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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
Medicina Legal
Ana Cláudia Lessa dos Santos
TANATOLOGIA FORENSE
SÃO CRISTÓVÃO/SE
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
Medicina Legal
Ana Cláudia Lessa dos Santos
TANATOLOGIA FORENSE
SÃO CRISTÓVÃO/SE
2021
1 INTRODUÇÃO
A Tanatologia Forense é a parte da Medicina Legal que se propõe a estudar a
morte, os fenômenos cadavéricos e as consequências jurídicas advindas dela. Antes do
advento da transplantação de órgãos a morte era considerada como o cessar total e
permanente das funções vitais. Hoje conceitua-se morte como uma gama de processos
que ocorrem durante certo período de tempo e, paulatinamente, atingem os diferentes
órgãos do indivíduo. É possível afirmar que considera-se morte irreversível a morte
encefálica.
2 MODALIDADES DE MORTE (Segundo Croce e Croce Júnior)
Há diversas modalidades de morte, a citar:
● Morte anatômica: cessar das grandes funções do corpo;
● Morte histológica: sucede a morte anatômica; morte das células dos órgãos e
tecidos;
● Morte aparente: o indivíduo aparenta estar morto, mas permanece vivo por
existência mínima de circulação. A temperatura corporal tende a cair devido
ao rebaixamento das funções cardiorrespiratórias, o que pode levar a um
falso diagnóstico de como morte real. O quadro pode ser desfeito se houver
emprego de socorro médico imediato e adequado.
● Morte relativa: o indivíduo é vítima de parada cardíaca súbita e ocorre o
cessar efetivo e duradouro das funções circulatórias, respiratórias e nervosas,
associada à cianose e palidez marmórea. Assim como na morte aparente,
também é possível a recuperação em estado de morte aparente.
● Morte real ou absoluta: ocorre o desaparecimento definitivo de toda
atividade biológica do organismo. É onde há o fim da vida e se inicia a
decomposição.
● Morte encefálica: cessar de todas as funções do encéfalo, incluindo-se o
tronco encefálico. Essa constatação só pode ser feita após a realização de
vários exames realizados por 2 médicos (sendo um deles especialista em
neurologia). Os exames devem ser realizados em intervalos de tempo que
variam de acordo com a faixa etária.
3 TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS
O transplante de órgãos foi regulamentado pela lei 9.434/97 e ratificada pelo
decreto n. 2268 do mesmo ano. Tal legislação fala sobre a remoção de órgãos, tecidos e
partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, caso seja de livre vontade
e autorizada pelo doador ou seu familiar responsável. Dependerá da autorização
expressa (firmada por documento com duas testemunhas) pelo cônjuge ou parente mais
próximo (seguindo a linha sucessória e a pessoa tem que ser maior de idade).
Há também a resolução de número 1.480/97 do Conselho Federal de Medicina
que trata dos crimes de diagnóstico antecipado de morte com fins de retirada de órgãos,
liberação de espaço na UTI, etc e descreve quais exames devem ser realizados para o
diagnóstico.
O transplante só pode ser realizado após diagnóstico de morte clínica
(encefálica) confirmada apenas por dois médicos ou mais, sendo um possuidor do título
de especialista em neurologia. É vedado aos médicos que realizaram o diagnóstico de
morte encefálica integrar a equipe que realizará o transplante. A retirada de órgãos ou
partes deverá ser autorizada de forma expressa pelo médico patologista ou legista em
casos de morte ocorrida sem assistência médica em decorrência de causa mal definida e
mortes que necessitem ser esclarecidas diante da suspeita de crime.
4 TANATOGNOSE
Tanatognose é a parte da Tanatologia Forense que estuda o diagnóstico da
realidade de morte, O diagnóstico é mais difícil quando mais próximo o momento da
morte, pois ele é feito a partir da observação dos fenômenos cadavéricos. Os fenômenos
cadavéricos são podem ser divididos em abióticos imediatos e consecutivos, e
transformativos e conservativos.
