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Indaial – 2021 SiStemaS de informaçõeS, inovação e tecnologia na Saúde Profª. Joana Rita Galvão e Leandro Tiago Sperotto 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Profª. Joana Rita Galvão e Leandro Tiago Sperotto Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: G182s Galvão, Joana Rita Sistemas de informações, inovação e tecnologia na saúde. / Joana Rita Galvão; Leandro Tiago Sperotto. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 194 p.; il. ISBN 978-65-5663-255-1 ISBN Digital 978-65-5663-256-8 1. Sistema de informação em saúde. - Brasil. I. Sperotto, Leandro Tiago. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 610 apreSentação Neste estudo, abordaremos o Contexto Histórico do Sistema de Informação em Saúde, desde o período Colonial até os dias atuais. Nesse processo histórico serão abordadas as estratégias de saúde adotadas em cada período, bem como os tipos de controle e coleta de informações utilizados frente às diferentes epidemias vivenciadas. Posteriormente, inicia-se a discussão acerca dos SIS adotados pelo Ministério da Saúde atualmente, como formas de ampliar os conhecimentos pertinentes às bases de dados existentes, quais informações alimentam os sistemas e qual a contribuição de cada um deles para o processo de tomada de decisões estratégicas no Sistema de Saúde brasileiro. Da mesma forma, discorre-se sobre a forma como essas informações são divulgadas e como esses sistemas de informação têm sido substituídos ou adaptados para as tecnologias remotas, a partir da criação de aplicativos (app) informacionais da saúde. Apresenta-se ainda o sistema de informação criado como fonte informativa para difundir as questões relacionadas à pandemia do novo Coronavirus (COVID-19), tanto em nível nacional quanto internacional. Para finalizar, será feita a sistematização dos passos fundamentais para a organização de um SIS, bem como a forma pela qual são processados os registros eletrônicos em saúde (prontuários eletrônicos). Ao final de cada tópico são propostas atividades de revisão, como também, sugestões de leituras, resumos e as referências bibliográficas utilizadas. Na Unidade 2, estudaremos o desenvolvimento e adoção da Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) e todo processo que envolve o desenvolvimento dos sistemas, associando-o com as estratégicas tecnológicas. Abordaremos questões relacionadas à avaliação da eficácia e efetividade, das orientações e perspectivas da avaliação saúde pública, da ética, da pertinência da informação para a indústria farmacêutica. Também discutiremos sobre as principais tecnologias adotadas na área da saúde, bem como seu ciclo de vida e as etapas da avaliação tecnológica em saúde. Ainda, estudaremos os desafios enfrentados na área tecnológica, especificamente quanto aos recursos limitados, a diversidade no padrão de morbidade, a diversidade cultural, o sistema político, estrutura do sistema de saúde, a informação e os dados disponíveis, e, por fim, a capacidade tecnológica e a importância das tecnologias sociais como instrumentos para a tomada da decisão. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos sobre a Inovação nos Serviços de Saúde, e o que se espera desse processo, a partir da contextualização da Política Nacional de Gestão de Tecnologia em Saúde e as novas tendências em saúde. Nessa unidade serão apresentadas as novas tendências em saúde, que em alguns lugares já estão sendo utilizadas como alternativas aos métodos convencionais, como forma de otimizar, agilizar e garantir o atendimento aos usuários. Da mesma forma, são apresentados os estudos em andamento, bem como a fase de testes para implementação de novas tecnologias voltadas para 3D, 4D e 5G. Entre as tecnologias abordadas, discorre-se sobre a realização de exames, agendamento de consultas, a robótica, a Inovação em Medicina Social , redes alternativas contra a falsificação de medicamentos, a Inovação em Genética – um banco de dados para doenças de crânio e face, a Inovação em Prevenção – Coração resguardado na quimioterapia, o uso de nuvem no setor da saúde, o E-Saúde, a Telessaúde, a Telemedicina e o OncoSus – aplicativo facilita acesso documentos sobre câncer. Para finalizar, no decorrer de cada unidade, apresentam-se as leituras complementares sugeridas em cada tópico, proporcionando a construção dos conhecimentos de maneira mais prática acerca do conteúdo trabalhado. É preciso lembrar ainda que, ao final de cada tópico, realizaremos uma breve revisão de cada temática abordada, assim como realizaremos atividades objetivas e descritivas. Bons estudos! Prof. Leandro Tiago Sperotto Profª. Joana Rita Galvão Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 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Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE Sumário UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) ............................................ 1 TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE ................... INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)............................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS): HISTÓRICO E UTILIZAÇÃO ......... 3 2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA ......................................................................................................... 5 2.1.1 Período colonial ..................................................................................................................... 5 2.1.2 Século XIX ............................................................................................................................... 7 2.1.3 Século XX ................................................................................................................................9 2.1.4 O Século XXI ......................................................................................................................... 16 2.2 CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDOS EM SAÚDE E OS DADOS EPIDEMIOLÓGICOS ................................................................................................................... 18 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 22 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 23 TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE ...................................................... 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 25 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE ................................................... 25 2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE ATUAIS .......................................................... 25 2.1.1 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) ....................................... 28 2.1.2 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) .......................................................... 29 2.1.3 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) ............................................. 30 2.1.4 Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) ............................................................ 31 2.1.5 Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) ........................................... 35 2.1.6 Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB)........................................................... 37 2.1.7 Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) ................. 38 2.1.8 Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) ................... 42 2.1.9 Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISÁGUA) ........................................................................................................... 43 2.1.10 Sistema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) .................. 44 2.1.11 Sistema de Informações do Câncer de Colo do Útero e Sistema de Informação do Câncer de Mama (SISCOLO/SISMAMA) ....................................................................... 45 2.1.12 Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (SISHIPERDIA) ................................................................................................................... 46 2.1.13 Sistema de Acompanhamento da Gestante (SISPRENATAL) ..................................... 47 2.2 DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES ..................................................................................... 49 2.3 APP CORONAVÍRUS-SUS .......................................................................................................... 53 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 56 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 58 TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE .......... 61 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 61 2 PASSOS FUNDAMENTAIS PARA A ORGANIZAÇÃO DE UM SIS .................................... 61 3 REGISTRO ELETRÔNICO EM SAÚDE (PRONTUÁRIO ELETRÔNICO)........................... 64 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 68 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 69 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 70 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 71 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE ............................................... 73 TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE .................................................................................... 75 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 75 2 PLANEJAMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE ............. 75 3 DIMENSÕES E IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE .......... 84 4 ORIENTAÇÕES DA AVALIAÇÃO ................................................................................................ 88 5 PERSPECTIVAS DA AVALIAÇÃO ................................................................................................ 89 5.1 SAÚDE PÚBLICA ......................................................................................................................... 90 5.2 ÉTICA ............................................................................................................................................. 91 5.3 INDÚSTRIA FARMACÊUTICA ................................................................................................. 92 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 94 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 95 TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE .................................................................................... 97 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 97 2 CICLO DE VIDA DAS TECNOLOGIAS ...................................................................................... 97 3 ETAPAS DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE ............................................... 101 4 CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS CANDIDATAS E ESTABELECER AS PRIORITÁRIAS ........................................................................................... 105 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 109 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 110 TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE ....................... 113 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 113 2 REALIDADE DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE ...................................... 113 2.1 RECURSOS LIMITADOS ........................................................................................................... 115 2.2 DIVERSIDADE NO PADRÃO DE MORBIDADE ................................................................. 118 2.3 DIVERSIDADE CULTURAL ..................................................................................................... 118 2.4 SISTEMA POLÍTICO .................................................................................................................. 119 3 ESTRUTURA DO SISTEMA DE SAÚDE ................................................................................... 119 3.1 INFORMAÇÃO E DADOS DISPONÍVEIS ............................................................................. 120 3.2 CAPACIDADE TECNOLÓGICA ............................................................................................. 120 4 TECNOLOGIAS SOCIAIS ............................................................................................................120 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 123 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 127 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 128 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 130 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ...................................................... 133 TÓPICO 1 — O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE? ...................................... 135 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 135 2 O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE? ............................................................. 135 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 143 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 145 TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE ......... 147 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 147 2 CONHECENDO A POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE .............................................................................................................................................. 147 3 POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE ............................. 156 4 ANALISANDO A POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE E O SUS ....................................................................................................................... 158 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 162 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 163 TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE ..................................................................... 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 165 2 TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS EM SAÚDE ........................................................................ 165 2.1 PROJETOS DE INOVAÇÃO – RESULTADOS ....................................................................... 167 3 TELEMEDICINA ............................................................................................................................ 168 4 REALIZAÇÃO DE EXAMES ......................................................................................................... 171 5 MONITORAMENTO REMOTO .................................................................................................. 172 6 AGENDAMENTO DE CONSULTAS .......................................................................................... 172 7 ROBÓTICA SALVANDO VIDAS ................................................................................................ 173 8 INOVAÇÃO EM MEDICINA SOCIAL – UMA REDE CONTRA A FALSIFICAÇÃO DE MEDICAMENTOS ................................................................................................................... 174 9 INOVAÇÃO EM GENÉTICA – UM BANCO DE DADOS PARA DOENÇAS DE CRÂNIO E FACE .............................................................................................................................. 175 10 INOVAÇÃO EM PREVENÇÃO – CORAÇÃO RESGUARDADO NA QUIMIOTERAPIA ........................................................................................................................ 175 11 O USO DE NUVEM NO SETOR DA SAÚDE ......................................................................... 176 12 E-SAÚDE, TELESSAÚDE E TELEMEDICINA ........................................................................ 177 13 ONCOSUS – APLICATIVO FACILITA ACESSO DOCUMENTOS SOBRE CÂNCER ......... 179 14 TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA PANDEMIA ................................ 180 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 184 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 189 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 191 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 193 1 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os conceitos relacionados a um SIS, tais como: sistema, dado, informação, situação de saúde, indicador e Sistema de Informação em Saúde (SIS); • discutir o modelo atual de SIS, sua funcionalidade para o processo de gestão do Sistema de Saúde e identificar seus principais usuários; • identificar quais são as informações que devem conter um SIS, eviden- ciando sua importância para os indicadores de saúde a partir de sua produção e disponibilidade; • conhecer o passo a passo para a implantação e aperfeiçoamento de um SIS. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) TÓPICO 2 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE TÓPICO 3 – ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 1 INTRODUÇÃO Acadêmico! Neste tópico será trabalhado o contexto histórico da utilização dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS) no decorrer do tempo. Para tanto, inicialmente, torna-se necessário que você problematize os conhecimentos que tem acerca do tema trabalhado, especialmente quanto: o que é um Sistema de Informação em Saúde? A partir de quando você acha que esse instrumento de informação e gestão passou a ser utilizado? Como eram organizadas as informações relacionadas à saúde (epidemiologia, mortalidades, epidemias, vacinação) antes da criação e adoção dos SIS? Partindo dessas questões, este tópico apresenta uma contextualização histórica da saúde pública no Brasil, e, consequentemente como se organizavam os dados atualizados de diferentes regiões acerca dos aspectos relacionados à saúde da população. Para isso, inicialmente abordam-se as características sociais e sanitárias do Brasil desde o período Colonial, tendo como foco as ações em saúde e seus registros, e, posteriormente, finaliza-se com o cenário atual. Neste tópico, ainda serão disponibilizados materiais extras, como vídeos, leituras complementares, charges e, principalmente, o passo a passo de como funcionam os Sistemas de Informação em Saúde (SIS). 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS): HISTÓRICO E UTILIZAÇÃO Qual é a importância e o que é um Sistema de Informação em Saúde? Desde quando se passou a utilizar os Sistemas de Informação m Saúde? Como funcionava antes a implementação dos SIS? Antes de entrar na história, é necessário entender que a informação em saúde é a base para melhor gestão dos serviços, na medida em que orientaa implantação, acompanhamento e avaliação dos modelos de atenção à saúde (AS), como também, das ações de prevenção e controle de doenças. São também de interesse dados/informações produzidos extrassetorial- mente, cabendo aos gestores do Sistema a articulação com os diversos órgãos que UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 4 os produzem, de modo a complementar e estabelecer um fluxo regular de infor- mação em cada nível do setor saúde. A figura a seguir apresenta as principais características que um Sistema de Informação eficiente deve apresentar: FIGURA 1 – CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EFICIENTE FONTE: Os autores (2020) Essas características variam de acordo com o tipo de sistema. O Sistema de Informação em Saúde (SIS) deve ter a sensibilidade na captação precoce, que pode ocorrer no perfil epidemiológico e de morbimortalidade da população dos territórios de saúde. Onde podemos visualizar essas características atualmente? – Na atualização diária dos casos de COVID-19 por municípios, regiões de saúde, estados e no país de modo geral. Essas atualizações são realizadas por cada gestor municipal e sua equipe de saúde ou vigilância em saúde. A partir desses dados, é possível que a população fique atualizada quanto à abrangência epidemiológica do vírus, permitindo também que os gestores consigam adotar estratégias de forma rápida para o enfrentamento da pandemia. Mas.... Nem sempre foi assim! Vamos conhecer um pouco da história dos Sistemas de Informação em Saúde? TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 5 2.1 UM POUCO DE HISTÓRIA Os SIS tiveram sua importância e utilização nos últimos anos, em razão da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). O Departamento de Informática do SUS (DATASUS) tem a responsabilidade de coletar, processar e disseminar informações da área. No sistema de informação disponibilizado pelo DATASUS apresenta-se o “Caderno de Informações de Saúde”, com todos os tipos de dados – demográficos, epidemiológicos, financeiros–sobre cada estado e município do Brasil (BRASIL, 2019). 2.1.1 Período colonial O tema saúde não esteve presente durante o período colonial (1500-1889), tendo seus primeiros registros apenas quando a medicina passou a fazer parte das cidades, como um mecanismo de controle da vida social. No período em que se buscou combater a lepra e a peste (figura a seguir), foi realizado um controle sanitário nos portos, ruas, casas e praias pela administração portuguesa, embora a transformação do objetivo da medicina da doença para a saúde irá ocorrer somente no século XIX. FIGURA 2 – RESUMO DO ESTADO DE SAÚDE NO PERÍODO COLONIAL FONTE: Magalhães (2020, p. 22) No Brasil colonial, o atendimento de saúde aos menos favorecidos era realizado por curandeiros e barbeiros. As ações de saúde pública no Brasil tiveram seu marco inicial com a chegada da família real, em 1808, porém, antes disso, já havia iniciativas de saneamento e precário controle de doenças, como a adoção das Ordenações Filipinas, de 1604. A partir de então, criou-se a primeira organização nacional de saúde pública no Brasil, denominada Provedoria da UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 6 Saúde. Essa organização foi criada com o objetivo de promover e coordenar as medidas necessárias para a melhoria da saúde da população, além de cuidar do saneamento, do controle de alimentos, regulação do exercício da Medicina e vigiar os portos para evitar a entrada de pessoas contaminadas por alguma doença. No entanto, nessa época não existiam registros sobre o controle de doenças e de saúde da população. A ciência médica era praticada por um pequeno quantitativo de médicos, cirurgiões e boticários, a maioria era membro da elite, bacharéis em universidades europeias. A maior disponibilidade médica ocorria nas grandes cidades, especialmente no Rio de Janeiro, Salvador e algumas outras capitais de províncias. Os atendimentos eram às famílias mais ricas. As populações mais pobres, moradores das ruas e escravos eram atendidos e contavam com a solidariedade das Santas Casas de Misericórdia, instituições religiosas e curandeiros, porém, existiam algumas instâncias oficiais de saúde nos grandes centros. A chegada de dona Maria (A Louca) e de dom João VI, seu filho e Príncipe Regente de Portugal, inicialmente não representou evolução significativa na área da saúde pública brasileira. No entanto, houve mudanças perceptíveis, uma vez que, a situação em Saúde Pública era próxima de zero e, com a vinda dos nobres, algumas ações foram desenvolvidas. Entre as modificações ocorridas, pode-se citar: melhor acesso aos medicamentos e consequentemente, melhores condições de trabalho para os “físicos”, “cirurgiões-barbeiros” e os demais curandeiros, que eram muitos no país nesse período. Mesmo com esses avanços no campo da saúde, a realidade era pautada pela falta de organização e planejamento. Nesse período, era oferecido à população o mínimo de proteção e de ações de recuperação da saúde. A situação quase inexistente de assistência à saúde aumentava os transtornos, tornando a realidade muito instável na época, e tornava a situação mais instável do que o desejado. Havia alta mortalidade, principalmente entre os escravizados, sendo A vinda da família real ao Brasil (1808) criou a necessidade da organização de uma estrutura sanitária mínima, capaz de dar suporte à estrutura de poder que se instalava na cidade do Rio de Janeiro, trazendo mais gente e mais responsabilidades para a localidade. Ainda que de forma incipiente, as intervenções estatais na área da saúde se descolam paulatinamente da ação direta sobre o doente e passam a focar mais a saúde, ou a preocupação em garantir a saúde dos sãos e prevenir doenças. Tanto foi assim que, em 1846, foi fundado o Instituto Vacínico do Império. ATENCAO TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 7 que em alguns momentos a natalidade era menor do que a mortalidade entre eles. Nessa época, como não era dada atenção especial à saúde, não havia registros de dados epidemiológicos, doenças, nascimentos, mortes, ou dispensação de medicamentos e prescrição de tratamentos. 2.1.2 Século XIX Com a chegada da Família Real, a situação começou a mudar. Foram criadas instâncias públicas de saúde, com atribuições de fiscalizar o exercício da medicina, bem como a realização de exames da classe, para as pessoas que tivessem interesse em trabalhar oficialmente na área, e, consequentemente, ocorria a aplicação de multas para quem exercesse a profissão sem autorização, como forma de garantir a salubridade na Corte. Essas medidas caracterizaram um primeiro passo para a consolidação acerca da saúde pública no Brasil, apesar de apresentar-se de forma restrita, pois o objetivo principal era manter a Corte, ou seja, a elite, protegida das doenças e falta de higiene nos portos. Na época, o Rio de Janeiro era conhecido pela Europa como uma cidade pestilenta, e com isso, não atraia investimentos na agricultura, que tinha seu polo financeiro nessa cidade. A partir de então, criou-se a Polícia Médica, com intuito fiscalizatório nos portos e no comércio de alimentos na cidade. Concomitante a isso, criaram-se as primeiras faculdades de medicina no Rio de Janeiro e em Salvador, passando-se a emitir diplomas de médico, farmacêuticos e parteiras (LUCCHESE, 2006). No ano de 1849, tem-se os primeiros casos de ocorrência da febre amarela no Brasil, tendo sua entrada através de um navio vindo dos Estados Unidos. Até o ano seguinte, atingiu 90 mil dos 266 mil habitantes da capital, matando mais de quatro mil pessoas em um curto período. Como não existia assistência médica e medicação para toda população, esta encontrava-se fragilizada lutando contra a morte, pois os doentes pobres eram cuidados pelos negros curandeiros, enquanto os ricos buscavam tratamento na Europa. Entre 1848-49 e 1853-54,John Snow identificou o local de moradia de cada pessoa que morreu por cólera em Londres, notando associação entre a origem da água utilizada para beber e as mortes ocorridas. A partir de então, Snow comparou o número de óbitos por cólera em áreas abastecidas por diferentes companhias e verificou que a taxa de morte foi mais alta entre as pessoas que consumiam água fornecida pela companhia Southwark. ATENCAO UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 8 A partir de então, nasce a política de saúde brasileira idealizando o combate das enfermidades que reduziam a vida da população. Em função do surto epidêmico da febre amarela, foi criada a Junta Central da Higiene Pública em 1851. Ficou responsável pelo planejamento, organização e desenvolvimento da política sanitária em terra, fazendo o monitoramento de todos os espaços potencialmente perigosos da cidade. Desse período em diante, começam-se a esboçar os primeiros registros (relatórios) sobre a saúde pública do Brasil. Demonstrou-se então: FIGURA 3 – INDICATIVO TEÓRICO DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS FONTE: Os autores (2020). Nesses registros/relatórios elaborados pela Junta, havia informações a respeito do estado de insalubridade da cidade, contendo a discriminação de suas causas, conforme citado por Silva (2002): • Despejos dos resíduos, unidos aos esgotos, despejos orgânicos e a umidade. • Os rios que cortavam a cidade carregados de imundícies. • O matadouro, o lixo das ruas e das praias. • Os cemitérios. • As fábricas e estabelecimentos industriais. • A umidade nociva pela falta de escoamento para as águas pluviais e do esgotamento sanitário. Como a Junta era responsável apenas pelo monitoramento das condições salubres da cidade, não havia registros quanto às questões relacionadas diretamente à saúde. Nesse período em 1880, a população no Brasil já atingia a marca de 11 milhões, sendo formada essencialmente por escravos, o que contribuiu para a falta de políticas públicas de saúde. Ainda neste século, houve a independência do Brasil, e com ela, surgiram as Câmaras Municipais, responsáveis pelas questões de saúde, desenvolvendo uma gestão totalmente descentralizada, cada município tinha autonomia para agir dentro de suas possibilidades e interesses, porém, geralmente era controlada pelas classes mais ricas. Nessa época, o sistema de saúde tinha como papel principal basicamente a vacinação contra a varíola apenas durante as endemias e expulsava os doentes com doenças contagiosas das áreas urbanas para o interior, ou até mesmo, isolava-os em Casas de Saúde para manter eles afastados do convívio e do contágio da sociedade. Um exemplo clássico, é a criação dos leprários, para isolamento das pessoas com lepra. TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 9 Nesse período, o país apresentava significativo crescimento econômico, como a Europa e os Estados Unidos, favorecendo assim maior urbanização, mas não o suficiente para melhorar a saúde pública nacional. O governo vinha mantendo as mesmas características que o período imperial quanto à saúde brasileira (POLITIZE, 2018). Inicialmente, teve sua aplicação visando ao controle de doenças transmissíveis e, mais tarde, na busca de conhecer as relações entre condições ou agentes ambientais e doenças específicas. 2.1.3 Século XX Foi a partir do início do século XX que ocorreram mudanças na política de saúde do país. Com muitas transformações no caráter produtivo e econômico imperando no país, foram consolidadas novas formas de produção em determinadas regiões, porém subordinadas à racionalidade capitalista articulada ao Mercado Internacional. Nas regiões onde a relação capitalista era mais forte, as políticas de saúde foram orientadas com foco na preservação da força de trabalho, como por exemplo, no interior de SP, e Rio e São Paulo, os dois centros comerciais, financeiros e industriais do país. Os padrões sanitários, diferentes do modelo escravagista, até então instaurado, foi modificado com a hegemonia das classes ligadas ao café. Essa nova forma sanitária objetivou a melhoria das condições das cidades, especialmente as portuárias, no período em que ocorreu a transição para a órbita da acumulação industrial, como também a necessidade de ampliação do comércio exterior, abrindo as portas para imigrantes europeus. Nessa época, os governantes achavam que o combate à febre amarela era a chave principal para o desenvolvimento da Saúde Pública no Brasil, pois sua gravidade inibia os estrangeiros a virem trabalhar aqui, e impedia à expansão do comércio internacional. No período entre 1902 – 1906, intensificou-se a luta sanitária, pois era essencial para o êxito econômico do país, para Reforma Urbana. Em 1904, a vacina tornou-se obrigatória, sendo aplicada de forma violenta e autoritária, Foi somente neste século que a distribuição das doenças em grupos humanos específicos passou a ser medida e registrada em larga escala. A abordagem epidemiológica que passou a comparar os coeficientes (ou taxas) de doenças em diversos populacionais passou a ser rotina no final do século XIX e início do século XX. ATENCAO UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 10 desencadeando a Revolta da Vacina. Nessa época, os registros apontam para 1.800 internações por causa da varíola no Hospital São Sebastião. No entanto, as camadas populares não aceitaram a vacina, que em uma versão bem rústica, era um líquido de pústulas de vacas doentes (figura a seguir). Em razão disso, existia o boato entre a população de que a vacina deixava os vacinados com feições bovinas. FIGURA 4 – REVOLTA DA VACINA FONTE: Fiocruz (2005, p. 1). Importante destacar que o uso de vacina contra a varíola no Brasil foi declarado obrigatório para crianças em 1837 e para adultos em 1846. No entanto, como a disponibilidade da vacina não era suficiente para atender a todo esse público, a resolução não era cumprida. Assim, em 1884, começou-se a produzir a vacina em escala industrial no Rio de Janeiro. Anos mais tarde, em junho de 1904, Oswaldo Cruz idealizou a volta da obrigatoriedade da vacinação em todo país, motivando o governo a enviar ao Congresso essa resolução. Como forma de controle social e sanitário, apenas os indivíduos que comprovassem ter sido vacinados conseguiam contratos de tra- balho, matrículas em escolas, certidões de casamento, autorização para viagens etc. Como as camadas mais populares não aderiam ao plano de vacinação, em 5 de novembro, foi criada a Liga Contra a Vacinação Obrigatória. Cinco dias de- pois, estudantes aos gritos foram reprimidos pela polícia. Até 1920, a atuação das campanhas sanitárias era voltada para os problemas de saúde que ameaçavam diretamente as relações de produção (FIOCRUZ, 2020). Vídeo: A revolta da Vacina. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=phUmdyENIAY. DICAS https://www.youtube.com/watch?v=phUmdyENIAY https://www.youtube.com/watch?v=phUmdyENIAY TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 11 A partir da imposição da vacinação obrigatória, passa a ocorrer um deslocamento do foco de intervenção das práticas de saúde: do doente/doença para a saúde. Nesse novo cenário, o médico assume novo papel, em que precisava dificultar o aparecimento da doença. Nesse jogo, como a sociedade era vista como desorganizada e responsável pelo aparecimento das doenças, os médicos deveriam atuar no pilar: EMERGÊNCIA DA PREVENÇÃO. Nesse cenário, a medicina começa a se reinventar e a sociedade, medicada. Como as questões sanitárias ainda eram incipientes, o modelo médico lacunar e fragmentário, não conseguia controlar a saúde pública, por essa razão, a medicação surgia antes dos problemas, propriamente ditos. As questões sanitárias passaram então a ser vistas com um enfoque mais social do que econômico. Ocorreu a interiorização do sanitarismo, a criação de diversos programas de saúde, além da criaçãoe do Ministério da Educação e Saúde Pública em 1930. Segundo a FUNASA (2019), os serviços relacionados à saúde pública foram transferidos para o novo Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública. Foi reativado o Serviço de Profilaxia de Febre Amarela, em função da epidemia de 1927-1928, no Rio de Janeiro, e da dispersão do mosquito transmissor. Em 1939 teve a criação do Serviço de Malária do Nordeste (SMN) para intensificar o combate ao Anopheles gambiae, introduzido em Natal/RN, em 1930. Foi estabelecido, com essa finalidade, novo convênio com a Fundação Rockefeller. O SMN existiu até 1941, quando foi erradicado o mosquito (Decreto nº 1.042, de 11 de janeiro de 1939). Foi a partir da década de 1950 que os métodos epidemiológicos passaram a ser aplicados para doenças crônicas não transmissíveis tais como doença cardíaca e câncer, especialmente nos países industrializados. Especificamente, em 1951, por decisão da Assembleia Mundial da Saúde, retomaram-se as ações de promoção e controle da varíola em todo o mundo. Já em 1953 houve a criação do Ministério da Saúde, que foi regulamentado pelo Decreto nº 34.596, de 16 de novembro de 1953, (Lei nº 1.920, de 25 de julho de 1953). No mesmo ano, tornou-se obrigatória a iodação do sal de cozinha destinado a consumo alimentar nas regiões bocígenas do país (Lei nº 1.944, de 14 de agosto de 1953). Anos mais tarde, em 1956, criou-se o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENERu), incorporando então os programas existentes, sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Saúde (febre amarela, malária e peste) e da Divisão de Organização Sanitária (bouba, esquistossomose e tracoma), órgãos do novo Ministério da Saúde (Lei nº 2.743, de 6 de março de 1956). UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 12 A década de 1960 é marcada pelo início de diversas campanhas produção de vacinas e vacinação em busca da erradicação de doenças da população, tais como: Produção da vacina liofilizada, no Brasil, contra a varíola, substituindo-se a tradicional, em forma de linfa, pouco estável. Introdução da técnica de diagnóstico laboratorial da poliomielite, no Instituto Oswaldo Cruz (IOC). ATENCAO Ocorre ainda a realização das primeiras campanhas com a vacina oral contra a poliomielite, iniciando com projetos experimentais nas cidades de Petrópolis/RJ e Santo André/SP. No mesmo período é regulamentado o Código Nacional de Saúde, Lei nº 2.312, de 3 de setembro de 1954, que passou então a estabelecer Normas Gerais sobre Defesa e Proteção da Saúde (Decreto nº 49.974- A, de 21 de janeiro de 1961). No ano seguinte, institui-se a Campanha Nacional contra a Varíola, sendo coordenada pelo Departamento Nacional de Saúde, organizando operações de vacinação em diversos estados, a partir de mobilização de recursos locais. Ocorre também o ensaio para administração da vacina BCG Intradérmica, no país. Em 1965, cria-se a Campanha de Erradicação da Malária (CEM) (Lei nº 4.709, de 28 de junho de 1965). Em 1966, inicia-se a Campanha de Erradicação da Varíola (CEV), também realizada diretamente pelo Ministério da Saúde, dirigida por pessoal dos quadros da Fundação Sesp (Decreto nº 59.153, de 31 de agosto de 1966). A partir de 1969, o Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) passou a denominar-se Fundação de Serviços de Saúde Pública Fsesp (Decreto Lei nº 904, de 1 de outubro de 1969). Surgiu ainda o sistema de notificação de algumas doenças transmissíveis, prioritariamente aquelas passíveis de controle por meio de programas de vacinação, e foi organizado, pela Fundação Sesp, que também criou o Boletim Epidemiológico. Na década de 1970 continuaram ocorrendo inúmeras mudanças em nível organizacional, iniciando-se pela reorganização administrativa do Ministério da Saúde, através da criação da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), que ficou subordinada à Secretaria de Saúde Pública, incorporando o DENERu, a CEM e a CEV (Decreto nº 66.623, de 22 de maio de 1970). Ainda, ocorreu a criação da Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística da Saúde (Dnees), no Departamento de Profilaxia e Controle de Doenças. Foram instaladas as unidades estaduais de Vigilância Epidemiológica da Varíola. No ano de 1971, foi instituído o Plano Nacional de Controle da Poliomielite, tornando-se um marco para as atividades de vacinação do país. Desenvolveu-se ainda o primeiro projeto piloto no estado do Espírito Santo, incluindo avaliação TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 13 da resposta sorológica à vacina e introduziu-se a metodologia de campanhas estaduais realizadas em um só dia, criando-se então, os calendários vacinais. Cria-se também, a Central de Medicamentos (Ceme) e inicia-se a organização do sistema de produção e distribuição de medicamentos essenciais, incluindo os produtos imunobiológicos. Posteriormente, passa-se a utilizar um sistema de registro de doses de vacinas aplicadas e a implantação do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Implantação do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Através da Portaria GM/MS nº 314, de 27 de agosto de 1976, fica estabelecida a notificação compulsória de doenças. É implementado o sistema nacional de vigilância de casos suspeitos de poliomielite, contando com o apoio de laboratórios de diagnóstico, permitindo assim a definição do perfil epidemiológico da doença no país. E ainda, passa-se a utilizar a caderneta de vacinação. Em 1988, com a Promulgação da Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988, institui-se a saúde como direito constitucional: Arts. 196 – 198 e 200 Seção II Da Saúde. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; Participação da comunidade [...] Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: -Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; -Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; -Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; -Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; -Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para o consumo humano; -Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; -Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (BRASIL, 1988). UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 14 Com a promulgação da Constituição da República teve-se a garantia do acesso à saúde conforme apresentado na Figura 5, institui-se o Sistema Único de Saúde (SUS), definindo seus objetivos, competências e atribuições; princípios e diretrizes; organização, direção e gestão (Figura 6). Criou-se o subsistema de atenção à saúde indígena; regulou-se aprestação de serviços privados de assistência à saúde; definiu políticas de recursos humanos; financiamento; gestão financeira; planejamento e orçamento (Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990). FIGURA 5 – CONSTITUIÇÃO E GARANTIA DO DIREITO A SAÚDE PELA CF/1988 FONTE: Adaptado de < https://bit.ly/3hL5a0b >. Acesso em: 7 dez. 2020. FONTE: PASSOS (2016, p. 3). Os objetivos, competências e atribuições; princípios e diretrizes; organização, direção e gestão (figura a seguir) são norteadores de todo o sistema de saúde, orientando ações, projetos e estratégias de atendimento em âmbito nacional. FIGURA 6 – PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E OBJETIVOS DO SUS TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 15 De acordo com a Cartilha SUS (2016), os princípios Universalidade, Equidade e Integralidade correspondem diretamente à garantia do direito ao acesso à saúde. Desta forma, todos devem ter acesso aos serviços de saúde e em todos os níveis de assistência (universalidade), de maneira anticulada e contínua, com ações e serviços de prevenção, promoção, recuperação, tanto individuais como coletivas, conforme os casos, em todos os niveis de complexidade do sistema (integralidade), diminuindo assim as desigualdades sociais, com maior enfase e prioridade para regiões, comunidades e pessoas carentes (equidade). Pertinente aos objetivos, evidencia-se quanto à: • Identificação e divulgação: a partir de pesquisas, estudos epidemiológicos e sistema de informação em saúde, sejam explicitados os fatores condicionantes e determinantes de saúde. • Formulação de uma política de saúde: a partir da promoção nos campos econômico e social a observancia do dever do estado (§ 1º do Art. 2º, Lei nº 8080/1990). • Assistência às pessoas: ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a integração das ações assistenciais e das atividades preventivas. A partir da implementação do SUS, emerge a necessidade em criar um Sistema de Informação em Saúde, com dados atuais, respectivos a todas as regiões do país, em todas as esferas da saúde. Nessa concepção, o Ministério da Saúde, a partir Portaria Ministerial nº 2390/96, caracteriza os requisitos essenciais para o SIS: Art. 1° Fica instituída a Rede Integrada de Informações para a Saúde (RIPSA), com os seguintes objetivos: I - estabelecer bases de dados consistentes, atualizados, abrangentes, transparentes de fácil acesso; II - articular instituições que possam contribuir para o fornecimento e crítica de dados e indicadores e para a análise de informações, inclusive com projeções e cenários; III - implementar mecanismos de apoio para o aperfeiçoamento permanente da produção de dados e informações; IV - promover intercâmbio com outros subsistemas especializados de informação da administração pública; V - contribuir para o aprofundamento de aspectos ainda pouco explorados, ou identificados como de especial relevância para a compreensão do quadro sanitário brasileiro (BRASIL, 1996, s. p.). Vídeo: SUS 30 anos. Disponível em: https://bit.ly/3rZ3zZm DICAS UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 16 No próximo subtópico, apresentam-se os principais movimentos na área da saúde, que possibilitaram então, o desenvolvimento tecnológico dos SIS, no século XXI. 2.1.4 O Século XXI Os SIS, nos últimos anos, tiveram um crescimento acelerado, tendo seu ápice com a implantação do SUS. O Departamento de Informática do SUS (DATASUS) tem a função e a responsabilidade de coletar, processar e disseminar informações sobre saúde. Como visto no início da unidade, o DATASUS mantém atualizado em seu site um “Caderno de Informações de Saúde”, com diversos tipos de dados – demográficos, epidemiológicos, financeiros – sobre cada estado e município do Brasil, conforme figura 7 (BRASIL, 2020). FIGURA 7 – PÁGINA DATASUS – INFORMAÇÕES DE SAÚDE FONTE: <https://bit.ly/3ojYKaV>. Acesso em: 7 dez. 2020; Conforme observado na figura, a página inicial do DATASUS apresenta uma visão geral das informações contidas na banco de dados, e cada link direciona a pesquisa por região e por tipo de dado. De acordo com a Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (2010, p. 9), “o desenvolvimento, a incorporação e a utilização de tecnologias nos sistemas de saúde, bem como a sua sustentabilidade, estão inseridos em contextos sociais e econômicos, que derivam da contínua produção e consumo de bens e produtos”. Essa necessidade, como visto anteriormente, passou a ser percebida após a Segunda Guerra Mundial, onde se observou um crescente desenvolvimento científico e tecnológico que poderia contribuir para a TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 17 constituição do complexo econômico da saúde, como um dos setores de maior desenvolvimento, contribuindo para a expansão dos sistemas de saúde e da medicalização das sociedades enquanto um direito a ser preservado, tanto dos indivíduos quanto das populações. A partir de então ocorreu o fortalecimento do papel de seus profissionais e dos usuários, exercendo forte pressão pela incorporação de novas tecnologias. Nesse viés, o conhecimento em saúde começou a ser articulado numa perspectiva populacional e social, superando os limites da prática clínica individual. A partir de então, passa-se a pensar em políticas e, principalmente estratégias que venham a contribuir com o processo de informação em sistemas (rede) viabilizando a resolutividade das demandas da saúde, e assim, articular ações em âmbito: municipal, estadual e federal, de acordo com a realidade evidenciada em cada território. Consta na Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (2010) que uma das formas de se garantir o princípio da integralidade, é por meio da incorporação de novas tecnologias e esta deve privilegiar a integração de alternativas eficazes e seguras, e dentro do possível, que os danos ou riscos não venham a superar os seus benefícios e que, principalmente, beneficie todos os que delas necessitem, não prejudicando o atendimento de outros segmentos da população. Nesse processo, a gestão das tecnologias em saúde implica também uma reflexão sobre o princípio da equidade, considerando-se que o SUS é um sistema hierarquizado, e sua tomada de decisão para incorporação tecnológica deve envolver 27 unidades federativas e aproximadamente 5.600 municípios, com diferentes características e tetos financeiros. Agregado a isto a regionalização, que é uma diretriz do SUS e um eixo estruturante do Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, o que demonstra a complexidade do processo decisório entre e nas instâncias gestoras do SUS. Gestão de tecnologias em saúde como o conjunto de atividades gestoras relacionado com os processos de avaliação, incorporação, difusão, gerenciamento da utilização e retirada de tecnologias do sistema de saúde. Este processo deve ter como referenciais as necessidades de saúde, o orçamento público, as responsabilidades dos três níveis de governo e do controle social, além dos princípios de equidade, universalidade e integralidade, que fundamentam a atenção à saúde no Brasil. INTERESSA NTE UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 18 Entre todas as razões explicitadas, o principal foco de um SIS é a atualização das informações pertinentes à saúde. Nesse viés, a seguir serão apresentados os principais aspectos relacionados às características de estudos epidemiológicos, que mantém os SIS atualizados, a partir de cada área e dos diferentes territórios nacionais. 