Prévia do material em texto
UNIDADE 1 Organizadores: Adriana Matte | Michael Dias Corrêa | Nara Stefano Patrícia Coelho Motta de Souza | Suzana Michele Souza Rosa DE PREÇOS Custos e Formação Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques Prezado estudante, Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. Objetivo Geral Compreender as Terminologias e Métodos de Controle de Custos. Objetivos Específicos • Compreender os aspectos relacionados à determinação do custo do material direto, discutindo-se o impacto da tributação e dos métodos de controle dos estoques no valor do material direto e dos custos da mão de obra. Questões Contextuais • Você sabe qual é a diferença entre a Contabilidade Financeira, a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade de Custos? • O que é custo? Para quem compra o conceito é claro, o custo é o preço pago pela aquisição, mas e para quem produz? • Como se classificam os gastos do pessoal envolvido diretamente com a produção? • Como a classificação de uma espécie de custo depende da forma de utilização do recurso aplicado em sua produção? • Como devem ser tratados os tributos incidentes sobre as compras (ICMS, IPI, PIS e COFINS)? • O custo do material consumido se altera conforme o método de valorização dos estoques utilizado? • Por que os gastos com salários do pessoal administrativo não são considerados insumos industriais? • Além dos valores incorridos pela empresa com as verbas salariais, o que mais deve ser considerado como custo com mão de obra? unidade 1 V.1 | 2021 CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 12 1.1 Aspectos Históricos Para iniciar o estudo sobre a Contabilidade de Custos é importante entender como a Contabilidade Financeira (ou Contabilidade Geral) relaciona-se com a Contabilidade de Custos e com a Contabilidade Gerencial. De acordo com Martins (2010), antes da Revolução Industrial, na chamada “Era Mercantilista”, só existia a Contabilidade Financeira ou Geral. Tendo em vista a predominância no mercado de empresas comerciais, o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) era conhecido facilmente a partir da diferença entre estoques finais e iniciais, acrescido das compras do período. Não existia a necessidade de informações sobre custo de produção. Após a Revolução Industrial (no final do século XVIII), com o surgimento das grandes indústrias, conforme explica Ferreira (2007), encontrar o custo já não era tarefa tão fácil, pois a produção era complexa e contava com a utilização de vários fatores de produção como matéria-prima, mão de obra e capital investido. Com o crescimento das empresas industriais, a complexidade para o levantamento dos custos e a necessidade de informações mais específicas, houve então o surgimento da Contabilidade de Custos. Através dela foi possível calcular o valor dos estoques, preço dos produtos e o resultado das operações da empresa. A contabilidade de custos passa a ser utilizada como importante ferramenta de auxílio à tomada de decisões. 13 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Figura 1.1 – Evolução da Contabilidade. Fonte: Adaptado de Crepaldi e Crepaldi (2018). Padoveze (2017) explica que, com o surgimento das empresas industriais de grande porte, por volta do século XX, a Contabilidade teve que se aprimorar e desenvolver instrumentos necessários para conhecer-se o custo dos produtos a serem estocados e vendidos. Martins (2010) complementa que a contabilidade de custos nasceu da Contabilidade Financeira, tendo em vista a necessidade de avaliar os estoques nas empresas industriais. Podemos observar que, no início, as aplicações da Contabilidade de Custos resumiam-se em conhecer os custos dos bens e serviços e formar o preço de venda. Ao observarmos os dias atuais, o mercado é quem decide o preço que será praticado. Para que uma gestão de empresas seja eficiente, é preciso controlar os custos de forma mais abrangente, ou seja, analisar toda a cadeia de valor da empresa. Dessa forma, reduzir custos é fundamental para conseguir-se vantagem competitiva. Pré-história: 8000 a.C. até 1202 d.C. (empirismo, conhecido superficialmente): experiências e práticas vividas pelas civilizações do mundo antigo, destacando-se os estudos suméricos, babilônicos, egípcios, chineses e romanos. Idade Média: 1202 d.C., com a obra Liber Abaci, de Leonardo Fibonacci: período de sistematização dos registros. Idade Moderna: 1494, com a publicação da obra Tractatus Particularis de Computis et Scripturis (Tratado Particular de Conta e Escrituração), do frei e matemático Luca Pacioli, em Veneza, onde este fez o estudo sobre o método das “Partidas Dobradas”, tornando-se um marco na evolução contábil. Idade Contemporânea: o Século XVIII, é o período científico da contabilidade, quando esta deixa de ser mera “arte” para tornar-se “ciência”. A partir daí surgiram várias doutrinas contábeis, como: Contista, Controlista, Personalista, Aziendalista e Patrimonialista. Evolução da contabilidade CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 14 1.2 A Contabilidade – Conceitos Veremos a seguir os conceitos e principais características da Contabilidade Financeira (ou Geral) e da Contabilidade Gerencial. Vamos também apresentar quem são os usuários das informações geradas por esses subsistemas contábeis. E por fim, mostrar como estas áreas relacionam-se com a Contabilidade de Custos. 1.2.1 A Contabilidade Financeira Para Iudícibus e Marion (2011), a Contabilidade é um sistema de informação voltado principalmente para prover os usuários de dados para tomada de decisão. É obrigatória e deve ser realizada de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade, atende às imposições da legislação fiscal e disponibiliza o resultado das operações das empresas, para seus diversos usuários, através das Demonstrações Contábeis. Os usuários das informações contábeis são todos os agentes que possuem relações com a empresa, sejam internos ou externos. Funcionários, fornecedores, investidores, credores, clientes, governo, entre outros, são exemplos de usuários das informações geradas pela Contabilidade. Segundo Iudícibus (2015, p.3), “o objetivo da Contabilidade é fornecer aos usuários, independentemente de sua natureza, um conjunto básico de informações que, presumivelmente, deveria atender igualmente bem a todos os tipos de usuários”. Outros objetivos da contabilidade são encontrados na literatura, como descrita por Marion (2015, p. 5), a “Contabilidade pode ser considerada como sistema de informação destinado a prover seus usuários de dados para ajudá-los a tomar decisões”. Nesse contexto, o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis, emitido pelo Comitê de Pronunciamento Contábil (CPC), define que o propósito das demonstrações contábeis é atender às necessidades de informações dos usuários externos. Contudo, é importante ressaltar que essas informações são elaboradas de acordo com o critério estabelecido pela legislação societária e não contêm um formato especificamente planejado para atender às necessidades peculiares de todos os usuários. Conforme falamos anteriormente, os usuários das informações contábeis são as pessoas que se utilizam da Contabilidade, que se interessam pela situação da empresa e buscam na Contabilidade suas respostas. O grupo de usuários da informação contábil é amplo e diversificado. Esses usuários podem ser internos ou externos à empresa, conforme revela o quadro a seguir. 15 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Quadro 1.1 – Usuários da Informação Contábil. USUÁRIOS CARACTERÍSTICAS Entidades GovernamentaisSão interessados em informações que sirvam de base à atribuição como receita, valor adicionado, produtividade e lucro. Fornecedores e Clientes Interesse na continuidade da empresa e na manutenção da capacidade da empresa em quitar compromissos. Acionistas e Investidores Interessados no desenvolvimento dos negócios, no fluxo regular de dividendos, valor de mercado da ação e no lucro por ação. Financiadores e Bancos Interesse nas informações sobre geração de fluxos de caixa futuros suficientes para receber de volta o capital emprestado, mais os juros, com segurança. Empregados e Sindicatos Interessados na continuidade da empresa, bem como na geração dos benefícios. Administração Gerentes, administradores e responsáveis pelo retorno sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio líquido, situação de liquidez e endividamento confortáveis. Outros Interessados Buscam constatar a manutenção e o desenvolvimento da empresa, bem como a ação no meio em que ela está inserida, como, por exemplo, a verificação dos benefícios que ela gera para a sociedade Fonte: Adaptado de Iudícibus (2015, p. 5). Como vimos no quadro anterior, a contabilidade financeira gera informações que são do interesse dos diversos usuários (internos e externos) sobre a situação patrimonial e financeira das empresas. Essas informações são divulgadas por meio das demonstrações contábeis, que são apresentadas obrigatoriamente por essa área para cumprir as exigências da legislação societária e das Normas Brasileiras de Contabilidade. As principais demonstrações elaboradas são o Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado, Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e a Demonstração dos Fluxos de Caixa. Clique no link a seguir e conheça a NBC TG 26, que trata da apresentação das Demonstrações Contábeis: http://gg.gg/bjwsm. SAIBA MAIS CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 16 1.2.2 Contabilidade Gerencial Para Horngren, Datar e Foster (2004, p. 2), a Contabilidade Gerencial “mede e relata informações financeiras e não financeiras que ajudam os administradores a tomar decisões para alcançar os objetivos de uma organização”. Segundo os autores, a contabilidade gerencial está baseada em relatórios internos, realizada com a finalidade de atender a solicitações específicas. Como por exemplo, para a administração verificar se a empresa está obtendo um saldo positivo nas suas operações. Marion (2015, p. 8) define que a Contabilidade Gerencial é voltada para finalidades internas e procura suprir os gerentes com uma quantidade maior de informações, geradas exclusivamente para a tomada de decisões. Crepaldi e Crepaldi (2017) também comentam que as informações produzidas pela Contabilidade Gerencial são destinadas a suprir necessidades específicas dos usuários. Segundo esse autor, ao integrar as informações obtidas nos vários departamentos, a contabilidade gerencial fornece aos administradores informações que permitem avaliar o desempenho de projetos e produtos da empresa, pois apresentará os dados de acordo com as necessidades de cada usuário, de forma clara e objetiva. Como podemos perceber pelos conceitos anteriores, a contabilidade gerencial atende aos usuários internos das organizações e assim, as informações apresentadas não precisam estar no formato exigido pela legislação societária. Os relatórios podem ser desenvolvidos da melhor forma para atender aos interesses dos administradores. Veja que a contabilidade gerencial tem a finalidade de orientar a administração na tomada de decisões, ou seja, gera informações para o usuário interno de acordo com os dados e formatos solicitados. Nesse contexto, existe uma diferença entre os elementos da contabilidade financeira ou geral e da contabilidade gerencial. No quadro a seguir, são apresentadas as principais características dessas duas áreas. 