Prévia do material em texto
AULA 3 - EDUCAÇÃO (SEM) A DISTÂNCIA • Distinguir as diferentes modalidades de EaD (E-learning). • Relacionar e avaliar princípios da Andragogia e Heutagogia à modalidade de EaD. CONTEXTUALIZANDO A APRENDIZAGEM Prezado(a), Estudante: Você já pensou o que é EaD (Educação a Distância) e como essa modalidade de ensino- aprendizagem se faz, intrinsecamente, presente no contexto educacional contemporâneo? Já ouviu falar sobre Andragogia e Heutagogia? Se nunca se questionou de forma mais profunda sobre esses assuntos, prepare-se! Há um novo cenário à sua frente e vamos discuti-lo neste momento! Você descobriu até o momento que a EaD não nasce com o uso de recursos digitais e que as políticas educacionais impactam o modo como essa modalidade de educação se estabelece. Prosseguindo, nesta aula vamos debater sobre a modalidade de EaD, de maneira especial, o e- learning; distinguir suas diferentes modalidades e desvelar os princípios da Andragogia e Heutagogia que fornecem subsídios para o pensar pedagógico da EaD. Mapa mental panorâmico Para contextualizar e ajudá-lo(a) a obter uma visão panorâmica dos conteúdos que você estudará na Aula 3, bem como entender a inter- relação entre eles, é importante que se atente para o Mapa Mental, apresentado a seguir: EDUCAÇÃO (SEM) A DISTÂNCIA 1 EDUCAÇÃO (SEM) A DISTÂNCIA 1.1 E-LEARNING E MODALIDADES 1.1.1 Blended Learnning 1.2 MOBILE LEARNING 1.2 APRENDIZAGEM EM PERSPECTIVA 1.2.1 ANDRAGOGIA 1.2.2 HEUTAGOGIA EDUCAÇÃO (SEM) A DISTÂNCIA 1 EDUCAÇÃO (SEM) A DISTÂNCIA Durante o desenvolvimento de seus estudos sobre EaD, um dos pontos de destaque referia-se à distância geográfica entre o aluno e o educador – o que muitos teóricos consideravam a base da concepção da EaD. Entretanto, o que esta Aula traz à discussão são fatores que vão além das questões relacionadas à distância geográfica: a distância transacional. Você sabe o que significa este termo? Vejamos! Transacional trata-se de um conceito pedagógico que tem como meta analisar as relações entre alunos e professores e a intensidade dessas relações, que visa ao estudo da distância psicológico-comunicacional (MOORE, 1997) entre professores e estudantes. O título desta aula, além da referência a uma menor distância transacional entre alunos e professores, é uma homenagem à obra de Tori (2010), que em seus estudos defende a redução de distância nos processos de ensino e aprendizagem por meio de TIC (Tecnologias da Informação e da Comunicação) interativas. É neste ponto que iniciamos nossas considerações, com base em dois modelos de e-learning: o mobile learning e o blended learning; como forma de minimizar a distância nos processos de ensinar e aprender no contexto digital. Vamos saber uma pouco mais sobre estes assuntos? 1.1 E-LEARNING E MODALIDADES É fato que o advento das novas tecnologias digitais produziu impactos diretos no âmbito da EaD; um dos efeitos foi a exploração de novos formatos e espaços, por meio dos quais o aluno busca, de modo dinâmico, adquirir conhecimentos e habilidades. Os cursos e-learning, dessa forma, se configuram como um exemplo mais absoluto desses efeitos na nova realidade da educação contemporânea. O e-learning, enquanto modalidade de formação a distância, [...] do ponto de vista tecnológico está associado, e tem como suporte, a internet e os serviços de publicação de informação e de comunicação que esta disponibiliza, e do ponto de vista pedagógico implica a existência de um modelo de interação entre professor-aluno (formador-formando), a que, em certas abordagens, acresce um modelo de interação aluno-aluno (formando-formando), numa perspectiva colaborativa (CALDEIRA, 2010, p.70) A modalidade de EaD conhecida como e-learning tem especificidades que lhe são próprias, tais como: • É uma modalidade de ensino com uso da internet que, geralmente segundo Paulsen (2002) e Lisboa et all (2009), utiliza como espaço de ensino um ambiente virtual de aprendizagem (AVA). • Tem como proposta a colaboração online. • Possibilita a formação de uma comunidade virtual de aprendizagem. • Promove a comunicação bidirecional (síncrona e assíncrona). • Tem como foco da aprendizagem a interação e a construção coletiva de conhecimento. O estudo sobre as modalidades EaD, além de outras áreas científicas, estabecem conexões com as Ciências da Educação. O termo “e-learning” vem de “eletronic learning” (aprendizado eletrônico) e é uma modalidade de ensino a distância oferecido totalmente pelo computador. Embora não haja consenso entre grande parte dos teóricos nas divisões e nas denominações das modalidades learning, observe que, na literatura atual você encontrará sete distintas modalidades: T-learning; U-learning; P-learning; M-learning; C-learning; B-learning; S- learning. Nosso objetivo vai ser olhar, de forma mais aprofundada, para duas destas modalidades: o B-learning ou Blended learning e o M- learning ou Mobile learning. 1.1.1 Blended Learnning Sabe-se que no ensino presencial (face a face), muitas vezes o professor propõe aos alunos o desenvolvimento de atividades fora do ambiente escolar. Sabe-se também que e-learning é uma das modalidades do ensino a distância. A partir deste conhecimento, e de sua percepção da imagem acima, o que seria Blended Learning? Se você respondeu que B-learning, ou ensino hibrido, é a metodologia de EaD que tem como base a combinação de ambientes virtuais – atividades a distância por meio de tecnologias da informação e comunicação - e físicos – atividades presenciais - no processo de aprendizado, acertou! Staker e Horn (2012) definem Blended learning como um programa de educação formal que integra recursos digitais em atividades a distância com atividades desenvolvidas em sala de aula, sendo possível interagir com seus pares e com o professor. No caso do Blended learning, o aprendizado tem como base materiais didáticos desenvolvidos especificamente para a disciplina, e não o uso de qualquer material de pesquisa na internet que o aluno possa buscar. Staker e Horn (2012) definem quatro modelos que categorizam o Blended learning, denominados como taxonomia de Blended learning. Fluxo 1 - Taxonomia de Blended learning Flex A âncora do processo de ensino e de aprendizagem é o conteúdo e as instruções que o aluno trabalha online. A base do processo de ensino e de aprendizagem é centrado no conteúdo. Blended misturado