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- nota da ledora - informações úteis: nos exercícios do livro, as lacunas foram
substituídas por abertura e fechamento de parênteses, ex: (). Nos mesmos exercícios,
quando surgem as palavras grifado ou destacado, a expressão ou palavra, recebeu
parênteses visando destacá-la. As notas de ledora visam transformar informações
visual, através da interpretação da
ledora, em complementação de informação para o leitor; as mesmas serão sempre
precedidas de - nota da ledora, e fim da nota; a ledora pede, especial, atenção para a
existência de palavras grafadas erradas, na parte de exercícios, embora a fonética seja
parecida com a grafia correta, as vezes a diferença entre o certo e o errado, é de apenas
uma letra.
- fim da nota.
Gramática da Língua Portuguesa
Pasquale Cipro Neto & Ulisses Infante
editora scipione
DIRETORIA
Luiz Esteves Sallum
Vicente Paz Femandez
José Gallafassi Filho
Antonio Carlos Fiore
GERÊNCIA EDITORIAL
Aurelio Gonçalves Filho
RESPONSABILIDADE EDITORiAL
Angelo Alexandref Stefanovits
ASSISTÊNCIA EDITORIAL
Sandra Cristina Fernandez
REVISÃO
chefia - Sãmia Rios
assistência - Miriam de Carvalho Abões
revisão - Sílvia Cunha, Ana Curci e Dráusio de Paula
GERÊNCIA DE PRODUÇÃO
Gil Naddaf
ARTE
coordenação geral - Sérgio Yutaka Suwaki
edição de arte - Didier D. C. Dias de Moraes
coordenação de arte - Ascensión Rojas
assistência - Joseval Souza Fernandes e Hernani R. Alves
capa e miolo - Ulhôa Cintra Comunicação Visual
ilustrações - Vera Basile
pesquisa iconográfica - Angelo Alexandref Stefanovits,
Lourdes Guimarães, Luciano Carvalho e Edson Rosa
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
José Antonio Ferraz
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA E FOTOLITO
Reflexo Fotolito Ltda.
IMPRESSÃO E ACABAMENTO
Prol - Editora Gráfica Ltda
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Dados Internacionnais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do LIyro, SP, Brasil )
Cipro Neto, Pasquale: Gram;atica de língua portuguesa, / Pasquale e Ulisses - São Paulo
/ Scipione, 1998.
1. Português (2o. grau) - Gramática.
2. Português, 2o. grau - gramática - problemas, exercícios, etc. .
3. Português - Gramática - (Vestibular) . I. Infante, Ulisses. II. Título.
1. Índice de catálogo sistemático, Gramática: Português: Ensino de 2o. grau 469.507
1a. edição
2a. impressão
1998.
APRESENTAÇÃO:
A Gramática é instrumento fundamental para o domínio do padrão culto da língua. A
Gramática, e não as gramatiquices. A Gramática que mostra o lado lógico, inteligente,
racional dos processos lingüísticos.
A Gramática que esmiúça a estrutura da frase, do texto.A Gramática que mostra o
porquê.
Para o estudo dos variados tópicos gramaticais, este livro toma como referência a
chamada língua viva -textos de jornais e revistas, mensagens publicitárias, letras de
músicas e obras literárias contemporâneas, sem deixar de lado os clássicos. Boa parte
dos textos foi selecionada durante anos de convivência direta com a língua dos meios de
comunicação.
O aluno pode sempre praticar o que aprendeu, com exercícios estruturais, com análise e
interpretação de textos e com questões dos mais variados e importantes vestibulares de
muitas regiões do pais. Queremos que este livro ajude o aluno a desenvolver o senso
crítico necessário para compreender os processos lingüísticos e, com eles - por que não?
-,compreender a realidade.
Os autores
A Paulo Freire, mestre dos mestres
Capítulo 1
Introdução geral.
1. Língua: conceitos básicos.
2. Língua: unidade e variedade.
3. História e geografia da língua portuguesa.
4. A Gramática.
Divisão da gramática.
Morfossintaxe.
PARTE 1 - FONOLOGIA
Capítulo 2
Fonologia.
1. Conceitos básicos.
2. Atividade.
2. Os fonemas da língua portuguesa.
3.Classificação dos fonemas portugueses.
Vogais.
Semivogais.
Consoantes.
Atividades.
4. Sílabas.
5. Encontros vocálicos.
6. Encontros consonantais.
7. Dígrafos.
8. Divisão silábica.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 3
Ortografia.
1. Conceitos básicos.
2. O alfabeto português.
3. Orientações ortográficas.
Noções preliminares.
Alguns fonemas e algumas letras.
O fonema /s/ (letra x ou dígrafo ch).
O fonema /g/ (letras g e j).
Atividades.
O fonema /z/ (letras s e z).
O fonema /s/ (letras s, c, ç e x ou dígrafos sc, sç, ss, xc e xs).
Ainda a letra x.
As letras e e i.
As letras o e u.
A letra h.
Atividades.
Texto para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 4
Acentuação
1. Conceitos básicos.
2. Acentuação tônica.
Atividades.
3. Acentuação gráfica.
Os acentos.
Aspectos genéricos das regras de acentuação.
As regras básicas.
Atividades.
As regras especiais.
Hiatos.
Ditongos.
Formas verbais seguidas de pronomes oblíquos.
Acentos diferenciais.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
PARTE 2 - MORFOLOGIA
Capítulo 5
Estrutura e formação das palavras
1. Conceitos básicos.
Atividade.
2. Classificação dos morfemas.
Atividade.
3. Estudo dos morfemas ligados às flexões das palavras.
Vogais temáticas.
Desinências.
Atividade.
4. Processos de formação das palavras.
Derivação.
Derivação prefixal ou prefixação.
Derivação sufixal ou sufixação.
Derivação parassintética ou parassíntese.
Derivação regressiva.
Derivação imprópria.
Prefixos.
Atividades.
Sufixos.
Atividades.
Textos para análise.
Composição.
Tipos de composição.
Atividade.
Radicais e compostos eruditos.
Atividades.
Outros processos de formação de palavras.
Abreviação vocabular.
Siglonimização.
Palavra-valise.
Onomatopéia.
Outros processos de enriquecimento do léxico.
Neologismo semântico.
Empréstimos lingüísticos.
Atividade.
Textos para análise
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 6
Estudo dos verbos (I)
1. Introdução.
2. Conceito.
3. Estrutura das formas verbais.
4. Flexões verbais.
Flexão de número e pessoa.
Flexão de tempo e modo.
Flexão de voz.
Atividades.
5. Conjugações.
Paradigmas dos verbos regulares.
Atividades
6. Formação dos tempos simples.
Tempos derivados do presente do indicativo.
Atividades.
Tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo.
Atividades.
Tempos e formas nominais derivados do infinitivo impessoal.
Atividades.
7. Alguns verbos regulares que merecem destaque.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 7
Estudo dos verbos (II)
1. Introdução.
2. Verbos irregulares.
Verbos irregulares apenas na conjugação do presente do indicativo e tempos derivados.
Atividades.
Verbos irregulares no presente e no pretérito perfeito do indicativo e respectivos tempos
derivados.
Atividades.
3. Verbos defectivos.
Primeiro grupo.
Segundo grupo.
4. Verbos abundantes.
Atividades.
5. As particularidades da conjugação dos verbos e os dicionários.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 8
Estudo dos verbos (III)
1. Os modos verbais.
Atividade.
2. Os tempos verbais.
Os tempos do indicativo.
Presente.
Pretérito imperfeito.
Pretérito perfeito.
Pretérito mais-que-perfeito.
Futuro do presente.
Futuro do pretérito.
Atividades.
Os tempos do subjuntivo.
Presente.
Pretérito imperfeito.
Pretérito perfeito.
Pretérito mais-que-perfeito.
Futuro.
Atividades.
3. Valor e emprego das formas nominais.
O infinitivo.
O particípio.
O gerúndio.
4. As locuções verbais.
5. O aspecto verbal.
Atividades.
Texto para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 9
Estudo dos substantivos
1. Conceito.
2. Classificação.
Substantivos simples e compostos.
Substantivos primitivos e derivados.
Substantivos concretos e abstratos.
Substantivos comuns e próprios.
Substantivos coletivos.
Atividades.
3. Flexões.
Flexão de gênero.
Formação do feminino.
Substantivos biformes.
Substantivos comuns-de-dois ou comuns de dois gêneros.
Substantivos sobrecomuns e epicenos.
Substantivos de gênero vacilante.
Gênero e mudança de significado.
Atividades.
Flexão de número.
Formação do plural.
Substantivos simples.
Substantivos compostos.
Atividades.
Flexão de grau.Formação do grau.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 10
Estudo dos artigos
1. Conceito.
2. Classificação.
3. Combinações dos artigos.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 11
Estudo dos adjetivos 244
1. Conceito.
2. Classificação.
Adjetivos pátrios.
Atividades.
3. Correspondência entre adjetivos e locuções adjetivas.
Atividades.
4.Flexões.
Flexão de gênero.
Adjetivos biformes.
Adjetivos uniformes.
Flexão de número.
Flexão de grau.
Comparativo.
Superlativo.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 12
Estudo dos advérbios
1. Introdução.
2. Conceito.
3. Classificação.
4. Flexão.
Grau comparativo.
Grau superlativo.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 13
Estudo dos pronomes
1. Conceito.
2. Pronomes pessoais.
Pronomes pessoais do caso reto.
Pronomes pessoais do caso oblíquo.
A segunda pessoa indireta.
Atividades.
3. Pronomes possessivos.
4. Pronomes demonstrativos.
Atividades.
5. Pronomes relativos.
Atividades.
6. Pronomes indefinidos.
7. Pronomes interrogativos.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares, 301.
Capítulo 14
Estudo dos numerais
1. Conceito.
2. Quadros de numerais.
3. Flexões.
4. Emprego.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 15
Estudo das preposições
1. Conceito.
2. Classificação.
3. Combinações e contrações.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 16
Estudo das conjunções
1. Conceito.
2. Classificação.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 17
Estudo das interjeições
1. Conceito.
Atividades.
Textos para análise.
PARTE 3 - SINTAXE 339
Capítulo 18
Introdução à Sintaxe
1. Frase, oração, período.
2. Tipos de frases.
Atividades.
3. As frases e a pontuação.
Atividades.
Capítulo 19
Termos essenciais da oração
1. Conceitos.
Atividades.
2. Tipos de sujeito.
Sujeito determinado.
Sujeito indeterminado.
Orações sem sujeito.
Atividades.
3. Tipos de predicado.
Predicado verbal.
Predicado nominal.
Predicado verbo-nominal.
Atividades.
4. Os termos essenciais e a pontuação.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 20
Termos integrantes da oração
1. Os complementos verbais.
Atividades.
2. O complemento nominal.
Atividades.
3. O agente da passiva.
As vozes verbais.
Atividades.
4. Os termos integrantes e a pontuação.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 21
Termos acessórios da oração e vocativo
1. Adjunto adverbial.
Atividades.
2. Adjunto adnominal.
Atividades.
3. Aposto.
4. O vocativo.
Atividade.
5. Os termos acessórios, o vocativo e a pontuação.
Atividade.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 22
Orações subordinadas substantivas
1. Conceitos básicos.
Atividades.
2. Tipos de orações subordinadas.
Atividade.
3. Estudo das orações subordinadas substantivas.
Subjetivas.
Objetivas diretas.
Objetivas indiretas.
Completivas nominais.
Predicativas.
Apositivas.
Atividades.
4. Pontuação das subordinadas substantivas.
Atividade.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 23
Orações subordinadas adjetivas
1. Estrutura das orações subordinadas adjetivas.
Atividade.
2. Aspectos semânticos: orações restritivas e explicativas.
Atividade.
3. Pronomes relativos: usos e funções.
Que.
Quem.
O qual, os quais, a qual, as quais.
Cujo, cuja, cujos, cujas.
Onde.
Quanto, como, quando.
Atividades.
4. As orações subordinadas adjetivas e a pontuação.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 24
Orações subordinadas adverbiais
1. Introdução.
Atividade.
2. Aspectos semânticos: as circunstâncias.
Causa.
Conseqüência.
Condição.
Concessão.
Atividades.
Comparação.
Conformidade.
Finalidade.
Proporção.
Tempo.
Atividades.
3. As orações subordinadas adverbiais e a pontuação.
Atividade.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 25
Orações coordenadas
1. Introdução.
2. Orações sindéticas e assindéticas.
3. Classificação das orações coordenadas sindéticas.
Aditivas.
Adversativas.
Alternativas.
Conclusivas.
Explicativas.
Atividades.
4. As orações coordenadas e a pontuação.
Atividade.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 26
Concordância verbal e nominal
1. Concordância verbal.
Regras básicas: sujeito composto.
Atividades.
Casos de sujeito simples que merecem destaque.
Atividades.
Casos de sujeito composto que merecem destaque.
Atividade.
O verbo e a palavra se.
Concordância com verbos de particular interesse.
Haver e fazer.
Ser.
Atividades.
Flexão do infinitivo.
Atividade.
2. Concordância nominal.
Regras básicas.
Atividades.
Expressões e palavras que merecem estudo particular.
Atividades.
3. Concordância ideológica.
Atividade.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capítulo 27
Regência verbal e nominal
1. Introdução.
2. Regência verbal.
Verbos intransitivos.
Verbos transitivos diretos.
Verbos transitivos indiretos.
Atividades.
Verbos indiferentemente transitivos diretos ou indiretos.
Verbos transitivos diretos e indiretos.
Atividades.
Verbos cuja mudança de transitividade implica mudança de significado.
Atividades.
Regência nominal.
Atividades.
4. Complemento: o uso do acento indicador de crase.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
PARTE 4 - APÊNDlCE
Capítulo 28
Problemas gerais da língua culta
1. Introdução.
2. Forma e grafia de algumas palavras e expressões.
Que / quê.
Por que / por quê / porque / porquê.
Onde / aonde.
Mas / mais.
Mal / mau.
A par / ao par.
Ao encontro de/de encontro a.
A / há na expressão de tempo.
Acerca de / há cerca de.
Afim / a fim.
Demais / de mais.
Senão / se não.
Na medida em que / à medida que.
Atividades.
3. O uso do hífen.
Palavras compostas.
Prefixos e elementos de composição.
Atividades.
4. Colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capitulo 29
Significação das palavras
Relações de significado entre as palavras.
Atividades.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
Capitulo 30
Noções elementares de Estilística
1. Recursos fonológicos.
2. Recursos morfológicos.
3. Recursos sintáticos.
4. Recursos semânticos.
Textos para análise.
Questões e testes de vestibulares.
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO GERAL
- nota da ledora: dois terços da página é ocupado pela fotografia de um quadro, com
uma maçã, pintada, e a legenda em francês: Ceci n’est pas une pomme.
- fim da nota da ledora.
O título deste quadro de René Magritte - Isto não é uma maçã (1964) - destaca o fato de
que a sua obra constitui uma mera representação pictórica da realidade, não devendo ser
confundida com a própria fruta.
Nesta introdução, estudaremos, entre outros tópicos, o signo lingüístico, a representação
verbal dos elementos do mundo. Tais signos devem ser combinados segundo regras
convencionais para cumprir sua missão comunicativa.
1. Língua: CONCEITOS BÁSICOS
Na origem de toda a atividade comunicativa do ser humano esta a linguagem, que é a
capacidade de se comunicar por meio de uma língua. Língua é um sistema de signos
convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade. Em outras palavras:
um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos
representativos.
Um signo lingüístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: um
significante e um significado, unidos num todo indissolúvel. Ao ouvir a palavra árvore,
você reconhece os sons que a formam. Esses sons se identificam com a
lembrança deles que esta presente em sua memória. Essa lembrança constitui uma
verdadeira imagem sonora, armazenada em seu cérebro - é o significante do signo
árvore. Ao ouvir essa palavra, você logo pensa num "vegetal lenhoso cujo caule,
chamado tronco, só se ramifica bem acima do nível do solo, ao contrário do arbusto, que
exibe ramos desde junto ao solo". Esse conceito,que não se refere a um vegetal
particular, mas engloba uma ampla gama de vegetais, é o significado do signo árvore - e
também se encontra armazenado em seu cérebro.
Ao empregar os signos que formam a nossa língua, você deve obedecer a certas regras
de organização que a própria língua lhe oferece. Assim, por exemplo, é perfeitamente
possível antepor-se ao signo árvore o signo uma, formando a seqüência uma árvore. Já a
seqüência um árvore contraria uma regra de organização da língua portuguesa, o que faz
com que a rejeitemos. Perceba, pois, que os signos que constituem a língua obedecem a
padrões determinados de organização. O conhecimento de uma língua engloba não
apenas a identificação de seus signos, mas também o uso adequado de suas regras
combinatórias.
Como a língua é um patrimônio social, tanto os signos como as formas de combiná-los
são conhecidos e acatados pelos membros da comunidade que a emprega.
Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de seu grupo social de uma maneira
particular, personalizada, desenvolvendo assim a fala (não confunda com o ato de falar;
ao escrever de forma pessoal e única você também manifesta a sua fala, no sentido
científico do termo). Por mais original e criativa que seja, no entanto, sua fala deve estar
contida no conjunto mais amplo que é a língua portuguesa; caso contrário, você estará
deixando de empregar a nossa língua e não será mais compreendido pelos membros da
nossa comunidade.
Estudar a língua portuguesa é tornar-se apto a utilizá-la com eficiência na produção e
interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desses estudos,
amplia-se o exercício de nossa sociabilidade - e, conseqüentemente, de nossa cidadania,
que passa a ser mais lúcida. Ampliam-se também as possibilidades de fruição dos
textos, seja pelo simples prazer de saber produzi-los de forma bem-feita, seja pela
leitura mais sensível e inteligente dos textos literários. Conhecer bem a língua em que se
vive e pensa é investir no ser humano que você é.
- nota da ledora: quadro em destaque na página:
Linguagem - capacidade humana de comunicar por meio de uma língua.
Língua - conjunto de signos e formas de combinar esses signos partilhado pelos
membros de uma comunidade.
Signo - elemento representativo; no caso do signo lingüístico, é a união indissolúvel de
um significante e um significado.
Fala - uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento da liberdade
de compreensão e expressão.
- nota da ledora: fim da nota e do quadro de destaque, na página.
2. Língua: UNIDADE E VARIEDADE
Vários fatores podem originar variações lingüísticas:
a) geográficos - há variações entre as formas que a língua portuguesa assume nas
diferentes regiões em que é falada. Basta pensar nas evidentes diferenças entre o modo
de falar de um lisboeta e de um carioca, por exemplo, ou na expressão de
um gaúcho em contraste com a de um mineiro, como observamos nos anúncios abaixo.
Essas variações regionais constituem os falares e os dialetos.
b) sociais - o português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos meios
de instrução difere do português empregado pelas pessoas privadas de escolaridade.
Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua que goza de prestígio,
enquanto outras são vitimas de preconceito por empregarem formas de língua menos
prestigiadas. Cria-se, dessa maneira, uma modalidade de língua a norma culta -, que
deve ser adquirida durante a vida escolar e cujo domínio é solicitado como forma de
ascensão profissional e social. O idioma é, portanto, um instrumento de dominação e
discriminação social.
Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que alguns grupos
desenvolvem a fim de evitar a compreensão por parte daqueles que não fazem parte do
grupo.
- nota da ledora: na página, dois desenhos de propaganda de um Guia da Fiat, um
dirigido ao Rio Grande do Sul, com o seguinte texto : É um baita guia , Tchê; o outro,
dirigido a Minas Gerais, com o seguinte texto : Estava na hora de Minas ter um trem
destes.
- fim da nota da ledora.
O emprego dessas formas de língua proporciona o reconhecimento fácil dos integrantes
de uma comunidade restrita, seja um grupo de estudantes, seja uma quadrilha de
contrabandistas. Assim se formam as gírias, variantes lingüísticas sujeitas a contínuas
transformações.
c) profissionais - o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas
de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas variantes
têm seu uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, médicos,
químicos, lingüistas e outros especialistas.
d) situacionais em diferentes situações comunicativas, um mesmo indivíduo emprega
diferentes formas de língua. Basta pensar nas atitudes que assumimos em situações
formais (por exemplo, um discurso numa solenidade de formatura e em situações
informais (uma conversa descontraída com amigos, por exemplo).
A fala e a escrita também implicam profundas diferenças na elaboração de mensagens.
A tal ponto chegam essas variações, que acabam surgindo dois códigos distintos, cada
qual com suas especificidades: a língua falada e a língua escrita.
- nota da ledora: quadro em destaque, na página, ilustrado com uma caricatura de
Fernando Pessoa, por Loredano. - fim da nota da ledora.
A língua literária : Quando o uso da língua abandona as necessidades estritamente
práticas do cotidiano comunicativo e passa a incorporar preocupações estéticas, surge a
língua literária. Nesse caso, a escolha e a combinação dos elementos lingüísticos,
subordinam-se a atividades criadoras e imaginativas. Código e mensagens adquirem
uma importância elevada, deslocando o centro de interesse para aquilo que a língua é
em detrimento daquilo para que ela serve. Isso ocorre, por exemplo, nos
seguintes versos de Fernando Pessoa:
"O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo."
3. HISTÓRIA E GEOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA:
A formação, o desenvolvimento e a expansão da língua portuguesa estão obviamente
vinculados à história dos povos que a criaram e ainda hoje a empregam e transformam.
O português é uma língua neolatina, novilatina ou românica, pois foi formado a partir
das transformações verificadas no latim levado pelos dominadores romanos à região da
Península Ibérica. Em seu desenvolvimento histórico, podem ser apontados os seguintes
períodos:
a) protoportuguês - do século IX ao século XII. A documentação desse período é muito
rara: são textos redigidos em latim bárbaro, nos quais se encontram algumas palavras
portuguesas;
b) português histórico - do século XII aos dias atuais. Esse período subdivide-se em
duas fases:
- fase arcaica: do século XII até ao século XV. Nessa fase, houve inicialmente uma
língua comum ao noroeste da Península Ibérica (regiões da Galiza e norte de Portugal),
o galego-português ou galaico-português, fartamente documentado em textos que
incluem uma literatura de elevado grau de elaboração (a lírica galego-portuguesa). Com
a separação política de Portugal e sua posterior expansão para o sul, o português e o
galego se foram individualizando, transformando-se o primeiro numa língua nacional e
o segundo num dialeto regional.- fase moderna: do século XVI aos dias atuais.
Devemos distinguir o português clássico (séculos XVI e XVII) do português pós-
clássico (do século XVIII aos nossos dias). Na época do português clássico, tiveram
início os estudos gramaticais e desenvolveu-se uma extensa literatura, em grande parte
influenciada por modelos latinos. No período pós-clássico, a língua começou a assumir
as características que hoje apresenta. A partir do século XV, as navegações portuguesas
iniciaram um longo processo de expansão lingüística. Durante alguns séculos, a língua
portuguesa foi sendo levada a várias regiões do planeta por conquistadores, colonos e
emigrantes. Atualmente, a situação do português no mundo é aproximadamente a
seguinte:
a) em alguns países,é a língua oficial, o que lhe confere unidade, apesar da existência
de variações regionais e da convivência com idiomas nativos. Incluem-se nesse caso o
Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe.
b) em regiões da Ásia (Macau, Goa, Damão, Diu) e da Oceania (Timor), é falado por
uma pequena parcela da população ou deu origem a dialetos.
- nota da ledora: nesta página, representação cartográfica, dos países que falam
português,
- fim da nota da ledora.
4. GRAMÁTICA é uma palavra de origem grega formada a partir de grámma, que quer
dizer letra. Originalmente, Gramática era o nome das técnicas de escrita e leitura.
Posteriormente, passou a designar o conjunto das regras que garantem o uso modelar da
língua a chamada Gramática normativa, que estabelece padrões de certo e errado para
as formas do idioma. Gramática também é, atualmente, a descrição científica do
funcionamento de uma língua. Nesse caso, é chamada de Gramática descritiva.
A Gramática normativa estabelece a norma culta, ou seja, o padrão lingüístico que
socialmente é considerado modelar e é adotado para ensino nas escolas e para a redação
dos documentos oficiais.Há línguas que não têm forma escrita, como algumas línguas
indígenas brasileiras. Nesses casos, o conhecimento lingüístico é transmitido oralmente.
As línguas que têm forma escrita, como é o caso do português, necessitam da Gramática
normativa para que se garanta a existência de um padrão lingüístico uniforme no qual se
registre a produção cultural. Conhecer a norma culta é, portanto, uma forma de ter
acesso a essa produção cultural e à linguagem oficial.
DIVISÃO DA GRAMÁTICA
Divide-se a Gramática em:
a) Fonologia - estuda os fonemas ou sons da língua e a forma como esses fonemas dão
origem às sílabas. Fazem parte da Fonologia a ortoepia ou ortoépia (estudo da
articulação e pronúncia dos vocábulos), a prosódia (estudo da acentuação tônica dos
vocábulos) e a ortografia (estudo da forma escrita das palavras).
b) Morfologia estuda as palavras e os elementos que as constituem. A Morfologia
analisa a estrutura, a formação e os mecanismos de flexão das palavras, além de dividi-
las em classes gramaticais.
c) Sintaxe - estuda as formas de relacionamento entre palavras ou entre orações. Divide-
se em sintaxe das funções, que estuda a estrutura da oração e do período, e sintaxe das
relações, a qual inclui a regência, a colocação e a concordância.
MORFOSSINTAXE
A classificação morfológica de uma palavra só pode ser feita eficientemente se observar
sua função nas orações. Esse fato demonstra a profunda interligação existente entre a
morfologia e a sintaxe. É por isso que se tem preferido falar atualmente em
morfossintaxe, ou seja, a apreciação conjunta da classificação morfológica e da função
sintática das palavras. O enfoque morfossintático da língua portuguesa será prioritário
neste livro, uma vez que facilita a compreensão de muitos mecanismos da língua.
PARTE 1 - FONOLOGIA
CAPÍTULO 2 - FONOLOGIA
- nota da ledora: um terço da página está ocupado por um anúncio ecológico, português,
sobre a visitação de verão aos parques, com os seguintes termos: Troque as bichas pelos
bichos. (no cartaz, o desenho de um esquilo)
- fim da nota da ledora.
Neste capítulo, estudaremos basicamente os fonemas, que são as menores unidades
lingüísticas capazes de estabelecer diferenças de significado.
Com apenas uma troca de fonema, cria-se uma palavra totalmente distinta, como no
anúncio acima: bichas torna-se bichos. (Em tempo: em Portugal, bichas significa "filas";
o parque convida os habitantes da cidade a trocar as irritações da vida urbana pelo
sossego da vida em meio à natureza.)
1. CONCEITOS BÁSICOS
Fonologia é uma palavra formada por elementos gregos: fono ("som", "voz") e logia
("estudo", "conhecimento"). Significa literalmente "estudo dos sons". Os sons que essa
parte da Gramática estuda são os fonemas (fono + -ema, "unidade
distintiva"). Para compreender claramente o que é um fonema, compare as palavras
abaixo:
solitário solidário
Lendo em voz alta as duas palavras, você percebeu que cada uma das letras destacadas
(t e d) representa um som diferente. Como as palavras têm significados diferentes e a
única diferença sonora que apresentam é a provocada por esses dois sons, somos
levados a concluir que o contraste entre esses dois sons é que produz a diferença de
significado entre as duas palavras. Cada letra representa, no caso, um fonema, ou seja,
uma unidade sonora capaz de estabelecer diferenças de significado.
Em outras palavras, os fonemas são os sons característicos de uma determinada língua.
Com um número relativamente pequeno desses sons, cada língua é capaz de produzir
milhares de palavras e infinitas frases.
Observe que falamos em sons representados pelas letras. Isso porque não se devem
confundir fonemas e letras: os fonemas são sons; as letras são sinais gráficos que
procuram representar esses sons. Essa representação, no entanto, nem sempre é perfeita:
a) há casos em que a mesma letra representa fonemas diferentes (como a letra g, em
galeria e ginástica);
b) há fonemas representados por letras diferentes (como o fonema que as letras g e j
representam em ginástica e jiló);
c) há fonemas representados por mais de uma letra (como em barra ou assar);
d) há casos em que uma letra representa dois fonemas (como o x de anexo, que soa
"ks");
e) há casos em que a letra não corresponde a nenhum fonema (o h de hélice, por
exemplo).
Para evitar dúvidas, acostume-se a ler as palavras em voz alta quando estiver estudando
Fonologia. Afinal, o que interessa nesse caso é o aspecto sonoro dessas palavras. Não
devem ser confundidas com os fonemas, que são sons.
- nota da ledora: quadro em destaque, na página:
Fonologia - parte da Gramática que estuda os fonemas.
Fonemas - unidades sonoras capazes de estabelecer diferenças de significado.
Letras - sinais gráficos criados para a representação escrita das línguas.
ATIVIDADE
Leia em voz alta as palavras abaixo e depois diga quantas letras e quantos fonemas
possui cada uma delas:
a) hora b) acesso c) arrastar d) tóxico
e) distinguir f) querer g) água h) quarto
i) banho j) obsessão l) obcecado m) queijinho
2. OS FONEMAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Como não há necessariamente correspondência entre as letras e os fonemas, foi criado
um sistema de símbolos em que a cada fonema corresponde apenas um símbolo. Esse
sistema é o alfabeto fonético, muito usado no ensino de línguas para indicar a forma de
pronunciar as palavras.
- nota da ledora: fotografia do Coliseum, em Roma, com legenda em italiano (com tipos
minúsculos., e pequena legenda do postal em português)
- fim da nota da ledora.
Como vemos neste dicionário de italiano, os símbolos fonéticos são usados para indicar
a pronúncia das palavras. Em homenagem a este verbete, mostramos ao lado o Coliseu,
uma das principais atrações turísticas de Roma, capital da Itália.
A língua portuguesa do Brasil apresenta um conjunto de 33 fonemas, que podem ser
identificados no quadro abaixo. A cada um deles corresponde um único símbolo escrito
do alfabeto fonético. Por convenção, esses símbolos são colocados entre barras
oblíquas.
FONEMAS DA LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL E SUA TRANSCRIÇÃO
FONOLÓGICA,
consoantes:
Símbolo Exemplo Transcrição fonológica
/p/ paca /paka/
/b/ bula /bula/
/t/ tara /tara/
/d/ data /data/
/k/ cara, quero /kara/, /kero/
/g/ gola, guerra /gola/, /gera/
/f/ faca /faka/
/v/ vala /vala/
/s/ sola, assa, moça /sola/, /asa/, /mosa/
/z/ asa, zero /aza/, /zero/
/s/ mecha, xá, /mesa/, /sa/
- nota da ledora: símbolo representado por uma letra essealongada,
/z/ jaca, gela /jaka/, /gela/
- nota da ledora: símbolo representado por uma letra zê, de zebra, alongada, lembrando
um caractere grego.
/m/ mola /mola/
/n/ nata /nata/
/n/ ninho /nino/
- nota da ledora: letra ene, com a perninha da esquerda mais alongada para baixo,
caractere estranho )
/l/ lata /lata/
/Ã/ calha /kaÃa/
- nota da ledora: este símbolo apresenta-se bastante assemelhado a letra A maiúscula,
com til, ou com um símbolo de Pi, grego, porém não é conhecido pela ledora.
/r/ Mara /mara/
/R/ rota, carroça /Rota/ , /kaRoja
semi- vogais:
cai, põe /kaj/, /pôj/
vogais
pau, pão /paw/, /pãw/
Símbolo Exemplo Transcrição fonológica
/a/ cá /ka/
/e/ mel /mel/
/e/ seda /seda/
/i/ rica /Rika/
/s/ sola /ssla/
/o/ soma /soma/
/u/ gula /gula/
/ã/ manta, maçã /manta/, /maçã/
/e - til / tenda /t -til - da/
/I - til / cinta /sínta/
/õ/ conta, põe /kõta", /pôj/
/u - til / fundo /fu~do/
- nota da ledora: a ledora acredita que os fonemas não serão bem traduzidos pelo
sistema de sintetizador de voz, devido à grafia que é utilizada para descreve-los, melhor
sistema seria o próprio leitor pronunciar as palavras e observar os sons produzidos pelas
mesmas.
- fim da nota da ledora.
Observação: O uso dos símbolos para transcrição fonológica permite-nos perceber com
clareza alguns problemas da relação entre fonemas e letras. Note, por exemplo, como o
símbolo /k/ transcreve como um mesmo fonema o som representado pela letra c em cara
e pelas letras qu em quero.
Os fonemas da língua portuguesa são classificados em vogais, semivogais e consoantes.
Esses três tipos de fonemas são produzidos por uma corrente de ar que pode fazer vibrar
ou não as cordas vocais. Quando ocorre vibração, o fonema é chamado sonoro; quando
não, o fonema é surdo. Além disso, a corrente de ar pode ser liberada apenas pela boca
ou parcialmente também pelo nariz. No primeiro caso, o fonema é oral; no segundo, é
nasal.
VOGAIS
As vogais são fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente
pela boca. Em nossa língua, desempenham o papel de núcleo das sílabas. Em termos
práticos, isso significa que em toda sílaba há necessariamente uma única vogal.
As diferentes vogais resultam do diferente posicionamento dos músculos bucais (língua,
lábios e véu palatino). Sua classificação é feita em função de diversos critérios:
a) quanto à zona de articulação, ou seja, de acordo com a região da boca em que se dá a
maior elevação da língua; assim, podem ser anteriores, centrais e posteriores;
b) pela elevação da região mais alta da língua; podem ser altas, médias e baixas;
c) quanto ao timbre; podem ser abertas ou fechadas.
Além desses critérios, as vogais podem ser orais ou nasais. Todos os fonemas vocálicos
são sonoros.
O quadro abaixo apresenta a classificação das vogais portuguesas de acordo com esses
critérios.
Classificação das vogais
Anteriores Centrais Posteriores
- nota da ledora: representação esquemática de sons provocados pelos fonemas, já
descritos na página anterior.
- fim da nota da ledora.
SEMIVOGAIS
Há duas semivogais em português, representadas pelos símbolos /j/ e /w/ e produzidas
de forma semelhante às vogais altas /i/ e /u/. A diferença fundamental entre as vogais e
as semivogais está no fato de que estas últimas não desempenham o papel de núcleo
silábico. Em outras palavras: as semivogais necessariamente acompanham alguma
vogal, com a qual formam sílaba.
As letras utilizadas para representar as semivogais em português são utilizadas também
para representar vogais, o que cria muitas dúvidas. A única forma de diferenciá-las
efetivamente é falar e ouvir as palavras em que surgem:
país-pais baú - mau
Em país e baú, as letras i e u representam respectivamente as vogais /i/ e /u/. Já em pais
e mau, essas letras representam as sem vogais /j/ e /w/. Isso pode ser facilmente
percebido se você observar como a articulação desses sons é diferente em cada caso;
além disso, observe que país e baú têm ambas duas sílabas, enquanto pais e mau têm
ambas uma única sílaba.
Em algumas palavras, encontramos as letras “e” e “o” representando as semivogais:
mãe (/mãj/)
pão (/pãw/)
- nota da ledora: foto de uma camiseta com a seguinte legenda, estampada na mesma:
São Paulo comeu a bola. São Paulo campeão do mundo.
- fim da nota da ledora.
Na palavra São, vemos um caso em que a semivogal /w/ é representada pela letra o.
CONSOANTES
Para a produção das consoantes, a corrente de ar expirada pelos pulmões encontra
obstáculos ao passar pela cavidade bucal. Isso faz com que as consoantes sejam
verdadeiros "ruídos", incapazes de atuar como núcleos silábicos. Seu nome provém
justamente desse fato, pois, em português, sempre soam com as vogais, que são os
núcleos das sílabas.
A classificação das consoantes baseia-se em diversos critérios:
a) modo de articulação - indica o tipo de obstáculo encontrado pela corrente de ar ao
passar pela boca. São oclusivas aquelas produzidas com obstáculo total; são constritivas
as produzidas com obstáculo parcial. As constritivas se subdividem
em fricativas (o ar sofre fricção), laterais (o ar passa pelos lados da cavidade bucal) e
vibrantes (a língua ou o véu palatino vibram);
b) ponto de articulação - indica o ponto da cavidade bucal em que se localiza o
obstáculo à corrente de ar. As consoantes podem ser bilabiais (os lábios entram em
contato), labiodentais (o lábio inferior toca os dentes incisivos superiores),
linguodentais (a língua toca os dentes incisivos superiores), alveolares (a língua toca os
alvéolos dos incisivos superiores), palatais (a língua toca o palato duro ou céu da boca)
e velares (a língua toca o palato mole, ou véu palatino);
c) as consoantes podem ser surdas ou sonoras, de acordo com a vibração das cordas
vocais, e ainda orais ou nasais, de acordo com a participação das cavidades bucal e
nasal no seu processo de emissão.
O quadro abaixo reúne esses diversos critérios de classificação.
- nota da ledora: tabela de bilabiais, labiodentais, linguodentais, alveolares,
palatares, velares, conforme o descrito acima.
- fim da nota da ledora.
Classificação das consoantes portuguesas
Observação:
Em alguns casos, as consoantes distinguem-se uma da outra apenas pela vibração das
cordas vocais. É o que ocorre, por exemplo, com /p/ e /b/ (compare pomba e bomba) ou
/t/, e /d/ (compare testa e desta). Nesses casos, as consoantes
são chamadas homorgânicas.
ATIVIDADES
1. Classifique Os fonemas representados pelas
letras destacadas em vogais ou semivogais:
a) sou
b) são
c) luar
d) averigúe
e) mágoa
f) cães
g) mais
h) Taís
i) soe
2. Substitua as vogais orais representadas pelas letras destacadas nas palavras seguintes
por vogais nasais:
a) mato
b) seda
c) cito
d) pote
e) mudo
3. Substitua cada uma das consoantes representadas pelas letras destacadas nas palavras
seguintes pela respectiva consoante homorgânica:
a) gado
b) teto
c) pato
d) peixinho
e) chato
f) vale
4. Leia atentamente, em voz alta, as palavras de cada par seguinte. Procure pronunciá-
las nitidamente:
a) tom/tão
b) som/são
c) saia/ceia
d) comprido/cumprido
e) quatro/quadro
f) aceitar/ajeitar
g) xingar/gingar
4. SILABAS
As sílabas são conjuntos de um ou mais fonemas pronunciados numa única emissão de
voz. Em nossa língua, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal: não existe sílaba sem
vogal e nuncahá mais do que uma única vogal em cada sílaba.
Cuidado com as letras i e u (mais raramente com as letras “e” e “o”), pois, como já
vimos, elas podem representar também semivogais, que não são nunca núcleos de sílaba
em português.
Revista Propaganda Leia e assine O8O-154555
Pro-pa-gan-da é exemplo de palavra polissílaba.
As sílabas, agrupadas, formam vocábulos. De acordo com o número de sílabas que os
formam, os vocábulos podem ser:
a) monossílabos - formados por uma única sílaba: é, há, ás, cá, mar, flor, quem, quão;
b) dissílabos - apresentam duas sílabas: a-i, a-li, de-ver, cle-ro, i-ra, sol-da, trans-por;
c) trissílabos - apresentam três sílabas: ca-ma-da, O-da-ir, pers-pi-caz, tungs-tê-nio,
felds-pa-to;
d) polissílabos - apresentam mais do que três sílabas: bra-si-lei-ro, psi-co-lo-gi-a, a-ris-
to-craci-a, o-tor-ri-no-la-rin-go-lo-gis-ta.
5. ENCONTROS VOCÁLICOS
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes
intermediárias. E importante reconhecê-los para fazermos a correta divisão silábica dos
vocábulos. Há três tipos de encontros:
a) hiato - é o encontro de duas vogais num vocábulo, como em saída (sa-í-da). Os hiatos
são sempre separados quando da divisão silábica: mô-o, ru-im, pa-ís;
b) ditongo - é o encontro de uma vogal com uma semivogal ou de uma semivogal com
uma vogal; em ambos os casos, vogal e semivogal pertencem obviamente a uma mesma
sílaba. O encontro vogal + semivogal é chamado de ditongo decrescente (como em moi-
ta, cai, mói). O encontro semivogal + vogal forma o ditongo crescente (como em qual,
pá-tria, sério). Os ditongos podem ser classificados ainda em orais (todos os
apresentados até agora) e nasais (como mãe ou pão);
C) tritongo - é a seqüência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal,
sempre nessa ordem. O tritongo pertence a uma única sílaba: Pa-ra-guai, quão. Os
tritongos podem ser orais ( Paraguai) ou nasais (quão).
Observações
1. A terminação -em (/êj/) em palavras como ninguém, alguém, também, porém e a
terminação -am (/áw/) em palavras como cantaram, amaram, falaram representam
ditongos nasais decrescentes.
2. É tradicional considerar hiato o encontro entre uma semivogal e uma vogal ou entre
uma vogal e uma semivogal que pertencem a sílabas diferentes. Isso ocorre quando há
contato entre uma vogal e um ditongo, como em i-déi-a, io-iô.
3. Há alguns encontros vocálicos átonos e finais que são chamados de instáveis porque
podem ser pronunciados como ditongos ou como hiatos: -ia (pátria), -ie (espécie), -io
(pátio), -ua (árdua), -ue (tênue), -uo (vácuo). A tendência predominante é pronunciá-los
como ditongos.
6. ENCONTROS CONSONANTAIS
O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediária, recebe o nome de
encontros consonantais:
a) consoante + “l” ou “r” - são encontros que pertencem a uma mesma sílaba, como nos
vocábulos pra-to, pla-ca, bro-che, blu-sa, trei-no, a-tle-ta, cri-se, cla-ve, fran-co, flan-co;
b) duas consoantes pertencentes a sílabas diferentes - é o que ocorre em ab-di-car, sub-
so-lo, ad-vo-ga-do, ad-mi-ti r, al-ge-ma, cor-te.
Há grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis:
pneu-mo-ni-a, psi-co-se, gno-mo.
7. DÍGRAFOS
A palavra dígrafo é formada por elementos gregos: di, "dois", e grafo, "escrever". O
dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema.
Também se pode usar a palavra digrama (di, "dois"; gramma, "letra") para
designar essas ocorrências.
Observação
Gu e qu nem sempre representam dígrafos. Isso ocorre apenas quando, seguidos de e
OU i, representam os fonemas /g/ e /k/: guerra, quilo. Nesses casos, a letra u não
corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o u representa uma
semivogal ou uma vogal: agüentar, lingüiça, freqüente, tranqüilo; averigúe, argúi - o que
significa que gu e qu não são dígrafos. Também não há dígrafo quando são seguidos de
a ou u: quando, aquoso, averiguo.
Podemos dividir os dígrafos da língua portuguesa em dois grupos: os consonantais e os
vocálicos.
a) dígrafos consonantais
ch - representa o fonema /f/: chuva, China;
lh - representa o fonema N: alho, milho;
nh - representa o fonema /D/: sonho, venho;
rr - representa o fonema /R/, sendo usado unicamente entre vogais: barro, birra, burro;
ss - representa o fonema /s/, sendo usado unicamente entre vogais: assunto, assento,
isso;
sc - representa o fonema /s/: ascensão, descendente;
sç - representa o fonema /s/: nasço, cresça;
xc - representa o fonema /s/: exceção, excesso;
xs - representa o fonema /s/: exsuar, exsudar;
gu - representa o fonema /g/: guelra, águia;
qu - representa o fonema /k/: questão, aquilo.
b) dígrafos vocálicos
am e an - representam o fonema /ã/: campo, sangue;
em e en - representam o fonema /ê/: sempre, tento;
im e in - representam o fonema /i - til /: limpo, tingir;
om e on - representam o fonema /õ/: rombo, tonto;
um e un - representam o fonema /ú/: nenhum, sunga.
8. DIVISÃO SILÁBICA
A divisão silábica gramatical obedece a algumas regras básicas, que apresentaremos a
seguir. Se você observar atentamente essas regras, vai perceber que os conceitos que
estudamos até agora servem para justificá-las:
a) ditongos e tritongos pertencem a uma única sílaba: au-tô-no-mo, ou-to-no, di-nhei-ro;
U-ru-guai, i-guais;
b) os hiatos são separados em duas sílabas: du-e-to, a-mên-do-a, ca-a-tin-ga;
c) os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu pertencem a uma única sílaba: chu-va, mo-lha, es-ta-
nho, guel-ra, a-que-la;
d) as letras que formam os dígrafos rr, ss, sc, sç, xs e xc devem ser separadas: bar-ro, as-
sun-to, des-cer, nas-ço, es-xu-dar, ex-ce-to;
e) os encontros consonantais que ocorrem em sílabas internas devem ser separados,
excetuando-se aqueles em que a segunda consoante é l ou r: con-vic-ção, as-tu-to, ap-to,
cír-cu-lo, ad-mi-tir, ob-tu-rar, etc.; mas a-pli-ca-ção, a-pre-sen-tar, a-brir, re-tra-to, de-
ca-tio. Lembre-se de que os grupos consonantais que iniciam palavras não são
separáveis: gnós-ti-co, pneu-má-ti-co, mne-mô-ni-co.
O conhecimento das regras de divisão silábica é útil para a tranlineação das palavras, ou
seja, para separá-las no final das linhas. Quando houver necessidade da divisão, ela deve
ser feita de acordo com as regras acima. Por motivos estéticos e de clareza, devem-se
evitar vogais isoladas no final ou no início de linhas, como a-/sa ou jundia/-í. Também
se aconselha a repetição do hífen quando a divisão coincidir com a de um hífen
preexistente (pré-datado e disse-me, por exemplo, transli-
neados pré-/-datado e disse-/-me).
Ortoepia ou Ortoépia
Formado por elementos gregos (orto, "correto"; epos, "palavra"), ortoepia ou ortoépia é
o nome que designa a parte da Fonologia que cuida da correta produção oral das
palavras. Colocamos abaixo uma relação que você deve ler cuidadosamente em voz
alta: lembre-se de que estamos falando da forma de pronunciar essas palavras de acordo
com o padrão culto da língua portuguesa, importante para você comunicar-se
apropriadamente em vários momentos de sua
vida.
advogado aforismo aterrissagem adivinhar babadouro bebedouro bandeija barganha
beneficência, beneficente cabeçalho cabeleireiro caranguelo cataclismo digladiar
disenteria empecilho engajamento estourar (estouro, estouras, etc.)
estupro/estuprar fratricídio frustração, frustrar lagarto, lagartixa manteigueira mendigar,
mendigo meritíssimo meteorologia mortadela prazeroso, prazerosamente privilégio
propriedade, próprio prostração, prostrar reivindicar roubar (roubo, roubas, etc.) salsicha
tireóide umbigo
ATIVIDADES
1. Classifique os encontros vocálicos das palavras abaixo:
a) alguém
b) trouxeram
c) diáspora
d) Mooca
e) tuiuiú
f) Piauí
g) idéia
h) gênio
i) tireóide
j) claustrofobia
I) melancia
m) saíram
n) sobressai
o) sobressaí
p) iguais
q) circuito
r) balões
s) ação
2. Indique, nas palavras a seguir, os dígrafos consonantais e os encontros consonantais:
a) digrama
b) adquirir
c) brita
d) nascer
e) excelente
f) massa
g) pleno
h) chave
i) crítico
j) nasça
l) flexam) bloqueio
n) interpretar
o) classificação
p) oftalmologista
q) terodáctilo
3. Divida em sílabas as palavras seguintes:
a) substância
b) surpreendente
c) adquirir
d) adivinhar
e) ruim
f) gratuito
g) atualização
h) abscesso
i) psiquiatria
j) melancia
I) pneumático
m) adventício
n) introspecção
o) feldspato
TEXTOS PARA ANÁLISE
- nota da ledora: nesta página, anúncio do carro Astra, ocupando meia página, com a
legenda: O Astra não é mais Caro. É mais CARRO.
- fim da nota da ledora.
TRABALHANDO TEXTO:
Observe o texto publicitário acima e responda: de que forma seus conhecimentos de
Fonologia podem explicar os efeitos sonoros obtidos?
Está na cara, está na cura
Está na cara, você não vê,
Que a caretice está no medo,
Você não vê.
Está na cara, você não vê,
Que o medo está na
Medula, você não vê.
Está na cara, você não vê,
Que o segredo está na
Cura, está na cara,
Está na cura desse medo.
Quem tem cara tem medo,
Quem tem medo tem cura,
Essa história de medo é caretice pura.
Vou brincar, que ainda é cedo,
Que o brinquedo está na
Cara, está na cara.
Está na cara
Que o segredo está na cura do medo.
(GIL. Gilberto. In: Gilberto Gil. São Paulo,
Abril, 1982. p. 87- 8. Literatura comentada.).
1. Defina fonema a partir da comparação entre as palavras cara e cura.
2. Diga quantos fonemas e quantas letras têm as palavras: que, história, desse, ainda.
3. Retire do texto exemplos de:
a) ditongos crescentes e decrescentes;
h) dígrafos vocálicos e dígrafos consonantais;
c) encontros consonantais;
d) hiatos.
4. A letra u representa o mesmo fonema em vou e cura? Explique.
5. O texto explora sonoridades de forma expressiva? Comente.
6. O segredo está realmente na cura do medo? Comente.
Como um samba de adeus
Quanto tempo
Mina d'água do meu canto
Manso
Piano e voz
Vento
Campo
Dentro
Antro
Onde reside o lamento
Preto
Da minha voz
Tanto
Tempo
Como nunca mais, eu penso
Como um samba de adeus
Com que jeito acenar
O meu lenço
Branco
Quanto tempo
Pode durar um espanto
Onde lançar a voz
Tempo
Tanto
(HOLLANDA. Chico Buarque de, e VELOSO, Caetano.
In: Nina d’água do meu canto - Gal Costa - CD Sonopress (7432126323-2,1995.)
TRABALHANDO TEXTO
1. Defina fonema a partir do contraste entre os vocábulos canto e tanto
2. Retire do texto exemplos de ditongos e hiatos.
3. Retire do texto exemplos de encontros consonantais. Em qual seqüência do texto
esses encontros são particularmente expressivos?
4. Explique a diferença entre os elementos destacados nas palavras que e quando.
5. Faça um levantamento dos dígrafos vocálicos presentes no texto e responda: há
algum tipo de fonema predominante na canção? Comente.
6. A construção do texto se baseia no conteúdo das palavras ou na sua sonoridade?
Comente.
QUESTÕES E TESTES DE VESTIBULARES
1. (Univ. Alfenas-MG) Assinale a alternativa que identifica os encontros vocálicos e
consonantais presentes nos três grupos de palavras abaixo, na mesma ordem de
ocorrência em cada um deles. Os três grupos apresentam os mesmos encontros
vocálicos e consonantais, pela ordem.
I. poema, reino, pobre, não, chave
II. realize, perdeu, escrevê-lo, estão, que
III. dia, mais, contempla, então, lhe
a) ditongo crescente, ditongo crescente, encontro consonantal, ditongo decrescente,
dígrafo
b) ditongo crescente, ditongo decrescente, encontro consonantal, dígrafo, encontro
consonantal
c) ditongo decrescente, hiato, dígrafo, ditongo decrescente, encontro consonantal
d) hiato, ditongo crescente, encontro consonantal, ditongo decrescente, dígrafo
e) hiato, ditongo decrescente, encontro consonantal, ditongo decrescente, dígrafo
2. (PUCSP) Nas palavras enquanto, queimar, folhas, hábil e grossa, constatamos a
seguinte seqüência de letras e fonemas:
a) 8 - 7, 7 - 6, 6 - 5, 5 - 4, 6 - 5
b) 7 - 6, 6 - 5, 5 - 5,5 - 5,5 - 5
c) 8 - 5, 7 - 5, 6 - 4, 5 - 4,5 - 4
d) 8 - 6,7 - 6, 6 - 5,5 - 4, 6 - 5
e) 8 - 5, 7 - 6, 6 - 5,5 - 5,5 - 5
3. (PUCSP) Indique a alternativa em que todas as palavras têm a mesma classificação
no que se refere ao número de sílabas:
a) enchiam, saíam, dormiu, noite
b) feita, primeiro, crescei, rasteiras
c) ruído, saudade, ainda, saúde
d) eram, roupa, sua, surgiam
e) dia, sentia, ouviam, loura
4. (PUCSP) Indique a alternativa onde constatamos, em todas as palavras, a semivogal i:
a) cativos, minada, livros, tirarem
b) oiro, queimar, capoeiras, cheiroso
c) virgens, decidir, brilharem, servir
d) esmeril, fértil, cinza, inda
e) livros, brilharem, oiro, capoeiras
5. (PUCC-SP) Assinale a alternativa que apresenta tritongo, hiato, ditongo crescente e
dígrafo:
a) quais, saúde, perdoe, álcool
b) cruéis, mauzinho, quais, psique
c) quão, mais, mandiú, quieto
d) agüei, caos, mágoa, chato
e) n.d.a.
