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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, 
CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO 
PAULO 
CAMPUS 
Piracicaba 
 
Elementos de Máquina 
Resumo de Material para Estudo 
 
Professor Argélio Lima Paniago 
 
 
7.3. Correias Trapezoidais 
As correias trapezoidais (Figura 1) têm como principais características: 
• Baixo custo 
• Baixo ruído 
• Não necessitarem de rolos tensores 
• Correias múltiplas - se ocorrer o rompimento de uma das correias a substituição não 
precisa ser imediata. 
• Correias múltiplas – Quando da substituição de uma, todas devem ser substituídas. 
 
 
7.3.1. Forças atuantes 
 
 Para o cálculo das forças atuantes nas correias trapezoidais deve considerar o ângulo 
“ϕ” do canal das correias (Figura 2). Assim, considerando F1 a força no lado tenso da transmissão 
e F2 o lado frouxo da transmissão tem-se a equação 1 sem considerar a força centrífuga e 
equação 2 considerando a força centrífuga. 
 
 
Figura 1 – Correia trapezoidal. 
 
Figura 2 – Definição do ângulo da 
correia trapezoidal. 
 
 
Em que: 
F1 = Força no lado tenso 
F2 = Força no lado frouxo 
f = Coeficiente de atrito 
θ = ângulo de abraçamento 
ϕ = ângulo do canal da correia trapezoidal. 
Em que: 
Fc = Força centrífuga. 
 A força atuante sobre o eixo (Figura 3) é dada pela equação 3. 
 
7.3.2. Dimensionamento 
 As dimensões das correias trapezoidais são padronizadas pelos fabricantes. Pode ser 
observado na tabela 1 as dimensões mínimas da polia e a faixa de potência de trabalho. Como 
exemplo o código B-75 representa uma correia do tipo B que possui uma circunferência de 75 
polegadas. 
𝐹1
𝐹2
= 𝑒
𝑓.𝜃
𝑠𝑒𝑛
𝜑
2 
Equação 1 
𝐹1 − 𝐹𝑐
𝐹2 − 𝐹𝑐
= 𝑒
𝑓.𝜃
𝑠𝑒𝑛
𝜑
2 
Equação 2 
 
𝐹 = √𝐹1
2 + 𝐹2
2 + 2. 𝐹1. 𝐹2. 𝑐𝑜𝑠(𝛾); 
 Sendo que: 
𝛾 = 2. 𝛽 = 𝜃2 − 𝜋 
Figura 3 – Forças atuantes em transmissão por correia. 
Equação 3 
 A figura 4 apresenta opção para seleção do tipo de correia pela potência de projeto e 
pela rotação da menor polia. 
 A tabela 2 apresenta valores padronizados para os comprimentos das correias 
trapezoidais. 
 
Seção da 
Correia 
Largura a Altura b 
Diâmetro 
mínimo da 
polia menor 
Faixa de potência (Kw) 
Uma ou mais correias 
mm pol mm pol mm pol 
A 12,7 1/2 8,7 11/32 75 3,0 0,19 - 7,5 
B 16,7 21/32 11,1 7/16 140 5,4 0,75 - 18,65 
C 22,2 7/8 13,5 17/32 230 9,0 11,2 - 75 
D 31,8 1 1/4 19,1 3/4 330 13,0 37,3 - 186,5 
E 38,1 1 1/2 25,4 1 550 21,6 75 e acima 
 
Tabela 1 – Dimensões padronizadas de correias trapezoidais. 
 
Tabela 2 – Comprimentos padronizados para correias trapezoidais. 
 
 
 
Figura 4 – Seleção de Tipo de correia trapezoidal. 
 
 Os cálculos envolvem as dimensões médias adicionando-se um certo valor (Tabela 3) ao 
valor da circunferência interna. Os diâmetros fornecidos são sempre os médios, embora nem 
sempre seja especificado dessa forma. 
 O ângulo de ranhura de uma polia é menor que o ângulo da correia, dessa forma a 
correia tende-se a introduzir-se, aumentando o atrito. As dimensões padronizadas das polias 
podem ser observadas na figura 5. 
 
