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Sistemas Gerenciais de Apoio à Decisão Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. João Luiz Souza Lima Revisão Textual: Prof. Ms. Fátima Furlan Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas • Introdução • Velha Economia e Nova Economia • Dimensionamento das Oportunidades de Negócios • Processos ao Longo das Teorias Da Gestão • Fases do Desenvolvimento das Organizações Empresariais • Considerações Finais · Esta unidade tem como objetivo ajudá-lo a refletir sobre a importância do entendimento das diferenças entre a velha economia e a nova economia, do dimensionamento das oportunidades de negócios, da evolução dos processos ao longo das teorias da gestão e das fases do desenvolvimento das organizações empresariais. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, abordaremos quatro assuntos que envolvem a importância do entendimento das diferenças entre a velha economia e a nova economia, do dimensionamento das oportunidades de negócios, da evolução dos processos ao longo das teorias da gestão e das fases do desenvolvimento das organizações empresariais. Assim a unidade está estruturada em quatro tópicos que vão nos guiar em nossa disciplina. São eles: • Velha Economia e Nova Economia; • Dimensionamento das Oportunidades de Negócios; • Processos ao Longo das Teorias de Gestão; • Fases do Desenvolvimento das Organizações Empresariais A atividade reflexiva irá explorar o nível de teorização de todos vocês para introduzir os conceitos acima identificados. Também serão disponibilizadas outras indicações de leituras no espaço “material complementar” e em “documentos da disciplina” e as referências bibliográficas utilizadas para elaboração desta unidade. Desta maneira, desejo a você bons estudos! ORIENTAÇÕES Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas UNIDADE Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas Contextualização As grandes corporações da Era Industrial ou Velha Economia como Exxon, General Motors, Chevron, Ford, Walmart, Sears e Dupont estão dando lugar aos novos complexos da Nova Economia como Time Warner, Microsoft, Sony, Disney, Apple, IBM e Dell. Essas empresas transnacionais estão usando a nova revolução digital nas comunicações para conectar o mundo. Na Era Industrial, quando produzir bens era a forma mais importante da atividade econômica, ter propriedades era essencial para a sobrevivência física e para o sucesso. Nesta Unidade, abordaremos quatro assuntos que muito tem se falado e dis- cutido no mundo empresarial: velha economia “versus” nova economia; dimen- sionamento das oportunidades de negócios; processos ao longo das teorias de gestão; fases do desenvolvimento das organizações empresariais. No entanto, devemos tomar muito cuidado ao abordarmos esses assuntos, para que não se tornem apenas um modismo passageiro. O gestor contemporâneo deve se uti- lizar da Tecnologia da Informação (TI) como ferramenta estratégica, visando a busca da vantagem competitiva. 6 7 Introdução As grandes corporações da Era Industrial ou Velha Economia como Exxon, General Motors, Chevron, Ford, Walmart, Sears e Dupont estão dando lugar aos novos complexos da Nova Economia como Time Warner, Microsoft, Sony, Disney, Apple, IBM e Dell. Essas empresas transnacionais estão usando a nova revolução digital nas comunicações para conectar o mundo. Na Era Industrial, quando produzir bens era a forma mais importante da atividade econômica, ter propriedades era essencial para a sobrevivência física e para o sucesso. Velha Economia e Nova Economia A transformação da Velha Economia para a Nova Economia tem sido longa. O processo começou no início do século XX, com a mudança na ênfase de bens manufaturados para o fornecimento de serviços básicos. A progressão das prioridades econômicas da manufatura de bens e serviços básicos para transformação das relações humanas em produtos intangíveis constitui a maior mudança ocorrida nas relações econômicas. Na Nova Economia, as máquinas inteligentes na forma de hardwares, softwares e netwares substituem cada vez mais a mão-de-obra na agricultura, na manufatura e nos setores de serviços. Fazendas, fábricas e muitas indústrias de serviços estão se tornando rapidamente automatizadas. Cada vez mais, a mão-de-obra física e mental, de tarefas repetitivas desinteressantes para o trabalho conceitual altamente profissional, será substituída por máquinas inteligentes no século XXI. Em meados deste século, a economia terá os recursos tecnológicos e a capacidade organizacional para fornecer os bens e serviços básicos para a população humana em expansão, usando uma fração da força de trabalho atualmente empregada. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), talvez se precise apenas cinco por cento da população adulta para administrar e operar a tradicional capacidade industrial global por volta do ano de 2.050. Fazendas, fábricas e escritórios praticamente sem trabalhadores será a norma em todos os países. No entanto, novas oportunidades de emprego existirão em atividades pouco conhecidas hoje. A visão filosófica para a noção moderna de propriedade foi dada pela primeira vez no século XVII pelo filósofo britânico John Locke. A sua teoria afirmava que a propriedade privada era um direito natural e não algo que a autoridade da Igreja ou do Estado concedia como privilégio, condicional ao desempenho de obrigações sociais estabelecidas. Locke acreditava que cada homem cria sua própria propriedade acrescentando seu trabalho à matéria bruta da natureza, transformando-a em coisas de valor. 7 UNIDADE Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas Enquanto Locke se preocupava com a maneira como os seres humanos criavam a propriedade, Adam Smith estava mais interessado em como a propriedade passava a ser comercializada no mercado por meio da troca. Smith focalizou sua atenção na economia da troca de propriedades. Na primeira fase do capitalismo industrial, os bens, que eram feitos em casa ou por artesãos locais para permuta e apenas ocasionalmente para a troca no mercado, gradualmente passaram a ser produzidos em massa em fábricas. A casa em si foi transformada de um lugar de produção para um local de consumo. A casa foi durante milhares de anos o local primário de praticamente toda a atividade econômica. O próprio termo economia vem do grego oikos, que significa gerenciar a economia da casa. No final de 1900, o historiador e sociólogo norte-americano Harry Braverman afirmou que muito da produção ainda era centrado na casa, mesmo nas densas áreas urbanas e nas cidades em crescimento dos Estados Unidos da América. As famílias que viviam em regiões altamente industrializadas daquele país estavam produzindo a maior parte de seus alimentos em casa. Elas criavam aves, gado e cultivavam vegetais e compravam apenas batatas no mercado. Enquanto as roupas masculinas eram geralmente compradas em lojas, as das mulheres e crianças eram costuradas em casa, primeiro à mão, e depois com a máquina de costura. Atualmente, o trabalho está começando a diminuir mais uma vez sua importância. A automação dos processos de produção e a crescente substituição da tecnologia inteligente pelo trabalho humano estão permitindo a liberação dos seres humanos do duro trabalho manual. Avanços tecnológicos estão sendo empregados nos setores de manufatura, de ser- viços e de conhecimento, aumentando a capacidade produtiva praticamente em todo campo comercial enquanto se reduz a necessidade de trabalho humano no processo. É bem provável que com os novos avanços em tecnologia e aumentos dramáticos na produtividade, a semana de trabalho, que no início da Era Industrial se aproximava de 70 horas ou mais e foi reduzido continuamente no último século para 40 horas e atualmente para 35 horas na França e na Itália, continuará seu declínio histórico para 30 horas e até para 20 horas no século XXI, tornando o trabalho humano bem menos importante como aspecto dominador da vida diária das pessoas.8 9 Dimensionamento das Oportunidades de Negócios O economista francês Jean Baptiste Say é geralmente aceito como um dos pioneiros, ao definir o empresário como um organizador e coordenador de fatores de produção que compra os insumos necessários, transforma esses insumos em produtos acabados e os vende ao respectivo mercado consumidor. O economista austríaco Joseph Schumpeter atribuía ao empresário o papel inovador, de produtor do progresso técnico, de motor das transformações. Ele partiu da crítica do caráter estático da economia política clássica, ou seja, sem empresários audaciosos e suas propostas de inovações tecnológicas, a economia manter-se-ia numa posição de equilíbrio estático, num círculo econômico fechado de bens, nulos o crescimento real e a taxa de investimento. Muitos autores já estabeleceram ligações entre os conceitos schumpeterianos de circuito fechado e evolução e os conceitos de reprodução simples e reprodução ampliada, criados por Karl Marx. No caso das inovações tecnológicas, Schumpeter entendia a existência de cinco categorias de fatores: a fabricação de um novo bem, a introdução de um novo método de produção, a abertura de um novo mercado, a conquista de uma nova fonte de matérias-primas e a realização de uma nova organização econômica, tal como o estabelecimento de uma nova situação de monopólio. Schumpeter enfatizou ainda a natureza evolucionária do sistema capitalista, afirmando também que, numa situação de monopólio, as empresas enfatizarão menos a competição de preços, aumentando a competição em termos de inovações tecnológicas e de organização. A figura 1 foi concebida para ilustrar o modelo proposto por Joseph Schumpeter, no qual há uma forte correlação entre desenvolvimento econômico e utilização de tecnologia, sendo esta considerada como uma vantagem competitiva para a nação que adotar o modelo em questão. Desenvolvimento Econômico Tecnologia Vantagem Competitiva Figura 1 – Modelo de Joseph Schumpeter Fonte: LIMA, 1996 9 UNIDADE Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas A Tecnologia da Informação (TI) consiste num conjunto de equipamentos, aplicações, serviços e tecnologias que envolvem: hardwares, softwares e netwares. Ela é, atualmente, complexa, abrangente e inclui uma imensa variedade de recursos. A TI está transformando os valores atuais da sociedade. É muito mais profunda e rápida que qualquer outra transformação tecnosocial na história, alterando drasticamente o perfil de toda a sociedade e de suas organizações empresariais. A TI garante ganhos de produtividade desde que a organização administre bem a sua base informacional e saiba aproveitar as oportunidades que as novas tecnologias de informação oferecem (Lima, 1996). A Tecnologia da Informação (TI) possibilita às empresas as seguintes diferencia- ções estratégicas: a) Diferenciar serviços/ produtos das organizações; b) Mudar as relações de poder e pressão e de força política; c) Criar ou destruir dependências entre organizações; d) Estabelecer relações de fidelidade com os respectivos clientes e fornecedores; e) Reduzir prazos para atividades essenciais da organização; f) Mudar drasticamente as estruturas de custos; g) Criar canais de comunicação com o cliente/cidadão/mercado inimagináveis há alguns anos; h) Fortalecimento da competitividade da organização; i) Integrar processos de trabalho; j) Impactos da natureza essencialmente econômica (reduções de custos, aumento de ganhos, melhorias de fluxos de caixa etc.); k) Importância como agente facilitador do trabalho, bem como integrador da organização; e l) Desenvolvimento do uso das tecnologias de informações que objetivam manter a empresa ou organização na vanguarda tecnológica. A utilização da TI consiste numa estratégia competitiva para o sucesso da implementação de mudanças radicais na empresa. Enquanto a Reengenharia envolve a análise e o reprojeto dos fluxos e processos administrativos dentro das organizações ou mesmo entre elas, a TI envolve o conjunto de recursos oferecidos por computadores, redes de comunicações de dados e softwares integrados. As modernas redes de telecomunicações permitem que as organizações possam se utilizar simultaneamente das gestões baseadas nas tomadas de decisões centralizadas ou descentralizadas. O mesmo ocorre com as modernas ferramentas de suporte à decisão, como por exemplo, os acessos a bancos de dados e os softwares específicos de simulação de resultados que permitem que a tomada de decisões faça parte integrante e normal do trabalho de todos os colaboradores da organização. A comunicação de dados sem fios (via satélite) e os computadores portáteis (laptop) possibilitam ao pessoal de campo enviar e receber informações onde estiver. A utilização do videodisco interativo permite o efetivo contato com um cliente em potencial, contribuindo com o esforço de venda pessoal (Lima, 1996). 10 11 A TI possibilita ainda, que as empresas utilizem recursos de alto desempenho em termos de hardware, software e netware, visando à identificação e o rastreamento automático dos pontos de controle dentro dos processos administrativos e operacionais existentes. Isso altera violentamente a ideia de que o administrador precisa descobrir onde estão os pontos de controle. Os softwares de alto desempenho disponíveis atualmente também possibilitam a revisão instantânea dos planos estratégicos da alta administração (Lima, 1996). O futurólogo e consultor norte-americano John Naisbitt, autor do livro Paradoxo Global, vê o desenvolvimento da TI como sendo, ao lado do colapso do comunismo e do crescimento do sudeste asiático, uma das três mudanças recentes e importantes na economia mundial (Naisbitt, 1994). Ex pl or Processos ao Longo das Teorias Da Gestão Os princípios contidos na Organização Científica do Trabalho (OCT), também conhecida por Teoria da Administração Científica ou Taylorismo, os quais foram idealizados no início do século XX nos Estados Unidos da América por Frederick Winslow Taylor e seus seguidores, pregavam conceitos ligados à melhoria dos processos empresariais quando enfatizavam a análise do trabalho e sua decomposição em tarefas seriais. Da mesma forma que a melhoria dos processos aborda atualmente a questão da utilização de recursos tecnológicos para o incremento dessas melhorias, a OCT pregava a utilização da tecnologia para capacitar à mudança nos métodos de trabalho. O Taylorismo abordava vários princípios relacionados aos conceitos da melhoria dos processos empresariais, conforme descrito a seguir: a) Distinção clara entre a execução do trabalho e o seu projeto. b) A suposição clara de que existe um projeto ideal para qualquer processo de trabalho. c) A necessidade de medidas e controles da eficiência e eficácia do trabalho. d) A necessidade de que os trabalhadores deveriam seguir procedimentos padronizados (Taylor, 1970). Taylor e outros adeptos da OCT encaravam a organização empresarial de um ponto de vista altamente mecanicista e viam no trabalhador um elemento do sistema, racional e maximizador do lucro. A OCT exerceu influência em muitas das ideias relativas à direção das organizações. A diferença entre os princípios da OCT e os da melhoria dos processos empre- sariais é que os últimos oferecem a possibilidade de tornar novamente completos trabalhos que tenham sido fragmentados e especializados pelo Taylorismo. 11 UNIDADE Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas A Teoria das Relações Humanas, através dos estudos realizados nos Estados Unidos da América na década de 30 por Kurt Lewin e Elton Mayo, estabeleceu alguns conceitos que contribuíram na formação dos princípios da Reengenharia de Processos. Os estudos de Lewis concentraram-se na melhoria das interações humanas dentro de pequenos grupos de trabalho. Os estudos de Mayo concentraram- se na compreensão das relações sociais de pequenos grupos (Kwasnicka, 1987). A Teoria das Relações Humanas foi aplicada em muitas empresas industriais,visando ao aperfeiçoamento dos trabalhadores das linhas de produção (linhas de montagem), além de ser utilizada como estratégia para a introdução de novas tecnologias e melhoria nos processos da empresa. A Reengenharia, por sua vez, utilizou esses conceitos no incremento da melhoria radical de resultados e o enfoque de avaliação e melhoria sobre os processos da empresa. As Teorias que criaram o movimento das Relações Humanas fizeram surgir uma visão diferente do empregado. Ele via a organização como um sistema social, com seus membros fortemente influenciados por relações intragrupos e com o indivíduo motivado por uma complexa hierarquia de necessidades conhecida como Pirâmide de Maslow. Embora reconhecendo a importância das necessidades econômicas, os adeptos das Relações Humanas davam ênfase às necessidades sociais, de status e outras, como básicas para a motivação dos participantes da organização. O movimento das Relações Humanas na indústria não esteve separado dos progressos fundamentais verificados na Ciência Behaviorista. A Teoria das Ciências Behavioristas – a psicologia, a sociologia e a antropologia – e as pesquisas nela efetuadas, exerceram profunda influência sobre o modo básico de ver o homem dentro da organização e da sociedade, tendo exercido, dessa maneira, papel importante na transformação da Ética Capitalista e da ideologia da Administração. Os conceitos contidos na Teoria Estruturalista também influenciaram os conceitos da melhoria dos processos empresariais. Esta última entendeu que sem o Estruturalismo, aumentam-se as dificuldades para o entendimento do complexo modelo organizacional. A Teoria Estruturalista foi aplicada não só exclusivamente na Administração, mas também na Economia, Antropologia, Filosofia, Linguística, Psicanálise, entre outras ciências. Os próprios conceitos de estruturalismo e de estrutura foram bastante significativos como influenciadores da melhoria dos processos empresarias. Estrutura é o conjunto formal de dois ou mais elementos que subsiste inalterado seja na mudança, seja na diversidade de conteúdo, ou seja, a estrutura se mantém mesmo com a alteração de um dos seus elementos ou das relações entre os mesmos. A melhoria dos processos compreende esse conceito na medida em que promove mudanças nos processos organizacionais modificando-os, às vezes até radicalmente, e estabelecendo uma nova ordem na estrutura das empresas. Outro aspecto relevante a ser considerado na Teoria Estruturalista como influenciador da melhoria dos processos é o fato dessa Teoria relacionar-se fortemente com a Teoria Sistêmica dando-lhe embasamento. 12 13 A Teoria Sistêmica contribuiu para dar à melhoria dos processos empresariais a visão sintética do todo e os subsídios necessários para lidar com a grande e complexa empresa. Esta, por sua vez, foi definida pela Teoria Sistêmica como sendo um sistema aberto formado por várias partes interagentes e interdependentes entre si. A Teoria Sistêmica possibilitou o estudo das relações entre os diversos elementos componentes do sistema, ou seja, o objetivo do sistema, as entradas, o seu processamento, as saídas, os mecanismos de controle do sistema e o seu processo de retroalimentação. A Teoria Sistêmica permitiu que a gestão empresarial pudesse evoluir no entendimento da organização através dos seus processos interno e externo. Para a gestão a empresa constitui um grande processo formado por vários subprocessos interdependentes e interagentes entre si. Portanto, o administrador ao estudar os princípios da melhoria dos processos notará a similaridade que há entre os processos e os sistemas existentes na organização. A gestão, muitas vezes, racionaliza os processos da organização, pregando aos administradores a manutenção da unicidade e da qualidade das informações. Esses princípios são derivados dos mesmos princípios consagrados que foram estabelecidos pela Teoria Sistêmica a partir de 1951. A Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO), criada na década de 60, influenciou a melhoria dos processos no tocante à melhoria contínua e sistemática da organização como um todo e na progressão da qualidade do atendimento aos clientes, ou seja, o “continuous improvement”. Essa Teoria tem como objetivo primordial aplicar o conhecimento obtido com a Teoria das Relações Humanas na moldagem dos processos de formação de grupos e das relações intergrupais a fim de assegurar a eficiência e a eficácia organizacional. Importante! Assim como a Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO), a Reengenharia tam- bém se utiliza dos grupos para a execução das melhorias organizacionais. Você Sabia? As Teorias que envolvem o Movimento da Qualidade influenciaram sobremaneira a melhoria dos processos. Dentre os precursores do Movimento da Qualidade destacamos a figura consagrada do norte-americano Edward Deming que admitia a mudança radical mas argumentava que a organização que não apoiasse a melhoria incremental contínua não teria condições de desenvolver uma mudança mais radical (Cruz, 1995). A tabela 1 a seguir, apresenta uma comparação entre as técnicas consagradas do DO e as técnicas propostas pela Reengenharia. Tabela 1 – Desenvolvimento Organizacional “Versus” Reengenharia Comparações entre o Desenvolvimento Organizacional (DO) e a Reengenharia Pontos Comparativos Desenvolvimento Organizacional Reengenharia de Processos 13 UNIDADE Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas Comparações entre o Desenvolvimento Organizacional (DO) e a Reengenharia Objetivos Assegurar a eficiência e a eficácia organizacional Cortar desperdícios e gerar mais eficiência e eficácia organizacional Premissa Equipes, reuniões de confrontação, pesquisa de alternativas e treinamento Times escolhidos de diferentes níveis hierárquicos e áreas da organização Técnicas Usadas Formação de grupos, examinando as suas interações Questionar a própria existência da organização Essência Treinar e sensibilizar para poder mudar Estabelecer as metas para o futuro da organização Administração Contemporânea Planejamento lógico e racional Ações com resultados imediatos Criadores da Técnica Consultores experimentados Acadêmicos de carreira Interfaces na Estrutura Matricial De cima para baixo Definição da Técnica Muito lenta e trabalhosa Muito rápida e inconsequente Importância Vital para o relacionamento humano e crescimento da organização Vital para a sobrevivência da organização Fonte: LIMA, 1996. Outro estudioso do Movimento da Qualidade que se preocupou inicialmente com mudanças radicais nos processos empresariais foi o romeno Joseph Juran (nasceu em 1904 na Romênia e emigrou para os Estados Unidos em 1912). Posteriormente, assim como Deming, Juran deu ênfase à melhoria disciplinada e contínua do processo (Juran & Gryna, 1991). O exemplo da utilização das técnicas de melhorias contínuas dos processos organizacionais é dado pelas empresas japonesas. Estas causaram grande impacto no Ocidente a partir da década de 70, quando demonstraram extrema competência no atendimento às exigências do mercado consumidor em que atuavam. As empresas japonesas também causaram, extremo desconforto aos meios empresariais ocidentais nos métodos que utilizavam para a colocação de produtos com preços acessíveis e qualidade muito acima da média dos concorrentes (Womack, Jones & Roos, 1994). Atualmente, as práticas gerenciais japonesas dedicam quase que a totalidade do tempo disponível no gerenciamento dos processos e na busca da melhoria contínua conhecida como Kaisen. Alguns estudiosos japoneses do Movimento da Qualidade, dentre os quais podemos destacar Kaoru Ishikawa e Masaaki Imai, passaram a escrever sobre essas práticas gerenciais adotadas e logo ficaram conhecidos nos meios empresariais e acadêmicos ocidentais. Porém, muitos especialistas em Reengenharia atribuem à origem do emprego da melhoria dos processos empresariais, pela primeira vez, no sentido que lhe é dado hoje na AdministraçãoContemporânea, ao norte-americano Michael Hammer. Michael Hammer, um ex-professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e atual consultor de renome nos países de língua inglesa, divulgou suas ideias através de um artigo publicado na revista norte-americana Harvard Business Review, em sua edição de julho / agosto de 1990. A palavra “melhoria dos processos” foi citada no título do artigo: Reengineering Work: Don’t Automate, Obliterate. 14 15 Como não há uma equivalência na tradução para a língua portuguesa das palavras “to engineer” ou “to reengineer”, o título do artigo de Hammer foi traduzido como: “Refazendo o Trabalho: Não Automatize, Destrua! ” (Lima, 1996). O artigo de Hammer fazia alusões à má utilização dos recursos de informática por parte das empresas ocidentais, ou seja, essas empresas apenas estavam informatizando os processos existentes sem ao menos reprojetá-los desde o início, visando assim à melhoria necessária para tornar a empresa eficiente e eficaz. Dizia que as empresas estavam operando por intermédio de regras mal articuladas, resultantes das pressões do cotidiano e de práticas gerenciais obsoletas (Moreira, 1994). Além disso, Hammer conseguiu dar um nome comum aos vários esforços semelhantes que estavam sendo desenvolvidos até então. Hammer defendia uma nova técnica de gestão: A Reengenharia, a qual deveria ser empregada a qualquer custo, mesmo que isso representasse uma mudança drástica envolvendo a destruição da estrutura antiga e o estabelecimento de uma nova ordem organizacional. Outro personagem que muito contribuiu para o incremento do estudo da Reengenharia foi o consultor canadense Thomas Davenport que se dedicou mais às mudanças organizacionais e divergia de Michael Hammer com relação à função reservada ao ser humano dentro da mudança. Davenport pregava a Reengenharia mas defendia a preservação das pessoas, tendo a Tecnologia da Informação (TI) como ferramenta facilitadora às inovações ou melhorias incrementais (Lima, 1996). A Reengenharia tem como filosofia básica à mudança dos paradigmas empresariais atuais, ou seja, a quebra dos padrões adotados até então na Administração de Empresas, possibilitando a transformação radical na forma de organizá-las, tornando-as eficientes, eficazes, flexíveis e voltadas aos seus clientes. A Reengenharia pode ser definida, conforme abaixo: a) Consiste no repensar dos propósitos da empresa (o que ela faz e como ela faz). b) Consiste na análise profunda dos atuais processos da empresa. c) Consiste na utilização da Tecnologia da Informação (TI) para modificar fundamentalmente a forma de condução da empresa e não para simplesmente fazê-la funcionar mais rápido. d) Consiste na transformação total da empresa através do remodelamento sem restrições de todos os processos existentes, tecnologias e sistemas administrativos, bem como da estrutura e valores da empresa (Lima, 1996). Na verdade, não estamos somente diante de um conceito novo para representar uma ideia antiga, mas sim, diante de uma quebra de padrões que está proporcionando mudanças radicais na forma de se organizar as empresas e alterar a concepção que se tem dos negócios. A Reengenharia deve ser entendida como o modo pelo qual se pode voltar à empresa para o cliente, garantir qualidade e produtividade nos principais processos 15 UNIDADE Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas organizacionais, obter maior agilidade e objetividade nas decisões e, finalmente, transformar as organizações no sentido de torná-las mais competitivas. Repensar a organização significa romper com o passado e pensar como as coisas deveriam ser independentemente de como estão sendo feitas nas circunstâncias atuais. Significa reinventar a empresa jogando fora os paradigmas existentes, concebendo maneiras totalmente novas de realizar o trabalho organizacional. Significa provocar transformações que devem ser dramáticas, no sentido de superar ganhos marginais ou incrementais. A Reengenharia permite o rompimento com os padrões estabelecidos no passado, possibilita a avaliação de maneira mais profunda à razão da própria existência da empresa e questiona radicalmente o seu funcionamento, assumindo circunstâncias totalmente novas, de maneira prática e profunda. De um modo geral, as organizações são orientadas por funções, tarefas e estruturas e não por processos. A estrutura através de pirâmides hierárquicas, denota muita rigidez e concentração do poder em alguns poucos executivos, geralmente do seu mais alto escalão. Isso leva a empresa a perder agilidade e competitividade diante da concorrência. A falta de visão nos processos faz com que os executivos enxerguem apenas até o limite de suas funções as quais passam a ser mais importante que os clientes permitindo que as responsabilidades se percam entre os departamentos (Rummler & Brache, 1990). Ninguém administra os espaços em branco no organograma. Portanto, a visão de processos é fundamental para a aplicabilidade da Reengenharia nas empresas e a sua concepção será definida no próximo tópico. O modelo administrativo tradicional baseado na “pirâmide hierárquica ou estrutura vertical” é fortemente combatido pela Reengenharia que visa à criação de um novo paradigma, partindo do princípio de que para tornar a empresa mais competitiva é preciso, a partir de sua reinvenção ou transformação, introduzir um modelo de gestão voltado para os processos e não para as funções fixas do organograma tradicional. Um processo pode ser subdividido em subprocessos que se inter-relacionam de forma lógica. O subprocesso é constituído por um determinado número de atividades que são ações necessárias para produzir resultados. Cada atividade é constituída por tarefas executadas pelas pessoas (Kamel, 1994). A Reengenharia possui algumas características básicas que devem ser levadas em consideração para a sua implementação, conforme segue: a) Objetivo Estratégico; b) Visão por Processos de Negócio; c) Melhoria Significativa nos Resultados; d) Impacto Organizacional Amplo e Profundo; e e) Esforço Abrangente e Multidisciplinar. 16 17 O processo pode ser entendido como a sequência de atividades que começa na percepção das necessidades explícitas e implícitas de um cliente e termina com a superação de suas expectativas, através da transformação dos insumos recebidos em produtos/serviços definidos e muitas vezes executados em parceria com clientes e fornecedores, conforme ilustrado na figura 2. A Reengenharia se integra perfeitamente às novas abordagens de administração voltadas para a melhoria dos processos empresariais. Dentre essas abordagens destacam-se o Gerenciamento da Qualidade Total (TQM), o Just-in-Time (JIT), o Kaisen, a Análise do Valor do Processo, o Manufacturing Resource Planning (MRP II), o Custeio Baseado na Atividade (Activity Based Costing - Custo ABC), o Downsizing e o Benchmarking. Ex pl or A figura 2 a seguir, apresenta as interfaces entre os vários processos da empresa e a integração destes com a Tecnologia da Informação (TI). Inventário do fornecedor/ pedido ao fornecedor Estoque de matérias- primas Estoque de matérias em processo Estoque de produtos acabados Pedidos de clientes em processo Inventário do cliente/ canal de vendas Lead-time (Tempo em dias) +$ -$ Fo rn ec ed or es Cli en te s/C on su m id or SUPLEMENTOS Desenvolvimento de fornecedores/ Acordos comerciais SERVIÇOS Assistência técnica/ Suporte pós-venda LOGÍSTICAS (SAÍDA) Coleta de pedido/ Distribuição/ Carteira de pedidos MARKETING/ VENDAS Promoção/ Propaganda/ Relacionamento/ Merchandising PLANEJAMENTO Planejamento da demanda/ S&OP/MPS/MRPCRP PRODUÇÃO Controle do chão de fábrica LOGÍSTICAS (ENTRADA) Programação de vendas sem movimentação/ Armazenagem Figura 2 – Visão dos Processos Empresariais na Indústria Fonte: Lima, 1996. 