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Parasitologia
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Franco Claudio Bonetti
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Niara da Silva Medeiros
Helmintos e Enteroprotozoários de Importância Clínica
Helmintos e Enteroprotozoários de 
Importância Clínica
 
 
• Compreender os mecanismos de transmissão, epidemiologia, ciclo de vida, diagnóstico e 
tratamentos das doenças causadas por esses parasitos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Parasitas de Importância Clínica;
• Helmintos.
UNIDADE Helmintos e Enteroprotozoários de Importância Clínica
Parasitas de Importância Clínica
Nesta unidade, estudaremos um grupo de parasitas de grande importância clínica 
por serem causadores de diversas doenças do trato digestório em humanos.
São dois grandes grupos distintos, um formado por organismos microscópicos, porém de 
alta complexidade, denominados protozoários, ou mais especificamente enteroprotozoários 
(protozoários intestinais), e o outro formado por helmintos, popularmente conhecidos 
como vermes.
Mas se são parasitas diferentes, por que estudaremos eles juntos? Para entender essa ques-
tão, leia o texto de Terezinha Castiñeiras e do Fernando Martins, “Infecções por helmintos 
e enteroprotozoários”, Disponível em: https://bit.ly/39Z8XBE 
O interessante dessas doenças parasitárias é que elas estão intimamente ligadas ao 
saneamento básico, portanto, a estruturas de abastecimentos de água, coleta e trata-
mento de esgoto, e quanto menos saneamento uma região apresenta, mais casos de 
doenças dessa natureza aparecem na população.
Veja algumas características inerentes a praticamente todos os enteroprotozoários:
• São adquiridos pelo contato oral-fecal; 
• Produzem diarreia aquosa acompanhada por cólicas, durando poucos ou vários dias;
• A maioria dos casos é assintomática;
• Acometem principalmente as crianças;
• São resistentes aos métodos normais de cloração da água e sobrevivem por meses 
em água fria e limpa. Não resistem às altas temperaturas e ao ressecamento;
• Parasitam outros mamíferos, como gatos, cães, ruminantes e castores, e podem ser 
transmitidos deles para o ser humano;
• As infecções podem ser produzidas pela ingestão de poucos cistos (10 a 20).
Para saber mais sobre os protozoários acesse o link: https://youtu.be/unDRSqOq9dc 
A seguir, entenderemos um pouco sobre os diferentes agentes etiológicos, sua epide-
miologia e ciclo de vida, além do diagnóstico, tratamento e da profilaxia dessas doenças.
Giardíase
Causada pelo protozoário Giardia lamblia ou Giardia intestinalis, é uma parasitose 
do intestino delgado. Este parasita se apresenta nas formas de cisto (forma infectante 
e de resistência ao meio) e trofozoíto (forma vegetativa, habita o hospedeiro) (Figura 1).
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Figura 1 – Giardia intestinalis em suas duas formas de vida
Fonte: Adaptado de Getty Images
Esse pequeno protozoário, quando na forma de trofozoíto, mede de 10 a 20 μm de 
comprimento por 5 a 15 μm de largura, tem simetria bilateral e contorno piriforme (em 
forma de pera), quando vista de face, com um achatamento dorso ventral, e no seu inte-
rior todas as estruturas aparecem duplicadas, incluindo o núcleo. Possuem quatro pares 
de flagelos que auxiliam na locomoção quando estão parasitando o intestino delgado 
dos seres humanos (duodeno e primeiras porções do jejuno, e algumas vezes são encon-
trados nos condutos biliares e na vesícula biliar) (Figura 2).
Figura 2 – Trofozoíto de Giardia lamblia visto no microscópio óptico, como 
observado no exame parasitológico de fezes com coloração de Tricômio
Fonte: parasitologiaclinica.ufsc.br
Já a forma cística é ovoide e tem cerca de 12 μm de comprimento (Figura 3), pos-
suindo quatro núcleos, que darão origem a dois trofozoítos. Na água, os cistos podem 
conservar sua vitalidade durante dois meses ou mais, tempo suficiente para que encontre 
um novo hospedeiro, uma vez que sua forma de transmissão se dá por ingestão de água 
e alimentos contaminados.
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UNIDADE Helmintos e Enteroprotozoários de Importância Clínica
Figura 3 – Cistos de Giardia lamblia observados no microscópio optico no exame 
parasitológico de fezes, coloração de tricômio (esquerda) e coloração com lugol (direita)
Fonte: parasitologiaclinica.ufsc.br
O ciclo de vida da Giardia lamblia ocorre a partir do momento em que são ingeridos os 
cistos e atingem o estômago, devido ao pH baixo (entre 3 e 4), os cistos sofrem o processo 
de excistação, fazendo com que o cisto infectante dê origem ao trofozoíto, que, apesar de 
muitas vezes não causar sintomas, pode estar associado a quadros clínicos de diarreia aguda 
ou a formas crônicas de diarreia, além de, em alguns casos, estar relacionado à má absorção 
intestinal. Formas graves podem ser observadas em pessoas sem imunidade ou imunode-
ficientes; quando há presença de sintomas, eles aparecem após um período de incubação, 
em tono de uma a três semanas, podendo, em alguns casos, chegar a seis. Após algumas 
semanas de ciclo biológico, a eliminação de novos cistos formados se dá junto com as fezes, 
muitas vezes pastosa ou líquida, com odor forte e cor acinzentada.
Você sabia que a Giardíase é considerada uma zoonose? Sim, esta parasitose pode ser trans-
mitida de animais para o homem e o ciclo de vida ocorre na mesma maneira nos hospe-
deiros. Para saber mais detalhes sobre o ciclo de vida da Giardia lamblia, ative a legenda e 
assista o vídeo, disponível em: https://youtu.be/xjYgfjVZ-Vk
Confira o passo a passo do ciclo no link a seguir, diponível em: https://bit.ly/39M29Js 
O diagnóstico da doença é realizado pelo exame direto, que consiste em observar ao 
microscópio as lâminas preparadas com as fezes do paciente. Para as fezes formadas, a 
busca será por cistos, enquanto nas diarreias a pesquisa será de trofozoítos ou de cistos. 
