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das A Gabarito utoatividades EDUCAÇÃO AMBIENTAL Prof.ª Eliane Dalmora 3UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L GABARITO DAS AUTOATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL UNIDADE 1 TÓPICO 1 1 Observe o conceito de EA e educação ecológica, justificando por que a Educação Ambiental é mais do que uma disciplina derivada da Biologia. R.: Na proposta da Conferência de 1972, a Educação Ambiental deixa de ser uma educação ecológica com atribuição restrita aos professores de Ciências e Biologia, na qual era definida como a ciência que ensinava a conservação, as relações dos seres vivos entre si e destes com o mundo. Com uma visão mais abrangente, a Educação Ambiental passa a ser referenciada pelas contribuições múltiplas das ciências, em especial pela perspectiva que integra uma rede de relações sociais, culturais e naturais (CARVALHO, 2004). A Educação Ambiental é mais do que uma disciplina derivada da Biologia, porque a Educação Ambiental assume sua maioridade em relação à Biologia. As questões ambientais, para serem compreendidas, dependem das contribuições da Física, Química, Biologia e Socioeconomia, entre outras áreas do conhecimento. Constitui-se a leitura dos modos de apropriação social dos recursos naturais, numa perspectiva sistêmica. A perspectiva sistêmica busca identificar todos os componentes da realidade, compreender as interações, retroações, emergências e imposições que ocorrem entre os componentes (MORIN, 1977). A abordagem é adequada para compreender as questões que não estão vinculadas a uma área específica do conhecimento. Refere-se a fenômenos naturais ou sociais que não são somente biológicos, econômicos ou religiosos, mas resultam da interação de todos estes campos. 2 Faça uma síntese da evolução da EA e explique a importância dos encontros internacionais na promoção do desenvolvimento sustentável. R.: Em 1975, ocorre, em Belgrado, o Workshop em Educação Ambiental, promovido pela UNESCO. A Carta de Belgrado define os princípios e as orientações para um programa internacional de EA e se tornou um documento de referência para a questão ambiental. Questiona a natureza fragmentária. 4 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L Faz, além disso, um chamamento às responsabilidades individuais quanto ao uso dos recursos e aos estilos de vida, clamando por uma ética global. Questiona, também, as bases de consumo entre nações ricas e pobres. Em 1977, em Tbilisi (na Geórgia), realiza-se a I Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, organizada pela UNESCO/Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Institui-se, então, a primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental, acordado em 1975, pela Unesco/Pnuma. Na ocasião, estabelece-se a permanência, a multidisciplinaridade e a integração dos conteúdos às questões do local. Também são definidos os objetivos, características e estratégias de implementação da EA. Em 1980, em Budapeste, na Hungria, a UNESCO promove o Seminário Internacional sobre o Caráter Interdisciplinar da EA no ensino de Primeiro e Segundo Graus. A expressão Educação Ambiental (Environmental Education) é cunhada, pela primeira vez, na Inglaterra, em 1965, sendo indicada nas escolas como integrante da educação geral e atribuição de todas as disciplinas afins. (DIAS, 2004). Em 1968, na Conferência de Educação, realizada na Grã- Bretanha, funda-se a Sociedade para a Educação Ambiental. Já em 1970, nos Estados Unidos, é implementada a Lei sobre Educação Ambiental. Em 1972, uma equipe de pesquisadores coordenados por Dennis e Donella Meadows publica o relatório Limits to growth. Na ocasião, em Estocolmo, é realizada a Conferência das Nações Unidas para o meio ambiente. A ideia de desenvolvimento sustentável começa a ser estruturada ao se reforçar as dificuldades das nações do Sul em seguirem os padrões de desenvolvimento dos países do Norte. Mais especificamente, a conferência apresenta, na recomendação nº 96, que a Educação Ambiental (EA) é essencial para a formação de uma nova consciência planetária e para ampliar o compromisso no combate à crise mundial. Os encontros internacionais destacados no Caderno de Estudos tiveram a importância de definir a abrangência da EA e a difusão de uma proposta que foi gradativamente estruturada, tendo a contribuição de pesquisadores, ambientalistas, ativistas políticos e educadores das mais diversas nações. São estabelecidos os princípios da EA e os espaços escolarizados e não escolarizados responsáveis pela sua promoção. As conferências de Belgrado e de Tbilisi foram um marco na definição da EA como um processo multidisciplinar, permanente, presente em todos os níveis de ensino, inclusive na formação profissional. A proposta de EA é finalizada com as contribuições da Carta da Terra e do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. 5UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 3 Defina a educação como responsável pela formação de cidadãos críticos e atuantes, corresponsáveis pela sustentabilidade planetária. Resposta primeira: o objetivo maior da Educação Ambiental é a formação de um novo olhar do mundo e um pensar diferente, constituinte de uma grande solidariedade planetária, ou seja, o desenvolvimento sustentável que visa à promoção da vida; o equilíbrio dinâmico; a sensibilidade social e a consciência planetária. Também, a EA tem como objetivo ajudar a sociedade a superar o analfabetismo ambiental. Resposta segunda: a finalidade da EA é edificar os pilares das sociedades sustentáveis que envolvem a colaboração dos sistemas sociais para incorporar a dimensão ambiental nas suas atividades de produção e consumo, nos sistemas jurídicos que consolidam normas e condutas e no sistema político-cultural que consolida os espaços democráticos. Cabe à Educação Ambiental ajudar a sociedade a superar o analfabetismo ambiental, que consiste no desconhecimento ou ignorância dos problemas ambientais, das ameaças da (in)sustentabilidade dos ecossistemas e da própria condição de vida da humanidade (DIAS, 2004). O objetivo maior da Educação Ambiental é ousado, por pressupor um novo olhar do mundo e um pensar diferente, constituinte de uma grande solidariedade planetária. Em síntese, a Educação se integra à proposta do desenvolvimento sustentável visando à promoção da vida, ao equilíbrio dinâmico, à sensibilidade social e à consciência planetária. Atualmente, a Educação Ambiental é, efetivamente, apresentada como necessária para todas as nações, devendo ser permanente na formação do cidadão e presente em todos os níveis de ensino. Desde as primeiras formulações, projetos e experiências foram se configurando e originaram um amplo coletivo de educadores, que tem feito diferença no modo como cada cidadão convive e se apropria dos recursos naturais. 4 Escreva sobre a responsabilidade dos educadores e os possíveis impasses para desenvolver a educação ambiental nas escolas. R.: O PRONEA sugere as seguintes formas de atuação para o educador ambiental na educação não formal: • Influenciando no planejamento das políticas públicas, participando dos espaços participativos (conselhos, fóruns, comitês). • Promovendo a transversalidade da questão ambiental, disseminando-a nos diferentes setores da gestão pública e privada (secretarias de obras, turismo, saneamento, saúde, educação, urbanismo, agricultura, indústria e comércio). • Construindo e implementando a Agenda 21, nas mais diversas esferas de atuação (município, escolas, nações e regiões). 6 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L • Estimulando a formação, qualificação e aperfeiçoamento em Educação Ambiental dos trabalhadores e da população em geral. • Realizando diagnósticos socioambientais, inserindo matrizes de acompanhamento e monitoramento dos impactosambientais gerados pelos empreendimentos. Impasses: desvalorização do educador, formação fragmentária, ausência de capacitações, ausência de planejamento integrado nas escolas, desvalorização do profissional da educação, educação bancária, entre outras. 5 Apresente os princípios que orientam as novas relações sociedade/ natureza, destacando as possíveis dificuldades para a sua efetiva concretização. R.: Visando consolidar uma proposta de caráter universal, coesa e coerente com a proposta do desenvolvimento sustentável, são definidos os princípios da Educação Ambiental, resumidos a seguir: a) A EA é um direito de todos. Visa formar cidadãos com consciência global e planetária e respeito à soberania dos povos (recupera, reconhece e respeita a história indígena e culturas locais, promovendo a sociobiodiversidade). Dificuldade: relações capitalistas sempre levam à desigualdade, globalização da economia acaba com as culturas e as especificidades de cada local. b) A base é o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo e lugar (da educação formal a não formal), integrando conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ação. Dificuldade: tendências educacionais que ficam na educação bancária, da repetição, do ajuste social e da alienação. Sociedade de massas sem criticidade. c) A EA é um ato político e de transformação social com o desenvolver do pensamento crítico e inovador. Dificuldade: repete-se a visão de formar para adestrar, com conteúdos sem relação com a realidade e o debate político e da sociedade. d) A abordagem pressupõe o conhecimento holístico e sistêmico, com caráter multi e interdisciplinar. Dificuldade: divisão do conhecimento em disciplinas, sem planejamento integrado entre educadores e currículo desconectado, sem transversalidade. e) Os valores a serem preconizados são relativos à solidariedade, à igualdade e à democracia - como participação equitativa nos processos de decisão política. Dificuldade: democracia é lenta no Brasil, sem cultura política para participar, cidadania não é ativa. f) O objetivo é promover a cultura da paz, da cooperação, do diálogo e da austeridade feliz (consiste no atendimento igualitário às necessidades básicas, combatendo a fome de muitos e o consumismo das populações ricas). Dificuldade: reprodução da violência em todas as esferas da sociedade. 7UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L g) A comunicação é um processo democrático e visa à emancipação da informação, opondo-se às tentativas de uso dos meios como forma de dominação e alienação política e cultural. Dificuldade: assim como na educação, predomina a comunicação unilateral, próximo ao difusionismo. h) A abordagem é da ética do respeito a todas as formas de vida, valorizando e conservando a dinâmica, diversidade e a integridade de seus ecossistemas (GADOTTI, 2004). Dificuldade: sociedade antropocêntrica tende a não considerar o direito das demais formas de vida em existir. 6 A preocupação com o ensino de “bons comportamentos” está presente nos objetivos de muitos educadores. Quais os problemas que esta postura pode originar? R.: Ao se estabelecer parâmetros de inserção para a EA, pretende-se romper com uma visão ingênua e até mesmo simplista da questão ambiental, a qual tende a banalizar a sua inserção nos planos educacionais, como ressalta Carvalho (2004, p.152): “a Educação Ambiental passou a ser usada como termo genérico para algo que se aproximaria de tudo o que pudesse ser acolhido sob o guarda-chuva de boas práticas ambientais”. Sem a definição dos princípios éticos que balizam as relações da sociedade com a natureza, os educadores podem banalizar sua proposta em comportamentos esparsos restritos, descontextualizados da própria complexidade da problemática ambiental (sistêmica e global). Acabam apontando a atos isolados, tais como: atitudes de separação de lixo doméstico, plantio de árvores, mutirões de limpeza de rios e áreas públicas, redução do consumo individual de água e resíduos. Sem critérios claros do que seriam “os bons comportamentos” é elencado um conjunto de temas que se repetem em distintas realidades, sem gerar questionamentos mais amplos sobre as reais questões da crise ecológica, a origem do problema e as responsabilidades quanto a possíveis soluções. Visando superar a aplicação inicial da educação ecológica, começa a se estruturar uma nova roupagem, resultado de experiências, reflexões e pesquisas efetivadas nas mais diversas situações pedagógicas e nações. Como resultado: um ensino moralizante não garante a continuidade de ações por falta de compreensão das bases que estruturam o comportamento buscado, fica sujeito a outras influências, sem chegar às causas do problema. Paralelamente, impactos ambientais se replicam, se conjugam e se estendem pelos continentes, gerando preocupações no campo acadêmico, político e social. Torna-se consensual a necessidade de redefinir as formas como conscientemente a economia capitalista e a sociedade armamentista e tecnológica geram impactos, comprometendo a existência da vida no planeta Terra. 8 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L TÓPICO 2 1 Faça uma síntese dos artigos mais importantes da Lei no 9.755/99, comentando sobre possíveis impasses para implementar os pressupostos legais. R.: Não estabelece limites nem de idade nem de gênero, etnia, raça, religião ou outra categoria, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal (art. 2º, da Lei nº 9.394). Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à Educação Ambiental, incumbindo: ao poder público definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais; às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores; à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais. No Brasil, a regulamentação da EA se efetivou com a instituição da Política Nacional do Meio Ambiente, prevista na Lei nº 6.938/81, de 31/08/81. O Artigo 2º, inciso X destaca a “Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade”; a Constituição Federal de 1988 reitera a necessidade da EA a todos os cidadãos. Já o Decreto nº 4.281, de 25/06/02, detalha as competências, atribuições e mecanismos definidos para a PNEA. Impasses: muitas ações têm sido pouco incisivas ou sem a continuidade que a política pública poderia garantir. Isto é resultado da própria situação de precariedade enfrentada pela educação pública brasileira, traduzida em investimentos insuficientes e o estilo de formação dos licenciados, cuja atuação se restringe a repassar conteúdos, sem refletir sobre o planejamento mais amplo e o propósito do ato de ensinar. Como resultado, a postura do profissional educador está aquém do enfrentamento aos desafios da educação do mundo contemporâneo. Uma sociedade da informação dual marcada, por um lado, pelo estudante com acesso amplo e ilimitado às novas tecnologias da informação e, do outro, o estudante excluído, enfrentando níveis de analfabetismo dados pelas novas formas de desigualdade social e educacional. 2 No Brasil, a legislação, muitas vezes, tende a regular as situações ideais sobre a forma como a sociedade deve proceder. Porém, no campo ambiental há grande distanciamento entre os princípios legais e a sua execução efetiva. Como a consulta participativa na elaboração do PRONEA pode ajudara solucionar estes impasses? 9UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L R.: A Política Nacional de Educação Ambiental está se consolidando no Brasil como resultado da organização em rede dos educadores ambientais na busca pela aprovação da Lei de Educação Ambiental, bem como sua regulamentação e divulgação nos mais diversos territórios e instâncias educacionais. A Educação Ambiental é assumida como permanente, democrática, interdisciplinar e sistêmica. Seus propósitos são ousados, por sugerir uma práxis educativa, de formação humanista para sociedades sustentáveis, de responsabilidade local/global e intergeracional. Sugere a redefinição das bases de consumo e produção, buscando redefinir consciências e o compromisso compartilhado das empresas, governos, educadores e meios de comunicação. 3 Em que consiste o planejamento educacional numa perspectiva processual? R.: O art. 1º da Lei da EA define como um processo por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Entendida como processo, a EA terá abertura para a construção de relações, distanciando-a da proposta de gerar um produto único, onde as pessoas são treinadas, capacitadas ou formadas para assumirem comportamentos tidos como os mais adequados para com o meio ambiente. A preocupação é de gerar possibilidades; de elaborar e reelaborar programas amplos de educação; coadunada com as próprias mudanças nas relações da sociedade com o conhecimento e as configurações mais contemporâneas de ensino/aprendizagem. Enquanto processo, e não um produto preestabelecido, a educação pode ser atualizada no seu tempo e no espaço. No espaço, considera-se que as sociedades locais são ora resultado de um território e ora estruturantes deste território, resultando em dinâmicas específicas de uso e apropriação dos recursos naturais. Neste contexto, um programa de Educação Ambiental começa com a investigação da realidade apresentada em cada sociedade e visa problematizar as relações instituídas no meio ambiente, seja na esfera do trabalho, no espaço doméstico ou no lazer. Como nos indica Freire (1987, p. 68) “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. 4 Quais são as contribuições de Paulo Freire para uma proposta de educação voltada para a formação de novos valores de sociedade e sua relação com o ambiente? 