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DIVERSIFICAÇÃO, ASSOCIAÇÃO E CONSORCIAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS
NO CERRADO
Chapter · May 2021
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Jairo Fernando Pereira Linhares
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Maria Ivanilde de Araujo Rodrigues
State University of Maranhão
30 PUBLICATIONS   104 CITATIONS   
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João Paulo Dias
State University of Minas Gerais, Ituiutaba, Brazil
6 PUBLICATIONS   9 CITATIONS   
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All content following this page was uploaded by Jairo Fernando Pereira Linhares on 15 May 2021.
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https://www.researchgate.net/publication/351605690_DIVERSIFICACAO_ASSOCIACAO_E_CONSORCIACAO_DE_PLANTAS_FRUTIFERAS_NO_CERRADO?enrichId=rgreq-4beb1302ff7068fb8e200bb919abd1e6-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MTYwNTY5MDtBUzoxMDIzNzYxNTE2MDc3MDU2QDE2MjEwOTUxNzQwNzg%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/project/Part-of-Masters-Dissertation-Project?enrichId=rgreq-4beb1302ff7068fb8e200bb919abd1e6-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1MTYwNTY5MDtBUzoxMDIzNzYxNTE2MDc3MDU2QDE2MjEwOTUxNzQwNzg%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
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Cultivo de frutíferas 
em clima tropical 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
2 
Dias & Mata (2021) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C9682 Cultivo de frutíferas em clima tropical/Org.: Dias & Mata 
 
 ─ Campina Grande: EPTEC, 2021. 
 142 f.: il. color. 
 
 ISBN: 978-65-00-23023-9 
 
1. Frutas. 2. Produção. 3. Brasil. I. Dias, João Paulo Tadeu. II. 
Mata, Jhansley Ferreira da. III. Título. 
 
CDU 631/63 
Os capítulos ou materiais publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. 
As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista do Editor responsável. 
Sua reprodução parcial está autorizada desde que cite a fonte. 
 
Créditos de Imagens da Capa 
Pixabay 
 
Editoração, Revisão e Arte da Capa 
Paulo Roberto Megna Francisco 
 
Conselho Editorial 
Djail Santos (CCA-UFPB) 
Dermeval Araújo Furtado (CTRN-UFCG) 
George do Nascimento Ribeiro (CDSA-UFCG) 
Josivanda Palmeira Gomes (CTRN-UFCG) 
João Miguel de Moraes Neto (CTRN-UFCG) 
José Wallace Barbosa do Nascimento (CTRN-UFCG) 
Juarez Paz Pedroza (CTRN-UFCG) 
Lúcia Helena Garófalo Chaves (CTRN-UFCG) 
Luciano Marcelo Fallé Saboya (CTRN-UFCG) 
Paulo da Costa Medeiros (CDSA-UFCG) 
Paulo Roberto Megna Francisco (CTRN-UFCG) 
Soahd Arruda Rached Farias (CTRN-UFCG) 
Virgínia Mirtes de Alcântara Silva (CTRN-UFCG) 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
3 
Dias & Mata (2021) 
 
João Paulo Tadeu Dias 
Jhansley Ferreira da Mata 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas 
em clima tropical 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.a Edição 
Campina Grande-PB 
2021 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
4 
Dias & Mata (2021) 
 
Realização 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apoio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
5 
Dias & Mata (2021) 
 
Sumário 
 
 
Sumário ...................................................................................................................................................................................................... 5 
Agradecimentos ...................................................................................................................................................................................... 6 
Prefácio....................................................................................................................................................................................................... 7 
Capítulo I.................................................................................................................................................................................................... 8 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DE CULTIVO DE FRUTÍFERAS TROPICAIS ......................................................................... 8 
Capítulo II ............................................................................................................................................................................................... 31 
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FRUTÍFERAS TROPICAIS ............................................................................................ 31 
Capítulo III .............................................................................................................................................................................................43 
ECOFISIOLOGIA DOS CITROS E DO ABACAXIZEIRO CULTIVADOS EM CLIMA TROPICAL................................... 43 
Capítulo IV .............................................................................................................................................................................................. 54 
IRRIGAÇÃO EM FRUTÍFERAS DE CLIMA TROPICAL ............................................................................................................ 54 
Capítulo V ............................................................................................................................................................................................... 65 
MÉTODOS DE CULTIVO DE FRUTÍFERAS CONVENCIONAIS E ORGÂNICAS .............................................................. 65 
Capítulo VI .............................................................................................................................................................................................. 76 
POLINIZAÇÃO POR ABELHAS E SUA IMPORTÂNCIA PARA FRUTÍFERAS CULTIVADAS ...................................... 76 
Capítulo VII ............................................................................................................................................................................................ 89 
AVANÇOS E TÉCNICAS DE MELHORAMENTO DE FRUTÍFERAS TROPICAIS PARA RESISTÊNCIA DE 
DOENÇAS ................................................................................................................................................................................................ 89 
Capítulo VIII ....................................................................................................................................................................................... 103 
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS COM FRUTÍFERAS NATIVAS .................................................................. 103 
Capítulo IX ........................................................................................................................................................................................... 114 
DIVERSIFICAÇÃO, ASSOCIAÇÃO E CONSORCIAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS NO CERRADO .................... 114 
Capítulo X ............................................................................................................................................................................................ 123 
CONSERVAÇÃO E QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE FRUTOS TROPICAIS ................................................................. 123 
Índice Remissivo ............................................................................................................................................................................... 139 
Curriculum dos Autores e Organizadores .............................................................................................................................. 140 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
6 
Dias & Mata (2021) 
 
 
Agradecimentos 
 
 
 
 
Os organizadores e autores agradecem à Universidade do Estado de Minas Gerais – 
UEMG, bem como, os coordenadores, diretores, vice representantes respectivos e, em especial, 
cabe o agradecimento aos colegas e professores pela colaboração e parceria em instituições 
parceiras que tanto contribuíram para a realização desta obra. 
 
 
 
Os organizadores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
7 
Dias & Mata (2021) 
 
 
Prefácio 
 
 
 
O Brasil é um país de dimensões continentais, com vastas áreas agricultáveis e clima propício, 
na maioria dos meses do ano, para o cultivo de frutas, especialmente, as frutas de clima tropical e 
subtropical. Ademais, o país possui uma população enorme e crescente, tendo um potencial excelente 
para comércio de frutas frescas, processamento, industrialização e consumo de diversas frutas, de 
diferentes formas. 
Antes de qualquer cultivo de plantas frutíferas em clima tropical, deve-se ter em mente as 
características gerais do cultivo e das espécies de interesse, tais como: métodos e técnicas de propagação 
de plantas; métodos de germinação de sementes frutíferas (especialmente para produção de “pé-franco” 
ou porta-enxerto); ecofisiologia das principais espécies cultivadas em ambiente tropical (por exemplo, 
citros e abacaxizeiro, dentre outras); floração e frutificação de plantas frutíferas (atentando para as 
épocas de produção e comercialização); cultivo de frutíferas em sistema convencional, orgânico e suas 
variantes; utilização de resíduos na fertilização (manutenção, correção e adubação de cobertura) de 
frutíferas; recuperação de áreas degradadas com espécies frutíferas adequadas ao ambiente tropical; 
diversificação, associação e consorciação de plantas frutíferas; controle fitossanitário rigoroso em 
frutíferas; técnicas e métodos de colheita, conservação e qualidade pós-colheita de frutas tropicais, 
dentre outras. 
 Certamente, este livro vem contribuir para o desenvolvimento tecnológico e produtivo da 
fruticultura, principalmente, o cultivo de frutíferas tropicais no país. Consiste em informações técnicas 
e científicas, coletadas e organizadas, com o intuito de orientar os produtores, técnicos, professores, 
alunos, cientistas, bem como, qualquer pessoa interessada no cultivo de frutíferas em ambiente tropical. 
 
 
João Paulo Tadeu Dias 
Jhansley Ferreira da Mata 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
8 
Dias & Mata (2021) 
 
Capítulo I 
 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DE CULTIVO DE 
FRUTÍFERAS TROPICAIS 
 
 
João Paulo Tadeu Dias 
 
 
Introdução 
 
Antes de iniciar o cultivo de plantas frutíferas tropicais deve-se salientar algumas características 
gerais, tais como: métodos e técnicas de propagação de plantas; métodos de germinação de sementes 
frutíferas; floração e frutificação de plantas frutíferas; métodos de cultivo de frutíferas convencionais e 
orgânicas; utilização de resíduos na fertilização de frutíferas; controle fitossanitário em frutíferas; 
dentre outros métodos produtivos e tecnológicos apresentadas nos capítulos posteriores. 
 
Métodos e técnicas de propagação de plantas 
 
Métodos e técnicas de propagação de plantas são utilizados desde os primórdios da agricultura 
para buscar um maior número de plantas e perpetuar as características produtivas e comerciais 
favoráveis destas plantas. 
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) normatiza o Sistema Nacional de 
Sementes e Mudas (SNSM), além de dar outras providências sobre o conceito de propagação e produção 
de mudas, mediante Decreto n. 5.153, de 23/07/2004, que aprova o regulamento da Lei 10.711, de 
05/08/2003 e, define propagação: 
“A reprodução, por sementes propriamente ditas, ou a multiplicação, por mudas e demais 
estruturas vegetais, ou a concomitância dessas ações, e; Semente: material de reprodução 
vegetal de qualquer gênero, espécie ou cultivar, proveniente de reprodução sexuada ou 
assexuada, que tenha finalidade específica de semeadura (BRASIL, 2003)”. 
A propagação de plantas basicamente seria um conjunto de métodos e técnicas utilizados em 
conjunto de forma a perpetuar as espécies de maneira controlada, aumentando o número de plantas e 
garantindo a manutenção de características agronômicas tidas como favoráveis às cultivares. Para 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
9 
Dias & Mata (2021) 
quaisquer espécies de plantas, nativas ou exóticas, silvestres ou cultivadas, a propagação e, 
consequentemente, a formação da nova muda constitui ponto principal. 
Historicamente, quando o ser humano passou de tribos nômades, que basicamente caçavam e 
coletavam frutos e raízes para sobreviver e, progressivamente, passaram a comunidades assentadas, 
que plantavam para o seu sustento, a humanidade deu um salto gigantesco no desenvolvimento da 
sociedade.Sabe-se que por volta do ano 8.000 a.C. no Oriente Médio existiu um primórdio de agricultura 
rudimentar e percebeu-se que cravando talos lenhosos de videiras, oliveiras e figueiras, conseguia 
preservar as características de interesse e formar novas plantas. Cerca de 2.000 a.C. começou-se o uso 
da técnica de enxertia na Grécia, Oriente Médio, Egito e China. Posteriormente, órgãos de reserva de 
cebola e alho eram utilizados para propagação no Mediterrâneo; na África tropical utilizava-se pedaços 
do colmo para propagação de cana-de-açúcar; na América do Sul adotava-se a batata inteira ou parte 
dela para propagação; na Ásia era feita propagação com estacas de bambu; por volta dos séculos XVIII e 
XIX houve grande descoberta de espécies e intercambio destas entre Europa, Japão, China, Índias 
Orientais, Austrália, África e América; além disso, a partir de 1940, passou-se a fazer uso de substâncias 
promotoras de enraizamento em estacas, como as auxinas sintéticas (TOOGOOD, 2007). 
Vale destacar a importância dos equipamentos e ferramentas utilizados ao longo do tempo para 
propagação de plantas, tais como: enxadas, pás, canivetes, canivetes de enxertia, fitas plásticas, tesouras 
de poda, podões, regadores e mangueiras para irrigação, dentre outros, que constantemente deve-se 
fazer a manutenção, bem como, a limpeza e desinfecção para uso na propagação de plantas. 
Normalmente, também se utiliza algum substrato isento de pragas, doenças e plantas daninhas, como o 
próprio solo, terra de barranco peneirada, areia, materiais compostados (como estercos de animais e 
restos culturais), misturas comerciais (contendo ou não corretivos e ou fertilizantes), casca de arroz 
carbonizada, fibra de coco, vermiculita (argila expandida), perlita (material de origem vulcânica), turfa 
(um misto de vegetal decomposto com sphagnum de musgos), só para citar alguns. 
Recipientes diversos são utilizados na propagação como vasos de barro ou plástico, sacolas 
plásticas, bandejas plásticas ou de poliestireno expandido (isopor), caixa de madeira ou ripa, caixa de 
propagação feita de alvenaria e preenchida com areia ou outro substrato. Os ambientes mais comuns 
para propagação são os naturais como a própria mata ou pomar e, os ambientes artificiais, como as casas 
de vegetação feitas de vidro, estufas plásticas do tipo capela, túnel alto, túnel médio ou túnel baixo, 
câmaras de nebulização, viveiros telados com plástico ou sombrite 50%, dentre muitos outros. Sugere-
se o uso de equipamentos e acessórios como as bancadas feitas de madeira, ferro ou alvenaria, os 
sensores (de água, temperatura, umidade, ventiladores e exaustores), equipamentos de irrigação (como 
os aspersores, micro aspersores, gotejadores, nebulizadores), termômetros e outros. 
A propagação de plantas se divide em duas: propagação sexuada e propagação assexuada. A 
propagação sexuada, reprodução ou propagação por sementes, basicamente se utiliza a semente como 
estrutura reprodutiva, sendo feita para a maioria das plantas conhecidas. A propagação sexuada por 
sementes possibilita grande variação populacional, resultando em características distintas, devido aos 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
10 
Dias & Mata (2021) 
intercambio de gametas e genes proporcionado pela polinização cruzada. Botanicamente, a semente é 
resultado do óvulo fertilizado e desenvolvido, que devido aos cruzamentos dos gametas, possibilita 
grande variação genética, como vigor distinto, frutos sem padrão (cor, formato, tamanho, sabor, 
açúcares, acidez e nutrientes). 
 O método de preparo das sementes consiste na escolha do progenitor ou planta-mãe detentora 
de sementes sadias, de plantas adultas e produtivas. Recomenda-se, de maneira geral, a seleção dos 
maiores e melhores frutos situados externamente a copa das plantas; retirar toda a polpa (pois pode 
conter inibidores de germinação); lavar as sementes em água corrente; secar à sombra; se necessário 
proceder a extração da casca ou tegumento duro (que pode ser uma barreira ao processo germinativo 
do embrião da semente); proceder a semeadura rápida, pois o poder germinativo do embrião presente 
na semente, decresce após a colheita. 
 A propagação assexuada, vegetativa ou multiplicação consiste em utilizar partes vegetativas, tais 
como raízes, caules, brotos ou folhas para gerar uma nova planta. Planta esta, com características 
genéticas idênticas ao progenitor, constituindo um clone da planta doadora de material vegetal. 
 Duas propriedades intrínsecas da célula vegetal são importantes no processo de propagação 
assexuada: a totipotência e a desdiferenciação. A totipotência é a capacidade que as células vegetais 
possuem de organizar e formar um novo indivíduo, mantendo a constituição genética necessária, sem 
haver recombinação genética. A desdiferenciação vegetal é o processo pelo qual uma célula diferenciada 
adulta, regride ou retorna à um estádio indiferenciado e, de acordo com o estímulo provocado, origina 
novos tipos de células. É o que acontece no método ou técnica de propagação assexuada por estacas 
caulinares, muito utilizado na horticultura e fruticultura, onde tecidos ou células adultas do caule podem 
vir a formar células ou tecidos vasculares, raízes iniciais e brotações novas para constituir um novo 
indivíduo. 
 O método de estaquia pode ser feito com estacas de raízes, caules, brotos ou folhas. O mais 
comum é o uso de estacas caulinares herbáceas ou lenhosas. De maneira geral, coleta-se estacas o ano 
todo, contudo, prefere-se o período de inverno para as espécies de clima subtropical ou temperadas. 
Comumente, as estacas preparadas com três a cinco gemas e em torno de 10 a 15 cm de comprimento. 
Existem espécies de fácil, mediano e difícil enraizamento. Para as espécies de difícil enraizamento pode-
se utilizar reguladores vegetais de crescimento, promotores de enraizamento como o ácido 
indolbutírico (IBA, sigla em inglês), uma substância sintética similar ao hormônio vegetal do grupo das 
auxinas, com o objetivo de aumentar a concentração endógena de auxinas nos tecidos e induzir a 
formação de raízes. 
 O ácido indolbutírico é um dos mais utilizados e melhores estimuladores do enraizamento. O 
ácido naftaleno acético (NAA) também pode ser usado, no entanto, é mais tóxico e deve ser usado em 
concentrações menores. Normalmente, aplica-se auxina na base da estaca, provocando um aumento de 
concentração, que pode ter efeito estimulador até um ponto máximo, a partir desse ponto qualquer 
aumento na concentração de auxina é inibitório ao enraizamento. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
11 
Dias & Mata (2021) 
 A aplicação dos reguladores de crescimento pode acontecer por via seca por polvilhamento em 
talco ou via úmida por solução hidroalcóolica em solventes orgânicos (como o etanol, metanol, éter, 
dentre outros). Vale ressaltar a importância do binômio, concentração e tempo de aplicação. Para 
tratamento lento (12 ou 24 horas, por exemplo), adota-se uma concentração baixa. Para tratamento 
rápido (5, 10, 20 segundos, por exemplo) utiliza-se uma concentração alta. 
 Outro método ou técnica bastante utilizada na propagação de plantas é a enxertia. 
Tradicionalmente, obtém-se o porta-enxerto ou “cavalo” por sementes e, em alguns casos, por estaquia, 
como acontece com os porta-enxertos de videira. O porta-enxerto é responsável por todo sistema 
radicular, suas características de desenvolvimento, resistência às pragas e doenças, bem como, 
adversidades edafoclimáticas. O enxerto, também denominado “cavaleiro” ou copa é responsável pela 
formação e desenvolvimento de toda parte aérea, bem como a produção de frutos. Os objetivos básicos 
da enxertia referem-se à resistência ou tolerância às pragas, doenças ou adversidade de solo e clima, 
antecipar a produção, uniformizar a planta e diminuir o porte. 
 Dentre as diferentes técnicas de enxertia, destacam-se a enxertia por garfagem e a enxertia por 
borbulhia.A enxertia por garfagem pode ser feita em fenda cheia (tradicional), inglês simples ou inglês 
complicado. A enxertia por borbulhia (utiliza menos material vegetal que a garfagem) pode ser feita em 
forma de T invertido, T normal ou de placa. Geralmente, a enxertia pode ser realizada o ano todo, porém 
prefere-se evitar o período de chuvas, pois pode causar o insucesso da técnica ou método. 
 A enxertia por garfagem é feita a altura de cerca de 20 a 30cm da base do colo do porta-enxerto, 
o caule deve apresentar coloração bronzeada e diâmetro de um lápis (cerca de 0,8 cm), os garfos (que 
constituirão a parte superior da planta ou copa) deve ser de matrizes selecionadas e produtivas, os 
garfos são feitos cortando-se os ponteiros com cinco a oito centímetros e fazendo a retirada dos pecíolos 
foliares, realiza-se o corte da parte basal do garfo em forma de bisel duplo ou “cunha” e, posteriormente, 
o corte do centro do caule do porta-enxerto até cerca de três centímetros e insere-se o garfo rente (casca 
com casca) ao porta-enxerto. Finalmente, procede-se a amarração do enxerto com fita de enxertia ou 
fitilho plástico para proteger o local do enxerto. Deve-se atentar para o a compatibilidade ou 
incompatibilidade do material utilizado como porta-enxerto e enxerto (copa). Se ocorrer 
incompatibilidade, o enxerto pode não se desenvolver ou pode-se formar um crescimento exagerado 
dos tecidos na região de enxertia denominado “pé-de-elefante” ou “pata-de-elefante”. 
 A apomixia é outro método de propagação assexuada feita pela semente, formada e desenvolvida 
por tecidos da nucela (tecidos de reserva), sem a fusão dos gametas e dando origem ao embrião nucelar 
ou adventício, proveniente das células de tecido materno. Tais plantas oriundas dessas sementes são 
clones do material progenitor. O processo de apomixia tem certa importância para amoreira-preta, 
mangueira e citros, produzindo a sementes com embrião de origem nucelar e sementes com o embrião 
de origem gamética. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
 O método ou técnica da mergulhia pode ser no solo ou aérea. Quando a mergulhia for aérea 
também é conhecida como alporquia. A técnica da mergulhia ou alporquia passa a ter considerável 
importância para plantas nativas ou exóticas, nas quais se tem grande dificuldade em se produzir mudas. 
 O método ou técnica de produção vegetal ou propagação por cultura de tecidos ou cultivo “in 
vitro”, também conhecido como micropropagação. As plantas produzidas por cultura de tecidos passam 
a ser uma opção interessante ao produtor de mudas ou viveirista. É uma opção não comercial, do ponto 
de vista do alto preço da muda produzida pelo custo com mão-de-obra capacitada e qualificada que 
demanda, estrutura específica e ambiente controlado e climatizado, bem como, altamente rígido em 
relação ao controle fitossanitário. No entanto, a qualidade da muda ou planta conseguida é muito 
superior aos demais métodos e práticas de propagação, visto a uniformidade e padrão das plantas, alto 
vigor e sanidade comprovada. Para plantas com grandes problemas fitossanitários como o abacaxizeiro, 
morangueiro, a batateira, a bananeira, a batata-doce e a mandioquinha-salsa, é um método importante 
de propagação de plantas. 
 Independentemente do método ou técnica escolhida para propagação de plantas, é 
imprescindível a utilização de material vegetal com sanidade comprovada, oriundo de plantas vigorosas 
e altamente produtivas, de forma a buscar o melhor para a formação inicial de um plantio, pomar, 
lavoura comercial ou novo cultivo. 
 
Métodos de germinação de sementes frutíferas 
 
 A produção brasileira de frutas une atrativos diversos e condições muito favoráveis para 
produzir, gerar renda e empregos, exportar e auxiliar no saldo positivo da balança comercial da 
economia, ao longo de todo o ano. A estimativa de produção foi de 43,5 milhões de toneladas em 2017, 
abaixo das 44,8 milhões de toneladas do ano anterior, segundo a Associação Brasileira dos Produtores 
Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). O Brasil encontra-se na terceira posição entre os 
maiores produtores mundiais de frutas, com produção expressiva de cerca de 22 espécies e tantas 
outras exploradas e consumidas localmente, atrás de China e Índia (KIST et al., 2018). 
 Independentemente da espécie de fruta produzida, existe o consenso de que o ponto principal 
em qualquer cultivo é a propagação da planta e produção da muda frutífera, sendo a semente, na maioria 
das vezes, a estrutura principal de propagação das frutíferas. A propagação é o conjunto de técnicas ou 
artifícios destinados a perpetuar as espécies de forma controlada. Os objetivos principais são de 
aumentar o número de plantas, garantindo a manutenção das características agronômicas das 
cultivares. Botanicamente, semente é considerada o resultado da fertilização e desenvolvimento do 
óvulo. A semente como principal arcabouço destinado a propagação é descrita pela Legislação 
Brasileira, Lei 10.711, de 05/08/2003, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
(MAPA) como sendo: 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
“Material de reprodução vegetal de qualquer gênero, espécie ou cultivar, proveniente de 
reprodução sexuada ou assexuada, que tenha finalidade específica de semeadura (BRASIL, 
2003). 
 Souza, Iara e Samuel (2016), relataram sobre a importância e o processo germinativo das 
sementes. Durante o processo evolutivo, as plantas desenvolveram formas de propagação assexuada 
(vegetativa ou multiplicação) e propagação sexuada (reprodutiva ou por sementes) para produzir 
descendentes. A maioria das espécies de plantas cultivadas ou selvagens, nativas ou exóticas apresenta 
propagação sexuada (reprodutiva ou por sementes), em que o diásporo é considerado a unidade de 
dispersão da espécie. No caso específico de plantas anuais, a semente é o fim de uma geração e o início 
de uma outra geração. 
 Esse diásporo é a forma de dispersão, multiplicação, sobrevivência e preservação das espécies e 
da biodiversidade, uma vez que, o código genético representa a principal forma de disseminação das 
características hereditárias nos diferentes ambientes. Portanto, a função da semente viva é sua 
germinação, crescimento e desenvolvimento do embrião, originando uma nova planta. O sucesso do 
estabelecimento do novo indivíduo no tempo-espaço e o vigor da nova plântula são, em grande parte, 
determinados por características bioquímicas e ecofisiológicas. 
 Durante o processo de formação das sementes ocorre a expansão do eixo embrionário, 
resultante da absorção de água e do acúmulo de substâncias de reserva, como os lipídeos, carboidratos 
e proteínas, sendo a fase final, a maturação das sementes. Nesta fase final, podem ocorrer várias 
transformações morfológicas e fisiológicas que, em sementes ortodoxas, culminam com a desidratação, 
podendo perder até 90% do seu peso em água. Os diásporos são representados, em sua maioria, pelas 
sementes. No entanto, em muitas espécies, o diásporo é o fruto, que pode conter além de semente, 
brácteas, pericarpo ou parte dele e o perianto. 
 Em muitas sementes, o final do processo de maturação fisiológica está associado à desidratação 
das sementes. Podendo ser: 
Sementes ortodoxas: o teor de água varia de 5 a 10% de sua massa fresca (exemplo: soja, feijão, 
pau-brasil, milho) e podem ser desidratadas a níveis baixos de umidade; 
 Sementes intermediárias: toleram dessecação entre 10 e 13% de umidade, mas quando 
desidratadas a 7% perdem significativamente a viabilidade (exemplo: café, mamão, dendê, nim); 
 Sementes recalcitrantes: sementes com teor de água entre 60 a 70% de sua massa fresca, não 
toleram dessecação em níveis de umidade entre 15 a 20%. Viabilidade curta da semente (exemplo: 
araucária, cacau, coco, manga, abacate). 
 Ao serem dispersas da planta-mãe (produtora de sementes),as sementes indicam que uma nova 
geração está se iniciando. A germinação e, posteriormente, o estabelecimento da plântula ocorrem 
quando as condições intrínsecas (da própria semente) e extrínsecas (do ambiente) são favoráveis. Para 
a retomada do crescimento do embrião é necessário que as sementes não apresentem inibidores 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
naturais de germinação, como o ácido abscísico (ABA) e que as condições ambientais sejam favoráveis, 
como: disponibilidade de água, presença de oxigênio e temperatura. 
As sementes expostas a essas condições ambientais favoráveis, germinam e são chamadas 
quiescentes, desempenhando importante papel no início do desenvolvimento da plântula, porque 
entram em repouso, com o metabolismo praticamente paralisado e representa um hiato no ciclo dos 
vegetais. 
 Sementes quiescentes apresentam baixa atividade metabólica, suficiente apenas para manter o 
embrião vivo. Nesse estado, as sementes são capazes de se manter vivas por muitos anos e, em alguns 
casos, quando armazenadas em herbários e museus, podem sobreviver por mais de 100 anos. 
 Algumas sementes ainda podem apresentar diferentes tipos de dormência de acordo com a 
origem, sendo elas (HARTMANN et al., 2011): 
 Dormência primária: se manifesta quando se completa seu ciclo de desenvolvimento; 
Dormência secundária: sementes que não apresentam dormência, germinam normalmente, mas 
quando expostas a fatores ambientais desfavoráveis são induzidas ao estado de dormência. A dormência 
pode ser perdida com o tempo, tornando-se quiescente. Podendo o embrião continuar dormente, devido 
à sua imaturidade, presença de substâncias inibidoras, como o ABA, cumarinas, compostos fenólicos e 
taninos, bem como, à exigência de temperatura e luz, como é o caso das sementes fotoblásticas positivas. 
A dormência fisiológica ou endógena é própria do embrião, que ocorre devido à presença de 
inibidores naturais como o ABA ou a ausência de promotores como o ácido giberélico (GA) no embrião. 
O método de quebra de dormência é frequentemente associado à quebra da relação ABA/GA. 
A dormência física ou tegumentar é imposta pela casca e ou outros tecidos (endosperma, 
pericarpo ou órgãos extraflorais), devido a: 
1-Impedimento da absorção de água pela presença de cutículas cerosas, camadas suberizadas e 
esclereides lignificados; 
2-Dureza mecânica pelo tegumento rígido que não permite a emersão da radícula, ou ainda, 
interferência nas trocas gasosas pelo tegumento pouco permeável ao oxigênio; 
3-Retenção de inibidores pelo tegumento, que evita lixiviação de inibidores do interior da 
semente. 
 
A presença de dormência em algumas sementes não é necessariamente uma desvantagem. Em 
alguns casos, o método de quebra de dormência pode ser conseguido por luz de comprimento de onda 
na região do espectro vermelho. 
 O método de quebra de dormência pode ser acelerado pela exposição das sementes às condições 
flutuantes, como as que ocorrem em regiões de clima temperado, em que há ciclos sazonais de 
temperatura. As sementes não sofrem a influência de um fator, mas de vários fatores que ocorrem 
simultaneamente. Um bom exemplo é o caso das sementes fotoblásticas positivas. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
 A dormência de sementes pode ter variadas causas, portanto, antes da escolha do método de 
quebra de dormência e retomada da germinação, deve-se, primeiramente, tentar descobrir a causa, além 
da existência de ciclos de sensibilidade das sementes aos processos de superação de dormência. Isto 
pode influir em maior ou menor sucesso na aplicação do método de quebra de dormência. 
 Quando a dormência é causada por desequilíbrio entre promotores e inibidores da germinação 
ou que impedem a germinação, devem ser empregados métodos que aumentam a ação de estimuladores 
de germinação ou que impedem a ação dos inibidores, como a estratificação, a aplicação direta de 
substâncias (como giberelinas, citocininas e etileno) e lixiviação. A eficiência da quebra de dormência é 
uma das principais características a se considerar na escolha do método. Dessa forma, antes de se optar 
por um método, deve-se observar o grau de eficiência e o elevado grau de reprodutibilidade. 
 Outro método consiste na remoção parcial ou total do revestimento protetor da semente para 
facilitar a entrada de água (embebição), considerada como início da germinação. O tegumento seminal 
ou testa age como barreira nas trocas gasosas ou na entrada de luz, bem como, impedimento à saída de 
inibidores endógenos, ou ainda, fornece inibidores para o crescimento, impedindo a germinação. O 
método de remoção do revestimento protetor por tratamentos mecânicos diversos é denominado 
escarificação, podendo ser feita com ferramentas ou materiais cortantes ou abrasivos. A escarificação 
também pode ser realizada por meio de agentes químicos fortes, como o ácido sulfúrico concentrado. 
Também, recomenda-se o método físico da água para lavagem dos inibidores de crescimento presentes 
nas sementes. O método de escarificação pode ser usado em algumas sementes que podem ter a 
dormência quebrada quando hidratada ou exposta a baixas ou altas temperaturas. 
 Entre os agentes ou métodos químicos utilizados para a quebra de dormência estão: ácidos 
(ácido sulfúrico), ácido nítrico (HNO3), hipoclorito de sódio (NaClO3), nitrato de potássio (KNO3), etanol 
(CH3CH2OH) e a água oxigenada (H2O2). Os reguladores de crescimento têm papel importante na quebra 
de dormência de sementes, dentre esses destacam-se as giberelinas (GA3 ou ácido giberélico, GA4 e GA7), 
as citocininas (benziladenina e cinetina) e etileno. Geralmente, os reguladores de crescimento 
apresentam maiores resultados quando associados a fatores como luz e outros reguladores (balanço). 
A aplicação exógena de ABA e GA3 pode atuar de modo inverso no controle da síntese de enzimas 
envolvidas na degradação das paredes celulares do endosperma. 
 Muitos anos atrás, foi observado que alguns comprimentos de onda da luz produzem efeitos na 
germinação de algumas sementes. Por exemplo, na alface a luz vermelha (660nm) induz um grande 
aumento na germinação. Já, a luz vermelho-extremo, vermelho-distante ou vermelho-longo (730nm) 
induz inibição da germinação. A luz é absorvida por um pigmento denominado fitocromo (uma cromo 
proteína) que, dependendo do comprimento de onda da luz que ele absorve, converte-se em duas 
formas: a) FV (inativa): comprimento de onda 660nm converte-se na segunda forma; b) FVe (ativa): 
comprimento de 730nm tem absorção máxima de luz. Por isso, a indução na germinação ocorre na maior 
parte das sementes fotoblásticas. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
Também, pode ser utilizado como método de quebra de dormência de algumas espécies com 
aplicação de luz branca, como para pereira brava, macieira, pessegueiro e espécies florestais. Em alguns 
casos, o efeito da luz depende da temperatura como para a alface, que ser insensível à luz a temperatura 
de 20oC, no entanto, em temperatura mais elevada (aproximadamente 35oC) tornam-se fotoblásticas. 
Para responder a luz a semente deve ser hidratada e, em alguns casos, utilizar o método de escarificação. 
Scalon et al. (2009), avaliando o potencial germinativo de gabiroba (Campomanesia sp.), uma 
frutífera do Cerrado, testaram diferentes métodos e verificaram que os tratamentos hormonais com 
bioestimulante Stimulate®, contendo auxina, giberelina e citocinina, foi o mais eficiente. Oliveira et al. 
(2002) verificaram que, a semente de Bacuri (Platonia insignis Mart.) recomenda-se para acelerar a 
emergência de radículas, efetuar dois cortes laterais no plano dorsal/ventral da semente, sendo um 
método simples e econômico, além da redução no tempo. Morais Júnior et al. (2015), concluíram que a 
fragmentação dos pirênios de mucuri (Byrsonima crassifóliaL. Rich.) seguida de imersão por 24 horas 
em solução de ácido giberélico na concentração de 500mg L-1 foi o método mais eficiente para promover 
a germinação. 
 
