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Seção B Contenção Química de Equinos e Ruminantes Introdução Muitas vezes, durante a realização de um exame clínico em animais de grande porte, em especial nos equinos, há necessidade de se empregarem métodos de contenção química que, em associação aos meios de contenção física já descritos para cada espécie, facilitam a obtenção do diagnóstico, além de possibilitarem o emprego de técnicas de exame auxiliares, tais como ultrassonografia, radiografia e coleta de material biológico para exames laboratoriais. Alguns procedimentos clínicos especiais (exames oftálmicos, do pavilhão auricular e conduto auditivo externo, exames da cavidade oral, palpação retal, endoscopias dos sistemas respiratório e digestório, lavados traqueais e exames das extremidades dos membros anteriores e posteriores), muitas vezes, somente são possíveis com a administração prévia de fármacos com efeitos depressores do sistema nervoso central (SNC), que produzem efeitos tranquilizantes e ansiolíticos. A contenção farmacológica eficaz tornaria os pacientes mais calmos e tranquilos, indiferentes ao meio que os cerca, reduzindo suas reações de defesa a estímulos externos, tais como ruídos e toques. Além disso, favorece a manipulação dedeterminada região do corpo ou mesmo a movimentação de um local para outro. O emprego de agentes tranquilizantes, sedativos e analgésicos tem como um dos objetivos principais reduzir a ansiedade e o estresse experimentados pelo paciente, muitas vezes provocados pela simples aproximação de pessoas estranhas, até mesmo do próprio médico- veterinário, ou pelo ambiente de um hospital veterinário para onde foi transportado. Em alguns casos, a origem do estresse é a dor que, invariavelmente, ocorre em diversas afecções clínicas, determinando inquietação e agressividade por parte do paciente, dificultando sua manipulação e o exame clínico, além de aumentar o risco de acidentes a si e aos profissionais responsáveis pelo tratamento. Nesses casos, a utilização de agentes analgésicos, associados ou não a tranquilizantes, reduz a dor e o desconforto, acalmando o paciente, e fornecendo, assim, condições seguras para a melhor condução do caso. A contenção química em grandes animais não é isenta de efeitos indesejáveis. Não existe um fármaco “ideal” que produza efeitos tranquilizantes ou analgésicos sem que também cause algum grau de depressão cardiorrespiratória, incoordenação motora, ataxia ou até mesmo, em alguns casos, decúbito. Por esse motivo, alguns agentes sedativos e analgésicos têm sido 104 empregados em associação, a fim de minimizar a ocorrência desses efeitos colaterais. O comportamento do animal é um fator de importância fundamental na seleção de agentes e técnicas de sedação, bem como nos efeitos clínicos observados após a sua administração. Alguns dos fatores que influenciam o comportamento individual do paciente, de acordo com cada espécie, serão discutidos mais adiante. O objetivo desta seção é descrever os principais fármacos empregados na contenção química de equinos e ruminantes, bem como seus efeitos nos principais sistemas do organismo, e de como podem interferir na avaliação de parâmetros vitais durante um exame clínico de rotina. Características comportamentais das espécies Alguns fatores relacionados com a espécie equina e com os ruminantes influenciam diretamente o comportamento individual do paciente. Em geral, animais de comportamento mais dócil, tranquilo e menos agressivo apresentam melhores respostas à administração de agentes sedativos e tranquilizantes, em que se costumam observar sinais característicos de depressão do SNC, mesmo quando são empregadas doses baixas desses fármacos. Em contrapartida, pacientes de temperamento instável, estressados e muito inquietos costumam ser menos responsivos à contenção química, necessitando, assim, do emprego de substâncias mais potentes e em doses elevadas. A seleção do fármaco mais adequado em cada caso depende do estado físico do paciente, do tipo de procedimento clínico a ser executado, da disponibilidade de auxiliares e de recursos materiais, das instalações do local do exame e, principalmente, da adequada avaliação comportamental do paciente. Algumas considerações sobre os principais fatores que influenciam o comportamento animal são apresentadas a seguir. Espécie Na espécie equina, embora haja grande variação