade da fala, excesso de disfluências comuns e falta de consciência do distúrbio. · Taquilalia É uma disfunção no sistema nervoso central, sendo identificada por um ritmo de fala mais acelerado do que o normal, pela incompreensão da linguagem e pela alteração na sequência de sons. Essa alteração da fluência é uma velocidade da fala aumentada. 10 Métodos de Avaliação Ainda não existe um método diagnóstico padrão usado mundialmente, mas esforços estão sendo feitos para que um protocolo comum seja utilizado por todos os profissionais que lidam com os distúrbios da fluência. O fonoaudiólogo utilizará do método que julgar ser o mais eficaz para se chegar a um diagnóstico preciso, porém deverá estar atento a apresentação de características físicas. Depois é feito através da contagem do número de rupturas na fala num intervalo de tempo (5 minutos, por exemplo), do levantamento dos tipos de disfluências presentes na fala, da observação da tensão e movimentos associados, análise do ritmo e da naturalidade da fala. São considerados disfluentes: · Pessoas que tenham 10% ou mais de disfluências típicas, ou seja, comuns. · Pessoas que tenham 3% ou mais de disfluências atípicas, ou seja, disfluência gagas. O fonoaudiólogo deverá observar o paciente nos aspectos: · Tensões musculares associadas ao distúrbio. · Alterações na coordenação pneumofonoarticulatória, que é a respiração e a produção da fala, nesse caso o paciente apresenta alteração e dificuldade para coordenar ambos. · Alterações na modulação da voz, que é a mudança de tonalidade entre um trecho de uma fala e outra. · Movimentos associados, em popular os tiques. · Alterações fonológicas, que são substituições, omissões e ou distorções dos sons da fala. · Alterações emocionais relacionados a fala, que podem ser medo, ansiedade, insegurança, timidez ou vergonha. Importante destacar, portanto, que fatores psicológicos não causam gagueira, mas podem agravá-la nas pessoas geneticamente predispostas. 11 Processo de diagnóstico Após esse olhar clínico do fonoaudiólogo no aspecto dos concomitantes físicos, é necessário registar todo o caminho para se chegar a um diagnóstico. O fundamental estar atento aos passos: · Anamnese É uma prerrogativa do quadro clínico do paciente, em que é feito um levantamento de informações detalhadas, esquematizada que permitam um raciocínio claro para se chegar a um diagnóstico. As anamneses devem conter itens importantes como: identificação do paciente, queixa principal, história da doença atual, história familiar, história pessoal/hábitos e revisão por sistemas. · Avaliação dos aspectos sociais, do convívio ao redor, do ambiente e da observação da interação familiar para compreender históricos do paciente. · Teste de Fluência ABFW, para avaliar mais especificadamente a disfluência, podemos aplicar esse teste, que é um teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. · Teste de STUTTERING SEVERITY INSTRUMENT – SSI, ou no português Instrumento de Gravidade da Gagueira, esse teste foi utilizado com o objetivo de classificar a gagueira em leve, moderada, grave ou muito grave. Esse teste avaliou a frequência e duração das interrupções da fala, assim como a presença de concomitantes físicos associados que podem ser sons dispersivos, estalo de língua, assovio, movimento facial, piscar de olhos, inclinação da cabeça e movimentação das extremidades pés e mãos. · Teste de SPI ( Stuttering Prediction Instrument for Young Children) Riley é aplicado em crianças entre 3 a 8 anos, em que acontece a análise da amostra da fala em cinco tópicos. Duas tabelas contendo o escore total, a porcentagem e a gravidade do distúrbio. 12 · Teste do TOCS ( Test of Childhood Sttuttering ), aplicado em crianças entre 4 a 12 anos em que avalia as habilidades da fluência da fala bem como os comportamentos. O resultado é classificado nos aspectos qualitativos e quantitativos. · Outra forma é filmar o paciente em um diálogo natural para ter uma amostra de fala espontânea e assim usar esse material como auxilio na avaliação e diagnóstico do paciente. · Após aplicar os testes, o fonoaudiólogo deverá fazer um estudo do caso para juntar todas as informações do contexto para elaborar um Plano de tratamento. 13 Curiosidades sobre Fluência · As crianças começam a falar por volta de 1 ano, se elas começarem a falar gaguejando e se o comportamento não desaparecer depois de 6 meses, a gagueira já pode ser diagnosticada. · A gagueira tem cura? Não costumamos falar de cura quando se trata de gagueira, porque a gagueira não é uma doença, é uma condição. Gagueira tem tratamento que podem reduzir de forma significativa os impactos que ela causa. · Você sabia que no Brasil existe o Instituto Brasileiro de Fluência- IBF que é composto por voluntários de diversas áreas como fonoaudiólogos, advogados, pessoas que gaguejam, técnicos de informática bibliotecários e auxiliares que tem o objetivo de viabilizar soluções para gerar e aplicar o conhecimento sobre Fluência e seus distúrbios, principalmente a Gagueira. Foi fundado em 2006 e tem o selo de Acreditação de qualidade da OEA. (Organização dos Estados Americanos). · Que dia 22 de Outubro é considerado o Dia Internacional de Atenção à Gagueira. · Sugestão de filme sobre o assunto: O Discurso do Rei. 14 Referências bibliográficas PALHARINI, TALISSA, ALMEIDA. AVALIAÇÃO DA FLUÊNCIA EM PRÉ ESCOLARES COM GAGUEIRA. VARELLA, DRAUZIO. GAGUEIRA. INSTITUTO DE FONOAUDIOLOGIA BRASILEIRA. GAGUEIRA LEVADA A SERIO. 2020. DISPÕE SOBRE AS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS RELATIVAS AO FONOAUDIÓLOGO ESPECIALISTA EM FLUÊNCIA, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. MOURA, PAULA ”DICAS DA FONO POR PAULA MOURA” AVALIAÇÃO SOBRE FLUÊNCIA, DISFLUÊNCIAS COMUNS E GAGAS, TAQUEFEMIA, GAGUEIRA INFANTIL E ADULTO. QUALIDADE DE VIDA EM INDIVÍDUOS COM GAGUEIRA DESENVOLVIMENTAL PERSISTENTE. Claudia Regina Furquim de Andrade, Fernanda Chiarion Sassi, Fabiola Staróbole Juste E Beatriz Ercolin ATIVIDADES DE FALA E NÃO- FALA: ESTUDO PRELIMINAR Claudia Regina Furquim de Andrade, Fernanda Chiarion Sassi, Fabiola Staróbole Juste E Beatriz Ercolin Aplicação de um teste americano de severidade da gagueira (SSI) em crianças fluentes falantes do Português brasileiro. Andrade, Claudia Regina Furquim de; Juste, Fabiola. História naural da gagueira-estudo I: perfil da fluência Andrade, Claudia Regina Furquim de; Juste, Fabiola. Perspectivas históricas sobre o tratamento da gagueira: Dean Williams Robert W. Quesal, J. Scott Yarus, 15