O aluno opta por realizar uma ou mais disciplinas totalmente on-line para complementar as disciplinas presenciais. Virtual enriquecido A ênfase está nas disciplinas que o aluno realiza online. A maior parte do ensino é online, complementado com poucas atividades presenciais. Rodízio Dá ao aluno a chance de alternar ou circular por diferentes modalidades de aprendizagem. Divisão: - Rodízio de estações - Rodízio entre laboratórios - Rodízio individual - Sala de aula invertida FONTE: Adaptado de STALKER, H.; HORN, M. B. Classifying K–12 blended learning. Mountain View: Innosight Institute Inc., 2012. Observe que na taxonomia proposta por Staker e Horn (2012) cada modelo possui sua especificidade própria. A escolha de um deles deve ter como base os objetivos de aprendizagem pré-definidos, a característica da disciplina e mesmo o estilo de aprendizagem dos alunos. No Brasil, algumas instituições estão fazendo uso do modelo rodízio. Em Stefanovic (2016) encontra-se análise mais aprofundada do uso do b-learning no modelo rodízio em disciplina de graduação e dos benefícios à aprendizagem, sendo o mais relevante a grande aceitação por parte dos estudantes. Para além da aula de Língua Portuguesa: A Webquest e o aprendizado da leitura e da produção numa proposta de sala de aula invertida de Schneider e Oliveira (2015) traz o uso de recursos digitais com aplicação do método de aula invertida com a meta de beneficiar os alunos, principalmente no que se refere a sua autonomia e à personalização do ensino. O estudo foi apresentado em evento dedicado a aprendizagem aberta einvertida da UFPE no ano de 2015. No mesmo alinhamento Tori (2010, p. 121) já destaca que: [...] ambientes de aprendizagem que historicamente se desenvolveram de maneira separada, a tradicional sala de aula presencial e o moderno ambiente virtual de aprendizagem, vêm se descobrindo mutuamente complementares. O resultado desse encontro são cursos híbridos que procuram aproveitar o que há de vantajoso em cada modalidade, considerando contexto, custo, adequação pedagógica, objetivos educacionais e perfis dos alunos. Neste ponto, são necessários alguns critérios para identificar se um curso é B-learning ou se somente usa o espaço digital para o desenvolvimento de determinadas atividades de ensino. Frisen (2012) apresenta uma combinação de elementos para identificar se o curso é Blended learning ou não; denominada Decision Tree. A imagem do fluxo 2, disponível a seguir, tem como objetivo analítico das características de um curso neste formato: Fluxo 2 – Decision Tree FONTE: traduzido de FRISEN, N. (2012) Report: defining blended learning. Disponível em: http://learningspaces.org/papers/Defining_Blended_Learning_NF.pdf. Acesso em: 20 jun. 2018. O fluxo proposto por Frisen (2012) possibilita, pela aplicação dos parâmetros estabelecidos, a identificação se um curso segue formato Blended learning ou não. Há possibilidade de criação de outros fluxos com algum outro parâmetro que o analista considere pertinente registrar. Graham (2005 apud TORI, 2010) refere-se à aplicação do Blended learning em quatro diferentes níveis de organização, sendo eles: Fluxo 3 – Blended Learning – Quatro níveis de Organização Nível institucional O Blended learning encontra-se incorporado ao projeto pedagógico institucional; o planejamento dos cursos procura combinar adequadamente as atividades presencias e virtuais em função das características de cada curso, do público--alvo e dos objetivos pedagógicos; há infraestrutura e equipes de apoio, bem como uma cultura organizacional que não discrimina ou privilegia uma ou outra forma de aprendizagem; nem toda instituição que ofereça cursos presenciais e também cursos a distância necessariamente já atingiu esse nível. Nível de curso Nesse caso a composição de um curso se dá por meio de uma grade curricular composta por disciplinas presenciais e não presenciais; a proporção entre essas duas modalidades de disciplinas é que define se o perfil do curso tende mais para o virtual ou para o presencial. http://learningspaces.org/papers/Defining_Blended_Learning_NF.pdf. Nível da Disciplina Nesse nível uma disciplina é composta pela mescla de atividades puramente a distância com outras exclusivamente presenciais; os cursos tradicionais já se utilizam um pouco desse modelo ao intercalar atividades extraclasse (as tradicionais lições de casa) com as aulas em sala; mas há muitas outras combinações possíveis nesse nível. Nível da Atividade Neste nível podem ser misturados elementos presenciais e virtuais em uma mesma atividade de aprendizagem, como uma aula em laboratório, com a presença do professor, na qual são utilizados simuladores de realidade virtual; outro exemplo seria o treinamento prévio em simuladores seguido por experimentos ao vivo em laboratório; também pode haver atividades práticas presenciais apoiadas por recursos virtuais. FONTE: adaptado de Graham (2005) apud TORI, R. Educação sem distância: as tecnologias interativas na redução de distâncias em ensino e aprendizagem. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010. Independentemente do nível de aplicação, segundo Olsen (2013) o Blended learning propicia benefícios significativos como: • Construção de comunidades de aprendizagem por intermédio da interação entre pares (colegas) online e offline. • Acomodação de diferentes estilos ou aprendizados. • Oportunidades de aprendizagem onipresente (capacidade de estar em todos os lugares ao mesmo tempo) a qualquer hora em qualquer lugar. • Aumento do alcance de professores eficazes. • Prática de habilidades essenciais para a alfabetização digital. • Experiência de aprendizagem personalizada e mais relevante. • Participação dos alunos de uma forma que melhor se adapte às suas necessidades individuais de aprendizagem. • Engajamento individualizado com materiais didáticos. • Aprendizagem para além da sala de aula. • Instrução online aumento da competência escrita e das habilidades de comunicação digital devido à instrução online. • Maior acesso a materiais de aprendizagem de alta qualidade. • Melhora do envolvimento e da motivação dos alunos. • Oportunidades de co-construção e aprendizagem colaborativa. 