Em casos negativos, os exames devem ser repetidos várias vezes, de preferência utilizando 
técnicas de concentração para tentar garantir um maior número de parasitas.
Para o tratamento de giardíase recomenda-se o uso de derivados nitroimidazólicos 
(metronidazol , ornidazol , tinidazol e nimorazol) em doses que variarão de acordo com 
alguns fatores do paciente, sempre por volta de cinco dias de duração.
A fim de se evitar a infecção com Giardia sp., recomenda-se o consumo de águas de 
procedência conhecida e confiável, além de higiene adequada dos alimentos e das mãos.
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Outro protozoário flagelado que podemos encontrar é o Trichomonas vaginalis. Este parasita 
se instala no trato genitourinário de homens e mulheres e por tanto só apresenta a forma 
de trofozoítos. Veja nos links a seguir detalhes sobre este parasita considerada uma Doença 
sexualmente transmissível: 
• Trichomonas vaginalis, disponível em: https://bit.ly/2XSq18Y
• Trichomonas vaginalis, disponível em: https://bit.ly/38VRRHA
• Aspectos clínicos, patogênese e diagnóstico de Trichomonas vaginalis . 
 Disponível em: https://bit.ly/3syZdIN
Balantidíase
A balantidíase ou balantidiose é uma doença causada pelo protozoário Balantidium 
coli, e caracteriza-se por uma infecção do intestino grosso que, em suas formas mais 
típicas, produz diarreia ou disenteria e está relacionada com infecção de suínos, produ-
zindo raros casos humanos.
O protozoário causador da infecção apresenta-se em forma cística na natureza e 
trofozoíta em hospedeiros, assim como acontece com a Giardia e outros enteroprotozo-
ários que veremos no curso. 
Ao contrário da Giardia, que se desloca por meio de seus flagelos, o Balantidium pos-
sui cílios (Figura 4) ao redor de todo o seu corpo que o auxiliam na locomoção, tornando-o 
ágil para se locomover no intestino grosso de seu hospedeiro e assim buscar nutrientes. 
Além disso, possui dois vacúolos que auxiliam a retirar a água que entra em sua célula para 
que mantenha o equilíbrio osmótico celular: são denominados vacúolos pulsáteis.
Figura 4 – Trofozoíto de Balantidium coli com seus cílios e vacúolos pulsáteis
Fonte: Wikimedia Commons
Na maioria dos casos, pacientes infectados por esse patógeno são assintomáticos,no 
entanto, quando o parasita consegue penetrar na mucosa intestinal, pode causar alguns 
sintomas, por exemplo: diarreia com presença de evacuações mucossanguinolentas, dor 
abdominal, perda de peso, náusea e vômitos, formação de úlceras no intestino e febre 
moderada. Em casos considerados graves, o parasita pode levar à perfuração seguida 
de hemorragia do intestino, o que pode ser fatal. 
Alguns fatores podem favorecer a forma mais grave da doença, como alcoolismo, 
carga parasitária (quantidade de parasitas existentes no hospedeiro), estado nutricional 
e doenças crônicas.
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UNIDADE Helmintos e Enteroprotozoários de Importância Clínica
Veja o ciclo de vida completo do Balantidium coli, disponível em: https://bit.ly/35RckLM 
O diagnóstico dessa doença é relativamente simples e consiste na visualização de 
trofozoítos e/ou cistos nas fezes, por meio do exame direto (fezes colocadas na lâmina e 
observada ao microscópio óptico comum), além de métodos enzimáticos, como o Elisa 
(sigla em inglês para ensaio imunoenzimático por absorbância), que consiste na pesquisa 
de anticorpos anti-Balantidium no sangue do paciente.
Veja um cisto de Balantidium coli visto no microscópio óptico durante o diagnóstico parasi-
tológico de fezes acessando o link a seguir, disponível em: https://youtu.be/rRdABn_9Nhc 
A base do tratamento contra balantidíase é o Metronidazol, um antiprotozoário de 
amplo espectro, entretanto utiliza-se também o antibiótico Tetraciclina com bastante 
sucesso, e até mesmo o Iodoquinol, um amebicida que tem se mostrado eficiente no com-
bate a esse outro protozoário. 
O combate às infecções são bastante simples, tendo sempre como base o saneamen-
to básico e as boas práticas de higiene pessoal e dos alimentos, sendo interessante em 
regiões específicas a educação sanitária para criadores de suínos.
Criptosporidíase
Pertencente à classe Sporozoea (ou Sporozoa), o protozoário Cryptosporidium spp. se 
apresenta como parasitas intestinais de grande número de mamíferos, aves, répteis e peixes, 
apesar que o número de espécies não parece ser maior que quatro, dentre as 19 já descritas. 
Dentre os humanos a infecção é causada pela espécie Cryptosporidium parvum, que tem 
como hospedeiros, além do homem, o gado e os animais domésticos.
Você já parou para pensar que essa e outras doenças podem ser transmitidas de seu animal 
doméstico para as pessoas de sua família? Reflita sobre o assunto após ler esta publicação, 
disponível em: https://bit.ly/38UKa4x
Nos últimos anos, diferentes estudos apontaram o Cryptosporidium parvum como 
uma das principais causas de diarreia em crianças pré-escolares e particularmente na-
quelas que acabaram de deixar a alimentação exclusivamente materna.
A transmissão faz-se pela passagem de formas denominadas oocistos (forma infectan-
te), de um hospedeiro a outro, por via direta, fecal-oral, podendo ser eliminados por seres 
humanos ou animais, bem como ser transmitido pela ingestão de água e alimentos conta-
minados (ação por via digestiva) ou pela poeira (via respiratória). Chegando ao estômago e 
intestinos, os espororoítos (que se encontram dentro dos oocistos) são liberados e se fixam 
ao epitélio, onde têm lugar formas de reprodução particular dessa classe de protozoários: 
esquizogonia e a esporogonia. Este parasita é intracelular obrigatório, internalizando os 
enterócitos para realizar a sua reprodução e disseminação no hospedeiro.
