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CA de colo uterino 
O câncer de colo uterino é o terceiro tipo de 
câncer ginecológico que mais acomete a 
população feminina, e a quarta causa de 
morte de mulheres por câncer no Brasil. Locais 
que não têm adequado acesso aos programas 
de rastreamento e prevenção do câncer de 
colo do útero, acabam sendo alvo de sua 
morbimortalidade. 
É uma doença de crescimento lento e 
silencioso, iniciada por transformações 
intraepiteliais progressivas, que evoluem em 10 
a 15 anos para a neoplasia invasiva. É um 
câncer que atinge mulheres jovens – 47% dos 
diagnósticos ocorrem antes dos 35 anos de 
idade e, A incidência estimada de câncer do 
colo do útero no Brasil no ano de 2016 é de 
16.340 casos, e existem grandes diferenças 
regionais na incidência da doença, sendo no 
Norte a maior incidência. 
Estima-se que o carcinoma epidermoide 
represente 80% dos cânceres do colo uterino. 
Os demais padrões histológicos são 
adenocarcinoma (15%) e carcinoma 
adenoescamoso (3 a 5%), sendo que uma 
pequena fração dos cânceres do colo são 
neuroendócrinos ou de pequenas células 
Fatores de risco: promiscuidade, infecções 
sexualmente transmissíveis (IST), má higiene 
genital, desnutrição, coitarca precoce, uso de 
anticoncepcional oral combinado (ACO), 
tabagismo, imunidade, baixo nível 
socioeconômico, multiparidade, agentes 
químicos, exposição à radiação ionizante, e 
deficiência de alfa 1 antitripsina, mas o 
principal fator para o seu desenvolvimento é o 
papilomavírus humano (HPV) subtipos 16 e 
18(os tipos 16, 18, 31, 35, 39, 45, 51, 52, 56 e 58 
causam a maioria dos tumores invasivos) 
Em mais de 99% dos cânceres de colo uterino é 
detectada a presença do HPV. Os tipos 
histológicos mais comuns são células 
escamosas (HPV 16) e adenocarcinoma (HPV 
18). 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Como o câncer 
do colo uterino é inicialmente assintomático, o 
exame preventivo é essencial. Quando 
ocorrem, os sintomas mais comuns são 
sangramento vaginal anormal, sangramento 
após relação sexual e secreção vaginal 
(líquida, mucosa, com mau cheiro ou até 
mesmo purulenta). 
 Nos quadros de doença avançada, os 
pacientes podem se queixar de dor lombar 
com irradiação para os membros inferiores ou 
de dor pélvica. Outras manifestações 
encontradas em quadros de doença 
avançada são sinais intestinais ou urinários 
como hematúria, hematoquezia ou eliminação 
de fezes/urina pela vagina. 
EXAME FÍSICO: Os achados do exame físico 
variam desde aspecto normal até colo uterino 
evidentemente alterado com lesão exofítica, 
endurada, em forma de placa, ulcerada ou 
endofítica. Entre os sinais encontrados em 
pacientes com doença regionalmente 
avançada estão aqueles do envolvimento 
parametrial, paracervical ou vaginal, edema 
de membros inferiores e linfadenopatia 
inguinal. A doença a distância pode se 
manifestar com ascite, derrame pleural e 
linfadenopatia supraclavicular. 
O carcinoma epidermoide do colo uterino 
pode se disseminar via extensão direta ou por 
via linfática e hematogênica. O tumor pode 
invadir diretamente paramétrios, corpo do 
útero, vagina, bexiga, reto e cavidade 
peritoneal. 
RASTREAMENTO CITOPATOLOGICO 
Recomendações: O método de rastreamento 
do ca do colo do útero e de suas lesões 
precursoras é o exame citopatológico. Os dois 
primeiros exames devem ser realizados com 
intervalo anual e, se ambos os resultados forem 
negativos, os próximos devem ser realizados a 
cada 3 anos. O início da coleta deve ser aos 25 
anos de idade para as mulheres que já tiveram 
ou têm atividade sexual. O rastreamento antes 
dos 25 anos deve ser evitado. Os exames 
periódicos devem seguir até os 64 anos de 
idade e, naquelas mulheres sem história prévia 
Hanna L
MED 16
 
de doença neoplásica pré-invasiva, 
interrompidos quando essas mulheres tiverem 
pelo menos dois exames negativos 
consecutivos nos últimos cinco anos (B). Para 
mulheres com mais 64 anos de idade e que 
nunca se submeteram ao exame 
citopatológico, deve-se realizar dois exames 
com intervalo de um a três anos. Se ambos os 
exames forem negativos, essas mulheres 
podem ser dispensadas de exames adicionais. 