10 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L R.: Como eixo norteador de sua prática pedagógica, é possível a formação ética dos educadores, conscientizando-os sobre a importância de estimular o educando a uma reflexão crítica da realidade em que está inserido. Ao abordar a questão ambiental na educação, há que se considerar sistemicamente as relações entre o global e o local que ora se distinguem e ora interagem e interatuam, como refere o art. 4o da Lei nº 9.795, que define para a EA uma abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais. A tendência da educação foi de apresentar os problemas sociais e ambientais, sem situá-los espacialmente e socialmente; eram problemas distantes da realidade do educando, tornando o processo ensino- aprendizagem sem foco de interesse. O conteúdo ministrado é apreendido mecanicamente, como uma informação curiosa, mas que não gera um debate, uma compreensão significativa e uma conexão com a sua própria vida, capaz de suscitar um questionamento sobre o estilo de desenvolvimento, o compromisso da sociedade e dos indivíduos quanto à degradação ambiental em curso. De outro lado, ao localizar um problema, situando-o no contexto do educando, perde-se a universalidade da questão ambiental no mundo contemporâneo, simplificando a questão com soluções pequenas e individuais de comportamentos, no qual são descolados. 5 Por que a EA valoriza uma formação de um agente ativo, capaz de decisão política e de exercício da cidadania? R.: A Educação Ambiental visa lançar questionamentos sobre a forma como os indivíduos e as coletividades se posicionam neste mundo, gerando profundas transformações nas condições de vida do planeta Terra. Ao propor a contextualização do cotidiano, a dialogicidade, a relação da teoria com a prática, o objetivo da proposta de Paulo Freire é passar de uma visão de mundo baseada no senso comum para uma visão crítica da realidade, capaz de estimular a transformação, gerando-se então uma ação pedagógica fundamentalmente libertadora. A educação é o lócus da reflexão, o que implica relacionar o mundo vivido e as experiências cotidianas às teorias. 6 A perspectiva da práxis pedagógica é amplamente conhecida entre os educadores, porém poucos fazem a opção por esta proposta. Quais os possíveis esforços pessoais e mudanças institucionais para que os educadores optem pela proposta freiriana de ensino-aprendizagem? R.: Os educadores devem rever suas concepções de ensino-aprendizagem e sua ação imitativa, sem deixar explícitas suas intencionalidades na prática pedagógica. Compreender criticamente a realidade dos problemas ambientais envolve uma leitura da realidade local, mas interpretada sob referenciais teóricos mais 11UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L amplos proporcionados pela Pedagogia da Autonomia e da Libertação (ver Figura 2), como ressalta Paulo Freire na obra Pedagogia da Autonomia (2002). Esta perspectiva se distancia da educação adestradora, cujo aprendizado ocorre por condicionamento de respostas operantes, apresentada por Burrhus F. Skinner. Entende-se que o comportamento é ensinado por meio de esforços imediatos e contínuos a uma resposta aos estímulos, que induzirão o indivíduo a ter a resposta cada vez mais adequada. A fundamentação deste entendimento está nos experimentos realizados com animais em laboratórios, nos quais identifica respostas do tipo reflexo, condicionadas ou não, que são emitidas devido a estímulos sensoriais, como a salivação em resposta à comida e a contração da pupila diante da luz. TÓPICO 3 1 Com base no questionamento apresentado pelo texto: “O que aprendeu hoje na escola?”, faça as seguintes atividades: a) As instituições de ensino que você compartilha (seus amigos, irmãos, filhos ou sobrinhos) têm superado esta visão de mundo acrítica, descolada da natureza socioeconômica e política tão presente na sociedade contemporânea? Resposta Pessoal. Na minha instituição não há clareza quanto ao posicionamento que o professor das ciências sociais em especial deve ter. Não há uma proposta político-pedagógica que defina o perfil do estudante que se almeja. Não se discutem as abordagens, nem os currículos com base em um objetivo maior definido no grupo. O currículo muda, os regimentos também, mas sem gerar reflexões sobre os impasses da formação dos conteúdos desencaixados da realidade. b) Perceba que a escola, ao passar as informações de modo positivo, acaba construindo uma falsa impressão de realidade, marcando um mundo idealizado de ordem e progresso conferido por atuações nem sempre democráticas, dando inclusive uma falsa impressão de liberdade, paz, ética na política, respeito à hierarquia e status social. Faça um comentário sobre esta afirmação destacando o quanto estes ensinamentos reafirmam o status social de uma sociedade marcada pelas desigualdades, o clientelismo político, a reprodução da violência e a alienação social. R.: Ao considerar o mundo sem problemas, as pessoas não se mobilizam para reivindicar direitos, por simplesmente não se perceberem como parte 12 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L do problema, acreditam no mundo com a teoria que aprenderam, sem conflitos, sem impactos.Gera um sentido de acomodação das pessoas e uma falsa impressão de realidade. Desmobiliza para não pensar nas questões fundamentais da realidade, romantizando-a e não preparando as pessoas para enfrentar o mundo e atuar como agente de transformação social, capaz de identificar as relações de exploração e injustiças sociais. c) Como estes ensinamentos positivos e acríticos podem estar distantes dos propósitos da Educação Ambiental? O que aprendeu hoje na escola? Que aprendeu hoje na escola, Querido filhinho meu? Que aprendeu hoje na escola, Querido filhinho meu? Aprendi que Washington nunca mentiu, Aprendi que um soldado quase nunca morre, Aprendi que todo mundo é livre, Foi isso que o mestre me ensinou, E foi o que aprendi hoje na escola, Foi o que na escola eu aprendi. Que aprendeu hoje na escola, Querido filhinho meu?[...] Aprendi que o policial é meu amigo, Aprendi que a justiça nunca morre, Aprendi que o assassino tem o seu castigo, Mesmo que a gente se equivoque às vezes, E foi o que aprendi hoje na escola, Foi o que na escola eu aprendi. Que aprendeu hoje na escola, Querido filhinho meu?[...] Aprendi que o nosso governo deve ser forte, Que está sempre certo e nunca erra, Que os nossos chefes são os melhores do mundo E que os elegemos uma e outra vez, E foi o que eu aprendi na escola, Foi o que na escola eu aprendi. Que aprendeu hoje na escola, Querido filhinho meu? [...] Aprendi que a guerra não é tão ruim assim, 13UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L Aprendi sobre as grandes em que entramos, Que lutamos na França e na Alemanha, E que, talvez um dia, eu tenha uma chance, E foi o que eu aprendi na escola, Foi o que na escola eu aprendi. *Neil Postman e Charles Weingartner. Trad. Álvaro Cabra FONTE: Disponível em: <http://professoreducacional.blogspot.com/2010_10_01_archive.html>. Acesso em: 24 mar. 2011. R.: A questão ambiental tem a política como a responsável por grandes impactos gerados, como o caso de desmatamentos legalizados pelos parlamentares, construção de usinas atômicas como modelo de crescimento do setor energético, estradas em áreas de conservação. Enfim, uma educação que simplifica a realidade histórica e social da sociedade, reproduz a posição acrítica do cidadão, que não se responsabiliza, nem se sensibiliza. Trata os problemas de forma superficial, sem compreender as causas e os riscos imbuídos nas tecnologias. Não há como pensar que se realiza a EA numa escola dessa natureza. 2 Defina os coletivos jovens, destacando a importância da participação social na consolidação de novos compromissos da sociedade com o meio ambiente. R.: Consiste na formação de educandos (coletivos jovens) para a participação; constituição de Conselhos de Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas Escolas, estabelecendo o controle social da Educação Ambiental na escola e a implementação da Agenda 21 Escolar, dando suporte a atividades curriculares e extracurriculares das escolas para construir projetos coletivos de intervenção transformadora, incluindo a pesquisa-ação e a formação de um banco de dados. Busca-se uma formação com base nos princípios ecológicos, visando à compreensão real da dinâmica de interações possíveis nos ecossistemas livres da manipulação planejada para os desígnios humanos. A EA, ao realizar a alfabetização ecológica, estimulará a consciência ecológica, que vincula os jovens em redes de cooperação solidária engajadas nas questões ambientais. TÓPICO 4 1 Comente a afirmativa: “Na educação de adultos, a realidade do educando é o ponto de partida para se estruturar o processo de aprendizagem”. 14 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L R.: Ao trazer para os conteúdos de aprendizagem temas do contexto ou situações que fazem parte do universo de preocupações do educando, coloca- se a própria complexidade da realidade em debate, o que não se encaixa nas abordagens cartesianas que tendem a compartimentalizar, fragmentar e afastar o conteúdo a ser apreendido da realidade de vida de quem aprende. Além disso, quando os conteúdos tratam de ecossistemas ou situações em que o educando não se identifica, não há o chamado para a responsabilidade e, portanto, se distancia de uma educação para a cidadania. Esse deslocamento de realidade resulta no desinteresse do educando pelo espaço escolar ou no descolamento dos conteúdos de ensino às aplicações do que fazer no cotidiano é um dos grandes motivadores da evasão escolar. Ao se dissociar o conteúdo da realidade social e o mundo do trabalho, o aprender perde o sentido para as classes populares que apresentam muitas necessidades imediatas a serem satisfeitas. Freire apresenta uma grande contribuição para o paradigma da educação popular no Brasil e no mundo. Seus pressupostos de ensino-aprendizagem se baseiam no diálogo, na articulação da escola com a sociedade e no desenvolvimento da consciência crítica através da abordagem histórica. 2 Como diagnosticar a realidade do educando para compor seus conteúdos de ensino? R.: O ponto de partida para o desencadeamento do aprendizado do educando requer o estudo da sua realidade, de como ele a percebe e a sente, o que vai além de um simples levantamento da situação local. Consiste num processo contínuo de problematização da realidade, englobando as dimensões política, econômica, social, cultural e ecológica como forma de busca de uma visão não fragmentada de mundo. Nesta forma de conhecer a realidade, as questões ambientais podem ser identificadas sem cair no erro da simplificação. Nas práticas de Educação Ambiental, o diagnóstico da realidade corresponde a duas etapas: a) sensibilização, onde é identificada a percepção espacial e temporal dos indivíduos e da sociedade sobre o ambiente local e global, e também se levanta quais são as representações sociais, as ideias de natureza que sustentam as práticas dos indivíduos com o meio ambiente; b) conhecimento e habilidades, onde o educador faz o levantamento (participativo) dos problemas ambientais que fazem parte do contexto dos estudantes e provoca a redefinição do problema na perspectiva da práxis pedagógica (interação dialética teoria/prática). 3 Explique como deveria ser a definição dos temas geradores para desencadear um trabalho de educação ambiental nas comunidades. 15UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L R.: O autor sugere que a aprendizagem se constitui mais facilmente, caso for utilizado o próprio universo vocabular do contexto do educando. Uma primeira tarefa do educador é compreender esse universo, identificando temas geradores e, assim, aproximando os conteúdos de ensino ao mundo vivido do educando. Na tematização, busca-se a representação de um aspecto da realidade, de uma situação existencial construída pelo educando que o interpreta e constitui significado. O cotidiano é o instrumental de leitura da realidade para que o indivíduo a compreenda e possa interferir sobre ela. A leitura do cotidiano é o início da abertura para a reflexão. Após seu reconhecimento, é preciso realizar um exercício de reflexão, como destaca Freire (1980): qualquer lugar em que tomo distância do contexto concreto exercemos uma reflexão crítica sobre a prática, temos nele um contexto teórico, uma escola no sentido radical que a palavra deve ter. 4 Tendo como base a expressão de Simon Rodriguez (apud GUTIÉRREZ; PRADO, 1999), o que não se faz sentir não se entende, e o que não se entende não interessa, reflita sobre os seus momentos de maior entusiasmo de aprendizagem. Qual é a base teórica que destaca a importância do significado dos conteúdos trabalhados para o aprendizado? R.: Os conteúdos contextualizados dão sentido à caminhada do educando, ou seja, uma educação onde o sentimento, a intuição, a emoção, a vivência e a experiência são o móvel da formação do cidadão ativo e corresponsável. As aprendizagensmais significativas podem envolver metodologias que envolvam o lúdico, tais como: práticas de laboratório e de campo, viagens técnicas, teatro, música, literatura, vídeos, debates e dinâmicas de grupo. O mais importante é o vínculo do conteúdo com as preocupações da realidade do educando. No caso da Educação Ambiental podem ser visitas a locais da cidade, como lixões, aterros sanitários, estações de tratamento de esgotos, parques, áreas verdes, propriedades rurais, entre outros. As experiências práticas desenvolvidas no mundo do trabalho constituem uma forma única de apreender habilidades e coordenação motora. Pode ocorrer na indústria, no comércio, na agricultura, nos serviços. Quanto à base teórica, a expressão educar é caminhar com sentido foi desenvolvida por Gutièrrez e Prado (1999) e, posteriormente, é reconfigurada no contexto da sociopoética desenvolvida por Jacques Gauther (CARVALHO, 2004). 5 Faça uma síntese das abordagens pedagógicas que influenciaram a obra de Paulo Freire. 16 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L R.: O pensamento de Paulo Freire pode ser relacionado com o de muitos educadores contemporâneos, a seguir enumerados: a) Célestin Freinet (1896-1966), um revolucionário educador francês, assim como Freire, acredita na capacidade de o aluno organizar sua própria aprendizagem. b) Com Carl Rogers (1912-1987), apesar das divergências quanto à direção dos conteúdos, há pontos comuns no que diz respeito à liberdade de expressão individual, à crença na possibilidade de os homens resolverem, eles próprios, seus problemas, desde que motivados interiormente para isso. c) Com Ivan Illich (1926), o filósofo austríaco, compartilha da crítica da escola tradicional burocrática que impede os educadores de se autodesenvolver e de se libertar da alienação das escolas. Porém, Paulo Freire, ao contrário de Illich, acredita na escola. Ela pode mudar e deve ser mudada, pois joga um papel importante na transformação social. d) A influência de John Dewey (1859-1952) e seu discípulo Anísio Teixeira (1900-1971), se refere ao excessivo centralismo, ligado ao autoritarismo e ao elitismo da educação brasileira. O que a pedagogia de Paulo Freire aproveita do pensamento de John Dewey é a ideia de "aprender fazendo", o trabalho cooperativo, a relação entre teoria e prática, o método de iniciar o trabalho educativo pela fala (linguagem) dos alunos. e) Há muita semelhança com Lev Vygotsky (1896-1934), o pedagogo russo, e o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980). Apesar de Freire e Vygotsky terem vivido em tempos e hemisférios diferentes, a abordagem de ambos enfatiza aspectos das mudanças sociais e educacionais que se interpenetram. Enquanto Vygotsky enfoca a dinâmica psicológica, Freire se concentra no desenvolvimento de estratégias pedagógicas e na análise da linguagem. A teoria da escrita de Vygotsky contém uma descrição dos processos internos que caracterizam a produção das palavras escritas. f) Paulo Freire estava de acordo com a tese de Piaget e insistia: necessitamos desenvolver a “curiosidade” do aprendiz para poder desenvolver o ato de aprendizagem. Piaget sustenta que aprendemos somente quando queremos e somente quando o que aprendemos é significativo para nós mesmos. Também o papel da ação é fundamental para o desenvolvimento da criança, porque é a característica essencial do pensamento lógico para ser operativo. g) O pensamento humanista de Freire foi inspirado no personalismo de Emmanuel Mounier (1905-1950) e pelo existencialismo (Martin Buber), pela fenomenologia (Georg Hegel) e pelo marxismo (Antonio Gramsci e Jürgen Habermas). 6 Comente acerca da maneira como a escola e a comunidade podem promover a aprendizagem para que o cotidiano de cada um seja transformado. 17UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L R.: A leitura do cotidiano é o início da abertura para a reflexão. Após seu reconhecimento é preciso realizar um exercício de reflexão, como destaca Freire (1983): qualquer lugar em que tomo distância do contexto concreto, exercemos uma reflexão crítica sobre a prática, temos nele um contexto teórico, uma escola no sentido radical que a palavra deve ter. Ao abrir-se para o universo do conhecimento, o sujeito começa a vislumbrar outras possibilidades e sempre novas necessidades de conhecer. O resultado é a construção da cidadania, coberta de uma nova consciência e um novo saber que o insere num contexto social mais amplo, assumindo uma consciência planetária de ser e de estar no mundo. UNIDADE 2 TÓPICO 1 1 Defina desenvolvimento sustentável. R.: O desenvolvimento sustentável apresenta várias dimensões, conforme Sachs (2000): social (progresso no sentido da equidade e justiça social); cultural (conscientização e valorização dos ecossistemas, a integração dos povos e a não violência); do meio ambiente; de distribuição territorial equilibrada dos assentamentos e atividades humanas; econômica (visando a satisfação das necessidades humanas básicas); política (reconciliando e integrando o desenvolvimento com a conservação da biodiversidade, participação e autonomia). 