de peso e tamanho, os animais adultos são de grande porte, o que dificulta, em diversas ocasiões, a conduta clínica, incluindo procedimentos simples como a aproximação do profissional, o deslocamento do paciente até o tronco, a aplicação de meios físicos de contenção e a venopunção para a administração de medicamentos. Os equinos apresentam um padrão de comportamento bastante variável, devido, principalmente, à raça e ao manejo a que foram submetidos desde o nascimento. Em geral, os animais adultos estão muito sujeitos ao estresse, com sentidos de olfato, audição e visão 105 bastante desenvolvidos, reagindo de maneira rápida e brusca a estímulos externos. Quando se administra um tranquilizante ou sedativo, em doses clínicas, os cavalos costumam se manter em posição quadrupedal, muito embora apresentem sinais de instabilidade corporal, com o afastamento lateral dos membros anteriores, apoio alternado dos membros posteriores sobre a região da “pinça” do casco e ataxia. Alguns animais ficam assustados ao perceberem esses efeitos, especialmente se forem conduzidos de um local a outro, imediatamente após a administração do fármaco. As mesmas considerações sobre porte e comportamento aplicam-se à espécie bovina, com o agravante de que determinadas raças apresentam temperamento bastante agressivo e defensivo, tornando arriscadas as manobras de contenção física. Ao contrário dos cavalos, os bovinos costumam adotar a posição de decúbito esternal ou lateral alguns minutos após a administração da maioria dos fármacos depressores do SNC, o que muitas vezes pode ser uma vantagem em termos de contenção química. Por outro lado, isso pode dificultar a realização de determinados procedimentos semiológicos. Os ovinos e caprinos apresentam comportamento extremamente dócil, o que, somado ao fato de serem espécies de menor porte, facilita sobremaneira a sua contenção física. De modo semelhante, os pequenos ruminantes também adotam o decúbito após a administração de agentes tranquilizantes e sedativos. Raça Um dos fatores que mais influenciam o padrão de comportamento dos pacientes é a raça do animal. Tanto em equinos quanto em bovinos, há grandes variações de temperamento, características de determinadas raças. Os cavalos Puro-Sangue Inglês, Árabe, Manga-Larga Paulista e Andaluz, em geral, apresentam comportamento agitado e assustam-se com facilidade, especialmente em ambientes diferentes ao local de criação e na aproximação de pessoas estranhas. Por outro lado, as raças Quarto-de-Milha, Bretão e Percheron apresentam temperamento mais dócil e menos vulnerável ao estresse. Entre as raças bovinas, a Nelore é a que apresenta o comportamento mais nervoso e agressivo, o que dificulta a contenção física e o exame clínico, sendo necessário, portanto, empregar métodos de contenção química. Sexo Em ambas as espécies, os garanhões e touros geralmente apresentam temperamento mais agitado em comparação com as fêmeas. O manejo desses animais deve ser feito com muita cautela, pois sempre há o risco de acidentes. É aconselhável o auxílio do tratador ou de pessoa conhecida pelo paciente; deve-se sempre evitar a presença de outros machos ou fêmeas em 106 estro nas proximidades do local de exame, assim como a permanência de muitas pessoas próximas ao paciente. Ruídos e movimentos bruscos próximos à cabeça do animal também dificultam o exame clínico, tornando os animais mais estressados e ansiosos. As fêmeas, por ocasião do parto e durante o início do período de lactação, costumam modificar o seu comportamento, tornando-se mais inquietas. As éguas, quando acompanhadas de suas crias, adotam atitude de proteção, e qualquer procedimento semiológico,tanto na fêmea quanto no potro neonato, deve ser realizado com muita calma e cuidado. Idade A facilidade de contenção física nos animais mais jovens, devido ao seu menor porte, pode dispensar o emprego da contenção química ao realizar um exame clínico de rotina. No entanto, quando necessária, deve-se ter cautela na seleção dos fármacos e no cálculo de suas doses, pois animais neonatos e jovens são muito sensíveis aos efeitos de agentes depressores do SNC. Os principais sistemas do organismo ainda estão em fase de desenvolvimento e, com isso, os efeitos depressores desses agentes sobre os sistemas circulatório e respiratório são mais intensos e prolongados que nos animais adultos. Além disso, a biotransformação e a