Os fenômenos abióticos imediatos anunciam a morte do indivíduo, entretanto
não podem ser usados isoladamente para se atestar que o indivíduo jaz morto. São eles:
Perda de consciência, perda de sensibilidade, imobilidade e perda do tônus muscular, o
relaxamento das esfíncteres, ausência de respiração, ausência de circulação, ausência de
pulso, fácies hipocrática e pálpebras parcialmente cerradas em alguns casos. Fácies
hipocrática é o nome dado para o aspecto do rosto e sua expressão fisionômica que
prenunciam a morte. Há um relaxamento de todos os músculos faciais, tornando o rosto
inexpressivo. A fisionomia se altera de forma significativa resultando em palidez
intensa, olhar fixo e vago, afilamento nasal e etc.
O cessar da respiração afirmado por ausculta pulmonar silenciosa e a ausência de
circulação, confirmada pela eletrocardiografia, é sinal prático de uma morte real. No
caso da morte aparente não ocorre a cessação da respiração e dos batimentos cardíacos,
eles apenas ficam imperceptíveis. Existem diversas manobras e sinais que podem ser
usados para constatar a realidade da morte, mas do ponto de vista prático, os melhores
procedimentos são, a eletrocardiografia, a ausculta do coração e o uso da prova
fluoresceína de Icard. Esse último procedimento sugere a prova da fluoresceína
(substância usada em oftalmologia), injetada hipodérmica ou endovenosamente no
corpo, esperando-se (se houver vida) que a pele e mucosas adquiram uma cor
amarelada, esse procedimento, desenvolvido por Icard, pode ser incrementado com o
uso da lâmpada de Wood, que facilitará o diagnóstico.
Os fenômenos Abióticos consecutivos são os sinais que afirmam de certeza o
diagnóstico da realidade de morte. Eles também auxiliam na identificação do momento
da morte, ou seja, o tempo em que ela se deu e também ajudam para indicar em quais
circunstâncias ela aconteceu (causa mortis). São eles a evaporação tegumentar, o
resfriamento corporal, a rigidez cadavérica, espasmos cadavéricos e livores de
hipóstase.
No caso da evaporação tegumentar (dessecamento) o corpo perde
progressivamente o seu peso, nos adultos de 10 a 18g por dia e no feto 8g por dia,
também acontece a perda da tensão do globo ocular e perda do brilho na córneas e
mucosas, por isso a córnea apresenta uma característica opaca e leitosa. A pele também
sofrem modificações, pois a mesma torna-se endurecida e começa a apresentar uma
coloração amarela (pergaminhamento da pele). Esse fenômeno ocorre entre 15 a 30
minutos após a morte.
Já o resfriamento corporal acontece após a morte, pois o corpo começa a
estabelecer um equilíbrio com o meio ambiente. Tal resfriamento depende de vários
fatores externos, como a temperatura do local e condições do local (lugares fechados,
protegidos do vento, retardam o processo enquanto o vento pode acelerar o processo), a
idade do indivíduo, uso de agasalhos, entre outros. A maioria dos autores citam uma
média de 24 horas para que o corpo entre em equilíbrio de temperatura com o meio.
Segundo Croce (2012) a rigidez cadavérica não é o primeiro sinal de morte, mas
é o último sinal de vida. É um fenômeno constante no cadáver, caracterizado por ser um
estado de contratura muscular provocada pela escassez de oxigênio e excesso de ácido
lático nos tecidos. Inicia-se na primeira hora da morte e começa pela face, mandíbula,
tronco, membros superiores e depois inferiores, desaparecendo 24 a 36 horas depois do
seu início, na mesma ordem que surgiu (início da putrefação ou autólise). A rigidez em
afogados pode chegar ao seu máximo em apenas 2 a 3 horas após a morte.
Espasmos cadavéricos não devem ser confundidos com a rigidez cadavérica,
pois é um fenômeno raro, caracterizado por uma rigidez particular instantânea que se
apresenta imediatamente após a morte, sem antes haver um relaxamento muscular que
precede a rigidez comum. É característico dos espasmos cadavéricos a preservação da
última posição do indivíduo.