Para garantir boa representação celular do 
epitélio do colo do útero, o exame 
citopatológico deve conter amostra do canal 
cervical, preferencialmente, coletada com 
escova apropriada, e da ectocérvice, 
coletada com espátula tipo ponta longa 
(espátula de Ayre) 
Amostra satisfatória para avaliação: Designa 
amostra que apresente células em quantidade 
representativa, bem distribuídas, fixadas e 
coradas, de tal modo que sua observação 
permita uma conclusão diagnóstica. Células 
presentes na amostra Podem estar presentes 
células representativas dos epitélios do colo do 
útero: − Células escamosas. − Células 
glandulares (não inclui o epitélio endometrial). 
− Células metaplásicas. 
DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO: O 
diagnóstico de câncer invasivo é confirmado 
com exame histológico, mas também deve-se 
proceder o exame físico completo. Essa 
investigação inclui inspeção do colo uterino, 
avaliação do seu tamanho e exame 
cuidadoso de toda a vagina. As dimensões do 
tumor e o envolvimento do paramétrio são 
mais bem avaliados por meio de exame com 
toque retovaginal. As regiões inguinal e 
supracervical devem ser inspecionadas 
buscando-se por linfadenopatia. Os seguintes 
exames e procedimentos são permitidos pela 
FIGO como parte do estadiamento do câncer 
do colo uterino: Radiografia do tórax, 
Pielografia intravenosa, Enema baritado, 
Radiografias do esqueleto, 
Colposcopia/biópsia, Conização do colo 
uterino, Cistoscopia, Proctoscopia. Outros 
exames e procedimentos que podem ser 
realizados, mas sem alterar o estadiamento da 
FIGO, são: Tomografia computadorizada 
Ressonância magnética Tomografia por 
emissão de pósitrons (PET) Ultrassonografia 
Cintilografia com radioisótopos Laparoscopia 
Laparotomia 
ESTADIAMENTO DO CÂNCER DE COLO 
UTERINO – FIGO 2018: 
Estádio I: Carcinoma restrito ao colo uterino. 
– IA: Carcinoma invasivo que só pode ser 
diagnosticado por microscopia, com 
profundidade máxima de invasão inferior a 5 
mm. IA1 corresponde à invasão estromal 
menor que 3 mm em profundidade, e IA2 
invasão maior ou igual a 3 mm, e menor que 5 
mm. 
– IB: Carcinoma invasivo com profundidade de 
invasão maior ou igual a 5 mm, mas lesão 
limitada à cérvice uterina. IB1 é a invasão maior 
ou igual a 5 mm de profundidade e menor que 
2 cm na maior dimensão (extensão). IB2 é a 
invasão maior ou igual a 2 cm e menor que 4 
cm, e IB3 é a invasão maior ou igual a 4 cm. 
Estádio II: O carcinoma invade além do útero, 
mas não se estende ao terço inferior da vagina 
ou à parede pélvica. 
– IIA: Nesse caso o envolvimento é limitado aos 
dois terços superiores da vagina, mas sem 
envolvimento do paramétrio. IIA1 é a invasão 
menor que 4 cm na maior dimensão, e IIA2 é a 
invasão maior ou igual a 4 cm. 
 
– IIB: É o envolvimento do paramétrio, mas 
não da parede pélvica. 
Estádio III: O carcinoma acomete o terço 
inferior da vagina, podendo se estender à 
parede pélvica, causar hidronefrose ou rim 
não funcionante e/ou envolver os linfonodos 
pélvicos e/ou para-aórticos. 
