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Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex 2ª SEMANA DO DESENVOLVIMENTO INTRODUÇÃO Durante a segunda semana do desenvolvimento os aspectos mais importantes serão a formação de duas cavidades. Primero, a cavidade amniótica junto ao disco embrionário e, em um segundo momento, o desenvolvimento da cavidade coriônica. DISCO EMBRIONÁRIO E CAVIDADE AMNIÓTICA No início da segunda semana do desenvolvimento o blastocisto estará parcialmente implantado no estroma endometrial. Nesse momento, o embrioblasto já se diferenciou em duas camadas, dando origem ao sinciciotrofoblasto e citotrofoblasto. A massa celular interna possuirá dois tecidos: a camada mais interna é hipoblasto, formado por células cuboides adjacentes à cavidade blastocística e a camada mais externa é o epiblasto, formado por células colunares altas, adjacentes à cavidade amniótica. A junção entre o epiblasto e o hipoblasto formará o disco embrionário. O epiblasto começará a se diferenciar, por conta de uma indução do citotrofoblasto. Dessa maneira, a parte do epiblasto que está em contato com o citotrofoblasto se transformará em amnioblasto (células formadoras de âmnio). Os amnioblasto irão formar a cavidade amniótica. As células do hipoblasto, por sua vez, irão se diferenciar em uma membrana que, posteriormente será chamada de membrana exocelômica (ou de Heuser), que está alinhada na superfície interna do citotrofoblasto. Essa membrana originária do trofoblasto forma o revestimento da cavidade exocelômica, ou vesícula vitelínica primitiva. Lá pelo décimo dia, todo o blastocisto estará, praticamente, no estroma endometrial (cavidade do útero). Com o fechamento do orifício superficial de acesso por onde o blastocisto entrou, haverá a formação de um coágulo de fibrina. Dentro do sinciciotrofoblasto haverá a formação de lacunas e essas lacunas irão se Disco embrionário bilaminar Hipoblasto Camada fina Células cúbicas Contato com a cavidade exocelômica Epiblasto Camada espessa Células cilíndricas Contato com a cavidade aminiótica Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex conectar umas com as outras. Dessa forma, serão formadas redes lacunares. Além disso, os capilares sinusóides vão engorgitar, aumentar de tamanho, de modo que o blastocisto vai penetrar para dentro do endométrio até erodir esses vasos. Essa erosão faz com que o sangue materno penetre nesse espaço lacunar, de forma que haverá o início da circulação uteroplacentária. CAVIDADE CORIÔNICA No décimo segundo dia, um novo tecido começará a se proliferar entre a membrana extraembrionária e o citotrofoblasto: o mesoderma extraembrionário. Ele será composto de células derivadas do saco vitelínico que formam um tecido conjuntivo frouxo e delicado que acaba preenchendo todo o trofoblasto externamente e o âmnio e a membrana exocelômica internamente. Ou seja, ele fica em toda a superfície interna do citotrofoblasto. Logo depois esse mesoderma extraembrionário vai se expandir e ocupar um espaço ainda maior na superfície interna do citotrofoblasto. Com isso, ele irá se diferenciar em duas camadas: a parte que reveste o saco vitelínico, que será denominada mesoderma extraembrionário esplâncnico; e a parte que reveste o citotrofoblasto e o âmnio, sendo denominada mesoderma extraembrionário somático. Entre as duas camadas que foram formadas será originada uma grande cavidade. Esse espaço é denominado cavidade extraembrionária ou cavidade coriônica. Depois de todo o processo a vesícula vitelínica primária será renomeada, devido as alterações sofridas. Dessa forma, chama- se vesícula vitelínica (ou umbilical) secundária. A vesícula vitelínica secundária é formada por células adicionais do hipoblasto que migram ao longo do interior da membrana exocelômica. Ela é muito menor que a cavidade vitelínica primitiva ou primária. Deve ser salientado, ainda, que durante sua formação grades porções da cavidade exocelômica são pinçadas para fora, sendo representadas pelos cistos exocelômicos, que são encontrados com frequência na cavidade coriônica. É importante destacar que o mesoderma extraembrionário não revestirá o saco vitelínico e o disco germinativo como como um todo pois não