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Confira o ciclo de vida completo do Cryptosporidium parvum acessando os links: 
Ciclo de vida do Cryptosporidium , disponível em: https://msdmnls.co/3bOpY6f
Cryptosporidium Infected Organoids , disponível em: https://youtu.be/ee159M3wxA8
 Quanto ao quadro clínico dos indivíduos imunocompetentes, é autolimitado, entre 1 
e 14 dias, com duração média de 10 dias, sendo que geralmente nas crianças a infecção 
provoca uma enterocolite aguda e autolimitada, com cólicas e diarreia, que se cura es-
pontaneamente dentro de uma ou duas semanas. Essa infecção inicial assegura proteção 
contra manifestações posteriores da doença. 
Em imunodeprimidos, particularmente com infecção por HIV, ocasiona enterite gra-
ve, caracterizada por diarreia aquosa, acompanhada de dor abdominal, mal-estar, ano-
rexia, náuseas, vômitos e febre. Esses pacientes podem desenvolver diarreia crônica e 
severa, acompanhada de desnutrição, desidratação e morte fulminante. Nessa situação, 
podem ser atingidos os pulmões, trato biliar ou surgir infecção disseminada.
O diagnóstico da criptosporidíase se faz pela observação dos oocistos nas fezes du-
rante o período diarreico (Figura 5), e é mais abundante durante o período inicial da 
infecção, podendo ser utilizados diversos protocolos de coloração para melhor visualizar 
os parasitas. Em pacientes imunocomprometidos deve-se sempre fazer o diagnóstico 
diferencial para outras infecções por meio de técnicas imunoenzimáticas, entretanto 
alguns estudos sugerem que os títulos de anticorpos permanecem elevados por mais de 
um ano, dificultando a precisão do início da infecção. 
Figura 5 – Oocistos de Cryptosporidium spp. Coloração da safranina 
Fonte: parasitologiaclinica.ufsc.br
Nos esfregaços corados pelo método da safranina os oocistos aparecem 
corados em brilhante vermelho-alaranjado.As leveduras se coram uniforme-
mente em azul ou azul-esverdeado .
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UNIDADE Helmintos e Enteroprotozoários de Importância Clínica
Para o tratamento se utiliza espiramicina, paromomicina e a azitromicina adminis-
tradas por via oral, acrescidas de reidratação e outras medidas que aliviam os sintomas. 
A profilaxia inclui, assim como todas as outras doenças dessa categoria, o saneamento 
básico, higiene pessoal e, neste caso, higiene dos animais domésticos.
Segundo a literatura, os pacientes com AIDS, quando parasitados, costumam ser 
grandes eliminadores de oocistos infectantes de Cryptosporidium em suas fezes, razão 
pela qual devem ser atendidos com cuidados especiais: uso de luvas, lavagem e desinfec-
ção das mãos, esterilização dos objetos contaminados e descontaminação adequada das 
superfícies (REY, 2010).
Amebíase
Existem variadas espécies de amebas capazes de parasitar o homem. No entanto, a 
maioria é considerada comensal, o que significa que não causam uma doença conhecida. 
Podemos citar como amebas comensais as dos gêneros: Entamoeba, Acanthamoeba, 
Endolimax, Iodamoeba, sendo a diferenciação feita com base nas estruturas celulares 
de cada uma delas (Figura 6). A única ameba capaz de causar uma doença parasitá-
ria, chamada Amebíase, e que são elucidados seus mecanismos de patogenicidade, é a 
Entamoeba histolytica. 
A contaminação, desenvolvimento no hospedeiro e disseminação de todas as amebas co-
mensais é o mesmo, portanto os seus ciclos biológicos são iguais. Confira no link a seguir o 
ciclo de vida das amebas comensais, disponível em: https://bit.ly/38Seahg 
Figura 6 – Imagens microscópicas digitalizadas de cistos de protozoários
Fonte: ijarai.thesai.org
A: Balantidium Coli; B: Endolimax Nana; C: Entamoeba Coli; D: 
Entamoeba Hartmanni; E: Entamoba Histolytica; F: Entamoeba Polecki; 
G: Giardia Lamblia; H: Iodamoeba Butschlii; I: Chilomastix Mesnili.
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As amebas são distribuídas amplamente pela natureza, muitas espécies podem parasi-
tar o intestino humano, causando desde pequenos incômodos intestinais até mesmo diar-
reias severas, como é o caso das infecções causadas pela espécie Entamoeba histolytica. 
Indivíduos infectados com E. histolytica podem ser assintomáticos, a grande maioria, 
ou apresentar sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, desconforto, má absor-
ção, diarreia que pode ou não conter sangue e muco. Porém, em alguns casos (1%) esta 
ameba pode invadir a mucosa intestinal causado a Amebíase extraintestinal, podendo 
acometer fígado, pulmão, cérebro por exemplo. 
Na amebíase extraintestinal (Figura 7) pode aparecer um amplo espectro de sintomas 
variando desde graus diferentes de diarreia até o extravasamento da infecção para outros 
órgãos,estando a denominação da lesão associada ao órgão prejudicado, por exemplo: 
a amebíase intestinal crônica, a colite amebiana fulminante, a apendicite amebiana, os 
amebomas (lesões semelhantes a tumores, os amebomas, caracterizados por grande es-
pessamento da parede intestinal), a amebíase hepática e o abscesso amebiano do fígado, 
o abscesso amebiano pulmonar e a amebíase cutânea.
Figura 7 – Formação de úlceras no intestino grosso causado por amebíase invasiva
Fonte: microbiologybook.org
Para saber mais sobre os mecanismos fisiopatogênicos das amebíases, leia este artigo: 
Disponível: https://bit.ly/39SAPY5
Com um ciclo de vida relativamente simples, a entrada dos cistos por via oral marca o 
início da infecção. Quando atinge o estômago, ocorre a excistação, que consiste no processo 
de saída do trofozoíto de dentro desse cisto, então trofozoíto atingirá o intestino delgado. 
