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TÓPICOS ESSENCIAIS EM GESTÃO DE PROJETOS Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Mariana de Freitas Coelho CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Tathyane Lucas Simão Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa Prof. Ivan Tesck Revisão de Conteúdo: Augusto Geller Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2017 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.421 C672t Coelho, Mariana de Freitas Tópicos essenciais em gestão de projetos / Mariana de Freitas Coelho. Indaial : UNIASSELVI, 2017. 125 p. : il. ISBN 978-85-69910-45-9 1. Administração Empresarial. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci Mariana de Freitas Coelho Mestre em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais e especialista em Elaboração, Gestão e Avaliação de Projetos Sociais pela mesma instituição. Atuou como professora de cursos técnicos e superior em instituições como o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, a Universidade Federal de Minas Gerais e a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Atuou profi ssionalmente como coordenadora e gestora de projetos no setor de turismo e web. Participou dos principais eventos de Administração em âmbito nacional e internacional e possui mais de vinte artigos publicados em periódicos científi cos sobre temas de gestão, marketing e turismo. Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 O Gestor de Projetos e suas Habilidades: Um Contexto de Ética e de Responsabilidade Profissional .....................9 CAPÍTULO 2 Modelo Geral para o Gerenciamento de Projetos .........35 CAPÍTULO 3 As Fases de um Projeto: Iniciação, Planejamento, Execução, Controle e Encerramento ...............................59 CAPÍTULO 4 O Modelo PMBOK de Gestão de Projetos ........................81 CAPÍTULO 5 As Áreas do Conhecimento e seus Aspectos Estruturais na Gestão do Conhecimento .......................103 APRESENTAÇÃO Este livro servirá como uma iniciação ao mundo dos projetos. Todos nós já participamos de um projeto em algum momento de nossas vidas, seja durante a feira de ciências na escola, na organização de uma festa de aniversário, no planejamento de compras familiares, ou até mesmo em projetos novos ou antigos do trabalho. Alguns projetos são mais simples, outros mais complexos e, por isso, é necessário entender o que a teoria e as boas práticas podem nos ensinar para tornar a gestão de um projeto em algo sério, eficiente e profissional. Assim, vamos aos poucos conhecer esse tópico cada vez mais valorizado nas empresas. Primeiramente, vamos conhecer as habilidades necessárias aos profissionais no contexto empresarial e entender como uma postura ética é a base para um projeto bem-sucedido. No segundo capítulo começaremos a entender o que é um projeto e como ele pode ser desenvolvido a partir de um modelo geral de gerenciamento. No terceiro capítulo aprenderemos as fases de um projeto, desde a iniciação até o planejamento, controle e encerramento. No quarto capítulo nos aprofundaremos em uma das ferramentas mais conhecidas e renomadas mundialmente, o modelo PMBOK para gestão de projetos. Finalmente, o quinto capítulo fecha esta disciplina falando sobre as áreas do conhecimento e a gestão do conhecimento. Com isso, você terá um start para trabalhar na área de gestão de projetos nas mais variadas áreas de atuação profissional. O livro também é repleto de material complementar, com atividades, indicações de livros, links externos e filmes relacionados, que podem aumentar ainda mais seu conhecimento sobre uma das áreas mais reconhecidas nas organizações: a gestão de projetos. Espero que você se envolva nesse projeto com muita seriedade e que encontre nesta disciplina uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Encare esta disciplina como um novo projeto, divertido e bem-humorado, acompanhado por mim e pelo Leo, a mascote da UNIASSELVI. Mantenha a mente aberta e uma postura proativa e bons estudos! CAPÍTULO 1 O Gestor de Projetos e Suas Habilidades: Um Contexto de Ética e de Responsabilidade Profissional A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Diferenciar as habilidades técnicas, humanas e gerenciais. Elencar o papel e os desafi os do gestor de projetos. Apresentar a ética e a responsabilidade profi ssional. Distinguir a gestão de projetos de outros tipos de gestão. Refl etir sobre a ética em seu contexto organizacional. 10 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos 11 O GESTOR DE PROJETOS E SUAS HABILIDADES: UM CONTEXTO DE ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Capítulo 1 ContextualiZação Este capítulo é muito importante para iniciarmos nossas conversas sobre a gestão de projetos. Dois fatores são primordiais para que um projeto seja bem-sucedido. O primeiro é a equipe que compõe o projeto, ou seja, os recursos humanos necessários para seu desenvolvimento. O segundo é o ambiente onde o projeto é desenvolvido. Simplesmente, sem entender estes dois aspectos não é possível desenvolver um projeto de qualidade. Por isso, um bom gestor de projeto precisa de algumas habilidades para chegar ao seu objetivo. Este capítulo ressalta as habilidades necessárias para as pessoas que participam de uma organização e as habilidades requeridas para um gestor de projetos. Será que todos nós temos as mesmas habilidades? Nascemos com elas ou elas podem ser aprendidas? Justamente em função desta pluralidade de características pessoais e dif- erentes culturas organizacionais, é básico entender a ética como um elemento que deve estar presente no ambiente profi ssional. Ou seja, agir de maneira re- sponsável deve permear a ética e o respeito ao próximo. Então, encare este capítulo como um ponto de partida para conhecê-lo mel- hor e conhecer o ambiente em que vive e trabalha. A partir disso, você poderá refl etir se precisa ou não desenvolver outras habilidades e reconhecer suas re- sponsabilidades. O conhecimento humano que despertar neste capítulo será aprofundado ao longo do livro. Também retomaremos a discussão no último capítulo, haja vista a centralidade das pessoas nas organizações. Não existem empresas sem pessoas e talvez o real desafi o da gestão de projetos seja justamente a gestão das pes- soas. As OrGaniZaçÕes Você já parou para pensar o que são organizações? Uma organização é formada por uma ou mais pessoas em busca de um objetivo comum. As organizações são entidades que podem variar de tamanho, área de atuação, objetivos e outros (MAXIMIANO, 2002). Existem ao menos três tipos distintos de organizações, apresentadas no Quadro 1. Dois fatores são primordiais para que um projeto seja bem-sucedido. O primeiro é a equipe que compõe o projeto Uma organização é formada por uma ou mais pessoas em busca de um objetivo comum. 12 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Quadro 1 – Tipos de organizações Fonte: Adaptado de Chiavenato (2003). Entenda o que é uma OSCIP: <http://www.sebrae.com.br/ sites/PortalSebrae/bis/oscip-organizacao-da-sociedade-civil-de- interesse-publico,554a15bfd0b17410VgnVCM1000003b74010aRC RD> Ainda, não podemos nos esquecer das organizações informais. As organizações informais são aquelas que não são registradas formalmente por meio de documentos, normas, CNPJ eoutros, isto é, os relacionamentos criados são espontâneos. Há diversas comunidades informais que também são organizações. Por exemplo, associações de bairro, grupos religiosos, times amadores de futebol, associações de pais. E também há algumas pessoas que prestam serviço na informalidade, é o caso, por exemplo, de alguns vendedores ambulantes, 13 O GESTOR DE PROJETOS E SUAS HABILIDADES: UM CONTEXTO DE ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) De quais organizações você faz parte? Liste ao menos três organizações de que você participa. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ “A corporação é uma pessoa”. Qual é a sua opinião sobre a afi rmação? Há organizações que podem ser conduzidas por apenas uma pessoa? Pesquise sobre o microempreendedor individual. catadores, prestadores de serviço (limpeza, consertos etc.). Pamplona (2013) defi ne que o setor informal detém situações como trabalhadores por conta própria, pequenos empregadores e caracteriza-se como forma de produzir autoemprego para a geração de renda. Por fi m, há também as instituições. Instituições são sistemas duráveis que envolvem um conjunto de normas, valores, regras e sua evolução (VEBLEN, 1899). Uma instituição é uma organização que passou por um processo de institucionalização, isto é, ela foi aceita e reconhecida como legítima pela sociedade. Alguns exemplos de instituições são igrejas, universidades, sindicatos dos trabalhadores, escolas, bancos e até mesmo a família e o casamento. Instituições são sistemas duráveis que envolvem um conjunto de normas, valores, regras e sua evolução Uma empresa deve planejar e desenvolver projetos para alcançar seus objetivos. Agora que você refl etiu sobre as organizações de que participa, por que conhecer as organizações é importante? Você se lembra de qual é o conceito de organização? As organizações são formadas por uma ou mais pessoas em torno de um objetivo comum. Com isso, saber onde quer chegar é muito importante para qualquer empresa. E é aí que entram os projetos. Uma empresa deve planejar e desenvolver projetos para alcançar seus objetivos. 14 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos As Habilidades Nas organizações, as pessoas têm a possiblidade de desenvolver suas habilidades. Há três tipos de habilidades: as habilidades técnicas, as habilidades humanas e as habilidades conceituais, apresentadas no Quadro 2. Quadro 2 - Tipos de habilidades profi ssionais Fonte: Adaptado de Chiavenato (2003). Existem profi ssões que são extremamente técnicas. Um engenheiro civil, por exemplo, desenvolve a capacidade de projetar prédios a partir de cálculos extremante específi cos. Médicos, enfermeiros, dentistas e fi sioterapeutas aprendem métodos para cuidar da saúde dos pacientes. Isto quer dizer que nem todo mundo possui habilidades técnicas para atuar como profi ssional de alguma área. Às vezes é necessário um diploma, mas há habilidades técnicas que podem ser desenvolvidas com o tempo, de maneira autodidata ou com o auxílio de outros. Por exemplo, utilizar o Excel, aprender um idioma ou fazer o jardim de uma casa. Pessoas com habilidades humanas apresentam facilidade de relacionamento interpessoal e grupal, ou seja, compreendem as atitudes e as motivações das pessoas. Em geral, pessoas com habilidades humanas são bons líderes, capazes de infl uenciar sua equipe, prestadores de serviços e outras partes interessadas na atividade de uma organização. Já as habilidades conceituais se relacionam com a capacidade dos gestores de verem o todo e as partes, isto é, ao se ter noção do todo da organização é mais fácil entender como ela está funcionando. Essa capacidade é importante para estabelecer estratégias e parcerias entre a empresa e outras partes interessadas. Entre ações relativas a habilidades conceituais está a capacidade de tomar decisões estratégicas, planejamento e o estabelecimento de metas e objetivos. 15 O GESTOR DE PROJETOS E SUAS HABILIDADES: UM CONTEXTO DE ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Capítulo 1 Por exemplo, um diretor de uma empresa de telefonia pode estabelecer o objetivo de aumentar a satisfação dos clientes com os Serviços de Atendimento ao Consumidor (SAC). Para tanto, além de entender como o serviço de SAC funciona na empresa, ele precisa ter noções sobre todos os processos empresariais e os possíveis problemas enfrentados por ela. Para atingir o objetivo, ele pode propor uma meta de melhorar em 30% as avaliações boas e ótimas recebidas pelos atendentes. Para isso, o sistema de avaliação dos atendentes deve funcionar como uma atividade-chave para a mensuração da meta. Isto é, a empresa deve possuir ou criar um sistema que avalie cada serviço de atendimento ao consumidor. Uma meta se difere de um objetivo justamente por ser mensurável, ou seja, ela deve ser medida e monitorada para saber se a primeira foi alcançada. Com isso, o diretor precisa entender vários setores e processos da empresa para trabalhar de maneira estratégica e conceitual, mas também precisa se relacionar com outros gestores e funcionários para conseguir alcançar seu objetivo. A Figura 1 demonstra as habilidades pessoais necessárias conforme os cargos ocupados na organização. Figura 1 - As habilidades pessoais e sua relação com o nível de atuação Fonte: Adaptado de Chiavenato (2003). No nível operacional de uma empresa, é comum que os funcionários desenvolvam habilidades técnicas. Por exemplo, um técnico eletricista precisa saber conduzir a manutenção corretiva dos equipamentos de uma indústria. Porém, ele também precisa se relacionar com outros funcionários da empresa, atender às solicitações dos superiores e trabalhar com seu par. Com isso, Uma meta se difere de um objetivo justamente por ser mensurável, ou seja, ela deve ser medida e monitorada para saber se a primeira foi alcançada. 16 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos as habilidades técnicas são imprescindíveis, mas as humanas também são importantes, e apesar de menores, não quer dizer que as habilidades conceituais não existam. Atividade de Estudos: 1) Agora, suponhamos que este técnico tenha concluído um curso superior e, por ter efetuado um bom trabalho na empresa, ele tenha sido promovido à gerência intermediária. Isto garante que ele será um bom gestor? ___________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Se observarmos a Figura 1, um gestor precisa se relacionar tanto com o nível operacional tanto quanto com o nível da alta direção. Ou seja, o gestor intermediário precisa de habilidades que permitam a ele conversar e infl uenciar chefes e subordinados. Para tanto, ele precisa desenvolver um mix de habilidades, ou seja, precisa ter habilidades técnicas, humanas e conceituais. Se o eletricista que citamos continuar sendo um ótimo técnico, mas não se preocupar com as outras habilidades que precisa ter para um cargo de gerência, ele pode não conseguir atuar de maneira efi ciente. Por fi m, pessoas da alta direção, como um diretor ou proprietário da empresa, precisam se preocupar com a imagem da empresa, as parcerias que são feitas, a estrutura e os objetivos estratégicos da organização. Para isso, fazer uso de teorias, ideias e conceitos pode ajudar na manutenção e competitividade da empresa. Além disso, as habilidades humanas para fechar contratos, lidar com os gerentes, fornecedores, acionistas. Por isso, em alguns casos os membros da gerência e da alta direção são criticados por não possuírem domínio técnico. No entanto, em geral, gestores e diretores precisam de habilidades diferentes para garantir a competitividadeda organização. 17 O GESTOR DE PROJETOS E SUAS HABILIDADES: UM CONTEXTO DE ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) Quais são as diferenças entre as habilidades humanas, técnicas e conceituais? Quais habilidades um gestor de projetos que trabalha no nível intermediário de uma empresa de construção civil precisa ter? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ O Papel e os Desafios do Gestor de Projetos Agora que já vimos as principais habilidades necessárias no contexto organizacional e conceitos básicos sobre os tipos de organização, podemos começar a discutir o posicionamento do gestor de projetos neste contexto. De acordo com o Project Management Institute (2010), Instituto de Gerenciamento de Projetos e ferramenta de gestão de projetos que estudaremos nesta disciplina, o gestor de projetos precisa desenvolver 11 habilidades. 1) Liderança. 2) Trabalho em equipe e administração de confl itos. 3) Tomada de decisão. 4) Criatividade. 5) Adaptação a mudanças. 6) Tratativa com fornecedores. 7) Habilidades de negociação. 8) Capacidade de comunicação escrita e verbal. 9) Organização de tarefas e planejamento. 10) Foco no cliente. 11) Orientação a resultados. 18 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Atividade de Estudos: 1) Quais habilidades listadas pelo PMBOK você classifi caria como habilidades técnicas? E como habilidades conceituais? E relacionais? ___________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Fica claro que um gestor de projetos precisa desenvolver várias habilidades no contexto organizacional, visto que desempenha uma atividade complexa e repleta de variáveis internas e externas à organização que interferem no processo de gestão. Porém, não há consenso na literatura e no mercado sobre quais são as habilidades requeridas para um gestor de projetos. Em um blog sobre gestão de projetos, por exemplo, Thassia Vaz lista sete habilidades essenciais para um gestor de projetos. As sete habilidades do gestor de projetos: 1) Organização, 2) Liderança, 3) Comunicação; 4) Negociação; 5) Gerenciar crise; 6) Resolução de Problemas e tomada de decisão e 7) Persistência. Já no blog O Gerente de Projetos, Armando Terribli Filho apresenta uma pesquisa da PMSURVEY.ORG de 2013, em que, no Brasil, as principais habilidades reconhecidas como necessárias para um gestor de projetos, segundo respondentes de mais de 650 organizações, são: 1. Comunicação – 60%. 2. Liderança – 50%. 3. Negociação – 41%. 4. Conhecimento em gestão de projetos – 35,2%. 5. Capacidade de integrar as partes – 29,2%. 6. Gerenciamento de confl itos – 26,5%. 7. Trabalho em equipe – 24,9%. 8. Iniciativa – 24,3%. 9. Conhecimento técnico – 23,8%. 10. Organização – 15,3%. 11. Política – 9,6%. Domínio de Ferramentas de Gestão de Projetos – 8,2%. 19 O GESTOR DE PROJETOS E SUAS HABILIDADES: UM CONTEXTO DE ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Capítulo 1 O Leo deixou o link dos sites citados para você estudar um pouco mais! Sites: <http://www.projectbuilder.com.br/blog-pb/entry/carreira/ as-7-habilidades-essenciais-do-gerente-de-projetos>. <https://ogerentedeprojetos.com/>. Stakeholders são todas as partes interessadas em um projeto ou organização, sejam eles internos ou externos. Por exemplo, se o meu projeto é abrir um novo curso de pós-graduação na UNIASSELVI, os stakeholders podem ser alunos, professores, fornecedores de material didático, empresas, governo, bancos e vários outros que possuem interesse direto ou indireto sobre a atividade. Como já dissemos, pelo fato de as organizações poderem variar de tamanho, estrutura e fi ns, habilidades distintas podem ser necessárias para que seu projeto seja bem-sucedido. Portanto, o ideal é entender o negócio da sua empresa e fi car atento aos processos necessários no seu ambiente de trabalho. Por exemplo, quantos fornecedores são necessários para desenvolver um único produto na sua empresa? E quantos itens são requeridos para fazer o mesmo produto? Qual é o prazo médio desde o pedido até a entrega do produto ao cliente? Qual é o custo de produção do produto? E qual é o lucro da empresa? Quanto mais você entender sobre os processos e áreas da sua empresa, maiores as chances de desenvolver o projeto prevendo ao menos dois aspectos importantes: 1) a capacidade da empresa de atender ao pedido do cliente; 2) as limitações da empresa para atender ao mesmo pedido/projeto. Conhecer a sua empresa e seus colegas são os primeiros passos para entender quais habilidades você precisa para gerir seus projetos. Um bom gestor deve reconhecer as habilidades de sua equipe para saber delegar funções de maneira assertiva. Por outro lado, também é preciso entender o contexto em que se atua, ou seja, seu ambiente externo e seus stakeholders. 20 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos O gestor de projetos deve ser visto como um elemento conector de vários relacionamentos com stakeholders. Ele precisa se relacionar com os clientes e considerar as necessidades e desejos dos mesmos, mas também deve considerar os objetivos da empresa em que se insere (REGO; SILVA, 2012). A Figura 2 mostra os possíveis stakeholders de um gestor de projetos. Figura 2 - Stakeholders de um projeto Fonte: A autora. Agora, você é capaz de entender o papel de um gestor de projetos, uma vez que ele atua como uma ponte entre os interessados internamente na empresa e os stakeholders externos à organização. Tudo isso visando atingir os objetivos organizacionais (aumento dos lucros, atingimento de metas, manter uma boa imagem e reputação organizacionais, entregar os pedidos dentro do prazo, entre outros). Mas, sabendo das habilidades e da centralidade do gestor dos projetos nas organizações, quais seriam suas responsabilidades? Em geral, as responsabilidades de um gestor de projetos se relacionam com suas obrigações quanto às atividades que precisam ser desenvolvidas, resultados esperados, uso dos recursos e padrão de conduta (MAXIMIANO, 2002). Ao realizar qualquer projeto, o gerente é responsável por sua execução ao longo de todo o trabalho, desde a ideia inicial até a entrega dos resultados para os clientes (REGO; SILVA, 2012). Em outras palavras, a responsabilidade de um gestor de projetos é assegurar que o projeto seja realizado dentro de todos os padrões de desempenho, desde as metas até os prazos e custos Em geral, as responsabilidades de um gestor de projetos se relacionam com suas obrigações quanto às atividades que precisam ser desenvolvidas, resultados esperados, uso dos recursos e padrão de conduta 21 O GESTOR DE PROJETOS E SUAS HABILIDADES: UM CONTEXTO DE ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Capítulo 1 (MACHADO, 2009). No entanto, imprevistos e difi culdades podem surgir durante o desenvolvimento de projetos, e mesmo o gestor mais habilidoso e com experiência pode ter que conviver com um ambiente de mudanças. Por isso, gerir projetos requer resiliência, ou seja, enfrentar problemas, desafi os e momentos de adversidade, com a capacidade de se adaptar ou evoluir. Machado (2009, p. 32) cita que “Um dos grandes desafi os do gerente de projetos é saber dosar a adequada atenção aos elementos constituintes do sistema do projeto. Muitos elementos do projeto podem ter pouco relacionamento direto com o sistema que está sendo trabalhado, porém, podem ser críticos para o seu sucesso”. Os desafi os do gestor deprojetos 1) O projeto não começa na data marcada Uma vez que todo o planejamento do projeto está feito em torno de uma data defi nida, um atraso no início do projeto, causado por fatores comuns, como composição de equipe do projeto, requisitos ainda não fechados ou orçamento não liberado, deveria alterar facilmente essa data. O que ocorre, na prática, é o “congelamento” da referida data, impulsionado por uma expectativa de conclusão do projeto por parte do cliente, por sua vez refl etida diretamente nas áreas decisórias das organizações. Assim, o gerente do projeto já inicia o seu trabalho com atividades em atraso e a ação primordial que ele deve tomar, nessa situação, é documentar muito bem o fato e deixar tanto o cliente quanto o executivo da sua organização cientes do problema, além de procurar defi nir um tratamento de ajuste que possa reverter essa situação ao longo do projeto e implementá-lo o quanto antes. 2) O projeto tem objetivos nebulosos Para projetos cujos objetivos ainda não estão claramente defi nidos, comumente caracterizados quando o cliente ainda não apresenta a verdadeira noção do que pretende realizar, é fundamental que o gerente do projeto procure entender claramente qual será o resultado fi nal, uma vez realizadas todas as atividades previstas, e, a seguir, buscar alinhar sua visão do projeto à do cliente, explicitando todos os pontos duvidosos ou ainda sem 22 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos defi nição. O projeto tem requisitos mal defi nidos. Outro caso comum surge nas regras ou especifi cações dos projetos, quando estas não se encontram bem defi nidas, com ambiguidades ou incompletas. Nesse caso, cabe ao gerente do projeto descobrir quais são esses pontos e, ao fazer a lista de riscos, apontar de forma clara que determinadas atividades estão com as regras de execução em aberto e que isso pode impactar nos prazos do projeto. Ao se fazer a lista de riscos, o gerente pode identifi car o tratamento certo para esse risco (mitigar, evitar, transferir ou aceitar) ou, simplesmente, pode tratar essas regras pendentes como pré-requisitos para que o projeto continue a partir deste determinado ponto. 