Floração e frutificação de plantas frutíferas 
 
 O tronco e os ramos formam o esqueleto que sustenta as folhas, órgãos de floração e frutificação, 
gemas e frutos. Em plantas frutíferas lenhosas, as gemas constituem-se nos órgãos vegetativos por 
excelência, pois delas depende todo o crescimento e o desenvolvimento das frutas. De acordo com a sua 
posição na planta, as gemas podem ser classificadas em terminais, axilares, secundárias e basais. Já pela 
estrutura, elas podem ser classificadas em vegetativas, floríferas e mistas. 
 O processo de formação das gemas inicia-se com a brotação e, de forma evolutiva durante o 
período vegetativo, parte delas permanecem vegetativas, enquanto as demais se diferenciam em gemas 
floríferas. Segundo as espécies, as gemas floríferas podem ser formadas antes da brotação, durante a 
brotação ou posteriormente a abertura das gemas vegetativas. 
 Geralmente, em plantas frutíferas de clima temperado, o processo de diferenciação de gemas 
ocorre no final da primavera ou no verão, ou seja, seis a oito meses antes da abertura na primavera 
seguinte. Este processo é realizado de forma evolutiva, começa com a diferenciação floral (escamas, 
sépalas, pétalas, estames e primórdio do pistilo) e termina com a abertura da flor na primavera. 
 Trabalhos desenvolvidos, em seis cultivares de pessegueiro, concluíram que o início da 
diferenciação floral ocorre em meados de janeiro a meados de fevereiro (verão), podendo adiantar de 
15 a 20 dias dependendo dos fatores climáticos. As datas de final da meiose mantiveram-se para a 
mesma cultivar, com diferenças inferiores a 10 dias. 
 O processo de indução floral é largamente estudado em fruticultura. De acordo com a teoria de 
Klaus e Kraybill, em 1918, o processo dependia da relação carbono/nitrogênio (C/N), sendo a teoria, se 
essa relação fosse moderadamente alta, haveria indução floral, entretanto, se ela fosse baixa, favoreceria 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
o crescimento vegetativo. Estudos posteriores demonstraram que, além do carbono e nitrogênio, estão 
envolvidos hormônios endógenos. Na atualidade se admite que a indução floral depende do balanço 
hormonal e da nutrição e, é claramente favorecido pela massa fotossintética e pelos tratos culturais 
aplicados às frutíferas. 
 Algumas práticas culturais, tais como, o anelamento de ramos e o uso de reguladores vegetais, 
substâncias artificiais similares aos hormônios vegetais, como o etileno, estimulam a indução floral. Ao 
passo que, a presença de frutas em quantidades elevadas concorre com a indução floral, principalmente 
pela relação que existe com a síntese e translocação de giberelinas das sementes dos frutos e nos ápices 
de crescimento, estabelecendo, ao longo de muitas safras ou ciclos produtivos, o que se caracteriza de 
alternância de produção. A prática cultural da poda pode diminuir esse fenômeno. 
 A formação do fruto se dá por fecundação do óvulo ou pelo processo de partenocarpia. No 
primeiro caso, processo mais comum, para a formação do fruto é necessário que haja formação do grão 
de pólen, polinização, germinação do pólen, crescimento do tubo polínico e fecundação. 
 O processo de floração apresenta uma duração variável, podendo chegar até 25 dias, sendo que 
se denomina de plena floração quando de 50 a 70% das flores estão abertas. As plantas frutíferas, com 
exceção de serem auto férteis como o pessegueiro, necessitam de polinização cruzada como forma de 
garantir uma boa produção no pomar. 
Particularmente no caso das macieiras, pereiras e ameixeiras é necessário o plantio intercalado 
de plantas produtoras de grãos de pólen (polinizadoras), numa proporção de 10 a 20% para garantir 
uma boa polinização, fecundação e ou fertilização e, consequentemente, produção de frutos no pomar. 
A presença de insetos polinizadores ajuda a minimizar os riscos no cultivo. Portanto, insetos como 
abelhas, no período de floração é uma prática amplamente indicada e ou recomendada. 
 O processo de formação de frutos começa com a floração, fecundação e vingamento, e termina 
com a maturação. A duração varia de menos de um mês, como no caso do morangueiro, até 16 meses, 
como no caso de algumas cultivares de laranjeira. 
 O desenvolvimento dos frutos com sementes é representado por uma curva sigmóide simples, 
ao passo que, para frutas com caroço são representados por uma curva sigmóide dupla. Durante esse 
processo, a fruta passa por diferentes fases, como: 
a) Multiplicação celular: fase com duração de 10 a 30 dias, com divisão celular intensa, fazendo com 
que a fruta atinja praticamente o número total de células; 
b) Elongação celular: as células acumulam água e nutrientes, provocando aumento no volume e 
tamanho do fruto. Esta fase dura de 30 a 90 dias. No caso de frutas de caroço, como o pêssego e a 
ameixeira, pode ocorrer paralisação do crescimento do fruto para dar lugar ao desenvolvimento do 
caroço, sendo que a duração é variável para cultivares precoces e tardias; 
c) Maturação: nesta fase ocorrem uma série de transformações bioquímicas, tais como a 
diminuição da acidez, aumento dos teores de açúcares, alterações na cor e aroma, dentre outras. O 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
aumento do tamanho ocorre fundamentalmente devido ao acúmulo de água. A duração desta fase varia 
de 10 a 30 dias. 
No decorrer do desenvolvimento dos frutos ocorrem uma sucessão de fenômenos fisiológicos 
que podem provocar a queda precoce dos frutos. Além disso, em qualquer época podem ocorrer quedas 
acidentais provocadas por vento, chuva, chuva de granizo, pragas e doenças, dentre outros fatores 
incontroláveis da natureza. Tais quedas podem ser: 
a) Queda dos frutos no vingamento (estádios iniciais de desenvolvimento): ocorrem queda 
prematura de flores e frutos mal fecundados. Pode ocorrer queda de até 95% da floração total, tal 
situação pode ser agravada quando acontecer, simultaneamente, com geadas, chuvas em excesso ou 
falta de polinização; 
b) Queda no enchimento dos frutos (“June drop”): nesta fase ocorre competição entre frutos, 
normalmente no final do período de multiplicação celular e início do engrossamento do fruto. Nesta fase 
podem cair de 10 a 30% dos frutos presentes na planta, situação esta, agravada por problemas 
nutricionais e climáticos; 
c) Queda na pré-colheita: forma-se uma camada de abscisão entre o fruto e o pedúnculo, o que 
facilita a queda dos frutos. É comum em espécies frutíferas como a macieira e a pereira. 
Alguns fenômenos climáticos podem agravar a situação como longos períodos de seca, ventos 
constantes e fortes, incidência de pragas e doenças. Os frutos caem antes do tempo e, quase sempre, 
ainda estão inadequados para o consumo. O uso de regulador vegetal como o ácido naftaleno acético 
(NAA), em baixas concentrações aplicadas na forma de pulverizações podem diminuir os efeitos da 
queda pré-colheita (FACHINELLO, 2009). 
Outros fatores, como apresenta Simão (1971; 1998) estão relacionados à floração e, 
consequentemente, frutificação. Esses fatores podem ser internos e externos, pois nem todas as plantas 
frutificam regularmente todos os anos, diferindo de região para região (localização) e de acordo com o 
processo de cultivo, plantas que frutificam bem em determinadas condições ecológicas (ambientais) e 
plantas que deixam a desejar em outras condições ecológicas. 
Vários fatores internos afetam a frutificação das plantas frutíferas, mas dentre eles podemos 
citar: a) evolução; b) genéticos e; c) fisiológicos. 
Na natureza, os vegetais cruzam-se livremente, este é o fator de garantia de manutenção do vigor 
da espécie, no entanto, aquilo que naturalmente é uma vantagem, nem sempre o é, em condições de 
cultivo.Por causa da polinização cruzada aparecem aleatoriamente formações distintas, oferecendo 
dificuldades à autopolinização, tornando em certos casos impraticável. Plantas auto férteis apresentam 
sérios entraves à exploração econômica, necessitando estudo biológico e uma disposição ou distribuição 
particular no pomar, para produzirem. 
A tendência evolutiva afeta a distribuição e o número de flores nos ramos e altera o 
comportamento, sendo importantes os seguintes casos: as flores incompletas (como no caso do 
caquizeiro, mamoeiro e figueira); heterostilia (com estilos e estames de comprimento variáveis, como 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
no caso da videira e figueira); arranjamento estrutural dificultando a polinização (como em macieira 
var. Deliciosa); dicogamia (fenômeno da maturação do estigma e da antera em tempos diferentes como 
em mangueira, abacateiro, anonáceas e figueira); desenvolvimento parcial da flor ou botões floríferos 
(em mangueira, pecã, videira, oliveira e ameixeira); inviabilidade de grão de pólen (em ameixeira, 
mangueira e algumas variedades de videira, macieira e pereira). 
 A influência genética na frutificação está associada a constituição do citoplasma. A falta de 
frutificação pode estar associada ao hibridismo (levando a esterilidade, ausência de sementes e ou 
produção de frutos partenocárpicos, como em híbridos de pessegueiro, ameixeira, bananeira, macieira, 
videira e tamareira); incompatibilidade entre o pólen e óvulos da mesma planta (em videira, pereira, 
macieira, ameixeira e oliveira), dentre outros. 
 Do ponto de vista fisiológico, a baixa frutificação ou presença reduzida de sementes podem estar 
relacionadas à deficiência nutritiva da frutífera, devido às causas como: desenvolvimento lento ou 
anormal do tubo polínico; polinização antecipada ou retardada (em caquizeiro, pereira e ameixeira); 
além das condições internas de nutrição. 
 A improdutividade pode estar associada a fatores externos como: presença de elementos 
minerais no solo; plantas enxertadas (o que pode ocorrer em caquizeiro, videira, laranjeira doce 
enxertada sobre limão cravo ou laranjeira caipira); poda excessiva de ramos; localidade influindo no 
comportamento e frutificação (como em mangueira e videira); época (estações) do ano; idade e vigor da 
planta (macieira e pereira produzindo à medida que envelhecem, bem como, videira Moscatel de 
Alexandria e coco-da-baía). 
 Os fatores do clima também influenciam a frutificação, destacando-se, temperatura (macieira 
em temperatura ao redor de 20oC favorece germinação de pólen, por exemplo, além do mamoeiro que 
em épocas de temperatura mais baixa ou altitude elevada produz bem); luz (macieira e mangueira não 
florescem à sombra); chuvas durante o florescimento (reduz frutificação em abacateiro, mangueira, 
videira, macieira e ameixeira); falta de água ou umidade (abacateiro, mangueira, macieira, oliveira, 
caquizeiro e citros perdem grande quantidade de frutos); ventos intensos e fortes (em mangueira de 15 
a 20% dos frutos se desprendem); pragas e doenças (ferrugem da jabuticabeira e goiabeira, oídio e 
antracnose em videira e mangueira, dentre muitas outras). 
 A floração e frutificação de plantas frutíferas é amplamente influenciada pelos fatores internos 
e externos e, estes, pelo monitoramento constante e manejo no pomar, buscando as melhores práticas 
culturais e métodos de cultivo para um pomar produtivo e com qualidade de frutos. 
 
Métodos de cultivo de frutíferas convencionais e orgânicas 
 
De maneira geral, encontra-se amplamente distribuído no mundo duas vertentes ou sistemas de 
cultivo agrícola e, no caso do cultivo de frutíferas não é diferente, encontra-se o sistema de cultivo 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
convencional e o sistema de cultivo orgânico. No entanto, existem diferenças acentuadas entre os dois 
sistemas no que se refere à abordagem e aplicações das práticas culturais. 
Contrapondo esse sistema de cultivo, encontra-se a agricultura orgânica ou sistema de cultivo 
orgânico, que segundo Neves et al. (2000) seria onde: 
“O manejo da unidade de produção agrícola visa promover a agrobiodiversidade e os ciclos 
biológicos, procurando a sustentabilidade social, ambiental e econômica da unidade, no 
tempo e espaço.” 
De acordo com as disposições da Lei n. 10.831, de 23 de dezembro de 2003, a agricultura 
orgânica tem como princípio básico o estabelecimento do equilíbrio com a natureza, por meio da 
aplicação de técnicas naturais de adubação, controle do solo e de pragas (BRASIL, 2003). 
No cultivo orgânico recomenda-se o uso de corretivos e fertilizantes naturais, de solubilidade e 
liberação lenta, além de ação gradativa. Prioriza-se o equilíbrio de nutrientes, nas suas formas orgânicas, 
evitando os excessos e contribuindo para manter os atributos do solo e da água. A implantação de 
frutíferas usa insumos e recursos, em sua maioria, advindos da própria propriedade, como fibras 
vegetais, madeira, bambu, além de minimizar o uso de máquinas e equipamentos, priorizando e 
valorizando a mão-de-obra familiar ou local, gerando emprego e renda. 
As adubações de plantio (fundação) e coberturas (manutenção), normalmente, empregam 
fertilizantes orgânicos ou extratos vegetais (caldas nutricionais), ou ainda, rochas moídas (apatitas, 
fosforita) e matéria orgânica decomposta (húmus), além de adubações verdes (com leguminosas, como 
mucuna, leucena, feijão-de-porco). A condução das frutíferas é realizada com o uso de práticas culturais, 
normalmente associadas, como o cultivo intercalar, rotação de culturas, poda de formação, poda de 
limpeza ou verde, poda de frutificação, aplicação ou pulverização de caldas nutricionais ou 
fitoprotetoras (como o extrato de nim, calda bordalesa, calda sulfocálcica, bokashi, dentre outras), 
roçada ou capina das entrelinhas das plantas em cultivo. 
A prática da colheita e comercialização, normalmente certificada e fiscalizada, prioriza o bem-
estar dos produtores e da população, qualidade organoléptica diferenciada, qualidade fitossanitária 
garantida (uma vez que, os produtos usados na produção são naturais ou biodegradáveis), qualidade 
comercial (atentando para o ponto de colheita ideal de cada espécie frutífera) e qualidade nutricional 
(com altos níveis de nutrientes e antioxidantes favoráveis à saúde humana). 
 Entretanto, a agricultura orgânica deve e pode ser bem gerida, pois se conduzida desconforme 
aos princípios e normas pode ocasionar contaminação microbiana ou parasítica (pela grande 
quantidade de estercos e resíduos que utiliza); aumento no teor de nitratos nas plantas como 
consequência do crescente aporte de fertilizantes orgânicos ricos em nitrogênio como os estercos. Os 
nitratos podem ser reduzidos a nitritos, que combinados com aminas formam nitrosaminas, substâncias 
potencialmente cancerígenas; além disso, podem ter um alto custo produtivo pela utilização de insumos 
caros e muita mão-de-obra. No entanto, isso pode ser minimizado ou superado pelo processo de 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
21 
Dias & Mata (2021) 
certificação e agregação de valor aos produtos, tendo grande valor de mercado e demanda crescente ao 
longo dos anos. 
Em vista dos dois sistemas de produção apresentados, conclui-se que de maneira geral, os 
principais métodos e ou práticas adotadas, tanto no cultivo convencional quanto no orgânico de 
frutíferas, estão alicerçados no preparo e correção do solo, implantação da cultura, adubação, condução 
da cultura, podas, controle de plantas daninhas e manejo fitossanitário, além da colheita e 
comercialização. 
As principais diferenças residem na intensividade do uso do solo e no emprego de insumos com 
maior ou menor solubilidade no solo, além da forma de aplicação e ação que fungicidas, inseticidas, 
herbicidas, dentre outros insumos e agrotóxicos, bem como, de produtosmenos agressivos ao homem 
e o ambiente, que procuram manter o agroecossistema em equilíbrio, proporcionando o melhor retorno 
econômico em ambos os sistemas de produção. 
 
Utilização de resíduos na fertilização de frutíferas 
 
No Brasil, país onde o agronegócio é extremamente relevante, representando aproximadamente 
24% do Produto Interno Bruto (PIB) da federação. A produção agrícola representa, deste valor 70% da 
arrecadação, refletindo na manutenção do saldo positivo da balança comercial brasileira de importações 
e exportações. Anualmente, a fruticultura participa com cerca de US$10 bilhões em valor bruto inserido 
dentro da produção agrícola. A fruticultura brasileira é uma das mais diversas, com 22 espécies 
principais e outras espécies difundidas por diferentes áreas do país. Com aproximadamente 43,5 
milhões de toneladas anuais produzidas no ano de 2017, em cerca de 2,0 milhões de hectares e, 
consequentemente, ocupando a terceira colocação mundial de produtores de frutas, atrás de Índia e 
China (KIST et al., 2018). 
Portanto, vale afirmar que o Brasil é um país essencialmente agrícola e que, cerca de um terço 
das riquezas produzidas no país vêm do recurso natural, o solo. Assim, justifica a importância de estudos 
relativos a esse fator de produção tão primordial para o país. No Brasil, os rendimentos produtivos das 
frutíferas permanecem aquém dos rendimentos que podem ser alcançados comparado à países 
tradicionais no cultivo de frutas. De maneira geral, os solos possuem limites naturais (baixa fertilidade 
natural, seria um deles) para nutrir as plantas e sustentar a produção vegetal (PARENT & GAGNÉ, 2010). 
A degradação da qualidade dos solos reduz esses limites naturais, ao mesmo tempo que pode deteriorar 
a qualidade da água para os diferentes usos. É inaceitável, na atualidade, crer que o emprego de 
quaisquer tecnologias possa compensar uma gestão incorreta desse recurso natural imprescindível, o 
solo. 
Em função do melhoramento genético de variedades ou cultivares, ao longo de décadas, as 
plantas frutíferas aumentaram o potencial produtivo e a qualidade das produções, entretanto, a 
exigência, a exploração de nutrientes e o uso desses nutrientes também aumentou. Ademais, os solos do 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
Brasil são naturalmente ácidos e pobres em termos de fertilidade, além de serem submetidos à intensa 
exploração, levando-os a exaurir sua capacidade de prover as plantas em nutrientes. A acidez associada 
a insuficiência do balanço de nutrientes, são fatores que interferem na produtividade agrícola, 
especialmente em solos das regiões tropicais do planeta (ROZANE; BRUNETTO; NATALE, 2017). 
A fertilidade do solo tem direta relação com a nutrição mineral das plantas. Os vegetais extraem 
do solo, os elementos nutricionais necessários para suprir satisfatoriamente suas exigências e 
manifestar todo o seu potencial genético em produção e qualidade. No entanto, há grande variação na 
capacidade do solo suprir as plantas em nutrientes. Solos de regiões tropicais, na maioria das vezes, não 
conseguem fornecer em quantidade, diversidade e qualidade necessárias de todos os nutrientes 
exigidos pelas plantas frutíferas. 
Convém destacar a importância do uso e manejo de resíduos agrícolas, sobretudo vegetais, 
sempre que possível para complementar ou substituir a adubação convencional com fertilizantes 
minerais e satisfazer as exigências nutricionais das plantas frutíferas. Segundo a Lei n. 6.894, de 16 de 
dezembro de 1980 (Redação dada pela Lei nº 12890, de 2013) fertilizante seria “a substância mineral 
ou orgânica, natural ou sintética, fornecedora de um ou mais nutrientes vegetais.” Os resíduos além de 
serem fonte de macronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre) e 
micronutrientes (boro, ferro, zinco, manganês, cobre, molibdênio), podem aumentar o conteúdo de 
carbono de fontes orgânicas no solo e, por consequência, incrementar os teores de matéria orgânica no 
solo, principalmente em solos degradados, além de promover melhorias nos atributos físicos, químicos 
e biológicos, o que é conhecido em diferentes sistemas de cultivo que trabalham com resíduos, 
sobretudo, o sistema de cultivo orgânico. Todavia, no Brasil, estudos adicionais devem ser realizados no 
intuito de escolher as melhores fontes de resíduos orgânicos a serem utilizados nos pomares, as 
melhorias nos atributos do solo nas diferentes condições ecofisiológicas ou edafoclimáticas, além do 
impacto no crescimento do sistema radicular, da parte aérea, da produção, além do balanço nutricional 
das frutíferas. 
De maneira geral, resíduos são quaisquer materiais oriundos das atividades industriais ou 
humanas que não seja aproveitado, na forma líquida ou sólida. Ou ainda, segundo a legislação de 2 de 
agosto de 2010: 
“Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em 
sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a 
proceder, nos estados sólidos ou líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu 
lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou que exijam para isso 
soluções técnica ou economicamente viáveis em face da melhor tecnologia disponível” 
(BRASIL, 2010). 
 Dentre os principais resíduos tratados e reutilizados na agricultura pode-se citar os resíduos de 
animais (como os dejetos de bovinos, aves, suínos, equinos, digestão bovina, resíduos de frigorífico, 
utilizados e transformados em estercos), resíduos agroindustriais (do processamento de alimentos, 
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Dias & Mata (2021) 
vinhaça e torta de filtro do processamento da cana-de-açúcar e fibras vegetais), resíduo de tratamento 
de esgoto e água (lodo), fosfogesso, escoria de siderurgia, restos de poda e controle de plantas daninhas, 
sobras culturais em final de ciclo (como no caso da parte aérea do abacaxizeiro), dentre muitos outros. 
As limitações de emprego de resíduos utilizados na agricultura, se dá em vista da quantidade de 
resíduos produzida (a exemplo do montante de dejetos de suínos produzida em criações confinadas) e 
da forma de tratamento e reutilização dos mesmos, de maneira a evitar contaminação de solo e das 
águas, tanto superficiais quanto subterrâneas. Cardoso, Oyamada e Silva (2015) evidenciaram que, a 
contaminação dos lençóis freáticos é o principal problema ambiental causado pelo manejo inadequado 
dos dejetos suínos e que existem tratamento como: lagoas de decantação, esterqueiras, bioesterqueiras, 
biodigestores, compostagem e cama sobreposta. Estes, buscam minimizar os impactos ambientais 
causados pelos dejetos, uma vez que a escolha do processo ocorre pela quantidade de dejetos produzida. 
No Brasil prevalece o uso de esterqueiras e lagoas de decantação, todavia, entre as propriedades 
integradas a grandes empresas do ramo alimentício destaca-se o uso de biodigestores, além da 
compostagem e a cama sobreposta são alternativas de tratamento menos utilizadas. As limitações sobre 
o uso de alguns resíduos, a exemplo do lodo de esgoto, referem-se quanto ao seu emprego em culturas 
agrícolas, onde o consumo se dá, de modo geral, in natura, a exemplo das hortaliças e frutíferas. 
 Hirata et al. (2015) referem-se as possíveis limitações referentes a: a) composição do lodo e taxa 
de aplicação; b) contaminação do solo; c) contaminação dos alimentos; d) possível patogenicidade e; e) 
liberação de odores indesejados. No entanto, pode ser uma alternativa para cultivo de plantas 
ornamentais e flores de corte, bem como, recuperação de áreas degradadas por possuir alta taxa de 
aplicabilidade, além de resultados positivos sobre a reconstituição do solo e flora. 
A Instrução Normativa Nº 17, de 18 de Junho de 2014, do Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento (MAPA), estabelece regulamento técnico para os sistemas orgânicos deprodução e sobre 
utilização de resíduos, normatiza a produção animal, destinando os resíduos da produção e respeitando 
a legislação ambiental aplicável; uso de outros produtos permitidos, desde que não contenham resíduos 
contaminantes oriundos do processo de fabricação; uso de composto proveniente de resíduos orgânicos 
domésticos, resíduos de alimentos oriundos de comercialização, preparo e consumo em 
estabelecimentos comerciais e industriais, bem como, materiais vegetais de podas e jardins; uso de 
resíduos de origem vegetal; resíduos de biodigestores e de lagoas de decantação e fermentação são 
permitidos desde que seu uso e manejo não causem danos à saúde e ao meio ambiente, além de 
permitidos desde que bioestabilizados; dentre outras coisas. 
A adição de resíduos orgânicos como composto orgânico, dejetos de aves e esterco bovino são 
os mais conhecidos e utilizados para promover maior crescimento, aumento de produtividade e melhora 
dos parâmetros qualitativos (como cor, sabor, textura, dentre outros) em comparação aos fertilizantes 
minerais de alta solubilidade. Provavelmente, essas características possam estar associadas aos 
processo de liberação lenta de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), além dos micronutrientes, o que 
pode aumentar o sincronismo com a absorção das plantas, sem considerar que esses resíduos podem 
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Dias & Mata (2021) 
ser considerados condicionadores (produtos que melhoram alguma propriedade física ou físico-química 
e, consequentemente, biológica) do solo como, por exemplo, do ponto de vista físico provocam o 
aumento da retenção da umidade do solo; aumento da porosidade e fornecedores de energia bioquímica 
para reações microbiológicas do solo; melhora a estrutura do solo (agente cimentante); facilita a 
drenagem da água; aumenta a circulação de ar no solo; reduz a variação de temperatura; amortiza o 
impacto direto das gotas de chuva; aumenta a disponibilidade e absorção de nutrientes; bem como, 
aumenta a superfície específica dos coloides para reações no solo. 
As propriedades químicas do solo são favorecidas por: aumento da capacidade de troca catiônica 
(CTC); aumenta a adsorção de cátions; eleva ou diminui o potencial hidrogeniônico (pH); complexa o 
alumínio tóxico; controla a presença de elementos que podem ser tóxicos (como o ferro, manganês e 
metais pesados) pela capacidade de fixar, quelar ou complexar tais elementos; auxilia na recuperação 
de solos salinos; aumenta o poder tampão do solo; fixa nitrogênio do ar e fornece substâncias 
estimulantes de crescimento. A matéria orgânica advinda dos resíduos também influência nas 
propriedades biológicas do solo, tais como: aumenta a atividade de microrganismos; aumenta a 
atividade de micorrizas (fungos arbusculares que aumentam a superfície radicular e a absorção de 
nutrientes); aumenta a atividade de bactérias do gênero Rhizobium (fixadoras de N2 atmosférico) e 
aumenta a atividade de minhocas (as quais, arejam o solo e transformam a matéria orgânica fresca em 
matéria orgânica decomposta – húmus). Por isso, os resíduos orgânicos podem e devem ser utilizados 
aplicados de forma única, parcelada ou complementar aos fertilizantes minerais em pomares de plantas 
frutíferas. 
Diante disso, pode-se concluir que, a utilização de resíduos na fertilização de frutíferas é uma 
prática recomendável, ambientalmente correta, economicamente viável e segura ao ser humano, desde 
que respeitada os preceitos, requisitos e normas de segurança. 
 
Controle fitossanitário em frutíferas 
 
Uma das vertentes mais importantes no cultivo e produção de plantas frutíferas é o controle 
fitossanitário das espécies. O controle fitossanitário, em geral, abrange práticas e métodos 
convencionais ou alternativos, naturais ou sintéticos de manejo de pragas, doenças (principalmente 
causadas por fungos, bactérias, nematoides ou vírus) e plantas daninhas, nos diferentes cultivos e, neste 
caso em particular, no cultivo de frutíferas. Questões importantes devem ser abordadas sobre o uso 
desordenado e indiscriminado de agrotóxicos pela agricultura convencional, a complexidade dos 
sistemas naturais e dos agroecossistemas, as tecnologias de proteção de plantas frutíferas, bem como, 
as possíveis alterações nos sistemas produtivos, buscando sistemas mais próximos da sustentabilidade 
agrícola. 
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Dias & Mata (2021) 
Uma parte expressiva do tempo do agricultor, custos operacionais e pessoais, aquisição e uso de 
produtos, ferramentas e ou serviços são utilizadas visando maior e melhor controle fitossanitário das 
plantas e, com as espécies frutíferas não é diferente. 
O uso intensivo, abusivo e indiscriminado de agrotóxicos pela agricultura convencional tem 
provocado vários problemas ambientais, como a contaminação dos alimentos, do solo, da água e dos 
animais; intoxicação de um número cada vez maior de agricultores; resistência de patógenos, de pragas 
e doenças, além de plantas daninhas (ou invasoras) a determinados agrotóxicos; desequilíbrio biológico, 
alterando a ciclagem de nutrientes e matéria orgânica; diminuindo ou eliminando a biodiversidade, 
especialmente de microrganismos benéficos (CAMPANHOLA & BETTIOL, 2003). 
A legislação fitossanitária brasileira, Lei 7.802 de 11 de julho de 1989 e Decreto 4.074 de 4 de 
janeiro de 2002, define agrotóxico e afins como sendo: 
“a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinado ao uso 
nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas 
pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e 
também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a 
composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos 
considerados nocivos; 
b) substâncias ou produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimulantes e 
inibidores de crescimento” (BRASIL, 2002). 
A legislação também denomina e considera sinônimo de agrotóxico, produtos denominados de 
pesticidas, produtos fitossanitários ou defensivos agrícolas. 
Grande parte dos agrotóxicos aplicados é perdida no campo. Estima-se que aproximadamente 
90% dos agrotóxicos aplicados não atinjam o alvo, sendo dissipados para o meio ambiente, atingindo o 
solo e podendo chegar a reservatórios e cursos d’água. As perdas, em geral, devem-se a aplicação 
inadequada, tanto no momento desfavorável quanto em relação a tecnologia empregada. Medidas de 
controle deveriam ser empregadas somente quando fossem atingidos os níveis de dano econômico. 
Evitando o uso excessivo de produtos, sobretudo agrotóxico, além de diminuir custo com mão-de-obra, 
equipamentos e recursos diversos. 
O uso de cultivares resistentes é fundamental para os diferentes sistemas agrícolas. Trata-se de 
um método de controle fitossanitário barato e de fácil utilização para o controle de pragas, doenças e 
plantas daninhas em frutíferas. Associado a este método, recomenda-se a aquisição de sementes ou 
qualquer outro material propagativo como mudas, de produtores e ou viveirista idôneos, fiscalizados e 
credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 
A remoção do material infectado pelo patógeno também pode ser utilizado como controle 
alternativo evitando contaminações ou diminuindo contaminações futuras de novos ciclos de pragas ou 
doenças no cultivo de frutíferas. O monitoramento constante aliado a identificação de plantas atípicas 
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Dias & Mata (2021) 
ou com sintomas perceptíveis de pragas ou doenças devem ser sistematicamente eliminadas do cultivo, 
prática essa conhecida como “roguing”. 
Métodos alternativos de controle fitossanitário em frutíferas têm sido preferidos e priorizados, 
como o uso do controle biológico de pragas e doenças, utilizando microhimenópteros e parasitoides 
(como ocorre em diversos países como, por exemplo, China, Estados Unidos, França, Israel, República 
Tcheca, Eslováquia, Hungria e Espanha). Outro exemplo é o controle das moscas-das-frutas por controle 
hidrotérmico e físico obtido pela imersão dos frutos em água quente (a 46oC) e o uso de armadilhas na 
área de cultivo. 
Para algumas doenças de plantas frutíferas, o destaque fica por conta do uso da técnica 
alternativa de premunização com estirpes fracas de vírus da tristeza dos citros, como ocorre com 
praticamente todas as mudas de laranja Pera comercializadas no país. Outro caso de sucesso é o uso de 
Baculovirus anticarsia utilizado em diversas culturas para o controle de lagartas. 
A utilização de matéria orgânica, tanto por meio de incorporação ao solo, como após 
transformação em húmus ou biofertilizante, deve ser considerado como um método alternativo de 
controle de pragas, doenças e plantas daninhas. A matéria orgânica possui um efeito nutricional, 
fornecendo macro e micronutrientes, bem como, outros metabólitos como antibióticos e hormônios. 
Portanto, a adição regular de matéria orgânica pode estimular a atividade de microrganismos primários, 
especialmente fungos, bactérias, ácaros, nematoides e artrópodes, que podem auxiliar no controle de 
fitopatógenos. Por exemplo, a supressão de Phytophthora cinnamoni Rands. em abacate cultivado na 
Austrália. 
Diversas outras práticas culturais, associadas ou não, podem contribuir para a eficiência e 
duração do controle fitossanitário em frutíferas, como: cultivo consorciado, adubação verde, 
solarização, rotação de culturas, pousio da área, uso de caldas nutricionais e ou fitoprotetoras, manejo 
cultural (catação e eliminação de frutos ou partes de ramos atacados, bem como, poda das partes 
afetadas), adubação equilibrada, controle e disponibilidade de água, dentre muitas outras. 
Produtos orgânicos ou agroecológicos cultivados com métodos alternativos têm tido demanda 
crescente e sido bastante valorizados no Brasil e no mundo. Venon et al. (2016), relataram importantes 
estratégias de manejo de pragas em frutíferas, destacando o controle biológico, manutenção da 
cobertura vegetal (especialmente nas entrelinhas), controle mecânico e cultural (com coleta e 
destruição de pragas, além do ensacamento dos frutos), controle comportamental (utilizando 
armadilhas contendo feromônios), inseticidas botânicos e caldas fitoprotetoras (como o extrato do fumo 
ou de nim, calda bordalesa ou sulfocálcica, dentre outras). 
Outra tecnologia bastante importante no controle fitossanitário em frutíferas é a aplicação e, 
dentro desta, a pulverização de produtos, agrotóxicos, caldas nutricionais e fitoprotetoras, bem como, 
dos extratos botânicos. 
Tradicionalmente, no controle fitossanitário em frutíferas se utiliza pulverização em alto 
volume, com calda aplicada até o ponto de escorrimento em função das dificuldades em se cobrir de 
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Dias & Mata (2021) 
maneira correta todas as partes das frutíferas, justamente por sua diversidade de porte e densidade de 
ramos, folhas e frutos. Por isso, os equipamentos são robustos, de grande tamanho, requerem alta 
potência dos tratores e equipamentos (com grande consumo de energia, pulverização excessiva de calda 
e queima de combustíveis fósseis em demasia), acarretando alto custo. Atualmente, há uma busca por 
máquinas e equipamentos menores, mais eficientes, além da redução do volume gasto na aplicação. Vale 
ressaltar a capacitação e treinamento do operador de máquinas, que deve ser periódico e o uso 
obrigatório do Equipamento de Proteção Individual (EPI), conforme preconiza a Instrução Normativa n. 
31 do MAPA, minimizando erros na aplicação e reduzindo possíveis contaminações ou intoxicações do 
aplicador/operador. 
Dentre as espécies frutíferas tropicais que mais se destacam no cenário atual estão os citros, o 
abacaxi e a banana. No caso de frutíferas arbóreas como os citros, que ocupam maior área na fruticultura 
nacional, existem exemplos de eficiência no controle fitossanitário, empregando manutenção, inspeção, 
calibração e regulagem dos equipamentos, que podem resultar em diminuição significativa do volume 
de aplicação, reduzindo custos e melhorando a eficiência (FERREIRA, 2013). 
Os citros podem ser atacados por bactérias como as causadoras do cancro-cítrico, clorose-
variegada-dos-citros (CVC) e o Huanglongbing (HLB) que acarretam sérios prejuízos à citricultura. O 
controle é cultural e preventivo, evitando a entrada do agente causal. Após estabelecimento das doenças, 
o controle passa a ser físico pela eliminação de parte ou totalidade da planta contaminada, além do 
controle de insetos vetores. As doenças fúngicas, como podridão-floral-dos-citros, mancha-marrom-de-
alternaria, em condições favoráveis, requerem um grande número de pulverizações, o que pode resultar 
em aumento dos custos e prejuízos ao meio ambiente. No pós-colheita pode ocorrer os bolores e 
podridão-azeda, diminuindo a quantidade e a qualidade dos frutos produzidos. Doenças virais, como a 
leprose-dos-citros é a que mais onera os custos pelo uso de acaricidas para controle do vetor (KUPPER 
et al., 2016). 
O abacaxizeiro é afetado principalmente pelo fungo causador da fusariose (Fusarium 
gottiforme), que ataca a planta em todos os estádios de desenvolvimento. A fusariose tem como sintoma 
característico a exudação de goma, principalmente do centro dos frutilhos. O uso de variedades 
resistentes como ‘Imperial’, ‘Vitória’ e ‘IAC Fantástico’ é um eficiente método de controle. O controle 
preventivo com mudas sadias também é indicado. Recomenda-se a eliminação de restos culturais e 
plantas infectadas como medida auxiliar (FERREIRA et al., 2011). 
Com relação à cultura da banana, a principal praga no Norte de Minas Gerais, Semiárido e 
Sudeste, é a broca-do-rizoma e, em seguida, pelos tripes. A primeira é provocada por um besouro de 
coloração escura e com 9 a 13mm. Os danos são causados pelas larvas que se alimentam do rizoma, 
formando galerias, podendo levar a planta ao tombamento e morte. Deve-se fazer o monitoramento e 
uso de iscas atrativas do tipo “queijo” ou “telha” e inseticida, perfazendo um total de 20 iscas por hectare 
e um nível de controle de dois a cinco insetos por isca. O método principal de controle é o uso de mudas 
sadias. Também, pode-se usar o fungo entomopatogênico Bauveria bassiana ou inseticida. As principais 
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doenças são: sigatoka-amarela (e ou negra), mal-do-Panamá, antracnose-dos-frutos e mosaico-da-
bananeira, além de nematoides. Na primeira e mais importante doença, observa-se estrias e manchas 
de coloração parda, em forma oval alongada, envolta por halo amarelado. O manejo da sigatoka-amarela 
deve ser com drenagem do solo, controle de plantas daninhas, desfolha parcial ou total, desbaste para 
evitar excesso de plantas e, uso de fungicidas específicos. O mal-do-Panamá causa amarelecimento das 
folhas mais velhas para as folhas mais novas, rachaduras e coloração parda-avermelhada do 
pseudocaule. As medidas de controle consistem em plantar material propagativo sadio, evitar áreas com 
histórico da doença, pH do solo próximo a neutralidade, adubação criteriosa, evitar estresse hídrico, 
controle de brocas e nematoides, além de variedades resistentes (RODRIGUES et al., 2011). 
O controle fitossanitário em frutíferas em um país de clima tropical como o Brasil deve ser 
sempre baseado na escolha de variedades resistentes, uso de material propagativo (sementes e mudas) 
sadio, monitoramento, manejo cultural com eliminação do inoculo inicial com podas ou eliminação da 
planta afetada, catação e eliminação de frutos infectados, uso de armadilhas atrativas, bem como, 
manejo correto de plantas daninhas, adubação equilibrada e, em última instancia, em casos de ataque 
severo,fazer uso de fungicidas, inseticidas, acaricidas e outros produtos. O manejo fitossanitário 
criterioso e bem feito pode proporcionar ao fruticultor maiores ganhos econômicos, advindos de 
rendimentos produtivos maiores e frutas de melhor qualidade. 
 
Considerações finais 
 
Vale ressaltar a importância de se conhecer os métodos e técnicas de propagação, especialmente 
os métodos de germinação de sementes, os processos de floração e frutificação, os diferentes métodos 
de cultivo, as técnicas de utilização de resíduos na fertilização, além do controle fitossanitário em 
frutíferas, objetivando maiores ganhos em produção e qualidade das frutas, bem como, desenvolver uma 
fruticultura viável, lucrativa e sustentável. 
 
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Cultivo de frutíferas em clima tropical 
31 
Dias & Mata (2021) 
 
Capítulo II 
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FRUTÍFERAS 
TROPICAIS 
 
Elisângela Aparecida da Silva 
Dênia Pires de Almeida 
 
Introdução 
 
Na natureza, em termos botânicos, as sementes são estruturas especiais que participam da 
reprodução dos vegetais, da sua disseminação e da proteção da espécie, abrigando em seu interior o 
embrião que dará origem a uma nova planta. A semente é constituída por casca (cobertura protetora, 
tegumento ou testa), tecido de reserva (endospermático, cotiledonar ou perispermático) e tecido 
meristemático (eixo embrionário ou embrião). 
As sementes começam a se desenvolver a partir da fecundação, passando por diversas 
transformações, onde ocorre a formação de tecidos diferenciados (histodiferenciação), seguindo até o 
amadurecimento do óvulo (maturação do embrião). Durante este processo, ao final da maturação da 
semente, o embrião entra numa fase quiescente em resposta à dessecação, com redução do seu 
metabolismo, atingindo botanicamente o estágio que pode ocorrer a dispersão. 
Para originar uma nova planta, também chamada de seedling, a semente passa pelo processo de 
germinação (Figura 1). Morfologicamente, a germinação é a transformação do embrião em plântula. Sob 
o ponto de vista fisiológico, consiste na retomada do metabolismo e do crescimento, e reinício da 
transcrição do genoma. Bioquimicamente, a germinação se refere à diferenciação sequencial dos 
caminhos oxidativos e de síntese, retomada dos processos bioquímicos característicos do crescimento 
vegetativo e do desenvolvimento (JANN & AMEN, 1980). 
 
Figura 1. Germinação de sementes de mangabeira (Hancornia speciosa G.) 
(A) Sementes colocadas para germinar e (B) estágios pós-seminais. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
32 
Dias & Mata (2021) 
Assim, de maneira resumida, pode-se definir a germinação como um processo irreversível, que 
consiste na retomada do crescimento do embrião, que resulta na ruptura da cobertura da semente e na 
emergência da plântula. A germinação tem início com a embebição, ativando o metabolismo e 
proporcionando o crescimento do eixo embrionário. Do ponto de vista fisiológico, o final do processo de 
germinação é marcado pela emergência do eixo embrionário, em geral da radícula, que atravessa a casca 
da semente. Do ponto de vista agronômico, o final da germinação é marcado com a emergência da 
plântula acima do nível do solo. 
A germinação é afetada por diversos fatores, podendo estes serem intrínsecos ou extrínsecos às 
sementes. Como fatores intrínsecos, podem ser citados a ocorrência de dormência,a qualidade da 
semente e o potencial de germinação da espécie. Já como fatores extrínsecos, têm-se a disponibilidade 
de água em quantidades adequadas, faixas de temperaturas, disponibilidade de oxigênio e luz; sendo a 
água o fator considerado como mais essencial. Segundo Taiz et al. (2017), a absorção de água pelas 
sementes é necessária para gerar a pressão de turgor que potencializa a expansão celular, que é a base 
do crescimento e do desenvolvimento vegetativo. 
De acordo com a absorção de água pelas sementes, em condições normais, divide-se o processo 
de germinação em três fases (conhecido como padrão trifásico), sendo: fase I, onde ocorre a rápida 
hidratação das membranas (embebição); fase II, reiniciam-se os processos metabólicos (transcrição e 
tradução) e expansão celular, com declínio da embebição; e fase III, retomada do crescimento pelo 
embrião, mitoses, síntese de DNA, maior mobilização de reservas e aumento rápido da taxa de absorção 
de água. 
Em muitas espécies o aumento de volume da semente, devido à absorção de água, pode 
proporcionar o rompimento da sua casca, e logo em seguida, pode ou não ocorrer a emergência da 
radícula. Considerado como marco final da germinação, a emergência da radícula pode ocorrer logo após 
o rompimento da casca da semente ou pode depender do amolecimento do endosperma. Após a 
protrusão da radícula, o estágio que se segue é denominado de estabelecimento de plântula, que consiste 
na rápida mobilização de reservas que estimulam o crescimento, até a plântula adquirir a competência 
de se tornar fotossintetizante, o que ocorre com o aparecimento da primeira folha. 
A mobilização de reservas armazenadas é feita a partir dos tecidos do cotilédone, endosperma 
ou, em algumas raras espécies, do perisperma. De maneira geral, sementes de tamanho maior 
apresentam maiores quantidades de reserva, o que resulta na disponibilidade de nutrientes por um 
tempo maior, até a planta se tornar autotrófica. Durante o crescimento do caulículo, a germinação pode 
ser denominada, do ponto de vista agronômico, de germinação hipógea, quando os cotilédones 
permanecem no solo (ex.: abacateiro) ou germinação epígea, quando os cotilédones são expostos acima 
da superfície do solo (ex.: tamarindeiro) (Figura 2). 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
33 
Dias & Mata (2021) 
 
Figura 2. Emergência de plântulas e classificação quanto ao destino do cotilédone: (A) germinação 
hipógea em abacateiro (Persea americana Mill.) e (B) germinação epígea em tamarindeiro 
(Tamarindus indica L.). 
 