– IIIA: Há envolvimento do terço inferior da 
vagina, mas não há extensão à parede 
pélvica. 
– IIIB: O carcinoma se estende à parede 
pélvica, podendo causar hidronefrose ou rim 
não funcionante, mas é preciso excluir outras 
causas. 
– IIIC: Há envolvimento dos linfonodos pélvicos 
e/ou para-aórticos, independentemente do 
tamanho do tumor ou de sua extensão. É 
preciso representação por exame de 
imagem ou por histopatológico. O IIIC1 
consiste em metástases apenas para os 
linfonodos pélvicos, e o IIIC2 em metástases 
para linfonodos para-aórticos. 
Estádio IV: Carcinoma que se estendeu para 
além da pelve, podendo acometer a bexiga 
ou o reto. 
– IVA: Disseminação do tumor para órgãos 
adjacentes(bexiga e reto). 
– IVB: Disseminação para órgãos distantes. 
É importante lembrar que o câncer de colo de 
útero pode se disseminar por continuidade 
para a vagina e corpo do útero, por 
contiguidade para os paramétrios, paracolpos, 
bexiga e reto, e também por vias linfática e 
hematogênica, de forma indireta. 
 
 
 
MANEJO TERAPÊUTICO CONFORME O SEU 
ESTADIAMENTO – FIGO 2018: 
Estádio IIA2 em diante: O tratamento será feito 
apenas com quimiorradioterapia primária. 
Explicando os tratamentos: 
– A conização a frio equivale à excisão do tipo 
3, que consiste na retirada cirúrgica de parte 
da ectocérvice e canal cervical do colo 
uterino, em forma de cone. 
– A histerectomia tipo I, também conhecida 
como histerectomia simples ou extrafascial, 
consiste na retirada do corpo e colo do útero. 
– A traquelectomia radical consiste na 
remoção parcial ou total do colo do útero, por 
via vaginal, de um seguimento dos paramétrios 
e dos fundos de saco vaginais adjacentes, 
associada à linfadenectomia pélvica. É feita 
principalmente por videolaparoscopia. É uma 
opção cirúrgica para pacientes que desejam 
preservar o útero. Embora os dados de 
gravidez após esse procedimento sejam 
escassos, alguns casos foram descritos. É 
possível que a paciente apresente recorrência 
e, nesse caso, está indicado tratamento 
definitivo com cirurgia ou radioterapia. 
– Histerectomia radical: Pode ser classificada 
em histerectomia radical tipo I, II, III, IV ou V. 
 
Histerectomia tipo II (Piver II): Consiste na 
remoção de parte dos paramétrios e 
uterossacros, terço superior da vagina, 
linfadenectomia pélvica sistemática e 
linfadenectomia para-aórtica seletiva. Há 
remoção medial dos ligamentos cardinais e 
uterossacros. Difere da histerectomia tipo III pois 
preserva o ramo ureteral até o ureter, já que a 
artéria uterina é seccionada a nível do ureter; 
tem o ligamento cardinal seccionado próximo 
à dissecção ureteral; tem apenas o ligamento 
vesicouterino anterior seccionado, 
preservando o posterior; a vagina tem uma 
margem menor removida. 
Histerectomia tipo III (Wertheim-Meigs): Há 
remoção também de todo o paramétrio, 
dissecção dos linfonodos pélvicos, e retirada 
da maior parte dos ligamentos uterossacros e 
cardinais e do terço superior da vagina. É 
possível preservar os ovários, se a paciente 
desejar manter sua função hormonal. 
Histerectomia tipo IV: Consiste também na 
remoção do tecido periureteral, artéria vesical 
superior e até três quartos da vagina. 
Histerectomia tipo V: Também há ressecção de 
parte do terço distal do ureter e da bexiga. 
– Radioterapia primária: É uma opção 
terapêutica para todos os estádios de câncer 
de colo uterino, exceto o IVB. Geralmente é 
realizada em duas fases, inicialmente a 
convencional e depois a braquiterapia. Mas 
nos estádios I e IIa a cirurgia é mais indicada, 
por causar menos efeitos colaterais. 
– Quimiorradioterapia: A quimioterapia 
sensibiliza as células à radioterapia, 
melhorando o controle locorregional. É feita 
durante a radioterapia. 