3) Constante mudança de escopo É o mais comum dos problemas enfrentados em todos os projetos. Seus efeitos podem gerar até o alargamento dos objetivos do projeto, e, portanto, devem ser analisados por completo. Uma regra básica para o gerente é entender que toda mudança, por menor que seja, gera algum impacto para o projeto, seja um replanejamento que deverá ser feito, um prazo que vai ter que aumentar, um acréscimo na alocação de horas da equipe etc. Será mais prático para o gerente lidar com esse tipo de problema se ele elaborar um fl uxo de mudanças bem defi nido, documentando toda e qualquer mudança e suas respectivas consequências para o projeto, inclusive medindo os pesos das mudanças em termos de esforço, prazo e custo, e apresentá-lo ao cliente para que este fi que alinhado aos impactos gerados. Dessa forma, o gerente evita que o seu projeto vá para o vermelho. Fonte: Disponível em: <http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/cronicas/ observa/pdf/03_gerenteprojetos.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. Neste áudio de cinco minutos, você vai entender os desafi os dos projetos e entender porque os projetos são difíceis para todos nós. <http://www.ricardo-vargas.com/pt/podcasts/projectchallenges/>. Neste áudio de cinco minutos, você vai entender os desafi os dos projetos e entender porque os projetos são difíceis para todos nós. <http://www.ricardo-vargas.com/pt/podcasts/projectchallenges/>. 23 O GESTOR DE PROJETOS E SUAS HABILIDADES: UM CONTEXTO DE ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Capítulo 1 Depois de entender que os desafi os fazem parte da rotina de um gestor de projetos, vamos aprender como conduzir um projeto de maneira ética e responsável. Ética e Responsabilidade Profissional Antes de tudo, você deve se perguntar: por que devo estudar ética e reponsabilidade profi ssional em um curso de tópicos essenciais de gestão de projetos? Respondendo de uma maneira simplifi cada: porque a ética é um tema essencial para a gestão e o convívio em sociedade. Mas de forma mais abrangente, devemos considerar todas as mudanças e as particularidades pessoais e organizacionais que vimos anteriormente no capítulo. Estudamos que as pessoas têm habilidades diferentes em ambientes de negócio distintos. Vimos também que uma organização é composta por diversas pessoas que possuem um objetivo em comum. Agora, como conviver com os diversos objetivos pessoais se devemos considerar tanto a empresa e os stakeholders para a tomada de decisões e desenvolvimento dos projetos? A resposta é simples: é necessário tanto atuar de maneira responsável e permeado pela ética, quanto utilizar suas habilidades para exercer bem sua profi ssão. A ética é o estudo do comportamento humano e tem como objetivo estabelecer níveis de convivência aceitáveis entre os indivíduos de uma sociedade (BORGES; MEDEIROS, 2007). Ela deve estar presente em seu cotidiano, em sua profi ssão, e nos seus relacionamentos pessoais e empresariais. A ética no meio empresarial é denominada ética profi ssional. A ética é ainda indispensável ao profi ssional, porque na ação humana “o fazer” e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à efi ciência que todo profi ssional deve possuir para exercer bem a sua profi ssão. O agir se refere à conduta do profi ssional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profi ssão (OLIVEIRA, 2012, p. 50-51). Agir eticamente é saber conviver em sociedade, aceitando o conjunto sem perder os valores individuais e visando ao crescimento coletivo. “E esse A ética é o estudo do comportamento humano e tem como objetivo estabelecer níveis de convivência aceitáveis entre os indivíduos de uma sociedade 24 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos crescimento, obtido pela ação ética consciente, reveste-se como indicador e diferencial indispensáveis não só na atuação das pessoas, mas de empresas e profi ssionais” (BORGES; MEDEIROS, 2007, p. 64). Contudo, apesar de parecer simples, atuar com ética é refl etir sobre o comportamento humano e identifi car constantemente o que é correto ou incorreto e construtivo ou destrutivo em um contexto sociocultural e histórico. Em suma, a ética depende do conjunto de valores, normas e características socioculturais, em que o indivíduo tenta aproximar aquilo que pensa daquilo que faz, considerando os benefícios e a qualidade de vida de maneira coletiva (VALLS, 2006). “A ética profi ssional pode, então, ser conceituada como o conjunto de condutas técnicas e sociais exigidas por uma determinada classe aos membros que a ela são ligados. A obediência ao código de conduta identifi ca o profi ssional como ético, e ele, por seu comportamento, alcança o reconhecimento dos demais membros da própria classe e da sociedade em geral” (BORGES; MEDEIROS, 2007, p. 64). O professor Mário Sérgio Cortella fala sobre a ética e a moralidade no vídeo de uma maneira bem didática <https://www. youtube.com/watch?v=vjKaWlEvyvU>. Confi ra! Mário Sérgio Cortela afi rma que ética é a junção de valores e princípios que usamos para decidir as três grandes questões da vida: 1) quero; 2) devo e 3) posso. Seu posicionamento vai ao encontro do pensamento de Valls (2006), o qual afi rma que ser ético signifi ca viver em coerência com um princípio ético, aproximando o que um indivíduo pensa com aquilo que ele faz. Todas as ações que tomamos que estão em contraposição com um princípio ético são ações antiéticas. Ser ético signifi ca viver em coerência com um princípio ético, aproximando o que um indivíduo pensa com aquilo que ele faz. Todas as ações que tomamos que estão em contraposição com um princípio ético são ações antiéticas. Outro conceito-chave quando falamosde ética é a moral. A moral é a prática de uma ética, isto é, “a moral corresponde às normas que orientam o comportamento prático, enquanto a ética consiste na ciência que realiza a avaliação crítica da 25 O GESTOR DE PROJETOS E SUAS HABILIDADES: UM CONTEXTO DE ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Capítulo 1 Quadro 3 – Moral, Imoral e Amoral Fonte: A autora. Atividade de Estudos: 1) Assista a um vídeo introdutório sobre a ética profi ssional. <https://www.youtube.com/watch?v=kdy4d-8V0Zc>. A partir do vídeo, pense em três exemplos de práticas que envolvem uma conduta ética que você considera importante na sua profi ssão. Atividades ÉTICAS no contexto profi ssional 1. 2. 3. Agora cite três situações antiéticas apresentadas no vídeo. Atividades ANTIÉTICAS no contexto profi ssional 1. 2. 3. moral. Portanto, ética é o tratado da moral, o estudo das escalas de valores do bem e do mal, do certo e do errado” (FLACH, 2007). 26 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Flach (2007) cita diversas situações de comportamentos antiéticos nas organizações: - Assédio moral: comunicativa hostil, em que um ou mais indivíduos coagem uma pessoa de tal forma que esta é levada a uma posição de fraqueza psicológica. - Inveja: um desejo de possuir o bem de outrem, ou ainda, como o pesar ou desgosto ante a propriedade alheia. - Mentira: deformações intencionais sobre o verdadeiro elaboradas por alguém que conhece a verdade. - Fofoca: notícia anônima de um fato ou acontecimento, e que se espalha publicamente. Nos estudos de Flach (2007), os fatores que geram comportamentos antiéticos, como fofocas, mentira, inveja e assédio moral nas organizações, são: • defesa ou afi rmação de personalidade; • manutenção do cargo e do emprego; • competição acirrada; • individualismo exacerbado; • tolerância a injustiças; • impunidade. Já os efeitos resultantes de comportamentos antiéticos, conforme Flach (2007), podem ser: • depreciação da imagem da organização; • desmotivação dos funcionários; • aumento do absenteísmo; • perda da qualidade de vida no trabalho; • doenças; • confl itos internos; • competições paralelas. Além dos fatores citados, há diversos outros comportamentos antiéticos em organizações, que vão desde corrupção, nepotismo, privilégios, abusos de poder, até assédio sexual, depredação física, trabalho escravo e muitos outros comportamentos que ferem os códigos de ética e de conduta. E então, já parou para pensar se você tem ou já teve alguma postura antiética em seu contexto profi ssional? E em seu contexto social? Há algo que pode ser feito para alterar esse comportamento? 27 O GESTOR DE PROJETOS E SUAS HABILIDADES: UM CONTEXTO DE ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Capítulo 1 Um livro para começar a aprofundar sobre a ética no contexto profi ssional está disponível gratuitamente no link a seguir: <http:// assis.ifpr.edu.br/wp-content/uploads/2014/11/%C3%89tica-e- Rela%C3%A7%C3%B5es-Interpessoais.pdf>. ARANTES, E. Ética e relações interpessoais. Instituto Federal do Paraná: Curitiba, 2013. Atividade de Estudos: 1) Psicologia do Comportamento – Você é feliz com suas escolhas? Leia as sentenças e responda atribuindo nota de 1 a 7, sendo 1 discordo totalmente e 7 concordo plenamente. As notas 2 a 6 são intermediárias. Você pode marcar qualquer número entre 1 e 7. Não há resposta correta. Um tema que vem sendo muito discutido nas organizações e interfere em sua postura profi ssional e ética é a felicidade. Portanto, preparamos uma atividade para você se conhecer melhor. Ainda, assim como nos contos e estórias que escutamos desde criança, possui uma moral que nos faz refl etir sobre o nosso cotidiano. Vamos começar? Afi rmativa Discordo < > Concordo Quando estou diante de uma decisão, fi co imaginando todas as possibilidades, mesmo as que não estão presentes no momento. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Não importa o quanto estou satisfeito com o meu trabalho, é sempre bom fi car atento à procura de coisa melhor. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Quando estou satisfeito com algo que me relaxa, tal como ouvir uma música, fi co trocando de canal para encontrar algo melhor para ouvir. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Quando estou diante da televisão, fi co olhando outros canais até encontrar algo que prenda um pouco minha atenção. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) 28 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Nos meus relacionamentos interpessoais, trato as pessoas como se fossem roupas: experimento várias para encontrar aquela que vai me vestir melhor. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Quando quero dar um presente para um amigo, tenho muita difi - culdade para escolher, pois me preocupo se ele vai gostar ou não. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Se vou alugar um fi lme ou comprar roupas, tanto faz. Fico muito indeciso com relação ao meu gosto. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Sou fã de carteirinha dos melhores cantores, dos melhores fi lmes, dos melhores atletas, dos melhores professores, das melhores novelas. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Quando quero escrever uma carta para um amigo ou parente, tenho difi culdades de passar meus pensamentos e fi co fazendo rascunhos, mesmo de coisas simples do dia a dia. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Não importa o que faço, tenho as melhores impressões sobre mim mesmo. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Nunca me contento com o segundo lugar em algo que eu faça. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Sempre me imagino vivendo de outra forma, diferente da que eu vivo atualmente. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Total Agora some os pontos que você atribuiu a cada uma das respostas. Se você somar mais de 48 pontos, existe uma tendência a ser obcecado pelo materialismo e pelo imediatismo. Caso você obtenha mais de 72 pontos, muito cuidado, a falta de agregado de sustentabilidade dos valores pode lhe arrastar para uma depressão. O interessante é que pensam fazerem as melhores escolhas e sendo mais objetivos, no entanto, vivem um sentimento de angústia, de insatisfação e normalmente se veem infelizes. Quando se comparam a outras pessoas, não sentem prazer e tendem a fi car arrependidos. Perdem mais tempo na vida escolhendo, logo, são mais ansiosos. A moral dessa atividade é: até mesmo as nossas escolhas devem ter limites. Opções ilimitadas não trazem satisfação e são frutos de ansiedade. A outra ideia é permitir a refl exão sobre 29 O GESTOR DE PROJETOS E SUAS HABILIDADES: UM CONTEXTO DE ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Capítulo 1 regras no cotidiano da vida voltadas a valores e a aspectos positivos. “Quem muito escolhe, perde a chance de viver de forma ética e de se satisfazer satisfazendo.” Fonte: Adaptado de: Oliveira (2012, p. 21-23). Agora que sabemos a importância de atuar com ética nas organizações e em nosso contexto coletivo, esperamos que você sempre tenha em mente que a ética envolve uma refl exão contínua sobre nossas vidas. Se quiser continuar a refl etir sobre a ética, indicamos um fi lme baseado em fatos reais que tem vários exemplos de situações antiéticas. Contudo, também precisamos de bons exemplos para nossas organizações. Você se lembra de pessoas ou situações dignas de repetição e continuidade? O Lobo de Wall Street (2013). Durante seis meses, Jordan Belfort (Leonardo Di Caprio) trabalhou duro em uma corretora de Wall Street, seguindo os ensinamentos de seu mentor Mark Hanna (Matthew McConaughey). Quando fi nalmente consegue ser contratado como corretor da fi rma, acontece o Black Monday, que faz com que as bolsas de vários países caiam repentinamente. Sem emprego e bastante ambicioso, ele acaba trabalhando para uma empresa de fundo de quintal que lida com papéis de baixo valor, que não estão na bolsa de valores. É lá que Belfort tem a ideia de montar uma empresa focada neste tipo de negócio, cujas vendas são de valores mais baixos, mas, em compensação,o retorno para o corretor é bem mais vantajoso. Ao lado de Donnie (Jonah Hill) e outros amigos dos velhos tempos, ele cria a Stratton Oakmont, uma empresa que faz com que todos enriqueçam rapidamente e, também, levem uma vida dedicada ao prazer. Fonte: Disponível em: <http://www.adorocinema.com/fi lmes/ fi lme-127524/>. Acesso em: 20 jun. 2016. 30 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos E então? Você acredita que é necessário alterar algum comportamento em seu contexto profi ssional? Além de refl etir, você pode partir para uma real mudança em seu dia a dia. Atividade de Estudos: 1) Estabelecendo objetivos pessoais e profi ssionais Comece pensando em três objetivos pessoais e/ou profi ssionais seus. Por exemplo, um objetivo pode ser ganhar uma promoção profi ssional, terminar o curso, ou iniciar o aprendizado de um novo idioma. Em seguida, pense na meta relacionada a este objetivo. Lembre-se de que as metas são quantifi cáveis, então é preferível que você coloque números e prazos. Por exemplo, uma meta a partir de agora pode ser chegar sempre no horário em todos os dias trabalhados, ou estudar uma hora por dia o material extra desta disciplina, ou matricular-se em um curso de idiomas on-line. O prazo deve envolver o tempo necessário para o fi m da atividade, isto é, o tempo estimado para alcançar seu objetivo. Lembre-se de acompanhar suas metas, afi nal, não se pode verifi car se seu objetivo foi alcançado se você não controlar o que se propôs a fazer. Objetivo Meta Prazo 31 O GESTOR DE PROJETOS E SUAS HABILIDADES: UM CONTEXTO DE ÉTICA E DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL Capítulo 1 AlGumas ConsideraçÕes Neste capítulo alinhamos alguns conceitos básicos para o entendimento da realidade do gestor dos projetos. A partir de agora você deve ser capaz de distinguir os tipos de organizações e compreender as principais habilidades pessoais em um ambiente de gestão (técnicas, humanas e conceituais). Além disso, você sabe que um gestor de projetos atua com um papel central diante dos diversos stakeholders que ele pode ter que se relacionar durante o desenvolvimento de um projeto. Por fi m, aprendemos que não basta ter habilidades, mas o comportamento profi ssional deve ser guiado pela moral e pela ética. Além disso, aprendemos sobre diversos comportamentos antiéticos que podem ser evitados. Como gestor de projetos, você deve ser capaz de identifi car alguns desses comportamentos e agir conforme as normas de conduta da sua organização. No próximo capítulo começaremos a entender o que é um projeto e aprenderemos um modelo geral para o gerenciamento de projetos. Então, bons estudos e até o próximo capítulo! ReferÊncias ADORO CINEMA. O lobo de Wall Street. Disponível em: <http://www. adorocinema.com/fi lmes/fi lme-127524>. Acesso em: 20 jun. 2016. ARANTES, E. Ética e relações interpessoais. Instituto Federal do Paraná: Curitiba, 2013. Disponível em: <http://assis.ifpr.edu.br/wp-content/ uploads/2014/11/%C3%89tica-e-Rela%C3%A7%C3%B5es-Interpessoais.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. BORGES, E.; MEDEIROS, C. comprometimento e ética profi ssional: um estudo de suas relações junto aos contabilistas. São Paulo, Revista Contabilidade e Finanças, n. 44, p. 60-71, 2007. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. FLACH, L. Comportamentos antiéticos nas organizações: relatos ligados à inveja, mentira, fofocas e assédio moral. In: XXXI Encontro da Anpad. Anais... Rio de Janeiro – RJ, 22 a 26 de setembro de 2007. Disponível em: <http://www.anpad. org.br/admin/pdf/GPR-B2793.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. 32 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da Revolução Industrial à Revolução Digital. São Paulo: Atlas, 2002. MACHADO, A. S. Gestão de projetos inovadores. (2009). Dissertação de mestrado - Faculdades Integradas Pedro Leopoldo, Pedro Leopoldo, 2009. OLIVEIRA, A. R. Ética profi ssional. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Pará: Belém, 2012. PAMPLONA, J. B. 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Acesso em: 20 jun. 2016. 34 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos CAPÍTULO 2 Modelo Geral Para o Gerenciamento de Projetos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conceituar planos, programas, projetos e portfólios. Explicar os elementos do gerenciamento de projetos. Constatar os elementos críticos de um projeto. Discutir casos de projetos bem-sucedidos e malsucedidos. 36 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos 37 MODELO GERAL PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Capítulo 2 ContextualiZação Este capítulo introduz o gerenciamento de projetos ao discutir seus principais elementos. Primeiramente, explicaremos o conceito dos projetos e faremos uma distinção entre planos, programas, projetos e portfólios. Você sabe explicar o que é cada um? Além disso, apresentaremos um modelo básico para a gestão de projetos que considera os principais componentes dos projetos de uma maneira bem global e abrangente. O intuito é que você consiga distinguir trabalhos rotineiros de um projeto devidamente formalizado. Por fi m, partiremos para uma parte bem aplicada, uma vez que veremos exemplos de projetos reais e discutiremos casos de projetos bem-sucedidos e malsucedidos. Os Projetos As pessoas de uma organização buscam atingir um objetivo. Muitas vezes, os projetos fazem parte do planejamento necessário para atingir um objetivo amplo, que pode ser atingir a sustentabilidade fi nanceira da empresa, aumentar as vendas, conquistar novos clientes, lançar novos produtos. Em outras palavras, os projetos são parte de um conjunto de ações que determinam o planejamento de uma organização. De acordo com o Project Management Institute (2010, p. 1), um projeto é “um esforço temporário empreendido para criar um produto ou serviço único”. Keelling (2006, p. 4) complementa que os projetos, em geral, possuem as seguintes características:• Possuem propósito e objetivos determinados. • Possuem duração limitada (com início, meio e fi m). • Apresentam uma data de início e outra de término. • Incluem recursos humanos e fi nanceiros do projeto. • Abrangem administração e estrutura de administrações do projeto. A Figura 3 exemplifi ca a abrangência dos planos, programas, projetos e portfólios, de forma que os planos envolvem objetivos de médio e longo prazo e normalmente são relacionados com a estratégia da organização. Os programas são grupos de projetos relacionados cuja gestão coordenada facilita o controle e a obtenção de benefícios que não estariam disponíveis se os projetos forem geridos individualmente. os projetos são parte de um conjunto de ações que determinam o planejamento de uma organização. 38 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Um portfólio é composto por projetos, programas e trabalhos que são agrupados com o intuito de facilitar a gestão dos mesmos e atingir objetivos estratégicos. Já os portfólios abrangem tanto os programas quanto os projetos. Um portfólio é composto por projetos, programas e trabalhos que são agrupados com o intuito de facilitar a gestão dos mesmos e atingir objetivos estratégicos. Porém, não necessariamente o portfólio é composto por elementos inter-relacionados ou interdependentes. Por fi m, há também projetos que não fazem parte de planos ou programas, mas um programa sempre será composto de projetos. (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2010). Figura 3 - Abrangência dos projetos Fonte: A autora. Para exemplifi car o contexto do projeto, abordaremos o uso e a ocupação do solo em um município. Todo município deve ter um Plano Diretor, este plano deve conter o planejamento com todas as diretrizes das áreas delimitadas para a preservação ambiental, regiões urbanizadas (limites territoriais dos bairros, por exemplo), zona rural do município e até regiões de interesse turístico. Além disso, o Plano Diretor deve conter informações sobre os padrões das casas, a saber: área mínima de fachada, número máximo de andares, tamanho dos quintais, normas para reformas, entre outros. Por exemplo, em edifi cações tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional há maiores restrições legais de alterações de fachada. Em consonância com o Plano Diretor pode haver programas do município, como programas de arborização, programa de tratamento dos resíduos sólidos, programa de inclusão social etc. Estes programas não podem estar em contraposição com o Plano Diretor, ou seja, devem se basear em suas diretrizes para entrarem em vigor, mesmo sendo de segmentos distintos. 39 MODELO GERAL PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Capítulo 2 Por fi m, o mesmo município pode aprovar projetos que se encaixem nesse conjunto de plano e programas. Um projeto pode ser de educação ambiental nas escolas, ou de revitalização de um parque. Isto quer dizer que o projeto é algo aplicado de maneira específi ca e detalhada, fazendo parte de um contexto mais amplo. Aprendemos um pouco do contexto dos projetos, programas e planos e entendemos que um plano é bem mais geral, enquanto um projeto é muito específi co e deve apresentar objetivos e cronogramas claros. Mas existem também os portfólios, você já teve acesso a um? Suponhamos que você quer construir uma casa para sua família e vocês querem contratar um arquiteto para elaborar um projeto. Porém, como você nunca construiu uma casa antes, tem difi culdade em escolher este profi ssional. Então, entra em contato com os arquitetos da sua cidade e pede para eles mostrarem exemplos de trabalhos anteriores. Em outras palavras, você solicitou o portfólio de serviços destes profi ssionais, isto é, os projetos e programas dos quais cada arquiteto participou. A partir do portfólio você pode entender mais sobre o estilo de cada um dos arquitetos, os modelos de casas anteriores e até mesmo entender a qualidade do serviço que cada profi ssional oferece. Por exemplo, se o arquiteto possui um site com informações do escritório e equipe, um cartão de visitas bem feito e fotos e exemplos bem apresentáveis, você pode inferir que este profi ssional é organizado e preza pela qualidade. Já outro arquiteto que não tiver informações disponíveis ou não apresentar projeto fi nalizado pode ser questionado por você quanto à capacidade de entregar um projeto no prazo estabelecido. Além disso, o arquiteto deve estar ciente de todas as leis e diretrizes do Plano Diretor do município, lembra? E entender programas que possam eventualmente limitar ou estimular o uso do seu terreno. O projeto é algo aplicado de maneira específi ca e detalhada, fazendo parte de um contexto mais amplo. Atividades de Estudos: 1) Leia o texto e responda às questões sobre ele. Programa Rio Limpo é lançado em Blumenau Ação busca envolver toda a comunidade ambiental da cidade. [...] Inicia durante a semana do Dia Mundial da Água, promovido em 22 de março, o Programa Rio Limpo Começa na Nossa Casa. 40 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos A proposta consiste em despertar a consciência pela importância da preservação dos recursos hídricos, alertar sobre a necessária separação da água da chuva da ligação de esgoto e verifi car a regularidade das ligações domiciliares. Este trabalho será realizado por técnicos que estarão devidamente uniformizados, identifi cados e que terão acesso às dependências do imóvel. [...]