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DESCRIÇÃO
O conceito de Psicomotricidade, a descrição das áreas de aplicação de sua abordagem e a
sistematização de suas práticas e principais componentes.
PROPÓSITO
Compreender o conceito e a origem da Psicomotricidade a fim de apresentar conhecimentos
estruturantes de sua prática como as áreas de atuação, o processo de estimulação para o
desenvolvimento, os elementos de sua prática e a aplicação no ambiente terapêutico e
educacional.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever conceitos de Psicomotricidade atual e ao longo de seu percurso histórico
MÓDULO 2
Identificar as áreas de atuação da prática psicomotora e o emprego dos conceitos de
Psicomotricidade no desenvolvimento humano
MÓDULO 3
Reconhecer os elementos básicos de organização da prática psicomotora
INTRODUÇÃO
Existem perguntas que desencadeiam o desenvolvimento do nosso estudo: por que conhecer a
Psicomotricidade? O que ela nos oferece como ciência para a construção de uma prática?
Quais são seus objetivos? De onde ela surgiu?
Serão apresentados conceitos iniciais referentes ao campo de conhecimento da
Psicomotricidade, compreendendo tal ciência como fundamental para a contribuição aos
atendimentos de indivíduos com desenvolvimento típico, atípico e acometidos por debilidades
temporárias ou permanentes. A importância desse conteúdo está fundamentada no fato de que
devemos entender de maneira objetiva como a Psicomotricidade é aplicada no atendimento
educacional e terapêutico em diversos ambientes. Será descrito o conceito da
Psicomotricidade com base na definição indicada pela Associação Brasileira de
Psicomotricidade (ABP) e serão apontados os principais marcos ocorridos no percurso do
surgimento e da evolução de tal ciência e prática. Isso permitirá uma compreensão mais
detalhada a respeito de aplicação da Psicomotricidade nas mais diversas áreas de atuação,
indicando seus recursos e suas estratégias mais comuns, em uma abordagem prática para
obtenção da melhor promoção do desenvolvimento humano.
MÓDULO 1
 Descrever conceitos de Psicomotricidade atual e ao longo de seu percurso histórico
O QUE É PSICOMOTRICIDADE?
É hábito das produções científicas apresentar o objeto de estudos intencionados, entretanto,
vamos iniciar nosso percurso com uma pequena conversa sobre Psicomotricidade.
Vamos compreender a Psicomotricidade em um contexto mais recente, uma vez que a
evolução tecnológica e científica, às quais estamos submetidos na contemporaneidade,
influenciam sobremaneira as práticas educativas, clínicas e terapêuticas. Uma das ciências que
mais tem apresentado crescimento nos últimos tempos são as Neurociências, que têm
orientado de forma significativa transformações nas práticas referidas. Inúmeras perguntas são
necessárias para a construção do nosso conhecimento, o qual, orientado por um princípio
definido pela própria Neurociência, se estrutura de forma mais eficiente a partir de
questionamentos, lacunas, dúvidas e curiosidade.
 
Fonte: Olga Strelnikova/Shutterstock
 O que é Psicomotricidade?
O crescimento conceitual da Psicomotricidade tem sido expressivo nos últimos tempos,
somado ainda ao fato de sua regulamentação ter sido alcançada em 03 de janeiro de 2019,
após uma grande luta. O recente reconhecimento e a consequente regulamentação da
Psicomotricidade como categoria profissional impulsionaram uma revolução significativa em
seu campo de conhecimento. Houve grandes avanços na estruturação de delimitações
importantes para a normatização de sua prática como:
Elaboração do currículo mínimo para a implantação de cursos de graduação
Validação de protocolos de avaliação
Definição dos campos de atuação de acordo com uma estrutura legislativa
Embora sua regulamentação seja recente, a Psicomotricidade é significativamente antiga como
abordagem de reabilitação, de terapia e educativa em âmbito mundial. É de conhecimento
geral a importância dessa prática aplicada à promoção do desenvolvimento humano nos
diversos ambientes.
O que é Psicomotricidade? De acordo com a ABP (2012), podemos apresentar sua definição
como:
[...] A CIÊNCIA QUE TEM COMO OBJETO DE ESTUDO
O HOMEM ATRAVÉS DO SEU CORPO EM MOVIMENTO
E EM RELAÇÃO AO SEU MUNDO INTERNO E
EXTERNO, BEM COMO SUAS POSSIBILIDADES DE
PERCEBER, ATUAR, AGIR COM O OUTRO, COM OS
OBJETOS E CONSIGO MESMO. ESTÁ RELACIONADA
AO PROCESSO DE MATURAÇÃO, ONDE O CORPO É A
ORIGEM DAS AQUISIÇÕES COGNITIVAS, AFETIVAS E
ORGÂNICAS.
Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento
organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante
de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização (ABP, 2012). De maneira simples,
podemos organizar a definição de Psicomotricidade como:
Psicomotricidade é a ciência que tem por objeto de estudo o homem, por meio do seu corpo
em movimento, das relações consigo mesmo, com os objetos, com os outros e com o
ambiente, entendendo o corpo como a fonte das aquisições cognitivas motoras e afetivas,
assim como o meio que possibilita a expressão e a relação do sujeito.
Entendendo melhor essa definição, vamos trabalhar inicialmente com a compreensão de cada
conceito embutido nestas palavras. Iniciamos com a compreensão de que Psicomotricidade é
uma expressão complexa que contém dois componentes. De uma maneira intencional e
essencialmente didática, podemos identificar o componente mental (PSICO) e o componente
corporal (MOTRICIDADE). É importante ressaltar que a divisão apresentada entre PSICO e
MOTRICIDADE se estabelece unicamente para uma compreensão didática, uma vez que sua
concepção é a de que esses componentes são inseparáveis, indissociáveis.
COMPONENTE MENTAL (PSICO)
Refere-se aos aspectos mentais, portanto, cognitivos e afetivos da formação do ser humano.
javascript:void(0)
COMPONENTE MOTOR (MOTRICIDADE)
Refere-se aos aspectos orgânicos, portanto, biológicos e motrizes do sujeito.
 
Fonte: Portal de Educação a Distância
Ambos os componentes estão conectados a uma mesma expressão, o que fortalece a ideia de
que realmente são indissociáveis, ou seja, um indivíduo é constituído pela ação mútua entre
sua psiquê e seu corpo. Desse modo, o indivíduo é composto por uma psiquê dotada de
sensações, de reações biológicas, de movimento, de ações e por um corpo dotado de
subjetividade, de expressão, de comunicação e de emoções. Assim, podemos definir o sujeito
compreendido pela Psicomotricidade.
 Psico + Motricidade
A Psicomotricidade utiliza eminentemente a estrutura corporal para promoção do
desenvolvimento do sujeito, ou seja, o movimento corporal nas suas diversas características é
o principal instrumento de trabalho estruturado nessa prática. É importante ressaltar que o
movimento e a estrutura corporal especificamente não são entendidos de maneira isolada, e
sim compreendidos nas relações possíveis de serem estabelecidas com:
Outros indivíduos
O ambiente
Os objetos
Indivíduos
javascript:void(0)
Consigo mesmo
O corpo e o movimento estão presentes em um processo contínuo de relação com seus
componentes pessoais internos e com os elementos que pertencem ao ambiente externo.
Temos que ressaltar a especificidade de compreensão que a prática psicomotora possui a
respeito do corpo, como uma estrutura que capta todas as informações advindas do meio, ou
seja, todos os estímulos necessários para o seu desenvolvimento e, portanto, para o alcance
adequado das aquisições inerentes ao desenvolvimento humano. O processo de “maturação”
indicado na definição de Psicomotricidade apresentada anteriormente refere-se ao
desenvolvimento neurobiológico, das estruturas que possibilitam a organização cada vez mais
complexa das funções corporal, cognitiva e emocional.
 