2.2 CARACTERÍSTICAS DOS ESTUDOS EM SAÚDE E OS DADOS EPIDEMIOLÓGICOS Conforme vimos anteriormente, as primeiras intervenções estatais na área de prevenção e controle de doenças, que foram desenvolvidas com bases científicas, dataram no início do século XX e foram orientadas especialmente pelo avanço das bactérias e pelo entendimento dos ciclos epidemiológicos de algumas doenças infecciosas e parasitárias que acometerama população. Inicialmente, as intervenções ocorriam a partir da organização de campanhas sanitárias voltadas ao controle de doenças que principalmente, comprometiam o desenvolvimento econômico, por exemplo: febre amarela, peste e varíola. Notadamente, essas campanhas se valiam de instrumentos eficazes diagnosticando os casos, combatendo os vetores, imunizando e tratando a população em massa com fármacos, entre outros. É claro que os modelos operacionais utilizados, baseavam- se nas atuações verticais, com inspiração militar, organizadas em fases bem estabelecidas: preparatória, de ataque, de consolidação e de manutenção. Na Figura 8 é possível observar os pontos centrais que norteiam os estudos epidemiológicos e a epidemiologia como ciência. FIGURA 8 – OBJETOS DE ESTUDO DA EPIDEMIOLOGIA FONTE: Os autores (2020) Nos aspectos epidemiológicos é necessário compreender o conceito-chave e sua aplicabilidade (Figura 9), ou seja, cada estudo realizado tem um alvo a ser definido, caracterizado, sistematizado e apresentado no conjunto de informações. TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 19 FIGURA 9 – APLICABILIDADE DO CONCEITO DE ALVO EM EPIDEMIOLOGIA FONTE: Os autores (2020) Entende-se então que a epidemiologia ao longo do tempo foi sendo utilizada para descrever o contexto da saúde de grupos populacionais, podendo ser: Descritiva: ao estudar a frequência e a distribuição dos parâmetros de saúde ou de fatores de risco das doenças nas populações. Analítica: testando hipóteses de relações causais. Os estudos epidemiológicos observacionais, como mencionado, são divididos em dois grupos: descritivos e analíticos, e em cada um, é possivel desenvolver diferentes propostas metodológicas, conforme apresentado na figura a seguir. FIGURA 10 – TIPOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS OBSERVACIONAIS FONTE: Adaptado de Bonita, Beaglehole e Kjellström (2010, p. 19) UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 20 A figura a seguir apresenta resumidamente, os objetivos dos estudos epidemiológicos: FIGURA 11 – OBJETIVOS DOS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS FONTE: Os autores (2020) Diversas medidas são utilizadas para caracterizar a saúde das populações. No entanto, o estado de saúde da população não é totalmente medido em muitas partes do mundo, e essa falta de informações constitui um grande desafio para os epidemiologistas. ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS A investigação epidemiológica de campo de casos, surtos, epidemias ou outras formas de emergência em saúde é uma atividade obrigatória de todo sistema local de vigilância em saúde, cuja execução primária é responsabilidade de cada respectiva unidade técnica que, nesse contexto, pode ser apoiada pelos demais setores relacionados e níveis de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela é um dos diferentes segmentos de resposta in loco dos serviços de saúde e deve ocorrer de forma integrada e concomitante com as demais ações relacionadas à vigilância, promoção e assistência para a prevenção e controle de doenças (transmissíveis ou não) ou agravos (inusitados ou não). Seu objetivo é garantir a obtenção, de forma correta e completa, por meio de fontes primárias (coleta direta nos pacientes ou serviços de saúde) ou secundárias (registros não eletrônicos de serviços de saúde ou bases de dados de sistemas de informação), das informações necessárias referentes a diferentes contextos, tais como: • caso isolado ou agregado de casos de doença ou agravo de notificação compulsória ou compulsória imediata; • descrição epidemiológica e identificação de fatores associados à ocorrência de possível mudança de padrão epidemiológico de doença ou agravo, para dado tempo, população e local: • mudanças dos níveis de doença ou óbito acima dos esperados; • evento com agente etiológico, fonte, veículo ou via de transmissão novo, desconheci- do ou incomum; • doença na qual a evolução dos casos é mais severa do que o esperado ou os sintomas apresentados são incomuns. FONTE: Adaptado de < https://bit.ly/3hWDRAt >. Acesso em: 24 nov. 2020. INTERESSA NTE TÓPICO 1 — CONTEXTO HISTÓRICO DE UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 21 Dica de Leitura: BRANDÃO, Ana Claudia Soares; SILVA, Juliana Rocha de Al- meida. A contribuição dos sistemas de informação em saúde (SIS) para o processo de auditoria do SUS. Disponível em: http://atualizarevista.com.br/article/v1-n1-a-contribui- cao-dos-sistemas-de-informacao-em-saude-sis-para-o-processo-de-auditoria-do-sus/. DICAS http://atualizarevista.com.br/article/v1-n1-a-contribuicao-dos-sistemas-de-informacao-em-saude-sis-para-o-processo-de-auditoria-do-sus/ http://atualizarevista.com.br/article/v1-n1-a-contribuicao-dos-sistemas-de-informacao-em-saude-sis-para-o-processo-de-auditoria-do-sus/ 22 Neste tópico, você aprendeu que: • No decorrer do processo histórico da saúde pública do Brasil, a população passou por diversas epidemias, e, em cada uma delas, adotaram-se medidas que vieram ao encontro das estratégias viáveis ou disponíveis em cada época. No entanto, observou-se ainda que os controles epidemiológicos estiveram relacionados aos impactos que causavam na economia do país. • Foi a partir da 5ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1975, que foi instituído o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) pelo o Ministério da Saúde, através de legislação específica (Lei nº 6.259/75 e Decreto nº 78.231/76). • Esses instrumentos legais foram os primeiros passos para tornar obrigatória a notificação de doenças transmissíveis selecionadas, constantes de relação estabelecida por portaria. Em 1977, o Ministério da Saúde elaborou o primeiro Manual de Vigilância Epidemiológica, reunindo e compatibilizando as normas técnicas então utilizadas para a vigilância de cada doença, no âmbito de programas de controle específicos. • O atual Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o SNVE, definindo em seu texto legal (Lei nº 8.080/90), a vigilância epidemiológica como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” (BRASIL, 1990). RESUMO DO TÓPICO 1 23 1 No tópico1 foi possível conhecer todo processo histórico que envolveu a área da saúde, especialmente a epidemiológica e de saúde pública. Sobre quais foram as questões de saúde pública ou do sistema de saúde, no século XIX, com a independência, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As políticas públicas serão concebidas enquanto instrumento para sanear os espaços de circulação e distribuição de mercadorias. b) ( ) Nasce a política de saúde brasileira com ideias e planos para tentar combater as enfermidades que reduziam a vida da população. c) ( ) A organização sanitária, estava estreitamente articulada com as necessidades do desenvolvimento capitalista brasileiro. d) ( ) A vacinação contra a varíola durante as endemias e expulsão dos doentes acometidos por doenças contagiosas das áreas urbanas. e) ( ) A saúde era acionada quando do aparecimento de mazelas que atingiam a população, praticava-se uma saúde curativa e não preventiva. 2 Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) através da Lei nº 8.080/1990, aquelas situações que dificultavam o acesso aos serviços públicos de saúde pelos usuários, como a necessidade de trabalharem formalmente e inseridos no mercado de trabalho foram excluídas a partir das disposições constitucionais citadas, especialmente por meio do princípio de qual fator? a) ( ) Regionalização. b) ( ) Universalidade. c) ( ) Hierarquização. d) ( ) Descentralização. e) ( ) Integralidade. 3 A abordagem epidemiológica que compara os coeficientes (ou taxas) de doenças em subgrupos populacionais tornou-se uma prática comum no final do século XIX e início do século XX. A sua aplicaçãofoi inicialmente feita com qual objetivo? a) ( ) Controlar doenças transmissíveis e, posteriormente, estudar as rela ções entre condições ou agentes ambientais e doenças específicas b) ( ) Propor melhorias no suprimento de água, mesmo antes da desco berta do microrganismo causador da cólera. AUTOATIVIDADE 24 c) ( ) Estudos epidemiológicos identificaram medidas apropriadas a se rem adotadas em saúde pública. d) ( ) Remover fatores ambientais contrários à saúde ou de criar condições que a promovam. e) ( ) A população utilizada em um estudo epidemiológico é aquela localizada em uma determinada área ou país em certo momento do tempo. 4 O século XX criou inúmeras estratégias de controle epidemiológico e sanitário da população. Discorra sobre dois eventos marcantes que destacaram uma mudança na concepção do contexto da saúde brasileira. 5 Com a implementação do SUS, o sistema de saúde, bem como o acesso da população passou a ser norteado por três princípios fundamentais. Cite e explique cada um deles. 25 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 1 INTRODUÇÃO Neste tópico serão apresentados os principais Sistemas de Informação em Saúde atualmente utilizados no Brasil. Nesse sentido serão apresentadas as funcionalidades e utilizações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN); Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM); Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC); Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS); Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/ SUS); Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB); Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN); Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI); Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISÁGUA); Sistema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES). Em cada SIS apresentado será demonstrado o passo a passo de atualização de cada sistema, bem como as organizações responsáveis por cada um, as suas contribuições, vantagens e fragilidades no sistema geral de informações em saúde do país. Para finalizar, apresentam-se os novos SIS, porém, em novo formato, aderindo à tecnologia móvel, a partir da utilização em forma de aplicativos (App) para celulares móveis. Da mesma forma, serão apresentadas as urgências do sistema de saúde para a criação de novos sistemas nesse período de pandemia, bem como o envolvimento da ciência e da tecnologia para a atualização em tempo real das informações acerca de novos casos, mapas de infecção regionais e nacionais, e a visão panorâmica do avanço do vírus em diversos locais de ocorrência. 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE Agora serão apresentados os principais Sistemas de Informação em Saúde utilizados no Brasil, bem como suas interfaces, características e dados apresentados em cada sistema, como também a forma de atualização dos mesmos e as fichas de controle utilizadas pelas equipes responsáveis pela coleta, análise e transmissão dos dados. 2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE ATUAIS “Antes de começar essa conversa, é preciso entender que os sistemas de informação em saúde são instrumentos padronizados de monitoramento e coleta de dados, que têm como objetivo o fornecimento de informações para 26 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) análise e melhor compreensão de importantes problemas de saúde da população, subsidiando a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual e federal” (PINTO; FREITAS; FIGUEIREDO, 2018, p. 28 – grifo nosso). Para o Ministério da Saúde (MS), os principais sistemas de informações atualmente, correspondem ao de mortalidade (SIM), de nascimento (SINASC), ambulatorial (SIA-SUS), de internações hospitalares (SIH), de notificações de doenças (SINAN), de atenção básica (SIAB), considerando os níveis populacionais. Já para unidades de saúde, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) é a principal fonte de dados para estabelecimentos públicos e privados. No entanto, mesmo não se constituindo enquanto um Sistema de Informação, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Ministério da Saúde representa e gera uma base de dados nacional importantíssima para integração e identificação das unidades de saúde e sua capacidade instalada. A figura a seguir apresenta uma rápida classificação dos principais SIS utilizados pelo Ministério da Saúde, e daqueles atualizados a partir dos dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O conjunto de SIS tanto do Ministério da Saúde quanto do IBGE são cruzados e atualizados por períodos de acordo com registros civis, censos demográficos e projeções populacionais anuais. Nesse sentido, processo de gestão no setor saúde necessita de uma produção de informações que venham a apoiar um contínuo (re)conhecer, decidir, agir, avaliar e novamente decidir. Dessa forma, o processo de produção de informações precisa ser sensível para captar as transformações de uma situação de saúde. Entende-se ainda que deve ser coerente com as características (princípios e diretrizes) deste modelo de atenção. Refletindo-se sobre a relação entre o SUS e o SIS, apresenta-se no Quadro 1 uma síntese de alguns princípios e diretrizes que orientam a concepção de um modelo de atenção proposto para o SUS e que norteia como deve ser um SIS. Um sistema de informação precisa de três matérias-primas: dado, informação e conhecimento. O dado é o elemento mais simples desse processo; a informação é composta de dados com significados para quem os vê; o conjunto de nosso aprendizado segundo algumas convenções, nossas experiências acumuladas e a percepção cognitiva irão transformar em conhecimento uma dada realidade (FRANCO, 2016). ATENCAO TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 27 QUADRO 1 – SÍNTESE DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO MODELO DE ATENÇÃO PARA O SUS SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Alguns Princípios e Diretrizes MODELO DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE Princípios Gerais Diretrizes e Objetivos Integralidade da assistência pres- tada, abrangendo atividades assisten- ciais curativas, ati- vidades preventivas e de promoção da saúde. Utilizando o saber epidemiológico, pro- duzir informações que garantam uma avaliação permanen- te das ações execu- tadas e do impacto sobre a situação de saúde. Subsidiar os processos de pla- nejamento, tomada de decisões, controle da execução e avaliação das ações, considerando a inte- gralidade da assistência. Produ- zir informações relacionadas à eficiência e eficácia das respostas; e da sua efetividade ou impacto sobre a situação de saúde. Descentralização po- lítico-administrativa com direção única em cada esfera de governo, com ênfase na descentralização dos serviços para os municípios, na regio- nalização e na hierar- quização da rede de serviços. Equidade da assis- tência prestada. Produzir informa- ções compatíveis com as necessida- des exigidas pelo processo de gestão, considerando as competências das diferentes esferas de governo (União, Es- tados e Municípios). Descentralizar o processo de im- plantação do SIS, contemplando as especificidades locais, des- mascarando as desigualdades, contribuindo para a operaciona- lização do princípio da equidade da assistência prestada. Deve-se observar a compatibilidade das informações produzidas, neces- sária para garantir a unicidade e a interpelação entre os diferen- tes níveis de gestão do SUS. Divulgação de in- formações sobre o potencial dos servi- ços de saúde e a sua utilização pelo usuá- rio. Controle social, isto é, participação da co- munidade na gestão, no controle e na fis- calização dos servi- ços e ações de saúde. Justificar previamen- te qualquer dado a ser coletado, garan- tindo qualidade e clareza dos meca- nismos de produção das informações. Participação das equipes locais na definição das informações aserem produzidas e, portanto, dos dados a serem coletados; tanto pela sua relevância para a tomada de decisões, quanto pela sua indispensabilidade para a prestação de contas. Garantir que aqueles que produzem os da- dos sejam usuários das informações geradas. Contribuir para o desenvolvimen- to e compromisso dos profissionais de saúde com a qualidade e confia- bilidade dos dados coletados. Garantir mecanismos que viabilizem a dis- seminação e a utiliza- ção efetiva das infor- mações produzidas. Capacitar os diferentes usuários para utilização adequada das infor- mações, contribuindo para a des- centralização e aperfeiçoamento do processo de tomada de decisões. Garantir à popula- ção o direito ao aces- so às informações, garantindo mecanis- mos contínuos de di- vulgação, utilizando recursos comunica- cionais adequados Contribuir para a construção de uma consciência sanitária coletiva, como base para ampliar o exercício do controle social e da cidadania. 28 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) Garantir o direito à informação às pes- soas assistidas e a preservação da au- tonomia de cada ci- dadão, defendendo sua integridade físi- ca e moral. Respeitar o direito do cidadão à priva- cidade quanto às in- formações relaciona- das à sua saúde. Contribuir para resgatar uma relação mais humana entre a ins- tituição e o cidadão, buscando preservar sua autonomia. FONTE: Ferreira (1999, p. 37). Conforme observado, os SIS devem ter como propósito a disponibilidade de informações conforme os princípios e diretrizes do SUS, respeitando a privacidade do cidadão, garantindo o direito ao acesso das informações, mecanismos contínuos de divulgação, a partir os recursos comunicacionais adequados. A seguir serão apresentadas as principais características de cada SIS utilizado atualmente pelo Ministério da Saúde, SUS e rede de atenção básica, como forma de diminuir a distância das informações de saúde da população com os sistemas de saúde. 2.1.1 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) foi criado a partir de 1993. Contudo, sua implantação não ocorreu de forma homogênea em todos os entes da federação. Esse sistema apresenta um conjunto de doenças ou situações de saúde de notificação obrigatória. Na lista de 2017 da Secretaria de Vigilância em Saúde, 48 eventos eram de notificação compulsória em todo o território nacional. Os estados e os municípios ainda podem acrescentar outros agravos à lista federal. O SINAN tem como objetivo coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das três esferas de governo, por intermédio de uma rede informatizada, para apoiar o processo de investigação e dar subsídios à análise das informações de vigilância epidemiológica das doenças de notificação compulsória. A Figura 12 apresenta a página inicial do sistema, bem como os ícones de acesso às informações de interesse do pesquisador. TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 29 FIGURA 12 – PÁGINA INICIAL DO SINAN FONTE: <http://portalsinan.saude.gov.br/o-sinan>. Acesso em: 24 nov. 2020. 2.1.2 Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) O SIM é o mais antigo Sistema de Informação do Ministério da Saúde, foi instituído entre os anos 1975/76 e desde essa época amplia a cobertura geográfica em todo território brasileiro. No entanto, principalmente, nas Regiões Norte e Nordeste, ainda se observam elevadas proporções de sub-registros e óbitos classificados, segundo causa básica, como mal definidos (capítulo XVIII da Classificação Internacional de Doenças, 10ª Revisão – CID-10), que englobam também os óbitos sem assistência médica. Conforme pode ser observado na Figura 13, o SIM disponibiliza diversas informações de saúde, porém não se encontra atualizado para os dados de 2019 e 2020. http://portalsinan.saude.gov.br/o-sinan 30 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) FIGURA 13 – PÁGINA INFORMAÇÕES DE SAÚDE TABNET – SIM FONTE: <http://bit.ly/3pV4A2K>. Acesso em: 24 nov. 2020. 2.1.3 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) O SINASC foi implementado em março de 1990, com o objetivo de melhorar a qualidade das informações sobre nascidos vivos no Brasil, registrando também características do parto e variáveis associadas às mães dos recém-nascidos e aos óbitos fetais e tendo como documento-base a Declaração de Nascido Vivo – DN. Conforme apresentado na Figura 14, a interface do SINASC permite acessar dados referentes às declarações de nascidos vivos por período, tanto em forma de dados, documentos ou tabelas, além e disponibilizar informações regionais. TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 31 FIGURA 14 – PÁGINA SERVIÇOS DE SAÚDE TABNET – SINASC FONTE: < http://bit.ly/3hIofQS >. Acesso em: 24 nov. 2020. 2.1.4 Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) Foi o primeiro sistema do DATASUS a ter captação implementada em microcomputadores (AIH em DISQUETE – 1992) e posteriormente descentralizada aos próprios usuários, encerrando a era dos polos de digitação. Foi criado em 1981, em Curitiba, vindo a substituir no ano seguinte (1982) o sistema Guia de Internação Hospitalar (GIH), também conhecido como “Sistema AIH” passando por várias plataformas em mainframes UNISYS e ABC-BULL, na fase inicial de processamento centralizado (DATASUS, 2020). O termo mainframe era utilizado para se referir ao gabinete principal que alojava a unidade central de processamento nos primeiros computadores. Eram de grande porte dedicados normalmente ao processamento de um volume enorme de informações. Sistemas operacionais desenvolvidos para mainframe, criados especialmente para a finalidade de cada modelo, seja para processar textos, bancos de dados, efetuar cálculos ou gerenciar dispositivos. Eram baseados em sistemas próprios, como o MCP (da Unisys), ABC (da Bull). ATENCAO 32 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) O processamento das AIHs continuou centralizado até 2006, quando passou a ser descentralizado para os Gestores de Secretaria de Saúde, usando plataforma Windows, SGBD Firebird e Linguagem de programação Delphi – si- tuação em que se encontra atualmente. As autorizações de internações hospita- lares formam o Sistema de Informação Hospitalar no SUS (SIH-SUS), instituído em 1991, a partir do Sistema Nacional de Controle de Pagamento de Contas Hospitalares (SNCPCH) e do Sistema de Informações Hospitalar Descentraliza- do do SUS (SIHD-SUS). O sistema SIHSUS registra todos os atendimentos gerados nas internações hospitalares que são financiadas pelo SUS, e com base nelas gera relatórios com pagamentos dos estabelecimentos de saúde que devem ser realizados pelos gestores. Em nível federal, essas informações são repassadas como forma de informar mensalmente uma base de dados de todas as internações autorizadas (aprovadas ou não para pagamento) e, consequentemente para que sejam repassados às Secretarias de Saúde os valores de Produção de Média e Alta complexidade, além dos valores de CNRAC, FAEC e de Hospitais Universitários – independentemente dos contratos de gestão. Na Figura 15 é possível observar que na página do SIH-SUS existem outras bases de dados relacionadas ao Sistema Integrado de Informatização de Ambiente Hospitalar (HOSPUB); o Sistema de Gerenciamento em Serviços de Hemoterapia (HEMOVIDA); Sistema de Informações Hospitalares Descentralizado (SIHD; o Sistema de Gerenciamento e Produção de Bancos de Leite Humano (BLHWeb); o Sistema Gerador do Movimento das Unidades Hospitalares (SISAIH) e por fim o Sistema de Comunicação de Informação Hospitalar e Ambulatorial (CIHA). FIGURA 15 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES- SIHSUS FONTE: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060504>. Acesso em: 24 nov. 2020. http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060504 TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 33 Relacionado ao HOSPUB,é também um sistema on-line e possibilita o acesso a multiusuários, foi desenvolvido em ambiente operacional de banco de dados relacional, objetivando prestar informações que subsidiem a gerência e administração dos estabelecimentos hospitalares. O gerenciamento estratégico das informações disponíveis auxilia tanto no processo de planejamento, de operação ou de controle das ações em saúde. Nesse sentido, o HOSPUB caracteriza-se pela automatização e integração das principais atividades operacionais executadas nas Unidades de Saúde através da utilização de seus subsistemas. São eles: Arquivo Médico (SAME), Administração, Ambulatório, Centro Cirúrgico, Emergência, Informações, Internação, Material (almoxarifado, farmácia), Perinatal e Serviços de Diagnose e Terapia (DATASUS, 2020). O HEMOVIDA foi desenvolvido para bancos de sangue, com objetivo informatizar e manter atualizado o ciclo de doação de sangue, desde a captação até a distribuição do material, desenvolvendo o controle em cada etapa. Através dele, é possível que os gestores, de todas as esferas, acessem os dados que são significativos para as tomadas de decisões, especialmente referente ao gerenciamento processual do sangue na HEMOREDE. O Sistema HEMOVIDA traz inúmeros benefícios tanto para os gestores, quanto para as equipes técnicas e médicos quanto a disponibilidade de hemoderivados disponíveis em cada região. Da mesma forma, permite controlar clínica, financeira, logisticamente, além de informar sobre os atendimentos aos pacientes submetidos a tratamentos hemoterápicos. Além disso, fomenta a criação da Rede Nacional de Informações de Sangue e Hemoderivados; garantindo assim a qualidade nas informações em todo o ciclo de doação; agilizando o atendimento dos doadores, desde o cadastramento até a coleta de sangue; e por fim, emitindo relatórios gerenciais essenciais à plena gestão das atividades nas unidades hemoterápicas (DATASUS, 2020). O Sistema de Informações Hospitalares Descentralizado (SIHD) é uma ferramenta que gerencia os atendimentos hospitalares, sendo utilizada pelas Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, seus distritos e regionais. Foi desenvolvido com a finalidade de facilitar a captação, controle e cálculo dos valores brutos dos procedimentos hospitalares prestados no atendimento público, oferecendo aos gestores locais autonomia para realização do processamento e a gestão das informações de internação. Nesse sistema, existem seis submódulos: Configuração, Manutenção, Produção, Controle/Avaliação, Processamento e Relatórios; e sua versão é atualizada mensalmente. Tem como base o cadastro de estabelecimentos mantido pelo sistema Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES). Além desses benefícios, auxilia no planejamento de ações de saúde e atuação da Vigilância Sanitária e Epidemiologia e produz relatórios detalhados e abrangentes de utilização pela equipe de controle do processamento e de gestão do atendimento (Controle, Avaliação e Auditoria). 34 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) Através do SIHD é possível programar os orçamentos individuais de cada estabelecimento, realizando a separação daqueles de Média e Alta complexidade como também por especialidade, facilitando assim, a análise das duplicidades, agregando e visualizando-se os motivos de bloqueio e o responsável pela ação; possibilitando aos auditores a autonomia para bloquear, cancelar e liberar as AIH diretamente no sistema; realiza as atualizações mensais do Banco de Dados Nacional do SUS (BD Nacional); e ainda, gera os arquivos compatíveis com diversos aplicativos como TABNet e TABWin (DATASUS, 2020). O Sistema de Gerenciamento e Produção de Bancos de Leite Humano (BLHWeb) permite aos coordenadores da Rede de Banco de Leite Humano (BLH), através do gerenciamento da produção e processos de trabalho, a definição de novas metas e campanhas de aleitamento, gerencia as informações cadastradas quanto à produção, distribuição e processamento do produto; agiliza o processo, dando maior autonomia aos gestores dos BLHs; além de garantir qualidade nas informações relacionadas ao leite doado; gerando relatórios para monitoramento e tomada de decisão. Foi desenvolvido para Bancos de Leite Humano, com a finalidade de internalizar procedimentos, diretrizes e normas técnicas de controle de qualidade e processos de trabalho, utilizados nesses ambientes. Objetivando assim, dinamismo no planejamento, a gestão e os processos de trabalho na Rede BLH, respondendo à nova demanda da Política Nacional de Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, possibilitando um acesso amplo a todos que se interessem em obter informações acerca dos produtos e processos relacionados (DATASUS, 2020). O Sistema Gerador do Movimento das Unidades Hospitalares (SISAIH) é totalmente descentralizado utilizado mensalmente pelas Unidades Hospitalares para transcrição dos dados das Autorizações de Internações Hospitalares e envio dos dados às Secretarias de Saúde. Os dados transcritos no sistema SISAIH01 são importados para o sistema SIHD, onde são processados e validados. O Sistema de Comunicação de Informação Hospitalar e Ambulatorial (CIHA) disponibiliza dados sobre rede assistencial (Planos de Saúde), epidemiologia da população e práticas clínicas; traz o Cadastro de Hospital, Pacientes e Internações; tabelas unificadas, consultas agendadas e acesso as planilhas geradas mensalmente, conforme apresentado na Figura 16. TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 35 FIGURA 16 – SISTEMA DE COMUNICAÇÃO DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR E AMBULATORIAL FONTE: <http://ciha.datasus.gov.br/CIHA/index.php>. Acesso em: 24 nov. 2020. É um sistema de informações em saúde utilizado pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar para acompanhar e monitorar as internações em todas as unidades hospitalares do país, públicas e privadas, integrantes ou não do SUS. 2.1.5 Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/ SUS) O Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA-SUS) foi implantado a partir de 1994 voltado para o controle de registros da movimentação física e financeira de procedimentos e exames ambulatoriais em todo o País. A partir de sua implantação, consolida-se a “produção ambulatorial” dos documentos do Boletim de Produção Ambulatorial (BPA) e das Autorizações de Procedimento de Alta Complexidade (APAC). Através do sistema, é possível selecionar dados de qualquer região do país, acessando-se informações locais quanto aos dados ambulatoriais e as autorizações realizadas quanto aos procedimentos de alta complexidade, além de consultar as remessas e relatórios de entrega, cronogramas de envios e consultas de APAC, conforme destacado na Figura 17. http://ciha.datasus.gov.br/CIHA/index.php 36 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) FIGURA 17 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBULATORIAIS DO SUS FONTE: Adaptado de <http://sia.datasus.gov.br/principal/index.php>. Acesso em: 24 nov. 2020. Apesar dos benefícios destacados anteriormente, o SIASUS, possui algumas limitações, e a principal está ligada ao fato de que seus dados são registrados de forma agregada e não individual. No entanto, com a implantação dos prontuários eletrônicos em cada unidade básica de saúde (UBS), essa funcionalidade passou a ser integrada com este sistema, agilizando então, o fluxo de informações. O SIASUS, em razão da pandemia, criou um conjunto de orientações técnicas para sua operacionalização durante o período de emergência de saúde pública, disponibilizado para os usuários, com informações respectivas as mudanças do sistema nesse período de emergência sanitária, para auxiliar os serviços de saúde no registro da produção ambulatorial no SUS. Ainda na página do SIASUS, encontramos os sites relacionados com o sistema, conforme apresenta a figura a seguir. Orientações Técnicas Para Operacionalização do SIA durante o Estado de Emergência de Saúde Pública por Coronavírus. Disponívelem: https://docs.google.com/ document/d/1xcLC1hCp21t9RIbNjlDxmIiUJV8-L_wZIgP699eDtTQ/edit. Acesse para enten- der as mudanças no SIA/SUS decorrentes da emergência sanitária frente à pandemia da COVID-19 (SIASUS-DATASUS, 2020). ATENCAO http://sia.datasus.gov.br/principal/index.php https://docs.google.com/document/d/1xcLC1hCp21t9RIbNjlDxmIiUJV8-L_wZIgP699eDtTQ/edit https://docs.google.com/document/d/1xcLC1hCp21t9RIbNjlDxmIiUJV8-L_wZIgP699eDtTQ/edit TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 37 FIGURA 18 – SITES RELACIONADOS AO SIASUS FONTE: Adaptada de <http://sia.datasus.gov.br/principal/index.php>. Acesso em: 24 nov. 2020. Cada link direciona o usuário para o site recomendado, possibilitando a realização de pesquisas integradas dentro do sistema. 2.1.6 Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) O atual SIAB começou a ser utilizado no 1993, porém, com outro nome: O Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (SIPACS) era utilizado para monitoramento das ações do programa e trabalho realizado por agentes comunitários. Com o surgimento do Programa Saúde da Família (PSF) e posteriormente denominado Estratégia Saúde da Família (ESF), teve agregação de outros profissionais na equipe, tais como: médicos e o auxiliar de enfermagem, havendo então o desenvolvimento desse sistema, que é muito útil para o monitoramento das ações da Equipe de Saúde da Família. O SIAB agrega informações relacionadas a cada território, problemas e responsabilidade sanitária diferenciando dos outros sistemas (DATASUS, 2010). A figura a seguir traz a apresentação do sistema, bem como as caracteriscias e beneficios do mesmo, além dos icones de acesso à base de dados, downloads, informações estatísticas, perguntas mais frequentes e dados pertinentes à saúde da familia. 38 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) FIGURA 19 – SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA FONTE: <http://www2.datasus.gov.br/SIAB/index.php?area=01>. Acesso em: 24 nov. 2020. A partir da disponibilização dessa base de dados na internet, tem-se a integração com as ações estratégicas da política definida pelo Ministério da Saúde, objetivando o fornecimento de informações que possam subsidiar a tomada de decisão pelos gestores do SUS, como também a instrumentalização pelas instâncias de Controle Social, divulgando então, os dados para o uso de todos os atores envolvidos na consolidação do SUS. Através do SIAB disponibilizam-se informações acerca dos cadastros das famílias, bem como condições de moradia e saneamento, situação de saúde, e ainda, a produção e composição das equipes de saúde. Atualmente é considerado o principal instrumento de monitoramento das ações do programa Saúde da Família, sendo gerenciado pela Coordenação de Acompanhamento e Avaliação/ DAB/SAS (CAA/DAB/SAS), com a missão de monitorar e avaliar a atenção básica, instrumentalizando a gestão e fomentar /consolidar a cultura avaliativa nas três instâncias de gestão do SUS (DATASUS, 2020). 2.1.7 Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) O Sistema de Informações de Vigilancia Alimentar e Nutricional, diferente dos outros sistemas, tem sua página própria junto ao Ministério da Saúde. é um sistema que permite a avaliação e acompanhamento do estado nutricional da população atendida na atenção básica por meio do SISVAN Web, possui dois tipos de acesso: público e restrito. Esse sistema viabiliza o cadastro das informações locais, uma vez que todo município do país deve ter um responsável pelo SISVAN, cadastrado no http://www2.datasus.gov.br/SIAB/index.php?area=01 TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 39 Sistema de Cadastro de Gestores de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, que é o responsável pelo cadastro do(s) técnico(s) locais. Na Figura 20 é possivel observar a página inicial do SISVAN, que traz uma breve apresentação do sistema, além da disponibilidade de relatórios e demais documentos relacionados a vigilância alimentar e nutricional. FIGURA 20 – PÁGINA INICIAL DO SISVAN FONTE: <https://sisaps.saude.gov.br/sisvan/>. Acesso em: 24 nov. 2020. Como forma de orientar a avaliação do estado nutricional na atenção básica, o Ministério da Saúde elaborou e disponibilizou o documento "Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN", apresentando orientações para cada fase da vida. Para nortear a avaliação marcadores de consumo alimentar, o SISVAN Web traz dois formulários: o primeiro destinado a crianças menores de cinco anos e o segundo para indivíduos com cinco anos de idade ou mais. Com essa divisão, tornou-se possivel avaliar melhor as práticas alimentares na infância, especialmente na identificação da prevalência e o tipo de aleitamento materno, caracterizando também melhor o período de introdução de alimentos, dos menores de cinco anos. Na “aba” documentos constam links que possibilitam o acesso aos principais formulários e fichas de registros e controles de acompanhamento nutricional, conforme apresentado na Figura 21. https://sisaps.saude.gov.br/sisvan/ 40 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) FIGURA 21 – RELAÇÃO DE DOCUMENTOS DISPONÍVEIS PARA PREENCHIMENTO PELAS US FONTE: <http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/documentos/index>. Acesso em: 7 dez. 2020. O SISVAN orienta para que esses formulários sejam adotados com o objetivo de caracterizar de forma ampla o padrão alimentar do indivíduo, não no sentido de quantificar a dieta em termos de calorias e nutrientes, mas a qualidade alimentar e nutricional. Na figura a seguir, apresenta-se a ficha de cadastro idividual e primeiro acompanhamento nutricional que é um instrumento disponibilizado para todas as unidades de saúde, e que norteia a avaliação e registro das primeiras informações dos usuários. FIGURA 22 – FICHA DE CADASTRO INDIVIDUAL E PRIMEIRO ACOMPANHAMENTO NUTRI- CIONAL FONTE: <https://bit.ly/3pOcPxN>. Acesso em: 24 nov. 2020. http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/documentos/index TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 41 Para realização dos registros dos dados antropométricos e dos marcadores do consumo alimentar, o próprio sistema direciona o usuário para o formulário dos indivíduos no sistema. O acompanhamento inicia com o registro da data do acompanhamento e o tipo de acompanhamento (estado nutricional e consumo alimentar). O sistema não aceita registros quando o individuo se encontra inativo ou desatualizado. Ou seja, são realizados registros somente no ano correspondente. Na aba “relatórios” é possível obter registros do consumo alimentar por regiões, períodos, estados e municípios (Figura 23). FIGURA 23 – RELATÓRIO DE CONSUMO ALIMENTAR FONTE: <https://sisaps.saude.gov.br/sisvan/relatoriogestao/index>. Acesso em: 24 nov. 2020. De acordo com Ferreira, Cherchiglia e César (2013), o SISVAN contribui para o conhecimento dos problemas de nutrição, identificando áreas geográficas, segmentos sociais e grupos populacionais de maior risco aos agravos nutricionais. As informações do sistema devem fornecer subsídios aos responsáveis por políticas visando à melhoria dos padrões de consumo alimentar e do estado nutricional da população. Assim, o Sisvan auxilia os gestores públicos na formulação e monitoramento de políticas de alimentação e nutrição. Dica de leitura: FERREIRA, C. S.; CHERCHIGLIA, M.L.; CÉSAR, C.C. O sistema de vigilância alimentar e nutricional como instrumento de monitoramento da estratégia nacional para alimentação complementar saudável. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. vol.13, n.2. Recife abr./jun. 2013. DICAS https://sisaps.saude.gov.br/sisvan/relatoriogestao/index 42 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 2.1.8 Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é um sistema que permite o monitoramento das imunizações com base nos registros de aplicação das vacinas realizadas para os profissionais da saúde, além de possibilitarum controle de estoque desses imunobiológicos. Na página inicial do sistema, tem-se uma breve apresentação e histórico do programa, além dos dados sobre campanhas, vacinas, avaliação das coberturas vacinais e organização da rede para o frio (figura a seguir). FIGURA 24 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (SI-PNI) FONTE: Adaptado de <http://pni.datasus.gov.br/>. Acesso em: 24 nov. 2020. É importante frisar que o Programa Nacional de Imunizações do Brasil é um dos maiores do mundo, trabalhando atualmente com a oferta de 45 diferentes imunobiológicos para toda a população, independente das faixas etárias e campanhas anuais para atualização da caderneta de vacinação. Consulte o calendário nacional de vacinação: https://www.saude.gov.br/ saude-de-a-z/vacinacao/orientacoes-sobre-vacinacao. ATENCAO https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/orientacoes-sobre-vacinacao https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/orientacoes-sobre-vacinacao TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 43 2.1.9 Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISÁGUA) O Sistema de Informações de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISÁGUA) é um instrumento criado a partir do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para consumo Humano (Vigiagua), objetivando auxiliar o gerenciamento de riscos à saúde associados à qualidade da água destinada ao consumo humano. É parte integrante das ações de prevenção de agravos e de promoção da saúde, previstas no Sistema Único de Saúde. A pesquisa pelo sistema ocorre de duas formas: com usuário, que são os cadastrados pela alimentação dos dados no sistema, ou como pesquisador externo. Na Figura 25, observa-se que o programa disponibiliza formulários, documentos de apoio, atualizações de consultas públicas e controles mensais e semestrais além dos parâmetros básicos de potabilidade para consumo humano. FIGURA 25 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO (SISÁGUA) FONTE: < https://bit.ly/3rYvd8U >. Acesso em: 24 nov. 2020. Consulte a Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano: http://bit.ly/2XdcnNd. ATENCAO 44 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 2.1.10 Sistema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) O SCNES traz de forma integrada todas as informações pertinentes aos recursos físicos e humanos disponíveis para o uso do SUS, permitindo assim, aos gestores conhecer o volume de equipamentos disponíveis para prestação de assistência à saúde da população. Através da consulta ao sistema, é possível saber, por exemplo, número de consultórios, equipamentos para suporte à vida, profissionais que atuam no estabelecimento com carga horária semanal, quais modalidades de assistência são prestadas e muito mais informações. De acordo com a Figura 26, é possível navegar pelo sistema buscando todas as informações destacadas, além de ficar por dentro dos informes, legislações e acessar a wiki saúde (https://wiki.saude.gov.br/cnes/index.php/P%C3%A1gina_ principal), que discorre sobre os principais aspectos relacionados à saúde e ao programa. FIGURA 26 – SISTEMA CADASTRO NACIONAL DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE (SCNES) FONTE: <http://cnes.datasus.gov.br/#/carousel-example-generic>. Acesso em: 24 nov. 2020. http://cnes.datasus.gov.br/#/carousel-example-generic TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 45 Importante destacar ainda que é uma base cadastral para operacionalização de diversos sistemas, tais como: Sistema de Informação Ambulatorial (SIA), Sistema de Informação Hospitalar (SIH), e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB), entre outros. É considerada uma ferramenta auxiliar, que proporciona o conhecimento da realidade da rede assistencial existente e suas potencialidades, de forma a auxiliar no planejamento em saúde das três esferas de Governo, para uma gestão eficaz e eficiente. 