haverá revestimento no local em que o disco germinativo se conecta ao trofoblasto, no pedículo embrionário. Isso acontece porque é esse pedículo que permite conexão com a rede vascular presente no sinciciotrofoblasto, e essa rede penetrará por dentro desse pedículo, formando o cordão umbilical. Reação decidual: A reação decidual consiste no endométrio se preparando para nutrir o embrião. Para isso, as células se tornam poliédricas e preenchidas por Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex glicogênio e lipídeos, retiradas do sangue materno. No mais, os espaços intercelulares são preenchidos por material extravasado e o tecido se torna edematoso. Por conta do mesoderma extraembrionário, o citotrofoblasto começa a apresentar vilosidades, que são chamadas de vilosidades coriônicas primárias. BETA HCG A sigla Beta hCG, ou BhCG, refere-se ao hormônio gonadotrofina coriônica humana. Sua dosagem sanguínea é amplamente utilizada como teste de gravidez, pois esse é um hormônio produzido pelas células do embrião. O sinciciotrofoblasto produzirá o HCG para que haja o seu crescimento e para formar as artérias espiraladas que estão correlacionadas com a nutrição do embrião. O hCG produzido pelo embrião passa para a circulação sanguínea da mãe e é filtrado pelos rins, sendo parte dele eliminado pela urina. Logo, o beta hCG pode ser dosado tanto no sangue como na urina da mulher. Se for detectado BhCG no sangue ou na urina da mulher, ela está grávida. O exame do Beta hCG sanguíneo é o método diagnóstico de gravidez com acurácia mais elevada. Quando colhido na época certa e interpretado corretamente, ele apresenta uma taxa de acerto próxima de 100%. O beta hCG também pode ser dosado na urina, motivo pelo qual nos últimos anos tem sido cada vez maior a oferta de testes de gravidez de farmácia que podem ser feitos em casa. A dosagem na urina, porém, não é tão confiável quanto a do sangue, sendo possível haver casos de falso negativo, caso o teste seja feito muito no início da gestação. A gonadotrofina coriônica humana é um hormônio importante e necessário para a manutenção e desenvolvimento da gestação. Ela é produzida pelo trofoblasto, grupo de células do embrião que dá origem à placenta. Cerca de seis dias após a fecundação do óvulo pelo espermatozoide, o embrião em formação chega à parede do útero e se aloja nela. A partir desse momento, o hormônio hCG produzido pelo trofoblasto consegue alcançar a corrente sanguínea da mãe, o que possibilita sua detecção por exames laboratoriais ultrassensíveis. Conforme o embrião e a placenta se desenvolvem, mais hCG é produzido e lançado na circulação materna. Nas primeiras semanas de gestação, os níveis de hCG dobram a cada 2 ou 3 dias. Se nos primeiros 30 dias de gravidez o ritmo de elevação da gonadotrofina coriônica humana estiver inesperadamente pouco elevado, é possível que haja algo de errado na gestação, como inviabilidade fetal ou gravidez ectópica. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex As atuais técnicas só conseguem detectar o hCG a partir da 3ª ou 4ª semanas de gravidez contadas a partir da data da última menstruação. Ou seja, na segunda semana do desenvolvimento embrionário. O mais importante é a velocidade de crescimento do hormônio nas primeiras semanas. Pois, o não crescimento nas proporções ideais (Duplicarsemanalmente) pode indicar implantação anômala. Os valores do hCG para gravidez gemelar, sejam gêmeos ou trigêmeos, costumam ser maiores, pois, se há mais embriões, há também mais fontes de produção de gonadotrofina coriônica. Habitualmente, o pico do BhCG ocorre ao redor da 10ª semana de gravidez. Os níveis, então, começam a cair até a 20ª semana, período em que se estabilizam, mantendo- se mais ou menos constantes até o dia do parto. Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS Rackel Resende @medibulandex REFERÊNCIAS PINHEIRO, P. EXAME BETA HCG. MD. Saúde. Disponivel em: <https://www.mdsaude.com/gravidez/exame-beta-hcg/>. Acesso em: 04 Abril 2021. SADLER, T. W. Langman Embriologia Médica. 13ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2016. 2ª semana do desenvolvimento Introdução Disco embrionário e cavidade amniótica Cavidade coriônica beta HCG Referências