No final da etapa de maturação, ainda na planta, sementes de algumas espécies não sofrem 
redução do teor de água, sendo geralmente dispersas com elevados graus de umidade, não atingindo o 
pré-requisito de se tornar quiescente, estado que antecede a germinação. O conhecimento da semente 
em relação ao seu teor de água quando madura é importante, visto que este parâmetro define a 
tolerância à dessecação, o que afeta o processo de germinação, em vistas de produção de mudas. 
Segundo Taiz et al. (2017), quanto à tolerância à dessecação, as sementes são classificadas em: 
- Ortodoxas: toleram a dessecação e temperaturas baixas, apresentam o teor de água em torno 
de 10% (variável entre as espécies), sendo armazenáveis no estado seco por períodos variáveis, 
dependendo da espécie. Exemplo: sementes de tamareira (Phoenix dactylifera L.), uma palmeira 
frutífera, muito apreciada na época do Império Romano e que teve suas sementes germinadas após 2 
mil anos (SALLON et al., 2008), considerada a semente mais antiga do mundo a germinar. 
- Recalcitrantes: não toleram a dessecação e as baixas temperaturas, sendo liberadas pelas 
plantas com elevados teores de água e com metabolismo ativo. Sofrem deterioração quando 
desidratadas e não sobrevivem ao armazenamento. Exemplo: sementes de mangabeira (Hancornia 
speciosa G.), que perdem rapidamente a viabilidade, com o passar do tempo, após a extração dos frutos. 
Algumas literaturas consideram a classificação de sementes intermediárias, sendo aquelas que 
apresentam teor de água moderado, toleram parcialmente a secagem e podem tolerar temperaturas 
baixas, dependendo da espécie. 
 Conhecer a categoria da semente em relação à tolerância à dessecação se faz necessário para 
obter sucesso na germinação, permitindo manejar o tempo entre a coleta e semeadura, definir condições 
de armazenamento, visando manter a viabilidade e vigor por maior tempo possível, garantindo a 
longevidade da semente. 
Além do conhecimento do teor de umidade da semente, outros fatores internos e/ou externos 
devem ser levados em consideração para que se obtenha sucesso na germinação e na produção de 
mudas. Um fator intrínseco à semente e que merece atenção na propagação de espécies frutíferas via 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
34 
Dias & Mata (2021) 
seminífera, é a presença da dormência, que ocorre quando uma semente viável não consegue germinar 
mesmo quando todas as condições ambientais necessárias são adequadas, tais como temperatura, 
disponibilidade de água e luz. 
Segundo Taiz et al. (2017), a dormência da semente é um fenômeno que bloqueia temporalmente 
o processo de germinação. Essa separação temporal, do ponto de vista ecológico, é importante; pois 
garante tempo para a dispersão da semente por uma maior distância geográfica, podendo maximizar a 
possibilidade de sobrevivência da plântula, evitando a germinação sob condições desfavoráveis. No 
entanto, sob a ótica de obter plântulas de espécies de interesse econômico para a produção de mudas, 
como no caso da fruticultura, este fenômeno não é interessante, pois pode reduzir a porcentagem de 
germinação, além de provocar desuniformidade entre as plântulas. 
Existem tipos de dormência, que podem ser devido ao envoltório da semente (dormência 
imposta pela casca/tegumento), ao grau de desenvolvimento morfológico do embrião e dormência 
interna, que reflete condições fisiológicas do embrião (dormência do embrião). Outra classificação de 
dormência é quanto ao momento que ocorre, ou seja, sua origem; podendo ser do tipo primária e 
secundária. A dormência primária é característica da espécie, programada geneticamente e se instala na 
maturação da semente, em geral induzida pelo ácido abscísico (ABA). Já a dormência secundária, ocorre 
esporadicamente ou pode ser induzida, após a maturidade ou dispersão, em resposta ao ambiente, 
devido às condições desfavoráveis para a germinação. 
A dormência de sementes possui um determinante primário: a razão entre dois hormônios 
vegetais que estão envolvidos na regulação da germinação: ABA (ácido abscísico) e o GA (giberilinas). 
Segundo a teoria do balanço dos hormônios, a atividade destes depende da quantidade de cada um deles 
presente nos tecidos-alvo e da capacidade desses tecidos para detectar e responder a cada hormônio 
(TAIZ et al., 2017). Neste sentido, o equilíbrio entre os hormônios promotores (giberilinas, citocininas e 
etileno) e inibidores da germinação (ABA); exerce papel fundamental no processo. 
As quantidades desses hormônios são reguladas por reações de síntese e 
degradação/desativação, sendo o equilíbrio controlado a nível genético por fatores de transcrição e 
afetado pelas condições ambientais, tais como temperatura e luz (TAIZ et al., 2017). Devido a essa ação 
dos hormônios, muitas sementes dormentes conseguem superar a dormência existente quando são 
submetidas a tratamentos com giberilinas, por exemplo, o que altera a razão ABA:GA. 
Na produção de mudas via seminífera, a dormência precisa ser superada para que a germinação 
ocorra no tempo desejado e com regularidade. Para isso existem diversos métodos de superação da 
dormência, que podem ser utilizados de forma isolada ou em conjunto, a depender da espécie e/ou 
genótipo e o tipo de dormência que precisa ser quebrada. Dentre os diversos métodos, os mais utilizados 
se baseiam em escarificaçãoquímica, escarificação mecânica, estratificação, uso de reguladores vegetais, 
choque de temperatura, imersão em água quente e fermentação, por exemplo. 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
35 
Dias & Mata (2021) 
Sementes e fruticultura 
 
A utilização de sementes na fruticultura comercial tem aplicações pontuais, sendo utilizada para 
a produção de porta-enxertos; para a produção de mudas de espécies que tem a propagação seminífera 
como opção viável de propagação, preservando as características de interesse; e para o caso de espécies 
que ainda demandam mais pesquisas para técnicas de propagação, tais como as espécies frutíferas 
nativas. Na pesquisa, principalmente; a utilização de sementes permite a obtenção de novas cultivares 
e cultivares revigoradas a partir de clones nucelares. Nos programas de melhoramento, as sementes têm 
papel fundamental na busca por variabilidade genética e/ou transferência de alguma característica de 
interesse agronômico, a partir de hibridações entre progenitores. 
Devido à variedade de espécies frutíferas tropicais e suas particularidades quanto aos aspectos 
de germinação, neste capítulo abordaremos brevemente características germinativas de sementes de 
abacateiro, maracujazeiro e das anonáceas. 
 
Germinação de sementes de abacateiro 
 
O abacateiro (Persea americana Mill.) é uma espécie frutífera da Família Lauraceae, cultivada em 
locais de clima tropical e subtropical, tendo sua produção comercial de mudas realizada através da 
técnica da enxertia, onde os porta-enxertos são propagados via seminífera pelos viveiristas. De maneira 
geral, a propagação dos porta-enxertos via sementes não apresenta problemas que dificultam a 
germinação. No entanto, o fato de as sementes apresentarem a policaulia, passa a ser necessário o uso 
de técnicas para reduzir este fenômeno, quando o mesmo não é desejado. 
As sementes são eurispérmicas, ou seja, possuem formato irregular; exalbuminosas, coloração 
castanho-médio e tamanho grande, apresentando em média de 50mm de comprimento e 40mm de 
largura. Quanto ao número de embriões, são consideradas monoembriônicas e apresentam o fenômeno 
da policaulia, fato que levou muitas literaturas considerarem como poliembrionia (OLIVEIRA et al., 
2010). 
Segundo Paixão et al. (2016), a policaulia observada nas sementes de abacateiro pode ser de 
interesse quando se deseja produzir clones de porta-enxertos, visando estabelecimento de um jardim 
clonal. Neste sentido, quando se pretende a obtenção de maior número de caulículos por semente, 
devem ser selecionadas aquelas de maior massa, acima de 81g, por apresentarem maior porcentagem 
de policaulia. 
A germinação é do tipo hipógea e a emergência inicia em torno de 30 a 33 dias após a semeadura, 
podendo acorrer até 60 dias nas condições de viveiro, atingindo a estabilização da germinação em torno 
da quinta e oitava semana (OLIVEIRA et al., 2010; PAIXÃO et al., 2016). 
Para a formação de porta-enxertos a partir das sementes, as mesmas deverão ser extraídas de 
frutos fisiologicamente maduros, selecionados em função da sanidade da planta, vigor, produtividade, 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
36 
Dias & Mata (2021) 
condições climáticas do local e compatibilidade com a variedade copa de interesse. Por se tratar de uma 
espécie de polinização cruzada, altamente heterozigótica e devido à segregação genética, as plântulas 
obtidas apresentam variabilidade entre si. Neste sentido, é preferível que a seleção dos frutos seja feita 
no menor número possível de plantas, para reduzir as variações no porta-enxerto. 
Algumas práticas aceleram a germinação, tais como a remoção do endocarpo delgado que fica 
aderido ao tegumento e o corte de uma porção apical em torno de 1 a 2 cm, dependendo do tamanho da 
semente, sendo considerado que esta prática também reduz a policaulia (TEIXEIRA, 1991). Outros pré-
tratamentos para acelerar a germinação também podem ser utilizados, tais como remoção do 
tegumento, corte basal, corte lateral, escarificação por punção, escarificação na base da semente e a 
combinação deles. 
Após a emergência, caso haja ocorra o fenômeno da policaulia, seleciona-se apenas um dos 
caulículos, que será conduzido para receber o enxerto. Esse desbaste é necessário para evitar a 
competição, não sendo justificável que se conduzam mais de um. 
Para preservar a condição sanitária da semente, alguns tratamentos podem ser adotados, tais 
como a imersão em água a temperatura de 49 a 50°C por 30 minutos, considerado um tratamento 
hidrotérmico para eliminação de patógenos. Após terem sido retiradas da imersão em água, as sementes 
devem ser deixadas para secar na sombra. Outra possibilidade de tratamento das sementes é com 
fungicidas específicos ou hipoclorito de sódio, principalmente quando adotado algum pré-tratamento 
de corte ou escarificação. 
Consideradas recalcitrantes, as sementes de abacate não toleram longos períodos de 
armazenamento, e o mais indicado é que sejam colocadas para germinar logo que retiradas dos frutos, 
após terem sido lavadas para remoção de restos de polpa e secas a sombra em local ventilado. No 
entanto, caso o período de produção da semente não coincida com o tempo necessário para a obtenção 
dos melhores ramos para a enxertia, as condições de armazenamento indicadas são em refrigeração 
(temperatura variando entre 4 e 9°C, dependendo da variedade botânica), com manutenção de umidade 
elevada e acondicionadas em embalagens plásticas. 
A semeadura pode ser realizada em canteiros ou diretamente em sacos de polietileno, colocando 
a semente com a parte mais plana para baixo e a parte pontiaguda para cima. Considerando a 
profundidade de semeadura proporcional ao tamanho da semente, a mesma deverá ser colocada a 5 cm 
de profundidade. Como substrato, pode ser utilizada areia grossa, usual em canteiros ou sementeiras; e 
formulações de substratos indicados para a espécie e que favoreçam a germinação e emergência da 
plântula. É de extrema importância considerar a sanidade do material utilizado como substrato, 
devendo este estar livre de pragas e patógenos que possam prejudicar a semente e a germinação. 
O fornecimento de água deve ser feito sempre que necessário para manter o substrato úmido 
para absorção pela semente, mas sem excesso; que poderia prejudicar a aeração do substrato e 
consequentemente a germinação, além do favorecimento de doenças fúngicas que ocorrem pela má 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
drenagem. Quando as plântulas atingem cerca de 1 cm de diâmetro e 20 cm de altura, é possível realizar 
a enxertia da variedade copa de interesse. 
 
Germinação de sementes de maracujazeiros 
 
Os maracujazeiros pertencem à família Passifloraceae, na sua maioria originários da América 
Tropical, e produzem frutos muito apreciados para o consumo in natura e para o processamento 
industrial. Além do cultivo voltado para o mercado de produção de frutos, os maracujazeiros são 
bastante apreciados do ponto de vista ornamental, pela beleza de suas flores; e medicinal, pelos seus 
fitoconstituintes (FALEIRO et al., 2019). 
No Brasil, a principal espécie cultivada para produção de frutos é o maracujazeiro Passiflora 
edulis Sims., que representa cerca de 90% dos pomares comerciais, com predominância da forma P. 
edulis f. flavicarpa (maracujazeiro amarelo), que apresenta frutos de casca amarela e são maiores que a 
forma típica P. edulis f. edulis (maracujazeiro roxo). Outras espécies também são cultivas em menor 
escala, tais como P. alata Curtis, P. setacea DC. e P. cincinnata Mast., por exemplo; além de espécies 
nativas com foco de estudos para testes de porta-enxertos. 
Segundo Meletti et al. (2012) e Faleiro et al. (2019), a produção de mudas para implantação do 
pomar em escala comercial, se dá principalmente pela utilização de sementes, apesar das vantagens 
proporcionadas por mudas obtidas viaenxertia e estaquia. Devido à curta longevidade dos pomares de 
maracujazeiro, cerca de um a dois anos, a utilização de sementes para a formação de mudas é uma forma 
simples e econômica para obtenção de grande número de plantas em curto espaço de tempo. 
Para a utilização de sementes na formação de mudas, têm sido relatados diversos problemas de 
germinação, variáveis entre espécies e até mesmo entre genótipos, como observado por Alexandre et al. 
(2004) e Santos et al. (2015). De modo geral, tem sido observada baixa porcentagem e germinação 
desuniforme, devido à irregularidade de início e término da mesma, não ocorrendo em sincronia. As 
dificuldades relatadas para a germinação de sementes das passifloráceas estão ligadas desde a 
ocorrência de dormência, recalcitrância, qualidade genética e fisiológica, sendo que estes fatores podem 
ocorrer de forma isolada ou em conjunto (FALEIRO et al., 2019). 
Um fator que dificulta a germinação de maracujazeiros é a presença do arilo, uma mucilagem 
que envolve as sementes. Semelhante a uma capa gelatinosa ou saco, o arilo é rico em pectinas, podendo 
conter substâncias inibidoras e redutoras da germinação, como constatado por Martins et al. (2010), o 
que dificulta a embebição na fase I da germinação. Neste sentido, o arilo deve ser removido, o que pode 
ser realizado através de métodos mecânicos, químicos ou biológicos. 
Um dos métodos mais utilizado na remoção de arilo em maracujazeiro-amarelo (P. edulis f. 
flavicarpa) e maracujazeiro-doce (P. alata Curtis) é através da fricção das sementes em peneira de malha 
fina, acrescentando cal virgem ou areia grossa. Em P. edulis f. flavicarpa a fermentação natural da polpa, 
também pode ser utilizada como método de remoção do arilo, com posterior lavagem em água corrente, 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
38 
Dias & Mata (2021) 
utilizando peneira de malha fina. Para este método, Colombo et al. (2018) obtiveram maiores 
porcentagens de germinação e maior índice de velocidade de emergência, quando a fermentação foi 
realizada por cinco dias. Comercialmente, as sementes de maracujazeiro-amarelo já se apresentam com 
arilo removido. 
Outro fator que pode afetar a germinação das sementes de algumas espécies de maracujazeiros 
é a ocorrência de dormência. De modo geral, as passifloráceas apresentam dormência, podendo ser uma 
combinação de dormência mecânica, física e química (devido aos envoltórios das sementes), dormência 
morfológica e fisiológica, dependendo da espécie e do genótipo. No caso do maracujazeiro amarelo, Rego 
et al. (2014) concluíram que, a dormência é imposta pelo tegumento, revestimento das sementes que 
pode ser escarificado com a remoção total do mesmo utilizando um mini torno, considerado um método 
fácil de executar, barato e seguro para o operador. 
O maracujá-cincinnata ou maracujá-do-mato (P. cincinnata Mast.), é uma espécie nativa que 
produz frutos muito apreciados, além de ser importante para obtenção de porta-enxertos, pois 
apresenta tolerância à seca e às doenças causadas por bactérias e fungos. No entanto, a espécie 
apresenta dormência nas sementes, e esse fato tem dificultado a obtenção de mudas da espécie e carece 
de mais estudos na área. Oliveira Júnior et al. (2010) indicam que, as sementes dessa espécie devem ser 
secas à sombra, com posterior escarificação usando lixa ou aquecidas em banho-maria por 5 minutos a 
50°C, caso a semeadura seja realizada sem armazenamento das sementes, após a extração dos frutos. 
Outra possibilidade é a utilização de giberilinas para estimular a germinação, pois estas aumentam a 
transcrição do mRNA da α-amilase, enzima responsável pela degradação de reservas (TAIZ et al., 2017) 
e tem sido indicada para a germinação de sementes de P. cincinnata Mast. Em estudo realizado por 
Moura et al. (2018), foi concluído que o uso de GA4+7 + N-(fenilmetil)-aminopurina na concentração de 
0,3% potencializa a emergência e vigor das sementes de P. cincinnata Mast., tanto para aquelas 
colocadas para germinar logo após a retirada do fruto, quanto para as que foram armazenadas em 
câmaras frias, por seis anos. O armazenamento das sementes de maracujá-cincinnata também pode ser 
utilizado como estratégia para superação de dormência, o que foi constatado por Junghans e Junghans 
(2017), para dois acessos da espécie, sendo que aos dois anos de armazenamento, as sementes colocadas 
para germinar apresentaram emergência mais uniforme e mais rápida. 
A ocorrência e o tipo de dormência em sementes de maracujazeiros são muito variáveis entre as 
espécies, e devido ao fato de ocorrerem variações entre genótipos, torna-se necessário estudos mais 
específicos para cada caso. No entanto, é possível afirmar que todas elas têm relação direta com 
inibidores presentes no envoltório da semente. 
 
Germinação de sementes de anonáceas 
 
As anonáceas compreendem um grupo de frutíferas tropicais e subtropicais (Família 
Annonaceae), com as principais espécies pertencentes ao gênero Annona, sendo a maioria originária da 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
América Tropical e um híbrido importante, originário da Austrália. As principais espécies importantes 
a nível de comercialização de frutos para consumo in natura e indústria de polpa são a atemoia, um 
híbrido entre Annona cherimoia Mill. x Annona squamosa L.; a cherimoia (Annona cherimoia Mill.); a 
graviola (Annona muricata L.) e a pinha, ata ou fruta-do-conde (Annona squamosa L.). Em relação às 
anonáceas nativas do Brasil, destaca-se o araticum ou marolo (Annona crassiflora Mart.), frutífera do 
Cerrado, bastante procurada pela indústria para a produção de polpas e sorvetes. 
A germinação de sementes de anonáceas, de maneira geral, ocorre de forma lenta e desuniforme, 
o que dificulta a obtenção de plantas em viveiros. A lentidão do processo de germinação se dá, 
principalmente, pela particularidade das anonáceas em absorver lentamente a água. Os problemas 
relacionados à irregularidade da germinação têm sido relacionados com a ocorrência de dormência, 
podendo ser devido ao tegumento resistente, à presença de substâncias inibidoras e a embriões 
imaturos, com dormência morfológica e/ou fisiológica (PEREIRA et al., 2019). 
 Dentre as espécies citadas, a A. squamosa têm sido propagada via seminífera, e a seguir serão 
discutidas algumas particularidades na germinação das sementes, diante dos resultados de pesquisa até 
o momento. Pereira et al. (2011) afirmam que, devido à relativa uniformidade das plantas em campo, a 
propagação da espécie pode ser realizada via sementes, tanto para a produção de mudas da espécie, 
quanto para a formação de porta-enxertos. 
 Em A. squamosa, Martínez-Maldonado et al. (2013) concluíram que, a germinação das sementes 
ocorre em dois estágios separados e consecutivos, onde num primeiro momento ocorre a ruptura da 
testa (tegumento externo da semente) e depois a ruptura do endosperma culminando no alongamento 
radicular. Neste caso, as restrições de crescimento do embrião se dão devido à testa da semente e ao 
endosperma, este último apresentando as paredes celulares espessadas devido à presença de 
galactomananos (polissacarídeos de reserva), que neste caso funcionam como proteção ao embrião, 
devido à sua dureza. Neste sentido, é importante que se utilizem estratégias que favoreçam o 
enfraquecimento tanto da testa quanto do endosperma. Enzimas relacionadas à degradação do 
endosperma, como as enzimas hidrolíticas α e β-amilase, permitem que sejam fornecidos compostos 
ricos em energia para o pequeno embrião, característico das anonáceas e atuam consequentemente 
enfraquecendo o tecido endospermático (TAIZ et al., 2017). Resultados de pesquisa indicam o uso de 
giberilinas como as melhores opções para superar a dormência em sementes de pinha, promovendo 
maior porcentagem de germinação, podendo ainda promover uma sincronia no processo, como 
compilado porPereira et al. (2019) e como verificado por Menegazzo et al. (2012; 2013). 
O mecanismo de dormência em sementes de A. squamosa não está completamente elucidado, 
mas diante dos resultados de pesquisas realizadas, conclui-se que o tegumento não é impermeável, 
porém oferece resistência à entrada de água, que resulta na embebição lenta (Fase I da germinação). 
Segundo Ferreira et al. (2019), existem variações no tempo de embebição entre as espécies de 
anonáceas, sendo observados valores de 5 horas para as sementes de A. squamosa, até valores de 70 
horas, como para as espécies A. purpurea e A. emarginata. Neste caso, juntamente com a utilização de 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
40 
Dias & Mata (2021) 
giberilinas, deve-se considerar a possibilidade de utilização de tratamentos relativos ao envoltório tais 
como a remoção, cortes e abrasões via escarificação do tegumento, que podem acelerar o processo de 
aquisição de água pelas sementes, como constatado por Vasconcelos et al. (2015), que associou a 
utilização de ácido giberélico com a escarificação mecânica através de fricção na região de protrusão da 
radícula. 
 
Considerações finais 
 
 A utilização de sementes na fruticultura depende do conhecimento das características 
relacionadas ao processo de germinação e suas particularidades para cada espécie que se pretende 
propagar. Uma germinação bem-sucedida é o primeiro passo para a obtenção de mudas de qualidade, 
com características agronômicas ideais para o estabelecimento da planta no campo. 
Na propagação de plantas via sementes para produção comercial de mudas frutíferas, deve-se 
levar em consideração as necessidades específicas para cada espécie, a partir do conhecimento dos 
fatores intrínsecos e extrínsecos que podem afetar a germinação, permitindo assim, direcionar as 
melhores técnicas e estratégias para obtenção de plântulas com qualidade e uniformidade. 
 
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Cultivo de frutíferas em clima tropical 
43 
Dias & Mata (2021) 
 
Capítulo III 
 
ECOFISIOLOGIA DOS CITROS E DO ABACAXIZEIRO 
CULTIVADOS EM CLIMA TROPICAL 
 
 
Jhansley Ferreira da Mata 
João Paulo Tadeu Dias 
 
 
Introdução 
 
 A ecofisiologia refere-se às relações da ecologia com a fisiologia vegetal. A ecologia é a parte da 
Biologia (estudo dos seres vivos) que estuda as relações dos seres vivos entre si e, destes com o meio. O 
termo foi usado pela primeira vez em 1866 por Ernest Hackel da junção do termo grego “oikos” (casa) e 
“logos” (estudo). Portanto, ecologia significa o estudo do ambiente ou habitat dos seres vivos 
(PROCÓPIO, 2018). A fisiologia vegetal refere-se ao estudo das funções, mecanismos e os processos da 
vida das plantas, explicando princípios biofísicos e bioquímicos. Por assim dizer, a Ecofisiologia estuda 
o meio ambiente e suas relações com processos bioquímicos e biofísicos afetando o crescimento e 
desenvolvimento vegetal. 
As plantas cultivadas em regiões de clima tropical (segundo Köppen-Geiger classificado em Aw) 
faixa que recebe alta radiação solar (Figura 1) aumentando a quantidade de alimentos, pois este provém 
da transformação, pela fotossíntese, da energia solar em energia armazenada nos compostos de carbono 
rico em energia. Assim, nos meses em região de cerrado as variações são menores durante o ano, e 
mesmo nos meses mais frios tem-se radiação solar suficiente para fazer agricultura, como o cultivo da 
cultura deabacaxi e citros (CASTRO, 1987). 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
44 
Dias & Mata (2021) 
 
Aw - Clima tropical com estação seca na faixa demarcada entre 30º e -30º. 
Figura 1. Nova classificação de Köppen-Geiger, anos 1980–2016. Fonte: adaptado de Beck et al. (2018). 
 
Ecofisiologia dos citros 
 
Dentre as espécies vegetais de maior importância para o mundo e para o Brasil destacam-se as 
diferentes espécies de citros, pertencentes ao gênero Citrus e gêneros afins como o Fortunella e o 
Poncirus, todos da família Rutaceae (BARBIERI, 2009). As espécies de maior interesse e cultivo são as 
laranjas, tangerinas, limões, limas doces e ácidas, pomelos, cidras e toranjas. Plantas originárias, em sua 
maioria, de regiões subtropicais e tropicais do globo, especialmente sudeste asiático, como China e 
Japão. Geralmente, as plantas são perenes, de porte médio arbóreo ou arbustivo, flores brancas e 
aromáticas, além de frutos botanicamente denominados de hesperídio (KOLLER, 2013). 
Na atualidade, o cultivo encontra-se disseminado por quase todas as regiões do planeta, sendo o 
Brasil, um dos maiores produtores, consumidores e exportadores, principalmente de suco de laranja 
concentrado e congelado. A atividade citrícola exige muita mão-de-obra, principalmente durante o 
período da colheita, gera empregos e impacta diretamente na economia dos 350 municípios de São 
Paulo e Triângulo Mineiro, sendo atividade dominante. Estima-se um Produto Interno Bruto (PIB) de 
US$ 6,5 bilhões em todos os elos da sua cadeia produtiva e cerca de 200 mil empregos diretos e indiretos 
(NEVES & TROMBIN, 2017). 
A ecofisiologia trata do estudo sistemático e generalizado do ambiente, ou seja, os fatores 
edafoclimáticos (referentes aos tipos e características dos diferentes solos e climas) influenciando o 
desenvolvimento vegetal e, especialmente neste estudo, sobre o desenvolvimento das espécies cítricas. 
Os fatores edafoclimáticos interferem demasiadamente no crescimento vegetal, 
desenvolvimento e maturação fisiológica, reprodução e multiplicação, sobrevivência, produção e 
senescência vegetal, em especial das diferentes espécies de citros (MONTEIRO, 2009; SCHNEIDER, 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
45 
Dias & Mata (2021) 
2016). Os principais fatores edáficos são o ar, a solução (água) do solo e a granulometria/composição 
dos constituintes minerais e orgânicos do solo. 
Condições como a composição e a granulometria dos constituintes minerais e orgânicos, a 
condutividade hidráulica e elétrica do solo, capacidade de troca de íons (ânions e, principalmente, 
cátions), o potencial hidrogênio iônico (pH), além de fatores referentes à fauna e flora de seres 
microscópicos, associados aos fatores do clima, como a composição e quantidade de gases atmosféricos 
(sobretudo O2), luz em quantidade e qualidade, temperatura, umidade e ou precipitação pluviométrica, 
além do vento, dentre outros – influenciam os processos fisiológicos dos cultivos agrícolas e, dentre 
esses, dos citros (MONTEIRO, 2009). 
A ecofisiologia dos citros, a influência do clima, as consequências ecofisiológicas do solo e manejo 
da irrigação, variação sazonal da fotossíntese e a fixação dos frutos, além do crescimento vegetativo, 
permitem entender os efeitos e quais as práticas devem ser adotadas, bem como as recomendações de 
cultivares para cada região (SILVA, 2013). 
 Os citros são cultivados em solos com grande diversidade de características físicas e químicas, 
entretanto, desenvolve-se melhor em solos que tenham proporção equilibrada de areia e argila (textura 
média) para garantir boa aeração, facilidade de drenagem, boa retenção de água e capacidade de troca 
de cátions (CTC). A profundidade efetiva recomendada do solo para cultivo dos citros deve ser de, no 
mínimo, um metro para garantir sustentação das plantas e maior exploração do solo pelas raízes 
(AZEVEDO, 2003). 
 Os citros não toleram solos salinos, porém sua sensibilidade aos sais depende de vários fatores 
como porta-enxerto, combinação porta-enxerto/copa, solo, clima, método de irrigação, etc. De maneira 
geral, a produtividade de pomares citrícolas reduz em 13% para cada 1,0 dS m-1 de aumento da 
condutividade elétrica do solo, acima do valor limite de 1,4 dS m-1. Os efeitos da salinidade são o estresse 
osmótico causado pela redução da absorção de água, efeitos tóxicos dos íons Cl- e Na+ sobre as células e 
desequilíbrios nutricionais ocasionados pelos efeitos tóxicos desses íons (SIQUEIRA & SALOMÃO, 
2017). 
 Quando há redução na produtividade das plantas causadas pela salinidade, sem haver acúmulo 
excessivo de Cl- e Na+ nos tecidos e sem sintomas aparentes de toxidez nas folhas, provavelmente o efeito 
predominante da salinidade sobre as plantas é o estresse osmótico. Teores de sódio maiores que 0,25 g 
Kg-1 e de cloro superiores a 0,5 g Kg-1 indicam a presença de salinidade no solo, com possíveis efeitos 
adversos no desenvolvimento e produção das plantas citrícolas (SIQUEIRA & SALOMÃO, 2017). 
 Quanto às diferenças entre os porta-enxertos em relação a tolerância à salinidade causada por 
cloreto, a ordem decrescente entre os porta-enxertos usada no Brasil é a seguinte: Tangerina “Sunki” > 
Tangerina “Cleópatra” > Limão “Cravo” > Limão “Rugoso” > Poncirus trifoliata > Citrange “Troyer” > 
Citrange “Carrizo”. Já, a ordem de tolerância ao sódio é a seguinte: Tangerina “Cleópatra” > Limão 
“Rugoso” > Limão “Cravo” > Citrumelo “Swingle” > Citrange “Troyer” > Tangerina “Sunki” > Citrange 
“Carrizo”. Portanto, verifica-se que a Tangerina “Cleópatra” e o Limão “Cravo” são os mais tolerantes à 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
46 
Dias & Mata (2021) 
salinidade, enquanto os trifoliados Citrumelo “Swingle” e Citrange “Troyer” e “Carrizo”, os mais 
susceptíveis (SIQUEIRA & SALOMÃO, 2017). 
 Os citros são plantas muito sensíveis à falta de oxigênio no solo causada por excesso de umidade, 
com exceção do Poncirus trifoliata, cujas plantas toleram solos mais úmidos. Devido à alta demanda por 
oxigênio no solo, as plantas devem ser cultivadas em solos profundos e com boa drenagem para se 
desenvolverem de maneira satisfatória, serem produtivas e terem longevidade de cultivo (SIQUEIRA & 
SALOMÃO, 2017). 
 O potencial hidrogênio iônico (pH) é uma propriedade das mais importantes do solo, pois 
influencia a disponibilidade de nutrientes para as plantas. Os citros se desenvolvem melhor em solos 
com pH entre 6,0 e 7,0, bem estruturados fisicamente e drenados (SIQUEIRA & SALOMÃO, 2017). 
 Com a interferência humana, o ciclo de vida das plantas é alterado, devido principalmente, a 
remoção da vegetação natural e plantio de espécies cuja evolução ocorreu em condições de clima e de 
solo diferentes das existentes no local de plantio e condução do pomar (Figura 2). 
 Um importante quesito responsável pela redução da fertilidade dos solos é a exportação de 
nutrientes pelos frutos colhidos, cuja quantidade depende da adubação, solo, clima e relação porta-
enxerto/copa. A ordem de exportação de macronutrientes é a seguinte: nitrogênio (N) > potássio (K) > 
Ca (cálcio) > fósforo (P) > magnésio (Mg) > enxofre (S), e a ordem com relação aos micronutrientes é de: 
ferro (Fe) > zinco (Zn) > boro (B) > manganês (Mn) > cobre (Cu). Os nutrientes exportados ou absorvidos 
pelas plantas devem ser repostos para que a produtividade dos pomares seja mantida e ou aumentada 
(SIQUEIRA & SALOMÃO, 2017). 
 O clima exerce enorme influência sobre o crescimento, vigor e longevidade das plantas citrícolas, 
bem como, na quantidade e qualidade dos frutos produzidos. Os citros desenvolvem-se melhor em 
regiões com clima ameno, desde que adequados e regime pluviométrico de cerca de 1.200mm anuais, 
bem distribuídos durante todo o ano, podendo haver irrigação suplementar durante o ciclo produtivo. 
Por exemplo, em regiões citrícolas do Nordeste do Brasil, normalmente as maioresintensidades 
de chuva ocorrem de março a agosto (inverno). Embora, a limitação climática ao longo de outros meses 
possa ser contornada com o uso de irrigação, especialmente em áreas com regime pluvial abaixo de 
700mm, percebe-se que a maioria dos produtores não adotaram a irrigação. 
 A altitude mais favorável encontra-se de 20 a 500 m e o regime pluviométrico mais adequado 
entre 1.000 a 1.800mm. Com relação a umidade relativa, umidade muito alta pode ser favorável ao 
ataque de pragas e doenças, sobretudo as doenças fúngicas. 
 Um dos elementos climáticos que mais influencia os citros é a temperatura que, além de ter efeito 
acentuado na quantidade, afeta demasiadamente a qualidade dos frutos. Os frutos produzidos em climas 
frios têm melhor coloração da casca e da polpa, devido a formação de antocianinas, bem como, teores 
mais elevados de açúcares e ácidos orgânicos, o que acentuam o sabor das frutas. Nos climas quentes, 
os frutos são menos coloridos externa e internamente, com teores mais baixos de açúcares e acidez, o 
que resulta em frutos mais doces, contudo de paladar mais pobre. Sob temperaturas elevadas o período 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
47 
Dias & Mata (2021) 
de maturação-floração é bastante encurtado e os frutos permanecem pouco tempo na planta depois de 
maduros. O clima quente é favorável ao cultivo dos pomelos e toranjas, limas ácidas e doces, além dos 
limões verdadeiros. 
 Vale ressaltar que, as condições climáticas do Brasil permitem desenvolver uma citricultura 
tropical, do entorno da linha do Equador até próximo ao paralelo 20º de latitude Sul, com temperaturas 
mais elevadas e, uma citricultura menos tropical e mais subtropical/temperada, nas regiões da referida 
latitude até o Rio Grande do Sul, com clima mais frio (EMBRAPA, 2003). 
 A laranjeira e os diferentes citros, de maneira geral, preferem climas com temperatura de 23 a 
32º C e umidade relativa do ar elevada. Acima de 40oC e abaixo de 13oC, a taxa de fotossíntese diminui 
consideravelmente, o que resulta em perda de produtividade (IAC, 2005). Flutuações anormais dos 
fatores ambientais podem ter consequências bioquímicas e fisiológicas negativas para as plantas e, com 
certeza, para os citros também (DIAS & COSTA, 2018). 
 A origem das plantas cítricas nos sub-bosques das florestas asiáticas com clima úmido, cujas 
características fisiológicas não são favoráveis em condições de alta demanda hídrica atmosférica, 
comum em climas quentes e secos. Atualmente, dentre as regiões produtoras de citros, as principais 
estão em clima subtropical úmido (entre 20o a 40o de latitude), onde a temperatura do solo e do ar 
atingem valores inferiores a 15oC no inverno e a precipitação anual varia de 1.200 a 1.500mm. Para os 
citros, a relação entre cultivar, clima e o solo, sobressai o fator clima como fator que influencia no 
crescimento, produção e qualidade de frutos cítricos. 
 Dentre os fatores climáticos, a temperatura é considerada o fator mais importante por sua 
influência na qualidade, tamanho e formato, coloração e estádio de maturação dos frutos. Em climas 
frios, a determinação do ponto de colheita baseado na mudança de coloração da casca é mascarada pela 
aceleração da redução de clorofila e o aumento de pigmentos carotenóides na casca dos frutos. Estas 
alterações de pigmentação não permitem que se estabeleça uma boa correlação entre cor da casca e 
maturação interna do fruto. O aumento da concentração de açúcares ocorre durante toda a fase de 
crescimento e maturação dos frutos, diretamente relacionado com o processo fotossintético e a 
temperatura, além da intensidade de luz. 
 O florescimento dos citros é determinante para a produtividade que, por sua vez, é condicionado 
pelo estado fisiológico das plantas e pelas condições ambientais. Baixas temperaturas e reduzida 
disponibilidade hídrica são os principais fatores que regulam a indução ao florescimento. Durante o 
inverno, as plantas diminuem o crescimento devido ao início da dormência pela baixa umidade do solo 
e temperatura abaixo de 12-13oC ou estresse hídrico, reduzindo o metabolismo. Esse fenômeno estimula 
a transformação de gemas vegetativas em gemas reprodutivas, devido ao balanço hormonal promovido 
pela condição climática. Após as primeiras chuvas (acima de 20mm) inicia-se o florescimento por volta 
dos meses de agosto e outubro no estado de São Paulo e Minas Gerais. 
 As laranjeiras apresentam padrões distintos de crescimento dependendo do clima da região. Em 
condições tropicais, as plantas vegetam durante praticamente todo o ciclo anual, devido as altas 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
48 
Dias & Mata (2021) 
temperaturas e disponibilidade de recursos hídricos. Em climas subtropicais, o crescimento das 
laranjeiras pode ser dividido em duas fases: uma fase de crescimento intenso na primavera e verão, e; 
uma fase de paralisação do crescimento da parte aérea (copa) no outono e inverno. 
 Os citros cessam o crescimento vegetativo da parte aérea e das raízes em temperaturas próximas 
a 13oC. Com o aumento progressivo da atividade metabólica, com o máximo desenvolvimento em 
temperatura de cerca de 30oC. A baixa disponibilidade sazonal de água também reduz o crescimento dos 
citros, afetando copa e raízes, bem como, o fornecimento de fotoassimilados para as plantas. 
 O entendimento dos fatores ecofisiológicos (de solo e clima) e sua relação com o 
desenvolvimento das plantas cítricas deve ser objetivo de árduo estudo e pesquisa, buscando as 
melhores formas de cultivo e almejando maiores produtividades e produções com qualidade comercial, 
visual, nutricional, organoléptica e sanitária, além de beneficiar toda a cadeia produtiva citrícola e o 
consumidor final (Figura 2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Citricultura: Mudas de Rubin (A); Mudas de Valência Americana (B); Enxertia e mudas (C); 
Produção (D) e Transporte e Armazenamento. 
 
Ecofisiologia do abacaxizeiro 
 
O Brasil possui grande diversidade de solos e climas, o que proporciona uma enorme variedade 
de cultivos agrícolas, exigindo entender e conhecer as respostas ecofisiológicas das plantas. As espécies 
frutíferas tornam-se uma possibilidade vantajosa, como opção para aumentar a biodiversidade e 
diversificar cultivos, mais adaptados às condições ecofisiológicas ou edafoclimáticas (de solo e clima) 
de cada região. 
A B C 
E D 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
49 
Dias & Mata (2021) 
Fatores do ambiente como solo, temperatura, insolação, fotoperíodo, umidade relativa, 
precipitação e ventos, dentre outros – são fatores de seleção de genótipos de espécies frutíferas 
adaptados onde deverão exprimir o melhor de sua fisiologia, resultando em crescimento, 
desenvolvimento e produção satisfatórios. 
Dentre as espécies frutíferas que merecem destaque encontra-se o abacaxizeiro (Ananas 
comosus L. Merril). O abacaxi é denominado “rei dos frutos” por possuir coroa e enorme aceitação 
comercial no Brasil e no mundo. Sua origem é a América do Sul, e dentre os países sul-americanos, o 
Brasil, sendo um dos mais importantes centros de origem de diversidade genética da espécie (Figura 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Abacaxicultura: Início do Período Reprodutivo (A); Planta de Abacaxi (B) e Fim do Período 
Reprodutivo (C). Fonte: França (2019). 
 
