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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE 
MINISTÉRIO DA SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maputo, 2014 
PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS 
DE 
MEDICINA INTERNA 
 
 
 
ii 
 
 
 
 
 
 
 
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE 
MINISTÉRIO DA SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1a Edicção
 
 
 
 
 
Maputo, Dezembro de 2014 
 
PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS 
DE 
MEDICINA INTERNA 
 
 
ii | Protocolos Terapêuticos 
 
 
Ficha Técnica 
Título: Protocolos Terapêuticos de Medicina Interna, 2014 
Colaboradores 
Ministro da Saúde 
Dr. Alexandre Jaime L. Manguele 
Direcção Nacional de Assistência Médica 
Dr. Ussene Isse 
Coordenação 
Dra Otilia Neves Dra Tânia Sitoe 
Autores dos textos 
Dra. Otilia Neves 
Prof. Dra Alexandra 
Rodrigues 
Prof. Dra Elisabete Nunes 
Dra Anila Hassane 
Dr. António Sousa 
Dr. Domingos Diogo 
Dra. Lina Cunha 
Dra Rolanda Manuel 
Dra Gilda Luciano 
Dra Amélia Cunha 
Dr. Benjamim Moiane 
Dra Águeda Duarte 
Dra Patrícia Silva 
Dr. Hélder Lopes 
Dr. Atílio Morais 
Dra Lúcia Chambal 
Dra Rosa Boene 
Dra. Dulce Loforte 
Dra Nélia Manguele 
Dra Suraida Kilim
Revisores Técnicos 
Dra. Otilia Neves Prof. Dra Elisabete Nunes Dr. Domingos Diogo
Equipa de validação 
Este Manual foi validado pelos Director da Direcção da Assistência Médica e respectivos Chefes de 
Departamento, outros profissionais de saúde, além dos Autores dos textos, Revisores Técnicos. 
Agradecimentos 
A todos quantos directa ou indirectamente contribuíram para esta 1a Edicção 
Tiragem - 500 exemplares 
 
 
Protocolos Terapêuticos | iii 
 
 
PREFÁCIO 
 
O exercício da profissão médica não se compadece com rotinas assumidas como receitas de 
actuação, uma vez que cada doente pode ser considerado como um quadro clinico com 
caracteristicas próprias que requerem raciocinios especificos. No entanto, na senda da procura da 
optimizacão no uso dos recursos disponiveis e eficazes para actuacão do médico, tem-se ao longo 
dos anos, procurado por alicerces sólidos e consistentes. 
 
O objectivo da padronização na abordagem do paciente em Medicna Interna, é ter o raciócinio 
necessário para a formulaҁão das hipotéses diagnósticas inerentes a abordagem do paciente para 
que possa ser minimizada a subjectividade e a insegurança. Assim, procurando–se a excelência na 
conduta do paciente particularmente em termos terapêuticos, compilou-se o que se encontra 
disponivel na mais diversa literatura, incluindo aquela que se relaciona directamente com os 
Programas Nacionais de Saúde em Mocambique. 
 
Um dos propulsores desta compilaҁão foi sem sombra de dúvida o facto destas condutas serem 
objecto de discusão clinica em algumas unidades sanitárias, particularmente as envolvidas na 
profissionalização especializada, que por não serem acessiveis aos demais circulos profissionais, 
limita a almejada optimizacão de recursos como também reduz o valor dos resultados das sessðes 
clinicas. 
 
Por outro lado, mesmo acreditando que a globalização da Ciência e da geraҁão do conhecimento 
leve a que a verdade de hoje seja questionada amanhã pelo dominio de informaҁôes cada vez 
mais abrangentes e detalhadas sobre o individuo e o meio, os algoritmos de abordagem do 
paciente em medicina interna permitirão o desenvolvimento de habilidades clinicas que contribuirão 
para as necessárias competências profissionais de muitos mais mėdicos e tornarão cada vez mais 
virtuais as distâncias com o especialista nas diferentes áreas. 
 
 O impacto da disponibilidade da sistematização do conhecimento , apresentada neste manual, 
poderá vir a mostrar-se imensurável tendo em conta que o Sistema de Referência e Contra-
Referência benefeciará ímediatamente dos procedimentos sugeridos e permitirão ao médico que 
também se encontra nos longinquos distritos deste país, tomar decisðes mais atempadas. 
 
O Ministério da Saúde, espera assim contribuir para abordagens mais integradas e menos díspares 
para situaҁðes com alguma base de semelhanҁa no quadro clinico. 
 
A Ministra da Saúde 
 
Dra. Nazira Karimo Vali Abdula 
 
iv | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | v 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Os protocolos terapêuticos são basicamente documentos que formalizam o relacionamento entre o 
profissional de saúde/instituição e o paciente.
Com vista a garantir a disponibilidade e o acesso a 
medicamentos aos moçambicanos, o Ministério da Saúde tem vindo a desenvolver esforços para 
melhorar o funcionamento dos Serviços Farmacêuticos a nível Hospitalar. Esforços esses que 
passam pela melhoria dos recursos disponíveis, humanos e financeiros, pelo aumento da 
disponibilidade de medicamentos e artigos médicos, pela melhoria da gestão em toda a cadeia de 
aprovisionamento, pela melhoria do uso de medicamentos dentro das Unidades Sanitárias, bem 
como pela melhoria da escolha do medicamento certo para a patologia certa. É neste contexto que 
temos o grato prazer de tornar público um trabalho de notável relevância que foi desenvolvido por 
iniciativa do Ministério da Saúde. 
Tendo por objectivo contribuir para racionalizar a prescrição dos medicamentos e, por conseguinte, 
proporcionar em mais elevado grau a qualidade e coerência das terapêuticas e, além disso, moderar 
os inerentes custos para as famílias e para o Estado, consideramos prioritária a instituição de 
Protocolos Terapêuticos de Medicina Interna. 
A disponibilização de Normas de Orientação Terapêutica aos prescritores, permitirá basear melhor a 
decisão farmacoterapêutica na mais correcta evidência científica e num profundo conhecimento das 
relações risco/benefício e custo efectividade. Obviamente, as normas não podem abranger todas as 
complexidades inerentes a cada indivíduo e não substituem nem podem substituir a imprescindível 
avaliação médica, nem constituem para o médico a única abordagem possível em cada caso. 
Acreditamos que este Manual, servirá de Guia para o tratamento das doenças bem como suporte 
para qualquer dúvida por parte dos profissionais de Saúde, independentemente da sua origem, 
formação ou experiência profissional.
Com este primeiro manual de Protocolos Terapêuticos de 
Medicina Interna, o Ministério da Saúde pretende dar mais um passo rumo à racionalização de 
recursos, bem como à formação em trabalho dos seus profissionais. 
 
 
vi | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | vii 
 
 
 
1CONTEÚDOS 
1. ASMA BRÔNQUICA ...................................................................................................................... 1 
2. DERRAME PLEURAL .................................................................................................................... 5 
3. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA ........................................................................ 8 
4. PNEUMONIAS .............................................................................................................................. 12 
5. FLUXOGRAMA ABCESSO HEPÁTICO ...................................................................................... 21 
6. DISPEPSIA ................................................................................................................................... 23 
7. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA VARICOSA .......................................................................... 27 
8. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NÃO VARICOSA ................................................................. 29 
9. ASCITE NA DOENÇA HEPÁTICA CRÓNICA ............................................................................. 30 
10. HEPATITE B CRÓNICA ........................................................................................................... 37 
11. HIPERTENSÃO ARTERIAL .....................................................................................................41 
12. CRISE HIPERTENSIVA ............................................................................................................ 48 
13. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ................................................................................................... 53 
14. EDEMA AGUDO DO PULMÃO ................................................................................................ 64 
15. TROMBOEMBOLISMO VENOSO............................................................................................ 71 
16. TROMBOEMBOLISMO PULMONAR ...................................................................................... 75 
17. DISLIPIDEMIAS ........................................................................................................................ 80 
18. DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA......................................................................................... 86 
19. FÁRMACOS E INSUFICIÊNCIA RENAL ................................................................................. 88 
20. INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA ............................................................................................ 95 
21. INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA ...................................................................................... 102 
22. INFECÇÃO DO TRACTO URINÁRIO .................................................................................... 116 
23. DIABETES MELLITUS ........................................................................................................... 120 
23.1 CETOACIDOSE DIABÉTICA (CAD) .................................................................................. 123 
23.2 SÍNDROME HIPERGLICÉMICO E HIPEROSMOLAR ...................................................... 131 
23.3 HIPOGLICEMIA .................................................................................................................. 135 
24. DOENÇAS DA TIRÓIDE ........................................................................................................ 137 
25. SÍNDROME CONVULSIVO .................................................................................................... 146 
26. MIELOPATIAS ........................................................................................................................ 149 
26.1 Mononeuropatia ................................................................................................................ 149 
26.2 Mononeuropatia Multiplex ................................................................................................ 149 
27. POLINEUROPATIAS .............................................................................................................. 151 
28. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL .................................................................................... 155 
28.1 ANTIAGREGAÇÃO E HIPOCOAGULAÇÃO NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 162 
28.2 HIPERGLICEMIA NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ........................................... 168 
28.3 HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ................................................................................... 169 
28.4 HIPERTENSÃO ARTERIAL NA FASE AGUDA DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
 172 
28.5 HIPERTERMIA NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ............................................... 173 
28.6 HIPOTENSÃO ARTERIAL NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ............................. 174 
 
viii | Protocolos Terapêuticos 
 
28.7 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: ESTATINAS . 176 
28.8 TROMBÓLISE NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ................................................ 178 
29 ANEMIAS ................................................................................................................................ 182 
30 DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA .................................................................................. 188 
36. ARTRITE REUMATÓIDE ....................................................................................................... 201 
32 INFECÇÕES CUTÂNEAS ...................................................................................................... 205 
33 INFECÇÕES BACTERIANAS OU PIODERMITES ................................................................ 205 
38.1 IMPÉTIGO ........................................................................................................................... 205 
38.2 ECTIMA ............................................................................................................................... 207 
38.3 FOLICULITE ....................................................................................................................... 208 
38.4 FURÚNCULO...................................................................................................................... 209 
39 MICOSES SUPERFICIAIS ..................................................................................................... 211 
39.1 DERMATOFITIAS OU TINEAS .......................................................................................... 211 
39.1.1 Tinea do Couro Cabeludo ........................................................................................... 211 
39.1.2 TINEA DO CORPO OU TINEA CORPORIS ............................................................... 212 
39.1.3 TINEA CRURIS ........................................................................................................... 213 
39.1.4 TINEA DOS PÉS E TINEA DAS MÃOS ..................................................................... 213 
39.1.5 TINEA DAS UNHAS .................................................................................................... 214 
39.2 PITIRÍASE VERSICOLOR .................................................................................................. 216 
39.3 VARICELA .......................................................................................................................... 216 
39.4 HERPES ZOSTER .............................................................................................................. 219 
39.5 SARNA ................................................................................................................................ 220 
40 LARVA MIGRANS CUTANEA ............................................................................................... 224 
41. TUNGUÍASE ........................................................................................................................... 225 
42. MÍASE FURUNCULOIDE ....................................................................................................... 227 
43. PEDICULOSE DO COURO CABELUDO .............................................................................. 229 
44. ACNE ...................................................................................................................................... 231 
45. DERMATITE ATÓPICA .......................................................................................................... 234 
46. PRURIGO ................................................................................................................................ 240 
47. SÍNDROME FEBRIL ............................................................................................................... 244 
48. LINFADENOPATIAS .............................................................................................................. 246 
49. SÉPSIS ................................................................................................................................... 248 
50. PATOLOGIAS MÉDICAS NA GRAVIDEZ E NO PUERPÉRIO ............................................. 256 
51. SÍNDROME METABÓLICO .................................................................................................... 263 
52. DISFAGIA ............................................................................................................................... 269 
53. PANCREATITE AGUDA ........................................................................................................273 
54. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 277 
 
 
Protocolos Terapêuticos | ix 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos |ASMA BRÔNQUICA 1 
 
1.ASMA BRÔNQUICA 
 
Definição 
É uma doença inflamatória crónica das vias aéreas caracterizada por uma hiperreactividade 
brônquica e por uma obstrução variável das vias aéreas, reversível espontaneamente ou sob efeito 
de terapêutica. 
Etiologia 
A crise de Asma pode ser desencadeada por um factor já identificado (frio, mudanças súbitas de 
temperatura ou humidade, exercício, alérgenos, infecção respiratória, tabagismo, poluição e stress 
emocional) ou então por razões não identificadas. 
Manifestações Clínicas 
Dispneia de maior ou menor intensidade, pieira, tosse e ansiedade. 
Retracção dos espaços intercostais durante a inspiração. 
Sibilos dominam na auscultação dos campos pulmonares, estando os tons cardíacos francamente 
acelerados. 
Diagnóstico 
O diagnóstico é clinico. Sendo a Asma um processo inflamatório crónico das vias aéreas que leva à 
hiperreactividade das mesmas ela apresenta-se como um quadro de obstrução generalizada e 
variável que se reflecte em episódios recorrentes de pieira, aperto torácico, dispneia e tosse 
geralmente à noite ou nas primeiras horas da manhã. Estes episódios são geralmente reversíveis 
quer pela acção da terapêutica quer espontaneamente. É importante que se tome em consideração 
que a Asma está muitas vezes associada a outras manifestações de atopia como a rinite alérgica e o 
eczema atópico. Em alguns casos pode-se recorrer a radiografia de tórax, exames laboratoriais, 
provas funcionais respiratórias (espirometria), estudo alergológico, provas de sensibilidade cutânea e 
dosagem da IgE total e específica. Em certas circunstâncias o diagnóstico diferencial com a 
bronquite crónica agudizada ou com o edema pulmonar agudo põe-se com acuidade. 
 
Tratamento 
Principais objectivos do tratamento 
 Controle dos sintomas 
 Prevenção das crises 
 Manutenção da função pulmonar o mais próximo do normal 
 Permitir ao paciente manter uma actividade física compatível com a idade 
 Evitar efeitos adversos da medicação 
 Prevenir o desenvolvimento de uma limitação irreversível do fluxo aéreo 
 Evitar a mortalidade por Asma 
 
A Global Initiative for Asthma, na sua revisão de 2006, orienta para o tratamento ambulatório 
baseado no padrão da Asma e na resposta do paciente às medidas terapêuticas. 
Graus da global initiative for asthma, 2006 
GRAU 0 Utilize o inalador da emergência – salbutamol (s.o.s) e, se necessário, brometo de ipatrópio ou 
albuterol 
GRAU 1 Um medicamento do período de intercrise ou de manutenção (corticoide inalado ou teofilina) 
associado ao inalador de emergência (s.o.s.) 
GRAU 2 Uso de dois inaladores para o período de intercrise (corticoide inalador mais β agonista inalador 
de acção prolongada ou inalador com corticoide + teofilina) associado ao inalador de emergência. 
GRAU 3 Vários medicamentos para a manutenção (inalador com corticoide, inalador com β agonista de 
acção prolongada, corticoide oral) associado ao inalador de emergência 
 
2 | Protocolos Terapêuticos 
 
Tratamento em ambulatório 
 Educação do paciente 
 Prevenção 
 Broncodilatadores 
 Anti-inflamatórios 
 
A - Broncodilatadores 
Inalador broncodilatador de acção curta para ser usado nas agudizações. São fundamentalmente de 
três tipos: 
 Agonistas β adrenérgicos– são os mais potentes broncodilatadores. O início de acção verifica-se 
em poucos minutos atingindo o pico entre os 60 e 90 minutos após a inalação sendo a duração da 
acção de 4 a 6 horas. 
O Salbutamol e a Terbutalina são representantes deste grupo. O uso dos inaladores em S.O.S. 
deve respeitar algumas regras: devem ser feitas duas descargas sendo a primeira seguida 
de uma pausa de 3-5 minutos. O paciente deve expirar longamente seguindo- se uma 
inspiração profunda durante a qual dispara o inalador. Pode ser repetido 4 a 6 horas depois 
Os agonistas β 2 de longa duração têm uma duração de acção que chega às 12 horas. O 
Formoterol tem um início de acção nos primeiros três minutos após a inalação. O Salmeterol 
inicia a sua acção apenas 10 a 20 minutos após a inalação. São utilizados no período inter 
crises associados a corticoides inalados. É desaconselhado o seu uso isoladamente pois 
nestas condições são menos eficazes do que os corticoides inalados. Existem no mercado 
associações de Formoterol+Budenosida e Salmeterol+Fluticasona 1 inalação 2 vezes ao 
dia. 
 Os anticolinérgicos, também administrados por via inalatória. O Brometo de Ipratrópio, derivado da 
atropina é o mais utilizado deste grupo de medicamentos. A sua duração de acção é de 4 a 6 horas. 
Em nebulização pode ser repetido inicialmente de 2/2 horas até 6/6 horas. 
 As Xantinas são também broncodilatadores mas de potência moderada. Os mais utilizados são a 
Teofilina e a Aminofilina. O seu uso está limitado pela sua toxicidade que deixa uma janela de 
segurança muito estreita. Acções secundárias: convulsões, ansiedade, cefaleias, arritmias cardíacas, 
refluxo gastro esofágico, intolerância gástrica. 
B - Antinflamatórios 
Os corticoides são os antinflamatórios utilizados na terapêutica da Asma no período inter-crises e 
nas agudizações 
A sua acção por via inalatória é fundamentalmente local melhorando a função pulmonar e 
prevenindo ou reduzindo a intensidade das agudizações. 
A corticoterapia por via sistémica é efectiva para o tratamento de Asma moderada e grave. Nos 
pacientes tratados em regime ambulatorial a prednisolona é utilizada na dose de 40-60 mg /dia 
inicialmente para ser reduzida em 7 a 14 dias. 
Dose dos medicamentos 
Salbutamol 
Solução respiratória: dose: 2,5 – 5 mg 20/20 min – 1h 
Depois: 2,5 – 1 mg 1/1h - 4/4 h Inalador: 4 – 10 puffs 20/20 min – 4 h 
Depois: 4 – 10 puffs 1/1 - 4/4 h 
Brometo de Ipatrópio 
Solução respiratória: (0,25mg/ampola) dose 0,5 mg 20/20min – 1h.
Depois: 0,5 mg 1/1 – 4/4h. 
Inalador 4 – 10 puffs 20/20 min – 4h. Depois 4 – 10 puffs 1/1 h - 4/4h. 
 
Protocolos Terapêuticos | 3 
 
Prednisolona 
dose 0,5 a 1 mg/kg/dia (se: critérios de gravidade ou ausência de resposta imediata). 
Aminofilina IV 
Indução: 5 – 6 mg/kg IV – 30 min. 
Manutenção: 0,5 – 0,6 mg/kg/h IV. 
 
Tratamento no Serviço de Urgência 
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE GRAVIDADE DA CRISE ASMÁTICA 
CLÍNICA LIGEIRA MODERADA GRAVE INSUFICIÊNCIA 
RESPIRATÓRIA 
Estado de 
consciência 
Pode estar agitado Geralmente 
agitado 
Geralmente 
agitado 
Sonolento ou confuso 
Dificuldade 
Respiratória 
Ao Andar Ao falar Em repouso 
Fala Diz palavras 
completas 
Diz frases 
curtas 
Diz palavras 
soltas 
 
Frequência 
Respiratória 
Normal ou 
aumentada 
Aumentada > 30/ min. 
Cianose Não Possível Possível 
PO2 Geralmente normal > 60 mm Hg < 60 mm Hg 
 
A atitude terapêutica será orientada pela gravidade do quadro clínico. 
A oxigenoterapia a par dos broncodilatadores e dos antinflamatórios corticoides constitui uma 
rotina na solução da crise aguda. 
 
4 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos |DERRAME PLEURAL 5 
 
 
2.DERRAME PLEURAL 
 
Definição 
É a acumulação de liquido no espaço pleural, que surge como complicação duma grande variedade 
de patologias quer primárias da pleura, quer secundárias a lesões do parênquima pulmonar ou a 
doenças sistémicas. 
Etiologia 
Em Moçambique não existem dados estatísticos sobre a etiologia do derrame pleural. Anualmente no 
serviço de Pneumologia do Hospital Central de Maputo são realizadas em média 900 
toracocenteses. A experiência do Serviço de Pneumologia do HCM, mostra que a etiologia mais 
frequente dos derrames pleurais são: a Tuberculose, seguido de Derrame Parapneumónico, 
Sarcoma de Kaposi e secundário a outros tumores. 
Manifestações Clínicas 
Dortorácica pleuritica 
Dispneia (nos DP mais volumosos e nos de formação rápida) 
Tosse seca 
Febre (DP infecciosos) 
Abaulamento do hemotórax 
Desvio do ictus cordis e da traqueia 
Redução da expansibilidade torácica 
Redução ou ausência do frémito toraco-vocal 
Macicez ou submacicez na região afectada 
Redução ou abolição do MV 
Atrito pleural 
Diagnóstico 
Radiológico 
AP, perfil (localizar o derrame), decúbito lateral (diferenciar derrame da pleurite). 
Formas atípicas - subpulmonar, loculado, tumor fantasma. 
Toracocentese 
 Alívio sintomas 
 Caracterização : empiema, quilotórax, hemotórax 
 Estudo do líquido : Exsudato e Transudato 
 
Indicações 
 Diagnóstica: Determinar a etiologia do derrame pleural 
 Terapêutica: Aliviar a dispneia, hipoxémia ou desconforto torácico relacionados com acumulação de 
líquido pleural 
 
 
Contra-Indicações 
 Falta de consentimento e colaboração do paciente 
 Existência de piodermite ou herpes zoster no local 
 Plaquetas < 25.000 
 
6 | Protocolos Terapêuticos 
 
 Pacientes sob hipocoagulação oral (INR>1,5) ou com heparina de baixo peso molecular em dose 
terapêutica 
 
 
Complicações 
Tosse, que ocorre geralmente no final da toracocentese, devido à distensão abrupta dos 
espaços aéreos. Ela pode ser minimizada se forem retirados volumes inferiores a 1.500 ml. 
Reflexo vago-vagal, traduzido por sudorese, desconforto geral e sensação de desmaio, também 
pode ocorrer após a toracocentese. Nesta situação, recomenda-se suspender o 
procedimento e retomá-lo posteriormente. 
Pneumotórax 
Hemotórax, se houver perfuração de algum vaso. 
Infecção pleural ou dos tecidos moles. 
Enfisema subcutâneo. 
Punção de órgão (ex. pulmão, baço, fígado, rim). 
É prudente a realização de uma radiografia de controle após a punção do espaço pleural de forma 
rotineira, com o objectivo de se documentar as condições pós-toracocentese. 
Ecográfico 
Para localizar o derrame para posterior toracocentese nos seguintes casos: 
Derrames pequenos 
Septados 
Diagnóstico diferencial com Espessamento/Fibrina 
 
Tc Torácica 
Estruturas vizinhas (pleura - liquido / sólido, parênquima) 
Biópsia Pleural 
A biópsia pleural está indicada nos casos de derrames recidivantes e ou hemáticos cujo diagnóstico 
ainda não esta esclarecido e contraindicada em caso de falta de consentimento ou colaboração do 
paciente. 
Toracoscopia 
 Para biópsia guiada 
 
Pleurodese 
Consiste na indução (por via mecânica ou química) de um processo inflamatório na superfície pleural, 
que tem como objectivo o encerramento do espaço pleural. Este procedimento é realizado em casos 
de derrames recidivantes. 
 
Indicações 
Derrame pleural maligno recorrente 
Derrame pleural benigno resistente à terapêutica médica 
Pneumotórax primário - 2.º episódio 
Pneumotórax secundário - 1.º episódio 
 
 
Protocolos Terapêuticos |DERRAME PLEURAL 7 
 
 
Contra -indicações 
Dispneia que não melhora após remoção do líquido pleural 
Obstrução do brônquio principal 
Pulmão encarcerado 
Derrame pleural potencialmente reversível com quimioterapia 
PH do líquido pleural < 7,15 ou esperança de vida inferior a 2 meses 
 
 
 
 
Análise do Líquido Pleural 
Glucose 
< 60mg/dl: Artrite reumatóide, Derrame Parapneumónico complicado, 
Derrame pleural maligno, Pleurite tuberculosa, LES e Ruptura esofágica. 
Ph 
<7.2: Derrame Parapneumónico complicado, ruptura esofágica, Artrite 
Reumatoide, Pleurite tuberculosa, derrames neoplásicos, hemotórax, acidose 
sistémica, Lupus Eritematoso Sistémico , urino tórax e síndrome de Churg-
Strauss. 
Hemácias Derrame pleural maligno, traumatismo ou tromboembolismo pulmonar. 
Leucócitos 
>50% PMN: Processo agudo. Infiltrados concomitantes: DPP, embolia 
pulmonar e Ca pulmão. Sem infiltrados: embolia, processos abdominais, 
pleurite viral ou TBC agudas e malignidade. 
>50% MN: Processo crónico .Neoplasia (linfoma) 
Marcadores para 
Tuberculose 
ADA > 30U/L 
Cultura de Bk 
Interferon- gama >140pg/L 
PCR DNA da micobacteria 
Acido Hialurónico Mesotelioma 
Microbiologia, 
gram e cultura 
Derrames parapneumónicos 
 
 
 
8 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
Tratamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA 
 
Definição 
A DPOC é um estado patológico caracterizado por uma limitação do débito aéreo que não é 
totalmente reversível. A limitação ventilatória é geralmente, progressiva e está associada a uma 
resposta inflamatória anómala dos pulmões à inalação de partículas ou gases nocivos. 
 
Etiologia 
Factores relacionados com o hospedeiro: deficiência de alfa-1-antitripsina, híper-reactividade das 
vias aéreas. 
Factores ambientais: fumo do tabaco, exposição significativa a poeiras profissionais e a produtos 
químicos (vapores, produtos irritantes, fumos) e poluição do ar tanto dentro dos edifícios como no 
seu exterior. 
Infecções respiratórias recorrentes na infância. 
 
Manifestações Clínicas 
Graus/ estágios de gravidade da DPOC 
GOLD 1 Ligeira Obstrução moderada das vias aereascom FEV1 /FVC <0.7 e FEV1>80% do 
previsto 
Com ou sem sintomas de tosse e expectoração 
GOLD 2 Moderada Maior Obstrução das vias aéreas com FEV1 /FVC <0.7 e 50% < FEV1< 80% 
do previsto 
Com dispneia para esforço 
Liquido pleural > 10mm na ecografia ou no RX torax em decubito lateral 
Sim 
Não 
Paciente tem ICC? 
Antibioterapia e 
observação=Observação 
Não 
Sim 
Tem derrame pleural , dor torácica ou febre? 
Não Sim 
Toracocentese 
Razão Proteina pleural/sérica >0,5 
 Razão LDH pleural/sérica>0,6 
LDH pleural >200U/L 
 
Diuréticos e 
observação 
 
Se o derrame persistir por 3 
dias 
Não Sim 
Exsudato: 
Pedir citoquímico, citologia, cultura geral e de BK, ADA 
 
Transudato: 
Tratar como ICC, cirrose, síndrome 
nefrótico 
-Linfocitos > 80%/ADA >30 UI -
Tratar como tuberculose 
-Predominio de neutrófilos- tratar 
como Pneumonia 
Se não tem causa 
definida /derrames 
recidivantes 
encaminhar para 
biópsia pleural 
 
Protocolos Terapêuticos |DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA 9 
 
GOLD 3 Grave FEV1 /FVC <0.7 e 30% <FEV1<50% do previsto 
Dispneia em repouso, redução da tolerância ao esforço 
GOLD 4 Muito grave FEV1 /FVC <0.7 e FEV1<30% e insuficiência respiratória crónica 
 
Doenças associadas 
•Enfisema pulmonar: achado histológico que consiste na destruição alveolar 
•Bronquite crónica: presença de tosse e expectoração por um período de 3 meses em 2 anos 
consecutivos e não associado a obstrução das vias aéreas. 
Diagnóstico 
Deve considerar-se um diagnóstico de DPOC em qualquer paciente que apresente sintomas de 
tosse, produção de expectoração, ou dispneia, e/ou uma história de exposição a factores de risco 
desta doença. O diagnóstico é confirmado por espirometria. 
 
 
 
 
Diagnóstico Diferencial da DPOC 
Diagnóstico Características 
DPOC Inicio na meia idade 
Sintomas paulatinamente progressivos 
Tabagismo crónico 
Dispneia em exercício 
Limitação do fluxo aéreo amplamente irreversível 
Asma Surgimento no inicio da vida 
Sintomas variam de um dia para o outro 
Alergia/rinite/ eczema frequentemente presente 
História familiar de Asma 
Limitação do fluxo aéreo amplamente reversível 
Insuficiência 
cardíaca 
Finas crepitações basais na auscultação 
Rx tórax revela dilatação cardíaca e edema pulmonar 
Testes de função pulmonar com restrição de volume e não limitação do fluxo 
aéreo 
Bronquiectasias Grande quantidade de expectoração purulenta 
Comumente associado a infecção bacteriana 
Crepitações grosseiras á auscultação pulmonar/ baqueteamento digital 
Rx/TC tórax mostra dilatação brônquica, espessamento da parede brônquica 
Tuberculose Surgimento em todas as idades 
Raio X de tórax com infiltração pulmonar ou lesões nodulares 
Confirmação microbiológica. Alta prevalência local da tuberculose 
 
Tratamento 
Objectivosdo tratamento 
Reduzir os factores de risco (Exposição ocupacional e poluentes) 
Prevenir a progressão da doença 
Aliviar os sintomas 
Melhorar a tolerância ao exercício 
Melhorar o estado de saúde 
Prevenir e tratar complicações 
Reduzir a mortalidade 
 
Medidas 
Monoterapia com glicocorticóides sistémicos não indicados no tratamento crónico da DPOC 
 
10 | Protocolos Terapêuticos 
 
Mucoliticos não recomendados, excepto a carbocisteina 
Uso de antitússicos contra-indicado 
Oxigenoterapia ( SpO2: 88-92%) 
Broncodilatadores de curta duração (β2 agonistas e anticolinérgicos) 
Corticóides sistémicos ( 30-40 mg de prednisolona) durante 10-14 dias: melhora a função 
pulmonar e a oxigenação arterial e reduz o tempo de internamento 
Antibióticos: se houver sinais de infecção 
Tratar co-morbilidade 
 
Terapêutica da DPOC estável, de acordo com o grau e risco de exacerbações 
 GOLD 1ª linha 2ª linha Alternativa 
A 
GOLD 1 e 2 
< 1 exacerbação/ ano 
Anticolinérgicos 
Ou β2 agonistas de 
curta acção em SOS 
Anticolinérgicos ou 
β2 agonistas de 
longa acção ou 
Anticolinérgicos + β2 
agonistas 
Teofilina 
B GOLD 1 e 2 
< 1 exacerbação/ano 
+ sintomas 
Anticolinérgicos ou β2 
agonistas de longa 
acção 
Anticolinérgicos + β2 
agonistas de longa 
acção 
Anticolinérgicos e/ou 
β2 agonistas de curta 
acção 
C 
GOLD 3 e 4 
> 2 
exacerbações/ano 
 
Corticoide inalador + 
β2 agonistas de longa 
acção ou 
anticolinérgico 
Anticolinérgicos + β2 
agonistas de longa 
acção 
Inibidor da 
fosfodiesterase 
Anticolinérgicos ou 
β2 agonistas de curta 
acção 
Teofilina 
D 
GOLD 3 e 4 
>2 exacerbações/ano 
+ sintomas 
 
Corticoide inalador + 
β2 agonistas de longa 
acção ou 
anticolinérgico longa 
acção 
Corticoide inalador 
+ β2 agonistas de 
longa acção + 
anticolinérgico OU 
Corticoide inalador + 
anticolinérgico de 
longa acção OU 
Anticolinérgico + β2 
agonistas de longa 
acção 
Carbocisteina 
Anticolinérgico ou β2 
agonistas de longa 
acção 
Teofilina 
 
 
Protocolos Terapêuticos |DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA 11 
 
 
12 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
4.PNEUMONIAS 
 
Classificação 
 
As pneumonias podem ser classificadas em: 
Pneumonia adquirida na comunidade (PAC) - Inflamação aguda do parênquima pulmonar de 
origem infecciosa, adquirida em ambulatório. 
Pneumonia associadas a serviços de saúde ou nosocomial ou hospitalar (PNH) - Surge ≥ 48 
horas após internamento e até 10 dias após alta, e que não estava em incubação na altura da 
admissão. Pneumonias adquiridas nos hospitais, associadas ao ventilador ou a cuidados de 
saúde 
Pneumonias em imunodeprimidos 
 
Etiologia 
Há vários factores que facilitam a ocorrência das pneumonias, nomeadamente alcoolismo, 
malnutrição, demência, doença pulmonar obstrutiva crónica, diabetes mellitus, cirrose hepática, 
insuficiência cardíaca e infecção por HIV. Na literatura em geral está referido que cerca de dois 
terços das pneumonias agudas adquiridas na comunidade são causadas pelo Streptococcus 
pneumoniae. Outros agentes como os Haemophilus influenzae, Chlamydia pneumoniae, 
Mycoplasma pneumoniae têm responsabilidades também neste quadro. Em pacientes mais idosos 
com doença pulmonar crónica subjacente a Legionella pneumophila ou o Haemophilus influenzae 
podem ser causa de pneumonias agudas adquiridas na comunidade. Quando as pneumonias são 
adquiridas em meio hospitalar são em geral outros agentes identificados (Anaeróbios, Bacilos 
entéricos gram negativos, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa). 
 
Agentes Etiológicos Associados a Condições Específicas 
HIV 
oPneumocystis juvenil 
oMycobacterium tuberculosis 
oCryptococcus 
oHistoplasmosis 
Pacientes submetidos a transplante 
oFungos (Aspergillosis, Cryptococcus, Histoplasmosis) 
oNocardia 
oCMV 
PACIENTES NEUTROPÉNICOS 
oFungos ( Aspergillosis) 
oGram-negatives 
PRINCIPAIS AGENTES BACTERIANOS 
PAC 
S.pneumoniae 
Mycoplasma pneumoniae 
Chlamydophila psittaci or pneumoniae 
Legionella pneumophila 
Haemophilus influenzae 
Moraxella catarrhalis 
Staphylococcus aureus 
 
Protocolos Terapêuticos |PNEUMONIAS 13 
 
Nocardia 
Influenza/RSV/CMV 
Histoplasma, Coccidioides, Blastomycosis 
PNH E OUTRAS 
Pseudomonas aeruginosa 
Staphylococcus aureus 
Klebsiella pneumoniae 
Acinetobacter baumanii 
Patógenos mais comuns em PAC (ordem decrescente) 
PAC ambulatorial Internados não em UTI Internados em UTI 
S. pneumoniae S. pneumonia S. pneumoniae 
M. pneumoniae M. pneumonia Bacilos gram negativos 
C. pneumoniae C. pneumonia H. influenza 
Virus respiratórios Virus respiratórios Legionella sp 
H. influenza H. influenza S. Aureus 
 Legionella sp 
 
Manifestações Clínicas 
CRITÉRIOS DE INTERNAMENTO 
clínicos 
Alteração do estado de consciência 
Temperatura < 35 ou > 40oC 
FR > 30 por min 
FC > 125 por min 
TAS < 90 ou TAD < 60 
Presença de comorbilidade significativa 
Com complicações da infecção (empiema, pericardite, artrite, meningite etc) 
laboratoriais ou imagiológicos 
Glóbulos brancos < 4 000 ou > 20 000 
Hemoglobina < 9,0 ou Htc < 30% 
Ureia > 60 
Alteração de coagulação sugerindo CIVD 
Envolvimento multilobar, cavitação ou derrames 
Acidose (pH < 7,35) 
PaO2 < 60 mmHg ou PaCO2 > 45 mmHg (na ausência de retenção crónica) com FiO2 a 21% 
Outros critérios 
Ausência de via oral 
Factores sociais 
Na presença de 1 critério – ponderar internamento; Na presença de 2 critérios – indicar internamento 
Diagnóstico 
 
 
14 | Protocolos Terapêuticos 
 
O diagnóstico das pneumonias deve ser estabelecido por meio de uma clinica sugestiva e meios 
auxiliares de diagnóstico. Isto permitirá avaliar a gravidade da doença e identificar o agente 
patogénico responsável considerando: 
Sintomas respiratórios 
Exame objectivo sugestivo 
Rx do tórax: 
presença co morbidades como tumorações ou alargamentos hilares ou mediastinais; 
presença de complicações, como derrame pleural e pneumotórax. 
 
 
Contudo a RX do tórax não deve ser tomada como critério único de decisão uma vez que quando o 
diagnóstico pelo exame físico é muito sugestivo e a radiografia de tórax não se apresenta com o 
padrão esperado não se deve alterar a conduta tendo em conta que esta não prevê o agente 
etiológico. Em caso de: 
 
PAC 
É opcional 
Contribui para o diagnóstico diferencial: bronquites e rinossinusites agudas. 
Esclarece caso de PAC que não respondem ao tratamento. 
Contribui para o estudo do paciente de risco para outras patologias como CA do pulmão 
 
PACIENTE INTERNADO 
Contribui para o diagnóstico: tuberculose ou micoses profundas; A TB e PCP em HIV 
confundem diagnóstico. 
Permite avaliar a gravidade e extensão da lesão: MAS A DPOC, ICC e as neoplasias 
pulmonares. 
Decidir sobre o inicio da antibioterapia nas primeiras 4 horas após admissão. 
 
 
 
Diagnóstico de PAC em HIV 
infiltrado 
intersticial/ Difuso
CONSOLIDAÇÃO
SINTOMAS
RX TÓRAX
Pneumonia?
sinais vtais alterados
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS:
- Tosse - dor torácica
- febre - taquicardia
- expectoração
E
S
T
A
B
E
L
E
C
E
N
D
O
DIAGNÓ
STICO
PAC em HIV
2/14/2014
24SATS 2007 
 
 
Protocolos Terapêuticos |PNEUMONIAS 15 
 
SUSPEITA
PCP
SUSPEITA
AGENTS BACTER
COMUNS 
PESQUISA DE 
PCP
TB
GRAM
CULTURA
HEMOCULTUR
A
INVESTIGAR
TTT
EMPIRICO
PCP
TTT
EMPIRICO DE 
PAC,
GRAM
CULTURA
HEMOCULT
URA
Adaptado de Feldam C. Bacterial PNM in HIV. CME 2001;
CONSOLIDAÇÃOINFILTRADO 
DIFUSO
INVESTIGAR
1/29/2014
25 
Diagnóstico etiológico 
Gram/cultura/TSA (expectoração e outras amostras, LBA, indução expectoração) 
BK, Gxpert, imunofluorescência para PCP 
Hemocultura 
Antígenos urinários e testes serológicos 
Exame da expectoração 
NA COMUNIDADE 
oAusência de resposta ao tratamento empírico 
oTosse por maisde 2 semanas (despiste de TB) 
NO HOSPITAL 
PAC moderada a grave 
co morbidades como diabetes, idade, IR, DPOC, HIV 
Hemocultura 
Pacientes hospitalizados com pac moderada/grave. 
Antígenos na urina 
Para pneumococoe legionella 
PAC moderada/grave. 
Exames simples, rápidos e não influenciáveis pelo uso de antibióticos. 
A sua sensibilidade varia de 70% a 90%, com especificidade próxima de 100%. 
Custos elevados 
Marcadores da Inflamação 
PROTEÍNA C REACTIVA. valor prognóstico no acompanhamento do tratamento.: níveis 
elevados após 3-4 dias de tratamento e uma redução inferior a 50% do valor inicial sugere 
pior prognóstico ou surgimento de complicações 
PROCALCITONINA -marcador de actividade inflamatória (melhor marcador da gravidade do 
que PCR). 
Exames em pacientes hospitalizados 
Microbiologia na expectoração. 
Hemoculturas. 
Antígenos na urina, para pneumococoe legionella. 
PCR e Testes serológicos para “Patógenos atípicos” na fase aguda C. pneum., Myco., 
Legionella spp (principalmente indicado casos sem resposta ao TRATAMENTO e surtos). 
Broncoscopia/outras técnicas. 
 
Racionalização dos métodos de diagnóstico 
ETIOLOGIA AVALIAÇÃO 
 
16 | Protocolos Terapêuticos 
 
PAC 
AMBULATÓRIO 
Testes desnecessários 
Rx do tórax opcional 
PAC 
ENFERMARIA 
Gram/cultura expectoração 
Rx do tórax 
Avaliar hemocultura 
Toracocentese se dpl 
Ag na urina pneumococus/legionella 
(pacs graves e sem resposta ao 
tratamento) 
Testes serológicos 
MANUSEIOCO 
MORBIDADES 
•Hemograma, 
•ureia/creatinina, electrólitos 
•Glicemia 
•Transaminases 
•HIV 
•SO2 
•Gasimetria se SO<92% 
PAC NA UCI Todos os anteriores 
Broncoscopia ou aspirado traqueal na 
ent traqueal e culturas das s. 
brônquicas 
Todos anteriores 
Ventilação assistida ?? 
 
 
 
Indicadores de gravidade das PAC 
Ferramentas para estratificação de risco no sentido de prever: Mortalidade; Avaliar a gravidade dos 
pacientes adultos com PAC; Ajudar a tomar decisões em relação ao local de Tratamento dos 
pacientes.Para o efeito existem vários consensos : 
PSI (Crit. de Fine) – mortalidade; 
CURB 65 (CRB 65) – gravidade; 
 
CURB-65 (CRB-65) (Cada parâmetro do score vale 1 ponto) 
C- Confusão; 
U- UREIA> 7 mmol/L; 
R- FR> 30c/m; 
B- TAS< 90 mmHg; ou PAD  60 mmHg 
IDADE  65 anos 
 
Critérios de Ewing – índice de UCI 
SCORE GRAVIDADE MANUSEIO MORTALIDADE 
0-1 LEVE AMBULATÓRIO 1, 5% 
2 MODERADA OBSERVACÇÃO INICIAL 
HOSPITAL 
9,2 % 
> 3 GRAVE INTERNAMENTO 22% 
4-5 GRAVEMENTE 
PACIENTE 
UCI 31% 
 
Tratamento 
Princípios do Tratamento 
Conhecer os padrões locais da resistência 
Empírica dirigida para os agentes prevalentes 
Início da antibioterapia rápido (4-8 hrs) 
 
Protocolos Terapêuticos |PNEUMONIAS 17 
 
Uso de antibióticos isolados ou em associação 
 
Na escolha do Esquema do Tratamento considerar 
local de origem; 
gravidade da apresentação; 
custos. 
TERAPÊUTICA ADEQUADA
ANTIBIÓTICO ADEQUADO
Rápida Redução do inóculo
bacteriano
Redução da resposta inflamatória
ANTIBIÓTICO INADEQUADO
Aumento da proliferação 
bacteriana
Seleção de germes resistentes
MORTALIDADE
2/1/2014
44
 
 
DOENTE 
ambulatorio,
sem
comorbidades
Hospitalizado, 
UCI
DOENTE 
ambulatorio
com co 
morbidades
Hospitalizado, 
enfermaria
S pneumoniae
M pneumoniae
C pneumoniae
H influenzae
S pneumoniaea
M pneumoniae
C pneumoniae 
H influenzae
B Entérico GN
S pneumoniaea
M pneumoniae 
C pneumoniae 
H influenzae
B Entérico GN 
Legionella spp
Anaerórios 
S pneumoniaea
M pneumoniae
H influenzae 
B Entérico GN
Legionella spp
S aureus
P aeruginosa< 5%
mortalidade < 5% mortalidade,

20%hospitalização
5-25% 
mortalidade
 50% 
mortalidade
a Incluindo pneumocócito resistente a 
medicamentos.
American Thoracic Society. Am J Respir Crit Care Med. 2007;163:1730-54.2/1/2014
49
 
 
 
 
 
 
 
18 | Protocolos Terapêuticos 
 
Tratamento das PAC 
Decisão de 
internar de 
acordo com 
critérios
TTT
AMBULAT
ÓRIO
INTERNAME
NTO
Jovem sem co 
morbidades
Amoxacilina doses altas 1g 8/8h
±
Macrólidos/doxiciclina
IDADE > 65 ANOS
±Com co morbidades
Amoxa clavula ou cefalo
2ªG
+
Macrólidos/doxiciclina
Alternativa quinolona
CURB 65
4-5CURB 65
2-4
Sem co 
morbidades>
>65 anos
Penicilina G 
ou
Amoxacil/am
picilina
± macrólido
Altern quinolon
Com
Morbida
>65 ano
Amoxacilina
clavula ou 2ª ou
3ª G cefalosp
±
Macróli
Alternat
quinolona
UCI
Amoxacilina
clavula ou 2ª 
ou 3ª G 
cefalosp
E
AMINOGLIC
±
MACRÓLIDO
Alterna
quinolona
Adaptado GUiDELINE RSA 2009
2/1/2014
50 
 Ciprofloxacina ev 400 mg 2xs ao dia + Gentamicina ev 9 
320 mg/dia)
 OU
 Ciprofloxacina Ev 400 mg 2xs ao dia + Imipenem ( 500 
mg ev 6/6 hs)/ Meropenem 
 ( 1g ev 6/6hs) OU
 Ciprofloxacina ev 400 mg 2xs + cefepime 
 ( 2g12/12hs), Ceftazidime ev (1-2 g 8/8hs) 
 OU
 Ceftazidime + gentam ev ( 320 mg/dia+ macrólido 
 ( eritro ev 1g 6/6 hs ou claritro ev 500 mg 12/12 hs)
2/1/2014
57
 
Factores de Risco Pa Pseudomonas 
• Surge em 10% das PAC de pacientes internados 
• Aspiração provável 
• Internamento prévio hospitalar 
• Uso de Antibióticos e/ou corticoesteróides 
• Neutropénia 
• Outras co-morbidades (bronquiectasias, CD4 <100, …) 
 
A RACIONALIZACÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS É FUNDAMENTAL 
Beta lactâmicos 
Os penicilinas 
Actividade limitada aos G+s, 
e agentes com actividade 
Inactivos para M. e C. 
Pneumoniae, legionella. 
Actividade contra S. 
Pneumoniae 
Parenteral 
Penicilina G 2-4 milhões 6/6 h 
Ampicilina ou Amoxa 1-2 g de 
6/6h 
 
Protocolos Terapêuticos |PNEUMONIAS 19 
 
contra vários bacilos GN Amoxa clavulamico 1-2 g 8/8 h 
Ou Amoxicilina 1g 8/8 h 
Cefalosporinas 
Com a progressão das 
gerações aumenta actividade 
contra GN 
Mais eficazes contra o S. 
Pneumoniae e a 2ª G cobre 
S. Aureus e 3ª cobre G-s 
Parenteral 
2ª G Cefuroxima 1,5g 8/8h 
3ª G Cefotaxima 2-4g/d 8/8h, 
Ceftriaxona 1-2g 12/12 máx. 4g/d 
ou 1x/dia 
Ou Cefuroxima 752 mg – 1000 
12/12h, Cefpodoxime 400 mg/dia 
O Clavulanato 
Associado á Amoxicilina 
Penicilinas + inibidores beta 
lactamase activos contra: H. 
Influenza, anaeróbicos, M. 
catarrhalis 
Amoxicilina clavulamico 1g 
12/12h ou 625 8/8 h 
Carbapenémicos 
Meropenem 
Imipenem 
Activos contra germes 
aeróbios, anaeróbios, G+s e 
GN; spneumo, pseudo, H. 
Influen. 
Reservado PAC por GN 
 
 
Tempo de Tratamento 
O tempo de tratamento depende: Idade> 65, co-morbilidades, bacteriémia, gravidade inicial e 
evolução da doença e características específicas dos fármacos utilizados 
Paciente tratado em ambulatório: 7-10 dias. 
PNM por ”agentes atípicos”: 2 semanas. 
Paciente internado em enfermaria: 10-14 dias. 
Pacientes internados em UCI ou com pneumonias nosocomiais: pode chegar a 21 dias. 
 
Seguimento (Resposta Esperada) 
Melhoria clínica ao fim de 48-72 hrs. 
Febre pode permanecer por 2-5 dias na PNM Pneumocócica e pouco mais no caso de Staph 
aureus. 
Causas de escassa resposta ao tratamento 
Tratamento inadequado 
Considerar outros agentes patogénicos menos frequentes 
Tuberculose 
Complicações da PAC (atelectasia, empiema, DPL, sepsis, etc). 
Considerar diagnóstico sem doença infecciosa (Ca do pulmão, sarcoidose, TEP?). 
Considerar fibroscopia. 
 
 
Controlo radiológico durante e após o tratamento da PAC 
Nas formas não graves de PAC e com boa evolução clínica não há necessidade de RX do 
Tórax de controlo durante o tratamento nem no final. 
Este controle é recomendado nos pacientes com mais de 50 anos, em fumantes, se persistirem 
sintomas ou sinais no exame físico e quando diagnósticos diferenciais foram considerados. 
Por outro lado, nos pacientes graves (sobretudo internados) ou com deterioração clínica após 
início do tratamento, radiografiasperiódicas devem ser solicitados, monitorando a extensão 
do quadro e o possível surgimento de complicações. 
 
Resolução Rx do Torax 
Se for um paciente saudável e com idade <50 anos, 60% têm RX sem alterações ao fim de 4 
semanas 
 
20 | Protocolos Terapêuticos 
 
Se Idade> 65, DPOC, alcoolemia, bacteriemia apenas 25% têm RX limpo ao fim de 4 semanas. 
 
 
 
 
 
 
21 FLUXOGRAMA ABCESSO HEPÁTICO | Protocolos Terapêuticos 
 
5.FLUXOGRAMA ABCESSO HEPÁTICO 
História clínica ( tríade: febre, dor no 
hipocondrio direito, hepatomegalia + sintomas 
associados +co-morbilidades) 
Hemograma+VS 
Bioquimica completa 
Ecografia abdominal 
 Amebiano 
 
 Piogénico 
Abcesso único 
Drenagem percutânea ( abcesso > 150cm3 ou não 
mellhora com antibióticos) 
Drenagem cirúrgica( falha na drenagem percutânea, 
difícil acesso, ruptura) 
 

 
Metronidazol 750mg VO ou 500mg IV (35-50 
mg/kg/dia) 8/8h- 10 dias ou 
Tinidazol (2g VO 1x/dia)- 3 a 5 dias ou 
Secnidazol (500mg VO 8/8h)- 5 dias 
 
 
 
Cefalotina (150‑ 200mg/mg/dia IV 6/6h) + 
Gentamicina (3 -5 mg/kg/dia IV ou IM 
1x/dia) + Metronidazol (35 mg/kg/dia IV ou 
VO, 8/8h ou 12/12h)- 3 a 4 semanas 
 
 
 
Sim Não 
 
22 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos |DISPEPSIA 23 
 
 
6.DISPEPSIA 
 
Definição 
De acordo com os critérios de Roma III, dispepsia é definida como um ou mais dos seguintes 
sintomas: 
Enfartamento pós-prandial (classificada como síndrome do desconforto pós-prandial); 
Saciedade precoce (incapacidade de terminar uma refeição de tamanho normal também 
classificada como síndrome do desconforto pós-prandial); 
Dor ou desconforto epigástrico (classificada como síndrome de dor epigástrica) . 
 
Etiologia 
A dispepsia pode ser: 
 
Orgânica 
Quando apresenta como causa uma doença orgânica subjacente (cerca de 25%). 
 
Causas Gastrointestinais (G.I) mais comuns 
Úlcera péptica (úlcera gástrica, úlcera duodenal) 
Medicamentos: AINES, Ferro, digoxina, teofilina, eritromicina, potássio, etc. 
 
Causas G.I menos comuns 
Cancro gástrico 
Colelitíase 
Pacientes diabéticos com gastroparésia e/ou dismotilidade gástrica 
Pancreatite crónica 
Cancro do pâncreas 
Patologia do tracto digestivo inferior (p ex. cancro do cólon) 
Cirurgia gástrica 
Obstrução parcial do intestino delgado 
Doenças infiltrativas do estômago ou do intestino grosso 
Doença Celíaca 
Cancro do fígado 
 
Causas extra G.I. 
Transtornos metabólicos (urémia, hipocalcémia, hipotiroidismo) 
Síndromes da parede abdominal 
 
Funcional (idiopática ou não ulcerosa) 
Quando não se identifica a causa (cerca de 75%). A causa da dispepsia funcional não está bem 
estabelecida, mas existem evidências para: Susceptibilidade genética, infecção pelo 
Helicobacter pylori e factores psicosociais (Stress, ansiedade, etc.). 
 
teste de Serologia para o Helicobacter pylori, não deve ser usado para monitorar a eficácia 
terapêutica após o tratamento de erradicação, uma vez que os anticorpos permanecem no 
soro por muito tempo, mesmo se a terapêutica for eficaz. 
 
 
24 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
Tratamento da Dispepsia Funcional 
Muito importante o paciente prestar atenção aos efeitos após ingestão de certos alimentos. Os 
alimentos que precipitam sintomas podem ser evitados. A eficácia da terapia dietética não foi 
estabelecida, mas pode ajudar em alguns casos: 
Evitar refeições de alto teor de gordura, picantes e ácidos e tabaco; 
Ingerir refeições menores e mais frequentes durante o dia; 
O café pode agravar os sintomas e, em alguns casos, se implicado, deve ser evitado. 
Existem dados muito limitados para apoiar o uso de preparações à base de plantas, 
simeticone, e doses baixas de antidepressivos tricíclicos em dispepsia funcional. 
Bismuto, sucralfato, e antiespasmódicos não têm benefícios estabelecidos sobre o placebo 
na dispepsia funcional. 
 
Protocolos Terapêuticos |DISPEPSIA 25 
 
Hipnoterapia, psicoterapia e terapia cognitivo-comportamental são suportados por estudos 
limitados, mas não devem ser recomendados na generalidade actualmente (Somente em 
casos específicos). 
Cessação do tabagismo e consumo de álcool pode ser útil, sem evidência convincente da 
eficácia. 
 
Tratamento de Erradicação do H. pylori 
1ª Linha IBP 20mg 2x/d + Claritromicina 500mg 2x/dia + Amoxicilina 1g 2x/dia por 7-10 dias 
1ª Linha IBP 20mg 2x/d + Claritromicina 500mg 2x/dia + Metronidazol 500mg 2x/d por 7-10 dias* 
1ª Linha IBP 20mg 2x/d + Metronidazol 500mg 2x/d + Tetraciclina 500mg 4x/d por 7-10 dias** 
2ª Linha IBP 20mg 2x/d+ Levofloxacina 500 mg 1x/d + Amoxicilina 1g 2x/d por 10 dias 
3ª Linha Baseado em teste de sensibilidade de antibióticos 
 
Em pacientes com baixa compliance ou alta possibilidade de efeitos colaterais aos 
medicamentos pode se optar por tratamento sequencial. 
Avaliar a adesão ao tratamento. 
 
Exemplo de terapia sequencial: 
1º IBP 20 mg 2x/d +Claritromicina 500mg 2x/d por 5 dias, seguido de 
2º IBP 20 mg 2x/d +Amoxicilina 1g 2x/d por 5 dias. 
 
*Alergia as penicilinas. 
**Alta resistência a claritromicina e alergia a penicilinas. 
 
 
 
26 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos |HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA VARICOSA 27 
 
 
7.HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA VARICOSA 
 
Definição 
Sangramento proveniente do tubo digestivo, acima do ângulo de Treitz, frequentemente associado a 
rotura de varizes esofágicas, gástricas, gastropatia da hipertensão portal ou varizes ectópicas. 
Etiologia 
Hepatopatias crónicas que culminam em cirrose hepática, fibrose hepática de qualquer origem, 
trombose da veia porta, trombose da veia esplénica, síndrome de Budd Chiari, Sindrome da Veia 
Cava Inferior, tumores etc. 
Manifestações Clínicas 
Melenas, Hematemese, Anemia 
 
Diagnóstico 
Exame físico: sinais e sintomas associados a patologia de base, ascite, alteração do tamanho 
do fígado, circulação colateral, esplenomegália, edema, ginecomastia, encefalopatia 
hepática, hipertrofia das parótidas. 
 
