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O segredo de maria sobre a escravidão da santíssima virgem - São Luís Maria Grignion de Montfort

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Cissa Salman

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2
SUMÁRIO
Capa
Rosto
APRESENTAÇÃO
1) O segredo de Maria: um caminho de santificação e salvação
2) O legado de São Luís Maria Grignion de Montfort
INTRODUÇÃO
PRIMEIRA PARTE - Necessidade de uma verdadeira devoção a Maria
1. A graça de Deus é absolutamente necessária
2. Para encontrar a graça de Deus, é necessário encontrar Maria
3. Uma verdadeira devoção à Santíssima Virgem é indispensável
SEGUNDA PARTE - Em que consiste a verdadeira devoção a Maria
1. Há inúmeras verdadeiras devoções à Santíssima Virgem
2. A perfeita prática de devoção a Maria
3. Excelência desta prática
4. Fórmula interior e espírito da devoção
4.1. Agir com Maria
4.2. Agir em Maria
4.3. Agir por Maria
4.4. Agir para Maria
4.5. Os efeitos que ela produz na alma fiel
5. As práticas exteriores
5.1. A consagração e sua renovação
5.2. A oferenda de um tributo à Santíssima Virgem
5.3. A celebração especial da festa da Anunciação
5.4. A recitação da Coroazinha e do Magnificat
5.5. O uso da corrente
SUPLEMENTO - Orações a Jesus, ao Espírito Santo e a Maria
A cultura e o crescimento da árvore da vida: em outras palavras, a maneira de fazer
Maria viver e reinar em nossas almas
1) A santa escravidão de amor. Árvore da vida
2) A maneira de cultivá-la
3) Seu fruto durável: Jesus Cristo
Apêndice
Orações preparatórias para a consagração total a Jesus por meio de Maria
Coleção
Ficha Catalográfica
Notas
3
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APRESENTAÇÃO
TIAGO JOSÉ RISI LEME [1]
4
1) O segredo de Maria: um caminho de santificação e salvação
O opúsculo O Segredo de Maria pode ser considerado uma síntese do Tratado da
verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria, tendo sido escrito depois deste, em
torno de 1712, e tendo como provável destinatária a diretora do hospital de
Nantes. Escrito no estilo de uma carta de exortação à santidade pela perfeita
devoção a Nossa Senhora, foi publicado pela primeira vez em 1868,[2] alcançando
rapidamente uma ampla difusão, com edições em diversas línguas, e tornando-se a
segunda obra mais conhecida de São Luís Maria Grignion de Montfort, depois do
Tratado.
Tanto o título como os subtítulos da obra não foram redigidos por São Luís
Maria, e sim por seus primeiros editores,[3] que tiveram a intuição de intitulá-la a
partir de uma frase presente no parágrafo 20, que podemos identificar como o
próprio fio condutor, ou mesmo o mote da obra: “Feliz, mil vezes feliz é a alma a
quem, aqui embaixo, o Espírito Santo revela o segredo de Maria para conhecê-lo; e a
quem Ele abre esse jardim cercado para nele poder entrar, e essa fonte selada para
dela poder saciar-se e beber, em grandes goles, as águas vivas da graça!”.
O propósito inicial de São Luís Maria ao dirigir-se a seu interlocutor, a quem
trata como “alma predestinada”, conforme podemos ler na Introdução, é revelar
um segredo que ele próprio recebeu do Espírito Santo. Segredo esse que também a
alma predestinada deverá revelar “às pessoas que o merecerem”, e cuja virtude
principal é tornar a alma “santa e celeste”, desde que seja posto em prática. O
segredo de Maria, portanto, visa ensinar à alma predestinada, e também a nós hoje,
uma prática, um método, um caminho de santidade. Trata-se de uma prática, de
um método e de um caminho que culminam, evidentemente, na verdadeira
devoção à Santíssima Virgem Maria, considerando que O segredo de Maria retoma –
e sistematiza de um modo diferente – as principais ideias abordadas no Tratado.
A obra se divide em duas partes. A primeira parte versa sobre “A necessidade de
uma verdadeira devoção a Maria”. Tal necessidade diz respeito à vocação para a
qual Jesus Cristo nos destinou pelo batismo: sermos santos, como o nosso Pai é
santo (cf. Mt 5,48). Desse modo, a busca da santidade – e a certeza de encontrá-
la, por Maria, com Maria e em Maria, conforme ficará mais claro adiante – é não
apenas o pretexto, mas o próprio âmago da verdadeira devoção à Mãe de Deus:
Alma, imagem viva de Deus e resgatada pelo preciosíssimo sangue de Jesus
Cristo, a vontade de Deus sobre você é que você se torne santa como Ele nesta
vida e gloriosa como Ele na outra. A aquisição da santidade de Deus é a certeza
de sua vocação, e para ela devem tender todos os seus pensamentos, palavras e
ações, todos os seus sofrimentos e movimentos de sua vida. Caso contrário,
você estará resistindo a Deus, ao recusar-se a fazer aquilo para o qual Ele a
criou e presentemente a conserva no ser (n. 3).
Tratando sobre a necessidade da devoção a Maria para se alcançar a santidade,
São Luís Maria cita cinco “meios de salvação e de santidade”, sem os quais não é
possível atingir a perfeição de corpo e de alma: “a humildade de coração, a oração
5
contínua, a mortificação universal, o abandono à divina Providência, a
conformidade à vontade de Deus” (n. 4). E aqui entra a questão da divina graça,
absolutamente imprescindível para que qualquer esforço de nossa parte em vista
do Bem e da salvação seja possível e obtenha resultado: “Para praticar todos esses
meios de salvação e de santidade, a graça e o socorro de Deus são absolutamente
necessários, e essa graça é dada a todos, em maior ou menor medida, ninguém
duvida disso” (n. 5). Partindo do reconhecimento do lugar primordial da divina
graça em todo e qualquer processo de santificação, São Luís chega ao centro de
sua proposta de uma verdadeira devoção a Maria Santíssima, aprofundando a
ideia de que, para encontrar a graça de Deus, é necessário encontrar Maria. Nesse
sentido, para o santo francês, são exatamente dez as razões pelas quais Maria
Santíssima constitui “um meio fácil para obter de Deus a graça necessária para
tornar-se santo” (n. 6), das quais salientamos três:
1) Porque “foi unicamente Maria quem encontrou graça diante de Deus” (n. 8);
2) Foi ela quem deu o ser e a vida ao Autor de toda graça (n. 9);
3) Deus Pai, de quem todo dom perfeito e toda graça provêm como de sua
fonte essencial, ao dar-lhe seu Filho, deu-lhe todas as suas graças (n. 10).
A segunda parte da obra visa demonstrar “Em que consiste a verdadeira
devoção a Maria”. De fato, a verdadeira devoção consiste em nos elevarmos e em
nos unirmos a Deus, empregando “o mesmo meio que Ele empregou para descer
até nós, para fazer-se homem e nos comunicar suas graças” (n. 23), ou seja: Maria
Santíssima, “o grande molde de Deus, feito pelo Espírito Santo, para formar de
modo natural um Deus Homem pela união hipostática, e para formar um homem
Deus pela graça” (n. 17). E Maria Santíssima, nas palavras de São Luís Maria, de
modo algum poderia ser considerada um “empecilho” para a concretização de
nossa união com Deus, pois, numa clara referência ao texto do apóstolo Paulo (cf.
Gl 2,20), “já não é mais Maria, e sim Cristo somente, e sim Deus somente, que vive
nela” (n. 21).
Referindo-se a inúmeras verdadeiras devoções à Santíssima Virgem, como a
benéfica e saudável devoção do Santo Rosário, São Luís Maria atribui perfeição
apenas àquela devoção que é capaz de “retirar as almas das criaturas, apartando-
as de si mesmas, a fim de uni-las a Jesus Cristo” (n. 26). E como isso ocorre? De
fato, ocorre quando o perfeito e verdadeiro devoto de Maria Santíssima se dá “por
inteiro, na qualidade de escravo, a Maria e, por Maria, a Jesus”, tudo fazendo
“com Maria, em Maria, por Maria e para Maria” (n. 28). O tema da escravidão à
Mãe de Deus, muito presente no Tratado, também encontra lugar de destaque
nesta obra. Não devemos nos esquecer de que a escravidão defendida por São Luís
de Montfort, em contraposição à escravidão por natureza e à escravidão por
obrigação, é a “escravidão por amor e pela vontade” (n. 34).
Num elenco de seis razões aduzidas por São Luís Maria, para demonstrar a
excelência da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, salientamos a primeira, que
também esclarece e justifica a ideia da “escravidão por amor e pela vontade”,
assim como, no contexto mais amplo de toda a Igreja e de todo o conjunto dos
cristãos, a própria consagração a Nossa Senhora:
6
Dar-se assim a Jesus, pelas mãos de Maria, é imitar o próprio Deus Pai, que nãonos deu seu Filho senão por Maria, e que não nos comunica suas graças senão
por Maria. Trata-se também de imitar o próprio Deus Filho, que não veio até
nós senão por Maria e que, dando-nos o exemplo para fazermos como Ele fez,
recomendou-nos irmos até Ele pelo mesmo meio pelo qual Ele veio até nós, que
é Maria. Por fim, tal oblação de si consiste em imitar o Espírito Santo, que não
nos transmite suas graças e dons senão por Maria (n. 35).
Assim como no Tratado, também aqui o grande santo francês diferencia as
práticas interiores e as práticas exteriores da verdadeira devoção. As práticas
interiores e os efeitos que elas produzem na alma dizem respeito a agir com Maria,
agir em Maria, agir por Maria e agir para Maria. Dentre os inúmeros efeitos produzidos
na alma pela verdadeira devoção, aquele que São Luís Maria considera como o
principal é “o dom de estabelecer, neste mundo, a vida de Maria na alma, de
modo que já não é mais a alma que vive, e sim Maria nela, ou a alma de Maria se
torna, por assim dizer, sua alma” (n. 55). As práticas exteriores, por sua vez, são: a
consagração e sua renovação; a oferenda de um tributo à Santíssima Virgem; a
celebração especial da festa da Anunciação; a recitação da Coroazinha e do
Magnificat;[4] e o uso da corrente. Em relação ao uso da corrente, São Luís Maria
enfatiza seu caráter acessório, não constituindo-se “fundamental para essa
devoção”, apesar de ser muito benéfica, no sentido de “nos preservar das terríveis
correntes do pecado original e atual” e “nos recordar de nossa dependência de
Jesus e de Maria” (n. 65).
Não podemos finalizar esta apresentação sem remeter a uma profecia de São
Luís Maria Grignion de Montfort relativa ao final dos tempos. Tal profecia também
se encontra no Tratado (n. 49, 54) e aponta para a segunda vinda de Nosso Senhor
Jesus Cristo (que há de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos, conforme
proclamamos em nossa Profissão de fé), tendo a mediação e o patrocínio da
Virgem Santíssima e de seus fiéis e perfeitos devotos:
Deve-se crer ainda que, no final dos tempos, e talvez muito antes do que se
imagina, Deus suscitará grandes homens cheios do Espírito Santo e [do
espírito] de Maria, para e pelos quais essa divina Soberana fará grandes
maravilhas no mundo, para destruir o pecado e estabelecer o Reino de Jesus
Cristo, seu Filho, sobre aquele do mundo corrompido. De fato, é por
intermédio dessa devoção à Santíssima Virgem – que eu nada mais faço do que
traçar de um modo vago, em virtude de minhas incapacidades – que esses
santos personagens realizarão proezas (n. 59).
7
2) O legado de São Luís Maria Grignion de Montfort
Em seu Discurso aos peregrinos reunidos em Roma para a canonização de Luís Maria
Grignion de Montfort, de 21 de julho de 1947, o Papa Pio XII assim se refere ao
grande missionário do Santo Rosário:
A característica própria a Luís Maria, e pela qual é um autêntico bretão, é sua
tenacidade perseverante em perseguir o santo ideal, o único ideal de sua vida:
ganhar os homens para dá-los a Deus. Na busca desse ideal, ele lançou mão de
todos os recursos que poderia receber da natureza e da graça, de modo que
pôde ser verdadeiramente, em todos os campos, o apóstolo do Oeste da
França. [...] A caridade: eis o grande, ou mesmo o único segredo dos resultados
surpreendentes da vida tão breve, tão múltipla e movimentada de Luís Maria
Grignion de Montfort. [...] A cruz de Jesus, a Mãe de Jesus: os dois polos de sua
vida pessoal e de seu apostolado. E eis como essa vida, em sua brevidade, foi
plena; como esse apostolado, exercido durante apenas doze anos, se perpetua
já há mais de dois séculos e se estende sobre muitas regiões! O fato é que a
Sabedoria, à qual ele se entregou, fez frutificar seus labores, coroou seus
trabalhos, que a morte certamente não interrompeu. A obra é toda de Deus,
mas também traz consigo a marca daquele que foi seu fiel cooperador.[5]
São Luís Maria nasceu em Montfort, próximo a Rennes (França), em 31 de
janeiro de 1673, filho mais velho de um advogado bretão. Sua primeira educação
esteve a cargo dos jesuítas. Aos 19 anos, entrou no seminário Saint-Sulpice, em
Paris, onde brilhou por sua inteligência e profunda piedade. Foi na escola de Saint-
Sulpice que pôde se desenvolver sua grande devoção à Virgem Maria e à cruz de
Nosso Senhor Jesus Cristo, dois pilares de sua missão, como acenou Pio XII por
ocasião de sua canonização.
Foi ordenado sacerdote em 1700, aos 27 anos de idade, tornando-se capelão
do hospital de Poitiers, onde divide a mesa com os doentes e reúne, em torno de
Marie-Louise Trichet, filha de um alto magistrado, um grupo de moças que
desejavam se dedicar aos pobres. Assim nasceu a congregação das Filhas da
Sabedoria. As reformas que ele propõe e o embate de ideias com os Jansenistas
incomodam a burguesia local, que consegue retirá-lo do hospital. Ele então se
dirige ao papa, a fim de ser enviado em missão. O papa o envia de volta à França,
como pregador das missões paroquiais, o que também o faz atrair a simpatia de
alguns e a cólera de outros.