17 UNIDADE Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas O Gerenciamento da Qualidade Total (Total Quality Management- TQM) objetiva a melhoria contínua dos processos empresariais em termos de custo, tempo e qualidade para o atendimento das necessidades dos clientes. O TQM utiliza gráficos de processo ou fluxo para a compreensão dos processos existentes na empresa e suas abrangências, finalizando com a adequação de atividades para a implementação de melhorias. O Just-in-Time (JIT) tem como objetivo a melhoria contínua dos processos produtivos, possibilitando entre outros benefícios a redução dos estoques fabris. O JIT possui em sua filosofia e metodologia a aversão e ataque às perdas, ou seja, tudo aquilo que não agrega valor ao produto ou serviço. O Kaisen consiste num esforço sistemático e contínuo no qual todos na organização contribuem para que a lucratividade, a qualidade do produto e o prazo de entrega ao cliente sejam constantemente melhorados. A Análise do Valor do Processo visa a simplificação de um processo empresarial, reduzindo seu custo e tempo de execução. A metodologia básica dessa abordagem consiste na análise de cada etapa do processo onde é estabelecido um valor monetário para a etapa. Daí verifica-se se a etapa agrega valor ao processo como um todo. Caso contrário, a etapa é eliminada do processo. O Planejamento dos Recursos de Manufatura (Manufacturing Resource Planning - MRP II) consiste numa filosofia de Administração que busca a melhoria contínua do processo de manufatura através da utilização ótima das informações disponíveis sobre pedidos a serem faturados aos clientes, posição dos estoques existentes, centros produtivos e roteiros de produção, tempos associados à fabricação, custeio do produto, etc. O MRP II possibilita à empresa a melhoria dos seus processos interno e externo. O Custeio Baseado na Atividade (Activity Based Costing - ABC) tem como objetivo o corte dos custos através da análise do processo como um todo e da verificação das atividades que não agregam valor ao produto / serviço fornecido pela empresa aos seus clientes. O Custeio ABC prega a eliminação dessa atividade não só do cômputo geral da formação do custeio, mas também de sua eliminação definitiva do processo. O Custeio ABC está transformando a Contabilidade Gerencial tradicional com o envolvimento crítico maior desta área nos processos organizacionais. O Downsizing consiste na redução de níveis hierárquicos de uma organização para manter o essencial e a aproximação da base em relação à cúpula (direção). Geralmente, é acompanhado de uma descentralização do processo de tomada de decisões para os níveis inferiores da pirâmide hierárquica da organização. O Benchmarking consiste num processo contínuo no qual a empresa avalia seus produtos, serviços, processos administrativos e operacionais em relação aos seus mais fortes concorrentes ou mesmo às empresas notadamente reconhecidas como líderes em termos de excelência empresarial. É uma abordagem estruturada para se observar o mercado pelo lado de fora da empresa e da adaptação das melhores 18 19 práticas empresariais encontradas no aprimoramento dos processos internos e na busca de uma estratégia ideal para a empresa. O Benchmarking é a avaliação objetiva de como a empresa está posicionada no mercado em relação aos competidores de classe mundial ou do mesmo ramo de atividades. É um processo em que a empresa aprende com a experiência, observando o que a concorrência está fazendo no presente e projetando qual seria o seu desempenho no futuro. A implementação da Reengenharia de Processos passou a ser vista e apregoada por muitos empresários, executivos e consultores como a solução para os principais e mais urgentes problemas das organizações do final do século XX. Caso a organização não a adote, é improvável que sobreviva no século XXI, afirmava Michael Hammer. Por outro lado, o maior desafio para as organizações nos dias de hoje não é o nível de sua tecnologia ou competitividade, mas sim, o gerenciamento de seus recursos humanos. Partindo desse pressuposto de que não existe organização sem pessoas, podemos inferir que não haverá Reengenharia sem que as pessoas estejam envolvidas com ela. No entanto, a Reengenharia começou a rever seus postulados a partir do momento em que, com a desculpa de reduzir custos, muitas empresas se aproveitaram da sua bandeira para promoverem e realizarem demissões ou redução dos níveis hierárquicos (Downsizing) em suas respectivas estruturas organizacionais. Em outubro de 1995, numa conferência da empresa de consultoria Arthur D´ Litlle, representantes de algumas companhias bem-sucedidas dos Estados Unidos concordaram que a Reengenharia, experimentada por cerca de dois terços das maiores empresas americanas e europeias necessitava, ela própria, reestruturar- se um pouco (Lima, 2003). A reestruturação proposta pelos seus reformadores consistia na reformulação da ideia de cortes dos custos drásticos a serem efetuados no curto prazo em troca da introdução de conceitos de planejamento estratégico e de recursos humanos mais “holísticos” de longo prazo. As empresas norte-americanas e europeias que fracassaram na implementação de projetos de Reengenharia estavam muito mais interessadas em saciar a sede das bolsas de valores por soluções rápidas, normalmente pela demissão de funcionários, em vez da introdução de mudanças estruturais. Ao mesmo tempo em que destrói o moral das pessoas, esse método leva ao que se chama de “anorexia corporativa” com empresas muito enxutas para tirarem benefícios dos ciclos de alta na economia. O termo “anorexia corporativa”, que foi criado pelos militantes do movimento que criticou a Reengenharia recentemente, significa dizer que as empresas com estruturas organizacionais muito enxutas ou “magras” não estariam preparadas para enfrentar um reaquecimento da economia e, consequentemente, tenderiam a perder mercado para outras empresas mais preparadas dentro do respectivo segmento de mercado (Gibson, 1998). 19 UNIDADE Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas Importante! O indiano C. K. Prahalad, um dos principais militantes do movimento, professor da Universidade de Michigan e autor do livro “Competing for the Future”, afirmou que os executivos preferem cortar ativos a aumentar o faturamento líquido. Prahalad chegou à conclusão de que os dirigentes dedicam menos de 3% de suas energias para construir o futuro. Ele contesta não só a Reengenharia, mas todas as novas teorias e técnicas que levam à eliminação de níveis hierárquicos e de empregos (Lima, 1996). Você Sabia? As considerações de Prahalad nos levam a considerar o papel gerencial na implantação de qualquer nova medida sobre a estrutura da organização e aquelas empresas que não tiverem um corpo executivo disposto a pensar no amanhã e construir, consequentemente, um novo futuro não deverão aplicar a Reengenharia ou qualquer nova abordagem de Administração. O consultor brasileiro João Bosco Lodi afirmou que a Reengenharia nada mais é do que “um detestável renascimento do taylorismo noventa anos depois” (Lima, 2003). Lodi aponta para o fato de a Reengenharia focalizar o processo interno da empresa e não a totalidade do negócio e os seus resultados. No entanto, ele reconhece que a Reengenharia é uma nova fórmula de Administração e que o Taylorismo conduziu países como os Estados Unidos e o Japão ao pleno desenvolvimento econômico. Michael Hammer e Steve Stanton afirmaram que a Reengenharia é uma revolução e, conforme todas as revoluções – políticas, econômicas e sociais, ela inevitavelmente produziu os seus próprios contrarrevolucionários. Segundo Hammer e Stanton, a missão dos contrarrevolucionários é evitar a Reengenharia fazendo-a regredir para assim estabelecerem a manutenção do estado de coisas em vigor (Hammer & Stanton, 1995). Fases do Desenvolvimento das Organizações Empresariais Para melhor compreender as principais características das organizações empresarias ao longo do tempo, dividiremos o seu desenvolvimento em três fases, conforme descritoa seguir: • Fase 1 – Sociedade Comercial. Capital, terra e trabalho eram os responsáveis pelo crescimento das organizações nessa fase; • Fase 2 – Sociedade Industrial. Capacitação tecnológica que proporcionou a alavancagem das primeiras indústrias e o desenvolvimento científico proporcionado, ainda, pela utilização do capital, da terra e do trabalho foram os responsáveis pelo crescimento das organizações nessa fase; 20 21 • Fase 3 – Sociedade do Conhecimento. Capital intelectual é o grande fator responsável pela alavancagem das organizações nessa fase. O uso das máquinas transformou, radicalmente, a natureza da atividade produtiva, deixando sua marca nos costumes sociais através do último século. A invasão foi tamanha que, hoje, cientistas produzem interpretações mecanicistas do mundo natural. Filósofos e psicólogos articulam teorias mecanicistas da mente e do comportamento humano. E onde nós podemos ver isso? Veja em seu pulso. Há um relógio aí? O fato de estarmos sempre presos ao “tempo” é uma convenção mecanicista, já que um relógio é um dispositivo de controle dessa convenção. Isso demonstra que, hoje, vivemos presos a “processos”. Cadeias de lojas de refeições rápidas são outras evidências de que estamos presos ao tempo. Refeições rápidas existem porque você precisa poupar tempo, pois algum dispositivo social exige que você gaste seu tempo em outra atividade. Por outro lado, a atividade do fast-food dá emprego e renda a uma fração da população. Logo, é, também, necessária. Pense que, hoje, as cidades possuem um volume populacional maior do que havia em 1800; muitos vivem em apartamentos, e isso impede que possam ter uma horta, uma vaca ou algumas ovelhas. A abordagem mecanicista leva-nos a pensar de forma linear. Essa linearidade é explicada pelo sucesso obtido por Henry Ford na concepção e utilização da Linha de Produção, extraída dos conceitos defendidos por Frederick Winslow Taylor. Assim, o Mundo Ocidental passou a enxergar a realidade com base nas linearidades sugeridas pelas linhas de produção, considerando que esse seria o melhor sistema de interpretação das necessidades humanas. Entretanto, é possível enxergar, através de uma ótica circular, que os processos humanos não são tão “lineares” e que essa linearidade sugerida por Ford pode con- duzir organizações ao insucesso pela estagnação ou pelo reforço de ações incorretas. A sociedade industrial deixou marcas profundas e modificou a sociedade civil. Quantos anos as comunidades, principalmente as do interior, acertaram seus reló- gios pelo relógio da fábrica ou da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro? As famílias passaram muito tempo orientando suas vidas particulares pelas necessidades das fábricas, que também reorganizaram a vida do comércio. As fábricas, estruturadas até a década de 80 em grandes dependências, com inúmeros prédios, ganharam status de pequenas cidades, com vida própria e processos complexos que demoravam muito tempo para serem concluídos. 21 UNIDADE Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas Considerações Finais Esta unidade teve como objetivo ajudá-lo a refletir sobre a importância do entendimento das diferenças entre a velha economia e a nova economia, do dimensionamento das oportunidades de negócios, da evolução dos processos ao longo das teorias da gestão e das fases do desenvolvimento das organizações empresariais. Essa compreensão permite que o gestor possa, com base naquilo que foi sucesso ou insucesso no passado, preparar o futuro da organização em que estiver atuando. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites SAP Brasil Site Institucional SAP Brasil (uma das maiores empresas do mundo em sistemas de gestão. www.sap.com.br Livros A Terceira Onda TOFFLER, Alvin. A Terceira Onda. São Paulo: Record, 1997. 23 UNIDADE Desenvolvimento das Organizações Contemporâneas Referências BALLESTERO-ALVAREZ, Maria Esmeralda. Manual de Organização, Sistemas e Métodos. São Paulo: Atlas, 2007. CRUZ, T. Reengenharia na Prática. São Paulo: Atlas, 1995. GIBSON, R. (Organizador). Repensando o Futuro – Negócios, Estratégia, Concorrência, Controle, Liderança, Mercados e Globalização. São Paulo: Makron Books, 1998. HAMMER, M. & STANTON, S. A. A Revolução da Reengenharia - Um Guia Prático. Rio de Janeiro: Campus, 1995. JURAN, J. M. & GRYNA, F. M. Controle da Qualidade. São Paulo: McGraw Hill, 1991. Volume I. KWASNICKA, E. L. Teoria Geral de Administração. 2.ed. São Paulo, Atlas, 1987. LANDES, D. S. Riqueza e a Pobreza das Nações. 6.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. LIMA, J. L. de S. Proposta Metodológica para a Implementação da Reengenharia de Processos em Empresas dos Segmentos Químico e Petroquímico Brasileiro. Dissertação de Mestrado defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 26 de agosto de 1996. ________. Tecnologia, Novas Formas de Gerenciamento e Desemprego Industrial. Tese de Doutorado defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 14 de maio de 2003. MACEDO, R. B. M. Seu Diploma, Sua Prancha: Como Escolher a Profissão e Surfar no Mercado de Trabalho. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 1998. NAISBITT, J. Paradoxo Global. Rio de Janeiro: Campus, 1994. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Sistemas de informação gerencial. São Paulo: Atlas, 2002. PRAHALAD, C. K. & HAMEL, G. Competindo Pelo Futuro. Rio de Janeiro: Campus, 1995. PORTER, M. E. Competição – On Competition – Estratégias Competitivas Essenciais. 5.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. SOROS, G. A Crise do Capitalismo – As Ameaças aos Valores Democráticos – As Soluções Para o Capitalismo Global. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. TAYLOR, F. W. Princípios de Administração Científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 1970. WOMACK, J. P. & Outros. A Máquina que Mudou o Mundo. 3.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1994. 24 Sistemas Gerenciais de Apoio à Decisão Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. João Luiz Souza Lima Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações • Introdução • Ações de Empreendedorismo • Perspectivas das Organizações do Século XXI • Capacidade Inovadora e de Competição • Organização e Administração • Sistemas de Informações • Considerações Finais · Esta unidade apresenta as ações empreendedoras e os Sistemas de Informações, contendo as suas características, componentes, ambientes e ferramentais envolvidos. Além disso, são discorridas com detalhes as perspectivas das organizações do século XXI, a capacidade inovadora e de competição das organizações e os conceitos fundamentais de organização e administração. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta unidade, abordaremos cinco assuntos que envolvem as ações de empreendedorismo, as perspectivas das organizações do século XXI, a capacidade inovadora e de competição das organizações, os conceitos fundamentais de organização e administração e os conceitos de sistemas de informações. Assim a unidade está estruturada em cinco tópicos que vão nos guiar em nossa disciplina. São eles: · Ações de Empreendedorismo; · Perspectivas das Organizações do século XXI; · Capacidade Inovadora e de Competição; · Organização e Administração; · Sistemas de Informações. A atividade reflexiva irá explorar o nível de teorização de todos vocês para introduzir os conceitos acima identificados. Também serão disponibilizadas outras indicações de leituras no espaço “material complementar” e em “documentos da disciplina” e as referências bibliográficas utilizadas para elaboração desta unidade. ORIENTAÇÕES Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações UNIDADE Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações Contextualização Prezado (a) Aluno (a), Nesta unidade, abordaremos cinco assuntos que muito tem se falado e discutido no mundo empresarial. São eles: ações de empreendedorismo; perspectivas das organizações do século XXI;capacidade inovadora e de competição das organizações; conceitos fundamentais de organização e administração; e os conceitos dos sistemas de informações. Além disso, o gestor contemporâneo deve se utilizar da moderna Tecnologia da Informação (TI), visando à busca da vantagem competitiva. Bons estudos! 6 7 Introdução O economista norte-americano Lester Thurow (1996) afirmou recentemente que a ferramenta competitiva dominante no século XXI será a educação e a qualificação da força de trabalho. Para ele, existem cinco forças ou placas tectônicas (que flutuam no núcleo liquefeito da Terra) que contribuem para o aumento do desemprego e, consequentemente, para a queda dos salários. Ações de Empreendedorismo Lester Thurow se referiu ao movimento das cinco placas tectônicas econômicas que estão impulsionando todas essas mudanças e remodelando fundamentalmente a superfície econômica da Terra. A primeira placa refere-se ao fim do comunismo. Em 1989, um terço da humanidade vivia no mundo comunista e atualmente estas pessoas estão se juntando ao mundo capitalista. A segunda placa refere-se à alteração no mercado, no qual as indústrias baseadas em recursos estão sendo substituídas pelas indústrias que valorizam o conhecimento e aquilo que é produzido pelo próprio homem. A terceira placa refere-se à demografia. A população mundial está crescendo, está se modificando e está ficando mais velha. Por volta de 2015, segundo Thurow, em todas as democracias industriais do mundo, haverá uma maioria de eleitores com mais de 65 anos de idade. Para ele, essa nova condição irá mudar a sociologia, a psicologia, os negócios, os orçamentos dos governos etc., portanto, haverá uma possibilidade inédita na história da sociedade ser dominada pela terceira idade. A quarta placa refere-se à globalização da economia em que as indústrias poderão produzir e vender qualquer coisa em qualquer lugar da face da Terra. A quinta e última placa refere-se à possibilidade de o mundo não ser unipolar com apenas uma potência econômica, política ou militar dominante, como foi o Império Britânico no século XIX ou os Estados Unidos no século XX. Num jogo econômico global, em que nenhuma nação desempenhará essa liderança, o panorama ficará bastante diferente. Portanto, a nova fase da competição global envolverá um jogo entre três superpotências econômicas: Estados Unidos, Europa e Japão. Esse jogo determinará quem dominará o século XXI. 7 UNIDADE Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações Em geologia, as placas continentais movimentam-se porque flutuam no magma liquefeito (matéria espessa e viscosa) do núcleo interior da Terra. Em economia, as placas são impulsionadas por correntes poderosas de tecnologia e ideologia. São essas correntes que estão abalando os alicerces do capitalismo do século XXI, porque a tecnologia e a ideologia estão na verdade se separando. Um exemplo de ilustrar essa situação pode ser retratado a seguir: a tecnologia está fazendo da habilidade e do conhecimento do ser humano as únicas fontes de vantagem competitiva sustentável. Portanto, a empresa deve se preocupar com o modo como irá conectar essas habilidades humanas à sua organização. Mas, ao mesmo tempo, as empresas estão reduzindo e reestruturando essas atividades. Ex pl or Uma mudança importante na indústria está ocorrendo em relação aos produtos decorrentes do processo de fabricação. A nova lista de indústrias-chave inclui: a microeletrônica, a biotecnologia, as novas indústrias de materiais-ciência, as telecomunicações, a aviação civil, a robótica e as máquinas-ferramenta (software e hardware para computadores). Essas são as indústrias-chave da primeira parte do século XXI. O Japão, a União Europeia e os Estados Unidos são no momento concorrentes equivalentes. E todos os três estão competindo pelo mesmo Grupo de indústrias, para assegurar que seus cidadãos tenham um padrão de vida de classe mundial na primeira metade do século XXI. Para Michael Porter (1999), a competição e a estratégia das empresas estão inextricavelmente interligadas. Porter acredita que a chave para a rentabilidade e para o crescimento – na realidade para a sobrevivência – consiste na demarcação e no constante aprimoramento de uma posição competitiva diferenciada; a prosperidade decorre da habilidade de aumentar continuamente a produtividade; e uma parcela substancial do progresso social deriva principalmente das inovações no setor privado. Esses temas, segundo ele, têm demonstrado a sua consistência e durabilidade, não obstante as drásticas mudanças na paisagem competitiva. A competição continuará no século XXI a proporcionar os pilares intelectuais abrangentes para as estratégias das empresas e dos países. Para Porter, o estado da competição num setor depende de cinco forças básicas, que estão diagramadas na figura 1. A potência coletiva dessas forças determina, em última instância, as perspectivas de lucro do setor. Essa potência varia de intensa, em setores como pneus, latas de metal e siderurgia, em que nenhuma empresa aufere retornos espetaculares sobre o investimento, a moderada, em setores como serviços e equipamentos para a exploração de petróleo, bebidas não alcoólicas e artigos de toalete, onde há espaço para retornos muito elevados. A figura 1 apresenta o Modelo de Michael Porter, onde a as forças que governam a competição numa determinada indústria, tais como: o setor, os fornecedores, os clientes, os novos entrantes no setor e a ameaça de produtos ou serviços substitutos. 8 9 O megainvestidor George Soros (1999) teceu algumas considerações críticas acerca da atual crise do capitalismo. Soros disseca a atual crise e a teoria econômica em geral, revelando como as premissas teóricas se combinaram com o comportamento humano para induzir à atual situação tumultuosa. Soros acredita que a fé obsessiva nas forças de mercado obscurece a percepção de instabilidades cruciais e como elas deflagraram uma reação em cadeia que eclodiu na atual crise – uma crise com o potencial de se tornar muito grave. Porém, ele revela uma saída, e essa saída exige a adesão irrestrita ao conceito de sociedade aberta como um ideal permanente. Figura 1 – Modelo de Michael Porter Soros afirma também, que as Organizações do Terceiro Setor ao lado do papel da opinião pública e da sociedade civil revestem-se de importância vital, pois, numa democracia, os políticos e os governantes são sensíveis às demandas populares. Nas verdadeiras democracias, os estadistas talvez assumam a liderança na mobilização da opinião pública. Essa liderança é imprescindível à formação de uma coalizão de países que compartilhem da mesma visão de comprometimento com o advento da sociedade aberta global. (SOROS, 1999. p. 295 – 310). O desafio supremo do século XXI consiste em estabelecer um conjunto de valores fundamentais que se apliquem a uma sociedade global fortemente baseada nos negócios. Apenas assim a sociedade será capaz de salvar não somente o sistema financeiro, mas também a nossa civilização. (SOROS, 1999. p. 131 – 132) 9 UNIDADE Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações Perspectivas das Organizações do Século XXI A indústria responde por aproximadamente 22% da riqueza gerada no mundo – algo em torno de doze trilhões de dólares, segundo o Banco Mundial. Mas o setor é fortemente castigado pela retração da economia internacional em 2008. Com vendas mais fracas, muitas fábricas reduzem a produção e cortam postos de trabalho. O cenário destoa da notável performance alcançada durante a década de 1990, quando a produção industrial mundial cresce a uma taxa de 2,8% ao ano, de acordo com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) – dados obtidos pelo site: www.unido.org. As nações em desenvolvimento, cujos investimentos estrangeiros diretos no setor produtivo e avanço tecnológico nas fábricas fazem com que, na década de 2000, a taxa de expansão do PIB industrial cresçaquase três vezes mais nas nações em desenvolvimento que nas desenvolvidas. A fatia do PIB correspondente ao setor industrial é de 34% nos países em desenvolvimento, contra 24% nos países desenvolvidos, onde há queda da participação na produção mundial – de 85,5% em 1980 para 76,0% em 2010. Ainda assim, não existe alteração significativa na posição de liderança dos EUA, Japão e Alemanha. Essa novidade é um dos efeitos da globalização, que, entre outras implicações, transfere fábricas de nações ricas para países em desenvolvimento. Isso ocorre principalmente na indústria pesada, que demanda muita matéria-prima, energia e mão-de-obra. Como oferecem boa infraestrutura, trabalhadores qualificados e mal remunerados, e telecomunicações e transportes baratos, esses países se vêm transformando em novos polos industriais. Em contrapartida, as nações ricas voltam-se cada vez mais para os segmentos industriais de alta tecnologia (informática, biotecnologia, telecomunicações, aeroespacial etc.), cuja lucratividade é incomparavelmente maior. A indústria vem criando formas alternativas e mais eficientes de atuação. O modelo de fabricação em série e venda baseada em estoques, difundido a partir de 1913, cede espaço à chamada customização. Nesta, as fábricas produzem sob encomenda, atendendo a especificações do consumidor final. Isso só ocorre porque, apesar de o produto ser padronizado, é possível modificar algumas de suas características, graças a adaptações nas linhas de montagem. De acordo com estudos recentes, cerca de 20% dos automóveis vendidos no continente americano são feitos sob encomenda. Na Alemanha, o índice é ainda mais alto: 60%. A medida visa a acabar com o encalhe de veículos nos pátios das montadoras. A informática também vem aderindo cada vez mais à customização. Em 2010, a empresa norte-americana Dell consolida um sistema de vendas de equipamentos por telefone e internet em que o cliente define as especificações do computador que deseja adquirir. 10 11 Outra tendência é a adoção de padrões comuns nas linhas de montagem dos vários países, permitindo que um mesmo produto seja fabricado em várias partes do mundo – de preferência onde os custos são mais baixos. Esse processo põe fim à identidade nacional dos produtos, o famoso “made in”. E é marcante no setor automotivo, tanto na produção de veículos quanto na fabricação de peças e acessórios. As alterações na estrutura produtiva da indústria são tão grandes que alguns estudiosos já apontam o surgimento de uma nova categoria industrial: a das fábricas de inteligência intensiva, que exigem grandes investimentos em tecnologia. Cerca de 85% do preço de um chip (componente fundamental das indústrias de computadores) corresponde a gastos com pesquisa, engenharia e design. Listada como uma corporação industrial que produz computadores, a IBM ocupa menos da metade de seus funcionários na fabricação de máquinas. A maior parte trabalha na criação de softwares, marketing, projetos e integração de sistemas de computadores. Tabela 1 – Pesquisa Industrial UNIDO Líderes por Setor em 2000 País Produção Mundial (em %) Alimentos EUA 22,6 Japão 13,4 Alemanha 08,7 França 05,4 Reino Unido 04,7 Itália 04,7 Metalúrgica EUA 23,8 Japão 17,2 Alemanha 16,2 França 06,6 Itália 04,6 Têxtil EUA 18,9 Itália 12,3 Japão 09,4 Índia 08,1 Alemanha 05,2 Siderúrgica Japão 19,4 EUA 16,9 Alemanha 09,1 Itália 06,7 Índia 04,3 Fonte: www.unido.org 11 UNIDADE Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações A Pesquisa Industrial Anual de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra as principais mudanças da distribuição regional do setor nos últimos 15 anos. Na década de 1970, a indústria concentra-se nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Entretanto, esse desenho muda consideravelmente. Em 1970, São Paulo e Rio de Janeiro concentram 61,3% do emprego e 71,9% da produção industrial nacional; a Grande São Paulo responde, sozinha, por 42,2% do valor da transformação industrial. Em 1985, a participação relativa desses dois estados cai para 56,6% no emprego e 61,2% na produção. Segundo o estudo do IBGE, esse movimento reside nos impactos do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), implementado a partir de 1975, que reorienta parte dos investimentos produtivos para outras regiões. Também contribuem volumosos investimentos em infraestrutura (transporte, energia e telecomunicações), que alargam o mercado brasileiro e facilitam a instalação de unidades industriais em novas áreas; as elevadas taxas de crescimento do PIB nacional (média anual de 6,1% entre 1970 e 1985); a expansão do sistema de incentivos fiscais, associados às Superintendências para o Desenvolvimento da Amazônia e do Nordeste (Sudam e Sudene) e à Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa); e, por último, as novas fronteiras agrícola e mineral. Entre 1985 e 2010, a taxa de crescimento econômico (média anual de 2,4%) e os investimentos diminuem, mas mudanças no ambiente nacional e internacional engendram importantes mudanças estruturais na indústria brasileira. As inovações tecnológicas e organizacionais, a abertura comercial, a criação do Mercosul, a estabilidade monetária, as privatizações, a redução do peso do Estado nos investimentos produtivos e a guerra de incentivos fiscais entre municípios e estados promovem importante reestruturação produtiva das indústrias. Como efeito global dessas mudanças, mantém-se a trajetória de desconcentração regional, mas a um ritmo menos intenso que o observado no período anterior. Paralelamente, observam- se alterações inter-regionais relevantes, com o crescimento da importância relativa das aglomerações industriais no interior dos estados, particularmente em cidades de porte médio do eixo Sul – Sudeste. A cada ano, a produção industrial assume maior importância nas exportações. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), em 1964 os produtos manufaturados representam apenas 6,2% das vendas externas do país, contra 85,4% das mercadorias básicas, como minérios e produtos agrícolas em estado bruto. No quinquênio 1997/2001, a participação dos manufaturados nas exportações é de 57%, e a dos básicos reduz-se a 25,3%. Ao ampliar a parcela de produtos de maior valor na pauta de exportações, a indústria contribui para a busca do equilíbrio na balança comercial. A indústria experimenta grande transformação com a abertura comercial iniciada em 1990. Após longo período de reserva de mercado, os produtos nacionais passam a disputar com os importados a preferência do consumidor. A competição mostra que é possível oferecer produtos melhores a preços menores. A perspectiva de perder espaço no mercado interno leva a indústria 12 13 brasileira a um esforço para tornar-se mais moderna e competitiva. O IBGE, em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Ministério da Ciência e Tecnologia, realiza levantamento inédito sobre inovação tecnológica na indústria brasileira. A Pesquisa Industrial – Inovação Tecnológica (PINTEC) acompanha, no triênio 2008/2010, um universo de 72 mil empresas, utilizando metodologia aceita internacionalmente, o que permite comparações com países como Canadá, Austrália e os da União Europeia. O estudo indica que em 2000 as indústrias brasileiras investem 3,8% do faturamento em inovações tecnológicas, o que equivale a 22 bilhões de reais. Entre 1998 e 2000, 22,7 mil empresas (ou 31,5% das pesquisadas) implementam produtos e processos. De 72 mil indústrias, 6,3% inovaram nos produtos, 13,9% nos processos de produção e 11,3% nos produtos e processos. A taxa de inovação é maior segundo o porte da empresa, variando de 26,6% para as menores (de dez a 49 empregados) a 75,6% para as maiores (500 ou mais funcionários). A indústria brasileira apresenta taxa de inovação semelhante à da Espanha, onde 34,8% das empresas que inovam gastam 1,86% da receita para esse fim. A comprade máquinas e equipamentos absorve mais de 50% dos gastos com inovação. O item pesquisa e desenvolvimento (P&D) ocupa a segunda posição, com mais de 3,7 bilhões de reais, 0,64% da receita em 2010. Quanto maior é a empresa, maiores o investimento e a continuidade das atividades de P&D. Em 2010, 90% do total gasto advém de empresas que o fazem de forma contínua. Os maiores porcentuais de gastos em P&D sobre a receita são da indústria de bens de capital e das indústrias intensivas em tecnologia (fabricantes de equipamentos eletrônicos, de informática e comunicações). As empresas inovam para manter ou ampliar a participação no mercado ou para melhorar a qualidade de seus produtos. As 46 mil empresas que não investem não o fazem pelas condições do mercado, que não exige ou não permite inovações, e por dificuldades como custo e risco. Capacidade Inovadora e de Competição As alterações nos processos produtivos e nas novas formas de utilização do trabalho não têm condições de conviver com as velhas práticas da relação capital – trabalho. Dentre os novos padrões balizando as novas estratégias trabalhistas e as novas práticas de emprego, Lima (2003) enumera as seguintes: a) Aumento da Flexibilidade. Inúmeros regulamentos, normas governamentais e legislativas têm sido relaxadas como forma de permitir a reorganização do trabalho. A descentralização e a desregulamentação têm sido adotadas como elementos essenciais na consolidação de um novo modelo de relação capital – trabalho. Essas modificações no âmbito externo têm sido acompanhadas por práticas dentro das empresas. As decisões passam a depender das esferas diretamente ligadas à identificação do problema, estimulando o potencial criativo dos trabalhadores em todos os níveis da organização. Associado a 13 UNIDADE Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações isto, bem como ao novo papel da firma, têm sido observadas substanciais mudanças nas regras do trabalho e no grau de participação dos trabalhadores nas decisões das empresas, que tem aumentado. b) A Empresa como Elemento Chave. Do lado patronal a empresa atuando individualmente tem emergido como o principal agente das estratégias e decisões relativas às relações trabalhistas. Isso tem implicado um fortalecimento dos administradores na introdução de modificações de qualquer espécie nas relações de emprego. c) Crescente Importância do Desenvolvimento dos Recursos Humanos. Em face da valorização que o mercado passou a atribuir à qualidade do trabalho e do papel desta no aumento da competitividade, via maior produtividade, tanto as empresas como os governos têm se voltado para investimentos no desenvolvimento e formação de recursos humanos. Isso, por sua vez, tem levado a novas formas de remuneração compatíveis com as novas relações trabalhistas que se estabelecem, em particular a flexibilidade de remuneração, com prêmios associados a desempenho, flexibilidade, inclusive para baixo, e maneiras específicas de remunerar o trabalho terceirizado ou por tarefas. d) Enfraquecimento dos Sindicatos. Com as reformulações na produção e nos empregos, as mudanças nas formas de ocupação, o aumento da participação dos trabalhadores na gestão das empresas e a diminuição do seu tamanho, tem havido uma diminuição do espaço do sindicato como representante coletivo dos trabalhadores. Além de se adaptar às novas práticas, eles redobram seus esforços para recrutar novos filiados, agora mais reticentes em ter o sindicato como seu interlocutor. Com isso crescem, também, suas dificuldades de obter recursos para financiar suas atividades. Tudo isso levou nesse mercado ao menor crescimento das oportunidades de emprego e até mesmo, setorialmente, à sua própria redução. Essa redução manifestou-se de forma particular onde a ocupação se dava sob a forma tradicional de carreiras e empregos fixos por um grande período de tempo, que, às vezes, se estendia por toda a vida ocupacional das pessoas. O mercado de trabalho passou a ser comandado pelo lado da demanda de mão- de-obra – ou da oferta de empregos – tendo em vista o excesso de oferta – ou de demanda de empregos – relativamente às oportunidades oferecidas, reduziu o poder de barganha dos já empregados e dos novos ingressantes no mercado, diminuindo suas expectativas de ganhos, ou exigindo deles mais qualificações e mais empenho na procura de oportunidades e na manutenção das já encontradas. As grandes empresas, anteriormente conhecidas por oferecerem uma carreira que se estendia por toda a vida profissional do indivíduo, abandonou essa estratégia, passando a adotar não só a redução dos empregos como também recorrendo à maior rotatividade. Daí as novas oportunidades passaram a surgir mais frequentemente nas pequenas empresas e, no caso, das grandes, só aquelas que ficaram na ponta dos desenvolvimentos tecnológicos, ou que conseguiram gerar ou se diferenciar 14 15 no mercado de modo a permitir sua ampliação. A mudança de emprego por parte dos empregados, anteriormente vista de forma pejorativa, encaradas como sinal de instabilidade, passaram a ser consideradas uma coisa normal, e o empregado passivo, executando uma única tarefa e obedecendo a comando, passou a ser desprezado em função daqueles mais dinâmicos e ambiciosos, flexíveis na realização de várias tarefas e capazes de oferecer novas ideias. Macedo afirma que, “Pressionadas por seu mercado e pela crescente competitividade, as empresas responderam aprimorando seus processos produtivos e de administração, com vistas ao alcance de maior eficiência. Isso, por sua vez, exigia um novo relacionamento empresa – empregado e um novo perfil deste último. Assim, surge um novo jogo que, inegavelmente, oferece maiores riscos tanto para a empresa como para o empregado”. (MACEDO, 1998. p. 143). Os departamentos de recursos humanos das empresas estão evoluindo na direção das transformações apontadas até aqui. No passado, eles se chamavam de “departamento pessoal” e/ou “relações industriais” e eram voltados basicamente para uma função meramente operacional de contratar mão-de-obra, cadastrar empregados, administrar salários e benefícios e dar treinamento aos funcionários. Atualmente, eles assumiram nas empresas mais modernas uma função estratégica e a figura do antigo Chefe de Pessoal passou a ser de um Consultor em Recursos Humanos – área conhecida como R. H. –, com funções bem mais sofisticadas, como a de participar no desenvolvimento das estratégias das empresas como recrutar e selecionar pessoal, implantar e difundir a cultura da empresa e acompanhar a tendência internacional na gestão destes recursos. Os arquivos de dados viraram bancos de dados, os salários são tratados como pacotes de compensação e, ao lado do custo dos empregados, examina-se também o valor que eles adicionam à empresa e qual o retorno que ela vai ter com a contratação e treinamento deles. O empregado é tratado como “colaborador”, deve ter uma “visão holística da empresa” (visão global) e o seu treinamento passa a ser individualizado. (MACEDO, 1998). Na verdade, o que está acontecendo é que o aumento da competitividade das empresas impõe um aumento de competitividade das pessoas, seja como colaboradores na atuação dessas empresas, seja na disputa pelos postos de trabalho que elas oferecem. O que é necessário é que as pessoas passem a se colocar quase como empresários dos serviços que oferecem, adotando métodos de aprimoramento equivalentes ou próximos daqueles que as empresas utilizam na gestão de seus negócios. Em síntese, é preciso garantir que o empregado agregue valor para a empresa, ou seja, é preciso garantir que o empregado funcione. Por exemplo, um engenheiro pode ser muito eficiente em desenhar uma planta ou em planejar um novo método de construção. Mas é preciso que aquilo que concebeu também funcione. Para as empresas isso significa criar valor adicionado, ou seja, é preciso que essa planta e esse novo método gerem algum resultado tangível.Há quem chame de “efetividade” essa combinação de eficiência com eficácia. 15 UNIDADE Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações Importante! O paradigma anterior era conhecido como Fordismo – Taylorismo, associado a dois grandes nomes, Henry Ford e Frederick Winslow Taylor. Você Sabia? As empresas inovaram para manter ou ampliar a participação no mercado ou para melhorar a qualidade de seus produtos. As 46 mil empresas que não investiram não o fazem pelas condições do mercado, que não exige ou não permite inovações, e por dificuldades como custo e risco. A pesquisa realizada pelo IBGE demonstrou que a indústria nacional está procurando a equivalência com as indústrias dos países mais evoluídos do mundo, o que quer dizer que o empresário nacional está consciente da importância da equiparação da indústria brasileira frente à indústria mundial. Por sua vez, o uso de máquinas e equipamentos que facilitam e potencializam o trabalho humano existe desde o início da Revolução Industrial, no século XVIII. Essa etapa do desenvolvimento produtivo foi chamada de mecanização. O que surge no século XX são equipamentos de operação automática, capazes de auto- regulamentação, nos quais a interferência humana é bem menor que na simples mecanização. Os robôs, por exemplo, atuam na indústria automobilística de ponta (EUA, Alemanha, Itália e Japão), em etapas que exigem alta precisão, trabalhos repetitivos ou atividades de risco para as pessoas. A tendência é a redução ao mínimo da ocupação humana, com a diminuição drástica dos empregos. No entanto, a indústria continua sendo o segmento de maior importância na formação do Produto Interno Bruto (PIB) de qualquer país, desenvolvido ou em desenvolvimento. A figura 2, a seguir, apresenta uma empresa que tem uma situação ideal, dentro do sistema capitalista que conhecemos, ou seja, parte do lucro gerado retorna à empresa na forma de investimentos na produção. Por sua vez, o incremento dos investimentos na produção tende a manter a geração de novos empregos. 16 17 Figura 2 – Empresa Capitalista Ideal A análise da capacidade inovadora e de competição permite a moldagem do futuro e nada é mais satisfatório do que se poder preparar o próprio futuro, planejando-o e administrando-o de maneira adequada e eficiente. Segundo Landes (1998), nos últimos 600 anos, as mais ricas nações do mundo têm sido predominantemente europeias. No final do século XX, a balança começou a pender para a Ásia, onde países como o Japão cresceram a taxas assombrosas. Landes estuda a história econômica das nações como um processo, tentando compreender como as culturas do mundo atingiram ou retardaram o sucesso econômico e a realização material. Os países do Ocidente, afirma Landes, prosperaram cedo devido à interação de uma sociedade aberta, vital, concentrada no trabalho e no saber, o que redundou em aumento de produtividade, criação de novas tecnologias e esforço no sentido da concretização de mudanças. A vantagem essencial da Europa reside em invenção e “Know-How”, tal como se aplicam na guerra, no transporte, na geração de energia e na perícia em metalurgia. Mesmo assim, invenções hoje tão banais quanto os óculos e o relógio foram, em seu dia, poderosas alavancas que modificaram o equilíbrio de forças entre potências econômicas mundiais. 17 UNIDADE Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações As novas nações que irão vencer no aspecto econômico estão percorrendo os mesmos caminhos para o poder, enquanto as nações retardatárias irão fracassar, de algum modo, na tentativa de duplicar essa fórmula crucial para o sucesso. Portanto, a chave para aliviar boa parte da pobreza do mundo está em entender as lições que a história guarda para nos ensinar. A implementação de mudanças no mercado de trabalho afeta diretamente as pessoas envolvidas no tocante a compreensão da nova situação. É muito importante que os partidários de um novo cenário entendam o quanto é difícil e traumático para a as pessoas, principalmente as mais humildes: a transição da fase pré-mudança para a fase pós-mudança não é simples e nem tampouco fácil. Aspectos que julgamos absolutamente normais deverão ser repensados e talvez abandonados, o que pode causar estranhamento e resistências. Entretanto, todos sabemos que o capitalismo é muito dinâmico nesse sentido e as análises aqui apresentadas conseguem causar certa empolgação em virtude de promover a mudança mantendo o estado das coisas. Organização e Administração O homem é um animal social com tendência à organização e administração dos seus assuntos. O homem é um animal que se organiza. O termo “social” implica que os seres humanos tendem a estabelecer relações cooperativas e interdependentes. O comportamento humano se orienta para uma meta e, segundo a concepção da história, foi classificado dualisticamente da seguinte forma: a) O homem é agressivo e competidor. Portanto, o homem é mau; b) O homem tem boa natureza e é cooperador. Portanto, o homem é bom. As organizações, por sua vez, são classificadas em: a) Famílias; b) Clãs; c) Grupos não formais (Ad Hoc); d) Organizações formais; e) Atividades militares e religiosas. A organização, em termos conceituais, pode ser definida das seguintes formas: 1. “.... Uma organização existe quando as pessoas interagem entre si para realizar funções essenciais que auxiliem a alcançar uma meta...” (Richard Daft)1. 2. As organizações são: (a) orientadas para uma meta, ou seja, gente com uma finalidade; (b) sistemas psicossociais, gente trabalhando em grupos; (c) sistemas tecnológicos, gente usando conhecimentos e técnicas; e (d) uma unificação de atividades estruturadas, gente trabalhando junto. 1. Professor de Administração e Economia da Vanderbilt University (EUA). 18 19 3. A organização consiste na capacidade que a empresa tem de criar organismos, estruturas e sistemas integrados. A figura 3, a seguir, apresenta a organização e os seus elementos constitutivos. Figura 3 – Elementos Constitutivos da Organização A organização, conforme apresentado na figura 4, a seguir, tem as seguintes variáveis básicas: a) Pessoas; b) Tarefas; c) Estrutura; d) Tecnologia; e) Ambiente. Figura 4 – Variáveis Básicas da Organização 19 UNIDADE Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações A Administração é o processo pelo qual os recursos (humanos, financeiros, tecnológicos, materiais etc.), não relacionados entre si, são unificados em um sistema total para alcançar determinado objetivo. Em outras palavras, a Administração visa à união dos diversos elementos, cooperadores e/ou conflitantes. A Administração inclui a coordenação de recursos humanos e outros recursos (materiais, tecnológicos, financeiros, equipamentos etc.), visando a atingir o objetivo. Com frequência se fala de pessoas que dirigem seus negócios, mas habitualmente a conotação é de esforço em grupo. A Administração envolve quatro elementos básicos que podem ser assim identificados: (1) voltados para objetivos, (2) através de pessoas, (3) por meio de técnicas, e (4) em uma organização. As definições características indicam que a administração constitui um processo de planejamento, organização, direção e controle. Portanto, a Administração consiste num conjunto de técnicas que contribuem para a empresa trazendo melhoria nos processos e métodos de trabalho. Sistemas de Informações Para Oliveira (2002, p. 31), “sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam uma determinada função”. Ambiente, níveis, características e componentes de um sistema e como a empresa é vista como um sistema. A figura 5 a seguir, mostra alguns exemplos de elementos que compõe o ambiente da empresa, se o sistema for considerado. Figura 5 – Ambiente Empresa 20 21 Outro aspecto a ser abordado é o ambiente do sistema, principalmente quando o sistema considerado é a própria empresa tratadacomo um todo. Ambiente é o conjunto de todos os fatores que, dentro de um limite específico, que possui alguma influência sobre a operação do sistema. O Sistema de Informações é um conjunto de elementos interdependentes (como o procedimento), logicamente associados para atender à finalidade de gerar informações. É uma rede de subsistemas do sistema empresarial maior (BALLESTERO-ALVAREZ, 1990, p. 82). Segundo Oliveira (2002), os Sistemas de Informação abrangem uma série de elementos inter-relacionados que coletam (entrada), disseminam (saída) os dados e as informações e fornecem um feedback. Ou seja, é o processo de transformação de dados em informações que são utilizadas no processo decisório da empresa, bem como proporcionar a sustentação administrativa para aperfeiçoar os resultados esperados. Entendendo melhor estes componentes de um sistema de informação, é possível exemplificar da seguinte forma: · Entrada: atividade de captar e agrupar os dados primários; · Processamento: conversão dos dados em saídas úteis; · Saída: envolve a produção de informações úteis, na forma de documentos, relatórios e dados de transações; · Feedback: consiste numa saída utilizada para ajustes ou modificações nas atividades de entrada ou processamento. As atividades de entrada (registro, codificação, classificação e edição) asseguram que os dados estão corretos e completos. No processamento, os dados são organizados, analisados e manipulados, objetivando uma forma de disposição mais útil e significativa. Os sistemas de informação armazenam a informação de diversas formas até que seja necessário efetuar uma saída. Portanto, as atividades de saída transmitem os resultados do processamento aos locais e usuários onde serão utilizados para a tomada de decisões, projeto, inovação, coordenação e controle. Os Sistemas de Informação auxiliam os executivos das empresas a consolidar o tripé básico de sustentação da empresa: qualidade, produtividade e participação. (OLIVEIRA, 2002). A qualidade não deve estar associada apenas ao produto ou serviço final, envolve, também, o nível de satisfação das pessoas no trabalho e a qualidade de vida, estendendo- se à sua estrutura pessoal, familiar e social. A produtividade deve ir além de tempos, métodos, ergonomia, linhas de produção, sendo abordada até o nível da produtividade global, consolidando a filosofia de comprometimento de todos para com os resultados parciais e globais da empresa. A participação dos funcionários seria um resultado direto das melhorias proporcionadas pela qualidade e produtividade. 21 UNIDADE Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações Considerações Finais Com o advento da globalização ficou praticamente inadmissível ficar desinformado. O mundo no geral ficou mais competitivo, as empresas e clientes ficaram muito ágeis e exigentes, por isso, a importância do tratamento e do sincronismo das informações para apoio as decisões e para manter as empresas competitivas. As empresas fazem parte do mundo dos negócios que visam lucro e o retorno dos capitais investidos no menor tempo possível. Numa esfera altamente competitiva como esta, as informações assumem um papel fundamental no sucesso dessa empreitada. Em face da enorme quantidade de informações que são despejadas sobre nós diariamente, necessitamos de critérios para selecionarmos e organizarmos os dados que nos interessam 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites SAP Brasil Site Institucional da SAP Brasil (uma das maiores empresas do mundo em sistemas de gestão. www.sap.com.br Totvs Site Institucional da Totvs (a maior empresa de sistemas empresariais do Brasil). www.totvs.com.br Livros A Agenda HAMMER, Michael. A Agenda. São Paulo: Campus Elsevier, 2007. 23 UNIDADE Ações Empreendedoras e os Sistemas de Informações Referências BALLESTERO-ALVAREZ, Maria Esmeralda. Manual de Organização, Sistemas e Métodos. São Paulo: Atlas, 2007. CRUZ, T. Reengenharia na Prática. São Paulo: Atlas, 1995. GIBSON, R. (Organizador). Repensando o Futuro – Negócios, Estratégia, Concorrência, Controle, Liderança, Mercados e Globalização. São Paulo: Makron Books, 1998. HAMMER, M. & STANTON, S. A. A Revolução da Reengenharia - Um Guia Prático. Rio de Janeiro: Campus, 1995. JURAN, J. M. & GRYNA, F. M. Controle da Qualidade. São Paulo: McGraw Hill, 1991. Volume I. KWASNICKA, E. L. Teoria Geral de Administração. 2.ed. São Paulo, Atlas, 1987. LANDES, D. S. Riqueza e a Pobreza das Nações. 6.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. LIMA, J. L. de S. Proposta Metodológica para a Implementação da Reengenharia de Processos em Empresas dos Segmentos Químico e Petroquímico Brasileiro. Dissertação de Mestrado defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 26 de agosto de 1996. _________. Tecnologia, Novas Formas de Gerenciamento e Desemprego Industrial. Tese de Doutorado defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 14 de maio de 2003. MACEDO, R. B. M. Seu Diploma, Sua Prancha: Como Escolher a Profissão e Surfar no Mercado de Trabalho. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 1998. NAISBITT, J. Paradoxo Global. Rio de Janeiro: Campus, 1994. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Sistemas de informação gerencial. São Paulo: Atlas, 2002. PRAHALAD, C. K. & HAMEL, G. Competindo Pelo Futuro. Rio de Janeiro: Campus, 1995. PORTER, M. E. Competição – On Competition – Estratégias Competitivas Essenciais. 5.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. SOROS, G. A Crise do Capitalismo – As Ameaças aos Valores Democráticos – As Soluções Para o Capitalismo Global. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. TAYLOR, F. W. Princípios de Administração Científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 1970. WOMACK, J. P. & Outros. A Máquina que Mudou o Mundo. 3.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1994. 24 Sistemas Gerenciais de Apoio à Decisão Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. João Luiz Souza Lima Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan Teoria Geral dos Sistemas (TGS) • Introdução • Teoria dos Sistemas ou Teoria Sistêmica • Áreas Funcionais Fim e Áreas Funcionais Meio • Processo de Tomada de Decisões • Considerações Finais · Nesta unidade, estudaremos os conceitos relativos à Teoria Geral dos Sistemas (TGS), envolvendo as suas características, componentes, ambientes e níveis de um sistema. Abordaremos também, as Áreas Funcionais Fim e as Áreas Funcionais Meio e o Processo de Tomada de Decisões. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta unidade, abordaremos três assuntos que envolvem à Teoria Geral dos Sistemas (TGS), incluindo as suas características, componentes, ambientes e níveis de um sistema. Abordaremos também, as Áreas Funcionais Fim e as Áreas Funcionais Meio e o Processo de Tomada de Decisões. Assim a unidade está estruturada em três tópicos que vão nos guiar em nossa disciplina. São eles: · Teoria dos Sistemas ou Teoria Sistêmica; · Áreas Funcionais Fim e Áreas Funcionais Meio; · Processo de Tomada de Decisões. A atividade reflexiva irá explorar o nível de teorização de todos vocês para introduzir os conceitos acima identificados. Também serão disponibilizadas outras indicações de leituras no espaço “material complementar” e em “documentos da disciplina” e as referências bibliográficas utilizadas para elaboração desta unidade. Desta maneira, desejo a você bons estudos! ORIENTAÇÕES Teoria Geral dos Sistemas (TGS) UNIDADE Teoria Geral dos Sistemas (TGS) Contextualização Nesta unidade, abordaremos três assuntos que muito tem se falado e discutido no mundo empresarial. São eles: à Teoria Geral dos Sistemas (TGS), incluindo as suas características, componentes, ambientes e níveis de um sistema; as Áreas Funcionais Fim e as Áreas Funcionais Meio da organização contemporânea; o Processo de Tomada de Decisões. Além disso, o gestor contemporâneo deve se utilizar da moderna Tecnologia da Informação (TI), visando a busca da vantagem competitiva.Bons estudos! 6 7 Introdução Houve uma mudança no estudo científico. Antes predominava a especialização, gerada pela fragmentação das ciências, hoje vimos à integração de campos de estudo, gerando o aparecimento de novas ciências multidisciplinares. A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) é tomada como um todo e aplicada ao estudo dos todos. Portanto, o “moderno enfoque dos Sistemas” procura desenvolver: · Uma técnica para lidar com a grande e complexa empresa; · Um enfoque sintético do todo, o qual não permite a análise em separado das partes do todo, em virtude das intricadas inter-relações das partes entre si e com o todo, as quais não podem ser tratadas fora do contexto do todo; · O estudo das relações entre os elementos componentes, em preferência ao estu- do dos elementos em si, destacando-se o processo e as probabilidades de tran- sição, especificadas em função dos seus arranjos estruturais e da sua dinâmica. Assim sendo, esta unidade pretende mostrar a criação da Teoria Geral dos Sistemas (TGS) e suas características, seus componentes e ambientes dos sistemas. Abordaremos também como a empresa deve ser vista como um sistema e utilizar o pensamento sistêmico para melhorar seus processos de tomadas de decisões. Teoria dos Sistemas ou Teoria Sistêmica Os trabalhos do biólogo austríaco Karl Ludwig Von Bertalanffy (figura 1) publicados nos anos 1950 e 1968 deram origem à Teoria Geral dos Sistemas, a saber: · “The Theory of Open Systems in Physics and Biology”, 1950. · “General Systems Theory: A New Approach to Unity of Science”, in Human Biology, dez. /1951. · “General Systems Theory”, in Yearbook of the Society for General System Research, 1956. · “General Systems Theory”, New York, 1968. Figura 1 – Karl Ludwig Von Bertalanff y Fonte: Adaptado de timetoast.com 7 UNIDADE Teoria Geral dos Sistemas (TGS) A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) proposta por Bertalanffy pode ser considerada a teoria das teorias, pois parte de um conceito abstrato de sistemas em busca de regras de valores em geral, aplicáveis a qualquer tipo de sistema em várias áreas do conhecimento, tais como: · Biologia (sistema respiratório); · Física (sistema solar); · Matemática (sistema de numeração). Para Bertalanffy (1975), “Sistema é um conjunto de unidades reciprocamente relacionadas. A compreensão das propriedades dos sistemas só pode ser descrita ao estudá-lo globalmente, com todas as interdependências dos seus subsistemas”. Na Teoria Geral dos Sistemas, em vez de estudarmos o todo em relação às suas partes, as partes começam a ser explicadas de acordo com o todo. Ex pl or As premissas consagradas da Teoria Geral dos Sistemas (TGS) são as seguintes: 1. Os sistemas existem dentro de sistemas. O foco do observador determina o nível do sistema observado. O que para um observador é super-sistema, para outro é sistema e assim por diante. Por exemplo: o corpo humano é um super-sistema, do qual o aparelho cardiovascular é um sistema e o coração um subsistema; mas o coração pode ser visto como um super-sistema, do qual os ventrículos são sistemas; 2. Os sistemas são abertos. Os sistemas estão em permanente intercâmbio com outros sistemas. Os sistemas tanto influenciam como recebem influência do meio onde estão inseridos; 3. As funções de um sistema dependem de sua estrutura. Isto significa que os elementos da estrutura de um sistema lhe dão condições de atuar. Para Djalma Oliveira (2011), “sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam uma determinada função”. O ambiente, os níveis, as características e os componentes de um sistema mostram como o todo é organizado. Dessa mesma forma a empresa é vista como um sistema. Outro aspecto a ser abordado é o ambiente do sistema, principalmente quando o sistema considerado é a própria empresa tratada como um todo. Ambiente é o conjunto de todos os fatores que, dentro de um limite específico, que possui alguma influência sobre a operação do sistema. Ambiente é o conjunto de elementos que não pertencem ao sistema, mas, qualquer alteração: · No sistema pode mudar ou alterar os elementos; · Nos elementos pode mudar ou alterar o sistema. No caso de ocorrer uma mudança no próprio sistema ou no seu ambiente, o sistema possui a habilidade de adaptação para se modificar ou modificar seu 8 9 ambiente. Ou seja, ele é capaz de dar uma resposta interna (dentro do sistema) ou externa (no seu ambiente), podendo resultar em quatro tipos de adaptação: · Ambiente – Ambiente: Ocorre quando um sistema reage a uma mudança ambiental, modificando o ambiente; · Ambiente – Sistema: Ocorre quando um sistema reage a uma mudança ambiental e se modifica; · Sistema – Ambiente: Ocorre quando um sistema reage a uma mudança interna, modificando o ambiente; · Sistema – Sistema: Ocorre quando um sistema reage a uma mudança interna, modificando a si mesmo. Neste intercâmbio contínuo de energia (saída / entrada) com o ambiente, o sistema busca ganhar eficiência, devendo manter coerência com os objetivos a serem alcançados. No entanto, esta dinâmica não é homogênea. A velocidade e as maneiras de como ocorre à entropia nos sistemas é diferenciada. O ambiente é também chamado de “meio ambiente”, “meio externo”, “meio” ou “entorno”. Segundo Djalma Oliveira (2011), devem ser considerados, no mínimo, três níveis na hierarquia de sistemas: · Sistema: É o que se está estudando ou considerando; · Subsistemas: São as partes identificadas de forma estruturada, que integram o sistema; · Super-sistema ou Ecossistema: É o todo e o sistema é um subsistema dele. A figura 2, a seguir, mostra alguns exemplos de elementos que compõe o am- biente da empresa, se o sistema for considerado. Desta forma, se algum elemento do ambiente se alterar, ele poderá alterar o sistema. Dessa forma, se alguma mu- dança no sistema ocorrer esta poderá alterar um ou mais elementos do ambiente. Empresa Comunidade Opinião Pública Universidades Intermediários Terceirizados Colaboradores Fornecedores Sindicatos Acionistas Governo Clientes Figura 2 – Elementos do Ambiente Empresa Fonte: Elaborado pelo Conteudista 9 UNIDADE Teoria Geral dos Sistemas (TGS) A figura 3, a seguir, apresenta os níveis do sistema, conforme definido por Oliveira (2011). Ecosistema Sistema Subsistema Subsistema Figura 3 – Níveis do Sistema Fonte: Adaptado de Oliveira, 2011 Importante! Veja o exemplo a seguir: • Sistema: É a empresa; • Subsistemas: São os departamentos que compõem a empresa; • Super-Sistema ou Ecossistema: É o ambiente e a empresa é um subsistema dele. No entanto, ao mudar o foco de análise: • Sistema: É o departamento financeiro da empresa • Subsistemas: São os setores que compõem o departamento financeiro da empresa, tais como: contas a pagar e contas a receber. • Super-sistema ou Ecossistema: É a empresa e o departamento financeiro é um subsistema dela. Importante! Quanto à integração do sistema com o ambiente, devem ser consideradas algumas características dos sistemas, tais como: · Globalismo ou Totalidade. O sistema é um todo que não pode ser subdividido sem a perda de suas características essenciais e, portanto, ele deve ser estudado como um todo; · Interdependência e Inter-relação de objetos. Estas inter-relações podem ser simbióticas, quando as partes não podem funcionar só, ou sinergéticas, quando existe uma ação combinada entre as partes, de modo que o resultado da sua ação simultânea produz resultados diferentes daqueles que seriam obtidos com as partes atuando independentemente; · Entropia. Tendência natural ao desgaste, desorganização, apresentada pelos sistemas; · Entropia Negativa. Processo reativo dos sistemas para deter o processo entrópico e se organizarem para a sobrevivência, através de maior ordenação. 