eliminação de fármacos são mais lentas, devido à imaturidade dos sistemas hepático e renal. Durante o procedimento de contenção física, venopunção e administração do medicamento, a presença da mãe junto ao potro neonato costuma reduzir o seu estresse e os acalma. Uma vez que os efeitos tranquilizantes tenham se manifestado, a fêmea pode ser retirada do local do exame. No entanto, algumas mães reagem de modo violento (por meio de coices e mordidas) à manipulação e à contenção física de suas crias, sendo necessário, em algumas ocasiões, submetê-las à contenção química. Manejo O padrão de comportamento individual é bastante influenciado pelo método de manejo a que o paciente foi submetido desde o seu nascimento. Os bovinos de corte provenientes de criações extensivas, nas quais o contato com as pessoas é pouco frequente, apresentam temperamento mais inquieto e agitado em comparação com os animais criados em regime de confinamento. Os equinos submetidos a procedimentos inadequados de adestramento ou doma, com violência e maus-tratos, podem apresentar sinais de alteração de comportamento, reagindo à manipulação e ao exame de determinadas regiões de seu corpo, especialmente a cabeça. Isso pode ocorrer mesmo em indivíduos de raças mais dóceis como Quarto-de-Milha. Estado clínico Pacientes com estado geral debilitado costumam apresentar-se apáticos e pouco 107 responsivos a estímulos externos, não sendo necessária, na maioria dos casos, a contenção química para a realização de um exame físico. Contudo, nos procedimentos em que houver a necessidade da administração desses á-lo em doses baixas, pois esses pacientes são sensíveis aos seus efeitos depressores sobre o sistema cardiorrespiratório. Por outro lado, animais em excelente estado clínico, como os equinos atletas, podem se mostrar mais resistentes à contenção química, sendo necessária a aplicação de fármacos mais potentes e em doses mais altas para a boa tranquilização. Local do exame Em condições ideais, o ambiente onde o exame clínico será realizado deve ser o mais tranquilo e calmo possível, sem a ocorrência de ruídos ou a circulação de outros animais, pessoas e veículos. A disponibilidade de tronco de contenção facilita a contenção física e possibilita a administração de medicamentos com maior segurança. Um ambiente inadequado, com barulho e estímulos externos, é uma fonte de estresse adicional aos pacientes e prejudica a contenção química de qualidade. Assim, os efeitos da tranquilização, algumas vezes, são pouco evidentes, ou mesmo não se manifestam em animais muito estressados. Cálculo do peso corporal A determinação do peso corporal do paciente é um procedimento importante e deve ser sempre realizada antes da administração de qualquer fármaco. Contudo, em muitas situações, isso não é possível, seja pela ausência de equipamentos adequados no local do exame, ou pelo comportamento agitado do paciente, impedindo a sua contenção física e o posicionamento no interior de uma balança de grandes animais. As doses clínicas para cada medicamento foram estabelecidas com referência ao peso corporal de cada espécie em quilogramas. Qualquer erro na estimativa do peso do paciente pode resultar em administração de sobredoses ou subdoses, podendo se tornar um problema grave devido aos efeitos depressores sobre os sistemas que essas substâncias apresentam. Alguns recursos para a estimativa de peso em grandes animais têm sido empregados com relativo êxito, em substituição às balanças comerciais, como o da fita de pesagem (Figura 3.7). Trata-se de uma fita graduada, que é passada sobre o perímetro torácico do animal, na altura da cernelha, sendo as marcações da sua escala estabelecidas em quilogramas. Alguns modelos de fita apresentam escalas específicas para as espécies equina, bovina e suína. O método da fita, embora prático e economicamente acessível, apresenta margem de erro que pode variar entre 5 e 10% do peso real do paciente. Não é considerado um método confiável para a determinação do peso em potros, pôneis, bezerros, animais magros ou obesos, éguas gestantes, asininos e muares. 