6. (ITA-SP) Dadas as palavras:
1) des-a-ten-to
2) sub-es-ti-mar
3) trans-tor-no
constatamos que a separação silábica está correta:
a) apenas em 1
b) apenas em 2
c) apenas em 3
d) em todas as palavras
e)n.d.a.
7. (ITA-SP) Dadas as palavras:
1) tung-stê-nio
2) bis-a-vô
3) du-e-lo
constatamos que a separação silábica está correta:
a) apenas em 1
b) apenas em 2
c) apenas em 3
d) em todas as palavras
e) n.d.a.
8. (UnB-DF) Marque a opção em que todas as
palavras apresentam um dígrafo:
a) fixo, auxílio, tóxico, exame
b) enxergar, luxo, bucho, olho
c) bicho, passo, carro, banho
d) choque, sintaxe, unha, coxa
9. (FASP) Indique a alternativa cuja seqüência
de vocábulos apresenta, na mesma ordem,
o seguinte: ditongo, hiato, hiato, ditongo:
a) jamais, Deus, luar, daí
b) jóias, fluir, jesuíta, fogaréu
c) ódio, saguão, leal, poeira
d) quais, fugiu, caiu, história
10. (FASP) Assinale a alternativa que apresenta os elementos que compõem o tritongo:
a) vogal + semivogal + vogal
b) vogal + vogal + vogal
c) semivogal + vogal + vogal
d) semivogal + vogal + semivogal
11. (ACAFE-SC) Assinale a alternativa onde há somente palavras com ditongos orais:
a) acordou, estações, distraído
b) coordenar, Camboriú, cidadão
c) falei, família, capitães
d) jamais, atribui, defendeis
e) comprimiu, vieram, averigúem
12. (F. Caxias do Sul-RS) A alternativa em que, nas três palavras, há um ditongo
decrescente é:
a) água, série, memória
b) balaio, veraneio, ciência
c) coração, razão, paciência
d) apóio, gratuito, fluido
e) jóia, véu, área
13. (ACAFE-SC) Assinale, na seqüência abaixo, a alternativa em que todas as palavras
possuem dígrafos:
a) histórias, impossível, máscaras
b) senhor, disse, achado
c) passarinhos, ergueu, piedade
d) errante, abelhas, janela
e) homem, caverna, velhacos
14. (UFSC) A única alternativa que apresenta palavra com encontro consonantal e
dígrafo é:
a) graciosa
b) prognosticava
c) carrinhos
d) cadeirinha
e) trabalhava
15. (ACAFE-SC) Assinale a alternativa em que há erro na partição de sílabas:
a) en-trar, es-con-der, bis-a-vô, bis-ne-to
b) i-da-de, co-o-pe-rar, es-tô-ma-go, ré-gua
c) des-cen-der, car-ra-da, pos-so, a-tra-vés
d) des-to-ar, tran-sa-ma-zo-ni-co, ra-pé, on-tem
e) pre-des-ti-nar, ex-tra, e-xer-cí-cio, dançar
CAPÍTULO 3 - ORTOGRAFIA
- nota de ledora: metade da página é ocupada por um desenho com as palavras:
COMICS de A ( representado com a figura do Capitão Asa, herói infantil) a z,
(representado pelo, também super-herói, Zorro).
- fim da nota.
Não é admissível que com um alfabeto tão restrito (apenas 23 letras!) se cometam tantos
erros ortográficos pelo Brasil afora. Estude com cuidado este capítulo para integrar o
grupo de cidadãos que sabem grafar corretamente as palavras da língua portuguesa.
1. CONCEITOS BÁSICOS
A palavra ortografia (formada pelos elementos gregos orto, "correto", e grafia, "escrita")
dá nome à parte da Gramática que se preocupa com a correta representação escrita das
palavras. É a ortografia, portanto, que fixa padrões de correção para a grafia das
palavras. Atualmente, a ortografia em nossa língua obedece a uma combinação de
critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) e fonológicos (ligados aos
fonemas representados).
É importante compreender que a ortografia é fruto de uma convenção. A forma de
grafar as palavras é produtode acordos ortográficos que envolvem os diversos países
em que a língua portuguesa é oficial. Grafar corretamente uma palavra significa,
portanto, adequar-se a um padrão estabelecido por lei. As dúvidas quanto à correção
devem ser resolvidas por meio da consulta a dicionários e publicações oficiais ou
especializadas.
2. O ALFABETO PORTUGUÊS
O alfabeto ou abecedário da nossa língua é formado por vinte e três letras que, com
pequenas modificações, foram copiadas do alfabeto latino. Essas vinte e três letras são:
Letras de imprensa
Aa BbCc Dd Ee Ff Gg Hh li Jj LI Mm Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Xx Zz (nota da
ledora: a leitura dupla das letras, é porque apresentam-se em maiúsculas e minúsculas -
fim da nota).
Grafia cursiva (nota da ledora: aqui, o abecedário apresenta-se em maiúsculas e
minúsculas, manuscritas - fim da nota ).
Além dessas letras, empregamos o Kk, o Ww e o Yy em abreviaturas, siglas, nomes
próprios estrangeiros e seus derivados. Emprega-se, ainda, o ç, que representa o fonema
/s/ diante de a, o ou u em determinadas palavras.
O x pertence ao nosso alfabeto; já o w é usado em siglas e nomes próprios estrangeiros,
como no caso acima, em que o W é logo tipo da fábrica alemã Volkswagen.
- nota da ledora: metade da página está ocupada por uma propaganda da Volkswagen,
ilustrando o uso da letra w.
- fim da nota.
3. ORIENTAÇÕES ORTOGRÁFICAS
A competência para grafar corretamente as palavras está diretamente ligada ao contato
íntimo com essas mesmas palavras. Isso significa que a freqüência do uso é que acaba
trazendo a memorização da grafia correta. Além disso, deve-se criar o hábito de
esclarecer as dúvidas com as necessárias consultas ao dicionário. Trata-se de um
processo constante, que produz resultados a longo prazo.
Existem algumas orientações gerais que podem ser úteis e que devem constituir material
de consulta para as atividades escritas que você desenvolver. Vamos a elas.
NOÇÕES PRELIMINARES
Entre os sons das palavras e também entre as letras que os representam podem ocorrer
coincidências. Isso acontece quando duas (às vezes três) palavras apresentam identidade
total ou parcial quanto à grafia e à pronúncia. Observe: luta (substantivo) e luta (forma
do verbo lutar) apresentam a mesma grafia e a mesma pronúncia. São palavras
homônimas; almoço (substantivo, nome de uma refeição) e almoço (forma do verbo
almoçar) possuem a mesma grafia, mas pronúncia diferente. São palavras homógrafas;
cesta (substantivo) e sexta (numeral ordinal) possuem a mesma pronúncia, mas grafia
diferente. São palavras homófonas.
Há ainda casos em que as palavras apresentam grafias ou pronúncias semelhantes, sem
que, no entanto, ocorra coincidência total. São chamadas parônimas e costumam
provocar dúvidas quanto ao seu emprego correto. E o caso, por exemplo, de pares como
flagrante/fragrante, pleito/preito, vultoso/vultuoso e outros, cujo sentido e emprego
estudaremos adiante.
ALGUNS FONEMAS E ALGUMAS LETRAS
A relação entre os fonemas e as letras não é de correspondência exata e permanente.
Como a ortografia se baseia também na tradição e na etimologia das palavras, ocorrem
problemas que já conhecemos, como a existência de diferentes formas de grafar um
mesmo fonema. Estudaremos alguns desses problemas a partir de agora.
O FONEMA /s/ (nota da ledora: esse fonema já foi descrito pela ledora, em capítulo
anterior, como a letra esse (de sal) alongado. - fim da nota) (LETRA “x” OU
DÍGRAFO “ch”)
A letra x representa esse fonema:
a) após um ditongo: ameixa, caixa, peixe, eixo, frouxo, trouxa, baixo, encaixar, paixão,
rebaixar.
Cuidado com a exceção recauchutar e seus derivados.
b) após o grupo inicial en: enxada, enxaqueca, enxerido, enxame, enxovalho, enxugar,
enxurrada.
Cuidado com encher e seus derivados (lembre-se de cheio) e palavras iniciadas por ch
que recebem o prefixo en-: encharcar (de charco), enchapelar (de chapéu), enchumaçar
(de chumaço), enchiqueirar (de chiqueiro).
c) após o grupo inicial me: mexer, mexerica, mexerico, mexilhão, mexicano. A única
exceção é mecha.
d) nas palavras de origem indígena ou africana e nas palavras inglesas aportuguesadas:
xavante, xingar, xique-xique, xará, xerife, xampu.
Atente para a grafia das seguintes palavras: capixaba, bruxa, caxumba, faxina, graxa,
laxante, muxoxo, praxe, puxar, relaxar, rixa, roxo, xale, xaxim, xenofobia, xícara.
Atente para o uso do dígrafo ch nas seguintes palavras: arrocho, apetrecho, bochecha,
brecha, broche, chalé, chicória, cachimbo, comichão, chope, chuchu, chute, debochar,
fachada, fantoche, fechar, flecha, linchar, mochila, pechincha,
piche, pichar, salsicha, tchau.
Uma boa dica para fixar a grafia de lixo é associá-la a faxina: depois da faxina, refugos
no lixo.
Há vários casos de palavras homófonas cuja grafia se distingue pelo contraste entre o
“x” e o “ch". Eis algumas delas:
brocha (pequeno prego) e broxa (pincel para caiação de paredes);
chá (planta para preparo de bebida) e xá (título do antigo soberano do Irã);
chácara (propriedade rural) e xácara (narrativa popular em versos);
cheque ,(ordem de pagamento) e xeque (jogada do xadrez);
cocho (vasilha para alimentar animais) e coxo (capenga, imperfeito);
tacha (mancha, defeito; pequeno prego) e taxa (imposto, tributo); daí, tachar (colocar
defeito ou nódoa em alguém) e taxar (cobrar impostos).
O FONEMA /g/ (letras “g” e “j”)
- nota da ledora: este fonema já foi descrito em capítulo anterior, é o que se parece com
um número 3, com a perninha inferior, mais alongada. Sua representação lembra
vagamente uma letra grega.
- fim da nota.
A letra g somente representa o fonema /g/ diante das letras e e i. Diante das letras “a”,
“o” e “u”, esse fonema é necessariamente representado pela letra j.
Usa-se a letra g:
a) nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem: agiotagem, aragem,
barragem, contagem, coragem, garagem, malandragem, miragem, viagem; fuligem,
impigem (ou impingem), origem, vertigem; ferrugem, lanugem, rabugem, salsugem.
Cuidado com as exceções pajem e lambujem.
b) nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -igio, -ógio, -úgio: adágio, contágio, estágio,
pedágio; colégio, egrégio; litígio, prestígio; necrológio, relógio; refúgio, subterfúgio.
Preste atenção ainda às seguintes palavras grafadas com g: aborígine, agilidade, algema,
apogeu, argila, auge, bege, bugiganga, cogitar, drágea, faringe, fugir, geada, gengiva,
gengibre, gesto, gibi, herege, higiene, impingir, monge, rabugice, tangerina, tigela,
vagem.
Usa-se a letra j:
a) nas formas dos verbos terminados em -jar: arranjar (arranjo, arranje, arranjem, por
exemplo); despejar (despejo, despeje, despejem); enferrujar (enferruje, enferrujem),
viajar (viajo, viaje, viajem).
b) nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica: jê, jibóia, pajé, jirau, caçanje,
alfanje, alforje, canjica, jerico, manjericão, Moji.
c) nas palavras derivadas de outras que já apresentam j: gorjear, gorjeio, gorjeta
(derivadas de gorja); cerejeira (derivada de cereja); laranjeira (de laranja); lisonjear,
lisonjeiro (de lisonja); lojinha, lojista (de loja); sarjeta (de sarja); rijeza, enrijecer (de
rijo); varejista (de varejo).
Preste atenção ainda às seguintes palavras que se escrevem com j: berinjela, cafajeste,
granja, hoje, intrujice, jeito, jejum, jerimum, jérsei, jiló, laje, majestade, objeção, objeto,
ojeriza, projétil (ou projetil), rejeição, traje, trejeito.
- nota da ledora: anúncio de meia página, da fábrica de brinquedos Estrela, com a
legenda: Não dá pra compreender como te supermercado que vende jiló, e não vende
brinquedo. Pelo visto nosso amiguinho é daqueles que consideram jiló ruim
pra chuchu (na foto, criança fazendo cara feia! )
- fim da nota.
ATIVIDADES
1. Complete as lacunas ( nota da ledora: as lacunas estão representadas pela
abertura e fechamento de parênteses - fim da nota ) das frases abaixo com as
letras apropriadas:
a) Os pei( )es haviam sido encai( )otados na origem.
b) Sentia-se rebai( )ado porque os pneus de seu carro eram recau( )utados.
c) A en( )urrada causou muitos transtornos apopulação de bai( )a renda. Muitas
pessoas ficaram com seus pertences en( )arcados.
d) Não me( )a nisso! E não seja me( )eriqueiro! Deixe as me( )as do cabelo de sua
irmã em paz!
e) Gastava um frasco de ( )ampu a cada banho.
f) A filha da fa()ineira pegou ca( )umba. Foi por isso que a pobre senhora não veio
trabalhar e não porque seja rela( )ada, como você quer dar a entender com um
mu( )o( )o.
g) Suas bo( )e( )as estavam ro( )as de frio. E mesmo assim ela não queria usar o ( )ale
que eu lhe oferecia.
2. Complete as lacunas das frases abaixo com as letras apropriadas:
a) Foi à feira e comprou ( )u( )us, berin( )elas, tan( )erinas, ( )en( )ibre e um quilo de
va( )em.
b) A via( )em foi adiada por alguns dias. Os pais não querem que os filhos via( )em
com um tempo horrível destes.
c) Deixaram que a ferru( )em tomasse conta de todos aqueles velhos objetos. E possível
que deixem enferru( )ar coisas tão bonitas e valiosas?
d) Sentiu forte verti( )em durante a conta( )em dos votos.
e) Sinto-me lison( )eado com a homena( )em prestada pelos vare( )istas desta re( )ião
e garanto que nunca me faltará cora( )em para prosseguir na luta.
f) Seu prestí( )io declinava à proporção que a ori( )em de seus bens era investigada.
g) Com a( )ilidade, apanhou a ti( )ela e encheu-a de ar( )ila. A seguir, com alguns
( )estos, modelou alguma coisa que não consegui distinguir.
3. Escreva uma frase com cada uma das seguintes palavras: tachar, taxar; cheque,
xeque; cocho, coxo.
O FONEMA /z/ (LETRA “s” e “z”)
A letra s representa o fonema /z/ quando é intervocálica: asa, mesa, riso. Usa-se a letra
s:
a) nas palavras que derivam de outra em que já existe s:
casa - casinha, casebre, casinhola, casarão, casario;
liso - lisinho, alisar, alisador;
análise - analisar, analisador, analisante.
b) nos sufixos:
-ês, -esa (para indicação de nacionalidade, título, origem): chinês, chinesa;
marquês, marquesa; burguês, burguesa; calabrês, calabresa; duquesa; baronesa;
-ense, -oso, -osa (formadores de adjetivos): paraense, caldense, catarinense, portense;
amoroso, amorosa; deleitoso, deleitosa; gasoso, gasosa; espalhafatoso, espalhafatosa;
-isa (indicador de ocupação feminina): poetisa, profetisa, papisa, sacerdotisa, pitonisa.
c) após ditongos: lousa, coisa, causa, Neusa, ausência, Eusébio, náusea.
d) nas formas dos verbos pôr (e derivados) e querer: pus, pusera, pusesse, puséssemos;
repus, repusera, repusesse, repuséssemos; quis, quisera, quisesse, quiséssemos.
Atente para o uso da letra s nas seguintes palavras: abuso, aliás, anis, asilo, atrás,
através, aviso, bis, brasa, colisão, decisão, Elisabete, evasão, extravasar, fusível, hesitar,
Isabel, lilás, maisena, obsessão (mas obcecado), ourivesaria, revisão, usura, vaso.
Usa-se a letra z:
a) nas palavras derivadas de outras em que já existe z:
deslize - deslizar,
baliza - abalizado;
razão - razoável, arrazoar, arrazoado;
raiz - enraizar
Como batizado deriva do verbo batizar, também se grafa com z.
- nota da ledora : propaganda do videocassete Toshiba, com legenda: tecla exclusiva
para vídeos de batizados - avanço rápido.
- fim da nota.
b) nos sufixos:
-ez, -eza (formadores de substantivos abstratos a partir de adjetivos): rijo, rijeza; rígido,
rigidez; nobre, nobreza; surdo, surdez; inválido, invalidez; intrépido, intrepidez; sisudo,
sisudez; avaro, avareza; macio, maciez; singelo, singeleza.
-izar (formador de verbos) e ção (formador de substantivos): civilizar, civilização;
humanizar, humanização; colonizar, colonização; realizar, realização; hospitalizar,
hospitalização. Não confunda com os casos em que se acrescenta o sufixo -ar a palavras
que já apresentam s: analisar, pesquisar, avisar.
Observe o uso da letra z nas seguintes palavras: assaz, batizar (mas batismo), bissetriz,
buzina, catequizar (mas catequese), cizânia, coalizão, cuscuz, giz, gozo, prazeroso,
regozijo, talvez, vazar, vazio, verniz.
- nota da ledora: quadro de destaque na página
Há palavras homófonas em que se estabelece distinção escrita por meio do contraste s/z:
cozer (cozinhar) e coser (costurar);
prezar (ter em consideração) e presar (prender, apreender);
traz (forma do verbo trazer) e trás (parte posterior).
- fim do quadro de destaque e da nota da ledora.
Em muitas palavras, o fonema /z/ é representado pela letra x: exagero, exalar, exaltar,
exame, exato, exasperar, exausto, executar, exemplo, exeqüível, exercer, exibir, exílio,
exímio, existir, êxito, exonerar, exorbitar, exorcismo, exótico, exuberante, inexistente,
inexorável.
O FONEMA /s/ (LETRAS “s”, “c”, “ç” e “x” ou DÍGRAFOS “sc”, “sc”, “ss”, “xc” e
“xs”)
Observe os seguintes procedimentos em relação à representação gráfica desse fonema:
a) a correlação gráfica entre nd e ns na formação de substantivos a partir de verbos:
ascender, ascensão; distender, distensão; expandir, expansão; suspender, suspensão;
pretender, pretensão; tender, tensão; estender, extensão.
b) a correlação gráfica entre ced e cess em nomes formados a partir de
verbos: ceder, cessão; conceder, concessão; interceder, intercessão; exceder, excesso,
excessivo; aceder, acesso.
c) a correlação gráfica entre ter e tenção em nomes formados a partir de verbos:
abster, abstenção; ater, atenção; conter, contenção; deter, detenção; reter, retenção.
Observe as seguintes palavras em que se usa o dígrafo sc: acrescentar, acréscimo,
adolescência, adolescente, ascender (subir), ascensão, ascensor, ascensorista, ascese,
ascetismo, ascético, consciência, crescer, descender, discente, disciplina, fascículo,
fascínio, fascinante, piscina, piscicultura, imprescindível, intumescer, irascível,
miscigenação, miscível, nascer, obsceno, oscilar, plebiscito, recrudescer, reminiscência,
rescisão, ressuscitar, seiscentos, suscitar, transcender.
Na conjugação dos verbos acima apresentados, surge sç: nasço, nasça; cresço, cresça.
Cuidado com sucinto, em que não se usa sc.
Em algumas palavras, o fonema /s/ é representado pela letra x: auxilio, auxiliar,
contexto, expectativa, expectorar, experiência, experto (conhecedor, especialista),
expiar (pagar), expirar (morrer), expor, expoente, extravagante, extroversão,
extrovertido, sexta, sintaxe, têxtil, texto, textual, trouxe.
Cuidado com esplendor e esplêndido.
- nota da ledora - quadro em destaque na página.
Há casos em que se criam oposições de significado devido ao contraste gráfico.
Observe:
acender (iluminar, pôr fogo) e ascender (subir);
acento (inflexão de voz ou sinal gráfico) e assento (lugar para se sentar);
caçar (perseguir a caça) e cassar (anular);
cegar (tornar cego) e segar (ceifar, cortar para colher);
censo (recenseamento, contagem) e senso (juízo);
cessão (ato de ceder), seção ou secção (repartição ou departamento; divisão) e
sessão (encontro, reunião);
concerto (acordo, arranjo, harmonia musical) e conserto (remendo, reparo);
espectador (o que presencia) e expectador (o que está na expectativa);
esperto (ágil, rápido, vivaz) e experto (conhecedor, especialista);
espiar (olhar, ver, espreitar) e expiar (pagar uma culpa, sofrer castigo);
espirar (respirar) e expirar (morrer);
incipiente (iniciante, principiante) e insipiente (ignorante);
intenção ou tenção (propósito, finalidade) e intensão ou tensão (intensidade, esforço);
paço (palácio) e passo (passada).
- fim da nota de destaque e da ledora.
Podem ocorrer ainda os dígrafos xc, e, mais raramente, xs: exceção, excedente, exceder,
excelente, excesso, excêntrico, excepcional, excerto, exceto, excitar; exsicar, exsolver,
exsuar, exsudar.
AINDA A LETRA “x”
Esta letra pode representar dois fonemas, soando como "ks": afluxo, amplexo, anexar,
anexo, asfixia, asfixiar, axila, boxe, climax, complexo, convexo, fixo, flexão, fluxo,
intoxicar, látex, nexo, ortodoxo, óxido, paradoxo, prolixo, reflexão, reflexo,
saxofone, sexagésimo, sexo, tóxico, toxina.
AS LETRAS “e” E “i”
a) Cuidado com a grafia dos ditongos:
os ditongos nasais /ãj/ e /ãj/ escrevem-se ãe e õe: mãe, mães, cães, pães, cirurgiães,
capitães; põe, põem, depõe, depõem;
- só se grafa com io ditongo /ãj/, interno: cãibra (ou câimbra).
b) Cuidado com a grafia das formas verbais:
- as formas dos verbos com infinitivos terminados em -oar, e -uar são grafadas com “e”:
abençoe, perdoe, magoe; atue, continue, efetue;
- as formas dos verbos infinitivos terminados em -air, -oer, e -uir, são grafadas com “i”:
cai, sai; dói, rói, mói, corrói; influi, possui, retribui, atribui.
c) Cuidado com as palavras se, senão, sequer, quase e irrequieto.
- nota da ledora: quadro de destaque da página:
A oposição e/i é responsável pela diferenciação de várias palavras:
área (superfície) e ária (melodia);
deferir (conceder) e diferir (adiar ou divergir);
delação (denúncia) e dilação (adiamento, expansão);
descrição (ato de descrever) e discrição (qualidade de quem é discreto);
descriminação (absolvição) e discriminação (separação);
emergir (vir à tona) e imergir (mergulhar);
emigrar (sair do país onde se nasceu) e imigrar (entrar em país estrangeiro);
eminente (de condição elevada) e iminente (inevitável, prestes a ocorrer);
vadear (passar a vau) e vadiar (andar à toa).
- fim da nota de destaque e da ledora.
AS LETRAS “o” E “u”
A oposição o/u é responsável pela diferença de significado entre várias palavras:
comprimento (extensão) e cumprimento (saudação; realização);
soar (emitir som) e suar (transpirar);
sortir (abastecer) e surtir (resultar).
A LETRA “h”
É uma letra que não representa fonema. Seu uso se limita aos dígrafos ch, lh e nh, a
algumas interjeições (ah, hã, hem, hip, hui, hum, oh) e a palavras em que surge por
razões etimológicas. Observe algumas palavras em que surge o h inicial:
hagiografia, haicai, hálito, halo, hangar, harmonia, harpa, haste, hediondo, hélice, Hélio,
Heloisa, hemisfério, hemorragia, Henrique, herbívoro (mas erva), hérnia, herói, hesitar,
hífen, hilaridade, hipismo, hipocondria, hipocrisia, hipótese, histeria,
homenagem, hóquei, horror, Hortênsia, horta, horto (jardim), hostil, humor, húmus.
Em Bahia, o h sobrevive por tradição histórica. Observe que nos derivados ele não é
usado: baiano, baianismo.
- nota da ledora - quadro de destaque na página:
Nomes próprios
Você deve ter notado que acrescentamos nomes próprios aos exemplos que vimos
apresentando. Isso tem uma explicação muito simples: os nomes próprios, como
qualquer palavra da língua, estão sujeitos às regras ortográficas. Existe, portanto, uma
forma correta de grafar esses nomes. Se, no entanto, seu nome foi registrado com uma
grafia equivocada, você pode usá-lo da forma como ele se encontra em seus
documentos. Esse tem sido o uso mais freqüente em nossa cultura. Além disso, a grafia
dos nomes de todos os que se tornam publicamente conhecidos aparece corrigida em
publicações feitas após a morte dessas pessoas.
Observe na relação seguinte mais alguns nomes próprios na sua grafia correta:
Aírton, Alcântara, Ânderson, Ângelo, Antônio, Artur, Baltasar, Cardoso, César, Elisa,
Ênio, Félix, Filipe, Heitor, Helena, Hercílio, Hilário, lberê, Inês, Íris, Isa, Isidoro, laci,
Jacira, Jéferson, Juçara, Juscelino, Leo, Lis, Lisa, Luis, Luísa, Luzia, Macedo, Mansa,
Minam, Morais, Natacha, Odilon, Priscila, Rosângela, Selene, Sousa, Taís, Teresa,
Zósimo.
- fim do quadro de destaque, e da nota da ledora.
- nota da ledora -
propaganda do Banco Itaú com os seguintes dizeres:
A família de Luís Guilhernie Davidson convida parentes e amigos para o luau de 7o. dia
a realizar-se em Cancun, onde ele passa férias com a mulher e os filhos.
- Vida em Vida Itaú - o seguro que você recebe em vida.
- fim da nota.
Os nomes próprios do português também estão sujeitos a regras ortográficas, como
Luís, no anúncio acima.
ATIVIDADES
1. Observe o sentido com que foram empregadas as palavras destacadas nas frases
abaixo. Copie cada uma dessas palavras em seu caderno e procure atribuir-lhes
sinônimos:
- nota da ledora : como as palavras estão destacadas por negrito, visualmente, serão
destacadas aqui, entre parênteses
- fim da nota da ledora.
a) A imprensa reprovou o gesto (imoral) feito publicamente pelo governante.
- É uma criança! Suas atitudes são (amorais!)
b) O (comprimento) do terreno não atendia às necessidades da construtora.
Ao chegar, fez um (cumprimento) discreto com a cabeça.
Exigem dele o (cumprimento) de tarefas muito difíceis.
c) O mergulhador (emergiu) trazendo uma ânfora.
O submarino (imergiu) por completo, desaparecendo da nossa vista.
d) O assaltante foi preso em (flagrante).
Sua (fragrante) presença me faz pensar em flores campestres.
e) Cuidado para não lhe (infligir) uma desmoralização injusta!
Foi multado ao (infringir) pela duodécima vez a mesma lei do trânsito. E ainda acha que
tem razão!
f) Seu (mandato) foi encerrado quando o oficial de justiça lhe apresentou o mandado de
prisão.
g) O deputado resolveu abandonar a vida pública. Não se disputariam mais (pleitos!)
Organizou-se um cerimonioso (preito) para receber o governador.
h) O investimento foi (vultoso); o retorno, praticamente nulo.
Seu rosto (vultuoso) fê-lo procurar um médico.
2. Copie as frases abaixo em seu caderno, fazendo a opção pelo homônimo ou pelo
parônimo adequado a cada caso:
a) Não sei o que é mais útil: (*) as próprias roupas ou (*) a própria comida.
(coser, cozer)
b) É provável que poucas pessoas (*) nestas férias. O preço de uma (*) é proibitivo!
(viagem, viajem)
c) O deputado foi (*) de fisiológico. Aliás, seu programa era (*) ainda mais os
produtores e trabalhadores. (taxado, rachado; tachar, taxar)
d) Resolveu tomar uma chávena de (*) após ter-se encontrado com um lunático que
dizia ser o (*) da Pérsia. (chá; xá)
e) Fui colocado em (*) quando o gerente da loja se recusou a aceitar meu (*)
(cheque, xeque)
f) A (*) de terras aos posseiros foi decidida pela Assembléia Legislativa em (*) extra-
ordinária. A legalização das doações de verá ser feita pela (*) competente do Ministério
Público. (cessão, seção, sessão)
g) Não teve tempo de (*) as culpas antes de (*) (espiar, expiar; espirar, expirar)
h) Há (*) de fazer um (*) em 1999. (tenção, tensão; censo, senso)
i) A (*) tecnologia naval brasileira não encontra estímulos ao seu desenvolvimento.
(insipiente, incipiente)
j) A (*) da Câmara decretou que o deputado corrupto tivesse seu (*) (*) (cessão, seção,
sessão; mandado, mandato; caçado, cassado)
l) A vontade de (*) socialmente o fazia um hipócrita inescrupuloso. Rendia (*) a
diversos figurões, sem nenhuma exceção. (acender, ascender, pleitos, preitos)
m) Agiu com (*) ao ser convocado para fazer a (*) dos envolvidos no caso.
(descrição, discrição)
n) Inutilmente, várias entidades protestaram contra a (*) pela qual os jurados haviam
decidido. Afinal, tratava-se de um crime de (*) racial. (descriminação,
discriminação)
o) Pediu-me que o ajudasse a (*) as despesas. (descriminar, discriminar)
p) Finalmente vai (*) o sinal! Com este calor, não paro de (*) (soar, suar)
3. Escolha no quadro ao lado a letra ou dígrafo apropriado para preencher as lacunas do
texto abaixo:
g, j, c, ç, s, ss, x, xc, z
Novo fenômeno
A chamada globali( )a( )ão da economia, que redu( )iu a importân( )ia das fronteiras
nacionais, ampliou o hori( )onte de opera( )ão e planejamento das empre( )as e tornou
os mercados mais dependentes uns dos outros, tra( ) consigo um grande potencial de
democrati( )a( )ão para o qual se tem dado pouca aten( )ão. Se de fato informa( )ão é
poder, a revolu( )ão nas telecomunica( )ões e a di( )emina( )ão de redes como a
recém-anunciada Welcom - que promete conectar estadistas, empre( )ários e
especialistas em tempo real - e a mais ampla e conhecida lntemet podem ter o efeito de
proporcionar, junto com a informa( )ão, a capa( )idade de influir. Há fatores que
restrin( )em, ho( )e, o alcan( )e dessa globali( )a( )ão da informa( )ão. Mas a
po( )ibilidade de que tal fenômeno adquira grande importân( )ia social e mesmo
política é inegável. Atualmente a capa( )idade informativa dos avan( )os tecnológicos
na divulga( )âo de fatos ocorridos em quaisquer partes do mundo esbarra na e( )e( )iva
fragmenta( )ão das informa()ões e nas defi( )iências dos sistemas de educa( )ão.
A televi( )ão pode mostrar o que ocorre neste e( )ato momento no Sri Lanka, mas a
grande maioria dos tele( )pectadores não faz a menor idéia nem sequer de onde fica
esse país, quanto mais do que lá ocorria ontem, ou há um ano.O a( )e( )o à lntemet, por
e( )emplo, ainda está restrito a um pequeno número de pessoas, não só devido ao preço
do computador, como também pelas limita( )ões à entrada na rede. E é claro que a
di( )emina( )ão das redes de informática implica custos com os quais alguém terá de
arcar. Mas se todas essas limita( )ões sugerem cautela quanto à real influên( )ia da
revolu( )ão nas comunica( )ões, é certo que o mundo está diante de um novo fenômeno
cujo potencial democrático - entre outras tantas facetas - ainda é minimamente
e( )plorado.
(Folha de S. Paulo, 5 fev. 1996.)
TEXTO PARA ANÁLISE
-nota da ledora: o texto dado para a análise, é uma propaganda da Sharp, com os
seguintes dizeres: Para você nunca mais ter de assistir à Orquestra de Berlim, ao som
do conserto do encanamento de seu vizinho.
- novos TVs Sharp com fones de ouvido sem fio, os barulhos fora da sua programação.
- fim da nota da ledora.
TRABALHANDO O TEXTO
Esse texto explora criativamente a homofonia. Explique como.
QUESTÕES E TESTES DE VESTIBULARES
1 (UFPE) Assinale a alternativa em que todas as palavras devem ser completadas
com a letra indicada entre parênteses:
a) *ave, *alé, *ícara, *arope, *enofobia (x)
b) pr*vilégio, requ*sito, *ntitular, *mpedimento (i)
c) ma*ã, exce*ão, exce*o, ro*a (ç)
e) pure*a, portugue*a, cortê*, anali*ar (z)
2 (Univ.Alfenas-MG) Organizamos um ( ) musical ( ) e tivemos o ( ) de contar com
um público educado que teve o bom ( ) de permanecer em silêncio durante o
espetáculo.
a) conserto, beneficiente, privilégio, senso
b) concerto, beneficente, privilégio, censo
c) concerto, beneficente, privilégio, senso
d) conserto, beneficente, previlégio, senso
e) concerto, beneficiente, previlégio, censo
3 (Univ. Alfenas-MG) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas
corretamente.
a) disenteria, páteo, siquer, goela
b) capoeira, empecilho, jabuticaba, destilar
c) boliçoso, bueiro, possue, crânio
d) borburinho, candieiro, bulir, privilégio
e) habitue, abotoe, quase, constróe
4 (Univ. Alfenas-MG) Apenas uma das frases abaixo está totalmente correta quanto
á ortografia. Assinale-a.
a) Espalhei as migalhas da torrada por todo o trageto.
b) Meu trabalho árduo não obteve hêsito algum.
c) Quiz fazer coisas que não sabia.
d) Ao puxar os detritos, eles voaram no tapete persa.
e) Acrecentei algumas palavras ao texto que corrigi.
5 (UM-SP) Aponte, entre as alternativas abaixo, a única em que todas as lacunas devem
ser preenchidas com a letra u:
a) c( )rtume, escap( )lir, man( )sear, sin( )site
b) esg( )elar, reg( )rgitar, p( )leiro, ent( )pir
c) emb( )lia, c( )rtir, emb( )tir, c( )ringa
d) ( )rticária, s( )taque, m( )cama, z( )ar
e) m( )chila, tab( )leta, m( )ela, b( )eiro
6 (PUC-SP) Barbarismos ortográficos acontecem quando as palavras são grafadas em
desobediência à lei ortográfica vigente. Indique a única alternativa que está de acordo
com essa lei e, por isso, correta:
a) exceção, desinteria, pretensão, secenta
b) ascensão, intercessão, enxuto, esplêndido
c) rejeição, beringela, xuxu, atrazado
d) geito, mecher, consenso, setim
e) discernir, quizer, herbívoro, fixário
7 (UNICAMP-SP) A linguagem é figura do entendimento (...). Os bons falam virtudes e
os maliciosos, maldades (...). Sabem falar os que entendem as coisas: porque das coisas
nascem as palavras e não das palavras as coisas.
O trecho citado extraído da primeira gramática da língua portuguesa (Fernão de
Oliveira, 1536), tinha, na primeira edição dessa obra, a seguinte ortografia:
A Lingoagem e figura do entendimento (...) os bos falão virtudes e os maliçiosos
maldades (...) sabe ( nota da ledora: sabe com til no e, - fim da nota) falar os q etere
(nota da ledora: q étéré, com o til nas letras q, 1o. 2o. e 3o. e ) as cousas: porq
(nota da ledora: porq, com acento til no q - fim da nota ) das cousas naçe (nota da
ledora: naçe, com acento til no e, - fim da nota ) as palauras e não das palauras as
cousas.
- nota da ledora: lembramos ao leitor que este pequeno texto, é reproduzido com grafia
do ano de 1536, e a configuração do editor de texto não permite alteração nos oito
idiomas que trabalhamos, já que acentuações em determinadas letras, não são aceitas
nos mesmos. Por este motivo, fizemos um comentário maior a respeito do texto, pelo
que nos desculpamos, na tentativa de elucidar melhor a grafia utilizada, na época. Mas
programas são limitados…
- fim da nota da ledora.
A ortografia do português já foi, portanto, bem diferente da atual, e houve momentos
em que as pessoas que escreviam gozavam de relativa liberdade na escolha das letras.
Hoje em dia, a forma escrita da língua é regida por convenções ortográficas rígidas, que
não devem ser desobedecidas em contextos mais formais.
Leia com atenção os trechos abaixo, tirados de edições de setembro de um jornal de São
Paulo. Identifique as palavras em que foi violada a convenção ortográfica vigente.
Escreva-as, em seguida, na forma correta.
a) Os atuais ministro e prefeito são amissíssimos de longa data.
b) Mais de metade desses policiais extrapola os limites do dever por serem mau
preparados.
c) Desde o início, o animal preferido em carrosséis é o cavalo, mas há excessões.
8 (F. Londrina-PR) O jovem falava com muita ( ) e grande ( ) de gestos.
a) expontaneidade, exuberância
b) espontaneidade, exuberancia
c) expontaniedade, exuberancia
d) espontaneidade, exuberância
e) espontaniedade, exuberância
9 (F. Londrina-PR) Numa ação espetacular, os pilotos ( ), em pleno ( ), os ( ) de um
jato comercial.
a) apreenderam, voo, sequestradores
b) apreenderam, vôo, sequestradores
c) aprenderam, voo, sequestradores
d) apreenderam, vôo, sequestradores
e) aprenderam, vôo, sequestradores
10 (F. Londrina-PR) A ( ) entre os membros do partido acabou provocando uma ( )
interna.
a) discidência, cisão
b) dissidência, cizão
c) dissidência, cissão
d) discidência, cizão
e) dissidência, cisão
11 (FCMSCSP) Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas:
Não ( ) os ( ) de ( ) desse tipo.
a) perdoo, deslizes, individuos
b) perdôo, deslizes, indivíduos
c) perdôo, deslises, individuos
d) perdoo, deslises, individuos
e) perdoo, deslizes, individuos
12 (FCMSCSP) Todos os documentos ( ), sem ( ), aparentavam grande ( ).
a) inidônios, exceção, verossemelhança
b) inidônios, excessão, verossemelhança
c) inidônios, exceção, verossimilhança
d) inidôneos, excessão, verossimilhança
e) inidôneos, exceção, verossimilhança
13 (FCMSCSP) Não ( ) a porta desse ( ), que ela já está meio ( ).
a) puche, jeito, pensa
b) puxe, jeito, pensa
c) pucbe, geito, pença
d) puxe, geito, pença
e) puxe, geito, pensa
14 (FUVEST-SP)
a) Forme substantivos femininos a partir das palavras abaixo, empregando
convenientemente s ou z: limpo, defender, barão, surdo, freguês
b) Forme verbos a partir de: análise, síntese, paralisia, civil, liso
15 (UFPR) Assinale a alternativa correspondente à grafia correta dos vocábulos:
desli( )e, vi( )inho, atravé( ), empre( )a.
a) z, z, s, s
b) z, s, z, s
c) s, z, s,s
d) s,s, z, s
e) z, z, s, z
16 (FUVEST-SP) Preencha os espaços com as palavras grafadas corretamente.
A ( ) de uma guerra nuclear provoca uma grande ( ) na humanidade e a deixa ( )
quanto ao futuro.
a) espectativa, tensão, exitante
b) espectativa, tenção, hesitante
c) expectativa, tensão, hesitante
d) expectativa, tenção, hezitante
e) espectativa, tenção, exitante
17 (UFV-MG) Observando a grafia das palavras destacadas nas frases abaixo, assinale a
alternativa que apresenta erro: ( nota da ledora: as palavras destacadas foram colocadas
entre parênteses - fim da nota da ledora. )
a) Aquele (hereje) sempre põe (empecilho) porque é muito (pretencioso).
b) Uma falsa meiguice encobria-lhe a(rigidez) e a falta de (compreensão).
c) A (obsessão) é prejudicial ao (discernimento).
d) A (hombridade) de caráter eleva o homem.
e) Eles (quiseram) fazer (concessão) para não (ridicularizar) o (estrangeiro).
18 (F. Londrina-PR) As questões da prova eram ( ), ( ) de ( ).
a) suscintas, apesar, difíceis
b) sucintas, apezar, dificeis
c) suscintas, apezar, dificeis
d) sucintas, apesar, difíceis
e) sucintas, apezar, difíceis
19 (F. São Marcos-SP) Assinale a alternativa cujas palavras estão todas corretamente
grafadas:
a) pajé, xadrês, flecha, misto, aconchego
b) abolição, tribo, pretensão, obsecado, cansaço
c) gorjeta, sargeta, picína, florescer, consiliar
d) xadrez, ficha, mexerico, enxame, enxurrada
e) pagé, xadrês, flexa, mecheríco, enxame
20 (UFE-RJ) Assinale, nas séries abaixo, aquela em que pelo menos uma palavra
contém erro de grafia:
a) capixaba, através, granjear
b) enxergar, primazia, cansaço, majestade
c) flexa, topázio, pagé, desumano
d) chuchu, Inês, dossel, gíria
e) piche, Teresinha, classicismo, jeito
21 (FUVEST-SP) Assinale a alternativa em que todas as palavras estejam corretamente
grafadas:
a) tecer, vazar, aborígene, tecitura, maisena
b) rigidez, garage, dissenção, rigeza, cafuzo
c) minissaia, paralisar, extravasar, abscissa, co-seno
d) abscesso, rechaçar, indu, soçobrar, coalizão
e) lambujem, advinhar, atarraxar, bússola, usofruto
22 (F. C. Chagas-SP) Estavam ( ) de que os congressistas chegassem ( ) para a ( ) de
abertura.
a) receosos, atrasados, sessão
b) receosos, atrazados, seção
c) receinsos, atrazados, seção
d) receiosos, atrasados, sessão
e) receíosos, atrazados, sessão
23 (F. C. Chagas-SP) A ( ) das ( ) levou à ( ) dos trabalhos do departamento.
a) contenção, despezas, paralisação
b) contensão, despezas, paralisação
c) contenção, despesas, paralisação
d) contensão, despesas, paralização
e) contenssâo, despesas, paralização
24 (UNIMEP-SP) Assinale a alternativa que contém o período cujas palavras estão
grafadas corretamente:
a) Ele quíz analisar a pesquisa que eu realizei.
b) Ele quiz analizar a pesquisa que eu realizei.
c) Ele quis analisar a pesquisa que eu realizei.
d) Ele quis analizar a pesquisa que eu realisei.
e) Ele quis analisar a pesquisa que eu realisei.
25 (UM-SP) Aponte a alternativa correta:
a) exceção, excesso, espontâneo, espectador
b) excessão, excesso, espontâneo, espectador
c) exceção, exceço, expontâneo, expectador
d) excessão, excesso, espontâneo, expectador
e) exeção, exeço, expontâneo, expectador
26 (UM-SP) Assinale a alternativa que preencha os espaços corretamente.
Com o intuito de ( ) o trabalho, o aluno recebeu algumas incumbências: ( ) datas, ( )
o conteúdo e ( ) um estilo mais moderno.
a) finalisar, pesquisar, analisar, improvisar
b) finalizar, pesquisar, analisar, improvisar
c) finalizar, pesquizar, analisar, improvisar
d) finalisar, pesquisar, analizar, improvizar
e) finalizar, pesquisar, analisar, improvizar
27 (ITA-SP) Em qual das alternativas as palavras estão grafadas corretamente?
a) receoso, reveses, discrição, umedecer
b) antidiluviano, sanguissedento, aguarraz, atribue
c) ineludivel, engolimos, sobressaem, explendoroso
d) encoragem, rijeza, tecitura, turbo-hélice
e) dissensão, excurcionar, enxugar, asimétrico
28 (E. C. Chagas-SP) Com ( ) não raro ( ), ele persegue a fama.
a) tenacidade, obscecado
b) tenacidade, obcecada
c) tenascidade, obscecada
d) tenascidade, obcecada
e) tenacidade, obsecada
29 (F. C. Chagas-SP) Não creio que este fato constitua ( ) para sua ( ) na carreira.
a) empecilho, ascensão
b) empecilio, ascenção
c) impecilho, ascensão
d) empecílio, ascensão
e) empecilho, ascenção
30 (ITA-SP) Examinando as palavras:
viajens gorgeta maizena chícara constatamos que:
a) apenas uma está escrita corretamente.
b) apenas duas estão escritas corretamente.
c) três estão escritas corretamente.
d) todas estão escritas corretamente.
e) nenhuma está escrita corretamente.
31 (PUC-RJ) Preencha as lacunas com s,ss, ç, sc, sç, xc ou x:
a) Exigiu ser re( )arcido da quantia que havia pago.
b) O perfume da vela re( )endia por toda a casa.
c) A e( )entricidade era sua característica mais marcante.
32 (E. C. Chagas-SP) Estou ( ) de que tais ( ) devem ser ( )
a) cônscio, privilégios, extintos
b) cônscio, privilégios, estintos
c) cônscio, previlégios, estintos
d) côncio, previ légios, estintos
e) cônscio, previlégios, extintos
33 (F. C. Chagas-SP) Tantas ( ) constituem ( ).
a) excessões, previlégio inadmissível
b) exceções, privilégio inadmissível
c) esceções, privilégio inadmissivel
d) excessões, privilégio inadimissível
e) exceções, previlégio inadimissivel
34 (F. C. Chagas-SP) Em seu olhar não havia ( ); havia ( ) e ( ).
a) mágua, escárneo, desprezo
b) mágoa, escárneo, despreso
c) mágoa, escárnio, desprezo
d) mágua, escárnio, desprêzo
e) mágoa, escárneo, desprezo
CAPÍTULO 4 - ACENTUAÇÃO
- nota da ledora: dois terços da página são ocupados por um anúncio do Grupo Pão de
Açúcar com os seguintes dizeres: Os tubarões do orçamento, os elefantes das estatais, os
cobras da informática, as zebras do futebol, as gatas da moda, e os dinossauros do rock.
Para lidar com todos esses bichos, só começando como foca. - Homenagem do Pão de
Açúcar, Extra, Superbox, Peg e Faça, e Eletro às feras do jornalismo. Nós sabemos
como é difícil estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
- fim da nota da ledora.
Lendo este anúncio, você perceberá um fato (aparentemente) espantoso: a maioria das
palavras não recebe acento gráfico. O princípio que presidiu à elaboração das regras de
acentuação do português foi justamente o da economia, reservando os acentos gráficos
para as palavras minoritárias da língua. Você se convencerá disso a seguir.
1. CONCEITOS BÁSICOS
Neste capítulo, estudaremos as regras de acentuação. Elas foram criadas para
estabelecer um sistema que organize a questão da tonicidade (intensidade de pronúncia)
da sílaba portuguesa.
Quando você diz café, uma das sílabas é pronunciada com mais intensidade do que a
outra.
Você deve ter percebido que a sílaba mais forte é fé, que é a tônica. A outra sílaba, “ca”,
é fraca, ou seja, é pronunciada com pouca intensidade tonal. Por isso é átona. A parte da
acentuação que estuda a posição dessas sílabas nas palavras recebe o nome de
acentuação tônica.
Na língua escrita, há elementos que procuram apresentar a posição da sílaba tônica e
outras particularidades, como timbre (abertura) e nasalização das vogais. Esses
elementos são os chamados acentos gráficos. O estudo das regras que disciplinam o uso
adequado desses sinais é a acentuação gráfica.
2 ACENTUAÇÃO TÔNICA
Quem é que não conhece aquela famosa brincadeira que se faz com as palavras
sabia/sabiá? "Você sabia que o sabiá sabia assobiar?" A brincadeira se baseia na
diferente posição da sílaba tônica de sabia (bi) e de sabiá (á). Seria possível, ainda,
acrescentar à brincadeira a palavra sábia, cuja sílaba tônica é “sá”.
Na língua portuguesa, a sílaba tônica pode aparecer em três diferentes posições;
consequentemente, as palavras podem receber três classificações quanto a esse aspecto:
a) oxítonas são aquelas cuja sílaba tônica É a última: você, café, jiló, alguém, ninguém,
paul, ruim, carcará, vatapá, anzol, condor;
b) paroxítonas são aquelas cuja sílaba tônica é a penúltima: gente, planeta, homem,
alto, âmbar, éter, dólar, pedra, caminho, amável, táxi, hífen, álbum, vírus, tórax;
c) proparoxítonas - são aquelas cuja sílaba tônica é a antepenúltima: lágrima, trânsito,
xícara, úmido, Alcântara, mágico, lâmpada, ótimo, médico, fanático.
Você observou que, nos exemplos dados para os três casos, só há palavras com mais de
uma sílaba. Quanto às de apenas uma sílaba, os chamados monossílabos, há
divergências quanto à sua classificação tônica. Quando apresentam tonicidade, como no
caso de má, pó, fé, há quem as considere simplesmente monossílabos tônicos. Outros
preferem dizer que são "oxítonas de apenas uma sílaba". A questão é polêmica, mas a
primeira tese (monossílabos tônicos) tem mais adeptos.
- nota da ledora:propaganda da Samello com a seguinte legenda: Deckshoes Samello.
Seus pés prontos para o verão - representação dos cinco dedos do pé, cada um usando
óculos de sol, proporcional ao seu tamanho.
- fim da nota.
É importante destacar que só se percebe se um monossílabo é tônico ou átono
pronunciando-o numa seqüência de palavras, ou seja, numa frase. Experimente com o
verbo pôr e a preposição por. Leia a frase "Fazer por fazer" e depois substitua o verbo
fazer pelo verbo pôr ("Pôr por pôr"). Que tal? Fica clara a diferença entre o verbo, que é
tônico, e a preposição, que é átona. Note que o “o” da preposição por tende a ser lido
como u ("pur"), o que é um sintoma da atonicidade.
Qual é a sílaba tônica de pele? Como você pronuncia o segundo e? Como i ("peli"), não
é? O e átono é pronunciado como “i”, e o “o”, como u.Veja esta frase:
Há pessoas extremamente más, mas há outras extremamente boas.
Percebeu a diferença entre más e mas? A primeira é um monossílabo tônico; a segunda
é um monossílabo átono. Em português, existem algumas palavras dissílabas átonas,
como a preposição para.
Prosódia
A língua culta determina a posição correta da sílaba tônica de uma palavra. É muito
comum a divergência entre a pronúncia praticada no dia-a-dia e a recomendada pelos
dicionários e gramáticas. Quase ninguém pronuncia "dúplex" (paroxítona), como
recomendam os dicionários. O que se ouve mesmo é "duplex" (oxítona). A parte da
Fonologia que estuda e fixa a posição da sílaba tônica é a prosódia. Quando ocorre um
erro de prosódia, ou seja, a troca da posição da sílaba tônica, verifica-se o que se chama
de silabada. É bom lembrar que a pronúncia culta sempre prevalece nesses casos.
Leia em voz alta as palavras a seguir, destacando a sílaba tônica. Procure memorizar e
empregar a forma culta desses vocábulos.
São oxítonas: cateter, condor, ruim, ureter, Nobel, mister ("Para viver um grande amor,
mister é ser homem de uma só mulher" - Vinicius de Moraes).
São paroxítonas: avaro, austero, aziago, ciclope, filantropo, ibero, pudico, juniores,
látex, recorde, rubrica, têxtil.
São proparoxítonas: aerólito, ínterim, aríete, levedo, ômega, bávaro, crisântemo,
monólito, transfuga.
Existem palavras que admitem dupla pronúncia: acróbata/acrobata;
hieróglifo/hieroglifo; projétil/projetil; reptil/reptil; Oceânia/Oceania;
transistor/transistor; xérox/xerox. O melhor mesmo é não "chutar". Dúvidas quanto à
prosódia devem ser resolvidas por meio de consulta a um bom dicionário.
ATIVIDADES
1. Classifique as palavras destacadas nas frases abaixo, de acordo com a posição da
sílaba tônica:
- nota da ledora: as palavras destacadas foram colocadas entre parênteses
- fim da nota.
a) Ninguém (sabia) o que fazer.
b) Era uma pessoa (sábia).
c) Vivo querendo ver o tal (sabiá) que canta nas palmeiras.
d) Anos antes ele (cantara) no Teatro Municipal.
e) Anunciaram que ele (cantará) no Teatro Municipal.
f) Não (contem) com a participação dele. Ele alega que nosso movimento (contém)
interesses particulares e que, por isso, não (está) disposto a contribuir para (esta) causa.
g) Tudo não passou de um (equívoco).
h) Raramente me (equivoco).
i) Você conhece alguém que saiba tocar (cítara)?
j) Ele (citara) o nome do amigo durante o primeiro depoimento. Todos aguardam para
saber se ele o (citará) novamente.
Classificação das palavras quanto à tonicidade
a) palavras de uma sílaba:
monossílabos átonos e monossílabos tônicos.
b) palavras de mais de uma sílaba:
oxítonas, quando a sílaba tônica é a última;
paroxítonas, quando a sílaba tônica é a penúltima;
proparoxítonas, quando a sílaba tônica é a antepenúltima.
