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Tecnologia em Gestão Pública SUPERIOR Andréa Martins Andujar Fátima Regina Teixeira 2014 GESTÃO DE PESSOAS A577g Andujar, Andréa Martins Gestão de pessoas / Andrea Martins Anduja , Fátima Regina Teixeira. - 2. ed. rev. - Florianópolis : IFSC, 2014. 98p. : il. ; color. Inclui Bibliografia. ISBN: 978-85-62798-34-4 1. Gestão de pessoas. 2. Aprendizagem organizacional. 3. Recursos humanos. I. Teixeira, Fátima Regina. II. Título. CDD: 658.3 Copyright © 2014, Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC. Todos os direitos reservados. 1ª Edição adaptada ao novo projeto gráfico e instrucional do Departamento de Educação a Distância - EaD - IFSC. A responsabilidade pelo conteúdo desta obra é do(s) respectivo(s) autor(es). O conteúdo desta obra foi licenciado temporária e gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através do IFSC. O leitor compromete-se a utilizar o conteúdo desta obra para aprendizado pessoal. A reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. O conteúdo desta obra poderá ser citado em trabalhos acadêmicos e/ ou profissionais, desde que com a correta identificação da fonte. A cópia total ou parcial desta obra sem autorização expressa do(s) autor(es) ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal, artigo 184, Parágrafos 1o ao 3o, sem prejuízo das sanções cabíveis à espécie. Catalogado por: Gizelle Freitas – Bibliotecária – CRB14/792 Ficha Técnica e Institucional [ Reitoria ] Maria Clara Kaschny Schneider [ Pró-Reitoria de Ensino ] Daniela de Carvalho Carrelas [ Diretoria do Centro de Referência em Formação e EaD ] Gislene Miotto Catolino Raymundo [ Chefia do Departamento de Educação a Distância - EaD/IFSC ] Carlos Alberto da Silva Mello [ Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública ] Giovani Cavalheiro Nogueira [ Coordenação Adjunta do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública ] Carolina Neis [ Coordenação - Produção de Materiais Didáticos - EaD/IFSC ] Ana Karina Corrêa Andreza Regina Lopes da Silva [ Projeto Gráfico e Instrucional - Livros didáticos - EaD/IFSC ] Aline Pimentel Carla Peres Souza Daniela Viviani Elisa Conceição da Silva Rosa Sabrina Bleicher INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA PRÓ-REITORIA DE ENSINO CENTRO DE REFERÊNCIA EM FORMAÇÃO E EAD Créditos do Livro EDIÇÃO 2014 [ Conteúdo ] Andréa Martins Andujar Fátima Regina Teixeira [ Revisão de Conteúdo ] Ana Lúcia Ferraresi Schimtz [ Design Instrucional ] Verônica Ribas Cúrcio [ Design Gráfico ] Rafael Martins Alves [ Revisão Gramatical ] Beatrice Gonçalves Sandra Beatriz Koelling [ Infográficos ] Luciano Adorno [ Tratamento de imagens ] Rafael Martins Alves [ Imagens ] Wikimedia Commons <http://commons.wikimedia.org/> Free Images <http://www.freeimages.com/> Shutterstock <http://www.shutterstock.com/> Public Domain Pictures <http://publicdomainpictures.net/> Rafael Martins Alves Prezado estudante, Seja bem-vindo! O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), preocupado em transpor distâncias físicas e geográficas, percebe e trata a Educação a Distância como uma possibilidade de inclusão. No IFSC são oferecidos diferentes cursos na modalidade a distância, ampliando o acesso de estudantes catarinenses, como de outros estados brasileiros, à educação em todos os seus níveis, possibilitando a disseminação do conhecimento por meio de seus campus e polos de apoio presencial conveniados. Os materiais didáticos desenvolvidos para a EaD foram pensados para que você, caro aluno, consiga acompanhar seu curso contando com recursos de apoio a seus estudos, tais como videoaulas, ambiente virtual de ensino aprendizagem e livro didático. A intenção dos projetos gráfico e instrucional é manter uma identidade única, inovadora, em consonância com os avanços tecnológicos atuais, integrando os vários meios disponibilizados e revelando a intencionalidade da instituição. Bom estudo e sucesso! Equipe de Produção dos Projetos Gráfico e Instrucional Departamento EaD/IFSC Sumário Gestão de Pessoas 07 19 31 51 77 Considerações Finais 93 Sobre as Autoras 94 Referências 95 1. A Gestão de Pessoas no Atual Contexto das Organizações 2. Competências Individuais e Competências Organizacionais 4. Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 3. Os Processos de Provisão e de Aplicação de Pessoas 5. Os Processos de Desenvolvimento e de Monitoramento de Pessoas A unidade curricular Gestão de Pessoas visa oportunizar ao tecnólogo de Gestão Pública uma compreensão sobre administração de recursos humanos, por meio da sua evolução ao longo da história das organizações, dos processos que a envolvem e, ainda, conhecendo sua importância para conquista e manutenção do sucesso organizacional. O sucesso das organizações são as pessoas, visto que são elas que pensam, aprendem e executam as atividades organizacionais. Compreender que as pessoas assumem um papel cada vez mais importante nas organizações e que são consideradas por elas como o seu bem mais precioso é fundamental. São as pessoas, com os seus conhecimentos, habilidades e atitudes, que movimentam a máquina organizacional e garantem competitividade às organizações no mundo globalizado. Através do uso adequado do conhecimento humano é que as organizações podem construir a sua vantagem competitiva em relação às concorrentes. Assim, a formação de um gestor comprometido e proativo passa a ser a chave para o sucesso na gestão pública. Com esse foco, a unidade curricular está composta de cinco unidades curriculares que habilitam o aluno a utilizar seu conhecimento nas situações práticas do dia a dia profissional. A exposição do conteúdo curricular está distribuída numa carga horária de 60 horas e tem o objetivo de capacitar o aluno a promover um ambiente organizacional favorável ao alcance de metas estabelecidas por meio do desenvolvimento dos novos conhecimentos agregados, bem como utilização de métodos e tecnologias de gestão de pessoas. A unidade curricular de Gestão de Pessoas A Gestão de Pessoas no Atual Contexto das Organizações Nesta unidade, você conhecerá o conceito de Gestão de Pessoas e desenvolverá competências para compreender a sua contribuição e importância na sobrevivência e desenvolvimento das organizações em tempo de alta competitividade e economia globalizada. Você será capaz de compreender as atividades que integram a Gestão de Pessoas, bem como a importância e a responsabilidade da Gestão de Pessoas para as organizações. Você vai conhecer o conjunto de processos envolvidos na Gestão de Pessoas e que norteiam a atuação do profissional em uma organização. Também compreenderá a estreita relação que há entre resultado organizacional e Gestão de Pessoas, ou seja, entenderá o significado da Gestão de Pessoas. Andréa Martins Andujar Fátima Regina Teixeira UNIDADE 1GESTÃO DE PESSOAS A Gestão de Pessoas no Atual Contexto das Organizações Para o atual contexto das organizações públicas urge a existência de profissionais que se comprometam em possibilitar que a gestão da coisa pública seja menos burocrática e mais ágil, atingindo os resultados esperados pela sociedade, por meio de uma administração gerencial. Portanto, vá além, participe das aulas, apresente o novo, seja um intraempreendedor, aproveite a sua instituição. A Gestão de Pessoas no Atual Contexto das Organizações 9 Contextualização Histórica das Organizações Vivemos o momento da história das organizações em que as pessoas são reconhecidas como o fator fundamental de promoção e manutenção do sucesso empresarial.São os indivíduos, com seus conhecimentos, habilidades e atitudes que garantem, juntamente com a tecnologia, a vantagem competitiva necessária à sobrevivência das organizações no mundo globalizado. Jamais foi dada tanta ênfase à utilização estratégica das pessoas, como instrumento de conquista e manutenção de mercados, como nos dias de hoje. A utilização plena do potencial humano tem requerido mudanças nos ambientes organizacionais em termos conceituais e práticos. O conflito antes existente no relacionamento entre pessoas e organizações, resultante da ideia de incompatibilidade dos objetivos individuais e organizacionais, não mais existe. O surgimento de uma nova postura empresarial, decorrente da percepção de que é necessário conciliar os objetivos dos trabalhadores e os objetivos organizacionais, é prova disso. Nesse universo de mudanças, em que as pessoas são tratadas como talentos e como um novo capital organizacional, em que são consideradas muito mais como parceiras do que como empregados das organizações, em que são estimuladas à proatividade, ao empreendedorismo interno e à inovação criativa, a Administração de Recursos Humanos ganha outras denominações. Surgem nomenclaturas como Gestão de Talentos, Gestão do Capital Humano, Administração do Capital Intelectual e Gestão de Pessoas, como alternativas para traduzir a nova personalidade da área de gerenciamento de pessoas nas organizações. Tais denominações são, portanto, reflexo do novo significado e da importância que essa área assume no contexto organizacional que caracteriza esta Era da Informação em que vivemos. O século XX foi extremamente significativo para a história das organizações, marcado por inúmeras mudanças nas suas diversas áreas, sobretudo na área de Gestão de Pessoas. Nesses cem anos, as organizações viveram três diferentes fases, cada qual com características bem definidas e com abordagens distintas para recursos humanos. A seguir apresentam-se características específicas de cada uma delas, que permitem compreender melhor as práticas de gestão de pessoas utilizadas. [ Para sua melhor compreensão da atual Gestão de Pessoas e das mudanças que a Administração de recursos Humanos sofreu nos últimos tempos, descreveremos a seguir uma pequena revisão da história da evolução das organizações, ocorrida no século passado, mais especificamente a partir da década de 50. ] A primeira fase, conhecida como Era Industrial Clássica ou somente Era Industrial, compreende o período entre os anos de 1900 e 1950, em que há uma intensificação do processo de industrialização iniciado no final do século XVIII. Nessa fase, o número de trabalhadores no setor secundário é superior ao de trabalhadores nos demais setores da economia. A indústria tem um papel preponderante na constituição da riqueza das nações e a estrutura organizacional das empresas obedece ao modelo burocrático e centralizador de administração. Ao mesmo tempo em que a cultura organizacional é do tipo conservadora, o trabalho humano é muito fragmentado e as pessoas são consideradas recursos de produção, assim como as máquinas e os equipamentos. Os patrões e os empregados constituem parcelas distintas e antagônicas de uma mesma unidade social e a Gestão de Pessoas é denominada Relações Industriais. Nessa fase, as pessoas são consideradas como simples apêndices das máquinas, partes desimportantes da organização e, por isso mesmo, facilmente descartadas. A segunda fase, conhecida como Era Pós-Industrial ou Era Industrial Neoclássica, compreende o período entre os anos de 1950 e 1990. Nessa fase, o processo de industrialização mantém-se em crescimento e os empregos no terceiro setor da economia predominam. Os recursos tangíveis de produção, como máquinas e matéria-prima, passam a perder importância para os recursos intangíveis de produção, tais como o conhecimento e a criatividade. A partir daqui expandem-se as transações comerciais de locais para regionais e de regionais para internacionais. A cultura organizacional torna-se menos conservadora e mais aberta à inovação, ao mesmo tempo em que a competitividade cresce entre as empresas, passando de local e regional a internacional. A Gestão de Pessoas no Atual Contexto das Organizações 11 Nessa fase, a Gestão de Pessoas é denominada Administração de recursos Humanos e nela as pessoas alcançam o status de recursos organizacionais fundamentais, embora ainda sejam vistas como recursos de produção e agentes passivos de um sistema que é planejado objetivamente com base nas necessidades da organização. Finalmente, a terceira fase, conhecida como a Era da Informação, é a que compreende o período que se inicia nos anos 1990 e perdura até o presente. Ocorre, nessa fase, uma grande transformação nas economias industriais pela difusão e uso das tecnologias de informação e comunicação. A economia passa a ser global e a informação e o seu processamento tornam-se a essência dessa nova economia. A capacidade competitiva das organizações passa a depender da sua capacidade de criar, processar e aplicar eficientemente a informação; as mudanças tornam-se maiores e mais velozes em função da velocidade das informações. Nas organizações da Era da Informação, os processos têm mais importância que os órgãos; as equipes multifuncionais garantem maior flexibilidade às organizações do que as estruturas rígidas de antes; a capacidade de inovação passa a ser a condição necessária à competitividade de uma organização; as pessoas, com suas competências e múltiplas inteligências, são reconhecidas como o principal diferencial competitivo de uma organização; o conhecimento humano ganha importância, e a sua gestão transforma-se em fator gerador de produtividade; a Gestão de Pessoas se consolida como a nova denominação da área responsável por recursos humanos nas organizações, cabendo-lhe a tarefa de incitar os indivíduos a uma atuação cada vez menos individual e mais coletiva. Vergara (2000) vem corroborar com esse entendimento quando declara serem as organizações, construções sociais onde as pessoas são vitais, pois as organizações não serão nada sem elas. Com isso infere-se a necessidade de penetrar na sutileza das interrelações humanas e na teia que tecem as relações sociais nas organizações. A competitividade na Era da Informação A grande velocidade com que ocorrem o processamento e a difusão das informações, propiciada pela revolução advinda das novas tecnologias, sobretudo das tecnologias de informação e comunicação, é uma das características mais marcantes da história recente das organizações. A revolução tecnológica modificou o valor do tempo, a dimensão do espaço físico e o conceito de comunicação: o tempo adquiriu um valor ainda maior, visto que possibilita realizações; o espaço físico ganhou uma nova dimensão de utilidade, passando de principal a secundário, na realização de atividades coletivas; e a comunicação transformou-se num processo instantâneo, veloz e interativo, aumentando potencialmente as oportunidades e também as ameaças às organizações. A Gestão de Pessoas no Atual Contexto das Organizações 13 As mudanças provocadas pela revolução tecnológica passaram a afetar o comportamento das organizações e o modo como estas disputam os seus clientes. A competitividade passa a ser mais complexa. A concorrência passou a ser muito forte entre elas e a exigir maior flexibilidade e agilidade para se adaptarem ao novo e desenvolverem seus processos. Uma organização é dita competitiva quando a posição que ocupa em relação aos clientes é superior à de seus concorrentes. A chamada vantagem competitiva advém do esforço de atualização que essa organização imprime ao seu ambiente e aos seus processos, e também da postura que assume frente à concorrência. Corroborando com essa afirmação cita-se Lacombe (2012, p. 439), “Fica implícito na conceituação de vantagem competitiva que o valor oferecido a mais pela empresa consiste emfazer algo que além de proporcionar valor, seja difícil de imitar”. Assim, a sua vantagem competitiva será tanto maior, quanto maior for sua capacidade de aproveitamento do potencial humano disponível. Segundo os estudiosos do tema, diversos são os fatores que influenciam a construção de vantagem competitiva de uma organização. Porter (1990) considera que as empresas alcançam vantagem competitiva traçando estratégias de custos, diferenciação e enfoque; Stalk apud Hanashiro et al (2007) afirmam que o fator tempo é uma vantagem chave para que uma organização conquiste competitividade; e Ghemawat apud Hanashiro et al (1986) acreditam que o porte da empresa, o acesso superior aos recursos e clientes, e as restrições enfrentadas por concorrentes são as principais fontes de vantagem competitiva para uma organização. A Gestão de Pessoas assume um papel fundamental nas organizações da atualidade, no que se refere à conquista e manutenção de mercados. Ela adquire um caráter estratégico, uma vez que o planejamento para o adequado aproveitamento do potencial humano é reconhecido como um importante instrumento para o alcance dos objetivos organizacionais e para a construção de diferencial competitivo. A raiz da capacidade competitiva de uma organização está nas pessoas, ou seja, nas competências individuais. São as pessoas, com suas competências, as responsáveis por desenvolverem os diversos processos organizacionais e por realizarem os produtos e serviços que as organizações apresentam ao mercado. Como afirma Lacombe (2012, p. 443), “É preciso que não seja fácil para os competidores conseguir pessoas com as mesmas competências e capacidades”. [ Flexibilidade e agilidade transformaram-se em palavras- chave para o alcance de bons resultados organizacionais. ] O significado de Gestão de Pessoas Como vimos até aqui, a terminologia Gestão de Pessoas é a que mais se aplica para nomear a área de Recursos Humanos nas organizações da atualidade. Vimos também que as pessoas passaram a desfrutar de um novo status no contexto das organizações, saindo da condição de simples recurso organizacional à condição de fator organizacional mais importante. Vimos, ainda, que administrar uma organização segundo os conceitos e as necessidades mercadológicas de hoje em dia significa mais que simplesmente gerenciar pessoas, significa gerenciar com as pessoas. É dessa forma que as organizações buscam atingir os seus objetivos e os objetivos dos indivíduos que nela atuam. É dessa forma que as organizações buscam, sobretudo, manter a capacidade competitiva que necessitam para sobreviver no mundo de economia globalizada. Isso porque, por mais que as estratégias organizacionais sejam diferenciadas e competitivas, para ampliar o período de vigência da vantagem competitiva faz-se necessário saber administrar as pessoas (Lacombe, 2012). A Gestão de Pessoas pode ser definida como