108 Outro método de estimativa de peso corporal, mas descrito apenas para a espécie equina, consiste na aplicação de fórmulas que utilizam como variáveis o comprimento do tronco e o perímetro torácico (cernelha), mensurados com fita métrica comum (Figura 3.8). Assim, de acordo com Muir (1991), tem-se a seguinte fórmula: Peso (kg) = [perímetro torácico2 (cm) × comprimento do tronco (cm)]/8.717 Figura 3.7 Emprego da fita de pesagem no perímetro torácico de equino. Figura 3.8 Locais de mensuração do comprimento do tronco e perímetro torácico em equinos para aplicação de fórmula para cálculo do peso corporal. Jejum hídrico e alimentar A interrupção no fornecimento de alimentos e água nem sempre é possível antes da contenção química para a realização de um exame clínico de rotina. Em situações nas quais 109 esse procedimento possa ser realizado, quando há tempo hábil entre o primeiro contato do veterinário com o proprietário e o momento do exame, os jejuns hídrico e alimentar são altamente recomendáveis, especialmente antes de procedimentos em que se realiza o emprego de fármacos depressores do SNC (p. ex., contenção química). Uma das finalidades do jejum é a melhoria da capacidade ventilatória do paciente, pois o esvaziamento gástrico reduz a pressão que o estômago exerce sobre o diafragma, aumentando a expansão pulmonar e a capacidade funcional residual (CFR). Em pôneis submetidos a jejum sólido de 12 h, mantidos em posição quadrupedal, ocorre aumento de 16% na capacidade funcional residual pulmonar. A administração de tranquilizantes como a acepromazina, por sua vez, deprime a função respiratória, causando diminuição média na CFR em equinos de 13,4%. Nos ruminantes, a compressão do rúmen sobre o diafragma pode se tornar um problema grave, pois esses animais costumam entrar em decúbito minutos após a administração de substâncias depressoras do SNC. Em decúbito lateral, a compressão do diafragma reduz, significativamente, o volume corrente (Vt) e o volume-minuto (Vm), causando hipoxemia grave. Durante o decúbito, outra complicação que pode ocorrer nos ruminantes é a regurgitação do conteúdo gástrico, com a posterior aspiração desse material, podendo levar à obstrução total das vias respiratórias e ao óbito, ou ainda ao desenvolvimento de pneumonia aspirativa. O jejum sólido reduziria o volume do conteúdo rumenal, diminuindo os efeitos ventilatórios e a possibilidade da aspiração do conteúdo gástrico. No entanto, manter um paciente em decúbito lateral por um período prolongado, mesmo que submetido ao jejum sólido, pode causar compressão pulmonar, pela produção contínua de gases no compartimento rumenal oriundos da fermentação bacteriana. O jejum sólido em equinos adultos deve ser entre 12 e 16 h e o hídrico, de 2 h, para que seja realizada a administração dos agentes tranquilizantes. Em bovinos, caprinos e ovinos, o protocolo de jejum recomendado é mais longo, devendo se iniciar 72 h antes da realização do procedimento. No terceiro e segundo dias anteriores, deve-se fornecer apenas a metade da ração diária do paciente e, 24 h antes, jejum sólido completo. O jejum hídrico deve ser de 6 h. Vias de administração As vias mais empregadas paraadministração de fármacos na contenção química de grandes animais são a intravenosa e a intramuscular. A administração de um fármaco, em bolo, pela via intravenosa, produz altas concentrações sanguíneas da substância, em curto período, sendo possível observar o início dos seus efeitos poucos minutos após, pois o princípio ativo, administrado diretamente na corrente circulatória, chega rapidamente ao SNC. 110 Todos os agentes tranquilizantes e sedativos devem ser aplicados lentamente por essa via (aproximadamente 1 m/5 s), devido aos seus efeitos depressores cardiorrespiratórios, que podem ser intensificados em administrações muito rápidas. A veia jugular externa é a mais utilizada, sendo de fácil localização (Figura 3.9). No entanto, durante a venopunção em equinos adultos que apresentam pescoço longo e esguio, ou em potros e pôneis miniatura, deve-se ter alguns cuidados, pois há o risco de, acidentalmente, a artéria carótida interna ser puncionada e o fármaco ser administrado na circulação arterial, chegando, assim, a concentrações elevadas no SNC. Quando isso ocorre, o cavalo assume a posição de decúbito antes do término ou logo após a aplicação, e apresenta reações de excitação e convulsões, podendo, em alguns casos, ocorrer o óbito, dependendo da natureza do fármaco e da dose administrada. A absorção dos fármacos pela via intramuscular é mais lenta que pela intravenosa. Esse período depende do tipo de solução administrada, das propriedades físico-químicas da substância ativa e do