2. Classifique os monossílabos destacados nas frases seguintes, de acordo com a
tonicidade:
a) O caminho (por) onde vou para casa é sempre o mesmo.
b) Suas malas? Vou (pôr) onde houver espaço.
c) (Que) tipo de candidato você elegeu na última eleição? E (por quê)?
d) Eram pessoas (más), (mas) poucos sabiam disso.
e) Eles (se) conheceram (há) poucos meses.
f) (Sê) feliz com teus sonhos, meu amigo, (e) constrói (a) tua vida.
3. Substitua cada uma das palavras ou expressões destacadas nas frases seguintes por
uma única palavra. As palavras procuradas costumam oferecer problemas de prosódia;
por isso, esteja atento e não cometa silabadas.
a) O (grande pássaro andino) é o símbolo da América do Sul.
b) Foi necessário introduzir um (instrumento médico tubular) em seu antebraço.
c) É (necessário) fiscalizar a atividade dos prefeitos e vereadores.
d) O sabor da comida não era (mau), mas seu aspecto era desanimador.
e) É um indivíduo (que evita o convívio social). Sua conduta (é cheia de gravidade e
seriedade).
f) Ele se diz um especialista em (leitura das mãos e leitura das cartas). E jura que só
presta serviços (que não custam nada).
g) A partida entre o time dos (mais jovens) e o time dos (mais velhos) bateu (a melhor
marca) anterior de pontos marcados.
h) Não foi possível obter a (assinatura abreviada) dos participantes do encontro.
i) O (modelo) do avião estava em exposição nos arredores do (campo de pouso e
decolagem).
j) Fomos e voltamos em poucos minutos; nesse (intervalo), ele desapareceu.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
OS ACENTOS
A acentuação gráfica consiste na aplicação de certos sinais escritos sobre algumas letras
para representar o que foi estipulado pelas regras de acentuação, que estudaremos
adiante. Esses sinais, que fazem parte dos diacríticos - além dos acentos, o trema, o til, o
apóstrofo e o hífen -,são:
a) o acento agudo (‘) - colocado sobre as letras a, i, u e sobre o e do grupo -em, indica
que essas letras representam as vogais tônicas da palavra: carcará, caí, súdito, armazém.
Sobre as letras “e” e “o”, indica, além de tonicidade, timbre aberto: lépido, céu, léxico,
apóiam;
b) o acento circunflexo (^) - colocado sobre as letras “a”, “e” e “o”, indica, além de
tonicidade, timbre fechado: lâmpada, pêssego, supôs, vêem, Atlântico;
c) o trema (“) - indica que o u é semivogal, ou seja, é pronunciado atonamente nos
grupos gue, gui, que, qui: ungüento, sagüi, seqüestro, eqüino;
d) o til (~) - indica que as letras a e o representam vogais nasais: alemã, órgão, portão,
expõe, corações, ímã;
e) o acento grave (`) - indica a ocorrência da fusão da preposição a com os artigos a e as,
com os pronomes demonstrativos a e as e com a letra a inicial dos pronomes aquele,
aquela, aqueles, aquelas, aquilo: à, às, àquele, àquilo.
ASPECTOS GENÉRICOS DAS REGRAS DE ACENTUAÇÃO
As regras de acentuação foram criadas para sistematizar a leitura das palavras
portuguesas. Seu objetivo é deixar claros todos os procedimentos necessários para que
ninguém tenha nenhuma dúvida quanto à posição da sílaba tônica, o timbre da vogal, o
fonema representado pela letra u, a nasalização da vogal.
As regras fundamentais de acentuação gráfica baseiam-se numa constatação que pode
facilmente ser observada nas palavras que aparecem na canção "Onde anda você", de
Hermano Silva e Vinicius de Moraes, cuja letra diz:
E, por falarem saudade, onde anda você?
Onde andam seus olhos, que a gente não vê?
Onde anda esse corpo, que me deixou morto de tanto prazer?
E, por falarem beleza, onde anda a canção que se ouvia na noite,
Nos bares de então, onde a gente ficava, onde a gente se amava
Em total solidão?
Hoje eu saio na noite vazia, numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares, que, apesar dos pesares, me trazem você
E, por falarem paixão, em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você?
Há no texto 106 palavras. Você pode conferir, se não confiar na contagem. Aproveite e
procure as palavras proparoxítonas do texto. Procurou? Quantas há? Nenhuma.
Das palavras de mais de uma sílaba (sessenta e duas), quarenta e três são paroxítonas.
Esses dados correspondem exatamente ao perfil básico da tonicidade das palavras da
língua portuguesa: as proparoxítonas são pouco comuns, as paroxítonas são maioria e as
oxítonas ocupam a vice-liderança.
Além disso, é possível observar que todas as paroxítonas do texto terminam em “a”, “e”
e “o”, enenhuma recebe acento gráfico. Esses fatos provam que as regras foram feitas
para evitar a acentuação das palavras mais comuns na língua. Aliás, você deve ter
percebido que, das 106 palavras do texto, apenas oito recebem algum tipo de acento,
incluindo o til, e que só a palavra você apareceu quatro vezes.
- nota da ledora: propaganda da Bradesco Seguros de automóveis: na foto, um
pincel de barbeiro, usado para espalhar o creme de barbear no rosto do cliente, e
a legenda: Esta cidade está cheia de barbeiros. - alusão aos maus motoristas
- fim da nota.
As regras de acentuação se regem por princípio da economia: por isso esta (paroxítona)
não recebe acento, mas está (oxítona) sim.
E por que você, oxítona terminada em e, leva acento? Porque as oxítonas terminadas em
e são menos numerosas que as paroxítonas terminadas em “e”. Para comprovar isso,
basta verificar que quase todos os verbos apresentam pelo menos uma forma paroxítona
terminada em e (fale, pense, grite, estude, corre, sofre, perde, vende, permite, dirige,
assiste, invade). E o que se acentua, a maioria ou a minoria? A minoria, sempre a
minoria.
Que tal, então, parar de dizer que há muitos acentos em português?
AS REGRAS BÁSICAS
Como vimos, as regras de acentuação gráfica procuram reservar os acentos para as
palavras que se enquadram nos padrões prosódicos menos comuns da língua portuguesa.
Disso, resultam as seguintes regras básicas:
a) proparoxítonas - são todas acentuadas. E o caso de: lâmpada, Atlântico, Júpiter,
ótimo, flácido, relâmpago, trôpego, lúcido, víssemos.
b) paroxítonas - são as palavras mais numerosas da língua e justamente por isso as que
recebem menos acentos. São acentuadas as que terminam em:
i, is: táxi, beribéri, lápis, grátis;
us, um, uns: vírus, bônus, álbum, parabélum (arma de fogo), álbuns, parabéluns;
l, n, r, x, ps: incrível, útil, próton, elétron, éter, mártir, tórax, ônix, bíceps, fórceps;
ã, ãs, ão, ãos: ímã, órfã, ímãs, órfãs, bênção, órgão, órfãos, sótãos;
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de s: água, árduo, pônei, vôlei,
cáries, mágoas, pôneis, jóqueis.
c) oxítonas - são acentuadas as que terminam em:
a, as: Pará, vatapá, estás, irás;
e, es: você, café, Urupês, jacarés;
o, os: jiló, avô, retrós, supôs;
em, ens: alguém, vintém, armazéns, parabéns.
Verifique que essas regras criam um sistema de oposição entre as terminações das
oxítonas e as das paroxítonas. Compare as palavras dos pares seguintes e note que os
acentos das paroxítonas e os das oxítonas são mutuamente excludentes:
portas (paroxítona, sem acento) e atrás (oxítona, com acento);
pele (paroxítona, sem acento) e café (oxítona, com acento);
corpo (paroxítona, sem acento) e maiô (oxítona, com acento);
garantem (paroxítona, sem acento) e alguém (oxítona, com acento);
hífens (paroxítona, sem acento) e vinténs (oxítona, com acento);
táxi (paroxítona, com acento) e aqui (oxítona, sem acento).
d) monossílabos tônicos - são acentuados os terminados em:
a, as: pá, vá, gás, Brás;
e, es: pé, fé, mês, três;
o, os: só, xô, nós, pôs.
- nota da ledora: propaganda do bombom Sonho de Valsa, da Lacta, com o
seguinte teor: Foi bombom para você também? - apresentando uma foto do
bombom
- fim da nota.
Temos acima duas oxítonas acentuadas: você (porque termina em e) e também (pois sua
terminação é em).
ATIVIDADES
1. A relação abaixo é formada por palavras inventadas. Observe atentamente cada uma
delas e, baseado no seu conhecimento sobre o sistema de regras de acentuação da língua
portuguesa, coloque os acentos gráficos que julgar necessários:
a) astrider (proparoxítona)
b) sensinen (paroxítona)
c) felo (oxítona, o fechado)
d) nerta (oxítona, a nasal)
e) mardo (paroxítona)
f) aminho (proparoxítona)
g) carpips (paroxítona)
h) crestons (oxítona)
i) explons (paroxítona, e fechado)
j) mirmidens (paroxítona)
l) curquens ( oxítona)
m) artu (paroxítona)
n) quistuns (oxítona)
o) ardovel (paroxítona, o aberto)
p) cipodeis (paroxítona, o aberto)
q) ormar (oxítona)
r) senser (paroxítona, e fechado)
s) lolux (oxítona)
t) atonde (paroxítona)
u) cliclex (paroxítona)
2. Nas frases seguintes, cada palavra ou expressão destacada substitui um monossílabo
cujo número de letras vem indicado entre parênteses. Procure identificar esse
monossílabo, grafando-o corretamente:
a) (Entregue) (2) os papéis a ele. Diga-lhe que não (coloquei) (3) minha rubrica em
nenhum deles porque não concordo com as idéias expostas.
b) (Existem) (2) motivos para temer as pessoas ruins (3).
c) Ele nos faz uma visita a cada (trinta dias) (3).
d) Colocou (3) as mãos em operação e tentou desfazer os (emaranhados) (3) que as
crianças haviam deixado na linha.
e) Comprou diversas (ferramentas para cavar) (3).
f) Hoje ele deu duro: espanou (poeira) (2), carregou botijões de (combustível para fogão
de cozinha) (3), lavou o piso (4) e ainda (colocou) (3) nossa única cabeça de gado (3)
no pasto.
g) Sentimos pena (2) e revolta.
AS REGRAS ESPECIAIS:
Além dessas regras que você acabou de estudar e que se baseiam na posição da sílaba
tônica e na terminação, há outras, que levam em conta aspectos específicos da
sonoridade das palavras. Essas regras são aplicadas nos seguintes casos:
HIATOS
Quando a segunda vogal do hiato for i ou u, tônicos, acompanhados ou não de s, haverá
acento: saída, proíbo, faísca, caíste, saúva, viúva, balaústre, carnaúba, país, aí, baú,
segunda vogal: i ou u tônico.
Cuidado: se o i for seguido de nh, não haverá acento. É o caso de: rainha, moinho,
tainha, campainha. Também não haverá acento se a vogal i ou a vogal u se repetirem, o
que ocorre em poucas palavras: vadiice, sucuuba, mandriice, xiita.
Convém lembrar que, quando a vogal i ou a vogal u forem acompanhadas de outra letra
que não seja s, não haverá acento: ruim, juiz, paul, Raul, cairmos, contribuiu,
contribuinte.
Quando, nos grupos ee e oo, a primeira vogal for tônica, haverá acento circunflexo:
crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem, relêem, prevêem, revêem, côo, vôo, enjôo, magôo,
abotôo.
Note que a terminação êem é exclusiva dos verbos crer, dar, ler, ver e derivados
(descrer, reler, prever, rever, antever e outros). Não ocorre a terminação êem nos verbos
ter, vir e derivados (deter, manter, entreter, conter, reter, obter, abster, intervir, convir,
provir e outros).
DITONGOS
Ocorre acento na vogal tônica dos ditongos ei, eu, oi, desde que sejam abertos, como em
anéis, aluguéis, coronéis, idéia, geléia, céu, chapéu, réu, véu, troféu, apóiam, heróico,
jóia, estóico, esferóide.
Cuidado: não haverá acento se o ditongo for aberto, mas não tônico:
chapeuzinho, heroizinho, aneizinhos, pasteizinhos, ideiazinha. Você notou que, em
todas essas palavras, a sílaba tônica é “zi”. Se o ditongo apresentar timbre fechado,
também não haverá acento, como em azeite, manteiga, eu, judeu, hebreu, apoio, arroio,
comboio.
Coloca-se trema sobre a letra u pronunciada atonamente nos grupos gue, gui, que, qui,
nos quais acaba ocorrendo ditongo crescente: lingüiça, seqüestro, eqüino, agüentar,
ungüento, tranqüilo, conseqüência, argüir.
Cuidado: se nesses mesmos grupos (gue, gui, que, qui) a letra u for pronunciada
tonicamente, haverá acento agudo, como em apazigúe, obliqúe, argúi, argúem, averigúe,
averigúem, obliqúem.
FORMAS VERBAIS SEGUIDAS DE PRONOMES OBLÍQUOS
Para acentuar as formas verbais associadas a pronomes oblíquos, leve em conta apenas
o verbo, desprezando o pronome. Considere a forma verbal do jeito que você a
pronuncia e aplique a regra de acentuação correspondente. Em cortá-lo, considere cortá,
oxítona terminada em a e, portanto, acentuada. Em incluí-lo, considere incluí, em que
ocorre hiato. Já em produzi-lo, não há acento, porque produzi é oxítona terminada em i.
-nota da ledora: Propaganda da Manufatura de Cinema, com a palavra Seqüência - e a
seguinte legenda: O trema em seqüência assinala a letra u pronunciada atonamente no
grupo que.
- fim da nota.
ACENTOS DIFERENCIAIS
Existem algumas palavras que recebem acento excepcional, para que sejam
diferenciadas, na escrita, de suas homônimas. São casos muitoparticulares e, por isso
mesmo, pouco numerosos. Convém iniciar a relação lembrando o acento que diferencia
a terceira pessoa do singular da terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos
verbos ter e vir:
ele tem - eles têm
ele vem - eles vêm
Com os derivados desses verbos, é preciso lembrar que há acento agudo na terceira
pessoa do singular e circunflexo na terceira do plural do presente do indicativo:
ele detém - eles detêm
ele mantém - eles mantêm
ele intervém - eles intervêm
ele provém - eles provêm
ele obtém - eles obtêm
ele convém - eles convêm
- nota da ledora: - nesta página, apresentam-se quatro logotipos usados por
guardadores de carros
- fim da nota.
No 2o.e no 3o. quadros, pára recebe acento porque é forma do verbo parar. O acento
serve para distingui-la de para (sem acento), preposição.
Existe apenas um acento diferencial de timbre em português: pôde (terceira pessoa do
singular do pretérito perfeito do verbo poder), diferencial de pode (terceira do singular).
Há ainda algumas palavras que recebem acento diferencial de tonicidade, ou seja, são
palavras que se escrevem com as mesmas letras, mas têm oposição tônica (uma é tônica,
a outra é átona). São as seguintes:
pôr (verbo)
por (preposição)
pára (forma do verbo parar, também presente em algumas palavras compostas:
pára-brisa, pára-quedas, pára-raios, pára-lama)
para (preposição)
côas, côa (formas do presente do indicativo do verbo coar)
coas, coa (preposição com + artigo a e as, respectivamente; essas formas são comuns
em poesia)
péla, pélas (formas do verbo pelar, ou substantivos)
pela, pelas (contrações de preposição e artigo)
pêlo, pêlos (substantivos)
pélo (forma do verbo pelar)
pelo, pelos (contrações de preposição e artigo)
pêra (substantivo)
péra (substantivo)
pera (preposição arcaica)
pêro, Pêro (substantivos)
pero (conjunção arcaica)
pôla (substantivo)
póla (substantivo)
pola (contração arcaica de preposição e artigo)
pôlo (substantivo)
pólo (substantivo)
polo (contração arcaica de preposição e artigo)
TEXTOS PARA ANÁLISE
- nota da ledora: anúncio do Jornal do Brasil - classificados - com os seguintes dizeres:
- se é pra vender como água, pra quê chover no molhado? Seja direto com quem
interessa. Anuncie no Classificado que interessa.
- fim da nota.
TRABALHANDO O TEXTO
Há, no texto acima, um erro de acentuação gráfica. Aponte-o e explique por que ele
ocorre.
- nota da ledora: propaganda da Companhia Vale do Rio Doce, nos termos seguintes:
Transparência, Eficiência, Coerência. Conseqüência: a Vale ganhou o Prêmio Mauá.
- fim da nota.
TRABALHANDO O TEXTO
1. Justifique a acentuação gráfica das palavras transparência, eficiência e coerência.
2. Observe como está grafada, no texto, a palavra conseqüência. Essa grafia está
correta? Explique.
Construção
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado.
(HOLLANDA, Chico Buarque de. ln: Chico Buarque. São Paulo, Abril Educação,
1980. p.
28-9. Literatura comentada.)
- nota da ledora : na página um desenho, alongado, de uma construção estilizada.
- fim da nota.
TRABALHANDO O TEXTO
1. Observe a última palavra de cada um dos versos do texto. Por que todas são
acentuadas graficamente?
2. Por que as palavras do tipo a que se refere a questão anterior são todas acentuadas
graficamente?
3. Além da última palavra de cada verso, só há uma outra acentuada no texto. Qual é e
por que recebe acento gráfico?
4. A partir do que se vê no texto e nas três questões anteriores, pode-se concluir que em
português as palavras que recebem acento gráfico são maioria ou minoria? Explique.
5. Classifique quanto à tonicidade estas palavras, retiradas do texto: última, máquina,
náufrago, música, público, tráfego, último. Se fosse eliminado o acento gráfico, as
palavras continuariam existindo? Explique.
6. Que efeito causa o emprego de palavras de mesma acentuação tônica no final de cada
verso? Comente.
7. "Morreu na contramão atrapalhando o sábado." Por que se pode dizer que essa é uma
maneira irônica e patética de sintetizar o espírito do texto?
QUESTÕES E TESTES DE VESTIBULARES
1 (Univ. Alfenas-MG) Assinale a alternativa em que todas as palavras prescindem de
acentuação gráfica, se forem seguidas as regras da gramática normativa atual:
a) até, ôlho-de-boi, êle
b) ôlho-de-boi, pôde, já
c) prêto, aquêle, capêta
d) até, já, dôido
e) êle, só, ninguém
2 (Univ. Alfenas-MG) A mesma regra de acentuação que vale para rápida, vale também
para:
a) mutável, estaríamos, vírgula, admissíveis
b) vírgula, simbólica, símbolo, hieróglifos
c) ortográfico, colégios, egípcios, língua
d) básicos, difícil, colégios, língua
e) português, inglês, símbolos, língua
3 (FAAP-SP) Justifique a acentuação dos seguintes vocábulos:
a) históricos
b) índio
c) país
d) herói
4 (ACAFE-SC) Assinale a alternativa incorreta:
a) Esôfago, órgão e afôito são palavras acentuadas graficamente.
b) Bêbado, bálsamo e binóculo são proparoxítonas.
c) Exausto, arroio e ofício são palavras trissílabas.
d) Lei e lua apresentam ditongo e hiato, respectivamente.
e) Caminho apresenta sete letras e seis fonemas.
5 (CEFET-PR) Observando a grafia e acentuação, indique a alternativa em que todas as
palavras estão corretas:
a) privilégio, espontâneo, ressurreição
b) má-criação, abstração, exitação
c) maciço, sisudez, classissismo
d) acessor, sargeta, senzala
e) incursão, propenção, mixto
6 (FUVEST-SP) Assinale a alternativa em que o texto está acentuado corretamente.
a) A princípio, metia-me grandes sustos. Achava que Virgilia era a perfeição mesma,
um conjunto de qualidades sólidas e finas, amorável, elegante, austera, um modêlo.
b) A princípio, metia-me grandes sustos. Achava que Virgília era a perfeição mesma,
um conjunto de qualidades sólidas e finas, amorável, elegante, austera, um modelo.
c) A princípio, metia-me grandes sustos. Achava que Virgília era a perfeição mesma,
um conjunto de qualidades solidas e finas, amoravel, elegante, austera, um modêlo.
d) A principio, metia-me grandes sustos. Achava que Virgilia era a perfeição mesma,
um conjunto de qualidades sólidas e finas, amorável, elegante, austera, um modelo.
e) A princípio, metia-me grandes sustos. Achava que Virgília era a perfeição mesma,
um conjunto de qualidades sólidas e finas, amoravel, elegante, austera, um modelo.
7 (ITA-SP) Assinale a alternativa em que todas as palavras podem estar corretas quanto
à acentuação gráfica:
a) seco, sozinhas,récorde, contens, rebôos, pêlos
b) pára, pôr, vêm, côas, provêm, contêm
c) pêlos, pélo, pêras, póde, argúem, avaros
d) pélo, intervém, têm, itens, reúnem, corrói
e) vem, averigúem, pôde, esfíncter, heroína, pospôr
8 (ITA-SP) Assinale a alternativa cujas palavras devem ser graficamente acentuadas,
respectivamente, pelas mesmas regras de feiura, apazigue, paranoico, texteis, interim:
a) Adail, enxague, heroico, orfão, homografas
b) ruidos, averiguem, caracoizinhos, fosseis, bramane
c) juizes, frequente, bachareis, bençãos, pudico
d) substituidas, arguem, escarceu, nevoa, bigamo
e) baus, apaziguemos, onomatopeico, alcoois, biotipo
9 (PUCC-SP) Assinale a série em que todos os vocábulos estão escritos de acordo com
as normas vigentes de acentuação gráfica:
a) item, juizes, juri, córtex, magôo
b) Luís, vírus, eletron, hífens, espírito
c) espontâneo, táxi, rúbrica, bênção, apazigue
d) através, intuito, álbuns, varíola, sauna
e) dolar, zebú, ritmo, atraí-lo, bangalô
10 (PUCC-SP) Assinale a alternativa correspondente à frase em que não há nenhum
erro de ortografia e acentuação.
a) Embora quisesse pôr o caso em discussão, hesitou muito ao perceber o
constrangimento de todos.
b) À exceção do representante do corpo doscente, puzeram-se a favor da proposta do
ex-reitor sómente seus ex-discípulos.
c) Atraz de tanta segurança, estava a ocultar todo o ressentimento que remoia a anos.
d) De tanto remexer na memória o que lhe escapava à compreensão, já não sabia mais o
quê dava tanta vida àquele amontoado de lembranças.
e) Arrependia-se sempre da rispidez com que a recebia, pois não precisava ser advinho
para saber que dali há instantes choraria por ela.
11 (PUCC-SP) Assinale a alternativa correspondente à frase em que não há nenhum
erro de ortografia e acentuação.
a) Estavam estranhando no seu geito, e não entendiam o por que de tanta controvérsia se
ela já se pronunciara à favor da nova tese.
b) O trabalho supunha análise minuciosa de vários itens, o que justificava a exigência de
mais tempo para sua execução e de mais material à disposição dos pesquizadores.
c) Obrigado à fazer o que ninguém quiz, sentiu-se humilhado, mas de repente suspos
que, atravéz da difícil tarefa, poderia alcançar notoriedade.
d) Pressentiu que eles não tinham percebido a extensão do problema que apontara, e
pôde comprovar sua impressão quando se referiram aquilo que dissera, sem dar o
devido peso a suas palavras.
e) Hora aqui, hora ali, corria atrás de suas pretensões, sem nenhum excrúpulo de tirar
vantagem do que quer que fôsse.
12 (UNESP) justifique a acentuação nos seguintes vocábulos:
a) conveniência
b) também
c) matéria
d) espírito
13 (UNESP) Ruínas é uma palavra acentuada. Explique por quê. A seguir, responda:
O vocábulo ruim deve ou não levar acento? justifique.
14 (FGV-RJ) Assinale a alternativa que completa corretamente as frases:
I. Cada qual faz como melhor lhe ( ).
II. O que ( ) estes frascos?
III. Neste momento os teóricos ( ) os conceitos.
IV. Eles ( ) a casa do necessário.
a) convém, contém, revêem, provêem
b) convém, contêm, revêem, provêm
c) convém, contém, revêm, provém
d) convêm, contém, revêem, provêem
e) convêm, contêm, revêem, provêem
15 (ITA-SP) Assinale a seqüência sem erro de acentuação:
a) pára (verbo), pêlo (subst.), averigúe, urutu
b) para (verbo), pelo (subst.), averigúe, urutu
c) pára (verbo), pêlo (subst.), averigüe, urutu
d) pára (verbo), pelo (subst.), averigüe, urutú
e) para (verbo), pelo (subst.), averigue, urutu
16 (UM-SP) Assinale a única alternativa em que nenhuma palavra é acentuada
graficamente:
a) bonus, tenis, aquele, virus
b) repolho, cavalo, onix, grau
c) juiz, saudade, assim, flores
d) levedo, carater, condor, ontem
e) caju, virus, niquel, ecloga
17 (E. C. Chagas-SP) Por favor, ( ) com esse ( ), pois precisamos de ( )
a) para, ruído, tranqüilidade
b) para, ruido, tranquilidade
c) para, ruído, tranqüilidade
d) pára, ruído, tranqüilidade
e) pára, ruido, tranqüilidade
18 (PUCC-SP) A última reforma ortográfica aboliu o acento gráfico da sílaba subtônica
e o acento diferencial de timbre. Por isso, não há erro de acentuação na alternativa:
a) surpresa, pelo (contração), sozinho
b) surpresa, pelo (contração), sózinho
c) surprêsa, pélo (verbo), sozinho
d) surpresa, pêlo (substantivo), sòzinho
e) n.d.a.
19 (PUCC-SP) Assinale a alternativa de vocábulo corretamente acentuado:
a) hífen
b) item
c) ítens
d) rítmo
e) n.d.a.
20 (CESGRANRIO-RJ) Assinale a opção em que os vocábulos obedecem à mesma
regra de acentuação gráfica:
a) terás/límpida
b) necessário/verás
c) dá-lhes/necessário
d) incêndio/também
e) extraordinário/incêndio
21 (FEI-SP) Reescreva as palavras abaixo, colocando o acento gráfico conveniente:
perdoo, orfã, filantropo, textil
22 (FUVEST-SP) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corretamente
acentuadas:
a) Tietê, órgão, chapéuzinho, estrêla, advérbio
b) fluido, geléia, Tatui, armazém, caráter
c) saúde, melância, gratuito, amendoim, fluído
d) inglês, cipó, cafézinho, útil, ltú
e) canôa, heroísmo, crêem, Sergípe, bambú
23 (UM-SP) Assinale a alternativa em que a acentuação da forma verbal está incorreta:
- nota da ledora: a palavra grifada foi colocada entre parêntese.
- fim da nota.
a) Os pais não (vêem) graça nos atos dos filhos indisciplinados.
b) Toda sua conversa (contém) palavras ora de revolta, ora de ternura.
c) Nada me perturba a paz interna, nem mesmo quando a minha consciência me (argui).
d) Em quase todas a reuniões, os ministros (retêm) as reformas dos planos de ensino.
e) Seus atos inconscientes (intervêm) constantemente na minha tranqüilidade.
24 (UFF-RJ) Só numa série abaixo estão todas as palavras acentuadas corretamente.
Assinale-a.
a) rápido, séde, côrte
b) Satanás, ínterim, espécime
c) corôa, vatapá, automóvel
d) cometí, pêssegozinho, viúvo
e) lápis, raínha, côr
25 (FGV-RI) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corretamente
grafadas:
a) raiz, raízes, sai, apóio, Grajau
b) carretéis, funis, índio, hifens, atrás
c) juriti, ápto, âmbar, difícil, almoço
d) órfão, afável, cândido, caráter, Cristovão
e) chapéu, rainha, Bangú, fossil, conteúdo
26 (UFV-MG) Assinale a alternativa em que há erro de acentuação gráfica:
a) apóiam, obliqúe, averigúe
b) inexcedível, influi, enjôo
c) cauím, egoísta, contém
d) órgão, estréiam, saúva
e) conclui, além-túmulo, médium
27 (UNESP) Abaixo relacionamos algumas palavras:
República, porém, reações, vitima, Gegê, emissários, estória, também, contrário,
memória, até, água, caique, conclusão
Marque a alternativa que contém regra de acentuação gráfica que não seja aplicável a
nenhuma das palavras da relação acima:
a) Põe-se o acento agudo no i e no u tônicos que não formam ditongo com a vogal
anterior.
b) Todas as palavras proparoxítonas devem ser acentuadas graficamente. Incluem-se
neste preceito os vocábulos terminados em encontros vocálicos que podem ser
pronunciados como ditongos crescentes.
c) Assinala-se com acento agudo o u tônico precedido de g ou q e seguido de e ou i.
d) Assinalam-se com o acento agudo os vocábulos oxítonos que terminam em a, e, o
abertos, e com o acento circunflexo os que acabam em e, o fechados, seguidos ou não
de s.
e) Usa-se o til para indicar a nasalização, e vale como acento tônico se outro acento não
figura no vocábulo.
PARTE 2 - MORFOLOGIA
CAPÍTULO 5 - ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
- nota da ledora: propaganda com os seguintes teores: Os Gordos - com Nicolau
Breyner - domingo, no canal 1, e do Diet Shake - não faça lipo (referência a
lipoaspiração) , faça aspiração (mostrando um copo vazio, de diet shake, com um
canudo - e uma propaganda
- fim da nota.
A língua portuguesa apresenta dois processos básicos para a formação das palavras: a
derivação e a composição.
"Os gordos" constitui exemplo de derivação imprópria: a palavra gordos, originalmente
adjetivo, converteu-se em substantivo sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em
sua forma.
O segundo exemplo alude a uma palavra formada por composição (lipoaspiração) e,
decompondo-a,tenta convencer o leitor a gastar seu dinheirinho com guloseimas, em
vez de fazê-lo com cirurgia estética.
CONCEITOS BÁSICOS
Sabemos que a Morfologia estuda a estrutura, a formação, a classificação e as flexões
das palavras. Neste capítulo, iniciamos nossos estudos de Morfologia: vamos investigar
a estrutura e os processos de formação das palavras de nossa língua.
Se pensarmos em palavras que mantêm alguma semelhança com o substantivo governo,
poderemos encontrar o seguinte grupo:
governo
governa
desgoverno
desgovernado
governadores
ingovernável
ingovernabilidade
Todas essas palavras têm pelo menos um elemento comum: a forma goven-. Além
disso, em todas elas há elementos destacáveis, responsáveis pelo acréscimo de algum
detalhe de significação. Compare, por exemplo, governo e desgoverno: o elemento
inicial des- foi acrescentado à forma governo, trazendo o significado de "falta, ausência,
carência".
Continuando esse trabalho de comparação entre as diversas palavras que selecionamos,
podemos depreender a existência de diversos elementos formadores:
govern-o
goven-a
des-govern-o
des-govern-a-do
govern-a-dor-es
in-govern-á-vel
in-govern-a-bil-i-dade
Cada um desses elementos formadores é capaz de fornecer alguma noção significativa à
palavra que integra. Além disso, nenhum deles pode sofrer nova divisão. Estamos diante
de unidades de significação mínimas, ou seja, elementos significativos
indecomponíveis, a que damos o nome de morfemas.
ATIVIDADES
Comparando as palavras a seguir, faça a depreensão dos morfemas que as
constituem:
a) desatualização
b) atualizar
c) atual
d) atualizado
e) atualizada
f) atualizados
g) atualmente
h) reatualizar
i) atualizador
- nota da ledora: quadro em destaque na página, fim da nota - Selecionando e
comparando palavras que contêm alguma semelhança formal entre si, podemos fazer a
depreensão dos elementos formadores dessas palavras. Esse trabalho nos mostra que as
palavras são formadas por unidade mínimas de significado, os morfemas.
2. CLASSIFICAÇÃO DOS MORFEMAS
É o morfema govern-, comum a todas as palavras observadas na página anterior, que faz
com que as consideremos palavras de uma mesma família de significação. Ao morfema
comum de uma família de palavras chamamos radical; às palavras que pertencem a uma
mesma família, chamamos cognatos. O radical é a parte da palavra responsável pela sua
significação principal.Já sabemos que o morfema des-, que surge em desgoverno, é
capaz de acrescentar ao significado da palavra governo a idéia de "negação, falta,
carência". Dessa forma, o acréscimo do morfema des- cria uma nova palavra a partir de
governo. A nova palavra formada tem o sentido de "falta, ausência de governo". De
maneira semelhante, o acréscimo do morfema -dor à forma governa- criou a palavra
governador, que significa "aquele que governa". Observe que des- e -dor são morfemas
capazes de mudar o sentido do radical a que são anexados. Esses morfemas recebem o
nome de afixos.
Quando são colocados antes do radical, como acontece com des-, os afixos recebem o
nome de prefixos. Quando, como -dor, surgem depois do radical, os afixos são
chamados de sufixos. Prefixos e sufixos são capazes de introduzir modificações de
significado no radical a que são acrescentados. São também, em muitos casos, capazes
de operar mudança de classe gramatical da palavra a que são acrescentados. Nas
palavras que estamos analisando, merecem destaque alguns afixos:
prefixos:
des-, em desgoverno, desgovernado
in-, em ingovernável, ingovernabilidade
sufixos
-vel, em ingovernável
-dor, em governadores
-dade, em ingovernabilidade
- nota da ledora: quadro de destaque na página -
OBSERVAÇÕES : Optamos pelo uso do termo radical para designar o morfema que
concentra a significação principal da palavra e que pode ser depreendido por meio de
simples comparações entre palavras de uma mesma família. Intencionalmente, não
empregamos o termo raiz, que está ligado à origem histórica das palavras. Para
identificar a raiz de uma família de vocábulos é necessário um conhecimento específico
de etimologia.
- fim do quadro e da nota.
Se você agora pluralizar a palavra governo, encontrará a forma governos. Isso nos
mostra que o morfema -s, acrescentado ao final da forma governo, é capaz de indicar a
flexão de número desse substantivo.
Tomando o verbo governar e conjugando algumas de suas formas, você irá perceber
modificações na parte final dessa palavra: governava, governavas, governava,
governávamos, governáveis, governavam. Essas modificações ocorrem à medida que o
verbo vai sendo flexionado em número (singular/plural) e pessoa (primeira, segunda ou
terceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
(governava/governara /governasse, por exemplo).
Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam as flexões das palavras.
Esses morfemas sempre surgem na parte final das palavras variáveis e recebem o nome
de desinências. Há desinências nominais (indicam flexões nominais, ou seja, o gênero e
o número) e desinências verbais (indicam flexões do verbo, como número, pessoa,
tempo e modo).
Observe que entre o radical govern- e as desinências verbais surge sempre o morfema -
a-. Esse morfema que liga o radical às desinências é chamado vogal temática. Sua
função é justamente a de ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. E ao tema
(radical + vogal temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os verbos como os
nomes apresentam vogais temáticas.
Há ainda um último tipo de morfema que podemos encontrar: as vogais ou consoantes
de ligação. São morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou
mesmo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Temos um exemplo de vogal
de ligação na palavra ingovernabilidade: o -i- entre os sufixos -bil- e -dade facilita a
emissão vocal da palavra. Outros exemplos de vogais e consoantes de ligação podem ser
vistos em palavras como gasômetro, alvinegro, tecnocracia; paulada, cafeteira, chaleira,
tricotar.
- nota da ledora: anuncio de praia de nudismo, com um maiô colocado em cima
da placa de aviso: Praia de Nudismo.
- fim da nota.
Neste metonímico anúncio (os corpos nus estão sugeridos pelo solitário maiô), vemos
uma consoante de ligação na palavra nudismo, ligando o adjetivo nu ao sufixo -ismo.
ATIVIDADE
Faça a depreensão e a classificação dos morfemas formadores das seguintes
palavras e flexões:
a) realizar
b) irreal
c) real
d) realmente
e) realizável
f) realizava
g) realizáramos
h) realismo
i) realista
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
Classificação dos morfemas
a) radical - morfema comum às palavras que pertencem a uma mesma família de
significado. Nele se concentra a significação básica dessas palavras;
b) afixos - morfemas capazes de alterar a significação básica de um radical. Podem
também operar mudanças de classe gramatical. Subdividem-se em prefixos e sufixos;
c) desinências - morfemas que indicam as flexões das palavras variáveis. Subdividem-se
em desinências nominais (indicam as flexões de gênero e número dos nomes) e
desinências verbais (indicam as flexões de tempo/modo e número/pessoa dos verbos);
d) vogal temática - morfema que serve de elemento de ligação entre o radical e as
desinências. O conjunto radical + vogal temática recebe o nome de tema;
e) vogal ou consoante de ligação - morfema de origem geralmente eufônica, capaz de
facilitar a emissão vocal de determinadas palavras.
ESTUDOS DOS MORFEMAS LIGADOS ÀS FLEXÕES DAS PALAVRAS
VOGAIS TEMÁTICAS
A vogal temática é um morfema que se junta ao radical a fim de formar uma base à qual
se ligam as desinências. Essa base é chamada tema.Além de atuar como elemento de
ligação entre o radical e as desinências, a vogal temática também marca grupos de
nomes e de verbos. Isso significa que existem vogais temáticas nominais e vogais
temáticas verbais.
a) vogais temáticas nominais - são-a, -e e -o, quando átonas finais, como em mesa,
artista, busca, perda, escola; triste, base, combate, destaque, sorte; livro, tribo, amparo,
auxílio, resumo.Nesses casos, não poderíamos pensar que essas terminações são
desinências indicadoras de gênero, pois livro, escola e sorte, por exemplo, não sofrem
flexão de gênero. É a essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de
plural: carro-s, mesa-s, dente-s.
Os nomes terminados em vogais tônicas (sofá, café, caqui, mandacaru e cipó, por
exemplo) não apresentam vogal temática; podemos considerar que os terminados em
consoante (feliz, roedor, por exemplo) têm o mesmo comportamento.
b) vogais temáticas verbais - são -a, -e e -i, criando três grupos de verbos a que se dá o
nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira
conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à segunda conjugação e os que
têm vogal temática -i pertencem à terceira conjugação. Podemos perceber claramente a
vogal temática atuando entre o radical e as desinências nos seguintes exemplos:
primeira conjugação: goven-a-va, atac-a-va, realiz-a-sse;
segunda conjugação: estabelec-e-sse, cr-e-ra, mex-e-rá;
terceira conjugação: defin-i-ra, imped-i-sse, ag-i-mos.
DESINÊNCIA:
As desinências são morfemas que indicam as flexões de nomes e verbos, dividindo-se,
por isso, em desinências nominais e verbais Note que as desinências indicam flexões de
uma mesma palavra, enquanto os afixos são usados para formar novas palavras. As
flexões ocorrem obrigatoriamente quando precisamos inserir uma palavra numa
seqüência ou frase:
O ministro não foi convidado para a reunião.
Os ministros não foram convidados para a reunião.
A ministra não foi convidada para a reunião.
As ministras não foram convidadas para a reunião.
As flexões sofridas pelas palavras nas frases acima são obrigatórias para o
estabelecimento da concordância. Já o uso de afixos não se deve a uma obrigatoriedade,
mas sim a uma opção:
O ex-ministro não foi convidado para a reunião.
A ministra não foi convidada para as reuniõezinhas.
Não há nenhum mecanismo lingüístico que torne obrigatório o uso do sufixo -
(z)inhou do prefixo ex- nessas duas frases. Além disso, reuniãozinhas (plural
"reuniõezinhas") e ex-ministro são duas palavras novas formadas a partir de ministro e
reunião, respectivamente; já ministros, ministra e ministras são consideradas formas de
uma mesma palavra, ministro.
a) desinências nominais - indicam o gênero e o número dos nomes. Para a indicação de
gênero, o português costuma opor as desinências -o / -a:
garoto/garota; menino/menina. Você já sabe como distinguir essas desinências das
vogais temáticas nominais: lembre-se de que, enquanto as desinências são comutáveis
(podem ser trocadas uma pela outra), as vogais temáticas não são (quem pensaria
seriamente em formar "livra" ou "carra" para indicar formas "femininas"?).
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o morfema -s, que indica o plural em
oposição à ausência de morfema que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas;
menino/meninos; menina/meninas. No caso dos nomes terminados em -r e -z, a
desinência de plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes;
juiz/juízes.
b) desinências verbais - em nossa língua, as desinências verbais pertencem a dois tipos
distintos. Há aquelas que indicam o modo e o tempo verbais (desinências modo-
temporais) e aquelas que indicam o número e a pessoa verbais (desinências número-
pessoais). Observe, nas formas verbais abaixo, algumas dessas desinências:
estud-á-va-mos
estud-: radical
-á-: vogal temática
-va-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicativo)
-mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira pessoa do plural)
estud-á-sse-is
-sse-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjuntivo)
-is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda pessoa do plural)
estud-a-ria-m
-ria-: desinência modo-temporal (caracteriza o futuro do pretérito do indicativo)
-m: desinência número-pessoal (caracteriza a terceira pessoa do plural)
- nota da ledora:
fotografia do apinel de exposição da galeria do Banco Safra, anunciando a Exposição de
mulheres com corpo escultural, com a seguinte legenda: Em mulher, -es e a desinência
de plural, pois trata-se de nome cujo singular termina em -r. Mas o interessante neste
anúncio é o emprego do adjetivo escultural geralmente usado em sentido figurado. O
redator obteve um belo efeito explorando seu sentido literal. - no anúncio, a foto de uma
escultura do corpo de uma mulher.
- fim da nota.
ATIVIDADES
Aponte as desinências e as vogais temáticas das seguintes palavras e flexões:
a) amor, amores
b) deputado, deputada
c) comemorava, comemorávamos, comemorássemos
d) pusesse, puséramos, pusésseis
e) pente, pentes
f) garrafa, garrafas
g) boné, bonés
h) caso, casos
i) moço, moços
- nota da ledora: quadro em destaque nesta página:
Morfemas ligados aos mecanismos de flexão
Vogais temáticas - atuam como elemento de ligação entre o radical e as desinências.
a) nominais - dividem os nomes em três classes;
b) verbais - dividem os verbos em três conjugações.
Desinências - indicam as flexões das palavras variáveis da língua.
a) nominais - indicam o gênero (masculino / feminino) e o número (singular / plural)
dos nomes, pronomes e numerais variáveis;
b) verbais - indicam as flexões verbais, podendo ser modo-temporais ou número-
pessoais.
- fim do quadro de destaque da página.
4. PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
A língua portuguesa apresenta dois processos básicos para formação de palavras: a
derivação e a composição.
Há derivação quando, a partir de uma palavra primitiva, obtemos novas palavras
chamadas derivadas) por meio do acréscimo de afixos. Isso ocorre, por exemplo,
quando, a partir da palavra primitiva piche, formamos pichar, da qual por sua vez se
forma pichação, pichador; também ocorre quando obtemos impessoal a partir de pessoal
ou ineficiente a partir de eficiente. Como veremos mais adiante, a derivação também
pode ser feita pela supressão de morfemas ou pela troca de classe gramatical, mas nunca
pelo acréscimo de radicais.
A composição ocorre quando formamos palavras pela junção de pelo menos dois
radicais. Nesse sentido, diferencia-se da derivação, que não lida com radicais. As
palavras resultantes do processo de composição são chamadas palavras compostas, em
oposição àquelas em que há um único radical, chamadas simples.
Eis alguns exemplos de palavras compostas:
lobisomem (em que se notam os radicais das palavras lobo e homem), girassol (gira +
sol), beiJa-flor (beija + flor), otorrinolaringologia (formada por radicais eruditos,
trazidos diretamente do grego: oto + rino + laringo + logia).
DERIVAÇÃO
A derivação consiste basicamente na modificação de determinada palavra primitiva por
meio do acréscimo de afixos. Dessa forma, temos a possibilidade de fazer sucessivos
acréscimos, criando, a partir de uma base inicialmente simples, palavras de estrutura
cada vez mais complexa:
escola
escolar
escolarizar
escolarização
subescolarização
Observe, assim, que a derivação deve ser vista como um processo extremamente
produtivo da língua portuguesa, pois podemos incorporar os mesmos afixos a um
número muito grande de palavras primitivas. Esses acréscimos podem alterar o
significado da palavra (como em escolarização/subescolarização) e também mudar a
classe gramatical da palavra (como em escolarizar/escolarização, que são,
respectivamente, verbo e substantivo).
A derivação, quando decorre do acréscimo de afixos, pode ser classificada em três tipos:
derivação prefixal, derivação sufixal e derivação parassintética.
DERIVAÇÃO PREFIXAL OU PREFIXAÇÃO
Resulta do acréscimo de prefixo à palavra primitiva, que tem o seu significado alterado;
veja, por exemplo, alguns verbos derivados de pôr: repor, dispor, compor, contrapor,
indispor, recompor, decompor. Tradicionalmente, os estudiosos da língua portuguesa
afirmam que a prefixação não produz mudanças de classe gramatical; na língua atual,
entretanto, essas modificações têm ocorrido. Veja, por exemplo, as palavras antiinflação
e interbairros, que, em expressõescomo pacto antiinflação e transporte interbairros
atuam como adjetivos, apesar de terem sido formadas de substantivos.
DERIVAÇÃO SUFIXAL OU SUFIXAÇÃO
Resulta do acréscimo de sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração de
significado ou mudança de classe gramatical. Em unhada, por exemplo, houve
modificação de significado: o acréscimo do sufixo trouxe a noção de "golpe", "ataque
feito com a unha", ou mesmo a idéia de "ferimento provocado pela unha". Já em
alfabetização, o sufixo -ção transforma em substantivo o verbo alfabetizar. Esse verbo,
por sua vez, já resulta do substantivo alfabeto pelo acréscimo do sufixo -izar.
Como já vimos, o acréscimo de afixos pode ser gradativo. Nada impede que, depois de
obter uma palavra por prefixação, se forme outra por sufixação, ou vice-versa. Veja, por
exemplo, desvalorização (valor valorizar desvalorizar desvalorização); indesatável
(desatar desatável indesatável); desigualdade (igual igualdade desigualdade). São
palavras formadas por prefixação e sufixação ou por sufixação e prefixação.
DERIVAÇÃO PARASSINTÉTICA OU PARASSÍNTESE
Ocorre quando a palavra derivada resulta do acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à
palavra primitiva. É um processo que dá origem principalmente a verbos, obtidos a
partir de substantivos e adjetivos. Veja alguns exemplos de verbos obtidos de
substantivos: abençoar, amaldiçoar, ajoelhar, apoderar, avistar, apregoar, enfileirar,
esfarelar, abotoar, esburacar, espreguiçar, amanhecer, anoitecer acariciar, engatilhar,
ensaboar, enraizar, afunilar, apavorar, empastelar, expatriar.
Agora, alguns formados de adjetivos: enrijecer, engordar, entortar, endireitar, esfriar,
avermelhar, empobrecer, esclarecer, apodrecer, amadurecer, aportuguesar, enlouquecer,
endurecer, amolecer, entristecer, empalidecer, envelhecer, expropriar.
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÃO: Não se deve confundir a derivação parassintética, em que o acréscimo
de sufixo e prefixo é obrigatoriamente simultâneo, com casos como os das palavras
desvalorização e desigualdade, que vimos há pouco. Nessas palavras, os afixos são
acoplados em seqüência; assim, como vimos, desvalorização provém de desvalorizar,
que provém de valorizar, que por sua vez provém de valor.É impossível fazer o mesmo
com palavras formadas por parassíntese: não se pode, por exemplo, dizer que expropriar
provém de "propriar" ou de "expróprio", pois tais palavras não existem; logo, expropriar
provém diretamente de próprio, pelo acréscimo concomitante de prefixo e sufixo.
- fim do quadro de destaque.
DERIVAÇÃO REGRESSIVA
Ocorre quando se retira a parte final de uma palavra primitiva, obtendo por essa redução
uma palavra derivada. E um processo particularmente produtivo para a formação de
substantivos a partir de verbos principalmente da primeira e da segunda conjugações.
Esses substantivos, chamados por isso de verbais, indicam sempre o nome de uma ação.
O mecanismo para sua obtenção é simples: substitui-se a terminação verbal formada
pela vogal temática + desinência de infinitivo (-ar ou -er) por uma das vogais temáticas
nominais (-a, -e ou -o):
buscar - busca
alcançar - alcance
tocar - toque
apelar - apelo
censurar - censura
atacar- ataque
sacar - saque
chorar - choro
ajudar - ajuda
cortar - corte
abalar- abalo
recuar - recuo
perder - perda
debater - debate
afagar - afago
sustentar - sustento
vender - venda
resgatar - resgate
É interessante perceber que a derivação regressiva é um processo produtivo na língua
coloquial: surgiram recentemente na língua popular palavras como agito (de agitar),
amasso (de amassar) e chego (de chegar).
- nota da ledora: quadro de destaque na página;
Os substantivos deverbais são sempre nomes de ação: isso é importante porque há casos
em que é o verbo que se forma a partir do substantivo, como planta plantar, perfume
perfumar, escudo escudar. Planta, perfume e escudo não são nomes de ação; por isso
não são substantivos deverbais . Na verdade, eles é que são palavras primitivas,
enquanto os verbos são derivados.
DERIVAÇÃO IMPRÓPRIA
Ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em
sua forma, muda de classe gramatical. Isso acontece, por exemplo, nas frases:
Não aceitarei um não como resposta.
É um absurdo o que você está propondo.
Na primeira frase, não, um advérbio, converteu-se em substantivo. Na segunda, o
adjetivo absurdo também se converteu em substantivo. Já em:
Você está falando bonito: o amar é indispensável.
O adjetivo bonito surge na função típica de um advérbio de modo, enquanto o verbo
amar se converteu em substantivo.
- nota da ledora: anúncio na página, campanha de educação no trânsito, da cidade de
Curitiba, com os seguintes dizeres: Curitiba levou 300 anos para aprender a respeitar o
verde, só falta o amarelo e o vermelho (cores referentes aos sinais de trânsito) .
Acidente de trânsito não é falta de sorte, é falta de educação, legenda do anúncio:
Verde, amarelo e vermelho são adjetivos que, por derivação imprópria (note a
anteposição do artigo aos três), converteram-se em substantivos. - fim do anúncio.
- nota da ledora: quadro em destaque, na página:
Tipos de derivação
a) derivação prefixal ou prefixação - resulta do acréscimo de prefixo à palavra primitiva,
que tem o seu significado alterado;
b) derivação sufixal ou sufixação - resulta do acréscimo de sufixo à palavra primitiva,
que pode sofrer alteração de significado ou mudança de classe gramatical;
c) derivação parassintética ou parassíntese -ocorre quando a palavra derivada resulta do
acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. É um processo que dá
origem principalmente a verbos, obtidos a partir de substantivos e adjetivos;
d) derivação regressiva - ocorre quando se retira a parte final de uma palavra, obtendo
por essa redução uma palavra derivada. É um processo particularmente produtivo para a
formação de substantivos a partir de verbos principalmente da primeira e da segunda
conjugações;
e) derivação imprópria - ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer
acréscimo ou supressão em sua forma, muda de classe gramatical.
PREFIXOS
Os prefixos são morfemas que se colocam antes dos radicais basicamente a fim de
modificar-lhes o sentido; raramente esses morfemas produzem mudanças de classe
gramatical.
Os principais prefixos da língua portuguesa são de origem latina. Na relação que se
segue, colocamos as diversas formas que esses prefixos costumam assumir, o tipo de
modificação de significado que introduzem no radical e vários exemplos.
Muitos desses prefixos originaram-se de preposições e advérbios, e não será difícil para
você relacioná-los com preposições e advérbios da língua portuguesa.
Leia a relação com cuidado, concentrando-se principalmente nos exemplos.
- nota da ledora: as três páginas seguintes, trazem palavras com prefixos de
origem latina, em tabela bastante extensa. Esta tabela foi alterada, em sua forma,
durante a edição, contudo, o teor da mesma esta conforme o original.
- fim da nota.