Após a interrupção da atividade cardíaca o sangue começa a se depositar nas
áreas do corpo mais próximas ao solo graçasà ação da gravidade.. Formam-se então os
livores, ou seja, manchas avermelhadas, cutâneas e viscerais que se formam nas
posições de maior declive do corpo. Nas partes em que o corpo está sendo pressionado
há ausência de livores cutâneos. Eles surgem nas primeiras horas (1-2h) da morte e vão
se tornando mais visíveis ao decorrer do tempo.
Os livores viscerais se fixam em até 3 horas, já os livores cutâneos levam até 8 a
10 horas para se fixarem. Portanto, caso haja mudança na posição do corpo após 8 horas
o perito irá identificar a posição incompatível dos livores; se houver mudança de
posição do corpo após 2 a 3 horas o legista pode estimar a posição exata analisando os
livores fixos nos órgãos. Mortes rápidas sem perda de sangue, temperatura ambiente
alta, asfixias e certas intoxicações adiantam o aparecimento de livores, já a morte lenta
com alta perda de sangue, diarreia ou vômitos, ambiente frio e anemias provocam o
retardo do aparecimento de livores.
Fenômenos Transformativos são alterações tardias tão intensas que fazem ser
impossível a possibilidade de vida. Esses fenômenos podem ser categorizados em
destrutivos (autólise, putrefação e maceração) ou em conservadores (mumificação e
saponificação).
A Autólise precede a putrefação e é a destruição das células pela ação
descontrolada das suas próprias enzimas. As desordens bioquímicas resultantes da falta
de oxigênio levam a ruptura das membranas celulares e destruição asséptica dos tecidos
por ação das enzimas, num processo semelhante à autofagia.
Já a Putrefação inicia-se assim que se encerra a vida, devido à ação de micróbios
aeróbicos, anaeróbicos e facultativos que decompõe os tecidos, produzindo grande
quantidade de gases (metano, gás sulfídrico, gás carbônico). A velocidade desse
processo varia de acordo com a temperatura ambiental (20 e 30 graus aceleram o
processo, enquanto temperaturas extremamente altas ou baixas retarda o processo ou
impede o mesmo). No caso de corpo submerso leva-se em consideração a poluição
bacteriana da água, que pode adiantar o processo de putrefação, já obesidade, a febre
antes da morte e a overdose de cocaína também são outros fatores que aceleram a
putrefação. O uso de antibiótico antes da morte retardam a putrefação, pois esses
remédios alteram ou destroem a flora bacteriana do indivíduo.
A primeira fase da putrefação, chamada de fase cromática, refere-se ao
aparecimento de uma mancha verde no abdômen após 18-24 horas da morte, se esta
aconteceu no verão, ou 36-48 horas, se aconteceu no inverno, desde que o corpo não
esteja agasalhado ou exposto ao sol. Em 48 horas a cor esverdeada espalha-se pelo tórax
e abdômen e em uma semana por todo tegumento cutâneo, com exceção em crianças
que a putrefação inicia-se pelas cavidades, e nos afogados no quais a mancha começa
pelo tórax A tonalidade verde-enegrecida surge entre 18 e 24 horas após a morte e pode
durar, em média, até 7 dias
A Fase Gasosa começa a partir das primeiras 24h. Os gases internos migram
para a periferia provocando o aparecimento, na superfície corporal, de enfisema
putrefativo que provoca no cadáver a postura de boxeador e aspecto gigantesco,
especialmente na face, no tronco, no pênis e nas bolsas escrotais. Há a projeção dos
olhos e da língua para fora da arcada dentária. Onde a pele é mais solta, como nas
pálpebras e nos genitais, os aumentos de volume são mais marcantes, e o cheiro
putrefativo é intenso. Em alguns dias há o destacamento total da epiderme e perda de
pelos, unhas e cabelos. Já na parte interna acontece o amolecimento do coração, já os
pulmões apresentam uma cor parda muito escura e o cérebro reduz-se a uma massa
acinzentada, pegajosa. Esse período dura de até 3 ou 5 semanas.