10 11 · Homeostase. Tendência a um equilíbrio interno e dinâmico entreas partes do sistema, face às mudanças externas do meio ambiente; · Propósito ou Objetivo. Todo sistema tem um ou alguns objetivos a alcançar. Os sistemas são compostos por: · Objetivos. Referem-se tanto aos objetivos dos usuários do sistema, quanto aos do próprio sistema. O objetivo é a própria razão de existência do sistema, ou seja, é a finalidade para a qual o sistema foi criado; · Entradas do Sistema. Cuja função caracteriza as forças que fornecem ao sistema o material, a informação e a energia para a operação ou processo, o qual gerará determinadas saídas do sistema que devem estar em sintonia com os objetivos estabelecidos; · Processo de Transformação do Sistema. É definido como a função que possibilita a transformação de um insumo (entrada) em um produto, serviço ou resultado (saída). Este processador é a maneira pela qual os elementos componentes interagem no sentido de produzir as saídas desejadas; · Saídas do Sistema. Correspondem aos resultados do processo de transformação. As saídas podem ser definidas como as finalidades para as quais se uniram objetivos, atributos e relações do sistema. As saídas devem ser, portanto, coerentes com os objetivos do sistema; e, tendo em vista o processo de controle e avaliação, as saídas devem ser quantificáveis, de acordo com critérios e parâmetros previamente fixados; · Controles e Avaliações do Sistema. Para verificar se as saídas estão coerentes com os objetivos estabelecidos. Para realizar o controle e a avaliação de maneira adequada, é necessária uma medida do desempenho do sistema, chamada padrão; · Retroalimentação, ou realimentação, ou feedback do sistema. Pode ser considerado como a reintrodução de uma saída sob a forma de informação. A realimentação é um processo de comunicação que reage a cada entrada de informação incorporando o resultado da “ação resposta” desencadeado por meio de nova informação, a qual afetará seu comportamento subsequente, e assim sucessivamente. Essa realimentação é um instrumento de regulação retroativa ou de controle em que as informações realimentadas são resultadas das divergências verificadas entre as respostas de um sistema e os parâmetros previamente estabelecidos. Portanto, o objetivo do controle é reduzir as discrepâncias ao mínimo, bem como propiciar uma situação em que esse sistema se torna autorregulador. 11 UNIDADE Teoria Geral dos Sistemas (TGS) A figura 4, a seguir, apresenta os componentes do sistema, conforme definido por Oliveira (2011). Objetivos SaídasProcessos de Transformação Retroalimentação Entrada Figura 4 – Componentes do Sistema Fonte: Adaptado de Oliveira, 2011 O enfoque sistêmico determina que uma empresa deve ser vista como um sistema, pois, assim como um sistema, ela é formada por partes que só podem ser entendidas como um todo, possui objetivos, recebe influência e influencia o ambiente, sendo, portanto, um sistema aberto. Além disso, ela também possui as características dos sistemas e pode ser entendida de acordo com os componentes de um sistema. Se for considerado um restaurante fast-food como exemplo de uma empresa como sistema, seus componentes podem ser descritos tais como: · Objetivos. Fornecer refeições rápidas; · Entradas do Sistema. Toda matéria-prima, insumos e recursos necessários para iniciar o funcionamento do restaurante (alimentos, funcionários, espaço físico, maquinário, mobiliário etc.); · Processo de Transformação do Sistema. É o próprio funcionamento do restaurante, com vendas e fabricação dos alimentos; · Saídas do Sistema. É a conclusão da etapa anterior, quando o produto final é entregue ao cliente e a compra finalizada; · Controle e Avaliação do Sistema. Poderá ser feita tanto pelo cliente, que avalia o produto entregue, como pela gerência, ao avaliar se os objetivos definidos foram alcançados; · Retroalimentação ou Realimentação ou feedback do Sistema. É a resposta dada, após o controle, para retornar ao início do processo. Se o controle verificar que as saídas estão de acordo com o objetivo estabelecido, o processo pode continuar do mesmo jeito, pois está satisfatório. No entanto, se a avaliação for negativa, o feedback sinalizará que algo deve ser alterado na entrada. 12 13 O que permite a um sistema aberto organizar-se é a informação. Ela é a fonte de energia necessária para o funcionamento de um sistema que a capta do meio, processando em seu interior e liberando novamente a informação necessária à sua organização. E esta é uma realidade atual e que se intensifi cará ao longo das décadas. As empresas (sistemas) que não estiverem atentas aos processos de mudanças globais estão fadadas à entropia positiva (desagregação), ao envelhecimento e ao desaparecimento. Ex pl or Áreas Funcionais Fim e Áreas Funcionais Meio Áreas Funcionais Fim Marketing: Identificação das necessidades de mercado e à colocação dos produtos e serviços junto aos consumidores. Principais Atividades da Área Funcional de Marketing: · Produto: desenvolvimento dos produtos atuais; lançamento de novos produtos; estudo de mercado; forma de apresentação; embalagem; · Distribuição: expedição; venda direta; venda por atacado; · Promoção: material promocional; promoção; publicidade; propaganda; amostra grátis; · Preços; estudos e análises; estrutura de preços, descontos e prazos. Produção: Transformação das matérias-primas em produtos e serviços a serem colocados no mercado. Principais Atividades da Área Funcional de Produção: · Fabricação: processo produtivo; programação; controle; · Qualidade: programação; controle; · Manutenção: preventiva e corretiva. Áreas Funcionais Meio Administração Financeira: Planejamento, captação, orçamentação e gestão dos recursos financeiros, envolvendo também os registros contábeis das operações realizadas nas empresas. Principais Atividades da Área Funcional de Administração Financeira: · Planejamento de Recursos Financeiros: orçamentos; programação das necessidades de recursos financeiros; projeções financeiras; análise do mercado financeiro; 13 UNIDADE Teoria Geral dos Sistemas (TGS) · Captação de Recursos Financeiros: títulos; empréstimos e financiamentos; administração de contratos de empréstimos e financiamentos; · Gestão de Recursos Disponíveis: pagamentos; recebimentos; operações bancárias; fluxo de caixa; acompanhamento do orçamento financeiro; · Seguros: análise do mercado securitário; contratação de apólices de seguros; administração de apólices; · Contábil: contabilidade patrimonial; contabilidade de custos; contabilidade geral. Administração de Materiais: Suprimento de materiais, serviços e equipamentos, à normatização, armazenamento e movimentação de materiais e equipamentos da empresa. Principais Atividades da Área Funcional de Administração de Materiais: · Planejamento de Materiais e Equipamentos: programação das necessidades de materiais e equipamentos; análise de estoques; normatização e padronização; orçamento de compras; · Aquisições: seleção e cadastramento de fornecedores; compras de materiais e equipamentos; contratação de serviços; · Gestão de Materiais e Equipamentos: inspeção e recebimento; movimentação de materiais; controle de estoques; distribuição e armazenagem dos materiais. Administração de Recursos Humanos: Atendimento de recursos humanos da empresa, ao planejamento e gestão deste recurso, do seu desenvolvimento, benefícios, obrigações sociais, dentre outras. Principais Atividades da Área Funcional de Administração de Recursos Humanos: · Planejamento: programação das necessidades de pessoal; análise de mercado de trabalho; pesquisa de recursos humanos; orçamento de pessoal; · Suprimentos do quadro: cadastramento de candidatos a emprego; recrutamento; seleção, registro e cadastramento; contratação de mão de obra; · Gestão de Recursos Humanos: movimentação de pessoal; cargos e salários; controle de pessoal; relações com os sindicatos; · Desenvolvimentode Recursos Humanos: avaliação de desempenho; acompanhamento de pessoal; treinamento; · Pagamentos e Recolhimentos: folha de pagamento; encargos sociais; rescisões de contratos de trabalho; auxílios; · Benefícios: assistência médica; empréstimo e financiamentos; lazer; assistência social; · Obrigações Sociais: medicina do trabalho; segurança do trabalho; ações trabalhistas. 14 15 Gestão Empresarial: Planejamento empresarial e ao desenvolvimento de sistema de informações. Principais Atividades da Área Funcional de Gestão Empresarial: · Planejamento e Controle Empresarial: planejamento estratégico; acompanhamento das atividades da empresa; auditoria; · Sistema de Informações: planejamento de sistemas de informações; desenvolvimento e manutenção de sistemas de informações; processamento de dados. As áreas funcionais fim e meio retratam uma classificação que pode ser utilizada para que possamos compreender as principais atividades desenvolvidas nas empresas. A forma como são agrupadas essas atividades refletem nas diferentes funções existentes nas organizações. Portanto, estamos estudando as diferentes funções, ou conjunto de atividades, presentes nas organizações de modo geral. Processo de Tomada de Decisões Atualmente, a tomada de decisão nas organizações é um processo muito sério e várias regras e procedimentos devem ser levados em conta para não tomarmos posicionamentos que vão gerar problemas. É necessária a especificação de papéis, métodos, normas que fundamentem essas decisões esclarecendo o processamento da informação diante de problemas complexos. É necessário ainda que se tenha técnicas eficientes e confiáveis resultantes de experiências prévias e que coordenem ações e resultados em todas as esferas das organizações. O processo decisório é um mecanismo organizacional pelo qual se procura atingir determinado estado, é um processo onde temos várias ações destinadas a gerar conhecimento para determinadas funções e atividades dos gestores, é a resposta organizacional a um determinado problema. Para aprofundarmos no assunto, precisamos primeiro, saber um pouco mais sobre a teoria da decisão, que é o estudo dos elementos do processo decisório, comuns a todas as decisões, e definição de estrutura de análise de situações complexas contendo numerosas alternativas e consequências. Nesse contexto, temos dois tipos de decisão: 1. Decisão Programada: Aplicáveis a situações frequentes e passíveis de controle rotineiro através de métodos operacionais e normas, que podemos citar como exemplos, os pedidos periódicos de novos estoques. 2. Decisão Não Programada: Aplicáveis em situações de decisões novas e não estruturadas: processos gerais de solução de problemas por julgamento, intuição e criatividade, onde citamos como exemplo a construção de novas instalações, compra de novos equipamentos etc. 15 UNIDADE Teoria Geral dos Sistemas (TGS) Segundo Valentim (2011), existe alguns modelos de tomada de decisão no processo decisório: a Racional, a Processual, o Anárquico e o Político. A Decisão Racional é o mais sistematizado e estruturado entre todos, pois, pressupõe regras e procedimentos predefinidos que devem ser seguidos para que se possa atingir um bom resultado. As questões-chave do modelo racional são: qual é o problema? Quais são as alternativas? Quais são os custos e vantagens de cada alternativa? O que deve ser observado como padrão para tomar decisões em situações similares? Nesse modelo de decisão a racionalidade é limitada. A Decisão Processual é o modelo que elucida as fases e os ciclos que subsidiam as atividades decisórias, aparentemente complexas e dinâmicas. As questões-chaves deste modelo são: Quais são as organizações que atuam nesse tipo de circunstância? Quais as rotinas e procedimentos utilizados usualmente? Quais são as informações disponíveis? Quais são os procedimentos padrões utilizados nesses casos? O Modelo Processual é muito parecido com o modelo racional, porém, um fator que difere é a condição de flexibilidade, permitindo que os gestores realizem ajustes quando necessários. Na Decisão Anárquica, tanto os objetivos quanto os procedimentos são ambíguos. Não há clareza em relação aos problemas e às decisões. Gera falta de entendimento e insegurança em seus colaboradores. Não segue nenhum tipo de estrutura e/ou sequência, uma vez que é regido pelo acaso e pela sorte. No Modelo Anárquico, as decisões são tomadas de três maneiras: a) Resolução: é a tomada de decisão que ocorre depois de se pensar sobre o problema, por determinado tempo; b) Inadvertência: uma escolha é adotada rápida e incidentalmente, para outras escolhas serem feitas; c) Fuga: quando não há resolução do problema. O último modelo apresentado é o Modelo Político, que tem na política o mecanismo de apoio à decisão, ou seja, os atores ocupam diferentes posições e exercem diferentes graus de influência, de modo que as decisões não resultam em uma escolha racional, mas, ao contrário, resultam da influência dos atores. As questões-chave para este modelo são: quais são os canais usados para produzir ações que resolvam um tipo de problema? Quem são os atores e quais suas posições? E quais são as pressões que estão influenciando? Todos os modelos de tomada de decisão dependem de informações para definirem e embasarem suas escolhas. 16 17 Um modelo consiste numa representação abstrata e simplificada de um sistema real, com a qual se possa explicar e testar o seu comportamento, em sua totalidade ou em partes. Em outras palavras, se trata de um conjunto de práticas adotadas para a realização de determinados eventos. Uma abstração dessas práticas que são teorizadas. (OLIVEIRA, 2011) Um modelo é uma representação de um sistema real, que pode já existir ou ser um projeto aguardando execução. No primeiro caso, o modelo pretende reproduzir o funcionamento do sistema, de modo a aumentar sua produtividade. No segundo caso, o modelo é utilizado para definir a estrutura ideal do sistema. A validação do modelo é a confirmação de que ele realmente representa o sistema real. A diferença entre a solução real e a solução proposta pelo modelo depende diretamente da precisão do modelo em descrever o comportamento original do sistema. A figura 5, a seguir, apresenta um modelo proposto do Sistema de Informações Gerenciais (SIG). Tratamento Controle e Avaliação Dados Decisões Informações Resultados Ações Figura 5 – : Modelo Proposto do Sistema de Informações Gerenciais Fonte: Adaptado de Oliveira, 2011 Todo executivo, independentemente do nível hierárquico, toma decisões na organização; portanto, são necessários elementos que permitam: · Caracterizar o problema que está exigindo uma ou mais decisões para a sua solução; · Compreender o ambiente que cerca das decisões. · Identificar os impactos que essas decisões poderão provocar para a empresa. 17 UNIDADE Teoria Geral dos Sistemas (TGS) A decisão consiste na escolha entre vários caminhos alternativos que levam a determi- nado resultado. Ex pl or Considerações Finais Nesta unidade, interpretamos a Teoria Geral dos Sistemas (TGS), suas características, componentes, ambientes e níveis de um sistema. O conteúdo desta unidade foi apresentado em três tópicos: · Teoria Geral dos Sistemas (TGS); · Áreas Funcionais Fim e Áreas Funcionais Meio; · Processo de Tomada de Decisões. Na próxima unidade veremos novos conceitos voltados para a gestão dos sistemas de informações. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Sistemas de Informação BIO, Sérgio. Sistemas de Informação. São Paulo: Atlas, 1997. Introdução à Teoria Geral da Administração CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Campus, 200 Sites SAP Brasil Site Institucional da SAP Brasil (uma das maiores empresas do mundo em sistemas de gestão. www.sap.com.br Totvs Site Institucionalda Totvs (a maior empresa de sistemas empresariais do Brasil). www.totvs.com.br 19 UNIDADE Teoria Geral dos Sistemas (TGS) Referências ARAÚJO, Luís César G. Organização, sistemas e métodos e as tecnologias de gestão organizacional. São Paulo: Atlas, 2011. BALLESTERO-ALVAREZ, Maria Esmeralda. Manual de Organização, Sistemas e Métodos. São Paulo: Atlas, 2007. BAZERMAN, Max H; MOORE, Don. Processo decisório. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. CRUZ. Tadeu. Sistemas, Organização e Métodos: estudo integrado das novas tecnologias de informação. São Paulo: Atlas, 2011. CURY, Antônio. Organização e métodos: uma visão holística. São Paulo: Atlas, 2010. HALL, Richard H. Organizações: estruturas, processos e resultados. São Paulo: Pearson, 2004. LAUDON, Kenneth C; LAUDON, Jane P. Sistemas de Informações Gerenciais . 9. ed. São Paulo: Pearson, 2011. MELO, Ivo Soares. Administração de sistemas de informação. São Paulo: Pioneira, 2006. MINTZBERG, Henry. Criando organizações eficazes. São Paulo: Atlas, 2011. O’BRIEN, James A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na internet. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Sistemas de informação gerencial. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2011. STAIR, Ralph M. REYNOLDS, George W. Princípios de sistemas de informação. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. STAREC, Cláudio; GOMES, Elizabeth Braz Pereira; CHAVES, Jorge Bezerra Lopes. Gestão Estratégica da informação e a inteligência competitiva. São Paulo: Saraiva, 2011. TURBAN, Efraim et al. Administração de tecnologia da informação: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus, 2003. VALENTIM, Marta. Gestão, Mediação e Uso da Informação. São Paulo: UNE, 2011. WOMACK, James et Al. A Máquina que Mudou o Mundo. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Campus, 1994. 20 Sistemas Gerenciais de Apoio à Decisão Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. João Luiz Souza Lima Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) • Introdução • Gestão de Projetos • Gestão de Projetos e o Pdi • Plano Diretor de Informática (PDI) • Considerações Finais · Esta Unidade tem como objetivo apresentar os componentes do Gerenciamento de Projetos de acordo com a metodologia PMBOK. Nela, são estudadas as fases e módulos para implantação dos Sistemas de Informações Gerenciais (SIG), com o objetivo de oferecer um guia básico a partir do qual cada profissional possa desenvolver sua própria metodologia para assessorar seus clientes no projeto de informatização da empresa. · A Unidade busca, ainda, apresentar os componentes fundamentais de um Plano Diretor de Informática (PDI) e identificar as fases de sua elaboração também com o objetivo de ser o guia base para o aperfeiçoamento da prestação de assessoria técnica. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, abordaremos três assuntos que envolvem a Gestão de Projetos, Gestão de Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) e a Constituição do PDI. Iremos fazer ainda uma forte correlação entre o PDI e os Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) nas empresas contemporâneas. Assim a unidade está estruturada em três tópicos que vão nos guiar em nossa disciplina. São eles: · Gestão de Projetos; · Gestão de Projetos e o PDI; · Plano Diretor de Informática (PDI). A atividade reflexiva irá explorar o nível de teorização para introduzir os con- ceitos acima identificados. Também serão disponibilizadas outras indicações de leituras no espaço “material complementar” e em “documentos da disci- plina” e as referências bibliográficas utilizadas para elaboração desta unidade. ORIENTAÇÕES Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) Contextualização Nesta Unidade, vamos apresentar os componentes do gerenciamento de projetos de acordo com a metodologia PMBOK. Nela, são estudadas as fases e os módulos para implantação dos Sistemas de Informações Gerenciais (SIG), com o objetivo de oferecer um guia básico a partir do qual cada profissional possa desenvolver sua própria metodologia para assessorar seus clientes no projeto de informatização da Empresa. A Unidade busca, ainda, apresentar os componentes fundamentais de um Plano Diretor de Informática (PDI) e identificar as fases de sua elaboração também com o objetivo de ser o guia base para o aperfeiçoamento da prestação de assessoria técnica. Vale ressaltar que o gestor contemporâneo deve utilizar o processo de tomada de decisões ancorado no SIG, bem como a moderna Tecnologia da Informação (TI), visando, assim, à busca da vantagem competitiva. Bons estudos! 6 7 Introdução Nesta Unidade, conheceremos os componentes do principal documento criado pelo PMI (Project Management Institute), que reflete as áreas de conhecimento do Gerenciamento de Projetos no mundo o PMBOK Guide 2000 (Project Management Body Knowledge) e veremos as fases e as atividades inerentes à implantação dos Sistemas de Informação. Conheceremos também, o Plano Diretor de Informática (PDI), seus componentes fundamentais e suas fases de implantação. O PDI é, na verdade, a base da implantação de um Sistema de Informações Gerencias (SIG). O desenvolvimento de um PDI compreende quatro fases que serão discutidas mais adiante, buscando oferecer uma referência para a realização organizada de trabalhos dessa natureza. Gestão de Projetos Project Management Institute (PMI) Segundo o site do Instituto, o PMI foi fundado em 1969 por cinco indivíduos com visão de futuro e compreensão sobre o valor da rede de relacionamentos, o compartilhamento de informações sobre processos e a discussão de problemas comuns dos projetos. Após a primeira reunião oficial, em outubro daquele ano, no Instituto de Tecnologia da Geórgia, em Atlanta, Geórgia, Estados Unidos da América (EUA), a Associação foi incorporada no Newton Square, na Pensilvânia, EUA (PMI, 2007). Desde então, o Instituto tem crescido, tornando-se referência global para a atividade profissional de gerenciamento de projetos. Congrega mais de 240.000 membros em mais de 160 países e, com quase 180.000 profissionais certificados no mundo, o PMP (Project Management Professional) é uma das certificações mais reconhecidas no mundo dos negócios. Project Management Body of Knowledge (PMBOK) Segundo o PMI (2007), o principal documento padrão do PMI – “A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK Guide” – é um padrão globalmente reconhecido para o Gerenciamento de Projetos nos mercados de hoje. O PMBOK Guide é aprovado como um Padrão Nacional Americano (ANS) pelo Instituto de Padrões Nacional Americano (ANSI). 7 UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) O PMBOK Guide representa o conhecimento na profissão de gerenciamento de projetos e fornece uma terminologia padrão. Serve, também, como referência para profissionais que atuam em diversas áreas, nas quais o gerenciamento de projetos está presente. Entre esses profissionais, podemos citar: os gerentes de projetos (PMO); os clientes e os patrocinadores de projetos; os gerentes funcionais com membros de sua equipe alocados em projetos; os professores que atuam em cadeiras de gerência de projetos e assuntos correlatos, entre outros. Portanto, qualquer profissional envolvido de alguma forma em algum projeto referencia-se no PMBOK Guide, visto que ele torna compreensível as várias fases e processos que fazem parte de um projeto (HABERKORN, 2004). Importante! Projeto é um empreendimento temporário com o objetivo de criar um produto ou serviço único. Como temporário, entende-se que cada projeto tem um começo e um fim bem definidos. Único significa que o produto ou serviço produzido é de alguma forma diferente de todos os outros produtos ou serviços semelhantes. Você Sabia? Etapas da Gestãode Projetos A seguir, serão resumidas as etapas de conhecimento do PMBOK 2000. A aplicação destas deve ser ajustada à complexidade e tipo de cada projeto. Gestão da Integração do Projeto A gestão da integração é representada pelos processos necessários para assegurar que todas as gestões componentes do projeto estejam em sincronia. Esses processos são: o desenvolvimento do plano do projeto, a execução do plano do projeto e o controle geral de mudanças. Podemos verificar como resultado da gestão da integração um conjunto de planos de toda a gestão de um projeto. Ela apresenta, em primeiro lugar, a necessidade de coordenação, relacionamento e sincronia entre todos os planos, permitindo a integração entre todos os componentes do projeto de maneira a assegurar-lhe o sucesso. Vejamos como se desenvolvem os processos incluídos na gestão da integração. Desenvolvimento do Plano Geral do Projeto O desenvolvimento do Plano Geral do Projeto utilizará os planos de gestões constitutivas de Gerenciamento de Projetos, por meio das metodologias de planejamento, da habilidade e conhecimento dos envolvidos e de um Sistema de Informações sobre o Gerenciamento de Projetos, no qual dados históricos e estatísticos serão utilizados como referências para as previsões do projeto em estudo, que resulta no plano geral do projeto (HABERKORN, 2004); 8 9 Guiados pelo plano geral do projeto e pelas informações adquiridas no decorrer da execução das tarefas, identificamos, nessa fase, a efetivação de todas as atividades planejadas e o alto grau de consumo do orçamento. Portanto, durante a execução das tarefas, devem ser apurados os dados relativos ao cronograma, aos custos realizados, às solicitações de alterações. Em resumo, qualquer informação que reflita o andamento do projeto. A apuração dos dados permite um efetivo controle sobre o projeto (HABERKORN, 2004); Controle Geral de Mudanças Entretanto, as informações adquiridas durante a execução das atividades do projeto serão analisadas constantemente, com periodicidade definida, para efetivo controle sobre o projeto, desvios nas suas atividades e atitudes corretivas, assim como estratégias de negociação entre as partes envolvidas, caso necessário. O Plano do Projeto, os relatórios das atividades realizadas, relatórios de desempenho e solicitações de mudanças podem determinar a necessidade de novos planejamentos, e devem atualizar a base de dados do sistema de informações de gerenciamento de projetos. O controle geral de mudanças manterá o plano geral do projeto atualizado, permitirá que o escopo obtido esteja em conformidade com as definições do plano do escopo, coordenando qualquer mudança em outras gestões, tais como custo, qualidade e risco, entre outros (HABERKORN, 2004). Gestão do Escopo do Projeto A gestão do escopo do projeto é representada pelos processos necessários para assegurar que o projeto contemple todo o trabalho e apenas o trabalho necessário para que a missão do projeto seja atingida. Essa gestão compreende os seguintes processos: a iniciação, o planejamento do escopo, o detalhamento do escopo, a verificação do escopo e o controle de mudanças do escopo. No entanto, é relevante identificar a diferença entre o escopo do produto e o escopo do projeto. O escopo do produto determina as funções e características do produto ou serviço a ser produzido pelo projeto. Já o escopo do projeto determina e quantifica o trabalho a ser executado para produção do produto ou serviço do projeto tal como delimitado no seu escopo (HABERKORN, 2004). Abordaremos, a seguir, os processos citados anteriormente. 9 UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) Iniciação Os estudos para a criação de um projeto são realizados pela identificação de vários fatores, tais como: uma necessidade de mercado, uma exigência legal, uma solicitação específica de um cliente, uma necessidade de alteração de estrutura administrativa, entre outros. A análise de empresas especializadas e a utilização de informações históricas geraram o Project Charter, documento emitido pela alta administração da empresa, que formaliza a criação do projeto e atribui ao gerente do projeto a autoridade para a execução dele, mediante a mobilização de recursos provindos das organizações envolvidas. Além de serem identificadas e formalizadas as premissas e restrições inerentes ao projeto. Planejamento do Escopo Fundamentados pela definição do produto ou serviço (Project Charter), pelas restrições e as premissas, iniciamos o detalhamento do produto resultante do projeto. O planejamento do escopo constitui-se por uma adequada análise de custos/ benefícios, pela identificação de alternativas que possam ampliar as opções de solução e a avaliação de especialistas. Mediante o planejamento, observamos os seguintes aspectos: · É formada a declaração do escopo, documento que justifica o projeto a partir da identificação das necessidades que lhe deram origem, ou seja, ela compreende o planejamento preliminar do projeto; · A descrição do produto e dos subprodutos; · Os componentes do produto a serem entregues, principalmente os itens complementares, tais como, manuais, relatórios, instruções de operação, modelos e formulários; bem como a indicação do seu encerramento; · Dados quantificados que indicam o sucesso do projeto, assim como, seus indicadores conforme sistema de métrica adotado; · As metodologias a serem usadas (HABERKORN, 2004); Detalhamento do Escopo Esse processo fornece a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), na qual temos pacotes de produto a serem entregues, mensurados em custo, tempo e recursos. Esses pacotes permitem um melhor gerenciamento e a definição da linha de base para futuras comparações nos estudos de performance dos trabalhos desenvolvidos. Os responsáveis pelas atividades também são identificados nesse processo; 10 11 Verificação do Escopo A verificação do escopo compreende a formalização da aprovação do escopo por todos os envolvidos; Controle de Mudanças do Escopo O controle de mudanças do escopo tem como foco qualquer alteração no escopo do projeto e se baseia em um sistema pré-definido que aceita essas alterações, caso sejam necessárias. A estrutura analítica do projeto, os relatórios de performance, as solicitações de mudanças e o plano de gestão do escopo são usados nesse momento. Qualquer mudança no escopo deverá ser formalizada e ser aceita pelas partes envolvidas, alimentando os planejamentos complementares. O controle, também, prevê as ações corretivas adotadas e a alimentação da base de dados do projeto, por meio das lições aprendidas (HABERKORN, 2004). Gestão do Tempo do Projeto A gestão do tempo é representada pelos processos que efetivarão o cumprimento dos prazos envolvidos. São eles: a definição das atividades, o sequenciamento das atividades, a estimativa da duração das atividades, o desenvolvimento do cronograma e o controle do cronograma. A variação do tempo de execução das tarefas e a entrega dos produtos ou subprodutos em um projeto compreende um dos fatores de maior impacto nos custos, na qualidade e em outras gestões. Desse modo, podemos definir a gestão do tempo como a perfeita sincronia de entrega dos produtos de fornecedores internos para clientes internos do projeto. Essa sincronia nos prazos de entrega e recebimento, ao mesmo tempo em que é fundamental, é também, crítica. No entanto, o sequenciamento das atividades é peça sem a qual o quebra cabeças do projeto não se completará; Definição das Atividades A estrutura analítica do projeto, a declaração do escopo, as informações históricas, as restrições e premissas são utilizadas para melhor detalhamento das tarefas a serem executadas. Desse modo, utilizamos a decomposição para obter componentes menores e torná-los mais facilmente administráveis, que é o principal objetivo do controle de gerenciamento. Podem ser utilizados, também, os modelos de projetos similares para, com base neles, obtera lista de atividades. 