Também foram fundadas por ele duas outras congregações: uma conhecida
como Companhia de Maria, dos Padres Missionários Montfortinos, que só terá
início após sua morte, e a congregação dos Irmãos de São Gabriel.
Sua incansável atividade missionária de pregação pelas dioceses do Oeste da
França também o colocou em conflito com as autoridades eclesiásticas. Porém, o
bispo de La Rochelle, dom Etienne de Champfour, tornou-se para ele um protetor
eficaz. A partir de 1711, o padre Luís Maria pregou em sua diocese três missões:
uma para homens, outra para soldados e uma terceira para mulheres. Tendo sido
8
alvo de uma tentativa de envenenamento, precisou fugir da cidade, indo pregar em
outras dioceses, como Aunis, Thairé, Saint-Vivien, Esnandes e Courçon. Em 1714,
pregará na diocese de Saintes.
Sua atividade apostólica se desenrolou no período de dez anos, por meio de
sua palavra poderosa e a chama de seu zelo, sendo inclusive acompanhada de
milagres. Sua vida espiritual foi alimentada por uma oração contínua e vivificada
em retiros prolongados. Uma série de cantos populares completa os frutos de sua
pregação. Plantando a cruz de Cristo por inúmeros povoados e semeando a
devoção ao Rosário, a Divina Providência se serviu dele para preparar os fiéis da
parte ocidental da França para a resistência contra as perseguições que se
seguiram à Revolução Francesa.
Após dezesseis anos de apostolado, em 1716, morre em plena atividade
missionária, em Saint-Laurent-sur-Sèvre (Vendée), com apenas quarenta e três
anos. É considerado um dos maiores santos dos tempos modernos e o grande
promotor da devoção à Santíssima Virgem de nosso tempo. Foi beatificado pelo
Papa Leão XIII, em 22 de janeiro de 1888, e canonizado por Pio XII, em 20 de julho
de 1947.
Entre suas obras principais, destacam-se: L’Amour de la Sagesse éternelle (O amor
da Sabedoria eterna); Traité de la vraie dévotion à la Sainte Vierge Marie (Tratado da
verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria); Le Secret de Marie (O segredo de Maria);
Lettre circulaire aux Amis de la Croix (Carta circular aos amigos da cruz); Le Secret admirable
du très saint Rosaire pour se convertir et se sauver (O segredo admirável do Santíssimo Rosário
para se converter e se salvar); La Prière embrasée (A oração abrasada) e Les Cantiques (Os
cânticos).
9
INTRODUÇÃO
1. Alma predestinada, eis um segredo que o Altíssimo me revelou e que não
pude encontrar em nenhum livro, quer antigo quer novo. A você eu o confio pelo
Espírito Santo, sob as seguintes condições:
1ª) De você não o confiar senão às pessoas que o merecerem, em virtude de
suas orações, esmolas, sacrifícios,[1] perseguições, zelo pela salvação das almas e
abnegação.
2ª) De você se servir dele para tornar-se santa e celeste, pois esse segredo só se
torna grande à medida que uma alma faz uso dele. Tome muito cuidado para não
ficar de braços cruzados, sem trabalho, pois meu segredo se tornaria um veneno
para você e viria a ser sua condenação.3ª) De você agradecer a Deus, todos os dias de sua vida, pela graça que Ele lhe
concedeu de lhe revelar um segredo que você jamais mereceria saber.
E à medida que você dele se servir nos atos corriqueiros de sua vida, saberá o
preço e a excelência que inicialmente só conhecerá de modo imperfeito, em razão
da infinidade e da gravidade de seus pecados e dos secretos apegos a si mesma.
2. Antes de seguir adiante no desejo precipitado e natural de conhecer a
verdade, recite devotamente, de joelhos, a Ave maris Stella e o Véni Creátor,[2] para
pedir a Deus a graça de compreender e saborear esse divino mistério...
Devido ao tempo escasso que tenho para escrever e que você tem para ler, direi
tudo de modo breve.
10
PRIMEIRA PARTE
Necessidade de uma verdadeira devoção a Maria
1. A graça de Deus é absolutamente necessária
3. Alma, imagem viva de Deus e resgatada pelo preciosíssimo sangue de Jesus
Cristo, a vontade de Deus sobre você é que você se torne santa como Ele nesta vida
e gloriosa como Ele na outra. A aquisição da santidade de Deus é a certeza de sua
vocação, e para ela devem tender todos os seus pensamentos, palavras e ações,
todos os seus sofrimentos e movimentos de sua vida. Caso contrário, você estará
resistindo a Deus, ao recusar-se a fazer aquilo para o qual Ele a criou e
presentemente a conserva no ser. Oh! Que obra admirável! A poeira transmutada
em luz, a sujeira em pureza, o pecado em santidade, a criatura no Criador e o
homem em Deus!
Ó obra admirável! – mais uma vez o afirmo. Contudo, obra em si mesma difícil,
de fato impossível para a natureza apenas. Somente Deus, mediante uma graça, e
uma graça abundante e extraordinária, pode levá-la a efeito; e a criação de todo o
universo não é uma obra-prima tão grande como essa!
4. Alma, como você fará, de que meios lançará mão para subir aonde Deus a
chama? Os meios de salvação e de santidade são do conhecimento de todos, pois
estão marcados no Evangelho, são explicados pelos santos e necessários a todos
aqueles que desejam salvar-se e alcançar a perfeição. São eles: a humildade de
coração, a oração contínua, a mortificação universal, o abandono à divina
Providência, a conformidade à vontade de Deus.
5. Para praticar todos esses meios de salvação e de santidade, a graça e o
socorro de Deus são absolutamente necessários, e essa graça é dada a todos, em
maior ou menor medida, ninguém duvida disso. Digo em maior ou menor medida
porque, não obstante seja infinitamente bom, Deus não concede sua graça de
modo igualmente intenso a todos, embora a conceda de modo suficiente a todos.
A alma fiel a uma grande graça faz uma grande ação, e com uma graça menor faz
uma ação menor. O valor e a excelência da graça dada por Deus e seguida pela
alma determinam o valor e a excelência de nossas ações. Esses princípios são
incontestáveis.
11
2. Para encontrar a graça de Deus, é necessário encontrar Maria
6. A síntese de tudo isso consiste, portanto, em encontrar um meio fácil para
obter de Deus a graça necessária para tornar-se santo. Com efeito, é isso que
quero lhe ensinar. E digo que, para encontrar a graça de Deus, é necessário
encontrar Maria porque:
7. Em primeiro lugar, foi unicamente Maria quem encontrou graça diante de
Deus, tanto para si como para cada pessoa em particular. Dentre os patriarcas e
profetas, e todos os santos da Antiga Aliança,[1] nenhum deles pôde encontrar
essa graça.
8. Em segundo lugar, foi ela quem deu o ser e a vida ao Autor de toda graça e,
por causa disso, é aclamada com o título de Mãe da graça, Mater gratiae.[2]
9. Em terceiro lugar, Deus Pai, de quem todo dom perfeito e toda graça provêm
como de sua fonte essencial, ao dar-lhe seu Filho, deu-lhe todas as suas graças, de
modo que, como diz São Bernardo, “a vontade de Deus é dada a ela n’Ele e com
Ele”.
10. Em quarto lugar, Deus a escolheu como a tesoureira, a despenseira[3] e a
dispensadora de todas as suas graças, de modo que todas as suas graças e todos
os seus dons passam pelas mãos dela. Assim, segundo o poder que ela recebeu
dele, como afirma São Bernardino, ela dá a quem lhe aprouver, quando lhe
aprouver e tanto quanto lhe aprouver as graças do Pai eterno, as virtudes de Jesus
Cristo e os dons do Espírito Santo.
11. Em quinto lugar, assim como na ordem natural é preciso que uma criança
tenha um pai e uma mãe, na ordem da graça é preciso que um verdadeiro filho da
Igreja tenha Deus como Pai e Maria como Mãe. E quem se gloria de ter Deus como
Pai, sem nutrir qualquer ternura de um verdadeiro filho por Maria, não passa de
um enganador, que não tem senão o demônio como pai.
12. Em sexto lugar, pelo fato de Maria ter formado a Cabeça dos
predestinados, que é Jesus Cristo, cabe a ela também formar os membros dessa
Cabeça, que são os verdadeiros cristãos: pois uma mãe não forma a cabeça sem os
membros, nem os membros sem a cabeça. Portanto, quem quiser ser um membro
de Jesus Cristo, pleno de graça e de verdade, deve ser formado em Maria, por
intermédio da graça de Jesus Cristo, que reside nela em plenitude, para ser
comunicada em plenitude aos verdadeiros membros de Jesus Cristo e a seus
verdadeiros filhos.
13. Em sétimo lugar, como o Espírito Santo desposou Maria, produzindo nela,
por ela e dela, Jesus Cristo, esta obra-prima, o Verbo encarnado, sem jamais tê-la
repudiado, ele continua a produzir todos os dias, nela e por ela, de um modo
misterioso, porém verdadeiro, os predestinados.
14. Em oitavo lugar, Maria recebeu um domínio particular sobre as almas, para
nutri-las e fazê-las crescer em Deus. Santo Agostinho inclusive afirma que, neste
mundo, todos os predestinados estão encerrados no seio de Maria e eles não vêm
ao mundo senão quando essa Mãe bondosa os parture para a vida eterna. Por
conseguinte, assim como o filho recebe todo o alimento de sua mãe, que lho dá
12
em proporção a sua fragilidade, também os predestinados recebem todo o
alimento espiritual e toda a força de Maria.
15. Em nono lugar, foi a Maria que Deus Pai disse: In Jacob inhabita (“Filha,
habita em Jacó”, Eclo 24,9), ou seja, em meus predestinados representados por
Jacó. Foi a Maria que Deus Filho disse: In Israel haereditare (“Minha querida filha,
esteja sua herança em Israel”, Eclo 24,8), ou seja, nos predestinados. Por fim, foi a
Maria que o Espírito Santo disse: In electis meis mitte radices (“Ó minha fiel esposa,
lança raízes em meus eleitos”, Eclo 24,12). Portanto, todo eleito e predestinado
tem a Virgem Maria habitando em si, ou seja, em sua alma, onde a deixa introduzir
as raízes de uma humildade profunda, de uma caridade ardente e de todas as
virtudes...
16. Em décimo lugar, Maria é designada por Santo Agostinho – e de fato é –
como forma Dei, o molde vivente de Deus, o que significa que somente nela Deus
feito homem foi formado de modo natural, sem carecer-lhe qualquer traço da
Divindade. De igual maneira, é somente nela que o homem pode ser formado em
Deus de modo natural, na medida em que a natureza humana for capaz, pela
graça de Jesus Cristo. Um escultor pode fazer uma imagem ou um retrato com
realismo de duas maneiras:
1) servindo-se de sua habilidade, de sua força, de sua ciência e da qualidade de
seus instrumentos para fazer essa figura numa matéria dura e informe;
2) jogando a matéria-prima num molde.
O primeiro modo é demorado e difícil, além de estar sujeito a muitos acidentes
– muitas vezes, apenas um movimento mal calculado com a espátula ou o martelo
basta para estragar toda a obra. O segundo é seguro, fácil e suave, praticamente
sem dificuldade nem custo, desde que o molde seja perfeito e represente com
realismo; desde que a matéria-prima utilizada seja bem maleável, em hipótese
alguma apresentando resistência à mão do escultor.
17. Maria é o grande molde de Deus, feito pelo Espírito Santo, para formar de
modo natural um Deus Homem pela união hipostática, e para formar um homem
Deus pela graça. Não falta a esse molde nenhum traço da divindade. Qualquer
pessoa que nele é lançada e também se deixa manipular, recebe todos os traços de
Jesus Cristo, verdadeiroDeus, de maneira suave e na medida de sua fragilidade
humana, sem muitas agonias e trabalho árduo; de maneira segura, sem temor de
ilusão, pois o demônio jamais teve nem terá acesso a Maria, santa e imaculada,
sem sombra da menor mancha de pecado.
18. Ó querida Mãe, quanta diferença há entre uma alma formada em Jesus
Cristo pelos caminhos ordinários daqueles que, assim como os escultores, confiam
na própria habilidade e se apoiam na própria experiência, e uma alma bem
maleável, bem despregada, bem derretida, a qual, sem apoiar-se em si mesma, se
derrama em Maria e nela se deixa manipular pela operação do Espírito Santo! A
primeira alma está cheia de mancha, de defeitos, de trevas, de ilusão, na medida
em que se constitui sobremaneira do humano e do natural; a segunda, por sua vez,
é pura, divina e assemelha-se a Jesus Cristo!
13
19. Não existe nem jamais existirá criatura na qual Deus seja maior, estando
fora de si mesmo e em si mesmo, do que na divina Maria, mesmo entre os bem-
aventurados, os querubins, os mais sublimes serafins, no próprio paraíso... Pois,
de fato, Maria é o paraíso de Deus e seu mundo inefável, onde o Filho de Deus
introduziu-se para nele realizar maravilhas, comprazer-se e guardá-lo. Ele fez um
mundo para o homem peregrino, que é este; fez esse mundo para o bem-
aventurado, que é o paraíso. Mas fez um outro para Si, e deu-lhe o nome de
Maria: mundo desconhecido a praticamente todos os mortais da terra e
incompreensível a todos os anjos e os bem-aventurados que se encontram lá em
cima, no céu, os quais, admirados de ver Deus tão elevado e tão separado de
todos eles, tão distante e abscôndito em seu mundo, a divinal Maria, exclamam:
Santo, Santo, Santo.
20. Feliz, mil vezes feliz é a alma a quem, aqui embaixo, o Espírito Santo revela
o segredo de Maria para conhecê-lo; e a quem Ele abre esse jardim cercado para
nele poder entrar, e essa fonte selada para dela poder saciar-se e beber, em
grandes goles, as águas vivas da graça! Essa alma não encontrará senão Deus
mesmo, sem criatura, nessa amável criatura; mas Deus, ao mesmo tempo,
infinitamente santo e exaltado, infinitamente condescendente e proporcionado a
sua fragilidade.