Exames laboratoriais 
Gerais: Hemograma, Função Hepática, Função Renal, Coagulograma 
Específicos; com vista a fazer o diagnóstico da doença de base: Biópsia Rectal 
Exames imagiológicos 
 Ecografia Abdominal com ou sem Doppler venoso 
 Endoscopia Digestiva Alta 
 
Classificacção das Varizes Esofagicas 
Varizes esofágicas (Paquet) 
Grau I: Protusão mínima 
Grau II: Protusão de cerca de 25% do lúmen 
Grau III: Protusão de cerca de 50% do lúmen 
Grau IV: mais de 50% 
 
Drogas vasoactivas 
Fármaco Doses 
Vasopressina 20U em 200ml de Nacl 0.9% 15-20 min Dose de manutenção 
180UI em 1000ml SF 8/8h 
Somatostatina 250 μg em bolus. Seguido de infusão de 250–500 μg/h 
Terlipressina 2 mg EV de 4/4hrs nas 1ª 48hrs. Seguido de 1 mg de 4/4hrs até 
3 dias. 2mg>70 kg; 1,5 mg peso entre 50-70kg e 1mg < 50 kg 
Octreotide 50 μg bolus. Seguido de infusão de 50 μg/h 
Vapreotide 50 μg bolus. Seguido de infusão de 50 μg/h 
 
Critérios de Baveno II-III 
 
Falência de controle de sangramento em 6 h 
oUso de > 4 unidades de GV 
oIncapacidade de aumentar PAS > 20 mmHg do basal ou > 70 mmHg 
oIncapacidade de reduzir FC em 20 bpm do basal ou < 100 bpm 
Falência de controle de sangramento após 6 h 
História clínica ( tríade: febre, dor no 
hipocondrio direito, hepatomegalia + sintomas 
associados +co-morbilidades) 
Hemograma+VS 
Bioquimica completa 
Ecografia abdominal 
 Amebiano 
 
 Piogénico 
Abcesso único 
Drenagem percutânea ( abcesso > 150cm3 ou não 
mellhora com antibióticos) 
Drenagem cirúrgica( falha na drenagem percutânea, 
difícil acesso, ruptura) 
 

 
Metronidazol 750mg VO ou 500mg IV (35-50 
mg/kg/dia) 8/8h- 10 dias ou 
Tinidazol (2g VO 1x/dia)- 3 a 5 dias ou 
Secnidazol (500mg VO 8/8h)- 5 dias 
 
 
 
Cefalotina (150‑ 200mg/mg/dia IV 6/6h) + 
Gentamicina (3 -5 mg/kg/dia IV ou IM 
1x/dia) + Metronidazol (35mg/kg/dia IV ou 
VO, 8/8h ou 12/12h)- 3 a 4 semanas 
 
 
 
Sim Não 
 
28 | Protocolos Terapêuticos 
 
oHematemese 
oRedução > 20 mmHg em PAS após período de 6 h 
oAumento > 20 bpm em FC após período de 6 h em duas tomadas consecutivas dentro 
de 1 h 
oUso de > 2 unidades e papa para manter Htc > 27% e Hb > 9 g/dl 
 
 
Protocolos Terapêuticos |HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NÃO VARICOSA 29 
 
 
8.HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NÃO VARICOSA 
 
Definição 
Qualquer hemorragia digestiva que ocorra acima do ângulo de Treitz (esofágo, estômago e duodeno) 
podendo apresentar-se sob a forma de hematemeses e melenas de causa não varicosa. 
 
Etiologia 
Causas comuns 
Úlcera péptica 
Síndrome de Mallory- Weiss 
Esofagite 
Duodenite 
Neoplasias 
 
 Causas raras 
Discrasias sanguíneas 
Fístula aorto-entérica 
Angiodisplasia 
Hemofilia 
Lesão de Dieulafoy 
Divertículo de Meckel 
 
 
Diagnóstico 
Anamnese- hematemeses e melenas 
Exame físico: 
-Vasoconstrição periférica (pele fria e húmida) 
-Palidez 
-Taquicardia (pulso> 100 bpm) 
-Hipotensão (PAS <100 bpm) 
-Hipotensão postural 
-Baixo débito urinário <25 ml/h 
-Diminuição do nível de consciência 
 
Exames complementares 
Endoscopia Digestiva Alta (EDA) 
Cápsula Endoscópica (hemorragias ocultas). 
 
 
FLUXOGRAMA DA HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NÃO VARICOSA 
 
30 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
1. IBP 
 Bolus-80 mg 
 Infusão- 80mg em 200ml Nacl 0.9%, 8mg/hora por 72 h. 
 
2. Injecção de solução de adrenalina 1:10.000. 
 
3. Tratamento de Erradicação do Helicobacter pylori: (vide fluxograma de Síndrome dispéptico). 
9.ASCITE NA DOENÇA HEPÁTICA CRÓNICA 
HDA 
Garantir o ABC (vias aéreas, reposição 
Hídrica) 
Hemograma completo ( TP, INR, 
U, Cr) 
 
Paciente instável e/ou 
Sangramento activo Paciente estabilizado 
Endoscopia logo que 
possível 
Hemostasia endoscópica 
esclerose com adrenalina 
(1:10000) 
 
Recidiva 
Hemorrágica 
 IBP bolus + infusão contínua à admissão; 
Sonda nasogástrica ; Eritromicina ( pré endoscópia) 250 
mg EV D.U 
 
Lesão não 
identificada 
 
Úlcera sangrante ou 
coto vascular 
 
 
IBP 40mg/ dia + 
Erradicação do H. 
Pylori 
 
Estabilizar o doente 
Manter o doente 
monitorizado+IBP 
P 
Lesão identificada 
Tratamento endoscópico 
sempre que possível 
 
2ª Endoscopia ou 
Cirurgia 
(Função do quadro 
clínico) 
 
Protocolos Terapêuticos |ASCITE NA DOENÇA HEPÁTICA CRÓNICA 31 
 
Definição 
Ascite- acumulação de líquido na cavidade peritoneal. 
Ascite Refractária- definida como sobrecarga hídrica não responsiva à restrição dietética de 
sódio e uso de diuréticos em dose máxima (furosemida + espironolactona), na ausência de 
uso de inibidores das prostaglandinas, como antiinflamatórios não esteroidais. 
 
Critérios de falência a terapia diurética 
Pouca ou nenhuma perda de peso; 
 Com excreção inadequada de sódio urinário (< 78 mmol/dia). 
 
Etiologia 
Existem numerosas causas de ascite na doença hepática crónica sendo as principais: 
Hipertensão portal: cirrose hepática de qualquer etiologia, doença hepática veno-oclusiva 
(Sindrome de Budd Chiari), Shistosomiase hepática. 
Hipoalbuminémia: insuficiência hepática (por déficit de síntese de albumina). 
 
Manifestações clínicas 
Os pacientes apresentam tipicamente distensão abdominal progressiva que pode estar associada a 
desconforto, dificuldade respiratória e ganho de peso. 
Sintomas- distensão abdominal, sintomas associados a descompensação hepática como 
confusão mental ou evidência de hemorragia gastrointestinal. 
Sinais- sinal de onda líquida positivo, macicez móvel a percussão, estigmas de doença hepática 
crónica: arranhas vasculares, eritema palmar, circulação colateral abdominal, icterícia, atrofia 
muscular, ginecomastia, leuconiquia, alargamento das parótidas ( na doença alcoolica). 
 
Classificacção da ascite 
Grau 1- ligeira, detectável somente por ecografia; 
Grau 2- moderada, caracterizada por moderada distensão simétrica do abdómen; 
Grau 3- Severa, caracterizada por marcada distensão abdominal. 
Diagnóstico 
Exame físico 
Laboratorial 
Paracentese diagnóstica para determinar as características do líquido. Colheita em 4 frascos para: 
Citoquímico- contagem celular e diferencial, proteínas, glicose, Lactato desidrogenase e amilase 
Exame bacteriológico e cultura com teste de sensibilidade 
Pesquisa de BK – exame directo e cultura 
Pesquisa de células neoplásicas 
 
32 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
Tipo de Líquido Transudato Exsudato 
Patogénese Aumento da pressão 
Hidrostática 
Diminuição da pressão 
oncótica 
Aumento da permeabilidade capilar 
Diminuição da absorção linfática 
Aspecto Claro Turvo 
Cor Amarelo pálido Variável (amarelo, vermelho, 
esverdeado) 
Coagula espontaneamente Não Variável 
Contagem de Leucócitos < 500 cel/ µL 
 <250 PMN 
>500cel/ µL 
>250 PMN 
Contagem diferencial Predomínio de células 
mononucleares 
Inicialmente predomínio de 
neutrófilos; 
Tardiamente predomínio de 
mononucleares 
Proteínas 
<2.5 g/dL 
≥2.5 g/dL 
 
Ecografia abdominal- mostra acumulação de líquido no espaço de Morrison, espaço subhepático 
posterior e no fundo saco de Douglas e em caso de doença hepática crónica poderá mostrar ou não 
sinais de hipertensão portal. 
 
Conduta Terapêutica 
Diuréticos 
1. Espironolactona: 100 mg/dia até dose máxima de 400 mg/dia. 
2. Furosemida: 20-40 mg/dia até dose máxima 80 mg/dia. 
Outros 
 Albumina humana a 20 % (paracentese de grande 
volume, >5 litros), 8 g/ litro durante ou depois da paracentese. 
 Recomendação: Plasmagel/ hemacel/ Soro fisiológico 
500 ml (paracentese de médio volume, 3-4 litros) 
 
 
Indicações para a interrupção dos diuréticos 
 Encefalopatia 
 Sódio sérico <120 mmol/L apesar de restrição hídrica 
 Creatinina sérica > 176 mmol/l 
 
Protocolos Terapêuticos |ASCITE NA DOENÇA HEPÁTICA CRÓNICA 33 
 
 Hipercalemia e acidose metabólica (pela 
espironolactona). 
 
Peritonite Bacteriana espontanea (PBE) 
 A infecção do líquido ascítico é bastante comum no 
momento da admissão do paciente com doença hepática crónica. 
 O diagnóstico da PBE é feito pela presença de bactérias 
no estudo do líquido ascítico e pela presença de elevada concentração de 
Polimorfonucleares no liquido (≥250 cells/µL ou 0.25 x 10⁹/L) em pacientes sem critérios 
para tratamento cirúrgico. 
 Tratamento (10 a 14 dias): 
 
- 1ª opção (Cefalosporina de terceira geração) 
o Cefotaxima 1 a 2g EV de 8 em 8 horas 
 ou 
o Ceftriaxona 1 g EV de 12 em 12 horas 
 
 
- 2ª opção 
o Amoxicilina com ácido clavulâmico 1g EV de 8 em 8 
horas ou 
o Ciprofloxacina 500 mg EV de 12 em 12 horas. 
o Passar para via oral logo que possível.
 
34 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
 
 
1º episódio 
Paracentese 
diagnóstica 
Presença de 
infecção/ PBE 
Tratament
o ATB 
Restrição de Na 
 (2 gr de sal /dia) 
 
Diuréticos poupadores 
de K 
(Espironolactona até a 
dose maxima) 
Controle da resposta diurética: 
Peso, circunferência abdominal, 
excreção de Na urinário >80 
meq/dia 
Manter tratamento * Associar um diurético de ansa 
(Furosemida até a dose 
maxima) 
Manter tratamento* 
Ascite refractária 
Não 
Não 
Sim 
Não melhora 
Não melhora 
Sim 
melhora 
 
Protocolos Terapêuticos |ASCITE NA DOENÇA HEPÁTICA CRÓNICA 35 
 
 
 
Restrição de Na 
Suspender BetaBloqueadores 
 
 Paracenteses de grande volume (>5 L) 
+ Albumina humana 8g/ L 
+ Diuréticos (Se não excretam > 30 mmol de Na urinário) 
 
 
Transplante hepático ou 
TIPS ou 
Shunt Peritoneovenoso 
 
 
Mantém tto 
Ascite Refractária 
Não melhora melhora 
 
36 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos |HEPATITE B CRÓNICA 37 
 
 
10.HEPATITE B CRÓNICA 
 
Definição 
 
Hepatite B é a Inflamação do fígado causada pelo vírus da Hepatite B.Classsifica-se em aguda e crónica (permanência do AgHBs por mais de 6 meses). 
 
Etiologia 
O virus da hepatite B (HBV) é um vírus DNA de cadeia dupla pertencente à família de hepadnavírus, 
classificados em oito genótipos A H (1-3). 
Epidemiologia 
A infecção crónica consiste em 5 fases: 
1a Imunotolerância - Fase de replicação activa do VHB com carga viral > 20.000 UI / ml. 
Aminotransferase normal ou levemente elevada (ALT < 2x o limite superior do normal). 
HBsAg e HBeAg positivas. Alterações mínimas na biópsia hepática. 
2a Imunoactiva ou Imunoclearance – A transição da fase de Imunotolerância para a fase 
imunoactiva ocorre durante a 2a e 3a década em pacientes com infecção perinatal. 
Caracteriza-se por replicação activa do HBV com carga viral> 20.000 UI/ml. Níveis elevados 
de aminotransferase (ALT> 1,5 a 2x o limite superior do normal). HBsAg e HBeAg positivas. 
3a Portador Inactivo ou portador crónico - Fase não replicativa ou lactente caracterizada por 
níveis de carga viral baixo ou indetectáveis. Níveis normais de aminotransferase. HBsAg 
positivo, e HBeAg negativo. 
4a Resolução da infecção - Depuração de HBsAg e aparecimento de anti-HBs. 
5a Reactivacção - 20 a 30% dos pacientes progridem para uma fase de reactivação, com 
elevação da carga viral, ALT normal ou elevado, e HBeAg permanece indetectável. 
 
Manifestações Clínicas 
 
Na hepatite crónica, os pacientes geralmente são assintomáticos ou, a menos que apresentem uma 
cirrose hepática descompensada. 
Podem apresentar sintomas inespecíficos como fadiga e, sinais de doença hepática crónica 
descompensada tais como Icterícia, Esplenomegália, Ascite, Edema Periférico, e Encefalopatia 
Hepática. A progressão para cirrose é suspeita quando há evidências de hiperesplenismo 
(leucopénia, anemia e trombocitopénia) ou diminuição da função de síntese hepática 
(Hipoalbuminémia, prolongamento do tempo de protromblna, e hiperbilirrubinemia). 
Diagnóstico 
História clínica: enfatizando factores de risco para a co-infecção pelo VHB e/ou HIV, o uso de 
álcool, história familiar de infecção pelo VHB e doença hepática crónica; 
 
Exames laboratoriais: Hemograma (contagem de plaquetas), perfil hepático (AST, ALT, 
bilirrubina total, fosfatase alcalina, albumina), tempo de protrombina, AgHBs, anti-HBc, testes 
de replicação do VHB (AgHBe, anti-HBe, carga viral do VHB), alfafetoproteina (para triagem 
do carcinoma hepatocelular); 
 
Biópsia hepática pode ser considerada para pacientes que preenchem os critérios para a 
hepatite crónica (HBsAg positivo por > 6 meses, carga viral 2.000 a 20.000 UI / mL, 
elevação persistente ou intermitente da ALT). 
FLUXOGRAMA DO TRATAMENTO DE HEPATITE B CRÓNICA EM ADULTOS 
 
 
38 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
 
 
 
Hepatite B 
(+) referido 
Confirmação do teste 
HBsAg 
(+) 
1.HBeAg, anti-HBc, anti-HCV, 
Anti-HIV 
2.ALT, Albumina 
3.Tempo de protrombina 
4.AFP 
5.Ecografia abdominal 
HBeAg 
(-) 
 
ALT 1-
2x 
ALT 
Normal 
ALT↑≥2
x 
ALT 
Normal 
 
ALT↑ ≥2x 
Sem 
possibilidade 
de PCR 
 
Carga viral 2000-20,000 
UI/ml 
 
ALT 6/6 
meses 
 
Possibilidade 
de PCR 
 
Não 
possibilidade 
de PCR 
 
ALT/ Carga 
viral dentro 
de 3 meses 
 
possibilidade de 
PCR Carga viral 
≥ 20,000 UI/ml 
 
Biopsia 
hepática 
Carga viral 
≥ 2000 UI/ml 
 
 
Se score de 
METAVIR≥F2 
 
 
Se score de METAVIR 
≥F2 
Discutir início do 
tratamento com o 
Gastroenterologista. 
ALT 6/6 meses 
Ecografia abdominal + AFP 
1x p/ ano 
 
Protocolos Terapêuticos |HEPATITE B CRÓNICA 39 
 
 
Tratamento da Hepatite B Crónica no Adulto 
 
Medicamentos Doses Duração de tratamento 
Interferon-Alfa 
(IFN-α) 
5-10 MU (sc) 3x /semana → HBeAg (+): 16 a 32 semanas 
→ HBeAg (-): 12 a 24 meses 
Interferon-
Peguilado 
(PegIFN) 
90-180 μg (sc) 1x /semana → HBeAg (+): 6 meses 
→ HBeAg (-): 12 meses 
Lamivudine •Adulto: 100 mg/d (vo) 
•Co-infectado pelo HIV: 
150 mg 2x/d (vo) 
(combinação com outros 
ARV). 
 
 4-5anos? Tempo indeterminado? 
(controverso). 
 
Para HBeAg (+) recomendado fim do 
tratamento: 
 → Após ser conversão HBeAg 
Para Anti-HBe, com HBV-DNA indetectável 
em 2 ocasiões separadas num período de 
6 meses, ou 12 meses após ser conversão 
do HBeAg. 
 
 
HBeAg(-) 
→ Após HBV-DNA indetectável em 3 ocasiões 
separadas num período de 6 meses, ou perda 
do HBsAg. 
Adefovir 10 mg/d (vo) 
Entecavir 0.5 mg/d (vo) 
 1 mg/d (vo) com 
resistência a lamivudina 
Telbivudina 600 mg/d (vo) 
Tenofovir 300 mg/d (vo) 
 
Tratamento da Hepatite B Crónica nos pacientes com Cirrose 
I.Compensada 
IFN?, Tenofovir, Entecavir, ou Lamivudina 
II.Descompensada 
Tenofovir, Entecavir, ou Lamivudina 
 
Tratamento da Hepatite B Crónica nos Pacientes Co-infectados pelo HIV 
I.CD4+ > 500 cell/μl 
a. Interferon-alfa (IFNα), 
b. Adefovir, 
c.Telbivudina, 
d. Tenofovir (TDF) e Lamivudina (3TC) associados a um inibidor não nucleosideo da 
transcriptase reversa (ITRNN), ou a um inibidor da protease potencializados com 
ritonavir (IP/r).. 
 
II.CD4+ ˂ 500 cell/μl 
Deve-se iniciar o TARV incluindo 
Tenofovir (TDF) e Lamivudina (3TC) associados ao Efavirenz (EFV). 
 
 
III.CD4+ ˂ 500 cell/μl com doença hepática activa 
 
 
40 | Protocolos Terapêuticos 
 
Tratar primeiro a hepatite B para prevenir a síndrome de reconstituição imunológica. 
 
Antivirais com dupla actividade terapêutica contra o HBV e HIV 
Tenofovir (TDF), 
Lamivudina (3TC), 
Entricitabina (FTC), e Truvada (Tenofovir-Entricitabina). 
 
Protocolos Terapêuticos |HIPERTENSÃO ARTERIAL 41 
 
 
11.HIPERTENSÃO ARTERIAL 
 
Definição 
A hipertensão arterial sistémica (HAS) é actualmente definida como uma elevação da pressão arterial 
diastólica (PD) acima de 89 mmHg e/ou pressão sistólica (PS) acima de 139 mmHg, em pelo menos 
duas consultas consecutivas 
 
Manifestações Clínicas 
A hipertensão acelerada ocorre com PD geralmente acima de 130 mmHg e caracteriza-se pela 
presença de exsudatos e hemorragias no exame de fundo de olho. Quando, além dos achados 
descritos, encontramos a presença de papiledema, denominamos hipertensão maligna. 
Actualmente essas duas situações são consideradas em conjunto, por apresentarem prognóstico 
semelhante. Na ausência de lesão aguda e grave em órgão-alvo, são classificadas como urgência 
hipertensiva. 
 
Pseudoemergências Hipertensivas: A elevação da PA pode ocorrer como resposta adaptativa a 
diferentes estados fisiológicos como exercício, actividade sexual, medo, ansiedade e dor. A simples 
constatação de níveis anormais numa única mensuração, realizada em ambiente atípico para o 
paciente, num momento de ansiedade ou de dor, pode gerar um rótulo de crise hipertensiva e um 
tratamento desnecessário, desencadeando uma série de eventos potencialmente iatrogénicos. A 
Nifedipina, por sua facilidade posológica, é uma droga amplamente utilizada embora não esteja 
isenta de riscos. Há relatos de acidente vascular encefálico e de enfarto agudo do miocárdio, após 
uma única dose de 10 mg de Nifedipina. A magnitude da queda pressórica, após administração 
dessa droga, é imprevisível. Além disso causa activação simpática e taquicárdia reflexa, podendo 
instabilizar placas ateroscleróticas. A sua utilização por via sublingual também não faz sentido, pois a 
sua absorção não é feita por essa via e sim pela mucosa gastrointestinal. 
 
Avaliação Clínica 
identificar factores precipitantes, 
identificar evidência de lesão aguda em órgão-alvo, 
obter informações sobre antecedentes de hipertensão arterial (duração, gravidade, níveis de 
controle), medicações utilizadas e lesões de órgão-alvo pré-existentes. 
realizar exame físico, com ênfase para o exame de fundo de olho, procura de sinais de 
insuficiência cardíaca, dissecção de aorta ou disfunção neurológica. 
A pressão arterial deve ser medida nas posições supina e de pé. 
A rotina inicial deexames complementares deve incluir ECG, RX de tórax, urinanálise, 
hemograma, ureia, creatinina, glicémia e electróiitos. 
Qualquer evidência de dano agudo em órgão-alvo deve orientar para o diagnóstico de 
emergência hipertensiva. Nesses casos deve-se proceder à monitorização cardíaca, acesso 
venoso e terapia imediata com droga intravenosa, na maioria das vezes. O paciente deve ser 
internado, preferindo-se o manuseio em CTI. 
 
 
Drogas para o Manuseio da Crise Hipertensiva 
Crise Hipertensiva - Manuseio Terapêutico 
Drogas Dose Inicio de Acção 
Nitroprussiato de sódio 0,25 a 10 mg/kg/min Imediato 
Nitroglicerina 5 a 100 mg/min em infusão contínua 2 a 5 min 
http://www.rbconline.org.br/wp-content/uploads/03425.jpg
http://www.rbconline.org.br/wp-content/uploads/03425.jpg
 
42 | Protocolos Terapêuticos 
 
Diazóxido 
50 a 100 mg EV ou 15 a 30 mg/min em infusão 
contínua 
2 a 4 min 
Enalapril 0,625 a 5 mg EV de 6/6h 15 min 
Propanolol 1 a 10 mg EV ou 3 mcg/hora em infusão 1 a 2 min 
Metoprolol 3 bolus de 5 mg EV 1 a 2 min 
Labetalol 20 a 80 mg EV em bolus, cada 10 min 5 a 10 min 
Fentolamina 5 a 15 mg EV em bolus, cada 10 min 1 a 2 min 
Hidralazina 10 a 20 mg EV em bolus 10 a 20 min 
Captopril 25 mg VO 10 a 15 min 
Clondina 0,100 a 0,600 mg em 6h 15 a 20 min 
 
O nitroprussiato de sódio, por ser uma droga com início de acção imediata e de fácil titulação, é 
o anti-hipertensivo preferível na maioria das emergências hipertensivas. É um vasodilatador 
directo com acção balanceada sobre pré e pós-carga, sendo actualmente a droga com efeito 
hipotensor mais potente que existe. A intoxicação por cianeto é rara e a toxicidade pelo 
tiocianato é incomum, se seguida a dosagem recomendada. Esta manifesta-se por náuseas, 
vómitos, cefaleia, delírios e um quadro de psicose tóxica, e ocorre quando o nível sérico de 
tiocianato excede 1,7 mmol/L. O quadro é completamente reversível com a descontinuação 
da droga. 
A nitroglicerina é um vasodilatador predominantemente venoso, reduzindo a pré-carga e o 
consumo de oxigénio miocárdico. Tem acção sobre artérias coronárias de condutância mais 
importante que o nitroprussiato. Por essas razões é a droga de escolha para o manuseio de 
crise hipertensiva associada a síndromes isquémicas coronárias. 
A hidralazína é um vasodilatador arteriolar, podendo levar à taquicardia reflexa e à retenção 
hídrica. Seu uso, actualmente, está restrito ao manuseio de emergências hipertensivas 
relacionadas a pré-eclâmpsia e eclâmpsia. 
A fentolamina é um bloqueador alfa-adrenérgico com acção tanto nos receptores pós-sinápticos 
(alfa 1) como nos pré-sinápticos (alfa 2). É a droga de escolha no tratamento de crise 
hipertensiva por feocromocitoma. 
O labetalol é um β bloqueador não selectivo que também apresenta actividade alfa-
bloqueadora. Alguns autores o consideram como droga de escolha para o tratamento de 
dissecção aguda de aorta e como uma boa opção no manuseio de crises hipertensivas com 
complicações cerebro-vasculares. 
A nicardipina, é um bloqueador vem sendo usado com sucesso por via intravenosa. O seu 
rápido início de acção e a possibilidade de se usar doses tituladas fazem dessa droga uma 
atraente opção para o tratamento de crises hipertensivas. 
Diuréticos venosos ainda são muito utilizados nas unidades de emergências. Seu uso, no 
entanto, só se justifica em situações específicas, como na presença de insuficiência cardíaca 
ou insuficiência renal. 
Das drogas disponíveis para uso oral, a nifedipina foi a mais utilizada na última década. 
Entretanto, essa droga é potencialmente danosa e não deve ser utilizada no tratamento de 
crises hipertensivas. Como opções no tratamento das urgências hipertensivas, aconselha-se 
o uso de drogas que reduzam a PA de forma gradual como captopril, β bloqueadores ou 
clonidina. 
A Auto-Regulação do Fluxo Cerebral: Quando a pressão arterial cai, ocorre vasodilatação 
cerebral. Quando há elevação da PA, ocorre vasoconstrição, no sentido de manter constante o fluxo 
cerebral. Entretanto, quando a pressão cai abaixo de um determinado limite (geralmente 60 a 70 
mmHg de PAM em normotensos), ocorre perda desse mecanismo, levando a hipoperfusão cerebral. 
A auto-regulação ocorre de maneira diversa em normotensos e hipertensos. A hipertensão crónica 
 
Protocolos Terapêuticos |HIPERTENSÃO ARTERIAL 43 
 
desvia a curva de auto-regulação para a direita, de modo que a diminuição do fluxo cerebral ocorre 
com níveis de PA mais altos que em indivíduos normotensos. Se reduzimos bruscamente a PA para 
valores “normais”, podemos ultrapassar o limite inferior da auto-regulação, causando hipoperfusão 
cerebral. 
 
Manuseio das Emergências Hipertensivas 
Encefalopatia Hipertensiva. Quando o limite superior da auto-regulação cerebral é excedido, ocorre 
hiperperfusão cerebral, resultando em edema, petéquias hemorrágicas e microinfartos, quadro 
conhecido como encefalopatia hipertensiva. As manifestações mais comuns são cefaleia, náusea, 
vómitos, distúrbios visuais e cognitivos. A evolução é tipicamente insidiosa, com relato de sintomas 
progressivos nas últimas 48 a 72 h, dado útil no diagnóstico diferencial com acidentes cerebrais 
hemorrágicos. A droga de escolha é o nitroprussiato de sódio. A redução da PA deve ser gradual no 
período de 1 a 3h. O objectivo é reduzir a PAM em 20% ou obter PA diastólica entre 100-110 mmHg. 
Se a redução da PA não for acompanhada de melhora clínica, com alívio dos sintomas e melhora do 
nível de consciência, o diagnóstico deve ser revisto. 
Hemorragia Subaracnoideia. As hemorragias subaracnóides resultam da ruptura de aneurismas em 
malformações arteriovenosas cerebrais. Frequentemente há espasmo importante em áreas 
adjacentes ao sítio da hemorragia. Uma redução brusca e excessiva da PA pode pôr em risco essa 
área já isquémica, podendo levar a infartos. Recomenda-se que o tratamento anti-hipertensivo deva 
ser iniciado apenas quando a pressão arterial sistólica estiver acima de 180 mmHg. O nitroprussiato 
de sódio, pela fácil titulação, é a droga de escolha. A pressão deve ser gradualmente reduzida num 
período de 6 h, não devendo ultrapassar 25% da PAM. A pressão sistólica deve ficar em torno de 
130 a 160 mmHg. A administração oral ou parenteral de nimodipina, um bloqueador dos canais de 
cálcio, reduz o risco de má evolução na hemorragia subaracnóide em 42%. Essa redução de risco 
não parece estar relacionada à redução da PA ou à vasodilatação cerebral e sim à proteção 
neuronal, devido à inibição do influxo de cálcio para o interior da célula. 
Hemorragia Intracerebral. O edema cerebral, presente nesta situação, pode levar a um aumento da 
pressão intra-craniana, exigindo pressão arterial mais alta para perfundir o cérebro adequadamente. 
Muitos pacientes têm hipertensão após um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, mas 
poucos necessitam de tratamento de emergência. Em muitos pacientes, a PA cai espontaneamente 
quando dor, agitação, vómitos e hipertensão intracraneana são controlados. Quando a pressão 
arterial está muito elevada, uma redução gradual deve ser tentada, sendo o nitroprussiato de sódio e 
o labetalol as drogas de escolha. De acordo com determinações da American Heart Associatíon, o 
tratamento só deve ser iniciado se a PA sistólica for maior que 180 mmHg ou quando a PA é maior 
que os valores prévios ao AVC (se conhecidos). O nitroprussiato tem a vantagem de ter efeito 
imediato e de curta duração, porém provoca vasodilatação cerebral, podendo aumentar a pressão 
intracraneana. É reservado para o tratamento da hipertensão grave, enquanto que o labetalol é 
preferido nas elevações menos intensas de PA. O objectivo do tratamento é manter a PA sistólica 
menor que 220 mmHg ou a pressão média inferior a 130 mmHg. 
 
 
Tratamento de Anti-Hipertensivo no AVC Hemorrágico, segundo a American Heart 
Association 
Pressão arterial Tratamento 
PAS ˃ 230 ou PAD ˃ 120 mmHg Nitroprussiato de sódio (0,5a 10 mg/kg/min) 
PAS ˃ 180 ou PAD ˃ 105 mmHg 
Labetalol 10 mg EV. Repetir ou dobrar a cada 10 - 20 min 
até dose máxima de 300 mg ou iniciar infusão de 2 a 8 
mg/min 
Hipertensão relativa à condição pré-
AVC 
PA pré-AVC em torno de 120/80 mmHg, terapia com 
labetalol, tentando aproximar a PA aos níveis pré-
mórbidos. 
PAS = pressão arterial sistólica; PAD = Pressão arterial diastólica; PA = Pressão arterial; AVC = 
Acidente vascular Cerebral 
 
44 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
Acidente Vascular Cerebral Isquémico. O tratamento é reservado para aqueles com elevação 
importante da PA, a não ser que se planeje terapia trombolítica ou existam situações específicas 
associadas como infarto do miocárdio, dissecção de aorta, encefalopatia hipertensiva verdadeira ou 
falência ventricular esquerda. A American Heart Association recomenda iniciar o tratamento com PA 
sistólica maior que 220 mmHg ou PA diastólica maior que 120 mmHg ou ainda, PA média acima de 
130 mmHg. 
Tratamento de Anti-Hipertensivo no AVC Isquémico, segundo a American Heart Association 
Pressão arterial Tratamento 
Não candidatos à trombólise 
PAD ˃ 140 mmHg Nitroprussiato de Sódio. Reduzir de 10 a 20% a PAD 
PAS ˃ 220, PAD ˂ 120 o PAM ˂ 130 
mmHg 
Labetalol 10 a 20 mg EV. Repetir ou dobrar a dose a cada 20 
min até a dose máxima de 150 mg. 
PAS ˂ 220, PAD ˂ 120 o PAM ˂ 130 
mmHg 
Não tratar, a não ser que existam condições específicas 
associadas. 
Candidatos à Trombólise 
Pré-tratamento 
PAS ˃ 185 ou PAD ˃ 110 mmHg 
Labetalol 10 a 20 mg EV. Se a PA não for reduzida e mantida 
˂ 185/110 mmHg, o paciente não deve ser tratado com 
trombólitico. 
Durante e após tratamento 
Monitorar a PA 
A PA é monitorada a cada 15 min por 2h; a seguir, cada 30 
min por 6h e, finalmente a cada 1h por 16h. 
PAD ˃ 140 mmHg Nitroprussiato de Sódio (0,5 mg/kg/min) 
PAS ˃ 230 ou PAD entre 121 e 140 
mmHg 
Labetalol 10 mg EV. Repetir ou dobrar a cada 10 - 20 min até 
dose máxima de 150 mg ou iniciar infusão de 2 a 8 mg/min. 
Se a PA não for controlada, considerar nitroprussiato de 
sódio. 
PAS entre 180 e 250 ou PAD entre 
105 e 120 mmHg 
Labetalol 10 mg EV. Repetir ou dobrar a cada 10 - 20 min até 
dose máxima de 150 mg ou iniciar infusão de 2 a 8 mg/min. 
Se a PA não for controlada, considerar nitroprussiato de 
sódio. 
PAS = pressão arterial sistólica; PAD = Pressão arterial diastólica; PA = Pressão arterial; AVC = 
Acidente vascular Cerebral 
 
Se está planejada terapia trombolítica, um controle rigoroso da PA é necessário, de modo a reduzir 
os riscos de sangramento pós-trombólise. Terapia trombolítica não é recomendada se não se 
conseguir reduzir e manter a PA abaixo de 185/110 mmHg ou se medidas agressivas forem 
necessárias para reduzira PA. Uma vez iniciado o trombolítico, deve-se monitorizar atentamente a 
PA e o tratamento deve ser agressivo. 
 
Angina Instável e Infarto Agudo do Miocárdio. Algumas vezes os síndromes coronários 
acompanham-se de severa elevação da pressão arterial, possivelmente devido a um reflexo iniciado 
no miocárdio isquémico. Essa elevação na resistência vascular sistémica provoca aumento da 
demanda de oxigénio miocárdico, devido ao aumento da tensão parietal do ventrículo esquerdo. 
Nitratos intravenosos reduzem a resistência sistémica, melhoram a perfusão coronária e possuem 
importante efeito venodilatador sistémico, reduzindo a pré-carga e o consumo de oxigénio 
miocárdico. A nitroglicerina intravenosa é a droga de escolha, associada a agentes β bloqueadores. 
 
Protocolos Terapêuticos |HIPERTENSÃO ARTERIAL 45 
 
Mann e col e Flaherty demonstraram um aumento no fluxo regional distal a uma obstrução coronária 
severa, após a administração de nitroglicerina. O mesmo não ocorreu com o nitroprussiato de sódio, 
provavelmente devido a um mecanismo de roubo de fluxo causado pela vasodilatação generalizada 
dos vasos coronários de resistência. 
Insuficiência Ventricular Esquerda. Elevação severa da resistência vascular sistémica 
frequentemente precipita insuficiência ventricular esquerda. O nitroprussiato de sódio, associado à 
morfina e a diurético, é a droga de escolha, por reduzir tanto a pré quanto a pós-carga. Uma opção 
satisfatória seria o uso de nitroglicerina intravenosa, que apesar de ser um vasodilatador arterial 
menos potente, é um importante venodilatador, reduzindo com eficiência a pré-carga. 
Dissecção de Aorta. A presença de dissecção de aorta deve ser suspeitada em todo paciente que 
se apresente com elevação severa da pressão arterial e com dor no peito, costas ou abdómen. A dor 
é severa, lancinante, de instalação súbita e pode migrar no sentido da progressão da dissecção. 
Ecocardiografia e tomografia computadorizada são úteis no diagnóstico, porém a aortografia é 
necessária para o diagnóstico definitivo. O tratamento na sala de emergência baseia-se na rápida 
redução da PA e da força de cizelhamento sobre a parede aórtica (redução da relação entre variação 
de pressão [dp] e variação de tempo [dt]). O objectivo é atingir a menor pressão arterial possível, sem 
prejudicar a perfusão tecidual. Geralmente procura-se manter a pressão sistólica entre 100 e 120 
mmHg com PAM abaixo de 80 mmHg, num período de 15 a 30 minutos. O tratamento clássico é 
nitroprussiato de sódio associado a um β bloqueador intravenoso. Recentemente tem-se preconizado 
o uso de labetalol por via endovenosa como droga de escolha na dissecção aguda de aorta. 
Eclâmpsia. Pré-eclâmpsia consiste na presença de hipertensão arterial, edema e proteinúria em 
gestantes, após a 20a semana de gestação. Na eclâmpsia, além disso, ocorre convulsão. A pressão 
arterial deve ser reduzida para prevenir complicações neurológicas e renais, embora o tratamento 
definitivo seja a interrupção da gravidez. Usualmente, o tratamento só é iniciado com pressão 
diastólica de no mínimo 100 mmHg e a droga de escolha é a alfa-metildopa. Durante o parto e na 
presença de eclâmpsia, a droga de escolha é a hidralazina intravenosa. Antagonistas de cálcio 
(particularmente o verapamil) também são consideradas drogas seguras no manuseio da grávida 
hipertensa. Inibidores da enzima de conversão da angiotensina e diuréticos devem ser evitados. 
Captopril pode ocasionar lesões renais graves no feto. Nitroprussiato de sódio é contra-indicado por 
atravessar a barreira placentária, podendo ser tóxico para o feto. Sulfato de magnésio está indicado 
para a prevenção e tratamento de convulsões. A dose de ataque é de 4g por via intravenosa 
(solução a 20%), seguida de infusão de 2g/h como manutenção. Deve-se controlar o reflexo patelar, 
frequência respiratória e volume urinário. Qualquer alteração nesses parâmetros indicam toxicidade, 
devendo-se suspender a droga. 
A HTA é uma doença multifactorial em que um substrato genético interage com o meio. O tratamento 
reduz significativamente a incidência dos eventos cardiovasculares major..A classificação actual de 
pressão arterial (PA) substitui os termos “leve, moderada e severa”, antes utilizados para quantificar 
a hipertensão, por estágios que variam de 1 a 3. 
 
Definição e classificação dos valores de PA 
Categoria Pressão arterial sistólica 
(PAS) 
 Pressão arterial diastólica 
(PAD) 
Óptima ˂ 120 e ˂ 80 
Normal 120 – 129 e/ou 80 – 84 
Normal – alta 130 – 139 e/ou 85 – 89 
HTA grau 1 140 – 159 e/ou 90 – 99 
HTA grau 2 160 – 179 e/ou 100 – 109 
HTA grau 3 2 180 e/ou 2 100 
HTA assistólica 2 140 e ˂ 90 
 
Terapêutica 
O tratamento da HTA deve adequar-se às características do paciente como: a idade, lesão de 
órgão alvo, Comorbilidades, indicações, contraindicações e efeitos adversos de fármacos, 
segundo a melhor evidência científica e os condicionalismos de adesão à terapêutica. 
 
46 | Protocolos Terapêuticos 
 
A terapêutica deve ser iniciada em pacientes com idade < 80 anos com HTA grau 1 com, pelo 
menos, uma das seguintes características: lesão de órgão alvo, doença cardiovascular 
estabelecida, doençarenal, diabetes mellitus DM, risco cardiovascular a 10 anos ≥ 20% e em 
pacientes de qualquer idade com HTA grau 2. 
O objectivo terapêutico passa por alcançar valores de PA < 140/90 mmHg nos pacientes com 
idade < 80 anos e < 150/90 mmHg nos pacientes com idade > 80 anos. 
A estratégia terapêutica deve ser adequada ao paciente individual preferindo-se, quando 
possível, fármacos com toma única, genéricos e associações fixas. Deve ser idêntico para 
pacientes com idades entre 55-80 anos e com idade > 80 anos, ajustando-se às 
Comorbilidades. 
Não na diferença na capacidade de redução da PA entre as principais classes de agentes anti-
hipertensores: diuréticos, inibidores de enzima de conversão da angiotensina II (IECA), 
antagonistas dos receptores de angiotensina II (ARA), ß-bloqueadores (BB), antagonistas do 
cálcio (AC). Os agentes das principais classes diferem na capacidade de proteger contra o 
RCV global e/ou eventos cardiovasculares específicos. A escolha do fármaco a utilizar deve 
ter em conta o contexto clinico do paciente e as características do fármaco. 
Tendo em conta a melhor e mais recente evidencia científica, pode seguir-se uma abordagem 
por passos para universo global de hipertensos: 
oPasso 1: Diurético tiazidico-Amilorido composto. 
oPasso 2: Bloqueadores dos Canais de Calcio Dihidropiridinicos 
oPasso 3: Beta Bloqueadores 
oPasso 4: IECA/ARA 
Se apesar da terapêutica óptima com as doses máximas toleradas de IECA ou ARA, AC e 
diurético, os valores de PA se mantem acima de 140/90 mmHg, a HTA é considerada 
resistente. Para o tratamento da HTA resistente, deve considerar-se inicialmente a 
adicção de espironolactona (25 mg/dia) se o potássio sérico for < 4,5 mmol/l. No caso de 
o potássio ser > 4,5 mmol/l, deve considerar-se alta dose de diurético tiazida-Like. Em 
ambos os casos, deve ser feito controlo analítico do potássio, sódio e função renal; prazo 
de 1 mês após inicio da Terapêutica. 
HIPERTENSÃO ARTERIAL "INAPROPRIADA". O termo de HTA "inapropriada" foi proposto para 
designar a presença de alguns achados que podem ser sugestivos de alguma causa identificável da 
HTA: 
< 40 anos; 
HTA acelerada (PA > 180/110 mmHg com sinais de edema da papila e/ou hemorragia 
retiniana); 
Aspetos sugestivos de causa secundária (hipocaliemta não explicada, sopro abdominal, 
labilidade tensionai. taquicardia, diaforese e tremor, história familiar de doença renal); 
HTA resistente. 
A presença de qualquer um destes aspectos deve motivar estudo etiológico e/ou referenciação para 
especialista em HTA. 
 
CONDIÇÕES QUE FAVORECEM A ESCOLHA DE DETERMINADO ANTI-HIPERTENSOR 
Existem algumas condições que favorecem a escolha de determinado fármaco. Por vezes, essa 
escolha é determinada pela existência de contraindicações. 
ESCOLHA DE ANTI-HIPERTENSOR - Lesão subclínica de órgão 
Hipertrofia ventricular esquerda 
Aterosclerose assintomática 
Microalbuminúria 
insuficiência renal (IR) 
IECA, AC, ARA 
AC. IECA 
IECA, ARA 
IECA, ARA 
Evento clínico 
 
Protocolos Terapêuticos |HIPERTENSÃO ARTERIAL 47 
 
Acidente vascular cerebral (AVC) 
isquémico prévio 
Enfarte agudo do miocárdio (EAM) prévio 
Angina de peito 
IC 
Fibrilhação auricular (FA) paroxística 
FA permanente 
Taquiarritmias 
Doença renal terminal/proteinúria 
Doença arterial periferica (DAP) 
Disfunção do ventrículo esquerdo 
Qualquer anti-hipertensor 
BB, IEC, ARA 
BB, AC 
Diuréticos, BB, IECA, ARA, antagonistas da 
aldosterona ARA, IECA 
BS, AC não di-hidropindinicos 
BB 
IECA, ARA. diuréticos de ansa 
AC 
IECA 
Características do paciente 
Hipertensão sistólica isolada (idosos) 
Sindrome metabólica 
DM 
Gravidez 
Raça negra 
Glaucoma 
Tosse induzida por IECA 
Diurético. AC 
IECA, ARA, AC 
IECA. ARA 
AC, metildopa, BB 
Diurético. AC 
BB 
ARA 
 
Contra-indicações de alguns fármacos anti-hipertensores 
 Contraindicações absolutas Contraindicações relativas 
Tiazidas Gota Sindrome metabólica 
Intolerância à glicose 
Gravidez 
BB Asma 
Bloqueio atrioventricular 
(BAV) de 2º ou 3º graus 
DAP 
Sindrome metabólica 
Intolerância a glicose 
Atletas e indivíduos fisicamente activos 
Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) 
AC di-hidropiridinicos Taquiarritmias 
IC 
AC (verapamil, 
diltiazem) 
BAV de 2º ou 3º graus 
IC 
 
IECA Gravidez 
Edema angioneurótico 
Hipercaliémia 
Estenose da artéria renal 
bilateral 
 
ARA Gravidez 
Hipercaliémia 
Estenose da artéria renal 
bilateral 
 
Antagonistas da 
aldosterona 
IR 
Hipercaliémia 
 
 
 
 
48 | Protocolos Terapêuticos 
 
 
12.CRISE HIPERTENSIVA 
Definição 
A crise hipertensiva define-se como a elevação súbita da pressão arterial (PA) para valores 
classificados como HT grave (grau 3), nomeadamente pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 180 mmHg 
e/ou pressão arterial diastólica (PAD) ≥ 120 mmHg. 
Urgência hipertensiva: É uma crise em que não se identifica lesão aguda de órgão alvo. caso em 
que a "redução da PA deve ser gradual, em dias, em contexto de ambulatório. Pode ser 
assintomática ou estar associada a cefaleias graves, dispneia, epistaxis ou ansiedade. 
TRATAMENTO DA URGÊNCIA HIPERTENSIVA 
Captopril 
Via e dose 25 mg PO inicial. 50 mg e 100 mg, 90 e 120 mg depois SL 12,5-25 mg 
Início de acção 30 mín-1 h com pico em 1 h-1h30 
Duração 6-12 h 
Efeitos secundários: Tosse, hipercaliémia, hipotensão, angioedema, hipersensibilidade. 
Insuficiência renal (IR). 
Contra-indicaçoes: gravidez, estenose bilateral da artéria renal, rim único. 
Observações: Menos eficaz na raça negra. 
 
Clonidina 
Via e dose 0.1-0.2 mg inicial, seguida de 0.05 mg/h a 0,1 mg/h, até máx. 0,7 mg 
Início de acção 30 mín-1 h com pico em 1 h-1h30 
Duração 4-6 h 
Efeitos secundários: Sonolência, boca seca, hipotensão ortostática, cefaleias, náuseas, 
vómitos. 
 
Labetalol 
Via e dose 200 mg PO seguido de 200 mg de 4/4 h 
Início de acção 20 min com pico em 2-4 h 
Duração 8-12 h 
Efeitos secundários: Náuseas e tonturas, hipotensão ortostática, broncospasmo 
Contra-indicaçoes: bradicardia severa, Asma brônquica. choque cardiogénico, bloqueio de 2º 
e 3° graus, doença obstrutiva das vias respiratórias. 
Observações: Precaução na diabetes mellitus 
Nicardipina 
Via e dose 25 mg PO inicial. 50 mg e 100 mg, 90 e 120 mg depois SL 12,5-25 mg 
Início de acção: 30 mg PO inicial a repetir de 8/8 h 
Duração 3-6 h 
Efeitos secundários: Palpitações, fiushing, cefaieias, tonturas Indução ou exacerbação de 
angina. 
Contra-indicaçoes: estenose aórtica. 
Observações: Eficaz na raça negra. 
 
Emergência Hipertensiva: É uma crise que se acompanha de disfunção iminente ou progressiva do 
órgão alvo, com necessidade de descida imediata da PA para níveis que limitem ou previnam esta 
lesão, em contexto hospitalar. 
Fármacos Parentéricos Utilizados na Emergência Hipertensiva 
Vasodilatadores 
Nitroprussiato de sódio 
Via e dose Infusão IV, inicial 0,3 mg/kg/min: habitualmente 3-4 min: máx. 10 mg/kg/minpor10min 
 
Protocolos Terapêuticos |CRISE HIPERTENSIVA 49 
 
Início de acção Imediato Duração 1-2 min 
Efeitos secundários Náuseas, vómitos, fasciculações musculares, suores, intoxicação por tiocianato 
ou cianeto. 
Indicações especiais Maioria das emergências hipertensivas. Cuidado com o aumento da pressão 
intracraniana ou azotemia 
Nicardipina 
Via e dose Inicial 5 mg/h IV, titular a 2,5 mg/h a intervalos de 5-15 min, máx. 15 mg/h 
Início de acção 5-10 min Duração 15-30 min, atè4h 
Efeitos secundários Taquicárdia, cefaleias, fiushing. flebite local 
Indicações especiais Maioria das emergências. hipertensivas. excepto insuficiência cardíaca (IC). 
Cuidado com a isquémia coronária. 
Nitroglicerina 
Via e dose Infusão fV, inicia! de 5 mg/min, então, titular em 5 mg/min a intervalos de 3-5 min: se não 
for vista resposta aos 20 mg/min podem ser usados aumentoscrescentes de 10-20 mg/min 
Início de acção 2-5 min Duração 5-10 min 
Efeitos secundários Cefaleias, vómitos, metemoglobinémia, tolerância com o uso prolongado 
Indicações especiais isquémia coronária. 
Enalapril 
Via e dose IV, habitual 0,625-1,25 mg em 5 min a cada 6-8 h, no máx. 5 mg dose 
Início de acção 15-30 min Duração 6-12 h 
Efeitos secundários Hipotensão exagerada em estados com níveis elevados de renina. Resposta 
variável. 
Indicações especiais Insuficiência ventricular esquerda aguda; evitar no enfarte agudo do miocárdio 
(EAM) 
Hidralazina 
Via e dose 10-50 mg IV a intervalos de 30 min ou 10-40 mg IM 
Início de acção 10-20 min ou 20-30 min Duração 1-4 h ou 4-6 h 
Efeitos secundários Taquicardia. cefaieias, vómitos, flushing agravamento de angina 
Indicações especiais Eclâmpsia 
INIBIDORES ADRENÉRGICOS 
Labetalol 
Via e dose infusão IV 2 mg/min até 300 mg ou 20 mg durante 2 min, seguido de 40-80 mg a 
intervalos de 10 mm. ale total de 300 mg 
Início de acção 5-10 min Duração 3-6 h 
Efeitos secundários Vómito, prurido do couro cabeludo, broncoconstrição, tonturas, náuseas, BAV, 
hipotensão ortostática. 
Indicações especiaisMaioria das emergências hipertensivas, exceto insuficiência ventricular esquer-
da aguda. Na doença hepática crónica, a dose recomendada é cerca de metade da dose normal. 
Esmolol 
Via e dose iniciai 80-500 mg/kg durante 1 min, em seguida, 50-300 mg/kg/min 
Início de acção 1-2 min Duração 10-30 min 
Efeitos secundários Hipotensão, náuseas, Asma, BAV de 10 grau, IC. 
Indicações especiais Dissecção aórtica, perioperatório. 
Fentolamina 
Via e dose 5-15 mg iV bolus 
Início de acção 1-2 min Duração 10-30 min 
Efeitos secundários Taquicardia, flushing, cefaleias 
Indicações especiais Excesso de catecolaminas. 
Emergências Hipertensivas 
Lesão do órgão alvo Exame Objectivo- ECD Terapêutica 
 
50 | Protocolos Terapêuticos 
 
R
e
ti
n
a
 
HT maligna 
acelerada 
Visão Turva; Fundoscopia com 
retinopatia hipertensiva de grau III 
com exsudados moles e 
hemorragias; 
Nitroprussiato; 
Em 2ª linha: labetalol 
C
e
re
b
ro
v
a
s
c
u
la
r 
Encefalopatia 
Hipertensiva 
cefaleias, visão turva, náuseas, 
vómitos, confusão, flapping, crises 
convulsivas, coma; Fundoscopia 
com papiledema; Exame 
neurológico com hiperreflexia, sinal 
de Babinski bilateral, mioclonias; 
TAC cránio-encefálico com edema 
cerebral; 
Nitroprussiato; 
Em 2ª linha: labetalol 
Se a redução gradual da PA 
não melhorar os sintomas de 
6-12 h, deve por se em 
causa o diagnóstico 
AVC Isquémico; 
 HIC; 
 HSA. 
Surgimento abrupto de sinais 
neurológicos focais, prostração ou 
coma;TC-EC com as imagens 
correspondentes 
ponderar bem o risco de 
isquemia secundária a 
descida abrupta por lesão 
trombótica ou vasospasmo 
C
a
rd
ía
c
a
 
Edema agudo 
do pulmão 
(EAP) 
Taquidispneia, expectoração rósea 
e fluida, estase, roncos e sibilos em 
mais de metade de ambos 
hemitóraxes à auscultação 
pulmonar;RX Torax: sinais de 
estase, cardiomegalia 
Diurético de ansa, 
nitroprussiato, nitroglicerina. 
Insuficiência 
ventricular 
esquerda 
aguda; 
EAM; 
Após cirurgia de 
Bypasse 
coronário; 
Angina instável. 
Procurar sinais de IC, sopro 
sistólico de novo por insuficiência 
mitral; ECG: sinais de isquemia 
aguda, hipertrofia ventricular, etc.; 
Análises: creatinina fosfoquinase 
(CPK) e troponinas elevadas no 
EAM. 
Diurético de ansa, 
nitroprussiato, nitroglicerina; 
Labetalol no EAM 
Disseção aórtica Lombalgia intensa;Sopros 
diastólicos de novo; Rx Torax com 
alargamento do mediastino. 
Propanolol, labetalol, 
nitroprussiato para descer 
rapidamente PAS para 100-
120 
R
e
n
a
l 
Insuficiência 
renal; 
Glomerulonefrite 
aguda; 
Crises renais de 
doenças do 
colagénio; 
HT grave após 
transplante 
renal. 
Oligoanúria; 
Análises com diminuição da taxa de 
filtração glomerular; 
Urina II com alterações 
correspondentes; 
 
 
Protocolos Terapêuticos |CRISE HIPERTENSIVA 51 
 
E
x
c
e
s
s
o
 d
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ir
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ç
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o
 
d
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 c
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te
c
o
la
m
in
a
s
 
Crises de 
feocromocitoma; 
Interacção com 
IMAO; Cocaína, 
anfetaminas; 
HT de resposta 
à suspensão 
súbita de anti-
hipertensivos 
Taquicardia postural, cefaleia 
intensa, sudorese profusa. 
Alterações vasomotoras também 
podem ocorrer: palidez ou rubor 
intenso, dor abdominal, 
precordialgia, dispneia. 
Fentolamina; 
Nitroprussiato; 
Na overdose de cocaína, as 
benzodiazepinas são 
fármacos de 1ª linha; 
Se foi por passagem de 
fármacos, retomá-los; 
ß-bloqueadores são 
contraindicados 
P
la
c
e
n
ta
 
Eclampsia/pré-
eclampsia (PE) 
Com proteinúria, edema, 
encefalopatia após a 21ª semana 
gestacional ou nas primeiras 48 h 
após o parto 
Labetalol, hidralazina, sulfato 
de magnésio; Fazer controlo 
da PA quando a PAD ˃ 100 
mmHg; evitar reduções de 
PA, pelo risco de hipofluxo 
placentário. 
Outros HT pós-
operatória; 
Epistaxe grave. 
 