17 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Quadro 1.2 – Características da Contabilidade Financeira e da Contabilidade Gerencial. ITENS CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL Usuário das informações Externo: acionistas, credores e autoridades fiscais. Interno: funcionários, gerentes e executivos. Objetivo Reportar o desempenho passado com finalidades externas; contratos com proprietários e credores. Informar para a tomada de decisões interna feita por empregados, gestores e executivos: feedback e controle do desempenho das operações. Temporalidade Histórica; passada. Corrente; orientada pelo futuro. Diretrizes restritivas Reguladas: regras direcionadas por princípios de contabilidade e por autoridades governamentais. Sem regras estabelecidas: sistemas e informações determinados por gerentes para encontro de necessidades estratégicas e operacionais. Tipo de informação Medidas financeiras somente. Financeiras e também medidas operacionais e físicas sobre processos tecnologias, fornecedores, clientes, e competidores. Natureza da informação Objetiva, audível, confiável, consistente, precisa. Mais subjetiva e de juízos; válidas, relevantes, acuradas. Escopo Altamente agregado; relatórios sobre a organização inteira. Desagregado, de informação e ações e decisões locais Unidade de mensuração Padrão monetário do país Qualquer unidade física ou padrão monetário Fonte: Adaptado de Crepaldi e Crepaldi (2017, p. 10). Agora que você conhece as diferenças entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial, vamos ver como a Contabilidade de Custos relaciona-se com essas duas áreas. CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 18 1.2.3 Contabilidade de Custos Conhecer e saber diferenciar os custos da produção e despesas, é essencial para a formação do resultado de uma empresa. Assim, em termos contábeis, os custos e as despesas são evidenciados na estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), conforme demonstrado a seguir. Quadro 1.3 – Demonstração do Resultado do Exercício. RECEITA BRUTA OPERACIONAL Receitas de vendas e/ou prestação de serviços, geradas pela atividade-fim da empresa (-) Deduções da Receita Bruta Devoluções de vendas, impostos sobre vendas (=) Receita Líquida Operacional Diferença entre a Receita da empresa e deduções (-) Custos Custos com produtos vendidos (CPV) Custo com a mercadoria vendida (CMV) Custo dos serviços prestados (CSP) (=) Resultado Operacional Bruto É o resultado obtido após retirar-se o custo da mercadoria/produto/serviço (-) Despesas Operacionais Despesas gerais do período com as atividades da empresa (=) Resultado Operacional Líquido Resultado obtido após a dedução das despesas operacionais (-) Outras receitas/despesas Receitas ou despesas que não estão relacionadas com a atividade-fim da empresa (-) IRPJ e CSLL Impostos incidentes sobre o lucro (=) Resultado Líquido do Exercício Resultado obtido pela empresa, que pode ser lucro ou prejuízo Fonte: Elaborado pela autora (2018). A Contabilidade de Custos é a área da contabilidade que tem como finalidade básica mensurar o custo unitário dos produtos e serviços para fins contábeis e para o processo de tomada de decisões sobre eles (PADOVEZE, 2017). DESTAQUE 19 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Para Perez Júnior, Oliveira e Costa (2012), a Contabilidade de Custos integra a Contabilidade Gerencial, pois é um sistema capaz de determinar o custo incorrido no processo de produção de bens ou na prestação de serviços, com o objetivo de gerar informações úteis à administração das empresas. Os autores explicam ainda que os dados produzidos pela Contabilidade de Custos também fornecem subsídios para elaboração dos relatórios da Contabilidade Financeira, uma vez que a legislação societária exige que as empresas mantenham um controle de custos integrado com a escrituração contábil. Ou seja, tudo está interligado. De acordo com Martins (2010), a Contabilidade de Custos tem duas funçõesrelevantes: o controle e o auxílio na tomada de decisões. Com relação ao controle, significa dizer que seu objetivo é fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e previsões. Controlar é ter um parâmetro de comparação, por exemplo: se a empresa não sabe o quanto gasta para produzir um item, então como reduzir os custos? Ela pode controlar o consumo de recursos, verificando se eles estão dentro do esperado, eliminando desperdícios do processo produtivo. No que diz respeito à tomada de decisões, refere-se ao acompanhamento das informações a partir das estratégias da administração. Ferreira (2007) acrescenta que, além do controle e auxílio na tomada de decisões, a contabilidade de custos auxilia na determinação do lucro da empresa. O autor destaca ainda que para atingir esses três objetivos, a contabilidade de custos é constituída de um sistema, cuja função é identificar, acumular e processar os dados, gerando informações de custos. É a partir de um sistema de custeio eficiente, que se ajusta às constantes mudanças nos processos de fabricação, que a administração da empresa terá o suporte necessário para tomar a melhor decisão de atuação no mercado. Ferreira (2007) explica que as principais características que um sistema de custeio moderno são as seguintes: Figura 1.2 – Características de um Sistema de Custeio Moderno. Fonte: Adaptado de Ferreira (2007, p. 10). Informação sobre o que interessa ao cliente Conhecer quais os fatores são causadores do custo Deve ser atrativo em uma análise custo/benefício Suporta melhoria contínua Medir rentabilidade dos objetos de custo Conhecer a estrutura de custos CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 20 As informações produzidas pela Contabilidade de Custos atende aos usuários internos das empresas, pois darão subsídios para a elaboração dos relatórios da Contabilidade Financeira e da Contabilidade Gerencial. Assim, a Contabilidade de Custos integrada à Contabilidade Financeira e à Contabilidade Gerencial, forma um sistema de informações (figura a seguir). Esse sistema de informações gerenciais é capaz de auxiliar na obtenção da capacidade competitiva da empresa e de melhorar a gestão do processo produtivo. Figura 1.3 – Contabilidade de Custos como um Sistema de Informações Gerenciais. Fonte: Adaptado de Martins (2010, p. 22). Contabilidade de Custos Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial 21 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 1.3 Terminologias e Classificação dos Custos Como a contabilidade de custos coleta e classifica os dados das atividades operacionais, para a melhor compreensão do que será abordado ao longo da nossa disciplina é importante que sejam conhecidos os conceitos utilizados. Dessa forma, na sequência vamos ver as principais terminologias utilizadas na contabilidade de custos, bem como suas classificações. Desembolso É o pagamento resultante da aquisição de um bem ou serviço, podendo ocorrer situações à vista ou a prazo (MARTINS, 2010, p. 25). Podemos dizer que o desembolso nada mais é do que todo o dinheiro que sai do caixa (disponível) para um pagamento (IUDÍCİBUS E MARİON, 2011, p. 172). São exemplos de desembolso: compra de matéria-prima à vista; pagamento de salário do pessoal da produção; pagamento da prestação referente ao empréstimo bancário; pagamento da parcela ao fornecedor referente à aquisição de uma máquina. Preço Segundo Ferreira (2007, p. 24), preço é o “valor estabelecido pelas partes (comprador e vendedor) para transferir a propriedade de um bem ou para prestar um serviço”. Gasto Martins (2010, p. 24) apresenta a seguinte definição: “compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”. Para Leone e Leone (2010, p. 32), “o termo gasto é usado para definir as transações financeiras em que há ou uma diminuição do disponível ou a assunção de um compromisso em troca de algum bem de investimento ou bem de consumo”. Resumidamente, pode-se dizer que gasto é o consumo de um bem ou serviço. São exemplos de gastos: • gasto com mão de obra (salários e encargos sociais); • gasto com aquisição de mercadorias para revenda; • gasto com aquisição de matérias-primas para industrialização; • gasto com aquisição de máquinas e equipamentos; • gasto com aluguel de edifício (aquisição de serviços). CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 22 Tipos de Gastos Segundo Neves (2013, p. 14), “os gastos podem ser classificados em: Investimentos, Custos ou Despesas”. Figura 1.4 – Tipos de Gastos. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Vamos ver a seguir o que difere cada um deles. Investimento Os investimentos são os gastos necessários para compor a estrutura do negócio; fazem parte do Ativo da empresa. Martins (2010, p. 25) explica que o Investimento é o “gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos”. Conforme Izidoro (2016, p. 8), “o investimento tem a característica de estocagem e não utilização no momento da compra, somente no futuro será utilizado, negociado ou consumido”. Assim, um investimento ocorre quando o item adquirido é ativado, seja no Ativo Circulante ou no Ativo Não Circulante. São exemplos de investimentos: • aquisição de máquinas e equipamentos; • aquisição de imóveis para uso da empresa; • aquisição de matéria-prima; aquisição de ações de outras empresas (participações societárias). Custos A definição de Martins (2010, p. 25) para custos é “gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”. Ferreira (2007, p. 38) complementa, “o custo é reconhecido no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços) para a fabricação de um produto ou execução de um serviço. Ou seja, é o somatório do esforço físico ou financeiro para a produção de um bem ou serviço”. Assim, de acordo com Padoveze e Takakura (2013, p. 23), “custo é o sacrifício de recursos para a obtenção de receitas”, conforme demonstra a figura a seguir. Tipos de Gastos Investimento Custo Despesa 23 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Figura 1.5 – Processo Sistêmico. Fonte: Adaptado de Padoveze e Takakura (2013, p. 24). Dessa forma, podemos dizer que custo é a aplicação (consumo) de recursos, expressa em valores monetários, utilizada na produção de bens ou serviços, ou seja, são os gastos da produção. Figura 1.6 – Fábrica (produção). Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2021) com base em Freepik (2021). Nas empresas industriais, podemos dizer que são exemplos de custos os seguintes gastos: salários dos funcionários da área de produção; depreciação de equipamentos utilizados na área produtiva; combustíveis utilizados no processo de transformação; consumo de matéria-prima. Note que a aquisição da matéria-prima, enquanto não consumida no processo produtivo, é registrada no Estoque (Ativo Circulante) e classificada como um Investimento, ela somente será classificada como Custo quando for consumida. Custo Sacrifício Receita CMV - Custo da Mercadoria Vendida CPV - Custo do Produto Vendido CSP - Custo do Serviço Prestado DESTAQUE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 24 Padoveze e Takakura (2013) explicam que, nas empresas comerciais, o custo da mercadoria vendida (CMV) é calculado a partir dos gastos que a empresa faz com a aquisição dos estoques de produtos prontos, que serão revendidos a terceiros. Já nas empresas industriais, os custos de fabricação formam o custo dos produtos em estoque e causam impacto no resultado somente quando são vendidos e passam a integrar o custo dos produtos vendidos (CPV). O Custo do Serviço Prestado (CSP) é identificado nas empresas prestadoras de serviços, cuja a estrutura dos serviços está diretamente ligada aos materiais quesão consumidos no serviço, como por exemplo: • no serviço de contabilidade, o gasto com mão de obra dos contadores ou consultores técnicos; • no serviço de transporte, o consumo de combustível. Essas empresas também possuem custos diretos e indiretos, porém, o que as diferencia de uma indústria é o fato de que os serviços não são tangíveis e, portanto, não podem ser estocados. Despesa Martins (2010, p. 25) explica que o termo despesa aplica-se aos “bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente para obtenção de receitas”. Na definição de Neves (2013, p. 14), a despesa é o “gasto com bens e serviços não utilizados nas atividades produtivas e consumidos com a finalidade de obtenção de receitas”. Figura 1.7 – Escritório. Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2021) com base em Freepik (2021). 25 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Assim, entende-se que as despesas correspondem no consumo de bens ou serviços em atividades não relacionadas com a produção ou atividade-fim da empresa. São exemplos de despesas administrativas: salários do pessoal de vendas e da administração; energia elétrica consumida no escritório; gastos com combustíveis dos vendedores; e aluguéis e seguros do escritório. Custo x Despesa Figura 1.8 – Custo ou Despesa? Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2021) com base em Freepik (2021). Custo - É o consumo de bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços. O resultado deste consumo, quando relacionado a produto, é registrado na conta contábil (Estoque no Ativo Circulante). Despesa - É o consumo de bens ou serviços em atividades não relacionadas à produção ou atividade-fim da empresa. As despesas são classificadas contabilmente no resultado e, desta forma, representam uma diminuição do lucro, impactando o patrimônio líquido. DESTAQUE � � CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 26 A partir dos conceitos abordados até aqui, vejamos alguns exemplos de classificação dos tipos de gastos no quadro a seguir. Quadro 1.4 – Classificação dos Gastos. ITENS INVESTIMENTO CUSTO DESPESA Consumo de energia elétrica no departamento comercial X Salários pagos para o pessoal da produção X Consumo de combustível de um veículo utilizado exclusivamente para a entrega de vendas X Aquisição de máquinas X Consumo de água como insumo no processo produtivo X Gasto com telefone no setor financeiro X Compra de matéria-prima X Manutenção do prédio da fábrica (produção) X Depreciação das máquinas utilizadas na produção X Depreciação dos computadores do setor administrativo X Compra de equipamento para a produção X Consumo de materiais de expediente no setor administrativo X Salários pagos para o pessoal do setor financeiro X Consumo de matéria-prima X Fonte: Elaborado pela autora (2018). Perda A perda é um gasto não intencional, conforme explica Neves (2013). Ela é decorrente de fatores externos fortuitos ou da atividade produtiva normal da empresa, tais como as sobras de materiais da produção sem aproveitamento e sem valor comercial, capacidade ociosa anormal, incêndio etc. Vejamos agora as classificações existentes para as perdas. 27 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Perda Anormal As perdas serão consideradas despesa quando não forem decorrência normal do processo produtivo, como por exemplo, a ocorrência de um roubo de matéria- prima. Por serem aleatórias e involuntárias, deixam de fazer parte do custo de produção e são tratadas como despesa no resultado do período (DRE), conforme orientação do CPC 16 (R1) - Estoques. Exemplos: vazamento de materiais líquidos ou gasosos; material com prazo de validade vencido; gastos incorridos em períodos de paralisação devido à falta de insumos; problemas com equipamentos; greves; enchentes; inundações; sinistros, etc. Perda Normal As perdas normais de matéria-prima na produção são classificadas como custo do produto elaborado no período. São previsíveis e ocorrem. Por exemplo, nos processos de corte, tratamento térmico, evaporação, reações químicas etc. Figura 1.9 – Classificação das Perdas. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Desperdício É a perda de materiais, principalmente de matéria-prima, no processo produtivo. (MARTINS, 2010, p. 122). Para Perez Júnior, Oliveira e Costa (2012, p. 9), desperdícios “são os gastos incorridos nos processos produtivos ou de geração de receitas e que possam ser eliminados sem prejuízo da qualidade ou quantidade dos bens, serviços ou receitas geradas”. Para os autores, ter desperdício no processo de produção indica prejuízo, devido à dificuldade de repassar esses valores para o preço do produto. Clique no link a seguir e conheça a CPC 16, que trata dos estoques: http://gg.gg/bjxcg. SAIBA MAIS Normal Custo DespesaAnormal Perda CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 28 Ainda citando os autores Perez Júnior, Oliveira e Costa (2012), são exemplos de desperdício: retrabalho decorrente de defeitos de fabricação; estocagem e movimentação desnecessária de materiais e produtos; relatórios financeiros, administrativos e contábeis, emitidos sem qualquer utilidade ou solicitação; cargos intermediários de chefia e supervisão desnecessários. Receita Bruta de Vendas A receita bruta de vendas é o total das vendas efetuadas pela empresa industrial ou comercial. Segundo Iudícibus e Marion (2011, p. 54), “receita bruta é o total bruto vendido no período”. A receita bruta das empresas que têm por atividade a prestação de serviços é o resultado obtido pelos serviços prestados. Assim, é possível concluir que a receita bruta de vendas é formada pelas vendas de mercadorias, produtos ou serviços. Custo de Aquisição de Materiais Perez Júnior, Oliveira e Costa (2012, p. 24) explicam que “o custo das mercadorias e materiais adquiridos deve incluir todos os gastos necessários para que a mercadoria ou material chegue ao estabelecimento da empresa compradora”. Os autores ainda destacam que os impostos recuperáveis não fazem parte do custo de aquisição, por tratarem-se de valores que a empresa tem de crédito junto ao governo, que serão compensados com impostos da mesma espécie. Assim, o custo de aquisição dos materiais é composto pelo valor pago ao fornecedor e todos os gastos relacionados ao processo de aquisição, tais como: gastos referentes à armazenagem do produto, os fretes sobre as compras, seguros, impostos não recuperáveis, entre outros. Vamos ver um exemplo prático? Suponha que a “Cia. Beta Ltda.” é uma empresa industrial e adquiriu matéria- prima no valor de R$ 5.000,00, considerando seguintes informações: Valor pago ao fornecedor (valor total da nota fiscal): R$ 5.000,00 Impostos a recuperar: ICMS (18%) : R$ 900,00 e IPI (2%): R$ 100,00 Frete (pago pela Cia. Beta a prazo): R$ 200,00 Seguro (pago pela Cia. Beta a prazo): R$ 50,00 Podemos definir receita como algo que ocorre durante as atividades normais da entidade, sendo nominada por uma ampla variedade de nomes: vendas, juros, honorários, aluguéis, dividendos e royalties, por exemplo. 29 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 A partir dos dados informados, o cálculo do custo de aquisição da matéria-prima adquirida pode ser demonstrado da seguinte forma: Tabela 1.1 – Cálculo do Custo de Aquisição da matéria-prima. CÁLCULO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA Valor pago ao fornecedor 5.000,00 (-) Impostos Recuperáveis ICMS 18% -900,00 IPI 2% -100,00 (+) Fretes 200,00 (+) Seguro 50,00 (=) Custo de aquisição de matéria-prima 4.250,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018). Considerando os dados anteriores, a contabilização dessa aquisição é a seguinte: Tabela 1.2 – Contabilização. CONTAS DÉBITO CRÉDITO Estoques R$ 4.250,00 Fornecedores a pagar 18% R$ 5.000,00 ICMS a recuperar R$ 900,00 IPI a recuperar R$ 100,00 Fretes a pagar R$ 200,00 Seguros a pagar R$ 50,00R$ 5.250,00 R$ 5.250,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018). Composição dos Custos dos Produtos O custo de cada produto é composto, segundo Silva e Lins (2014, p. 15), de matéria-prima (MP), mão de obra diretamente identificada ao produto (MOD) e os demais custos indiretos de fabricação (CIF). CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 30 Figura 1.10 – Composição dos Custos dos Produtos. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Custo de Fabricação ou Custo Industrial Perez Júnior, Oliveira e Costa (2012, p. 6) definem os custos de produção, bens e serviços, como “todos os gastos incorridos no processo produtivo de uma empresa industrial ou no processo da execução de determinado serviço”. Ribeiro (2013, p. 20) explica que “o Custo de Fabricação ou o Custo Industrial compreende a soma dos gastos com bens e serviços aplicados ou consumidos na fabricação de outros bens”. De acordo com o autor, três elementos compõem o custo de produção: materiais, matéria- prima e gastos gerais de fabricação. A figura a seguir apresenta alguns exemplos de itens que compõem o custo de produção ou fabricação. Figura 1.11 – Composição dos Custos de Produção/Fabricação. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Custo Total MP Matéria-Prima Embalagem MOD Mão de Obra Direta CIF Custos Indiretos de Fabricação Custo dos materiais (+) Mão de Obra(+) Manutenção (+) Depreciação (+) Energia Elétrica 31 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Observe na Figura 1.11 os principais gastos que formam o custo de fabricação em uma empresa industrial. É importante lembrar que esses gastos do processo de produção representam a utilização de insumos para a elaboração de um produto, denominados de custos, e não representam uma despesa redutora das receitas do período. Materiais Ribeiro (2013, p. 20) explica que os “materiais são os objetos utilizados no processo de fabricação, podendo ou não entrar na composição do produto”. Segundo Padoveze (2013, p. 23), “denomina-se materiais diretos os que fazem parte do produto final. Eles compõem a estrutura dos produtos e serviços, como as matérias-primas, componentes, acessórios e material de embalagem”. Os materiais indiretos, como explica o autor, são aqueles utilizados no processo de produção, mas que não são incorporados diretamente ao produto. Por exemplo: material de expediente utilizado na área produtiva, material de segurança dos funcionários da produção, ferramentas, materiais auxiliares como lixas, estopas, óleos e lubrificantes para as máquinas, entre outros. São itens necessários no processo de produção, mas de difícil identificação no produto final, ou seja, você não consegue visualizar no produto pronto. Matéria-Prima (MP) É a parte do custo do produto que será modificada pela ação da mão de obra direta e dos custos indiretos, transformando-se em produto acabado, por exemplo: na produção de uma caneta, podemos citar a tinta e o plástico como matéria-prima. Mão de Obra (MO) Os gastos com mão de obra incluem os salários e encargos sociais referentes aos empregados da área produtiva. Padoveze (2013) esclarece que é considerada mão de obra direta os gastos com o pessoal que manipula diretamente os produtos ou executa os serviços vendidos. Para Ribeiro (2013), a mão de obra é todo o esforço do homem aplicado na fabricação dos produtos. Gastos Gerais de Fabricação Os gastos gerais de fabricação compreendem todos os demais gastos necessários para que o produto seja fabricado, mas que não se classifiquem no grupo de materiais ou mão de obra (RIBEIRO, 2013, p. 20). São exemplos de gastos gerais os gastos com energia elétrica da fábrica, depreciação de máquinas e equipamentos utilizados na produção, os gastos com telecomunicação da fábrica, aluguel do prédio da fábrica, manutenção e limpeza da fábrica, entre outros. CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 32 1.4 Classificação dos Custos e Despesas Com o objetivo de facilitar a análise, é importante que cada gasto seja tratado de forma distinta, classificando-o, de acordo com a sua natureza, em custo ou despesa. Assim, é importante reforçar a diferença entre custo (gastos da fábrica/produção) e as despesas (gastos com as áreas de administração, finanças e comercial) para melhor compreensão dos conceitos que serão trazidos a seguir. Note que as despesas são registradas diretamente no resultado. Já os custos são primeiramente contabilizados em conta de estoque (de produtos prontos ou produtos em elaboração) e somente são reconhecidos no resultado, como custo, quando ocorre a venda dos produtos. Figura 1.12 – Alocação dos Custos e Despesas no Resultado. Fonte: Elaborado pela autora (2018). 1.4.1 Custo Total x Custo Unitário Custo Total Santos et al. (2015, p. 14) definem o custo total como “o somatório dos custos de todas as unidades transacionadas (produzidas, fornecidas, serviços prestados etc.) dentro de determinado período de tempo”. É importante compreender que o Custo Total de produção refere-se ao valor dos bens ou serviços necessários para produzir um conjunto de unidades de um produto ou serviço. Despesas DRE (+) RECEITAS (-) Custos (=) LUCRO BRUTO (-) Despesas (=) RESULTADO LÍQUIDO Custos Vendas Estoque de produtos prontos 33 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Vejamos agora um exemplo prático: Determinada empresa fabrica e comercializa o produto “X” e para produzir 1.000 unidades deste item, possui os seguintes gastos: Materiais: R$ 300,00 Mão de Obra direta: R$ 900,00 Gastos Gerais de Fabricação: R$ 156,00 = Custo Total: R$ 1.356,00 Assim, podemos dizer que, para produzir 1.000 unidades do produto “X”, a empresa tem o custo total de R$ 1.356,00. Custo Unitário O Custo Unitário, para Santos et al. (2015, p. 14), é o custo de cada unidade produzida. O Custo Unitário é obtido através da divisão do Custo Total pela quantidade produzida em um determinado período. Conhecer o custo unitário possibilita que seja estabelecido o preço de venda unitário, assim como, avaliar a sua lucratividade (resultado líquido obtido pela empresa, que pode ser lucro ou prejuízo). O custo unitário pode ser obtido mediante a aplicação da seguinte fórmula: Cu = Ct n Onde: Cu = custo unitário Ct = custo total n = número de unidades produzidas Vejamos agora um exemplo prático: Determinada empresa fabrica e comercializa o produto “XYZ” e o custo total dessa produção foi de R$ 250.000,00. Já a produção total foi de 5.000 unidades. Aplicando a fórmula estudada anteriormente, temos: Cu = 250.000 5.000 = R$ 50,00 por unidade CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 34 1.4.2 Classificação dos Custos Os custos podem ser classificados da seguinte forma: Figura 1.13 – Classificação dos custos. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Classificação em Relação ao Produto Os custos serão classificados como diretos e indiretos em relação ao produto ou serviço que está sendo produzido e fornecido pela empresa. Custos Diretos Os Custos Diretos são aqueles que integram o produto e suas quantidades e valores, são de fácil identificação no produto. Santos et al. (2015, p. 21) explicam que os custos diretos são “apropriados aos produtos sem a necessidade de uma alocação adicional, ou seja, são perfeitamente identificados”; são apropriados de forma objetiva e direta. Exemplos: custo com materiais (matéria-prima), embalagem e custo com mão de obra direta (MOD). Custos Indiretos (CIF) Os Custos Indiretos possuem como característica a dificuldade em mensurar as quantidades e valores despendidos em relação a cada produto fabricado. Ribeiro (2013) explica que a natureza dos custos indiretos é beneficiar a fabricação de vários produtos ao mesmo tempo e por isso é difícil a sua identificação. São exemplos de custos indiretos: os salários dos supervisores da produção e aluguel do prédio da fábrica. Os custos indiretos são geralmente atribuídosaos produtos através do sistema de “rateio”, tendo em vista a dificuldade de mensurar o consumo efetivo em cada produto. Leone e Leone (2010) explicam que o “rateio” é um cálculo realizado mediante o emprego de critérios e taxas que resultam na divisão proporcional de um montante global e comum. Custos Classificação em relação ao volume de produção Fixos Variáveis Classificação em relação ao produto Diretos Indiretos 35 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Exemplos de critérios de rateio: unidades produzidas; horas-máquinas utilizadas; horas de mão de obra utilizadas; valor material empregado. Figura 1.14 – Custos diretos x custos indiretos. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Classificação em Relação ao Volume de Produção Os custos serão classificados em fixos ou variáveis conforme a relação do valor gasto com o volume produzido. Representação Gráfica do Comportamento dos Custos Os gráficos são ferramentas que nos auxiliam visualmente a identificar o comportamento dos custos em relação ao volume de produção. Em geral, atribui-se o volume de produção à variável representativa do Eixo X. Já o valor dos custos despendidos no processo produtivo são representados pelo Eixo Y. Figura 1.15 – Representação dos custos. Fonte: Adaptado de Padoveze (2013, p. 50). Custos Fixos Para Padoveze (2013, p. 50), “um custo é considerado fixo quando o seu valor não se altera com as mudanças, para mais ou para menos, do volume produzido ou vendido dos produtos finais”. Os custos fixos permanecem constantes, independente do volume de atividades. Custos Custos Diretos Produto A Custos Indiretos Alocação (rateio) Produto B Eixo y Eixo x CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 36 São exemplos de custos fixos o valor pago pelo aluguel do prédio da fábrica, o seguro do prédio da fábrica, depreciação de máquinas e equipamentos da produção. Perez Júnior, Oliveira e Costa (2012) explicam as principais características dos custos fixos: • O valor total permanece constante dentro de determinada faixa de produção; • Em termos unitários, o valor da unidade produzida varia à medida que ocorre variação no volume de produção, por tratar de um valor fixo diluído por uma quantidade maior; • A alocação dos custos fixos, para os centros de custos, é feita, na maioria das vezes, utilizando critérios de rateio. Tabela 1.3 – Comportamento dos Custos Fixos Totais e Custos Fixos Unitários. COMPORTAMENTO DOS CUSTOS FIXOS TOTAIS E CUSTOS FIXOS UNITÁRIOS Custo Fixo Total Quantidade Produzida Custo Fixo Unitário 5.000,00 1.000 5,00 5.000,00 2.000 2,50 5.000,00 3.000 1,67 Fonte: Elaborado pela autora (2018). Custo Fixo Total é aquele que, no seu total, permanece constante e independe do volume da produção. A partir da tabela anterior, é possível observar que o custo fixo total não varia em função do volume de produção, ou seja, ele permanece fixo independente da quantidade produzida. Por exemplo, uma empresa paga R$ 5.000,00 por mês de aluguel da fábrica e produz 1.000 unidades do produto “Y”. Se a empresa aumentar a sua produção para 2.000 ou para 3.000 unidades, o valor pago pelo aluguel da fábrica não mudará. Ou seja, o custo fixo total do aluguel (R$ 5.000,00) não sofre alteração, independente da quantidade de itens que esta empresa vier a produzir. 37 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Se olharmos graficamente, o comportamento do Custo Fixo Total é o seguinte: Figura 1.16 – Comportamento do Custo Fixo Total. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Em termos unitários, o custo fixo diminui na medida em que o volume de produção aumenta. Tomando por base o mesmo exemplo, se a empresa produzir 1.000 unidades, terá um custo fixo de R$ 5,00 por unidade produzida (R$ 5.000,00/1.000 unidades). Por outro lado, se a empresa produzir 3.000 unidades, ela terá um custo fixo de R$ 1,67 por unidade produzida (R$ 5.000,00/3.000 unidades). Se olharmos graficamente, o comportamento do Custo Fixo Unitário é o seguinte: Figura 1.17 – Comportamento do Custo Fixo Unitário. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Observa-se que os custos fixos podem aumentar ou diminuir conforme a capacidade de produção, assim, quanto maior for a capacidade produtiva com a mesma estrutura de custos fixos, melhor será a rentabilidade da empresa. Custos Variáveis Padoveze (2013, p. 51) esclarece que “são assim chamados os custos e as despesas cujo montante em unidades monetárias varia na proporção direta das variações do nível de atividade a que se relacionam”. Para Ribeiro (2013, p. 20), “custos variáveis são aqueles que variam em decorrência do volume da produção”. Quanto maior a quantidade fabricada, maiores serão os custos variáveis. Volume (Quantidade) O custo fixo total permanece CONSTANTE, independentemente da quantidade produzida. Volume (Quantidade) O custo fixo unitário DECRESCE, na medida em que a quantidade produzida aumenta. CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 38 Vamos ver um exemplo prático? Uma fábrica de chocolates produz 10.000 bombons por mês e, por consequência, utiliza 10.000 embalagens em sua produção mensal. Com a expansão dos negócios, a empresa pretende aumentar sua produção para 15.000 bombons por mês. Dessa forma, as embalagens que serão utilizadas também serão aumentadas para 15.000 unidades por mês. Ou seja, as embalagens utilizadas para embalar os bombons são um exemplo de custos variáveis, pois aumentam conforme aumenta a produção. As características dos custos variáveis, de acordo com a explicação de Perez Júnior, Oliveira e Costa (2012, p. 14), são as seguintes: seu valor total varia na proporção direta do volume de produção e o valor é constante por unidade, independente da quantidade produzida. A alocação aos produtos ou centros de custos é feita de forma direta, sem a necessidade de rateios. Tabela 1.4 – Comportamento dos Custos Variáveis Totais e Custos Variáveis Unitários. COMPORTAMENTO DOS CUSTOS VARIÁVEIS TOTAIS E CUSTOS VARIÁVEIS UNITÁRIOS Custo Variável Total Quantidade Produzida Custo Variável Unitário 20.000,00 1.000 R$ 20,00 40.000,00 2.000 R$ 20,00 60.000,00 3.000 R$ 20,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018). Ao observar a Tabela 1.4, é possível afirmar que o custo variável unitário mantém-se estável por unidade produzida, por exemplo, a empresa gasta R$ 20,00 de embalagem para cada unidade do produto “X”. Esse valor é constante por unidade, independente da quantidade produzida. Se olharmos graficamente, o comportamento do Custo Fixo Unitário é o seguinte: Figura 1.18 – Comportamento do Custo Variável Unitário. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Volume (Quantidade) O custo variável unitário permanece CONSTANTE, independentemente da quantidade produzida. 39 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Já o custo variável total varia proporcionalmente em relação ao volume produzido, aumentando conforme aumenta a produção ou diminuindo conforme diminui a produção. Se olharmos graficamente, o comportamento do Custo Fixo Unitário é o seguinte: Figura 1.19 – Comportamento do Custo Variável Total. Fonte: Elaborado pela autora (2018). É possível afirmar que o custo variável é constante por unidade, mas oscila no seu total na proporção direta ao volume de produção. 1.4.3 Classificação das Despesas As despesas estão direta ou indiretamente ligadas à realização de receitas. Observa-se que as despesas não são associadas à produção de bens e serviços. Assim como os custos podem ser fixos e variáveis com relação à produção, as despesas também serão classificadas entre fixas ou variáveis, levando em consideração o volume de vendas. Despesas Fixas Conforme Perez Júnior, Oliveira e Costa (2012, p. 13), “as despesas fixas são aquelas que permanecem constantes dentro de determinada faixa de atividades geradoras de receitas, independente do volume de vendasou de prestação de serviços, ou seja, uma alteração no volume de receitas para mais ou para menos não altera o valor total da despesa”. São exemplos de despesas fixas os salários do pessoal do setor administrativo e comercial, despesas financeiras, despesas administrativas com aluguéis, seguros, entre outros. Observa-se que as despesas fixas totais mantêm-se constantes em relação ao volume de vendas, ou seja, independentemente das vendas ocorrerem, o salário do pessoal administrativo terá que ser pago ao final do mês. Volume (Quantidade) O custo variável total CRESCE, na medida em que a quantidade produzida aumenta. CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 40 Despesas Variáveis São aquelas que variam proporcionalmente ao volume produzido ou ao volume vendido, ou seja, só haverá despesa, se houver venda ou unidades produzidas. Segundo os autores Perez Júnior, Oliveira e Costa (2012), as despesas variáveis de venda são as que se alteram proporcionalmente com relação às variações no volume de receitas, ou seja, o total de despesas variáveis sofre variação em relação ao volume de receitas. São exemplos de despesas variáveis: impostos sobre o faturamento (IPI, ICMS, PIS, COFINS, ISS) e comissões sobre vendas e serviços. Despesas Diretas Santos et al. (2015) explicam que as despesas diretas são aquelas facilmente identificáveis em relação às receitas de vendas ou prestação de serviços. São exemplos, assim como nas despesas variáveis: os impostos sobre o faturamento (IPI, ICMS, PIS, COFINS, ISS) e comissões sobre vendas e serviços. Despesas Indiretas O termo “indireto” significa que as despesas são comuns a várias atividades e, desta forma, de difícil identificação com as receitas geradas. Para Santos et. al (2015), são as despesas que não se identificam especificamente com um produto, mercadoria ou serviço. Exemplos: despesas administrativas, aluguel do prédio utilizado pela área de vendas, despesas financeiras e despesas com imposto de renda e contribuição social. Quadro 1.5 – Despesas diretas ou indiretas. RECEITAS REALIZADAS DESPESAS INCORRIDAS DIRETAMENTE INDIRETAMENTE Receitas de Vendas Imposto sobre vendas Custo das vendas Fretes e comissões Propaganda e publicidade Faturamento e cobrança Aluguéis e depreciação de imóveis, móveis e utensílios Despesas gerais de vendas Receitas de Serviços Imposto sobre serviços Custo dos serviços prestados Comissões Idem acima Receitas Financeiras Despesas incorridas para administrar o processo gerador de receitas Despesas incorridas para financiar o processo gerador de receitas Despesas de impostos sobre lucros gerados das receitas realizadas Fonte: Perez Júnior, Oliveira e Costa (2012, p. 9). 