fluxo sanguíneo no local de aplicação. Devido a isso, o início dos efeitos sedativos pode ser variável, e sua intensidade pode apresentar-se menor quando comparada à via intravenosa; no entanto, sua duração geralmente é mais longa, devido ao fato de a absorção do local de aplicação para a corrente sanguínea ser prolongada. Figura 3.9 Localização da veia jugular externa e artéria carótida interna em equino. Essa via é empregada para a administração de volumes pequenos de fármacos em diversos grupos musculares. Os locais de aplicação mais empregados no equino são: (1) região do pescoço, compreendendo uma área triangular acima das vértebras cervicais, abaixo do ligamento nucal e 20 cm, aproximadamente, à frente da borda cranial da escápula; e (2) nos músculos semitendíneo e semimembranoso na face caudal da coxa (Figura 3.10). Em bovinos e pequenos ruminantes, o local de administração intramuscular mais empregado é a face posterior da coxa, de maneira semelhante à descrita nos equinos. Todos os cuidados com assepsia e antissepsia devem ser tomados no momento da aplicação do fármaco, pois a administração pela via intramuscular apresenta riscos de reações 111 inflamatórias locais, infecções e formação de abscessos. A via subcutânea é raramente empregada em equinos; a absorção por essa via apresenta muitas variações e, assim como a via intramuscular, depende diretamente do fluxo sanguíneo no local de aplicação, que geralmente é pequeno no tecido subcutâneo, podendo ainda tornar- se mais reduzido em condições de temperatura ambiente baixa. Figura 3.10 Localização das áreas de administração intramuscular em equinos. Na espécie equina, a pequena elasticidade da pele e a possibilidade de inflamações após as administrações subcutâneas também limitam o emprego dessa via para a contenção química. Principais fármacos Tranquilizantes A acepromazina é um tranquilizante dos grupos das fenotiazinas, muito empregado na espécie equina como medicação pré-anestésica em procedimentos de anestesias intravenosa ou inalatória e na contenção química para realização de exames clínicos. Pode ser utilizada como agente isolado ou associada a outros fármacos. Essa fenotiazina produz efeito tranquilizante de leve a moderado, no qual o paciente apresenta desinteresse pelo ambiente, sonolência e apatia; contudo, o animal permanece responsivo a estímulos externos, especialmente se forem dolorosos, tornando-se alerta também com relação a ruídos, toques e qualquer movimento brusco próximo à cabeça. A acepromazina não apresenta efeito analgésico, não sendo indicada em procedimentos que produzam dor. O mecanismo de ação da acepromazina, assim como de outras fenotiazinas, consiste no bloqueio de neurotransmissores adrenérgicos, principalmente a dopamina, em receptores localizados no tronco cerebral, sistema límbico e gânglio basal, causando efeito depressor central e redução na atividade motora. No sistema nervoso periférico, a acepromazina bloqueia os receptores a1 à ação dos neurotransmissores adrenérgicos, tais como dopamina, norepinefrina e epinefrina. Dentre os principais efeitos hemodinâmicos, a acepromazina produz hipotensão arterial 112 devido à depressão do hipotálamo, ao bloqueio periférico alfadrenérgico e a um efeito vasodilatador direto sobre o leito vascular periférico. A redução na pressão arterial é dose- dependente e pode produzir taquicardia reflexa, mais evidente em equinos que apresentem concentrações elevadas de catecolaminas, como nas situações em que haja dor, medo e estresse. Além disso, os valores da frequência cardíaca podem apresentar pequena redução ou manter-se inalterados, assim como o débito cardíaco e a força de contração do miocárdio. A vasodilatação periférica e a hipotensão podem levar à hiperglicemia (pela liberação de epinefrina da porção medular das glândulas adrenais) e à hipotermia, causada pelo aumento da perda cutânea de calor. A redução na pressão arterial também produz ataxia e intensa sudorese. Os efeitos respiratórios da acepromazina incluem redução pouco significativa da frequência respiratória e aumento no volume corrente respiratório (Vt) mantendo, assim, o volume- minuto (Vm) estável e os valores hemogasométricos (pHa, PaO2 e PaCO2) dentro da faixa de normalidade. A acepromazina, assim como outras fenotiazinas, causa diminuição nos valores de hematócrito e de proteína plasmática total em equinos. Esse efeito é de