2.1.11 Sistema de Informações do Câncer de Colo do Útero e Sistema de Informação do Câncer de Mama (SISCOLO/SISMAMA) É um sistema mais recente, quando comparado aos demais. O Programa Nacional de Controle de Câncer do Colo de Útero e Mama, coleta e processa informações clínicas de pacientes e laudos de exames, além das informações demográficas e epidemiológicas para auxiliar no monitoramento da qualidade na rede de coleta e diagnóstico desses exames. É um sistema de entrada de dados desenvolvido pelo DATASUS em parceria com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), direcionado para a estruturação do Viva Mulher (Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama). O sistema além de coletar e processar informações sobre identificação de pacientes e laudos de exames citopatológicos e histopatológicos, fornece dados que facilitam o monitoramento externo da qualidade dos exames, e consequentemente orientando os gestores estaduais do Programa sobre a qualidade dos laboratórios responsáveis pela leitura dos exames no município. O sistema também oportuniza a conferência dos valores de exames pagos em relação aos dados dos exames apresentados. Conforme observado na figura a seguir o site do programa traz uma breve apresentação do sistema, além dos informes, notas técnicas e bases de dados já cadastrados. 46 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) FIGURA 27 – SISTEMA DE INFORMAÇÕES DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO E SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO CÂNCER DE MAMA (SISCOLO/SISMAMA) FONTE: <http://w3.datasus.gov.br/siscam/index.php>. Acesso em: 24 nov. 2020. Na página ainda é possível acessar diretamente os dados do INCA, bem como participar de fóruns e palestras gratuitas relacionadas ao assunto. 2.1.12 Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (SISHIPERDIA) O Hiperdia organiza o cadastramento e acompanhamento de portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do Sistema Único de Saúde – SUS. No sistema é possível gerar informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos de forma regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados (figura a seguir). http://w3.datasus.gov.br/siscam/index.php TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 47 FIGURA 28 – SISTEMA DE CADASTRAMENTO E ACOMPANHAMENTO DE HIPERTENSOS E DIA- BÉTICOS (SISHIPERDIA) FONTE: Adaptado de <http://bit.ly/2Xf4tTG>. Acesso em: 24 nov. 2020. O sistema envia dados para o Cartão Nacional de Saúde, funcionalidade que garante a identificação única do usuário do Sistema Único de Saúde – SUS. 2.1.13 Sistema de Acompanhamento da Gestante (SISPRENATAL) O SisPreNatal foi desenvolvido para acompanhamento adequado das gestantes inseridas no Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) do Sistema Único de Saúde. No sistema consta o elenco mínimo de procedimentos para uma assistência pré-natal adequada, ampliando esforços no sentido de reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna, perinatal e neonatal. Da mesma forma, traz informações que subsidiam o planejamento e a avaliação das ações de assistência à gestante e à puérpera. Entre os benefícios desse sistema, encontramos: Cadastramento de diversos dados sobre os procedimentos realizados no decorrer da assistência pré-natal, incluindo a primeira consulta, exames, vacina antitetânica, acompanhamentos mensais e consulta de puerpério; além de registrar o acompanhamento das gestações de alto-risco; gerando relatório de indicadores, e aproximadamente 40 relatórios de acompanhamento; atualiza e disponibiliza registros diariamente dos atendimentos às gestantes; permite a geração de faturas para o SIA-SUS, em que posteriormente realiza pagamentos extrateto (Cadastro e Conclusão); disponibilizando também formulários para as unidades de saúde realizarem os cadastramentos on-line, conforme apresenta a Figura 29. 48 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) FIGURA 29 – SISTEMA DE ACOMPANHAMENTODA GESTANTE (SISPRENATAL) FONTE: Adaptado de < http://bit.ly/35b2AeQ >. Acesso em: 24 nov. 2020. FIGURA 30 – INFORMAÇÕES PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO DO PRÉ-NATAL FONTE: Franco (2016, p. 6) TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 49 2.2 DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES Conforme visto nos tópicos anteriores, apesar da pertinência das informações geradas pelos sistemas, no início, elas eram muito pouco ou nada utilizadas no processo de decisão e controle, no entanto, nos últimos anos, mais precisamente com a implementação do SUS, tem-se observado um avanço acerca do acesso e das possibilidades de análise dos principais SIS disponíveis no Brasil. De forma gradativa, o processamento desses sistemas vem, passando para Estados e/ou municípios, possibilitando que a sua análise ocorra em tempo oportuno e sejam incluídas, sendo fundamentais quando o usuário é em nível local criando- se programas simplificados e mais ágeis para realização de tabulações com dados provenientes desses sistemas. O DATASUS (departamento de informática do SUS) foi criado com o objetivo de tornar a informação fundamental para a democratização da Saúde, como também o aprimoramento de sua gestão, e a informatização das atividades do Sistema Único de Saúde, a partir das diretrizes tecnológicas adequadas, essencialmente para a descentralização das atividades de saúde e viabilização do Controle Social sobre a utilização dos recursos disponíveis, tornando possível a obtenção de dados acerca da rede hospitalar e ambulatorial do SUS e alguns dos principais sistemas de informação em saúde mortalidade, atenção básica, orçamentos públicos em saúde, imunização, câncer de colo do útero e mama. O IBGE também contribui com o SIS, e disponibiliza no site do DATASUS, dados respectivamente associados à pesquisa assistência médico sanitária, população residente, alfabetização, abastecimento de água, esgoto e coleta de lixo. É importante destacar que a efetividade dos processos envolvidos desde a coleta, processamento, análise e transmissão da informação, são fundamentais para o monitoramento e a avaliação do estado de saúde da população e consequentemente, ao planejamento, a organização e pleno funcionamento dos serviços de saúde. No entanto, a realidade, conforme destacada anteriormente aponta desvios de qualidade em vários pontos desta cadeia, afetando a veracidade das informações geradas. Alguns importantes movimentos já foram feitos pelo Ministério da Saúde visando à integração dos diversos sistemas de informação. A implantação do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e a unificação da Tabela de Procedimentos Hospitalares e Ambulatoriais são exemplos expressivos. Outras iniciativas mais técnicas, como o estabelecimento de parâmetros para comunicação entre sistemas e a criação do repositório de tabelas do SUS, em curso, também são relevantes. Cabe destacar, ainda, o cadastro nacional de usuários, conhecido como Cartão Nacional de Saúde, que atribui um número de identificação a cada indivíduo, tendo seus dados e caracterizações vinculados, a ser disponibilizado por todos os SIS. A implantação efetiva deveria permitir, principalmente, a visualização da cobertura do SUS, o perfil de usuários, pontos de gargalo das redes de serviços e das referências intermunicipais e interestaduais. A continuidade 50 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) desse projeto é imprescindível e conta com o apoio da maioria dos gestores estaduais e municipais de saúde. Qual deve ser o papel de um Sistema de Informação em Saúde? Essa reflexão nos permite esboçar alguns aspectos essenciais: • Um SIS eficiente deve ser capaz de organizar a produção de informações compatíveis com as necessidades dos diferentes níveis de complexidade do sistema de saúde e esferas de atendimentos, garantindo assim a avaliação permanente das ações executadas e do impacto delas na situação de saúde. • Assessorar o desenvolvimento e implementação de sistemas direcionados para as especificidades das múltiplas unidades de operação do sistema de saúde. • Contribuir para a formação e capacitação dos profissionais de saúde, voltando-se para a construção de uma consciência sanitária coletiva, baseada na ampliação do exercício do controle social e da cidadania e, principalmente para o resgate de uma relação humanizada entre as instituições de saúde e os cidadãos. Quem deve ser “usuário” de um Sistema de Informação em Saúde? • Equipes técnicas e profissionais do SUS. • Instâncias decisórios e gestoras do SUS, tais como: comissões, conselhos, conferências, colegiados e outros fóruns desse tipo. • Setores além da área da saúde tanto governamentais, Ministérios, Secretarias Estaduais e Municipais envolvidos diretamente com ações para melhoraria da qualidade de vida da população: (educação, meio ambiente, ação social etc.). • Universidades e escolas públicas e os setores responsáveis pelas intervenções referentes ao saneamento básico. • Organizações populares e Organizações não Governamentais. • A população em geral. Para facilitar a tomada de decisões e planejar ações estratégicas voltadas para a transformação de determinada situação de saúde, na fase da organização e planejamento de um SIS, questiona-se acerca das possibilidades que possam permitir conhecer e avaliar a qualidade da vida da população em um determinado território ou realidade específica, por exemplo, epidemias locais ou regionais. Posteriormente, utilizam-se informações obtidas a partir de determinados dados já existentes. Primeiramente, reconhece-se a situação de saúde “inicial”. Após decisões, intervenções e determinados resultados, avaliam-se as transformações obtidas, ou seja, a situação de saúde “final”. Em um processo permanente de produção de respostas às necessidades de saúde das populações. A Figura 31 esquematiza os aspectos norteadores que formam um conjunto básico de informações para (re) conhecer, decidir, intervir, acompanhar e avaliar determinada situação de saúde. TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 51 FIGURA 31 – ASPECTOS NORTEADORES DE UM CONJUNTO BÁSICO DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE FONTE: Ferreira (1999, p. 19). Para melhor identificação dos momentos em que a informação deveria subsidiar a gestão de um Sistema Municipal de Saúde, apresenta-se na Figura 32 uma proposta simplificada que representa um processo de trabalho em saúde, buscando-se organizar respostas sociais às necessidades de saúde de uma população. FIGURA 32 – PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE FONTE: Ferreira (1999, p. 33) As informações necessárias para a gestão de um Sistema de Saúde basicamente devem: • Garantir o conhecimento, o acompanhamento e a avaliação constante da situação de saúde. • Subsidiar a tomada de decisões, no processo de gestão do sistema e de gerenciamento de serviços de saúde, respaldando a eficiência, a eficácia e efetividade das respostas produzidas. 52 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) Nesse sentido, é possível entender que o trabalho desenvolvido por uma unidade de informação em saúde para além de tantos objetivos, tem especificamente o social: fornecer ao cliente o acesso à informação técnica- científica em saúde por meio de serviços e produtos especializados. Assim, as atividades de divulgação dos produtos e serviços deve ter como foco, o objetivo de cada instituição e destacar para o diferencial do trabalho realizado frente às necessidades do público-alvo, primando pela qualidade dos serviços, a preocupação com o tipo de produto e o modo como é oferecido e disponibilizado para os usuários. Através de ações de incentivo ao uso de sistemas e fontes de informação automatizadas, sites governamentais e outras plataformas, o Estado fica mais próximo do cidadão, fazendo cumprir sua responsabilidade na prestação de serviços de forma transparente, pontual e aberta a debates. A divulgação não se restringe apenas à disponibilidade e ao uso de produtos e/ou serviços. É imprescindívelque ocorra constantemente a manutenção do relacionamento (canal de comunicação) entre instituições e usuários. Nesse viés, os produtos ou serviços, devem atender às demandas satisfatoriamente, como forma de atingir seus propósitos. Para tanto, os serviços e sistemas devem ser testados e avaliados pelo usuário, que, dentro do possível deve dar uma devolutiva (avaliação) para a melhoria dos pontos, quando necessário, serem melhorados. Em se tratando de sistemas de informações em saúde, esse relacionamento ocorre através da interatividade, disponibilizada por uma infinidade de SAC, chats, enquetes sobre a qualidade dos serviços e dos “testes” de novos produtos e/ou serviços. A proposta é de que a avaliação seja realizada por meio de um mecanismo direto com o usuário. Possibilitando, assim, o conhecimento se o trabalho está satisfatório, se o usuário tiver suas necessidades atendidas e esta avaliação for positiva. Um exemplo prático é a criação do aplicativo e-Saúde, em 2017, que foi substituído pelo Conecte SUS (Figura a seguir). Lançado pelo Ministério da Saúde, é uma ferramenta que oferece, de forma on-line, informações em saúde de uso pessoal e restrito a cada cidadão brasileiro. Entre os serviços oferecidos estão o acesso aos dados do cartão nacional de saúde, lista de medicamentos retirados nas unidades de saúde, acompanhamento do cartão de vacinação e lista de exames realizados. TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 53 FIGURA 33 – APLICATIVO CONECTE SUS FONTE: <http://bit.ly/3nbnSiQ>. Acesso em: 24 nov. 2020. Para melhor funcionamento do aplicativo, o Ministério da Saúde continua interligando os sistemas de informação do SUS já existentes. Esse app conta com informações do Hórus, Hemovida, Cartão SUS, CNES, e-sus AB, Ouvidoria e o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SIPNI). 2.3 APP CORONAVÍRUS-SUS O aplicativo do COVID-19 (Figura 34) é o mais recente e moderno sistema de informações disponibilizados pelo Ministério da Saúde. Foi criado com o objetivo de conscientizar a população sobre o coronavírus (Covid-19), trazendo informativos de diversos tópicos como os sintomas, como se prevenir, o que fazer em caso de suspeita e infecção, mapa indicando unidades de saúde próximas etc. Consulte o catálogo de sistemas e produtos disponíveis pelo DATASUS: https:// datasus.saude.gov.br/wp-content/uploads/2019/08/Catalogo-de-Produtos-DATASUS.pdf. ATENCAO 54 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) FIGURA 34 – APLICATIVO CORONAVÍRUS SUS FONTE: <http://bit.ly/393eskf>. Acesso em: 24 nov. 2020. Além do aplicativo, o Ministério da Saúde mantém informações técnicas e últimas notícias no seu site, especificamente sobre o COVID-19, com acesso livre para todos os usuários (Figura 35). FIGURA 35 – PÁGINA OPERACIONAL CORONAVÍRUS MINISTÉRIO DA SAÚDE FONTE: <https://coronavirus.saude.gov.br/>. Acesso em: 24 nov. 2020. TÓPICO 2 — SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 55 Da mesma forma, o Ministério da Saúde atualiza continuamente os casos de COVID-19 (figura seguir) em página específica para atualização por região, data, casos, óbitos, casos novos por dia de notificação, óbitos novos por dia de notificação. FIGURA 36 – SISTEMA DE ATUALIZAÇÃO COVID-19 FONTE: < http://bit.ly/38ePsHK >. Acesso em: 5 jan. 2021. MORAIS, Rinaldo Macedo de.; COSTA, André Lucirton. Um modelo para ava- liação de sistemas de informação do SUS de abrangência nacional: o processo de seleção e estruturação de indicadores. Rev. Adm. Pública vol.48 no.3 Rio de Janeiro maio/jun. 2014 CINTHO, Lilian Mie Mukai; MACHADO, Roni Rodrigues; MORO, Claudia Maria Cabral. Mé- todos para Avaliação de Sistema de Informação em Saúde. J. Health Inform. 2016 Abril- -Junho; 8(2):41-8. ABREU, Leidy Dayane Paiva de.; SILVA, Maria Verônica Sales da.; MOREIRA, Francisco Jad- son Franco. Sistema de Informação em Saúde em tempos de COVID-19. Edição Especial – Enfrentamento da COVID-19 – Cadernos ESP – Revista Científica da Escola de Saúde Pública do Ceará v. 14 n. 1, 2020. DICAS 56 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Os principais Sistemas de Informação do Ministério da Saúde estão disponíveis na página do DATASUS, responsável por esses sistemas. Entre os principais sistemas você viu que: o O SINASC permite conhecer quantas crianças nascem por ano e por região, bem como as características ligadas à saúde da mãe (idade gestacional, por exemplo) e do recém-nascido (presença de malformações congênitas ao nascer), apontando que necessidades assistenciais devem ser atendidas na região dos nascimentos para melhorar a qualidade da assistência pré-natal à criança. o O SIAB reúne informações acerca das atividades desempenhadas em nível de atenção básica. É utilizado para medir o impacto das ações básicas desenvolvidas, auxiliando na determinação das prioridades e avaliação do que já foi feito pelas equipes dos Programas Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde (PSF e PACS). o O SAI foi implantado nacionalmente na década de 1990, visando ao registro dos atendimentos realizados no âmbito ambulatorial, por meio do Boletim de Produção Ambulatorial (BPA). Ao longo dos anos, o SIA vem sendo aprimorado para ser efetivamente um sistema que gere informações referentes ao atendimento ambulatorial e que possa subsidiar os gestores estaduais e municipais no monitoramento dos processos de planejamento, programação, regulação, avaliação e controle dos serviços de saúde, na área ambulatorial. O Ministério da Saúde (MS) implantou o Sistema de Informação Hospitalar (SIH/ SUS) em 1990. A Autorização de Internação Hospitalar (AIH) é o instrumento de registro padrão desde a implantação do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), sendo utilizada por todos os gestores e prestadores de serviços. o O SIH reúne informações sobre a assistência prestada pelos hospitais, que é alimentado principalmente pelos dados contidos nas Autorizações de Internações Hospitalares (AIH) e pelos relatos contidos nos prontuários dos pacientes. o O SINAN reúne todas as informações relativas aos agravos de notificação, alimentado pelas notificações compulsórias. 57 o O SIM reúne os dados relativos aos óbitos ocorridos. Alimentado pelos atestados de óbito emitidos, possibilita o conhecimento da distribuição dos óbitos por faixa etária, sexo, causa e outras informações. • Um sistema de informação é um instrumento para o planejamento estratégico, entendendo que uma decisão, especialmente na área da saúde, só pode ser respaldada a partir de informações confiáveis 58 1 O SIS é denominado como um conjunto de sistemas de saúde que foi desenvolvido para subsidiar a formulação e avaliação das políticas, planos e programas de saúde, auxiliando a tomada de decisões, contribuindo para a melhoria do contexto situacional de saúde tanto individual quanto coletiva. Pertinente ao SIS, analise as afirmativas a seguir: I- Coletar racional e objetivamente dados e registros de informações de saúde visando à construção de indicadores tanto epidemiológicos como operacionais que venham a atender aos objetivos de cada programa ou instituição. II- O sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) utiliza um documento básico padronizado denominado de declaração de nascidos vivos (DN), e deve ser preenchido pelo profissional médico para todos os nascidos vivos em ambiente hospitalar. III- O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) é alimentado pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória. IV- O SIS tem como funções: planejamento, coordenação, supervisão dos processos de seleção dos dados, coleta, registro, processamento, análise e difusão dos dados e geração de informação. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e III estão corretas. b) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas. c) ( ) As afirmativas I, II e IVestão corretas. d) ( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas. e) ( ) Somente a afirmativa III está correta. 2 O Sistema de Informação sobre Programa Nacional de Imunizações (SI- PNI) foi criado como alternativa para manter atualizado os cadastros de vacinações em âmbito nacional. Qual das alternativas a seguir apresenta o objetivo fundamental do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI)? a) ( ) Controlar a produção e distribuir os imunobiológicos necessários ao abastecimento da população. b) ( ) Avaliar de forma dinâmica os riscos quanto à ocorrência de doenças ligadas ao câncer. c) ( ) Possibilitar aos gestores envolvidos no programa uma avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de surtos ou epidemias. AUTOATIVIDADE 59 d) ( ) Alimentar os sistemas de vigilância sanitária do Ministério da Agricultura, em especial quanto ao risco da ocorrência de surtos ou epidemias em animais que fazem parte da base alimentar da população brasileira. e) ( ) Registrar os insumos aplicados e do quantitativo populacional vacinado, para reporte mensal a Organização Mundial de Saúde (OMS) e alimentação dos bancos de informação sobre a saúde da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS). 3 O Departamento de Informática do SUS (DATASUS) tem um papel de grande importância na elaboração do processo de informação na saúde. Sobre as atribuições desse departamento, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) foi implantado para o acompanhamento das ações e dos resultados das atividades realizadas pelas equipes do Programa Saúde da Família (PSF). b) ( ) O Programa Nacional da Infância (PNI) permite o gerenciamento do processo de vacinação infantil. c) ( ) O Sistema de Cadastro de Mortalidade (SISCAM) objetiva dar su- porte ao controle de mortalidade no Brasil. d) ( ) O Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Pacientes Portadores de AIDS (HIPERDIA) destina-se ao cadastramento e ao acompanhamento de pacientes HIV positivo atendidos na rede ambulatorial do SUS, permitindo a geração de informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos, de forma regular e sistemática, a todos os pacientes cadastrados. e) ( ) O Sistema de Acompanhamento do Recém-nascido (SISPRENATAL) permite o cadastramento e o acompanhamento de todos os recém- nascidos no âmbito do SUS. 4 É importante ter-se uma caracterização sobre o SIS, em busca de ter bem claro do que se trata. Portanto, o que é e quais as características de um Sistema de Informação em Saúde? 5 O Departamento de Informática do SUS (DATASUS) tem um papel de grande importância na elaboração do processo de informação na saúde. Cite pelo menos três atribuições desse departamento. 60 61 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE 1 INTRODUÇÃO Neste tópico estudaremos o passo a passo para organização de um SIS, considerando as características que deve conter, além dos objetivos e vantagens a serem contemplados para atender aos princípios e diretrizes do Sistema Único de saúde. Da mesma forma, contemplaremos as especificidades do Registro Eletrônico de Saúde, a pertinência de sua utilização, além dos objetivos e funcionalidades buscados a partir da adoção dos prontuários eletrônicos. De forma breve, serão apresentadas as mudanças trazidas pelos SIS, RES e a adoção do e-Saúde na proposta estratégica da informação, comunicação e otimização do Sistema Único de Saúde tanto para os usuários quanto para os profissionais e equipes técnicas que atuam nesse setor. Para finalizar este tópico trabalharemos com o resumo do tópico, autoatividades, além da leitura complementar dos textos sugeridos como forma de contribuir para a construção do conhecimento sobre essa temática. 2 PASSOS FUNDAMENTAIS PARA A ORGANIZAÇÃO DE UM SIS Um SIS deve ser planejado e organizado enquanto um instrumento de apoio à gestão de um Sistema de Saúde. Nesse sentido, deve produzir informações que possibilitem: • Avaliar uma determinada situação de saúde; • Subsidiar a tomada de decisões sobre as respostas (ações) a serem implementadas; • Acompanhar ou controlar a execução (eficiência e eficácia) das ações propostas; • Avaliar o impacto (efetividade) alcançado sobre a situação de saúde inicial. Assim, a produção das informações deve ser organizada de forma sistematizada, norteada pelos seguintes processos: • Coleta de dados: geração e registro dos dados devidamente padronizados (por exemplo: a definição do que é uma primeira consulta deve ser a mesma para todo o sistema de saúde); 62 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) • Processamento dos dados: recepção, codificação, tabulação, cálculos básicos (por exemplo: totalizações), controle de erros e inconsistências (por exemplo: câncer de colo do útero numa pessoa do sexo masculino), armazenamento, manutenção, recuperação e disponibilização dos dados; • Produção e disseminação das informações: tratamento dos dados segundo as necessidades de informação demandadas: cálculo de indicadores, elaboração de gráficos, mapas temáticos e outros formatos de apresentação das informações produzidas. Nessa construção, responsabiliza-se também pela definição e operacionalização de mecanismos que irão disseminar estes produtos, a partir de suas competências, necessidades e formatos, de acordo com os diferentes “usuários”. A Figura 37 apresenta resumidamente os passos envolvidos no processo de organização de um SIS. FIGURA 37 – PASSOS PARA ORGANIZAÇÃO DE UM SIS FONTE: Vidal (2017, p. 3). De forma resumida, pode-se afirmar que a organização de um SIS deve ser realizada a partir de um planejamento estratégico que venha a garantir a participação efetiva dos usuários das informações em todos os momentos que envolvem esse processo. É imprescindível considerar alguns aspectos no planejamento da implantação (aperfeiçoamento) de um SIS, tais como: Aspectos institucionais: caracterização clara do modelo de atenção à saúde de referência para a instituição e dos objetivos prioritários definidos frente à situação atual da implementação desse modelo. Aspectos operacionais: características do processo de trabalho na produção das diversas atividades (consulta médica, controle de estoque, gerenciamento das unidades de saúde etc.) desenvolvidas pelas diferentes unidades operacionais que compõem o Sistema de Saúde. TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE 63 Aspectos organizacionais: dimensionamento dos diferentes componentes da estrutura do Sistema de Saúde, ou seja, recursos humanos, físicos, materiais, financeiros, orçamentários, equipamentos e insumos. Portanto, essa construção deve ser um processo ligado ao planejamento institucional e à realidade epidemiológica, em busca da definição de informações úteis e oportunas nas diferentes instâncias de decisão. Importante destacar que os dados a serem coletados devem ser justificados pelas informações a serem geradas. Assim, na definição das informações necessárias é importante considerar as seguintes questões: 1. Por que essa informação deve ser produzida? 2. Para que será utilizada? 3. Quem vai utilizá-la? 4. Como será utilizada (formato, fluxo, periodicidade)? 5. Por quanto tempo será útil essa informação? 6. Ela deve ser produzida pelo SIS ou obtida através de um estudo ou pesquisa pontual? Após atentar para as questões citadas, é possível considerar os seguintes passos de forma mais explicativa por Ferreira (1999): 1º) Constituir um grupo decisório, com representantes de todos os níveis gerenciais para o acompanhamento e tomada de decisões durante todo o processo. 2º) Constituir um grupo técnico, responsável pela elaboração das propostas e implementação das mesmas após deliberação pelo grupo decisório. 3º) Conheceras estratégias e objetivos institucionais propostos para concretização do modelo de atenção, considerando as competências dos diferentes níveis gerenciais. 4º) Definir as informações necessárias para subsidiar o processo de planejamento, tomada de decisões e de avaliação em todos os níveis gerenciais, consoantes com os objetivos definidos no passo anterior; 5º) Elaborar ou identificar os indicadores capazes de contemplar as necessidades de informação definidas no passo anterior. 6º) Definir os “relatórios” a serem gerados pelo sistema (tabelas, gráficos, mapas etc.). 7º) Definir os dados a serem coletados, a periodicidade e suas respectivas fontes. 8º) Estruturar o processamento dos dados considerando: os instrumentos de coleta, os fluxos, o armazenamento e a transmissão dos dados. 9º) Definir a tecnologia de informática a ser adotada. 10º) Quando for o caso, é fundamental analisar os sistemas já implantados, avaliando-os e propondo as medidas necessárias (aquisições, reformulações, substituições, manutenção etc.) para que eles possam ser aproveitados para gerar as informações/indicadores definidos. 64 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 11º) Definir o modelo de gerenciamento do SIS garantindo uma avaliação permanente da qualidade e da utilização das informações produzidas. 12º) Definir os mecanismos para disseminação das informações. A Figura 38 apresenta um fluxo de informações (passos) que devem ser considerados em todas as etapas do planejamento de um SIS. FIGURA 38 – FLUXO DE INFORMAÇÕES NO PLANEJAMENTO DO SIS FONTE: Os autores (2020). Conforme observado, em todo processo de desenvolvimento e sistematização das ações ocorre a regulação da atenção, programação das ações e serviços de saúde, gestão e controle de sistemas de informação, e avaliação dos serviços de saúde. Após todo processo avaliativo, e aprovação do sistema será elaborado um Plano de Ação, em que são discriminadas ações e atividades, os responsáveis, os prazos, os recursos, o orçamento e o cronograma para desenvolvimento da proposta. Para que este plano seja aplicado de fato, sendo imprescindível fundamental analisar sua viabilidade e pensar estratégias para concretizá-lo. 3 REGISTRO ELETRÔNICO EM SAÚDE (PRONTUÁRIO ELETRÔNICO) O Registro Eletrônico em Saúde (RES) é um repositório de informações processáveis sobre o cuidado em saúde do indivíduo, armazenadas e transmitidas de forma segura e acessível por múltiplos usuários autorizados (Política Nacional de Informação e Informática em Saúde - PNIIS - MS, 2016). TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE 65 Suas principais funções são: • Criar e manter prontuário para cada paciente com informações demográficas e história clínica. • Permitir ao paciente ter acesso à informação sobre a sua saúde e aos dados agregados relativos à comunidade em que vive, bem como sobre as doenças que os afetam. • Oferecer protocolos e evidências para apoio à tomada de decisão pelo profissional de saúde, na prescrição e no atendimento, incluindo alertas. • Contribuir para a organização e disseminação de condutas e protocolos clínicos. • Permitir agregar a informação coletada para fins de extração de conhecimento. De acordo com a Estratégia e-Saúde para o Brasil (2016), através da implementação dos registros eletrônicos, espera-se os seguintes benefícios: • Melhorar a atenção em saúde em todos os seus aspectos, pois o atendimento de melhor qualidade é resultado da informação coletada e disponível quando e onde necessária. • Integrar os processos de saúde, pela disponibilidade da informação de saúde. • Maior conhecimento para a tomada de decisão, pois a partir da informação clínica armazenada é possível extrair dados importantes sobre prevalência de doenças, efetividade de tratamentos, adequação de protocolos, diretrizes e consensos. • Na vigilância em saúde e epidemiológica, a coleta sistemática de dados clínicos permite que se estabeleçam regras de Vigilância em Saúde. • A informação de saúde coletada pelo RES, forma um material poderoso para a análise e tomada de decisão para ações de promoção de saúde. Os dados gerados e consequentemente registrados pelo RES são construídos a partir da assistência multiprofissional e institucional de saúde, constituindo-se em fontes de informações sobre as pessoas, seus estados de saúde e suas inserções no sistema de saúde. Como estratégia do e-Saúde, os dados que se encontravam dispersos entre os diversos prestadores não permitiam que o sistema de saúde e nem mesmo o próprio beneficiário tivesse uma visão integral e longitudinal das informações de saúde. A incorporação do e-Saúde ao SUS proposta para o ano de 2020, surgiu como uma dimensão fundamental, reconhecendo-a como uma estratégia de melhoria dos O principal objetivo do RES é oferecer apoio a cuidados de saúde de qualidade, eficazes, eficientes, efetivos, seguros e integrados, ao longo de toda a vida do paciente (International Organization for Standardization, 2011). ATENCAO 66 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) serviços de Saúde por meio da disponibilização e uso de informação abrangente, precisa e segura (BRASIL, 2017). Entre as características do e-Saúde, podemos observar na figura a seguir os requisitos que vêm a contemplar efetivamente a construção e o acesso ao SIS complementar, com estratégias norteadoras e contemplativas da tomada de decisões mais ágeis, por meio dos dados de saúde de cada território e de seus usuários, viabilizando, assim, a comunicação e a elaboração dos Registros Eletrônicos em Saúde (RES). Dessa forma, para contemplar as estratégias apresentadas, torna-se imprescindível a adoção de ações no sentido de: • Reduzir a fragmentação das iniciativas no SUS e aprimorar a governança da estratégia. • Fortalecer a intersetorialidade de governança de e-Saúde. • Elaborar o marco legal de e-Saúde no país. • Definir e implantar uma arquitetura para a e-Saúde. • Definir e implantar os sistemas e serviços de e-Saúde integrados ao SUS. • Disponibilizar serviços de infraestrutura computacional. • Criar arquitetura de referência para sustentação dos serviços de infraestrutura. • Criar a certificação em e-Saúde para trabalhadores do SUS. • Promover a facilitação do acesso à informação em saúde para a população. A partir da implementação do RES, foi possível como estratégia de curto prazo agilizar o atendimento e melhorar o fluxo de informações para apoio à decisão em Saúde, como também, alinhar esforços dos diversos atores envolvidos aumentando consequentemente, o impacto das iniciativas de concepção, desenvolvimento, aquisição e implantação de SIS, incluindo dispositivos, modelos e processos no SUS. No entanto, essa proposta vem sendo construída desde 2005, sendo que em 2016 foi definido o Conjunto Mínimo de Dados na Atenção a Saúde, que venham a contemplar a proposta do RES, conforme apresenta a figura a seguir. O e-Saúde é uma proposta de organização e oferta de serviços de saúde. As atividades de saúde estão intimamente ligadas à informação e comunicação e dependem de conhecimento e tecnologia para viabilizar mecanismos inovadores, efetivos, eficazes e eficientes que ampliem o alcance e aumentem a qualidade, a resolubilidade e a humanização dos diversos aspectos da atenção em saúde. Para saber mais, acesse: https://bit.ly/2Xh96g0. IMPORTANT E TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE 67 FIGURA 39 – HISTÓRICO DE AÇÕES DO REGISTRO ELETRÔNICO DE SAÚDE FONTE: Oliveira (2018, p. 29) As informações coletadas no processo de atenção sejam disponibilizadas de forma a possibilitar atendimentos de melhor qualidade. Assim, o profissional de saúde poderá tomar decisões clínicas com base em informação sobre o paciente, sua história clínica, suas alergias e outras condições, bem como em evidências, protocolos e melhores práticas, reduzindo os custos e retrabalho, melhorando a segurança do paciente, por evitar a prescriçãode medicamentos e procedimentos desnecessários. Assista também: Sistema de Registro Eletrônico de Saúde (S-RES): https://www. youtube.com/watch?v=KwvVOSnc11o. ATENCAO 68 UNIDADE 1 — SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) LEITURA COMPLEMENTAR PRONTUÁRIO ELETRÔNICO A CERTIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE REGISTRO ELETRÔNICO DE SAÚDE A utilização da Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde (TICS) cresce a cada dia. Hoje são inúmeras as possibilidades, os recursos e os benefícios que a informática pode trazer para a área de saúde, especialmente para o MÉDICO. O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) é a principal ferramenta de TICS que o médico precisa ou precisará lidar nas suas atividades diárias, seja no consultório, centro diagnóstico ou hospital. É fundamental que o médico utilize uma ferramenta de alta qualidade, segura e que possa auxiliá-lo no registro da história clínica e exame físico, bem como na solicitação de exames e prescrição. Outro conceito importante é o Registro Eletrônico de Saúde (RES) que permite o armazenamento e o compartilhamento seguro das informações de um paciente. Os sistemas devem adotar mecanismos de segurança capazes de garantir autenticidade, confidencialidade e integridade das informações de saúde. A certificação digital é a tecnologia que melhor provê estes mecanismos. Com o intuito de estabelecer as normas, padrões e regulamentos para o PEP/RES no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) estabeleceram um convênio de cooperação técnico-científica que está em vigência desde 2002. Esse convênio propiciou a criação de um processo de Certificação de Sistemas de Registro Eletrônico de Saúde, com o estabelecimento dos requisitos obrigatórios e, acompanhando a legislação federal para documento eletrônico, reforçou a obrigatoriedade do uso de certificação digital (assinatura eletrônica) para a validade ética e jurídica de um PEP/RES. Um marco regulatório importante foi a publicação da Resolução CFM Nº 1821/2007. Para que o médico compreenda melhor os conceitos-chaves da Certificação de Software e Certificação Digital, o CFM e a SBIS elaboraram esta cartilha educativa. Nela o profissional médico e os demais interessados poderão ter uma visão geral sobre PEP/ RES, Certificação Digital, Documento Eletrônico e quais as regras para um prontuário 100% digital (paperless – sem papel). Tudo isso numa linguagem adequada para facilitar o entendimento de todos os profissionais. Ainda nesta cartilha estão os esclarecimentos às principais dúvidas a respeito desse assunto, atendendo assim uma série de solicitações que o CFM e a SBIS vêm recebendo durante os últimos anos. FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2L07CUW>. Acesso em: 24 nov. 2020. 69 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • A organização de um SIS deve ser realizada a partir de um planejamento estratégico que venha a garantir a participação efetiva dos usuários das informações em todos os momentos que envolvem esse processo. • Um SIS deve ser planejado e organizado enquanto um instrumento de apoio à gestão de um Sistema de Saúde. Nesse sentido, deve produzir informações que possibilitem: • Avaliação de determinada situação de saúde. • Subsidiar a tomada de decisões sobre as respostas (ações) a serem implementadas. • Acompanhamento ou controle da execução (eficiência e eficácia) das ações propostas. • Avaliação do impacto (efetividade) alcançado sobre a situação de saúde inicial. • O Registro Eletrônico em Saúde (RES) caracteriza-se como um repositório de informações processáveis sobre o cuidado em saúde do indivíduo, armazenadas e transmitidas de forma segura e acessível por múltiplos usuários autorizados. • Os dados gerados e consequentemente registrados pelo RES são construídos a partir da assistência multiprofissional e institucional de saúde, constituindo- se em fontes de informações sobre as pessoas, seus estados de saúde e suas inserções no sistema de saúde. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 70 1 Os prontuários dos pacientes são documentos importantes como registros que podem ser disponibilizados de forma eletrônica. Sobre o exposto, analise as afirmativas a seguir: I - O prontuário eletrônico do paciente (PEP) pode ser de dois tipos: digitalizado e on-line. II - Algumas limitações do prontuário em papel são baixa mobilidade, sujeição a ilegibilidade e ambiguidade. III - O conceito de Registro Eletrônico de Saúde (RES) abrange o comparti- lhamento de informações sobre a saúde de um ou mais indivíduos, inter e multi-instituição, dentro de uma região (município, estado ou país), ou ainda, entre um grupo de hospitais. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas. b) ( ) As afirmativas I e III estão corretas. c) ( ) As afirmativas II e III estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa III está correta. 2 São inúmeras as vantagens que a adoção do Registro Eletrônico em Saúde oportuniza. Sobre essas vantagens, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Investimento; Mudança na rotina; Internet obrigatória; Acessibilidade. b) ( ) Integração de informações; Corte de Custos e espaços; Internet; obrigatória. c) ( ) Otimização das atividades; Mudança de Rotina; Acessibilidade; Investimento. d) ( ) Segurança dos dados; Otimização das atividades; Acessibilidade; Integração de informações; Corte de custos e espaços. e) ( ) Mudança de rotina; Acessibilidade; Investimento; Internet obrigatória. 3 Um SIS deve ser planejado e organizado enquanto um instrumento de apoio à gestão de um Sistema de Saúde. Partindo desse entendimento, um SIS deve produzir que tipo de informações? Justifique sua resposta. 4 Um SIS deve ser planejado e organizado enquanto um instrumento de apoio à gestão de um Sistema de Saúde. Partindo desse entendimento, um SIS deve produzir que tipo de informações? Justifique sua resposta. 5 O Registro Eletrônico de Saúde é uma poderosa ferramenta para os médicos proverem com qualidade e segurança um cuidado integrado aos seus pacientes. Sobre o RES, cite o objetivo e pelo menos três benefícios. AUTOATIVIDADE 71 REFERÊNCIAS BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia Básica. 2 ed. São Paulo: Grupo Editorial Nacional; 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Informação da Saúde Suplementar: Beneficiários, Operadoras e Planos – junho de 2019. Disponível em: <https://bit. ly/3pVktq0>. Acesso em: 4 dez. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégia e-Saúde para o Brasil. Comitê Gestor da Estratégia e-Saúde. Brasília – DF, 2017. Disponível em: https://bit.ly/2Xh96g0. Acesso em: 15 jul. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Entendendo o SUS. 2006. Disponível em: <https://bit.ly/3hL5a0b>. Acesso em: 4 dez. 2020. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funciona- mento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 24 nov. 2020. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <https://bit.ly/38hv88w>. Acesso em: 24 nov. 2020. BRASIL. Decreto nº 66.623, de 22 de maio de 1970. Dispõe sobre a organização administrativa do Ministério da Saúde, e dá outras providências. Disponível em: http://bit.ly/2L9WrZN. Acesso em: 24 nov. 2020. BRASIL. Decreto-lei nº 904, de 1º de outubro de 1969. Dispõe sobre entidades do Ministério da Saúde. Disponível em: https://bit.ly/3s1pG1B. Acesso em: 24 nov. 2020. BRASIL. Decreto nº 59.153, de 31 de agosto de 1966. Institui, no Ministério da Saúde, a Campanha de Erradicação da Varíola e dá outras providências. Dispo- nível em: https://bit.ly/3b8Fp90. Acesso em: 24 nov.2020. BRASIL. Lei nº 4.709, de 28 de junho de 1965. Altera a Lei nº 2.743, de 6 de março de 1956, e cria a Campanha de Erradicação da Malária. Disponível em: https://bit.ly/2Xipf4N. Acesso em: 24 nov. 2020. BRASIL. Decreto nº 49.974-a, de 21 de janeiro de 1961. Regulamenta, sob a denominação de Código Nacional de Saúde, a Lei nº 2.312, de 3 de setembro de 1954, de normas gerais sobre defesa e proteção da saúde. Disponível em: https:// bit.ly/3hOydQP. Acesso em: 24 nov. 2020. 72 BRASIL. Lei nº 2.743, de 6 de março de 1956. Cria o Departamento Nacional de Endemias Rurais no Ministério da Saúde e dá outras providências. Disponível em: <https://bit.ly/3okhes3.>. Acesso em: 24 nov. 2020. BRASIL. Lei nº 2.312, de 3 de setembro de 1954. Normas Gerais sobre Defesa e Pro- teção da Saúde. Disponível em: https://bit.ly/2XhaM96. Acesso em: 24 nov. 2020. BRASIL. Lei nº 1.944, de 14 de agosto de 1953. Torna obrigatória a iodetação do sal de cozinha destinado a consumo alimentar nas regiões bocígenas do país. Disponível em: https://bit.ly/3nkGbCi. Acesso em: 24 nov. 2020. BRASIL. Lei nº 1.920, de 25 de julho de 1953. Cria o Ministério da Saúde e dá ou- tras providências. Disponível em: https://bit.ly/3bqTf6X. Acesso em: 24 nov. 2020. BRASIL. Decreto-lei nº 1.042, de 11 de janeiro de 1939. Cria, no Ministério da Educação e Saúde, o serviço de Malária do Nordeste. Disponível em: https://bit. ly/3pX2zDA. Acesso em: 24 nov. 2020. FERREIRA, C. S.; CHERCHIGLIA, M. L.; CÉSAR, C.C. O Sistema de vigilân- cia alimentar e nutricional como instrumento de monitoramento da estratégia nacional para alimentação complementar saudável. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. vol. 13 n. 2 Recife abr./jun. 2013. 2.1.8 Sistema de Informações do Progra- ma Nacional de Imunização (SI-PNI). FERREIRA, S. M. G. Sistema de informação em saúde. Conceitos fundamentais e organização. 1999. Disponível em: https://bit.ly/35dqpTo. Acesso em: 24 nov. 2020. FIOCRUZ. A revolta da vacina. 2005. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/ noticia/revolta-da-vacina-2. Acesso em: 13 set. 2020. FRANCO, J. L. F. Sistemas de Informação em Saúde. 2016. Disponível em: <http://bit.ly/38joIpB>. Acesso em 4 dez. 2020. FUNASA. Cronologia histórica da saúde pública. 