2 Defina meio ambiente, ressaltando as consequências de uma definição que tende a ignorar a sua própria influência humana na transformação do meio ambiente. R.: São muitas as definições de meio ambiente, revelando que há um caráter difuso, com muitas possibilidades de entendimento de meio ambiente, abrangendo os mais diversos modos de pensar de cada sociedade. Portanto, para Reigota, meio ambiente é uma representação social. As definições restritas excluem a influência dos componentes humanos do meio, o que leva à falsa ideia de que é possível a existência de ambientes naturais cuja dinâmica não é afetada pela ampla e definitiva interferência humana, em especial da sociedade industrial. 18 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L Para evitar esta visão, Jollivét e Pavé (1997, p. 65) definem meio ambiente como: O conjunto de meios naturais (milieux naturels) ou artificializados da ecosfera onde o homem se instalou e que ele explora, que ele administra, bem como o conjunto dos meios não submetidos à ação antrópica e que são considerados necessários à sua sobrevivência. Esses meios são caracterizados: por sua geometria, seus componentes físicos, químicos, biológicos e humanos e pela distribuição espacial desses componentes; pelos processos de transformação, de ação ou de interação envolvendo esses componentes e condicionando sua mudança no espaço e no tempo; por suas múltiplas dependências em relação às ações humanas; por sua importância tendo em vista o desenvolvimento das sociedades humanas. 3 O que são representações sociais? Quais os tipos mais comuns de representações do meio ambiente? R.: As representações sociais, conforme Reigota (1994, p. 70), são modos de pensar que orientam as condutas dos indivíduos na sociedade e equivalem a “um conjunto de princípios construídos interativamente e compartilhados por diferentes grupos que através delas compreendem e transformam a realidade”. Algumas representações sociais de meio ambiente são categorizadas, segundo Sauvé (apud SATO, 2004), como: natureza (que devemos apreciar e respeitar); recurso (água, energia, resíduos, biodiversidade); problema (contaminação, danos ambientais, irregularidades climáticas, ameaças de destruição); meio de vida (a casa, o trabalho e seu entorno, tudo o que nos rodeia); sistema (ambiente como um grande sistema, os efeitos das transformações se inter-relacionam e não podem ser isolados); biosfera (visão de totalidade, da unidade cósmica e da unicidade da vida); projeto de vida (interdependência sociedade/meio ambiente, responsabilidade e capacidade de transformação socioambiental). 4 Quando os educadores possuem o entendimento de meio ambiente restrito, no qual o homem não faz parte da natureza,cometem-se alguns equívocos quanto à avaliação do problema e à busca de soluções. Faça uma análise dos equívocos resultantes, comentando sobre o descompromisso das pessoas quanto à situação ambiental local. R.: As sociedades que simplesmente visualizam o meio ambiente como recursos têm dificuldade para compreender o contexto atual e definir a problemática decorrente do utilitarismo imbuído nos modos predatórios de 19UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L apropriação. A população tende a se retrair nas situações em que o meio ambiente se encontra degradado e os ecossistemas descaracterizados, resultando em efeitos encadeados e trágicos que afetam a economia e a qualidade de vida. As pessoas diretamente afetadas tendem a se afastar da natureza, principalmente quando perdem as referências de um meio ambiente dinâmico, biodiverso, estável e produtivo. A compreensão efetiva do problema depende de referenciais positivos das dinâmicas naturais e as bases sociais de convivência possível e equilibrada com o meio a ser traduzida em beleza, alimentação abundante e variada, serviços ambientais de lazer e alimentação saudável, rica e abundante. 5 Por que é importante o educador ambiental identificar as representações sociais do educando? R.: Ao compreender o que o educador e educando pensam do meio ambiente é possível saber quais são os conceitos, valores e crenças a serem redefinidos ou considerados no processo educativo. Isto porque os conteúdos escolares, os meios de comunicação, a família e o mundo do trabalho ainda estão distantes de uma visão sistêmica, holística, de biosfera e de compromisso planetário. Cabe ao educador ambiental identificar, primeiramente, quais são as representações sociais do educando. Com este diagnóstico, o educador pode estabelecer metas e, mais facilmente, atingir resultados na orientação do educando, pois estará ciente do modo como o meio ambiente é percebido e vivido pelas comunidades. A definição de cada um tem vínculo com os interesses científicos, artísticos, políticos, filosóficos, religiosos e profissionais que permeiam a sua vida. 6 Por que o desenvolvimento sustentável não tem uma grande penetração na sociedade? Em que medida a falta de participação e engajamento político dos cidadãos impede a implementação de uma política para o desenvolvimento? R.: O desenvolvimento sustentável não obteve grandes avanços porque não pode ser implementado apenas pelas agências representantes de alianças nacionais e internacionais sensibilizadas pelas efetivas ameaças globais. Também é difícil pela própria complexidade da questão. A proposta do desenvolvimento sustentável se complexifica com o próprio entendimento sistêmico da questão ambiental, sua implementação engloba múltiplas dimensões (SACHS, 2000). As tentativas de imposição de cima para baixo não possibilitam o crescimento orgânico a partir das respostas das pessoas. Vai depender de uma contínua criação de espaços políticos e sociais em que o poder das pessoas 20 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L possa, efetivamente, ser exercido e construído a partir do conhecimento e representações já existentes. Também se trata de decidir quem tem o poder de realizar as reformas institucionais necessárias. O debate sobre as estratégias de promoção do desenvolvimento sustentável reconhece a necessidade de se contar com uma participação ativa das populações-alvo, no planejamento e na implementação das atividades definidas para melhorar o seu bem-estar, como destaca Guivant (2006): o empowerment destas pessoas através de sua participação é um elemento-chave, combinado com um claro conhecimento dos limites ambientais e dos requisitos para atingir a satisfação das necessidades básicas. No entanto, a participação pode se constituir apenas como uma resistência frente aos contrapontos encontrados, pois este conceito é tão aberto que pode permitir que interesses estabelecidos ignorem suas implicações radicais e se contentem com ajustes menores. As implicações mais radicais desta proposta podem ser ameaçadas quando as máquinas institucionais do desenvolvimento dominante perceberem seus poderes ameaçados. As ações de cogestão incorporam, portanto, as inter-relações, globais e de longo prazo, entre o sistema socioeconômico e o sistema ecológico, refletindo a adoção de novas opções de desenvolvimento e a preocupação pela renovação dos recursos no longo prazo. Esse conceito sistêmico de gestão para o desenvolvimento alimenta todas as esferas de tomada de decisão política, enfatizando a corresponsabilidade e a valorização da ética e da cultura. TÓPICO 2 1 Quais são as contribuições da teoria da complexidade para as ciências ambientais? R.: A teoria permite identificar os componentes da realidade na sua totalidade, sem perder a individualidade ou a especificidade de cada fenômeno ou entidade. Isto porque permite compreender as interações, retroações, emergências e imposições que ocorrem entre os componentes (MORIN, 1977). A abordagem é adequada à compreensão das questões que não estão vinculadas a uma área específica do conhecimento. Refere-se a fenômenos naturais ou sociais, que não são somente biológicos, econômicos ou religiosos, mas resultam da interação de todos estes campos. A perspectiva visa, portanto, romper com as abordagens dos especialistas que tendem a compartimentalizar e simplificar a complexidade da realidade. É adequada para problemas de natureza sistêmica, como: doenças originadas pela interação de múltiplos fatores ou não localizadas num órgão específico. Atualmente, tem importância fundamental em todos os campos do conhecimento da Física, da Economia, da Medicina e da Ecologia. 21UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 2 Caracterize uma problemática ambiental de natureza global. Faça uma lista de problemas ambientais locais, mas que se replicam por muitos continentes do planeta Terra. R.: São problemáticas que se repetem nos territórios, podendo ou não estar relacionadas. Geralmente, fazem interfaces com o modelo de desenvolvimento que prioriza os capitais e gera desigualdades sociais: • Gestão dos recursos hídricos (envolvendo todas as tributárias de uma grande bacia hidrográfica, incluindo territórios que se estendem para outras nações). • Recursos de propriedade comum, tais como: o ar atmosférico, as florestas, as áreas de proteção dos mananciais, o carvão. • A fertilidade dos solos e a exploração agrícola. • A questão das patentes e das sementes. • O conhecimento ecológico tradicional e o direito dos povos. • A poluição das megalópoles, os problemas de deslocamento. • O consumismo, os desperdícios e a geração de lixo. • A contaminação do meio ambiente e a qualidade de vida dos agricultores e demais usuários de tecnologias. • Os riscos da radiação e da energia nuclear. • A questão energética. 3 Quais são as características do ambiente entendido como unidade complexa, tal como define Edgar Morin? R.: O ambiente concebido como biótopo e de uma biocenose é plenamente um sistema, isto é, um todo se organizando, a partir das interações entre constituintes (biológicos e geofísicos). Uma unidade complexa, ou Unitas multiplex, que comporta uma extraordinária diversidade de espécies [...]; é um sistema que produz as suas emergências, não só ao nível global, mas também ao nível dos seres que o constituem, os quais manifestam qualidade de que não disporiam isoladamente [...]. Características: As relações entre o todo e as partes são de uma extrema ambiguidade e complexidade no princípio de que o todo é, ao mesmo tempo, superior ou inferior ao todo, de que as partes são superiores e inferiores às partes, de que há cisões, buracos negros, zonas de penumbra no interior do todo, e também nas inter-relações entre partes. Como todo o sistema ativo, o ecossistema é, ao mesmo tempo, constituídoe dilacerado pelas suas interações internas (MORIN, 1980). Um terceiro elemento dos sistemas complexos é quanto à questão da organização dos organismos, enquanto unidade constituída a partir da 22 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L multiplicidade. Cada ponto do holograma possui toda a informação do objeto e todo o holograma possui informação de um só ponto do objeto - “não só a parte está no todo, mas o todo está na parte.” (MORIN, 1997, p. 181). Esse tipo de organização está presente nos organismos vivos, mesmo uma célula epidérmica com papel de proteção contém a informação genética do ser global. A qualidade eco-organizadora: não é manter incessantemente, em condições iguais, através de nascimentos e mortes, o estado estacionário do clima, é ser igualmente capaz de produzir ou inventar novas organizações a partir de transformações irreversíveis que sobrevêm no biótipo ou na biocenose. O mais importante não é a estabilidade em si, mas a capacidade de construir estabilidades novas, em que a evolução pode ocorrer com a interrupção de condições favoráveis e das desorganizações daí decorrentes. (Figura 6). 4 Quais são os parâmetros para se realizar uma educação que aborde a problemática ambiental na sua dimensão sistêmica e complexa? Quais são os impasses que os educadores devem enfrentar e superar para realizar esta abordagem? R.: A Educação Ambiental se refere a um campo do conhecimento integrado e diverso que, por ser sistêmico, não nega as disciplinas específicas (Química, Biologia, Física, Matemática, Economia, Artes e Engenharias), mas requer o diálogo destes saberes, marcados pelas inter-relações. A questão ambiental constitui-se, na contemporaneidade, num espaço complexo de relações e interações sociais, o qual evidencia diversos interesses, em especial vinculados ao crescimento econômico da sociedade de consumo e ao privilégio de setores detentores do capital, o qual traduz interesses conflitantes ao bem comum, à qualidade de vida e à conservação dos ecossistemas. Nesta ótica, são múltiplas as dimensões da questão ambiental, traduzida em um campo de disputas de atores sociais e de interesses de poder, que também se traduz na educação, refém das políticas públicas. A teoria da complexidade passou a ser valorizada, recentemente, entre o meio acadêmico, devido à crise do paradigma científico vigente, em resolver problemáticas da realidade de natureza sistêmica. Esta crise se manifesta nos mais diversos campos do conhecimento: Saúde, Ecologia, Astronomia, Engenharia, Economia e Psiquiatria. A teoria da complexidade vem preencher as seguintes lacunas do conhecimento: Frente à questão da incompletude da ciência, à simplificação da realidade e à sua mutilação, se buscam a articulação, a identidade e a diferença de todos os aspectos físicos, biológicos, sociais, culturais, psíquicos e espirituais. A ambição da complexidade é resgatar estas articulações perdidas e 23UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L fragmentadas pelos recortes entre disciplinas, categorias cognitivas e tipos de conhecimento. O rompimento com a simplificação, enunciada através de leis e princípios reducionistas, presos a análises de causas e efeitos, a busca de objetos determinantes e a regularidade dos fenômenos observáveis. Um segundo erro, o da abstração universalista, o qual tende a dissimular a singularidade, a localidade e a temporalidade. O singular e o local não podem ser esquecidos ou apagados pela totalidade. A compreensão do local é fundamental no estudo das ciências ambientais, o qual não pode perder de vista como esta singularidade se manifesta na sua relação com o todo, considerando seu papel na constituição de determinados ecossistemas. 5 Os ecossistemas apresentam possibilidades de recuperação conforme o grau de perturbações a eles impostas. Porém, a intensidade de pressão pode desencadear um processo de desordem em cadeia, ficando difícil a evolução do sistema para estágios anteriormente estabelecidos. Faça um comentário sobre os processos de coevolução dos ecossistemas relacionando com situações dos ecossistemas degradados que você presencia na sua cidade. R.: A qualidade eco-organizadora: não é manter incessantemente, em condições iguais, através de nascimentos e mortes, o estado estacionário do clima, é ser igualmente capaz de produzir ou inventar novas organizações a partir de transformações irreversíveis que sobrevêm no biótipo ou na biocenose. O mais importante não é a estabilidade em si, mas a capacidade de construir estabilidades novas, em que a evolução pode ocorrer com a interrupção de condições favoráveis e das desorganizações daí decorrentes (Figura 6). Nesta direção, Morin (1980, p. 38) questiona as noções que restringem os processos evolutivos a atributos da espécie: “[...] a ecoevolução está marcada por inúmeras mutações ecológicas, isto é, reestruturações novas sob efeito de perturbações a longo e em curto prazo: submersões, emersões, enrugamentos, elevações, erosões, tropicalizações, glaciações, migrações e aparecimento de espécies novas”. Observe que a harmonia na natureza, nos ecossistemas, clímax, dificilmente se manifesta de modo permanente, ao contrário da ideia de estabilidade altamente difundida no meio acadêmico no século XX. Nesta visão de coevolução, define-se a estabilidade do ecossistema em termos de situações transitórias onde podem se manifestar estados de equilíbrios. Esta estabilidade é decorrente de um estágio avançado da sucessão vegetal, e ocorre quando as exigências impostas às condições do meio natural tornam-se insignificantes frente à capacidade de tolerância 24 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L e adaptação das espécies. As interações entre os seres vivos atingem autonomia na condição de reprodução da vida indefinidamente, a partir da sua própria sustentação. Assim, o equilíbrio apresenta um ideal regulativo, e os conceitos de estado e de dinâmica permitem uma abordagem mais condizente com a realidade observada. Compreende-se que a ecosfera não está e nunca esteve em equilíbrio no sentido usual do termo. O que ocorre são processos de evolução de estados de equilíbrio temporário em situações de um clímax dinâmico, no qual, por exemplo, o equilíbrio de um agrupamento florestal é considerado como um mosaico composto por diferentes estágios de desenvolvimento, considerando a heterogeneidade das formações vegetais tropicais. Variações de natureza estocástica devem ser consideradas, tais como: as microclimáticas, pedológicas e ainda aquelas de natureza biótica (polinização, atrativos aos dispersores, predação, perturbações antrópicas e existência de um grande número de espécies raras). As perturbações da sociedade atual são definitivas, velozes e incisivas, não permitindo atuação do tempo para regular novas formas de organização do sistema. Um somatório de interrupções tem levado à extinção definitiva de espécies. O meio urbano é excludente, insustentável, dependente de grandes inversões de insumos e emissor de calor, causando intervenções de natureza global, similar a uma grande mudança climática. As tentativas de conter este processo são tímidas, frente ao ritmo de imposições que afetam a integridade e a dinâmica autônoma dos ecossistemas. 