O abacaxizeiro é uma planta do grupo do Metabolismo Ácido das Crassuláceas (Crassulacean 
Acid Metabolism – CAM), dentro deste existem diferentes subtipos: 
1- Plantas com enzima málica dependente de dinucleotido de dicotianamida e adenina (NADH); 
2- Plantas com enzima málica dependente de nicotinamida adenina dinucleotido fosfato (NADP) e; 
3- Plantas com enzima fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK), estando o abacaxizeiro neste 
grupo (WEISE; WIJK; SHARKEY, 2011; ARAGÓN et al., 2012). 
 
No entanto, alguns pesquisadores divergem sobre o metabolismo dessa planta como sendoCAM 
facultativa, quando se encontra em ambiente com menor radiação e temperatura, e com boa quantidade 
de água, ela se comporta com planta do ciclo fotossintético de Calvin/Benson (C3), e quando sob 
luminosidade excessiva, déficit hídrico ou altas temperaturas que tornam a absorção diurna de CO2 
menos favorável, essa planta comporta-se como CAM (BORLAND, 2002; LUTTGE, 2004), ou CAM 
constitutiva, em que mesmo em condições ideais de crescimento, essa bromélia expressaria o 
metabolismo CAM (MEDINA et al., 2004; SAYED, 2001). Quando o metabolismo CAM está sendo 
utilizado, o CO2 é absorvido durante a noite e utilizado na carboxilação do fosfoenolpiruvato (PEP) pela 
ação da enzima fosfoenolpiruvato carboxilase (PEPcase) originando oxalacetato (OAA). Por ação da 
aspartato aminotransferase, o OAA é convertido a aspartato, que é rapidamente transportado para o 
vacúolo, juntamente com os íons H+, causando acidificação noturna típica das plantas CAM. Durante o 
A B C 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
dia, ocorre a descarboxilação do aspartato pela enzima PECK e a fixação do CO2 pela enzima ribulose 1,5 
bifosfato carboxilase oxigenase (Rubisco) reduzindo o teor deste ácido nos tecidos foliares. 
Temperatura e luminosidade são os fatores climáticos que mais interferem na fotossíntese e, 
consequentemente, no desenvolvimento do abacaxizeiro, estando interligados entre si e plenamente 
atendidos no cultivo tropical. O crescimento e desenvolvimento do abacaxizeiro são bastante 
influenciados pela temperatura, sendo a faixa de temperatura adequada entre 22 e 32oC, com ótima ao 
redor de 24oC. A amplitude térmica de 8 a 14oC são ideais para o desenvolvimento do abacaxizeiro. No 
amadurecimento, temperaturas em torno de 27oC contribuem para boa formação dos frutos, “olhos 
planos” e elevação de açúcares solúveis (FERREIRA et al., 2011). Temperaturas inferiores a 21oC ou 
superiores a 32oC, reduzem o crescimento de raízes e folhas. Por ser uma espécie tipicamente tropical 
são toleráveis até 40oC, desde que por pouco tempo. Entretanto, valores acima deste causam 
queimaduras nas folhas e frutos, através da solarização. Quando a temperatura do ar atinge 32oC, o fruto 
fica sujeito a queima pelo sol. Os danos são mais graves quando os frutos estão maduros e se encontram 
tombados. 
Temperaturas constantes próximas a 0oC reduzem a absorção de nutrientes e, no caso de 
ocorrência de geadas, as plantas apresentam secamento nas folhas e atraso no crescimento. A 
temperatura-base (Tb: abaixo da qual a planta não se desenvolve) e os graus-dias (GD: quantidade de 
energia, em graus dia, acima da temperatura-base para que a planta complete a fase correspondente à 
emissão da inflorescência até a colheita) para os cultivares são: “Rondon” = 5oC Tb e 2.300 GD e; 
“Cayenne” = 9oC Tb e 2.020 GD. Este resultado é útil para o planejamento da época de indução floral, em 
função da data de colheita e para subsidiar o zoneamento agroclimático da cultura. 
A pluviosidade é importantíssima para a cultura, a necessidade hídrica embora baixa é 
permanente (FERREIRA et al., 2011). A falta de chuvas retarda o desenvolvimento da planta e do fruto, 
além de ocasionar problemas na diferenciação floral, influenciando o rendimento. Regiões com 
pluviometria de 1.000 a 1.500mm anuais atendem as necessidades da cultura, entretanto, tendo em 
vista sua baixa transpiração e uso eficiente da água pode manter seus níveis de produtividade tanto em 
regiões com precipitações abaixo quanto acima desses valores. Ferreira et al. (2011) apontaram que, 
nas regiões tropicais onde esta condição não é atendida, é indispensável o uso da irrigação para se ter 
maior eficiência produtiva. Entre os benefícios da irrigação estão a possibilidade de redução do ciclo, 
aumento da produtividade e o escalonamento da produção. Frutos colhidos em períodos frios e secos 
são mais coloridos do que em clima quente e úmido. No entanto, a abertura das flores em períodos 
chuvosos aumenta o risco de Fusariose. 
A luminosidade atua sobre o crescimento vegetativo, produtividade e qualidade do fruto do 
abacaxizeiro. O abacaxizeiro se desenvolve melhor em locais com alta incidência de radiação solar, 
contribuindo para o rápido desenvolvimento da planta e redução do ciclo produtivo, estando 
relacionado com a temperatura e o fotoperíodo. A insolação mínima necessária ao bom 
desenvolvimento e produção está entre 1.200 e 1.500 horas ano-1 enquanto que o ótimo está entre 2.500 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
51 
Dias & Mata (2021) 
a 3.000 horas ano-1 (FERREIRA et al., 2011). A redução da luminosidade pode provocar a floração natural 
do abacaxizeiro, além de induzir a produção de frutos pequenos. O abacaxizeiro é considerado uma 
planta de dia curto, uma vez que a interrupção do período de escuro suprime o efeito indutor do 
encurtamento do dia sobre o florescimento. Após atingir o crescimento e porte adequado, inicia-se a sua 
floração (em dias curtos), pois o desenvolvimento da inflorescência é tanto mais rápido quanto menor 
o período de luz (oito horas ou menos). 
O vento deve ser considerado importante, pois a planta apresenta um sistema radicular bastante 
superficial, com pouca sustentação, uma grande massa foliar e quase sempre cultivada em solos 
arenosos, a planta apresenta pouca resistência ao vento. Ventos intensos podem provocar o 
tombamento da planta ou a quebra do pedúnculo, com perda do fruto. Também podem contribuir para 
aumentar a incidência de fungos como Thirlaviopsis paradoxa e Fusarium, que penetram nos ferimentos 
provocados pelo atrito das folhas e, destas com o fruto. O abacaxizeiro desenvolve um sistema radicular 
limitado que se concentra nos primeiros 15 cm de solo, não tolerando excesso de água. Por isso, se 
adapta melhor em solos arenosos com boa drenagem. 
Os terrenos planos com pouca declividade, de até 3% são os preferidos, pois facilitam a 
mecanização e diminuem o risco de erosão. Além do mais, os solos cultivados com o abacaxizeiro são 
mantidos limpos ou com pouca cobertura vegetal, na maior parte do ciclo (Figura 3). 
Na escolha do local para plantio, dar preferência para solos de topografia plana que favoreça a 
mecanização, atentando para práticas conservacionistas de solo, imprescindíveis em áreas declivosas. 
A área também deve ter acesso fácil ao trânsito de veículos, carregamento de insumos e trazendo a 
produção. Atentar para a presença de mananciais hídricos para irrigação, se necessária. A acidez elevada 
pode limitar o cultivo do abacaxizeiro em solos tropicais. Após análise de solo, deve-se elevar a saturação 
de bases (V%) a 60%. Ademais, a faixa de potencial hidrogeniônico (pH) tida como ideal para a cultura 
é entre 5,0 e 6,0 (FERREIRA et al., 2011). 
Vale ressaltar que as propriedades do solo e as características do clima, em especial, a 
temperatura e a luminosidade, exercem papel preponderante no desenvolvimento da cultura do 
abacaxizeiro. Tais fatores ecofisiológicos devem ser atentados e atendidos a fim de se escolher as 
melhores regiões ou áreas para cultivo do abacaxizeiro, objetivando uma alta produção, rentabilidade 
da cultura e boas qualidades de fruta para o consumidor. 
 
Considerações finais 
 
A atividade fotossintética é a base para a produção de reservas na planta, nas quais constitui a 
matéria prima, assim a necessidade de frutas oriundas do abacaxizeiro e citricultura, onde em condições 
de solo e clima favoráveis tem-se aumentado a produtividade, sendo necessária para a alimentação da 
população mundial. Desse modo, o cultivo de citros e abacaxi em regiões de clima tropical pode chegar 
no potencial máximo de produtividade, uma vez que é uma região que oferece condições edafoclimáticas 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
52 
Dias & Mata (2021) 
favoráveis ao crescimento e desenvolvimento das culturas, como: radiação solar, temperatura, 
fotoperíodo,umidade do solo e ambiente, quanto ao bioma cerrado, quando necessário, deve-se realizar 
a correção da acidez e nutricional do solo conforme a necessidade da cultura, assim tendo uma boa 
produtividade das culturas cultivas em regiões de clima tropical. 
 
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Cultivo de frutíferas em clima tropical 
54 
Dias & Mata (2021) 
 
Capítulo IV 
 
IRRIGAÇÃO EM FRUTÍFERAS DE CLIMA TROPICAL 
 
João Alberto Fischer Filho 
Daniela Fernanda da Silva Fuzzo 
 
 
 
Introdução 
 
As frutíferas são culturas que apresentam elevados padrões de rentabilidade, alto custo de 
produção e em sua grande maioria são sensíveis a falta de água. Em função disto, fruticultores têm 
adotado a irrigação como técnica para o cultivo de frutíferas, até mesmo em plantas de menores 
sensibilidades ao déficit hídrico, como os citros e abacaxi, para garantir as necessidades hídricas das 
plantas perante as incertezas das chuvas. 
A irrigação é uma prática agronômica que tem por objetivo fornecer água para as plantas em 
quantidade suficiente e no momento adequado, pelo umedecimento do solo (BERNARDO et al., 2006). 
Em regiões onde a precipitação não é capaz de satisfazer a demanda evapotranspiratória, a prática da 
irrigação se torna imprescindível para que os cultivos possam expressar o seu potencial. A duração e a 
necessidade hídrica de cada fase dependem da cultura e das condições de clima e solo, considerando 
que cada organismo reage de forma diferente ao estresse hídrico (KRANNER et al., 2010). 
Especificamente frutíferas de clima tropical requerem quantidades elevadas de água para 
completarem seu ciclo, em razão de ficarem expostas as variações do clima ao longo do ano e tenderem 
a apresentar, durante o seu desenvolvimento, elevadas taxas de evapotranspiração, sendo em alguns 
períodos superiores a 5 mm/dia (SOUSA et al., 2011), então, a adoção da irrigação se faz necessária para 
suprir a demanda por água pelas plantas. 
A aplicação de água via irrigação pode ser realizada por diferentes métodos (aspersão, localizada 
e superfície). A escolha do método de irrigação para cada cultura e o manejo a ser realizado é 
fundamental para viabilizar a adoção do sistema. Diante disso, neste capítulo serão abordados os 
métodos de irrigação, além das características agronômicas e necessidades hídricas de frutíferas 
visando altas produtividades e melhoria na qualidade dos frutos. 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
55 
Dias & Mata (2021) 
Métodos e manejo da irrigação 
Métodos de irrigação 
Os principais métodos de irrigação são por superfície, aspersão e localizada. A escolha de qual 
adotar em frutíferas deve partir de uma análise técnica, social e econômica. Entre os fatores 
preponderante na escolha do método sobressaem a cultura a ser irrigada, quantidade e qualidade de 
água disponível, tipo e uniformidade do solo e o clima da região. 
 
Irrigação por superfície 
Os sistemas de irrigação por superfície caracterizam-se por utilizar a superfície do solo para 
condução e distribuição da água, por meio de gravidade. É um método de irrigação não pressurizado e 
com menor custo. Se enquadra os sistemas por sulco, faixa e inundação. Sendo o método por sulco mais 
recomendado para frutíferas, por possibilitar a distribuição da água apenas próximo ao sistema 
radicular da planta. 
É o sistema de irrigação mais antigo e adotado no mundo, principalmente em cultivos de arroz, 
caracterizando-se por utilizar altos volumes de água. A irrigação de superfície requer, em sua grande 
maioria, a sistematização da área e declividade de 2 a 6%, o que gera elevada movimentação de terra e 
impossibilita o uso em determinadas localidades. 
O uso deste sistema de irrigação apresenta algumas desvantagens que podem limitar seu uso em 
frutíferas, tais como, baixa eficiência (próximo a 50%), dificuldade de circulação de máquinas, 
impossibilidade de usar a fertirrigação, regiões com baixa disponibilidade hídrica, entre outros fatores. 
É um sistema recomendado para diversas frutíferas, porém o seu uso tem diminuído com o 
desenvolvimento de tecnologias mais eficientes. 
 
Irrigação por aspersãoA irrigação por aspersão caracteriza-se pela aplicação de água de forma artificial, simulando a 
chuva. Neste tipo de sistema a água é aplicada por meio de aspersores, os quais possibilitam o 
fracionamento do jato de água na forma de gotas. Entre os sistemas de irrigação por aspersão destacam-
se: aspersão convencional, por pivô central e autopropelido. Os métodos de aspersão convencional e 
pivô central são os mais comuns em frutíferas. 
A irrigação por aspersão convencional caracteriza-se pela utilização de tubulações móveis de 
engate rápido e fixas, além dos aspersores. Permitem muitas possibilidades de adaptações, visando 
redução no uso da mão de obra, adequação as diferentes situações de campo, os quais culminam na 
melhoria da eficiência da irrigação (MANTOVANI et al., 2007). Possibilita o uso da irrigação em 
pequenas e médias propriedades, por apresentar médio custo de instalação e permitir a adoção de um 
sistema móvel. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
56 
Dias & Mata (2021) 
O pivô central é constituído por uma linha lateral suspensa com movimentação circular. A 
aplicação da água é feita por aspersores, difusores ou emissores, localizados em bengalas ou sobre a 
linha lateral (Figura 1A). É um dos sistemas de irrigação que mais cresce no Brasil, sendo adotado em 
médias e grandes áreas. 
Em frutíferas, a aspersão é muito utilizada na formação de mudas, em viveiros, em razão de 
apresentar boa eficiência de aplicação de água, próximo a 90%. Em plantas já estabelecidas, o 
molhamento da parte aérea pode provocar aumento na incidência de doenças, portanto, deve-se 
preterir a aplicação via subcopa em plantas suscetíveis. 
O uso da irrigação por aspersão apresenta-se como uma solução prática para ser utilizada em 
frutíferas, por possibilitar a adoção de diferentes aspersores, pressões de trabalho, layout e manejo do 
sistema. Por aplicar altos volumes de água, a adoção do manejo eficiente é necessária para redução do 
desperdício, está sujeito à deriva, e de encharcamento e/ou enxurrada em solos com problemas de 
infiltração de água. 
 
Irrigação localizada 
A irrigação localizada caracteriza-se pela aplicação de água em baixo volume e alta frequência, 
realizada por meio de gotejadores e micro aspersores. É um sistema que opera em baixas pressões e 
com alta eficiência de aplicação, superior a 90%, em razão da aplicação da água apenas em áreas 
próximas ao sistema radicular das plantas. A irrigação localizada possibilita ajustes de instalação para 
adequar a cada cultura, facilitando o seu uso na fruticultura. 
O sistema por gotejamento apresenta mangueiras de polietileno, onde estão inseridos os 
emissores (dentro ou fora da linha), espaçados geralmente, entre 0,15 e 1,00 m de distância. Por 
apresentar no mercado uma grande variedade de modelos de emissores, espaçamentos e vazões, é um 
sistema que consegue se ajustar as diferentes condições de produção. 
Na micro aspersão são utilizados micro aspersores, que se assemelham aos aspersores 
convencionais, porém com menor vazão. São instalados nas linhas no espaçamento desejado pelo 
irrigante, e por aplicarem água em apenas uma porção do solo, geralmente são localizados próximo a 
parte vegetativa das plantas. 
A irrigação localizada apresenta maior custo de aquisição quando comparada aos métodos de 
irrigação por superfície e aspersão, porém o seu uso tem se destacado em frutíferas (Figura 1B). Uma 
das vantagens é permitir o uso da fertirrigação, otimizando a aplicação de água e nutrientes de forma 
conjunta, melhorando a eficiência nutricional. Outros benefícios desse sistema é a redução da incidência 
de doenças e de plantas daninhas, por não molhar a parte aérea da planta e apenas uma região da 
superfície do terreno. Destaca-se como vantagens também, a adaptação a diferentes tipos de solos, 
topografia e qualidade de água. 
Ao se adotar o método de irrigação localizada, podem aparecer problemas como entupimento 
de emissores e distribuição do sistema radicular das plantas próximo ao local da irrigação. Deste modo, 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
57 
Dias & Mata (2021) 
a adoção de limpeza do sistema e o manejo adequado da irrigação são primordiais para o seu bom 
funcionamento. 
 
 
Figura 1. (A) Pivô central em limão Tahiti. (B) Gotejamento em banana nanica. Fonte: (A) - João A. 
Fischer Filho, Fazenda Costa Melo – Paranapuã/SP, janeiro de 2013; (B) - André F. Santos Silva, Sítio 
Santa Terezinha – Bebedouro/SP, abril de 2019. 
 
Manejo de irrigação 
A água é um dos fatores mais limitantes para o desenvolvimento vegetal, sendo que a escassez 
ou o excesso afetam a produção das plantas. Entre os métodos de manejo da irrigação disponíveis, os 
mais usados na prática baseiam-se em: (1) turno de rega fixo; (2) medidas do teor da água no solo; (3) 
balanço hídrico diário via solo ou clima. Para tanto, deve-se conhecer as necessidades hídricas da cultura 
e fazer o monitoramento da água disponível para a planta, visando determinar quando e quanto aplicar 
de água. O monitoramento da água pode ser realizado via solo, clima, planta e pela interação destes. 
 
Via planta 
É realizado por meio de equipamentos ou técnicas, que medem o estado hídrico das folhas, da 
planta, do fluxo de seiva, ou por verificação visual de sintomas de déficit hídrico. O uso deste 
monitoramento é dificultado em razão da necessidade maior de mão-de-obra e falta de informações 
adequadas para todas culturas, o que pode reduzir a precisão do método. O monitoramento via planta, 
geralmente, é utilizado de forma complementar aos demais. 
 
Via solo 
O solo tem por característica armazenar água, sendo assim, podem ser adotados equipamentos 
e métodos para determinar ou estimar o teor de água disponível no solo. O monitoramento de água no 
solo pode ser feito de forma direta (método gravimétrico) ou indireta, com a utilização de diferentes 
dispositivos. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
58 
Dias & Mata (2021) 
O uso do método gravimétrico é preciso e utilizado para validar outros métodos, sendo 
considerado como padrão. Ele caracteriza-se por retirar amostras do solo e determinar a umidade pelo 
método-padrão de estufa. Dentre os métodos indiretos, destacam-se o uso de tensiômetros, sensores, 
sonda de nêutrons e TDR. Métodos indiretos não exigem a retirada de amostras do solo, sendo a leitura 
realizada no campo. Em frutíferas recomenda-se que os sensores sejam instalados próximos ao caule 
das plantas. 
O monitoramento de água via solo apresenta certa precisão, porém, em razão da necessidade de 
equipamentos específicos e de problemas de operacionalidade (mão-de-obra, frequência de leituras e 
número de pontos representativos da área), o uso deste é limitado. 
 
Via clima 
O monitoramento via clima é realizado por meio da estimativa do consumo de água pelas 
culturas, ou seja, com base na evapotranspiração da cultura (ETc). Sendo assim, com base na 
disponibilidade inicial de água no solo e a determinação da ETc é possível determinar a lâmina e o 
momento de irrigação. 
Esta metodologia vem ganhando espaço no manejo de irrigação, em razão da disponibilidade de 
estações agrometeorológicas acessíveis aos irrigantes (MANTOVANI et al., 2007), as quais 
disponibilizam os valores de evapotranspiração de referência (ETo) diariamente, e da disponibilidade 
dos coeficientes de cultivo (Kc) para as mais variadas culturas, o que facilita a determinação da ETc. 
A lâmina de irrigação aplicada nas culturas e o momento de ser aplicada irão depender da cultura 
e das condições locais. Sendo assim, a adoção de planilhas eletrônicas ou de softwares para o 
gerenciamento da irrigação é essencial para realizar o manejo da irrigação 
A escolha do método ideal para realizar o manejo da irrigação irá depender da disponibilidade 
de dados climáticos na região e dos equipamentos necessários. É recomendável a associação de dois ou 
mais deles.A finalidade destes é determinar a quantidade de água a ser aplicada via irrigação, de modo 
a proporcionar que o solo retorne ao seu teor de água máximo, possibilitando condições para o 
desenvolvimento satisfatório das culturas. 
 
Necessidades hídricas em frutíferas de clima tropical 
 
As necessidades hídricas em frutíferas de clima tropical estão ligadas às condições climáticas, 
umidade do solo e estádio de desenvolvimento da planta. O uso de dados precisos de quando e quanto 
aplicar de água é de suma importância para explorar o máximo potencial produtivo e rendimento da 
cultura. Além de permitir o uso racional da água e a obtenção de uma produção economicamente viável. 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
Abacaxi (Ananas comosus L. Merril) 
O abacaxi é consumido na maioria dos países e produzido fundamentalmente nos de clima 
tropical e subtropical. É tido como uma planta com necessidades hídricas relativamente baixas, 
apresentando características de vegetais adaptados a clima seco, no entanto, maiores rendimentos e 
frutos de qualidade são obtidos quando a cultura é bem suprida com água. 
Em geral, a necessidade hídrica da planta aumenta com o grau de desenvolvimento vegetativo, 
portanto, é menor durante o início do ciclo vegetativo e aumentando sucessivamente. Porém, o 
suprimento hídrico é crítico durante os primeiros dois meses após o plantio, fase em que observa o 
desenvolvimento das raízes, o estresse hídrico nesta fase pode prejudicar a produção da cultura. 
Segundo Silva et al. (2017), a partir do segundo mês as necessidades hídricas crescem de modo contínuo, 
em razão do desenvolvimento da planta, até atingir o sexto mês após o plantio. 
Em relação aos métodos de irrigação, os mais indicados são os de superfície (sulcos), de aspersão 
e irrigação localizada (COELHO et al., 2000). Os autores enfatizam que o gotejamento é mais propício 
em solos de textura média a argilosos, onde o sistema pode ser dimensionado com duas fileiras de 
plantas por linha lateral de gotejamento e a micro aspersão pode ser também usada, preferencialmente, 
elevando as hastes dos microaspersores, a fim de atingir uma área de aspersão maior. 
Os coeficientes de cultivo (kc) em função dos estádios da planta, segundo Doorenbos e Kassan 
(1994), variam entre 0,4 a 0,5 para todo o período de crescimento. O abacaxizeiro não tolera excessos e 
nem déficit hídrico, desta forma, em regiões que apresentam períodos secos prolongados a prática da 
irrigação torna-se muitas vezes indispensável, visto que a demanda diária de água pode variar de 1,3 a 
5,0mm (ROTONDANO e MELO, 2007). 
Em condições naturais, a pluviosidade ideal para cultivo do abacaxizeiro está na faixa de 1.000 
a 1.500mm, bem distribuída ao longo do ano. É uma cultura sensível ao déficit hídrico, principalmente, 
no período vegetativo, pois é neste período que são determinados o tamanho e as características do 
fruto, e na floração à colheita, visto que o déficit hídrico pode afetar a produção, o peso do fruto e a 
qualidade. 
 
Banana (Musa spp.) 
A banana é uma fruta consumida in natura no mundo todo, por se tratar de uma cultura de clima 
tropical é exigente em temperatura elevada e boa disponibilidade de água para seu desenvolvimento. O 
período de estabelecimento e fase inicial do desenvolvimento vegetativo determinam o potencial de 
crescimento e frutificação, sendo essenciais os suprimentos adequados de água e nutrientes nesse 
período (ROBINSON e GALÁN SAÚCO, 2010). 
Segundo Doorenbos e Kassam (1994), as maiores produções de banana estão associadas a uma 
precipitação total anual de 1.200mm nos trópicos úmidos e 2.200mm nos trópicos secos, sendo que em 
condições de sequeiro está entre 2.000 a 2.500 mm/ano. O coeficiente de cultura (Kc) varia com as fases 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
60 
Dias & Mata (2021) 
fenológicas, sendo 0,4; 0,7; 1,0; 0,9 e 0,75, respectivamente, nas fases inicial, de desenvolvimento, 
intermediária, final do ciclo e colheita. 
A bananeira é exigente em água e sua produtividade tende a aumentar com a evapotranspiração, 
que depende da disponibilidade de água no solo. A limitação de água é um fenômeno universal e 
representa grande obstáculo na produção de banana (RAVI et al., 2013; MUTHUSAMY et al., 2014; 
KISSEL et al., 2015), principalmente nas regiões semiáridas dos trópicos e subtrópicos. Robinson e Galán 
Saúco (2010), consideram essa aparente ineficiência evidência da baixa tolerância da cultura à seca e da 
necessidade de irrigação para produção comercial. 
 É comum o uso do método de irrigação de superfície para essa cultura (COELHO et al., 2000), 
principalmente em sulcos. Entretanto a aspersão sub copa, o gotejamento e, principalmente, a micro 
aspersão tem sido muito usados para essa cultura. 
O consumo de água pelo uso do método da irrigação por superfície resulta num dispêndio de 
água anual entre 2000 e 3000mm. O método de aspersão também ocasiona alto consumo de água, 
podendo estar entre 1500 e 2000mm por ciclo. A irrigação localizada resulta numa considerável 
economia de água, passando a se utilizar entre 600 e 750mm com por ciclo (COELHO et al., 2000). 
Mahouachi (2009) submeteu plantas jovens de bananeira “grande Naine” à seca durante 62 dias, 
cultivadas em vaso, observou redução significativa logo após 34 dias de estresse hídrico e maior queda 
em todo período de seca, o autor considera a expansão do pseudocaule a característica de crescimento 
mais sensível ao déficit hídrico, e sugere uso da sua contração e expansão como ferramenta para definir 
o cronograma de irrigação. 
 
Citros 
O gênero Citrus é o mais importante da família Rutaceae, existindo numerosas espécies 
cultivadas em caráter comercial. Em sua grande maioria é desenvolvida sob condições de sequeiro, com 
isso o suprimento de água se constitui num dos principais fatores limitantes à produção destas culturas 
(CRUZ, 2003). 
A eficiência do uso da água nos citros é bastante baixa quando comparada a outras plantas C3, 
seu fruto por possuir casca coriácea, com baixa densidade estomática e altos níveis de cera, contribuem 
para a conservação total de água da árvore (BOMAN, 1996). Neste contexto, o propósito da irrigação em 
pomares de citros é minimizar os efeitos perniciosos do estresse hídrico sobre o crescimento, os 
rendimentos e qualidade de frutos (CRUZ, 2003). 
A disponibilidade de água é o principal fator de controle da produtividade em condições não 
irrigadas, indicando que o florescimento, o crescimento do fruto e a maturação, são as fases que mais 
necessitam de água (TEJERO et al., 2012). Apesar da quantidade de água necessária para o cultivo variar 
entre 900 e 1200 mm/ano (DOORENBOS & KASSAM, 1994). 
O uso da irrigação em pomares cítricos proporciona inúmeros benefícios, assegura boa florada 
e adequado pegamento de frutos, o que induz à produção de melhor qualidade (VELLAME et al., 2010). 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
61 
Dias & Mata (2021) 
A qualidade do suco também é afetada pelas condições climáticas. De acordo com Volpe et al. (2002), a 
produção de suco com alta qualidade necessita, igualmente, de frutos com alta qualidade, sendo está 
avaliada através das suas características físico-químicas que, por sua vez, variam durante o período de 
maturação e dependem, entre outros fatores, das condições meteorológicas durante a formação e 
maturação dos frutos. 
Em relação ao Kc, Allen et al. (1998) recomendam valores de Kc para citros entre 0,70 e 0,75 
para diferentes estádios fenológicos quando o grau de cobertura é em torno de 70% e a altura de plantas 
é no máximo 4 m. 
Os métodos de irrigação por superfície (sulcos) e aspersão sub copa tem sido usados; porém, 
mais comum em uso pelos produtores é a micro aspersão e o gotejamento, onde os emissores podem 
ser dispostos próximos às plantas ou entre as plantas na fileira da cultura (COELHO et al.,2000). 
Ocorrendo mudanças nas condições ambientais em termos de radiação e diferenças entre a 
pressão de vapor nas folhas e no ar, a planta aumenta a resistência estomática. Com isso, tem-se 
analisado as semelhanças de demanda hídrica de plantas cítricas em regiões úmidas e secas (COELHO 
et al., 2011). Tal efeito sobre a parte aérea foi observado em citros por Magalhães Filho et al. (2009), que 
também evidenciaram diminuição da parte aérea em plantas de 'Cravo' e de 'Trifoliata', com indicação 
da existência de um mecanismo de adaptação à seca que priorizou o crescimento das raízes, sob estresse 
hídrico. Os autores associam esta resposta ao mecanismo de defesa contra o déficit hídrico, visto que, 
sob tal condição, as plantas investem em mais biomassa para o sistema radicular objetivando aumentar 
a capacidade de absorção de água e nutrientes. 
 
Manga (Mangífera indica L.) 
A mangueira é uma das mais importantes frutíferas do Brasil no aspecto socioeconômico, 
contribuindo significativamente para a pauta de exportações brasileiras de frutas frescas, fortalecendo 
a balança comercial (REIS et al., 2011). O manejo adequado da água está relacionado com outros fatores 
como nutrição, aplicação de fito-reguladores, tratos fitossanitários e principalmente estresse hídrico e 
indução floral (SIMÃO, 2004). 
A mangueira se adapta em regiões que apresentam estações seca e chuvosa bem definida. A 
exigência mínima em termos de precipitação é de 1.000 mm/ano, sendo cultivada, entretanto em 
regiões que apresentam de 500 a 2.500 mm/ano. A ocorrência de um período mais seco (menos de 
60mm) durante 4 a 5 meses determina altas produções, por causa da diminuição do ataque de fungos, 
do favorecimento da floração, polinização e fixação dos frutos (COSTA et al., 2008). Segundo Santos et 
al. (2016), o estresse hídrico tem como impacto primário evitar a emissão de fluxos vegetativos na 
mangueira, sua utilização na indução floral diminui a síntese de Giberelinas, considerado um promotor 
de crescimento, além do vínculo direto à produção de etileno, que é o hormônio responsável pela 
maturação dos órgãos da planta. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
62 
Dias & Mata (2021) 
Os valores do Kc da cultura para os ciclos de cultivo variaram de 0,3 a 0,8 em função da fase 
fenológica, conforme recomendação de Simão et al. (2004), também utilizado por Reis et al. (2011). 
Segundo Coelho et al. (2000), os métodos de irrigação por superfície (sulcos), bem como a aspersão sub 
copa, podem ser usados, entretanto, o sistema mais comum de irrigação da mangueira tem sido o da 
microaspersão. 
 
Considerações finais 
 
A utilização de irrigação é uma estratégia dos fruticultores para reduzir os riscos associados à 
atividade, viabilizar a produção de frutas em regiões com restrições hídricas e permitir aumentos 
expressivos da produtividade e qualidades das frutas. 
A fruticultura é uma das atividades agrícolas que mais têm demandado conhecimentos relativos 
à irrigação, em razão da utilização de frutíferas de alto valor econômico. A demanda hídrica de frutíferas 
demonstra necessidade da complementação das chuvas, por meio da irrigação. 
A seleção do método e manejo de irrigação para cada cultura deve levar em consideração as 
características da planta, as condições climáticas, de solo e de cultivo e disponibilidade de recursos 
hídricos. Tais escolhas são essenciais para o sucesso do sistema de irrigação na fruticultura. 
 
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Cultivo de frutíferas em clima tropical 
65 
Dias & Mata (2021) 
 
Capítulo V 
 
MÉTODOS DE CULTIVO DE FRUTÍFERAS 
CONVENCIONAIS E ORGÂNICAS 
 
Izabela Thais dos Santos 
Guilherme Constantino Meirelles 
Eliana Fernandes Souza 
Antônio dos Santos Júnior 
 
 
 
Introdução 
 
A produção de frutas no Brasil para consumo direto somada a produção destinada ao 
processamento, coloca o país como terceiro produtor mundial, sendo superado apenas pela China e 
Índia, respectivamente, cultivando mais de 2 milhões de hectares, de norte a sul, com espécies 
temperadas e tropicais que proporcionam uma enorme diversidade frutos. O volume total produzido 
tem se mantido próximo de 40 milhões de toneladas e com um calendário de safra ao longo do ano todo. 
Além disso, a cadeia produtiva da fruticultura gera mais de 5 milhões de empregos em áreas onde outras 
atividades de produção de alimentos não seriam viáveis economicamente como, por exemplo, o 
semiárido brasileiro, atingindo a expressiva marca de 16% de todos os empregos dentro do agronegócio 
(IBGE, 2019). 
Segundo Silva (2019), a fruticultura brasileira encontra-se em expansão que é influenciada pelas 
condições edafoclimáticas favoráveis a produção de frutíferas. De maneira geral, encontra-se 
amplamente distribuído no mundo duas vertentes ou sistemas de cultivo agrícola e, no caso do cultivo 
de frutíferas não é diferente, encontra-se o sistema de cultivo convencional e o sistema de cultivo 
orgânico. No entanto, existem diferenças acentuadas entre os dois sistemas no que se refere à 
abordagem e aplicações das práticas culturais. 
O sistema de cultivo convencional parte do princípio da utilização de insumos agrícolas para 
obter o maior rendimento financeiro, porém vem trazendo preocupações a qualidade dos produtos 
agrícolas e a poluição do meio ambiente (MARIANI & HENKES, 2014). A agricultura orgânica, tem como 
princípio básico a diversificação de culturas, que contribua na manutenção do equilíbrio do sistema, 
tendo em vista a utilização de matéria orgânica para a manutenção do sistema por meio da ciclagem de 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
66 
Dias & Mata (2021) 
nutrientes (SANTANA et al., 2018). Visando manter a sustentabilidade do sistema, com o uso de métodos 
alternativos no controle de pragas, doença e plantas daninhas. 
O sistema convencional e orgânico na fruticultura apresentam índices de rentabilidade muito 
próximos, porém, no sistema orgânico vem crescendo o número de consumidores interessados em 
adquirir produtos livres de resíduos químicos, entretanto, no sistema convencional, tem uma estrutura 
produtiva, um diferencial rentável e um mercado consolidado e rentável, podendo ainda prevalecer 
(MADAIL et al., 2007). 
Tendo em vista a importância da fruticultura convencional e orgânica na cadeia produtiva 
brasileira, faz-se necessário o estudo sobre os métodos e técnicas associados a estas tendo como 
objetivo a produção e a sustentabilidade do ambiente agrícola. 
 
Manejo de frutíferas em sistema convencional 
 
No cultivo convencional prevalece à busca da maior produtividade por meio da utilização 
intensa de insumos externos, o que no curto prazo de tempo traz resultados econômicos visíveis, como 
o aumento da produtividade e eficiência agrícola, além de diminuir a migração rural e melhorar a renda. 
No entanto, em longo prazo, pode trazer danos ambientais (sobretudo pelo cultivo em monocultura), 
além de substituir a mão-de-obra pelo uso de tecnologia (SILVA JÚNIOR et al., 2014). Ademais, a 
agricultura convencional baseia-se em três pilares: uso de agroquímicos (fertilizantes e insumos 
sintéticos, agrotóxicos, dentre outros), mecanização (tratores, plantadora, colhedora, máquinas e 
equipamentos, etc.) e, manipulação genética (seleção e melhoramento vegetal, cultivares melhoradas e 
ou transgênicos). 
No cultivo convencional recomenda-se o uso de corretivos, adubos e fertilizantes sintéticos, além 
de fertilizantes orgânicos como fonte de nutrientes, para tal associação deve-se atentar ao uso excessivo 
visando prevenir danos ao agroambiente. A implantação de frutíferas utiliza uma grande quantidade de 
insumos e recursos externos, além de máquinas e equipamentos agrícolas. As adubações de plantio e de 
cobertura, empregam uma grande quantidade de adubos sintéticos e nutrientes. A condução das 
frutíferas é realizada com o uso de práticas culturais isoladas ou combinadas, como a poda de formação, 
poda de limpeza ou verde, poda de frutificação, monitoramento, aplicação ou pulverização de 
agrotóxicos, além de, roçada ou capina manual ou mecânica (controle de plantas daninhas). O uso de 
reguladores vegetais possibilita um aumento da área de produção de frutas, incrementando a qualidade 
e produtividade das fruteiras, assim os principais reguladores utilizados em frutíferas são 
aminoetoxivinilglicina, ácido naftaleno acético, benziladenina, etefom, ácido indolbutírico, ácido 
giberélico, Proexadiona cálcica, etil-trinexapac, clorfenuron, ácido abscísico, tidiazuron, cianamida, 
Paclobutrazol, Metamitron e Cyclanilide (PETRI et al., 2016). O processo de colheita e comercialização 
prioriza o rendimento, a economia e, em geral, o lucro exorbitante, em detrimento a qualidade 
organoléptica (cor, sabor e aroma), qualidade fitossanitária (respeito ao período de carência, dose e 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
67 
Dias & Mata (2021) 
forma correta de aplicação de agrotóxicos), qualidade comercial (com atenção ao ponto ideal de colheita 
das frutas) e qualidade nutricional (quantidade de nutrientes de cada fruta em questão). 
 
