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Introdução: Acometimento das meninges. Espessamento das meninges dificultando a circulação do líquor no espaço sub-aracnoide. Meningite é a inflamação das membranas meníngeas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Encefalite é a inflamação do parênquima cerebral. A junção dos dois forma a Meningocefalite. Pacientes com febre, cefaleia, rigidez de nuca, náuseas e vômitos. Pode haver crise convulsiva. Sinais de irritação meníngea: Kerning’s e Brudzinski (ao dobrar o pescoço o paciente encolhe as pernas devido a dor). Meningoencefalite: semelhantes ao sintomas da meningite mas com sinais de alteração do funcionamento cerebral. Além disso, há sinais focais como alteração do nível de consciência, alterações motoras de comportamento, de fala e crise convulsiva. Causas infecciosas das meningocefalites: vírus, bactérias, Mycobacterium tuberculosis, fungos e protozoários (costumam ser graves mais em imunosuprimidos). Bactérias principais: Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae. A epidemiologia bacteriana atua em diversas idades e ocorre entre 5-55 anos principalmente. Nessa grande faixa etária encontra-se principalmente Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis. Colonização nasofaríngea, invasão local por cepas virulentas, invade a mucosa, bactéria circula no sangue e atinge a meninge. Ao atingir a meninge começa a inflamação, dado endotelial microvascular, edema cerebral, vasculite, aumento da pressão intracraniana e infarto cerebral. OBS! Na meningite não há sinais focais, como fraqueza para andar, queda no nível de consciência pois não houve a alteração nem danos a nenhuma estrutura cerebral. Principais bactérias: Haemophilus influenzae é um bacilo Gram negativo pleomórfico (cocobacilo), habitualmente faz parte da microbiota, é aeróbico, encapsulado, letalidade de 6%, realiza invasão sistêmica: OMA, epiglotite, pneumonia e meningite (afetava principalmente aos 4 anos de idade). Antigamente causava 48% das meningites e mais recentemente compõe menos de 5% - vacinação contra a bactéria. MENINGOCEFALITES AGUDAS Neisseria meningitidis são diplococos Gram negativos, aeróbicos, encapsulados, com crescimento variável em ágar, possuem pili e proteínas OPA (adesão na mucosa) associadas a colonização, possui a endotoxina LPS e 12 sorotipos patogênicos, principalmente A, B, C, Y. Humanos são os únicos hospedeiros, disseminação através de secreção respiratória (gotículas mas não aerossol), algumas pessoas (10% a 18%) transportam os meningococos na orofaringe em média por 9 meses. Em 2016, foram por volta de 1000 casos de meninge MENINGOCÓCICA. É uma das doenças mais graves com rápida evolução, emergência infecciosa, lesões púricas e choque séptico fulminante. OBS! Febre com mancha deve-se sempre pensar na possibilidade de meningite meningocócica. Pessoas com pele mais escura deve haver mais cuidado ainda na investigação. Streptococcus pneumoniae é Gram positivo encapsulado diplococo, habitante das vias aéreas superiores, causador de pneumonia, letalidade de 30-80% dessa bactéria e com elevada resistência antimicrobiana (EUA tem 35%). OBS! Barreira hemato-encefálica dificulta a penetração de antibióticos no cérebro. Impede a entrada de parte do sistema imune e também de antimicrobianos – REISTÊNCIA. Listeria monocytogenes é um bastonete Gram-positivo, grupo de risco em gestantes, imunossuprimidos, recém-natos. Pode causar outras doenças, infecção neonatal, neurológica e pode gerar gastroenterite em casos mais graves. Streptococcus agalactiae um coco Gram positivo aeróbico, ficam em cadeia, grupo de risco para gestantes e recém-natos. Enterobactérias são bacilos Gram negativo, em sua maioria advém de infecções hospitalares, causa de meningite em imunossuprimidos, infecção por Stongyloides stercoralis (dentro dele carrega as bactérias e leva-as para diversos tecidos). Diagnóstico: Na análise do LCR (líquido céfalo raquidiano – líquor) realiza-se a punção lombar. Enfia-se uma agulha fina entre as vértebras (L3-L4 sem medula) e ocorre punção. É contraindicado em caso de risco de lesão expansiva, sinais clínicos de hipertensão intracraniana, discrania e lesão no local de punção. Também pode gerar complicações como: cefaleia (mais comum), infecção, sangramento local e herniação. No exame do líquor busca-se características bioquímicas como celularidade, proteínas, glicose, Gram, cultura para bactérias. Em casos de meningite bacteriana os valores ficam alterados: Na infecção bacteriana há predomínio de células (acima de 100 por mm3), proteína aumenta (100-500 mg/mm3), presença de neutrófilos, glicose baixa (menor que 40 – que é o normal). Já a viral, a celularidade fica entre 50-1000 por mm3, com presença de células mononucleares, glicose normal (maior que 45) e proteína baixa (menor que 200/mm3). OBS! Não pode se ver bactéria no líquor. Sinal de problemas e possível meningite ou meningocefalite. Tratamento: A meningocefalite é uma EMERGÊNCIA INFECCOSA deve começar com o antibiótico – antibioticoterapia imediata e também um antiviral. Realiza-se a punção lombar para confirmar se é bactéria ou vírus. Análise epidemiológica do perfil de sensibilidade das bactérias provavelmente envolvidas. Vancomicina (para bactérias com maior resistência) + ceftriaxona (feito empiricamente antes da punção – melhor penetração cerebral). Antibiótico não atrapalha o exame do líquor se o mesmo ocorrer em algumas horas. Depois deve haver a restauração/ajuste medicamentoso para a situação específica daquele paciente. Profilaxia: existência de vacinas para as bactérias. Haemophilus influenzae, pneumocócica, meningocócica/conjugada C (mais recente vacina para o sorogrupo B). Pós-exposição existe Rifampicina, Ciprofloxacina e Ceftriaxona.