Conheça mais sobre o ciclo de vida da E. histolytica nos links a seguir.
Entamoeba histolytica (ciclo), disponível em: https://bit.ly/2ws4HNt
Entamoeba Histolytica . Disponível em: https://youtu.be/VRMv_lzhMZc
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UNIDADE Helmintos e Enteroprotozoários de Importância Clínica
O diagnóstico se realiza por meio de observação de cistos eliminados com as fezes, 
sendo que diferentes técnicas de preparação desse material podem ser realizadas para 
recuperar os cistos da matéria fecal (por meio de flutuação ou sedimentação); lâminas 
coradas ajudam a visualizar os cistos isolados no exame microscópico (Figura 8).
Figura 8 – Cisto uninucleado (Imagem esquerda) e trofozoítos (imagem direita) 
de E. histolytica/ E. dispar: coloração pela solução de lugol
Fonte: parasitologiaclinica.ufsc.br
Importante!
Os cistos de Entamoeba histolytica e Entamoeba dispar são idênticos morfologicamente 
quando observados no microscópio com solução de lugol. Por isso quando encontramos 
cistos de 1 a 4 núcleos nas fezes, liberamos no laudo como presença de cistos de Entamoeba 
histolytica/dispar. Para realizar a diferenciação é preciso a busca de coproantígenos.
Sabe quando você vai ao médico e ele pede três coletas de fezes para exames em 
dias alternados (um sim, um não)? Então, isso se faz necessário para o diagnóstico desse 
parasita e outros parasitas intestinais. Em infecções pesadas, a forma móvel do parasita 
(o trofozoíto) pode ser visto em fezes frescas. 
Testes sorológicos podem ser recomendados para infecções em longo prazo, e é 
muito importante distinguir o cisto do E. histolytica dos cistos de outros protozoários 
intestinais não patogênicos por meio de sua morfologia. 
O tratamento da disenteria amebiana aguda e amebíase extraintestinal são, geral-
mente, o metronidazol, ou o iodoquinol, paromomicina. Outras drogas ou maiores do-
ses podem ser necessárias para tratamentos crônicos ou exacerbados. As complicações, 
como abcessos, poderão exigir procedimentos cirúrgicos.
Casos de amebíases não são de notificação compulsória, entretanto em casos de 
surto, na maioria das vezes ocorridos por contaminação da fonte de água, recomenda-se 
isolar os pacientes infectados para que estes não se tornem transmissores em potencial.
Helmintos
Mudando de assunto, ou melhor, de Reino, sairemos do nosso passeio pelo Reino 
Protista e entraremos no mundo dos Helmintos (parasitas pluricelulares pertencentes ao 
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Reino Animalia). Divididos em três filos: Platyhelminthes (Platelmintos), Nemathelmin-
tes (Nematelmintos) e Annelida (Anelídeos), o homem pode ser o hospedeiro definitivo 
para várias espécies, sendo que normalmente os órgãos mais atingidos são os intestinos. 
O nome comum pelo qual conhecemos esses parasitas é verme.
Nematelmintos
Já este outro grupo de parasitas possui características diferentes do primeiro, mas 
muito parecidas entre si:
• São vermes de corpo cilíndrico; 
• Sem aparelho circulatório;
• Com aparelho digestório completo;
• Aparelho reprodutor bem definido (sexos separados), sendo o macho menor que a fêmea;
• Respiração anaeróbia (sem a presença de oxigênio);
• Também chamados geo-helmintos, pois se desenvolvem tendo parte do ciclo de 
vida no solo e parte em um ou mais hospedeiros.
Os principais representantes são: Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Ancylostoma 
duodenale, Necator americanus, Strongyloides stercoralis, Enterobius vermicularis e 
Wuchereria bancrofti. 
A seguir, trataremos de alguns deles isoladamente, retratando sua biologia, ciclo de 
vida, diagnóstico, tratamento e prevenção, para entendermos mais sobre essas doenças 
negligenciadas pela Saúde Pública.
Ascaris lumbricoides
Pertencente ao Filo Nemathelminthes, os parasitas do gênero Ascaris (“sem asas”) 
têm como principal espécie parasita humano o Ascaris lumbricoides, e como parasita 
suíno o Ascaris suum. 
O Ascaris lumbricoides apresenta as seguintes formas evolutivas, ovos, larva macho 
e larva fêmea (Figura 9). Tem o intestino como habitat no ser humano, e seu ciclo evo-
lutivo se divide em duas etapas:
1. Fase externa ou exógena : Referente ao amadurecimento da forma infectante 
dentro do ovo, a partir do estágio larval L1 para alcançar o estágio de larva L3 
(fase infectante). Essa evolução ocorre em um período de 20 a 25 dias, a uma 
temperatura de 26 a 30 °C, com oxigenação do solo e umidade;.
2. Fase interna ou endógena : Após serem ingeridos os ovos contendo a larva 
L3, esta é liberada no tubo digestivo, penetrando na parede do ceco até al-
cançar a circulação sanguínea ou linfática (18 a 24 horas). Após esse período, 
chegam ao fígado e, 2 a 3 dias após a infecção, passam pelo coração direito, 
alcançando a artéria pulmonar. Nos pulmões chegam oito dias após a infecção 
e rompem os capilares pulmonares, caindo assim nos alvéolos. Após um novo 
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UNIDADE Helmintos e Enteroprotozoários de Importância Clínica
processo de amadurecimento (L4), ascendem à árvore brônquica e à traqueia, 
passando pela faringe, onde são deglutidas (sim, isso mesmo, engolidas), che-
gando novamente ao intestino delgado (jejuno), onde alcançam a fase de L5 e 
transformam-se em adultos jovens. Após 60 dias do início da infecção, iniciam 
a postura (200.000 ovos/dia). 