11 UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) Esse processo apresenta uma lista com todas as atividades a serem executadas e, caso necessário, uma documentação acessória que facilite o entendimento e a realização das tarefas. Essa documentação facilita outros processos de gerenciamento do projeto (HABERKORN, 2004); Sequenciamento das Atividades O sequenciamento das atividades compreende o estudo e identificação das dependências entre tarefas, permitindo a criação do cronograma e análises das estratégias de realização de tarefas. Como resultado, temos um diagrama de rede, ou rede PERT (Program Evaluation and Review Technique). Estimativa da Duração das Atividades Com o conjunto formado pela lista de atividades, restrições, premissas, recursos, coeficiente de produtividade e informações históricas, são atribuídas às tarefas o tempo necessário para realização delas. É possível, nessa fase, criar cenários em que frentes de tarefas concorrentes podem determinar alterações no prazo de entrega dos produtos, com impacto no prazo final do projeto (HABERKORN, 2004); Desenvolvimento do Cronograma De posse do diagrama de rede (PERT), das estimativas de duração, dos recursos a serem alocados, do calendário e de um estudo de folgas e flutuações, as datas de início e fim de cada atividade são determinadas. Análises matemáticas, como o Método do Caminho Crítico (CPM), por exemplo, compressões de duração, simulações, nivelamento heurístico dos recursos e softwares de gerenciamento de projeto são utilizados para a montagem do cronograma (HABERKORN, 2004); Controle do Cronograma Os elementos considerados nesse processo são o cronograma, os relatórios de cada tarefa realizada devem ser apontados no cronograma a fim de permitir que sejam feitas análises periódicas sobre os prazos praticados e atividades realizadas, as quais não estavam previstas. Dessa forma, identificar as alterações do cronograma e a administração dessas mudanças compõem o controle do cronograma. O cronograma atualizado é resultado desse processo, as ações corretivas adotadas e as lições aprendidas alimentarão a base de dados relativa ao histórico do projeto, a performance, as solicitações de mudanças e o plano de gerenciamento do cronograma. 12 13 Gestão do Custo do Projeto A gestão do custo é representada pelos processos necessários para o cumprimento do orçamento. São eles: o planejamento dos recursos, a estimativa dos custos, o orçamento dos custos e o controle dos custos. A seguir, veremos em detalhes cada um desses processos. Planejamento de Recursos O Planejamento de Recursos que determina quais recursos serão alocados é realizado por meio da Estrutura Analítica do Projeto (EAP), das informações históricas, da declaração do escopo e da descrição dos recursos físicos, necessários para a realização das tarefas. Esses recursos podem ser pessoas, máquinas ou materiais. O resultado desse processo compreende a lista de recursos para cada tarefa da Estrutura Analítica do Projeto (EAP); Estimativa de custos Os custos são originados pela utilização de recursos, sejam eles de qualquer natureza. Com a Estrutura Analítica de Projeto (EAP), a lista de recursos necessários e seus requisitos, a taxa de custo dos recursos, a estimativa de duração das tarefas e as informações históricas, realizamos a estimativa de custos do projeto. O plano de gestão do custo será o resultado desse processo. Ele formaliza todos os procedimentos a serem adotados para a efetiva administração dos custos do projeto. Devem estar documentadas a forma de gerenciamento dos custos, a administração das alterações nos custos, o plano de contingência para a necessidade de investimento ou capital imprevistos, a periodicidade de revisão do orçamento, a periodicidade de revisão do plano de gerenciamento de custos e os responsáveis pela gestão e controle deles; Orçamento dos Custos Nesse processo, utiliza-se a EAP, o cronograma do projeto e a estimativa de custos do projeto. Cada tarefa será valorizada com seu respectivo custo previsto e o resultado será uma linha de base para acompanhamento do desempenho do projeto, assim como de seu fluxo de caixa (HABERKORN, 2004); Controle dos Custos O controle dos custos utiliza os dados adquiridos no andamento do projeto, no apontamento do cronograma, tais como a linha de base do custo, os relatórios de desempenho, as solicitações de alterações e o plano de gerenciamento de custos. 13 UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) Qualquer alteração nos custos do projeto, seja por solicitação direta de alguma parte envolvida, seja por alterações nos prazos, por exemplo, deverá ser documentada, ser conhecida pelos responsáveis pelo projeto e, ainda, receber aceite destes. O sistema de controle de alterações nos custos definido no plano de gerenciamento de custos deverá ser respeitado. Esse controle envolverá: · O acompanhamento da evolução dos custos do projeto; · A captura das informações que mensuram os desvios no projeto mediante a comparação do realizado com a linha de base; · A autorização dos responsáveis pré-definidos no plano de gestão dos custos para alterações nos custos previstos; · A promoção das correções e das alterações necessárias, conforme o plano de gestão de custos e conscientização das partes envolvidas sobre as alterações em curso (HABERKORN, 2004). Gestão da Qualidade do Projeto A Gestão da Qualidade representa os processos que determinam se as necessidades que originaram o desenvolvimento do projeto foram satisfeitas. São eles: o planejamento da qualidade, a garantia da qualidade e o controle da qualidade. Vejamos, a seguir, a especificação desses fatores. Planejamento da Qualidade As políticas de qualidade, a declaração do escopo, a descrição do produto, padrões e regulamentações adotadas constituem os componentes desse processo. Realizado concomitantemente com outros processos de planejamento, resulta no plano de gerenciamento da qualidade. Nesse plano, formaliza-se como serão administrados os requerimentos de qualidade do projeto, bem como as alterações que serão integradas a ele, a periodicidade de revisão dos aspectos da qualidade, a escolha do orçamento que contemplará as necessidades de alteração da qualidade, os responsáveis pelo seu gerenciamento e controle, e a periodicidade de revisão de gerenciamento (HABERKORN, 2004); Garantia da Qualidade O plano de gerência da qualidade integra os dados obtidos das medições do controle da qualidade e definições operacionais. Os recursos e as atividades de planejamento da qualidade, juntamente com as auditorias da qualidade, resultam na melhoria da qualidade. 14 15 Controle da Qualidade Os dados de medições das atividades realizadas, assim como as informações sobre os produtos fornecidos pelo projeto, o plano da gerência da qualidade, as definições operacionais e as listas de verificação constituem os componentes desse processo. Por meio das inspeções, dos gráficos de controle, do uso de estatísticas e da análise de tendências, realizamos o monitoramento dos resultados do projeto. Dessa forma, podemos identificar se os padrões de qualidade definidos são respeitados. O sistema de alteração definido no plano de gerenciamento da qualidade também é considerado, e o resultado do processo de controle da qualidade é sua melhoria significativa, bem como a formalização das decisões de aceitação, a documentação sobre possíveis retrabalhos, as listas de verificações concluídas e os ajustes em processos de produção dos produtos ou nas atividades do projeto. Gestão de Recursos Humanos do Projeto A Gestão de Recursos Humanos é representada pelos processos que vão garantir o melhor aproveitamento das pessoas envolvidas no projeto, sejam elas patrocinadores, clientes e executores, entre outras. São representadas por: planejamento organizacional, montagem da equipe e desenvolvimento da equipe. As habilidades requeridaspara a otimização dos processos de relacionamento interpessoal e otimização dos resultados obtidos pelas atividades das pessoas têm ampla magnitude. Dessa forma, é importante que os seguintes aspectos sejam de domínio do gerente de projeto: liderança, negociação, comunicação, delegação, motivação, instrução, desenvolvimento de equipes, administração de conflitos, avaliação de desempenho, recrutamento, seleção, regulamentação legal sobre as atividades desenvolvidas (como, por exemplo, saúde e segurança do trabalho que, normalmente, são de responsabilidade do departamento de RH, mas que devem ser conhecidas pelo gerente de projetos), entre outros. (HABERKORN, 2004). Vejamos os processos que representam esta Gestão de Recursos Humanos. Planejamento Organizacional O objetivo do Planejamento Organizacional é realizar o plano de gerência do pessoal. Os componentes usados são as interfaces do projeto, as necessidades de pessoal e as restrições. O perfil técnico e comportamental dos recursos disponíveis é mapeado e cruzado com o perfil requerido pelo projeto. 15 UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) Mediante os projetos similares de práticas de Recursos Humanos e de conhecimento da teoria organizacional, é criada a atribuição de funções, assim como o mapa de responsabilidades das pessoas que atuarão no projeto. Desse modo, é elaborado o plano de Gerenciamento dos Recursos Humanos, assim como o organograma do projeto. O plano de Gerenciamento dos Recursos Humanos deverá documentar, basicamente, quando e como serão alocadas e posteriormente dispensadas as pessoas; qual será a política de premiação (se houver), de incentivo e de avaliação de performance; como será feito o treinamento e/ou reciclagem, caso necessário, e quais as responsabilidades das pessoas atuantes no projeto (HABERKORN, 2004); Montagem da Equipe O objetivo desse processo é conseguir alocar os profissionais necessários. Para isso, utilizamos o plano de gerenciamento de projetos, a descrição do quadro de pessoal necessário e as práticas de recrutamento. Entretanto, pode haver negociações com outros gerentes de projeto, caso o profissional já esteja alocado, ou se faça necessária a contratação de recursos externos à Organização e, assim, temos, finalmente, formalizada e documentada a lista de pessoas que integrarão a equipe de projeto; Desenvolvimento da Equipe Apenas alocar e desenvolver a equipe não basta. Como os projetos são temporários, em algum tempo esses profissionais poderão estar alocados em outro projeto, ou podem participar apenas de alguma fase do projeto. Dessa forma, é muito importante que seja trabalhada a integração entre os participantes da equipe. Um sistema de reconhecimento e recompensa é necessário para que a equipe compreenda quais comportamentos são desejados e por quais critérios as atividades desenvolvidas pelas pessoas serão analisadas. Em relação ao ambiente físico, é indicado que estejam no mesmo local para agilizar a comunicação e distribuição das informações, promovendo um ambiente facilitador de integração entre as pessoas. Caso não seja possível que a equipe trabalhe junta, reuniões periódicas com a presença de todos devem ser feitas. Finalizando, o treinamento dos membros da equipe, caso necessário, deve ser previsto como tarefa do projeto e previsto em um cronograma. É contraproducente esperar que o recurso se autodesenvolva, como, por exemplo, fora do horário do expediente ou nos finais de semana. Muitas vezes o projeto atravessa fases que promovem o trabalho além do horário normal previsto em cronograma, impossibilitando que o profissional busque um maior conhecimento inerente a uma tarefa. Esse tipo de situação prejudicará o projeto caracterizando baixa performance do profissional em questão, quando na verdade é uma falha do gerente de projetos alocar o recurso sem o perfil 16 17 adequado. No entanto, é sua responsabilidade conhecer a qualificação técnica do recurso disponibilizado e promover seu treinamento em tempo hábil, planejando adequadamente para que o conhecimento seja promovido antes da necessidade em alguma fase do projeto (HABERKORN, 2004). Gestão das Comunicações do Projeto A Gestão das Comunicações é representada pelos processos que vão determinar a geração, captura, distribuição, armazenamento e apresentação das informações do projeto, no prazo e formato adequados. São eles: o planejamento das comunicações, a distribuição das informações, o relato de desempenho, e o encerramento administrativo. O gerenciamento das comunicações é fundamental para que os dados e as informações sejam veiculados para todos os interessados, no formato e na periodicidade já estabelecidos. Sem as devidas informações, os componentes da equipe poderão ter dificul- dade de: · Conhecer as tarefas que devem ser executadas; · Identificar o relacionamento dessas tarefas com as tarefas de outros participantes do projeto; · Conhecer as restrições técnicas ou as premissas; · Identificar o contexto em que estão inseridos; · Saber se estão cumprindo o mínimo esperado em relação a prazos e custos; · Informar os outros integrantes quanto a alterações nos produtos do projeto e atitudes corretivas, entre outros. Além disso, sem uma comunicação adequada, os gerentes de projetos não têm condições para administrar as demandas concorrentes entre frentes de trabalho, porque as informações ou dados podem chegar tarde demais, se chegarem, a seu conhecimento. Portanto, é vital para o sucesso do projeto que um sistema adequado seja construído para captura e disseminação de comunicações (HABERKORN, 2004). Vejamos em detalhes de cada um dos processos dessa gestão. Planejamento das Comunicações O Planejamento das Comunicações tem como resultado o plano de gerência das comunicações, que deve documentar quais os procedimentos para coleta e distribuição das informações. Deve, ainda, formalizar a periodicidade dessa distribuição e os procedimentos para melhoria do plano de gerência das comunicações no decorrer do andamento do projeto; 17 UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) Distribuição das Informações Como base, temos o plano do projeto, o plano de gerência de comunicações e as informações relativas ao resultado das atividades. Por meio de métodos de recuperação e distribuição de informações, os registros do projeto são atualizados. Eles podem ser compostos por qualquer meio que documente o projeto, como correspondências, anotações etc.; Relato de Desempenho Com a dinâmica de atualização dos controles, tais como, cronograma, orçamentos e outros inerentes ao projeto, uma base de dados é alimentada. Os dados são analisados mediante revisões de desempenho e análise das variações ocorridas em função dos indicadores relativos a escopo, risco e qualidade. Análises estatísticas e matemáticas podem ser usadas nos relatórios de desempenho. A análise de valor agregado é o método mais utilizado na medição do desempenho. Baseia-se nos apontamentos feitos dos dados relativos a escopo, custo e prazo. Esse método utiliza três variáveis: o valor orçado, o custo real e o valor agregado (que é o valor do trabalho realmente completado). Além disso, são analisados relatórios que refletem a situação atual, a situação planejada e a situação projetada de acordo com o andamento dos trabalhos (HABERKORN, 2004); Encerramento Administrativo Por meio dos relatórios de performance e da documentação do projeto, será alimentado o arquivo do projeto, com os documentos, informações e dados, para realização da formalização do encerramento do projeto, com o aceite formal pelas partes envolvidas. Gestão dos Riscos do Projeto É representada pelos processos que identificam e analisam os riscos e, assim, criam um plano de resposta adequado à ocorrência de qualquer um deles previamente identificado. São eles: o planejamento da gestão dos riscos, a identificação dos riscos, a análise qualitativa dos riscos, a análisequantitativa dos riscos, o planejamento das respostas aos riscos e o controle e monitoramento dos riscos. O gerenciamento dos riscos consiste em mapear, analisar e avaliar riscos nas tarefas do projeto que lhe comprometam o sucesso. Quando pensamos em risco, dois itens merecem destaque: a probabilidade de sua ocorrência e o reflexo sobre o projeto em algum dos seus indicadores (tempo e custo), quanto a prejuízos ou a benefícios (HABERKORN, 2004); 18 19 Planejamento da Gestão dos Riscos O planejamento dessa gestão tem como resultado o plano da gestão dos riscos. Esse plano deve formalizar a metodologia a ser usada nas avaliações dos riscos; as funções e as responsabilidades da equipe de gestão deles; o orçamento para essa gestão; os relatórios formatados, adequados aos planos de resposta a tais riscos; os processos de monitoramento, ou seja, se o projeto será auditado, e caso seja, de que forma será realizada a auditoria. Ele documenta, ainda, como as informações do projeto serão guardadas para serem usadas nesse ou em outros projetos; a periodicidade das atividades de gestão dos riscos durante o projeto; a tolerância, que identifica os limites além dos quais atitudes deverão ser tomadas; a medição e a análise para análise qualitativa e quantitativa; Identificação dos Riscos Os riscos serão mapeados e identificados mediante a revisão do plano de gerenciamento dos riscos e de outros planos do projeto, de reuniões e de outros métodos de coleta de dados, como brainstorming, técnica Delphi, entrevistas, análise de forças, lista de verificação baseada em dados históricos, análise de premissas e técnicas de diagramação, como: o diagrama de causa e feito – fishbone ou Ishikawa, as cartas de fluxo de processo e o diagrama de influência. Os gatilhos também estarão identificados. Importante! Os Gatilhos ou sintomas de riscos serão as indicações de que um risco ocorreu, ou está para ocorrer, necessitando de uma atitude. Você Sabia? Análise Qualitativa de Riscos A Análise Qualitativa dos Riscos avalia o reflexo/impacto sobre o projeto e a probabilidade da ocorrência dos riscos previstos. Os componentes utilizados nesse processo são: o Plano de Gerenciamento dos Riscos, os riscos identificados, a avaliação da situação atual, o tipo do projeto, a precisão de dados, escalas de probabilidade e impacto e as premissas. As técnicas e as ferramentas usadas em função dos componentes anteriormente citados podem ser: a probabilidade de risco e impacto, a matriz de graduação da probabilidade/impacto de risco, testes nas premissas e, por fim, a classificação da precisão dos dados. Como resultado dessa análise, temos a classificação do risco global para o projeto, a lista de riscos prioritários, a lista de riscos para análises e gerenciamento adicionais e a tendência em resultados de análise quantitativa de riscos. 19 UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) Análise Quantitativa dos Riscos A análise quantitativa dos riscos tem como objetivo analisar numericamente a probabilidade de cada risco e seu reflexo nos objetivos do projeto, bem como o impacto no projeto todo. Como resultado dessa análise, apresentamos: a lista priorizada dos riscos quantificados, a análise probabilística do projeto, as probabilidades de alcançar os objetivos de custo e de tempo e as tendências em resultados de análise quantitativa de risco; Planejamento das Respostas aos Riscos Com o resultado dos processos anteriores e utilizando quatro critérios que nortearão a resposta aos riscos, temos como resultante o plano de respostas aos riscos, os riscos residuais, os riscos secundários, os acordos contratuais, entradas para outros processos e entradas para um plano revisado do projeto. Os critérios usados para nortear o desenvolvimento do plano de respostas aos riscos são: · Prevenção: Alterar o plano do projeto para eliminar a possibilidade de ocorrência deste risco identificado; · Transferência: Passar as consequências de um risco, bem como a responsabilidade de resposta para outras partes envolvidas; · Atenuação: Focar na redução das consequências de um risco para um nível de tolerância aceitável por meio de ações que reduzam a probabilidade da ocorrência do risco; · Aceitação: Aceitar o risco e não desenvolver nenhuma ação preventiva. O plano de respostas aos riscos deverá formalizar os riscos identificados; os responsáveis e as responsabilidades atribuídas; os resultados dos processos de análise qualitativa e quantitativa de riscos; as respostas acordadas utilizando-se os critérios anteriormente citados; o nível de risco residual esperado; as atividades para colocar em ação a estratégia de resposta escolhida; o orçamento e os prazos previstos para as respostas; os planos de contingência; e os planos de reserva (HABERKORN, 2004); Controle e Monitoramento dos Riscos O controle e o monitoramento dos riscos consistem em acompanhar o andamento do projeto e, de acordo com os dados e informações obtidos, assegurar a execução dos planos de risco e seu sucesso, bem como identificar novos riscos. 20 21 Novos e adequados planos de contingência podem surgir por meio do processo de controle. A função desse processo é identificar a ocorrência de um gatilho ou se este ocorrerá, e quais as devidas medidas que serão tomadas por meio de auditorias do projeto e de resposta aos riscos, de revisões constantes nos riscos do projeto, de análise do valor agregado, das medidas de desempenho técnico e do planejamento adicional de resposta ao risco. O controle e o monitoramento dos riscos resultam no plano de workaround, nas ações corretivas, nas requisições de alterações no projeto, nas atualizações do plano de resposta aos riscos, na alimentação do banco de dados de risco e na atualização do checklist de identificação de riscos (HABERKORN, 2004). Gestão das Aquisições e Contratos do Projeto A gestão das aquisições e contratos é representada pelos processos de aquisição de mercadorias, recursos e serviços de entidades externas ao projeto. Podemos citar os seguintes processos: planejamento das aquisições; preparação das aquisições; obtenção de propostas; seleção de fornecedores; administração de contratos e encerramento de contratos. A gestão de aquisições e contratos estabelece relação com fornecedores externos ao projeto e, para prevenção dos riscos inerentes a esse processo, preocupa- se, também, com o tipo de contrato realizado com cada fornecedor, bem como formaliza nos contratos os tópicos que minimizem, preventivamente, a ocorrência de problemas quanto à entrega dos produtos adquiridos em função da qualidade, prazo e custo deles. A seguir, serão especificados os processos que compreendem essa gestão, segundo Haberkorn (2004). Planejamento das Aquisições Formamos o plano de gerenciamento das aquisições e as declarações de trabalho por meio da identificação de quais produtos e/ou serviços podem ser mais bem fornecidos por entidades externas ao projeto, pela utilização de avaliação especializada e pela análise de qual tipo de contrato é mais adequado nessa aquisição. Este plano deve conter informações relativas a quais produtos e/ou serviços deverão ser adquiridos, por quais fornecedores, dentro de qual prazo e custo e por meio de qual contrato firmado entre as partes. As declarações de trabalho fornecem a descrição detalhada do produto/serviço, formalizam todas as especificações técnicas e permitem que os fornecedores possam avaliar se estão aptos a entregar os produtos citados; 21 UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) Preparação das Aquisições Com o plano de gerência de aquisições, declaração do trabalho e informações de outros planejamentos, por meio de avaliação especializada e formulários padrão (padrões de contratos, solicitação de compras etc.), são gerados os documentos de aquisição pelos editais, os critérios de avaliação das propostas dos fornecedores e as atualizações das declarações do trabalho;Obtenção de Propostas A obtenção de propostas objetiva a coleta de informações relativas a preços e condições de fornecimento dos fornecedores qualificados para suprir as necessidades do projeto. Com os editais e as listas de fornecedores qualificados mediante as reuniões e os anúncios, temos as cotações ou propostas enviadas pelos possíveis fornecedores para posterior análise; Seleção de Fornecedores Com as propostas dos fornecedores em mãos, utilizam-se os critérios de avaliação sem desrespeitar as políticas da organização, na qual o projeto está inserido. Para isso, determinamos os seguintes passos: · Negociação contratual: Esclarecimentos entre as partes e acordo sobre as cláusulas do contrato a ser formalizado; · Sistemas de ponderação: São usados pesos numéricos para cada critério de avaliação, são atribuídas notas para cada fornecedor em cada critério, multiplicados o peso pela nota e totalizados os produtos para a obtenção do resultado final; · Sistema de classificação: É a definição de patamares mínimos de desempenho para um ou mais critérios de avaliação; · Estimativas independentes: O contratante pode montar suas próprias estimativas de preço para servir como comparativo com os preços propostos pelos fornecedores. Dessa forma, o resultado que se apresenta é a formalização do contrato de prestação de serviços ou venda de produtos de terceiros para o projeto. Na administração de contratos, deve-se assegurar que os produtos e/ou serviços fornecidos estejam de acordo com os contratos firmados. Utiliza-se o contrato, os resultados do trabalho, as requisições de mudanças e as faturas dos fornecedores e os administra por meio de um sistema de controle de mudança contratual, relatórios de performance e sistemas de pagamento. A administração dos contratos remete- nos aos seguintes resultados: correspondências, mudanças contratuais, caso necessário, requisições de pagamento (HABERKORN, 2004); 22 23 Encerramento de Contratos No encerramento dos contratos, processo parecido com o encerramento administrativo, verificamos: a documentação do contrato, a entrega dos produtos e/ou serviços os quais devem ter sido entregues conforme o contratado, o cronograma, as mudanças contratuais aprovadas, os relatórios de performance, os documentos financeiros que comprovem o pagamento aos fornecedores e qualquer documentação técnica inerente ao processo. Temos, finalmente, o arquivamento de toda a documentação e, como resultante, podemos ter auditorias de contratação, as quais analisam de forma estruturada todo o processamento, desde o planejamento da contratação até sua finalização. Gestão de Projetos e o PDI No item anterior, você pode compreender o gerenciamento de projetos de acordo com a metodologia PMBOK, identificando suas fases e módulos na implantação de Sistemas de Informações Gerenciais (SIG). Pudemos ter uma visão geral da metodologia de gerenciamento de projetos PMBOK, mediante a apresentação de seus componentes. Gerenciamento de Projetos é uma disciplina complexa por sua abrangência e pelos resultados que se espera dela. O domínio da técnica é adquirido e melhorado com a prática. Procure aplicar os conceitos e métodos aqui apresentados no seu dia a dia, mesmo nos projetos mais simples em que estiver envolvido, para que essa visão sistêmica se torne um hábito em sua atividade profissional. Agora, vamos conhecer o Plano Diretor de Informática (PDI), seus componentes fundamentais e suas fases de implantação. O PDI é, na verdade, a base da implantação de um SIG. O desenvolvimento de um PDI compreende quatro fases que serão discutidas no próximo item, buscando oferecer uma referência para a realização organizada de trabalhos dessa natureza. Com base nos itens apresentados, será possível que você identifique, entre as opções existentes de sistemas de informações, a mais adequada à realidade da Empresa em estudo. O PDI para alcançar o sucesso esperado deve conter: · A filosofia e os objetivos a serem atingidos pelos sistemas da Empresa (existentes ou não); · O planejamento de quando cada sistema será desenvolvido/alterado, com um cronograma de duração e ordem (prioridade de implementação para a organização); 23 UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) · Os custos e os benefícios de cada projeto, em que se devem contemplar investimentos de hardware, software, recursos humanos, bem como a previsão de quantidade para cada um desses itens; · Itens de risco dos projetos, mencionadas estratégias de mercado, tendências e expectativas do usuário e da Empresa. O PDI é de extrema importância porque planeja o crescimento da automação dentro da Empresa, permite que ela se desenvolva dentro do mercado e exerça suas atividades de forma satisfatória, ganhando sempre em produtividade e qualidade de serviço. A implantação do PDI pode ter abordagem inadequada quando, por exemplo, ocorrer o desenvolvimento de projetos sem estimativas nem orçamentos aprovados e os custos crescem sem que haja relação de efeito nos trabalhos em desenvolvimento. Existem técnicas eficientes que ajudam a extrair as informações necessárias para a implantação do PDI. Uma delas é o JAD (Joint Application Design), que emprega o conceito de visões refinadas e apura três visões: · Overview: Dificuldades, necessidades, contexto, objetivos, problemas; · Macro: Interacionamentos existentes entre as necessidades, as dificuldades e os objetivos; · Detalhe: Atenções para particularidades de um objetivo (OLIVEIRA, 2010). Plano Diretor de Informática (PDI) O Plano Diretor de Informática apresenta as seguintes fases: · 1ª fase do PDI – Levantamento; · 2ª fase do PDI – Avaliação de necessidades de customização; · 3ª fase do PDI – Avaliação dos recursos físicos; · 4ª fase do PDI – Elaboração do plano e do cronograma macro. Levantamento Essa fase inicia-se com o levantamento dos objetivos e da situação atual da empresa, que inclui: · Situação atual; · Situação desejada; · Causas da mudança. 