Porquanto Deus está em toda parte, é possível encontrá-lo em toda parte,
mesmo nos infernos. No entanto, não há lugar em que a criatura seja capaz de
encontrá-lo mais próximo de si e em maior equilíbrio com sua fragilidade do que
em Maria, uma vez que foi por essa razão que Ele dignou-se descer até ela. Em
qualquer outro lugar, Ele é o Pão dos fortes e dos anjos; em Maria, porém, Ele é o
Pão dos filhos...
21. Não consideremos, portanto, como alguns pseudoiluminados, que Maria,
pelo fato de ser criatura, seja um empecilho para a união com o Criador: já não é
mais Maria, e sim Cristo somente, e sim Deus somente, que vive nela.[4] A
transformação dela em Deus ultrapassa sobremaneira aquela de São Paulo e dos
outros santos, tanto quanto o céu se eleva acima da terra. Maria não foi feita
senão para Deus, de modo que está muito longe de reter uma alma para si, mas,
ao contrário, a derrama em Deus e a une a Ele com tanto mais perfeição quanto a
alma se unir mais a ela. Maria é o eco admirável de Deus, que não responde senão
“Deus”, quando a ela exclamamos: “Maria”. Ela não glorifica senão a Deus
quando, com Santa Isabel, a proclamamos “bem-aventurada”.
Se os pseudoiluminados, que foram tão miseravelmente seduzidos pelo
demônio mesmo durante a oração, tivessem conseguido encontrar Maria – e, por
Maria, Jesus, e, por Jesus, Deus –, não teriam tido quedas tão terríveis. Quando se
encontrou Maria e, por Maria, Jesus, e, por Jesus, Deus Pai, encontrou-se todo o
bem, conforme afirmam as almas piedosas. Quando dizemos “todo”, não
excetuamos nada: toda graça e toda amizade junto a Deus; toda certeza contra os
inimigos de Deus, toda verdade contra a mentira; toda facilidade e toda vitória
contra as dificuldades da salvação; toda doçura e toda alegria nas amarguras da
vida.
22. Não estamos dizendo que quem tiver encontrado Maria por meio de uma
14
verdadeira devoção estará isento de cruzes e sofrimentos – longe disso! O
verdadeiro devoto de Maria é mais atacado do que ninguém, pois Maria, sendo a
Mãe dos viventes, dá a todos os seus filhos partes da árvore da vida, que é a cruz
de Cristo; contudo, entalhando-lhes boas cruzes, ela lhes dá a graça de carregá-las
com paciência e mesmo alegria. Assim, as cruzes que ela dá a todos os que lhe
pertencem são muito mais confeitos – ou cruzes confeitadas – do que cruzes
amargas. Ou então, se por um tempo eles sentem o amargor do cálice que
necessariamente terão de beber para tornar-se amigos de Deus, a consolação e os
prazeres que essa boa Mãe prodigaliza após a tristeza os encorajam infinitamente a
suportar cruzes ainda mais pesadas e amargas.
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3. Uma verdadeira devoção à Santíssima Virgem é indispensável
23. A dificuldade, portanto, reside em saber encontrar verdadeiramente a divina
Maria, a fim de receber toda graça abundante. Sendo Deus Mestre absoluto, pode
comunicar por Si mesmo o que ordinariamente comunica apenas por Maria. Não
se pode negar, sem incorrer em temeridade, que Ele por vezes o faça. No entanto,
segundo a ordem estabelecida pela divina Sabedoria, Ele não se comunica
ordinariamente aos homens senão por Maria na ordem da graça, conforme afirma
São Tomás. Para elevar-se e unir-se a Ele, é necessário empregar o mesmo meio
que Ele empregou para descer até nós, para fazer-se homem e nos comunicar suas
graças. E esse meio é uma verdadeira devoção à Santíssima Virgem.
16
SEGUNDA PARTE
Em que consiste a verdadeira devoção a Maria
1. Há inúmeras verdadeiras devoções à Santíssima Virgem
24. Há, de fato, inúmeras verdadeiras devoções à Santíssima Virgem: e não
estou falando aqui das falsas.
25. A primeira consiste em cumprir os deveres do cristão, evitando o pecado,
agindo mais por amor do que por temor e rezando de vez em quando à Santíssima
Virgem e honrando-a como a Mãe de Deus sem qualquer devoção especial por ela.
26. A segunda consiste em ter pela Santíssima Virgem sentimentos mais
perfeitos de estima, de amor, de confiança e de veneração. Essa devoção leva a
participar das irmandades do Santo Rosário, do Escapulário, a rezar o terço e o
Santo Rosário, a honrar suas imagens e altares, difundir seus louvores e envolver-se
em suas congregações. E essa devoção, excluindo o pecado, é boa, santa e digna
de louvor. Contudo, não é perfeita o bastante para retirar as almas das criaturas,
apartando-as de si mesmas, a fim de uni-las a Jesus Cristo.
27. A terceira devoção à Santíssima Virgem, conhecida e praticada por
pouquíssima gente, é a que vou revelar.
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2. A perfeita prática de devoção a Maria
28. Alma predestinada, a verdadeira devoção à Santíssima Virgem consiste em
dar-se por inteiro, na qualidade de escravo, a Maria e, por Maria, a Jesus. Em
seguida, em tudo fazer com Maria, em Maria, por Maria e para Maria. Explico
essas palavras...
29. É necessário escolher um dia especial para entregar, consagrar e sacrificar,
voluntariamente e por amor, sem constrição, por inteiro, sem nenhuma restrição,
o próprio corpo e a própria alma; os próprios bens exteriores e temporais, como a
própria casa, a própria família e os próprios proventos; também os próprios bens
interiores, relativos à alma, quais sejam: os próprios méritos, graças, virtudes e
satisfações. Deve-se salientar aqui que, mediante essa devoção, o que se oferece
em sacrifício a Jesus, por Maria, é tudo o que uma alma possui de mais caro e cujo
sacrifício não é exigido por nenhuma religião. Trata-se do sacrifício do direito que
cada um possui de dispor de si mesmo e do valor das próprias orações, dos
próprios óbolos, das próprias mortificações, colocando-os à total disposição da
Santíssima Virgem, a serem aplicados, segundo sua vontade, à maior glória de
Deus, que apenas ela conhece perfeitamente.
30. Coloca-se à sua disposição todo o valor satisfatório e impetratório das
próprias boas obras: assim, depois de feita essa oblação, conquantosem voto
algum, não se é mais senhor de todo o bem que se fez, mas a Santíssima Virgem
pode aplicá-lo como lhe aprouver, ora em benefício de uma alma do purgatório,
para aliviá-la ou libertá-la, ora em benefício de um pobre pecador, para convertê-
lo.
31. Por essa devoção, colocam-se os próprios méritos nas mãos da Santíssima
Virgem, a fim de conservá-los, aumentá-los, aperfeiçoá-los, porquanto não
podemos transmitir uns aos outros os méritos da graça santificante, nem da
glória... Mas a ela podemos dar todas as nossas orações e boas obras, enquanto
impetratórias e satisfatórias, para distribuí-las e aplicá-las a quem lhe convier. E se,
depois de ter-nos assim consagrado à Santíssima Virgem, quisermos aliviar alguma
alma do purgatório, salvar algum pecador, sustentar algum de nossos amigos com
nossas orações, esmolas, mortificações e sacrifícios, será preciso recorrer a ela,
humildemente, em tais necessidades, e confiar no que ela determinar, sem
conhecê-lo. Sendo certo que o valor de nossas ações é determinado pela mesma
mão com a qual Deus nos concede seus dons e suas graças, elas não podem deixar
de ser aplicadas para a sua maior glória.
32. Afirmei que essa devoção consiste em dar-se a Maria na condição de
escravo. Deve-se observar que são três as modalidades de escravidão.
A primeira é a escravidão por natureza. Os homens bons e maus são escravos
de Deus dessa maneira.
A segunda é a escravidão por obrigação. Os demônios e os condenados são
escravos de Deus dessa maneira.
A terceira modalidade é a escravidão por amor e pela vontade. Essa é a
escravidão pela qual devemos nos consagrar a Deus por Maria, do modo mais
18
perfeito do qual uma criatura pode se servir para dar-se a seu Criador.
33. Observe ainda que há uma grande diferença entre um servo e um escravo.
Um servo quer garantias por seus serviços, o escravo não. O servo é livre para
deixar seu patrão quando quiser e só o serve por um tempo. O escravo não pode
deixar seu senhor, estando-lhe atrelado para sempre. O servo não dá a seu patrão
direito de vida e de morte sobre si. O escravo se dá por inteiro, de modo que seu
senhor poderia sentenciá-lo à morte sem ser importunado pela justiça. Mas é
muito fácil perceber que o escravo por obrigação tem a mais estreita dentre todas
as dependências, que não convém propriamente senão a um homem em relação a
seu Criador. É por isso que os cristãos não têm tais escravos. Somente os turcos e
os idólatras praticam esse tipo de escravidão.
34. Feliz, mil vezes feliz, é a alma liberal que se consagra a Jesus por Maria, na
qualidade de escravo do amor, depois de ter rompido pelo batismo a escravidão
tirânica do demônio.
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3. Excelência desta prática
35. Eu necessitaria de muitas luzes para descrever perfeitamente a excelência
desta prática, mas farei algumas considerações apenas de passagem:
1) Dar-se assim a Jesus, pelas mãos de Maria, é imitar o próprio Deus Pai, que
não nos deu seu Filho senão por Maria, e que não nos comunica suas graças
senão por Maria. Trata-se também de imitar o próprio Deus Filho, que não
veio até nós senão por Maria e que, dando-nos o exemplo para fazermos
como Ele fez, recomendou-nos irmos até Ele pelo mesmo meio pelo qual Ele
veio até nós, que é Maria. Por fim, tal oblação de si consiste em imitar o
Espírito Santo, que não nos transmite suas graças e dons senão por Maria.
Sendo assim, para usar as palavras de São Bernardo, não é justo que a graça
retorne a seu autor pelo mesmo canal que a trouxe até nós?
36. 2) Ir até Jesus por Maria é verdadeiramente o mesmo que honrar Jesus
Cristo, marcando também que não somos dignos de nos aproximar de sua
santidade infinita diretamente por nós mesmos, em razão de nossos pecados, e
que precisamos de Maria, sua Santíssima Mãe, para ser nossa advogada e nossa
medianeira junto a Ele, que é nosso Mediador. É ao mesmo tempo aproximar-nos
dele como de nosso Mediador e de nosso Irmão, e nos humilhar diante dele como
diante de nosso Deus e nosso Juiz: em uma palavra, é praticar a humildade que
tanto agrada ao Coração de Deus...
37. 3) Consagrar-se assim a Jesus por Maria é depositar nas mãos de Maria
nossas boas ações, as quais, apesar de parecerem boas, muitas vezes são
corrompidas e, consequentemente, indignas do olhar e da aceitação de Deus,
diante de quem nem mesmo as estrelas são puras. Ah! Peçamos a essa Mãe e
Mestra bondosa que, após receber nosso pobre presente, o purifique, o santifique,
o eleve e ornamente de tal maneira a torná-lo digno de Deus. Todos os proventos
de nossa alma são mais insignificantes diante do Pai de família, ou seja, de Deus,
para conquistar sua graça e amizade, do que seria diante de um rei a maçã cheia
de vermes de um pobre camponês, arrendatário de sua Majestade, para pagar seu
arrendamento. Que faria o pobre homem, se tivesse iniciativa e comparecesse
diante da rainha? Amiga do pobre camponês e respeitosa para com o rei, ela não
tiraria daquela maçã tudo o que estivesse estragado e repleto de vermes, para em
seguida colocá-la num recipiente de ouro enfeitado com flores? E o rei poderia
recusar-se a recebê-la, mesmo com alegria, das mãos da rainha que aprecia esse
aldeão? Modicum quid offerre desideras? manibus Mariae tradere cura, si non vis sustinere
repulsam – “Se você quiser oferecer algo a Deus, ponha-o nas mãos de Maria, a
menos que queira ser rejeitado”, disse São Bernardo.
38. Meu Deus, como tudo o que fazemos é pouca coisa! Mas coloquemo-lo
nas mãos de Maria por meio dessa devoção. Como teremos nos dado totalmente
a ela, na medida de nossas possibilidades, despojando-nos de tudo em sua honra,
ela nos será infinitamente mais generosa, dando-nos por um ovo um boi,[1] de modo
que se comunicará inteiramente a nós com seus méritos e virtudes. Assim, colocará
20
nossos presentes na bandeja de ouro de sua caridade, nos revestirá, como Rebeca
fez para o filho Jacó, com as lindas vestes de seu Filho único e primogênito Jesus
Cristo, ou seja, com seus méritos, que estão à sua disposição. Então, como seus
criados e escravos, depois de nos termos despojado de tudo para honrá-la,
receberemos duplas vestes: Omnes domestici ejus vestiti sunt duplicibus (“Todos usam
roupas forradas”, Pr 31,21): roupas, ornamentos, perfumes, méritos e virtudes de
Jesus e Maria na alma de um escravo de Jesus e Maria, despojado de si mesmo e
fiel em seu despojamento.
39. 4) Dar-nos assim à Santíssima Virgem é exercer a caridade em relação ao
próximo no mais alto grau de nossas possibilidades, porquanto fazer-nos
espontaneamente seu prisioneiro é dar-lhe o que temos de mais caro, para que
disso ela possa dispor, segundo sua vontade, em benefício dos vivos e dos mortos.