Figura 9 – Forma adulta e com ovo do Ascaris lumbricoides
Fonte: atlasparasitologia.sites.uff.br
Para saber mais sobre o ciclo de vida, causas, sinais e sintomas, epidemiologia, diagnóstico 
e tratamento do Ascaris lumbricoides disponível em: https://bit.ly/2Ktw40A 
Durante esse processo evolutivo ocorre a invasão das larvas em diferentes tecidos, 
com isso gera uma série de processos inflamatórios, com presença de lesões pulmo-
nares, febre, tosse, dispneia e eosinofilia (síndrome de Loeffler). Os vermes adultos 
(Figura 10) acarretam ação espoliadora indireta (toxicidade) e ação mecânica obstruti-
va e compressiva.
Figura 10 – Ascaris lumbricoides no intestino
Fonte: coccidia.icb.usp.br
Apenas um em cada seis indivíduos infectados apresenta manifestações clínicas, de-
vido ao fato de, na maioria dos casos, o número de vermes albergados ser pequeno.
Os quadros clínicos permitem distinguir a ascaridíase de outras verminoses intesti-
nais; e suas complicações obstrutivas assemelham-se às produzidas por outras causas. 
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Muitas vezes, é a eliminação espontânea de algum espécime, pelo ânus ou pela boca, 
que esclarece o caso.
Parasitas são eliminados pela boca durante a noite, quando estão saindo dos pulmões e não 
são deglutidos. Veja a como isso ocorre. Disponível em: https://bit.ly/3nXX2ej
Radiografias produzem imagens sugestivas, mas é no exame de fezes que se en-
contram ovos nas evacuações do paciente. Dada a prolificidade das fêmeas de Ascaris, 
basta um exame direto da matéria fecal, diluída e colocada entre lâmina e lamínula, para 
permitir o encontro dos ovos em mais de 90% dos exames.
Veja como é a visualização diretamente do microscópio de ovos de Ascaris lumbricoides, dis-
ponível em: https://youtu.be/ejHovLdGCAE
O tratamento se dá por meio de fármacos, sendo as opções mais comuns: Albenda-
zol 400 mg em dose única,Mebendazol 100 mg, duas vezes ao dia, durante três dias 
consecutivos, ou Levamisol 150 mg, em dose única.
Como método de prevenção, recomenda-se saneamento básico, ingestão de água 
potável e alimentos higienizados. 
Trichuris trichiura
Outro parasita de importância clínica é o Trichuris trichiura, que habita o intestino 
grosso (ceco) e tem seu ciclo de vida relativamente simples, iniciando a fase interna ou en-
dógena com a ingestão de ovos embrionados (Figura 11), os quais liberam larvas no tubo 
digestivo, onde penetram nas criptas glandulares do ceco e permanecem dois dias após 
a infecção. Completado o seu desenvolvimento, os vermes adultos (Figura 12) fixam-se à 
mucosa do ceco de 70 a 90 dias após a infecção para eliminar novos ovos nas fezes.
Figura 11 – Ovo de Trichuris trichiura
Fonte: parasitologiaclinica.ufsc.br
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UNIDADE Helmintos e Enteroprotozoários de Importância Clínica
Figura 12 – Vermes adultos
Fonte: parasitologiaclinica.ufsc.br
Para ver detalhadamente sobre o ciclo de vida, epidemiologia, progressão e sintomas, diag-
nóstico e tratamento do Trichuris trichiura. Disponível em: https://bit.ly/2M2TSso 
Portanto, o Trichuris trichiura apresenta como formas evolutivas ovos, larvas macho 
e fêmea, sendo a forma infectante e de diagnóstico os ovos. Os vermes adultos no intes-
tino grosso possuem ação espoliadora, enzimática, irritativa e inflamatória.
O diagnóstico se dá pelo exame de fezes visualizando os ovos, que pode ser feito 
através do método de sedimentação espontânea ou de Hoffmann.
A profilaxia resulta do tratamento dos doentes com albendazol e mebendazol, educa-
ção sanitária, saneamento básico e proteção dos alimentos contra moscas e baratas, por 
serem vetores dos ovos desse e de outros parasitas.
Veja como é visualizado um ovo de Trichuris trichiura no sedimento fecal através do micros-
cópio, disponível em: https://youtu.be/bMbxKU2874s
Enterobius vermicularis
A parasitose causada pelo parasita Enterobius vermiculares pode ser chamada 
de Enterobiose ou popularmente conhecida como Oxiurus. Possui como hospedeiro 
apenas os seres humanos, essa doença tem uma importância clínica por ser a grande 
responsável por prurido anal intenso, que leva os pacientes a um desconforto e pode 
trazer inclusive problemas sociais, como o afastamento das crianças da sala de aula, 
devido à fácil transmissibilidade.
Este parasita habita o intestino grosso fixando-se no ceco e apêndice cecal. As fêmeas 
fazem a ovopostura ovos na região perianal no período da noite, podendo causar muito 
prurido. Irritabilidade, náuseas, emagrecimento e dores abdominais
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O ciclo de vida tem início com o ser humano ingerindo os ovos que chegam ao 
estômago e posteriormente ao intestino delgado, onde sofrem duas mudas durante o 
trânsito intestinal e alojam-se à região cecal. Cerca de 30 a 60 dias após a infecção, 
a pessoa infectada elimina ovos embrionados nas fezes ou ficam retidos na parede 
perianal (Figura 13) .
Figura 13 – Ovos de Enterobius vermiculares, observe que o ovo possui
 um lado achatado, semelhando a letra D
Fonte: arasitologiaclinica.ufsc.br
Veja como é visualizado os ovos de Enterobius vermiculares no exame de fita de Graham uti-
lizado para o diagnóstico de Enterobiose, disponível em: https://youtu.be/hCh9P2yWMbA
Pode-se diagnosticar a infestação por Enterobius vermiculares detectando as fêmeas 
na região perianal, 1 ou 2 horas depois de a criança ir para a cama à noite ou logo 
pela manhã, ou ainda pela detecção de ovos em fita gomada nas duas faces (fita dupla 
face), para tanto deve-se afastar as nádegas da criança e passar a fita com ajuda de uma 
haste flexível nas dobras perianais; a face gomada da tira é colocada em uma lâmina e 
observada microscopicamente.