grande importância clínica, pois, quando houver coleta de amostras de sangue após a administração de fenotiazínicos, os resultados hematológicos poderão estar alterados. A redução do hematócrito é dose-dependente e seus efeitos podem durar até 12 h após a administração de acepromazina. Esse efeito é resultado do armazenamento de hemácias no baço e da entrada de líquido intersticial no compartimento vascular em resposta à hipotensão. Em equinos, as doses de acepromazina variam de 0,02 a 0,1 mg/kg, pelas vias intravenosa ou intramuscular. Após a administração, o efeito tranquilizante máximo é obtido em até 10 min pela via intravenosa e em 20 min pela via intramuscular. Um aspecto importante a ser considerado é que o grau de tranquilização obtido com a acepromazina depende muito do comportamento do paciente, do nível de estresse ao qual está sendo submetido e do ambiente em que ele se encontra no momento da administração. Os pacientes muito estressados, que apresentem dor ou que estejam em locais com muita movimentação e ruídos, geralmente não apresentam tranquilização satisfatória com o emprego da acepromazina, mesmo para a realização de um simples exame clínico. Um procedimento que deve ser adotado após a administração do fármaco é o de deixar o paciente isolado, de preferência no interior de uma baia fechada, até que os efeitos tranquilizantes da acepromazina se manifestem, aguardando de 10 a 20 min, para então ser realizada qualquer manipulação no animal. Em animais de temperamento mais calmo, a acepromazina produz sedação de leve a moderada, com o paciente mantendo a posição quadrupedal e demonstrando sinais de sonolência, ptoses palpebral e labial, protrusão peniana, ataxia e discreto abaixamento da 113 cabeça (Figuras 3.11 a 3.13). Contudo, ao menor estímulo, o paciente pode despertar e tornar- se alerta novamente. Assim, a acepromazina é mais indicada para a contenção química de animais de comportamento dócil, para se proceder a exames clínicos simples e não invasivos, como os de cavidade oral, conduto auditivo externo e radiográficos. Em bovinos e pequenosruminantes, a acepromazina também é empregada, mas em uma frequência bem menor que em equinos. As doses de acepromazina para bovinos variam de 0,03 a 0,05 mg/kg (IV) e, para ovinos e caprinos, de 0,05 a 0,1 mg/kg (IV). A acepromazina é comercializada no Brasil com os nomes comerciais de Acepran® e Acepromazina®, ambas na concentração de 1% (10 mg/mℓ). Figura 3.11 Abaixamento de cabeça em equino após a administração de acepromazina na dose de 0,05 mg/kg (via intravenosa). Figura 3.12 Ptoses labial e palpebral em equino após a administração de acepromazina na dose de 0,05 mg/kg (via intravenosa). 114 Figura 3.13 Protrusão peniana em equino após a administração de acepromazina na dose de 0,05 mg/kg (via intravenosa). Agentes agonistas a2 Atualmente, o cloridrato de xilazina e o cloridrato de romifidina são os principais fármacos desse grupo empregados na contenção química de grandes animais em nosso país. A xilazina foi o primeiro agente agonista a2 a ser introduzido no Brasil, no ano de 1968, para a sedação em ruminantes, cães e gatos, tornando-se bastante popular entre os médicosveterinários de grandes animais, por causar sedação profunda, analgesia e relaxamento muscular. Os efeitos desse grupo de fármacos diferem consideravelmente, de acordo com a espécie, pois, em bovinos, a dose de xilazina necessária para se obter sedação é de cerca de 1/10 da dose utilizada em equinos. No SNC, os receptores adrenérgicos a2, localizados nas membranas pré e pós-sinápticas das terminações neuronais, regulam a síntese e a liberação de norepinefrina e de outros neurotransmissores adrenérgicos, participam ativamente da modulação do sistema simpático, das funções circulatória e endócrina do controle do comportamento, vigília, cognição e nocicepção. Os efeitos sedativos e analgésicos dos agonistas a2 estão relacionados com a depressão do SNC, mediada pela estimulação dos receptores a2, inibindo, assim, a liberação de neurotransmissores adrenérgicos na fenda sináptica e a subsequente transmissão neuronal. 