40. 5) É por essa devoção que colocamos nossas graças, nossos méritos e
virtudes em segurança, tornando Maria a depositária e dizendo-lhe: “Vede, minha
cara Mestra, vede o que, pela graça de vosso Filho, realizei de bom. Não sou capaz
de conservá-lo, em razão de minha fraqueza e inconstância, por causa do grande
número e da malícia de meus inimigos, que me atacam dia e noite. Todos os dias
se veem cair na lama os cedros do Líbano, e as águias, que voam até o sol, tornar-
se aves da noite; mil justos caem igualmente a minha esquerda e dez mil a minha
direita, mas, minha poderosa e muito poderosa Princesa, guardai todo o meu
bem, para que ninguém o roube; segurai-me, para eu não cair. Confio-vos em
depósito tudo o que possuo: Depositum custodi. Scio cui credidi – Sei quem sois, por
isso me confio todo a vós. Sois fiel a Deus e aos homens, e não permitireis que
nada do que vos confio pereça. Sois poderosa, e nada pode vos prejudicar, nem
arrebatar o que tendes nas mãos”.
São Bernardo assim o expressa: Ipsam sequens non devias; ipsam rogans non desperas;
ipsam cogitans non erras; ipsa tenente, non corruis; ipsam protegente, non metuis; ipsa duce,
non fatigaris; ipsa propitia, pervenis – “Seguindo-a, não te extravias; rogando-a, não te
desesperas; pensando nela, não erras. Sustentado por ela, não cairás; protegido
por ela, não temerás; tendo-a como guia,não te cansarás; sendo ela propícia,
chegarás ao destino”.[2] E mais adiante: Detinet Filium ne percutiat; detinet diabolum ne
noceat; detinet virtutes ne fugiant; detinet merita ne pereant; detinet gratiam ne effluat –
“Maria impede que o Filho seja ultrajado; impede que o diabo cause prejuízo;
ajuda a perseverar na virtude, a não perder os méritos e a viver na graça”. Essas
palavras de São Bernardo expressam, substancialmente, tudo o que acabo de
dizer. Caso essa devoção tivesse como única razão de ser constituir-se num meio
para manter e mesmo aumentar em mim a graça de Deus, então já deveria
consumir-me em fogo abrasador por ela.
41. 6) Essa devoção torna a alma verdadeiramente livre, da liberdade dos filhos
de Deus. Como é por amor de Maria que se acolhe, voluntariamente, a escravidão,
essa querida Mãe, em sinal de reconhecimento, expande e dilata o coração [de seu
verdadeiro devoto], e [o][3] faz caminhar com passos de gigante no caminho dos
mandamentos de Deus, tirando-lhe o tédio, a tristeza e o escrúpulo. Foi essa
devoção que Nosso Senhor ensinou à querida Inês de Langneac,[4] religiosa
21
falecida em odor de santidade, como um meio certo para sair das enormes
tribulações e perplexidades nas quais ela se encontrava: “Faze--te escrava de minha
Mãe e coloca-te a corrente”. Ela o fez e, imediatamente, todas as suas penas
cessaram.
42. Para autorizar essa devoção, precisaríamos citar aqui todas as bulas e
indulgências papais e os decretos episcopais em seu favor, as confrarias
estabelecidas em sua honra, o exemplo de vários santos e insignes personagens que
a praticaram; mas deixarei tudo isso em silêncio...
22
4. Fórmula interior e espírito da devoção
43. Eu disse, em seguida, que essa devoção consistia em realizar todas as coisas
com Maria, em Maria, por Maria e para Maria.
44. Não é suficiente dar-se uma vez a Maria, na qualidade de escravo. Não é
suficiente fazê-lo todos os meses, e todas as semanas, o que configuraria uma
devoção simplesmente passageira, que não alçaria a alma à perfeição a que aquela
devoção pode elevá-la. Não é muito difícil entrar numa confraria, abraçar essa
devoção e pronunciar algumas orações todos os dias, conforme são prescritas por
ela. Todavia, a dificuldade maior reside em entrar no espírito dessa devoção, que
consiste em tornar a alma interiormente dependente e escrava da Santíssima
Virgem e de Jesus por ela. Conheci muitas pessoas que, com ardor admirável, se
submeteram a essa santa escravidão apenas exteriormente. Com bem maior
dificuldade encontrei outras que assumiram o verdadeiro espírito da devoção, e
menos ainda quem tenha perseverado.
4.1. Agir com Maria
45. A prática essencial dessa devoção consiste em empreender todas as nossas
ações com Maria, ou seja, em eleger a Santíssima Virgem como modelo acabado
de tudo o que se deve fazer.
46. Por isso, antes de realizar qualquer coisa, devemos renunciar a nós mesmos
e a nossos melhores pontos de vista. Precisamos esvaziar-nos diante de Deus, pois
somos intrinsecamente incapazes de realizar qualquer bem sobrenatural e qualquer
ação útil à salvação. Precisamos recorrer à Santíssima Virgem, e unir-nos a ela e a
suas intenções, ainda que desconhecidas. Precisamos unir-nos, por Maria, às
intenções de Jesus, ou seja, colocar-nos como instrumentos nas mãos da
Santíssima Virgem, a fim de que ela atue em nós, por meio de nós e para nós,
como bem lhe parecer, para a [maior] glória de seu Filho, e por seu Filho, Jesus,
para a glória do Pai; de modo que nada se empreenda, na vida interior, nem se
realize qualquer operação espiritual senão em dependência dela.
4.2. Agir em Maria
47. É preciso tudo empreender em Maria, ou seja, acostumar-se
progressivamente a recolher-se no interior de si mesmo, para formar para si uma
pequena ideia ou imagem espiritual da Santíssima Virgem. Ela se tornará então o
Oratório no qual a alma fará todas as suas orações a Deus, sem receio de ser
rejeitada; a Torre de Davi, onde a alma estará ao abrigo de todos os inimigos; a
Lâmpada incandescente para iluminar-lhe todo o interior e para abrasá-la do amor
divino; o altar sagrado onde a alma poderá ver Deus junto dela; e, finalmente, seu
único Tudo junto a Deus, seu socorro universal. Assim, quando ela rezar, será em
Maria; quando receber Jesus na santa comunhão, o colocará em Maria, para em
Maria comprazer-se; quando agir, será em Maria... E onde quer que seja, e em
tudo, ela produzirá atos de renúncia a si mesma.
23
4.3. Agir por Maria
48. Jamais devemos ir a Nosso Senhor senão pela intercessão de Maria e
apoiados em seu crédito junto a Ele, de modo que jamais estaremos sozinhos para
rogar-lhe...
4.4. Agir para Maria
49. Devemos realizar todas as nossas ações para Maria, de modo a, sendo
escravos dessa augusta Princesa, não mais trabalharmos senão para ela, para seu
benefício, para sua glória, como finalidade primeira, e para a glória de Deus, como
finalidade última. Devemos, portanto, em tudo o que fizermos, renunciar ao amor
próprio, que sempre se considera fim de um modo quase imperceptível, e repetir
do fundo do nosso coração: “Ó minha querida Mestra, é para vós que estou aqui
ou vou até ali, que faço isto ou aquilo, que sofro esta dor ou esta injúria!”.
50. Tome cuidado, alma predestinada, para não crer que seja mais perfeito ir
diretamente a Jesus, diretamente a Deus em sua operação e intenção; se você
quiser ir a Deus sem Maria, sua operação e intenção serão de pouco valor. Mas se
você for por Maria, irá mediante a operação de Maria em você, e essa operação,
por conseguinte, será muito elevada e digna de Deus.
51. Além disso, cuide para não violentar-se para sentir e saborear o que você
disser e fizer: diga e faça tudo na fé pura que Maria teve sobre a terra, que ela lhe
transmitirá com o tempo. Deixe para sua Soberana, ó pobre e pequena escrava, a
clara visão de Deus, os arroubos, as alegrias, os prazeres, as riquezas, e não tome
para si senão a pura fé, cheia de desgostos, de distrações, de enfado, de aridez.
Diga: “‘Amém’, ‘assim seja’ a tudo o que Maria, minha Mestra, fizer no céu; é o
que ela faz de melhor para o presente...”.
52. Tome bastante cuidado ainda para não se atribular se você não
experimentar logo a doce presença da Santíssima Virgem em seu interior. Essa
graça não é dada a todos, e quando Deus a concede a alguma alma por grande
misericórdia, é muito fácil perdê-la quando não se é constante no recolhimento
interior, e se tal infortúnio lhe ocorrer, volte serenamente e faça desagravo
honorífico[5] a sua Soberana.
4.5. Os efeitos que ela produz na alma fiel
53. A experiência lhe ensinará infinitamente mais do que eu, e você encontrará,
se tiver sido fiel ao pouco que estou a lhe dizer, tanta riqueza e tantas graças nessa
prática que você se surpreenderá e sua alma ficará cheia de alegria...
54. Esforcemo-nos, portanto, querida alma, e trabalhemos de tal modo que,
por essa devoção fielmente praticada, a alma de Maria esteja em nós para
engrandecer ao Senhor, o espírito de Maria esteja em nós para exultar em Deus seu
Salvador. Tais são as palavras de Santo Ambrósio: Sit in singulis anima Mariae ut
magnificet Dominum, [sit] in singulis spiritus Mariae [ut] exultet in Deo – “Esteja em cada
um a alma de Maria para engrandecer ao Senhor, em cada um esteja o espírito de
Maria para exultar em Deus”... E não pensemos que tenha havido mais glória e
24
felicidade em habitar no seio de Abraão, que é o Paraíso, do que no seio de Maria,
pois foi aí que Deus estabeleceu o seu trono. Tais são as palavras do santo abade
Guerrigo: Ne credideris majoris esse felicitatis habitare in sinu Abrahae, qui [vocatur]
Paradisum, quam in sinu Mariae in quo Dominus thronum suum posuit – “Não considere
ser maior felicidade habitar no seio de Abraão, que se chamou Paraíso, do que no
seio de Maria, no qual Deus colocou seu trono”.
55. Essa devoção, ao ser fielmente praticada, produz uma infinidade de efeitos
na alma, mas o principal deles é o dom de estabelecer, neste mundo, a vida de
Maria na alma, de modo que já nãoé mais a alma que vive, e sim Maria nela, ou a
alma de Maria se torna, por assim dizer, sua alma. Ora, quando, por uma graça
inefável, porém verdadeira, a divina Maria é Rainha na alma, que maravilhas
realiza nela! Porquanto é a artesã das grandes maravilhas, sobretudo daquelas que
se dão no interior, ela aí trabalha em segredo, sem que a alma perceba – caso o
soubesse, destruiria a beleza de suas obras...
56. Sendo ela, em toda parte, a Virgem fecunda, leva para todo o interior onde
se encontra a pureza de coração e de corpo, a pureza nas intenções e desígnios, a
fecundidade em boas obras. Não pense, querida alma, que Maria, a mais fecunda
dentre todas as criaturas, que chegou inclusive a gerar[6] um Deus, permanece
ociosa numa alma fiel. Ao contrário, ela a fará viver sem cessar em Jesus Cristo, e
Jesus Cristo nela. Filioli mei, quos iterum parturio donce formetur Christus in vobis – “Meus
filhos, por vocês eu sofro de novo as dores de parto, até que Cristo se forme em
vocês” (Gl 4,19) –, e se Jesus é tanto o fruto de Maria em cada alma, em particular,
quanto por todo o mundo, em geral, é particularmente na alma em que ela está
que Jesus Cristo é seu fruto e sua obra-prima.
57. Enfim, Maria se torna tudo para essa alma junto a Jesus Cristo, iluminando-
lhe o espírito com sua fé pura, aprofundando-lhe o coração com sua humildade,
alargando-a e abrasando-a com sua caridade, purificando-a com sua candura,
enobrecendo-a e fazendo-a crescer com sua maternidade. Mas em que devo me
deter? Não existe senão a experiência que ensina essas maravilhas de Maria, que
não são dignas de crédito para os sabidos e orgulhosos, nem mesmo para grande
parte dos devotos e devotas...
58. Uma vez que foi por Maria que Deus veio ao mundo pela primeira vez, na
humilhação e despojamento, não seria possível dizer que é por Maria que Deus
virá pela segunda vez, como toda a Igreja o espera, para reinar de modo pleno e
julgar os vivos e os mortos? Não sabemos como isso será, nem quando se dará...
Mas sei exatamente que Deus, cujos pensamentos estão tão distantes dos nossos
quanto o céu em relação à terra, virá numa época e da maneira menos esperada
pelos homens, inclusive os mais sábios e entendidos na Escritura Sagrada, que é
muito obscura sobre esse assunto.
59. Deve-se crer ainda que, no final dos tempos, e talvez muito antes do que se
imagina, Deus suscitará grandes homens cheios do Espírito Santo e [do espírito]
de Maria, para e pelos quais essa divina Soberana fará grandes maravilhas no
mundo, para destruir o pecado e estabelecer o Reino de Jesus Cristo, seu Filho,
sobre aquele do mundo corrompido. De fato, é por intermédio dessa devoção à
25
Santíssima Virgem – que eu nada mais faço do que traçar de um modo vago, em
virtude de minhas incapacidades – que esses santos personagens realizarão
proezas...
26
5. As práticas exteriores
60. Além da prática interior dessa devoção, da qual falamos há pouco, há as de
caráter exterior, que não podem ser omitidas nem descuradas.
5.1. A consagração e sua renovação[7]
61. A primeira é entregar-se a Jesus Cristo, num dia especial, pelas mãos de
Maria, de quem o devoto se faz escravo, comungando nessa intenção e passando
esse dia em oração. Tal consagração deverá ser renovada ao menos uma vez por
ano, no mesmo dia.
5.2. A oferenda de um tributo à Santíssima Virgem
62. A segunda prática consiste em oferecer, todos os anos, no mesmo dia, um
pequeno tributo à Santíssima Virgem, para manifestar-lhe nossa servidão e nossa
dependência em relação a ela. Essa sempre foi a homenagem dos escravos para
com seus senhores. Ora, esse tributo pode ser alguma mortificação, espórtula ou
peregrinação, ou algumas orações. O bem-aventurado Marinho, segundo conta
seu irmão, São Pedro Damião, seguia o preceito publicamente, todos os anos,
diante de um altar da Santíssima Virgem. Não estamos pedindo nem
aconselhando esse fervor, mas se não dermos muito a Maria, devemos ao menos
oferecer o que a ela apresentamos com um coração humilde e cheio de
reconhecimento...