Prefixo e significado
Prefixo
a-, ab-, abs- (separação, afastamento, privação)
Exemplos
abdicar, abjurar, abster, abstrair, abuso, abusar, amovível, abster
Prefixo
a-, ad- (aproximação, direção, aumento, transformação)
Exemplos
achegar, abraçar, aproveitar, amadurecer, adiantar, avivar, adjunto, administrar, admirar,
adventício, assimilar
Prefixo
além- (para o lado de lá, do lado de lá)
Exemplos
além-túmulo, além-mar, além-mundo
Prefixo
ante- (anterioridade no espaço ou no tempo)
Exemplos
antebraço, antepasto, ante-sala, antevéspera, antepor, anteontem
Prefixo
aquém- (para o lado de cá, do lado de cá)
Exemplos
aquém-mar, aquém-fronteiras
Prefixo
bem-, ben- (de forma agradável, positiva ou intensa)
Exemplos
bem-aventurado, bem-vindo, benfeitor, benquisto, bem-apanhado, bem-apessoado, bem-
nascido, bem-querer, bem-visto
Prefixo
circum-, circun- (ao redor de, em torno de)
Exemplos
circuncentro, circunscrever, circunvizinhança, circunvagar
Prefixo
cis- (posição aquém, do ladode cá)
Exemplos
cisandino, cisplatino, cisalpino
Prefixo
co-, com- (contigüidade, companhia, agrupamento)
Exemplos
coabitar, coadjuvante, coadquirir, condiscípulo, combater, correligionário, conjurar,
consoante, confluência, compor, cooperar, corroborar, conviver, co-irmão, co-herdeiro
Prefixo
contra- (oposição, ação conjunta, proximidade)
Exemplos
contra-atacar, contra-argumento, contradizer, contrapor, contraprova, contrabalançar,
contracheque, contracultura, contra-exemplo, contracapa, contracanto, contramestre
Prefixo
de- (movimento de cima para baixo)
Exemplos
decrescer, decompor, depor, depender, decapitar, deliberar, decair
Prefixo
des- (separação, ação contraria, negação, privação)
Exemplos
despedaçar, desfazer, desumano, desintegrar, desigual, desconforme, desobedecer,
desmatar, desenganar, desunião, desfolhar; (as vezes serve apenas para reforço)
desafastar, desinfeliz, desinquieto
Prefixo
dis-, di- (separação, movimento para diversos lados, negação)
Exemplo
difícil, dissidente, dilacerar, disseminar, distender, disforme, dissabor, divagar, difundir
Prefixo e significado
e-, es-, ex- (movimento para fora, separação, transformação)
emigrar, evadir, expor, exportar, exprimir, expatriar, extrair, esquentar, esfriar,
esburacar, ex-presidente, ex-ministro, ex-namorada
en-, em-, i-, in-, im- (posição interior, movimento para dentro)
enraizar, enterrar, embarcar, embeber, imigrar, irromper, importar, importação, ingerir,
inocular
entre-, inter- (posição intermediária, reciprocidade)
entreabrir, entrechoque, entrelaçar, entrevista, entretela, entrever, interação,
intercâmbio, intervir, interromper, intercalar
extra- (posição exterior, fora de)
extraconjugal, extrajudicial, extra-oficial, extraordinário, extranumerário, extraterrestre,
extravasar, extraviar
E-, Ifl-, Em- (negação, privação)
imoderado, inalterado, ilegal, ilegítimo, irrestrito, incômodo, inútil, incapaz, impuro,
impróprio
intra- (posição interior) intro- (movimento para dentro)
intrapulmonar, intravenoso, intra-ocular
intro- (movimento para dentro) introduzir, intrometer, intrometido, introverter,
introjeção, introspecção
justa- (posição ao lado)
justapor, justaposição, justalinear
mal- (de forma irregular, desagradável ou escassa)
mal-humorado, mal-educado, mal-arrumado, mal-assombrado, malfeito, mal-assado,
mal-aventurança, malcriado
ob-, o- (posição em frente, diante, oposição)
objeto, obstar, obstáculo, obstruir, obstrução, opor, oposição
per- (movimento através) pos-, pós- (posterioridade, posição posterior)
perpassar, percorrer, percurso, perfurar, perseguir, perdurar posfácio, pospor,
pós-escrito, pós-graduação, pós-eleitoral
pre-, pré- (anterioridade, antecedência)
premeditar, preestabelecer, predizer, predispor, pré-história, pré-adolescente, pré-
amplificador
pro-, pró- (movimento para a frente, a favor de)
promover, propelir, progredir, progresso, proeminente, proclamar, prosseguir,
pró-socialista, pró-britânico, pró-anistia
re- (movimento para trás, repetição)
refluir, reagir, reaver, reeditar, recomeçar, reviver, renascer, reanimar
retro- (movimento para trás)
retroação, retrocesso, retroceder, retroativo, retrógrado, retrospectivo, retrovisor
semi- (metade de, quase, que faz o papel de)
semicírculo, semibreve, semicondutor, semiconsciente, semi-escravidão, semi-
analfabeto, semivogal, semimorto
sobre-, super-, supra- (posição acima ou em cima, excesso, superioridade)
sobrepor, superpor, sobrescrito, sobrescrever, sobrevir, supersensível, super-homem,
supermercado, superdotado, supercivilização
soto-, sota- (debaixo, posição inferior)
sotopor, sotavento, sota-proa, sota-voga, sota-soberania
sub-, su-, sob-, 50- (movimento de baixo para cima, inferioridade, quase)
sobraçar, soerguer, soterrar, sujeitar, subjugar, submeter, subalimentado
subdesenvolvimento, subliteratura, subumano, submarino, subverter
tras-, tres-, trans- (movimento ou posição para além de, através)
traspassar ou transpassar, trasbordar ou transbordar, tresandar, tresvariar,
transatlântico, transalpino, transandino, transplantar
ultra- (posição além de, em excesso)
ultrapassar, ultramar, ultravioleta, ultramicroscópico, ultraconservador, ultra-
romântico, ultra-som, ultra-sofisticado
vice- (em lugar de, em posição imediatamente inferior)
vice-presidente, vice-diretor, vice-cônsul, vice-almirante, vice-rei, vice-campeão,
vice-artilheiro
Prefixo e significado
an-, a- (privação, negação)
anarquia, anônimo, ateu, acéfalo, amora, anestesia, afônico, anemia
arcanjo, arquiduque, arquétipo, arcebispo, arquimilionário
an(a) - (movimento de baixo para cima, movimento inverso, repetição, afastamento,
intensidade)
anacronismo, anagrama, análise, anabatista, anáfora, analogia, anatomia,
anafilaxia
anf(i)- Ide Um e de outro lado, ao redor
anfiteatro, anfíbio, anfipode
ant(i)- (ação contrária, oposição)
antagonista, antítese, antiaéreo, antípoda, antídoto, antipatia, anticonstitucional,
anticorpo, antifebril, antimonárquico, anti-social
ap(o)- (afastamento, separação)
apóstata, apogeu, apóstolo
arc(a)-, arce-, arque-, arqui-(superioridade, primazia )
arcanjo, arquiduque, arquétipo, arcebispo, arquimilionário
cata- (movimento de cima para baixo, oposição, em regressão)
cataclismo, catacumba, catarro, catástrofe, catadupa, catacrese, catálise, catarata
di(a)- (através, por meio de, separação)
diagnóstico, diálogo, dialeto, diâmetro, diáfano
dis- (mau estado, dificuldade)
dispnéia, disenteria, dislalia, dispepsia
ec-, ex- (movimento para fora)
eclipse, exantema, êxodo
en-, e-, em- ( posição interior, dentro)
encéfalo, emplastro, elipse, embrião
end(o)- (movimento para dentro, posição interior)
endocarpo, endotérmico, endoscópio
ep(i)- (posição superior, sobre, movimento para, posterioridade)
epiderme, epígrafe, epílogo, epícarpo, epidemia
eu-, ev- (bem, bom)
eufonía, eugenia, eufemismo, euforia, eutanásia, evangelho
hiper- posição superior, excesso, além)
hipérbole, hipertensão, hipercrítíco, hiperdesenvolvimento, hiperestesia,
hipermercado, hipermetropia, hipertrofia, hipersônico
hipo- (posição inferior, escassez)
hipodérmico, hipótese, hipocalórico, hipogeu, hípoglicemia, hipotensão, hipoteca
met(a)- (mudança, sucessão, posterioridade, além)
metáfora, metamorfose, metafísica, metonímia, metacarpo, metátese, metempsicose
par(a)- (perto, ao lado de, elemento acessório)
paradoxo, paralelo, parágrafo, paramilitar, parábola, parâmetro
peri- (movimento ou posição em torno)
perifrase, periferia, período, periarto, pericarpo
pro- (movimento para diante, posição em frente ou anterior)
programa, prólogo, prognóstico, pródromo, próclise
sin-, sim- (ação conjunta, companhia, reunião, simultaneidade)
sinestesia, sincronia, síntese, sinônimo, sinfonia, simpatia, sílaba, sintaxe, sistema
PREPOSIÇÕES E ADVÉRBIOS QUE TEM SIDO USADOS COMO PREFIXOS
Preposição/advérbio: significado e exemplos;
sem- (falta, privação, ausência) sem-amor, sem-terra, sem-teto, sem-fim, sem-
vergonha, sem-família
quase- (perto, aproximadamente, por pouco, pouco menos) quase-delito, quase-
equilíbrio, quase-posse, quase-suicida
não- (negação por exclusão) não-alinhado, não-euclidiano, não-violência, não-
engajamento, não-essencial, não-ficção, não-metal, não-participante
ATIVIDADES
1. Substitua cada conjunto destacado por uma única palavra, formada por prefixação.
- nota da ledora: as palavras que estiverem grifadas, no texto, aparecerão aqui entre
parênteses
- fim da nota.
a) O juiz (lerá novamente) os documentos do processo.
b) É necessário (fazer outra vez) todos os cálculos.
c) Depois de vários anos, vou (tornar a ver) meus pais.
d) Não havia motivo para pôr os interesses individuais (antes dos) interesses
coletivos.
e) Não há como (dizer o contrário do) que eu afirmei.
f) Deixou a todos (sem proteção).
g) Seu comportamento (despido de honestidade) foi punido.
h) Queria uma liberdade (sem restrições).
i) Os documentos foram (datados com antecedência).
j) Depois de (passar além) destes limites, descansaremos.
2. Este exercício é igual ao anterior.
a) Nem todosos países conseguem competir no mercado (de todas as nações.)
b) Foi construída uma passagem (debaixo da terra) para evitar atropelamentos.
c) (Passe uma linha por baixo) das palavras cujo significado você desconhece.
d) Descobriram restos de homens (que viveram antes do período histórico) no Piauí.
e) Há rastros de animais (que viveram antes do Dilúvio) naquela região.
f) As civilizações (que existiam antes da chegada de Cristóvão Colombo) deixaram
marcas na vida da América do Sul.
g) Precisava tomar injeções (dentro do músculo).
3. Baseando-se em seu conhecimento do valor dos prefixos, procure explicar o
significado das seguintes palavras:
a) reencontro, desencontro
b) premeditar, pressentir
c) importar, exportar
d) imigrante, emigrante
e) imergir, emergir, submergir
f) intersecção
g) imoral, amoral
h) circunlóquio, colóquio
i) cisandino, cisalpino, transandino, transalpino
j) co-gestão
l) digressão, regressão, progressão
m) expatriar, repatriar
n) introvertido, extrovertido
o) prefácio, posfácio
p) refluxo, defluxo
q) introspecção, retrospecção
r) subestimar, sobreestimar
s) ultraleve
SUFIXOS
Os sufixos são capazes de modificar o significado do radical a que são acrescentados.
Sua principal característica, no entanto, é a mudança de classe gramatical que
geralmente operam. Dessa forma, podemos utilizar o significado de um verbo, por
exemplo, num contexto em que se deve usar um substantivo.
Por isso, vamos observar os principais sufixos da língua portuguesa em relações que
colocam em evidência as diversas classes de palavras envolvidas no processo de
derivação. Perceba que, como o sufixo é colocado depois do radical, a ele são
incorporadas as desinências que indicam as flexões das palavras variáveis.
1. Formam substantivos a partir de outros substantivos
-ada
a) ferimento, golpe ou marca produzida por instrumento: facada, punhalada, navalhada,
martelada, pedrada, bicada, chifrada, dentada, unhada; penada, pincelada.
b) medida ou quantidade: garfada, batelada, fornada, tigelada, carrada, colherada.
c) multidão: boiada, carneirada, estacada, ramada, papelada, meninada.
d) alimentos ou bebidas: cajuada, laranjada, limonada, cocada, marmelada, goiabada,
feijoada.
e) movimentos ou atos rápidos, enérgicos ou de duração prolongada: risada, gargalhada,
cartada; jornada, noitada, temporada.
-ado, -ato
títulos honoríficos, territórios governados, cargos elevados, instituições: viscondado,
arcebispado, principado, pontificado, protetorado, condado, almirantado, eleitorado,
apostolado, noviciado, bacharelado, reitorado, consulado; clericato, tribunato, sindicato,
triunvirato, baronato, cardinalato.
-agem
a) noção coletiva: folhagem, ferragem, plumagem, ramagem, pastagem.
b) ação ou resultado da ação; estado: aprendizagem, ladroagem, vadiagem.
-al
a) sentido coletivo: bananal, cafezal, feijoal, batatal, laranjal, morangal, pinhal, olival,
jabuticabal, areal, lamaçal, lodaçal.
b) relação, pertinência: dedal, portal, pantanal.
-alha
noção coletiva de valor pejorativo: gentalha, canalha, politicalha, miuçalha.
-ama, -ame
noção coletiva ou de quantidade: dinheirama, mourama, velame, vasilhame, cordoame.
-ana, -eria
a) ramo de negócio ou estabelecimento:chapelaria, livraria, alfaiataria, drogaria,
tinturaria, confeitaria, leiteria, sorveteria.
b) noção coletiva: pedraria, sacaria, caixaria, fuzilaria, gritaria, infantaria ou infanteria.
c) atos ou resultados dos atos de certos indivíduos: patifaria, velhacaria, pirataria,
galantaria ou galanteria.
-ário
a) atividade, ofício, profissão: boticário, operário, secretário, bancário.
b) lugar onde se coloca algo: campanário, aquário, relicário, vestiário.
c) noção coletiva: rimário, anedotário, erário.
-edo
a) sentido coletivo: arvoredo, vinhedo, olivedo, passaredo.
b) objeto isolado, de grande vulto: penedo, rochedo.
-eiro, -eira
a) ofícios e ocupações: barbeiro, sapateiro, parteira, peixeiro, carteiro, bombeiro,
sineiro, toureiro, marinheiro, livreiro, copeiro, pedreiro.
b) nomes de árvores ou arbustos: cajueiro, laranjeira, roseira, amendoeira, coqueiro,
cafeeiro, pessegueiro, mangueira, jaqueira, goiabeira, craveiro, figueira, castanheiro ou
castanheira, espinheiro ou espinheira.
c) objetos ou lugares que servem para guardar: cigarreira, manteigueira, paliteiro,
cinzeiro, tinteiro, compoteira, açucareiro, agulheiro, saladeira.
d) objetos de uso pessoal em geral: pulseira, perneira, joelheira, munhequeira, banheira,
chuteira.
e) noção coletiva, de quantidade ou de intensidade: nevoeiro, poeira, lameira, chuveiro;
pedreira, carvoeira, ostreira; vespeiro, formigueiro; cabeleira.
-ia
a) profissão, dignidade ou lugar onde se exerce profissão: advocacia, baronia, chefia,
chancelaria, delegacia, reitoria, diretoria.
b) sentido coletivo: confraria, clerezia, penedia.
-io
noção coletiva: mulherio, rapazio, poderio, gentio.
-ite
inflamação: bronquite, gastrite, rinite, estomatite, esplenite, otite, enterite.
-ugem
semelhança ou idéia de porção: ferrugem, lanugem, penugem, babugem.
-ume
a) noção coletiva, de quantidade ou intensidade: cardume, negrume, azedume, chorume.
b) ação ou resultado da ação: curtume, urdume.
2. Formam substantivos de adjetivos
Os substantivos derivados de adjetivos indicam qualidades, propriedades ou estados.
-dade
crueldade, maldade, bondade, divindade, sociedade, umidade, liberalidade, fragilidade,
facilidade, legalidade, amabilidade, possibilidade, solubilidade.
-dão
mansidão, podridão, escuridão, gratidão.
-ez, -eza
altivez, mudez, surdez, sordidez, intrepidez, honradez, mesquinhez, pequenez, pureza,
firmeza, nobreza, fraqueza, estranheza, delicadeza, sutileza.
-ia
valentia, ufania, cortesia, alegria, melhoria.
-ice, -ície
velhice, meninice, criancice, beatice, tolice, modernice; calvície, canície, planície;
imundice ou imundície.
-or
alvor; amargor, dulçor; negror.
-tude
amplitude, magnitude, latitude, longitude.
-ura
brancura, amargura, loucura, frescura, verdura, doçura, largura, espessura.
3. Formam substantivos de verbos
-ança (-ância), -ença (-ência)
nomes de ação ou de resultados dela; nomes de estado: esperança, lembrança, vingança,
constância, importância, relevância; crença, descrença, diferença, detença; regência,
conferência, obediência.
-ante, -ente, -inte
agente: ajudante, emigrante, navegante, combatente, pretendente, ouvinte, pedinte.
Em muitos casos, houve especialização de sentido: poente, restaurante, estante,
minguante, vazante, afluente.
-dor, -tor, -sor, -or
nome de agente ou de instrumento: roedor, salvador, pescador, carregador, tradutor,
jogador, poupador, investidor, investigador, inspetor; regador, aquecedor; raspador;
interruptor, disjuntor.
-ção, -são, -ão
ação ou resultado dela: coroação, nomeação, posição, traição, adulação, consolação,
obrigação, negação, declaração, audição, solução, invocação, extensão, agressão,
repercussão, discussão, puxão, arranhão, escorregão.
-douro, -tório
lugar ou instrumento para prática da ação: miradouro, ancoradouro, desaguadouro,
logradouro, matadouro, bebedouro, babadouro; purgatório, dormitório, laboratório,
vomitório, oratório.
-dura, -tura, -sura, -ura
resultado ou instrumento da ação: atadura, armadura, escritura, fechadura, clausura,
urdidura, benzedura, mordedura, torcedura, pintura, magistratura, formatura.
-mento
ação, resultado da ação ou instrumento: acolhimento, apartamento, pensamento,
conhecimento, convencimento, esquecimento, fingimento, impedimento, ferimento,
ornamento, instrumento, armamento, fardamento.
4. Formam substantivos e adjetivos de outros substantivos e adjetivos
-ismo
a) doutrinas ou sistemas religiosos, filosóficos, políticos, artísticos: calvinismo,
bramanismo, budismo, materialismo, espiritismo, socialismo, capitalismo, federalismo,
gongorismo, simbolismo, modernismo, impressionismo.
b) maneira de proceder ou de pensar: heroísmo, pedantismo, patriotismo, servilismo,
ufanismo, nepotismo, filhotismo, arrivismo, oportunismo, revanchismo.
c) formas de expressão que apresentam particularidades: vulgarismo,latinismo,
galicismo, arcaísmo, neologismo, solecismo, barbarismo.
d) terminologia científica: magnetismo, galvanismo, alcoolismo, reumatismo,
traumatismo.
-ista
a) sectários de certas doutrinas: calvinista, bramanista, budista, materialista, espiritista,
socialista, capitalista, federalista, gongorista, simbolista, modernista, impressionista.
b) ofícios, agentes: flautista, florista, telefonista, maquinista, latinista, dentista,
acionista, tenista, esportista.
c) adeptos de determinadas formas de agir ou pensar: oportunista, golpista, saudosista,
emancipacionista, desenvolvimentista, arrivista, revanchista.
d) nomes pátrios ou indicadores de origem: nortista, sulista, paulista, santista,
campista.
5. Formam adjetivos de substantivos ou de outros adjetivos
-aco
estado íntimo; pertinência; origem: maníaco, demoníaco, austríaco, siríaco.
- nota da ledora: quadro em destaque na página :
OBSERVAÇÃO:
A relação entre as palavras tormadas pelos sufixos -ismo e -ista é óbvia:
modernismo/modernista; calvinismo/calvinista, etc. Note, no entanto, que não é uma
relação obrigatória: protestantismo/protestante; maometismo/maometano;
islamismo/islamita.
- fim do quadro.
-ado
a) provido, cheio de: barbado, ciliado, dentado.
b) que tem caráter de: adamado, afeminado, amarelado, avermelhado.
-aico
referência, pertinência; origem: prosaico, onomatopaico, judaico, caldaico, aramaico.
-ano
a) pertinência; proveniência; relação com: humano, mundano, serrano.
b) adeptos de doutrinas estéticas, religiosas, filosóficas: maometano, luterano,
anglicano, camoniano, shakespeariano, horaciano.
c) nomes pátrios: americano, baiano, pernambucano, peruano, prussiano, açoriano,
alentejano.
-ão
proveniência, origem: alemão, coimbrão, beirão, aldeão.
-al, -ar
relação, pertinência: dorsal, causal, substancial, anual, pessoal; escolar, palmar, vulgar,
solar, lunar; consular; familial ou familiar.
-eiro, -ário
relação; posse; origem: verdadeiro, rasteiro, costeiro, originário, ordinário, diário,
subsidiário, tributário, mineiro, brasileiro.
-engo, -enho, -eno
relação; procedência, origem: mulherengo, avoengo, solarengo, flamengo; ferrenho,
estremenho, madrilenho, panamenho, portenho; nazareno, terreno, tirreno, chileno.
-ento
provido ou cheio de; que tem o caráter de: sedento, rabugento, peçonhento, cinzento,
ciumento, corpulento, turbulento, opulento, barrento, vidrento.
-ês, -ense
relação; procedência, origem: francês, inglês, genovês, milanês, escocês, irlandês;
paraense, cearense, maranhense, vienense, parisiense, catarinense, forense.
-eo
relação; semelhança; matéria: róseo, férreo.
-esco, -isco
referência; semelhança: burlesco, dantesco, mourisco.
-este, -estre
relação: agreste, celeste; campestre, terrestre, alpestre, silvestre.
-eu
e relação; procedência, origem: europeu, judeu, caldeu, hebreu, filisteu, cananeu.
-ico, icio
relação; procedência: bíblico, melancólico, pérsico, céltico, britânico, ibérico,
geométrico; alimentício, natalício.
-il
referência; semelhança: febril, infantil, senhoril, servil, varonil, estudantil, fabril.
-ino
relação; origem; natureza: argentino, florentino, bizantino, cristalino, leonino,
alabastrino, diamantino, londrino, bovino.
-ita
relação; origem: ismaelita, israelita, jesuíta.
-onho
propriedade; hábito: medonho, risonho, enfadonho, tristonho.
-oso
provido, cheio de; que provoca: orgulhoso, furioso, desejoso, rigoroso, noticioso,
leitoso, sulfuroso, montanhoso, pedregoso, temeroso, lamentoso, lastimoso, vergonhoso,
angustioso.
-tico
relação: aromático, problemático, asiático, rústico.
-udo
provido de, cheio de ou com a forma de, muitas vezes com idéia de desproporção:
sisudo, pontudo, bicudo, peludo, cabeludo, narigudo, espadaúdo, repolhudo,
bochechudo, carnudo, polpudo.
6. Formam adjetivos de verbos
-ante, -ente, -inte
ação; qualidade; estado: semelhante, tolerante; doente, resistente; constituinte, seguinte.
-io, -ivo
ação; referência; modo de ser: escorregadio, erradio, fugidio, tardio, prestadio;
pensativo, lucrativo, fugitivo, afirmativo, negativo, acumulativo.
-iço, icio
referência; possibilidade de praticar ou sofrer ação: abafadiço, movediço, quebradiço,
alagadiço, metediço; acomodatício, factício, translatício, sub-reptício.
-doiro, -douro, -tório
ação, muitas vezes de valor futuro; pertinência: casadoiro; duradouro, vindouro;
inibitório, preparatório, imigratório.
-vel
possibilidade de praticar ou sofrer ação:
desejável, vulnerável, remediável, substituível, suportável, louvável, admissível,
reduzível, removível, corrigível, discutível.
7. Forma advérbios de adjetivos
-mente
justamente, vaidosamente, livremente, burguesmente, perigosamente, firmemente,
fracamente.
8. Formam verbos de substantivos e adjetivos
-ar
murar, jardinar, telefonar, ancorar, ordenar; almoçar.
-ear
sapatear, floretear; golpear, saborear, saquear; mastrear; folhear; sanear; clarear.
-ejar
lacrimejar, gotejar; gaguejar, voejar.
-entar
amolentar; aformosentar.
-ecer, -escer
favorecer; escurecer; florescer; rejuvenescer.
-ficar
falsificar, petrificar, exemplificar, fortificar, dignificar; purificar.
-ilhar
dedilhar; fervilhar.
-inhar
escrevinhar, cuspinhar.
-iscar
chuviscar; lambiscar.
-itar
saltitar, dormitar.
-izar
organizar, civilizar; harmonizar, fertilizar, esterilizar; tranqüilizar; vulgarizar,
simpatizar; economizar; arborizar.
9. Sufixos aumentativos
-ão, -eirão, -arrão, -alhão, -zarrão
casarão, caldeirão, paredão; chapeirão; grandalhão, vagalhão; homenzarrão.
-aça, -aço, -uça
barcaça, barbaça; ricaço, doutoraço, mulheraço; dentuça.
-alha
fornalha
-anzil
corpanzil
- nota da ledora: quadro em destaque na página-
OBSERVAÇÃO
Os verbos novos da língua são criados pelo acréscimo da terminação -ar a substantivos e
adjetivos. Essa terminação é formada pela vogal temática da primeira conjugação
seguida pela desinência do infinitivo impessoal, atuando como um verdadeiro sufixo.
Os demais sufixos costumam conferir detalhes de significado aos verbos que formam.
Observe:
-ear
indica ação repetida (cabecear folhear) ou ação que se prolonga (clarear). O mesmo
acontece com -ejar: gotejar, velejar.
-entar
indica processo de atribuição de uma qualidade ou estado (amolentar). O mesmo se dá
com -ficar e -izar: clarificar, solidificar, civilizar, atualizar.
-iscar
indica ação repetida e diminuída; chuviscar, lambiscar. O mesmo ocorre com -itar
(dormitar; saltitar), -ilhar e outros. No caso de -inhar, muitas vezes há sentido
depreciativo, como em escrevinhar.
-a réu
fogaréu, povaréu, mundaréu.
-arra, -orra
bocarra, naviarra; beiçorra, cabeçorra.
-az, alhaz, arraz
ladravaz, linguaraz, fatacaz, machacaz; facalhaz; pratarraz.
-astro
medicastro, poetastro.
10. Sufixos diminutivos
-acho, -icho, -ucho
riacho, fogacho; governicho, barbicha; gorducho, papelucho, casucha.
-ebre
casebre
-eco, -ico
livreco, soneca, padreco; burrico, marica.
-ejo
lugarejo, animalejo.
-ela
ruela, viela, magricela.
-elho, -ilho, -ilha
folhelho, rapazelho; pecadilho; tropilha.
-ete, -eta, -eto
tiranete, fradete, artiguete, lembrete, diabrete; saleta, lingüeta; esboceto.
-inho, -inha, -zinha, -zinho
livrinho, pratinho, branquinho, novinho, bonitinho, toquinho, caixinha, florzinha,
vozinha.
-im
espadim, lagostim, camarim, fortim.
-ino
pequenino
-isco, -usco
chuvisco, petisco; velhusco.
-ito, -ita, -zito
casita, rapazito, copito; amorzito, jardinzito, florzita.
-ola
rapazola, bandeirola, portinhola, fazendola.
-ote, -oto, -ota
rapazote, caixote, velhote, fidalgote, saiote; perdigoto; velhota.
-ulo, -ula, -culo, -cula
glóbulo, grânulo, nódulo, régulo; corpúsculo, minúsculo, homúnculo, montículo,
opúsculo, versículo; radícula, gotícula; partícula, película, questiúncula.
- nota da ledora; quadro de destaque na página -
OBSERVAÇÃO: É fácil notar que muitas vezes os sufixos aumentativos e diminutivos
sugerem deformidade (como em beiçorra, cabeçorra), admiração (carrão), desprezo
(asneirão, poetastro, artiguete), carinho (paizinho, pequenino), intensidade (alegrinho),
ironia (safadinha)e vários outros matizes semânticos. No caso dos sufixos pertencentes
ao último grupo apresentado, temos a formação de diminutivos eruditos - diretamente
importados do latim -, os quais são muito usados na terminologia científica.
- fim do quadro de destaque.
ATIVIDADES
1. Responda a cada um dos itens a seguir com uma palavra formada por sufixação.
Como se chama:
a) o golpe dado com a cabeça?
b) um grupo de rapazes?
c) o conjunto de eleitores de uma dada região?
d) a ação de lavar?
e) uma plantação de jabuticabeiras?
1) um grupo de políticos desonestos?
g) o estabelecimento onde se vendem queijos?
h) o comerciante de queijos?
i) a planta cujo fruto é o café?
j) o recipiente onde se guarda manteiga?
2. Substitua os verbos destacados por substantivos formados por derivação. Faça todas
as modificações necessárias para obter frases inteligíveis.
a) Todos (decidiram) manter as reivindicações.
b) Todos decidiram (manter) as reivindicações.
c) Esperamos que os prazos estipulados (sejam cumpridos).
d) Atenderemos a todos de acordo com a ordem segundo a qual (chegaram). Não haverá
exceções.
e) Continuaremos até que (tenhamos obtido) êxito.
f) Os moradores querem que as obras sejam (continuadas).
g) Os representantes dos países envolvidos no processo recomendaram que as contas
(fossem bloqueadas).
h) Os representantes dos países envolvidos no processo (recomendaram) que as contas
fossem bloqueadas.
3. Substitua as expressões destacadas por nomes formados por sufixação. Faça todas as
modificações necessárias para obter frases inteligíveis.
a) (Aqueles que mantêm) esta entidade decidiram tomar providências (que saneiem suas
finanças).
b) É um candidato (que não se pode eleger). Suas idéias privilegiam (aqueles que
desrespeitam) as instituições.
c) (Aquelas que conduzem) o movimento (de reivindicação) devem ser cercadas por
medidas (que as protejam).
d) (Os que venceram) a competição receberão prêmios (que não se podem descrever).
e) A presença (dos que defendem) nossa posição é fator (de que não se pode prescindir).
f) Foi uma decisão que agradou aos que lutam para que a floresta (seja preservada).
g) Ele entrou de (forma atabalhoada).
4. Não é apenas na língua portuguesa que se estuda na escola que os sufixos são usados
para formar novas palavras: isso acontece também na língua portuguesa do cotidiano e
dos veículos de comunicação de massa. Baseado no seu conhecimento do valor dos
sufixos, explique o sentido das seguintes palavras:
a) tietar, tietagem
b) badalação, esnobação
c) sanduicheria, danceteria
d) roqueiro, grafiteiro
e) pichador, pichação
f) prefeiturável, ministeriável, presidenciável
g) carreata
h) bacanão, durão
TEXTO PARA ANÁLISE
Pátria minha
A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades da minha pátria.
Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!
Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!
Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto ajeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.
Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
A espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...
Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!
Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.
Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamen
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.
Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.
Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...
Vinicius de Moraes".
(MORAES, Vinicius de, Poesia completa e prosa.
2. ed. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1985. p. 267-9.)
TRABALHANDO O TEXTO
1. Identifique o sufixo presente nas palavras doçura, quentura e ternura e indique o tipo
de modificação que produz nas palavras primitivas.
2. Identifique o afixo que surge na palavra sedenta e explique que tipo de modificação
ele introduz na palavra primitiva.
3. Qual o processo de formação das palavras amanhecer e acorrentar? Explique o que
particulariza esse processo em relação à prefixação e à sufixação.
4. Explique o processo de formação da palavra invisível.
5. Retire do texto um caso de derivação imprópria. Comente-o.
6. "Eu, o sem Deus!" Que tipo de papel exerce a preposição sem nessa frase? Comente.
7. A relação do sujeito lírico com a pátria incorpora um processo de personificação: a
pátria tem cabelos, não tem sapatos nem meias, tem vestido.
Observe o papel exercido pelos sufixos diminutivos nesse processo e comente-o.
Para mascar com chiclets
Quem subiu, no novelo do chiclets,
ao fim do fio ou do desgastamento,
sem poder não sacudir fora, antes,
a borracha infensa e imune ao tempo;
imune ao tempo ou o tempo em coisa,
em pessoa, encarnado nessa borracha,
de tal maneira, e conforme ao tempo,
o chiclets ora se contrai ora se dilata,
e consubstante ao tempo, se rompe,
interrompe, embora logo se reemende,
e fique a romper-se, a reemendar-se,
sem usura nem fim, do fio de sempre.
No entanto quem, e saberente que ele
não encarna o tempo em sua borracha.
quem já ficou num primeiro chiclets
sem reincidir nessa coisa (ou nada).
2.
Quem pôde não reincidir no chiclets,
e saberente que não encarna o tempo:
ele faz sentir o tempo e faz o homem
sentir que ele homem o está fazendo.
Faz o homem, sentindo o tempo dentro,
sentir dentro do tempo, em tempo-firme.
e com que, mascando o tempo chiclets,
imagine-o bem dominado, e o exorcize.
(MELO NETO, João Cabral de. Poesias completas ( 1940-1965) . 4. ed. Rio de
Janeiro. José Olympio, 1986. p. 43.)
TRABALHANDO O TEXTO
1. Faça a depreensão dos morfemas presentes nas palavras desgastamento e encarnado e
explique os processos de formação que lhes deram origem.
2. Quais afixos podem ser percebidos na palavra consubstante? Qual o sentido que tem
essa palavra?
3. A aproximação das palavras rompe e interrompe revitaliza o valor do prefixo presente
nesta última? Explique.
4. Retire do texto as palavras em que surge o prefixo re- e comente as modificações que
ele produz nas palavrasprimitivas.
5. Qual o sentido da palavra saberente? Que tipo de afixo participa de sua formação?
6. É possível relacionar o prefixo presente na palavra exorcizar com o significado que
tem essa palavra? Comente.
7. Os prefixos são considerados um recurso muito eficiente para apresentar idéias e
conceitos de forma sintética. Isso acontece no texto? Comente.
8. Explique a relação que o texto estabelece entre o chiclets e o tempo. Que tipo de
dimensão adquire o ato de mascar chiclets?
- nota da ledora: propaganda, na página, com o seguinte teor: « A cada vida que
começa, recomeça a História da Nestlé.Lembre-se de sua infância. Você, sem dúvida
vai se lembrar de alguma história sua com a Nestlé, pra contar. Esse é o nosso maior
alimento. A satisfação de manter uma amizade que cresce, fica forte, se renova e nunca
termina. Nestlé, sua vida, nossa história »
- fim da nota.
TRABALHANDO O TEXTO
Aponte no texto a exploração expressiva de um dos processos de formação de palavras e
comente-a.
- nota da ledora: propaganda da General Motors: Bi Bi. Duas vezes Bicampeã do carro
do ano.
- fim da nota.
Analise a expressão bi bi baseado no seu conhecimento dos processos de formação de
palavras e nas sugestões sonoras que produz.
COMPOSIÇÃO
A composição produz palavras compostas a partir da aproximação de palavras simples.
As palavras simples são aquelas em que há um único radical, como amor e perfeito.
Para que ocorra o processo de composição, é necessário estabelecer entre essas palavras
um vínculo permanente, que faz com que surja um novo significado: é o que ocorre
quando formamos o composto amor-perfeito, que dá nome a uma flor. O significado
não é o mesmo da expressão amor perfeito, na qual cada palavra mantém seu
significado original: trata-se do sentimento amoroso manifestado de forma perfeita. Em
amor-perfeito há uma única palavra que dá nome a um organismo vegetal.
A composição também pode ser feita por meio do uso de radicais que não têm vida
independente na língua. Isso ocorre basicamente na formação de palavras que recebem
o nome de compostos eruditos por serem formadas com radicais gregos e latinos. E o
caso, por exemplo, de democracia, patogênese, alviverde, agricultura e outras, usadas
principalmente na nomenclatura técnica e científica.
TIPOS DE COMPOSIÇÃO
Quanto à forma que adquire a palavra composta, costumam-se apontar dois tipos de
composição:
a) composição por justaposição - ocorre quando os elementos que formam o composto
são simplesmente colocados lado a lado (justapostos), sem que se verifique
qualquer alteração fonética em algum deles: segunda-feira, pára-raios, corre-corre,
guarda-roupa, amor-perfeito, pé-de-moleque, girassol, passatempo. O que caracteriza a
justaposição é a manutenção da integridade sonora das palavras que formam o
composto, e não a forma de grafá-lo: passatempo e girassol, apesar de serem escritos
sem hífen, são compostos por justaposição;
b) composição por aglutinação - ocorre quando os elementos que formam o composto se
aglutinam, o que significa que pelo menos um deles perde sua integridade sonora,
sofrendo modificações. Observe os exemplos e note as transformações sofridas pelas
palavras formadoras: vinagre (vinho + acre), aguardente (água + ardente), pernalta
(perna + alta), planalto (plano + alto).
Também se incluem neste caso muitos compostos eruditos (como retilíneo, crucifixo,
ambidestro, demagogo e outros), cuja identificação requer conhecimentos mais
especializados.
As possibilidades de composição são imprevisíveis: podem-se formar compostos pelo
relacionamento de palavras pertencentes a praticamente todas as classes gramaticais.
Há, por exemplo, compostos formados por substantivo + substantivo (porco-espinho),
substantivo + adjetivo (amor-perfeito), advérbio + adjetivo (sempre-viva), verbo +
substantivo (pára-choques).
A principal função do processo de composição é a criação de novas palavras para
denominar novos objetos, conceitos ou ocupações. Essa função denominadora pode ser
dada de forma descritiva ou metafórica. Palavras como papel-alumínio, relógio-pulseira
ou lava-louças são descritivas porque buscam dar nome a objetos por meio de suas
características ou finalidades mais relevantes.
Louva-a-deus e arranha-céu são compostos de origem metafórica, pois resultam de um
evidente uso figurado da linguagem.
O surgimento de novas palavras compostas na língua é constante, uma vez que a
necessidade de encontrar nomes específicos para novos objetos e conceitos é
ininterrupta. Dessa forma, podemos perceber na língua atual a transformação de
expressões em novas palavras. Pense, por exemplo, na expressão três em um (que na
linguagem publicitária já aparece "três-em-um"), que dá nome a certas combinações de
aparelhos de som. Aliás, pense na própria expressão aparelho de som, que já é
praticamente uma palavra composta (como máquina de lavar ou máquina de costura).
Em alguns casos, podemos observar que já existe a consciência de que se está lidando
com uma palavra composta, como é o caso de ponto de vista e meio ambiente,
expressões que vêm sendo grafadas "ponto-de-vista" e "meio-ambiente" com freqüência
cada vez maior.
- nota da ledora: propaganda do diet shake, fazendo referência ao vocábulo
lipoaspiração. Este anúncio já foi descrito pela ledora em página anterior.
- fim da nota.
Lipoaspiração constitui exemplo de formação de novas palavras compostas na língua. O
anunciante aproveitou o mote para decompô-la e incentivar jocosamente o consumo.
ATIVIDADE
Identifique o processo de formação das seguintes palavras:
a) palidez
b) empalidecer
c) boquiaberto
d) pára-quedas
e) invulnerável
f) pontiagudo
g) audiovisual
h) o recuo
i) correntista (fantasma)
- nota da ledora: quadro de destaque na página -
A composição
A composição é o processo de formação que dá origem a palavras compostas (aquelas
em que há pelo menos dois radicais) pela aproximação de palavras simples ou de
radicais eruditos. Se os elementos formadores mantiverem sua integridade sonora,
ocorre composição por justaposição. Se pelo menos um deles sofre alterações na sua
configuração sonora, ocorre composição por aglutinação.
- fim do quadro.
RADICAIS E COMPOSTOS ERUDITOS
O mecanismo da composição é utilizado para a formação de um tipo especifico de
palavras conhecidas como compostos eruditos, assim chamados porque em sua
formação se utilizam elementos de origem grega e latina que foram diretamente
importados dessas línguas com essa finalidade. Por isso, esses compostos são também
chamados de helenismos e latinismos eruditos. São palavras como pedagogia e
quiromancia (formadas de elementos gregos) ou arborícola e uxoricida (formadas por
elementos latinos), normalmente criadas para denominar objetos ou conceitos
relacionados com as ciências e as técnicas. Muitas delas acabam se tornando cotidianas
(telefone, automóvel, democracia e agricultura, por exemplo).
Apresentamos a seguir duas relações de radicais gregos e duas relações de radicais
latinos. A primeira relação de radicais gregos e a primeira relação de radicais latinos
agrupa os elementos formadores que normalmente são colocados no início dos
compostos; a segunda relação de radicais agrupa, em cada caso, os elementos
formadores que costumam surgir na parte final dos compostos.
Adotamos esse procedimento a fim de facilitar seu trabalho de consulta: ao encontrar
determinado exemplo na relação dos radicais que costumam ser o primeiro elemento do
composto, você poderá mais rapidamente verificar o valor do segundo elemento na
relação dos radicais que costumam figurar no final dos compostos. Atente para o fato de
que determinados radicais costumam aparecer em determinadas posições nos
compostos; nada os impede de surgir em posição diferente.
Alguns dos radicais que colocamos nas relações a seguir são considerados prefixos por
alguns autores; outros estudiosos preferem chamá-los "elementos de composição".
Acreditamos que essas questões terminológicas são pouco importantes para você, que
tem finalidades mais práticas. Observe que muitaspalavras que fazem parte das suas
aulas de Biologia, Química e Física podem ser encontradas nas relações abaixo;
observe, principalmente, que o conhecimento do significado dos elementos que as
constituem muitas vezes nos ajuda a compreender os conceitos e seres que denominam.
RADICAIS GREGOS
Elementos que normalmente surgem na parte inicial do composto
Radical, significado e exemplo:
acr-, acro- (alto, elevado) acrópole, acrofobia, acrobata
aer-, aero- (ar) aeródromo, aeronauta, aeróstato, aéreo
agro- (campo) agrologia, agronomia, agrografia, agromania
al-, alo- (outro, diverso) alopatia, alomorfia
andr-, andro- (homem, macho) androceu, andrógino, andróide, androsperma
anemo- (vento) anemógrafo, anemômetro
angel-, angelo- (mensageiro, anjo) angelólatra, angelogia
ant-, anto- (flor) antologia, antografia, antóide, antomania
antropo- (homem) antropógrafo, antropologia, filantropo
aritm-, aritmo- (número) aritmética, aritmologia, aritmomancia
arque- (primeiro, origem) arquétipo, arquegônio
arqueo- (antigo) arqueografia, arqueologia, arqueozóico
aster-, astro- (estrela, astro) asteróide, astrólogo, astronomia
auto- (próprio) autocracia, autógrafo, autômato
bari-, baro- (peso) barômetro, barítono, barisfera
biblio- (livro) bibliografia, biblioteca, bibliófilo
bio- (vida) biografia, biologia, macróbio, anfíbio
caco- (mau) cacofonia, cacografia
cali- (belo) califasia, caligrafia
cardi-, cardio- (coração) cardiologia, cardiografia
cin-, cine-, cines- (movimento) cinestesia, cinemática
core-, coreo- (dança) coreografia, coreógrafo
cosmo- (mundo) cosmógrafo, cosmologia
cript-, cripto- (escondido) criptônimo, criptograma
cris-, criso- (ouro) crisálida, crisântemo
crom-, cromo- (cor) cromossomo, cromogravura, cromoterapia
crono- (tempo) cronologia, cronometro, cronograma
datilo- (dedo) datilografia, datiloscopia
demo- (povo) demografia, democracia, demagogia
dinam-, dinamo- (força, potência) dinamômetro, dinamite
eco- (casa) ecologia, ecossistema, economia
eletro- (âmbar, eletricidade) elétrico, eletrômetro
enter-, entero- (intestino) enterite, enterogastrite
ergo- (trabalho) ergonomia, ergometria
estere-, estereo- (sólido, fixo) estereótipo, estereografia
estomat-, estomato- (boca, orifício) estomatite, estomatoscópio
etno- (raça) etnografia, etnologia
farmaco- (medicamento) farmacologia, farmacopéla
filo- (amigo) filósofo, filólogo
fisio- (natureza) fisiologia, fisionomia
fono- (voz) eufonia, fonologia
fos-, foto- (luz) fósforo, fotofobia
gastr-, gastro- (estômago) gastrite, gastrônomo
Radical e significado e exemplo
gen-, geno- (que gera) genótipo, hidrogênio
geo- (terra) geografia, geologia
ger-, gero- (velhice) geriatria, gerontocracia
helio- (sol) heliografia, helioscópio
hemi- (metade) hemisfério, hemistíquio
hemo-, hemato- (sangue) hemoglobina, hematócrito
hetero- (outro) heterônimo, heterogêneo
hidro- (água) hidrogênio, hidrografia
hier-, hiero- (sagrado) hieróglifo, hierosolimita
hipo- (cavalo) hipódromo, hipopótamo
homo-, homeo- (semelhante) homeopatia, homógrafo, homogêneo
icono- (imagem) iconoclasta, iconolatria
idio- (peixe) ictiófago, ictiologia
iso- (igual) isócrono, isósceles
lito- (pedra) litografia, litogravura
macro- (grande) macrocéfalo, macrocosmo
mega-, megalo- (grande) megatério, megalomaníaco
melo- (canto) melodia, melopéia
meio- (meio) mesóclise, Mesopotâmia
micro- (pequeno) micróbio, microcéfalo, microscópio
miso- (que odeia) misógino, misantropo
mito- (fábula) mitologia, mitômano
necro- (morto) necrópole, necrotério
neo- (novo) neolatino, neologismo
neuro-, nevr- (nervo) neurologia, nevralgia
odonto- (dente) odontologia, odontalgia
ofi-, oflo- (cobra, serpente) ofiologia, ofiomancia
oftalmo- (olho) oftalmologia, oftalmoscópio
onomato- (nome) onomatologia, onomatopéia
ornit-, omito- (ave) ornitologia, ornitóide
oro- (montanha) orogenia, orografia
orto- (reto, justo)ortografia, ortodoxo
oste-, osteo- (osso) osteoporose, osteodermo
oxi- (ácido, agudo) oxítona, oxígono, oxigênio
paleo- (antigo) paleografia, paleontologia panteismo,
pan- (todos, tudo) pan-americano
pato- (doença, sentimento) patologia, patogenético, patético
pedi-, pedo- (criança) pediatria, pedologia
piro- (fogo) pirólise, piromania, pirotecnia
pluto- (riqueza) plutomania, plutocracia
poli- (muito) policromia, poliglota, polígrafo, polígono
potamo- (rio) potamografia, potamologia
proto- (primeiro) protótipo, protozoário
pseudo- (falso) pseudônimo, pseudópode
psico- (alma, espírito) psicologia, psicanálise
quiro- (mão) quiromancia, quiróptero
rino- (nariz) rinoceronte, rinoplastia
rizo- (raiz) rizófilo, rizotônico
sider- (ferro) siderólito, siderurgia
sismo- (abalo, tremor) sismógrafo, sismologia
taqui (rápido)taquicardia, taquigrafia
tax-, taxi-, taxio- (ordem, arranjo) taxiologia, taxidermia
tecno- (arte, oficio, indústria) tecnologia, tecnocracia, tecnografia
tele- (longe) telegrama, telefone, telepatia
teo- (deus) teocracia, teólogo
term-, termo- (calor) termômetro, isotérmico
tipo- (figura, marca) tipografia, tipologia
topo- (lugar) topografia, toponímia
xeno- (estrangeiro) xenofobia, xenomania
xilo- (madeira) xilógrafo, xilogravura
zoo- (animal)zoógrafo, zoologia
NUMERAIS
Radical, significado, e exemplos:
mon-, mono- (um) monarca, monogamia
di- (dois) dipétalo, dissílabo
tri- (três) trilogia, trissílabo
tetra- (quatro) tetrarca, tetraedro
pent-, penta- (cinco) pentatlo, pentágono
hexa- (seis) hexágono, hexâmetro
hepta- (sete) heptágono, heptassílabo
octo- (oito) octossílabo, octaedro
enea- (nove) eneágono, eneassílabo
deca- (dez) decaedro, decalitro
hendeca- (onze) hendecassílabo, hendecaedro
dodeca- (doze) dodecassílabo
icos- (vinte) icosaedro, icoságono
hecto-, hecato- (cem) hectoedro, hecatombe, hectômetro, hectograma
quilo- (mil) quilograma, quilômetro
miria- (dez mil - inumerável) miriâmetro, miríade, miriápode
Elementos que normalmente surgem na parte final do composto
Radical , significado e exemplos
-agogia (condução) pedagogia, demagogia
-agogo (que conduz) demagogo, pedagogo
-algia (dor) cefalalgia, nevralgia
-arca (que comanda) heresiarca, monarca
-arquia (comando, governo) autarquia, monarquia
RADICAL, SIGNIFICADO E EXEMPLOS
- astenia(debilidade) neurastenia, psicastenia
-céfalo (cabeça) macrocéfalo, microcéfalo
-ciclo (círculo) bicicleta, hemiciclo
-cracia (poder) democracia, plutocracia, gerontocracia
-derme (pele) endoderme, epiderme
-doxo (que opina) ortodoxo, heterodoxo
-dromo (lugar para correr) hipódromo, velódromo
-edro (base, face) pentaedro, poliedro
-eido, -óide (forma, semelhança) caleidoscópio, asteróide, aracnóide
-fagia (ato de comer) aerofagia, antropofagia
-fago (que come) antropófago, necrófago
-filia (amizade) bibliofilia, lusofília
-fobia (inimizade, aversão) fotofobia, hidrofobia
-fobo (que tem aversão) xenófobo, zoófobo
-foro (que leva ou conduz) fósforo, semaforo
-gamia (casamento) monogamia, poligamia
-gamo (que casa) bígamo, polígamo
-glota, -glossa (língua) poliglota, isoglossa
-gono (ângulo) pentagono, polígono
-grafia (escrita, descrição) ortografia, geografia
-grafo (que escreve) calígrafo, polígrafo
-grama (escrito, peso)telegrama, quilograma
-logia (discurso, tratado, ciência) arqueologia, fonologia
-logo (que fala ou trata) dialogo, teólogo
-mancia (adivinhação) necromancia, quiromancia
-mania (loucura, tendência) megalomania, piromania
-mano (louco, inclinado) bibliômano, mitômano
-maquia (combate) logomaquia, tauromaquia
-metria (medida) antropometria, biometria
-metro (que mede) hidrômetro, pentâmetro
-morfo (que tem forma de) antropomorfo, polimorfo
-nomia (lei, regra) agronomia, astronomia
-nomo (que regula) autônomo, metrônomo
-orama (espetáculo) panorama, cosmorama
-péia (ato de fazer) melopéia, onomatopéia
-pólis, -pole (cidade) Petrópolis, metrópole
-ptero (asa) díptero, helicóptero
-scopia (ato de ver) macroscopia, microscopia
-scópio (instrumento para ver) microscópio, telescópio
-sofia (sabedoria) filosofia, teosofia
-stico (verso) dístico, monóstico
-teca (lugar onde se guarda) biblioteca, discoteca
-terapia (cura) fisioterapia, hidroterapia-tomia (corte, divisão) dicotomia, neurotomia
-tono (tensão, tom) barítono, monótono
-trof, -trofia (nutrição) atrofia, hipertrofia
RADICAIS LATINOS
Elementos que normalmente surgem na parte inicial do composto
Radical , significado e exemplo:
agri-, agro- (campo)agrícola, agricultura
ali- (asa) alígero, alípede, aliforme
alti- (alto) altissonante, altiplano
alvi- (branco) alviverde, alvinegro
ambi- (ambos) ambidestro
api- (abelha) apicultura, apiário, apícola
arbori- (arvore) arborícola
auri- (ouro) auriverde, auriflama
avi- (ave)
bis-, bi- (duas vezes) bisavô
avi- (ave) avicultura
bel-, beli- (guerra) belígero, beligerante
ferri-, ferro- (ferro) ferrovia
calori- (calor) calorífero
cruci- (cruz) crucifixo
curvi- (curvo) curvilíneo
cent- (cem) centavo, centena, centopéia
equi-, eqüi- (igual) equilátero, equivalência ou eqüivalência
fili- (filho) filicídio, filial
fratri-, frater- (irmão) fratricida, fraternidade
igni- (fogo) ignívomo
lati- (grande, largo) latifoliado, latifúndio
loco- (lugar) locomotiva
matri- (mãe) matrilinear, matriarcal
maxi- (muito grande) maxidesvalorização, maxissaia
mili- (mil, milésima parte) milípede, milímetro
mini- (muito pequeno) minissaia, minifúndio
morti- (morte) mortífero
multi- (muito) multiforme, multidimensional
nocti- (noite, trevas) noctívago, nocticolor
nubi- (nuvem) nubívago, nubífero
oni- (todo) onipotente
patri- (pai) patrilinear, patrilocal
pedi- (pé) pedilúvio
pisci- (peixe) piscicultor
pluri- (muitos) pluriforme, plurisseriado
quadri- (quatro) quadrimotor, quadrúpede
reti- (reto) retilíneo
tri- (três) tricolor
umbri- (sombra) umbrívago, umbrífero
uni- (um) uníssono
uxori- (esposa) uxório, uxoricida
vermi- (verme) vermífugo
Elementos que normalmente surgem na parte final do composto
Radical , significado, e exemplo:
-cida (que mata) regicida, fratricida
-cola (que cultiva ou habita) vitícola, arborícola
-cultura (ato de cultivar) apicultura, piscicultura
-fero (que contém ou produz) aurífero, flamífero
-fico (que faz ou produz) benéfico, frigorífico
-forme (que tem forma de) cuneiforme, uniforme
-fugo (que foge ou que faz fugir) centrífugo, febrifugo
-gero (que contém ou produz) armígero, belígero
-paro (que produz) multíparo, ovíparo
-pede (pé) palmípede, velocípede
-sono (que soa) borrissono, uníssono
-vago (que anda) nubivago, noctívago
-vomo (que expele) fumívomo, ignívomo
-voro (que come) carnívoro, herbívoro
- nota de ledora: quadro em destaque na página:
OBSERVAÇÃO:
Há palavras que combinam elementos gregos e latinos: televisão, automóvel,
genocídio, homossexual e outras. São chamadas de hibridismos. Existem
hibridismos em que se combinam elementos de origens bastante diversas, como
goiabeira (tupi e português), abreugrafia (português e grego), sambódromo
(quimbundo - uma língua africana - e grego), surfista (inglês e grego), burocracia
(francês e grego), e outros. Como você vê, trata-se de palavras muito usadas no
cotidiano comunicativo, o que torna absurda a intenção de certos gramáticos de
considerar os hibridismos verdadeiras aberrações devido à sua origem "mestiça".