2019. Disponível em https:// bit.ly/35gune6. Acesso em: 14 set. 2020. LUCCHESE, G. A Vigilância Sanitária no Sistema Único de Saúde. In: DE SETA, M. H. (Org.). Gestão e vigilância sanitária: modos atuais do pensar e fazer. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2006. PINTO, L. F.; FREITAS, M. P. S. de; FIGUEIREDO, A. W. S. A. de. Sistemas Na- cionais de Informação e levantamentos populacionais: algumas contribuições do Ministério da Saúde e do IBGE para a análise das capitais brasileiras nos últimos 30 anos. Ciência & Saúde Coletiva [on-line]. 2018, v. 23, n. 6. POLITIZE. A história da saúde pública no brasil e a evolução do direito à saú- de. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3oxnmxf. Acesso em: 15 set. 2020. 73 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer a importância da avaliação das tecnologias de saúde e as orientações que devem ser consideradas no processo avaliativo; • entender os principais aspectos que devem ser observados na adoção/ implementação das tecnologias em saúde; • analisar os desafios pertinentes à avaliação das tecnologias em saúde, como também, a sua importância para a geração de Sistema de Informação em Saúde; • compreender as dimensões a serem consideradas avaliando o momento de sua implementação como forma de manter ou melhorar a sustentabilidade do SUS; • acompanhar o desenvolvimento de tecnologias, conhecendo o estabelecimento de padrões de qualidade com o uso apropriado de medicamentos e produtos. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE TÓPICO 2 – TECNOLOGIAS EM SAÚDE TÓPICO 3 – DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 74 75 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Acadêmico! No tópico 1, nós estudaremos o desenvolvimento e adoção da Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) e todo processo que envolve o desenvolvimento dos sistemas, associando-o com as estratégicas tecnológicas. Neste tópico abordaremos ainda questões relacionadas à avaliação da eficácia e efetividade, das orientações e perspectivas da avaliação saúde pública, da ética e da pertinência da informação para a indústria farmacêutica. No decorrer deste tópico, trabalharemos com quatro subtópicos. O primeiro discorrerá sobre o planejamento e adoção da avaliação de tecnologias em saúde, abordando seus principais instrumentos, sistemas e diretrizes, bem como a hierarquia de organização dessas tecnologias, como foram se constituindo ao logo do tempo, as etapas e questões norteadoras a serem consideradas nesse processo. No subtópico 2 apresentaremos as dimensões e importância da avaliação de tecnologias em saúde, as etapas e questões norteadoras complementares àquelas discorridas no subtópico 1. Na sequência, o subtópico 3 apresenta as orientações que devem ser observadas no processo de ATS enquanto processo e dimensão clínica. No último subtópico, disserta-se sobre as perspectivas da avaliação em diferentes cenários, tais como: Saúde pública, Ética e Indústria farmacêutica, trazendo os principais aspectos que envolvem a ATS em cada segmento. 2 PLANEJAMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE A Tecnologia em Saúde é a utilizada a partir da aplicação de conhecimentos e habilidades em forma de dispositivos, medicamentos, vacinas, procedimentos e sistemas desenvolvidos com o objetivo de resolver um problema de saúde e melhorar a qualidade de vida. O termo “Tecnologia em Saúde” abrange, então, o conjunto de instrumentos adotados objetivando a promoção da saúde, prevenção e tratamento das doenças TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 76 e reabilitação das pessoas. Esses sistemas devem abordar aspectos relacionados na figura a seguir: FIGURA 1 – CONJUNTO DE INSTRUMENTOS ADOTADOS EM TECNOLOGIA DA SAÚDE FONTE: A autora (2020) A partir dos componentes utilizados em níveis de atenção, as tecnologias de saúde são organizadas de forma hierárquica, conforme apresentado na figura a seguir. FIGURA 2 – HIERARQUIA DE ORGANIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE SAÚDE FONTE: <https://bit.ly/398BNRE>. Acesso em: 25 nov. 2020. TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 77 Inicialmente são observadas as tecnologias chamadas de tecnologias biomédicas, que são os equipamentos e medicamentos. Caracterizam-se na interação diretamente com os pacientes. No segundo nível tem-se os procedimentos médicos, como a anamnese, as técnicas cirúrgicas, as normas técnicas de uso de aparelhos e outros, que constituem parte do treinamento dos profissionais em saúde e que são essenciais para a qualidade na aplicação das tecnologias biomédicas. Estas tecnologias, acrescidas dos procedimentos, constituem as tecnologias médicas (BRASIL, 2009). As tecnologias médicas são utilizadas no um contexto que envolve uma estrutura de apoio técnico e administrativo, sistemas de informação e organização da prestação da atenção à saúde. Estes sistemas de suporte organizacional, que se encontram dentro do próprio setor Saúde (hospitais, ambulatórios, secretarias de saúde, Ministério da Saúde), concomitantemente com as tecnologias médicas, compondo então as tecnologias de atenção à saúde. Por fim, tem-se os componentes organizacionais e de apoio que são determinados porforças que atuam fora do sistema de saúde, como saneamento, controle ambiental, direitos trabalhistas etc. Desta forma, podem-se englobar diversos aspectos da organização social que são determinam a saúde de uma população como educação, política econômica etc. Quando as informações a serem geradas dependem de componentes organizacionais de apoio externos ao setor saúde, tais como: saneamento básico, direitos trabalhistas e educação, ocorre a combinação dos componentes anteriores constituindo as tecnologias em saúde. Nesse sentido, as tecnologias ainda podem ser classificadas de acordo com a natureza material, o propósito, e o estágio de difusão, conforme apresentado na tabela a seguir. TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS EM SAÚDE Classificação Especificação Quanto à natureza material Medicamentos. Equipamentos e suprimentos: ventilador, marca-passos cardíacos, luvas cirúrgicas, kits de diagnóstico etc. Procedimentos médicos e cirúrgicos. Sistemas de suporte: bancos de sangue, sistemas de prontuário eletrônico etc. Sistemas gerenciais e organizacionais: sistema de informação, sistema de garantia de qualidade etc. UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 78 Quanto ao propósito Prevenção: visa proteger os indivíduos contra uma doença ou limitar a extensão de uma sequela (exemplo: imunização, controle de infecção hospitalar etc.) Triagem: visa detectar a doença, anormalidade, ou fatores de risco em pessoas assintomáticas (mamografia, exame de Papanicolau). Diagnóstico: visa identificar a causa e natureza ou extensão de uma doença em pessoas com sinais clínicos ou sintomas (eletrocardiograma, raios X para detectar fraturas ósseas). Tratamento: visa melhorar ou manter o estado de saúde, evitar uma deterioração maior ou atuar como paliativo. Reabilitação: visa restaurar, manter ou melhorar a função de uma pessoa com uma incapacidade física ou mental. Quanto ao estágio de difusão Futura: em estágio de concepção ou nos estágios iniciais de desenvolvimento. Experimental: quando está submetida a testes em laboratório usando animais ou outros modelos. Investigacional: quando está submetida a avaliações clínicas iniciais (em humanos). Estabelecida: considerada pelos provedores como um enfoque padrão para uma condição particular e difundida para uso geral. Obsoleta/abandonada/desatualizada: sobrepujada por outras tecnologias ou foi demonstrado que elas são inefetivas ou prejudiciais. FONTE: BRASIL (2009, s. p.) A Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) é conceituada atualmente como a sistematização das propriedades, efeitos e/ou impactos da tecnologia em saúde. Dessa forma, o foco volta-se para a geração de informações que orientem de forma clara e precisa o planejamento e a tomada de decisões, promovendo assim, a adoção de tecnologias viáveis economicamente, prevenindo a adoção de tecnologias de alto custo para o sistema de saúde. Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) é a sistematização das proprieda- des, efeitos e/ou impactos da tecnologia em saúde. NOTA TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 79 Na ATS tem-se a atuação de equipe multiprofissional, como médicos, en- genheiros, economistas, estatísticos, matemáticos e pesquisadores com outras formações utilizando-se modelos analíticos planejados a partir de uma diversida- de de métodos para comparação das tecnologias em saúde. No cenário atual, a cada instante novas tecnologias estão sendo lançadas no mercado, e consequentemente, tem-se o crescimento das demandas da incor- poração pelo sistema de saúde geradas em diversos setores: indústria, pacientes e profissionais de saúde. Nesse novo cenário, coexistem novos medicamentos, materiais médicos, procedimentos cirúrgicos frequentemente lançados no mer- cado a preços mais elevados que as alternativas terapêuticas disponíveis, quando estas existem. É preciso considerar que nem sempre essas tecnologias apresentam bene- fícios reais ou segurança satisfatória quando comparadas às demais. Por isso, os gestores da saúde preocupam-se com a identificação das reais necessidades de saúde da população, avaliando constantemente as tecnologias existentes, selecio- nando as prioritárias e organizando o acesso aos serviços e produtos. O Brasil evolveu na instituição da avaliação de tecnologias de saúde (ATS) no SUS, a partir de 2003, com o estabelecimento de diretrizes e protocolos clínicos, regulação de preços de medicamentos e política forma de avaliação, incorporação e gestão de tecnologias no âmbito do sistema de saúde (ELIAS, 2013). No entanto, desde a Constituição da República em 1988, foram percorridos diversos caminhos que marcaram a relação da implantação da ATS, no Brasil, pelo SUS, conforme observado na figura a seguir. A Avaliação de Tecnologias em Saúde deve nortear o caminho para o atendimento equitativo e universal no SUS. Assim, a ATS é um processo de pesquisa abrangente, por meio do qual se avaliam repercussões clínicas, sociais, econômicas, éticas do uso e difusão de tecnologias de saúde (ELIAS, 2013). INTERESSA NTE UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 80 FIGURA 3 – LINHA DE TEMPO DA IMPLEMENTAÇÃO DA ATS NO SUS FONTE: <http://bit.ly/398BNRE>. Acesso em: 25 nov. 2020. Na ATS, vários estudos são envolvidos e, cada um deles é planejado para responder à determinada pergunta num contexto específico. Nesse processo, utilizam-se estudos primários (originais) que são utilizados na produção de uma nova conclusão, ou estudos secundários. Entre os estudos (Figura 4) mais utilizados na ATS, destacam-se: TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 81 FIGURA 4 – ESTUDOS MAIS UTILIZADOS NA ATS FONTE: <http://bit.ly/398BNRE>. Acesso em: 25 nov. 2020. Normalmente, os estudos são orientados por etapas, que viabilizam a avaliação de forma criteriosa. Na Figura 5 apresentam-se as principais etapas da ATS. FIGURA 5 – ETAPAS QUE NORTEIAM OS ESTUDOS NA ATS FONTE: < http://bit.ly/398BNRE >. Acesso em: 25 nov. 2020. UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 82 Conforme observado na figura a seguir, a primeira etapa da ATS tem como objetivo a identificação da necessidade de se estudar a eficácia, efetividade, segurança e custo das diversas tecnologias em saúde, norteando todo o processo. Nessa etapa, comparam-se os tratamentos considerados padrão para possibilitar a tomada de decisão acerca da sua disponibilização ou não para a sociedade. Consequentemente, as etapas subsequentes, apresentam o caminho a ser percorrido para se elaborar as recomendações sobre a tecnologia avaliada. De acordo com Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), a ATS constitui-se em uma ferramenta para garantir as diretrizes do SUS, conforme a Figura 6: FIGURA 6 – RELAÇÃO DA ATS CO AS DIRETRIZES DO SUS FONTE: A autora (2020) Nesse sentido, a descentralização vem para redistribuir o poder e a responsabilidade nos diferentes níveis de gestão, passando então a decidir em cada instância acerca das questões relacionadas à regulamentação do setor e alocação dos recursos disponíveis. Neste cenário, a incorporação de uma tecnologia no setor Saúde regulamenta-se por diferentes atores: A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) tem o papel da regulação da entrada da tecnologia no mercado, requer informação quanto à segurança, benefício, indicação de uso e preço a ser praticado no mercado para ter sua comercialização (registro) autorizada no país (BRASIL, 2004). Para você compreender melhor o papel desenvolvido pela ANVISA, sugerimos uma visita ao site: https://www.gov.br/anvisa/pt-br . Você encontrará muitas informações sobre este tema que ajudarão a aprofundar seu conhecimento. DICAS https://www.gov.br/anvisa/pt-br TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 83 Após o processo de registro, a tecnologia no SUS passa a ser incorporada e regulamentada pela Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS/ MS). Nesseprocesso, devem-se agregar às informações necessárias ao registro informação quanto ao perfil epidemiológico da população a ser beneficiada pela tecnologia, infraestrutura necessária para uma adequada assistência, estimativa de custo e cobertura a ser oferecida (BRASIL, 2009). Considerando que a garantia de uma assistência integral à população é um grande desafio para o sistema de saúde, as tecnologias nessa área devem atentar para a distribuição dos recursos igualmente nos três níveis de atenção (primário, secundário e terciário). Nesse sentido, os gestores devem avaliar e considerar as questões apresentadas na Figura 7: FIGURA 7 – QUESTÕES NORTEADORAS PARA ATS FONTE: Brasil (2009, s.p.) Para finalizar essa reflexão, torna-se pertinente adotar um processo claro e transparente de decisão nos processos de regulação, incorporação e utilização de tecnologias, voltadas para o atendimento da terceira diretriz citada: o controle social. Dessa forma, a ATS sistematiza e sintetiza as evidências científicas e as perspectivas de diferentes atores nos aspectos decorrentes da incorporação de tecnologias. Assim, quando as decisões se baseiam em uma avaliação prévia, é possível vislumbrar os critérios de decisão e a possibilidade de participação da sociedade explicitamente. UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 84 Na sequência, abordaremos os aspectos que devem ser considerados nas ATS, a pertinência de serem consideradas as diretrizes para as tecnologias em saúde, bem como o seguimento das orientações em todos os processos. 3 DIMENSÕES E IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE A ATS deve iniciar a análise, partindo-se inicialmente dos os impactos sociais, éticos e legais associados à tecnologia, bem como das diretrizes (eficácia, efetividade, segurança e custo) básicas, mas que antecedem os anteriores, uma vez que que um resultado negativo em algum deles pode ser suficiente para impedir a comercialização da tecnologia. De acordo com a Portaria MS 2690/2009 – Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde, a ATS consiste em um processo contínuo de análise e síntese dos benefícios para a saúde, consequentemente econômicas e sociais da adoção das tecnologias (BRASIL, 2009). A avaliação das tecnologias em saúde deve nortear-se pelos seguintes aspectos: segurança, acurácia, eficácia, efetividade, custos, custo-efetividade e aspectos de equidade, impactos éticos, culturais e ambientais envolvidos na sua utilização. Observe a tabela a seguir, nelas são apresentados a descrição de cada um dos aspectos e sua caracterização: TABELA 2 – ASPECTOS NORTEADORES DA ATS Acesse na íntegra a Política Nacional de Gestão de Tecnologias, disponível em: https://bit.ly/3pU50GL. NOTA ASPECTOS CONSIDERAÇÕES Eficácia Probabilidade de que indivíduos de uma população definida obtenham um benefício da aplicação de uma tecnologia a um determinado problema em condições ideais de uso. Efetividade Probabilidade de que indivíduos de uma população definida obtenham um benefício da aplicação de uma tecnologia a um determinado problema em condições normais de uso. TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 85 FONTE: Brasil (2009, s.p.) Silva e Elias (2019) explicam que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as tecnologias em saúde constituem um componente essencial dos sistemas de saúde, sendo considerado um sistema de saúde eficaz aquele que garante o acesso equitativo a tecnologias que com qualidade, segurança, eficácia e custo-efetividade comprovados a partir das avaliações realizadas. Nesse contexto, a sua utilização deve basear-se em evidências científicas de qualidade. Considerando a emersão tecnológica da atualidade, novos desafios surgem nesse processo avaliativo, tais como, questões éticas relativas ao uso seguro dos dados relativos à saúde (big data), novos padrões para a aprovação de inovações combinando diferentes tecnologias, impacto orçamentário da incorporação de tecnologias de alto custo e questões de equidade relacionadas à cobertura e ao acesso de grupos vulneráveis aos serviços de saúde. A partir do planejamento da incorporação e do uso de tecnologias em saúde é possível contribuir com o enfrentamento de tais desafios. Assim, o uso de ATS e de políticas de cobertura e preço ganham destaque especial. A ATS vem se constituindo uma das estratégias mais usadas mundialmente para a informação da tomada de decisão relativa às tecnologias em saúde no decorrer desse processo, é possível avaliar sistematicamente as propriedades, efeitos e outros impactos das tecnologias e suas intervenções em saúde, como também de seus efeitos diretos e esperados como suas consequências indiretas e inesperadas, mediante a aplicação de quadros analíticos explícitos baseados em uma variedade de métodos. Esquematicamente, a Figura 8 apresenta as etapas da ATS de forma prática e funcional no contexto da atenção básica. Risco Medida da probabilidade de um efeito adverso ou indesejado e a gravidade desse efeito à saúde de indivíduos em uma po- pulação definida associado ao uso de uma tecnologia aplicada em um dado problema de saúde em condições específicas de uso. Segurança Risco aceitável em uma situação específica Custo Custo (de oportunidade) em saúde é o valor da melhor alter- nativa não concretizada em consequência de se utilizarem re- cursos escassos na produção de um dado bem e ou serviço. Impacto social, ético e legal São todos os impactos não relacionados à efetividade, à segu- rança, e aos custos, incluindo as consequências econômicas se- cundárias para indivíduos e comunidades. UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 86 FIGURA 8 – ESQUEMA ILUSTRATIVO DAS ETAPAS DA ATS FONTE: Contó (2020, p. 8) Assim, a reflexão básica busca a investigação das consequências, de curto e médio prazos, analisando primordialmente os efeitos desejados, indesejados, as incertezas em torno da adoção da tecnologia, numa perspectiva de acesso e equidade. Além das dimensões apresentadas na tabela anterior, Elias (2013) nos leva a conhecer outros critérios pertinentes a ATS, os quais destacamos na tabela a seguir: TABELA 3 – DIMENSÕES NORTEADORAS DA ATS DIMENSÕES CONSIDERAÇÕES Eficácia Benefício das tecnologias em condições ideais de utilização como nos ensaios clínicos randomizados. As medidas de re- sultados são verificadas por meio da interpretação de risco relativo, risco absoluto, redução de risco absoluto, número necessário para tratar. O melhor tipo de estudo são as revi- sões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados. Equidade Análise da proporção da população a ser beneficiada em razão de suas necessidades socioculturais, biológicas e de gênero. Precisão para testes de diagnóstico Capacidade das tecnologias em confirmar determinado diagnóstico em pessoas doentes. São medidos por meio de especificidade e sensibilidade, valor preditivo positivo e negativo e sua relação com a prevalência. TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 87 FONTE: Elias (2013, p. 15) As dimensões na maioria das vezes são ponderadas à luz da análise de custo-oportunidade, conforme observado na figura, e estão relacionadas as dimensões dos custos, eficiência, custo-efetividade, utilidade, oportunidade e impacto orçamentário, em outras palavras, o que e é renunciado no processo de tomada de decisão, é embasado na atribuição de valor das escolhas na perspectiva da saúde individual ou coletiva. Efetividade Benefício das tecnologias em condições reais de utilização nos serviços. Pode ser obtida pela análise de registros de pacientes, por revisões sistemáticas, e ensaios clínicos pragmáticos, quando os serviços de saúde podem ser randomizados, sendo os dois últimos métodos o critério de referência para delineamento do estudo. Segurança Existência de eventos adversos provenientes da tecnologia, como danos à saúde, sequelas incapacitantes ou morte. Utilidadede teste diagnóstico Capacidade de o exame alterar condutas clínicas, sejam para antecipar tratamentos ou aperfeiçoá-los. Tanto a precisão, quanto a utilidade, também são medidas para avaliar o rastreamento em pessoas sadias, ou com fatores de risco presente. Impacto no orçamento Estimativa do aumento ou redução de gasto ao se introduzir e difundir a tecnologias no serviço de saúde. Ética Adequação ao código de princípios de moralidade definidos pela sociedade ou cultura, considerados ideais no caráter e na cultura. Analisa-se tanto a perspectiva do financiador, como direitos, perspectivas e valores do paciente. Bases legais Compatibilidade e adequação à legislação vigente, necessidade de alteração de normas Logística Adequação e necessidades de alteração de infraestrutura, de pessoal, de transporte, armazenamento, e todos os aspectos relacionados a cobertura e acesso com qualidade. Macroeconomia Análise da alocação de recursos no sistema de saúde e dos efeitos nas políticas de propriedade intelectual, na regulação, no investimento em inovação, na transferência de tecnologias e no aumento ou diminuição de empregos. Meio ambiente Geração de resíduos poluentes, condições e recursos necessários para mitigação de possíveis danos ao meio ambiente. UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 88 4 ORIENTAÇÕES DA AVALIAÇÃO A ATS é orientada à tecnologia a partir do momento que avalia o impacto de uma ou mais tecnologias. Nesta avaliação, podem ocorrer: • Processo avaliativo de uma tecnologia nova. • Avaliação de alguma que já esteja em uso geral. • Uma nova aplicação de outra já em uso. • Uma combinação aplicada de tecnologias. As decisões relativas ao registro e incorporação da tecnologia no sistema de saúde (financiamento) requerem avaliações orientadas à tecnologia. Assim, a avaliação de tecnologias é orientada ao problema com objetivo de questionar as possibilidades de gerenciar um problema clínico ou de saúde, por exemplo: utilizar um novo tratamento ou como estabelecer um programa para a prevenção da obesidade mórbida. Nesse caso, recorre a avaliação voltada para elaboração de uma diretriz clínica, ou, como é conhecida, guia de conduta clínica (do inglês, guidelines). As diretrizes clínicas consistem em indicações e contraindicações, além dos benefícios e riscos esperados com o uso de tecnologias em saúde (procedimentos, testes diagnósticos, medicamentos etc.) para grupos de pacientes definidos. Nesse contexto, as diretrizes clínicas devem atender aos cinco propósitos, apresentados na Figura 9: As Diretrizes clínicas constituem-se em posicionamentos ou recomenda- ções sistematicamente desenvolvidas para orientar médicos e pacientes acerca de cui- dados de saúde apropriados, em circunstâncias clínicas específicas Institute of Medicine (BRASIL, 2009). INTERESSA NTE TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 89 FIGURA 9 – DIRETRIZES CLÍNICAS: PROPÓSITOS FONTE: A autora (2020) Quando a avaliação de tecnologias é orientada a projetos, volta-se à implantação de uma tecnologia específica, como exemplo, a colocação de um equipamento de tomografia por emissão de pósitron em um hospital específico. Este tipo de orientação é necessário em projetos de aquisição de uma tecnologia em uma unidade de saúde. No caso de um equipamento, a avaliação deve ser coordenada por um profissional habilitado, no caso, um engenheiro clínico. Importante destacar que esse tipo de avaliação sistemática específica por um profissional tem sido pouco comum, pois, em geral, não são capacitados para a função. No entanto, já existem alguns cursos de formação de Engenharia Biomédica no Brasil que abordam a ATS em seus currículos. 5 PERSPECTIVAS DA AVALIAÇÃO As perspectivas da avaliação de tecnologias refletem as necessidades ou objetivos específicos de quem conduz ou financia a avaliação. Normalmente, as agências regulatórias nacionais podem requerer avaliações como garantia de segurança e eficácia das tecnologias em saúde para a sociedade em geral. Instituições de atenção à saúde, como os hospitais, buscam nas avaliações das tecnologias informações para apoiar os processos de aquisição, investimento, e decisões acerca do gerenciamento de tecnologias. Da mesma, as associações profissionais realizar avaliações para apoiá-las na decisão pertinentes aos UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 90 cuidados com pacientes. Seguradoras, também realizam estudos de avaliação para nortear a decisão sobre cobertura e reembolso de procedimentos etc. Nesse sentido, dependendo de quem realiza a avaliação, coexistem perspectivas próprias sobre o processo avaliativo, que irá analisar a estrutura e os resultados da avaliação. Assim, os custos e benefícios serão calculados e/ ou estimados dependendo, da perspectiva dos avaliadores. Por exemplo, em hospitais, os administradores ao analisar a aquisição de uma tecnologia, deverão fazê-la na ótica dos custos financeiros diretos e sua contribuição para a capacidade de geração de renda para o hospital (e talvez a sua imagem perante a comunidade). De outra forma, ao analisar a partir do interesse da sociedade, o gestor local estará preocupado com as implicações da nova tecnologia sobre a distribuição dos recursos, o atendimento à demanda, os custos sociais, e assim por diante. Considerando a natureza multidisciplinar e os diferentes atores envolvidos na ATS, cada uma das disciplinas que contribuem para a avaliação das tecnologias, possuem um olhar diversificado sobre determinada questão. Nesse sentido, na sequência discutiremos brevemente resumidamente algumas dessas visões. 5.1 Saúde pública Os problemas relacionados à saúde variam em diferentes locais, e podem ser agrupados em: doenças transmissíveis e doenças não transmissíveis, traumas, e desordens mentais. Normalmente utiliza-se os determinantes de saúde para a avaliação, tais como: nutrição, estilo de vida, renda, situação ambiental e ocupacional, e fatores biológicos relacionados à genética. Os serviços clínicos, realizados na atenção à saúde, contribuem significativamente para os níveis de saúde, porém, numa esfera menor do que os citados anteriormente (BRASIL, 2009). Primeiramente, a avaliação de programas de saúde pública empreende escalas de tempo maiores para que sua viabilidade e efeitos sejam observados. Em um segundo instante, a introdução de medidas de saúde pública é complexa, exigindo-se a colaboração de diferentes agências ou organizações, podendo inclusive a mudança de hábitos dos indivíduos alterem seus hábitos. Em um terceiro momento, as intervenções em saúde pública normalmente envolvem questões políticas e, por essa razão, sofrem algumas resistências por parte de grupos políticos mais poderosos. Em quarto lugar, algumas medidas de saúde pública são consideradas óbvias e, por isso, sofrem resistências na existência da necessidade de uma avaliação mais específica. Nesse sentido é preciso considerar que em algumas avaliações de medidas, sendo consideradas óbvias, podem ter resultados não esperados. O TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 91 último obstáculo caracteriza-se como o descaso com a saúde pública na ATS em razão da falta de carisma das medidas de saúde pública. Usualmente, parte-se dos efeitos a serem avaliados no uso de uma tecnologia de saúde pública, por exemplo: redução de fatores de risco; melhoria no estado de saúde; melhoria de serviços; e métodos apropriados para a vigilância contínua (BRASIL, 2009). Assim, as áreas em que as medidas de saúde pública devem ser avaliadas são: danos devidos ao álcool, combate ao fumo, nutrição, contracepção, uso de drogas e outras substâncias, acidentes, violência, deficiências físicas e sensoriais, e desigualdades na assistência à saúde. 5.2 Ética As questões éticas são importantes, pois levam em consideração a ordem moral implícita ou explicitamente associadas no desenvolvimento euso de tecnologias de atenção à saúde. Mas o que é ética? A ética é o campo da filosofia que se ocupa em refletir sobre nossos comportamentos e sobre as consequências morais desse comportamento. Esse campo do saber nos obriga a refletir sobre o modo como nos vinculamos aos outros e a nós mesmos. Quando olhamos nossos atos de uma perspectiva ética, sabemos que as escolhas humanas não podem ser realizadas simplesmente por um capricho, porque obedecemos a uma ordem ou porque estamos acostumados a agir desse modo randomizados (FARIAS et al., 2015, p. 19). Juízos de valores são intrínsecos ao determinar os efeitos do uso das tecnologias, pois a identificação e interpretação do que se constituem benefícios ou prejuízos não são apenas questões técnicas. Qual é o objetivo de analisar questões como essas? Problemas de ordem moral podem ser gerados pelas tecnologias, como aquelas que prolongam a vida. Da mesma forma, os juízos de valores são inerentes no estabelecimento de prioridades e alocação de recursos. Nesse sentido, a reflexão sobre as questões éticas implicadas nas escolhas é uma tarefa que compete a cada pessoa enquanto como indivíduos, mas, principalmente aos profissionais que são gestores e de administradores do setor público de saúde. Apesar de os estudos frequentemente defenderem uma perspectiva ampla na avaliação de tecnologias, os estudos concretos de ATS têm mostrado que os aspectos éticos aparecem com um papel reduzido. UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 92 Nas próximas discussões serão apresentados alguns subsídios que auxiliarão você a refletir sobre esses problemas. Nesse mercado e, mais especificamente no cenário das ATS, torna-se imprescindível que as intervenções terapêuticas e o próprio direcionamento das pesquisas perpassam por questões éticas. 5.3 Indústria Farmacêutica As avaliações de medicamentos recebem a maior proporção de recursos destinados à ATS. No entanto, os produtos farmacêuticos correspondem entre 10-15% do total dos custos na área de saúde. Entre os motivos que justificam essa situação, destacam-se: os produtos farmacêuticos configuram a maior porcentagem dos custos de intervenção das tecnologias em saúde, na maioria das vezes são produzidos por empresas que objetivam à maximização do lucro, e eles já tem avaliação pertinente à segurança, eficácia, e qualidade dentro de ensaios clínicos, o que, certamente, oferece circunstâncias convenientes na aplicação de outros aspectos da ATS. O vídeo indicado, a seguir traz uma alerta para um problema atual pertinente à medicalização de crianças de 0 a 5 anos de idade. Assista ao link: http://www.youtube.com/ watch?v=_yorshE0RgAhttps://www.youtube.com/watch?v=CeL5NYUmR4U. DICAS A indústria farmacêutica exerce um grande poder no mercado e na área da saúde como um todo, sendo uma das atividades mais lucrativas do mundo. Os fatores que favorecem essa expansão são diversos, além da eficácia maior de alguns medica- mentos, não podemos desconsiderar a preocupação, própria de nossa sociedade, por generalizar e antecipar todos os riscos possíveis (FARIAS et al., 2015). ATENCAO TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO E ADOÇÃO DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 93 Para melhor emprego dos recursos escassos para a ATS, deve ser dada maior atenção à decisão sobre as tecnologias a serem avaliadas, como também na seleção entre tecnologias novas e existentes. Os requisitos múltiplos e diversos da ATS, variam de país para país e até mesmo dentro de um país, podendo elevar os custos da indústria farmacêutica, o que se refletirá nos preços dos produtos. As agências de ATS frequentemente exigem uma boa evidência sobre o que é provável de acontecer com respeito aos custos dos produtos e efeitos num cenário real, e isto, por sua vez, requer que os estudos tenham um tamanho amostral e demandem um tempo que são substancialmente maiores do que os normalmente usados em ensaios randomizados (FARIAS et al., 2015). Por essas questões, torna-se eminente a existência de maior concordância, colaboração e parceria entre as diversas agências governamentais de ATS e autoridades para se estabelecer expectativas realistas, possibilidades e limitações da ATS. Nesse sentido, quem deve arcar com esses custos? Quais custos estão relacionados à saúde? Como calcular os custos da saúde? INTERESSA NTE 94 Neste tópico, você aprendeu que: • A Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) é o processo contínuo de análise e síntese dos benefícios para a saúde, das consequências econômicas e sociais do emprego das tecnologias. • O termo “tecnologias em saúde” inclui medicamentos, equipamentos e procedimentos técnicos, sistemas organizacionais, educacionais, de informação e de suporte, programas e protocolos assistenciais, através dos quais a atenção e os cuidados com a saúde que são prestados à população. • A ATS, como atividade institucionalizada, desenvolveu-se nos países centrais a partir dos anos 1970, associada à expansão da atenção à saúde e ao desenvolvimento científico e tecnológico em saúde que levou à introdução de muitas novas tecnologias, com implicações políticas, econômicas, administrativas e sanitárias importantes. • A avaliação de programas de saúde pública envolve escalas de tempo maiores para que sua viabilidade e efeitos sejam observados. Da mesma forma, a introdução de medidas de saúde pública é complexa, exigindo a colaboração de diferentes agências ou organizações. • Vimos também que as intervenções em saúde pública normalmente envolvem questões políticas e, por essa razão, sofrem algumas resistências por parte de grupos políticos mais poderosos. Ainda, algumas medidas de saúde pública são consideradas óbvias e, por isso, sofrem resistências na existência da necessidade de uma avaliação mais específica. RESUMO DO TÓPICO 1 Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 95 1 A Assistência Farmacêutica envolve alguns processos e geração de documentos que comprovam a avaliação e o acompanhamento desta atividade. Referente à assistência terapêutica e incorporação de tecnologia em saúde, com base na Lei nº 8080/90, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Sua incorporação, exclusão ou alteração pelo SUS de novos medi- camentos, produtos e procedimentos, além da constituição ou a al- teração de protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, compete ao Conselho da Saúde, assessorado pela Conselho Federal de Farmá- cia e comissões intergestoras. b) ( ) A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CNIT) no SUS tem sua composição e regimento definidos em regulamento, e deve ter a participação de 1 representante indicado pelo Conselho Nacional de Saúde e de dois representantes, especialistas na área, indicados pelo Conselho Federal de Farmácia. c) ( ) O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS deverá levar em consideração, especialmente, a avaliação econômica comparativa entre os benefícios e os custos relacionados às tecnologias já incorporadas, abordando o que se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, quando necessário. d) ( ) O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS deverá levar em consideração, facultativamente, as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o registro ou a autorização de uso. e) ( ) São autorizados, em todas as esferas de gestão do SUS, o pagamen- to, o ressarcimento ou o reembolso de medicamento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental, ou de uso não au- torizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. 2 Na aplicação da avaliação de uma tecnologia de saúde, são elencados os processos a serem seguidos e os responsáveispor cada um. Desse modo, quem é o responsável pelo financiamento do trabalho ou da avaliação? a) ( ) Agências de pesquisas (CNPq, FAPESP, FAPERJ, ...). b) ( ) Governo (MS, SES, SMS, ANS, ANVISA). c) ( ) Operadoras de planos de saúde. d) ( ) Indústrias de insumos/produtos. e) ( ) Centros de pesquisas privados. AUTOATIVIDADE 96 3 A ATS envolve todos os âmbitos e esferas de atendimento à população. Desse modo, ao considerar o sistema público e suplementar de assistência à saúde, bem como o processo de avaliação e incorporação das tecnologias de saúde, o que devemos ter? a) ( ) Uma avaliação única para ambos os sistemas e uma decisão sobre incorporação para cada um. b) ( ) Uma avaliação para cada sistema e uma decisão única sobre a incorporação para ambos os sistemas. c) ( ) Uma avaliação para cada sistema e uma decisão sobre incorporação para cada um dos avaliados. d) ( ) Uma avaliação única para ambos os sistemas e uma decisão de incorporação para ambos. e) ( ) Todas as alternativas estão corretas. 4 Ao conhecer sobre as ATS, você estudou sobre as etapas, processos, questões norteadoras e diretrizes que norteiam cada etapa. Cite as etapas que envolvem o processo de avaliação das tecnologias em saúde. 5 A ATS sistematiza e sintetiza as evidências científicas e as perspectivas de diferentes atores nos aspectos decorrentes da incorporação de tecnologias. Assim, quando as decisões se baseiam em uma avaliação prévia, é possível vislumbrar os critérios de decisão e a possibilidade de participação da sociedade explicitamente. Neste sentido, por que a sua utilização deve basear-se em evidências científicas de qualidade? 6 Entendendo a ATS como um processo contínuo de análise e síntese dos benefícios para a saúde e das consequências econômicas e sociais da sua adoção, ela envolve uma série de processos e subprocessos, norteados por etapas, questões norteadoras e dimensões. Quais são as dimensões e importância da avaliação de tecnologias em saúde? 97 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Neste Tópico discutiremos sobre as principais tecnologias adotadas na área da saúde, bem como seu ciclo de vida e as etapas da avaliação tecnológica em saúde. No subtópico 1 conheceremos um pouco mais sobre as tecnologias em saúde especificamente relacionadas ao ciclo de vida e as etapas da avaliação delas. Dessa forma, abordaremos os aspectos a serem considerados no processo de avaliação das tecnologias em saúde, bem como compararemos as etapas a serem analisadas na criação e implementação de uma nova tecnologia, como também o processo inverso, ou seja, quando perdem sua função para usuários, indústrias, hospitais, cínicas médicas, enfim, todo sistema de saúde que utiliza determinadas tecnologias. No subtópico 2 apresenta-se o ciclo de vida das tecnologias em saúde, iniciando a análise com a identificação de uma necessidade de criação de uma tecnologia até os aspectos analisados na avaliação da incorporação de nova tecnologia. Já no subtópico 3, discutiremos as etapas da avaliação de tecnologias em saúde, que envolvem os controles de qualidade, que vão sendo analisados em cada etapa e são realizados para certificar que a tecnologia em avaliação (medicamentos, equipamentos, sistemas operacionais) está em conformidade com os padrões de regulamentação. Ao final de todas as etapas, a fase de desenvolvimento da tecnologia é considerada concluída. Para finalizar, no subtópico 4, abordaremos os critérios adotados para a identificação das tecnologias em saúde consideradas como prioritárias, bem como apresentaremos alguns exemplos de critérios de seleção que podem ser usados para estabelecer prioridades de avaliação. 2 CICLO DE VIDA DAS TECNOLOGIAS No cenário atual tecnológico, cada vez que surge uma nova tecnologia, um conjunto complexo de mecanismos inter-relacionados é movimentado, na proporção em que ela se difunde e se torna disponível para a ser utilizada. As tecnologias já em uso, eventualmente serão abandonadas por uma série de razões, assim completando o seu ciclo de vida. TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE 98 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE Na Figura 10 é possível observar os critérios que devem ser considerados no ciclo de vida de uma tecnologia. FIGURA 10 – ASPECTOS ANALISADOS NO CICLO DE VIDA DA TECNOLOGIA EM SAÚDE FONTE: Brasil (2009, s.p.) Como visto no Tópico 1, o processo de inovação tecnológica inicia-se com a invenção de um novo produto, processo, ou prática, e é encerrado quando acontece a primeira utilização prática. Entre a invenção e a aplicabilidade prática ocorre alguma forma de avaliação econômica (custos de produção), e testes usando voluntários são realizados na avaliação dos benefícios e riscos da nova tecnologia. No entanto, as avaliações realizadas nesta etapa usualmente têm uma capacidade limitada de quantificar os impactos que serão observados após a difusão da tecnologia. Diversos fatores impactam sobre a inovação no setor Saúde, sendo os principais a persistência da doença e incapacidades, considerações de ordem econômica, pesquisas biomédicas, e legislação regulatória. A figura 11 esquematiza os aspectos a serem observados nesse processo: FIGURA 11 – ASPECTOS ANALISADOS NA AVALIAÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE NOVA TECNOLOGIA FONTE: Brasil (2009, s.p.) TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE 99 Quando a nova tecnologia chega ao mercado, ela é disponibilizada ao final da fase de inovação. Nesta etapa, outras forças entram em ação e passam a governar o processo de difusão e determinam o grau em que a nova tecnologia será aceita. Quando uma nova tecnologia é anunciada, ela desencadeia motivações humanas e expectativas por parte de pacientes, clínicos, administradores de instituições de saúde e empresas, enfim, dos atores envolvidos no impacto que essa inovação acarretará, tanto positivos quanto negativos. Um aspecto pertinente nesse processo, relaciona-se em como a legislação e a regulamentação podem reduzir a velocidade do processo de difusão, por exemplo, ao colocar limites sobre o número de unidades de equipamentos caros disponíveis em cada área. Para que uma tecnologia permaneça em uso ou seja descartada, ela passa pela análise de Centros de pesquisa, ANVISA, operadoras de planos de saúde, sociedades profissionais e VISA, relacionadas aos processos de desenvolvimento, solicitação de registro, registro, incorporação, monitoramento ou abandono (FIGURA 12). FIGURA 12 – CICLO DE VIDA DA TECNOLOGIA EM SAÚDE FONTE: Brasil (2009, s.p.) Indústrias, universidades, Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e municipais de Saúde, Agência Nacional de Saúde e hospitais ficam comprometidos com a formulação de políticas públicas para garantir todas as etapas de avaliação. Quando uma tecnologia em desenvolvimento é reconhecida pelos provedores de assistência à saúde como uma tecnologia estabelecida, ocorre uma mudança no seu status. Frequentemente, esta mudança ocorre quando o governo ou seguradoras decidem reembolsar os pacientes ou subsidiar como resultado de um consenso sobre os seus benefícios à saúde ou à qualidade da atenção. Estamos falando da fase de incorporação. 