Manejo de frutíferas em sistema orgânico 
 
No cultivo orgânico recomenda-se o uso de corretivos e fertilizantes naturais, de solubilidade e 
liberação lenta, além de ação gradativa. Prioriza-se o equilíbrio de nutrientes, nas suas formas orgânicas, 
evitando os excessos e contribuindo para manter os atributos do solo e da água. A implantação de 
frutíferas usa insumos e recursos, em sua maioria, advindos da própria propriedade, como fibras 
vegetais, madeira, bambu, além de minimizar o uso de máquinas e equipamentos, priorizando e 
valorizando a mão-de-obra familiar ou local, gerando emprego e renda. As adubações de plantio 
(fundação) e coberturas (manutenção), normalmente, empregam fertilizantes orgânicos ou extratos 
vegetais (caldas nutricionais), ou ainda, rochas moídas (apatitas, fosforita) e matéria orgânica 
decomposta (húmus), além de adubações verdes (com leguminosas, mucuna, leucena e feijão-de-porco). 
A condução das frutíferas é realizada com o uso de práticas culturais, normalmente associadas, como o 
cultivo intercalar, rotação de culturas, poda de formação, poda de limpeza ou verde, poda de frutificação, 
aplicação ou pulverização de caldas nutricionais ou fitoprotetoras (como o extrato de nim, calda 
bordalesa, calda sulfocálcica, bokashi, dentre outras), roçada ou capina das entrelinhas das plantas em 
cultivo. O uso dos reguladores de crescimento naturais são substâncias que atuam no crescimento das 
plantas, sendo, auxinas, giberelinas, citocininas, etileno e ácido abscísico, que fazem parte de compostos 
das plantas ou da parte fisiológica que podem ser utilizados comercialmente como reguladores vegetais. 
Assim a quebra da dormência em frutas de sistemas orgânicos não pode ser utilizado produtos químicos 
(PETRI et al., 2016). 
A prática da colheita e comercialização, normalmente é certificada e fiscalizada, prioriza o bem-
estar dos produtores e da população, qualidade organoléptica diferenciada, qualidade fitossanitária 
garantida (uma vez que os produtos usados na produção são naturais ou biodegradáveis), qualidade 
comercial (atentando para o ponto de colheita ideal de cada espécie frutífera) e qualidadenutricional 
(com altos níveis de nutrientes e antioxidantes favoráveis à saúde humana). 
Entretanto, a agricultura orgânica deve e pode ser bem gerida, para evitar contaminações, além 
disso, podem ter um alto custo produtivo pela utilização de insumos caros e muita mão-de-obra, porém, 
isso pode ser minimizado ou superado pelo processo de certificação e agregação de valor aos produtos, 
tendo grande valor de mercado e demanda crescente ao longo dos anos. 
 
Manejo de solo 
 
O preparo convencional do solo, é realizado basicamente em duas etapas, que são o preparo 
primário e o secundário, que tem como objetivo adequar as condições do solo para o desenvolvimento 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
68 
Dias & Mata (2021) 
de plantas cultivadas, eliminando camadas compactadas, promovendo maior infiltração de água e 
aeração, além de proporcionar a incorporação de corretivos e da matéria orgânica longo do perfil do 
solo. O preparo primário, consiste das operações iniciais da camada do solo, realizadas com arados 
recomendado para corte e inversão da camada de solo e subsoladores recomendados para 
descompactar camadas subsuperficiais. Por outro lado, o preparo secundário refere-se ao 
destorroamento e nivelamento da camada de solo que já passou pelo preparo primário, a afim de que se 
tenha boa incorporação de corretivos ao longo do perfil do solo e facilidade no plantio (ALVARENGA; 
CRUZ; VIANA, 2008). 
O preparo e a manutenção do solo na agricultura orgânica devem levar em consideração o 
conjunto de propriedades como minerais, ar, água, fauna e matéria orgânica que está presente no solo. 
O preparo mínimo do solo é um sistema que preconiza a menor mobilização do solo, visando a 
diminuição da compactação causada pelo tráfego de máquinas e, o gasto energético das operações 
agrícolas, reparos e manutenção, os quais serão tanto menores, quanto menor for o número de 
máquinas envolvidas nas atividades de preparo do solo, além de manter a matéria orgânica e conservar 
o solo contra a erosão (ANJOS et al., 2010). O cultivo mínimo do solo, visa o mínimo revolvimento do 
solo com maquinário agrícola, objetivando a manutenção dos resíduos vegetais, com técnicas de rotação 
de cultura, consorcio, cultivo em faixa de adubo verde (com raízes fortes como guandu, crotalárias, entre 
outras) para evitar a utilização da subsolagem (ALMEIDA; COELHO; PRIES, 2016; PENTEADO, 2001). 
O sistema de plantio direto não há prévio revolvimento do solo, sendo o plantio realizado sob a 
palhada remanescente da cultura anterior ou das plantas daninhas, reduzindo assim o impacto da 
erosão do solo (SALTON; HERNANI; FONTES, 1998). O plantio direto é definido como o plantio com 
revolvimento do solo apenas no sulco ou cova onde se deposita a muda e o fertilizante, em contraste 
com sistema de plantio convencional e cultivo mínimo. O plantio direto elimina, portanto, as operações 
de aração, gradagens e outros métodos convencionais de preparo do solo, sendo o manejo das plantas 
daninhas realizado com herbicidas em aplicações antes e, ou após o plantio. E visa o acúmulo e a 
manutenção de resíduos vegetais na superfície do solo (LOSS et al., 2010). 
 
Correção e adubação do solo 
 
O melhoramento genético de frutíferas tem proporcionado incremento na produção e na 
qualidade dos frutos. Contudo, com a melhoria da carga produtiva tem o aumento na demanda por 
nutrientes que serão alocados para os frutos, fazendo-se necessário fornecer tais insumos por meio da 
correção e adubação dos solos, seguindo as exigências das culturas (NATALE et al., 2012). 
Pomares de plantas frutíferas podem permanecer na área agrícola por longos períodos conforme 
observados em citros, mangueira, cajueiro, etc. Desta maneira, devido ao sistema radicular pivotante e 
o grande volume de solo explorado pelas plantas perenes, faz-se necessário a correção do solo com o 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
69 
Dias & Mata (2021) 
objetivo incrementar o desenvolvimento radicular em função da redução dos níveis tóxicos de alumínio, 
e a disponibilidade de nutrientes na solução do solo devido à elevação do pH. 
Diante disto, antes de indicar a necessidade de correção e da adubação do solo, o produtor 
devera conhecer as caraterísticas químicas e físicas do solo, por meio da análise do solo nas camadas 
superficiais (0 – 20 cm) e subsuperficiais (20 – 40 cm). Na recomendação da correção do solo deve-se 
analisar a necessidade de calagem e de gessagem, efetuando a aplicação de calcário e de gesso agrícola 
de modo a corrigir o solo. Já a recomendação de nutrientes deve-se observar a disponibilidade deste no 
solo e a exigência das plantas, e repor a quantidade faltante, no plantio e/ou em cobertura. 
O calcário é incorporado no solo na aração ou na gradagem, de modo a ser distribuído de maneira 
uniforme na superfície e em profundidade ao longo do perfil do solo. Todavia, em plantios já 
estabelecidos a correção do solo deverá ser realizado por aplicações superficiais sem o revolvimento do 
solo, de modo a corrigir a acidez de forma lenta, levando em consideração sempre a análise do solo 
(NATALE et al., 2012). Ainda, segundo Azevêdo (2003), a aplicação do calcário pode ser realizada a lanço 
em área total ou em faixa de plantio. 
O gesso agrícola pode ser utilizado para auxiliar no aprofundamento do sistema radicular das 
plantas. Solos que há limitações químicas como acidez (baixo pH e teor elevado de Al3+), baixa saturação 
por bases e baixos teores de nutrientes, necessitam de manejo adequado do solo visando a melhoria nos 
atributos químicos do solo para ter uma produção bem sucedida, deste modo, faz-se necessário o 
emprego da correção do solo por meio de aplicações de calcário dolomítico para elevar o pH do solo, 
gesso mineral aumenta o teor de cálcio e complexa o alumínio do solo e o fosfato natural disponibiliza 
fosforo para o solo (BORGES et al., 2016). 
Com relação a adubação de plantio, é necessário fazer recomendações baseadas em análise do 
solo e exigências das culturas, podendo ser maior ou menor em função da espécie. Em cultivos de 
bananeira observa-se grande demanda de nutrientes para assegurar o bom desempenho vegetativo e 
reprodutivo, sendo o potássio e o nitrogênio, seguido por cálcio, magnésio, enxofre, fósforo que são 
macronutrientes, e os micronutrientes, cloro, manganês, ferro, zinco, boro e cobre, em ordem 
decrescente os mais requeridos pela cultura (MATOS, 2012). 
No sistema orgânico pode ser utilizado aplicação de esterco bovino e a aplicação de adubo 
mineral mais esterco de caprino, onde constatou-se que a densidade do solo observada foi de 
respectivamente de 1,35 e 1,51 g cm-3 para áreas de cultivo de gravioleira ‘Morada’ (MALTA et al., 
2019a). Para Ishaq et al. (2001), a compactação do solo pode reduzir o rendimento das culturas devido 
ao aumento da resistência no crescimento do sistema radicular afetando a diminuição da eficiência no 
uso da água e nutrientes. A porosidade total para adubação mineral, esterco bovino e esterco de ave 
ambos com 0,46 m-3.m-3, foi satisfatória (MALTA et al., 2019a). Em relação aos outros nutrientes o 
esterco bovino influenciou positivamente os teores de potássio, sódio, carbono e matéria orgânica do 
solo, sendo mais indicada para a gravioleira ‘Morada’, não afetando no solo os teores de cálcio, magnésio, 
alumínio, hidrogênio + alumínio, além da densidade e porosidade total (MALTA et al., 2019a). 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
70 
Dias & Mata (2021) 
A adubação verde proposta por Feitosa et al. (2009) em figueiras (Ficus carica L.), usando 
cobertura viva de Crotalaria juncea manejada em um corte; Crotalaria juncea manejada em dois cortes; 
cobertura viva com grama batatais (Paspalum notatum - gramínea rizomatosa herbácea perene) e cama 
aviaria de adubo, proporcionou maior comprimento de ramos e emissão total de folhas em cobertura 
viva de crotálaria e com crotálariacom poda quando comparado com cobertura viva de grama batatais. 
Quando há padronização da irrigação, os parâmetros de produção da figueira não alteram pelos diversos 
tipos de cobertura viva do solo. No entanto, a leguminosa crotalária podada tem maior aporte de N e 
biomassa seca vindo da deiscência natural de folíolos. 
A adubação da fruticultura com resíduos industriais e urbanos vem ganhando espaço afim de 
diminuir custo em adubação. Os materiais que apresentam alto potencial de utilização em viveiros, são 
provenientes de bagaço de cana, tortas, lixo e esgotos urbanos. Esses materiais, em geral, são ricos em 
sua composição química, sendo capazes de propiciar benefícios para o desenvolvimento das plantas 
(CUNHA et al., 2005). Muitos resíduos podem ser utilizados como fontes orgânica e nutritivas para a 
fruticultura. O esterco de ovino e o húmus de minhoca proporciona aumento nas características 
morfológicas em mudas de goiabeira (Psidium guajava L.), porém para beneficiar o crescimento das 
mudas de goiabeira a proporção deve ser 40% do material orgânico seja o esterco bovino, o esterco 
ovino ou o húmus de minhoca, incorporada ao substrato, porém, em dose crescente das fontes orgânicas 
há redução do fosforo no substrato (OLIVEIRA et al., 2013). 
O uso de lodo de curtume como adubo foliar, em maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. 
flavicarpa) possibilitou ganhos em suas características de desenvolvimento como altura de planta, 
diâmetro de copa e massa seca da parte aérea das mudas, porém, há acumulo de cromo nos tecidos como 
caule e raiz em função do aumento da dose de lodo no substrato, podendo causar intoxicação nas 
plantas, entretanto, não foi observado tal efeito deletério. Deste modo, adubação de lodo de curtume é 
uma alternativa de adubação foliar em suplementação ou substituição a adubação química em mudas 
de maracujá-amarelo, pelos benefícios proporcionados as plantas (BERILLI et al., 2016). 
O uso de adubação com esterco de caprino em gravioleira proporcionou maior valor no teor de 
nitrogênio, porém, o maior teor de fosforo e potássio, foi na adubação com esterco bovino (MALTA et 
al., 2019b). 
 
Manejo fitossanitário 
 
O manejo de plantas daninhas em frutíferas nos sistemas convencional e orgânico pode ser 
realizado pelo: controle preventivo com a aquisição mudas de produtores idôneos e livres de infestantes 
como tiririca (Cyperus rotundus); o cultural implica em fornecer melhores condições para o 
desenvolvimento e o estabelecimento do pomar (de modo que a cultura leve vantagem sobre as 
infestantes) por meio de descompactação do solo, adensamento de plantio, adubação e irrigação 
localizada, controle de pragas e doenças, além de, adoção de plantas de cobertura na entrelinha de 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
71 
Dias & Mata (2021) 
plantio; o controle mecânico consiste no emprego de práticas para a eliminação das invasoras por meio 
de efeito físico-mecânico, seja por tração humana, animal ou tratorizada, promovendo o arranquio, 
capina e a roçada manual ou mecanizada; o controle físico é de fundamento importância nos pomares 
pois promovem a cobertura do solo (reduz a incidência de radiação fotossinteticamente ativa das 
plantas daninhas impedindo principalmente a germinação de sementes fotoelásticas positivas, caso 
germine a plântula necessita superar o impedimento físico para se estabelecer). O controle químico é 
exclusivo em pomares com sistema convencional, deve-se levar em consideração se o produto é 
registrado para a cultura, além da adoção de alguns critérios devem ser levados em consideração para 
a escolha, como a avaliação da eficácia no controle das plantas daninhas presente na área, da 
seletividade e da persistência no solo, bem como aplicação nos períodos de máxima sensibilidade das 
invasoras. Para Penteado (2001), em pomares com sistema orgânico, utiliza-se métodos alternativos 
como extrato de alho que tem ação herbicida. Além do uso de Eletroherb equipamento que libera uma 
descarga elétrica nas plantas daninhas controlando por meio de eletrocussão (OLIVEIRA et al., 2007). 
A ocorrência de pragas na fruticultura é um problema crítico que influencia toda a cadeia 
produtiva, podendo afetar a safra atual e as safras futuras e levar a morte de todo pomar. As principais 
pragas do pessegueiro, ameixeira e nectarineira são: Mosca-da-fruta, mariposa oriental, cochonilha 
branca, pulgão da falsa crespeira, formigas. Nas culturas de citros são: Mosca do mediterrâneo, lagarta 
dos citros, broca dos galhos da laranjeira, cochonilhas, pulgão preto, pulgão verde, ácaro da falsa 
ferrugem. Na macieira e pereira são piolho de São José, Pulgão lanígero. Na goiabeira são as brocas das 
mirtáceas e as cochonilhas de cera. O monitoramento de pragas nos sistemas convencional e orgânico 
em pomar, pode ser realizado por meio e armadilhas, para realização da identificação e controle de 
pragas. O controle no pomar convencional pode ser realizado pela captura da praga, ensacamento das 
frutas, corte dos galhos e frutos infestados, evitar a presença de plantas hospedeiras, e pode ser 
realizado também por meio do controle químico com produtos específicos (FACHINELLO; NACHTIGAL; 
KERSTEN, 2008). 
No pomar orgânico o controle pode ser realizado por plantas defensivas como, Confrei, Cravo de 
defunto, Fumo (nicotina), Neem (Nim), Pimenta e Urtiga, auxilia no controle de pulgão, acaro e algumas 
lagartas, tripés e outras pragas. Para evitar danos nos frutos pode ser feito o ensacamento, armadilhas 
luminosas e iscas alternativas (PENTEADO, 2001). 
O controle de doenças em frutíferas convencional e orgânica inicia desde a produção de mudas 
que deve ser realizado em locais protegidos, uso de solo sem contaminantes com o uso de mudas sadias 
e se possível com resistência a doença de determinado local, fazer o tratamento das mudas, e no pomar 
controlar vetores de doenças, bem como fazer o manejo para evitar a disseminação. As principais 
doenças do pêssego, ameixa e nectarina são a podridão parda, bacteriose, creseperira verdadeira, 
ferrugem e sarna, nos citros são a gomose, verugose, queda anormal de frutas jovens, cancro cítrico, 
tristeza exocorte, declínio, clorose variegada e fumagina (FACHINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008). 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
72 
Dias & Mata (2021) 
O monitoramento de doenças pode ser através do caminhamento em campo, com o objetivo de 
identificar qual método será mais eficaz no controle (SANTANA et al., 2018). O controle no pomar 
convencional pode ser realizado por meio do controle químico com produtos específico. Em pomar 
orgânico, faz o uso da solarização, visando a utilização de temperatura não muito elevada para o controle 
da microbiota do solo sem causar perdas significativas da vida do solo (MICHEREFF e BARROS, 2001). 
Outro mecanismo que pode ser usado é extrato de alho no controle de doenças como míldio e ferrugens 
(PENTEADO, 2001). Para o controle da antracnose causada nas bananas, tem-se o tratamento térmico 
com a imersão da banana orgânica em água quente 40°C/20 min, no combate do C. musae onde não 
alterou a qualidade sensorial e físico química da banana (VILAPLANA et al., 2018). 
 
Tratos culturais de frutíferas 
 
No cultivo convencional de fruteiras pode ser realizado as podas para homogeneizar a produção 
e aumento da qualidade das frutas, as podas podem ser do tipo decisiva, relativa e de pouca importância 
dependendo do tipo de pomar que está sendo cultivado, as modalidades de podas são a poda de 
formação, de frutificação, poda de rejuvenescimento e de limpeza, as podas podem ser realizadas na 
época da seca, no outono (FATINELLO; NACHTIGAL; KERSTEN, 2008). 
O trato cultural em pomar orgânico deve conservar as plantas daninhas sob controle, na véspera 
da florada e da poda realizar o tratamento de inverno, com desfolha de plantas caducas (de climas 
temperados), monitorar e controlar focosde infestação e quebrar a dormência em gemas (com óleo 
mineral 1 a 3%), precedido de podas, irrigação (por aspersão, irrigação por sulco ou gotejamento) e 
adubação orgânica alternativas (PENTEADO, 2001). Deste modo, os cuidados com os pomares devem 
levar em conta o raleio e desbaste de fruto, manutenção da sanidade e nutricional das plantas, e manejo 
do solo. A produção de melão no Piauí, com adubação mineral (150g de NPK), esterco e cinzas vegetais, 
além de que a adubação com cinzas gerou a menor produtividade de frutos e sólidos solúveis (ºBrix) em 
relação a adubação mineral e com esterco. 
 
Considerações finais 
 
Conclui-se que de maneira geral, que as principais práticas adotadas tanto no sistema cultivo 
convencional quanto no orgânico de frutíferas estão alicerçados no preparo e correção do solo, 
implantação da cultura, adubação, condução da cultura, podas, controle de plantas daninhas e manejo 
fitossanitário, além da colheita e comercialização. 
As principais diferenças residem na intensidade do uso do solo e no emprego de insumos 
químicos ou orgânico com maior ou menor solubilidade no solo, além da forma de aplicação e ação dos 
defensivos agrícolas fungicidas, inseticidas, herbicidas, dentre outros insumos e agrotóxicos, bem como, 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
73 
Dias & Mata (2021) 
de produtos menos agressivos ao meio, que procuram manter o agroecossistema em equilíbrio, 
proporcionando o melhor retorno econômico em ambos os sistemas de produção. 
 
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Cultivo de frutíferas em clima tropical 
76 
Dias & Mata (2021) 
 
Capítulo VI 
 
POLINIZAÇÃO POR ABELHAS E SUA IMPORTÂNCIA 
PARA FRUTÍFERAS CULTIVADAS 
 
 
Elisângela Aparecida da Silva 
Larissa Rodrigues de Azevedo Câmara 
 
 
Introdução 
 
No Brasil, a fruticultura é uma das maiores atividades econômicas, sendo considerada geradora 
de riqueza e distribuidora de renda, proporcionando uma das maiores rentabilidadespor hectare no 
país. De acordo com dados do último Anuário Horti e Fruti, nosso país é o terceiro maior produtor de 
frutas no mundo, com uma produção estimada em 43 milhões de toneladas em pouco mais de dois 
milhões de hectares, ficando atrás da China e da Índia (CARVALHO et al., 2020). Em relação à geração 
de empregos, a atividade representa cerca de seis milhões de empregos diretos, o que corresponde a 
27% do total da mão de obra do setor agrícola brasileiro (CNA, 2018). 
Os avanços em técnicas de manejo, práticas culturais e suas combinações, tais como a fertilização 
adequada dos solos, uso racional de irrigação, cultivares adaptadas para cada região e estratégia de 
podas; têm sido fatores decisivos para aumentar a produtividade, otimizando o uso de insumos, além 
de permitir uma utilização racional de produtos fitossanitários nos pomares, fator este de elevada 
importância para preservação da saúde humana e do meio ambiente. Conjuntamente com essas 
tecnologias de produção para aumentos na produtividade, a polinização, no Brasil, vem sendo 
reconhecida como de fundamental importância para a obtenção de frutos em quantidade e com 
qualidade para o mercado, cada vez mais exigente. 
Muitas plantas de importância econômica, incluindo espécies frutíferas, dependem da 
polinização para produzir frutos ou sementes, ou mesmo para incrementar e melhorar qualitativamente 
a sua produção. De acordo com Witter et al. (2014), uma polinização bem-sucedida está diretamente 
relacionada com um melhor rendimento da cultura, podendo promover aumento no número de 
sementes e frutos vingados, além de, adicionalmente, melhorar a qualidade dos frutos, através de 
incremento em tamanho, peso, valores nutritivos, melhoria da aparência, influenciando positivamente 
na antecipação e uniformização no amadurecimento, além de elevar o tempo de prateleira. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
77 
Dias & Mata (2021) 
Nas plantas as flores são as estruturas reprodutivas e geralmente são constituídas pelas sépalas 
(protegem os botões florais), pétalas (protegem os órgãos reprodutores e atraem polinizadores), 
estames (parte masculina) e pistilo (parte feminina). Cada estame está formado pelo filete e a antera, 
onde são produzidos os grãos de pólen. O pistilo é formado pelo ovário, que contém os óvulos, o estilo e 
o estigma na parte superior. Quando as flores apresentam estames e pistilos, elas são denominadas de 
flores perfeitas ou hermafroditas, como é o caso das flores de macieiras, abacateiros e maracujazeiros. 
No entanto, quando as flores apresentam somente estames ou somente pistilos, elas recebem a 
denominação de flores imperfeitas. Neste caso, as flores masculinas e femininas podem estar presentes 
na mesma planta, como ocorre em meloeiro ou em plantas separadas, como ocorre em mamoeiro 
(WITTER et al., 2014). 
A polinização nas angiospermas consiste na transferência do pólen contido na antera do estame 
para o estigma do pistilo da flor (TAIZ et al., 2017). Esse processo pode ocorrer de três maneiras 
diferenciadas: (1) por polinização cruzada (polinização indireta, xenogamia ou alogamia), que ocorre 
quando os grãos de pólen de uma flor são transportados para o estigma da flor de outra planta; (2) a 
geitonogamia, que ocorre quando os grãos de pólen de uma flor são transportados para o estigma de 
outra flor na mesma planta; e (3) através da autopolinização (polinização direta ou autogamia) que 
ocorre quando os grãos de pólen de uma flor são transportados para o estigma da mesma flor. Para 
garantir o sucesso reprodutivo, as plantas utilizam atrativos, tais como a coloração vistosa, o perfume 
que exalam e a disponibilidade de recursos florais (pólen, néctar, óleo e resina), que consistem numa 
otimização da morfologia floral para garantir a visitação dos órgãos reprodutivos pelos polinizadores e 
viabilizar a polinização cruzada (MARQUES et al., 2015; TAIZ et al., 2017). 
Essa transferência dos grãos de pólen pode ser realizada por agentes abióticos ou bióticos. Os 
agentes abióticos são compostos pela água (hidrofilia), proveniente de chuvas e pelos ventos 
(anemofilia). Já a polinização biótica é realizada por seres vivos. Esses agentes polinizadores são 
segregados em nove grupos distintos, composto pelo grupo das abelhas, que correspondem a 66,3% das 
espécies de polinizadores, seguido pelos besouros (9,2%), borboletas (5,2%), mariposas (5,2%), aves 
(4,4%), vespas (4,4%), moscas (2,8%), morcegos (2%) e hemípteros (0,4%). Como grupo mais 
representativo de polinizadores, as abelhas contemplam aproximadamente 48% do total de espécies 
identificadas como visitantes florais em plantas cultivadas para a produção de alimentos (WOLOWSKI 
et al., 2019). 
Segundo Freitas e Bonfim (2017), as abelhas são consideradas importantes polinizadores pois 
reúnem um conjunto de características, tais como: cobertura do corpo por pelos e/ou cerdas onde os 
grãos de pólen ficam aderidos enquanto visitam as flores, anatomia e tamanhos variáveis, abundância 
em todos os biomas e riqueza de espécies. Enquanto visitam as flores, as abelhas tocam no pólen 
presente nas anteras, esses grãos ficam presos às cerdas do seu corpo e assim são transportados 
involuntariamente de uma flor para outra enquanto realizam a busca por alimento. No estigma, cada 
grão de pólen, caso seja compatível geneticamente, desenvolve um tubo que cresce até alcançar o óvulo 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
no ovário, fecundando-o. Assim, a fecundação dos óvulos da flor depende do sucesso da polinização. 
Uma vez fecundados, os óvulos se transformam em sementes e o ovário em fruto (DELAPLANE & 
MAYER, 2000). 
Dessa forma, fica evidente a função ecológica e econômica das abelhas na agricultura, visto que 
grande parte das plantas cultivadas não apresenta a autofecundação e não possuem capacidade de 
frutificação na ausência de polinização. Após muitos anos de desvalorização dos serviços ecossistêmicos 
promovidos por esses insetos no sistema produtivo brasileiro e, através de estudos e evidências 
científicas, as abelhas foram reconhecidas no sistema produtivo brasileiro como essenciais para a 
produção de diversas culturas (KLEIN et al., 2020). 
Conhecidas pelo nome comum de abelha melífera ou doméstica, as abelhas Apis mellifera L., 
1758 (Hymenoptera: Apidae) destacam-se como os principais agentes polinizadores pelo fato de 
estarem mundialmente dispersas, serem facilmente manejadas, formarem colmeias populosas, 
apresentar constância floral durante o forrageamento e hábito alimentar generalista (WITTER et al., 
2014). Além disso, são consideradas mais eficientes devido a uma espécie de fidelização alimentar, pois 
as abelhas só deixam certas áreas em busca de outras fontes de alimento quando não existem mais flores 
a visitar naquele local. Não obstante, estudos recentes apontam que o sucesso da polinização para a 
maioria das culturas depende da atuação conjunta de mais de uma espécie e, que a abelha melífera 
suplementa, mas não substitui os serviços de polinização prestados pelas abelhas nativas (WITTER et 
al., 2014). 
Devido ao importante papel das abelhas nativas nos serviços ecossistêmicos de polinização 
muitos produtores já realizam práticas de preservação da fauna nativa, objetivando a manutenção das 
abelhas próximo das áreas de cultivos (WITTER et al., 2014). As principais práticas consistem em: 
conhecer e preservar os ninhos das espécies nativas, evitar uso de produtos fitossanitários adotando 
como substituto o controle biológico e outras estratégias de manejo ambientalmente corretas, evitar 
uso de fogo nas lavouras e/ou entorno, manter áreas de proteção e reservas legais, sendo estas 
importantes locais de nidificação e busca por alimentos secundários pelas abelhas, favorecer locais para 
nidificação oferecendo troncos, blocos de madeira ou bambus e proporcionar corredores ecológicos 
para fluxo dasabelhas entre as áreas de produção e a área nativa (IMPERATRIZ-FONSECA & NUNES-
SILVA, 2010). 
Infelizmente, a ampla utilização de produtos fitossanitários juntamente com a destruição dos 
hábitats naturais pela fragmentação ambiental, tem sido apontada como algumas das causas do declínio 
das populações nativas e domésticas de abelhas não só em território brasileiro, mas em nível mundial. 
Mediante a esse cenário global, a polinização assistida, ou seja, a instalação de colmeias direcionadas 
para polinização de lavouras e pomares, em especial para otimização da produtividade das frutíferas, 
torna-se dia após dia item indispensável para melhorias na produtividade e qualidade dos frutos, em 
especial em cultivos que apresentam dependência de polinização. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
 Desta forma, considera-se que a taxa de dependência (TD) da polinização varia de acordo a 
espécie vegetal, podendo ser dividida categoricamente em: essencial (incremento de 90 a 100% na 
produção com a ação de polinizadores), alta (40 a 90%), moderada (10 a 40%) e baixa (0 a 10%) (KLEIN 
et al., 2007 citados por KLEIN et al., 2020). Baseados nestas categorias, Giannini et al. (2015), Wolowski 
et al. (2019) e Klein et al. (2020), compilaram estudos que indicam o grau de dependência de espécies 
cultivadas no Brasil, sendo indicado pelos primeiros autores citados o valor desse serviço ecossistêmico, 
considerando o valor da produção anual das culturas. 
Dentre as espécies frutíferas onde o serviço ecossistêmico de polinização é considerado 
essencial, ou seja, sem a polinização quase não há frutificação (TD média de 95%), o maracujazeiro 
(Passiflora edulis Sims.) é o exemplo de frutífera agrupada nesta categoria quanto à taxa de dependência 
e que a polinização é realizada por abelhas. Na categoria de alta dependência (TD média de 65%), o 
abacateiro (Persea americana Mill.), a macieira (Malus domestica Borkh.), o cajueiro (Anacardium 
occidentale L.), a ameixeira (Prunus domestica L.), a aceroleira (Malpighia emarginata DC.) e o 
guaranazeiro (Paullinia cupana) são frutíferas que apresentam a polinização realizadas por abelhas. 
Com a taxa de dependência moderada (TD média de 25%), são exemplos a amoreira preta (Rubus sp.), 
a laranjeira (Citrus sinensis L. Osbeck), o coqueiro (Cocos nucifera L.) e a goiabeira (Psidium guajava L.); 
enquanto a lichieira (Litchi chinensis Sonn.) e o caquizeiro (Diospyros kaki L.) são exemplos de frutíferas 
com baixa taxa de dependência (TD média de 5%) (WOLOWSKI et al., 2019; KLEIN et al., 2020). Devido 
à variedade de frutíferas e suas particularidades no processo de frutificação, a seguir serão abordados 
alguns aspectos da polinização do maracujazeiro (TD essencial), do abacateiro (TD alta) e da laranjeira 
(TD moderada), espécies que apresentam diferentes taxas de dependência de polinização por abelhas e 
que apresentam produção e qualidade melhoradas quando estes insetos se fazem presentes. 
 
Maracujazeiro 
 
O maracujazeiro amarelo (P. edulis Sims.), frutífera pertencente à Família Passifloraceae, é uma 
das espécies de passifloras mais cultivadas no mundo, devido ao seu expressivo valor econômico. Na 
fruticultura, o cultivo de maracujazeiros é destacado pelo rápido retorno econômico comparado a 
outros cultivos, além de ser uma ótima opção para a agricultura familiar e em pequenas propriedades. 
Existem duas formas desta espécie: P. edulis f. edulis (casca roxa) e P. edulis f. flavicarpa O. Deg. (casca 
amarela), ambas cultivadas no Brasil, porém com predomínio da segunda (SILVA et al., 2012). Na 
literatura, é unânime a consideração da categoria essencial em relação à taxa de dependência da 
polinização pelo maracujazeiro, visto que a frutificação e qualidade dos frutos são dependentes da 
formação de sementes, através da polinização e fertilização dos óvulos (GIANINNI et al., 2015; 
WOLOWSKI et al., 2019; KLEIN et al., 2020). A polpa comercial do fruto de maracujá é extraída a partir 
do arilo, uma capa gelatinosa que envolve as sementes. Dessa forma, o número de grãos de pólen 
depositados sobre o estigma e a diversidade de doadores polínicos durante a polinização, afetam a 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
80 
Dias & Mata (2021) 
quantidade de sementes, influenciando no tamanho do fruto e na quantidade de polpa (BRUCKNER et 
al., 2012). 
As flores do maracujazeiro do gênero Passiflora são hermafroditas (flores perfeitas, apresentam 
estames e pistilos), porém apresentam três mecanismos para impedir a autopolinização: (a) são auto 
incompatíveis (não se autofecundam); (b) apresentam o atributo temporal de dicogamia protândrica, 
sendo que neste caso a liberação do grão de pólen pelas anteras ocorre antes do estigma estar receptivo; 
e (c) barreira física com a separação espacial dos órgãos reprodutivos, com pistilos localizados acima 
dos estames (hercogamia) (ROUBIK, 2018; KLEIN et al., 2020). Considerada como espécie alógama, para 
que ocorra a fertilização no maracujazeiro, a polinização precisa ser realizada com grãos de pólen de 
constituição genética diferente da planta receptora (polinização cruzada), o que não se torna um 
empecilho na maioria dos pomares da cultura, que são formados com mudas obtidas via seminífera, e 
apresentam variedade genotípica na área. No entanto, os grãos de pólen são considerados pesados e 
pegajosos, não sendo transportados pelo vento, necessitando de agentes bióticos na polinização 
(BRUCKNER et al., 2012). 
A transferência de grãos de pólen entre as flores de plantas diferentes de maracujazeiros, na 
natureza, é eficientemente realizada pelas abelhas chamadas de mamangavas de toco (Xylocopa spp.), 
que são abelhas de grande porte, compatíveis com a estrutura floral (posição das anteras e do estigma 
das flores), encaixando-se perfeitamente como agentes polinizadores da cultura, resultado da 
coevolução das espécies (BRUCKNER et al., 2012; KLEIN et al., 2020). Visitantes florais como A. mellifera 
coletam pólen e néctar, contudo são significativamente menores em tamanho quando comparado com 
Xylocopa sp. Desta forma, durante a visitação das flores, acabam não tocando as partes reprodutivas e 
assim não realizam a polinização, reduzindo a disponibilidade de pólen para os polinizadores efetivos 
do maracujazeiro. Em alguns casos, a simples presença de outro visitante floral como A. mellifera, pode 
provocar o comportamento de afugentamento do polinizador, tornando desta forma um inseto 
indesejado durante o período de florescimento da cultura, já que ele compete pelos mesmos recursos 
alimentares. 
O androginóforo colunar, presente nas flores do maracujazeiro é uma extensão do receptáculo 
da flor, que eleva as partes reprodutivas acima do nível de inserção das pétalas e sépalas, o que justifica 
a necessidade de insetos grandes para que ocorra a efetiva polinização. Estes insetos são atraídos pela 
coloração vistosa das flores, que são aromáticas e ricas em néctar. Nas visitas às flores para consumir o 
néctar acumulado na câmara nectarífera, as abelhas maiores tocam com o tórax os órgãos reprodutivos 
florais, ocorrendo a deposição de pólen de diferentes plantas no dorso, e conforme visitam diferentes 
flores realizam a polinização cruzada. A ausência desses insetos de tamanho ideal para a polinização do 
maracujazeiro acarreta perdas na produção, com queda das flores não polinizadas. Neste caso, na falta 
de polinizadores naturais, é indicada a polinização artificial da cultura, realizada manualmente, porém, 
esta prática pode onerar os custos de produção (BRUCKNER et al., 2012, KLEIN et al., 2020). 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
81 
Dias & Mata (2021) 
Diante da importância da polinização por abelhas em maracujazeiro, é fundamental que se 
instalem caixas racionais com ninhos ou troncos de madeira morta para nidificação e povoamento 
desses insetos, objetivando aumentar a populaçãona área agrícola (FREITAS & OLIVEIRA FILHO, 2003). 
Outra estratégia é manejar a área próxima ao pomar de maracujazeiro, considerando cultivos e espécies 
que sejam atrativas para as mamangavas, tais como a crotalária, visando aumentar a disponibilidade de 
alimentos (pólen e néctar) para a manutenção das abelhas na área de cultivo (BRUCKNER et al., 2012; 
SILVA et al., 2014; KLEIN et al., 2020). 
 
 Abacateiro 
 
O abacateiro (P. americana Mill.), frutífera tropical da Família Lauraceae, é uma espécie 
apreciada no Brasil e no mundo, sendo seus frutos considerados um dos mais nutritivos. Apesar do 
consumo interno do fruto ser considerado baixo, quando comparado com países como o México e 
Estados Unidos; e da produção ser quase que totalmente voltada para o mercado interno, o Brasil produz 
abacates para exportação, tanto in natura, quanto na forma de polpa congelada e óleo. As flores dos 
abacateiros são perfeitas (hermafroditas), agrupadas em inflorescências, apresentam um atributo 
temporal na sua biologia, que recebe o nome de dicogamia protogínica e que merece atenção para 
obtenção de polinização e frutificação adequadas para a exploração comercial da cultura. Nestas flores 
os órgãos masculinos (estames) e femininos (pistilos) amadurecem em momentos diferentes, e no caso 
da dicogamia do tipo protogínica, que ocorre em abacateiros, os pistilos amadurecem antes dos estames, 
ou seja, a parte feminina da flor amadurece primeiro. Na natureza, esse fenômeno consiste numa 
estratégia para inibir e/ou diminuir a autopolinização, favorecendo a polinização cruzada (TAIZ et al., 
2017). 
De acordo com o comportamento sexual das flores, as variedades de abacateiros são agrupadas 
como grupo floral A e grupo floral B. Quando as flores apresentam sua primeira abertura pela manhã 
como femininas, fechando próximo das 12 horas e voltando a abrir como masculinas, apenas na tarde 
do dia seguinte (ficando fechadas aproximadamente 24 horas), essas variedades são enquadradas no 
grupo floral A. Já no grupo floral B, a primeira abertura, que também é na fase feminina (protoginia), 
ocorre no período da tarde, fechando à noite e realizando a segunda abertura na manhã do dia seguinte, 
como masculinas (ficando fechada por cerca de 12 horas) (DUARTE et al., 2018). Devido a variação 
temporal na maturação das partes reprodutivas das flores, recomenda-se que sejam plantadas 
variedades que floresçam na mesma época e que sejam de grupos florais diferentes, favorecendo a 
polinização e consequentemente o sucesso da frutificação. 
No processo de polinização do abacateiro, a autopolinização até pode ocorrer em alguns casos 
específicos (CARABALÍ-BANGUERO et al., 2018). Porém, na exploração comercial da cultura, indica-se 
que além da utilização de variedades dos diferentes grupos florais (A e B), seja preconizada a utilização 
de colmeias de A. mellifera próximo à área do pomar, para que ocorra a efetiva frutificação. No Brasil, a 
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Dias & Mata (2021) 
adoção dessa estratégia já é utilizada por fazendas tradicionais na produção de abacates, tais como a 
Fazenda Jaguacy, no município de Bauru/SP, que aluga colmeias de apicultores para os serviços de 
polinização e outras propriedades em MG, que também dispõem de colmeias próximos às áreas dos 
pomares. 
Em termos de necessidade de polinizadores, a cultura é considerada de alta dependência (TD = 
0,65), apresentando grande aumento de produção com atuação dos insetos polinizadores (redução de 
40 a <90% sem polinizadores) (CARABALÍ-BANGUERO et al., 2018; KLEIN et al., 2020). A abelha A. 
mellifera é um inseto que desempenha o papel de visitante floral mais importante para o abacateiro, 
sendo considerada um polinizador efetivo da cultura, a qual produz muitas flores atrativas 
(consideradas de média a alta atratividade), com disponibilidade de pólen e néctar, recompensas 
açucaradas adicionais para os polinizadores (READ et al., 2017; KLEIN et al., 2020) (Figura 1). 
 
