A Panela Mágica (adaptação) Pedro Malasartes andava mais liso que sabão em dia de banho. Sem dinheiro, sem comida e com muita esperteza, ele batia de porta em porta atrás de um bocado. Numa dessas andanças, parou na casa de um velho muito rico, mas sovina que só. — Bom dia, seu moço. Será que o senhor teria um prato de comida pra um viajante faminto? — pediu Malasartes, já com a cara mais sofrida que conseguia fazer. — Aqui ninguém dá comida de graça, não, seu vagabundo! — rosnou o velho. Malasartes, sem perder o sorriso, tirou de dentro do saco uma velha panela de ferro toda enferrujada. — Que pena... Eu só ia mostrar a minha panela mágica. — Panela mágica? — O velho, curioso, se aproximou. — É. Basta colocá-la no fogo, pensar em um prato, e pluft! A comida aparece. O velho arregalou os olhos. — E funciona mesmo? — Claro! Ontem mesmo comi um guisado de carne com mandioca que me fez chorar de emoção. — E você vende essa panela? Malasartes coçou a cabeça. — Não sei... é de estimação... Mas... por uns cem mil réis... talvez eu me desapegue. O velho correu para buscar o dinheiro. Malasartes entregou a panela e saiu cantarolando. No dia seguinte, o velho limpou a panela, botou no fogo e pensou: "Feijão tropeiro com torresmo." Nada. Pensou mais forte. Esperou. Nada. Passou o dia todo tentando. E nada. Naquela noite, Malasartes já estava longe, com a barriga cheia, o bolso forrado e rindo da própria esperteza. Fonte: BRÁS, Júlio Emílio. As aventuras de Pedro Malasartes. Adaptado. São Paulo: Cortez, 2004. Leia este trecho do diálogo: “— Bom dia, seu moço. Será que o senhor teria um prato de comida pra um viajante faminto?” Nesse trecho, Malasartes usa uma linguagem que mistura respeito (ao chamar o homem de “seu moço” e “senhor”) com marcas da oralidade, típicas da fala do dia a dia. Sobre o uso da linguagem nesse diálogo, assinale a alternativa mais completa: B) O uso do termo “senhor” dá um tom de respeito, mas também reforça a esperteza de Malasartes ao tentar convencer o homem. D)