6 Por que se diz que os sistemas florestais atingem um estágio de desenvolvimento do tipo “clímax” apenas temporariamente? R.: Primeiramente, havia o entendimento no campo da ecologia de que as florestas significavam o topo da evolução dos ecossistemas, assim, naturalmente, tinham uma estabilidade intrínseca na sua estrutura e composição e apenas a ação antrópica intervinha sobre o seu estado permanente de equilíbrio. Atualmente, se consideram as interações das populações mais dinâmicas, reguladas por variações na estrutura adaptativa, em resposta às imposições domeio. Novamente, a contribuição da teoria da complexidade nos coloca um novo entendimento da dinâmica dos ecossistemas, onde a ordem obtida através de um estado “clímax” de sistemas florestais é apenas temporalmente definida e está sujeita a instabilidades e transformações intrínsecas. 25UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L TÓPICO 3 1 Como a EA pode ser instrumento para a construção de uma noção de conservação como dever coletivo, considerando os impactos ambientais diferenciados em situações em que a desigualdade social é um imperativo? R.: O educador ambiental precisa introduzir uma concepção distante do que, usualmente, os detentores do capital costumam exercer. Busca-se o ideário de que cada indivíduo em particular, enquanto participante, vivente e atuante no planeta, tem uma responsabilidade com o coletivo, enquanto direito de acesso aos recursos naturais e para com os ecossistemas e os demais seres vivos, quanto à integridade e qualidade de vida no planeta Terra, além do propiciado pela privatização do bem. A Educação Ambiental tem o desafio de avaliar e romper com concepções arraigadas e contraditórias, quanto à noção de patrimônio e recursos de bem comum, que prevê a política ambiental para a biodiversidade em ecossistemas florestais estratégicos como a Mata Atlântica, Cerrado e Floresta Amazônica. É importante destacar que a Educação Ambiental faz parte de um programa mais amplo, sendo apenas suporte para implementação da gestão ambiental integrada, sozinha, não poderá realizar uma revolução cultural de tamanha envergadura. Esta também envolve a redefinição da noção de patrimonialidade e implica a disseminação de um discurso que apela menos para uma humanidade abstrata e mais para o comprometimento das pessoas, com a geração da qualidade de vida nas suas localidades e com aquilo que deve ser legado para as gerações futuras (WEBER, 1997). 2 Quais as consequências advindas da noção de meio ambiente, como sendo um bem de uso comum e patrimônio da humanidade? R.: O maior impacto desta noção está para os agentes econômicos, que utilizam e exploram os recursos indistintamente, como se fossem objetos de sua única e exclusiva posse, portanto, de livre iniciativa para seu uso, extração e transformação. O ambiente, como bem comum, numa sociedade capitalista, que preserva a propriedade privada, tradicionalmente, entra em contradição com os interesses coletivos e da natureza. Então se propõe uma grande evolução conceitual, pois passa do direito individual para o direito coletivo. Há que se ter claro que são muitas as resistências quando, por meios legais e efetivos, se pretende regular a forma de acesso e estabelecer regras sobre as formas de utilização dos recursos apropriados privadamente. Esta noção contrapõe-se às tentativas de mercantilização da natureza, pois restabelece o pertencimento da natureza como um bem comum. No início de um processo que visa à educação patrimonial, é preciso reconhecer que 26 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L na percepção das populações e dos governos persistem antagonismos entre conservação e desenvolvimento. Tal abordagem é contrária às posições centralizadoras do decisor individual, apelando para o envolvimento e a responsabilidade dos múltiplos atores sociais interessados na utilização dos recursos naturais. 3 Quais são os riscos que podem impedir o desenvolvimento de programas que promovam o pluralismo, ou seja, o envolvimento e a responsabilização dos múltiplos atores sociais? R.: - A marginalização de alguns grupos (mulheres, jovens e alguns atores econômicos), ameaçando a equidade. - A perda da eficiência na gestão dos projetos e das ações, por uma tomada de decisão lenta, um debate falseado pelo acirramento dos conflitos e pelos custos de transações e de controle elevados. - A presença de agentes governamentais dependentes das pressões do mercado e das oportunidades. O respeito ao pluralismo pressupõe a negociação de diferentes representações e ideologias sociopolíticas. Reconhece que não há uma solução única e definitiva para os problemas relacionados à apropriação dos recursos naturais e que, ao serem explicitadas as divergências em termos de valores e objetivos, o trabalho de gestão pode ser desenvolvido com base na responsabilização dos atores sociais envolvidos. 4 Qual a importância da negociação entre atores sociais em situação de conflitos de uso dos recursos naturais? Quais os procedimentos da gestão patrimonial nestes casos? R.: A gestão patrimonial requer uma organização que permita a negociação entre os atores envolvidos na resolução não violenta de conflitos socioambientais. O processo de negociação baseia-se na elaboração de diagnósticos socioambientais, na construção de cenários e na negociação de situações, rompendo-se assim com as formas tradicionais de gestão mais ou menos autoritárias, e no uso e adequação dos mais diversos meios para a gestão (regulamentos, incentivos financeiros, informações) como resultado de decisões negociadas e coletivas. A gestão ambiental deve apreender as diversas preocupações subjacentes à intervenção pública para além de preferências particulares ou individuais de consumidores e usuários. No regime atual, a população desconhece os negócios do Estado e os grupos que se mobilizam acabam se fragmentando, tendo pouca eficácia em termos de oposição às medidas tomadas. É preciso recriar e multiplicar os espaços do cidadão, de modo que a população 27UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L estimulada seja capaz de se mobilizar para orientar a qualquer momento a ação do Estado. Isso exige muito mais do que as atuais instituições representativas têm oferecido em termos de engajamento das coletividades nas decisões. Trata-se de fomentar uma democracia ampliada, usando-se, para isso, as novas técnicas de informação e de comunicação e educação ambiental. Como instrumento de estímulo à conservação, é importante manter uma perspectiva interligada que alie a valorização econômica à ambiental. Inovações começam a ser apresentadas em muitos países envolvendo a iniciativa privada e a ação governamental. Também se deve considerar a integração entre as políticas educacionais, de formação dos profissionais, de gestão do território e outras políticas setoriais que incidem direta ou indiretamente sobre as florestas. Antes das soluções técnicas, é preciso efetuar as escolhas de ordem política, econômica e social de modo partilhado e aplicar o critério da equidade. Nestas condições, uma gestão efetiva se pode instaurar coadunada com os esforços dos educadores ambientais. 5 Como a fragilidade do avanço da democracia brasileira afeta as conquistas no campo ambiental e compromete os avanços da proposta de desenvolvimento sustentável? R.: As causas da desordem ecológica residiram na própria formação social da política brasileira, cujos elementos mais importantes são a hierarquia, o paternalismo, a repressão e o autoritarismo. Do paternalismo resulta uma sociedade formalista, em que regras e regulamentos são muito mais importantes que fatos, mas, quando oportuno, elas são ignoradas para favorecer os interesses particulares (FERREIRA, 1993). Ao centrar sua atuação em uma legislação ambiental estabelecida, sem buscar a legitimação mais ampla da comunidade, o governo acaba estimulando a competição ativa entre os grupos que pretendem beneficiar-se dos recursos do meio ambiente, gerando um hiato entre a lei ditada e o cumprimento efetivo da legislação e acirrando as competições pelo território e apropriação de seus recursos, ao invés de incentivar seu uso corresponsável. O predomínio da tecnocracia e a defesa aos interesses da elite propiciam uma orientação voltada para a alocação privada dos recursos naturais, exprimindo a primazia da dimensão econômica sobre a conservação. O clientelismopolítico permite o não discernimento do que contorna a vida pública e a privada, o familiar e o habitual, além de fortalecer os muros que separam drasticamente a ciência, a pesquisa e as esferas de gestão ambiental. O resultado é a face trágica de devastação que atingiu o Brasil em todas as esferas da produção (agricultura e indústria, em especial), afetando a qualidade de vida de seus habitantes (seja pelo processo segregador da urbanização brasileira, seja pelos efeitos da Revolução Verde, que contaminam os habitantes do meio 28 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L rural). Neste sentido, uma das marcas registradas da política ambiental brasileira é a perspectiva da democracia delegativa – que busca manter a fragilidade das instituições públicas, permitindo a coexistência de um comportamento político-administrativo ora moderno ora tradicional. O Estado mantém uma posição defensiva ao priorizar a dinâmica econômica, não a problematizando como a origem dos problemas socioambientais gerados durante o período do Milagre do Crescimento Econômico. Deste modo, nos anos de 1980 a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente não atende prontamente aos desafios para a disseminação de uma gestão ambiental efetiva. Da mesma forma, os órgãos de fiscalização não configuram um modelo institucional adaptado a esses novos desafios. O modelo de gestão ambiental usado pelos órgãos estaduais também entrou em crise: prefeituras de grandes e médias cidades procuram atender à população que está mais atenta às questões ambientais, mas as demandas locais são muitas e os órgãos ambientais são insuficientes. A transição democrática fica muitas vezes ameaçada pela forma tradicional de gestão pública, centrada no poder do coronelismo, do chefe de repartição e da discriminação social. Experiências de descentralização, municipalização, desburocratização, parcerias e terceirização têm avanços mais lentos devido à indefinição dos espaços institucionais. A crise é política, não há equilíbrio de forças, não há harmonia concertada no sentido de um planejamento ou de uma política claramente definida para atender a critérios ambientais de longo prazo. Em consequência, o sistema político brasileiro atual reflete a hegemonia de uma democracia restrita, pois nele não há igualdade de oportunidades, constituindo-se num instrumento para diminuir as diferenças sociais. Como as práticas políticas são muito incipientes, as políticas são veiculadas de cima para baixo, sem um controle social efetivo. 6 Quais são os mecanismos institucionais e legais que visam constituir e estabelecer uma gestão ambiental integrada e genuinamente participativa? R.: Nos anos de 1980, houve a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente, a ser gerido pelos órgãos de fiscalização de alcance local e regional. Experiências de descentralização, municipalização, desburocratização, parcerias e terceirização são espaços institucionais interessantes para o equilíbrio de forças políticas locais - uma política claramente definida para atender a critérios ambientais de mais longo prazo com controle social efetivo. No campo ambiental, sinalizam-se indicativos de avanços referentes à participação democrática a partir da criação dos órgãos colegiados, que abrangem as instâncias regionais e locais do país – são os Conselhos de Meio Ambiente e que implicam a representação dos mais diversos setores 29UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L da sociedade, a realização de audiências públicas para o licenciamento de empreendimentos, nos quais passa a ser exigido um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), e o apoio do Fundo Nacional de Meio Ambiente, entre outros. Por outro lado, os movimentos ecológicos, universidades, oligarquias, empresas e o poder público são fundamentais para avançar de forma convergente na consolidação de uma agenda ambiental global referendada pelas parcerias entre o setor público e o privado e concretizar a Agenda 21 Nacional aprovada pelas organizações governamentais e não governamentais e a correspondente execução e convergência com as Agendas 21 locais. No contexto apresentado de restrição da prática democrática, a educação ativa, não neutra, pode alertar o educando para conquistar e multiplicar os espaços de modo que a população possa mobilizar-se a qualquer tempo à ação do Estado. Isso exige muito mais do que as atuais instituições representativas podem oferecer – uma poderosa esfera pública, nem puramente privada, nem puramente estatal, que opere entre a multidão dispersa, de um lado, e o poder concentrado no Estado, de outro, ampliando os espaços da participação e usando, para isso, os recursos que o avanço das técnicas de informação e de comunicação propiciam. Poderemos sair, assim, da democracia restrita para a ampliada, refletindo em uma gestão ambiental preventiva e integrada. TÓPICO 4 1 Em que consiste a alfabetização ecológica? Observe que muitos estudantes frequentaram todo o Ensino Fundamental, mas não obtiveram nas aulas de Ciências, História, Geografia, conceitos, informações, trocas de experiências e vivências estruturantes para uma base sólida para a compreensão da questão ambiental. R.: A alfabetização ambiental inclui, além de um processo de codificação e decodificação da palavra escrita, o domínio do conhecimento quanto aos fenômenos naturais e à dinâmica de transformação social e cultural a ele inscrita (MELLO; TRABJER, 2007). O distanciamento da educação aos conteúdos significativos tem desinteressado os estudantes para seu próprio aprendizado. A educação bancária não focaliza sua prática para o desenvolvimento de conteúdos procedimentais, voltados para a formação de sujeitos comprometidos com a transformação social. Associado a isto, a tendência crescente de urbanização das pessoas as têm distanciado da convivência com os ecossistemas naturais. De um modo geral, os contatos das pessoas se restringem a ambientes construídos, geralmente, com fins de lazer (jardins, animais de estimação, 30 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L parques e praças revitalizados, hotéis-fazendas, parques aquáticos e praias). Tais experiências não dão suporte suficiente para a compreensão real da dinâmica de interações possíveis nos ecossistemas livres da manipulação planejada para os desígnios humanos. Como resultado, são crescentes as incompreensões das pessoas quanto aos fenômenos ecológicos, o que aumenta o desafio da pedagogia. Ela precisa dar conta da complexidade ambiental para efetivar a alfabetização ecológica (usualmente denominada de consciência ecológica) que consiste em redefinir o olhar sobre o mundo e o modo de nele se relacionar, articulando redes de cooperação solidária que originam as comunidades de aprendizagens. 2 Quais são as mudanças a serem estruturadas na sua vida e no espaço de trabalho se orientadas pelos princípios da alfabetização ecológica? R.: Este conhecimento pressupõe uma abordagem somente recentemente redefinida no campo da ecologia e biologia, em especial. Cabe ressaltar que o educador precisa saber distinguir a Educação Ambiental, enquanto conteúdos e informações do campo da ecologia e a educação, enquanto educação política de ação para a transformação da sociedade (PELICIOLI, 2004). a) Romper com a racionalidade dominante da sociedade moderna, redefinindo o próprio conceito que temos de capacidade de autossustentação do planeta Terra. b) Assumir que somos os principais responsáveis pela gestão dos ecossistemas, e podemos construir jardins democráticos, diversos, harmônicos, produtivos. c) A base de conhecimento ecológica preconizada para o bom desempenho do educador ambiental pode ser buscada no próprio conhecimento popular, além do adquirido no meio acadêmico. d) Além da integração de conteúdos entre as disciplinas, a Educação Ambiental requer a integraçãoentre saberes científicos e populares, sendo esta a base para o diálogo com a realidade socioambiental do educando. Também implica aprender com a realidade (uma perspectiva vivencial) e não sobre a realidade (numa perspectiva de quem trata a realidade como objeto do pesquisador). 3 Por que nos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) o meio ambiente é reconhecido como um tema transversal? R.: A emergência da questão ambiental tem levado a um engajamento da sociedade em geral e, inclusive, das instituições que coordenam as políticas públicas. O tema “Meio Ambiente”, pela própria urgência e gravidade de alcance dos problemas, foi incluído nas orientações curriculares do 31UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L Ministério da Educação como um tema transversal que permeia toda a prática educacional. 