. Selo “Amigo do Rio” Para aqueles que estiverem com as ligações de água de chuva e esgotamento sanitário executadas corretamente será entregue o selo de “Amigo do Rio”, valorizando as ações ambientalmente corretas. Nos casos em que seja preciso alguma adequação nas tubulações existentes, será emitido um documento com compromisso de prazo para regularização e as equipes técnicas do Programa darão todo suporte e orientações necessárias. “Desde 2010 até hoje, evoluímos de menos de 5% para mais de 33% de cobertura do serviço disponível em nossa cidade, o que signifi ca que cerca de 15 milhões de litros de esgoto retornam aos rios corretamente tratados diariamente. Fazermos agora nossa parte dentro das nossas casas é fundamental para garantir o melhor aproveitamento deste grande esforço pela cidade”, destaca Cleber Renato Virgínio da Silva, da Odebrecht Ambiental em Blumenau. O Programa Rio Limpo Começa na Nossa Casa é uma ação que busca envolver toda a comunidade ambiental da cidade e conta com o apoio da Agência Intermunicipal de Regulação do Médio Vale do Itajaí (Agir), Fundação do Meio Ambiente de Blumenau (Faema), do Ministério Público de Santa Catarina, da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi), da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma), da Caixa Econômica Federal, Prefeitura Municipal de Blumenau, Acaprena e unidade Blumenau da Odebrecht Ambiental. Fonte: <http://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/samae/samae/programa-rio-limpo- e-lancado-em-blumenau92>. Publicado em: 18 mar. 2016. Acesso em: 30 jun. 2016. Depois de ler o texto, tente responder às seguintes perguntas: 1) Você consegue identifi car a partir do texto os stakeholders do Programa Rio Limpo? ____________________________________________________ ____________________________________________________ 41 MODELO GERAL PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Capítulo 2 ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Quais são os objetivos do Programa Rio Limpo? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Quais foram os resultados alcançados até março de 2016 quanto à oferta de serviço de coleta e tratamento de esgoto em Blumenau? ________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Você entendeu quais são as diferenças entre Plano, Programa, Projeto e Portfólio? O Quadro 4 reforça a diferença entre eles. Quadro 4 - diferenciação de plano, programa, projeto e portfólio Conceito Descrição Plano Documentos estratégicos e abrangentes que delimitam as diretrizes e sequên- cias de ações, os responsáveis e as principais providências a serem tomadas para atingir um objetivo global e metas de médio e longo prazo. Programa Um programa é um conjunto organizado de projetos, atividades e processos para se alcançar objetivos amplos. Projeto Reunião de esforços em tarefas multidisciplinares e integradas na busca de objetivos específi cos e sob condições de prazos e custos predeterminados (PA- TAH, 2004, p. 14). Portfólio Uma carteira de projetos que representam o conjunto de projetos e programas de um indivíduo, departamento ou organização. Fonte: A autora. 42 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Um ponto que deve ser considerado é que projetos, programas e portfólios não devem ser geridos da mesma maneira. De acordo com o Project Management Institute (2010), há diferenças na gestão do escopo, das mudanças, do planejamento, na gestão em si, no monitoramento e no sucesso de cada um deles. O Quadro 5 aponta como os elementos do projeto devem ser encarados de maneira mais particular, enquanto a gestão de programas e portfólios apresenta dimensões mais amplas e estratégicas para as organizações. Quadro 5 - Resumo comparativo de gerenciamento de projetos, programas e portfólios Elementos Projetos Programas Portfólios Escopo Projetos possuem objeti- vos defi nidos. O escopo é elabora- do progressivamente durante o ciclo de vida do projeto. Os programas possuem um escopo maior e fornecem benefícios mais signifi cativos. Os portfólios possuem um escopo de negó- cios que muda com os objetivos estratégicos da organização. Mudança Os gerentes de projetos esperam mudanças e implementam processos para manter as mu- danças gerenciadas e controladas. Os gerentes de pro- gramas devem esperar mudanças tanto de dentro como de fora do programa e estar prepa- rados para gerenciá-las. Os gerentes de portfólios monitoram continuamen- te as mudanças ocorri- das no ambiente mais amplo da organização. Planejamento Os gerentes de projetos elaboram progressiva- mente planos detalhados no decorrer do ciclo de vida do projeto a partir de informações de alto nível. Os gerentes de progra- mas desenvolvem o pla- no geral do programa e criam planos de alto nível para orientar o planeja- mento detalhado no nível dos componentes. Os gerentes de portfólios criam e mantêm comu- nicação e processos necessários ao portfólio global. Gerenciamento Os gerentes de projetos gerenciam a equipe do projeto para atender aos objetivos do projeto. Os gerentes de pro- gramas gerenciam a equipe do programa e os gerentes de projetos; eles proveem visão e liderança global. Os gerentes de portfó- lios podem gerenciar ou coordenar a equipe de gerenciamento de portfólios. Sucesso O sucesso é medido pela qualidade do produto e do projeto, pontualidade, conformidade orçamen- tária e grau de satisfação do cliente. O sucesso é medido pelo grau em que o programa atende às necessidades e aos benefícios para os quais foi executado. O sucesso é medido em termos do desempenho agregado dos componen- tes do portfólio. 43 MODELO GERAL PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Capítulo 2 Monitoramento Os gerentes de projetos monitoram e controlam o trabalho de elaboração dos produtos, serviços ou resultados para os quais o projeto foi realizado. Os gerentes de pro- gramas monitoram o progresso dos compo- nentes do programa para garantir que os objetivos, cronogramas, orçamento e benefícios globais do mesmo sejam atendidos. Os gerentes de portfólios monitoram o desempe- nho e os indicadores de valor agregado da carteira. Fonte: Project Management Institute (2010, p. 9). Ainda é válido destacar que os projetos são distintos de atividades rotineiras de uma organização, haja vista que o gerenciamento de projetos não envolve a gestão de operações. Em outras palavras, enquanto o gerenciamento de processos de negócios impacta atividades rotineiras da organização, tais como operações de produção, fabricação e contabilidade, o gerenciamento de projetos possui um cronograma defi nido com início, meio e fi m, além de objetivos específi cos. A Figura 4 mostra as diferenças entre um projeto e rotinas contínuas. Ainda é válido destacar que os projetos são distintos de atividades rotineiras de uma organização, Figura 4 – Comparação entre atividades rotineiras e atividades de projetos Fonte: Baseado em Keelling (2006, p. 5). Agora que você já entende a abrangência de um projeto, vamos falar sobre os principais elementos que o compõem. 44 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Elementos dos Projetos O número de elementos e a forma como estão organizados podem variar de projeto para projeto. Uma possível classifi cação dos projetos inclui o posicionamento conforme quatro dimensões, apresentadas no Quadro 6. Quadro 6 - Classifi cação dos projetos Dimensão Descrição Inovação Representa a incerteza da meta do projeto e/ou a incerteza no mercado. Tecnologia Representa a incerteza tecnológica. Complexidade Mede a complexidade do produto ou serviço, tarefa e organização. Ritmo Representa a urgência do projeto. Fonte: Adaptado de Marques Júnior e Plonski (2011). Apesar dos projetos poderem assumir classifi cações diferentes, sabe-se que, em geral, há pontos relevantes para o gerenciamento de projetos de qualquer área. Projetos altamente inovadores tendem a apresentar maiores desafi os para a gestão, justamente por evolver produtos, processos ou modelos novos. Por outro lado, a inovação pode se transformar em um fator que gera vantagem competitiva em relação aos concorrentes. O suporte tecnológico pode se basear em equipamentos, softwares e tecnologia necessária para desenvolver o projeto. Em algumas situações, é preciso criar novas tecnologias, em outras são necessárias adaptações e há também casos que utilizam tecnologia e softwares já difundidos e consolidados na organização. A complexidade do projeto pode se associar aos fatores inovação e tecnologia, bem como com a estrutura do projeto, número de envolvidos, orçamento e prazos. Por exemplo, preparar o Rio de Janeiro para as Olimpíadas em 2016 é altamente complexo, envolvendo vários setores e um prazo específi co, que não se pode alterar facilmente. Ainda, o ritmo do projeto envolve o tempo e os prazos estabelecidos, que podem necessitar de medidas urgentes e/ou outras mais fl exíveis. Pensando em uma escala de três pontos: baixa, média e alta, como você classifi caria o último projeto em que trabalhou? 45 MODELO GERAL PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Capítulo 2 Porém, agora que você já sabe o que é um projeto, o que seria o gerenciamento de projetos? Sabemos que projetos envolvem ferramentas como softwares, metodologias como a proposta pelo Project Management Institute e habilidades e conhecimento da equipe de projetos. Também estudamos que os projetos são orientados a objetivos específi cos. Assim, o gerenciamento dos projetos envolve a administração dos elementos envolvidos em um projeto determinado, sejam eles recursos humanos ou físicos. “O gerenciamento de projetos consiste na aplicação de conhecimento, competências, ferramentas e técnicas às atividades do projeto, com vista ao cumprimento dos requisitos em pauta” (HELDMAN, 2006, p. 6). O PMBOK (2010) sugere seis componentes a serem gerenciados pela equipe de projetos de uma organização. São eles: 1. Escopo. 2. Qualidade. 3. Orçamento. 4. Recursos. 5.Cronograma. 6. Risco. Para entender melhor o que é cada um dos elementos do projeto, o Quadro 7 apresenta as defi nições de cada elemento crítico para o gerenciamento de um projeto em qualquer organização. O PMBOK (2010) sugere seis componentes a serem gerenciados pela equipe de projetos de uma organização. São eles: 1. Escopo. 2. Qualidade. 3. Orçamento. 4. Recursos. 5. Cronograma. 6. Risco. Quadro 7 - Elementos gerenciáveis dos projetos Elemento Defi nição Fonte Escopo O trabalho que deve ser realizado para entregar um produto, serviço ou resultado, com as características e funções especí- fi cas. PMI (2010, p. 429) Qualidade O grau com que um conjunto de características inerentes aten- de aos requisitos. PMI (2010, p. 440) Orçamento Estimativa aprovada para o projeto ou qualquer componente da estrutura analítica do projeto ou atividade do cronograma. PMI (2010, p. 437) 46 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Recursos Recursos humanos especializados (disciplinas específi cas, indi- vidualmente ou em grupos ou equipes), equipamentos, serviços, suprimentos, commodities, materiais, orçamentos ou fundos. PMI (2010, p. 441) Cronograma As datas planejadas para realizar as atividades do cronogra- ma e para atingir os marcos do cronograma (ponto ou evento signifi cativo no projeto). PMI (2010, p. 225) Risco Um evento ou condição incerta, que, se ocorrer, provocará um efeito positivo ou negativo nos objetivos de um projeto. PMI (2010, p. 442) Fonte: A autora. A Figura 5 retrata de forma resumida os elementos que devem ser de interesse dos gestores de projetos. Figura 5 - Elementos relevantes no gerenciamento de projetos Fonte: A autora. Agora que já sabemos quais são os principais elementos de um projeto, o gerenciamento deles pode ser benefi ciado. Lembre-se de que alguns projetos podem possuir outros elementos críticos além dos que aprendemos, e que um projeto bem gerido pode seguir um modelo ou metodologia específi co da sua organização. Modelo Geral de Gerenciamento de Projetos O gerenciamento de projetos depende de métodos, pacotes de ferramentas e modelos de projetos. Assim, o gerenciamento de projetos é determinado pela aplicação de processos estruturados de maneira repetida e contínua por uma organização para a gestão de seus negócios. Com isso, o gerenciamento de 47 MODELO GERAL PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Capítulo 2 projetos depende de práticas e técnicas padronizadas (PATAH; CARVALHO, 2012). Tais técnicas podem fazer parte da experiência individual e aplicações de conhecimento de um gestor, ou, de outra forma, podem seguir exigências e práticas já estabelecidas em uma empresa. Tendo em vista a particularidade dos projetos, há também, na atualidade, vários modelos e métodos de gerenciamento. Os métodos mais difundidos foram propostos por institutos e associações dedicados ao estudo de projetos. (PATAH; CARVALHO, 2012). O Quadro 7 condensa métodos aplicados mundialmente. Quadro 7 - Principais associações de gerenciamento de projetos e seus conjuntos de métodos Instituto Conjunto de Métodos País de origem Foco da metodologia Project Management Institute (PMI) Project Management Body of Knowledge (PMBOK) Estados Unidos Gestão geral de projetos International Project Management Association (IPMA) ICB – IPMA Competence Baseline União Europeia Gestão geral de projetos Australian Institute of Project Management (AIPM) AIPM – Professional Compe- tency Standards for Project Management Austrália Gestão geral de projetos Association for Project Management (APM) APM Body of Knowledge Reino Unido Gestão geral de projetos Offi ce of Government Commerce (OGC) Project in Controlled Envirnon- ments (Prince 2) Reino Unido Gestão de Projetos de Sistemas de Informação Japan Project Manage- ment Forum ENAA Model Form – Interna- tional Contract for Process Plant Construction Japão Gestão de Projetos de Construções Fonte: Patah e Carvalho (2012, p. 183). O Quadro 7 demonstra que há diferenças nas metodologias conforme o país de origem do Instituto e a natureza do projeto em que se aplica a metodologia. Não existe um melhor modelo ou método ideal para todos os projetos, contudo, as metodologias podem contribuir para o estabelecimento de um padrão ou técnica. Assim, a literatura pode guiar os responsáveis pelos projetos a manterem o foco nos aspectos essenciais dos projetos. Como vimos, gerenciar os elementos escopo, qualidade, orçamento, recursos, cronograma e riscos pode afetar diretamente o objetivo-fi m do projeto, bem como o planejamento e a estratégia empresarial. Uma dica é saber as características dos métodos de gerenciamento de projetos a fi m de aplicá-los da melhor maneira para sua área de atuação. No Não existe um melhor modelo ou método ideal para todos os projetos, contudo, as metodologias podem contribuir para o estabelecimento de um padrão ou técnica. 48 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Brasil, o Project Managemet Institute é uma das instituições mais reconhecidas pelo mercado. Nesse sentido, aprofundaremos nosso conhecimento sobre o Guia PMBOK no Capítulo 5. Não obstante, o Quadro 8 detalha as diferenças entre cada um dos principais métodos de gerenciamento de projetos existentes no mundo. Quadro 8 - Características dos métodos de gerenciamento de projetos Conjunto de métodos Características Diferenças entre os demais Project Management Body of Knowledge (PMBOK) Conjunto de métodos desenvolvido para diversos tipos de projetos, sendo, portanto, bastante genérico. Estruturado por áreas de conhecimento de um projeto. É complementado por dois conjuntos de métodos adicio- nais: Programa e Portfólio. ICB – IPMA Compe- tence Baseline Estruturado por competências que o projeto necessita desenvolver, divididas em: contextuais, comportamentais e técnicas. Juntamente com a norma australiana, apresenta um grau de profundidade bem maior que os demais métodos nos aspectos humanos da fi gura do gerente do projeto. AIPM – Professional Competency Stan- dards for Project Management Este documento, publicado pelo Instituto Australiano de Projetos, é bastante similar em sua estrutura ao PMBOK, dividido por áreas de conhecimento. Também possui um enfoque mais profundo nas habilidades humanas. APM Body of Know- ledge Um dos mais completos conjuntos de métodos, este documento apresenta conteúdos relacionados a projetos, valor, escritório de projetos e aspectos estratégicos da gestão de projetos. É o mais abrangente do con- junto de métodos. Project in Controlled Environments (Prince 2) Conjunto de métodos estruturado por etapas de um projeto e nas atividades a serem conduzidas pela equipe de gestão. Conjunto de métodos mais voltado para projetos de tecno- logia da informação. ENAA Model Form – International Contract for Process Plant Construction O documento tem um enfoque muito grande nos aspectos contratuais de um projeto. O foco desse conjunto de métodos são projetos de cons- trução em engenharia. Fonte: Patah e Carvalho (2012, p. 184). Os métodos de gerenciamento de projetos destacam elementos, processos e fases dos projetos em suas metodologias. Aprofundaremos os processos e as fases do ciclo de vida do projeto no capítulo seguinte. Basicamente, vimos que não existe um modelo único de gerenciamento de projetos, apesar de algumas técnicas serem mais conhecidas e difundidas do que outras. O uso de um modelo ou conjunto de técnicas pode contribuir para o sucesso de um projeto justamente por auxiliar na sua formalização e no planejamento das atividades. Porém, haja vista que estamos imersos em 49 MODELO GERAL PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Capítulo 2 um contexto de risco e de incertezas, utilizar um modelo não garante um bom desempenho para organizações. Mas, afi nal, o que é necessário para que um projeto sejabem-sucedido? O Sucesso dos Projetos O sucesso em projetos é usualmente defi nido como cumprir os objetivos de tempo, qualidade e custos, bem como satisfazer os stakeholders do projeto (PATAH; CARVALHO, 2012). Contudo, para verifi car essas questões, em geral é preciso que o projeto já tenha sido fi nalizado. Um projeto é concluído quando: a) suas metas foram alcançadas; b) quando estiver decidido que o projeto não é mais viável. (HELDMAN, 2006) É possível avaliar um projeto sem que ele tenha terminado? Há duas maneiras de se avaliar o sucesso do projeto. A primeira é o critério do sucesso em si, e para tanto é necessário que tenha terminado (MARQUES JÚNIOR; PLONSKI, 2011). Muitas vezes, será necessário envolver os stakeholders para tal avaliação, que podem, inclusive, ter percepções distintas sobre o sucesso de um mesmo projeto. A segunda é o desempenho do projeto, o qual pode ser medido durante a sua execução (MARQUES JÚNIOR; PLONSKI, 2011). Contudo, para se medir o desempenho é necessário um conjunto de métricas (pacote de medidas e indicadores) que buscam avaliar o projeto com acurácia. Em outras palavras, é possível avaliar o projeto de acordo com a gestão dos elementos que o compõem. Por exemplo, o gestor de projetos pode avaliar o projeto com as seguintes refl exões: 1. O escopo defi nido do projeto corresponde à realidade? As metas e objetivos estão sendo alcançados? 2. A qualidade do projeto atende aos requisitos estabelecidos? 3. O orçamento do projeto está em conformidade com o que foi planejado? 4. Os recursos estão em conformidade com o que foi planejado? 5. O cronograma está sendo seguido conforme os prazos estabelecidos? 50 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos 6. Os riscos estão sendo minimizados ou mitigados? Algum risco inviabiliza a continuidade do projeto? Assim, o gerenciamento de projetos envolve refl exões e decisões complexas sobre os elementos dos projetos. Nesse sentido, controlar e monitorar as atividades dos projetos pode contribuir para o desempenho e, consequentemente, para o sucesso deles. Eventualmente, algumas ações não terão sido pré- planejadas e a equipe de projetos precisará de fl exibilidade e de capacidade de adaptação para atingir os objetivos determinados. “A capacidade de executar projetos com sucesso leva à consecução dos benefícios esperados e dos objetivos da empresa. As organizações que executam projetos com sucesso empregam práticas efi cazes de gerenciamento de projetos como uma ferramenta de geração de mudanças” (PCW, 2012, p. 7). Dado o impacto estratégico que os projetos têm sobre os negócios, as organizações devem manter processos efi cazes de gerenciamento de projetos que capitalizem a inovação, monitorem progresso, valor e riscos e confi rmem que os projetos certos podem cooperar com a estratégia organizacional. Vimos que um projeto bem-sucedido precisa atender ou superar as expectativas dos clientes. Mas o que pode interferir para que um projeto não atinja suas metas? De acordo com uma pesquisa do PMO Survey (2010), profi ssionais de empresas brasileiras indicaram as principais fontes de insucesso de projetos, representadas no Gráfi co 1. “A capacidade de executar projetos com sucesso leva à consecução dos benefícios esperados e dos objetivos da empresa. As organizações que executam projetos com sucesso empregam práticas efi cazes de gerenciamento de projetos como uma ferramenta de geração de mudanças” (PCW, 2012, p. 7). Gráfi co 1 - Fontes de insucesso dos projetos Fonte: Adaptado de: PMO Survey (2010). Disponível em: <http://www.mp.go.gov.br/ portalweb/hp/33/docs/benchmarking_gp_2010_geral.pdf>, p. 77. Acesso em: 21 jun. 2016. 51 MODELO GERAL PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Capítulo 2 Assim, conforme o Gráfi co 1, as questões culturais são uma das maiores ameaças à gestão de um projeto. Em outras palavras, tanto a cultura individual quanto a cultura organizacional devem ser respeitadas, devendo ser observadas e geridas com cuidado pela equipe de projetos. Além disso, problemas de falta de recursos (fi nanceiros, humanos e conhecimento) também podem acarretar no insucesso dos projetos, merecendo atenção dos gestores. Assim, de maneira geral, falhas no gerenciamento dos principais elementos podem afetar o sucesso de um projeto: • Escopo mal defi nido. • Qualidade dos produtos/serviços deixou a desejar. • Carência ou mau uso de recursos. • Falhas no orçamento do projeto. • Análise indevida dos riscos. • Problemas na gestão do cronograma. Agora veremos alguns casos reais de empresas que desenvolveram projetos. Cada caso é de um setor específi co e apresenta resultados diferentes. Estude os três casos devidamente para fazermos uma atividade ao fi nal do capítulo. Cases a) Case 1 – Viaduto em Belo Horizonte, MG Um case de projeto muito malsucedido foi a construção de um viaduto em Belo Horizonte como parte do programa de Mobilidade Urbana para a Copa do Mundo. O viaduto desabou antes de ser inaugurado e dezenove pessoas foram indiciadas pela morte de duas pessoas decorrentes do desabamento. O Leo mostra uma reportagem que apresenta o triste caso. Viaduto desaba e deixa pelo menos dois mortos em Belo Horizonte Estrutura, que ainda estava sendo levantada, atingiu diversos veículos, incluindo um ônibus. Número de feridos já chega a 23. Pelo menos duas pessoas morreram ao serem atingidas por escombros de um viaduto que desabou no meio da tarde desta quinta-feira (3) em Belo Horizonte. A estrutura que caiu passa por 52 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos cima da Avenida Pedro 1º, uma das mais movimentadas da cidade e que liga o Aeroporto de Confi ns à região do Estádio do Mineirão. Na próxima terça-feira (8) o estádio sediará uma das semifi nais da Copa do Mundo. A construção do viaduto, que ainda não havia sido inaugurado, faz parte das obras do Move, nome dado ao BRT (Bus Rapid Transit) na cidade. Os trabalhos pertencem à Meta 2 das obras de mobilidade urbana da Copa em BH, responsável pelo alargamento da Avenida Pedro I. Além de direcionado ao Mineirão e ao Aeroporto de Confi ns, o tráfego da via também leva ao Complexo Arquitetônico da Pampulha e à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) campus Pampulha. A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura não soube informar o valor destinado para a elevação do viaduto. O Portal da Transparência da Copa do Mundo também não disponibiliza os custos exigidos especifi camente para esta obra. O total destinado às quatro metas do conjunto foi de R$ 713,4 milhões. O desabamento de um viaduto na capital mineira foi causado “certamente” por um erro “de projeto ou construção”, disse o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB). Fonte: Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/ viaduto-desaba-e-deixa-pelo-menos-dois-mortos-em-belo-horizonte- eafd4w2sb0dzbissxahv0lt8u>. Publicado em: 3 jul. 2014. Acesso em: 22 jun. 2016. b) Case 2 – Gestão de projetos e uso de software em uma organização No case 2, uma empresa brasileira conta como utiliza a gestão de projetos por meio de um software. Acesse o case por meio do link: Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=y1GxPT0Ixyg>. 