Para saber mais sobre o Enterobius vermiculares, seu ciclo de vida, transmissão, progressão, 
sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção . Disponível em: https://bit.ly/3quxYxh 
O tratamento se dá por meio de mebendazol, albendazol ou pamoato de pirantel, como 
nas outras parasitoses, profilaxia se dá por tratamento dos doentes (toda a família), educa-
ção sanitária, saneamento básico, corte das unhas rentes e ferver roupas de cama, uma vez 
que há eliminação espontânea dos ovos pelo ânus durante a infecção com esse parasita . 
Ancylostoma duodenale e Necator americanus
Você já ouviu falar da personagem do Monteiro Lobato, o Jeca Tatu? Você sabia que 
o personagem foi criado para falar sobre um grande problema que existia na zona rural 
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das cidades no passado? Não? Então, antes de continuarmos, pegue a pipoca e assista 
o grandioso Mazzaropi encarnado este personagem... Boa sessão! 
Assista ao vídeo “Jeca Tatu – Sanitarismo”, disponível em: https://youtu.be/--ql0_xZXNQ
A doença causada pelos parasitas Ancylostoma duodenale e Necator americanus é 
a Ancilostomose, conhecida como amarelão, nome que se tornou popular por conta dos 
sintomas e sinais clínicos característicos da doença: anemia, fraqueza e cor amarelada 
da pele.
Para saber sobre as infecções causadas por Ancilostomídeos faça a leitura do texto a 
seguir, disponível em: https://bit.ly/3sD4j6Q 
Da mesma forma como ocorre nas doenças causadas por verme já estudadas até 
aqui, a ação patogênica dos vermes adultos é espoliadora e irritativa-inflamatória, neste 
caso, devido ao fato de os parasitas possuírem placas na parte frontal que se asseme-
lham a dentes, as quais são utilizadas para fixação do parasita no intestino (link a seguir).
Vestíbulo bucal do Ancylostoma duodenale, apresentando 2 pares de dentes que auxiliam na 
fixação na parede intestinal. Disponível em: https://bit.ly/38KgZRB 
O diagnóstico se dá por meio da detecção de ovos (Figura 14) do parasita nas fezes. 
Sendo que os ovos do Ancylostoma duodenale e do Necator americanos são idênticos 
quando vistos ao microscópio. A questão é que esses ovos podem demorar até 1 ano 
para aparecer, desta forma, a doença tem evolução lenta, por isso deixa o paciente com 
esse aspecto de preguiça, cansaço.
Figura 14 – Ovo embrionado de Anciolostomídeos
Fonte: ufrgs.br
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O Ancylostoma duodenale e o Necator americanos causam a mesma doença e seus 
ovos são idênticos morfologicamente. Para diferenciá-los é preciso realizar a cultura 
dos ovos para obter a larva adulta a fim de visualizar o vestíbulo bucal. O Ancylostoma 
duodenale possui 2 pares de dentes e o Necator americanos 1 par de lâminas.
O tratamento é feito com administração de mebendazol, 100 mg, duas vezes ao 
dia, durante três dias consecutivos. Porém, não é recomendado seu uso em gestantes, 
quando se opta por administrar albendazol, dois comprimidos, VO, em dose única (um 
comprimido = 200 mg), ou 10 ml de suspensão (5 ml = 200 mg). O pamoato de pirantel 
pode ser usado na dose de 20-30 mg/kg/dia, durante três dias. O controle de cura é rea-
lizado no 7º, 14º e 21º dias após o tratamento, mediante exame parasitológico de fezes.
Wuchereria bancrofti
Causadora da filariose linfática, que pode evoluir para elefantíase, a Wuchereria 
bancrofti é a única de nossa lista transmitida por mosquitos dos gêneros: Culex, 
Anopheles e Aedes, tendo o ser humano como hospedeiro definitivo. Sendo assim este 
nematódeo é heteróxeno, necessitando de um hospedeiro intermediário (mosquito) e um 
hospedeiro definitivo (homem) para completar o seu ciclo.
Para visualizar o passo a passo do ciclo de vida da Wuchereria bancrofti. 
Disponível em: https://bit.ly/3nWZAcA
Como formas evolutivas da Wuchereria bancrofti vamos observar as microfilárias 
(Figura 15) (migram para a corrente sanguínea no período da noite) e os vermes adultos 
que se alojam nos vasos linfáticos causando obstrução. Por consequência A linfa produ-
zida naturalmente pelo organismo não é reabsorvida, resultando em inchaços principal-
mente dos membros.
As microfilárias só aparecem no período da noite na corrente sanguínea, isso aconte-
ce pois ela possuem hábitos noturnosda mesma forma que seu hospedeiro interme
diário, o mosquito, aumentando as chances deste se infectar e continuar o ciclo. 
Figura 15 – Microfi lária de Wuchereria bancrofti. Esta forma evolutiva 
é visualizada na corrente sanguínea no período da noite
Fonte: ufrgs.br
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Para saber mais sobre a Filariose acesse os links: 
• Filaríase – MISBA, disponível em: https://bit.ly/3bPjpQJ
• Filaríase, disponível em: https://bit.ly/3nP8b16
Platelmintos
• Os vermes deste grupo possuem as seguintes características:
• São vermes com o corpo achatado dorso-ventralmente, em forma de folha ou fita;
• Sem aparelho circulatório;
• Com aparelho digestório ausente ou rudimentar;
• Aparelho reprodutor bem definido (hermafroditas);
• Também chamados Bio-helmintos por obrigatoriamente seu completo desenvolvimen-
to exigir a participação de um ou mais hospedeiros, além do homem, no ciclo de vida. 