Na Fase coliquativa acontece a dissolução das partes moles do cadáver pela ação
conjunta das bactérias e da fauna necrófaga. Os gases se evolam, o odor é fétido e o
corpo perde gradativamente a sua forma. Dependendo das condições onde o cadáver
está depositado essa fase pode levar meses.
Por último, surge o período de esqueletização que tem início entre a terceira e
quarta semana, quando os ossos vão ficando expostos, pela destruição completa das
partes moles do corpo. Nos cadáveres expostos ao ar livre, esta fase começa antes do
meio da segunda semana e pode durar meses e até anos. Em áreas com temperatura
mediana o período mínimo para uma esqueletização é de 18 meses (aproximadamente).
A Maceração é um efeito transformador destrutivo que afeta corpos submersos
em meio líquido contaminado (maceração séptica) ou em fetos mortos após o quinto
mês de gestação retidos dentro da cavidade uterina (maceração asséptica). Nesse último
caso, as alterações começam a partir de 6 horas da morte intra uterina, causando áreas
de descamação e alterando a coloração do coto do cordão umbilical, deixando-o com
uma cor avermelhada-amarronzado. Com 12 horas ou mais a descamação começa a
afetar a face e o abdômen, a partir de 18 horas ou mais a descamação começa a envolver
5% ou mais da superfície corporal e com 24h ou mais a cor da pele começa a ficar
amarronzada.
Nos Fenômenos Conservadores a autólise não avança em direção à putrefação e
por isso os tecidos ficam conservados. Ocorre em situações climáticas específicas em
que há desidratação rápida do cadáver, impedindo a ação das bactérias. Tais fenômenos
são a mumificação e a saponificação.
A Mumificação pode ser natural ou artificial. Se for natural ela dependerá
totalmente de um clima quente e seco, de preferência com a presença de bastante vento.
É comum que essas múmias naturais não estejam inumadas, sofrendo ação das
intempéries climáticas.
No caso da mumificação artificial , como a praticada pelos egípcios e algumas
tribos indígenas, é feita através de uma intensa dissecação corporal. Os egípcios
extraíam o cérebro, pelas fossas nasais , com o auxílio de um gancho de metal e
retiravam os órgãos pelo abdômen, preenchendo o corpo com areia, argila , resina ou
serragem para que esse mantivesse um pouco da sua forma, e revestindo-o com ervas
aromáticas e por último o envolvia em um rolo de pano de linho. Depois de
desenvolvida a mumificação, o corpo permanece preservado por longos períodos de
tempo. O peso corporal da múmia é reduzido em 70%, a pele apresenta tonalidade cinza
e as unhas e os dentes permanecem conservados.
A saponificação (adipocera) é outro fenômeno conservador e ocorre em solos
úmidos e ricos em sais calcários. Os locais ideais para a sua formação são os difícil
acesso ao ar atmosférico, com baixa oxigenação e com presença de calor úmido (ex;
terrenos argilosos) . O processo químico consiste na hidratação e desidrogenação das
gorduras corporais que faz com que o corpo apresente uma cor amarelada e aspecto de
uma massa untuosa, mole ou quebradiça (lembrando um queijo). É um fenômeno mais
frequente em indivíduos obesos e por ser um produto de difícil degradação no processo
de putrefação, acaba por ser considerado um fenômeno conservador.
As formas do corpo e feições podem ser preservadas por meses e até anos
facilitando, por exemplo, o reconhecimento do indivíduo e de lesões porventura
existentes. É mais comum essas modificações se restringirem a segmentos do corpo e
seu surgimento é posterior à putrefação.
5 CRONOTANATOGNOSE
É o estudo da data aproximada da morte com base no estudo de um conjunto de
fenômenos, entre eles os fenômenos cadavéricos e o estudo da fauna cadavérica.
Ressalta-se que os fenômenos cadavéricos nem sempre obedecem às
expectativas quanto a sua cronologia, tendo em vista que diversos fatores podem
interferir em sua evolução, como a causa mortis e a influência de fatores ligados ao
meio em que o corpo se encontra.