Fonte: Juan Aunion/Shutterstock
É importante ainda entender que a promoção do desenvolvimento harmônico do sujeito e do
seu autoconhecimento tem como essencialidade a capacitação do sujeito da percepção de si,
da ação deste no mundo e de expressão por meio de suasrelações. A prática psicomotora
objetiva a realização intencional da ação dos indivíduos no mundo, entendendo que o ser
humano é composto segundo uma visão de globalidade.
Segundo Lapierre e Aucouturier (1984), o sujeito deve ser compreendido na dimensão psíquica
do seu corpo e na dimensão corporal do seu psiquismo, assim como devemos considerar a
relação mútua entre a atividade psíquica e a função motora desse indivíduo. A
Psicomotricidade compreende o movimento como uma atividade psíquica consciente,
considerando a contínua integração da motricidade elevada ao nível do “desejar” e do “querer
fazer”, ressaltando a intencionalidade do sujeito em sua ação por meio de seu corpo. A prática
psicomotora, em suas diversas vertentes de atuação, deve ser realizada por profissionais
devidamente habilitados, ou seja, exclusivamente por psicomotricistas. Entretanto, outros
profissionais como professor de Educação Física, pedagogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
psicólogos, entre outros podem fazer o uso de estratégias psicomotoras em sua prática, como
especialistas.
 ATENÇÃO
O psicomotricista é o profissional da área de saúde, terapia, reeducação e educação que
pesquisa, avalia, previne e trata do homem na aquisição, no desenvolvimento e nos transtornos
da integração somatopsíquico e da retrogênese (ABP, 2012).
 
Fonte: Shutterstock
 Os sentidos.
O público-alvo desta prática são crianças em fase de desenvolvimento, bebês de alto risco,
crianças com dificuldade/atrasos no desenvolvimento global, pessoas portadoras de
necessidades especiais: deficiências sensoriais, motoras, mentais e psíquicas, família e
terceira idade. Os ambientes de atuação podem ser: creches e escolas especiais, clínicas
multidisciplinares, consultórios, clínicas geriátricas, postos de saúde, hospitais e empresas
(ABP, 2012).
HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE
O berço da Psicomotricidade foi a França, sob influência das ciências biológicas como
Medicina, Psiquiatria, Neurologia, Neuropsiquiatria. Alguns personagens de tais ciências, como
Wernick, em 1807, organizaram a ideia de que as disfunções corporais estavam relacionadas a
causas psíquicas com o intuito de vencer um modelo anatômico e clínico. Iniciou então um
movimento conceitual na busca de estabelecer relação entre aspectos de ordem psíquica e de
ordem motora.
 
Fonte: Wikipedia
Ernest Duprè em 1907 começou a estabelecer uma relação estreita entre o psiquismo e a
motricidade, apontando uma relação entre a habilidade motora e a deficiência mental sem
causas neurológicas (paralelismo psicomotor).
 
Fonte: Wikipedia
Henri Wallon, em 1925, indicou uma relação entre comportamento tônico e os estados
emocionais, buscando explicar que esses estados interferiam na estruturação do caráter do
sujeito. Ele considerava o movimento como uma primeira relação do indivíduo com o meio.
 
Fonte: Wikipedia
Piaget, em 1936, entendia que o desenvolvimento infantil, organizado nos aspectos cognitivo,
afetivo e moral, se estruturava a partir das ações sensório-motoras realizadas pelas crianças.
 
Fonte: U.S. National Library of Medicine – Digital Collections
Em 1936, Arnold Gesell elaborou uma escala do desenvolvimento infantil em faixas etárias.
Tais conhecimentos foram sendo agregados de forma sensível ao que mais tarde seria o
campo de conhecimento da Psicomotricidade.
 
Fonte: CNAHES.
Temos ainda a contribuição de George Heuyer que, em 1925, em sua prática de Psiquiatria
infantil, usou o termo Psicomotricidade para apontar a relação entre o desenvolvimento da
motricidade, da afetividade e da inteligência.
Edouard Guilmain, por volta de 1935, criou o que foi denominado de exame psicomotor, com o
principal objetivo de estruturar os programas de terapia com a inclusão de exercícios que
desenvolviam a atenção, a educação sensorial e os trabalhos manuais.
 
Fonte: Wikipedia
Em 1911, Henry Head, estruturou trabalhos sobre o esquema corporal referenciados a partir de
uma visão fisiológica.
 
Fonte: Wikipedia
Paul Schilder em 1941 organizou a concepção de imagem corporal sob uma visão teórica da
Psicanálise.
 
Fonte: Wikiwand
Ajuriaguerra, em 1947, influenciado por Duprè, Wallon e Piaget, redefiniu os transtornos
psicomotores, interligando o movimento consciente, intencional, as praxias e a relação desses
com a ação do sujeito no mundo. Esse neuropsicólogo, na década de 50, com Diatkine e
Lebovici, estruturou técnicas educativas com o objetivo de tratar os distúrbios psicomotores.
Nesse período, no Hospital Henri-Rouselle, foi utilizada uma nova metodologia, onde foram
apontados os grandes eixos da Psicomotricidade:
Equilíbrio (esquerda/direita)
Coordenação visomotora
Organização espacial e temporal
Esquema corporal
Lateralidade
Domínio tônico
Em 1963, houve a oficialização da Psicomotricidade, com a certificação em reeducação
psicomotora e a seguir, Jean Bergès, Renè Diatkine, Lebovici, Launay, Jolivet Melanie Klein,
Donald Winnicott, René Spitz, Margaret Mahler, Willian Reich, Paul Schilder, Jacques Lacan,
Maud Mannoni, René Zazzo, Sami-Ali, Françoise Dolto, por volta dos anos 70, fortaleceram a
concepção do componente relacional da Psicomotricidade como fundamental na prática
terapêutica.
 SAIBA MAIS
Jean Bergès, neste período, criou uma técnica de diagnóstico e relaxação que promoveu uma
influência para além da Psicanálise: análise bioenergética, Gestalt-terapia e psicodrama. André
Lapierre, Bernard Aucouturier, Jean Le Boulch e Pierre Vayer, por volta dos anos 80, criaram a
corrente de reeducação psicomotora eclética proveniente da educação física. Françoise
Desobeau, Iann Beltz, Huget Bucher, Germaine Rossel, Fançoise Geromini e Giselle Soubiran
criaram as abordagens terapêuticas psicomotoras.
A partir dos anos 60, foi estabelecida uma relação estreita entre o corpo e o movimento na
reabilitação, onde deficiências motoras, sensoriais e mentais eram trabalhadas por meio da
integração corpo-mente com pouca referência ao termo Psicomotricidade. Foi constituída uma
formação específica para o atendimento de determinadas deficiências, com incentivo a
atividades eminentemente corporais, como: a ginástica rítmica, dança, jogos de dramatização e
educação gestual. Marly Fróes realizou cursos na Itália e na França, organizando a partir de
então atendimentos na ABBR e no Instituto Helena Antipoff, no Rio de Janeiro, oferecendo
atendimento a deficientes e excepcionais com auxílio de Martha Lovisaro.
 