1.2 MOBILE LEARNING Você já pensou que o conhecimento está a uma tecla de distância? Hoje usamos nosso celular, não somente para chamadas telefônicas, para pesquisar e estudar. Que tipo de ensino é esse? O ensino não se vê mais restrito às salas de aula físicas, isto é fato, mas avançou de maneira tal que, no contexto contemporâneo, temos acesso aos espaços de ensino, nos mais diferentes locais - e em distintos momentos – por meio de um celular com acesso à internet. Essa mudança pautou uma nova discussão na educação na modalidade a distância: o Mobile learning ou M-learning. O conceito de M-learning refere-se ao processo de aprendizagem que ocorre com base no uso de tecnologias de informação móveis (TIMS) e que tem como característica principal a mobilidade física e geográfica do aluno; assim como, a mobilidade dos espaços de ensino, antes físicos e fixos (BOWKER 2000; KOSCHEMBAHR 2005). De acordo com Ahonen et al (2003) e Syvänen et al (2003) esse novo conceito, emergente da utilização de dispositivos móveis na educação, traz como grande atributo o fato de possibilitar um modelo de aprendizado integrado ao alto grau de mobilidade dos dispositivos atuais de comunicação móvel. Um dos recursos que o M-learning potencializa é a possibilidade de acessar, visualizar, compartilhar, produzir e consumir conteúdo, independentemente do horário e do local onde se esteja. E-learning e M-learning muitas vezes são considerados ou citados como se sinônimos fossem. Ainda que entendidos como distintos, muitas vezes profissionais da área ou até mesmo estudiosos acreditam que a única diferença se trata da questão da mobilidade. Para Saccol et al (2011) apesar de muitas vezes associado, ou considerado mera extensão do modelo e-learning, o M-learning se distancia desta outra modalidade por meio de outros fatores além da simples mobilidade, ou seja, pelos seguintes elementos: • Maior controle e autonomia sobre a própria aprendizagem – aprendizagem centrada no indivíduo. • Aprendizagem em contexto – no local, no horário e nas condições que o aprendiz julgar mais adequados. • Continuidade e conectividade entre contextos – por exemplo, enquanto o aprendiz se move em determinada área ou durante um evento. • Espontaneidade e oportunismo – possibilita que aprendiz aproveite o tempo, espaço e quaisquer oportunidades para aprender de forma espontânea, de acordo com seus interesses e necessidades (SACCOL, 2011, p. 24-25). Seja de forma isolada, ou vinculado a outra modalidade learning, o uso de práticas do M-learning deve ser valorizado como recurso pedagógico capaz de ajudar no desenvolvimento de atividades curriculares e em uma maior interação entre estudantes e professores pela mediação. A África, continente conhecido pelo limitado acesso a computadores - mas onde os dispositivos móveis são de amplo acesso a população em razão do baixo custo - tem, por intermédio do Conselho Nacional Nigeriano, um bem-sucedido projeto de uso de dispositivos móveis na educação. O projeto voltado a educação nômade tem como propósito oportunizar o acesso à educação para as crianças do ensino básico com carências no domínio da habitação adequada, comida e cuidados de saúde. Dessa forma começou a integrar tecnologias móveis nos planos de estudo. Os relatórios preliminares indicam maior alfabetização das povoações abrangidas e o apoio da adequaçãodas tecnologias móveis para o estilo de vida nômade (MOURA, 2009). Já vistas as principais características da modalidade Mobile learning, veja a distinção desta modalidade com as outras de EaD: Quadro 1 – Modalidades Learning: distinções E-learning B-learning M-learning Características 1. Uso da web. 2. Professor e aluno separados (espaço e tempo). 3. Comunicação síncrona e assíncrona. 4. Armazenagem de conteúdo. 5. Aprendizagem flexível, apoiado por tutorias. 1. Foco no aluno. 2. Separação física de professor e aluno. 3. Uso de mídias. 4. Tutoria como apoio. 5. Aprendizagem independente. 1. Alunos têm flexibilidade. 2. Independência tecnológica. 3. Quando e onde quiser. 4. Acesso a conteúdo de AVAS. 5. Navegação intuitiva, 6. Facilidade de navegabilidade. 7. Velocidade de conexão. Requisitos técnicos 1. Computador. 2. Conexão com a internet. 3. Acesso ao AVA (atividades e conteúdo). 1. Computador. 2. Plataforma virtual. 3. Ferramentas comunicativas (chat,fórum). Dispositivo Móvel. 1. Conectividade e duração da bateria. FONTE: adaptado de JUAREZ, M. C. et al. E-learning, b-learning, m-learning. Disponível em: . Acesso em: 19 jan. 2018. Aspectos importantes que você deve considerar na escolha de uma das modalidades learning são o espaço de aplicação didática que será utilizado no processo de ensino e o objetivo de aprendizagem. No que tange aos espaços de aplicações didáticas, enquanto no e-learning pode se utilizar recursos digitais distintos (blogs, wikis e e- portfólios) e no B-learning se faz uso de plataformas educativas; na modalidade M-learning só é necessário o desenvolvimento de aplicativos para os dispositivos móveis, o que, no contexto brasileiro pode favorecer o alcance do ensino em determinados níveis de ensino. 1.2 APRENDIZAGEM EM PERSPECTIVA No âmbito do ensino a distância se fez necessário pensar a aprendizagem além da Pedagogia – termo que se tornou insuficiente para discutir as necessidades de ensino da contemporaneidade – tradicional, enquanto processo linear e sistêmico no qual a aprendizagem é centrada no professor (detentor do conhecimento) e o aluno assume papel passivo, e que durante muito tempo ficou vinculada exclusivamente à educação infanto-juvenil. Quando se pensa o processo de aprendizagem na modalidade a distância, dois conceitos são necessários a explorar: a Andragogia e a Heutagogia. Neste encontro discutiremos os princípios dessas duas abordagens sobre o processo de aprendizagem. 