 
AlGORITMO DE ABORDAGEM DA CRISE HIPERTENSIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALGORITMO DE ABORDAGEM DA URGÊNCIA HIPERTENSIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALGORITMO DE ABORDAGEM DA EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA 
História clínica de cumprimento terapêutico e lesão de orgão previa; 
Exame objectivo com exame neurológico e fundoscopia; 
Análises com hemograma, ionograma, ureia, creatinina, glicemia, CPK, troponina, aspartato aminotransferase 
(ALT), alanina aminotransferase (AST), urria II; 
ECG de 12 derivações; 
Radiografia de tórax; 
TC-CE se sinais neurologicos 
Elevação súbita PAS ≥ 180 e/ou PAD ≥ 120 
mmHg Crise Hipertensiva 
 
Crise Hipertensiva 
Presença de 
sintomas/sinais de lesão de 
órgão alvo de novo? Não Sim 
Urgência hipertensiva Emergência hipertensiva 
Urgência hipertensiva Descida da PA gradual para ≤ 160/100 mmHg em 
24/48 h* 
˃ 65 
Anos? 
Sim Não 
Captopril 25 mg oral Captopril 25 mg sublingual 
Após 1h a 
observar 
Descida > 25% Não Sim 
Captopril até 50 mg e 100 mg, 90 e 120 min depois 
Tranquilizante 
Ajuste terapêutico 
Alta com consulta nos dias seguintes 
Se 3-6 h depois se mantém, internar 
Emergência hipertensiva 
 
52 CRISE HIPERTENSIVA | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quedas abruptas da PA que possam originar isquémia cerebral, renal ou coronária devem ser 
evitadas. Por esta razão, a nifedipina sublingual já não é considerada aceitável para descida inicial da 
PA na crise hipertensiva. 
Internamento em Unidade de Cuidados Intensivos (UCI): 
Monitorizacção cardiaca, da PA e oximetria de pulso 
Oxigenoterapia 
Administracção IV da terapêutica individualizada 
Reduzir não mais de 25% da PA na 1ª h 
Estável? 
Sim Não 
Reduzir para 160/100-110 
mmHg nas 2-6 h seguintes 
PA bem tolerada e o 
paciente estável? 
Sim 
Pode continuar-se a redução 
nas 24-48 h seguintes 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 53 
 
13.INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 
Definição 
A insuficiência cardíaca (IC) é uma anomalia da estrutura ou da função cardíaca que se traduz na 
falência do coração em entregar o oxigénio aos tecidos à taxa exigida pelas necessidades 
metabólicas, com pressões de enchimento normais. 
Diagnóstico 
O diagnóstico de IC exige a presença de sinais e sintomas (embora possam estar ausentes em 
pacientes sob diuréticos e na fase inicial da doença), tais como: 
 Sintomas: dispneia em repouso ou de esforço, fadiga, cansaço, edemas maleolares, dispneia 
paroxística noturna, ortopneia, palpitações, síncope, confusão (sobretudo nos idosos); 
 Sinais: taquicardia, taquipneia, fervores pulmonares, edema pleural, pressão venosa jugular 
aumentada, edemas periféricos, hepatomegalia, desvio do choque da ponta, S3, sopros, 
arritmias, ascite,caquexia. 
 
Além disto, é necessária evidência objectiva de alterações da estrutura ou função cardíacas em 
repouso, dividindo-se deste modo, o tipo de IC de acordo com a preservação ou não da fracção de 
ejecção (FE) do ventrículo esquerdo (VE), que é calculada dividindo o volume debitado (volume 
telediastólico menos o volume telessistólico) pelo volume telediastólico: 
IC com FE reduzida; FE ≤ 35-50% (dependendo dos estudos), ou seja. IC com disfunção 
sistólica; 
IC com FE preservada: FE normal ou apenas discretamente diminuída e doença cardíaca 
estrutural importante (como hipertrofia ventricular esquerda ou dilatação auricular), que 
corresponde a IC diastólica. Estes pacientes são frequentemente mais velhos, do sexo 
feminino e obesos, apresentando uma maior prevalência de hipertensão arterial (HTA) e 
fibrilhação auricular (FA). 
 
Classificação/gravidade 
A classificação da IC em função da gravidade é essencial para estabelecer um plano terapêutico. A 
mais utilizada é a da New York Heart Association (NYHA), que se baseia nos sintomas e na sua 
relação com a actividade física. Embora se correlacione mal com a função ventricular, existe uma 
relação clara entre a gravidade dos sintomas e a sobrevivência. 
 
CRITÉRIOS DE CLASSIFICACÇÃO DA IC DA NYHA 
Classe I Sem limitações da actividade física; 
Sintomas (cansaço, palpitações ou dispneia) para grandes esforços. 
Classe II Ligeira limitação da actividade física; 
Sintomas para médios esforços, nomeadamente as actividades da vida diária (AVD) 
Classe III Limitação marcada da actividade física; 
Confortável em repouso, mas actividades de baixo esforço já provocam sintomas. 
Classe IV Incapaz de suportar qualquer actividade física sem desconforto; 
Sintomas no repouso e agravados por qualquer esforço. 
 
ALGORITIMO DE ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DA IC 
 
 
 
 
 
História clínica + exame objectivo 
Suspeita de 
IC? 
Aguda (vide »Algoritimo de 
abordagem diagnóstica e 
terapêutica da IC aguda») 
Crónica 
Electrocardiograma (ECG) 
Raixo X Tórax 
NT proBNP(*) ou ecocardiograma 
(ECG) 
Raixo X Tórax facultativo 
NT proBNP(*) ou ecocardiograma 
 
54 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando a disponibilidade do ecocardiograma é limitada, o NT-proBNP é um instrumento útil para 
excluir IC, sendo a sua probabilidade muito baixa, caso os níveis séricos sejam inferiores aos 
discriminados. É de lembrar, contudo, que os seus valores aumentam com a idade e que podem estar 
diminuídos em indivíduos obesos. Estão aumentados em todas as situações que impliquem aumento 
das câmaras cardíacas (FA, embolia pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) com 
aumento da pressão de enchimento do coração direito) e na insuficiência renal (IR). Os pacientes 
com alta probabilidade de IC e os que apresentam história de enfarte agudo do miocárdio (EAM) 
podem ser directamente referenciados para ecocardiograma. 
 
Medidas gerais não farmacológicas 
Educar o paciente a reconhecer sintomas e a fazer automonitorização do peso: aumento ˃ 2 kg 
em 3 dias manusear diurético e/ou contactar médico; 
Promover a adesão à terapêutica pela explicação do funcionamento dos medicamentos e seus 
efeitos secundários; 
Aconselhar restrição da ingestão de Na+ na IC NYHA III e IV e restrição hídrica de 1,5-2l/dia nos 
pacientes com sintomas graves; 
Permitir até 20 g/dia de álcool nos homens e 10 g/dia nas mulheres. Abstinência se 
miocardiopatia dilatada; 
Promover: cessação tabágica e redução de peso se IMC ˃ 30 kg/m2; 
Fazer a avaliação do status nutricional se perda de peso ˃ 6% em 6 meses; 
Vacina Pneumocócica e da gripe na IC sintomática; 
Actividade física aeróbica regular e moderada, nos pacientes estáveis; 
Educação sexual: não usar inibidores da PDES com nitratos (NT) e aconselhar, nas mulheres, o 
planeamento familiar; 
Desaconselhar altitudes ˃ 1500 m e lugares quentes e húmidos; 
Tratar a depressão e disfunção cognitiva, frequentes em pacientes com IC sintomática. 
 
Tratamento da Insuficiência Cardíaca Crónica 
A abordagem terapêutica da IC crónica, além das medidas gerais e do tratamento dos factores 
agravantes e desencadeantes já mencionados, vai diferir de acordo com a classificação da IC (FE 
preservada e reduzida) e da etiologia da IC (FA, cardiomiopatia dilatada alcoólica, valvulopatias). 
 
ALGORITIMO DE ABORDAGEM TERAPÊUTICA DA IC CRÓNICA SINTOMÁTICA (NYHA II-IV) 
COM FE PRESERVADA (≥ 40%) OU IC DIASTÓLICA 
 
 
Medidas gerais não farmacológicas/não invasivas 
ECG anormal 
e/ou NT 
proBNP(*) ≥ 300 
pg/ml? 
ECG anormal 
e/ou NT 
proBNP(*) ≥ 125 
pg/ml? 
Não 
IC pouco provável 
Sim 
Ecocardiograma 
(se ainda não foi realizado 
Critérios de IC FE 
preservada ou reduzida? 
Preservada (vide »Algoritmo 
de abordagem terapêutica 
da IC crónica 
sintomática..») 
Reduzida (vide »Algoritmo de 
abordagem terapêutica da IC 
crónica sintomática..») 
 
Detetar e tratar comorbilidades e factores precipitantes 
IC sintomática com FE preservada 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamento farmacológico empirico, baseado na 
etiologia e nas alterações fisiopatológicas 
Diuréticos para avaliar sinais e sintomas de congestão 
+ 
Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) ou antagonistas 
dos recetores da angiotensina II (ARA) (se o IECA não for tolerado) β 
bloqueadores
 
Se FA, adicionar verapamil ou diltiazem (+ 
digoxina?) * β 
bloqueadores
Sem mais tratamento específico, continuar no 
programa de gestão da doença 
 
56 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA | Protocolos Terapêuticos 
 
 
ALGORITIMO DE ABORDAGEM TERAPÊUTICA DA IC CRÓNICA SINTOMÁTICA (NYHA II-IV) 
COM FE REDUZIDA (< 40%) OU IC COM DISFUNÇÃO SISTÓLICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (IECA) 
Indicações Todos os pacientes com FEVE ≤ 40%, para reduzir o risco de hospitalização e 
morte prematura 
Contraindicações Angioedema; 
Estenose bilateral da artéria renal; 
IC sintomática com FE reduzida 
Diuréticos para aliviar sinais e sintomas de congestão 
+ 
IECA ou ARA (se o IECA não for tolerado) 
Adicionar um ß-bloqueador 
Ainda em classes 
II-IV da NYHA? 
Não 
Sim 
Adicionar um antagonisma dos 
receptores da aldosterona 
Ainda em classes II-IV 
da NYHA? 
 
Não 
Sim 
FEVE ≤ 35%? 
Sim 
Ritmo sinusal e 
FC ≥ 70 bpm? 
Não 
Sim 
Não 
Adicionar ivabradina 
Ainda em classe II-IV da 
NYHA e FEVE ≤ 35%? 
Sim 
Não 
Duração do QRS ≥ 
120 ms? Sim Não 
Considerar terapêutica de ressincrnizacção 
cardiaca com pacemaker (TRC-P) ou com 
desfribilhador (TRC-D) 
Considerar cardiodesfibrilador 
implantável (CDI) 
Ainda em classe II-IV 
da NYHA? 
Não 
Sem mais tratamento específico 
Continuar no programa de gestão da 
doença (*) 
Sim 
Considerar digoxina e/ou dinitrato de 
isossorbido * Hidralazina 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 57 
 
Concentração sérica de potássio ˃ 5,0 mmol/l; 
Creatinina sérica ˃ 2,5 mg/dl; 
Estenose aórtica grave. 
Indicação Avaliar a função renal e os electrólitos séricos (reavaliar 1-2 semanas após o inicio 
do tratamento; 
Hospital: deve ser introduzido antes da alta 
Titulação Considerar um aumento da dose 2-4 semanas após o inicio; 
Se agravamento da função renal ou hipercaliémia, não aumentar; 
Reavaliar a função renal dos electrólitos 1-4 semanas após o aumento da dose; 
Titular até alcançar a dose alvo recomendada pela evidência ou a dose máxima 
tolerada pelo individuo; 
Hospital: pode fazer-se a titulação mais rapidamente, desde que supervisionada de 
perto e o paciente tolere. 
Follow-up Reavaliar função renal e electrólitos séricos, 1, 3 e 6 meses após ingerir a dose de 
manutenção e de 6/6 meses. 
Efeitosadversos 
potenciais 
Agravamento da função renal; 
Hipercaliémia; 
Hipotensão sintomática; 
Tosse. 
 
Fármacos Dose Inicial (mg) Dose alvo (mg) 
Captopril 6,25 3x/dia 50-100 3x/dia 
Enalapril 2,5 2x/dia 10-20 2x/dia 
Lisinopril 2,5-5,0 1x/dia 20-35 1x/dia 
Ramipril 2,5 1x/dia 5 2x/dia 
 
Diuréticos 
Indicações Pacientes com IC e sinais ou sintomas de congestão, 
independentemente da FEVE; 
Devem ser usados em combinação com um IECA (ou ARA, se 
este não for tolerado); 
A dose deve ser adaptada às necessidades individuais do 
paciente e necessita de monitorização cuidadosa; 
De uma forma geral, utilizam-se diuréticos de ansa (mais 
eficientes a induzir diurese e natriurese), mas uma tiazida pode 
ser utilizada em associação quando o edema é resistente. 
Indicação Avaliar função renal e electrólitos; 
Iniciar nas doses indicadas e aumentar até obter alivio clínico dos 
sinais/sintomas da congestão. 
Follow-up A dose deve ser ajustada após o restabelecimento do peso seco 
(evita o risco de disfunção renal ou desidratação); 
O autoajuste da dose do diurético baseado em passagens diárias e 
noutros sinais/sintomas de retenção hídrica deve ser encorajado; 
É necessário monitorizar o potássio, os níveis de potássio, sódio e 
creatinina durante a terapêutica diurética. 
Interações Se combinados com IECA (ou ARA, se este não for tolerado), a 
depleção de volume e a hiponatrémia decorrentes de uma 
diurese excessiva podem levar a hipotensão e disfunção renal; 
Se combinados com IECA (ou ARA, se este não for tolerado), ou 
um antagonista da androsterona, não é necessário fazer 
reposição de potássio; 
Pode ocorrer hipercaliémia severa, se diuréticos poupadores de 
 
58 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA | Protocolos Terapêuticos 
 
potássio (incluindo os antagonistas da aldosterona) forem usados 
com IECA ou ARA, pelo que estas associações exigem 
supervisão cuidadosa. 
 
Fármacos Dose Inicial (mg) Dose alvo (mg) 
Diuréticos de ansa 
Furosemida 20 - 40 40 - 240 
Tiazidas 
Hidroclorotiazida 25 12,5 - 100 
Inapamida 2,5 2,5 – 5,0 
Diuréticos poupadores de K+ Com 
IECA/ARA 
Sem 
IECA/ARA 
Com 
IECA/ARA 
Sem 
IECA/ARA 
Espironalactona/Eplerenona 12,5 – 25 50 50 100 - 250 
Amilorido 2,5 5 20 40 
 
ß-bloqueadores e inibidores dos canais de cálcio do nó sinusal (Ivabradina) 
Indicações Todos os pacientes com FEVE ≤ 40% e IC sintomática ou NYHA II-IV 
com IC juntamente com terapêutica com IECA optimizada (ou ARA se 
não tolerado) e estabilidade clínica (classe I, nível de evidência A ESC 
2012). 
Contraindicações - Asma; 
- Bloqueio de 2º ou 3º graus; 
- Doença do nódulo sinusal sem pacemaker permanente; 
- Bradicardia sinusal (< 50 bpm). 
Inicio - Iniciar o tratamento nas doses abaixo indicadas; 
- Hospital: deve ser introduzido antes da alta; nos pacientes com 
descompensação recente, apenas se melhorados sob outras 
terapêuticas, sem dependência de agentes inotrópicos intravensa (IV) e 
se puderem ser observados no hospital durante as primeiras 24 h de 
internamento. 
Titulação - observação médica a cada 2-4 semanas, por forma a aumentar a dose 
(titulações mais lentas podem ser necessárias); 
- Duplicar a dose em cada visita, até ser alcançada a dose alvo 
recomendada pela evidência ou a dose máxima tolerada pelo indivíduo; 
- se sinais de agravamento da IC, hipotensão sintomática ou bradicardia 
< 50 bpm, não aumentar a dose nessa visita. 
Efeitos adversos 
potenciais 
- hipotensão sintomática; 
- Agravamento da IC; 
- Bradicardia significativa 
 
Fármacos Dose Inicial (mg) Dose alvo (mg) 
Bisoprol 1,25 1x/dia 10 1x/dia 
Carvedilol 3,125 2x/dia 25-50 2x/dia 
Succinato de metoprolol 12,5/25 1x/dia 200 1x/dia 
Nebivol 1,25 1x/dia 10 1x/dia 
 
Inibidor dos canais de cálcio do nó sinusal (ivabradina) 
Indicações - Pacientes em ritmo sinusal com FEVE ≤ 30% e IC sintomática ou NYHA II-IV 
apesar de terapêutica com IECA (ou ARA), ß-bloqueadores e antagonista dos 
receptores da aldosterona optimizada e estabilidade clínica, que apresentem 
frequência cardíaca (FC) ≥ 70 bpm; 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 59 
 
- Angina do peito (crónica estável), de pacientes em ritmo sinusal, que não 
toleram ß-bloqueadores, ou como primeira escolha. 
Contraindicações Hipersensibilidade à ivadrabina, bradicardia, hipotensão arterial, arritmia 
cardíaca, uso de pacemaker, angina instável, insuficiência hepática, gravidez 
e amamentação. 
Inicio 5 mg 2x/dia. Ao fim de 4 semanas (se necessário), 7,5 mg, 2x/dia. Nos 
pacientes ˃ 75 anos, pode haver necessidade de iniciar com metade da dose. 
Interacções Rifampicina, fenitoina, macrólidos, antifúngicos azóis, antimálaricos, fármacos 
bradicardizantes. 
Efeitos adversos 
potenciais 
- Fosfenos; Turvação visual; Bradicardia; Cefaleias; Tonturas. 
 
Antagonistas da Aldosterona 
Indicações Todos os pacientes com FEVE ≤ 35% e IC com sintomas persistentes (NYHA 
II-IV) apesar de terapêutica com IECA (ou ARA) e ß-bloqueadora optimizada, 
na ausência de Hipercalcémia ou disfunção renal grave (classe I, nível de 
evidência A, ESC 2012). 
Contraindicações - Concentração sérica de potássio ˃ 5,0 mmol/l; 
- Concentração sérica de creatinina ˃ 2,5 mmol/l; 
-Terapêutica concomitante com diuréticos poupadores de potássio; 
- Terapêutica concomitante suplementos de potássio; 
- Terapêutica concomitante com IECA e ARA simultaneamente. 
Como iniciar - Avaliar a função renal e os electrólitos séricos (reavaliar 1-4 semanas após o 
inicio do tratamento); 
- Hospital: deve ser introduzido antes da alta. 
Como titular? - Considerar um aumento da dose 4-8 semanas após o inicio; 
- Se agravamento da função renal ou hipercaliémia, não aumentar; 
- Reavaliar a função renal e os electrólitos 1-4 semanas após o aumento da 
dose; 
- Titular até ser alcançada a dose alvo recomendada pela evidência ou a dose 
máxima tolerada pelo individuo; 
- Hospital: pode fazer-se a titulação mais rapidamente, desde que 
supervisionada de perto e o paciente tolere. 
Follow-up Reavaliar função renal e electrólitos séricos, 1, 2, 3 e 6 meses após atingir a 
dose de manutenção e de 6/6 meses posteriormente. 
Efeitos adversos 
potenciais 
- Agravamento da função renal; 
- Hipercaliémia; 
- Mastalgia e/ou aumento mamário. 
Fármacos Dose inicial (mg) Dose alvo (mg) 
Espironolactona 25 1x/dia 25-50 1x/dia 
 
 
 
Antagonistas dos receptores da angiotensina 
Indicações Todos os pacientes com LVEF ≤ 40% que se mantém sintomáticos apesar da 
terapêutica optimizada com um IECA e um ß-bloqueador e que não toleram a 
terapêutica com um antagonista da aldosterona; ou pacientes com indicação 
para fazer IECA, mas intolerantes por causa da tosse ou angioedema (classe 
I, nível de evidência A, ESC 2012). 
Contraindicações - As mesmas dos IECA, com excepção do angioedema; 
- Pacientes sob terapêutica com IECA e antagonistas da aldosterona; 
- Deve apenas ser usado nos pacientes com uma função renal adequada e 
 
60 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA | Protocolos Terapêuticos 
 
com uma concentração sérica de potássio normal. 
Inicio - Avaliar a função renal e os electrólitos séricos (reavaliar 1 semana após o 
inicio do tratamento); 
- Hospital: deve ser introduzido antes da alta. 
Titulação - Considerar um aumento da dose 2-4 semanas após o inicio; 
- Se agravamento da função renal ou hipercaliémia, não aumentar; 
- Reavaliar a função renal e os electrólitos 1-4 semanas após o aumento da 
dose; 
- Titular até ser alcançada a dose alvo recomendada pela evidência ou a dose 
máxima tolerada pelo individuo. 
Follow-up - Reavaliar função renal e electrólitos séricos 1, 3 e 6 meses após atingir a 
dose de manutenção e de 6/6 meses posteriormente; 
- A função renal e os electrólitos séricos devem ser monitorados seriamente, 
especialmente se o ARA é usado concomitantemente a um IECA. 
Efeitos adversos 
potenciais 
- Agravamento da função renal; 
- Hipercalcémia;- Hipotensão sintomática; 
- Causam tosse. 
Fármacos Dose inicial (mg) Dose alvo (mg) 
Candesartan 4 ou 8 1x/dia 32 1x/dia 
Valsartan 40 2x/dia 160 2x/dia 
 
Digoxina 
Indicações Pacientes com ritmo sinusal FEVE ≤ 45% que persistem em classe funcional 
II-IV da NYHA com terapêutica optimizada com IECA e/ou ARA, ß-bloqueador 
e antagonista; 
Pacientes com ritmo sinusal < 45% que persistem em classe funcional II-IV 
com terapêutica optimizada cm IECA e/ou ARA e antagonista de aldosterona 
mas não toleram ß-bloqueador (nem ivabradina); 
IC sintomática (NYHA II-IV) e FA (mas outros fármacos são preferiveis); 
Em associação com o verapamil ou diltiazem para controlo da resposta 
ventricular. 
Contraindicações Bloqueio de 2º ou 3º graus (sem pacemaker permanente) 
Sindrome de pré-excitação 
Evidência anterior de intolerância à digoxina 
Precaução se doença do nódulo sinusal 
Follow-up concentração sérica de 0,6-1,2 mg/ml (amiodarona, diltiazem, verapamil e 
alguns antibióticos aumentam esta concentração) 
A concentração de digoxina deve ser avaliada precocemente durante a 
terapêutica crónica nos pacientes com função renal normal (nos insuficientes 
renais, pode demorar mais a atingir o steady state) 
É mandatória a monitorização seriada dos electrólitos e da função renal 
Efeitos adversos 
potenciais 
Bloqueio sinoauricular ou atrioventricular 
Disritmias, especialmente na presença de hipocalémia 
Intoxicação digitálica (confusão, náuseas, anorexia e perturbação da visão 
cromática) 
Fármacos Adulto Idosos e insuficientes renais 
Digoxina 0,25 1x/dia 0,125 ou 0,0625 1x/dia 
 
Terapêutica de ressincronização cardíaca (TRC) 
Mecanismo de 
acção 
Sincroniza a contracção inter e intraventricular em pacientes com IC em que 
existe evidência de não sincronismo eléctrico (QRS alargado, isto é, largura ≥ 120 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 61 
 
ms); 
Indicações recomendadas para reduzir s morbilidade e a hospitalização em pacientes NYHA 
classe III que permanecem sintomáticos apesar da otpimização da terapêutica 
médica e que estão em ritmo sinusal, têm uma FEVE ≤ 35%, expectativa de vida 
com bom status funcional ˃ 1 ano. Se apresentarem padrão BCRE, o QRS tem de 
ser ≥ 120 ms; se não apresentarem este padrão, o QRS deve ser ≥ 150 ms; 
A TRC-D está recomendada para reduzir a morbilidade e a hospitalização nos 
pacientes NYHA II que permanecem sintomáticos apesar da optimização da 
terapêutica médica e que têm uma FEVE ≤ 30%, uma expectativa de vida com um 
bom status funcional ˃ 1 ano. Se apresentarem padrão de BCRE, o QRS tem de 
ser ≥ 130 ms; se não apresentarem este padrão, o QRS deve ser ≥150 ms. 
 
Cardiodesfibrilhador implantável (CDI) 
Mecanismo de 
acção 
Previne, de forma mais eficaz do que os fármacos antirritmicos, a morte cardíaca 
súbita. 
Indicações Como prevenção primária é recomendado para reduzir a mortalidade em 
pacientes com IC sintomática NYHA II e III e FEVE ≤ 35%, apesar de 3 meses a 
receber terapêutica médica optimizada e com uma expectativa de vida cm um 
bom status funcional ˃ 1 ano; 
Como prevenção secundária, está recomendado nos pacientes com uma arritmia 
ventricular que cause instabilidade hemodinâmica e com uma expectativa de vida 
com um bom status funcional ˃ 1 ano 
 
Left ventricular assist devices (LVAD) 
Indicações - A curto prazo, como ponte para o transplante cardíaco e no manuseamento dos 
pacientes com miocardite aguda e grave 
- A longo prazo, quando se exclui a possibilidade de transplante cardiaco e há 
uma expectativa de vida com um bom status funcional ˃ 1 ano 
 
Medicamentos que não devem ser utilizados em IC 
Beneficío não 
comprovado 
Estatinas; 
Inibidor directo da renina (por exemplo, aliscireno); 
Anticoagulante oral (noutros pacientes que não os com FA). 
Acreditam-se 
prejudiciais na 
IC sistóllca 
classe NYHA II-
IV 
Glitazonas; 
Bloqueadores dos canais de cálcio, excepto amlodipinas e felodipinas (pelo seu 
efeito inotrópico negativo); 
AINE e inibidores selectivos da COX-2 (pelo seu efeito de retenção de sódio e 
água, agravamento das funções renal e cardíaca); 
Antagonista dos receptores da angiotensina, quando já está a ser realizada 
terapêutica com IECA e antagonistas dos receptores dos mineralocorticoides (por 
provocar disfunção renal e hipercaliémia). 
 
Insuficiência Cardíaca Aguda: Inicio ou modificação rápidos dos sinais e sintomas da IC, com a 
necessidade de tratamento urgente novo ou por agravamento de uma IC pré-existente. Na 
abordagem diagnóstica e terapêutica urgente da IC aguda, é essencial identificar e tratar 
atempadamente os seus precipitantes e causas. 
Precipitantes e causas da insuficiência cardíaca aguda 
Deterioração rápida Deterioração menos rápida 
Disritmia aguda; 
SCA; 
Complicações mecânicas de 
EAM; 
Infecção, incluíndo endocardite; 
Exacerbação da DPOC/Asma; 
Anemia; 
Disfunção renal; 
 
62 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA | Protocolos Terapêuticos 
 
TEP; 
Crise hipertensiva; 
Tamponamento cardiaco; 
Dissecção aórtica; 
Cirurgia e problemas pós-
cirurgia; 
Cardiomiopatia pós-parto; 
Mocardite aguda. 
Valvulopatias; 
Não adesão terapêutica; 
Fármacos/iatrogenia; 
Arritmias, bradicardia e perturbações da condução que não 
conduzam a alterações graves e súbitas da FC; 
Descontrolo tensional; 
Hipo ou hipertiroidismo; 
Abuso de álcool ou drogas. 
 
Nos pacientes que já fazem diuréticos, recomenda-se iniciar com 2.5 vezes a dose oral prévia. 
 Iniciar com 40-60% oxigénio, até uma SatO2 periférica ˃ 90%, com cuidado relativamente a pacientes 
que possam apresentar retenção de CO2 Por exemplo, 4-8 mg de morfina + 10 mg de 
metoclopramida; observar se existe depressão respiratória; repetir se necessário. 
Pele fria, diminuição da amplitude do pulso periférico, diminuição do DU, isquémia miocárdica. Por 
exemplo, iniciar infusão IV de dobutamina 2.5 μg/kg/min, dobrando cada 15 min de acordo com a 
resposta e a tolerabilidade – taquicárdia, arritmias ou isquémia. Raramente é necessária uma dose 
˃20 μg/kg/min. Tem actividade vasodilatadora moderada por agonismo ß2-adrenérgico. Por 
exemplo, iniciar função a 10 μg/min e dobrar cada 10 min de acordo com a tolerabilidade – 
hipotensão. 
Em pacientes com PA persistentemente baixa, pensar em diagnósticos alternativos, por exemplo, 
embolia pulmonar, problemas mecânicos agudos, doença valvular grave (especialmente estenose 
aórtica). A caracterização arterial pulmonar pode ajudar a identificar os pacientes com insuficiente 
enchimento ventricular esquerdo e a optimizar a terapêutica de acordo com o perfil hemodinâmico. 
Oxigenoterapia 
Indicações Recomendada o mais precocemente possível em pacientes hipoxémicos, para 
conseguir SatO2 ≥ 90% ou PO2 ˃ 60. 
Precauções Devem ser tomados cuidados especiais em pacientes com doença obstrutiva 
grave das vias áereas para evitar hipercapnia 
Com máscara de alto débito 
Como? Com máscara de FiO2, ajustado progressivamente de forma a obter a 
saturação pretendida. 
VNI com PEEP (positive end-expiratory pressure) 
Indicações Todos os pacientes com edema pulmonar cardiogénico e ICA hipertensiva. 
Melhora a função ventricular esquerda (por reduzir a pós-carga no ventriculo 
esquerdo) 
Contraindicações Pacientes que não conseguem cooperar; 
Hipóxia life-threatening, com necessidade imediata de intubação endotraqueal; 
Usar com precaução nos pacientes com doença obstrutiva das vias áereas. 
Como? Iniciar com PEEP 5-7,5 cm H2O; 
Titular de acordo com resposta clínica até máximo de 10 cm H2O; 
FiO2 deve ser ≥ 0,40. 
Efeitos adversos 
potenciais 
Agravamento da insuficiência ventricular direita grave; 
Mucosas secas; 
Hipercapnia; 
Ansiedade/claustrofobia; 
Pneumotórax; Aspiração. 
IV 
Indicações Deve ser restringida aos pacientes em que a administração de O2 por máscara 
ou NI não é suficiente, a pacientes com insuficiência respiratória com 
agravamento oua pacientes com exaustão (avaliada pela hipercapnia). 
Como? Entubação e ventilação mecânica. 
 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 63 
 
Morfina 
Indicações Pacientes ansiosos, dispneicos ou com dor torácica 
Como? Bolus IV de 2,5-5 mg; 
Repetir a dose quando necessário. 
Precauções Monitorar a respiração; 
Usar como precaução nos pacientes com hipotensão, bradicardia, bloqueio 
atrioventricular (BAV) e retenção de CO2. 
Efeitos adversos 
potenciais 
Náuseas (fazer terapêutica antiemética). 
 
Diuréticos de Ansa 
Indicações Pacientes com sintomas secundários a congestão ou sobrecarga de volume. 
Precauções É importante a monitorização do DU; 
É provável que os pacientes com PAS < 90 mmHg, hiponatrémia grave ou 
acidose não respondam ao tratamento com diuréticos. 
Efeitos adversos 
potenciais 
Hipocalémia, hiponatrémia e hiperuricemia; 
Hipovolemia e desidratação; 
Activação neuro-hormonal; 
Aumentam a probabilidade de hipotensão no tratamento subsequente com IECA 
ou ARA. 
 
Grau de retenção Diurético Dose inicial (mg) 
Moderado Bolus furosemida PO ou IV 20-40 
Grave Bolus furosemida IV seguido de 
infusão de furosemida 
40-100 (furosemida) 
5-40 mg/h (infusão de furosemida) 
Resistente ao diurético 
de ansa 
Adicionar hidroclorotiazida PO ou 
espironolactona PO 
25 (hidroclorotiazida) 
25-50 (espironolactona) 
Resistente ao diurético 
de ansa e a tiazida 
Adicionar dopamina ou dobutamina 
A dose total de furosemida deve permanecer <100 mg nas primeiras 6 h e 240mg nas primeiras 24 h. 
 
Vasodilatadores 
Indicações Recomendados nos pacientes com IC aguda sem hipotensão sintomática, PAS 
< 90 mmHg ou doença valvular obstrutiva grave: 
- NT: com efeito predominantemente vasodilatador, a nitroglicerina (NTG) é o 
fármaco mais frequentemente utilizado, mas também o dinitrato de isossorbido 
(DNI); 
- Nitroprussiato de sódio: efeito vasodilatador com redução de pré e pós-carga. 
Como? NTG: bolus inicial de NTG IV (10-20 μm/min). Aumentar na medida do 
necessário, em incrementos de 5-10 μm/min em cada 3-5 min até um máximo 
de 200 μm/h; DNI: começar com 1 mg/h IV, aumentando até um máximo de 10 
mg/h; 
Nitroprussiato de sódio: iniciar com 0,3 μm/min, aumentando até máximo de 5,0 
μm/min. 
Precauções Medições frequentes da PA recomendando-se a utilização de linha arterial para 
a administração do nitroprussiato de sódio. 
Efeitos adversos 
potenciais 
cefaleias, taquifilaxia 24-48 h depois (tratamento com doses cada vez maiores) e 
hipotensão; Nitroprussiato de sódio: hipotensão súbita (usar com precaução nos 
pacientes com SCA). 
 
Agentes inotrópicos 
 
64 EDEMA AGUDO DO PULMÃO | Protocolos Terapêuticos 
 
Indicações Pacientes com sintomas secundárias e congestão ou sobrecarga de volume 
Como? É importante a monitorização do DU; 
É provável que os pacientes com PAS < 90 mmHg, hiponatrémia grave ou acidose não 
respondam ao tratamento com diuréticos. 
Precauções - Hipocalémia, hiponatrémia e hiperuricemia; 
- Hipovolemia e desidratação; 
- Activação neuro-hormonal; 
- Aumentam a probabilidade de hipotensão no tratamento subsequente com IECA ou 
ARA. 
 
 
Agentes vasopressors 
Indicações • Não são fármacos de 1ª linha, tendo apenas 
indicação no choque cardiogénico, quando a combinação de um 
agente inotrópico associado ao aporte de fluidos não permite 
manter a PAS ˃ 90 mmHg, com uma perfusão orgânica 
inadequada 
Precauções • Descontinuados, assim que possível; 
• A noradrenalina pode ser combinada com 
qualquer um dos agentes inotrópicos acima referidos, 
preferencialmente com perfusão através de uma linha central; 
• A adrenalina não é recomendada como 
inotrópico ou vasopressor no choque cardiogénico 
 
14.EDEMA AGUDO DO PULMÃO 
 
Definição 
Edema agudo de pulmão (EAP) é uma emergência médica frequente, sendo uma das principais 
causas de insuficiência respiratória atendida em unidades de emergência. 
 
Etiologia 
O edema pulmonar ocorre devido ao desequilíbrio das forças de Starling por aumento: 
da pressão hidrostática 
da permeabilidade dos capilares pulmonares. 
Fármaco Bolus Taxa de infusão 
Dobutamina Não 2-20 μg/kg/min: inotrópico (ß+) 
(Iniciar com 2-3 μg/kg/kg/min e aumentar se 
necessário) 
(diminuir a dose por etapas de 2 μg/kg/min, com 
optimização concomitante de terapêutica oral) 
Dopamina Não < 5 μg/kg/min: efeito renal (α+) 
5-10 μg/kg/min: inotrópico (ß+) 
˃ 10 μg/kg/min: vasopressor (α+) 
Levosimendan 12 μg/kg durante 10 min (não 
usar bolus se PAS < 100 
mmHg) 
0,1 μg/kg/min 
(pode até 0,05 ou até 0,2 μg/kg/min) 
Fármaco Bolus Taxa de infusão 
Noradrenalina Não 0,2-1,0 μg/kg/min 
Adrenalina 1 mg IV durante a reanimação (repetir a cada 3-5 min) 0,05-0,5 μg/kg/min 
 
Protocolos Terapêuticos | EDEMA AGUDO DO PULMÃO 65 
 
 
Em ambos os casos ocorre transudação de líquido para os espaços intersticial e alveolar do tecido 
pulmonar, culminando em real separação entre o alvéolo e o capilar pulmonar subjacente, com 
aumento do gradiente alvéolo-arterial de oxigénio e consequente hipoxémia. Os mecanismos mais 
frequentes envolvem o desbalanço nas forças que regem as trocas de fluido entre intravascular e 
interstício e a ruptura da membrana alveolocapilar Independente do mecanismo iniciante, uma vez 
que ocorra a inundação do alvéolo, sempre esteja presente algum grau de ruptura da mesma. A 
sequência de acumulação de líquido independentemente do mecanismo desencadeador pode ser 
dividida em: 
•aumento do fluxo de líquidos dos capilares para o interstício, sem que se detecte, ainda, 
aumento do volume intersticial pulmonar devido ao aumento paralelo, compensatório, da 
drenagem linfática; 
•o volume que é filtrado pelos capilares ultrapassa a capacidade de drenagem linfática máxima e 
inicia-se a acumulação de líquido no interstício; inicialmente, esta ocorre de modo 
preferencial junto aos bronquíolos terminais, onde a tensão intersticial é menor; 
•aumentos adicionais do volume, no interstício, terminam por distender os septos interalveolares 
e consequente inundação dos alvéolos. 
 
 
 
Alteração das forças de 
Starling 
Alteração da 
permeabilidade A-C 
Alteração da 
drenagem linfática 
Idiopática 
 Pc pulmonar 
- s/ IVE(EM, mixoma 
auricular, TEP) 
- c/ IVE(ICC, HTA, IM) 
- c/  PA pulmonar 
 πc 
- Hipoalbuminémia: 
Renal, Hepática, 
Nutricional, 
Dermatológica, Sindrome 
de Mal-absorção 
Pneumonia 
Infecciosa 
(bacteriana/viral), 
Aspirativa 
Pneumonite 
Toxinas: N2, Cl, fumo 
CID 
Imunológica 
Hipersensibilidade 
Fármacos 
 Choque 
Pancreatite 
hemorrágica 
Pós transplante 
pulmonar 
Carcinomatose 
linfangitíca Linfangite 
fibrosante 
Altitude 
Neurogénico 
 Overdose de 
narcóticos 
Tromboembolismo 
pulmonar 
Eclâmpsia 
Pós cardioversão 
Pós anestesia 
 
 
 
Classificação do Edema Pulmonar de acordo com a Fisiopatologia 
I. Desequilíbrio das Forças de Starling 
A. Aumento da pressão capilar pulmonar 
1. Aumento da pressão venosa pulmonar sem falência do ventriculo esquerdo (estenose 
mitral) 
2. aumento da pressão venosa pulmonar com falência do ventrículo esquerdo 
B. Redução da pressão oncótica plasmática: Hipoalbuminémia 
C. Aumento da negatividade da pressão intersticial 
1. Rápida correcção de pneumotórax 
2. Obstrução respiratória aguda (Asma) 
II Alteração da permeabilidade alveolocapilar (sindrome da angústia respiratória aguda) 
A. Pneumonia (bacteriana, viral, etc) 
B. Inalação de substâncias tóxicas 
 
66 EDEMA AGUDO DO PULMÃO | Protocolos Terapêuticos 
 
C. Toxinas circulantes (bacterianas, venenos, etc) 
D. Aspiração de conteúdo gástrico 
E. Pneumonite aguda por radiação 
F. Coagulação intravascular disseminada 
G. Imunológico (Reacções de hipersensibilidade) 
H. Trauma não torácico 
I Pancreatite hemorrágica aguda 
III. Insuficiência Linfática 
A. pós transplante pulmonar 
B. Carcinomatose linfangiticaLinfangite fibrosante (silicose pulmonar) 
IV Etiologia Desconhecida 
A. Edema Pulmonar das grandes altitudes 
B. Edema pulmonar neurogénico 
C. Embolia Pulmonar 
D. Pós anestesia e pós cardioversão 
 
DIFERENÇAS ENTRE EAP CARDIOGÉNICO E NÃO CARDIOGÉNICO 
 
Parâmetros EAP Cardiogénico EAP não Cardiogénico 
Anamnese: 
Episódio Cardiaco Agudo 
Habitualmente presente Não frequente (mas possível) 
Exploração Física 
Débito Cardiaco 
Galope x S3 
PVJ 
Fervores 
Doença subjacente 
Baixo fluxo (pele fria) 
Presente 
Presente 
Húmidos 
Habitualmente ausente 
Fluxo alto (pele quente, pulso cheio) 
Ausente 
Ausente 
Secos 
Presente 
Provas de Laboratório 
ECG 
Rx de Tórax 
Enzimas cardíacas 
PAP de oclusão 
Isquemia / Enfarto 
Distribuição perihilar 
Podem estar elevadas 
≥ 18 mmHg 
Habitualmente normal 
Distribuição periférica 
Habitualmente normais 
< 18 mmHg 
Manifestações Clínicas 
As manifestações dependem do estágio em que se encontra o paciente. 
Fase I: dispnéia de esforço 
Fase II: broncoespasmo, taquipnéia,Ortopnéia, sibilos expiratórios (pode ser confundido com DPOC 
ou Asma). Radiologicamente, a Fase II é caracterizada por borramento peri-hilar bilateral e 
espessamento dos septos interlobulares (linhas “B” de Kerley). 
 
 
Protocolos Terapêuticos | EDEMA AGUDO DO PULMÃO 67 
 
 
Fase III: O sério compromisso da hematose leva à dispneia intensa, com o paciente nitidamente 
ansioso, assumindo posição ortostática e utilizando a musculatura respiratória acessória; palidez 
cutânea, cianose e extremidades frias, associadas a agitação e ansiedade, bem como respiração 
ruidosa. A auscultação pulmonar, revela a presença de fervores crepitantes grossos, roncos e 
sibilos, inicialmente restritos às bases pulmonares, mas, rapidamente, progressivos até aos ápices 
pulmonares. A auscultação cardíaca, frequentemente, é difícil, podendo revelar, entretanto, a 
presença de terceiro tom e hiperfonese do componente pulmonar do segundo tom. A pressão 
arterial , frequentemente, está elevada, dada a intensa actividade adrenérgica. Hipotensão e choque 
circulatório expressam falência grave do ventrículo esquerdo, agravando sobremaneira o 
prognóstico. 
Diagnóstico 
O diagnóstico na sala de emergência é essencialmente clínico, tendo base na anamnese e exame 
físico. Porém, o exame clínico inicial é limitado para a identificação de um possível factor 
desencadeante, sendo fundamental para isso a realização de exames complementares. 
Hemograma com diferencial 
Electrólitos, ureia/creatinina, proteinograma, enzimas cardíacas . 
Urina – proteinúria pode ocorrer. 
Gasometria arterial 
ECG 
Rx Tórax 
Considerar para diagnóstico etiológico: 
Cateterização das aurícula esquerda e direita: medição das PVC e PAP de oclusão 
Ecocardiografia - Lesões valvulares, Cardiomiopatias. 
Hemocultura – focos infecciosos. 
Testes de função pulmonar: patologia pulmonar de base. 
Tratamento 
Objectivos 
Manter funções respiratórias dentro dos limites que permitam a manutenção da vida. 
Reduzir a pressão hidrostática capilar pulmonar e a consequente ultrafiltração para o interstício 
pulmonar, seja de forma farmacológica ou não. 
Tratar a causa ou eliminar o factor de descompensação da cardiopatia de base. 
 
Medidas gerais 
É clássica a recomendação do posicionamento do paciente; na verdade, ele próprio tende a 
assumir a posição sentada, frequentemente com os braços apoiados na beira do leito ou 
 
68 EDEMA AGUDO DO PULMÃO | Protocolos Terapêuticos 
 
sobre o encosto da cadeira e com as pernas pendentes, o que permite o uso mais eficaz da 
musculatura acessória, a diminuição do retorno venoso e o aumento da capacidade vital. 
Se possível, o paciente deve ter monitorização contínua dos batimentos cardíacos, pressão 
arterial, oximetria de pulso e acesso venoso (oxigénio, veia e monitor). 
Oxigenoterapia, em fracções inspiratórias maiores que 60% com o objectivo de manter 
saturação periférica de oxigénio acima de 95%. 
 
Medidas farmacológicas 
DIURÉTICOS DE ANSA: Furosemida é utilizada na dose de 0,5-1,0mg/Kg IV (40-80 mg no adulto). 
Espera-se uma resposta inicial de alívio da dispneia devido à venodilatação e, após 20-30min, 
ocorrerá a diurese propriamente dita. Se não se obtiver a resposta esperada deve-se dobrar a dose 
feita de início, podendo ser administrado até 200 mg/dose. A dose máxima é de 1000 mg/dia. 
MORFINA : O sulfato de morfina (2 a 8mg EV, se PA>100mmHg) permanece como recurso útil no 
edema pulmonar agudo. Tem acção venodilatadora, além de sedação ligeira, reduzindo o esforço 
respiratório e a ansiedade. A preocupação de muitos profissionais com seu efeito sedativo e 
consequente risco de depressão respiratória pode ser amenizada com o uso de Naloxona 0.4mg 
diluído em 10ml de SF para antagonizar a depressão respiratória. 
VASODILATADORES : Sobretudo na IC aguda com PA adequada e sinais de congestão e baixa diurese 
Nitroglicerina (EAP cardiogénico): 0,3 - 3 mcg/Kg/min ou 0,4mg SL de 5/5min. A venodilatação e 
consequente redução da pré-carga do ventrículo esquerdo bem como a redução da 
resistência vascular sistémica (pós-carga) são a base de sua utilização. 
Dinitrato de isossorbido: 5mg sublingual de 5/5min desde que PAS> 90mmHg. 
Nitroprussiato de Na (EAP da Emergência Hipertensiva): 0,3 - 5 mcg/Kg/min. Tem acções 
semelhantes à nitroglicerina, com discreta superioridade na acção dilatadora arterial. Evitar 
administração prolongada (toxicidade dos seus metabólitos) e evitar principalmente no 
paciente com IRenal ou IHepática. 
CI: hipotensão sintomática, PAS <90 mmHg e valvulopatia obstructiva importante. 
 
INOTRÓPICOS: A associação de choque circulatório e edema pulmonar agudo é uma das mais graves 
situações com que se depara na sala de urgência. Nesses casos, se a pressão arterial sistólica 
estiver entre 70 e 100 mmHg: Dopamina na dose de 2.5 a 20 mcg/Kg/min; se dose superior a esta for 
necessária, acrescentar no epinefrina e reduzir a dose de dopamina para 10 mcg/Kg/min. 
Dobutamina, também na dose de 2,0 a 20 mcg/Kg/min, deverá ser reservada para casos de 
hipotensão sem sinais de choque associados. A digitalização só está indicada no controle de 
Taquiarritmias supraventriculares como a fibrilhação atrial de alta resposta ventricular; a sua acção 
inotrópica é muito retardada e não demonstra benefícios na reversão do edema pulmonar ou na 
estabilização hemodinâmica. 
Outros recursos terapêuticos 
BRONCODILATADORES: 
Aminofilina (dose de ataque de 5mg/Kg em 10 a 20 min, seguida de manutenção de 0,5 a 0,7 
mg/Kg/hora) é útil nos pacientes que se apresentam com componente de broncospasmo 
significante (“Asma cardíaca”) salientando-se, entretanto, o seu potencial de agravar 
arritmias, notadamente, no paciente portador de insuficiência coronária. Não se vê vantagem 
no seu uso contínuo. 
Salbutamol: 1ml(5mg) em 3ml SF aerossol de 6/6h 
Brometo de ipatrópio: 0,5mg( amp de 2ml)+ 2ml SF, aerossol de 6/6h intercalado ou não com 
salbutamol 
Angioplastia, balão intra-aórtico, intervenções cirúrgicas: 
São procedimentos utilizados quando estritamente indicados frente a situações especiais de 
isquémias miocárdicas severas, insuficiências valvulares agudas, comunicações 
interventriculares pós-infarto, etc. 
1. PEEP/CPAP: A utilização de ventilação com pressão positiva nas vias aéreas no final da 
expiração tem a finalidade de aumentar a pressão intra-alveolar, dificultando a transudação 
de líquidos para os espaços intersticiais e alveolares pulmonares. Utiliza-se pressões iniciais 
de 5 cm H20, devendo esta ser incrementada a cada 20-30 minutos até que se consiga um 
 
Protocolos Terapêuticos | EDEMA AGUDO DO PULMÃO 69 
 
alívio da congestão pulmonar, traduzido pela melhora da saturação periférica da 
hemoglobina (SpO2 > 90 mmHg). Cuidados devem ser tomados na instituição de PEEP 
superiores a 15 cm H20, já que o aumento da pressão expiratóriafinal determina 
consequente redução do débito cardíaco por diminuir o enchimento ventricular esquerdo. 
 
70 EDEMA AGUDO DO PULMÃO | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | EDEMA AGUDO DO PULMÃO 71 
 
 
15.TROMBOEMBOLISMO VENOSO 
Definição 
O tromboembolismo venoso (TEV) é uma entidade clínica composta pelo tromboembolismo pulmonar 
(TPE) e a trombose venosa profunda (TVP). O TEV pode ser causado por mutações, deficiências ou 
resistência a determinados factores da coagulação sabendo-se que o risco de desenvolver TEV 
aumenta: 
•exponencialmente com a idade, 
•em pacientes com neoplasia maligna. 
•após a realização de uma viagem de longo curso (superior a 8 h), o risco de desenvolver TEV 
aumenta em cerca de 2-4 vezes. 
•em pacientes a realizar anticoncepção oral, em gestação 
•e pacientes obesos. 
Factores predisponentes de TEV 
Factores predisponentes fortes 
- Fractura (anca ou perna); 
- Cirurgia de substituição de anca ou joelho; 
- Cirurgia geral major; 
- Trauma major; 
- Lesão da medula espinal. 
Factores predisponentes moderados 
- Artroscopia do joelho; 
- Cateteres venosos centrais; 
- Quimioterapia (QT); 
- Insuficiência cardíaca (IC) ou respiratória crónica; 
- Terapêutica de substituição hormonal; 
- Neoplasia; 
- Terapêutica de contracepção oral; 
- Acidente Vascular Cerebral (AVC); 
- Gravidez/pós-parto; 
- TEV prévio; 
- Trombofilia. 
Factores predisponentes fracos 
- Acamamento ˃ 3 dias; 
- imobilidade sentada (viagem longa, carro ou avião); 
- Idade avançada; 
- Cirurgia laparoscópica; 
- Obesidade; 
- Gravidez/pós-parto; 
- Varicosidades. 
 
TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP) 
A TVP caracteriza-se pela oclusão de uma veia pertencente ao sistema profundo devido a um 
trombo. Ocorre sobretudo a nível das veias dos membros inferiores, sendo a sua prevalência nos 
membros superiores de < 5% dos casos. Quando afecta as veias axilar ou subclávia tem o nome de 
doença de Paget-Schroetter. Ocorre sobretudo em indivíduos de raça caucasiana e negra. O seu 
desenvolvimento deve-se à tríade de Virchow: Lesão endotelial; Estase venosa; Existência de 
Hipercoagulabilidade. 
Clinica 
Edema; Sensação de peso; 
Impotência funcional; 
Hipersensibilidade local; Podem existir febre e cianose periférica. 
Aumento da temperatura local; 
 
72 EDEMA AGUDO DO PULMÃO | Protocolos Terapêuticos 
 
Circulação colateral venosa superficial; 
Dor á dorsiflexão passiva do pé (sinal de Homans): baixa sensibilidade; 
sindrome pós trombótica (SPT) uma insuficiência venosa crónica por lesão das válvulas 
venosas secundária a obstrução venosa. 
Factores de risco 
Escala de Wells para a determinação da probabilidade clínica em TVP 
Neoplasia ativa (em tratamento nos últimos 6 meses ou tratamento paliativo 1 
Paralisia ou imobilização das extremidades inferiores 1 
Paciente acamado nos 3 dias prévios ou cirurgia major há menos de 4 semanas 1 
Edema de todo MI 1 
Edema da zona gemelar superior a 3 cm em comparação com membro contra lateral 
(medido a 10 cm da tuberosidade tibial) 
1 
Veias colaterais visíveis (não varicosas) 1 
Diagnósticos alternativos prováveis -2 
Probabilidade elevada se ≥ 3; Probabilidade moderada se = 1 ou 2; Baixa probabilidade se ≤ 0. 
 
 
Protocolos Terapêuticos | EDEMA AGUDO DO PULMÃO 73 
 
 
ALGORITIMO DE ABORDAGEM DO DIAGNÓSTICO DA TVP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Clinica sugestiva de TVP 
Determinar 
probabilidade clinica 
através de pré-teste 
(Escala de Wells) 
Baixa Probabilidade 
moderada/elevada 
Dosear d-dimeros 
Realizar eco-Doppler 
Resultado positivo? 
sim 
Não 
Excluida TVP Resultado positivo? 
Não 
sim 
Dosear d-dimeros 
Algoritimo de 
tratamento de TEV 
Resultado positivo? 
Não sim 
Estudo do follow-up com eco-doppler passados 3-7 
dias ou angio-TC da veia cava inferior e veias iliacas 
 
74 EDEMA AGUDO DO PULMÃO | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | TROMBOEMBOLISMO PULMONAR 75 
 
 
16.TROMBOEMBOLISMO PULMONAR 
O TEP é, normalmente, uma complicação da TVP. Corresponde a uma obstrução localizada a nível 
da artéria pulmonar devido a um trombo que migrou dos territórios venosos profundos. Pode variar 
desde um quadro de microembolia até oclusão grave, com falência do ventrículo direito ou mesmo 
morte súbita. Para realizar o diagnóstico, são fundamentais os sinais e sintomas sugestivos de TEP. 
 
Clínica 
Sintomas Prevalência 
Dispneia 80% 
Dor torácica (pleuritica) 52% 
Dor torácica (retroesternal) 12% 
Tosse 20% 
Síncope 19% 
Hemoptise 11% 
Sinais Prevalência 
Taquipneia (2 20/min) 70% 
Taquicardia (a 100/min) 26% 
Sinais de TVP 15% 
Cianose 11% 
Febre (> 38,5 °C) 7% 
 
Meios complementares de diagnóstico 
 RX tórax: derrame pleural, aumento do calibre da artéria pulmonar, atelectasia e sinal de 
Hampton (hipotransparência em cunha, correspondente a enfarte pulmonar); 
 Eletrocardiograma (ECG): sinais de sobrecarga ventricular direita, fibrilhação auricular (FA); 
 Gasimetria arterial (GSA): hipoxémia e hipocapnia (sugestiva de embolia, mas muitas vezes, 
ausente); 
 Analiticamente: d-dímeros aumentados, podendo existir elevação de troponinas e pro-BNP 
(brain natriuretic peptide). 
 
Probabilidade clínica de tromboembolismo pulmonar 
ESCALA DE WELLS 
Sintomas clínicos de TVP 3 
Probabilidade de TEP > a outro diagnóstico 3 
Frequência cardíaca (FC) > 100 1.5 
imobilização ou cirurgia nas 4 semanas anteriores 1.5 
TVP ou TEP prévios 1.5 
Hemoptises 1.0 
Neoplasia (em tratamento nos últimos 6 meses, paliativo) 1.0 
 
Tromboembolismo provável ˃ 4; Tromboembolismo improvável ≤ 4; 
 
76 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR | Protocolos Terapêuticos 
 
Algoritimo de abordagem do diagnóstico de TEP 
 
 
 
 
 
 
 
Clinica sugestiva de TEP 
Clinicamente 
estável? Não 
Estabilzar 
Considerar TEP maciça 
Realizar testes de probabilidade clínica (escala de Wells); 
Iniciar heparina/foundaparinux se score ˃ 6 
Dosear d-dimeros 
Resultados do teste de 
probabilidade clínica? 
Improvável TEP improvável (score < 4) 
TEP Provável (score 
≥ 4) 
Realizar angio-TC 
pulmonar 
Sim 
Sim 
Diagnóstico de 
TEP 
Tratamento TEV 
Rever probabilidade clinica 
Dosear d-dimeros 
 
Não 
TEP improvável d-
dimeros positivo 
TEP provável d-
dimeros negativo 
Risco de TEP é bastante baixo: 
- Considerar outros diagnósticos; 
- não está recomendado continuar a investigar TEP, 
salvo em caso de existir suspeita clínica muito elevada 
Positivo 
Negativo 
Provável 
Resultados da angio-TC 
sugestivos de TEP? 
 
Realizar eco-
Doppler dos MI 
Resultado do 
eco-Doppler 
 
77 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR | Protocolos Terapêuticos 
 
Tratamento do Tromboembolismo Venoso 
O tratamento da TVP e do TEP é muito semelhante, embora existam procedimentos específicos para 
o tratamento do TEP e depende da gravidade do mesmo. Os pacientes devem ser estratificados em 
pacientes de baixo e de alto risco. Pacientes de alto risco são aqueles em que exista presença de 
choque ou hipotensão com pressão arterial sistólica (PAS) < 90 mmHg ou queda de pressão arterial 
(PA; > 40 mmHg durante mais de 15 min. 
 