100 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE No caso das tecnologias de baixo custo, a incorporação pode passar despercebida. No entanto, para tecnologias de utilização em larga escala ou que demanda altos custos e recursos, essa etapa é mais crítica abrindo caminho para a utilização crescente e uma atitude de maior confiança nos benefícios da tecnologia. O conhecimento dos efeitos decorrentes da utilização rotineira das tecnologias em saúde é fundamental, pois é nesta fase que os benefícios à saúde serão obtidos, recursos críticos serão necessários, e efeitos adversos poderão ser detectados. O processo, conforme representado na Figura 13, depende na análise de aspectos relacionados tanto de segurança, causas e efeitos, qualidade das informações e do sistema operacional, o custo e a necessidadede recursos, que gerarão a informação científica (gerada em cada análise da implantação) e direcionarão a tomada de decisão. FIGURA 13 – ETAPAS DA ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DAS TECNOLOGIAS FONTE: Brasil (2009, s.p.) De acordo com Ferreira (2019), a incorporação de tecnologias em saúde traz benefícios para o tratamento da população, sem custos desnecessários para o sistema de saúde. Assim, os impactos econômicos e a integridade à vida sinalizam para a necessidade de avaliar criteriosamente a inserção de novas tecnologias para saúde. Por essa razão, envolve muitas vezes, um processo lento, demorado, criterioso e multidisciplinar. TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE 101 Desde então, é difícil vislumbrar, conforme afirma Assis (2013), ações e serviços em saúde sem a inserção das tecnologias, especialmente aquelas que já foram produzidas para atender a esse segmento de mercado, especialmente quanto aos equipamentos utilizados no diagnóstico e reabilitação da saúde humana, pois agregam custos adicionais importantes quando comparados às tecnologias anteriormente disponíveis no mercado, uma vez que elas envolvem materiais delicados, curva de aprendizagem necessária e exigirem condições mínimas para instalação e que sujeitas às falhas ou imperfeições, podem custar vidas em algumas situações, justificando a avaliação constante do seus protocolos de funcionamento, manutenções, correspondendo ao ciclo de vida. 3 ETAPAS DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE Nesse subtópico abordaremos as etapas envolvidas no processo de avaliação de tecnologias em saúde. O crescimento constante do uso de tecnologia na saúde tem provocado a melhoria e eficiência dos processos de assistência à saúde, porém acresce a complexidade funcional dos sistemas de saúde. O ciclo de vida de um equipamento médico ou tecnologia de saúde ini- cia-se nos laboratórios de pesquisa do fabricante, nas universidades ou em cen- tros de pesquisa, onde equipamentos novos são projetados tendo por base neces- sidades clínicas ou de mercado. Após vários processos de desenvolvimento e testes do protótipo o equipamento fica pronto para entrar nos mercados. Controles de qualidade são realizados para certificar que a tecnologia em avaliação (medicamentos, equipamentos, sistemas operacionais) está em conformidade com os padrões de regulamentação. Ao final de todas as etapas, a fase de desenvolvimento da tecnologia é considerada concluída, conforme representado com a Figura 14. A incorporação de novas tecnologias em saúde passou a ser mais amplamente discutida no Brasil a partir do ano de 2003, “quando se deu o estabelecimento de um Conselho de Ciência, Tecnologia e Inovação no Ministério da Saúde. A partir da criação desse Conselho, obteve-se a pactuação da política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde que o campo da avaliação de tecnologias em saúde – ATS – como estratégia de aprimoramento da capacidade regulatórias do Estado, reforçando a atuação do Ministério da Saúde” (ELIAS, 2017). ATENCAO 102 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE FIGURA 14 – CICLO DE VIDA DAS TECNOLOGIAS EM SAÚDE, INTENSIDADE DE USO EM FUNÇÃO DO TEMPO FONTE: Ferreira (2013, p. 20) Após o estágio de desenvolvimento da tecnologia, e sua respetiva incorporação, ocorre a disponibilização do seu uso no mercado em que tecnologia será inserida. Neste estágio envolvem-se as fases de: • incorporação; • utilização; • obsolescência. Na fase de incorporação de uma tecnologia, o comprador deve assegurar que a fase satisfaz as necessidades em termos de funcionalidade, configuração específica, formação dos utilizadores, normas em vigor de modo a evitar possíveis desperdícios durante sua vida útil. A fase de utilização é aquela em que a tecnologia é utilizada em larga escala e é extremamente essencial que sejam observados e analisados os parâme- tros: de manutenção, a eficácia ou a presença de novas necessidades técnicas ou clínicas, entre outros. Quando uma tecnologia atinge a fase de obsolescência, esta fase pode ser justificada por motivos de segurança, desempenho ou utilização. Assim, uma tec- nologia passa a ser considerada obsoleta em termos de segurança quando já não garante as indicações clínicas inicialmente solicitadas, podendo comprometer a segurança do paciente e/ou dos utilizadores. Em se tratando de desempenho, uma tecnologia é considerada obsoleta quando o desempenho inicial não pode ser assegurado não permitindo cumprir as exigências da prática na saúde, inicialmente indicadas pelo fabricante ou pelo regulamento. TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE 103 As ATS passam essencialmente por cinco etapas: política, questões de ATS, análise de evidências, síntese e geração de relatório acerca da avaliação. Inicialmente temos imposta a questão política, que se refere à necessidade de informações pelo responsável pela tomada de decisões, o que irá iniciar a estruturação do modelo de decisão. Nessa primeira etapa é criada uma ponte entre a questão política e a ATS, uma vez que a questão política é considerada o ponto de partida. Quando é definido esse ponto de partida, são elaboradas uma série de questões de ATS ou questões de pesquisa que nortearão a especificação e filtragem de evidências a serem analisadas. A busca de evidências é norteada por análises em bases de dados especializados, que viabilizam pesquisas sistematizadas, otimizando uma visão geral da melhor evidência disponível, de acordo com a qualidade metodológica dos trabalhos. Muitos programas de ATS realizam diversos ciclos de recuperação de evidências, interpretação e análise antes da finalização de uma avaliação. As etapas da ATS estão apresentadas na Figura 15. As tecnologias em saúde apresentam a particularidade de não alcançarem obrigatoriamente a fase de maturação de forma linear. Assim, a obsolescência tecnológica e clínica pode ocorrer em intervalos de tempo diferentes. Isto conduz à necessidade de se proceder a avaliações constantes TS e como estas estão inseridas num sistema de saúde, avaliações estas que abranjam não só as avaliações econômicas, mas também avaliações do foro clínico e tecnológico (FERREIRA, 2013). ATENCAO 104 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE FIGURA 15 – PRINCIPAIS ETAPAS DA ATS FONTE: Ferreira (2013, p. 13). Como discutido no decorrer desta unidade, as ATS em saúde constituem um processo complexo que requerendo análise crítica e detalhada para sua implementação (país, região, grupo de hospitais). Como ferramentas de ATS são utilizados vários métodos, podendo ser realizadas diferentes combinações, por exemplo: revisão sistemática de dados de evidência, opinião de especialistas, usuários e pacientes, e também o desenvolvimento de estudos específicos. No entanto, para ter validade científica, são consideradas duas principais fontes de informação a literatura e o parecer peritos, que estão sempre associados (a partir de simples análise de duas fontes para a revisão e síntese da literatura pelos especialistas). Poderá ainda ser utilizado, na existência de dados insuficientes ou inconclusivos, uma terceira fonte. Com a coleta e seleção das evidências, inicia-se o processo de síntese de informações, que deverá ser organizada de acordo com a hierarquização das evidências. Nesta hierarquização, muitos gestores em saúde interpretam evidências, e sua respectiva importância, diferentemente da análise realizada por investigadores/pesquisadores. Os gestores possuem uma visão ampla de que a evidência é tudo o que estabelece um fato, incluindo opinião de especialistas, experiências pessoais TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE 105 e juízos de aceitabilidade política, bem como dados de pesquisa ou evidências científicas. Os pesquisadores/investigadores utilizam uma abordagem mais restrita, pois compreendem que a evidência se refere apenas à informação gerada por meio de método científico. Após a etapa de síntese de evidências inicia-se o processo de elaboraçãodo relatório de ATS. O relatório de ATS é construído a partir de uma pesquisa clínica acerca de determinada tecnologia. Identificada essa questão, são realizadas avaliações de literatura, que envolve: a efetividade, a segurança e o custo-benefício. Nessa etapa, ainda são avaliados os impactos pertinentes a ética, aspectos legais, usuá- rios, ente outros, e reportadas questões políticas, diretrizes nacionais e por fim, a prática clínica em si, com a adoção ou não da tecnologia avaliada. 4 CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS CANDIDATAS E ESTABELECER AS PRIORITÁRIAS Como visto no subtópico anterior, ao analisar a diversidade de atributos e objetivos que podem ser considerados, as ATS demandam de grande diversidade metodológica. No entanto, alguns passos são relevantes, tanto parcial quanto totalmente no processo de avaliação (BRASIL, 2009): Um relatório de ATS deve ser caraterizado pela objetividade, transparência e imparcialidade dos resultados apresentados. Todavia, um relatório de ATS não deverá ser um marco final do processo ele deverá permitir nortear as decisões políticas não só através da avaliação de evidências como também da monitorização de impactos, identificando, caracterizando e avaliando todos os impactos nos diferentes níveis envolvidos de forma a identificar novas necessidades na tomada de decisão. (FERREIRA, 2013). ATENCAO Dica de leitra: LOTTNBERG, Claudio; SILVA, Patrícia Ellen da; KLAJNER, Sidney. A Revolução Digital na Saúde: Como a inteligência artificial e a internet das coisas tornam o cuidado mais humano, eficiente e sustentável. – São Paulo, Editora dos Editores, 2019. DICAS 106 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE • identificar as tecnologias candidatas e estabelecer as prioritárias; • especificar o problema a ser avaliado; • determinar o cenário da avaliação; • recuperar a evidência disponível; • obter novos dados primários (se necessário); • interpretar a evidência disponível; • sintetizar a evidência; • apresentar os resultados e formular as recomendações; • disseminar os resultados das recomendações; • monitorar o impacto. A avaliação das tecnologias em saúde, demanda a criação de programas de avaliação que possuam critérios para a seleção de tópicos, mesmo que estes critérios algumas vezes não estejam explícitos. Podemos citar alguns exemplos de critérios de seleção que são adotados no estabelecimento de prioridades de avaliação, tais como: • ônus elevado de morbidade e/ou mortalidade; • grande número de pacientes afetados; • custo unitário ou agregado elevado da tecnologia ou do problema de saúde; • substancial variação na prática; • potencial para melhorar o resultado/benefício para a saúde dos pacientes; • potencial para reduzir os riscos para a saúde; • existência de evidência científica • suficiente para fundamentar uma avaliação; • controvérsia ou grande interesse entre os profissionais da saúde; • exigências públicas ou políticas; • necessidade de tomar decisão reguladora; • necessidade de tomar decisão para reembolso; • resultados disponíveis, mas pouco disseminados e/ou com baixa aceitação na prática clínica. As prioridades de um dado programa de avaliação podem compreender tecnologias, problemas de saúde, projetos, ou alguma combinação destes. Um processo de priorização sistemático pode incluir as seguintes etapas (BRASIL, 2009): • selecionar critérios a serem usados no estabelecimento das prioridades; • atribuir pesos relativos aos critérios; • identificar os tópicos candidatos para a avaliação (por exemplo, como descrito acima); • se a lista de tópicos candidatos for grande, reduzi-la, eliminando aqueles tópicos que claramente não estão de acordo com os critérios dados de prioridade; • obter a lista dos tópicos para avaliar de acordo com os critérios; • para cada tópico, atribuir uma pontuação para cada critério; • calcular o grau de prioridade para cada tópico; TÓPICO 2 — TECNOLOGIAS EM SAÚDE 107 • ordenar os tópicos de acordo com o nível de prioridade; • revisar a ordenação dos tópicos para assegurar-se de que a avaliação destes é consistente com a finalidade da instituição solicitante. Um dos aspectos mais importantes de uma avaliação é que ela deve especificar claramente o problema ou a questão que se deve dirigir. Isso afetará todos os aspectos subsequentes da avaliação. Os avaliadores envolvidos no processo de condução de uma avaliação devem ter clara a finalidade da avaliação e compreenderem quem são os usuários potenciais que se beneficiarão desse recurso. É importante destacar que esse entendimento não é definido no início da avaliação, em razão da construção processual que é necessária por meio de sondagens, discussões e esclarecimentos que vão se alinhando no decorrer da avaliação. Dessa forma, não existe um protocolo único ou ideal para indicar o foco da avaliação. Todavia, geralmente, o foco da avaliação envolve a especificação dos seguintes critérios: • problema(s) de saúde; • população(ões) de paciente(s); • tecnologia(s); • equipe técnica de saúde envolvida; • qual o nível de atenção (primário, secundário e terciário) que será contemplado; • as propriedades ou impactos ou resultados de saúde que serão avaliadas; por exemplo, uma especificação básica de um problema de avaliação seria: Dessa forma, deve-se levar em consideração que natureza de uma avaliação afetará a determinação da organização mais apropriada para conduzi- la. Certamente, uma avaliação abrangente que analisa múltiplos atributos de uma tecnologia pode requerer uma experiência considerável e diversa, dados de origens diversas, e outros recursos. Problema(s) de saúde: controle da população com hipertensão moderada. População de pacientes: homens e mulheres, acima de 60 anos de idade, pressão sanguínea diastólica entre 90-114 milímetros/hectograma, pressão sistólica menor que 240 milímetros/hectograma e nenhum outro problema sério de saúde. Tecnologia(s): tratamentos, farmacológicos e não farmacológicos. Profissionais de saúde: clínicos gerais. Nível de atenção: primário. Propriedades que devem ser avaliadas: segurança (incluindo efeitos adversos), eficácia, efetividade e custo-efetividade (especialmente custo-utilidade). NOTA 108 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE Os fatores que influenciam “a decisão de fazer ou de comprar uma ATS” podem incluir os seguintes (BRASIL, 2009): • há uma avaliação existente e disponível? • se uma avaliação existente estiver disponível, ela se dirige ao foco específico da avaliação de interesse? • tem uma perspectiva compatível? • foi conduzida recentemente? • é a metodologia usada suficientemente confiável? • o relatório vale seu preço? • se uma avaliação existente necessitar ser atualizada ou não estiver disponível, as pessoas na organização têm tempo e o conhecimento para executar o levantamento de dados e as análises requeridas? • se uma síntese da informação existente for necessária, a organização tem a equipe de funcionários para rever e interpretar a literatura? • se novos dados são necessários, a organização tem os recursos e a capacitação requerida? • que metodologia será usada? • se, por exemplo, um enfoque baseado no desenvolvimento de consenso for o preferido, esse consenso necessita incorporar e refletir as opiniões dos profissionais da organização e de grupos de pacientes? Os profissionais de saúde locais aceitarão os resultados e recomendações do relatório se não participarem da avaliação? Um dos grandes desafios em ATS é o de identificar a evidência – os dados na literatura científica e outras informações − que é relevante para uma avaliação. Para tecnologias muito novas, esta informação pode ser escassa e difícil de se encontrar; para muitas tecnologias, pode ser profusa, dispersa e de qualidade variável. A literatura relacionada com a evidência que se procura recuperar é uma parte essencial e integral de uma ATS bem sucedida. O tempo e os recursos requeridos para tais atividades devem serconsiderados com cuidado ao se planejar toda a ATS. 109 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A ATS tem sido utilizada em todo o mundo a fim de informar a tomada de decisão nos sistemas de saúde através de diferentes níveis de produção de informações sobre impactos clínicos, econômicos, organizacionais, sociais e éticos das tecnologias em saúde, bem como o ciclo de vida das tecnologias em saúde. • Desde sua criação, a ATS tem o objetivo informar a formulação de políticas em nível macro, mas desde a sua implementação em diversos países vários métodos e ferramentas de ATS foram desenvolvidos para avaliar tecnologias em saúde e o seu impacto nos sistemas de saúde como um todo. • O ciclo de vida das tecnologias deve ser encarado como uma abertura à criação potencial de equipamentos médico-assistenciais e melhores procedimentos. Observamos que uma tecnologia em uso, para uma ou mais indicações de seus benefícios clínicos, segurança e custo-efetividade, consistentemente pode ser superada por outras alternativas disponíveis; ou tecnologia não recomendada, nem apoiada por evidências, e incorporada sem avaliação. • Os principais objetivos da avaliação e do monitoramento das tecnologias são: (i) identificar novas tecnologias que tenham potencialidades de impacto nos serviços de saúde (monitoramento do horizonte estrito); (ii) filtrar e priorizar essas tecnologias para selecionar aquelas que têm maior probabilidade de ter um impacto significativo nos serviços e sistemas de saúde e/ou na sociedade; e (iii) fazer uma avaliação precoce do seu provável impacto nos serviços e sistemas de saúde e/ou na sociedade. • Por fim, entendemos que as práticas de reavaliação de tecnologias em saúde são de suma importância e seu uso como suporte aos gestores de saúde na tomada de decisão contribuem para fortalecimento do uso das tecnologias incorporadas nos sistemas de saúde e buscam uma otimização dos recursos e maiores benefícios clínicos à população. 110 1 O manual Avaliação de Tecnologias em Saúde – Ferramentas para a Gestão do SUS (BRASIL, 2009) – publicado pelo Ministério da Saúde, define como as tecnologias em saúde podem ser classificadas. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Natureza material, propósito e estágio de difusão. b) ( ) Revisão bibliográfica, análise pericial, estudos randomizados. c) ( ) Atenção farmacêutica; saúde pública; equipamentos médicos. d) ( ) Procedimentos, objetivos, gestão política. e) ( ) Qualidade tecnológica, acessibilidade, transparência. 2 A ATS corresponde a um campo multidisciplinar de análise de políticas, que estuda as implicações clínicas, sociais, éticas e econômicas do desenvolvimento, difusão e uso da tecnologia em saúde. Nesse sentido, são classificadas de acordo com a natureza, propósito e estágio de difusão. Quanto à natureza material das tecnologias em saúde, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Prevenção, triagem, diagnóstico, tratamento, reabilitação. b) ( ) Medicamentos; equipamentos e suprimentos, procedimentos médicos e cirúrgicos; sistemas de suporte, sistemas gerenciais e organizacionais. c) ( ) Sistemas gerenciais e organizacionais, estabelecida, triagem, obsoleta/ abandonada/desatualizada. d) ( ) Reabilitação, procedimentos médicos e cirúrgicos, experimental, sistemas de suporte. e) ( ) Futura, experimental, investigacional, estabelecida, obsoleta/ abandonada/desatualizada. 3 A informação em saúde é um elemento fundamental no processo de tomada de decisões no centro das políticas públicas, visando elevar a qualidade de vida. Dessa forma, inúmeros são os propósitos que envolvem a ATS. Sobre os propósitos das tecnologias em saúde que devem ser considerados, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Prevenção, triagem, diagnóstico, tratamento, reabilitação. b) ( ) Sistemas gerenciais e organizacionais, estabelecida, triagem, obsoleta/abandonada/desatualizada. c) ( ) Medicamentos; equipamentos e suprimentos, procedimentos médicos e cirúrgicos; sistemas de suporte, sistemas gerenciais e organizacionais. AUTOATIVIDADE 111 d) ( ) Futura, experimental, investigacional, estabelecida, obsoleta/ abandonada/desatualizada. e) ( ) Reabilitação, procedimentos médicos e cirúrgicos, experimental, sistemas de suporte. 4 Quando uma nova tecnologia chega ao mercado, ela é disponibilizada ao final da fase de inovação. Nesta etapa, outras forças entram em ação e passam a governar o processo de difusão e determinam o grau em que a nova tecnologia será aceita. Pertinente ao estágio de difusão, as tecnologias de saúde podem ser classificadas como: a) ( ) Reabilitação, procedimentos médicos e cirúrgicos, experimental, sistemas de suporte. b) ( ) Sistemas gerenciais e organizacionais, estabelecida, triagem, obsoleta/abandonada/desatualizada. c) ( ) Medicamentos; equipamentos e suprimentos, procedimentos médicos e cirúrgicos; sistemas de suporte, sistemas gerenciais e organizacionais. d) ( ) Prevenção, triagem, diagnóstico, tratamento, reabilitação. e) ( ) Futura, experimental, investigacional, estabelecida, obsoleta/ abandonada/desatualizada. 5 A ATS, assim como qualquer instrumento, serviço, produto ou tecnologia, possui um ciclo de vida. Partindo desse pressuposto, o que é ciclo de vida de uma tecnologia em saúde e quais os aspectos que devem ser considerados na sua avaliação? 6 A ATS é um processo amplo, diversificado e deve ser realizado por equipe multiprofissional, responsável por cada etapa. Cite e explique as etapas da avaliação das tecnologias de saúde. 112 113 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO No tópico 3 estudaremos os desafios enfrentados na área tecnológica, especificamente quanto aos recursos limitados, a diversidade no padrão de morbidade, a diversidade cultural, o sistema político, estrutura do sistema de saúde, a informação e os dados disponíveis, e, por fim, a capacidade tecnológica e a importância das tecnologias sociais como instrumentos para a tomada da decisão. Neste tópico conheceremos mais sobre a avaliação das tecnologias em saúde, especialmente sobre os desafios e as fragilidades observadas no decorrer de sua implementação. Desse modo, apresentaremos os desafios enfrentados na área das tecnologias, tais como: os recursos limitados, a diversidade no padrão de morbidade, a diversidade cultural, o sistema político, estrutura do sistema de saúde, a informação e os dados disponíveis, assim como a capacidade tecnológica e as importâncias das tecnologias sociais. Após isso, aborda-se a questão da Estrutura do Sistema de Saúde, discorrendo-se sobre a informação e dados disponíveis, a capacidade tecnológica e a necessidade de que se desenvolvam metodologias para atender a essa escassez de dados. Por fim, apresentaremos as tecnologias sociais e organizacionais, tais como gerência da informação, administração e organização, regulamentação, legislação e sistemas de vigilância em saúde. 2 REALIDADE DA AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE A atual estrutura do sistema de saúde influencia no uso da tecnologia, dadas as suas condições de acesso, cobertura, custo, forma de pagamento, recursos humanos, organização e serviços. De acordo com Viana, Nunes e Silva (2011), não está claro em que medida as atividades relacionadas à produção e difusão dos estudos de ATS têm de fato conseguido influenciar as decisões de incorporação de tecnologias no âmbito da atenção à saúde, no sentido de compatibilizar as evidências disponíveis, as condições de saúde da população e o acesso a tecnologias mais eficientes e socialmente legítimas. A incorporação e a utilização de tecnologias com objetivo de melhorar a qualidade dos serviços de saúde devem concentrar esforços na mensuração dos TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 114 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE resultados de forma a se obter, na prática clínica, resultados semelhantes àqueles obtidos nas condições ideais.Nesse cenário, é imprescindível ter clareza dessa necessidade, pois o conceito de qualidade tem sido usado como justificativa de incorporação de tecnologias complexas, enfatizando a atenção terciária em detrimento da atenção primária. A estrutura do sistema de saúde tem grande influência no uso da tecnologia ao passo que provê condições de acesso, cobertura, custo, forma de pagamento, recursos humanos, organização e serviços e define os resultados que almeja alcançar. Dessa forma, pode-se afirmar que um dos grandes desafios são os recursos financeiros limitados que contribuem e determinam para uma distribuição irregular de recursos humanos e de tecnologias, e, como consequência, temos a insuficiência e incapacidade em atender às necessidades básicas da população. Nesse sentido, é preciso considerar que, além da vontade política, a principal motivação à incorporação da ATS como instrumento de apoio à gestão do sistema de saúde, apresentam-se desafios que devem ser considerados ao se tentar estabelecer um programa de ATS. Esses desafios serão trabalhados individualmente a seguir! Existem muitas definições para avaliação de tecnologias em saúde, mas o principal é que ela responda sobre o funcionamento, utilidade e vale a pena do ponto de vista sanitário, social, ético e econômico. Após essa avaliação, poderão ser analisados o valor e a contribuição das tecnologias para a melhoria da saúde individual e coletiva (FERREIRA, 2013). ATENCAO Sugestão de leitura: NITA, Marcelo Eidi et al. Avaliação de tecnologias em saúde – evidência clínica, análise econômica e análise de decisão. São Paulo: Editora ARTEMED, 2010. DICAS TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 115 2.1 RECURSOS LIMITADOS Encontramos em todos os segmentos da administração pública inúmeras limitações financeiras que comprometem o funcionamento dos serviços. Na área da saúde, essa realidade não é diferente. Os sistemas de saúde de diversos países caracterizados por uma economia em desenvolvimento vivenciam as consequências da má distribuição dos recursos humanos e tecnológicos, observando a grande concentração de recursos nos grandes centros e, consequentemente, escassez ou inexistência em pequenos municípios ou nas periferias das cidades, e baixos números de profissionais capacitados para atender as demandas locais, além da gestão e manutenção das tecnologias em condições de uso. Associado a isso, evidencia-se que as diferentes condições de vida da população agravam a situação, visto que, aquelas em situações de extrema pobreza, não têm nem condições mínimas de alimentação e higiene pessoal para manter sua saúde e qualidade de vida, coexistindo no mesmo espaço que as populações de alto poder aquisitivo. Nesse cenário, o processo de ATS não consiste apenas na aprovação ou reprovação de uma tecnologia baseados apenas sob a ótica de evidência científica. Torna-se imprescindível que sejam levadas em conta as condições reais de aplicação prática da tecnologia (ambientais, sociais e culturais) que irão variar amplamente pelas diferentes regiões do País. Assim, a avaliação passa a ser realizada com base na diretriz da eficiência, que mesmo nas situações de recursos limitados e necessidades ilimitadas, norteia a tomada de decisão de forma eficiente, buscando-se direcionar a tomada de decisão, voltando-se ao atendimento da maior quantidade possível das demandas existentes, conforme apresenta a Figura 16. FIGURA 16 – DEMANDA VERSUS RECURSOS LIMITADOS FONTE: Brandi (2020, s.p.) 116 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE Como observado, os recursos são finitos e o universo tecnológico presente na área da saúde excede a capacidade de oferta por parte da sociedade. Isso justifica a necessidade em estudar o processo de escolha, frente à escassez de recursos com eficácia e efetividade. Qual é a diferença entre as eficácia e efetividade? A Figura 17 apresenta um comparativo entre essas duas diretrizes. FIGURA 17 – DIFERENÇA ENTRE EFICÁCIA E EFETIVIDADE FONTE: Brandi (2020, s.p.) Nesse cenário é preciso considerar os principais objetivos da avaliação econômica das tecnologias de saúde a partir da identificação, mensuração, valoração e comparação das demandas com a disponibilidade de recursos a serem investidos. Nessa ótica, quando é analisada apenas uma intervenção ou programa, descreve-se: AVALIAÇÃO ECONÔMICA requer comparação. A inexistência de alternativas a serem avaliadas não requer a necessidade de fazer escolhas, consequentemente, não há necessidade de avaliações econômicas. A avaliação econômica é um processo pelo qual os custos de programas alternativos são comparados com suas consequências, em termos de melhora da saúde ou de economia de recursos. É também conhecida como estudo de rentabilidade. Engloba uma família de técnicas incluindo análise de custo-efetividade, análise de custo-benefício e análise de custo-utilidade. ATENCAO TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 117 Na análise de custo-efetividade comparam-se duas ou mais estratégias alternativas de intervenção para prevenção, diagnóstico ou tratamento de determinada condição de saúde. É usado também para comparar alternativas que competem entre si, por exemplo: escolha entre dois anti-hipertensivos. Não é atribuído valor monetário aos impatos das intervenções. As unidades de medida consideradas são: número de doenças evitadas, internações prevenidas, casos detectados, número de vidas salvas. Para a análise econômica a partir do custo- efetividade, considera-se a seguinte fórmula: CE₁₂= Custo₂-Custo₁ Efetividade₂-efetividade₁ No custo-benefício ocorre a relação entre os custos totais de cada intervenção e os benefícios diretos e indiretos gerados. Configura-se numa forma de análise mais abrangente, em que os custos e os benefícios são relatados usando uma métrica comum: atribui-se valor monetário aos benefícios ou impactos de uma ação. Por exemplo: é socialmente rentável investir no projeto X? No custo-benefício, encontramos como limitação a transformação monetária do benefício clínico. Assim, atribui-se valores monetários a impactos para a saúde, é uma missão difícil e controversa, pois coloca-se em xeque: • Quanto vale salvar uma vida? • Qual é a disposição da sociedade a pagar para reduzir a probablidade de morte? • A vida de um idoso vale mais que a vida de uma criança? • É justo atribuir valores monetários diferentes a vidas com limitações físicas? Ao comparar a análise do custo-benefício (ACB) com a análise do custo- efetividade (ACE), evidencia-se que a primeira é de máxima utilidade nos casos de programas de saúde que têm efeitos importantes no desenvolvimento econômico. Já a ACE tem sua função voltada para a avaliação de diferentes métodos de luta contra a doença. Já a análise de custo-utilidade traz a abordagem das medidas dos efeitos de um intervenção considerando a medição de qualidade de vida relacionada com a saúde. É utilizada para estudos destinados a comparação dos diferentes tratamentos aplicados. A unidade de medida adotada refere-se em Anos de Vida Ajustados por Qualidade (AVAQ). Na Tabela 4 são apresentadas as principais caracteristicas de cada tipo de custo adotado na ATS. 118 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE TABELA 4 – COMPARATIVO ENTE AS ANÁLISES DE CUSTOS NA ATS FONTE: A autora (2020) Assim, as decisões deverão ser regionalizadas e os métodos para considerar todos esses aspectos deverão ser desenvolvidos ou aprimorados. 2.2 DIVERSIDADE NO PADRÃO DE MORBIDADE A diversidade no padrão de morbidade é outro desafio a ATS uma vez que a coexistência de doenças infectocontagiosas (típica de populações de baixa renda) com doenças crônico-degenerativas (típica de populações envelhecidas) demandam um enfoque de avaliação mais voltado para o problema de saúde do que para a tecnologia. As alterações demográficas, o aumento da expectativa de vida, o desenvolvimento e adoção aceleradade novas tecnologias de saúde têm um impacto considerável na sustentabilidade dos sistemas de nacionais de saúde. Além do monitoramento produzir informações úteis para subsidiar as decisões de gestores dos sistemas de saúde, atores do complexo econômico e industrial da saúde, possibilita o alinhamento entre as políticas industrial, de ciências, tecnologia e saúde (LIMA et al., 2017, p. 347). A aplicação de modelos que simulem a alocação regional de recursos e indicam a necessidade de realocação de recursos regionalizados pode ser de grande ajuda no processo de decisão. 2.3 DIVERSIDADE CULTURAL A diversidade cultural pode ser um aspecto facilitador ou limitador da efetividade de uma tecnologia, principalmente as não médicas (sistemas de Análise Custo- Efetividade Análise Custo-Benefício Análise Custo- Utilidade Custo: unidade monetária Custo: unidade monetária Custo: unidade monetária Desfecho: clínico. Desfecho: unidade. Desfecho: mesma eficácia terapêutica. Vantagem: utiliza desfechos concretos da prática clínica. Vantagem: permite comparação de vários resultados, pois todos são mensurados na mesma unidade de medida. Vantagem: praticidade, pois necessita apenas mensurar custos. Desvantagem: a com- paração dos estudos fica restrita a desfechos unidimensionais e co- muns aos estudos. Desvantagem: difícil tarefa de valorar moetariamente a vida humana. Desvantagem: pouca aplicabilidade, visto que são raras as inter- venções com resultados idênticos. TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 119 organização e educação). Assim, existe a necessidade em se desenvolver formas de se mapear as diferenças socioculturais que determinarão o uso ou a rejeição da tecnologia, como também, a invasão ou não de espaços culturais intactos, como nas comunidades indígenas. Esse é um problema presente na realidade mundial, criando-se amplos e diversos espaços para discussão sobre essa questão. Assim, surge a necessidade de integração da pesquisa qualitativa no cenário da pesquisa em saúde, também destaca por diversos autores. 2.4 SISTEMA POLÍTICO A área da ATS, historicamente, tem tido um sucesso relativo em influenciar o estabelecimento de políticas em alguns países (Suécia, França, Reino Unido, Holanda). Tal sucesso foi desenvolvido principalmente porque os políticos veem os estudos de ATS como um meio de liberá-los de decisões difíceis. Consequentemente, a ATS, nesses países, evoluiu dentro de um ambiente despolitizado, sendo que as atividades de ATS não sofreram impactos decorrentes das mudanças políticas ocasionadas pelas sucessivas eleições. Já, nos Estados Unidos, o mesmo não ocorreu, sendo o fato mais representativo da influência política a extinção do Office of Technology Assessment (OTA). Entretanto, a despolitização fica sob ameaça quando a ATS passa a ser usada de maneira crescente para o estabelecimento explícito de prioridades em nível nacional (BRASIL, 2009). 3 ESTRUTURA DO SISTEMA DE SAÚDE A estrutura do sistema de saúde, além de funcionar com alocação escassa de recursos, tem um fluxo contínuo de inovações tecnológicas, representando, para os países em desenvolvimento, uma dupla sobrecarga. Em consequência, existe a demanda para a criação de tecnologias mais efetivas, criando uma pressão pela inovação. A ATS pode contribuir para os gestores exercerem maior controle no processo de incorporação de tecnologias nesses serviços; porém, o estabelecimento de uma política de incorporação e difusão necessita de uma base sólida de conhecimento técnico, econômico, social e cultural (BRASIL, 2009). Para a obtenção desse conhecimento, recursos extras são necessários para a pesquisa, tanto por parte dos gestores públicos e privados, quanto por parte da indústria de medicamentos e produtos médicos, enquanto a indústria tem percebido isso como um obstáculo à colocação do produto. A estrutura do sistema de saúde influencia o uso da tecnologia, dadas as suas condições de acesso, cobertura, custo, forma de pagamento, recursos humanos, organização e serviços. Dessa forma, a incorporação e a utilização de tecnologias com vistas a melhorar a qualidade dos serviços de saúde deverão concentrar esforços em 120 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE medir resultados em saúde de forma a se obter, na prática clínica, resultados semelhantes àqueles obtidos nas condições ideais (BRASIL, 2009). A consequência desse posicionamento está na aquisição de tecnologias complexas e caras que muitas vezes são abandonadas precocemente por falta de insumos ou peças de reposição ocasionando a formação de verdadeiros cemitérios de equipamentos nos hospitais. 3.1 Informação e Dados Disponíveis A ATS pode apoiar a formulação de políticas de desenvolvimento e produção local de tecnologias para o setor de saúde. Esses estudos deverão considerar os problemas advindos de programas internacionais de transferência de tecnologia e doação de equipamentos, a capacidade instalada, as matérias- primas, os processos de produção e ainda os recursos humanos necessários em todas as fases do processo (pesquisa, desenvolvimento, projeto, produção, comercialização e operação). 3.2 Capacidade Tecnológica Países em desenvolvimento têm sérias limitações no armazenamento, na organização, na análise e na disseminação de dados essenciais à ATS. Existe assim, a necessidade de que se desenvolvem metodologias para atender a essa escassez de dados, de forma a não ter de esperar o sistema obter os dados para se dar início a um programa de avaliação (BRASIL, 2009). 4 TECNOLOGIAS SOCIAIS Nesse tópico encontram-se as tecnologias organizacionais, tais como ge- rência da informação, administração e organização, regulamentação, legislação e sistemas de vigilância em saúde (BRASIL, 2009). Apresentam um amplo impacto, uma vez que não afetam somente a atenção à saúde, mas também as condições socioeconômicas, o trabalho, o transporte, a segurança pessoal, a comunicação, entre outros. O conceito de qualidade tem sido usado como justificativa de incorporação de tecnologias complexas e, com isso, a ênfase tem sido na atenção terciária em detrimento da atenção primária. ATENCAO TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 121 Este é um território a ser amplamente explorado com novas abordagens metodológicas de forma a se poder lidar com as diversas dimensões que envol- vem a avaliação desse tipo de tecnologia, mas que é de grande importância dado o potencial que essas tecnologias têm para impulsionar mudanças no sistema de saúde. Aqui também há espaço para a integração da evidência qualitativa com a quantitativa (BRASIL, 2009). Para finalizar, é importante entender que o planejamento da incorporação e do uso de tecnologias em saúde pode contribuir para o enfretamento desses desafios. Dentre as recomendações propostas por especialistas para ampliar a efetividade dos recursos utilizados, o uso de avaliações de tecnologias em saúde (ATS) e de políticas de cobertura e preço ganha destaque especial. Entendida assim como a avaliação sistemática das propriedades, efeitos e outros impactos das tecnologias e intervenções em saúde, incluindo tanto seus efeitos diretos e esperados como suas consequências indiretas e inesperadas, me- diante a aplicação de quadros analíticos explícitos baseados em uma variedade de métodos, a ATS constitui uma das estratégias mais usadas em todo o mundo para informar a tomada de decisão relativa às tecnologias em saúde. Frente a isso, os atuais processos de incorporação de tecnologias em saúde são insuficientes para responder a esses desafios, sobretudo no que se refere à capilaridade do sistema. Nesse viés, a avaliação de tecnologias é um instrumento fundamental para a elaboração e o acompanhamento de uma política em saúde. Assim, o tema deve ser pensado não só como uma área temática per si, mas como uma abordagem metodológica a ser adotada no planejamento de po- líticas em saúde quanto àregulamentação do setor e nos processos de decisão relativos à incorporação de tecnologias de forma a propiciar eficiência e equidade ao sistema de saúde como um todo. Dica de Leitura: CRISTINA MARIA BARROS DE MEDEIROS; LUIZA ROSAN- GELA DA SILVA. Dimensões constitutivas de tecnologias sociais no campo da saúde: uma proposta de construção e apropriação de conhecimento em territórios vulneráveis. Textos & Contextos (Porto Alegre), v. 15, n. 1, p. 144 - 159, jan./jul. 2016. DICAS Para finalizar, é importante destacar que o sucesso de uma política de ATS no SUS demandará algumas ações prioritárias no sentido de fazer face a alguns dos desafios abordados anteriormente. Entre tais ações, podem-se destacar: 122 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE Assim, evidencia-se que os estudos realizados e os resultados das avaliações são importantíssimos para a informação na área da saúde, sendo necessária a divulgação por meio do desenvolvimento e intercâmbio de informações sistematizadas em linguagem adequada aos diferentes públicos, através de publicações específicas, na internet, entre outros canais, visando subsidiar a tomada de decisão no campo da ATS. Prezado acadêmico, chegamos ao final da Unidade 2, nesta unidade pudemos estudar a avaliação das tecnologias em saúde. Dando sequência ao nosso estudo, na próxima unidade vamos estudar a inovação nos serviços de saúde. Vamos lá! Um sistema de avaliação efetivo pode reordenar a execução das ações e dos serviços, redimensionando-os de forma a contemplar as necessidades da população e imprimindo maior racionalidade ao uso dos recursos. INTERESSA NTE • O incentivo à formação de recursos humanos − nas diversas áreas do conhecimento envolvidas nas diferentes fases do ciclo de vida das tecnologias. • A sensibilização dos gestores dos três níveis hierárquicos do SUS quanto à necessidade de ampliar a visão das consequências de um processo de incorporação de tecnologia malconduzido e de adotar critérios objetivos e claros no processo, tendo como referência a melhor evidência disponível. • A sensibilização dos profissionais de − saúde e da sociedade em geral para as consequências econômicas e sociais do uso inapropriado de tecnologias nos serviços de saúde; • O envolvimento dos profissionais de saúde e da sociedade na definição dos critérios para estabelecer prioridades e formular políticas de saúde. • A adoção de critérios objetivos para estabelecer prioridades, contemplando aspectos de efetividade, as necessidades regionais, a segurança e a equidade, privilegiando a evidência científica sempre que esta estiver disponível. • Um amplo debate na sociedade quanto às questões de incorporação de tecnologias com alto impacto econômico, ético e social. • A cooperação e a troca de experiências com outros países em desenvolvimento com uma estrutura de ATS (por exemplo: Cuba e Chile), como também com países com experiência no uso de ATS na elaboração de diretrizes políticas e clínicas. • O incentivo ao desenvolvimento de sistemas de informação para monitorar o uso das tecnologias em saúde de forma integrada aos sistemas existentes. • A integração aos bancos de dados do DATASUS de forma a facilitar a pesquisa nas bases e ampliar o uso do grande volume de dados na pesquisa. TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 123 GUIA COMPLETO SOBRE A TECNOLOGIA NA SAÚDE: COMO ELA PODE SER APLICADA NA MEDICINA? Dr. José Aldair Morsch Antigamente, era comum que os conhecimentos médicos descobertos por universidades e centros de pesquisa de todo o mundo demorassem anos para chegar até o Brasil. No entanto, com o avanço da internet, isso deixou de ser uma realidade e os estudos mais recentes, nas mais diversas áreas da medicina, agora são compartilhadas conosco em tempo real. Existem diversos aplicativos gratuitos que os médicos podem baixar para terem acesso a revistas e artigos científicos das mais renomadas instituições de pesquisa do mundo. Assim, é mais fácil ficar bem informado sobre as novidades e tratar os pacientes de forma eficaz. A popularização do ensino à distância também tem feito com que isso se aperfeiçoe. Cada vez mais os profissionais da saúde estão confiando em faculdades e instituições de ensino que oferecem cursos na modalidade EAD, por exemplo. A tecnologia na saúde não para de surpreender e já existem algumas projeções do que podemos esperar no futuro. Não há dúvidas de que a tecnologia na saúde se desenvolve cada vez mais. A tendência é que, com o passar dos anos, seja cada vez mais comum vermos os médicos atendendo pacientes à distância. Uma pesquisa feita recentemente pela Associação Paulista de Medicina (APM) e publicada no jornal Folha de São Paulo mostra que 80% dos médicos que atuam na capital paulista já usam tecnologias, como o WhatsApp, para atender a pacientes. É claro que nem sempre uma conversa por aplicativo substitui uma consulta presencial, mas não há problemas em usar o recurso para repassar informações simples, como esclarecer uma dúvida sobre o modo de usar um medicamento, por exemplo. Além das conversas em tempo real, a telemedicina também tem se tornado bastante útil em questões que envolvem a emissão de laudos à distância. Imagine, por exemplo, uma pequena cidade do interior, longe de tudo, onde não há um cardiologista de plantão para atender os pacientes. Caso uma pessoa chegue em uma clínica com sintomas de infarto, o que precisa ser feito? Um exame cardiológico é a primeira resposta a ser dada por qualquer pessoa que entenda um pouco do assunto, concorda? Mas o que fazer quando esse indivíduo está em uma cidade afastada? Com a telemedicina, o exame pode ser feito de imediato e os dados coletados enviados automaticamente, por meio de um sistema que segue todos os princípios de segurança da informação, para uma equipe qualificada em cardiologia. Assim, os profissionais farão o laudo e o enviarão de volta no mesmo momento. LEITURA COMPLEMENTAR 124 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE O resultado rápido e efetivo do exame pode salvar a vida do paciente, que terá o atendimento necessário no ato. Em situações em que isso não ocorre, até mesmo a morte do paciente pode acontecer. Por isso, a telemedicina tem se mostrado muito relevante para a área médica. No entanto, não é apenas isso que tende a ocorrer nos próximos anos. A tecnologia na saúde também estará presente em outros serviços. A seguir, apresenta-se algumas das projeções para o futuro, que em breve deverão ser uma realidade presente em hospitais, clínicas e consultórios médicos. A cirurgia robótica já é utilizada em procedimentos minimamente invasivos e ajuda os médicos a terem mais precisão, controle e flexibilidade. Durante a cirurgia robótica, os cirurgiões podem executar procedimentos muito complexos, que são altamente difíceis ou até mesmo impossíveis de serem realizados de outra forma. À medida que a tecnologia se desenvolve, ela pode ser combinada com a realidade aumentada, permitindo que os cirurgiões visualizem informações adicionais importantes sobre o paciente em tempo real, enquanto ainda estão em operação. Embora a invenção suscite preocupações, como a total substituição dos humanos pelos robôs na realização de cirurgias, é bem provável que isso jamais venha a acontecer. O que está mudando é o trabalho dos médicos, que podem contar com essa tecnologia para desenvolver um serviço com ainda mais qualidade. É bem provável que você já tenha ouvido falar em impressão 3D, bem como o fato de elas estarem sendo cada vez mais utilizadas na área da