- fim do quadro de destaque.
ATIVIDADES
1. Identifique os elementos formadores e dê o significado de cada um dos compostos
abaixo:
a) democracia
b) gerontocracia
c) tecnocracia
d) plutocracia
e) talassocracia
f) teocracia
g) autocracia
h) aristocracia
i) burocracia
2. Faça o mesmo com os compostos abaixo:
a) quiromancia
b) oniromancia
c) piromancia
d) ornitomancia
e) onomatomancia
f) aritmomancia
3. Idem:
a) entomologia
b) zoologia
c) fitologia
d) geologia
e) ornitologia
f) ictiologia
g) biologia
h) filologia
i) fonologia
j) morfologia
l) cardiologia
m) ginecologia
n) psicologia
o) sociologia
p) teologia
q) antologia
s) enologia
4. Idem:
a) cistalgia
b) ostealgia
c) cefalalgia
d) odontalgia
e) mialgia
f) otalgia
5. Idem:
a) anônimo
b) homônimo
c) heterônimo
d) criptônimo
e) pseudônimo
f) ortônimo
g) antropônimo
h) topônimo
i) sinônimo
j) antônimo
6. Idem:
a) sintaxe
b) cleptomania
c) megalomania
d) nefelibata
e) acrobata
f) acrofobia
g) tanatofobia
h) semáforo
i) economia
j) rinoceronte
l) hipopótamo
m) estereótipo
n) poliglota
o) ortopedia
p) hematófago
q) metafísica
7. Idem:
a) agricultura
b) piscicultura
c) triticultura
d) rizicultura
e) fruticultura
f) avicultura
8. Reescreva as frases seguintes, substituindo as expressões destacadas por compostos
eruditos:
a) Certos políticos têm (incontinência de linguagem).
b) Sua (paixão exagerada pela música) fazia-o gastar muito em discos importados.
c) Era um especialista no (estudo da escrita).
d) Eis no que deu (o governo dos técnicos).
e) Tal procedimento só é possível porque existe (um controle do mercado por algumas
poucas empresas).
f) É um animal (que se alimenta de sangue).
g) Especializou-se (no estudo dos insetos).
h) É uma pessoa capaz de sofrer verdadeiras (mudanças de forma).
i) Fazia questão de que suas roupa fossem (de uma só cor).
j) O estudo dos (nomes de lugares e localidades) pode revelar muito sobre a história de
uma região.
OUTROS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS
ABREVIAÇÃO VOCABULAR
A abreviação vocabular consiste na eliminação de um segmento de uma palavra a fim
de se obter uma forma mais curta. Ocorre, portanto, uma verdadeira truncação, obtendo-
se uma nova palavra cujo significado é o mesmo da palavra original.
Esse processo é particularmente produtivo na redução de palavras muito longas:
cinematógrafo - cinema - cine
pneumático - pneu
otorrinolaringologista - otorrino
analfabeto - analfa
extraordinário - extra
pornográfico - pornô
vestibular - vestiba
metropolitano - metrô
violoncelo - celo
telefone - fone
automóvel- auto
psicologia - psico
- nota da ledora: propaganda de Donuts: CALIBRE SEU PNEU (referência bem
humorada aos pneus de gordura)
O "pneu" do anúncio acima, exemplo de abreviação vocabular, não designa,
obviamente, o componente do automóvel.
Observe que a forma abreviada é de amplo uso coloquial, embora em muitos casos
passe a fazer parte da língua escrita. Esse traço de coloquialidade pode ser sentido em
abreviações como as que colocamos abaixo, impregnadas de emotividade (carinho,
desprezo, preconceito, zombaria):
professor - fessor
português - portuga
chinês - china
japonês - japa
comunista - comuna
militar - milico
confusão - confa
reboliço rebu
neurose - neura
botequim - boteco
delegado - delega
grã-fino granfa
São Paulo - Sampa
Florianópolis - Floripa
Há um certo tipo de abreviação que se vem tornando muito freqüente na língua atual.
Consiste no uso de um prefixo ou de um elemento de uma palavra composta no lugar do
todo:
ex, por ex-namorada, ex-marido, ex-esposa;
micro, por microcomputador;
vídeo, por videocassete;
mini, por minissaia;
máxi, por maxissaia ou maxidesvalorização;
midi, para saia que chega até o joelho ou desvalorização cambial moderada;
e vice, por vice-presidente, vice-governador, vice-prefeito e outros.
O uso dos prefixos em substituição à palavra toda deve ocorrer dentro de contextos
determinados, em que é possível estabelecer o significado que se pretende. Prefixos
como vice ou máxi só adquirem sentido em função dos outros elementos do texto em
que surgem.
SIGLONIMIZAÇÃO
Essa palavra dá nome ao processo de formação de siglas. As siglas são formadas pela
combinação das letras iniciais de uma seqüência de palavras que constitui um nome:
FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
CPF Cadastro de Pessoas Físicas
MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização
IOF - Imposto sobre Operações Financeiras
PIB - Produto Interno Bruto
As siglas incorporam-se de tal forma ao vocabulário do dia-a-dia, que passam a sofrer
flexões e a produzir derivados. É freqüente o surgimento de construções como as ZPEs
(Zonas de Processamento de Exportações), os peemedebistas (membros do PMDB -
Partido do Movimento Democrático Brasileiro), os petistas (membros do PT - Partido
dos Trabalhadores), a mobralizaçao do ensino, campanha pró-FGTS, e outras.
Algumas siglas provieram de outras línguas, principalmente do inglês:
UFO - Unidentified Flying Object(objeto voador não-identificado), que concorre com a
criação nacional OVNI
VIP - Very Important Person (pessoa muito importante);
AIDS - Acquired Immunological Deliciency Syndrome (síndrome da imunodeficiência
adquirida), cuja forma em Portugal é SIDA.
- nota da ledora: propaganda de um serviço de Limousine, dizendo que pelo tamanho,
a limousine deveria pagar IPTU.
- fim do anúncio.
A sigla IPTU significa Imposto Predial e Territorial Urbano. Trata-se de um tributo da
cidade de São Paulo- SP.
- nota da ledora: propaganda da campanha contra a AIDS: Aproveite o dia mundial da
AIDS e faça um cheque ao portador. Campanha do Bradesco.
AIDS sigla infelizmente muito bem conhecida, proveio ao inglês. Apesar da gravidade
do assunto, não podemos deixar de admirar a criatividade do redator, na exploração que
fez da expressão ''cheque ao portador ''.
Há casos de siglas importadas que se transformaram em verdadeiras palavras. Algumas
só são vistas como siglas se conhecermos sua origem:
JIPE adaptação do inglês Jeep, que por sua vez originou-se de GP (General Purpose -
uso geral);
LASER- de Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation (amplificação da
luz por emissão estimulada de radiação);
RADAR - de Radio Detecting and Ranging (detecção e busca por rádio).
PALAVRA-VALISE
A palavra-valise resulta do acoplamento de duas palavras, uma das quais pelo menos
sofreu truncação. É também chamada palavra-centauro e permite a realização de
verdadeiras acrobacias verbais. Observe:
brasiguaio ou brasilguaio - formada de brasileiro e paraguaio para designar o povo
fronteiriço entre os dois países, particularmente os brasileiros que retornaram do
Paraguai atraídos pelo anúncio de reforma agrária;
portunhol - formada de português e espanhol para designar a língua resultante da
mistura dos dois idiomas;
portinglês - formada de português e inglês, criada por Carlos Drummond de Andrade
("secretária portinglês");
tomarte - formada de tomate e Marte, criada por Murilo Mendes ("Ou tomarte,
vermelho que nem Marte"). Note a possibilidade de ver nessa palavra também a palavra
arte;
fraternura, elefantástico e copoanheiro - criações de Guimarães Rosa cuja formação não
é difícil de perceber;
proesia - formada de prosa e poesia, utilizada por Décio Pignatari com referência a uma
das obras do escritor irlandês James Joyce.
Note que a criação dessas palavras ocorre tanto na língua coloquial como na língua culta
e literária. Na língua coloquial, o processo já produziu palavras como bebemorar,
Grenal (clássico de futebol entre Grêmio e Internacional de Porto Alegre), Atletiba
(Atlético Paranaense e Curitiba), Sansão (Santos e São Paulo), Flaflu (Flamengo e
Fluminense), Bavi (Bahia e Vitória), Comefogo (Comercial e Botafogo de Ribeirão
Preto). Na linguagem jornalística, há termos como cantriz (cantora/atriz), estagnação
(estagnação /inflação) e showmício (show/comício); na literatura, além das palavras já
citadas, há ainda criações como noitícia (Carlos Drummond de Andrade) ou
diversonagens suspersas, de Paulo Leminski.
ONOMATOPÉIA
A onomatopéia ocorre quando se forma uma nova palavra por meio da imitação de sons.
A palavra formada procura reproduzir um determinado som, adaptando-o ao conjunto
de fonemas de que a língua dispõe. Dessa forma, surgem palavras como:
cacarejar; zumbir, arrulhar, crocitar, troar e outros verbos que designam vozes de
animais e fenômenos naturais; tique-taque, teco-teco, reco-reco, bangue-bangue (a partir
do inglês bangbang), pingue-pongue, xixi, triquetraque (fogo de artifício), saci (nome de
uma ave e, por extensão, de ente mitológico), cega-rega (cigarra; por extensão, pessoa
tagarela), chinfrim (coisa sem valor), quiquiriqui (pessoa ou coisa insignificante),
blablablá, zunzunzum, pimpampum e outras, sempre sugestivas.
-nota da ledora: quadro de destaque na página:
Outros processos de formação de palavras
a) abreviação vocabular - consiste na eliminação de um segmento de uma palavra a
fim de se obter uma forma mais curta;
b) siglonimização - processo de formação de siglas. As siglas são formadas pela
combinação das letras iniciais de uma seqüência de palavras que constitui um nome;
c) palavra-valise - resulta do acoplamento de duas palavras, uma das quais pelo menos
sofreu truncação;
d) onomatopéia - ocorre quando se forma uma nova palavra por meio da imitação de
sons. A palavra formada procura reproduzir um determinado som, adaptando-o ao
conjunto de fonemas de que a língua dispõe.
- fim do quadro de destaque.
- nota da ledora: cinco desenhos representando formas de onomatopéia: Na seqüência
ao lado, Fortuna criou uma série de onomatopéias para imitar os sons da mastigação e
da digestão. Não se preocupou, porém, em adaptá-las ao conjunto de fonemas da língua
portuguesa. Comendo uma rosca: nhac!, croc! gut, arout!
- fim da nota.
OUTROS PROCESSOS DE ENRIQUECIMENTO DO LÉXICO
Léxico é a palavra com que se costuma denominar o conjunto de palavras que integra
uma língua. É, em termos práticos, um sinônimo de vocabulário, embora tecnicamente
se possam estabelecer distinções entre as duas palavras. Os processos de criação de
palavras que estudamos até aqui devem ter mostrado a você que há um constante
enriquecimento lexical na língua, resultante principalmente do dinamismo das
modificações culturais, que constantemente criam novos objetos, novos fatos, novos
conceitos. Além disso, há outros fatores de pressão sobre a língua, como vínculos de
dependência econômica e cultural, capazes de impor formas de pensar e de dizer que se
manifestam também no vocabulário.
Os processos de criação lexical que vimos até agora operam transformações formais nas
palavras, seja por meio do acréscimo ou supressão de morfemas, seja por meio da
combinação de palavras inteiras para a formação de outras. São, basicamente, processos
morfológicos, pois lidam com a forma das palavras.
Há outros processos de ampliação lexical na língua portuguesa. Como não são
processos morfológicos, não vamos estudá-los pormenorizadamente. São, no entanto,
importantes; por isso, vamos falar um pouco sobre eles.
NEOLOGISMO SEMÂNTICO
Freqüentemente, acrescentamos significados a determinadas palavras sem que elas
passem por qualquer processo de modificação formal. Pense, por exemplo, na palavra
arara, nome de uma ave, que também é usada para designar pessoa nervosa, irritada.
Arara, com o sentido de "irritado, nervoso , e um neologismo semântico, ou seja, um
novo significado que se soma ao que a palavra já possuía.
Essa forma de enriquecimento do vocabulário é extremamente produtiva. Em alguns
casos, chega-se a perder a noção do significado inicial da palavra, passando-se a
empregá-la apenas no sentido que foi um dia adicional. É o caso, por exemplo, de
emérito, cujo sentido original é "aposentado", mas que atualmente se usa como
"distinto", "elevado; ou dissabor, cujo sentido original era "falta de sabor".
Perceba que a chamada derivação imprópria aproxima-se bastante deste processo de
ampliação de significado. A derivação imprópria resulta da passagem de uma palavra a
uma classe gramatical diferente sem modificações na sua forma. Na realidade, ocorre
uma ampliação do significado original da palavra.
Isso pode ser percebido em casos em que esse processo está tão cristalizado, que
chegamos a perder a noção do sentido e da classe originais da palavra.
Pense, por exemplo, em palavras como alvo (em expressões como tiro ao alvo), clara
(de ovo), estreito (acidente geográfico), marginal (bandido ou via pública), santo
(pessoa virtuosa), refrigerante - você já notou que se trata de adjetivos convertidos em
substantivos?
EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS
O contato entre culturas produz efeitos também no vocabulário das línguas. No caso da
língua portuguesa, podem-se apontar exemplos de palavras tomadas de línguas
estrangeiras em tempos muito antigos. Esses empréstimos provieram de línguas célticas,
germânicas e árabes ao longo do processo de formação do português na Península
Ibérica. Posterior-mente, o Renascimento e as navegações portuguesas permitiramempréstimos de línguas européias modernas e de línguas africanas, americanas e
asiáticas.
Depois desses períodos, o português recebeu empréstimos principalmente da língua
francesa. Atualmente, a maior fonte de empréstimos é o inglês norte-americano. Deve-
se levar em conta que muitos empréstimos da língua portuguesa atual do Brasil não
ocorreram em Portugal e nas colônias africanas, onde a influência cultural e econômica
dos Estados Unidos é menor.
As palavras de origem estrangeira normalmente passam por um processo de
aportuguesamento fonológico e gráfico. Quando isso ocorre, muitas vezes deixamos de
perceber que estamos usando um estrangeirismo. Pense em palavras como bife, futebol,
beque, abajur, xampu, tão freqüentes em nosso cotidiano que já as sentimos como
portuguesas. Quando mantêm a grafia da língua de origem, as palavras devem ser
escritas entre aspas (na imprensa, devem surgir em destaque - normalmente itálico:
shopping center; show, stress).
Atente para o fato de que os empréstimos lingüísticos só fazem sentido quando são
necessários. É o que ocorre quando surgem novos produtos ou processos tecnológicos.
Ainda assim, esses empréstimos devem ser submetidos ao tratamento de conformação
aos hábitos fonológicos e morfológicos da língua portuguesa. São condenáveis abusos
de estrangeirismos decorrentes de afetação de comportamento ou de subserviência
cultural. A imprensa e a publicidade muitas vezes não resistem à tentação de utilizar a
denominação estrangeira de forma apelativa, como em expressões do tipo os teens (por
adolescentes) ou high technology system (sistema de alta tecnologia).
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
Outros processos de enriquecimento do léxico
a) neologismo semântico - acréscimo de significados a determinadas palavras sem que
elas passem por qualquer processo de modificação formal;
b) empréstimos lingüísticos - o contato entre culturas produz efeitos também no
vocabulário das línguas, que incorpora palavras provindas de línguas estrangeiras. As
palavras de origem estrangeira normalmente passam por um processo de
aportuguesamento fonológico e gráfico.
- fim do quadro de destaque.
Olimpíadas: A Rio 2004 falhou, mas o pessoal persevera pela manutenção dos nossos
recordes
Exemplo de palavra de origem estrangeira submetida à adaptação gráfica e fonológica
do português: recorde proveniente do francês record. Ao ser aportuguesada, recebeu um
e final e ganhou a pronúncia "recórde'; à moda francesa.
ATIVIDADE
Explique e denomine o processo de formação das seguintes palavras:
a) INSS
b) "confa"
c) estresse
d) teco-teco
e) caipiródromo
f) sofatleta
TEXTOS PARA ANÁLISE
- nota da ledora: nesta página, quatro anúncios do carnaval, de estilos diferentes, o
carnaval tradição, o multidão, o fascinação, e o curtição: em clube, em Olinda, atrás do
trio elétrico, e numa praia paradisíaca.
TRABALHANDO O TEXTO
Qual processo de formação de palavras o anúncio explora? Aponte as novas palavras
obtidas e qual seu significado.
O homem: as viagens
O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte - ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro - diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto - é isto?
idem
idem
idem.
O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Pôe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a colonizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem (estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. As impurezas do branco, 4a. ed. Rio de
Janeiro, José Olympio, 1978 p. 20-2.)
TRABALHANDO O TEXTO
1. De que forma o poema explora a sufixação nos últimos versos da primeira estrofe?
Comente.
2. A palavra quadrado constitui um neologismo semântico? Comente.
3. Explique o significado da passagem "vê o visto" e comente o valor adquirido pela
palavra visto nesse contexto.
4. Qual o sentido da palavra fossa? Como você analisaria sua utilização no poema?
5. Como foi formada a palavra tever? Que significados ela sugere?
6. Que efeito produz a divisão col-/onizar?
7. Comente o uso da palavra dangerosíssima.
8. Que efeito produz a forma con-viver?
Comente.
9. Qual viagem você considera mais importante para o homem? A sideral ou a
"dangerosíssima"? Porquê?
Jecocentrismo globalizado
Esquecido de uma cultura riquíssima, FHC usa o tom pejorativo para chamar o
brasileiro de caipira
Estava o brasileiro posto em sossego, fumando o seu cigarrinho de palha, quando, em
entrevista a um jornal lusitano, o presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu
teorizar sobre o caráter nacional. Depois de dizer que o Brasil é um país provinciano,
como "Estados Unidos" (olha a comparação), ele partiu para a globalização pesada:
"Como vivi fora do Brasil durante muitos anos, dei conta disso. Os brasileiros são
caipiras, desconhecem o outro lado e, quando conhecem, se encantam. O problema é
esse". Melhor resistir, por enquanto, à tentação de fazer paralelos entre o viajado
Fernando Henrique e a deslumbrada madame Bovary, personagem do escritor francês
Gustave Flaubert. Pois se o presidente viveu fora do Brasil, na França. no Chile, na
Argentina", como esclareceu, o que lhe teria garantido uma visão nítida do que acontece
por aqui, na caipirolândia, madame Bovary também reformulou suas opiniões sobre o
mundo e as pessoas ao sair da província - para ir a um baile. Não, não pegou mal o
presidente ter, mais uma vez, posado de sabichão cosmopolita. O que provocou
protestos, do PFL ao PT, foi ter chamado os brasileiros, seus conterrâneos e eleitores, de
provincianos. de caipiras.
Não há dúvida de que Fernando Henrique usou o termo "caipira" com conotação
depreciativa. como quem dissesse que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa,
que foi inaugurar em Lisboa, é uma invenção caipira do caipiríssimo José Aparecido de
Oliveira, por sua vez cupincha do caipirésimo Itamar Franco. Mas há outro sentido para
essa palavra de origem tupi, possível corruptela de (caipora), "habitante do mato". O
termo também serve para designar uma cultura rústica que, do interior de São Paulo, se
espalha por um pedaço de Minas Gerais e de Goiás. "A cultura caipira, que resulta da
miscigenação do branco com o índio, é integral", explica o poeta e ensaísta José Paulo
Paes. "Ela abarca desde hábitos alimentares até costumes religiosos, conservando um
vocabulário riquíssimo."
Na década de 20, autores como Cornélio Pires e Amadeu Amaral debruçaram-se sobre a
maneira de falar dos caipiras e descobriram que vários de seus erros de português são,
na verdade, preciosidades Lingüísticas. Por exemplo: a expressão 'estâmago"
(estômago) remonta ao português castiço do século XVI, e concordâncias exóticas como
"a multidão falaram" são encontradas em versos de Camões. O modo de vida do caipira
também foi objeto de um livro de Antonio Candido, Os Parceiros do Rio Bonito, de
1964, cujo prefácio traz um agradecimento "ao antigo aluno e já então colega" Fernando
Henrique Cardoso, que ajudou a revisar os originais. A arqueologia sociológica de
Antonio Candido é uma resposta enviesada àimagem maledicente do caipira,
cristalizada por Monteiro Lobato em Urupês. Publicado em 1918, o artigo ridiculariza o
Jeca-Tatu, o caboclo ignorante, imune ao progresso e supersticioso.Destila Monteiro
Lobato, entre outras linhas venenosas: "Perguntem ao Jeca quem é o presidente da
República."
- O homem que manda em nós tudo?
- Sim.
- Pois de certo que há de ser o imperador."
O imperador Fernando Henrique Bovary poderia prestar mais atenção às palavras que
usa para rotular seus súditos. Ricos e pobres, cultos e ignorantes. os brasileiros têm uma
relação ambígua com o termo caipira. Talvez porque sofram daquela nostalgia do
campo que os estudiosos chamam de têm uma relação ambígua com o termo caipira.
Talvez porque sofram daquela nostalgia do campo que os estudiosos chamam de
"síndrome pastoril". É uma saudade envergonhada, que se extravasa nas festas juninas,
na audiência de novelas com temas agrários, nos jipes metidos a besta que rodam nas
grandes cidades, no sucesso da música sertaneja, um arremedo que a indústria cultural
forjou para as modinhas caipiras. O produto desse jecocentrismo pode não ser tão
globalizado quanto o chapéu de Mickey que se compra na Disney World. Mas é mais
autêntico que o bovarismo.
(SABINO, Mário. In Veja, 24 jul. 1996)
TRABALHANDO O TEXTO
1. Como foram formadas as palavras que constituem o título do texto?
2. Como se formaram as palavras caipirolândia e cosmopolita?
3. Há no primeiro parágrafo do texto sufixos diminutivos e aumentativos. Aponte as
palavras de que fazem parte e o significado que transmitem.
4. Explique como se formaram caipiríssimo e caipirésimo e que relação de significado
estabelecem com caipira.
5. Como se formaram as palavras miscigenação, arqueologia e sociológica?
6. Como se formou a palavra extravasar?
7. Qual a origem da palavra jipe?
8. Baseado em elementos fornecidos pelo próprio texto, explique o sentido da palavra
bovarismo.
9. Você é caipira e desconhece o outro lado?
Eco da anterior
Que dúvida Que dívida Que dádiva
Que duvidávida afinal a vida
(MOURÃO-FERREIRA, David. Antologia poética
(1948 - 1983). Lisboa. D. Quixote. 1983. p. 158.
Explique o conceito de palavra-valise a partir da leitura do poema acima.
QUESTÕES E TESTES DE VESTIBULARES
1 (Univ. Alfenas-MG) O infinitivo correspondente à forma verbal negrejava está
formado por:
a) derivação imprópria.
b) derivação parassintética.
c) derivação sufixal.
d) derivação regressiva.
e) composição.
2 (Univ. Alfenas-MG) O vocábulo almanaques:
a) é de origem latina.
b) é erudito, composto de radicais gregos.
c) é erudito, híbrido, composto de radicais latino e grego.
d) é de origem árabe.
e) é uma composição erudita, com prefixo e radical latinos.
3 (Univ. Alfenas-MG) Assinale a alternativa que contém a correspondência correta
entre o composto de origem grega e o seu significado.
a) anarquia = falta de cabeça
b) aristocracia = governo dos plebeus
c) teocracia = governo de religiosos
d) oligarquia = governo de um pequeno grupo
e) plutocracia = governo exercido por estrangeiros
4 (UEPE) Quanto à formação de palavras:
a) (preconceito) é formação prefixal.
b) (pluralismo) e (fragilidade) são formações sufixais.
c) (incontroverso), (individual) e (interna) são formadas com o prefixo latino in, com
sentido de negação.
d) (ampliação), (repetência), (preparação) e (cidadania) são substantivos formados a
partir de formas verbais.
e) em (fragilizar), (modernizar) e (democratizar) o sufixo izar forma verbos a partir de
adjetivos.
5 (UFCE) Complete os espaços abaixo com o substantivo que corresponde ao verbo
destacado nas passagens:
a) ... (acendeu) nela o desejo...
A ( ) do desejo.
b)..... e (repetia) puxando-me...
A ( ) do chamado.
c) ... um gesto que eu não (descrevo)
A ( ) do gesto.
Marque a alternativa que completa corretamente os espaços acima:
a) acenção - repetisão - descrição
b) acensão - repetição - descreção
c) acenção - repetição - discrição
d) acensão - repetissão - descrisão
e) acensão - repetição - descrição
6 (UFCE) Empregando o sufixo mente, substitua as expressões destacadas por uma só
palavra, cujo sentido seja equivalente ao da expressão substituída.
a) (Pouco a pouco), o poeta aprenderia a partir sem medo.
b) (Sem dúvida alguma), a lua nova é mais alegre que a cheia.
c) Ele ganhou um novo quarto e a aurora, (ao mesmo tempo).
d) Passou dez anos, (sem interrupção), com a janela virada para o pátio.
e) O poeta, (por exceção), prefere a lua nova.
7 (Univ. Alfenas-MG) Assinale a alternativa que contém, pela ordem, o nome do
processo de formação das seguintes palavras:
ataque, tributária e expatriar.
a) prefixação, sufixação, derivação imprópria
b) derivação imprópria, sufixação, parassíntese
c) prefixação, derivação imprópria, parassíntese
d) derivação regressiva, sufixação, prefixação e sufixação
e) derivação regressiva, sufixação, parassíntese
8 (PUCSP) O vocábulo (ostentando) apresenta em sua estrutura os seguintes elementos
mórficos:
a) o radical ostenta e o prefixo -ndo.
b) radical ostent-, a vogal temática -a, o tema ostenta e a desinência -ndo.
c) o prefixo os-, o radical tent-, a vogal temática -a e a desinência -ndo.
d) o radical ostenta, o tema ostent- e a desinência -ndo.
e) o radical -ndo, o tema ostent- e a vogal temática -a.
9 (ESALq-SP) São palavras formadas por prefixação:
a) luminoso, fraternidade.
b) liberdade, sonhador.
c) conselheiro, queimado.
d) linguagem, escravidão.
e) percurso, ingrato.
10 (PUCSP) As palavras (azuladas), (esbranquiçadas), (bons-dias) e (lavagem) foram
formadas, respectivamente, pelos processos de:
a) derivação parassintética, derivação prefixal e sufixal, composição por aglutinação,
derivação prefixal e sufixal.
b)derivação sufixal, derivação parassintética, composição por justaposição, derivação
sufixal.
c) derivação parassintética, derivação parassintética, composição por aglutinação,
derivação sufixal.
d)derivação prefixal e sufixal, derivação prefixal, composição por justaposição,
derivação parassintética.
e) derivação sufixal, derivação imprópria, composição por justaposição, derivação
sufixal.
11 (ACAFE-SC) Quanto à formação de palavras, aponte o exemplo que não corres-
ponde à afirmação.
a) infeliz - derivação prefixal
b) inutilmente - derivação prefixal e sufixal
c) couve-flor - composição por justaposição
d) planalto - composição por aglutinação
e) semideus - composição por aglutinação
12 (CEFET-PR) Em qual das alternativas não há relação entre as duas colunas quanto
ao processo de formação das seguintes palavras:
a) magoado derivação sufixal
b) obscuro derivação prefixal
c) infernal derivação prefixal e sufixal
d) aterrador derivação prefixal e sufixal
e) descampado derivação parassintética
13 (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as seguintes palavras:
a) vendavais, naufrágios, polêmicas.
b) descompõem, desempregados, desejava.
c) estendendo, escritório, espírito.
d) quietação, sabonete, nadador.
e) religião, irmão, solidão.
14 (FUVEST-SP) Assinalar a alternativa que registra a palavra que tem o sufixo
formador de advérbio.
a) desesperança
b) pessimismo
c) empobrecimento
d) extremamente
e) sociedade
15 (ITA-SP) Considere as seguintes significações:
"nove ângulos" - "governo de poucos" -
"som agradável" - "dor de cabeça"
Escolha a alternativa cujas palavras traduzem os significados apresentados
acima.
a) pentágono, plutocracia, eufonia, mialgia
b) eneágono, oligarquia, eufonia, cefalalgia
c) nonangular, democracia, cacofonia, dispnéia
d) eneágono, aristocracia, sinfonia, cefalalgia
e) hendecágono, monarquia, sonoplastia, cefaléia
16 (ITA-sp) Considere as seguintes palavras, cujos prefixos são de origem grega:
diáfano, endocárdio, epiderme, anfíbio.
Qual alternativa apresenta palavras cujos prefixos, de origem latina, correspondem,
quanto ao significado, aos de origem grega?
a) translúcido, ingerir, sobrepor, ambivalência
b) disseminar, intramuscular, superficial, ambigüidade
c) disjungir, emigrar, supervisão, bilíngüe
d) transalpino, enclausurar, supercílio, ambicionare) percorrer, imergir, epopéia, ambivalência
17 (PUCC-SP) Sabendo-se que prefixo é um morfema que se antepõe ao radical,
alterando sua significação, assinale a alternativa que apresenta as quatro palavras
iniciadas por um prefixo.
a) perfazer, decifrar, disparidade, reposição
b) retidão, dissonância, divindade, insatisfação
c) discorrer, entrever, perguntar, reler
d) inamovível, bisavô, comprimento, descansar
e) surpresa, asmático, esbravejar, anulação
18 (VUNFSP) As palavras (perda), (corredor) e (saca-rolhas) são formadas,
respectivamente, por:
a) derivação regressiva, derivação sufixal, composição por justaposição.
b) derivação regressiva, derivação sufixal, derivação parassintética.
c) composição por aglutinação, derivação parassintética, derivação regressiva
d) derivação parassintética, composição por justaposição, composição por aglutinação.
e) composição por justaposição, composição por aglutinação, derivação prefixal.
19 (CESGRANRIO-RIO) Assinale a opção em que o processo de formação de palavras
está indevidamente caracterizado.
a) vagalume composição
b) irritação - sufixação
c) cruzeiro - sufixação
d) baunilha - sufixação
e) palmeira - sufixação
20 (UFRJ) Assinale a alternativa cujo prefixo sub tem o sentido de posteridade.
a) sublinhar
b) subsequente
c) subdesenvolvido
d) subjacente
e) submisso
21 (FUVEST-SP) Assinale a alternativa em que uma das palavras não é formada por
prefixação.
a) readquirir, predestinado, propor
b) irregular, amoral, demover
c) remeter, conter, antegozar
d) irrestrito, antípoda, prever
e) dever, deter, antever
22 (UM-SP) Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela em que ocorrem dois
prefixos que dão idéia de negação.
a) impune, acéfalo
b) pressupor, ambíguo
c) anarquia, decair
d) importar, soterrar
e) ilegal, refazer
23 (UFF-RJ) O vocábulo catedral, do ponto de vista de sua formação, é:
a) primitivo.
b) composto por aglutinação.
c) derivado sufixal.
d) parassintético.
e) derivado regressivo de catedrático.
24 (PUC-SP) Assinale a classificação errada do processo de formação indicado.
a) o porquê - conversão ou derivação imprópria.
b) desleal - derivação prefixal
c) impedimento - derivação parassintética
d) anoitecer - derivação parassintética
e) borboleta - primitivo
25 (UFPR) A formação do vocábulo destacado na expressão "o (canto) das sereias" é:
a) composição por justaposição.
b) derivação regressiva.
c) derivação sufixal.
d) palavra primitiva.
e) derivação prefixal.
26 (PUC-RJ) Relacione os sinônimos nas duas colunas abaixo e assinale a
resposta correta.
1. translúcido ( ) contraveneno
2. antídoto ( ) metamorfose
3. transformação ( ) diáfano
4. adversário ( ) antítese
5. oposição ( ) antagonista
a) 1, 3, 4, 2, 5
b) 2, 3, 4 ,5,1
c) 2, 3, 1, 5, 4
d) 1, 4, 5, 2, 3
e) 4, 3, 1, 5, 2
27 (UFSC) Assinale a alternativa em que o elemento mórfico em destaque está
corretamente analisado.
a) menin(a) (-a) desinência nominal de gênero
b) vend(e)ste (-e-) - vogal de ligação
c) gas(ô)metro (ô) - vogal temática de segunda conjugação
d) ama(ss)em (-sse-) - desinência de segunda pessoa do plural
e) cantaríe(is) (-is) - desinência do imperfeito do subjuntivo
28 (FEI-SP) Dê o significado dos prefixos:
a) (anti)pático
b) (sim)pático
c) (a)pático
29 (UFSC) Relacione a coluna II com a coluna I, estabelecendo a correspondência entre
o significado dos prefixos gregos e latinos.
coluna I coluna II
1) (tran)sporte ( ) (hiper)trofia
2) (circun)lóquio ( ) (para)sita
3) (bene)fício ( ) (hipo)crisia
4) (supra)citado ( ) (peri)feria
5) (sub)terrâneo ( ) (diá)logo
6) (ad)vogado ( ) (eu)genia
30) (UFPeI-RS) Os vocábulos da primeira coluna possuem prefixos latinos; os da
segunda, prefixos gregos. A alternativa em que os dois prefixos não se correspondem
semanticamente é:
a) subdesenvolvimento/sintonia
b) ambidestro/anfíbio
c) previsão/programa
d) infiel/anêmico
e) transparente/diálogo
31 (FUVEST-SP) Dos vocábulos da relação seguinte, transcreva apenas aqueles
cujos prefixos indiquem privação, negação ou oposição:
indiciado, anarquia, aprimorar, península, amoral, antípoda, antediluviano, ateu,
antigo, imberbe
32 (FUVEST-SP) Dos vocábulos da relação seguinte, transcreva apenas aqueles que
indiquem inferioridade ou posição inferior:
sotopor, retroceder, supra-renal, sublingual, infravermelho, obstruir, hipodérmico,
sobestar, hipertensão, périplo
CAPÍTULO 6
ESTUDO DOS VERBOS (I)
- nota da ledora: gravura nas páginas 120 e 121, com a representação de um
eletrocardiograma com a legenda da Sport TV, mostrando as alterações de um coração,
durante uma partida de futebol, no campo.
- fim da nota.
Embora seja sempre lembrado como a palavra que denota ação (veja quantas delas
ocorrem no anúncio acima), o verbo indica ainda uma série de outros fenômenos ou
processos.
O que distingue fundamentalmente os verbos são as suas flexões, e não os seus
possíveis significados. Afinal de contas, o verbo é a classe de palavras que possui o
maior número de flexões, na língua portuguesa.
1 INTRODUÇÃO
Conjugar verbos é algo que faz parte da vida de qualquer indivíduo, alfabetizado ou
não, escolarizado ou não; no entanto, poucas pessoas se dão conta de que há nesse
processo uma organização interna, um verdadeiro sistema, de que trataremos a seguir.
Os verbos desempenham uma função vital em qualquer língua, e no português não seria
diferente. E em torno deles que se organizam as orações e os períodos,
conseqüentemente é em torno deles que se estrutura o pensamento.
Verbo significa, originariamente, "palavra". Esse significado pode ser notado em
expressões como "abrir o verbo" ou "deitar o verbo", utilizadas para indicar o uso
abundante e desimpedido das palavras. Outra expressão muito conhecida é
"verborragia", utilizada para indicar uso desmedido de palavras. Uma pessoa
verborrágica fala muito. E o que significa comunicação verbal? Comunicação com
palavras.
Os verbos receberam esse nome justamente porque, devido a sua importância na língua,
foram considerados as palavras por excelência pelos gramáticos.
Conjugar um verbo é, portanto, exercer o direito pleno de empregar a palavra.
O estudo de uma classe gramatical tão importante representa, obviamente, um passo
decisivo para a obtenção de um desempenho lingüístico mais satisfatório.
Neste primeiro capítulo dedicado aos verbos, vamos concentrar nossa atenção nos
paradigmas de conjugação, cujo conhecimento é indispensável à produção de textos
representativos da modalidade culta do português.
2 CONCEITO
Verbo é a palavra que se flexiona em número (singular/plural), pessoa (primeira,
segunda, terceira), modo (indicativo, subjuntivo, imperativo), tempo (presente,
pretérito, futuro) e voz (ativa, passiva, reflexiva). Pode indicar ação (fazer, copiar),
estado (ser, ficar), fenômeno natural (chover, anoitecer), ocorrência (acontecer,
suceder), desejo (aspirar, almejar) e outros processos.
O que caracteriza o verbo são suas flexões, e não seus possíveis significados.
Observe que palavras como feitura, cópia, chuva, acontecimento e aspiração têm
conteúdo muito próximo ao de alguns verbos mencionados acima; não apresentam,
porém, todas as possibilidades de flexão que esses verbos possuem.
3 ESTRUTURA DAS FORMAS VERBAIS
Há três tipos de morfemas que participam da estrutura das formas verbais: o radical, a
vogal temática e as desinências.
a) radical - é o elemento mórfico (morfema) que concentra o significado essencial do
verbo:
opin-ar
aprend-er
nutr-ir
am-ar
beb-er
part-ir
cant-ar
escond-er
proib-ir
Você notou que, para obter o radical de um verbo, basta eliminar as duas últimas letras
do infinitivo. Podem-se antepor prefixos ao radical:
des-nutr-ir
re-aprend-er
b) vogal temática - é o morfema que permite a ligação entre o radical e as desinências.
Em português, há três vogais temáticas:
-a- - caracteriza os verbos da primeira conjugação: solt-a-r; deix-a-r; perdo-a-r;
-e- - caracteriza os verbos da segunda conjugação: esquec-e-r; sofr-e-r; viv-e-r.
O verbo pôr e seus derivados(supor, depor, repor, compor etc.) são considerados da
segunda conjugação, pois sua vogal temática é -e-, obtida da forma portuguesa arcaica
poer, do latim ponere; -i- - caracteriza os verbos da terceira conjugação: assist-i-r;
permit-i-r, decid-i-r. O conjunto formado pelo radical e pela vogal temática recebe o
nome de tema.
c) desinências - são morfemas que se acrescentam ao tema para indicar as flexões do
verbo. Há desinências número-pessoais e desinências modo-temporais:
falá-sse-mos
falá-: tema (radical + vogal temática)
-sse-: desinência modo-temporal (indica o modo - subjuntivo - e o tempo -pretérito
imperfeito - em que o verbo está conjugado)
-mos: desinência número-pessoal (indica que o verbo se refere à primeira pessoa do
plural)
Você conhecerá as outras desinências verbais quando apresentarmos os modelos das
conjugações.
- nota da ledora: quadro em destaque, na página:
Estrutura das formas verbais
a) radical elemento mórfico (morfema) que concentra o significado essencial do verbo;
b) vogal temática - morfema que permite a ligação entre o radical e as desinências.
Em português, há três vogais temáticas: -a-, -e-, -i-;
c) desinências - morfemas que se acrescentam ao tema para indicar as flexões do verbo.
Há desinências número-pessoais e desinências modo-temporais.
Combinando seus conhecimentos sobre a estrutura dos verbos com o conceito de sílaba
tônica, você poderá facilmente descobrir o que são formas verbais rizotônicas e
arrizotônicas. Nas formas rizotônicas, o acento tônico está no radical do verbo: estudo,
compreendam, consigo, por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não está
no radical, mas na terminação verbal: estudei, venderão, conseguiríamos.
4 FLEXÕES VERBAIS
Você já sabe que os verbos apresentam flexão de número, pessoa, modo, tempo e voz.
Vamos agora estudar mais minuciosamente essas flexões.
FLEXÃO DE NÚMERO E PESSOAS
Os verbos podem se referir a um único ser ou a mais de um ser; no primeiro caso, estão
no singular; no segundo, no plural. Essa indicação de número é acompanhada pela
indicação da pessoa gramatical a que o verbo se refere.
Observe:
estudo é forma da primeira pessoa do singular;
estudas é forma da segunda pessoa do singular;
estuda é forma da terceira pessoa do singular;
estudamos é forma da primeira pessoa do plural;
estudais é forma da segunda pessoa do plural;
estudam é forma da terceira pessoa do plural.
Essas indicações de número e pessoa são claramente identificadas quando se relaciona
cada forma verbal acima com o pronome pessoal correspondente:
eu estudo
tu estudas
ele/ela estuda
nós estudamos
vós estudais
eles/elas estudam
No português atual do Brasil, o pronome tu, de segunda pessoa, tem uso limitado a
algumas regiões, muitas vezes de forma diferente da que prega a gramática oficial. É
comum o emprego de formas como "tu foi", "tu pega", "tu falou". O pronome é de
segunda pessoa, mas o verbo é conjugado na terceira. O pronome vós aparece em textos
literários ou litúrgicos.
Para o tratamento direto, difundiu-se no Brasil o emprego dos pronomes você/vocês,
que levam o verbo para a terceira pessoa:
ele/ela você estuda
eles/e/as/vocês estudam
- nota da ledora: nesta página, tira de quadrinhos com sotaque português: (?) e a
seguinte legenda: general pergunta a tropa, se quer canhões ou manteiga - quereis
canhões ou manteiga? e um engraçadinho da tropa responde alto, que quer canhões. Na
mesa, estão passando a faca em canhõeszinhos e depois no pão, ao que outro soldado
comenta: Porque é que nunca fechas essa maldita
boca?
- fim da nota.
A forma verbal correspondente ao pronome vós caiu em desuso no Brasil mas ainda é
corrente em Portugal (quereis na tira acima).
FLEXÃO DE TEMPO E MODO
No momento em que se fala ou escreve, o processo verbal pode estar em plena
ocorrência, pode já estar concluído ou pode ainda não ter ocorrido. Essas três
possibilidades básicas, mas não únicas, são expressas pelos três tempos verbais: o
presente, o pretérito (que pode ser perfeito, imperfeito ou mais-que-perfeito) e o futuro
(que pode ser do presente ou do pretérito). Compare as formas estudo, estudei e
estudarei para perceber essa distribuição em três tempos básicos.
A indicação de tempo está normalmente ligada à indicação de modo, ou seja, a ex-
pressão da atitude de quem fala ou escreve em relação ao conteúdo do que fala ou
escreve. Quando se considera o que é falado ou escrito uma certeza, utilizam-se as
formas do modo indicativo (são exemplos estudo, estudei, estudava, estudarei).
- nota da ledora: anúncio de seguros do Banco Itaú, com os seguintes dizeres:
Uma pessoa que não entende nada de seguro me convenceu a fazer um Itauvida.
Na foto, uma graciosa menininha de aproximadamente 2 anos de idade.
- fim da nota.
Entende e convenceu são formas verbais do modo indicativo, empregado para dar
status de certeza àquilo que se declara.
As formas do modo subjuntivo indicam que o conteúdo do que se fala ou escreve é
tomado como incerto, duvidoso, hipotético (estudasse, por exemplo). Além disso, o
verbo pode exprimir um desejo, uma ordem, um apelo: nesse caso, utilizam-se as
formas do modo imperativo (estude/não estude, por exemplo).
O esquema a seguir apresenta os modos e tempos verbais da língua portuguesa:
MODO INDICATIVO:
presente (estudo)
pretérito
futuro
pretérito: perfeito (estudei), imperfeito (estudava) , mais-que-perfeito (estudara)
futuro: do presente (estudarei), do pretérito (estudaria)
MODO SUBJUNTIVO
presente (estude)
pretérito imperfeito (estudasse)
futuro (estudar)
MODO IMPERATIVO
presente afirmativo ( estuda)
presente negativo ( não estudes)
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÃO:
1. O modo imperativo é dividido em duas formas: o afirmativo e o negativo. Não se
conjuga a primeira pessoa do singular do imperativo, por motivo óbvio.
2. O esquema acima apresenta apenas os chamados tempos simples; além deles, há os
tempos compostos, que apresentaremos mais adiante.
3. Os verbos possuem, além dos modos e tempos já apresentados, três formas nominais:
o infinitivo (pessoal e impessoal), o gerúndio e o particípio. Essas formas são chamadas
nominais porque podem assumir comportamento de nomes (substantivos, adjetivos e
advérbios) em determinados contextos. No caso do verbo estudar, temos:
FORMAS NOMINAIS - infinitivo pessoal ( estudar, estudares…)
infinitivo impessoal ( estudar)
gerúndio (estudando)
particípio (estudado)
FLEXÃO DE VOZ
A voz verbal indica fundamentalmente se o ser a que o verbo se refere é agente ou
paciente do processo verbal. Há três situações possíveis:
a) voz ativa - o ser a que o verbo se refere é o agente do processo verbal. Em "O
Juventus derrotou o Palmeiras", a forma verbal "derrotou" está na voz ativa porque "o
Juventus" é o agente do processo verbal.
b) voz passiva - o ser a que o verbo se refere é o paciente do processo verbal. Em
"O Palmeiras foi derrotado pelo juventus", a locução verbal "foi derrotado" está na voz
passiva porque "o Palmeiras" é o paciente da ação verbal.
Há duas formas de voz passiva em português: a voz passiva analítica, em que ocorre
uma locução verbal formada pelo verbo ser mais o particípio do verbo principal (como
em "O técnico foi demitido do clube"), e a voz passiva sintética, em que se utiliza o
pronome se (nesse caso chamado pronome apassivador, ou partícula apassivadora) ao
lado do verbo em terceira pessoa (como em "Alugam-se casas na praia"). Essas duas
formas de voz passiva serão estudadas detalhadamente nos capítulos dedicados à
Sintaxe.
c) voz reflexiva- o ser a que o verbo se refere é, ao mesmo tempo, agente e paciente do
processo verbal, pois age sobre si mesmo. Em "O rapaz cortou-se com uma tesoura", a
forma verbal cortou-se está na voz reflexiva, pois o rapaz é, a um só tempo, agente e
paciente: ele cortou a si mesmo.
- nota da ledora: propaganda do metrô de São Paulo, com os seguintes dizeres:
- Tiradentes foi enforcado. Sardinha foi devorado por índios. Getúlio se matou.
Felizmente, existe um jeito mais fácil de você entrar para a história.Venha gravar seu depoimento para o Museu do Metrô.
- fim do anúncio.
As tragédias enumeradas no anúncio exemplificam a voz passiva ("foi enforcado'; "foi
devorado") e a voz reflexiva ("se matou").
ATIVIDADES
1. Indique os morfemas presentes em cada uma das formas Verbais abaixo:
a) falássemos
b) pensáramos
c) estudarei
d) perderias
e) decidissem
f) produzo
g) corrompias
h) tratávamos
i) permitistes
2. indique o tempo, o modo, o número e a pessoa de cada uma das formas verbais
destacadas nas frases abaixo:
a) Não (trataríamos) de alguém como ele.
b) Ninguém (relatara) nada a ela.
c) Se você ao menos (provasse)...
d) Talvez (obtenhas) o que nós não obtivemos.
e) Se eu o (localizar), (transmitirei) seu recado.
f) (Queixava)-se constantemente de que ninguém ali (dava) importância a ele.
g) (Pedistes) a verificação de vossos projetos?
h) (Digo) o que (penso).
5 CONJUGAÇÕES
Quando se fala em conjugar um verbo, fala-se em dispor sistematizadamente todas as
formas que ele pode assumir ao ser flexionado. Isso se faz com a exposição dos diversos
tempos e modos de acordo com uma ordem convencionada. Observe que se trata de um
recurso didático ligado à memorização e à observação de particularidades morfológicas.
Os verbos da língua portuguesa podem ser divididos em três grupos de flexões, as
chamadas conjugações, identificadas respectivamente pelas vogais temáticas -a-, -e- e -
i-. Para cada uma dessas conjugações, há um modelo - chamado de paradigma - que
indica as formas verbais consideradas regulares. De acordo com a relação que
estabelecem com esses paradigmas, os verbos podem ser classificados em:
a) regulares - obedecem precisamente a um paradigma da respectiva conjugação;
b) irregulares - não seguem nenhum paradigma da respectiva conjugação: podem
apresentar irregularidades no radical ou nas terminações. Os verbos ser e ir, por
apresentarem profundas alterações nos radicais em sua conjugação, são chamados
anômalos;
c) defectivos - não são conjugados em determinadas pessoas, tempos ou modos;
d) abundantes - apresentam mais de uma forma para determinada flexão.
Os verbos empregados para, com o infinitivo, o gerúndio ou o particípio, formar as
locuções verbais ou os tempos compostos (devo ir/estava falando/tinha procurado) são
chamados de auxiliares. Os quatro mais usados nessa função são ser, estar, ter e haver.
A conjugação desses quatro verbos, rica em particularidades, será apresentada mais
adiante, quando estudarmos os principais verbos irregulares.
O outro verbo do tempo composto ou locução verbal é chamado de principal. Na
prática, torna-se fácil identificar o auxiliar e o principal: o auxiliar é sempre o primeiro;
o principal é sempre o segundo.
PARADIGMA DOS VERBOS REGULARES
Você encontrará a seguir paradigmas dos verbos regulares das três conjugações.
Para conjugar qualquer verbo regular basta substituir o radical do verbo usado como
exemplo pelo radical do verbo que se pretende conjugar. A vogal temática e as
desinências não se alteram.
TEMPOS SIMPLES
1a. conjugação 2a. conjugação 3a. conjugação
modelo: estudar, vender, permitir
MODO INDICATlVO
presente :
estudo,vendo, permito,
estudas, vendes, permites ,
estuda, vende, permite,
estudamos, vendemos, permitimos,
estudais, vendeis, permitis,
estudam, vendem, permitem;
pretérito imperfeito:
estudava, vendia, permitia,
estudavas, vendias, permitias,
estudava, vendia, permitia,
estudávamos, vendíamos, permitíamos,
estudáveis, vendíeis, permitíeis,
estudavam, vendiam, permitiam
pretérito perfeito:
estudei, vendi, permiti
estudaste, vendeste, permitiste,
estudou, vendeu, permitiu,
estudamos, vendemos, permitimos,
estudastes, vendestes, permitistes,
estudaram, venderam, permitiram;
pretérito mais-que-perfeito:
estudara, vendera, permitira,
estudaras, venderas, permitiras,
estudara, vendera, permitira,
estudáramos, vendêramos, permitíramos,
estudáreis, vendêreis, permitireis,
estudaram, venderam, permitiram,
futuro do presente:
estudarei, venderei, permitirei,
estudarás, venderás, permitirás,
estudará, venderá, permitirá,
estudaremos, venderemos, permitiremos,
estudareis, vendereis, permitireis,
estudarão, venderão, permitirão
futuro do pretérito:
estudaria, venderia, permitiria,
estudarias, venderias, permitirias,
estudaria, venderia, permitiria,
estudaríamos, venderíamos, permitiríamos,
estudaríeis, venderíeis, permitiríeis,
estudariam, venderiam, permitiriam
MODO SUBJUNTIVO
presente:
estude, venda, permita,
estudes, vendas, permitas,
estude, venda, permita,
estudemos, vendamos, permitamos,
estudeis, vendais, permitais,
estudem , vendam, permitam
pretérito imperfeito:
estudasse, vendesse, permitisse,
estudasses, vendesses, permitisses,
estudasse, vendesse, permitisse,
estudássemos, vendêssemos, permitíssemos,
estudásseis, vendêsseis, permitísseis
estudassem, vendessem, permitissem
futuro:
estudar, vender, permitir,
estudares, venderes, permitires,
estudar, vender, permitir,
estudarmos, vendermos, permitirmos,
estudardes, venderdes, permitirdes,
estudarem, venderem, permitirem
MODO IMPERATIVO
afirmativo
estuda tu, vende tu, permite tu,
estude você, venda você, permita você,
estudemos nós, vendamos nós, permitamos nós,
estudai vós, vendei vós, permiti vós,
estudem vocês, vendam vocês, permitam vocês,
negativo:
não estudes tu, não vendas tu, não permitas tu,
não estude você, não venda você, não permita você,
não estudemos nós, não vendamos nós, não permitamos nós,
não estudeis vós, não vendais vós, não permitais vós,
não estudem vocês, não vendam vocês, não permitam vocês
FORMAS NOMINAIS
infinitivo impessoal:
estudar, vender, permitir
infinitivo pessoal:
estudar, vender, permitir,
estudares, venderes, permitires,
estudar, vender, permitir,
estudarmos, vendermos, permitirmos,
estudardes, venderdes, permitirdes,
estudarem, venderem, permitirem
gerúndio:
estudando, vendendo, permitindo
particípio:
estudado, vendido, permitido
- nota da ledora- quadro de destaque na página -
1. Tome cuidado especial com as formas verbais que recebem acento gráfico, pois a
omissão desse acento pode causar problemas na língua escrita: analise atentamente as
formas de primeira e segunda pessoas do plural dos vários tempos e compreenda que
algumas devem ser acentuadas porque são proparoxítonas; atente para as formas do
futuro do presente do indicativo que são acentuadas graficamente (oxítonas terminadas
em -a, -as - estudarás, estudará; venderás, venderá; permitirás, permitirá) e perceba que
a omissão desse acento causa confusão com as formas correspondentes do pretérito
mais-que-perfeito do indicativo (paroxítonas - estudaras, estudara; venderas, vendera;
permitiras, permitira).