– Radioterapia adjuvante: É necessária na 
presença de margens cirúrgicas positivas. 
Também pode ser utilizada se presença de 
metástases para linfonodos pélvicos, invasão 
do tecido paracervical e invasão cervical 
profunda. OBS: Pacientes em estádio IVB, 
como já têm metástase a distância, não têm 
indicação de radioterapia, mas sim de 
quimioterapia exclusiva, visando controle 
sintomático e aumento da sobrevida. A 
radioterapia é reservada para complicações, 
como por exemplo dor refratária ou 
sangramento. 
VIGILÂNCIA PÓS-TRATAMENTO: as pacientes 
devem ser examinadas a cada 3 meses nos 
primeiros 2 anos, a cada 6 meses nos 3 anos 
seguintes e anualmente daí em diante. A 
avaliação deve incluir revisão completa dos 
sistemas e exame físico com esfregaço de 
Papanicolaou quando da consulta de 
acompanhamento. A maioria das recorrências 
vaginais é assintomática e só pode ser 
identificada por meio de citologia. Para as 
pacientes com doença em estágio IIB ou 
superior, recomenda-se uma radiografia anual 
do tórax. Qualquer massa palpável deve ser 
submetida à biópsia para afastar doença 
recorrente. 
PROGNÓSTICO: 
CA de endométrio 
Epidemiologia 
a) a incidência está aumentando rapidamente 
em todo o mundo, especialmente nos países 
em desenvolvimento: no Brasil, foram 
estimados, para o ano de 2016, 6.950 casos 
novos, com risco estimado de 6,74 casos a 
cada cem mil mulheres. No mundo, o câncer 
de corpo uterino é a segunda neoplasia 
ginecológica mais incidente, com incidência 
de 319.605 casos e 76.160 mortes estimadas em 
2012. O adenocarcinoma do endométrio é 
mais comumente diagnosticado em mulheres 
 
de mais idade, sendo que o pico de incidência 
ocorre na sexta década de vida; 
 b) com o aumento da expectativa de vida da 
população feminina, aumentou o grupo de 
risco para carcinoma do endométrio, formado 
por mulheres na pós-menopausa; Sendo 
Carcinomas de endométrio tipo I dependentes 
de estrogênios. A lesão precursora é a 
hiperplasia atípica. Esses tumores representam 
a maioria dos cânceres de endométrio, são 
restritos ao útero e têm prognóstico favorável. 
Carcinomas de endométrio tipo II, que 
evoluem independentemente da exposição 
aos estrogênios. Ocorrem com maior 
frequência em afrodescendentes e surgem em 
cenário de endométrio atrófico. Comparados 
ao tipo I, o diagnóstico tende a ocorrer em 
idade mais avançada e em estágio mais 
tardio. O prognóstico geral também é mais 
menos favorável. 
c) existem várias doenças com perfis 
moleculares diferentes dentro do que 
denominamos de câncer do endométrio; 
d) o câncer do endométrio é o segundo 
câncer mais frequente na síndrome de Lynch, 
ficando atrás apenas do câncer colorretal e 
precedendo este câncer em cerca de 50% das 
vezes, em pacientes afetadas. 
Etiologia 
O principal fator de risco para o CE é a 
exposição prolongada aos estrógenos, sem 
oposição da progesterona. Desconsiderando 
as situações de uso clínico de estrógenos 
exógenos (por exemplo, tratamento dos 
sintomas climatéricos, uso de tamoxifeno para 
o tratamento de câncer de mama), essa 
situação ocorre mais comumente em duas 
circunstâncias: 1) obesidade e 2) síndrome dos 
ovários policísticos (SOP). A obesidade atinge 
níveis epidêmicos no mundo desenvolvido e 
também nas regiões em desenvolvimento, 
contribuindo para o aumento da incidência da 
neoplasia. Na pós-menopausa, o tecido 
adiposo periférico constitui o principal local de 
síntese do estrogênio. Outros fatores como 
diabetes mellitus (DM), hipertensão arterial 
sistêmica, a própria idade (o CE é mais 
frequente na pós-menopausa), nuliparidade, 
infertilidade, idade precoce da menarca, 
idade tardia da menopausa e a história 
familiar/predisposição genética (síndrome de 
Lynch) também devem ser considerados. 