Fonte: ABBR
Em Belo Horizonte, em 1968, houve um avanço na adoção da reeducação psicomotora trazida
do Instituto Claparèd e da Clínica Psiquê, onde a avaliação psicomotora fazia parte do
diagnóstico psicopedagógico. Em São Paulo, foram aplicadas as Técnicas de relaxação
Michaux, Le Bom Départ e de Théa Bugnet. Gruspun, em 1976, publicou o livro Distúrbios
neuróticos da criança, que tratava dos distúrbios da Psicomotricidade. Antônio Lefebvre criou
uma escala de avaliação do desenvolvimento psicomotor e, neste mesmo período, a
Psicomotricidade foi incluída como disciplina na faculdade de Logopedia da UFRJ (atual
Fonoaudiologia).
O método Ramain foi criado em 1968 como a primeira formação no Brasil realizada por Simone
Ramain, sob coordenação de Solange Thiers.
Por volta dos anos 70, houve uma eclosão da Psicomotricidade no Brasil com a utilização de
duas tendências:
ABORDAGEM GENERALISTA
Qualquer abordagem corporal era considerada uma prática psicomotora.
ABORDAGENS BASEADAS EM LINHAS OU MÉTODOS
ESPECÍFICOS
Ramain, Le Boulch, Picq e Vayer, Hughett Bucher e Dália Costalat.
 SAIBA MAIS
Nesta época, os métodos avaliativos também tinham grande importância, como os propostos
por Ozeretsky, Huget Bucher e a escala de desenvolvimento infantil Gesell.
Em 1976, Françoise Desobeau veio ao Brasil, a convite da Beatriz Saboya, e fundou a
Sociedade Internacional de Terapia Psicomotora (SITP), acarretando um marco significativo no
avanço da prática psicomotora no Brasil. As técnicas utilizadascom o intuito utilitário para
reeducação psicomotora, com abordagem mais específica em relação à debilidade, foram de
modo gradativo substituídas pela terapia psicomotora, e de modo associado foram utilizadas
abordagens com proposta educativa por meio de atividades espontâneas e livres, valorizando o
jogo e o brincar, com utilização de objetos dinâmicos afetivos e de construção.
Segundo Morizot (2010), devemos observar que a Psicomotricidade é compreendida como
uma ciência, e uma atividade que considera o organismo de forma integral e possibilita a
expressão da subjetividade do indivíduo, o que poderíamos também relacionar com a forma de
compreensão do indivíduo de uma forma integral. Assim, o ato motor do sujeito é uma maneira
de expressão de suas expressões e, portanto, um modo de comunicação de sua
personalidade. Segundo esta ideia, descrita por Morizot, a criança percebida em sua ação
lúdica fica envolvida em atividades em que vivencia uma possibilidade de projeção e
simbolização. Tais atividades permitem o desenvolvimento da criança a construir
representações e, portanto, o desenvolvimento das funções simbólicas a partir de elementos
inconscientes.
 DICA
O adulto que interage com a criança em uma proposta terapêutica pode desenvolver atividades
com ações verbais e não verbais, que valorizam outras dinâmicas como escuta, olhar, toque,
entre outros.
Um dos elementos enaltecidos na prática psicomotora é a ação espontânea, pois neste tipo de
atividade a criança é valorizada em seu desejo, o que lhe possibilita orientar suas ações
mediadas por suas próprias escolhas, exercitando elementos importantes como: agressividade,
desejos, emoções, motivação.
Em 1977, Beatriz Sabóia torna-se titular da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, e foi
realizado, em 1980, o primeiro congresso de Psicomotricidade no Brasil na Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Foi criado ainda o estatuto de normas de admissão, critérios
de titulação, elaboração de currículo básico e formação em Psicomotricidade no Brasil.
 SAIBA MAIS
A partir de então, obtivemos o desenvolvimento da prática, da construção científica da
Psicomotricidade atingindo sua regulamentação no ano de 2019, passando pela realização de
Formações e institucionalização de cursos de graduação em Psicomotricidade.
Durante os anos que se seguiram, houve um processo de implantação do curso de formação
para psicomotricistas como a graduação e o processo de aquisição da titulação por meio do
cumprimento do dossiê definido pela Sociedade Brasileira de Psicomotricidade com a
determinação de requisitos obrigatórios, como: formação teórica, prática pessoal e profissional
e supervisão. Em 1983, houve a implantação do curso de pós-graduação em Psicomotricidade
no Instituto Brasileiro de Reabilitação por intermédio de Regina Morizot e, desde então, houve
o surgimento de outros cursos de pós-graduação em diversas instituições. Finalmente, em
2019, aconteceu a tão esperada regulamentação da profissão de psicomotricista no Brasil.
Nesta viagem na história da construção e surgimento da Psicomotricidade no Brasil, até os dias
atuais, pudemos entender o quão complexa foi sua estruturação, oriunda de conhecimentos de
advindos de áreas tão importantes para a compreensão do ser humano. Vamos continuar
organizando a compreensão sobre a Psicomotricidade a fim de entendermos essa ciência em
seu contexto aplicado, em seu significado prático, a ser apresentado no módulo 2. Esse
significado organiza-se em torno da sistematização de uma proposta em prol do
desenvolvimento do sujeito, dividido em três vertentes:
EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA
TERAPIA PSICOMOTORA
EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
Proporciona ao desenvolvimento harmônico do sujeito.
REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA
Atua no tratamento de sintomas físicos ou psíquicos, onde há um desenvolvimento atípico.
TERAPIA PSICOMOTORA
Tem como proposta a intervenção nas instâncias psíquicas por meio de abordagens e
dinâmicas corporais.
A imagem a seguir reúne a trajetória da Psicomotricidade.
 
Fonte: O autor
 O desenvolvimento da psicomotricidade ao longo dos anos.
TRATANDO DOS CAMINHOS PARA
FORMAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE ALÉM
DA GRADUAÇÃO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. IDENTIFIQUE A QUESTÃO QUE OFERECE COERÊNCIA EM RELAÇÃO
AO CONCEITO DE PSICOMOTRICIDADE.
A) A ação da Psicomotricidade está voltada essencialmente para a prática motora.
B) A estimulação psicomotora mantém relação direta com a estimulação precoce.
C) A Psicomotricidade não estabelece a promoção do desenvolvimento infantil.
D) A educação psicomotora promove uma ampliação da qualidade das aquisições
fundamentais para aprendizagens futuras.
E) A Psicomotricidade não estabelece relação com o público infantil, sendo uma atividade
essencialmente destinada à reabilitação de idosos frágeis.
2. SÃO ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA A PSICOMOTRICIDADE:
APRENDIZAGEM, EXPERIMENTAÇÃO CORPORAL, GESTO
ESPONTÂNEO, EXPRESSÃO CORPORAL. RESUMIDAMENTE, A
PSICOMOTRICIDADE:
A) Busca compreender o indivíduo de forma integral: cognição e afeto.
B) Entende o movimento como único elemento importante para o desenvolvimento.
C) Percebe o corpo como fonte de todas as aquisições inerentes ao desenvolvimento humano.
D) Observa o indivíduo de forma objetiva, onde a sua motricidade não estabelece relação com
a sua formação cognitiva ou afetiva.
E) Percebe o desenvolvimento humano de forma dissociada em relação ao dualismo
mente/corpo.
GABARITO
1. Identifique a questão que oferece coerência em relação ao conceito de
Psicomotricidade.
A alternativa "D " está correta.
 
