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Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA Curso: Direito – 4º período matutino Docente: Prof. Leandro Luciano Silva Ravnjak Disciplina: Direito do Trabalho Acadêmica: Antônia de Eduardo Lima Ramos Duarte Ficha Técnica do Filme: Título original :The White Tiger. Gênero: Filmes sobre questões sociais; Filmes baseados em livros; Drama. Duração: 2h15min. Ano: 2021. Direção e Roteiro: Ramin Bahrani. Elenco: Adarsh Gourav. Priyanka Chopra Jonas, Rajkummar Rao Trilha Sonora: Danny Bensi e Saunder Jurriaans. Relatório de Visionamento de Filme O Tigre Branco Dirigido por Ramin Bahrani, cineasta e roteirista norte americano, a obra cinematográfica “O Tigre Branco”, lançada em 13 de janeiro de 2021, narra a história do jovem Balram (Adarsh Gourav), pertencente à “casta” menos privilegiada da Índia, país onde se retrata o filme, pela perspectiva do próprio personagem, que conta sua história por meio de um e-mail direcionado ao premiê da China que está visitando a Índia. Carreado de um tom irônico e ao mesmo tempo dramático, o longa objetiva retratar a nocividade do capitalismo e os trejeitos classistas distintivos das classes mais abastadas da Índia e para tal, explora a história de Balram, que cresceu em meio a miséria, em ambiente descrito por ele próprio como a parte “das trevas” de seu país. Apesar de suas origens menosprezadas e exploradas, Balram sempre se mostrou um jovem inconformado e, descrevendo como o que faria um empresário, faria o que fosse necessário para mudar sua realidade. Seu desejo de ascender, no entanto, é permeado pela atribuição compulsória que o capitalismo implantou de que para àqueles pertencentes a classes inferiores, a única forma de progresso é através da servidão e lealdade incondicional a um “mestre”. Esse fato é ilustrado constantemente nas atitudes de Balram que faz o possível para se tornar motorista de uma família de magnatas indianos que exploram a região em que vive o jovem e sua família. O fardo do eterno servo que é depositado nos mais pobres na Índia (e em todos os lugares onde domina o capitalismo) começa a fatigar Balram a medida em que ele percebe que sua lealdade incondicional não é recíproca e, se comparando a galinha em um galinheiro que observa constantemente seus iguais sendo devorados sem jamais, se revoltarem contra seus opressores, se vê obrigado a assinar a confissão de um crime que ele não cometeu. Sua lealdade incessante a seus mestres se transverte, a partir daí em não em um desejo de ascender a qualquer custo, mas sim, em deixar de ser um serviçal. A obra, apesar de tecer críticas à realidade capitalista, não se susta do discurso já exausto do mundo ocidental como o salvador, ao retratar, por inúmeras vezes os personagens Ashok (Rajkummar Rao) e Pinky (Priyanka Chopra Jonas) como indivíduos bem esclarecidos que repreendem o tratamento que as pessoas a seu redor direcionam as castas menos abastadas, sempre elucidando que essa evolução dos dois se dá pela absorção da cultura estadunidense que vivenciaram estudando e morando nas terras norte-americanas. Por fim, é perceptível ao longo de todo o filme o constante desapreço aos moldes capitalistas onde as relações econômicas são permeadas pela corrupção e exploração, e onde as formas de trabalho são ilustradas, muitas vezes, em um contexto serviçal que, apesar de ser pautado no viés de abandono ao escravagismo, ainda remonta os ideais de que os menos afortunados são descivilizados e a eles se reserva a lealdade incondicional aos patrões que os desrespeitam e diminuem às posições mais ultrajantes possíveis.