saúde. Tais equipamentos podem ser usados para criar implantes e até articulações para serem utilizados durante as cirurgias. As próteses impressas em 3D são cada vez mais populares, pois são totalmente personalizadas. As funcionalidades digitais permitem corresponder às medidas de um indivíduo milimetricamente. Isso possibilita níveis sem precedentes de conforto e mobilidade. O uso de impressoraspode criar itens duradouros e solúveis. Além do uso em cirurgias, por exemplo, a impressora pode ser utilizada para imprimir pílulas que contêm vários medicamentos, o que ajudará os pacientes na questão da organização. Algo que também tem avançado muito e mudado a forma como os médicos desenvolvem o seu trabalho é a medicina de precisão. Os medicamentos de precisão permitem que os médicos selecionem compostos e terapias para tratar doenças, como o câncer, com base na composição genética de um indivíduo. Esse medicamento personalizado é muito mais eficaz do que outros tipos de tratamento, uma vez que ataca tumores com base em genes e proteínas específicos do paciente, causando mutações genéticas e possibilitando que eles sejam mais facilmente combatidos. Medicamentos de precisão também já estão sendo utilizados para tratar doenças como a artrite e a artrose. Eles usam mecanismos para atacar os genes vulneráveis da doença, enfraquecendo e reduzindo os sintomas e os danos nas articulações. TÓPICO 3 — DESAFIOS À AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE 125 A inteligência artificial e o machine learning estão ajudando a promover a medicina genômica, prática que ocorre quando as informações genômicas de uma pessoa são usadas para determinar planos de tratamento personalizados e atendimento clínico. Na farmacologia, na oncologia, no tratamento de doenças infecciosas, entre outras situações, a medicina genômica tende a causar cada vez mais impacto. Isso porque os computadores tornam muito mais rápida a análise de genes e mutações genéticas que causam doenças. Assim, é possível a comunidade médica compreender melhor como as doenças ocorrem e também a tratar e até mesmo erradicar doenças. A realidade virtual já existe há algum tempo. No entanto, recentemente os avanços médicos e tecnológicos têm possibilitado que os estudantes de medicina sejam treinados sem colocar em risco vidas humanas. Ferramentas sofisticadas ajudam os futuros médicos a adquirirem a experiência necessária, ensaiando procedimentos complexos, como cirurgias, fornecendo uma compreensão visual de como a anatomia humana está conectada. Os dispositivos de realidade virtual também podem ser utilizados para beneficiar os pacientes, por exemplo, no diagnóstico, no tratamento e na preparação para procedimentos que serão realizados. Isso já pode ser visto em casos de pacientes queimados, que precisam fazer raspagens nas feridas. Esses procedimentos são extremamente dolorosos e causam muito mal-estar nas pessoas. Ao utilizar óculos de realidade virtual e ser imerso em outra situação, é possível “enganar” o cérebro e causar menos sofrimento. A medicina genômica também vem ganhando força. São diversos os projetos de pesquisa em andamento que utilizam os princípios da medicina genômica para tratar condições como rejeição de transplantes de órgãos, fibrose cística, câncer de diversos tipos etc. Esta é a grande promessa na área de medicina genômica onde ocorre uma sobrecarga no sistema imunológico do paciente que fortalece suas defesas contra as células cancerígenas. Em março/2020 teve-se acesso ao primeiro teste feito em humanos nos EUA com 3 pacientes que não tiveram nenhuma reação com a utilização dessas células. Isso quer dizer que nem melhorou e nem piorou nada, ninguém morreu e isso já é um horizonte promissor para continuar as pesquisas. Outra novidade são os gêmeos digitais. Um gêmeo digital é uma réplica quase em tempo real de algo no mundo físico. Na área da saúde, o termo serve para dar nome a uma réplica de dados coletados ao longo da vida de um indivíduo, como resultados de exames que foram feitos no decorrer dos anos, doenças que a pessoa teve, cirurgias que realizou e assim por diante. Os gêmeos digitais podem ajudar um médico a determinar as possibilidades de obter um resultado bem-sucedido em tratamentos, auxiliando na tomada de decisões terapêuticas e no gerenciamento de doenças crônicas, como o diabetes. Ainda é possível que os gêmeos digitais ajudem a melhorar a experiência dos pacientes, por meio de cuidados eficazes e centrados em cada indivíduo. O uso dessa tecnologia na saúde ainda está nos estágios iniciais dos estudos, mas o potencial de uso é extraordinário e, como um profissional da área, você ouvirá 126 UNIDADE 2 — AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE falar muito sobre isso nos próximos anos. Conforme aumenta a capacidade dos centros de saúde para prestar assistência em áreas remotas, que são atendidas pela telemedicina, a qualidade e a velocidade das redes de internet são essenciais para que ocorram resultados positivos. A internet 5G deve se tornar uma realidade nos próximos anos, ajudando as organizações de saúde a fazer a transmissão de grandes arquivos de imagem, para que os especialistas possam revisar e aconselhar sobre cuidados, por exemplo. Além disso, a novidade também permitirá o uso da inteligência artificial e da internet das coisas, aumentará a capacidade de os médicos proporem tratamentos com base na realidade virtual e na realidade aumentada e possibilitará o monitoramento remoto e confiável dos pacientes, entre outras coisas. Um hospital inteligente é aquele que conta com uma infraestrutura conectada de dispositivos médicos inteligentes, com o objetivo de melhorar os procedimentos de atendimento ao paciente e introduzir novos processos. O objetivo desse tipo de hospital é transformar os dados do paciente em insights e, em seguida, agir com base nas informações obtidas. Os sistemas captarão dados, por exemplo, na sequência aplicando-os em serviços de inteligência artificial e machine learning para fazerem a análise. Em seguida, disponibilizarão informações para os médicos por meio de computadores, tablets e smartphones. A tecnologia na saúde cada vez mais contribui para a melhoria do diagnóstico de doenças. Isso é possível graças a serviços como a telemedicina, que conecta grandes especialistas a médicos em qualquer lugar do mundo. Não existem mais limitações geográficas que impeçam um paciente de receber o atendimento que merece, sempre que algum evento envolvendo a sua saúde venha a ocorrer. A melhoria no diagnóstico de doenças evita que as pessoas sofram por conta de tratamentos incorretos, por exemplo. Por isso, é interessante implementar a telemedicina em todos os estabelecimentos médicos, principalmente naqueles que estão afastados dos grandes centros urbanos. A tecnologia já tem atuado na medicina de diversas formas. Isso faz com que diversos benefícios sejam proporcionados aos profissionais da saúde e, principalmente aos pacientes. A interação entre médico e paciente desempenha um papel vital na prestação de cuidados de saúde. De fato, é um desafio significativo para o profissional monitorar as pessoas à distância, mas com a tecnologia na medicina isso tem se tornado uma realidade. Os equipamentos médicos deixaram de ser apenas os que estão dispostos no consultório, incluindo agora os aplicativos que podem ser baixados no celular dos pacientes. Existem apps, por exemplo, que possibilitam o monitoramento de situações específicas, que são compartilhadas com o médico em tempo real. FONTE: Adaptado de MORSCH, José Aldair. Guia completo sobre a tecnologia na saúde: como ela pode ser aplicada na medicina? Disponível em: http://bit. ly/3rXVNix. Acesso em: 25 nov. 2020. 127 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • É de fundamental importância que critérios estritos nas avaliações de tecnologias de saúde, bem como a metodologia de monitoramento delas, sejam estabelecidos de modo a garantir que o beneficiário tenha seu direito garantido. • Que as questões éticas, sociais e legais, bem como os custos e os potenciais impactos desses custos no sistema de saúde, devem a todo instante serem reavaliados. • A ética da avaliação das tecnologias deve focar aspectos referentes à exposição, vulnerabilidade e integridade das pessoas, voltadas as suas necessidades sociais, na sua proteção e napromoção da saúde pública. • A continuidade das práticas de reavaliação de tecnologias em saúde é de suma importância e seu uso se dá como suporte aos gestores de saúde na tomada de decisão, contribuindo para fortalecimento do uso das tecnologias incorporadas nos sistemas de saúde e buscando uma otimização dos recursos e maiores benefícios clínicos à população. • Acompanhar o desenvolvimento de tecnologias e avaliar o momento de sua introdução e descontinuação é uma forma de manter e ou melhorar a sustentabilidade do SUS, além de permitir estabelecer padrões de qualidade com o uso apropriado das tecnologias, sejam elas equipamentos ou outros produtos para a saúde. Isso requer compreender as dimensões a ser avaliadas e a estabelecer os métodos apropriados. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 128 1 No processo de avaliação das tecnologias de saúde inúmeros são os desafios encontrados desde a sua criação até a divulgação e implementação. Sobre esses desafios, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Recursos limitados, falta de conhecimento, equipe técnica despreparada, diversidade cultural, sistema político, falta de conhecimento, informação e dados disponíveis. b) ( ) Diversidade no padrão de morbidade, estrutura do sistema de saúde, falta de conhecimento, informação e dados disponíveis, diversidade cultural, equipe técnica despreparada, capacidade tecnológica. c) ( ) Tecnologias Sociais, falta de conhecimento, equipe técnica despreparada, diversidade no padrão de morbidade, diversidade cultural, estrutura do sistema de saúde, diversidade cultural. d) ( ) Recursos limitados, diversidade no padrão de morbidade, diversidade cultural, sistema político, estrutura do sistema de saúde, informação e dados disponíveis, capacidade tecnológica, tecnologias sociais. e) ( ) Recursos limitados, diversidade no padrão de morbidade, diver- sidade cultural, sistema político, estrutura do sistema de saúde, informação e dados disponíveis, falta de conhecimento, equipe técnica despreparada. 2 Entre os objetivos da ATS, situa-se a perspectiva da aplicabilidade social e cientifica, além da viabilidade financeira. Ao usar da Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS), qual é o principal objetivo a ser almejado? a) ( ) Comparar duas ou mais estratégias alternativas de intervenção para prevenção, diagnóstico ou tratamento de determinada condição de saúde. b) ( ) Contribuir para melhorar o processo decisório, tanto nas políticas do SUS quanto dentro dos serviços de saúde e nas práticas de cuidado prestado pelos profissionais c) ( ) Avaliar e selecionar os produtos, equipamentos e procedimentos em saúde que mereçam ser utilizados nos sistemas de saúde foram desenvolvidos métodos científicos. d) ( ) Verificar uma necessidade premente na geração de mais evidên- cias de efetividade dos mesmos dentro do contexto brasileiro, com experimentos testados em hospitais públicos do SUS. e) ( ) Perceber a necessidade de construção de mais evidências de efetividade, dentro do contexto brasileiro, com experimentos testados públicos do SUS e com profissionais formados no País. AUTOATIVIDADE 129 3 Os cuidados à saúde incluem diversos fatores que buscam, na sua essência, a cura ou a melhora de um agravo à saúde, por meio do diagnóstico, da reabilitação, da prevenção e da promoção àqueles que necessitam ou que potencialmente estarão submetidos a esses cuidados em curto ou longo prazo. Fatores como os recursos humanos, as tecnologias e os processos, quando conjugados de maneira organizada e fundamentada nas melhores evidências científicas disponíveis viabilizam quais ações? a) ( ) Alcançar resultados de eficácia, efetividade e eficiência para seu devido propósito de ação. b) ( ) Mensurar, avaliar e selecionar os produtos, equipamentos e procedimentos em saúde que mereçam ser utilizados nos sistemas de saúde. c) ( ) Funcionar com alocação escassa de recursos, tem um fluxo contínuo de inovações tecnológicas, representando, para os países em desenvolvimento, uma dupla sobrecarga. d) ( ) Desenvolver formas de se mapear as diferenças socioculturais que determinarão o uso ou a rejeição da tecnologia, como também, a invasão ou não de espaços culturais intactos, como nas comunidades indígenas. e) ( ) Apoiar a formulação de políticas de desenvolvimento e produção local de tecnologias para o setor de saúde. 4 Inúmeros são os aspectos que envolvem a avaliação em tecnologias de saúde. A viabilidade econômica está entre os principais aspectos que envolvem a ATS. Desse modo, cite os principais objetivos da avaliação econômica das tecnologias de saúde. 5 No processo de ATS, são considerados todos os recursos, demanda de pessoal e recursos financeiros, além da aplicabilidade dela no contexto da saúde. Nesse sentido, explique o que é avaliação econômica em saúde e quais os tipos de análises de custos envolvidos nesse processo? 6 Conforme estudado, a adoção de tecnologias de saúde apresenta no cenário atual inúmeros desafios, fragilidades e, de certa forma, dificuldades. Pertinente aos desafios encontrados na adoção das tecnologias de saúde, escolha três deles e explique cada um. 130 REFERÊNCIAS ASSIS, E. C. O papel da avaliação de tecnologias em saúde (ATS) na retirada de dispositivos médicos obsoletos no Sistema Único de Saúde (SUS). Disser- tação de Mestrado. Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, 2013. BRANDI, C. M. G. Avaliação Tecnológica em Saúde (ATS). Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/290914/. Acesso em: 25 set. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de avaliação de tecnologias em saúde na Atenção Básica. Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Diretrizes metodológicas: Diretriz de Avaliação Econômica. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Área de economia da saú- de e desenvolvimento. Avaliação de tecnologias em saúde: ferramentas para a gestão do SUS. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Portaria nº 2.690, de 5 de novembro de 2009. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde. Disponível em: https://bit.ly/38ifnyg. Acesso em: 24 nov. 2020. CONTÓ, M. Escolha racional: emprego da ATS Avaliação de Tecnologias em Saúde. Comitê de Relações Institucionais & Governamentais – ABIMED. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3nkxfgi. Acesso em: 25 nov. 2020. ELIAS, F. T. S. A importância da avaliação de tecnologias para o Sistema Único de Saúde. BIS, Bol. Inst. Saúde (Impr.) v. 14, n. 2. São Paulo, 2013. Disponível em: http://periodicos.ses.sp.bvs.br/pdf/bis/v14n2/v14n2a03.pdf. Acesso em: 25 nov. 2020. ELIAS, F. T. S. Avaliação de tecnologias em saúde: propósitos e desenvolvi- mento no mundo e no país. In: Avaliação de tecnologias de saúde & políticas informadas por evidências. São Paulo: Instituto de Saúde, p.15-28. 2017. FARIAS, M. R. et al. Módulo 7 – Tópicos especiais em ética, avaliação de tec- nologias em saúde e aspectos técnicos e legais relacionados aos medicamen- tos alopáticos. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Gestão da Assistência Farmacêutica. Educação a distância. Florianópolis, SC: UFSC, 2015. 131 FERREIRA, A. P. Gestão de tecnologia em saúde: incorporação de tecnologias de suporte à vida em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal no estado de Mi- nas Gerais. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019. FERREIRA, F.B. A Engenharia Clínica na Avaliação de Tecnologiaem Saúde: Equipamentos Médico-Assistenciais na fase de utilização do ciclo de vida. Dis- sertação (Mestrado em Engenharia Biomédica). Faculdade de Ciências e Tecno- logia, Universidade Nova de Lisboa, 2013. FRANCISCO, F. de R. Aplicação de avaliação de tecnologias em saúde (ATS) na tomada de decisão em hospitais. Dissertação (mestrado). Escola de Adminis- tração de Empresas de São Paulo. São Paulo, SP, 2017. LEITE, S. N. et al. Gestão da assistência farmacêutica. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2016. LIMA D. et al. Monitoramento do horizonte tecnológico na Avaliação de Tec- nologias em Saúde, in Avaliação de tecnologias de saúde & políticas informa- das por evidências. São Paulo, 2017. Disponível em: <http://www.saude.sp.gov. br/resources/instituto-de-saude/homepage/pdfs/avaliacao_tecnologia_saudepol- ticas_inf_evidencias.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2020. SILVA, H. P. da; ELIAS, F. T. S. Incorporação de tecnologias nos sistemas de saú- de do Canadá e do Brasil: perspectivas para avanços nos processos de avaliação. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2019000805007. Acesso em: 25 nov. 2020. SILVA, H. P. da; PETRAMALE, C. A; ELIAS, F.T. S. Avanços e desafios da Po- lítica Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde. Rev Saúde Pública, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rsp/v46s1/co4220.pdf. Acesso em: 25 nov. 2020. VIANA, A. L.; NUNES, A. A.; SILVA, H. P. Complexo produtivo da saúde, desenvolvimento e incorporação de tecnologias. In: IBAÑEZ, N.; ELIAS, P. E. M.; SEIXAS, P. H. D. Política e gestão pública em saúde. São Paulo: Hucitec/ Cealag; 2011. p. 75-101. 132 133 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • aprofundar o entendimento sobre inovação nos serviços de saúde; • sistematizar aspectos conceituais dos termos tecnologia e inovação tec- nológica, destacando implicações para o setor saúde; • relacionar a importância da inovação no segmento de saúde como uma estratégia competitiva; • conhecer a Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde e suas diretrizes, objetivos e aspectos preconizados. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE? TÓPICO 2 – POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE TÓPICO 3 – NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 134 135 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, na Unidade 3 estudaremos a Inovação nos Serviços de Saúde. No primeiro subtópico estudaremos todo processo que envolve desenvolvimento dos sistemas, associando-os com as estratégicas tecnológicas. Discutiremos sobre o que é inovação nos serviços de saúde e a classificação e caracterização dos tipos de inovação na área, além das principais etapas e aspectos que norteiam esse processo. No segundo subtópico, trataremos dos critérios a serem seguidos na racionalização da inovação e utilização de tecnologias, considerando os princípios da Política Nacional de Ciência e Tecnologia, especialmente quanto a avaliação das tecnologias em saúde. No terceiro subtópico, realizaremos uma análise preliminar da Telemedicina, norteada por perguntas e respostas mais frequentes sobre essa ferramenta tão importante e viabilizadora dos processos de atendimento de pacientes, como também da formação de profissionais e equipes técnicas do Sistema Único de Saúde. 2 O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE? Inovação é a introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços. A inovação em saúde é um campo em crescente destaque, tendo sua importância relacionada a melhorias nas condições de bem-estar da população e, por ser um setor intensivo em pesquisa e desenvolvimento (P&D), é associada à inserção competitiva internacional, pontuando uma gama de interesses que dinamizam sua agenda (COSTA, 2016). A inovação na área da saúde pode ocorrer de dois tipos: radical e incremental. A tabela 1 apresenta as características. TÓPICO 1 — O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE? UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 136 TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS DE INOVAÇÃO EM SAÚDE FONTE: Os autores (2020) Da mesma forma, pode-se afirmar que correspondem ao acesso às tecnologias modernas/novas = resolução dos problemas de saúde e promoção de qualidade de vida. O acesso às tecnologias nem sempre resulta em benefícios; e, por fim, as tecnologias não são neutras. De acordo com Morais et al. (2015), novas tecnologias têm surgido como fator primordial para as empresas prestadoras de serviços de saúde, visto que o setor de saúde necessita oferecer um padrão de execução e o diferencial competitivo está diretamente ligado à percepção que o cliente tem sobre a qualidade do serviço, principalmente pelo estado em que muitas vezes se encontra. Inicialmente, torna-se necessário conhecer as etapas envolvidas no planejamento da inovação, conforme apresenta a Figura 1. INOVAÇÃO RADICAL INOVAÇÃO INCREMENTAL - Desenvolvimento e introdução de um novo produto, processo ou forma de organização da produção inteira- mente nova. - Pode representar uma ruptura es- trutural com o padrão tecnológico anterior. - Inicia um novo paradigma ou rota tecnológica. - Introdução de qualquer tipo de me- lhoria em um produto, processo ou organização da produção, sem necessa- riamente alterar a estrutura. - Pode ser imperceptível para o consu- midor. - Mudanças que possibilitam a amplia- ção das aplicações de um produto ou processo. Para a incorporação de uma tecnologia na área da saúde, é preciso considerar: as condições de acesso; desigualdade produzida pelo uso da tecnologia; necessidades epidemiológicas; capacidade instalada; qualidade; segurança; eficácia e custo. INTERESSA NTE TÓPICO 1 — O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE? 137 FIGURA 1 – PRINCIPAIS ETAPAS DA INOVAÇÃO FONTE: Os autores (2020) Cada etapa apresentada deve seguir um planejamento das ações a serem executadas uma a uma, por exemplo: No alinhamento com a estratégia, na empresa analisa a sua estratégia e identifica quais temas devem direcionar à criação de ideias inovadoras. Já na etapa da ideação, por meio dos temas estratégicos, os colaboradores são incentivados a enviar ideias inovadoras para solucionar os desafios da empresa. Na conceituação, as ideias produzidas na ideação serão avaliadas e melhoradas a fim de que se tornem viáveis para implantação. A decisão em ir ou não ir em frente, corresponde ao momento da definição de quais ideias têm melhores chances de sucesso e quais deverão ser lançadas ou não. Por fim, temos a implantação, que é quando o conceito é aprovado, ele é lançado no mercado e a ideia ganha forma. O processo de criação e implementação da inovação requer ainda, a consideração dos seguintes aspectos relacionados ao acesso: • Envolve a incorporação sem critérios explícitos e o uso inadequado de tecnologias implicam riscos para os usuários, assim como, comprometem a efetividade do sistema de saúde. • Identifica tecnologias emergentes para incorporação no sistema de saúde. • Monitoramento dos resultados para a saúde e dos impactos causados pelas tecnologias após incorporação. • A tecnologia além de trazer benefício, deve assegurar a equidade, universalidade e integralidade do SUS. UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 138 Existem diversas formas de se implantar novos mecanismos. Um deles é por meio de sistemas de informação em saúde, que é considerado um dos fatores cruciais para aumentar a produtividade, otimizar os processos internos e, até mesmo, conseguiruma redução de custos. Para começar, precisamos saber que existem pelo menos dois fatores envolvidos na informatização de uma instituição de saúde: a estratégia de negócio e a atualização tecnológica: As inovações na saúde têm como pilar a tecnologia social para ser instrumento de inclusão ao acesso e melhoria da qualidade de vida, visto que proporciona crescimento na eficiência técnica, aumento da produtividade, redução dos custos, tendo como característica o cuidado com a qualidade no atendimento. Como vimos desde a Unidade 1, o Ministério da Saúde define a tecnologia na saúde como: “novos medicamentos e vacinas, próteses, equipamentos, procedimentos técnicos, sistemas organizacionais, educacionais e de suporte como a comunicação instantânea, programas e protocolos assistenciais, por meio dos quais é prestado a atenção e os cuidados à população” (BRASIL, 2009, s. p.). Desta forma, atua nos fatores condicionantes e determinantes do processo saúde-doença, contribuindo para o controle na incidência de doenças das populações. Com tantas transformações e evoluções constantes, é preciso adaptação e conhecimentos relativos ao funcionamento das novas tecnologias. Para tanto, temos áreas distintas de aplicação da inovação na área da saúde, tais como: produtos, em informação, cuidado ao paciente e no sistema de saúde. Ciência e tecnologia são instrumentos importantes para a saúde e o tratamento de doenças, assim como para a construção de um momento civilizatório de paz e de vida digna e decente para todos (LORENZETTI et al., 2012). ATENCAO TÓPICO 1 — O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE? 139 Relacionado à Inovação de produtos, o Brasil tem sido pioneiro na fabricação de imunobiológicos, destacando-se pelo Programa Nacional de Imunizações. As vacinas, como a tetravalente, pentavalente e febre amarela, modificaram a história da população. Atualmente há pesquisas e atualizações constantes da vacina contra a dengue. Além disso, tem grande destaque o tratamento de alguns tipos de câncer, por meio de imunoterapia. A medicina tem sido transformada pela tecnologia, com tantos medicamentos biológicos, diagnósticos móveis, impressoras em 3D e na pesquisa. Pertinente à inovação em informação temos amplo acesso às informações e à utilização de tecnologias de última geração, que propiciam aos usuários diagnósticos mais ágeis e capacidade de controlar a própria saúde com o autoconhecimento, mediante as campanhas educacionais para o público-alvo. Os wearables (Figura 2) são relógios/pulseiras com mecanismo de detecção inteligente, considerado uma grande inovação na área da saúde. São muito úteis aos pacientes com doenças crônicas, como diabetes mellitus (DM) e doenças cardiovasculares, que demandam um controle minucioso dos sinais vitais, através do monitoramento em tempo real dessa ferramenta. FIGURA 2 – WEARABLES FONTE: <https://blog.iclinic.com.br/wearables-na-medicina/>. Acesso em: 27 nov. 2020. Os wearables podem ser utilizados para o profissional da área da saúde acompanhar o tratamento e situação do paciente mesmo a distância. https://blog.iclinic.com.br/wearables-na-medicina/ UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 140 Os wearables são dispositivos vestíveis inteligentes. Muito além de relógios que se conectam à internet e enviam e-mails. Eles também são capazes de monitorar batimentos cardíacos, passos, distância percorrida, qualidade do sono, entre muitas outras funcionalidades. Por essa razão, esses mecanismos vêm adquirindo destaque na área da saúde e já são aplicados em estudos médicos e em tratamentos. ATENCAO Outra importante fonte de educação baseada em evidências é a interface do usuário a partir de voz mediada por telefone (VUI), que proporciona bem- estar aos pacientes, uma vez que os mantêm informados sobre seus tratamentos e dúvidas, depois que sai do hospital ou consultório. Ainda é capaz de avisar aos pacientes sobre suas consultas, exames e ajudar a prepará-los para qualquer procedimento médico, com o intuito de levar informações e maior tranquilidade, além de garantir que estejam em boa recuperação após cirurgia. Portanto, acolhe o paciente fora do ambiente clínico, sendo capaz ajudar na promoção da saúde. Quanto à inovação no cuidado ao paciente, de acordo com a Revista Brasileira de Educação médica, a inteligência artificial analisa os dados disponíveis em plataformas como o nascimento, mortalidade, hospitalizações, doenças de notificação compulsória, populações em risco e prontuários eletrônicos. Também, busca indicar a prevalência e a evolução das enfermidades, pressupondo os surtos e indicando medidas preventivas e terapêuticas. Por isso, pacientes portadores de doenças crônicas podem ser inseridos no programa para auxiliar no controle da patologia e assim ter resultado positivos no desfecho clínico. Essa ferramenta que traz inovações na saúde reduz custos para o sistema, evita reinternações e otimiza o tempo dos médicos assistentes, o que não o substitui. A inovação no sistema de saúde no Brasil apresenta plataformas conectando os médicos especialistas aos pacientes por meio de tecnologia de ponta. Com isso, há a garantia de acesso a diversos especialistas sem sair de casa e auxilia um médico a se comunicar com outros profissionais, para trocar conhecimentos sobre determinado diagnóstico. Uma forma de gestão estratégica que vem sendo implementada e permite a organização de dados e informações é o prontuário eletrônico do paciente, um instrumento que tem como objetivo agilizar o atendimento, economizar custos e tempo, comunicação mais rápida, mediante o compartilhamento de dados sobre determinado paciente, a fim de prestar uma assistência ideal e individual. Portanto, implantar uma forma mais eficiente de gestão, que otimize o preenchimento de papéis e facilite o atendimento, tendo como preocupação a humanização, é a proposta para as novas tecnologias. TÓPICO 1 — O QUE É INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE? 141 O vídeo indicado, a seguir, apresenta três tecnologias em saúde muito utilizadas atualmente. Acesse: https://youtu.be/GM84blp4KT0. DICAS QUAL É A IMPORTÂNCIA DA TELEMEDICINA E COMO ESSA PRÁTICA ATUA NOS DIAS DE HOJE? A tecnologia trouxe inúmeros benefícios para todos os níveis de atenção à saúde e isso não se resume somente a novos tratamentos, a curas ou a equipamentos. Afinal, a telemedicina engloba toda a parte de atendimento médico, porém, de uma forma on-line e mais prática, como a realização de diagnósticos a distância, por exemplo. Isso facilita a agilidade do atendimento, tanto para o profissional, como para o paciente, além de outras vantagens, como economias de custo e tempo, comunicação mais ágil e segura etc. Isso impacta também, em especial, dentro da saúde ocupacional, ou seja, dentro das organizações que prezam pelo bem-estar de seus colaboradores. Afi- nal, com a telemedicina, a empresa pode cumprir com suas responsabilidades em relação à saúde dos funcionários, de uma forma prática, moderna e econômica. Mas, afinal, quais são os principais mitos sobre a telemedicina no Brasil? Apesar de todas as vantagens e os benefícios, essa prática ainda é desconheci- da por muitos aqui no país, bem diferente do que já acontece na Europa e nos EUA, por exemplo, onde esse conceito é amplamente difundido. Por aqui, além do desconheci- mento, há ainda alguns mitos sobre a telemedicina que precisam ser esclarecidos. Por isso, confira as dicas a seguir: 1. A telemedicina só funciona lá fora Um dos maiores mitos sobre a telemedicina é achar que a prática é coisa de país europeu ou de americanos. Puro engano! No Brasil, já há clínicas, profissionais e platafor- mas conectando médicos, pacientes e empresas com tecnologia de ponta e, inclusive, digna de qualquer país de primeiro mundo. Com isso, independentemente da localização de sua empresa ou de seus funcionários, todo o território nacional fica coberto pelo aten- dimento pelo sistema. 2. A telemedicina é um campo aindarestrito Outro engano muito comum tem relação com a amplitude da telemedicina. Ou seja, muita gente acredita que a prática é limitada apenas às áreas mais simples da medici- na convencional. No entanto, isso é mais um mito! Hoje, a prática já é utilizada em diversos setores da saúde, como cardiologia, neurologia, radiologia, enfermagem, oncologia, oftalmologia, INTERESSA NTE https://youtu.be/GM84blp4KT0 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE 142 entre outras infinitas especializações. A tecnologia da informação e as telecomunicações permitem, cada vez mais, a abrangência da telemedicina em praticamente todas as áreas da saúde. 3. A telemedicina não é confiável É normal que mudanças de comportamento e de práticas convencionais gerem um pouco de desconfiança nas pessoas. Porém, podemos garantir que esse é um dos principais motivos para gerar os mitos sobre a telemedicina. Trata-se de uma tendência mundial e, indiscutivelmente, a tecnologia permitiu benefícios incomparáveis e mais con- fiáveis, até mesmo, que os atendimentos médicos padrões. Quer um exemplo prático? Em uma plataforma de telemedicina, um médico pode se comunicar e trocar conhecimentos com outros profissionais, de forma on-line e rápida, sobre um diagnósti- co. Ou seja, o paciente tem o suporte de diferentes médicos sobre o seu caso e, assim, garante informações mais precisas e confiáveis, além de outras inúmeras vantagens que a tecnologia proporciona. 4. A telemedicina é cara Quase sempre, temos uma ideia errada de que a tecnologia encarece os serviços. Muito pelo contrário! A telemedicina promove economias incomparáveis às empresas e pacientes. Isso não se limita somente a valores financeiros, mas também à economia de tempo. Imagine, por exemplo, que todos os seus colaboradores passem por exames médicos e, depois, precisem buscar seus diagnósticos. Resumindo, suas atividades preci- sariam ser interrompidas e demandariam tempo de locomoção e custos com transportes. Com a telemedicina, nada disso é preciso. Afinal, por meio de uma plataforma on-line, a empresa recebe todos os resultados de forma digital e os funcionários mantêm suas rotinas normalmente. FONTE: Adaptado de <https://blog.conexasaude.com.br/mitos-sobre-a-telemedicina-e- -suas-verdades/>. Acesso em: 27 nov. 2020. https://blog.conexasaude.com.br/mitos-sobre-a-telemedicina-e-suas-verdades/ https://blog.conexasaude.com.br/mitos-sobre-a-telemedicina-e-suas-verdades/ 143 Neste tópico, você aprendeu que: • A inovação em saúde é um campo em crescente destaque, tendo sua importância relacionada a melhorias nas condições de bem-estar da população e, por ser um setor intensivo em pesquisa e desenvolvimento (P&D), é associada com a inserção competitiva internacional, pontuando uma gama de interesses que dinamizam sua agenda. • A inovação na área da saúde pode ocorrer de dois tipos: radical e incremental. • A inovação radical: se caracteriza pelo desenvolvimento e introdução de um novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente nova; pode representar uma ruptura estrutural com o padrão tecnológico anterior; inicia um novo paradigma ou rota tecnológica. • A inovação incremental: corresponde à introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou organização da produção, sem necessariamente alterar a estrutura; pode ser imperceptível para o consumidor, traz mudanças que possibilitam a ampliação das aplicações de um produto ou processo. • Com tantas transformações e evoluções constantes, é preciso adaptação e conhecimentos relativos ao funcionamento das novas tecnologias. Para tanto, temos áreas distintas de aplicação da inovação na área da saúde, tais como: produtos, em informação, cuidado ao paciente e no sistema de saúde. • O planejamento da inovação em saúde é a primeira etapa para sua implementação, para tanto, o ato de planejar envolve pelo menos cinco processos imprescindíveis para a otimização dos resultados esperados. • O alinhamento com a estratégia, corresponde a etapa inicial, em que a empresa analisa a sua estratégia e identifica quais temas devem direcionar a criação de ideias inovadoras. • A etapa da ideação, por meio dos temas estratégicos, os colaboradores são incentivados a enviar ideias inovadoras para solucionar os desafios da empresa. • Na conceituação, as ideias produzidas na ideação serão avaliadas e melhoradas a fim de que se tornem viáveis para implantação. RESUMO DO TÓPICO 1 144 • A decisão em ir ou não ir em frente corresponde ao momento da definição de quais ideias têm melhores chances de sucesso e quais deverão ser lançadas ou não. • A implantação, que é quando o conceito é aprovado, é lançado no mercado e a ideia ganha forma. 145 1 A inovação em saúde abrange todas as áreas desse segmento, envolvendo a criação de medicamentos, serviços e sistemas de informação que venham a atender a demanda atual. Entre as assertivas a seguir, encontramos uma que apresenta as diferentes áreas aplicadas à inovação da saúde atualmente. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Inovação incremental; inovação radical; inovação de produtos; inovação em serviços. b) ( ) Inovação de produtos; inovação de cuidados ao paciente; inovação em informação; inovação no sistema de saúde. c) ( ) Inovação de cuidados ao paciente; inovação em informação; inovação radical; alinhamento com a estratégia. d) ( ) Inovação no sistema de saúde; inovação radical, inovação incremental, inovação de produtos. e) ( ) Inovação de produtos; inovação de cuidados ao paciente; inovação no sistema de saúde; inovação radical. 2 O planejamento da inovação em saúde é a primeira etapa para sua implementação, para tanto, o ato de planejar envolve pelo menos cinco processos imprescindíveis para a otimização dos resultados esperados. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Alinhamento com a estratégia, ideação, conceituação, ir ou não ir em frente, implantação. b) ( ) Planejamento estratégico, ideação, contabilidade, ir em frente, implantação. c) ( ) Conceituação, ideação, ir ou não ir em frente, implantação, alinhamento com a estratégia. d) ( ) Alinhamento com a estratégia, ideação, ir ou não ir em frente, conceituação, implantação. e) ( ) Alinhamento com a estratégia, conceituação, ideação, ir ou não ir em frente, implantação. 3 A inovação em saúde é um campo em crescente destaque, tendo sua importância relacionada a melhorias nas condições de bem-estar da população, podendo ocorrer de dois tipos: radical e incremental. Sobre a inovação incremental, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) É a introdução de um novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente nova; pode representar uma ruptura estrutural com o padrão tecnológico anterior; inicia um novo paradigma ou rota tecnológica. AUTOATIVIDADE 146 b) ( ) Analisa a sua estratégia e identifica quais temas devem direcionar a criação de ideias inovadoras. c) ( ) Os colaboradores são incentivados a enviar ideias inovadoras para solucionar os desafios da empresa. d) ( ) Corresponde à definição de quais ideias têm melhores chances de sucesso e quais deverão ser lançadas ou não. e) ( ) Corresponde à introdução de qualquer tipo de melhoria em um pro- duto, processo ou organização da produção, sem necessariamente alterar a estrutura; pode ser imperceptível para o consumidor, traz mudanças que possibilitam a ampliação das aplicações de um pro- duto ou processo. 4 A inovação em saúde pode ocorrer de dois tipos: radical e incremental. Descreva o que é a inovação em saúde e caracterize a inovação radical e incremental. 5 O planejamento da inovação em saúde envolve pelo menos cinco processos imprescindíveis para a otimização dos resultados esperados. Cite e explique os processos que devem ser considerados nesse tipo de planejamento. 6 Com tantas transformações e evoluções tecnológicas é preciso acompanhar, seadaptar e conhecer o funcionamento das novas tecnologias. Para tanto, envolvem-se áreas distintas de aplicação da inovação na área da saúde. Quais são as áreas distintas de aplicação da inovação na área da saúde? 147 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO No Tópico 2 abordaremos a Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PCTIS), apresentando seus princípios, diretrizes, eixos condutores, estratégias de sustentação e o fortalecimento do esforço nacional em ciência, tecnologia e inovação em saúde, a criação do sistema nacional de inovação em saúde, a construção da agenda nacional de prioridades de pesquisa em saúde, a busca pela superação das desigualdades regionais, o aprimoramento da capacidade regulatória, a difusão dos avanços científicos e tecnológicos e a formação e capacitação de recursos humanos, e por fim modelo de gestão. No subtópico 2 retomaremos também sobre os princípios norteadores do SUS como forma de o relacionarmos à Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, estando intrinsecamente ligados e instituídos um com o outro, através de princípios, eixos norteadores, objetivos e agendas. Para finalizar, no subtópico 3, traremos a análise da Política Nacional de Gestão de Tecnologia em Saúde em consonância com o SUS, instituída em 2010, atualizando e regulamentando a inovação e a tecnologia no sistema de saúde. 2 CONHECENDO A POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE Na busca de atender aos princípios regulamentados da Inovação e da Tecnologia em Saúde, foi implementada a Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS) como parte complementar da Política Nacional de Saúde. A política foi elaborada norteando-se pelos princípios, objetivos e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), considerando-se o exposto no artigo 200, inciso V, da Constituição Federal que estabelece as competências do SUS, inclusive quanto ao crescimento de programas de desenvolvimento científico e tecnológico em cada área de atuação (BRASIL, 2005). Como observado na Unidade 1, o SUS norteia-se em três princípios básicos, constitucionalmente garantidos, sendo eles: a universalidade, a integralidade e a equidade. Na PNCTIS, todos os programas, pesquisas e inovações devem pautar- se também nesses princípios. TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE 148 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE Especificamente na área da ciência e da tecnologia, esses princípios devem ser aplicados de forma que correspondam a esse compromisso tanto na esfera política quanto ética, direcionando a produção com a apropriação de conhecimentos e tecnologias contribuidoras para reduzir as desigualdades sociais em saúde, em conformidade com o controle social. Nesse cenário, a PNCTIS objetiva “Desenvolver e otimizar os processos de produção e absorção de conhecimento científico e tecnológico pelos sistemas, serviços e instituições de saúde, centros de formação de recursos humanos, empresas do setor produtivo e demais segmentos da sociedade” (PNCTIS, 2005, p. 12). Dessa forma, a municipalização, regionalização e hierarquização, enquanto princípios organizacionais que regem o SUS, em alguns casos, não poderão ser adotados de forma automática no modelo de sistema de ciência, tecnologia e inovação em saúde (CTI/S), porém, na medida do possível, devam ser considerados (Figura 3), especialmente como ponto de partida, voltando-se para a realidade atual em que as tecnologias e inovações serão aplicadas. FIGURA 3 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO SUS FONTE: PNCTIS (2005, p. 6) Nesse viés, a produção de conhecimento científico e tecnológico assume características próprias, diferenciando-se dos demais meios de produções de serviços e produção em saúde, requerendo investimento e aperfeiçoamento TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE 149 constante, visando à incorporação de tecnologias. Para atender aos seus objetivos, foram instituídos princípios norteadores que se encontram apresentados na figura 4. FIGURA 4 – PRINCÍPIOS NORTEADORES DA PNCTIS FONTE: PNCTIS (2005, p. 7) Como visto anteriormente, na Figura 4, a PNCTIS, como as demais Políticas Públicas, norteiam-se por princípios, diretrizes e objetivos, interligados entre si. Definindo-se então os princípios básicos, acerca: do respeito à vida e à dignidade das pessoas, da melhoria da saúde da população brasileira, da busca da equidade em saúde, da inclusão e controle social, do respeito à pluralidade filosófica e metodológica. A seguir, apresentaremos as características que cada um deles traz em seu bojo, e que são relevantes para a PNCTIS. O respeito à vida e à dignidade das pessoas: fundamenta-se basicamente na ética da PNCTIS. Assim, no decorrer das Pesquisas em Saúde, em todas as suas etapas, devem ser observados alguns critérios que não violem esse princípio, devendo ser acompanhadas e realizados os registros de todos os avanços alcançados no âmbito da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) do Conselho Nacional de Saúde (CNS), conjuntamente com os Comitês Institucionais de Ética em Pesquisa (CEPs). 