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Linguística e Língua de sinais: compreender as diferenças Linguísticas 
a partir dos estudos da Linguagem
Unidade II
2 PrinciPais autores da Linguística – Ferdinand de saussure e 
avram noam chomsky
2.1 Ferdinand de saussure (1857-1913)
Um dos mais importantes linguistas da era moderna, chamado inclusive de “pai da Linguística 
moderna”, o suíço Ferdinand de Saussure teve o seu livro publicado após sua morte prematura. Na 
verdade, o Curso de Linguística Geral foi lançado em 1916 a partir das anotações dos seus alunos 
de uma série de palestras que havia proferido em 1913 e se tornou uma das mais célebres obras 
póstumas.
Pode-se perguntar, em seguida: mas qual a sua importância?
Saussure fundou a ciência linguística com base no estruturalismo. Essa afirmação em geral leva à 
pergunta: o que vem a ser o estruturalismo, afinal?
Embora na França e Europa a nova ciência tenha iniciado seu percurso de difusão a partir 
de 1916, aqui no Brasil a Linguística começou a ser ensinada como disciplina obrigatória nos 
cursos de Letras somente no início dos anos 1960, e só então alguns pontos de vista novos 
sobre língua e linguagem (vistos na unidade anterior) começaram a se difundir, fazendo com que 
alunos e professores tomassem contato com a assim chamada Linguística estrutural. Os pontos 
fundamentais citados por Ilari (2009) são o destaque dado à depreensão da estrutura de qualquer 
língua a partir do comportamento linguístico observado. Para os estruturalistas, a língua não se 
confunde com as frases que as pessoas usam, nem com o comportamento verbal que observamos 
no dia a dia. Ela é uma abstração, um conhecimento socializado que todos os falantes de uma 
comunidade compartilham. Como pressuposto, há uma estrutura linguística a revelar sempre que 
as pessoas se comunicam por meio da linguagem, e isso vale para as grandes línguas de cultura e 
para as línguas politicamente menos importantes, como aquelas que são faladas nas sociedades 
consideradas primitivas (as línguas indígenas e as línguas de sinais) ou para os comportamentos 
linguísticos que seguem o padrão culto e para aqueles que a sociedade discrimina como incultos 
ou vulgares.
Para compreensão dessa estrutura das línguas, o primeiro passo foi diferenciar língua e linguagem, 
como apresentado na unidade I, e que podemos sintetizar como sendo a linguagem uma faculdade 
humana, uma capacidade que os homens têm para produzir, desenvolver, compreender a língua e outras 
manifestações simbólicas semelhantes à língua, enquanto esta última, a língua, é um produto social 
da faculdade da linguagem, um conjunto de convenções necessárias, estabelecidas e adotadas por um 
grupo social para o exercício da faculdade da linguagem. 
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O objetivo foi o de criar um método que pudesse ser aplicado a toda e qualquer língua – logo, uma 
ciência –, e criar a possibilidade das línguas serem comparadas entre si. Pensando dessa forma, Saussure 
estabeleceu algumas dicotomias importantes para conseguir estabelecer o objeto da Linguística.
 observação
No Dicionário Houaiss (2001), podem-se encontrar as seguintes 
definições para “Dicotomia”:
• modalidade de classificação em que cada uma das divisões e 
subdivisões contém apenas dois termos;
• na dialética platônica, repartição de um conceito em dois outros, ger. 
contrários e complementares, já que abarcam toda a extensão do 
primeiro (por exemplo, seres humanos: homens e mulheres); e
• divisão em duas partes iguais (na rubrica utilizada em botânica).
Será possível observar a importância da classificação realizada por 
dicotomias para a compreensão do que está em jogo na Linguística.
2.1.1 Língua e fala
Além da diferença entre língua e linguagem, outra distinção muito importante, segundo Saussure, 
foi determinar a diferença entre língua e fala – em francês, langue (língua) e parole (fala). 
Para ele (e para os que estudam as línguas a partir de suas reflexões), a língua é coletiva e social, 
enquanto a fala é manifestação ou concretização da língua por um indivíduo. Fundamentalmente, a 
língua não é uma função do falante. Ao falar, ele realiza um ato individual de vontade, porque precisa 
fazer opções por uma ou outra maneira de dizer a mesma coisa, fazer escolhas sobre o vocabulário que 
vai usar, entre outras coisas, e cada pessoa produz, dessa forma, uma fala diferente. No entanto, a língua 
vai ser sempre a mesma: português.