2. Compare a terceira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo com a terceira
pessoa do plural do futuro do presente: a primeira é paroxítona e termina em -am
(estudaram, venderam, permitiram); a segunda é oxítona e termina em -ão (estudarão,
venderão, permitirão).
3. Compare a segunda pessoa do singular com a segunda pessoa do plural do pretérito
perfeito do indicativo: a primeira termina em -ste (estudaste, vendeste, permitiste); a
segunda termina em -stes (estudastes, vendestes, permitistes).
4. Atente para as particularidades do modo imperativo: não se conjuga a primeira
pessoa do singular; além disso, na terceira pessoa se utilizam os pronomes
você/vocês, senhor/senhores, ou qualquer outro pronome de tratamento.
TEMPOS COMPOSTOS
MODO INDICATIVO
pretérito perfeito: tenho/hei, tens/hás, tem/há, temos/havemos, tendes/haveis,
têm/hão
estudado, vendido, permitido
pretérito mais-que-perfeito: tinha/havia, tinhas/havias, tinha/havia,
tínhamos/havíamos, tínheis/havíeis, tinham/haviam.
estudado, vendido, permitido
futuro do presente : terei/haverei, terás/haverás, terá/haverá, teremos/haveremos,
tereis/havereis, terão/haverão.
estudado, vendido, permitido
futuro do pretérito: teria/haveria, terias/haverias, teria/haveria,
teríamos/haveríamos, teríeis/haveríeis, teriam/haveriam,
estudado, vendido, permitido
MODO SUBJUNTIVO
pretéritoperfeito: tenha/haja, tenhas/hajas, tenha/haja, tenhamos/hajamos,
tenhais/hajais, tenham/hajam,
estudado, vendido, permitido
pretérito mais-que-perfeito: tivesse/houvesse, tivesses/houvesses, tivesse/houvesse,
tivéssemos/houvéssemos, tivésseis/houvésseis, tivessem/houvessem,
estudado, vendido, permitido
futuro: tiver/houver, tiveres/houveres, tiver/houver, tivermos/houvermos,
tiverdes/houverdes, tiverem/houverem.
estudado, vendido, permitido
FORMAS NOMINAIS
infinitivo pessoal (pretérito) : ter/haver, teres/haveres, ter/haver, termos/havermos,
terdes/haverdes, terem/haverem,
estudado, vendido, permitido
infinitivo impessoal (pretérito) : ter/haver,
estudado, vendido, permitido
gerúndio (pretérito) tendo/havendo,
estudado, vendido, permitido
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÕES:
1. Você notou que os tempos compostos são formados pelos verbos auxiliares ter e
haver mais o particípio do verbo principal. Apenas os auxiliares se flexionam.
2. No Brasil, há uma acentuada tendência ao emprego do auxiliar ter; o uso do auxiliar
haver restringe-se à língua formal falada escrita.
3. O pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo é largamente usado no
português falado e escrito do Brasil, confinando a forma simples ao uso escrito formal.
4. As formas compostas do infinitivo e do gerúndio têm valor de pretérito.
- fim do quadro de destaque.
ATIVIDADES
1. Complete as lacunas das frases com a forma verbal indicada entre parênteses:
a) Se efetivamente ( ), serias mais insistente. (necessitar, pretérito imperfeito do
subjuntivo)
b) Seu pai não ( ) às reuniões com freqüência. (comparecer, pretérito imperfeito do
indicativo)
c) O diretor não nos ( ) ontem. (auxiliar, pretérito perfeito do indicativo)
d) Você sempre ( ) às oito horas? (chegar, presente do indicativo)
e) Quem ( ) esta rotina tão tranqüila? (alterar, futuro do pretérito do indicativo)
f) Já fazia muito tempo que eu ( ) a importância de ser solidário. (perceber, pretérito
mais-que-perfeito do indicativo)
g) Não te ( ) em situação delicada se me prestares ajuda? (colocar, futuro do presente
do indicativo)
h) Talvez eu ( ) alguma alteração no seu ânimo. (perceber, presente do subjuntivo)
i) Quando ( ) a verdade, mostrai-a a todos. (descobrir, futuro do subjuntivo)
2. Complete as lacunas com as formas verbais solicitadas entre parênteses:
a) Quando você ( ) o trabalho, poderá sair. (terminar, futuro composto do subjuntivo)
b) ( ) constantemente, mas ainda não conseguiste êxito. (insistir, pretérito perfeito
composto do indicativo)
c) Nós já ( ) aquelas entidades assistenciais alguns anos atrás. (ajudar, pretérito mais-
que-perfeito composto do indicativo)
d) É provável que tudo ( ) até então. (acabar, pretérito perfeito composto do subjuntivo)
e) Será que ( ) em todos os meus exames até dezembro? (passar, futuro do presente
composto do indicativo)
f) Se ( ) antes, teríamos obtido a vaga. (comparecer, pretérito mais-que-perfeito
composto do subjuntivo)
g) Tudo ( ) como imagináramos se ele não tivesse desistido no último momento.
(ocorrer, futuro do pretérito composto do indicativo)
3. Passe para o plural cada uma das frases seguintes, mantendo o tempo e o modo dos
verbos.
a) Agradava-me caminhar à beira-mar.
b) Fazias sempre questão de ajudar.
c) Ele estivera acamado.
d) Até ontem, eu desconhecia que voltaras.
e) Se quisesses, eu não seria infeliz.
f) Se fosses solidário, eu teria melhor sorte.
g) Ele dormirá aqui amanhã.
h)Você chegou às três horas?
i) Ele fixara o encontro com antecedência.
j) Ela fixará o encontro com antecedência.
l) Agiste como te recomendei?
6 FORMAÇÕES DOS TEMPOS SIMPLES
Depois de observar os tempos e modos dos verbos regulares, é importante você saber
que existe uma maneira eficiente, racional e organizada de conjugá-los.
Basta empregar os conceitos de tempos primitivos e tempos derivados e explorar as
relações entre eles:
a) tempos primitivos - são tempos cujos radicais ou temas são usados na formação de
outros tempos. É o caso do presente do indicativo e do pretérito perfeito do indicativo.
Além deles, o infinitivo impessoal é usado na formação de outros tempos;
b) tempos derivados - são aqueles cujos radicais ou temas são obtidos de um dos tempos
primitivos ou do infinitivo impessoal. Com exceção do presente e do pretérito perfeito
do indicativo e do infinitivo impessoal, todos os tempos e formas nominais são
derivados.
O conhecimento da conjugação dos tempos primitivos e da forma como se obtém a
partir deles a conjugação dos tempos derivados constitui um instrumento muito útil para
evitar erros de conjugação. Com a prática e a repetição, o processo se tornará
automático. Você perceberá que, em alguns casos, como na formação do imperativo e
na obtenção de certos tempos de alguns verbos irregulares, esse processo de conjugação
é eficiente e seguro.
Sem dúvida é importante aprender o esquema de formação do imperativo (para isso,
veja a tabela na página seguinte). Porém, tão importante quanto é refletir um pouco
antes de obedecer a um verbo no imperativo.
TEMPOS DERIVADOS DO PRESENTE DO INDICATIVO
O presente do indicativo forma o presente do subjuntivo; dos dois, é formado o modo
imperativo:
a) presente do subjuntivo - forma-se a partir do radical da primeira pessoa do singular
do presente do indicativo. Esse radical é obtido pela eliminação da desinência -o da
primeira pessoa do singular: opin-o, cant-o, conheç-o, venh-o, dig-o; a ele, acrescentam-
se as desinências -e, -es, -e, -emos, -eis, -em, para verbos da primeira conjugação, e -a, -
as, -a, -amos, -ais, -am, para verbos da segunda e terceira conjugações;
b) imperativo afirmativo - a segunda pessoa do singular e a segunda pessoa do plural
são retiradas diretamente do presente do indicativo, suprimindo-se o-s final: tu estudas -
estuda tu; vós estudais - estudai vós. As formas das demais pessoas são exatamente as
mesmas do presente do subjuntivo. Lembre-se de que não se conjuga a primeira pessoa
do singular no modo imperativo;
c) imperativo negativo - todas as pessoas são idênticas as pessoas correspondentes do
presente do subjuntivo.
ESQUEMA DE FORMAÇÃO DOS TEMPOS DERIVADOS DO PRESENTE DO
INDICATIVO
(exemplo: verbo optar)
- nota da ledora: o esquema mencionado, esta muito bem explicado no ponto acima, não
há condição de mantê-lo no formato de esquema, por truncar-se no momento da leitura,
já que o programa não lê pulando linhas, escritas, e respeitando chaves. O esquema é
apenas um acréscimo visual, ao minuciosamente exposto.
- fim da nota.
- quadro em destaque na página:
OBSERVAÇÕES:
1. Para os verbos da segunda e terceira conjugações, as desinências do presente do
subjuntivo são: -a, -as, -a, -amos, -ais, -am.
2. Observe atentamente as diferenças entre as segundas pessoas do imperativo
afirmativo e as segundas pessoas do imperativo negativo. Para passar uma frase do
imperativo afirmativo para o negativo e vice-versa não basta acrescentar ou retirar um
não: opta/não optes; optai/não opteis.
3. É muito comum na língua coloquial o emprego das formas verbais de segunda pessoa
do singular do imperativo afirmativo com o pronome você: - "Vem pra Caixa você
também!", por exemplo, fez parte de um famoso texto publicitário poucos anos atrás.
Essa mistura de tratamentos não é admissível na língua culta; para evitá-la, deve-se
uniformizar o tratamento na segunda pessoa ("Vem... tu") ou na terceira pessoa
("venha... você").
ATIVIDADES
1. Passe para a forma negativa:
a) Procura-me.
b) Procure-me.
c) Entoa aquela velha canção de ninar.
d) Entoe aquela velha canção de ninar.
e) Conta o que viste.
f) Conte o que viu.
g) Aciona os motores.
h) Acione os motores.
i) Estende os panos.
j) Estenda os panos.
l) Sai daí!
m) Saia dai!
n) Belisca-me para eu perceber que estou acordado.
o) Belisque-me para eu perceber que estou acordado.
p) Assiste ao filme!
q) Assista ao filme!
2. Passe as frases do exercício anterior para o plural. A seguir, passe-as para a forma
negativa.
3. Leia atentamente o texto seguinte,trecho da canção "Nosso estranho amor", de
Caetano Veloso:
Não quero sugar todo seu leite
Nem quero você enfeite do meu ser
Apenas te peço que respeite
O meu louco querer.
Não importa com quem você se deite
Que você se deleite seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor.
Ah! Mainha
Deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar
E sigamos juntos
Ah! Neguinha
Deixa eu gostar de você
Pra lá' do meu coração
Não me diga nunca não.
O que ocorre com as formas de tratamento empregadas no texto?
De que maneira o modo imperativo é afetado por essas formas? Comente,
explicando os efeitos obtidos no texto e apresentando maneiras de adequá-lo à
língua culta.
4. Explique a formação do modo imperativo a partir do presente do indicativo.
Use o verbo suar como exemplo.
TEMPOS DERIVADOS DO PRETÉRITO DO INDICATIVO
O pretérito perfeito do indicativo fornece o tema para a formação de três outros tempos:
o pretérito mais-que-perfeito do indicativo, o pretérito imperfeito do subjuntivo e o
futuro do subjuntivo. Para obter o tema do pretérito perfeito, basta retirar a desinência -
ste da forma correspondente à segunda pessoa do singular (estuda-ste, vende-ste, parti-
ste, trouxe-ste, soube-ste); a seguir, acrescentam-se a esse tema as desinências
características de cada um dos três tempos derivados:
a) pretérito mais-que-perfeito do indicativo: -ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram;
b) pretérito imperfeito do subjuntivo: -sse, -sses, -sse, -ssemos, -sseis, -ssem;
c) futuro do subjuntivo: -r, -res, -r, -rmos, -rdes, -rem.
nota da ledora: anúncio publicitário da Seguradora Itaú : uma mulher falando ao
telefone, com cara de triste, e a seguinte legenda: se alguém bater em você, chame a
gente.
- fim da nota.
Em muitos verbos, a 3a. pessoa do singular do futuro do subjuntivo (bater, no anúncio
acima) é formalmente idêntica ao infinitivo impessoal o que gera freqüentemente erros
de conjugação. Por isso, fique sempre atento ao esquema de derivação desse tempo
verbal
ESQUEMA DE FORMAÇÃO DOS TEMPOS DERIVADOS DO PRETÉRITO
PERFEITO DO INDICATIVO
(exemplo: Verbo fazer)
Pretérito perfeito do indicativo
fiz
fize-ste
fez
fizemos
fizestes
fizeram
Pretérito mais-que-perfeito do indicativo
fize-ra
fize-ras
fize-ra
fizé-ramos
fizé-reis
fize-ram
Pretérito imperfeito do subjuntivo
fize-sse
fize-sses
fize-sse
fizé-ssemos
fizé-sseis
fize-ssem
Futuro do subjuntivo
fize-r
fize-res
fize-r
fize-rmos
fize-rdes
fize-rem
-nota de destaque na página: As desinências dos tempos derivados são as mesmas para
as três conjugações.
ATIVIDADES
1. Quais os tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo? Explique sua formação
usando o verbo ir como exemplo.
2. Observe a frase abaixo:
"Se você não se manter calmo, poderá fazer algo errado".
Sabendo que o verbo (manter) segue o modelo de conjugação do verbo ter,
procure adequar a frase acima ao padrão culto da língua portuguesa. Utilize o esquema
de formação de tempos derivados a partir do pretérito perfeito do indicativo para
comprovar a eficácia de sua correção.
TEMPOS E FORMAS NOMINAIS DE DERIVADOS DO INFINITIVO PESSOAL
O infinitivo impessoal (estudar, vender, permitir) é a base para a formação de três
tempos do modo indicativo: o pretérito imperfeito, o futuro do presente e o futuro do
pretérito.
Além disso, é base também das formas nominais: o infinitivo pessoal, o particípio e o
gerúndio.
a) pretérito imperfeito do indicativo - forma-se pelo acréscimo das terminações -ava,
-avas, -ava, -ávamos, -áveis, -avam (para os verbos da primeira conjugação) ou -ia, -
ias, -ia, -íamos, -íeis, -iam (para os verbos da segunda e terceira conjugações) ao
radical do infinitivo impessoal (estud-ar, vend-er, permit-ir);
b) futuro do presente do indicativo - forma-se pelo acréscimo das desinências -rei, -rás,
-ra, -remos, -reis, -rão ao tema do infinitivo impessoal (estuda-r, vende-r, permiti-r);
c) futuro do pretérito do indicativo - forma-se pelo acréscimo das desinências -ria,
-rias, -ria, -ríamos, -ríeis, -riam ao tema do infinitivo impessoal;
d) infinitivo pessoal - acrescentam-se as desinências -es (para a segunda pessoa do
singular) e -mos, -des, -em (para as três pessoas do plural) ao infinitivo impessoal
(estudar-, vender-, permitir-);
e) particípio regular - acrescenta-se a desinência -ado (para verbos da primeira
conjugação) ou -ido (para verbos da segunda e terceira conjugações) ao radical do
infinitivo impessoal;
f) gerúndio acrescenta-se a desinência -ndo ao tema do infinitivo impessoal.
ESQUEMA DE FORMAÇÃO DOS TEMPOS E FORMAS NOMINAIS DERIVADOS
DO INFINITIVO IMPESSOAL
(exemplo: verbo cantar)
Infinitivo impessoal: cant-ar
Partícipio: cant-ado
Pretérito imperfeito do indicativo : cant-ava, cant-avas, cant-ava, cant-ávamos, cantá-
veis, cant-avam
Infinitivo impessoal: canta-r
Futuro do presente do indicativo: canta-rei, canta-rás, canta-rá, canta-remos, canta-reis,
canta-rão.
Futuro do pretérito do indicativo: canta-ria, canta-rias, canta-ria, canta-ríamos, canta-
ríeis, canta-riam.
Gerúndio: canta-ndo
- nota da ledora - anúncio da revista placar: foto composta de uma bola, um
preservativo, e um autofalante, com a seguinte legenda: O mundo é uma bola. Num
planeta quadrado não haveria futebol, sexo ou rock’n’roll.
- fim da nota.
O futuro do pretérito do indicativo (haveria) deriva do infinitivo impessoal. Quanto à
derivação dos objetos esféricos, a hipótese do anúncio até que é engenhosa.
Infinitivo impessoal : cantar
Infinitivo pessoal: cantar, cantar-es, cantar, cantar-mos, cantar-des, cantar-em.
- quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÃO:
Alguns poucos verbos não obedecem a um ou outro dos esquemas expostos; isso, no
entanto, não chega a afetar a grande eficiência desses mecanismos de conjugação.
Quando estudarmos os verbos irregulares, faremos mensão às mais importantes.
- nota - quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÕES
1. Para os verbos da segunda e terceira conjugações, as desinências são diferentes das
que surgem no esquema de formação do particípio e pretérito imperfeito do indicativo: -
ido para o particípio e -ia, -ias, -ia, -íamos, 4eis, -iam para o imperfeito.
2. Atente para o fato de que o infinitivo pessoal e o futuro do subjuntivo têm origens
diferentes, o que implicará diferenças formais significativas em alguns verbos, como
fazer (fazer, fazeres; fizer, fizeres), expor (expor, expores; expuser, expuseres), dizer
(dizer, dizeres; disser, disseres) e outros.- fim do quadro.
ATIVIDADES
1. Preencha as lacunas com as formas verbais solicitadas entre parênteses:
a) Você nunca ( ) de nada. (reclamar, pretérito imperfeito do indicativo)
b) Desde o ano passado, o time não ( ) uma partida com tanta facilidade. (vencer,
pretérito imperfeito do indicativo)
c) Não ( ) a idéia de ter de partir justamente quando lhe ( ) uma oportunidade daquelas.
(aceitar, pretérito imperfeito do indicativo; surgir, pretérito imperfeito do indicativo)
d) Não ( ) minha inteligência para defender causa tão sórdida! (empregar, futuro do
presente do indicativo)
e) Quem ( ) contra nossa união? (tramar, futuro do pretérito do indicativo)
f) ( ) a questão, ( ) dar prosseguimento a nossos projetos. (solucionar, particípio;
poder, futuro do pretérito do indicativo)
g) Dirigiu-se a nós ( ) de nossa inoperância e ( ) nosso despreparo. (reclamar, gerúndio;
denunciar, gerúndio)
h) Depois que nos identificamos, ela fez o possível e o impossível para ( ) em sua casa.
(ficar, infinitivo pessoal)
2. Identifique as formas verbais destacadas na frase abaixo e explique por meio dos
esquemas de formação de tempos verbais a origem de cada uma delas:
Se você não (fizer) o que determina o manual de instruções, será impossível para os
técnicos (fazer) o serviço.
7 ALGUNS VERBOS REGULARES QUE MERECEM DESTAQUES
O verbo optar é um típico verbo regular cuja conjugação apresenta detalhes importantes.
Atente principalmente no presente do indicativo e tempos derivados: a pronúncia culta
das formas verbais aí presentes é opto, optas, opta, optam; opte, optes, opte, optem.O
mesmo vale para os verbos captar, adaptar, raptar, compactar etc. O problema é
prosódico e não morfológico e ocorre de forma semelhante no verbo obstar: obsto,
obstas, obsta, obstam; obste, obstes, obste, obstem.
Alguns outros verbos regulares cuja pronúncia culta merece destaque são:
apaziguar
Presente do indicativo: apaziguo apaziguas apazigua apaziguamos apaziguais
apaziguam
Presente do subjuntivo: apazigúe apazigúes apazigúe apazigüemos apazigüeis
apazigüem
- nota da ledora: quadro de destaque, na página:
OBSERVAÇÕES
1. O verbo averiguar apresenta exatamente as mesmas características tônicas, que, aliás,
são iguais às de quase todos os verbos terminados em -uar, como continuar, efetuar,
habituar etc.
2. Atente na acentuação gráfica dessas formas verbais. - fim do quadro.
1. os verbos aguar, desaguar, e minguar têm comportamento tônico semelhante.
2. atente para a acentuação tônica dessas formas verbais.
3. alguns autores defendem para esse grupo o mesmo comportamento prosódico dos
verbos averiguar e apaziguar ( enxaguo, enxaguas, enxagua, aguo, aguas agua- todas
com intensidade tonal na vogal u) ou seja , o comportamento padrão dos verbos
terminados em -aur.
Enxaguar - presente do indicativo: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxaguamos,
enxaguais, enxaguam
Presente do subjuntivo: enxágüe, enxágües, enxágüe, enxagüemos, enxagüeis,
enxagüem
1. Esse verbo é mais empregado em sua forma pronominal (dignar-se).
2. Apresentam a mesma acentuação tônica aos verbos impugnar e indignar-se
Presente do indicativo: digno, dignas, digna, dignamos, dignais, dignam.
Presente do subjuntivo: digne, dignes, digne, dignemos, digneis, dignem
mobiliar
presente do indicativo: mobílio, mobilias, mobília, mobiliamos, mobiliais , mobíliam
presente do subjuntivo: mobílie, mibílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem
Há também verbos foneticamente regulares, mas irregulares no que diz respeito á
manutenção da estrutura formal. E o caso, por exemplo, do verbo dirigir: dirijo, diriges,
dirige, dirigimos, dirigis, dirigem; dirija, dirijas, dirija, dirijamos, dirijais, dirijam. É
fácil conjugar esse verbo oralmente; as dificuldades surgem no momento de escrever as
formas verbais. É necessário, então, substituir a letra g, que faz parte do radical (dirig-)
pela letra j, justamente para manter o padrão fonético. Se fosse mantida a letra g do
radical em toda a conjugação de verbos como dirigir, agir, fugir, fingir, haveria formas
como 'eu dirigo", 'eu ago", "eu fugo", "eu fingo", "que eu diriga", "que eu fuga".
Você notou que só será necessário trocar o g por j diante de a e o.
Para eliminar essas dificuldades, você deve dominar com segurança as relações (já
estudadas em nosso livro) entre fonemas e letras. Os problemas surgem, obviamente,
nos verbos que apresentam letras que servem para representar mais de um fonema ou
naqueles que apresentam fonemas que podem ser representados por mais de uma letra.
- nota da ledora: propaganda das sandálias havaianas, com os seguintes termos:
para ter um verão de verdade, exija estas marcas (a marca da sandália, feita pelo sol, no
pé bronzeado).
- fim da nota.
Exigir é exemplo de verbo foneticamente regular, porém com irregularidade gráfica.
Para manter o som /z/ do infinitivo, o g transforma-se em j no imperativo (exija)
É ocaso dos verbos cujo infinitivo se escreve com c, ç, g, gu:
ficar: fico, fique; fiquei, ficaste;
descer: desço, desça; desci, desceste;
atiçar: atiço, atice; aticei, atiçaste;
carregar: carrego, carregue; carreguei, carregaste;
fingir: finjo, finges; fingi, fingiste;
erguer: ergo, ergues; ergui, ergueste.
Merecem destaque extinguir e distinguir: nesses verbos, como em erguer, as letras gu
representam um dígrafo (note que não há trema sobre o u). Ao conjugá-los, obtêm-se as
formas extingo extingues, extingue etc.; distingo, distingues, distingue etc. Portanto
você não deve pronunciar a letra u durante a conjugação desses verbos.
ATIVIDADES
1. Complete as lacunas com as formas verbais solicitadas entre parênteses:
a) É provável que ( ) a esperança depois destes tempos negros. (renascer, presente do
subjuntivo)
b) ( ) imediatamente! Tu não tens mais nada a fazer aqui! (fugir, imperativo afirmativo)
c) Parece imprescindível que os senadores ( ) com seriedade neste momento delicado.
(agir, presente do subjuntivo)
d) Não é recomendável que você ( ) seu próprio sucessor. (indicar, presente do
subjuntivo)
e) Ela quer uma cor que ( ) as dimensões da obra. (realçar, presente do subjuntivo)
f) É provável que eles ( ) suas contas antes do vencimento. (pagar, presente do
subjuntivo)
g) Não creio que se ( ) um monumento típico do antigo regime. (reerguer, presente
do subjuntivo)
2. Complete as lacunas com as formas verbais solicitadas entre parênteses. A seguir, leia
atentamente as frases em voz alta, prestando atenção à forma culta de pronunciar essas
formas verbais:
a) Eu não ( ) esse eterno candidato de seus velhos comparsas. (distinguir, presente do
indicativo)
b) Nada ( ) a que alteremos nosso procedimento. (obstar, presente do indicativo)
c) É mais do que provável que as fontes de energia ( ) até o final do próximo século.
(minguar, presente do subjuntivo)
d) Você nunca ( ) as roupas depois da aplicação desses produtos? (enxaguar, presente
do indicativo)
e) Essas manifestações populares espontâneas talvez ( ) num movimento mais
organizado. (desaguar, presente do subjuntivo)
f) O senador sugere que uma Comissão Parlamentar de Inquérito ( ) as denúncias.
(averiguar, presente do subjuntivo)
g) A nova lei não ( ) determinações anteriores. (extinguir, pretérito perfeito do
indicativo)
h) ( ) de forma consciente para não se arrependerem depois. (optar, imperativo
afirmativo)
TEXTOS PARA ANÁLISE
Tempo rei
Não me iludo
Tudo permanecerá do jeito que tem sido
Transcorrendo, transformando
Tempo e espaço navegando todos os sentidos
Pães de Açúcar, Corcovados,
Fustigados pela chuva
E, pelo eterno vento
Água mole, pedra dura
Tanto bate que não restará
Nem pensamento
Tempo rei, ó tempo rei, ó tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó pai, o que eu ainda não sei
Mãe senhora do perpétuo, socorrei
Pensamento
Mesmo o fundamento singular do ser humano
De um momento para o outro
Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos
Mães zelosas, pais corujas,
Vejam como as águas de repente ficam sujas
Não se iludam, não me iludo
Tudo agora mesmo pode estar
Por um segundo
Tempo rei, ó tempo rei, ó tempo rei
GIL, Gilberto. In: raça humana. LP EMI-ODEON BR 36.201, 1984. Lado A, faixa 4.)
TRABALHANDO O TEXTO
1. Retire do texto três formas do presente do indicativo e indique a pessoa e o número
em que estão conjugadas.
2. Retire do texto três formas do gerúndio.
3. Indique a forma verbal que, no texto, funciona como substantivo. Que processo de
formação de palavras ocorre?
4. Em que modo, tempo, pessoa e número estão as formas permanecerá, restará e
poderá? De que forma nominal deriva esse tempo?
5. Em que modo, pessoa e número estão as formas transformai, ensinai e socorrei?
Como são obtidas essas formas?
6. A forma vejam está no mesmo modo que as três citadas na questão anterior, mas em
pessoa e número diferentes. Por quê?
7. Fustigados é uma forma verbal? Explique.
8. No texto, o tempo é tratado como uma divindade. Que recursos de linguagem o poeta
utilizou para concretizar esse tratamento?
9. Na sua opinião, o tempo tem efetivamente essa dimensão?
QUESTÕES E TESTES DE VESTIBULARES
1 (UFCE) No quadro abaixo, apresenta-se uma lista de verbos em ordem alfabética.
atribuir - chamar - dizer - escrever - existir -fluir - lidar - merecer - ser - transformar
Preencha as lacunas abaixo usando, sem repetir, os verbos do quadro acima, no presente
do indicativo, de maneira que as frases fiquem corretas, segundo a norma gramatical, e
aceitáveis do ponto de vista semântico.
(1) ... muitos que se (2) ... poetas, mas, na verdade, não (3) …Os verdadeiros poetas
(4)... com a emoção.
O que eles (5)...
(6)...-se, com justiça, poesia.
O sonho, a fantasia, a alegria,a dor, tudo se (7)... em verso. E em verso, a vida, quer
alegre, quer triste, (8)
Já aqueloutros não (9)... o nome de poetas que se lhes (10)....
2 (Univ. Alfenas-MG) Leia os versos abaixo e responda ao que se pede.
"Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam."
Caso o poeta tivesse optado pela forma você, em vez de tu, a alternativa que contém as
mudanças corretas seria..
a) Conviva com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tenha paciência, se obscuros. Calma, se o provocam.
b) Convive com seus poemas, antes de escrevê-los.
Tende paciência, se obscuros. Calma, se lhe provocam.
c) Conviva com seus poemas, antes de escrevê-los.
Tenha paciência, se obscuros. Calma, se o provocam.
d) Convivei com seus poemas, antes de escrevê-los.
Tenha paciência, se obscuros. Calma, se lhe provocam.
e) Convivei com vossos poemas, antes de escrevê-!os.
Tende paciência, se obscuros. Calma, se vos provocam.
3 (ESALq-SP) Considerando os verbos destacados nas frases abaixo, relacione a coluna
da esquerda com a da direita. Depois marque a seqüência numérica que corresponde à
resposta certa.
1. infinitivo impessoal
2. presente do indicativo
3. infinitivo pessoal
4. futuro do pretérito do indicativo
5. imperfeito do subjuntivo
6. perfeito do indicativo
( ) Ser livre - como (diria) famoso conselheiro - é não ser escravo.
( ) (Somos), pois, criaturas nutridas de liberdade.
( ) Diz-se que o homem (nasceu) livre.
( ) Diz-se que (renunciar) à liberdade é renunciar à própria condição humana.
( ) Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora não acreditavam que se
(pudesse) chegar com um fio de linha.
( ) Os loucos que sonharam sair de seus pavilhões usando a fórmula do incêndio para
(chegarem) à liberdade, morreram.
a) 4-2-6-1-5-3
b) 5-6-2-4-1-3
c) 3-5-2-6-4-1
d) 6-2-4-1-3-5
e) 3-6-5-2-1-4
4 (PUCSP) Nos trechos:
(Vejam), continuou ele, como não dá.
e
Cante esta, convidou o major.
alterando-se o sujeito dos verbos destacados para tu e depois para vós, teremos,
respectiva mente:
a) vê - canta vede - cantai
b) vejas - cantes vejais cantais
c) vês - cantas vedes - cantais
d) veja - cante vejai - cantei
e) vês - cantas vede - cantai
5 (PUCSP) Em relação aos trechos:
A questão (era) conseguir o Engenho Vertente,...
e
Ele (tinha) os seus planos na cabeça. (Via) as usinas de Pernambuco crescendo de
capacidade...
se substituirmos os verbos destacados pelo futuro do pretérito do indicativo, teremos:
a) fora, tivera, vira.
b) seria, teria, veria.
c) seria, teria, viria.
d) fora, teria, veria.
e) será, terá, verá.
6 (FUVEST-SP) Preencha os claros da frase transformada com as formas
adequadas dos verbos assinalados na frase original.
Original:
Para você (vir) à Cidade Universitária é preciso (virar) à direita ao (ver) a ponte da
Alvarenga.
Transformada:
Para tu ( ) à Cidade Universitária e preciso que ( ) à direita quando ( ) a ponte da
Alvarenga.
a) vir - vire - ver
b) vires - vires - veres
c) venhas - vires - vejas
d) vir - virar - ver
e) vires - vires - vires
7 (UEM-PR) Assinale toda vez que os verbos do imperativo, em cada dupla, se
referirem à mesma pessoa.
01. a) Enxágua a louça, mana. b) Filha, seja mais otimista!
02. a) Crede sempre no bem! b) Não digais tudo o que vem à mente.
04. a) Sigamos nosso caminho... b) Criemos nosso destino!
08.a) Papai, descola uma grana aí. b) Psiu! vem mais perto, vem.
8 (PUCSP) Observe os verbos dizer, rolar e varrer, assim empregados:
dizei-me
rolai
varrei
a) Indique em que modo e pessoa estão conjugados.
b) Mantendo o modo, conjugue os referidos verbos na 3a. pessoa do singular.
9 (UFRS) Substituir a expressão destacada por um verbo.
a) Este texto é (proveniente) de um programa teatral.
b) Somos (inclinados) a crer que ele diz a verdade.
10 (UNIMEP-SP) "Não fales! Não bebas! Não fujas!" Passando tudo para a forma
afirmativa, teremos:
a) Fala! Bebe! Foge!
b) Fala! Bebe! Fuja!
c) Fala! Beba! Fuja!
d) Fale! Beba! Fuja!
e) Fale! Bebe! Foge!
11 (UFV-MG) Dada a lista de verbos: ser, estar, ter, haver, continuar, permanecer, ficar,
amar, dever, partir, dar, ir, vir, dormir e arguir, distribua-os em conjugações e depois
explique o critério adotado.
Primeira conjugação:
Segunda conjugação:
Terceira conjugação:
Escreva agora o critério adotado para a distribuição dos verbos em três conjugações
distintas.
12 (VUNESP) Alternativa em que o verbo auxiliar destacado estiver atuando na
construção da voz passiva:
a) Não (haviam) preparado a mínima homenagem.
b) Os que lá se encontravam (tinham) respondido friamente à saudação dele.
c) Apanhara aquela velha revista e (começara) a folheá-la.
d) Esforçando-se para dar a entender que sua ausência não (seria) sentida.
e) Nunca, porém, (haveria) de esquecer aquela frágil armação de lona e tabique.
13 (VUNESP) Observe a frase abaixo:
A grosseria de Deus me feria e insultava-me.
Transcreva-a no:
a) pretérito perfeito do indicativo;
b) pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
14 (VUNESP) "(...) mas, a quinhentos metros, tudo se torna muito reduzido: sois uma
pequena figura sem pormenores; vossas amáveis singularidades fundem-se numa
sombra neutra e vulgar."
Transcreva o trecho acima:
a) no futuro do pretérito do indicativo, mantendo a segunda pessoa do plural;
b) na segunda pessoa do singular, mantendo o modo e o tempo verbais do texto de
Cecilia Meireles.
15 (UFV-MG) Nos períodos de C. D. de Andrade citados abaixo, assinale a opção
em que o verbo está na voz passiva.
a) "E não soubemos, ah, não soubemos amá-las,
E todas sete foram mortas."
b) "E patati patatá...Sete quedas por nós passaram."
c) "Sete fantasmas, sete crimes
Dos vivos golpeando a vida Que nunca mais renascerá."
d) "Sete quedas por mim passaram E todas sete somem no ar."
e) "Aqui outrora retumbaram vozes Da natureza imaginosa, fértil
Em teatrais encenações de sonhos."
16 (UNIMEP-SP) "Assim eu (quereria) a minha última crônica: que (fosse) pura como
esse sorriso." (Fernando Sabino)
Assinale a série em que estão devidamente classificadas as formas verbais em destaque.
a) futuro do pretérito, presente do subjuntivo
b) pretérito mais-que-perfeito, pretérito imperfeito do subjuntivo
c) pretérito mais-que-perfeito, presente do subjuntivo
d) futuro do pretérito, imperfeito do subjuntivo
e) pretérito perfeito, futuro do pretérito
17 (FUVEST-SP) " () em ti, mas nem sempre () dos outros."
a) creias, duvides
b) crê, duvidas
c) creias, duvidas
d) creia, duvide
e) crê, duvides
18 (UCS-RS) "Não ( ) os dons que recebeste;
( ) sempre que a felicidade se ( ) aos
poucos."
a) esquece, lembre, constrói
b) esqueça, lembra, constrói
c) esqueça, lembre, constrói
d) esqueças, lembra, constrói
e) esqueças, lembre, constrói
19 (FAME/FUPAC-MG) Em: "(Sei) de uma moça... Se alguém (escrevesse) a sua
história, (diriam) como o senhor (...)", há verbos empregados respectivamente no:
a) presente do indicativo, pretérito imperfeito do subjuntivo, futuro do pretérito do
indicativo.
b) presente do indicativo, pretérito imperfeito do indicativo, futuro do pretérito do
indicativo.
c) presente do indicativo, pretérito imperfeito do indicativo, pretérito imperfeito do
subjuntivo.
d) presente do indicativo, futuro do pretérito do indicativo, pretérito imperfeito do
indicativo.
e) presente do indicativo, futuro do pretérito do subjuntivo, pretérito imperfeito do
subjuntivo.
20 (FECAP-SP) Numa das alternativas, há formas rizotônicas. Assinale-a.
a) virei, respeitou, estava
b) comprando, negaceou, virou
c) conto, entra, imagina
d) pensou, tossindo, fazia
e) respondi, serrar, elogiando
21 (UFSCar-SP) O acordo não ( ) as reivindicações, a não ser que ( ) os nossos
direitos e ( ) da luta.
a) substitui, abdicamos, desistimos
b) substitue, abdicamos, desistimos
c) substitui, abdiquemos, desistamos
d) substitui, abdiquemos, desistimos
e) substitue, abdiquemos, desistamos
22 (FUVESJ-SP) Reescreva o texto mudando o tratamento para a terceira pessoa.
"Donde houveste, ó pélago revolto, Esse rugido teu?"
23 (PUCC-SP)Reescreva, passando para o futuro do presente, toda a oração:
"... e somem-se logo nas trevas do esquecimento."
24 (FAAP-SP) Destaque os verbos dos versos que seguem, indicando em que
pessoa, tempo e modo estão.
"Ilumina,
Ilumina,
Ilumina,
Meu peito, canção.
Dentro dele
Mora um anjo,
Que ilumina
O meu coração.
Ai, ai, amor,
Misterioso segredo,
Entra na vida da gente, Iluminando..."
25 (FGV-SP) A segunda pessoa do singular do imperativo do verbo submergir:
a) submerja
b) submerjas
c) submerge
d) n.d.a.
26 (F. C. Chagas-SP) Para que você ( ) isso, precisa ser ambicioso; quem ( ) sem
que ( ), certamente é ambicioso.
a) deseja, deseja, estima
b) deseje, deseja, estime
c) deseje, deseja, estima
d) deseja, deseje, estime
e) deseje, deseje, estima
27 (UFMG) Qual dos verbos destacados não se acha no infinitivo?
a) Os avós devem (ter-se modernizado) também.
b) A idéia de (ser montado) - e por mim -não era das mais aprazíveis.
c) Estranho apartamento, se (juntarmos), em sua representação, os móveis modernos aos
objetos remotos.
d) Um desejo de nos (pacificarmos), de (atingirmos) a bondade e a compreensão, nos
tornava indiferentes à matéria cotidiana.
e) Luís engoliu o pão com geléia como se fosse o último alimento sobre a terra, e sua
salvação dependesse de (tê-lo ingerido).
28 (UFF-Rj) Assinale a série em que estão devidamente classificadas as formas verbais
em destaque: "Ao chegar da fazenda, espero que já tenha terminado a festa".
a) futuro do subjuntivo, pretérito perfeito do indicativo
b) infinitivo, presente do subjuntivo
c) futuro do subjuntivo, presente do subjuntivo
d) infinitivo, pretérito imperfeito do subjuntivo
e) infinitivo, pretérito perfeito do subjuntivo
CAPÍTULO 7
ESTUDO DOS VERBOS (2)
Neste capítulo, vamos continuar o estudo dos verbos, dedicando especial atenção aos
verbos irregulares, defectivos e abundantes. Na capa da revista, encontramos dois
exemplos de verbos irregulares: dizer e ver, em suas formas participiais.
No decorrer do capítulo, conheceremos diversos outros, sempre recorrendo aos
esquemas de tempos primitivos e tempos derivados, que você já aprendeu no capítulo 6.
DITO & VISTO
1. INTRODUÇÃO
No capítulo anterior, você estudou os paradigmas dos verbos regulares das três
conjugações (-ar, -er, -ir) e o esquema de formação dos tempos simples. É necessário
que, a partir de agora, você identifique as formas verbais típicas de cada tempo e modo
com segurança; também é fundamental que você domine com desenvoltura todos os
mecanismos da relação que existe entre os tempos primitivos e os derivados.
Neste capítulo, vamos observar detalhadamente os principais verbos irregulares,
defectivos e abundantes de nossa língua. Esse estudo terá como base o esquema de
formação dos tempos simples.
2 VERBOS IRREGULARES
Você já sabe que os verbos irregulares são aqueles que não seguem os paradigmas das
conjugações, ou seja, apresentam variações de forma nos radicais ou nas desinências.
Para que o estudo desses verbos se torne mais fácil e prático, tenha sempre em mente o
esquema de formação dos tempos simples, pois as irregularidades dos tempos primitivos
geralmente se estendem aos tempos derivados correspondentes. Por isso vamos
organizar nosso estudo a partir desse esquema de formação dos tempos simples.
VERBOS IRREGULARES APENAS NA CONJUGAÇÃO DO PRESENTE DO
INDICATIVO E TEMPOS DERIVADOS
Você encontrará a seguir os principais verbos que apresentam irregularidades no
presente do indicativo e, conseqüentemente, no presente do subjuntivo e no imperativo.
Serão conjugados apenas o presente do indicativo e o presente do subjuntivo desses
verbos: para obter o imperativo, basta seguir o esquema já conhecido. Colocaremos
observações sempre que for necessário chamar a sua atenção para alguma
particularidade.
PRIMEIRA CONJUGAÇÃO
recear
Presente do indicativo: recei-o, receias, receia, receamos, receais, receiam
Presente do subjuntivo: recei-e, recei-es, recei-e, receemos, receeis, recei-em
incendiar
Presente do indicativo: incendei-o, incendeias, incendeia, incendiamos, incendiais,
incendeiam
Presente do subjuntivo: incendei-e, incendei-es, incendei-e, incendiemos,
incendieis, incendei-em
- nota da ledora; quadro de destaque na página -
OBSERVAÇÕES:
1. Atente para a segunda pessoa do plural, em o radical apresenta modificação.
2. Seguem esse modelo os demais verbos terminados em -ear: apear, atear, arrear,
bloquear, cear, enlear,folhear, frear, hastear, granjear, lisonjear, passear, semear,
titubear, etc.
3. Os verbos terminados em -iar são regulares, com exceção de mediar, ansiar, remediar,
incendiar, odiar e seus derivados. Um derivado importante de mediar é intermediar. - - -
- fim do quadro.
O verbo odiar é irregular e conjuga-se como incendiar, ao lado.
- nota da ledora: propaganda do jornal O Estado de São Paulo com os seguintes dizeres:
Eu odeio oligopólios. E quando souber o que é isso vou odiar mais ainda.
- fim da nota.
SEGUNDA CONJUGAÇÃO
ler
Presente do indicativo: lei-o lês lê lemos ledes lêem
Presente do subjuntivo: lei-a lei-as lei-a lei-amos lei-ais lei-am
- nota da ledora: quadro em destaque na página:
OBSERVAÇÕES
1. Atente para as formas da segunda e terceira pessoas do plural do presente do
indicativo.
2. Seguem esse modelo os verbos reler, crer e descrer.
3. O pretérito perfeito do indicativo desses verbos é regular ( li/ cri/ leste/ creste,
leu/creu, lemos/cremos, lestes/ crestes, lestes/ creram )
- fim do quadro
Não confunda perda (substantivo) com perda (forma verbal):
É possível que ele perca o emprego.
A perda do emprego levará o pobre homem ao desespero.
requerer
Presente do indicativo: requeir-o, requeres, requer, requeremos, requereis, requerem
Presente do subjuntivo: requeir-a, requeir-as, requeir-a, requeir-amos, requeir-ais,
requeir-am
perder
Presente do indicativo: perc-o, perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem
Presente do subjuntivo: perc-a, perc-as, perc-a, perc-amos, perc-ais, perc-am
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
O pretérito perfeito do indicativo desse verbo é regular (requeri, requereste, requereu,
requeremos, requerestes, requereram). Conseqüentemente o pretérito mais-que-perfeito
do indicativo, o imperfeito do subjuntivo e o futuro do subjuntivo também são
regulares: eu requerera, se eu requeresse, quando eu requerer.
- fim do quadro
valer
Presente do indicativo: valh-o, vales, vale, valemos, valeis, valem
Presente do subjuntivo: valh-a, valh-as, valh-a, valh-amos, valh-ais, valh-am
- Segue essa conjugação o verbo equivaler
TERCEIRA CONJUGAÇÃO
divertir
Presente do indicativo: divirt-o, divertes, diverte, divertimos, divertis, divertem
presente do subjuntivo: divirt-a, divirt-as, divirt-a, divirt-amos, divirt-ais, divirt-am
Atente para a irregularidade desse verbo: a primeira pessoa do singular do presente do
indicativo apresenta i em lugar do e do radical do infinitivo. Há muitos outros verbos
que apresentam esse mesmo comportamento: aderir, advertir, compelir, competir,
conferir, despir, digerir, discernir, divergir, expelir, ferir, inserir, investir, perseguir,
preferir, referir. repelir. repetir, seguir, sentir, servir, sugerir, etc.
- nota da ledora: propaganda do jornal Folha da tarde com a seguinte legenda:
Fotos que valem mais que mil palavrões. ( foto de uma pessoa passando por uma
área inundada )
- fim da nota.
Veja na tabela acima as formas em que o verbo valer apresenta irregularidades.
progredir
Presente do indicativo
progrid-o
progrides
progride
progredimos
progredis
progridem
Presente do subjuntivo
progrid-a
progrid-as
progrid-a
progrid-amos
progrid-ais
progrid-am
A troca do e do infinitivo pelo i só não ocorre na primeira e segunda pessoas do plural.
Seguem esse modelo: agredir, denegrir, prevenir, regredir, transgredir.
dormir
Seguem esse modelo cobrir e seus derivados (descobrir, encobrir, recobrir), além de
encobrir e tossir.
Presente do indicativo
peç-o
pedes
pede
pedimos
pedis
pedem
Presente do subjuntivo:
peç-a
peç-as
peç-a
peç-amos
peç-ais
peç-am
Presente do indicativo:durm-o
dormes
dorme
dormimos
dormis
dormem
Presente do subjuntivo:
durm-a
durm-as
durm-a
durm-amos
durm-ais
durm-am
Seguem esse modelo: despedir, impedir, medir. Ouvir apresenta conjugação
semelhante: ouço, ouves, ouve...; ouça, ouças, ouça....
fugir
Presente do indicativo:
fuj-o
foges
foge
fugimos
fugis
fogem
Presente do subjuntivo
fuj-a
fuj-as
fuj-a
fuj-amos
fuj-ais
fuj-am
Segue esse modelo o verbo sortir.
Há alguns verbos que apresentam particularidades na terceira pessoa do singular do
presente do indicativo. Como essas particularidades não ocorrem na primeira pessoa do
singular, não interferem nos tempos derivados do presente do indicativo. São os verbos
terminados em -air (cair; decair, sair, por exemplo), -oer (doer, moer, roer) e -uir
atribuir, contribuir, retribuir). Em todos esses verbos, a terceira pessoa do singular do
presente do indicativo apresenta desinência -i e não -e (cai, decai, sai; dói, mói, rói;
atribui, contribui, retribui). Isso explica por que muita gente erra a grafia de formas
verbais como atribui, possui, mói, substitui, colocando -e no lugar do -i final. Nos
verbos terminados em -uzir (conduzir; produzir, reduzir; traduzir), essa mesma pessoa
não apresenta a desinência -e (conduz, produz, reduz, traduz).
Seguem esse modelo: acudir, bulir, consumir, cuspir, entupir, sacudir, subir,
sumir.
polir
Presente do indicativo
pul-o
pules
pule
polimos
polis
pulem
Presente do subjuntivo
pul-a
pul-as
pul-a
pul-amos
pul-ais
pul-am
ATIVIDADES
1. Observe o modo e o tempo verbais nas frases abaixo:
Quase sempre (freio) meu ímpeto no momento certo.
E necessário que você (freie) seu ímpeto no momento certo.
Complete as lacunas das frases abaixo utilizando os verbos indicados nos mesmos
tempos e modos apresentados nas frases-modelo:
a) Não ( ) fogo ao mato seco! Não provoco queimadas! (atear)
É necessário que não se ( ) fogo ao mato seco! Não se devem provocar queimadas!
b) Os garotos daquele bairro freqüentemente ( ) a praça com seus carros. Isso não é
certo! (bloquear)
Algo tem de ser feito para que os garotos daquele bairro não ( ) mais a praça com seus
carros.
c) Sempre ( ) os cabelos imediatamente depois que os lavo. (pentear)
E recomendável que você ( ) os cabelos imediatamente depois de lavá-los.
d) ( ) que não poderei participar do evento. (recear)
Não quero que você ( ) participar do evento.
e) Ela ( ) todas as noites com o pai. (passear)
É necessário que você ( ) com seu pai.
f) Notei que não ( ) no momento de exigires teus direitos. (titubear)
É imprescindível que não ( ) no momento de exigir teus direitos.
2. Passe para o plural cada uma das frases abaixo:
a) Ceio diariamente. Tu não ceias?
b) Sempre folheio um livro. Tu não folheias nunca?
c) Freio com firmeza antes das curvas. Tu não freias?
d) Não granjeio simpatias com facilidade. Tu granjeias?
e) Nunca lisonjeio ninguém. Tu lisonjeias?
f) Não semeio ventos para não colher tempestades. Tu semeias?
3. Observe o modo, o tempo, o número e a pessoa das formas verbais da frase-modelo.
A seguir, complete as lacunas utilizando formas verbais flexionadas como as do
modelo.
Não (denuncio) ninguém. Não quero que você (denuncie).
a) Não ( ) confusões com meus vizinhos. Não quero que você ( ). (criar)
b) Não ( ) desconhecidos. Não quero que você ( ) (credenciar)
c) Não ( ) com inescrupulosos.Não quero que você ( ). (negociar)
d) Não ( ) esse tipo de transação. Não quero que você ( ). (intermediar)
e) Não ( ) os individualistas. Não quero que você ( ). (premiar)
f) Não ( ) ninguém. Não quero que você ( ). (odiar)
g) Não ( ) conquistar o que não mereço. Não quero que você ( ). (ansiar)
h) Não ( ) aos quatro cantos minhas conquistas. Não quero que ( ) (anunciar)
i) Não ( ) o que não tem remédio. Não quero que você ( ) (remediar)
j) Não ( ) o ânimo com promessas vãs. Não quero que você ( ) (incendiar)
4. Passe para o plural as frases do exercício anterior.
5. Siga o modelo:
Não (creio) em propostas mirabolantes. É pouco provável que eles (creiam).
a) Não descreio das palavras dele. É pouco provável que você ( )
b) Não leio essas revistas. É pouco provável que tu ( ),
c) Quando posso, releio as melhores obras. É pouco provável que vocês não ( ),
d) Nunca perco um bom jogo de futebol. É pouco provável que tu ( ),
e) Requeiro o estrito cumprimento de meus direitos. É pouco provável que vocês
não ( )
f) Não valho tão pouco! É pouco provável que vocês ( ),
6. Observe o modelo:
Sempre (advirto) quem não age de acordo com o regulamento. E bom que você também
(advirta).
a) Nunca ( ) aos modismos ditados pelos meios de comunicação. É bom que você
também não ( ), (aderir)
b) Não ( ) ninguém a fazer o que não quer. É bom que você também não ( ), (compelir)
c) Sempre ( ) o troco. É bom que você também ( ), (conferir)
d) Nunca ( ) pelo simples prazer de divergir. É bom que você também não ( ) (divergir)
e) Sempre me ( ) com as crianças. É bom que você também se ( ), (divertir)
f) Nunca ( ) o amor-próprio de ninguém. É bom que você também não ( ), (ferir)
g) Não me ( ) daquilo em que creio. É bom que você também não se ( ) daquilo em que
crê. (despir)
h) Sempre ( ) o que meus princípios determinam. É bom que você também ( ) o que
determinam os seus. (seguir)
i) Só ( ) o que me deixa à vontade. É bom que você também só ( ) o que o deixa à
vontade. (vestir)
7. Observe o modelo:
É inadmissível que alguém o ( ). (perseguir)
É inadmissível que alguém o (persiga).
a) É imperativo que você o ( ), (prevenir)
b) É essencial que nós ( ), (progredir)
c) É inaceitável que a situação social do país ( ), (regredir)
d) É insuportável que se ( ) a lei continuamente. (transgredir)
e) É desnecessário que ( ) a imagem dele. (denegrir)
f) É improvável que ela ( ) estas peças de roupa. (cerzir)
8. Observe o modelo:
O diretor da área financeira do Banco Central não quer que se ( ) esse tipo de falcatrua.