 
 
Classificação histológica do CE: segundo a 
Organização Mundial da Saúde (OMS), 
subdivide os tumores nos seguintes tipos 
histológicos: 1) carcinoma endometrioide; 2) 
carcinoma mucinoso; 3) carcinoma seroso; 4) 
carcinoma de células claras; 5) tumores 
neuroendócrinos (subdividido em tumores 
neuroendócrinos de baixo grau e de alto grau); 
6) adenocarcinoma misto; 7) carcinoma 
indiferenciado; 8) carcinoma desdiferenciado. 
 O carcinossarcoma uterino possui dois 
componentes: o epitelial (componente 
principal) e o sarcomatoso ou mesenquimal. 
Esse tipo de tumor apresenta comportamento 
biológico agressivo, similar aos carcinomas de 
alto grau uterinos, e está associado às 
mutações TP53 em até 60% dos casos. 
FISIOPATOLOGIA 
 O endométrio pode receber estímulo de 
estrógenos sem oposição da progesterona por 
diversas vias ou mecanismos: 1) iatrogênico 
(por exemplo, reposição hormonal apenas 
com estrógenos); 2) produção de estrógenos 
por meio de tumores funcionais (por exemplo, 
tumor da célulada granulosa); 3) 
perimenopausa, que cursa com níveis 
elevados de hormônio folículo- -estimulante 
(FSH), diminuição da reserva ovariana e ciclos 
anovulatórios frequentes; 4) obesidade, que 
cursa com resistência à insulina, aumento dos 
níveis de insulina, diminuição dos níveis da 
globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG, 
do inglês sex hormone binding globulin) e 
aromatização de andrógenos para 
estrógenos; 5) SOP, que cursa com 
hiperinsulinemia, aumento da relação 
hormônio luteinizante (LH)/FSH, 
hiperandrogenemia e ciclos anovulatórios. O 
estrogênio leva à proliferação das glândulas 
CA Tipo I: associados a mutações envolvendo a via do 
PTEN ou apresentam evidência de instabilidade de 
microssatélites. 
CA Tipo II: associados a mutações p53 e a mutações 
envolvendo HER2/neu 
 
endometriais, atuando como um agente 
promotor. O processo pode ser revertido pela 
administração de terapia com progestágenos, 
que podem agir como agentes supressores. Em 
pacientes de risco, um clone mutante pode se 
desenvolver em glândulas endometriais 
fenotipicamente normais. 
Esse clone mutante pode ser selecionado e 
progredir com o auxílio dos estrógenos sem 
oposição da progesterona. Com o acúmulo de 
dano genético, fenômeno esse ainda não 
completamente elucidado, o clone mutante 
pode proliferar, causando progressão para 
HA/NIE. Modificadores endócrinos podem levar 
à involução da HA/NIE (por exemplo, 
progestágeno). A mulher pode apresentar 
espessamento endometrial em exame de 
ultrassom (US) transvaginal com sangramento 
uterino anormal. Com o contínuo acúmulo de 
múltiplos eventos genéticos, a HA/NIE pode 
progredir para transformação de CE. 
MANIFESTAÇÃO CLINICA: quadro clínico 
clássico à apresentação de pacientes com 
câncer de endométrio é sangramento uterino. 
Entretanto, outros sintomas podem ser 
encontrados, incluindo distensão abdominal, 
dor pélvica ou dispareunia. Contudo, os 
cânceres endometriais de tipo II podem se 
manter assintomáticos até a doença ter 
avançado, quando, então, podem ocorrer 
sintomas sistêmicos (náuseas, vômitos, 
alteração no ritmo intestinal, anorexia). 