1.2.1 ANDRAGOGIA Nosso sistema acadêmico se desenvolveu numa ordem inversa: assuntos e professores são os pontos de partida, e os alunos são secundários (...) O aluno é solicitado a se ajustar a um currículo pré-estabelecido (...) Grande parte do aprendizado consiste na transferência e conhecimento de outrem (LINDERMAN apud CAVALCANTI; GAYO, 2005, p. 1). Em muitos espaços ainda sobrevive uma educação conteudista, de currículo fragmentado, papeis bem definidos: o professor responsável por transmitir conhecimento e o aluno receptor passivo. Se o formato já não é adequado à educação infantil, que diremos da sua aplicação na educação de adultos. É fato que há “diferenças significativas entre crianças e adultos, o que, naturalmente, provoca diferentes processos de aprendizagem nos mesmos indivíduos quando em diferentes fases da vida (Cavalcanti e Gayo, 2005, p. 3) ”. Como pensar o processo de aprendizagem do aluno adulto? Durante muito tempo a Pedagogia foi a base metodológica dos estudos do processo de ensino e aprendizagem. O estudo que surgiu para atender as necessidades de um público – a criança - foi utilizado para outros grupos de forma indiscriminada e impensada. Em relação a essa problemática, outros campos de saber foram surgindo, pesquisas voltadas a aprendizagem na vida adulta; uma delas, a Andragogia, emerge com ampla correlação ao desenvolvimento de estudos da modalidade a distância. Alguns autores defendem que o termo “Andragogia”, proposto por Malcolm Knowles, surge na década de 70. Entretanto observa-se que essa discussão já pautava as pesquisas do teórico em 1950 com a publicação de Informal adult education: a guide for administrators, leaders, and teachers (KNOWLES, 1950), e 1968 com Andragogy, not pedagogy (KNOWLES, 1968). Para Knowles, a Andragogia seria a ciência destinada a compreender o processo de aprendizagem dos adultos. Contudo, independente da discussão sobre o início do uso do conceito, muitos estudiosos citam o Knowles como marco na forma de pensar a aprendizagem do adulto. De acordo com Madeira (1999), o modelo andragógico traz como proposta: a) uma visão clara e objetiva das especificidades da natureza do processo educacional de adultos distinguindo-as das finalidades e objetivos de uma educação de crianças e adolescentes; b) uma consideração do perfil mais determinado das características bibliográficas, psicoemocionais, econômicas, sociais e políticas dos adultos e, c) uma atenção especial às circunstâncias e condições de vida, das experiências e das vivências dos adultos homens e mulheres trabalhadores no processo educacional (MADEIRA, 1999, p. 7). As proposições apresentadas por Madeira (1999) já apontam para o principal distanciamento entre a Pedagogia e a Andragogia: a do pensar aprendizagem para além da proposta da Pedagogia tradicional - vinculada a aprendizagem da criança durante a fase do ensino formal -, direcionando-se as práticas de ensino fundamentadas nos pilares andragógicos. Aquino (2007) apresenta outras distinções entre o modelo pedagógico e o modelo andragógico (quadro 2), sendo que a principal delas se deve ao fato de que no modelo pedagógico, a aprendizagem é centrada no professor, enquanto que no modelo andragógico a aprendizagem é centrada no aprendiz. Modelo pedagógico aprendizagem centrada no professor Modelo andragógico aprendizagem centrada no aluno Quadro 2 – Diferenças entre Pedagogia e Andragogia Pedagogia Andragogia Aprendizagem é centrada no professor. A aprendizagem é centrada no aprendiz. Os aprendizes são dependentes. Os aprendizes são independentes e auto direcionados. Os aprendizes são motivados de forma extrínseca (recompensas, competição etc.). Os aprendizes são motivados de forma intrínseca (satisfação gerada pelo aprendizado). A aprendizagem é caracterizada por técnicas de transmissão de conhecimento (aulas, leituras designadas). A aprendizagem é caracterizada por projetos inquisitivos, experimentação e estudo independente. O ambiente de aprendizagem é formal e caracterizado pela competitividade e por julgamento de valor. O ambiente de aprendizagem é mais informal e caracterizado pela equidade, respeito mútuo e cooperação. FONTE: AQUINO, C. T. E. de. Como aprender: andragogia e as habilidades de aprendizagem. São Paulo: Pearson, 2007, p. 12. Observem que a Andragogia contribui com elementos importantes para pensarmos a aprendizagem do adulto e o desenvolvimento de práticas no contexto do ensino a distância. Dentre estes elementos podemos citar: o foco na aprendizagem, não centrado mais somente no conteúdo; a interação e colaboração; autonomia; a autogestão da aprendizagem. Fluxo 4 – Elementos da Andragogia Estes elementos estão presentes nos princípios formulados por Knowles (1995, apud Bressiani e Roman, 2017, p. 746) como fundamentais na aprendizagem de adultos, sendo eles: 1) Autoconceito do aprendiz o adulto tem um autoconceito de ser responsável pelas suas próprias decisões, sobre sua vida, sentindo a necessidade de ser tratado como autodirigido. Sendo assim, resiste a situações ao perceber que os outros estão lhe impondo vontades. 2) O papel da experiência do aprendiz o aluno tem um banco de experiências acumuladas ao longo de sua vida, e que gostaria de aplicá-las em sala de aula para ajudar no entendimento do assunto estudado. 3) Prontidão para aprender os adultos ficam prontos para aprender sobre assuntos que precisam se tornar capazes de realizar. 4) Orientação da aprendizagem os interessesdos adultos são direcionados para o desenvolvimento das habilidades que utilizam no desempenho do seu papel social e na sua profissão. 5) A necessidade de conhecimento os adultos precisam saber por que precisam aprender algo. Direcionam sua vida e seus interesses de aprendizado e aprendem de forma mais eficaz se o assunto é significativo. 6) A motivação para aprender as motivações que impulsionam os adultos são as internas (autoestima, maior qualidade de vida, desejo de ter maior satisfação no trabalho), as quais passam a ser mais intensas que as externas (melhores empregos, promoções, salários maiores). Se os alunos não estão motivados para aprender, não participam da aula e podem desistir do curso (KNOWLES apud BRESSIANI; ROMAN, 2017, p. 746). Agora que você conheceu um pouco mais sobre a Andragogia, vamos discutir quais seus efeitos na aprendizagem na modalidade a distância. Na prática docente, pode ser potencializada uma mudança de postura do educador, levando-o a assumir um perfil mais mediador e facilitador. Ao docente atuante na modalidade a distância permite pensar estratégias para a elaboração de atividades mais adequadas ao aluno adulto – com foco no processo, não no conteúdo curricular -, inclusive com uso mais eficientes de recursos midiáticos. De acordo com Bellan (2005) [...] quando o professor decide articular seu papel de aprendizagem pela ótica da andragogia, sua postura precisa ser revista e transformada num agente facilitador com visão das diferentes formas de aprendizagem [...]