150 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE Para tanto, devem ser instituídos pela PNCTIS os mecanismos que irão assegurar que os padrões éticos sejam cumpridos em todo território nacional, tanto deve abranger empresas públicas e privadas, nacionais e internacionais, objetivando a garantia da segurança e dignidade dos sujeitos de pesquisa, conforme apresentado na Resolução CNS 466/2012, bem como das normas complementares. Da mesma forma, deve estimular a criação e o fortalecimento dos comitês locais de ética em pesquisa, aprimorando constantemente os sistemas de revisão e aprovação ética, especialmente quando envolvem pesquisas com seres humanos. Em todo o processo de pesquisa, assumem-se as responsabilidades aos possíveis danos à saúde dos indivíduos envolvidos, independentemente da representação de riscos mínimos, devendo ser exigida, e fortalecida com controle social nos diversos comitês de ética em pesquisa. Pluralidade: compreende a abertura da PNCTIS para a abrangência de todas as abordagens filosóficas e metodológicas voltadas para o avanço do conhecimento, bem como ao atendimento das demandas relacionadas aos problemas científicos e tecnológicos. Da mesma forma, deve considerar de forma equitativa e igualitária a valorização de todas as áreas do conhecimento da saúde, contemplando-se as respectivas definições de validade e rigor metodológico. Inclusão e controle social: compreende a inclusão do cidadão na comuni- dade científica, através da garantia do acesso à da educação científica, tecnológica e cultural de acordo com a realidade atual, bem como com os desafios futuros, respeitando e valorizando o saber local e cultural. Melhoria da saúde da população brasileira: deve ser considerada através da elaboração de programas estratégicos que possibilitem a melhoria da qualida- de de vida do cidadão, o respeito ao meio ambiente, e a sustentabilidade garan- tindo assim, o futuro das novas gerações. Equidade: envolve o comprometimento em superar todas as desigualda- des e discriminações, indiferentemente da forma ou tipo (regionais, sociais, étni- cas e de gênero e outras) devendo ser orientadora de todos os aspectos, escolhas e prioridades. Para tanto, os princípios norteadores são formados por eixos condutores que se articulam entre si, conforme expressados na Figura 5. TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE 151 FIGURA 5 – EIXOS CONDUTORES DA PNCTIS FONTE: Os autores (2020) Extensividade – capacidade de intervir nos vários pontos da cadeia do conhecimento. Inclui toda pesquisa que visa ao avanço do conhecimento, seja aquele de aplicação imediata ou não. Inclui, portanto, além da produção de conhecimentos, as pesquisas voltadas para o desenvolvimento tecnológico e a inovação; a avaliação tecnológica, pesquisa clínica, pesquisas sobre padrões de usoe relação custo/benefício para diversos tipos de tecnologia em saúde, dentre outras. Inclusividade – inserção dos produtores, financiadores e usuários da produção técnico-científica. Refere-se à participação de instituições e de atores envolvidos nas ações de CTI/S. nesse eixo condutor, a PNCTIS. Deve induzir, apoiar e promover a produção desenvolvida pelas instituições de ensino superior, institutos de pesquisa, serviços de saúde, empresas do setor produtivo, organizações não-governamentais e parcerias públicas e privadas, abertas ao controle social. Além de considerar os produtores de conhecimentos técnico-científicos, a PNCTIS deve incluir as instituições envolvidas no financiamento, na distribuição e no uso das informações técnico-científicas, a saber, os gestores públicos da pesquisa científica e da política de saúde, das demais políticas públicas, os empresários do setor produtivo e representantes da sociedade civil organizada responsáveis pelo controle social (BRASIL, 2005, p. 19). Seletividade – capacidade de indução. Refere-se à necessidade de aumentar a capacidade indutora do sistema de fomento científico e tecnológico. Ou seja, busca direcionar o fomento com base numa escolha de prioridades, em 152 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE processo que permita ampla participação de pesquisadores, usuários, profissionais de saúde e demais atores, conforme a Política Nacional de Saúde. Complementaridade entre as lógicas da indução e espontaneidade: pautando-se na necessidade de sustentar a Pesquisa em Saúde relacionada com lógicas complementares, envolvendo a capacidade indutiva de pesquisa com o atendimento da demanda existente. Deve-se ainda considerar a preservação da criatividade atrelada à atividade científica, sem desconectar-se das necessidades de pesquisa e desenvolvimento próprias em vigência no País, sendo assegurado assim, benefícios a toda a população. Competitividade: envolve a seleção de projetos técnicos e científicos. Esse eixo condutor deverá orientar o desenvolvimento de ações fomentadas no âmbito da PNCTIS. A competição é um processo básico quando existem diferentes projetos, e deve garantir a transparência e a elegibilidade dos critérios de financiamento, e as escolhas serem realizadas pautando-se na racionalidade científica, relacionada às prioridades definidas previamente em agenda, no âmbito da PNCTIS. Méritos científico, tecnológico e ético, relativos à qualidade dos proje- tos: esses requisitos são fundamentais como forma de garantir a alta qualidade das ações de P&D em CTI/S financiadas, sendo impreterivelmente avaliadas com base em critérios e indicadores definidos anteriormente, considerando-se a trans- parência, a qualidade dos serviços e a acessibilidade das informações geradas. Relevância social, sanitária e econômica – esses aspectos envolvem e remetem ao caráter de utilidade dos conhecimentos que são produzidos. Nesse viés, as pesquisas, estudos e conhecimentos produzidos devem ser realizados considerando a realidade e a demanda social, atendendo aos problemas prioritários da saúde, sendo esse o principal alvo ciência e tecnologias. Responsabilidade da gestora com regulação governamental – envolve a transparência e a respeito com normas regimentais de aplicação de verbas públicas, sendo estabelecida a possibilidade de punição rigorosa e ressarcimento de eventuais prejuízos à população. Presença do controle social – nos conselhos locais, distritais, municipais, estaduais e nacional, deve ter participação ativa no acompanhamento da aplicação e na utilização dos recursos públicos na Pesquisa em Saúde. Associadas aos objetivos e aos eixos condutores, foram criadas as estratégias da PNCTIS, que se caracterizam como um conjunto de tarefas fundamentais e articuladas, que visam: Superar o atraso do nosso parque tecnológico, para atender as necessidades atuais e antecipar as necessidades futuras, através da elevação de uma conscientização política e social, pautadas no desenvolvimento e autonomia de um Estado democrático, inovador, TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE 153 gerador de altas tecnologias, com avanços industriais e indutor de conhecimento (BRASIL, 2005, p. 21). Como estratégias, observaremos na figura 6, o conjunto das mesmas, elaboradas como forma de contemplar aos objetivos e eixos condutores. FIGURA 6 – ESTRATÉGIAS DA PNCTIS FONTE: PNCTIS (2005, p. 9) Portanto, de maneira geral, o planejamento das estratégias deve estar pautado na sustentabilidade, na ética e no respeito ao meio ambiente. Devendo ser garantidas e asseguradas as oportunidades, a universalização dos direitos básicos objetivando a dignidade do seu povo. A elaboração das agendas, embasadas na PNCTIS (2005), ocorre em um processo permanentemente, contemplando tanto na elaboração, quanto na implementação, a participação social de forma organizada, partindo-se das demandas de base local (municipal), articuladas com os conselhos de saúde e demais atores, estendendo-se posteriormente para as esferas estadual e nacional. Assim, o desenvolvimento das agendas locais, deverá voltar-se para o esforço de investigação, adiantando-se às necessidades de novos conhecimentos exigidos pela transformação constante do mundo atual. Porém, é preciso considerar que mesmo que a agenda, seja baseada nas necessidades de saúde da população, não será construída extremamente idêntica a ela, sendo possível, ainda, a criação de subagendas norteadas nas políticas públicas a partir de um eixo central (Figura 7). 154 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE FIGURA 7 – SUBAGENDAS DE PESQUISAS EM SAÚDE FONTE: PNCTIS (2005, p. 10) Por um lado, o atendimento às necessidades de saúde nem sempre depende da Pesquisa em Saúde e, por outro, nem sempre há, no campo do saber e das práticas científicas e tecnológicas, conceitos, métodos ou ferramentas adequadas para o atendimento das necessidades por meio da pesquisa. Assim, é preciso que exista uma consonância e articulação entre a agenda e as subagendas de acordo com os enfrentamentos das dificuldades em saúde, especialmente aquelas que atingem populações mais vulneráveis. TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE 155 O aprimoramento da capacidade regulatória deve ser garantido por meio da formação de redes com a participação de órgãos executivos e legislativos regulatórios, dos centros de investigação científica e de desenvolvimento tecnológico, dos hospitais de ensino e de outras instituições assistenciais públicas e de organizações voltadas para o controle social. Com relação às estratégias para democratização das informações em CTI/S, recomenda-se a partir da PNCTIS: a) criar mecanismos locais de socialização dos conhecimentos científicos e tecnológicos, voltados para os trabalhadores da saúde e para a sociedade civil organizada, como forma de promover a cidadania, tais como acesso à biblioteca técnica e científica nos municípios; atividades na rede de ensino público, nas unidades de saúde e nos centros comunitários; fóruns, seminários, feiras de ciências, inclusive conferências e oficinas temáticas; museus e centros de ciências e centros de integração ciência e cultura, e acesso a material informativo sobre o tema; b) incentivar a criação de bibliotecas nas secretarias de saúde, com acesso a periódicos científicos, documentos técnico-científicos e infraestrutura com computadores e acesso à internet, abertas à sociedade e adequadas às atividades de estudos, pesquisa e inovação em saúde. A consulta aos bancos e bibliotecas virtuais deve ser estimulada mediante esclarecimento e apoio ao usuário; c) estimular a implantação de fóruns de debate para difusão dos resultados de pesquisas que envolvam riscos à saúde, relacionadas à exposição, à irradiação e à produção de medicamentos, de alimentos, inclusive transgênicos, de cosméticos, de materiais de consumo humano, de inseticidas e de agrotóxicosque possam causar danos à saúde; d) garantir espaço nos meios de comunicação, por meio da publicação de relatórios, revistas, artigos, manuais e outros meios de disseminação da informação de interesse para a gestão do SUS, em linguagem clara e acessível à população, além de adequada aos portadores de necessidades especiais; O Ministério da Saúde deve liderar o processo de construção da Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde, em virtude do seu papel estratégico no ordenamento do esforço nacional de Pesquisa em Saúde, assegurando a contribuição de todos os segmentos sociais e de todos os atores políticos e institucionais envolvidos com a consolidação do SUS e da reforma do setor Saúde no Brasil (BRASIL, 2005). ATENCAO 156 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE e) divulgar de forma ampla e diversificada os recursos para investimento em projetos de pesquisa, de capacitação, os resultados obtidos e outros, por intermédio dos polos de educação permanente de saúde, das fundações de amparo à pesquisa e de outras entidades; f) estabelecer programa de inclusão digital para a população, a serviço da difusão do conhecimento e do bem-estar; g) estimular a criação de novos mecanismos de escuta e de participação (observatórios, consultas populares ou conferências de consenso) com vistas à efetiva integração dos cidadãos no processo de formulação e de implementação das políticas de ciência, tecnologia e inovação; j) criar núcleos e fóruns de divulgação e de popularização da ciência e tecnologia em saúde (BRASIL, 2005, p. 32). Nesse cenário, evidencia-se na ampliação da formação e capacitação dos recursos humanos como uma alternativa primordial para o atendimento das estratégias citadas, seja na forma de cursos de pós-graduação, lato sensu e stricto sensu, é uma estratégia essencial para: • O fortalecimento dos grupos de pesquisa existentes. • Aprimoramento da capacidade regulatória das instituições. • Implementação da avaliação de tecnologias em saúde. • Desenvolvimento da produção e do uso do conhecimento científico e tecnológico nos programas, ações e serviços de saúde. • Aperfeiçoamento dos gestores das CTI/S e demandas que envolvem o encaminhamento dessa política, voltadas para atender aos problemas sanitários da população brasileira e dos sistemas e serviços de saúde (BRASIL, 2005). Nesse cenário, o Estado e os gestores envolvidos no setor da saúde, terão autonomia para o desenvolvimento de um modelo de gestão que esteja articulado com os propósitos da PNCTIS. 3 POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE A Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (PNGTS) é o instrumento norteador para os atores envolvidos na gestão dos processos de avaliação, incorporação, difusão, gerenciamento da utilização e retirada de tecnologias no Sistema (BRASIL, 2010). Neste sentido, esta Política vai orientar os diferentes atores do sistema de saúde na decisão sobre as atividades relacionadas à avaliação, incorporação, utilização, difusão e retirada de tecnologias no sistema de saúde. Para tanto, tem como objetivo geral maximizar os benefícios de saúde a serem obtidos com os recursos disponíveis, assegurando o acesso da população a tecnologias efetivas e seguras, em condições de equidade. Na Figura 8 são observados os objetivos específicos que norteiam a PNGTS (2010). TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE 157 FIGURA 8 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PNGTS FONTE: Adaptado de PNCTS (2010). Essa política foi elaborada seguindo os princípios da Política Nacional de Saúde e da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (instituída em 2005), sobretudo, no que se refere ao aprimoramento da capacidade regulatória do Estado. A estratégia desse instrumento norteador baseia-se na ampliação da produção de conhecimentos científicos, como forma de subsidiar os gestores na tomada de decisão quanto à incorporação e retirada de tecnologias no sistema de saúde. A Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde tem o propósito de garantir que tecnologias seguras e eficazes sejam usadas apropriadamente. Ou seja, não é suficiente saber que o uso de uma tecnologia traz benefício, é necessário também planejar e assegurar que os recursos financeiros destinados à saúde pública sejam utilizados sem prejuízo da equidade e dos princípios de universalidade e integralidade do SUS. Na articulação da PNGTS, os princípios norteadores dispõem que gestão de tecnologias deve utilizar as evidências científicas e considerar os seguintes atributos: segurança, eficácia, efetividade, eficiência e impactos econômicos, éticos, sociais e ambientais da tecnologia em questão. A produção e a difusão de informações relativas à avaliação de tecnologias deverão levar em conta o tipo de análise, o público-alvo, a linguagem adequada, o tempo disponível e a transparência, além de explicitar os eventuais conflitos de interesse. Os processos de avaliação promovidos e as decisões de incorporação tomadas pelos gestores de saúde devem ocorrer de modo crítico, permanente 158 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE e independente. O processo de incorporação de tecnologias no sistema deve envolver diferentes atores da sociedade, adotar o Princípio da Precaução e considerar a universalidade do acesso, a equidade e a sustentabilidade das tecnologias. O conhecimento sobre as tecnologias efetivas e seguras na atenção à saúde deve ser disseminado de forma transparente e contínua aos profissionais de saúde e à população. A ética em pesquisa envolvendo seres humanos será considerada para comprovação de boas práticas no processo de avaliação de tecnologias. Os aspectos bioéticos envolvidos na garantia da equidade e da aplicação de recursos públicos serão analisados para incorporação tecnológica no sistema de saúde. O processo de incorporação de tecnologias no sistema deve incluir atores representativos dos interesses da sociedade. 4 ANALISANDO A POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE E O SUS A Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde encontra-se alicerçada em três pilares de planejamento para uma agenda de desenvolvimento em saúde: O Sistema Único de Saúde, a base produtiva de bens e serviços de saúde e a capacidade instalada de ciência, tecnologia e inovação em saúde. Como visto anteriormente, o SUS tem sua missão nessa proposta voltada para pensar e agir sobre a política de C&T em saúde. Dessa forma, é possível considerar que o marco inaugural da nova fase da relação entre o SUS e a pesquisa em saúde ocorreu na 1ª Conferência de Ciência e Tecnologia em Saúde, realizada em 1994 e idealizada pelo Conselho Nacional de Saúde e Ministério da Saúde, da Ciência e Tecnologia e da Educação. No evento citado, ficou resolvido que a política de C&T em saúde representava um componente da política nacional de saúde, como também, partindo do caráter institucional, ficou determinada a criação de uma secretaria de ciência e tecnologia no Ministério da Saúde. No entanto, essa criação se efetivou dez anos mais tarde, em 2003. A resolução de uma política voltada diretamente para o campo da Ciência e Tecnologia em Saúde surgiu em 2004, no decorrer da 2ª Conferência, também Conheça o documento na íntegra: BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. DICAS TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE 159 em Brasília, que também definiu a necessidade de elaboração de uma agenda de prioridades de pesquisa. A partir desse marco, instituiu-se que uma política de pesquisa para a saúde no âmbito do SUS deveria envolver todos os seus componentes, tais como: a biomédica, a clínica, a epidemiológica, e, respectivamente, as originárias no campo das ciências sociais, incluindo a política, o planejamento e a gestão em saúde, em toda sua subjetividade e características. Desse modo, passou-se avislumbrar que o desafio lançado não deveria delimitar esforços para a criação científica e tecnológica quanto às necessidades operacionais imediatas dos gestores do SUS, devendo ser seguidas e colocadas em prática em cada território de saúde, especialmente no cenário em que é observado mundialmente a aproximação espacial e temporal dos resultados de pesquisa com a resolutividade dos problemas de saúde. Partindo dessas considerações, a abordagem remete à demanda da aproximação mais efetiva com órgãos de gestores do SUS, pois são responsáveis por cerca de 30% do mercado de medicamentos, 90% do mercado de vacinas, 50% do mercado de equipamentos de saúde e 100% dos serviços prestados a todos os brasileiros, por meio de mandato constitucional, para formulação e fomento da pesquisa para a saúde no país. Nesse viés, a saúde humana, entre todas as demais áreas e setores que envolvem o setor público, possui o maior número de programas, de acadêmicos e de docentes em programas de Pós-Graduação, e, respectivamente, maior quantidade de pesquisadores envolvidos com linhas e projetos de pesquisa na área, de acordo com os dados disponíveis no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). No entanto, apesar da entrada em vigor da PNCTI ter ocorrido apenas em 2003, o Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT) desde 2000 vem prestando serviços de ponta no cenário de desenvolvimento da pesquisa em saúde. Nesse processo, pode-se destacar as parcerias de cogestão, por exemplo, o caso do cofinanciamento de programas e projetos de pesquisa realizadas com as Foi em 2004, na 2ª Conferência de Ciência e Tecnologia em Saúde, que foram definidos os três vetores de uma política de pesquisa em saúde para o SUS: (1) as transições saúde-doença (promoção, prevenção, cura, reabilitação), aí incluídos os mecanismos básicos, individuais e coletivos, que as determinam; (2) os sistemas e as políticas de saúde; (3) a intersetorialidade na saúde e as relações entre saúde, sociedade e desenvolvimento. INTERESSA NTE 160 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE agências de fomento e outros componentes organizacionais já existentes no MS, MCTIC e MEC, no Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e no Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti). Da mesma forma, citam-se Inúmeras iniciativas lideradas pelo DECIT, como o programa “Pesquisa para o SUS”, que tem a proposta de expansão e regularização. No entanto, observa-se a necessidade de o DECIT ser reforçado em termos de pessoal e financeiro como forma de viabilizar a continuidade de suas tarefas. Cumpre destacar ainda o importante papel da FIOCRUZ na construção e no desenvolvimento da política de pesquisa no âmbito do SUS. Especialmente no campo da pesquisa biomédica, tem sido observado que um dos principais desafios atuais é a dificuldade de traduzir a complexidade de enfermidades, que com maior intensidade tem se colocado como responsáveis pela imensa carga de doenças, as denominadas doenças crônicas não-transmissíveis, em todo o mundo. Paralelo a isso, ficou resolvido também que a política de pesquisa precisa voltar-se para as enfermidades que atingem a população mais vulnerável, ou seja, aquelas incidentes em populações negligenciadas, tais como: dengue, anemias, infecções sexualmente transmissíveis e aquelas relacionadas à falta de saneamento básico. Na área epidemiológica, deve garantir a sustentabilidade das grandes coortes epidemiológicas que já existem, como também daquelas que vierem a ser implantadas. Nesse cenário, o grande desafio volta-se para a utilização na pesquisa de informações contidas em prontuários e outros dispositivos de cuidado à saúde como fonte de dados, objeto de recente regulamentação legal, especialmente nos Sistemas de Informações em Saúde, tal como visto na Unidade 1. O eminente desafio consiste na garantia do aperfeiçoamento de tecnologias efetivas e eficazes que garantam a qualidade das informações das bases de dados em consonância com os requisitos de pesquisa científica, bem como no controle ético-legal que beneficie a ciência sem colocar em risco os direitos individuais da cidadania. Para conhecer a realidade das doenças crônicas não-transmissíveis e os desafios impostos na área da saúde para o tratamento delas, acesse o link e assista ao documentário: Doenças Crônicas Não Transmissíveis - Sala de Convidados. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SRN9seylxPE. DICAS https://www.youtube.com/watch?v=SRN9seylxPE TÓPICO 2 — POLÍTICA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE 161 De acordo com Guimarães et al. (2019), em busca da garantia de acesso e, respectivamente, da cidadania, a incorporação nos programas de dimensões sociais que antes não eram considerados torna-se pertinente. Gênero, etnia e outras eventuais dimensões identitárias estão se articulando cada vez mais em bases mais assentadas, como classe social e religião, para uma melhor compreensão do fenômeno social. Os estudiosos da determinação social da saúde e da doença consideram essas aquisições essenciais e sua presença tem se desenvolvido na área de pesquisa social em saúde. As estruturas para a revisão ética montadas sob a égide do Conselho Nacional de Saúde – o sistema CEPs/CONEP – vêm cumprindo um importante papel na mitigação desses riscos e a garantia de sua preservação é um item importante da agenda da pesquisa em saúde. 162 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A PNCTIS tem como objetivo desenvolver e otimizar os processos de produção e absorção de conhecimento científico e tecnológico pelos sistemas, serviços e instituições de saúde, centros de formação de recursos humanos, empresas do setor produtivo e demais segmentos da sociedade. • Os princípios norteadores das PNCTIS são o respeito à vida e à dignidade das pessoas, a melhoria da saúde da população brasileira, a busca da equidade em saúde, inclusão e controle social, respeito à pluralidade filosófica e metodológica. • Em consonância com esses princípios foram criados eixos condutores relacionados a cada um deles, tais como: extensividade; inclusividade; seletividade; complementaridade entre as lógicas da indução e espontaneidade; competitividade; mérito relativo à qualidade dos projetos; relevância social, sanitária e econômica; responsabilidade gestora com regulação governamental; presença do controle social. • A respeito das PNCTIS, você conheceu que suas principais estratégias são: a) sustentação e fortalecimento do esforço nacional em ciência, tecnologia e inovação em saúde; b) criação do sistema nacional de inovação em saúde; c) construção da agenda nacional de prioridades de pesquisa em saúde; d) criação de mecanismos para superação das desigualdades regionais; e) aprimoramento da capacidade regulatória do Estado e criação de rede nacional de avaliação tecnológica; f) difusão dos avanços científicos e tecnológicos; g) formação, capacitação e absorção de recursos humanos no sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação em saúde, incentivando a produção científica e tecnológica em todas as regiões do País, considerando as características e as questões culturais regionais; h) participação e fortalecimento do controle social. • Na Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (PNGTS), você identificou como um instrumento norteador para os atores envolvidos na gestão dos processos de avaliação, incorporação, difusão, gerenciamento da utilização e retirada de tecnologias no Sistema. Essa política foi elaborada seguindo os princípios da Política Nacional de Saúde e da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (instituída em 2005), sobretudo, no que se refere ao aprimoramento da capacidade regulatória do Estado. • A estratégia desse instrumento norteador baseia-se na ampliação da produção de conhecimentos científicos, como forma de subsidiar os gestores na tomadade decisão quanto à incorporação e retirada de tecnologias no sistema de saúde. 163 1 Os princípios norteadores da PNCTIS foram criados a partir dos objetivos e eixos condutores a serem alcançados através da ciência e tecnologia na área da saúde. Para que a PNCTIS esteja em consonância com seus princípios, ela deverá pautar-se pelos eixos condutores. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Extensividade; seletividade; competitividade; relevância social, sanitária e econômica; responsabilidade gestora com regulação governamental; pluralidade; equidade; dignidade da pessoa humana. b) ( ) Inclusividade; complementaridade entre as lógicas da indução e espontaneidade; mérito relativo à qualidade dos projetos; presença do controle social; inclusão e controle social; melhoria da saúde da população brasileira, extensividade, seletividade; competitividade. c) ( ) Competitividade; mérito relativo à qualidade dos projetos; relevância social, sanitária e econômica; responsabilidade gestora com regulação governamental; pluralidade; equidade; dignidade da pessoa humana. d) ( ) Extensividade; inclusividade; seletividade; complementaridade en- tre as lógicas da indução e espontaneidade; competitividade; mérito relativo à qualidade dos projetos; melhoria da saúde da população brasileira, inclusão e controle social, presença do controle social. e) ( ) Extensividade; inclusividade; seletividade; complementaridade entre as lógicas da indução e espontaneidade; competitividade; mérito relativo à qualidade dos projetos; relevância social, sanitária e econômica; responsabilidade gestora com regulação governamental; presença do controle social. 2 As estratégias da PNCTIS estão associadas aos objetivos e aos eixos condu- tores e se caracterizam como um conjunto de tarefas fundamentais e arti- culadas. Sobre o objetivo dessas tarefas, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Superar o atraso do nosso parque tecnológico, para atender as necessidades atuais e antecipar as necessidades futuras, através da elevação de uma conscientização política e social, pautadas no desenvolvimento e autonomia de um Estado democrático, inovador, gerador de altas tecnologias, com avanços industriais e indutor de conhecimento. b) ( ) Sustentabilidade, ética e no respeito ao meio ambiente. Assim, devem ser garantidas oportunidades, e universalização dos direitos básicos com vistas a dignidade do seu povo. c) ( ) Participação ativa no acompanhamento da aplicação e na utilização dos recursos públicos na Pesquisa em Saúde. d) ( ) Estimular a criação e o fortalecimento dos comitês locais de ética em pesquisa e aprimorar o sistema de revisão e aprovação ética de pesquisas envolvendo seres humanos. AUTOATIVIDADE 164 e) ( ) Contemplar a inclusão do cidadão na sociedade do conhecimento, por meio da educação cientifica, tecnológica e cultural adequadas à realidade atual e aos desafios futuros, respeitando e valorizando o saber e culturas locais. 3 A Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde terá o propósito de garantir que tecnologias seguras e eficazes sejam usadas apropriadamente. Sobre as ações ou características que deverão ser consideradas em consonância com seu propósito, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Utilizar o poder de compra do Estado e de suas empresas nas diferentes áreas, com a finalidade de se preservar empregos e alcançar competitividade na produção nacional de fármacos e medicamentos, com controle social. b) ( ) Fortalecer a capacidade de realização de ensaios clínicos que avaliem a eficácia, segurança e eficiência no uso de novos fármacos, alopáticos, homeopáticos, fitoterápicos e produtos derivados da fauna e da flora nacionais, valorizando a biodiversidade brasileira. c) ( ) Priorizar o investimento em desenvolvimento e produção de medicamentos (farmoquímica), em demais insumos que atendam às doenças e em outros problemas prioritários de saúde. d) ( ) Orientar os diferentes atores do sistema de saúde na decisão sobre as atividades relacionadas à avaliação, incorporação, utilização, difusão e retirada de tecnologias no sistema de saúde. e) ( ) Proteger e valorizar a biodiversidade brasileira e subsidiando a produção e a distribuição de medicamentos essenciais e de genéricos. 4 Os princípios norteadores da PNCTIS foram criados a partir dos objetivos e princípios a serem alcançados através da ciência e tecnologia na área da saúde. A esse respeito, cite quais são os princípios norteadores da PNCTIS, e, posteriormente, escolha três e explique suas principais características. 5 A PNCTIS esteja em consonância com seus princípios, ela deverá pautar- se pelos eixos condutores. Apresente os eixos condutores das PNCTIS, explicitando resumidamente os principais aspectos que devem ser considerados na utilização destes. 6 Acerca das estratégias da PNCTIS, observou-se que estão associadas aos objetivos e aos eixos condutores e se caracterizam como um conjunto de tarefas fundamentais e articuladas. Qual é o objetivo dessas tarefas? Justifique sua resposta. 165 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Neste tópico abordaremos brevemente as novas tendências em saúde a partir da utilização de tecnologias e inovações da área. Nessa proposta, traremos os principais projetos que estão sendo utilizados na medicina e na atenção básica da saúde, viabilizando e otimizando o acesso, o controle e a efetividade do Sistema Único de Saúde (SUS), da produção de medicamentos e atendimentos remotos. Da mesma forma, serão apresentados os estudos em andamento, bem como a fase de testes para implementação de novas tecnologias voltadas para 3D, 4D e 5G. Entre as tecnologias abordadas, discorre-se sobre a realização de exames, agendamento de consultas, a robótica, a Inovação em Medicina Social , uma rede alternativa contra a falsificação de medicamentos, a Inovação em Genética – um banco de dados para doenças de crânio e face –, a Inovação em Prevenção – coração resguardado na quimioterapia –, o uso de nuvem no setor da saúde, E-Saúde, Telessaúde e Telemedicina e o OncoSus – aplicativo facilita acesso documentos sobre câncer. 2 TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS EM SAÚDE Com a transformação digital, internet das coisas (IoT), clientes com um nível de exigência mais alto, novas necessidades para os profissionais. Essas são apenas algumas das novidades que têm invadido o mercado como um todo. É claro que no setor da saúde isso não poderia ser diferente, com diversas tendências ganhando mais força. TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE Ciência e tecnologia são instrumentos importantes para a saúde e o tratamento de doenças, assim como para a construção de um momento civilizatório de paz e de vida digna e decente para todos (LORENZETTI et al., 2012). ATENCAO 166 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE A inovação, como visto no tópico anterior, não diz respeito apenas a novas tecnologias, mas também às mudanças da sociedade em geral. Vivemos num mundo que demanda mais agilidade e precisão, que se beneficia da grande quantidade de dados disponíveis, com uma capacidade inédita de tratamento e processamento, transformando-os em informações úteis para o tomador de decisão. De acordo com Lorenzetti et al. (2012), os investimentos em avanços e novas descobertas tecnocientíficas na área da saúde são enormes e crescentes. Novos medicamentos e vacinas, próteses, órteses, exoesqueletos, máquinas e equipamentos para diagnóstico e intervenção, robôs cirúrgicos, informação e comunicação instantânea, prontuário eletrônico único nacional e integrado para acesso internacional, implantes, transplantes e, inclusive, a produção artificial de células humanas, são exemplos de campos de investimento e trabalho de milhares de técnicos e cientistas. Morais et al. (2015) lembram que um diagnóstico preliminar da inovação em serviços não significa a análise de um processo de inovação em si, consiste em verificar o processo de difusãode inovações tecnológicas da indústria no setor de serviços, como por exemplo, um eficiente sistema de informação para o setor de saúde, equipamentos mais precisos em seu diagnóstico, procedimentos minimamente invasivos. O fortalecimento do Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS) requer das instituições de pesquisa, sobretudo daquelas apoiadas por fomentos públicos, a proposição de ideias inovadoras em processos e produtos tanto para a melhoria na qualidade das práticas de gestão e atenção no SUS como do estado de saúde da população brasileira (FIGUEIRÓ et al., 2017). A esse respeito, Guimarães et al. (2019) explicam que no campo da pesqui- sa biomédica, um dos principais desafios atuais tem sido a dificuldade de decifrar a complexidade de enfermidades que cada vez mais se colocam como responsá- veis por grande parte da carga de doenças em todo mundo, inclusive entre nós – as doenças crônicas não transmissíveis. Em paralelo, nossa política de pesquisa deve apontar para as enfermidades que atingem os segmentos mais vulneráveis de nossa população – as doenças incidentes em populações negligenciadas. O sistema de saúde requer inovações em processos e produtos para melho- ria da gestão, da atenção e do estado de saúde da população (FIGUEIRÓ et al., 2017). ATENCAO TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE 167 No terreno da epidemiologia, além de garantir a sustentabilidade das grandes coortes epidemiológicas já existentes e as que vierem a ser implantadas, o grande desafio será a utilização na pesquisa de informações contidas em prontuários e outros dispositivos de cuidado à saúde como fonte de dados, objeto de recente regulamentação legal (GUIMARÃES et al., 2019). No setor de saúde, além de complexidade, têm-se necessidade e urgência pelos desafios que se apresentam em muitos países. No Brasil, a transição demográfica, marcada pelo forte processo de urbanização e envelhecimento populacional, bem como a chamada transição epidemiológica, representada pelo aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis, têm representado um enorme desafio aos sistemas e serviços de saúde. Investimentos em políticas nacionais de ciência, tecnologia e inovação são fundamentais, na medida em que a assistência farmacêutica, o fomento à pesquisa e o desenvolvimento na área de saúde impactam diretamente o forta- lecimento e os serviços disponibilizados pelo SUS (FIOCRUZ, 2020). 2.1 PROJETOS DE INOVAÇÃO – RESULTADOS Nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de hospitais brasileiros que utilizam tecnologias digitais. Em 2019, 85% das instituições pretendem investir em soluções de saúde digital. O uso de smartphones está cada vez mais difundido nos quatro cantos do mundo. A inovação na área da saúde já é presente. O aparelho de celular, que antes se restringia à realização e ao recebimento de chamadas, expandiu sua funcionalidade para o uso de aplicativos, os quais também figuram como uma inovação na área da saúde. Esse novo contexto para o uso das ferramentas de um smartphone retrata mais uma maneira da tecnologia ser fundamental para a promoção da saúde. Visto que os aplicativos podem ser implementados em todas as fases da assistência oferecida. Que tal conhecer mais sobre esse cenário? Ampliando nossa visão: Assista ao vídeo disponível no link https://www. youtube.com/watch?v=jwsV_Y9WrG0 e conheça as inovações trazidas para a versão do Hospital 4.0. DICAS https://www.youtube.com/watch?v=jwsV_Y9WrG0 https://www.youtube.com/watch?v=jwsV_Y9WrG0 168 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE Para mais informações sobre a Saúde na era da Indústria 4.0, assista ao vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=l4vtzLvWR9Q. DICAS 3 TELEMEDICINA A telemedicina é, desde os anos 1990, a especialidade médica que mais cresceu no mundo e, de lá para cá, vem promovendo grandes transformações na área da saúde. A exemplo disso, a elaboração de laudos remotos é hoje uma realidade no setor médico brasileiro e global, contribuindo para a otimização do tempo, do espaço e dos custos em serviços oferecidos nas mais diferentes especialidades médicas, além de ter potencial para alcançar um número maior de pacientes na comparação com a medicina tradicional. Um estudo realizado pelo IHS Technology, nos Estados Unidos, revelou que o número de pacientes impactados diretamente pela telemedicina vai dobrar e chegar a sete milhões dentro de um ano – e grande parte desses pacientes terão recebido um ou mais laudos de exames médicos validados a distância, em procedimentos que combinam, medicina, telecomunicação e tecnologia. A inteligência artificial (IA) vem ajudando a otimizar o trabalho e processos do setor de saúde, transformando prontuários manuais em digitais e modernizando a coleta de dados dos pacientes. No Brasil, a lista de procedimentos médicos habilitados a receber laudos remotos não para de crescer, e entre eles estão alguns exames fundamentais e bastante populares, como eletrocardiograma, mamografia e acuidade visual. Com o aperfeiçoamento da tecnologia da telemedicina, a tendência é que a maior parte dos procedimentos baseados em informações técnicas – por exemplo, Conheça mais benefícios que a IA é capaz de fornecer aos profissionais da área da saúde e como ela está transformando o segmento. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=JPNhLJ7vRCk. DICAS TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE 169 captadas por aparelhos de raio-x, sondas e equipamentos eletrônicos – possam ser laudados a distância. Por meio de centrais on-line, algumas delas com funcionamento 24 horas, clínicas e consultórios brasileiros ganham acesso a uma ampla rede de especialistas em diferentes áreas da medicina. Estes profissionais médicos, uma vez conectados aos centros de saúde por meio de interfaces digitais, estão habilitados a laudar, remotamente, exames realizados em qualquer lugar do país. A coleta das informações junto aos pacientes – ou seja, o procedimento do exame em si – é realizada com a ajuda de equipamentos especialmente desenvol- vidos para este campo de atuação da medicina, considerado revolucionário: por exemplo, aparelhos portáteis, equipados com conexão wi-fi e que dispensam a digitação de informações. Em geral, as centrais de laudo também comercializam os aparelhos para a realização dos exames a distância. Os dados recolhidos são transmitidos automaticamente em tempo real para as centrais de elaboração de laudos, onde são acessados por médicos para avaliação de diagnóstico. O principal avanço dos laudos remotos é em relação aos procedimentos que não dependem da presença do especialista com formação em medicina no local de realização. Ou seja, são exames que podem ser executados por pessoal da área técnica da saúde. Por isso, nem todos os exames médicos existentes podem ser laudados remotamente (um exemplo disso são os exames baseados em toque). FIGURA 9 – ESTADO DA ARTE EM TELEDIAGNÓSTICO FONTE: TELEMEDICINA (2020, p. 1) O objetivo principal do telediagnóstico é tornar especialistas mais próximos da população, principalmente aquela que vive longe dos grandes centros, onde estão presentes a maioria dos profissionais da saúde, além de agilizar o processo 170 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE de emissão de laudo de exames, o que, dependendo da complexidade, pode salvar vidas. No Brasil, um país com alto número de comunidades isoladas e regiões onde há escassez de médicos, o telediagnóstico surge como excelente alternativa para melhora dos cuidados da saúde da população. Este tipo de atendimento tem sido aplicado com maior frequência em hospitais e clínicas que buscam outras instituições de referência para trocar informações. Vamos conhecer alguns dos procedimentos que atualmente já recebem a tecnologia desenvolvida em telemedicina e podem ser avaliados a distância: Eletrocardiograma: exame corriqueiro da área cardiológica que registra a atividade do coração, mais precisamente os potenciaiselétricos, cujo procedimento costuma ser executado por pessoal da área técnica da saúde. O aparelho de ECG portátil já é um dos mais usados em telemedicina e executa a aquisição simultânea de 12 derivações, com taxa de amostragem de 1200 amostras por segundo por canal (REVISTA VEJA, 2019). Eletroencefalograma: exame que registra a atividade neurológica, o ECG também é hoje largamente realizado com o auxílio da telemedicina. Geralmente, este equipamento cabe em uma maleta de notebook, mas também pode ser conectado a um computador desktop. Alguns aparelhos de ECG agregam as funcionalidades do eletrocardiograma no mesmo dispositivo (REVISTA VEJA, 2019). Espirometria: é o procedimento pelo qual se mede a capacidade de inspiração e expiração de uma pessoa, ou seja, seu ciclo de respiração. O equipamento para a realização deste exame é portátil e funciona por conexão USB ou com o uso de baterias, sem a necessidade de estar ligado a nenhum computador. De pequenas proporções e fácil manuseio, é um dos mais práticos e completos da telemedicina, podendo armazenar milhares de registros em sua memória. Por suas características portáteis, além do uso em clínicas, consultórios e hospitais, também pode ser facilmente usado em situações nas quais o paciente não tem como se deslocar até o centro de saúde (REVISTA VEJA, 2019). Raio-X: geralmente executado por técnicos em radiologia, este exame pode incidir sobre diversas partes do corpo humano, entre elas tórax, abdome, coluna e crânio, tanto com o paciente deitado quanto em pé. Por sua complexidade, o Raio-X geralmente exige não só um equipamento especial de grandes proporções, mas uma sala inteira dedicada à instalação e realização. Para o uso em telemedicina, não é necessária a aquisição de um novo aparelho de Raio-X, pois o conjunto radiológico que permite o envio das informações para as centrais de laudos é adaptado ao equipamento já existente (REVISTA VEJA, 2019). Mamografia: é a radiografia da mama, feita com equipamento próprio. Tem grande importância não apenas diagnóstica, mas também para controle pe- riódico, em especial para a saúde da mulher. O uso da tecnologia da telemedicina TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE 171 auxilia não apenas na transmissão das informações e dos laudos, mas, por sua ca- racterística digital, amplia também a qualidade das imagens obtidas, facilitando a leitura e o diagnóstico (REVISTA VEJA, 2019). Acuidade visual: exame de rotina da área de oftalmologia, é largamente aplicado também pela medicina do trabalho, no intuito de certificar a capacidade visual dos trabalhadores. O mercado de telemedicina oferece optômetros de alta qualidade, fabricados no Brasil, que podem ser facilmente operados por meio de um notebook ou computador (REVISTA VEJA, 2019). Ressonância magnética: uma das técnicas mais avançadas no âmbito do diagnóstico por imagem, a ressonância magnética exige alta especialização e diferenciação dos profissionais médicos habilitados a laudar as informações captadas pelos aparelhos. Para muitas clínicas, o elevado custo do equipamento de ressonância, somado ao desembolso mensal de um ou vários médicos especialistas no quadro de funcionários, torna o procedimento inviável do ponto de vista da prestação do serviço. A telemedicina ajuda a diminuir o custo da operação, terceirizando a elaboração dos laudos (REVISTA VEJA, 2019). MAPA: a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial busca aprofundar as informações da pressão arterial, ampliando o material para análise em relação à leitura única feita no consultório médico. Com um pequeno monitor acoplado na região da cintura, durante 24 horas o paciente realiza normalmente suas atividades cotidianas, com as variações – ou não – da pressão arterial sendo registradas durante todo o período. Ao final do acompanhamento, os dados se transformam em gráficos que revelam as alterações e servem como base para a elaboração do laudo (REVISTA VEJA, 2019). Holter: também conhecido como eletrocardiograma de longa duração, o Holter é similar ao MAPA, mas serve para acompanhar as variações dos batimentos cardíacos durante um período de 24 horas (REVISTA VEJA, 2019). 4 REALIZAÇÃO DE EXAMES O diagnóstico de determinada condição é determinado após a análise de sinais e sintomas, associando-os às patologias e às suas características. Muitas vezes, apenas com a coleta da anamnese é possível concluir o caso, porém, algumas situações requerem a realização de exames complementares. Em um primeiro momento, ressaltamos a tecnologia para os exames de imagem. A radiologia, que antes se limitava às radiografias, engloba, atualmente, equipamentos modernos capazes de oferecer informações detalhadas, precisas e essenciais para a determinação de diagnósticos e o estabelecimento de condutas. Há, ainda, os exames laboratoriais, também muito beneficiados pela tecnologia. 172 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE Softwares e equipamentos de última geração permitem a análise de materiais biológicos em grande quantidade e em pouco tempo, oferecendo resultados rápidos e confiáveis sobre o metabolismo do indivíduo. 