Tromboembolismo pulmonar de alto risco. Pacientes de alto risco tem indicação para trombólise 
que é realizada normalmente com; TPA 100 mg em perfusão durante 2h. A heparina não 
fraccionada HNF; pode ser utilizada no TEP maciço, devendo ser iniciada 3 h após a trombólise em 
infusão continua de 18 Ul/kg/h. 
Tromboembolismo pulmonar de baixo risco e trombose venosa profunda. Os pacientes com 
TEP de baixo risco devem realizar o mesmo tratamento utilizado na TVP. O tratamento recomendado 
é a heparina de baixo peso molecular (HBPM), podendo ser utilizada a HNF. A HNF, pela sua maior 
rapidez e menor semivida, pode ser utilizada em pacientes com alto risco hemorrágico. A HBPM é 
preferida na maior parte dos casos por: 
Eficácia semelhante; 
Hemorragiamajor menos frequente; 
Menor risco de trombocitopenia; 
Não necessita de monitorização. 
Outras medidas: Oxigenoterapia; Morfina;Seroterapia. 
Fármacos mais utilizadas para o tratamento do TEV (via Subcutânea) 
HBPM Peso Dose 
Enoxaparina 1 mg/kg 2x/dia 
1,5 mg/kg 1x/dia 
Nadroparina < 50 Kg 
50-70 kg 
˃ 70 Kg 
0,4 ml 2x/dia 
0,6 ml 2x/dia 
0,8 ml 2x/dia 
Dalteparina 200 U/Kg/dia 
 
 Dose Inicial Manutenção 
HNF Standard 5000-10.000 Ul 1300 Ul/h 
 Ajustada ao peso 80 Ul/Kg 18 Ul/Kg/h 
 
 
A monitorização da HNF é feita através do tempo parcial de tromboplastina activada (aPTT), que 
deve ser mantido em valores entre 1.5-2.5 vezes o normal. A terapia com anticoagulantes orais - 
varfarlna - deve ser iniciada concomitantemente com a heparina. A heparina deve ser suspensa ao 
fim de 5 dias, desde que INR (international normalized ratio) esteja entre 2-3. Outra terapia, que pode 
ser a utilizada quando está contraindicada a anticoagulação, é a colocação de filtros da veia cava, 
que previnem a recorrência de TEP mas só devem permanecer 12 dias, devido ao risco da formação; 
de novos coágulos e oclusão do filtro. Todos os pacientes com TEV devem realizar anticoagulação 
oral (ACO), durante pelo menos, 3 meses. 
 
Prevenção secundária do TEV(Recomendações do American College of Chest Physiciams quanto à 
duração da ACO) 
Factor de risco Duração 
Factor de risco era transitório e foi 
removido 
3 meses 
Primeiro episódio de TEV que é idiopático 6-12 meses 
TEV e Cancro 3-6 meses de HBPM 
ACO indefinidamente 
Primeiro episódio de TEV em paciente 
 
78 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR | Protocolos Terapêuticos 
 
com: 
Sindrome do anticorpo aintifosfolipidico 
(SAAF) 
˃ 2 factores de trombofilia 
1 factor de trombofilia 
12 meses 
12 meses 
6-12 meses 
Dois ou mais episódios de TEV 
documentados 
AOC indefinidamente 
INR recomendado = 2,5 (2-3) 
Os pacientes com hipertensão pulmonar (HP) persistente devem ser mantidos com ACO 
Se esta se mantém após 1 ano de tratamento (3,1%), o paciente deve ser referenciado para uma 
consulta especializada de HP. 
O rivaroxabano está indicado no tratamento da TVP e na prevenção secundária da TVP e do 
embolismo pulmonar, em alternativa à varfarina. Deve ser iniciado na dose de 15 mg/dia PO durante 
as primeiras 3 semanas, passando, depois, a 20 mg/dia PO. A duração de tratamento é a mesma da 
varfarina. Deve ser ajustado à função renal. 
 
Profilaxia do Tromboembolismo Venoso 
Os pacientes com internamento hospitalar, qualquer que seja a sua patologia, constituem grupo de 
risco para TEV. 
Avaliação de Risco de TEV 
Ponderação 1: 
- Idade 41-60 anos; 
- cirurgia minor programada; 
- Varizes do MI; 
- Doença inflamatória intestinal; 
- Edemas dos MI; 
- Obesidade com índice de massa corporal (IMC) entre 30-39 kg/m2; 
- Enfarte agudo do miocárdio (EAM) < 1 mês; 
- Sépsis ou infeção grave (incluindo pneumonia < 1 mês); 
- doença pulmonar grave (incluindo pneumonia < 1 mês); 
- Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC); 
- Paciente médico com pouca mobilidade; 
- Outros. 
Ponderação 2: 
- Idade entre 60-74 anos; 
- doença maligna prévia; 
- previsão agravamento ˃ 72 h; 
- acesso venoso central; 
-cirurgia major (˃ 60 min); 
- cirurgia laparoscópica (˃ 60 min); 
- cirurgia artroscopica (˃ 60 min); 
- obesidade mórbida (IMC 40-50 kg/m2 
Ponderação 3: 
- Idade ˃ 75 anos; 
- cirurgia major 2-3 h; 
- IMC ˃ 50 Kg/m2; 
- doença oncológica ativa ou QT; 
- história de TVP/TEP; 
- história familiar de tromboembolismo; 
- trombofilia. 
Ponderação 5: 
- Artroplastia major dos MI; 
 
Protocolos Terapêuticos | TROMBOEMBOLISMO PULMONAR 79 
 
- Fraturas da Pélvis, anca ou MI < 1 mês; 
- politraumatizado < 1 mês; 
- traumatismo vertebromedular agudo < 1 mês; 
- Cirurgia major ˃ 3 h; 
- AVC. 
Para o sexo feminino (ponderação 1): 
- Contraceptivos orais ou terapia hormonal de substituição (THS); 
- Gravidez ou puerpério (< 1 mês); 
- História de aborto recorrente (˃ 3), nado-morto, parto prematuro com eclampsia ou atraso do 
crescimento intrauterino. 
 
Ponderação de risco de TEV 
Nível de risco estimado Proposta para profilaxia 
Baixo risco (1 ponto) Medidas gerais/ deambulação precoce 
Risco moderado (2 pontos) Meias compreensivas, compreensão pneumática intermitente (CPI) 
ou HBPM < 3400 U 
Alto risco (3-4 pontos) CPI ou HBPM < 3400 U 
Muito alto risco (5 ou mais 
pontos) 
CPI ou meias compreensivas e HBMP < 3400 U (varfarina/inibidor 
do factor Xa em ortopedia major) 
Factores associados ao aumento do risco de hemorragia 
-Hemorragia activa; 
-Trombocitopenia induzida pela heparina; 
-Plaquetas < 100.000; 
-Anticoagulantes orais e antiagregantes plaquetários; 
-Doença renal crónica (DRC) 
Qualquer das situações acima descritas pode contraindicar o uso de terapêutica anticoagulante e, 
portanto, devem ser consideradas medidas alternativas: meias elásticas e/ou CPI. 
Contraindicações para compressão pneumática intermitente 
-Doença arterial periférica (DAP) grave; 
-ICC; 
-Trombose venosa ou superficial ativa. 
Em relação a anticoagulantes orais, como rivaroxabano e o dabigatrano estão aprovados na 
prevenção da TEV após artoplastia total da anca e do joelho. O rivaroxabano deve ser iniciado 6-10 h 
após a cirurgia, numa dose de 10 mg/dia PO durante 5 semanas na ortoprotesia da anca e 2 
semanas na ortoprotesia do joelho.O dabigatrano deve ser iniciado 1-4 h após cirurgia, numa dose 
de 220 mg/dia PO (idoso ˃ 75 anos, 75 mg). Na Artroplastia da anca, continuar com 220 mg/dia PO 
(idosos ˃ 75 anos, 150 mg) durante 28-35 dias e na ortoprotesia do joelho durante 10 dias. 
 
80 DISLIPIDEMIAS | Protocolos Terapêuticos 
 
 
17.DISLIPIDEMIAS 
 
Definição 
As doenças cardiovasculares (DCV) devidas a aterosclerose das paredes das artérias e trombose 
são a principal causa de morte e de anos de vida ajustados pela incapacidade (DALY - disability 
adjusted life years) na Europa. As principais entidades clinicas são a doença arterial coronária (DAC), 
o acidente vascular cerebral (AVC) e a doença arterial periférica (DAP). Juntamente com o tabagismo 
e a hipertensão arterial (HTA), as dislipidemias são um dos mais importantes factores de risco de 
DCV. 
PREVENÇÃO PRIMARIA 
Rastreio 
É indicado nas seguintes circunstâncias: 
Em todos os homens com idade 40 anos e em todas as mulheres com > 50 anos ou na pós-
menopausa, particularmente se coexistirem outros factores de RCV; 
Quando existir evidencia de aterosclerose. independentemente do leito vascular afectado; 
Diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2 (DM2), independentemente da idade; 
Existir história familiar de DCV prematura ou de dislipidemia familiar; 
indivíduo com hipertensão (HT) ou fumador 
 
Diagnóstico 
 
Avaliação laboratorial, no sangue e em jejum, do colesterol total (C-Total), colesterol HDL (HDL-
C), colesterol LDL (LDL-C) e triglicéridos; 
Confirmado por uma segunda avaliação laboratorial em jejum do C-Total, HDL-C. LDL-C e 
triglicéridos, com um intervalo mínimo de 4 semanas, antes de se iniciar qualquer 
terapêutica. 
 
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA 
Todas as pessoas portadoras de DCV documentada por métodos diagnósticos invasivos ou não 
invasivos (angiografia coronária, cintigrafia de perfusão miocárdica, ecografia de stress, eco-Doppler 
carotídeo), enfarte agudo do miocárdio (EAM) prévio. sujeitas a procedimentos de revascularização 
cardíaca. AVC e DAP devem ser consideradas em prevenção secundária, com um RCV muito alto e 
merecedoras de imediata intervenção terapêutica, sem prejuízo das correcções de estilo de vida que 
se adequem. 
Mudanças do estilo de vida para aumento dos HDL-C Magnitude do efeito Nível de evidência 
Reduzir gordura trans na dieta +++ A 
Aumentar a actividade física +++ A 
Perda de peso ++ A 
Reduzir o aporte de hidratos de carbono e substituir por gorduras 
não saturadas 
++ A 
Reduzir consumo de álcool ++ B 
+++:Consenso quanto ao efeito no colesterol. 
++: efeitos menos evidentes no colesterol, evidência a favor da eficácia.
 
Protocolos Terapêuticos | DISLIPIDEMIAS 81 
 
 
Estratégias de Intervenção Global na Hipercolesterolémia de acordo com o RCV e os 
Níveis de LDL-C 
RCV total LDL-C 
(SCORE) % <70 mg/dl 70 a < 100 
mg/dl 
100 a < 155 
mg/dl 
155 a <190 
mg/dl 
> 190 mg/dl 
<1 Não intervir. Não intervir. Correcções no 
estilo de vida. 
Correcções no 
estilo de vida. 
Correcções no estilo 
de vida; juntar 
fármaco se não for 
possível o controlo 
Classe/Nível I/C l/C I/C I/C IIa/A 
≥ 1 a < 5 Correcções 
no estilo de 
vida 
Correcções 
no estilo de 
vida. 
Correcções no 
estilo de vida; 
juntar fármaco 
se não for 
possível o 
controlo 
Correcções no 
estilo de vida; 
juntar fármaco 
se não for 
possível o 
controlo 
Correcções no estilo 
de vida; juntar 
fármaco se não for 
possível o controlo 
 Classe/Nível l/C l/C Ila/A Ila/A l/A 
 ≥ 5 a <10 
ou risco alto 
Correcções 
no estilo de 
vida; 
considerar 
inicio de 
fármaco. 
Correcções 
no estilo de 
vida; 
considerar 
inicio de 
fármaco. 
Correcções no 
estilo de vida 
e inicio Ime-
diato de 
fármaco. 
Correcções no 
estilo de vida 
e inicio Ime-
diato de 
fármaco 
Correcções no estilo 
de vida e inicio ime-
diato de fármaco 
Classe/Nível Ila/A Ila/A Ila/A l/A l/A 
≥ 10 ou 
risco muito 
alto 
Correcções 
no estilo., de 
vida, 
considerar 
início de 
fàrmaco 
Correcções 
no estilo de 
vida e início 
imediato de 
fármaco. 
Correcções no 
estilo de vida 
e início ime-
diato de 
fármaco. 
Correcções no 
estilo de vida 
e inicio ime-
diato de 
fármaco. 
Correcções no estilo 
de vida e inicio ime-
diato de fármaco. 
Classe/Nível Ila/A IIa/A l/A I/A l/A 
 
impacto das mudanças oo estilo de vida na redução dos níveis de lípidos 
Mudanças do estilo de vida para redução do colesterol 
total e níveis de LDL-C 
Magnitude do efeito 
 
Nível de evidência 
Reduzir gordura saturada na dieta +++ A 
Reduzir gordura trans na dieta +++ A 
Aumentar quantidade de fibra na dieta ++ A 
Reduzir colesterol na dieta ++ B 
Aumentar o aporte de comidas ricas em fitosterois +++ A 
Mudanças do estilo de vida para redução dos 
triglicéridos 
Magnitude do efeito 
 
Nível de evidência 
Perda de peso +++ A 
+++ Reduzir consumo de álcool +++ A 
Reduzir aporte de mono e dissacarídeos +++ A 
Aumentar a actividade física +++ A 
Reduzir o aporte de hidratos de carbono ++ A 
Utilizar suplementos de omega-3 ++ A 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
 
82 DISLIPIDEMIAS | Protocolos Terapêuticos 
 
A opção terapêutica dentro de cada classe de medicação antídislipidémica deverá 
obedecer a critérios de efetividade, devendo privilegiar-se a opção Terapêutica de menor 
custo para igual eficácia. A escolha de um fármaco antidislípidémico deve ter em conta; 
A expressão das alterações laboratoriais da dislipidemia; 
O efeito farmacológico a prosseguir; 
A facilidade de administração; 
O perfil de efeitos adversos; 
O perfil de segurança a longo prazo; 
Os efeitos nos objectivos vasculares e na mortalidade total. 
A abordagem inicial deve passar pela prescrição de uma estatina. Quando os objectivos 
não são alcançados, deve substituir-se por outra estatina mais potente, respeitando a 
respectiva equivalência de doses. 
 
EQUIVALÊNCIA ENTRE DIFERENTES ESTATINAS 
Redução 
d« LDLC 
(%) 
Atrovastatina fluvastatina Pítavastatina Pravastatina Rosuvastatina Sinvastatina 
30% ------- 40 mg 1 mg 20 mg ------ 10 mg 
38% 10 mg 80 mg 2 mg 40 mg ----- 20 mg 
40 mg 41% 20 mg ----- 4 mg 80 mg 5 mg 40 mg 
10 mg 47% 40 mg ----- 80 mg —---- 80 mg 
55% 80 mg ---- ------ ----- 20 mg ----- 
63% ---- ---- ----- ------- 40 mg ----- 
 
O uso da terapêutica anitidislipidémica sem uma estatina só é recomendado no caso de 
existirem contraindicações ou intolerância a estatina; O uso da terapêutica 
antídislipidémica combinada de uma estatina com outro fármaco antidislípidémico pode 
estar indicado nas situações em que não existe controlo com estatina em monoterapia: 
Ezetimiba: terapêutica adjuvante em pessoas com Hipercolesterolémia primária; 
Resinas sequestradoras de ácidos biliares; apresentam indicações terapêuticas 
similares; 
Fibratos: indicados no tratamento das dislipidemias mistas com hipertrigliceridémia; 
Ácido nicotínico: isolado ou associado ao laropipranto, está indicado no tratamento da 
dislipidemia mista combinada e da Hipercolesterolémia primária; 
Ésteres etílicos de ácido ómega 3: indicados no tratamento da hipertrigliceridémia 
endógena e nas dislipidemias de tipo IIb/III, quando o controlo dos triglicéridos é 
insuficiente. 
 
 
 
Recomendações para o tratamento farmacológico da 
Hipercolesterolémia 
Classe Nível de 
evidencia 
Prescrição de uma estatina até à dose máxima recomendada ou 
tolerada pelo paciente, até atingir os objectivos terapêuticos. 
i A 
No caso de intolerância às estatinas, as resinas sequestradoras de 
ácidos biliares ou o acido nicotínico devem ser considerados. 
lia B 
Um inibidor da absorção ao colesterol, em monoterapia ou em 
combinação com resmas sequestradoras de todos biliares, pode 
também ser considerado em caso de intolerância às estatinas 
llb C 
Se os objectivos terapêuticos não forem alcançados, a combinação de 
uma estatina com um inibidor da absorção do colesterol, resinas 
sequestradoras de ácidos biliares ou ácido nicotínico pode ser 
considerada. 
llb C 
 
 
Protocolos Terapêuticos | DISLIPIDEMIAS 83 
 
Recomendações para o tratamento farmacológico da 
hipertrigliceridémia 
Classe Nível de 
evidência 
São recomendados 
Fibratos I B 
Devem ser considerados 
Ácido nicotínico lIa B 
Acido nicotínico + laropipranto lIa C 
Ésteres etílicos de ácidos omega-3 IIa B 
Estatina + acido nicotínico' IIa A 
Estatina + fibratos1 lIa C 
Podem ser consideradas 
Combinações com ésteres etílicos de ácidos omega-32 llb B 
1 Evidência para redução adicional dos triglicéridos, comparativamente á monoterapia 
2A evidência para a prevenção das DCV utilizando terapia combinada é, no geral limitada. 
 
Recomendações para o tratamento farmacológico do HDL-
C 
Classe Nível de 
evidência 
0 ácido nicotínico é, actualmente, o fármaco mais eficiente 
para aumentar as concentrações de HDL-c e deve ser 
considerado. 
lIa A 
As estatinas e os fibratos aumentam os valores de HDL-c de 
maneira semelhante e devem ser considerados 
llb B 
A eficácia dos fibratos para aumentar o HDL-c pode ser 
atenuada em pacientes com DM2. 
IIb B 
 
 
 
Associações de farmacos no tratamento das dislipidemias místas 
•um aumento dos HDL-c, uma diminuição dos triglicéridos e uma redução no LDL-c podem 
ser conseguidos com uma estatina. Assim, o uso de uma associação com uma estatina e 
ácido nicotínico pode ser considerado, mas os efeitos adversos podem afectar a adesão 
terapêutica; 
•A associação de uma estatina com os fibratos pode ser considerada, monitorizando o 
desenvolvimento de miopatia, mas a combinação com genfibrozil deve ser evitada; 
•Se não se conseguirem controlar os triglicéridos com estatinas ou fibratos, a prescrição 
dos ésteres etílicos de ácidos ómega-3 pode ser equacionada para uma redução 
adicional da triglicéridemia, sendo estas combinações seguras e bem toleradas: 
•Nos pacientes com AVC recente ou AIT e sem DAC conhecida, a Atrovastatina reduz a 
incidência global de AVC e eventos cardiovasculares e o seu uso e recomendado na 
prevenção secundária. 
 
Objectivos Terapêuticos 
Objectivos terapêuticos primários 
RCV moderado Controlo analítico de C-total < 190 mg/dl e LDC-C < 115 mg/dl 
RCV alto Controlo analítico de C-total < 175 mg/dl e LDC-C < 100 mg/dl 
RCV muito alto Controlo analítico de C-total < 155 mg/dl e LDC-C < 70 mg/dl 
Não sendo possível alcançar os valores alvo, é desejável uma 
redução ≥50% do diferencial para o valor alvo.84 DISLIPIDEMIAS | Protocolos Terapêuticos 
 
Objectivos Terapêuticos secundários 
HDL-C ˃ 40 mg/dl no sexo masculino e ˃ 45 mg/dl no sexo feminino. 
Triglicéridos < 150 mg/dl em ambos s sexos 
 
Reavaliação 
A reavaliação periódica deve incluir a adesão a estilo de vida saudável e parâmetros 
laboratoriais (C-Total, HDL-C, LDL-C e triglicéridos). 
 
Periodicidade da reavaliação 
Trimestralmente Monitorizar e obter os objectivos terapêuticos propostos para o 
respetivo RCV, farmacológico e não farmacológico, eventuais 
reajustes de tratamento, efeitos adversos e avaliação na redução do 
RCV. 
Anualmente Atingidos os objectivos terapêuticos propostos para o RCV definido. 
 
 
Protocolos Terapêuticos | DISLIPIDEMIAS 85 
 
 
 
86 DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA | Protocolos Terapêuticos 
 
 
18.DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA 
 
 
A terapêutica antiagregante plaquetária é indicada para reduzir o risco de enfarte agudo do 
miocárdico (EAM), acidente vascular cerebral (AVC) e morte de causa vascular em pacientes com 
doença arterial (DAP) aterosclerótica sintomática, incluíndo os pacientes com claudicação 
intermitente, isquémia crítica, revascularização anterior (cirurgia ou endovascular) ou amputacção de 
extremidades distais; 
 AAS na dose de 100-325 mg 1x/dia é seguro, eficaz e é o tratamento recomendado para a 
redução do risco de EAM, AVC e morte de causa vascular em pacientes com DAP 
aterosclerótica sintomática, incluíndo claudicação intermitente, isquémia crítica, 
revascularização anterior (cirúrgia ou endovascular) ou amputacção de extremidades distais; 
 clopidorel 75 mg 1x/dia é recomendado como regime antiplaquetar alternativo ao AAS; 
 A antiagregação pode ser útil na redução do risco de EAM, AVC e morte de causa vascular, 
mesmo em pacientes assintomáticos com índices tornozelo-braquial (ITB) ≤ a 0,90 
 a eficácia da antiagregação plaquetas em individuos assintomáticos com ITB borderline (0,91-
0,99) não está bem estabelecida 
 A combinação de AAS e Clopidogrel pode ser considerada na redução do risco de eventos 
vasculares em individuos com DAP aterosclerótica sintomática, revascularização anterior 
(cirurgia ou endovascular) ou amputacção de extremidades distais, que não têm risco 
hemorrágico elevado e que tem score de risco cardiovascular alto; 
 A associação de hipocoagulação oral com varfarina à antiagregação não é indicada para a 
redução de eventos vasculares isquémicos em pacientes com DAP. 
 
Tratamento médico da isquemia crítica dos membros inferiores 
 A administração parentérica de pentoxifilina não é útil no tratamento da isquémia crítica; 
 A administração parentérica de prostaglandinas E1 ou iloprost (0,5-2,0 mg/kg/min) por 7-28 
dias pode ser considerada para reduzir a dor isquémica e facilitar a cicatrização de úlcera 
de perna isquémica em pacientes com isquémia crítica dos membros inferiores (MI), mas 
a sua eficácia está provavelmente limitada a um pequeno número de pacientes; iloprost 
oral não é eficaz na redução do risco de amputação ou de morte em pacientes com 
isquémia crítica 
 A eficácia dos factores angiogénicos no tratamento da isquémia crítica não está bem 
estabelecida. 
Tratamento endovascular ou cirúrgico da isquémia crítica dos membros inferiores 
A trombólise por catéter (alteplase, uroquinase ou estreptoquinase) está indicada para 
pacientes com isquémia crítica aguda dos MI com duração < 14 dias 
A trombectomia mecânica pode ser usada como terapêutica adjuvante para a isquémia 
aguda dos MI 
A trombólise por catéter e a trombectomia podem ser consideradas após os 14 dias, 
mas o nível de evidência é menor 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA 87 
 
 
 
88 FÁRMACOS E INSUFICIÊNCIA RENAL | Protocolos Terapêuticos 
 
 
19.FÁRMACOS E INSUFICIÊNCIA RENAL 
Definição 
A função renal deteriora-se com a idade. Quando um paciente idoso é admitido num hospital, 
existe uma probabilidade de cerca de 30% dessa admissão se dever a problemas relacionados 
com a medicação que o mesmo fazia. 
Estimativa da Função Renal 
A maioria das recomendações publicadas para ajuste posológico de fármacos na IR baseia-se 
no cálculo da clearance da creatinina (Clcr). pela fórmula de Cockcroft-Gauit. como tal, deve 
ser esta a fórmula utilizada. 
Fórmula de cockcroft-gault 
 (140 – idade) X peso corporal (kg) 
Clcr (ml/min) =------------------------------------------ X K+ 
 (72 x Cr sérica mg/dl) 
 
Regime Posológico no Paciente Insuficiente Renal 
 
Dose inicial 
A dose a administrar inicialmente num paciente com um determinado grau de IR deve ser 
semelhante à utilizada num paciente com função renal normal. 
Dose de manutenção 
Uma vez medida a função renal do paciente e determinada a dose do fármaco para pacientes 
com função renal normal, pode calcular-se a dose apropriada aos pacientes com alteração da 
função renal. Esta pode ser alcançada por uma redução da dose, por um aumento do 
intervalo de administração ou por ambos. Nos pacientes submetidos a hemodiálise, diálise 
peritoneal, hemofiltração ou hemodiafiltração. há ainda a considerar a eventual remoção do 
fármaco, que pode ser diferente consoante a técnica utilizada. Nestes casos, devem ser 
consultadas as recomendações específicas. 
 
Normogramas da Estimativa da Clcr 
 Clcr (ml/min) Mulher (50 kg) 
Cr 
(mg/dl) 
Idade (anos) 
60 65 70 75 80 85 90 95 
0,7 71 65 59 53 47 41 35 30 
0,8 62 57 52 46 41 36 31 26 
1,0 50 45 41 37 33 29 25 21 
1,2 41 38 34 31 28 24 21 17 
1,4 35 32 30 27 24 21 18 15 
1,6 31 28 26 23 21 18 15 13 
1,8 28 25 23 21 18 16 14 11 
2,0 25 23 21 19 17 14 12 10 
2,2 23 21 19 17 15 13 11 9 
2,4 21 19 17 15 14 12 10 9 
2,6 19 17 16 14 13 11 10 8 
2,8 18 16 15 13 12 10 9 7 
3,0 17 15 14 12 11 10 8 7 
3,5 14 13 12 11 9 8 7 6 
4,0 12 11 10 9 8 7 6 5 
4,5 11 10 9 8 7 6 6 5 
 
Protocolos Terapêuticos | FÁRMACOS E INSUFICIÊNCIA RENAL 89 
 
5,0 10 9 8 7 7 6 5 4 
5,5 9 8 8 7 6 5 5 4 
 Clcr (ml/min) Mulher (50 kg) 
Cr 
(mg/dl) 
Idade (anos) 
60 65 70 75 80 85 90 95 
0,7 83 77 71 65 59 53 47 41 
0,8 72 67 62 57 52 46 41 36 
1,0 58 54 50 45 41 37 33 29 
1,2 48 45 41 38 34 31 28 24 
1,4 41 38 35 32 30 27 24 21 
1,6 36 34 31 28 26 23 21 18 
1,8 32 30 28 25 23 21 18 16 
2,0 29 27 25 23 21 19 17 14 
2,2 26 24 23 21 19 17 15 13 
2,4 24 22 21 19 17 15 14 12 
2,6 22 21 19 17 16 14 13 11 
2,8 21 19 18 16 15 13 12 10 
3,0 19 18 17 15 14 12 11 10 
3,5 17 15 14 13 12 11 9 8 
4,0 14 13 12 11 10 9 8 7 
4,5 13 12 11 10 9 8 7 6 
5,0 12 11 10 9 8 7 7 6 
5,5 11 10 9 8 8 7 6 5 
 Clcr (ml/min) Mulher (50 kg) 
Cr 
(mg/dl) 
Idade (anos) 
60 65 70 75 80 85 90 95 
0,8 97 91 85 79 73 67 61 55 
1,0 78 73 68 63 58 53 49 44 
1,2 65 61 57 53 49 45 41 36 
1,4 56 52 49 45 42 38 35 31 
1,6 49 46 43 39 36 33 30 27 
1,8 43 41 38 35 32 30 27 24 
2,0 39 36 34 32 29 27 24 22 
2,2 35 33 31 29 27 24 22 20 
2,4 32 30 28 26 24 22 20 18 
2,6 30 28 26 24 22 21 19 17 
2,8 28 26 24 23 21 19 17 16 
3,0 26 24 23 21 19 18 16 15 
3,5 22 21 19 18 17 15 14 13 
4,0 19 18 17 16 15 13 12 11 
4,5 17 16 15 14 13 12 11 10 
5,0 16 15 14 13 12 11 10 9 
5,5 14 13 12 11 11 10 9 8 
6,0 13 12 11 11 10 9 8 7 
6,5 12 11 10 10 9 8 7 7 
 Clcr (ml/min) Mulher (50 kg) 
Cr 
(mg/dl) 
Idade (anos) 
60 65 70 75 80 85 90 95 
0,8 109 103 97 91 85 79 73 67 
1,0 88 83 78 73 68 63 58 53 
 
90 FÁRMACOS E INSUFICIÊNCIA RENAL | Protocolos Terapêuticos 
 
1,2 73 69 65 61 57 53 49 45 
1,4 63 59 56 52 49 45 42 38 
1,6 55 52 49 46 43 39 36 33 
1,8 49 46 43 41 38 35 32 30 
2,0 44 41 39 36 34 32 29 27 
2,2 40 38 35 33 31 29 27 24 
2,4 36 34 32 30 28 26 24 22 
2,6 34 32 30 28 26 24 22 21 
2,8 31 30 28 26 24 23 21 19 
3,0 29 28 26 24 23 21 19 18 
3,5 25 24 22 21 19 18 17 15 
4,0 22 21 19 18 17 16 15 13 
4,5 19 18 17 16 15 14 13 12 
5,0 18 17 16 15 14 13 12 11 
5,5 16 15 14 13 12 11 11 10 
6,0 15 14 13 12 11 1110 9 
6,5 13 13 12 11 10 10 9 8 
 
Fármacos que necessitam de ajuste posológico de acordo com a função renal 
Medicamentos Anti-ínfeciosos - Antibacterianos 
Medicamento Dose habitual Método Dose ajustada à Clcr 
Amoxicilina 
250-1000 mg 8/8h (máx. 6 
g/dia, excepto 
endocardite) 
D, I 
10-30 
ml/min 
500 mg 12/12 
h 
˂ 10 
ml/min 
500 mg 24/24 
h 
Amoxicilina + ácido 
clavulâmico 
500/125 mg PO 8/8h 
1000/2000/200 mg IV 
8/8h 
D, I 
10-30 
ml/min 
500/100 mg 
12/12 h 
˂ 10 
ml/min 
500/100 mg 
12/12 h 
Ampicilina 
250-1000 mg IV/IM 6/6h 
(máx 6 g/dia, excepto 
endocardite e meningite 
I 
10-15 
ml/min 
100% 8/8 h 
˂ 10 
ml/min 
100% 12/12 h 
Cefazolina 
500-1000 mg IV 12/12 – 
6/6h (máx. 12 g/dia) 
D, I 
˃ 50 
ml/min 
100% 8/8 h 
10 – 50 
ml/min 
100% 12/12 h 
˂ 10 
ml/min 
50% 24/24-
48/48h 
30-50 
ml/min 
1 g 12/12h 
15-30 
ml/min 
1g 24/24h 
5-15 
ml/min 
500 mg 
24/24h 
˂ 5 
ml/min 
500 mg 
48/48h 
10-20 
ml/min 
100% 12/12h 
˂ 10 
ml/min 
100% 24/24h 
 
Protocolos Terapêuticos | FÁRMACOS E INSUFICIÊNCIA RENAL 91 
 
˂ 10 
ml/min 
Máx. 2 g/dia 
30-60 
ml/min 
200-400 mg 
12/12h 
˂ 30 
ml/min 
200-400 mg 
24/24h 
˂ 30 
ml/min 
50% 12/12h 
10-20 
ml/min 
1 MUI 12/12-
18/18h 
˂ 10 
ml/min 
1 MUI 18/18-
24/24h 
˂ 70 
ml/min 
10 mg/kg/dia 
40-70 
ml/min 
Máx. 750 mg 
8/8 h 
20-40 
ml/min 
Máx. 500 mg 
6/6 h 
5-20 
ml/min 
Máx. 500 ml 
12/12 h 
˂ 10 
ml/min 
50%/dia 
20-50 
ml/min 
125 mg 
24/24h 
10-20 
ml/min 
125 mg 48/48 
h 
20-50 
ml/min 
250 mg 24/24 
h 
10-20 
ml/min 
125 mg 24/24 
h 
20-50 
ml/min 
250 mg 12/12 
h 
10-20 
ml/min 
125 mg 12/12 
h 
Linezolida 600 mg PO/IV 12/12 h Não necessita de ajuste 
Meropenem 500-2000 mg IV 8/8 h 
D, I 25-50 
ml/min 
100% 12/12 h 
10-25 
ml/min 
50% 12/12 h 
˂ 10 
ml/min 
50% 24/24 h 
Metronidazol 500 mg Po/IV 8/8 h Não necessita de ajuste 
Nitrofurantoina 50-100 mg PO 6/6 h 
 ˂ 60 
ml/min 
Cl 
Nirfloxacina 400 mg PO 12/12 h 
I 10-50 
ml/min 
100% 24/24-
12/12 h 
˂ 10 
ml/min 
100% 24/24 h 
Piperacilina/tazobactam 
4000/500 mg IV 8/8 – 6/6 
h 
I 20-40 
ml/min 
100% 8/8 h 
˂ 20 100% 12/12 h 
 
92 FÁRMACOS E INSUFICIÊNCIA RENAL | Protocolos Terapêuticos 
 
ml/min 
Pirazinamida 20-30 mg/kg/dia PO (máx. 
3g/dia) 
D ˂ 10 
ml/min 
Máx. 25 
mg/kg/dia 
Rifampicina 8 a 12 mg/kg PO 24/24 h Não necessita de ajuste 
Tigeciclina 50 mg IV 12/12 h Não necessita de ajuste 
Trimetprim/ 
Sulfametoxazol 
500 mg IV 12/12 h D 15-30 
ml/min 
50% 12/12 h 
˂ 15 
ml/min 
Cl 
 
 
Medicamentos Anti-infecciosos - Antivíricos 
Medicamento Dose Habitual Método Dose ajustada à Clcr 
Aciclovir 5-10 mg/kg IV 8/8 h 
D, I ˃ 50 ml/min 100% 8/8 h 
25-
50ml/min 
100% 12/12h 
10-
25ml/min 
100% 24/24h 
˂ 10 ml/min 50% 24/24 h 
Adefovir 10 mg PO 24/24 h 
I 20-
50ml/min 
100% 48/48h 
10-
20ml/min 
100% 72/72h 
Cidofovir 
Indução: 5 mg/kg IV 7/7 
dias 
Manutenção: 5 mg/kg 
15/15 dias 
- ≤ 55ml/min Cl 
Didasonina 
200 mg PO 12/12h 
(peso ≥ 60 kg) 
D, I ˃ 60ml/min 100% 12/12h 
30-
59ml/min 
50% 12/12 h 
10-
29ml/min 
75% 24/24 h 
˂ 10 ml/min 50% 24/24 h 
Efavirenz/ 
emtricitabina/ 
tenofovir 
600 mg/200 mg/ 245 mg 
PO 24/24 h 
- ≤ 50 ml/min Cl 
Emtricitabina 200 mg PO 24/24h 
I 30-
49ml/min 
200 mg 48/48 h 
15-
29ml/min 
200 mg 72/72 h 
˂ 15 ml/min 200 mg 96/96 h 
Emtricitabina/ 
Tenofovir 
200 mg/ 245 mg PO 
24/24 h 
I 30-
49ml/min 
100% 48/48 h 
˂ 30 ml/min Cl 
Entecavir 
1 mg PO 24/24 h 
D, I 30-
49ml/min 
50% 24/24 h 
10-
29ml/min 
50% 48/48 h 
˂ 10 ml/min 50% 72/72 h 
Sem terapêutica prévia 
com nucleosidos: 0,5 
D 30-
49ml/min 
100% 48/48 h 
 
Protocolos Terapêuticos | FÁRMACOS E INSUFICIÊNCIA RENAL 93 
 
mg PO 24/24 h 10-
29ml/min 
100% 72/72 h 
˂ 10 ml/min 100% 5-7 dias 
Estavudina 
40 mg PO 12/12 h (peso 
≥ 60 kg) 
30 mg PO 12/12 h 
(peso ˂ 60 kg) 
D, I ˃ 50ml/min 100% 12/12 h 
26-
50ml/min 
50% 12/12 h 
≤ 25 ml/min 50% 24/24 h 
Ganciclovir 
Indução: 5 mg/kg IV 
12/12 h 
D, I 50-
69ml/min 
50% 12/12 h 
25-
49ml/min 
50% 24/24 h 
10-
24ml/min 
25% 24/24 h 
˂ 10 ml/min 25% 3x/semana 
Manutenção: 5 mg/kg IV 
24/24 h 
D, I 50-
69ml/min 
50% 24/24 h 
25-
49ml/min 
25% 24/24 h 
10-
24ml/min 
12,5% 24/24 h 
˂ 10 ml/min 12,5%3x/semana 
Lamivudina 150 mg PO 12/12 h 
D, I 30-
50ml/min 
100% 12/12 h 
30-
50ml/min 
100% 24/24 h 
Ribavirina Variável - ˂ 50 ml/min Evitar 
Tenofovir 245 mg PO 24/24 h 
I 30-
39ml/min 
100% 48/48 h 
˂ 30 ml/min 100% 72-96 h 
Valganciclovir 
Indução: 900 mg PO 
12/12 h 
D, I 40-
59ml/min 
50% 12/12 h 
25-
39ml/min 
50% 24/24 h 
10-
24ml/min 
50% 48/48 h 
Manutenção: 900 mg 
PO 24/24 h 
D, I 40-
59ml/min 
50% 24/24 h 
25-
39ml/min 
50% 48/48 h 
10-
24ml/min 
50% 2x/semana 
 
Medicamentos Anti-infecciosos – Antifúngicos 
Medicamento Dose habitual Método Dose ajustada à Clcr 
Fluconazol 
De acordo com a 
indicação 
D 
˃ 50 ml/min 100% 
˂ 50 ml/min 50% 
 
 
Medicamentos de outros grupos terapêuticos 
Medicamento Dose habitual Método Dose ajustada à Clcr 
Acarbose 100 mg PO 8/8 h D ˃ 25 ml/min 100% 8/8 h 
 
94 FÁRMACOS E INSUFICIÊNCIA RENAL | Protocolos Terapêuticos 
 
(máxima) ˂ 25 ml/min Evitar 
Alopurinol 
100-800 mg PO 
24/24 h 
D 
˃ 20 ml/min 100% 24/24 h 
10-20ml/min 
100-200 mg 24/24 
h 
˂ 10 ml/min 
100 mg 24/24-
48/48 h 
Atenolol 
50-100 mg PO 24/24 
h 
D 
˃ 35 ml/min 100% 24/24 h 
15-35ml/min 50% 24/24 h 
˂ 15ml/min 25 mg 24/24 h 
Bezafibrato 200 mg Po 3x/dia I 
40-60ml/min 100% 12/12 h 
15-40ml/min 
100% 24/24-48/48 
h 
˂ 15ml/min Cl 
Bisoprolol 5-20 mg PO 24/24 h D ˃ 20 ml/min ≤ 10 mg 24/24 h 
Colquicina 
De acordo com a 
indicação 
D 
10-50ml/min 50% 
˂ 10ml/min Cl 
Diclofenac 
De acordo com a 
indicação 
 ˂ 30ml/min Cl 
Digoxina Dose individualizada D, I 
˃ 50ml/min 100% 24/24 h 
10-50ml/min 25-75% 36/36 h 
˂ 10ml/min 10-25% 48/48 h 
Duloxetina 
De acordo com a 
indicação 
 ˂ 30ml/min Cl 
 
Enoxaparina 
Regime terapêutico 
1 mg/kg SC 12/12 h ou 
1,5 mg/kg SC 24/24 h 
D, I 
˂ 30 
ml/min 
1 mg/kg 24/24 h 
Bolus IV 30 mg + 1 mg/kg 
seguido de 1 mg/kg 
12/12h 
 
˂ 30 
ml/min 
Bolus IV 30 mg + 1 
mg/kg seguido de 1 
mg/kg 24/24 h 
0,75 mg/kg SC 12/12 
˂ 30 
ml/min 
1 mg/kg 24/24 h 
 Regime profilático 
Enoxaparina 20-40 mg SC 24/24 h D 
˂ 30 
ml/min 
20 mg 24/24 h 
Gabapentina 
De acordo com a 
indicação 
D, I 
˃ 80 
ml/min 
900-3600 mg/dia 
50-
79ml/min 
600-1800 mg/dia 
30-
49ml/min 
300-900 mg/dia 
15-
29ml/min 
150-600 mg/dia 
˂ 15 
ml/min 
150-300 mg/dia 
Gliclazida 80-160 mg PO 12/12 h D 
˂ 30 
ml/min 
Cl 
Levetiracetam 250-1500 mg PO 12/12 h D 
50-
80ml/min 
500-1000 mg 12/12 
h 
30-
50ml/min 
250-750 mg 12/12 
h 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA 95 
 
˂ 30 
ml/min 
250-500 mg 12/12 
h 
Lítio Dose individualizada D 
˂ 30 
ml/min 
Cl 
Metformina 
500-800 mg PO 8/8 h ou 
12/12 h 
Precaução na IR 
D 
˂ 60 
ml/min 
Cl (˂ 60 ml/min) 
Metoclopramida 
Ajustar a posologia à 
patologia 
D 
˃ 50 
ml/min 
100% 
10-
50ml/min 
75% 
˂ 10 
ml/min 
50% 
Pamidronato 30-90 mg IV D 
˂ 30 
ml/min 
Cl 
Pregabalina 
Ajustar a posologia à 
patologia 
D 
˃ 60 
ml/min 
600 mg/dia 
(máxima) 
30-
60ml/min 
300 mg/dia 
(máxima) 
15-
30ml/min 
150 mg/dia 
(máxima) 
˂ 15 
ml/min 
75 mg/dia 
(máxima) 
Ramipril 
Inicial: 1,25-2,5 mg PO 
24/24h 
Manutenção: 5-10 mg PO 
24/24 h 
D 
˃ 50 
ml/min 
100% 24/24 h 
10-
50ml/min 
25-50% 24/24 h 
˂ 10 
ml/min 
25% 24/24 h 
Rosuvastatina 5-40 mg PO 24/24 h D 
30-
60ml/min 
5-20 mg 24/24 h 
˂ 30 
ml/min 
Cl 
Sinvastatina 5-80 mg PO 24/24 h D 
˂ 30 
ml/min 
Evitar (dose 
máxima 10 mg 
24/24 h) 
Sotalol 
Inicial: 80 mg PO 12/12 h 
Manutenção: 80 mg PO 
8/8 h até 160 mg PO 
12/12h (máx.) 
I 
≥ 60 
ml/min 
100% 
30-
60ml/min100% 24/24 h 
10-
29ml/min 
100% 36/36-48/48 
h 
˂ 10 
ml/min 
100% 48/48-72/72 
h 
Sucralfato 
De acordo com a 
indicação 
D 
˂ 10 
ml/min 
Evitar 
 
20.INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA 
 
 
96 INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA | Protocolos Terapêuticos 
 
Definição 
Rápido declínio da taxa de filtração glomerular (TFG) ou perda abrupta da função renal 
resultando em retenção de ureia, escórias nitrogenadas, sobrecarga de líquido 
extracelular, bem como distúrbios electrolíticos e ácido básicos. 
 
Classificaçao 
As causas de insuficiência renal aguda são tradicionalmente classificados pela porção da 
anatomia renal que afectam. Identificar causas pré-renais (baixa perfusão renal) e pós-
renais (obstrutivas) é particularmente importante pois são causas reversíveis. Com 
finalidade diagnóstica e terapêutica, as causas da IRA são classificadas em 3 principais 
grupos: 
 
Pré Renal – Doenças que causam hipoperfusão renal e comprometem a função renal sem 
lesão parenquimatosa bem definida (± 55%) 
1. Hipovolemia, perda para 3° espaço :pancreatite, queimaduras 
2. Redução do volume arterial efectivo: Sindrome nefrótico, ICC, Cirrose hepática 
 
 
 
Intrínseca ou parenquimatosa – acometimento do parênquima renal (±40%) 
1. Necrose tubular aguda (Isquémica, Nefrotóxica e pigmentos) 
2. Nefrite Intersticial: Imunológica, AINES, Antibióticos, Infecciosa 
3. Glomerulonefrites 
4. Doença vascular renal: vasculites sistémicas, Hipertensão maligna, aterosclerose, 
embolia arterial 
 
 
 
Pós Renal ou obstrutiva – associada a obstrução do trato urinário (±5%) 
 Tumores da Bexiga, Próstata, útero; cálculos renais; fibrose retroperitoneal; coágulos, 
papilite necrotizante do Diabético 
 
Diagnóstico 
A Acute Dialysis Qualitiy Initiative (ADQI), propôs uma definição mais consensual de IRA 
chamado critérios RIFLE (Critical Care, 2004). Posteriormente estes critérios foram 
modificados pelo grupo Acute Kidney Injury Network (AKIN). 
 
 
 
 
Critérios de RIFLE 
 
Taxa Filtração Glomerular (TFG) Débito Urinário (DU) 
Risco de 
disfunção renal 
↑ 1,5 x na creatinina sérica ou ↓ da 
TFG > 25% 
DU < 0,5 ml/kg/h X 6 h 
Lesão renal 
↑ 2 x na creatinina sérica ou ↓ da TFG 
> 50 % 
DU < 0,5 ml/kg/h X 12 h 
Falência da 
função renal 
↑ 3 x na creatinina sérica ou ↓ da TFG 
> 75 % ou 
creatinina sérica ≥ 4 mg/dl 
DU < 0,3 ml/kg/h por 24 h ou anúria 
x 12h 
Perda da função Insuficiência renal persistente ou 
 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA 97 
 
 
 
Factor de conversão: Creatinina μmol/L X 0.011= mg/dl 
 
Critérios de AKIN 
Uma modificação dos critérios de RIFLE foi proposta pela AKIN. O grupo AKIN propõe 
critérios diagnósticos para insuficiência renal aguda e um sistema de estadiamento 
baseado nos critérios RIFLE. 
 
Critério de diagnóstico: 
↓abrupta da função renal(dentro de 48horas), caracterizado por: 
 
•↑ abrupto no valor da creatinina sérica > 0,3mg/dl / (26,4 mmol /L) da creatinina de base, 
•↑ percentual da creatinina sérica de >50% da de base ou 
•Oligúria (<0,5ml/Kg/h por + de seis horas 
 
Duas ressalvas foram propostas pelo grupo AKIN: 
 
• Os critérios diagnósticos só devem ser aplicados após restauração/optimização do 
estado volémico; 
• É necessário excluir obstrução do tracto urinário se oligúria foi usada como critério 
isolado; 
 
Uma anamnese detalhada e um exame físico cuidadoso conseguem na maioria das vezes 
identificar eventos e/ou processos subjacentes a doença renal, sugerindo o diagnóstico: 
 
Anamnese e exame físico 
 Anamnese Exame físico 
IRA Pré - Renal Vómitos, diarreia, 
↓ ingestão de Líquido, 
Hemorragia, grandes cirurgias, 
sintomas de ICC e doença 
hepática 
Sinais de hipovolémia 
Sinais de sepsis 
Sinais de ICC 
Sinais de doença hepática 
crónica 
↓ débito urinário 
IRA Intrínseca Administração de medicamento 
nefrotóxicos 
Contrastes radiológicos 
Febre+artralgias+rash 
(Glomerulonefrite/vasculite) 
Febre 
Rash cutâneo (LES) 
IRA Pós Renal Dor lombar ou suprapúbica, 
Dificuldade na micção, 
Hematúria 
Globo vesical 
Dor suprapúbica 
Sinais de cólica renal 
 
Diagnóstico laboratorial e imagiológico 
 Urina II Bioquimica Imagiologia 
IRA Pré -Renal Normal/ cilindros hialinos 
FeNa < 1% 
Na+ urina < 20 
mmol/l 
Ecografia renal - 
Normal 
( ∆≠ IRA Obstrutiva/ 
renal perda total da função renal > 4 
semanas 
Doença renal 
estadio terminal 
Perda total da função renal > 3 meses 
 
 
98 INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA | Protocolos Terapêuticos 
 
Osmol. Urina > 500 IRC) 
IRA Intrínseca 
Cilindros .granulosos 
pigmentados+ cilindros 
células epiteliais = NTA 
Cilindros hemáticos+ 
hemácias dismorficas+ 
cilindros granulosos = 
GNF 
Cilindros leucocitários + 
cilindro. Granulosos n 
pigmentados= Nefrite 
intersticial 
 
FENa > 2% 
Na+ urina > 40 
Osmol. Urina < 350 
 
ANA, ANCA, anti-
dsDNA, C3, C4 – 
LES 
Serologia para 
hepatite 
ASTO 
 
Ecografia Renal- 
Normal 
 
(∆ diferencial) 
Angiografia e 
angio-RM dos rins 
(doença arterial) 
Biopsia 
IRA Pós Renal 
Hematúria (cálculos/ 
doença da próstata 
Piúria (doença 
prostática) 
 
Ecografia vias 
urinarias 
TAC - 
abdominopelvico 
 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA 99 
 
 
 
FLUXOGRAMA – ALGORITMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamento 
IRA Pré-Renal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IRA Intrínseca/ Parenquimatosa 
 
 
 
 
1. Reposição de volume com solução Fisiológica vigorosa (150 a 200 ml/h (se não houver 
contraindicacção cardiológica) 
 
2. Avaliações periódicas clínica e do débito urinario para avaliar tolerância da velocidade 
de infusão 
 
3. Correção do distúrbio eletrolitico e ácido -básico 
 
Glomerulopatia rapidamente 
progressiva 
Vasculite 
Necrose Tubular Aguda 
Nefrite Tubulo intersticial Aguda 
Tratamento geral: 
 Manter a euvolemia (PAM >80 mmHg) 
Hematócrito ~ 30% 
Pode ser necessário uso de 
furosemide em hipervolemia 
sintomática (> 80 mg EV), 
Correção dos distúrbios 
eletroliticos e ácidos básicos 
Suspender fármacos nefrotóxicos 
 
Suspender 
Identificação de pacientes de risco: 
 
Terapia intensiva, politraumatizados, idosos, infecções graves, diabéticos, isquemia periférica 
grave, grande queimado, grande perda de liquido corporal, intoxicações exógenas, uso de drogas 
nefrotóxicas 
Avaliação periódica da creatinina sérica e volume urinário 
Normal 
-1,5 x na creatinina 
sérica ou 
-TFG > 25% 
-DU < 0,5ml/Kg/h 
por >6h 
2 x na creatinina sérica 
ou ↓ da TFG > 50 % 
DU < 0,5 ml/kg/h X 12 h 
 3 x na 
creatinina sérica 
ou ↓ da TFG > 7 
5 % ou 
creatinina sérica 
≥ 4 mg/dl 
DU < 0,3 
ml/kg/h por 24 h 
ou anúria x 12h 
 
Manter 
monitorizacç
ão 
Risco Lesão/Injuria Falência / Insuficiência 
1. Avaliação clinica no grau de hidratacção (pele, mucosas, ausculta cardíaca, ausculta 
pulmonar, pesquisa de hipotensão postural, peso), calculo da fracção de excreção de sodio 
(FENA= [(UNaxPCr)/PNaxUCr)]X100) 
2. Avaliação de possível obstrução urinaria baixa (Anamnese, exame físico, exame de 
imagem ) 
3. Avaliar K, Ca, TCO2 VENOSO 
IRA Pós Renal Excluida a IRA pré e 
pós renal, levanta-
sea possibilidade de 
Doença Renal 
Intríseca 
IRA – Pré Renal 
 
100 INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IRA Pós Renal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Indicações de Terapia de Substituição de Função Renal (Diálise) 
 
A terapia de substituição de função renal poderá estar indicada quando houver os 
seguintes achados: 
 
•Hipervolémia – edema agudo de pulmão, ritmo de galope, presença de B3, refractários a 
diureticoterapia ou tratamento conforme protocolos específicos; 
 
•Hipercaliémia severa ([K]>6,5mEq/L com alterações ECG) refractária a tratamento clínico 
conforme protocolo específico; 
 
•Sintomas urémicos (Pericardite,Torpor, Coma, Convulsão). 
 
•Acidose metabólica grave (pH<7,1) refractária a tratamento clínico 
 
 
Prognóstico 
•A duração prolongada da IRA e a necessidade de diálise são factores da má evolução. A 
mortalidade de pacientes que necessitam de diálise é de 50 a 70%. 
•Infecções e complicações cardiovasculares são as principais causas de óbito, assim 
deve-se evitar procedimentos invasivos (sondas vesicais, cateteres endovenosos e 
ventilação mecânica quando possível). 
•Na NTA ao redor da segunda semana há recuperação da função renal na maioria dos 
pacientes, em virtude da capacidade de regeneração das células tubulares. 
 
Prevenção 
Tratamento Específico 
 
1. Passagem de sonda vesical e observar débito urinario. 
2. Reposição de volume em caso de poliuria (> 5 litros/24h) pós desobstrução 
3. Correção do distúrbio eletrolítico e ácido-básico 
4. Tratamento cirúrgico para obstruções urinárias altas, que não respondem a 
sondagem vesical (passagem de duplo Jderivacção urinária) 
 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA 101 
 
•Não existe intervenção terapêutica especifica para a IRA isquémica ou a nefrotóxica, a 
profilaxia tem importância fundamental. 
•Muitos casos de IRA Pré-Renal podem ser evitados pela cuidadosa monitorização da 
função cardiovascular e do volume intravascular de pacientes em risco (Idosos, 
diabéticos, portadores de doença renal incipiente e doença cardiovascular) e evitando 
drogas nefrotóxicas. 
•A incidência de IRA nefrotóxica pode ser reduzida pelos ajustes do tratamento (dose e 
frequência) dos fármacos nefrotóxicos com base no peso corporal e TFG. 
•Diuréticos, AINES, IECA’s, ARA (antagonista do receptor de angiotensina) e 
vasodilatadores devem ser utilizados com cautela nos pacientes sub suspeita de 
hipovolémia, redução do volume circulatório efectivo e doença renovascular pois 
podem desencadear IRA Pré Renal ou converter esta última em IRA Isquémica. 
•A hidratação constitui uma medida eficaz para prevenir a nefropatia associada aos 
contrastes. A diurese alcalina e forçada também pode evitar a IRA em pacientes 
tratados com metotrexato e rabdomiolise. 
 
 
 
102 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA | Protocolos Terapêuticos 
 
 
21.INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA 
Definição 
É uma síndrome clínica caracterizada pela persistência por mais de 3 meses 
independentemente da causa, de: 
Redução da taxa de filtração glomerular < 60 ml/mim/1.73m2, 
Evidência de lesão renal caracterizada pela: 
oExcreção renal de albumina (ACR =/> 30 mg/g ou 3 mg/mmol) 
oSedimento urinário anormal (cilindros GV, GB) 
oAlterações dos exames de imagem renais (Rins poliquísticos, Hidronefrose) 
oAlterações histológicas 
oHistória de Transplante renal. KGIDO CKD Guidelines; Kidney int 2013 
 
Etiologia 
Países Desenvolvidos 
70% casos HTA e DM 
10% Glomerulonefrites crónicas, Doença renal poliquística e distúrbios urológicos 
15% Etiologia não identificável 
 
Em Moçambique e em países onde a prevalência do HIV é elevada, para além das causas 
tradicionais de IRC, o HIV representa uma fatia importante das principais causas de IRC. 
Sendo a Nefropatia associada ao HIV (HIVAN) actualmente considerada a principal 
causa de Doença Renal Terminal em jovens adultos afro-americanos. 
 
Fisiopatologia 
 
Sob o ponto de vista fisiopatológico geral, o comportamento dos rins na IRC é explicado 
pela "teoria do nefrón intacto" também concebida por Teoria de Neal Bricker, cujas 
concepções básicas são as seguintes: 
 
Quando há compromisso parenquimatoso renal, existem 2 populações de néfrons; 
uma não funcionante (lesada) e outra com funcionamento normal preservado 
(remanescentes). 
Estes néfrons remanescentes sofrem um processo de "adaptação funcional 
ordenada", baseada na qual o rim é capaz de manter em equilíbrio o meio interno 
a despeito de uma taxa de filtração glomerular diminuída. 
 
A medida que a doença renal avança, a quantidade de solutos a ser excretada pelo 
rim para não se modifica, embora haja diminuição progressiva da massa de 
néfrons. Os néfrons remanescentes hipertrofiam, aumentando a taxa de filtração, a 
carga de solutos e a reabsorção tubular. Esta hiperfiltracção adaptativa é 
mediada por elevações das pressões e fluxos capilares glomerulares. Este 
processo adaptativo mantém em equilíbrio o balanço hidro-eletrolítico, porém a 
longo prazo devido por hipertensão intraglomerular ocorre uma Esclerose 
Glomerular com diminuição da massa renal funcionante. 
 