a função organizacional que se relaciona às atividades de atração, aplicação, desenvolvimento, manutenção, monitoração e avaliação de pessoas, necessárias ao funcionamento de uma organização e à preservação de sua capacidade competitiva. Para além de sua definição, a Gestão de Pessoas necessita ser compreendida como um conjunto de atividades que são permeáveis ao modo prevalecente de pensar e agir da organização e que sofre os efeitos dessa permeabilidade. Variáveis relativas ao ambiente organizacional interno e externo devem ser consideradas na definição das políticas de Gestão de Pessoas de qualquer organização. Aspectos como a cultura e o clima organizacional existentes, o tipo de estrutura organizacional adotado, as características da empresa, as tecnologias predominantes e as estratégias adotadas para a conquista de mercado devem ser estudados com muito rigor pela Gestão de Pessoas. Lacombe (2012, p. 18) deixa clara essa recomendação de aspectos que devem ser considerados na Gestão de Pessoas, [ Pois bem, chegou a hora de definirmos Gestão de Pessoas. Você sabe o que significa Gestão de Pessoas? Então, vamos juntos descobrir o seu significado? ] A Gestão de Pessoas no Atual Contexto das Organizações 15 É preciso considerar que, embora as pessoas precisem ser administradas pelas organizações, não se pode perder de vista que elas são seres humanos, que querem ser felizes e ter qualidade de vida, que tem outros vínculos além daqueles que mantém com suas organizações e que seus objetivos nunca coincidem integralmente com as da organização, ainda que possam ter muitos pontos coincidentes. Podemos imaginar que quanto mais uma organização reconhece e valoriza as pessoas que nela atuam, tanto mais terá aumentada a sua capacidade produtiva e mais terá condições de oferecer ao mercado as respostas que este espera. Fica claro, portanto, que a Gestão de Pessoas tem inúmeras responsabilidades no que concerne aos resultados de sucesso ou à eficácia de uma organização. Segundo Chiavenato (1999), os objetivos que a Gestão de Pessoas deve procurar atingir são os seguintes: [ Como já sabemos, na Era da Informação as pessoas são consideradas o fator determinante de sucesso de uma organização; deixam de ser um problema para ser uma solução; constituem, por suas capacidades e poder de realização, o seu principal diferencial competitivo; e são tratadas como o mais importante ativo, graças ao valor em potencial que representam. ] ajudar a organização a alcançar seus objetivos e a realizar sua missão (ênfase na eficácia); proporcionar competitividade à organização (emprego adequado da força de trabalho disponível); proporcionar à organização funcionários bem treinados e motivados (instrução e recompensas adequadas); aumentar a autoatualização e a satisfação dos empregados no trabalho (atualização e adequação do trabalho às capacidades individuais); desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho (adequação do ambiente às necessidades dos indivíduos); administrar a mudança (adequação de soluções); manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável (aplicação dos princípios éticos e de responsabilidade social). Segundo a teoria dos sistemas, uma organização pode ser entendida como um conjunto de órgãos e processos, que devem funcionar de maneira integrada, para alcançar determinados objetivos. Cada um dos órgãos tem importância e abrangência definidas, sendo que o seu valor não consiste no que cada um em particular desenvolve, mas nos resultados que conseguem em conjunto. Com esse entendimento pode-se considerar a colocação de Chiavenato (2012, p. 14) ao afirmar que: “A moderna Gestão de Pessoas consiste em várias atividades integradas entre si no sentido de obter efeitos sinergísticos e multiplicadores tanto para a organização como para as pessoas que nela trabalham”. Considerar as organizações como sistemas é considerar que cada um de seus órgãos tem a sua importância e merece atenção; é considerar que os diversos órgãos que integram a estrutura da organização precisam atuar de maneira integrada; é considerar que deve haver interação entre os órgãos e dentro deles uma interação entre as atividades ou processos, que nele são desenvolvidos. Caso contrário, ocorrem uma perda natural de energia e a consequente diminuição de força e capacidade de realização da organização. [ Para falarmos dos processos que são desenvolvidos na atividade de Gestão de Pessoas, parece interessante falarmos primeiro de uma forma de conceber as organizações que é do ponto de vista sistêmico. ] Segundo a teoria dos sistemas, as organizações são consideradas sistemas abertos, vivos, orgânicos que interagem necessariamente com o meio onde estão inseridos. Essa teoria define que cada parte do sistema representa um subsistema do sistema maior que é a própria organização. A Gestão de Pessoas no Atual Contexto das Organizações 17 Os órgãos que integram a organização são, portanto, subsistemas que representam conjuntos de processosque devem ser desenvolvidos em razão dos seus objetivos. A Gestão de Pessoas, como órgão ou parte da organização, constitui-se, portanto, em um conjunto de processos. Chiavenato (1999) considera que são seis os processos básicos desenvolvidos em Gestão de Pessoas: • processo de provisão de pessoas: inclui o recrutamento e a seleção das pessoas de que a organização necessita para funcionar adequadamente; • processo de aplicação de pessoas: inclui a integração e a orientação dos novos contratados; o desenho de cargos; e o acompanhamento de pessoas nos cargos; • processo de recompensa de pessoas: inclui aspectos relacionados à satisfação e incentivos que são oferecidos aos indivíduos pela organização; • processo de desenvolvimento de pessoas: inclui o treinamento, a capacitação, os programas de mudanças e encaminhamento de carreira; • processo de manutenção de pessoas: inclui aspectos de higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho; e • processo de monitoramento de pessoas: inclui banco de dados e sistemas de informações gerenciais. [ Você estudará de forma mais detalhada nas unidades 3, 4 e 5 cada um dos processos que integram a Gestão de Pessoas. Dessa forma, a Unidade 3 apresenta os processos de provisão e de aplicação de pessoas; a Unidade 4, os processos de recompensas e manutenção de pessoas e a Unidade 5, os processos de desenvolvimento e monitoramento de pessoas. Assim, você compreenderá a importância e a responsabilidade da Gestão de Pessoas, bem como a estreita relação dessa área de atividade com os resultados organizacionais, sobretudo em tempos de alta competitividade como o que vivemos. ] Competências Individuais e Competências Organizacionais Esta unidade apresenta informações e conceitos de competências individuais e organizacionais. Com isso você será capaz de entender o que são competências individuais e organizacionais; compreender que o desenvolvimento de competências ocorre mediante processos de aprendizagem; entender a importância de haver, no ambiente organizacional, condições propícias para que ocorra aprendizagem de maneira efetiva. Por fim, você saberá que toda essa mudança no cenário organizacional traz novos desafios e tendências à gestão de pessoas e compreenderá que o novo gestor de pessoas precisa de uma nova visão ao gerenciar para e com as pessoas. Andréa Martins Andujar Fátima Regina Teixeira UNIDADE 2GESTÃO DE PESSOAS Competências Individuais e Competências Organizacionais Competências individuais De acordo com Fleury e Fleury (2000), a palavra competência tem sido utilizada para designar o indivíduo qualificado para realizar uma determinada tarefa. Para eles, significa o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que um indivíduo possui e que se expressa em seu trabalho, afetando o seu desempenho. Nesse sentido, Schmitz (2012, p. 42) argumenta por meio de autores que a competência está implícita em três dimensões individuais: Competências Individuais e Competências Organizacionais 21 ... o aspecto comportamental das competências humanas está relacionado a um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que, de acordo com Fleury e Fleury (2001), McClelland (1986), Robotham e Jubb (1996) e Ruas (2005) encontra suas bases na inteligência e traços de personalidade, podendo, portanto, ser aprendido por meio de treinamento. Defendem ponto de vista semelhante Brandão e Guimarães (2001), ao expressarem que as competências são desenvolvidas no ser humano por meio do processo de aprendizagem que envolve três dimensões: conhecimento (que é o saber), habilidades (que é o como fazer) e atitudes (que é o querer fazer). Nas organizações, segundo Rocha-Pinto (2007), a palavra competência tem a ver com o indivíduo e com a tarefa que ele realiza, associada a resultados; tem a ver, também, com a capacidade do indivíduo de resolver problemas em uma determinada situação. Corroborando com essa afirmação, cita-se Lacombe (2012, p. 21) quando coloca que “Gasta-se mais tempo e dinheiro para consertar problemas causados por pessoas inadequadas do que com uma boa seleção de pessoal”. A competência também pode ser relacionada ao potencial de desempenho apresentado pelo indivíduo, que pode ser mensurado segundo padrões estabelecidos e melhorado mediante programas de treinamento e desenvolvimento. E, nesse sentido, Lacombe (2012, p. 21) traz um destaque “sobre empregados incompetentes” dizendo que “o empregado incompetente, por quem quer que seja empregado, estará sempre contra seu empregador”. A competência individual também envolve a capacidade de tomar iniciativa e assumir responsabilidades em situações de trabalho, isto é, envolve a capacidade de agir de forma responsável e comprometida; de utilizar o saber prático pautado no saber teórico; e de mobilizar e integrar pessoas. Para Rocha-Pinto (2007), a ideia de competência está diretamente associada ao bom desempenho profissional, ou seja, à capacidade de fazer bem feito um trabalho. Ainda Deluiz (apud ROCHA- PINTO, 2007) afirma que a competência é inseparável da ação e os conhecimentos teóricos e/ou técnicos são utilizados de acordo com a capacidade de executar as decisões que a ação sugere. Para ele, a competência baseia-se nos resultados apresentados por um profissional, ou seja, naquilo que ele é capaz de produzir. Desenvolvimento de competências individuais As competências individuais se desenvolvem por meio de aprendizagem. Portanto, entender o que significa aprendizagem é fundamental no estudo de competências. Pois bem, a aprendizagem pode ser definida como o processo através do qual o indivíduo adquire saberes e valores, que são guardados em modelos mentais ao longo de toda a sua vida. A aprendizagem é uma mudança que ocorre no comportamento do indivíduo, na sua maneira de agir e de pensar, no modo como percebe o mundo e as coisas que estão a sua volta. A aprendizagem é um processo que requer motivação por parte do aprendiz e envolve a sua interação com outros indivíduos e com o meio ambiente onde está inserido. A aprendizagem também é resultado da assimilação de novos conceitos obtida pelo indivíduo através de experiência, da prática. Cada pessoa aprende de uma determinada forma ou segundo um determinado estilo. Sendo assim, não há uma fórmula genérica de aprendizagem. No entanto, sabe- se que o estilo de aprendizagem de cada indivíduo consiste na combinação de alguns fatores: a maneira como o indivíduo seleciona e capta as informações; o modo como as organiza e processa; a condição como as compreende e guarda. Competências Individuais e Competências Organizacionais 23 No processo de aprendizagem, a percepção é um fator determinante, pois cada pessoa percebe de forma diferente os diversos estímulos e interpreta a realidade segundo o seu repertório individual, a partir do conjunto de informações que acumulou ao longo de sua existência e que tem disponíveis em sua mente. Com relação aos locais onde ocorre a aprendizagem, a família e a escola são os primeiros ambientes de aprendizagem experimentados pela grande maioria dos indivíduos. Segundo Macedo (2007), na família os indivíduos desenvolvem os seus primeiros hábitos e habilidades; nesse ambiente os relacionamentos que mantêm com outros indivíduos são pessoais e duradouros. De acordo com o autor, no ambiente familiar os indivíduos aprendem padrões de comportamento, assimilam costumes, adquirem valores morais e percebem a existência de um conjunto de papéis distribuídos conforme a posição que cada membro ocupa na organização familiar. Já na escola, segundo o mesmo autor, os indivíduos encontram o que se pode chamar de reprodução do ambiente organizacional. Os relacionamentos que mantêm nesse ambiente são impessoais e temporários; os indivíduos são considerados como membros de grupos; a autoridade e a disciplina se apresentam como fatores essenciais para a manutenção da ordem; e as normas e valoressociais são incutidos nos indivíduos, que os utilizam em seus relacionamentos interpessoais. O mundo do trabalho exige dos indivíduos um contínuo processo de aprendizagem. Os profissionais precisam buscar atualização constantemente para que as organizações se mantenham interessadas em suas competências. Aprender a aprender transformou-se em palavra de ordem. As organizações reconhecem o conhecimento individual como um importante fator de sucesso e competitividade. Sabem que o conhecimento organizacional é decorrente do conhecimento individual, da transferência e incorporação deste à estrutura e à memória da organização. Competências Organizacionais A competência organizacional, segundo Ansoff (1983), é o resultado da interação e da complementação dos conhecimentos, habilidades e atitudes das pessoas que integram uma organização. Prahalad e Hamel apud Hanashiro et al (2007) consideram que as competências organizacionais estão relacionadas aos atributos de uma organização que lhe conferem vantagem competitiva e geram valor distintivo aos seus produtos e serviços, que são percebidos por seus clientes e difíceis de serem copiados por seus concorrentes. Nesse sentido, podemos considerar que as competências organizacionais devem ser construídas em função das estratégias competitivas adotadas por uma organização. De acordo com Porter (1996), as estratégias competitivas são as ações ofensivas e defensivas de uma empresa para criar uma posição sustentável no mercado. Para esse autor, há três estratégias genéricas que podem ser usadas isoladamente, ou em conjunto por organizações, para criarem uma posição no mercado, que se sustente no longo prazo: a estratégia do custo (preocupação com a eficiência produtiva); a estratégia da diferenciação, (preocupação com o desenvolvimento de artifícios para atrair o consumidor); e a estratégia de foco (a definição do alvo que deve ser atingido pela organização). O processo de identificação ou mapeamento de competências organizacionais deve levar em consideração os seguintes aspectos: [ Hoje, em algumas escolas, existe uma tendência de adoção de modelos pedagógicos que priorizem mais o desenvolvimento da criatividade do que o cumprimento de regras e padrões. Isso decorre do fato de que atualmente a capacidade criativa de um indivíduo tem mais valor para as organizações do que sua disposição para obediência a regras, por exemplo. ] [ Para valer-se de suas competências e através delas melhorar a sua atuação no mercado, a organização necessita saber exatamente que competências possui, identificá- las e mapeá-las. No entanto, o mapeamento de competências não é uma tarefa simples, exige esforço e empenho de todos os indivíduos envolvidos. É necessário mapear, também, as competências que ainda precisam ser desenvolvidas. ] Competências Individuais e Competências Organizacionais 25 • deve contar com a participação de toda a administração da organização; • deve envolver pessoas de todas as áreas, funções e unidades de negócios da organização; • deve destacar as atividades, as tecnologias, as habilidades e os recursos mais importantes relacionados aos benefícios e não aos produtos em si, que são oferecidos aos clientes. O desenvolvimento de competências organizacionais As competências organizacionais, da mesma forma que as individuais, são desenvolvidas por meio de aprendizagem. De acordo com Prahalad apud Hanashiro et al (2007), o sistema de competências organizacionais é formado pelo conhecimento incorporado pelas pessoas (conhecimento tácito e conhecimento explícito) e pelo conhecimento incorporado pela empresa, por meio dos seus fornecedores, clientes e consumidores. Para esse autor, o processo de desenvolvimento de competências concentra-se no aprendizado em três níveis: individual, coletivo e empresarial. Fleury (2000) corrobora como Prahalad quando afirma que o processo de desenvolvimento de competências organizacionais origina-se na aprendizagem individual, passando à aprendizagem em grupo e evoluindo para a aprendizagem organizacional, num processo vinculado à gestão do conhecimento. A transferência do conhecimento do indivíduo para o grupo e, depois, para a organização, não é tarefa fácil e tampouco ocorre de um dia para outro. É um processo que se desenvolve de forma lenta. Grande parte dos conhecimentos individuais não se encontra descrita de forma integral nos documentos das organizações; não estão presentes em seus manuais de procedimentos ou em seus arquivos. Muitas vezes o conhecimento mais significativo ou sutil acerca de uma determinada tarefa está apenas dentro do indivíduo que a realiza, isto é, na sua memória, na maneira particular como opera um instrumento ou executa uma ação. Sendo assim, compete à organização criar condições para identificar ou mapear o conhecimento tácito do indivíduo para poder compartilhá-lo com o coletivo. Assim o conhecimento pode ser criado, compartilhado, utilizado e transformado pela organização. É a chamada gestão do conhecimento organizacional. É através do chamado mapeamento de competências que são identificados e registrados os conhecimentos procedentes de cada indivíduo, para serem usados pela organização. Processo de aprendizagem organizacional A aprendizagem organizacional pode ser definida como a capacidade de uma organização de manter, ou melhorar, o seu desempenho no mercado produtivo, a partir das experiências positivas e/ou negativas acumuladas ao longo de sua