 
 As polias possuem canais de acordo com perfil da correia. Há polias para apenas uma 
correia ou com 2, 3, 4 ou mais. 
 Sempre que possível dimensionar as correias para trabalhar com 1200 m/min, mas não 
mais que 1500 m/min ou menos que 300 m/min. A capacidade de potência para cada tipo de 
correia pode ser observada na tabela 4 para ângulos de abraçamento igual a 180º. A distância 
entre eixos não deve ser maior que três vezes a soma dos diâmetros das polias, nem menor 
que o diâmetro da polia maior. 
 
 
Figura 5 – Dimensões padronizadas para polias em uso com correias trapezoidais. 
Seção da 
correia 
A B C D E 
Pol mm Pol mm Pol mm Pol mm Pol mm 
Valor a ser 
somado 
1,3 33 1,8 46 2,9 74 3,3 84 4,5 114 
 
Tabela 3 – Valores de conversão de circunferência interna para comprimento médio. 
 
7.3.3. Fatores de Correção 
 Um fator de correção K1 para corrigir ângulo de abraçamento diferente de 180º é 
apresentado na tabela 5 e figura 6. Deve-se multiplicar este fator à capacidade de potência da 
correia. 
 A duração de uma correia mais curta é menor que a duração de uma correia mais longa, 
dessa forma deve-se utiliza um fator de correção K2 (Tabela 6) para se multiplicar a capacidade 
de potência e se encontrar o valor correto. 
 Deve-se considerar na seleção a sobrecarga que pode haver na partida da máquina e 
devido as características da máquina acionadora e acionada, a tabela 7 e 8 fornecem os valores 
de fator de sobre carga a ser multiplicado para se obter a potência de projeto. 
 
 
Tabela 4 – Capacidade de potência para correias trapezoidais padronizadas (Kw) 
Tipo Diâmetro nominal 
da polia menor 
(mm) 
Velocidade da correia – m/s 
5 10 15 20 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
(𝑫 − 𝒅)
𝑪
 Ângulo K1 
0,00 180,0 1,00 
0,10 174,3 0,99 
0,20 166,5 0,97 
0,30 162,7 0,96 
0,40 156,9 0,94 
0,50 151,0 0,93 
0,60 145,1 0,91 
0,70 139,0 0,89 
0,80 132,8 0,87 
0,90 126,5 0,85 
0,100 120,0 0,82 
0,110 113,3 0,80 
0,120 106,3 0,77 
0,130 98,9 0,73 
0,140 91,1 0,70 
0,150 82,8 0,65 
 
Tabela 5 – Fator de correção K1 para 
diferentes ângulos de abraçamento 
 
y = 0.4517ln(x) - 1.3403
R² = 0.9991
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
70 90 110 130 150 170 190
K1
Ângulo de abraçamento
Fator de Correção K1
Figura 6 – Fator de correção K1 para diferentes ângulos de abraçamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A B C D E
Fator de 
Comprimento
Comprimento nominal da correia, m
Tabela 6 – Fator de Correção K2 – Multiplicar a capacidade de potência tabelada, por correia, para obter a 
potência correta. 
Tipo de 
Trabalho 
Fator de 
Serviço 
Condições de trabalho 
Leve 1,0 
Utilização: uso intermitente, menos de 6 h/dia. Sem 
sobrecarga. 
Normal 1,2 
Utilização: 6 a 16 h/dia. Sobrecarga momentânea, < 150 % 
da carga nominal. 
Médio 1,4 
Utilização: 16 a 24 h por dia. Sobrecarga momentânea, < 
200 % da carga nominal. 
Pesado 1,6 Utilização: 16 a 24 h/dia Sobrecarga momentânea, < 250 % 
da carga nominal. 
Extra 
pesado 
1,8 - 2,0 
Utilização: 24 h/dia, 7dias/semana. 
Sobrecarga freqüente, < 250 % da carga nominal. 
 
Tabela 7 – Fator de sobrecarga ou serviço. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7.3.4. Exemplo de Cálculo 
Um motor de fase dividida de 7,5 Kw , com rotação de 1750 rpm deve ser usado para acionar 
uma bomba centrífuga 24 horas por dia. A bomba deve girar a 1175 rpm . A distância entre 
centros não deve exceder 1117 mm. O espaço disponível limita o diâmetro da polia conduzida 
em 292 mm. Determinar o diâmetro das polias, as dimensões das correias e o número de 
correias. 
 