Quando mais de 75% da massa renal é destruída, a taxa de filtração glomerular e a 
carga de solutos para os néfrons remanescentes se eleva de tal forma que se 
rompe o balanço glomerulotubular (entre o aumento da filtração e o aumento da 
reabsorção tubular). 
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Fisiopatologia.html#Topic33
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA 103 
 
 
Uma das consequências da disfunção glomerulotubular é a diminuição da flexibilidade 
renal em concentrar e excretar água e solutos. 
 
Ciclo vicioso IRC - Doença Renal Terminal 
Geralmente a lesão renal inicial leva à deterioração da função renal, mas perda adicional 
de néfrons, ocorre secundariamente as alterações adaptativas dos néfrons remanescentes 
(Esclerose Glomerular por Hipertrofia e Hipertensão Intraglomerular) 
independentemente da causa inicial. Essas alterações escleróticas podem finalmente 
obliterar o glomérulo, levando a redução adicional da função renal, á maiores alterações 
adaptativas nos néfrons remanescentes e a um círculo vicioso, lentamente progressivo, 
que acaba terminando em doença renal de estágio terminal. 
 
 
 
Manifestações Clínicas 
A função renal pode sofrer deterioração progressiva sem que surjam manifestações 
clínicas; quando a função renal esta razoavelmente mantida, situações que agravam a 
disfunção renal (insuficiência cardíaca, desidratação, infecções) não ocasionam 
deterioração clínica apreciável. IRC caracteriza-se por uma crescente incapacidade dos 
rins em manter a homeostasia, principalmente em manter os níveis normais dos produtos 
do metabolismo das proteínas (ureia, creatinina, acido úrico); da TA (Pressão arterial); do 
HCT (Hematócrito) e de manter o equilíbrio ácido-básico e hidro – electrolítico. 
Em sua fase inicial, dependendo da causa, pode ser estabilizada ou revertida. Quando o 
nível da filtração glomerular cai abaixo de 30 ml/min, a deterioração da função renal e a 
evolução para doença renal terminal onde a perda da função renal é irreversível e a 
filtração glomerular cai abaixo de 15 ml/mim/1.73m2 se torna inexorável. Pode aparecer e 
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Pressoarterial.html#Topic6
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Hematcrito.html#Topic7
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Equilbriodosdio,gua,potssioecido-bsico.html#Topic8
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Equilbriodosdio,gua,potssioecido-bsico.html#Topic8
 
104 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA | Protocolos Terapêuticos 
 
evoluir rapidamente, mas em geral, inicia e evolui de forma insidiosa (meses/anos). Esta 
evolução pode ser continua ou com períodos de aceleração - as crises de agudização. A 
gravidade da síndrome urémica depende da rapidez da instalação, das comorbilidades, 
das complicações, da eficiência e presteza com que são iniciadas as medidas de 
substituição da função renal (diálise ou transplante renal). 
 
Factores de Risco para IRC 
Predisposição genética (Hx familiar IRC) e socioeconómica 
Doenças que iniciam ou agravam a IRC (HTA, DM, HIV, Toxinas, Doença 
Cardiovascular) 
Toxinas (Ervas nefrotóxicas ou interacções medicamentosas - África, Ásia, América 
Latina) 
HIV (negros, susceptibilidade genética – APOL1; MYH9) 
IRA (Episódios repetidos de IRA aumentam o risco de progressão a IRC) 
 
Pacientes com disfunção renal ligeira a moderada(estágios 1 e 2) são assintomáticos ou 
oligossintomática. Os níveis sanguíneos de ureia e os níveis séricos de creatinina podem 
estar dentro da faixa normal ou apenas ligeiramente elevadas. À mediada que os 
pacientes avançam para os estágios 3 e 4 os sintomas mais evidentes são: 
Hipertensão arterial 
Anemia 
Alteração do estado nutricional 
Anormalidades no metabolismo do cálcio e fósforo 
Anormalidades na homeostase do sódio, potássio e no equilíbrio ácido-básico 
(Edema agudo do pulmão, Acidose metabólica) 
 
Pacientes com TxFG <15 ml/min/ 1,73 m2 apresentam-se com sinais e sintomas de 
urémia. Utiliza-se o termo Urémia para referir-se à síndrome clínica decorrente da perda 
acentuada da função renal. O termo foi originado baseando-se na suposição de que as 
anormalidades observadas resultam da retenção no sangue de ureia e outros produtos 
terminais do metabolismo normalmente excretado pela urina. Representa mais que uma 
insuficiência da função excretora renal, uma vez que as diversas funções metabólicas e 
endócrinas normalmente executadas pelos rins também estão comprometidas. A 
gravidade dos sinais e sintomas da urémia varia de paciente para paciente, dependendo 
em parte da magnitude da redução da massa renal funcionante e da velocidade de perda 
da função renal. Não existe correlação directa entre os níveis sanguíneos de 
Ureia/Creatinina e o desenvolvimento dos sinais/sintomas de urémia. 
 
As manifestações da Urémia podem ser assim agrupadas: 
Neurológicos e musculares: Cãibras, Fadiga, Irritabilidade, Soluços, Coma, 
Convulsões, Distúrbios do sono, Neuropatia periférica (formigamento e queimação 
nos membros inferiores), Redução do olfacto e paladar, Redução da cognição, 
memória e concentração, Síndrome das pernas inquietas. 
Gastrintestinais: falta de apetite, hálito urémico, náuseas e vómitos. 
Endócrinos e metabólicos: amenorreia, infertilidade, disfunção sexual, aumento 
do catabolismo de proteínas musculares, hipertrigliceridémia, redução da 
temperatura corporal, redução do metabolismo basal, resistência à insulina. 
Imunológicos: Deficiência da imunidade e aumento da susceptibilidade a infecções 
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Duranteosestgio1e2ospacientesnormalmente.html#Topic55
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/mediadaqueospacientesavanamparaosestgios.html#Topic56
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/mediadaqueospacientesavanamparaosestgios.html#Topic56
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Hipertensoarterial.html#Topic65
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Anemia.html#Topic57
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Alteraodoestadonutricional.html#Topic58
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Anormalidadesnometabolismodoclcioefsforo.html#Topic59
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Anormalidadesnahomeostasedosdio,potssioe.html#Topic60
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/ComumaTFGmenorque15mlporminpor1,73m2opac.html#Topic61
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/ComumaTFGmenorque15mlporminpor1,73m2opac.html#Topic61
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2imbra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fadiga
http://pt.wikipedia.org/wiki/Irritabilidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Solu%C3%A7o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coma
http://pt.wikipedia.org/wiki/Convuls%C3%B5es
http://pt.wikipedia.org/wiki/Neuropatia_perif%C3%A9rica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Olfato
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paladar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cogni%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_das_pernas_inquietas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Infertilidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Disfun%C3%A7%C3%A3o_sexual
http://pt.wikipedia.org/wiki/Catabolismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipertrigliceridemia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Metabolismo_basal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Insulina
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA 105 
 
Dermatológicos: alterações da pigmentação da pele, prurido, pele seca e neve 
urémica. 
Outros: Pericardite, Disfunção plaquetária e sangramento. 
 
Estadiamento IRC 
O estadiamento pode ser feito com base: 
Causa 
Taxa de filtração glomerular (TxFG) 
Taxa de excreção da albumina (AER) 
A identificação da causa da lesão renal (DM, Toxicidade a drogas, Doenças auto-imunes, 
Obstrução, Transplante renal) se possível, permite especificar o tratamento dirigido a 
prevenir novas lesões, assim como tem implicações na velocidade de progressão e no 
risco de complicações. 
 
TxFG estádio TxFG 
(ml/mim/1.73m2) 
Descrição 
G1 >90 Normal ou elevada 
G2 89-60 Ligeiramente diminuído 
G3a 59-45 Diminuído Ligeira a moderadamente 
G3b 44-30 Diminuído moderado a severamente 
G4 29-15 Severamente diminuído 
G5 <15 Falência renal (D- se em diálise) 
Albuminúria 
estádio 
AER (mg/dia) Descrição 
A1 <30 Normal a ligeiramente aumentado 
A2 30-300 Moderadamente aumentado 
A3 >300 Severamente aumentado (subdividir em 
Nefrótico ou não Nefrótico para 
diagnóstico diferencial, abordagem e 
predição de risco) 
 
Importante estadiar os pacientes com IRC, pois permite identificar com doença severa em 
risco aumentado de progressão a DRT ou para as principais complicações. 
 
Estratificação do Risco de Progressão e Monitorização na IRC 
 
 Albuminúria Persistente, descrição e 
limiares 
A1 A2 A3 
Normal a 
ligeirament
e 
aumentado 
Moderadamen
te aumentado 
Severament
e 
aumentado 
 <30 mg/g 
< 
3mg/mmol 
30-300 mg/g 
3-30 mg/mmol 
>300 mg/g 
>30mg/mm
ol 
TxFG 
ml/mim/1.73m
2 
 
Descrição e 
G1 Normal ou 
elevada 
>9
0 
1 se IRC 1 2 
G2 Ligeiramente 
diminuído 
89-
60 
1 se IRC 1 2 
G3 Diminuído 59- 1 2 3 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pigmenta%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Neve_ur%C3%AAmica&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Neve_ur%C3%AAmica&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pericardite
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Disfun%C3%A7%C3%A3o_plaquet%C3%A1ria&action=edit&redlink=1
 
106 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA | Protocolos Terapêuticos 
 
limiares a Ligeira a 
moderadament
e 
45 
G3
b 
Diminuído 
moderado a 
severamente 
44-
30 
2 3 3 
G4 Severamente 
diminuído 
29-
15 
3 3 4+ 
G5 Falência renal <1
5 
4+ 4+ 4+ 
 
Grelha da TFG e albuminúria para reflectir o risco de progressão pela intensidade de 
coloração (verde, amarelo, laranja, vermelho e vermelho escuro).. 
Verde - Baixo risco na ausência de outros sinais de Lesão renal, sem IRC; Amarelo - risco 
moderado; Laranja -risco alto; Vermelho -risco muito elevado. 
 
IRC e Risco Cardiovascular 
 
Os eventos cardiovasculares são a principal causa de mortalidade entre os pacientes 
com IRC. IRC constitui um factor de risco cardiovascular (Doença Coronária) 
independente, pois esta associada a: 
Doença Coronária Severa 
Mortalidade aumentada após um SCA/PCI com ou sem stems/Bypass 
Sintomas Atípicos (atraso no diagnostico e aumento na mortalidade). 
 
Os Factores de Risco para Doença Cardiovascular na IRC incluem: 
Tradicionais: HTA, DM, Dislipidemia, Idade avançada, Tabagismo 
Não Tradicionais: Toxinas urémicas, Anemia, ↑Citocinas/PCR, Malnutrição, Doença 
Óssea e mineral (calcificação vascular coronária). 
Prevenção inclui: Tratamento da HTA, Estatinas, AAS, diminuição do peso, parar de 
fumar. 
Tratamento 
•Todo paciente com Doença Renal Crónica, deve se estimar a TxFG, a partir da 
Creatinina sérica (método mais usado), pois, permite: 
•Avaliar a gravidade da lesão renal 
•Seguimento (Curso da Doença) 
•Avaliar a resposta ao tratamento 
 
Medição da Taxa de Filtração glomerular 
 
A TxFG pode ser avaliada pelos seguintes parâmetros: 
Depuração de substâncias exógenas (Inulina, Iothalamato, Radionuclídeos): melhor 
exame disponível para medir a função renal. No entanto, estes testes sãocaros e 
não esta amplamente disponível na prática clínica. 
 
Depuração de creatinina (ClCr): método mais vulgarmente usado na pratica clínica 
para estimar a TxTG a partir da creatinina sérica. 
A creatinina é normalmente filtrada e secretada pelos túbulos renais, portanto a medição 
da TxFG a partir da Creatinina sérica é geralmente sobrestimada, especialmente na 
insuficiência renal por secreção tubular máxima. 
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Anormalidadescardiovasculares..html#Topic87
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Soaprincipalcausademortalidadedentreospa.html#Topic88
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Soaprincipalcausademortalidadedentreospa.html#Topic88
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Afunorenalmonitorizadapelosseguintesparm.html#Topic9
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA 107 
 
Apesar de existir uma relação inversa entre a creatinina sérica e a TxFG, a medição da 
depuração da creatinina “ClCr” não é uma medida sensível de dano renal (não reflecte o 
grau de disfunção renal), por duas razões: 
Dano renal significativo pode ocorrer antes que qualquer redução na taxa de filtração 
glomerular ocorra (hipertrofia compensatória e hiperfiltracção dos nefrónios 
remanescentes). 
Uma queda substancial na TxFG (Ex: IRA) pode levar a apenas uma ligeira elevação 
na creatinina sérica (sem tempo suficiente para o acumulo da creatinina). 
A elevação da creatinina sérica é aparente apenas quando a TxFG <60-70 ml / min. 
 
Na prática clínica, o conhecimento exacto da TFG não é necessário, e a doença pode 
geralmente ser controlada de forma adequada, estimando a TFG (TxFGe), em pacientes 
com função renal estável, através de: 
Depuração de creatinina (ClCr): ClCr (ml / min) = U / P × V 
U é a creatinina na urina em mg / dl 
P é a creatinina no soro em mg / dl, e 
V é o volume urinário dividido por 1440 mim (24 horas). 
ClCr Normal: 15-20 mg / kg em mulheres e 20-25 mg / kg em homens. 
Cystatina C- endógeno filtrado, alternativa a creatinina para estimar a TxFG. Tem 
algumas vantagens sobre a creatinina, pois é menos influenciada pela raça, massa 
muscular e tem maior capacidade de predizer eventos cardiovasculares e 
mortalidade. 
Alternativamente, a TxFG pode ser estimada pela Fórmula do Cockcroft e Gault, 
que utiliza creatinina sérica do paciente (mg / dl), a idade (Y), e massa magra (kg): 
TxFG (ml / min) = [(140 - idade) x peso] / (72 × creatinina sérica em mg/dl) * 0,85 nas 
mulheres 
Fórmula MDRD - Fórmula Levey, é hoje amplamente aceite como mais precisa do 
que a fórmula de Cockcroft e Gault e é considerada uma alternativa para avaliar 
a TxFG em relação ao uso de radioisótopos. 
A fórmula MDRD também leva em conta a idade do paciente e raça. Embora esta 
fórmula seja mais precisa, é muito mais difícil de calcular manualmente. 
Confirmar o Diagnóstico de Doença Renal, pode ser feito através de: 
Exame de Urina: presença de proteinúria, hematúria, cilindros celulares; 
Quantificação da Proteinúria; 
Ecografia renal: presença de rins pequenos, má diferenciação cortico-
medular ou a presença de múltiplos cistos; 
 
108 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA | Protocolos Terapêuticos 
 
Biopsia renal (Nefrologista); os critérios de referência ao Nefrologista 
variam de local para local, os mais usuais são: 
•Diminuição marcada da TxFG (< 30 ml/mim), permite a preparação antempada para 
tratamento de reposição renal (iniciar diálise com TxFG < 15 ml/mim esta associada a 
uma alta taxa de mortalidade); 
•Excreção renal de proteínas (ACR) >/= 300 mg/g (30 mg/mmol) 
•Hematúria não de causa urológica 
•Incapacidade de identificar a possível causa da IRC 
•Diminuição da TxFG> 30% em menos de 4 meses sem explicação 
•Dificuldades em manejo das complicações (Ex: Anemia, Doença Óssea e mineral) 
•Hipercaliémia> 55 mEq/l 
•Dificuldades em manejar drogas (risco de toxicidade) 
•HTA resistente 
•Pacientes com menos de 18 anos 
•Nefrolitíase extensa ou recorrente 
•Suspeita de Doença renal genética. 
 
Abordagem Geral 
 
Tratamento de causas reversíveis da Insuficiência Renal (agudizações) 
Prevenção a progressão da doença 
Tratamento das complicações 
Ajuste de medicamentos de acordo com a TxFG 
Identificar e preparar para a terapia de substituição renal. 
 
 
Tratamento de causas reversíveis da Insuficiência Renal 
 
Nos estágios avançados de falência renal, pequenos acréscimos de deficit funcional 
causam uma piora clínica, a identificação e tratamento atempados destes factores 
pode leva a uma recuperação da função. 
As causas comumente reversíveis de diminuição da função renal, são: 
Diminuição da Perfusão Renal 
Hipovolémia (vómitos, diarreia, sangramento, uso de diuréticos) 
•Hipotensão (Disfunção do miocárdio, Pericardite) 
•Infecções (Sepsis) 
•Uso de drogas que diminuem a TxFG (AINEs, IECAs) 
 
Geralmente pacientes com Hipoperfusão renal apresentam laboratorialmente uma 
fracção de excreção de sódio reduzida (<1%) ou diminuição da concentração do sódio 
urinário (< 25 mEq/l). Estes mecanismos de adaptação são perdidos em pacientes com 
IRC, pois os túbulos renais são incapazes de reabsorver sódio eficazmente; portanto a 
avaliação de estados de Hipovolémia em pacientes com IRC é com base a história e 
no exame físico (Hipotensão, ↓ PVJ a resposta a fluido terapia). 
 
 
1. Uso de Nefrotóxicos 
Estes devem ser evitados ou usar com precaução em pacientes com IRC. Os mais 
frequentes são, os aminoglicosideos, contraste iodado, AINEs. 
 
2. Obstrução do TGU 
Considerar em pacientes com diminuição súbita da TxFG sem causa explicável. 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA 109 
 
Principal causa de obstrução – Hiperplasia benigna da próstata. Como é pouco 
sintomática (Urina e débito urinário normais), deve se fazer uma Ecografia abdominal 
em todos doentes com IRC para exclui-la. 
 
 
Prevenção da progressão IRC-DRT 
 
Para além da Hipertensão Intraglomerular /Hipertrofia Glomerular, a progressão IRC a 
DRT esta geralmente associada a factores secundários as vezes não relacionados com a 
doença de base, estes factores são: 
Hipertensão Arterial Sistémica 
Proteinúria: toxicidade directa de algumas proteínas (Transferrina-Ferro- formação 
de radicais livres nos túbulos renais); Proteína transportadora de Acidos Gordos); 
sobrecarga tubular → Hipertrofia; mediadores inflamatórios. 
 
Medidas terapêuticas: tratamento HTA, Pentoxifilina (inibidor fosfodiesterase, anti-
inflamatório, imunomodulador), Tiazolidionas, Suplementação da Vitamina D 
(Paricalcitol - Zemplar) - meta-análise revelou que Paricalcitol pode reduzir a excreção de 
proteína em pacientes com DRC estágios 2-5. Se paricalcitol pode retardar o 
desenvolvimento de insuficiência renal terminal ou reduzir a mortalidade ainda não é 
conhecido. Baixa albumina sérica na pré-diálise está associado a um pior prognóstico 
entre os pacientes de diálise. 
 
Precipitação Intraglomerular de Fosfato de Cálcio → inflamação e fibrose 
tubulointerticial e atrofia tubular. 
Hiperlipidémia: frequente em casos 
 
Tratamento: estatinas 
 
Doença de base se possível (a presença de ↓TxFG e proteinúria, risco elevado de 
DRT) 
Presença ou ausência de comorbilidades (DM, Hipotiroidismo subclinico) 
Status socioeconómico 
Raça negra, sexo masculino (IRC mais agressiva) 
Obesidade/Síndrome Metabólico 
Anemia 
Glicocorticoides/ Óxido Nítrico 
Hiperuricemia (↓ perfusão renal por estimular a proliferação células musculares lisas 
da arteríola aferente) 
Angiotensina II/Aldosterona (por estimulação excessiva de mineralocorticoides, → 
GMN hiperfiltracção, remodelação vascular e fibrose renal) 
Tratamento: Espironolactona (↓ proteinúria mas risco aumentado de HiperK+ e 
↓TxFG). 
 
As principais alterações histológicas devido a causas secundárias da doença renalsão, 
Glomeruloesclerose focal segmentar (Glomeruloesclerose Focal Segmentar 
Secundária) responsável pela proteinúria na IR progressiva, e a Fibrose 
Tubulointersticial (grau de fibrose e o melhor predictor do prognostico a longo prazo). 
 
Medidas terapêuticas incluem: IECAs a ARAs – papel antifibrótico; outros antifibrótico 
incluem – Pioglitazona, Pirfenidona, Hepatócito factor de Crescimento. 
 
 
110 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA | Protocolos Terapêuticos 
 
 
Tratamento da Complicações 
As complicações são mais frequentes em pacientes no estádio 4 (ClCr 29 -15 ml/mim). 
Elas podem ser agrupadas: Distúrbios hidroeletrolíticos e distúrbios 
hormonais/sistémicos. 
 
Distúrbios hidroeletrolíticos 
Sobrecarga de volume 
Hipercaliémia 
Acidose Metabólica 
Hiperfosfatemia 
 
Distúrbios hormonais/sistémicos 
Doença Óssea e Mineral 
Hipertensão arterial: é a complicação mais comum na IRC. 
Anemia 
Hiperlipidémia 
Malnutrição 
Fadiga 
Náuseas – vómitos 
Anorexia 
 
 
Dieta 
 
A dieta recomendada a pacientes com IRC, inclui: 
Energia> /= 35kcal/kg/dia (↓ em indivíduos com> 60 anos; peso> 120% do normal) 
Restrição proteica (0,8 a 1g/Kg/dia) 
Gorduras – 30 a 40% do valor energético (relação 1:1 saturadas vs insaturadas) 
Carbohidratos: balançar com as calorias não proteicas 
Fibras 20-25 g/dia 
Minerais: Sódio: <2g/dia (corresponde a 5 g do sal de cozinha – cloreto de sódio); 
Potássio: 40 a 70 mEq/dia; Fosfato: 600-800mg/dia; Cálcio: 1400-1600 mg/dia; 
Magnésio: 200-300 mg/dia; Ferro: > 10-185 mg/dia; Zinco: 15 mg/dia 
Água: 750 a 1500 ml/dia. Modificar de acordo com as necessidades do paciente 
 
Mudança do estilo de vida: É preconizada a realização de actividade física de acordo 
com a tolerância cardíaca de cada paciente (prática de 30 minutos de actividade física 
aeróbica, 5x/semana). Recomenda-se também manter o peso corporal com IMC ( índice 
de massa corporal) entre 20 e 25. Outra atitude importar é parar de fumar. 
 
 
Sobrecarga de volume: A Homeostase do sódio e o volume intravascular é usualmente 
mantida até a TxFGe <10 a 15 ml/mim/1.73m2. A Sobrecarga de volume está geralmente 
associada ao aumento da ingestão de sódio (> 2g/dia) devido a fraca capacidade de 
adaptação nestes pacientes. Restrição Sódica (< 2g/dia) e Diuréticos da Ansa 
(Furosemida). 
 
Hipercaliémia ou Hiperpotassemia: A habilidade para manter a excreção do K+ a níveis 
próximos do normal é geralmente mantida em pacientes com IRC desde que a secreção 
de aldosterona e o fluxo sanguíneo distal estejam mantidos. A Hipercaliémia ocorre em 
indivíduos com oligúria, fonte adicional de potássio (dieta, lise tissular) ou 
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/AhipertensoacomplicaomaiscomumnaIRC.html#Topic107
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Sdio.100mEqpordia.html#Topic219
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Potssio.40mEqpordia.html#Topic220
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/gua.1a1,5lpordia.html#Topic221
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_massa_corporal
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_massa_corporal
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Homeostasedopotssio.hiperpotassemia.html#Topic80
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA 111 
 
hipoaldosteronismo (IECAs/ARAs). Prevenção: Dieta com baixo K+ (< 40 a 7 mEq/l); 
evitar drogas que aumentam K+ (AINE, Espironolactona, Amilorido, IECAs/ARAs). 
 
Tratamento: 
Dieta com pouco K 
Suspende IECAs, ARAs, AINE 
Gluconato ou Cloridrato de Cálcio a 10% (10 ml, Infusão Ev por 2h) como protector 
cardíaco; 
Insulina (Rápida 10U/Ev) e Dextrose (a 10% - 50 ml ou a 50% 50ml + 50 ml a 10%) 
Albeturol ou Salbutamol (aerossol) 
 
Outras opções de tratamento 
Resinas Trocadoras de Catiões (Kayaxelato) 
Diuréticos espoliadores de K+ (Furosemida) 
Bicarbonato de Sódio (efeito limitado, pouco eficaz) 
 
Acidose Metabólica: Na maioria dos pacientes a acidose é moderada a leve, Bicarbonato 
mantém-se entre 12-20 mEq/L (raramente < 10 mEq/L). Corrigida com o uso do NaHCO3. 
Doses: 7 ml/kg/dia (na ausência de gasimetria); Bic desejado(24)- Bicarbonato do 
paciente*peso*0,4 ou Excesso de base * peso*0,3. 0,5 a 1 mEq/Kg/dia ½ da dose 
calculada em 1 hora → gasimetria para avaliar a necessidade de passar a outra metade. 
 
Hiperfosfatemia: A retenção de fosfato inicia nos estádios iniciais da IRC, por diminuição 
da filtração do folato. Contudo a hiperfosfatemia é um fenómeno relativamente tardio, esta 
associado a: 
Doença cardiovascular – IRC (Calcificação Vasos) 
↑ Níveis do FGF-23 (factor de crescimento Fibroblastos) 
Hiperparatiroidismo secundário e Osteodistrofia renal 
 
Abordagem 
1. Descartar/confirmar a presença ou ausência de: 
Outros distúrbios minerais (Hipocalcémia) 
Calcificação vascular 
Tratamentos concomitantes 
 
2. Dosear: Fosfato, cálcio e PTH (paratormona) 
3. Restrição folato – dieta hipoprotéica (não tirar ovos/carnes ou proteínas 
naturais devido ao a risco de malnutrição) 
4. Quelantes de Fosfato 
Com cálcio: Carbonato de cálcio e citrato de cálcio; risco de Hipercalcemia. 
Sem cálcio: Sevelamer, Lanthanum – indicados quando o cálcio esta normal ou 
elevado; tratamento concomitante com análogos de vitamina D (para ↓ PTH); 
turnover ósseo diminuído (osteomalacia; Doença óssea adinâmica). 
5. Hidróxido de Alumínio: evitar se possível, risco aumentado de Intoxicação por 
alumínio; em casos de Hiperfosfatemia severa tratamento por 4 semanas 
apenas. 
 
 
DOENÇA ÓSSEA E MINERAL – DOM: Osteodistrofia renal – doença óssea associada a 
IRC. Doença sistémica do metabolismo mineral e ósseo devido a IRC. As principais 
manifestações são: 
Alterações do metabolismo do Cálcio, Fósforo, PTH e Vitamina D 
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Acidosemetablica.namaioriadospacientesaa.html#Topic81
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Acidosemetablica.namaioriadospacientesaa.html#Topic81
 
112 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA | Protocolos Terapêuticos 
 
Doença Óssea adinâmica (Alterações do Turn over ósseo, mineralização e volume 
ósseo-TVM) 
Calcificação extra esquelética (tecidos moles e vasos) - principal causa de morte em 
pacientes em diálise, devido aumento de risco de eventos cardiovasculares por 
calcificação das coronárias. 
 
Alterações do metabolismo do Cálcio, Fósforo, PTH e Vitamina D 
 
A redução na TFG diminui a excreção de fosfato inorgânico. O fosfato inorgânico 
retido eleva a secreção de PTH, levando a um estado de Hiperparatiroidismo 
secundário (também secundário ao ↑ da expressão genica de PTH); 
Hipocalcémia (também devido a diminuição da vitamina D e a resistência óssea 
ao PTH por down regulation dos receptores); ↓ acção e síntese de Vitamina D 
pelos rins. 
O Hiperparatiroidismo secundário inicia na fase precoce da doença (TxFG <60 
cc/mim), a medida que a TxFG diminui (< 20 cc/mim) para além do 
Hiperparatiroidismo secundário, outras consequências da Hiperfosfatemia se 
tornam evidentes nomeadamente a Hipocalcémia e diminuição da síntese da 
Vitamina D. 
 
Tratamento 
Hiperparatireoidismo secundário 
1. Restrição folato – dieta hipoprotéica (não tirar ovos/carnes ou proteínas naturais 
devido ao a risco de malnutrição) 
2. Quelantes de Fosfato 
Com cálcio: Carbonato de cálcio e citrato de cálcio; risco de Hipercalcemia. 
Sem cálcio: Sevelamer, Lanthanum – indicados quando o cálcio esta normal ou elevado; 
tratamento concomitante com análogos de vitamina D; turnover ósseo diminuído 
(osteomalacia; doença óssea adinâmica) 
3. Análogos da Vitamina D sintéticos: Paricalcitol – Zemplar, Ergocalcitriol 
4. Paratiroidectomia 
 
 
Hipocalcemia 
Tratamento: Suplementos de cálcio (Carbonato de cálcio, citrato de cálcio, substâncias 
Calcimiméticas) com ou sem calcitriol. 
 
Osteodistrofia Renal: Alterações do Turn overósseo, mineralização e volume ósseo – 
TVM por supressão exagerada da secreção do PTH (uso de quelantes de fósforo contendo 
cálcio, análogos de vitamina D, soluções dialitícas com cálcio). 
Osteíte fibrosa cística - níveis elevados de PTH e aumento da estimulação dos 
osteoblastos com aumento da formação osteólise. 
Doença Óssea adinâmica- diminuição do turnover ósseo na ausência de depósitos de 
alumínio e de supressão da secreção do PTH. Principal tipo de osteodistrofia em 
pacientes dialitícos (50% peritoneal e 19% hemodiálise) principalmente diabéticos. 
Osteomalacia- diminuição do turnover ósseo associado com atraso na mineralização (> 
100 dias). Actualmente raro, pois estava associado com uso de Alumínio para o 
tratamento da Hiperfosfatemia. 
Osteodistrofia urémica - turnover ósseo diminuição ou aumentado associado com 
alterações da mineralização. 
Quistos Ósseos (pacientes em diálise). 
 
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/AreduonaTFGdiminuiaexcreodefosfatoinorgn.html#Topic83
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/OfosfatoinorgnicoretidoelevaasecreodePTH.html#Topic84
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/OfosfatoinorgnicoretidoelevaasecreodePTH.html#Topic84
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/OfosfatoinorgnicoretidoelevaasecreodePTH.html#Topic84
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/OsnveiselevadosdePTHlevamaumestmulodosos.html#Topic85
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/OsnveiselevadosdePTHlevamaumestmulodosos.html#Topic85
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA 113 
 
Manifestações Clínicas 
A maioria dos pacientes é assintomático, mas podem se queixar de dores ósseas; há risco 
aumentado de fracturas (por diminuição do osso cortical) e Hipercalcemia e calcificação 
extra-esqueleto (por diminuição da reabsorção óssea). 
 
Diagnóstico 
Biopsia Óssea: padrão ouro para o diagnóstico (mas pouco usada pois é invasiva) 
Outros:↓ PTH< 65 pg/ml em pacientes sem diálise em tratamento com análogos de 
Vitamina D; e normal a alto em pacientes em diálise com Ca2+ alto, nestes a ↓ Fosfatase 
Alcalina óssea sugere o diagnóstico. 
Tratamento: ↑ secreção PTH 
Pacientes em diálise: ↓ a dose de quelantes de P contendo cálcio; uso de quelantes 
de P sem cálcio e soluções dialitícas sem cálcio. 
Pacientes sem diálise: suspender quelantes de P contendo cálcio e análogos da 
vitamina D. 
 
 
 
Anemia: Definida como hemoglobina < 12 g/dl em homens e < 11 g/dl em mulheres. É 
tipicamente normocítica e normocrómica, aparecendo quando a TxFG cai abaixo de 30 
ml/min (estágio 3). Particularidades incluem, ausente ou tardia na Doença poliquística 
renal e precoce na doença intersticial renal crónica. Etiologia é multifactorial, inclui: 
Eritropoiese ineficaz ++++ (↓ Eritropoetina, Ferro/Folato, ↑ PTH, Toxinas 
urémicas e processo inflamatório crónico) 
Perdas sanguíneas: Gastrintestinais (Úlcera péptica), Angiodisplasia TGI, 
Ginecológicas, diálise e discrasias sanguíneas. 
↓ semivida dos GV (< 60 dias, factores intra-corpusculares incluem a ↓ da 
resistência osmótica e oxidativa dos GV e extra-corpusculares associados a 
toxinas urémicas). 
 
Avaliação Diagnóstica 
 
Excluir outras causas de anemia 
Doseamento de Ferro sérico/Ferritina/TIBC/Vitamina B12 (se macrocitose) 
Reticulócitos/GB/Plaquetas/Sangue oculto nas fezes 
Está associada a ↓ da qualidade de vida (deterioração cardíaca, ↓ capacidades 
mentais, fadiga, anorexia, distúrbios do sono) e ao aumento da morbi-mortalidade 
pois aumenta a ocorrência de eventos cardiovasculares, risco 2x aumentado de 
progressão a DRT. 
 
Tratamento 
 
Objectivos: é um nível de hemoglobina de 10-12 g / dl (10 – 11,5 g/dl em pacientes sem 
diálise 11 – 11,5 g/dl em pacientes em diálise). A normalização de hemoglobina em 
pacientes com DRC estágios 4-5 tem sido associada a um risco aumentado de efeitos 
adversos. Opções de tratamento: Transfusão de GV, Eritropoetina (estimuladores da 
eritropoiese- ESAs), Andrógenos. 
 
Indicações de Tratamento com Eritropoetina (sem diálise): 
Hemoglobina < 10 g / dl (individualizar de acordo com os sintomas, a velocidade da ↓ 
Hgb, resposta de tratamento com Ferro, risco de transfusões e do tratamento com 
Epo). 
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Umaanemianormocticaenormocrmicapodeserob.html#Topic114
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Umaanemianormocticaenormocrmicapodeserob.html#Topic114
 
114 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA | Protocolos Terapêuticos 
 
Antes de iniciar a eritropoietina, os pacientes devem ter as suas reservas de ferro 
normais (saturação de ferro em 30-50% e ferritina em 200-500 mg / ml) e 
tratamento prévio da HTA (Epo ↑ risco de eventos Cardiovasculares). 
Eritropoietina – 50 a 200ug/kg/semana/sc ou 10000 a 20000u/sc semanalmente ou de 
2-2 semanas. 
 
 
Hipertensão Arterial: Complicação mais comum na IRC, principalmente em negros e 
obesos. Geralmente com predomínio da TA sistólica e padrão não dipper. Mecanismo: 
Retenção de Sódio 
↑ Actividade Eixo RAA (principalmente na doença vascular) 
↑ Actividade do Sistema Simpático 
Hiperparatiroidismo secundário (↑ cálcio) 
Eritropoetina (↑ Hematócrito) 
Falha na síntese de NO endotelial (mecanismo ?) 
Metas: 
TA <140/90 na ausência de proteinúria (albuminúria) 
TA <130/90 se micro albuminúria 
 
Tratamento 
Restrição de sal (efeito antiHTA dos IECAs) 
Diuréticos: casos de expansão de volume (mesmo na ausência de edemas) 
1.Da Ansa - Toresemida, Furosemida 
2.Tiazídicos (efeito reduzido quando TxFG < 30 ml/mim): Clortalidona, 
Hidroclortiazida 
Suspender Diuréticos 
 
Meta alcançada 
Paciente seco: volume circulante efectivo; HipoTA; fadiga; cãibras; Creatinina 
IECAs e ARAs – 1ª opção em pacientes com e sem proteinúria (acção potenciada 
com restrição sódio e uso de diuréticos). 
Bloqueadores dos canais de cálcio não dihidropiridinas (Verapamil, Diltiazem) – em 
pacientes com proteinúria; e dihidropiridinas (Nifedipina, Amlodipina) – em 
pacientes sem proteinúria. 
Antagonistas da Aldosterona (Espironolactona, Eplerenona) - proteinúria quando 
associado aos IECAs/ARAs mas risco ↑ de hipercaliémia. 
Outros: β bloqueadores, Metildopa – sem efeito na redução da proteinúria 
Diálise: Tomar pelo menos 1 fármaco a noite, devido padrão não dipper. 
 
Hiperlipidemia: Em todos estágios da IRC. Defeito na remoção dos lípidos na circulação, 
devido: 
Alteração na composição TG (ricos em apoproteina C) 
↓ da actividade da Lipoproteína lípase e da lípase hepática envolvida na remoção dos 
TG (mecanismo ?) 
Tratamento 
Dieta sem gordura 
Actividade física 
Estatinas, indicações: 
o50 anos com TxFG < 45 ml/mim, sem diálise na presença ou ausência de 
outros factores de risco Cardiovasculares; 
 
Protocolos Terapêuticos | INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICA 115 
 
o18 a 49 anos, sem diálise com pelo menos 1 outro factor de risco 
cardiovascular (Doença coronária, DM, AVC antigo, Risco cardiovascular 
>10%). 
 
Urémia: A sobrevida nestes pacientes depende da terapia de substituição renal (diálise e 
transplante renal). 
Indicações 
Absolutas (Imediatas): Pericardite urémica, Encefalopatia urémica, sangramento 
urémico, Edema agudo do pulmão refractário aos diuréticos, distúrbios electrolíticos e 
acido base refractários, HTA refractária. 
 Relativas: Malnutrição, Depressão, Prurido persistente, Síndrome das pernas inquietas. 
 
 
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Nestescasosasobrevidadependedaterapiades.html#Topic62
http://medmap.uff.br/mapas/insuficiencia_renal_cronica/Nestescasosasobrevidadependedaterapiades.html#Topic62
 
116 INFECÇÃO DO TRACTO URINÁRIO | Protocolos Terapêuticos 
 
 
22.INFECÇÃO DO TRACTO URINÁRIO 
Definição 
A infecção do tracto urinário (ITU) é definida pela presença e multiplicação de 
microrganismos na urinacom possível invasão e reacção das estruturas tubulares ou 
parenquimatosas do aparelho urinário ou órgãos anexos. 
Pode subdividir-se em: 
ITU inferior (cistite): a presença de bactérias limita-se á bexiga. 
ITU superior (pielonefrite): afecta a pélvis e o parênquima renal. 
 
Tendo em conta que: 
Bacteriúria significativa = presença de > 104 ufc/ml de urina; 
Bacteriúria assintomática= presença de > 104 ufc/ml de urina sem sintomatologia; 
Infecção urinária= presença de > 104 ufc/ml de urina com sintomatologia; 
Síndrome uretral= manifestações clínicas de ITU, sem bacteriúria significativa; 
Pielonefrite aguda = síndrome caracterizada por manifestações clínicas de ITU e 
febre, lombalgia; leucocitúria e bacteriúria. 
 
Etiologia 
Nos pacientes hospitalizados existem importantes diferenças no perfil etiológico e no 
padrão de susceptibilidade dos uropatogénios isolados, relativamente aos isolados de 
pacientes em regime de ambulatório: 
Escherichia colli (predominante); 
Enterococcus spp.; 
Pseudomonas spp.; 
Staphilococus spp.; 
Fungos (Candida albicans). 
Existe uma maior variedade de microrganismos, comparando com a infecção adquirida na 
comunidade; Existe maior resistência aos antibióticos; A prevalência de infecção por 
fungos tem aumentado. 
Manifestações Clínicas 
ITU inferior 
Disúria; 
Polaquiúria; 
Desconforto ou dor suprapúbica; 
Urgência urinária; 
Hematúria: 
Cheiro fétido da urina; 
Piúría. 
ITU superior 
Os sinais e sintomas acima mencionados e um ou mais dos seguintes: 
Febre (t> 38o C) 
Lombalgia 
Náuseas e vómitos 
Diaforese 
Mal estar geral 
Quedas múltiplas 
Agravamento do estado confusional 
Anorexia 
 
Protocolos Terapêuticos | INFECÇÃO DO TRACTO URINÁRIO 117 
 
Choque 
 
Diagnóstico 
Pacientes não submetidos a algaliação vesical 
Urina II; 
Urocultura [nas situações de dúvida no diagnóstico, ITU recente, algaliação, diabetes 
mellitus (DM) ou idosos; 
Hemograma e hemocultura (se febre e na suspeita de pielonefrite. 
Pacientes submetidos a algaliaçao vesical 
Duração de algaliação inferior a 7 dias: retirar aigália sem colheita de urocultura. 
Vigiar evolução. Tratar Sintomatologia compatível com ITU as 48 h; 
Duração da algaliação superior a 7-10 dias: Bacteriúria assintomática: sem indicação 
para terapêutica; bacteriúria sintomática: retirar algalia se possível). Ponderar 
tratamento. 
Tratamento 
Todas as ITU nosocomiais devem ser tratadas, quer o paciente esteja ou não algaliado. 
Hidratação: 
Analgesia: 
Antibioterapia lATBi. 
A escolha do antibiótico depende do microrganismo isolado e do seu padrão de 
susceptibilídade ao antibiótico. 
ITU inferior em pacientes não algaliados: aguardar o resultado da urocultura e teste 
de sensibilidade ao antibiótico (TSAj: 
Suspeita de ITU superior: iniciar terapia empírica após colheita de urocultura e 
hemocultura (adaptar ATB de acordo com TSAj: 
ITU em paciente algaliado: substituir algalia ou remover antes de iniciar ATB (se tiver 
mais de 7 dias); iniciar terapêutica empírica após colheita de urina para urocultura 
(adaptar ATB de acordo com TSA); 
Candidúria associada a cateter urinário: remoção ou substituição do Cateter; 
Candidúria não associada a cateter urinário: controlo dos factores de risco (DM, 
terapêutica antibiótica). Candida albicans: fluconazol 100 mg PO/dia durante 5 
dias. 
 
Itu Complicada (Associada com uma Condição que aumenta o Risco de Falência 
Terapêutica) 
DM; 
Gravidez; 
Pielonefrite aguda no ano anterior; 
Sintomas com duração de 1 semana: 
Uropatogénios resistente ao antimicrobiano de largo espectro; 
infecção adquirida no hospital; 
IR; 
Obstrução do tracto urinário; 
Presença de cateter vesical, stent ou nefrostomia; 
Instrumentação recente do tracto urinário. 
Anomalia anatómica ou funcional do tracto urinário: 
História de ITU na infância. 
Transplante renal; 
Imunossupressão; 
Pielonefrite aguda com evolução enfisematosa ou para abcesso corticomedular ou 
perinefrítico. 
 
118 INFECÇÃO DO TRACTO URINÁRIO | Protocolos Terapêuticos 
 
 
Tratamento Empírico da ITU 
Amoxicilina/acido clavulâmico 5 dias: 625 mg PO 8/8 h, 
ou 
Cefuroxima axetil 3 dias: 250 mg PO 12/12 h. 
ou 
Nitrofurantoína 7 dias. I00 mg PO 6/6 h. 
 
Tratamento empírico da cistite e da pielonefrite na grávida 
Cistite: 
Amoxicilina/ácido clavulâmico 7 dias: 625 mg PO 8/8 h 
Pielonefrite: 
Amoxicilina + ácido clavulâmico 14 dias: 1,2 g IV 8/8h, durante 10 dias, seguido de 625 mg 
PO 8/8 h 
 
 
Tratamento Empírico da Pielonefrite 
Terapêutica 7-14 dias 
Amoxicilina/ácido clavulâmico 4 dias; 1,2 g IV 8/8 h, seguido de 625 mg PO 8/8 h ± 
gentamicina (protocolo monitorização); 
 ou 
Cefotaxima 1 g IV 878 h ± gentamicina (protocolo monitorização). 
Se suspeita de P. aeruginosa 
Piperacilina/tazobactam 4,5 g IV 6/6 h ± gentamicina (protocolo de monitorização); ou 
Ceftazidima 1 g IV 12/12 h ± gentamicina (protocolo monitorização) 
Se cultura + para fungos: 
Fluconazol 100 mg PO/dia 2-5 dias. 
Ajustar ATB segundo creatinina sérica; 
Terapêutica IV durante 3-4 dias; 
Reavaliar terapêutica ATB segundo TSA; 
Urocultura de controlo ao 4o dia e 1-4 semanas após o termo do tratamento 
 
Critérios de Internamento 
Incapacidade de manter via oral; 
Não adesão à terapêutica; 
Doença grave, febre alta, debilidade marcada; 
DM; 
Imunossupressão; 
Nefrolitíase; 
Cateter vesical permanente; 
Sintomas > 7 dias com ou sem terapêutica ATB. 
 
Factores de Risco para ITU 
DM; 
Imunossupressão; 
Nefrolitíase; 
Cateter vesical permanente; 
Gravidez; 
Alterações urológicas estruturais 
 
 
Protocolos Terapêuticos | INFECÇÃO DO TRACTO URINÁRIO 119 
 
 
 
120 DIABETES MELLITUS | Protocolos Terapêuticos 
 
 
23.DIABETES MELLITUS 
Definição 
Diabetes, síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou incapacidade 
da insulina exercer adequadamente a sua acção, caracterizada por hiperglicémia crónica e 
alterações do metabolismo dos carbohidratos, lípidos e proteínas apresentando-se o 
paciente com polidipsia, poliúria e polifagia. 
Etiologia 
A Diabetes constitui-se num transtorno do metabolismo intermediário consequente ou à 
falta de insulina ou à sua inadequada utilização pelos tecidos, o que se traduz 
laboratorialmente pela elevação da taxa da glicemia. Paralelamente aos transtornos 
metabólicos ou decorrendo deles, ocorrem alterações vasculares as quais são as grandes 
responsáveis pela maior parte das manifestações clínicas da diabetes e causadores de 
considerável morbidade e mortalidade 
Manifestações Clínicas 
 Quase todos os tecidos do organismo são afectados, em maior ou menor grau, em 
decorrência das alterações vasculares, particularmente dos pequenos vasos. Entretanto, 
as lesões em alguns órgãos são mais frequentes ou mais graves: o rim, o coração e o 
sistema arterial periférico. Além destes, a retina, a pele e o sistema nervoso periférico 
também são sede de lesões provocadas pela diabetes, com importantes prejuízos à saúde 
do indivíduo. Nem sempre a diabetes mellitus é a causadora directa das complicações, 
porém muitas vezes age como “favorecedor” de outros factores de risco que, em última 
análise, vão desencadear o problema. 
Diagnóstico 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe, desde 1999, três critérios para o 
diagnóstico da diabetes mellitus tipo 2 (DM2), considerando suficiente o cumprimento de 
um deles: 
Glicémia em jejum > 126 mg/dl (jejum 8-14 h); 
Glicémia ≥ 200 mg/dl, 2 h após a ingestão de 75 g de glicose via oral (prova de tolerância 
à glicose oral (PTGO), dissolvida em 250-300 ml de água e bebida em 5 min, com repouso 
entre colheitas; 
Valor glicémico ocasional > 200 mg/dl se acompanhado de poliúria, polidipsia, polifagia e 
perda de peso; 
HbAlc≥ 6,5% . 
São classificadas como hiperglicémias intermédias a anomalia daglicémia em jejum 
(valores de glicémia entre 110-125 mg/dl) e a tolerância diminuída à glicose (glicémia às 2 
h da PTGO entre 140-199 mg/dl). A anomalia da glicémia em jejum deve levar à realização 
de PTGO. Inclui-se ainda na hiperglicémia intermédia o paciente com HbAlc, entre 5,7-
6,5%. 
Tratamento 
Objectivos glicémicos 
Em internamento os objectivos glicémicos são: 
Unidades de Cuidados Intensivos (UCI): 80-110 mg/dl; 
Restantes níveis de cuidados: 80-200 mg/dl: 
Pré-prandial: < 140 mg/dl; 
Ocasionai: < 180 mg/dl. 
Todos os pacientes, mesmo sem diagnóstico prévio de diabetes, devem realizar 
doseamento de HbAlc, desde que não o tenham realizado nos 2-3 meses anteriores. 
Abordagem do paciente diabético em internamento 
 
Protocolos Terapêuticos | DIABETES MELLITUS 121 
 
 
•Na altura do internamento todos os pacientes diabéticos tipo 2 devem suspender a 
sua terapêutica com antidiabéticos orais (ADO) e iniciar insulinoterapia; os 
pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1) deverão manter a sua terapêutica 
habitual; 
•Todos os pacientes diabéticos devem iniciar dieta polifraccionada hipoglícidica; 
•A terapêutica com insulina só deve ser iniciada com glicémias capilares superiores a 
10 mmol/l; 
•Antever que pacientes a realizar corticoterapia necessitarão de mais unidades diárias 
de insulina; 
•Pacientes a realizar alimentação contínua por sonda nasogástrlca (SNG) estarão 
melhor controlados com insulinas lentas; 
•A frequência das medições de glicémia capilar depende do estado clínico do paciente. 
Em pacientes instáveis, a medição deve ser realizada de 2/2 h ou 4/4 h. Em 
pacientes estáveis, esta deve ser realizada de 8/8 h; 
•Devem ser iniciados esquemas com insulina rápida nas primeiras 24 h e 
contabilizadas as unidades totais administradas; 
Necessidade de Insulina rápida de acordo com a glicémia capilar do paciente 
Glicemia capilar Unidades de insulina (rápida) 
> 180-200 2 
201-250 3 
251-300 4 
301-350 5 
351-400 6 
401450 7 
451-500 8 
> 500 10 
 
•O cálculo de Insulina intermédia necessária para o paciente é feito a partir do 
somatório do total de insulina rápida administrada nas 24 h anteriores. Esse total 
deve ser administrado distribuindo dois terços de manhã e um terço à noite. As 
normas internacionais dizem que a dose total de insulina deve ser dividida por 
insulina lenta (giargina) em 50% e os restantes 50% em insulina rápida, nas 
principais refeições; 
•O ideal seria ajustar a dose de insulina basal ao peso do paciente, devendo ser 
iniciada a 0,2 U/Kg; 
•A reintrodução de ADO em pacientes diabéticos hospitalizados só deve ser iniciada 
quando estes se encontrarem estáveis. com patologia aguda controlada; 
•O controlo glicémico demasiado rigoroso (glicémias <110 mg/dl, sustentadas) está 
associado a pior prognóstico; 
•Pacientes instáveis ou com patologia grave (enfarte agudo do miocárdio, sépsis, 
cetoacidose, etc.) podem necessitar de insulina intravenosa (IV) em perfusão 
(diluição de 50 U insulina rápida em 50 cc de soro fisiológico (SF)) administrado 
por seringa infusora 
 
 
inicio de insulina rápida de acordo com glicémia capilar 
Glicemia capilar Bomba de insulina 
111-145 mg/dl 1 ml/h 
146-220 mg/dl 2 ml/h 
>220 mg/dl 3 ml/h 
 
122 DIABETES MELLITUS | Protocolos Terapêuticos 
 
 
Algoritmo de abordagem do paciente diabético em internamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paciente diabético 
internado 
Suspensão de terapêutica com ADO prévios 
Inicio da dieta polifracionada hipoglicidica 
Avaliação da glicemia 
capilar 
Glicemias capilares ˃ 180 mg/dl 
Glicemias capilares < 180 
mg/dl 
Pacientes isntáveis ou 
com patologia grave 
Pacientes estáveis e sem 
patologia grave 
Vigilância de glicemias 
capilares 
Insulina em perfusão 
Insulina em esquema SC, tendo 
como objectivo glicémico: 
- pré-prandial < 140 mg/dl 
- Ocasional: < 180 mg/dl 
 
Protocolos Terapêuticos | DIABETES MELLITUS 123 
 
23.1CETOACIDOSE DIABÉTICA (CAD) 
Definição 
Ocorre sobretudo em diabéticos tipo 1. podendo surgir em diabéticos tipo 2 em condições 
específicas (infecção grave, traumatismo, enfarte agudo do miocárdio (EAM), etc.). E um 
distúrbio metabólico complexo caracterizado por hiperglicemia, acidose e cetonemia. 
Etiologia 
A CAD resulta da deficiência de insulina acompanhada por um aumento das hormonas 
contrarreguladoras {glucagon, cortisol, hormona de crescimento e adrenalina), levando a 
um aumento dos ácidos gordos livres e dos corpos cetónicos. 0 défice de insulina vai 
originar uma diminuição da utilização da glicose periférica e aumentar a glicogenólise e a 
neoglicogénese. 
Factores precipitantes 
•Omissão ou uso inadequado de insulina 
•Infecções (principalmente urinária e respiratória) 
•Diabetes de inicio recente ou desconhecido 
•Outras Doenças (Enfarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, hemorragia 
gastrointestinal, queimaduras, traumatismos); 
•Medicação: Tiazidas; Corticoterapia; Bloqueadores dos canais de cálcio. 
•Aumento do aporte alimentar. 
•Abuso de álcool.
 
 
Manifestações Clínicas 
A instalação da CAD ocorre rapidamente, em cerca de 24 h. Os sintomas mais frequentes 
são: poliúria, polidipsia. fadiga acentuada, náuseas, vómitos. Acompanha-se ainda de 
cefaleia, anorexia, dor e distensão abdominal são comuns, podendo simular abdómen 
agudo, rápida perda de peso (inaugurais) e mialgias. Como sinais mais frequentes temos: 
hálito cetónicos (adocicado a maçãs verdes); hipotensão, hipotermia, polipneia, 
taquicardia, desidratação e respiração de Kussmaul. As alterações da vigília podem oscilar 
até ao coma (cerca de 10%). 
Diagnóstico 
Numa avaliação inicial devem ser pedidos: hemograma completo, proteína C reativa (PCR) 
(se suspeita de infecção), glicémia, ureia, creatinina, doseamento de electrólitos séricos 
(com cálculo de AG), cetonemia, osmolaridade plasmática, gasimetria arterial (GSA) 
horária, urina II com cetonúria e eletrocardiograma (ECG). Em caso de suspeita de 
infecção, devem ser feitas colheitas para exames microbiológicos. 
Alterações laboratoriais 
Hiperglicemia. Geralmente entre 400 e 800 mg%, mas níveis entre 250 e 300 
podem ser encontrados. 
PH < 7,3; 
Presença de cetonúria e aumento de β-hidroxíbutirato sérico; o Potássio total é 
sempre baixo, mas o nível plasmático pode estar normal, alto ou baixo, 
dependendo do grau de acidose. Geralmente está aumentado no início, mas 
diminui rapidamente com o início da hidratação e insulinoterapia. 
AG aumentado, normalmente > 20 mEq/l; 
Bicarbonato sérico < 15 mEq/l;
 
Leucocitose pode estar presente, com ou sem desvio a esquerda, mesmo na 
ausência de infecção. Geralmente níveis inferiores a 30 000 células /mm3. 
Ureia e creatinina discretamente elevadas.
 
 
124 DIABETES MELLITUS | Protocolos Terapêuticos 
 
Osmolaridade plasmática geralmente <330 mOsm. Quando existe o coma 
geralmente a osmolaridade está acima de 340. 
 o pH baixo, < 7,3 com 
Bicarbonato baixo <15 mEq/L. 
Devem ser solicitados outros exames pertinentes a cada caso, com o objectivo de 
identificar o factor desencadeante e doenças associadas: Rx tórax, ECG, 
sedimento urinário, urocultura e hemocultura, quando possíveis, entre outros. há 
para além de uma hiperglicémia acima de 250mg/dl, há geralmente também 
hiperkaliémia, hiponatrémia, acidémia e cetonúria. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 Cetoacidose alcoólica; 
 Cetoacidose de jejum; 
 Acidoses com AG aumentado (acidose láctica, insuficiência renal crónica (IRC), 
ingestão metformina e salicilatos); 
 Sépsis. 
 