41 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 1.5 Material Direto As empresas industriais têm como objetivo transformar matéria-prima em um produto específico. Assim, vamos estudar, nesta unidade, o que integra o valor dos materiais que são utilizados diretamente na produção de bens para posterior comercialização. Podemos entender como material direto os itens que constam no estoque, tais como: matéria-prima, mercadorias, embalagens, dentre outros, que serão utilizados no processo de produção para a composição do produto pronto. Nesse contexto, Neves (2013) explica que o custo de aquisição dos materiais diretos compreende todos os gastos efetivamente incorridos para colocação dos materiais em condição de uso. Por exemplo, ao adquirir a matéria-prima, integram os custos o valor pago pelo material, menos os impostos recuperáveis. Os impostos recuperáveis são abatidos do custo, tendo em vista que serão compensáveis com os impostos devidos pelas vendas geradas pela empresa. Adicionalmente, a empresa poderá incorrer em gastos como frete, armazenagem, seguros, impostos de importação e liberação alfandegária, dentre outros. Esses gastos também farão parte do custo de aquisição se cobrados separadamente do valor dos materiais e arcadas pelo comprador. Exemplo: considere a aquisição de matérias-primas para utilização no processo produtivo da empresa Exemplo Ltda., cuja nota fiscal de compra apresentou os seguintes dados: Tabela 1.5 – Nota Fiscal da empresa Exemplo Ltda. BASE DE CÁLCULO DE ICMS VALOR DO ICMS B.C. ICMS SUBST. TRIBUTÁRIA VALOR DO ICMS SUBST. VALOR TOTAL DOS PRODUTOS R$ 1.000,00 R$ 170,00 R$ 1.000,00 VALOR DO FRETE VALOR DO SEGURO OUTRAS DESPESAS VALOR DO IPI VALOR TOTAL DA NOTA R$ 20,00 R$ 5,00 R$ 50,00 R$ 1.075,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018). CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 42 O custo de aquisição da matéria-prima da empresa Exemplo Ltda. é R$ 855,00, conforme cálculo apresentado a seguir: Valor total da nota fiscal 1.075,00 (-) ICMS 170,00 (-) IPI 50,00 (=) Custo de aquisição 855,00 A partir do nosso exemplo, podemos concluir que: o gasto com frete e seguro referente ao transporte da mercadoria faz parte do custo de aquisição das matérias- primas, e os valores referentes ao ICMS e ao IPI , que são impostos recuperáveis, são abatidos do custo de aquisição. O Pronunciamento Técnico CPC 16 (R1) estabelece o tratamento contábil para os estoques. No item 11, apresenta a seguinte definição para o custo de aquisição dos estoques: “compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços”. Vejamos agora alguns exemplos de recursos consumidos na indústria: • Matéria-prima; • Embalagem; • Mercadorias. Outros materiais utilizados no processo de fabricação e que podem ser identificados com as unidades produzidas são, por exemplo: adesivos de numeração nos pares de sapatos, utilizados na indústria calçadista. O termo “materiais” vai fazer referência somente às operações das empresas industriais, tendo em vista que o comércio opera com mercadorias, cuja finalidade é a revenda. Dessa forma, o custo de aquisição das mercadorias que serão vendidas pelas empresas comerciais é composto por todos os gastos para colocação da mercadoria em condições de venda (como frete sobre compras, por exemplo), abatendo-se também os Veja o CPC 16 (R1) na íntegra, através do site a seguir: http://gg.gg/bjxyp. SAIBA MAIS 43 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 impostos recuperáveis. Já para as empresas prestadoras de serviço, o custo dos materiais diretos é o gasto com a aquisição dos materiais empregados na prestação de serviços, diminuídos também dos impostos recuperáveis. Vale lembrar que a classificação dos impostos como recuperáveis ou não recuperáveis vai depender da atividade desenvolvida (indústria, comércio, serviços) e do enquadramento tributário da empresa (lucro real, lucro presumido e simples nacional), pois cada atividade e forma de tributação possui regras e legislações específicas e que não podem ser generalizadas. Também é importante relembrar que as despesas financeiras, como os juros incidentes sobre as compras realizadas a prazo, não compõem os custos dos materiais, elas são debitadas diretamente nas contas de resultado. Sendo assim, a seguinte equação poderá ser utilizada para o cálculo do custo de aquisição: Figura 1.20 – Custo com aquisição do material direto. Fonte: Elaborado pela autora (2018). A seguir, veremos dois aspectos importantes que impactam a definição dos custos dos materiais diretos aplicados nas empresas industriais: os métodos de controle e valorização do material direto em estoque e o tratamento dos impostos recuperáveis no registro contábil de aquisição dos estoques. Padoveze e Takakura (2013, p. 32) apresentam a seguinte definição para os custos dos materiais, que podem ser aplicados para todos os segmentos: “o custo de um recurso é o custo total de cada recurso, que inclui todos os gastos paratê-lo disponível para utilização dentro da empresa, excluindo os tributos recuperáveis e incluindo os tributos não recuperáveis, conforme as legislações aplicáveis”. DESTAQUE Custo de Aquisição Valor de Compra Impostos Recuperáveis Gastos para disponibilizar o bem CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 44 1.6 Métodos para Valorização do Estoque Para que se possa registrar e controlar as variações quantitativas decorrentes da entrada e saída dos materiais em estoque (matérias-primas, produtos intermediários, produtos em elaboração, produtos acabados, mercadorias, bens de consumo, entre outros), assim como a sua valorização, diferentes métodos são usados na prática contábil. Dentre as alternativas, destaca-se o método de Custo Médio Ponderado, PEPS ou FIFO (primeiro a entrar, primeiro a sair) e UEPS ou LIFO (último a entrar, primeiro a sair), os quais serão abordados detalhadamente a seguir. Figura 1.21 – Critérios de avaliação dos estoques dos materiais diretos. Fonte: Elaborado pela autora (2018). 1.6.1 Método do Custo Médio Ponderado Móvel ou Variável Segundo Martins (2010), esse é o método mais utilizado no Brasil para avaliação dos estoques. Essa sistemática possui o controle constante dos estoques, pois atualiza seu preço médio após cada aquisição. O método consiste no seguinte cálculo: divide-se o montante pago pela aquisição dos materiais (valor em R$) pela quantidade de itens (peças, quilos, litros etc.). Dessa forma, as baixas dos materiais do estoque (saídas) serão realizadas pelo custo médio apurado. Para demonstrar como esse controle é realizado, veja a seguir um exemplo de operações de compra e venda de mercadorias e a sua respectiva ficha de controle de estoque pelo método do custo médio ponderado. Tabela 1.6 – Exemplo das operações ocorridas no mês de outubro/X1. DATA OPERAÇÃO QUANTIDADE PREÇO UNIT. VALOR 1/out Estoque inicial 400 40,00 16.000,00 5/out Compras 300 45,00 13.500,00 12/out Vendas 250 80,00 20.000,00 22/out Compras 300 90,00 27.000,00 24/out Compras 400 50,00 20.000,00 31/out Compras 250 100,00 25.000,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018). Custo Médio Ponderado PEPS ou FIFO UEPS ou LIFO 45 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Por esse método, também conhecido como custo médio ponderado móvel, o custo de cada item será determinado a partir da média ponderada durante o período, ou seja, o preço médio do estoque é atualizado após cada aquisição. Tabela 1.7 – Custo Médio Ponderado Móvel. DATA OPERAÇÃO ENTRADAS SAÍDAS ESTOQUE FINAL Quant. Preço Unitário Total Quant. Preço Unitário Total Quant. Preço Unitário Total 1/out Estoque inicial 400 40,00 16.000,00 400 40,00 16.000,00 5/out Compras 300 45,00 13.500,00 700 42,14 29.500,00 12/out Vendas 250 42,14 10.535,00 450 42,14 18.965,00 22/out Vendas 300 42,14 12.642,00 150 42,15 6.323,00 24/out Compras 400 50,00 20.000,00 550 47,86 26.323,00 31/out Vendas 250 47,86 11.965,00 300 47,86 14.358,00 Total 49.500,00 Total 35.142,00 Total 14.358,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018). Observa-se que, por esse método, as baixas (saídas do estoque) são realizadas pelo valor médio apurado das compras. Verifica-se que o custo médio dos materiais em estoque é de R$ 47,86 no momento da baixa no dia 31 de outubro (R$ 26.323,00/550 unidades). O valor total da coluna das saídas representa o Custo da Mercadoria Vendida (CMV), que neste caso foi de R$ 35.142,00. O estoque final também é avaliado por este custo médio de R$ 47,86. Note que o valor do estoque final total no dia 31 de outubro é R$ 14.358,00, composto de 300 unidades (R$ 14.358,00/300 unidades). 1.6.1.1 Método do Custo Médio Ponderado Fixo Existe uma variação da forma de controle dos estoques pelo custo médio, é o custo médio ponderado fixo. Esse método consiste em calcular o custo médio dos estoques apenas após o encerramento do período de apuração. É importante ressaltar que esse método não é aceito pela legislação fiscal. Martins (2010) esclarece que o referido método não será aceito se for calculado com base nas compras de um período maior que o prazo de rotação do estoque. Prazo de rotação do estoque refere-se à quantidade de vezes que a empresa vende seu estoque ao longo do ano, ou seja, o giro do estoque. GLOSSÁRIO CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 46 Veja a seguir um exemplo de como se faz o controle e apuração dos estoques por esse método, utilizando os mesmos dados da Tabela 1.6, referente às movimentações do estoque no mês de outubro de X1. Tabela 1.8 – Custo Médio Ponderado Fixo. DATA OPERAÇÃO ENTRADAS SAÍDAS ESTOQUE FINAL Quant. PreçoUnitário Total Quant. Preço Unitário Total Quant. Preço Unitário Total 1/out Estoque inicial 400 40,00 16.000,00 400 40,00 16.000,00 5/out Compras 300 45,00 13.500,00 700 42,14 29.500,00 24/out Compras 400 50,00 20.000,00 1100 45,00 49.500,00 12/out Vendas 250 45,00 11.250,00 850 45,00 38.250,00 22/out Vendas 300 45,00 13.500,00 550 45,00 24.750,00 31/out Vendas 250 45,00 11.250,00 300 45,00 13.500,00 Total 49.500,00 Total 36.000,00 Total 13.500,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018). Observa-se que o método do custo médio ponderado fixo não pressupõe a realização de inventários a cada operação de compra ou de venda. A contagem e valoração dos estoques ocorre somente ao final do período de apuração. Primeiro, registram-se todas as compras e apura-se o custo médio. No exemplo, as compras do mês de outubro de X1 totalizaram o valor de R$ 49.500,00, dividindo-se pelas 1.100 unidades, obtemos o preço médio de R$ 45,00 a unidade. 1.6.2 Método PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair) ou FIFO Nesse método, segundo Martins (2010), a saída dos materiais (baixa do estoque) é avaliada pelos preços mais antigos, permanecendo as mercadorias adquiridas mais recentemente no estoque. Esse método também é conhecido pela sigla FIFO, que no idioma inglês significa a abreviatura de “First in, First out”. 47 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Para melhor compreensão do método PEPS, retomamos os dados do exemplo das movimentações ocorridas no estoque em outubro/X1, conforme evidenciado na Tabela 1.6, e realizaremos nova apuração dos estoques: Tabela 1.9 – PEPS (Primeiro a entrar, primeiro a sair) ou FIFO. DATA OPERAÇÃO ENTRADAS SAÍDAS ESTOQUE FINAL Quant Preço Unitário Total Quant Preço Unitário Total Quant Preço Unitário Total 1/out Estoque inicial 400 40,00 16.000,00 400 40,00 16.000,00 5/out Compras 300 45,00 13.500,00 300 45,00 29.500,00 12/out Vendas 250 40,00 10.000,00 150 40,00 6.000,00 300 45,00 6.000,00 22/out Vendas 150 40,00 6.000,00 0 40,00 0,00 150 45,00 6.750,00 150 45,00 6.750,00 24/out Compras 400 50,00 20.000,00 400 50,00 20.000,00 31/out Vendas 150 45,00 6.750,00 0 45,00 0,00 31/out Vendas 100 50,00 5.000,00 300 50,00 15.000,00 Total 49.500,00 Total 34.500,00 Total 15.000,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018). Nota-se que, pelo método PEPS, os itens que foram adquiridos primeiro são baixados do estoque primeiro (saídas), restando as últimas unidades adquiridas. Assim, as baixas do estoque (saídas) são valorizadas pelo custo dos primeiros itens adquiridos. Dessa forma, neste exemplo, o custo dos mercadorias vendidas (CMV) no período é de R$ 34.500,00, composto por: 1. 400 unidades, que já existiam no estoque inicial, a um custo de R$ 40,00 por unidade; 2. 