Para poder ilustrar o que significa tal diferença, podemos citar que não há mais “falas” do latim, mas 
a língua continua a existir e a ser estudada.
Dessa forma, podemos dizer, para além da frase clássica “o objeto da Linguística é a língua”, que ela é 
um conjunto organizado de elementos, no qual cada elemento se define pelas diferenças que apresenta 
em relação a outro elemento, e por sua relação com todo o conjunto.
Vejamos um exemplo: a palavra “pata” é transcrita foneticamente desta forma: [pata]. Ao trocar um 
dos elementos, por exemplo [p] à [b], “pata” se torna “bata”, o mesmo podendo ser feito com [m], [l], 
[f] ou qualquer outro elemento no lugar de um deles. A mudança em um dos elementos torna outra a 
palavra inicial.
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Linguística e Língua de sinais: compreender as diferenças Linguísticas 
a partir dos estudos da Linguagem
2.1.2 Significante e significado
Na unidade anterior, discutiu-se a questão da multiplicidade dos signos na música, na pintura, 
nos filmes, enfim, na linguagem. Viu-se, também, que a língua é um tipo especial de signo, por 
meio do qual a espécie humana pode estabelecer relações entre seus membros, entre ela e o 
mundo ao seu redor, constituindo-se como seres humanos. O signo linguístico, dessa maneira, 
carrega outras diferenciações importantes, entre as quais aquela estabelecida pelo significante e 
o significado.
Signos são unidades linguísticas que significam alguma coisa, nos quais à parte que carrega a 
significação deu-se a denominação de “significado”, enquanto a imagem acústica, ou o que se ouve ao 
falar determinada palavra, denominou-se “significante”.
A relação entre significação e imagem acústica, tal como analisada por Saussure, é arbitrária, 
quer dizer, não há nenhuma ligação entre as duas. Essa declaração pode parecer estranha, porque 
no nosso dia a dia temos muitas vezes a impressão de que os signos são uma mera nomenclatura 
das coisas que existem no mundo. Muitos de nós temos a ideia de que o nosso mundo está repleto 
de coisas e de que a língua é criada para nomeá-las. Se seguirmos esse raciocínio, as coisas já 
existiriam antes da língua.
Saussure se opõe frontalmente a essa visão de que as ideias a respeito do que as coisas são dependem 
da língua, pois não existem ideias estabelecidas anteriormente à língua. Para ele, antes da língua, o 
nosso pensamento é uma massa amorfa e indistinta, como uma nebulosa, e a língua é a relação que 
associa a massa amorfa do pensamento à massa amorfa fônica, ao mesmo tempo formatando-as e 
delimitando-as de uma maneira particular.
O processo ocorre nos dois sentidos, pois ao impor uma formatação à massa amorfa do pensamento, 
a língua cria o significado, que é um conceito, ao mesmo tempo em que, ao impor uma formatação à 
massa amorfa fônica ou gestual, a língua cria o significante, que é uma imagem acústica (no caso das 
línguas orais) ou óptica (no caso das línguas de sinais).
Para ilustrar ainda mais esse raciocínio, Saussure se utiliza de uma metáfora, aquela da folha de 
papel, na qual o pensamento é a frente da folha, e o som/sinal é o verso. Dessa forma, não se pode cortar 
um lado da folha sem cortar o outro.
Em síntese, ao criar os signos, a língua impõe uma organização, tanto na massa amorfa do pensamento 
quanto na massa amorfa fônica/gestual. 
É importante, ainda,desfazer outra ideia corrente, que é a de que o signo designa somente uma 
palavra. Na verdade, sentenças ou frases também são signos, assim como textos também são grandes 
signos, na medida em que também têm uma significação própria e para os quais todos esses elementos 
de distinção ou diferenciação se aplicam.
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2.1.3 Outras dicotomias importantes
Ao prosseguir na reflexão sobre a arbitrariedade do signo, sobre a sua imotivação, podem-se levantar 
as seguintes questões: o que ocorre com as onomatopeias? E a iconicidade presente em alguns sinais 
das línguas de sinais?
É importante lembrar que há, nas línguas, graus maiores e menores de motivação, o que responderia 
pelos sons presentes nas onomatopeias e por certa iconicidade nas línguas de sinais. No entanto, para 
corroborar o conceito da arbitrariedade do signo, pode-se pesquisar como são onomatopeias de dor para 
americanos, franceses e brasileiros ou do bater de portas. Elas são diferentes. Assim também acontece 
com as línguas de sinais, pois os sinais para árvore, homem, mulher ou branco são diferentes entre as 
diferentes línguas de sinais.