 Da tabela 7 adota-se uma sobrecarga média com fator 1,4. Considerando-se o ambiente 
úmido adiciona-se 0,1 a este fator. Portanto a potência requerida de projeto é 
7,5x1,5=11,25 Kw. 
 Da figura 4 obtém-se o tipo de correia para 1750 rpm e 11,25 Kw (15, 1 HP). Correia do 
tipo B. 
 A polia conduzida não pode exceder 292 mm. A menor polia da tabela 3 com valor mais 
próximo é 275mm, portanto esse será o valor adotado inicialmente. 
 Adota-se a distância entre centros de 1060mm. 
 O diâmetro da polia menor será 275/(1750/1175) = 184 mm ( De acordo com a tabela 3 
pode ser utilizado para correias do tipo B). 
 Calculando-se os ângulos de abraçamento: 
 
 
 
 
 
 
 O comprimento da correia é: 
 
Condições de funcionamento 
Adicionar aofator de Serviço 
Ambiente de poeira 0,1 
Ambiente Úmido 0,1 
Polias 
tensoras 
Ramo 
frouxo 
Internamente 0,1 
Externamente 0,1 
Ramo 
tenso 
Internamente 0,1 
Externamente 0,2 
Polia motora maior do que a 
conduzida 
0,2 
 
Tabela 8 – Fator de serviço adicional 
𝜃𝑑 = 𝜋 − 2𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑛 (
𝐷 − 𝑑
2𝐶
) = 𝜋 − 2𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑛 (
275 − 184
2𝑥1060
) = 3,056 𝑟𝑎𝑑 
𝜃𝐷 = 𝜋 + 2𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑛 (
𝐷 − 𝑑
2𝐶
) = 𝜋 + 2𝑎𝑟𝑐 𝑠𝑒𝑛 (
275 − 184
2𝑥1060
) = 3,228 𝑟𝑎𝑑 
𝐿 = √4. 𝐶2 − (𝐷 − 𝑑)2 + (
1
2
) (𝐷. 𝜃𝐷 + 𝑑. 𝜃𝑑) = 
= √4𝑥10602 − (275 − 184)2 + (
1
2
) (275𝑥3,228 + 184𝑥3,056) = 2842,95𝑚𝑚 
 O comprimento padronizado mais próximo é 2890mm, correia B112, com a adição de 
46 mm (Vide tabela 3), obtém-se o comprimento médio de 2936mm, sendo correia B112. 
 A velocidade da correia é: 
 
 Interpolando-se o valor desta velocidade na tabela 4 obtém-se 3,5 Kw de capacidade de 
potência para a correia, que deve ser multiplicado pelo fator correção de ângulo de 
abraçamento K1, para 3,056 rad (175,1º) K1=0,993 (tabela 4); e multiplicado pelo fator 
de comprimento (K2) 1,05 (Tabela 5). Portanto a capacidade da correia é 3,65Kw. 
 
 O número necessário de correias é: 
 
 
 
 Portanto necessita-se de 4 correias B112. 
 
7.3.5. Exercícios Propostos 
7.3.5.1. Para o acondicionamento com as características abaixo, pede-se: 
o Motor diesel 600 rpm; bomba centrífuga 900 rpm e 18HP; ambiente úmido; 24 
horas/dia; coeficiente de atrito 0,3; ângulo de canal 36º. 
a) especificar a correia em “V” mais adequada (R: 6 x C81) 
b) determinar a carga atuante no eixo. (R: F=1591,06 N) 
7.3.5.2. Um motor elétrico com anéis coletores transmite a potência de 14 HP a 
1420 rpm para a árvore de trabalho de uma Máquina Operatriz. As 
características da transmissão são: 
- Relação de transmissão: 0,2; 
- Utilização contínua, ambiente úmido e choque moderado; 
- Ângulo do canal da polia 36º; 
- Coeficiente de atrito 0,25; 
 Especifique a correia adequada à transmissão e determine a força atuante no 
 eixo. (9 correias B-158; F = 1388,37 N) 
7.3.5.3. Determine o número de correias tipo D, de comprimento 3130 mm, 
necessário para transmitir uma potência de 70 HP através de polias iguais, 
com 250 mm diâmetro e rotação de 1800 rpm. (24 correias) 
𝑉𝑐 =
𝜋 𝑥 𝑑 𝑥 𝑛 
60000
= 
𝜋 𝑥 184 𝑥 1750
60000
= 𝟏𝟔, 𝟖𝟔 (𝒎/𝒔) 
𝑁 =
𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗
𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
=
11,25
3,65
= 3,08 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑖𝑎𝑠