300 unidades adquiridas em 05/10 a um custo de R$ 45,00 por unidade; 3. 100 unidades adquiridas em 24/10 a um custo de R$ 50,00 por unidade. Verifica-se, também, que o estoque final é composto pelas mercadorias adquiridas por último (300 unidades compradas em 24/10 a R$ 50,00 por unidade). 1.6.3 Método UEPS (Último a Entrar, Primeiro a Sair) ou LIFO Neves (2013) explica que, neste método, a saída da mercadoria será avaliada pelo custo das aquisições mais recentes e, portanto, o estoque final remanescente estará avaliadopelo custo das aquisições mais antigas. Também conhecido pela sigla no idioma em inglês como LIFO (Last in, First out), na Tabela 1.10 será demonstrada a forma de apuração desse método, considerando-se as informações de compra e venda apresentadas na Tabela 1.6. CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 48 Tabela 1.10 – UEPS (Último a entrar, primeiro a sair) ou LIFO. DATA OPERAÇÃO ENTRADAS SAÍDAS ESTOQUE FINAL Quant PreçoUnitário Total Quant Preço Unitário Total Quant Preço Unitário Total 1/out Estoque inicial 400 40,00 16.000,00 400 40,00 16.000,00 5/out Compras 300 45,00 13.500,00 300 45,00 29.500,00 12/out Vendas 250 45,00 11.250,00 50 45,00 2.250,00 400 40,00 16.000,00 22/out Vendas 50 45,00 2.250,00 0 45,00 0,00 250 40,00 10.000,00 150 40,00 6.000,00 24/out Compras 400 50,00 20.000,00 400 50,00 20.000,00 31/out Vendas 250 50,00 12.500,00 150 40,00 6.000,00 31/out Vendas 150 50,00 7.500,00 Total 49.500,00 Total 36.000,00 Total 13.500,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018). O custo das mercadorias vendidas (CMV) apurado no final do período, mediante a utilização do método UEPS ou LIFO, é de R$ 36.000,00, formado por: 1. 300 unidades adquiridas em 05/10 a R$ 45,00 por unidade; 2. 250 unidades, do estoque inicial, que haviam sido adquiridas a R$ 40,00 por unidade; 3. 250 unidades adquiridas em 24/10 a R$ 50,00 por unidade. O estoque final, por sua vez, é composto pelas mercadorias mais antigas, ou seja, pelas 150 unidades que já faziam parte do estoque no início do período e pelas 150 unidades restantes das mercadorias que foram adquiridas em 24/10. A lógica de mensuração do valor do estoque no método UEPS é inversa àquela aplicada no método PEPS. Consequentemente, os itens que permanecerem em estoque no fim do período são os mais antigos. Dessa forma, quando elaboramos a DRE considerando o custo da mercadoria pelo valor apurado no UEPS, o resultado apurado ficará subestimado, ou seja, menor. E esse é exatamente o motivo pelo qual a legislação fiscal não aceita o UEPS, pois os valores dos impostos sobre o lucro (IR e CSLL) também serão apurados a menor. Com base nos exemplos apresentados, é possível observar que o custo do material consumido se altera conforme o método de valoração utilizado. Assim, é importante esclarecer que, gerencialmente, a empresa pode utilizar o método que melhor atenda às suas necessidades de controle, mas que, contabilmente, deve observar os métodos que são aceitos pela legislação societária (CPC 16) e fiscal: Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair (PEPS) ou pelo critério do custo médio ponderado móvel. 49 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 1.7 Aspectos Tributários Referentes às Aquisições de Materiais para o Estoque Veremos a seguir os principais aspectos que envolvem os tributos incidentes sobre as compras de materiais, bem como a sua forma de mensuração e contabilização, sendo observadas as peculiaridades aplicáveis às empresas industriais e comerciais. 1.7.1 Cumulatividade e Não Cumulatividade dos Impostos Os impostos são recuperáveis na aquisição dos materiais quando sua incidência for não cumulativa. A não cumulatividade está prevista na Constituição Federal de 1988, nos artigos 153 e 155, no que tange à cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias) e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). De acordo com a legislação, são não cumulativos os impostos pagos na aquisição dos materiais, gerando crédito tributário, que poderão ser compensados com os débitos gerados pelas vendas. Além dos impostos não cumulativos (ICMS e IPI), destaca-se que as contribuições sociais incidentes sobre as compras (PIS e COFINS não cumulativos) podem receber tratamentos distintos conforme for a condição tributária do adquirente (comprador) dos produtos. A não cumulatividade do PIS e COFINS está prevista, via de regra, para as empresas tributadas pelo Lucro Real, de acordo com a Lei n.º 10.637, de 2002, referente ao PIS, e na Lei n.º 10.833, de 2003, referente a Cofins. IPI - Art. 153 - § 3º - Inciso II - será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. ICMS - Art. 155 - § 2º - Inciso I - será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal (BRASIL, 1988). DESTAQUE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 50 A cumulatividade, por sua vez, caracteriza-se por não gerar créditos fiscais. O imposto é pago em uma etapa e não pode ser aproveitado na etapa seguinte. No Brasil, existem três possibilidades de tributação das empresas: o Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. Vejamos a seguir: 1.7.2 Impostos Recuperáveis na Aquisição dos Materiais De acordo com Neves (2013), para que um tributo seja considerado recuperável, é necessário que o adquirente da mercadoria ou da matéria-prima seja contribuinte do tributo por ocasião da venda da mercadoria ou do produto acabado. Por exemplo, as empresas comerciais não são contribuintes do IPI, são contribuintes apenas do ICMS. Assim, caso haja uma compra com a incidência de IPI, esse imposto não será recuperável e será classificado como custo do material adquirido. O IPI somente será recuperável nas empresas industriais ou equiparadas à indústria, que são contribuintes desse imposto. Os impostos a recuperar devem ser abatidos do custo de aquisição dos produtos e contabilizados nas respectivas contas de impostos a recuperar, no Ativo Circulante. Caso não seja recuperável, o valor do imposto será adicionado ao valor dos materiais. Observa-se que o principal critério a ser observado no momento de registrar os impostos na aquisição dos estoques é a condição tributária da empresa adquirente de acordo com a sua classificação: comércio, indústria ou serviços. Assim, o custo de aquisição dos materiais poderá ou não ser acrescido dos tributos. Figura 1.22 – Formas de Classificação. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Empresas Impostos • Simples Nacional; • Lucro Presumido; • Lucro Real. • Cumulativos; • Não Cumulativos. 51 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 1.7.3 Simples Nacional Essa é uma forma simplificada de tributação, instituída pela Lei Complementar nº 123 de 2006, destinada a tributação das ME (Microempresas) e EPP (Empresas de Pequeno Porte). As empresas sujeitas a esse tipo de tributação recolhem de forma unificada, em uma única guia de recolhimento, os seguintes tributos: • Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); • Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); • Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS); • Contribuição para o PIS/Pasep; • Contribuição Patronal Previdenciária (CPP); • Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); • Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Os impostos pagos por essa sistemática possuem alíquotas diferenciadas, variando de acordo com o faturamento do contribuinte. Por esse fato, esses impostos não são recuperáveis. Assim, verifica-se que as compras efetuadas pelas empresas optantes pelo Simples Nacional não geram direito a créditos tributários, logo, não existem impostos compensáveis a serem deduzidos do valor pago pelos materiais diretos aos fornecedores. Dessa forma, o custo de aquisição dos materiais, no mercado interno, pelas empresas tributadas pelo Simples Nacional é o valor de aquisição. Exemplo 1: veja a seguir um exemplo de contabilização e mensuração dos estoques de uma compra no valor de R$ 280.900,00, conforme apresentado na tabela a seguir. Tabela 1.11 – Resumo dos impostos – simulação de um documento fiscal. Basede Cálculo de ICMS Valor do ICMS B.C. ICMS Subst. Tributária Valor do ICMS Subst. Valor Total dos Produtos 250.803,57 45.144,64 250.803,57 Valor do Frete Valor do Seguro Outras Despesas Valor do IPI Valor Total da Nota 30.096,43 280.900,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018). CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 52 Exemplo 2: considerando os dados da Tabela 1.11, como será a contabilização da aquisição de materiais em uma empresa comercial ou industrial, tributada pelo Simples Nacional? Tabela 1.12 – Contabilização de compra – empresa tributada pelo Simples Nacional. Discriminação Valor Gera crédito tributário? Contabilização IPI 30.096,43 Não ICMS 45.144,64 Não Estoques 280.900,00 D - Estoques - Ativo Circulante Fornecedor 280.900,00 C - Fornecedores - Passivo Circulante Fonte: Elaborado pela autora (2018). Observa-se que os impostos destacados na Nota Fiscal, como o ICMS e IPI, não geram créditos tributários. Tendo em vista que as empresas tributadas pelo Simples Nacional estão sujeitas a tratamento tributário simplificado, dessa forma, essas empresas registram nos seus estoques o valor efetivamente pago ao fornecedor pela aquisição dos bens, já que não existem impostos a recuperar. 1.7.4 Lucro Presumido Essa forma de tributação também é considerada simplificada pelo fisco. É uma forma alternativa de tributação em relação ao Lucro Real e pode ser utilizada por empresas de modesto porte e que não estejam obrigadas à tributação pelo Lucro Real. A tributação por Lucro Presumido está prevista pela Lei n.° 9.718, de 1998, e regulamentada pela Instrução Normativa n.° 1.700, de 2017. Podem tributar pelo Lucro Presumido as empresas: a. Cuja receita total no ano-calendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de meses em atividade no ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses. b. Que não estejam obrigadas à tributação pelo lucro real em função da atividade exercida ou da sua constituição societária ou natureza jurídica. Por essa sistemática, o cálculo dos tributos devidos (IRPJ e CSLL) é simplificado e consiste na aplicação de coeficientes legalmente definidos sobre a receita bruta e seus acréscimos, conforme a natureza da atividade realizada pela empresa. 53 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Quanto aos impostos recuperáveis pelas empresas tributadas pelo lucro presumido, observa-se que o ICMS e o IPI poderão ser recuperáveis de acordo com a classificação da empresa (comércio ou indústria), porém as contribuições para o PIS e a COFINS são cumulativas, ou seja, não dão direito ao crédito, conforme determina a Lei n.º 9.718, de 1998. Exemplo 3: considerando os dados apresentados na Tabela 1.11, como será a contabilização das compras em uma empresa industrial, tributada pelo Lucro Presumido? Tabela 1.13 – Contabilização de compra – empresa industrial – tributada pelo Lucro Presumido. DISCRIMINAÇÃO VALOR GERA CRÉDITO TRIBUTÁRIO? CONTABILIZAÇÃO IPI 30.096,43 Sim D - IPI a recuperar - Ativo Circulante ICMS 45.144,64 Sim D - ICMS a recuperar - Ativo Circulante Estoques 205.658,93 D - Estoques - Ativo Circulante Fornecedor 280.900,00 C - Fornecedores - Passivo Circulante Fonte: Elaborado pela autora (2018). Observa-se, então, que as compras efetuadas pela empresa tributada pelo lucro presumido geram direito a créditos de IPI e ICMS, que devem ser deduzidos do valor pago aos fornecedores dos materiais diretos para cálculo do custo de aquisição dos mesmos. Assim, o valor registrado no estoque referente às compras é de R$ 205.868,93. Exemplo 4: considerando os dados da Tabela 1.11, referente à aquisição de mercadorias de uma empresa comercial, tributada pelo Lucro Presumido, será contabilizada da seguinte forma: Tabela 1.14 – Contabilização de compra – empresa comercial – tributada pelo Lucro Presumido. DISCRIMINAÇÃO VALOR GERA CRÉDITO TRIBUTÁRIO? CONTABILIZAÇÃO IPI 30.096,43 Não D - IPI a recuperar - Ativo Circulante ICMS 45.144,64 Sim D - ICMS a recuperar - Ativo Circulante Estoques 235.755,36 D - Estoques - Ativo Circulante Fornecedor 280.900,00 C - Fornecedores - Passivo Circulante Fonte: Elaborado pela autora (2018). CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 54 A partir do último exemplo, é possível verificar que as empresas comerciais e que são tributadas pelo Lucro Presumido somente recuperam-se do ICMS pago nas compras, e desta forma, o valor registrado no estoque foi de R$ 235.755,36. Cabe lembrar que ICMS é a sigla para Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, é um dos principais tributos brasileiros, tendo sua base constitucional no artigo 155. Já o IPI é a sigla para Imposto sobre os Produtos Industrializados. 