As demais opções apresentam incoerências em relação aos conceitos apresentados pela
Psicomotricidade. A alternativa “A” apresenta a psicomotora voltada essencialmente para a
prática motora, mas essa prática se preocupa com a formação integral do indivíduo, portanto,
suas funções motora, cognitiva e socioafetiva. A opção “B” indica a prática como apresentando
relação direta com a estimulação precoce, o que não consiste em uma afirmativa correta, pois
há um respeito ao desenvolvimento infantil no que diz respeito à oferta dos estímulos em plena
adequação ao estágio de maturação da criança. A opção “C” apresenta um engano quando
aponta que a Psicomotricidade NÃO promove o desenvolvimento infantil. E a alternativa “E”
indica que a Psicomotricidade é uma abordagem para idosos, o que é uma inverdade.
2. São elementos fundamentais para a Psicomotricidade: aprendizagem, experimentação
corporal, gesto espontâneo, expressão corporal. Resumidamente, a Psicomotricidade:
A alternativa "C " está correta.
 
Esta afirmação é coerente com os pressupostos da Psicomotricidade. As demais alternativas
estão incorretas porque apresentam enganos. A opção “A” indica que a visão integral do
indivíduo é composta apenas de cognição e afeto, não apontando os aspectos social e afetivo.
A opção “B” aponta equivocadamente que a Psicomotricidade desmerece a aprendizagem dos
conteúdos em detrimento do movimento. A “D” é uma negação falsa. A “E” dissocia o indivíduo
que deve ser entendido de forma una.
MÓDULO 2
 Identificar as áreas de atuação da prática psicomotora e o emprego dos conceitos de
Psicomotricidade no desenvolvimento humano
A PRÁTICA PSICOMOTORA
As estratégias utilizadas na prática psicomotora se organizam por meio de abordagem
corporal, ou seja, as estratégias elencadas se utilizam da estrutura corporal para a promoção
do desenvolvimento do sujeito.
 ATENÇÃO
A prática psicomotora, portanto, utiliza o corpo em movimento para a promoção do
desenvolvimento humano.
Como apontado, a prática psicomotora pode ser aplicada em diversos ambientes:
AMBIENTE REEDUCATIVO
No ambiente reeducativo, a reeducação psicomotora atua na perspectiva de minimizar os
danos causados por uma lesão ou por um sintoma expresso. É uma prática que busca a
promoção de qualidade de vida por meio da atuação desse sujeito com mais expressividade,
autonomia e qualidadenas atividades de vida diária. Atua na busca de uma adaptação
qualitativa da funcionalidade desse sujeito aos hábitos de vida diária.
AMBIENTE TERAPÊUTICO
No ambiente terapêutico a terapia psicomotora desenvolve-se por meio de abordagem
corporal, buscando intervir nas instâncias psíquicas, nas elaborações psíquicas instaladas no
sujeito. Elas podem ser reestruturadas por meio da mobilização corporal. Na prática
terapêutica, faz-se uso de várias estratégias como manipulações, trabalho respiratório,
massagem, dramatizações, jogos espontâneos, estimulação sensorial, entre outros
mecanismos com a utilização da capacidade sensorial do corpo, na busca de uma associação
com as instâncias psíquicas do sujeito.
AMBIENTE EDUCACIONAL
Na esfera educacional, a educação psicomotora atua no viés preventivo, ou seja, objetiva a
construção do desenvolvimento harmônico do sujeito, com o intuito de evitar o surgimento de
determinados transtornos possíveis de serem contornados por meio de uma organização
psicomotora qualitativa e antecipatória. As estratégias utilizadas na prática educativa da
Psicomotricidade são estratégias que se organizam em torno de jogos de ações corporais
livres, atividade espontânea, jogos cognitivos, jogos corporais, jogos dramáticos, exploração do
ambiente, exploração do próprio corpo, exploração do corpo dos outros, exploração de objetos
e experimentação desses objetos.
 
Fonte: O autor.
 Área de atuação da Psicomotricidade.
VERTENTES DE ABORDAGEM DA
PSICOMOTRICIDADE
O conjunto da prática psicomotora reúne uma infinidade de ações corporais que venham a
proporcionar a descoberta de possibilidades para construção:
Da consciência do próprio corpo
Da consciência de si
De uma possibilidade de expressão por meio do seu corpo de forma harmônica
A tríade: consciência do próprio corpo, consciência de si e capacidade de expressão por meio
do seu corpo é construída de acordo com a estruturação denominada por Vitor da Fonseca de
noção de corpo.
NOÇÃO DE CORPO
É essencial para o desenvolvimento harmônico do sujeito porque é meio pelo qual o
indivíduo consegue perceber seu corpo como um todo e estar consciente de suas partes.
É por meio da noção de corpo ainda que este consegue realizar suas ações de interação
com o ambiente, com os outros, com os objetos e consigo mesmo. Por meio da ação e
relações referidas, o sujeito constrói a percepção e a consciência do próprio corpo, a
consciência de si, dos seus processos corporais e psíquicos e se torna capaz de
expressar os seus desejos, as suas intenções, as suas demandas e suas necessidades
em adequação ao ambiente e a sua individualidade.
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A prática psicomotora respeita alguns princípios básicos e fundamentais para a sua
estruturação, esses princípios são:
VALORIZAÇÃO DA ATIVIDADE ESPONTÂNEA
A Psicomotricidade compreende inicialmente que a atividade espontânea é fundamental para o
desenvolvimento da criança em seus aspectos formadores (cognição, motricidade e
afetividade).
GARANTIA DO PRAZER NA PRÁTICA CORPORAL
Parte do princípio de que a atividade espontânea, o prazer, o desejo e a individualidade são
elementos que devem coexistir continuamente na prática corporal com vistas ao
desenvolvimento integral, portanto, são concebidos como elementos indissociáveis na prática
corporal.
RESPEITO À INDIVIDUALIDADE
Segundo os princípios da Psicomotricidade, a prática corporal se estrutura a partir de uma
organização prévia, definida a priori, e possui uma idealização antecipatória. A partir dessas
ações, é possível observar o que o indivíduo possui enquanto demanda e necessidade.
Levando em conta os elementos trazidos pelo paciente/aluno, a prática é então efetivada.
INCENTIVO À EXPRESSÃO DO DESEJO DA CRIANÇA
A prática psicomotora é construída a partir de um momento de escuta da criança. São feitas
observações quanto aos seus desejos, às suas demandas, ao seu estado emocional, ao seu
estado corporal momentâneo, enfim, às suas necessidades. A partir dessa escuta, a proposta
psicomotora se constrói em plena comunhão de ideias, conhecimento teórico, técnico-
conceitual e de necessidades.
Como apontado, o desenvolvimento, segundo os conceitos psicomotores, é composto por uma
compreensão do indivíduo em todos os seus aspectos. Sendo assim, a proposta de
desenvolvimento oferecida a esse indivíduo se dá através do movimento, isto é, através de
uma abordagem corporal. No entanto, apesar de essa abordagem ser corporal, sua ação é
muito mais ampla, pois acaba envolvendo também elementos de ordem emocional e cognitiva.
E seu objetivo é a promoção do desenvolvimento harmônico do indivíduo.
A Psicomotricidade entende que o desenvolvimento psicomotor ocorre de maneira natural e
gradativa, e que sofre interferência de fatores que podem ser categorizados em externos e
internos, ou ainda em práxicos e subjetivos.
FATORES EXTERNOS
São fatores que interferem no processo de desenvolvimento psicomotor relacionados às
interferências do “outro” e do meio.
FATORES INTERNOS
São os que se relacionam com as necessidades afetivas, fisiológicas e intencionais do
indivíduo.
PRÁXICOS
De modo geral, são os movimentos, a manipulação de objetos.
SUBJETIVOS
São relacionados aos desejos e às relações do indivíduo.
O processo global do desenvolvimento psicomotor compõe-se de elementos pertencentes às
várias instâncias da formação do indivíduo, são eles:
Estrutural (neuroanatômicos)
Socioafetiva (relacionais/simbólicos)
Cognitiva (conceituais)
Esse desenvolvimento demanda estimulação para se estruturar de forma harmônica. Essa
estimulação, por sua vez, ocorre através de atitudes diversas na relação da criança com a
mãe, em seguida, com o pai, avós etc. e, posteriormente, nas suas experiências motoras e
afetivas com o mundo.
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Fonte: tartanparty/Shutterstock
 ATENÇÃO
O desenvolvimento psicomotor compreende todo o processo maturacional da estrutura
anatomoneurológica e emocional da criança, desde seu primeiro movimento reflexo, passando
por seus gestos, até os movimentos mais complexos e intencionais.
Os diferentes processos que integram o desenvolvimento psicomotor não são fenômenos
separáveis. Por conta disso, a maturação neurológica, o desenvolvimento do esquema e da
imagem corporal, os processos de lateralização, as coordenações, o equilíbrio, o ritmo, e, até
mesmo, o desenvolvimento cognitivo e da linguagem devem ser abordados em seu conjunto
(THOMPSON, 2000).
A prática psicomotora se organiza com base na exploração do corpo, dos objetos, do ambiente,
na descoberta, na provocação de curiosidade e no prazer. O momento inicial é estruturado em
um processo de escuta dos indivíduos envolvidos na prática, garantindo e valorizando uma
construção espontânea, onde a individualidade de cada sujeito envolvido é respeitada, a
criatividade é provocada, e o prazer é garantido.
 