4 O que significa trabalhar um conteúdo de forma transversal? R.: A transversalidade constitui, conforme Yus (1998, p. 21), “numa forma de entender o tratamento de determinados conteúdos educativos que não fazem parte das disciplinas ou áreas clássicas do saber e da cultura”. O tratamento dos temas transversais, para o autor acima, pressupõe as seguintes orientações: a interdisciplinaridade, o pensamento complexo e holístico; a integração curricular; a elaboração de projetos; formação crítica e participativa; proximidade da escola com a comunidade. Como exemplo, o tema ambiental terá um tratamento transversal, se desenvolvido na interface das disciplinas escolares, considerando os aspectos físicos e biológicos e, principalmente, os modos de interação do ser humano com a natureza, por meio de suas relações sociais, do trabalho, da ciência, da arte e da tecnologia. 5 Como as diversas áreas do conhecimento contribuem para o desenvolvimento de uma visão integrada e abrangente das questões ambientais? R.: As áreas de Ciências Naturais, História e Geografia são as tradicionais parceiras para o desenvolvimento dos conteúdos da área ambiental, pela própria natureza dos seus objetos de estudo. Cada uma das demais áreas, dentro da sua especificidade, pode contribuir para que o aluno tenha uma visão mais integrada do ambiente. Língua Portuguesa, trabalhando as inúmeras “leituras” possíveis de textos orais e escritos, explicitando os vínculos culturais, as intencionalidades, as posições valorativas e as possíveis ideologias sobre meio ambiente embutidas nos textos; Educação Física, que tanto ajuda na compreensão da expressão e autoconhecimento corporal, da relação do corpo com ambiente e o desenvolvimento das sensações; Arte, com suas diversas formas de expressão e diferentes releituras do ambiente, atribuindo-lhe novos significados, desenvolvendo a sensibilidade por meio da apreciação e possibilitando o repensar dos vínculos do indivíduo com o espaço; além do pensamento matemático, que se constitui numa forma específica de leitura e expressão. São todas fundamentais, não só por se constituírem em instrumentos básicos para os alunos poderem conduzir o seu processo de construção do conhecimento sobre meio ambiente, mas também como formas de manifestação de pensamento e sensações. Elas ajudam os alunos a trabalhar seus vínculos subjetivos com o ambiente, permitindo-lhes expressá-los. 32 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 6 Quais são as possíveis dificuldades enfrentadas pelas escolas para avançar na adoção da proposta da transversalização dos conteúdos? R.: - A formação dos educadores é disciplinar e as formas de pensar são reducionistas. - A escola não tem tempo para os professores planejarem, conjuntamente, suas atividades, estabelecendo o diálogo e as inter-relações dos conteúdos. - Os projetos ficam igualmente limitados, pela falta de tempo dos professores horistas ou com excesso de horas em sala de aula. - Abrir-se para a realidade é um campo desconhecido e “trabalhoso”, não apropriado para a realidade das escolas. 7 Como se integram os três blocos sugeridos nos PCN, permitindo uma visão abrangente e multi e interdisciplinar da questão ambiental? R.: Os conteúdos foram reunidos em três blocos: o caráter “cíclica” da natureza; sociedade e meio ambiente; manejo e conservação ambiental. O primeiro bloco apresenta conteúdos que possibilitam ampliar e aprofundar o conhecimento da dinâmica das interações ocorridas na natureza. O segundo bloco trata de aspectos mais abrangentes da relação sociedade/natureza. O último bloco trata das possibilidades, positivas e negativas, de interferências dos seres humanos sobre o ambiente, apontando suas consequências. Estes são três aspectos das questões ambientais: os blocos não são estanques, nem sequenciais, mas aglutinam conteúdos relativos aos diferentes aspectos que configuram a problemática ambiental. Eles possibilitam enxergar de maneira mais consistente esses determinantes dos vários ambientes, como eles se configuraram e como poderiam ser modificados. TÓPICO 5 1 Como ocorre o desenvolvimento da inteligência na perspectiva piagetiana? Quais são e em que consistem os estágios de desenvolvimento? R.: Na perspectiva piagetiana de educação, o desenvolvimento da inteligência no indivíduo ocorre nas ações e nas percepções, nas imagens e na linguagem. O desenvolvimento é um processo adaptativo que se estende da adaptação biológica para a adaptação psicológica, seguindo estágios sucessivos. Cada estágio integra as aquisições anteriores e as reorganiza dentro de um contexto mais amplo, e assim as aquisições sensoriais da primeira e da segunda etapa de desenvolvimento se mantêm nos adultos, mas submetidas ao controle do pensamento formal. 33UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L Jean Piaget evidenciou regularidades traduzidas em estágios sucessivos de desenvolvimento que iniciam a partir do nascimento e vão se sucedendo até a adolescência. É na fase denominada pela escola piagetiana de Pré-Operatória que há o desenvolvimento da função semiótica, com o uso crescente dos símbolos e signos, no domínio da linguagem. Já no estágio das Operações Concretas da idade escolar, dos 7 aos 12 anos, ocorrem as operações mentais que permitem resolver problemas lógico/matemáticos como a classificação; constituem inferências características do raciocínio lógico. As crianças nesta fase estão lidando com noções de causa/efeito, nas brincadeiras, passam a combinar regras, com a capacidade de desenvolver esquemas, realizar o jogo até o final e retornar à situação inicial. Também a criança terá uma avaliação mais pormenorizada do todo e sua composição em partes, retornando ao todo através das partes. Nesta fase ocorrem a sistematização e a estabilidade de muitas noções relacionadas aos objetos, tendo como referência o sujeito. É uma fase muito importante, pois é nela que ocorre o preparo para a alfabetização. Tudo aquilo que ela representou através da linguagem oral e de desenhos assume novas formas quando lida com essa nova representação. Neste período operatório, a criança passa a dissociar a ação da expressão oral: passa do conceito falado ao conceito escrito e lida com operações matemáticas. A criança distingue o desenho e a escrita fazendo uso de sinais gráficos para reproduzir letras, realiza a ordem linear dos elementos gráficos na escrita. 2 Quais as contribuições da abordagem piagetiana no planejamento da Educação Ambiental, em cada estágio de desenvolvimento do estudante? R.: A complexidade das ciências ambientais requer dos educadores cuidados quanto ao desenvolvimento dos temas, os quais devem ser introduzidos de modo evolutivo e por etapa, respeitando os tempos cíclicos de cada idade. Também é salutar a compreensão do processo de busca pela aprendizagem quando os sujeitos não se limitam a experimentar as influências do ambiente de forma passiva, mas ativamente buscam a informação e elaboram a conduta. No ato de conhecere transformar a realidade resulta sua possibilidade de transformar e reelaborar. Cada indivíduo apresenta uma motivação interna de busca do saber e desenvolve os seus próprios mecanismos de recompensas. Considera-se a forma como a criança aprende e como é importante gerar a motivação para aprendizagem utilizando o lúdico como base de dados e como forma de despertar e cativar o interesse da criança pela temática, através da representação visual dos desenhos, teatro e redação podemos envolver as crianças de forma intensa e, assim, resgatar sua compreensão de mundo. 34 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L As relações indivíduo/sociedade resultam da interação dialética do homem e seu meio sociocultural, através da informação simbólica da linguagem e as vivências provenientes do meio cultural em que ela está inserida. Assim, ao proporcionar excursões e observações na realidade local (um riacho próximo ou uma praça), está-se despertando a criança para conhecer e pensar o mundo em que se insere. Na perspectiva construtivista cabe ao educador ambiental proporcionar à criança o sentido da observação, valorizando a percepção lúdica e sensitiva, sem se preocupar em trazer conceitos predefinidos situados em problemáticas complexas e abstratas. Com o desenvolvimento a criança passa a ter noção de tempo, espaço e ordem; é capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Já compreende regras e as cumpre, não mais se limita a uma representação imediata do mundo concreto; pode chegar à abstração e consegue representar uma ação. Neste período a criança está em constante formação estrutural da ideia, dá significado à realidade vivida. Cabe ao educador oportunizar as experiências de convivência com a natureza. As aulas de ciência, se compartilhadas em ecossistemas, hortas, pomares, praças, implicarão afetividades e conhecimento da natureza. Gradativamente utiliza-se de forma coerente e fluente da linguagem para acompanhar e apoiar seu raciocínio. Passa então a coordenar mentalmente mais de uma relação, justificando suas respostas e baseando-se em argumentos lógicos. Consegue assimilar o objeto que é percebido, separando as partes (elementos, propriedades ou relações) do todo, compreendendo de forma mais coerente e ágil. Nesta etapa, a dimensão da problemática ambiental pode então ser pedagogicamente tratada. São problemas comuns, nos campos e nas cidades, tais como: poluição, biodiversidade, erosão, doenças hídricas e perda dos benefícios múltiplos que o recurso hídrico pode oferecer (nadar, pescar, beber água, lavar e outros). Somente então se avança para as explicações de causas, consequências e a busca de responsabilidades. Convêm domínios do campo filosófico, político e social para evitar possíveis simplificações e posicionamentos normativos, característicos de uma educação acrítica, que prefere atribuir culpados à essência do homem genericamente definido, destituído de uma racionalidade e de um “espírito de bondade”. Propõem saídas baseadas em comportamentos individuais e ações pontuais, nada condizentes com a complexidade das questões ambientais. Ao se direcionar a educação ambiental para respostas apressadas e justificativas simplificadoras, impede- se de realizar uma verdadeira alfabetização ecológica, formadora de sentidos expressos em dramatizações, poesia, literatura, práticas de laboratório, descobertas do universo e da dinâmica da natureza. Construções gramaticais específicas relatando a dramatização como ponto específico introduzem o cotidiano no sentido real da paisagem local, de modo 35UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L a expressar o sentido e atingir os alunos para a contribuição na formação de cidadãos e de profissionais docentes mais informados e comprometidos com ações que promovam a conscientização da preservação, conservação, recuperação ambiental como forma de garantir às gerações futuras desenvolvimento com qualidade de vida, surge como proposta de conteúdo da dramatização no que se refere à EA que informalmente pretende desenvolver. 3 Enumere um conjunto de exemplos de questões ambientais que podem despertar o interesse da comunidade em geral para o aprendizado e o engajamento. R.: Fazem parte da proposta de sensibilização da comunidade, em geral, frente a um problema ambiental evidente e abrangente, com potencial para originar risco de saúde pública e comprometimento da integridade dos ecossistemas locais. As campanhas podem envolver temáticas, como: - Denúncias contra desmatamentos, queimadas, ocupações de áreas de preservação permanente, caça predatória, maus-tratos com animais e perda da biodiversidade local. - Esclarecimento quanto a riscos ambientais, tanto no que se refere a riscos individuais, como: alimentação e saúde do trabalhador, quanto a riscos coletivos, como a questão nuclear. - Deposição irregular do lixo doméstico com coleta seletiva. - Programas de envolvimento comunitário e empresas na conservação de recursos naturais no estilo “Adote uma árvore”, “adote uma praça”. - Mutirões de limpeza de rios e terrenos, visando expor o problema da deposição irregular dos resíduos sólidos, os riscos para a saúde, a fauna e flora e a poluição visual. - Combate a zoonoses devido ao uso inadequado dos recursos hídricos como depósito, o descuido com animais domésticos e a geração de focos de contaminação provenientes da deposição no ambiente de resíduos sólidos e esgoto cloacal. 4 Como gerar ações educativas que se estendem pela comunidade do entorno gerando um movimento pedagógico amplo de adultos e crianças? R.: As experiências neste campo têm demonstrado que a escola pode desencadear estas ações, mas se fortalecem quando ocorrem parcerias com empresas, associações de moradores, prefeituras e ONGs. É importante que educadoras(es) estejam atentas (os) quanto à forma como será a participação das turmas de estudantes, observando a integração dos conteúdos com as temáticas, de modo reflexivo e de acordo com o estágio de desenvolvimento 36 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L do educando. Adolescentes e crianças terão diferentes envolvimentos nas campanhas, o que poderá trazer resultados significativos para a aprendizagem ou não. O risco da atividade não ter êxito é maior quando o planejamento da campanha for realizado de modo não participativo. A mesma observação se estende para o respaldo na comunidade. O esclarecimento inicial dos envolvidos é uma etapa imprescindível, mais do que a própria campanha em si. O apoio de profissionais da área da educação pode ser fundamental. - Datas comemorativas e eventos Os eventos relacionados com as datas comemorativas, se incluídos na rotina dos educadores, podem ser mais um espaço para tratar de temas específicos. Esta ação tem importância, quando o tratamento da questão não se restringe a este dia homenageado. O ideal seria correlacionar as datas com os acontecimentos da sala de aula para não fragmentar conteúdos ou gerar a impressão de descontinuidade do problema. São muitas datas: controle da poluição por agrotóxicos, turismo ecológico, datas comemorativas ao dia mundial da água, conservação do solo, índio, caatinga, mata atlântica, meio ambiente, combate à poluição, pela limpeza da água, limpeza de praias, mares, oceanos, árvore, cidade sem meu carro, entre outras. A escola precisa se organizar para decidir em quais destas datas vai realizar ações ou como realizará, de modo a garantir seu papel educativo e as atribuições quanto à sistematização dos conhecimentos e organização dos estudos dos educandos. Eventos que envolvam a comunidade escolar são importantes para o desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental. Podem ser propostas atividades que promovam uma reflexão sobre as questões ambientais, através da formação de grupos de alunos com trabalhos, como:reciclagem, arte a partir dos resíduos sólidos, jornal ecológico, painéis, cartazes e maquetes, manejo de culturas e debates sobre problemas ambientais da comunidade. Os temas poderão ser resultados de atividades de grupos, envolvendo várias disciplinas e os estudantes. 5 Qual a importância da música, da arte e da literatura para a Educação Ambiental? R.: A sala de aula precisa sair da sua rotina de quadro, conteúdo, apresentações de data-show e exposição oral, sempre demandando do estudante o silêncio, a repetição e a anotação. Desta forma, o espaço da sala de aula torna-se como um local frio e distante da capacidade criativa e exuberante que vive o adolescente. Uma das formas de tornar mais estimulante o ensino das ciências ambientais é aproximando mais intrinsecamente o professor e o aluno com o uso da música, a literatura, poesia, fotografias, pinturas que retratam e instigam a reflexão sobre as temáticas socioambientais. 37UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L Mais especificamente, através da música, temos uma possibilidade de despertar a curiosidade, imaginação e integração do ser. Através do canto, a interpretação, os aplausos, a sala de aula perde sua monotonia característica e são estimulados os domínios da leitura e da interpretação. Constitui-se numa forma de refletir sobre as questões da realidade e estimulando para que o educando se torne um sujeito mais crítico em suas escolhas pela vida. Temos o desenvolvimento socioafetivo, o estudante se identifica com grupos que traduzem suas linguagens e se descobre com os outros, melhorando sua socialização e seu sentido de pertencimento com a comunicação e a descontração. Atividades musicais desenvolvidas em grupos favorecem a afetividade, a participação e a autoestima do educando. 6 Dê exemplos e caracterize os materiais literários e músicas que podem contribuir para gerar o aprendizado nas temáticas ambientais. R.: Não verás país nenhum, de Ignácio Loyola Brandão. Uma obra que pode ser trabalhada em conjunto com o professor de literatura. Pode instigar uma série de discussões, por apontar de modo realístico situações decorrentes do aquecimento global, da poluição e de segurança alimentar. Também leva ao questionamento sobre as consequências políticas e sociais de uma sociedade sujeita a situações de derradeira crise ecológica. Para ajudar esta reflexão é interessante assistir aos filmes: Home – Nosso Planeta, Nossa casa, de Yann Hartus Bertrand; O Dia depois de Amanhã, de Roland Hemmrech e, O Dia seguinte, de Nicholas Meyer. Todos estes temas são salutares para gerar um debate sobre as questões ambientais do mundo contemporâneo. Já a obra de José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira, retrata a suscetibilidade do ser humano quanto ao sentido da visão, faz uma crítica aos valores sociais quando sem os sentidos tudo pode ser ocultado, inclusive no que se refere aos hábitos de higiene e da sexualidade. Neste caso, também há o filme de mesmo nome dirigido por Fernando Meirelles. São muitas as músicas que podem ser introduzidas em sala de aula visando desenvolver a sensibilidade quanto à questão ambiental. Entre elas destacamos as seguintes: Luiz Gonzaga com Xote Ecológico, A Volta da Asa Branca, Assum Preto, Asa Branca e Boiadeiro; Legião Urbana com Índios; Roberto Carlos com: As Baleias, Progresso; Guilherme Arantes com: Planeta Água; Cio da Terra, com Milton Nascimento; e Beto Guedes com: O Sal da Terra. 