1.7.5 Lucro Real O Lucro Real é uma forma de tributação mais complexa, se comparada ao Simples Nacional e ao Lucro Presumido. Segundo Fernandes (2014), trata-se efetivamente de lucro contábil (societário) ajustado por adições e exclusões, conforme a legislação tributária (Decreto n.º 3.000, de 1999), o que pressupõe que a empresa mantenha escrituração contábil regular e mensal (FABRETTI, 2009, p. 213). O PIS e a COFINS, em regra geral, são não cumulativos para as empresas tributadas pelo Lucro Real, gerando créditos a partir das compras. Dessa forma, é possível dizer que as empresas tributadas pelo Lucro Real, ao comprar materiais para o seu estoque, poderão recuperar-se dos seguintes impostos: ICMS, IPI, PIS e COFINS. Exemplo 5: considerando os dados da Tabela 1.15, uma empresa industrial, tributada pelo Lucro Real, contabilizará a aquisição de materiais diretos, conforme apresentado a seguir: Tabela 1.15 – Contabilização de compra – empresa industrial – tributada pelo Lucro Real. DISCRIMINAÇÃO VALOR GERA CRÉDITO TRIBUTÁRIO? CONTABILIZAÇÃO PIS 4.138,26 Sim D - Pis a recuperar - Ativo Circulante COFINS 19.061,07 Sim D - Cofins a recuperar - Ativo Circulante IPI 30.096,43 Sim D - IPI a recuperar - Ativo Circulante ICMS 45.144,64 Sim D - ICMS a recuperar - Ativo Circulante Estoques 182.459,60 D - Estoques - Ativo Circulante Fornecedor 280.900,00 C - Fornecedores - Passivo Circulante Fonte: Elaborado pela autora (2018). 55 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Observa-se que o crédito de PIS e COFINS é calculado da seguinte forma: Tabela 1.16 – Cálculo dos créditos de PIS e COFINS sobre as compras. DISCRIMINAÇÃO DOS IMPOSTOS PERCENTUAL APLICADO VALOR DOS PRODUTOS SEM IPI VALOR DOS IMPOSTOS PIS 1,65% 250.803,57 4.138,26 COFINS 7,60% 250.803,57 19.061,07 Fonte: Elaborado pela autora (2018). Nota-se neste exemplo que o valor do estoque de matérias-primas é de R$ 182.459,60, tendo em vista que os tributos incidentes sobre a compra foram registrados como créditos no Ativo Circulante e serão utilizados pela entidade industrial para compensação dos impostos a pagar, da mesma natureza, apurados pela empresa em decorrência das suas vendas. Exemplo 6: considerando os dados da Tabela 1.17, uma empresa comercial, tributada pelo Lucro Real, contabilizará a aquisição de mercadorias da seguinte forma: Tabela 1.17 – Contabilização de compra – empresa comercial – tributada pelo Lucro Real. DISCRIMINAÇÃO VALOR GERA CRÉDITO TRIBUTÁRIO? CONTABILIZAÇÃO PIS 4.138,26 Sim D - Pis a recuperar - Ativo Circulante COFINS 19.061,07 Sim D - Cofins a recuperar - Ativo Circulante IPI 30.096,43 Não ICMS 45.144,64 Sim D - ICMS a recuperar - Ativo Circulante Estoques 212.556,03 D - Estoques - Ativo Circulante Fornecedor 280.900,00 C - Fornecedores - Passivo Circulante Fonte: Elaborado pela autora (2018 ). Os créditos de PIS e COFINS foram calculados conforme demonstrado na Tabela 1.17. Dessa forma, no exemplo, o valordo estoque de materiais é contabilizado por R$ 212.556,03, tendo em vista que os tributos recuperáveis incidentes sobre a compra (ICMS, PIS e COFINS) foram registrados como créditos no Ativo Circulante e serão utilizados pela empresa para compensação dos impostos a pagar, quando houver débitos em decorrência das suas vendas. Nota-se que o IPI faz parte do custo de aquisição dos itens por não ser um imposto recuperável. CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 56 Para resumir o que estudamos até aqui com relação à classificação das empresas e aos créditos fiscais, veja o esquema a seguir: Figura 1.23 – Formas de tributação das empresas. Fonte: Elaborado pela autora (2018). 1.8 Custo com Mão de Obra Os custos com mão de obra envolvem, além dos salários, os encargos sociais incidentes sobre a remuneração dos funcionários que trabalham na atividade produtiva da empresa. “Dentro dos encargos sociais são classificados tanto os encargos assumidos pela empresa por força de lei (INSS, FGTS, 13º, férias), como os assumidos espontaneamente (assistência médica, gastos com recreação)” (PADOVEZE, 2013, p. 25). São considerados custos com mão de obra nas empresas industriais somente a mão de obra, incluindo encargos e provisões, referente ao pessoal que trabalha na fábrica (produção). Dessa forma, os gastos com salário do pessoal administrativo, por exemplo, não são considerados insumos industriais e, assim, não fazem parte do custo com mão de obra, sendo classificados contabilmente como despesa administrativa. É importante destacar que os custos com mão de obra estão divididos em dois grupos, apresentados a seguir: Mão de obra direta: neste grupo, estão classificados os gastos com mão de obra aplicada diretamente na elaboração do produto ou serviço, “desde que seja possível a mensuração do tempo despendido e a identificação de quem executou o trabalho, sem necessidade de qualquer apropriação indireta ou rateio” (MARTINS, 2010, p. 133). É o serviço prestado pelos funcionários para a fabricação de um produto, prestação de um serviço ou para a venda de mercadorias, ou seja, o trabalho empregado de forma direta no produto ou serviço. Vejamos um exemplo: em uma indústria de veículos automotivos, o pessoal que trabalha na linha de montagem dos veículos é considerado mão de obra direta. Não se credita dos impostos. Simples Nacional Como regra geral, credita-se de ICMS e IPI. Lucro Presumido Como regra geral, credita-se de ICMS, IPI, PIS e Cofins. Lucro Real 57 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Mão de obra indireta: no grupo de mão de obra indireta, são classificados os gastos do pessoal que trabalha na área produtiva, mas que não manipula os produtos, ou seja, não tem ação direta no processo de fabricação. Como exemplo, temos os supervisores da produção de diversos setores, funcionários dos setores de apoio à produção, tais como, manutenção, almoxarifado. Nesse caso, não há a possibilidade de verificar-se quanto cada produto consome do seu tempo total. São os setores de “apoio” à fábrica. Como a mensuração desses gastos é de difícil identificação (indiretos), o custo da mão de obra indireta é alocado ao produto por meio de estimativas ou divisões proporcionais (rateio). Figura 1.24 – Custo de Mão de Obra. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Ao analisar os gastos com a mão de obra, além dos salários, devem ser considerados também no custo da mão de obra direta e indireta os seguintes valores: • Encargos; • Provisões; • Benefícios. Os encargos são os valores cobrados pelo governo e outras entidades que incidem sobre a folha de pagamento. A empresa precisa sempre observar a quais encargos está sujeita, forma de tributação e qual o grau de risco com relação a acidentes de trabalho. Mão de Obra Indireta Direta Rateio Produto CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 58 Os principais encargos sociais e provisões incidentes sobre a folha de pagamento são apresentados a seguir: • INSS patronal: a empresa recolhe ao INSS o percentual de 20% sobre todo o valor da folha de pagamento referente à parte patronal, ou seja, esta é a parte que a empresa contribui para a seguridade social. Soma-se a esse valor o valor descontado de cada funcionário (até 11%), totalizando 31%. Mas lembre-se, o custo da empresa é somente o valor apurado sobre os 20%. • SESI/SESC/SENAI/SEBRAE/SENAC/INCRA/Salário-Educação: as empresas recolhem para tais órgãos, juntamente com a guia do INSS. Tais recursos retornam para os funcionários através de benefícios de lazer, entretenimento, cursos, treinamentos e formação técnica. As alíquotas variam conforme a especificação na tabela a seguir, sobre a remuneração paga aos seus empregados. • Riscos Ambientais do Trabalho (RAT) e Fator Acidentário de Prevenção (FAP): a empresa recolhe 1%, 2% ou 3%, sobre a folha de pagamento, conforme o risco da empresa +FAP (antigo SAT). Já o seguro acidente de trabalho varia de 1% a 3%, conforme o nível de insalubridade e periculosidade da empresa. • Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS): é recolhido o valor de 8% para o funcionário, que terá direito a receber se porventura for demitido ou, ainda, por alguma situação especial autorizada pelo governo. • Provisões: são os valores referentes às parcelas de 13º salário, férias e mais 1/3 de férias. Todos os meses, a empresa precisa provisionar os valores que equivalem a um mês dessas verbas. • Benefícios: são valores pagos aos funcionários como uma remuneração indireta. Os exemplos mais comuns de benefícios são o vale-transporte e o vale-refeição. Lembrando que, ao calcular o custo da mão de obra para as empresas tributadas pelo Simples Nacional, a CPP (Contribuição Previdenciária Patronal ou INSS Patronal) é recolhida de forma unificada junto com os demais tributos, variando o percentual de recolhimento, conforme o faturamento da empresa. Assim, o valor do INSS patronal para essas empresas é calculado de forma diferenciada. DESTAQUE 59 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Tabela 1.18 – Encargos Sociais x percentual sobre a Folha de Pagamento. ENCARGOS SOCIAIS x PERCENTUAL SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO Contribuição INSS - empresa 20% Sesi/Sesc 1,50% Senai/Senac 1% Incra 0,20% Salário-educação 2,50% Riscos Ambientais do Trabalho (RAT) e Fator Acidentário de Prevenção (FAP) (antigo SAT) 1%, 2% ou 3%, conforme o risco da empresa + FAP Sebrae 0,60% FGTS 8% Total 36,80% Fonte: Elaborado pela autora (2018). Considerando RAT/FAP de 3%, de acordo com a tabela demonstrada anteriormente, podemos afirmar que uma empresa possui pelo menos 36,80% de encargos sociais sobre a folha de pagamento. Mas em empresas que possuem rotatividade elevada de funcionários (turnover), devemos ainda acrescentar o percentual referente à multa do saldo de FGTS em função da demissão sem justa causa. Nessa situação, deve-se acrescentar um percentual igual a cinqüenta por cento de 8% (metade), ou seja 4%. Então, além dos encargos de 36,80% já mencionados, seria acrescentado mais 4%, totalizando 40,80% de encargos sociais sobre a folha de pagamento. 1.8.1 O Efeito das Provisões • Provisão de Férias: esse valor deve ser apropriado como um custo mensal de mão de obra, ainda que seja pago uma vez por ano. Calcula-se da seguinte forma: uma vez que a cada 12 meses o funcionário tem um mês de férias, usamos a base (1/12 x 100) para calcularmos o custo aproximado para a empresa, gerando, assim, um custo de 8,33% no mês. • Décimo terceiro salário: é calculado considerando-se que a empresa paga ao funcionário um salário adicional por ano. O cálculo do 13º salário também é feito tomando a base de (1/12 × 100), resultando em um acréscimo no custo de 8,33% por mês. • Adicional de férias: representa um terço do salário a que o funcionário tem direito quando goza o período de férias, e também deve ser apropriado como um customensal. Calcula-se da seguinte forma: (1/3÷12) × 100, ou seja, 1 salário dividido por 3 = 33,33% (um terço). Para definir a parcela de custo mensal, divide-se 33,33% por 12, o que resulta em 2,78% por mês. CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 60 • Encargos Sociais sobre as provisões de férias e décimo terceiro: são calculados considerando-se que, sobre o valor mensal de 13º e adicional de férias provisionado, a empresa paga também todos os encargos, ou seja, (8,33% + 8,33% + 2,78% = 19,44%). Mas, se considerarmos que a empresa tenha um custo que vai desde o INSS até o FGTS de 40,80%, ela irá incorrer em mais 7,93% mensais (19,44% × 40,80%). Podemos observar na tabela a seguir que o custo total com as provisões será de 27,37% sobre a folha de pagamento. Tabela 1.19 – Provisões x percentuais sobre a Folha de Pagamento. PROVISÕES x PERCENTUAIS SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO Férias + 1/3 Férias 11,11% 13º Salário 8,33% Subtotal 19,44% Encargos Sociais sobre as Provisões (% de provisões x % de encargos) = (41% x 19,44%) 7,93% Total 27,37% Fonte: Elaborado pela autora (2018). Figura 1.25 – Custo total com Mão de Obra. Fonte: Elaborado pela autora (2018). Observando a Figura 1.25, podemos afirmar que, se um funcionário fosse contratado por um salário mensal de R$ 3.000,00, a empresa deveria adicionar ao seu salário pelo menos 68,17% para determinar o custo da mão de obra desse funcionário. Veja ainda que além dos 68,17%, devem ser considerados também os gastos com os benefícios, como vale-transporte e vale-refeição, referentes à parcela custeada pela empresa. Martins (2010, p. 142) explica que “inúmeros outros custos são arcados pela empresa como decorrência da mão de obra que utiliza: vestuário, alimentação (cestas básicas ou vales-refeição), transporte, assistência médica espontânea e adicional aos custos legais ou compensados com os encargos sociais, educação etc.”