Fonte: tartanparty/Shutterstock
Desse modo, podemos identificar que, na realização da prática psicomotora, o sujeito se
percebe como autor da sua ação e da sua construção. Essa ciência se preocupa com a
construção da noção de corpo a partir das conquistas de consciência corporal, consciência de
si e expressão harmônica de si. A construção da percepção do próprio corpo ocorre por meio
da estruturação do que chamamos de organização psicomotora, a qual é constituída por sua
vez pelos aspectos psicomotores, que são: lateralidade, equilíbrio, coordenação motora ampla,
coordenação motora fina, noção de espaço, noção de tempo, esquema corporal e imagem
corporal.
Esses elementos constituem a base da movimentação corporal valorizada na prática
psicomotora. Os movimentos são realizados segundo a combinação desses aspectos.
 EXEMPLO
Quando uma criança corre, está realizando uma organização corporal que necessita e se utiliza
de: coordenação motora, equilíbrio, lateralidade, noção de espaço, noção de tempo, esquema
e imagem corporal.Coordenação motora porque ela precisa organizar os seus músculos de
forma harmônica e organizada em contração e relaxamento dos diferentes grupos musculares
para que a realização do movimento seja eficiente.
A criança também precisa perceber o espaço necessário para deslocar o seu corpo durante a
realização do movimento que deve ser organizado em uma posição inicial, intermediária e final,
ou seja, é necessária uma sequência de posições para sua realização harmônica, uma
percepção espacial e temporal do movimento.
 
Fonte: O autor
 Os aspectos psicomotores.
Ao correr, a criança precisa utilizar os dois lados do seu corpo de maneira harmônica
(lateralidade) para que o movimento seja eficiente. Precisa perceber o seu corpo e as suas
partes distintas (esquema corporal) para organizá-las na realização motora, precisa ainda se
perceber capaz (imagem corporal) de realizar a corrida, para efetivamente fazê-la. Por fim, a
criança deve organizar seu corpo em uma determinada postura dinâmica, portanto, em
equilíbrio para realização harmônica do movimento. Tudo isso se faz necessário para que o
movimento seja realizado. Estes são os aspectos psicomotores e, se pararmos para pensar, a
nossa realização corporal vista de uma forma mais ampla demanda continuamente e
incessantemente desses elementos para a atuação no mundo.
 
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock
Nada realizamos sem a participação do nosso corpo, é por meio dele que nossa existência é
possível.
É tácito o conhecimento a respeito da prática psicomotora quanto ao desenvolvimento integral
do sujeito. É importante ressaltar que essa prática mantém a especificidade de utilizar uma
abordagem que favoreça o desenvolvimento por meio da estimulação do conjunto de
receptores periféricos. Tais receptores são distribuídos por todo o corpo, são estruturas
capazes de captar estímulos sensoriais diversos, das diversas categorias existentes no corpo
como um todo.
 
Fonte: Tomsickova Tatyana/Shutterstock
Esta característica vai ser tratada de forma mais específica no próximo módulo, entretanto,
temos que compreender inicialmente a especificidade da prática psicomotora aos aspectos da
realização motora integrada ao aspecto cognitivo e ao aspecto afetivo. Cabe-nos perguntar
como organizamos o nosso movimento, o nosso pensamento e como produzimos os nossos
sentimentos a partir do processamento das nossas emoções. O que nos orienta para a
compreensão mais detalhada a respeito desse processo, que é organizado na integração dos
fatores responsáveis pelo desenvolvimento humano, as Neurociências.
 
Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock
Temos de entender que a realização do movimento tem o seu controle em bases neurais,
assim como a cognição, que também apresenta controle neural para a sua organização, e a
expressão das emoções, que, de modo, semelhante depende da ativação das mesmas
estruturas neurais. Desse modo, podemos observar que esses três elementos estão
conectados a partir do centro de processamento de cada um deles: as áreas corticais
envolvidas no comando ou controle dessas expressões. São áreas comuns e isso pode ficar
mais claro quando entendemos que o movimento é realizado a partir de um processo de
percepção e planificação, a cognição depende de uma organização tônica para ser
constituída, e as emoções são presentes, uma vez que são ativados neuroquímicos
responsáveis por organizar nossos estados emocionais quando nos movimentamos e
utilizamos nosso pensamento.
A FUNÇÃO COGNITIVA E A FUNÇÃO
MOTORA
Trataremos da relação entre as funções cognitivas e as funções motoras. De um modo geral,
elas ocorrem segundo um mesmo roteiro. A captação do estímulo, que se dá na estrutura
corporal, é transmitida ao cérebro onde é processada e associada a uma informação
anteriormente adquirida e onde é programada uma nova resposta, habitualmente, efetuada
pelo corpo.
 ATENÇÃO
A estrutura corporal é um ambiente de trocas e composição com informações já existentes, não
é apenas um local de passagem. As mesmas estruturas envolvidas na percepção, no
movimento corporal ou na manipulação dos objetos são também responsáveis pela
conceitualização e pelo raciocínio.
Contamos com o fato de que o desenvolvimento do indivíduo se dá por meio do acúmulo dos
registros provenientes das vivências, deste modo, podemos compreender a experiência como
o conjunto de informações de natureza.
Perceptual
Motora
Emocional
Social
Linguística
Podemos apontar características mais específicas proporcionadas por tais experiências, como
a capacidade de desenvolvimento de esquemas imagéticos, mapas perceptuais, percepção de
deslocamento, equilíbrio, formas, construção de representações estruturais, orientações e
muitos outros.
 
Fonte: myboys.me/Shutterstock
O corpo deve ser compreendido e considerado como o centro de recepção das informações
necessárias para a construção dos circuitos organizadores da capacidade cognitiva que, por
sua vez, deve ser considerada como componente da estrutura corporal e da realização motora.
Portanto, o corpo deve ser considerado como o centro da experiência e da cognição humana.
De maneira inversa, a aprendizagem humana é consequência da experiência corporal e
motora. Aprendemos porque agimos, e agimos por meio de nossos pensamentos.
 ATENÇÃO
A ação humana é uma atividade de adaptação ao mundo que envolve o indivíduo, o que gera a
aprendizagem que decorre dos movimentos, dos pensamentos e das sensações.
A nossa motricidade representa um comportamento, uma ação intencional, planificada, e não
apenas um ato mecânico, ou seja, somos possuidores de uma motricidade voluntária que é
dependente de nossa vontade e de nossa antecipação. O movimento humano é decorrente de
uma organização biológica e de uma estrutura neurológica, que envolvem planejamento,
organização prévia, cálculo, portanto, cognição e efetivação do movimento, realização motora,
ação propriamente dita.
 