53 MODELO GERAL PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Capítulo 2 c) Case 3 – Toyota Celica no Campeonato Mundial de Rali Finalmente, o case 3 apresenta como um projeto pode gerar competitividade de um produto e empresa mediante seus concorrentes. Toyota Celica GT-Four marcou época no WRC com quatro títulos de pilotos Um dos campos de testes mais severos do automobilismo é o Campeonato Mundial de Rali (WRC). E uma peculiaridade da modalidade é que de tempos em tempos uma marca descobre o “caminho das pedras” com um projeto bem-sucedido e domina a competição por várias temporadas. Se, hoje, Volkswagen e Hyundai se engalfi nham pela soberania da categoria, entre meados da décadade 1980 e o início dos anos 1990 a briga era entre Lancia e Toyota. Entre 1990 e 1994, o Toyota Celica GT-Four conquistou quatro títulos de pilotos, dois deles foi com o espanhol Carlos Sainz. Em 1982, a Toyota preparou o Celica Twin Cam Turbo para correr no Grupo B do WRC, que era a divisão suicida da categoria, com carros com até 500 cv voando em pistas estreitas e não raramente despencando em barrancos ou se despedaçando em algum obstáculo. Até 1986 a marca conseguiu seis vitórias mesmo sem o auxílio da tração nas quatro rodas, que viria na geração seguinte. GT-Four O Celica GT-Four foi o divisor de águas da Toyota no mundial de rali. Lançado em 1986, a geração ST-165 só estreou na temporada de 1988. A Toyota escalou o fi nlandês Juha Kankkunen, que já tinha corrido pela marca em 1985. A versão de rua do cupê era equipada com motor turbo 2.0 de 190 cv e 24 mkgf de torque, associado a uma caixa manual de cinco marchas. Mas seu destaque era a tração integral, que se mostrava tão efi ciente quando o sistema Quattro da Audi e capaz de peitar o impiedoso Lancia Delta. 54 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Pódio A primeira vitória do GT-Four ocorreu na etapa australiana de 1989, com Kankkunen, que terminou o ano em terceiro lugar. E no ano seguinte foi a vez de Carlos Sainz faturar o campeonato. Com quatro vitórias, nos ralis de Acrópoles, Nova Zelândia, Finlândia e Grã-Bretanha, fi nalmente a Toyota desbancava a Lancia, que em 1991 daria o troco com o tricampeonato do fi nlandês, mesmo com Sainz ganhando cinco das 14 etapas do WRC. Em 1992, já na geração ST-185, o espanhol chegou ao bicampeonato com quatro vitórias. Naquela época, o Celica GT-Four era o principal garoto-propaganda da Toyota e teve edição especial para a Europa, a CS Limited Edition, com as iniciais do espanhol. O GT-Four deu a Juha Kankkunen seu quarto título no mundial em 1993 e ao francês Didier Auriol, no ano seguinte. Em 1995, a Toyota fazia a estreia da geração ST-205, que se manteve na competição até 1998 ao lado do feioso Corola WRC. Legado Nos 10 anos em que esteve no WRC, o Celica GT-Four conquistou 38 ralis e algumas séries comemorativas para uso urbano, lançadas nos mercados europeu, japonês e australiano. A rivalidade entre o Celica e o Lancia Delta era tão acirrada, que em 1994 a Sega lançou para fl iperamas o game “Sega Rally”, em que os dois carros disputavam provas contra o relógio. Fonte: Disponível em: <http://hojeemdia.com.br/primeiro-plano/toyota- celica-gt-four-marcou-%C3%A9poca-no-wrc-com-quatro-t%C3%ADtulos-de- pilotos-1.396852>. Publicado em: 9 jul. 2016. Acesso em: 11 jul. 2016. Atividade de Estudos: 1) Agora que você já viu os três casos distintos de projetos, complete o quadro com base no que foi citado em cada um dos cases e no que você aprendeu no capítulo. O Leo lhe ajudou 55 MODELO GERAL PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Capítulo 2 começando a preencher a primeira linha de forma bem objetiva, em tópicos. Refl ita e preencha o quadro devidamente. Case 1 Case 2 Case 3 Identifi que recursos utilizados no projeto -R$ 713,4 milhões (fi nanceiros) - Project Builder (sof- tware) - Juha Kankkunen (recurso humano) Possível objetivo do projeto (com base nas reportagens) Provável causa de sucesso/ insucesso Stakeholders envol- vidos AlGumas ConsideraçÕes Neste capítulo, você aprendeu que um projeto é um conjunto de esforços para desenvolver tarefas multidisciplinares e integradas na busca de objetivos específi cos e sob condições de prazos e custos predeterminados. Com isso, você deve ser capaz de identifi car processos rotineiros da sua organização e distingui- los dos projetos. Você também pode diferenciar projetos de planos, programas e portfólios. Ainda, você conheceu as possíveis classifi cações e os principais elementos de um projeto. Isso pode lhe auxiliar na organização dos projetos do local onde você trabalha. Vimos exemplos de modelos para o gerenciamento de projetos, que podem contribuir para defi nições de padrões e técnicas organizacionais. Também vimos exemplos de projetos bem-sucedidos e malsucedidos e situações que podem comprometer a estrutura de um projeto, como a falta de recursos diversos e a resistência cultural. No capítulo 3, vamos apresentar o ciclo de vida dos projetos e os cinco processos centrais dos projetos: 1) iniciação, 2) planejamento, 3) execução, 4) monitoramento e controle, e 5) encerramento. 56 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos ReferÊncias GAZETA DO POVO. Viaduto desaba e deixa pelo menos dois mortos em Belo Horizonte. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e- cidadania/viaduto-desaba-e-deixa-pelo-menos-dois-mortos-em-belo-horizonte- eafd4w2sb0dzbissxahv0lt8u>. Acesso em: 14 jul. 2016. HELDMAN, K. Gerência de projetos: guia para o exame ofi cial do PMI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. HOJE EM DIA. Toyota celica gt-four marcou época no WRC com quatro títulos de pilotos. Disponível em: <http://hojeemdia.com.br/primeiro-plano/ toyota-celica-gt-four-marcou-%c3%a9poca-no-wrc-com-quatro-t%c3%adtulos-de- pilotos-1.396852>. Acesso em: 14 jul. 2016. KEELLING, R. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2006. MARQUES JÚNIOR, L. J.; PLONSKI, G. A. Gestão de projetos em empresas no Brasil: abordagem "tamanho único"? Gestão e Produção, São Carlos, v. 18, n. 1, p. 1-12, 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0104-530X2011000100001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 21 jun. 2016. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS. PMsurvey.org. Disponível em: <http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/33/docs/benchmarking_gp_2010_geral. pdf>. Acesso em: 14 jul. 2016. PATAH, L. Alinhamento estratégico de estrutura organizacional de projetos: uma análise de múltiplos casos. (Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2004. PATAH, L. A.; CARVALHO, M. M. Métodos de gestão de projetos e sucesso dos projetos: um estudo quantitativo do relacionamento entre estes conceitos. Revista de Gestão e Projetos, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 178-206, maio/ago. 2012. PCW. Ideias e tendências: práticas atuais de gestão de projetos, portfólios e programas. Terceira pesquisa global sobre a gestão de projetos. 2012. Disponível em: <https://www.pwc.com.br/pt/publicacoes/servicos/assets/consultoria- negocios/insights-and-trends-12.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2016. 57 MODELO GERAL PARA O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Capítulo 2 PREFEITURA DE BLUMENAU. Programa Rio Limpo é lançado em Blumenau. Disponível em: <http://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/samae/samae/ programa-rio-limpo-e-lancado-em-blumenau92>. Acesso em: 14 jul. 2016. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMBOK: um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. 4. ed. Pensylvania: Project Management, 2010. 58 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos CAPÍTULO 3 As Fases de um Projeto: Iniciação, Planejamento, Execução, Controle e Encerramento A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender a importância do ciclo de vida de um projeto. Diferenciar os processos de um projeto. Esquematizar um projeto em etapas. 60 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos 61 AS FASES DE UM PROJETO: INICIAÇÃO, PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO, CONTROLE E ENCERRAMENTO Capítulo 3 ContextualiZação Neste capítulo, você vai aprender o que é o ciclo de vida de um projeto e os quatro estágios do ciclo de vida do projeto. Você já ouviu falar neste conceito? Também vamos entender as cinco fases do processo de um projeto. Você tem ideia das atividades envolvidas nos grupos de processos de iniciação, planejamento, execução, monitoramento/controle e encerramento de um projeto? Vamos estudar os principais processos de cada fase e entendercomo o ciclo PDCA se associa a elas. Ainda, fi nalizaremos o capítulo com um estudo de caso real de utilização de gerenciamento de projetos em uma empresa de computadores. Você imagina os resultados que a utilização da metodologia de gerenciamento de projetos pode trazer para uma empresa? Ciclo de Vida do Projeto Como já vimos no capítulo anterior, todo projeto possui um início e um fi m defi nidos. Por isso, o ciclo de vida de um projeto é outra estrutura básica a todos os projetos, independentemente do tamanho, natureza ou especifi cidade do mesmo. Contudo, pode haver variações na forma como as entregas e as atividades são desenvolvidas ao longo do projeto. Assim como o ciclo de vida de um animal envolve nascimento, crescimento, reprodução e morte, o ciclo de vida de um projeto é afetado pelo fator tempo. O ciclo de vida de um pato pode ser ameaçado por um fator externo, como a seca, e a ave pode não conseguir chegar à fase de reprodução, morrendo antes disso. Um projeto também pode ser afetado negativa ou positivamente e, quem sabe, até ser engavetado em razão de uma crise fi nanceira externa ou um fator interno, como a troca de presidência. Mas o que é um ciclo de vida de um projeto? Uma questão importante é que autores e organizações estabelecem nomes diferentes para estas etapas, estágios ou fases. Para Keelling (2006), as etapas do ciclo de vida foram nomeadas de conceitual, planejamento, implementação e conclusão. A Figura 6 condensa os processos envolvidos em cada etapa de um projeto. Para Keelling (2006), as etapas do ciclo de vida foram nomeadas de conceitual, planejamento, implementação e conclusão. 62 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Figura 6 - Exemplo de sequência de eventos durante as etapas de um projeto Fonte: Adaptado de Keelling (2006, p. 19) Na etapa conceitual, os responsáveis pelo projeto devem pensar e delimitar a ideia do projeto, isto é, trata-se de uma avaliação inicial sobre os benefícios e possibilidades de desenvolvimento do projeto na organização. Além disso, deve- se averiguar a viabilidade de recursos humanos, fi nanceiros, organizacionais e físicos e os riscos inerentes ao projeto. Não adianta ter uma ideia brilhante de projeto se não houver aderência a ele. A etapa de planejamento segue os conceitos desenvolvidos no primeiro estágio. Traça-se um plano para o projeto, que deve conter as metas, objetivos e um plano delimitando, por exemplo, um cronograma fi nanceiro, os recursos necessários e os responsáveis em cada atividade. A implementação nada mais é do que a execução das etapas anteriores. Em alguns casos são necessárias mudanças, por isso o controle e o monitoramento são imprescindíveis para verifi car o que está indo em conformidade com o plano e o que é necessário adaptar para conquistar os objetivos pretendidos. A etapa de conclusão remete à fi nalização do projeto, entregando os resultados. Muitas vezes, esta etapa envolve a entrega de relatórios, produtos e serviços. Em geral, também é feita uma avaliação pelos clientes e/ou pelas partes interessadas no projeto, bem como o seu acompanhamento. Para ilustrar estas etapas, vamos supor um projeto que envolve a capacitação dos funcionários de uma multinacional por meio de um curso de inglês: 63 AS FASES DE UM PROJETO: INICIAÇÃO, PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO, CONTROLE E ENCERRAMENTO Capítulo 3 Conceito do projeto Refl etir sobre os possíveis benefícios de se capacitar a equipe para o idioma inglês. Pensar como o projeto poderia gerar interesse e envolvimento das partes interessadas. Planejamento Pensar nos objetivos do curso, por exemplo, nível básico, intermediário ou fl uente? Priorizar termos técnicos ou conversação, gramática, escrita? Defi nir os envolvidos: professores, alunos, patrocinadores. Planejar custos e recursos: valor, pagamento, local e horário das aulas, periodicidade, capacidade mínima e máxima do curso, número de turmas, níveis dos alunos etc. Implementação Início das aulas em si. Ferramentas de monitoramento e controle: lista de presença, provas, trabalhos, atividades etc. Encerramento Entrega dos certifi cados de conclusão do curso. Avaliação dos alunos do projeto e dos professores envolvidos. Avaliação dos resultados atingidos: número de funcionários capacitados, avanços obtidos com o projeto. Acompanhamento: Verifi car se o idioma está sendo utilizado na organização em e-mails, visitas de estrangeiros na organização e outras atividades que possam ter relação com o projeto. Você possui alguma ideia de projeto, mas não sabe por onde começar? Essas perguntas podem contribuir para que você inicie seu projeto, principalmente se ele estiver no estágio conceitual ou de planejamento. Pensando as alternativas 1. O que exatamente deve ser alcançado? 64 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos 2. Quais resultados são importantes (necessidades), quais são desejáveis, mas não tão importantes (desejos)? 3. O que não deve ser incluído (impedimentos)? 4. Como o objetivo do projeto deveria ser mais bem alcançado? 5. Quanto tempo levará para que se alcancem resultados e quando seria sensato começar? 6. Quanto custará e de onde virão os recursos? Que oposição poderia ser encontrada, por que e por parte de quem? Fonte: Keelling (2006, p. 26). De acordo com o Project Management Institute (2010, p. 1), a estrutura de ciclo de vida dos projetos pode ser mapeada quanto a quatro aspectos: 1. Início do projeto. 2. Organização e preparação. 3. Execução do trabalho do projeto. 4. Encerramento do projeto. Como se pode perceber, as quatro etapas são muito similares às que aprendemos anteriormente: 1) Conceituação; 2) Planejamento; 3) Implementação e 4) Conclusão. Não existe uma nomenclatura correta, nem um número mínimo ou máximo de etapas, mas a estrutura adotada deve fazer sentido no contexto do projeto e de seus envolvidos. Deste modo, cada organização deve reconhecer os eventos ou marcos dos projetos que desenvolve. Precisamos ter em mente que os estágios do ciclo de vida de um projeto costumam ser sequenciais em relação ao tempo, mas podem se sobrepor em algumas situações. Ou seja, é possível que as etapas do projeto possuam relação ou não entre si na medida em que os estágios do ciclo de vida do projeto avançam. Há projetos em que as etapas de iniciação e de planejamento são feitas em conjunto, por exemplo. Noutros, o planejamento envolve a execução, ou seja, a estratégia e as defi nições de objetivos dependem da prática. Há três tipos básicos de relações entre as etapas do projeto: a relação sequencial, a relação sobreposta e a relação interativa. O Quadro 9 contribui para a explicação das diferenças entre elas. Precisamos ter em mente que os estágios do ciclo de vida de um projeto costumam ser sequenciais em relação ao tempo, mas podem se sobrepor em algumas situações. Há três tipos básicos de relações entre as etapas do projeto: a relação sequencial, a relação sobreposta e a relação interativa. 65 AS FASES DE UM PROJETO: INICIAÇÃO, PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO, CONTROLE E ENCERRAMENTO Capítulo 3 Quadro 9 - Tipos básicos de relações entre o ciclo de vida de um projeto Tipo de relação Descrição Relação sequencial Uma etapa só pode começar depois que a anterior terminar. Relação sobreposta Uma nova etapa é iniciada antes do término da anterior. Relação interativa Apenas uma fase é planejada e o planejamento da próxima fase só é feito à medida que o trabalho avança na fase atual e nas entregas. Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 21). Para exemplifi car a relação sequencial, vamos ter em mente a limpeza de uma caixa d’água de um condomínio, a qual envolve uma sequência de eventos. Primeiramente, os condôminos devem ser devidamente avisados da data e hora da intervenção. Em seguida, na data proposta deve-se desativar temporariamente o sistema de água parase prosseguir com a limpeza do equipamento e, fi nalmente, o restabelecimento do sistema de água no local. De outra forma, uma relação sobreposta implica o início de uma nova fase antes do término da anterior. Por exemplo, uma loja de roupas pode optar por planejar e executar o lançamento de uma coleção outono-inverno em conjunto com a implementação da promoção das roupas de verão, com isso ela irá aproveitar o fl uxo de pessoas interessadas nas peças em promoção para já apresentar novos produtos. Uma relação interativa é comum em ambientes muito sujeitos a mudanças. Deste modo, planeja-se apenas uma fase e o planejamento tem continuidade a partir do momento em que o trabalho avança na fase atual e nas entregas (PMI, 2010). Por exemplo, uma empresa de software que pretende trabalhar com jogos on-line pode planejar o lançamento de uma versão de teste e verifi car a aceitação do público e só então decidir se prossegue ou não com a ideia, ou se adapta os jogos conforme os resultados encontrados. Algumas características do ciclo de vida do projeto estão evidenciadas na Figura 7. Nela é possível averiguar que os níveis de custo e de pessoal são baixos no estágio de início do projeto, aumentam na organização e preparação e atingem seu nível máximo durante a execução do trabalho, caindo rapidamente a partir da entrega do projeto (PMI, 2010). Os níveis de custo e de pessoal são baixos no estágio de início do projeto, aumentam na organização e preparação e atingem seu nível máximo durante a execução do trabalho, caindo rapidamente a partir da entrega do projeto. 66 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Figura 7 - Nível típico de custos e pessoal ao longo do seu ciclo de vida Fonte: PMI (2010, p. 16). Outra característica da estrutura genérica do ciclo de vida é que o início do projeto é mais susceptível à infl uência dos stakeholders, riscos e incertezas, e à medida que um projeto avança, estas infl uências diminuem. De outra forma, à medida que um projeto avança em seu ciclo de vida, aumentam também os custos de mudança, ou seja, fazer alterações no projeto e corrigir erros pode se tornar muito mais complexo e custoso à medida que o projeto amadurece (PMI, 2010). Conhecer o ciclo de vida de um projeto ajuda o gerente a prever as mudanças de estilo e ritmo e a entender as necessidades de cada fase. “A familiaridade com o ciclo de vida de um projeto capacita os envolvidos a entender a sequência lógica dos eventos, a reconhecer limites ou ‘marcos’, e a saber em que ponto se encontra o projeto no continuum de atividades que se sucedem desde o início até o fi m” (KEELLING, 2006, p. 14). Assim, será mais fácil reconhecer quando se devem fazer inspeções especiais, revisões ou reavaliações de prioridade, haja vista que as despesas se acumulam e o tempo e os recursos se reduzem ao longo do projeto. Ademais, acompanhar o ciclo de vida fornece pontos de referência a partir dos quais a equipe pode avaliar o andamento e perceber o que ainda é preciso acontecer durante o tempo de vida do projeto (KEELLING, 2006). Outra característica da estrutura genérica do ciclo de vida é que o início do projeto é mais susceptível à infl uência dos stakeholders, riscos e incertezas, e à medida que um projeto avança, estas infl uências diminuem. 67 AS FASES DE UM PROJETO: INICIAÇÃO, PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO, CONTROLE E ENCERRAMENTO Capítulo 3 Com isso, compreender os estágios do ciclo de vida de projetos pode acarretar em uma melhor avaliação dos prazos e recursos necessários para o andamento de cada etapa do projeto, ou seja, o monitoramento e o controle do projeto são altamente favorecidos, melhorando as chances de se atingir os objetivos propostos. Outro aspecto que deve ser observado pelos gestores são os processos inseridos no ciclo de vida dos projetos. Processos Um projeto pode ser visto como um processo que depende de várias etapas para ser concluído, como as que já vimos com os estágios do ciclo de vida do projeto. Outra maneira simples de enxergar os projetos é com um modelo de entrada – processo – saída. Entrada são recursos diversos requeridos para que um projeto aconteça. Alguns exemplos de entrada são: materiais, capital, equipamentos, instalações, informações e pessoal (KERZNER, 2006). Processos são os mecanismos, práticas e técnicas em que a equipe responsável pelo projeto transforma as entradas em resultados de produtos, serviços e lucro (KERZNER, 2006). Saídas ou outputs são os resultados de cada fase de um projeto. Tais resultados podem ser parciais ou fi nais, isto é, a conclusão do projeto. Kerzner (2006, p. 4) cita três tipos de entregas tangíveis e mensuráveis dos projetos. • Entregas físicas: são itens físicos, como uma mesa, um protótipo ou uma parte de um equipamento. • Entregas de conteúdo: são similares às entregas físicas, mas geralmente são produtos impressos, como relatórios, estudos, comunicados ou documentação. Algumas empresas não diferenciam entre entregas físicas e de conteúdo. • Entregas parciais: podem ser tanto entregas físicas quanto de conteúdo e evoluem progressivamente conforme o projeto avança. Um exemplo pode ser uma série de relatórios provisórios que levam até o relatório fi nal. Devemos lembrar que as habilidades do gerente de projetos são primordiais para transformar as entradas em resultados reais. Ou seja, para a efetivação dos processos, as habilidades e o conhecimento do gerente contribuem para o andamento do projeto. O Project Management Institute (2010) sugere cinco grupos de processos de gerenciamento de projetos, todos eles dependem de entradas e geram saídas. Outra maneira simples de enxergar os projetos é com um modelo de entrada – processo – saída. 68 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Quadro 10 - Processos de um projeto Processo Descrição Iniciação Os processos realizados para defi nir um novo projeto ou uma nova fase de um projeto existente através da obtenção de autorização para iniciar o projeto ou a fase. Planejamento Os processos realizados para defi nir o escopo do projeto, refi nar os objetivos e desenvolver o curso de ação necessário para alcançar os objetivos para os quais o projeto foi criado. Execução Os processos realizados para executar o trabalho defi nido no plano de geren-ciamento do projeto para satisfazer as suas especifi cações. Monitoramento e controle Os processos necessários para acompanhar, revisar e regular o progresso e o desempenho do projeto, identifi car todas as áreas nas quais serão neces- sárias mudanças no plano e iniciar as mudanças correspondentes. Encerramento Os processos executados para fi nalizar todas as atividades de todos os grupos de processos, visando encerrar formalmente o projeto ou a fase. Fonte: PMI (2010, p. 39). Iremos descrever as principais ações contempladas em cada grupo de processos com base no Project Management Institute (2010, p. 37-65). O capítulo 3 do livro do Project Management Institute (2010) é todo dedicado aos processos de gerenciamento de projetos. Para aprofundamento, pesquise a base destes processos. Grupo de processos de iniciação O grupo de processos de iniciação é quando tomamos conhecimento de um novo projeto ou nova fase do mesmo. O PMI (2010) sugere que neste momento se estuda a viabilidade, avaliam- se as alternativas, descrevem-se claramente os objetivos do projeto a fi m de documentar qual é a melhor decisão diante das alternativas, e desenvolve-se o escopo inicial do projeto contendo as entregas, a duração do projeto e uma previsão dos recursos para ser feita a análise de investimento pela organização. Ainda, é parte do processo de iniciação a autorização formal para se iniciar o projeto e dar andamento à utilização de seus recursos. Nesse sentido, os principais processos de gerenciamento de processos de iniciação são: O grupo de processos de iniciação é quando tomamosconhecimento de um novo projeto ou nova fase do mesmo. 