. Esse novo professor/facilitador deve apresentar informações e técnicas através de técnicas de ensino e criar um ambiente adequado para a aprendizagem (BELLAN, 2005, p. 55). Na perspectiva andragógica, segundo Santos (2010, p. 3), “os participantes adotam uma atitude de colaboração tanto no planejamento como na condução do processo e o professor é utilizado como elemento facilitador”. No modelo andragógico, de acordo com Coelho (2014), a responsabilidade da aprendizagem é compartilhada entre professor e aluno. A Andragogia possibilita ao educando inserir-se em um contexto de colaboração e de interação ativa; demanda e permite o desenvolvimento de sua autonomia e a participação ativa na gestão de da aprendizagem, e a possibilidade do estabelecimento de Contrato de Aprendizagem (fluxo 5) - propostos Knowles (1980) a partir da abordagem andragógica. Fluxo 5 – Etapas do Contrato de Aprendizagem FONTE: Knowles apud SANTOS, C. C. R. Andragogia: Aprendendo a ensinar adultos. SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos10/402_ArtigoAndragogia.pdf>. Acesso em 19 jun. 2018, p. 4) De acordo com Knowles (1980 apud Santos 2010, p. 4) os Contratos de Aprendizagem são acordos negociados entre educadores e estudantes sobre [...] a natureza e volume de estudos a serem realizados e das avaliações ou créditos resultantes desse programa de estudo (...) eles envolvem os aprendizes na negociação dos seus próprios objetivos de aprendizagem, nos métodos por meio dos quais os objetivos serão alcançados, bem como o modo pelo qual os referidos objetivos devem ser avaliados (KNOWLES apud SANTOS 2010, p. 4). Para que as atividades de ensino tenham como base princípios andragógicos devem: • Utilizar técnicas e estratégias educacionais adequadas à construção do conhecimento em vez da transmissão de conhecimento prontos e acabados. • Focar nos interesses, nas necessidades e nos desejos dos participantes, configurando o ambiente centrado no aluno. • Orientar os participantes no sentido de que absorção de conteúdo não significa aprendizagem (MUNHOZ, 2017, p. 18). Na modalidade a distância, a Andragogia pode ser aplicada ao projeto instrucional, possibilitando planejar e realizar experiências de ensino que maximizem o desenvolvimento da aprendizagem pelo aluno adulto. Krajn (1993 apud Coelho et al, 2016, p. 100-101) recomenda um período andragógico estruturado em cinco fases: Fluxo 6 – Fases do Período Andragógico 1. Identificação das necessidades educativas O andragogo tem que identificar as verdadeiras necessidades educativas dos adultos. Estabelecem-se metas e objetivos com a finalidade de satisfazer as necessidades individuais e sociais do sujeito. https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos10/402_ArtigoAndragogia.pdf 2. Planificação do programa A eficácia da educação de adultos depende, quando a iniciação da formação, que se tenha em conta a experiência prévia e o nível educativo dos alunos. O programa deve estar aberto a mudanças que poderão surgir quando se revelam novas necessidades educativas. 3. Planificação dos métodos Devem estar adequados aos hábitos e às técnicas dos adultos. 4. Aplicação do programa Essencialmente o trabalho em grupo, porém o estudo independente também permite aos indivíduos uma maior responsabilidade pela sua própria aprendizagem. 5. Avaliação dos resultados e rediagnóstico da aprendizagem Tendo em conta que a educação de adultos se afirma como uma espiral de ciclos andragógicos, orientados para um objetivo educativo definitivo que, na realidade, nunca se consegue alcançar, uma vez que se centra no “pleno desenvolvimento do ser humano”, torna-se difícil a sua avaliação. Os métodos atuais de avaliação são insuficientes para avaliar mudanças quer na personalidade, nas atitudes e até mesmo nos valores produzidos pela educação dos indivíduos. 1.2.2 HEUTAGOGIA Vamos começar nossos estudos sobre a Heutagogia pela reflexão de (COELHO et al, 2016, p. 97): No que tange a Educação a Distância (EaD), observa-se, por seus postulados de autoaprendizagem direcionada, que não existe uma concepção de teoria específica que suporte sua modelagem; no entanto, contata-se também que a maior demanda dessa modalidade sugere em sua composição um indivíduo ativo e autônomo, isto é, um indivíduo adulto. A Heutagogia vem ao encontro desta necessidade, do ensino na modalidade a distância, de pensar a autoaprendizagem tanto do aluno adulto como de outra faixa etária. O conceito de heutagogia (heuta – auto, próprio – e agogus – guiar) surge com o estudo da autoaprendizagem na perspectiva do conhecimento compartilhado. Trata-se de um conceito que expande a concepção de andragogia ao reconhecer as experiências cotidianas como fonte de saber e incorpora a autodireção da aprendizagem com foco nas experiências (ALMEIDA, 2003, p. 105.) Desta forma a Heutagogia traz consigo potenciais contribuições ao ensino, principalmente, o ensino na modalidade a distância. Nestes tempos de grande acesso à informação, a Heutagogia não trata diretamente da relação ensino-aprendizagem, ela leva mais ao fundo a discussão quanto à aprendizagem. Portanto, a questão está no desenvolvimento individual. Como aprender a aprender? A proposta é que conteúdos e modelos de oferta sejam pensados e preparados visando a habilidade de aprender o processo de adquirir conhecimento (HASE; KENYON, 2000, p. 2) A autoaprendizagem, a autonomia do aluno, a valorização do conhecimento e experiência do aluno, ou seja, uma nova modelagem a partir da metodologia Heutagogia, em um ambiente de interação e colaboração potencializados por recursos digitais interativos e motivadores, são elementos que podem contribuir para uma qualificação das práticas de ensino e real aprendizagem do aluno. No modelo heutagógico, de acordo com Coelho (2014), a responsabilidade da aprendizagem é exclusiva do aluno, não há presença do professor ou facilitador. Autora reconhecida na área de educação e tecnologia Filatro (2015) destaca que o modelo heutagógico – de autoaprendizagem e conhecimento partilhado – vão ao encontro das necessidades do mundo contemporâneo que demanda a conhecimento de saber lidar com tantas informações. Para a autora “o que está em jogo é a forma pela qual adquirimos informação em um mundo conectado em rede (FILATRO,2015, p.98) ”. Essa demanda do contexto contemporâneo, de desenvolvimento da autonomiado aluno, gera profundas mudanças no formato de ensino tradicional, pois, por meio da Heutagogia apresenta