24 25 Grande parte do sucesso de uma implantação depende também do conhecimento detalhado da Empresa a que nos propusermos informatizar. Assim, nessa fase, temos como objetivo conhecer a situação em que a Empresa se encontra e ter um panorama desde os usuários em geral até como a Empresa atua administrativamente. Para isso, é aconselhável que sejam realizadas reuniões e entrevistas preliminares com os envolvidos, para obtermos basicamente as seguintes informações: · O que faz?; · Quem atende (clientes)?; · Qual a estrutura administrativa (filiais)?; · Qual a estrutura departamental?; · Quem são os responsáveis?; · Quais os sistemas e as ferramentas de informatização atuais?; · Quais os produtos e as condições comerciais?; · Quais as características de natureza fiscal? Deve ser obtido, também, o número de registros por arquivos, o volume de dados, mesmo que estimado, mostrar o porte da Empresa e o volume de dados a serem processados. Essa informação pode ser utilizada pelo analista para a avaliação da configuração de hardware necessária, e pode ser comparada com a existente, detectando eventual necessidade de investimentos na aquisição ou upgrade de equipamentos. É necessário que se faça um estudo aprofundado de toda a organização da Empresa, descrevendo departamentos, usuários, rotinas diárias, fluxos e relató- rios utilizados. É aconselhável, ainda, que sejam realizadas reuniões departamentais com os responsáveis e usuários para obtenção de respostas mais específicas. O fluxo de dados tem a finalidade principal de servir como base para estimar o cronograma de implantação. “O PDI é uma necessidade da Empresa e parte da vontade dos dirigentes, pois a Empresa é um sistema aberto, isto é, envolve a ideia de entrada, processamento e saída” (OLIVEIRA, 2010). Avaliação das Necessidades de Customização Deve ser efetuada a verificação de necessidades dos pontos a seguir identificados: 25 UNIDADE Projetose o Plano Diretor de Informática (PDI) Conversão de arquivos: · Levantamento dos padrões dos arquivos; · Plataforma de software dos sistemas atuais. Questionamento sobre os arquivos a serem convertidos destacando: · Real necessidade de conversão; · Volume de dados; · Relacionamento, caso exista, com outros arquivos; · Necessidade de desenvolvimento de rotinas para conversão; · Padrão dos arquivos (txt, dbf, SQL etc.); · Plataforma atual; · Sistemas atuais. Customizações: · Definição de rotinas especiais de processamento/atualização de dados; · Definição de relatórios especiais para atender requisitos levantados. Questionamento sobre rotinas específicas a serem desenvolvidas destacando: · Real necessidade do desenvolvimento; · No caso de relatórios, verificação da possibilidade de compará-los com relatórios existentes no Sistema; · Detalhamento de todos os parâmetros necessários; · Detalhamento, no caso de relatórios, das ordens possíveis de impressão dos dados; · Detalhamento para todas as rotinas a serem desenvolvidas, como: número de horas necessárias para o levantamento detalhado, para o desenvolvimento e para a instalação e testes, com os respectivos valores. Avaliação das Necessidades de Infraestrutura (Recursos Físicos) Deve ser realizada a verificação do ambiente atual, hardware e definições de padrões. A avaliação do parque instalado com base no volume de dados, módulos e número de usuários envolve: 26 27 Definição de configurações mínimas de hardware: · Questionamento sobre a existência de uma rede e qual o ambiente atual; · Número de usuários atuais e projeções de crescimento para os próximos 12, 24 e 36 meses; · Número de acessos simultâneos ao sistema por módulo; · Levantamento das características do parque de hardware: estações; servidores; impressoras; comunicação de dados. Definição de programa de treinamento, com base nos módulos a serem implantados. Levantamento dos usuários envolvidos no projeto, direta e indiretamente (desde que sejam responsáveis por decisões que afetem o processo), conforme segue: · Definição dos nomes dos envolvidos e suas atribuições básicas; · Definição da relação usuários x módulos; · Avaliação dos pontos críticos entre número de módulos e usuários: muitos módulos para um usuário, usuários de um setor atuando em outro, e vice- versa, proporcionando problemas pelo desconhecimento da área de atuação; · Avaliação da necessidade de treinamento de cada usuário, levando em conta o conhecimento das rotinas administrativas e conhecimentos de microinformática. Elaboração do Plano e do Cronograma Macro A elaboração do PDI deve conter: Diagnóstico da situação atual (retrato): · Sistemas atuais; · Parque de hardware instalado; · Parque de software (sistemas operacionais, sistemas de segurança/antivírus etc.); · Usuários envolvidos; · Fluxo atual de informações; · Pontos críticos; · Pontos de atrito com o novo sistema. Sugestão para melhoria dos pontos críticos: · Onde e quais sistemas deverão ser implantados; · Mudanças necessárias no parque instalado (hardware); · Treinamento dos envolvidos no processo; 27 UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) · Sugestão de novo fluxo de informações; · Resolução dos pontos de atrito, por meio das seguintes alternativas: mudança de procedimentos, alteração no sistema padrão, criação de rotinas específicas. · Definição dos profissionais envolvidos; · Prazos para execução dos serviços; · Horas previstas, dos profissionais definidos, para o projeto; · Custos envolvidos e forma de pagamento. Elaboração de um cronograma macro: · Definição dos módulos a serem implantados, contendo: prioridades de implantação dos módulos, prazos de implantação dos módulos, pré-requisitos para cada tarefa e/ou módulo. Considerações Finais Os tópicos abordados nesta Unidade servem como referência para a elabo- ração de Planos de Informatização. Cabe a cada profissional envolvido nessa atividade o aprimoramento e a inclusão de novos itens com base em sua prática de realização de planos dessa natureza, bem como nas características específicas de cada caso estudado. O sucesso da implantação de Sistemas de Informações está diretamente relacionado à visão clara e detalhada dos requisitos estabelecidos pelos usuários. Utilizar uma metodologia de levantamento de dados sistêmica, que contemple os conceitos e itens apresentados aqui, é garantia de bons resultados. 28 29 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites SAP Brasil Site Institucional da SAP Brasil (uma das maiores empresas do mundo em sistemas de gestão); www.sap.com.br Totvs Site Institucional da Totvs (a maior Empresa de sistemas empresariais do Brasil). www.totvs.com.br Livros Sistemas de Informação BIO, Sérgio. Sistemas de Informação. São Paulo: Atlas, 1997. 29 UNIDADE Projetos e o Plano Diretor de Informática (PDI) Referências BATISTA, E. de O. Sistemas de informação: o uso consciente da tecnologia para o gerenciamento. São Paulo: Saraiva, 2006. GRAEML, A. R. Sistemas de informação: o alinhamento da estratégia de TI com a estratégia corporativa. São Paulo: Atlas, 2000. HABERKORN, E. Gestão empresarial com ERP. São Paulo: Microsiga Software SA, 2004. LAUDON, Kenneth C; LAUDON, Jane P. Sistemas de Informações Gerenciais. 9.ed. São Paulo: Pearson, 2011. O’BRIEN, James A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na internet. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2011. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Sistemas de informação gerencial. São Paulo: Atlas, 2010. ______. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2011. TURBAN, Efraim et al. Administração de tecnologia da informação: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus, 2003. 30 Sistemas Gerenciais de Apoio à Decisão Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. João Luiz Souza Lima Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin Sistemas de Gestão Empresarial • Introdução • Sistemas Funcionais, Empresariais e Interorganizacionais • Integração de Sistemas e Processos • Processos Empresariais • Sistemas de Gestão Empresarial • Considerações Finais · Esta Unidade tem como objetivo principal a descrição das atividades envolvidas nos Sistemas Funcionais, Empresariais e Interorganizacionais. Além disso, tem como objetivos adicionais a questão da utilização da Tecnologia da Informação (TI) e a implementação dos Sistemas de Gestão Empresariais Contemporâneos, tais como: o Enterprise Resource Planning (ERP), o Customer Relationship Management (CRM), o Supply Chain Management (SCM) e o Business Intelligence (BI). OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, abordaremos quatro assuntos que envolvem os Sistemas Funcionais, Empresariais e Interorganizacionais; a Integração de Sistemas e Processos; os Processos Empresariais e os Sistemas de Gestão Empresarial. Além disso, iremos fazer uma forte correlação entre o SIG e os Sistemas de Gestão nas Empresas contemporâneas. Assim, a Unidade está estruturada em quatro tópicos que vão nos guiar em nossa Disciplina. • Sistemas Funcionais, Empresariais e Interorganizacionais; • Integração de Sistemas e Processos; • Processos Empresariais; • Sistemas de Gestão Empresarial. A atividade reflexiva irá explorar o nível de teorização para introduzir os conceitos acima identificados. Também serão disponibilizadas outras indicações de leituras no espaço “material complementar” e em “documentos da Disciplina” e as referências bibliográficas utilizadas para elaboração desta Unidade. ORIENTAÇÕES Sistemas de Gestão Empresarial UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial Contextualização Nesta Unidade, abordaremos quatro assuntos que envolvem os Sistemas Funcionais, Empresariais e Interorganizacionais, incluindo os seus conceitos fundamentais, o seu desenvolvimento e implementação, os seus níveis de abrangência, níveis de influênciae condicionantes. Além disso, iremos fazer uma forte correlação entre os Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) e o processo de tomada de decisões nas Empresas contemporâneas. Vale ressaltar que o gestor contemporâneo deve utilizar o processo de tomada de decisões ancorado no SIG, bem como a moderna Tecnologia da Informação (TI), visando, assim à busca da vantagem competitiva 6 7 Introdução Em muitas Empresas, geralmente nas Empresas de médio e grande portes, os departamentos ou áreas podem ter funções separadas. No entanto, o novo paradigma Empresarial requer que os departamentos/áreas sejam integrados, ou seja, formem uma única Entidade. Uma missão importante da nova organização do século XXI é administrar o fluxo de entrada, interno e de saída e controlar o fluxo de dinheiro que entra, circula e saí da Organização. Essa é uma tarefa bastante ampla, já que o dinheiro está envolvido em todas as funções de uma Organização. A Tecnologia da Informação (TI) pode auxiliar quase todas as atividades envolvidas nos processos Empresariais, bem como a comunicação e a colaboração entre as funções com os ambientes internos e externos da Organização. Hoje, as organizações modernas e bem sucedidas são aquelas que tratam a informação como um capital de valor estratégico, ou seja, a base da Inteligência Empresarial. São as informações qualificadas que permitem à Empresa uma visão mais abrangente do ambiente em que atua, facilitando o seu planejamento estratégico e a tomada de decisões em todos os níveis. Para tanto, é necessário dinamismo e agilidade. A informação não pode estar pulverizada e segmentada, isolada em departamentos e áreas, pois ela só será útil se estiver disponível, confiável e estruturada. O processamento, o armazenamento e a transmissão da informação permitiram a aplicação da TI em todos os aspectos que envolvem a sociedade. Estamos em uma nova era, na qual os computadores estão mais eficazes, mais potentes, mais baratos, mais poderosos e com amplas aplicabilidades. A informação é algo primordial na sociedade atual, o crescimento desta sociedade é constante e não é diferente no contexto Empresarial, sendo necessário o armazenamento e a triagem para a elaboração de relatórios sólidos. Com esse avanço, cria-se a necessidade de integrar as informações. Portanto, o que esta Unidade pretende mostrar é como os sistemas de gestão Empresarial podem atender a essa demanda e unificar os ambientes da Empresa de modo que as informações não se percam e sirvam de base para estabelecer relatórios sólidos, buscando fornecer aos administradores uma gestão integrada da Empresa, com foco principal no fluxo de informações necessárias que os auxiliam à tomada de decisão e ao planejamento estratégico. A estrutura geral de uma Organização do século XXI é apresentada na Figura 1 e está dividida em três níveis: estratégico, tático e operacional. 7 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial Ambiente Interno • Alta Administração • Operações/Produção • Marketing • Recursos Humanos • Engenharia Sistemas Táticos • Preparação e Controle do Orçamento • Controle de Investimentos • Orçamento de Capital • Análise e Controle de Custo • Gerenciamento de Impostos • Auditoria • Planejamento Financeiro Sistemas Operacionais • Livro Razão Geral • Vendas e Pedidos • Contas a Pagar e a Receber • Recebimento e Remessas • Folha de Pagamento • Controle de Estoques • Relatórios e Balanços Periódicos Sistemas Estratégicos • Planejamento Estratégico • Indicadores e Saúde �nanceira • Análise de Fusão e Aquisição Ambiente Externo • Órgãos Reguladores • CVM (Comissão de Valores Mobiliários) • Clientes • Fornecedores • Consumidores • Parceiros Comerciais Figura 1 – Principais Atividades do Sistema de Contabilidade/Finanças. Fonte: elaborada pelo autor Sistemas Funcionais, Empresariais e Interorganizacionais Transaction Processing System (TPS) O Transaction Processing System – TPS (Sistema de Processamento de Transações) lida com os principais processos Empresarias repetitivos das organizações como, por exemplo, o preenchimento de pedidos, a folha de pagamentos, o faturamento, o financeiro etc. 8 9 Tem como objetivos aumentar a eficiência dos processos Empresariais fundamentais, a redução das despesas da corporação e a melhoraria do atendimento ao cliente. Essas aplicações aumentam a produtividade, reduzem os custos, melhoram as relações com os clientes e, dE modo geral, aumentam a eficiência e o conhecimento dos gerentes sobre toda a organização. Sistema de Informações Funcionais Consiste em vários sistemas de informação menores (subsistemas) que apoiam atividades específicas. Como exemplo, podemos citar o escalonamento de caminhões e o controle de estoques computadorizados, os quais respaldam o sistema de logística em algumas Empresas. No entanto, os Sistemas de Informações Funcionais, quando são independentes entre si, geralmente são ineficazes. Por isso, uma solução interessante para a reso- lução deste problema importante envolve o emprego de uma abordagem integrada. Management Information Systems (MIS) – Sistemas de Informações Gerenciais O termo MIS é usado ocasionalmente como um conceito genérico, ou seja, é válido para todos os Sistemas de Informação (SI) combinados. Sua principal função é fornecer informações aos gerentes nas áreas funcionais da Empresa. Cada MIS gera relatórios na respectiva área funcional. Esses relatórios são usados para aplicações próprias do Data Warehouse (DW) da corporação e pode utilizar informações desse DW. Também englobam os Sistemas de Suporte a Decisões (Decision Support System – DSS). Rastreamento de Transações Empresariais Em toda Organização, existem os principais processos Empresariais que geram as atividades de missão crítica. Elas ocorrem quando uma Empresa fabrica um produto ou fornece um serviço. Como exemplo, podemos citar que, para produzir brinquedos, um fabricante compra materiais e peças, paga a mão de obra e todos os encargos. Isso tudo implica que todas as transações podem gerar transações adicionais. 9 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial Processamento do TPS Geralmente, as organizações tentam automatizar a entrada de dados do TPS o máximo possível, devido ao grande volume de dados e para reduzir os possíveis erros de operação. O TPS se utiliza de três métodos básicos de processamento: a. Processamento em Lote; b. Processamento Online; c. Processamento Híbrido. No processamento em lote, a Empresa reúne transações à medida que ocorrem, insere-as em grupos ou lotes. No processamento online, os dados são processados assim que ocorre uma transação. No processamento híbrido, é realizada uma combinação dos dois processamentos (lote e online), permitindo, assim, a reunião dos dados quando ocorrem, mas os processa em intervalos especificados. Entretanto, as informações contidas no Banco de Dados (BD) do TPS podem ser consultadas pelos usuários, transferidas e usadas em relatórios periódicos, suporte ao processo de tomada de decisões ou para outras finalidades. Data Warehouse (DW): é um depósito de dados digitais que serve para armazenar informações detalhadas relativamente a uma Empresa, criando e organizando relatórios por meio de históricos que são depois usados pela Empresa para ajudar a tomar decisões importantes com base nos fatos apresentados. Fonte: https://goo.gl/1qmS73 Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD): consiste num software que possui recursos capazes de manipular as informações do banco de dados e interagir com o usuário. Exemplos de SGBDs são: Oracle, SQL Server, DB2, PostgreSQL, MySQL, Access ou Paradox, entre outros. Fonte: https://goo.gl/9h8Wi Ex pl or 10 11 Integração de Sistemas e Processos Integração de Sistemas Por que integrar? A integração acaba com as barreiras existentes entre os próprios departamentos da Empresa, bem como entre as sedes e os departamentos e reduz a duplicação de esforços. Comointegrar? Existem vários métodos para integrar sistemas funcionais e um sistema corporativo. A seguir, três deles: a. Conectar os sistemas existentes; b. Usar um software de gerenciamento da cadeia de suprimentos; c. Usar o planejamento de recursos Empresarias, o Enterprise Resource Planning (ERP). Os Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) ou Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, conhecidos pela denominação Enterprise Resource Planning (ERP), têm como objetivo consolidar e aglutinar todas as informações necessárias para gestão do sistema maior denominado Empresa. Esses sistemas unem e integram todos os subsistemas componentes dos sistemas operacionais e dos sistemas de apoio à gestão, por meio da Tecnologia da Informação (TI), permitindo que todos os processos de negócios da Empresa possam ser visualizados. Em resumo, o SIG/ERP consiste na arquitetura de um Sistema de Informação (SI) que integra as informações das Empresas como um todo. A Figura 2 apresenta Sistema ERP, que demonstra a integração e a alimentação das informações dos departamentos da Empresa. Todos os departamentos são identificados por meio da legenda apresentada na Figura 2. 11 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial SIGA EDI Fornecedor Pedido de Compra Cotação Solicitação Compras Projeção de Estoque Previsão de Vendas Estatística Clientes Pedidos de Vendas SIGA EDI - Cliente Liberação de Crédito Liberação de Estoque Faturamento Banco Financeiro PCP Contabilidade Folha e Ponto Estoque Custos Faturamento Compras Livros Fiscais Man. Industrial Importação Ativo Fixo Movimento de Títulos Contas a Receber NF DP LA Faturamento LA Contas a Receber LA de Movimentos LA de Rateios Consulta Banco de Informação Livros Fiscais Coletor Eletrônico Ordens de Produção Contrato de Fornecimento Importação Banco Lançamentos Automáticos Lançamentos ContabilidadeApropriações Razão Balancete Diário Movimento de Títulos Contas a Pagar Fluxo de Caixa Orçamento Produção Estoque Produto Acabado Faturamento CMV +Margem Bruta Demonstração de L&P Faturamento - CMV Mensal orçado real Acumulado orçado real Manutenção Industrial Simulação Financeira Ativo Fixo Simulação Preços de Venda Custos Centros Improdutivos Folha de Pagamentos Ponto Eletrônico Fornecedor Recebimento de Mercadoria Controle de Qualidade Estoque MP / MC Requisições Carga Máquina Controle de Produção LA de Folha LA Depreciação Figura 2 – Sistema ERP (Enterprise Resource Planning). Fonte: LIMA, 2003. O Sistema ERP, apresentado na Figura 2, inicia sua funcionalidade por meio do pedido gerado pelo cliente, após a análise efetuada em um banco de dados para liberação e aprovação do crédito (consulta aos Serviços de Proteção ao Crédito – SPC ou SERASA, por exemplo). A partir daí, ele é direcionado para liberação do produto em estoque e para o faturamento, gerando automaticamente os lançamentos na contabilidade do registro de venda, forma de pagamento e baixa do estoque de mercadorias, influenciando o fluxo de caixa da Empresa e sua movimentação bancária. Caso o produto seja vendido por encomenda, as informações geradas pela venda também poderão ser processadas para a produção e a projeção de estoque. O processamento das informações da área de produção integra a solicitação e o pedido de compra de matéria prima e sua cotação no mercado, gerando para a contabilidade os lançamentos de contas a pagar, o recebimento de mercadorias e os registros fiscais. Essas operações influenciam o fluxo de caixa da Empresa, permitindo uma projeção de orçamento. Todas as ações geradas nesse sistema, estão diretamente interligadas à Contabilidade e permitem visualizar a integração dos departamentos, conforme demonstrado na Figura 2. 12 13 Processos Empresariais O processo consiste numa sequência lógica de atividades ou rotinas realizadas por uma Empresa, visando ao atendimento das necessidades dos clientes, desde o início do atendimento do pedido formulado até a entrega final do produto ou serviço requerido. Em outras palavras, o processo é uma sequência de tarefas ou atividades que consome recursos (humanos, materiais, financeiros, tecnológicos etc.) resultando em produtos ou serviços que devem ir ao encontro das necessidades dos clientes internos ou externos a Empresa. A execução do processo deve agregar valor ao resultado do próprio processo. No Quadro 1 apresenta-se o detalhamento dos 10 (dez) Processos Mercado- lógicos existentes em uma Empresa típica, independente do seu segmento de mercado ou porte. Quadro 1 – Processos Mercadológico-Logísticos PROCESSO DESCRIÇÃO Planejamento do Negócio Definir, atualizar e rever os planos estratégicos e táticos do negócio. Conduzir Pesquisa Investigar continuamente as forças do mercado e as tendências da indústria, de modo a identificar novos processos, tecnologias e serviços que venham a melhorar o produto final para o cliente. Inclui a revisão de processos e tecnologias em uso, visando à sua melhoria contínua. Não deve estar focalizado em melhorias de produtos ou processos específicos. Definir Produtos Identificar as necessidades dos clientes e definir os requerimentos e características do produto que venham a atendê-las. Especificar cronogramas de desenvolvimento, planos para manufatura, atendimento e distribuição dos produtos/serviços. Desenvolver Produtos, Processos e Canais de Distribuição Desenvolver produtos e serviços para as necessidades dos clientes. Definir e aperfeiçoar os processos e tecnologias necessárias à sua produção, além dos requerimentos de distribuição e atendimento. Gerenciar o Relacionamento com os Fornecedores Qualificar e desenvolver fornecedores e prestadores de serviço que forneçam à Empresa produtos e serviços nas fases de desenvolvimento de produtos, produção e suporte. O processo inclui a formação de parcerias, monitoramento de performance, estabelecimento de políticas, contato de fornecimento e compras avulsas. Gerenciar o Relacionamento com os Distribuidores Qualificar e desenvolver revendedores e distribuidores para os produtos da Empresa. Inclui o gerenciamento de contratos, monitoramento de performance etc. Gerar a Demanda Divulgar e estimular o consumo de produtos e serviços da Empresa. Inclui campanhas de marketing, pesquisas, promoções etc. Atender à Demanda dos Clientes Receber, acompanhar e atender aos pedidos colocados, de acordo com as suas especificações. O processo realiza atividades associadas à abertura e fechamento de pedidos, expedição, distribuição e cobrança, assim como procedimentos relativos às devoluções de produto. Não inclui o gerenciamento de serviço/suporte pós-venda. Fabricar Produtos Determinar quando e quanto fabricar para atender à demanda dos clientes. Produzir com conformidade e a custos compatíveis com o valor entregue e no prazo estipulado. Compreende atividades desde a obtenção de materiais para produção (exceto negociação de compras), até a geração do produto acabado. Inclui, além disso, atividades de suporte à fabricação, entre elas: treinamento, manutenção de equipamentos produtivos e gestão de materiais. Prover Serviço e Suporte Pós-Venda Atender às necessidades dos clientes quanto a suporte técnico, manutenção, reparos, diagnósticos, treinamento, provendo melhorias contínuas na aplicação do produto. Fonte: LIMA, 1996. 13 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial Na Figura 3 são demonstradas as interfaces e a integração entre os vários Processos Logísticos. -$ Inventário do Fornecedor/ Pedido ao Fornecedor Lead-Time (tempo em dias) Estoque de Matérias- -Primas Estoque em Materiais em Processo Estoque de Produtos Acabados Pedido de Clientes em Processo Inventário do Cliente/ Canal de Vendas +$ Suprimentos Desenvolvimento de fornecedores/Acordos comerciais Serviço Assistência técnica/ Suporte pós-vendaLogística (Entrada) Programação de vendas/Movimentação/ Armazenagem Planejamento Planejamento da demanda/S&OP/MPS/MRPCRP Produção Controle do chão de fábrica Marketing/Vendas Promoção/Propaganda/ Relacionamento/ Merchandising Logística (Saída) Coleta de pedido/ Distribuição/Carteira de pedidos Fo rn ec ed or es Cl ie nt es /C on su m id or es Figura 3 – Visão dos Processos Logísticos. Fonte: LIMA, 1996. No Quadro 2 apresenta-se o detalhamento dos 10 (dez) Processos de Infraestrutura existentes numa Empresa típica, independente do seu segmento de mercado ou porte. 14 15 Quadro 2 – Processos de Infraestrutura. PROCESSO DESCRIÇÃO Gerenciar os Recursos Humanos Planejar, coordenar e prover diretrizes para o desenvolvimento e a administração dos recursos humanos. Gerenciar as Operações Financeiras Gerenciar os recursos financeiros da Empresa. Desenvolver e disseminar padrões de gerenciamento de custos. Executar o gerenciamento é atribuição de cada processo de negócio. Suportar as Decisões Gerenciais Gerar, planejar e controlar as Informações de Suporte à Decisão. Gerenciar os Documentos Fiscais Preparar, analisar e documentar os resultados e statements financeiros da Empresa para atender às legislações vigentes. Gerenciar as Relações com os Acionistas Analisar e apresentar informações para os acionistas e o mercado financeiro. Desenvolver a Infraestrutura de Qualidade Identificar e desenvolver diretrizes, procedimentos, ferramentas, técnicas e treinamentos visando à melhoria da qualidade na Empresa. Planejar e coordenar a auditoria de processos e produtos. Gerenciar a Infraestrutura Física Gerenciar a aquisição, a manutenção e a melhoria dos imóveis e das instalações da Empresa. Observação: não inclui a manutenção dos equipamentos produtivos. Manter Relações com o Governo e a Comunidade Interagir com o governo, a comunidade, os sindicatos e as entidades de classe. Prover o Direcionamento Estabelecer e comunicar os objetivos estratégicos para o negócio e acompanhar a sua evolução. Gerenciar a Estrutura de Informações Definir e comunicar os planos e diretrizes de informática, incluindo plataformas, arquiteturas, padrões etc. Observação: Não inclui necessariamente o desenvolvimento e a execução de aplicações. Fonte: LIMA, 1996. Os Sistemas de Informações (SI) não são necessariamente todos computadori- zados, embora a maioria deles seja. De acordo com Turban e outros (2005), um Sistema de Informação Baseado em Computador (SIBC) é um Sistema de Informa- ção (SI) que utiliza a tecnologia de computador para realizar algumas ou todas as suas tarefas planejadas. Portanto, os processos Empresariais podem ser tratados por sistemas computadorizados ou por sistemas manuais. No entanto, a maioria das Empresas contemporâneas, utiliza a Tecnologia da Informação (TI). Sistemas de Gestão Empresarial A informação é algo primordial na sociedade atual; o crescimento dela é constante e não é diferente no contexto Empresarial, sendo necessário o armazenamento e a triagem para elaboração de relatórios sólidos. Com esse avanço, cria-se a necessidade de integrar as informações. Os Sistemas de Gestão Empresarial podem atender a essa necessidade e unificar os ambientes da Empresa de modo que as informações não se percam servindo de base para estabelecer relatórios sólidos, buscando fornecer aos administradores uma gestão integrada da Empresa, com foco principal no fluxo de informações necessárias que os auxiliam à tomada de decisão e ao planejamento estratégico. 15 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial Enterprise Resource Planning (ERP) Desde a época em que os computadores passaram a ser utilizados nos negócios Empresariais, as pessoas ambicionaram automatizar os processos ao longo da cadeia de suprimentos. Segundo Turban (2003, p. 340), “Os primeiros programas de computador surgiram nos anos 1950 e no início dos anos 1960, davam apoio a segmentos curtos ao longo da cadeia de suprimentos”. Antes do sistema ERP, no início da década de 1970, os sistemas eram chamados de Material Requirement Planning (MRPs), com o objetivo principal de planejamento e controle dos estoques e requisição de material para reposição. Este mesmo sistema foi modificado na década de 1980 devido ao avanço da eletrônica; com isso, os computadores ficaram mais populares e baratos. O MRP se transformou em Manufacturing Resource Planning (MRP II). O MRP II tinha como principal objetivo o planejamento dos recursos de manufatura, que agora também controlava outras atividades como mão de obra e maquinário. No início da década de 1990, os Sistemas Integrados de Gestão ou Enterprise Resource Planning (ERP) passaram a ser utilizados em larga escala pelas organizações. Possuíam um valor mais elevado, sendo viável somente para Empresas de grande porte. A Figura 4 mostra essa evolução. Figura 4 – Evolução do ERP. Fonte: Turban, 2003. O Enterprise Resource Planning (ERP) ou Sistema Integrado de Gestão Empresarial é um conjunto de soluções que possibilita o planejamento e o acompanhamento financeiro, logístico e produtivo de uma Empresa, de forma integrada e interativa. Sua principal função é integrar todos os departamentos e funções de uma Organização num único sistema informatizado. 