Há diversas espécies de vida livre, que se desenvolvem na água, com poucos centímetros 
de comprimento, e outras maiores, de meio terrestre úmido. Muitos deles são parasitas. 
O grupo do platelmintos tem como principais representantes: Schistosoma mansoni, 
Taenia solium, Taenia saginata, Echinococcus granulosus, Fasciola hepática, Hymenolepis 
nana e uma forma de vida livre denominada Planária, inclusive utilizada em diversos estudos 
de reprodução celular. Essas espécies distribuem-se por três classes: 
• Turbellaria (Planária – vida livre) – Figura 16;
• Trematoda (F. hepatica, S. mansoni);
• Cestoidea (T. solium, T. saginata, E. granulosus). 
Figura 16 – Planária
Fonte: Getty Images 
Esquistossomose
A esquistossomose, também conhecida pelo País pelos nomes de barriga d’agua, 
mal do caramujo e xistose, é causada por parasitas do gênero Schistosoma, sendo 
as espécies de maior importância clínica: Schistosoma mansoni (Figura 17), 
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Schistosoma haematobium, Schistosoma japonicum, Schistosoma intercalatum e
Schistosoma mekongi.
Figura 17 – Schistosoma mansoni, vermes adultos. O macho possui um 
canal ginecológico onde a fêmea se instala
Fonte: ufrgs.br
Com um ciclo de vida mais complexo que os demais parasitas até aqui estudados, o 
Schistosoma sp. depende de dois hospedeiros diferentes para se desenvolver completa-
mente: um caramujo de água doce, presente em locais de água limpa e com pouca ou 
nenhuma correnteza, e os seres humanos (Figura 18) .
Figura 18 – Ciclo de vida do Schistossoma mansoni
Fonte: Wikimedia Commons
O ovo (Figura 19) tem características particulares: mede cerca de 150 µm de compri-
mento x 60 µm de largura, formato oval e possui um espículo na parte mais larga volta-
da para trás, sendo que, quando há a presença do miracídio (larva) formado, caracteriza 
que o ovo está maduro (fezes).
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Figura 19 – Ovos do Schistosoma mansoni
Fonte: ufrgs.br
O miracídio tem forma cilíndrica, tegumento recoberto por cílios e medidas seme-
lhantes à do ovo. São células germinativas que dão continuidade ao ciclo no caramujo 
hospedeiro. Os caramujos são parte importante do ciclo, pois sem eles não há evolução 
da larva para a fase de cercarias. Os miracídios são atraídos pela luz (fototropismo po-
sitivo) e a secreção da Biomphalaria excita seus movimentos (quimiocinese), proporcio-
nando a fixação ao caramujo por meio de glândulas adesivas.
Já as cercarias (Figura 20) medem aproximadamente 500 µm, entre cauda e corpo, 
e possuem como estruturas importantes para fixação ao hospedeiro uma cutícula com 
espinhos e duas ventosas.
Os vermes adultos possuem o corpo afilado, achatado, sendo a fêmea maior que o 
macho (Figura 17). 
Figura 20 – Larvas cercarias de Schistosoma mansoni, pela técnica de imunofluorescência indireta
Fonte: ufrgs.br
Para saber mais sobre a Esquistossomose, causas, progressão e sintomas, diagnóstico, pre-
venção e tratamento acesse os links:
• Esquistossomose, disponível em: https://bit.ly/3inoDV4 
• Esquistossomose (Wikipedia), disponível em: https://bit.ly/3p0zzdS
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Após a entrada da larva cercaria no ser humano e sua instalação no sistema hepático, 
inicia-se o processo infeccioso, e apesar de a maioria dos pacientes ser assintomática, 
podem aparecer os seguintes sintomas: febre, dor de cabeça, calafrios, suores, fraqueza, 
falta de apetite, dor muscular, tosse e diarreia, além do fígado e o baço inflamarem e 
aumentarem de tamanho (hepatoesplenomegalia), podendo ainda haver complicações 
mais severas em pacientes comprometidos imunologicamente, havendo hemorragia di-
gestiva, hipertensão pulmonar e portal, e eventualmente a morte.
O diagnóstico da esquistossomose, assim como de outras parasitoses, se dá por meio 
do exame de fezes, no qual será feita pesquisa de ovos do parasita, e por meio de en-
saios imunoenzimáticos, para pesquisa de anticorpos no soro do paciente.
O tratamento dos casos mais simples é feito por administração de praziquantel, en-
quanto os casos mais severos requerem internação hospitalar e eventualmente cirurgia 
para desobstrução das vias hepática e esplênica.
Por se tratar de uma doença de caráter rural, a prevenção básica é evitar entrar 
em lagoas e outros corpos d’água onde haja o caramujo hospedeiro intermediário, o 
Biomphalaria sp. No Brasil, mais especificamente as espécies Biomphalaria glabrata, 
Biomphalaria straminea e Biomphalaria tenagophila. 
Teníase e cisticercose
Outros parasitas importantes do ponto de vista clínico são os do gênero Taenia, mais 
especificamente Taenia solium e Taenia saginata.
Responsáveis por duas doenças distintas (teníase e cisticercose), a Taenia solium tem 
como hospedeiro intermediário os suínos e a Taenia saginata, os bovinos, e ambas têm 
o homem como hospedeiro definitivo.
Você certamente já ouviu falar da solitária, não ouviu? Grandes parasitas intestinais 
que podem chegar a 14 metros de comprimento (Figura 21) e liberam seus anéis cheios 
(proglotes) de ovos pelas fezes dos hospedeiros infectados... Pois então, são as tênias, 
nome popular desse parasita!
Figura 21 – Verme adulto da Taenia saginata
Fonte: Wikimedia Commons
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Com o corpo dividido em diversos segmentos, as tênias possuem uma cabeça (escólex), 
um pescoço (colo) e um corpo segmentado em diversos anéis (proglotes) que, na sua porção 
anterior, são proglotes jovens, e na sua porção posterior, são proglotes grávidas, contendo 
os ovos que irão para o solo e infectarão outro hospedeiro intermediário (suínos ou bovinos).