 
Figura 1. Inflorescência de abacateiro (A), com detalhe a polinização por Apis mellifera (B) e 
frutificação (C). 
 
Dados compilados por Delaplane e Mayer (2000), recomendam em média 4,5 colmeias de 
abelhas melíferas por hectare. Esse número, considerado de alta densidade de colmeia/hectare, se deve 
ao fato que, essas abelhas são facilmente atraídas por outras espécies que estejam florescendo próximo, 
ou seja, são flores concorrentes. 
É possível estimar os valores monetários, em dólares ou reais, dos serviços ecossistêmicos 
prestados pelos polinizadores nas culturas, seguindo a metodologia proposta por Gallai e Vaissière 
(2009) e considerando o valor da produção anual da cultura. Desta forma, no cultivo do abacateiro, os 
valores do serviço ecossistêmico de polinização no Brasil, com base na taxa de dependência e na 
produção da cultura, foram estimados em torno de US$ 36 milhões, segundo Gianinni et al. (2015). 
 
Citros 
 
No caso da citricultura, a necessidade de polinização para que ocorra a fecundação do óvulo e 
consequentemente a fixação dos frutos é variável, existindo, por exemplo: (a) cultivares que apresentam 
muitas sementes e que necessitam que as flores sejam polinizadas e fecundadas para a produção de 
frutos, (b) variedades que produzem por partenocarpia, sem a necessidade de polinização e fecundação 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
83 
Dias & Mata (2021) 
para formação dos frutos, e (c) espécies que precisam apenas que as flores sejam polinizadas, sem que 
haja a fecundação, para que ocorra o desenvolvimento dos frutos (SIQUEIRA & SALOMÃO, 2017). 
Considerando a variedade de plantas cítricas e suas particularidades quanto à necessidade de 
polinização, Klein et al. (2020) consideram que a taxa de dependência deste grupo de frutíferas se 
enquadra na categoria baixa (TD média de 5%), visto que muitas espécies são agamospérmicas ou 
partenocárpicas (ocorre a formação de frutos sem a fecundação). No entanto, os pomares de laranja (C. 
sinensis L. Osbeck) são exemplos de espécie, com variedades como a ‘Pêra-Rio’, que são beneficiadas por 
melhorias na qualidade dos frutos quando ocorre a visitação por insetos, principalmente de abelhas 
(MALERBO-SOUZA et al., 2003; GAMITO & MALERBO-SOUZA, 2006; GIANINNI et al. 2015; RIBEIRO et 
al., 2017). 
Para confirmar essa informação, Malerbo-Souza et al. (2003) verificaram que as flores de 
laranjeiras ‘Pêra-Rio’ que foram visitadas por abelhas produziram maior quantidade de frutos, sendo 
estes mais pesados, menos ácidos e com maior número de sementes por gomo, quando comparadas às 
flores que não tiveram a visitação por abelhas, através da proteção por armações de arame revestidas 
de tecido de nylon. Gamito e Malerbo-Souza (2006) observaram que a porcentagem de frutificação em 
laranjeiras ‘Pêra-Rio’ aumentou com a presença das abelhas, sendo a A. mellifera o inseto mais frequente 
nas flores, preferindo coletar néctar comparado ao pólen. Também observaram que os frutos originados 
de flores que receberam a visita das abelhas foram maiores, mais doces e com maior quantidade de 
vitamina C comparado com aqueles que não receberam a visita destes insetos. 
Gianinni et al. (2015) e Wolowski et al. (2019) consideram que, a taxa de dependência das 
laranjeiras é moderada (TD média de 25%), porém, em termos de valores dos serviços ecossistêmicos, 
dentre as culturas com dados compilados, a laranjeira ocupa o terceiro lugar, representando 5% dos R$ 
43 bilhões estimados no país (WOLOWSKI et al., 2019), o que favorece a integração da citricultura com 
a apicultura. Essa grande contribuição em termos financeiros, deve-se ao fato da grande área cultivada 
com laranjas no país, sendo o maior produtor mundial da fruta (CARVALHO et al., 2020). 
As flores das laranjeiras frequentemente são hermafroditas, podendo ocorrer tanto a 
autopolinização quanto a polinização cruzada. Os grãos de pólen são transportadospor insetos, 
principalmente as abelhas; ou pelo vento, sendo este um agente polinizador de importância menor, 
devido às características dos grãos de pólen serem viscosos, pegajosos e aderentes (MALASPINA et al., 
2015). As abelhas A. mellifera são os insetos observados em maior frequência e quantidade na visitação 
das flores em laranjeiras, visto que estas produzem néctar com qualidade e quantidade, o que as tornam 
altamente atrativas para as abelhas (GAMITO & MALERBO-SOUZA, 2006; KLEIN et al., 2020). 
Considerando os resultados observados por pesquisas na produção de laranjeiras quando se 
utilizam abelhas melíferas para polinização, em uma mesma variedade, Klein et al. (2020) e Malaspina 
et al. (2015) afirmam que a produção pode aumentar em 30 e 35%, respectivamente. Neste sentido, 
iniciativas têm sido criadas para orientar o citricultor quanto aos benefícios da utilização de colmeias 
em seus pomares, bem como ações visando proteger as abelhas. Um exemplo de iniciativa é o 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
lançamento do Manual de Boas Práticas – Citricultura e Apicultura em 2015, pelo Fundecitrus, Fundo de 
Defesa da Citricultura. Com informações importantes e linguagem simples, o manual busca orientar 
citricultores e apicultores com a metodologia de determinação da porcentagem de floração no pomar, 
visando direcionar as pulverizações sem prejudicar os inimigos naturais e os polinizadores, e 
incentivando o plantio de espécies arbóreas nativas em área de preservação permanente, recuperação 
de áreas e reserva legal, para tornarem-se opções estratégicas para as abelhas. Como resposta aos 
investimentos em políticas e boas práticas na produção, os fruticultores estão adotando a criação 
racional de abelhas próximo aos pomares, em especial a espécie A. mellifera. Além do serviço polinizador 
das abelhas, outros produtos oriundos da apicultura diversificam a renda da propriedade, em especial 
o mel (MALASPINA et al., 2015). 
Inicialmente praticado na América do Norte e Europa, o aluguel e deslocamento de colmeias para 
a polinização assistida já é realidade em todo o mundo, inclusive no Brasil. Para o produtor que não 
deseja desenvolver seu próprio apiário, o sistema consiste em deslocar colmeias saudáveis e ativas de 
A. mellifera para áreas propícias ao redor das lavouras e pomares no início da florada, garantindo que 
as abelhas realizem o forrageamento nessas áreas e contribuam efetivamente para o serviço 
ecossistêmico de polinização. O custo desse serviço pode variar de acordo com o grau de dependência 
da cultura agrícola, número de colmeias que deverão ser empregadas na área e disponibilidade do 
serviço na região. Nos Estados Unidos os preços podem variar de US$40 a US$200 dólares por mês ou 
por florada. Já no Brasil os preços praticados no mercado podem variar de R$80 a R$90 reais por 
colmeia, sendo que esse valor pode ser cobrado por hectare a cada 45 dias ou até mesmo por florada 
completa (VOLLET NETO et al., 2018). 
A prática de aluguel de colmeias no Brasil é adotada para atender a polinização de maçã e melão 
(VOLLET NETO et al., 2018), de laranjas (MALASPINA et al., 2015) e recentemente vem sendo utilizada 
por produtores do Espírito Santo para melhorar a produção no cafeeiro, principalmente na produção de 
Coffea canephora (VOLLET NETO et al., 2018; KLEIN et al., 2020). 
Ao adotar o serviço de polinização assistida, o agricultor e o apicultor envolvidos devem 
respeitar as técnicas de criação e manejo das abelhas, levando em consideração uma série de cuidados 
inerentes à apicultura, que garantam a produtividade do pomar juntamente com a integridade das 
abelhas e qualidade dos produtos da colmeia (mel, própolis, etc.). O principal deles é o de respeitar a 
distância mínima de segurança de residências, locais de circulação de pessoas e instalações zootécnicas. 
Além disso, deve-se assegurar que haja apenas uma colmeia por instalação (suporte), e que a mesma 
esteja seguramente distante da próxima colmeia. Esses cuidados podem evitar os ataques quando as 
abelhas se sentirem ameaçadas. 
A espécie A. mellifera, é considerada doméstica pela Portaria nº 93/1998 do IBAMA e existe em 
todos os continentes. Predomina no Brasil um híbrido fértil conhecida popularmente como abelha 
Africanizada, oriunda do cruzamento natural entre as subespécies Apis mellifera scutellata (Lepeletier, 
1836), de origem africana, e as europeias como a Apis mellifera L., 1758, a Apis mellifera ligustica Spinola, 
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Dias & Mata (2021) 
1806 e a Apis mellifera carnica Pollman, 1879. Este híbrido manteve muitas das características da 
subespécie africana, como alta produtividade, alta capacidade de enxameação, maior resistência a 
doenças e patógenos (WHITFIELD et al., 2006). Devido a estes motivos, a escolha pela criação e manejo 
de abelhas africanizadas é amplamente difundida em todo território brasileiro, principalmente por sua 
alta produção de mel, principal produto da apicultura e que inclusive pode variar suas características 
e/ou qualidade em função da flora apícola (plantas visitadas pelas abelhas), visto que o mel produzido 
por distintas floradas apresentam diferentes características organolépticas (cor, sabor e aroma). 
 
Considerações finais 
 
A fruticultura brasileira é uma das atividades agrícolas mais importantes no país, que apresenta 
potencial de expansão da área plantada, capacidade de produção de frutas de qualidade e com 
possibilidade de aumento no número de exportações. A utilização de diversas tecnologias no campo e o 
avanço no conhecimento científico proporcionaram, ao longo dos anos, aumentos de produtividade e 
qualidade consideráveis na produção das espécies frutíferas cultivadas. 
O potencial produtivo da fruticultura observado no território nacional conta com um aliado 
especial: a polinização por abelhas. Devido aos serviços ecossistêmicos de polinização prestados por 
estes insetos, é possível incrementar a produção em termos quantitativos e qualitativos, tornando os 
pomares mais produtivos e lucrativos. A possibilidade de aliar a fruticultura com a apicultura é uma 
opção interessante para obtenção de maior rentabilidade, principalmente quando essas atividades são 
realizadas pela agricultura familiar. 
Neste sentido, torna-se imprescindível o conhecimento sobre a taxa de dependência de 
polinização pela espécie frutífera, as espécies de abelhas polinizadoras para a cultura e das práticas para 
preservar e proporcionar um ambiente propício para a preservação dessas espécies nos entornos da 
área agrícola. Apesar dos avanços nesta área no conhecimento, ainda existem muitas pesquisas que 
devem ser realizadas. 
 
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Dias & Mata (2021) 
 
Capítulo VII 
 
AVANÇOS E TÉCNICAS DE MELHORAMENTO DE 
FRUTÍFERAS TROPICAIS PARA RESISTÊNCIA DE 
DOENÇAS 
 
Dênia Pires de Almeida 
Elisângela Aparecida da Silva 
 
 
Introdução 
 
A busca por materiais resistentes a doenças é um dos principais objetivos dos programas de 
melhoramento vegetal, pois, devido às elevadas perdas agrícolas por ataques de patógenos, altos custos 
para o produtor e também pela possibilidade de contaminação do ambiente e do aplicador no uso de 
produtos fitossanitários, torna-se imprescindível à seleção de genótipos resistentes para o avanço da 
agricultura, incluindo as espécies frutíferas. 
 
Desenvolvimento 
 
Devido ao grande número de espécies de frutíferas tropicais e a existência de excelentes livros 
que descrevem o melhoramento das mesmas (JAIN & PRIYADARSHAN, 2009; BRUCKNER e SANTOS, 
2018), seria redundante repetir essa informação. Portanto, neste capítulo, abordaremos os avanços e 
perspectivas nas técnicas aplicadas ao melhoramento para resistência às principais doenças de 
frutíferas tropicais como o abacaxi e os citros (Figura 1). 
 
 
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Dias & Mata (2021) 
 
Figura 1. Representação ilustrativa de aplicação de técnicas ao melhoramento para resistência às 
principais doenças de frutíferas tropicais como o abacaxi e os citros. 
 
O abacaxizeiro (Ananas comosus (L.) Merr. var. comosus) é uma espécie frutífera tropical, 
tradicionalmente cultivada em regiões mais quentes e tem o Brasil como um dos seus principais centros 
de diversidade genética (FERREIRA et al., 2011). De acordo com dados do último Anuário Horti e Fruti, 
o abacaxi é uma das principais frutas em produção e valor na fruticultura do Brasil, que ocupa o terceiro 
lugar em nível mundial nesta cultura, representando 9,5% do total produzido no mundo (CARVALHO et 
al., 2020). 
Os frutos dos citros, devido às suas características sensoriais e ampla capacidade de adaptação 
das plantas às diferentes condições climáticas, são os mais produzidos e economicamente importantes 
no mundo. Por produzirem frutos com características diferentes entre espécies, que são bastante 
heterogêneas, as plantas cítricas são separadas por uma classificação agronômica em oito grupos, sendo: 
laranjeiras-doces, laranjas azedas, tangerinas, limas, limões, pomelos, toranjas e cidras (SIQUEIRA & 
SALOMÃO, 2017). Ocupando lugar de destaque, as laranjas são as frutas mais produzidas no Brasil, que 
é considerado o maior exportador mundial de suco de laranja. No Cinturão Citrícola de São Paulo e do 
Triângulo Mineiro o processamento total da laranja na safra 2018/19 é estimado em 236,7 milhões de 
caixas de laranjas de 40,8 quilos (CARVALHO et al., 2020). 
Dentre as doenças que afetam o cultivo do abacaxizeiro, a fusariose, causada pelo fungo 
Fusarium subglutinans f. sp. ananas (Syn.: Fusarium guttiforme) tem sido considerada a doença mais 
grave (AQUIJE et al., 2011; FERREIRA et al., 2011). A doença atinge quase todas as partes da planta, 
danificando particularmente os frutos e vértices-tronco, apresentandocomo sintoma característico a 
exsudação de goma. Outra doença de grande importância mundial é a podridão radicular causada por 
Phytophthora cinnamomi. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
91 
Dias & Mata (2021) 
Nos citros algumas doenças são transmitidas por insetos vetores. Uma delas é a clorose 
variegada dos citros (CVC) causada pela bactéria Xylella fastidiosa, que é limitada ao xilema e transmitida 
por meio de borbulhas e por insetos vetores das Famílias Cercopidae ou Cicadellidae que se alimentam 
nos vasos do xilema das plantas. Outra doença muito mais difundida e grave na citricultura, é o cancro 
cítrico causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri. Além dessas doenças, outras também 
são importantes, tais como a leprose causada pelo vírus Citrus leprosis virus (CiLV) e transmitida pelo 
ácaro Brevipalpus phoenicis; a pinta preta ou mancha preta causada pelo fungo Phyllosticta citricarpa; a 
morte súbita, que é uma doença com causa não confirmada; a tristeza dos citros causada pelo Citrus 
tristeza virus (CTV); o greening, huanglongbing ou ainda HLB, doença causada pela bactéria 
Candidatus Liberibacter asiaticus e a gomose ou podridão-do-colo causada pelo fungo Phytophthora 
nicotianae var. parasitica (MACHADO et al., 2011), que afeta não somente os citros mas também o 
abacaxi, sendo que esse fungo é responsável por diversas perdas de importância econômica, tendo como 
principal sintoma a formação de cancros na região do colo da planta, os quais promovem a exsudação 
de goma. 
Algumas frutíferas tropicais têm um período juvenil longo, como as culturas do abacaxi e citros, 
o que faz com que o tempo de lançamento de uma cultivar resistente a doenças seja demorado e oneroso. 
No entanto, com os avanços das técnicas moleculares, o sequenciamento de genomas e análises de 
bioinformática, esse tempo pode ser reduzido. 
Uma escolha muito importante para iniciar o programa de melhoramento visando resistência a 
doenças, é a busca por genitores que possuam genes de resistência a determinada doença. Essa 
resistência das plantas no geral é baseada na teoria gene-a-gene (FLOR, 1971), e para o abacaxi e os 
citros, possivelmente não é diferente. Essa teoria se baseia em que para cada gene que condiciona 
resistência no hospedeiro (R) existe um gene complementar no patógeno que condiciona virulência 
(Avr). Quando o gene R no hospedeiro da planta e o gene Avr no patógeno estão presentes, a interação 
planta-patógeno é incompatível e o hospedeiro exibe total resistência ao patógeno (Figura 2). 
 
 
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Dias & Mata (2021) 
 
Figura 2. Representação ilustrativa de como possivelmente funciona a teoria-de-Flor em patossitemas 
abacaxi-fusariose e citros-cancro cítrico. 
 
O mecanismo de evolução da defesa desenvolvido pelas plantas se baseia em um sistema Zig-
Zag proposto por Jones e Dangl (2006), onde há coevolução entre patógeno e o hospedeiro. Na primeira 
fase, as plantas detectam padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), que nada mais são que 
estruturas dos patógenos, no caso de fungos pode ser a quitina, em bactérias a flagelina e nos vírus o 
RNA de fita dupla viral (dsRNA), por meio de receptores de reconhecimento de padrões (PRRs) para 
induzir imunidade desencadeada por padrões (PTI). Na segunda fase, patógenos virais e não virais bem-
sucedidos entregam efetores/supressores que interferem no PTI e no silenciamento, resultando em 
suscetibilidade desencadeada por efetor (ETS). Na terceira fase, um efetor ou supressor é reconhecido 
direta ou indiretamente por uma proteína NB-LRR, ativando a imunidade desencadeada por efetor 
(ETI), uma versão amplificada do PTI que frequentemente passa um limiar para indução de resposta 
hipersensível (HR) e morte celular programada. Na quarta fase, são selecionados isolados de patógenos 
que perderam ou modificaram o efetor/supressor especificamente reconhecido e talvez tenham 
ganhado um novo efetor que pode ajudar o patógeno a suprimir a ETI. Um novo alelo NB-LRR da planta 
é então desenvolvido e selecionado que pode reconhecer o efetor recém-adquirido, resultando 
novamente na ETI (Figura 3). 
 
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Dias & Mata (2021) 
 
Figura 3. Figura ilustrativa de possível sistema em Zig-Zag em patossitemas abacaxi-fusariose e citros-
cancro cítrico. 
 
Para desenvolver novas estratégias de controle para prevenção de doenças em citros e abacaxi 
dentre outras frutíferas tropicais, é essencial expandir e consolidar o conhecimento da interação 
molecular das plantas com seus patógenos. Os genes de resistência a doenças têm contribuído para a 
sobrevivência e prosperidade das plantas. 
A maior classe de genes de resistência a doenças (R) nas plantas consiste de genes que codificam 
domínios do sítio de ligação a nucleotídeos (NBS-NB-LRR). Com o desenvolvimento da tecnologia de 
sequenciamento, todas as sequências genômicas de numerosas plantas tornaram-se disponíveis ao 
público, incluindo o abacaxi (Ananas comosus (L.) Merr.) (MING et al., 2015) e do genoma de espécies e 
gêneros próximos de citros (XU et al., 2013; WU et al., 2014), que estão disponíveis nos bancos de dados: 
Phytozome V12.1 e National Center for Biotechnology Information (NCBI). A partir desses bancos de 
dados, podem ser realizadas buscas de genes que codificam o domínio NBS destas espécies. No abacaxi 
um total de 177 genes codificadores de NBS foram identificados usando critérios de análise 
automatizados e manuais, e esses representam cerca de 0,6% do número total de genes previstos de 
abacaxi (ZHANG et al., 2016). Já em citros os autores Wang et al. (2015), fizeram uma análise 
comparativa em todo o genoma de Citrus sinensis e Citrus clementine e identificaram 618 genes NBS em 
C. clementina, 650 e 508 genes NBS em C. sinensis na China e nos Estados Unidos, respectivamente. 
A identificação e caracterização dos genes NBS em abacaxi e citros produziu um valioso recurso 
genômico e melhor compreensão dos genes R nessas espécies, o que facilitará o desenvolvimento de 
cultivares resistentes a doenças. A partir da identificação de genes R nos genomas é possível identificar 
marcadores moleculares funcionais, que poderão ser utilizados na caracterização de acessos nos bancos 
de germoplasma para a busca por novos genes de resistência. 
Programas tradicionais de melhoramento de abacaxi e citros usando hibridação e seleção 
recorrente sempre encontraram dificuldades genéticas devido à heterozigosidade, 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
94 
Dias & Mata (2021) 
autoincompatibilidade, necessidade de melhorar um grande número de características 
simultaneamente e barreiras botânicas em citros como a apomixia nucelar adventícia. 
O melhoramento do abacaxizeiro no mundo tem se concentrado em 10 cultivares, sendo mais 
utilizada a ‘Smooth Cayenne’. Como resultado dos trabalhos de melhoramento genético do abacaxizeiro 
no Brasil, quatro variedades resistentes à fusariose já foram recomendadas entre 2003 e 2010, para 
plantio nas regiões onde essa doença constitui o principal fator limitante à exploração comercial da 
cultura. Três dessas variedades, BRS Imperial (2003), BRS Vitória (2006) e BRS Ajubá (2009), foram 
geradas e lançadas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, enquanto a IAC Fantástico (2010) foi gerada 
e lançada pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e se encontram registradas no site de Registro 
Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 
Já o grupo que engloba as plantas cítricas, tem grande diversidade de gênero, espécie, variedades 
e clones, no entanto, um número relativamente pequeno é usado em cultivos comerciais (OLIVEIRA et 
al., 2014). O cultivo de praticamente uma única cultivar favorece a erosão genética, logo se torna muito 
importante a busca por variabilidade e o uso de ferramentas biotecnológicas nosprogramas de 
melhoramento. 
O melhorista faz essa busca de variabilidade em bancos de germoplasma, que são de grande 
importância para evitar a erosão genética das culturas agrícolas. No passado esses bancos eram 
compostos somente por meio de características morfológicas, mas a partir de avanços em técnicas 
moleculares, como o uso de marcadores e sequenciamento, é possível caracterizá-los quanto à presença 
de genes, nível de diversidade, qual progenitor é mais bem recomendado para a realização de 
cruzamentos, entre outros. 
O germoplasma de abacaxi é mantido em várias coleções ao redor do mundo. As mais 
importantes são as coleções mantidas no Brasil, na área experimental da Embrapa Mandioca e 
Fruticultura, em Cruz das Almas-BA, com preservação ex situ, em condições de campo. Existem outras 
coleções, tais como a mantida em Martinica (França) e no Havaí (Estados Unidos), parcialmente 
caracterizadas com descritores morfológicos. 
 Em relação ao germoplasma de citros no Brasil, ele é mantido no Banco Ativo de Germoplasma 
(BAG) do Centro de Citricultura Sylvio Moreira do IAC, em Cordeirópolis-SP e na Embrapa Mandioca e 
Fruticultura, em Cruz das Almas-BA. Outros locais mantêm coleções e bancos de germoplasma 
espalhados pelo mundo, como por exemplo, no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 
Riverside, Califórnia, EUA); no Repositório Nacional de Germoplasma de Citros (sigla em inglês-NCGR) 
em Beibei, na China; coleção de variedades de citros da Universidade da Califórnia em Riverside; banco 
de germoplasma do Instituto Valenciano de Investigações Agrarias (IVIA) em Moncada, Valência na 
Espanha; Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (CIRAD-INRA), San Giuliano, Córsega, França; 
dentre outros. A maioria desses bancos de germoplasma vem sendo mantida no campo. No entanto, em 
função de certas doenças, como huanglongbing e de seus vetores, parte desses germoplasmas está sendo 
transferida para ambientes protegidos. Acessos selecionados dessas coleções são responsáveis pelo 
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95 
Dias & Mata (2021) 
atual perfil de variedade, mas as coleções devem ser melhor exploradas especialmente para porta-
enxertos e novos híbridos. 
Apesar da existência dos materiais em bancos de germoplasma, poucos estudos têm sido 
realizados para caracterização de genes de resistência presentes nestes acessos, tanto de abacaxizeiro 
quanto na citricultura. Para o avanço no melhoramento, torna-se cada vez mais importante essa 
caracterização, para que se possa identificar maior número de genes de resistência e realizar os 
cruzamentos entre parentais promissores, visto que, os patógenos de sucesso frequentemente evoluem 
mudando a conformação das proteínas produzidas pelo gene Avr e não mais são reconhecidos pelos 
produtos dos genes R do hospedeiro, levando a “quebra de resistência” (BERA et al., 2017). 
A resistência a doenças conferida por um único gene R geralmente não tem durabilidade, e para 
que a resistência seja duradoura e o abacaxizeiro ou os citros sejam cultivados por longo período de 
tempo nas propriedades rurais, é necessário se conhecer quais são esses genes R que caracterizam a 
resistência e realizar piramidação gênica de múltiplos genes R nesses cultivares (PATROTI et al., 2019). 
Melhoristas podem então usar seleção assistida por marcadores moleculares, sejam eles funcionais ou 
associados a um loco de resistência para identificar e piramidar gene R desejado ou até mesmo a 
introdução do agrupamento de genes R em bloco em um único loco genético através da engenharia 
genética. 
Além dos marcadores funcionais advindos de sequências gênicas conservadas, as técnicas de 
sequenciamento permitiram também o desenvolvimento de marcadores moleculares, como sequências 
simples repetidas (SSR) e polimorfismo de nucleotídeo único (SNP), ferramentas valiosas com grande 
potencial no programa de melhoramento genético, pois permitem a identificação de um ou poucos 
genes-alvo cruciais para melhoria genética ou modificação genética. Os marcadores podem ser 
utilizados no mapeamento genético de genes e/ou locos de características quantitativas (QTLs) ligados 
à resistência. 
Mapa genético é uma técnica utilizada para entender a herança da resistência ou suscetibilidade 
a doenças e pragas, e/ou ainda; tolerância a estresses abióticos como temperatura, nutrição, água, 
dentre outros e para localizar genes importantes no genoma. O mapeamento genético de características 
agronômicas é de fundamental importância em programas de melhoramento, e sua utilidade tem sido 
amplamente demonstrada na seleção assistida por marcadores (SAM) e na identificação e clonagem de 
genes candidatos. A SAM é uma técnica muito utilizada nos programas de melhoramento, pois se 
baseiam no rastreio de genótipos com resistência a determinada doença através de marcadores 
associados a genes e/ou QTLs. 
Devido ao avanço nas técnicas de sequenciamento, surgiram outras técnicas importantes para 
realização de seleção de genótipos promissores nos programas de melhoramento, como a técnica de 
seleção genômica ampla (sigla em inglês-GWAS), que através do uso de marcadores SNPs permite 
detectar e identificar regiões importantes (QTLs) e genes que controlam e explicam determinados 
fenótipos em cultivares e em acessos de germoplasma em todo genoma da espécie. Essas informações 
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Dias & Mata (2021) 
contribuem significativamente para a obtenção de cultivares mais produtivas, tolerantes ou resistentes 
a determinada doença ou praga. Assim, o GWAS também pode ser incorporado na seleção assistida por 
marcadores e auxiliar programas de melhoramento. 
Em abacaxi tem sido empregado os métodos de análise GWAS e QTL para identificar marcadores 
SNP e DArTseq associados a resistência a doenças. Os marcadores tipo Diversity arrays technology 
(DArT) são baseados em hibridização de micro arranjos para genotipagem de centenas de locos em um 
único ensaio (JACCOUD et al., 2001). Já os marcadores do tipo DArTseq é a integração das tecnologias 
de sequenciamento e método original de DArT, e tem se demonstrado bastante eficiente e atualmente 
vem sendo utilizado em programas de melhoramento genético. Sanewski et al. (2017) identificaram com 
sucesso genes locais associados à resistência ou suscetibilidade a Phytophthora cinnamomi no 
abacaxizeiro usando a abordagem DArTseq. Este trabalho é o primeiro que relata o uso metodologias 
DArTseq e GWAS para abacaxi. 
Em citros, a partir de dados de mapeamento genético, Cuenca et al. (2016) desenvolveram um 
marcador SNP (denominado SNP08), utilizado atualmente para a seleção assistida de genótipos 
resistentes ao fungo causador de mancha-marron-de-alternária nos programas de melhoramento de 
citros na Espanha (IVIA) e França (CIRAD-INRA). Outro trabalho desenvolvido é o de Dwivedi et al. 
(2016), que relatam pela primeira vez os SNPs nos conjuntos de dados expressed sequence tag (EST) de 
Citrus sinensis (laranja doce) infectados por Xylella fastidiosa e suas anotações apontam o envolvimento 
de oito genes candidatos a Citrus sinensis na patogênese da clorose variegada dos citros. 
Alguns trabalhos com abacaxi e citros também têm sido desenvolvidos por técnicas de 
engenharia genética e edição gênica para resistências a algumas doenças. A engenharia genética permite 
o direcionamento de genes exógenos específicos de plantas da mesma espécie ou espécie diferentes ou 
até mesmo de microrganismos para planta de interesse, a fim de melhorar alguma característica de 
importância científica, econômica ou ambiental, enquanto que, a edição gênica se baseia no 
silenciamento ou superexpressão de determinado gene, não sendo preciso inserção de genes de outros 
organismos. São exemplos de edição de genoma as técnicas de uso de nucleases “dedos de zinco” – ZFN 
(Zinc-finger nucleases), TALENs (transcription activator-like effectornucleases), mutagênese dirigida por 
oligonucleotídeos e sistema CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeat) em 
programas de melhoramento. 
Em algumas áreas do mundo, como nos Estados Unidos (Departamento de Agricultura-USDA), 
na Argentina (Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação, Argentina) (WALTZ, 2018; 
WHELAN & LEMA, 2019) e no Brasil (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança CTNBio), plantas 
editadas pelo genoma que não contêm DNA exógeno são consideradas equivalentes às plantas 
produzidas por melhoramento convencional, isenta de medidas regulatórias adicionais aplicadas a 
plantas transgênicas. No entanto, tanto as técnicas de transgênicos convencionais e edição de genoma 
continuam sendo ferramentas poderosas para o aprimoramento das culturas. 
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Dias & Mata (2021) 
Contudo não existe nenhuma variedade transgênica de abacaxi e citros registrada no CTNBio. 
Mas existem trabalhos em aprovação pela CTNBio na busca por cultivares de citros com resistência a 
patógenos. A instituição Alellyx Applied Genomics, solicita a liberação planejada no meio ambiente de 
citros geneticamente modificado para resistência ao vírus da leprose dos citros (CiLV) e de resistência 
a CVC. Outro pedido de aprovação é do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) que solicitam 
avaliar a repelência das plantas cítricas geneticamente modificadas a partir da emissão de repelentes 
voláteis ao vetor do HBL, o psilídeo Diaphorina citri. 
Em citros há relatos de trabalhos voltados para a criação de plantas transgênicas para resistência 
a algumas doenças como ao vírus da tristeza dos citros (Citrus tristeza virus - CTV) ou a clorose variegada 
dos citros (CVC) (CERVERA et al., 2010; MUNIZ et al., 2012; CASERTA et al., 2017). Hao et al. (2016) 
super expressaram e clonaram uma proteína vegetal modificada para transformação em citros mediada 
por Agrobacterium. A expressão foi confirmada por análise molecular. Plantas transgênicas de citros 
foram inoculadas com Xanthomonas citri e Candidatus Liberibacter asiaticus em várias concentrações, e 
foi observada uma redução significativa nos sintomas de cancro cítrico e greening nessas plantas 
transgênicas quando comparadas com plantas não transgênicas (HAO et al., 2016). No entanto, há 
carência de informação à população e certa relutância da mesma em aceitar os transgênicos, 
especialmente suco de laranja e de abacaxi, associando o uso de transgênicos como prejudicial à saúde. 
Uma alternativa seria o uso da técnica de CRISPR/Cas9, que ultimamente tem sido uma grande 
preocupação na comunidade científica para melhorar a resistência das culturas aos estresses bióticos. 
Entretanto, para a cultura do abacaxi não há trabalhos relatando o uso dessa técnica visando resistência 
às doenças. Mas com relação à citricultura, há alguns estudos utilizando o CRISPR/Cas9 como 
ferramenta para a edição do genoma visando resistência às doenças cítricas (JIA et al., 2016, 2017; PENG 
et al., 2017; LEBLANC et al., 2018; WANG et al., 2019). Como exemplo, tem se estudado muito o gene 
LOB1 de suscetibilidade para Xanthomonas citri que é regulado por um gene efetor PthA4 de X. citri (HU 
et al., 2014; ABE & BENEDETTI, 2016). Embora o CRISPR/Cas9 seja uma tecnologia promissora para 
desenvolvimento de resistência a doenças, existem vários desafios a serem superados para sua 
utilização nas culturas do abacaxi e citros. 
 
Considerações finais 
 
Na fruticultura, a produção de abacaxi e citros é uma atividade comercial de grande importância 
no Brasil e mundialmente. Para permanecer no mercado tanto nacional quanto internacional, os 
fruticultores têm o grande desafio de controlar pragas e doenças, o que altera os custos de produção, 
além das possibilidades de contaminação do aplicador e do ambiente com produtos fitossanitários e o 
surgimento de pragas e patógenos resistentes. Nesse cenário, a tecnologia é de fundamental importância 
para o desenvolvimento de variedades de abacaxi e de citros resistentes. 
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O desenvolvimento de novas variedades resistentes a doenças depende principalmente de 
encontrar novos genes-alvo para edição. Para isso, o conhecimento de mecanismos de interação planta-
patógeno, melhor entendimento de acessos de bancos de germoplasma, associação entre técnicas de 
genômica, bioinformática sempre relacionando com o fenótipo é fundamental para encontrar esses 
genes-alvo. 
Logo a execução de técnicas convencionais e moleculares em conjunto são de grande 
importância para se obter variedades resistentes, em menor tempo e com maior eficiência. A geração de 
plantas modificadas usando edição transgênica e técnicas genômicas, visando reduzir a suscetibilidade 
nas áreas de produção de abacaxi e citros, é uma alternativa que pode possibilitar um cultivo sustentável 
com menor impacto ambiental. 
O avanço tecnológico abre um universo de possibilidades no melhoramento genético do 
abacaxizeiro e dos citros, permitindo a superação das barreiras genéticas e biológicas existentes. Dessa 
forma, ainda há muito em que se avançar nos programas de melhoramento dessas frutíferas. 
 
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Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
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CHEN, J.; GAO, C. S.; XING, F.; LAN, H.; CHANG, J.; GE, X.; LEI, Y.; HU, Q.; MIAO, Y.; WANG,L.; XIAO, S.; 
BISWAS, M. K.; ZENG, W.; GUO, F.; CAO, H.; YANG, X.; XU, X.; CHENG, Y.; XU, J.; LIU, J.; LUO, O. J.; TANG, Z.; 
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Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
 
Capítulo VIII 
 
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS COM 
FRUTÍFERAS NATIVAS 
 
 
Joel Soares Vieira 
Ubiramar Ribeiro Cavalcante 
João Paulo Tadeu Dias 
 
 
Introdução 
 
Segundo NBR 10703 da ABNT (1989), a degradação do solo é apontada como sendo a alteração 
adversa das características do solo em relação aos seus diversos usos possíveis, tanto os estabelecidos 
em planejamento, como os potenciais. De acordo com Tavares (2008), para a identificação de áreas 
degradadas é necessária a observação das condições do solo, da vegetação, da drenagem e de infiltração 
do solo, o efeito de borda, a fauna existente, as características do entorno. A partir disso, é possível 
buscar formas de recuperação mais adequada para a área, levando em conta o grau de degradação e 
características regionais. 
É importante ressaltar que além da perda da capacidade de produção de alimentos, madeira e 
outros produtos e da perda e/ou redução drástica da biodiversidade, contaminação decursos d’água, e 
outros impactos ambientais, as áreas degradadas podem gerar também impactos visuais negativos que 
podem causar desconforto as pessoas. 
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012) estima-se que a 
área com pastagens plantadas degradadas seja de 9,9 milhões de hectares e terras degradadas 
(erodidas, desertificadas, salinizadas, etc.) com 0,8 milhões de hectares. No entanto, a área degradada 
pode chegar a pelo menos 30 milhões de hectares no Brasil, devido as atividades e ou ações que 
degradam o meio ambiente, como supressão de vegetação (para atividades agrícolas, mineração, 
assentamentos humanos, dentre outras), visto que podem ser extremamente agressivas ao meio 
ambiente. 
Na tentativa de minimizar ou recuperar os danos ao meio ambiente, sobretudo, diminuir as áreas 
degradadas, o Brasil e outros países vêm se organizando para participar de acordos multilaterais em 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
104 
Dias & Mata (2021) 
favor de uma agricultura mais sustentável e integrada aos preceitos ambientais, sociais e econômicos, 
prova disso são os acordos do qual o Brasil é signatário. Até dezembro de 2011, o Brasil estava 
participando da implementação de 233 acordos de cooperação bilaterais e multilaterais, 22% dos quais 
em temas ambientais. O foco prioritário de acordos bilaterais é a temática ambiental, como: 
a) Brasil-Alemanha: conservação das florestas tropicais, energia renovável e eficiência 
energética; 
b) Brasil-Espanha: meio ambiente, turismo, desenvolvimento profissional, agricultura e 
aquicultura, e administração pública; 
c) Brasil-França: agricultura e meio ambiente; 
d) Brasil-Japão: meio ambiente, transportes e energia (BRASIL, 2016). 
Vale ressaltar que, o cumprimento desses acordos internacionais facilita novos acordos 
comerciais, sobretudo em um país onde a importância do agronegócio na exportação de produtos 
agrícolas e, consequentemente, na balança comercial é tão grande, gerando renda, desenvolvimento 
econômico e empregos em inúmeras localidades. 
O desenvolvimento econômico pode estar associado a expansão da área agrícola, sobretudo, em 
áreas degradadas, que podem e devem ser recuperadas. O conceito de recuperação e área degradada, 
como devem ser entendidos, estão expressos segundo a Instrução Normativa do Instituto Chico Mendes 
de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes (ICMBIO), n. 11, de 11 de dezembro de 2014, 
sendo: 
“Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a 
uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original. 
Área degradada: aquela impossibilitada de retornar por uma trajetória natural a um 
ecossistema que se assemelhe ao estado inicial, dificilmente sendo restaurada, apenas 
recuperada”. 
A recuperação de áreas degradadas está intimamente ligada à ciência da restauração ecológica. 
Restauração ecológica pode ser compreendida como o processo de auxílio ao restabelecimento de um 
ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído. Um ecossistema é considerado recuperado – e 
restaurado – quando contém recursos bióticos e abióticos suficientes para continuar seu 
desenvolvimento sem auxílio ou subsídios adicionais. 
Cresce o interesse pela preservação e plantio de plantas nativas e, em especial de frutíferas 
nativas, e a demanda por informações sobre as espécies recomendadas para a recuperação de áreas 
degradadas e recomposição da flora da área de reserva legal e matas ciliares. Aliado a isso, existe o 
intuito de aumentar a oferta de alimento para a avifauna, com uso de frutíferas nativas, principalmente 
em locais voltados para o ecoturismo e turismo rural, além de razões conservacionistas e 
contemplativas. O plantio de frutíferas nativas é primordial para a melhoria da qualidade ambiental das 
fazendas, cada vez mais considerada pelos mercados exigentes, tanto nacionais quanto internacionais. 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
105 
Dias & Mata (2021) 
Aspectos relacionados a restauração para recuperação de áreas degradadas 
 
O governo brasileiro, buscando se adequar a novas demandas do mundo contemporâneo, e 
atendendo aos acordos internacionais dos quais é signatário, através da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 
2012 (BRASIL, 2012), que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa em território brasileiro, vê no 
plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde 
que não implique supressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área, como 
uma atividade de menor dano ambiental. Portanto, se bem conduzido, e respeitando as limitações legais 
e ambientais existentes, se torna uma atividade desejável de ser implementadas, sobremaneira em 
propriedades rurais para fins de plantio em áreas de reservas legais previstas no código florestal, áreas 
de proteção permanentes (APP’s), corredores ecológicos, etc. 
A Lei 12.651, de 2012, que substitui várias outras normativas e refere que a adequação 
ambiental é assim o cumprimento de que as propriedades produtivas necessariamente tenham as suas 
Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal cobertas por vegetação nativa. Em muitas 
situações, entretanto, a localização dessas áreas coincide com a área produtiva da propriedade, como as 
áreas ciliares em pequenas propriedades, o que exige a proposição de estratégias ou métodos 
alternativos de restauração. 
Aspectos básicos relacionados à restauração que são empregados para recuperação de áreas 
degradadas. 
 