69 AS FASES DE UM PROJETO: INICIAÇÃO, PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO, CONTROLE E ENCERRAMENTO Capítulo 3 • Desenvolver o termo de abertura do projeto – desenvolver um documento formal que autoriza um projeto ou uma fase dele e a documentação dos requisitos iniciais que satisfaçam as necessidades e expectativas das partes interessadas. • Identifi car as partes interessadas – identifi car as pessoas ou organizações que podem ser afetadas pelo projeto e a documentação das informações relevantes relacionadas aos seus interesses. Grupo de processos de planejamento O grupo de processos de planejamento é um detalhamento das atividades, pesquisas, determinação de prazos, defi nição de alocação de custos e recursos. Os resultados desse grupo de processos são um plano, uma lista de tarefas, um relatório e a defi nição dos responsáveis pelas atividades. O planejamento é um dos processos mais vitais de um projeto, demandando muito esforço e atenção do gerente de projetos. Erros nesses processos podem afetar seriamente o andamento das atividades seguintes. • Desenvolver o plano de Gerenciamento do Projeto – documentar as ações necessárias, informar como o projeto será planejado, executado, monitorado, controlado e encerrado. • Coletar os requisitos – defi nir as necessidades das partes interessadas para alcançar os objetivos. • Defi nir o escopo – descrever detalhadamente o projeto e o produto/serviço. • Criar a estrutura analítica do projeto (EAP) – subdividir as entregas e o trabalho em subprocessos, fases e componentes menores e mais fáceis de serem geridos. • Defi nir as atividades – identifi car as ações específi cas para efetivar e entrega do projeto. • Sequenciar as atividades – documentar as relações entre as entregas do projeto. • Estimar os recursos das atividades – estimar os recursos fi nanceiros, humanos, físicos e organizacionais requeridos para a atividade. • Estimar as durações das atividades – estimar o período necessário para realizar as atividades com os recursos estimados. • Desenvolver o cronograma – analisar a sequência de atividades, sua duração, recursos e restrições para criar o cronograma do projeto. • Estimar os custos – estimar os recursos fi nanceiros demandados para executar o projeto. O grupo de processos de planejamento é um detalhamento das atividades, pesquisas, determinação de prazos, defi nição de alocação de custos e recursos. 70 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos • Determinar o orçamento – agregar os custos estimados das atividades para autorizar uma base de custos do projeto. • Planejar a qualidade – identifi car os requisitos padrões de qualidade do projeto. • Desenvolver o plano de recursos humanos – identifi car e documentar os responsáveis, suas habilidades requeridas, relações hierárquicas e um plano de gerenciamento de pessoal. • Planejar as comunicações – determinar as necessidades de informação e a abordagem de comunicação com as partes interessadas. • Planejar o gerenciamento de riscos – defi nir como conduzir as atividades de gerenciamento dos riscos de um projeto. • Identifi car os riscos – defi nir e caracterizar os riscos que podem afetar o projeto. • Realizar análise qualitativa dos riscos – priorizar os riscos para análise e/ ou ação conforme probabilidade de ocorrência e nível de impacto. • Planejar resposta aos riscos – estabelecer opções de ações para aumentar as oportunidades e diminuir as ameaças ao projeto. • Planejar aquisições – documentar os fornecedores potenciais e as decisões de compras do projeto. Grupo de processos de execução Uma vez defi nido o plano de gerenciamento de projeto, deve-se colocá-lo em prática por meio dos processos de execução. O conjunto de processos de execução é o que envolve mais custos e pessoal, conforme já identifi camos na fase de ciclo de vida de execução do projeto. Nesse sentido, a coordenação de pessoas e recursos deve estar em sintonia com as atividades propostas no plano de gerenciamento do projeto, podendo, ainda, precisar de ajustes e mudanças identifi cadas ao longo da execução das atividades. • Orientar e gerenciar a execução do projeto – realizar o trabalho defi nido no plano de gerenciamento de projetos para atingir os objetivos propostos. • Realizar a garantia da qualidade – auditoria dos requisitos de qualidade para garantia dos padrões de qualidade adequados. • Mobilizar a equipe do projeto – confi rmar a disponibilidade dos recursos humanos e equipe que participará efetivamente do projeto. • Desenvolver a equipe do projeto – melhorar as competências, interação da equipe e do ambiente global para aprimorar o desempenho do projeto. • Gerenciar a equipe do projeto – acompanhar o desempenho dos membros da equipe. Uma vez defi nido o plano de gerenciamento de projeto, deve- se colocá-lo em prática por meio dos processos de execução. 71 AS FASES DE UM PROJETO: INICIAÇÃO, PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO, CONTROLE E ENCERRAMENTO Capítulo 3 • Distribuir as informações – disponibilizar informações relevantes às partes interessadas no projeto. • Gerenciar as expectativas das partes interessadas – comunicar e interagir com as partes interessadas para atender às suas necessidades. • Conduzir as aquisições – obter respostas de fornecedores e selecioná-los. Grupo de processos de monitoramento e controle Os processos de monitoramento e controle envolvem ações preventivas e corretivas das atividades executadas no projeto. É comum que nem tudo tenha sido previsto e relacionado durante os processos de planejamento, por isso, este grupo de processos envolve identifi car e colocar em prática adaptações e mudanças necessárias para que os objetivos do projeto sejam atingidos. Os benefícios destes processos são obtidos quando se tem uma mensuração periódica para identifi car variações em relação ao plano. Deste modo, o monitoramento e controle devem ser contínuos e devidamente coordenados. • Monitorar e controlar o trabalho do projeto – acompanhar, avaliar e regular o progresso dos objetivos do plano de gerenciamento do projeto. • Realizar o controle integrado de mudanças – avaliar, aprovar e gerenciar todas as solicitações de mudanças da entrega e do plano de gerenciamento do projeto. • Verifi car o escopo – formalizar a aceitação das entregas do projeto. • Controlar o escopo – monitorar o andamento do escopo e do produto. • Controlar o cronograma – monitorar o andamento do projeto. • Controlar os custos – monitorar e atualizar o orçamento, gerenciando as mudanças necessárias. • Realizar o controle da qualidade – registrar, avaliar e alterar os resultados da execução das atividades de qualidade quando necessário. • Reportar o desempenho – coletar e prover informações sobre o desempenho das atividades. • Monitorar e controlar os riscos – implementar plano de respostas aos riscos e avaliar riscos reais e potenciais durante todo o período do projeto. • Administrar as aquisições – gerir relacionamentos e monitorar os contratos, fazendo mudanças e correções quando for necessário. Grupo de processos de encerramento Encerrar um projeto nada mais é do que concluir todas as atividades de todos os grupos de processos anteriores. É muito importante que após a entrega fi nal, com o devido aceite dos clientes e partes interessadas, Os processos de monitoramento e controle envolvem ações preventivas e corretivas das atividades executadas no projeto. Encerrar um projeto nada mais é do que concluir todas as atividades de todos os grupos de processos anteriores. 72 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos seja feita uma documentação do que foi aprendido durante o projeto, o que pode facilitar o andamento de projetos futuros. • Encerrar o projeto ou fase – terminar formalmente o projeto ou fase e todas suas atividades erespectivos grupos de processos; • Encerrar as aquisições – fi nalizar cada aquisição do projeto. É interessante pensar que os processos de um projeto são interativos, isto é, dependem de um fl uxo que pode se repetir à medida que um projeto vai sendo aprimorado (HELDMAN, 2006). Esta noção se associa a outra ferramenta muito utilizada pelos gestores para gerenciar os processos dos projetos: O ciclo PDCA. O PDCA é um diagrama de fl uxo para aprendizagem e melhoria do processo de produção de um produto (DEMING, 1993). Observe a Figura 8. Figura 8 - Ciclo PDCA Fonte: Deming (1993, p. 135). O ciclo PDCA é resumido em quatro principais etapas: 1. Planejar (Plan) uma mudança ou teste que busque uma melhoria. 2. Fazer (Do) a mudança ou teste preferencialmente em uma escala pequena. 3. Verifi car (Check) os resultados dessa mudança, incluindo o que pode ser aprendido e o que não deu certo. 4. Agir (Act) adotando a mudança ou abandonando-a, ou rodar o ciclo PDCA novamente. 73 AS FASES DE UM PROJETO: INICIAÇÃO, PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO, CONTROLE E ENCERRAMENTO Capítulo 3 Assim, trata-se de uma ferramenta que pode auxiliar no gerenciamento de projetos, atuando como um processo de melhoria contínua. Então, como o ciclo de vida do projeto, o PDCA e os processos do projeto se relacionem? A Figura 9 esboça a estrutura de um projeto com estágios do ciclo de vida de iniciação, fase do projeto e encerramento. É interessante notar que mesmo um projeto fi nalizado pode servir como base para projetos futuros, tratando-se de uma estrutura cíclica e relacionada. É como se o pato que mencionamos no início do capítulo tivesse conseguido se reproduzir e gerasse um fi lhote, que mesmo tendo seu ciclo de vida próprio, dependesse da vida de seu genitor para existir. Na fase do projeto, os grupos de processos requerem planejamento, execução e monitoramento e controle. Para tanto, a ferramenta PDCA pode auxiliar os gestores a planejar, fazer, verifi car e agir em consonância com os processos do projeto. Figura 9 - Grupos de processo do gerenciamento de projetos Fonte: Heldman (2006, p. 29). 74 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Na prática, identifi car os limites de cada etapa, processo e tarefa é um desafi o bem mais complexo do que o representado neste esquema. Por outro lado, ele pode contribuir para que um projeto seja gerido dentro do prazo, dos custos, do desempenho esperado e também de acordo com as expectativas dos clientes. Tudo isso é necessário dado o contexto de competitividade vivenciado no mercado, em que as empresas cada vez mais buscam obter vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. Junto a esse cenário, tem-se que os clientes se tornaram mais exigentes, demandando que as empresas se desdobrem para conseguir atender às suas expectativas. Pensando em tudo isso, o Leo apresenta um estudo de caso bem detalhado sobre como uma empresa pode se benefi ciar a partir do uso do gerenciamento de projetos em seu dia a dia. Quer saber como isso é possível? Leia o estudo de caso disponibilizado pelo Project Management Institute Brasil. GERENCIAMENTO DE PROJETOS MELHORA A EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA E COMPETITIVIDADE DA LENOVO Histórico Nos últimos anos, a indústria do computador pessoal (PC) vem se desenvolvendo aos trancos e barrancos. As vendas globais de PCs totalizaram 230 milhões de unidades em 2006, representando um aumento de 9 por cento sobre o ano anterior. A Lenovo tem uma linha de produtos que inclui tudo, desde servidores e dispositivos de armazenamento até impressoras, suprimentos para impressoras, projetores, produtos digitais, acessórios de informática, serviços e telefone celular, todos eles além de seu negócio principal de PC, o que foi responsável por 96 por cento do volume de negócios da companhia a partir do segundo trimestre de 2007. Desde a aquisição da Divisão de Computação Pessoal da IBM, em maio de 2005, a Lenovo tem acelerado a expansão dos negócios em mercados estrangeiros. A empresa transferiu sua sede corporativa de Pequim, na China, para Raleigh, North Carolina, EUA. Hoje, o grupo tem fi liais em 66 países ao redor do globo. Ele conduz seus negócios em 166 países e emprega mais de 25 mil pessoas no mundo todo. A Lenovo está organizada em quatro unidades geográfi cas: Grande China, América, Ásia-Pacífi co, Europa e no Oriente Médio e África (EMEA). Dentro de cada unidade existem departamentos funcionais, que incluem produção, transporte, gestão da cadeia de 75 AS FASES DE UM PROJETO: INICIAÇÃO, PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO, CONTROLE E ENCERRAMENTO Capítulo 3 suprimentos, marketing e vendas. As vendas fora da Grande China foram responsáveis por 59 por cento do volume de negócios total da empresa no segundo trimestre de 2007. Desafi o Antes de 2004, os fabricantes multinacionais de PC como Dell e HP estavam enfrentando difi culdades em efetuar seus negócios no mercado chinês e, portanto, não representavam uma grave ameaça competitiva para a Lenovo. No entanto, suas operações começaram a ter um grande impacto sobre fatia de mercado da Lenovo em 2004, particularmente entre as principais contas – obrigando a uma melhor execução e competitividade a fi m de aumentar o percentual de mercado e melhorar o desempenho empresarial. Solução Para enfrentar esses desafi os, a Lenovo propôs mudanças substanciais em seu modelo de negócio e estratégia em 2004, empregando uma abordagem focada em projeto para desenvolver a sua estratégia corporativa. Algumas medidas tomadas foram: 1. Após a confi rmação da estratégia corporativa global da empresa, a Lenovo começou a organizar as tarefas prioritárias que exigiam a cooperação multidepartamentos em projetos, referidos como projetos estratégicos. Os projetos estratégicos diferem dos projetos de P&D, uma vez que o tempo e o custo não podem ser usados como pontos de referência para o sucesso. Tais projetos podem ser sobre a expansão para novos mercados, resolver problemas, aumentar a efi ciência organizacional, integrar recursos estratégicos ou melhorar a satisfação ou habilidades dos funcionários. No passado, alguns planejamentos estratégicos não foram acompanhados sufi cientemente, mas a aplicação de gerenciamento de projetos estratégicos resolveu este problema; projetos estratégicos começaram a ser realmente executados e gerar resultados. 2. A Lenovo também estabeleceu um Escritório de Gerenciamento de Projetos (Project Management Offi ce, PMO) para coordenar projetos estratégicos. A partir de 2004 e início de 2005, a Lenovo criou processos e modifi cou a estrutura organizacional para estruturar o seu PMO. Também formalizou as relações entre líderes estratégicos e o PMO, e fi nanciou recursos para o escritório. Posteriormente, todos 76 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos os regulamentos dos outros departamentais da Lenovo precisariam estar em conformidade com os regulamentos do PMO, com detalhes específi cos para cada departamento de negócios. No entanto, o PMO da Lenovo não interferiu administrativamente nos projetos, mas sim, ofereceu treinamento e estabeleceu procedimentos padronizados. Os funcionários da Lenovo viram o PMO como uma espécie de recurso ao invés de um departamento administrativo. A designação de um PMO como um departamento administrativo é uma das várias coisas que condenaram estas áreas no passado, mas o escritório da Lenovo tem prosperado e ganhou um prêmio interno de excelência em equipe. A empresa acredita que algumas condições devem existir para utilizar com sucesso o gerenciamento do projeto: Primeiro, a empresa deve enfrentar um desafi o (ou seja, um fator externo, que exige a fazê-lo); em segundo lugar, o escritório deve ser priorizado pela liderança da empresa; em terceiro lugar, o escritório deve ser conduzido por uma equipe de profi ssionais, a fi m de garantir que os sistemas específi cos da empresa sejamdesenvolvidos e, fi nalmente, é preciso estar de acordo com a cultura organizacional da empresa e ser apreciado. Caso contrário, é difícil de obter sucesso. 3. A Lenovo também destinou orçamento para a implementação estratégica. Anteriormente, os planos estratégicos concluídos não eram apoiados fi nanceiramente. Mas com a mudança estratégica, a equipe executiva defi niu um orçamento adicional para executar projetos fora do orçamento original e para fornecer bônus para os envolvidos - criando um caminho para a execução bem-sucedida dos planos estratégicos. VALORIZANDO OS PROFISSIONAIS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS 1. A Lenovo enviou os seus melhores talentos para o exame da certifi cação PMP® e aplicou normas de gerenciamento de projetos. A Certifi cação PMP® é desenvolvida e gerida pelo Project Management Institute (PMI), que é a maior associação do mundo para profi ssionais de gerenciamento de projetos. A certifi cação PMP é a maior autoridade e infl uência da sua área, e é a única certifi cação genuinamente reconhecida e aceita mundialmente dentro da disciplina de gerenciamento de projetos. Certifi cação PMP® está de acordo com Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®), o padrão de projetos elaborado pelo PMI. O Guia PMBOK® também é reconhecido e aceito internacionalmente pelas autoridades em padrões como ISO. Após o acordo de aquisição 77 AS FASES DE UM PROJETO: INICIAÇÃO, PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO, CONTROLE E ENCERRAMENTO Capítulo 3 do negócio de PCs da IBM pela Lenovo, os gerentes de projeto da Lenovo precisavam de uma plataforma comum para se comunicar e gerenciar as equipes em diferentes países. Como um padrão global, de fato, para gerenciamento de projetos, os padrões de gerenciamento de projetos do PMI ajudaram a Lenovo a padronizar seus processos. Iniciando pelos seus departamentos funcionais (por exemplo, P&D, gestão da cadeia de abastecimento etc.), a Lenovo selecionou um grupo de profi ssionais-chave para receber treinamento em gerenciamento de projetos e obter a certifi cação PMP®. Os profi ssionais retornaram e propagaram o gerenciamento de projetos em seus respectivos departamentos funcionais, e treinaram outros membros da equipe. 2. A hierarquia dos cargos de gerenciamento de projeto foi introduzida dentro da empresa, em consonância com a estrutura de cargos criada pelo departamento de recursos humanos da empresa. A Lenovo Corporate Research & Development introduziu esta estrutura de cargos entre 2000 e 2001. Diferentes níveis de engenheiros incluíram engenheiro assistente, engenheiro adjunto encarregado, engenheiro responsável, etc. Os profi ssionais de engenharia foram avaliados por especialistas anualmente em duas ocasiões: primeiro, com fundamento em sua base de conhecimento, ou seja, sua formação e compreensão relevante; em segundo lugar, com base em seu desempenho, por exemplo, sua experiência em P&D. Em 2006, a Lenovo deu o pontapé inicial a uma remodelação global das suas posições. Como exemplo, a divisão de vendas da empresa foi dividida em níveis sequenciais, como assistente de vendedor, gerente de vendas e consultor. Posições são associadas com os salários, mas o regulamento da empresa limita o percentual de funcionários em cada nível. Por exemplo, altas posições podem ocupar apenas cinco por cento de uma determinada equipe. Gerentes de projeto podem avançar na hierarquia da empresa. Existem mais de 100 gerentes de projeto em tempo integral na Lenovo, mas quase todo o pessoal da Lenovo já participou em algum projeto. A hierarquia constrói uma escada profi ssional para gerentes de projeto, servindo como um canal para o desenvolvimento de carreira. Maiores resultados A experiência da Lenovo em gerenciamento de projetos cresceu signifi cativamente, transformou sua estratégia corporativa e melhorou o seu modelo de negócio. A abordagem orientada para projetos da empresa melhorou o trabalho em equipe e nivelou todas 78 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos as equipes; cultura de equipe e cultura corporativa foram difundidas, um espírito inovador foi criado junto com a integração internacional que foi melhorada. Em termos dos resultados de mercado, a adaptação da Lenovo em gerenciamento de projetos tem melhorado a competitividade da empresa com relação às entregas e satisfação do cliente. Por sua vez, o desempenho do diferenciado foi atingido: Em 2006, a empresa tinha uma fatia de sete por cento no mercado global de PCs, superado apenas pela Dell e HP. O volume de negócios total foi de USD 14,6 bilhões, um aumento de 10 por cento sobre o ano anterior. Fonte: Project Management Institute. Disponível em <https://brasil.pmi.org/ brazil/KnowledgeCenter/~/media/676EC526DC014379BD7F8737243EF2B8. ashx>. Acesso em: 29 jun. 2016. Atividades de Estudos: 1) Diante do exposto, após ler o estudo de caso real, responda às seguintes questões: a) Quais foram os benefícios alcançados pela Lenovo com a organização de tarefas prioritárias em projetos estratégicos com a cooperação de vários departamentos? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Para a Lenovo, o que é necessário para utilizar o gerenciamento de projetos com sucesso em uma empresa? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 79 AS FASES DE UM PROJETO: INICIAÇÃO, PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO, CONTROLE E ENCERRAMENTO Capítulo 3 c) Quais ações contribuíram para a Lenovo disseminar a prática de gerenciamento de projetos com um padrão global em sua empresa? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ AlGumas ConsideraçÕes Neste capítulo, você aprendeu que, assim como um ciclo de vida de um ser vivo, os projetos devem passar pelo início e pelo encerramento. As etapas de um ciclo de vida de um projeto se iniciam com uma etapa conceitual, seguida pelo planejamento, quando se organiza e prepara-se o projeto. A etapa seguinte é de implementação, em que são executadas as atividades planejadas, assessoradas por monitoramento e controle das atividades pela equipe de projetos. Por fi m, a conclusão ou encerramento do projeto permeia a entrega dos resultados, avaliações das partes interessadas e acompanhamento. Vimos também que estas etapas podem se relacionar entre si de maneira sequencial, sobreposta ou interativa. Estudamos os cinco grupos de processos listados pelo Project Management Institute, os quais podem guiar as ações dos gestores de processos como um arcabouço, ou seja, uma estrutura básica a ser adaptada a cada projeto. Você também aprendeu como a ferramenta PDCA pode auxiliar no cumprimento do ciclo de vida e andamento dos processos de gerenciamento de projetos. Sinta-se estimulado para aplicá-la em seus novos projetos. Neste capítulo já trabalhamos com diversos conceitos e grupos de processos utilizados pelo Project Management Institute. No próximo capítulo nos aprofundaremos nos métodos propostos pelo PMI. ReferÊncias DEMING, W. E. The new economics. MIT Press: Cambridge, MA, 1993. HELDMAN, K. Gerência de projetos: guia para o exame ofi cial do PMI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 80 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos KEELLING, R. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2006. KERZNER, Harold. Gestão de projetos:as melhores práticas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMBOK: um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. 4. ed. Pensylvania: Project Management, 2010. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE BRASIL. Gerenciamento de projetos melhora a execução da estratégia e competitividade da Lenovo. Disponível em: <https://brasil.pmi.org/brazil/knowledgecenter/~/ media/676ec526dc014379bd7f8737243ef2b8.ashx>. Acesso em: 14 jul. 2016. CAPÍTULO 4 O Modelo PMBOK de Gestão de Projetos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Apresentar o Project Management Institute (PMI). Relatar a gestão de escopo, tempo e custos do projeto. Apontar aspectos do gerenciamento da qualidade e dos riscos do projeto. Aplicar técnicas e ferramentas no gerenciamento de projetos. 