5.3. A celebração especial da festa da Anunciação
63. A terceira prática é celebrar todos os anos, com particular devoção, a festa
da Anunciação, que é a festa principal dessa devoção, tendo sido estabelecida
para honrar e imitar a dependência assumida pelo Verbo eterno nesse dia, por
amor de nós...
5.4. A recitação da Coroazinha e do Magnificat
64. A quarta prática exterior é rezar todos os dias, mas não sob pena de
nenhum pecado em caso de omissão, a Coroazinha da Santíssima Virgem, que se
constitui de três pai-nossos e doze ave-marias, e recitar o Magnificat,[8] que é o
único cântico que temos de Maria, para agradecer a Deus por seus benefícios e
alcançar outros. De modo especial, não se deve esquecer de recitá-lo após a santa
comunhão, em ação de graças, como a própria Virgem Santa fazia após a
comunhão, conforme afirma o erudito Gerson.
5.5. O uso da corrente
65. A quinta prática é usar uma pequena corrente benta no pescoço, ou no
braço, ou nos pés, ou na cintura. Essa prática não precisa necessariamente ser
seguida, pois não se constitui como fundamental para essa devoção. No entanto,
seria pernicioso desprezá-la e condená-la, e perigoso descurá-la... Tais são as
27
razões que temos para carregar essa marca exterior:
1) Para nos preservar das terríveis correntes do pecado original e atual, com as
quais fomos envolvidos;
2) Para honrar as cordas e os laços de amor com os quais Nosso Senhor quis de
fato ser amarrado, para nos tornar verdadeiramente livres;
3) Na medida em que são laços de caridade – Traham eos in vinculis caritatis: “Eu
os trazia com laços de caridade” –, servem para nos lembrar que não devemos
agir a não ser movidos por essa virtude;
4) Por fim, é para nos recordar de nossa dependência de Jesus e de Maria,
enquanto escravos, que temos o hábito de carregar tais correntes.
Vários grandes personagens, que se fizeram escravos de Jesus e de Maria,
apreciavam de tal modo essas correntes, a ponto de lamentar o fato de não
poderem tê-las publicamente presas aos pés, como os escravos dos turcos.
Ó correntes mais preciosas e mais gloriosas que os colares de ouro e pedras
preciosas de todos os imperadores, porquanto nos unem a Jesus Cristo e a sua
Mãe Santíssima, e são o ilustre distintivo de tal união!
É aconselhável – deve-se observar – que as correntes sejam ao menos de ferro,
caso não sejam de prata, devido à facilidade de serem encontradas... Jamais devem
ser deixadas durante a vida, para que possam nos acompanhar até o dia do juízo.
Que alegria, que glória, que vitória para um fiel escravo que seus ossos, no dia do
juízo e ao som da trombeta, se levantem da terra ainda atados pela corrente da
escravidão, sem dúvida ainda não apodrecida! Esse único pensamento deve
animar fortemente um devoto escravo a jamais desistir da corrente, por mais
incômodo que possa causar à natureza.
28
SUPLEMENTO
Orações a Jesus, ao Espírito Santo e a Maria
ORAÇÃO A JESUS
66. Meu amável Jesus, deixai que eu me dirija a vós para vos testemunhar meu
reconhecimento pela graça que de vós recebi, ao ser dado a vossa Santíssima Mãe
pela devoção de santa escravidão, a fim de que ela seja minha advogada junto a
vossa Majestade, e meu suplemento universal em minha imensa miséria. Senhor,
sou tão miserável que, sem essa Mãe bondosa, eu estaria irremediavelmente
perdido. Sim, necessito de Maria junto a vós: para vos acalmar em vossa justa
cólera, pois vos ofendi tanto todos os dias; para deter os castigos eternos de vossa
justiça por mim merecidos; para que eu possa olhar em vossos olhos, falar-vos,
rogar-vos, aproximar-me de vós e vos agradar; para salvar minha alma e as dos
meus; em uma palavra, a fim de eu poder fazer sempre vossa santa vontade e
procurar em tudo a vossa maior glória.
Ah! Possa eu proclamar por todo o universo essa misericórdia que tivestes por
mim! Que todo o mundo saiba que, sem Maria, eu estaria perdido! Possa eu
render dignas ações de graças de tão grande benefício! Maria está em mim! Haec
facta es mihi!Oh! Que riqueza! Oh! Que consolação! E eu não seria, depois disso,
todo dela? Oh! Que ingratidão seria, meu querido Salvador! Prefiro a morte a esse
infortúnio, pois prefiro morrer a viver sem ser todo de Maria! Eu a elegi mil e uma
vezes como todo o meu bem, assim como São João Evangelista aos pés da cruz, e
me dei a ela da mesma maneira; mas, se não o fiz de acordo com vossa vontade,
meu querido Jesus, faço-o agora como quiserdes que eu o faça; e se virdes em
minha alma e em meu corpo algo que não pertença a essa augusta Princesa, peço-
vos que o arranque de mim e o jogue longe de mim, já que, não sendo de Maria, é
indigno de vós.
ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO
67. Ó Santo Espírito! Concedei-me todas essas graças e plantai, regai e cultivai
em minha alma a dulcíssima Maria, que é a Árvore da verdadeira vida, para que ela
cresça, floresça e produza fruto de vida em abundância. Ó Espírito Santo! Dai-me
uma grande devoção e uma grande afeição por vossa divina Esposa, a graça de me
apoiar grandemente em seu seio maternal e de recorrer continuamente a sua
misericórdia, a fim de que por ela possais formar em mim Jesus Cristo tal qual Ele
é, grande e poderoso, até a plenitude de sua idade perfeita. Assim seja!
ORAÇÃO A MARIA (para seus fiéis escravos)
68. Ave, Maria, Filha predileta do Pai Eterno!
Ave, Maria, Mãe admirável do Filho!
Ave, Maria, Esposa fiel do Espírito Santo!
Ave, Maria, minha querida Mãe, minha doce Mestra e poderosa Soberana!
Eu vos saúdo, minha alegria, minha glória, meu coração e minha alma!
29
Vós sois toda minha pela misericórdia, e eu sou todo vosso pela justiça.
Contudo, ainda não o sou de modo suficiente: novamente me dou a vós todo
inteiro, na condição de escravo eterno, sem nada reter para mim nem para
ninguém. Se ainda virdes em mim algo que não vos pertença, suplico-vos que o
tome neste instante e vos torneis a Mestra absoluta de meu ser,[1] onde possais
destruir, desenraizar e aniquilar tudo o que desagrade a Deus, e plantar, elevar e
operar tudo o que vos agradar. E que a luz de vossa fé dissipe as trevas de meu
espírito; que vossa humildade profunda tome o lugar de meu orgulho; que vossa
contemplação sublime detenha as distrações de minha imaginação errante; que
vossa visão contínua de Deus preencha minha memória com vossa presença; que o
incêndio da caridade de vosso coração dilate e abrase a mornidão e a frieza do
meu; que vossas virtudes ocupem o lugar de meus pecados; que vossos méritos
sejam meu ornamento e meu suplemento diante de Deus. Enfim, minha caríssima
e amada Mãe, fazei, se possível, que eu não tenha outro espírito que não o vosso
para conhecer Jesus Cristo e suas divinas vontades; que eu não tenha outra alma
que não a vossa para louvar e glorificar ao Senhor; que eu não tenha outro
coração que não o vosso para amar a Deus com um amor puro e ardente como o
vosso.
69. Não vos peço visões, nem revelações, nem sabores ou prazeres, ainda que
espirituais. É vossa a prerrogativa de ver claramente, sem trevas; vossa a
prerrogativa de saborear plenamente, sem amargor; vossa a prerrogativa de
triunfar gloriosamente à direita de vosso Filho no céu, sem nenhuma humilhação;
vossa a prerrogativa de ordenar imperiosamente aos anjos, aos homens e aos
demônios, sem resistência, e, por fim, de dispor, segundo a vossa vontade, de
todos os bens de Deus, sem nenhuma reserva. Essa é, divina Maria, a melhor parte
que o Senhor vos deu e que jamais vos será tirada, o que produz em mim uma
grande alegria. Quanto a mim, neste mundo, não quero nada mais do que a parte
que vos coube, a saber: crer puramente, sem nada saborear nem ver; sofrer com
alegria, sem o consolo das criaturas; morrer continuamente para mim mesmo, sem
trégua; e trabalhar com empenho até a morte, por vós, sem nenhum interesse,
como o mais inferior de vossos escravos. A única graça que vos peço é que, por
pura misericórdia, eu diga, todos os dias e momentos de minha vida, três vezes:
“Amém! Assim seja!”, por tudo o que fizestes na terra, quando aqui vivestes;
“Amém! Assim seja!”, por tudo o que fazeis hoje no céu; “Amém! Assim seja!”, por
tudo o que fazeis em minha alma, para que em mim não haja ninguém senão vós a
glorificar plenamente Jesus Cristo durante o tempo e a eternidade.
Assim seja!
30
A CULTURA E O CRESCIMENTO DA ÁRVORE DA VIDA: EM OUTRAS
PALAVRAS, A MANEIRA DE FAZER MARIA VIVER E REINAR EM NOSSAS
ALMAS
1) A santa escravidão de amor. Árvore da vida
70. Você compreendeu, alma predestinada, pela operação do Espírito, o que
acabo de lhe dizer? Então agradeça-o a Deus! Trata-se de um segredo ignorado
pela maioria das pessoas. Se você tiver encontrado o tesouro escondido no campo
de Maria, a pérola preciosa do Evangelho, precisará vender tudo para obtê-lo;
precisará fazer o sacrifício de si mesma nas mãos de Maria, e perder-se
jubilosamente nela para ali encontrar Deus somente. Se o Espírito Santo tiver
plantado em sua alma a verdadeira Árvore da vida, que é a devoção que acabo de
lhe explicar, você terá de empenhar todos os seus bens para cultivá-la, para que ela
possa dar frutos a seu tempo. Essa devoção é o grão de mostarda de que se fala no
Evangelho, o qual, não obstante seja a menor dentre todas as sementes, se torna
grande e espalha galhos tão altos que os pássaros do céu, ou seja, os
predestinados, podem ali fazer seus ninhos e repousar na sombra, abrigando-se do
calor do sol e refugiando-se em segurança dos animais ferozes.
31
2) A maneira de cultivá-la
71. Eis, alma predestinada, a maneira de cultivá-la:
1) Essa árvore, estando plantada num coração bem fiel, quer ficar em pleno
vento, sem qualquer apoio humano. Essa árvore, sendo divina, quer sempre estar
livre de qualquer criatura que poderia impedi-la de elevar-se para seu princípio,
que é Deus. Assim, não podemos ter como apoio nossa própria habilidade
humana e nossos talentos puramente naturais, ou o crédito e a autoridade dos
homens: precisamos recorrer a Maria e nos apoiar unicamente em seu auxílio.
72. 2) É preciso que a alma na qual essa Árvore está plantada esteja
incessantemente ocupada, como um bom jardineiro, a protegê-la e a olhá-la. Pois
essa Árvore, sendo viva e tendo de produzir um fruto de vida, quer ser cultivada e
fortalecida por um contínuo olhar e contemplação da alma; e é o efeito de uma
alma perfeita pensar continuamente nela e elegê-la como sua principal ocupação.
73. É preciso arrancar e cortar as ervas daninhas e os espinhos que poderiam
sufocar essa Árvore com o tempo ou impedi-la de dar frutos: ou seja, é preciso ser
fiel a cortar e suprimir, pela mortificação e violência feitas a si mesmo, todos os
prazeres inúteis e vãs preocupações com as criaturas; em outras palavras, crucificar
a própria carne, observar o silêncio e mortificar os sentidos.
74. 3) É preciso vigiar para que as lagartas não sejam prejudiciais. Essas
lagartas são o amor de si mesmo e de suas comodidades, que corroem as folhas
verdejantes e as belas esperanças que a Árvore tinha de frutos, pois o amor de si e
o amor de Maria não combinam de maneira alguma.
75. 4) Não se pode deixar os animais selvagens aproximarem-se dela. Esses
animais são os pecados, que poderiam matar a Árvore da vida apenas ao tocá-la: é
necessário inclusive que nem mesmo seu hálito chegue perto dela, ou seja, os
pecados veniais, que são sempre muito perigosos se não se fizer conta deles...
76. 5) É preciso regar continuamente essa Árvore divina, com comunhões,
missas e outras orações, comunitárias e individuais; sem isso, ela deixaria de
produzir frutos.
77. 6) Não devemos nos preocupar se ela for soprada e agitada pelo vento, pois
é necessário que o vento das tentações sopre contra ela para derrubá-la, que a
neve e as geadas se precipitem sobre ela para perdê-la; ou seja, que esta devoção à
Santíssima Virgem seja necessariamente atacada e contradita, mas nada há a
temer, desde que perseveremos para cultivá-la.
32
3) Seu fruto durável: Jesus Cristo
78. Alma predestinada, se você cultivar assim sua Árvore da vida novamente
plantada pelo Espírito Santo emsua alma, garanto-lhe que, em pouco tempo, ela
subirá tão alto que os pássaros do céu nela se abrigarão e ela se tornará tão
perfeita que por fim dará seu fruto de honra e de graça a seu tempo, ou seja, o
amável e adorável Jesus, que sempre foi e será o único fruto de Maria. Feliz a alma
em quem Maria, a Árvore da vida, foi plantada. Mais feliz ainda aquela em quem
Maria cresceu e floresceu. Muito feliz aquela em quem ela dá frutos. Mas a mais
feliz de todas é aquela que saboreia e conserva seu fruto até a morte, pelos séculos
dos séculos.
Assim seja. Qui tenet, teneat (Quem tiver esta doutrina a conserve fielmente).
33
APÊNDICE
ORAÇÕES PREPARATÓRIAS PARA A CONSAGRAÇÃO TOTAL A
JESUS POR MEIO DE MARIA
EXERCÍCIOS PRELIMINARES: O DESAPEGO DO ESPÍRITO MUNDANO
Nessa primeira parte da preparação para a consagração, deve-se rezar doze dias
na intenção de se alcançar de Deus, por meio de Maria, a graça do desapego do
espírito mundano (Consultar o Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem
Maria, n. 227). E isso consiste em combater a inclinação desordenada a si mesmo,
aos bens materiais e às pessoas. As orações que devem ser rezadas diariamente
nessa primeira parte são: a Ave, Estrela do Mar e o Vinde, Espírito Criador.