Tratamento 
MEDIDAS GERAIS 
Manutenção das vias aéreas
 
oSuplementação de oxigénio
 
oMonitorização do paciente
 
oCateterismo vesical para acompanhar o débito urinário. Deve ser reservado 
apenas para os pacientes inconscientes, aqueles que não cooperam ou se 
não houver diurese após 4 horas de tratamento 
Sonda nasogástica em pacientesinconscientes, para evitar aspiração do conteúdo 
gástrico. 
Heparinização profilática 5000 UI de 12/12 h ou 8/8 h, em idosos, pacientes 
inconscientes, pacientes com outros factores de risco para trombose e osmolaridade 
elevada> 390 mOsm / L. 
Antibioticoterapia se há suspeita ou infecção identificada. Deve ser feita empiricamente 
dependendo do foco suspeito e dos antibióticos disponíveis no hospital. 
Fluidoterapia 
Recomenda-se iniciar com soro a 0,9 % para evitar quedas bruscas da osmolaridade 
plasmática. 
Recomenda-se o uso de soro a 0,45 %, sempre que o sódio é superior a 150 mEq/L. 
 Nos pacientes conscientes recomenda-se água por via oral, e nos pacientes inconscientes 
costumamos fazer água em gotejamento pela sonda nasogástrlca. O volume a ser 
infundido é dividido em 2, metade EV e metade VO ou via SNG: 
o1 litro de SF a 0,9 % em rápida infusão 
o1 litro de SF a 0,9 % em 1 hora
 
o1 litro de SF a 0,9 % em 2 horas
 
o1 litro de SF a 0,9 % em 4 horas 
o1 litro de SF a 09 % em 8 horas
 
oTotal = 5 litros em mais ou menos 15 horas. 
No entanto a quantidade de soro a ser infundida deve ser individualizada em cada caso e de 
acordo com a resposta do paciente e experiencia do médico assistente. 
Quando a 
glicemia se aproximar de 250 mg% deve-se associar solução glicosada a 5 %, para evitar 
hipoglicemias e edema cerebral. A glicemia pode ser mantida acima de 200 m% nas 
primeiras 24 horas. 
 
Protocolos Terapêuticos | DIABETES MELLITUS 125 
 
Insulinoterapia 
 
Dose de ataque em bólus: 0,15 U/ kg por via ev, seguida de Infusão contínua de 0,1 
U/kg/h aproximadamente 5 a 10 unidades por hora dependendo do peso estimado). 
Se não houver uma queda de 50 a 75 mg% da glicemia por hora deve-se dobrar a dose 
de infusão continua. 
Evitar de quedas glicémia superiores a 100 mg%/ h. 
Quando a bomba de infusão não está disponível podemos preparar uma solução com 250 
ml de SF + 25 unidades de insulina regular ou 500 ml de SF + 50 unidades de insulina 
regular (dependendo da dose a ser infundida por hora). Cada 10 ml dessa solução 
contem 1 unidade de insulina. Deve-se fazer o cálculo e sempre eliminar cerca de 50 
ml dessa solução antes de iniciar a infusão. 
Se houver dificuldade para acesso venoso pode-se fazer 10 a 20 unidades de insulina 
regular IM, como dose de ataque e depois manter 0,1/kg/h IM.
Reintroduzir insulina 
lenta quando o quadro se estabilizar e o paciente volte a se alimentar. 
A monitorização da glicemia capilar deve ser feita de hora em hora até o paciente se 
estabilizar, para permitir correcção das doses para infusão continua. Quando isso não 
é possível é preferível diminuir a dose de infusão de insulina e trabalhar com uma 
queda mais lenta da glicemia. 
insulina de acção rápida em seringa infusora a 0,1 U/kg/h [diluir 50 UI/50 cc de soro 
fisiológico (SF)}. Não deve ser administrada insulina em bolus intravenoso (IV); 
Como alternativa, pode ser administrada por via intramuscular (IM) na dose de 0,1-0,2 
U/kg, de forma horária ou de 2/2 h (em casos de cetose ligeira); 
Deve ser gradualmente aumentada a dose de insulina, se não se observar resposta após 
2-4 h do início do tratamento (objectivo: diminuir 75 mg/dl/h da glicemia); 
Quando a glicémia capilar atingir os 250-300 mg/dl, a dose de Insulina deve ser alterada 
para 0,05 U/kg/h; 
Quando o paciente sair de cetose, deve ser realizada uma sobreposição com insulina de 
acção intermédia subcutânea (SC), durante 2/4 h, após a qual suspende insulina em 
perfusão. A dose de insulina intermédia deve ser um terço da dose total habituai no 
ambulatório ou administrada a 0.1 Ul/kg. Devera manter insulina rápida SC consoante 
glicémias capilares a intervalos de 4/4h. 
Reposição de potássio 
•Preferencialmente a reposição do potássio deve ser feita baseando-se no ionograma. 
•Potássio inicial: 
o<3,3 mEq /L Adicionar 40 mEq /h até o K+ > 3,3 mEq /L. 
oEntre 3,3 e 5,0 mEq/L Adicionar 20 a 30 mEq em cada l de soro para manter K+ 
entre 4 e 5 mEq/L
o > 5,0 mEq/L Não administrar k+, mas verifica-lo a cada 2 
horas se possível. 
Quando não está disponível o ionograma, deve-se fazer um ECG inicial, que ajudará a 
estimar a dose do potássio. Nesses casos pode – se, empiricamente administrar 20 a 
30 mEq por hora, após a segunda hora de tratamento com hidratação e insulina e 
apenas se o paciente apresentar uma boa diurese. 
o30 mEq/i solvidos no soro, se K’ > 6,5 mEq/l, após a primeira hora de hidratação 
e insulinoterapia; 
o40 mEq/i solvidos no soro, se K+< 3.5 mEq/l ou em caso de ser administrado 
bicarbonato; 
Manter K+ com valores entre 3.5-5,5 mEq/i. 
 
Bicarbonato de sódio (NAHCO3) 
Só deve ser administrado se pH < 7 ou bicarbonato <8 - 10 mEq/l, com o objectivo de 
estabilizar valores entre 10-12 mEq/i; 
 
126 DIABETES MELLITUS | Protocolos Terapêuticos 
 
100 mEq em 400 cc soro isotónico a correr em 2 h (deve ser adicionado 20 mEq de KCl) 
se K+< 5,3 mEq/l); 
O bicarbonato deve ser utilizado com precaução, pois pode provocar: hipocaliémia, 
alcalose secundária, acidose paradoxal do sistema nervoso central (SNC) e hipoxia 
tecidular. 
 
Antibioterapia 
Só deve ser instaurada em caso de comprovação de infecção e só após a colheita de 
produtos para procedimentos que levem a identificação do agente causador da 
infecção (hemoculturas, uroculturas, outros exames microbiológicos. sorologias, etc. 
Oxigénio 
Deve sei administrado em pacientes idosos ou com cardiopatia isquémica e sempre que 
se verificar uma pressão parcial de oxigénio arteriai (PaO2) < 80 rnrnHg. 
 
Profilaxia da trombose venosa profunda (tvp) 
Deve ser iniciada profilaxia de TVP com heparina de baixo peso molecular (HBPM) (40 
mg por via SC), sobretudo em pacientes mais idosos e com doença vascular. 
 
CRITÉRIOS DE RESOLUÇÃO DA CAD 
Normalização do AG (12 mEq/l); 
Glicemia < 200 mg/dl: 
Bicarbonato sérico 38 mEq/l 
pH > 7.30. 
Complicações 
Edema cerebral, sobretudo por redução rápida da glicemia para valores < 250 mg/dl e 
devido a utilização de solutos isotonicos: 
Hipocaliémia; 
hipogiicémia; 
Acidose hipercloromica, (AG normal), resolve espontaneamente nas 24h após a 
interrupção da fluidoterapia; tromboemboiismo: 
Mucor micose rinocerebral; 
Sindrome do distress respiratório 
 
Sindrome hiperosmolar hiperglicémica 
 
A SHH tem maior prevalência em pacientes com mais de 65 anos, com diabetes mellitus 
tipo 2 (DM2), e tem uma mortalidade 10 vezes superior à CAD, devido à osmolaridade 
mais alta verificada nesta síndrome. Em comparação com a CAD, na SHH não existem 
corpos cetónicos ou a sua presença é diminuta. As glicemias capilares são normalmente 
elevadas (muitas vezes ˃ 1000 mg/dl) e a osmolaridade ˃ 320 mOsmol/kg podendo 
mesmo chegar aos 380 mOmol/kg, levando a alterações neurológicas graves, incluindo o 
coma. Os factores precipitantes (FP) são semelhantes aos da CAD, mas também o são as 
patologias crónicas associadas, respectivos tratamentos, demência e falta de cuidados em 
pacientes idosos que aumentam o risco de desidratação (não ingestão hídrica, abuso de 
líquidos açucarados, etc.) 
 
Clínica 
Inicio insidioso de poliúria, polidipsia, desidratação, astenia, adinamia. As alterações 
neurológicas são a sintomatologia mais proeminente, incluindo tremores, fasciculações e 
alterações do estado de consciência que, em casos graves, podem evoluir para coma. A 
desidratação grave é facilmente detetada no exame objectivo, condicionando insuficiência 
pré-renal. 
 
Protocolos Terapêuticos | DIABETES MELLITUS 127 
 
 
Meios complementares de diagnóstico 
Numa avaliação inicial devem ser pedidos os mesmos exames complementares de 
diagnóstico que para a CAD. 
 
Alterações laboratoriais 
Glicemia geralmente ˃ 600 mg/dl; 
pH ˃ 7,3; 
Bicarbonato sérico ˃ 18 mEq/l; 
Ausência de cetonúria ou se presente +; 
Osmolaridade sanguínea ˃ 320 mOsm/l. 
 
 
Terapêutica 
FluidoterapiaSF a 0,9% (se natremia ˃ 150 usar soro hipotónico 0,45%); 
1l em 60 min; 
1l na segunda hora; 
6-12l nas primeiras 24 h; 
Deve ser administrado 50% do défice de fluidos nas primeiras 8 h e 80% nas primeiras 
24h; 
Quando a glicemia capilar for inferior a 250 mg/dl, as soluções salinas devem ser 
substituídas por soluções dextrosadas. 
Insulinoterapia : Insulina rápida em perfusão a 0,1 U/kg/h. Não deve ser administrada 
insulina em bolus IV; Quando a glicemia capilar se encontrar entre 250-300 mg/dl, reduzir 
a perfusão para 0,02-0,05 U/kg/h; altura em que se pode passar a insulina SC, de acordo 
com esquema de glicemia capilar 4/4 h. Posteriormente, e se necessário, introduzir 
insulina intermédia (vide protocolo »diabete mellitus» na enfermaria); Deve ser tida em 
atenção rápida correção da glicémia sem uma adequada hidratação. 
Potássio: 10-20 mEq/l diluídos no soro, se K+ < 5,5 mEq/l, ECG normal e bom débito 
urinário (superior a 50 ml/h);40-80 mEq/l diluídos no soro, se K+ < 3,5 mEq/l ou se for 
administrado bicarbonato (acidose láctica); Manter K+ com valores entre 3,5 e 5,5 mEq/l. 
Heparina fraccionada: Em todos os pacientes em dose profiláctica; Nos pacientes de alto 
risco, em dose terapêutica. 
Antibioterapia : Se suspeita de infecção. Estabilização de doenças concomitantes. 
Entubação nasogástica (com hidratação pela sonda X gotas/min). 
 
perfusão de insulina: ritmo inicial 
Glicemia capilar Bomba de insulina 
111-145 mg/dl 1 ml/h 
146-220 mg/dl 2 ml/h 
˃ 220 mg/dl 3 ml/h 
 
 
perfusão de insulina: ajustamento da velocidade da bomba 
Glicemia capilar Bomba de insulina 
0-45 mg/dl - Comprovar que o paciente esta a fazer o aporte calórico, ajustar 
caso seja necessário; 
- Parar a bomba e administrar duas fórmulas de glicose hipertónica; 
- reavaliar com uma nova glicemia capilar após 30 min; 
 
128 DIABETES MELLITUS | Protocolos Terapêuticos 
 
- Quando glicemia estiver ˃ 110, reiniciar a bomba a metade da 
velocidade a que se encontrava. 
46-80 mg/dl - Comprovar que o paciente está a fazer o aporte calórico; 
- Parar a bomba; 
- Reavaliar com nova glicemia capilar, após 30 min; 
- Quando glicemia estiver ˃ 110, reiniciar a bomba a metade da 
velocidade a que se encontrava. 
81-110 mg/dl - Se glicemia < à hora anterior, ↓ em 0,5 cc/h; 
- Se glicemia ˃ à hora anterior, manter a perfusão. 
111-220 mg/dl - se vem da hipoglicemia, reiniciar a perfusão a metade da 
velocidade prévia; 
- Se tem insulina e glicemia < à hora anterior, manter a perfusão; 
- Se tem insulina e glicemia ˃ à hora anterior, ↑ em 1-2 cc/h; 
 ˃ 220 mg/dl - Se vem da hipoglicemia, reiniciar a perfusão a metade da 
velocidade prévia; 
- Se tem insulina e glicemia < à hora anterior, manter a perfusão; 
- Se tem insulina e glicemia ˃ à hora anterior, ↑ 50%; 
- Repetir glicemia em 30 min. 
Critérios de Resolução da SHH 
Osmolaridade < 315 mOsmol/kg; 
Paciente está lúcido ou com estado neurológico semelhante ao que se encontrava 
antes do episódio. 
 
Complicações 
Rabdomiólise não traumática; 
Insuficiência renal aguda (IRA); 
Trombose venosa profunda (TVP); 
Tromboembolismo pulmonar (TEP). 
 
 
 
Hipoglicemia 
 
Trata-se da complicação aguda mais frequente do paciente diabético, sobretudo associada 
a terapêutica com fármacos antidiabéticos secretagogos de insulina (sulfonilureias, 
glinidas) e insulina exógena, a que se podem juntar graus variáveis de consumo de glicose 
pelo exercício ou falta de ingestão de alimentos com hidratos de carbono. 
 
A hipoglicemia define-se por uma descida da glicemia abaixo de valores de 50 mg/dl (2,75 
mmol/l). Está associada a um conjunto de sinais e sintomas autonómicos e 
neuroglicopénicos. Esses sinais e sintomas desaparecem após a administração de glicose. 
 
A hipoglicemia se não tratada pode conduzir a lesão neurológica irreversível e, em casos 
extremos, à morte. 
 
A hipoglicemia pode ser classificada em ligeira, moderada ou grave, em função das 
manifestações clínicas apresentadas, e não pelo valor da glicemia capilar obtido no 
momento. 
 
Hipoglicemia ligeira: as manifestações mais frequentes são a fome, tremor fino e 
hipersudorese, com autotratamento possível e fácil correção; 
 
 
Protocolos Terapêuticos | DIABETES MELLITUS 129 
 
Hipoglicemia moderada: o paciente tem mais manifestações autonómicas associadas, 
mas ainda é capaz de tratar a sua hipoglicemia; 
 
Hipoglicemia grave: quando as manifestações neuroglicopénicas já não permitem ao 
paciente o seu próprio tratamento, necessitando de ajuda de terceiros. Este estado inclui 
as expressões mais graves do quadro, como as convulsões e o coma. 
 
Existe ainda a hipoglicemia sem sinais de aviso (sem sintomas autonómicos, mas com 
sintomas neuroglicopénicos). São critérios de internamento: causa não identificada, 
antidiabéticos orais de longa duração, insulinas de acção prolongada, défices neurológicos 
persistentes. 
 
 
 
130 DIABETES MELLITUS | Protocolos Terapêuticos 
 
 
Algoritmo de abordagem à hipoglicemia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hipoglicemia 
Sintomas autonómicos 
- Fraqueza; 
- Hipersedurose; 
- Taquicardia; 
- Palpitações; 
- Tremor fino; 
- Ansiedade; 
- Irritabilidade; 
- Fome; 
- Náuseas/vómitos 
Sintomas neuroglicopénicos 
- Cefaleias; 
- Tonturas; 
- Hipotermia; 
- Perturbções visuais; 
- Lentidõ mental; 
- Confusão; 
- Amnésia; 
- Convulsões; 
- Coma. 
Triade de Whipple (diagnóstico): 
- Presença de sinais e sintomas 
sugestivos; 
- Glicemia capilar < 50 mg/dl; 
- Desaparecimento das 
manifestações clinicas com a 
administracção da glicose. 
Paciente 
consciente? 
Não 
Administrar 2 ampolas 
de SG hipertónico 
(30%) IV ou 
1 ampola de glucagon 
(1 mg) IM, caso via IV 
indisponível. 
Sim 
Via oral eficaz e 
segura? 
- Monitorizar 
resposta; 
- Repetir pesquisa de 
glicemia 15/15 min 
Não 
Sim 
Administrar 1 ampola 
de SG hipertónico 
(30%) IV, seguida de 
perfusão de SG a 5% 
Repetir pesquisa de 
glicemia de 15/15 min 
Dar água com 2 
pacotes de açucar, 
seguida de refeção 
ligeira contendo 
hidratos de carbono 
(pão +sumo) 
Recuperacção do 
estado de 
consciência? 
Não 
Sim 
Sim 
Glicemia < 70 
mg/dl? 
Monitorizacção da 
glicemia 15/15 min na 
1ª hora; 
- Fornecer refeição 
ligeira cntendo hidratos 
de carbono complexos 
ou perfusão de SG (5-
10%) 
- Monitorizar paciente; 
- Fornecer refeição 
ligeira com hidratos de 
carbono (pão+sumo) 
em 30 min 
- Identificar etiologia; 
- Reeducar 
Sim 
Actuar de acordo com o diagnóstico/pesquisar outras 
causas para alterações do estado de consciência 
 
Não 
UCI 
 
Iniciar dexametasona 
10 mg IV e passar para 
4-6 mg IM de 4/4 h 
durante 2-4 dias 
 
Protocolos Terapêuticos | DIABETES MELLITUS 131 
 
 
23.2SÍNDROME HIPERGLICÉMICO E HIPEROSMOLAR 
Definição 
A SHH é mais frequente na diabetes tipo 2 e nos idosos. Ao contrário da CAD, predomina 
a desidratação e hiperosmolaridade plasmática, em detrimento da acidose. Caracteriza-se 
pela presença de glicemias muito elevadas e ausência de cetose. A mortalidade é superior 
à CAD, podendo chegar a 50 %. Frequentemente está associada a insuficiência cardíaca 
congestiva ou renal de base. 
Etiologia 
Em comparação com a CAD, na SHH não existem corpos cetónicos ou a sua presença é 
diminuta. As glicemias capilares são normalmente elevadas (muitas vezes > 1000 mg/dl) e 
a osmolaridade > 320 mOsmol/kg, podendo mesmo chegar aos 380 mOsmol/kg, levando a 
alterações neurológicas graves, incluindo o coma. 
Factores precipitantes 
Infecções (principalmente urinária e respiratória)
 
Aumento do aporte alimentar (principalmente hidratos de carbono).
 
Diabetes de inicio recente ou desconhecido
 
Outras doenças: Infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, hemorragia 
gastrointestinal, queimaduras, traumatismos.Manifestações Clínicas 
Habitualmente tem um início insidioso, que por vezes pode durar semanas de poliúria. 
Polidipsia é menos frequente do que na CAD, pois os idosos tem uma certa depressão 
do centro de controlo da sede. 
Desidratação grave.
 
Hipotensão.
 
Hipertermia é sugestiva de infecção. 
Hipotermia é sinal de mau prognóstico, e é muito frequente nos idosos.
 
Obnubilação, alucinações, desorientação, torpor e coma. O coma é mais frequente 
quando há hiperosmolaridade.
 
Défices neurológicos focais incluindo tremores. Fasciculações e convulsões podem 
ocorrer. 
Diagnóstico 
Diagnóstico laboratorial 
Hiperglicémia. Geralmente entre> 600 mg/dl. Níveis superiores a 1000 mg/dl são 
comuns, dependendo da duração de instalação do quadro. 
Hiperosmolaridade plasmática, habitualmente> 340 mOsm. 
Ausência de cetose, ou cetose ligeira, geralmente 1+. 
Ureia aumentada. 
Hipocaliémia. 
Pseudo hipernatrémia, devido à desidratação hipertónica.
o Leucocitose pode estar 
presente, com ou sem desvio a esquerda, mesmo na ausência de infecção. 
Geralmente níveis inferiores a 30 000 células / mm3.
o Bicarbonato > 18 mEq/L.
 
Devem ser solicitados outros exames pertinentes a cada caso, com o objectivo de 
identificar o factor desencadeante e doenças associadas: Rx tórax, ECG, 
sedimento urinário, urocultura e hemocultura, quando possíveis entre outros. 
Alterações laboratoriais 
Glicemia geralmente > 600 mg/dl; 
 
132 DIABETES MELLITUS | Protocolos Terapêuticos 
 
pH > 7.3; 
Bicarbonato sérico > 18 mEq/I; 
Ausência de cetonúria ou se presente Osmolaridade sanguínea > 320 mOsm/l. 
 
Tratamento 
MEDIDAS GERAIS 
Manutenção das vias aéreas 
Suplementação de 
oxigénio 
Monitorização do paciente
 
Cateterismo vesical para acompanhar o débito urinário. Deve ser reservado apenas 
para os pacientes inconscientes, aqueles que não cooperam ou se não houver 
diurese após 4 horas de tratamento 
Sonda nasogástica em pacientes inconscientes, para evitar aspiração do conteúdo 
gástrico. 
Heparinização profilática 5000 UI 12 em 12 h ou 8 em 8 h (ou dose equivalente de 
heparina de baixo peso molecular) em idosos, pacientes inconscientes, pacientes 
com outros factores de risco para trombose e osmolaridade elevada > 390 
mOsm/L. 
Antibioticoterapia se há suspeita ou infecção identificada. Deve ser feita 
empiricamente dependendo do foco suspeito e dos antibióticos disponíveis no 
hospital. 
Fluidoterapia 
A reposição volémica é prioridade na síndrome hiperosmolar hiperglicémica. 
Recomenda-se iniciar com soro a 0,9 % ou 0,45 % de acordo com o défice de água. 
Administrar metade do défice de água mas primeiras 12 horas. 1000 ml de soro a 0,9% 
devem ser administrados na primeira hora. 
Da 2a à 12a hora: se Na <155 mEq/L usar soro a 0,9 %. Se Na> 155 mEq/L usar soro a 
0,45 %.
A segunda metade do défice de água deve ser administrada nas 24 horas 
seguintes, com soro a 0,9, 0,45 % ou glicofisiológico a 5 %, de acordo com a 
evolução do paciente. Nem sempre se encontra soro hipotónico nos serviços de 
urgências. Como alternativa podemos utilizar, empiricamente, água livre para 
compensar a elevada concentração de sódio no soro fisiológico. Nos pacientes 
conscientes recomenda-se água por via oral, e nos pacientes inconscientes 
costumamos fazer água em gotejamento pela sonda nasogástrica. O volume a ser 
infundido é dividido em 2, metade EV e metade VO ou VSNG. 
Na síndrome hiperosmolar hiperglicémico deve-se ter muito cuidado com a reposição 
rápida de soluções hipotónicas, pois a queda rápida da osmolaridade plasmática 
pode precipitar edema agudo do pulmão, edema cerebral, hipotensão e mielinólise 
com fraqueza muscular generalizada. 
No entanto a quantidade de soro a ser infundida deve ser individualizada em cada caso 
e de acordo com a resposta do paciente e experiencia do médico assistente. 
A glicemia pode ser mantida acima de 250 -300 m% nas primeiras 24 horas. 
Insulinoterapia 
Dose de ataque em bólus: 0,15 U/ kg por via ev, seguida de infusão contínua de 0,15 
U/kg/ h ou 10 U/h ev 
se a queda da glicemia for superior a 100 mg%/ h, deve-se reduzir a infusão de 
insulina para metade. 
Quando a bomba de infusão não está disponível podemos preparar uma solução com 
250 ml de SF + 25 unidades de insulina regular ou 500 ml de SF + 50 unidades de 
 
Protocolos Terapêuticos | DIABETES MELLITUS 133 
 
insulina regular (dependendo da dose a ser infundida por hora). Cada 10 ml dessa 
solução conte 1 unidade de insulina. Deve-se fazer o cálculo e sempre eliminar 
cerca de 50 ml dessa solução antes de iniciar a infusão. 
Se houver dificuldade para acesso venoso pode-se fazer 10 unidades de insulina 
regular IM, como dose de ataque e depois manter 0,1/kg/h IM. 
Reintroduzir insulina lenta quando o quadro se estabilizar e o paciente volte a se 
alimentar. Pode-se iniciar coma dose padrão de 0,5 U/ Kg /dia, dois terços antes 
do pequeno-almoço e um terço ao deitar e, corrigir as glicemias prandiais com 
insulina rápida ou ultra rápida de acordo com valor da glicemia capilar. 
A monitorização da glicemia capilar deve ser feita de hora em hora até o paciente se 
estabilizar, para permitir correcção das doses para infusão continua. Quando isso 
não é possível é preferível diminuir a dose de infusão de insulina e trabalhar com 
uma queda mais lenta da glicemia. 
SF a 0,9/o (se natremia > .150 usar soro hipotónico 0,45%); 
o11 em 60 min; 
o11 na segunda hora; 
o6-12 I nas primeiras 24 h. 
Deve ser administrado 50% do défice de fluidos nas primeiras 8 h e 80% nas 
primeiras 24 h; 
Quando a glicemia capilar for inferior a 250 mg/dl. as soluções salinas devem ser 
substituídas por soluções dextrosadas insulina rápida em perfusão a 0,1 U/kg/h. 
Não deve ser administrada insulina em bolus IV: 
Quando a glicemia capilar se encontrar entre 250-300 mg/dl, reduzir a perfusão para 
0,020,05 U/kg/h; altura em que se pode passar a insulina SC, de acordo com 
esquema de glicemia capilar 4/4 h. Posteriormente, e se necessário, introduzir 
insulina intermédia; 
Deve ser tida em atenção a rápida correção da glicemia sem uma adequada 
hidratação. 
 
Potássio 
Preferencialmente a reposição do potássio deve ser feita baseando-se no ionograma. 
Potássio inicial: 
< 3,3 mEq/L Adicionar 40 mEq/h até o K+ > 3,3 mEq/L. 
Entre 3,3 e 5,0 mEq/L Adicionar 20 a 30 mEq em cada l de soro para manter K+ entre 
4 e 5 mEq/L
o > 5,0 mEq/L Não administrar k+, mas verifica-lo a cada 2 horas se 
possível. 
Quando não está disponível o ionograma deve-se fazer um ECG inicial que ajudará a 
estimar a dose do potássio. Nesses casos pode – se, empiricamente administrar 
20 a 30 mEq por hora, após a segunda hora de tratamento com hidratação e 
insulina e apenas se o paciente apresentar uma boa diurese. 
Bicarbonato de sódio (NAHCO3) 
A reposição do NaHCO3 raramente é necessária na síndrome hiperosmolar 
hiperglicémico, a não ser que haja sinais evidentes de acidose. 
Heparina fracionada 
Em todos os pacientes em dose profilática; 
Nos pacientes de alto risco, em dose terapêutica 
 
Oxigenoterapia 
Deve sei administrado em pacientes idosos ou com cardiopatia isquémica e sempre que 
se verificar uma pressão parcial de oxigénio arteriai (PaO2) < 80 rnrnHg. 
 
134 DIABETES MELLITUS | Protocolos Terapêuticos 
 
Antibioterapia 
Se suspeita de infecção. 
 
Critérios de resolução da SHH 
Osmolaridade < 315 mOsmol/kg; 
Paciente esta lúcido ou com estado neurológico semelhante ao que se encontrava antes 
do episódio. 
Complicaçoes 
Rabdomiólise não traumática; 
insuficiência renal aguda IRA; 
Trombose venosa profunda (TVP); 
tromboembolismo pulmonar (TEP). 
 
 
Protocolos Terapêuticos | DIABETES MELLITUS 135 
 
 
23.3HIPOGLICEMIA 
Definição 
A hipoglicémia define-se por uma descida da glicémia abaixo de valores de 50 mg/dl (2,75 
mmol/l). Está associada a um conjunto de sinaise sintomas autonómicos e 
neuroglicopénicos. Esses sinais e sintomas desaparecem após a administração de glicose. 
A hipoglicémia se não tratada pode conduzir a lesão neurológica irreversível e, em casos 
extremos, à morte. 
Etiologia 
Trata-se da complicação aguda mais frequente do paciente diabético, sobretudo associada 
a terapêutica com fármacos antidiabéticos secretagogos de insulina (sulfonilureias, 
glinidas) e insulina exógena, a que se podem juntar graus variáveis de consumo de glicose 
pelo exercício ou falta de ingestão de alimentos com hidratos de carbono. 
Manifestações Clínicas 
A hipoglicémia pode ser classificada em função das manifestações clínicas apresentadas. 
e não pelo valor da glicemia capilar obtido no momento em: 
Hipoglicemia ligeira, as manifestações mais frequentes são a fome, tremor fino e 
hipersudorese, com autotratamento possível e fácil correcção; 
Hipoglicemia moderada; o paciente tem mais manifestações autonómicas associadas, 
mas ainda é capaz de tratar a sua hipoglicemia, 
Hipoglicemia grave: quando as manifestações neuroglicopénicas já não permitem ao 
paciente o seu próprio tratamento necessitando de ajuda de terceiros, Este estádio 
inclui as expressões mais graves do quadro, como as convulsões e o coma. 
Existe ainda a hipoglicémia sem sinais de aviso (sem sintomas autonómicos, mas 
com sintomas neuroglicopénicos). 
critérios de internamento 
causa não identificada, 
antidiabéticos orais de longa duração, 
insulinas de acção prolongada, 
défices neurológicos persistentes. 
 
 
 
136 DIABETES MELLITUS | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | DOENÇAS DA TIRÓIDE 137 
 
 
24.DOENÇAS DA TIRÓIDE 
Definição 
É uma glândula de secreção endócrina que liberta para circulação sanguínea duas 
hormonas: triiodotironina (T3) e a tetraiodotironina (T4 ou Tiroxina). 
Avaliação da função tiroideia 
sintomas que o paciente apresenta: alterações do humor, alterações na intolerância à 
temperatura, frequência cardíaca elevada, alterações do peso, irregularidades do 
ciclo menstrual, entre outros. 
Testes de hormonas tiroideias no sangue: Perfil tiroideo(T3,T4,TSH) 
Ultrassonografia 
Biópsia por PAAF 
Anticorpos anti-tireoglobulinas 
Gamagrafia 
Excreção urinária do iodo 
Desordens da tiroide 
Estas doenças são mais frequentes nas mulheres que nos homens, sendo as mais 
comuns: 
Bócio – quando se verifica um aumento global da glândula; 
Nódulos – únicos ou múltiplos; 
Hipertiroidismo – em que existe um excesso de hormonas tiroideias; 
Hipotiroidismo – em que se verifica um deficit de hormonas tiroideias; 
Doenças autoimunes – que exemplos o caso da Doença de Graves e a Tiroidite de 
Hashimoto, as quais devem-se à produção de anticorpos pelo próprio organismo 
que podem estimular ou destruir a glândula. 
Hipotiroidismo: É um síndrome clínico resultante de uma deficiência de hormonas 
tiroideias, e que resulta num atraso dos processos metabólicos. Nos infantes e nas 
crianças resultam num marcado atraso do crescimento e desenvolvimento, com 
consequências sérias tais como retardamento mental. Nos adultos causa um decréscimo 
no metabolismo com diminuição no consumo de oxigénio, deposição de 
glicosaminoglicanos nos espaços intracelulares (pele e músculo) produzindo Mixedema. 
Etiologia 
Pode-se classificar em: 
Primário-falência ou insuficiência da tiroide 
Secundária-devido a deficiência do TRH 
Terciária-deficiência hipotalâmica do TRH 
Resistência periférica da acção das hormonas tiroideias 
Primário 
1-Tiroidite de Hashimoto: com bócio/idiopático”tiroidite atrófica “estágio final 
Doença autoimune seguido de Hashimoto ou doença de Graves 
Hipotiroidismo neonatal devido a transmissão placentária de anticorpos TSH-R block 
2-Terapia iodina radioactiva para doença de graves 
3-Tiroidectomia sub-total para doença de graves, bócio nodular ou Ca da Tiróide 
4-Aporte excessivo do sal iodado 
5-Tiroidite subaguda (usualmente transitória) 
6-Deficiência de sal iodado 
7-Erros na síntese das hormonas tiroideias 
8-Drogas (lítio,interferon α,amiodarona) 
Secundário 
 
138 DOENÇAS DA TIRÓIDE | Protocolos Terapêuticos 
 
Hipopituitarismo devido ao adenoma pituitário, terapia ablativa pituitária, ou destruição 
Terciário: disfunção hipotalâmica 
Resistência periférica a acção da hormona tiroidia 
 
Manifestações clínicas 
Sintomas 
Cansaço, fraqueza 
Pele seca 
Sensação de frio 
Queda de cabelo 
Prisão de ventre 
Dificuldade de concentração e memória precária 
Aumento de peso com apetite precário 
Dispneia 
Menorragia (oligomenorréia ou amenorreia subsequentes) 
Voz rouca 
Parestesias 
Audição prejudicada 
Sinais 
Pele áspera e seca; extremidades periféricas frias 
Face, mãos e pés inchados (mixidema) 
Alopecia difusa 
Relaxamento retardado dos reflexos tendinosos 
Edema periférico 
Bradicárdia 
Síndrome do túnel do carpo 
Derrames serosos das cavidades 
Diagnóstico 
Pelo doseamento das hormonas tiroideas circulantes na corrente sanguínea. 
Eutiroideio-T4 e TSH normais 
Hipotiroidismo primário-T4 ↓ e TSH ↑ 
Hipotiroidismo secundário-T4 ↓;TSH normal ou ↓ 
 
Manejo e tratamento 
Faz se reposição hormonal e posteriormente fazer um seguimento para modificação das 
doses 
 Levotiroxina (50-100 ug), iniciar com 50 ug e ajustar a dose cada 3-4 semanas. Dose 
habitual : 100 a 200 ug/dia doses 
Idade Dose de Levotiroxina(ug/kg/d) 
0-6meses 10-15 
7-11 meses 6-8 
1-5anos 5-6 
6-10 anos 4-5 
11-20 amos 1-3 
Adultos 1-2 
 
Complicações 
Coma mixedematoso 
Doença cardíaca 
Doença neuropsiquiátrica 
 
Coma Mixedematoso 
 
Protocolos Terapêuticos | DOENÇAS DA TIRÓIDE 139 
 
emergência que põe em risco a vida do paciente hipotiroideu pode aparecer 
espontaneamente ou ser precipitado pelo frio, infecções, hipoglicémia e insuf. Respiratória 
caracteriza-se por : 
coma profundo 
hipotermia marcada 
hiponatrémia dilucional (secreção inadequada HAD) 
transtornos ventilatórios 
Tratamento: levotiroxina EV associado a hidrocortisona 
Hipertiroidismo e Tirotoxicose: Excesso de hormonas tiroideas (T3 e T4) em circulação, 
o que vai provocar uma aceleração do metabolismo do organismo. 
Causas de hipertiroidismo 
Doença auto-imune – Doença de Graves 
Nódulo Tóxico 
Bócio Multinodular Tóxico 
Tiroidite Subaguda 
Manifestações clínicas 
Geralmente existe um aumento das dimensões da glândula (Bócio); 
Perda de peso apesar do aumento do apetite; 
palpitações (aumento da frequência cardíaca); 
Irritabilidade, nervosismo, ansiedade, insónias; 
Tremor das mãos; 
Intolerância ao calor e hipersudação; 
Queda de cabelo e alteração das unhas; 
Diarreia; 
Irregularidades menstruais e diminuição ou ausência de fluxo menstrual; 
Fraqueza muscular; 
Olhar fixo, vivo e/ou olhos proeminentes 
Tirotoxicose 
Causas 
Hipertireoidismo primário 
Doença de Graves 
Bócio multinodular tóxico 
Adenoma tóxico 
Metástases funcionantes do carcinoma de tiróide 
Mutação activadora do receptor de TSH 
Mutação activadora de Gsα (síndrome de McCune-Albright) 
Struma ovarii 
Medicamentos: excesso de iodo (fenómeno de Jod-Basedow) 
Tireotoxicose sem hipertireodismo 
Tireodite subaguda 
Tiroidite silenciosa 
Outras causas de destruição da tirópide: amiodarona, irradiação, infarto do adenoma 
Ingestão excessiva de quantidade de hormona tireoidea (tireotoxicose fictícia) ou de 
tecido tireoideo 
Hipertiroidismo secundário 
Adenoma hipofisário secretor de TSH 
Síndrome de resistência ao hormona tireoidea: alguns pacientes podem exibir 
características da tireotoxicose 
Tumores secretores de gonadotropina coriônica 
Tireotoxicose gestacional 
 
140 DOENÇAS DA TIRÓIDE | Protocolos Terapêuticos 
 
 
Manifestações clínicas 
Sintomas Sinais 
Hiperactividade, irritabilidade, disforia Taquicárdia; fibrilhação auricular no idoso 
Intolerância ao calor e transpiraçãoTremor 
Palpitações Bócio 
Fadiga e fraqueza Pele quente e húmida 
Perda de peso com apetite aumentado Fraqueza muscular, miopatia proximal 
Diarreia Retracção ou retardo palpebral 
Poliúria Ginecomastia 
Oligomenorréia 
 
Doença de Graves: Afecção multisistémica que se caracteriza por : 
hiperplasia difusa da glândula com hiperfunção 
oftalmopatia infiltrativa 
mixedema pré-tibial (ocasional) 
a causa é desconhecida 
Quadro clínico 
sinais e sintomas de hipertiroidismo 
bócio difuso 
oftalmopatia 
dermopatia (mixedema pré-tibial). 
Manifestações clinicas 
 Gerais : intolerância ao calor, sudação excessiva, perda de peso com apetite 
conservado, cabelo frágil, pele quente 
 Cardiovasculares : aumento do DC, diminuição da RVP 
 Sangue : anemia por doença crónica, trombocitopénia 
 Neuromusculares : nervosismo, insónia, agitação, tremor fino, labilidade emocional 
 Endócrinas : aumento metabolismo cortisol, ciclos anovulatórios, impotência 
 Metabólicas : aumento dos AG livres, do colesterol 
 Ossos : reabsorção óssea, hipercalcemia e hipercalciúria 
 O bócio difuso desta doença não produz normalmente compressão, é pulsátil à 
palpação e pode ser audível um sopro à auscultação (devido ao aumento da 
vascularização) 
 Dermopatia é uma lesão com aspecto violáceo que surge na região pré-tibial 
 A oftalmopatia pode ser de 2 tipos : 
oNão infiltrativa - de evolução benigna, caracteriza-se por retracção palpebral 
e mov. palpebrais lentos. 
oInfiltrativa - relacionada com as alterações auto-imunes. Há exoftalmia (pela 
infiltração de tecido retro-orbitário) que pode ser progressiva. Se é grave 
se chama exoftalmia maligna 
 
Principais complicações 
Cardiopatia tirotóxica: alterações do ritmo, desenvolvimento de Insuf. cardíaca e insuf. 
coronária. 
Exoftalmia maligna: ocorre em 3% dos pacientes e pode levar à cegueira. 
Crise tireotóxica: parece ser uma resposta exagerada do organismo à grande 
quantidade de hormonas tiroideas circulantes. 
 
Manifestação da crise tireotóxica 
febre alta, sudação, taquicardia (com ou sem FA); 
 
Protocolos Terapêuticos | DOENÇAS DA TIRÓIDE 141 
 
hipotensão; 
irritabilidade extrema, agitação psicomotora; 
vómitos, diarreia, desidrataçã ; 
delírio, coma e morte 
O tratamento da crise tireotóxica consiste na: 
Correcção da desidratação, administração de Glc EV e corticoides. 
Tratamento com fármacos anti-tiroideos, iodo e β-bloqueadores 
Diagnóstico 
Função tireoidiana 
TSH suprimido com T3,T4 elevados. 
Fase inicial, só TSH suprimido (hipertireoidismo subclínico). 
Ocasionalmente, T3-toxicose (TSH baixo, T4 normal e T3 alto). 
Anticorpos antitireoidianos 
Na maioria dos pacientes, geralmente em títulos baixos. 
Podemos encontrar títulos elevados (1:25000/1:102400), situacção chamada de 
Hashitoxicose ou Hashi-Graves. 
Manejo 
São três as opções terapêuticas: 
Drogas antitireoidianas 
Iodo radioativo 
Cirurgia 
Propiltiouracil 
Ataque (4-8 semanas)-300-400mg/d 
Manutenção-50-200mg/d 
Metimazol 
Ataque- 30-40mg/d 
Manutenção-5-20mg. 
O efeito das drogas tornam-se mais evidentes após 10-15 dias. Após 6-8semanas, novo 
exame e ajuste da dose. Se eutireoidiano, reduzir a dose para metade, depois para 1/3 
dose inicial até a menor dose eficaz. então, visitas trimestrais. Tomar medicação por 2 
anos, quando se consegue a remissão em 50% dos casos. 
β –bloqueadores 
Propanolol(20-40mg 6/6horas) 
 
Tiroidites: São lesões inflamatórias da glândula tiroide. Classificam-se em : 
agudas (muito raras) : quando há colonização por processos piogénicos 
sub-agudas 
ode De Quervain 
oindolor linfocítica 
crónicas 
ode Hashimoto 
oauto-imune atrófica 
olinfocitária focal 
ofibrosa invasiva ou de Riedel 
Tiroidite sub-aguda de De Quervain 
É de etiologia provavelmente viral 
Existe frequentemente história de parotidite ou IVAS 
Os pacientes têm dor na região anterior do pescoço 
A palpação da tiroide é dolorosa e a consistência da glândula é firme 
Tempo médio de duração - 1-4 meses 
 Características laboratoriais 
 
142 DOENÇAS DA TIRÓIDE | Protocolos Terapêuticos 
 
T3 e T4 elevados 
TSH diminuído no início do quadro ;em 40% dos casos pode haver de seguida um 
hipotiroidismo transitório 
Tratamento 
Consiste em anti-inflamatórios (AAS e se necessário corticoides) + Propanolol. Prednisona 
20mg,3x/dia-7-10dias 
Tiroidite crónica de Hashimoto 
é de patogenia auto-imune ( tal como a tiroidite auto-imune atrófica ). 
A predisposição genética é importante para se sofrer da doença. 
A palpação da tiroide pode ser indolor e a consistência da glândula é firme. 
O estado funcional é geralmente normal (a hiperfunção é excepcional) 
Não existe nenhum tratamento específico para esta doença. Os corticoides diminuem 
a actividade do processo e os níveis de anticorpos mas a doença mantem a sua 
evolução normal. 
Nódulos tiroideios 
Bócio: tumoração ou hiperplasia da glândula tiroide que se traduz no abaulamento da 
região anterior do pescoço 
Bócio endémico : implica o aumento da glândula tiroide em cerca de 10% da população 
de uma determinada região geográfica na presença de um ou mais factores etiológicos 
comuns. 
 
 
 
Etiologia 
 déficit da ingestão de iodo; 
 ingestão de bociogénicos que interferem com metabolismo das hormonas tiroideas : 
fármacos como o tiouracilo, colchicina, vinblastina; 
excesso de ingestão de iodo (raro, mas descrito no Japão por consumo de algas 
marinhas ricas em iodo, e nos utilizadores de amiodarona); 
defeitos congénitos da síntese da hormona tiroidea; 
aumento da excreção renal de tiroxina desconhecida. 
 
 
Protocolos Terapêuticos | DOENÇAS DA TIRÓIDE 143 
 
Quadro clínico 
 bócio endémico aparece precocemente na infância 
 é indolor e de consistência firme 
 a tumoração cervical é a única queixa que apresentam os pacientes 
 a compressão retroesternal ocorre com certa frequência 
 nos casos de evolução muito prolongada podem aparecer discretos sinais de 
hipofunção tiroidea 
 a profilaxia é possível através da ingestão regular de iodo e evitando a ingestão de 
bociogénicos que podem contribuir para o aparecimento do bócio 
 
 
Bócio não endémico: podem estar presentes manifestações de hipotiroidismo; a 
presença de sinais sugestivos de hipertiroidismo implica diferenciar a doença de Graves 
Basedow, o bócio multinodular e a tiroidite sub-aguda. 
Tratamento 
com hipotiroidismo 
Médico: administração de hormonas tiroideas: levotiroxina (iniciar com 50 ug/dia podendo 
aumentar-se gradualmente até 100-200 ug/dia) para diminuir a TSH. Tratamento 
prolongado ( 6 M a 1 A ) desde a fase precoce quando ainda não houve transformação 
nodular 
Cirúrgico: Indicado quando há compressão das estruturas vizinhas, bócio de tamanho 
grande, transformação em bócio nodular tóxico, suspeita clínica de malignidade. 
 
Abstenção terapêutica: ( estado eutiroideo )nquando a função tiroidea está normal; 
quando não existe nenhuma das indicações específicas para a cirúrgia; o paciente deve 
ser submetido a um controle regular 
 
Neoplasias da tiroide 
Adenomas 
são estruturas encapsuladas que comprimem o tecido vizinho. 
em geral diferenciam-se do tecido tiroideo normal pela sua autonomia (a sua 
actividade não depende da TSH). 
podem ser unifocais e manifestar-se como nódulos solitários. 
o tratamento consiste na extracção cirúrgica ou administração de iodo radioactivo 
(risco de desenvolver hipotiroidismo anos depois). 
 
Carcinomas 
Classificam-se em : 
papilar e folicular--diferenciados e pouco malignos 
medular-diferenciado e de malignidade. Intermédia 
analítico-indiferenciado. alta malignidade 
 
O Carcinoma papilar é o mais frequente (60-70%); disseminação é linfática e o 
tratamento cirúrgico. 
O Carcinoma folicular é mais maligno que o papilar; A disseminação é hematológica com 
metástases à distância. Tratamentocirúrgico + iodo radioactivo. 
O Carcinoma medular é produtor de calcitonina, logo, há alterações no metabolismo do 
cálcio e fósforo. ; disseminação é linfática com metástases à distância; o tratamento é 
cirúrgico + dissecção dos linfonodos. Este Ca faz parte da neoplasia endócrina múltipla 
tipo II (Ca da tiroide + feocromocitoma + Hiperparatiroidismo). 
Carcinoma anaplásico é o mais raro. A sobrevivência é inferior a 1 ano. 
Dados importantes na avaliação 
dor (bom prognóstico - raro na malignidade) 
 
144 DOENÇAS DA TIRÓIDE | Protocolos Terapêuticos 
 
sinais de hipertiroidismo (bom prognóstico) 
adenopatia laterocervical (mau prognóstico) 
presença de calcificações detectadas ao Rx simples da região anterior do pescoço ( 
mau prognóstico - Ca medular ? ) 
Comportamento em relação à captação de iodo 
hipercaptantes (quentes) : são benignos na maioria dos casos 
hipocaptantes (frios) : têm maior possibilidade de serem malignos 
 
Ecografia: é importante para diferenciar a lesão quística da sólida e o nódulo solitário da 
lesão multinodular ; 
Estudo citológico é importante completar o estudo com a punção aspirativa 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | DOENÇAS DA TIRÓIDE 145 
 
 
 
146 SÍNDROME CONVULSIVO | Protocolos Terapêuticos 
 
 
25.SÍNDROME CONVULSIVO 
Definição 
É um distúrbio que se caracteriza pela contractura muscular involuntária de todo o corpo 
ou de parte dele, provocada por aumento excessivo da actividade eléctrica em 
determinadas áreas cerebrais 
Têm duração aproximada de 3 a 5 minutos. 
Dá-se o nome de epilepsia à síndrome médica na qual existem convulsões recorrentes e 
involuntárias, embora possam ocorrer convulsões em pessoas que não sofrem desta 
condição médica. 
Existem dois tipos de pacientes com convulsões: os epilépticos com crises repetitivas, em 
estado de mal epiléptico ou em coma pós-ictal, e aqueles que apresentam crises 
secundárias a um processo agudo, inicialmente neurológico ou não. 
Classificação 
Crises parciais ou focais 
•Parciais simples(com sinais motores, sensoriais, autónomos ou psíquicos) 
•Parciais complexas 
•Parciais com generalização secundária 
Crises primariamente generalizadas 
Ausência(pequeno mal)- geralmente ocorrem em crianças, como o nome diz, a 
pessoa fica ausente do mundo consciente por um breve período. 
Tônico-clínicas(grande mal)- envolvem uma combinação dos sintomas das 
convulsões tônicas e clônicas 
Atónicas envolvem a perda do controle muscular, fazendo a pessoa desmaiar ou cair. 
Mioclónicas- envolvem o movimento involuntário parte superior do corpo e dos 
membros. 
Crises não-classificadas 
•Crises neonatais 
•Espasmos infantis 
 
Etiologia 
Lesão cerebral estrutural: Trauma, Tumor, Acidente vascular 
Infeções do SNC: Meningite, Encefalite 
Metabólica: Hipocalcémia, hipomagnesémia, hipo ou hiperglicemia, hiponatrémia, 
estado hiperosmolar, anoxia, urémia 
Tóxica: Teofilina, lidocaína e penicilina, Álcool, barbitúricos cefalosporinas, 
ciprofloxacina, ciclosporina, cisplatino, imipenem, cocaína 
Factores precipitantes 
•Diminuição ou interrupção da medicação 
•Intoxicação ou supressão alcoólica 
•Febre e infecções 
•Idiopática 
 
Manifestações Clínicas 
•Perda da consciência e queda ao solo. 
•Contrações musculares violentas. 
•Podem ocorrer palidez intensa e lábios azulados. 
•Pode haver eliminação de fezes e urina. 
•Dentes travados e salivação abundante ('baba') 
 
Protocolos Terapêuticos | SÍNDROME CONVULSIVO 147 
 
 
Diagnóstico 
Para efeito de diagnóstico e tratamento, ajuda muito observar as seguintes características 
das convulsões: 
Durante a crise: duração (marcar o tempo no relógio); se braços e pernas se 
contraem de um lado só ou dos dois lados; se olhos e a boca ficam fechados ou 
abertos; se a cor da face se torna azulada. Se a pessoa responde aos chamados 
ou permanece inconsciente. 
Depois das contracções musculares terem terminado: se a pessoa recupera a 
consciência ou permanece sonolenta; se fala e responde a perguntas; se lembra o 
que aconteceu; se a movimentação volta ao normal; se a dificuldade de 
movimentação se concentra de um lado só do corpo. 
Além desses registos, os seguintes exames são recursos importantes para esclarecer 
as causas da convulsão e eleger o tratamento: eletroencefalograma, tomografia 
computadorizada e ressonância magnética do crânio,. hemograma, glicemia, ureia, 
creatinina, electrólitos, Ca/Mg e perfil de tóxicos, PL após exclusão de herniação 
cerebral,TAC, Hemocultura e urina. 
 
Diagnóstico diferencial 
Encefalopatia metabólica 
AIT 
Amnésia pós traumática 
Confusão pós ictal prolongado 
Intoxicação ou privação de substâncias de abuso 
 
Complicações médicas da crise convulsiva 
•Sistema Cardiovascular: Taquicardia e hipertensão. 
oTardiamente: Bradicárdia, hipotensão, choque e paragem cardíaca 
•Sistema Respiratório: Taquipneia e apneia com retenção de CO2. 
oDepois Apneia, respiração de Cheyne-Stokes, pneumonia por aspiração e edema 
pulmonar neurogénico 
•Sistema Nervoso Autônomo: Midríase, sudorese profusa, hipersecreção salivar, 
hipersecreção brônquica e bronco constrição. 
oPosteriormente Hiperpirexia 
•Metabólico: Acidose láctica, hiperglicemia e hipercalcemia. 
oTardiamente: Acidose láctica, hipoglicemia, prolactina alta e falência hepática 
Tratamento 
O objectivo terapêutico nos pacientes com convulsões é de parar a despolarização celular 
repetitiva do cérebro antes que se produza alterações estruturais irreversíveis 
Medidas gerais 
 Deitar a pessoa (caso ela esteja de pé ou sentada), evitando quedas e traumas; 
 Remover objetos (tanto da pessoa quanto do chão), para evitar traumas; 
 Afrouxar roupas apertadas; 
 Proteger a cabeça da pessoa com a mão, roupa, travesseiro; 
 Lateralizar a cabeça para que a saliva escorra (evitando aspiração); 
 Limpar as secreções salivares, com um pano ou papel, para facilitar a respiração; 
 Observar se a pessoa consegue respirar; 
 Afastar os curiosos, dando espaço para a pessoa; 
 Reduzir estimulação sensorial (diminuir luz, evitar barulho); 
 Permitir que a pessoa descanse ou até mesmo durma após a crise; 
 Procurar assistência médica. 
 
 
148 SÍNDROME CONVULSIVO | Protocolos Terapêuticos 
 
Se possível, após tomar as medidas acima, devem-se anotar os acontecimentos 
relacionados com a crise. Deve-se registar: 
oInício da crise; 
oDuração da crise; 
oEventos significativos anteriores à crise; 
oSe há incontinência urinária ou fecal (eliminação de fezes ou urina nas 
roupas); 
oComo são as contrações musculares; 
oForma de término da crise; 
oNível de consciência após a crise 
 
Medidas específicas 
Os passos da abordagem abaixo mencionados devem ser seguidos com muita rapidez 
esperando 20min entre as trocas de anticonvulsivantes 
 ABC: Assegurar uma adequada ventilação pulmonar e prevenir a bronco aspiração 
com uma correcta posição do paciente em decúbito lateral e aspiração de 
secreções ou vómitos. Se necessário, entubar e ventilar o paciente 
 Cateterizar uma veia periférica para administração de SF e de drogas e fazer colheita 
de sangue para exames 
 Monitorização: PA, ECG, SpO2 e se possível EEG 
 Tiamina: 1mg/Kg IV (100 mg no adulto) - (suspeita de alcoolismo) 
 Dextrose hipertónica: DX 50% = 50ml (hipoglicemia) 
 Diazepam: 0.1-0.2 mg/kg IV, máx: 40mg 
 Midazolam: dose de ataque: 0,2 mg/kg e manutenção a 0,1-2,9 mg/kg/h em perfusão 
até parar a actividade convulsiva. Tem vantagem de ter rápida absorção por via 
intramuscular, sendo útil em situações nas quais ‘e difícil administração IV 
 Fenitoina: dose de ataque: 10-15 mg/kg diluído em SF não ultrapassando 50 mg/min. 
Suspender a administração se ocorrer hipotensão. Não diluir em dextrose por 
causa de risco de precipitação de cristais. Administrar "bolus" adicional de 
Fenitoina 5-7 mg/Kg se o paciente persistir com crises 20 min. apósa primeira 
dose. Dose máx: 1500mg/24h. Monitorização cardiovascular, sobretudo nos idosos 
ou em cardíacos 
 Fenobarbital: dose inicial: 5-10 mg/kg IV ou IM numa velocidade de 100 mg/min. A 
dose pode ser repetida cada 15 minutos até um máximo de 20 mg/kg ou de 1000-
1200 mg. Intubação pode ser necessária 
 Se o estado epiléptico persistir, induzir ao coma com barbitúricos de curta duração: 
 Tiopental: 5 mg/Kg IV e infusão de 0,5-2,0 mg/Kg/h 
 Monitorização do EEG a cada 1 a 2 horas para avaliar supressão das crises (se 
possível) 
 Parar Tiopental 12 h após. Se ocorrer recorrências das crises, fazer a infusão por 24 
h, após o qual deverá ser suspenso e reavaliado 
 O coma pode também ser induzido com Propofol: 2-5mg/kg bolus, repetir se 
necessário, seguido de infusão continua de 5-10 mg/kg/h inicialmente e depois 
reduzir para 3mg/kg/hora. 
 Correcção das alterações metabólicas e do meio interno existentes 
 
 
 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | MIELOPATIAS 149 
 
 
26.MIELOPATIAS 
Definição 
Distúrbio do nervo periférico de qualquer etiologia. O envolvimento do nervo pode ser: 
isolado (Mononeuropatia), pode haver envolvimento simultâneo ou sequencial de troncos 
nervosos não contíguos (Mononeuropatia Multiplex) , ou envolvimento generalizado 
homogéneo de múltiplos nervos periféricos (polineuripatia). Podem-se dividir em axónicos 
ou desmielinizantes. 
26.1Mononeuropatia 
Etiologia 
Causas: Trauma; Compressão; Atrapamento 
Manifestações Clínicas 
Anamnese: Sintomas sensoriais e motores ocorrem na distribuição de um só nervo. Mais 
frequente: ulnar, mediano ou o fibular. 
Exame Físico: Diminuição de força muscular, hiporrelfexia ou arreflexia, transtornos da 
sensibilidade de predomínio distal na distribuição do nervo afectado. 
26.2Mononeuropatia Multiplex 
Etiologia 
Vasculite Sistémica (ex. Lupus Eritematoso Sistémico) 
Múltiplas compressões 
Infiltração 
Manifestações Clínicas 
Anamnese: Dor, parestesia, adormecimento e fraqueza de dois ou mais nervos em 
partes separadas do corpo.Ex. O mediano e o ciático. 
Exame Físico: Diminuição de força muscular, hipoarrelfexia ou arreflexia e transtornos 
da sensibilidade a predomínio distal na localização dos nervos afectados. 
 