Dessa forma, os significantes de um signo, ou seja, sua imagem acústica (auditiva para as línguas 
orais) ou sua imagem gestual (visual para as línguas de sinais) são arbitrários e mais ou menos motivados 
(mais ou menos próximos aos seus referentes), mas convencionados entre os falantes (ou sinalizantes) 
de uma língua.
Em seu percurso de fundação de uma ciência linguística, Saussure prossegue com a metodologia 
ligada ao pensamento estruturalista, em busca de determinar o que é estrutura e, portanto, sem 
alterações, daquilo que se modifica a cada vez. As distinções mínimas, ou melhor, aquilo que pode fazer 
diferença e modificar o signo, são o foco da atenção. Nesse sentido, cada signo adquire um valor, que 
vai demarcar seus limites, e contrapô-lo a outros signos.
Uma característica que Saussure atribuiu às línguas naturais foi a linearidade do significante. Como 
descrevemos anteriormente, na produção da língua oral, isto é, ao falar (pelas próprias características 
dos órgãos e músculos envolvidos na produção dos sons da língua), o significante (a imagem acústica, 
no caso das palavras faladas), por ser de natureza acústica, só poderia se desenvolver em uma sequência 
linear. Dessa forma, não existiria simultaneidade nas línguas, isto é, não seria possível produzir dois sons 
ao mesmo tempo.
No entanto, deve-se reiterar que Saussure limitou suas observações às línguas orais, que eram as 
conhecidas naquela época, e para as quais esse fato é verdadeiro. Nas línguas de sinais é possível a 
simultaneidade, pelos mesmos motivos elencados no parágrafo anterior.
Em sua observação do comportamento das línguas, Saussure também observou duas maneiras de 
organização dos signos na língua, denominados respectivamente “sintagma” e “paradigma”, os quais 
foram colocados em eixos.
Foi levantada anteriormente a organização dos signos na língua pela linearidade, justamente o 
correspondente ao eixo sintagmático ou horizontal. O exame dos elementos linguísticos nesse eixo 
envolve o contraste que um elemento estabelece com outro elemento que está adjacente a ele na 
cadeia de elementos que ocupa a linha horizontal. Podemos citar como exemplo:
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Linguística e Língua de sinais: compreender as diferenças Linguísticas 
a partir dos estudos da Linguagem
• o signo “desmedidamente”, formado por três outros signos, ou morfemas: des-, medida-, mente;
• o signo “entrar pelo cano” (que significa que algo esperado não deu certo)
Já o eixo paradigmático ou eixo vertical é o eixo das relações associativas que se estabelece na 
memória, pela maneira como os signos que têm algo em comum se associam ou formam grupos. Isso 
pode acontecer a partir das mais diversas relações, como:
• na sequência: amor, desamor, amoroso, amável;
• nas trocas: [pato] troca [p] à [b] – [bato], ou na troca [o] à [a] – [bata] (do verbo bater ou um 
tipo de vestimenta feminina).
Ainda no esforço de elaborar uma ciência da Linguística, a última dicotomia fundamental observada 
e estabelecida por Saussure tem relação com o tempo e foi, de certa forma, explicitada na unidade 
I. De qualquer maneira, são elas a sincronia e diacronia, as quais novamente ele coloca em eixos, no 
qual o eixo do estado é o eixo sincrônico, em que a língua é estudada como ela se apresenta em um 
determinado momento de sua história e toda e qualquer intervenção do tempo é excluída. Por seu lado, 
o eixo das evoluções é o eixo diacrônico, no qual a língua é analisada como um produto de uma série de 
transformações que ocorrem ao longo do tempo.
Para finalizar com a apresentação das valiosas contribuições de Ferdinand de Saussure para 
a Linguística moderna e que tem implicações fundamentais para os estudos sobre as línguas até o 
momento atual, cabe lembrar algumas ressalvas levantadas por este grande estudioso. Fazendo uma 
comparação entre a língua e o jogo de xadrez, deve-se lembrar que, no jogo, o jogador tem a intenção 
de mover uma peça e, assim, alterar o estado do jogo, enquanto na língua isso não acontece, pois 
não é possível ao “falante” decidir impor uma mudança em sua língua. A língua muda naturalmente, 
por pressões internas, provocadas por necessidade de economia de energia, por praticidade ou por 
simplificação, ou por pressões externas, como a influência de outras línguas e de novos campos de 
conhecimento.