AVE MARIS STELLA[1]
1. Ave maris stella,
Dei Mater alma,
Atque semper Virgo,
Felix cæli porta.
1. Ave, estrela do mar,
Fecunda Mãe de Deus,
Que permanecestes Virgem,
Ó doce porta dos Céus.
2. Sumens illud Ave
Gabrielis ore,
Funda nos in pace,
Mutans Hevæ nomen.
2. Vós, que ouvistes aquele Ave
Da boca de Gabriel,
Estabelecei-nos na paz,
Mudando o nome de Eva.
3. Solve vincla reis,
Profer lumen cæcis,
Mala mostra pelle,
Bona cuncta posce.
3. Libertai dos grilhões os pecadores,
Mandai luz aos cegos,
Afastai de nós todos os males
E obtende-nos todos os bens.
4. Monstra te esse matrem,
Sumat per te preces,
Qui pro nobis natus
Tulit esse tuus.
4. Mostrai que sois nossa mãe:
Por vós ouça as nossas preces
Aquele que, para nos salvar,
Quis ser vosso Filho.
5. Virgo singularis,
Inter omnes mitis,
Nos, culpis solutos,
Mites fac et castos.
5. Ó Virgem sem igual,
A mais doce de todas,
Libertando-nos das nossas culpas,
Fazei-nos mansos e puros.
6. Vitam præsta puram
Iter para tutum,
Ut, videntes Jesum,
Semper collætemur.
6. Concedei-nos uma vida pura,
Fazei seguros os nossos caminhos:
Para que, na posse de Jesus,
Exultemos eternamente.
7. Sit laus Deo Patri,
Summo Christo decus,
Spiritui Sancto,
Tribus honor unus.
7. Seja louvado e glorificado
Deus Pai, Filho e Espírito Santo;
Às três Pessoas divinas
Seja prestada honra igual.
Amen. Amém.
VÉNI, CREÁTOR SPÍRITUS
Véni, Creátor Spíritus, mentes tuórum visita, imple supérna infírma nostri córporis virtúte firmans pérpeti.
34
grátia, quae tu creásti péctora.
Qui díceris Paráclitus, altíssimi donum Dei, fons vivus, ignis,
cáritas, et spiritális únctio.
Hostem repéllas lóngius, pacémque dones prótinus; ductóre
sic te praevio vitemus omne noxium.
Tu septifórmis múnere, dígitus paternae déxterae, tu rite
promíssum Patris, sermóne ditans gúttura.
Per te sciámus da Patrem, noscamus atque Filium; teque
utriúsque Spíritum credamus omni témpore.
Accénde lumen sénsibus; infunde amórem córdibus, Deo Patri sit glória, et Fillio, qui a mórtuis surréxit, ac
Paráclito, in saeculórum saecula.
Amem.
V/ Emítte Spíritum tuum, et creabúntur.
R/ Et renovábis fáciem terrae.
Deus qui corda fidélium Sancti Spíritus illustratióne docuísti: da nobis in eódem Spíritu recta
sápere; et de eius semper consolatióne gaudére. Per Christum dominum nostrum. Amém.
VERSÃO MAIS DIFUNDIDA EM PORTUGUÊS
Vinde, Espírito Criador,
a nossa alma visitai
e enchei os corações
com vossos dons celestiais.
Vós sois chamado o Intercessor,
de Deus excelso dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor,
a unção divina e salutar.
Sois o doador dos sete dons
e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós,
por nós seus feitos proclamai.
A nossa mente iluminai,
os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai,
qual força eterna e protetor.
Nosso inimigo repeli
e concedei-nos vossa paz;
se pela graça nos guiais,
o mal deixamos para trás.
Ao Pai e ao Filho Salvador,
por Vós possamos conhecer;
que procedeis do Seu amor
fazei-nos sempre firmes crer.
Amém!
TRADUÇÃO LITERAL DO LATIM AO PORTUGUÊS
Vinde, Espírito Criador,
visitai as almas dos vossos, enchei da graça do alto
do nosso corpo
com virtude para sempre.
35
os corações que criastes.
Sois chamado
Paráclito (Consolador),
dom do Deus Altíssimo,
fonte viva, o fogo, a caridade e unção espiritual.
Vós, que tendes sete dons, sois o dedo da direita de
Deus, solene promessa do Pai a inspirar nossas
palavras.
Acendei a luz para os sentidos, infundi o amor nos
corações, fortalecei a fragilidade
Afastai para longe o inimigo, trazei-nos sem demora
a paz; assim, guiados por Vós,
evitaremos todo o mal.
Concedei-nos que, por
Vós, saibamos do Pai,
conheçamos também o Filho, e, em Vós, Espírito de
ambos, acreditemos em todo tempo.
Glória seja dada a Deus Pai, ao Filho, que dos
mortos ressuscitou, e também ao Paráclito
(Consolador)
por todos os séculos.
Amém.
V/ Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R/ E renovareis a face da terra.
Ó Deus, que ilustrastes os corações dos fiéis com as luzes do Espírito Santo,
dai-nos, pelo mesmo Espírito, procurar o que é reto, e nos alegrarmos sempre com
a sua consolação. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.[2]
Primeira Semana: O conhecimento de si mesmo
Nessa primeira semana da preparação, com muita humildade, deve-se rezar seis
dias pedindo a Deus o conhecimento de si mesmo e a graça da contrição dos
pecados (Consultar o Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria, n. 228).
Orações diárias: Ave, Estrela do Mar; Ladainha do Espírito Santo; Ladainha de
Nossa Senhora.
LADAINHA DO ESPÍRITO SANTO
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo,
tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Divino Espírito Santo,
ouvi-nos.
Espírito Paráclito,
atendei-nos.
Deus Pai dos Céus, *
tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor
do mundo, *
Deus Espírito Santo, *
Santíssima Trindade,
que sois um só Deus, *
Espírito da verdade, *
Espírito da sabedoria, *
Espírito da inteligência, *
Espírito da fortaleza,* Espírito da piedade, *
Espírito do bom conselho, *
Espírito da ciência, *
Espírito do santo temor, *
Espírito da caridade, *
Espírito da alegria, *
Espírito da paz, *
Espírito das virtudes, *
Espírito de toda a graça, *
Espírito da adoção
dos filhos de Deus, *
Purificador das
nossas almas, *
Santificador e guia
da Igreja Católica, *
Distribuidor
dos dons celestes, *
Conhecedor dos pensamentos e das intenções do
coração, *
Doçura dos que começam
a vos servir, *
Coroa dos perfeitos, *
Alegria dos anjos, *
Luz dos patriarcas, *
De toda a impureza
da mente e do corpo, *
De todas as heresias e erros, *
De todo o mau espírito, *
Da morte má e eterna, *
Pela vossa eterna procedência do Pai e do Filho, *
36
Inspiração dos profetas, *
Palavra e sabedoria
dos apóstolos, *
Vitória dos mártires, *
Ciência dos confessores, *
Pureza das virgens, *
Unção de todos os santos, *
Sede-nos propício,
perdoai-nos, Senhor.
Sede-nos propício,
atendei-nos, Senhor.
De todo o pecado, *
livrai-nos, Senhor.
De todas as tentações
e ciladas do demônio, *
De toda a presunção
e desesperação, *
Do ataque à verdade
conhecida, *
Da inveja da graça fraterna, *
De toda a obstinação
e impenitência, *
De toda a negligência
e tibieza do espírito, *
Pela milagrosa conceição
do Filho de Deus, *
Pela vossa descida
sobre Jesus Cristo batizado, *
Pela vossa santa aparição na transfiguração do
Senhor, *
Pela vossa vinda sobre
os discípulos do Senhor, *
No dia do juízo, *
Ainda que pecadores, *
nós vos rogamos, ouvi-nos.
Para que nos perdoeis, *
Para que vos digneis vivificar e santificar todos os
membros da Igreja, *
Para que vos digneis conceder-nos o dom da
verdadeira piedade, devoção e oração. *
Para que vos digneis inspirar-nos sinceros afetos de
misericórdia e de caridade. *
Para que vos digneisfazer-nos dignos e fortes, para
suportar as perseguições pela justiça, *
Para que vos digneis confirmar-nos em vossa graça,
*
Para que vos digneis
receber-nos no número
dos vossos eleitos, *
Para que vos digneis
ouvir-nos, *
Espírito de Deus, *
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo,
enviai-nos o Espírito Santo.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo,
mandai-nos o Espírito prometido do Pai.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo,
dai-nos o Espírito bom.
Espírito Santo, ouvi-nos.
Espírito consolador,
atendei-nos.
V. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. E renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito
Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito,
e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.
LADAINHA DE NOSSA SENHORA
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo,
tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai Celeste, que sois Deus, *
tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, *
Espírito Santo, que sois Deus, *
Santíssima Trindade,
que sois um só Deus, *
Santa Maria, *
rogai por nós.
Casa de ouro, *
Arca da aliança, *
Porta do Céu, *
Estrela da manhã, *
Saúde dos enfermos, *
Refúgio dos pecadores, *
37
Santa Mãe de Deus, *
Santa Virgem das virgens, *
Mãe de Jesus Cristo, *
Mãe da divina graça, *
Mãe puríssima, *
Mãe castíssima, *
Mãe imaculada, *
Mãe intemerata, *
Mãe amável, *
Mãe admirável, *
Mãe do bom conselho, *
Mãe do Criador, *
Mãe do Salvador, *
Virgem prudentíssima, *
Virgem venerável, *
Virgem louvável, *
Vaso insigne de devoção, *
Rosa mística, *
Torre de Davi, *
Torre de marfim, *
Casa de ouro, *
Vaso insigne de devoção, *
Rosa mística, *
Torre de Davi, *
Torre de marfim, *
Consoladora dos aflitos, *
Auxílio dos cristãos, *
Rainha dos anjos, *
Rainha dos patriarcas, *
Rainha dos profetas, *
Rainha dos apóstolos, *
Rainha dos mártires, *
Rainha dos confessores, *
Rainha das virgens, *
Rainha de todos os santos, *
Rainha concebida
sem pecado original, *
Rainha assunta ao céu, *
Rainha
do sacratíssimo Rosário, *
Rainha da Paz, *
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
perdoai-nos, Senhor. *
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
ouvi-nos, Senhor. *
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
tende piedade de nós. *
V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos: Ó Senhor Deus, concedei a nós, vossos filhos, gozar sempre da saúde
da alma e do corpo; e, pela intercessão da Bem-aventurada sempre Virgem Maria,
sejamos livres das tristezas da vida presente e gozemos a eterna alegria. Por Cristo,
nosso Senhor. Amém.
Segunda Semana: O conhecimento da Santíssima Virgem
Nesta segunda semana, durante seis dias, a preparação consistirá em pedir a
Deus mais conhecimento sobre a Santíssima Virgem, para que, conhecendo-a
melhor, mais se possa amá-la (Consultar o Tratado, n. 229). Orações diárias: Ave,
Estrela do Mar; Ladainha do Espírito Santo; o Rosário ou pelo menos um terço.
Terceira Semana: O conhecimento de Jesus Cristo
Na terceira semana de oração, serão empregados seis dias, pedindo a Cristo a
graça de conhecê-lo mais (Consultar o Tratado, n. 230). Assim, clamando
sinceramente por uma maior intimidade com o Senhor Jesus, a pessoa estará se
preparando para receber Maria como a sua Mãe, Mestra e Rainha, dado que
nenhuma pessoa humana tem mais intimidade com Jesus do que ela. E para isso
devem-se rezar as seguintes orações: Ave, Estrela do Mar; Ladainha do Espírito
Santo; Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus; e, se possível, também a Oração
de Santo Agostinho.
LADAINHA DO SANTÍSSIMO NOME DE JESUS
38
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai Celeste, que sois Deus, * tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, *
Espírito Santo,
que sois Deus, *
do grande conselho, *
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, *
Jesus, Filho de Deus vivo, *
Jesus, Esplendor do Pai, *
Jesus, pureza da luz eterna, *
Jesus, Rei da glória, *
Jesus, nosso Deus, *
Jesus, nosso refúgio, *
Jesus, Pai dos pobres, *
Jesus, tesouro dos fiéis, *
Jesus, Bom Pastor, *
Jesus, Luz verdadeira, *
Jesus, Sabedoria eterna, *
Jesus, bondade infinita, *
Jesus, nosso caminho
e nossa vida, *
Jesus, alegria dos anjos, *
Jesus, Fortaleza dos mártires, *
Jesus, Luz dos confessores, *
Jesus, Pureza das virgens, *
Jesus, Coroa de todos
os santos, *
Sede-nos propício;
perdoai-nos, Jesus.
Sede-nos propício;
ouvi-nos, Jesus.
De todo mal, *
livrai-nos Jesus.
De todo pecado, *
De vossa ira, *
Das ciladas do demônio, *
Do espírito da impureza, *
Da morte eterna, *
Do desprezo das vossas
inspirações, *
Jesus, Sol de justiça, *
Jesus, Filho da Virgem Maria, *
Jesus amável, *
Jesus admirável, *
Jesus, Deus forte, *
Jesus, Pai do futuro século, *
Jesus, anjo *
Jesus poderosíssimo, *
Jesus pacientíssimo, *
Jesus obedientíssimo, *
Jesus, manso e humilde
de coração, *
Jesus, amante da castidade, *
Jesus, amador nosso, *
Jesus, Deus da paz, *
Jesus, autor da vida, *
Jesus, exemplar das virtudes, *
Jesus, zelador das almas, *
Pelo mistério
da vossa santa encarnação, *
Pela vossa natividade, *
Pela vossa infância, *
Pela vossa santíssima vida, *
Pelos vossos trabalhos, *
Pela vossa agonia e paixão, *
Pela vossa cruz e desamparo, *
Pelas vossas angústias, *Pela vossa morte e
sepultura, *
Pela vossa ressurreição, *
Pela vossa ascensão, *
Pela vossa instituição da Santíssima Eucaristia, *
Pelas vossas alegrias, *
Pela vossa glória, *
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
ouvi-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
perdoai-nos, Jesus.