Fonte: DGLimages/Shutterstock
A evolução humana nos permitiu a aquisição de uma postura e de uma marcha denominada
bípede, ou seja, nós nos apoiamos e nos deslocamos sustentados verticalmente em relação ao
eixo central de nosso corpo. Nossa evolução enquanto espécie também nos possibilitou a
especialização de movimentos finos em partes específicas de nosso corpo, como em nossas
extremidades. Fomos dotados do que chamamos de motricidade fina, que são movimentos
com controle detalhado e minucioso que nos capacita à realização de movimentos delicados e
precisos. Tal motricidade é expressa em movimentos das mãos, dos pés, dos dedos, da língua,
da boca, da faringe e da laringe, o que nos permite uma manipulação dos objetos de modo
minucioso e preciso, além da capacidade de produção da linguagem oral.
 
Fonte: UvGroup/Shutterstock
Essas características demandam uma alta capacidade no que se refere ao controle e
execução. Portanto, é necessária uma maior integração entre a motricidade e a cognição
indicando uma capacidade sensorial, perceptiva e psicológica em plena conexão. Desse modo,
entendemos que a motricidade humana voluntária depende de nossa vontade e envolve
procedimentos motores e cognitivos em plena interação, como a identificação da situação
externa, a seleção de resposta, a intenção, a tomada de decisão, o planejamento da resposta,
a execução do movimento e a verificação e estimação das consequências e a reorganização
do movimento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A EDUCAÇÃO PSICOMOTORA PROMOVE:
A) Readaptação funcional
B) Um trabalho individualizado na busca de elaborações psíquicas de elementos subjetivos
C) O desenvolvimento harmônico de acordo com uma perspectiva preventiva
D) O atendimento exclusivamente a crianças deficientes
E) Uma atividade que substitui as disciplinas formais da escola, pois desenvolve a cognição
2. EM RELAÇÃO AOS ASPECTOS PSICOMOTORES:
A) Devem ser estimulados por meio de estratégias que os abordem isoladamente.
B) Podem ser estimulados por meio deestratégias que os abordem isoladamente.
C) São estimulados por meio de estratégias psicomotoras onde estes são abordados de forma
associada.
D) Os aspectos psicomotores podem ser estimulados de forma isolada ou associada.
E) Não há possibilidade de relacionar os aspectos psicomotores.
GABARITO
1. A educação psicomotora promove:
A alternativa "C " está correta.
 
Apresenta uma afirmação correta de acordo com os pressupostos psicomotores. Dentre as
práticas psicomotoras, temos ainda: a reeducação psicomotora e a terapia psicomotora.
2. Em relação aos aspectos psicomotores:
A alternativa "C " está correta.
 
Apresenta uma afirmação correta e completa a respeito da forma como devem ser trabalhados
os aspectos psicomotores. As demais alternativas estão erradas por apresentarem
inconsistência conceitual em suas afirmações: A alternativa “A” está errada na medida em que
afirma que os elementos psicomotores devem ser trabalhados de forma independente, a
alternativa “B” está errada na medida em que afirma que os elementos psicomotores podem
ser trabalhados de forma independente, a opção “D” faz uma afirmação sem sentido e a
alternativa “E” indica que os elementos psicomotores são dissociáveis.
MÓDULO 3
 Reconhecer os elementos básicos de organização da prática psicomotora
A PRÁTICA PSICOMOTORA E O
MOVIMENTO
Outro elemento importante na compreensão da visão contemporânea da prática psicomotora é
a conexão estabelecida com os conhecimentos proporcionados pela Neurociência, na definição
da motricidade como algo organizado em plena comunhão com a nossa cognição e a nossa
emoção. É necessário considerar que as áreas corticais que organizam a nossa motricidade
também são responsáveis por nossas funções cognitivas e emocionais, portanto, são funções
humanas indissociáveis.
ÁREAS CORTICAIS
Córtex cerebral = É a camada mais superficial do cérebro. Pode ser subdividido em: lobo
frontal, lobo occipital, lobo parietal e lobo temporal.
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Fonte: Chinnapong/Shutterstock
Além da condição de comunicação entre a motricidade e a cognição, temos a orientação
científica, também indicada pela Neurociência, que a motricidade está intimamente conectada
às nossas instâncias emocionais. Essa relação íntima entre motricidade, cognição e emoção
pode ser entendida de maneira clara por meio de uma relação simples apresentada no
exemplo de um movimento como o salto. Quando uma criança recebe orientação para
realização de um salto, ela recebe um estímulo auditivo, como a ativação de suas estruturas
corticais para identificar o estímulo audível. Diante de tal decodificação, remete-se a imagens,
a lembranças que se referem àquele conceito de salto relacionado ao que foi emitido por meio
do estímulo auditivo.
 
Fonte: Robert Kneschke/Shutterstock
 Saltar explorando material diversificado.
Essas áreas cognitivas ativam uma representação daquilo que foi solicitado a transformar em
planificação da ação. Portanto, para a organização do movimento como resposta, é necessária
a percepção das estruturas corporais envolvidas no futuro movimento a ser realizado como a
percepção do espaço, o cálculo de sua execução de movimento e vários outros elementos.
A criança põe-se a realizar o movimento por meio da emissão dessa informação a seus órgãos
efetores. Nesse momento, ela é ativada emocionalmente pelo prazer da realização motora, ou
desprazer pelas imagens que são geradas.
A partir dessa realização, há uma ativação de lembranças e de uma série de outras instâncias
emocionais (como o medo ou a prontidão) para realização motora, que são elementos
emocionais presentes na forma de usar o nosso corpo, nas nossas ações cotidianas. Os
elementos emocionais presentes na ação corporal são considerados na prática psicomotora
como essenciais, uma das características específicas dessa prática é justamente enaltecer a
integralidade da formação humana.
 
Fonte: Jimmy Tran/Shutterstock
 Equilíbrio associado a sensações de coragem e medo.
A psicomotricidade, relacionada à concepção da Neurociência, indica que a praxia humana
(movimento intencional) é organizada em um conjunto de interações denominada de
neuromotricidade, ou seja, uma organização que se inicia desde a captação de estímulos e
finaliza com a efetivação de uma realização motora.
De modo mais detalhado, podemos entender a realização motora da seguinte forma: um
estímulo é captado por qualquer um de nossos receptores sensoriais, sejam auditivos, visuais,
somatossensoriais, vestibulares ou proprioceptivos. Esses estímulos captados são traduzidos
em linguagem elétrica (despolarização da membrana do receptor periférico específico) e
química (transmissão sináptica), são transmitidos aos centros nervosos responsáveis (coluna
vertebral, no caso dos movimentos reflexos, e movimentos automatizados; e córtex, no caso
dos movimentos voluntários); uma vez no córtex, essa mensagem é decodificada, processada,
associada a alguma memória anteriormente registrada. A partir daí, é elaborada uma resposta
adequada ao estímulo recebido.
 SAIBA MAIS
Afirmam Vayer e Toulouse (1985) que a criança, no decorrer de sua ação e interação com o
meio ambiente, potencializa sua capacidade de apreensão do mundo, pois utiliza, de maneira
cada vez mais complexa, seus receptores. Essa utilização possibilita que a sensação original
se transforme, através do sistema nervoso, em informação significante.
A estimulação sensorial tratada na prática psicomotora compreende toda e qualquer
informação que possa ser oferecida ao corpo captada por nossos receptores e processada
pelas estruturas do sistema nervoso responsáveis pela integração dessas informações.
 SAIBA MAIS
O autor Lundy-Ekman (1998), indica que o encéfalo no adulto possui áreas corticais que se
ajustam continuamente a partir das experiências na medida em que a nova informação se
transforma em memória, alterando também a maneira de seu processamento, fazendo com
que sejam adquiridas novas funções. À medida que as experiências são vividas, os indivíduos
organizam o que o autor chamou de mapas funcionais no córtex cerebral, proporcionados
pelos registros, expressos nas sinapses, decorrentes da estimulação oriunda dos estímulos
sensoriais durante a ação muscular.
O PROCESSO NEURAL DE INTEGRAÇÃO
SENSORIAL NA PRÁTICA PSICOMOTORA
A PRÁTICA PSICOMOTORA E A
INTEGRAÇÃO SENSORIAL
 