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico de CE é feito 
mediante a avaliação histológica de tecido 
endometrial. As mulheres com HA/NIE ou CE 
classicamente apresentam sangramento pós-
menopausa, ou seja, aquele quando 
transcorreram pelo menos 12 meses desde o 
último período menstrual, em mulheres que não 
estão sob terapia hormonal (TH) para sintomas 
climatéricos. Já as pacientes na pré-
menopausa ou perimenopausa apresentam 
sangramento intermenstrual ou menstruação 
prolongada e frequentemente têm 
antecedente de menstruação irregular, 
disfuncional, que sugere anovulação. As 
mulheres em uso de TH devem ser investigadas 
quando apresentarem sangramento não 
programado. Essas mulheres com os sintomas 
supradescritos devem ser submetidas à 
anamnese completa e ao exame físico e 
ginecológico, incluindo o exame especular 
para a visualização do colo uterino e vagina. 
 O US transvaginal com a medida da espessura 
da linha endometrial é o exame complementar 
inicial. Na paciente com sangramento pós-
menopausa, o espessamento endometrial ≥ 4 
mm deve ser investigado. Se < 4 mm e ausência 
de qualquer irregularidade no endométrio, a 
biópsia de endométrio será necessária se 
houver recorrência do sangramento. 
O diagnóstico de câncer de endométrio, 
geralmente, é feito a partir de biópsia de 
endométrio ou dilatação e curetagem. Se a 
amostra for negativa, mas a suspeita clínica for 
alta, haverá indicação de investigação 
complementar que poderá ser feita com 
amostragens repetidas do endométrio 
(preferencialmente por biópsia), histeroscopia 
diagnóstica ou exames de imagem da pelve 
(normalmente ultrassonografia ou ressonância 
magnética [RM]) 
 Nas pacientes na pós-menopausa em uso de 
TH, assintomáticas, o limite superior da linha 
endometrial é 8 mm. Se apresentarem 
sangramento vaginal, a biópsia é necessária se 
> 5 mm. Entretanto, o diagnóstico definitivo de 
CE é por amostra histológica, e na persistência 
de sangramento, mesmo com US transvaginal 
normal, a investigação deve prosseguir. As 
mulheres em uso de tamoxifeno 
menopausadas devem ser informadas sobre o 
risco aumentado de HE, CE e sarcoma 
endometrial. Qualquer sangramento vaginal 
na usuária de tamoxifeno menopausada deve 
ser investigado com biópsia. 
A biópsia de endométrio com Pipelle® é 
realizada ambulatorialmente, e a histeroscopia 
cirúrgica (B) é indicada para casos em que as 
mulheres não têm condições para biópsia 
endometrial ambulatorial (por exemplo, 
estenose cervical, intolerância ao exame 
ambulatorial por dor) ou para aquelas de alto 
risco para CE. O sangramento pós-menopausa 
recorrente pode ser investigado com 
histeroscopia com biópsia endometrial, e a 
 
histerectomia total pode ser considerada em 
caso de sangramento pós-menopausa 
recorrente já devidamente investigado, com 
biópsia(s) negativa(s) 
TRATAMENTO DA HIPERPLASIA ENDOMETRIAL As 
pacientes com hiperplasia benigna (HB) têm 
um risco de progredir para CE de menos de 5% 
em 20 anos, e a maioria dos casos de HB 
regride espontaneamente durante o 
seguimento.Portanto, para essas pacientes, a 
observação apenas com biópsias de 
endométrio, para avaliar a regressão da HB, 
deve ser considerada, sobretudo se alguns 
fatores de risco puderem ser revertidos. No 
entanto, o tratamento com progestágenos 
resulta em maior taxa de regressão da doença 
quando comparado apenas com observação. 
O sistema intrauterino (SIU) liberador de 
levonorgestrel é a primeira linha de tratamento, 
porque apresenta maior taxa de regressão 
com menos efeitos colaterais.As mulheres que 
não quiserem usar o SIU podem ser tratadas 
com progestágenos contínuos como acetato 
de medroxiprogesterona 10 a 20 mg/dia ou 
noretisterona 10 a 15 mg/dia. Progestágenos 
cíclicos não devem ser usados para esse 
tratamento. 