Regeneração natural 
 A regeneração natural consiste em todo e qualquer tipo de espécie vegetal nativa (ervas, 
arbustos, palmeiras, árvores) que se estabeleça naturalmente e se desenvolva nas áreas de restauração 
ecológica. A presença desses regenerantes representa grande importância para o projeto de 
restauração, visto que quanto maior ela for, menor a necessidade de introdução de indivíduos (mudas, 
sementes) na área a ser restaurada. Adicionalmente, a regeneração natural permite a chegada de outras 
formas de vida vegetal, como arbustos, ervas e palmeiras, que são de elevada importância para acelerar 
o desenvolvimento da área em processo de restauração, reduzindo custos de manutenção. 
A presença ou não da regeneração natural e o grau de sua expressão dependem de fatores locais 
como o nível de degradação do solo e do banco de sementes local, bem como da proximidade com 
remanescentes naturais de vegetação e da existência de fluxo de propágulos entre esses remanescentes 
e a área a ser restaurada. Em situações em que ocorre esse fluxo, a chegada e o estabelecimento de 
espécies de recobrimento rápido, de adensamento do maciço vegetal ou do seu enriquecimento com 
espécies de ciclo mais longo torna-se muito mais factível em curto prazo, dispensando a adoção de ações 
artificiais de introdução destas espécies. Todavia, em situações de maior isolamento e fragmentação 
florestal, o fluxo de propágulos torna-se muito menos provável, exigindo a adoção de intervenções 
artificiais (NAVE et al., 2016). 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
106 
Dias & Mata (2021) 
Nesse contexto os projetos de restauração de áreas degradadas, devem basear-se no 
desencadeamento ou na aceleração do processo de sucessão ecológica, que é a dinâmica através da qual 
uma comunidade vegetal evolui no tempo, tendendo a tornar-se, progressivamente, mais complexa, 
diversificada e estável (Tabela 1). 
 
Tabela 1. Características dos diferentes grupos sucessionais das espécies arbóreas das florestas nativas 
 Grupos Sucessionais 
Pioneiras Secundárias iniciais Secundárias tardias 
Crescem a pleno sol 
Crescem a pleno sol ou na 
sombra 
Crescem na sombra 
Crescem rápido (5 m em 2 
anos) 
Crescem mais ou menos rápido 
(3,5 m em 2 anos) 
Crescem lentamente 
(2,5 m em 2 anos) 
Vida curta (5 a 15 anos) Vida média (25a 35 anos) Vida longa (80 a 150 anos) 
Sementes permanecem no solo 
por muito tempo (anos ou 
décadas) 
Sementes permanecem pouco 
tempo no solo 
Sementes permanecem muito 
pouco tempo no solo 
Sementes não germinam na 
sombra 
Sementes germinam na sombra 
ou na luz 
Sementes germinam na sombra 
Fonte: Attanasio (2008). 
 
O agrupamento das espécies em conjuntos sucessionais, conforme seu comportamento 
ecológico, facilita os trabalhos de restauração de matas ciliares, áreas de preservação permanente e 
reserva legal (ATTANASIO, 2008). 
 
Nucleação 
Nucleação é a proposta de criar pequenos habitats (núcleos) dentro da área degradada de forma 
a induzir uma heterogeneidade ambiental, propiciando ambientes distintos no espaço e no tempo. Os 
núcleos têm o papel de facilitar o processo de recrutamento de novas espécies dos fragmentos vizinhos, 
do banco de sementes local e também influenciam os novos núcleos formados ao longo do tempo. Dessa 
forma, são criadas condições para a regeneração natural, como a chegada de espécies vegetais, animais 
e microrganismos e a formação de uma rede de interações entre eles. A ideia da nucleação por meio da 
implantação dos núcleos é disparar gatilhos ecológicos no processo de regeneração natural. Os núcleos 
são elementos capazes de formar novas populações, novos nichos de regeneração e gerar conectividade 
na paisagem (SMA, 2011). 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
107 
Dias & Mata (2021) 
Sistemas agroflorestais (SAF) 
 Um dos métodos alternativos que podem ser empregados para recuperação de áreas degradadas 
são os sistemas agroflorestais (SAF), na tentativa de conjugar conservação e produção no uso da terra. 
A restauração dessas áreas pode incluir o manejo agroflorestal, além da exploração de produtos não 
madeireiros, como os oriundos da apicultura e da fruticultura, em especial, a fruticultura tropical. Para 
as áreas de Reserva Legal também pode haver aproveitamento econômico, mediante o manejo 
sustentável previamente autorizado pelo órgão ambiental competente (MORAES et al., 2013). De acordo 
com Amador e Viana (1998), um Sistema Agroflorestal (SAF) é um sistema de uso da terra 
conservacionista em que plantas de espécies agrícolas são combinadas com espécies arbóreas sobre a 
mesma unidade de manejo da terra. Apesar de, na maioria dos casos, ser um sistema visando à produção 
agrícola contínua, ele pode ser utilizado apenas como uma ferramenta para viabilizar economicamente 
os trabalhos de restauração de áreas degradadas, envolvendo elementos silviagrícolas, silvipastoris, 
agrossilvipastoris e agroflorestais. 
 
Enriquecimento de espécies 
O enriquecimento visa ao aumento da diversidade vegetal em áreas onde já existam indícios de 
regeneração natural, como as capoeiras; pode ser feito com o plantio (parcial) ou semeadura de espécies 
que atraiam animais, ou que tenham potencial econômico. Dar preferência a espécies nativas locais, 
identificando especialmente seus produtos madeireiros e não-madeireiros (frutos, sementes, mel) 
(MORAES et al., 2013). 
 
Plantio total 
O plantio total é uma técnica que implica o maior e mais custoso grau de intervenção. Os plantios 
devem ser feitos prioritariamente em áreas onde a regeneração não ocorre naturalmente, ou ocorre 
muito lentamente. Em ambos os casos, os plantios têm a função de acelerar o processo de sucessão 
secundária, ou mesmo propiciar condições para que ele ocorra. As alterações na temperatura, na 
umidade, na luminosidade e nas condições físico-químicas do solo, proporcionam melhoras na sua 
estrutura e um incremento na fertilidade. Do ponto de vista da regeneração da floresta, os plantios 
funcionam como verdadeiros poleiros, atraindo principalmente aves e morcegos dispersores de frutos 
e sementes, responsáveis pela introdução de novas espécies na área e pela intensificação do processo. 
O retorno da floresta vai depender inicialmente do combate à vegetação invasora, através do 
sombreamento pelas mudas de árvores plantadas, que devem encontrar condições adequadas para o 
estabelecimento (MORAES et al., 2013). 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
108 
Dias & Mata (2021) 
Potencial de utilização de espécies frutíferas nativas na recuperação de áreas degradadas 
 
 Independente da técnica ou programa de recuperação de áreas degradadas que se adota, torna-
se primordial o uso de espécies frutíferas nativas, pois os benefícios da interação com a fauna, 
contribuindo com a sucessão ecológica, consequentemente a regeneração dos ecossistemas. 
A importância de manter espécies, frutíferas nativas é que essas atraem uma diversidade de 
animais, atuando assim como agentes dispersores. Assim como a água e o vento, os animais são grandes 
responsáveis pela chuva de sementes (o conjunto de todas as sementes de diferentes espécies que 
chegam a um determinado ambiente). É muito importante tê-los na comunidade, pois eles são os 
principais agentes dispersores de sementes e frutos. Eles podem dispersar por diferentes 
comportamentos, tais como: Carregar as sementes grudadas em seu pelo; Comer algumas sementes, e 
enterrar outras, para comer depois (com isso, acabam plantando); Manter as sementes por algum tempo 
no trato digestivo e as regurgitar em locais distantes e; Ingerir os frutos, e defecar as sementes, onde 
isso acontecer, possivelmente nascerá uma planta. 
O comportamento do animal em transportar as sementes e “plantá-las” é fundamental na 
dispersão das plantas para outras áreas. Isso deve ser levado em conta quando se pretende restaurar: 
devemos prever estratégias para atrair os animais, e com isso, as sementes que eles dispersam 
(SANT’ANNA, 2011). Portanto a escolha de plantas frutíferas nativas vai colaborar para atração de 
animais e a dispersão das sementes, contribuindo assim para a sucessão ecológica e a restauração 
ecológica da área degradada. 
Os animais, insetos, morcegos e aves, têm uma participação muito importante na restauração 
das matas ciliares, pois são os principais responsáveis pela polinização e pela dispersão de sementes. Os 
animais são responsáveis por cerca de 95% da polinização e por 75 a 95% da dispersão das espécies de 
árvores nativas tropicais. Por isso, não há florestas sem animais (FERRETTI, 2004). 
Os sistemas agroflorestais sucessionais em especial, têm sido uma das alternativas tecnológicas 
para restaurar florestas, recuperar áreas degradadas, restabelecer a fauna local e, por meio de 
consórcios com espécies de importância econômica e cultural, são importantes fontes de renda e 
alimentar para os agricultores familiares, além de sua relevância para conservação do meio ambiente 
(SIQUEIRA et al., 2015). 
A restauração através da nucleação baseia-se em estudos que mostram que a vegetação 
remanescente, em uma área degradada, representada por pequenos fragmentos ou até mesmo por 
árvores isoladas, atua como núcleo de expansão da vegetação, por atrair animais que participam da 
dispersão de sementes. São diversas as técnicas para a restauração através da nucleação, sendo que o 
plantio de mudas é uma forma efetiva de ampliar o processo de nucleação. A implantação de mudas 
produzidas em viveiros florestais é uma forma de gerar núcleos capazes de atrair maior diversidade 
biológica para as áreas degradadas (REIS, 2003). 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
109 
Dias & Mata (2021) 
A produção de ilhas de vegetação sugere a formação de pequenos núcleos onde são colocadas 
plantas de distintas formas de vida. Espécies com maturação precoce têm a capacidade de florir e 
frutificar rapidamente atraindo predadores, polinizadores, dispersores e decompositores para os 
núcleos formados. Isso gera condições de adaptação e reprodução de outros organismos. Devem-se 
buscar espécies nativas, principalmente as que possuem forte interação com a fauna (espécies com 
frutos e sementes atrativos à fauna) e com funções nucleadoras.Recomenda-se que também sejam 
escolhidas espécies ameaçadas de extinção, de forma a garantir a preservação da diversidade biológica 
local (KAGEYAMA & GANDARA, 2000). 
É importante e prestar atenção na relação da vegetação com a fauna, que atuará como dispersora 
de sementes, contribuindo com a própria regeneração natural. Espécies regionais, com frutos 
comestíveis pela fauna, ajudarão a recuperar as funções ecológicas da floresta, inclusive na alimentação 
de peixes (no caso de matas ciliares) (PIOLLI et al., 2004). 
O trabalho de Duboc (2004), destaca dezenas de espécies nativas do bioma cerrado que podem 
ser utilizadas na recuperação de áreas degradadas das matas de galerias, cerrado ou enriquecimento de 
vegetação onde ela já existe, com objetivo de apenas aumentar a densidade. A riqueza da flora nativa do 
cerrado engloba espécies de interesse madeireiro, ornamental, medicinal, condimentar e alimentar. 
Além de serem atrativos para a fauna e interesse apícola como o landim, pinha do brejo, jenipapo, 
faveira, cagaita, baru, ingá, aroeirinha, amburana, araçá-da-mata, bacupari-da-mata, laranjinha-do-
cerrado, pimenta de macaco, maria-podre, marmelada-de-bezerro, etc. 
A escolha dessas espécies com potencial alimentar para a fauna silvestre é muito importante na 
regeneração natural no processo de sucessão. Essa eficiência está associada aos sistemas de produção 
de sementes, da dispersão, da dormência e da formação de bancos de sementes e plântulas. 
De acordo com Duboc (2004), o cultivo de espécies nativas do bioma cerrado contribui para 
preservação da riqueza de sabores das frutas do Bioma Cerrado. Dentre essas, destacam-se: a cagaita, o 
baru, a mangaba, o pequi, o araticum, o jatobá, o jenipapo, o ingá, o puçá, a mama-cadela e o buriti. Todas 
apresentam sabor peculiar e exóticas muito apreciado pela população desta e de outras regiões do 
Brasil, contribuindo assim para renda para as comunidades tradicionais e os produtores locais. 
Utilizando a técnica de plantio total, onde não tem possibilidade de recuperação natural, Moraes 
et al. (2013) recomenda que as espécies escolhidas para restauração sejam nativas, e que ainda 
obedeçam a alguns critérios: 
a) Rápido crescimento: como o objetivo mais importante do plantio é combater a vegetação 
invasora, as espécies arbóreas nativas devem ser agressivas, com taxas de crescimento que as tornem 
competitivas; 
b) Alta produção de frutos: outra característica que vai garantir o estabelecimento da espécie 
plantada e também colaborar para sua competitividade é a produção de frutos e sementes em grandes 
quantidades, acelerando a ocupação mais rápida da área degradada e enriquecendo o banco de 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
110 
Dias & Mata (2021) 
sementes do solo; é interessante também que as árvores frutifiquem o mais cedo possível, como as 
pioneiras; 
 c) Atração da fauna: também com o objetivo de acelerar o processo de regeneração, as espécies 
plantadas devem produzir frutos que atraiam animais dispersores, que por sua vez podem trazer frutos 
e sementes de outras espécies; além de alimentos as espécies arbóreas oferecem abrigo à fauna 
dispersora; 
d) Interações interespecíficas: este critério envolve basicamente propriedades que algumas 
espécies arbóreas têm em desenvolver relações com microrganismos para aumentar a eficiência na 
captação de nutrientes, como as espécies leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico e as espécies 
que desenvolvem interações micorrízicas. 
 De acordo com Attanasio (2008), uma importante forma de acelerar o processo de recuperação 
num dado local, quando existe nas proximidades da área de recuperação um remanescente florestal, é a 
implantação de fontes de alimentação que atraiam animais dispersores, principalmente aves e 
morcegos, da floresta vizinha para a própria área de recuperação, trazendo, assim, sementes e 
propágulos de outras espécies e, como decorrência, incrementando a diversidade. A Tabela 2 apresenta 
uma listagem de espécies frutíferas que podem ser usadas para atrair dispersores. 
 
Tabela 2. Listagem de espécies atrativas de dispersores 
Família Nome Científico Nome Vulgar Tipo Nativa Consumidores 
Anacardiaceae 
Tapirira 
guianensis 
Peito-de-pomba frutos sim aves 
Annonaceae Rollinia sylvatica Araticum frutos sim aves, macacos 
Annonaceae Xylopia spp. 
Pindaíba, 
Pimenta-de-
macaco 
frutos sim aves 
Araliaceae 
Dendropanax 
Maria-mole frutos sim aves 
Cuneatum 
Araliaceae 
Shefflera 
morototoni 
Mandioqueira frutos sim aves 
Arecaceae 
Syagrus 
Jerivá frutos sim aves 
romanzofianum 
Burseraceae Protium almecega Almíscar frutos sim aves 
Cannabaceae 
Trema 
micrantha* 
Crindiúva, Pau-
pólvora 
frutos sim aves 
Clusiaceae 
Callophylum 
Guanandi frutos sim morcegos 
brasiliensis 
Euphorbiaceae Pera glabrata Tamanqueira sim aves 
Fabaceae Andira spp. Morcegueira frutos sim morcegos 
Fabaceae 
Copaifera 
langsdorffii 
Pau-de-óleo, 
Copaíba 
sementes 
(arilo) 
sim aves 
Fabaceae Erythrina spp. Mulungu flores sim 
aves (beija- 
flores) 
Fabaceae 
Hymenaea 
courbaril 
Jatobá frutos sim 
macacos, 
roedores 
Fabaceae Inga spp.* Ingá frutos sim aves 
Flacourtiaceae Casearia spp. Espeteiros frutos sim aves 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
111 
Dias & Mata (2021) 
Flacourtiaceae 
Casearia 
sylvestris* 
Guaçatonga frutos sim aves 
Lauraceae Ocotea spp. Canelas frutos sim aves 
Magnoliaceae Magnolia ovata Pinha-do-brejo sim aves 
Miristicaceae Virola sebifera Bicuíba frutos sim aves 
Moraceae Ficus spp. Figueira frutos sim aves 
Moraceae Maclura tinctoria Taiúva frutos sim aves 
Myrsinaceae Myrsine spp. Capororoca frutos sim aves 
Myrtaceae Eugenia spp. frutos sim aves, peixes 
Myrtaceae Marlierea edulis Cambucá frutos sim aves, peixes 
Myrtaceae Myrcia spp. Cambuci frutos sim aves 
Rhamnaceae 
Colubrina 
glandulosa* 
Saguaragi-
vermelho 
frutos sim aves 
Rhamnaceae 
Rhamnidium 
elaeocarpum* 
Saguaragi-
amarelo 
frutos sim aves 
Rubiaceae Alibertia sessilis 
Marmelo-do-
cerrado 
frutos sim mamíferos 
Rubiaceae 
Genipa 
americana* 
Jenipapo frutos sim peixes 
Rutaceae Zanthoxyllum spp. Mamica-de-porca frutos sim aves 
Sapindaceae Allophylus edulis 
Chal-chal, Fruta-
defaraó 
frutos sim aves 
 
Solanaceae 
Solanum 
lycocarpum 
Lobeira frutos sim mamíferos 
Urticaceae 
Cecropia 
Embaúba-branca frutos sim aves, macacos 
 
pachystachya* 
Verbenaceae 
Aegiphila 
lhotzkiana* 
Pau-de-papagaio frutos sim aves 
Verbenaceae Vitex spp. Tarumãs frutos sim aves 
* Espécies de rápido crescimento, recomendadas para a ação de adensamento. Fonte: Attanasio (2008). 
 
Considerações finais 
 
Toda a sociedade precisa estar envolvida na conservação dos remanescentes de ecossistemas 
naturais, bem como na restauração das áreas degradadas. Esse processo é essencial para o provimento 
de serviços ambientais prestados pelas áreas naturais, como é o caso de água de qualidade para 
consumo, disponibilidade de animais polinizadores das culturas agrícolas, controle biológico de pragas, 
estabilidade climática entre outros benefícios. Aliar o cultivo de espécies nativas, principalmente as 
frutíferas contribui para dar um aproveitamento econômico da floresta, o que é permitido na legislação 
ambiental tanto para as Áreas de Preservação Permanente de pequenas propriedades, como para a 
Reserva Legal de todos os imóveis rurais brasileiros. 
É importante que todos os envolvidos na produção agropecuária do Brasil, busquem alternativas 
para a adequação ambiental (como prevê a legislação) dos imóveis rurais, sem descartar as 
possibilidades de aproveitamento econômico das Áreas de Preservação Permanentes restauradas de 
pequenos imóveis rurais e da Reserva Legal de todos os imóveis rurais, visando a melhoria de renda do 
proprietário rural. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
112 
Dias & Mata (2021) 
Os projetos de restauração ecológica deverão ser desenvolvidosde maneira a focar a 
restauração de alta diversidade de espécies regionais, aumentando as chances de sucesso do plantio e a 
restauração ecológica. 
O emprego de plantas frutíferas surge como opção de restauração parcial e ou recuperação de 
áreas degradadas; constitui fonte de descanso, abrigo e alimento para a avifauna dispersora de 
sementes; além de fornecer mais uma alternativa de alimento e renda para as comunidades tradicionais 
e os produtores locais. 
 
Referências 
 
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10703 – Degradação do solo. São Paulo, 1989. 
 
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para a Certificação Agrícola - Conservação da Biodiversidade na Cafeicultura. Piracicaba, SP: Imaflora, 
2008. 60p. 
 
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Oficial da República Federativa do Brasil. Poder Legislativo, Brasília, 2012. 
 
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Biológica. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. (Coord) 
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M. S. M. Florestas. Sistemas de recuperação com essências nativas, produção de mudas e legislações. Cati 
(SAASP), 2006. 
 
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2006: Segunda Apuração. Rio 
de Janeiro, 2012. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
 
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2000. 
 
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áreas degradadas no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2013. 
84 p. 
 
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Cultivo de frutíferas em clima tropical 
114 
Dias & Mata (2021) 
 
Capítulo IX 
 
DIVERSIFICAÇÃO, ASSOCIAÇÃO E CONSORCIAÇÃO DE 
PLANTAS FRUTÍFERAS NO CERRADO 
 
Jairo Fernando Pereira Linhares 
Maria Ivanilde de Araujo Rodrigues 
João Paulo Tadeu Dias 
 
 
Introdução 
 
Atualmente, o bioma cerrado é considerado a savana mais rica em biodiversidade do mundo, o 
Cerrado brasileiro reúne uma grande diversidade de paisagens naturais, mais de 10.000 espécies de 
plantas e 1.575 espécies de animais, sem mencionar as espécies desconhecidas que, devido à atividade 
humana podem ser extintas antes de serem catalogadas e estudadas com detalhes. 
No Cerrado brasileiro é encontrado um terço da biodiversidade e cerca de 5% da flora e fauna 
mundiais. É denominado por alguns como savana, devido à relação ecológica e fisionômica existente, 
esse bioma é composto de dois grupos de espécies, um grupo formado basicamente por árvores e 
arbustos e um segundo formado pelo estrato herbáceo (FERREIRA & CAMARGOS, 2016). 
Entre chapadões e vales, com vegetação variando do campo seco às matas de galeria, o Cerrado 
se estende por uma vastidão de dois milhões de quilômetros quadrados, ocupando um quarto do 
território nacional. Em linha reta, atravessa mais de 1.200 km de Leste para Oeste e mais de 1.000 km 
de Norte a Sul, na região central do Brasil. Com toda essa vastidão e exuberância, entre águas claras, 
flores e céu azul, esta é uma paisagem dominante nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, 
Minas Gerais, Tocantins, Maranhão, Piauí e Distrito Federal, além de ser encontrado em pequenos 
trechos em outros sete estados brasileiros. 
Por outro lado, habitam secularmente as áreas de Cerrado, Povos e Comunidades Tradicionais 
como, quilombolas, raizeiros, geraizeiros, vazanteiros e veredeiros, bem como outros grupos 
desconhecidos por grande parte da sociedade nacional brasileira. Esses grupos humanos 
desenvolveram uma lógica que leva em conta o aproveitamento e o manejo dos recursos naturais 
existentes e as limitações de cada ecossistema que compõe o bioma Cerrado, destinando as áreas de 
chapada para a criação de gado extensivo e para a prática do extrativismo (plantas frutíferas, medicinais, 
tinturas, artesanato, etc.) e as regiões mais baixas como às margens dos cursos de rios e córregos para 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
115 
Dias & Mata (2021) 
o estabelecimento das habitações e instalação dos roçados, que contribuem para o aumento da chamada 
agrobiodiversidade. 
 
Desenvolvimento 
 
O uso de espécies nativas do Cerrado, pode se revelar numa alternativa econômica para o 
aproveitamento sustentado na região, onde várias são as espécies que possuem utilização regional e 
muitas delas enquadram-se como plantas multiuso, ou seja, possuem mais de uma utilidade (ALMEIDA 
et al., 1998). 
Outro aspecto em relação ao interesse pelas fruteiras do Cerrado está o despertar de organismos 
internacionais como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura - FAO em 
prospectar novas fontes de alimento no mundo, tem aumentado o interesse da comunidade científica 
por espécies alimentícias desconhecidas por grande parte da comunidade científica, bem como, da 
população em geral. 
Espécies frutíferas nativas do Cerrado, pouco conhecidas dos principais centros urbanos do país, 
como o araticum, jatobá, pequi, mangaba, cagaita, buriti, baru, babaçu, macaúba e outras, constituem 
fontes importantes de fibras, proteínas, vitaminas, minerais, óleos saturados e insaturados presentes 
em polpas e sementes. Essas frutas (apresentam variadas formas, cores atrativas e sabor peculiar) são 
consumidas de diferentes formas pelas populações locais e regionais que constituem uma importante 
fonte de alimentos. 
Por outro, uma parcela crescente de consumidores está desenvolvendo um olhar crítico, dando 
preferências a alimentos mais naturais e nutritivos, receptivosa novos sabores e experiências 
sensoriais, aliado a isso, preocupam-se com o impacto dos seus hábitos alimentares no meio ambiente. 
Graças a essa nova tendência, a gastronomia sustentável vem se firmando e ganhando novos adeptos. 
No seu aspecto ecológico, os frutos são consumidos por animais silvestres como pássaros, 
roedores, tatus, canídeos, morcegos, etc. – funcionando esses, como dispersores naturais de sementes, 
contribuindo assim, para a manutenção da biodiversidade do bioma Cerrado. 
Por outro lado, o Cerrado encontra-se ameaçado por uma série de fatores ao longo do tempo. 
Pouco alterado até a década de 1950, o Cerrado apresenta na atualidade forte pressão antrópica, 
estando pouco a pouco, se convertendo em plantações de soja, algodão, trigo, pastagens e, 
consequentemente, crescentes rebanhos de gado. Ameaçado pela expansão desordenada das fronteiras 
agrícolas, que já ocupam cerca de 50% da região do Cerrado. Até agora, o Cerrado possui menos de 2% 
de sua área protegida por unidades de conservação, como parques nacionais e reservas biológicas. Mais 
do que a enorme biodiversidade de espécies medicinais, florísticas, paisagística, alimentícia e frutífera, 
a devastação põe em risco uma região rica em água, berço das principais bacias hidrográficas brasileiras, 
além da sobrevivência cultural e material dos habitantes da região (CATÁLOGO CERRADO, sd). 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
116 
Dias & Mata (2021) 
Outro aspecto pouco considerado no que se refere às ameaças à biodiversidade, é o papel que o 
homem tem sobre a dispersão das espécies no ambiente, pois ao alterarem o ambiente de ocorrência 
dessas espécies, o ser humano proporciona condições para que algumas espécies mais aptas se 
dispersem e se desenvolvam em maior número que as espécies menos adaptadas, como por exemplo, 
podemos citar o avanço das formações florestais de babaçu em direção à região amazônica em 
decorrências das queimadas. 
Outro aspecto importante a ser considerado, mas que tem influência direta na produção agrícola, 
é a diminuição das áreas de refúgio de diversos inimigos de pragas agrícolas, por ocasião do 
desmatamento da mata nativa onde ocorrem as espécies frutíferas, aumentam com isso os danos à 
agricultura e aumento dos custos de produção pelo crescente uso de agrotóxicos nas lavouras, além dos 
danos ambientais ocasionados. 
As espécies invasoras também estão entre os principais fatores que afetam a biodiversidade 
local (inclusive de frutíferas), apresentam excelente capacidade de adaptação ao ambiente e grande 
potencial biótico, colonizando o ambiente e impedindo que as espécies nativas completem o seu ciclo 
biológico (MMA, 2006). Algumas espécies invasoras se estabelecem melhor em áreas desmatadas, como 
por exemplo, a leucena (Leucaena leucocephala; Fabaceae), com a retração das matas nativas elas vão 
ocupando o espaço e se estabelecendo de modo a não permitir que a vegetação nativa se recomponha, 
a não ser que haja intervenção humana para o seu controle, o que não é uma tarefa fácil, nem tão pouco 
barata, pois envolve uso intensivo de mão-de-obra. 
Portanto, as interferências humanas no ambiente alteram a diversidade e a abundância das 
espécies, o que acarreta o desequilíbrio ecológico nos ecossistemas, bem como podem incidir sobre a 
base de cadeias produtivas praticadas pelos povos e comunidades tradicionais, ora podendo 
proporcionar benefícios pelo aumento de estoques de espécies de importância econômica, a exemplo 
do babaçu, ora pode haver reduções nos estoques naturais de outras espécies também de importância 
econômica, comprometendo assim, a sustentabilidade da atividade extrativa. 
Essa situação apresentada contraria o entendimento de Homma (2008), pois segundo o autor, a 
economia extrativa apresenta limitações quanto ao aumento do mercado, pois como o extrativismo é 
regido apenas pela existência fixa dos estoques naturais, não considerando, portanto, que o 
desequilíbrio ambiental pode aumentar a oferta de determinados produtos extrativos. 
Por fim, o maior dos problemas ambientais de dimensões globais causados em grande medida 
pelo homem, as mudanças climáticas, causam consequências adversas sobre os bioma como um todo, 
alterando o regime hídrico e climático de forma tão rápida, causando inundações, secas, variações nas 
temperaturas médias globais, não permitindo que as espécies nativas e ou aclimatadas, principalmente 
as que ocupam nichos ecológicos específicos, possam se adaptar na mesma velocidade que essas 
transformações, ameaçando tanto espécies silvestres como cultivadas. 
Contudo, ações a nível global tem se preocupado com o quadro de perdas da biodiversidade. A 
Estratégia Global para Conservação de Plantas (Global Strategy for Plant Conservation, GSPC), instituída 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
117 
Dias & Mata (2021) 
a partir do desenvolvimento de estratégias para a conservação da diversidade biológica, no âmbito da 
Convenção da Diversidade Biológica – CDB tem como objetivo a longo prazo, refrear a continuada perda 
da diversidade de plantas. A Estratégia se propõe a ser uma ferramenta com uma abordagem 
ecossistêmica para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade, dando destaque para o papel 
vital das plantas na estruturação e no funcionamento de sistemas ecológicos, garantindo a provisão dos 
bens e serviços proporcionados por tais sistemas (JBRJ, 2006). 
Em se tratando de métodos que atendem ao que dispõe a Estratégia Global para Conservação de 
Plantas para reverter o quadro de ameaças à diversidade vegetal na agricultura está a integração 
lavoura-pecuária-floresta – ILPF, sistemas agroflorestais – SAF’s, quintais agroflorestais, dentre outros. 
Balbino, Barcellos, Stone (2011) define o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta – ILPF 
como um “Sistema que integra os componentes: lavoura, pecuária e floresta, em rotação, consórcio ou 
sucessão, numa mesma área. A componente lavoura pode ser utilizada na fase inicial de implantação do 
componente florestal ou em ciclos durante o desenvolvimento do sistema.” 
Segundo o Código Florestal Brasileiro, Lei 12.651/2012 e a Empresa Brasileira de Pesquisa 
Agropecuária (EMBRAPA, 2019), os sistemas agroflorestais – SAF’s são sistemas produtivos que podem 
se basear na sucessão ecológica, semelhantes aos ecossistemas naturais, em que árvores exóticas ou 
nativas são consorciadas com culturas agrícolas, trepadeiras, forrageiras, arbustivas, de acordo com um 
arranjo espacial e temporal pré-estabelecido, com alta diversidade de espécies e interações entre as 
espécies. Geralmente, nos sistemas agroflorestais são realizados plantios de sementes e ou de mudas, 
onde os recursos e o retorno da produção são gerados de maneira permanente e em diversos estratos 
de sucessão ecológica. São sistemas que otimizam o uso da terra, conciliando a preservação ambiental 
com a produção de alimentos, conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso da terra para a 
produção agropecuária, além de serem utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas. 
Diante disso, as espécies frutíferas, nativas ou exóticas, seriam ótimas opções e estariam perfeitamente 
compondo e recuperando as áreas, especialmente, áreas degradadas. 
Vale destacar que, o emprego de plantas frutíferas do Cerrado em sistemas agroflorestais, além 
desempenhar um papel importante no equilíbrio ecológico nos agroecossistemas, contribui para a 
diversificação da produção agrícola, notadamente na pequena agricultura familiar, e com isso, garantem 
entradas escalonadas de receita ao longo do ano, aumentando a renda, e contribuindo para a fixação do 
homem no campo. 
Em se tratando de aspectos ecológicos, o enraizamento profundo permite um aproveitamento 
eficiente de água e dos minerais do subsolo em comparação com as lavouras de grãos. Como são espécies 
nativas, são adaptadas perfeitamente às condições do Cerrado.A utilização de áreas abertas e abandonadas para plantio e ou conservação das espécies 
frutíferas pode reduzir os custos para os produtores, visto que, as áreas estão preparadas e limpas para 
o plantio, exigindo apenas investimentos em corretivos, adubações e práticas conservacionistas. Isso 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
118 
Dias & Mata (2021) 
obviamente observando-se o nível de degradação do solo, para que outras medidas sejam necessárias, 
encarecendo a recuperação das áreas em questão. 
Algumas espécies para plantio comerciais em curto prazo, como o araticum e a mangaba são 
precoces, com quatro a seis anos para início de produção devem ser consideradas. Algumas mudas 
produzidas por sementes de frutíferas nativas e de porte herbáceo-arbustivo como a gabiroba, pêra-do-
cerrado, marmelada, caju, iniciaram frutificação a partir de dois anos após plantio. Araticum, pequi, 
baru, cagaita e mangaba frutificam após quatro ou cinco anos após plantio (PASQUALETO & PEREIRA, 
2011). 
Gonçalves e Duarte (2015) relataram que um sistema promissor para ser adotado na região do 
Cerrado brasileiro é o Sistema Agroflorestal (SAF) que alia de maneira favorável a diversificação, 
associação e consorciação de plantas. Segundo Abdo, Valeri e Martins (2008) o SAF constituiria em um 
“sistema de uso e ocupação do solo em que plantas lenhosas (árvores, arbustos, palmeiras) são 
manejadas em associação com plantas herbáceas, culturas agrícolas e ou forrageiras em integração com 
animais, em uma mesma unidade de manejo, de acordo com o arranjo espacial e temporal, com alta 
diversidade de espécies e interações ecológicas entre seus componentes. Nesse modelo de exploração 
agrícola são utilizadas culturas agrícolas e ou pastagens com espécies florestais”. 
Os sistemas agroflorestais podem contribuir para a solução de problemas no uso dos recursos 
naturais, por causa das funções biológicas, e socioeconômicos que podem cumprir (COELHO et al., 
2016). 
Espécies como o pequizeiro e a mangabeira podem ser cultivadas consorciadas. A longo prazo, 
o pequizeiro tem custo de implantação e manutenção baixo comparadas aos outros cultivos perenes, 
além de outros benefícios como: reflorestamento; venda de produtos e subprodutos da colheita gerando 
renda adicional; pode ser consorciada com pastagens e outras culturas; pode gerar sombra e até 
melhorar as condições do pasto pelo sombreamento ralo que provoca. 
No plantio de mangabeira sugere-se um espaçamento de 6 x 6 m, devido ao amplo espaçamento, 
a mangabeira pode ser consorciada com outras culturas nas entrelinhas, no entanto, deve-se ter o 
cuidado de deixa-las a pelo menos 1,5 m da copa da mangabeira. As culturas que podem ser utilizadas 
são: feijão, melancia, abóbora, mandioca e leguminosas usadas para adubação verde, além de outras 
frutíferas como o coqueiro (SILVA JUNIOR et al., 2006; GONÇALVES; DUARTE; TSUKAMOTO FILHO, 
2015). 
Outro método que faz uso do consórcio entre plantas são os quintais agroflorestais, que são 
considerados como uma das formas tradicionais mais antigas de uso da terra, promovendo a 
sustentabilidade para milhões de pessoas no mundo (NAIR, 2006). 
Muito embora, os quintais agroflorestais se assemelhem aos sistemas agroflorestais em relação 
aos seus componentes (agrícolas e florestais), diferem nos seguintes aspectos: 
Os quintais são sistemas de produção importantíssimos para os agricultores tradicionais. São 
nos quintais que os agricultores fazem seus experimentos (agricultoras e agricultores-
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
119 
Dias & Mata (2021) 
experimentadores) com espécies pouco conhecidas por eles, onde passam a observar o 
desenvolvimento das mudas e passam a conhecer sobre formas de condução das espécies, em razão da 
proximidade existente entre a moradia do agricultor e o local de cultivo, permitindo maior possibilidade 
de observação por parte do agricultor. 
Esses sistemas funcionam como um importante banco de germoplasma on farm, tanto para as 
espécies destinadas ao cultivo nos próprios quintais, quanto para aquelas que serão transplantadas para 
outros sistemas de cultivo, como por exemplo, os roçados. 
Por fim, estudos sobre os componentes existentes nos quintais agroflorestais, dão informações 
valiosas sobre a autoecologia das espécies, distribuição espacial das espécies no sistema, e formas de 
manejo adotadas, dados de produção, etc. 
Outra modalidade de cultivo em que as plantas frutíferas entram como um componente 
importante no sistema é a agricultura urbana ou periurbana, modalidade de agricultura praticada 
dentro de áreas urbanas ou na sua periferia. A sua prática é um fenômeno recente no mundo, mas a sua 
prática tem-se popularizado através da mídia. O ambiente onde esta modalidade de agricultura é 
praticada requer alguns cuidados. 
Um dos cuidados observados é em relação à prática da agricultura urbana e periurbana é 
referente à contaminação dos solos e da água por esgoto e metais pesados, principalmente nas regiões 
mais pobres das cidades, onde a sua atividade é mais praticada. Outro aspecto que deve ser levado em 
conta é a proximidade das rodovias, pois a emissão de fumaça proveniente da combustão de 
combustíveis fósseis dos veículos contamina os frutos. 
Não obstante, independentemente do sistema de produção a ser adotado, o conhecimento da 
autoecologia das espécies a serem utilizadas é imprescindível para o êxito do método adotado. 
Outras possibilidades de utilização das frutíferas são: o plantio em áreas de proteção ambiental, 
o enriquecimento da flora das áreas pobres, a recuperação de áreas desmatadas ou degradadas por 
pastagens, formação de pomares domésticos ou comerciais, o plantio em áreas de reflorestamento 
(parques e jardins) e, em áreas acidentadas. Desta forma, evita-se o extrativismo predatório e 
conservam-se as espécies. 
A criação e implementação de unidades de conservação de uso sustentável, como Reservas 
Extrativistas, Reservas de Desenvolvimento Sustentável, bem como, os territórios quilombolas e 
indígenas, poderão assegurar em certa medida a diversidade de acessos aos bancos genéticos de plantas 
frutíferas do Cerrado. 
Em suma, um sistema que integre diversificação de espécies, associação de criações e ou cultivos, 
bem como, consorciação de culturas frutíferas é o que se busca, visando sustentabilidade ambiental, 
econômica e social. Tão-somente deve-se atentar para a escolha e implantação das espécies frutíferas 
adequadas para cada ambiente, almejando melhor adaptação e garantindo sucesso. 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
Considerações finais 
 
O emprego de plantas frutíferas nativas do Cerrado, contribuem sobremaneira para a 
implementação de quintais agroflorestais, sistemas agroflorestais, e de Integração-Lavoura-Pecuária 
atualmente adotados como estratégia para refrear o atual quadro de degradação do Cerrado. Por se 
tratarem de espécies adaptadas ao ambiente, se tornam extremamente eficientes na absorção de água e 
retirada de nutrientes das camadas mais profundas do solo, exercendo grande importância na 
composição dos sistemas, contribuindo para a ciclagem de nutrientes, retirando nutrientes que 
percolaram a grandes profundidades no solo que retornam às camadas mais superficiais do solo na 
forma de serapilheira, que após passarem pelo processo de mineralização por ação de insetos, 
miriápodes, entre outros seres detritívoros que fazem a redução física da biomassa vegetal, permitem 
que os fungos na presença de umidade no solo, mineralizem a biomassa e aumentem a fertilidade do 
solo, reduzindo a acidez, e permitindo que outras espécies menos adaptadas a essas condições possam 
se desenvolver de forma mais eficiente. 
O emprego de plantas frutíferas em quintais agroflorestais, sistemas agroflorestais, Integração-
Lavoura-Pecuária, atende perfeitamente as necessidades tanto da pequena agriculturafamiliar, quanto 
aos grandes produtores e empreendimentos agrícolas, cada um dentro de suas especificidades. O 
pequeno produtor diversifica a produção, permitindo maiores entradas de capital ao longo do ano, além 
de cumprir com suas responsabilidades para com a legislação ambiental. E o grande produtor rural, ou 
empreendimento rural, atendendo a legislação ambiental, aumentando suas produtividades, 
contribuindo com reduções de custos quanto à reposição da fertilidade do solo via adubação química, 
cria áreas de refúgio para inimigos naturais de pragas, tornando o sistema mais equilibrado. 
A adoção de plantas frutíferas na composição dos sistemas agroflorestais e de Integração-
Lavoura-Pecuária, se bem planejados e apoiados por políticas públicas que atende ao que se refere à 
Estratégia Global para Conservação de Plantas, podem formar em grande escala, corredores ecológicos, 
e contribuirá sobremaneira para a prática de uma agricultura para o Cerrado mais sustentável. 
 