 
150 MIELOPATIAS | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | POLINEUROPATIAS 151 
 
 
27.POLINEUROPATIAS 
Etiologia 
Doenças Sistémicas: Diabetes mellitus, HIV, Sepsis, Carcinoma, HIV, Urémia, 
Deficiência de vitamina B12, Deficiência de cobre, Doença hepática Crónica, Mal 
absorção, Doença de Lyme, Linfomas, Mieloma Múltiplo, Porfiria, Hipoglicemia, 
Amiloidose, Hipotiroidismo, Doença Pulmonar Obstructiva Crónica, Acromegalia, 
Policitemia Vera 
Autoinmune: Guillain-Barré, Polineuropatia Axonal Motora Aguda 
Tóxicas: Alcool, Quimioterapia (cinplastina, oxaliplatina, vincristina), Arsenio, toxina 
diftérica, hexacarbonos, chumbo, organofosforados, talio, Medicamentos 
(amiodarona, dapsona, hidralazina, isoniazida, metronidazol, d4t) 
Hereditárias: Doença de Charcot-Marie-Tooth, Doença de Fabry, 
Adrenomieloneuropatia Neuropatia de Dejerine-Sottas, Doença de Refsum, 
Leucodistrofia Metacromática, Ataxia de Friederich 
Ambientais: Dano nervoso induzido pela vibração, Exposição prolongada ao frio, 
Hipoxémia 
Idiopáticas 
 
Manifestações Clínicas 
Varia dependendo da etiologia de base. Tipicamente existe: 
Anamnese: Perda distal e simétrica da sensibilidade, Sensação de aquecimento ou 
Fraqueza ou debilidade. 
Exame Físico: Depende do tipo de polineuropatia: 
Axonal: Perda distal e simétrica de sensibilidade superficial e profunda; Hiporeflexia 
ou arreflexia distal; Diminuição de força dos músculos intrínsecos nos pês e perna, 
nas mãos em casos severos. 
Desmielinizantes: Principalmente diminuição da força muscular a predomínio distal. 
Dispalestesias e alterações na propiocepção, desproporcionada com a perda da 
sensibilidade táctil e a temperatura. Hiporrflexia ou arreflexia difusas. 
Diagnóstico 
Hemograma Completo 
Bioquimica Completa 
HbAIC 
Urina II 
Função Tireoidiana 
Doseamento de vitamina B 12 e folato 
Factor Reumatoide 
Exames de Condução Nervosa (Electromiografia) 
Biópsia do nervo sural, 
Biópsia muscular 
Teste sensorial quantitativo 
 
 
Se electro-diagnóstico não disponível considerar: 
TEMPO DE EVOLUÇÃO 
Aguda (semanas): Sindrome de Guillain-Barré, Polineuropatia Axónica Motora Aguda, 
Tóxica, Polineuropatia Associada a doença crítica (Sepsis, Falência Multiorgão, 
Sindrome de Resposta Inflamatória Sistémica) 
 
152 POLINEUROPATIAS | Protocolos Terapêuticos 
 
Subaguda (meses): Inflamatória, Tóxica ou Nutricional. 
Crónica (anos): Hereditarias, Tóxicas. 
PADRÕES DOS DISTÚRBIOS NEUROPÁTICOS 
Padrão 1: Fraqueza simétrica proximal e distal com perda sensitiva; Polineuropatia 
desmielinizante inflamatória (SGB e PDIC) 
Padrão 2: Perda sensitiva distal simétrica com ou sem fraqueza distal; Polineuropatia 
idiopática; Diabetes Mellitus; Fármacos; Toxinas; Hereditárias (Charcot-Marie-
Tooth, Amiloidose) 
Padrão 3: Fraqueza distal assimétrica com perda sensitiva 
*Com envolvimento de múltiplos nervos: PIDC multifocal, vasculite, 
amiloidose, sarcoidose, infecciosas, infiltração tumoral. 
*Com envolvimento de nervos/regiões únicas: Qualquer das 
anteriores mas também mononeuropatia progressiva, plexopatia e 
radiculopatia 
Padrão 4: Fraqueza assimétrica proximal e distal com perda sensitiva: 
Polirradiculopatia ou plexopatia por Diabetes Mellitus, Carcinomatose ou 
Linfomatose Benigna, Plexopatia Hereditária, Idiopática. 
Padrão 5: Fraqueza assimétrica distal, sem perda sensitiva 
oCom achados de neurónio motor superior: Doença do neurónio motor 
oSem achados de neurónio motor superior. Atrofia muscular progressiva, 
amiotrofia monomélica juvenil, neuropatia motora multifocal 
Padrão 6: Perda sensitiva simétrica e arreflexia distal com achados de neurónio 
superior. Deficiência de Vit b12,vit E e cobre com degeneração sistémica 
combinada com neuropatia periférica, leucodistrofias hereditárias 
Padrão 7: Fraqueza simétrica sem perda sensitiva 
oCom fraqueza proximal e distal: Atrofia muscular espinal 
oCom fraqueza distal: Neuropatia motora hereditária 
Padrão 8: Perda sensitiva propioceptiva assimétrica sem fraqueza: Cancro; 
Sindrome de Sjögren; Neuropatia Sensitiva Idiopática; Cimplastina ou outros 
quimioterapicos; Toxicidade por Vitamina B6; Neuropatia sensitiva relacionada ao 
HIV 
Padrão 9: Sintomas e sinais autonómicos: Neuropatia Sensitiva e autonomica 
hereditária; Amiloidose; Diabetes Mellitus; Pandisautonomia idiopática; Porfiria; 
Neuropatia autossómica relacionada ao HIV; Vincristina e outros 
quimioterapéuticos 
 
Tratamento 
TRATAMENTO DE NEUROPATIA SENSITIVA DOLOROSA 
Primeira Linha 
Adesivo de lidocaína Até 3 adesivos/dia 
 
Antidepressivos Tricíclicos 
oAmitriptilina 10-100 mg à noite 
oGabapentina 300-1200 mg 3v/dia 
oPregabalina 50-100 mg 3v/dia 
oDuloxetina 30-60 mg/dia 
Segunda Linha 
Carbamazepinas 200-400 mg 3-4v/dia 
Fenitoina 200-400 mg à noite 
Venlafaxina 37,5-150 mg/dia 
Tramadol 50 mg 4v/dia 
Terceira Linha 
 
Protocolos Terapêuticos | POLINEUROPATIAS 153 
 
Mexiletina 200-300 mg 3v/dia 
Outros 
Créme Lidocaina+prilocaina 4v/dia 
Créme de capsaicina 4v/dia 
 
 
154 POLINEUROPATIAS | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 155 
 
 
28.ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 
 
Definição 
Define-se AVC, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), como um défice 
neurológico focal [perda função afectando uma região específica do sistema nervoso 
centrai (SNC)] pordisrupção da circulação sanguínea 
Etiologia 
A maioria dos AVC resultam de uma obstrução de um vaso sanguíneo por um trombo ou 
por ruptura de um vaso causando hemorragia, alterando o aporte de oxigénio e nutrientes, 
o que causa lesão no tecido nervoso. Os principais mecanismos subjacentes ao AVC 
isquémico são a trombose de grandes artérias e de pequenos vasos arteriais e o 
embolismo de origem cardíaca ou ateroembolismo dos grandes vasos, existindo outros 
mecanismos menos comuns, como a dissecção arterial, as trombofílias e as vasculites. A 
classificação etiológica do AVC Isquémico internacionalmente aceite subdivide os enfartes 
cerebrais em cinco grupos principais, de acordo com a sua etiologia: 
 
Aterosclerose de grandes artérias: Nos enfartes por aterosclerose de grandes artérias, o 
exame dos vasos (através de eco-Doppler dos vasos pré-cerebrais. Doppler transcraniano, 
angio-RM ou angio-TC dos vasos cranianos e pré-cerebrais) demonstra estenose superior 
a 50% ou oclusão de grandes ramos arteriais. A TC ou a RM-CE, em geral, demonstram 
lesões cerebrais maiores de 1,5 cm de diâmetro. Outros exames devem excluir fontes 
potenciais de embolia. 
Cardioembolismo: Os enfartes cardioembólicos são decorrentes da oclusão de um vaso 
cerebral por êmbolos provenientes do coração. As principais patologias cardíacas 
potencialmente embolígenas podem ser classificadas em alto e médio risco de 
embolização, segundo a classificação TOAST: 
 
Fontes de alto risco 
Prótese valvular mecânica; 
Estenose mitral com fibrilhação auricular (FA); 
FA (que não seja isolada); 
Trombo auricular esquerdo séssil; 
Doença do nódulo sinusal; 
Enfarte agudo do miocárdio (EAM) recente (< 4 semanas); 
Trombo ventricular esquerdo; 
Cardiomiopatia dilatada; 
Segmento acinético do ventrículo esquerdo; 
Mixoma auricular; 
Endocardite infecciosa. 
 
Fontes de médio risco 
Prolapso da válvula mitral; 
Calcificação do anel mitral; 
Estenose mitral sem FA; 
Turbulência auricular esquerda; 
Aneurisma do septo auricular 
Foramen oval patente 
Fiutter auricular (FLA); 
FA Isolada; 
 
156 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
Prótese valvular biológica; 
Endocardite asséptica; 
Insuficiência cardíaca congestiva (ICC); 
Segmento hipocinético do ventrículo esquerdo; 
EAM há mais de 4 semanas e há menos de 6 meses. 
 
Oclusão de pequenas artérias (lacunas): Nos enfartes por oclusão de pequenas artérias 
cerebrais, também chamados enfartes lacunares, em geral a TC ou RM demonstram 
lesões pequenas (lacunas) no território de artérias perfurantes, ou seja núcleos da base, 
tálamo, tronco cerebral, coroa radiárla e cápsulas interna e externa, menores de 1,5 cm de 
diâmetro. Ocorre degenerescência dos pequenos vasos e arteríolas perfurantes, 
geralmente por acção directa da hipertensão arterial crónica, associando-se ou não à 
diabetes mellitus (DM), ao tabagismo ou dislipidemia. 
Enfartes de outras etiologias: Enfartes com outras etiologias englobam todas as causas 
que diferem destas três primeiras, por exemplo: vasculopatias não ateroscleróticas 
(Moyamoya, dissecção arterial), doenças hematológicas (anemia falciforme, coagulopatias, 
(deficiência de factores da coagulação), vasculites (varicela, lúpus), etc. 
Enfartes de origem indeterminada: Os enfartes de causa indeterminada são aqueles que 
não se enquadram nas restantes quatro categorias, apesar de investigação completa. 
Manifestações Clínicas 
As manifestações de um AVC podem incluir, entre outros sintomas, fraqueza dos 
membros, dormência. Dificuldade em falar, visão turva, confusão e cefaleia. 
Isquemia cerebral: A história clínica é essencial para orientar na detecção dos 
mecanismos fisiopatológicos subjacentes ao AVC, decisão do tratamento agudo e 
profilaxia secundária. Os dados demográficos e ocupacionais, a idade, a raça, a história 
clínica pregressa e a existência de factor de risco cardiovasculares, hipertensão arterial 
(HTA), DM, dislipidemia, obesidade, tabagismo, sedentarismo. Doenças cardíacas prévias 
[arritmia, EAM, insuficiência cardíaca (IC), valvulopatia e doenças hematológicas distúrbios 
de coagulação, hemorragia, têm particular importância. Pacientes mais jovens e sem 
factores de risco para doença aterosclerótica apresentam etiologias diferentes em 
comparação com indivíduos > 55 anos e factores de risco para doença aterosclerótica. 
Entre as causas mais comuns do AVC do jovem encontram-se a dissecção arterial, 
displasia fibromuscular, foramen oval patente, valvulopatia (reumática, endocardite), 
vasculites, síndrome antifosfolipídlca e anemia falciforme. Paciente com factores de risco 
para doenças cardiovasculares como HTA, DM, dislipidemia, tabagismo e sedentarismo 
apresenta maior probabilidade de ter como mecanismo fisiopatológico uma trombose de 
grandes ou de pequenas artérias. Pacientes com antecedentes de cardiopatias, 
valvulopatias e arritmias apresentam maior probabilidade de ter como mecanismo uma 
embolia cardiogénica. 
Durante a investigação, podem ser encontrados mais do que um mecanismo possível para o evento 
isquémico cerebral no mesmo paciente e a história clínica pode ter uma importância fundamental 
neste contexto. 
Devem ser determinadas as características clínicas do evento: hora de início dos sintomas, forma 
de instalação, tipo e distribuição do défice neurológico, forma de evolução e circunstâncias em que 
ocorreu o evento. O horário do início dos sintomas pode ter importância extrema na determinação 
da elegibilidade para tratamento de fase aguda do AVC isquémico com terapêutica trombolítica. 
0 paciente com AVC isquémico agudo ou AIT apresenta-se com um défice neurológico de 
instalação súbita e as manifestações clínicas dependem do tamanho da área Isquémica e do 
território arterial envolvido. 
Pacientes com doença de pequenos vasos (trombose de pequenas artérias) apresentam 
enfartes de pequena extensão, denominados lacunares. O quadro clínico, quando é este o 
mecanismo, geralmente apresenta um défice motor puro (hemiparesia), défice sensitivo 
puro (hemihipoestesia), hemiparesia com hemiataxia e hemiparesia, com hemihipoestesia. 
Geralmente, não apresenta outras alterações, como afasia, negligência ou diminuição do 
nível de consciência. 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 157 
 
A presença de AVC ou AIT prévio pode ajudar a identificar o possível mecanismo 
fisiopatológico envolvido. Se o evento prévio tiver ocorrido na mesma topografia do evento 
actual pode sugerir a existência de uma doença de grandes artérias. E se o paciente 
apresentar sintomas relacionados com diversos territórios arteriais, como circulação 
anterior e posterior, o mais provável é que esse paciente tenha uma patologia embolígenas 
da aorta ou cardíaca. 0 quadro neurológico varia de acordo com a artéria cerebral ocluída, 
pelo que a clínica pode indiciar o território vascular afectado. 
 
Quadro Neurológico do AVC de acordo com a Artéria envolvida 
 Artéria envolvida Quadro neurológico 
Circulação 
anterior 
Artéria oftálmica Amaurose fugaz ou alteração monocular. 
Artéria cerebral media 
Défice motor e/ou sensitivo de predomínio 
braquifacial; 
Afasia (se atingir o hemisfério dominante); 
Negligência (se ocorrer no hemisfério não 
dominante). 
Artéria cerebral 
anterior 
Défice motor e/ou sensitivo de predomínio crural; 
Sinais de desfrontalização. 
Circulação 
posterior 
Artéria vertebral 
Náuseas, vómitos e vertigem; 
Atingimento de nervos cranianos baixos; 
Ataxia cerebelosa. 
Artéria cerebral 
posterior 
 
Alterações do campo visual; 
Depressão do nível de consciência; 
Défice sensitivo; 
Alterações das funções nervosas superiores. 
Artéria basilar 
Défice motor e/ou sensitivo geralmente bilateral: 
Diminuição do nível de consciência; 
Alterações de nervos cranianos. 
 
O AIT pode ter uma duração até 24 h, mas, na maioria dos pacientes, dura menos de 1 h, 
e apenas15% dos pacientes que têm sintomas com duração superior a 1 h terão, de facto, 
apenas um AIT. É essencial tentar identificar o provável território arterial envolvido 
analisando os sintomas apresentados. A importância de investigar a etiologia de um AIT 
está no facto de cerca de 10% dos pacientes com AIT apresentarem um AVC nos 90 dias 
subsequentes, ocorrendo a maioria nos primeiros 2 dias pós-evento (50%). 
 
 
Hemorragia cerebral 
A hemorragia Intracerebral deriva habitualmente das arteríolas ou pequenas artérias para 
o parênquima cerebral, formando um hematoma que se expande gradualmente pela 
substância branca, A acumulação de sangue ocorre em minutos ou horas e o 
hematoma continua a crescer até que a pressão que o circunda acaba por limitá-lo ou 
até que a hemorragia drene para o sistema ventricular ou para o liquor na superfície 
pial. 
As principais causas de hemorragia cerebral são a HTA, trauma, diátese hemorrágica, 
angiopatia amiloide, uso de drogas ilícitas (anfetaminas, cocaína) e malformações 
vasculares. 
As causas menos frequentes são tumores, ruptura de aneurismas e vasculites. 
Os sintomas mais precoces relacionam-se com a disfunção da área cerebal afectada, por 
exemplo: 
 
158 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
Hemorragia atingindo o putamen direito e cápsula interna causará sinais motores 
dos membros esquerdos e/ ou sinais sensitivos; 
Hemorragia do cerebelo causará ataxia da marcha; 
Hemorragia do lobo temporal esquerdo manifestar-se-á como afasia. 
 
Os sinais neurológicos habitualmente agravam em minutos ou poucas horas e não têm 
uma expressão clínica máxima logo de Início, em contraste com a HSA e o AVC 
isquémico. 
Nos grandes hematomas ocorre cefaleia, vómitos e depressão do estado de consciência, 
à medida que aumenta a área de hemorragia, sendo sinais de agravamento. 
Para um tratamento eficaz, a causa subjacente deve ser identificada e controlada (por 
exemplo, HTA, diátese hemorrágica) e a opção de drenagem cirúrgica deve ser 
sempre ponderada. 
Na HSA, as principais causas são a ruptura de aneurismas arteriais na base do cérebro e 
hemorragia de malformações vasculares subjacentes à superfície pial. As restantes 
etiologias, também causas de hemorragias parenquimatosas são menos frequentes. 
A ruptura de aneurismas directamente para o liquor faz aumentar a pressão intracraniana 
(PiCS. podendo evoluir clinicamente com coma e morte. A hemorragia dura 
habitualmente alguns segundos, mas o ressangramento ocorre com frequência. 
Nas causas que não a ruptura de aneurisma, a hemorragia pode ser menos abrupta e 
continuar por períodos mais prolongados. 
Os sintomas surgem de forma súbita e máxima logo de início. A cefaleia está sempre 
presente e os vómitos também são precoces: geralmente, não ocorrem sinais focais, a 
não ser que ocorra hemorragia meningoencefálica 
É essencial identificar a causa e tratá-la activamente (terapêutica cirúrgica ou 
endovascular) para prevenir o ressangramento e prevenir a lesão cerebral por 
isquemia tardia relacionada com a vasoconstrição das artérias intracranianas 
 
 
Classificacção clínica de Bamford para o AVC agudo 
Síndromes lacunares (LAC) 
Síndrome motora pura; 
Síndrome sensitiva pura; 
Síndrome sensitivomotora; 
Disartria-mão desajeitada; 
Hemiparesia atáxica, sem afasia, distúrbio visuoespacial ou distúrbio do campo visual, 
com défices proporcionados 
 
Síndromes da circulação anterior total (TACI) 
Hemiplegia; 
Hemianopsia; 
Disfunção cortical superior (linguagem, função visuoespacial, nível de consciência). 
 
Síndromes da circulação anterior parcial (PACI) 
Défice sensitivomotor + hemianopsia; 
Défice sensitivomotor + disfunção cortical; 
Disfunção cortical + hemianopsia; 
Disfunção cortical + défice motor puro (monoparesia); 
Disfunção cortical isolada. 
 
Síndromes da circulação posterior (POCI) 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 159 
 
Paralisia de nervo craniano (única ou múltipla) ípsilaterai + défice sensitivomotor 
contralateral; 
Défice sensitivomotor bilateral; 
Alteração dos movimentos conjugados dos olhos; 
Disfunção cerebelar sem défice de vias longas ípsilateralmente; 
Hemianopsia isoiada ou cegueira cortical. 
 
AVALIAÇÃO CLÍNICA 
O exame neurológico completo é essencial para a correcta avaliação de um paciente com 
AVC. Uma forma rápida e padronizada de avaliar o quadro neurológico no AVC agudo é 
através da escala N1HSS (National Institute of Health Stroke Scale), que tem uma 
pontuação mínima de zero e máxima de 34, validada para o AVC isquémico escala 
descrita em artigo próprio). Recomenda-se o score NIHSS de admissão para todos os 
pacientes com suspeita de AVC. Esta escala, para além de poder dar uma estimativa 
prognóstica da extensão do AVC e do risco hemorrágico pós-trombólise, pode ser utilizada 
como escala de seguimento após o evento cerebral. Quanto maior a pontuação maior a 
extensão do AVC e maior o risco de hemorragia após fibrinólise. 
 
O exame clínico geral também é fundamental e pode ajudar a definir o provável 
mecanismo fisiopatológjco. Deve incluir: medição da temperatura, glicémia, exame 
cardiovascular completo com avaliação da pressão arterial ritmo e frequência cardíaca 
(FC), auscultação cardíaca, palpação dos pulsos periféricos e auscultação cardiaca. 
 
No AIT, a aplicação do score ABCD2 permite identificar o risco do paciente com AIT em 
manifestar um AVC e existem recomendações de investigação mais ou menos céleres de 
acordo com esse risco. 
 
Pretende-se, após a investigação, que se identifiquem os pacientes com elevada 
probabilidade de instalação precoce de um AVC e que se instituam de forma atempada as 
medidas terapêuticas profiláticas. Está indicado no momento para estudo etiológico nos 
pacientes com moderado a alto risco, devendo os restantes ser estudados de forma breve 
mas em regime ambulatório. 
 
 
SCORE ABCD2 
A(age) > 60 anos de idade 1 ponto 
B (Mood pressure) PA 2 140/90 mmHg na admissão 1 ponto 
C (clínical features) Alteração de linguagem sem hemiparesia 1 ponto 
Hemiparesia 2 pontos 
D (symptom duration) Duração a 60 min 2 pontos 
Duração 10-59 min 1 ponto 
02 (diabetes) Diabetes 1 ponto 
Pontuação Total: 0-3 pontos baixo risco; 4-5 pontos: risco moderado; 6-7 pontos: alto risco. 
 
Diagnóstico 
odiagnóstico precoce de um AVC hemorrágico por hemorragia 
intraparenquimatosa ou hemorragia subaracdnoidea {HSA) é essencial e 
alguns dados da história clínica podem orientar para esta patologia, 
permitindo um diagnóstico atempado. A existência de cefaleia e vómito no 
início do quadro é a favor de se poder tratar do um AVC hemorrágico, e 
não de um AVC Isquémico. 
 
160 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
Mesmo com estas pistas o diagnóstico clínico da hemorragia intracraniana (HIO) é muito 
pouco preciso. Por isso a realização precoce de tomografia computorizada (TC) ou 
RM-CE é essencial. 
Há que ter em conta que os pacientes com AVC isquémico podem apresentar, em 
simultâneo, uma série de patologias. Assim, a avaliação inicial requer uma abordagem 
sistémica e rápida. 
Os objectivos da abordagem inicial incluem: 
oAssegurar a estabilidade médica: rápido controlo de outras patologias que 
contribuam para o problema neurológico; 
oProsseguir a investigação da base fisiopatológíca; 
oIdentificar os pacientes com AVC isquémico agudo que terão indicação ou 
potenciais contraindicações 
oOs exames complementares de diagnóstico podem ajudar no diagnóstico 
diferenciai com patologias que podem mimetizar défices neurológicos 
agudos, identificar factores de risco para o AVC isquémico ou AIT e 
auxiliar na decisão terapêutica. 
 
Avaliação Laboratorial 
Exames laboratoriais: hemograma completo, glicemia, função renal (ureia e creatinina), 
ionograma (sódio, cloro e potássio), coagulação (tempo de protrombinae tempo de 
tromboplastina parcial activada, d-dímero, fibrinogénio), marcadores de necrose 
muscular e do miocárdio (CK, LDH e troponina, mioglobina), função tiroideia (T4 livre 
e TSH), lípidos (colesterol, frações e triglicéridos). proteína C reativa (PCR), função 
hepática (AST, ALT, fosfatase alcalina e GGT), anticorpos anti-treponema pallidum, 
sedimento urinário, culturas de sangue (se houver suspeita de endocardite) e 
investigação de estados de hipercoagulabilidade e vasculites; 
•Eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações; 
•TC-CE/RM-CE: todo o paciente com AVC isquémico ou AIT deve realizar imagem 
cerebral por TC ou RM. 
•A TC-CE é o exame mais utilizado na avaliação do paciente com suspeita de AVC agudo. 
No entanto, nas primeiras horas de um evento isquémico cerebral agudo, a TC 
apresenta uma baixa sensibilidade em relação à RM-CE para determinar a localização 
e a extensão da área de isquemia, só a demonstrando após cerca de 2 h. 
•Alterações precoces de um AVC isquémico na TC-CE Incluem uma perda da 
diferenciação cortico-subcortical, perda da distinção entre as estruturas diencefálicas, 
capsulares e os núcleos da base, perda da diferenciação cortico-subcortical insular e 
presença de hiperdensidade da artéria cerebral média. As alterações subsequentes 
incluem a baixa atenuação da área isquémica e o efeito de massa (edema citotóxico). 
•Uma outra limitação da TC-CE é a baixa sensibilidade para lesões isquémicas do tronco 
cerebral. No entanto, distingue, de forma fiável, a hemorragia da Isquemia de 
imediato, detetando ainda 95% dos casos de HSA e identificando também outras 
doenças do SNC, como as neoplasias. 
•A RM-CE tem uma maior sensibilidade para detectar alterações isquémicas em relação à 
TC-CE. As sequências convencionais (T2 e FLAIR) permitem a detecção da área de 
enfarte 4 h após o evento, enquanto a sequência de difusão permite a detecção 
alguns minutos após o evento. Este método permite detectar pequenas lesões e até 
lesões sem sintomatologia neurológica correspondente. A RM de perfusão pode ainda 
diferenciar tecido em risco de isquémia. Identifica lesões na fossa posterior e 
hemorragias nas sequências T2*. A angio-RM dá informações fiáveis sobre o sistema 
arterial e venoso cerebral e pode identificar aneurismas, até de pequena dimensão (3 
mm de diâmetro). 
 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 161 
 
Investigação etiológica 
Após o diagnóstico de AVC isquémico e a identificação do território vascular atingido, é 
necessária a investigação do mecanismo e da etiologia relacionados. A decisão 
quanto aos ECD e sua interpretação devem considerar as hipóteses clínicas 
formuladas mediante a história clínica, exame geral e neurológico: 
oECG Holter de 24 h ou ECG seriados: na suspeita clínica de embolia de 
origem cardíaca para detecção de FA ou outras disritmias. A combinação 
de ECG Holter e de ECG seriados aumenta a detecção de FA; 
oEcocardiogramas bidimensionais transtorácico e transesofágico: devem ser 
considerados quando se trata de AVC embólico e não existindo 
contraindicações para este último 
oPara investigar um possível mecanismo aterotrombótico, é importante 
estudar as artérias possivelmente envolvidas no evento, utilizando exames 
vasculares, de preferência nas primeiras 24 h, como a eco-Dopller dos 
vasos cervicais para avaliar as artérias carótidas e vertebrais 
extracranianas, a anglo-RM. a angio TC e a arteriografia convencional 
para avaliar com maior pormenor as artérias intracranianas e 
extracranianas; 
oDoppler transcraniano: permite determinar se existem alterações 
hemodinâmicas encefálicas intracranianas secundárias à doença 
aterosclerótica extracraniana ou intracraniana, identifica estenoses 
intracranianas, oclusões, vasospasmo, o estado das colaterais e permite 
monitorizar a recanalização durante a trombólise. Identifica ainda uma 
embolia e um shunt cardíaco direito-esquerdo (teste de microbolhas); 
oEm pacientes jovens (< 55 anos), o estudo laboratorial deve ser alargado 
para detecção de coagulopatias, vasculites, doenças do colagénio, 
síndrome antifosfolipídlca e anemia falciforme, entre outras, também de
acordo com as principais hipóteses diagnósticas. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Algumas doenças podem mimetizar o AVC (isquémico e hemorrágico) e o AIT, sendo 
necessária através dos dados da história clínica e dos exames complementares. 
Entre os diagnósticos diferenciais mais importantes destacam-se a enxaqueca, a 
epilepsia (paralisia de Todd-paresia, afasia, negligência, após um episódio convulsivo), 
o trauma craniano. as infecções sistémicas, os tumores cerebrais, os distúrbios 
toxicometabólicos (hiponatrémia, hipernatrémia, hiperglicemia, hipoglicemia, 
encefalopatia hepática e urémica, intoxicação por drogas exógenas), os défices 
funcionais (perturbações somatoformes), esclerose múltipla e a encefalite. 
 
Tratamento 
A abordagem inicial do paciente com suspeita de AVC isquémico deve ser realizada de 
forma sistemática e ágil, com equipas integrando vários profissionais e sectores 
específicos das unidades de emergência. As medidas iniciais devem ser tomadas com o 
objectivo de controlar os possíveis factores que agravam a lesão isquémica. Entre essas 
medidas incluem-se a manutenção da via aérea e a ventilação adequada e a manutenção 
da circulação. 
 
Primeiras medidas preconizadas 
A monitorização na fase aguda deve incluir FC e ritmo, tensão arterial (TA), temperatura, 
SatO2, hidratação, capacidade de deglutição e presença de actividade convulsiva; 
Análises sanguíneas devem fazer parte da avaliação inicial; 
 
162 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
Manutenção de uma oxigenação adequada, com o objectivo de assegurar uma SatO2> 
95% com a suplementação de 02 > 2 l/min; 
Manutenção de uma perfusão sistémica adequada através da hidratação intravenosa (IV) 
com soluções salinas (- 1500 cc/dia), evitando soluções hipotónicas e glicosadas; 
A HTA só deve ser tratada em situações especiais; 
Deve ser evitada a hipertermia na fase aguda do AVC isquémico e o seu controlo deve 
ser rigoroso, já que esta se relaciona com um pior prognóstico neurológico; 
A glicemia deve ser controlada de forma rigorosa e a hipoglicemia deve ser corrigida; 
Avaliação adequada da deglutição antes de iniciar uma dieta e de acordo com o grau de 
disfagia: 
Decidir a melhor forma de alimentação; 
Optimização da cabeceira da cama no que concerne o risco de elevação da PIC e 
aspiração, descompensação cardiopulmonar, hipoxémia, recomendando-se uma 
cabeceira a 30o. 
 
Para os pacientes que não tenham indicação para terapêutica fibrinolítíca existem 
estudos que demonstram benefício com a utilização de antiagregantes plaquetários 
após o diagnóstico de AVC isquémico ou AIT. O ácido acetilsalicílico (AAS) foi testado 
na fase aguda do AVC (< 48 h), em múltiplos ensaios clínicos, e comprovou-se a 
redução de morte e dependência (NNT 70) e de recorrência de AVC (NNT 140), pelo 
que se preconiza 3 terapêutica com AAS 250mg PO nas primeiras 48 h do evento, em 
dose única, com prevenção secundária adequada. 
 
A utilização de anticoagulantes na fase aguda do AVC isquémico é controversa e não 
existem estudos que mostrem benefício, havendo algum risco de complicações 
hemorrágicas, pelo que o momento ideal de inicio desta terapêutica após um evento 
agudo de etiologia embólico, ainda não está bem determinado. 
 
Em situações especiais, a utilização da heparina não fracionada (HNF) IV pode ser 
considerada na fase aguda do AVC isquémico, como na embolia de origem 
cardiogénica, estados de hipercoagulabilidade, dissecção arterial extracraniana, AVC 
isquémico com progressão dos sintomas, suspeita de trombose da artéria basilar e em 
pacientes com episódios isquémicos transitórios de repetição. A decisão de iniciar 
anticoagulação deve ser individualizada, devendo ser consideradaa probabilidade de 
ocorrer um novo evento isquémico com o risco de transformação hemorrágica do AVC 
devido ao início da anticoagulação (score na escala HAS BLED), sendo que este risco 
será tanto maior quanto mais precocemente for instituída a terapêutica e quanto maior 
for a área de Isquemia cerebral. 
 
 
28.1ANTIAGREGAÇÃO E HIPOCOAGULAÇÃO NO ACIDENTE 
VASCULAR CEREBRAL 
Os antiagregantes plaquetários previnem as oclusões tromboembólicas agudas da 
circulação arterial, no inicio da agregação das plaquetas na sequência de disfunção 
endoteliai. A utilização criteriosa de antiagregantes plaquetários tem como objectivo a 
prevenção de eventos cardiovasculares e consequentes ganhos em saúde. A decisão para 
a introdução de antiagregação deve ter em conta os potenciais benefícios e riscos 
associados ao fàrmaco, bem como a história individual do paciente. 
Os anticoagulantes orais têm indicações clínicas diversas, de entre as quais a prevenção 
da embolia sistémica pacientes com fibrilhação auricular (FA), próteses mecânicas, 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 163 
 
valvulopatias, acidente vascular cerebral (AVO isquémico cardioembólico, profilaxia da 
recorrência de tromboembolismo venoso, cardíaco ou arterial. Não têm indicação para 
hipocoagulação oral: o AVC isquémico sem FA, a oclusão vascular da retina, a trombose 
arterial, angioplastia coronária com stenting. 
Os anticoagulantes intravenosos (IV) ou subcutâneos (SC) têm sofrido modificações ao 
longo do tempo, sendo cada vez mais seguros, eficazes e exigindo menor monitorização 
laboratorial heparina de baixo peso molecular .(HBPM) fondaparinux. por exemplo]. 
Recentemente, têm sido desenvolvidos novos fármacos anticoagulantes que actuam 
directa ou indirectamente na inibição do factor Xa (inibição indirecta: fondaparinux; inibição 
directa: rivaroxabanol, bem como na inibição directa da trombina (dabigatrano e 
ximelagatrano). Dois destes fármacos (o rivaroxabano e o dabigatrano' já foram aprovados 
na prevenção da tromboembolia venosa, na artroplastia da anca e joelho e na FA como 
prevenção primária de eventos embólicos. 
Estas novas substâncias abrem portas para perspetivas futuras aliciantes, por serem 
farmacologicamente mais previsíveis, apresentarem menor interacção medicamentosa e 
com os alimentos e melhorarem a qualidade de vida dos pacientes ao terem menor 
necessidade de monitorização laboratorial, apesar de esta continuar a ser recomendada 
em circunstâncias especiais, como a insuficiência renal (IR) ou hepática. 
Em suma, os antiagregantes, anticoagulantes parentéricos ou orais são fármacos muito 
úteis na clínica, mas apertada vigilância médica dados os seus potenciais efeitos adversos, 
dos quais a hemorragia é o mais frequente e perigoso. As indicações clínicas dos diversos 
fármacos devem complementar-se com decisões de base individual para maximizar o seu 
efeito e minimizar os danos possíveis. 
ANTIAGREGAÇÃO E HiPOCOAGULAÇÃO NO TRATAMENTO EM FA5E AGUDA DO 
AVC 
Âcido acetilsalicílico: ácido acetilsalicílico (AAS), Clopidogrel, a combinação AAS + 
dipiridamol e triflusal mostraram ser eficazes; risco-benefício destes agentes, em fase 
aguda, é substancialmente diferente devida ao risco de transformação hemorrágica do 
acidente isquémico; AAS, administrado nas primeiras 48 h do Início dos sintomas, tem um 
benefício modesto na melhoria do outcome na fase aguda; Após exclusão de hemorragia, 
deve iniciar-se AAS, dose habitual: 250-300 mg seguido de dose de manutenção 150 mg 
por, pelo menos, 2 semanas. Se disfagia, pode administrar-se o fármaco pela sonda 
nasogástrica ou por via rectal. Após as 2 semanas, deve ponderar-se a continuação do 
tratamento antiagregante ou eventualmente hipocoagulante, se houver indicação; Não se 
recomenda a terapêutica com AAS ou qualquer outro antiagregante se a trombólise for 
uma opção viável ou nas primeiras 24 h pós-trombólise; Se dispepsia prévia relacionada 
com administração de AAS, associar inibidor da bomba de protões. Se Intolerância 
documentada ao AAS ou dispepsia severa, considerar Clopidogrel 75 mg ou outros 
antiagregantes. 
Dipiridamol (200 mg) + AAS (25 mg): A evidência para o uso de dipiridamol + AAS em 
fase aguda é quase inexistente, contudo, alguns clínicos optam por iniciar dipiridamol 
associado ao AAS em fase aguda, após exclusão de hemorragia. Está actualmente 
indicado para prevenção secundária do AVC isquémico: 1 comprimido (200/25 mg) 2x/dia. 
Clopidogrel: Ligeiramente mais eficaz do que o AAS em monoterapia e tão eficaz como 
AAS + dipiridamol na prevenção secundária; é usado na fase aguda quando os pacientes 
são intolerantes ao AAS ou quando já estavam previamente antiagregados com AAS; 
Dose de carga na fase aguda: 300 mg PO (para obtenção rápida de níveis plasmáticos 
terapêuticos) seguida de uma dose de manutenção de 75 mg/dia PO. 
Acido acetilsalicilico+ Clopidogrel: A evidência preliminar de estudos de fase II em 
curso dá conta de um potencial benefício, nomeadamente na taxa de embolização 
assintomática em pacientes com estenose carotídea. Estudos de fase III estão ainda a 
decorrer para tentar provar o benefício desta terapêutica. Na prevenção secundária, a 
associação não só não mostrou superioridade em relação ao Clopidogrel em monoterapia, 
como mostrou aumentar as complicações hemorrágicas. 
Triflusal: Está indicado na prevenção secundária do AVC isquémico e do acidente 
isquémico transitório (AIT) na dose de 600 mg/dia PO, em dose única ou fraccionada, ou 
de 900 mg/dia PO, em dose fraccionada, de preferência no final das refeições. É 
 
164 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
particularmente útil nos pacientes com maior risco hemorrágico, já que está associado a 
menos complicações hemorrágicas. 
Recomendações gerais para hipocoagulação 
0 tratamento anticoagulante não deve ser usado por rotina no tratamento do AVC 
agudo, salvo em situações muito específicas. 
Nota: Há um subgrupo de pacientes em que o risco de tromboembolismo venoso 
(TVE) é superior ao risco de transformação hemorrágica, pelo que a 
anticoagulação profilática deve ser usada se: 
oPlegia de um membro inferior; 
oHistória prévia de trombose venosa profunda (TVP) ou tromboembolia 
pulmonar (TEP); 
oDesidratação; 
oComorbilidades protrombóticas (por exemplo, neoplasia); 
oTabagismo activo ou no passado recente. 
O tíming de início de anticoagulação profilática não está claramente definido, mas 
recomenda-se a avaliação destes pacientes e decisão às 48 h. 
 
Anticoagulação e antiagregação em pacientes com AVC por dissecção arterial 
A dissecção arterial (carotídea e, mais frequentemente, vertebrobasilar) não é uma 
causa rara de AVC, sendo mais frequente no paciente jovem. Os sinais e sintomas 
chave que poderão levantar a suspeita de dissecção incluem a síndrome de 
Horner e a dor cervical, bem como história de traumatismo, hiperextensão e 
manipulação cervical 
Não há estudos randomizados controlados que comparem antiagregação versus 
anticoagulação em pacientes com AVC agudo por dissecção arterial. Em escassos 
estudos retrospetivos não foram identificadas diferença« estatisticamente 
significativas nos outcomes morte, dependência, taxa de recanalização total ou 
parcial para as dissecções carotídeas. Nas dissecções da artéria vertebral houve 
uma diferença estatisticamente significativo na taxa de recanalização completa, a 
favor do uso de anticoagulação. Não houve diferenças em qualquer outro outcome 
avaliado, que incluiu taxa de recanalização parcial, morte, dependência e 
recorrência do AVC. 
Assim, os pacientes com AVC secundário a dissecção arterial devem ser tratados ou com 
antiagregação ou com anticoagulação. 
 
Antiagregação e hipocoagulação em pacientes com AVC devido à síndrome de 
anticorpos antifosfolipidicos: A síndrome de anticorpos antifosfolipidicos (SAAF) é uma 
síndrome protrombótica que cursa com trombose arteriais e venosasem pacientes com 
níveis elevados de anticorpos antifosfolipidicos circulantes. 0 envolvimento neurológico é 
frequente e inclui enxaqueca, alterações de memória e AVC isquémico. Outras 
manifestações possíveis são a TVP e o TEP, abortos de repetição, trombocitopenia e 
livedo reticularis. 
Antiagregação e hipocoagulação em pacientes com AVC cardioembólico por FA: As 
guidelines da National Stroke Association (2004) desaconselhavam a anticoagulação na 
FA durante as 2 primeiras semanas após a fase aguda do AVC devido ao risco de 
transformação hemorrágica, que se verificou ser elevado em pacientes que foram 
hlpocoagulados nos primeiros 14 dias. Assim, o consenso actual reforça a ideia de que a 
administração de anticoagulação deve ser reconsiderada às 2 semanas após fase aguda. 
Os pacientes com FA e AVC agudo devem ser tratados nas primeiras 2 semanas com 
antiagregantes (AAS 150 mgs) antes da introdução ou reintrodução de anticoagulação. 
 
Antiagregação e hipocoagulação em pacientes com AVC cardioembólico por 
trombose de válvula cardíaca protésica: Pacientes com válvulas cardíacas mecânicas 
necessitam de anticoagulação a longo prazo, com international normalized ratio (íNR) 
entre 3-4 para as válvulas de primeira geração e 2,5-3.5 para as válvulas mais recentes; 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 165 
 
Em pacientes com válvulas protésicas já hipocoagulados e que sofrem de AVC Isquémico 
existem riscos potenciais associados à continuação da terapêutica hipocoagulante, que 
necessitam de ser ponderados face ao risco de nova embolia sistémica na ausência de 
hipocoagulação; o risco de transformação hemorrágica é difícil de prever e calcular. Assim, 
a decisão de continuar ou não hipercoagulação depende da gravidade do AVC e do risco 
individual de tromboembolismo. Se, pela extensão do AVC. se identifica um risco 
importante de transformação hemorrágica, a anticoagulação deve ser suspensa durante 1 
semana e substituída por AAS 150 mg/dia; A associação de AAS à anticoagulação deve 
ser considerada em pacientes que sofrem embolia sistémica apesar de hipocoagulação 
adequada. 
 
Antiagregação e hipocoagulação em pacientes com AVC concomitante a TVP e/ou 
TEP: Pacientes com AVC isquémico e TVP proximal sintomática ou TEP devem receber, 
preferencialmente, tratamento anticoagulante, em vez de AAS, na ausência de 
contraindicações à hipocoagulação; Pacientes com AVC hemorrágico e TVP sintomática 
ou TEP devem fazer prevenção de novo TF.P, preferencialmente com filtros da veia cava 
inferior (VCI). 
 
ANTIAGREGAÇÀO E ANTICOAGULAÇÃO NA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA DO AVC 
CARDIOEMBÓLICO: Para pacientes que tiveram um AVC ou um AlT, vários estudos 
clínicos compararam o AAS e o clopidogrei isolados com combinações de AAS + 
clopidogrei ou de AAS + dipiridamol. 
Resumo dos Resultados Comparativos entre os Diversos Antiagregantes 
Tx dupla Eficácia Hemorragia Comparada com 
AAS + clopidogrei Igual a Mais que AAS monoterapia 
 igual a Mais que Clopidogrel monoterapia 
AAS + dipiridamol Melhor 
que 
Igual a AAS monoterapia 
 Igual a Mais que Clopidogrei monoterapia 
Em pacientes com AVC isquémico ou AIT há menos de 3 meses, a evidência favorece o 
uso do clopidogrei ou AAS + dipiridamol. 
Fibrilhação auricular: Para pacientes com AVC/A1T com FA paroxística ou permanente, 
é recomendada anticoagulação com antagonistas da vitamina K; Em pacientes que não 
podem tomar anticoagulantes orais, é recomendada AAS isolada; Para pacientes com FA 
com risco elevado de novo evento (AVC ou AlT nos últimos 3 meses, score CHADS2 de 5 
ou 6, válvulas mecânicas ou valvulopatia reumática), que requerem interrupção de 
anticoagulação oral, a terapêutica temporária com H8PM dose terapêutica {1 mg/kg SC 
12/12 h) é razoável. 
EAM e trombo no ventrículo esquerdo: Pacientes com AVC ou AlT concomitante a 
enfarte agudo do miocárdio (EAM) complicado com trombo mural no ventrículo esquerdo 
(VE), identificado por ecocardiograma ou outra técnica imagiológica, devem ser tratados 
com anticoagulação oral (INR alvo 2-3) durante, pelo menos, 3 meses; Em alguns casos, a 
administração de heparina não fracionada (HNF) pode ser equacionada (diluição 1 cc em 
50-1000 U/h com posterior ajuste segundo tempo parcial de tromboplastina ativada 
(apTT)). 
Miocardiopatia dilatada: Em pacientes com AVC ou AlT prévios, em ritmo sinusal, que 
têm miocardiopatia caracterizada por disfunção sistólica do VE {fraç3o de ejeção (FE) < 
35%], o benefício da varfarlna não está estabelecido; Varfarlna (INR 2-3), AAS (100-150 
mg/dia), clopidogrei (75 mg/dia) ou combinação AAS + dipiridamol (25/200 mg 2x/dia) 
podem ser considerados para prevenção de eventos Isquémicos recorrentes em pacientes 
com AVC ou AlT prévios na vigência de miocardiopatia. 
Valvulopatia reumática, calcificação do anel mitral, prolapso da válvula mitral ou 
valvulopatia aórtica: Em pacientes com AVC ou AlT que têm doença mitral reumática, 
com ou sem FA, a varfarlna é recomendada; Os antiagregantes não devem ser associados 
a varfarlna por rotina, dado o risco hemorrágico aumentado; Em pacientes com AVC ou 
AlT concomitante, a valvulopatia aórtica ou mitral não reumática, sem FA com calcificação 
do anel mitral ou prolapso da válvula mitral, é recomendada a antiagregação. 
Válvulas protésicas: Em pacientes com AVC ou AlT que têm válvulas protésicas, é 
recomendada a varfarlna para INR alvo 3.0 (2,5-3,5}. Em pacientes com válvulas 
 
166 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
mecânicas que têm AVC ou embolia sistémica, apesar de hipocoagulação adequada 
recomenda-se a terapêutica dupla com MS (75-100 mg/dia) e varfarlna (INR 2.5-3,5), se o 
paciente não tiver risco elevado de hemorragia (ausência de história prévia de 
hemorragia, varizes esofágicas, coagulopatia); Em pacientes com AVC ou AIT que têm 
válvulas biológicas sem outra causa evidente de tromboembolismo, anticoagulação com 
varfarina (INR 2-3) deve ser considerada. 
Foramen ovale patente: Para pacientes com AVC e AIT concomitante a foramen ovale 
patente (FOP), a terapêutica antiagregante deve ser considerada. 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 167 
 
 
ANTIAGREGAÇÃO E ANTICOAGULAÇÂO NA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA DO AVC 
EM CIRCUNSTÂNCIAS ESPECIAIS 
Factor 
de risco 
Recomendações 
Dissecç
ões 
Arteriais 
Para pacientes com AVC ou AIT e dissecção carotldea extracraniana ou 
vertebral, o tratamento antitrombótico durante, pelo menos, 3-6 meses deve ser 
considerado. 
A eficácia relativa entre antiagregação e anticoagulação não é conhecida para 
os pacientes com AVC isquémico/AIT e dissecção vertebral ou carotldea. 
Pacientes com recorrência da isquemia cerebral apesar de terapêutica médica 
optimizada devem ser candidatos a terapêutica endovascular e slenting. 
Pacientes em que a terapêutica endovascular falha ou que não são candidatos 
devem ser propostos para cirurgia. 
Hiperho
mocistei
nemia 
Apesar de a suplementação com folato reduzir os níveis de homocisteína e 
poder ser considerada nos pacientes com AVC/AIT, não há evidência científica 
de que a redução da homo- cisteina diminua a recorrência do AVC. 
Trombof
ílias 
Pacientes com AVC isquémico ou AIT com diagnóstico de trombofilia devem 
ser avaliados para a existência de TVP, que é indicação para anticoagulação 
de curta ou longa duração, dependendo das circunstâncias hematológicas e 
clinicas. 
SMF 
Em pacientes com AVC ou AIT que preenchem critérios para SAAF, a 
anticoagulação é recomendada (INR2-3), 
Anemia 
falciform
e 
Para adultos com anemia falciforme e AVC isquémico ou AIT, aplicam-se as 
medidas gerais para o AVC isquémico, incluindo controlo dos fatores de risco 
vasculares e antiagregação. 
 
Medidas suplementares podem ser úteis na prevenção da recorrência do AVC: 
transfusões para reduzir HbS < 30-50%, bidroxiureia, cirurgia de bypass para 
as oclusões arteriais. 
Trombos
e 
venosa 
cerebral 
Anticoagulação é provavelmente eficaz empacientes com TVC aguda. 
A duração da anticoagulação não está claramente definida, mas ê consensual 
a administração durante, pelo menos, 3 meses, seguida de antiagregação 
Doença 
de Fabry 
Em pacientes com AVC ou AIT e doença de Fabry, a reposição da enzima a-
galactosidase é recomendada. 
 
 
 
ANTiAGREGAÇÃO E ANTICOAGULAÇÃO NA PREVENÇÃO SECUNDARIA DO AVC 
NÃO CARDIOEMBÓLICO OU AIT: Em pacientes com AVC ou AIT não cardioembólicos, o 
uso preferencial de antiagregação à anticoagulação oral é recomendado para reduzir a 
 
168 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
recorrência do AVC e outros eventos vasculares. AAS (100-150 mg/dia) em monoterapia, 
AAS 25 mg + dipiridamol 200 mg 2x/dia e clopidogrel 75 mg 1 x/dia em monoterapia são 
opções viáveis para inicio de terapêutica. A dupla antiagregação (AAS + clopidogrel) 
aumenta o risco hemorrágico e não é recomendada na prevenção secundária de AVC 
isquémico ou AIT. Em pacientes intolerantes ao AAS, o clopidogrel deve ser aconselhado. 
Em pacientes que têm AVC isquémico quando antiagregados com AAS, não há evidência 
de que o aumento da dose conceda benefícios adicionais. 
ANTIAGREGAÇÃO NA PREVENÇÃO PRIMÁRIA OE EVENTOS VASCULARES: Na 
prevenção primária, os homens beneficiam do uso do AAS, principalmente devido à 
redução do risco de EAM, enquanto as mulheres têm um benefício mais modesto, que 
advém sobretudo da redução do risco de AVC isquémico; AAS não reduz a mortalidade 
em prevenção primária quer nos homens quer nas mulheres; Devido ao risco de 
hemorragia causado pelos antiagregantes plaquetários, o AAS deve ser prescrito, em 
prevenção primária, apenas aos pacientes para os quais os benefícios excedam os 
potenciais riscos. 
Precauções na antiagregação para prevenção primária: Recomenda-se que os 
pacientes: Não estejam a tomar anti-inflamatórios não esteroides (AINE); Não tenham nem 
dor epigástrica, nem antecedentes de doença ulcerosa péptica. 
Indicações para antiagregação para prevenção primária de eventos 
cardiovasculares: Pacientes com RCV > 20% e Idade > 50 anos; Pacientes com 
evidência de lesão de órgão alvo resultante da hipertensão arterial (HTA); Pacientes 
diabéticos: 50 anos sem evidência de doença cardiovascular; < 50 anos, mas mais um 
fator de risco vascular, história familiar precoce de doença cardiovascular, tabagismo. HTA 
ou microalbuminúria. 
Escolha dos antiagregantes na prevenção primária: AAS 100 mg diariamente é o 
regime preferido; Clopidogrel 75 mg deve ser reservado aos pacientes intolerantes ao 
AAS. definido como hipersensibilidade documentada ao AAS ou derivados, história de 
reações adversas gastrintestinais, mesmo na vigência concomitante de proteção gástrica. 
Uma vez iniciada antiagregação preventiva, esta deve manter-se para toda a vida, salvo 
reacções adversas graves. Nem o AAS nem o clopidogrel possuem indicação clara na 
prevenção primária. 
 
28.2HIPERGLICEMIA NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 
A hiperglicemia poderá ocorrer até 60% dos pacientes com acidente vascular cerebral 
(AVC) sem diabetes conhecida. A existência de diabetes mellitus (DM) previamente 
diagnosticada constitui não só um factor de risco, mas piora o prognóstico. Cerca de um 
terço dos pacientes com AVC têm hiperglicemia à entrada no serviço de urgência. A 
hiperglicemia após AVC agudo está associada a enfartes de grande volume, envolvimento 
cortical ou no prognóstico funcional. 
PROCEDIMENTOS 
•Iniciar tratamento em pacientes com glicemias 2 180 mg/dl: 
•Monitorização de glicemia capilar 4/4 h nas primeiras 24 b e 6/6 h até outra indicação; 
•Dieta polifraccionada hipoglícidica: 
•Excluir cetoacidose (cetonúria/cetonemia); 
•Evitar soros glicosados nas primeiras 24 h e preferir soluções salinas intravenosas (IV); 
•Evitar factores hiperglicemiantes (corticoldes. stress): se necessário uso de corticoides, 
vigiar glicemia capilar de 3/3 h e usar insulina de acção rápida ou em perfusão 
contínua; 
•Administração de insulina rápida subcutânea (SC) segundo o seguinte esquema: 
•180-200 ma/dl - 2 U SC 
•201-250 mg/dl - 3 U SC 251-300 mg/dl - 4 U SC 301-350 mg/dl - 5 U SC 351-400 
mg/dl - 6 U SC 401-450 mg/dl - 7 U SC 451-500 mg/dl - 10 U SC 
•501 mg/dl - 10 U SC 
 
PACIENTE COM DIABETES MELLITUS TIP0 1 (DM1) 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 169 
 
Iniciar insulina de acção intermédia na ausência de cetoacidose; Dose: subtrair 20% da dose 
habitual realizada em ambulatório 
Se via oral inviável, alimentação entérica para diabéticos por sonda nasogástrlca (SNG) e 
eventual soro dextrosado. 
Deve manter-se esquema de insulina de acção rápida; 
Fazer ajustes diários nas doses de acordo com a glicemia e insulina de acção rápida necessária 
Ajustar dose do pequeno-almoço pela glicemia do jantar e dose do jantar pela glicemia do 
pequeno-almoço. 
 
PACIENTE COM DIABETES MELUTUS TIPO 2 (DM2) 
iniciar insulina de acção intermédia 24-48 h após o início da insulina rápida; 
Administração de insulina de acção intermédia: 
Duas tomas: pequeno-almoço e jantar; 
Dose: somar as doses de insulina de acção rápida utilizada nas últimas 24 h. dividir por três e 
dar dois terços de unidades ao pequeno-almoço e um terço ao jantar. 
Deve manter-se esquema de insulina de acção rápida; 
Fazer ajustes diários nas doses de acordo com a glicemia e insulina de acção rápida 
necessitada: 
Ajustar dose do pequeno-almoço peia glicemia do jantar e dose do jantar pela glicemia do 
pequeno-almoço. 
 
Antidiabéticos orais 
Tendo em atenção os antidiabéticos orais (ADO) usados previamente, iniciar terapêutica na 
enfermaria antes da alta hospitalar, em esquema “personalizado"; 
Se paciente com insuficiência renal (IR) (clearance < 30). não prescrever metformina: 
Se alimentação irregular, não iniciar sulfonilureias. 
 
28.3HIPERTENSÃO INTRACRANIANA 
A hipertensão intracraniana (HTIC) refere-se a um aumento da pressão normal dentro do crânio [e, 
por consequência, no cérebro e líquido cefalorraquidiano (LCR)]. A pressão Intracraniana (PIC) 
normal varia entre 7-15 mmHg para um adulto, em repouso, na posição supina.Dado que a HTIC 
causa frequentemente edema, hipoperfusão central e herniação cerebral, o seu diagnóstico precoce 
e terapêutica eficaz são mandatórios, pois trata-se de uma emergência médico-cirúrgica, que coloca 
a vida do paciente em risco. 
 