A histerectomia total é indicada para mulheres 
com HB nos seguintes casos: quando não 
desejam preservar a fertilidade e tiveram 
progressão para HA/NIE, quando não 
apresentaram regressão histológica da HB, 
mesmo após 12 meses de tratamento, nos 
casos de recidiva com HE após o término do 
tratamento, quando os sintomas de 
sangramento persistem ou quando a paciente 
não deseja ou não adere ao seguimento 
Para as mulheres que desejam preservar a 
fertilidade ou não são candidatas à cirurgia, a 
primeira linha de tratamento é o SIU liberador 
de levonorgestrel, e os progestágenos orais são 
a segunda melhor alternativa. Quando a prole 
estiver completa, a histerectomia total deve ser 
oferecida, uma vez que o risco de recorrência 
da doença é alto e há possibilidade de 
progressão para CE 
Tratamento e Estadiamento do CA de 
Endométrio 
O tratamento cirúrgico padrão para CE estádio 
I é a histerectomia total com salpingo-
oforectomia bilateral para tumores G1 ou G2 
do tipo endometrioide, aparentemente 
confinados ao útero. Apesar de ser uma 
situação mais rara, mulheres na pré-
menopausa com CE em estágio inicial, com 
infiltração miometrial < 50%, grau 1, podem ter 
os ovários preservados. 
A linfadenectomia em pacientes com risco 
intermediário (invasão miometrial > 50% ou 
grau 3 com invasão miometrial < 50%) não foi 
associada à melhor sobrevida, mas pode ser 
considerada com a finalidade diagnóstica 
para o correto estadiamento cirúrgico da 
doença. Entretanto, a linfadenectomia é 
recomendada para as pacientes de alto risco 
(grau 3 com invasão miometrial > 50%) 
Uma revisão da Cochrane publicada em 2017: 
não há evidência de que a linfadenectomia no 
CE diminua o risco de morte ou de recorrência 
da doença, comparada a não 
linfadenectomia em mulheres com doença em 
estágio I presumida. As mulheres submetidas a 
linfadenectomia apresentaram maior 
 
morbidade sistêmica associada àcirurgia e 
formação de linfedema/linfocele 
Para estadiamentos mais avançados, 
combinações de ampliação cirúrgica com 
radio/quimioterapia e hormonioterapia serão 
necessárias. 
Estudos prospectivos e retrospectivos 
mostraram que o mapeamento com linfonodo 
sentinela pode aumentar a detecção de 
metástase linfonodal com taxa de falso-
negativo baixa em mulheres com doença 
aparentemente restrita ao útero. 
Risco baixo e intermediário-baixo —
prognóstico excelente com tratamento 
apenas cirúrgico. não há indicação de terapia 
endócrina adjuvante 
Risco intermediário-alto —indicação de terapia 
adjuvante em razão do maior risco de 
recorrência local. Para a maioiria dos casos, a 
braquiterapia vaginal é suficiente. 
Alto risco — As pacientes com doença de alto 
risco devem ser tratadas com quimioterapia 
sistêmica adjuvante, que substituiu o uso de 
radioterapia. 
Doença com metástase extra-abdominal: O 
regime-padrão para quimioterapia 
combinada como primeira linha de tratamento 
para doença metastática é doxorrubicina, 
cisplatina e paclitaxel (PAC) 
Obs:Para as mulheres portadoras de mutação 
da síndrome de Lynch, o seguimento com 
exame ginecológico, US transvaginal e biópsia 
de endométrio deve ser oferecido e iniciado 
aos 35 anos, repetido anualmente até a 
realização da histerectomia.A histerectomia 
com salpingo-ooforectomia profilática, 
realizada preferentemente por meio de 
cirurgia minimamente invasiva (CMI), deve ser 
oferecida às portadoras de mutação para 
síndrome de Lynch aos 40 anos de idade 
Para mulheres com CE não endometrioide (alto 
risco), por exemplo, carcinomas seroso ou de 
células claras após-estadiamento completo: 1) 
Deve-se considerar quimioterapia adjuvante; 
2) Para estádio Ia, invasão linfovascular 
ausente, considerar braquiterapia vaginal 
somente sem quimioterapia;(11) 3) Para 
estádio ≥Ib, considerar radioterapia externa 
além da quimioterapia, sobretudo para 
acometimento linfonodal por neoplasia

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