Esse fenômeno das mudanças na língua fica claro quando pensamos na influência da informática 
sobre a nossa língua, pois o processo que inicialmente foi necessário apenas para traduzir termos como 
delete, escape, inicialize, para as pessoas que trabalhavam com computadores e programas, hoje está 
incorporado à língua, dicionarizado e faz parte das palavras usadas por grande parte da população 
falante do português do Brasil (pois em Portugal essas incorporações foram feitas de maneira diferente).
 Lembrete
Em seu percurso de fundação de uma ciência linguística, Saussure 
buscou determinar o que é estrutura da língua e, portanto, sem sofrer 
alterações, daquilo que se modifica a cada vez. As distinções mínimas, ou 
melhor, qualquer evento que pode fazer a diferença e modificar o signo, 
foram o foco da atenção.
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Essas reflexões são, com certeza, bastante complexas, mas sua importância para a disciplina requer 
que possam ser apreendidas pelos alunos-leitores, para que possam acompanhar as demais reflexões na 
apresentação de novos conceitos e autores, como acontecerá a seguir com Chomsky.
2.2 avram noam chomsky (1928-)
Como se pode observar a partir do título, Noam Chomsky é um dos grandes pensadores ainda 
vivo. Professor emérito do Departamento de Linguística e Filosofia do M.I.T. (Massachusetts Institute 
of Tecnology), é linguista, filósofo, cientista cognitivo e crítico político atuante nos Estados Unidos da 
América.
Sua primeira contribuição para os estudos linguísticos se deu a partir de um posicionamento crítico 
frente a muito dos conceitos do behaviorismo (ou teoria comportamental) e ao estruturalismo. Em sua 
obra de 1957, Syntatic Structures (Estruturas sintáticas), Chomsky deu início à construção dos conceitos 
da Gramática Gerativa. Seu principal ponto de crítica se deu em relação às análises sintáticas, pois por 
meio delas não se podia diferenciar os níveis superficial e profundo do enunciado. Um exemplo sempre 
mencionado é o seguinte:
• John is easy to please (John é fácil de agradar).
• John is eager to please (John está ávido por agradar).
A razão da crítica se dá porque do ponto de vista sintático a análise é a mesma, muito embora do 
ponto de vista do significado seja muito diferente. Dessa forma, buscouelaborar uma gramática em que 
o nível mais profundo do enunciado pudesse ser igualmente considerado, a Gramática Gerativa.
2.2.1 Competência e desempenho
Em relação à Linguística estrutural, em que o que se toma em análise é a língua, sua estrutura, a 
porção mais estável, e não a fala, Chomsky estabelece uma distinção fundamental entre competence 
(competência, em português) e performance (desempenho). De certa maneira, ele busca trazer para 
a discussão dos linguistas a dicotomia langue x parole instituída por Saussure, pois o autor define 
competência como o conhecimento que a pessoa tem das regras de uma língua, enquanto desempenho 
é considerado o uso efetivo da língua em situações reais. Pode-se, então, estabelecer certa equivalência 
entre competência e língua e entre desempenho e fala.
O foco dos estudos linguísticos seria, portanto, a competência. A partir de um trabalho de observação 
e registro dos falantes da língua, denominados por Chomsky de corpus, tem-se um conjunto de 
enunciados de um determinado grupo a ser analisado, nos quais se considera as hesitações, repetições 
etc. Compreende-se que o corpus representa uma fração ínfima dos enunciados de uma língua, pois os 
falantes usam a competência para irem além de qualquer corpora e podem, eles mesmos, reconhecer 
enunciados inéditos e identificar erros de desempenho. Portanto, na Gramática Gerativa busca-se a 
descrição das regras que governam a estrutura dessa competência.
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Linguística e Língua de sinais: compreender as diferenças Linguísticas 
a partir dos estudos da Linguagem
Interessa a Chomsky descobrir as realidades mentais subjacentes ao uso da língua/linguagem, pois 
considera a competência como um dos aspectos da capacidade psicológica geral dos humanos. Por essa 
razão, consideram-no um “mentalista”, em oposição ao estruturalismo de Saussure.