38 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L TÓPICO 6 1 Se você tiver possibilidade, ouça e sinta a música do Raul Seixas. Observe a letra, teça comentários e destaque os versos mais significativos que expressam as características dos agrotóxicos. R.: A música é um instrumento complementar, para reflexão das causas sociais, e ecológicas e técnicas do uso dos agroquímicos. Mais especificamente, pode ajudar na compreensão dos efeitos da intervenção humana na cadeia alimentar e a dinâmica de reprodução dos insetos. Observe que a mosca surge de um lugar desconhecido: a mosca que pintou pra lhe abusar. A princípio, nos vitimando, nos zombando, nos tirando a paciência (abusar), como um invasor que toma o alimento e o desafia com uma força maior que a nossa tecnologia, como diz: e não adianta vir me dedetizar, pois nem o DDT pode assim me exterminar. Porque você mata uma e vem outra em meu lugar. Coloca a facilidade de reprodução das moscas, que confere força à espécie. Também nos coloca que, por mais que as pessoas queiram se afastar das moscas, elas sempre estarão à sua volta: eu tô sempre junto de você e permanece no cotidiano até mesmo quando dorme – eu sou a mosca no seu quarto a zumbizar. Eu sou a mosca que perturba o seu sono. Concluindo, a letra do Raul pode ser um elemento motivador para um debate sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde e no meio ambiente, colocando- nos o questionamento sobre a tecnologia. 2 Como a música e a literatura podem contribuir para o aprendizado em sala de aula? Quais os problemas que uma atividade lúdica ajuda a evitar no espaço da sala de aula? R.: Os instrumentos visuais e lúdicos são imprescindíveis para envolver e sensibilizar o educando. Aliar a linguagem técnica, das ciências sociais à literatura, é uma forma de tornar os conteúdos mais interessantes e próximos da realidade, tendo em vista que a dimensão ambiental passa pela percepção e o desenvolvimento dos sentidos de afetividade e amor pela natureza e pelo respeito ao direito de todos ao meio ambiente, com qualidade de vida. Também se evita o predomínio da racionalidade técnico-instrumental, característica do reducionismo do conhecimento científico. 3 Observe nas letras das músicas a seguir enumeradas quantas possibilidades de temáticas podem ser retratadas no espaço de ensino-aprendizagem. Faça uma lista de atividades a serem trabalhadas a partir das músicas. 39UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L MOSCA NA SOPA Raul Seixas Eu sou a mosca que posou em sua sopa Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar Eu sou a mosca que pousou em sua sopa Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar Eu sou a mosca que pousou em sua sopa Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar Eu sou a mosca que perturba o seu sono Eu sou a mosca no seu quarto a zumbizar Eu sou a mosca que perturba o seu sono Eu sou a mosca no seu quarto a zumbizar E não adianta vir me dedetizar Pois nem o DDT pode assim me exterminar Porque você mata uma e vem outra em meu lugar Eu sou a mosca que pousou em sua sopa Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar Eu sou a mosca que pousou em sua sopa Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar Atenção, eu sou a mosca A grande mosca A mosca que perturba o seu sono Eu sou a mosca no seu quarto A zum-zum-zumbizar Olha do outro lado agora Eu tô sempre junto de você Água mole em pedra dura Tanto bate até que fura Quem, quem é? A mosca, meu irmão Eu sou a mosca no seu quarto a zumbizar Eu sou a mosca que perturba o seu sono Eu sou a mosca que pousou em sua sopa Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar Eu sou a mosca que pousou em sua sopa Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar E não adianta vir me dedetizar Pois nem o DDT pode assim me exterminar Porque você mata uma e vem outra em meu lugar Eu sou a mosca que pousou em sua sopa Eu sou a mosca que pousou em sua sopa Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar Eu sou a mosca que pousou em sua sopa Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar Eu sou a mosca que perturba o seu sono Eu sou a mosca no seu quarto a zumbizar ÚLTIMO PAU DE ARARA Luiz Gonzaga ( V e n â n c i o / C o r u m b á / J o s é Guimarães) A vida aqui só é ruim Quando não chove no chão Mas se chover dá de tudo Fartura tem de porção Tomara que chova logo Tomara, meu Deus tomara Só deixo o meu Cariri No último pau de arara Enquanto a minha vaquinha Tiver o couro e o osso E puder com o chocalho Pendurado no pescoço Euvou ficando por aqui Que Deus do céu me ajude Quem sai da terra natal Em outro canto não para Só deixo o meu Cariri No último pau de arara É SÓ SAUDADE – Flávio José (Oséas Lopes/Luiz Guimarães) Vi o riacho correndo Quando o inverno chegou Vi também tudo morrendo Quando o riacho secou Foi aí que eu disse adeus! A um pedacinho de terra Que ficou lá bem distante No sertão num pé de serra E agora é só saudade Que me invade o coração Meu calor minha amizade Ficou naquele sertão (BIS) Eu quisera que a saudade Fosse embora de uma vez Ou que fosse me deixando Cada dia em cada mês Juro por Nossa Senhora Do sertão nunca esqueci Mas a seca me devora Vou ficando por aqui E agora é só saudade Que me invade o coração Meu calor minha amizade Ficou naquele sertão (BIS) 40 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L R.: O(A) professor(a) pode usar a música como uma forma de reflexão sobre um problema, como o caso dos sertanistas na música É SÓ SAUDADE. É preciso deixar sua terra para sobreviver, coloca a interdependência do homem com a natureza, a importância da água e o sentimento de descolamento do seu lugar. A letra é oferecida aos estudantes para ouvirem e cantarem. Depois são lançadas questões visando interpretar e refletir. Como pode ter o homem saudade de uma terra que não lhe garante a sobrevivência? Quais são as alternativas de vida para quem não detém posses num país desigual? No final, pode colocar contrapontos apresentando a música de Luiz Gonzaga que retrata o homem que insiste em ficar, movido pela certeza de que um dia a chuva retorna, sua marca é a resistência. Podem-se retratar questões relacionadas com o aquecimento global e os riscos de grandes migrações pelos atingidos pelas mudanças climáticas, a migração, a desvalorização do agricultor, a questão da cultura regional. O aluno pode ser estimulado a realizar outras leituras sobre o tema. 4 Faça uma reflexão comentando sobre como é a relação das pessoas com os animais indesejados (tais como ratos, raposas, capivaras, lagartos, formigas, gafanhotos, gatos e outros) no seu espaço de trabalho e de convivência (escola, comunidade, fábrica, igreja). R.: Tais relações variam, conforme o contexto socioeconômico das pessoas, bem como a sua opção de vida. De um modo geral, as pessoas tendem a ter um sentimento de negação aos animais que lhe causam algum tipo de dano. Até por uma questão de proteção e de sobrevivência, a humanidade estabeleceu inúmeros mecanismos de recusa e tentativas de extermínios. Alguns animais são realmente ameaçadores para integridade física dos seres humanos, mas muitos são mitos construídos. Portanto, é difícil as pessoas compreenderem que, entre os morcegos, apenas um grupo é transmissor da raiva. Isto também se estende para os ofídios (cobras peçonhentas e não peçonhentas), formigas e roedores. O desenvolvimento tecnológico da agricultura levou ao entendimento de que se deve combater todos os animais que representam algum tipo de dano econômico às lavouras. Em contrapartida, na agroecologia este entendimento está mudando, com o conceito de que não existe praga nas lavouras, existe planta mal alimentada, e de que é possível produzir buscando restabelecer as dinâmicas de interação ecossistêmicas, inclusive restabelecendo as cadeias alimentares. 5 Como o educador pode introduzir assuntos que expressam conflitos entre os usuários, sem cair na condenação das más práticas? 41UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L R.: Há dois cuidados a serem tomados, quando educadores elencarem assuntos como o dos agrotóxicos: primeiro se deve considerar a questão cognitiva da criança e seus estágios de desenvolvimento e o segundo é relacionado com a fragmentação do conhecimento (estes temas abrangem questões econômicas, sociais, antropológicas, físicas, químicas e biológicas). Os conflitos se relacionam com a adoção de tecnologias dos pais agricultores e os impactos que ela gera no meio ambiente. Não necessariamente porque o tema problemático é parte da realidade, mas porque precisa ser abordado com todos os educandos. Há determinados temas mais apropriados para serem abordados na adolescência, considerando o suporte cognitivo (compreensivo) e a predisposição para o debate político e ético. 6 Como inserir temas transversais no currículo? O que é interdisciplinaridade? R.: Ao final do século, os efeitos da fragmentação do saber refletem muitos dos problemas enfrentados pelos educadores. Para construir uma visão integral e totalizante do mundo, é preciso articular saber, conhecimento, vivência, escola, comunidade, meio ambiente. A metodologia do trabalho interdisciplinar implica integrar conteúdos, conceber o conhecimento como totalidade; integrar ensino e pesquisa e a complementaridade entre as ciências; e o ensino- aprendizagem se constitui durante toda a vida do indivíduo. 7 Como as disciplinas vão sendo inseridas numa determinada unidade didática? R.: Ao se inserir um tema transversal no currículo, é importante ressaltar que existem disciplinas que têm mais afinidades e relações entre si e com os temas, destacando-se que, conforme SEF (1997, p. 41): na “transversalidade os temas passam a ser parte integrante das áreas e não externos e/ou acoplados a elas, definindo uma perspectiva para o trabalho educativo que se faz a partir delas”. Ao situar a contribuição de cada disciplina para a temática é importante que o grupo de professores interaja e constitua a ideia do todo, evitando o tratamento em blocos isolados e os riscos de passar para o educando a tentativa da somatória das partes, que certamente perderá a visão da totalidade, que constitui a realidade da questão. 42 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L UNIDADE 3 TÓPICO 1 1 Em que consiste a Carta da Terra? R.: A Carta da Terra é equivalente à Declaração Universal dos Direitos Humanos, no que concerne à sustentabilidade, à equidade e à justiça social. Deverá se constituir num documento vivo, apropriado pela sociedade planetária, e revisto, periodicamente, em amplas consultas globais. 2 Quais são os campos do conhecimento e os profissionais que contribuíram para elaborar a Carta da Terra? R.: Pretende ser uma carta dos povos, um código universal de conduta para pessoas, para instituições e para Estados. A Carta da Terra é expressão deste novo movimento e resulta da interação de diversas referências do conhecimento, incluindo a ecologia e outras ciências contemporâneas, as tradições religiosas e as filosóficas. Ela é resultado de um processo mundial de consulta pública, que agregou o comprometimento de organizações e instituições governamentais e não governamentais de diferentes setores que influem no desenvolvimento sustentado. 3 Entre os princípios da Minuta de referência da Carta da Terra, quais se referem especificamente à educação? R.: A promoção e aplicação dos conhecimentos e tecnologias que facilitam o cuidado com a Terra. A educação universal para uma vida sustentada (FERRERO; HOLLAND, 2004). 4 Que tipo de mudanças nos valores de consumo e de organização social a Carta da Terra pressupõe? R.: Pressupõe uma nova forma de existir no planeta Terra, em nova relação com os objetos de consumo, perguntando-nos o que é desnecessário, mudando nossa sensibilidade para com o outro e para com a Terra. O início da transformação individual: • valorizando e consumindo produtos locais e produzidos com o mínimo de ônus local; • buscando alimentos saudáveis, livres de contaminações, produzidos 43UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L por agricultores familiares, locais, de baixo uso de insumos externos e de combustíveis fósseis; • também podemos produzir parte dos alimentos; • fazendo uso dos recursos renováveis e seguindo os princípios dos 3Rs (reduzir, reutilizar, reciclar); • evitando o consumode produtos florestais provenientes de desmatamentos predatórios; • utilizando transportes coletivos e de baixo uso de energia. Fazendo caminhadas, andando de bicicleta, quando possível. Buscando residir mais próximo possível do trabalho. 5 Quais as dificuldades a serem enfrentadas para as pessoas romperem com a cultura do consumo, considerando todo o apelo do mercado para o ciclo curto de durabilidade dos objetos? R.: As maiores dificuldades para superar o padrão de consumo estão entre os habitantes urbanos, que tendem a ser dependentes de energia externa e distante da cidade, inclusos para questões fundamentais como água potável, deslocamento, trabalho, alimento, saneamento, entre outros. O conforto estabelecido e as tecnologias disponíveis estão voltados a uma ótica de consumo, aos supérfluos, ao descartável e à constante roda de obsolescência das tecnologias, movidas pela ótica de crescimento das indústrias. 6 Como as experiências simples do cotidiano podem fazer a diferença na nossa forma de existir no planeta Terra? R.: A cidadania planetária supõe o reconhecimento e a prática da planetaridade, isto é, tratar o planeta como um ser vivo e inteligente. A planetaridade deve levar-nos a sentir e viver nossa cotidianidade, em conexão com o universo e em relação harmônica consigo, com os outros seres do planeta e com a natureza, considerando seus elementos e dinâmica. Trata-se de uma opção de vida por uma relação saudável e equilibrada com o contexto, consigo mesmo, com os outros, com o ambiente mais próximo e com os demais ambientes. A partir da problemática ambiental vivida cotidianamente pelas pessoas nos grupos e espaços de convivência e na busca humana da felicidade, processa- se a consciência ecológica e opera-se a mudança de mentalidade. A vida cotidiana é o lugar do sentido da pedagogia, pois a condição humana passa inexoravelmente por ela. A ecopedagogia implica uma mudança radical de mentalidade em relação à qualidade de vida e ao meio ambiente, que está diretamente ligada ao tipo de convivência que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a natureza. 44 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 7 O que significa uma cultura de sustentabilidade? R.: Uma biocultura, uma cultura da vida, da convivência harmônica entre os seres humanos e entre estes e a natureza. A cultura da sustentabilidade deve nos levar a saber selecionar o que é realmente sustentável em nossas vidas, em contato com a vida dos outros. Só assim seremos cúmplices nos processos de promoção da vida e caminharemos com sentido de compreender o sem sentido de muitas outras práticas que aberta ou solapadamente tratam de impor-se e sobrepor-se a nossas vidas cotidianamente. 8 Como o princípio da sustentabilidade contribui para orientar a prática pedagógica? R.: A sustentatibilidade deve ser um princípio interdisciplinar reorientador da educação, do planejamento escolar, dos sistemas de ensino e dos projetos político-pedagógicos da escola. Os objetivos e conteúdos curriculares devem ser significativos para o(a) educando(a) e também para a saúde do planeta. A ecopedagogia tem por finalidade reeducar o olhar das pessoas, isto é, desenvolver a atitude de observar e evitar a presença de agressões ao meio ambiente e aos viventes e o desperdício, a poluição sonora, visual, a poluição da água e do ar etc. para intervir no mundo no sentido de reeducar o habitante do planeta e reverter a cultura do descartável. Experiências cotidianas, aparentemente insignificantes, como uma corrente de ar, um sopro de respiração, a água da manhã na face, fundamentam as relações consigo mesmo e com o mundo. A tomada de consciência dessa realidade é profundamente formadora. O meio ambiente forma tanto, quanto ele é formado ou deformado. Precisamos de uma ecoformação para recuperarmos a consciência dessas experiências cotidianas. 9 Quais são os aspectos comportamentais que podem ser mais imediatamente adotados pelas pessoas? R.: A ecopedagogia implica uma mudança radical de mentalidade em relação à qualidade de vida e ao meio ambiente, que está diretamente ligada ao tipo de convivência que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a natureza. No seu cotidiano, as pessoas devem buscar viver de modo a não gerar poluição, consumo de energia e desperdício de materiais. Além disso, algumas outras atitudes podem colaborar a reduzir os impactos da sociedade moderna: - condenando toda a forma de comércio de animais silvestres e cativeiros domésticos que comprometem o bem-estar animal e a reprodução da espécie; 45UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L - buscando trabalhos construtivos de uma sociedade melhor, cooperando com os colegas e evitando empregos com fins apenas utilitários; - promovendo a vida em comunidades, participando de movimentos contra o crescimento demográfico e a concentração urbana; - participando e sendo voluntário em movimentos ambientalistas e outras organizações atentas às questões de injustiça. 