um novo modelo de ensino por meio do qual o educando pode escolher: No professor, exige a mudança de perceber e construir novas práticas, atuando como mediador e orientador da aprendizagem, disponibilizando atividades mobilizadoras e usando recursos digitais adequados ao desenvolvimento da autonomia. Blaschke (2012) considera que a EaD e a Heutagogia têm em comum o mesmo público: aprendizes adultos que, em nossa visão, compartilham a mesma necessidade – de um aprendente autônomo, capaz de aprender a aprender. A autora aponta que a Heutagogia se constitui em possível extensão da proposta andragógica (quadro 3), e que tem o potencial de se tornar uma teoria da EaD, em parte devido às formas em que a Heutagogia amplia ainda mais a abordagem andragógica e também devido às possibilidades oferecidas quando aplicada a tecnologias emergentes em educação à distância. Quadro 3 – Heutagogia como continuidade da Andragogia FONTE: BLASCHKE, L. M. Heutagogy and lifelong learning: A review of heutagogical practice and self-determined learning. The International Review of Research in Open and Distance Learning, v. 13, n.1, p. 56-71, 2012, p. 61. Para Blaschke (2012), o ensino na modalidade a distância é um espaço potencial para aplicação da metodologia heutagógica, alinhados em aspectos como: Tecnologia A relação simbiótica (associação de dois ou mais organismos) da tecnologia com a EaD requer que, com cada tecnologia emergente, os educadores a distância considerem as implicações da tecnologia na teoria e na prática da EaD. A Heutagogia tem sido apontada como teoria potencial para aplicação em tecnologias emergentes na educação à distância (Anderson, 2010; Wheeler, 2011), embora pesquisas e discussões adicionais sejam necessárias para determinar a credibilidade da Heutagogia como teoria da EaD. Perfil do aluno de EaD Tradicionalmente, a EaD foi concebida, desenvolvida, entregue e direcionada para o aluno adulto, geralmente trabalhando adultos com extensa experiência de vida e mais maturidade do que estudantes no campus (Holmberg, 2005; Peters, 2001; Moore e Kearsley, 2012; Richardson, Morgan e Woodley, 1999). A prática da EaD tem sido historicamente fortemente influenciada pela teoria andragógica de ensino e aprendizagem de Knowles e, como uma extensão da Andragogia, a Heutagogia pode ser considerada uma teoria relevante para a educação à distância de adultos. Autonomia do aluno A EaD, como uma forma distinta de educação, requer e promove a autonomia, uma habilidade do aprendiz que é fundamental para uma abordagem heutagógica de ensino e aprendizagem (Peters, 2001). Como a autonomia do aprendiz é característica e promovida em ambientes de aprendizagem de ensino à distância, a EaD suporta inerentemente a prática heutagógica (BLASCHKE, 2012, p. 61). Outro apontamento importante é feito por Bevilaqua e Peleias (2013) quando correlacionam as práticas docentes com uso de recursos digitais às características da aprendizagem tradicionais do ensino na modalidade a distância e aos princípios da Heutagogia (quadro 4). Quadro 4 - Métodos de aprendizagem aplicados a Heutagogia ATIVIDADE APLICAÇÃO TRADICIONAL APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOSDA HEUTAGOGIA Chats. O professor usa com mais frequência o método de aprendizagem chats para a realização das aulas a distância. O professor que usa o Chat como método de aprendizagem não interfere na discussão, deixando os alunos livres para expor suas opiniões. Correio eletrônico. O professor usa com mais frequência o método de aprendizagem correio eletrônico para a realização das aulas a distância. O professor que usa o Correio Eletrônico como método de aprendizagem, apenas direciona o discente sem interferir no aprendizado. O professor usa com mais f ê i ét d d O professor que usa o Fórum fechado como método de Fórum fechado com perguntas e respostas especificas. frequência o método de aprendizagem fórum fechado com perguntas e respostas específicas para a realização das aulas a distância. aprendizagem elabora questões para que os discentes respondam com base no material e aprendizado individual. Fórum aberto voltado à discussão de um tema especifico. O professor usa fórum aberto voltado à discussão de um tema específico para a realização das aulas a distância. O professor que usa o Fórum aberto como método de aprendizagem insere um tópico dentro de um tema para que os discentes discorram sobre o tema, levantando questionamentos sobre o mesmo. Jogos educativos. O professor usa com mais frequência o método de aprendizagem jogos educativos para a realização das aulas a distância. O professor que usa os Jogos Educativos como método de aprendizagem não interfere no jogo, deixando os alunos livres para escolherem o melhor caminho. Simuladores de negócios em que os alunos aplicam na prática os conhecimentos adquiridos. O professor usa com mais frequência o método de aprendizagem simuladores de negócios em que os alunos aplicam na prática os conhecimentos adquiridos para a realização das aulas a distância. O professor que usa os simuladores de negócios como método de aprendizagem permite que os alunos apliquem na prática os conhecimentos adquiridos por meio do simulador. O professor que usa os simuladores de negócios como método de aprendizagem não interfere no jogo, deixando os alunos livres para escolherem o melhor caminho. Sites para consultas. O professor usa com mais frequência o método de aprendizagem sites para consultas para a realização das aulas a distância. O professor que usa os sites para consultas como método de aprendizagem não disponibiliza os principais sites sobre a disciplina. Material impresso. O professor usa com mais frequência o método de aprendizagem material impresso para a realização das aulas a distância. O professor que usa o material impresso como método de aprendizagem elabora o material direcionando o conteúdo necessário para a disciplina, sem usá-lo como principal material. Aulas administradas por meio de áudio ou vídeo. O professor usa com mais frequência o método de aprendizagem aulas administradas por meio de áudio ou vídeo para a realização das aulas a distância. O professor que usa o áudio ou vídeo como método de aprendizagem explica de forma clara os conceitos, mas direciona o discente a buscar mais conteúdo em outras fontes. Aulas transmitidas ao vivo via teleconferência ou webcast (transmissão de áudio e vídeo utilizando a tecnologia streaming media). O professor usa com mais frequência o método de aprendizagem aulas transmitidas ao vivo via teleconferência ou webcast para a realização das aulas a distância. O professor que usa as aulas transmitidas ao vivo via teleconferência ou webcast explicam de forma clara os conceitos, mas direcionando o discente a buscar mais conteúdo em outras fontes. Conteúdo de autoaprendizagem em que o aluno segue, via internet um roteiro de aprendizado dirigido, com exercícios para embasamento teórico O professor usa com mais frequência o método de aprendizagem conteúdo de autoaprendizagem para a realização das aulas a distância. O professor que usa autoaprendizagem como método de aprendizagem exemplifica os passos que o discente deve tomar para conseguir êxito no aprendizado individual. O professor que usa Avaliações presenciais. O professor usa com mais frequência o método de aprendizagem avaliações presenciais para a realização das aulas a distância. p q avaliações presenciais como método de aprendizagem as questões são abertas permitindo a análise do aluno. O professor que utiliza a avaliações presenciais como método de aprendizagem cria questões fechadas, em forma de alternativa. O professor usa com mais O professor que usa os FONTE: BEVILAQUA, S.; PELEIAS, I. R. (2013) Em vez de dar o peixe, ensine a pescar: A heutagogia e a sua relação com os métodos de aprendizagem em cursos EAD no Brasil. IV Encontro de Ensino e Pesquisa em Administraçãoe Contabilidade. Brasília, 2013. Disponível em: . Acesso em: 19 jun. 2018. Em síntese, nesta seção que trata da Aprendizagem nas abordagens andragógica e heutagógica, pode-se dizer que, em distinção à Pedagogia: • a Pedagogia refere-se à aprendizagem de crianças e adolescentes; • a Andragogia diz respeito à aprendizagem de adultos; a Heutagogia trata da aprendizagem autônoma, independentemente de faixa etária. Esquematicamente pode-se diferenciá-las da seguinte forma. De início, veja a Pedagogia: FONTE: Litto (2009) apud FILATRO, A. Estilos de aprendizagem: andragogia. Brasilia: Enap Escola Nacional de Administração Pública, 2015b, p.15. Agora, veja como a Andragogia é diferente: FONTE: Litto (2009) apud FILATRO, A. Estilos de aprendizagem: andragogia. Brasilia: Enap Escola Nacional de Administração Pública, 2015b, p.16. Finalmente, veja as características da Heutagogia: FONTE: Litto (2009) apud FILATRO, A. Estilos de aprendizagem: andragogia. Brasilia: Enap Escola Nacional de Administração Pública, 2015b, p.16. Filatro (2015) também destaca que, as contribuições das perspectivas andragógicas e heutagógicas para a modalidade de ensino a distância podem ocorrer [...] em várias instâncias, que vão desde a busca por uma perspectiva transdisciplinar na organização de conteúdo, passando pela superação de abordagens estanques sobre o ensino-aprendizagem e avançando até modos de produção tão inovadores quanto as necessidades de aprendizagem do sec XXI (FILATRO, 2015, p. 91). Durante seus estudos você descobriu que a Educação a Distância pode ocorrer em vários espaços e com base em diferentes metodologias. Agora é o momento de retomar o que foi estudado. Vamos testar o conhecimento adquirido? Quais são algumas das modalidades de EaD? Você consegue exemplificá-las pensando no curso que está cursando? Agora, você sabe quais são as características da Andragogia e da Heutagogia? Como a Heutagogia e a Andragogia interagem com a EaD? Conseguiu responder a todas as questões? Se sim, parabéns! Você está tendo sucesso em seu processo de aprendizagem... Agora, se ainda tem dúvidas, sugerimos que releia os conteúdos estudados nesta Aula, faça pesquisas nas obras referenciadas ao final desta aula e interaja com seus colegas de turma e com o(a) Tutor(a) da Disciplina, a fim de sanar todas as suas dúvidas. Você não está sozinho(a) nesta caminhada! Conte conosco! Chegou o momento de complementar seu conhecimento. Vá até seu Ambiente Virtual de Aprendizagem e acesse esta aula para assistir a Video Aula RECAPITULANDO Em nossos estudos identificamos que existem distintas modalidades learning e analisamos, com maior acuidade, duas destas modalidades: o Mobile learning e o Blended learning. Descobrimos que o Blended learning pode ser considerado um programa de educação formal que integra recursos digitais em atividades a distância com atividades desenvolvidas em sala de aula; e que Mobile learning refere-se ao processo de aprendizagem que ocorre com base no uso de tecnologias de informação móveis (TIMS) e que tem como característica principal a mobilidade física e geográfica do aluno. Identificamos que a Pedagogia não é uma metodologia adequada a ser aplicada na educação de adultos, tampouco atende as especificidades do contexto tecnológico em que vivemos. E que as metodologias andragógicas e heutagógicas podem trazer respostas à questão sobre como o aluno adulto aprende. Foi possível ao longo desta aula perceber as potenciais contribuições da Heutagogia e da Andragogia ao ensino na modalidade a distância, e como afetam as relações professor-aluno. Compreendendo este contexto, em estudos futuros trilharemos o caminho dos espaços digitais de ensino e aprendizagem como a meta de comparar recursos e tipos de experiências de aprendizagem possibilitadas por AVAs e MOOCs. CRÉDITOS Fluxo 02 - <http://learningspaces.org/papers/Defining_Blended_Learning_NF.pdf.>. Acesso em: 20 jun. 2018. Figura 02 - https://ennuonline.com/site2017/wp-content/uploads/2017/09/Designing-mobile-learning-people-underestimate-the-power- of-text-messages-1200x640.jpg Quadro 01 - Disponível em: <https://pt.slideshare.net/JavierTexcucano/elearning-blearning-mlearning>. Acesso em: 19 jan. 2018.. Infográfico 02 - Disponível em: <https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos10/402_ArtigoAndragogia.pdf>. Acesso em 19 jun. 2018, p. 4) Quadro 04 - Disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/EnEPQ148.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2018. REFERÊNCIAS AHONEN, M.; JOYCE, B., LEINO, M. and Turunen, H. Mobile Learning – A Different Viewpoint, In Kynäslahti, H & Seppälä, P. (Eds.) Professional Mobile Learning. Helsinki: It Press, p. 91-94, 2003. AQUINO, C. T. E. de. Como aprender: andragogia e as habilidades de aprendizagem. São Paulo: Pearson, 2007. ALMEIDA. M. E. B. EaD na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 29, n. 2, p.327-340, dez. 