2.2.2 Hipótese inatista
Também é da década de 1950 a hipótese inatista da aquisição da linguagem. É uma teoria proposta 
por Chomsky, segundo a qual o ser humano nasce com uma capacidade inata no cérebro para adquirir 
linguagem, da mesma forma como adquire o andar. Segundo Otero (2011), em seu artigo sobre aquisição 
de linguagem em Chomsky, a tarefa da criança será a de desenvolver a sua faculdade em função do 
ambiente que a rodeia, e não apenas a de imitar o que ouve. Alguns argumentos são levantados pelo 
famoso linguista para sustentar sua teoria, como o fato de os bebês terem a capacidade de produzir 
palavras ou frases que nunca ouviram antes. Se a aquisição fosse um processo meramente imitativo (crítica 
à teoria comportamental) a criança não produziria essas mesmas frases. Além disso, a sistematicidade 
dos erros das crianças parece corroborar sua hipótese, pois se ela estivesse apenas a imitar, ela não 
deveria ser sistemática, nem permanecer no erro durante um certo período do desenvolvimento.
Chomsky defende ainda a universalidade e a sequencialidade a favor da sua hipótese inatista, segundo 
a qual todas as crianças passam por fases semelhantes de aquisição da linguagem, independentemente 
da língua que as cerca. Segundo esses princípios, o processo de aquisição é rápido e simples, pois as 
crianças já têm a gramática interiorizada. A sua tarefa acabaria por ser a de observar a forma como é 
utilizada a língua que é falada no meio em que ela está inserida.
2.2.3 Fase crítica
Há ainda outra colaboração de Chomsky relacionada ao período de aquisição de linguagem, 
denominada “fase crítica” para a aquisição da linguagem. O argumento de que existe um período nos 
primeiros anos de vida essencial para que a criança possa vir a falar vem favorecer também a hipótese 
inatista, pois a linguagem, assim como outros processos de desenvolvimento psicomotor, tem de ser 
estimulada para amadurecer na idade adequada, porque se tal fato não ocorrer, há o risco de essa 
capacidade atrofiar.
As contribuições de Chomsky tiveram e têm grande repercussão para a Linguística, porque vieram 
propor novos caminhos para a Linguística e para os estudiosos. Sua hipótese de “período crítico” foi 
posteriormente corroborada por pesquisas na neurologia, neuropsicologia, nas quais se aprendeu que 
essa fase crítica coincide com o período em que os neurônios do Sistema Nervoso Central (SNC) estão 
se reproduzindo, crescendo e sendo recobertos por uma substância denominada “mielina”.
Em geral, a fase crítica ou período crítico é um tempo limitado no qual um evento pode 
ocorrer e que resulta em um tipo de transformação. Principalmente na psicologia e na biologia do 
desenvolvimento, um período crítico é uma fase no ciclo de vida em que um organismo tem um nível 
mais alto de sensibilidade a estímulos exógenos que são obrigatórios para o desenvolvimento de uma 
habilidade particular. Se o organismo não recebe o estímulo adequado durante este “período crítico”, 
pode ser difícil, menos exitoso ou inclusive impossível o desenvolvimento de algumas funções mais 
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tarde na vida. A ideia geral é a de que o fracasso na aprendizagem de uma habilidade particular dê lugar 
a que as áreas corticais normalmente responsáveis por essa função não sejam usadas e estimuladas.
Por exemplo, acredita-se que o período crítico para o desenvolvimento da visão binocular de uma 
criança aconteça entre três e oito meses de idade. A sensibilidade ao dano se estende pelo menos 
aos três anos de idade. Perceberam-se outros períodos críticos relacionados aos sistemas auditivos e 
vestibulares, o que comprova sua existência. 
Ao mesmo tempo, outros estudos analisaram crianças privadas de certas experiências, devido a 
uma enfermidade ou ao isolamento social (como as crianças selvagens). Muitos desses estudos de 
investigação de um período crítico para a aquisição de linguagem se centraram em filhos surdos de pais 
ouvintes e filhos surdos de pais surdos e sinalizadores.
Retornando às contribuições de Chomsky, muitos estudiosos da área da surdez nos EUA e no Brasil 
têm no inatismo e na Gramática Gerativa a perspectiva teórica adotada em suas pesquisas e publicações. 
Esta é uma constatação para a qual muitas vezes não se percebe a qual linha pertence cada autor; 
no entanto, compreender as bases teóricas utilizadas e os efeitos para o que está sendo proposto é 
importante.
Um dos objetivos desta disciplina, inclusive, é oferecer subsídios aos alunos para poderem compreender 
as diferentes perspectivas e, quem sabe, levá-los a estudar mais e mais e poderem, posteriormente, 
proceder às suas próprias escolhas teóricas e metodológicas nas suas profissões.