10 Como a ecopedagogia orienta a questão da estrutura organizacional das escolas em termos de participação política? R.: A ecopedagogia propõe uma nova forma de governabilidade, diante da ingovernabilidade do gigantismo dos sistemas de ensino, propondo a descentralização e uma racionalidade baseadas na ação comunicativa, na gestão democrática, na autonomia, na participação, na ética e na diversidade cultural. Entendida dessa forma, a ecopedagogia se apresenta como uma nova pedagogia dos direitos que associa direitos humanos – econômicos, culturais, políticos e ambientais – e direitos planetários, impulsionando o resgate da cultura e da sabedoria popular. Ela desenvolve a capacidade de deslumbramento e de reverência diante da complexidade do mundo e a vinculação amorosa com a Terra. TÓPICO 2 1 Comente sobre a proposta de um novo projeto de civilização, argumentando como a dimensão da participação das pessoas é fundamental para a efetivação deste projeto. R.: Pensar um projeto de civilização significa redefinir as decisões orientando- as para o futuro, o qual implica o planejamento dos valores objetivos, meios e as instituições no sentido da transcendência: considerando as trocas globais de mais longo prazo e a dimensão do local no espaço e tempo definido. Isso implica o engajamento efetivo dos cidadãos, no que tange à participação na tomada de decisões orientadas no sentido do futuro. A questão da participação é preciso ser problematizada, pois de um modo geral é difícil convidar as pessoas a participar de decisões orientadas ao futuro, com uma perspectiva que não seja apenas de curto prazo. Além disso, a participação que se preconiza vai além daquela restrita à abertura dos direitos à eleição dos representantes ou da centrada na delegação de atribuições e poder de decisão a supostas lideranças políticas. A participação ampla implica processos emancipatórios e de autonomia (de sentir que a coisa pertence a você), que se desencadeia num ambiente de diálogo, informação, linguagem inteligível, espaços de criatividade e de tomada de decisão. 46 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 2 O que são espaços não escolarizados? R.: Espaços não escolarizados são “lócus” não formais de atividade educacional, que estão fora de ação direta da rede formal de ensino e que são ocupados pelos mais diversos atores; consiste na valorização dos saberes tradicionais das populações evoluídas e do desenvolvimento sustentável. (MMA/MEC, 2005). 3 Como se constitui uma educação para o ecodesenvolvimento? R.: Todo o projeto de civilização comporta, nos termos de Sachs (1981), uma dimensão pedagógica essencial. Uma educação para o ecodesenvolvimento é de natureza emancipatória por visar à formação para o engajamento da cidadania, que, ao contar com suas “próprias forças” (autonomia), aposta num projeto dedesenvolvimento superador da dimensão restrita do mercado. A educação para o ecodesenvolvimento implica o próprio diagnóstico das possibilidades de sobrevivência, ultimamente desprezadas ou ignoradas, face ao apelo global de consumo. Um processo pedagógico de constituição de relações mais autônomas se constitui com a valorização das potencialidades ecossistêmicas de cada lugar e na capacidade das pessoas de potencializar essas especificidades. Ou então: A educação transformadora, primeiramente, precisa interagir com a dimensão cultural de cada grupo social, visando lançar questionamentos quanto ao estilo de vida da sociedade de consumo, o desenvolvimento mimético alheio à satisfação das reais necessidades e o predomínio da urbanização e das paisagens construídas. Apostar na ideia de autonomia e de autoconfiança implica empoderamento das pessoas (SACHS, 1986), para o diagnóstico e tomada de decisão sobre as estratégias e ações de desenvolvimento local. A perspectiva do desenvolvimento local visa romper com as soluções miméticas e internalizar a dimensão das especificidades da região e a dinâmica dos ecossistemas, como resultado das interações historicamente instituídas entre sociedade/natureza. A autonomia local é resultado de um planejamento participativo, engajado, contextual e contratual. Essa perspectiva deve buscar compatibilizar os projetos locais entre si com os projetos de civilização nacional, respeitando as diferenças em termos de opções plurais e em transformação. (SACHS, 1986). 4 Qual a importância da mobilização da educação em espaços não escolarizados para contexto como o do Brasil, em que a população se distancia das leituras e da busca constante de uma cultura geral? 47UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L R.: A educação transformadora, primeiramente, precisa interagir com a dimensão cultural de cada grupo social. Isto implica motivar as pessoas para um crescimento de cidadania, que engloba a democratização da educação e a ideia de que ela não está situada apenas nos trâmites dos muros escolares e das universidades. Implica a universalização do ensino e no incentivo ao lúdico como forma de aprendizado. O acesso amplo à cultura para todas as idades visa desenvolver o senso crítico, não meramente preparar para o trabalho, mas lançar questionamentos quanto ao estilo de vida da sociedade de consumo, o desenvolvimento mimético alheio à satisfação das reais necessidades além do predomínio da urbanização e das paisagens construídas. Apostar na ideia de autonomia e de autoconfiança implica empoderamento das pessoas (SACHS, 1986), para o diagnóstico e tomada de decisão sobre as estratégias e ações de desenvolvimento local. 5 Argumente sobre a importância dos meios de comunicação para a educação ambiental. R.: Os meios de comunicação são importantes para instituir um ambiente aberto de debate, enquanto espaços de informação para trazer a público os problemas emergentes. O desafio é realizar uma comunicação sobre o meio ambiente de modo emancipatório, noticiando as questões ambientais emergentes e mesmo assumindo um caráter de denúncia dos problemas ambientais, evidenciando sua relevância. 6 Como a mídia tem gerado contrainformações quanto à questão ambiental e assim se distanciando do propósito de uma educação para o ecodesenvolvimento? R.: Quando a comunicação não é constituída num processo contínuo de esclarecimento e debate, se afasta da participação na Educação Ambiental. Isto porque, ao primar pela informação genérica, distancia-se da possibilidade de sair da evidência do problema para a corresponsabilidade na construção de novas relações sociais. Sem a prática do debate os meios de comunicação de massa parecem ocultar as questões polêmicas e contraditórias, como: a noção de progresso como crescimento econômico; as questões da fome e segurança alimentar; crescimento populacional e consumismo. Mantém-se a dualidade do discurso, posicionando-se favorável ao desenvolvimento sustentável, sem resolver a contradição do processo em curso que prioriza a produção baseada na utilização dos recursos naturais para a maximização do lucro, sem considerar os efeitos das novas tecnologias para a saúde da população, a perda da agrobiodiversidade e a destruição dos ecossistemas. 48 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L Nos meios de comunicação, o discurso ecológico, muitas vezes, é composto de informações parciais, de caráter fragmentário, permeadas de apelos românticos em nível de senso comum, restritas à enumeração de problemas do mundo contemporâneo, sem gerar questionamentos quanto ao modelo de desenvolvimento capitalista e da sociedade de consumo. Fica-se na constatação da existência de processos de degradação da qualidade de vida, mas obscurece-se a constituição histórico-social destes processos. A proposta educacional imbuída é meramente informativo-descritiva e tende a um apelo mágico de gerar mudança de atitude dos indivíduos para ocasionar soluções à "crise ecológica". Desta forma, se afasta da proposta da educação como ato político, o que pressupõe a busca ampla de consenso e bases de sustentação para as transformações sociais, caminho alternativo para soluções preconcebidas pela tecnocracia. Com o afastamento da prática política de debate e de diálogo, ficam limites para se passar da tomada de consciência da questão ambiental, para a articulação de ações concretas, ou seja, não se têm as bases para ultrapassar a fase de conhecimento do problema, no sentido da responsabilização pela construção de alternativas. 7 Quais os impactos da informação fragmentada da problemática ambiental veiculada pelos meios de comunicação? R.: O discurso ecológico, largamente propalado pelos meios de comunicação, composto de informações recortadas, de caráter fragmentário e permeadas de apelos românticos em nível de senso comum, não tem ido muito além da enumeração de problemas do mundo contemporâneo, provenientes da tecnociência, tornada autônoma. Fica-se na constatação da existência de processos de degradação da qualidade de vida, mas obscurece-se a constituição histórico-social destes processos. TÓPICO 3 1 Elabore uma proposta de gincana ecológica para um grupo de estudantes, enfatizando a questão da biodiversidade. Planeje a atividade pensando em cada faixa etária, tempo de duração, envolvimento dos professores e comunidade, patrocinadores e premiação. Detalhe o passo a passo de cada uma das atividades, elucidando os objetivos a serem atingidos. 49UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L Exemplo de atividade: A RECANTA: está promovendo para alunos do Ensino Médio e Fundamental II, uma atividade de ecoturismo pedagógico abordando temas ambientais relacionados aos conteúdos escolares e do vestibular. • De maneira lúdica e vivencial, os alunos terão a oportunidade de conhecer a maior floresta urbana do mundo, realizando a Gincana Ecológica Jovens da Floresta. • Em meio à exuberante biodiversidade, jovens estarão experienciando um dia inteiro de trilhas na mata, danças circulares, a formação de equipes, banhos de cachoeira e gritos de guerra, entre outros. • As provas, realizadas em equipe, abrangerão aspectos geográficos, históricos, da biodiversidade e socioambientais, com o intuito de trazer para os adolescentes a importância da preservação ambiental e o interesse pelo mundo natural. VEJA AQUI A PROPOSTA PARA O ENSINO MÉDIO O trabalho das equipes, em meio a tão exuberante floresta, propiciará aos jovens um m o m e n t o ú n i c o d e d e s c o n t r a ç ã o e a p r e n d i z a g e m c o m s e u s c o l e g a s e p r o f e s s o r e s , p o d e n d o auxiliá-los também em sua preparação para o vestibular e demais provas. Trilha da Cachoeira: A Trilha da Cachoeira, que possui aproximadamente 5 km de extensão e em seu percurso de idae volta cruzaremos diversas vezes o Rio Engordador. Durante o percurso passaremos por três lindas cachoeiras. Ao longo da trilha, podemos nos deparar com inúmeras surpresas naturais, como o Cedro Rosa (Cedrela fissilis) e, por muitas vezes, bugios e micos. Ao voltarmos ao início do núcleo, nos deparamos com a Represa do Engordador e casa das Bombas, um antigo sistema de bombeamento de água do século XIX, de maquinários muito bem conservados, que já foi responsável pelo abastecimento de água da cidade de São Paulo. Monitoria RECANTA Os monitores da RECANTA são jovens da floresta da ONG IDEAS (Instituto de Empreendedores Ambientais e Sociais). Conduzirão as trilhas, revelando aspectos da flora, história e biodiversidade da Cantareira. Durante a trilha da cachoeira (manhã), os participantes receberão informações que serão importantes para as provas da Gincana. Após o almoço, serão formadas as equipes de 6 a 8 participantes e será dado início à Gincana Ecológica. . Os conteúdos das provas devem ter conexão com os temas estudados na escola pelos alunos. Premiação equipe vencedora A Equipe vencedora ganhará camisetas Jovens da Floresta e chaveiros. Participando da Gincana, você estará contribuindo para o trabalho realizado no entorno da Cantareira pela RECANTA. Saiba mais acessando o site: <www.recanta.org.br> e conheça a Amazônia paulistana! 50 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L FONTE: Disponível em: <http://www.recanta.org.br/gincana_ecologica_pre_vestibular.html>. Acesso em: 15 set. 2011. Sabemos que, diante do desafio global de garantir a qualidade de vida às gerações atuais e futuras, o setor econômico passou a discutir e elaborar mecanismos para incorporar a questão ambiental nas relações de mercado e no setor produtivo. O desenvolvimento econômico é algo muito mais amplo e profundo do que a economia. Suas raízes encontram-se fora da esfera econômica. Encontram-se na educação, na organização, na disciplina, no desenvolvimento sustentado e, mais do que isso, na independência política e numa consciência empresarial de autoconfiança. Baseado neste preceito, o COATI (Centro de Orientação Ambiental Terra Integrada) desenvolveu um programa específico para as empresas, com ênfase na Educação Ambiental de funcionários e seus familiares e, principalmente, na sua interação com a sociedade, fazendo com que a certificação ambiental atinja seus propósitos, que é a participação da empresa na construção de um meio ambiente sustentável para todos. PROGRAMAS ESPECIAIS PARA EMPRESAS E INSTITUIÇÕES DIVERSAS Palestras e cursos: profissionais de várias áreas (química, biologia, sociologia, comunicação) ministram palestras e workshops com temas específicos: ecologia; Serra do Japi e Mata Atlântica; biodiversidade; lixo, reciclagem e coleta seletiva; recursos hídricos; arborização e jardinagem; atmosfera; segurança e meio ambiente; animais; transgênicos; entre outros. Gincana Ecológica: desenvolvidas, especialmente, para filhos de funcionários e colaboradores, as gincanas são desenvolvidas de acordo com a necessidade e solicitação. É um conjunto de brincadeiras lúdicas que ensinam e divertem ao mesmo tempo. FONTE: Disponível em:< http://www.coati.org.br/p_inicial/ProjetoEmpresas.htm>. Acesso em: 15 set. 2011. Gincana Ecológica Tarefa • Número 1: escolha dos nomes das equipes: (deve estar necessariamente ligado à biodiversidade da região). • Número 2: cada equipe ficará responsável por criar uma fantasia de material reciclado que deverá ser usada no dia da apresentação das tarefas por um de seus integrantes. Programa de Educação Ambiental em empresas JUSTIFICATIVA: 51UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L • Número 3: elaborar com a participação de todos do grupo uma poesia com o tema: “Destino do mundo, preservação ambiental” • Número 4: para ajudar a escola, todos deverão tentar arrecadar latas e papel. Será dada a pontuação máxima para a equipe que trouxer a maior quantidade. • Número 5: no decorrer das atividades, as equipes deverão criar uma mascote, a qual necessariamente deve ser toda de lixo. Lembrando que será escolhida por criatividade, nitidez. • Número 6: as equipes deverão se organizar e cantar uma música que contenha a palavra “VIDA”. • Número 7: será de grande importância para o meio ambiente coletarmos todo o lixo tóxico. Para colaborar nesta tarefa vamos tentar trazer o número máximo de pilhas e baterias. Estará contando cada unidade que a equipe arrecadar. • Número 8: entre uma das últimas tarefas estará a de trazer uma pessoa da comunidade com mais de 60 anos para se apresentar com a equipe no dia da revelação das tarefas. Porém, esta mesma pessoa deverá contar ao público presente como era a situação do lixo em sua infância e juventude. • Número 9: a última tarefa consiste em trazer sementes nativas, para serem usadas na confecção de mudas. Serão avaliados os diferentes tipos conseguidos pelas equipes. Autora: Carla Cristiane Mueller FONTE: Disponível em: <www.comitepardo.com.br/educacao_ambiental/atividades_%20 diversas/gincana_carla.doc>. Acesso em: 12 jun. 2011. 2 São muitas as pesquisas que visam realizar o diagnóstico de uma determinada realidade. Qual a importância do diagnóstico para o planejamento escolar? R.: O objetivo é gerar sentido ao aprendizado, a partir da compreensão da problemática específica e suscitar no cidadão o compromisso de intervenção. Trata-se de uma técnica pedagógica onde educador e educando, com o envolvimento da comunidade local, irão pesquisar e avaliar um caso que reúna os problemas de maior interesse ambiental, para serem aprofundados, questionados e debatidos, até sugerirem propostas de solução. A escolha da temática emerge do diagnóstico que aponte para a relevância da questão tanto para a escola como para a comunidade envolvida, e que seja de fácil apreensão e discussão. Todos os estudos e resultados gerados poderão ser abertos à comunidade envolvida diretamente com o problema, discutindo com a mesma as informações que fazem parte do seu cotidiano. No final, pode haver a divulgação dos resultados gerando informações para a sociedade em geral, através dos debates em seminários, reportagens de jornais, rádio, televisão e 52 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L vídeos. É necessário um direcionamento de conteúdo que irá delinear mais ou menos o que se pretende aprofundar no estudo. 