existência. MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS [ GLOSSÁRIO ] Mapear competências significa identificar as competências que um trabalhador apresenta no ambiente de trabalho e registrá-las. O mapeamento é feito com base na percepção do próprio servidor e de pessoas que observam ou recebem suas entregas, produtos, serviços e comportamentos que afetam os resultados do próprio trabalhador e da sua equipe. No processo de mapeamento de competências, as pessoas respondem a questionários que são desenhados especificamente para a identificação de competências. [ A experiência, da mesma forma que é uma fonte de conhecimento individual, também é uma grande fonte de conhecimento organizacional. O saber originado na experiência de uma organização, conquistada ao longo de sua vida a possibilidade de solução de problemas de forma mais rápida e eficaz. ] APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL [ GLOSSÁRIO ] A aprendizagem organizacional é decorrente de percepções, modelos mentais, conhecimentos compartilhados por indivíduos e experiências vividas pela própria organização ou por outras organizações que lhes servem de modelo. O processo de aprendizagem organizacional é contínuo e tem como ponto de partida a aprendizagem individual, seguida da aprendizagem em grupo. Como já vimos, a aprendizagem organizacional é um processo lento, uma vez que nem sempre os conhecimentos estão descritos em manuais ou mantidos em arquivos na organização. Na maioria das vezes, o conhecimento individual está apenas incutido em quem o detém, principalmente quando se trata de conhecimento tácito. Competências Individuais e Competências Organizacionais 27 De acordo com Dibella & Nevis (1999), o processo de aprendizagem organizacional funciona como um ciclo que apresenta três momentos distintos: a aquisição do conhecimento, a disseminação do conhecimento e a utilização do conhecimento. A aquisição do conhecimento organizacional está relacionada a dois fatores: à experiência dos indivíduos e à experiência de outras organizações. No que concerne à experiência dos indivíduos, esta diz respeito aos seus conhecimentos; às suas habilidades e destrezas; às suas atitudes: ao seu envolvimento com o trabalho; às suas ideias; e a outros componentes, por meio dos quais os indivíduos participam da melhoria contínua dos processos, produtos e serviços da organização. No que concerne à experiência de outras organizações, esta diz respeito à necessidadede mudanças da organização, em função das mudanças ocorridas e percebidas nas organizações concorrentes. A disseminação do conhecimento está relacionada aos mecanismos de socialização através de canais de comunicação disponíveis na organização. A utilização do conhecimento está relacionada à mudança que ele deve operar nos indivíduos, nos processos, na cultura, enfim na dinâmica da vida organizacional. Condições para que ocorra a aprendizagem organizacional A aprendizagem organizacional pode ser facilitada mediante a existência de um ambiente favorável e estimulante. Nesse sentido, existem algumas condições que são consideradas essenciais para facilitar o processo de aprendizagem organizacional. São elas: • reconhecer as diferenças de desempenho e aceitá-las – de uma maneira geral o desempenho é diferente entre os diversos órgãos que integram uma organização. • reconhecer que as diferenças existem e criar mecanismos de ajuda mútua entre os órgãos é fator determinante para o bom desempenho da organização como um todo. • fornecer retroação ao erro cometido, a fim de ressaltar o acerto e reconhecer o bom desempenho. • incentivar o surgimento de novas ideias – oferecer estímulos ambientais como a realização de fóruns e seminários, por CONHECIMENTO TÁCITO [ GLOSSÁRIO ] Conhecimento Tácito: implícito, subentendido; não expresso em palavras. Fonte: Aurélio (1995). Portanto o Conhecimento tácito é aquele que está na cabeça dos colaboradores e precisa ser compartilhado. exemplo, que resultem em debate e favoreçam o aparecimento de novas ideias ou respostas a problemas que aguardam solução. • Ser tolerante em relação aos erros que são cometidos – o ambiente organizacional deve ser favorável à experimentação e à inovação. As incidências de erro devem ser tratadas com naturalidade, de modo a não inibir ou desestimular os indivíduos a apresentarem as suas ideias. Por outro lado, na maioria das vezes, os erros constituem um indicativo da necessidade de treinamento de pessoal. A cultura organizacional é um fator que influencia o processo de aprendizagem e a definição dos tipos de competências que uma organização deve desenvolver. Nesse sentido, a definição de cultura organizacional apresentada por Grant e Craig (1999) ajusta- se a essa ideia. Os autores definem cultura organizacional como o conjunto de valores e crenças de uma organização e a maneira como esta adquire, transmite e guarda o conhecimento. Tendências da nova Gestão de Pessoas Pessoas são, nos dias atuais, o principal recurso da organização. Essa nova visão alterou a forma de fazer a gestão de pessoas, levando a organização a atentar-se para as competências individuais como propulsora das competências organizacionais. Levou a organização a voltar seu olhar para a aprendizagem e a forma como ela acontece. Mas também trouxe novos caminhos e tendências ao ambiente organizacional. É o caso do Downsizing que, de acordo com o que preconiza Lacombe (2012), flexibiliza os processos organizacionais e acaba por diminuir os níveis hierárquicos e consequentemente o corte de pessoal. A desburocratização tende a diminuir os trabalhos repetitivos e possibilitar e incentivar a criatividade e inovação (LACOMBE, 2012). Lacombe (2012), ainda refere a reengenharia que repensa a organização a partir do zero e exige maior qualificação das pessoas, visto trabalhar num ambiente mais flexível, as pessoas acabam por realizar variadas tarefas. [ Cada organização tem uma cultura própria que é influenciada por sua história. Uma vez consolidada, a cultura imprime à organização uma espécie de identidade às pessoas que nela atuam. Diferentes culturas podem definir diferentes competências às organizações e também diferentes maneiras delas se posicionarem estrategicamente no mercado. ] Competências Individuais e Competências Organizacionais 29 Chiavenato (2012) ao analisar o novo cenário da gestão de pessoas apresenta novos desafios para esse ambiente competitivo e veloz. Apresenta novas tendências para essa gestão, influenciadas pela globalização, tecnologias e informação. Nessa nova era, as pessoas precisam ser vistas como parceiros e como soluções para a organização. E para que o gestor tenha esse novo olhar, é preciso que a organização delegue aos gestores dos vários níveis as práticas de RH. Isso porque os gestores precisam estar mais perto das pessoas, conhecê-las melhor em suas práticas cotidianas. Essa colocação fica melhor explicitada com as palavras de Chiavenato (2012, p. 42), Todas essas tendências estão afetando e continuarão a afetar a maneira pela qual as organizações utilizam as pessoas. [...] influenciam poderosamente as organizações e seu estilo de administrar com as pessoas. O mundo ficou diferente, exigente, dinâmico, mutável e incerto. E as pessoas sentem o impacto dessas influências e necessitam de um apoio e suporte por parte de seus líderes e gerentes. Portanto, os novos gestores precisam estar preparados para gerir os talentos organizacionais, ou seja, o capital humano, que é o “patrimônio inestimável de uma organização” (CHIAVENATO, 2012, p. 53). Assim, a cultura organizacional precisa ter a vertente participativa e democrática, que possibilite a aprendizagem para que a gestão do pessoal possa descentralizar algumas de suas ações, delegando poder e empowerment. Por esse caminho, a organização saberá tratar o capital intelectual que, conforme Chiavenato (2012, p. 55), é “totalmente invisível e intangível”. Os Processos de Provisão e Aplicação de Pessoas GESTÃO DE PESSOAS UNIDADE 3 Ao encerrar o estudo desta unidade, você vai ser capaz de compreender as atividades que são desenvolvidas no processo de provisão de pessoas; reconhecer a importância que o recrutamento e a seleção assumem no contexto das organizações da atualidade; e conhecer as técnicas que podem ser utilizadas na realização dessas atividades. Você vai ser capaz, também, de entender como funcionam as atividades de aplicação de pessoas e de que forma essas atividades são necessárias para o ajuste dos indivíduos ao ambiente organizacional. Andréa Martins Andujar Fátima Regina Teixeira Os Processos de Provisão e Aplicação de Pessoas Chamamos de provisão os processos através dos quais a organização capta e escolhe as pessoas que deseja contratar. A provisão de pessoas envolve um conjunto de atividades que assumem um caráter cada vez mais estratégico, à medida que procuram atender às necessidades presentes e futuras, de médio e longo prazo, da organização. Dois grupos de atividades ou processos integram a provisão de pessoas. São eles: o recrutamento e a seleção. O mercado de trabalho é o mercado formado por todas as vagas de trabalho existentes e ofertadas pelas organizações, ou seja, as oportunidades de emprego existentes. Segundo Chiavenato (2012), o mercado de trabalho é regulado por fatores como o crescimento econômico; a natureza e a qualidade dos postos de trabalho; a produtividade; e a inserção no mercado internacional. [ Antes de começarmos a tratar de cada uma dessas atividades ou processos, precisamos reforçar a sua importância para as organizações. Você precisa saber que é através delas que são definidas as novas pessoas para trabalhar na organização e, consequentemente, fica implícito o que a organização espera delas. Precisamos, também, conhecer o universo que envolve essas atividades, ou melhor, precisamos conhecer dois importantes fatores que estão na base desse tema: o mercado de trabalho e o mercado de recursos humanos. ] Os Processos de Provisão e Aplicação de Pessoas 33 O mercado de recursos humanos é o mercado formado por todo o contingente de pessoas interessadas em trabalhar, mudar de emprego ou mudar de atividade. Nele estão incluídos os indivíduos empregados na própria organização; os empregados em outras organizações; e os desempregados. Recrutamento de pessoas O recrutamentoé o conjunto de atividades ou de processos que se ocupam da atração e captação de pessoas para a organização. É através do recrutamento que a empresa divulga ao mercado de recursos humanos as vagas que têm disponíveis para preencher. O recrutamento pode ser interno ou externo à organização. Conforme Chiavenato (2012, p. 115), “o recrutamento interno aborda os atuais colaboradores da organização e o recrutamento externo focaliza os candidatos que estão no Mercado de Recursos Humanos”. Recrutamento interno O recrutamento interno é o recrutamento desenvolvido na própria organização. Ele ocorre quando a organização procura preencher uma determinada vaga utilizando-se de seu próprio pessoal, transferindo-o ou promovendo-o para outras atividades mais interessantes, mais complexas ou mais motivadoras (CHIAVENATO, 2012). Diversos são os aspectos positivos e negativos do recrutamento interno. Dentre eles se destacam: Aspectos positivos Aspectos negativos economia nos custos do processo; atitudes negativas de quem não consegue ascender; tempo empenhado na sua execução; frustração dos empregados quando não lhes são concedidas as chances de crescimento que lhes foram prometidas. aproveitamento de investimentos feitos pela organização em treinamentos; motivação gerada entre os empregados pelo vislumbre de oportunidades de crescimento e valorização. Aspectos do recrutamento interno Fonte: Do autor (2014). Recrutamento externo Recrutamento externo é o recrutamento feito fora da organização. Ocorre quando a organização procura preencher uma vaga com pessoas estranhas a ela. Esse tipo de recrutamento procura alcançar o máximo possível de candidatos reais ou potenciais existentes no mercado de recursos humanos e, dependendo do caso, pode envolver mais de uma técnica. Os meios de recrutamento são todos os veículos utilizados pela organização para divulgar as vagas disponíveis ao mercado de recursos humanos e para atrair os candidatos. Fonte: Elaborado pela autora com base em Chiavenato 2010. Os Processos de Provisão e Aplicação de Pessoas 35 A literatura apresenta diversos meios utilizados por organizações para encontrar ou atrair candidatos. Os mais comumente utilizados, de acordo com Chiavenato (2012) e Faissal (2005), são os seguintes: • arquivos de candidatos que se apresentam espontaneamente ou em outros recrutamentos; • banco de talentos; • intranet; • cadastro de ex-empregados da organização; • apresentação de candidatos por parte dos funcionários da empresa; • cartazes ou anúncios na portaria da empresa; • contatos com sindicatos e associações de classe; • contatos com universidades, escolas, agremiações estaduais, diretórios acadêmicos etc.; • conferências e palestras em universidades e escolas; • contatos com outras empresas que atuam no mesmo mercado, em termos de cooperação mútua; • anúncios em jornais, revistas, etc.; • agências de recrutamento; • viagens para recrutamento em outras localidades; • sites corporativos ou de empregos; • recrutamento on-line. Diversos são os aspectos positivos e negativos do recrutamento externo. Dentre eles, destacam-se: Aspectos positivos Aspectos negativos o aproveitamento dos treinamentos e do desenvolvimento de pessoal realizado por outras empresas, ou mesmo por candidatos. os custos do processo; o tempo de realização; a incerteza quanto à qualidade dos novos contratados. Aspectos do recrutamento externo Fonte: Do autor (2014).Fonte: Elaborado pela autora com base em Chiavenato 2010. Seleção de pessoas Após o recrutamento, a etapa seguinte é a seleção das pessoas recrutadas. A seleção é o conjunto de atividades ou processos através do qual a organização elege e classifica, dentre os candidatos recrutados, os que demonstram maiores condições de ajuste no ambiente e desempenho no cargo a ser ocupado. É, ao mesmo tempo, um processo de comparação e de decisão: processo de comparação porque sempre haverá dois lados a serem confrontados, ou seja, os requisitos do cargo e o perfil dos candidatos; e processo de decisão porque sempre caberá ao órgão de seleção a responsabilidade de apontar ao órgão requisitante quais os candidatos julga mais aptos ao cargo. As informações sobre o cargo podem ser obtidas de diversas maneiras e utilizando- se de diversos artifícios. As formas mais usuais de efetuar o levantamento de informações sobre os requisitos do cargo e as características exigidas do candidato são: • consultas aos manuais de descrição e análise de cargos; • consultas às fichas ou documentos de requisição de empregados; • análise do cargo no mercado, quando se tratar de um cargo novo na organização e que ainda não tenha uma completa definição. [ Para que o processo de seleção tenha valor e ajude a organização a fazer as escolhas certas quanto ao pessoal a ser contratado, deve cuidar de dois aspectos: dispor de informações suficientes sobre o cargo que se necessita preencher; e definir a técnica de seleção que mais se aproprie ao cargo a ser preenchido. ] As técnicas de seleção a serem adotadas são bastante diversas e a sua escolha depende das informações que se deseja dos candidatos. Faissal (2005) classifica da seguinte forma as principais técnicas de seleção de pessoas: • Testes: psicológicos, de conhecimentos e situacionais. • Dinâmicas de grupo. • Entrevistas: técnica, psicológica, tradicional, situacional e comportamental. Os Processos de Provisão e Aplicação de Pessoas 37 Já Chiavenato (2012) classifica da seguinte forma as principais técnicas de seleção: • Entrevista de seleção: técnica subjetiva que requer atenção com o aspecto de treinamento do entrevistador e da estrutura que ele estabelece para o processo. • Provas de conhecimentos ou de capacidades: técnica objetiva que verifica o nível de conhecimentos e habilidades dos candidatos. • Testes psicológicos: técnica objetiva que verifica comportamentos em condições padronizadas, comparando os resultados obtidos a dados estatísticos existentes. • Testes de personalidade: técnica subjetiva que verifica traços da personalidade como caráter (traços adquiridos) e temperamento (traços genotípicos). • Técnicas de simulação: técnica subjetiva que analisa o comportamento dos indivíduos no grupo, por meio de dinâmicas e dramatizações. Processo de Aplicação de Pessoas É o processo onde a organização vai apresentar a pessoa selecionada para determinado cargo a sua atividade de trabalho. Ou seja, o processo de aplicação de pessoas resume-se às atividades através das quais a organização procura orientar e socializar os novos contratados; modelar os cargos; e avaliar o desempenho dos empregados. Essas atividades variam de organização para organização, conforme sejam mais ou menos conservadoras. Orientação e a socialização dos novos contratados As atividades de orientação e socialização são aquelas através das quais a organização se apresenta aos empregados, ou seja, diz a eles quem ela é. Orientação Através das atividades de orientação, a organização busca adequar os indivíduos à sua realidade. Esse trabalho consiste basicamente no cumprimento de algumas formalidades, como, por exemplo, cerimônias e palestras que são realizadas com o objetivo de prestar esclarecimento ao novo contratado sobre a estrutura formal da organização, o papel que ele irá desempenhar nessa estrutura, a posição que nela ocupará, a sua missão, os objetivos organizacionais, e a cultura organizacional à qual deverá adequar- se. Socialização Através das atividades de socialização, a organização busca recepcionar e integrar os novos contratados à sua realidade. Assim, a socialização, promovida através de diversos métodos, procura fazer com que o novo empregado ajuste o seu comportamento ao da organização para atender às expectativas e necessidades que esta lhe demanda. Dentre os métodos de socialização utilizados para promover a adaptação dos novos empregados,destacam-se: • grupos de trabalho: a integração do novo empregado fica sob a responsabilidade de um grupo de trabalho que o influenciará em suas crenças e atitudes; e • programas de integração: programas institucionais que têm como objetivo treinar inicialmente o indivíduo e promover a sua familiarização com as diversas variáveis organizacionais. Os Processos de Provisão e Aplicação de Pessoas 39 Modelagem de cargos No desenho da estrutura organizacional, contamos com um instrumental chamado organograma. O organograma é o desenho da estrutura de uma organização e representa a maneira como ela foi projetada; como os seus órgãos são estruturados; como eles se comunicam entre si; como a autoridade está distribuída; quais as partes que a integram; como essas partes interagem; e, ainda, quais os cargos que se destacam na hierarquia. Esse desenho possibilita a visualização do todo organizacional de forma objetiva e facilita a compreensão geral de seu funcionamento. Já o desenho do cargo é a forma como um cargo é estruturado na organização, a definição de sua abrangência e do grau de responsabilidade do indivíduo que o ocupa. O desenho do cargo abarca desde a definição do conteúdo do trabalho e dos métodos a serem utilizados na execução das atividades, até a definição de suas relações com os outros cargos. De acordo com a literatura, efetuar o desenho de um cargo implica: definir as atribuições de seu ocupante; definir os métodos de trabalho envolvidos na realização das tarefas; e definir a sua hierarquia, isto é, as relações de autoridade e subordinação nele envolvidas. A literatura apresenta três modelos de desenho de cargos: o clássico, o humanístico e o contingencial. O modelo clássico tem suas raízes nos princípios de racionalização do trabalho e padronização das atividades. Preocupa-se com o conteúdo do cargo e é considerado o precursor dos desenhos de cargos. Além disso, considera o cargo como algo definitivo e permanente na organização. Esse modelo originou o conceito tradicional de cargo e atualmente é considerado um modelo ultrapassado. O modelo humanístico tem suas raízes na Escola de Relações Humanas e preocupa-se mais com o contexto do que com o conteúdo do cargo. Considera o cargo como algo definitivo e permanente e procura favorecer as relações entre os ocupantes dos cargos. Já o modelo contingencial leva em conta a existência de três variáveis envolvidas no cargo: as pessoas, as tarefas e a estrutura [ Em Gestão de Pessoas, quando falamos de cargos, logo lembramos de estrutura organizacional, não é mesmo? Da mesma forma, quando falamos em desenho de cargo, logo nos vem à mente desenho de estrutura organizacional, não é verdade? Assim, cargos e estruturas estão sempre associados. ] [ Conceitualmente os cargos constituem o conjunto de atividades e responsabilidades dos indivíduos, as quais devem ser por eles cumpridas no âmbito da organização. Os cargos não são definitivos e tampouco imutáveis, pelo contrário, nos dias de hoje modificam-se com muita frequência para adaptar-se às transformações exigidas das organizações no mundo globalizado.] organizacional. Considera o cargo como algo que não é permanente, mas renovável, mutável, ampliável. Considera, também, que as mudanças no cargo ocorrem por circunstâncias de desenvolvimento de seu ocupante ou da organização, e antecipa-se a elas. Nesse modelo, todo cargo deve ter: variedade de habilidades exigidas; autonomia para o ocupante planejar e executar as suas atividades; significado para o ocupante; identidade com a tarefa que não é fragmentada; e retroação sobre os resultados do trabalho ao ocupante do cargo. Esse modelo é considerado pelos gestores o mais adequado às organizações atuais, pois é dinâmico, flexível e adequado às mudanças. De acordo com o modelo contingencial, os cargos precisam ser redimensionados conforme aconteça o crescimento profissional de seu ocupante. A esse frequente redimensionamento e reorganização de cargos, chamamos de enriquecimento de cargos. A teoria dos dois fatores de Hertzberg propõe como projetar cargos de modo a torná-los motivacionais. Segundo Hertzberg, a implementação de um enriquecimento de cargos deve obedecer a cinco princípios: aumentar a dificuldade e responsabilidade pela execução; aumentar o autocontrole e a autoridade do trabalhador; resultar em maior autonomia na programação das tarefas; proporcionar maior feedback diretamente ao trabalhador; encorajar oportunidades para novas experiências e desenvolvimento pessoal. ENRIQUECIMENTO DE CARGOS [ GLOSSÁRIO ] Enriquecimento de cargos: consiste em alterações no conteúdo e nível de responsabilidade de uma tarefa, de maneira a transformá-la em maior desafio pessoal, maior fator de realização e maior importância ao ocupante do cargo. Fonte: Chiavenato (1999). A teoria dos dois fatores de Hertzberg contribui para a motivação no trabalho com base no enriquecimento de cargos. Segundo a teoria, existem dois conjuntos diferentes de fatores no trabalho: um conjunto de fatores motivadores ou satisfatores, que pode motivar e satisfazer os funcionários; e um conjunto de fatores higiênicos ou dissatisfatores, que podem somente evitar insatisfação. A teoria dos dois fatores explica como projetar cargos para que sejam motivacionais. Para Hertzberg, os elementos motivacionais são intrínsecos ao cargo e os elementos higiênicos são extrínsecos. Os elementos motivacionais relacionam- se ao conteúdo do cargo e o tornam emocionante. Eles incluem: realização, reconhecimento, promoção, responsabilidade, o trabalho em si e possibilidades de crescimento pessoal. Os elementos de higiene relacionam-se ao contexto do cargo. Eles incluem: salário, status, segurança no emprego, condições de trabalho e qualidade de liderança. Hertzberg acreditava que a motivação aumenta quando um cargo combina fatores higiênicos e motivacionais (Bubrin, 2003). Os Processos de Provisão e Aplicação de Pessoas 41 Descrição e análise de cargos A descrição de cargo é o registro documental do conteúdo do cargo e das responsabilidades de seu ocupante. Ela descreve o que cabe ao ocupante do cargo fazer, como fazer, quando fazer, onde fazer e por que fazer. A análise de cargo é o detalhamento das demandas do cargo ao seu ocupante, em termos de conhecimentos, habilidades e capacidades. Determina os requisitos e as responsabilidades estabelecidas ao ocupante do cargo, bem como as condições sob as quais o seu trabalho deve ser realizado. O trabalho de descrição e análise de cargos é atualmente uma atividade que recai geralmente sobre as gerências. Cabe aos gerentes descrever e analisar os cargos de seus subordinados de maneira a melhorar os resultados apresentados por esses indivíduos, bem como melhorar a sua satisfação nos cargos. O trabalho de análise e descrição é precedido da fase de levantamento de dados e informações sobre o cargo. O levantamento de dados pode ser realizado, segundo três métodos: entrevista, questionário e observação. A entrevista é o mais utilizado, principalmente, por ser um método simples e por oferecer oportunidade aos seus ocupantes de revelarem aspectos sobre o cargo que ainda não haviam sido percebidos pelo superior. Avaliação de desempenho A avaliação de desempenho pode ser entendida como a verificação sistemática do desempenho dos indivíduos em função das atividades que eles desempenham, das metas e resultados a serem por eles alcançados e do seu potencial de desenvolvimento. Podemos dizer que a avaliação de desempenho funciona como um medidor do valor de cada empregado para a organização, de suas competências e qualidades, e da sua contribuição para o alcance dos resultados organizacionais. Através da avaliação de desempenho, a organização pode identificar problemas existentes no ambiente organizacional, como dificuldades de relacionamento entre os indivíduos, dificuldade [ Diversos são os objetivos que a descriçãoe análise de cargos devem alcançar, como, por exemplo, fornecer elementos para os processos de recrutamento, seleção, avaliação de desempenho e classificação de cargos, entre outros. ] de integração dos indivíduos à organização, inadequação do indivíduo ao cargo ou falta de treinamento e buscar os mecanismos adequados para solucioná-los. Para que a avaliação de desempenho se desenvolva sadiamente em uma organização, os critérios adotados para o seu desenvolvimento devem ser apresentados aos indivíduos de forma clara e objetiva. Além disso, é necessário que os indivíduos envolvidos na avaliação acreditem nos benefícios que o processo lhes trará, assim como nos benefícios que trará à organização. Finalmente, é fundamental o comprometimento e o envolvimento dos indivíduos no processo, uma vez que sem o seu envolvimento, o alcance dos objetivos de desenvolvimento pessoal e organizacional que a avaliação prevê ficam comprometidos. Diversas são as razões que levam as organizações a se preocuparem com a apreciação sistemática do desempenho de seus empregados. A principal delas consiste no fato de que é com base nos resultados da avaliação de desempenho que uma organização pode tomar decisões, encaminhar soluções e/ou propor modificações ante aos problemas identificados. A organização pode, por exemplo, decidir sobre a concessão de promoção e de aumentos salariais aos empregados, ou ainda, sobre a efetuação de demissões. Pode identificar as necessidades de treinamento e/ou capacitação e estabelecer as bases para a sua realização. Pode, também, diante da incidência de problemas relacionados a uma atividade ou a um comportamento observável, identificar a necessidade de sua reformulação, aprimorar o seu processo de realização, ou incitar a mudança de atitude do empregado. Enfim, a organização pode implementar diversas ações de melhorias e mudanças com base nas informações levantadas e oferecer feedback aos avaliados. A responsabilidade pela avaliação de desempenho dos empregados varia muito de organização para organização. Na maioria delas, o gerente de área é o responsável. Há casos em que o próprio indivíduo se autoavalia, ou os indivíduos e os gerentes avaliam, ou a avaliação é feita pela equipe de trabalho. Também há a chamada avaliação de 360 graus ou circular, na qual todas as pessoas que interagem com o indivíduo avaliado, o avaliam, isto é, todos são responsáveis pela avaliação. Em outras, ainda, ocorre a chamada avaliação para cima, que é a avaliação do gerente feita por sua equipe de trabalho. Finalmente, temos as comissões de avaliação, que são especialmente constituídas e responsabilizadas pelo processo de avaliação, e a avaliação realizada pelo próprio órgão de Gestão de Pessoas. Os Processos de Provisão e Aplicação de Pessoas 43 Diversos são os métodos de avaliação existentes. Hanashiro (2007) destaca os seguintes métodos de avaliação de desempenho: Método da lista de verificação É um método bastante simples, que apresenta uma lista com os adjetivos que descrevem os comportamentos relacionados ao trabalho. Cada item da lista refere-se a uma qualidade positiva ou negativa que o indivíduo pode apresentar. Ao conjunto de qualidades associa-se uma escala de julgamento, que é aplicada pelo supervisor. No final do processo, o empregado deve receber o feedback sobre o resultado de sua avaliação. Acompanhe a seguir exemplos de formulário de avaliação: Áreas de desempenho Satisfatório Insatisfatório Não se aplica 1. Pontualidade 2. Assiduidade 3 . Produtividade 4. Atendimento às regras 5. Relacionamento com os colegas 6. Relacionamento com a chefi a 7. Aceita mudanças Formulário de avaliação – Lista de Verifi cação Fonte: Adaptado de Hanashiro (2007). Dentre as áreas de desempenho, é necessário selecionar a avaliação de cada item apresentado. São elas: Satisfatório, Insatisfatório e Não se aplica. Método da Escala Gráfica É o mais utilizado e divulgado. É muito simples, porém requer cuidados para diminuir a subjetividade do avaliador. Pode ser aplicado em várias pessoas ao mesmo tempo e é de fácil explicação e compreensão, mas sujeito a distorções e à interferência dos avaliadores. O formulário utilizado é de dupla entrada: nas linhas estão os fatores de avaliação e nas colunas os graus de avaliação do desempenho. Os fatores de avaliação constituem comportamentos e atitudes valorizados pela organização, sendo que cada forma de avaliação é descrito sumariamente. São utilizados, geralmente, entre 3 a 5 graus de variação do desempenho, o que reduz as opções de avaliação aos graus de variação dos fatores de avaliação. Fonte: Adaptado de Hanashiro (2007). Fatores Graus de avaliação 1 - muito insatisfatório 2 - pouco insatisfatório 3 - pouco satisfatório 4 - satisfatório 5 - muito satisfatório 1. Pontualidade (o funcionário não se atrasa e nem sai mais cedo). 2. Assiduidade (o funcionário não falta. Eventualmente, se necessita, avisa à chefi a com antecedência). 3. Produtividade (o funcionário produz de acordo com as metas previstas). 4. Atendimento às regras (o funcionário está integrado às normas e regras da empresa). 5. Relacionamento com os colegas (o funcionário está integrado e relaciona-se adequadamente com os colegas). 6. Relacionamento com a chefi a (o funcionário está integrado às diretrizes da chefi a). 7. Aceita mudanças (o funcionário encara positivamente as mudanças empreendidas na sua atividade). Formulário de avaliação – Escala Gráfi ca O formulário de avaliação consiste em uma tabela, na qual o avaliador irá determinar o grau de avaliação dos fatores apresentados. Método da Escolha Forçada Esse método avalia o desempenho dos indivíduos por meio de frases que descrevem tipos de desempenho. Os indicadores são capazes de localizar com facilidade os itens positivos e negativos, além de aumentar a pontuação que provém dos parâmetros de desempenho. O avaliador deve escolher obrigatoriamente uma ou duas frases que se aplicam ao desempenho do avaliado, dentre Os Processos de Provisão e Aplicação de Pessoas 45 as que integram cada bloco. As frases que integram o formulário de avaliação são selecionadas por meio de um procedimento estatístico que visa verificar a adequação do indivíduo à empresa. O instrumento de avaliação é organizado para forçar uma escolha, segundo orientações. Colocar um X na resposta que melhor defi ne o desempenho entre as assertivas 1 ou 2: 1. Faço apenas o que me pedem para fazer. ( ) 2. Tenho medo de pedir ajuda quando necessito. ( ) 1. Estou sempre disposto a aprender. ( ) 2. Procuro aprender o que me ensinam. ( ) 1. Sou capaz de ouvir críticas sem me ofender. ( ) 2. A crítica construtiva auxilia o meu crescimento. ( ) Formulário de avaliação – Escolha Forçada Fonte: Adaptado de Hanashiro (2007). Nesse modelo de formulário, o avaliador deve escolher “a melhor” entre as duas opções apresentadas: Método dos incidentes críticos Esse método é simples, relativamente preciso e não se preocupa com o desempenho normal do indivíduo, apontando as características extremas ou os incidentes críticos, que representam os desempenhos positivos, isto é, os pontos fortes e os desempenhos negativos, ou seja, os pontos fracos do indivíduo avaliado. Desempenhos positivos Desempenhos negativos Sabe lidar com pessoas Comete erros com muita frequência Trabalha bem em equipe Não apresenta visão ampla do assunto Apresenta ideias inovadoras Não consegue tomar decisões de forma rápida Apresenta características de liderança Apresenta espírito conservador e limitado Tem facilidade de argumentação e de comunicação Não sabe lidar bem com números Tem espírito empreendedor Apresenta difi culdade de comunicação Formulário de avaliação – Incidentes Críticos Fonte: Adaptado de Chiavenato (1999). Método da pesquisa de campo É um método bastante completo, que se baseia no princípio da responsabilidade de linhae função de staff no processo de avaliação de desempenho. O pessoal especialista em avaliação (staff) realiza entrevista com os gerentes (linha), para juntos avaliarem o desempenho dos funcionários. O método se desenvolve em quatro etapas: entrevista inicial entre avaliador e gerente; entrevista de análise complementar entre avaliador e gerente; planejamento das providências; e acompanhamento dos resultados. Método da avaliação por resultados É um método atual e participativo, que envolve ativamente o funcionário e o seu gerente. Esse método é mais adequado às organizações que adotam o planejamento estratégico e consiste na comparação periódica entre os resultados que são fixados para cada indivíduo da organização e os resultados por ele alcançados. O processo envolve seis etapas: formulação de objetivos consensuais; comprometimento pessoal para o alcance dos objetivos consensuais; negociação com o gerente sobre alocação de recursos e meios para o alcance dos objetivos consensuais; desempenho, monitoramento dos resultados e comparação com os objetivos formulados, realimentação e contínua avaliação. A atenção nesse método está concentrada no desempenho futuro dos indivíduos, pois procura orientar o desempenho para o alcance de objetivos preestabelecidos, tratando de verificar se os objetivos foram alcançados; como o desempenho poderá ser melhorado; qual foi o resultado atingido e que participação terá no resultado o indivíduo ou grupo que o proporcionou. As conclusões dos resultados nesse tipo de avaliação permitem identificar os pontos fortes e pontos fracos dos indivíduos. Método avaliação 360 graus É o método mais apreciado atualmente. Também conhecido como avaliação de feedback, o método avaliação 360 graus é um modelo participativo de avaliação, que abrange vários aspectos do desempenho. Ele estimula os participantes ao compromisso com a organização, a despertar para suas responsabilidades em relação Os Processos de Provisão e Aplicação de Pessoas 47 ao seu papel na organização, de modo a favorecer a melhoria da produtividade e a integração dos indivíduos que trabalham em um mesmo ambiente. Esse tipo de avaliação de desempenho visa levantar as potencialidades relativas aos indivíduos com base na opinião do grupo. Nesse caso, as informações para a avaliação do indivíduo partem de diferentes perspectivas do ambiente interno e externo da organização, sendo que o indivíduo avaliado pode comparar a sua própria avaliação com a avaliação feita a seu respeito por outras pessoas envolvidas no trabalho. O feedback recebido pelo avaliado é a base para as mudanças de que necessita empreender. O indivíduo avaliado recebe feedback a respeito de seu desempenho, das outras pessoas envolvidas no trabalho e também oferece feedback sobre o desempenho dos outros. Chefe Subordinados Eu EuClientes Fornecedores Parceiros De acordo com Ribeiro (2006), são os seguintes os pontos fortes e fracos da avaliação 360 graus: Pontos fortes • Visão sistêmica do desempenho individual: baseando-se em diferentes opiniões, o colaborador terá uma visão mais abrangente de suas realizações, a começar pela própria autoavaliação. • Incentiva o trabalho em equipe: os ambientes regidos por esse tipo de avaliação tendem a possuir mais engajamento entre as pessoas, que serão avaliadas umas pelas outras. • Define com mais precisão a curva de desempenho, valorizando a importância das percepções: percepções tornam-se realidade. É preciso estar conectado à percepção que cada colaborador tem no ambiente para definir a curva de desempenho de uma equipe. • Suporte aos gerentes na tomada de decisão: tomando como referência diferentes opiniões dentro da companhia, o gerente deve sentir-se mais seguro para tomar decisões com sua visão mais ampliada em relação ao desempenho de seus funcionários. Pontos Fracos • Alto grau de subjetividade: nesse modelo de avaliação geralmente são avaliados somente valores e competências globais e não o comportamento profissional. As pessoas ainda não sabem separar o “pessoal” do “profissional”. • Processo longo e complexo: por se tratar de uma avaliação qualitativa do alcance de padrões de comportamento, o processo demanda tempo e pode tornar-se inviável se aplicado para todos os níveis da empresa. • Confiabilidade das avaliações: pelo fato de as avaliações serem respondidas por pessoas de diferentes níveis de relacionamento com o avaliado, as informações tendem a se dispersar. • Confidencialidade do processo: quanto maior o número de envolvidos no processo, maior será a dificuldade de se manter em sigilo o resultado das avaliações. Método da autoavaliação No método da autoavaliação, o indivíduo avalia a si mesmo, refletindo sobre aspectos positivos e negativos do seu desempenho. A responsabilidade pela avaliação é compartilhada com o superior imediato. Essa avaliação pode estar ou não vinculada à avaliação grupal. No caso de estar desvinculado da avaliação grupal, o indivíduo preenche o formulário de autoavaliação e apresenta-o ao Os Processos de Provisão e Aplicação de Pessoas 49 seu superior, para juntos analisarem os resultados e providenciarem os encaminhamentos necessários. O instrumento de avaliação pode apresentar diversas formas, como, por exemplo, um rol de questões abertas para o indivíduo apresentar respostas ou comentar. 