(encobrir)
O diretor da área financeira do Banco Central não quer que se (encubra) esse tipo de
falcatrua.
a) Espero que você não ( ) essas agressões. (engolir)
b) O terapeuta sugere que nós ( ) melhor. (dormir)
c) Aquele professor, rabugentíssimo, não permite nem mesmo que alguém ( ) durante a
aula. (tossir)
d) Ela espera que eu não ( ) seus segredos. (descobrir)
e) Os executivos querem que os consumidores ( ) os prejuízos advindos da má
administração das empresas. (cobrir)
f) O mestre-de-obras acha melhor que se ( ) a parede com algum produto
impermeabilizante. (recobrir)
9. Observe o modelo:
Fique à vontade e ( ) o que achar melhor. (pedir)
Fique à vontade e (peça) o que achar melhor.
a) Pegue o disco e ( ) a música. (ouvir)
b) Interfira com rigor e ( ) essa trapaça. (impedir)
c) Leve os instrumentos e ( ) todo o terreno. (medir)
d) Compareça à secretaria e ( ) dos funcionários. (despedir-se)
e) Crie coragem e ( ) esses degraus. (subir)
f) Saia já daí e ( ) depressa. (fugir)
g) Levante-se, ( ) a roupa e ( ) de uma vez. (sacudir; sumir)
h) Mexa-se e ( ) os que precisam. (acudir)
i) Mantenha a calma e não ( ) com quem está quieto. (bulir)
j) Civilize-se e não ( ) no chão. (cuspir)
10. Reescreva as frases do exercício anterior, passando-as para a segunda pessoa do
singular.
VERBOS IRREGULARES NO PRESENTE E NO PRETÉRITO PERFEITO DO
INDICATIVO E RESPECTIVOS TEMPOS DERIVADOS
Apresentamos a seguir vários verbos que mostram irregularidades tanto no presente do
indicativo e tempos derivados, como no pretérito perfeito do indicativo e tempos
derivados. Na conjugação de alguns verbos mais problemáticos, aparece também o
pretérito imperfeito do indicativo.
PRIMEIRA CONJUGAÇÃO
Pretérito Pretérito Pretérito
perfeito do mais-que-imperfeito do Futuro do indicativo
perfeito do subjuntivo subjuntivo
indicativo
estive estive-ra estive-sse estive-r
estás estejas estive-ste estive- ras estive-sses estive- res está esteve
estive-ra estive-sse estiver estejamos estivemos estivé-ramos estivé-ssemosestive-rmos estejais estivestes estivé-reis estivé-sseis estive-rdes
estejam estiveram estive- ram estivessem estive- rem
Presente do indicativo: estou, estás, está, estamos, estais, estão
Presente do subjuntivo: esteja, estejas, esteja, estejamosm estejais, estejam
Pretérito perfeito do indicativo: estive, estive-ste, esteve, estivemos, estivestes,
estiveram
pretérito mais-que-perfeito: estive-ra, estive-ras, estive-ra, estivé-ramos, estivé-reis,
estive-ram
pretérito imperfeito do subjuntivo: estive-sse, estive-sses, estive-sse, estivé-ssemos,
estivé-sseis, estive-ssem
futuro do subjuntivo: estive-r, estive-res, estive-r, estive-rmos, estive-rdes, estive-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÕES:
1. O presente do subjuntivo não utiliza o radical do presente do indicativo. Isso ocorre
com todos os verbos cuja primeira pessoa do singular do presente do indicativo termina
em -ei ou em -ou (sei/saiba, dou/dê, hei/haja, vou/vá, sou/seja), além do verbo-querer
(quero/queira). A conjugação do imperativo segue o esquema estudado.
2. Atente para as formas do presente do subjuntivo: na língua culta, deve-se usar
esteja e não "esteje".
- fim da nota.
Presente do indicativo: dou dás dá damos dais dão
Presente do subjuntivo: dê dês dê demos deis dêem
Pretérito perfeito do indicativo: dei de-ste deu demos deste deram
Pretérito mais-que -perfeito do indicativo: de-ra de-ras de-ra dé-ramos dé-reis de-ram
Pretérito imperfeito do subjuntivo: de-sse de-sses de-sse dé-ssemos dé-sseis de-ssem
Futuro do subjuntivo: de-r de-res de-r de-rmos de-rdes de-rem
SEGUNDA CONJUGAÇÃO
aprazer
presente do indicativo: apraz-o aprazes apraz aprazemos aprazeis aprazem
presente do subjuntivo: apraz-a apraz-as apraz-a apraz-amos apraz-ais apraz-am
pretérito perfeito do indicativo: aprouve aprouve-ste aprouve aprouvemos aprouvestes
aprouveram
pretérito mais-que-perfeito: aprouve-ra arouve-ras aprouve-ra aprouvé-ramos
aprouvé-reis aprouve-ram
pretérito imperfeito do subjuntivo: aprouve-sse aprouve-sses aprouve-sse
aprouvé-ssemos aprouvé-sseis aprouvessem
futuro do subjuntivo: aprouve-r aprouve-res aprouver aprouve-rmos aprouver-des
aprouve-rem
- nota da ledora: quadro em destaque, na página
1. A única irregularidade no presente do indicativo desse verbo e dos que a ele se
assemelham - prazer, comprazer e desprazer - é a terceira pessoa do singular, que não
apresenta a desinência -e.
2. Desprazer e prazer seguem o modelo de aprazer em todos os tempos. Acredite: prazer
é verbo ("Prouve a Deus que o filho não sofresse") e normalmente é usado apenas na
terceira pessoa do singular e na terceira pessoa do plural.
3. Comprazer segue o modelo de aprazer.
No pretérito perfeito do indicativo e tempos derivados, pode também ser conjugado
regularmente; há, portanto, duas formas possíveis para esses tempos:
comprouve/comprazi, comprouveste/comprazeste,…
- fim da nota.
presente do indicativo:
caib-o
cabes
cabe
cabemos
cabeis
cabem
presente do subjuntivo:
caib-a
caib-as
caib-a
caib-amos
caib-ais
caib-am
pretérito perfeito do indicativo:
coube
coube-ste
coube
coubemos
coubestes
couberam
pretérito mais-que-perfeito do indicativo:
coube-ra
coube-ras
coube-ra
coube-ramos
coube-reis
coube-ram
pretérito imperfeito do subjuntivo:
coube-sse
coube-sses
coube-sse
coubé-ssemos
coubé-sseis
coube-ssem
futuro do subjuntivo:
coube-r
coube-res
coube-r
coube-rmos
coube-rdes
coube-rem
dizer
presente do indicativo: dig-o dizes diz dizemos dizeis dizem
presente do subjuntivo: dig-a dig-as dig-a dig-amos dig-ais dig-am
pretérito imperfeito do indicativo: disse disse-ste disse dissemos dissestes disseram
pretérito-mais-que perfeito: disse-ra disse- ras disse-ra dissé- ramos dissé-reis disse- ram
pretérito imperfeito do subjuntivo: disse-sse disse-sses disse-sse dissé-ssemos
dissé-sseis disse-ssem
futuro do subjuntivo: disse-r disse- res disse-r disse- rmos disse- rdes disse-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página -
OBSERVAÇÕES
1. Seguem esse modelo os derivados: bendisse- condizer, contradizer, desdizer,
maldizer; predizer.
2. Os futuros do indicativo desse verbo e seus derivados são irregulares, já que perdem a
sílaba ze: direi, dirá, contradirei, desdirá são formas do futuro do presente; diria,
contradiria, desdiria, bendiríamos são formas do futuro do pretérito.
3. O particípio desse verbo e seus derivados é irregular: dito, bendito, contradito...
- fim do quadro.
fazer
presente do indicativo: faç-o fazes faz fazemos fazeis fazem
presente do subjuntivo: faç-a faç-as faç-a faç-amos faç-ais faç-am
pretérito perfeito do indicartivo: fiz fize-ste fez fizemos fizestes fizeram
pretérito mais-que-perfeito: fize-ra fize-ras fize-ra fizé-ramos fizé-reis fize-ram
pretérito imperfeito do subjuntivo: fize-sse fize-sses fize-sse fizé-ssemos fizé-sseis
fizessem
futuro do subjuntivo: fize-r fize-res fize-r fize-rmos fize-rdes fize-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÕES
1. Seguem esse modelo: desfazer, liquefazer; perfazer; rarefazer; satisfazer; refazer.
2. Os futuros do indicativo desse verbo e seus derivados são irregulares; já que perdem a
sílaba ze: farei, refará, satisfaremos desfarão a forma do futuro do presente; faria,
desfaria, refaríamos, satisfariam são formas do futuro do pretérito.
3. O particípio desse verbo e seus derivados é irregular: feito, desfeito, liquefeito,
satisfeito. - fim do quadro.
- fim da nota.
haver
presente do indicativo: hei hás há laja houve havemos haveis hão
presente do subjuntivo: haja hajas haja hajamos hajais hajam
pretérito perfeito do indicativo: houve houveste houve houvemos houvestes
houveram
pretérito-mais-que-perfeito do indicativo: houve-ra houve-ras houve-ra houvé-ramos
houvé-reis houve-ram
pretérito imperfeito do subjuntivo: houve-sse houve-sses houve-sse houvé-ssemos
houvé-sseis houve-ssem
futuro do subjuntivo: houve-r houve- res houve-r houve-rmos houve-rdes houve-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página-
OBSERVAÇÃO:
O presente do subjuntivo não utiliza o radical do presente do indicativo (hei/haja).
O imperativo é obtido de acordo com o esquema conhecido.
- fim do quadro.
poder
presente do indicativo: poss-o podes pode podemos podeis podem
presente do subjuntivo: poss-a poss-as poss-a poss-amos poss-ais poss-am
pretérito perfeito do indicativo: pude pudeste pôde pudemos pudestes puderam
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pude-ra pude-ras pudera pudé-ramos pudé-reis
pude-ram
pretérito imperfeito do subjuntivo: pude-sse pude-sses pude-sse pudé-ssemos pudé-sseis
pude-ssem
futuro do subjuntivo: pude-r pude-res pude-r pude-rmos pude-rdes puderem
- nota da ledora: quadro de destaque, na página:
OBSERVAÇÃO
A terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo (pode) recebe acento
circunflexo, diferencial de timbre de pode, terceira do singular do presente do
indicativo.
- fim do quadro.
pôr
presente do indicativo:
ponh-o
pões
põe
pomos
pondes
põem
presente do subjuntivo:
ponh-a
ponh-as
ponh-a
ponh-amos
ponh-ais
ponh-am
pretérito imperfeito do indicativo:
punha
punhas
punha
púnhamos
púnheis
punham
pretérito perfeito do indicativo:
pus
puse-ste
pôs
pusemos
pusestes
puseram
pretérito mais-que-perfeito do indicativo:
puse-ra
puse-ras
puse-ra
pusé-ramos
pusé-reis
puse-ram
pretérito imperfeito do subjuntivo:
puse-sse
puse-sses
pusesse
pusé-ssemos
pusé-sseis
pusessem
futuro do subjuntivo:
puse-r
puse-res
puse-r
puser-mos
puse-rdes
puse-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÕES
1. Atente para a diferença entre a terceira pessoa do singular e a terceira pessoa do
plural do presente do indicativo (põe/ põem).
2. Analise com atenção as formas do pretérito imperfeito do indicativo.
3. Destaque-se a grafia das formas de toda a família : não existe a letra z (pus, pusemos,
puseram, puser, pusermos, puserem pusesse, puséssemos, pusesses)
4. O fato de o verbo pôr receber acento (diferencial da preposição por) não significa que
seus derivados tambémserão acentuados (depor, propor, impor etc.). Nenhum
derivado de pôr é acentuado.
5. Preste atenção às formas do futuro do subjuntivo ("Se você puser a carta no correio",
e não "Se você pôr a carta no correio").
6. Todos os derivados do verbo pôr seguem exatamente esse modelo de conjugação: -
indispor; interpor; opor; pospor; predispor; pressupor, propor, recompor, repor,
sobrepor; supor; transpor são alguns deles ("Se você compuser uma canção", e não "Se
você compor uma canção"; Se eles expuserem os quadros", e não "Se eles exporem os
quadros").
7. O particípio do verbo pôr e seus derivados é irregular: posto, anteposto, composto,
decomposto.
- fim do quadro de destaque.
querer
presente do indicativo:
quero
queres
quer
queremos
quereis
querem
presente do subjuntivo:
queira
queiras
queira
queiramos
queirais
queiram
pretérito perfeito do indicativo:
quis
quise-ste
quis
quisemos
quisestes
quiseram
pretérito mais-que-perfeito do indicativo:
quise-ra
quise-ras
quise-ra
quisé-ramos
quisé-reis
quise-ram
pretérito perfeito do subjuntivo:
quise-sse
quise-sses
quise-sse
quisé-ssemos
quisé-sseis
quise-ssem
futuro do subjuntivo:
quise-r
quise-res
quise-r
quise-rmos
quise-rdes
quise-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
1. O presente do subjuntivo não utiliza o radical da primeira pessoa do singular do
presente do indicativo (quero/queira).
2. Atente para a grafia: não existe a letra z em nenhuma forma do verbo querer (quis,
quisemos, quiseram, quiser, quisermos, quiserem, quisesse, quiséssemos, quisessem).
3. Como já vimos, requerer não segue a conjugação de querer. É irregular na primeira
pessoa do singular do presente do indicativo (requeiro) e formas derivadas (requeira,
requeiramos, requeiram). É regular no pretérito perfeito do indicativo e formas
derivadas (requeri, requereu, requereram, requeresse, requerêssemos, requeressem).
- fim do quadro.
saber
presente do indicativo: sei sabes sabe sabemos sabeis sabem
presente do subjuntivo: saiba saibas saiba saibamos saibais saibam
pretérito perfeito do indicativo: soube soube-ste soube soubemos soubestes souberam
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: soube-ra soube-ras soube-ra soubé-ramos
soubé-reis soube-ram
pretérito imperfeito do subjuntivo: soube-sse soube-sses soube-sse soubé-ssemos
soubé-sseis soube-ssem
fuuturo do subjuntivo: soube-r soube-res soube-r soube-rmos soube-rdes soube-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÃO:
O presente do subjuntivo não apresenta o radical da primeira pessoa do singular do
presente do indicativo (sei/saiba).
- fim da nota.
ser
Presente do indicativo:
sou
és
é
somos
sois
são
Presente do subjuntivo:
seja
sejas
seja
sejamos
sejais
sejam
Pretérito imperfeito do indicativo:
era
eras
era
éramos
éreis
eram
Pretérito perfeito do indicativo:
fui
fo-ste
foi
fomos
fostes
foram
Pretérito mais-que-perfeito do indicativo:
fo-ra
fo-ras
fo-ra
fô-ramos
fô-reis
fo-ram
Pretérito imperfeito do subjuntivo:
fo-sse
fo-sses
fo-sse
fô-ssemos
fô-sseis
fo-ssem
Futuro subjuntivo:
fo-r
fo-res
fo-r
fo-rmos
fo-rdes
fo-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
1. O verbo ser é considerado anômalo, por apresentar grandes irregularidades. Atente
para os diferentes radicais que existem em sua conjugação (sou/era/fui).
2. O presente do subjuntivo não se forma a partir do radical do presente do indicativo
(sou/seja). O imperativo do verbo ser é o único que não obedece integralmente ao
esquema conhecido. As duas segundas pessoas (tu e vós) do imperativo afirmativo
apresentam formas independentes: sê (tu) e sede (vós).
- fim do quadro.
ter
presente do indicativo: tenh-o tens tem temos tendes têm
presente do subjuntivo: tenh-a tenh-as tenh-a tenh-amos tenh-ais tenh-am
pretérito imperfeito do indicativo: tinha tinhas tinha tínhamos tínheis tinham
pretérito perfeito do indicativo: tive tive-ste teve tivemos tivestes tiveram
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: tive-ra tive-ras tive-ra tivé-ramos tivé-reis
tive-ram
pretérito imperfeito do subjuntivo: tive-sse tive-sses tive-sse tivé-ssemos tivé-sseis
tive-ssem
futuro do subjuntivo: tive-r tive-res tive-r tive-rmos Iive-rdes tive-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÕES
1. Seguem esse modelo os derivados (ater, conter, deter, entreter, manter, reter, obter,
suster).
2. Note a diferença gráfica entre a terceira pessoa do singular e a terceira pessoa do
plural do presente do indicativo: ele tem/eles têm. Nos verbos derivados, a diferenciação
se faz de outra maneira: ele contém/eles contêm, ele mantém/eles mantêm.
- fim do quadro.
trazer
presente do indicativo:
trag-o
trazes
traz
trazemos
trazeis
trazem
presente do subjuntivo:
trag-a
trag-as
trag-a
trag-amos
trag-ais
trag-am
pretérito perfeito do indicativo:
trouxe
trouxe-ste
trouxe
trouxemos
trouxestes
trouxeram
pretérito mais-que-perfeito do indicativo:
trouxe-ra
trouxe- ras
trouxe-ra
trouxé- ramos
trouxé-reis
trouxe- ram
pretérito imperfeito do subjuntivo:
trouxe-sse
trouxe-sses
trouxe-sse
trouxé-ssemos
trouxé-sseis
trouxe-ssem
futuro do subjuntivo:
trouxe-r
trouxe-res
touxe-r
trouxe-rmos
trouxe-rdes
trouxe-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÃO
Os futuros do indicativo desse verbo são irregulares, já que perdem a sílaba ze:
trarei, trarás, trará... (para o futuro do presente); traria, trarias, traria... (para o futuro do
pretérito).
- fim do quadro.
ver
Presente do indicativo: vej-o vês vê vemos vedes vêem
presente do subjuntivo: vej-a vej-as vej-a vej-amos vej-ais vej-am
Pretérito imperfeito do indicativo: vi vi-ste viu vimos vistes viram
Pretérito mais-que-perfeito do indicativo: vi-ra vi- ras vi-ra ví-ramos ví-reis vi-ram
pretérito imperfeito do subjuntivo: vi-sse vi-sses vi-sse ví-ssemos ví-sseis vi-ssem
futuro do subjuntivo: vi-r vi-res vi-r vi-rmos vi-rdes vi-rem
- nota da ledora: anúncio de um Biscoito, e o paralelo feito pela propaganda, com a foto
de uma mulher africana, tendo em torno do pescoço vários colares em formato de
argola, que a mantém com o pescoço ereto e longilíneo, com a seguinte legenda:
Anúncio mais para ser visto do que comentado. Linda foto da mulher; espirituosa
associação entre seu "colar" e os biscoitos Calipso. Mas aproveite o ensejo para estudar
as irregularidades do verbo ver. - a seguir: quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÕES:
1. Atente para a forma da terceira pessoa do plural do presente do indicativo: vêem. Não
confunda com a forma correspondente do verbo vir: vêm.
2. Seguem esse modelo os derivados: antever, entrever, prever, rever.
3. O particípio de ver e seus derivados é irregular: visto, previsto, revisto.
4. Prover, que significa "abastecer, suprir", segue a conjugação do verbo ver apenas no
presente do indicativo e formas derivadas (provejo, provês, provê, provemos, provedes,
provêem; proveja, provejas, proveja, provejamos, provejais, provejam), Nos demais
tempos, prover é absolutamente regular (provi, proveu, proveram, provera, provesse,
provêssemos, provessem, provermos, proverem). -
fim do quadro.
TERCEIRA CONJUGAÇÃO
ir
Presente do indicativo: vou vais vai vamos ides vão
presente do subjuntivo: vá vás vá vamos vades vão
pretérito imperfeito do indicativo: ia ias ia íamos íeis iam
pretérito perfeito do indicativo: fui fo-ste foi fomos fostes foram
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fo-ra fo-ras fo-ra fô-ramos fô-reis foram
pretérito imperfeito do subjuntivo: fo-sse fo-sses fo-sse fô-ssemos fô-sseis fo-ssem
futuro do subjuntivo: fo-r fo-res fo-r fo-mos fo-rdes fo-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
1. O verbo ir também é considerado anômalo, dadas as acentuadas irregularidades que
apresenta. Note a variação dos radicais (vou, ia, fui).
2. Atente para a diferença entre a segunda pessoa do plural do presente do indicativo e a
segunda pessoa do plural do presente do subjuntivo: ides/vades.
3. As formas do pretérito perfeito e tempos derivados dos verbos ir e ser são idênticas:
somente pelo contexto em que se encontram é que se pode perceberde qual verbo se
trata ('Fui ao cinema e fui maltratado pelo bilheteiro" - a primeira forma fui é do verbo
ir; a segunda é do verbo ser. Ponha a frase no futuro para que se evidencie a diferença:
'Irei ao cinema e serei maltratado pelo bilheteiro').
4. O verbo ir, além de anômalo, é considerado abundante, já que apresenta duas formas
para o mesmo caso ( nós vamos ou imos, no presente do indicativo)
- fim do quadro.
vir
Presente do indicativo: venh-o vens vem vimos vindes vêm
presente do subjuntivo: venh-a venh-as venh-a venh-amos venh-ais venh-am
pretérito imperfeito do indicativo: vinha vinhas vinha vínhamos vínheis vinham
pretérito perfeito do indicativo: vim vie-ste veio viemos viestes vieram
pretérito mais-que-perfeito do indicativo: vie-ra vie-ras vie-ra vié-ramos vié-reis
vie-ram
pretérito imperfeito do subjuntivo: vie-sse vie-sses vie-sse vié-ssemos vié-sseis vie-
ssem
fututo do subjuntivo: vie-r vie-res vie-r vie-rmos vie-rdes vie-rem
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÕES
1. Atente para a diferença gráfica entre as terceiras pessoas do presente do indicativo:
ele vem/eles vêm. Compare essas formas com as correspondentes do verbo ver ele
vê/eles vêem).
2. Seguem esse modelo os verbos advir, convir, desavir-se (desentender-se), intervir,
provir, sobrevir. Nesses verbos, a diferenciação gráfica entre as terceiras pessoas do
presente do indicativo se faz de outra maneira: ele convém/eles convêm, ele
intervém/eles intervêm. Atente nas formas desses verbos no pretérito perfeito e tempos
derivados ("Eu intervim na discussão entre os dois"; "O problema só será resolvido se
você intervier").
3.O particípio de vir e seus derivados é irregular: vindo, convindo, intervindo. Essa
família de verbos é a única da língua portuguesa que apresenta particípio e gerúndio
iguais ("Vem chegando a madrugada"/ "Vem vindo a madrugada"; "Já tinham chegado
todos os alunos"/"Já tinham vindo todos os alunos").
- fim do quadro.
ATIVIDADES
1. Observe o modelo:
Estou muito cansado. Não acredito que você não ( ). (estar)
Estou muito cansado. Não acredito que você não (esteja).
a) Estamos muito chateados. Não é possível que vocês não ( ).
b) Estou muito contente. Não é possível que tu não ( ).
c) Estás muito alegre. Não é possível que ela não ( )
d) Estais muito preocupados. É possível que eles também ( )
e) Estou muito ansioso! É impossível que vós não ( ).
f) Eles estão muito satisfeitos. Não é possível que nós não ( )
2. Observe o modelo:
Jamais ( ) lá; se um dia ( ), ficará satisfeito. (ir) Jamais (foi) lá; se um dia (for), ficará
satisfeito.
a) Jamais ( ) lá; se um dia ( ), ficaremos satisfeitos. (estar)
b) Jamais ( ) seu donativo; se um dia ( ), será bem-vindo. (dar)
c) Jamais nos ( ) esse comportamento; se um dia nos ( ), teremos abandonado nossos
princípios. (aprazer)
d) Jamais ( ) três carros nessa garagem; se um dia ( ), será um verdadeiro milagre.
(caber)
e) Jamais ( ) esse tipo de coisa; se um dia ( ), terei mudado de nome. (dizer)
f) Jamais o ( ); se um dia o ( ), terás mais orgulho de ti. (contradizer)
g) Jamais ( ) esse tipo de proposta; se um dia ( ), poderás arrepender-te. (fazer)
h) Jamais ( ) suas vontades; se um dia ( ), ficarei desapontado comigo. (satisfazer)
i) Jamais ( ) algo entre eles; se um dia ( ), será uma surpresa. (haver)
j) Jamais ( ) sua presença; se um dia ( ), teremos mudado de opinião. (querer)
l) Jamais ( ) a verdade; se um dia ( ), ficará desiludida. (saber)
m) Jamais ( ) infelizes; se um dia ( ), farão o possível para que as coisas mudem. (ser)
n) Jamais ele ( ) seus amigos; se um dia ( ), serão bem-vindos. (trazer)
3. Observe o modelo:
Se eu ( ) escolher, ( ) aqui definitivamente. (poder, ficar).
Se eu pudesse escolher, ficaria aqui definitivamente.
a) Se nós ( ) os causadores da tragédia, ( ) nossa responsabilidade. (ser; assumir)
b) Se ele ( ) auxílio, nós ( ) o carro e ( ) a viagem. (trazer; consertar; continuar)
c) Se a roupa ( ), você ( ) com ela à reunião. (caber; ir)
d) Se ele se ( ) a ajudar, as coisas ( ) mais fáceis. (dispor; ser)
e) Se o diretor nos ( ) mais tempo, ( ) o trabalho. (dar; terminar)
f) Se seu procedimento ( ) com o cargo que ocupa, não ( ) tantos protestos.
(condizer; haver)
g) Se a mistura se ( ), a experiência ( ) um sucesso. (liquefazer; ser)
h) Se todos os convidados ( ) ao concerto, o teatro ( ) superlotado. (ir; ficar)
i) Se nós ( ), ( ) uma oportunidade a ela. (poder; dar)
j) Se você ( ), nossa vida ( ) melhor. (querer; ser)
l) Se eles ( ) a verdade, ( ) revoltados. (saber; ficar)
m) Se ninguém ( ) lá, não ( ) problema para cancelar o evento. (estar; haver)
n) Se ele a ( ) com essa roupa, ( ) enlouquecido. (ver; ficar)
o) Se você ( ) a serenidade, ( ) condição de pensar melhor. (manter; ter)
4. Reescreva as frases abaixo, substituindo a forma verbal composta pela forma verbal
simples correspondente. Há alguma alteração de significado nas frases com a
substituição?
a) Eles jamais (tinham vindo) aqui.
b) Ele (tinha feito) aquilo por vingança.
c) (Havíamos trazido) o equipamento necessário para a experiência.
d) (Tinha havido) um problema com o motor do carro.
e) Ela o (tinha visto) com outra mulher na festa.
f) (Tinhas anteposto) teus interesses aos da classe.
g) Notamos que o ar se (tinha rarefeito).
h) Nada se (tinha apurado) até então.
i) Nunca (tínhamos estado) ali.
j) Soubemos que ele (havia dito) a verdade no tribunal.
l) Custou-me crer que todo o estoque (havia cabido) numa única caixa.
m) Já (havias ido) lá?
n) Percebi que ele se (havia mantido) sereno durante o debate e que um simples gesto
seu (havia detido) os mais nervosos.
5. Reescreva as frases propostas, transformando os tempos verbais de acordo com o
modelo:
Ele sempre (toma) atitudes estranhas.
Ele sempre (tomava) atitudes estranhas.
a) Eu sempre (ponho) os livros na biblioteca.
b)Ela sempre (dispõe) de argumentos irrefutáveis.
c) Sempre (contrapomos) teses consistentes ao que ele diz.
d) Você sempre (supõe) erros dos adversários.
e) Nós sempre (vamos) ao teatro.
f) Ele sempre (vem) a este restaurante.
g) Essas atitudes não (convêm) a ninguém.
h) (Prevemos) um futuro melhor.
i) Nunca (revês) teu projeto de vida?
j) Ela nunca se (indispõe) com os pais?
l) Você não se (predispõe) a interceder?
m) Você nunca (intervém) nessa briga?
n) De que (provém) sua desconfiança?
6. Observe o modelo:
Se eu ( ), ( ) à Grécia. (poder, ir)
Se eu puder, irei à Grécia
a) Se ele se ( ) a ajudar, tudo ( ) bem. (dispor; terminar)
b) Se você ( ) favoravelmente a nós, ( ) absolvidos. (depor; ser)
c) Se nós nos ( ) um com o outro, ( ) a sociedade. (indispor; desfazer)
d) Se você não se ( ) financeiramente, ( ) para a casa paterna. (recompor; voltar)
e) Se ( ) as últimas barreiras, ( ) nossa esperança transformar-se em realidade.
(transpor; ver)
f) Se a substância se ( ), ( ) um precipitado escuro no fundo do tubo de ensaio.
(decompor; surgir)
g) Se você a ( ), ( ) que não é mais a mesma pessoa. (ver; perceber)
h) Se nós ( ) os cálculos, ( ) os resultados para os acionistas. (rever; trazer)
i) Se você ( ) suas vontades, ( ) sua própria futilidade. (satisfazer; perceber)
j) Se ninguém se ( ) veementemente, ele não ( ) (opor; desistir)
l) Se ( ) nosso projeto, ( ) a adesão de todos. (expor; obter)
m) Se tu nos ( ) as provas documentais, ( ) apoio a tua causa. (trazer; dar)
n) Se o interesse da sociedade se ( ) aos privilégios individuais, ( ) um novo país.
(sobrepor; haver)
o) Se você ( ) o ímpeto, certamente ( ) o melhor possível. (conter; fazer)
7. Utilize os verbos entre parênteses no tempo e modo apresentados na frase-modelo:
Ele ainda não (compôs) nenhuma canção de sucesso.
a) Eu não ( ) nenhum recurso. (interpor)
b) Ela não se ( ) a colaborar? (predispor)
c) Por que você não ( ) para pôr ordem na casa? (intervir)
d) Poucos ( ) durante a discussão. (intervir)
e) Criticaram-me porque não ( ) no conflito. (intervir)
f) De onde ( ) esse material suspeitíssimo? (provir)g) Os congressistas ( ) que aquela não era a melhor forma de redigir a lei. (convir)
h) Por que te ( ) a um projeto tão inovador? (opor)
i) As maiores empresas não ( ) no processo. (intervir)
j) Eu me ( ) com os colegas por não aceitar o sistema de trabalho vigente. (desavir)
l) Todos desejam saber por que você não ( ) na briga. (intervir)
m) Não ( ) porque não nos convocaram. (intervir)
n) Os líderes ( ) que nenhum outro recurso deveria ser tentado. (convir)
o) Os alunos se ( ) calados durante a conferência. No final, não se ( ) e externaram,
com aplausos calorosos, a admiração pelo escritor. (manter; conter)
3 VERBOS DEFECTIVOS
Chamam-se defectivos os verbos que não possuem conjugação completa, ou seja,
deixam de ser flexionados em algumas formas.
Em geral, o fator determinante da classificação de um verbo como defectivo é de
natureza morfológica ou eufônica. Se fosse completo, o verbo falir, por exemplo,
apresentaria, no presente do indicativo, "eu falo, tu fales, ele fale". Falo é forma do
presente do indicativo de falar; fales e fale são do presente do subjuntivo do mesmo
verbo falar. Isso implicaria um problema morfológico, ou seja, formas iguais para
verbos diferentes.
Convém dizer que esse argumento não se aplica a todos os verbos que apresentam
formas iguais. Trazer e tragar, por exemplo, não são defectivos, mas apresentam formas
idênticas (trago é primeira pessoa do singular do presente do indicativo dos dois
verbos). Ir e ser também apresentam formas idênticas (fui, fora, fosse, for), mas não são
defectivos.
Se fosse completo, o verbo computar apresentaria no presente do indicativo formas
como "computo, computas, computa" - palavras de sonoridade um tanto quanto
"suspeita". Por isso o verbo computar é dado nas gramáticas e dicionários como
defectivo.
Esses motivos nem sempre conseguem impedir o uso efetivo de formas verbais
consideradas oficialmente "erradas". O próprio verbo computar é um exemplo disso.
Com o desenvolvimento e a popularização dos computadores, não há quem não diga
"computa". Na prática, esse verbo acaba sendo conjugado em todos os tempos, modos e
pessoas.
Insistimos em que os preceitos colocados pela gramática normativa nem sempre
condizem com o uso cotidiano da língua. Mas, no texto formal escrito, é mais do que
recomendável que você procure seguir os padrões da língua culta.
Você verá a seguir que o problema dos verbos defectivos ocorre basicamente no
presente do indicativo e formas derivadas (presente do subjuntivo e imperativos).
Para estudar os verbos defectivos, convém dividi-los em dois grupos.
PRIMEIRO GRUPO
Verbos que, no presente do indicativo, deixam de ser conjugados apenas na primeira
pessoa do singular. Consequentemente, não apresentam presente do subjuntivo e
imperativo negativo. O imperativo afirmativo se limita às pessoas diretamente
provenientes do presente do indicativo (tu e vós). E o caso de abolir, aturdir, banir,
carpir, colorir, delinqüir, demolir, exaurir, explodir, extorquir, retorquir, entre outros.
abolir
Presente do indicativo:
eu -
tu aboles
ele abole
nós abolimos
vós abolis
eles abolem
Imperativo afirmativo:
-
abole tu
-
-
aboli vós
-
SEGUNDO GRUPO
Verbos que, no presente do indicativo, são conjugados apenas na primeira e na segunda
pessoas do plural (nós e vós). Quando você procura um verbo deste grupo no dicionário,
costuma encontrar explicações técnicas como "no presente do indicativo, só é
conjugado nas formas arrizotônicas". Você já sabe que forma arrizotônica é aquela em
que a tonicidade está fora do radical, como em falamos. A tonicidade está no -a-, fora
do radical (fal-).
Os verbos deste grupo não possuem presente do subjuntivo e imperativo negativo. O
imperativo afirmativo se limita à forma diretamente retirada do presente do indicativo.
E o caso de adequar, aguerrir, combalir, comedir-se, falir, fornir, foragir-se, precaver,
reaver, remir.
falir
presente do indicativo:
eu -
tu -
ele -
nós falimos
vós falis
eles -
imperativo afirmativo:
-
-
-
-
fali vós
-
adequar
presente do indicativo:
eu -
tu -
ele -
nós adequamos
vós adequais
eles -
imperativo afirmativo:
-
-
-
-
adequai vós
-
precaver
presente do indicativo:
eu -
tu -
ele -
nós precavemos
vós precaveis
eles -
imperativo afirmativo:
-
-
-
-
precavei vós
-
nota da ledora: quadro de destaque na página:
Precaver não deriva de ver, nem de vir. Não existem as formas "precavejo, precavo,
precavenho". No pretérito perfeito do indicativo e tempos derivados, comporta-se como
verbo regular: precavi, precaveste, precaveu...
Alguns autores admitem a conjugação do verbo adequar nas formas arrizotônicas do
presente do subjuntivo (adeqüemos, adeqüeis), o que permitiria também a conjugação
dessas mesmas formas do imperativo negativo e da primeira do plural do imperativo
afirmativo.
- fim do quadro.
rever
Presente do indicativo: eu - tu - ele-, nós reavemos, vós reaveis, eles-
Imperativo afirmativo: eu - tu- ele- nos-, reavei vós, -
- nota da ledora; quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÕES
Na prática, pode-se dizer que reaver é conjugado como haver, mas só existe nas formas
em que o verbo haver apresenta a letra v. Observe com atenção o pretérito perfeito do
indicativo: reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouveram.
1. Convém repetir que os verbos defectivos são conjugados normalmente nos pretéritos
e futuros. São mais do que corretas as formas como aboli, adeqüei, explode, fali,
precavi, demoli, aboliu, adequou, explodiu, faliu, precaveu, demoliu.
2. para suprir uma forma dada como inexistente costuma-se recorrer a verbos sinônimos
ou a expressões equivalentes. Em vez de dizer - eu me precavo/precavenho/precavejo -
diga - eu me acautelo/previno; em vez de a empresa fale, diga - a empresa vai à
falência/vai falir; em vez de - o texto se adequa, diga - o texto se adapta/ é adequado.
3. São considerados verbos defectivos também os verbos impessoais e os unipessoais,
conjugados apenas de algumas formas por questão de significado. Não faz sentido, por
exemplo, dizer "Eu chovo", ou "Ela alvoreceu ". Chover e alvorecer, como todos os
verbos que indicam fenômenos naturais, são impessoais e, por isso não têm sujeito, e
são conjugados apenas na terceira pessoa do singular. Também são impessoais
amanhecer, anoitecer, chuviscar, estiar, gear, orvalhar, relampejar, trovejar e ventar.
Os unipessoais exprimem vozes de animais e são geralmente conjugados na terceira
pessoa do singular e na terceira pessoa do plural: "O cão latia insistentemente", " os
cavalos relinchavam assustados " . observe que também não faz sentido dizer " eu
relincho" ou " tu latiste " . Os outros verbos unipessoais exprimem acontecimento,
necessidade; acontecer, convir, ocorrer, suceder. É possível empregar os verbos
impessoais ou unipessoais em sentido figurado. É o que acontece com " Quando esse
dia chegar, os brasileiros amanhecerão para um novo tempo" ou " choveram faltas
violentas durante o jogo".
- fim do quadro de destaque.
4 VERBOS ABUNDANTES
Verbos abundantes são aqueles que apresentam mais de uma forma para determinada
flexão. Esse fenômeno costuma ocorrer no particípio, em que, além das formas
regulares, terminadas em -ado ou -ido, surgem as formas irregulares, também chamadas
curtas ou breves. Observe a relação abaixo:
primeira conjugação:
Infinitivo impessoal, particípio regular, e particípio irregular
aceitar aceitado aceito
entregar entregado entregue
enxugar enxugado enxuto
expressar expressado expresso
expulsar expulsado expulso
findar findado findo
isentar isentado isento
limpar limpado limpo
matar matado morto
salvar salvado salvo
segurar segurado seguro
soltar soltado solto
segundaconjugação:
no infinitivo impessoal, no particípio regular e no particípio irregular.
acender acendido aceso
benzer benzido bento
eleger elegido eleito
morrer morrido morto
prender prendido preso
suspender suspendido suspenso
terceira conjugação:
no infinito pessoal, no particípio regular e no particípio irregular
emergir emergido emerso
expelir expelido expulso
exprimir exprimido expresso
extinguir extinguido extinto
imergir imergido imerso
imprimir imprimido impresso
inserir inserido inserto
omitir omitido omisso
submergir submergido submerso
- nota da ledora: quadro de destaque na página;
1. Os particípios regulares são empregados normalmente com os auxiliares ter e haver;
os particípios irregulares são normalmente empregados com os auxiliares ser, estar:
ler/haver elegido - ser/estar eleito
ter/haver imprimido - ser/estar impresso
2. Ganhar, gastar e pagar são abundantes:
ganhado/ganho; gastado/gasto; pagado/ pago são seus particípios. As formas irregulares
podem ser usadas com os auxiliares ser, estar, ter e haver; as formas regulares, somente
com ter e haver: ter/haver/ser/estar/ganho/gasto/pago, ter/haver ganhado/gasto/pagado.
3. pegar e chegar, na língua culta, apresentam apenas o particípio regular: pegado e
chegado.
4. Abrir ( e derivados ) , cobrir ( e derivados ), escrever ( e derivados ) , apresentam
particípios irregulares, aberto, reaberto, entreaberto; coberto, recoberto; encoberto;
descoberto; escrito; reescrito; subscrito.
- fim do quadro.
ATIVIDADES
1. Nas frases abaixo, seria preciso empregar um verbo defectivo justamente numa das
flexões condenadas pela língua culta. Sugira formas de completar as frases, utilizando
sinônimos ou locuções verbais:
a) É possível que se ( ) aquela casa na semana que vem. (demolir)
b) É desejável que se ( ) essa exigência descabida. (abolir)
c) É provável que se ( ) aquele muro. (colorir)
d) É possível que as fontes de energia se ( ) antes do tempo previsto. (exaurir)
e) É indispensável que se ( ) daqui todo foco de corrupção. (banir)
2. Proceda como no exercício anterior.
a) É indispensável que eu ( ) meus documentos. (reaver)
b) É preciso que nós nos ( ) (precaver)
c) É desejável que os novos funcionários se ( ) às necessidades da empresa.
(adequar)
d) Eu sempre me ( ) contra riscos. (precaver)
e) Muitas pessoas não ( ) sua linguagem à situação em que se encontram.
(adequar)
f) Ele só ( ) seus direitos quando recorre à justiça. (reaver)
3. Utilize os verbos entre parênteses no tempo e modo do modelo:
O retirante não se precaveu contra as dificuldades da viagem.
a) Ela ( ) o patrimônio perdido? (reaver)
b) Eu não me ( ) e ( ) prejuízos com a enchente. (precaver; ter)
c) Nós ( ) tudo o que nos pertencia. (reaver)
d) Você ( ) a carga ao espaço disponível? (adequar)
e) O Congresso ainda não ( ) muitas das leis do tempo da ditadura. (abolir)
f) Muitas empresas () por causa da queda do poder aquisitivo da classe média. (falir)
g) Ela se ( ) e ( ) o pior. (precaver; afastar)
h) A herdeira ( ) os bens deixados pelo pai. (reaver)
i) ( ) o que nos pertencia. (reaver)
4. Preencha as lacunas com a forma apropriada do particípio verbal. Indique as frases
em que se pode usar mais de uma forma.
a) O candidato foi ( ) com mais de duzentos mil votos. Muitos dos que o haviam ( )
na eleição anterior votaram nele novamente. (eleger)
b) Ele jamais foi ( ) pelos colegas de trabalho. Diziam que no passado ele tinha ( )
gordas propinas de uma poderosa multinacional. (aceitar)
c) O imposto já foi ( ). Menos mal, porque todo o dinheiro deste mês já foi ( ), e não
há perspectiva de que outro seja ( ) (pagar, gastar; ganhar)
d) Àquela altura, já poderia ter ( ) seus débitos, se não tivesse ( ) todo o dinheiro
que tinha ( ) (pagar, gastar; ganhar)
e) Assim que cheguei, fui informado de que a polícia já havia ( ) e já o tinha ( ),
(chegar; pegar)
f) Ele havia ( ) o portão. De lá, podia ver o que se passava sem ser ( ) Dessa forma,
foi-lhe possível certificar-se de tudo o que havia sido ( ) e ( ) pelo ex-proprietário do
imóvel. Valera a pena ter ( )! (entreabrir; ver; dizer, escrever, ir)
5 AS PARTICULARIDADES DA CONJUGAÇÃO DOS VERBOS E OS
DICIONÁRIOS
Você estudou neste capítulo os principais verbos irregulares, defectivos e abundantes.
Você deve ter notado que vários desses verbos são de uso muito freqüente - como pôr,
ver, vir, ser, haver, estar. Nesses casos, é necessário que você esteja apto a usá-los com
segurança a fim de não desrespeitar o padrão culto da língua. Você estudou também
verbos de uso mais limitado - como cerzir, carpir, remir. Nesses casos, é bastante
provável que, mesmo depois de tê-los visto em nosso livro, você tenha alguma dúvida
quando precisar empregá-los.
Eles estão aqui justamente para constituir um arquivo que você possa consultar a fim de
esclarecer suas incertezas. É pouco provável que um dia você precise usar um verbo
como moscar, normalmente pronominal (moscar-se). Mas, se realmente for necessário,
consulte um dicionário. Reproduzimos, a seguir, o verbete moscar do dicionário de
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Além do significado do verbo, você encontra
valiosas informações sobre sua conjugação: moscar. V. int. e p. 1. Fugir das moscas,
como o gado. 2. Fig. Desaparecer, sumir-se, safar-se: "nada mais tenho que fazer aqui!
Musco-me! Ponho-me ao fresco!" (Aluísio Azevedo, O mulato, p. 246). (irreg. O o da
raiz muda-se em u nas formas rizotônicas.
Além disso, o c transforma-se em qo antes de e (v. trancar). Pres. ind.: musco, moscas,
musca, moscamos, moscais, muscam; imperat.: mosca, moscai, etc.; pres. sub).:musque,
musques, musque, mosquemos, mosqueis, musquem.)
TEXTOS PARA ANÁLISE
-nota da ledora: propaganda na Dupont, na página, com o seguinte teor:
Você come,dorme, anda., fala, escuta, ri, chora, mora, estuda, trabalha, viaja, voa,
cozinha, veste, usa, sobe, desce, para, dirige, lê, corre, joga, sara, imprime, segura,
veleja, vai a praia com a Du Pont e nem está sabendo disso. A comida que você come
chega a sua casa graças aos defensivos agrícolas da Du Pont. O sapato que você usa é
feito com matéria prima fornecida pela Du Pont A tinta do seu automóvel é da
Du Pont Os explosivos da Du Pont são responsáveis pela extração de 80% do nosso
minério de ferro Os gases que gelam sua geladeira e seu ar condicionado tem o nome de
Freon um produto da Du Pont Lycra você conhece. Está em maiôs, jeans e roupas
intimas Lycra é da Du Pont Muita coisa que você lê talvez até mesmo este anúncio é
feito com material apropriado fornecido pela Du Pont industria gráfica Agora você já
sabe a Du Pont está o tempo todo ao seu lado Nisso tudo e em toda uma infinidade de
coisas que fazem parte do nosso cotidiano Dia e noite Sempre DuPont.
TRABALHANDO O TEXTO
1. Observe as formas verbais presentes no texto acima e a seguir divida-as em dois
grupos: as que pertencem a verbos regulares e as que pertencem a verbos irregulares.
2. Por que, na sua opinião, o texto enumera todas essas formas verbais?
- nota da ledora: propaganda da rádio jovem-pan, onde aparece um menino, na foto, e o
seguinte texto : eu (o desenho de um ovo) jovem-pan. Todo mundo ouve.
(como se ovo, fosse verbo ouvir, pra uma criança que ainda não fala direito, mas
já ouve a citada rádio)
- fim da nota.
TRABALHANDO O TEXTO
Comente a brincadeira que se está fazendo no texto e indique qual é a forma verbal
envolvida.
Haiti
Quando você for convidado pra subir no adro
Da Fundação Casa de Jorge Amado
Pra ver do alto afila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada: nem o traço do sobrado
Nem a lente do Fantástico, nem o disco de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão
Se você for ver a festa do Pelô, e se você não for
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui, o Haiti não é aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer
Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
Do ensino de primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um
Saco brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
cento e onze presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os Pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui, o Haiti não é aqui.
(GIL, Gilberto & VELOSO. caetano. In: Tropicália 2. LP
PolyGram no.5I8I78-I, 1993. Lado A, faixa 1.)
TRABALHANDO O TEXTO
1. Em que modo, tempo, pessoa e número está a forma verbal for, do primeiro verso do
texto?
2. Em que modo, tempo, pessoa e número está a forma verbal destacada em "E na TV se
você vir um deputado em pânico mal dissimulado"? A que verbo pertence essa forma?
De que tempo ela é obtida?
3. O que diferencia a forma verbal ver, do terceiro verso, da forma verbal analisada na
questão anterior?
4. Das formas verbais subir, mostrar, defender, furar, notar, ouvir e apresentar, algo-
mas pertencem ao futuro do subjuntivo e outras, ao infinitivo. Releia atentamente o
texto e separe-as em dois grupos.
5. Observando a forma verbal pareça, diga se o verbo parecer é regular ou irregular.
Explique.
6. Em que modo e tempo está a forma verbal destacada em "E não importa se olhos do
mundo inteiro/Possam estar por um momento voltados para o largo"? Como se obtém
essa forma?
7. Em que modo e tempo está a forma verbal em "E o venerável cardeal disser que vê
tanto espírito no feto/E nenhum no marginal"? Como se obtém essa forma?
8. A canção nos fala de uma realidade social em que o preconceito racial é evidente.
Aponte passagens do texto em que é possível identificar esse fato.
9. O texto afirma que "Ninguém, ninguém é cidadão". Relacione a idéia contida nessa
frase com as noções de "democratização do ensino , adoção da pena capital" e
desobediência aos sinais de trânsito ("furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual").
10. Afinal, o Haiti é aqui ou não é?
QUESTÕES E TESTES DE VESTIBULARES
1 (Univ. Alfenas-MG) Mesmo que nós ( ), não conseguiríamos que eles ( ) os papéis
que os chefes ( ) em segredo.
a) interviéssemos, requeressem, mantêm
b) intervissemos, requeressem, mantém
c) interviéssemos, requisessem, mantêm
d) intervissemos, requisessem, mantém
e) interviéssemos, requeressem, mantêem
2 (Univ. Alfenas-MG) Assinale a alternativa que contém a forma correta dos verbos
medir, valer, caber e datilografar, na primeira pessoa do singular do presente do
indicativo, pela ordem.
a) meço, valo, cabo, datilógrafo
b) meço, valho, caibo, datilografo
c) mido, valo, caibo, datilógrafo
d) mido, valho, caibo, datilografo
e) meço, valho, caibo, datilógrafo
3 (Univ. Alfenas-MG) Eles não ( ) em bancos e nós sabemos que vocês não ( )
dinheiro para que eles lhes ( ) o aval exigido.
a) crêem, têm, dêem
b) crêem, têem, dêem
c) creem, têm, deem
d) crêm, têm, dêm
e) creêm, teêm, deêm
4 (Fac. Santo André-SP) Dentre as frases abaixo, assinale a que apresentar erro na
flexão dos verbos.
a) Ele não creu em nenhuma das histórias contadas por nós.
b) Quando eu vir seu pai, avisá-lo-ei sobre a dívida.
c) Será muito melhor para todos, se você manter a calma.
d) Eles intervieram em nossa disputa, depois de um tempo.
e) Assim que puserdes a roupa no armário, poderemos sair.
5 (UFRPE/UFPE) Relacione as frases cujos verbos destacados estão no mesmo
tempo, modo e pessoa gramatical.
1) Que todo homem é um diabo não há mulher que o (negue).
2) (Vem), eu te farei da minha vida participar.
3) (Ide) em paz, o Senhor vos acompanhe.
4) Estou preso à vida e (olho) meus companheiros.
5) Tu não me (tiraste) a natureza...
( ) (Cala) essa canção soturna.
( ) (interrogai)-as agora que os reis tremem no seu trono.
( ) (Debruço)-me na grade da banca e respiro penosamente.
( ) (Trouxeste)-a para o pé de mim
( ) Mesmo assim elas procuram o diabo que as (carregue)
A seqüência correta é:
a) 3, 2, 4, 5,e1.
b) 4, 3, 2,1 e 5.
c) 5,1, 4, 2 e 3.
d) 1, 4, 5, 3e 2.
e) 2, 3, 4, 5 e 1.
6 (Univ. Alfenas-MG) Assinale a alternativa que o verbo está conjugado de forma
correta na norma culta
a) O juiz não interviu no resultado do jogo.
b) Só um jogador manteu a calma na confusão.
c) Quando seu pai ver seu boletim, vai ficar alegre.
d) Eu requeri transferência para outra escola.
e) Quando ela vir de São Paulo e ver você, vai gostar.
7 (ACAFE-SC) Corrija a frase. Depois, justifique.
Eles não reaveram os seus bens.
8 (ACAFE-SC) Somente uma das opções está incorreta. Assinale-a:
a) leio - lês - lê - lemos - ledes - lêem
b) valho vales - vale - valemos - valeis- valem
c) venho - vens - vem - vimos - vindes - vem
d) vou - vais - vai - vamos - ides - vão
e) divirjo - diverges - diverge - divergimos - divergides - divergem
9 (ITA-SP) Assinale o item em que as formas dos verbos trazer, ser, pôr e ir
correspondam ao seguinte exemplo: "Preferir, prefere!"
a) tragas!, sejas!, ponhas!, vás!
b) trazei!, sede!, pondes!, ide!
c) traga!, se!, ponha!, vá!
d) traze!, sê!, põe! vá!
e) traga!, seja!, ponha!, vai!
10 (PUCC-SP) Assinale a alternativa em que os verbos estejam correta e
adequadamente empregados.
a) Quando você o vir, dize-lhe que já demos nossa contribuição, para que sirva-mos de
exemplo a todos.
b) Quando você o ver, diz-lhe que já demos nossa contribuição, para que sirvamos de
exemplo a todos.
c) Quando você o ver, diga-lhe que já demos nossa contribuição, para que sirvamos de
exemplo a todos.
d) Quando você o vir, diga-lhe que já demos nossa contribuição, para que sirvamos de
exemplo a todos.
e) Quando você o vir, diz-lhe que já demos nossa contribuição para que servimos de
exemplo a todos.