3 Qual é a contribuição dos círculos de cultura para o educador? R.: Os "Círculos de Cultura" são um método de diálogo com os adultos, permitem identificar como cada um pensa a sua própria realidade, motivados por imagens e fatos que estimulam o sentido de reconhecimento da identidade e de pertencimento. “Círculos de Cultura" como forma de diálogo, com os adultos na alfabetização, pode aqui ser resgatada como forma de pensar a sua própria realidade visando traduzir o seu mundo construído através do resgate de fotografias de cada tempo histórico, retratando familiares no espaço. (BRANDÃO, 2005). Através de fotografias contendo cenas de seu cotidiano, esses educandos são motivados a falar sobre o desenrolar de suas vidas reconstruindo sua história e assim são desafiados a se perceber enquanto sujeitos dessa história. O professor, neste ato de investigação/ação, deixa de ser o detentor do saber para ser o animador de debates, com o papel de coordenar as discussões, precavendo para que ocorra a participação ampla com relatos diversos. Através de suas histórias, de seus "causos" e do diálogo constante, em parceria com o educando, cabe ao educador conhecer o universo do educando, compreendendo sua oralidade e sua bagagem cultural (BRANDÃO, 2005). Aspectos da realidade são gradativamente desvelados nos diálogos com o grupo, inclusos aspectos não tão perceptíveis se revelam e uma “readmiração”da realidade inicialmente discutida de modo superficial será realizada, porém gradativamente abre-se para uma visão mais crítica e ampla, necessária para a transformação socioambiental a qual é o desafio do educador. 4 Qual é a importância do estudo de caso? R.: Conhecer a realidade. Desenvolver a comunicação e habilidade de observação. Lidar com dados (entrevistas, registros fotográficos, análises de laboratório, consulta a especialistas, consulta a arquivos e registros jornalísticos, entre outros). 5 De um modo geral, as instituições de ensino não são habituadas a gerar atividades de ensino-aprendizagem que envolvam a comunidade, ou que acabem com os ritmos repetitivos dos horários/ aula, a disciplina do professor e seu planejamento individual de conteúdos orais e provas. a) Como as atividades de pesquisa podem contribuir para outras formas de aprendizado e de planejamento pedagógico? 53UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L R.: - Envolve o aprendizado do estudante para a organização de dados com tabulação, análise estatística, geração de tabelas e gráficos. - A etapa de análise dos dados poderá ser efetuada e ser discutida com a comunidade envolvida. Também é importante gerar uma síntese do estudo, com elaboração do relatório. - Domínio de linguagem e comunicação com a apresentação dos resultados poderá ser realizada através de painéis, dramatização, jogral e mural, entre outros meios. O processo de avaliação sai das memorizações e “provas” estanques. A avaliação é constante, deve percorrer todos os momentos do estudo de caso, do planejamento aos resultados finais dos estudos. b) Como a escola pode romper seu preconceito quanto à pesquisa, redefinindo os valores da prática do professor limitados a reproduzir conhecimentos provenientes dos livros didáticos? R.: Este tipo de trabalho pode ter estranhamentos na instituição escolar, pois a tendência é encarar o processo pedagógico restrito ao espaço e tempo da sala de aula, não se reconhecendo a importância de outros tempos e interações com o espaço. Os primeiros educadores que o fizerem terão certamente que mostrar como esta atitude provoca mudanças – com avanços significativos no aprendizado e na busca do professor por melhorias na sua base de conhecimento, visando interagir com o estudante e suas próprias representações. Este tipo de atividade gera um grande movimento da escola e da sala de aula, caracterizando a atitude de pesquisa no processo de conhecimento e de aperfeiçoamento da linguagem. A execução das atividades poderá envolver educandos e educadores em atividades extraclasse, o que pressupõe o engajamento do professor com reconhecimento institucional visando operacionalizar o projeto quanto a condições de trabalho. TÓPICO 4 1 Quem são os agentes promotores da EA nos espaços não escolarizados? R.: A legislação ambiental prevê estratégias para garantir a continuidade da Educação Ambiental ao cidadão que não frequenta a escola. Primeiramente, os meios de comunicação, o poder público, os grupos, as associações, as cooperativas e ONGs são incumbidos de promover a participação do cidadão nos programas de gestão ambiental. 54 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L Cabe ao poder público incentivar a difusão nos meios de comunicação de massa de programas e campanhas de esclarecimento à população, em geral. A participação dos sindicatos, associações, empresas públicas e privadas na formulação e execução de programas competentes garantirá estes espaços nos mais diversos meios de comunicação (televisão, rádios comunitárias ou não e internet). 2 Como a escola pode romper com o tradicional distanciamento da realidade do educando? R.: A escola se abre para a sociedade quando a Educação Ambiental consiste em um projeto transversal que traz questões emergentes da realidade do educando e da comunidade. Nesta perspectiva, o educando não mais precisa despir-se da sua vida real, ao entrar na escola; ao contrário, ela é o espaço que permite a reflexão da realidade, trazendo a esperança da mudança. A escola, além de trazer informações, é suporte para o indivíduo atuar, colocando-se como ser histórico, que constrói e elabora a realidade. Esta ação educativa de inserção da escola na comunidade é composta de um sujeito que reflete a realidade vivida, o que se encaixa com a meta do movimento ambientalista de trazer as questões ambientais para o debate público. 3 Qual a importância dos meios de comunicação de massa no processo educativo? R.: Os meios de comunicação podem realizar programas diários, relacionados com as questões ambientais, incluindo as referentes à realidade do público ouvinte. Para que os meios contribuam, é preciso mais aproximação entre o conhecimento formal e os saberes populares, auxiliando na orientação das práticas adequadas. 4 Como foram definidas as palavras geradoras? O que elas expressam? R.: Após realizar as reuniões, entrevistas, questionários e visitas a várias famílias, o grupo constituiu com a comunidade um nível de convivência suficiente para compreender como cada família estabelece suas relações cotidianas com o meio ambiente. Com essa convivência obtivemos os elementos básicos para gerar os conteúdos de Educação Ambiental, cujos eixos norteadores foram as características do Ribeirão Fruteira e as formas de apropriação por parte dos usuários. A problematização da realidade local, durante a qual a comunidade participou ativamente no processo de definição dos problemas, permitiu que os dados levantados fossem analisados pela comunidade em interação com os acadêmicos. Desse modo, foi definida, com maior clareza, a forma como os 55UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L aspectos econômicos, sociais e culturais influenciam nos modos de apropriação dos recursos naturais. As palavras geradoras identificadas expressaram o cotidiano, as relações da comunidade e os usos dos recursos hídricos. 5 Qual foi a representação social do ribeirão? Como o processo educativo pode contribuir para mudar o entendimento e as expectativas das pessoas? R.: O significado de rio na percepção dos moradores decorre da própria história de apropriação das vertentes hídricas. A descaracterização da mata ciliar e os assoreamentos resultantes das construções (barragens, represas, moradias, agricultura) são pressões que intensificam o dano. Gradativamente, com a descaracterização do ecossistema, a água do ribeirão deixa de ter o significado de fonte de vida. Ela passa a ser representada como sinônimo de problemas: enchentes, mau cheiro e risco de contaminação. Neste contexto, o processo educativo implica a redefinição do problema, identificando as causas e buscando ancorar outros significados para os recursos hídricos, inclusive a possibilidade de recuperação. 6 Por que o grupo de animadores teve êxito na participação da comunidade na implementação das ações? R.: As técnicas de ensino-aprendizagem utilizadas tiveram o êxito almejado por envolver a dimensão do conhecimento e da mudança das ações. Nesse sentido, o resgate do conhecimento ecológico tradicional e o conhecimento dos limites socioeconômicos dos agricultores foram substanciais para gerar, de modo participativo, alternativas aos problemas diagnosticados. O envolvimento dos agricultores em todas as etapas do processo de pesquisa foi fundamental para que essas alternativas fossem assumidas como de propriedade dos próprios agricultores, e haverá continuidade das ações implementadas. TÓPICO 5 1 Em que consiste uma aprendizagem com sentido? R.: A aprendizagem com sentido forma protagonistas, não repetidores de ideias. Os autores insistem muito no sem sentido da educação atual, que obriga crianças e jovens a repetir conhecimentos e informações, absolutamente sem qualquer relação com a vida deles e que nada significam ejamais significarão para o resto das suas vidas. Um referencial pedagógico deve se basear no próprio desenvolvimento simbólico e arquetípico da personalidade e 56 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L da cultura, para tornar o estudo naturalmente lúdico, emocional, cômico e dramático, atraente e emergente da relação transferencial amorosa entre o aluno, a classe e o professor. A sensibilização é a primeira etapa do trabalho de EA, pois favorece o aprendizado com sentido. O aprendizado com sentido se desenvolve através de atividades lúdicas como a poesia, arte, literatura e teatro. 2 O que é ecopedagogia? R.: A ecopedagogia tem por finalidade reeducar o olhar das pessoas, isto é, desenvolver a atitude de observar e evitar a presença de agressões ao meio ambiente e aos viventes e o desperdício, a poluição sonora, visual, a poluição da água e do ar etc., para intervir no mundo no sentido de reeducar o habitante do planeta e reverter a cultura do descartável. 3 Qual a importância dos espaços públicos para convivência, lazer e brincadeira? R.: A convivência com os elementos naturais proporciona o sentido da existência, na Terra, da solidariedade planetária e da sabedoria do cuidado. Os espaços públicos de livre acesso para o compartilhamento para as crianças brincarem favorecem o desenvolvimento da consciência ambiental. 4 Qual o significado de uma infância repleta de experiências de convivência e brincadeiras em contato com ecossistemas conservados? R.: As experiências vividas com intensidade podem fazer a grande diferença para o engajamento futuro do cidadão nas questões ambientais. Utilizando somente a razão, o ser humano aprende, mas, quando utiliza o sentimento e a emoção, ele apreende e se educa. Uma pessoa está sensibilizada quando se emociona pelo objeto e, por meio das informações recebidas, redireciona suas atitudes e ações de forma a manter o equilíbrio com o meio ambiente. A experiência positiva de convivência com a natureza na infância é decisiva no engajamento dos adultos na defesa da conservação do meio ambiente. 5 Quais os reflexos que podemos ter ao constituir infâncias isoladas da convivência com os espaços naturais? R.: A sociedade atual tem afastado as crianças dos espaços naturais, transformando a natureza em mercadoria, colocando em risco a possibilidade de compreensão do sentido da vida por parte de toda uma geração. Este afastamento pode levar à desvalorização dos ecossistemas conservados. 57UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L TÓPICO 6 1 Quais são os espaços naturais a serem buscados pelo educador para desenvolver o sentido estético e o encantamento da criança pela natureza? R.: O desenvolvimento de uma série de atividades planejadas pode proporcionar à criança a oportunidade de encontro com a natureza, despertando a sua curiosidade e o sentido de observação. Os locais a serem buscados são os mais diversos: acampamentos, pescarias e outras tantas atividades de entretenimento em ambientes abertos; visitas à Unidade de Conservação e jardins zoológicos; convivência em áreas de produção agrícola; montagem e cuidados com jardins e hortas; adoção de animais de estimação e visitas em centros de reabilitação de animais silvestres. 2 Por que é indicativo proporcionar às crianças experiências que vão além do mero diagnóstico dos problemas ambientais? R.: Geralmente, os conteúdos programáticos de ciências são desenvolvidos nas escolas como se não houvesse mais nada de novo a ser descoberto, ou que esta é uma tarefa apenas indicada para os especialistas do assunto. Esse posicionamento tende a tornar os conteúdos desinteressantes, já que não há mais nada a questionar e todos os problemas têm uma solução previamente definida, que é ditada pelo professor. Gradativamente, ao se desenvolver a capacidade de questionamento, observação, comparação, vai se desvelando toda a complexidade da realidade, como destacam Herman, Passineau, Scimpf Treuer (1992, p. 70): “através da reflexão e observação, será possível estabelecer relações com outras experiências, ideias e informações, proporcionando-lhe a oportunidade de ampliar seu conhecimento. As descobertas são consequência natural da exploração, mas é esse momento de reflexão que as diferencia”. 3 Como podemos estimular as crianças a perceberem mais amplamente o meio ambiente? R.: Se o objetivo é estimular a curiosidade das pessoas, explorando os espaços nem sempre visíveis ao olhar desatento dos transeuntes, utilize uma venda nos seus olhos, conduzindo-os sob a orientação do olfato e audição, desafiando-os a descobrir os elementos até então despercebidos. Uma experiência amplamente difundida é o projeto “Trilha da Vida: (Re) Descobrindo a Natureza com os Sentidos”. 58 GABARITO DAS AUTOATIVIDADES UNIASSELVI NEAD E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L Adicional às trilhas interpretativas, há os jogos que podem ser instrumentos para explorar os espaços do meio ambiente. Os jogos não competitivos desenvolvem a cooperação, a confiança e o cuidado, além de auxiliar na percepção sensorial e facilitar no ensino de conceitos de ecologia (tais como: cadeia alimentar, dinâmica populacional, diversidade biológica). 4 Como a arte, a literatura e a pesquisa social podem contribuir para o fortalecimento da educação ambiental nas escolas? R.: A literatura contribui para a formação de valores, desperta o interesse das crianças, facilitando os questionamentos sobre a importância da conservação da natureza, a forma como a mata se constitui pela interação com flora e fauna. Por ter sido um material que propiciou a transposição da história, imaginária para a realidade vivenciada pelas crianças, apresenta um caráter de interação e resgate da subjetividade. Ao contrário de muitas cartilhas que acabaram descontextualizando os problemas por remeterem as crianças a lugares com os quais não se identificam. A curiosidade e a imaginação da criança podem ser uma forma de você desenvolver um rico mundo de faz de conta, mais apropriado para crianças de até oito anos de idade. Aqui é importante reinventar os contos infantis, não mais cobertos por uma floresta perigosa, abrigo de monstros ameaçadores e devoradores de crianças indefesas. Como sugestão de literatura infantil, observe os contos infantis reelaborados em obras como a “Turma do Pererê, do Ziraldo”. Desta forma, pode-se concluir que a literatura infantil é um dos instrumentos de maior alcance para a urgente conscientização ecológica das crianças, sendo complementar aos passeios realizados nos espaços com a natureza. 5 Considerando as dificuldades para a inserção da preocupação ambiental no sistema econômico mundial, pode-se acreditar que um outro mundo ainda é possível? R.: Sim, pois a história ainda somos nós que a constituímos e podemos sim fazer a diferença. Se não tivermos alcançado o êxito almejado, pelo menos não ficaremos com a certeza de que não houve oposições à lógica dominante de degradação dos ecossistemas. Os desafios são imensos, mas quanto mais projeção os educadores tiverem, formando pessoas atuantes e que sabem o sentido que querem dar para a vida e tudo o que a sustenta, mais possibilidades teremos para conter os processos predatórios. Também cabe destacar que a Educação Ambiental é parte de um movimento mais amplo de promoção do desenvolvimento sustentável. Ela sozinha não fará a diferença na composição das novas relações da sociedade para com o ambiente. 59UNIASSELVI NEAD GABARITO DAS AUTOATIVIDADES E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L A composição dos acordos internacionais, a participação da economia na adoção dos princípios da Carta da Terra, serão os pilares estruturantes das novas bases de existência das populações no planeta Terra. 6 Faça uma síntese sobre as possibilidades e os limites da educação ambiental projetar uma nova forma de existir da sociedade atual.R.: As possibilidades estão numa educação de perspectiva emancipatória. A ameaça a esta perspectiva é a escola que predomina – a do adestramento ambiental, fundada na repetição, nos conteúdos descontextualizados, na formação acrítica, nas disciplinas sem sentido, nos educadores despreparados e pouco ativos no pensar do próprio processo de ensino/aprendizagem. O que mais se repete em Educação Ambiental são os atos fragmentados de professores que heroicamente buscam realizações, sem eco numa escola que não se moderniza e não tem as respostas a que a sociedade clama cotidianamente. A escola precisa sair destes limites, ousar e construir o futuro. Inovar, pesquisar, ser criativa, ser provocadora de ideias, amar o conhecimento e os educandos e ser capaz de selecionar informações.