1. Enumere as principais difi culdades que você encontra na realização de suas atividades na organização. 2. Enumere as principais facilidades que você encontra na realização de suas atividades na organização. 3. Descreva o seu relacionamento com a chefi a imediata. 4. Descreva o seu relacionamento com os colegas de trabalho. 5. Pondere o seu desempenho em relação às metas de seu setor. 6. Cite exemplos de sua participação em alguma solução para problemas enfrentados no seu setor. 7. Você se considera criativo? Utilizou-se de criatividade para resolver problemas na sua rotina diária? Como? 8. Avalie a sua pontualidade. 9. Dê uma nota de 0 a 10 para a sua habilidade em relação às tarefas que desempenha em seu cargo. Justifi que. 10. Como você se sente após ter feito esta autoavaliação? Instrumento de autoavaliação Fonte: Da autora Fátima Regina Teixeira (2010). O quadro a seguir foi elaborado pela autora Fátima Regina Teixeira, para que você conheça uma forma de trabalhar esse instrumento de avaliação. Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas GESTÃO DE PESSOAS UNIDADE 4 Ao concluir o estudo desta unidade, você será capaz de reconhecer o sistema de recompensas como parte de um esforço natural da organização para obter dos empregados maior dedicação e empenho no trabalho; entender que a remuneração é, ao mesmo tempo, um custo para a organização, mas também um elemento básico para a sua competitividade no mercado de trabalho, quando da conquista dos profissionais de que necessita, e para o equilíbrio de sua relação com tais empregados. Além disso, você vai ser capaz de compreender como funciona o processo de manutenção de pessoas, assim considerando os aspectos relacionados aos cuidados da organização com a higiene, a segurança e a qualidade de vida no trabalho. Andréa Martins Andujar Fátima Regina Teixeira Os Processos de Recompensa e Manutenção de Pessoas Sabemos que as pessoas trabalham para as organizações em função de algumas expectativas e resultados individuais. Elas se dedicam ao trabalho à medida que este lhes traga o retorno esperado. A dedicação das pessoas depende do grau de reciprocidade da organização. Quanto mais elas percebem que o seu trabalho está sendo recompensado, mais contribuem com seus conhecimentos, habilidades e atitudes para o alcance dos resultados organizacionais, ou seja, mais se dedicam à organização. As recompensas ou incentivos constituem a retribuição financeira ou não que as organizações oferecem aos empregados por seu trabalho e dedicação. Além disso, podemos dizerque as Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 53 recompensas representam investimentos que a organização faz em seus empregados, na expectativa de obter deles empenho e produtividade. Assim, quanto mais percebem que o seu investimento está gerando o retorno desejado, mais se dispõem a recompensar adequadamente os seus empregados. As recompensas financeiras podem ser diretas ou indiretas. Dentre as recompensas diretas, a mais importante é o salário, que é a retribuição em dinheiro ou equivalente paga ao trabalhador após um período trabalhado. Já as recompensas indiretas incluem férias, gratificações, gorjetas, adicionais, participação nos resultados, horas extras, auxílio-alimentação, auxílio-transporte, seguros e outros. As recompensas não financeiras são valores não quantificáveis que a organização oferece aos seus empregados, consideradas bastante significativas em termos de satisfação pessoal. São exemplos desse tipo de recompensa o orgulho, o reconhecimento e a segurança no emprego. A remuneração total pode ser definida como o conjunto, formado pelas recompensas quantificáveis, que os empregados recebem da organização. Compreendem essas recompensas a remuneração básica, os incentivos salariais e todos os benefícios que o empregador oferece aos seus empregados. A proporção de cada uma das recompensas na remuneração varia de organização para organização. Em algumas organizações, a remuneração básica assume a maior parcela da remuneração total, em outras são os incentivos que compreendem a parcela principal, e em outras, ainda, são os benefícios que representam a parte mais significativa. A remuneração é um custo muito significativo para a organização, mas ao mesmo tempo é, também, um elemento básico para a sua competitividade no mercado de trabalho e para o equilíbrio de sua relação com os empregados. Vamos apresentar a seguir, de forma individual, cada um dos componentes da remuneração total para facilitar um pouco mais a compreensão desse tema. RECOMPENSAS FINANCEIRAS DIRETAS [ GLOSSÁRIO ] São todos os pagamentos que os empregados recebem na forma de salários, bônus, prêmios e comissões. Recompensas financeiras indiretas: são salários indiretos que os trabalha- dores recebem, originários de cláusulas de convenção coletiva de trabalho e de planos de benefícios e serviços sociais oferecidos pela organização. Fonte: Chiavenato (1999). RECOMPENSAS FINANCEIRAS INDIRETAS [ GLOSSÁRIO ] São salários indiretos que os trabalhadores recebem, originários de cláusulas de convenção coletiva de trabalho e de planos de benefícios e serviços sociais oferecidos pela organização. Fonte: Chiavenato (1999). [ Remunerar significa recompensar, premiar, gratificar. A remuneração, na linguagem organizacional, pode ser entendida como o conjunto de recompensas oferecidas aos empregados em retribuição pela participação dos mesmos no alcance dos objetivos organizacionais. ] Vejamos, então: Remuneração básica A remuneração básica é representada pelo salário, que pode ser mensal ou por hora. O salário, na linguagem da economia, é a remuneração em dinheiro recebida pelo trabalhador pela venda de sua força de trabalho. Incentivos salariais Os incentivos salariais são os programas criados pela organização para recompensar os empregados que apresentam um bom desempenho. Esses incentivos podem ser oferecidos na forma de bônus ou participação nos resultados, como recompensa por resultados alcançados. Benefícios Os benefícios também são chamados de remuneração indireta. Normalmente, são concedidos como condição de emprego e não estão relacionados ao desempenho dos indivíduos. Os benefícios mais comumente oferecidos aos empregados por empresas brasileiras são: plano de saúde, auxílio-alimentação, seguro de vida, complementação de auxílio doença, plano odontológico e benefício farmácia. Remuneração básica ou salário O salário é considerado a principal recompensa que a organização oferece aos empregados e constitui o cerne da relação de troca existente entre empregados e empregadores. O salário apresenta-se sob duas formas, nominal e real: • salário nominal: representa a quantia em dinheiro, estabelecida em contrato individual de trabalho, a ser paga ao empregado pelo exercício do cargo. • salário real: representa a quantidade de bens que o empregado pode comprar com o valor recebido em retribuição ao trabalho por ele realizado. SALÁRIOS [ GLOSSÁRIO ] Do latim, salarium: quantidade de sal que cada soldado romano recebia como parte de seu soldo. Fonte: <http://www.antrax.com.b.>. Acesso em: 24 set. 2014. Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 55 Justiça e igualdade são, portanto, aspectos do salário que precisam ser considerados pela organização, quando da definição de sua política salarial. Assim, considera-se que uma boa política salarial deva ser: • adequada à realidade da organização e do mercado de trabalho; • equitativa entre os indivíduos da organização; • balanceada de maneira que o conjunto de recompensas seja satisfatório; • segura no sentido de permitir aos empregados sentirem-se seguros quanto à satisfação de suas necessidades básicas; • razoável, em termos de recompensas, na opinião dos empregados. [ Como você pode perceber, o salário é central na relação entre empregados e empregadores. As estruturas salariais devem ser justas e igualitárias para todos os níveis e cargos da organização. À administração de salários compete estabelecer as regras e procedimentos a serem utilizados para criar e manter as estruturas salariais que atendam as expectativas da organização e dos empregados. Já sabemos que os indivíduos se dispõem a trabalhar para uma organização em troca de recompensas que satisfaçam as suas expectativas. Às organizações compete, também, procurar correspondê-los, retribuindo-os de forma mais justa e equitativa possível. ] POLÍTICA SALARIAL [ GLOSSÁRIO ] É a maneira como a organização se comporta em relação às recompensas que estabelece aos seus empregados. Fonte: Chiavenato (1999). O equilíbrio interno e externo dos salários constitui aspecto de grande importância no quesito satisfação dos empregados. O equilíbrio interno significa a coerência salarial que a organização deve manter entre os salários e os cargos nela existentes. Já o equilíbrio externo significa a coerência que a organização deve manter entre os salários que ela paga e os que são praticados pelo mercado de trabalho. O alcance e a manutenção do equilíbrio salarial interno e externo dependem da utilização pela organização de técnicas de avaliação e classificação de cargos. A literatura apresenta diversos métodos de avaliação a serem utilizados pelas organizações para estabelecerem os seus sistemas de classificação de cargos. Esses métodos são, em sua maioria, comparativos; os cargos são comparados entre si ou são comparados segundo critérios de referência. Dentre os métodos existentes, consideram-se como principais: o método do escalonamento simples, o método de categorias predeterminadas, o método de comparação por fatores e o método de avaliação por pontos. Método de escalonamento simples Consiste na disposição dos cargos numa lista em relação a uma referência que serve de padrão para comparação. A comparação entre os cargos é sintética e sem análise sobre as atividades de seu ocupante. Esse método também é conhecido como método da comparação simples. Vejamos como ele se desenvolve: • a primeira etapa da aplicação do método consiste na formatação das informações sobre o cargo para que estas se ajustem ao critério a ser adotado; • a segunda etapa consiste na definição do critério de comparação a ser adotado e dos limites aos quais o critério vai obedecer; • a terceira etapa consiste na comparação dos cargos com o critério escolhido; • o seu posicionamento numa listagem, em ordem crescente ou decrescente em relação a essecritério. A lista ordenada é, portanto, a classificação de cargos propriamente dita. CLASSIFICAÇÃO DE CARGOS [ GLOSSÁRIO ] O processo de avaliação de cargos é aquele através do qual a organização compara os cargos e define um valor relativo interno para os salários a ele correspondentes. A classificação de cargos é o processo através do qual a organização compara o valor relativo dos cargos existentes para depois hierarquizá-los em classes, as quais podem servir como base para a estrutura de salários a ser adotada. Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 57 Método de categorias predeterminadas Consiste em uma variação do método do escalonamento simples. No entanto, requer a separação dos cargos em categorias predeterminadas, como, por exemplo, cargos de nível superior e cargos de nível médio ou, ainda, cargos não qualificados, qualificados e especializados. Vejamos, agora, como o método se desenvolve: • os cargos são separados em categorias predeterminadas; • ocorre a definição das categorias predeterminadas; • o método do escalonamento simples é aplicado a cada uma das categorias predeterminadas; • são definidos os limites para cada uma das categorias predeterminadas; • os cargos são agrupados em classes ou em categorias para receberem tratamento padronizado. Método de comparação por fatores Consiste em uma técnica analítica em que são feitas a avaliação e a comparação dos cargos por meio de fatores de avaliação de cargos ou fatores de especificações. Esse método proporciona comparações variadas em cada fator de comparação e exige uma sequência de etapas. Vejamos, então, quais são as etapas desse método: • informações sobre o cargo: cuidadosa e completa análise dos cargos para construir as especificações na forma de fatores de avaliação; • escolha dos fatores de avaliação: definição clara dos fatores de avaliação que serão utilizados; • seleção dos cargos de referência: escolha dos cargos que irão servir como ponto de apoio para a avaliação; • avaliação dos cargos de referência: classificação dos cargos de referência de acordo com cinco fatores de avaliação: requisitos mentais, requisitos físicos, habilidades requeridas, responsabilidade e condições de trabalho; • distribuição de pesos salariais para os fatores de avaliação: consiste na divisão do salário atual de cada cargo de referência entre os cinco fatores de avaliação. após isso os fatores de avaliação são alinhados em função dos salários que lhes são atribuídos e passam a ter um valor em dinheiro; • construção da escala de comparação de cargos: organização dos cargos em relação aos valores dos fatores de avaliação; • utilização da escala de comparação de cargos: todos os cargos da organização podem ser avaliados segundo a escala de comparação. Método da avaliação por pontos Dentre os diversos métodos de avaliação, esse é o mais aplicado. Trata-se de uma técnica analítica e quantitativa, ou seja, nela os cargos são comparados por meio de fatores de avaliação com valores e pontos e, além disso, os cargos recebem pontos ou valores numéricos para cada aspecto considerado. Vejamos as etapas desse método: • elaboração da descrição e análise dos cargos a serem avaliados; • escolha dos fatores de avaliação: identificação de alguns fatores que permitam a comparação e avaliação de todos os cargos; • definição dos fatores de avaliação: os fatores devem funcionar como instrumentos precisos para medir os cargos; • graduação dos fatores de avaliação: os fatores devem ser distribuídos segundo graus diversos; • ponderação dos fatores de avaliação: atribuir a cada fator de avaliação um peso relativo; • atribuição de pontos aos graus dos fatores de avaliação: a partir da ponderação dos fatores de avaliação define-se a base para a Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 59 escala de pontos para cada fator; • montagem do manual de avaliação de cargos para o avaliador utilizar no processo de avaliação; • avaliação: atribuição de pontos aos cargos de acordo com os fatores de avaliação. A avaliação de cargos, segundo os métodos tradicionais que acabamos de estudar, parece não se ajustar adequadamente ao modelo das organizações da atualidade, porém as mudanças já estão acontecendo. O novo foco da avaliação de cargos passa a ser os indivíduos que ocupam os cargos e deixa de ser o próprio cargo. A preocupação do novo processo de avaliação de cargos se concentra no valor que os indivíduos agregam às organizações e a remuneração é estabelecida com base em competências (conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes individuais), de acordo com as contribuições que os indivíduos oferecem à organização e não segundo o cargo que ocupam. Já as competências devem ser detalhadas e devem integrar o planejamento estratégico da organização, de tal forma que a organização possa remunerar exatamente as que contribuem no alcance dos seus objetivos. A mudança de conduta da organização em relação à avaliação de cargos e às recompensas cria uma nova atitude nos indivíduos em relação a desempenho e encaminhamento de carreira. Os indivíduos têm a possibilidade de construir uma trajetória profissional mais afinada com a da organização e podem ganhar mais, à medida que são informados sobre o que exatamente a organização precisa e espera deles. Incentivos salariais Como vimos, o salário constitui a principal recompensa oferecida aos empregados para retribuir-lhes o empenho e dedicação à organização. Vimos, também, que o salário não é a única recompensa oferecida. Existem outras recompensas que são adotadas para incentivar os empregados a apresentarem melhor desempenho. Os planos de incentivos salariais constituem uma nova estratégia de remuneração adotada para incentivar e motivar as pessoas ao bom desempenho no trabalho. Para que esses planos funcionem adequadamente, é necessário que as pessoas estejam comprometidas. Para tanto, a organização, ao estabelecer o seu programa de incentivos, necessita estimular os seus empregados à participação e ao compromisso. De maneira geral, um bom plano de incentivos deve alcançar entre outras coisas: a elevação do senso de responsabilidade individual e grupal dos indivíduos; a elevação do espírito de equipe e trabalho coletivo; e o estímulo a ações que agreguem valor à organização, às pessoas e aos clientes. Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 61 Para implantar um plano de incentivos, a organização deve considerar os seguintes aspectos: • o plano de incentivos deve recompensar as pessoas na proporção de sua produtividade; • o plano de incentivos deve ser compreensível e calculável, de tal maneira que os empregados consigam saber quanto receberão pelo seu esforço; • os padrões estabelecidos para os incentivos devem ser considerados justos do ponto de vista dos funcionários; • os padrões estabelecidos para os incentivos devem ser vistos como um contrato com os funcionários e devem ser cumpridos, ou seja, jamais devem ser alterados. Diversos são os planos de incentivos oferecidos pelas organizações. Destacam- se os seguintes: • Plano de bonificação: constitui um valor monetário concedido a determinados empregados, ao final de cada ano, a título de retribuição por sua contribuição nos resultados da organização. • Distribuição de ações da empresa aos funcionários: constitui a distribuição gratuita de papéis da empresa ou ações da organização aos funcionários. • Opção de compra de ações da empresa: constitui a oferta de ações aos funcionários, as quais lhes são vendidas com preços subsidiados ou transferidas segundo regras preestabelecidas. • Participação nos resultados da empresa: constitui uma percentagem ou valor que a organização oferece aos seus empregados a título de participação nos resultados que eles a ajudaram a atingir. • Distribuição do lucro aos funcionários: constitui uma forma de remuneraçãovariável, na qual a organização distribui anualmente aos funcionários parte do lucro obtido ao final de um exercício. No brasil, a participação nos lucros e resultados é regulamentada pela medida provisória nº 794 de 1994. É, portanto, uma obrigação que as empresas devem cumprir. Benefícios sociais Os benefícios sociais são definidos como o conjunto de vantagens que a organização oferece aos empregados. Essas vantagens são compensações financeiras indiretas ou pagamentos adicionais de salários que são concedidos a todos ou a quase todos os empregados da organização. As organizações definem os seus planos de benefícios com o intuito de proporcionar aos empregados o alcance de objetivos individuais (relacionados à vida pessoal, familiar e profissional), econômicos (relacionados à atração e retenção dos empregados na organização) e sociais (relacionados às deficiências nos serviços públicos mantidos pelo governo). Os custos dos benefícios sociais são, em geral, altos. Esse fato leva muitas organizações a informarem aos seus empregados a importância e o volume financeiro envolvidos nos benefícios sociais que lhes são concedidos, na tentativa de conscientizá-los sobre o valor de mercado dos benefícios que recebem e dos custos que estes representam para quem os concede. Existem diversos tipos de benefícios sociais. Alguns são resultantes de imposição legal, outros são frutos da vontade organizacional. Uns são monetários, outros não. Alguns são recreativos, outros assistenciais e outros, ainda, são ditos supletivos. Vejamos, então, cada um desses benefícios, segundo a sua classificação quanto à exigibilidade, natureza e objetivos: Ao desenhar um plano de benefícios, a organização deve considerar dois critérios bastante significativos: o princípio do retorno do investimento e o princípio da mútua responsabilidade. No princípio do retorno do investimento, considera-se que os benefícios concedidos devem gerar algum tipo de retorno ou benefício para a organização, como, por exemplo, o aumento de satisfação dos empregados, o aumento da produtividade ou a melhoria da qualidade de serviços e/ou produtos, entre outros. No princípio da mútua responsabilidade, considera-se que organização e empregados devem compartilhar os custos dos benefícios. Isso significa que alguns benefícios são pagos inteiramente pela organização, outros parcialmente, e outros, ainda, que são pagos inteiramente pelos empregados. QUANTO À EXIGIBILIDADE [ SAIBA MAIS ] Legais: são os exigidos por lei ou por convenção coletiva de trabalho. Alguns são pagos pela organização, outros pelo Estado. Os principais são: férias, 13º salário aposentadoria, seguro de acidente de trabalho, auxílio-doença, salário-família, salário- maternidade, adicional de insalubridade e adicional de periculosidade. Espontâneos: são os oferecidos de livre vontade pela organização. Os principais são: gratificações, refeições, transporte, seguro de vida em grupo e complementação da aposentadoria. Fonte: Chiavenato (2002). QUANTO À NATUREZA [ SAIBA MAIS ] Monetários: são os concedidos na forma de dinheiro. Os principais são: férias, 13º salário e gratificações.Não monetários: são os oferecidos na forma de serviços, vantagens ou facilidades. Os principais são: refeitório, assistência médica e hospitalar, assistência odontológica, e transporte. Fonte: Chiavenato (2002). QUANTO AOS OBJETIVOS [ SAIBA MAIS ] Assistenciais: oferecem segurança e previdência em situações de emergência. Os principais são: assistência médica e hospitalar, assistência odontológica, empréstimos financeiros, serviço social, seguro de vida em grupo e auxílio creche. Recreativos: têm por objetivo proporcionar condições físicas e psíquicas de repouso, diversão, higiene mental, recreação ou lazer. Os principais são: disponibilização de espaços para lazer e integração social, organização de atividades esportivas e recreativas, organização de excursões turísticas e música no ambiente de trabalho. Fonte: Chiavenato (2002). Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 63 Manutenção de pessoas Veja a seguir as medidas tomadas para a manutenção de pessoas. Higiene no trabalho Higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho são assuntos muito importantes, que se referem à saúde e bem-estar do trabalhador no ambiente de trabalho. Além disso, as doenças do trabalho, assim como os acidentes de trabalho são bastante prejudiciais tanto para as pessoas, quanto para as organizações. Isso explica o fato de ter crescido nas organizações, nas últimas décadas, a preocupação com a prevenção de doenças e acidentes de trabalho. Quando falamos de higiene do trabalho, estamos nos referindo a aspectos relacionados às condições do ambiente de trabalho, que são necessárias para garantir saúde física e psíquica ao trabalhador. Estamos nos referindo exatamente ao conjunto de normas e procedimentos que visam proteger o trabalhador e garantir-lhe integridade física e psíquica no exercício de sua profissão. No que concerne à proteção da saúde física, o local de trabalho deve proporcionar condições adequadas aos trabalhadores, de modo a garantir que o seu desgaste físico, causado por condições ambientais, seja mínimo. O ambiente saudável é aquele que reúne condições físicas em termos de luminosidade, ruído, umidade, temperatura, ar e equipamentos, que sejam adequadas aos seres humanos, considerando os seus cinco sentidos. No que se refere à proteção da saúde psíquica, o local de trabalho deve proporcionar condições psicológicas e relacionais, que se reflitam positivamente sobre o comportamento dos trabalhadores, sobretudo evitando estresse. Para que as condições ambientais sejam adequadas, a organização necessita fazer um esforço no sentido de promovê-las. Assim, ao desenvolver um programa de higiene do trabalho, a organização deve considerar: o ambiente físico, o ambiente psicológico, a ergonomia e a saúde ocupacional. [ Na sequência, trataremos cada um desses assuntos de forma independente, para tornar mais fácil a sua compreensão. ] Considerar o ambiente físico significa preocupar-se com: Considerar a aplicação de princípios de ergonomia significa preocupar-se com: Considerar a saúde ocupacional significa preocupar-se com: Considerar o ambiente psicológico significa preocupar-se com: Iluminação – a iluminação deve ser apropriada às atividades que são desenvolvidas; Ventilação – a ventilação deve ocorrer no sentido de eliminar ou remover do ambiente gases, fumaças e odores desagradáveis; Temperatura – a temperatura deve ser mantida em níveis adequados à saúde. Ruídos - os ruídos devem ser eliminados, removidos ou devem ser oferecidos protetores auriculares aos trabalhadores; Adequação das máquinas e equipamentos aos seus operadores Redução do esforço físico pela utilização de ferramentas mais elaboradas. Adequação das instalações físicas aos seus usuários; Relações humanas no ambiente de trabalho; Tipo de atividade do trabalhador e a motivação para o trabalho; Estilos de liderança existentes. Eliminação de fatores causadores de estresse no trabalho; Assistência médica preventiva; Implantação de programa de saúde ocupacional para acompanhar a qualidade da saúde do trabalhador. Palestras de medicina preventiva para promover a conscientização dos empregados em relação aos cuidados necessários com a saúde; Fonte: <http://www.fontedosaber.com> Acesso em: 24 set. 2014. Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 65 Principais problemas de saúde nas organizações Muitas são as causas de doenças entre os trabalhadores de uma organização. Algumas delas estão relacionadas com problemas existentes no ambiente físico e psíquico do local de trabalho e outras têm a ver com o comportamento do indivíduo e com sua relação com a própria vida. Os problemas de saúde que mais usualmente ocorrem nas organizações estão relacionados, entre outros,com: • uso de drogas (álcool, fumo, medicamentos, entre outros); • estresse no trabalho; • exposição a agentes químicos perigosos; • exposição a ambientes frios, úmidos, barulhentos, contaminados, etc.; • sedentarismo; • alimentação inadequada. Considerado um dos grandes males da sociedade atual, o estresse é, muitas vezes, responsável pelo aparecimento de uma série de outras doenças nos indivíduos. A pressa e a agitação da vida moderna levam grande parte das pessoas a viverem permanentemente estressadas. Trata-se de um problema grave que requer atenção e cuidado, pois nele estão as raízes de diversas outras doenças. Dizemos que o estresse é a soma das perturbações físicas e psíquicas que o indivíduo sofre, advindas de traumas, cansaço, emoções fortes, conflitos e problemas de todas as ordens. O estresse no trabalho é, na maioria das vezes, provocado por pressão que o indivíduo sofre em relação a aspectos, tais como: prazos que deve cumprir na realização de suas tarefas; falta de flexibilidade do horário de trabalho; monotonia das tarefas que precisa realizar; dificuldade de relacionamento com colegas e chefia; falta de oportunidades e perspectivas de crescimento na organização; enfim, uma série de fatores que provocam tensão, inquietude e tiram o indivíduo de seu estado de equilíbrio. [ Dentre esses problemas de saúde que comprometem a vida dos trabalhadores e das organizações, vamos falar um pouco sobre estresse no trabalho, que atualmente é considerado um dos principais fatores responsáveis por afastamentos e ausências ao trabalho. ] Muitas são as consequências do estresse no trabalho, tanto para os empregado, quanto para as organizações. As consequências para o empregado são, em geral, depressão, ansiedade, nervosismo, gastrites, hipertensão, uso de drogas, entre outras. Para a organização, as consequências são aumento de absenteísmo, diminuição da qualidade do trabalho, aumento da rotatividade, predisposição a queixas e greves, entre outras. Segurança no trabalho A segurança no trabalho pode ser entendida como o conjunto de procedimentos técnicos, médicos e educacionais que são adotados para prevenir acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e proteger a integridade do trabalhador, através da eliminação de condições inseguras e/ou da implantação de medidas preventivas no ambiente de trabalho. Para reduzir o estresse relacionado ao trabalho • Estabeleça bons relacionamentos com os colegas de trabalho. • Fale francamente com superiores, subordinados ou colegas sobre preocupações pessoais ou de trabalho. • Prepare-se para as mudanças e aceite-as. • Não exceda suas habilidades e capacidades. Estabeleça ou negocie prazos realistas com sua chefia ou clientes. Estabeleça períodos de trabalho durante os quais as interrupções sejam evitadas. • Reserve tempo para desligar-se ou relaxar. • Não deixe coisas pequenas assumirem grande importância. • Faça pequenos intervalos durante o trabalho e saia de sua área de trabalho para mudar o ritmo. Fonte: <http://webartigos.com/articles> Acesso em: 24 set. 2014. [ É importante lembrar que o estresse não é de todo ruim. Existem pessoas que necessitam de alguma dose de estresse ou pressão do trabalho para produzirem mais e melhor, para serem mais criativas e para obterem melhores resultados de desempenho. Assim, embora pareça estranho, dizemos que um nível moderado de estresse pode ser bastante positivo para empregados e organizações. ] Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 67 Podemos definir acidente de trabalho como um acontecimento imprevisto e inesperado com o trabalhador, no exercício de seu trabalho a serviço da empresa, que resulta em algum tipo de prejuízo físico, psíquico ou econômico ao trabalhador e à organização. Equiparam-se aos acidentes de trabalho os seguintes casos: • acidente que ocorre fora do local de trabalho, estando o trabalhador a serviço da organização; • acidente que ocorre em viagem a serviço da organização; • acidente que ocorre no trajeto de casa para a organização ou da organização para casa; • doença profissional causada pelo tipo de atividade que o trabalhador desempenha; • doença do trabalho causada pelas condições de trabalho deficientes oferecidas ao trabalhador. Os acidentes de trabalho classificam-se em acidentes com afastamento do trabalho e acidentes sem afastamento do trabalho. Nos casos de acidentes com afastamento do trabalho, as razões do afastamento podem ser as seguintes: • Incapacidade temporária: perda temporária da capacidade para o trabalho, com sequelas do acidente que se estendem por um período inferior a um ano. • Incapacidade permanente parcial: perda parcial e permanente da capacidade para o trabalho, com sequelas do acidente que se estendem por um período superior a um ano. • Incapacidade permanente total: perda total e permanente da capacidade para o trabalho. • Morte: perda da vida no acidente. Um acidente de trabalho é sempre uma ocorrência negativa. O acidente é negativo para o indivíduo, que sofre as dores resultantes do acidente, a incapacitação para o trabalho ou mesmo a morte; para a família que acompanha o sofrimento do acidentado ao longo do processo de recuperação, com incertezas quanto à real recuperação; para a organização que arca com parte dos custos do empregado afastado, com o prejuízo de sua ausência no trabalho e, ainda, com a insegurança e tensão dos companheiros de trabalho do acidentado após a ocorrência do acidente; e para a sociedade que arca, indiretamente, através do Sistema de Previdência Social, com parte dos custos envolvidos no afastamento e na recuperação do indivíduo acidentado e, também, com o aumento do número de inválidos e dependentes do Estado. Os acidentes no trabalho são basicamente causados por duas razões: condições inseguras do local de trabalho que oferecem risco e perigo aos trabalhadores e atos inseguros praticados pelo trabalhador. As condições inseguras do local de trabalho são as principais razões de acidentes. Elas estão relacionadas aos seguintes aspectos do ambiente físico: • equipamentos sem proteção adequada ou com defeito; • armazenamento inseguro, congestionado ou sobrecarregado; • iluminação precária ou imprópria; • ventilação inadequada ou imprópria; • temperatura muito elevada ou muito baixa no local de trabalho. Além disso, as condições inseguras também estão relacionadas a aspectos psicológicos decorrentes do clima entre indivíduos ou entre indivíduos e organização ou aspectos de programação do trabalho, como a quantidade de horas trabalhadas e a fadiga resultante do trabalho. Há dados estatísticos que comprovam que o número de acidentes é maior após as primeiras cinco ou seis horas de jornada, quando o cansaço começa a aparecer mais fortemente. Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 69 Os atos inseguros, muitas vezes, são decorrentes de uma postura displicente do indivíduo em relação à sua atividade; de sua característica individual, de sua personalidade ou de sua motivação. Os principais atos inseguros resumem-se em: • movimentar materiais pesados de forma inadequada; • trabalhar em velocidade insegura: muito acelerada ou muito lenta; • usar equipamento inseguro ou não usar equipamento de segurança; • usar a mão em vez de ferramentas; • deixar de usar equipamentos de proteção individual disponíveis; • assumir postura ou posição insegura; • distrair, arriscar, negligenciar, etc. [ Aprendemos que os acidentes no trabalho são decorrentes de condições inseguras do ambiente e de atos inseguros do trabalhador. Aprendemos, também, que os acidentes costumam resultar em sérios prejuízos para o empregado e, também, para a organização. Os programas de prevenção de acidentes no trabalho buscam exatamente evitar a ocorrência de acidentes, quer pela eliminação das condições inseguras do ambiente, quer pela redução dos atosinseguros dos trabalhadores. ] Vejamos, então, como se processa a prevenção. 