115 Em equinos, após alguns minutos da administração de xilazina, é possível observar os sinais clínicos de sedação, tais como o abaixamento da cabeça, ptoses palpebral e labial, abertura do quadrilátero de apoio (o afastamento dos membros anteriores é mais evidente), ataxia intensa, exposição peniana e apoio alternado dos membros posteriores na “pinça” do casco (Figura 3.14). No entanto, o animal permanece em posição quadrupedal, tentando evitar a deambulação quando conduzido de um local a outro. Os ruminantes são muito sensíveis aos efeitos dos agonistas a2, pois doses de cloridrato de xilazina inferiores às administradas em equinos levam esses animais ao decúbito em aproximadamente 10 a 15 min, após a administração por via intramuscular, mantendo-os prostrados durante cerca de 60 min (Figura 3.15). A sialorreia é outro efeito observado em ruminantes, assim como a rotação do globo ocular (Figura 3.16). Figura 3.14 Abaixamento da cabeça, afastamento dos membros torácicos e apoio “em pinça” de um membro pélvico após a administração de xilazina 0,5 mg/kg (via intravenosa) em equino. Figura 3.15 Bovino em decúbito esternal após a administração de xilazina, 0,25 mg/kg (via intramuscular). 116 Figura 3.16 Rotação de globo ocular em bovino após a administração de xilazina, 0,25 mg/kg (via intramuscular). Os efeitos circulatórios da xilazina administrada pela via intravenosa incluem bradicardia e hipertensão de curta duração (1 a 2 min), seguida de hipotensão por um período mais longo (aproximadamente 60 min), acompanhada de redução no débito cardíaco. A hipertensão inicial é produzida por um efeito vasoconstritor periférico, devido à estimulação simultânea de receptores a1 localizados no leito vascular, que, logo em seguida, é revertido pela redução do tônus simpático, modulado pela ação agonista a2 central, que passa a predominar sobre os efeitos periféricos iniciais e causa hipotensão subsequente. Esses efeitos já foram descritos em todas as espécies domésticas. Quando administrada pela via intramuscular, a elevação da resistência vascular periférica e o efeito hipertensivo inicial não são tão intensos e, algumas vezes, não é possível observá-los, pois o pico inicial da concentração plasmática do agente é mais baixo, em virtude da absorção mais lenta por essa via. A bradicardia é causada pelo aumento da atividade vagal eferente, secundária à redução do tônus simpático e, em geral, é acompanhada de arritmias cardíacas. Os padrões de arritmias mais comuns são: bloqueio sinoatrial, bloqueio atrioventricular de 1o e 2o graus e arritmia sinusal. Ocasionalmente, o bloqueio atrioventricular de 3o grau também pode ser observado em equinos. Os agonistas a2 causam depressão respiratória dose-dependente, com redução da frequência respiratória, do volume corrente (Vt) e hipoxemia, com diminuição nos valores da PaO2. A PaCO2 apresenta elevação transitória, com seus valores logo retornando à faixa de normalidade nos equinos em posição quadrupedal. A xilazina reduz a motilidade propulsiva do sistema gastrintestinal de equinos (principalmente no jejuno, no ceco, na flexura pélvica e no cólon ventral direito) e os movimentos do rúmen de bovinos e pequenos ruminantes. Esse efeito é de importância particular em bovinos, pois, após a administração, eles adotam a posição de decúbito, que impede a eructação normal. Isso, associado à redução da motilidade do rúmen que aumenta o tempo de esvaziamento gástrico, predispõe o paciente ao acúmulo de gases no interior do rúmen, oriundos da fermentação bacteriana. A consequente distensão do rúmen (timpanismo) 117 causa compressão grave sobre o diafragma e os pulmões, comprometendo a ventilação pulmonar e as trocas gasosas, o que, muitas vezes, leva o paciente a óbito. O jejum sólido preconizado para ruminantes reduz a intensidade do timpanismo; no entanto, na maioria dos casos, não há tempo hábil para instituí-lo. O veterinário deve, portanto, minimizar o período em que o paciente será mantido em decúbito lateral, posicionando-o, assim que possível, em decúbito esternal. Devido ao seu efeito analgésico, a xilazina é utilizada para alívio da dor visceral em equinos portadores de síndrome cólica. Nesses casos, o animal não costuma permitir a realização do exame clínico, apresentando sinais evidentes de ansiedade, dor e desconforto. Assim, a administração desse fármaco pode minimizar esses sintomas durante pouco tempo. Contudo, em casos graves de cólica, nos quais o paciente apresente hipotensão grave, o emprego da xilazina deve ser avaliado com muita atenção, devido aos efeitos depressores sobre o sistema circulatório. Os agonistas a2 induzem hiperglicemia em equinos adultos. Esse