Fonte: O autor
 Esquema 1. O caminho percorrido pela informação sensorial inicia-se nos canais
sensoriais, finalizando no novo padrão de resposta.
A prática psicomotora se organiza baseada nesse processo, denominado de integração
sensorial. É uma prática que pode ser caracterizada como “multissensorial” uma vez que
valoriza todas as capacidades sensoriais do indivíduo como fundamentais para construção da
noção de corpo e da estrutura psicomotora. O desenvolvimento proporcionado pela prática
psicomotora por meio dos estímulos sensoriais associados e diversos é fundamental para a
qualidade da organização psicomotora da criança uma vez que valoriza atividades que
estimulam a estrutura corporal de forma enriquecida. O corpo age, ou seja, oferece realizações
de acordo com o que ele recebe do meio em que está inserido. Portanto, sem o processo de
integração sensorial, o corpo estará incapacitado de realizar respostas, de reagir ao ambiente.
 
Fonte: Photographee.eu/Shutterstock
Essa integração das informações sensoriais é decorrente de um processamento das
informações recebidas pelos sensores e associada a informações preexistentes, construídas e
armazenadas a partir de experiências anteriores. Com isso, é gerado um novo padrão de
resposta, um aprimoramento alcançado. Em outras palavras, é acrescida ao corpo uma nova
possibilidade de reação e de ação no ambiente.
 SAIBA MAIS
A função de integração das aferências dos estímulos sensoriais captados de forma contínua,
permite que a motricidade voluntária e intencional seja possível, pois os circuitos neurais
envolvidosnessa função controlam e supervisionam o movimento. A motricidade voluntária,
diferente da motricidade reflexa e da motricidade automatizada, é muito solicitada na
perspectiva do trabalho da Psicomotricidade, uma vez que a prática psicomotora intenciona a
aquisição da noção de corpo e a tomada de consciência dos movimentos.
Proporcionar ao indivíduo a percepção de seu corpo e de sua realização motora qualifica a sua
ação e promove também uma melhor possibilidade de expressão de suas intenções e de seus
desejos. A tomada de consciência de nosso próprio corpo, resultante do conjunto de
experiências vividas, mobiliza estruturas anatômicas, fisiológicas, mecanismos sociais, afetivos
e culturais. A motricidade humana, de acordo com tais características, age de acordo com a
sua organização interna e não é definida pela mera reação a algum estímulo externo. É um
processo reflexivo, antecipatório, planejado, portador de consciência, sensibilidade e cognição.
A capacidade cognitiva e perceptual nos permite tomar decisões a respeito da nossa
capacidade de expressão e utilidade de nossos gestos e ações. Estes, por sua vez, ampliam
nossa capacidade de comunicação e interação com o ambiente que nos cerca, sendo possível
maior aprendizagem.
Entendemos que as interações são valorizadas nesta prática, as interações corporais, sociais e
afetivas são elementos fundamentais para a constituição do desenvolvimento psicomotor. Este
princípio encontra ressonância nas teorias de autores de importância expressiva na ciência do
desenvolvimento humano, como Piaget, Vigotsky e Wallon.
 SAIBA MAIS
Piaget nos aponta a importância da experimentação sensório-motora para a estruturação da
cognição da criança. Wallon nos aponta como essencial a experiência tônica e afetiva na
construção da personalidade e pensamento da criança. Vigotsky indica as relações sociais
como desencadeadoras do desenvolvimento da linguagem, portanto, da inteligência dos
indivíduos. Desse modo, passamos a entender o lugar que as relações ocupam na promoção
do desenvolvimento na prática psicomotora.
Essa prática destaca alguns aspectos fundamentais nas construções das relações, como
enaltecer a escuta em relação às necessidades e demandas alheias, assim como respeitar os
aspectos individuais de construção simbólicas. Em situações de conflito, o olhar para a
subjetividade envolvida nos comportamentos torna-se essencial. Segundo sua perspectiva
teórica, a Psicomotricidade orienta que devem ser considerados alguns aspectos importantes,
como ampliar as observações a respeito dos sujeitos envolvidos no processo, buscando
identificar possíveis sinais de fragilidade na condução dos comportamentos; e preservar a
postura de afetividade, de escuta e acolhimento, buscando compreender os processos
subjetivos das relações e dos comportamentos, procurando ainda manter a atitude de
compreensão, e não de julgamento.
 ATENÇÃO
Segundo as orientações propostas na abordagem psicomotora, situações de conflito podem
ser evitadas por meio de procedimentos de antecipação ao fato desencadeador do conflito. Tal
antecipação pode ser possível por meio de algumas ações importantes, como o conhecimento
prévio da forma de organização dos comportamentos, a organização da postura corporal, o
tônus de aproximação, a tonalidade de voz, e o direcionamento atitudes de um modo geral dos
sujeitos envolvidos.
O mediador atuante por meio das estratégias psicomotoras deve organizar sua intervenção
buscando sempre um cenário de acolhimento, de atitudes positivas e de respeito às regras
coletivas. É importante ainda atentar ao fato de que as soluções não podem ser terceirizadas
quanto à sua responsabilização, logo, deve-se buscar desenvolver habilidades que
proporcionem a capacidade de assumir uma postura mais harmônica nas relações. O
conhecimento psicomotor nos possibilita entender que o estabelecimento do vínculo é
fundamental para a construção de relações saudáveis. Os adultos, nas relações, são os
indivíduos que possuem mais recursos internos comparativamente às crianças, portanto, são
os mais capacitados para construir espaços onde as relações possam ser harmônicas.
Para identificar as razões provocadores de conflito em outros indivíduos, é importante termos
consciência dos nossos elementos de fragilidade. Quando identificamos o acontecimento de
uma cena de conflito extrema, na verdade, essa cena é uma consequência de outras situações
de conflitos anteriores de menor proporção que foram desmerecidas em sua importância.
Muitas vezes, as causas de um comportamento “etiquetado” como inadequado podem estar
baseadas em disfunções emocionais ou até mesmo em disfunções de ordem biológica.
Devemos incentivar os comportamentos positivos, e não condenar a priori os comportamentos
inadequados. Muitas vezes, um comportamento apresentado como inadequado por uma
criança pode estar retratando o que podemos chamar de um "pedido de socorro", portanto,
devemos considerar as suas motivações.
A PSICOMOTRICIDADE E O PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO
O adulto que se propõe estimular o desenvolvimento da criança deve se atentar ao fato de que
essa orientação pressupõe algumas condições fundamentais, como: escuta, conhecimento
prévio da realidade da criança, afetividade, disponibilidade corporal, autoconhecimento, evitar
julgamentos, conhecimento teórico a respeito dos aspectos do desenvolvimento humano,
dedicação, sentimento de empatia, entre outros.
 