82 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos 83 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 ContextualiZação Neste capítulo conheceremos melhor o modelo PMBOK de Gestão de Projetos. Vimos que há vários modelos de Gestão de Projetos difundidos no mundo, sendo o PMBOK um dos guias mais conhecidos e utilizados por empresas brasileiras. Mas você sabe como o Project Management Institute (PMI) surgiu? Contaremos esta história a você! Você também saberá diferenciar siglas utilizadas pelo PMI. O que seria PMO? E PMP? Vamos descobrir daqui a pouco. Também conhecemos, no capítulo anterior, os processos propostos pelo PMI (iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento) e como cada um desses envolve entradas, processos do projeto e saídas. Agora, aprofundaremos em cinco importantes subtópicos de gestão de projetos propostos pelo PMI: 1) Escopo; 2) Tempo, 3) Custos, 4) Qualidade e 5) Riscos. A proposta deste capítulo é apresentar algumas ferramentas que podem contribuir para o desenvolvimento destes cinco subtipos de gerenciamento de projetos. Você aprenderá sobre o Método do Caminho Crítico, PERT, ferramentas da qualidade e outras técnicas que podem ser úteis no gerenciamento de projetos. Apresentação do PMI Falamos sobre o gerenciamento de projetos, mas o que é o PMI? O Project Management Institute (PMI) é uma associação sem fi ns lucrativos de gerenciamento de projetos reconhecida mundialmente. Ela foi criada nos Estados Unidos em 1969 por cinco voluntários e possui sede na Filadélfi a, Pensilvânia (HELDMAN, 2006). Segundo o próprio PMI: O Instituto de Gerenciamento de Projetos (Project Management Institute PMI) é uma das maiores associações para profi ssionais de gerenciamento de projetos. Nosso trabalho para a profi ssão auxilia mais de 700.000 membros, profi ssionais certifi cados e voluntários em praticamente todos os países do mundo a aumentar o sucesso das suas empresas, evoluir em suas carreiras e tornar a profi ssão mais madura. Fonte: Disponível em: <https://brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/WhatisPMI.aspx>. Acesso em: 1 ago. 2016. O Project Management Institute (PMI) é uma associação sem fi ns lucrativos de gerenciamento de projetos reconhecida mundialmente. 84 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Com isso, entende-se que o PMI nasceu com o propósito de promover, divulgar e ensinar o gerenciamento de projetos e os valores da instituição para diversas organizações ao redor do mundo. O PMI contribui para transformar o gerenciamento de projetos em uma atividade profi ssionalizada, ou seja, que vai além da intuição e de técnicas de tentativa e erro. Ademais, é interessante que você saiba diferenciar algumas siglas comumente utilizadas pelo PMI. O PMI contribui para transformar o gerenciamento de projetos em uma atividade profi ssionalizada, ou seja, que vai além da intuição e de técnicas de tentativa e erro. Quadro 11 – Principais siglas do PMI Sigla Nome em Inglês Descrição PMI Project Management Institute Instituto de Gerenciamento de Projetos. PMO Project Management Offi ce Escritório de Gerenciamento de Projetos, ou seja, é um grupo ou departamento dentro de uma organização que faz uso de padrões de gerencia- mento de projetos. PMP Project Management Professional Profi ssional de Gerenciamento de Projetos, para isto é necessária uma certifi cação do PMI. PMBOK Project Management Base of Knowledge Base de Conhecimento sobre o Gerenciamento de Projetos. Trata-se de um guia de boas práti- cas, isto é, um conjunto de técnicas e métodos para o gerenciamento de projetos. Fonte: A autora. O PMI criou o PMBOK visando propor uma visão geral do gerenciamento de projetos e um vocabulário comum aos profi ssionais da área. O guia sugere orientações padronizadas de projetos, o que não signifi ca que cada escritório, ou PMO, identifi que as particularidades do projeto e utilize as indicações do guia de forma fl exível e em conformidade com a cultura e os objetivos da organização (GORGES, 2007). Deste modo, é a equipe que determina quais processos são adequados, podendo utilizar o PMBOK como um guia de boas práticas. Ainda, o PMI oferece atualmente oito certifi cações distintas para profi ssionais de projetos. A certifi cação de PMP é indicada para gerentes de projetos experientes, que para se candidatarem precisam cumprir alguns requisitos e ainda se submeterem a um exame para conseguir o título de PMP. De acordo com o PMI, os requisitos para se tornar um PMP são os seguintes: 85 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 • Formação de quatro anos (de bacharel ou equivalente). • Mínimo de três anos de experiência no gerenciamento de projetos. • Mínimo de 4.500 horas de liderança e direção de projetos. • 35 horas de formação em gerenciamento de projetos. Ou • Diploma de Ensino Médio (Ensino Médio ou equivalente). • Mínimo de cinco anos de experiência no gerenciamento de projetos. • Mínimo de 7.500 horas de liderança e direção de projetos. • 35 horas de formação em gerenciamento de projetos. Fonte: PMI. Disponível em: <https://brasil.pmi.org/brazil/ Certifi cationsAndCredentials/PMP.aspx>. Acesso em: 2 ago. 2016. Conheça o site do PMI: <https://brasil.pmi.org/>. Você pode ainda não ser um PMP, mas está no caminho certo para aprimorar seus conhecimentos sobre gerenciamento de projetos. O Leo vai apresentar o site do PMI para você descobrir mais informações valiosas sobre o Instituto. Os Subconjuntos do Gerenciamento de Projetos Além dos cinco grupos de processos de gerenciamento de projetos, o PMI (2010) descreve nove áreas do conhecimento relativas ao gerenciamento de projetos: 1) Gerenciamento do escopo. 2) Gerenciamento do tempo. 3) Gerenciamento dos custos. 4) Gerenciamento da qualidade. 86 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos 5) Gerenciamento dos riscos. 6) Gerenciamento dos recursos humanos. 7) Gerenciamento da comunicação. 8) Gerenciamento das aquisições. 9) Gerenciamento da integração. Para fi ns didáticos, neste capítulo abordaremos o gerenciamento de escopo, tempo, custos, riscos e qualidade. Os outros quatro subtópicos de gerenciamento serão abordados no Capítulo 5. Todas as nove subáreas do conhecimento são consideradas pontos de atenção para o gerenciamento de projetos. Dividi-las deste modo é uma forma de facilitar a organização e subdivisão de tarefas, mas as fases do projeto também devem estar compatíveis com as tarefas desenvolvidas em cada área do conhecimento. Começaremos pelo gerenciamento do escopo, que contempla tudo o que deve ser atendido para o sucesso do projeto. Mas, antes disso, o Leo vai fazer uma breve revisão com você. Atividades de Estudos: 1) Quais são os cinco grupos de processos de gerenciamento de projetos propostos pelo PMI (2010)? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ 2) Quais são as nove áreas do conhecimento do gerenciamento de projetos propostos pelo PMI? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 87 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 A proposta deste capítulo é enfatizar algumas ferramentas sugeridas pelo PMI (2010) como alternativas para o gerenciamento de projetos. Apesar de muitas ferramentas serem apresentadas aqui por processo da área do conhecimento, tais técnicas são aplicáveis em vários outros momentos do ciclo de vida do projeto. Isto é, não pretendemos restringir, tampouco esgotar o aprendizado e uso das ferramentas e técnicas para os tópicos propostos aqui. Assim, esperamos que você conheça algumas alterativas para depois ser capaz de aplicar as técnicas mais apropriadas para seu projeto. Gestão de Escopo A gestão de escopo é um processo sistemático que inclui apenas os processos necessários para terminar o projeto com sucesso. O PMI (2010) resume os principais processos do gerenciamento de escopo em cinco etapas: 1. Coletar os requisitos – requisitos são necessidades ou condições das partes interessadas que devem ser atendidas para satisfazer um contrato e alcançar os objetivos do projeto. Entrevistas, dinâmicas de grupo, ofi cinas, pesquisas e brainstorming são algumas das técnicas que podem contribuir para a coleta de requisitos. 2. Defi nir o escopo – descreve-se detalhadamente o projeto e o produto. O escopo pode ser defi nido com o auxílio de opinião especializada (interna e externa à organização) e identifi cação de alternativas. 3. Criar a EAP – a Estrutura Analítica do Projeto (EAP) é a decomposição do trabalho e das entregas em componentes menores para atingir os objetivos do projeto. Uma das formas de decompor o projeto é por meio do ciclo de vida do projeto, como estudamos no Capítulo 2. 4. Verifi car o escopo – formaliza-se a aceitação das entregas efetuadas ao longo do projeto. A técnica utilizada para este processo é a inspeção, que verifi ca e examina o projeto e tudo o que envolve as entregas do produto. 5. Controlar o escopo – monitora-se o progresso do escopo e gerenciam- se as mudanças efetuadas ao longo do projeto. Para tanto, utiliza-se a análise de variação do projeto, que nada mais é do que medições de desempenho do projeto. A gestão de escopo é um processo sistemático que inclui apenas os processos necessários para terminar o projeto com sucesso. 88 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Brainstorming é uma técnica de tempestade de ideias em que os participantes são estimulados a pensar e propor ideias e soluções livremente. Após se esgotarem as ideias, selecionam-se as opções mais viáveis para o contexto determinado. A Figura 10 resume os principais processos de gerenciamento de escopo. Figura 10 – Principais processos de gerenciamento de escopo Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 103). Agora que você já entende quais são os principais processos do gerenciamento de escopo, falaremos sobre o gerenciamento do tempo. Gestão do Tempo A gestão do tempo é a garantia de que o projeto termine no prazo desejado. Por mais que pareça um processo simples, projetos fora do prazo geram aumento dos custos, insatisfação dos clientes e tensão na equipe do projeto. Gerir o tempo relaciona-se também com o levantamento de atividades e recursos necessários e depende do desenvolvimento e controle do cronograma, como veremos a seguir: 1. Defi nir as atividades – identifi cam-se as ações específi cas a serem realizadas para produzir as entregas do projeto. A técnica mais comum é a decomposição, ou seja, a subdivisão dos pacotes de trabalho do projeto em componentes menores e mais fáceis de gerenciar, chamados atividades. Outra ferramenta útil é utilizar um modelo de um projeto anterior. 2. Sequenciar as atividades – identifi cam-se e documentam-se as relações entre as atividades do projeto. Um método apresentado pelo PMI (2010) é o Método do Diagrama de Precedência (MDP). A ideia da técnica é construir 89 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 Figura 11 – Principais processos de gerenciamento de escopo Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 129). uma rede de cronograma representada grafi camente. Esta rede possui nós ou atividades (representados por quadrados ou retângulos) que se conectam entre si com fl echas que indicam as relações entre as atividades. Por exemplo, é preciso comprar o material para depois produzir o produto e só então entregá-lo. 3. Estimar os recursos das atividades – estima-se os tipos e quantidades de recursos físicos (material, equipamentos e suprimentos) e humanos (pessoas e equipe). Algumas organizações possuem softwares que auxiliam na estimativa de recursos para o desenvolvimento de atividades. Outra forma é utilizar os dados disponíveis na própria empresa, como índices de produção, custos unitários de produtos, materiais e equipamentos. 4. Estimar as durações das atividades – estima-se o período necessário para fi nalizar e entregar cada atividade prevista no projeto. Para estimar as durações das atividades, a opinião especializada e as estimativas estatísticas podem basear as decisões da equipe de projetos. 5. Desenvolver o cronograma – analisa-se a sequência das atividades, suas durações, recursos envolvidos e restrições para criar o cronograma do projeto. Um método utilizado neste processo é o Método do Caminho Crítico (MCC), que auxilia na identifi cação de atividades críticas ou por serem custosas, ou demandarem muitos recursos ou serem demoradas ou arriscadas. O método do caminho crítico calcula as datas teóricas de início e término mais cedo e início e término mais tarde, para todas as atividades, sem se considerar quaisquer limitações de recursos, executando uma análise dos caminhos de ida e de volta através da rede do cronograma (PMI, 2010, p. 155). 6. Controlar o cronograma – monitora-se o andamento do projeto com base no cronograma, que deve ser atualizado e alterado conforme as mudanças necessárias. A Figura 11 resume os principais processos de gerenciamento do tempo. 90 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos E você? Como gerencia o seu próprio tempo? O Leo vai apresentar uma atividade para fazê-lo refl etir sobre isso. 3, 2, 1. Vamos começar? Atividades de Estudos: Exercício sobre administração do tempo. Preencha o questionário a seguir e veja se você é efi ciente e efi caz no seu dia a dia (anote suas respostas). S = SIM N = NÃO 1. Você tem o hábito de fazer diariamente uma lista de atividades que deverá cumprir? S N 2. Se você faz a lista, sempre prioriza as atividades por ordem de importância e começa a executá-las nessa mesma ordem? S N 3. Você delega todas as rotinas e procedimentos operacionais de suas atividades aos seus subordinados? S N 4. Sempre que você tenta adiar certas decisões, espera que o problema seja resolvido automaticamente ou por outras pessoas? S N 5. Você frequentemente sente difi culdades em tomar decisões relevantes no trabalho? S N 6. Você é daqueles que só começam a produzir realmente depois do expediente, quando as pessoas já saíram, e fi nalmente consegue fi car sozinho? S N 7. Para você, todo trabalho, do mais corriqueiro ao mais importante, deve ser sempre perfeito nos mínimos detalhes? S N 8. Você sempre aceita todo tipo de trabalho que lhe entregam, mesmo que esteja atolado de serviço? S N 9. Você costuma chegar atrasado a compromissos e reuniões? S N 10. No trabalho, você restringe a conversa telefônica ao estritamente necessário? S N 11. Você se deixa ser interrompido por telefonemas a qualquermomento? S 12. Durante sua ausência (férias, viagem etc.) você tem quem o substitua em seu trabalho? S N 91 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 13. Você costuma fazer várias coisas ao mesmo tempo, deixando algumas delas frequentemente inacabadas? S N 14. No seu trabalho há constantemente coisas urgentes a serem feitas? S N 15. Você tem o hábito de trabalhar depois do expediente ou de levar serviço para casa? S N 16. As reuniões que você convoca costumam ser objetivas e sem desperdício de tempo? S N 17. Em dias úteis, seu almoço, em geral, é sóbrio, sem bebida alcoólica e sem excessos na alimentação? S N 18. Você costuma fazer reuniões com o seu pessoal logo após o almoço ou no fi nal do expediente? S N 19. Sua mesa de trabalho e gavetas estão sempre cheias de documentos e papéis? S N 20. Você acredita que a maioria dos problemas em seu setor (ou empresa) tem causas que podem ser identifi cadas? S N Faça sua avaliação Conte pontos apenas para as seguintes respostas: ∗ Marque um ponto para cada resposta SIM dada às seguintes questões: 1, 2, 3, 10, 12, 16, 17 e 20. ∗ Marque um ponto para cada resposta NÃO dada às seguintes questões: 4, 5, 6, 7, 8, 9, 11, 13, 14, 15, 18 e 19. TOTAL DE PONTOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO De 18 a 20 pontos – Parabéns. Você sabe como administrar o seu tempo e ser produtivo, tanto individualmente quanto em equipe. De 15 a 17 pontos – Você consegue administrar o seu tempo satisfatoriamente, embora haja alguns aspectos que prejudiquem o seu desempenho. De 12 a 14 pontos – Você tem diversos pontos que prejudicam um desempenho mais efi ciente. Esteja atento para que eles não se agravem. Abaixo de 12 pontos – Você tem sérios problemas para administrar o seu tempo, o que o torna provavelmente uma pessoa improdutiva. Não desanime. Veja as questões em que falhou e 92 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos pratique o inverso do que respondeu. Dessa forma, você certamente terá uma boa melhora em seu desempenho. “Administrar o Tempo É Fazer Mais e Melhor em Menos Tempo”. A afi rmação acima é aparentemente tão simples quanto a clássica pergunta: Quanto são 2 e 2? Na prática, porém, é um pouco mais complicado; da mesma forma que 2 e 2 podem somar 4, podem também representar 22. O fato é que velhos hábitos e comportamentos acabam quase sempre interferindo na boa intenção inicial de administrar suas minguadas horas diárias; quando não, outras pessoas – seu chefe, por exemplo – podem atar um belo nó no seu irretocável plano de ação diário. Nem por isso deixe de continuar tentando repetidamente. O que você vai ganhar com isso? Um real aumento de produtividade, maior e melhor obtenção de resultados e, é claro, uma maior sensação de realização profi ssional e pessoal. Você eliminará (ou pelo menos diminuirá) aquela sensação de perda de tempo, de que mais um dia passou e você pouco fez (apesar de não ter parado um instante), de que os problemas estão gerenciando sua vida em vez de você gerenciá-los, ou de que você tem um par de pesadas algemas acorrentadas aos seus pés, fazendo-o patinar no limo da improdutividade. O que fazer, então? O melhor remédio ainda é afugentar os eternos inimigos de plantão: os desperdiçadores de tempo. Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/objU7K>. Acesso em: 3 ago. 2016. Outro processo muito importante no gerenciamento de projetos é a gestão de custos. A má gestão de custos pode inviabilizar um projeto e afetar signifi cativamente o andamento das atividades. 93 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 Gestão de Custos O gerenciamento de custos envolve estimar e controlar os custos e estabelecer orçamentos com o propósito de fi nalizar o projeto dentro do orçamento aprovado. 1. Estimar os custos – desenvolve-se uma estimativa dos recursos fi nanceiros necessários para terminar o projeto. Técnicas para estimar os custos envolvem opinião especializada (com base em informações históricas e projetos similares), análise de propostas de fornecedores e estimativa análoga, que tem como base os custos reais de um projeto análogo, ou seja, projeto anterior similar. Outra ferramenta é a Técnica de Revisão e Avaliação de Programa denominada de (PERT), em inglês, Program Evaluation Review Technique, que utiliza três estimativas para defi nir o custo apropriado de uma atividade: a) Mais provável. (Cm) O custo da atividade, baseado num esforço de avaliação realista para o trabalho necessário e quaisquer outros gastos previstos. b) Otimista. (Co) Os custos da atividade são baseados na análise do melhor cenário para a atividade. c) Pessimista. (Cp) Os custos da atividade são baseados na análise do pior cenário para a atividade. Fonte: PMI (2010, p. 172) 2. Determinar o orçamento – agregam-se os custos estimados de atividades ou pacotes de atividades para determinar uma linha de base de custos autorizada. Devemos lembrar que o orçamento do projeto abrange apenas os recursos fi nanceiros autorizados para a execução do projeto. Uma técnica para elaborar o orçamento é a análise das reservas de contingência (usadas em imprevistos, mas o gasto é identifi cado como potencialmente necessário) e reservas gerenciais (usadas para mudanças não planejadas). 3. Controlar os custos – monitora-se o andamento do projeto, atualizando- se o orçamento e gerenciando as mudanças feitas com base nos custos. Uma técnica exposta pelo PMI é o Gerenciamento do Valor Agregado (GVA), utilizado principalmente para a medição do desempenho integrando as medidas de escopo, custos e cronograma. Três dimensões-chave são monitoradas no GVA, (PMI, 2010): a) Valor planejado (VP) – o orçamento autorizado designado para uma atividade ou componente da estrutura analítica do projeto (EAP). O gerenciamento de custos envolve estimar e controlar os custos e estabelecer orçamentos com o propósito de fi nalizar o projeto dentro do orçamento aprovado. 94 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos b) Valor agregado (VA) – é o trabalho autorizado que foi fi nalizado mais o orçamento autorizado para o mesmo. c) Custo real (CR) – custo total registrado na execução do trabalho para uma atividade ou componente da EAP. A Figura 12 resume os principais processos de gerenciamento dos custos. Figura 12 – Principais processos de gerenciamento dos custos Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 165). Se você quiser entender mais sobre o gerenciamento de escopo, tempo e custos do projeto, o Leo tem um material complementar rico em detalhes e exemplos. ENAP Escola Nacional de Administração Pública. Gerência de projetos – teoria e prática. ENAP: Brasília, 2014. Disponível em: <http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/handle/1/1109/GerenciaDe Projeos_modulo_2_fi nal_.pdf?sequence=1>. Acesso em: 3 ago. 2016. A gestão da qualidade também deve ser tema de interesse dos gerentes de projetos, tratando-se do tópico que veremos a seguir. Gestão da Qualidade A gestão da qualidade do projeto “inclui os processos e as atividades da organização executora que determinam as políticas de qualidade, os objetivos e as responsabilidades, de modo que o projeto satisfaça às necessidades para as quais foi empreendido” (PMI, 2010, p. 189). A qualidade, para o Instituto, é verifi cada por meio do grau em que o conjunto de características do projeto e do produto atende aos requisitos, isto é, aos padrões de qualidade acordados entre as partes. Assim, a gestão da qualidade também envolve a satisfação do cliente, 95 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 a prevenção ao invés da inspeção e a melhoria contínua, que já estudamos no Capítulo 3 através da ferramenta do ciclo PDCA (Planejar – Fazer – Verifi car – Agir). O gerenciamento de qualidade se dá por procedimentos que contribuem para a melhoria contínua dos processos relativos a todo o projeto. Os itens a seguir resumem o gerenciamentode qualidade proposto pelo PMI (2010). 1. Planejar a qualidade – identifi cam-se e documentam-se os padrões e requisitos de qualidade do projeto e do produto. Também é necessário relatar como a conformidade será demonstrada. Neste momento, pode-se fazer uso de técnicas como a análise de custo-benefício e de Custo da Qualidade, que mensura o custo de conformidade (dinheiro gasto durante o projeto para evitar falhas) e o custo de falta de conformidade (dinheiro gasto em função de falhas no projeto). Outra técnica comum é o uso de fl uxogramas que representam grafi camente as relações entre as etapas dos processos. Vale ainda citar o benchmarking, que envolve a identifi cação de boas práticas em departamentos da empresa, empresas concorrentes ou de outros mercados que podem servir de modelo para a geração de ideias e melhorias em processos da organização. 2. Realizar a garantia de qualidade – “é o processo de auditoria dos requisitos de qualidade e dos resultados das medições do controle da qualidade para garantir que sejam usados os padrões de qualidade e defi nições operacionais apropriados” (PMI, 2010, p. 201). Entre as técnicas de garantia de qualidade estão processos de auditoria de qualidade, os quais revisam de maneira estruturada e independente as atividades do projeto. 