11 (PUCC-SP) Assinale a alternativa em que os verbos estão correta e adequadamente
empregados.
a) Para que possamos discutir tudo com calma, pretendo vir às cinco horas, a não ser
que não dê para sair em tempo e tenha de deixar nosso encontro para mais tarde.
b) Quero que vocês tentam novamente e progridam nesses estudos, para que
comprovamos a validade dessa nova teoria.
c) Se supormos que eles desistem do empreendimento na hora da decisão final, talvez
devemos providenciar outros profissionais que estejam realmente interessados.
d) Será que existem cientistas que retêm o segredo que fará com que, numa bela manhã,
acordamos sem a ameaça da guerra atômica?
e) Quando eles proporem o acordo que tanto aguardamos, é necessário que nos
comprometemos a cumprir nossa parte.
12 (PUCSP) Conjugue os verbos conforme se pede nos parênteses e assinale a
alternativa que preencha, pela ordem, corretamente as lacunas abaixo.
1.Todos ( ) sangue no ar. (verbo ver - presente do indicativo)
2. Quando você ( ) um desastre como este, ficará aterrorizado. (verbo ver - futuro
do subjuntivo)
3. As moças, adormecidas na cabine, ( ) dormindo. (verbo vir - presente do indicativo)
4. Quando você ( ) aqui, ainda encontrará marcas do desastre. (verbo vir - futuro do
subjuntivo)
a) vêem, ver, vêm, vier
b) vêm, ver, vem, vir
c) vêem, vir, vêm, vir
d) vêm, ver, virão, vir
e) vêem, vir, vêm, vier
13 (PUCSP) Em relação aos versos:
"És, a um tempo, esplendor e sepultura:"
"Que tens o trom e o silvo da procela" e
"Em que da voz materna ouvi: meu filho.",
se substituirmos os verbos destacados pelo presente do subjuntivo, teremos:
a) sejas, tenhas, ouças.
b) serias, terias, ouvirias.
c) sejais, tenhais, ouçais.
d) fores, tiveres, ouvires.
e) fôreis, tivéreis, ouvíreis.
14 (UNIMEP-SP) Alguns verbos apresentam irregularidades no radical da 1a. pessoa do
singular do indicativo presente. A alternativa que contém as formas verbais corretas é:
a) requeiro (requerer), ouço (ouvir), valho (valer)
b) digo (dizer), medo (medir), trago (trazer)
c) meço (medir), digo (dizer), perdo (perder)
d) caibo (caber), perco (perder), requero (requerer)
e) posso (poder), cabo (caber), valo (valer)
15 (UNIMEP-SP) Quando você o ( ), ( )-lhe que eu já ( ) os livros que me haviam
roubado.
A alternativa que preenche corretamente as lacunas é:
a) vir, diga, reouve
b) vir, diz, reouve
c) ver, diga, reavi
d) ver, diz, reouve
e) ver, dize, reavi
16 (UNICAMP-SP) Nas suas aulas de gramática, você deve ter estudado a conjugação
dos verbos irregulares. Esse conhecimento é necessário na escrita padrão. Nos trechos
abaixo encontram-se formas verbais inadequadas:
I (Os astecas) não só conheciam o banho de vapor, tão prezado na Europa, como
mantiam o hábito de banhar-se diariamente. (Superinteressante, out. 1992)
II. Um grupo de defesa dos direitos civis ameaçou intervir se o juiz Mike Mc Spaden ir
adiante com seu plano de aprovar o pedido de castração. (Folha de S.Paulo, 13 fev.
1992)
a) Identifique as formas verbais inadequadas.
b) Que formas deveriam ter sido empregadas?
c) Como se poderia explicar a ocorrência das formas inadequadas nos trechos
acima?
17 (UFV-MG) Segundo o exemplo, assinale a alternativa correta:
jogar? jogai vós.
Faça o mesmo Com os verbos: trazer, tragar, ir, ler.
a) trazei, tragai, ide, lede
b) tragam, traguem, vão, leiam
c) trazeis, tragais, ides, ledes
d) tragais, tragueis, vades, leiais
e) traze, traga, vão, leia
18 (UEL-PR) Requeiro a dispensa de taxa concedida aos que ( ), como eu, os bens
que ( ) .
a) reouveram, pleiteiaram
b) reaveram, pleiteiaram
c) rehouveram, pleiteiaram
d) reouveram, pleitearam
e) rehaveram, pleitearam
19 (UNICAMP-SP) No texto abaixo, ocorre uma forma que é inadequada em
contextos formais, especialmente na escrita.
Trombada
Lula e Meneguelli divergem sobre o pacto. Concordam em negociar, mas Lula só
aprova um acordo se o governo retirar a medida provisória dos salários, suspender os
vetos à lei da Previdência e repor perdas salariais. (Painel, Folha de Paulo, 21 set. 1990)
a) Identifique essa forma e reescreva o trecho em que ocorre, de modo a adequá-lo à
modalidade escrita.
b) Como se poderia explicar a ocorrência de tal forma (e outras semelhantes), dado que
os falantes não "inventam" formas lingüísticas sem alguma motivação?
20 (UEL-PR) Ainda que vários fatores ( ) a seu favor, estava claro que ele não ( ) as
conseqüências que ( ) de seu impensado gesto.
a) intervissem, previra, adveriam
b) interviessem, prevera, adviriam
c) intervissem, prevera, adviriam
d) intervissem, prevera, adveriam
e) interviessem, previra, adviriam
21 (UEL-PR) Os ouvintes ( )-se de opinar, temendo que se ( ) as criticas e os ânimos
não se ( )
a) absteram, mantivessem, refazessem
b) absteram, mantessem, refizessem
c) abstiveram, mantivessem, refizessem
d) absteram, mantessem, refazessem
e) abstiveram, mantessem, refizessem
22 (FUVESJ-SP) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas:
Não ( ) cerimônia, ( ) que a casa é ( ), e ( ) à vontade.
a) faças, entre, tua, fique
b) faça, entre, sua, fique
c) faças, entra, sua, fica
d) faz, entra, tua, fica
e) faça, entra, tua, fique
23 (FATEC-SP) Aponte o emprego errado do verbo destacado.
a) Se a resposta (condissesse) com a pergunta...
b) Poucos (reaveram) o que arriscaram em jogos.
c) Não que não (antepuséssemos) alguém a você.
d) Não tenha dúvida, (refaremos) tantas vezes quantas forem necessárias.
e) Se não nos (virmos) mais... tenha boas férias.
24 (CESGRANRIO-RJ) Assinale o período em que aparece uma forma verbal
incorretamente empregada com relação à norma culta da língua.
a) Se o compadre trouxesse a rabeca, a gente do oficio ficaria exultante.
b) Quando verem o Leonardo, ficarão surpresos com os trajes que usava.
c) Leonardo propusera que se dançasse o minueto da corte.
d) Se o Leonardo quiser, a festa terá ares aristocráticos.
e) O Leonardo não interveio na decisão da escolha do padrinho do filho.
25 (FUVEST-SP) Assinale a alternativa em que uma forma verbal foi empregada
incorretamente.
a) O superior interveio na discussão, evitando a briga.
b) Se a testemunha depor favoravelmente, o réu será absolvido.
c) Quando eu reouver o dinheiro, pagarei a dívida.
d) Quando você vir Campinas, ficará extasiado.
e) Ele trará o filho, se vier a São Paulo.
26 (F. C. Chagas-SP) Não te ( ) com essas mentiras que ( ) da ignorância.
a) aborreces, provêem
b) aborreça, provém
c) aborreças, provêm
d) aborreça, provêem
e) aborreças, provém
27 (CESESP-PE) Assinale a alternativa que estiver incorreta quanto à flexão dos
verbos.
a) Ele teria pena de mim se aqui viesse e visse o meu estado.
b) Paulo não intervém em casos que requeiram profunda atenção.
c) O que nós propomos a ti, sinceramente, convém-te.
d) Se eles reouverem suas forças, obterão boas vitórias.
e) Não se premiam os fracos que só obteram derrotas.
28 (FCMPA-MG) Complete as lacunas com os verbos (intervir) e (deter) no pretérito
perfeito do indicativo.
A polícia ( ) no assalto e ( ) os ladrões.
29 (FUVEST-SP) Reescreva as frases abaixo, substituindo convenientemente as formas
verbais destacadas pelos verbos colocados entre parênteses.
a) Se você se (colocasse) em meu lugar, perceberia melhor o problema. (pôr)
b) Quando (descobrirem) o logro em que caíram, ficarão furiosos. (ver)
30(FUVEST-SP) Reescreva as frases abaixo, obedecendo ao modelo: "Se ele voltou
cedo, eu também voltei."/"Se ele voltar cedo, eu também voltarei."
a) Se ele viu o filme, eu também vi.
b) Se tu te dispuseste, eu também me dispus.
31(UCS-RS) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas:
Se tudo ( ) conforme ele ( ), o trabalho já ( ).
a) for feito, preveu, vai ser concluído
b) fosse feito, prevera, teria sido concluído
c) é feito, preveu, estaria pronto
d) tivesse sido feito, havia previsto, estaria concluído
e) tiver sido feito, preverá, será concluído
32 (FGV-SP) ( ), homem ( ) criatura que me deixe, que ( ).
a) corre, dize, se não aflija
b) corra, diz, se não aflija
c) corre, dize, não aflija-se
d)corra, diz, não se aflija
e) corre, dizei, não aflija
33 (FCMSCSP) Nas alternativas estão as flexões do imperativo de cinco verbos.
Assinale a alternativa em que há erro.
a) saber: sabe/saiba/saibamos/sabei/saibam
b) ver: vê/vide/vejamos/vejais/vejam
c) ir: vai/vá/vamos/ide/vão
d) ouvir: ouve/ouça/ouçamos/ouvi/ouçam
e) valer: vale/valha/valhamos/valei/valham
34 (FEI-SP) Na expressão "Deus te favoreça", substitua o verbo favorecer por:
a) abençoar
b) ouvir
c) proteger
35 (FCMSCSP) Assinale a alternativa correta quanto ao uso de verbos abundantes.
a) Por haver aceitado as normas, o candidato foi aceito na Faculdade.
b) Por haver morto o passarinho, o menino chorou. Realmente, o bicho estava bem
morto.
c) Foi elegido pelas mulheres apesar de haver eleito a maioria dos homens.
d) O pastor tinha emergido os crentes depois de ter emergido ele mesmo pelo bispo. Era
emersão que não acabava mais.
e) Todos os casos serãoomitidos da pauta tal como você já tivera omisso os seus casos
ontem.
36 (IMES-SP) Assinale a alternativa que corresponde ao que se pede:
- verbo ver - 3a. pessoa do singular do pretérito mais-que-perfeito do indicativo
- verbo ser - 3a. pessoa do singular do presente do subjuntivo
- verbo haver - 3a. pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo
- verbo vir - 2a. pessoa do singular do imperativo afirmativo
a) vera, seja, houve, vem
b) vera, seja, havi, venha
c) vira, seja, houve, vem
d) vira, seje, houve, venha
e) vira, seje, havi, vem
37 (F. C. Chagas-SP) Ele ( ) que lhe ( ) muitas dificuldades, mas enfim ( ) a verba para
a pesquisa.
a) receara, opusessem, obtera
b) receara, opusessem, obtivera
c) receiara, opossem, obtivera
d) receiara, opossem, obtera
e) receara, opossem, obtera
38 (F. C. Chagas-SP) Caso ( ) realmente interessado, ele não ( ) de faltar.
a) estiver, haja
b) esteja, houve
c) estivesse, houvesse
d) estivesse, havia
e) estiver, houver
39 (Fundação Lusíada) Assinale a alternativa que se encaixe no período seguinte:
"Se você ( ) e o seu irmão ( ), quem sabe você ( ) o dinheiro."
a) requeresse, interviesse, reouvesse
b) requisesse, intervisse, reavesse
c) requeresse, intervisse, reavesse
d) requeresse, interviesse, reavesse
e) requisesse, intervisse, reouvesse
40 (UFMG) Em qual dos períodos abaixo há incorreção no uso de formas verbais,
de acordo com as regras da gramática normativa?
a) Sugira o que lhe aprouver; só nos absteremos de lutar quando virmos que todos os
recursos foram esgotados.
b) Todos aqueles que vêem o espetáculo voltam novamente; só não vem quem não tem
dinheiro.
c) Detive-me à frente deles e intervi na discussão que já se estava tornando séria.
d) Se dispuserem de algum tempo, entretenham-se a caminhar por aqueles bosques e
satisfarão toda a sua nostalgia de infância.
e) Se nos desfizéssemos de nossos poucos pertences, não teríamos como enfrentar os
rigores do inverno.
41 (F. C. Chagas-SP) Quem ( ) o Pedro, ou pelo menos ( ) falar com ele, ( )-o em meu
nome.
a) ver, poder, advirta
b) vir, puder, adverta
c) vir, puder, advirta
d) ver, puder, adverta
e) vir, poder, adverta
42 (F. C. Chagas-SP) Sem que ninguém tivesse ( ), o próprio menino ( )-se contra os
falsos amigos.
a) intervindo, precaviu
b) intervindo, precaveio
c) intervido, precaveu
d) intervido, precaveio
e) intervindo, precaveu
43 (UM-SP) Assinale a alternativa em que não há erro na forma verbal.
a) Minha mãe hesitou; tu não hesitastes.
b) Esta página vale por meses; quero que valha para sempre.
c) Tu tiveste dezessete anos; vós tivesteis sempre a mesma idade.
d) A análise das minhas emoções é que entrava no meu plano, vós não entrávais.
e) Achavam-me lindo e diziam-mo; achavais-me lindo e dizieis-mo.
44 (FMIt-MG) Em que frase a forma verbal não está flexionada corretamente?
a) Eu águo as flores que sua mãe planta.
b) Ninguém creu no que ela declarou.
c) Se pores tudo em ordem, ficarei satisfeito.
d) Foi aos gritos que ela interveio na discussão.
e) Eu môo o grão, você depois faz o pão.
45 (UFE-RJ) Das frases que seguem, uma traz errado emprego de forma verbal.
Assinale-a.
a) Cumpre teus deveres e terás a consciência tranquila.
b) Suporta-se com paciência a cólica do próximo.
c) Nada do que se possui com gosto se perde sem desconsolação.
d) Não voltes atrás, pois é fraqueza desistir-se da coisa começada.
e) Dizia Rui Barbosa: "Fazei o que vos manda a consciência, e não fazei o que vos
convém aos apetites."
CAPÍTULO 8
ESTUDO DOS VERBOS (3)
- nota da ledora: anúncio do Lar Escola São Francisco, trazendo uma foto do físico,
conhecido mundialmente, Dr. Stephen Hawking (portador de deficiência múltipla -
cadeirante) respeitado internacionalmente pelo seu trabalho na área da física. Texto do
anúncio: - este eficiente físico é um deficiente físico.
- fim da nota.
Depois de estudar detidamente os mecanismos de conjugação e os principais verbos
irregulares e defectivos, você vai investigar o funcionamento dos modos e tempos
verbais no uso efetivo, ou seja, nas frases e textos de nossa língua.
Nosso objetivo é fazer você refletir sobre o valor e o significado das diferentes formas
verbais, tornando-o apto a empregá-las com precisão e sensibilidade. No texto acima,
por exemplo, o verbo encontra-se no modo indicativo, empregado quando se da como
certo, real ou verdadeiro o conteúdo daquilo que se declara.
1 OS MODOS VERBAIS
Em português, existem três modos verbais: o indicativo, o subjuntivo e o imperativo. O
modo indicativo é empregado quando se dá como certo, real ou verdadeiro o conteúdo
daquilo que se fala ou escreve:
Faz muito calor nesta época do ano.
Fez muito calor no último verão.
O serviço meteorológico informa que fará muito calor neste verão.
O modo subjuntivo é empregado quando se dá como provável, duvidoso ou hipotético o
conteúdo daquilo que se fala ou escreve:
Talvez faça muito calor neste verão.
Se fizesse calor nestes dias, a safra estaria perdida.
O modo imperativo é empregado para exprimir ordem, pedido, súplica, conselho:
"Cala a boca, Bárbara!"
"Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa...
Socorram-me!
"Vai e diz a ela as minhas penas."
De um modo geral, podem-se relacionar os modos verbais a três atitudes diferentes de
quem fala ou escreve: o indicativo mostra uma atitude mais objetiva diante dos fatos e
processos, que são apresentados como fenômenos positivos e independentes; o
subjuntivo traduz a expressão de conteúdos emocionais (O desejo, a dúvida, a
incerteza), impregnando os fatos e processos com a subjetividade de quem fala ou
escreve; o imperativo procura impor o processo verbal ao interlocutor, com a intenção
de que este aja de acordo com aquilo que o emissor da mensagem pretende.
ATIVIDADE
Observe o emprego dos verbos destacados em cada um dos pares de frases abaixo.
Justifique o modo verbal empregado em cada caso:
a) Ele vem diariamente. É possível que ele venha hoje.
b) Estou certa de que foi ele o culpado de tudo. Acredito que tenha sido ele o culpado de
tudo.
c) Ele era indicado para todas as atividades. Talvez não fosse ele o indicado para todas
as atividades.
d) Eu a verei amanhã.
Quando a vir outra vez, direi a ela toda a verdade.
e) Todo cidadão que efetivamente ama seu país é capaz de julga-lo com critério.
Todo cidadão que efetivamente ame seu país é capaz de julgá-lo com critério.
2 OS TEMPOS VERBAIS
OS TEMPOS DO INDICATIVO
PRESENTE
As gramáticas costumam definir o presente do indicativo como o "tempo que indica
processos verbais que se desenvolvem simultaneamente ao momento em que se fala ou
escreve":
Estou em São Paulo.
Não confio nele.
Na verdade, o presente do indicativo vai muito além. Pode também expressar
processos habituais, regulares, ou aquilo que tem validade permanente:
Tomo banho diariamente.
Durmo pouco.
Todos os cidadãos são iguais perante a lei.
A Terra gira em torno do Sol.
O presente do indicativo pode ser empregado para narrar fatos passados, conferindo-
lhes atualidade. É o chamado presente histórico:
No dia 17 de dezembro de 1989, pela primeira vez em quase trinta anos, o povo
brasileiro elege diretamente o presidente da República. Iludida pelos meios de
comunicação, a população não percebe que está diante de um farsante. Mas a verdade
não demora a chegar. O presidente-atleta logo mostra quem é. Seu braço direito, PC
Farias, saqueia o país. Forma-se uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que investiga
as atividades ilícitas da dupla. Em alguns meses, os escândalos apurados são tantos que
só resta ao aventureiro renunciar.
- nota da ledora: fotografia de Fernando Collor de Mello.
- fim da nota.
O presente também pode ser usado para indicar um fato futuro próximo e de realização
tida como certa:
Daqui a pouco, a gente volta.
Embarco no próximo sábado.
Utilizado com valor imperativo, o presente constitui uma forma delicada e familiar de
pedir ou ordenar alguma coisa:
Artur; agora você se comporta direitinho.
Depois vocês resolvem esse problema para mim.
PRETÉRITO IMPERFEITO
O pretérito imperfeitotem varias aplicações. Pode transmitir uma idéia de continuidade,
de processo que no passado era constante ou freqüente:
Estavam todos muito satisfeitos com o desempenho da equipe.
Entre os índios, as mulheres plantavam e colhiam; os homens caçavam e pescavam.
Naquela época, eu almoçava lá todos os dias.
- nota da ledora: desenho de um quadrinho de jornal, representando Getúlio Vargas,
como se fosse pintor, tendo ao fundo, como modelo, uma mulher esfaimada, esquálida,
e miserável; portando uma faixa onde lemos: Situação financeira do Brasil - esta
mesma mulher é retratada, em uma tela, pelo pintor Getúlio Vargas, como uma jovem
linda, rechochudinha, cheia de graça e saúde. Na legenda do quadrinho: "O sr. Ministro
da Fazenda declarou que a situação financeira deixada pelo Estado Novo é calamitosa."
(dos jornais) Mas o "artista" só pintava coisas encantadoras...
- fim da nota.
"Pintar coisas encantadoras" (apesar das evidências contrárias...) era um hobby
freqüente do "artista" Getúlio Vargas. Por isso o verbo pintar está flexionado no
pretérito imperfeito do indicativo, adequado para exprimir esse tipo de processo.
Ao nos transportarmos mentalmente para o passado e procurarmos falar do que então
era presente, também empregamos o pretérito imperfeito do indicativo:
Eu admirava a paisagem. A vida passava devagar Quase nada se movia. Uma pessoa
aparecia aqui, um cão latia ali, mas, no geral, tudo era muito quieto.
O imperfeito é usado para exprimir o processo que estava em desenvolvimento quando
da ocorrência de outro:
O Sol já despontava quando a escola entrou na passarela.
A torcida ainda acreditava no empate quando o time levou o segundo gol.
Usado no lugar do presente do indicativo, o pretérito imperfeito denota cortesia:
Queria pedir-lhe uma gentileza.
Pode substituir o futuro do pretérito, tanto na linguagem coloquial como na literária:
Se ele pudesse, largava tudo e ficava com ela. "Se eu fosse você, eu voltava pra mim."
PRETÉRITO PERFEITO
O pretérito perfeito simples exprime os processos verbais concluídos e localizados num
momento ou período definido do passado. Veja os exemplos:
Em 1983, o campeão brasileiro da Segunda Divisão foi o Juventus.
O concerto foi encerrado às vinte e três horas.
Os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Brasil no século passado.
O pretérito perfeito composto exprime processos que se repetem ou prolongam até o
presente:
Tenho visto coisas em que ninguém acredita.
Os professores não têm conseguido melhores condições de trabalho.
- nota da ledora: quadro de destaque na página:
Atente para a distinção entre o pretérito imperfeito e o pretérito perfeito simples:
Quando o encontrava, ficávamos horas conversando.
Quando o encontrei, ficamos horas conversando.
Tinha certeza de que não seria aprovado.
Teve certeza de que não seria aprovado.
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO
O pretérito mais-que-perfeito exprime um processo que ocorreu antes de outro processo
passado:
Era tarde demais quando ela percebeu que ele se envenenara (ou: tinha/havia
envenenado).
O fato de ele ter-se envenenado é anterior ao fato de ela ter percebido. Envenenara é,
por isso, mais-que-perfeito, ou seja, mais velho que o perfeito (percebeu).
Na linguagem do dia-a-dia, usa-se muito pouco a forma simples do pretérito mais-que-
perfeito. E comum, entretanto, na linguagem formal e literária, bem como em algumas
expressões cristalizadas ("Quem me dera!"; "Quisera eu"). Quando usado no lugar do
futuro do pretérito do indicativo ou do pretérito imperfeito do subjuntivo, o mais-que-
perfeito simples confere solenidade à expressão:
Compare com:
"E, se mais mundo houvera, lá chegara." (Camões)
E, se mais mundo houvesse, lá chegaria.
FUTURO DO PRESENTE
O futuro do presente simples expressa basicamente processos tidos como certos
ou prováveis, mas que ainda não se realizaram no momento em que se fala ou
escreve:
Será realizada amanhã a partida decisiva.
Estarei lá no próximo ano.
Jamais a terei a meu lado.
Pode-se usar esse tempo com valor de imperativo, com tom enfático e categórico:
"Não furtarás!"
Você ficará aqui a noite toda.
Em outros casos, essa forma imperativa parece mais branda e sugere a necessidade de
que se adote certa conduta:
Você compreenderá a minha atitude.
Pagarás quando puderes.
O futuro do presente simples também pode expressar dúvida ou incerteza em relação a
fatos do presente:
Ela terá atualmente trinta e cinco anos.
Será Cristina quem está lá fora?
Quando expressa circunstância de condição, o futuro do presente se relaciona com o
futuro do subjuntivo para indicar processos cuja realização é tida como possível:
Se tiver dinheiro, pagarei à vista.
Se houver pressão popular as reformas sociais virão.
O futuro do presente simples é muito pouco usado na linguagem cotidiana. Em seu
lugar, é normal o emprego de locuções verbais com o infinitivo, principalmente as
formadas pelo verbo ir:
Vou chegar daqui a pouco.
Estes processos vão ser analisados pelo promotor
O futuro do presente composto expressa um fato ainda não realizado no momento
presente, mas já passado em relação a outro fato futuro. Observe:
Quando estivermos lá, o dia já terá amanhecido. Quando eu voltar ao trabalho,
você já terá entrado em férias.
FUTURO DO PRETÉRITO
O futuro do pretérito simples expressa processos posteriores ao momento passado a que
nos estamos referindo:
Conclui que não seria feliz ao lado dela.
Muito tempo depois, chegaria a sensação de fracasso.
Também se emprega esse tempo para expressar dúvida ou incerteza em relação a um
fato passado:
Estariam lá mais de vinte mil pessoas.
Ela teria vinte anos quando gravou o primeiro disco.
Quando expressa circunstância de condição, o futuro do pretérito se relaciona com o
pretérito imperfeito do subjuntivo para indicar processos tidos como de difícil
concretização:
Se ele quisesse, tudo seria diferente.
Viveria em outro lugar se pudesse.
O futuro do pretérito composto expressa um processo encerrado posteriormente a uma
época passada que mencionamos no presente:
Partiu-se do pressuposto de que às cinco horas da tarde o comício já teria sido
encerrado.
Anunciou-se que no dia anterior o jogador já teria assinado contrato com o outro clube.
Esse tempo também expressa dúvida sobre fatos passados:
Teria sido ele o mentor da fraude?
Quando expressa circunstância de condição, o futuro do pretérito composto relaciona-se
com o pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo, exprimindo processos hipotéticos ou
de realização desejada, mas já impossível:
Se ele me tivesse procurado antes, eu o teria ajudado.
O país teria melhorado muito se tivessem sido feitos investimentos na educação e na
saúde.
ATIVIDADES
1. Complete as lacunas com as formas adequadas dos verbos indicados entre parênteses.
Em alguns casos, pode haver mais de uma opção.
a) Não ( ) ontem ao teatro com eles porque já ( ) anteontem. (ir)
b) Nós ( ) à estação logo depois que o trem ( ) (chegar; sair)
c) Todos ( ) que o ano se ( ) em quatro estações. (saber; dividir)
d) Quando jovem, eu ( ) cedo e ( ) no parque. Hoje, ( ) pouco e mal e não ( )
disposição para nada. (acordar; correr; dormir; ter)
e) Todos os domingos ele ( ) aqui e ( ) se alguém ( ) de alguma coisa. (vir; perguntar;
precisar)
f) Depois daquilo, não me ( ) e ( ), exigindo que ele parasse. (conter; gritar)
g) Ele sempre ( ) aos colegas que se empenhem. (sugerir)
h) Ele sempre ( ) aos colegas que se empenhassem. (sugerir)
i) Dali onde ( ), ( ) o céu claro e ( ) o canto dos pássaros. A manhã ( ) linda! (estar;
ver; ouvir; ser)
j) Antes do advento do "futebol-força", todas as equipes ( ) um jogador cerebral. A
bola ( ) mansa, a categoria ( ), os jogos não ( ) violentos. ( ) a pena ir aos estádios.
(ter; rolar; imperar; ser; valer)
l) Assim que ( ) a porta, ( ) que algo estranho se ( ) naquele recinto. (abrir; notar;
passar)
2. Preencha as lacunas com as formas adequadas dos verbos indicados entre parênteses.
Em alguns casos, pode haver mais de uma opção.
a) No próximo sábado, ( ) cedo e ( ) o primeiro ônibus parao Rio de janeiro. (acordar;
pegar)
b) Tudo ( ) muito diferente se você ouvisse nossos conselhos. (ser)
c) Tudo ( ) muito diferente se você ouvir nossos conselhos. (ser)
d) Quem ( ) aqui durante a madrugada para estragar o jardim? (vir)
e) O Corinthians ( ) da fila em 1977; dois anos depois, ( ) de novo o Campeonato
Paulista. (sair; ganhar)
f) Tu não ( ) sem o meu consentimento! (sair)
g) Quando ela chegar, ( ) tudo arrumado. (encontrar)
h) Quando chegarmos à cidade, tudo já ( ) (terminar)
i) Quando chegássemos à cidade, tudo já ( ). (terminar)
j) Muitos anos depois, ele ( ) repetindo as mesmas palavras, que ( ) as mesmas
idéias. (continuar; expressar)
l) Tudo ( ) ser diferente se eles não tivessem tentado nos enganar. (poder)
3. Nos grupos de frases a seguir, você encontrará tempos verbais diferentes exprimindo
idéias semelhantes. Procure explicar as diferenças de sentido e de emprego entre as
frases de cada conjunto.
a) Farei isso amanhã.
Faço isso amanhã.
b) Segue até o fim!
Agora segues até o fim.
Seguirás até o fim!
c) Se ele colaborasse, eu dava um jeito na situação.
Se ele colaborasse, eu daria um jeito na situação.
d) Não fora a intervenção do diretor, ficáramos a ver navios.
Não fosse a intervenção do diretor, ficaríamos a ver navios.
4. Relate uma passagem de sua vida em um parágrafo. Use a terceira pessoa e o
chamado presente histórico.
5. Conte em um parágrafo alguma coisa que freqüentemente acontecia em sua
infância. A seguir, observe os tempos verbais empregados e justifique seu uso.
OS TEMPOS DO SUBJUNTIVO
PRESENTE
O presente do subjuntivo normalmente expressa processos hipotéticos, que muitas vezes
estão ligados ao desejo, à suposição:
"Quero que tudo vá para o inferno!"
Suponho que ela esteja em Roma.
Caso você vá lá, não deixe que o explorem.
Talvez ela esteja aqui amanhã.
Ficam excluídos os que não amem a cultura.
PRETÉRITO IMPERFEITO
O imperfeito do subjuntivo expressa processos de limites imprecisos, anteriores ao
momento em que se fala ou escreve:
Fizesse sol ou chovesse, não dispensava uma volta no parque.
Os baixos salários que o pai e a mãe ganhavam não permitiam que ele estudasse.
O imperfeito do subjuntivo é o tempo que se associa ao futuro do pretérito do indicativo
quando se expressa circunstância de condição ou concessão:
Se ele fosse politizado, não votaria naquele farsante.
Embora se esforçasse, não conseguiria a simpatia dos colegas.
- nota da ledora: propaganda da Brastemp, foto de máquina de lavar, antiga, com o
seguinte texto: - se fosse seu carro, você já teria trocado
- fim da nota.
Neste caso de correlação com o futuro do pretérito do indicativo (teria), o pretérito
imperfeito do subjuntivo (fosse) expressa circunstância de condição.
Também se relaciona com os pretéritos perfeito e imperfeito do indicativo:
Sugeri-lhe que não vendesse a casa.
Esperava-se que todos aderissem à causa.
Pretérito perfeito
Só ocorre na forma composta e expressa processos anteriores tidos como concluídos no
momento em que se fala ou escreve:
Imagino que ela já tenha procurado uma solução.
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO
Também só ocorre na forma composta. Expressa um processo anterior a outro processo
passado:
Esperei que tivesse exposto completamente sua tese para contrapor meus argumentos.
Esse tempo pode associar-se ao futuro do pretérito simples ou composto do indicativo
quando são expressos fatos irreais e hipotéticos do passado:
Se me tivesse apresentado na data combinada, já seria funcionário da empresa.
Mesmo que ela o tivesse procurado, ele não a teria recebido.
FUTURO
Na forma simples, indica fatos possíveis, mas ainda não concretizados no momento em
que se fala ou escreve:
Quando comprovar sua situação, será inscrito.
Quem obtiver o primeiro prêmio receberá bolsa integral.
Se ela for a Siena, não quererá mais sair de lá.
Esse tempo normalmente se associa ao futuro do presente do indicativo quando se
expressa circunstância de condição:
Se fizer o regime, emagrecerá rapidamente.
O futuro do subjuntivo composto expressa um processo futuro que estará terminado
antes de outro, também futuro:
Quando tiverem concluído os estudos, receberão o diploma.
Iremos embora depois que ela tiver adormecido.
ATIVIDADES
1. Preencha as lacunas com a forma adequada dos verbos entre parênteses. Em alguns
casos, pode haver mais de uma opção.
a) Talvez todas as blusas ( ) na gaveta. (caber)
b) É inacreditável que ( ) ele o autor do projeto. (ser)
c) Se o árbitro não ( ) os ânimos, as conseqüências seriam imprevisíveis. (conter)
d) Desejo que você já ( ) a bateria de testes quando eu tiver regressado. (encerrar)
e) Depois que tudo ( ) resolvido, poderemos dormir o sono dos justos. (estar)
f) Quando eles () os cálculos, descobrirão grossas falcatruas. (rever)
2. Observe o modelo; a seguir, aplique-o às frases apresentadas.
Leio o manual.
Sugiro-lhe que leia o manual
Sugeri-lhe que lesse o manual.
a) Faço um bom chá.
b) Vejo um bom filme.
c) Trago respostas convincentes.
d) Redijo claramente.
e) Confiro o dinheiro.
f) Mostro o melhor caminho.
3. Observe o modelo; a seguir, aplique-o às frases apresentadas. Explique a mudança de
sentido obtida.
Suponho que ela tenha participado da conversa.
Supunha que ela tivesse participado da conversa.
a) Suponho que ele tenha convencido os filhos.
b) Suponho que a empresa tenha superado as dificuldades.
c) Suponho que tenhamos eliminado todas as dúvidas.
d) Suponho que hajam visto os melhores filmes.
4. Observe o modelo; a seguir, aplique-o às frases apresentadas. Explique a
mudança de sentido obtida.
É possível que todos aceitem.
Era possível que todos aceitassem.
a) É provável que ela adote a criança.
b) É insuportável que não se elimine o cólera do país.
c) É imprescindível que participemos do evento.
d) É indispensável que façamos o convite.
e) É necessário que todos permaneçam unidos.
f) É preciso que se altere o calendário.
g) É inacreditável que ele se deixe envolver.
5. Observe o modelo; a seguir, aplique-o às frases apresentadas. Explique a
mudança de sentido obtida.
Se você fizer o trabalho, ele o recompensará.
Se você fizesse o trabalho, ele o recompensaria.
Se você tivesse feito o trabalho, ele o teria recompensado.
a) Se você quiser, certamente fará melhor.
b) Se ele requerer novo exame, conseguirá.
c) Se você previr os obstáculos, irá até o fim da prova.
d) Se a população lutar por seus direitos, surgirão governantes mais capazes.
e) Se os governantes fizerem o que devem, este país será grandioso.
f) Se forem satisfeitas as necessidades sociais elementares, o país crescerá.
3 VALOR E EMPREGO DAS FORMAS NOMINAIS
O verbo apresenta três formas nominais: o infinitivo, o gerúndio e o particípio. Você já
sabe que essas formas são chamadas nominais porque podem ter comportamento de
nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) em certas situações.
O INFINITIVO
O infinitivo apresenta o processo verbal em si mesmo, sem nenhuma noção de tempo ou
modo. É a forma utilizada para nomear os verbos:
É proibido conversar com o motorista.
Estudar é um direito de qualquer cidadão.
Quero ver você daqui a dez anos.
É normal a transformação do infinitivo em substantivo pelo uso de um determinante:
"Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver."
Quando usado como substantivo, o infinitivo pode apresentar flexão de número:
São muitos os falares brasileiros.
Em português, o infinitivo pode ser pessoal ou impessoal. Quando se emprega o
pessoal, o processo verbal é relacionado a algum ser:
Perguntei-lhe se havia algo para eu ler.
Com o impessoal, o processo verbal não é restrito a um ser em particular:
Ler é obrigação de qualquer cidadão.
No primeiro exemplo, pode-se notar que o infinitivo ler se refere ao mesmo ser a que se
refere a forma perguntei: eu. No segundo exemplo, não há qualquer referência desse
tipo: trata-se do processo verbal considerado em si mesmo.
O infinitivo pessoal pode flexionar-se para concordar em número e pessoa com o ser a
que se refere:
Ela deseja saber se há algo para lermos.
Essa flexão pode ocorreraté mesmo em situações em que o infinitivo tenha papel
nominal:
O comparecermos atrasados será tomado como menoscabo.
Em sua forma composta, o infinitivo tem valor de passado, indicando um processo já
concluído no momento em que se fala ou escreve:
Ter trabalhado duro permitiu-nos belas viagens à Itália.
O PARTICÍPIO
O particípio é a forma nominal que tem, simultaneamente, características de verbo
e de adjetivo.
Sua natureza verbal se manifesta nas locuções verbais, nos tempos compostos e em
orações reduzidas:
A casa será desocupada até terça-feira.
Não existe nada que possa ser comprovado.
Se ele me tivesse avisado, teria conseguido resolver a situação.
Terminada a festa, o abatimento tomará conta de todos.
Calado num canto, ele nos observava atentamente.
Observe que nas duas últimas frases o particípio pode apresentar um processo completo
anterior a outro (o abatimento tomará conta de todos após o término da festa) ou um
processo que é simultâneo a outro (ele estava calado enquanto nos observava).
O particípio assume função de adjetivo quando caracteriza substantivos:
Tem comportamento destacado no dia-a-dia do Congresso.
Tem atuação destacada no dia-a-dia do Congresso.
- nota da ledora: quadro, de desenho, onde dois homens se cumprimentam
efusivamente, e um cola um cartaz nas costas do outro, sem ser percebido pelo
interlocutor, escrito: vendido.
Para ilustrar o risco de certas parcerias empresariais, o cartunista serviu-se do particípio
do verbo vender, com função de adjetivo.
O GERÚNDIO
Além da natureza verbal, pode desempenhar função de advérbio e de adjetivo.
Atua como verbo nas locuções verbais e orações reduzidas. Indica normalmente um
processo em curso ou prolongado:
Estou ouvindo o disco que você me deu.
Está estudando para melhorar profissionalmente.
Sua característica de advérbio pode ser percebida em frases em que indica circunstância
de modo:
Gritando muito, ela chamava pelo pai.
O uso do gerúndio com valor de adjetivo é menos comum. Ocorre quando se liga a um
substantivo, caracterizando-o:
"Eu vi o menino correndo
eu vi o tempo correndo ao redor do caminho daquele menino."(Caetano Veloso)
A forma composta do gerúndio tem valor de pretérito e indica processo já concluído no
momento em que se fala ou escreve:
Tendo feito, por telefone, várias reclamações que não foram atendidas, resolvi ir
pessoalmente à Administração Regional.
4 AS LOCUÇÕES VERBIAIS
As formas nominais dos verbos são muito utilizadas na formação das locuções verbais
ou perífrases verbais, conjuntos de verbos que, numa frase, desempenham papel
equivalente ao de um verbo único. Nessas locuções, o último verbo, chamado principal,
sempre é empregado numa de suas formas nominais; as flexões de tempo, modo,
número e pessoa se dão nos verbos auxiliares:
Nenhum aluno poderá sair antes do término da prova.
Está havendo uma profunda transformação na sociedade.
É provável que ele seja convocado para a Copa.
Começou a gritar sem nenhuma explicação.
- nota da ledora; anúncio da Monark, ( bicicletas e triciclos), na foto um bebe deitado
com as perninhas para o alto, lembrando o movimento de pedalar, no texto o seguinte:
LEMBRA QUANDO VOCÊ COMEÇOU A PEDALAR?
- fim da nota.
Locução verbal: começou a pedalar. Verbo principal (pedalar)
no infinitivo; as inflexões ocorrem no verbo auxiliar (começou).
Nossa língua apresenta uma grande variedade dessas locuções, que exprimem os mais
variados "tons" de significado. Os auxiliares ter e haver são empregados na formação
dos chamados tempos compostos, dos quais já falamos detalhadamente. Ser (estar, em
algumas construções) é usado nas locuções verbais que exprimem a voz passiva
analítica do verbo, da qual também já falamos. Poder e dever são auxiliares que
exprimem a potencialidade ou a necessidade de que determinado processo se realize ou
não. Observe:
Pode ocorrer algo surpreendente durante o jogo.
Deve ocorrer algo surpreendente durante o jogo.
Eles podem estudar.
Eles devem estudar.
A esses dois, podemos acrescentar querer, que exprime vontade, desejo:
Quero ver um novo país.
Outros auxiliares largamente usados são: começar a, deixar de, voltar a, continuar
a, pôr-se a; ir, vir e estar; todos ligados à noção de aspecto verbal, que
estudaremos a seguir.
5 ASPECTO VERBAL
Já sabemos que os verbos são capazes de transmitir informações relacionadas ao modo,
ao tempo, ao número, à pessoa e à voz. Uma outra informação que os verbos conseguem
transmitir diz respeito ao aspecto, ou seja, à duração do processo verbal.
Durante o estudo do valor e do emprego dos tempos verbais, você pôde perceber as
diferenças entre o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo: o primeiro
indica processos concluídos e localizados num momento ou período do passado; o
segundo, processos verbais cujos limites imprecisos sugerem que estavam em
desenvolvimento. Na verdade, a diferença básica entre esses tempos é de aspecto,
conceito que se liga à duração do processo verbal:
Quando o encontrei, saudei-o.
O aspecto é perfeito, porque o processo está concluído.
Quando o encontrava, saudava-o.
.O aspecto é imperfeito, porque o processo não tem limites claros, prolongando-se no
passado por período impreciso de tempo..
Se você voltar às considerações feitas sobre o valor dos tempos verbais, vai notar que
essa informação sobre a duração do processo verbal não é restrita aos pretéritos perfeito
e imperfeito do indicativo, mas também está presente em outros tempos. O presente do
indicativo e o presente do subjuntivo, por exemplo, apresentam aspecto imperfeito, pois
não impõem limites precisos ao processo verbal:
Tomo banho todos os dias.
Espera-se que ele tome banho todos os dias.
Já o pretérito mais-que-perfeito, como o próprio nome indica, apresenta aspecto perfeito
em suas formas do indicativo e do subjuntivo, pois traduz processos já concluídos e
anteriores a outros, também já concluídos:
Quando chegamos lá, encontramos a mensagem que o andarilho deixara (ou: tinha/havia
deixado) uma semana antes.
Se tivesse acordado antes, teria conseguido fazer o exame.
Outra informação aspectual que a oposição entre perfeito e imperfeito pode fornecer diz
respeito à localização do processo no tempo. Os tempos perfeitos podem ser usados para
exprimir processos localizados num ponto preciso do tempo:
No instante em que o vi, chamei-o.
Tinha-o saudado assim que o vira.
Já os tempos imperfeitos podem indicar processos freqüentes e repetidos:
Sempre que viajava, fazia detalhada revisão no carro.
O aspecto permite a indicação de outros detalhes relacionados com a duração do
processo verbal. Observe as frases a seguir:
Tenho tido dissabores em meu trabalho.
Esse tempo, conhecido como pretérito perfeito composto do indicativo, indica um
processo repetido ou freqüente, que se prolonga até o presente.
Estou trabalhando.
A forma composta pelo auxiliar estar seguido do gerúndio do verbo principal indica um
processo que se prolonga. É largamente empregada na linguagem cotidiana, não só no
presente, mas também em outros tempos (estava trabalhando, estive trabalhando, estarei
trabalhando, etc.). Em Portugal, costuma-se utilizar o infinitivo precedido da
preposição a em lugar do gerúndio (estou a trabalhar).
- nota da ledora: anúncio do repelente de insetos Autan; foto de uma mulher de biquíni,
na praia, e o seguinte texto: - Olha quem eu tô comendo no fim de semana - disse o
borrachudo para o pernilongo. Autan, salve sua pele.
- fim da nota.
Se a garota protegesse melhor o seu corpinho, o borrachudo não teria oportunidade de
empregar o gerúndio.
Tudo estará resolvido quando ele chegar.
Tudo estaria resolvido quando ele chegasse.
As formas compostas “estará resolvido” e “estaria resolvido”, conhecidas como futuro
do presente e futuro do pretérito compostos do indicativo, exprimem processo
concluído - é a idéia do aspecto perfeito que já conhecemos - ao qual se acrescenta a
noção de que os eleitos produzidos permanecem uma vez realizada a ação.
Os animais noturnos terminaram de se recolher mal começou a raiar o dia.
Nasduas locuções destacadas, mais duas noções ligadas ao aspecto verbal: a
indicação do término e do início do processo verbal.
Eles vinham chegando à proporção que nós íamos saindo.
As locuções formadas com os auxiliares vir e ir exprimem processos que se
prolongam.
Ele voltou a trabalhar depois de deixar de sonhar projetos irrealizáveis.
As locuções destacadas exprimem o reinício de um processo interrompido e a
interrupção de outro, respectivamente.
ATIVIDADES
1. Complete as lacunas com uma das formas nominais dos verbos apresentados.
a) ( ) as provas, teriam início as férias. (encerrar)
b) Saiu da sala ( ). (esbravejar)
c) ( ) os problemas, poderemos descansar. (resolver)
d) Eles vêm ( ) pela estrada principal; por isso, vou-me ( ) pela estrada secundária.
(vir; ir)
e) Haviam ( ) seus nomes nas paredes; agora, teriam de ( ) todas elas. (escrever; pintar)
f) Trouxe o livro para tu ( ). (examinar)
2. Explique as noções de aspecto transmitidas pelas formas verbais ou locuções
destacadas nas frases abaixo.
a) Só sairia quando tudo (estivesse terminado).
b) Sempre (dizia) a mesma coisa.
c) (Começou a chover) assim que vocês se (puseram a andar).
d) (Voltei a jogar) há duas semanas, depois de ter ficado seis meses inativo.
e) (Ando tentando mudar) de emprego, mas não (tenho conseguido) nada.
f) (Íamos notando) o adensamento da mata à medida que nos (aproximávamos) da
região da reserva.
g) (Venho) sempre aqui.
h) Não se (têm conseguido) bons resultados no combate à pobreza.
3. Complete as lacunas das frases abaixo com verbos auxiliares. Atente para as
indicações de tempo fornecidas em cada frase para completá-las corretamente.
a) ( ) vir aqui todos os sábados.
b) ( ) fazer ginástica depois de vários meses de ócio.
c) ( ) reclamar da vida quando percebi que aborrecia meus amigos.
d) Mal ( ) amanhecer, os apitos das fábricas () tocar.
e) ( ) feito o possível para realizar meus sonhos e ainda me restam muitos deles.
f) ( ) ser que nada disso seja decisivo para o país, mas ainda assim () ser feito.
TEXTO PARA ANÁLISE
Raízes
Rio de Janeiro No momento em que trapalhadas mil ocorrem por aqui, cismei de me
preocupar com os drusos. Não entendo de política internacional, mas acho estranhas
essas minorias que atravessam a história e não encontram um lar, uma gruta, um chão
que possam chamar de seu.
Não é bem o caso dos drusos, mas dos curdos, que estão sendo sacaneados pelos turcos
e, periodicamente, por outros povos. Mas não conheço nenhum curdo. Quanto aos
drusos eu os vi, na fronteira de Israel com o Líbano, no breve espaço de uma trégua
entre duas batalhas.
São homens altos, imponentes, as roupas invariavelmente brancas. Ao contrário
dos beduínos, que vivem amarrados ao deserto que é a pátria e a casa deles, os drusos
dão impressão de hóspedes educados que não querem atrapalhar ninguém, nem seus
hospedeiros nem seus vizinhos.
Houve época em que os drusos, como os curdos, não estavam em lugar nenhum.
Havia sempre uma fronteira separando dois irmãos da mesma raça. Precisavam de um
salvo-conduto para que um pudesse abraçar o outro.
Isso acontece em outros continentes onde há minorias que se recusam à integração, na
secular fidelidade às raízes que se perdem no tempo. Raízes que não penetram nenhum
chão, mas assim mesmo recolhem a seiva que lhes garante a teimosia e a sobrevivência.
Muitas vezes me sinto como um curdo ou um druso. Em anos mais difíceis, andei pelo
mundo com um papel amarelo que me identificava mais ou menos como apátrida. Ao
atravessar qualquer fronteira era obrigado a exibir o tal papel. Não sei o que tinham
contra ele: bastava mostrá-lo e logo se detonava um ritual complicado, apareciam
guardas com metralhadoras e cães farejadores.
E o meu problema não era falta de raízes.
Faltava-me apenas a capacidade de aderir à maioria que violentava meu gosto e meu
gesto.
(CONY. Carlos Heitor, In Folha de São Paulo, 02 mar I996)
TRABALHANDO O TEXTO
1. No trecho "...essas minorias que atravessam a história e não encontram um lar, uma
gruta, um chão que possam chamar de seu" (primeiro parágrafo) são empregados o
presente do indicativo e o presente do subjuntivo. Explique a diferença de valor que há
entre eles.
2. Qual o valor da forma verbal composta (estão sendo sacaneados) (segundo
parágrafo)?
3. ("Houve) época..." / ("Havia) sempre uma fronteira..." (quarto parágrafo). Dê o nome
dos tempos em que estão empregadas as formas verbais e explique a diferença de valor
entre ambas.
4. "Precisavam de um salvo-conduto para que um pudesse abraçar o outro." (quarto
parágrafo)
Fazendo as adaptações necessárias, reescreva a frase, substituindo precisavam por:
a) precisam;
b) precisaram;
c) precisarão.
5. "Em anos mais difíceis, andei pelo mundo com um papel amarelo, que me
identificava mais ou menos como apátrida." (sexto parágrafo)
Fazendo as adaptações necessárias, reescreva o trecho, substituindo andei por:
a) andarei;
b) só andarei.
6. A partir de "Não sei o que tinham…" (sexto parágrafo), há uma seqüência de verbos
no pretérito imperfeito do indicativo: tinham, bastava, detonava, apareciam, era, faltava
e violentava. Justifique o valor desse tempo no trecho em questão.
7. No último parágrafo do texto, o autor diz que não adere à vontade da maioria.
Você também se sente violentado em seu gosto e em seu gesto pela ditadura da maioria?
Comente.
QUESTÕES E TESTES DE VESTIBULARES
1(FUVEST-SP) "Ao trazer a discussão para o campo jurídico, o antigo magistrado
(tentou) amenizar o que (dissera); a rigor, no entanto, suscitou dúvidas cruéis: que quer
dizer 'por sua própria força'? (Será) a força física do posseiro, ou essa mais aquela que a
ela se soma pelo emprego de armas?"
Observando no texto as formas verbais destacadas, é correto concluir que:
a) tentou denota evento contemporâneo de dissera.
b) dissera situa o evento em ponto do tempo anterior a (tentou).
c) (será) indica evento imediatamente posterior a (tentou).
d) (soma) situa o evento referido no mesmo ponto do tempo indicado em (será).
e) (dissera) descreve o quadro em que ocorrem os eventos denotados pelas
demais formas.
2 (FUVEST-SP)
"() O antropólogo Claude Lévi-Strauss detestou a Baía de Guanabara .
Pareceu-lhe uma boca banguela.
E eu, menos a conhecera mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, de tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?"
(Caetano Veloso, O estrangeiro.)
a) Na linguagem literária, muitas vezes, o mais-que-perfeito do indicativo substitui
outras formas verbais, como no verso: "E eu, menos a conhecera mais a amara?".
Reescreva-o, usando as formas que o mais-que-perfeito substituiu.
b) Tanto (sou) como (é) são formas de presente do indicativo. Apesar disso, a visão de
tempo que elas transmitem não é a mesma em uma e outra. Em que consiste essa
diferença?
3) (FUVEST-SP) "Por onde passava, ficava um fermento de desassossego, os homens
não reconheciam as suas mulheres, que subitamente se punham a olhar para eles, com
pena de que não tivessem desaparecido, para enfim poderem procurá-los. Mas esses
mesmos homens perguntavam, lá se foi, com uma inexplicável tristeza no coração, e se
lhes respondiam, Ainda anda por aí, tornavam a sair com a esperança de a encontrar
naquele bosque, na seara alta, banhando os pés no rio ou despindo-se atrás dum
canavial, tanto fazia, que do vulto só os olhos gozavam, entre a mão e o fruto há um
espigão de ferro, felizmente ninguém mais teve de morrer."
(José Saramago, Memorial do convento.)
Nesta narrativa, o emprego predominante do imperfeito do indicativo visa a:
a) destacar os elementos descritivos inseridos, trazendo-os para o primeiro plano.
b) apresentar a peregrinação de Blimunda como um fenômeno dinâmico e continuo.
c) desenhar como pano de fundo os traços de cenário em que decorre a ação.
d) marcar o tom dissertativo, em contraposição ao tom descritivo dos trechos em que
ocorre o perfeito.
e) levar a entender Blimunda como personagem consciente do decorrer do tempo.
4 (FUVEST-SP)
"Folha - De todos os ditados envolvendo o seu nome, qual o que mais lhe agrada?
Satã - O