Fonte: Photographee.eu/Shutterstock
De modo geral, o desenvolvimento pressupõe situações de evolução, maturação, crescimento,
mudanças. Todo processo de desenvolvimento é composto por um organismo que possui um
complexo de características e que, ao longo de um período, de acordo com determinadas
interferências, sofre alterações em suas estruturas iniciais, adquirindo novas formas e novas
organizações. Tais alterações verificam-se em duas vertentes: qualitativa e quantitativa.
O desenvolvimento humano é um processo que acompanha o indivíduo em toda a sua
existência. Trata-se de um complexo de articulações que abrange aspectos orgânicos, sociais,
cognitivos, afetivos, motores e ambientais.
As mudanças sofridas pelo ser humano ocorrem simultânea e continuamente em todos os
aspectos de sua organização. No entanto, para que possamos entender melhor o seu
desenvolvimento, faz-se necessária uma divisão metodológica da formação do ser humano,
compreendendo-se uma formação biológica e uma formação psíquica. Segundo Papalia e
Olds (2000), essa divisão pode ser feita de maneira mais específica, enfocando o
desenvolvimento sob três aspectos:
COGNITIVO
PSICOSSOCIAL
FÍSICO
COGNITIVO
As mudanças na capacidade mental – que incluem aprendizagem, memória, raciocínio,
pensamento e linguagem – constituem o desenvolvimento cognitivo.
PSICOSSOCIAL
O desenvolvimento psicossocial é constituído pelo desenvolvimento da personalidade e do
social decorrente das mudanças no modo de ser, de reagir, no comportamento e na
capacidade de relação de um indivíduo.
FÍSICO
As mudanças no corpo, no cérebro, na capacidade sensorial e nas habilidades motoras são
pertinentes ao desenvolvimento físico.
O estudo do desenvolvimento humano é de extrema importância para o exercício de uma
prática terapêutica/pedagógica de qualidade. Afinal, não podemos perder de vista o fato de que
o ser humano, receptor dos estímulos oferecidos, é um indivíduo inserido em um contexto de
aquisições, em um momento específico de seu desenvolvimento, isto é, mais ou menos
maduro para a captação e sedimentação de determinadas aprendizagens.
De acordo com Gallahue e Ozmum (2001, p. 78),
SEM UM PROFUNDO CONHECIMENTO DOS
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DO
COMPORTAMENTO HUMANO, OS EDUCADORES
SOMENTE PODEM SUPOR AS TÉCNICAS
EDUCACIONAIS APROPRIADAS E OS
PROCEDIMENTOS DE INTERFERÊNCIA.
Assim, os educadores/terapeutas têm a possibilidade de respeitar o momento de evolução do
indivíduo e oferecer estímulos adequados.
VERIFICANDO O APRENDIZADO1. NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL, TEMOS A ETAPA
“CAPTAÇÃO DAS INFORMAÇÕES SENSORIAIS”:
A) Que pode ser potencializada pelas experiências de cada indivíduo.
B) Que tem como ponto fundamental o desenvolvimento da lateralidade.
C) Que é proveniente unicamente do espaço.
D) Que depende da percepção, ou seja, o processamento da informação através do tato.
E) Que depende do esquema corporal, pois a criança precisa ter consciência do seu corpo.
2. O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL É COMPOSTO POR
ALGUMAS ETAPAS FUNDAMENTAIS:
A) Captação de informações sensoriais, processamento destas informações, associações com
informações pré-existentes e aquisição de um novo padrão de resposta
B) Captação de informações sensoriais, retenção como memória, comparação com padrões
anteriormente adquiridos e aquisição de novo padrão de resposta
C) Captação de informações sensoriais, processamento destas informações, retenção como
memória e aquisição de um novo padrão de resposta
D) Captação de informações sensoriais e motoras, retenção como memória, processamento
destas informações e reação reflexa
E) Captação de informações sensoriais e motoras, processamento destas informações, reação
reflexa e retenção como memória
GABARITO
1. No processo de integração sensorial, temos a etapa “captação das informações
sensoriais”:
A alternativa "A " está correta.
 
A captação das informações sensoriais é o primeiro passo para o processo de integração
sensorial. Esta etapa do processo é potencializada pelas experiências prévias.
2. O processo de integração sensorial é composto por algumas etapas fundamentais:
A alternativa "A " está correta.
 
Apresenta a sequência correta das etapas como acontece o processo de integração sensorial:
captação de informações sensoriais, processamento destas informações, associações com
informações pré-existentes e aquisição de um novo padrão de resposta. As demais alternativas
apresentam uma sequência errada.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo visto os conceitos aqui apresentados, estamos de posse do conjunto inicial de
conhecimentos a respeito da Psicomotricidade. Traçamos um percurso onde foram
apresentados o conceito desta ciência e seu roteiro de surgimento enquanto prática.
Compreendemos do que se trata a Psicomotricidade em seu universo terapêutico, educacional
e de reabilitação. Entendemos ainda sua atuação por meio de uma oferta de estímulos que
incidem sobre toda a estrutura corporal, compreendendo uma visão de integralidade no que se
refere ao desenvolvimento humano. De modo simples, entendemos que a Psicomotricidade é
uma ciência que tem como objetivo o atendimento ao ser humano, compreendendo sua
estrutura psíquica e corporal de maneira integrada. Por ela, o corpo recebe os estímulos com
intenção de enriquecimento sensorial e estruturação dos aspectos psicomotores vislumbrando
um desenvolvimento harmônico da criança, do jovem, do adulto ou do idoso. A sua origem
enquanto prática se deu no ambiente de conhecimento da Neuropsicologia por demanda de
identificação das causas de debilidades específicas que não eram originadas em estruturas ou
funcionamento orgânico, e sim possuíam causas afetivas. Desde sua origem, inúmeras
ciências contribuíram para o desenvolvimento da Psicomotricidade enquanto área de
conhecimento e prática, organizando áreas distintas de atuação, como a reeducação, terapia e
educação. A prática da Psicomotricidade organiza suas estratégias de intervenção no sujeito
por meio do corpo em movimento estruturado em suas inúmeras características. O princípio
que norteia esta ciência é o de que os estímulos proporcionados são captados, decodificados e
integrados, e respostas novas de maior qualidade são elaboradas, entendendo este processo
por meio do conceito neurocientífico de integração sensorial. A Psicomotricidade compreende
que o corpo é a fonte de todas as aquisições de desenvolvimento afetivo, cognitivo, motor e
social.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
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Para saber mais sobre as abordagens emergentes da Psicomotricidade, leia o livro
Psicomotricidade: abordagens emergentes, de Jorge Manuel Gomes De Azevedo
Fernandes e Paulo Jose Barbosa Gutierres Filho.
Para saber mais sobre a importância da Psicomotricidade, leia o artigo A Psicomotricidade
como ferramenta Inclusiva da Criança Autista na Educação Infantil, de Odete Varelo
Bezerra e demais colaboradores.
Leia o trabalho de conclusão de curso de Maria Verônica Silva de Queiroz, cujo título é A
formação pessoal em psicomotricidade.
Procure saber sobre a Associação Brasileira de Psicomotricidade, em cujo site você pode
encontrar artigos e matérias sobre a temática.
CONTEUDISTA
Maria de Fátima Ferreira de Vasconcelos
 CURRÍCULO LATTES
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