3. Realizar o controle de qualidade – avalia-se o desempenho da qualidade a partir do monitoramento e do registro dos resultados da execução de atividades de qualidade. Diversas ferramentas reconhecidas da qualidade podem ser utilizadas: o diagrama de causa e efeito, os gráfi cos de controle, fl uxogramas, histogramas, diagrama de Pareto são alguns exemplos. Você vai entender um pouco mais sobre as ferramentas da qualidade no texto que o Leo vai apresentar. AS SETE FERRAMENTAS DA QUALIDADE Ferramentas da qualidade são técnicas que se podem utilizar com a fi nalidade de defi nir, mensurar, analisar e propor soluções 96 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos para problemas que eventualmente são encontrados e interferem no bom desempenho dos processos de trabalho. As ferramentas da qualidade foram estruturadas, principalmente, a partir da década de 50, com base em conceitos e práticas existentes. Desde então, o uso das ferramentas tem sido de grande valia para os sistemas de gestão, sendo um conjunto de ferramentas estatísticas de uso consagrado para melhoria de produtos, serviços e processos. As sete ferramentas do controle de qualidade são: Fluxograma, Diagrama Ishikawa (Espinha-de-Peixe), Folha de Verifi cação, Diagrama de Pareto, Histograma, Diagrama de Dispersão e Cartas de Controle. Estas sete ferramentas fazem parte de um grupo de métodos estatísticos elementares, que devem ser de conhecimento de todas as pessoas envolvidas com a empresa, do presidente aos colaboradores, e, por isso, devem fazer parte dos programas básicos de treinamentos das organizações. Fluxograma O Fluxograma tem como fi nalidade identifi car o caminho real e ideal para um produto ou serviço com o objetivo de identifi car os desvios. É uma ilustração sequencial de todas as etapas de um processo, mostrando como cada etapa é relacionada. Utiliza símbolos facilmente reconhecidos para denotar os diferentes tipos de operações em um processo. Diagrama Ishikawa (Espinha-de-Peixe) O Diagrama Espinha-de-Peixe tem como fi nalidade explorar e indicar todas as causas possíveis de uma condição ou um problema específi co. O Diagrama de Causa e Efeito foi desenvolvido para representar a relação entre o efeito e todas as possibilidades de causa que podem contribuir para esse efeito. Também conhecido como Diagrama de Ishikawa, foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa, da Universidade de Tóquio, em 1943, onde foi utilizado para explicar para o grupo de engenheiros da Kawasaki SteelWorks como vários fatores podem ser ordenados e relacionados. Folhas de Verifi cação As folhas de verifi cação são tabelas ou planilhas simples usadas para facilitar a coleta e análise de dados. O uso das folhas 97 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 de verifi cação economiza tempo, eliminando o trabalho de se desenhar fi guras ou escrever números repetitivos. São formulários planejados, nos quais os dados coletados são preenchidos de forma fácil e concisa. Registram os dados dos itens a serem verifi cados, permitindo uma rápida percepção da realidade e uma imediata interpretação da situação, ajudando a diminuir erros e confusões. Diagrama de Pareto O Diagrama de Pareto tem como fi nalidade mostrar a importância de todas as condições, a fi m de: escolher o ponto de partida para solução do problema; identifi car a causa básica do problema e monitorar o sucesso. Velfredo Pareto foi um economista italiano que descobriu que a riqueza não era distribuída de maneira uniforme. Ele formulou que aproximadamente 20% do povo detinha 80% da riqueza, criando uma condição de distribuição desigual. Os Diagramas de Pareto podem ser usados para identifi car o problema mais importante através do uso de diferentes critérios de medição, como frequência ou custo. Histograma O Histograma tem como fi nalidade mostrar a distribuição dos dados através de um gráfi co de barras indicando o número de unidades em cada categoria. Um histograma é um gráfi co de representação de uma série de dados. Diagrama de Dispersão O Diagrama de Dispersão mostra o que acontece com uma variável quando a outra muda, para testar possíveis relações de causa e efeito. Cartas de Controle As Cartas de Controle são usadas para mostrar as tendências dos pontos de observação em um período de tempo. Os limites de controle são calculados aplicando-se fórmulas simples aos dados do processo. As cartas de controle podem trabalhar tanto com dados por variável (mensuráveis), como com dados por atributo (discretos). 98 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Resultados da aplicação das sete ferramentas da qualidade Devidamente aplicadas, as sete ferramentas poderão levar a organização a: elevar os níveis de qualidade por meio da solução efi caz de problemas; diminuir os custos, com produtos e processos mais uniformes; executar projetos melhores; Melhorar a cooperação em todos os níveis da organização; Identifi car problemas existentes nos processos, fornecedores e produtos; Identifi car causas raízes dos problemas e solucioná los de forma efi caz etc. É necessário saber para que serve cada ferramenta e como aplicá-la, pois somente assim será possível obter bons resultados. Fonte: MAGALHÃES, J. (s.d.) Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade. Disponível em: <http://www.aprendersempre.org.br/arqs/9%20 -%207_ferramentas_qualidade.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2016. Finalmente, a Figura 13 resume os principais processos de gerenciamento da qualidade. Figura 13 – Principais processos de gerenciamento da qualidade Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 189). Gestão de Riscos Um projeto pode ser afetado por impactos positivos ou negativos. A gestão de riscos deve aumentar a probabilidade de eventos de impactos positivos e minimizar os efeitos de impactos negativos. Devemos esclarecer que o risco é diferente da incerteza. Todos nós corremos risco de morte, mas não sabemos o dia em que ela irá acontecer. Não saber o dia da morte é uma incerteza, por outro lado, não há dúvida de que ela ocorrerá (certeza). Porém, praticar um esporte radical, por exemplo, o paraquedismo, pode aumentar o meu risco de morte se comparado a outra pessoa comum. Dito isso, identifi car os riscos, analisá-los e planejar respostas aos riscos são parte do gerenciamento de riscos. Um projeto pode ser afetado por impactos positivos ou negativos. A gestão de riscos deve aumentar a probabilidade de eventos de impactos positivos e minimizar os efeitos de impactos negativos. 99 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 Figura 14 – Principais processos de gerenciamentodos riscos Fonte: Baseado em PMI (2010, p. 273). No caso do paraquedismo, sabendo do risco que envolve o salto, eu posso tomar medidas como: realizar treinamentos, estudar as condições meteorológicas e ambientais no dia do salto, checar meu paraquedas e equipamentos de segurança, contar com equipe de apoio especializada, inclusive médicos e ambulância, dentre outras atividades que podem garantir que eu termine a atividade de maneira segura e minimizando os impactos negativos à minha saúde. 1. Planejar o gerenciamento dos riscos – defi ne-se como conduzir as atividades de gerenciamento de riscos do projeto. 2. Identifi car os riscos – determinam-se os riscos e seus possíveis impactos e características. 3. Realizar a análise qualitativa dos riscos – prioriza-se a análise dos riscos conforme sua probabilidade de ocorrência e os impactos de cada risco. 4. Realizar a análise quantitativa dos riscos – analisam-se numericamente os efeitos dos riscos identifi cados. 5. Planejar as respostas aos riscos – desenvolvem-se ações e alternativas para reduzir as ameaças aos projetos e aumentar as oportunidades. 6. Monitorar e controlar os riscos – coloca-se em prática os planos de respostas aos riscos, monitorando-se os riscos existentes e potenciais. Também é feita a avaliação da efi cácia dos processos de tratamento dos riscos. A Figura 14 resume os principais processos de gerenciamento da qualidade. Tendo em vista que você já conhece os principais processos do gerenciamento de escopo, tempo, custos, qualidade e riscos, vamos assistir a um vídeo que reconta parte da história do gerenciamento de projetos. Neste vídeo, 100 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos veremos como o PMI se insere como instituição que contribui para o tema. Além disso, o vídeo também demonstrará algumas ferramentas utilizadas por gerentes de projetos. Atividades de Estudos: 1) Veja o vídeo sobre a história do Gerenciamento de Projetos e responda às questões. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=le0GTYjlvl4>. a) Qual é o primeiro projeto citado pelo vídeo? Quais são os obstáculos para a fi nalização do projeto citado? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Quais são as diferenças das responsabilidades de um supervisor de projetos no século XIX para o gestor de projetos que segue as orientações do PMI? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c) Explique por que o Empire State Building pode ser considerado um projeto de sucesso. Quais áreas do conhecimento foram bem aplicadas neste projeto? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ d) “A fi gura do gestor de projetos profi ssional também é valorizada”. Como o vídeo comprova essa afi rmativa? ____________________________________________________ ____________________________________________________ 101 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ e) Cite três ferramentas ou técnicas de gerenciamento de projetos citadas no vídeo. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ AlGumas ConsideraçÕes Vimos que o PMI é uma instituição americana fundada há mais de quatro décadas com o intuito de fomentar o gerenciamento de projetos ao redor do mundo. O Guia PMBOK registra boas práticas e vocabulário utilizados por profi ssionais de gerenciamento de projetos, muitos dos quais estamos aprendendo neste caderno de estudos. A partir de agora, você deve ter noções do signifi cado e das principais ferramentas para a gestão de subtópicos do gerenciamento do projeto, a saber: escopo, tempo, custos, qualidade e riscos. Também deve ter maior domínio sobre ações efetivas que podem ser tomadas por você e sua equipe para o gerenciamento de projetos com sucesso. No próximo capítulo veremos as outras quatro áreas do conhecimento propostas pelo PMI, a gestão de: 6) Recursos Humanos, 7) Comunicação, 8) Contratação e 9) Integração. Por fi m, aprenderemos outras técnicas e teorias para a gestão do conhecimento em gerenciamento de projetos. Até o próximo capítulo! ReferÊncias ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Gerência de projetos: teoria e prática. Disponível em: <http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/ handle/1/1109/gerenciadeprojeos_modulo_2_fi nal_.pdf?sequence=1>. Acesso em: 3 ago. 2016. 102 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos GESTÃO DO TEMPO. Exercício gerenciamento do tempo.Disponível em:<https:// www.google.com.br/l?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=5&cad=rja&uact=8 &ved=0ahukewj3ib7g4qxoahvjhjakhcmyd4uqfgg7maq&url=https%3a%2f%2fgsi2008. fi les.wordpress.com%2f2008%2f08%2fexercicio-sobre-administracao-do-tempo.doc& usg=afqjcngpriwsgjrgkzrcnt8-8tfczh_2uw&sig2=gzdb7alpcjydlde1uhcc9a&bvm=bv.12 8617741,d.y2i>. Acesso em: 5 ago. 2016. GORGES, E. A Lei de Murphy em gerenciamento de projetos. Rio de Janeiro: Brasport, 2007. HELDMAN, K. Gerência de projetos: guia para o exame ofi cial do PMI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. MAGALHÃES, J. (s.d.) Modelos de gestão: qualidade e produtividade. Disponível em: <http://www.aprendersempre.org.br/arqs/9%20-%207_ ferramentas_qualidade.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2016. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMBOK: um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. 4. ed. Pensylvania: Project Management, 2010. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMI Brasil. Disponível em: <https:// brasil.pmi.org/>. Acesso em: 3 ago. 2016. YOUTUBE. A história do gerenciamento de projetos. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=le0gtyjlvl4>. Acesso em: 8 ago. 2016. CAPÍTULO 5 As Áreas do Conhecimento e Seus Aspectos Estruturais na Gestão do Conhecimento A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Reforçar as áreas de conhecimento específi co do PMBOK (escopo, tempo, custo, qualidade, riscos, recursos humanos, comunicações, aquisições e integração). Diferenciar o conhecimento tácito e o explícito. Apresentar a espiral do conhecimento. Empregar técnicas e ferramentas para transformar o conhecimento tácito em explícito. Examinar um caso de aplicabilidade de gestão do conhecimento organizacional. 104 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos 105 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO E SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Capítulo 5 ContextualiZação Neste último capítulo, já caminhamos consideravelmente quanto aos tópicos essenciais de gestão de projetos. Retomaremos aqui uma das discussões centrais do gerenciamento de projetos: a gestão do conhecimento das pessoas que participam do projeto. Aprenderemos as diferenças entre os conceitos de dados, informações e conhecimento. E perceberemos como a gestão do conhecimento humano pode ser estratégica para as organizações, com um caso da Embraer. Entenderemos como um projeto pode ser estruturado com base nas nove áreas do conhecimento do PMI e aprofundaremos os processos de quatro áreas: 6) RecursosHumanos, 7) Comunicação, 8) Contratação e 9) Integração. Você aprendeu teorias, ferramentas e casos de gestão de projetos, mas verá também como utilizar este conhecimento nas organizações. Você já ouviu falar em conhecimento tácito e conhecimento explícito? Explicaremos para você as defi nições de cada um e apresentaremos a espiral do conhecimento, além de outras ferramentas, como os mapas mentais. Bons estudos! Gestão do Conhecimento Como estudamos no Capítulo 4, o PMI (2010) sugere nove áreas do conhecimento para o gerenciamento de projetos, sendo que já abordamos o gerenciamento de escopo, tempo, custos, qualidade e riscos. Veremos a proposta do Instituto para as outras quatro áreas: recursos humanos, comunicação, contratação e a integração, que devem entrelaçar todas as oito áreas anteriores. Mas o que de fato é conhecimento no contexto das organizações? Para explicarmos isso é preciso fazer uma diferenciação entre três conceitos distintos: dados, informação e conhecimento. Os dados são observações simples sobre o mundo, tratando-se de registros numéricos ou não. Os dados podem ser estruturados, quantifi cáveis e transferíveis, podendo ser obtidos por máquinas. Por exemplo, você tem ideia sobre o que o Google sabe sobre você? Vários dados são coletados por ele e o Leo vai mostrar isso. Outro tópico que você pode pesquisar e vem sendo utilizado cada vez mais por empresas ao redor do mundo é o Big Data, que coleta e armazena dados para a tomada de decisões estratégicas. 106 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Você conhece o que o Google sabe sobre você? Acesse <https://myactivity.google.com/myactivity> e perceberá que ele coleta dados sobre seu uso de serviços do google no computador, celular e vários aplicativos on-line. Algumas informações sobre Big Data nas organizações. Acesse <https://endeavor.org.br/big-data-descubra-o-que-e-e-como-usar-na- sua-empresa/>. O Google Analytics é uma ferramenta que pode ser utilizada para qualquer site (da sua empresa, por exemplo), blog ou loja virtual. Ele apresenta informações sobre número e origem de visitantes, monitora campanhas de marketing e cruza informações de seu site com mídia social (facebook, twitter etc.) para lhe mostrar quais trazem mais acesso. Link: <https://analytics.google.com>. Outra ferramenta é o Google Trends. Ele mostra tendências mundiais de pesquisas na web, por palavra-chave, temas e expressões. Você pode selecionar categorias (negócios, saúde, entretenimento etc.) e países. Você também pode fazer comparações. Por exemplo, qual das empresas seria a mais buscada na web, Pepsi ou a Coca-cola? E se lhe dissermos que nos Estados Unidos e no Canadá o termo Pepsi supera a Coca? Não é uma informação surpreendente? Link: <https://www.google.com/trends/>. A informação se refere a dados processados, isto é, requer análise e pesquisa sobre um conjunto de dados para transformá-los em uma mensagem com relevância e propósito. Seguindo a lógica de utilizar o Google para obter informações valiosas para os projetos, você conhece o Google Analytics e o Google Trends? O Leo vai lhe apresentar. 107 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO E SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Capítulo 5 Finalmente, o conhecimento refl ete estados mentais humanos, que requerem refl exão, síntese e um contexto. Deste modo, o processo de conhecimento é inerente à mente humana e seu saber, podendo ser comparado a um sistema vivo que se modifi ca mediante a interação com o ambiente (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Os valores e as crenças humanas integram o conhecimento, visto que as experiências do homem dependem do que ele absorve e conclui do mundo (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). A Figura 15 destaca as principais diferenças entre os conceitos de dados, informação e conhecimento. O conhecimento refl ete estados mentais humanos, que requerem refl exão, síntese e um contexto. A gestão do conhecimento é um processo sistemático de identifi cação, aplicação e renovação dos conhecimentos estratégicos para as organizações. Figura 15 - Principais diferenças entre dados, informação e conhecimento Fonte: Adaptado de Davenport e Prusak (1998). Para o PMI (2010), bancos de dados e arquivos de projetos são importantes bases de conhecimento organizacional, visto que servem como fonte de armazenamento e possibilitam a recuperação de informações. Contudo, nem todo o conhecimento de uma organização é formalizado em documentos escritos, apresentando também uma parte intangível, isto é, que não pode ser vista ou tocada. A gestão do conhecimento é um processo sistemático de identifi cação, aplicação e renovação dos conhecimentos estratégicos para as organizações. Ou seja, no contexto organizacional é preciso estabelecer quais conhecimentos são críticos para gerar vantagem competitiva para as organizações e poder se transformar em resultados superiores em relação aos concorrentes. Identifi car os conhecimentos críticos no contexto de projetos pode signifi car o alcance dos objetivos propostos ou até mesmo a recusa de um projeto sobre o qual a empresa não possui conhecimento sufi ciente para geri-lo. Portanto, destacamos dois elementos que interferem substancialmente na estratégia das organizações: as pessoas (recursos humanos) e a comunicação entre elas. Assim, começaremos apresentando o gerenciamento dos recursos 108 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos humanos proposto pelo PMI (2010), seguidos pela comunicação, aquisições e integração. Gestão dos Recursos Humanos Como vimos no Capítulo 1, as organizações são formadas por indivíduos que devem ter um objetivo em comum. Além disso, temos nossos objetivos individuais e a organização estabelece outros objetivos específi cos. Em alguns casos, os objetivos individuais e os objetivos da organização podem entrar em confl ito. Por isso, gerir os recursos humanos é tão importante para que as motivações pessoais estejam de acordo com os objetivos empresariais. Empresas têm buscado bons líderes justamente pela sua habilidade de infl uenciar as pessoas. Já de acordo com o PMI (2010), o gerenciamento dos recursos humanos é visto como um conjunto de processos que organiza e gerencia a equipe de projeto. A equipe do projeto é responsável pelas atividades de liderar e gerenciar o projeto e seus processos, devendo estar em consonância com os requisitos dos clientes e patrocinadores e das partes interessadas (Figura 16). Já de acordo com o PMI (2010), o gerenciamento dos recursos humanos é visto como um conjunto de processos que organiza e gerencia a equipe de projeto. Figura 16 - Recursos humanos envolvidos em um projeto Fonte: A autora. Os processos apontados pelo PMI (2010) como centrais do gerenciamento de pessoas envolvem tanto o plano de gerenciamento de pessoal quanto o desenvolvimento da equipe. Portanto, presume-se que um projeto deve propiciar o compartilhamento de ideias, aprendizado e um ambiente que qualifi que seus recursos humanos, a partir do desenvolvimento dos processos que seguem: 1. Desenvolver o plano de recursos humanos – documenta-se o plano de gerenciamento do pessoal, onde são estabelecidas as funções, responsabilidades, habilidades e hierarquia do projeto. 109 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO E SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Capítulo 5 2. Mobilizar a equipe do projeto – confi rma-se a disponibilidade da equipe do projeto para concluí-lo. 3. Desenvolver a equipe do projeto – desenvolvem-se as competências e interação da equipe para melhorar o desempenho do projeto. 1. Gerenciar a equipe do projeto – acompanha-se o desempenho e resultados dos membros da equipe. Quando necessário, são utilizadas técnicas de feedback e gestão de mudanças. A Figura 17 resume os principais processos de gerenciamento dos recursos humanos. Figura 17 – Principais processos de gerenciamento dos recursos humanosFonte: Adaptado de PMI (2010, p. 215). Outro aspecto básico da gestão do conhecimento do PMI (2010) é a comunicação que deve se dar entre os integrantes do projeto e as partes interessadas. Gestão da Comunicação Comunicar-se de maneira clara e coerente facilita com que o fl uxo de informações atinja as pessoas certas no momento devido. Deste modo, tanto a falta de informações quanto a existência de informações desencontradas ou pouco confi áveis podem afetar o objetivo do projeto. O primeiro ponto que devemos nos lembrar é que não comunicamos apenas por meio de palavras. Gestos, símbolos, imagens, gráfi cos, texto, entre outros, podem contribuir para a formação de uma mensagem. Por exemplo, e-mails, atas, documentos, reuniões e softwares são meios de comunicação bastante difundidos nas organizações. Por outro lado, o crescente uso de redes sociais como Whatsapp, LinkedIn, Facebook e Skype tem afetado 110 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos a forma como as pessoas se comunicam, dentro e fora do ambiente de trabalho. É através dos elementos citados que se cria a conexão entre os interessados no projeto. A partir da comunicação pode-se conseguir negociar acordos entre as partes, gerenciar confl itos, convencer equipes de um argumento ou tomada de decisão, dentre outras ações-chave em um projeto. “O gerenciamento das comunicações do projeto inclui os processos necessários para assegurar que as informações do projeto sejam geradas, coletadas, distribuídas, armazenadas, recuperadas e organizadas de maneira oportuna e apropriada” (PMI, 2010, p. 243). 1. Identifi car as partes interessadas – identifi cação das partes afetadas pelo projeto. É necessário perguntar-se com quem devo me comunicar e identifi car todas as pessoas e organizações que podem ser impactadas pelo projeto? 2. Planejar as comunicações – determina-se a abordagem de comunicação e as necessidades de informação das partes interessadas. Devem ser estabelecidos os meios de comunicação e formatos mais adequados para repassar as mensagens. A pergunta “comunicar-me como?” pode contribuir para este planejamento. 3. Distribuir as informações – segue-se o planejamento e disponibilizam- se as informações necessárias para as partes interessadas. A forma de se comunicar pode ser alterada ao longo do projeto. 4. Gerenciar as expectativas das partes interessadas – interage-se com as partes interessadas, solucionando problemas e confl itos quando eles ocorrem. Lembrando que ao manter em mente a pergunta “comunicar-me com quem?”, devo entender as expectativas das partes interessadas. 5. Reportar o desempenho – coletam-se e distribuem-se informações sobre o desempenho do projeto. Este tópico se refere à qualidade da comunicação, como a comunicação depende de um emissor e de um receptor, eventualmente as mensagens podem possuir ruídos ou problemas em sua decodifi cação. Por isso, esclarecimentos e relatórios de andamento, resumos e previsões são algumas das informações que podem ser repassadas. Alguns exemplos de habilidades de comunicação que podem ser desenvolvidas para o gerenciamento de projetos (PMI, 2010, p. 245): • Ouvir atentamente e de modo efi caz. • Perguntar, investigando ideias e situações para garantir um melhor entendimento. “O gerenciamento das comunicações do projeto inclui os processos necessários para assegurar que as informações do projeto sejam geradas, coletadas, distribuídas, armazenadas, recuperadas e organizadas de maneira oportuna e apropriada” 111 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO E SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Capítulo 5 • Educar a fi m de aumentar o conhecimento da equipe para que ela seja mais efi caz. • Levantar fatos para identifi car ou confi rmar as informações; • Defi nir e administrar as expectativas. • Persuadir uma pessoa ou empresa a executar uma ação. • Negociar para conseguir acordos mutualmente aceitáveis entre as partes. • Solucionar confl itos para evitar impactos negativos. • Resumir, recapitular e identifi car as etapas seguintes. A Figura 18 resume os principais processos de gerenciamento da comunicação. Figura 18 – Principais processos de gerenciamento de comunicação Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 243). A comunicação também é importante para que os recursos necessários para o projeto estejam disponíveis de acordo com o cronograma e fases do projeto, facilitando a gestão de aquisições. Gestão das AQuisiçÕes Como vimos, recursos são aspectos essenciais nos projetos, podendo ser recursos fi nanceiros, humanos, físicos e organizacionais. A gestão de aquisições considera a compra ou contratação de recursos físicos como produtos e serviços para atingir os resultados do projeto. 1. Planejar as aquisições – identifi cam-se os fornecedores potenciais e documentam-se as decisões de compra do projeto. 2. Conduzir as aquisições – selecionam-se os fornecedores e organizam- se os contratos. 3. Administrar as aquisições – gerenciam-se as aquisições e o desempenho do contrato, realizando mudanças e correções quando necessário. A gestão de aquisições considera a compra ou contratação de recursos físicos como produtos e serviços para atingir os resultados do projeto. 