. Nesta unidade, o custo foi demonstrado de forma bem simplificada, considerando os gastos a que geralmente uma empresa está sujeita. Porém, as empresas podem estar Encargos Sociais = 40,80% Provisões Mensais = 27,41% Custo Total com a Mão de Obra = 68,17% 61 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 sujeitas a outros custos adicionais, previstos em lei ou por dissídio ou acordo coletivo de trabalho. Muitas vezes, o custo com mão de obra pode passar de 100% do valor do salário contratual. Tudo depende dos adicionais que estão envolvidos na folha de pagamento. Resumindo, o custo com mão de obra pode ser representado conforme o seguinte cálculo: Figura 1.26 – Cálculo do Custo com Mão de Obra. Fonte: Elaborado pela autora (2018). É importante observar que, para fins gerenciais (orçamento, viabilidade de projetos), outras variáveis devem ser consideradas, para que seja possível estimar o número máximo de horas que o trabalhador pode oferecer à empresa e assim apurar o custo com a mão de obra: • Horas efetivamente trabalhadas; • Regime de trabalho; • Descanso semanal remunerado (domingos e feriados); • Faltas abonadas, entre outros. (+) Salários (+) Encargos Sociais (+) Custo com Mão de Obra (+) Benefícios(+) Provisões CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 62 Para fins de exemplificação, considere um funcionário que tem uma remuneração mensal de R$ 2.000,00 e que os encargos sociais e provisões serão calculados conforme a tabela a seguir: Tabela 1.20 – Especificações para exemplo de cálculo do custo de Mão de Obra. ESPECIFICAÇÕES PARA EXEMPLO DE CÁLCULO DO CUSTO DE MÃO DE OBRA Contrato de trabalho (horas contratuais por mês) 220 Contrato de trabalho (horas semanais) 44 Regime de trabalho – horas diárias (5 dias da semana: 2ª a 6ª feira) 8,8 Feriados no ano – excluindo o mês de férias 12 Número médio de faltas abonadas por ano 3 Provisão de 13º salário 8,33% Provisão Férias 8,33% Abono de férias (1/3) 2,78% Contribuição Patronal para o INSS 20% Contribuição a terceiros 8,80% Contribuição FGTS 8% Fonte: Elaborado pela autora (2018). Tabela 1.21 – Valor da hora contratual. VALOR DA HORA CONTRATUAL (=) Salário mensal 2.000,00 (/) Horas mensais contratadas 220 (=) Salário contratual por hora 9,09 Fonte: Elaborado pela autora (2018). 63 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 A partir das informações das Tabelas 1.20 e 1.21, o custo anual com mão de obra é apurado na Tabela 1.22: Tabela 1.22 – Cálculo do custo anual da Mão de Obra. ESPECIFICAÇÃO R$ QUANTIDADE VALOR POR ANO Valor do salário 2.000,00 110 22.000,00 Férias 2.000,00 1 2.000,00 Abono de férias 666,67 1 666,67 13º salário 2.000,00 1 2.000,00 Custo anual sem encargos 26.666,67 (+) Contribuição patronal 20,00% 5.333,33 (+) Contribuição terceiros 8,80% 2.346,67 (+) FGTS 8,00% 2.133,33 Custo anual com encargos 36.480,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018). Observe a seguir o cálculo do número máximo de horas trabalhadas por ano. Nele devemos desconsiderar os dias de férias, sábados e domingos, feriados e faltas abonadas. Tabela 1.23 – Horas trabalhadas por Ano. HORAS TRABALHADAS POR ANO: ESPECIFICAÇÃO Número de dias do ano 365 (-) Dias de férias 30 (-) Domingos (52 menos os 4 das férias) 48 (-) Sábados (52 menos os 4 das férias) 48 (-) Feriados 12 (-) Faltas abonadas 3 (=) Dias úteis do ano 224 (x) Quantidade de horas trabalhadas por dia 8,8 (=) Total de horas trabalhadas por ano 1.971,20 Fonte: Elaborado pela autora (2018). Se considerarmos o valor do custo anual com encargos (Tabela 1.22) de R$ 36.480,00, e que o número efetivo de horas trabalhadas por ano foi de 1.971,20 horas (Tabela 1.23), podemos afirmar que o custo efetivamente gasto com mão de obra direta é de R$ 18,51 por hora (R$ 36.480/1.971,20). CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 64 Tabela 1.24 – Custo da hora direta. CUSTO DA HORA DIRETA Custo total da mão de obra no ano R$ 36.480,00 (/) Quantidade de horas efetivamente trabalhadas no ano 1917,2 (=) Custo hora direta R$ 18,51 % de acréscimo sobre a hora contratual (R$ 9,09) 103,59% Fonte: Elaborado pela autora (2018). Veja agora como ficou o custo com a mão de obra no Tabela 1.24. Mais de 100% sobre o valor da hora contratual. Na tabela, podemos observar que os encargos sociais e provisões provocaram um acréscimo de 103,59% sobre o valor contratado por hora de R$ 9,09 (Tabela 1.21). Para fazermos um fechamento desta unidade, leia o artigo “Análise compreensiva da abordagem de custos industriais: estudo de caso da indústria metalúrgica”. Ele nos demonstra a importância da gestão de custos para que a empresa possa atingir melhores resultados. Disponível no link: http://gg.gg/bjyh2. SAIBA MAIS 65 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Síntese da Unidade Nesta Unidade, abordamos a evolução histórica da Contabilidade de Custos, assim como os conceitos da contabilidade e as finalidades de seus subsistemas: a contabilidade financeira ou geral, de custos e a contabilidade gerencial. Na sequência, apresentamos os significados das principais terminologias empregadas na Contabilidade de Custos, tipos de gastos, assim como as classificações dos custos e despesas, considerando a forma de alocação ou identificação com o produto/ serviço ou receita, bem como às variações do volume de produção ou vendas. Uma forma simples e sistemática de visualizarmos os conteúdos relacionados a classificação dos custos e despesas estudados nesta unidade pode ser representada pela figura a seguir: Figura 1.27 – Classificação dos Custos e Despesas. Fonte: Adaptado de Perez Júnior, Oliveira e Costa (2012, p. 19). Ainda nesta Unidade, foram apresentados os principais critérios para a valorização contábil dos estoques, especialmente no que diz respeito à determinação do valor de custo dos estoques, ao seu valor de reconhecimento no resultado do exercício e os principais métodos e critérios previstosnas normas contábeis para atribuir custos aos estoques. A partir do que estudamos, observa-se que existem métodos diferentes de avaliação de estoques sob o ponto de vista gerencial: o método do custo médio ponderado móvel ou fixo, o PEPS e o UEPS. Nos exemplos apresentados, foi possível observar que o custo das matérias-primas consumidas no processo produtivo altera-se conforme o método de avaliação adotado. Por isso, nem todos os métodos de avaliação Gastos Fixos Variáveis DespesasCustos Gastos incorridos na produção de novos bens e serviços Gastos incorridos no processo de geração de receitas Fixas Variáveis Indiretos Diretos Indiretas Diretas CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 66 dos estoques atendem à legislação fiscal, tendo em vista seu impacto na apuração do resultado e, consequentemente, sua influência na apuração dos impostos a pagar sobre o lucro, como o IRPJ e CSLL. Estudamos os principais aspectos que envolvem os tributos incidentes sobre as compras de materiais, bem como a sua forma de mensuração e contabilização. Observamos as peculiaridades aplicáveis às empresas industriais e comerciais para realizar a apuração dos estoques, sem esquecermos de que precisamos levar em consideração a classificação da empresa quanto a sua forma de tributação (Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real). Outro ponto de atenção diz respeito aos tributos cumulativos e não cumulativos. Em seguida, estudamos que os custos com mão de obra abrangem todos os gastos despendidos com o pessoal (salários, encargos sociais, provisões e benefícios), que podem ser atribuídos aos produtos de forma direta ou indireta. A partir dos exemplos apresentados, foi possível conhecer o efeito dos encargos sociais e das provisões sobre o custo da mão de obra direta e os percentuais utilizados no cálculo dos custos com encargos sociais e provisões. Estudamos também como o custo com mão de obra direta pode ser apurado levando-se em conta o total de horas em que o empregado efetivamente esteve à disposição da empresa e, a partir do exemplo apresentado, verificou-se como o custo anual com mão de obra é calculado, assim como o cálculo do número de horas trabalhadas por ano. Por fim, cabe destacar que os cálculos que envolvem o custo da mão de obra devem ser realizados observando-se as particularidades de cada empresa, tendo em vista os dissídios e acordos coletivos de trabalho. Além disso, é importante lembrar que as empresas tributadas pelo Simples Nacional estão sujeitas a valores diferenciados das demais empresas no que se refere aos encargos sociais. Esse fato deve ser levado em consideração para o cálculo do custo da mão de obra, já que a contribuição patronal previdenciária (CPP) é calculada sobre o faturamento e recolhida de forma unificada com os demais tributos. 67 Conceito de Custos e Métodos de Controle (Avaliação) dos Estoques | UNIDADE 1 Bibliografia BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União, Brasília, 1988. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade Gerencial: teoria e prática. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade de custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018. FABRETTI, L. C. Contabilidade tributária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009. FERNANDES, E. C. Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – CSLL: de acordo com a Lei n.º 12.973, de 2014. São Paulo: Atlas, 2015. FERREIRA, J. A. S. Contabilidade de Custos. São Paulo: Prentice Hall, 2007. HORNGREN, C. T.; DATAR, S. M.; FOSTER, G. Contabilidade de custos: uma abordagem gerencial. 11. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Curso de contabilidade para não contadores: para as áreas de administração, economia, direito, engenharia. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011. IZIDORO, C. Contabilidade de Custos. São Paulo: Pearson, 2016. LEONE, G. S. G.; LEONE, R. J. G. Curso de contabilidade de custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2015. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. NEVES, S. das. Contabilidade de custos: um enfoque direto e objetivo. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. PADOVEZE, C. L. Contabilidade de custos: teoria, prática, Integração com Sistemas de Informações (ERP). São Paulo: Cengage Learning, 2013. PADOVEZE, C. L. Contabilidade geral facilitada. Rio de Janeiro: Forense, 2017. PADOVEZE, C. L.; TAKAKURA, J. F. K. Custo e preços de serviços: logística, hospitais, transporte, hotelaria, mão de obra, serviços em geral. São Paulo: Atlas, 2013. CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS | Adriana Matte 68 PEREZ JUNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. de; COSTA, R. G. Gestão estratégica de custos: textos, casos práticos e testes com as respostas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos fácil. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. SANTOS, J. J. et al. Manual de Contabilidade e Análise de Custos. Editora Atlas, São Paulo, 2015. SILVA, R. N. S.; LINS, L. dos S. Gestão de custos: contabilidade, controle e análise. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. YANASE, J. Custos e formação de preços: importante ferramenta para tomada de decisões. São Paulo: Trevisan Editora, 2018. Se você encontrar algum problema neste material, entre em contato pelo email eadproducao@unilasalle.edu.br. Descreva o que você encontrou e indique a página. Lembre-se: a boa educação se faz com a contribuição de todos! CONTRIBUA COM A QUALIDADE DO SEU CURSO Av. Victor Barreto, 2288 | Canoas - RS CEP: 92010-000 | 0800 541 8500 eadproducao@unilasalle.edu.br