Após essa exposição, que encerra esta unidade, dá-se notícias do que virá a seguir.
Na próxima unidade será feita a apresentação de dois autores e de seus conceitos. O primeiro, 
Bakhtin e sua teoria enunciativo-discursiva, com reflexões bastante diferentes dos dois autores até o 
momento apresentados, finalizando a passagem mais geral sobre a teoria linguística. Em seguida, as 
contribuições de William Stokoe, primeiro linguista a descrever uma língua de sinais.
Após essas três unidades iniciais, serão abordadas mais profundamente as discussões relacionadas 
às línguas de sinais e à Libras.
 resumo
Com essa unidade, pretendeu-se trazer para os alunos do curso de 
Interpretação de Libras alguns conceitos, reflexões e discussões importantes 
sobre dois autores, Ferdinand de Saussure e Noam Chomsky.
O primeiro, considerado o “pai da Linguística moderna” contribuiu de 
forma decisiva para que “a língua” pudesse ser conhecida e estudada pelo 
ser humano como nunca antes.
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Linguística e Língua de sinais: compreender as diferenças Linguísticas 
a partir dos estudos da Linguagem
Em seu esforço por construir uma ciência linguística, apropriado ao 
período em que viveu e degrande agitação científica, na qual campos 
específicos procuravam encontrar seu objeto de estudo, elaborar métodos 
científicos de pesquisa e estudo, foi criar um método que pudesse ser 
aplicado a toda e qualquer língua e criar a possibilidade das línguas 
serem comparadas entre si. Para isso, partiu de algumas dicotomias, ou 
seja, repartição de um conceito em dois outros, geralmente contrários e 
complementares.
A ciência linguística criada por Saussure, Linguística estrutural, pretendia 
apreender a estrutura de qualquer língua a partir do comportamento 
linguístico observado, evitando confundi-la com as frases que as pessoas 
usam e com o comportamento verbal que observamos no dia a dia. Para ele, 
a língua é uma abstração, um conhecimento socializado entre os falantes 
de uma comunidade.
Apenas para relembrar, nas dicotomias apontadas por Saussure têm-se 
a diferença entre língua (langue) e fala (parole), aquela estabelecida entre 
significante e significado, a relação entre significação e imagem acústica 
(totalmente arbitrária), a linearidade do significante, sintagma e paradigma 
e as possibilidades de análise sincrônica ou diacrônica.
Importantíssima a reflexão de Saussure sobre o que surgiu antes: as 
coisas ou a língua. Para ele, antes da língua, o nosso pensamento é uma 
massa amorfa e indistinta, como uma nebulosa, e a língua é a relação que 
associa a massa amorfa do pensamento à massa amorfa fônica, ao mesmo 
tempo formatando-as e delimitando-as de uma maneira particular.
Noam Chomsky, por sua vez, posiciona-se criticamente frente a 
muitos dos conceitos do behaviorismo (ou teoria comportamental) e do 
estruturalismo. Em relação à Linguística estrutural, em que o que o que se 
toma em análise é a língua, sua estrutura, a porção mais estável, e não a 
fala, Chomsky estabelece uma distinção fundamental entre competence 
(competência, em português) e performance (desempenho), ao buscar 
trazer para a discussão dos linguistas a dicotomia langue x parole 
instituída por Saussure, e definir competência como o conhecimento 
que a pessoa tem das regras de uma língua, enquanto desempenho é 
considerado o uso efetivo da língua em situações reais. Pode-se, a partir 
daí, estabelecer certa equivalência entre competência e língua e entre 
desempenho e fala.
Outra crítica se deu em relação às análises sintáticas, pois, para ele, 
por meio delas não se podia diferenciar os níveis superficial e profundo do 
enunciado. Ele propõe, então, uma análise baseada na Gramática Gerativa, 
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na qual os dois níveis pudessem ser considerados e proceder à descrição 
das regras que governam a estrutura da competência.
Também é da década de 1950 a hipótese inatista da aquisição da 
linguagem, uma teoria proposta por Chomsky, segundo a qual o ser humano 
nasce com uma capacidade inata no cérebro para adquirir linguagem, da 
mesma forma como adquire o andar.
Há ainda outra colaboração de Chomsky relacionada ao período de 
aquisição de linguagem, denominada “fase crítica” para a aquisição da 
linguagem.

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