16 17 Para Turban (2003, p. 343), “O principal objetivo do ERP é integrar todos os departamentos e funções em uma Empresa em um único sistema de informações que possa atender a todas as necessidades da Empresa”. Esse modelo de administração normalmente é para aquelas Empresas que desejam facilitar as organizações a fim de ter um atendimento qualificado ao que concernem os pedidos que permitam acessos imediatos aos estoques, dados do produto, histórico de crédito dos clientes e informações anteriores ao pedido. Para Turban (2003), o sistema ERP é um processo de administrar todos os recursos e sua utilização em toda a Empresa de forma coordenada. A utilização de um ERP pode aperfeiçoar o fluxo de informações e facilitar o acesso aos dados operacionais, favorecendo a adoção de estruturas organizacionais mais achatadas e flexíveis. Sua principal vantagem é favorecer a tomada de decisão por meio da real situação da Empresa por centralizar todas as informações em um único banco de dados. A estrutura típica de um sistema ERP pode ser visualizada na Figura 5. Banco de Danos Força de vendas a serviço do cliente Vendas e Distribuição Apoio a Serviços Finanças e Controladoria Manufatura Gerenciamento de MateriaisGerenciamento de Recursos Humanos Relatórios Diretoria e Acionistas Cl ie nt es Fo rn ec ed or es Funcionários Pessoal de suporte administrativo Figura 5 – Sistema ERP. Fonte: Adaptado Turban, 2003. No entanto, também existem desafios que as Empresas que resolvem adotar esse tipo de sistema talvez encontrem: • A decisão sobre a adoção de ERP tem sido tomada de forma apressada, alimentada pelo marketing dos fornecedores; • Muitas Empresas calculam de forma errada os custos relativos à implantação de um ERP. Os custos devem incluir: licenças do software; hardware; serviços de consultoria e treinamento e ajustes após a implantação; • Atualização constante do sistema e gerenciamento das versões. Mesmo após a implantação, o sistema mantém-se em evolução contínua, a fim de refletir os processos da Empresa; 17 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial • O redesenho de processos e as mudanças organizacionais são essenciais para alcançar os objetivos; • A interface do ERP com outros sistemas não é fácil, pois, em geral, eles apresentam interfaces proprietárias e adaptá-las ou adaptar os sistemas existentes a essas interfaces requer esforço de desenvolvimento e programação de testes que pode se tornar algo muito oneroso para a Empresa; • A implantação de um ERP tem sido problemática por duas razões: a Empresa não faz antes as escolhas estratégicas para configurar os sistemas e os processos, assim a implantação escapa do controle da Empresa; • O projeto é amplo, muitas Empresas perdem de vista as motivações originais e naufragam diante das dificuldadesencontradas; • Implantar um ERP requer cuidados como: escolher o mais adequado às peculiaridades da Organização e selecionar os parceiros envolvidos na implantação, como uma consultoria experiente no assunto; • O sucesso na adoção de um ERP se inicia na seleção. Customer Relationship Management (CRM) A utilização da Tecnologia de Informação para atender a interligação do marketing, vendas e serviços de produtos com principal foco no cliente torna- se imprescindível para se chegar à melhor exploração desse mecanismo. No entanto, o contato com o público não é tão simples como se imagina; para se chegar aos benefícios será necessário conhecer as interfaces desse sistema, desde a implantação, ou melhor, dizendo, desde o orçamento e o conhecimento do Sistema como um todo. O preço é alto para se conseguir um cliente novo; é com base nesse ponto que as Empresas estão se voltando para o Sistema de Gestão do Relacionamento com o Cliente (CRM) como principal estratégia da Empresa centrada no cliente (O’BRIEN, 2004). O sistema de CRM ideal cuida do cliente de ponta a ponta, desde o recebimento de um pedido até a entrega do produto e o atendimento (LAUDON e LAUDON, 2007). A partir disso, é preciso saber qual o entendimento da importância que o cliente tem para a Empresa, se vai ser fator preponderante saber um pouco mais do cliente, o que a organização espera saber do cliente o seu status, qual o valor que o cliente tem para a Empresa e quais os meios de comunicação o cliente utiliza para se chegar à Empresa. Enfim, talvez o mais importante fosse responder às questões anteriormente apresentadas antes de fechar um pacote de CRM, isso porque a implantação de um CRM pode ter um tempo de quatro anos e o custo girar em torno de um milhão de dólares. 18 19 Segundo Laudon e Laudon (2007), o conceito de CRM está na forma interativa de determinados departamentos dentro de uma organização que estão ligados diretamente com o resultado positivo ou negativo na receita da Empresa, assim, melhor dizendo, a forma como a Empresa trata seus clientes existentes e aqueles clientes que geram maior receita que outros, e qual o grau de qualidade é destinado a estes clientes potenciais. Para O’Brien (2004), custa seis vezes mais vender a um novo cliente que vender a um cliente antigo. Normalmente, um cliente insatisfeito com a Empresa contará sua má experiência para oito a dez pessoas. É possível conferir na Figura 6, os principais agrupamentos de aplicações na administração do relacionamento com o cliente, conforme citado pelo autor: Vendas Marketing Atendimento do cliente Vendas por telefone Vendas pela Web Vendas em campo Vendas em varejo Dados de campanha Conteúdo Análise de dados Central de atendimento Dados de auto-atendimento pela web Dados de atendimento em campo Dados por equipamento sem �o Visão uni�cada dos clientes Mensagem consistente aos clientes Cuidado ponta a ponta com os clientes Relacionamentos duradouros com os clientes Identi�cação dos melhores clientes Figura 6 – Aplicações do CRM. Fonte: Adaptado de O’Brien (2004). Uma boa administração de contato tem como centro o cliente potencial ou cliente, vislumbra o marketing e a satisfação, o apoio e o atendimento ao cliente, vendas – vendas cruzadas, crescimento das vendas, televendas, atendimento de campo e de frente da loja, programa de fidelidade e retenção. Para ampliar o entendimento desse software vamos por parte, seguindo a desfragmentação explicitada por O’Brien (2004): • Vendas, o software de CRM processa os contatos com os clientes, Empresas e eventos do ciclo de vida de clientes por vendas cruzadas e aumentos de vendas. O CRM, por exemplo, alertaria um vendedor de Banco para fazer contato direto com clientes que fazem grandes depósitos para vender-lhes os principais programas de crédito ou serviços de investimento; • Marketing direto e satisfação, o CRM pode sistematizar tarefas como qualificação de clientes, controle de reações, programação de contatos de vendas e fornecimento de informações para clientes e clientes potenciais; 19 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial • Atendimento e suporte ao consumidor, o CRM ajuda de imediato os gerentes do atendimento ao consumidor a criar, nomear e administrar pedidos de serviços. O software help desk ajuda os representantes do atendimento ao consumidor a auxiliarem os clientes que estão tendo problemas com um produto ou serviço, fornecendo dados de serviço relacionados e sugestões para solucionar os problemas. Entende-se que certas informações são fundamentais para obter benefícios do gerenciamento das relações com clientes, pois são inúmeras as vantagens que se tem por meio desse software. Entretanto, dar ênfase a certas informações que se pretende ter dos clientes será fator indispensável para o sucesso do software. Eis algumas, conforme Laudon e Laudon (2007): • Status do cliente: a Empresa quer saber mais dos clientes novos, os existentes, os dois?; • Valor do cliente: o quanto este cliente representa para a Empresa em números?; • Canais: por meio de quais mecanismos os clientes interagem com a Empresa – é via telefone, e-mail, site corporativo, representantes de vendas, quais são os canais mais importantes?; • Natureza da interação: o que impulsionou o cliente a interagir com a Empresa foi para comprar um produto, ou solicitar atendimento devolver mercadoria? O que se espera desta interação?; • Sistema de medição: o ideal para a Empresa é medir o valor de sua interação com o cliente? Em termos de economia de custo, aumento de receita ou níveis mais altos de satisfação do cliente? Entretanto, os mesmos autores alertam para as surpresas negativas que podem surgir com esse processo, pois não basta simplesmente investir em software de CRM e não ter alterações nos processos de vendas, marketing e atendimento do cliente, é fundamental o apoio da alta gerência, e ter clareza e conhecimento sobre o que verdadeiramente o CRM trará de benefícios com essa consolidação de dados dos clientes. Na medida em que a implantação do CRM é bem sucedida, algumas Empresas já pensam na sua integração com os Sistemas Integrados de Gestão (ERP). A Figura 7 demonstra a integração entre o ERP e o CRM. 20 21 ERP processos internos Banco de Dados CRM relacionamentos com os consumidores empresa consumidores Figura 7 – Integração do CRM ao ERP. Fonte: Adaptado Laudon & Laudon (2007). Supply Chain Management (SCM) Para aumentar seu potencial competitivo, as Empresas precisam se adaptar às constantes mudanças do mercado e otimizar seus resultados. O gerenciamento da cadeia de suprimentos ou Supply Chain Management (SCM), que envolve o planejamento e o controle de matéria-prima, manufatura e distribuição ao consumidor final é uma ferramenta da administração que propõe essa otimização. A Logística é a área da administração que cuida do transporte e armazenamento das mercadorias e teve sua interpretação inicial ligada à estratégia militar quando foi relacionada à movimentação de transporte para abastecimento de armamentos e munições das tropas militares. No Brasil, o conceito de logística é bastante recente. Seu processo de difusão teve início nos primeiros anos da década de 1990 com o processo de abertura comercial e, mais fortemente, a partir de 1994 com a estabilização econômica, propiciada pelo Plano Real. O ambiente inflacionário e a economia fechada do país no início da década de 1990 levou as Empresas a negligenciarem o processo logístico e o processo revolucionário de mudanças que precederam esse período foram fundamentais para o aprimoramento das práticas empresariais quanto à eficiência, qualidade e disponibilidade da infraestrutura de transportes e comunicações, elementos fundamentais para a existência de uma logística moderna. O termo inglês Supply Chain Management (SCM) significa Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos e começou a se desenvolver no Brasil a partir da propulsão da logísticaintegrada na década de 1990. A desestabilização econômica tornava impossível qualquer tentativa de controle de estoque, visto que o processo inflacionário gerava uma constante especulação no mercado. Logo após a abertura comercial e o fim da inflação, as Empresas estavam despreparadas para o novo mercado que surgia e exigia uma mudança radical no gerenciamento da cadeia de suprimentos. Com a evolução das práticas de segmentação de mercado e do lançamento contínuo de novos produtos, juntamente com o surgimento de novas e variadas formas de varejo, os canais de distribuição foram se tornando cada vez mais complexos e este processo continua até hoje. Esse aumento da competição e a instabilidade dos mercados levaram a uma crescente tendência à especialização. 21 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial Nesse cenário, surge o Supply Chain Management (SCM) que, de acordo com Fleury, Wanke e Figueiredo (2000, p. 42) é: O esforço de coordenação nos canais de distribuição, por meio da integração de processos de negócios que interligam seus diversos participantes do canal de distribuição por meio da administração compartilhada de processos-chave de negócios que interligam as diversas unidades organizacionais e membros do canal, desde o consumidor final até o fornecedor inicial de matérias-primas. Os processos de implantação do SCM são basicamente: • Relacionamento com os clientes: desenvolvimento de equipes focadas nos clientes estratégicos, que busquem um entendimento comum sobre as características dos produtos e serviços a fim de torná-los atrativos para aquela classe de clientes; • Serviço aos clientes: implementação de um ponto único para todos os clien- tes, atendendo de forma eficiente suas reclamações, consultas e solicitações; • Administração da demanda: realizar pesquisas para captar e atualizar os dados de demanda a fim de conseguir um equilíbrio entre demanda e oferta; • Atendimento dos pedidos: atender a todos os pedidos, sem erros e de acordo com o prometido; • Administração do fluxo de produção: desenvolvimento de sistemas flexíveis de produção capazes de adaptar rapidamente as mudanças do mercado; • Compras/suprimento: consolidar parcerias com fornecedores para garantir melhores negociações e melhor desempenho; • Desenvolvimento de novos produtos: acompanhar o mercado e buscar o mais rapidamente possível o envolvimento dos fornecedores no desenvolvimento de novos produtos. Diante dessas funções básicas, a atividade mais difícil tem sido a montagem de equipes para o gerenciamento desses processos. Cada etapa exige um esforço individual das pessoas envolvidas e essa dedicação faz toda a diferença ao final do conjunto. Os membros dessas equipes devem ser coordenados por meio da comunicação e cooperação de forma intensa e, ainda assim, o processo só será bem sucedido se houver também a participação dos externos à cadeia de suprimentos que são os fornecedores, os distribuidores, os prestadores de serviços e também os clientes. Outro aspecto necessário à gestão da cadeia de suprimentos é a existência de um canal de informações que conecte todos os participantes para que exista a constante troca de informações. Porém, não se trata de uma simples comunicação, 22 23 mas de uma troca de informações de tal modo que, no exato momento em que o cliente efetua uma compra, todos os participantes recebam as informações, ou seja, transportadores, fabricantes, fornecedores de componentes e de matéria- prima etc. Pelo grau de compartilhamento dessas informações e pela rapidez que o processo exige é que a implantação da SCM é considerada complexa, principalmente no envolvimento imediato dos participantes externos. A cultura existente nas organizações também são barreiras a serem quebradas, no sentido de demonstrar aos gerentes que o conjunto é mais importante que o individual, que o sistema exige uma interação, uma sinergia entre os departamentos para que haja sucesso em sua implantação. Por fim, a maior barreira para implementação do conceito logístico é organizacional. Em outras palavras, o maior impedimento para a mudança, nessa área vital, é a estrutura entrincheirada e rígida, que se constitui num peso para a maioria das organizações. Se o processo do sistema SCM é interação com os departamentos, agindo sinergicamente, as bases devem ser multifuncionais. A Figura 8 apresenta um Sistema CRM. Solução Integrada de SCM Ciclo da Cadeia de Suprimentos Administração Interconectada da Cadeia de Suprimentos Encomenda Programação Fabricação Contrato de encomenda Planejamento da demanda Planejamento da produção Programação futura Planejamento do transporte Planejamento da distribuição Figura 8 – Sistema SCM. Fonte: Adapatado de Fleury, Wanke e Figueiredo (2000). Business Intelligence (BI) Um dos principais conceitos disponíveis atualmente no que diz respeito à Gestão Empresarial é o Business Intelligence. Um Sistema de BI é o processo organizacional pelo qual a informação é sistematicamente coletada, analisada e disseminada como inteligência aos usuários que possam tomar ações a partir dela. Inteligência é o resultado de um processo que começa com a coleta de dados. Esses dados são organizados e transformados em informação, que depois de analisada e contextualizada se transforma em inteligência. Essa, por sua vez, 23 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial quando aplicada a processos de decisão, gera vantagem competitiva para a organização. Assim, conhecimento do negócio na era da competição global e das comunicações online passou a ser chamado de Business Intelligence (BI) ou Inteligência de Negócios (IN). O Sistema de Business Intelligence (BI) é um processo que envolve a coleta, análise e validação de informações sobre concorrentes, clientes, fornecedores, candidatos potenciais à aquisição e alianças estratégicas. Incluem, também, eventos econômicos, reguladores e políticos que tenham impacto sobre os negócios da Empresa. O processo de BI analisa e valida todas essas informações e as transformam em conhecimento estratégico. O principal objetivo de um Sistema de BI é aprender sobre o ambiente competitivo externo, visando ao conhecimento do posicionamento competitivo da Empresa, o que impulsionará mudanças internas e facilitará decisões estratégicas. O Business Intelligence (BI) pode ser entendido como um sistema conceitual que envolve a Inteligência Competitiva, Gerência de Conhecimento, pesquisa e análise de mercados relacionados à nova era da economia da informação; dedicada a captura de dados, informações e conhecimentos, que permitem as organizações competirem com maior eficiência no contexto atual. Business Intelligence (BI) é um fenômeno que ocorre dentro das Empresas. Um conjunto de atividades realizadas na Empresa, utilizando seus recursos e organização. Deve ser focalizado em um tipo de negócio, que normalmente está direcionado a um determinado mercado/cliente, com fornecedores bem definidos. Como recurso entende-se técnicas, métodos, ferramentas, sistemas de informação, recursos financeiros e todo o conhecimento envolvido na sua utilização. Engloba não somente os aspectos organizacionais e estruturais das Empresas, como também os seus agentes, ou seja, as pessoas com suas qualificações e motivações. A capacidade de aprendizado da Empresa também é um dos elementos do Sistema de BI. Segundo o Gartner Group (1992), Business Intelligence é um conjunto de conceitos, métodos e recursos tecnológicos que habilitam a obtenção e distribuição de informações geradas a partir de dados operacionais históricos e externos, visando a proporcionar subsídios para a tomada de decisões gerenciais e estratégicas. Em outras palavras, BI é um conjunto de ferramentas utilizado para manipular uma massa de dados operacional, em busca de informações essenciais para o negócio. Assim, com os sistemas de Business Intelligence consegue-se gerenciar os negócios de uma forma mais efetiva,focalizando-se nas exigências dos clientes. Outro aspecto fundamental: informação bem trabalhada e de fácil acesso aumenta a agilidade na tomada de decisões e permite que a Empresa responda mais rapidamente ao atual ambiente de negócios, que tem mudanças cada vez mais velozes. 24 25 Os Sistemas de BI têm as seguintes características: • Extrair e integrar dados de múltiplas fontes; • Analisar dados contextualizados; • Trabalhar com hipóteses; • Procurar relações de causa e efeito; • Transformar os registros obtidos em informação útil para o conhecimento Empresarial. Além de possibilitar o acesso instantâneo de seus usuários às informações necessárias para tomar melhores decisões, o BI ajudará a organização a ter operações mais efetivas e eficientes, possibilitando um retorno imediato sobre o investimento. Os bancos de dados são vitais para as organizações, mas tem-se observado que sempre foi difícil analisar os dados neles existentes. Tudo isso porque, geralmente, as organizações detêm um volume enorme de dados e esses não estão integrados. Nesses casos não é possível buscar informações que permitam a tomada de decisões baseadas num histórico dos dados. Em todas as Empresas há desafios e dificuldades em capturar, armazenar, gerenciar, compartilhar e principalmente documentar os dados circulantes, para, em seguida, torná-los acessíveis por meio dos seus sistemas de informações gerenciais e sistemas de BI. Diariamente, uma Empresa gera um grande volume de dados, advindos das operações que ficam armazenadas em bancos de dados. Muitas vezes, esses dados permanecem na sua forma bruta, original, sem gerar informações que possam ser utilizadas nos processos de tomada de decisão. Outras vezes, esses dados não são adequadamente combinados e muito menos compartilhados pelos diversos departamentos de uma Empresa. Resultado: várias “realidades” e “versões” sobre o andamento de um mesmo negócio. Outro grande problema enfrentado é o de ter todos os dados espalhados por inúmeros sistemas. Na hora de emitirem um relatório com informações do departamento comercial, cruzando-se com os dados do sistema de faturamento, isso se tornava uma tarefa que demorava semanas, pois se imprimia os relatórios de cada departamento e depois os juntava em uma planilha Excel, para se obter o relatório gerencial que tanto se desejava. Porém, esquecia-se de que as decisões estratégicas devem ser tomadas em pouco tempo, pois o mercado movimenta-se rapidamente e é muito dinâmico, e um dia pode representar grandes prejuízos para uma Empresa. Diante dessa dificuldade, surgiu o Sistema de Business Intelligence (BI), um conjunto de conceitos e métodos que seja capaz de apoiar a tomada de decisões. Por meio da utilização de BI, a Empresa pode: 25 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial • Aumentar a sua rentabilidade; • Obter maior agilidade nos negócios; • Reduzir custos operacionais; • Fidelizar os clientes; • Ser administrada de maneira mais eficaz, com foco nos resultados; • Permitir uma base sólida para a tomada de decisões, entre outros inúmeros benefícios. Gestores que encaram a informação como um importante ativo da Empresa, geram oportunidades de negócio. Enfim, transformar dados em informações não é novidade. Porém, recentes estratégias, modernas ferramentas de análise e casos de sucesso estão presentes no mercado, para serem vistos e tomados como referência para aqueles que querem ser competitivos, embora seja importante manter sempre em mente os objetivos para tais investimentos. Por tudo isso, o sistema de Business Intelligence é também sinônimo de aumento de competitividade, lucratividade, eficiência e satisfação dos clientes. A Figura 9 mostra como o BI pode promover a integração de todos os dados existentes nos diversos sistemas existentes na Empresa, proporcionando uma visão única do negócio. Bi Integração Figura 9 – Integração do BI, SCM, ERP e SCM. Fonte: elaborada pelo autor (2015). 26 27 Considerações Finais O Enterprise Resource Planning (ERP) é um termo genérico que pretende identificar o conjunto de atividades executadas por meio de software modular, tendo por objetivo, o auxílio dos processos de gestão de uma Empresa nas fases mais importantes do negócio. Esses sistemas proporcionam lucros quando permitem que maior quantidade de bens seja produzida; maior quantidade de clientes seja atendida; a satisfação e fidelização dos clientes sejam conquistadas; e, finalmente, permite melhor alocação dos recursos disponíveis, gerando economia e maximização dos lucros. Já o CRM ou Gerenciamento do Relacionamento com o Cliente é a integração do Marketing e da Tecnologia da Informação para prover a Empresa com meios mais eficazes e integrados para atender, reconhecer e cuidar do cliente, em tempo real e transformar esses dados em informações que permitem que o cliente seja “conhecido” e tenha um tratamento personalizado. Obtendo essas informações rapidamente e de forma estruturada, a Empresa sairá na frente, descobrindo os problemas com seus produtos e possibilitando corrigi-los com mais velocidade. Irá saber se seus clientes estão satisfeitos e poderá definir novas estratégias para expansão no mercado. O Supply Chain Management (SCM) ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos é uma tecnologia de administração orientada para a integração entre os principais processos de negócios que existem entre os elementos de uma cadeia logística, desde os consumidores finais até os fornecedores iniciais. É tecnologia para coordenar e aperfeiçoar processos de negócios em cada um dos setores da sua Empresa, desde o fornecedor do seu fornecedor até o cliente do seu cliente. Um Sistema de Business Intelligence (BI) é o processo organizacional pelo qual a informação é coletada, analisada e disseminada como inteligência aos usuários que possam tomar ações a partir dela. Assim, o BI representa o poder da informação, transformando-a em conhecimento, tendo como resultado um Instrumento da Inteligência. Os gerentes e diretores podem acessar as informações rapidamente. Têm mais tempo para melhorar todos seus processos e analisar mais os seus dados, que passarão a ser valiosas informações. Dessa forma, a Tecnologia da Informação (TI) estará exercendo seu grande papel, que é o de fornecer informações de qualidade. O ERP é uma evolução do método de controle integral de informações, que possibilita o controle total dentro do ambiente corporativo a partir da utilização de bancos de dados que se integram, organizando, estruturando e automatizando as funções financeiras, administrativas e produtivas da Empresa. A Organização do Século XXI, portanto, passou a se utilizar da TI e dos Sistemas ERP para aprimorar a apuração da evolução do seu patrimônio, ou seja, passou a criar instrumentos modernos e eletrônicos para realizar a gestão do dia a dia, visando, assim, à acuracidade online das necessidades econômico-financeiras do gestor organizacional. 27 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites SAP Institucional da SAP Brasil (uma das maiores Empresas do mundo em sistemas de gestão. http://go.sap.com/brazil/index.html TOTVS Institucional da Totvs (a maior Empresa de sistemas Empresariais do Brasil https://www.totvs.com/ Livros Sistemas de Informação BIO, Sérgio. Sistemas de Informação. São Paulo: Atlas, 1997; Sistemas de Informações Gerenciais OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas de Informações Gerenciais. São Paulo: Atlas, 2010. 28 29 Referências ARAÚJO, Luís César G. Organização, sistemas e métodos e as tecnologias de gestão organizacional. São Paulo: Atlas, 2011. BALLESTERO-ALVAREZ, Maria Esmeralda. Manual de Organização, Sistemas e Métodos. São Paulo: Atlas, 2007. BAZERMAN, Max H; MOORE, Don. Processo decisório. 7.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. CRUZ. Tadeu. Sistemas, Organização e Métodos: estudointegrado das novas tecnologias de informação. São Paulo: Atlas, 2011. CURY, Antônio. Organização e métodos: uma visão holística. São Paulo: Atlas, 2010. HALL, Richard H. Organizações: estruturas, processos e resultados. São Paulo: Pearson, 2004. LIMA, J. S. L. Proposta Metodológica para a Implementação da Reengenharia de Processos em Empresas dos Segmentos Químico e Petroquímico Brasileiro. 1996. Dissertação de Mestrado. (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) São Paulo, 1996. ________. Tecnologia, Novas Formas de Gerenciamento e Desemprego Industrial. Tese de Doutorado defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 14 de maio de 2003. LAUDON, Kenneth C; LAUDON, Jane P. Sistemas de Informações Gerenciais. 9.ed. São Paulo: Pearson, 2011. MELO, Ivo Soares. Administração de Sistemas de Informação. São Paulo: Pioneira, 2006. MINTZBERG, Henry. Criando organizações eficazes. São Paulo: Atlas, 2011. O’BRIEN, James A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na internet. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2011. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Sistemas de informação gerencial. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2011. 29 UNIDADE Sistemas de Gestão Empresarial STAIR, Ralph M.; REYNOLDS, George W. Princípios de sistemas de informação. 9.ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. STAREC, Cláudio; GOMES, Elizabeth Braz Pereira; CHAVES, Jorge Bezerra Lopes. Gestão Estratégica da informação e a inteligência competitiva. São Paulo: Saraiva, 2011. TURBAN, Efraim et al. Administração de tecnologia da informação: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus, 2003. VALENTIM, Marta. Gestão, Mediação e Uso da Informação. São Paulo: UNE, 2011. WOMACK, James et al. A Máquina que Mudou o Mundo. 3.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1994. 30 Sistemas Gerenciais de Apoio à Decisão Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. João Luiz Souza Lima Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) • Introdução • Sistema de Informações (SI) • Sistema de Informações Gerenciais (SIG) • Desenvolvimento e Implementação do SIG • Componentes do SIG • Níveis de Abrangência, Níveis de Influência e Condicionantes do SiG · Apresentar os principais aspectos ligados à gestão contempo- rânea, ao processo de tomada de decisões e aos sistemas de informações gerenciais OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta unidade, abordaremos quatro assuntos que envolvem os Sistemas de Informações Gerenciais (SIG), incluindo os seus conceitos fundamentais, o seu desenvolvimento e implementação, os seus níveis de abrangência, níveis de influência e condicionantes. Além disso, iremos fazer uma forte correlação entre o SIG e o processo de tomada de decisões nas empresas contemporâneas. A atividade reflexiva irá explorar o nível de teorização de todos vocês para introduzir os conceitos acima identificados. Também serão disponibilizadas outras indicações de leituras no espaço “material complementar” e em “documentos da disciplina” e as referências bibliográficas utilizadas para elaboração desta unidade. ORIENTAÇÕES Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) UNIDADE Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) Contextualização Nesta unidade, abordaremos quatro assuntos que envolvem os Sistemas de Informações Gerenciais (SIG), incluindo os seus conceitos fundamentais, o seu desenvolvimento e implementação, os seus níveis de abrangência, níveis de influência e condicionantes. Além disso, iremos fazer uma forte correlação entre o SIG e o processo de tomada de decisões nas empresas contemporâneas. Vale ressaltar que o gestor contemporâneo deve se utilizar do processo de tomada de decisões ancorado no SIG, bem como da moderna Tecnologia da Informação (TI), visando assim à busca da vantagem competitiva. 