Quanto à cronologia dos fenômenos cadavéricos, podemos citar:
Algor mortis (resfriamento do cadáver): em geral há decréscimo de 1ºC por hora
até que se alcance o equilíbrio térmico entre corpo e ambiente;
Rigor mortis (rigidez): como já citado, a rigidez geralmente ocorrede acordo
com a seguinte cronologia: Face, nuca e mandíbula: 1 a 4 horas; Músculos
tóraco-abdominais: 2 a 4 horas; Membros superiores: 4 a 6 horas; Membros inferiores: 6
a 8 horas; Desaparece de 36 a 48 horas post mortem, dando lugar à flacidez muscular.
Livor mortis: o assentamento do sangue na parte inferior do corpo tem a sua
cronologia variando de acordo com temperatura, intoxicações, causa da morte, entre
outros. Pode ter início na primeira hora da morte, se fixando em 2 a 3 horas nas vísceras
e de 8 a 10 horas na pele.
Mancha verde abdominal: é influenciada pela temperatura do ambiente e surge
de 18 a 24 horas após a morte, estendendo-se ao resto do corpo em cerca de 4 dias.
Gases de putrefação: há detecção de gás sulfídrico a partir de 9 a 12 horas após o
óbito.
6 INUMAÇÃO E EXUMAÇÃO
Inumação é o sepultamento do cadáver. Por lei, não pode ser feito antes das 24
horas a não ser que haja autorização médica e é preferível que não ultrapasse 36 horas.
Já a exumação consiste no desenterramento do cadáver para análise cadavérica,
identificação ou translado. Após aberta a sepultura, deve-se fotografar o cadáver (ou
ossada) na posição em que foi encontrada. O exame cadavérico é feito a céu aberto ou
em local específico dentro do cemitério. Após a perícia o cadáver é novamente
inumado.
Exumar sem permissão legal caracteriza infração penal (art. 67 da Lei de
Contravenções Penais).
8 CREMAÇÃO E EMBALSAMENTO
A cremação é a incineração do corpo, que é reduzido a cerca de 2kg de
cinzas depois de concluído o processo em um adulto. Esse processo é feito em fornos
que possuem uma temperatura de 1000 a 1200 graus, reduzindo um corpo adulto a
cinzas em 1,30 minutos. As vantagens desse procedimento são o seu aspecto higiênico,
a economia de espaço (corpo cremado ocupa um espaço 14 ou 20 vezes menor que o
inumado). Em contraponto, há a desvantagem causada pela impossibilidade de
verificação post mortem caso haja suspeita de crime.
Esse tipo de procedimento só pode ser feito se houver, em vida, a vontade
expressa de que procedimento seja realizado, mas compulsoriamente ele pode ser feito
caso seja interesse da saúde pública, também é preciso que o atestado de óbito esteja
assinado por dois médicos ou por um legisperito e no caso de morte violenta o corpo só
pode ser cremado se houver autorização judicial.
Já o embalsamento consiste na introdução nos vasos sanguíneos e nas cavidades
tóraco-abdominal e craniana de líquidos desinfetantes e conservadores. Tem como
objetivo impedir a putrefação do cadáver. É indicado em caso em que o sepultamento
será realizado em prazo superior a 4 dias ou quando for preciso transportar o corpo para
fora do país ou estado. O transporte de corpos sem o embalsamento tem um prazo
máximo de 24 horas entre o óbito e o sepultamento.
10 MORTE NATURAL, MORTE VIOLENTA, MORTE SUSPEITA, MORTE
SÚBITA, MORTE AGÔNICA E SOBREVIVÊNCIA
Para confirmar um diagnóstico diferencial a respeito das causas jurídicas da
morte é preciso fazer o exame do local da morte, além do exame do corpo, a fim de ter
uma visão mais completa sobre o ocorrido e sobre o autor, se tiver um. O mecanismo de
morte pode orientar para uma determinada causa jurídica, o enforcamento para o
suicídio, por exemplo, mas não é determinante.