efeito é causado pela estimulação de receptores a2localizados nas células b do pâncreas, que inibem a produção de insulina. A elevação das concentrações plasmáticas de glicose pode persistir em alguns animais por mais 3 h. A hiperglicemia provoca diurese osmótica e a poliúria é frequentemente observada entre 30 e 60 min após a administração de xilazina. As doses de xilazina em equinos variam de 0,5 a 1 mg/kg, pelas vias intravenosa ou intramuscular. Em bovinos e pequenos ruminantes, a xilazina é bastante empregada. As suas doses variam de 0,1 a 0,25 mg/kg (IM) e, para ovinos e caprinos, de 0,1 a 0,3 mg/kg (IM). A xilazina é comercializada no Brasil com os nomes de Rompun®, Coopazine®, Virbaxil®, na concentração de 2%(20 mg/m), e Sedomin®, na concentração de 10% (100 mg/m), sendo a última mais indicada para equinos. O cloridrato de romifidina, outro agente agonista a2 utilizado na sedação de grandes animais, principalmente em equinos, foi introduzido no Brasil no início da década de 1990. Os efeitos da romifidina são semelhantes aos da xilazina; no entanto, esse fármaco produz ataxia menos acentuada e seus efeitos analgésicos têm sido questionados por alguns autores. As doses de romifidina em equinos variam de 40 a 120 mg/kg, pelas vias intravenosa ou intramuscular; seu nome comercial éSedivet®. Benzodiazepínicos Os agentes deste grupo, empregados em grandes animais, incluem o diazepam e o midazolam. Na contenção química de equinos e bovinos, o uso isolado desses fármacos é limitado a potros e bezerros, pois, em animais adultos, seus efeitos ansiolíticos não são evidentes. Nos animais adultos, a ação relaxante muscular de origem central dos 118 benzodiazepínicos produz ataxia intensa, o que muitas vezes pode se tornar um problema durante a realização de um exame ou outro procedimento clínico. O diazepam e o midazolam são muito eficientes como sedativos em potros jovens, que adotam a posição de decúbito logo após a administração intravenosa de ambos os agentes. Dentre as vantagens dos agentes deste grupo, está a de produzir poucos efeitos depressores sobre os sistemas circulatório e respiratório. Os benzodiazepínicos também podem ser associados à acepromazina, produzindo tranquilização mais intensa, acompanhada de ataxia, que pode, em alguns animais, induzir o decúbito. Em potros e bezerros, as doses de diazepam e midazolam variam de 0,1 a 0,2 mg/kg, por via intravenosa. Algumas apresentações do diazepam são: Valium®, Compaz® e Diazepam®, dentre outras. O midazolam é encontrado com os nomes comerciais de Dormonid® e Dormire®. Opioides Dentre os diversos fármacos deste grupo, o butorfanol é o agente mais empregado na contenção química de equinos por suas propriedades analgésicas. Seu emprego isolado mais frequente destina-se aos casos de alívio da dor visceral na síndrome cólica em equinos, facilitando o exame clínico, ou na analgesia pós-operatória. Além disso, o butorfanol é empregado em associação a acepromazina ou agonistas a2 para produzir uma sedação intensa, acompanhada de analgesia. Esse tipo de contenção química é indicado em equinos com comportamento agitado ou até agressivo, ou na realização de procedimentos diagnósticos invasivos. As doses de butorfanol em equinos variam de 0,05 a 0,1 mg/kg, pelas vias intravenosa ou intramuscular. Seu nome comercial é Torbugesic®. No Quadro 3.5, são apresentadas algumas opções de associações de fármacos que podem ser empregadas em equinos. Quadro 3.5 Associações de fármacos, doses e vias indicadas para a contenção quí mica de equinos. Associação Doses/vias de administração Acepromazina + midazolam 0,02 a 0,05 mg/kg + 0,1 a 0,2 mg/kg/IV Acepromazina + xilazina 0,02 a 0,05 mg/kg + 0,5 a 0,6 mg/kg/IV ou IM Acepromazina + romifidina 0,03 mg/kg + 50 mg/kg/IV ou IM Acepromazina + butorfanol 0,02 a 0,05 mg/kg + 0,02 a 0,04 mg/kg/IV ou IM Xilazina + butorfanol 0,5 a 1 mg/kg + 0,02 mg/kg/IV ou IM Romifidina + butorfanol 50 mg/kg + 0,02 a 0,03 mg/kg/IV ou IM 119 IM = via intramuscular; IV = via intravenosa. Bibliografia BEDNARSKI, R.M. Chemical restraint of the standing horse. In: ROBINSON, N.E. Current therapy in equine medicine. 3. ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 1992. 847 p. BOHART, G. Anesthesia of the horses in the field. In: ROBINSON, N.E. Current therapy in equine medicine. 4. ed. Philadelphia: W.B. 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