6 7 Introdução Os Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) atuam como elementos padronizadores dos eventos empresariais provenientes dos ciclos de atividades ou processos, internos e externos à empresa. O processo de administração nas empresas utiliza a informação como apoio às decisões, através de sistemas informativos que observam requisitos quanto a transmissores e receptores de informações, canais de transmissão, conteúdo das informações, periodicidade das comunicações, e processo de conversão das informações em decisões junto a cada um dos centros de responsabilidades (unidades organizacionais) da empresa. Alguns benefícios que o SIG oferece para a empresa: · Redução do custo das operações; · Melhoria no acesso às informações; · Melhoria na produtividade (setorial e global); · Estimulo de maior interação entre os tomadores de decisão; · Melhoria na estrutura organizacional por facilitar o fluxo de informações; · Melhoria nas atitudes e atividades dos funcionários da empresa; · Otimização na prestação dos serviços aos clientes; · Melhor interação com fornecedores. Nesta unidade, iremos estudar a concepção dos Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) no apoio ao processo de tomada de decisões das empresas contemporâneas. Sistema de Informações (SI) O Sistema de Informações (SI) é um conjunto de elementos interdependentes (como o procedimento), logicamente associados para atender à finalidade de gerar informações. É uma rede de subsistemas do sistema empresarial maior (BALLESTERO-ALVAREZ, 1997). Para O’Brien (2004), um sistema é um grupo de componentes inter- relacionados trabalhando para a obtenção de uma meta comum, recebendo entradas e produzindo resultados num processo de transformação organizado. Segundo Oliveira (2011), trata-se de Sistemas de Informação (SI) uma série de elementos inter-relacionados que coletam (entrada), disseminam (saída) os dados e as informações e fornecem um feedback. Ou seja, é o processo de transformação de dados em informações que são utilizadas no processo decisório da empresa, 7 UNIDADE Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) bem como proporcionar a sustentação administrativa para aperfeiçoar os resultados esperados. Oliveira menciona ainda que, quando o SI está voltado para a geração de informações que são necessárias e utilizadas no processo decisório da empresa, diz-se que esse processo é um Sistema de Informações Gerenciais (SIG). Sistema de Informações Gerenciais (SIG) Os Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) transformam a informação em uma forma utilizável para o fluxo de trabalho da empresa e fazem isso através das três atividades básicas já definidas: a entrada, o processamento, a saída. Os sistemas de informação captam dados fora ou dentro da organização através de formulários de papel e os registram em computadores através de dispositivos de entrada. As atividades de entrada (registro, codificação, classificação e edição) asseguram que os dados estão corretos e completos. No processamento, os dados são organizados, analisados e manipulados, objetivando uma forma de disposição mais útil e significativa. Os SIGs armazenam a informação de diversas formas até que seja necessário efetuar uma saída. Portanto, as atividades de saída transmitem os resultados do processamento aos locais e usuários onde serão utilizados para a tomada de decisões, projeto, inovação, coordenação e controle. Os SIGs auxiliam os executivos das empresas a consolidar o tripé básico de sustentação da empresa: qualidade, produtividade e participação (OLIVEIRA, 2011). A qualidade não deve estar associada apenas ao produto ou serviço final, envolve, também, o nível de satisfação das pessoas no trabalho e a qualidade de vida, estendendo-se à sua estrutura pessoal, familiar e social. A produtividade deve ir além de tempos, métodos, ergonomia, linhas de produção, sendo abordada até o nível da produtividade global, consolidando a filosofia de comprometimento de todos para com os resultados parciais e globais daempresa. A participação dos funcionários seria um resultado direto das melhorias proporcionadas pela qualidade e produtividade. No entanto, alguns aspectos devem ser observados para a obtenção de um melhor aproveitamento e de uma adequada sustentação das vantagens básicas oferecidas pelos SIGs: · Envolvimento adequado da Alta e Média Administração com os Sistemas de Informação; · Envolvimento dos analistas/usuários no desenvolvimento dos sistemas; · Competência por parte das pessoas envolvidas no SIG; · Uso de um plano-mestre, tendo em vista as ações e os resultados desejados; 8 9 · Atenção específica ao fator humano da empresa; · Habilidade em identificar a necessidade de informações; · Habilidade para tomar decisões com base em informações; · Flexibilidade operacional e decisória; · Apoio global dos vários planejamentos da empresa (estratégicos, táticos e operacionais); · Apoio de uma estrutura organizacional adequada e das normas e procedimentos inerentes aos sistemas; · Apoio catalisador de um sistema de controladoria; · Conhecimento e confiança no sistema de informações gerenciais; · Existência de dados / informações relevantes e atualizados; · Adequada relação custo x benefício. Apesar da dificuldade de mensurar as efetivas melhorias que um Sistema de Informação Gerencial (SIG) proporciona no processo decisório, Oliveira (2011), cita alguns benefícios que ele traz para as empresas, conforme segue: · Redução dos custos das operações; · Melhoria no acesso às informações, com relatórios mais precisos e eficientes, com menor esforço; · Melhoria na produtividade, tanto setorial, quanto global; · Melhoria nos serviços realizados e oferecidos; · Melhoria na tomada de decisões, através do fornecimento de informações mais rápidas e precisas; · Estímulo de maior interação entre os tomadores de decisão; · Fornecimento de melhores projeções dos efeitos das decisões; · Melhoria na estrutura organizacional, por facilitar o fluxo de informações; · Melhoria na estrutura de poder, destinada àqueles que entendem e controlam o sistema; · Redução do grau de centralização de decisões na empresa; · Melhoria na adaptação da empresa para enfrentar os acontecimentos não previstos, a partir das constantes mutações nos fatores ambientais; · Otimização na prestação dos seus serviços aos clientes; · Melhor interação com os seus fornecedores; · Melhoria nas atitudes e atividades dos funcionários da empresa; · Aumento do nível de motivação das pessoas envolvidas; · Redução da mão de obra burocrática; · Redução dos níveis hierárquicos. 9 UNIDADE Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) Portanto, os SIGs são projetados para oferecer informações seguras para a tomada de decisões, resultando na concretização dos objetivos previamente estabelecidos. Ele representa o insumo e o resultado do tratamento (informa- ções) de cada uma das atividades da empresa de forma interativa para com o processo decisório. Para Laudon e Laudon (2007), o Sistema de Informação Gerencial (SIG) baseado em computador é composto por software, hardware, bancos de dados, telecomunicações, pessoas e procedimentos, que estão configurados para coletar, manipular, armazenar e processar dados em informação. Um Sistema de Informação é parte integrante de uma organização e produto de três componentes: · Tecnologia. Os sistemas de computadores substituíram os sistemas manuais, porque processam grandes volumes de dados e cálculos complexos rapidamente. Os principais aspectos de tecnologia relativos ao SI são: o hardware, os softwares, a tecnologia de armazenamento e a tecnologia das comunicações. Hardware consiste no equipamento do computador usado para executar as atividades de entrada, processamento e saída. Software consiste nos programas e nas instruções dados ao computador e aos usuários. Banco de dados é uma coleção organizada de fatos e informações. Telecomunicações permitem as empresas ligar os sistemas de computador em redes de trabalho. · Pessoas. Usam em seus trabalhos informações provenientes de sistemas e são solicitadas a introduzir dados. São os elementos mais importantes nos sistemas de informação e incluem todas as pessoas que gerenciam, executam, programam e mantêm o sistema do computador. Fatores que influenciam o uso dos sistemas de informação podem ser: o treinamento, a atitude das pessoas frente ao emprego, a tecnologia disponibilizada aos empregadores, a ergonomia e questões de saúde, a interface com o sistema etc. · Procedimentos. Incluem estratégias, políticas, métodos e regras usadas pelo homem para operar os sistemas de informação de computadores. Empresas são organizações formais que consistem de unidades especializadas. Os funcionários de uma empresa são dispostos em níveis crescentes de autoridade em uma hierarquia. Procedimentos formais, ou regras para o cumprimento de tarefas, coordenam grupos especializados na empresa, de forma que completem seu trabalho de maneira adequada. Alguns destes procedimentos (como por exemplo, a forma de se preencher um pedido ou a forma de corrigir uma fatura) são incorporados aos sistemas de informação. Pode parecer que todos os problemas com computadores e sistemas de infor- mação já estão resolvidos e que tudo que temos a fazer é confiar em novas tecnolo- gias para resolver nossos problemas de produtividade e qualidade. Entretanto, têm- -se ainda muitos desafios a serem enfrentados entre computadores e sistemas de informação. A maioria dos problemas do mundo real em organizações é bastante 10 11 complexa, visto que diversos fatores estão simultaneamente envolvidos. Quando um problema ocorre, em geral, não é um simples problema, como uma máquina que estraga, mas envolve um misto de problemas tecnológicos, organizacionais e pessoais. Portanto, estes fatores podem ser agrupados em três categorias: tecnoló- gicos, organizacionais e pessoais. Atualmente, as empresas têm ultrapassado fronteiras geográficas e estão competindo em escala global. Muitos dos produtos que usamos em nosso dia a dia foram projetados em um país e produzidos em outros. A globalização criou oportunidades para usar SIGs de forma a coordenar o trabalho de partes diferentes da empresa e estabelecer a comunicação com clientes e fornecedores. O desenvolvimento de sistemas de âmbito global traz desafios que, por sua vez, geram oportunidades globais. Empresas de pequeno porte conduzem seus negócios no exterior a partir de um único local em seu país de origem. As grandes corporações têm fábricas, centros de desenvolvimento, escritórios de venda e pontos de varejo em países no exterior. Corporações maiores ainda têm subsidiárias inteiras em cada país importante onde fazem negócio. As empresas estão passando de uma perspectiva de organização empresarial multinacional para um transnacional, na qual as atividades de vendas e produção são administradas com uma perspectiva global sem referência a fronteiras nacionais. Construir SIGs internacionais apresentam desafios especiais quanto às pessoas, às organizações e à tecnologia: · Desafio quanto às pessoas: diferenças culturais e linguísticas entre os países, o que ocasiona a necessidade de diferentes treinamentos, a interfaces, manuais e rotinas em línguas diferentes, dentre outras. · Desafios quanto à organização: diferenças culturais impactam na forma de trabalhar das pessoas. As leis nacionais criam práticas contábeis diferentes, existem moedas diferentes, convenções diferentes para nomear partes dos produtos ou da própria empresa. · Desafios em tecnologia: para transferir dados de uma unidade de negócios de um país para outro, são necessários recursos especiais de hardware, software e telecomunicações. Para equilibrar as diferenças de hardware e sistemas de telecomunicações, torna-se necessária a utilização de um software especial que faça a tradução de um sistema paraoutro. Os SIGs apresentam desafios para serem utilizados de forma eficaz, os quais incluem: · Esforço em obter vantagem competitiva; · Necessidade de garantir a qualidade dos produtos; · Necessidade de redesenhar organizações para fazê-las mais eficientes; 11 UNIDADE Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) · Necessidade de assegurar que os sistemas de informação sejam usados de maneira ética. Um papel importante para os SIGs tem sido sua aplicação em assuntos relacionados à vantagem competitiva. Estes sistemas são considerados sistemas de informação estratégicos porque enfatizam a solução de problemas relacionados à sobrevivência da empresa no longo prazo. Um sistema de informação estratégico é aquele que coloca a empresa em vantagem competitiva. Corroborando a ideia de Laudon e Laudon (2007), para James A. O’Brien (2004), os SIGs podem ser representados no escopo da figura 1, a frente. Recursos de Software Programas e procedimentos Usu ário �na is e espe cial ista s em SI Rec urso s Hu ma nos Má qu ina s e m ídi as Re cu rso s d e H ar dw ar e Meios de comunicação e suporte de rede Recursos de Rede Recursos de Dados Bancos de dados e base de conhecimento Controle do Desempenho do Sistema Armazenamento de recursos de dados Processamento de dados em informações Saída de produtos de informação Entrada de recursos de dados Figura 1 – Escopo dos Sistemas de Informações Fonte: O’Brien (2004). As empresas podem usar sistemas de informação para dar suporte a cada uma das quatro estratégias competitivas. Além disso, os sistemas podem ajudar a criar produtos ou serviços diferenciados de forma que não sejam facilmente copiados e que os concorrentes não possam reagir. Para sobreviver num mercado cada vez mais competitivo, as empresas devem se preocupar com vantagens competitivas, relacionadas à sua capacidade de competir com outras empresas. Esses problemas podem significar a criação de novos produtos ou serviços, o estabelecimento de novas relações com clientes e fornecedores ou a busca por modos mais eficientes de administração. Ex pl or 12 13 As empresas têm quatro estratégias básicas para enfrentar as forças competiti- vas, conforme definido na tabela 1 a seguir: Tabela 1 – Estratégias e Forças Competitivas ESTRATÉGIA PROBLEMA SOLUÇÃO Liderança com custos baixos A concorrência está tirando clientes com produtos e serviços similares Produzir serviços e produtos a preços mais baixos, sem sacrificar a qualidade. Foco em nicho do mercado Várias empresas estão competindo pelo mesmo mercado Identificar foco específico para um produto; a empresa pode atender melhor a essa área-alvo. Diferenciação dos produtos Os clientes não têm lealdade e os concorrentes podem atraí-los com preços mais baixos Criar lealdade à marca criando produtos novos, distintos dos produtos concorrentes. Ligações Os clientes mudam para outra empresa; fornecedores não pontuais ou com altos preços. Dificultar mudanças aos clientes e amarrar fornecedores a estrutura de preços e entrega Fonte: Acervo do conteudista Quando o administrador (executivo) considera o Sistema de Informações Gerenciais (SIG) deve saber que o mesmo aborda apenas uma parte das informações globais da empresa, como mostra a figura 2 a seguir: Ambiente Empresarial Sistema de informações externas Empresa Sistema de informações internas Sistema Global de Informações Sig (partes) Figura 2 – Empresa e o SIG Fonte: Acervo do conteudista O SIG auxilia o gestor a consolidar o tripé básico de sustentação da empresa: · Qualidade. Satisfação das pessoas no trabalho resultando produtos de qualidade e satisfação do cliente; · Produtividade. Consolidação de uma filosofia de participação de todos nos assuntos de interesse da empresa; · Participação. Resultante da melhoria da qualidade e da produtividade. O SIG pode se caracterizar como um processo de mudança problemático na empresa. Nesse sentido, assim como para a obtenção de vantagens proporcionadas pelo SIG, é necessário, entre outros: 13 UNIDADE Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) · Envolvimento adequado da alta e média administração com o SIG; · Competência por parte das pessoas envolvidas com o SIG; · Uso de um plano mestre (Plano Diretor de Informações – PDI); · Atenção ao fator humano da empresa – responsabilidade e comprome- timento das pessoas em função do benefício de trabalhar num ambiente mais organizado; · Habilidade dos executivos em tomar decisões. O SIG está ligado com outras técnicas de análise decisória, envolvendo os Siste- mas Gerenciais de Apoio a Decisão (abordagem flexível e ágil com o apoio e estilo das pessoas) e método de pesquisa operacional (abordagem serial de especificação das necessidades, projeto detalhado, programação, teste e implementação). O SIG deve atuar, portanto, nos níveis estratégico, tático e operacional da organização. Desenvolvimento e Implementação do SIG Não adianta a empresa ter um processo administrativo interessante, se faltar um sistema estruturado de informações gerenciais que alimente este processo decisório e o envolvimento, implementação e avaliação das decisões e ações relacionadas. O executivo da empresa deve debater as fases básicas do desenvolvimento e implementação do SIG, considerando a seguinte classificação: · SIG Defensivo: Orientado para obter informações que evitem surpresas desagradáveis para a empresa. Não está querendo puxar a empresa para a frente. · SIG Inativo: Orientado para obter parâmetros de avaliação do desempenho da empresa. Nível tático operacional. · SIG Ofensivo: Orientado para identificar oportunidades de negócio – criação de novos negócios nível estratégico. · SIG Interativo: Orientado para a geração de oportunidade de negócios para a empresa. Nas quatro fases do processo de desenvolvimento e implementação do SIG apresentadas, a seguir, o executivo catalisador do SIG deve ter condições de efetuar a adequada decomposição de cada uma delas, respeitando a realidade da empresa, bem como os resultados a serem alcançados, conforme segue: · Fase 1 – Conceituação do SIG; · Fase 2 – Levantamento e Análise do SIG; · Fase 3 – Estruturação do SIG; · Fase 4 – Implementação e Avaliação do SIG. 14 15 Conceituação do SIG Consiste em obter uma ideia preliminar e geral do volume e complexidade do projeto de desenvolvimento e implementação do SIG. Trata-se do planejamento do SIG, ou seja, buscar uma estrutura de sistemas que proporcione o maior benefício possível para a empresa e que a ajude operar de maneira eficaz. Planejar o SIG significa criar um processo que transforme o conjunto de estratégias de uma empresa em um conjunto de ações para sistemas de informações gerenciais dessa empresa. O planejamento deve respeitar quatro itens básicos: Planejamento do SIG alinhado ao Plano Empresarial O SIG deve estar adequado aos objetivos e estratégias traçadas no plano estratégico da empresa. Arquitetura do SIG Consiste na estrutura total do sistema, ou seja, definição da demanda por informações nos diversos níveis da empresa (estratégico, tático e operacional) e o fluxo destas informações. Alocação dos Recursos do Desenvolvimento Consiste num orçamento e num cronograma. A alocação entre unidades concorrentes e definição das prioridades deve ser condicionada pela utiliza- ção potencial e importância das informações para cada unidade organizacional da empresa. Seleção da Metodologia de Planejamento Seleção de uma ou mais metodologias de planejamento entre o conjunto de metodologias alternativas que existem na literatura. O executivo deve pensar na utilização de um SIG quando alguns itens ocorrem, conjunta ou isoladamente, a saber: · Inesperado – provocado por um evento externo ao sistema considerado, mas que proporciona determinado nível de influência; · Inovação inerente ao próprio processo integrante ao SIG; · Mudanças na culturaorganizacional e nas normas e procedimentos; · Mudanças nas percepções e nos entendimentos dos executivos; · Concorrência de novos conhecimentos e tecnologias. 15 UNIDADE Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) Levantamento e Análise do SIG Identificação dos Focos de Decisões · Quem toma decisão? · Quais são as decisões tomadas? · Que campos são mais utilizados para a tomada das decisões? · As informações são suficientes para a tomada da decisão? · Quais recursos utilizados (formulários, relatórios, etc.)? Critérios da Obtenção das informações Quando o executivo está fazendo o levantamento da situação para o desenvol- vimento do SIG, pode encontrar problemas na empresa, como a duplicidade de impressos, funções ou registros, formulários e relatórios mal projetados, organi- zações não formais e formais medíocres, ambiente de trabalho medíocre, arranjo físico deficiente, falta de padronização e sistemas similares, bem como inadequada informação de controle. Um problema encontrado nesta fase de levantamento é a polissemia que existe nas pessoas que são fontes de informações. A Polissemia consiste na confusão de termos. Ocorre, nesse caso, quando o executivo pensa que faz as coisas como diz. No entanto, na prática as coisas são diferentes.Ex pl or Análise do Custo “Versus” Benefícios A análise pode ser quantitativa (através de relatórios, números, estatísticas) e, também, qualitativa (através de percepção do ambiente e do desempenho). Desenvolvimento de Cenários O cenário é a adequada interação entre composições consistentes entre pro- jeções variadas de tendências históricas e as postulações de eventos específicos. Pode ser caracterizado como uma situação futura que não tem, necessariamente, ligação com situações presentes e passadas. Algumas das técnicas que os executivos podem se utilizar para o delineamento de cenários estratégicos são: Delphi, Painel de Especialistas, Analogia Histórica, Brainstorming, Valores Contextuais e Morfológicos, dentre outras. 16 17 Estruturação do SIG Consiste em estabelecer o SIG propriamente dito, ou seja, os componentes, áreas envolvidas, forma como as informações serão geradas, entradas e saídas do sistema. Um aspecto importante a ser considerado é a atuação do administrador (catali- sador SIG) já que nessa fase aspectos culturais da empresa e as regras da empresa não devem ser desprezados, mesmo que influenciem ou criem barreiras a certos conceitos a serem implementados com o SIG. Nesse contexto, as empresas podem ser classificadas em: · Empresas que jogam com o risco, e seus executivos encaram esta situação como um convite para demonstrar habilidades pessoais em manipular destinos humanos; · Empresas que têm aversão ao risco, e o máximo que fazem é “ir no vácuo do sucesso” de outras empresas (as pioneiras); · Empresas que procuram e exploram oportunidades atuando de forma interativa com o ambiente; · Empresas que procuram riscos para atender os seus objetivos de crescimento, mas só o aceitam quando se julgar capazes de enfrentar reveses. É inegável que as empresas adotam uma espécie de isomorfismo em relação às suas concorrentes. O isomorfismo passa a se incorporar à cultura organizacional. O Isomorfismo consiste na tendência das organizações em se tornarem muito parecidas umas com as outras. É uma espécie de imitação.Ex pl or O projeto deve ser pormenorizado em projetos menores a serem implementa- dos com o decorrer do tempo. Como o SIG deve envolver a empresa em sua tota- lidade, a sua estruturação pode ser, em alguns casos, relativamente problemática. Para facilitar a estruturação é válido ao catalisador do SIG considerar que deve: · Subdividir o projeto em longo prazo em projetos menores; · Ser coerente com o potencial humano disponível; · Alocar todos os custos necessários; · Estabelecer plano de carga de trabalho; · Fazer gráfico de desempenho. Na estruturação, o executivo tem duas maneiras de abordar uma situação existente: · Aperfeiçoá-la pouco a pouco, refinando cada fase até o seu ponto de maior eficácia, ou · Compreender a finalidade e, depois, construir um sistema desde o princípio. 17 UNIDADE Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) O SIG deve ser estruturado de forma a atingir seus objetivos fundamentais de eficiência, ou seja, deve entre outras características ser: simples, flexível, econômico (custos x benefícios), confiável, ter aceitabilidade e ter produtividade. Quando da estruturação devem ser consideradas algumas características das informações que serão parte integrante do SIG: · Propósito; · Modo ou formato da transmissão; · Frequência de transmissão; · Condição determinística ou probabilística; · Custo; · Valor; · Validade. A informação deve estar em nível otimizado de qualidade. E esta qualidade deve ser um tripé, conforme apresentado na figura 3 a seguir: Qualidade Adequada Mínimo Custo Qualidade Total Figura 3 – Tripé da Qualidade Fonte: Acervo do conteudista A qualidade total da informação é a satisfação e manutenção do usuário da informação, ou seja, o executivo decisor. A qualidade total da informação pode ser também melhor detalhada em situações específicas: · Qualidade Ilusória: A informação satisfaz apenas o executivo decisor sem atender a realidade. Tendência de exclusão do SIG; · Qualidade Insatisfatória: Mais problemática de todas, proporciona a insatisfação do decisor. Informações que não servem para nada; · Qualidade Técnica: Informações com um determinado nível de suficiência, porém proporciona insatisfação do decisor. Informação inadequada às necessidades específicas do decisor. 18 19 · Qualidade Total: Informação atende às necessidades do executivo decisor, proporcionando elevada satisfação, com elevada qualidade de conformação, tem suficiência em sua estrutura lógica. Implementação e Avaliação do SIG Na implementação é fundamental ao administrador: · Preparar a documentação informativa aos usuários; · Treinamento; · Acompanhar a implementação das diversas partes do sistema de informações; · Acompanhar a implementação do SIG consolidando um adequado processo de avaliação, tendo em vista a sua otimização ao longo do tempo. Na avaliação é importante saber: · Se os relatórios estão sendo periodicamente avaliados e analisados; · Se são adequados; · Qual a influência as informações fornecidas pelo SIG nas decisões; · Quais as contribuições do SIG. A implementação do SIG pode ser desenvolvida de duas grandes maneiras alternativas, a saber: Implantação parcial em vários tempos ou Implantação total em um só tempo. Os dois tipos de problemas que podem ocorrer são: · Operacionais (normalmente de responsabilidade de uma única área envolvida com a execução do sistema considerado); · De Sistemas (com provável envolvimento da área de Organização, Sistemas e Métodos, Tecnologia da Informação ou similar tendo em vista a sua maior abrangência sistêmica). 19 UNIDADE Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) Componentes do SIG O SIG deve estar alocado dentro de um processo administrativo, como mostra a figura 4 a seguir: Fator Humano SIG Estrutura Organizacional Planejamento Controle e Avaliação Rotinas e procedimentos Figura 4 – Componentes do SIG Fonte: Acervo do conteudista Neste contexto, podemos visualizar o sistema de informações gerenciais se relacionando com os objetivos da empresa e estrutura organizacional. O SIG tem as seguintes entradas e saídas, como mostra a figura 5 a seguir: Relatórios Gerenciais Cenários Objetivos Estratégias Projetos Orçamentos Figura 5 – Entradas e Saídas do SIG Fonte: Acervo do conteudista 20 21 Níveis de Abrangência, Níveis de Influência e Condicionantes do SIG Nível Corporativo Refere-se ao SIG inerente ao próprio negócio em que a corporação atua ou irá atuar. O SIG deve ter sustentação em questionamentos de elevada validade estratégica. Nível de UEN do SIG Neste caso, o SIG estárelacionado a uma Unidade Estratégica de Negócios (UEN). Nível de Empresa do SIG Neste caso, o SIG tem abrangência de uma empresa atuando de forma interativa com o seu ambiente. Unidade Estratégica de Negócio (UEN) – é uma unidade ou divisão da empresa responsável para desenvolver uma ou mais Áreas estratégicas de Negócios(AEN). AEN é uma parte ou segmento do mercado com o qual a corporação ou a empresa, através de suas UEN, se relaciona de maneira otimizada. (OLIVEIRA, 2011). Ex pl or Os níveis de abrangência do SIG são apresentados na figura 6 a seguir: Empresa Empresa UEN Empresa Corporação UEN Figura 6 – Níveis de Abrangência do SIG Fonte: Acervo do conteudista Níveis de influência do SIG · Nível Estratégico; · Nível Tático; · Nível Operacional. 21 UNIDADE Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) Condicionantes do SIG · Objetivos, estratégias e políticas da empresa; · Fatores ambientais da empresa; · Aspectos externos à empresa que, dentro de um limite específico, se possa conceber como tendo alguma influência sobre a operação da empresa; · Qualidade do fator humano; · Qualidade de informação; · Tecnologia da empresa; · Relação custo x benefício; · Risco envolvido e aceito. Tecnologia é o conjunto de conhecimentos que são utilizados para operacionalizar as atividades na empresa para que seus objetivos possam ser alcançados.Ex pl or Outros Componentes do SIG · Dados: Elemento identificado em sua forma bruta que por si só não leva a uma compreensão do fato ou situação. · Tratamento: Transformação de um insumo (dado) em um resultado gerenciável (informação); · Informação: Dado trabalhado que permite o executivo tomar decisão; · Alternativa: Ação sucedânea que pode levar, de forma diferente, ao mesmo resultado; · Decisão: Escolha entre vários caminhos alternativos que levam a determinado resultado; · Recursos: Identificação das alocações ao longo do processo decisório (equipamentos, materiais, financeiros, humanos); · Resultados: Produto final do processo decisório. · Controle e Avaliação: Funções do processo administrativo que mediante a comparação com padrões previamente estabelecidos procuram medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações, de forma que possam corrigir e reforçar esse desempenho; · Coordenação: É a função do processo administrativo que procura aproximar, ao máximo, os resultados apresentados com a situação anteriormente planejada. 22 23 A figura 7, a seguir, apresenta o modelo de aplicação de um SIG sobre a estrutura de uma empresa contemporânea. Marketing Produção R.H. Controladoria Serviços Finanças Materiais Áreas Funcionais (Fim) Áreas Funcionais (Meio) EMPRESA Figura 7 – Modelo de Aplicação doSIG Fonte: Acervo do conteudista Considerações Finais Nesta unidade, interpretamos toda a complexidade de um Sistema de Informação Gerencial (SIG), envolvendo as suas características, os seus componentes, os seus ambientes e os seus níveis de abrangência. Vimos também, a importância de um SIG bem-sucedido sobre o processo de tomada de decisões em uma empresa contemporânea. 23 UNIDADE Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Site Institucional da SAP Brasil Site Institucional da SAP Brasil (uma das maiores empresas do mundo em sistemas de gestão. www.sap.com.br Site Institucional da Totvs Site Institucional da Totvs (a maior empresa de sistemas empresariais do Brasil). www.totvs.com.br Livros Sistemas de Informação. BIO, Sérgio. Sistemas de Informação. São Paulo: Atlas, 1997. Sistemas de Informações Gerenciais. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas de Informações Gerenciais. São Paulo: Atlas, 2010 24 25 Referências ARAÚJO, Luís César G. Organização, sistemas e métodos e as tecnologias de gestão organizacional. São Paulo: Atlas, 2011. BALLESTERO-ALVAREZ, Maria Esmeralda. Manual de Organização, Sistemas e Métodos. São Paulo: Atlas, 2007. BAZERMAN, Max H; MOORE, Don. Processo decisório. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. CRUZ. Tadeu. Sistemas, Organização e Métodos: estudo integrado das novas tecnologias de informação. São Paulo: Atlas, 2011. CURY, Antônio. Organização e métodos: uma visão holística. São Paulo: Atlas, 2010. HALL, Richard H. Organizações: estruturas, processos e resultados. São Paulo: Pearson, 2004. LAUDON, Kenneth C; LAUDON, Jane P. Sistemas de Informações Gerenciais. 9. ed. São Paulo: Pearson, 2011. MELO, Ivo Soares. Administração de sistemas de informação. São Paulo: Pioneira, 2006. MINTZBERG, Henry. Criando organizações eficazes. São Paulo: Atlas, 2011. O’BRIEN, James A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na internet. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Sistemas de informação gerencial. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2011. STAIR, Ralph M. REYNOLDS, George W. Princípios de sistemas de informação. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. STAREC, Cláudio; GOMES, Elizabeth Braz Pereira; CHAVES, Jorge Bezerra Lopes. Gestão Estratégica da informação e a inteligência competitiva. São Paulo: Saraiva, 2011. TURBAN, Efraim et al. Administração de tecnologia da informação: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus, 2003. VALENTIM, Marta. Gestão, Mediação e Uso da Informação. São Paulo: UNE, 2011. WOMACK, James et al. A Máquina que Mudou o Mundo. 3.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1994. 25