As lesões externas têm muita importância para determinar a causa jurídica da
morte. Elas se apresentam de diferentes formas, através de lesões de defesa, de luta,
lesões na vítima provocadas pelo agressor. A partir do local dos ferimentos no cadáver
diversas interpretações podem surgir, no geral os suicidas escolhem áreas fatais, o
agente agressor pode ter preferência em áreas fatais ou não ter nenhuma preferência e
em acidentes as lesões são muito diversificadas.
A direção da ferida também é de suma importância, pois pode indicar a posição
da vítima, os movimentos feitos por ela ou pelo agressor. O número de ferimentos pode
ajudar a indicar uma determinada causa jurídica, de forma geral a multiplicidade de
lesões aponta para o homicídio. O exame do suspeito de autoria de crime também pode
ter elementos importantes, podendo apresentar lesões, como dentadas, provocadas pela
vítima na tentativa de se defender, ou manchas de sangue nas vestes.
A arma utilizada pode indicar algum tipo de causa jurídica. A mudança de local
da vítima é suspeita na medida em que chama atenção para o crime doloso, já o perfil
psicológico da vítima como isolamento e depressão chamam mais atenção para o
suicídio. O exame de local de morte também é um elemento esclarecedor da causa
jurídica de uma morte..
A morte súbita é aquela que tem efeito imediato ou instantâneo. Em segundo
lugar, a morte mediata possibilita à vítima a sobrevivência de algumas horas, sendo
possível prestar socorro ao indivíduo. Em terceiro lugar a morte agônica ou tardia que
se arrasta por dias ou semanas. Por fim a “sobrevivência” ou seja, o período de tempo
que vai desde o evento danoso até a morte. A perícia deve tentar esclarecer as condições
de morte e sua causa, assim a necrópsia e os exames subsidiários são determinantes.
Para determinar melhor o período de sobrevivência se faz uma docimasia
hepática, nela analisa-se a quantidade de glicogênio no fígado, se o indivíduo ao morrer
tinha o fígado funcionalmente espoliado ele teve uma morte agônica, se apresentar toda
a reserva de glicogênio a morte foi instantânea. Além disso também há as docimasias
supra-renais, nelas buscam-se dosar a adrenalina.
11- DIAGNOSE DIFERENCIAL DAS LESÕES ANTE E POST MORTEM
Identificar as lesões produzidas em vida ou depois da morte pode elucidar
diversas questões que surgem nas diferentes mortes. As lesões podem ter sido feitas
bem antes da morte, imediatamente antes da morte, logo após a morte e certo tempo
depois da morte. A perícia utiliza de meios tradicionais e meios subsidiários para
diagnosticar tais lesões. Os meios tradicionais fundamentam-se nas alterações
físico-patológicas in vivo, através dos mecanismos de reação de defesa do organismo
humano. Alguns desses sinais podem ser produzidos nas primeiras fases depois da
morte, mas não deixam de ser importantes para identificar uma reação vital. Os meios
subsidiários utilizam a prova de Verderau, a prova histológica, a microscopia eletrônica,
a histoquímica e os métodos bioquímicos. A prova de Verderau compara a relação
existente entre as hemácias e leucócitos da lesão suspeita, tomando como parâmetro
esses elementos figurados do sangue de outra região qualquer do corpo.
REFERÊNCIAS
CROCE, Delton; CROCE JÚNIOR, Delton. Manual de Medicina Legal. Capítulo 10:
Tanatologia Forense. São Paulo, Saraiva, 8º ed, 2012.
BRASIL, BRASÍLIA. Lei número 9434 de 04 de fevereiro de 1997. Acessível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9434.htm>
BRASIL, BRASÍLIA. Decreto número 2268 de 30 de junho de 1997. Acessível em
<https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1997/decreto-2268-30-junho-1997-34145
9-norma-pe.html>
Conselho Federal de Medicina. Resolução número 1480 de 21 de agosto de 1997.
Acessível em< https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/1997/1480>
FRANÇA, Genival. Medicina Legal. São Paulo, Saraiva, 11ª ed, 2017.

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