Jesus, ouvi-nos.
Jesus, atendei-nos.
Oremos: Nós vos pedimos, ó Deus, ao venerarmos o santo nome de Jesus, que,
saboreando na terra a sua doçura, gozemos no céu a eterna alegria. Permiti-nos
também, ó Pai, que tenhamos sempre grande temor e amor pelo Santo Nome de
vosso Filho, pois não deixais de governar aqueles que estabeleceis na firmeza do
vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo. Amém.
ORAÇÃO DE SANTO AGOSTINHO
Tu és, Cristo, meu Pai santo, meu Deus piedoso, meu grande Rei, meu Bom
39
Pastor, meu único Mestre, meu excelente auxiliador, meu bem-amado de beleza
incomparável, meu pão vivo, meu sacerdote eterno, meu guia para a pátria, minha
luz verdadeira, minha santa doçura, meu reto caminho, minha sabedoria preclara,
minha simplicidade pura, minha concórdia pacífica, toda a minha proteção,
minha boa herança e minha salvação sempiterna...
Ó Cristo Jesus, doce Senhor, por que amei, por que desejei, em toda a minha
vida, algo além de ti? Onde eu estava quando meu pensamento não estava em ti?
A partir de agora, meus desejos todos, fluí e inflamai-vos pelo Senhor Jesus; correi,
pois já tardastes demais; apressai-vos para onde vos dirigis; procurai de fato
aquele que procurais.
Ó Jesus, quem não te ama seja excomungado; aquele que não te ama fique
cheio de amarguras... Ó doce Jesus, que todo bom sentimento digno de teu louvor
te ame, em ti se deleite e te admire. Deus de meu coração e minha herança, Cristo
Jesus, meu espírito se abandona em ti, para que tu vivas em mim, e acendas em
meu espírito a brasa fumegante de teu amor, a fim de que se torne perfeito
incêndio, a arder perenemente no altar do meu coração, a ferver em minha
medula, a consumir em chamas o mais íntimo de minha alma; para que, no dia da
consumação de minha vida, me apresente junto a ti completamente consumado.
Amém.
Depois das três semanas de preparação: Como fazer a consagração
Passados os trinta dias de preparação para a consagração, a pessoa que vai se
consagrar totalmente a Jesus como escrava de amor por meio de Maria deve se
confessar nessa intenção, de preferênciano dia mais próximo possível da sua
consagração, mas, caso isso não seja possível, que pelo menos o faça na mesma
semana.
No dia de sua consagração, a pessoa deve oferecer algum tributo em
homenagem a Jesus e Maria. Esse tributo, que deve ser feito de boa vontade, pode
ser um jejum, uma penitência, uma obra de caridade, alguma oração especial etc.
(Conferir Tratado, n. 232).
Além do mais, na hora da consagração, quem for se consagrar deverá
comungar na intenção de entregar-se totalmente a Jesus, como seu escravo de
amor e de sua Mãe Santíssima. Oferecerá também essa mesma comunhão com o
Senhor Eucarístico a Nossa Senhora, como a maior graça que se pode oferecer a
Maria, ou seja, oferecerá a ela o seu próprio Filho, Deus e homem, a Graça por
excelência. Assim, Nossa Senhora irá ajudar a pessoa a receber melhor o Cristo
Eucarístico (sobre a forma de comungar, conferir o Tratado nos números 266-273).
Depois da comunhão, a pessoa deverá rezar a fórmula de consagração que se
encontra logo abaixo, que deve estar impressa ou escrita à mão, e, ao terminar de
recitá-la, deverá assiná-la nesse mesmo dia e marcar a data da consagração
(Conferir Tratado, n. 231).
Será nessa data da consagração que, pelo menos uma vez por ano, o
consagrado a Maria deverá renovar a sua consagração, repetindo, se puder, os
trinta dias dos exercícios preparatórios (sobre as formas de renovação, conferir o
40
n. 233 do Tratado).
Fórmula da consagração total a Jesus Cristo, pelas mãos de Maria[3]
Ó Sabedoria eterna e encarnada! Ó tão amável e adorável Jesus, verdadeiro
Deus e verdadeiro homem, Filho único do Pai eterno e de Maria sempre virgem!
Eu vos adoro profundamente no seio e no esplendor de vosso Pai, durante a
eternidade, e no seio virginal de Maria, vossa digníssima Mãe, no tempo de vossa
encarnação.
Dou-vos graças por ter-vos esvaziado de vós mesmo, assumindo a forma de um
escravo, para me tirar da cruel escravidão do demônio.
Eu vos louvo e glorifico, por terdes querido submeter-vos a Maria, vossa santa
Mãe, em todas as coisas, a fim de me tornar, por ela, vosso escravo fiel. Mas – que
desgraça! –, ingrato e infiel que sou, não cumpri os votos e promessas que
solenemente vos fiz no momento de meu batismo; não cumpri minhas obrigações,
e não mereço ser chamado vosso filho, nem mesmo vosso escravo. E como não há
nada em mim que não mereça vossa repulsa e vossa cólera, não ouso mais, por
mim mesmo, aproximar-me de vossa santa e augusta Majestade.
Por isso, recorro à intercessão e à misericórdia de vossa Santíssima Mãe, que
vós me destes como mediadora junto a vós. E é por intermédio dela que espero
obter de vós a contrição e o perdão de meus pecados, a aquisição e a conservação
da Sabedoria.
Eu vos saúdo, pois, ó Maria Imaculada, tabernáculo da Divindade, onde a
Sabedoria eterna escondida quer ser adorada pelos anjos e pelos homens.
Eu vos saúdo, ó Rainha do céu e da terra, a cujo império tudo está submetido,
tudo o que está abaixo de Deus.
Eu vos saúdo, ó Refúgio seguro dos pecadores, cuja misericórdia não faltou a
ninguém. Saciai os desejos que tenho da divina Sabedoria e recebei, para isso, os
votos e oferendas que minha insignificância vos apresenta.
Eu, ______________________, pecador infiel, renovo e ratifico hoje, em vossas
mãos, os votos de meu batismo: renuncio para sempre a Satanás, a suas pompas e
a suas obras, e me entrego todo inteiro a Jesus Cristo, a Sabedoria encarnada, para
carregar minha cruz e segui-lo todos os dias de minha vida, e a fim de que eu lhe
seja mais fiel do que fui até agora.
Eu vos escolho hoje, na presença de toda a corte celeste, como minha Mãe e Mestra.
Entrego-vos e consagro-vos, na qualidade de escravo, meu corpo e minha alma, meus bens
interiores e exteriores, e o valor mesmo de minhas boas ações, passadas, presentes e futuras,
dando-vos o pleno direito de dispor de mim e de tudo o que me pertence, sem exceção, segundo
o vosso prazer, para a maior glória de Deus, no tempo e na eternidade.
Recebei, ó Virgem benigna, esta pequena oferenda de minha escravidão, em
honra e união à submissão que a Sabedoria eterna quis ter de vossa maternidade;
em homenagem ao poder que vós dois tendes sobre este pequeno verme e mísero
pecador, e em ação de graças pelos privilégios com os quais a Santíssima Trindade
vos favoreceu.
41
Declaro que quero, desde agora, como vosso verdadeiro escravo, buscar vossa
honra e vos obedecer em todas as coisas.
Ó Mãe admirável! Apresentai-me a vosso querido Filho, na condição de escravo
eterno, a fim de que, tendo-me resgatado por vós, Ele me receba por vós.
Ó Mãe de misericórdia! Dai-me a graça de obter a verdadeira sabedoria de
Deus e de participar, para isso, do grupo daqueles que vós amais, que vós ensinais,
que vós conduzis, que vós nutris e protegeis como vossos filhos e escravos.
Ó Virgem fiel, tornai-me em todas as coisas um perfeito discípulo, imitador e
escravo da Sabedoria encarnada, Jesus Cristo, vosso Filho, a fim de que eu chegue,
por vossa intercessão e a vosso exemplo, à plenitude de sua idade sobre a terra e
de sua glória nos céus. Assim seja.
Práticas diárias de oração do escravo por amor
Quanto às práticas diárias de um escravo de amor, pode-se dizer que uma das
principais e ideais é a oração do Santo Rosário; porém, para aqueles que não têm
condições de rezá-lo, recomenda-se que se reze pelo menos um terço diário.
São Luís Grignion recomendou também que cada consagrado a Maria reze
diariamente (se for possível) a Coroazinha de Nossa Senhora.
Ademais, como uma das maiores formas de louvor e ação de graças a Deus por
meio de Maria, ele indicou que se rezasse cotidianamente o Cântico de Maria (o
Magnificat), que pode ser rezado após a comunhão ou em qualquer outra ocasião
em que se queira louvar a Deus.
Além dessas orações principais, São Luís indicou muitas outras práticas
devocionais que são muito edificantes para os devotos da Virgem Santíssima
(Conferir Tratado, n. 116). Lembrando que qualquer oração deve ser feita com
modéstia, devoção e atenção.
COROAZINHA DE NOSSA SENHORA
V. Dai-me a graça de vos louvar, ó Virgem Santíssima,
R. Livrai-me dos vossos inimigos.
Credo
I - Coroa de Excelência
Pai Nosso ...
Ave, Maria ...
Sois feliz, Virgem Maria, que trouxestes, em vosso seio, o Senhor, Criador do
mundo; destes à luz a quem vos criou, e sois virgem perpétua.
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R. Alegrai-vos mil vezes.
Ave, Maria…
Ó Sagrada e imaculada virgindade, não sei com que louvores vos possa
enaltecer; pois quem os céus não podem conter, vós o levastes em vosso seio.
42
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R. Alegrai-vos mil vezes.
Ave, Maria…
Sois toda bela, ó Virgem Puríssima, e não há pecado em vós.
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R. Alegrai-vos mil vezes.
Ave, Maria…
Possuís, ó Virgem Mãe, tantos privilégios, quantas são as estrelas no céu.
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R. Alegrai-vos mil vezes.
Glória ao Pai...
II - Coroa de Poder
Pai Nosso...
Ave, Maria...
Glória a vós, Rainha do céu, conduzi-nos convosco aos gozos do paraíso.
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R. Alegrai-vos mil vezes.
Ave, Maria…
Glória a vós, ó Dispensadora das graças do Senhor, dai-nos parte em vosso
tesouro.
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R. Alegrai-vos mil vezes.
Ave, Maria…
Glória a vós, medianeira entre Deus e os homens, tornai-nos favorável o Todo-
poderoso.
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R. Alegrai-vos mil vezes.
Ave, Maria…
Glória a vós, que venceis as heresias e o demônio: sede nossa bondosa guia.
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R. Alegrai-vos mil vezes.
Glória ao Pai...
III - Coroa de Bondade
Pai Nosso...
Ave, Maria...
Glória a vós, amparo dos pecadores; intercedei por nós junto ao Senhor.
43
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R. Alegrai-vos mil vezes.
Ave, Maria…
Glória a vós, Mãe dos órfãos; fazei que nos seja favorável o Pai Todo-poderoso.
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R. Alegrai-vos mil vezes.
Ave, Maria…
Glória a vós, alegria dos justos; conduzi-nos convosco à felicidade do céu.
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R.Alegrai-vos mil vezes.
Ave, Maria…
Glória a vós, nossa auxiliadora mui cuidadosa na vida e na morte; conduzi-nos
convosco para o reino do céu.
V. Alegrai-vos, Virgem Maria.
R. Alegrai-vos mil vezes.
Glória ao Pai...
Oremos:
Ave, Maria, Filha de Deus Pai; Ave, Maria, Mãe de Deus Filho; Ave, Maria,
Esposa do Espírito Santo; Ave, Maria, Templo da Santíssima Trindade; Ave, Maria,
Senhora minha, meu bem, meu amor, Rainha do meu coração, Mãe, vida, doçura
e esperança minha mui querida, meu coração e minha alma. Sou todo vosso, e
tudo o que possuo é vosso, ó Virgem sobre todos bendita. Esteja, pois, em mim a
vossa alma para engrandecer o Senhor; esteja em mim o vosso espírito para
rejubilar em Deus. Colocai-vos, ó Virgem fiel, como selo sobre o meu coração,
para que, em vós e por vós, seja eu achado fiel a Deus. Concedei, ó Mãe de
misericórdia, que me encontre no número dos que amais, ensinais, guiais,
sustentais e protegeis como filhos. Fazei que, por vosso amor, eu despreze todas as
consolações da terra e aspire só às celestes; até que, para glória do Pai, Jesus
Cristo, Vosso Filho, seja formado em mim, pelo Espírito Santo, vosso Esposo
fidelíssimo, e por vós, sua Esposa mui fiel. Amém.
SOB TUA PROTEÇÃO
À vossa proteção recorremos, santa Mãe de Deus;
não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades;
mas livrai-nos sempre de todos os perigos,
ó Virgem gloriosa e bendita.
MAGNIFICAT
A minha alma engrandece o Senhor
e se alegra o meu espírito em Deus, meu Salvador;
pois ele viu a pequenez de sua serva,
44
desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
O Poderoso fez por mim maravilhas
e Santo é o seu nome!
Seu amor, de geração em geração,
chega a todos os que o temem;
demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos;
derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou.
De bens saciou os famintos,
e despediu, sem nada, os ricos.
Acolheu Israel, seu servidor,
fiel ao seu amor,
como havia prometido aos nossos pais,
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.
Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
45
Coleção LEITURAS MARIANAS
• Amor da sabedoria eterna (O), São Luís Maria Grignion de Montfort
• Segredo admirável do Santíssimo Rosário para se converter e se salvar (O), idem
• Segredo de Maria (O): sobre a escravidão da Santíssima Virgem, idem
• Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria, idem
46
Direção editorial:
Claudiano Avelino dos Santos
Coordenação de revisão:
Tiago José Risi Leme
Tradução e apresentação:
Tiago José Risi Leme
Capa:
Marcelo Campanhã
Imagem da capa:
Anunciação (1608-1610), Caravaggio, Museu de Belas Artes de Nancy
Coordenação de desenvolvimento digital:
Alexandre Carvalho
Desenvolvimento digital:
Daniela Kovacs
Conversão EPUB:
PAULUS
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Luis Maria, de Montfort, Santo, 1673-1716
O segredo de Maria sobre a escravidão da Santíssima Virgem [livro eletrônico] /
São Luís Maria Grignion de Montfort; tradução de Tiago José Risi Leme. – São
Paulo : Paulus, 2018.
1,3Mb (Coleção Leituras Marianas)
ISBN 978-85-349- 4858-6 (e-book)
Título original: Le Secret de Marie: sur l'esclavage de la Sainte Vierge
1. Maria, Virgem, Santa - Culto I. Título II. Leme, Tiago José Risi
CDD 232.91
18-1812 CDU 232.931
Índices para catálogo sistemático:
1. Maria, Virgem, Santa - Culto
1ª edição, 2018
© PAULUS – 2018
Rua Francisco Cruz, 229 • 04117-091 – São Paulo (Brasil)
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NOTAS
APRESENTAÇÃO
[1] Dedico esta tradução de O segredo de Maria e esta humilde
apresentação a minha mãe, MARIA DE LOURDES RISI LEME, nascida no
centenário das aparições de Nossa Senhora de Lourdes. Com ela, eu e
meus irmãos aprendemos a rezar, desde crianças, a Consagração a Nossa
Senhora.
[2] Cf. Gilles Dallaire, “Préface”, in: Saint Louis-Marie Grignion de
Montfort, Le secret de Marie, Montréal: Médiaspaul, 1999, p. 9-14.
[3] Cf. Andrés Molina Prieto, “Introducción”, in: S. L. M. Grignion de
Montfort, Escritos marianos selectos, Madri: San Pablo, 1999, p. 15.
[4] Tanto a consagração como as outras orações preparatórias para ela
encontram-se no Apêndice de orações preparatórias para a consagração,
p. 47.
[5] Publicado em francês, sob o título: Discours du Pape Pie XII aux pèlerins
réunis à Rome pour la canonisation de Saint Louis-Marie Grignion de Montfort.
Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/pius-
xii/fr/speeches/1947/documents/hf_p-xii_spe_19470721_beato-de-
montfort.html>. (Tradução nossa.)
INTRODUÇÃO
[1] No original, “mortifications” (mortificações), que preferimos traduzir
por sacrifícios. (N.T.)
[2] Ver Apêndice de Orações no final, p. 47.
PRIMEIRA PARTE - Necessidade de uma verdadeira devoção a
Maria
[1] No original, “de l’ancienne loi” (da antiga Lei). (N.T.)
[2] Ou ainda, conforme devoção mais recente, Nossa Senhora das Graças,
que apareceu a Santa Catarina Labouré, em Paris, no convento das Filhas
da Caridade, situado na rue du Bac, em 1830, incumbindo-a de difundir a
devoção à Medalha Milagrosa. Por isso, também ficou conhecida como
Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. Os agostinianos e agostinianas são
baluartes de uma antiga devoção a Nossa Senhora da Graça, que remonta
à Idade Média, como também a Nossa Senhora da Consolação e à Mãe
do Bom Conselho (Mater Boni Consilii). (N.T.)
[3] No original, “économe”, que se traduziria automaticamente por
49
“ecônomo”, vocábulo que tem como sinônimo, segundo o Dicionário
Houaiss da língua portuguesa, “despenseiro”, mais adequado aqui para uma
flexão ao feminino. O mesmo dicionário define “despenseiro” como
“encarregado da despensa; ecônomo”. (N.T.)
[4] Alusão a Gálatas 2,20: “Já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em
mim. E a vida que vivo agora na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus,
que me amou e se entregou a si mesmo por mim”. (N.T.)
SEGUNDA PARTE - Em que consiste a verdadeira devoção a Maria
[1] O trocadilho “pour un oeuf un boeuf” do original em francês se perde
em português. (N.T.)
[2] São Bernardo, Inter flores, cap. 135.
[3] Entre chaves, trecho acrescentado pelo tradutor, a fim de facilitar a
compreensão do leitor, sem, contudo, comprometer o sentido original do
texto. (N.T.)
[4] Agnès Galand de nascimento, Agnès de Jésus na vida religiosa,
conhecida como Agnès de Langeac (1602-1634), foi uma monja
dominicana que se tornou célebre por sua caridade e virtudes, beatificada
em 1994 por São João Paulo II. Aos 7 anos, rezando na catedral de Puy-
en-Valey (França), entrega-se totalmente a Maria Santíssima e, em sinal de
sua consagração, prende à cintura uma corrente que havia encontrado na
oficina de seu pai (que trabalhava como artesão de facas). Na ocasião de
sua consagração, fez a seguinte oração à Mãe de Deus: “Virgem Santa,
dignando-vos querer que eu seja toda vossa, a partir deste momento eu
vos ofereço tudo o que sou e prometo vos servir, por toda a minha vida,
na qualidade de escrava”. É interessante observar a temática da escravidão
a Maria já presente nessa religiosa do século XVII. (N.T.)
[5] No original, “fais amende honorable à ta Souveraine”. Trata-se de uma
expressão cuja origem remonta ao Ancien Régime [Antigo Regime] na
França – anterior à Revolução Francesa; trata-se, portanto, da época em
que viveu São Luís Maria –, e que significa uma forma de penalidade
humilhante em que o condenado era obrigado a confessar publicamente
seu crime. (N.T.)
[6] No original, “produire” (produzir), que preferimos traduzir por gerar.
(N.T.)
[7]Os exercícios espirituais para a consagração encontram-se no
Apêndice de orações, p. 47.
[8] Tanto para a Coroazinha como para o Magnificat, ver Apêndice de
50
orações no final, p. 47.
SUPLEMENTO - Orações a Jesus, ao Espírito Santo e a Maria
[1] No original, “de mon pouvoir” (“de meu poder”), que preferimos
traduzir por “de meu ser”, num sentido mais totalizante. (N.T.)
APÊNDICE - Orações preparatórias para a consagração total a
Jesus por meio de Maria
[1] Texto original e tradução disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ave_Maris_Stella>. (N.T.)
[2] Traduções extraídas de: “4 versões do Véni Creátor Spíritus, o mais
célebre hino ao Espírito Santo, para rezar todas as manhãs”, Aleteia Brasil,
22 fev. 2017. Disponível em: <https://pt.aleteia.org/2017/02/22/4-
versoes-do-veni-creator-spiritus-o-mais-celebre-hino-ao-espirito-santo-
para-rezar-todas-as-manhas/> . (N.T.)
[3] A fórmula da consagração se encontra originalmente em O amor da
Sabedoria eterna (n. 223-227) de São Luís Maria Montfort, a ser publicado
pela Paulus.
51
52
Scivias
de Bingen, Hildegarda
9788534946025
776 páginas
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Scivias, a obra religiosa mais importante da santa e
doutora da Igreja Hildegarda de Bingen, compõe-se
de vinte e seis visões, que são primeiramente escritas
de maneira literal, tal como ela as teve, sendo, a
seguir, explicadas exegeticamente. Alguns dos
tópicos presentes nas visões são a caridade de Cristo,
a natureza do universo, o reino de Deus, a queda do
ser humano, a santifi cação e o fi m do mundo.
Ênfase especial é dada aos sacramentos do
matrimônio e da eucaristia, em resposta à heresia
cátara. Como grupo, as visões formam uma summa
teológica da doutrina cristã. No fi nal de Scivias,
encontram-se hinos de louvor e uma peça curta,
provavelmente um rascunho primitivo de Ordo
virtutum, a primeira obra de moral conhecida.
Hildegarda é notável por ser capaz de unir "visão com
doutrina, religião com ciência, júbilo carismático com
53
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indignação profética, e anseio por ordem social com a
busca por justiça social". Este livro é especialmente
significativo para historiadores e teólogas feministas.
Elucida a vida das mulheres medievais, e é um
exemplo impressionante de certa forma especial de
espiritualidade cristã.
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54
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55
Santa Gemma Galgani - Diário
Galgani, Gemma
9788534945714
248 páginas
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Primeiro, ao vê-la, causou-me um pouco de medo; fiz
de tudo para me assegurar de que era
verdadeiramente a Mãe de Jesus: deu-me sinal para
me orientar. Depois de um momento, fiquei toda
contente; mas foi tamanha a comoção que me senti
muito pequena diante dela, e tamanho o
contentamento que não pude pronunciar palavra,
senão dizer, repetidamente, o nome de 'Mãe'. [...]
Enquanto juntas conversávamos, e me tinha sempre
pela mão, deixou-me; eu não queria que fosse,
estava quase chorando, e então me disse: 'Minha
filha, agora basta; Jesus pede-lhe este sacrifício, por
ora convém que a deixe'. A sua palavra deixou-me
em paz; repousei tranquilamente: 'Pois bem, o
sacrifício foi feito'. Deixou-me. Quem poderia
descrever em detalhes quão bela, quão querida é a
Mãe celeste? Não, certamente não existe
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comparação. Quando terei a felicidade de vê-la
novamente?
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57
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58
DOCAT
Youcat, Fundação
9788534945059
320 páginas
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Dando continuidade ao projeto do YOUCAT, o
presente livro apresenta a Doutrina Social da Igreja
numa linguagem jovem. Esta obra conta ainda com
prefácio do Papa Francisco, que manifesta o sonho
de ter um milhão de jovens leitores da Doutrina
Social da Igreja, convidando-os a ser Doutrina Social
em movimento.
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60
Bíblia Sagrada: Novo Testamento - Edição
Pastoral
Vv.Aa.
9788534945226
576 páginas
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A Bíblia Sagrada: Novo Testamento - Edição Pastoral
oferece um texto acessível, principalmente às
comunidades de base, círculos bíblicos, catequese e
celebrações. Esta edição contém o Novo Testamento,
com introdução para cada livro e notas explicativas, a
proposta desta edição é renovar a vida cristã à luz da
Palavra de Deus.
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62
A origem da Bíblia
McDonald, Lee Martin
9788534936583
264 páginas
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Este é um grandioso trabalho que oferece respostas e
explica os caminhos percorridos pela Bíblia até os
dias atuais. Em estilo acessível, o autor descreve
como a Bíblia cristã teve seu início, desenvolveu-se e
por fim, se fixou. Lee Martin McDonald analisa textos
desde a Bíblia hebraica até a literatura patrística.
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Índice
Rosto 2
APRESENTAÇÃO 4
1) O segredo de Maria: um caminho de santificação e salvação 5
2) O legado de São Luís Maria Grignion de Montfort 8
INTRODUÇÃO 10
PRIMEIRA PARTE - Necessidade de uma verdadeira devoção a
Maria 11
1. A graça de Deus é absolutamente necessária 11
2. Para encontrar a graça de Deus, é necessário encontrar Maria 12
3. Uma verdadeira devoção à Santíssima Virgem é indispensável 16
SEGUNDA PARTE - Em que consiste a verdadeira devoção a
Maria 17
1. Há inúmeras verdadeiras devoções à Santíssima Virgem 17
2. A perfeita prática de devoção a Maria 18
3. Excelência desta prática 20
4. Fórmula interior e espírito da devoção 23
4.1. Agir com Maria 23
4.2. Agir em Maria 23
4.3. Agir por Maria 24
4.4. Agir para Maria 24
4.5. Os efeitos que ela produz na alma fiel 24
5. As práticas exteriores 27
5.1. A consagração e sua renovação 27
5.2. A oferenda de um tributo à Santíssima Virgem 27
5.3. A celebração especial da festa da Anunciação 27
5.4. A recitação da Coroazinha e do Magnificat 27
5.5. O uso da corrente 27
SUPLEMENTO - Orações a Jesus, ao Espírito Santo e a Maria 29
A cultura e o crescimento da árvore da vida: em outras palavras, a
maneira de fazer Maria viver e reinar em nossas almas 31
1) A santa escravidão de amor. Árvore da vida 31
2) A maneira de cultivá-la 32
3) Seu fruto durável: Jesus Cristo 33
Apêndice 34
64
Orações preparatórias para a consagração total a Jesus por meio de
Maria
34
Coleção 46
Ficha Catalográfica 47
Notas 49
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	Rosto
	APRESENTAÇÃO
	1) O segredo de Maria: um caminho de santificação e salvação
	2) O legado de São Luís Maria Grignion de Montfort
	INTRODUÇÃO
	PRIMEIRA PARTE - Necessidade de uma verdadeira devoção a Maria
	1. A graça de Deus é absolutamente necessária
	2. Para encontrar a graça de Deus, é necessário encontrar Maria
	3. Uma verdadeira devoção à Santíssima Virgem é indispensável
	SEGUNDA PARTE - Em que consiste a verdadeira devoção a Maria
	1. Há inúmeras verdadeiras devoções à Santíssima Virgem
	2. A perfeita prática de devoção a Maria
	3. Excelência desta prática
	4. Fórmula interior e espírito da devoção
	4.1. Agir com Maria
	4.2. Agir em Maria
	4.3. Agir por Maria
	4.4. Agir para Maria
	4.5. Os efeitos que elaproduz na alma fiel
	5. As práticas exteriores
	5.1. A consagração e sua renovação
	5.2. A oferenda de um tributo à Santíssima Virgem
	5.3. A celebração especial da festa da Anunciação
	5.4. A recitação da Coroazinha e do Magnificat
	5.5. O uso da corrente
	SUPLEMENTO - Orações a Jesus, ao Espírito Santo e a Maria
	A cultura e o crescimento da árvore da vida: em outras palavras, a maneira de fazer Maria viver e reinar em nossas almas
	1) A santa escravidão de amor. Árvore da vida
	2) A maneira de cultivá-la
	3) Seu fruto durável: Jesus Cristo
	Apêndice
	Orações preparatórias para a consagração total a Jesus por meio de Maria
	Coleção
	Ficha Catalográfica
	Notas

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