5 MONITORAMENTO REMOTO Algumas condições de saúde, como a hipertensão e a diabetes, requerem um controle rigoroso dos parâmetros, a fim de não evoluírem para complicações das doenças. Assim, é fundamental monitorar os dados vitais do paciente mesmo fora da instituição de saúde. Por meio de dispositivos, esse monitoramento começou a ser implementado e figura como um recurso promissor para os próximos anos. Ao modo que apresenta para o médico as reais condições do paciente, não apenas o que é observado durante a consulta. Podemos citar como principal vantagem a análise do tratamento, ou seja, verifica-se se ele está sendo efetivo ou não. Por outro lado, também é importante para a definição de diagnóstico, por retratar, por exemplo, o padrão de cefaleia ou de pressão arterial ao longo do dia. 6 AGENDAMENTO DE CONSULTAS A marcação de consultas, quando não automatizada, necessita de um profissional destinado para a organização da agenda, o que requer recursos materiais, demanda tempo e é oneroso para a instituição. Portanto, o agendamento de consultas por meio da tecnologia é vantajoso tanto para a clínica quanto para o paciente. Sendo feito dessa forma, o software realiza com maestria a função operacional e libera o colaborador do local para tarefas que precisam de raciocínio humano. Como a IA é capaz de fornecer diversos benefícios aos profissionais da área da saúde e como ela está transformando o segmento? Disponível em: https://youtu.be/ Dzczx3IEq-A. Diagnóstico: https://youtu.be/yS7W_ezyX2E. DICAS TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE 173 O assistente virtual automatiza o atendimento, coletando informações sobre tipo de serviço desejado, local, solicitando envio de documentos comprobatórios etc. Analisando o aspecto do paciente, não é necessário para ele desperdiçar tempo com ligações ou tentativas de agendamento, podendo realizar essa tarefa via on-line e ainda contando com lembretes próximos à data da consulta. Os profissionais de saúde terão que aceitar que vão passar a atuar como colaboradores. Uma comunicação mais direta com o paciente, como por WhatsApp, atendimento em domicílio ou em horários mais de acordo com a correria do dia a dia, são tópicos que precisarão estar no radar dos profissionais do setor. As pessoas estão tendo cada vez mais interesse e controle sobre a própria saúde. O que pode ser notado com o aumento do uso de dispositivos vestíveis, aplicativos de saúde e bem-estar, e também com a onda de produtos e serviços de saúde em domicílio, seja para cuidados primários, gerenciamento de doenças crônicas ou cuidados paliativos e de longo prazo, e ainda na crescente das comunidades on-line e sites de comparação (de médicos, hospitais e produtos farmacêuticos). O desejo de acesso em tempo real aos serviços de healthcare levou a uma rápida consumerização do setor,em que o paciente tem voz ativa e participa das decisões relacionadas a sua própria saúde. Isso forçou todos os elos da cadeia a se concentrarem ativamente na experiência do cliente (CX), a qual tem se tornado prioridade. 7 ROBÓTICA SALVANDO VIDAS Na segunda edição do Prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica, a Revista Veja (2019) divulgou os resultados dos ganhadores em inovação médica e da saúde. Entre os ganhadores, tornou-se conhecido o Robô Laura é uma plataforma de inteligência artificial que sinaliza quando pacientes hospitalizados estão em risco de sofrer uma deterioração de saúde, caminhando para a sepse, quadro de infecção e de inflamação generalizadas e uma das principais causas de mortes nas UTIs. Para chegar a essa tecnologia, os criadores do robô desenvolvido pelo Instituto Laura Fressatto, de Curitiba (PR), levaram em conta duas premissas. A primeira é a de que, quanto mais cedo for detectada a piora clínica do indivíduo, maiores são as chances de atuar para melhorar seu desfecho. E consideraram também que um hospital é um ambiente complexo e muitas vezes as informações necessárias para as tomadas de decisão não estão à mão dos profissionais envolvidos (REVISTA VEJA, 2019). O robô Laura está conectado com o prontuário eletrônico com todas as informações da pessoa monitorada e avalia seus sinais vitais e os resultados de 174 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE exames. Se os algoritmos percebem alguma mudança no padrão, ele emite um sinal para a equipe médica (REVISTA VEJA, 2019). Em funcionamento desde 2016, a máquina está presente em 13 hospitais e já teve acesso a dados de 2,5 milhões de pacientes. Estudos comparativos pré e pós-implantação mostram uma redução de 25% na mortalidade geral, assim como uma diminuição de sete horas no tempo médio de internação por paciente graças à agilidade de medidas após as análises do robô Laura (REVISTA VEJA, 2019). Os engenheiros de robótica desenvolvem assistentes médicos, roupas de reabilitação e até unidades cirúrgicas, que podem realizar procedimentos que salvam vidas. Essas máquinas podem executar procedimentos minimamente invasivos, que diminuem a dor e o tempo de recuperação de pacientes. A Johnson & Johnson em colaboração com a Alphabet, também deve entrar no mercado este ano com seu próprio robô cirúrgico que pode realizar biópsias pulmonares, um dos maiores avanços no meio. Os robôs também são projetados para serem capazes de realizar tarefas repetitivas e monótonas, para que a equipe humana tenha mais energia para lidar com questões que exigem habilidades de tomada de decisão, criatividade e, acima de tudo, cuidado e empatia. Um dia, os robôs que tiram sangue podem aliviar os enfermeiros desse exercício pesado, e podem até realizar testes de laboratório sem a intervenção de humanos. 8 INOVAÇÃO EM MEDICINA SOCIAL – UMA REDE CONTRA A FALSIFICAÇÃO DE MEDICAMENTOS De acordo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a circulação de medicamentos falsificados, roubados ou fora de padrão movimenta dezenas de bilhões de dólares no mundo inteiro – e, claro, leva a prejuízos imensuráveis à saúde dos pacientes. Para assegurar a procedência dos produtos, pesquisadores de quatro instituições se uniram para desenvolver uma ferramenta capaz de rastrear os remédios que circulam pelo Brasil (REVISTA VEJA, 2019). Os testes iniciais contaram com a parceria de indústrias farmacêuticas, distribuidoras, farmácias e hospitais, com foco em acompanhar todo o processo de produção, distribuição e venda. No momento da fabricação ou importação, o fármaco recebe o Identificador Único do Medicamento (IUM), um código contendo número de série, lote, validade, registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de uma numeração comercial (REVISTA VEJA, 2019). TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE 175 Dessa forma, as etapas seguintes podem ser rastreadas e comunicadas à Anvisa, que enviará alertas ao menor sinal de movimentação atípica. Com o sucesso do projeto-piloto, a ideia, no futuro, é que o consumidor, por meio de aplicativo no celular, possa consultar toda a cadeia produtiva até a chegada da caixa do remédio a sua mão, para ter certeza de que está levando para casa um produto autêntico e seguro. 9 INOVAÇÃO EM GENÉTICA – UM BANCO DE DADOS PARA DOENÇAS DE CRÂNIO E FACE No mundo, a cada dois minutos e meio, nasce um bebê com uma fenda de lábio e palato, uma das alterações mais comuns no conjunto de anomalias craniofaciais. Essa e outras condições genéticas que impactam a estrutura óssea de crânio e face demandam tratamento prolongado e acompanhamento de diferentes profissionais de saúde, entre eles cirurgiões, pediatras, fonoaudiólogos e fisioterapeutas. Por isso, reconhecer a história natural dessas alterações é crucial para seu manejo adequado (REVISTA VEJA, 2019). Dessa necessidade nasceu o CranFlow, uma aplicação on-line para coleta e armazenamento de dados sociodemográficos, genéticos e clínicos de pacientes. Gerenciada pelo Departamento de Genética Médica e Medicina Genômica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a ferramenta está implantada em nove municípios distribuídos pelas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil (REVISTA VEJA, 2019). Os dados ali acumulados permitem o acesso a investigações em genética, promovem a troca de conhecimentos entre os profissionais de saúde, facilitam a tomada de decisões médicas e norteiam ações educativas para as famílias envolvidas. Implantada desde 2014 seus resultados podem contribuir para desenhar políticas públicas voltadas à identificação de fatores de risco e prevenção, levando em conta as características da população brasileira, além de padronizar o atendimento de quem nasce com esse tipo de problema. 10 INOVAÇÃO EM PREVENÇÃO – CORAÇÃO RESGUARDADO NA QUIMIOTERAPIA Não é de hoje que a medicina busca alternativas para prevenir ou remediar os efeitos da toxicidade dos quimioterápicos usados no tratamento de tumores. No caso da antraciclina, classe de drogas amplamente utilizada no câncer de mama, um dos motivos de preocupação é sua capacidade de provocar danos ao coração (REVISTA VEJA, 2019). 176 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE Com isso em mente, uma equipe do Instituto do Coração, o InCor, em São Paulo, promoveu um estudo com 200 mulheres, todas com funções cardíacas normais e fazendo uso de doxorrubicina, quimioterápico do grupo das antraciclinas. Elas foram divididas em dois grupos: um deles recebia carvedilol, medicamento que auxilia no desempenho do coração, e o outro tomava placebo (sem princípio ativo). Nas avaliações feitas após seis meses de intervenção, as pacientes medicadas preventivamente com carvedilol apresentaram níveis menores de troponina, um marcador sanguíneo que indica danos no coração. Além disso, sofreram uma menor incidência de disfunção diastólica, que acontece em quadros de insuficiência cardíaca (REVISTA VEJA, 2019). Com os resultados animadores, o trabalho pode mudar a prática clínica na cardio-oncologia. Sem contar seu impacto social, uma vez que tem como alvo doenças com alto grau de mortalidade no país, e tanto o tratamento quimioterápico quanto a medicação para cardioproteção estão disponíveis no SUS – sendo, portanto, acessíveis em larga escala. 11 O USO DE NUVEM NO SETOR DA SAÚDE Houve uma grande mudança na geração, consumo, armazenamento e compartilhamento de dados no setor da saúde. As plataformas em nuvem aumentam a colaboração entre médicos e pacientes e tornam o processo de consulta mais eficiente. Essa característica por si só já demonstra o porquê o uso de dados na nuvem é considerado uma das principais tendências da saúde (REVISTA VEJA, 2019). Um dos maiores benefícios da armazenagem na nuvem é a interoperabilidade, que visa estabelecer integrações de dados em todo o sistema de saúde, independentemente do ponto de origem ou armazenamento. O quefacilita a aplicação da análise de Big Data e dos algoritmos de inteligência artificial nos dados, impulsionando a pesquisa médica. Ainda, a computação em nuvem democratiza os dados e dá aos pacientes o controle sobre sua própria saúde, agindo como uma ferramenta para a educação e o envolvimento do paciente (REVISTA VEJA, 2019). Na sua opinião, qual é a melhor tecnologia para aumentar a eficiência do hospital? Confira mais detalhes no vídeo disponível em: https://bit.ly/35laiDl. ATENCAO TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE 177 12 E-SAÚDE, TELESSAÚDE E TELEMEDICINA O sistema e-Saúde inclui as transações da telessaúde, telemedicina, uso da internet e de negócios em saúde. É importante distinguir alguns termos que são atualmente amplamente empregados no momento da utilização da tecnologia aplicada à saúde, tais como a Telemedicina e Telessaúde. A Figura 10 mostra a relação entre os termos e-Saúde, telessaúde e telemedicina. FIGURA 10 – E-SAÚDE, TELESSAÚDE E TELEMEDICINA FONTE: MENDIZABAL et al., (2014, p. 16). E-Saúde é um sistema aberto, onde a interação e interdependência de fa- tores tecnológicos, socioculturais e econômicos desempenham papel fundamen- tal na caracterização desse ecossistema. De acordo com a Organização Mundial de Saúde Telemedicina é definida como a utilização de telecomunicações para diagnosticar e tratar a doença, associada a prática de cuidados de saúde usando as tecnologias de informação, comunicação e dispositivos médicos (MENDIZABAL et al., 2014). Telessaúde é um termo mais amplo, que inclui vigilância, promoção da saúde e funcionamento da saúde pública, bem como a assistência de computadores e telecomunicações para apoiar a gestão, o acompanhamento, a literatura e o acesso ao conhecimento em medicina. E-saúde é então considerado como a transferência de recursos e cuidados em saúde por meio eletrônico: a entrega de informações de saúde para profissionais de saúde e consumidores, incluindo o uso do comércio eletrônico e negócios eletrônicos na prática de saúde (MENDIZABAL et al. 2014), gerando assim, o que é chamado de ECOSSISTEMA DE SAÚDE. 178 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE O termo ecossistema refere-se a uma comunidade composta por um conjunto de seres vivos inter-relacionados e pelo ambiente em que vivem. No caso das telecomunicações, é definido como a interação sistemática dos seres vivos (Humanos) e não vivos (Tecnologia & Economia) em um contexto particular. Em todo o ecossistema, o ciclo de vida vai depender da forma como os diferentes subsistemas interagem no contexto (MENDIZABAL et al., 2014). A Figura 11 mostra a proposta de ecossistema de e-Saúde, em que se identificam três grandes agentes: humanos, tecnológicos e socioeconômicos. FIGURA 11 – ECOSSISTEMA DE TELESSAÚDE FONTE: MENDIZABAL et al., (2014, p. 17). Levando em conta o conceito definido, torna-se imprescindível a realização de análises do ecossistema, neste caso, tendo em conta elementos como: as políticas de governança, regulação, modelagem financeira, infraestrutura tecnológica, de serviços e os atores interessados. Com isso, um ecossistema de e-Saúde é capaz de refletir de forma abrangente a situação socioeconômica do lugar em que o projeto ou programa será implementado. É preciso entender que um ecossistema de saúde está aninhado a outros ecossistemas. Assim, vemos a importância de desenvolver um ecossistema de e-Saúde antes de começar a discutir a implementação de um projeto, porque, como mencionado, usando uma abordagem ecossistêmica correta, será possível determinar a vida útil de um projeto, tentar ser autossustentável e usar diferentes elementos a favor do ser humano (MENDIZABAL et al., 2014). Agentes humanos referem-se a todos os envolvidos no serviço de e-Saúde, quais sejam, médicos, pacientes, gestores, formuladores de políticas, entre outros. Cada um deles desempenha um papel importante no ecossistema, pois, de TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE 179 acordo com as suas capacidades, necessidades e de outros fatores, se estabelece um padrão do que é necessário para o desenvolvimento de um projeto. Agentes tecnológicos referem-se a diferentes dispositivos biomédicos, software para a saúde, os meios de transmissão e armazenamento, entre outros. Estes são os insumos necessários para melhorar o serviço de saúde e são um meio pelo qual podemos dar ferramentas a agentes humanos de maneira a obter e fornecer um serviço de saúde mais eficiente. Os agentes propostos vão ser influenciados e relacionados por diferentes fatores como Estratégias Investigação + Desenvolvimento + Inovação (I + D + I), fatores humanos, inclusão digital, regulação, patologias do contexto, da cultura e historicidade social, prioridades nacionais, segurança cibernética, construção de habilidades e o grau de desenvolvimento humano do contexto observado. Para complementar a análise do ecossistema de telessaúde, deve-se notar o papel fundamental da inovação como estratégia operativa dos projetos em que a informação e o conhecimento se convertem em insumos chaves. Para tal efeito, uma contribuição para o entendimento do conceito de e-saúde/telessaúde está na discussão do papel da pesquisa, trazendo inovação para os serviços de saúde. 13 ONCOSUS – APLICATIVO FACILITA ACESSO DOCUMENTOS SOBRE CÂNCER Para facilitar o acesso às informações relacionadas à atenção oncológica foi lançado pela Coordenação-Geral de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas do Ministério da Saúde o aplicativo OncoSus. O aplicativo surgiu como uma forma de agrupar documentos essenciais ligados à oncologia no SUS. Existe muito material técnico de necessidade de acesso rápido, durante reuniões, ou até em situações do dia a dia, no caso dos profissionais de saúde. O aplicativo pode ser utilizado pelos gestores para facilitar o entendimento da rede; profissionais da saúde no atendimento e prescrição de tratamentos; e pela população em geral que queira entender um pouco como funcionam as estratégias de prevenção e combate ao do câncer no SUS. Pelo aplicativo todos podem ter acesso rápido aos documentos. É apresentado em uma linguagem mais facilitada, sem o peso da portaria da lei. A interface do aplicativo é apresentada na Figura 12. 180 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE FIGURA 12 – INTERFACE APLICATIVO ONCOSUS FONTE: https://bit.ly/397QYKU. Acesso em: 27 nov. 2020. 14 TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA PANDEMIA Aliar tecnologia e informação é sempre uma ação positiva para o bem- estar das pessoas. Essas duas armas são fundamentais em qualquer situação, quanto mais diante de um desafio atual como é o enfrentamento à pandemia provocada pelo novo coronavírus. Por isso, a contenção do contágio da Covid-19 não está apenas nãos mãos das autoridades públicas e profissionais da saúde, pois é uma responsabilidade conjunta de todos os setores a população. Atento a essa realidade, o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS /UFRN), em parceria com a Diretoria de Gestão de Tecnologia da Informação do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (DIGTI/IFRN), com o Núcleo Avançado de Inovação Tecnológica do IFRN (NAVI), o Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da UFRN (NESC), o Instituto Envelhecer da UFRN e a Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS) colocam toda a sua capacidade de pesquisa e desenvolvimento para melhor atendimento da população. É assim que surge é o Ecossistema Tecnológico do LAIS para auxiliar a Secretaria de Estado de Saúde Pública do RN (SESAP/ RN), formado por diversas ferramentas informativas, com dados e serviços que podem ser utilizados pela população do Rio Grande do Norte. TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE 181 A iniciativa de criação do ecossistema surgiu me meados de março, durante uma reunião do Comitê de Enfrentamento às Emergências em Saúde Pública, grupo de especialistas formado pelo governo do Estado, do qual faz parte professor RicardoValentim, coordenador do LAIS. Nesta reunião participou também o pesquisador Jailton Paiva, pesquisador do NAVI e coordenador do Núcleo de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC) do LAIS. A partir das necessidades elencadas pelo grupo, foi montada uma estratégia com soluções inovadoras para apoiar as ações voltadas ao enfrentamento e contenção dos danos causados pela Covid-19 de forma a estimular processos de trabalhos eficazes no combate à pandemia. Ao todo, 11 ferramentas integram o ecossistema, formando uma rede de assistência à saúde, educação e informação para a população em geral e para os profissionais que combatem o coronavírus, conforme apresenta a Figura 13. FIGURA 13 – ECOSSISTEMA TECNOLÓGICO DE COMBATE AO COVID-19 FONTE: http://bit.ly/3nrD3UZ. Acesso em: 27 nov. 2020. O ecossistema Coronavírus RN (dados públicos) é um sistema de informação que agrega diversos dados de várias fontes de informação oficiais do governo do estado e também do governo federal. O propósito desta ferramenta é permitir que toda a sociedade possa ter acesso a dados que são de interesse público, e assim possam acompanhar a evolução da Covid-19 de maneira transparente (SECRETARIA DE SAÚDE RIO GRANDE DO NORTE, 2020). 182 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE Telessaúde/RN: Sistema de Teleconsultoria que possibilita ao profissional ter acesso à opinião referenciada e baseada em evidências científicas fornecidas por especialistas na área da saúde. Dessa forma, as dúvidas dos profissionais que estão na ponta do serviço de saúde sobre a Covid-19 podem ser respondidas por meio de troca de mensagens de texto ou por webconferência. O Telessaúde/RN pode ser acessado computador ou smartphone. Para a utilização do sistema, já foram realizadas capacitações de 17 profissionais de saúde da SESAP/RN e dos municípios de Natal, Extremoz, Parnamirim e Macaíba. Além disso, existe uma parceria entre o Núcleo de Telessaúde e as residências de Medicina de Família e Comunidade e Psiquiatria e do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) contando com a participação de mais de 40 profissionais (SECRETARIA DE SAÚDE RIO GRANDE DO NORTE, 2020). Regulação de Leitos de UTI – RegulaRN: tem como objetivo ordenar e padronizar o fluxo de acesso aos leitos de UTI no estado do Rio Grande do Norte. Para ter acesso ao serviço, é necessário ter uma conta na plataforma Sabiá (criada para unificar o acesso aos diversos sistemas e produtos do SUS, usando apenas CPF do usuário e uma senha única). Esta integração permite ao usuário ter mais agilidade, organização e segurança ao utilizar tais serviços (BRASIL 2020). AVASUS: O Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sistema Único de Saúde (AVASUS) é um espaço virtual de aprendizagem direcionado para qualificação de trabalhadores, gestores, estudantes da área da saúde e também a população geral, meio da mediação tecnológica. O AVASUS tem sido uma poderosa ferramenta frente às demandas formativas de profissionais da saúde e de estudantes das áreas técnicas e de profissões da Saúde, bem como da população geral, principalmente neste momento de pandemia e isolamento social. Um exemplo é o curso “Vírus respiratórios emergentes, incluindo a Covid-19”, que atualmente conta com mais de 65 mil inscritos em todo o Brasil e em mais de 43 países do mundo. Quarentena: é um aplicativo para celular que permite que pessoas em quarentena sejam acolhidos através de uma rede de atenção humanizada. Oferece serviços de reconhecimento facial e geolocalização das pessoas em quarentena. O usuário é indagado, em momentos aleatórios do dia, com questões sobre seu bem-estar, se está em casa, se possui dúvidas. Caso não responda ou não esteja em casa, a Sala de Situação será notificada. Acolhe: Por meio de uma avaliação e triagem, o sistema indicará os profissionais de saúde que serão acolhidos no Hotel Barreira Roxa. Esses profissionais de saúde estão, necessariamente, atuando no enfrentamento aos casos de coronavírus e que comprovem conviver com pessoas do grupo de risco ou que tenham pessoas infectadas pelo novo coronavírus na mesma residência. Orienta Corona RN: É um sistema que presta atendimento humanizado à população, baseado em fluxogramas e protocolos, sobre dúvidas relacionadas ao Novo Coronavírus. Por meio de perguntas simples, o sistema procura identificar TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE 183 a necessidade do usuário relacionada à Covid-19 e caso apresente sintomas ou esteja em grupos considerados de risco, o sistema o direciona para o teleaten- dimento em um chat, onde a orientação será singularizada de acordo a situa- ção autodeclarada pelo usuário. O objetivo é contribuir para o autocuidado dos usuários, para a qualificação do isolamento social preconizado pelo Ministério da Saúde, diminuindo a sobrecarga nos serviços de saúde, diminuindo assim a morbimortalidade relacionada à Covid-19 no RN. Sala de situação: A sala de situação é um espaço físico de inteligência, com visão integral e intersetorial, composta por uma equipe técnica, para monitoramento de leitos, equipamentos respiratórios e ocorrências de casos de Covid-19. A equipe, de posse dos sistemas computacionais, fará análises e avaliações diárias, através da coleta de dados, para fornecimento de informações com embasamento técnico e científico. Essas informações permitem a avaliação da situação de uma determinada região e, a partir desta avaliação, o planejamento e a implementação de ações e políticas para o enfrentamento da Covid-19. Sistema de vacinação para idosos em condomínios: é um sistema que objetiva a gestão da vacinação contra a influenza de pessoas idosas residentes em condomínios horizontais ou verticais de toda a cidade do Natal. Esta ação visa ampliar a cobertura vacinal para a influenza e reduzir aglomerações e a sobrecarga das Unidades de Saúde da rede de Atenção Primária em Saúde (APS), prevenindo a infecção pelo coronavírus e apoiando a gestão municipal da cidade de Natal na logística da campanha de vacinação do idoso. Sistema de voluntários: é um sistema para cadastro de profissionais de saúde que desejam disponibilizar algum horário para realizar teleatendimento orientando à população sobre a Covid-19. A população poderá acompanhar a evolução dos casos de coronavírus do estado e de seu município, ter acessos a conteúdos com orientações para os cuidados de prevenção da propagação da doença, ter acesso a uma rede composta por médicos, psicólogos e alunos de medicina que estão prontos para prestar uma assistência humanizada. Já os profissionais de saúde, terão acesso a cursos de qualificação profissional relacionados à Covid-19, bem como a uma rede de profissionais especialistas que estão prontos para ajudá-los nas mais diversas dúvidas. O Ecossistema Tecnológico também é uma ferramenta fundamental para os gestores de saúde. Por meio do fornecimento de informações, permitirá a compreensão da situação da estrutura organizacional (aparelhos respiradores, leitos de UTI, força de trabalho etc.), do entendimento do isolamento social, do mapeamento de prováveis casos de coronavírus e do monitoramento e gestão integrada de dados epidemiológicos. 184 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE LEITURA COMPLEMENTAR 2020 DESAFIOS E TENDÊNCIAS NA VISÃO DE LIDERANÇAS DA SAÚDE Uma das principais demandas da população, o setor da Saúde começa o novo ano com grandes expectativas. O Brasil vem de uma das maiores crises de sua história. As turbulências não ficaram totalmente para trás, mas sinais de recuperação e estabilidade, mesmo que tímidos, já podem ser vislumbrados. As reformas têm caminhado em Brasília, a inflação está sob controle e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) registrou no país um discreto aumento do número de beneficiários de planos de assistência médica, de 0,1% (outubro/2019). “Porém, ainda existe a desconfiança acerca do ritmo de crescimento, mesmo diante de uma retomada lenta e gradual da atividade econômica”,comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Mas a conjuntura que se apresenta já indica que 2020 será o ano da retomada, com reflexo positivo para o setor de Saúde? Para Sérgio Rocha, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi), a Associação projeta 2020 com otimismo. “Vemos um país que se movimenta novamente para frente e enxergamos que a economia começa a mostrar reações positivas, o que nos faz pensar em resultados melhores em nossa área”, sublinha. Confira a seguir, na visão de diferentes lideranças e especialistas da Saúde, quais são as tendências e os grandes desafios do setor para o ano que se inicia. MEDICINA DIAGNÓSTICA O mercado de medicina diagnóstica é um dos que mais evolui e inova a cada ano. O avanço de tecnologias permite que os exames de diagnóstico sejam realizados em grande escala, em menor tempo, com melhor qualidade e precisão. Este segmento movimenta entre R$ 42 e R$ 43,7 bilhões por ano. E as tendências apontam para um cenário de desenvolvimento, com o surgimento de diversas healthtechs focadas em soluções nos diversos segmentos que permeiam os cuidados do paciente. Mas o país está atrasado quando a gente fala em incorporação tecnológica e uso de alta tecnologia. Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica). LGPD Em 2020, precisamos falar abertamente em inserção de novas tecnologias, com o máximo de transparência. Este, em nosso entendimento, é o principal assunto. O governo precisa esclarecer melhor o que quer fazer na saúde e de que forma. Ser mais transparente em suas possíveis ações para que haja previsibilidade e planejamento. Outro assunto é a Lei Geral de Proteção de Dados, sobre a qual TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE 185 nada está claro ainda. Há certa dificuldade de entendimento no setor, uma vez que, além da LGPD, há legislações sanitárias que também lidam com dados dos pacientes e tudo isso precisa ser bem esclarecido. Sérgio Rocha, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi). SAÚDE 5.0 Acredito que a Saúde no Brasil tem evoluído muito nos últimos anos com a chegada de novas tecnologias, como soluções paperless, telemedicina, inteligência artificial, IoTs, wearables e a própria medicina de precisão, que possibilita tratar o paciente de modo personalizado através de estudo genômico. Um dos desafios já em discussão da Saúde 5.0 é manter o paciente como o foco principal do processo contando com a otimização no atendimento e tratamento por meio da automação desta jornada, mas ainda assim, proporcionando um cuidado humanizado. Andréa Rangel, CEO da Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS). ATENÇÃO PRIMÁRIA Muitos não entenderam quando começamos dizendo que iríamos reorganizar o sistema partindo da atenção primária. No ato mais primário da atenção [a vacinação], vimos que os índices caíram. Então iniciamos um movimento para recuperar um dos orgulhos do SUS: o programa nacional de imunização. Já o Médicos pelo Brasil é um programa em que os critérios não serão mais políticos. Uma série de indicadores apontarão quais unidades e cidades precisam de profissionais. Vamos colocar médico contratado, com carteira assinada, ganhando bem, capacitado em atenção primária. Luiz H. Mandetta, ministro da Saúde, em entrevista para a imprensa no final de 2019. SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA Uma das maiores expectativas do setor para este ano é a retomada no crescimento da economia. Acreditamos que os impactos serão positivos para a Saúde no que diz respeito à geração de empregos e ao aumento de beneficiários dos planos de saúde, o que reflete em um maior acesso à saúde privada. Já um dos grandes desafios é a busca pela redução de custos e maior sustentabilidade do sistema. Muitos investimentos estão sendo feitos por nossos hospitais, como modernização de sistemas, melhoria de processos, uso de big data, inteligência artificial, entre outros. Marco Aurélio Ferreira, diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp). EXPECTATIVA DA SOCIEDADE Dentre os principais desafios estão as definições de melhores políticas públicas, que sejam capazes de atender os direitos e as expectativas da sociedade e o equilíbrio financeiro do setor para que sejamos capazes de manter e melhorar 186 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE a estrutura e também adquirir novas tecnologias. Quanto aos assuntos mais abordados neste ano, estão o desenvolvimento e a aquisição de novas drogas; a ampliação do controle e da rastreabilidade dos medicamentos; e a aquisição de novas tecnologias para o tratamento de doenças. Paulo Cesar Maia, presidente- executivo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Medicamentos Especializados, Excepcionais e Hospitalares (Abradimex). TEMPO DE RECUPERAÇÃO As perspectivas são boas. Vivemos um período consistente de recuperação econômica, tendo no ano de 2019 PIB positivo e com previsões melhores para 2020. Com a economia aquecida, a expectativa é que a geração de emprego ganhe fôlego e isso reflita também no número de vidas na saúde suplementar. Outro cenário de grandes perspectivas é o de fusões e aquisições, que a cada ano ganha destaque. Apenas no ano passado foram registradas 80 operações do ramo no setor Saúde, melhor ano desde 2000, com um número 50% maior que no ano anterior. Breno de Figueiredo Monteiro, Presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e da Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Fenaess). MELHOR CUSTO-BENEFÍCIO A perspectiva é dar prosseguimento ao engajamento das entidades de ensino no projeto de integridade na formação dos profissionais de saúde e médicos. Existem desafios no setor, como a escassez de recursos, seja no público ou privado, obrigando a melhoria da gestão através da formação e informação dos gestores em todos os níveis, por meio da digitalização dos processos – de forma confiável -, visando o melhor custo-benefício. Outros temas que tendem a ganhar destaque são Telemedicina, LGPD e o cadastro único de pacientes, o qual, na minha avalição, é o grande passo inicial para toda essa revolução. Gláucio Pegurin Libório, presidente do Conselho de Administração do Instituto Ética Saúde. CAPACITAÇÃO FREQUENTE Diante das mudanças que a Saúde apresenta ao longo dos anos, com o turbilhão de novas tecnologias, modelos de atendimento e regulações, é necessário que gestores setor estejam sempre engajados com melhores práticas e procurem atualizações constantes. Não basta ter ciência de que transformações existem, é preciso capacitar-se para lidar com elas e estar preparado para resolvê-las. Nós, gestores, não devemos nos acomodar. É preciso ter como hábito o estudo e a capacitação frequentes. É desta maneira que alcançamos o modelo de saúde que esperamos. Líderes bem formados e organizados podem transformar o mercado de Saúde. Francisco Balestrin, presidente do Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXS). TÓPICO 3 — NOVAS TENDÊNCIAS EM SAÚDE 187 ROTA DA PRODUTIVIDADE A perspectiva é sempre positiva. Com as movimentações políticas que levam à aprovação de importantes reformas para a transformação do atual cenário econômico do país, a indústria tende a ganhar. Acreditamos que somente as reformas poderão nos colocar novamente na rota da produtividade. É o caminho para aumentarmos a nossa competitividade dentro e fora do país. Do lado de cá, seguimos batalhando por uma indústria inovadora, em parceria com universidades e institutos de pesquisa, a fim de desenvolver soluções disruptivas capazes de atender às demandas de um país em desenvolvimento e que está em processo de envelhecimento. Franco Pallamolla, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (ABIMO). QUALIDADE DE VIDAEmbora existam motivos para preocupações, a indústria farmacêutica tem sido otimista com o futuro imediato do País. Quanto à ciência, tem caminhado cada vez mais para tratamentos personalizados e complexos, como as terapias gênicas e novos tratamentos biológicos. Ao observar essas abordagens, precisamos levar em conta não apenas a sobrevida do paciente, mas também a qualidade de vida, com controle de sintomas e resgate da autonomia. O papel do setor produtivo é participar da discussão com o governo e as agências reguladoras, para que as novas tecnologias possam ser trazidas ao Brasil de maneira segura para o paciente. Elizabeth de Carvalhaes, presidente-executiva da Interfarma. ATENÇÃO AO PACIENTE Com a tecnologia cada dia mais presente em nossas vidas, a expectativa é que possamos estar preparados para atender nossos pacientes da melhor forma, com agilidade e precisão das informações. Assim, temas como Internet das Coisas e Transformação Digital, devem ser olhados com muita atenção pelos Gestores da Saúde. Mesmo com toda tecnologia a nosso favor, não podemos deixar de lado itens como Atenção ao Paciente e tudo que o cerca. Em 2020 temos que observar e dar atenção para temas como Maturidade de Gestão; Projetos de Longevidade; e Neuroética. Marcio Moreira, presidente da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares (FBAH). QUALIFICAÇÃO HUMANA Depois de muitas perdas de leitos e fechamento de hospitais, desejamos e seguimos confiantes com o crescimento da economia, o desenvolvimento da saúde, mas, também, da educação, pois, para se ter um setor de qualidade, a qualificação é o principal instrumento de avanço e evolução. Acredito que estamos no momento de investir na qualificação humana. Não há dúvidas de que a tecnologia continuará evoluindo e se inovando. O que precisamos é de cuidar da formação dos profissionais. Acredito que 2020 será o ano da consolidação de 188 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE tecnologias digitais, não apenas como ferramentas de gestão, mas também de assistência, a exemplo da telemedicina e da tecnologia 3D. Adelvânio Francisco Morato, presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH). DEMANDA PERMANENTE Os principais desafios da saúde para 2020 são: mudanças nas relações entre pagadores e fornecedores; restrições do orçamento público para o setor da saúde; maior demanda da população em relação à saúde, principalmente pelo envelhecimento populacional; maior demanda por novas tecnologias e novos tratamentos. E três temas tendem a ser bastante abordados neste ano: modelos de pagamento, tabelas SUS e saúde corporativa. Acredito que a saúde tem perdido espaço nas discussões públicas. Nos períodos eleitorais, a Saúde é a demanda número um da população. É preciso que esta demanda seja permanente. Ruy Baumer, diretor titular do Comitê da Cadeia Produtiva da Saúde e Biotecnologia (ComSaude) da Fiesp. VALOR EM SAÚDE Precisamos avançar na pauta relativa à melhoria da atenção primária. E temos que encontrar caminhos para melhorar a sustentabilidade financeira do setor de saúde, em função das questões de orçamento público, o aumento das contribuições privadas para os planos de saúde e o impacto do envelhecimento da população nos custos da Saúde. Teremos um aprofundamento não apenas dos debates, como também das experiências práticas na implantação de modelos de gestão relacionados a oferecer valor em Saúde. Já no setor de dispositivos médicos, vamos continuar observando o rápido avanço da tecnologia. Fernando Silveira Filho, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed). FONTE: Adaptado de <http://abramed.org.br/690/2020-desafios-e-tendencias- -na-visao-de-liderancas-da-saude/>. Acesso em: 27 nov. 2020. 189 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • Um dos principais desafios atuais tem sido a dificuldade de decifrar a complexidade de enfermidades que cada vez mais se colocam como responsáveis por grande parte da carga de doenças em todo o mundo, inclusive entre nós – as doenças crônicas não transmissíveis. Em paralelo, nossa política de pesquisa deve apontar para as enfermidades que atingem os segmentos mais vulneráveis de nossa população – as doenças incidentes em populações negligenciadas. • No setor de saúde, além de complexidade, têm-se necessidade e urgência pelos desafios que se apresentam em muitos países. • No Brasil, a transição demográfica, marcada pelo forte processo de urbanização e envelhecimento populacional, bem como a chamada transição epidemiológica, representada pelo aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis, têm representado um enorme desafio aos sistemas e serviços de saúde. • A inteligência artificial (IA) vem ajudando a otimizar o trabalho e processos do setor de saúde, transformando prontuários manuais em digitais e modernizando a coleta de dados dos pacientes. • No Brasil, um país com alto número de comunidades isoladas e regiões onde há escassez de médicos, o telediagnóstico surge como excelente alternativa para melhora dos cuidados da saúde da população. Este tipo de atendimento tem sido aplicado com maior frequência em hospitais e clínicas que buscam outras instituições de referência para trocar informações. • Telessaúde é um termo mais amplo, que inclui vigilância, promoção da saúde e funcionamento da saúde pública, bem como a assistência de computadores e telecomunicações para apoiar a gestão, o acompanhamento, a literatura e o acesso ao conhecimento em medicina. • E-saúde é então considerado como a transferência de recursos e cuidados em saúde por meio eletrônico: a entrega de informações de saúde para profissionais de saúde e consumidores, incluindo o uso do comércio eletrônico e negócios eletrônicos na prática de saúde. • Telemedicina é definida como a utilização de telecomunicações para diagnosticar e tratar a doença, associada à prática de cuidados de saúde usando as tecnologias de informação, comunicação e dispositivos médicos. 190 Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA • Por fim, conhecemos o termo Ecossistema em Saúde, definido na literatura como interação sistemática dos seres vivos (Humanos) e não vivos (Tecnologia & Economia) em um contexto particular. É capaz de refletir de forma abrangente a situação socioeconômica do lugar em que o projeto ou programa será implementado. Está aninhado a outros ecossistemas. Assim, vemos a importância de desenvolver um ecossistema de e-Saúde antes de começar a discutir a implementação de um projeto. 191 1 A inovação em saúde vai muito além da implementação de tecnologias para o setor, envolvendo o desenvolvimento de produtos, serviços e redes de informação. Sobre a inovação no setor da saúde, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Um diagnóstico preliminar da inovação em serviços não significa a análise de um processo de inovação em si, consiste em verificar o processo de difusão de inovações tecnológicas da indústria no setor de serviços. b) ( ) Não corresponde apenas a novas tecnologias, mas também às mudanças da sociedade em geral. Vivemos num mundo que demanda mais agilidade e precisão, que se beneficia da grande quantidade de dados disponíveis, com uma capacidade inédita de tratamento e processamento, transformando-os em informações úteis para o tomador de decisão. c) ( ) A inteligência artificial (IA) vem ajudando a otimizar o trabalho e processos do setor de saúde, transformando prontuários manuais em digitais e modernizando a coleta de dados dos pacientes. d) ( ) Além de complexidade têm-se necessidade e urgência pelos desafios que se apresentam em muitos países. e) ( ) Possibilita a transferência de recursos e cuidados em saúde por meio eletrônico, por exemplo, a entrega de informações desaúde para profissionais de saúde e consumidores, incluindo o uso do comércio eletrônico e negócios eletrônicos na prática de saúde. 2 A telemedicina é definida como a utilização de telecomunicações para diagnosticar e tratar a doença, associada à prática de cuidados de saúde usando as tecnologias de informação, comunicação e dispositivos médicos. Sobre os processos envolvidos nessa ferramenta, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Vigilância, promoção da saúde e funcionamento da saúde pública, a assistência de computadores e telecomunicações para apoiar a gestão, o acompanhamento, a literatura e o acesso ao conhecimento em medicina. b) ( ) Transferência de recursos e cuidados em saúde por meio eletrônico: a entrega de informações de saúde para profissionais de saúde e consumidores, incluindo o uso do comércio eletrônico e negócios eletrônicos na prática de saúde. c) ( ) Médicos, pacientes, gestores, formuladores de políticas, entre outros. Cada um deles desempenha um papel importante no ecossistema, pois, de acordo com as suas capacidades, necessidades e de outros fatores, se estabelece um padrão do que é necessário para o desenvolvimento de um projeto. AUTOATIVIDADE 192 d) ( ) Telediagnóstico; atendimento remoto, agendamento eletrônico, prontuário eletrônico de pacientes. e) ( ) Telecomunicações para apoiar a gestão, o acompanhamento, a litera- tura e o acesso ao conhecimento em medicina. 3 Entre as inovações tecnológicas voltadas para o atendimento dos usuários, destaca-se a Telessaúde, que inclui vigilância, promoção da saúde e funcionamento da saúde pública. Sobre a telessaúde, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) É a utilização de telecomunicações para diagnosticar e tratar a doença, associada à prática de cuidados de saúde usando as tecnologias de informação, comunicação e dispositivos médicos. b) ( ) Corresponde a transferência de recursos e cuidados em saúde por meio eletrônico: a entrega de informações de saúde para profissionais de saúde e consumidores, incluindo o uso do comércio eletrônico e negócios eletrônicos na prática de saúde. c) ( ) Inclui vigilância, promoção da saúde e funcionamento da saúde pública, bem como a assistência de computadores e telecomunicações para apoiar a gestão, o acompanhamento, a literatura e o acesso ao conhecimento em medicina. d) ( ) Vem ajudando a otimizar o trabalho e processos do setor de saúde, transformando prontuários manuais em digitais e modernizando a coleta de dados dos pacientes. e) ( ) Desempenha um papel importante no ecossistema, pois, de acordo com as suas capacidades, necessidades e de outros fatores, se estabelece um padrão do que é necessário para o desenvolvimento de um projeto. 4 Desde a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), persistem importantes desafios relacionados aos sistemas e serviços para garantia do direito à saúde no país. Conforme observado, quais são os desafios aos sistemas e serviços de saúde? 5 O E-saúde, a Telemedicina e a Telessaúde são diferentes iniciativas com um mesmo propósito: ampliar o acesso e aumentar a qualidade da prestação de serviços de saúde. Explique quais as características e diferenças do e-Saúde, Telessaúde e Telemedicina. 6 Formuladores de política pública em várias áreas, da saúde em especial, e as comunidades empresarial e acadêmica, vêm utilizando o conceito “ecossistema em saúde” com frequência cada vez maior. Sobre esse termo, explique sua funcionalidade e aplicabilidade prática. REFERÊNCIAS BRASIL. Coronavírus. 2020. Disponível em: http://covid19.saude.rn.gov.br/. Acesso em: 27 nov. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Área de economia da saú- de e desenvolvimento. 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