112 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos 4. Encerrar as aquisições – fi nalizam-se todas as aquisições do projeto. Uma das análises-chave é a de se fazer ou comprar. “A análise de fazer ou comprar é uma técnica geral de gerenciamento usada para determinar se um trabalho específi co pode ser melhor realizado pela equipe do projeto ou se deve ser comprado de fontes externas” (PMI, 2010, p. 12). Alguns dos elementos analisados devem ser o orçamento e os custos diretos e indiretos de uma compra, bem como a capacidade e as competências da equipe do projeto. A Figura 19 resume os principais processos de gerenciamento da contratação. Figura 19 – Principais processos de gerenciamento das aquisições Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 313). Ademais, vimos que o conhecimento gerado por meio do gerenciamento de projetos depende da integração dos fl uxos de informação, englobando todas as nove áreas do conhecimento para o gerenciamento de projetos. Isto é viabilizado por meio de um bom gerenciamento da integração, tendo em vista a complexidade dos projetos. Gestão da InteGração Unifi cação é a palavra da vez no gerenciamento de integração. Com o objetivo de terminar o projeto e atender às expectativas das partes interessadas, neste processo de tomada de decisões é preciso considerar as dependências mútuas de todas as áreas do conhecimento que estudamos até aqui. Podemos considerar que a gestão da integração é uma síntese do gerenciamento de projetos, visto que agrega todas as áreas do conhecimento e prioriza a documentação formal de todas as fases do projeto, desde sua abertura até o encerramento. A formalização contribui para que a informação seja repassada para outras equipes de projetos e colabora para minimizar os impactos em casos de demissões e rotatividade de pessoal. Unifi cação é a palavra da vez no gerenciamento de integração. Com o objetivo de terminar o projeto e atender às expectativas das partes interessadas, neste processo de tomada de decisões é preciso considerar as dependências mútuas de todas as áreas do conhecimento. 113 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO E SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Capítulo 5 Figura 20 – Principais processos de gerenciamento da integração Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 71). 1. Desenvolver o termo de abertura do projeto (EAP) – autoriza-se formalmente o início do projeto por meio de um documento. 2. Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto – documentam-se as ações que baseiam a defi nição, preparação, integração e coordenação dos planos auxiliares. 3. Orientar e gerenciar a execução do projeto – implementam-se as ações previstas noplano visando atingir os objetivos do projeto. 4. Monitorar e controlar o trabalho do projeto – acompanha-se e revisa-se o andamento do projeto conforme o plano de gerenciamento. 5. Realizar o controle integrado de mudanças – revisam-se todas as solicitações de mudanças, sendo elas aprovadas ou não, e verifi cam-se as entregas do projeto. 6. Encerrar o projeto ou fase – garante-se que todas as atividades do projeto foram entregues e fi nalizadas. Uma ferramenta comum a todos os processos de gerenciamento da integração é o uso de opinião especializada para auxiliar com informações relevantes para a tomada de decisões do projeto. Dentre as opiniões que podem contribuir com detalhes técnicos e conhecimento especializado estão funcionários de outras unidades da organização, consultores, associações profi ssionais e outros interessados no projeto (como patrocinadores e clientes). A Figura 20 resume os principais processos de gerenciamento da integração. Assim, antes de prosseguirmos, condensamos os principais processos do gerenciamento do conhecimento em projetos na Figura 21. A ideia é que você tenha um mapa visual como esboço para orientar projetos futuros. Mas lembre-se 114 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos de que você sempre pode fazer uso do nosso caderno de estudos e do material complementar citado aqui. Além disso, não há um modelo-base que garanta o sucesso do projeto. O sucesso dependerá justamente de como o projeto foi gerido e do alcance dos objetivos propostos. Fonte: Adaptado de PMI (2010). Portanto, com base na Figura 21 é possível formalizar grande parte do conhecimento obtido pela equipe do projeto por meio das áreas de conhecimento propostas pelo PMI (2010). Contudo, nem todo o conhecimento pode ser formalizado. Você imagina por quê? Figura 21 - Síntese dos processos de gerenciamento do conhecimento em projetos 115 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO E SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Capítulo 5 Conhecimento Tácito e ExplÍcito Pense que você precisa ensinar alguém a andar de bicicleta. O que você diria a esta pessoa que ela precisa fazer? Quais os passos ela precisa tomar para andar de bicicleta com segurança? Agora, imagine que uma cantora de sucesso quer ensinar uma pessoa comum a cantar de maneira afi nada. Como ela pode explicar isto em um e-mail, por exemplo? Atividades de Estudos: 1) Pense em algo que você sabe fazer com excelência. Agora escreva um passo a passo sobre como fazer esta atividade. Pense que você quer repassar este conhecimento para outra pessoa de maneira clara e precisa. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Repassar o conhecimento pode ser algo muito difícil de ser feito em documentos formais, muitas vezes porque depende da prática e da repetição para que o conhecimento se torne rotina ou algo que você assimilou e faz naturalmente. É como aprender a dirigir, que no início depende de muita observação e treino, além de conhecer bem o ambiente e fi car atento à sinalização. Porém, quando você faz o mesmo trajeto diariamente, já conhece melhor o ambiente e consegue, inclusive, antecipar curvas e traçar o trajeto mentalmente. Pensando nas situações acima, é possível perceber que muito do nosso conhecimento é adquirido e repassado através de ações, repetições, leitura e a interpretação de signos, cultura e do ambiente. Por este motivo, parte do nosso aprendizado não é formalizado ou dito, visto que interpretamos nosso meio. Por exemplo, se a sua empresa possui uma cultura de não usar uniforme, você interpretará aquela situação e aos poucos irá se adaptar ao meio, observando que 116 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos tipo de traje é comum entre os funcionários. De outra forma, é possível que sua empresa tenha um código de vestimenta claro e formal, mas mesmo assim você precisa entender o ambiente, isto é, conhecer os valores, costumes e a cultura organizacional. Ou seja, um tipo de conhecimento não anula o outro, são apenas abordagens diferentes para um mesmo tópico. Com isso, começamos a aprender as diferenças entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. O conhecimento explícito é mais objetivo e pode ser transferido de maneira formal, sistemática e comunicado mais facilmente. Como exemplos temos fórmulas matemáticas, afi rmações gramaticais, avisos por escrito, livros e conhecimento teórico e tudo mais que pode ser repassado facilmente de maneira verbal ou escrita. No caso da organização que possui um código de vestimenta claro, este conhecimento é explícito para os colaboradores. O conhecimento tácito é mais subjetivo e difícil de ser articulado na linguagem formal, dependendo da ação para ser avaliado. É o conhecimento pessoal incorporado à experiência individual e envolve aspectos intangíveis, como emoções, habilidades, crenças pessoais, intuições e valores. Por exemplo, se eu aprendi a andar de bicicleta ou a cantar, eu dependo da ação para saber se adquiri este conhecimento. O Quadro 12 demonstra as principais diferenças entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. O conhecimento explícito é mais objetivo e pode ser transferido de maneira formal, sistemática e comunicado mais facilmente. O conhecimento tácito é mais subjetivo e difícil de ser articulado na linguagem formal, dependendo da ação para ser avaliado. Quadro 12 - Dois tipos de conhecimento Conhecimento tácito (subjetivo) Conhecimento explícito (objetivo) Conhecimento da experiência (corpo) Conhecimento simultâneo (aqui e agora) Conhecimento análogo (prática) Conhecimento da racionalidade (mente) Conhecimento sequencial (lá e então) Conhecimento digital (teoria) Fonte: Takeuchi e Nonaka (2008, p. 58). Quanto ao conhecimento organizacional, não é diferente, pois grande parte do conhecimento nas organizações é subjetivo, como a inovação, a criatividade, a empatia, a reputação da empresa, entre outros. Por exemplo, se você irá aprender uma tarefa nova, como atender um cliente pela primeira vez, seu atendimento dependerá de um conhecimento formal sobre os preços dos produtos comercializados, mas também de aspectos intangíveis, como a qualidade do produto e a forma como você atende este cliente (se de maneira simpática, se sorrindo, se focando em resolver o problema do cliente, entre outros). Dependendo do seu atendimento, seu cliente pode avaliar tanto os 117 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO E SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Capítulo 5 recursos intangíveis da empresa quanto aspectos tangíveis, como a localização, o ambiente físico e equipamentos. Para Takeuchi e Nonaka (2008), os líderes deverão buscar a melhoria contínua e utilizar a tecnologia para conceber novos conhecimentos, abrangendo tanto o conhecimento tácito quanto o explícito. Para que o conhecimento seja disseminado nas organizações, os autores propuseram a espiral do conhecimento. A espiral do conhecimento é representada em um plano cartesiano dividido em duas principais dimensões que se mesclam: a do conhecimento tácito e a do conhecimento explícito. Esta mistura gera quatro situações diferentes para se difundir o conhecimento nas organizações: socialização, externalização, combinação e internalização. (Figura 22). Figura 22 - Espiral do conhecimento Fonte: Adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997). • Socialização: trata-se de um conhecimento compartilhado que depende do encontro entre pessoas que trocam conhecimento. As formas desta troca acontecer dependem de ações como perceber, ver, manusear e perguntar para transformar conhecimentos subjetivos em outros conhecimentos subjetivos. • Externalização:trata-se de um conhecimento conceitual, ou seja, parte do processo de formalizar um conhecimento que é subjetivo de forma objetiva. Ações como escrever, falar e desenhar externalizam o conhecimento que parte de um saber tácito para outro explícito. • Combinação: conhecimento sistêmico que combina vários saberes explícitos e repassa-os, ou seja, a combinação e o agrupamento de conhecimentos acontece em reuniões, conversas escritas e orais, grupos de discussão e outros. 118 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos • Internalização: trata-se da assimilação de saberes externos em um conhecimento individual, ou seja, ler, ouvir e assistir transformam o conhecimento explícito em algo tácito para quem aprende. Agora que você já entende melhor como o conhecimento pode se transformar em sua vida e nas organizações, vamos aprender outras ferramentas que propiciam a gestão do conhecimento. O Leo vai apresentar algumas ferramentas disponíveis que podem contribuir para o gerenciamento do conhecimento em gestão de projetos. Mapas mentais (mind maps) e softwares diversos são algumas dessas ferramentas. FERRAMENTAS DE GESTÃO DE CONHECIMENTO EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS Mind maps Mind maps são excelentes ferramentas para planejamento e organização de ideias. Partem do conceito de que o ser humano tem difi culdade de lidar com listas, apesar de usa-las diariamente. Mind maps utilizam o mesmo conceito de conexões e interconexões de ideias que utilizamos naturalmente para gerenciar nosso conhecimento, desta forma torna-se quase intuitivo para usar. Mapa mental, mind map ou mapa semântico é o nome dado para um tipo de diagrama, sistematizado pelo inglês Tony Buzan, voltado para a gestão de informações, de conhecimento e de capital intelectual; para a compreensão e solução de problemas; na memorização e aprendizado; na criação de manuais, livros e palestras; como ferramenta de brainstorming (tempestade cerebral); e no auxílio da gestão estratégica de uma empresa ou negócio. Os desenhos feitos em um mapa mental partem de um único centro, a partir do qual são irradiadas as informações relacionadas. Eles podem ser feitos com um programa de computador adequado ou com canetas coloridas e um bloco de papel, e podem ser usados por todos os profi ssionais para gerenciar qualquer tipo de informação. Este método de registro é cada vez mais usado por uma série de profi ssionais de todas as áreas de conhecimento humano. Existem diversos programas para construção de mind maps, e inclusive um 119 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO E SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Capítulo 5 on-line e colaborativo, o Mind Meister, em http://www.mindmeister. com. Os mind maps são úteis para o planejamento de projeto, construção de briefi ng e organização de ideais. Tecnologias disponíveis Existem diversas tecnologias disponíveis on e off-line para gestão de projetos, a grande maioria está disponível gratuitamente. São elas: Para uso no computador Microsoft Project <http://office.microsoft.com/pt-br/project/FX100487771046. aspx>. É a versão comercializada pela Microsoft e é o padrão do mercado. O Microsoft Project proporciona todas as ferramentas para gestão de projetos de acordo com as especifi cações do PMI, e conta com a possibilidade de compartilhamento utilizando o Microsoft Project Server. Serena Open Project <http://openproj.org/openproj> O Serena Open Project é muito semelhante ao Microsoft Project, em praticamente todas as suas funcionalidades, e inclusive lê arquivos do Microsoft Project. Além disso, é completamente gratuito e possui versões para Windows, Linux e Mac OS 10. Para uso on- line do Serena Projects on demand <http://openproj.org/pod>. É uma versão on-line compatível com o Serena Open Project, esta versão on-line permite múltiplos usuários. Para utilizar a versão on-line o usuário paga uma taxa mensal. dotProject <http://www.dotproject.net/> O dotProject é uma solução on-line totalmente gratuita, é necessário um servidor com suporte a PHP e MySQL para sua instalação. Ele apresenta uma interface um pouco mais complexa 120 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos que a dos demais gerenciadores e é totalmente focado no uso colaborativo, contendo inclusive um fórum de discussão, lista de links e arquivos dentro do ambiente de gestão de projetos. Tecnologias auxiliares Mindmeister <http://www.mindmeister.com/> O Mindmeister é uma ferramenta on-line para criação de mapas mentais, muito útil na organização de ideais para o planejamento do projeto. Fonte: Caribé (s.d., p. 19-20) Disponível em: <http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasklock/ gestaodeprojetos/Apostila%20GP%20leitura.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2016. Agora que entendemos mais sobre a importância da gestão do conhecimento nas organizações e conhecemos algumas ferramentas para colocá-la em prática, vamos examinar um caso de gestão do conhecimento? Trata-se de uma empresa brasileira conhecida mundialmente, a Embraer. O Leo vai apresentar um caso para você refl etir. A GESTÃO DO CONHECIMENTO NA EMBRAER 07/12/2014 A Embraer possui mais de 19 mil funcionários, dos quais 89% fi cam no Brasil, e atua em três segmentos: aviação comercial, executiva e defesa e segurança. “Acreditamos que o conhecimento é um ativo intangível, que deve ser trabalhado nas organizações”, diz José Eduardo Carrara Júnior, engenheiro de desenvolvimento do produto. Para isso, a organização elaborou quatro etapas: • Identifi car; • Desenvolver; • Reter/proteger; • Disseminar e utilizar. 121 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO E SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Capítulo 5 Foco na gestão do conhecimento A Embraer possui processos em duas linhas de atuação: práticas estimuladas e práticas gerenciadas. “Se trabalharmos somente os processos, não conseguimos evoluir com a questão do conhecimento. É preciso trabalhar as pessoas junto com os processos”, diz José Eduardo. Nas práticas estimuladas não há a obrigatoriedade, ou seja, a pessoa participa porque vê utilidade. “Começamos a trabalhar nessa vertente – práticas estimuladas – com áreas temáticas de conhecimento, com foco na geração e disseminação do conhecimento e no aprendizado”, conta José Eduardo. Já as práticas gerenciadas possuem atividades com início e fi m defi nidos, além de terem foco na aplicação e no registro do conhecimento, ou seja, na incorporação do conhecimento. “As práticas gerenciadas são metas que possuem começo, meio e fi m e defi nem aonde queremos chegar”, explica José Eduardo. Além disso, há também a mentoria, que é a transferência de conhecimento de pessoa para pessoa; o storytelling, do qual se captura o conhecimento por meio de vídeos com grande know- how para que fi que registrado na organização; e a gestão documental, que é a disseminação da informação certa com a qualidade certa. Reúso de conhecimento A Embraer se preocupa com a segurança da informação e propriedade intelectual. Para isso criou as comunidades, que são grupos que compartilham conhecimento. “As comunidades de práticas, por exemplo, têm de ter o objetivo de melhorar determinado assunto. Elas integram as pessoas pelos assuntos, para terem diferentes pontos de vista, para trazerem uma riqueza e diversidade de informações”, explica José Eduardo. Além disso, o gerente de Sistemas de Gestão da Embraer conta que a comunidade não é uma prática gerencial, que anda sozinha. É necessário ter outras ações em torno dela. “Na Embraer, existe a parte de Lições Aprendidas, de forma que o conhecimento é reutilizado e difundido para a organização”, explica. Em todas as comunidades há um ambiente aberto para as outras comunidades. Para gerar confi ança, as reuniões são presenciais e acontecem pelo menos uma vez ao mês. 122 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos As premissas das comunidades são: • Voluntárias; • criadaspor assunto; • número ideal de membros entre 20 a 40, para facilitar o conhecimento e integração de pessoas; • o coordenador deve ser a referência técnica; • devem ser integradas aos processos do dia a dia. Conhecimento na prática Um exemplo do conhecimento que foi colocado em prática é o manual de práticas aeronáuticas, do qual tudo o que foi aprendido até agora está registrado nesse material, que é um know-how de aprendizagem. “Realizamos também o SETI (Seminário Embraer de Tecnologia e Inovação), que reconhece e prestigia trabalhos inovadores e de tecnologia. O SETI serve para fomentar, mobilizar e compartilhar trabalhos inovadores”, conta José Eduardo. Para a implantação da gestão do conhecimento foi preciso um ano de discussão de como esse processo seria feito. “Discutimos as lições que seriam aprendidas, entendemos o contexto, adaptamos as aplicações, conectamos as ideias ao dia a dia da empresa, além de nos atentarmos aos indicadores, pois não podemos gerar metas que possam prejudicar o aprendizado, a base ou a qualidade”, explica José Eduardo. “E devemos sempre lembrar que a gestão do conhecimento tem a ver com as pessoas. Por isso, precisamos estar perto, entender a necessidade do dia a dia das pessoas”, fi naliza. Fonte: Disponível em: <http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos-e-entrevistas/cases- de-sucesso/a-gestao-do-conhecimento-na-embraer>. Acesso em: 12 ago. 2016. Com auxílio do estudo de caso, aprendemos que investir em conhecimento pode favorecer o desempenho da organização. E mais do que isso, o conhecimento relaciona-se a pessoas e processos, assim como o gerenciamento de projetos. 123 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO E SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Capítulo 5 Atividade de Estudos: Após refl etir sobre o estudo de caso, responda: 1) Como a gestão do conhecimento relatada no caso acima contribui para a inovação da empresa? Sua resposta deve tentar relacionar práticas adotadas pela Embraer e a espiral do conhecimento. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Cursos on-line gratuitos para gestão de projetos: <http:// www.projectbuilder.com.br/blog-pb/entry/carreira/5-cursos-online- gratuitos-essenciais-para-todo-gerente-de-projetos>. Logo, fi nalizamos este capítulo discutindo os tópicos essenciais para a gestão de projetos, além de apresentar alguns conceitos e ferramentas. Agora você pode colocar seu conhecimento adquirido neste curso logo em prática. Também sabemos que este caderno de estudos é apenas um início para aprimorar seus conhecimentos sobre gerenciamento de projetos. Então, que tal aprofundar seus conhecimentos sobre gestão de projetos por meio de cursos gratuitos? Isto é possível em cinco links que o Leo apresenta para você! AlGumas ConsideraçÕes Ao fi m deste capítulo aprendemos mais sobre todas as nove áreas de gerenciamento do conhecimento em projetos. Vimos que o gerenciamento de recursos humanos, comunicações e aquisições também interfere no gerenciamento de projetos. De outra forma, o gerenciamento de integração tenta unifi car todas as áreas do conhecimento do gerenciamento em projetos e um fl uxo contínuo de atividades ao longo de todo o projeto. 124 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Aprendemos que o conhecimento tácito é relativo à experiência e ao subjetivo, ao passo que o conhecimento explícito é objetivo e teórico. Também apresentamos a você a espiral do conhecimento, que pode orientar a transformação e compartilhamento de informações dentro da organização. Portanto, fechamos este caderno de estudos com a certeza de que conheceram um pouco mais sobre o mundo dos projetos. Tratando-se de um tema tão abrangente e complexo, temos certeza de que parte do que aprenderam aqui será útil em sua rotina profi ssional e pessoal, mas demos apenas um pequeno passo. Durante o caderno de estudos mostramos diversos links e formas de melhorar seus conhecimentos sobre projetos. Esperamos que tenham se envolvido com este projeto com responsabilidade e ética! A mensagem fi nal que queremos deixar para vocês é do escritor Paulo Coelho: “Os sonhos devem ser ditos para começar a se realizarem. E como todos os projetos, precisam de uma estratégia para serem alcançados. O adiamento destes sonhos desaparecerá com o primeiro movimento”. Portanto, movimentem-se, senhores, e seus sonhos estarão mais próximos de se transformarem em um projeto bem-sucedido! ReferÊncias CARIBÉ, J. C. Gestão de projetos: aplicada à web. Disponível em: <http://www. madeira.ufpr.br/disciplinasklock/gestaodeprojetos/Apostila%20GP%20leitura. pdf>. Acesso em: 12 ago. 2016. DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998. ENDEAVOR. Big data. Disponível em: <https://endeavor.org.br/big-data- descubra-o-que-e-e-como-usar-na-sua-empresa/>. Acesso em: 12 ago. 2016. FQN GESTÃO DO CONHECIMENTO. A gestão do conhecimento na Embraer. Disponível em: <http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos-e-entrevistas/cases-de- sucesso/a-gestao-do-conhecimento-na-embraer>. Acesso em: 12 ago. 2016. GOOGLE. Google analytics. Disponível em: <https://analytics.google.com>. Acesso em: 12 ago. 2016. “Os sonhos devem ser ditos para começar a se realizarem. E como todos os projetos, precisam de uma estratégia para serem alcançados. O adiamento destes sonhos desaparecerá com o primeiro movimento”. 125 AS ÁREAS DO CONHECIMENTO E SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Capítulo 5 GOOGLE. Google trends. Disponível em: <https://www.google.com/trends/>. Acesso em: 12 ago. 2016. GOOGLE. My activity. Disponível em: <https://myactivity.google.com/myactivity>. Acesso em: 12 ago. 2016. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. PROJECT BUILDER. 5 cursos on-line gratuitos essenciais para todo gerente de projetos. Disponível em: <http://www.projectbuilder.com.br/blog-pb/entry/ carreira/5-cursos-online-gratuitos-essenciais-para-todo-gerente-de-projetos>. Acesso em: 12 ago. 2016. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMBOK: um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. 4. ed. Pensylvania: Project Management, 2010. TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. Gestão do Conhecimento. Tradução por Ana Thorell. São Paulo: Editora Bookman, 2008.