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Dias & Mata (2021) 
 
Capítulo X 
 
CONSERVAÇÃO E QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE 
FRUTOS TROPICAIS 
 
Josef Gastl Filho 
 
 
Introdução 
 
A etapa de conservação na pós-colheita é de extrema importância para garantia da qualidade 
sanitária, nutricional e sensorial dos frutos tropicais, tendo essa operação como objetivo central 
permitir que estas cheguem ao consumidor final no ponto ideal de maturação, sem danos mecânicos, 
biológicos ou químicos. 
Tendo ciência da importância desta etapa, o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias de 
conservação na etapa de pós-colheita são essenciais para dirimir as perdas que ocorrem em função, por 
exemplo, do mau manuseio e do transporte, que representam quase metade das perdas ocorridas 
(KAWANO et al., 2016). 
 
Desenvolvimento 
 
Estas perdas pós-colheita podem estar relacionadas, com outros fatores, tais como colheita de 
frutos imaturos, controle inadequado de qualidade nas etapas da produção, incidência e gravidade de 
danos mecânicos, exposição a temperaturas inadequadas e demora no consumo (KADER & ROLLE, 
2004). 
De acordo com Lima (2016), as perdas de frutos tropicais podem ser classificadas em 
quantitativas, qualitativas e nutricionais. As perdas qualitativas consistem da perda de água ou de 
matéria seca, como também perdas por manuseio inadequado e perdas acidentais, as qualitativas, por 
sua vez, são perdas no sabor, aroma, deterioração na textura e aparência, enquanto que as nutricionais 
se trata da redução de nutrientes em decorrência de reações metabólicas dos frutos. 
As principais causas das perdas, segundo Chitarra e Chitarra (2005), são as primárias que podem 
ser de ordem fisiológica normal, decorrente de fatores endógenos metabólicos que ocorrem em todos 
os sistemas vivos, fisiológica anormal, decorrente de condições de estresse, fitopatológica e perdas por 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
124 
Dias & Mata (2021) 
danos mecânicos, enquanto as secundárias podem são resultado método de colheita, embalagem e 
manuseios incorretos, transporte e refrigeração ou armazenamento inadequados, sistemas de 
comercialização ineficientes e legislação. 
Tendo em vista, minimizar e garantir a segurança alimentar, são empregadas diversas 
tecnologias para a conservação dos frutos na pós-colheita, as principais são os métodos físicos, que 
consistem do tratamento térmico, modificação de atmosfera e refrigeração. Outros métodos que têm 
sido cada vez mais aplicados são a radiação gama, o ozônio (O3) em sua fase gasosa ou diluído em meio 
aquoso e a radiação ultravioleta C (UV-C) (KAWANO et al., 2016), além do uso de polímeros nos frutos 
e a utilização de embalagens adequadas. 
Serão tratados neste capítulo alguns métodos de conservação de frutos tropicais que vêm sendo 
estudados no Brasil nos últimos anos, sendo eles, o uso do permanganato de potássio (KMnO4), 1-
Metilciclopropeno (1-MCP), armazenamento refrigerado, aplicação de revestimentos naturais tais como 
de fécula de mandioca e amido de milho. 
Antes de tratar detalhadamente cada um dos métodos de conservação para os frutos, é preciso 
frisar que, existem dois tipos de frutos em relação ao amadurecimento, são eles, os climatéricos e não 
climatéricos, sendo esta classificação determinante na escolha da tecnologia de conservação. 
Os frutos climatéricos apresentam no início do estádio de amadurecimento um curto, porém 
abrupto, marcante aumento na intensidade respiratória e na síntese do hormônio vegetal etileno, sendo 
que as maiores taxas respiratórias ocorrem quando o fruto atinge a maturação fisiológica, ocorrendo o 
amadurecimento e envelhecimento de maneira rápida, demandando grande quantidade de energia 
metabólica. Exemplos desse tipo de fruto são banana, goiaba, manga,mamão, melancia e abacate 
(COSTA et al., 2011). 
Enquanto que, os frutos não climatéricos são aqueles que apresentam um declínio lento e 
constante da sua intensidade respiratória após a colheita, necessitando de um longo período para 
completar o processo de amadurecimento, que ocorre durante toda a maturação. Um dos principais 
motivos é a reduzida síntese de etileno quando comparado com os frutos climatéricos. São exemplos 
laranja, tangerina, uva, pitaya e abacaxi, que devem ser colhidos em seu estádio ótimo de maturação 
(CALBO et al., 2007; COSTA et al., 2011). 
O armazenamento refrigerado é essencial para a conservação pós-colheita, pois reduz a 
velocidade das reações químicas e enzimáticas, resultando na lenta a degradação fisiológica, física e 
química dos frutos frescos (PRILL et al., 2012a). 
A banana é um dos frutos tropicais que usualmente se utilizam do armazenamento refrigerado, 
tendo em vista tanto a sua conservação quanto o controle do processo de maturação, de modo, que o 
fruto atinja aos padrões visuais e sensoriais padronizados pelo mercado, com frescor, sabor 
característico, aroma e coloração normal e textura firme (FERNANDES et al., 2010; PRILL et al., 2011; 
SARMENTO et al., 2015). 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
125 
Dias & Mata (2021) 
A temperatura de resfriamento utilizada para a banana varia de 13,9 a 23,9°C, entretanto, a faixa 
de temperatura, bem como o período de armazenamento a frio está condicionada a diversas variáveis, 
tais como a cultivar, estádio de colheita, umidade relativa, gás ativador, ar atmosférico, circulação de ar 
e exaustão (FERNANDES et al., 2010; PRILL et al., 2011). 
Fernandes et al. (2010) verificaram que, a temperatura de 13°C aplicada em bananas totalmente 
verdes do tipo “Nanicão” pelo período de 17 dias retardou o amadurecimento, e os frutos completaram 
o processo de amadurecimento na climatização, entretanto, ocorreu elevada perda de massa e 
apresentaram menor teor de açúcar. Os autores ainda inferiram que os frutos armazenados totalmente 
verdes por 38 dias a 13°C e 28 dias a 25°C não completam o processo de amadurecimento, apresentando 
reduzido aumento de sólidos solúveis, açúcares totais e redutores, além de elevada perda de massa. 
Ao avaliarem a banana “Prata-anã” armazenada totalmente verde por 20 dias a temperatura de 
12°C e umidade relativa de 93%, Prill et al. (2011), verificaram que elas mantêm os atributos de 
qualidade sensorial por no mínimo três dias após o desverdecimento. Lima et al. (2014) recomenda que 
bananas da cultivar “BRS Caipira” sejam armazenadas a temperaturas de 14°C e umidade relativa de 
53% pelo período máximo de 21 dias. Sarmento et al. (2015) relata que, bananas 'Prata Catarina' podem 
ser comercializadas por até 21 dias de armazenamento na temperatura de 14°C e 84% UR, sem perda 
da qualidade. 
A combinação de tecnologias na conservação de pós-colheita também se faz importante, como 
verificado no estudo de Prill et al. (2012a), em que foi combinado o uso da embalagem de polietileno de 
baixa densidade com o sachê de permanganato de potássio em frutos de banana “Prata-anã” a 
temperatura de armazenamento de 12°C que resultou no retardamento do processo de maturação. 
Outro fruto tropical que têm ganhado espaço nos últimos anos no mercado brasileiro é a Pitaya. 
No estudo de Brunini e Cardoso (2011) sobre o armazenamento refrigerado de pitaya de polpa branca, 
verificaram que temperatura de 8°C conservou eficientemente a qualidade sensorial, além do mais 
ocorreu menor perda de massa fresca, podendo a vida útil do fruto ser prolongada por até 25 dias. 
Segundo Sanches et al. (2017), a pitaya de polpa vermelha armazenada a 10°C têm vida útil de 
até 16 dias, quando associada aos revestimentos a base de amido, sem esta, a vida útil não passa dos 12 
dias. Os mesmos autores ainda afirmam que quando armazenadas a temperatura de 25°C, a vida útil dos 
frutos é de 12 dias quando os frutos são revestidos com amido de mandioca e amido de milho, sem o 
revestimento a vida útil é de 8 dias apenas. Duarte et al. (2017) afirmam que, o tipo de adubação aplicado 
influi diretamente nas características sensoriais e na conservação pós-colheita dos frutos de pitaya. 
Outra técnica de conservação pós-colheita empregada é a atmosfera controlada e modificada, 
em que se realiza o controle e a modificação da atmosfera de armazenamento dos frutos com o objetivo 
de retardar o amadurecimento para que eles cheguem ao seu destino em ótima qualidade (COSTA et al., 
2011). 
Vários estudos têm avaliado a combinação do uso da embalagem plástica de polietileno de baixa 
densidade, permanganato de potássio (KMnO4) e da temperatura de refrigeração, tendo sido verificados 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
126 
Dias & Mata (2021) 
resultados proeminentes, com retardamento do processo de maturação e consequente aumento do 
tempo de conservação de diversos frutos tropicais, como a banana (PRILL et al., 2012a; PRILL et al., 
2012b; FONSECA, 2015; FALCÃO et al., 2017), mamão (SILVA et al., 2010; COSTA et al., 2014), manga 
(NEVES et al., 2008; SANTOS et al., 2011a; MEDEIROS et al., 2011; ALENCAR, 2019), pinha (SANCHES et 
al., 2019), mangaba (NASSER et al., 2015), sapoti (FREITAS et al., 2017a) e goiaba (QUEIROS, 2017). 
O permanganato de potássio é um absorvedor não corrosivo que promove a oxidação do etileno 
à água, gás carbônico, dióxido de manganês e potássio, auxiliando na redução da intensidade da taxa 
respiratória no pico climatério de alguns frutos. Após a reação com o etileno, passam da cor violeta para 
a marrom sendo um indicativo da necessidade da substituição dos sachês (QUEIROS, 2017). 
De acordo com Freitas et al. (2017a), a vida útil de sapoti é prolongada por dez dias com o uso 
de sachês de permanganato de potássio, em condições de atmosfera modificada a temperatura de 25oC 
e umidade relativa de 54%. A pinha, segundo Sanches et al. (2019) têm sua maturação atrasada quando 
utilizados sachês de 3 g de permanganato de potássio em atmosfera modifica a temperatura de 13oC. 
De acordo com Nasser et al. (2015), os frutos da mangaba, quando armazenados a temperaturas 
de 3oC e 80% de umidade, mantêm suas características sensoriais quando aplicado sachês de 2 a 3 g de 
permanganato de potássio, sendo que esta substância não interfere nos teores de sólidos solúveis, ácido 
ascórbico, acidez titulável e pH. 
A conservação pós-colheita dos frutos de goiaba "Pedro Sato" foi eficaz quando esta foi 
armazenada em condições de atmosfera modificada, com o uso de embalagem de polietileno de baixa 
densidade que retardou o amadurecimento em mais de 5 dias em temperatura ambiente, juntamente 
com o permanganato de potássio (QUEIROS, 2017). 
Em seu estudo, Falcão et al. (2017) constataram que, houve o retardamento do processo de 
maturação e, consequentemente, maior tempo de conservação de frutos de banana prata e nanica 
quando submetidas às condições que combinaram embalagem plástica de polipropileno, do bloquinho 
de gesso com permanganato de potássio e temperatura de refrigeração 13°C. Os mesmos autores ainda 
afirmam que os bloquinhos absorvedores de etileno não interferiram nas características de qualidade 
dos frutos durante o período de armazenamento. 
Nos estudos de Prill et al. (2012a) e Prill et al. (2012b) a combinação do uso da embalagem de 
polietileno de baixa densidade com o sachê de permanganato de potássio resultou no retardamento do 
processo de maturação dos frutos de banana 'Prata-Anã', quando armazenada a 12°C. 
Silva et al. (2010) ao estudarem a combinação de atmosfera modificada, embalagem plástica de 
polipropileno e permanganato de potássio para mamão "Golden" armazenado a temperatura ambiente, 
constataram que, o permanganato de potássio manteve os frutos verdes por 15 dias de armazenamento 
de 20oC, sendo que as doses de 1 a 4 g mantiveram as características sensoriais dos frutos após a 
remoçãoda embalagem. 
Outro caso semelhante, é o estudo de Costa et al. (2014) que inferiu que, o armazenamento do 
mamão "Sunrise solo" com sachês de permanganato de potássio associado à embalagem de PVC foi 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
127 
Dias & Mata (2021) 
efetiva na conservação das qualidades sensoriais e nutricionais por pelo menos 12 dias, a temperatura 
ambiente. 
Santos et al. (2011a) verificaram que, o uso da atmosfera modificada obtida por meio de filmes 
plásticos de PVC e polietileno associados ou não com o permanganato de potássio, reduziram a perda 
de massa dos frutos de manga "Tommy Atkins", sendo que as embalagens plásticas associadas à 
temperatura de 12oC e umidade de 88% retardou o amadurecimento dos frutos. 
Alencar (2019) verificou em seu estudo que, o uso de embalagem plástica associada ao sachê de 
permanganato de potássio, na conservação pós-colheita de mangas "Tommy Atkins‟, proporcionou 
menor perda de massa, além de ter retardado a maturação dos frutos. 
Outra técnica que vêm sendo utilizada e estudada nos últimos anos com o objetivo de aumentar 
a vida pós-colheita dos frutos tropicais é o regulador vegetal 1-metilciclopropeno (1-MCP), composto 
gasoso que inibe a percepção de etileno por ligar-se de maneira irreversível à proteína receptora do 
etileno, atrasando o amadurecimento, inibindo a perda de firmeza dos frutos, retardando a mudança de 
cor, reduzindo a taxa respiratória e a produção de etileno, e proporcionando, portanto, aumento da vida 
útil pós-colheita (BOMFIM et al., 2011; TREVISAN et al., 2013). 
O regulador vegetal 1-MCP têm sido estudado em frutos de várias frutíferas tropicais, visando a 
maior conservação pós-colheita, sendo alguma delas a manga (BONFIM et al., 2011; CORDEIRO et al., 
2014; TRINDADE et al., 2015), o mamão (TREVISAN et al., 2013; FAÇANHA, 2016; OHASHI et al., 2016), 
a ameixa (HENDGES et al., 2013), o abacaxi (MACHADO et al., 2014), a nêspera (EDAGI et al., 2011), o 
sapoti (MORAIS et al., 2007), a banana (PINHEIRO et al., 2010; LIMA et al., 2019; FRANCALINO et al., 
2019; BARBOSA et al., 2019), a atemoia (LUNDGREN, 2017). 
Em manga, Bomfim et al. (2011) observaram que, o 1-MCP foi eficiente em retardar o 
amadurecimento dos frutos em condições ambiente e sob refrigeração. Os autores recomendam o uso 
da concentração de 600 nL L-1 de 1-MCP, tanto no armazenamento refrigerado quanto a temperatura 
ambiente, sendo que sob condições de refrigeração, os frutos ficaram armazenados por 35 dias sem 
perder suas características. 
Por sua vez, Cordeiro et al. (2014) observaram que, a aplicação de 200 nL L-1 de 1 MCP foi 
suficiente para manter frutos da manga "Palmer" armazenados por 12 dias, havendo influência positiva 
quanto às características de coloração, firmeza, sólidos solúveis, relação sólidos solúveis/acidez 
titulável, pH, amido e açúcares. 
Em seu estudo, Trindade et al. (2015) constataram que, uso de 1-MCP nas doses de 300 e 600 nL 
L-1, em manga 'Palmer' no estádio de maturação 2, traz benefícios à aparência dos frutos, embora se 
restrinja a efeitos temporários sobre a firmeza de polpa e a degradação de amido. Enquanto que as doses 
de 600 e 1.000 nL L-1 aplicadas no estádio de maturação 3, limita a perda de firmeza da polpa e mantém 
a aparência dos frutos em condições de comercialização até o vigésimo quarto dia. 
Segundo Pinheiro et al. (2010), a aplicação de 50 nL L-1 de 1-MCP durante 12 horas foi 
responsável por prolongar a vida pós-colheita de frutos de banana maçã submetidas ao armazenamento 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
a 25oC e 85% de umidade relativa, em 11 dias. Os mesmos autores afirmam que, a aplicação por apenas 
9 horas prolonga a vida útil dos frutos em apenas 8 dias. Por sua vez, Lima et al. (2019) e Francalino et 
al. (2019) verificaram que, o 1-MCP não afetou a perda de massa dos frutos de banana maçã e retardou 
o processo de amadurecimento dos frutos. 
Para o mamão "Golden", Trevisan et al. (2013) verificaram que, a aplicação de 1-MCP na 
concentração de 100 nL.L-1 em associação a 2,5 µL.L-1 de etileno, proporciona o aumento do tempo de 
conservação, sem que haja prejuízos no seu processo de maturação. 
Ohashi et al. (2016) verificaram que, a aplicação de 1-MCP por 24 horas em frutos de mamão 
"Solo", em condições de armazenamento de 20°C durante 10 dias, retardou o amadurecimento, 
proporcionando um atraso de 7 dias na perda de firmeza. O regulador vegetal, segundo mesmos autores, 
não interferiu no acúmulo de açúcares pelos frutos. 
De acordo com Machado et al. (2014), a aplicação do regulador vegetal 1-MCP antes do 
revestimento polimérico, estende o tempo de vida útil do fruto conservando sua qualidade sensorial e 
nutricional. 
Com relação à aplicação de 1-MCP em associação com ácido salícilio em ameixa "Laetitia", 
Hendges et al. (2013), inferiram que ocorre o retardamento do processo de maturação dos frutos, com 
a consequente manutenção da qualidade. 
Edagi et al. (2011) observaram que, a aplicação do regulador vegetal 1-MCP em associação ao 
salicilato de metila em frutos de nêspera "Fukuhara", foi eficiente no controle do escurecimento interno 
da polpa, sem afetar os aspectos sensoriais e nutricionais. 
Segundo Morais et al. (2007), a aplicação de 1-MCP prolongou a vida útil dos frutos de 
sapotizeiro em 6 dias, sendo que, segundo os mesmos autores, o retardo na perda da firmeza e a redução 
na perda de massa foram os principais fatores que contribuíram para a conservação dos sapotis por 
mais tempo, sendo as doses de 200 e 400 nL.L-1 as mais eficientes. 
Lundgren (2017) verificou que, a aplicação de 1-MCP associado ao armazenamento refrigerado 
foi eficiente no controle do amadurecimento dos frutos de atemoia "Thompson", sendo que, quanto 
maior a dosagem do regulador vegetal, menores eram as taxas respiratórias, da mesma forma ocorreu 
com a perda de massa pelos frutos. 
Outra técnica que tem sido utilizada e estudada nos últimos anos é a aplicação de revestimentos 
naturais em frutos tropicais, visando prolongar sua vida útil e, consequentemente, conservar a sua 
qualidade sensorial e nutricional. Os principais revestimento naturais estudados são a fécula de 
mandioca (SANTOS et al., 2011b; SARMENTO et al., 2015; AZERÊDO et al., 2016; GOMES FILHO et al., 
2016; FREITAS et al., 2017b; NUNES et al., 2017; COSTA et al., 2019), a pectina (MONTIBELLER et al., 
2016; COSTA et al., 2019; OLIVEIRA, 2020), o amido de milho (SANTOS et al., 2011c; BESSA et al., 2015), 
o revestimento de própolis verde (CUNHA et al., 2017; BARBOSA et al., 2018; OLIVEIRA, 2018; ABREU, 
2019). 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
Os revestimentos com polímeros têm como finalidade principal atuar como barreiras contra 
fatores ambientais, que podem reduzir perdas de qualidade causada pelas deteriorações física, química 
e microbiológica (AZEREDO et al., 2010). 
Os polímeros biodegradáveis utilizados como revestimentos em frutos, consistem de uma 
alternativa com boa relação custo-benefício no acondicionamento de frutas em atmosfera modificada 
(DAIUTO et al., 2012; SILVA et al., 2014). Esta técnica tem sido continuamente utilizada como 
tratamento para ampliar a vida útil de frutos, reduzindo perdas e mantendo a qualidade. 
A aplicação dessas coberturas é feita diretamente na superfície das frutas, sendo membranas 
finas e imperceptíveis a olho nu (ASSIS & BRITO, 2014). Essas membranas preenchem de forma parcial 
os estômatos e lenticelas, o que reduz a transferência de umidade (transpiração) e as trocas gasosas 
(respiração) (ASSIS et al., 2009). 
Na composição dos revestimentos comestíveis, de um modo geral, os polissacarídeos 
apresentam boa resistência às trocas gasosas, boa resistência a danos mecânicos e propriedades 
fungicidas (OLIU et al., 2008; CASTRICINI et al., 2010). Os lipídios auxiliam na redução da perda de 
massa e aumento dotempo de armazenamento (VIEIRA et al., 2009; RIBEIRO et al., 2009). E as proteínas 
ajudam na manutenção sensorial e propriedades físico-químicas (GAGO, 2006; ZOCCHE, 2010). 
Os revestimentos comestíveis podem ser aplicados em frutas de duas formas diferentes, a 
primeira dela é por meio da imersão do fruto em uma solução filmogênica, em seguida o alimento é 
deixado em repouso até que a água evapore e se forme uma película sobre a fruta, a segunda maneira é 
por meio de aspersão, sendo o processo semelhante, porém neste a solução é aspergida sobre o alimento 
(JUNIOR et al., 2010). 
Oliveira (2018), verificou em seu estudo que a aplicação de extrato etanólico de própolis verde 
20% prolongou significativamente a vida útil de frutos de mamão "Formosa" por oito dias quando 
comparado com os frutos que não passaram pelo tratamento, tento o sido o amadurecimento retardado 
em 2 dias, além de outros benefícios, como a redução da perda de massa, redução de severidade de 
doenças espontâneas em pós-colheita. 
Em seu estudo, Abreu (2019) verificou que, a aplicação de revestimento de cera de carnaúba 
enriquecida com própolis vermelha aliado à refrigeração proporcionou retardo no amadurecimento de 
frutos de acerola, proporcionando maior vida útil. 
Cunha et al. (2017) constataram que, os extratos hidroalcoólicos de própolis do tipo silvestre e 
do tipo verde alecrim na forma de revestimento pode estender a vida útil do maracujá-amarelo, uma vez 
que, proporciona a menor perda de massa durante 16 dias de armazenamento a temperatura ambiente, 
não ocorrendo interferência na firmeza, sólidos solúveis, acidez titulável, relação entre sólidos solúveis 
e acidez titulável e pH dos frutos de maracujá-amarelo 
A pectina é um polissacarídeo que pode ser usado também na preparação de revestimentos 
comestíveis. Assim como no estudo de Oliveira (2020), que observou que a aplicação de revestimento à 
base de pectina do pomelo em frutos do abacate proporcionou a redução na perda de massa. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
130 
Dias & Mata (2021) 
Em seu estudo Montibeller et al. (2016) verificaram que, ao final do período de armazenamento 
as bananas "Caturra" revestidas com filmes de pectina apresentaram menor perda de massa e 
mantiveram dentro do limite permitido (7%) até os 4,9 dias. 
Santos et al. (2011b), concluíram que o uso de cera, fécula de mandioca e embalagens plásticas 
de PVC e polietileno, associado ao armazenamento refrigerado, foi eficiente na conservação pós-colheita 
de mangas 'Tommy Atkins' tratadas hidrotermicamente. 
Costa et al. (2019), ao avaliar a influência da aplicação de fécula de mandioca e pectina em frutos 
de banana "Prata anã" observaram que, houve aumento significativa no aumento da vida útil, assim 
como conservação das características dos frutos. Os autores ainda afirmam, que a utilização do 
revestimento fécula de mandioca, quando considerado a relação custo benefício é mais indicada. 
Santos et al. (2011c), ao avaliarem a influência de revestimentos com as películas de fécula de 
mandioca e amido de milho sobre a conservação pós-colheita de frutos de manga ‘Tommy Atkins’ 
concluíram que, quando associados ao armazenamento refrigerado perda de massa dos frutos é 
reduzida drasticamente. 
Pereira et al. (2006), observaram que frutos de mamão Formosa 'Tainung 1' tiveram sua vida 
útil pós-colheita prolongada em quatro dias com revestimentos comestíveis à base de fécula de 
mandioca a 1 e 3%, sem terem sua qualidade prejudicada em função do retardamento do processo de 
maturação. 
Oliveira et al. (2017), inferiram que os frutos de goiaba “paluma” armazenados sob refrigeração 
e diferentes concentrações de fécula de mandioca apresentaram vida útil de 15 dias. Os mesmos autores 
ainda afirmam que a fécula de mandioca associado com a refrigeração, retardou o amadurecimento dos 
frutos, principalmente nos frutos revestidos na concentração de 2% da fécula de mandioca, 
proporcionando um melhor aspecto e conservação pós-colheita. 
De acordo com Silva et al. (2019), o uso de revestimento de fécula de mandioca contribuiu na 
conservação da qualidade pós-colheita dos frutos de maracujá amarelo. Em seu estudo, Freitas et al. 
(2019) observaram que, a vida útil pós-colheita dos frutos de cajá foi de 8 dias para os tratados com 
fécula de mandioca ou fécula de mandioca associada ao PVC e de 6 dias para o controle. 
Vieira et al. (2009) concluíram que, biofilmes à base de fécula de mandioca de 1 a 3%, associados 
ao óleo de girassol a 0,05%, retardam o amadurecimento de mangas 'Tommy Atkins' em pelo menos 
quatro dias em condição ambiente, sem prejuízo aos atributos de qualidade dos frutos. 
Nunes et al. (2017), ao avaliarem a conservação pós-colheita de frutos de mamão "Formosa", 
concluíram que o biofilme de fécula de mandioca manteve a qualidade dos frutos, além de reduzir a 
perda de massa, e aumentar o tempo de vida útil do produto. 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
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Dias & Mata (2021) 
Considerações finais 
 
Como visto, são diversas as técnicas de conservação pós-colheita dos frutos tropicais, sendo de 
extrema importância, uma vez que permitem a manutenção das qualidades sensorial e nutricional dos 
frutos pelo maior tempo possível até chegar ao consumidor final. 
As técnicas de conservação pós-colheita dos frutos tropicais, quase sempre estão associadas de 
forma harmônica entre si, o que torna o processo de conservação mais eficiente, do que se as técnicas 
fossem aplicadas isoladamente. 
 
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tratamento hidrotérmico e diferentes revestimentos na conservação pós-colheita de mangas ‘Tommy 
Atkins’. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.6, n.1, p.140-146, 2011b. 
 
SARMENTO, J. D. A.; DE MORAIS, P. L. D.; ALMEIDA, M. L. B.; DA SILVA, G. G.; ROCHA, R. H. C.; DE 
MIRANDA, M. R. A. Qualidade pós-colheita da banana 'Prata Catarina' submetida a diferentes danos 
mecânicos e armazenamento refrigerado. Ciência Rural, v.45, n.11, p.1946-1952, 2015. 
 
SILVA, A. C. G.; SILVA, N. S.; SOUSA, F. F. Pós-colheita do maracujá amarelo com revestimentos a base de 
amido da entrecasca de mandioca. Revista Verde, v.14, n.2, p.238-245, 2019. 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
138 
Dias & Mata (2021) 
 
SILVA, D. A.; OLIVEIRA, J. K.; SANTOS, C. M.; BERY, C. C. S.; CASTRO, A. A.; SAANTOS, J. A. B. The use of 
sodium alginate-based coating and cellulose acetate in papaya post-harvest preservation. Acta 
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conservação de mamão "Golden", armazenado à temperatura ambiente. Revista Ceres, v.57, n.6, p.706-
715, 2010. 
 
TREVISAN, M. J.; JACOMINO, A. P.; CUNHA JUNIOR, L. C.; ALVES, R. F. Aplicação de 1-metilciclopropeno 
associado ao etileno para minimizar seus efeitos na inibição do amadurecimento do mamão 
'golden'. Revista Brasileira de Fruticultura, v.35, n.2, p.384-390, 2013. 
 
TRINDADE, D. C. G.; LIMA, M. A. C.; ASSIS, J. S. Ação do 1-metilciclopropeno na conservação pós-colheita 
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ZOCCHE, L. Avaliação da eficiência, aceitação visual e sensorial de acerolas tratadas com biofilmes 
comestíveis. Medianeira, PR. 22f. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Tecnológica Federal do 
Paraná. Medianeira, 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
139 
Dias & Mata (2021) 
 
Índice Remissivo 
 
 
ambientes, 8, 13, 29, 111, 123 
associação, 3, 69, 78, 114, 136, 139, 148, 149 
Brasil, 3, 12, 24, 25, 26, 30, 32, 33, 43, 45, 51, 53, 
54, 55, 57, 65, 72, 77, 89, 92, 93, 95, 96, 97, 99, 
100, 101, 102, 103, 105, 106, 109, 110, 113, 114, 
119, 120, 127, 129, 132, 140, 143 
clima, 1, 3, 10, 11, 15, 18, 21, 32, 41, 50, 52, 53, 54, 
55, 56, 57, 59, 60, 61, 63, 64, 67, 68, 69, 70, 88 
colheita, 3, 9, 20, 23, 31, 51, 55, 58, 70, 75, 78, 79, 
86, 103, 118, 137, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 
148, 150, 151, 152, 153, 154, 155, 156, 157, 158, 
159, 160 
consorciação, 3, 136, 139 
convencional, 3, 22, 23, 25, 28, 65, 77, 78, 80, 81, 
84, 85, 86, 88, 113 
cultivo, 3, 7, 12, 19, 20, 22, 23, 24, 25, 26, 28, 29, 
30, 33, 43, 50, 51, 52, 53, 55, 56, 58, 60, 61, 62, 
63, 68, 70, 71, 73, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 85, 86, 
87, 88, 93, 95, 97, 106, 110, 115, 126, 129, 138 
diversificação, 3, 77, 136, 139 
ecofisiologia, 3, 50, 52 
fitossanitário, 3, 7, 12, 23, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 83, 
86 
floração, 3, 7, 17, 18,19, 20, 22, 33, 54, 59, 70, 73, 
99, 102 
frutas, 3, 12, 17, 18, 19, 24, 29, 32, 33, 54, 61, 72, 
73, 77, 78, 79, 84, 85, 89, 101, 105, 106, 126, 
133, 150, 153, 154, 156 
frutificação, 3, 7, 17, 20, 21, 22, 33, 70, 78, 79, 85, 
91, 93, 95, 96, 97, 98, 136 
orgânico, 3, 22, 23, 25, 27, 77, 79, 82, 83, 84, 85, 86, 
87 
pós-colheita, 3, 147, 152 
produção, 3, 7, 10, 12, 18, 19, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 
28, 33, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 45, 46, 47, 48, 52, 
53, 55, 57, 59, 60, 61, 62, 63, 66, 67, 69, 70, 71, 
73, 74, 75, 77, 78, 79, 81, 82, 83, 85, 86, 87, 88, 
89, 90, 91, 92, 93, 95, 96, 97, 99, 100, 101, 102, 
103, 105, 114, 115, 119, 123, 126, 127, 129, 130, 
134, 135, 136, 137, 138, 139, 142, 147, 163 
propagação, 3, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 33, 39, 40, 41, 
46, 47 
recuperação, 3, 26, 27, 99, 119, 120, 121, 122, 123, 
124, 125, 126, 127, 129, 130, 136, 138, 140 
tecnológico, 3, 76, 115 
tropicais, 3, 7, 24, 25, 31, 40, 45, 51, 56, 59, 60, 74, 
77, 88, 105, 107, 109, 115, 120, 125, 142, 143, 
144, 145, 147, 149, 152, 153 
 
 
 
Curriculum dos Autores e Organizadores 
 
 
Antônio dos Santos Júnior 
Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutor em Fitotecnia. 
antonio_agronomia@yahoo.com.br 
 
Daniela Fernanda da Silva Fuzzo 
Geógrafa, Mestra em Agricultura Tropical e Subtropical, Doutora em Engenharia Agrícola, Professora 
UEMG (Unidade Frutal-MG), cursos de Engenharia Agronômica e Geografia. 
daniela.fuzzo@uemg.br 
 
Dênia Pires de Almeida 
Engenheira Agrônoma, Mestre e Doutora em Genética e Melhoramento, Professora UEMG (Unidade 
Frutal-MG), curso de Engenharia Agronômica. 
denia.almeida@uemg.br 
 
Eliana Fernandes Souza 
Engenheira de Alimentos, Mestranda em produção vegetal na Universidade Federal de Minas Gerais – 
UFMG/Montes Claros. 
eng.eliana10@gmail.com 
 
Elisângela Aparecida da Silva 
Engenheira Agrônoma, Mestre e Doutora em Agronomia (Fitotecnia/Produção Vegetal), Professora 
UEMG (Unidade Frutal-MG), curso de Engenharia Agronômica. 
elisangela.aparecida@uemg.br 
 
Guilherme Constantino Meirelles 
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência e Tecnologia Animal, doutorando em Agricultura na 
Universidade Estado Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP/Botucatu, São Paulo. 
gui_meirelles2312@hotmail.com 
 
Izabela Thais dos Santos 
Engenheira Agrônoma, Mestre em Agricultura, doutoranda em Agricultura na Universidade Estado 
Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP/Botucatu, São Paulo 
iza_agro@yahoo.com.br 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
141 
Dias & Mata (2021) 
 
Jairo Fernando Pereira Linhares 
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas, Doutor em Agronomia 
(Horticultura), Especialista em Educação Ambiental e Gestão participativa de Recursos Hídricos. 
jairoivini29@yahoo.com.br 
 
Jhansley Ferreira da Mata 
Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia (Produção Vegetal), Professor UEMG (Unidade 
Frutal-MG), cursos de Engenharia Agronômica e Tecnologia em Alimentos. Linha de Pesquisa: 
ecofisiologia de sementes, espécies infectantes e cultivadas; uso e conservação de recursos naturais. 
jhansley.mata@uemg.br 
 
João Alberto Fischer Filho 
Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia (Ciências do Solo), Professor UEMG (Unidade 
Frutal-MG), cursos de Engenharia Agronômica e Administração 
joao.fischer@uemg.br 
 
João Paulo Tadeu Dias 
Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia (Horticultura), Especialista em Educação 
Ambiental e Sustentabilidade, além de professor. Linha de Pesquisa: fisiologia e bioquímica de plantas 
hortícolas; fisiologia e bioquímica de plantas frutíferas; propagação de plantas hortícolas; propagação 
de plantas frutícolas. 
diasagro2@gmail.com 
 
Joel Soares Vieira 
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia (Olericultura), Especialista em Ciências Ambientais, 
professor Universidade Aberta Integrada de Minas Gerais (Unidade de Ituiutaba-MG), cursos Online e 
Presencial de Meio Ambiente, Agronomia, Agronegócio e Informática. 
josovi41@yahoo.com.br 
 
Josef Gastl Filho 
Engenheiro Agrônomo, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade 
Federal de Uberlândia. 
josef.gastl@hotmail.com 
 
 
 
Cultivo de frutíferas em clima tropical 
142 
Dias & Mata (2021) 
Larissa Rodrigues de Azevedo Câmara 
Zootecnista, Mestre e Doutora em Zootecnia (Nutrição/Produção animal), Professora UEMG (Unidade 
Frutal-MG), cursos de Engenharia Agronômica. 
larissa.camara@uemg.br 
 
Maria Ivanilde de Araujo Rodrigues 
Farmacêutica-Bioquímica, Mestre em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal), Doutora em Ciências 
Biológicas (Botânica), professora da Universidade Estadual do Maranhão. 
miar29@gmail.com 
 
Ubiramar Ribeiro Cavalcante 
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia (Olericultura), Especialista em Ciências Ambientais, 
professor UEMG (Unidade de Ituiutaba-MG), cursos de Agronomia, Tecnologia em Gestão Ambiental e 
Tecnologia em Agronegócio. 
ubiramarrc@gmail.com 
 
 
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https://www.researchgate.net/publication/351605690

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