1º Eliminando as condições inseguras • Levantamento das áreas consideradas de risco: avaliação das condições do ambiente físico da organização e identificação das áreas com maior probabilidade de acidentes, seguida de proposições para minimizar os riscos. • Estudo amplo sobre as possíveis causas dos acidentes: profunda investigação sobre as causas dos acidentes, seguida de proposições para a sua eliminação. • Comprometimento da organização com a adoção de medidas de prevenção. 2º Reduzindo os atos inseguros: • Processos de seleção de pessoas: utilização de técnicas que facilitem a identificação de candidatos propensos a cometerem acidentes de maneira a evitar a sua contratação. • Comunicação interna: utilização de cartazes e propagandas para lembrar aos indivíduos a necessidade de práticas seguras no dia a dia de suas atividades. • Treinamento: instrução aos empregados sobre a importância da segurança do trabalho e de como devem proceder para evitar riscos. • Reforço positivo: informação aos empregados sobre a redução de acidentes na organização, face à implantação de medidas preventivas. A Teoria de Heinrich nos mostra que o acidente de trabalho e as lesões dele resultantes são causados por algo que antecede à situação de trabalho em si ou à condição do homem no trabalho. Segundo a Teoria de Heinrich, todo acidente de trabalho é causado, ou seja, ele nunca acontece por si só, isto é, ele é sempre resultante de algum fator que o determina. Heinrich afirma que o acidente de trabalho é causado porque o homem não se encontra devidamente preparado e comete atos inseguros ou, então, porque existem condições inseguras na atividade ou no ambiente de trabalho que comprometem a sua segurança. Segundo o teórico, são os atos inseguros e as condições inseguras que constituem a principal causa dos acidentes de trabalho. Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 71 Heinrich, partindo da personalidade dos indivíduos, buscou demonstrar a ocorrência de acidentes e lesões com o auxílio de cinco pedras de dominó: a primeira pedra representando a personalidade; a segunda, as falhas humanas no exercício do trabalho; a terceira, as causas de acidentes (atos e condições inseguras); a quarta, o acidente; e a quinta, as lesões. Personalidade: ao iniciar o trabalho em uma empresa, o trabalhador traz consigo um conjunto de características positivas e negativas, de qualidades e defeitos, que constituem a sua personalidade. Algumas dessas características, como irresponsabilidade, temeridade e teimosia, por exemplo, podem constituir-se em razões para a prática de atos inseguros ou para a criação de condições inseguras. Falhas humanas: em função de sua personalidade, o homem, seja qual for a sua posição hierárquica, pode cometer falhas no exercício do trabalho, as quais vão constituir as causas de acidentes. Causas de acidentes: englobam as condições inseguras e os atos inseguros. Acidente: sempre que existirem condições inseguras ou forem praticados atos inseguros no trabalho, pode ocorrer um acidente de trabalho. Lesões: toda vez que ocorre um acidente, há o risco de o trabalhador sofrer lesões, embora nem sempre os acidentes provoquem lesões. O autor considera que aspectos negativos da personalidade podem ser geradores de falhas no trabalho. Ele entende que diante da impossibilidade de modificar radicalmente a personalidade de todos os trabalhadores, de tal maneira que não ocorram falhas humanas no trabalho, é necessário procurar, então, eliminar as causas dos acidentes através da eliminação das condições inseguras e da diminuição da prática de atos inseguros dos trabalhadores de uma organização. Fonte: <www.bauru.unesp.br/curso> Acesso em: 24 set. 2014. Qualidade de Vida no Trabalho – QVT O conceito de Qualidade de Vida no Trabalho – QVT de hoje em dia envolve aspectos físicos, ambientais e psicológicos do local de trabalho e pressupõe um grande respeito às pessoas. É um preceito de gestão organizacional expresso por meio de normas e procedimentos que visam ao bem-estar individual e coletivo dos empregados de uma organização. A QVT tem a ver com melhor aproveitamento do potencial humano disponível de uma organização e com a retribuição que os empregados recebem por seu trabalho na organização. Pessoas motivadas e satisfeitas estão mais dispostas a ajudar a organização a alcançar resultados de qualidade e produtividade. Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 73 A QVT significa até que ponto os indivíduos conseguem alcançar a satisfação de suas necessidades por meio de seu trabalho na organização. Ela é determinada por uma série de fatores: • individuais: relacionados às necessidades e aos valores e expectativas de cada pessoa da organização. • organizacionais: relativos à tecnologia, às políticas organizacionais e ao sistema de recompensas da organização. • sistêmicos: relacionados à maneira como os fatores individuais e organizacionais atuam conjuntamente. CHIAVENATO (2012, p. 487) apresenta nove fatores que envolvem a QVT. A QVT é um constructo complexo que envolve uma constelação de fatores como: 1) satisfação com o trabalho executado; 2) as possibilidades de futuro na organização; 3) o reconhecimento pelos resultados alcançados; 4) o salário percebido; 5) os benefícios auferidos; 6) o relacionamento humano dentro da equipe e da organização; 7) o ambiente psicológico e físico de trabalho; 8) a liberdade de atuar e responsabilidade de tomar decisões; 9) as possibilidades de estar engajado e de participar ativamente. O clima organizacional e desempenho individual são dois fatores determinantes de QVT. Nos ambientes de trabalho em que o desempenho das pessoas nos cargos que ocupam é bom e o clima organizacional é de confiança e de respeito, a qualidade de vida no trabalho naturalmente também é boa. Portanto, a QVT envolve os aspectos intrínsecos e extrínsecos do cargo e afeta a atitude e o comportamento do colaborador que consequentemente afeta a produtividade individual e grupal (CHIAVENATO, 2012). Dessa forma, Chiavenato conclui que a competitividade organizacional passa pela qualidade e produtividade que por sua vez passa pela QVT. A seguir apresentam-se os três modelos de QVT, mais importantes: Para os autores, a QVT está fundamentada em quatro aspectos: 1) Participação dos colaboradores nas decisões. 2) Reestruturação do trabalho: através do enriquecimento de tarefas e de grupos autônomos de trabalho. 3) Inovação no sistema de recompensas: para infl uenciar o clima organizacional. 4) Melhoria no ambiente de trabalho: quanto a condições físicas e psicológicas, horário de trabalho etc. Na medida em que esses quatro aspectos são incrementados, há uma melhoria na QVT (CHIAVENATO, 2012, p. 489). Modelo de QVT de Nalde e Lawler Segundo Walton, há oito fatores que afetam a QVT: 1) Compensação justa e adequada: adequação da remuneração ao trabalho; equilíbrio das remunerações dentro da organização; e equilíbrio com as remunerações do mercado de trabalho. 2) Condições no trabalho: segurança e saúde no trabalho envolvendo as dimensões jornada de trabalho e ambiente físico de trabalho adequado ao trabalhador. 3) Utilização e desenvolvimento de capacidades: oportunidade de satisfazer as necessidades de utilização de habilidades e conhecimentos do trabalhador, desenvolver sua autonomia e autocontrole. 4) Oportunidades de crescimento. 5) Integração social na organização: eliminação de barreiras hierárquicas; apoio mútuo; e ausência de preconceito. 6) Constitucionalismo: estabelecimento de normas e regras da organização; direitos e deveres do trabalhador; e clima democrático na organização. 7) Trabalho e espaço total de vida: o trabalho não deve absorver todo o tempo e energia do trabalhador; espaço para a vida em família e lazer. 8) Relevância social da vida no trabalho:o trabalho deve trazer orgulho ao trabalhador; a organização deve desenvolver uma imagem positiva na sociedade pela sua atuação e pela qualidade de seus produtos e serviços, que se refl ete na imagem do próprio trabalhador. Modelo de QVT de Walton, 1973 Os Processos de Recompensa e de Manutenção de Pessoas 75 Segundo Hackman e Oldham, as dimensões do cargo produzem estados psicológicos que conduzem a resultados pessoais e de trabalho que afetam a QVT. São as seguintes as dimensões do cargo a que os autores se referem: 1) Variabilidade de habilidades: o cargo deve requerer uma variabilidade de habilidades, conhecimentos e atitudes do trabalhador. 2) Identidade da tarefa: o trabalho deve ser realizado do começo ao fi m para que o trabalhador tenha noção do todo que realiza. 3) Signifi cado da tarefa: o trabalhador deve ter percepção de como o seu trabalho interfere sobre o dos outros. 4) Autonomia: o trabalhador deve ter responsabilidade para planejar e executar as tarefas e autonomia para desempenhá-las. 5) Feedback interno: a tarefa deve propiciar informação de retorno ao trabalhador para que este possa avaliar o seu desempenho. 6) Feedback externo: os superiores hierárquicos devem oferecer retorno ao trabalhador quanto ao seu desempenho na tarefa. 7) Inter-relacionamento: o cargo deve possibilitar relação de seus ocupantes com os clientes internos e externos da organização. Modelo de QVT de Hackman e Oldham, 1975 Os Processos de Desenvolvimento e de Monitoramento de Pessoas Ao concluir esta unidade, você será capaz de compreender as atividades que integram o processo de desenvolvimento, bem como o valor contido nas ações de treinamento e desenvolvimento de pessoas; compreender que o desenvolvimento organizacional é consequência natural das ações de desenvolvimento pessoal, que transformam os indivíduos e, consequentemente, a sua prática. Será capaz, ainda, de reconhecer a importância do monitoramento de pessoal, que por meio de registros, de controles e de sistematização de informações acerca dos indivíduos da organização, propicia o aproveitamento mais adequado desse potencial humano. GESTÃO DE PESSOAS UNIDADE 5 Andréa Martins Andujar Fátima Regina Teixeira Os Processos de Desenvolvimento e de Monitoramento de Pessoas Como vimos na Unidade 1, o acirramento da competitividade entre as organizações coloca as pessoas em evidência. São as pessoas, com os seus conhecimentos, habilidades e atitudes, que movimentam a máquina organizacional, ou seja, são elas que executam os diversos processos que integram a organização. A conquista de mercado depende, substancialmente, do potencial humano disponível da organização. Assim, para alcançar uma condição favorável, as organizações precisam atentar para a necessidade de atualização e formação contínua de seus quadros de pessoal. Os Processos de Desenvolvimento e de Monitoramento de Pessoas 79 O processo de desenvolvimento constitui exatamente o aprimoramento do conhecimento de uma organização para alcance dos objetivos organizacionais. De acordo com Chiavenato (1999), “os processos de desenvolvimento envolvem três estratos que se superpõem: o treinamento, o desenvolvimento de pessoas e o desenvolvimento organizacional.”. O autor afirma que o treinamento e o desenvolvimento pessoal focalizam a aprendizagem no nível individual, ou seja, cuidam da maneira como as pessoas aprendem e se desenvolvem. O desenvolvimento organizacional, por sua vez, refere-se à maneira como as organizações aprendem e se desenvolvem por meio de processos de mudança e inovação. Vejamos, então, cada um desses estratos individualmente. Treinamento O treinamento pode ser entendido como um processo através do qual as pessoas são preparadas para o desempenho de suas tarefas no cargo que ocupam na organização. Mais recentemente, os processos de treinamento nas organizações têm sido considerados como um meio através do qual a organização desenvolve competências em seu pessoal, de maneira a torná-lo mais produtivo, criativo e inovador para ajudá-la a alcançar os seus resultados. Por meio de treinamento, os indivíduos são preparados para atuar com maior habilidade e destreza nos cargos que ocupam na organização. O treinamento é um processo de aprendizagem, isto é, de mudança, de transformação de comportamento, de aprimoramento profissional. Ele está voltado para a situação presente e dirigido para o cargo atual que o empregado ocupa. Tem por objetivo melhorar o desempenho do indivíduo no cargo e, consequentemente, a sua contribuição em termos produtivos para a organização. Envolve o repasse de conhecimentos sobre o trabalho, o desenvolvimento de habilidades e o desenvolvimento de atitudes. Existem alguns eventos que são geradores naturais de necessidade de treinamento, por exemplo: • expansão da empresa; • redução de pessoal; • mudanças nos processos ou rotinas de trabalho; • substituições e movimentação de pessoal; • introdução de novas tecnologias. Os principais indicadores da necessidade de treinamento são: • Problemas de produção: identificados pela baixa qualidade da produção, baixa produtividade, alta incidência de avarias nos equipamentos, elevado número de acidentes, excesso de erros e de desperdício, e pouca versatilidade dos empregados; • Problemas de pessoal: identificados pelas relações interpessoais deficientes, mau atendimento ao cliente, comunicação deficiente, falta de cumprimento das normas e regras internas, e erros na execução de ordens. Segundo Chiavenato (2002), o processo de treinamento se desenvolve em quatro etapas. São elas: Levantamento das necessidades de treinamento É a identificação das necessidades passadas, presentes ou futuras, que precisam ser satisfeitas para o adequado funcionamento da organização. O diagnóstico deve ser feito ao nível da organização, Os Processos de Desenvolvimento e de Monitoramento de Pessoas 81 das pessoas e dos cargos. Para a sua realização deve ser escolhido um dos seguintes métodos: método da avaliação do processo produtivo da organização para identificação de necessidades com base no desempenho das pessoas; método da retroação das pessoas a respeito das necessidades de treinamento que percebem existir; e método da visão do futuro para adequação das pessoas à inovação tecnológica assimilada pela organização. Elaboração do programa de treinamento Consiste no projeto do programa de treinamento que deve ir ao encontro das necessidades diagnosticadas. Deverão ser definidos previamente os seguintes aspectos: quem deve ser treinado, como deve ser treinado, em que deve ser treinado, por quem deve ser treinado, onde deve ser realizado o treinamento e quando ele deve ocorrer. Implementação do treinamento É a realização, propriamente dita, do treinamento ou execução do programa de treinamento. Utilização de técnicas de leitura (com a presença de instrutor) e de instrução programada (sem a presença de instrutor) para transmitir informações aos treinados e de técnicas de treinamento no cargo e em classe (sala de aula) para desenvolver habilidade nos treinados. Avaliação É a verificação dos resultados do treinamento. A avaliação procura investigar se os treinados apresentaram mudanças de comportamento após terem recebido o treinamento e, também, se os resultados alcançados no treinamento se relacionam com as metas atingidas pela organização (exemplos: aumento da eficácia organizacional, melhoria do clima organizacional, redução da rotatividade e absenteísmo, elevação do conhecimento das pessoas, aumento da produtividade, adequação das pessoas aos requisitos do cargo e redução de acidentes de trabalho). Educação corporativa: uma nova dimensão do treinamento Nesses últimos vinte anos, a era do conhecimento pôs em evidência temas como capital intelectual, ativos intangíveis e organizações de aprendizagem. Esses temas refletem a importância do conhecimento e, portanto, daaprendizagem contínua nas organizações contemporâneas, destacando a gestão do conhecimento. O rápido avanço da ciência e das tecnologias, sobretudo das tecnologias de informação e de comunicação, modificou a velocidade de processamento e de circulação das informações e fez do conhecimento algo que se modifica e se renova constantemente. Atualização permanente dos conhecimentos é fator imperativo para pessoas e organizações do presente. As pessoas, assim como as organizações, têm clareza de que a educação é essencial para sua permanência e competitividade no mercado. Através da educação corporativa, que é uma nova dimensão do treinamento de pessoas, as organizações buscam qualificar permanentemente os seus quadros de modo a torná-los mais produtivos. A educação corporativa leva em consideração a necessidade de se agregar valor a um negócio, o que implica investir, portanto, no desenvolvimento das competências fundamentais para esse negócio. Ela se caracteriza por ajustar os processos educacionais originários dos ambientes acadêmicos à realidade e às necessidades do ambiente organizacional. Os Processos de Desenvolvimento e de Monitoramento de Pessoas 83 [ A educação corporativa é, em síntese, um processo contínuo de aprendizagem, que permite o desenvolvimento das competências necessárias à competitividade de uma organização. ] A atualização do conhecimento e a sua adequada utilização constituem fatores fundamentais para a competitividade de qualquer organização. Nesse sentido, muitas organizações estão assumindo um papel cada vez mais importante no que diz respeito à aprendizagem de seus empregados. A terminologia “universidade corporativa” é originária do mundo dos negócios nos EUA, Corporate University, e procura destacar exatamente a ligação entre a universidade e as organizações, ressaltando que a educação não constitui o seu objetivo principal, mas deve servir apenas como um meio para o alcance dos objetivos organizacionais. Conforme Alperstedt (2000), a universidade corporativa é um processo centralizado de soluções de aprendizagem com relevância estratégica para uma família de cargos ou de funções e para as competências essenciais de uma organização. Embora a finalidade e os objetivos das universidades corporativas sejam semelhantes, a prática de cada uma delas guarda diferenças. Existem aquelas que são totalmente mantidas pelas organizações que as originaram, que atuam apenas internamente no ambiente da própria organização e que são dirigidas por pessoas desse ambiente. Existem, também, aquelas que alcançam o meio externo da organização, prestando serviços a outras organizações e à comunidade em geral, procurando ser autossuficientes, ou seja, que funcionam como um negócio independente. Desenvolvimento de pessoas O desenvolvimento de