Causas de HTIC 
Causas Intracranianas Causas Extracranianas 
■ Tumores cerebrais; - Obstrução de via aérea; 
• Traumatismo; ■ Hipoxia e hipoventilaçâo; 
- Hematoma epidural; • Hipertensão arterial (HTA) ou hipotensão; 
- Hematoma subdural, ■ Postural (rotação cefálica}; 
- Contusão cerebral. ■ Hiperpirexia; 
• Hemorragia cerebral não traumática; • Fármacos (tetraciclinas, valproato); 
■ Acidente vascular cerebral (AVC) isquémico 
(enfartes malignos 
■ Causas metabólicas (alterações de natremia e 
medidas de correção intempestivas). 
da artéria cerebral média (ACM), enfartes 
cerebelosos); 
 
170 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
• Hidrocefalia; 
■ HTIC idiopática ou benigna; 
• Outros: 
- Pseudotumor cerebral; 
- Abcessos; 
- Quistos; 
- Convulsões 
 
SINAIS E SINTOMAS 
A HTIC é uma complicação possível de enfartes isquémicos extensos, por exemplo, enfartes 
malignos da ACM tais como de enfartes que afectem estruturas da fossa posterior, mais 
frequentemente, enfartes cerebelosos. A HTIC pós-enfarte isquémico desenvo!ve-se entre o segundo 
e o quinto dias pós-AVC, apesar de cerca de um terço dos pacientes sofrerem deterioração rápida 
nas primeiras 24 h. A HTIC também pode ser complicação do avc do tipo hemorrágico. Além dos 
sinais de focalização neurológica aquando da instalação do AVC deve suspeitar da HTIC, se o 
paciente desenvolver súbita deterioração ou rápido afundamento do seu estado de consciência, se 
existir agravamento de défices neurológicos previamente instalados, se existir cefaleia hipocranianagrave, vómitos incoercíveis ou alterações visuais. Ao exame objectivo, o edema da papila na 
fundoscopia constitui um sinal importante de aumento da PIC. A anisocória pode significar já 
herniação cerebral com consequente compressão dos pares cranianos envolvidos na 
oculomotricidade e nos reflexos fotomotores. A HTA está frequentemente presente nos pacientes 
com HTIC. A tríade de Cushing (bradicardia, bradipneia e HTA) surge tardiamente, quando já há 
envolvimento secundário do tronco cerebral. 
EXAMES COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO 
TC-CE: são sinais de edema cerebral a diminuição dos espaços cerebrais preenchidos por LCR, 
ausência ou diminuição do terceiro ventrículo, apagamento dos sulcos cerebrais 
hipodensidade do parênquima cerebral, desdiferenciação da substância branca. 
RM-CE: o edema surge hipertenso em T2 e hipotenso em Tl 
 
ABORDAGEM MÉDICA 
Medidas básicas 
Elevação da cabeceira a 30o ; 
Evicção de estímulos nocivos; 
Analgesia se apropriado; 
Oxigenação adequada; 
Normalização da PA; 
Considerar transferência do paciente com risco de desenvolver edema cerebral para locais que 
tenham a possibilidade de tratamento adequado; 
Caso haja monitorização da PIC disponível, a pressão de perfusão cerebral deverá manter-se > 
70 mmHg. 
Medidas farmacológicas 
Manitol 0.25-0.5 g/kg IV administrado em bolus durante 20 min e repetido de 6/6 h; 
Furosemida 20 mg IV de 6/6 h; 
Cloreto de sódio hipertónico é provavelmente tão eficaz quanto o glicerol e o manitol; 
Soros glicosilados e hipotónicos devem ser evitados; 
Dexametasona e corticoides não demonstraram eficácia para o tratamento da HTIC no AVC 
(classe IIl, nível de evidência A): 
Tiopental e outros barbitúricos podem ser usados para reduzir rapidamente a PIC, mas exigem 
a sua monitorização invasiva, bem como monitorização do estado hemodinâmica; 
A hiperventilação tem uma eficácia de curta duração. 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 171 
 
ABORDAGEM CIRÚRGICA 
A craniotomia descompressiva nas primeiras 48 h após início dos sintomas é recomendada para 
pacientes até aos 60 anos de idade com AVC malignos da ACM. 
A terapêutica hiperosmolar pode ser usada para tratar a HTIC previamente a cirurgia, se ta) for 
considerado; 
Não há recomendações claras acerca do uso de hipotermia terapêutica em pacientes com HTIC 
secundária a enfartes isquémicos cerebrais; 
É recomendada ventriculostomia ou descompressão cirúrgica em pacientes com AVC 
cerebelosos extensos que causem compressão do tronco cerebral. 
 
Os pacientes com enfartes major cerebrais e cerebelosos estão em risco elevado de 
desenvolver edema cerebral potencialmente fatal. O rápido reconhecimento da deterioração 
neurológica e o início precoce de terapêutica antiedema são mandatórios nestes pacientes. 
A cirurgia de emergência deve ser ponderada, tendo em conta a idade do paciente, o contexto 
clínico bem como o risco-benefício da intervenção. 
 
 
172 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
 
28.4HIPERTENSÃO ARTERIAL NA FASE AGUDA DO ACIDENTE VASCULAR 
CEREBRAL 
 
Valores de tensão arterial (TA) elevados são frequentemente detectados nas primeiras horas 
após um acidente vascular cerebral (AVC), com subidas da TA > 160 mmHg presentes em 
mais de 60% dos pacientes com AVC agudo. 
Valores de tensão elevados ou baixos estão associados a pior prognóstico. 
Valores de TA muito elevados são frequentes em pacientes com hemorragia intracraniana 
(HIC), sendo superiores aos que se verificam no AVC isquémico. 
Motivos para baixar os níveis de tensão incluem reduzir o edema cerebral e diminuir o risco de 
transformação hemorrágica. 
A hipertensão arterial (HTA) pode representar uma resposta secundária ao stress do evento 
cerebro vascular à existência de globo vesical, náusea, dor, HTA preexistente, resposta 
fisiológica a hipoxia ou hipertensão intracraniana (HTIC). 
O tratamento, quando necessário, deve ser cauteloso para evitar a redução da perfusão na 
penumbra, o que poderia aumentar a área de enfarte, com consequente agravamento 
neurológico. O tratamento de HTA mantém-se controverso. 
 
RECOMENDAÇÕES 
AVC isquémico 
O tratamento da HTA, na fase aguda do AVC, deve ter uma abordagem cautelosa; 
A terapêutica antí-hipertensora deve ser iniciada se tensão arterial sistólica (TAS) > 220 mmHg 
ou tensão arterial diastólica (TAD) > 120 mmHg; 
O objectivo é a descida entre 15-25% dos valores da tensão nas primeiras 24 h. 
Recomenda-seque seja evitada uma diminuição abrupta da pressão arterial (PA); 
O momento para reinstituição da terapêutica anti-hipertensora e a selecção do fármaco 
dependerá do estado neurológico do paciente, mecanismo subjacente ao AVC, capacidade 
de deglutição e presença de doenças concomitantes; 
Nos pacientes previamente hipertensos com AVC ligeiro a moderado e neurologicamente 
estáveis, a terapêutica antí-hipertensora talvez possa ser reiniciada às 24 h pós-AVC, 
AVC isquémico e trombólise 
Pacientes elegíveis para trombólise devem ter a TAS < 185 mmHg e a TAD < 110 mmHg, antes 
de iniciar esta terapêutica; 
Os valores de tensão devem ser mantidos abaixo de 180/105 mmHg, pelo menos nas 24h após 
terapêutica trombolítica; 
Estas recomendações devem ser seguidas também para os pacientes submetidos a 
terapêuticas de recanalização ou trombólise intra-arterial. 
Hemorragia intracraniana 
Até que estejam concluídos os ensaios clínicos sobre abordagem da HTA na hemorragia 
intracraniana (HIC), o controlo da TA deve ter por base as actuais evidências de eficácia incompleta. 
Na HIC com valores de TAS entre 150-220 mmHg é provavelmente seguro proceder a uma descida 
brusca desta para 140 mmHg. 
 
Tratamento da HTA m HIC 
Se TAS > 200 mmHg ou pressão arterial média (PAM) > 150 mmHg, considerar redução 
agressiva da TA com perfusão IV contínua e monitorização da TA a cada 5 min; 
Se TAS > 180 mmHg ou PAM > 130 mmHg e possibilidade de pressão intracraniana (PIC) 
elevada, considerar a monitorização da PIC e redução da TA com medicação IV intermitente 
ou continua, mantendo a pressão de perfusão cerebral 60 mmHg; 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 173 
 
Se TAS > 180 mmHg ou PAM > 130 mmHg e não existe evidência de PIC elevada, considerar a 
redução moderada da TA (por exemplo, PAM de 110 mmHg ou TA alvo de 160/90 mmHg) 
com medicação IV intermitente ou continua, reavaliando clinicamente o paciente a cada 15 
min. 
 
28.5HIPERTERMIA NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 
A hipertermia no acidente vascular cerebral (AVC) está associada a um aumento do tamanho de 
enfarte e pior prognóstico. O aumento da temperatura pode ser determinado centralmente ou pode 
ser o resultado de infeção concomitante e está associado a uma maior mortalidade e morbilidade. 
Perante uma temperatura corporal aumentada, deverá excluir-se infeção, procedendo-se ao 
tratamento quando apropriado. O tratamento do aumento da temperatura corporal (> 37.5 °C) com 
paracetamol é prática comum em pacientes com AVC. 
PROCEDIMENTOS 
Procurar e tratar as causas. 
A administração de antipiréticos deve ser efectuada em pacientes com AVC isquémico com 
hipertermia. 
Controlo de temperatura timpânica (Tt) 6/6 h, durante as primeiras 48 h, e, depois. 8/8 h [a Tt é 
superior em 0,5 °C em relação à temperatura axilar (Tax) (por exemplo, Tax 38º C - Tt 38,5 
°C)]; 
Tax superior a 37 °C ou Tt superior a 37,5 °C; 
Despistar causa infecciosa: procurar sinais de trombose venosa profunda (TVP) e flebites 
superficiais, particularmente nos locais de picada; sintomas ou sinais ITU ou pneumonia de 
aspiração; pesquisar sopros cardíacos (endocardite bacteriana como possível causa de 
AVC); 
Medidas de arrefecimento físico; 
Paracetamol 1 g PO ou IV 8/8 h. 
Tax superior a 38 °C/Tt superior a 38,5 DC: 
Efectuar medidas anteriores e ainda: 
oRaio X tórax; 
oHemograma, proteína C reativa (PCR),velocidade de sedimentação (VS); 
oHemoculturas; 
oUrina II e urocultura; 
oBacteriologia de secreções brônquicas; 
oIniciar antibioterapia empírica após colheita de produtos para bacteriologia, de acordo 
com causa mais provável de infecção. 
Possíveis causas não infecciosas: Central; AVC extensos que afectem a região anterior do 
hipotálamo (termorregulação); Necrose extensa. 
 
 
174 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
 
28.6HIPOTENSÃO ARTERIAL NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 
Valores de tensão arterial (TA) baixos são raros em pacientes com acidente vascular cerebral 
(AVC) agudo, mas associados a um pior prognóstico. 
As causas mais frequentes são a depleção de volume e a diminuição do débito cardíaco 
secundárias, por exemplo isquémia do miocárdio ou arritmias. 
Devem ser procuradas causas como enfarte agudo do miocárdio (EAM). tromboembolismo 
pulmonar ; dissecção da aorta, hemorragia digestiva e sépsis. 
A correcção da hlpovolemla e a optimização do débito cardíaco (DC) devem ser prioridades nas 
primeiras horas após o AVC. 
 
RECOMENDAÇÕES 
A causa de hipotensão arterial num paciente com AVC agudo deve ser investigada; 
Valores baixos de TA secundários a hipovolemla ou associados a dano neurológico no AVC 
agudo devem ser tratados com expansores de volume; 
O tratamento deve ser iniciado quando a tensão arterial sistólica (TAS) < 120 mmHg e deve 
incluir reposição do volume com soluções salinas e correcção de possíveis arritmias, 
causadoras de diminuição do DC e utilização de agentes vasopressores como a dopamina, 
se houver sinais de hipoperfusão de órgãos vitais; 
Dopamina: dose recomendada - 5-15 υg/kg/min. Diluição de dopamina: 400 mg/50 ml de SF (8 
mg/dl). 
 
Perfusâo de Dopamina de acordo com o Peso e Débito Pretendidos 
Peso 
(kg) 
2,5 5 | 7,5 I 10 12,5 | 15 20 25 30 ug/kg/mi
n 40 0.8 1,5 2,3 3,0 3,7 4,5 6,0 7,6 9,0 
50 0,9 1,9 2,8 3,8 4,7 5,6 7,5 9,4 11,2 
60 1,1 2.3 3.4 4,5 5,6 6,8 9,0 11,2 13,4 
70 1,3 2,6 3,9 5,3 6,6 7,9 10,5 13,2 15,6 ml/h 
80 1,5 3,0 4,5 6.0 7,5 9,1 12,0 15,0 18,0 
90 1,7 3,4 5,1 6,3 8,4 10,1 13,6 16,8 20,2 
100 1,9 3,7 5,6 7,5 9,4 11,3 15,0 19,8 22,6 
 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 175 
 
 
 
176 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
 
28.7PREVENÇÃO SECUNDÁRIA NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: 
ESTATINAS 
A abordagem sistemática dos factores de risco modificáveis, que contribuem para o desenvolvimento 
e progressão da doença aterosclerótica cerebrovascular, é de enorme importância na diminuição do 
risco de AVC isquémico. 
RECOMENDAÇÕES 
A terapêutica com estatinas é recomendada para a diminuição do risco de AVC e eventos 
cardiovasculares, em pacientes com história de AVC isquémico ou acidente isquémico transitório 
(A!T). que tenham evidência de aterosclerose. níveis de low-density lipoprotein cholesterol (LDL-C) > 
100 mg/dl e que não tenham história conhecida de doença coronária (classe 1, nível de evidência B); 
Em pacientes com AVC isquémico ou AIT de origem aterosclerótica e sem história conhecida de 
doença coronária, é razoável uma redução de pelo menos 50% nos níveis de LDl-C ou atingir um 
nível de LDL--C  70 mg\dl obtenção de efeito terapêutico máximo (classe IIa, nível de evidência B); 
Os pacientes com história de AVC ou AIT com níveis elevados de colesterol ou comorbilidade por 
doença coronária deverão sofrer uma intervenção ao nível da modificação do estilo de vida e 
alteração dos hábitos alimentares (classe I, nível de evidência A); 
Pacientes com história de AVC ou AIT com níveis baixos de high-density lipoprotein cholesterol 
íHDL-C> devem ser considerados para tratamento com niacina ou gemfibrozil (classe lIb, nível de 
evidência B). 
0 fármaco que, até à data, demonstrou maior eficácia na prevenção secundária do AVC é a 
atorvastatina 80 mg tai como demonstrado no estudo SPARCL (stroke prevention by aggressive 
reduction in cholesterol levels) 
 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 177 
 
 
 
178 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
 
28.8TROMBÓLISE NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 
Todos os pacientes com AVC isquémico agudo nas primeiras 4h 30 min de evolução sem evidentes 
contraindicações, devem ser tratados com fármaco trombolítico. O único agente actualmente 
aprovado é o activador do plasminogénio tecidular recombinante (altepiase - rt-PA) sob a forma de 
pó solvente para solução injectável. 
Critérios de Selecção para Fibrinólise 
Idade > 18 e < 80 anos; 
Tempo evento-agulha < 4h30 (para as oclusões da artéria basilar, a trombólise intravenosa é 
uma alternativa, mesmo após as 4h30; 
Pressão arterial (PA) <, 185/110 mmHg (sem medidas agressivas); 
Ausência de melhoria rápida dos sintomas desde a instalação; 
Ausência de sintomas sugestivos de hemorragia subaracnoideia (HSA); 
Ausência de convulsões na instalação do AVC ou ocorrência de convulsão relacionada 
unicamente com isquémia cerebral 
Ausência de AVC ou traumatismo cranioencefálico (TCE) nos 3 meses prévios ou cirurgia nos 
últimos 14 dias 
Ausência de história de hipertensão intracraniana (HTIC); 
Ausência de hemorragia digestiva ou urinária activa; 
Ausência de punções arteriais em local não susceptível a compressão nos últimos 7 dias; 
International normalized ratio (INR) < 1.7, tempo parcial de tromboplastina activada (aPTT) 
normal, plaquetas > 100 000, glicémia > 50 < 400 mg/dl). 
Critérios de Exclusão para Fibrinólise e Contra Indicações Gerais 
Critérios de exclusão Contraindicações gerais 
 NIHSS > 25 excepto na oclusão da artéria 
basilar; 
Diátese hemorrágica 
TC com edema cerebral ou efeito de massa; Anticoagulação oral (ACO) 
TC com sinais precoces de enfarte superior 
a um terço do terriitório da artéria cerebral 
média (ACM). 
Lesão do SNC: neoplasia, aneurisma, cirurgia, 
malformação arteriovenosa 
 
Retinopatia hemorrágica 
 
Punção recente de vaso não compressivel 
 
Endocardite/pericardite 
 
Massagem cardíaca há < 10 dias 
 
Pancreatite aguda 
 
Úlcera gastrintestinal (Gl) < 3 meses, varizes 
esofágicas, aneurismas 
 
Neoplasia com risco aumentado de hemorragia 
 
RECOMENDAÇÕES PARA A ADMINISTRAÇÃO DE RECOMBINANTE TISSUE-TYPE 
PLASMINOGEN ACTIVATOR (rt-PA) 
iniciar perfusão intravenosa (IV) com 0,9 mg/kg (dose máxima: 90 mg) em 60 min, em que 10% 
da dose deve ser administrada em bolus durante 1 min; 
Recorrer a critérios de imagem multimodais (RM; TC-CE) de perfusão poderá ser útil para a 
selecção de pacientes para trombólise mas não se recomenda na prática clínica de rotina: 
Reduzir a pressão arterial (PA) se > 185/110 mmHg antes da trombólise; 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 179 
 
Considerar trombólise intra-arterial em casos específicos de oclusão da artéria basilar; A 
trombólise IV pode ser uma alternativa, mesmo após as 4h30; 
Internar o paciente numa UAVC ou em alternativa, numa UCI; 
Executar avaliação neurológica 15/15 min durante a perfusão, depois. 30/30 min até às 6 h. 
Depois, avaliação hora a hora até às 24 h; 
Interromper terapêutica se o paciente iniciar cefaleia intensa, hipertensão arterial (HTA) aguda, 
náuseas ou vómitos. Reaiizar TC de urgência; 
Atrasar a colocação de SNG, algaliações ou cateteres venosos; 
Repetir TC às 24 h antes de iniciar anticoagulante ou antiagregante; 
É recomendado que não se deva iniciar ácido acetilsalicilico (AAS) ou outra terapêutica 
antítrombótica antes das 24 h pós-trombólise (classe IV. GCP). 
Devem ser previamente identificados potenciais factores que aumentem o risco de 
complicações hemorrágicas cerebrais após trombólise (transformação hemorrágica): 
Hiperglicémia: 
História de diabetes: 
Scores NIHSS altos; 
Idade avançada; 
Uso prévio de AAS; 
Insuficiência cardíaca congestiva 
Actividade diminuída do inibidor do activador do plasminogénio.180 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 181 
 
 
 
182 ANEMIAS | Protocolos Terapêuticos 
 
 
29ANEMIAS 
Segundo a OMS, é um estado caracterizado pela diminuição dos níveis de hemoglobina < 13g/ dl 
para Homens, <12 g/dl para Mulheres. 
Morfologia e teor de Hemoglobina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico 
Feito pela avaliação clínica e laboratorial 
Manifestações clinicas 
1. Palidez 
2. Icterícia 
3. Sintomas gerais (Astenia, Dispneia, Fadiga muscular) 
4. Manifestações cardio circulatórias (Taquicárdia, Palpitações, Sopro sistólico funcional) 
5. Transtornos neurológicos (Alteração da visão, Cefaleia, Alterações da conduta, Insónia) 
6. Alteração do ritmo menstrual (Amenorreia\Hipermenorreia\Metrorragia) 
7. Alterações renais (Edemas) 
8. Transtornos digestivos (Anorexia, Obstipação) 
 
Microcitica (<80 fl) 
Hipocrómica 
Normocitica (80 – 100 fl) 
Normocrómica 
Macrocítica (100 fl) 
Macrocrómica 
Défice de Ferro 
Doença Crónica 
Anemia Sideroblástica 
Talassémia 
Doença Crónica (inicial) 
Anemia Hemolítica 
Aplasia Medular 
 
Défice de B12 
Défice de ácido fólico 
Mielodisplasia 
Alcoolismo 
Doença Hepatica 
Hipotiroidismo 
 
Protocolos Terapêuticos | ANEMIAS 183 
 
 
 
 
Fe N ou  
Ferritina N ou  
TIBC N 
Reticulocitos N/ ↑ 
Fe  
Reticulocitos ↓ 
Talassemia, 
Sideroblastica 
 
Ferritina 
TIBC ↑ 
Ferritina N/↑ 
TIBC  
Defice de Ferro 
A. Microcítica 
A. D.Crónicas 
 
184 ANEMIAS | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
Tratamento microcíticas 
Eliminar causa 
 Reposição: pode ser feita por via oral, parenteral 
 
Reposição via oral 
Sulfato ferroso comp 200 mg (65 mg de Ferro elementar) 1 comp 2-3 x por dia: avaliar ao fim de 5 a 
7 dias: aumento da resposta reticulocitária em pacientes com anemia moderada – grave) 
• Aumento esperado de 2 g a cada 3 semanas 
• 3 a 6 meses para repor os depósitos de Ferro 
• Na presença de falha de resposta terapêutica: Pesquisar a aderência e sinais e sintomas 
compatíveis com má absorção, diagnóstico incorrecto, ou continuação de perdas. 
 
Administração parenteral 
Esta deve ser feita em casos de: 
• Intolerância ao ferro oral 
 
Protocolos Terapêuticos | ANEMIAS 185 
 
• Má-absorção 
• Necessidade de grande quantidade de ferro 
 
Ferro Dextrano inj 100mg/2mL 
Cálculo das necessidades de ferro: 
(15 – Hg do paciente em g/dl) x peso em Kg x 3 + total de ferro. Dividir por 100 para determinar o 
total de ampolas 
NB: Administrar por via IM 0,5 ml no primeiro dia para descartar hipersensibilidade e 2 ml por dia nos 
dias subsequentes até completar a quantidade de ferro necessário, caso não haja reacção. 
 
Transfusão 
Na presença de paciente com hemoglobina < 6 g/dl, ou superior caso apresente sintomas de 
descompensação. 
Tratamento Anemia da Doença Crónica 
 
• Tratamento da doença de base 
• Transfusão de hemácias, caso haja descompensação 
 
Tratamento Aplasia Medular 
• Tratar a causa de base, se identificável e tratável. 
• Hemotransfusão 
• Aporte vitamínico 
• Terapia com o imunossupressor (Ciclospurina, globulina anti timocitária) 
• Transplante da medula óssea 
 
Tratamento da Anemia Megaloblástica (por défice de B12 ou Acido 
Fólico) 
• B12: Ampola de 1 mg / ml 
• 1 mg de Hidroxicobalamina/dia IM durante 1 sem, 
• 1 mg/semana durante 4 semanas, 
• Dose mensal/trimestral até que se corrija causa. 
• Resposta favorável: Reticulocitose por volta do 5o a 7o dia de tratamento 
• Ác. Fólico comp 5 mg 
• 5 mg/dia oral por 1 a 4 meses ou até que haja recuperação 
• Até 15 mg/dia em pacientes com mal absorção 
Anemia Falciforme 
•Ácido fólico 
•Transfusão de concentrado de glóbulos (atenção a reservas de ferro) 
•Hidroxiureia 
•Transplante de medula óssea 
Talassémia 
•Ácido fólico 
 
186 ANEMIAS | Protocolos Terapêuticos 
 
•Transfusão de concentrado de glóbulos (em SOS) para manter uma hemoglobina mínima de 9 
g/dl 
•Considerar esplenectomia 
•Transplante de medula óssea 
 
Imuno- Hemólise 
•Glicocorticóides 
•Danazol, plasmaferese, Rituximab 
 
Protocolos Terapêuticos | ANEMIAS 187 
 
 
 
188 DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA | Protocolos Terapêuticos 
 
 
30DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA 
Doenças reumatológicas englobam uma grande variedade de doenças caracterizadas por sua 
propensão a afectar os ossos, articulações e tecidos moles. 
Muitas das doenças são imunologicamente mediadas. 
Localização exclusiva na articulação (ex.: Osteoartrite) ou acompanhadas de manifestações extra-
articulares ou sistémicas (ex.: Artrite reumatóide, Lúpus eritematoso sistémico). 
Classificação 
Inflamatórias 
Não inflamatórias 
 
Doenças reumatológicas inflamatórias 
Doenças infecciosas 
• Artrite séptica, incluíndo gonocócica 
• Artrite tuberculosa 
• Artrite fúngica 
• Doença de Lyme 
• Artrites virais 
oHepatite B e C 
oParvovírus B19 
Doenças por cristais 
• Gota 
• Pseudogota (Pirofosfato de Ca) 
• Deposição de apatite 
Doenças inflamatórias artríticas 
• Artrite reumatóide (AR) 
• Espondiloartropatias 
• Artrite psoriática (AP) 
• Espondilite anquilosante (EA) 
• Artrite reactiva 
• Artrite associada à doença inflamatória intestinal (DII)/ artrite enteropática 
• Polimialgia reumática (PMR) 
Doenças sistémicas auto-imunes com componente artrítico 
• Vasculites 
• Granulomatose de Wegener 
• Poliangeíte microscópica 
• Associados ao ANCA 
• Por imunocomplexos (Crioglobulinas, hepatite B e C) 
• Arterite de células gigantes 
• Poliarterite nodosa (PAN) 
• Arterite de Takayasu 
• Púrpura de Henoch-Schonlein 
• Sarcoidose 
• Lupus eritematoso sistémico (LES) 
• Doença de still 
• Febre Reumática (FR) aguda 
 
Protocolos Terapêuticos | DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA 189 
 
 
Doenças do tecido conectivo 
• Polimialgia reumática (PMR) 
• Lúpus eritematoso sistémico (LES) 
• Síndrome de Sjorgren 
• Esclerodermia 
• Dermatomiosite/ Polimiosite 
• Doença mista do tecido conjuntivo 
• Doença de still do adulto 
Doenças reumatológicas não inflamatórias 
• Osteoartrite (OA) 
• Hiperflexibilidade 
• Fibromialgia 
• Doenças estruturais regionais 
– Hérnia discal 
– Doença do menisco 
– Rotator cuff tendonitis, tear 
– Osteonecrose 
• Neurológico 
• Tumor articular 
Síndromes regionais 
• Neck strain 
• Epicondilite 
• Tunel do carpo 
• Tunel do tarso 
• Rotator cuff tendinite 
• Bursite trocanterite 
• Bursite anserina 
• Bursite pré-patelar 
• Fascite plantar 
• Distrofia do reflexo simpático 
Principais doenças reumatológicas por idade e sexo 
 Feminino Masculino 
Crianças 
(0 – 16 anos) 
Trauma 
Artrite pós-viral 
Lesão da anca 
Escoliose 
Artrite idiopática juvenil (AIJ) 
Adulto-jovem Fibromialgia (FBM) 
Artrite reumatóide (AR) 
LES 
Lesão dos tecidos moles 
Artrite reactiva 
Espondilite anquilosante 
AR 
Meia-idade FBM 
Lesão dos tecidos moles 
OA, AR, LES 
Lesão dos tecidos moles 
Gota 
OA, AR 
Idoso Osteoartrite (OA) 
Osteoporose 
AR 
Polimialgia reumática (PMR) 
Gota e Pseudogota 
Abordagem diagnóstica apresentada a seguir será cingida as doenças reumáticas inflamatórias por 
serem as mais seguidas pelo Internista. 
Anamnese 
1.1.1.1Sintomas a nível músculo esquelético 
 
Sintomas 
específicos 
Sintomas gerais Sintomas de 
alarme (1) 
Outros sintomas 
possíveis 
• Dor 
• Rigidez 
• Edema 
• Deformidades 
• Fadiga e mal 
estar 
• Labilidade 
emocional 
• Perda de peso 
• Febre 
• Temple 
headache/ dor 
• Alteração da 
cor ou frieza 
dos dedos ou 
membros 
 
190 DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA | Protocolos Terapêuticos 
 
• Fraqueza 
• Instabilidade 
• Perda de 
função 
 
(medo, 
ansiedade, 
depressão) 
• Distúrbios do 
sono 
• Sintomas de 
doenças 
sistémicas 
 
com 
sensibilidade 
no couro/ 
distúrbios 
visuais 
• Perda de 
sensibilidade 
• Perda de 
função motora 
•Dificuldades 
para urinar e 
defecar 
• Alteração da 
sensibilidade 
 
31Sintomas de alarme podem indicar malignidade, infeção ou doença inflamatória activa 
 
 
 
 
 
 
 
Sintomas e sinais X condições/doenças associadas 
 
 Sintomas Diagnósticos possíveis 
Neurológico Cefaleia LES, Arterite temporal 
Numbeness ou parestesias Neuropatia – compressão 
Fraqueza Miosite, Neuropatia 
AVC Síndrome antifosfolipídico 
Epilepsia LES 
Boca Boca seca S. Sjorgren 
Úlceras orais A. Reactiva, Doença de 
Behcet, DII 
Olhos Olhos secos S. Sjorgren 
Olho vermelho Espondiloartropatias 
Perda visual Arterite temporal 
Respiratório Pleurite Doenças do tecido 
conectivo 
Dispneia Envolvimento pulmonar em 
doenças inflamatórias ex: 
Esclerose sistémica, AR 
Pele Rashs 
• Psoríase Artrite psoríatica 
• Livedo reticulares LES 
• Eritema nodoso Artropatia sarcoide aguda 
ou por eritema nodoso 
• Telengiectasia Esclerose sistémica 
• Outros Viral 
Fotossensibilidade Doença do tecido conectivo 
Úlceras Doença de Behcet, 
Vasculites 
Fenômeno de Raynauld Doenças do tecido 
 
Protocolos Terapêuticos | DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA 191 
 
conectivo 
Nódulos OA, AR, Gota, 
hiperlipidémia, LES, Febre 
reumática, PAN, histiocitose 
multicêntrica 
Alopécia LES 
Gastrointestinal “Indigestão” , história de úlcera 
péptica 
Úlceras ou Gastrite por 
AINES 
Doença diarreica Artrite Reactiva, DII 
Genitourinário Cálculos renais Gota 
Disúria A. Reactiva, doença de 
behçet, A. Gonocócica 
aguda 
Úlceras genitais A. Reactiva, doença de 
behçet, A. Gonocócica 
aguda 
Descarga vaginal A. Reactiva, doença de 
Behcet, A. Gonocócica 
aguda 
Trauma Fractura 
Ruptura de ligamentos 
Hematológico Trombose/ Tromboembolismo Síndrome antifosfolipídico 
Anemia Doenças inflamatórias 
Sintomas não 
específicos 
Mal estar Doença inflamatória, 
malignidade 
Febre LES, A. Séptica 
Perda de peso Doença inflamatória, 
malignidade 
Fatiga Doença inflamatória 
Anorexia Doença inflamatória, 
malignidade 
Envelhecimento Polimialgia reumática 
História obstétrica Perda fetal – precoce e tardia Sindrome anti-fosfolipídea 
Atraso de crescimento 
intrauterina 
Síndrome antifosfolipídico 
Pré-eclâmpsia Síndrome antifosfolipídico 
Principais manifestações sistémicas e doenças associadas 
 
Manifestações Doenças associadas (ordem de frequência) 
Manifestações constitucionais 
Febre 
Peso 
Fadiga grave 
LES 
Esclerose sistémica 
AR 
DMTC 
Vasculites 
Manifestações cutâneas e mucosas 
Fotossensibilidade 
Púrpura, úlceras 
Perda de cabelo 
Aftas orais/ genitais 
LES 
AR 
AP 
A Sjorgren 
Esclerose sistémica 
 
192 DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA | Protocolos Terapêuticos 
 
Mucosas/ olhos secos 
Olho vermelho 
Balanite 
Artrite reactiva 
Doença de Behcet e outras vasculites 
Serosites 
Derrame pleural/ Pleurisia 
Pericardite 
Doenças do tecido conjuntivo 
Fenómeno de Raynauld Fenómeno de Raynauld idiopático 
Esclerose sistémica 
LES 
Disfagia Esclerose sistémica 
Dispneia Doenças do tecido conjuntivo 
Edema MI, HTA Doenças do tecido conjuntivo 
Linfadenopatias Doenças do tecido conjuntivo 
Fraqueza muscular Miosite 
Síndrome de overlap 
 
Tratamento e seus resultados (exemplos) 
 AINES, corticóides, analgésicos simples 
Resposta rápida a colchicina - Microcristalina 
Melhora rápida após injeção extra-articular - Lesão periarticular 
Melhora com passos quentes - FBM 
 
 
História médica pregressa do paciente (exemplos) 
Medicamento/condição Patologias associadas 
Corticoterapia, anticonvulsivantes osteoporose 
Pleurisias, úlceras orais recorrentes, 
erupções cutâneas 
Doença do tecido conjuntivo 
Abortos de repetição, Trombose venosa 
profunda (TVP) 
Síndrome de AC anti-fosfolipídicos (SAAF) 
Uveítes anteriores/ posteriores Espondiloartropatias seronegativas, 
Sarcoidose, Behcet, etc. 
Alterações dos hábitos intestinais DII, má absorção, doença de Whipps 
Artrite aguda em jovem Artrite reactiva a infecção 2- 3 semanas 
 
História familiar 
• Espondiloartropatias seronegativas 
(ligadas ao HLA-B27) 
• Osteoartrite nodal 
• AR • Osteoporose 
• LES • Gota 
 
 
Exame físico 
Objectivos 
•É normal? 
 
Protocolos Terapêuticos | DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA 193 
 
•Qual é a anormalidade? 
•Qual é o padrão de distribuição? 
•Outros achados de importância clínica presentes 
 
Exame físico obrigatório 
• Pele 
• Linfadenopatias 
• Auscultação cardíaca 
• TA 
• Abdominal 
• Mucosas 
• Tiróide 
• Auscultação pulmonar 
• MI 
• Músculo-esquelética 
 
Exame físico adicional (quando sugerido pela anamnese) 
• Exame neurológico 
• Exame da retina 
• Auscultação lombar 
• Exame rectal 
• Exame dos ombros 
• Sinal de Tinel 
• Pontos fibromiálgicos 
 
 
Anormalidades no exame músculoesquelético 
• Atitude 
• Deformidades 
• Edema 
• Alterações cutâneas 
• Perda muscular 
• Sensibilidade 
• Restrição de movimento 
• Crepitação 
• Calor 
• Fraqueza muscular 
• Instabilidade 
• Limitação funcional 
 
 
 
 
 
Sistema para avaliação do sistema músculoesquelético 
 
Olhar Em repouso 
Edema 
Deformidades 
Perda muscular 
Atitude 
Pele 
Em movimento 
Sentir Sensibilidade 
Edema 
Movimentos – crepitação 
Temperatura 
Mover Activos 
Passivos 
Resistência 
 
194 DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA | Protocolos Terapêuticos 
 
Escutar 
Stress Estabilidade 
Testes 
 
Lesões cutâneas associadas 
 
Região Tipo de lesão cutânea Condições associadas 
Dorso e membros Livedo reticulares LES, Síndrome de AC 
antifosfolipidicos (SAAF), 
Vasculites 
Eritema ab igne Sinal de aquecimento 
externo aplicado para 
aliviar a dor 
Eritema migrans Artrite de Lyme 
Púrpura palpável Vasculite Leucocitoclástica 
Psoríase Artrite psoriática 
Eritema nodoso Sarcoidose 
Nódulos De Heberden, AR, Gota, 
Hiperlipidémia, LES, FR, 
PAN, Histiocitose 
multicêntrica, Sarcoidose 
Úlceras Vasculites, doença de 
behçet, doença de Crohn? 
Calcinose da cútis Esclerose sistémica 
limitada a pele 
Face e boca Rash em borboleta LES 
Psoríase Artrite psoriática (AP) 
Descoloração Heliotropa Dermatomiosite 
Úlceras orais LES, Artrite reactiva, 
doença de Behçet 
Telangiectasias Esclerose sistémica 
limitada a pele 
Unhas Clubbing (Hipocratismo) Osteoartropatia pulmonar 
hipertrófica 
Pitting AP 
Onicolise AP 
Splintter hemorrages Vasculite de pequenos 
vasos, Endocardite 
Mãos Fenómeno de Raynauld LES, Esclerodermia, DMTC 
Anormalidades capilares 
do leito ungueal 
Esclerodermia, 
dermatomiosite 
Eritema palmar AR activa e LES 
Pápulas de Gottron Dermatomiosite 
Telangiectasias Esclerose sistémica 
limitada a pele 
Esclerodactilia Esclerose sistémica 
limitada a pele 
Lesões vasculíticas AR, doença do tecido 
conectivo 
 
Protocolos Terapêuticos | DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA 195 
 
Pé Queratoderma blenorrágica Artrite reactiva 
DMTC – doença mista do tecido conectivo 
 
Indicar o padrão de envolvimento articular 
Modo de instalação Aguda 
Insidiosa 
Duração dos sintomas Auto-limitados 
Crónicos 
Nº de articulações afectadas Monoartrite 
Oligoartrite (2-4) 
Poliartrite 
Distribuição do envolvimento articular Simétrico 
Assimétrico 
Localização das articulações afectadas Axiais 
Apendicular 
Ambas 
Sequência de envolvimento Aditivo 
Migratório 
Intermitente 
Modelo local de envolvimento (em 
articulações individuais) 
 
Aditivo: AR, AP, AL, etc., 
Migratório: FR, outras artrites reactivas, gota e outras microcristalinas. 
Intermitente: microcristalina, artrite polindrómica, doença de still do adulto 
 
 
Registo das articulacões envolvidas 
 
 
 
Exemplos: 
 
196 DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA | Protocolos Terapêuticos 
 
Diagnóstico Simetria Nº de 
articulações 
envolvidas 
Pequenas ou 
grandes 
Distribuição MS ou MI 
AR Simétrico Poliartrite Grande/peqPeriférica MS/MI 
EA Assimétrico Oligoartrite Grandes Central ou 
periférica 
MI 
AP Assimétrico Oligo/ Poli Grande/peq Periférica MS/MI 
Artrite Reactiva Assimétrico Oligo/ poli Grande/dactilite Periférica MI 
Gota Assimétrico Mono/oligo Grande/peq Periférica MI/MS 
 
Diagnóstico diferencial de articulação vermelha e quente 
Tipo Subtipos/exemplos (se aplicável) 
Infecciosa Bacteriana 
Neisseria (pode ser precedida por doença 
poliarticular transitória) 
Micobateria 
Viral 
Doença de Lyme 
Induzida por cristais Gota 
CPPD (Pseudogota) 
Hidroxiapatite (periartrite aguda calcífica) 
Fractura 
Traumática 
AP 
Artrite reactiva 
Endocardite bacteriana 
Sarcoidose 
 
Perguntas chaves a serem respondidas após história e exame físico 
 
• Os sintomas originaram-se no sistema musculo-esquelético ou são reflexos de doenças 
primárias afectando outros sistemas? 
 
• É um processo articular ou não articular? 
 
• O paciente tem artralgias ou artrite? 
 
• Há evidencia de envolvimento de outros órgãos ou aparenta ser um processo restrito ao 
sistema musculo-esquelético? 
 
• O problema articular é inflamatório, mecânico, degenerativo ou outro? 
 
• A doença afecta as estruturas axiais ou apendiculares ou ambas? 
 
 
Protocolos Terapêuticos | DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA 197 
 
 
Diferenciar dor articular inflamatória da não inflamatória 
 
 Dor inflamatória Dor não inflamatória 
História • Agrava nas manhas 
• Melhora com os 
movimentos 
• Dor em repouso, sem 
posição livre de dor 
• Rigidez matinal > 30 min 
• Rigidez pós-repouso > 5 
min 
• Sem trauma prévio 
• Sintomas constitucionais 
• Sintomas difusos/ 
multifocais 
• Rash cutâneo 
• Sintomas neuropáticos 
• Infeção ou cirurgia recente 
 
• Agrava a noite 
• Agrava com os movimentos 
• Alivia com o repouso, há 
posições sem dor 
• Rigidez matinal < 10 min 
• Trauma prévio 
• Sem sintomas constitucionais 
• Sintomas focais (única 
articulação) 
• Articulações que suportam 
pesos 
 
Exame físico • Edema firme, borrachóide 
• Edema fusiforme 
• Sem dor ao longo das 
margens articulares 
• Sem crepitação/ com 
crepitação fina 
• Sinais de inflamação 
• Sinais extra-articulares 
comum 
• Qualquer articulação 
 
• Febre, HTA, Hipotensão 
• Úlceras orais 
• Alopécia 
• Conjuntivite, irite 
• Sinusite 
• Neuropatia periférica 
• Edema pedal 
• 1 ou múltiplas articulações, 
edema e quentes 
• Rash, Raynauld, derrame 
pleural 
 
• Edema pétreo 
• Edema irregular e nodular 
• Dor ao longo das margens 
articulares 
• Crepitação grosseira 
• Sem sinais inflamatórios 
• Sem sinais sistémicos 
relacionados 
• ++ articulações que suportam 
peso e das mãos 
 
• Sinais vitais normais 
• Sem articulações quentes, 
edemaciadas 
• Dor/ sintomas só nas 
articulações afectadas 
• Hipertrofia óssea 
• Hiperflexibilidade 
 
Laboratório • Aumento de marcadores 
inflamatórios (PCR, VS) 
• Hemograma anormal 
(Anemia, ↓ ou ↑ das 
plaquetas, leucopenias) 
• Função hepática anormal 
• CPK e Aldolase ↑ 
• Marcadores inflamatórios no 
range normal 
• Hemograma normal 
• Função hepática normal 
 
 
198 DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA | Protocolos Terapêuticos 
 
• GV ou cilindros hemáticos 
na urina 
• Proteinúria 
• Hipercalcémia 
• Gamopatia policlonal na 
electroforese das prot 
séricas) 
• Auto-AC positives 
 
 
Exames complementares 
Utilidade: 
oDiagnóstico 
oPrognóstico 
oMonitorização da eficácia e segurança do tratamento 
 
Teste positivo isolado é insuficiente para o diagnóstico 
 
Podem estar anormais em certa percentagem de população saudável e entre pessoas com 
doença 
 
Todos os testes devem ser usados no contexto em que foram solicitados. 
 
Exames mais usados 
 
Marcadores 
inflamatórios não 
específicos 
oVS, PCR 
oFerritina 
o IL-6, FNT, Haptoglobulinas, Fibrinogénio, α1-antitripsina, 
viscosidade plasmática, Amilóide sérico 
oCeruloplasmina 
Hemograma oAnemia 
oTrombocitopenia ou trombocitose 
oLeucopenias 
Bioquímica oFunção hepática: ALT, AST, ALP, Albumina 
oMuscular: CK, Aldolase 
oÁcido úrico 
oFunção renal: creatinina, ureia, proteinúria, sedimento urinário 
(glóbulos vermelhos, cilindros granulosos ou celulares) 
oÓssea: Ca, P, ALP, PTH, Vit D, etc. 
oOutros testes: despiste de diabetes mellitus, lipidograma, 
Homocistína, etc 
Testes imunológicos oNível de complemento: C3, C4 e CH50 
oFR e anti-CCP 
oANA, anti-dsDNA, anti-ENA (anti-smith, anti-Ro/SSA, anti-
La/SSB, anti-RNP, anti-centrómero e anti-Scl, anti-
topoisomerase, anto-Jo1) 
oAnticorpos anti-fosfolipídicos 
oVDRL e RPR 
 
Protocolos Terapêuticos | DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA 199 
 
oAnticoagulante lúpico: Tempo parcial de 
tromboplastina activado (aPTT) ↑, dilute russel 
vipier venom time (RVTT), Kaolin clothing time 
oAnti-cardiolipinas 
oAnti-β2-glicoproteina 1 
oANCA: 
o cANCA (difuso/ citoplasmático/ anti-proteinase 3(anti-
pr3) 
opANCA (Perinuclear/ periférico/ anti-mieloperoxidase/ 
anti-MPO 
Imunoglobulinas Electroforese das proteínas 
Exames genéticos Ex: HLA B27 (espondilite anquilosante) 
Outros exames oArtrocentese 
oArtroscopia com biópsia sinovial: posterior exame 
microscópico e investigação microbiológica (coloração de 
Gram e cultura) 
oElectromiografia 
oDexa-scan (densidade óssea) 
oImagem: 
oRadiografia 
oEcografia 
oTomografia computarizada 
oMedicina nuclear 
oRessonância magnética 
 
Radiografias osseas 
 
• Diagnóstico 
• Adjuvante na determinação da gravidade da doença 
• Monitorizar a progressão da doença 
• Localização 
 
Leitura ABCDES 
 
 
200 DIAGNÓSTICO EM REUMATOLOGIA | Protocolos Terapêuticos 
 
 
Exemplos de alguns de achados em algumas doenças reumatológicas 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | ARTRITE REUMATÓIDE 201 
 
 
36.ARTRITE REUMATÓIDE 
Epidemiologia 
Idade: incidência – adultos com qualquer idade, com pico em torno dos 40 anos
Prevalência da 
artrite reumatóide: 0,5 a 1,0 %
Sexo: mulheres 3:1 homem (dados internacionais). 
Fisiopatologia 
-Etiologia desconhecida; 
-A membrana sinovial das articulações é o local primariamente afectado; 
-Processo inflamatório crónico, envolvendo uma complexa rede de: 
 Interacções celulares, 
particularmente células apresentadoras de antígeno (células dendríticas e outras), linfócitos T 
auxiliadores CD4, macrófagos e fibroblastos, mas também neutrófilos, plaquetas, células 
endoteliais, condrócitos e osteoblastos; 
 Mediadores químicos incluindo prostaglandinas, 
leucotrienos e citocinas, particularmente, quimiocinas, Factor de Necrose Tumoral (TNF), 
interleucina 1 (IL-1) e interleucina 6 (IL-6). 
Auto-anticorpos como factor reumatóide; 
-Participação de factores ambientais e hormonais; 
-Factores genéticos. 
 
Quadro Clínico 
Manifestações articulares 
-Poliartrite crónica acometendo grandes e pequenas articulações de forma simétrica e 
aditiva. 
-Caracteristicamente afeta as articulações das mãos e pés, poupa o esqueleto axial 
(exceto a 
coluna cervical). 
-Quadro crônico com evidentes sinais inflamatórios: dor, calor local, aumento de volume 
e limitação 
à movimentação. 
-Presença de rigidez matinal com pelo menos uma hora de duração; 
-Evolução para deformidade e incapacidade funcional; 
Manifestações extra articulares
 
-Gerais: febre, mal-estar, fadiga, perda de peso;
Nódulos reumatóide – em cerca de 25% dos 
pacientes, geralmente observados nas superfícies extensoras das articulações.
 
-Vascular- vasculite digital, gangrena digital, úlceras nos membros inferiores, neuropatia periférica 
(vasa vasorum), quadros cutâneos seriam as manifestações mais frequentes.
 
-Ocular – cerato conjuntivite seca (S Sjögren), esclerite e episclerite.(escleromalacia perfurante).
 
-Pulmonar - fibrose intersticial difusa, nódulos solitários ou múltiplos no parênquima pulmonar, e 
derrame pleural.
 
-Cardíaco – raramente pericarditeclínica. Doenças cardiovasculares como causa frequente de óbito.

 
-Hematológico – anemia de doença crónica; eventualmente esplenomegália e linfadenomegália.
 
-Outras; amiloidose, S de Felty, S de Sjögren , Doença de Still. 
 
202 ARTRITE REUMATÓIDE | Protocolos Terapêuticos 
 
Exames complementares 
-RX – mãos e pés:
aumento de partes moles;
porose justa articular;
erosões;
redução do espaço 
articular; subluxações e anquilose 
-Tomografia e Ressonância – mais informações sobre cartilagem e partes moles 
-Ultrasonografia - exame ainda em fase de padronização, detecta erosões, presença de derrame 
articular e sinovite; particularmente útil nos casos iniciais; 
-Laboratório – Factor Reumatóide (FR) positivo (cerca de 80% dos casos) 
 - Anticorpos anti-
peptídeos citrulinados (ainda em fase de estudo; úteis 
para diagnóstico nos casos em que o FR 
é negativo)
- Provas de fase aguda (VHS e PCR) elevadas durante a actividade da doença; 
Diagnóstico 
-Anemia normocítica, normocrómica (doença crónica) 
-Eminentemente clínico 
-Radiografia com alterações características (porose justa articular, erosões, redução do 
espaço 
articular) 
-FR positivo contribui para o diagnóstico (não é específico ou patognomónico); 
-Anti-CCP (anticorpo anti-peptídeos cíclicos citrulinados), mais específico, contribui para 
 o 
diagnóstico principalmente nos casos iniciais e com FR negativo. 
 Tratamento 
 1. Não 
medicamentoso:
Orientações gerais 
Fisioterapia 
Terapia ocupacional 2. Medicamentoso: 

Sempre
Instituído no momento do diagnóstico ou de forte suspeita clínica 
-DMARDS: metotrexato associado ou não a cloroquina/hidroxicloroquina como primeira opção; 
-Antiinflamatórios não hormonais/analgésicos como sintomáticos; 
-Eventualmente corticóide em dose baixa, enquanto se espera a resposta ao 
DMARD; 
-Novas drogas disponíveis para casos resistentes: inibidores da citocina pró-inflamatória factor de 
necrose tumoral, deplectores do linfócito B e inibidores da co-estimulação (moduladores da 
função de linfócitos T) 
 
 
Protocolos Terapêuticos | ARTRITE REUMATÓIDE 203 
 
 
 
204 ARTRITE REUMATÓIDE | Protocolos Terapêuticos 
 
 
 
Protocolos Terapêuticos | INFECÇÕES CUTÂNEAS 205 
 
 
32INFECÇÕES CUTÂNEAS 
 
Em Moçambique, as doenças dermatológicas predominantes são de origem infecciosa. 
Factores predisponentes: 
As condições ecológicas e climáticas; 
As condições de saneamento básico da população; 
A alta prevalência de outras doenças sistémicas que podem apresentar-se com manifestações 
cutâneas (HIV). 
 
As Infecções da pele nos indivíduos infectados pelo HIV são causadas pelos mesmos agentes 
etiológicos que afectam o resto da população. Contudo podem existir particularidades em relação 
aos seguintes aspectos: 
As manifestações clínicas podem ser mais graves e extensas ou disseminadas, frequentemente 
com uma evolução crónica, prolongada ou refractária ao tratamento, e podem ser 
persistentes, dependendo em particular do grau de imunodepressão. 
Algumas condições poderão requerer internamento dos pacientes, especialmente nos casos de 
lesões muito extensas ou que precisem de tratamento injectável. 
 
 
33INFECÇÕES BACTERIANAS OU PIODERMITES 
As piodermites constituem as doenças de pele mais comuns. Os principais agentes são 2 bactérias 
gram positivas: Estafilococos aureus e Estreptococos ß hemoliticus do grupo A ou pyogenes. 
São mais frequentes durante o verão e podem ser: 
Primárias: quando se desenvolvem em pele aparentemente não lesada; 
Secundárias: quando resultam de infecções em lesões cutâneas pré-existentes, sobretudo as 
pruriginosas, como por exemplo: picadas de insecto, sarna ou dermatite atópica. 
 Factores predisponentes: 
Higiene precária; 
Dermatoses pré-existentes; 
Desnutrição e anemia. 
 
33.1IMPÉTIGO 
Definição 
 É a mais comum infecção bacteriana da pele; é contagiosa e com localização superficial na 
epiderme. 
Etiologia 
Os agentes etiológicos mais frequentes são Staphilococcus aureus e 
Streptococcus β- hemolítico do grupo A de Lancefield. 
 
 
 
Epidemiologia 
 
206 INFECÇÕES BACTERIANAS OU PIODERMITES | Protocolos Terapêuticos 
 
É frequente em épocas mais quentes do ano e em climas tropicais. Afecta principalmente crianças 
com menos de 10 anos e transmite-se por contacto directo especialmente pelas mãos. 
 
 
 
Factores predisponentes: 
Higiene precária; 
Dermatoses pré-existentes; 
Desnutrição; 
Anemia. 
 
 O Impétigo pode ser primário ou secundário. A forma secundária é a mais frequente 
(impetiginização) e ocorre sobre dermatoses pré-existentes como a dermatite atópica, sarna, picada 
de insecto, varicela, herpes simples e Pediculose. 
 
 
Manifestações Clínicas 
Há duas formas clássicas de impétigo, bolhoso e não bolhoso. 
 
 Impétigo não Bolhoso: inicia por mácula eritematosa de 2 a 4 mm que evolui para vesícula ou 
pústula pequena com halo eritematoso que se rompe, originando erosões que se cobrem de crostas 
espessas e aderentes. Estas lesões localizam-se preferencialmente nas regiões periorificiais da face 
(boca e nariz) e extremidades, mas podendo ocorrer em qualquer localização. Podem ocorrer lesões 
satélites por auto-inoculação. 
 
Impétigo Bolhoso: começa por vesículas que evoluem rapidamente para bolhas flácidas de 
conteúdo transparente, medindo mais de 5 cm de diâmetro, em áreas aparentemente de pele sã sem 
eritema circundante e que rompem originando erosões que se cobrem de crostas finas. Nesta forma, 
as lesões localizam-se principalmente na área da fralda, face e extremidades. 
 
A maior parte dos casos não tem sintomas gerais mas em alguns casos as lesões podem ser 
acompanhadas por febre, mal-estar geral e linfadenopatia regional, sobretudo na forma não bolhosa 
de origem estreptocócica. Curam sem cicatriz residual. 
 
 
Complicações 
 
Protocolos Terapêuticos | INFECÇÕES BACTERIANAS OU PIODERMITES 207 
 
•Glomerulonefrite pós estreptocócica: Ocorre cerca de 3 semanas após o impétigo, associada a 
estirpes nefritogénicas do estreptococo. Os sinais clínicos de alerta são: edema facial e dos 
membros inferiores, urina de cor escura (cor de Coca-Cola), cefaleias e por vezes convulsões. 
•Síndrome da pele escaldada (SSSS): Infecção cutânea relacionada com estirpes de estafilococos 
aureus produtoras de exotoxinas que atinge normalmente recém nascidos ou o adulto 
imunodeprimido. Surge em média 3 dias após o início de uma infecção focal por estafilococo, 
cutânea ou de outra localização (ex. otite, conjuntivite, rinofaringite). O quadro clínico caracteriza-
se por febre, eritema extenso afectando as grandes pregas, com extensão rápida a toda a pele, 
aparecimento de bolhas e posterior descolamento espontâneo da pele. 
•Septicémia 
•Pneumonia 
•Meningite 
 
 
33.2ECTIMA 
Definição 
Infecção piogénica da pele, que se estende mais profundamente na derme, caracterizada pela 
formação de crostas aderentes sobre ulceração. 
 
 
Etiologia 
O agente etiológico mais frequentemente associado é o Streptococcus β- hemolítico do grupo A de 
Lancefield. 
 
Epidemiologia 
Ocorre habitualmente em pacientes com más condições de higiene, desnutridos, crianças e adultos 
debilitados. 
 
 
208 INFECÇÕES BACTERIANAS OU PIODERMITES | Protocolos Terapêuticos 
 
Manifestações Clínicas 
 
As lesões distribuem-se principalmente nos membros e nádegas. 
Caracteriza-se por úlceras irregulares com crosta escura aderente, estendendo-se profundamente 
na derme. 
A evolução é rápida e as lesões podem ser acompanhadas de dor, febre, mal-estar geral e 
linfadenopatia regional. 
Cura com cicatriz residual. 
 
 
33.3FOLICULITE 
Definição 
Infecção piogénica do folículo piloso que invade apenas a porção superficial do folículo. 
 
Etiologia 
A maioria é causada por Staphilococcus aureus . 
 
Epidemiologia 
 
São factores predisponentes: maceração, fissura, fricção pela roupa,