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v29n2/a10v29n2.pdf. Acesso em: 24 mar. 2018. BELLAN, Z. Andragogia em ação: como ensinar sem se tornar maçante. São Paulo: Z3, 2005. BEVILAQUA, S.; PELEIAS, I. R. Em vez de dar o peixe, ensine a pescar: A heutagogia e a sua relação com os métodos de aprendizagem em cursos EAD no Brasil. IV Encontro de Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade. Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/EnEPQ148.pdf>. Acesso em 3 mar. 2018. BLASCHKE, L. M. Heutagogy and lifelong learning: A review of heutagogical practice and self-determined learning. The International Review of Research in Open and Distance Learning, v. 13, n.1, p. 56-71, 2012. BOWKER, R.R. Wireless Trainning or “m-learning” is here: first movers in the pool. Lifelong learning. Market report, ( p. 5-22),2000. BRESSIANI, L.; ROMAN, H. R. A utilização da Andragogia em cursos de capacitação na construção civil. Gest. Prod., São Carlos, v. 24, n. 4, p. 745-762, 2017. CALDEIRA, T. M. L. O. Plataformas de e-learning no actual contexto de Bolonha. Instituto Politécnico de Castelo Branco - Escola Superior Agrária. Portugal: Revista Agrofórum (24), 2010. CAVALCANTI, Roberto de Albuquerque; GAYO, Maria Alice Fernandes da Silva. Andragogia na educação universitária. Revista Conceitos. N. 11 e 12, Jul.2004/Jun. 2005. Disponível em: http://www.adufpb.org.br/publica/conceitos/11/art05.pdf. Acesso em 04 nov. 2007. COELHO, W.F. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Pearson, 2014 COELHO, M. A. P.; DUTRA, L. R.; MARIELI, J. ANDRAGOGIA e HEUTAGOGIA: práticas emergentes na educação. Revista Transformar. N.8, Rio de Janeiro, 2016.Disponível em: http://www.fsj.edu.br/transformar/index.php/transformar/article/view/87/83. Acesso em 14 mar. 2018. FILATRO, A. Produção de conteúdos educacionais. São Paulo: Saraiva, 2015. FILATRO, A. Estilos de Aprendizagem: Andragogia. Brasilia: Enap Escola Nacional de Administração Pública, 2015b FRISEN, N. Report:Defining Blended Learning. Disponível em: http://learningspaces.org/papers/Defining_Blended_Learning_NF.pdf. Acesso em 3 mar. 2018. HASE, S.; KENYON, C. From Andragogy to Heutagogy Australia, Southern Cross University, Melbourne, 2000. KNOWLES, M. S. Informal adult education: a guide for administrators, leaders, and teachers . N.Y: Association Press, 1950. KNOWLES, M. S. Andragogy, not pedagogy. Adult Leadership, 16(10), 350-352, 386, 1968. KOSCHEMBAHR, C. Von. Mobile Learning: the next evolution. Chief Learning Officer, fev, 2005. LISBOA, E. S.; JESUS, A.G.; VARELA, A.M.L.M; TEIXEIRA, G.H.S.; COUTINHO, C.P. LMS em Contexto Escolar: estudo sobre o uso da Moodle pelos docentes de duas escolas do Norte de Portugal. Educação, Formação & Tecnologias, Lisboa. v.2, n. 1, 2009. Disponível em: <http://eft.educom.pt/index.php/eft/article/view/74> Acesso em: 10 abr. 2018. http://learningspaces.org/papers/Defining_Blended_Learning_NF.pdf. https://ennuonline.com/site2017/wp-content/uploads/2017/09/Designing-mobile-learning-people-underestimate-the-power-of-text-messages-1200x640.jpghttps://pt.slideshare.net/JavierTexcucano/elearning-blearning-mlearning https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos10/402_ArtigoAndragogia.pdf http://www.anpad.org.br/admin/pdf/EnEPQ148.pdf http://www.scielo.br/pdf/ep/v29n2/a10v29n2.pdf. http://www.anpad.org.br/admin/pdf/EnEPQ148.pdf http://www.adufpb.org.br/publica/conceitos/11/art05.pdf. http://www.fsj.edu.br/transformar/index.php/transformar/article/view/87/83. http://learningspaces.org/papers/Defining_Blended_Learning_NF.pdf. http://eft.educom.pt/index.php/eft/article/view/74 MADEIRA, V. de P. C. Para falar em andragogia, programa educação do trabalhador, v.2, CNI-SESI, 1999. MOORE, M. Distance Education Theory. The American Journal of Distance Education, v.3, n. 3, 1991. ______. Theory of transactional distance. In Keegan, D., (ed.). Theoretical Principles of Distance Education. London: Routledge, 1997. MOURA, A. Geração Móvel: uma ambiente de aprendizagem suportado por tecnologias móveis para a “geração polegar”. VI Conferência Internacional de TIC na Educação Minho. Minho, 2009. Disponível em: http://repositorio.uportu.pt/jspui/bitstream/11328/472/1/Gera%C3%A7%C3%A3o%20M%C3%B3vel%282009%29.pdf . Acesso em 3 mar. 2018. MUNHOZ, A.S. Andragogia: a educação de jovens e adultos em ambientes virtuais. Curitiba: Intersaberes, 2017 OLSEN,T.O. and Horgen, S.A.(2013). Social media in blended learning. In 7th International Technology, Education and Development Conference Proceedings, (pp. 240-246).Valencia: Spain, 2013 PAULSEN, M. F. Online Education Systems in Scandinavian and Australian Universities: A Comparative Study. Online Journal of Distance Learning Administration, Waynesville. v. 3, n. 2. Retrieved October 3, 2002. Disponível em: Acesso em: 10 abr. 2018. SACCOL, A; SCHLEMMER, E; BARBOSA, J. M-Learning e u-learning: novas perspectivas das aprendizagens móvel e ubíqua. São Palo: Pearson, 2011 SANTOS, C. C. R. Andragogia: Aprendendo a ensinar adultos. SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos10/402_ArtigoAndragogia.pdf. Acesso em 14 mar. 2018. SCHNEIDER, F.; OLIVEIRA, L. C.de. Para além da aula de Língua Portuguesa: a WebQuest e o aprendizado da leitura e da produção numa proposta de sala de aula invertida. 6 Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação: Aprendizagem Aberta e Invertida. UFPE, 2015. STALKER, H.; HORN, M. B. Classifying K–12 blended learning. Mountain View, CA: Innosight Institute, Inc, 2012 STEFANOVIC, D. Blended learning no ensino superior: aprendizagem semipresencial aplicada à Modelagem Plana no âmbito da moda. UESP, 2016, 109 f. Dissertação. Escola de Artes, Ciência e Humanidades. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016 SYVÄNEN, A.; AHONEN, M.; JÄPPINEN, A.; PEHKONEN, M.; VAINIO, T. Accessibility And Mobile Learning. In: IFIP ETRAIN CONFERENCE IN PORI, Finland, 2003. TORI, R. Educação sem distância: as tecnologias interativas na redução de distâncias em ensino e aprendizagem. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010. http://repositorio.uportu.pt/jspui/bitstream/11328/472/1/Gera%C3%A7%C3%A3o%20M%C3%B3vel%282009%29.pdf https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos10/402_ArtigoAndragogia.pdf.