Saiba mais sobre as doenças parasitárias causadas pelas Taenia sp.
• Teníase, disponível em: https://bit.ly/3qAOBaL
• Cisticercose, disponível em: https://bit.ly/2N85k6E 
Após infectarem o hospedeiro intermediário, as larvas buscam se alojar em diferentes 
tecidos (carne), desta maneira, sobrevivem no animal.
Quando o ser humano ingere a carne crua ou mal passada contendo essas larvas, 
estas chegam ao intestino, onde se desenvolvem até a fase adulta.
No intestino elas se fixam ao tecido e por lá sobrevivem por anos, se nada for feito.
Como na maioria das vezes os casos são assintomáticos, os pacientes não percebem 
a infecção, percebendo apenas quando aparecem os sintomas, como desconforto ab-
dominal na parte superior do abdômen e diarreia. É possível que o paciente encontre 
pedaços das tênias saindo pelo ânus ou nas fezes.
Para visualizar detalhadamente o ciclo de vida da Taenia acesse os links: 
• Ciclo de vida Teníase, disponível em: https://bit.ly/2KtIHJ2
• Ciclo de vida cisticercose, disponível em: https://bit.ly/3sA85hm 
O diagnóstico, assim como nas demais parasitoses, consiste em pesquisar os ovos (Figura 
22) nas fezes e ensaios imunológicos para pesquisa de anticorpos no soro do paciente.
O tratamento se faz com administração de praziquantel ou nitazoxanida. A profilaxia 
consiste em não ingerir carne crua ou mal passada.
Figura 22 – Ovo de Taenia sp.
Fonte: parasitologiaclinica.ufsc.br28
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Quando visualizamos os ovos de Taenia nas fezes não conseguimos diferenciá-los pois os ovos 
da Taenia saginata e da Taenia solium são iguais. A diferenciação ocorre através do Escólex do 
verme adulto ou proglotes grávidas. Veja como visualizamos os ovos de Taenia sp. no microscó-
pio, disponível em: https://youtu.be/rJwBvWHZzqE
Caso o ser humano acidentalmente faça ingestão dos ovos da Taenia solium (que in-
fecta os porcos), desenvolverá outra doença denominada cisticercose. Esta consiste exa-
tamente na instalação das larvas da tênia nos tecidos musculares humanos, assim como 
aconteceria no porco. Entretanto há uma gravidade maior nessa doença, pois muitas 
vezes as larvas se instalam no cérebro da pessoa, resultando na neurocisticercose, que 
pode levar a quadros intensos de convulsão, epilepsia e morte do paciente.
Para esses casos o diagnóstico é feito por meio de tomografia e outros exames de 
imagem, além dos exames sorológicos para detectar anticorpos contra o parasita.
O tratamento da cisticercose depende de vários fatores, como sintomas e o número 
e a localização dos cistos no cérebro.
Não se administra medicamentos para tratar a cisticercose, a não ser que a infecção 
envolva o cérebro. Nestes casos são administrados prednisona (corticosteroide) para 
reduzir a inflamação e anticonvulsivos, quando necessários. Podem ser usados medica-
mentos antiparasitários (como albendazol ou praziquantel) para matar os cistos vivos no 
cérebro, mas eles são administrados depois que os sintomas estiverem adequadamente 
controlados. Os corticosteroides também são administrados com o medicamento antipa-
rasitário para minimizar a inflamação causada por cistos morrendo.
Às vezes, é necessário o procedimento cirúrgico quando houver bloqueio do fluxo de 
líquido que circunda o cérebro e a medula espinhal (líquido cefalorraquidiano) ou quando 
os cistos estiverem causando problemas na medula espinhal ou nos olhos.
A profilaxia se faz por meio de saneamento básico, higiene pessoal e cuidados na 
manipulação de alimentos (carne de porco).
 Para saber mais sobre outros cestoides, como o Strongyloides stercoralis, acesse os links e 
tenha uma boa leitura: 
• Cestóides de importância médica, endêmicos no Brasil . 
 Disponível em: https://bit.ly/2y27TzE
• Estrongiloidíase, disponível em: https://bit.ly/39OQzO2
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Principais parasitas humaos de transmissão hídrica ou por alimentos
https://bit.ly/3bMrqGd
 Vídeos
Balantidium coli ao microscópio óptico comum
No vídeo, você poderá observar o Balantidium coli, parasita intestinal, visto 
por meio de microscópio.
https://youtu.be/RTH-claxqi4 
Amebíase – Parasitologia 
Tida como a segunda maior causa de morte por parasitas em seres humanos, a 
amebíase é explicada no vídeo elaborado pelo canal Planeta Biologia no YouTube.
https://youtu.be/AkBASaK6Ct4
 Leitura 
Infecção por helmintos e enteroprotozoários 
No artigo, as autoras trazem as definições de ambos, classificações, ciclos de 
desenvolvimento, entre outros aspectos referentes aos helmintos e aos entero-
protozoários. 
https://bit.ly/39Z8XBE 
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Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vi-
gilância das Doenças Transmissíveis. Guia prático para o controle das geo-helmintí-
ases. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/guia_pratico_controle_geohelmintiases.pdf>. Acesso em: 18/11/2019.
COURA, J. R. Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2013. (e-book) 
FERREIRA, M. U. Parasitologia contemporânea. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2017. (e-book)
FREITAS, E. O.; GONÇ ALVES, T. O. F. Imunologia, parasitologia e hematologia 
aplicadas à biotecnologia. São Paulo: Érica, 2015. (e-book)
MARTINS, M. A. et al. (ed.). Clínica médica: alergia e imunologia clínica, doenças da 
pele, doenças infecciosas. Barueri, SP: Manole, 2009. v. 7. (e-book)
REY, L. Parasitologia: parasitos e doenças parasitárias do homem nos trópicos ociden-
tais. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. (e-book)
31

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