pessoas é um processo de educação exercido de forma sistemática e voltado para o futuro do indivíduo e da organização. Essa educação tem por objetivo desenvolver e aperfeiçoar o indivíduo para o seu crescimento em determinada carreira dentro da organização, ou para torná-lo mais eficiente e produtivo no desempenho de seu papel. É a partir da aprendizagem, decorrente do processo de educação, que começa a acontecer a modificação no comportamento do indivíduo, pelo aprimoramento de sua personalidade. É, também, por meio dela que o indivíduo amplia a sua capacidade de compreender e interpretar o conhecimento. Atualmente, com as organizações mais horizontalizadas em termos de estrutura, com a diminuição dos níveis hierárquicos e com o crescimento do trabalho em equipe, o desenvolvimento de pessoas passou a ser uma máxima, que vale para todos os empregados, nos seus mais diversos cargos. As organizações demonstram estar conscientes da importância de ter seus quadros bem formados para enfrentar a concorrência no mundo globalizado. Métodos de desenvolvimento de pessoas no cargo • Rotação de cargos: as pessoas são convidadas a mudar várias vezes de posição na organização com o intuito de expandirem suas habilidades e conhecimentos e capacidades. Pode haver a rotação vertical, com a promoção provisória, ou a rotação horizontal, com a transferência de curto prazo. • Posições de assessoria: as pessoas são escolhidas para trabalhar de forma provisória como assistentes de um superior hierárquico bem sucedido e sob a sua supervisão. • Atribuição de comissões: as pessoas são convidadas a participar de comissões de trabalho, onde têm a oportunidade de aprender pela observação, compartilhar da tomada de decisões e pesquisar problemas específicos da organização. Métodos de desenvolvimento de pessoas fora do cargo • Participação em cursos e seminários: as pessoas têm a oportunidade de adquirir novos conhecimentos e habilidades conceituais e analíticas através da participação em cursos formais e seminários. Atualmente as pessoas têm essa oportunidade ampliada pela existência de cursos a distância, cuja base é a tecnologia de informação. • Exercícios de simulação: as pessoas têm a oportunidade de desenvolver seu potencial por meio de exercícios de simulação, jogos de empresas, estudos de caso, simulação de papéis, entre outros. • Tutoria: as pessoas que desejam subir a níveis mais elevados na organização recebem orientação de pessoal executivo, que lhes dão suporte profissional e político. A função do tutor é, portanto, dar orientação aos pretendentes à ascensão na hierarquia corporativa, guiar os passos desses indivíduos e aconselhá-los ou criticá-los, para que cresçam como desejam. [ Existem muitos métodos de desenvolvimento de pessoas. Uns são aplicados com o indivíduo no cargo e outros com o indivíduo fora do cargo. Vejamos em detalhes cada um desses métodos. ] Os Processos de Desenvolvimento e de Monitoramento de Pessoas 85 Desenvolvimento de carreira Podemos definir a carreira como a sucessão de posições ocupadas por um indivíduo e de atividades por ele desenvolvidas ao longo de sua vida profissional. A carreira está, portanto, relacionada aos passos dados por um indivíduo ao longo de sua atuação no mercado produtivo, seja como empregado, como autônomo, como profissional liberal ou, ainda, como empresário. De acordo com Chiavenato (1999, p. 326), “o desenvolvimento de carreira oferecido por uma organização pode ser entendido como um processo formalizado e sequencial que focaliza o planejamento de carreira futura dos funcionários com potencial para ocuparem cargos mais elevados”. O autor afirma que “o desenvolvimento de carreira é alcançado quando as organizações conseguem integrar o processo com outros programas de RH, como avaliação de desempenho, T&D e planejamento de RH.” Chiavenato (1999) enumera as principais ferramentas utilizadas por organizações para promover o desenvolvimento de carreira a seus empregados: • Centro de avaliação: oferece retroação sobre os pontos fortes e fracos dos candidatos contratados, de tal maneira que seja possível um encaminhamento de carreira adequado e realístico. • Teste psicológico: oferece retroação sobre interesses e habilidades do contratado. • Avaliação de desempenho: oferece retroação sobre as expectativas e necessidades, sobre o nível de satisfação no cargo e sobre interesses futuros do empregado. • Projeção de promovabilidade: julgamentos feitos por gerentes a respeito do potencial de seus subordinados, que ajudam a organização a identificar os empregados a serem promovidos. • Planejamento de sucessão: preparo de pessoas para preencherem posições mais complexas. Desenvolvimento Organizacional (DO) Desenvolver-se é a tendência natural de toda organização. O processo de desenvolvimento é lento e gradativo e conduz a organização ao conhecimento de si mesma e à realização de suas potencialidades. O desenvolvimento organizacional pode ser definido como um conjunto de ações planejadas de mudança ou de transformação organizacional. As ações de mudança são estabelecidas eexecutadas pelas pessoas da organização. As mudanças implementadas visam, sobretudo, à melhoria dos processos internos, das relações interpessoais, da capacidade de enfrentar e resolver problemas e da eficácia organizacional. É um processo de aprendizagem organizacional que permite a reavaliação dos processos, dos valores e da cultura da organização, para promover os ajustes necessários à sua eficácia. Warren G. Bennis conceitua o desenvolvimento organizacional da seguinte forma: “é uma estratégia educacional adotada para trazer à tona uma mudança organizacional planejada, exigida pelas demandas às quais a organização tenta responder e que enfatiza o comportamento com base na experiência”. Para Chiavenato (1999), o desenvolvimento organizacional é um processo que permite à organização dispor de um profundo conhecimento de si, de suas possibilidades e do ambiente em que atua; de uma estrutura flexível para adaptar-se ao novo sem muitos problemas; de informação sobre o resultado das mudanças; e de planejamento para estabelecer boas relações com o ambiente e com o pessoal efetivo de que dispõe. Os planos de carreira têm buscado alcançar não apenas o desenvolvimento da própria organização, que pode alcançar melhores resultados a partir do bom desempenho e nível de qualificação de seus empregados, mas também desenvolver os profissionais e orientá-los no encaminhamento da carreira, de forma que estes alcancem sucesso e satisfação profissional, na organização ou fora dela. Os Processos de Desenvolvimento e de Monitoramento de Pessoas 87 Chiavenato (2002) considera que os objetivos do desenvolvimento organizacional são inúmeros e destaca: • aumentar o nível de confiança e apoio entre os membros da organização; • aumentar a confrontação de problemas organizacionais dentro dos grupos e entre os grupos; • criar um ambiente no qual a autoridade designada pelo papel seja aumentada pela autoridade baseada no conhecimento e habilidade social; • incrementar o nível de entusiasmo e satisfação pessoal na organização; • incrementar o nível de responsabilidade individual e de responsabilidade grupal no planejamento e implementação. Davis apud Chiavenato (2002) elenca nove características do desenvolvimento organizacional. • Focalização sobre a organização toda: o DO envolve a organização como um todo para que a mudança ocorra efetivamente. • Orientação sistêmica: o DO está voltado para as interações entre as várias partes da organização, que se afetam reciprocamente para as relações de trabalho entre as pessoas, bem como para a estrutura e os processos organizacionais. • Agente de mudança: o DO utiliza um ou mais agentes de mudança, que são pessoas que desempenham o papel de estimular e coordenar a mudança dentro de um grupo ou dentro da organização. • Aprendizagem experimental: os participantes aprendem pela experiência no ambiente de treinamento, como resolver os problemas humanos com os quais se defrontam no trabalho. • Processos de grupo: o DO repousa sobre processos grupais, como discussões em grupo, confrontações, conflitos intergrupais e procedimentos para cooperação. • Solução de problemas: o DO enfatiza a solução de problemas e não apenas os discute teoricamente. • Retroação: o do busca proporcionar retroação aos participantes para que eles tenham dados concretos que fundamentem suas decisões. • Orientação contingencial: o do não segue um procedimento rígido e imutável. É situacional e orientado para contingências. • Desenvolvimento de equipes: o objetivo do do é construir equipes de trabalho dentro da organização. Processo de monitoramento Como bem sabemos, as organizações funcionam com o intuito de alcançar os objetivos para os quais são criadas. Para tanto, atuam de forma racional e deliberada. Monitorar significa acompanhar, visualizar de perto, observar, ver o andamento das coisas. O monitoramento de pessoal é o processo organizacional responsável pelo acompanhamento das pessoas em relação ao seu desempenho e à sua participação, no alcance dos resultados ou objetivos organizacionais. Segundo Rits (2007), o monitoramento se caracteriza cada vez mais por desenvolver e estimular autocontrole e flexibilidade, tendo em vista que os profissionais devem manter, com a organização e seu público, uma atitude de cooperação e de engajamento na missão. As atividades de controle que são exercidas sobre os indivíduos e sobre as diversas partes que integram a organização devem acontecer no sentido de assegurar que todos trabalhem de acordo com o que foi planejado. É por meio do controle que os erros são percebidos e sua ocorrência retificada ou inibida. O processo de monitoramento de pessoas procura se valer de um conjunto de informações sobre os indivíduos que a integram, para que a partir delas possam ser tomadas decisões e ordenadas as ações futuras de médio e longo prazo na organização. Para tanto, esta se vale de dados disponíveis nos chamados bancos de dados, que são mantidos com a finalidade de serem sistematizados por sistemas de informação, com vista a gerar as informações de que a organização necessita. PROCESSO DE MONITORAMENTO [ SAIBA MAIS ] O processo de monitoramento de pessoas tem por função atuar para que as diversas partes da organização possam assumir adequadamente a sua responsabilidade de linha em relação ao pessoal. Os Processos de Desenvolvimento e de Monitoramento de Pessoas 89 Banco de dados Segundo Chiavenato (2012, p. 505), “a base de todo sistema de informações é o banco de dados”. Para que a organização consiga o melhor aproveitamento possível dos seus empregados, ela deve manter um banco de dados para dispor de informações atualizadas sobre eles; deve ter regras definidas para a demissão de um profissional; deve ter um controle em relação aos objetivos e tarefas executadas pelos empregados; e, ainda, ter sob controle a sua frequência ao trabalho. Chiavenato (2012, p. 505) informa que “o banco de dados é um sistema de armazenamento e acumulação de dados devidamente codificados e disponíveis para o processamento e obtenção de informações.”. Trata-se de um conjunto de arquivos relacionados de forma lógica, organizados para facilitar o acesso aos dados e eliminar a redundância. Um banco de dados, para ter valor e servir adequadamente à organização, deve sofrer manutenção e atualização permanentes. A responsabilidade pela manutenção e atualização do banco de dados é de seus usuários. BANCO DE DADOS [ GLOSSÁRIO ] São conjuntos de registros dispostos em estrutura regular que possibilita a reorganização dos mesmos e produção de informação. Um banco de dados normalmente agrupa registros utilizáveis para um mesmo fim. Fonte: <http://pt.wikipedia.org/ wiki/Banco_de_dados > Acesso em: 24 set. 2014. Os dados referentes às pessoas que integram a organização, os quais são utilizados na atividade de monitoramento, advém de cadastros, tais como: cadastro de candidatos à organização, cadastro de pessoal da organização, cadastro de cargos e salários da organização, cadastro de treinamentos e capacitação, e outros. A combinação dos dados, especificamente na área de gestão de pessoas, resulta em importantes informações a serem utilizadas em favor da organização, envolvendo atividades que vão da análise organizacional à aplicação de técnicas operacionais, visando ao alcance de objetivos pré-estabelecidos. Sistemas de informação De acordo com Chiavenato (2002), um sistema de informações é, por definição, um sistema através do qual os dados são obtidos, processados e transformados em informações, de forma esquematizada e ordenada, para servirem de subsídio à tomada de decisões. É com base nas informações sobre o pessoal da organização, advindas do sistema de informação que abastece o processo de monitoramento, que os gerentes de linha podem tomar com segurança decisões relativas aos seus subordinados; também é com base nessas informaçõesque os responsáveis pela área de Gestão de Pessoas estudam e avaliam a força de trabalho disponível, para estabelecer suas estratégias de desenvolvimento de pessoal; é, ainda, com base nelas, que todos os empregados da organização podem obter feedback sobre o seu desempenho. Agente Comercial TerminalArquivo de Documentos Banco de Dados Mediador Companhia CC Os Processos de Desenvolvimento e de Monitoramento de Pessoas 91 Um sistema de informações em gestão de pessoas utiliza como fonte de dados os subsídios advindos de várias direções: do banco de dados de gestão de pessoas; dos processos de recrutamento e seleção; dos processos de treinamento e desenvolvimento; da avaliação de desempenho; do sistema de recompensas; dos registros e controles de pessoal; das estatísticas de pessoas; e da higiene e segurança do trabalho, entre outros. A Gestão de Pessoas requer a utilização de vários bancos de dados interligados que permitem obter e armazenar dados a respeito de diferentes estratos ou níveis de complexidade, a saber: 1) Cadastro de Pessoal: com dados pessoais sobre cada funcionário. 2) Cadastro de Cargos: com dados sobre os ocupantes de cada cargo. 3) Cadastro de Seções: com dados sobre os funcionários de cada seção, departamento ou divisão. 4) Cadastro de Remuneração: com dados sobre os salários e incentivos salariais. 5) Cadastro de Benefícios: com dados sobre benefícios e serviços sociais. 6) Cadastro de Treinamento: com dados sobre programas de treinamento. 7) Cadastro de Candidatos: com dados sobre candidatos a emprego. 8) Cadastro Médico: com dados sobre consultas e exames médicos de admissão, exames periódicos etc. 9) Outros Cadastros dependendo das necessidades da organização, da ARH, dos gerentes de linha e dos próprios funcionários. Chiavenato (2012, p. 505). As informações sistematizadas pela gestão de pessoas servem à organização de diversas maneiras: tornam possíveis diversas formas de controles; tornam possível o planejamento de ações futuras; tornam possível a tomada de decisões em momentos críticos; enfim, tornam possível que a organização conheça a si própria e saiba de suas reais possibilidades, tanto atuais quanto futuras e, com isso, alcance maior êxito no mercado em que atue. Considerações Finais Concluímos esta unidade curricular. O material que oferecemos a você deve servir como um primeiro passo para um aprendizado que merece ser aprofundado. Esse conhecimento aplicado em sua vida profissional possibilitará analisar criticamente como uma organização utiliza o seu potencial humano disponível. Procure então: • aplicar técnicas de recrutamento e seleção; • identificar os fatores motivacionais dos colaboradores de uma organização e propor incentivos e benefícios para satisfazê-los; • identificar necessidades de treinamento e desenvolvimento dos funcionários e propor um programa para supri-las; • aplicar, no ambiente organizacional, conhecimentos de higiene, segurança e qualidade de vida no trabalho; • organizar dados e informações para abastecer o processo de monitoramento de pessoal. Mas seu estudo não acaba aqui, portanto, utilize os momentos de interação síncrona para tirar dúvidas e aprender um pouco mais. Traga exemplos do seu cotidiano para enriquecer esse cenário de estudos. Além disso, troque informações com seus colegas sobre as diferentes realidades que vivem e sobre como elas farão parte de seu dia a dia como futuro gestor público. Faça valer o seu aprendizado, comece desde já a colocar em prática o conhecimento que possui. Por fim, você poderá ser um profissional comprometido e proativo tão necessário ao novo cenário da Gestão Pública brasileira. Tenha muito sucesso como profissional de gestão pública! Um grande abraço! Sobre as Autoras [ Andréa Martins Andujar ] Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (1988), graduação em Administração pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1986), especialização em Administração de Recursos Humanos (1991), mestrado em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (1997) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2006). É professora do Instituto Federal de Santa Catarina desde 1998 e atua na Educação a Distância desde 2006. [ Fátima Regina Teixeira ] Possui doutorado em Engenharia Industrial e de Sistemas, Universidade do Minho, Portugal, em andamento. Mestre em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina (2001). Especialista em Escola de Governo, Universidade do Estado de Santa Catarina (1995). Graduada em Administração, Universidade do Estado de Santa Catarina (1986). É professora do Instituto Federal de Santa Catarina desde 1999. Referências 95 Referências ALPERSTEDT, C. Universidades corporativas: discussão e proposta de uma definição. In: Enanpad, 24. Anais... Florianópolis, Anpad, 2000. ANSOFF, Igor H. Administração estratégica. São Paulo: Atlas, 1983. BARRETO, A. R. Os trabalhadores do conhecimento: um novo profissional. In. SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GESTÃO DO CONHECIMENTO, Curitiba. Anais... Curitiba: PUC/PR, 2001. 1 CD-ROM. BATISTA, Fábio F.; QUANDT, Carlos O.; PACHECO, Fernando F.; TERRA, J. C. C. Gestão do conhecimento na administração pública. Brasília: Ipea, 2005. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. ______. Recursos humanos. São Paulo: Atlas, 2002. ______. 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